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Numero do processo: 15374.928022/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 15/04/2002
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO.
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.725
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 15/04/2002 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado
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CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 92 80 22 /2 00 9- 10 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 15374.928022/200910 Acórdão n.º 3201002.725 S3C2T1 Fl. 3 2 ABW FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição social (PIS ou Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em síntese, que parte do pagamento declarado era indevido, sem, contudo, trazer aos autos qualquer elemento probatório do crédito pleiteado, como a escrita fiscal ou notas fiscais. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 1332.014. A DRJ fundamentou sua decisão no fato de que o recolhimento alegado como origem do crédito encontravase integralmente alocado para a quitação de débito confessado, não se tendo por caracterizado o alegado pagamento indevido ou a maior, dada a inexistência de comprovação de erro no preenchimento da DCTF. Em seu recurso voluntário a Recorrente alega, em resumo, que a legislação não se encontra autorizada a alterar conceitos adotados na Constituição Federal, não sendo possível, por conseguinte, a ampliação da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e Cofins), uma vez que, no período de apuração sob comento, a base de cálculo se restringia ao faturamento, ou seja, ao resultado das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovido pela Lei 9.718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.640, de 30/03/2017, proferido no julgamento do processo 13558.901073/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.640): O Recurso Voluntário é tempestivo, e não verificando outros óbices, tomo conhecimento dele. A recorrente alega que a parcela do Darf que considera indevida seria referente à ampliação da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei 9.718/98. Dois obstáculos impedem o provimento solicitado. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 15374.928022/200910 Acórdão n.º 3201002.725 S3C2T1 Fl. 4 3 O primeiro é que toda a argumentação quanto à base de cálculo da Cofins não foi feita na Manifestação de Inconformidade, e por isso, tal matéria encontrase atingida por preclusão, conforme art. 17 do PAF – Decreto 70.235/721, combinado com art. 74, §§ 9º, 10 e 11 da Lei 9.430/962. O segundo obstáculo é que o crédito pretendido não foi demonstrado e provado. Com efeito, o débito de Cofins, no valor integral do Darf, foi confessado em DCTF. A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se pudesse retificálo seria necessária prova de sua inexatidão. Seria preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. Ora, o ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/993, art. 373,I do CPC4). Sem tais elementos, se mostra impossível desconstituir o que formalmente foi constituído. Também considero inaplicável o pedido de diligência. Com efeito, a recorrente já teve duas oportunidades para demonstrar seu direito material: 1 – após a ciência do Despacho Decisório, e 2 – após a ciência do Acórdão de manifestação de inconformidade. Permitir agora uma terceira oportunidade malfere o art. 16, § 4º do PAF Decreto 70.235/72: §4º – A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; 1 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. 2 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 82DF CARF MF Processo nº 15374.928022/200910 Acórdão n.º 3201002.725 S3C2T1 Fl. 5 4 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se verificando nenhuma dessas exceções, não pode agora o processo ser submetido a nova fase probatória, nas quais se mostrariam necessárias verificações fiscais, batimentos, etc, que não tiveram lugar no tempo próprio. Desse modo, e ainda por homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para determinação de diligência. Assim, o crédito solicitado não pode ser deferido, em vista dos dois fundamentos expostos, cada um per se suficiente para o desprovimento. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Destaquese que, neste processo, não houve preclusão de matéria, situação que ocorreu no paradigma, dado que a recorrente já havia informado na Manifestação de Inconformidade que a origem do direito creditório alegado era a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Todavia, da mesma forma que no caso do paradigma, nos presentes autos a contribuinte não demonstrou, "documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova", o que, por si só, impede o reconhecimento do direito creditório em litígio. Dessa forma, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.008119/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 21/09/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA.
Caracteriza-se como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso.
Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado.
Numero da decisão: 3302-004.280
Decisão: Embargos Acolhidos em Parte
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado.
[assinado digitalmente]
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 21/09/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA. Caracteriza-se como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso. Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado.
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decisao_txt : Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa - Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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COMEX Embargante KUEHNE+NAGEL SERVICOS LOGISTICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 21/09/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA.EMENTA.PRELIMINAR DE NULIDADE NÃO SUSCITADA. Caracterizase como extra petita a decisão que julga pedido não formulado no recurso. Comprovado o julgamento de preliminar de nulidade não suscitada no recurso, deve ser reformado o acórdão embargado para adequar a ementa do julgado. Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 81 19 /2 00 9- 12 Fl. 264DF CARF MF 2 Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela Recorrente com o objetivo de sanar supostas omissões no Acórdão nº 3803006.940, de 18 de março de 2015, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto perante este E. Conselho, com base nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/09/2008 PRELIMINAR DE NULIDADE FORMAL DO AUTO DE INFRAÇÃO.SUSPOSTA AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS E DE ENQUADRAMENTO LEGAL. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA.(sic). O auto de infração atende suficientemente aos requisitos previstos nos incisos III e IV do artigo 10 do Decreto 70.235/1972. Inferese ampla descrição dos fatos apontados pela fiscalização, bem como a minuciosa indicação dos dispositivos legais e normativos inerentes ao caso, inclusive, com específica menção do fundamento legal para a aplicação da multa ante o descumprimento de obrigação acessória. Cerceamento de defesa inexistente. COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10711.008119/200912 Acórdão n.º 3302004.280 S3C3T2 Fl. 132 3 Cientificada do referido acórdão, tempestivamente, apresentou embargos de declaração, em que alegou vícios de omissão em relação às seguintes matérias trazidas em sede recursal: 1) contradição e obscuridade em relação ao início do despacho aduaneiro; 2) omissão e obscuridade quanto à aplicabilidade do §3º do art. 612 do Regulamento Aduaneiro; e 3) erro de fato quanto à suposta alegação de nulidade formal. O Despacho de Admissibilidade reconheceu parcialmente os embargos de declaração opostos, apenas em relação ao julgamento extra petita referente à nulidade formal do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade Uma vez cumpridos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado erro de fato. Do alegado erro de fato Assiste razão à recorrente, visto que se observa que o acórdão embargado tratou, na ementa, de uma preliminar de nulidade formal do auto de infração, não suscitada no recurso voluntário, portanto não submetida ao colegiado. Observese que por força do artigo 14 do Decreto nº 70.235, de 1972, principal norma que trata do Processo Administrativo Fiscal – PAF, no âmbito federal, a impugnação tempestiva instaura o litígio na via administrativa, ensejando por consequência a tramitação do processo na via contenciosa administrativa, cuja decisão pelos órgãos que integram o contencioso observará as regras do artigo 31 do referido ato legal: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993)(grifei). Notese que as matérias postas em litígio estão emolduradas pela impugnação apresentada, ex vi do art. 17 Decreto nº 70.235, de 1972, portanto à exceção das questões de Fl. 266DF CARF MF 4 ordem pública, os órgãos colegiados que integram a estrutura do contencioso decidem as matérias submetidas a julgamento. No caso em apreço, restou constatado que houve o julgamento de matéria não submetida ao colegiado, visto que não suscitada pelo recorrente em sua peça recursal, houve portanto o julgamento extra petita, que na dicção da doutrina especializada, consiste na decisão proferida fora dos pedidos ou autor. Pontua 1Daniel Amorim que segundo o artigo 460 do CPC, o juiz não pode conceder diferente ou a mais do que for pedido pelo autor. Tratase do princípio da congruência, também conhecido como princípio da correlação ou adstrição. Na mesma linha de raciocínio decidiu a CSRF, no acórdão nº 9303003.394, de 25/01/2016, a seguir ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 JULGAMENTO EXTRA PETITA. VEDAÇÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. CONCEITO. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DA PROVA. Incabível o julgamento extra petita segundo a legislação que rege os processos administrativos fiscais, uma vez que cumpre ao contribuinte instruir a peça impugnatória com todos os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, considerandose como não impugnada a parte do lançamento não expressamente contestada. Destacase a seguir os seguintes excertos do voto: A decisão administrativa que decide fora dos limites do pedido formulado pelo contribuinte não satisfaz o disposto nos art. 128 e 460 do Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/73, que se aplicam subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, nos termos abaixo transcritos: Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendolhe defeso conhecer de questões não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Nesse sentido, a ementa do acórdão embargado, passa a ter a seguinte redação, com a exclusão da preliminar de nulidade não suscitada no recurso voluntário: 1 Neves, Daniel Amorim Assumpção, Manual de Direito Processual Civil, 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, pág.516. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10711.008119/200912 Acórdão n.º 3302004.280 S3C3T2 Fl. 133 5 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/09/2008 COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO. REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil tanto pelo transportador quanto pelo agente de cargas em decorrência do caput e § 1º do artigo 37 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003. Advento do Controle Aduaneiro Informatizado, que moderniza os procedimentos fiscalizatórios, mediante lei específica Art.64 da Lei 10.833/2003. Norma cogente. Definição das formas de prestar as informações disciplinadas pela IN RFB 800 de 27 de dezembro de 2007, com efeitos a partir de 31 de março de 2008 (art. 52). Prazos para a prestação de informações, na forma do artigo 22 da IN RFB 800/2007 somente entrariam em vigor em 1º de janeiro de 2009, na forma do caput do art. 50 IN RFB 800/2007, posteriormente alterado pela IN RFB 899/2009, que prorrogou os prazos para 1º de abril de 2009. Expressa previsão de regra provisória, na forma do § único do art. 50 da IN RFB 800/2007), a ser observado durante o tempo de vacância do art. 22 da mesma Instrução Normativa. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do art. 37 c/c o art. 107, ambos do Decreto lei 37/1966, com redação dada pela Lei 10.833/2003. Assim, por todo o exposto, voto pelo acolhimento parcial dos embargos de declaração opostos pelo embargante, para rerratificar o acórdão embargado, excluindo da ementa a preliminar de nulidade formal do auto de infração, como acima destacado. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora Fl. 268DF CARF MF 6 Fl. 269DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001609/2007-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PESSOA FÍSICA.
É procedente o lançamento de ofício lastreado em omissão de rendimentos se não tiverem sido apresentados elementos que afastem o direito do Fisco em constituir o crédito tributário.
PROVAS. PRESUNÇÃO.
Juntado aos autos documentos constantes dos sistemas de controle de instituições financeiras que identificam os beneficiários dos valores movimentados, não há que se falar em presunção de omissão, mas mera constatação.
NULIDADE. VÍCIOS FORMAIS.
Tendo sido o Auto de infração lavrado por servidor competente e sem preterição ao direito de defesa e observando fielmente os requisitos fixados na legislação, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal.
DECADÊNCIA. PRAZO.
Na ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada a partir do primeiro dia seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Numero da decisão: 2201-003.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, e no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 20/06/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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PESSOA FÍSICA. É procedente o lançamento de ofício lastreado em omissão de rendimentos se não tiverem sido apresentados elementos que afastem o direito do Fisco em constituir o crédito tributário. PROVAS. PRESUNÇÃO. Juntado aos autos documentos constantes dos sistemas de controle de instituições financeiras que identificam os beneficiários dos valores movimentados, não há que se falar em presunção de omissão, mas mera constatação. NULIDADE. VÍCIOS FORMAIS. Tendo sido o Auto de infração lavrado por servidor competente e sem preterição ao direito de defesa e observando fielmente os requisitos fixados na legislação, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal. DECADÊNCIA. PRAZO. Na ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada a partir do primeiro dia seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, e no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski que dava provimento. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 16 09 /2 00 7- 17 Fl. 372DF CARF MF 2 Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 20/06/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente do Auto de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativa aos anoscalendário de 2001 a 2003, fl. 163 a 171, pelo qual a Autoridade Administrativa lançou crédito tributário, consolidado em 30 de maio de 2007, no valor de R$ 1.478.859,15, incluindo juros de mora e multa por lançamento de ofício (75%). No Termo de Constatação de fl. 156 a 162, é possível identificar os motivos em que se baseou a Autoridade Fiscal para promover o lançamento, cuja ciência ao contribuinte ocorreu em29 de julho de 2009, conforme fl. 71. Inconformado com a imputação fiscal, o autuado apresentou a impugnação de fl. 177 a 204, que foi submetida ao crivo do Colegiado de 1ª Instância da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP II, tendo sido exarado o Acórdão de fl. 225 a 237, que assim relatou a lide administrativa: O crédito tributário constituído decorreu *da constatação de “Omissão de rendimentos apurada conforme Termo de Verificação ” Enquadramento legal: arts. 37, 38, 55, inciso VII e 83 do RIR/99 A multa de oficio foi aplicada no percentual de 75,00% (setenta e cinco por cento), com fundamento no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/1996 (fl.165). No Termo de Constatação, que faz parte integrante do Auto de Infração, o auditor fiscal responsável pelo procedimento dá conta dos fatos que originaram a autuação. Consta que mediante trabalho realizado pela Equipe Especial de Fiscalização instituída pela Portaria n° 463, de 2004, ficou evidenciado que o contribuinte movimentou divisas no exterior durante nos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, figurando como 'beneficiário junto àconta bancária identificada como subconta GATEX, AZTECA e ABALONE, pertencentes à conta Beacon Hill nos bancos Merchants Bank, Lespan e MTB Hudson Bank, cuja origem não foi justificada, mesmo após as solicitações de esclarecimentos efetuadas pela fiscalização. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 373 3 A ciência do auto de infração foi dada pessoalmente ao procurador do contribuinte (instrumento de procuração de fl. 10), na data de 29/06/2007 (fl.l66). Em 27/07/2007 (fl.l75), o interessado, por meio do procurador constituído, apresentou a impugnação de fls.l76/202, na qual aduz as razões de defesa que a seguir se reproduzem sinteticamente: I PRELIMINARES DE NULIDADE A) DA DECADÊNCIA Argúi a decadência do direito de a Fazenda Nacional proceder ao lançamento relativamente aos períodos anteriores a 29 de junho de 2002, tendo em vista o decurso do prazo decadencial contado pela regra contida no artigo 150 do Código Tributário Nacional, que trata do lançamento por homologação, combinado com os dispositivos legais que estabelecem a incidência mensal do imposto de renda das pessoas físicas. Cita ementas do Primeiro Conselho de Contribuintes. B) DO LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇAO Analisando os documentos acostados aos autos pela autoridade fiscal, conclui que não restaram comprovados os fatos que lhe foram imputados, tendo o lançamento se baseado em presunções tanto na verificação da ocorrência do fato gerador, como na identificação do sujeito passivo. Entende, portanto, que foram feridos os artigos 43 e 142 do CTN, que tratam, respectivamente, do fato gerador do imposto de renda e da atividade de lançamento, não podendo este subsistir. Traz à colação jurisprudência administrativa. C) DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL Reportandose ao enquadramento legal citado pelo autuante no Auto de Infração, assevera que este é incompatível com a descrição dos fatos. Referese ao fato de que o artigo 83, inciso VII do RIR/99, que entende ser o único dispositivo legal, dentre os citados, que merece exame, menciona “rendimentos recebidos no exterior decorrentes de atividades exercidas no exterior”, enquanto a descrição dos fatos reportase a movimentação de recursos no exterior. Assim, suscita a nulidade do lançamento, citando novamente jurisprudência emanada do Primeiro Conselho de Contribuintes. II DA MATÉRIA DE FATO E DE DIREITO Contesta o trabalho fiscal, repisando que o lançamento erigiuse em presunção, sem a análise aprofundada que exige a atividade, restando não comprovadas as afirmações do Fisco, apesar da vasta documentação trazida ao processo. Aduz que não pode provar suas alegações, uma vez que se trata de prova negativa, recorrendo ao artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil, que trata do ônus da prova. Fl. 374DF CARF MF 4 Reportase novamente ao artigo 142 do CTN e conclui que: dentre os enquadramentos legais citados no auto de infração, nenhum deles autoriza o lançamento baseado em movimento financeiro na conta de terceiros em nome do requerente; se a conta não é do requerente e o movimento financeiro não foi feito pelo requerente, se o saque também não foi da autoria do requerente , houve erro na identificação do sujeito passivo, razão pela qual o auto de infração deve ser cancelado. III DA TAXA REFERENCIAL SELIC O interessado questiona a exigência de juros de mora com base na taxa SELIC, alegando que esta está sendo cobrada a título de juros de mora e também de correção monetária, uma vez que é exigida sobre pagamentos em atraso e também sobre cotas do imposto pago dentro do prazo. Acrescenta que a referida taxa não foi criada por lei, mas por Resoluções do Banco Central, restando indevida a cobrança de juros com base na mesma As conclusões do voto condutor do Acórdão, que foi acompanhado por todos os membros da Turma de Julgamento e podem ser sintetizadas nos excertos abaixo: PRELIMINARES DE NULIDADE A) DA DECADÊNCIA (fl. 232) (...) No caso em apreço, a declaração de rendimentos do contribuinte não continha informações corretas quanto aos fatos apurados, havendo, portanto, insuficiência de recolhimento ensejando o lançamento de ofício. Portanto, tomase o termo inicial da contagem do prazo decadencial o determinado pelo art. 173, inciso I do CTN. Sendo assim, o termo inicial do prazo decadencial para os fatos geradores do anocalendário 2001 deuse em 01/01/2003, com terno final em 31/12/2007. Como o lançamento de ofício foi efetuado em 29/06/2007, não ha que se falar em decadência. B) DO LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO (fl. 233/234) (...) Portanto, tendo em vista os fatos acima, e a absoluta e inconteste idoneidade dos dados constantes dos laudos elaborados por peritos do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal, que, por sua vez, procederam à análise de documentos e mídias eletrônicas, cujos dados não poderiam ter qualquer possibilidade de sofrer alterações posteriores, não pode ser aceita a argumentação do contribuinte, caracterizada exclusivamente em uma suposta ausência de prova cabal e inconteste contra ele. (...) C) DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL (fl. 235) Os artigos 37 e 38, não examinados pelo impugnante constituem, de fato, o cerne da verificação de ocorrência do fato gerador do imposto de renda. Delineado o seu conceito pelo artigo 37, o alcance da tributação é dado pelo artigo 38. Neste, fica patente Fl. 375DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 374 5 que a tributação independente da denominação dos rendimentos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...) Portanto, constatado o beneficio do contribuinte, mediante o recebimento de recursos em conta no exterior não declarada, não há como se afastar a tributação pela alegação de uso de terminologia imprópria. Os fatos evidenciam a omissão de rendimentos e devem prevalecer sobre a denominação. II DA MATÉRIA DE FATO E DE DIREITO (fl. 236) (...) Confirmado o recebimento de tais valores, os dados constantes das declarações de ajuste anual apresentadas pelo contribuinte não deixam dúvidas de que eles constituem fato gerador de imposto de renda, porquanto caracterizam inegável benefício ao contribuinte. Tendo o Fisco apresentado as provas dos fatos que afirma, só resta ao contribuinte provar que os valores recebidos não possuem natureza tributável. Não o fazendo, prevalece intacta a tributação. III DA TAXA REFERENCIAL SELIC A exigência dos juros apurados a partir deste índice está prevista, de forma literal, no parágrafo 3.” do artigo 61 da Lei n.° 9.430/1996, não havendo como afastar a sua aplicação. Ciente do Acórdão da DRJ em 11 de março de 2009, fl. 239, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 246 a 280, no qual apresenta suas razões para entender a necessidade de reforma do Acórdão recorrido, as quais serão tratadas no curso do voto a seguir. Em 31 de julho de 2009, o contribuinte apresenta nova petição, fl. 325/330, com a qual apresenta alguns julgados deste Conselho sobre casos análogos. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Inicialmente, entendo oportuno fazer um breve histórico das questões que levaram ao presente e muitos outros lançamentos fiscais. Fl. 376DF CARF MF 6 O procedimento fiscal fundase em trabalho desenvolvido a partir de decisão judicial que, a pedido da Polícia Federal, autorizou a quebra de sigilo bancário de contas mantidas no exterior por instituições financeiras que atuavam como prepostos de pessoas físicas e jurídicas representadas por cidadãos brasileiros, dentre os quais o recorrente, que figurou como beneficiário de recursos financeiros movimentados no exterior; As investigações foram realizadas a partir da CPMI do BANESTADO, de cujo histórico é possível ressaltar: 1) que a Suprema Corte Americana divulgou, para a CPMI do BANESTADO e para o Ministério da Justiça, documentos e provas havidos em suas investigações e procedimentos; 2) que a Justiça Federal decretou a quebra de sigilo bancário e autorizou o Ministério Público Federal a utilizar documentos e mídias eletrônicas, relativas a contas mantidas no MTBCBCHUDSON Bank e outros, recebidos da CPMI do BANESTADO, a qual os havia recebido da Promotoria Distrital de Nova York. Na mesma decisão, o Juíz também autorizou a utilização do referido material pela Força Tarefa Policial CC5 e o compartilhamento de todos os dados com a Receita Federal, Banco Central e Coaf; 3) que autoridades americanas autorizaram representantes do Congresso e da Polícia Federal brasileiros a obterem cópias de diversos documentos e mídias eletrônicas, dentre as quais constam os nominados Beacon Hill, PJ Morgan e Chase Bank; 4) que o MTB Bank teria sido adquirido pelo CBCConnecticut Bank od Commerce e este, por sua vez, pelo Hudson United Bank. 4) que foram identificados diversos contribuintes nacionais, dentre os quais o ora autuado, que enviaram ou movimentaram divisas no exterior à revelia do Sistema Financeiro Nacional, ordenando operações ou se beneficiando de tais procedimentos; 5) que os trabalhos foram desenvolvidos mediante verificação documental e da mídia eletrônica compartilhados judicialmente com a Receita Federal, do qual resultou Representação Fiscal às unidades locais contendo resumos das operações de remessa contendo CPF; identificação do ordenante, remetente ou beneficiário; valor em dólares americanos na data da operação; número de referência; banco; número e conta beneficiária; banco; conta originária, dentre outros informações. Além de tal resumo, foram enviados às unidades locais: 51) laudos Periciais Federais elaborados pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal, para cada conta/subconta onde foram localizadas transações; 52) relação das ordens de pagamento das contas em que o fiscalizado constou como beneficário; 53) cópias das ordens de pagamento de conta em que o fiscalizado constou como beneficiário. 6) que, de posse de tais informações, as unidades locais intimaram os contribuintes identificados para comprova a origem dos recursos financeiros e demonstrar a que título tal movimentação estaria contemplada nas Declarações de Ajuste Anual de cada período. Feito esse breve histórico, passo aos argumentos recursais. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 375 7 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA Alega o contribuinte que não participou de quaisquer operações financeiras com a Beacon Hill ou quaisquer das pessoas constantes dos documentos anexados, afirmando que as contas bancárias apontadas são de titularidade de terceiros e que a conclusão da Fiscalização de que teria sido beneficiária de movimentações no exterior é precipitada. Aduz que não há um único elemento que pudesse atestar sua participação nas supostas movimentações, a não ser uma Representação Fiscal a pessoa Lin Fa Pi Kei, que não se confunde com o seu Fa Pi Kei Lin, situação que classifica com "baita desatenção". Embora os elementos inseridos nos autos a partir de fl. 98 apontem como beneficiário Lin Fa Pi Kei, como é de elementar conhecimento, é comum formulários, em particular estrangeiros, identificarem a pessoa a partir do seu sobrenome, seguido do nome. Assim, a mera alegação de que se trata de outra pessoa não se sustenta, em particular porque um intrincado procedimento de pesquisa e investigação foi levado a termo por diversos órgãos e autoridades, até se identificar o Cadastro da Pessoa Física CPF que, neste caso, é o da recorrente. Ha de se ressaltar que não há registro no pais de homônimo para o contribuinte autuado, tampouco nenhum contribuinte com o nome Lin Fa Pi Kei. Assim, não identifico na indicação do sobrenome do recorrente à frente de seu nome razões para entender que tenha havido erro na identificação do sujeito passivo. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR CERCEAMENTO DE DEFESA Entende o recorrente que a precariedade da instrução processual acarreta a nulidade do Auto de Infração, impossibilitando conhecer os contornos fáticos e jurídicos da acusação. Sustenta que o direito de defesa está sendo praticamente eliminado, na medida em que não é possível sequer identificar os limites do crédito tributário lançado. A seguir, o contribuinte faz uma análise das peças e cita longa lista dos elementos que identificou nos autos, fl. 254 a 258, para, após, concluir: que não é possível saber a origem dos dados constantes da Representação Fiscal, já que a mídia eletrônica no qual se baseou não foi juntada ao processo e que não há nos autos os extratos de abertura de conta aberta em nome da recorrente. Para ilustrar sua dificuldade, cita o seguinte exemplo hipotético: o contribuinte é acusado de omitir rendimentos em razão de ter adquirido uma Ferrari, cuja acusação se baseia num recibo que jamais fora juntado aos autos. Assim, questiona: além de negar o fato, o que mais o contribuinte poderia fazer para contestar a suposta evidência? Seria possível que tal recibo fosse falso ou que, por erro de digitação tenha atestado a compra de uma Ferrari, quando o correto seria um Gol. Que tais vícios somente poderiam alegado e comprovado de o tal recibo estivesse no processo. Fl. 378DF CARF MF 8 Alega que todos os meios de defesa pertinentes ao presente caso dizem respeito a demonstração da inveracidade das acusações fiscais, que se constituiriam em prova negativa. As alegações recursais não merecem prosperar, em particular por que, sobre elas, não se instaurou o contencioso administrativo, já que as questões suscitadas no presente item não foram objeto da impugnação. Assim dispõe o Decreto 70.235/72: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.(...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Ainda assim, em respeito ao recorrente e por entender que a nulidade por cerceamento do direito de defesa pode ser reconhecida de ofício, a qualquer tempo, faço a seguir breves considerações e apresento algumas conclusões sobre a demanda em tela. Não tem lastro nos autos os argumentos da recorrente. A alegada precariedade da instrução processual sequer se sustenta pelas próprias razões do Recurso. Veja que, para listar os elementos constantes dos autos, o contribuinte se utilizou de quase cinco paginas, as quais enumeram extratos de movimentação financeira ("i" fl. 254), autorização judicial expedida por magistrado americano ("ii" fl. 255), cópias de despachos judiciais autorizando a PF, o MPF e a RFB a utilizarem documentos e mídias digitais ("iii" fl 255), Laudo de Exames EconômicoFinanceiro do Instituto Nacional de Criminalística, ( "iv" fl. 255 a 258). O fato de todos esses Órgãos e Autoridades terem manuseado mídias eletrônicas, por si só, não justificaria que tais arquivos eletrônicos fossem juntados aos autos, em particular pela gama de informações neles constantes. A considerar os argumentos do contribuinte, a fiscalização poderia a ele fornecer tais arquivos, solicitando manifestação sobre o seu conteúdo. Se assim tivesse agido, aí sim estaríamos diante de um dificuldade para a defesa, que precisaria, em um curto espaço Fl. 379DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 376 9 de tempo (prazo para resposta à intimação), fazer autonomamente todo o trabalho que, neste caso, foi feito pelas diversas instituições envolvidas. Portanto, absolutamente adequado o procedimento adotado pelo Fisco, que foi garimpar as informações de interesse tributário, segregar as que apresentasse interesse fiscal, identificar o contribuinte, dar oportunidade para manifestação e proceder ao lançamento. Foram apresentadas ao contribuinte as imagens contidas nos arquivos digitais manuseados que o relacionavam ao caso (fl. 98 a 149). Tudo mais que conta de tais arquivos eletrônicos não interessam ao presente feito, alem ser matéria sigilosa cujo acesso, como visto acima , demandou autorizações judiciais. O exemplo citado sobre um imaginário recibo para compra de uma Ferrari não contribui em nada para o caso. Não estamos diante de um mero recibo, mas de uma investigação internacional sobre movimentação ilegal de recursos que evidenciou que o recorrente foi beneficiário de alguns destes valores. Decerto que, caso o tal recibo de compra da Ferrari passasse pelo crivo das mesmas instituições e profissionais, este não seria isoladamente considerado. Outras questões seriam analisadas, como movimentação financeira e cadastro nos órgãos de registro, tal qual foi feito no caso em comento. Mas se mesmo assim o suposto comprador da Ferrari fosse instado a comprovar a operação, sem que lhe fosse dado acesso físico ao Recibo, poderia facilmente demonstrar que o veículo adquirido da pessoa com quem negociou foi, na verdade um Gol. E para tal, embora pudesse, sequer precisaria ir até o vendedor do veículo, bastando apresentar documentos de aquisição e movimentação dos recursos necessários. Somente a partir de tal informação, diligente que é, o Fisco buscaria afastar a dúvida mediante circularização. O que não se admite é a prática, frisese, adotada em todos os casos análogos sobre os quais me debrucei, da negativa geral sem nenhuma outra ação ou elemento que a pudesse corroborar, como, por exemplo, o registro de ocorrência policial ou um processo judicial em face das empresas que vem operando com o seu nome sem autorização, enfim. Portanto, não identifico no presente nenhum cerceamento ao direito de defesa que possa macular o lançamento ora sob análise. DO MÉRITO Reafirmando que não conhece exatamente a origem da acusação, tampouco os fatos que precisa contradizer, o contribuinte alega tratar do mérito por questão estritamente cautelar. DA DECADÊNCIA Sustenta que os fatos geradores relativos a janeiro de 2001 a maio de 2012 foram atingidos pela decadência, afirmando que o IRPF está sujeito a lançamento por homologação, cujo prazo para constituição do crédito tributário é o definido no art. 150, § 4º do CTN. Fl. 380DF CARF MF 10 Alega que a Fiscalização não alegou a existência de evidente intuito de fraude que pudesse deslocar o prazo decadencial para o previsto no art. 173 I do CTN e que fez recolhimentos em todos os anos a que se refere o Auto de Infração. Aduz que a acusação fiscal amparase em presunção de omissão de rendimentos, mas o art. 42 da lei 9.430/96 não foi invocado pelo lançamento). Afirma que a presunção assumida pela Fiscalização é tão simples que, sequer, é possível saber quando os rendimentos omitidos foram recebidos pelo recorrente, afirmando que a data da movimentação financeira não inicia o momento da sua percepção. Com tal raciocínio, a defesa busca demonstrar que a percepção dos rendimentos movimentados ocorreu em data pretérita. Assim, considerando a ciência do lançamento em 29 de junho de 2007, afirma que todos os débitos lançados anteriores a junho de 2002 estariam decadentes. Por fim, a título de argumentação, afirma que, mesmo com a contagem do prazo decadencial nos termos do art. 173, I do CTN, todo o ano de 2001 estaria fulminado. Quanto ao alegado lançamento com base em presunções, deixo de aqui tecer qualquer comentário por ser a mesma matéria que será tratada no tópico seguinte. Para tratar especificamente do tema decadência, relevante destacar os termos dos artigos 150, § 4º, e 173 da Lei 5.172/66 (CTN), cujo teor merece destaque: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Embora inconteste o fato de que estamos diante de um tributo sujeito a lançamento por homologação, penso que os termos do § 4º do artigo 150 do CTN se aplicam ao caso exclusivamente para deslocar a regra de contagem do prazo decadencial para a prevista no art. 173, inciso I do CTN. Vejamos abaixo o que prevê a lei 4.502/64: Fl. 381DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 377 11 Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. A leitura dos dispositivos legais acima evidencia que, seja no caso de sonegação, fraude ou conluio, indispensável que, inequivocamente, esteja presente o elemento subjetivo (dolo) na conduta do contribuinte, de forma a demonstrar que este quis, de fato, alcançar os resultados capitulados pelo artigo 71 e 72 da Lei 4.502/64. Ainda que seja difícil aferir o ponto a partir do qual uma conduta deixa de constituir mera infração à legislação tributária e passa ser uma conduta dolosa, no caso em tela, é inequívoco que o recorrente este agiu com dolo, seja por promover movimentação financeira à revelia do Sistema Financeiro Nacional, valendose de intermediações pouco convencionais, seja por se manter na posição de tudo negar mesmo diante dos elementos probatórios gerados pelas investigações, perícias e auditorias que envolveram as mais diversas instituições do Brasil e do Exterior. O Termo de Constatação é claro ao indicar que a autuação decorre de apuração de crime contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária, a partir da configuração de uma rede paralela e marginal. Ora, se o contribuinte não objetivava esquivar se de pagar tributos, porque optou por levar a termo suas movimentações à margem da lei? Muito mais fácil seria utilizarse do robusto Sistema Financeiro Nacional, absolutamente confiável. O fato do Termo de Constatação Fiscal não ter tratado especificamente sobre o intuito de fraude, não exclui a sua avaliação no curso do julgamento, em particular por que, sendo o auto de infração um documento público, tem presunção de legitimidade. Este tratamento específico por parte da autoridade lançadora seria indispensável se a penalidade de ofício fosse qualificada, nos termos do § 1º do art. 44 da Lei 9.430/96. Mas não foi o que se viu no presente. Portanto, cabível para o caso em apreço a forma de contagem prescrita pelo inciso I do art. 173 do CTN, ou seja, o prazo decadencial inicia sua contagem do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Fl. 382DF CARF MF 12 Desta forma, para o exercício de 2002, ano calendário de 2001, como o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física é considerado ocorrido em 31 de dezembro de 2001, temos que o lançamento só poderia ser efetuado a partir de 01 de janeiro de 2002. Portanto, para este período, que é o mais remoto tratado nos autos, temse que o prazo decadencial inicia sua contagem a partir de 01 de janeiro de 2003, encerrandose em 31 de dezembro de 2007. Assim, considerando a ciência da autuação ocorrida em 29 de junho de 2007, não há que se falar em decadência nos autos. DA AUSÊNCIA DE PROVA DO FATO GERADOR O recorrente inicia sua argumentação afirmando que não se vislumbra, no presente caso, a presunção legal de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei 9.430/96, tratandose de mera presunção simples. Afirma que, no caso concreto, não há provas de que as contas descritas eram de titularidade do recorrente, hão havendo nos autos qualquer comprovação de abertura de conta ou mesmo de depósitos e movimentações. Alega que a presunção simples relacionada a IRPF somente se mostra válida e eficaz quando, das ilações lógica, derive a incontestável convicção da existência do fato gerador. Junta alguns precedentes administrativos para lastrear suas alegações. Expressa seu entendimento de que, atribuindose ao contribuinte o dever de provar a omissão de rendimentos, haveria a imposição de realização de prova negativa. Aduz que resta evidente que o ônus da prova da ocorrência do fato gerador caberia à fiscalização, que deveria demonstrar o acréscimo patrimonial. Argumenta que os únicos elementos juntados aos autos são referentes à investigação realizada pela Polícia Federal e à Representação Fiscal. Que com relação aos primeiros, não são hábeis a demonstrar a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. Já a Representação Fiscal se baseia em mídias eletrônicas não juntadas aos autos e se refere a pessoa que não se confunde com ora recorrente. E que há precedentes neste Conselho que reconhece a insuficiência da identificação de remessas ou saques para se considerar omissão de rendimentos. Que mesmo que o recorrente tivesse movimentado os valores alegados pela Autoridade Fiscal, que não estaria demonstrada a ocorrência do fato gerador, já que movimentação bancária não é fato gerador de IRPF. Afirma que a Fiscalização não aprofundou a sua investigação, realizando uma verificação superficial e frágil dos fatos e que indícios colhidos não dispensa a prova de sua ocorrência. Ademais, sustenta que a manutenção da exigência importaria colaboração do Fisco com um ato criminoso praticado por alguém cujo nome não é o seu. Não vejo adequação dos precedentes administrativos à presente demanda, por evidente falta de identidade fática. Ora, não estamos falando aqui sobre presunção legal ou simples de omissão de rendimentos. Tampouco há nos autos qualquer afirmação de que o contribuinte seja titular de conta ou que tenha promovido a sua abertura. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 19515.001609/200717 Acórdão n.º 2201003.681 S2C2T1 Fl. 378 13 Conforme já expresso acima, a autuação em questão decorre da constatação de que o sujeito passivo foi beneficiário de valores movimentados à margem do Sistema Financeiro Nacional, utilizandose de contas da empresa Beacon Hill Service Corporation. Portanto, não demonstrado o contribuinte que tais valores foram devidamente oferecidos à tributação ou mesmo que estaria operando em nome de terceiros, não estamos diante de uma presunção de omissão de rendimentos simples e indireta. Indireta seria se, por exemplo, partindo de um acréscimo patrimonial a descoberto, fosse presumida a omissão de rendimentos. Neste caso, o que se tem é que a alegada omissão está lastreada exatamente no rendimento não declarado. Portanto, não há qualquer presunção. A alegação do contribuinte sobre falta de aprofundamento no procedimento fiscal, mais uma vez, não encontra lastro nos presentes autos. Como bem pontuado no Relatório, o procedimento em tela constituiu uma das peças finais de um longo e trabalhoso levantamento, em que se envolveram autoridades e instituições do Brasil e do Exterior, públicas e privadas, com envolvimento direto de todos os Poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário) com emissão de relatórios, perícias, coleta informações e auditoria de documentos, até se chegar à Representação às unidades locais, onde passa a atuar no cenário o AuditorFiscal autor do lançamento contestado. Depois de todo esse envolvimento oficial, o contribuinte apontado por todas estas respeitáveis instituições e autoridades, mediante apresentação de documentos formais, inclusive das próprias instituições financeiras, apenas se dá ao trabalho de negar genericamente a movimentação do numerário. Vale ressaltar que, inicialmente, o contribuinte não demonstrou muita surpresa com os questionamentos do Fisco, tanto que solicitou prorrogação de prazo com o fim de levantar provas junto à embaixada. Contudo, aparentemente, mudou de estratégia e não mais apresentou qualquer resposta, fl. 20. Mesmo após o lançamento, não trouxe aos autos uma única demonstração de que, eventualmente, tenha tomado alguma providência sobre a movimentação de numerário em seu nome. Ou seja, não há dúvidas quanto a ter o recorrente se beneficiado dos valores movimentações, tendo a máquina pública, eficientemente, neste caso, utilizado de seus recursos para juntar provas e chegar às pessoas que movimentam valores à margem do Sistema Financeiro Nacional, gerando repercussões em todas as esferas, dentre elas a fiscal. Portanto, improcedentes os argumentos recursais. Conclusão Tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que integram o presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negolhe provimento. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 384DF CARF MF 14 Fl. 385DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.728649/2013-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 11/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 11/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 11/09/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.032
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 11/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 11/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 11/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 11/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 11/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 86 49 /2 01 3- 00 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 3 2 O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 11/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nos termos do relatado no acórdão recorrido, de acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of LadingHBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Fl. 125DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 4 3 Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. A penalidade foi formalizada no Auto de Infração em debate. Cientificado da exação, o sujeito passivo, apresentou impugnação alegando, em síntese: a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 5 4 c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pedia o cancelamento do lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, nos termos do Acórdão 0833.472. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a autuada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.022, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.730402/201345, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.022): O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Fl. 127DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: Fl. 128DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 7 6 [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao Fl. 129DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 8 7 transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente Fl. 130DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 9 8 penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decreto lei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá los”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever prová la, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Fl. 131DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá Fl. 132DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 11 10 a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a Fl. 133DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 12 11 imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que Fl. 134DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 13 12 têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 14 13 [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 15 14 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo: a) a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a conhecimento eletrônico (HBL), vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL), Conhecimentos Eletrônicos cujos números constam da descrição dos fatos do Auto de Infração deste; b) as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreram antes de 1º de abril de 2009, o que sujeita a recorrente a cumprir o prazo estabelecido na norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 da Instrução Normativa RFB 800/2007; 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 11128.728649/201300 Acórdão n.º 3302004.032 S3C3T2 Fl. 16 15 c) os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão da referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ficando claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Desta forma, os fundamentos adotados para manter exigência da penalidade no caso do paradigma, também justificam sua manutenção nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 138DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.907178/2012-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2010
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.213
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente INDÚSTRIA DE MÁQUINAS MIRUNA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2010 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de PER/DCOMP para restituição de créditos de PIS, cujo pedido foi indeferido, via despacho decisório. Inconformada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese: que o ICMS destacado nas vendas não pode ser considerado como AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 71 78 /2 01 2- 09 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 3 2 faturamento ou como receita bruta, não devendo, por isso, ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS; que a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições em tela desrespeita o preceito do artigo 110 do CTN; que o STF, por meio do RE 240.785/MG, manifestou o entendimento de excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Sobreveio, então, julgamento da DRJ/Belo Horizonte, que indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 02066.058. A contribuinte, então, apresentou recurso voluntário repisando os argumentos da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.158, de 23 de maio de 2017, proferido no julgamento do processo 10283.902818/201235, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.158): "1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 28 de agosto de 2014, fls. 50, e o recurso foi protocolado em 29 de setembro de 2014, fls. 52. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do mérito 2.1. Do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.144.469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 4 3 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMS ST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 5 4 ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 6 5 RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 7 6 (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente; no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706 RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento encontramse, desde já, fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário, mas, no mérito, nego provimento." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10882.907178/201209 Acórdão n.º 3302004.213 S3C3T2 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 60DF CARF MF
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Numero do processo: 10711.000797/2010-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 27/11/2007
INFRAÇÃO AO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE. POSSIBILIDADE.
Aplica-se a multa por falta de prévio licenciamento da operação de importação quando restar demonstrado, nos autos, que a operação de importação estava sujeita a licenciamento não automática, que não foi obtido, pelo importador, perante o órgão competente para concedê-lo.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 27/11/2007
NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. CITAÇÃO DE PRECEITO REGULAMENTAR E DA MATRIZ LEGAL. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não é passível de nulidade a autuação, cujo enquadramento legal contam os preceitos regulamentares, ainda não vigentes na data fato gerador dos tributos lançados, e a matriz legal, vigente na data do fato gerador.
2. Se citado apenas o dispositivo do decreto regulamentar, norma de natureza derivada, também não há motivo para nulidade da autuação, haja vista que a respectiva matriz legal, indiretamente, também reputa-se citada, especialmente, quando consta do final da redação do texto do dispositivo regulamentar a referência ao correspondente preceito legal regulamentado.
3. Além disso, não há que se falar em nulidade da autuação, por erro no enquadramento legal, quando a descrição dos fatos revela ser suficientemente esclarecedora e o contribuinte demonstra ter exercido adequadamente o direito de defesa.
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CABIMENTO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Sarah Linhares que davam provimento ao recurso. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado fez declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/11/2007 INFRAÇÃO AO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE. POSSIBILIDADE. Aplicase a multa por falta de prévio licenciamento da operação de importação quando restar demonstrado, nos autos, que a operação de importação estava sujeita a licenciamento não automática, que não foi obtido, pelo importador, perante o órgão competente para concedêlo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/11/2007 NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. CITAÇÃO DE PRECEITO REGULAMENTAR E DA MATRIZ LEGAL. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Não é passível de nulidade a autuação, cujo enquadramento legal contam os preceitos regulamentares, ainda não vigentes na data fato gerador dos tributos lançados, e a matriz legal, vigente na data do fato gerador. 2. Se citado apenas o dispositivo do decreto regulamentar, norma de natureza derivada, também não há motivo para nulidade da autuação, haja vista que a respectiva matriz legal, indiretamente, também reputase citada, especialmente, quando consta do final da redação do texto do dispositivo regulamentar a referência ao correspondente preceito legal regulamentado. 3. Além disso, não há que se falar em nulidade da autuação, por erro no enquadramento legal, quando a descrição dos fatos revela ser suficientemente esclarecedora e o contribuinte demonstra ter exercido adequadamente o direito de defesa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 07 97 /2 01 0- 62 Fl. 210DF CARF MF 2 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CABIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Sarah Linhares que davam provimento ao recurso. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado fez declaração de voto. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório encartado no acórdão recorrido, que segue transcrito: Trata o presente processo do auto de infração de fls. 02/05, que formaliza o crédito tributário referente a multa por infração ao controle administrativo das importações, no valor de R$ 3.017.616,00, em face de o contribuinte ter registrado a Declaração de Importação (DI) n.º 07/16472001, em 27/11/2007, referente à nacionalização de um pórtico de Contêineres (porteiner), conforme a descrição à fl. 04, classificado na posição tarifária da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) 8426.49.90, sem Licença de Importação, conforme art. 706, inciso I, alínea “a”, do Decreto nº 6.759/09 e, ainda, pela informação incorreta do Destaque NCM, nos termos do art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, c/c art. 69, § 1º da Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Pretendia a autuada que a operação fosse cursada no Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (REPORTO), a qual se sujeita ao exame de Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10711.000797/201062 Acórdão n.º 3302004.125 S3C3T2 Fl. 211 3 similaridade para fins de emissão da Licença de Importação emitida pelo DECEX. Relata a auditoria fiscal que foi efetuado o desembaraço aduaneiro em cumprimento à tutela antecipada deferida pelo Juízo da 3a. Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, nos autos da Ação Ordinária nº 2007.51.01.028595 0. Informa, ainda, que o lançamento foi efetuado visando a prevenir o respectivo crédito tributário dos efeitos da decadência, estando suspensa a sua exigibilidade, por força do disposto no artigo 151, inciso IV do CTN. Regularmente cientificada (fls. 51/52 e 91), a autuada apresentou impugnação (fls. 12/25), na qual, em síntese: Comunica que é beneficiária do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (REPORTO), conforme ADE nº 01/2005, da Alfândega do Porto do Rio de Janeiro, e que, diante do atraso na análise da questão da existência de similar nacional pelo DECEX, propôs ação judicial, na qual foi deferida liminar para determinar o deferimento da Licença de Importação e o desembaraço aduaneiro do Portainer. Alega que o auto de infração é improcedente por exigir multa com fundamento em legislação posterior à data em que ocorreram os fatos nele descritos e que é nulo por não conter a correta fundamentação legal. Argui que a impugnante agiu amparada por decisão judicial, não sendo possível atribuirlhe comportamento ilícito que ensejasse a aplicação de multa, uma vez que o exercício regular de direito é uma circunstância excludente de ilicitude e aplicável em todos os ramos do direito. Aduz que, ainda que se pudesse reputar como ilícita a sua conduta e fossem aplicáveis as normas previstas no Decreto 6.759/09, a regra aplicável seria a do art. 706, inciso I, alínea “b” – e não alínea “a – tendo em vista o deferimento da LI pela decisão judicial, estando o montante da multa limitado ao valor de R$ 5.000,00. Pois, conforme o ADN Cosit nº 5/1997, o fator que determina a aplicação de um ou de outro dispositivo é o momento em que foi registrada a Declaração de Importação: se antes do deferimento da Licença de Importação, aplicase a pena prevista no art. 706, I, alínea “a”, se posteriormente ao deferimento da Licença de Importação, aplicase o disposto no art. 706, I, alínea “b”. Assevera que foi feita a Declaração de Importação e o desembaraço aduaneiro somente após ter sido proferida a decisão judicial que substituiu o ato administrativo de emissão da Licença de Importação. Ressalva que, mesmo que a decisão judicial não tivesse deferido a Licença de Importação, o fato de determinar o desembaraço aduaneiro a qualificaria como “documento equivalente”, nos termos do mencionado artigo. Fl. 212DF CARF MF 4 E, por fim, afirma que, embora tal fato tenha sido referido apenas de forma passageira no Auto de Infração, não tendo sido objeto de efetiva cobrança, informou adequadamente as mercadorias importadas na Nomenclatura Comum do Mercosul, não se aplicando o disposto no art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835. Requer seja cancelado o presente auto de infração. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 110/117), em que, por unanimidade de votos, a impugnação foi julgada improcedente e o crédito tributário mantido, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/11/2007 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. NULIDADE. A imperfeição no enquadramento legal só acarreta nulidade do auto de infração se restar comprovado que o direito de defesa do contribuinte foi cerceado. Não há que se falar em nulidade quando a descrição dos fatos é suficientemente esclarecedora e o contribuinte tem condição de realizar sua defesa na plenitude. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO. PENALIDADE. Aplicase a multa por falta de licença para importação quando resta demonstrado, nos autos, que as mercadorias efetivamente importadas estavam sujeitas a licença não automática, e que referida licença não foi obtida, pelo importador, junto ao órgão competente para apresentação tempestiva por ocasião do despacho aduaneiro. Em 3/11/2011 (fls. 121/124), a autuada foi cientificada da decisão de primeira instância. Em 2/12/2011, protocolou o recurso voluntário de fls. 132/147, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente. Os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Segundo delineado no relatório precedente, a lide envolve questões preliminares e de mérito. Da preliminar de nulidade da autuação. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10711.000797/201062 Acórdão n.º 3302004.125 S3C3T2 Fl. 212 5 Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade da autuação, sob o argumento de que houve tipificação errônea da infração no art. 706, I, “a”, do Decreto 6.759/209 (RA/2009), por se tratar de legislação posterior à ocorrência do fato tido como ilícito. Sem razão a recorrente. A uma, porque, de acordo com os enquadramentos legais do auto de infração (fls. 7/8), a autoridade fiscal mencionou tanto o citado preceito regulamentar quanto a sua matriz legal, ou seja, o no art. 169, I, “b” do Decretolei 37/1966, com a redação dada pelo art. 2º da Lei 6.562/1978, que segue transcrito: Art. 169 Constituem infrações administrativas ao controle das importações: I importar mercadorias do exterior: (...) b) sem Guia de Importação ou documento equivalente, que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais: (Incluída pela Lei nº 6.562, de 1978) Pena: multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria. [...] (grifos não originais). A duas, porque o referido preceito legal, reproduzido no art. 706, I, “a”, do RA/2009, encontravase vigente na data da prática do ato infracional objeto da presente autuação. A três, porque tanto em matéria tributária quanto em matéria aduaneira, respectivamente, o art. 212 do CTN e o art. 176 do Decretolei 37/1966, prevê a edição de decreto com fim de consolidar, em texto único, a legislação vigente. Sabidamente, o regulamento é uma norma que consolida as normas legais tributárias e aduaneiras vigentes na data de sua edição. Dada essa característica, a finalidade do regulamento é facilitar a consulta e o conhecimento das normas legais tributárias esparsas. Assim, por força do princípio da legalidade, somente a lei, na condição de norma primária, pode instituir a cobrança de tributos e a imposição de penalidades tributárias (art. 97 do CTN), o que ocorreu no caso em tela. Dada essa característica, ao citar um preceito regulamentar, norma de natureza derivada, indiretamente, a respectiva norma legal regulamentada também reputase citada. Não é por acaso, que, ao final do preceito regulamentar encontrase citada o respectivo preceito legal regulamentado (a denominada matriz legal). Assim, o relevante para a fundamentação da autuação é a menção ao dispositivo legal regulamentado, que esteja vigente na data do fato gerador, conforme exige o art. 144 do CTN, o que, na presente autuação, foi plenamente atendido. Logo, não houve o alegado descumprimento do requisito determinado no art. 10, IV, do Decreto 70.235/1972. Enfim, não há que se falar em nulidade da autuação, por erro no enquadramento legal, quando a descrição dos fatos revela ser suficientemente esclarecedora e o contribuinte demonstra ter exercido adequadamente o direito de defesa, como ocorreu nas duas oportunidades em que se defendeu nos presentes autos. Fl. 214DF CARF MF 6 Com base nessas considerações, rejeitase a alegada preliminar de nulidade do questionado auto de infração. Da análise das questões de mérito. No mérito, a controvérsia cingese a legalidade da imposição da multa por falta de LI, prevista no referido art. 169, I, “b” do Decretolei 37/1966, com a redação dada pelo art. 2º da Lei 6.562/1978, formalizada por meio do auto de infração em apreço. Para esse fim, resta saber se a operação de importação do bem descrito na Declaração de Importação (DI) nº 07/16472001, registrada em 27/11/2007, estava sujeito a licenciamento prévio, na data da importação, e, caso positivo, se foi concedido pelo órgão competente o exigido licenciamento. A primeira resposta extraise da legislação que dispõe sobre o assunto na época vigente, a começar pelo art. 490 do RA/2002 (Decreto 4.543/2002), que determinava que a importação de mercadoria estava sujeita, na forma da legislação específica, a licenciamento, por meio do Siscomex. Na data da operação de importação objeto da presente autuação, a norma específica que disciplinava a matéria era a Portaria Secex 35/2006, que, no seu art. 6º determinava que o sistema administrativo das importações brasileiras compreendia as seguintes modalidades: a) importações dispensadas de licenciamento; b) importações sujeitas a licenciamento automático; e c) importações sujeitas a licenciamento não automático. Em consonância com o disposto no caput do art. 7º1 da citada Portaria, a regra geral passou a ser a dispensa de licenciamento. O licenciamento automática passou a ser exigido apenas para as operações de drawback e para os produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex (art. 8º2). Enfim, o licenciamento não automático foi estabelecido para os produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex e nas operações de importações definidas no art. 9º3 da referida Portaria, a seguir transcrito: Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as seguintes importações: 1 "Art. 7. Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tãosomente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da Secretaria da Receita Federal (SRF)". 2 "Art. 8º Estão sujeitas a Licenciamento Automático as seguintes importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex; também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic, para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; II – as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback". 3 "Art. 9º Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as seguintes importações: I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex e também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto; II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio; c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); d) sujeitas ao exame de similaridade; e) de material usado; f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 de julho de 1982". Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10711.000797/201062 Acórdão n.º 3302004.125 S3C3T2 Fl. 213 7 I – de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex e também disponíveis no endereço eletrônico do Mdic para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por produto; II – as efetuadas nas situações abaixo relacionadas: a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária; b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio; c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); d) sujeitas ao exame de similaridade; e) de material usado; f) originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU; g) substituição de mercadoria, nos termos da Portaria MF n.º 150, de 26 de julho de 1982. Portanto, da simples leitura do referido comando normativo, verificase que as operações de importação sujeitas ao exame de similaridade estão sujeitas a licenciamento não automático. E segundo o art. 264 da citada Portaria, estão sujeitas ao prévio exame de similaridade as importações amparadas por benefícios fiscais, a exemplo das importações de máquinas, equipamentos e bens relacionados no Decreto 5.281/2004, realizada ao amparo do REPORTO, instituído pela Lei 11.033/2004, conforme expressamente determinado no art. 34 da citada Portaria, a seguir transcrito: Art. 34. Estão sujeitas ao prévio exame de similaridade as importações de máquinas, equipamentos e bens relacionados no Decreto nº 5.281,de 23 de novembro de 2004, ao amparo da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, que institui o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação de estrutura Portuária (REPORTO). Parágrafo Único: No exame e no preenchimento do licenciamento não automático, deverão ser observados os seguintes procedimentos: I o exame da Licença de Importação (LI) não automática está centralizado no DECEX; 4 "Art. 26. Estão sujeitas ao prévio exame de similaridade as importações amparadas por benefícios fiscais (isenção ou redução do imposto de importação), inclusive as realizadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal, pelos Municípios e pelas respectivas autarquias. Parágrafo único. Os órgãos da administração indireta, que não pleitearem benefícios fiscais, estão dispensados do exame de similaridade." Fl. 216DF CARF MF 8 II a Ficha de Negociação, no registro da Licença de Importação (LI) não automática, deverá ser preenchida , nos campos abaixo, da seguinte forma: a) Regime de Tributação/Código 5; b) Regime de Tributação/Fundamento Legal: 79. Com base nos referidos preceitos normativos, fica demonstrado que a operação de importação realizada pela recorrente ao amparo do REPORTO, induvidosamente, estava sujeita ao prévio exame similaridade e, por conseguinte, ao prévio licenciamento não automático. Assim, para obtenção do licenciamento era necessário a realização do prévio exame de similaridade pelo DECEX, o que não ocorreu. Com efeito, a LI nº 07/15620603 (fls. 57/59) não foi concedida pelo órgão competente, o DECEX, mas por determinação judicial, por meio da tutela antecipada (fls. 67/69), proferida no âmbito da Ação Ordinária n.º 2007.51.01.0285950, ajuizada perante a 3ª Vara Federal/RJ, que determinou que o desembaraço aduaneiro dos bens fosse realizado sem a exigência do exame de similaridade do DECEX, conforme explicitado no excerto da decisão que segue transcrito: Isto posto, DEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela para determinar que a ré em 48 horas promova o desembaraço aduaneiro do Portainer objeto da LI 07/15620603 sendo a declaração de similaridade do DEGEX a pendência ao referido desembaraço. Intimemse e citese. Expeçase mandado de penhora do bem desembaraço nomeando o representante legal da autora, em nome próprio e da companhia, corno depositário. (grifos não originais) Portanto, a questão atinente ao exame de similaridade foi submetida ao crivo do Poder Judiciário. Também ratifica essa conclusão o teor do pedido formulado pela autora da ação, explicitado no excerto extraído da petição de fls. 70/83, a seguir reproduzido: 42. Ante todo exposto, requer a Autora que V. Exa. se digne de julgar procedentes os pedidos adiante formulados para o fim de: [...] (iii) declarar que, à época da importação do Portainer objeto do Conhecimento de Transporte Marítimo nº ZP06815, Fatura Comercial nº ZP06815I e LI n.º 07/15620603, inexistia, nos termos da legislação aplicável às importações, produto similar fabricado no Brasil; [...] (v) confirmar a decisão antecipatória dos efeitos da tutela, determinando o deferimento da Licença de Importação n° 07/15620603, registrada em 25.07.07, referente ao Portainer importado pela Autora, objeto do Conhecimento de Transporte Marítimo nº ZP06815 e Fatura Comercial nº ZP06815I, e autorizando seu desembaraço aduaneiro com o registro da competente Declaração de Importação no Siscomex. [...] (os últimos grifos não originais) Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10711.000797/201062 Acórdão n.º 3302004.125 S3C3T2 Fl. 214 9 Da simples leitura dos trechos do referido pedido, fica demonstrado que as questões atinentes ao prévio exame de similaridade e ao prévio licenciamento da operação de importação foram submetidas ao crivo do Poder Judiciário. Dessa forma, ao submeter à apreciação do Poder Judiciário tais questões, tacitamente, a recorrente renunciou à discussão delas na esfera administrativa, como conseqüência direta da aplicação do princípio da unicidade ou inafastabilidade de jurisdição, insculpido no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal de 1988 (CF/88), que veicula a seguinte mensagem normativa: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Por força desse princípio, sabidamente, o monopólio do exercício da jurisdição cabe ao Poder Judiciário, a quem incumbe o pronunciamento definitivo sobre os conflitos originários da aplicação da legislação tributária. No caso presente, como a matéria litigiosa foi submetida à análise do Poder Judiciário, obviamente, carece de sentido e efeito jurídico concreto e efetivo a manifestação deste Colegiado acerca do assunto, haja vista que, se corroborar o entendimento judicial, seria inócua, ou se decidir em sentido diverso, estaria contrariando ou descumprindo a decisão judicial, o que seria mais grave. Além disso, em consonância com o referido princípio, há na legislação infraconstitucional preceito legal determinando, expressamente, a proeminência do julgamento proferido no âmbito do Poder Judiciário, a exemplo do artigo 1º, § 2º, do Decretolei 1.737/79, e do art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/80. De acordo com os referidos comandos legais, a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou após à autuação, com o mesmo objeto, implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. No mesmo sentido, consolidouse a jurisprudência deste Conselho, com a edição da Súmula CARF nº 1, de adoção obrigatória por todos os Conselheiros deste Órgão de julgamento, cujo enunciado segue transcrito: SÚMULA Nº 1 do CARF: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por todas essas razões, não se toma conhecimento da questão atinente à exigência do prévio exame similaridade e do prévio licenciamento da operação de importação, por se encontrar sub judice. A recorrente alegou ainda que ao agir com respaldada na referida decisão judicial havia exercido um direito que lhe fora reconhecidamente assegurado. Logo, por configurar exercício regular de direito, o fato jurídico por ela praticado era excludente da ilicitude, nos termos do art. 23, III, do Código Penal e do art. 188, I, do Código Civil. Sem razão a recorrente. Primeiro, porque não era definitiva a decisão judicial que lhe conferiu o direito de desembaraçar os bens, sem o prévio exame similaridade. Segundo, porque, no âmbito do direito aduaneiro, as hipóteses de não aplicação de penalidade e de Fl. 218DF CARF MF 10 excludente de responsabilidade estão taxativamente elencadas nos arts. 101 e 102 do Decreto lei 37/1966, e o eventual exercício regular de direito não integra tal elenco. Também não procede a alegada aplicação retroativa do disposto nas Portarias Secex 1/2009 e 18/2009, porque, além de vigência temporária (vigente apenas no período de 14/1/2009 a 30/6/2009), tal situação não se enquadra em nenhuma das hipóteses de aplicação retroativa do art. 106 do CTN, pois não se trata de norma expressamente interpretativa ou que deixou de definir infração ou reduzir penalidade. Ademais, a matéria nela versada (dispensa de prévio exame de similaridade) encontrase sub judice, conforme anteriormente demonstrado. Enfim, relevase de todo improcedente a alegação da recorrente de que, no caso em tela, caso reputada ilícita a conduta da recorrente, a penalidade ser aplicada seria aquela estabelecida no art. 706, I, “b”, combinado com o disposto no § 2º, em vez da prevista no art. 706, I, “a”, ambas do RA/2009. A penalidade prevista no art. 706, I, “b”, com a limitação de valor estabelecida no § 2º do art. 706 do RA/2009, somente se aplica nas hipóteses em que a mercadoria foi embarcada antes da emissão da LI, mas se emissão ocorreu antes do registro da DI, conforme expressamente explicitado o inciso I do item 15 do Ato Declaratório Normativo Cosit 5/1997. No caso, conforme comprovado nos autos, não houve a emissão da LI pelo órgão competente, em momento algum, como exige a legislação, mas mera emissão em cumprimento à decisão judicial provisória, a ser confirmada ou não por decisão definitiva a ser proferida no âmbito da referida Ação Ordinária. Portanto, tratase de matéria que ainda se encontra sub judice. Com relação à alegação sobre o correto enquadramento do produto na NCM deixase de fazer qualquer análise a respeito, por se tratar de matéria irrelevante para o deslinde da controvérsia, haja vista que tal circunstância não teve qualquer implicação na atuação em apreço. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, NEGALHE PROVIMENTO, porém, a exigibilidade do crédito tributário lançado permanecerá suspensa até o trânsito em julgado da decisão final a ser proferida na esfera judicial. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 5 "I a multa prevista no art. 526, inciso VI, do Regulamento Aduaneiro, por embarque da mercadoria antes da emissão da Guia de Importação ou documento equivalente, é aplicável sempre que o documento apresentado para instruir o despacho aduaneiro houver sido emitido posteriormente à data da expedição do conhecimento internacional de embarque, mas antes do registro da respectiva Declaração de Importação;" Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10711.000797/201062 Acórdão n.º 3302004.125 S3C3T2 Fl. 215 11 Declaração de Voto Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. O brilhantismo do Conselheiro José Fernandes é, mais uma vez, comprovado pelo conteúdo de seu voto. Porém, peço permissão para dele divergir em alguns poucos aspectos, pelos motivos que apresento. O relator não reconhece que os argumentos defendidos pelo recorrente estariam amparados pelas decisões proferidas nas ações judiciais por ele intentadas, porque (i) as sentenças não eram definitivas (ainda passíveis de serem modificadas por decisões proferidas em eventuais recursos), e porque (ii) no âmbito do regime aduaneiro, as hipóteses de não aplicação da penalidade e de excludente de responsabilidade estão taxativamente elencadas nos artigos 101 e 102 do DecretoLei n. 37/1966, e o eventual exercício regular de direito não integral o rol. Sobre o primeiro ponto é importante registrar que a sentenças foram proferidas em ações declaratórias, e não em sede liminar. Sabese que estas últimas detém caráter precário, passível de alteração a qualquer momento seja pelo próprio magistrado que a profere, quanto pelo tribunal ao qual está vinculado. Como já é pacífico na jurisprudência do STJ, a parte que a requer a concessão liminar fica sujeita à sua cassação, devendo arcar com os consectários decorrentes do atraso ocasionado pelo deferimento da medida; isso porque a denegação final opera efeitos ex tunc (vide Recursos Especiais n. 132.616 e 205.301). A ações declaratórias que versam sobre matéria tributária fundamse, essencialmente, no princípio da segurança jurídica, já que tem como escopo preservar situações jurídicas, definindo responsabilidades. Tanto é que o interesse em afastar o estado de incerteza deve ser demonstrado pelo autor, para que se cumpra uma das condições da ação. Mais especificamente sobre as sentenças proferidas em ações declaratórias tributária, reproduzo as lições de James Marins: "O objeto da ação declaratória em matéria tributária, portanto, não se pode limitar simplesmente à declaração sobre a inexistência do fato jurídico tributário (fato imponível), mas sim à existência ou inexistência da relação jurídicatributária (obrigação tributária) que resulta da ocorrência de certo fato tributariamente tipificado" (grifos nossos, MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 3.ed. São Paulo: Dialética, 2003, p. 397) Emanará do processo judicial, no caso de decisão favorável, elementos de suporte fático do exercício do direito. Nas palavras de Eurico Tullio Liebman: "A sentença, como ato autoritativo, ditado por órgão de Estado, reivindica naturalmente, perante todos, seu ofício de formular qual seja o comando concreto da lei, ou mais genericamente, a vontade do Estado, para um caso determinado. As partes, como sujeito da relação a que se refere a decisão, são as primeiras que sofrem a sua eficácia, mas não há motivo que exima os terceiros de sofrela igualmente. Uma vez que o juiz é o órgão ao qual atribui o Estado o mister de se fazer atuar a vontade da lei no caso concreto, apresentase a sua Fl. 220DF CARF MF 12 sentença como eficaz exercício dessa função perante todo o ordenamento jurídico e a todos os sujeitos que nele operam" (LIEBMA, Eurico Tullio. Eficácia e Autoridade da Senteça. São Paulo: Forense, 2. ed. 1981, p. 123). Considerando as peculiaridades da ação judicial tributária é correto afirmar que esta demanda o pronunciamento do Poder Judiciário acerca da existência, ou não, da relação jurídica que obrigue o contribuinte a pagar determinado tributo, ou agir de determinada maneira. Desta forma, um mandamento emitido pelo Judiciário resultará no impedimento de atuação da autoridade fiscal. Entendo que a sentença ainda que passível de modificação enquanto perdurar os seus termos, tem força executiva preponderante porque, como se sabe, o Poder Judiciário foi delegado pela Constituição Federal para dirimir as controvérsias entre os particulares e o Poder Público. Como já reconhecido por este Conselho, "devese obedecer os efeitos da coisa julgada, a qual impõe estrita observância do que foi decidido pelo judiciário, a decisão judicial deve ser cumprida nos seus termos" (Acórdão n. 9303004.230, proferido pela 3ª CSRF em 10/08/2016, no julgamento do Processo 13973.000108/200306). Na hipótese dos autos, foram ajuizadas três ações, que foram sentenciadas favoravelmente à pretensão da recorrente. Nessas decisões vigentes até a data de hoje os pedidos foram acatados para que seja deferida a licença de importação do produto importado e para que o desembaraço aduaneiro fosse liberado com a emissão dos competente registros de declaração de importação. Três anos após o deferimento do pedido, a autoridade fiscal autuou a recorrente impondolhe multa de 30% sobre o valor das mercadorias, por supostamente ter realizado a internacionalização dos produtos desamparada da licença de importação. Porém, e agora passo ao segundo e último ponto, entendo que o conteúdo expresso e válido das decisões judiciais que determinam a emissão da licença de importação e o desembaraço aduaneiro dos produtos acompanhados das declarações de importação remetem a situação dos fatos a alínea b do inciso I do art. 706 do Regulamento Aduaneiro, pois as decisões se substituem, na prática, ao licenciamento exigido. Por esse motivo, entendo que a autuação fiscal está amparada em fundamentação equivocada (alínea a do inciso I do art. 706 do R.A.), o que exige o cancelamento da exigência sob julgamento. Por esses motivos, ouso em concluir de forma diferente do Relator, entendo que deve ser dado integral provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Lenisa Rodrigues Prado Fl. 221DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.720782/2014-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.590
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .7 20 78 2/ 20 14 -8 2 Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 10920.720782/201482 Resolução nº 2401000.590 S2C4T1 Fl. 163 2 Relatório MPM TRANSPORTES EIRELI EPP, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre tempestivamente a este Conselho da decisão da 5a Turma da DRJ em Florianópolis/SC, Acórdão nº 0737.060/2015, às fls. 1.316/1.351, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal, lavrado em 22/05/2014, referente às contribuições sociais devidas ao INSS, correspondentes à parte da empresa e ao financiamento dos benefícios da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, em relação ao período de 01/2010 a 31/12/2013, conforme Relatório Fiscal, às fls. 07/143, consubstanciado no seguinte Auto de Infração: 1) DEBCAD n° 51.041.9933 – Contribuições Sociais Previdenciárias correspondentes à parte da empresa e ao financiamento dos benefícios da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, conforme os seguintes levantamentos: Levantamento: F1 – FP NÃO DECLARADA EM GFIP SE: Referente à Remuneração de Segurado Empregado – SE; Levantamento: F2 – FP NÃO DECLARADA EM GFIP CI: Referente à Remuneração de Contribuinte Individual – CI (Administrador/Autônomo); Levantamento : G1 – FP DECLARADA EM GFIP SE: Referente à Contribuição de Segurado Empregado – SE declarada em GFIP ; Levantamento : G2 – FP DECLARADA EM GFIP CI: Referente à Contribuição de Segurado Contribuinte Individual CI(Administrador/Autônomo) declarada em GFIP. De conformidade com o Relatório Fiscal, a autuação consubstanciada no lançamento em epígrafe decorre de Representação Administrativa – Processo Administrativo n° 10920.720526/201495, em que a contribuinte fora excluída do regime de tributação do SIMPLES, com a emissão do ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/JOI n° 11, de 01/04/2014. Ressalta, ainda, que os efeitos do ato de exclusão do SIMPLES se operam a partir de 01/01/2011. Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 1390/1410, procurando demonstrar a improcedência do lançamento, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, contrapõese preliminarmente suscitando a nulidade da decisão a quo, por entender que houve cerceamento de defesa, na medida em que seus pedidos de diligência não foram atendidos, acarretando o cerceamento de defesa, renovando o pedido nesta oportunidade. Ainda em caráter preliminar, insurgese a contribuinte quanto uma suposta omissão/contradição da decisão de primeira instância, estando esta eivada de vícios, portanto pugna por sua nulidade para que esclareça a omissão/contradição apontada. Fl. 1427DF CARF MF Processo nº 10920.720782/201482 Resolução nº 2401000.590 S2C4T1 Fl. 164 3 Em relação ao mérito, argumenta haver a identificação de todos os registros de recebimentos à títulos de adiantamentos, sendo estes recursos aplicados para a manutenção da própria empresa no tocante ao pagamento da folha de salários, conforme identificado e constatado pelo próprio auditor fiscal. Afirma que desde sua constituição fez a adesão pelo Simples Nacional e sempre teve o intuito de permanecer neste regime tributário, porém fora excluída arbitrariamente pela Fazenda Nacional, mesmo assim sempre manteve a regularidade escritural e contábil. Em defesa de sua pretensão, transcreve a legislação de regência quanto ao Simples Nacional, repudiando da mesma forma quanto ao efeito retroativo de sua exclusão, pois invoca tratarse de direito adquirido, colacionando jurisprudência e ensinamentos doutrinários sobre o assunto. Opõese, igualmente, à aplicabilidade da multa qualificada, sobretudo diante da ausência da efetiva comprovação do dolo, fraude ou simulação. No mesmo sentido, aponta descabida a aplicação da multa isolada e agravada, invocando o principio do não confisco, da proporcionalidade, moralidade e razoabilidade, arrolando decisões do STF e STJ amparando suas razões. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 1428DF CARF MF Processo nº 10920.720782/201482 Resolução nº 2401000.590 S2C4T1 Fl. 165 4 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. Não obstante as razões de fato e de direito ofertadas pela contribuinte durante todo processo administrativo fiscal, especialmente no seu recurso voluntário, há nos autos questão preliminar, prejudicando, dessa forma, a análise do mérito da demanda nesta oportunidade, senão vejamos. Conforme se depreende dos elementos que instruem o processo, o lançamento inscrito no auto de infração sob análise decorre de procedimento de exclusão da empresa do regime de tributação do SIMPLES, consubstanciado no processo administrativo n° 10920.720526/201495, com a emissão do ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/JOI n° 11, de 01/04/2014, operando efeitos a partir de 01/01/2011. Em que pese a autoridade julgadora de primeira instância haver reconhecido o nexo causal do presente lançamento com o processo que trata da exclusão do SIMPLES, achou por bem dar seguimento ao feito, inferindo que: “[...] Consoante se infere dos autos, parte a exigência contida no processo em epígrafe, de contribuições devidas pela empresa, parte patronal (20%) e as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, exigidas para as competências compreendidas no período de 01/2011 a 12/2013 (inclusive 13 salário), decorreu do fato da empresa ter sido excluída do Simples Nacional mediante o Ato Declaratório Executivo DRF/JOI n.º 11, datado de 01/04/2014, com efeitos retroativos a 01/01/2011. Com relação as exigências de contribuições lançadas nas competências 01/2010 a 12/2011 (inclusive 13º salário), a motivação para o lançamento reside no fato de a empresa ter informado na GFIP como optante pelo Simples, sem de fato encontrarse incluída no referido sistema simplificado de tributação. Os lançamentos das contribuições devidas pela empresa que deixaram de ser recolhidas em face da declaração indevida na GFIP como optante pelo Simples Nacional no período de 01/2010 a 12/2011 (inclusive 13/2013), e por força da exclusão retroativa mediante o ADE, foram ora constituídas no DEBCAD nº 51.041.9950, nos levantamentos F1 – FP não declarada em GFIP SE e F2 – FP não declarada em GFIP CI. Com efeito, uma vez promovida a exclusão da pessoa jurídica do Simples Nacional, procederseá, se for o caso, a lavratura de auto de infração para a exigência do crédito tributário devido, independentemente do julgamento de eventual manifestação de inconformidade contra o ato declaratório de Fl. 1429DF CARF MF Processo nº 10920.720782/201482 Resolução nº 2401000.590 S2C4T1 Fl. 166 5 exclusão, uma vez que inexiste previsão legal de efeito suspensivo à manifestação de inconformidade apresentada contra a exclusão. Em que pese parte das contribuições exigidas no presente lançamento decorrerem da exclusão retroativa da impugnante do Simples Nacional, a sede própria para análise de tais argumentações é o processo administrativo relativo à exclusão do sistema diferenciado de tributação de nº 10920.720526/2014 95 (em apenso), onde a empresa apresentou manifestação de inconformidade contemplando as mesmas razões ora interpostas. Cabe ressaltar, por oportuno, que o julgamento da manifestação de inconformidade apresentada pela sociedade ora impugnante contra o ADE teve como resultado, conforme se infere da leitura do Acórdão nº 0737.059, da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, que consta às fls. 870895 do referido processo, a manutenção do referido ato de exclusão. [...]” Extraise daí inexistir dúvida de que o processo sob análise encontrase atrelado ao resultado final a ser levado a efeito nos autos do processo de exclusão do SIMPLES, em evidente prejudicial do exame da demanda, em face do nexo de causa e efeito que os vincula. Neste sentido, somente após a decisão administrativa definitiva exarada em face da manifestação de inconformidade oposta nos autos do processo n° 10920.720526/201495, é que se poderá adentrar a análise da regularidade deste feito. Dessa forma, existindo referido processo de exclusão do SIMPLES, esse, por guardar íntima relação de causa e efeito com a autuação sub examine, deverá ser julgada primeiramente, para que, somente assim, reste corroborado o entendimento da fiscalização constante deste lançamento. Ocorre que, o processo n° 10920.720526/201495 foi distribuído para minha relatoria, porém conforme se extrai do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015, mais especificamente no Anexo II, art. 2º, inciso V, a competência para julgamento de processos pertinentes ao regime de tributação do SIMPLES é da 1º Seção de Julgamento, motivo pelo qual em relação ao processo sobre esta matéria foi declinada a competência para a Seção competente, impondo assim o sobrestamento deste feito até seja proferida decisão definitiva nos autos daquele processo. Assim, ao contrário do entendimento encampado pelo julgador de primeira instância, em face do caráter de prejudicialidade do mencionado processo frente o Auto de Infração em epígrafe, deve o presente julgamento ser convertido em diligência, para que os autos retornem à origem e somente venham para apreciação por esse Colegiado após o trânsito em julgado do processo n° 10920.720526/201495, onde se discute a situação da recorrente perante o regime simplificado de recolhimento – SIMPLES. Nesse diapasão, VOTO NO SENTIDO DE CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, sobrestando o exame meritório do presente Auto de Infração, até que seja Fl. 1430DF CARF MF Processo nº 10920.720782/201482 Resolução nº 2401000.590 S2C4T1 Fl. 167 6 proferida decisão definitiva nos autos do processo n° 10920.720526/201495, devendo estes autos ser encaminhado para a DRF de origem para as providências cabíveis. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 1431DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.100482/2008-36
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 11 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Período de apuração: 01/08/2006 a 31/08/2006
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE DCTF.
Aplica-se a penalidade disposta no artigo 7° da Lei 10.426/2002, sempre que o cumprimento da obrigação acessória se perfazer fora dos prazos determinados em lei.
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
A nulidade do auto de infração ocorrerá tão somente quando este não preencher os requisitos disciplinados no artigo 59 do Decreto 70.235/72. Não havendo vício em sua forma, não há que se falar em nulidade do auto de infração.
Numero da decisão: 1803-001.836
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Meigan Sack Rodrigues
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O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE DCTF. Aplicase a penalidade disposta no artigo 7° da Lei 10.426/2002, sempre que o cumprimento da obrigação acessória se perfazer fora dos prazos determinados em lei. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. A nulidade do auto de infração ocorrerá tão somente quando este não preencher os requisitos disciplinados no artigo 59 do Decreto 70.235/72. Não havendo vício em sua forma, não há que se falar em nulidade do auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. 1 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 10 04 82 /2 00 8- 36 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 (Assinado Digitalmente) Walter Adolfo Maresch Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Meigan Sack Rodrigues, Marcos Antônio Pires e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento Eletrônica de exigência de "Multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais — DCTF 2006", no valor de R$ 27.841,28, referente ao mês de agosto de 2006. Devidamente notificada do lançamento, a empresa recorrente apresentou impugnação, alegando, em síntese, que o auto de lançamento contém vicio insanável por descumprimento de requisito indispensável previsto no artigo 11 do Decreto n° 70.235/72, notadamente no que diz respeito ao inciso IV deste diploma legal eis que não contém a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, em consequência deve ser declarada a sua nulidade. Ainda, refere que o arbitramento da multa no percentual de 20%, incidente sobre o valor já pago a titulo de encargos tributários da empresa naquele período por descumprimento de obrigação acessória, ignora os princípios da razoabilidade e proporcionalidade que regem a Administração Pública, assumindo caráter confiscatório. Aduz que a pena aplicada decorre de critério de arbitramento previsto em lei, mas eivado de inconstitucionalidade e, por isto, deve ser revisto o lançamento para afastar a sanção aplicada ou, caso assim não seja entendido, que seja, ao menos, compatível com a infração praticada, atribuindoa no patamar mínimo previsto. Cita jurisprudência do então Conselho de Contribuintes e do Superior Tribunal de Justiça, bem como doutrina. Por fim, requer a empresa recorrente que seja declarada nula a presente notificação de lançamento em face do vício formal apontado e caso superada essa questão que 2 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 a sanção aplicada seja afastada ou reduzida pela inconstitucionalidade da base de cálculo prevista em lei e por atentar contra princípios da proporcionalidade e razoabilidade, norteadores da Administração Pública. Em ato contínuo, requer que em caso de subsistência, que seja arbitrada a sanção em consonância com a relevância cometida, reduzindoa ao valor mínimo previsto de R$500,00. A autoridade julgadora de primeira instância entendeu por bem de mandar a multa aplicada. Afere o julgador que descabe o postulado da empresa de que estaria nulo o auto de infração por falta de assinatura, vez que segundo determina o artigo 11, do Decreta 70.235/72, em seu parágrafo único, prescinde de assinatura a notificação de lançamento quando emitida por processo eletrônico. Finaliza repisando que notificação, ora em apreço, preenche in totum os requisitos legais preconizados em lei. Já no que diz respeito às alegações da empresa quanto à penalidade aplicada, de que a mesma viola os princípios da razoabilidade e proporcionalidade e tem caráter confiscatório, afere a autoridade julgadora de primeiro grau que está alicerçada em diploma legal válido, eficaz, oponível erga omnes e que, em momento algum foi declarada, pelo órgão de controle repressivo de constitucionalidade, sua inadequação ou afronta à ordem constitucional pátria. Ainda, em apreciação do art. 7° da Lei 10.426/2002, penalidade aplicada na notificação em tela, o julgador a quo conclui que guarda estrita observância com as disposições legais. Assim a respeito da alegação da empresa recorrente de constituise a penalidade aplicada multa confiscatória, o julgador aduz que é dever de todo o contribuinte adimplir com suas obrigações perante o fisco, quer sejam elas de natureza principal ou acessória. Esclarece que possui a empresa recorrente duas obrigações com o fisco: uma obrigação denominada principal, que é a de verter os tributos devidos, outra denominada acessória, distinta da primeira, que decorre da legislação tributária e tem por objeto prestações positivas ou negativas nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos referidos tributos, é o que dispõe o art. 113 do CTN. Nesse caminho, frisa o julgador que o Estado tem o poderdever de estabelecer mecanismos de coação, a fim de proteger os interesses da sociedade, e o faz através da imposição de penalidades inibidoras das ações ilícitas. Preconiza que em matéria tributárias, esta se consubstancia na instituição de multas pecuniárias, visando a evitar ou reparar o dano que lhe é consequente. Assim, a sobre a alegação de inconstitucionalidade dos dispositivos legais que regem a matéria, a discussão está além das possibilidades de juízo deste órgão julgador. No âmbito do procedimento administrativo tributário cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do Fisco está, ou não, conforme a lei, sem emitir juízo de legalidade ou constitucionalidade das normas jurídicas que embasaram aquele ato. Atenta para o fato de que a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao poder Judiciário, sendo inócuo suscitar tais alegações na esfera administrativa, pois não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar textos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico, em observância ao art. 142, parágrafo único, do CTN. 3 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 Quanto ao pedido de redução da multa ao valor mínimo previsto no § 3° do art. 70 da Lei n° 10.426/2002, assevera o julgador a quo ser inaplicável ao presente caso, posto que os valores mínimos estabelecidos somente serão imputados às infrações cuja multa resulte em valor inferior ao mínimo o que, à evidência, não se amolda à situação verificada. Devidamente cientificada da decisão de primeira instância, a empresa recorrente apresenta suas razões em seara de recurso voluntário, de forma tempestiva, postulando a nulidade do lançamento por falta da presença do agente administrativo quando do lançamento, já que se trata de lançamento eletrônico. Ainda, insurgese a empresa recorrente contra a impossibilidade dos órgãos administrativos de julgamento examinarem matéria constitucional e no mérito repete o já referido na manifestação de inconformidade ao salientar a nulidade da multa por descumprimento de obrigação acessória, quando da inexistência de prejuízo ao erário público. A empresa prossegue aduzindo a necessária proporção entre infração e pena, já que seria proibido o Bis In Iden. E por fim pede o cancelamento da autuação. É o relatório. Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues. O Recurso Voluntário preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Tratase o presente processo de auto de infração para cobrança de multa decorrente da apresentação em atraso da DCTF. A empresa recorrente insurgese alegando ser a multa descabida por ferir preceitos constitucionais, tais como da razoabilidade e proporcionalidade, entre outros. Discussão de Constitucionalidade da Norma Primeiramente há que se atentar para o fato de que discussão referente à constitucionalidade de lei ou mesmo de artigo de lei não é da competência dessa esfera administrativa, posto cumprir ao Poder Judiciário analisar e determinar a constitucionalidade de norma a ser aplicada no sistema jurídico pátrio. Nesse contexto, deixo de abordar as argumentações da empresa recorrente no tocante à constitucionalidade da aplicação da multa pelo atraso na entrega da DCTF, haja vista esta estar preceituada no dispositivo legal elencado 4 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 no auto de infração: art. 7º da Lei n. 10.426/2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.051/2004. Cumpre salientar que este Egrégio Conselho encontrase adstrito à aplicação de suas Súmulas e no presente caso à aplicação da Súmula CARF n°: 02: “O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).” Discussão sobre a Nulidade do Auto de Infração Alega a empresa recorrente ser nulo o auto de infração por ser o mesmo eletrônico, ou seja, não ter sido emitido por agente da administração tal como preconizado pelas normas pátrias. Ocorre que discordo da arguição de nulidade do auto de infração arguido pela empresa recorrente, porquanto que não vislumbro o desrespeito a nenhum dos disciplinamentos dispostos no artigo 59 do Decreto 70.235/72, norma que dispõe sobre a nulidade do auto de infração, tema ora abordado. Neste contexto, cumpre referir que o auto de infração foi perfeitamente lavrado e encontrase em conformidade com os determinantes legais para a sua formalização, haja vista que a empresa foi legalmente intimada, do contrário não teria apresentado suas razões de defesa em seara de impugnação e também em recurso voluntário. Ainda, o auto de infração encontrase dirigido ao sujeito passivo de direito, legitimamente constituído para recebêlo, consta a data e o local da sua lavratura, está descrito, de forma circunstanciada. O fato imponível do tributo está devidamente cobrado, bem como perfeitamente fundamentado com a capitulação estipulada na norma, na qual se enquadra a imputação legal. Tudo de acordo com o artigo 59 do Decreto 70.232/72, conforme já fora referido. Assim, descabida a argumentação de nulidade do auto pela recorrente sob essa fundamentação, apenas por tratarse de auto de infração eletrônico, há muito já admitido dentro do ordenamento pátrio. Discussão de Mérito Já tocante ao mérito da demanda, qual seja: multa pelo atraso na entrega da DCTF, temos que a autuação está correta, haja vista que a empresa entregou a DCTF com atraso, de forma intempestiva, vinte e dois meses após o prazo regulamentar, definido pela legislação e determinado a todos os contribuintes. A norma disciplinada no artigo 7° da Lei n° 10.426/2002, é clara ao dispor: “Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, 5 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de 2%(dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20%(vinte por cento), observado o disposto no § 3; II de 2%(dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na DIRF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a 20%(vinte por cento), III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). (...) Em outras palavras, o sujeito passivo que deixar de apresentar DCTF nos prazos fixados sujeitarseá às multas dispostas na legislação de regência, no caso em tela, a disciplinada no artigo supra citado. Neste caminho, não podemos olvidar de destacar que a entrega da DCTF fora do prazo não está albergada pelo instituto da denuncia espontânea, sendo essa a posição da Súmula Carf nº 49, tal como segue: “Sumula 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração”. 6 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 De igual modo, importa em citar a jurisprudência pacífica, em ambas as turmas do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no sentido de que a denúncia espontânea não é aplicável às multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, de natureza formal e desvinculadas diretamente do fato gerador da obrigação principal: “TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Recurso especial não provido. (REsp 1129202/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe 29/06/2010) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL.DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA. SÚMULA 83/STJ. INCIDÊNCIA. 1. Aresto recorrido que se encontra em consonância com a jurisprudência assente do STJ no sentido de que não se mostra desarrazoada a aplicação de multa em razão do atraso na entrega da Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF. Precedentes. 2. Agravo regimental nãoprovido. (AgRg no Ag 985.433/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 13/02/2009) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS. MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1 A entrega das declarações de operações imobiliárias fora do prazo previsto em lei constitui infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional. Do contrário, estarseia admitindo e incentivando o nãopagamento de tributos no prazo determinado, já que ausente qualquer punição pecuniária para o contribuinte faltoso. 2 A entrega extemporânea das referidas declarações é ato puramente formal, sem qualquer vínculo com o fato gerador do 7 Fl. 109DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 tributo e, como obrigação acessória autônoma, não é alcançada pelo art. 138 do CTN, estando o contribuinte sujeito ao pagamento da multa moratória devida. 3 Precedentes: AgRg no REsp 669851/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22.02.2005, DJ 21.03.2005; REsp 331.849/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 09.11.2004, DJ 21.03.2005; REsp 504967/PR, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24.08.2004, DJ 08.11.2004; REsp 504967/PR, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24.08.2004, DJ 08.11.2004; EREsp n° 246.295RS, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 20.08.2001; EREsp n° 246.295RS, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 20.08.2001; RESP 250.637, Relator Ministro Milton Luiz Pereira, DJ 13/02/02. 4 – Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 884.939/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/02/2009, DJe 19/02/2009)” Diante do exposto, voto do sentido de Negar Provimento ao recurso. É o voto. (assinado digitalmente) Meigan Sack Rodrigues – Conselheira 8 Fl. 110DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES
score : 1.0
Numero do processo: 11020.910089/2012-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2006
COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da não-cumulatividade.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-004.039
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ANTÔNIO CARLOS ATULIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2006 COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da nãocumulatividade. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTÔNIO CARLOS ATULIM Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versam os autos sobre pedido de reconhecimento de direito creditício de COFINS, informado como oriundo de recolhimento efetuado a maior, cumulado com declaração de compensação (PER/DCOMP). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 00 89 /2 01 2- 44 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 11020.910089/201244 Acórdão n.º 3402004.039 S3C4T2 Fl. 3 2 No Despacho Decisório, a autoridade local da RFB indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, após ter "efetuado revisão completa retroativa de suas últimas bases de cálculo de COFINS", possuir créditos oriundos de suas seguintes contas, discorrendo acerca da legislação que em tese respaldaria os mesmos: A DRJ/RPO, nos termos do Acórdão 14046.802, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Inconformado, o contribuinte interpôs o presente recurso voluntário, no qual, em suma, restringese a afirmar que o "processo já dispõe dos documentos comprobatórios dos créditos apurados", e nada mais! É o relatório. Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.034, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 11020.910095/201200, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.034): "Alega o contribuinte, de forma genérica, ter créditos para fins de apuração da COFINS a pagar no sistema nãocumulativo. Tais créditos seriam oriundos de valores constantes nas contas especificadas no relatório. Feita essa apuração, a posteriori, sem qualquer liquidez e certeza já saiu a se compensar com débitos de tributos administrados pela RFB. Ou seja, não há prova específica a respaldar os alegados créditos. Acostou cópia do livro razão onde constam tais contas contábeis, sem qualquer documento fiscal e referência a seu processo produtivo em que se pudesse constatar de quais insumos se tratam e, mais, se efetivamente são utilizados na produção das mercadorias que produz. Demais disso, em tese, em análise superficial, valores referente à manutenção e reparos, fretes com vendas (nas quais não se sabe quem arcou com os valores), despesas diversas (que não se sabe do que se tratam), e mão de obra de terceiros (que em tese podem ser feitas por pessoas física, o que afastaria qualquer direito a crédito) não dão direito a crédito. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 11020.910089/201244 Acórdão n.º 3402004.039 S3C4T2 Fl. 4 3 Assim, sendo firme a jurisprudência desse Colegiado no sentido de que recai sobre o contribuinte o onus probandi dos créditos que alega ter, mormente em relação a valores que já se compensou, que pressupõe sua certeza e liquidez, constatase que ele não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados. CONCLUSÃO Portanto, ante a falta de prova dos declarados créditos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário." Ressaltese que, neste processo, as contas especificadas como origem dos créditos (indicadas no relatório) são as mesmas que as tratadas no caso do paradigma, e que o contribuinte, nestes autos, também "não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721556/2014-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
Ementa:
LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO. LIMITE ANUAL DE RECEITA BRUTA. COMPOSIÇÃO. RECEITAS TRIBUTADAS PELO REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO - RET. COMPOSIÇÃO.
Inexiste amparo legal para que o contribuinte exclua do cálculo de sua receita bruta anual os valores das receitas submetidas à tributação pelo RET, com vistas à definição do limite para a opção pelo lucro presumido. A lei que instituiu o regime especial apenas estabelece alguns requisitos com vistas a neutralizar os efeitos do RET na apuração dos tributos devidos pela pessoa jurídica com relação às receitas das demais atividades e, a determinação de sua segregação por incorporação, visa apenas assegurar a demonstração correta das bases de cálculo, sejam elas as submetidas ao RET, sejam às não abrangidas pelo benefício fiscal.
LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO INDEVIDA. LANÇAMENTO PELO LUCRO REAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA SUA APURAÇÃO. ARBITRAMENTO. OBRIGATORIEDADE. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA.
Incabível o procedimento da autoridade fiscal de ignorar a falta de apresentação do Lalur pela fiscalizada, e partir para a apuração das diferenças de tributos pelo lucro real, tomando este pelo saldo da conta representativa de Lucros ou Prejuízos do Exercício, olvidando-se que tanto a apuração do lucro real quanto da base de cálculo da CSLL partem do resultado contábil, mas são sujeitas à adições e exclusões previstas em lei para a sua determinação. Inexistentes os elementos necessários para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, fosse ela trimestral ou anual, não restava outras alternativa à autoridade fiscal senão o arbitramento do lucro.
PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO FISCO NO REGIME NÃO CUMULATIVO. IRPJ E CSLL. CANCELAMENTO ANTE A AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. ARBITRAMENTO DO LUCRO. RESTABELECIMENTO DA APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO ADOTADO PELO SUJEITO PASSIVO.
o regime de apuração não cumulativo do PIS e da Cofins somente é aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao lucro real. As pessoas jurídicas submetidas à apuração do lucro presumido ou arbitrado são contribuintes do PIS e da Cofins pelo regime de apuração cumulativo. Assim, se o lançamento que sustentou a exigência do IRPJ com base no lucro real foi cancelado em face da necessidade de arbitramento do lucro, o regime de apuração das referidas contribuições permanece o mesmo adotado pelo sujeito passivo, qual seja, o da cumulatividade, não havendo como subsistir a exigência.
Numero da decisão: 1302-002.283
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente|)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ester Marques Lins de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 Ementa: LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO. LIMITE ANUAL DE RECEITA BRUTA. COMPOSIÇÃO. RECEITAS TRIBUTADAS PELO REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO - RET. COMPOSIÇÃO. Inexiste amparo legal para que o contribuinte exclua do cálculo de sua receita bruta anual os valores das receitas submetidas à tributação pelo RET, com vistas à definição do limite para a opção pelo lucro presumido. A lei que instituiu o regime especial apenas estabelece alguns requisitos com vistas a neutralizar os efeitos do RET na apuração dos tributos devidos pela pessoa jurídica com relação às receitas das demais atividades e, a determinação de sua segregação por incorporação, visa apenas assegurar a demonstração correta das bases de cálculo, sejam elas as submetidas ao RET, sejam às não abrangidas pelo benefício fiscal. LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO INDEVIDA. LANÇAMENTO PELO LUCRO REAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA SUA APURAÇÃO. ARBITRAMENTO. OBRIGATORIEDADE. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Incabível o procedimento da autoridade fiscal de ignorar a falta de apresentação do Lalur pela fiscalizada, e partir para a apuração das diferenças de tributos pelo lucro real, tomando este pelo saldo da conta representativa de Lucros ou Prejuízos do Exercício, olvidando-se que tanto a apuração do lucro real quanto da base de cálculo da CSLL partem do resultado contábil, mas são sujeitas à adições e exclusões previstas em lei para a sua determinação. Inexistentes os elementos necessários para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, fosse ela trimestral ou anual, não restava outras alternativa à autoridade fiscal senão o arbitramento do lucro. PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO FISCO NO REGIME NÃO CUMULATIVO. IRPJ E CSLL. CANCELAMENTO ANTE A AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. ARBITRAMENTO DO LUCRO. RESTABELECIMENTO DA APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO ADOTADO PELO SUJEITO PASSIVO. o regime de apuração não cumulativo do PIS e da Cofins somente é aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao lucro real. As pessoas jurídicas submetidas à apuração do lucro presumido ou arbitrado são contribuintes do PIS e da Cofins pelo regime de apuração cumulativo. Assim, se o lançamento que sustentou a exigência do IRPJ com base no lucro real foi cancelado em face da necessidade de arbitramento do lucro, o regime de apuração das referidas contribuições permanece o mesmo adotado pelo sujeito passivo, qual seja, o da cumulatividade, não havendo como subsistir a exigência.
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OPÇÃO INDEVIDA PELO LUCRO PRESUMIDO Recorrentes CYRELA BAHIA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 Ementa: LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO. LIMITE ANUAL DE RECEITA BRUTA. COMPOSIÇÃO. RECEITAS TRIBUTADAS PELO REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO RET. COMPOSIÇÃO. Inexiste amparo legal para que o contribuinte exclua do cálculo de sua receita bruta anual os valores das receitas submetidas à tributação pelo RET, com vistas à definição do limite para a opção pelo lucro presumido. A lei que instituiu o regime especial apenas estabelece alguns requisitos com vistas a neutralizar os efeitos do RET na apuração dos tributos devidos pela pessoa jurídica com relação às receitas das demais atividades e, a determinação de sua segregação por incorporação, visa apenas assegurar a demonstração correta das bases de cálculo, sejam elas as submetidas ao RET, sejam às não abrangidas pelo benefício fiscal. LUCRO PRESUMIDO. OPÇÃO INDEVIDA. LANÇAMENTO PELO LUCRO REAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA SUA APURAÇÃO. ARBITRAMENTO. OBRIGATORIEDADE. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Incabível o procedimento da autoridade fiscal de ignorar a falta de apresentação do Lalur pela fiscalizada, e partir para a apuração das diferenças de tributos pelo lucro real, tomando este pelo saldo da conta representativa de Lucros ou Prejuízos do Exercício, olvidandose que tanto a apuração do lucro real quanto da base de cálculo da CSLL partem do resultado contábil, mas são sujeitas à adições e exclusões previstas em lei para a sua determinação. Inexistentes os elementos necessários para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, fosse ela trimestral ou anual, não restava outras alternativa à autoridade fiscal senão o arbitramento do lucro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 15 56 /2 01 4- 75 Fl. 492DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 493 2 PIS/COFINS. APURAÇÃO PELO FISCO NO REGIME NÃO CUMULATIVO. IRPJ E CSLL. CANCELAMENTO ANTE A AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. ARBITRAMENTO DO LUCRO. RESTABELECIMENTO DA APURAÇÃO PELO REGIME CUMULATIVO ADOTADO PELO SUJEITO PASSIVO. o regime de apuração não cumulativo do PIS e da Cofins somente é aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao lucro real. As pessoas jurídicas submetidas à apuração do lucro presumido ou arbitrado são contribuintes do PIS e da Cofins pelo regime de apuração cumulativo. Assim, se o lançamento que sustentou a exigência do IRPJ com base no lucro real foi cancelado em face da necessidade de arbitramento do lucro, o regime de apuração das referidas contribuições permanece o mesmo adotado pelo sujeito passivo, qual seja, o da cumulatividade, não havendo como subsistir a exigência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente|) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ester Marques Lins de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Fl. 493DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 494 3 Relatório Tratase de recurso de ofício e voluntário interpostos em face do Acórdão nº 1151.731, de 21 de dezembro de 2015, proferido pela 3ª Turma da DRJRecifePE, que acordou, por maioria de votos em considerar procedente em parte a impugnação, apresentada por CYRELA BAHIA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, aos autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, lavrados contra si; decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 NULIDADE. ATOS E TERMOS PROCESSUAIS. Somente são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com cerceamento do direito de defesa ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FORMA DE APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Quando o contribuinte não faz opção pela tributação com base no Lucro Real anual, nas formas prescritas na legislação fiscal, cumpre efetuar o lançamento de ofício com base no Lucro Real Trimestral, ou com base no Lucro Arbitrado, dependendo do caso. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL O lançamento reflexo deve observar o mesmo procedimento adotado no principal, em virtude da relação de causa e efeito que os vincula. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2011 COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO. Mantémse o lançamento em que não se comprove a alegada existência dos créditos que não foram considerados na apuração realizada pela fiscalização. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 494DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 495 4 Anocalendário: 2011 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO. Mantémse o lançamento em que não se comprove a alegada existência dos créditos que não foram considerados na apuração realizada pela fiscalização Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Conforme consta da decisão recorrida, foram lavrados autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, verbis: Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os autos de infração de fls. 164/169, fls. 170/175, fls. 176/181 e fls. 182/187 através dos quais foi constituído o crédito tributário referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, IRPJ, à Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, CSLL, à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, COFINS, e ao Programa de Integração Social, PIS, no valor total de R$ 39.518.816,09, incluídos juros de mora e multa proporcional de 75%. O lançamento reportase ao anocalendário 2011. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, fls. 188/197, o lançamento decorreu da constatação de que a empresa utilizouse indevidamente da opção pelo lucro presumido tendo em vista que no anocalendário anterior, 2010, auferiu receitas no montante de R$ 118.829.990,97, superior ao limite legal estabelecido para exercer a opção, R$ 48.000.000,00. Conforme quadro demonstrativo à fl. 192. O acórdão recorrido sintetizou os argumentos trazidos pela contribuinte, verbis: A contribuinte apresentou impugnação, fls.205/324, fazendo, em síntese, as seguintes alegações: as receitas auferidas e escrituradas no Regime Especial de Tributação, RET, nos termos da Lei nº 10.931/2004, não devem ser computadas para fins de verificação do limite legal para opção pelo lucro presumido, pede improcedência do lançamento; nulidade do lançamento por ofensa ao art. 142 do CTN em razão de equívocos cometidos na apuração do montante dos tributos lançados, vícios materiais insanáveis: erro no regime de apuração do IRPJ e da CSLL apurados pelo lucro real anual quando não houve opção por esse regime e a regra geral prevista na legislação é da apuração trimestral do lucro real; não houve recolhimentos por estimativas para caracterizar a opção do contribuinte pela apuração do lucro real anual,; caberia à autoridade fiscal efetuar a apuração pelo lucro real trimestral ou lucro arbitrado, transcreve jurisprudência do CARF e das DRJ; a fiscalização considerou como base de cálculo para apurar o lucro real o lucro líquido contábil obtido pelo saldo da conta 2502003001 Lucro ou Prejuízo do Exercício no valor de R$ 54.752.120,57, conforme Livro Razão, (doc.05), Fl. 495DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 496 5 deduzindo apenas o valor do lucro presumido declarado, não efetuando os ajustes pelas adições, exclusões e compensações previstos na legislação tributária; o lucro líquido contábil não pode ser equiparado ao lucro real, base de cálculo do IRPJ e da CSLL, devendo necessariamente ser ajustado pelas adições, exclusões e compensações, cita jurisprudência do CARF e das DRJ; não se admitindo a nulidade material, que sejam efetuadas as recomposições das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL considerando os ajustes necessários conforme se demonstra nos quadros à fl. 233, com base na escrituração contábil (doc. 07) e na planilha de demonstração do lucro real (doc. 06), deduzindo ainda os valores já pagos com base no Lucro Presumido; em decorrência da desqualificação da opção pelo lucro presumido, o PIS e a COFINS deveriam ser apurados pelo regime não cumulativo, a autoridade fiscal deveria ter considerado, para apuração do PIS e da COFINS, o direito ao crédito em relação aos custos, despesas e encargos incorridos; desqualificando a opção pelo lucro presumido, e por consequência, a apuração do PIS e da COFINS pelo regime cumulativo, se valendo para o lançamento tributário do regime não cumulativo, a fiscalização não poderia se furtar a reconhecer o crédito relativo aos custos, despesas e encargos; pede improcedência do lançamento tributário em razão da inadequada consideração das receitas controladas no Regime Especial de Tributação, RET, para determinação do limite legal para opção pelo lucro presumido; ou, seja reconhecida a nulidade do lançamento em razão dos vícios materiais insanáveis decorrentes da indevida apuração da matéria tributável, em afronta ao art. 142 do CTN. O acórdão recorrido entendeu correto o entendimento da fiscalização quanto à inclusão das receitas tributadas no Regime Especial de Tributação RET para fins de definição do limite anual para opção pelo lucro presumido relacionadas e cancelou o lançamento de IRPJ e CSLL porque a autoridade fiscal apurou o imposto com base no Lucro Real Anual, quando deveria ter apurado o imposto com base no Lucro Real Trimestral, que seria a regra geral, conforme conclusão extraída do voto condutor do acórdão, verbis: No caso, a opção pela tributação pelo Lucro Real Anual, com o pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, estabelecida no art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996, não foi manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade, na forma do art. 3º da mesma Lei. Portanto, há de se concluir que, para o anocalendário objeto da autuação, a contribuinte estava sujeita à regra geral de tributação, ou seja, Lucro Real Trimestral. Assim, de acordo com a legislação de regência, o IRPJ deveria ter sido calculado com base nesta forma de tributação, desde que a contribuinte tivesse cumprido as exigências legais estabelecidas para tal, de forma que permitisse a Autoridade Fiscal apurar o Lucro Real Trimestral. Se não fosse possível a determinação do Lucro Real Trimestral, em face da ocorrência de uma das hipóteses previstas no art. 530 do RIR/1999, o lançamento deveria ter sido efetuado com base no Lucro Arbitrado. Diante do exposto, os lançamentos do IRPJ e da CSLL, com base no Lucro Real Anual, não podem prosperar por falta de sustentação legal. Fl. 496DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 497 6 Com relação às exigência relativas ao PIS e à Cofins o acórdão recorrido manteve a exigência integralmente. Da decisão que exonerou o crédito de IRPJ e CSLL, recorreuse de ofício à este Conselho, nos termos da Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008. A contribuinte, foi devidamente cientificada da decisão recorrida em 25/02/2017 (fls. 369) tendo apresentado recurso voluntário em 24/03/2016 (fls. 370), alegando em síntese: a) Que não procede à acusação fiscal que considerou indevida a opção pelo lucro presumido, em face da apuração de receita bruta superior ao limite legal permitido, uma vez acrescidas as receitas tributadas pelo Regime Especial de Tributação RET, acolhida pela decisão recorrida, por basearse apenas na literalidade e análise isolada do disposto no artigo 13, da Lei ns 9.718/98 e do artigo 224, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99) b) que os dispositivos supramencionados devem ser analisados dentro do contexto do ordenamento jurídico no qual está inserida, uma vez que grande parte de suas receitas encontramse vinculadas a empreendimentos afetados e sobre os quais a Recorrente fez a opção pelo RET; c) Que a Lei nº 10.931/04, "ao instituir o regime especial de tributação aos patrimônios de afetação, estabeleceu no parágrafo 3º, do artigo 4º, que as receitas, custos e despesas próprios da incorporação imobiliária não devem ser computados na apuração das bases de cálculo dos tributos e contribuições federais devidos pela incorporadora", ressaltando ainda que a escrituração contábil de cada incorporação deve ser feita de forma apartada, nos termos do art. 9º da IN.RFB. nº 934/2009; d) Que "se, por expressa previsão legal, tais receitas não devem ser computadas na apuração do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, é evidente a impossibilidade de sua inclusão no cômputo para fins de verificação do limite legal para opção pelo lucro presumido, ao qual estarão sujeitas somente as demais receitas auferidas" e) Que a legislação específica não trouxe qualquer dispositivo legal que confirme o entendimento da decisão recorrida e da autoridade fiscal e que, ao contrario "a legislação é cogente quanto à necessidade de segregação das receitas da incorporação afetada optante pelo regime especial de tributação em relação às receitas da incorporadora, motivo pelo qual, se há uma segregação, também não devem compor a receita "para fins de verificação do limite legal para a opção ao lucro presumido". f) Que "considerando que as receitas próprias auferidas pela Recorrente no anocalendário de 2010 totalizaram o montante de R$ 47.833.307,49, concluise que não houve a extrapolação do limite legal previsto no artigo 13, da Lei ns 9.718/98, razão pela qual a Recorrente acertadamente optou pelo regime de tributação com base no lucro presumido para o anocalendário de 2011 e pela sistemática de apuração cumulativa do PIS e da COFINS, nos termos do artigo 8ª, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e artigo 10º, inciso II, da Lei nº 10.833/2003, devendo ser reformada a decisão recorrida neste ponto"; g) Que ainda que assim não se entenda. o lançamento contém vícios materiais na apuração da base de cálculo que o inquinam de nulidade material, na medida em que "em respeito ao princípio da nãocumulatividade, a fiscalização, quando do cálculo do PIS e da Fl. 497DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 498 7 COFINS, deveria ter abatido do valor supostamente devido pela Recorrente os créditos relativos aos custos, despesas e encargos incorridos anteriormente; h) Que não tendo a fiscalização procedido desta forma, em direta afronta ao princípio da não cumulatividade e ao disposto no artigo 142, do Código Tributário Nacional, a decisão deveria ter reconhecido a nulidade do lançamento de PIS e de COFINS, pois caberia à fiscalização apurar tais créditos no momento da realização do lançamento; i) Que, a título argumentativo, caso não seja reconhecida a nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS, devem ser recalculados os débitos de PIS e de COFINS, de forma a se abater o valor dos créditos que teria direito em decorrência dos custos, despesas e encargos incorridos, vinculados às receitas tributadas, "evitandose a manutenção do desrespeito ao princípio da nãocumulatividade, insculpido no artigo 195, parágrafo 12, da Constituição Federal e no artigo 4º, da Lei nº 10.833/03 e artigo 8º e seguintes da Instrução Normativa SRF 458/2004". j) Que uma vez que a apuração desses créditos não foi realizada pela fiscalização, a fim de evitar qualquer prejuízo para a sua defesa e ainda a manutenção da cobrança indevida de débitos de PIS e de COFINS, apresenta, junto com o recurso, planilha resumo de apuração dos débitos de PIS e COFINS (doc. 03), bem como as planilhas de apuração dos débitos na forma do artigo 4º, da Lei nº 10.833/03 e artigo 8º e seguintes da Instrução Normativa SRF nº 458/2004. (doe. 04). k) Esclarece que "os créditos de PIS e COFINS apurados foram calculados considerando os custos orçados para cada um dos empreendimentos "Club House", "Viva Cor" e "Podium Vila Leopoldina", não incluídos no RET, sendo que a apropriação dos créditos deuse de acordo com o recebimento das respectivas receitas de venda, nos termos do artigo 4º, parágrafo 3º, da Lei nº 10.833/2003 e artigo 9º, parágrafo 1º, da Instrução Normativa SRF nº 458/2004"; l) Reafirma a existência de nulidade material no lançamento do IRPJ e CSLL em decorrência da suposta opção indevida pela tributação com base no lucro presumido, tendo em vista que "a autoridade fiscal deveria ter aplicado o disposto no inciso IV, do artigo 530, do RIR/997, o qual expressamente prevê que o imposto, devido trimestralmente, será determinado com base no lucro arbitrado, no caso de o contribuinte optar indevidamente pelo lucro presumido"; m) Que ainda que se entenda correta a aplicação do lucro real (seja anual ou trimestral) os lançamentos do IRPJ e da CSLL seriam nulos uma vez que a fiscalização considerou como base de cálculo do IRPJ e da CSLL o lucro líquido contábil indicado nos saldo da conta contábil "2502003001 Lucro ou Prejuízo do Exercício", no montante de R$ 54.752.120,57 sem proceder "os devidos ajustes, conforme previsto no artigo 247, do RIR/99, que define o lucro real, e o artigo 2º, alínea "c", da Lei nº 7.689/88, com alterações introduzidas pela Lei ns 8.034/1990, que define a base de cálculo da CSLL"; n) Que o lucro líquido contábil não pode ser equiparado diretamente ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, devendo ser ajustado pelas adições, exclusões e compensações previstas na legislação tributária, conforme a jurisprudência do CARF; Fl. 498DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 499 8 o) Que o erro cometido pela fiscalização importa em nulidade material dos lançamentos de IRPJ e de CSLL por clara ofensa ao disposto no artigo 142, do Código Tributário Nacional; p) Que, "caso não se reconheça a nulidade material dos lançamentos, o que também se admite apenas para fins de argumentação, é de rigor, ao menos, a adequação e recomposição das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL utilizadas pela autoridade fiscal, em conformidade com os ajustes previstos na legislação tributária, tal como demonstrado pela Recorrente em sede de impugnação nos parágrafos 64 a 66, aos quais a Recorrente faz remissão para que sejam analisados juntamente com estas razões recursais"; q) que," caso seja mantido o lançamento ora impugnado, quando da cobrança do crédito tributário constituído, não sejam exigidos juros de mora sobre a multa de ofício lançada, em razão do disposto no artigo 161, do Código Tributário Nacional, conforme já decidido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no julgamento do recurso especial interposto nos autos do processo administrativo nº 10680.002472/200723, realizado na sessão do dia 09.11.2010". A contribuinte apresentou, ainda, contrarrazões ao Recurso de Ofício (fls. 413/426), na qual defende a correção do entendimento do acórdão recorrido que cancelou o lançamento do IRPJ e da CSLL tendo em vista que a autoridade fiscal procedeu ao lançamento desses tributos no regime de apuração anual, quando a lei prevê que aplicase a regra geral de apuração trimestral quando o contribuinte não manifesta sua opção pelo regime de apuração anual, mediante o pagamento mensal de estimativas, o que não ocorreu de fato. Ao final, reitera as razões subsidiárias, já trazidas no seu recurso voluntário, caso se entenda por dar provimento ao recurso de ofício. É o relatório. Fl. 499DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 500 9 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Tratase de apreciar recurso voluntário e de ofício, interpostos em face do 11 51.731, de 21 de dezembro de 2015, proferido pela 3ª Turma da DRJRecifePE. Recurso de Ofício Em face da exoneração parcial do crédito pelo acórdão recorrido foi interposto recurso de ofício pelo colegiado a quo. O recurso de ofício deve ser conhecido, pois o valor exonerado extrapola o limite fixado pelo Ministro da Fazenda, por meio da Portaria MF. nº 63, de 09/02/2017 (créditos de tributos e encargos de multa superior a R$ 2.500.000,00). A decisão recorrida, embora tenha concordado com o entendimento da fiscalização quanto à inclusão das receitas tributadas no Regime Especial de Tributação RET para fins de definição do limite anual para opção pelo lucro presumido, cancelou o lançamento de IRPJ e CSLL porque a autoridade fiscal apurou o imposto com base no Lucro Real Anual, quando deveria ter apurado o imposto com base no Lucro Real Trimestral, que seria a regra geral. Assim passo a apreciar integralmente a matéria litigiosa, devolvida a este colegiado por meio do recurso de oficio. A contribuinte, em sua impugnação, defendeu que os valores das receitas tributadas pelo Regime Especial de Tributação, regido pela Lei nº 10.931/2004, não devem se considerada na receita bruta total da empresa, para fins de definição limite de opção pelo regime de apuração do IRPJ pelo Lucro Presumido (R$ 48.000.000,00 anuais) que fora estabelecido pelo art. 13 Lei nº 9.718/1998, defendendo a necessidade de uma interpretação sistemática de ambas as legislações, uma vez que a lei não estabelece expressamente qual o critério a adotar em tal situação. A decisão recorrida, amparada na Solução de Consulta nº 33 SRRF 03/Disit, entendeu que estava correto o entendimento fiscal de que os valores das receitas tributadas em separado no RET deveriam compor o montante da receita bruta para fins de apuração do lucro presumido. Penso que, de fato, ante à inexistência de uma definição legal clara a respeito da matéria, impõese analisar conjuntamente o que estabelece a lei que fixou o limite para a opção pelo lucro presumido (Lei nº 9.718/98) e os termos fixados na lei que criou o RET (Lei nº 10.931/2004). O art. 13 da Lei nº 9.718/1998, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, dispôs que "A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no anocalendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do anocalendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido". Fl. 500DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 501 10 O conceito de receita bruta referido no dispositivo é, iniludivelmente , aquele consagrado no art. 279 do RIR/99, amparado na Lei nº 4.506/1964, verbis: Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. Por outro lado, a Lei nº 10.931/2004, que instituiu o REGIME ESPECIAL TRIBUTÁRIO DO PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO RET , estabeleceu em seu art. 4º que para cada incorporação submetida ao regime especial de tributação, a incorporadora ficará sujeita ao pagamento equivalente a sete por cento da receita mensal recebida, o qual corresponderá ao pagamento mensal unificado do seguinte impostos e contribuições: IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Os parágrafos 1º a 4º do art. 4º da Lei nº 10.931/2004, estabelece a forma de exclusão das receitas, custos e despesas próprios das incorporações submetidas ao RET, na apuração da base de cálculo dos tributos e contribuições devidos pela pessoa jurídica nas demais atividades empresariais, verbis: Art. 4o Para cada incorporação submetida ao regime especial de tributação, a incorporadora ficará sujeita ao pagamento equivalente a 6% (seis por cento) da receita mensal recebida, o qual corresponderá ao pagamento mensal unificado dos seguintes impostos e contribuições: (Redação dada pela Lei nº 12.024, de 2009) I Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ; II Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP; III Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL; e IV Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS. § 1o Para fins do disposto no caput, considerase receita mensal a totalidade das receitas auferidas pela incorporadora na venda das unidades imobiliárias que compõem a incorporação, bem como as receitas financeiras e variações monetárias decorrentes desta operação. § 2o O pagamento dos tributos e contribuições na forma do disposto no caput deste artigo será considerado definitivo, não gerando, em qualquer hipótese, direito à restituição ou à compensação com o que for apurado pela incorporadora. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 501DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 502 11 § 3o As receitas, custos e despesas próprios da incorporação sujeita a tributação na forma deste artigo não deverão ser computados na apuração das bases de cálculo dos tributos e contribuições de que trata o caput deste artigo devidos pela incorporadora em virtude de suas outras atividades empresariais, inclusive incorporações não afetadas. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4o Para fins do disposto no § 3o deste artigo, os custos e despesas indiretos pagos pela incorporadora no mês serão apropriados a cada incorporação na mesma proporção representada pelos custos diretos próprios da incorporação, em relação ao custo direto total da incorporadora, assim entendido como a soma de todos os custos diretos de todas as incorporações e o de outras atividades exercidas pela incorporadora. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Da leitura do dispositivo acima verificase que a lei que instituiu o RET cuidou de disciplinar que as receitas (e respectivos custos e despesas) obtidos com as incorporações submetidas à tributação pelo RET não deveriam ser computadas na apuração dos tributos devidos pela pessoa jurídica com relação às demais incorporações não submetidas ao RET ou, ainda, a outras atividades. Ou seja, disciplinou tão somente que as operações tributadas pelo RET não viessem a afetar as bases de cálculo dos tributos devidos pelas atividades não incluídas naquele regime especial. Em momento algum a norma trata da receita das incorporações submetidas ao RET, como decorrentes de atividades alheias ou separadas da pessoa jurídica, que justificasse a sua exclusão no cálculo do limite anual de opção pelo lucro presumido. O fato do art. 7º determinar a escrituração segregada de cada incorporação submetida ao RET, não conduz à conclusão de que se trata de uma apuração dissociada do resultado global da pessoa jurídica. O que a lei busca é tão somente neutralizar os efeitos do RET na apuração dos tributos devidos pela pessoa jurídica com relação às receitas das demais atividades e sua segregação visa apenas assegurar a demonstração correta das bases de cálculo, sejam elas as submetidas ao RET, sejam às não abrangidas pelos benefícios. Por todo o exposto, entendo que inexiste amparo legal para que o contribuinte exclua do cálculo de sua receita bruta anual os valores das receitas submetidas à tributação pelo RET, com vistas à definição do limite para a opção pelo lucro presumido. Assim, mantenho a decisão recorrida quanto ao entendimento nela esposado. Com relação à apuração dos tributos devidos, analisando os elementos constantes dos autos, entendo que assiste razão à contribuinte quanto ao erro na sua determinação pela autoridade fiscal. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 188/196), a autoridade lançadora, depois de justificar o afastamento da tributação pelo lucro presumido, conclui que "como a empresa possui contabilidade, não há que se falar em arbitramento de lucro, uma vez que através da contabilidade temos conhecimento do lucro real" (fls. 192). Fl. 502DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 503 12 Ato contínuo passa a demonstrar a apuração das diferenças dos tributos que entende devidos, adotando como base, tanto para o Lucro Real como Base de Cálculo da CSLL, o saldo da conta 2502003001 Lucros ou Prejuízos do Exercício, no montante de R$ 54.752.120,57. Verificase, segundo relato da autoridade fiscal no subitem 4.2 do TVF, que esta intimou à fiscalizada a "Retificar sua DIPJ de Lucro Presumido para Lucro Real Trimestral, apresentar o LALUR dos 4 trimestres de 2011, apresentar apuração do lucro real trimestral, (...)". (fls. 190). Examinando as respostas da fiscalizada (anexadas as fls. 93/163), que esta desde logo, ao entender como correta sua opção pelo lucro presumido, rejeitou a retificação de suas obrigações acessórias solicitadas pela fiscalização e defendeu que, se este não fosse o entendimento do Fisco, o lucro deveria ser arbitrado, com base no inciso IV, do artigo 530 e 532 do RIR/1999 (fls. 96/97). Na resposta apresentada ao Termo de Reintimação Fiscal nº 1 (fls. 98/100), a fiscalizada reitera seu posicionamento de não se ver obrigada a retificar suas obrigações acessórias (DIPJ/Lalur) do período sob fiscalização e a defender o arbitramento do lucro. Não obstante, ressalta que "caso esta fiscalização entenda pela necessidade de análise de qualquer documento contábil ou fiscal do período de apuração em questão, a intimada colocase à disposição para apresentálos, como vem procedendo durante todo o decurso do procedimento fiscal". Entendo que o equívoco da autoridade fiscal foi além daquele apontado na decisão recorrida, concernente à eleição da base de cálculo do lucro real por período anual ao invés de trimestral. A hipótese, diante da ausência dos livros fiscais necessários para a apuração do lucro real, por qualquer de suas formas, é sim de arbitramento de lucro. Senão vejamos o que dispõe o art. 47 da Lei nº 8.98l/1995, verbis: Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o DecretoLei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único; Fl. 503DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 504 13 IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; VII o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. VIII – o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Ora, além da previsão expressa no inc. IV, o inc. VIII determina o arbitramento do lucro quando o "contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § 2º do art. 8º do DecretoLei 1.598, de 26 de dezembro de 1977" (leiase: LALUR). A autoridade fiscal simplesmente ignorou a falta de apresentação do Lalur e partiu para a apuração das diferenças de tributos pelo lucro real, tomando este pelo saldo da conta representativa de Lucros ou Prejuízos do Exercício, olvidandose que tanto a apuração do lucro real quanto da base de cálculo da CSLL partem do resultado contábil, mas são sujeitas à adições e exclusões previstas em lei para a sua determinação. Ora, inexistentes os elementos necessários para a determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, fosse ela trimestral ou anual, não restava outras alternativa à autoridade fiscal senão o arbitramento do lucro. Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Do Recurso Voluntário O recurso voluntário versa sobre as exigências do Pis e da Cofins, mantidas pela decisão recorrida e objeto do recurso voluntário interposto pelo contribuinte. Esta exigência fiscal decorre diretamente do lançamento do IRPJ e da CSLL realizados sob o lucro real, pois o contribuinte recolhera ditas contribuição com base no regime de apuração cumulativo estabelecido pela Lei nº 9.718/1.998. Em face da mudança do regime de apuração do lucro da recorrente, a autoridade fiscal procedeu ao lançamento das diferenças pelo regime de apuração não cumulativo estabelecido nas leis nº 10.637/2002 (Pis) e 10.833/2003 (Cofins). A recorrente em seu recurso voluntário, reitera quanto ao PIS e à Cofins os argumentos relacionados à exigência do IRPJ e da CSLL, no tocante à legitimidade de sua opção pelo lucro presumido e, que, não se acolhendo tal premissa que o lançamento contém vícios materiais na apuração da base de cálculo, na medida em que a autoridade fiscal não Fl. 504DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 505 14 reconheceu a existência de nenhum crédito a que teria direito de abater das referidas contribuições, uma vez modificada a sua apuração para o regime não cumulativo. Entendo que, por decorrência lógica dos fundamentos externados no voto condutor do recurso de ofício, os lançamentos do Pis e da Cofins, não podem subsistir. Como conclui ao analisar o recurso de ofício, a autoridade fiscal deveria ter procedido ao arbitramento do lucro para a apuração do IRPJ e da CSLL, pois não tinha elementos para sua apuração pelo lucro real. Ora, o regime de apuração não cumulativo do PIS e da Cofins somente é aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao lucro real. As pessoas jurídicas submetidas à apuração do lucro presumido ou arbitrado são contribuintes do PIS e da Cofins pelo regime de apuração cumulativo, previsto na Lei nº 9.718/1998, conforme estabelecido no art. 8º, inc. II da Lei nº 10.637/2002 (que instituiu o regime não cumulativo do PIS) 1 e o art. 10, inc. II da Lei 10833/2003 (que instituiu o regime não cumulativo da Cofins) 2. Tal definição não se dá em tese, mas sim no caso concreto. É certo que, conforme sustentado na análise do recurso de ofício, pelas normas que regem o IRPJ a contribuinte não poderia ter optado pelo lucro presumido no período de apuração objeto deste processo administrativo fiscal PAF. Não obstante, o seu enquadramento no lucro real estava sujeito ao preenchimento de outros requisitos que, no meu entender, não foram atendidos, restando como única alternativa, neste período de apuração, o arbitramento do lucro. Assim, se o lançamento que sustentou a exigência do IRPJ com base no lucro real foi cancelado em face da necessidade de arbitramento do lucro, o regime de apuração das 1 Art. 8º Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 6º: [...] II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; [...] 2 Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: [...] II – as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; [...] Fl. 505DF CARF MF Processo nº 19515.721556/201475 Acórdão n.º 1302002.283 S1C3T2 Fl. 506 15 referidas contribuições permanece o mesmo adotado pela fiscalizada, qual seja, o da cumulatividade, não havendo como subsistir a exigência. Deixo de apreciar os demais argumentos da recorrente, relacionados à apuração das bases de cálculo das referidas contribuições e a incidência de juros sobre à multa, por entender que restam prejudicadas diante do quanto foi acima externado. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 506DF CARF MF
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