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Numero do processo: 10980.006292/2006-55
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E
CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE SIMPLES
Ano calendário: 2002
SIMPLES.EXCLUSÃO. REPARAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. SÚMULA CARF N° 57.
A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal.
SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. CONSERTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS. CONDICIONADORES DE AR. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9°, INCISO XIII, DA LEI N° 9317/96.POSSIBILIDADE DE PERMANECER NO REGIME DO SIMPLES
Não demonstrado nos autos que há nas dependências da empresa atividade que requer habilitação profissional legalmente exigida, deve ser cancelado o ato de exclusão do Simples Federal.
Numero da decisão: 1803-000.898
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano calendário: 2002 SIMPLES.EXCLUSÃO. REPARAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. SÚMULA CARF N° 57. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. CONSERTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS. CONDICIONADORES DE AR. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9°, INCISO XIII, DA LEI N° 9317/96.POSSIBILIDADE DE PERMANECER NO REGIME DO SIMPLES Não demonstrado nos autos que há nas dependências da empresa atividade que requer habilitação profissional legalmente exigida, deve ser cancelado o ato de exclusão do Simples Federal.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 SIMPLES.EXCLUSÃO. REPARAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. SÚMULA CARF N° 57. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. CONSERTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS. CONDICIONADORES DE AR. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9°, INCISO XIII, DA LEI N° 9317/96.POSSIBILIDADE DE PERMANECER NO REGIME DO SIMPLES Não demonstrado nos autos que há nas dependências da empresa atividade que requer habilitação profissional legalmente exigida, deve ser cancelado o ato de exclusão do Simples Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fl. 43DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10980.006292/200655 Acórdão n.º 180300.898 S1TE03 Fl. 36 2 (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “A contribuinte acima qualificada, mediante o Ato Declaratório Executivo DRF/CTA n° 437.598, de 07 de agosto de 2003 (fls. 4 e 11), foi excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, com efeitos a partir de 01/01/2002, por incorrer na vedação prevista no art. 9°, XIII, da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, ou seja, pelo exercício da atividade econômica vedada de instalação e manutenção elétrica em edificações, inclusive elevadores, escadas, esteiras rolantes e antenas (CNAE 45411/00). 2. A exclusão do Simples foi fundamentada nos arts. 9°, XIII, 12, 14, I, e 15, II, da Lei n° 9.317, de 1996, art. 73 da Medida Provisória n° 2.15834, de 27 de julho de 2001, e arts. 20, XII, 21, 23, I, 24, II e parágrafo único, da Instrução Normativa SRF n° 355, de 29 de agosto de 2003. 3. Regularmente intimada por via postal (AR recebido em 28/08/2003, à fl. 25, a interessada apresentou, tempestivamente, em 29/09/2003, a Solicitação de Revisão da Exclusão do Simples de fl. 03, que foi julgada improcedente pela DRF/Curitiba em face de constar do Contrato Social que ela presta serviços de instalações elétricas, cuja atividade é vedada ao Simples pelo art. 9°, V e § 4° da Lei n° 9.317, de 1996, e itens VI e VII do ADN Cosit n° 30, de 1999 (fl. 05). 4. Cientificada do resultado da SRS por via postal (AR recebido em 17/05/2006, à fl. 15), a reclamante apresentou, em 12/06/2006, a tempestiva manifestação de inconformidade de fl. 02, na qual alega que nunca prestou serviços de instalação elétrica e nem possui estrutura para desenvolver tal atividade, conforme faz prova mediante apresentação das notas fiscais de Fl. 44DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10980.006292/200655 Acórdão n.º 180300.898 S1TE03 Fl. 37 3 fls. 0608, e que apenas faz a venda de alguns aparelhos de ar condicionado e presta serviços de reparos nesses aparelhos. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação, com base nos seguintes fundamentos (fls. 26/29): a) Como na análise da SRS foi alterado o motivo que fundamentou a exclusão do Simples, passando de atividades assemelhadas à de engenheiro para serviços auxiliares e complementares da construção civil, cabe destacar que, como os atos da administração pública devem ser transparentes, é vedado alterar o motivo da exclusão no curso do processo fiscal, em obediência ao principio da motivação. b) No Contrato Social, de 02/05/1997 (fl. 14), consta da cláusula primeira que a interessada tem como objeto social o comércio varejista de material elétrico, aparelho e peças de ar condicionado; serviços de manutenção e reparação em aparelho de ar condicionado e instalações elétricas. c) Inobstante não haja prova nos autos do efetivo exercício da atividade de instalações elétricas, é certo que a atividade de serviços de reparos em sistema de ar condicionado central executados pela reclamante constitui causa impeditiva à opção pelo Simples prevista no inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996. d) O Ato Declaratório (Normativo) Cosit n° 04, de 22 de fevereiro de 2000 (publicado no DOU de 23/02/2000), consignou que a atividade de montagem e manutenção de equipamentos industriais é vedada ao Simples, por caracterizar prestações de serviço profissional de engenharia. e) Pela transcrição dos supracitados artigos das Resoluções Confea n° 218, de 1973, e 262, de 1979, depreendese que a competência para executar serviços de reparação e manutenção de sistemas de ar condicionado central cabe aos engenheiros e técnicos, no âmbito dessas modalidades profissionais específicas. f) O termo "assemelhado" constante do inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996, faz incluir na vedação à opção pelo Simples qualquer atividade de prestação de serviço que tenha similaridade ou semelhança com aquelas enumeradas. Nessa linha de raciocínio, e tendo em conta que a vedação é para "a pessoa jurídica que preste serviços profissionais de engenheiro ou assemelhado", devese assentar o fato de que basta o exercício de qualquer de suas atribuições, com ou sem supervisão, assinatura ou execução por profissional regulamentado, para que a opção pelo Simples seja vedada. Mesmo que os serviços sejam prestados por outro tipo de profissional ou pessoa não qualificada, a pessoa jurídica não poderá permanecer no regime simplificado, porquanto se trata do exercício de atividades assemelhadas à profissão de engenheiro. g) Os serviços de reparo em sistema de ar condicionado central se enquadram na vedação do inciso XIII do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que, tece as seguintes considerações (fls. 33) : a) A empresa teve indeferido o pedido de Opção pelo Simples Nacional, pelo fato da atividade ser vedada, o que é injusto, pelo fato da empresa prestar serviços de pequenos Fl. 45DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10980.006292/200655 Acórdão n.º 180300.898 S1TE03 Fl. 38 4 consertos, atividade essa simples sem a necessidade de técnicos com maiores conhecimentos muito menos engenheiro, tanto é que hoje é uma empresa optante pelo Simples Nacional, desde a sua criação desse tributo, seu faturamento é baixo, pagando devidamente os impostos desde de sua inscrição em 08/07/1997, com CNAE 4321 5/00. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a intimação em 01/06/2009 (AR de fls. 32). O recurso foi protocolado em 29/06/2009, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. A recorrente foi excluída do Simples a partir de 1° de janeiro de 2002, em virtude do entendimento de que as empresas que prestam serviços de manutenção instalação, e manutenção elétrica em edificações, inclusive elevadores, escadas, esteiras rolantes e antenas, não podem optar por aquele regime, nos termos do art. 9°, inciso XIII, da Lei n° 9.317/1996. O objeto social da empresa está assim descrito no contrato social datado de 02/05/1997 (fls. 14): “OBJETO SOCIAL: Comércio Varejista de Material Elétrico; Aparelho e peças de Ar Candicionado; Serviços de Manutenção e Reparação em Aparelho de Ar Condicionado e Instalações Elétricas.” A questão relativa aos serviços de manutenção e reparação de ar condicionado já encontrase sumulada neste Conselho, devendo ser aplicada ao caso a Súmula CARF n° 57, que assim dispõe: “A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no Simples Federal”. No tocante à execução de instalações elétricas, também não restou demonstrado nos autos que a atividade desenvolvida pela empresa requer a contratação de um engenheiro, ou deva ser realizada por profissional legalmente habilitado. Trazemos à colação decisões do antigo 3° Conselho de Contribuintes sobre o tema: “SIMPLES EXCLUSÃO INDEVIDA.CONSERTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E MANUTENÇÕES DE Fl. 46DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10980.006292/200655 Acórdão n.º 180300.898 S1TE03 Fl. 39 5 APARELHOS ELETRÔNICOS. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9°, INCISO XIII, DA LEI N° 9317/96.PROVA. Restado provado nos autos que os serviços prestados pelo Contribuinte são tipicamente de eletricista, sem qualquer necessidade de conhecimentos técnicos específicos da profissão de engenheiro elétrico, há que ser afastada a exclusão do SIMPLES. (Acórdão n° 30133488, sessão em 06/12/2006) SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. CONSERTOS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.CONDICIONADORES DE AR, TELEFONES E INTERFONES. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO PROFISSIONAL HABILITADO. NÃO INCIDÊNCIA DO ARTIGO 9°, INCISO XIII, DA LEI N° 9317/96.POSSIBILIDADE DE PERMANECER NO REGIME DO SIMPLES Não demonstrado nos autos que há nas dependências da empresa atividade que requer habilitação profissional legalmente exigida, inaplicável se toma à vedação legal ao regime Simplificado. Ante todo o exposto, dou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 47DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 10725.903018/2009-90
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO. Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO. Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ - Recurso Repetitivo).
Numero da decisão: 1803-001.203
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO. Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO. Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ - Recurso Repetitivo).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1736; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 64 1 63 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10725.903018/200990 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180301.203 – 3ª Turma Especial Sessão de 31 de janeiro de 2012 Matéria IRPJ COMPENSAÇÃO Recorrente SONICS DIAGNÓSTICO POR IMAGEM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. DESCABIMENTO. Tendo sido o Despacho Decisório prolatado por autoridade para tanto competente [AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), descabe se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2002 SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI Nº 9.249, DE 1995. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO. Devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos” (STJ Recurso Repetitivo). Fl. 64DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 65 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Victor Humberto da Silva Maizman. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes, Sérgio Luiz Bezerra Presta e João Carlos Figueiredo Neto. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 66 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 42): Tratase de manifestação de inconformidade apresentada em face de despacho decisório eletrônico, por meio do qual não foi homologada compensação declarada pela interessada acima identificada na DCOMP retificadora de nº 14031.99272.240809.1.7.047581, indicando suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de imposto de renda – IRPJ, cód 2089, no valor de R$ 6.188,95, do período de apuração (PA) 1º trimestre de 2001, para compensar débitos do PA julho de 2005, de contribuição para o PIS/PASEP, cód. 8109, no valor de R$ 46,66 e COFINS, cód. 2172, de R$ 215,34 2. A compensação não foi homologada pela autoridade fazendária, pelo Despacho Decisório nº 848589971, de 7/10/2009, sob o argumento de que, a partir das características do DARF discriminado na DCOMP acima identificada, foram localizados um ou mais pagamentos que foram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. 3. Inconformada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade aos fls. 1 e 2, alegando em síntese que: 3.1. o crédito pleiteado de pagamento a maior ou indevido existe e foi informado ao fisco; 3.2. que o IRPJ supostamente devido pelo contribuinte no 1º trimestre de 2001 se constata pela DCTFretificadora entregue em 14/08/2009; 3.3 que a impugnante não apurou IRPJ a pagar em 30/04/2001, tendo realizado um pagamento indevido no valor de R$ 6.188,95, gerando por conseguinte o crédito de mesmo valor; 3.4. concluise que o débito satisfeito com o valor pago que consta do DARF discriminado na DCOMP inexiste, pois o contribuinte nada devia a título de IRPJ no 1º trimestre de 2001, conforme DCTFretificadora; 3.5. de todo o exposto, requereu para ser recebida a manifestação de inconformidade, por sua tempestividade, suspendendose a exigibilidade do crédito tributário, e considerandoa procedente e reformando a decisão que não homologou a compensação. 2. A decisão da instância a quo foi assim fundamentada (fls. 43 e 44): 5. O contribuinte recolheu aos cofres públicos, em 30/04/2001, o DARF com as seguintes características: PA de 31/03/2001, cód. receita 2089, de R$ 6.188,95. O pagamento foi confirmado no sistema eletrônico da Receita Federal, cf. consta do Extrato Sistêmico RFB do 1º trimestre do ano calendário de 2001, fl. 37. 6. Em DCTF retificadora datada de 28/05/2003 (fl. 40), o mesmo contribuinte declarou um débito de IRPJ, cód. receita 2089, no valor de R$ 5.803,16 (fl. 40, Fl. 66DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 67 4 verso), mas em 14/08/2009 apresentou nova DCTF retificadora (fl. 38, vs) declarando que não mais existia o débito anteriormente informado do mesmo IRPJ, cód. 2089 (fls. 39 e vs), sem juntar qualquer documentação comprobatória da veracidade das informações nela contidas. 7. Consultada a declaração do imposto de renda da pessoa jurídica (DIPJ) do exercício de 2002, ano base de 2000, vemos, no Extrato Sistêmico RFB, fls. 37 verso e 38, que não há DIPJ retificadora e a única DIPJ, original, apresentada sob o nº 0959726, acusava para o trimestre 1 do ano calendário de 2001 um imposto de renda a pagar de R$ 6.188,95. 8. A restituição/compensação de tributos no âmbito da Receita Federal do Brasil é regida pelos artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – C.T.N.) que assim dispõe: [...]. 9. Quanto à retificação da DCTF efetuada pelo contribuinte, o mesmo CTN assim dispõe: [...]. 10. Temos que, por um lado, o contribuinte vem afirmando, em DCTF retificadora apresentada em 14/08/2009, que no 1º trimestre de 2001 não havia IRPJ, cód. 2089, a pagar; por outro lado, a DIPJ originalmente apresentada, ativa e única, aponta para um IRPJ a pagar de R$ 6.188,95, valor idêntico ao que foi recolhido em DARF pelo contribuinte. 11. Ainda que houvesse coerência nas declarações prestadas pelo contribuinte (pois não há), deveria ele provar, com a apresentação de sua escrituração contábil e fiscal, as razões da mudança do seu entendimento quanto ao real valor devido de IRPJ cód. 2089 do PA 1º trimestre de 2001, para que o crédito alegado pudesse gozar de certeza e liquidez, o que não ocorre no presente caso. 12. Não havendo certeza e liquidez do crédito alegado pelo contribuinte em seu favor, não é possível homologar a compensação por ele declarada. 13.Assim, entendo que não deve ser dado provimento à manifestação de inconformidade apresentada e voto pela manutenção da conclusão contida no Despacho Decisório combatido. 3. Cientificada da referida decisão em 12/08/2011 (fls. 56 numeração digital ND), a tempo, em 08/09/2011, apresenta a interessada Recurso de fls. 57 a 61 (ND), nele argumentando, em síntese: a) que o despacho decisório que não homologou a compensação sofre de inafastáveis vícios de nulidade, quais sejam, inexistência de fundamentação e cerceamento de defesa, por não ter oportunizado ao contribuinte a possibilidade de comprovar o seu crédito, matéria de ordem pública que pode ser alegada e reconhecida em qualquer fase processual, inclusive na segunda instância, mesmo não tendo sido alegada expressamente na defesa inicial apresentada na primeira instância administrativa; Fl. 67DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 68 5 b) que não há, no despacho decisório, sequer, referência à DCTF que teria dado margem à alocação do pagamento arguido, muito embora a DCTF retificadora, que permite aferir a existência do crédito do contribuinte em face do fisco federal, já tivesse sido transmitida; c) que não poderia o despacho decisório, sem uma motivação razoável e congruente, desconsiderar as informações transmitidas através da DCTF retificadora, declaração capaz de demonstrar o crédito oposto; d) que, em que pese a divergência existente entre a DCTF retificadora e a DIPJ, tal situação, no fundo, exige (ou teria exigido à época) que o fisco federal intime (ou tivesse intimado) o contribuinte para explicar a origem e a regularidade do seu crédito e as alterações promovidas na DCTF retificadora, o que não foi feito; e) que, realmente, a Recorrente opôs crédito regular em face da Fazenda Pública Federal, para efetivar a compensação promovida via DCOMP; f) que, durante o período referente à DCTF retificadora, apurou e recolheu valores a maior a título de imposto de renda (IRPJ), visto que, no citado período, apurou o imposto pelo regime do lucro presumido, aplicando o percentual equivocado de 32% sobre a sua receita bruta, para efeitos de identificação da base de cálculo, enquanto o correto, por se dedicar à prestação de serviços hospitalares, seria o percentual de 8%, conforme previa o art. 15, § 1º, inciso III, alínea “a”, da Lei nº 9.249, de 1995, c/c o art. 25 da Lei nº 9.430, de 1996; g) que, diante de tais recolhimentos indevidos a título de IRPJ, apurou o seu crédito e o utilizou para promover a compensação de seus tributos federais, consoante declarado na DComp relacionada ao presente feito, meio adequado para instrumentalizar o ajuste de contas no âmbito administrativo, conforme preceitua a sistemática tratada no art. 74 e parágrafos da Lei nº 9.430, de 1996; e h) que eis, então, a origem do crédito da Recorrente, crédito este que a própria RFB, em nome do princípio da legalidade, pode e deve apurar e reconhecer de ofício, caso não seja reconhecida a nulidade do despacho decisório de acordo com os argumentos demonstrados acima. Em mesa para julgamento. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 69 6 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminar de nulidade do Despacho Decisório 4. Argui a Recorrente, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de que sofreria, este, de inafastáveis vícios, quais sejam: (a) inexistência de fundamentação; e (b) cerceamento de defesa, por não ter oportunizado a ela a possibilidade de comprovar o seu crédito. 5. Inicialmente, quanto ao tema de nulidade, convém reproduzir o art. 59 do PAF (Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972): Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. 6. São, portanto, apenas duas as espécies de irregularidades, elencadas nos incisos do dispositivo retro transcrito, que possuem o condão de contaminar de nulidade as peças que compõem o processo administrativo. 7. Observese que a discordância quanto aos fatos e/ou capitulação legal não é causa de nulidade. 8. No presente caso, de ato decisório (Despacho Decisório eletrônico), foi este prolatado por autoridade para tanto competente [AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB)] e com fundamento em informações prestadas pela própria Recorrente (DComp x Darf x DCTF), não havendo, pois, que se falar em nulidade por incompetência ou por cerceamento do direito de defesa. 9. Há que se ressaltar, ainda, que referido Despacho Decisório eletrônico também procede ao cruzamento de informações entre a DComp e a DIPJ e, não tendo sido esta retificada pela Recorrente, como por ela mesma reconhecido (fls. 59ND, item 7), outro não poderia ter sido o resultado daquela análise de compensação. 10. Rejeito a preliminar de nulidade arguida. Mérito 11. Constou da decisão recorrida o seguinte (fls. 44): Fl. 69DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 70 7 10. Temos que, por um lado, o contribuinte vem afirmando, em DCTF retificadora apresentada em 14/08/2009, que no 1º trimestre de 2001 não havia IRPJ, cód. 2089, a pagar; por outro lado, a DIPJ originalmente apresentada, ativa e única, aponta para um IRPJ a pagar de R$ 6.188,95, valor idêntico ao que foi recolhido em DARF pelo contribuinte. 11. Ainda que houvesse coerência nas declarações prestadas pelo contribuinte (pois não há), deveria ele provar, com a apresentação de sua escrituração contábil e fiscal, as razões da mudança do seu entendimento quanto ao real valor devido de IRPJ cód. 2089 do PA 1º trimestre de 2001, para que o crédito alegado pudesse gozar de certeza e liquidez, o que não ocorre no presente caso. 12. Não havendo certeza e liquidez do crédito alegado pelo contribuinte em seu favor, não é possível homologar a compensação por ele declarada. 12. Em seu Recurso, afirma a Recorrente que o crédito alegado é decorrente da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, com a aplicação do percentual equivocado de 32% sobre a receita bruta, para efeitos de identificação da base de cálculo, enquanto o correto, por se dedicar à prestação de serviços hospitalares, seria o percentual de 8%. Recursos repetitivos (STJ) 13. Dispõe o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010 (grifouse): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 14. Relativamente à questão da definição da expressão “serviços hospitalares”, prevista na Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, é o seguinte o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na sistemática de Recursos Repetitivos (art. 543C do CPC): DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO “SERVIÇOS HOSPITALARES”. INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 71 8 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão “serviços hospitalares” prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discutese a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poderse restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de “serviços hospitalares” apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão “serviços hospitalares”, constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que “a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares”. 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde”, de sorte que, “em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos”. 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do Fl. 71DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 72 9 IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) 15. No presente caso, conforme se verifica do próprio Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), faz jus a Recorrente ao percentual de presunção do lucro de 8% (fls. 10): 16. Procedendose, por conseguinte, ao recálculo do imposto devido relativo ao 1º trimestre do anocalendário de 2001 (fls. 37verso e 38), obtémse o seguinte demonstrativo: DIPJ 2002/2001 ENTREGUE RETIFICADA PAGO A MAIOR RECEITA BRUTA 181.320,44 181.320,44 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10725.903018/200990 Acórdão n.º 180301.203 S1TE03 Fl. 73 10 PERCENTUAL 32% 8% BASE CÁLCULO 58.022,54 14.505,63 ALÍQUOTA 15% 15% IRPJ DEVIDO 8.703,38 2.175,84 IRRF (2.514,43) (2.514,43) IRPJ A PAGAR 6.188,95 (338,59) 6.188,95 17. Dessa forma, é de ser reconhecido à Recorrente o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 6.188,95. 18. Com relação à afirmação da Recorrente de que “não poderia o despacho decisório, sem uma motivação razoável e congruente, desconsiderar as informações transmitidas através da DCTF retificadora”, cumpre ressaltar que, entregue em 14/08/2009, não poderia essa DCTF pretender retificar dados relativos ao anocalendário de 2001, daí a sua total desconsideração por aquele despacho decisório. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, para homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido (R$ 6.188,95), atentandose, ainda, para a existência de outras compensações, objeto de outros processos, que também utilizam o mesmo crédito ora reconhecido. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 73DF CARF MF Impresso em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 06/02/2 012 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 13/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 16327.002492/2002-03
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 1999
PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS (PERC). REGULARIDADE FISCAL. MOMENTO DA COMPROVAÇÃO.
Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (Perc), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindo se a prova da quitação em
qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (Súmula Carf nº 37).
Numero da decisão: 1803-000.905
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso, para afastar a preliminar de descumprimento do art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, devendo os autos retornarem à unidade de origem a fim de ser analisado o
mérito do pedido, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1999 PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS (PERC). REGULARIDADE FISCAL. MOMENTO DA COMPROVAÇÃO. Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (Perc), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (Súmula Carf nº 37). Fl. 171DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.002492/200203 Acórdão n.º 180300.905 S1TE03 Fl. 164 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para afastar a preliminar de descumprimento do art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, devendo os autos retornarem à unidade de origem a fim de ser analisado o mérito do pedido, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Declarouse impedida de votar a Conselheira Selene Ferreira de Moraes. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 172DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.002492/200203 Acórdão n.º 180300.905 S1TE03 Fl. 165 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 126): A contribuinte acima identificada ingressou com o PERC — Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais de fl. 01, tendo em vista que “NÃO HOUVE ORDEM DE EMISSÃO PARA O FINOR E O CONTRIBUINTE CONSTA DO SISTEMA IRPJ OEIF”, relativamente à sua opção por aplicação de parte do IRPJ relativo ao anocalendário 1998, exercício 1999, no FINOR. 2. Por meio do Despacho Decisório de fls. 98/100, a autoridade administrativa competente indeferiu o pedido, tendo em vista informações (extraídas dos sistemas da Secretaria da Receita Federal SRF e da Procuradoria da Fazenda Nacional PFN) de existência de débitos tributários e, com base no artigo 60 da Lei n° 9.069, de 29/06/1995. 3. Inconformada com o referido Despacho Decisório, do qual foi devidamente cientificada em 10/08/2006, a interessada apresentou, em 08/09/2006, a manifestação de inconformidade de fls. 103 a 106, acompanhada da documentação de fls. 107 a 123. Na peça de defesa a interessada argúi: 3.1. que a situação fiscal da recorrente oscila entre “regular” e “não regular”, e isto se daria em razão de falhas do sistema do Fisco que, inúmeras vezes, obriga a interessada a requerer baixa de débitos tributários inexistentes; 3.2. não ser possível que o direito ao incentivo fiscal, apurado na declaração do anobase 1998, esteja vinculado a esse sistema que, algumas vezes, apresenta distorções na situação real do cadastro dos contribuintes (que pode oscilar com frequência). Assim, se o julgador tivesse analisado este processo na fase de situação cadastral regular, teria deferido o incentivo. No entanto, poucos dias depois, em face de mudança da situação cadastral para irregular, indeferiuo; 3.3. que, analisando os processos envolvidos nas listagens fornecidas pela SRF e PGFN, verificase que todos os débitos apontados estão com a exigibilidade suspensa ou já foram pagos pela recorrente; 3.4. que a regularidade fiscal estaria comprovada pela “Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa” emitida pela própria SRF e pela PGFN (doc. de fls. 123); 3.5. que todos os débitos mencionados pelo julgador estariam sendo analisados pelas autoridades competentes. Vale dizer que, até que a Procuradoria da Fazenda Nacional aprecie a documentação juntada pela Recorrente, não há que se falar em débito de tributo ou contribuição que impeça o exercício dos direitos e o uso dos benefícios concedidos (investimento em incentivo fiscal). 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 125): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 Fl. 173DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.002492/200203 Acórdão n.º 180300.905 S1TE03 Fl. 166 4 PERC. QUITAÇÃO DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS. PROVA. Nos termos do art. 60 da Lei 9.069/95, a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo fiscal fica condicionada à comprovação, pelo contribuinte, da quitação de tributos e contribuições federais. Diante da ausência desta prova, o PERC não pode ser deferido. Solicitação Indeferida. 3. Cientificada da referida decisão em 20/04/2007 (fls. 136), a tempo, em 11/05/2007, apresenta a interessada Recurso de fls. 137 a 141, instruído com os documentos de fls. 142 a 158, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Fl. 174DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.002492/200203 Acórdão n.º 180300.905 S1TE03 Fl. 167 5 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (Perc) 4. Tratandose de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (Perc), incide na espécie a Súmula Carf nº 37, de seguinte teor: Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (Perc), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72. 5. Consta, de fls. 123, confirmada a sua autenticidade de fls. 162, Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos Relativos a Tributos Federais e À Dívida Ativa da União, emitida em favor da Recorrente e apresentada dentro de seu prazo de validade, a qual, nos termos do disposto nos arts. 205 e 206 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), tem os mesmos efeitos da Certidão Negativa, estando, pois, plenamente atendida a ressalva contida na Súmula acima transcrita regularidade fiscal de débitos porventura existentes no período a que se referir a DIPJ. 6. A decisão recorrida, por maioria, entretanto, não acatou a referida Certidão sob o seguinte argumento (fls. 128): 6.7. Ocorre que a certidão cuja cópia encontrase às fls.123, apresentada pela contribuinte, foi emitida com base na Instrução Normativa SRF nº 565, de 23/11/2005, cujo art. 10 disciplina que: Art. 10. Na hipótese de concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou beneficio fiscal, no âmbito da SRF, é vedada a exigência da certidão conjunta de que trata o art. 1º da Portaria Conjunta PGFN/SRF nº 3, de 2005, cabendo a verificação de regularidade fiscal do sujeito passivo à unidade da SRF encarregada da análise do pedido. 6.8. O caso em tela trata especificamente da concessão de incentivos fiscais e, por força do dispositivo legal, é vedada a exigência da certidão acerca da situação da contribuinte, relativamente aos tributos e contribuições federais administrados pela Receita Federal, no âmbito do próprio órgão. Fl. 175DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 16327.002492/200203 Acórdão n.º 180300.905 S1TE03 Fl. 168 6 6.9. A verificação da regularidade fiscal do sujeito passivo compete à unidade encarregada da análise do pedido de revisão, conforme efetuado no presente processo pela DEINF/SP, por meio do despacho decisório de fls. 98/100. 7. Ora, a vedação da exigência da referida Certidão não implica sua invalidade ou desconsideração, se espontaneamente apresentada pelo sujeito passivo dentro de seu prazo de validade. Não é esse, obviamente, o desiderato da norma em questão. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO, EM PARTE, AO RECURSO, para afastar a preliminar de descumprimento do art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, devendo a repartição de origem prosseguir a análise do mérito do pedido. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 176DF CARF MF Emitido em 07/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 07/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
score : 1.0
Numero do processo: 16561.000152/2007-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2001, 2002
EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
É de se acolher os embargos quando constatado no acórdão recorrido omissão
relativa aos fundamentos da decisão.
Numero da decisão: 1201-001.583
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos da Fazenda Nacional, com efeitos infringentes, para manter a autuação relativa à COFINS até o limite reconhecido pela decisão de primeira instância. Declarou-se impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2001, 2002 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. É de se acolher os embargos quando constatado no acórdão recorrido omissão relativa aos fundamentos da decisão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos da Fazenda Nacional, com efeitos infringentes, para manter a autuação relativa à COFINS até o limite reconhecido pela decisão de primeira instância. Declarou-se impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. É de se acolher os embargos quando constatado no acórdão recorrido omissão relativa aos fundamentos da decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos da Fazenda Nacional, com efeitos infringentes, para manter a autuação relativa à COFINS até o limite reconhecido pela decisão de primeira instância. Declarouse impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 01 52 /2 00 7- 71 Fl. 551DF CARF MF Processo nº 16561.000152/200771 Acórdão n.º 1201001.583 S1C2T1 Fl. 3 2 Tratase de embargos opostos pela Fazenda Nacional em razão de suposta omissão, relativa à decisão prolatada no Acórdão 1202001.132, cuja decisão transcrevemos a seguir: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso em relação aos lucros auferidos por controlada no exterior relativo ao ano de 2001 e, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso quanto à exigência do IRPJ e da CSLL por variação cambial na redução do capital de controlada no exterior, quanto ao aproveitamento integral da base de cálculo negativa da CSLL e quanto à tributação do PIS por variação cambial, nos termos dos votos do Relator e do Redator Designado, vencidos os Conselheiros Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno. Por unanimidade de votos, excluir a exigência da COFINS relativa a dezembro de 2002. Designado o Conselheiro Plínio Rodrigues Lima para redigir o voto vencedor. (grifamos) A Fazenda Nacional entende que não foram apresentados os fundamentos para a exclusão da COFINS, nos seguintes termos: No voto não consta a fundamentação relativa à exclusão da Cofins apurada em dezembro de 2002. No voto do Conselheiro Relator Orlando José Gonçalves Bueno existe o seguinte entendimento: Do PIS/COFINS Por se tratar o PIS e COFINS de Tributos reflexos ao IRPJ e, tendo o mesmo, sido afastado pelos motivos acima expostos, não há que se falar em crédito tributário de PIS e COFINS. No entanto, o citado Relator foi vencido em relação ao tópico “Omissão de Variações Cambiais Ativas”, que refletiria sobre a cobrança de PIS/Cofins. O Redator designado fez referência ao PIS, mas não se manifestou sobre a Cofins. Os embargos foram admitidos mediante Despacho de fls. 546 a 548. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator Fl. 552DF CARF MF Processo nº 16561.000152/200771 Acórdão n.º 1201001.583 S1C2T1 Fl. 4 3 Os embargos são tempestivos e atendem aos pressupostos legais, razão pela qual deles conheço. De plano, devemos ressaltar que o Redator designado para o voto vencedor não se manifestou sobre a COFINS, porque, em tese, a decisão em relação à sua exclusão teria sido tomada por unanimidade, como relatado. Assim, poderia em princípio prevalecer, sobre o tema, a posição, ainda que sucinta, do Relator, que afastou a exigência da contribuição por força da tributação reflexa. Contudo, a análise do Auto de Infração da COFINS (fls. 169 e seguintes), indica que a base tributável, de R$ 11.738.610,00 (posteriormente reduzida pela DRJ, como veremos), relativa a dezembro de 2002, possui o mesmo fundamento da autuação a título de PIS, a seguir reproduzido: 001 COFINS FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS Omissão de receita financeira, caracterizada pela falta de contabilização de variação cambial, conforme Termo de Verificação Fiscal, gerando, em consequência, redução indevida do lucro sujeito à tributação. Fato Gerador Val. Tributável ou Contribuição Multa (%) 31/12/2002 R$ 11.738.610,00 75,00 Assim, na exata medida em que o voto vencedor manteve as autuações relativas à omissão de receitas pela falta de contabilização da variação cambial, por decorrência lógica devem ser consideradas as autuações a título de PIS e COFINS. Aliás, não há nos autos qualquer circunstância que aparte ou diferencie as duas contribuições, cuja tributação decorre dos mesmos fatos e, portanto, deve produzir efeitos equivalentes. Ainda assim, notase que a decisão de primeira instância exonerou parte dos lançamentos de PIS e COFINS, sob o argumento de erro na sistemática de apuração, que deve ser mensal, conforme se depreende do excerto a seguir: Todavia, merece acolhida a alegação de que a apuração dos fatos geradores da Contribuição para o PIS e da COFINS deve ser efetuada mensalmente, a teor do artigo 6°, caput, da Lei Complementar n° 7/1970 e do artigo 2°, caput, da Lei Complementar n° 70/1991. Por conseguinte, no que concerne à apuração de variações monetárias ativas correspondentes às reduções de capital aplicado na empresa SUZANOPAR PETROQUÍMICA LTD., ocorridas até novembro de 2002, conforme demonstrativo constante do subitem "2.9" do Termo de Verificação Fiscal (II. 173), não subsiste o lançamento que apontou como fato gerador o dia 31 de dezembro de 2002. Deverá ser mantida somente a parcela do crédito tributário correspondente ao fato Fl. 553DF CARF MF Processo nº 16561.000152/200771 Acórdão n.º 1201001.583 S1C2T1 Fl. 5 4 gerador ocorrido nessa data, cujo valor tributável é de R$ 3.949.920,00. (grifamos) (...) Destaquese que as exonerações efetuadas conforme os quadros acima (relativas aos meses de outubro e novembro) são definitivas na esfera administrativa, posto que não foi apresentado Recurso de Ofício. Foram mantidos, portanto, os lançamentos de PIS e COFINS relativos ao mês de dezembro de 2002. De se notar, ainda, que a autuação da COFINS teve como fundamento os artigos 2°, inciso II e parágrafo único 3°, 10, 22 e 51 do Decreto n° 4.524/02, conforme consta do Auto de Infração (fls. 172), além das demais capitulações presentes no Termo de Verificação. Para a solução dos presentes embargos tornase necessário, pois, avaliar o que foi decidido pelo Colegiado, a partir das premissas adotadas no voto vencedor. Percebese que o Redator do voto vencedor adotou expressamente as conclusões da decisão de primeira instância, verbis: Em relação à variação cambial na redução do capital de controlada no exterior, argumenta a Recorrente que os artigos 375 e 378, inciso II, do RIR/1999) não são aplicáveis ao caso, por não mencionarem o termo "investimentos", além de as Fl. 554DF CARF MF Processo nº 16561.000152/200771 Acórdão n.º 1201001.583 S1C2T1 Fl. 6 5 obrigações contratuais a que se referem tais normas terem regime jurídico distinto daquele relativo aos investimentos. Porém, partilho do mesmo entendimento adotado na decisão em primeira instância, a seguir transcrita: Relativamente às variações cambiais ativas apuradas pelo Fisco decorrentes das reduções de capital de empresa controlada, ocorridas no curso do ano calendário de 2002, conforme subitens "2.6" a "2.9" do Termo de Verificação Fiscal, fls. 172 e 173, a interessada entende que não haveria previsão legal para a tributação da referida receita. Argumenta que o artigo 46 da Medida Provisória n° 135/2003, que pretendeu tributar a variação cambial de investimentos no exterior, foi objeto de veto presidencial, expresso na Mensagem n° 795, de 29 de dezembro de 2003, e que o artigo 9° da Medida Provisória n° 232/2004, que previu a referida hipótese de incidência, foi expressamente revogado pela Medida Provisória n° 243/2005. Considera que os dispositivos legais apontados como infringidos (artigo 18 do Decretolei n° 1.598/1977 e artigos 375 e 378, inciso II, do RIR/1999) não são aplicáveis ao caso, por não mencionarem o termo "investimentos" e uma vez que as obrigações contratuais a que se referem tais normas teriam regime jurídico distinto daquele relativo aos investimentos. Entretanto, a hipótese dos autos não trata de resultado da equivalência patrimonial, referida no artigo 46 da MP n° 135/2003 e no artigo 9o da MP n° 232/2004. O lançamento em questão se deve A. apuração de variação cambial ativa, pela comparação da taxa de câmbio utilizada na conversão do crédito no dia da redução de capital, com a taxa de câmbio aferente ao inicio do investimento, corno demonstrado no subitem "2.9" do Termo de Verificação Fiscal (fl. 173). O fato de o direito de crédito ser classificado corno ativo permanente não afasta a necessidade de apuração da variação cambial. Tal situação se amolda perfeitamente à fundamentação legal indicada no auto de infração, conforme se vê na transcrição dos dispositivos do RIR/1999 a seguir: "Art. 375. Na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento de obrigações (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 18, Lei n° 9.249, de 1995, art. 8o). Parágrafo único. As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso (Lei n° 9.718, de 1998, art. 9")". "Art. 378. Compreendemse nas disposições dos arts. 375 e 377 as variações monetárias apuradas mediante: (...) I I conversão do crédito ou da obrigação para moeda nacional, ou novação dessa obrigação, ou sua extinção, total ou parcial, em virtude de capitalização, dação em pagamento, compensação, ou qualquer outro modo, desde que observadas as condições fixadas pelo Banco Central do Brasil;" Depois de reproduzir os argumentos da DRJ o Redator assim concluiu: Destarte, cabível a cobrança de IRPJ e, por decorrência, da CSLL e do PIS, por omissão da referida variação cambial ativa, pelo que nego provimento ao presente recurso. (grifamos) Fl. 555DF CARF MF Processo nº 16561.000152/200771 Acórdão n.º 1201001.583 S1C2T1 Fl. 7 6 Constatase que, na esteira do raciocínio adotado, a decisão deveria também a confirmar a parte não exonerada relativa à COFINS, o que não fez. Assim, pareceme que assiste razão à Fazenda Nacional e que a omissão do Acórdão decorreu de erro no dispositivo, que afastou a tributação da COFINS para o mês de dezembro sem, contudo, apresentar o respectivo fundamento. Ante o exposto voto por ACOLHER os embargos da Fazenda Nacional, com efeitos infringentes, para manter a autuação relativa à COFINS até o limite reconhecido pela decisão de primeira instância. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 556DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13706.001368/2007-74
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:2002
CONCOMITÂNCIA. ALCANCE DO LITÍGIO.
Restando caracterizada a concomitância com a via judicial em qualquer momento processual, não se conhece do recurso, conforme preconiza a Súmula CARF n° 01.
Numero da decisão: 1803-001.040
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer o recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Meigan Sack Rodrigues
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ALCANCE DO LITÍGIO. Restando caracterizada a concomitância com a via judicial em qualquer momento processual, não se conhece do recurso, conforme preconiza a Súmula CARF n° 01. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Fl. 214DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 13706.001368/200774 Acórdão n.º 180301.040 S1TE03 Fl. 177 2 Relatório Tratase o presente feito de auto de infração lavrado para cobrança da exigência de multa de mora em virtude de ter sido constatado, através de auditoria em DCTF, pagamento de tributo ou contribuição após o vencimento, com falta ou insuficiência de acréscimos legais (multa de mora e/ou juros de mora parcial ou total). A empresa recorrente, em seara de impugnação, se defende alegando que ajuizou ação ordinária (processo n° 2005.51.01.0033599) objetivando ver declarada a inexistência de relação jurídica que a obrigue ao pagamento da multa de mora sob qualquer tributo recolhido espontaneamente, nos termos do art. 138 do CTN. Junta farta jurisprudência deste Egrégio Conselho sobre o tema. A autoridade “a quo” não conheceu da impugnação proposta por entender que há concomitância entre as esferas administrativas e judiciárias. Cita dispositivos legais. Cientificada da decisão de primeira instância, a empresa recorrente apresenta suas razões, de forma tempestiva, em seara de recurso voluntário. Alega a mesma, em apertada síntese, que, em conformidade com a certidão de objeto em pé, juntada ao presente feito, a referida ação foi julgada procedente e transitou em julgado, de modo que todos os créditos tributários, referentes a multas de mora, compreendidas neste processo administrativo, foram anulados. Assim, requer a mesma que se dê cumprimento à sentença e se determine ao cancelamento do lançamento. É o Relatório. Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues, Relatora O recurso preenche os requisitos de sua admissibilidade e dele tomo conhecimento. A discussão no presente cingese à admissibilidade do recurso. Isso porque a empresa recorrente ingressou com ação, junto ao poder judiciário, para não ser autuada por multa de mora, ganhou o processo e este transitou em julgado (anexou certidão de transito em julgado do feito). Alega a mesma que a Receita Federal deve cumprir a sentença determinando o cancelamento do lançamento. Ocorre que ao ingressar com a ação judicial, cujo objeto da demanda diz respeito ao mesmo objeto do presente processo administrativo, a empresa recorrente abriu mão Fl. 215DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 13706.001368/200774 Acórdão n.º 180301.040 S1TE03 Fl. 178 3 da análise por essa esfera administrativa sobre o tema. Esta esfera não pode mais tomar conhecimento do que se discute no processo administrativo e também no processo judicial, abstendose de apreciar o fato e emitir juízo de valor. Corrobora o entendimento e fundamenta a decisão tanto de primeira instância, como a presente decisão, a Súmula CARF nº 01, que dispõe: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial” Assim, ainda que a empresa recorrente entenda que a Receita Federal esteja obrigada a aceitar os ditames determinados na sentença judicial, devendo pois cancelar o lançamento, isso somente poderá ser feito em seara de execução de sentença, através do processo judicial e não da esfera administrativa. A etapa em que se encontra o processo administrativo obriga que o recurso voluntário proposto pela empresa recorrente, tal como ocorreu com a impugnação, sequer seja conhecido, pela concomitância ocasionada com a ação judicial proposta pela mesma junto ao poder judiciário. Diante do exposto, julgo por não conhecer do recurso voluntário proposto. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 216DF CARF MF Emitido em 10/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES
score : 1.0
Numero do processo: 16327.901223/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Exercício: 2006
COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo.
Numero da decisão: 1301-002.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Exercício: 2006 COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
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ARRENDAMENTO MERCANTIL) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2006 COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 12 23 /2 00 9- 90 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 191 2 SANTANDER LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL (nova denominação de REAL LEASING S.A. ARRENDAMENTO MERCANTIL), já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito, em parte. Trata o presente processo da declaração de compensação nº 05439.733286.291105.1.3.04.5516, de pagamento de IRPJ, código de receita 2319, relativo a fevereiro de 2005, no valor de R$ 1.188.143,38, com débito de CSLL relativo ao mês de março do mesmo ano calendário. Em 16/02/2009 (fls. 15) foi emitido despacho decisório que não homologou a compensação declarada com base nos seguintes fundamentos: “Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 277.176,97 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (1RPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período.” Reproduzo quadro do despacho decisório em que são demonstradas as características do pagamento utilizado como direito creditório: A contribuinte protocolou manifestação de inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, o seguinte: [...] Em resposta à intimação1 a impugnante alega o seguinte (fls. 41/49): a) Na competência de fevereiro/2005, o cálculo do IRPJ mensal foi efetuado com base no Balanço/Balancete Suspensão ou Redução, conforme DIPJ/2006. b) O que ensejou o recolhimento a maior do DARF foi a ausência do cômputo das exclusões das Provisões com Perdas em Opções para Incentivos Fiscais 1 Diligência determinada pelo Julgador em primeira instância Resolução nº 16.000.306, fls. 30/33. Nota do Relator de segunda instância. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 192 3 (Permanente/Investimento e Adições Temporárias) que foram adicionadas (oferecidas à tributação) no ano calendário de 2004 e 2005, conforme Parte A (págs. 23 e 25 do LALUR). c) De acordo com o LALUR: i) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais IR – conta interna 1886000050047678000761348 – foi adicionada no Lucro Real apurado no ano calendário de 2004, pelo valor de R$ 1.218.635,62 e continuou a ser adicionado em fev/2005, ao invés de ser excluído da apuração mensal do IRPJ (cálculo original); ii) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais – conta interna 213990060065331566529002 – foi escriturado na Parte B do Lalur do ano calendário de 2004 e adicionado e excluído da apuração do IRPJ mensal em fev/2005, pelo valor de R$ 1.230.364,49. d) Juntamos a presente, cópia das Fichas 9 e 12 da DIPJ/2006, apuração da base de cálculo do IRPJ fev/2005 e o balancete CADOC – Bacen 4010 de fev/2005. Assim que o balancete analítico e o Lalur completo do ano calendário 2005 forem emitidos, eles serão juntados ao presente PAF. A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante o Acórdão nº 1653.985, de 02/01/2014 (fls. 128/133), indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Ciente da decisão de primeira instância em 28/01/2014, conforme documento de fl. 138, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário em 11/02/2014 (registro de recepção à fl. 157, razões de recurso às fls. 158/165), mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: No que se refere ao entendimento do acórdão recorrido de que não estaria provada a correção da modificação da base de cálculo da estimativa de IRPJ em fev/2005, a recorrente afirma o valor probatório do balancete de fls. 72/82 dos autos, que seria documento oficial da recorrente, exigido pelo Banco Central do Brasil. Acrescenta que: No presente caso, a receita originada da reversão da provisão de opções por incentivos fiscais, no valor de R$ 1.218.635,62 está devidamente registrado no Balancete CADOC 4010 de Fevereiro/2005 (fls. 72/82 do PAF). Isto porque no Saldo de R$ 522.272,41 da Conta 1.8.8.60.005, como evidencia o Razão Analítico do mês (Fev/2005), é composto por duas movimentações: (i) uma despesa de constituição de provisão, no valor de R$ 1.740.908,03; e (ii) uma receita de reversão da provisão em questão, no valor de R$ 1.218.635,62. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 193 4 Está, portanto, comprovado o registro da receita de R$ 1.218.635,62 em Fev/2005, demonstrandose a regularidade da exclusão desta receita da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mensal (apurados por balanço de suspensão ou redução), visto que já tinha sido tributada pelo IRPJ e CSLL quando adicionadas ao lucro real do anocalendário 2004. A recorrente tem, assim, por comprovado o indébito de R$ 277.176,96 levado à compensação ora discutida. Em adição aos argumentos acima, a recorrente lembra que IRPJ e CSLL pagos mensalmente por estimativa, seja por balanço seja por percentual da receita bruta, são meras antecipações do tributo devido no final do período de apuração anual. E prossegue (grifos no original): No presente caso, embora tenha recolhido uma estimativa de IRPJ (2319) de Fev/2005 no valor de R$ 1.188.143,38 (DARF de fl. 15), a Recorrente informou em sua DIPJ 2006 (AC 2005) ter feito neste mesmo mês um pagamento de apenas R$ 910.866,42 (Ficha 11, linha 12 da Discriminação de Fevereiro – fls. 26 do ePAF). Ao proceder desta forma, reconhecendo expressamente ter realizado um recolhimento a maior a título de estimativa, a Recorrente deixou de computar o recolhimento de R$ 277.176,96 (diferença entre o valor pago e o declarado) no saldo de IRPJ pago no encerramento do anocalendário de 2005 (Linha 12 da Ficha 12B da DIPJ 2006/2005), reduzindo o Saldo Negativo de IRPJ apurado no encerramento do anocalendário. Isto porque a Recorrente, após calcular a base de cálculo mensal (Fev/2005) mediante levantamento de balanço (art. 35 da Lei nº 8.981/95), a Recorrente constatou que não havia excluído da base de cálculo a receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, uma vez que já tinha sido adicionada ao lucro real à época da sua constituição, conforme determina a legislação. [...] Além disso, tanto a DCTF Retificadora/Ativa referente a Fev/2005 quanto o IRPJ apurado no encerramento do AnoCalendário 2005 foram devidamente homologadas pela Receita Federal do Brasil, não havendo o que se falar, neste momento, em comprovação da regularidade da base de cálculo (seja da estimativa mensal seja da base anual) do IRPJ apurado pela Recorrente. No entender da recorrente, a decisão a quo teria contrariado disposições basilares atinentes ao fato gerador e à base de cálculo do IRPJ, considerando que estimativas mensais representariam fatos geradores independentes da apuração anual. Colaciona jurisprudência administrativa no sentido da impossibilidade de lançamento de estimativas após o encerramento do período de apuração. A interessada acrescenta que, na pior das hipóteses (pedido subsidiário), o crédito de R$ 277.176,96 deveria ser acolhido como parte do saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2005, extinguindose por compensação os débitos da DCOMP até o limite do crédito disponível. Em outra linha argumentativa, a recorrente protesta que o acórdão recorrido teria ido além da verificação objetiva da existência do pagamento indevido/a maior, Fl. 193DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 194 5 condicionando a validação da compensação à comprovação dos motivos pelos quais o débito informado na DCTF era inferior ao valor do DARF pago. Ao assim agir, a DRJ teria extrapolado sua competência e invadido a competência da DEINF (lavrar lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte). O acórdão recorrido padeceria de vício insanável, por ter sido praticado por pessoa incompetente. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Gira a lide em torno do alegado direito creditório, a ser utilizado em compensação tributária, no montante de R$ 277.176,96, correspondente à diferença entre o valor recolhido em DARF (R$ 1.188.143,38, fl. 17) e o valor da estimativa mensal de IRPJ do mês de fevereiro de 2005. Sustenta a recorrente que o valor correto da estimativa seria R$ 910.866,42. Por outro lado, o total originalmente declarado em DCTF foi de exatos R$ 1.188.143,38, posteriormente retificado para R$ 910.866,42. A questão em discussão, como se vê, é qual seria o correto valor da estimativa de IRPJ de fevereiro de 2005. Inicialmente, foi negada homologação à compensação declarada, ao fundamento de que estimativas somente poderiam ser objeto de aproveitamento ao final do anocalendário, por ocasião do ajuste anual. Não se procedeu, naquele momento, a qualquer análise mais aprofundada do direito creditório, sendo a preliminar suficiente para a decisão então tomada. Essa preliminar foi superada já em primeira instância. A questão é atualmente pacífica, tanto no âmbito da Receita Federal quanto neste CARF, cabendo lembrar a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Nesta fase processual, não há mais qualquer litígio a esse respeito. No entanto, superada a questão preliminar ainda em primeira instância, a autoridade julgadora a quo avançou na análise do direito creditório, o que entendo correto. O reconhecimento do direito creditório para fins de homologação impõe o exame minucioso por parte da autoridade administrativa, não residindo aí qualquer nulidade. Ao contrário do que sustenta a recorrente, o que o julgador de primeira instância buscou, superada a preliminar, foi a comprovação da alegação de que teria havido erro na apuração da estimativa, a caracterizar pagamento a maior do que o devido. Não se trata, em absoluto, de lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte, em invasão de competência de outro órgão da Receita Federal. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 195 6 A realização de diligência evidenciou a origem da diferença entre o valor do IRPJ originalmente apurado pela contribuinte (R$ 1.188.143,38) e aquele a seguir tido por ela própria como correto (R$ 910.866,42). Tratase, supostamente, da falta de exclusão da receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, anteriormente adicionada ao lucro real à época de sua constituição. Ao descobrir o erro, a contribuinte teria promovido a devida retificação, com a exclusão do valor de R$ 1.218.635,62 da base de cálculo do IRPJ, conduzindo à diferença, para menos, no valor de estimativa a recolher. A decisão de primeira instância considerou insuficientes os documentos até então juntados aos autos, e indeferiu a manifestação de inconformidade. Confirase o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido (fl. 132): As provisões controladas na parte B do Lalur podem ser excluídas do lucro líquido para fins de determinação do lucro real quando forem revertidas contabilmente. Não há prova nos autos de que a provisão constituída (em 2003 ou 2004) tenha sido revertida em fevereiro de 2005. Para demonstrar a reversão da provisão, e consequentemente o registro contábil de uma receita a ser excluída do lucro líquido, bastaria anexar a escrituração contábil e fiscal relativa ao mês de fevereiro de 2005. Somente a escrituração contábil e fiscal é documento hábil a demonstrar a legitimidade da exclusão pretendida pela contribuinte. Em sede recursal, a recorrente reitera a correção de seu procedimento e faz juntar novo balancete, mais detalhado, com o que tem por comprovado o direito creditório pleiteado. Compulsando os autos, encontro, às fls. 83 e segs. cópias do LALUR do ano calendário 2004. À fl. 87, correspondente à parte A do Lalur, ajustes de dez/2004, verificase uma adição no valor de R$ 1.218.635,62, com o histórico Provisão p/ Perdas Opções Inc. Fiscais Ir relativo ao Ano Calendário de 2004, lançado na conta cosif/conta interna/item 188600050047678000761348. Ainda na parte A, à fl. 89 essa adição integra a apuração do lucro real em dez/2004. À fl. 106 encontro a folha correspondente da parte B, evidenciando que uma parte (R$ 106.699,07) do montante adicionado veio de 2003 e uma outra parte R$ 1.123.665,42) veio de 2004. O balancete geral de dez/2004 (fls. 114 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Não obstante, ainda que não tenha sido localizada nos autos a comprovação de que esse valor tenha constituído uma despesa no anocalendário 2004, admitase que se trate de despesa com provisão indedutível adicionada em 2004, quando de sua constituição. Alega a recorrente, desde a manifestação de inconformidade, que a provisão teria sido revertida contabilmente em fevereiro/2005. Essa reversão contábil implicaria um lançamento a crédito do resultado (receita), que poderia nesse momento ser excluído para fins de apuração do lucro real. O balancete geral de fev/2005 (fls. 72 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, não traz qualquer modificação em comparação com o balancete de dez/2004, Fl. 195DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 196 7 anteriormente mencionado: apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Foi diante disso que o julgador a quo considerou esses documentos insuficientes a comprovar a reversão contábil da provisão em questão. Esclareçase que não se tratou de negar fé a esse balancete, como parece ter compreendido a recorrente, mas sim de sua imprestabilidade para os fins propostos. Com o recurso voluntário, a interessada junta (fls. 179 e segs.) um balancete mais detalhado para o mês de fevereiro/2005, contendo saldo inicial, total de débitos, total de créditos e saldo final. A recorrente entende que, com isso, seria possível aferir a regularidade da exclusão por ela pretendida. O novo documento, apesar de mais detalhado, não conduz a conclusão diferente daquela esposada pelo julgador de primeira instância. Senão vejamos. À fl. 180, é possível verificar que a conta 1.8.8.60.005 (com o mesmo saldo anterior de R$522.272,41) é composta por duas subcontas, a saber: cód. 761347, que apresenta saldos inicial e final R$1.740.908,03; e cód. 761348, que apresenta saldos inicial e final R$1.218.535,52. A soma algébrica dos saldos das subcontas conduz ao saldo da conta principal. Mas, a exemplo da conta principal, também as duas subcontas apresentam total de débitos e total de créditos no período iguais a zero, ou seja, não há qualquer prova de que tenham sido movimentadas nesse mês. Em particular, não há prova de que tenha sido revertida contabilmente a provisão aqui discutida, cuja contrapartida seria, em tese, a crédito do resultado contábil. Com isso, permanece a impossibilidade de sua exclusão, para fins de apuração da base de cálculo da estimativa de IRPJ no mês de fevereiro. Tendo sido a estimativa de fevereiro de 2005 apurada originalmente (antes das retificações) e paga na forma prevista na legislação pertinente, não se há de reconhecer que a retificação pretendida pela interessada, sem a comprovação de sua regularidade, possa fazer surgir um pretenso indébito por pagamento a maior de estimativa mensal passível de compensação. Finalmente, cumpre acrescentar que não cabe falar em homologação de estimativas nem de DCTF. O que se homologa é o tributo devido ao final do período de apuração. E não há, nestes autos, qualquer notícia acerca do IRPJ apurado ao final do ano calendário 2005, a menos da cópia de algumas fichas da DIPJ, acostadas pela própria interessada às fl. 64/69, nem é aqui que se discute um eventual direito creditório decorrente de saldo negativo apurado naquele ano. Por esse mesmo motivo, o pedido subsidiário da interessada (acolhimento do crédito de R$ 277.176,96 como parte do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2005) se revela impossível de ser atendido. Tal pedido somente faria sentido no processo em que estivesse sendo analisado esse hipotético saldo negativo. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 196DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 197 8 Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.000800/2005-74
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 07 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas e Outros
Exercícios: 2002 a 2004
Ementa: LUCRO REAL — ESTIMATIVAS MENSAIS — BASES DE.
CÁLCULO ESTIMADAS — ERRO DE DIREITO NO PREENCHIMENTO
DA DIPJ — As bases imponíveis mensalmente estimadas, servíveis para a contabilização das antecipações devidas, correspondem a percentuais das receitas brutas constatadas nos períodos, consoante tegumento do artigo 20 da Lei a" 9,430/96. Comete teratológico MO de direito o contribuinte que, não tendo motivos para a elaboração de balancetes de suspensão ou de redução, informa, em DIRI, bases imponíveis estimadas negativas, em total
dissonância com a sistemática de apuração adotada.
AUTO DE INFRAÇÃO — BASES DE CÁLCULO DE IRPJ E CSLL
APURADAS MEDIANTE SOMATÓRIO DE DETERMINADOS MONTANTES IMPONÍVEIS ESTIMADOS MENSALMENTE,
INFORMADOS EM DIPJ — Deve ser mantida a autuação que adotou, como bases de cálculo de !RN e CSLL, o somatório dos montantes imponíveis estimados mensalmente, declarados em DIPJ, referentes a janeiro e dezembro do ano-calendário. O trabalho fiscal, ao ignorar as cifras mensais negativas, declinadas erroneamente pelo contribuinte, agiu em consonância com os ditames do regime de estimativas mensais, afastando claudicações insustentáveis cometidas pela autuada. Não cabe acolhimento à alegação de
que a base estimada informada em dezembro corresponderia a todo o lucro anual consolidado, Inexistem, nos autos, elementos probatórios que subvencionem o pleito da empresa peticionária.
DIPI — RETIFICAÇÃO DE OFICIO — VERDADE MATERIAL — ERRO
DE DIREITO — IMPOSSIBILIDADE — Não se faz possível a retificação
oficiosa da Declaração de Rendimentos, com fulcro na supremacia da verdade material, se a empresa declarante tiver praticado erro de direito insanável. Entendimento que se faz firme, em especial, quando ausentes elementos de instrução que possam apontar quais valores de bases estimadas mensais deveriam ter sido declarados pelo contribuinte, em lugar das inviáveis cifras negativas.
PIS/COHNS RECEITAS FINANCEIRAS INCONSTITUCIONALIDADE D.E SUA INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO — A noção de fáturamento, identificada com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. Afastado deve ser o
disposto no art. 3", § 1", da Lei n" 9.718/98, por força de decisão de mérito proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. Inteligência do artigo 26-A, § 6º, inciso I, do Decreto IV 70,235/72, introduzido pela Lei if 1 L941/09.
PIS/COPINS — RENDIMENTOS DERIVADOS DE CONTRATOS DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, PACTUADOS
POR EMPREITADA GLOBAL, DATADOS DE 2000 — ALEGAÇÃO DE
NÃO-SUJEIÇÃO À ALÍQUOTA MAJORADA DO REGIME DE NÃOCUMULATIVIDADE
FALTA DE SUFICIENTE COMPROVAÇÃO DO PLEITO — O contribuinte, ao aduzir que suas receitas operacionais deveriam permanecer adstritas ao regime de cumulatividade de PIS/COFINS, na forma
do artigo 10, XI e XX, da Lei n" 10,833/03, precisaria, antes de tudo, comprovar que as bases de cálculo adotadas pelo fiscal autuante se identificavam, no todo ou em parte, às receitas dos contratos especificados. A simples juntada dos instrumentos contratuais, de um lado, e das notas fiscais correspondentes, de outro, sem a indicação de sua pertinência às autuações
debatidas, não serve para embasar a argumentação trazida à luz neste recurso.
Numero da decisão: 1803-000.338
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos que entendia que antes da Lei n° 1 L941/2009 não há base legal para a tributação do PIS e da COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR
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Recorrida I" TURMA/DRJ-BELÉM/PA Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas e Outros Exercícios: 2002 a 2004 Ementa: LUCRO REAL — ESTIMATIVAS MENSAIS — BASES DE. CÁLCULO ESTIMADAS — ERRO DE DIREITO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ — As bases imponíveis mensalmente estimadas, servíveis para a contabilização das antecipações devidas, correspondem a percentuais das receitas brutas constatadas nos períodos, consoante tegumento do artigo 20 da Lei a" 9,430/96. Comete teratológico MO de direito o contribuinte que, não tendo motivos para a elaboração de balancetes de suspensão ou de redução, informa, em DIRI, bases imponíveis estimadas negativas, em total dissonância com a sistemática de apuração adotada, AUTO DE INFRAÇÃO — BASES DE CÁLCULO DE IRPJ E CSLL APURADAS MEDIANTE SOMATÓRIO DE DETERMINADOS MONTANTES IMPONÍVEIS ESTIMADOS MENSALMENTE, INFORMADOS EM DIPJ — Deve ser mantida a autuação que adotou, corno bases de cálculo de !RN e CSLL, o somatório dos montantes imponíveis estimados mensalmente, declarados em DIPJ, referentes a janeiro e dezembro do ano-calendário. O trabalho fiscal, ao ignorar as cifras mensais negativas, declinadas erroneamente pelo contribuinte, agiu em consonância com os ditames do regime de estimativas mensais, afastando claudicações insustentáveis cometidas pela autuada. Não cabe acolhimento à alegação de que a base estimada informada em dezembro corresponderia a todo o lucro anual consolidado, Inexistem, nos autos, elementos probatórios que subvencionem o pleito da empresa peticionária. DIPI — RETIFICAÇÃO DE OFICIO — VERDADE MATERIAL — ERRO DE DIREITO — IMPOSSIBILIDADE — Não se faz possível a retificação oficiosa da Declaração de Rendimentos, com fulcro na supremacia da verdade material, se a empresa declarante tiver praticado erro de direito insanável. Entendimento que se faz firme, em especial, quando ausentes elementos de instrução que possam apontar quais valores de baSes estimadas agroi~ :RREIRA DE MORAES — Presidente B'ÉNE\D C -' CE" LSO BENICIO JÚNIOR — Relatou (EDITAD EM: n c, A r r; 2 i) I ii 06 AG0 Processo ti" 10240.000800/2005-74 Acórdão ii" 1803-00.338 S1-1E03 Fl 2 mensais deveriam ter sido declarados pelo contribuinte, em lugar das inviáveis cifras negativas_ PIS/COHNS RECEITAS FINANCEIRAS INCONSTITUCIONALIDADE D.E SUA INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO — A noção de fáturamento, identificada com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. Afastado deve ser o disposto no art. 3", § 1", da Lei n" 9.718/98, por força de decisão de mérito proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. Inteligência do artigo 26-A, § 6", inciso I, do Decreto IV 70,235/72, introduzido pela Lei if 1 L941/09. PIS/COPINS — RENDIMENTOS DERIVADOS DE CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, PACTUADOS POR EMPREITADA GLOBAL, DATADOS DE 2000 — ALEGAÇÃO DE NÃO-SUJEIÇÃO À ALÍQUOTA MAJORADA DO REGIME DE NÃO- CUMULATIVIDADE FALTA DE SUFICIENTE COMPROVAÇÃO DO PLEITO — O contribuinte, ao aduzir que suas receitas operacionais deveriam permanecer adstritas ao regime de cumulatividade de PIS/COFINS, na forma do artigo 10, XI e XX, da Lei n" 10,833/03, precisaria, antes de tudo, comprovar que as bases de cálculo adotadas pelo fiscal autuante se identificavam, no todo ou em parte, às receitas dos contratos especificados. A simples juntada dos instrumentos contratuais, de um lado, e das notas fiscais correspondentes, de outro, sem a indicação de sua pertinência às autuações debatidas, não serve para embasar a argumentação trazida à luz neste recurso, Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos que entendia que antes da Lei n° 1 L941/2009 não há base legal para a tributação do PIS e da COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Participaram Øo presente julgamento os Conselheiros: Selene Ferreira de Moraes, Walter Adolfo Maresdh, Luciano Inocência dos Santos, Bendicto Celso Benício Júnior e Sérgio Rodrigues Mendes,. Processo n° t0240000800/2005-74 S1-TE03 Acórdão n 0 1803-00.338 Fl. 3 Relatório Trata o processo de lançamentos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ, Contribuição ao Programa de Integração Social — PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido -- CSLL, no montante integral de R$ 128.168,07. Fundamentaram-se as imputações na apuração de omissão de receita escriturada, nos anos-calendário de 2001, 2002, 2003 e 2004 (fis. 16 a 24, 398 a 407, 783 a 798 e 1.154 a 1.169). A interessada foi cientificada dos autos de infração em 08 de agosto de 2005 (fi. 16, verso). No dia 08 de setembro de 2005, foram apresentadas impugnações (fls. 176 a 379, 560 a 764, 958 a L135 e 1,323 a 1.497), cujos teores, em suma, foram os seguintes: (1) IRPJ e CSLL. Omissão de receita escriturada. - no ano-calendário de 2004, foi lançado o IRPJ com base no valor de R$ 4.3.000,09, referente às estimativas dos meses de janeiro e dezembro. No entanto, quando o valor é transportado para a apuração anual, constata-se IRPJ negativo, na ordem de R$ 4.460,19, conforme comprovantes anexados à peça impugnatória (cópias do LALUR do período); (2) Multa confiscatória, - a multa de 75% tem caráter confiscatório, conforme decisão do Poder Judiciário Federal, reproduzida na peça impugmatória; (3) Taxa Sella - a utilização da taxa Selic é inconstitucional, conforme manifestação do Superior Tribunal de Justiça, reproduzida na impugnação; (4) PIS, Omissão de receita. - no lançamento do PIS, a fiscalização considerou a alíquota de 1,65%, mas as receitas são decorrentes de contratos celebrados no ano-calendário de 2000, anterior ao aumento da alíquota. O artigo 10 da Lei n° 10.8.33, de 2003, alterado pelo artigo 21 da Lei n° 10.868, de 2004, dispõe que os artigos 1° e 8' da Lei n° 10.833, de 2003, não são aplicáveis aos contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; (5) Receitas financeiras, - as receitas financeiras, consideradas nas bases de cálculo dos tributos, referem-se a valores que tiveram IR retido na fonte, não estando incluídas no conceito de faturamento. Tais rendimentos não são operacionais, não podendo ser tributados, por força do disposto no artigo 195, I, alínea a, da Constituição Federal; - o alargamento da base de cálculo, decorrente da Emenda Constitucional n° 20, de 1998, foi declarado inconstitucional, conforme reprodução de julgado na peça impugnatória; (6) COFINS Omissão de receita, - no lançamento da COFINS, a fiscalização considerou a alíquota de 7,60%, as as receitas são decorrentes de contratos celebrados no ano-calendário de 2000, anterior ao Processo n' 10240.000800/2005-74 SI-I E03 Acórdão 18O3-00„338 F I 4 aumento da alíquota. O artigo 10 da Lei n° 10.833, de 2003, alterado pelo artigo 21 da Lei no 10.868, de 2004, dispõe que os artigos 1 0 e 8' da Lei if 10,833, de 2003, não são aplicáveis aos contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; - as receitas são decorrentes de contratos por empreitada global, conforme comprovantes em anexo. Por tal razão, este tipo de serviço está excluído da nova sistemática de tributação. Ao analisar os argumentos apresentados pelo contribuinte nas citadas impugnações, a 1" TURMA — DR.I EM BELÉM — PA julgou parcialmente procedente o lançamento de IRRI, excluindo os montantes de IRRF descritos na DIRF de fls, 1.521 a 1,535, e totalmente procedentes os demais lançamentos, nos seguintes termos: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 e 2004 Ementa: OMISSÃO DE RECEITA ESCRITURADA.. Constatado por meio de ação fiscal ordinária que as receitas escrituradas eram maiores que as declaradas pelo sujeito passivo à Receita Federal, há que se considerar viável o lançamento de oficio, excluindo do montante exigido o IR retido na fonte, por se tratar de antecipação do imposto devido. ALEGAÇÃO DE CONFISCO.. Não há de se cogitar da materialização das hipóteses de confisco e de ofensa ao Principio da Capacidade Contribufiva quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no enquadramento legal, e fiíticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte. JUROS. TAXA SELIC — Tendo a cobrança dos juros de mora com base na Taxa SELIC previsão legal, não compete aos órgãos julgadores administrativos apreciar arguição de sua inconstitucionalidade.," Como resultado da prolação deste aresta, remanesceu vigente o seguinte total lançado de tributos: Tributo Fato Gerador Valor lançado (R$) Valor mantido (R$) Multa IRP.I 12/2001 3.014,23 0,00 75 IRPJ 12/2003 5,764,64 4.885,53 75 IRPJ 12/2004 6.450,01 6.420,02 75 CSLL Procedente - 75 PIS Procedente - 75 COFINS Procedente - - 75 Processo rt* 10240 000800/2005-74 Acél dão n 1803-00,338 S1-TE03 Fi 5 Cientificado do acórdão em 06/08/2007, o contribuinte apresentou recurso a este conselho, em 05/09/2007, ratificando as razões já aduzidas na instância administrativa antecedente — exceto no que toca à eventual inconstitucionalidade da multa de oficio e dos juros moratórios cominados. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JUNIOR, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço, Os argumentos elencados pelo contribuinte, em sede recursal, são de três ordens, a saber: (1) IRPJ e CSLL. Alegação de dupla tributação da base de cálculo estimada para o mês de Janeiro de 2004 Em primeiro lugar, sustenta a recorrente que as bases de cálculo de IRPJ e de CSLL adotadas para o ano-calendário de 2004, equivalentes a R$ 43,000,09, encerram dupla contabilização dos montantes imponiveis estimados para o mês de janeiro, informados nas pertinentes fichas da DIPJ/2005. Aduz, neste sentido, que o lucro anual consolidado, a ser considerado pelo agente fiscal, deveria ser aquele mencionado exclusivamente no mês de dezembro de 2004, no valor de R$ 19.269,95. A cifra declarada para o mês de janeiro, equivalente a R$ 23.730,14, não poderia ter sido adicionada ao total descrito em dezembro (R$ 19.269,95 R$ 23.730,14 = R$ 43.000,09), sendo correta, ao revés, sua subtração do lucro anual final. Da escorreita operação não resultaria lucro a ser exacionado, mas, sim, prejuízo fiscal, no importe de R$ 4.460,19 (R$ 19.269,95 - R$ 23.730,14 = - R$ 4,460,19). A respeito destas alegações, parece-nos claro, de pronto, que a peticionária promove séria confusão de conceitos. Os equívocos manifestados em suas razões são espelho dos vícios que eivam sua DIRI/2005, apresentada em dissonância com a metodologia contábil- fiscal correta. A empresa autuada sujeitou-se, durante o ano-calendário de 2004, ao regime de apuração do IRPJ pelo lucro real anual, de acordo com a sistemática de recolhimentos mensais por estimativa, Sob o pálio deste mecanismo, cabia à autuada estimar, mês a mês, a base de cálculo do IRPJ e da CSLI-, na forma da legislação aplicável, recolhendo antecipadamente os tributos incidentes. Ao final do ano-base, apurando-se complexivamente o resultado do período, far-se-ia o ajuste de contas entre o somatório das antecipações mensais, computadas sobre as bases estimadas, e o total de exação realmente devido, apurado sobre o lucro anual efetivo. Segundo estatuído pelo artigo 2° da Lei n° 9.430/96, ditas bases imponíveis estimadas, adotadas para os recolhimentos mensais antecipados, deveriam corresponder a percentagens das receitas brutas computadas mês a mês: "Art. 2" A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, Processo n° 10240.000800/2005-74 51-1E03 Acórdão n," 1803-00338 Fl 6 mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n" 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1°c 2" do art. 29 e nos arts, 30 a 32, 34 e 35 da Lei n" 8,981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995," A despeito da obviedade destas considerações, no entanto, o contribuinte, ao preencher a DIPJ/2005, incorreu em inexplicável equívoco, informando, nas pertinentes fichas relatoras das estimativas mensais, montantes de base de cálculo negativos, ilógicos e insustentáveis, pertinentes aos meses de março a novembro de 2004. Não é dificil perceber o erro da autuada. As receitas brutas de vendas e serviços — e, em consequência, as bases de cálculo mensais estimadas, calculadas sobre elas — jamais poderiam consubstanciar cifras negativas, haja vista corresponderem, na forma da lei, à soma de proveitos necessariamente positivos, a saber: i) produtos das vendas de bens em operações de conta própria; ii) somatórios dos preços dos serviços prestados; e iii) resultados econômicos das operações em conta alheia. Aponta nesse sentido o artigo 279, capta, do Decreto n° 1000/99, in verbis: "Art., 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia." Ao completar a DIN/2005, o contribuinte declarou, para janeiro, de maneira correta, a base de cálculo estimada do período, apurando tributo a ser recolhido antecipadamente. Nos meses subsequentes, todavia, desvirtuou totalmente a técnica do regime de estimativas, passando a declarar bases imponíveis inferiores a zero, incondizentes com a própria noção de receita bruta que lhes é subjacente. Não bastasse isso, voltou a contribuinte a declarar, em dezembro, base de cálculo positiva, considerando-a, estranhamente, não como montante imponível estimado somente para aquele mês, mas, sim, como lucro consolidado de todo o ano-base, apurado complexivamente. Acreditou, por este motivo, injustificadamente, que a base estimada de janeiro não deveria ser somada à de dezembro, para contabilização do lucro anual, mas, sim, subtraída da última.. A miscelânea fiscal é patente. Cabe a nós tentar trazer higidez a tal cenário, segregando os dados aproveitáveis e descartando os imprestáveis. Parece-nos óbvio que as bases de cálculo estimadas negativas não poderiam sequer ser consideradas pelo Fisco, haja vista corresponderem a inovações teratológicas promovidas pela recorrente. Qualquer que tenha sido o critério adotado pela empresa declarante, não há como se legitimar a utilização de tais valores, mormente para fins de determinação do lucro do período em apreço. Afastando-se os absurdos declarados, restou à Fazenda somente considerar, então, para apuração do resultado tributável, as duas bases de cálculo mensais positivas, pertinentes aos meses de janeiro e dezembro de 2004. O agente autuante, assim procedendo, atingiu o lucro anual exacionável de R$ 41000,09, sobre ele lançando o IRPI e a CS LL debatidos. Nada há, por conseguinte, a se retocar no procedimento fiscal levado a efeito, porquanto desenvolvido pelo único modo viável, face às circunstâncias do caso. Vale ressaltar, aliás, que a própria peticionária declarou ter apurado tributo a ser recolhido, depois de findo o ano-calendário. Qra, se é assim, não pode ela aduzir Processo n° 10240.000800/2005-74 S1-TE03 Acórdão n ° 1803-00.338 Fl 7 posteriormente, na seara recursal, que a apuração tributária correta redundaria em prejuízo fiscal, inábil para a formalização das exações. É importante ainda consignar, por fim, que os erros cometidos no preenchimento da DIPE2005, embora evidentes, não são passíveis de retificação de oficio por este colegiado. É verdade que o Conselho tem o dever de perscrutar a verdade material, para além das meras aparências. Incumbe a este órgão, noutras palavras, se possível, corrigir oficiosamente as declarações apresentadas pelo contribuinte, sempre que verificados equívocos meramente materiais, nos quais as exigências em debate colham único ou principal fundamento. Ocorre, contudo, que inexistem, nos autos, elementos instrutórios que permitam a constatação das bases de cálculo estimadas efetivamente apuradas, tangentes aos meses de março a novembro de 2004. Se, de fato, os valores negativos declarados são insustentáveis, não há, no corpo do processo, indícios a respeito de quais tenham sido os corretos montantes de receita bruta auferidos pela empresa. Não nos auxilia, nesta empreitada, nenhum dos documentos juntados aos autos — em especial o LALUR do período, equivocadamente apresentado pelo contribuinte como prova cabal e suficiente de suas alegações, Neste sentido, veja-se exemplo de caso símile, cuidado por este mesmo órgão julgador: "REALIZAÇÃO DO LUCRO INFLACIONÁ RIO — ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO - Não sendo possível através de documentação contábil hábil e idônea a comprovação de erro de fato no preenchimento da DIPJ há que se manter o lançamento praticado por agente do Fisco, (Ac, I" CC 101-96.729/08)" No mais, a retificação de oficio acima proposta também se mostra inviável em virtude de o contribuinte não ter cometido meros erros factuais, Os equívocos apontados correspondem, na verdade, a efetivas claudicações de direito, impassíveis de correção pelo contribuinte ou pela autoridade administrativa, conforme já reconhecido pela jurisprudência desta Corte: "DIPJ RETIFICAÇÃO — OPÇÃO — ERRO DE DIREITO — Não é permitida a retificação da Declaração de Rendimentos fundamentada tão somente em erro de direito. (Ac,s, 1" CC — 101-94,939/05 e 101-94,949/05)" Assim sendo, devem ser mantidas as autuações de IRPJ e de CSLL ora guerreadas. Passemos, então, ato contínuo, à análise dos demais argumentos opostos pelo contribuinte. (2) PIS e COFINS. Alegação de intributabilidade das receitas ,financeiras. Impossibilidade de alargamento do conceito legal de faturainento. Inconstitucionalidade do artigo 3', ás' 1", da Lei n" 9.718/98 Em segundo lugar, assevera o contribuinte que as receitas financeiras apuradas no período fiscalizado não poderiam ter sido trazidas à tributação pela COFINS e pelo PIS, haja vista extrapolarem os lindes legais do conceito de faturamento, Processo n° 10240.000800/2005-74 Si-! E0.3 Acórdão n.° 1803-00.338 F 1 8 Nesta esteira de considerações, aduz a interessada que o alargamento das bases imponiveis das citadas contribuições, concretizado pelo artigo 3 0, § 1°, da Lei n° 9.718/98, encerraria nítida inconstitucionalidade, vez ter decorrido de desvirtuamento de instituto privado adotado para a delimitação material de competências constitucionais. Dito dispositivo ordinário teria sido promulgado, pois, ao arrepio do artigo 110 do CTN, que veda a manipulação de figuras jurídicas predefinidas, com fins únicos de majoração da carga tributária Ainda segando a autuada, nem mesmo o respaldo da Emenda Constitucional n° 20/98, posteriormente editada, poderia ter outorgado foros de eonstitucionalidade ao estresido artigo 3°. Isto assim seria porque dita EC, como qualquer outra, não teria o condão de convalidar legislação inválida ab ovo, nascida com o signo inafastável da invalidade sistêmica.. A tese da não incidência do PIS e da COFINS sobre receitas de natureza financeira, nos moldes acima escorçados, foi adotada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em sessão de 09/11/2005, por meio de acórdão prolatado para solução do Recurso Extraordinário — RE n° 390840/MG, transitado em julgado em 29/09/2006. A novel exegese consagrada pelo Excelso Pretório consignou que só poderiam ser tributadas, pelo PIS e pela COFINS, as receitas derivadas de venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços, afastados os demais rendimentos não-operacionais percebidos pelo sujeito passivo fiscal. Tal entendimento judicial deve ser observado por este Conselho, em todos seus termos. Isto assim se faz por força da promulgação da Lei ri.° 11.941, em 27/05/09, responsável por adicionar ao Decreto ri° 70.235/72, regulamentador do Processo Administrativo Fiscal, o artigo 26-A, § 6 0, inciso I, vigente com as seguintes feições redacionais: "Art 26-A, No âmbito do processo administrativo .fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 6" O disposto no capuz` deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal,' (. )" Não há, portanto, como se admitir a manutenção das exigências de PIS e COFINS formalizadas sobre as receitas financeiras auferidas pela recorrente, pormenorizadas no Livro Razão dos períodos fiscalizados, É necessário o expurgo destes rendimentos, junto ao total de faturamento averiguado pelos trabalhos fazendários, (3) PIS e COFINS, Pretensa não sujeição das receitas operacionais às aliquotas niajoradas do regime de não-cumulatividade Por derradeiro, bate-se a autuada pelo afastamento das alíquotas de 1,65% (contribuição ao PIS) e de 7,60% (COHNS), aplicadas nas autuações em estudo. Sustenta, para tanto, que as receitas operacionais exacionadas tiveram por causa econômica contratos de prestação de serviços relativos a obras de construção civil, pactuados por empreitada global, datados de 2000. Os rendimentos em comento, nessas Processo n° 10240.000800/2005-74 S1-[E03 Acórdiio n, 1803-00,338 Fl. 9 condições, deveriam ter sido postos a salvo da nova sistemática de não-cumulatividade, propugnadora das alíquotas majoradas, consoante expressa disposição do artigo 10, incisos XI e XX, da Lei n° 10S.33/03, verbis: "Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1 a g* (-) XI - as receitas relativas a contratos rfirmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) com prazo superior a] (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de ,fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa ,jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; (,) XX- - as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2006;" Para ilustrar sua tese, juntou o contribuinte, aos autos, em fis. 1.558 e ss., cópias dos contratos celebrados, das Notas Fiscais de Serviços respectivas e das pertinentes folhas dos Livros Diário e Razão. Ocorre, porém, que, não obstante todo o trabalho desenvolvido pela recorrente, não entendo ser possível aferir, de maneira clara, a partir do arcabouço probatório carreado, a correspondência entre as receitas operacionais decorrentes dos contratos juntados, de um lado, e as bases de cálculo tornadas pelo agente autuante, dimanadas da discrepância entre cifras declaradas e escrituradas, de outro lado. Noutras palavras, embora tenha o interessado juntado contratos do ano de 2000 — demonstrando, por meio de outros documentos fiscais, ter recebidos os valores advindos daqueles instrumentos —, não logrou ele mostrar, de maneira minimamente evidente, que referidas receitas se correlacionam àquelas empregadas para lançar a COFINS e a contribuição ao PIS ora guerreadas, Para afastar as exigências constituídas em seu desfavor, não basta ao contribuinte apresentar argumentações retóricas, sem provar o alegado de forma satisfatória. Na hipótese em tela, ao se restringir a juntar documentos a rodo, deixou o contribuinte, ao presente colegiada o ônus de decifrar a verdade por detrás dos elementos de instrução. Este \ conselho julgador, contudo, não pode assumir tal tarefa, produzindo provas no lugar do 'interessado, haja vista seu dever de zelar pela imparcialidade de seus provimentos. BENDICTO C ÍCIO JÚNIOR Processo n° 10240,000800/2005-74 S1- E03 Acórdão n ° 1803-00.338 Fl 10 Em conclusão, face à inadequada demonstração dos argumentos trazidos à baila, deixo de analisar o mérito do pleito do contribuinte, por despiciendo. Isto posto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para afastar a incidência de PIS e de COFINS sobre as receitas financeiras apuradas, indevidamente inseridas nas bases de cálculo das contribuiçõesAnçadas Processo n° 10240000800/2005-74 Si-TE03 Acórdão o '1803-00.338 F1 11 TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto a este Conselho, da decisão consubstanciada no acórdão supra, nos termos do art. 81, § 3 0, do anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009. Brasília, 06 de agosto de 2010 fituant"1;t—e dt.Souvo- dJ a de Sousa Rodr - Secretária da Câmara Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: [ ] apenas com ciência; [ ] com Recurso Especial; [ ] com Embargos de Declaração. 11 TERMO DE JUNTADA a Seção/4a Câmara Declaro que juntei aos autos original do Acórdão n° 1803-00.338, (fls. ), e certifico que a cópia arquivada neste Conselho confere com o mesmo. Encaminhem-se os presentes autos à Procuradoria da Fazenda Nacional, para ciência do acórdão. Em / / Chefe da Secretaria MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS - CARF QUARTA CÂMARA - i a SEÇÃO Processo n° : 10240.000800/2005-74 Interessado(a) : BRASERVIX - JT BRASERVICE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA.
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Numero do processo: 11080.008592/2008-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA.
Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Trata-se de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO.
Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Aplica-se aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal.
Numero da decisão: 1402-002.383
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do ano-calendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item.
ASSINADO DIGITALMENTE
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA. Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Trata-se de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO. Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Aplica-se aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do ano-calendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item. ASSINADO DIGITALMENTE Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA. Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Tratase de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO. Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2003, 2004, 2005 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Aplicase aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 85 92 /2 00 8- 47 Fl. 7967DF CARF MF 2 unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do anocalendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item. ASSINADO DIGITALMENTE Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 7968DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.968 3 Relatório Trata o presente de autos de infração para cobrança do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins nos montantes de R$ 2.433.492,84; R$ 747.360,59; R$ 180.111,60 e R$ 831.289,13; aí incluídos juros de mora e multa de ofício aplicada parte no percentual de 75% e parte no percentual de 150%. O trabalho fiscal teve como base o exame dos extratos bancários de titularidade do sujeito passivo em diversas instituições financeiras. De acordo com o Relatório de Atividade fiscal (RAF), em resposta à intimação para identificar a origem dos recursos creditados em contascorrentes bancárias de sua titularidade a interessada apresentou 6 (seis) justificativas: “cobrança a crédito de terceiros” (para futuro repasse ao cliente); “créditos originários de antecipação de receitas futuras”, “empréstimos”, “transferências de outras agências/banco”, “transferência de sócios” e “cobrança de receita de faturamento”. Em relação aos “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento” corresponderiam ao histórico “aviso de crédito” no Banco do Brasil e “desconto de duplicatas” no Banco Itaú. Pelo exame das notas fiscais a que se referem tais operações, a autoridade lançadora constatou que o período da prestação do serviço a que se referem é sempre anterior ao da emissão do documento fiscal. Assim, concluiu que o serviço já teria sido prestado ou ocorreu dentro do próprio mês. No entendimento do Fisco, os valores a que se referem corresponderiam a receitas de prestação de serviços. Tal fato também foi constatado no Banco Santander no anocalendário de 2003. Ainda no que se refere ao Banco Santander no anocalendário de 2003, os depósitos identificados como “transferência bancária” foram justificados pela interessada como reembolso de serviços de telemarketing, telefonia e comissão de vendas em decorrência de serviços prestados ao Banco Meridional. De acordo com a Fiscalização, não foram apresentados documentos hábeis e idôneos que comprovassem o alegado. Quanto aos valores indicados como “cobrança a crédito de terceiros”, a Fiscalização efetuou circularização junto aos clientes para os quais teriam sido prestados esses serviços e considerou como demonstrados os valores por eles informados como repasse. O restante foi tido como receita omitida. Foram também tributados como omissão de receita os valores relativos a “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios” para os quais não houve comprovação de origem. Os valores identificados como “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento” foram tributados como omissão direta com imputação da multa de 150% justificada pela Fiscalização nos seguintes termos: [...] Os procedimentos adotados pela empresa fiscalizada descritos neste Relatório movimentação financeira significativamente superior aos valores declarados nas DJSI, mantendo algumas contas bancárias à margem da contabilidade, outras Fl. 7969DF CARF MF 4 escrituradas contabilmente de maneira que não condiz com a realidade da movimentação efetuada, infringindo o art. 190 do Regulamento do Imposto de Renda/99, ocultando grande parte de suas receitas nos anos calendário 2003 a 2005, pela omissão de parte significativa de suas receitas decorrentes de prestação de serviços e outras receitas, ficando comprovada a reiteração dessa conduta, caracterizando o evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, justificando a multa qualificada para a omissão de receita apurada... Os valores originalmente informados como “cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios, mas que não foram identificados, sofreram tributação com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96 e multa de 75%. Tendo em vista que a contabilidade da fiscalizada não refletiria a real movimentação financeira, a apuração do resultado foi feita pelo lucro arbitrado. A interessada foi excluída do SIMPLES pelo que seria a prática reiterada de infração à legislação tributária, nos seguintes termos: [...] Conforme demonstrado no item 5, retro, o contribuinte manteve algumas contas bancárias à margem da contabilidade, outras escrituradas contabilmente de maneira que não representavam a realidade da movimentação financeira efetuada, tornando sua contabilidade imprestável, omitindo grande parte de suas receitas decorrentes de prestação de serviços, desde o mês de janeiro de 2003 até dezembro de 2005 (período sob fiscalização). [...] Foi apresentada impugnação onde a interessada suscita, em preliminar, a nulidade do feito por cerceamento do direito de defesa pela ausência de individualização dos valores tributados e pelo fato da pretensa omissão de receita ter sido extraída de uma fórmula não autorizada em lei. Ainda nesse tema, reclama pela demora no fornecimento das cópias dos autos, erros de grafia ou ausência de indicação dos números das contas bancárias e variadas denominações dadas às pretensas infrações. Argúi a decadência em relação a todos os tributos para os fatos geradores ocorridos até julho/2003. Reclama pelo que seria a irregular exclusão do SIMPLES, em função da não identificação da prática reiterada de infração à legislação tributária; e indevida tributação pelo lucro arbitrado pois não haveria que se falar em escrituração imprestável para apuração do lucro real no caso de empresa tributada pelo lucro presumido. No mérito, afirma que houve equívoco na quantificação da pretensa omissão de receita. Em relação ao item 001 do Auto de Infração, não teria sido identificado o fundamento legal da presunção, a identificação individualizada dos valores, quais as notas fiscais que teriam indicado a omissão e porque a omissão não teria sido indicada diretamente a partir dessas notas fiscais. Reclama que foram ignorados os esclarecimentos prestados a respeito da “antecipação de receita”. Quanto ao item 002 do Auto de Infração, afirma que decorre de uma nova presunção criada pela fiscalização, pois todos os depósitos bancários tiveram origem comprovada, afastando a imputação do art. 42, da Lei nº 9.430/96. Teriam sido consideradas Fl. 7970DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.969 5 variáveis não confiáveis, como as informações fornecidas pelos clientes. Cita como exemplo os valores repassados em 2005 que corresponderiam a R$ 2.336.091,81 e não a R$ 961.300,32. Ainda nesse item, questiona a ausência de individualização de valores e reafirma a ilegalidade da presunção utilizada, pois a totalidade da receita teria sido informada pelo conjunto de clientes. Sustenta que os valores relativos a empréstimos, transferências de outras agências/bancos e transferências de sócios não admitem a presunção de omissão de receitas. Requer a compensação dos valores recolhidos a título de SIMPLES e, por fim, reclama pela ausência de motivos que justifiquem a imputação da multa qualificada. Em primeira apreciação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre – RS (DRJ)converteu o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal elaborasse a composição dos valores que estão consolidados na planilha indicativa do montante lançado, com reabertura do prazo de impugnação. A solicitação foi atendida com elaboração de planilhas detalhando individualmente os valores lançados, além de explicação resumida em relação aos repasses (créditos de terceiros). Instada a se manifestar quanto ao resultado da diligência, a interessada reitera em essência os argumentos expedidos na peça impugnatória principalmente no que se refere à ausência de individualização dos valores e à utilização de critério de presunção sem base legal. A DRJ prolatou o Acórdão 1034.674 dando provimento parcial à impugnação para deduzir da exigência o valor da multa incidente sobre os valores declarados no parcelamento especial. Devidamente cientificada, a interessada repisa as razões da impugnação e acrescenta que o depósitos tidos como omissão caracterizada como “antecipação de receita” correspondem a empréstimos bancários. Acrescenta a alegação de tributação em duplicidade de alguns valores. Este colegiado, em primeira apreciação, converteu o julgamento do recurso em diligência para que fossem verificadas alegações do sujeito passivo. Efetuada a diligência, a interessada sobre ela se manifestou ratificando as razões recursais. É o relatório. Fl. 7971DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso voluntário é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. Em preliminar, a interessada suscita a nulidade do feito tendo em vista que não foram informados individualizadamente os depósitos bancários tidos como não comprovados, implicando em cerceamento do direito de defesa. O art. 42, da Lei nº 9.430/96 assim estabelece: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: [...] Pela texto supra afloram duas questões: a primeira delas referese ao § 2º estabelecendo que se os valores depositados forem identificados e tidos como receitas não oferecidas à tributação, serão objeto de lançamento sob as regras a que a pessoa jurídica estiver sujeita, ou seja, fora do âmbito do dispositivo supra transcrito. A segunda delas decorre do § 3º, no sentido de que a individualização dos depósitos é norma procedimental para apuração da exigência com base na presunção legal estabelecida. Conforme mencionado no relatório, o item 001 do Auto de Infração referese à formalização da exigência como omissão direta em relação aos valores dos depósitos sob a rubrica de “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento”. Fl. 7972DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.970 7 Isso porque, no entendimento da Fiscalização, as verificações efetuadas e as respostas do sujeito passivo aos questionamentos a ele dirigidos permitiram a identificação efetiva como receita daqueles valores. Assim, foram excluídos da tributação pela presunção legal do art. 42, da Lei nº 9.430/96. De outro lado, no item 002 do Auto de Infração foram tributados os depósitos com base na presunção legal de que trata o dispositivo em comento. À luz da norma legal em discussão aplicada ao presente caso, com base no § 2º assistiria razão ao sujeito passivo quanto à necessidade de individualização dos depósitos tributados, com a ressalva de que tal exigência só se aplica aos valores tratados no item 002, do Auto de Infração. Pelo exame dos autos constatase que a apuração da exigência, ainda que separada por instituição financeira, ocorreu de forma consolidada mensalmente o que dá razão ao sujeito passivo quanto ao prejuízo à defesa. Tal circunstância foi reconhecida pelo Órgão julgador de primeira instância que, em primeira apreciação, converteu o julgamento do recurso em diligência a fim de que fosse elaborada a composição individual dos valores lançados. Ainda que a autoridade julgadora tenha determinado a reabertura do prazo para impugnação após a realização da diligência, fato é que a formalização da exigência descumpriu rito expressamente previsto em lei formal. A meu ver, a diligência não supre a irregularidade. Assim, voto pela anulação por vício formal da autuação referente ao item 002 do Termo de Verificação. Quanto ao item 001 do Auto de Infração não há que se falar em prejuízo à defesa. Como não foram atingidos pela exigência da individualização, eis que a tributação não teve como base o art. 42, da Lei nº 9.430/96, inexiste óbice para a consolidação mensal dos valores. Além do mais, a Fiscalização deixou claro que seriam receitas todos os valores identificados pela própria interessada como “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento”, o que permitiria ao sujeito passivo identificar plenamente os valores tributados. Quanto a esse item, a realização da diligência com individualização de valores, ainda que não exigida por lei, permitiu ao sujeito passivo o amplo direito de defesa. Portanto, em relação ao item 001 do Auto de Infração não há que se falar em apuração com base em fórmula não autorizada em lei nem impossibilidade de identificação dos valores tributados. Ainda na contestação direcionada ao cerceamento da defesa, a questão da demora no fornecimento de cópia do processo foi suprida com abertura do prazo para manifestação quando da realização da primeira diligência. Não foram especificados na peça recursal quais seriam os erros de grafia cometidos pelo Fisco na indicação das contas correntes e, mais importante, de que forma teria Fl. 7973DF CARF MF 8 ocorrido prejuízo à defesa. O mesmo se aplica às denominações dadas às infrações que, a meu ver, estão perfeitamente definidas e identificadas. Em relação à exclusão do SIMPLES, rejeito o argumento de defesa pela inexistência do contraditório eis que foram apresentadas regularmente as peças de defesa estabelecidas na legislação que rege o processo administrativo tributário. Improcedente também a afirmativa de que não teria sido indicada a prática reiterada de infração tributária que motivou a exclusão. Nesse ponto, tem direito o sujeito passivo de contestar os motivos apresentados pela Fiscalização, o que seria questão de mérito neste voto, mas o Termo de Verificação deixa claro o que se entendeu como prática reiterada de infração tributária (item 3.4). Quanto ao arbitramento, a Representação Fiscal para Exclusão do Simples, o Ato Declaratório Executivo que formalizou a exclusão, a Notificação que cientificou o sujeito passivo da exclusão e o Relatório de Atividade Fiscal deixam claro que a exclusão foi decorrente da prática reiterada de infração tributária. Assim uma única menção a lucro real no auto de infração não pode dar azo à descaracterização do procedimento fiscal. No mérito, em relação ao item 001 do auto de infração o recurso voluntário afirma que os valores identificados como "antecipação de receita" correspondem a empréstimos tomados em instituições financeiras para suprir a necessidade de caixa. Durante o procedimento fiscal, na resposta à intimação para justificar a origem dos valores depositados em contacorrente, a interessada estabeleceu uma convenção com base no quantitativo do símbolo "#", nos seguinte moldes: # cobrança a crédito de terceiros (para futuro repasse ao cliente) ## créditos originários de antecipação de receita futura ### empréstimos #### transferências de outras agências/bancos ##### transferência de sócios ###### cobrança de receita de faturamento Essa convenção foi aplicada nas justificativas apresentadas. Assim, o trabalho fiscal desenvolveuse a partir de definições feitas pela própria interessada. Os valores que a Fiscalização tratou como antecipação de receitas foram aqueles codificados pela interessada com "##" em todas as instituições financeiras. De acordo com item 4.2 do Relatório de Ação Fiscal, a representante do sujeito passivo informou que esses depósitos representariam "..depósitos dos clientes mediante projeção dos valores (receita de serviços prestados) que receberiam, como por exemplo, duplicatas descontadas." A interessada afirma que os esclarecimentos prestados às fls. 465/466 deixariam claro que os valores em discussão referemse a empréstimos, quando na verdade tais esclarecimentos dizem exatamente o que foi informado. Transcrevemse as conclusões da Fiscalização (destaque do original): [...] Ao confrontarmos algumas notas fiscais emitidas pela ABS em favor das empresas circularizadas, constatamos que os valores constantes das notas fiscais, os quais constam como créditos nas contas correntes movimentadas pelo contribuinte, foram identificadas por esse como "créditos originários de antecipação de receita futura e "cobrança de receita de faturamento". Ao analisarmos o histórico da movimentação financeira desses créditos, verificamos que eles correspondem a Fl. 7974DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.971 9 "aviso de crédito" no Banco do Brasil e, no Banco Itaú, "desconto de duplicatas". Ainda analisando algumas dessas notas fiscais, verificamos que no campo descriminação de serviços consta a informação "serviços prestados de telemarketing", "serviços de cobrança extrajudicial" e/ou "prestação de serviços de cobrança" há a informação do período da prestação de serviço, o qual é sempre anterior a da emissão da nota fiscal, ou dentro da mês da emissão da nota fiscal, portanto a prestação de serviço já ocorreu ou ocorreu dentro do próprio mês tratandose então de receita decorrente de prestação de serviços/ faturamento. [...] . Ressaltese ainda que tanto na impugnação como na manifestação sobre a primeira diligência (realizada por determinação da decisão recorrida) a interessada não faz qualquer juízo de valor quanto à natureza dos depósitos ora em discussão, apresentando exclusivamente questionamentos de natureza formal ou supostos erros de cálculo. Agora, no recurso voluntário são trazidas alegações totalmente diferentes daquelas apresentadas durante o procedimento fiscal no sentido de que os valores creditados representariam financiamento. Nova diligência foi determinada, agora pelo CARF, para que fossem examinados os documentos que comprovariam as operações de financiamento. Em atendimento, a autoridade responsável esclareceu que os documentos apresentados representariam descontos de duplicatas. No meu entender, a manifestação da interessada quanto ao resultado da diligência não trouxe argumentos que pudessem elidir a conclusão a que chegou a autoridade lançadora, corroborada pela diligência. Seria necessário, ao menos, que se relacionasse algum contrato de financiamento aos valores depositados, ainda que não individualmente. Sob essa ótica, a defesa cita a conta 54585 no Banco do Brasil e faz várias considerações para sustentar que os documentos trazidos no recurso voluntário demonstrariam o alegado. Examinei os documentos e não constatei um caso sequer em que fosse possível associar algum depósito tido como receita a valores de financiamento. Salientese ainda que não houve maior esforço da defesa em apresentar uma planilha que indicasse COM CLAREZA a ligação entre os valores depositados e algum contrato de financiamento. A alegação se repete em relação ao Banco Itaú com a afirmativa de que os valores tributados sob a rubrica "antecipação de receita" em 2004 e 2005 teriam origem em operações de empréstimos. Aqui também a defesa não se preocupou em vincular os depósitos tributados a valores de financiamento. Ainda no que se refere ao Banco Itaú, especificamente no anocalendário de 2005, o relatório de diligência reconheceu o excesso decorrente da utilização na apuração fiscal de valores das denominadas contas internas. A partir do exame dos extratos bancários, deve ser excluído da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no 4º trimestre de 2005 o montante de R$ 220.145,00 (59.707,50 + 30.210,00 + 30.210,00 + 22.367,75 + 22.367,75 + 2.641,00 + 2.641,00 + 50.000,00). No caso do PIS e da Cofins, a exclusão corresponderia a R$ 59.707,50 no mês de novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro. Em relação ao Banco Santander, a defesa contesta os depósitos no valor de R$ 3.865,67; em 14/08/2003, e R$ 947,38; em 10/10/2003. O primeiro deles estaria vinculado a empréstimo,mas o único documento apresentado como comprovante é o próprio extrato bancário, lembrando que durante o procedimento fiscal a interessada registrou nesse mesmo Fl. 7975DF CARF MF 10 extrato que o valor em questão representava adiantamentos de receita futura o que também se aplicaria ao valor de R$ 947,38. Nesse último caso a recorrente indicou que representaria cobrança e repasse a cliente NET, mas na mesma linha do outro valor contestado, só apresentou o próprio extrato como comprovante. Quanto ao Banco HSBC a defesa limitase a afirmar que o Fisco orientouse pelo histórico do lançamento para inferir que representariam omissão de receitas, sem especificar as razões que levaram a essa conclusão. Nesse ponto, ratificase que o procedimento fiscal teve como ponto de partida informações prestadas pelo sujeito passivo quanto à natureza dos depósitos e foi devidamente explicado conforme se verifica na transcrição no início deste voto. O mesmo se aplica às razões de defesa em relação ao Unibanco. Com relação às operações identificadas como desconto de duplicatas, já foi mencionado em momento anterior deste voto que o relatório de diligência deixou claro que não se tratava de financiamento. Ratificase que a manifestação da interessada quanto ao resultado da diligência não trouxe argumentos que pudessem elidir a conclusão a que chegou a autoridade lançadora, corroborada pela diligência. Seria necessário, ao menos, que se relacionasse algum contrato de financiamento aos valores depositados, ainda que não individualmente. As alegações de defesa envolvem apenas os lançamentos nos extratos, sem identidade de valores entre débitos e créditos e sem outros elementos de prova que pudessem atestar o suscitado, lembrando sempre que as conclusões do Fisco tiveram como base informações prestadas pela interessada. Assim, também não foram demonstradas as alegações dos valores apresentados pelo sujeito passivo como exemplo (R$ 3.386,65; R$ 2.790,61, R$ 6.968,43 e R$ 762,53). Excepcionase o valor de R$ 824,61 (28/09/2004) que comprovadamente foi estornado e deve ser excluído da base de cálculo. Quanto aos valores intitulados "cobrança de receita de faturamento" saliente se mais uma vez que a própria representante da interessada definiuos como tal. Sob esse prisma, descabe suscitar a ausência de fundamentação legal para tratar os créditos como receita. A "dedução matemática" expressa na peça recursal e que tornaria o lançamento insubsistente, não tem qualquer nexo. Comprovada a omissão de receita direta, justificase a exclusão do SIMPLES nos termos do entendimento fiscal: [...] demonstrado neste relatório, o contribuinte não escriturou contabilmente todas as movimentações financeiras efetuadas por ele durante os anoscalendário de 2003 a 2005; não ofereceu a tributação valores expressivos de receitas de faturamento (valores identificados pelo próprio contribuinte como antecipação de receitas e receita de faturamento) e outras receitas, incidindo em prática reiterada de infração à legislação tributária, nos termos do artigo 14, inciso V, da Lei 9.317/96, fato que acarreta a exclusão de ofício do SIMPLES... [...] No que se refere à compensação dos valores pagos a título de SIMPLES, foi suprida pela decisão recorrida. Fl. 7976DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.972 11 Relativamente à multa qualificada, foi justificada pela autoridade lançadora nos seguintes termos: Os procedimentos adotados pela empresa fiscalizada descritos neste Relatório movimentação financeira significativamente superior aos valores declarados nas DJSI, mantendo algumas conta bancárias à margem da contabilidade, outras escrituradas contabilmente de maneira que não condiz com a realidade da movimentação efetuada, infringindo o art. 190 do Regulamento do Imposto de Renda/99, ocultando grande parte de suas receitas nos anos calendário 2003 a 2005, pela omissão de parte significativa de suas receitas decorrentes de prestação de serviços e outras receitas, ficando comprovada a reiteração dessa conduta, caracterizando o evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, justificando a multa qualificada para a omissão de receita apurada conforme item 4.2.1, os quais constam do demonstrativo dos valores das receitas omitidas, coluna 3, contido nas páginas 16 e 17. Pela descrição supra, constatase que a principal razão para a imputação da exasperadora foi a denominada “reiteração da conduta”. Em outros termos, a irregularidade vista individualmente seria tida como omissão de receita sujeita a multa de setenta e cinco por cento (75%). A “prática reiterada” demandaria duas considerações. A primeira delas seria estabelecer o que seria a reiteração. Para alguns, na linha da autoridade responsável pelo procedimento fiscal, a presença da irregularidade em três anoscalendário bastaria para essa caracterização. Outros talvez entendam que, na hipótese de pessoa jurídica com apuração trimestral de resultado como é o caso, a ocorrência do ilícito nos quatro trimestres de um ano calendário seriam suficientes. O que me parece claro é que tal conceito envolve um alto nível de subjetividade que o torna insuficiente para determinar a ocorrência da fraude. Até porque basta uma conduta fraudulenta específica para justificar a qualificação da multa, independentemente de sua repetição ou reiteração. Por outro lado pareceme insofismável que se uma irregularidade tributária não é tipificada como fraude, o fato de ser reiterada não a torna fraudulenta. No presente caso, ressaltando que a análise referese ao item 001 do Auto de Infração, não foram indicadas outras razões para a qualificação da multa, motivo pelo qual entendo aplicável a Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Portanto, voto por reduzir a multa ao percentual de 75%. Em relação à decadência, comprovada a existência de pagamentos, ainda que parciais, e desqualificada a multa de ofício, aplicase ao caso a regras de contagem do prazo estabelecida no § 4º, do art. 150, do CTN. Com ciência da autuação em 13/08/2008, foram atingidos pela caducidade os fatos geradores ocorridos até 13/08/2003 o que abrangeria, no caso do IRPJ e CSLL, os dois primeiros trimetres de 2003; e, no caso do PIS e da Cofins, os meses de janeiro a julho de 2003, inclusive. Fl. 7977DF CARF MF 12 Em resumo do meu posiciomento, conduzo meu voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso nos seguintes moldes: 1) Anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96, correspondente ao item 002, do Auto de Infração; 2) Quanto ao item 001 do Auto de Infração: · Acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do anocalendário de 2003; · Acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; · Excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; · Excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; · Reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%). Na hipótese de ser vencido pelos meus pares quanto ao vício normal que maculou o lançamento referente ao item 002 do auto de infração, no mérito em relação a esse item, as razões de defesa merecem guarida apenas em parte. De imediato, registrese que não há que se falar nesse item em receita identificada. As denominações "cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios" foram estipuladas pelo sujeito passivo, mas não tiveram embasamento documental que identificasse com precisão a operação a que se referiam, exceto quanto à parcela dos valores correspondentes a "créditos de terceiros" identificada mediante circularização e devidamente excluída do lançamento. Correto, portanto, o enquadramento da infração no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Como dito acima, não procede o argumento de defesa no sentido de que "todos" os valores sob a rubrica "créditos de terceiros" tenha sido reconhecida como tal. Isso só ocorreu em relação àqueles demonstrados mediante circularização. Ainda nessa rubrica, a compensação efetuada pela Fiscalização, apropriando nos meses seguintes a diferença a maior entre repasse informado por terceiros e o alegado pela interessada, foi coerente com o critério adotado e beneficiou o sujeito passivo. Não se vislumbra qualquer nulidade. Quantos aos documentos apresentados na peça recursal (Anexo IV), foram analisados em procedimento de diligência e tidos como inábeis a demonstrar os equívocos suscitados. Fl. 7978DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.973 13 Com relação às "transferências não comprovadas" ratificase que as denominações "cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios" foram estipuladas pelo sujeito passivo, mas nem sempre tiveram embasamento documental que identificasse com precisão a operação a que se referiam. Portanto, não haveria motivo para ,em princípio, excluílos da presunção legal. No procedimento de diligência foram examinados os documentos apresentados no recurso (Anexo V) e que, no dizer do sujeito passivo, demonstrariam os depósitos indicativos de simples transferência. Parte foi acatada pela autoridade responsável em conclusão aqui endossada. Excluemse, portanto, da base tributável os valores indicados no Anexo Único ao relatório de diligência. Em relação aos valores identificados pelo sujeito passivo como "transferências de sócios" possuem em sua maior parte o histórico no extrato bancário de TRANSFERÊNCIA ONLINE ou DEPÓSITO CHEQUE LIBERADO". Sendo assim, não há qualquer indicativo ou documento que identifique tais valores como decorrentes de depósitos feitos pelos sócios. Quanto aos depósitos sob a rubrica "empréstimos" não foram apresentados documentos comprobatórios das alegações. Salientese, mais uma vez, que esta análise quanto aos valores tributados sob a égide do art. 42, da Lei nº 9.430/96 só tem aplicabilidade se superada a preliminar de nulidade procedimental quanto a esse item. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 7979DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.736321/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIDO. PRESCINDIBILIDADE.
Da análise do caso concreto, o julgador administrativo pode considerar desnecessária a realização de perícia quando os elementos constantes nos autos se mostrarem suficientes para a solução da controvérsia ou quando o dever de apresentá-los seja exclusivo das partes.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008
GLOSA DE DESPESA DESNECESSÁRIA. EMISSÃO PÚBLICA DE TÍTULO. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS.
Não se configura como uma despesa operacional usual ou normal, muito menos necessária, a cobrança de taxa advinda de operação de intermediação (corretagem) que não é imprescindível para as atividades da empresa.
Uma despesa é necessária quando caracterizada por seu propósito empresarial, ou seja, quando é necessária à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Sua comprovação é atestada por meio de escrituração contábil embasada em documentação hábil e idônea.
GLOSA DE DESPESAS COM IOF. ASSUNÇÃO DA DESPESA PELA MUTUANTE. LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE CARACTERIZADA.
O IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas sua retenção. Porém, se em acordo firmado entre as partes (mutuário e mutuante) restar consignado que o valor do IOF incidente sobre os mútuos será assumido pelo mutuante, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, será indedutível.
ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL. DESPESA INDEDUTÍVEL.
Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago) dos encargos devidos, há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96) determinando que sejam adicionados ao LALUR.
LUCRO REAL. REVERSÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. ADIÇÃO NO LALUR. INOCORRÊNCIA.
Nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99, a Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.CSLL.
Tratando-se de exigência reflexa, que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão dos decorrentes.
Numero da decisão: 1402-002.414
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de perícia e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil De Oliveira Pinto.
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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INDEFERIDO. PRESCINDIBILIDADE. Da análise do caso concreto, o julgador administrativo pode considerar desnecessária a realização de perícia quando os elementos constantes nos autos se mostrarem suficientes para a solução da controvérsia ou quando o dever de apresentálos seja exclusivo das partes. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 GLOSA DE DESPESA DESNECESSÁRIA. EMISSÃO PÚBLICA DE TÍTULO. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. Não se configura como uma despesa operacional usual ou normal, muito menos necessária, a cobrança de taxa advinda de operação de intermediação (corretagem) que não é imprescindível para as atividades da empresa. Uma despesa é necessária quando caracterizada por seu propósito empresarial, ou seja, quando é necessária à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Sua comprovação é atestada por meio de escrituração contábil embasada em documentação hábil e idônea. GLOSA DE DESPESAS COM IOF. ASSUNÇÃO DA DESPESA PELA MUTUANTE. LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE CARACTERIZADA. O IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas sua retenção. Porém, se em acordo firmado entre as partes (mutuário e mutuante) restar consignado que o valor do IOF incidente sobre os mútuos será assumido pelo mutuante, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, será indedutível. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 63 21 /2 01 2- 61 Fl. 713DF CARF MF 2 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL. DESPESA INDEDUTÍVEL. Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago) dos encargos devidos, há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96) determinando que sejam adicionados ao LALUR. LUCRO REAL. REVERSÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. ADIÇÃO NO LALUR. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99, a Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado. TRIBUTAÇÃO REFLEXA.CSLL. Tratandose de exigência reflexa, que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão dos decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de perícia e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil De Oliveira Pinto. Fl. 714DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 713 3 Relatório Adoto o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro, com as devidas atualizações. Trata o processo de autos de infração lavrados pela DRF PORTO ALEGRE, exigindo da Interessada, acima identificada, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, (IRPJ), e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), respectivamente, nos valores de R$ 2.784.546,47 e R$ 1.011.076,73, acrescidos de multa de ofício de 75%, com juros de mora calculados até 12.2012. Na descrição dos fatos consta que foram detectadas as seguintes infrações: Infração 0001. Despesas não necessárias; Infração 0002. Adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível; Infração 0003. Adições não computadas no lucro real. Reavaliação de bens. Consta no Relatório Fiscal o que segue. Infração 0001. Glosa de despesas de intermediação na aquisição de debêntures: 1* após ser intimada para que justificasse a necessidade de tais despesas e apresentasse a documentação comprobatória, a Interessada informou que, em 2007, detinha crédito financeiro junto a órgãos estaduais (DAER) decorrente da prestação de serviços realizados e não pagos nos vencimentos; 2* comunicou a Interessada que, no mesmo ano, a Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S/A (CADIP) procedeu a emissão de R$ 130 milhões em debêntures, por oferta pública registrada na CVM; informou também a Interessada que a Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas (AREOP) representou as construtoras credoras do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), nesta operação, sendo que as debêntures foram subscritas em nome da AREOP a qual mantém as debêntures sob custódia, pelo que, forneceu declaração em 10 de março de 2008; 1* as debêntures foram adquiridas em nome da AREOP, pois a CADIP (Caixa de Assistência da Divida Pública Estadual S/A) não aceitou emitir os títulos para cada empreiteiro, motivo pelo qual foi necessário que a AREOP representasse neste ato os associados; 2* acrescentou a Interessada que, mensalmente, realizou pagamentos de taxas para a AREOP, denominadas FASPACE, devidas pela intermediação da operação, cujos valores foram devidamente registrados na conta 4.2.01.01.601848 Taxas, Custas Fl. 715DF CARF MF 4 e Emolumentos e encontramse amparados por recibos numerados e com o CNPJ da AREOP; nenhum documento foi apresentado; entendeu a Fiscalização que tratouse de uma despesa não necessária, uma vez que a emissão do título foi pública, não necessitando de nenhuma intermediação; informou a Fiscalização que, em todas as aquisições, foram apropriadas despesas mensais decorrentes de pagamentos de taxas para a AREOP, denominadas FASPACE, a um percentual do montante dos títulos adquiridos; 1* concluiu a Fiscalização que tais despesas caracterizam liberalidade tendo sido glosados os valores demonstrados às fls.419/420. Glosa de despesas de IOF assumido por liberalidade: 2* a conta 4.2.01.01.630106 IOF/IOC Bancários possui lançamentos de despesa de IOF incidente sobre mútuos ativos de 2008; 3* tendo por base que o IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas a retenção, a Interessada foi intimada a justificar a contabilização desta despesa; 4* em resposta, a Interessada informou que foi firmado um acordo entre as partes (mutuário e mutuante) de que o valor do IOF incidente sobre os mútuos seria assumido pela mutuante (Construtora Sultepa S/A), razão pela qual o imposto foi registrado como despesa; foram anexadas cópias de todos os recolhimentos de IOF efetuados; com fundamento no artigo 4o do Decreto 6306 de 14/12/2007 (Lei 8894/94, art. 3o, inciso I e a Lei 9532/97, art. 58), no artigo 5o, inciso III do Decreto 6306/2007 (Lei 9779/99, artigo 13, parágrafo 2o), e no artigo 123 do CTN, foi glosada a despesa por caracterizar mera liberalidade; os valores estão demonstrados às fls.433/434. Infração 0002. Adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível. Foi verificada a falta de adição de valores negociados com credores referentes a juros e encargos sobre empréstimos e títulos em atraso. Tal fato decorreu da existência de contas no passivo que recebiam lançamentos a crédito, relativamente a juros, multas e outros encargos financeiros, indicando trataremse de dívidas não pagas pela Interessada. A Interessada foi intimada a informar se os valores de juros e multas sobre empréstimos com instituições financeiras, (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Citibank) e títulos de credores, (Remar Distribuidora de Asfalto Ltda e Betunel Indústria e Comércio Ltda) não pagos foram adicionados ao Lucro Real, uma vez que o caso se subordina ao que determina o artigo 342 do RIR/99, artigo 11, parágrafo 3°., e artigo 28, da Lei n°.9.430/96. Fl. 716DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 714 5 Com base nos dispositivos legais acima mencionados, concluiu a Fiscalização que todos os valores computados como despesa após a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução de débito devem ser adicionados no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL. Assim, quanto a cada uma das dívidas foi constatado o que segue. Passivo com o Banco do Brasil: a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução de débito foi 22/12/2004; 5* foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente, os valores de R$ 4.652.320,24 e R$ 3.137.228,03, que devem ser adicionados no LALUR e Base de Cálculo da CSLL; 6* por outro lado, em decorrência de leilões, repactuações e descontos concedidos pelo credor à Interessada, determinados montantes foram debitados à respectiva conta de passivo, devendo assim, os valores apresentados às fls.422/423 serem excluídos no LALUR e Base de Cálculo da CSLL, conforme explicitado às mesmas fls.422/423; 1* consta no anexo de fls.435, as adições e exclusões realizadas pela Fiscalização. Passivo com a Caixa Econômica Federal: 2* a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução do débito foi 23/08/2007; 3* assim, todas as despesas contabilizadas em 01/09/2007 foram adicionadas no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL; 4* foram adicionados os valores de R$1.261.424,03 (despesas do período de 01/09 a 31/12/2007) e R$4.611.315,09 (despesas de 01/01 a 31/12/2008), uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 5* a Interessada realizou uma negociação de seu débito junto à CEF em 07/05/2010, o qual gerou uma reversão de encargos financeiros de R$22.331.057,89, em razão do desconto concedido pela instituição, o qual, segundo a Interessada, foi registrado em conta de resultado tributável, sem exclusão no LALUR; 6* se este montante representou o único pagamento ou baixa de empréstimo, caberia a exclusão do IR e da CSLL do valor proporcional a quitação do débito, em 2010; 7* como apurou prejuízo fiscal, concluiu a Fiscalização que não caberia o tratamento de postergação do imposto. Passivo com o Citibank: Fl. 717DF CARF MF 6 a data da citação judicial do processo de execução ou cobrança do débito foi 09/06/2000; 8* assim, todas as despesas contabilizadas em 2007 e 2008 foram adicionadas no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL; 9* foram adicionados os valores de R$ 55.122,72 e R$ 14.822,77 registrados nos exercícios de 2007 e 2008 na conta de passivo do Citibank contrato 19749 e R$ 49.668,23 e R$ 13.356,04 registrados nos exercícios de 2007 e 2008 na conta de passivo do Citibank contrato 21001, referentes a encargos financeiros dos períodos citados; 10* por outro lado, em decorrência de desconto financeiro e parcelamento concedidos pelo credor, determinados montantes foram debitados à respectiva conta de passivo, devendo assim, os valores apresentados às fls.425 serem excluídos no LALUR e Base de Cálculo da CSLL, conforme explicitado na mesma fls.425; consta no anexo de fls.436, as adições e exclusões realizadas pela Fiscalização. Passivo com a Remar Distribuidora de Asfalto Ltda: 3* foram adicionados os valores de R$ 264.001,65 e R$ 183.361,82, uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 4* os pagamentos e descontos obtidos nos anos 2010 e 2011 foram as únicas baixas ocorridas nesta dívida; 5* cabe a exclusão na apuração do IR e da CSLL do valor proporcional à baixa do débito nestes anos; 6* contudo, como a Interessada apurou prejuízo em 2010 e 2011, não cabe o tratamento de postergação do imposto. Passivo com a Betunel Indústria e Comércio Ltda: 7* conforme a Interessada, a dívida com a Betunel foi ajuizada em 24/11/2003; 8* as partes fizeram acordo sobre a forma de pagamento em 17/01/2007, que prevê que o pagamento da dívida junto a Betunel fica vinculado ao recebimento de precatório do qual a Interessada é credora; 9* a Interessada, desde então, vem registrando a dívida nos mesmos índices que atualiza os precatórios; 10* acordouse que, se por ocasião do recebimento do precatório, este for inferior aos índices previstos no acordo, a Interessada deveria efetuar o pagamento complementar 10 dias após a liberação dos precatórios; 11* foram autuados os valores de R$ 1.797.036,14 e R$ 2.108.578,31, uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 12* como o acordo prevê o pagamento por ocasião do recebimento do precatório e este ainda não aconteceu, não há exclusão de qualquer parcela nos anoscalendário 2007 e 2008. Fl. 718DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 715 7 Às fls. 427/428 consta demonstrativo final das adições e exclusões referentes à esta infração. Infração 0003. Adições não computadas no lucro real. Reavaliação de bens. em 30/09/2007, a Interessada transferiu R$ 6.717.523,98 da conta 2.4.02.03.203594 Reaval. Sulcatarinense Ltda e R$3.931.329,20 da conta 2.4.02.03.203594 PN Turismo para a conta de lucros acumulados; estes valores não foram adicionados na apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL; intimada a apresentar a documentação comprobatória e a justificar a falta de adição na base de cálculo dos tributos, a Interessada informou que não efetuou a adição da realização da reserva de reavaliação reflexa ao alienar sua participação societária, pois esta realização não seria fato gerador de IRPJ e CSLL, mas sim mero ajuste contábil sem efeito no resultado; a documentação apresentada pela Interessada está descrita às fls.429/430; com base nesta documentação, relatou a Fiscalização que houve a realização (alienação, baixa ou liquidação), pela Interessada de parte do investimento na Sulcatarinense Mineração, Artefatos de Cimento, Britagem e Construção Ltda, no percentual de 93,39%, conforme detalhado às fls.429/431; com base na mesma documentação, concluiu que ocorreu para a Interessada aumento do ativo (recebimento de bens ou direitos) e redução no passivo (assunção de dívida por terceiro) por conta da baixa do investimento, cujo valor patrimonial era composto também por reserva de reavaliação; assim, com fundamento no art. 390, § 2°, do RIR/99; art. 2o, § 1°, alínea "c", item "2", da Lei n° 7.689/88; e art. 4o da Lei n° 9.959/2000, a Fiscalização procedeu à adição de 93,39% da reserva de reavaliação reflexa transferida para lucros acumulados, em 30/09/2007, isto é, 93,39% de R$10.648.853,18 = R$9.944.963,98. ....... Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal da qual teve ciência do lançamento em 19/12/2012, a Interessada apresentou em 18/01/2013 impugnações ao IRPJ e à CSLL, fls.467/482 e 537/552, instruídas por documentos, nas quais argúi: 1* quanto à infração 0001, as despesas foram necessárias, uma vez que referiramse à comissão paga à AREOP Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas por ocasião da operação para pagamento da dívida que o DAER mantinha com a Interessada e outras empreiteiras; 2* o setor da construção pesada é um dos mais, se não o mais sensível setor da economia, no que diz respeito às relações governamentais; Fl. 719DF CARF MF 8 3* além dos valores elevados das obras públicas decididas pelos governos, sempre objeto de contestação de algum grupo, como é próprio do regime democrático, essas empresas dependem umbilicalmente do Estado, em suas três esferas, mas sempre com a preponderância do Estado federado, em razão de quase a totalidade de seus serviços serem prestados para órgãos governamentais; a relação, assim, é delicada e tormentosa, agravada pela eventual impossibilidade de o Estado saldar as faturas das obras, gerando naturais conflitos e impossibilidades de resgate de compromissos, em cadeia que termina se estendendo aos fornecedores das empreiteiras; a AREOP existe, entre outras funções, para justamente intermediar essas relações; 13* para os governos, igualmente, resta facilitada a tarefa da negociação, na medida em que pode realizar a interlocução com apenas um representante das empreiteiras, em prol da boa continuidade das obras e da manutenção, na medida do possível, da higidez financeira das empresas, como ocorreu no caso aqui debatido; 14* no presente caso, a forma de pagamento proposta pelo Estado resultou numa engenharia financeira consistente na aquisição de debêntures da CADIP Caixa de Assistência da Dívida Pública Estadual S.A, que é uma sociedade de economia mista, controlada pelo Estado do Rio Grande do Sul, e tem por finalidade auxiliar o Tesouro Estadual na administração da dívida pública; 15* para isso, está autorizada a emitir debêntures para possibilitar, ainda que indiretamente, o pagamento de credores do Estado ou, como no caso presente, credores do DAER conforme reza seu Estatuto Social; 16* o FASPACE é um fundo criado pelas empreiteiras do Rio Grande do Sul no âmbito da AREOP, com o objetivo de segregar receitas da entidade para fins específicos, como por exemplo a ampliação ou aquisição da nova sede, receitas essas advindas de atividades também relacionadas no Regulamento do FASPACE (doc. 02), conforme transcrito às fls.468; 17* as empresas outorgam uma procuração (doc.03) para a AREOP, com a finalidade específica de receber os valores do DAER e, automática e como predeterminado pelo Estado, adquirir as debêntures da CADIP, fazendo com o que os valores voltem imediatamente para o Tesouro Estadual via CADIP mas permitindo a negociação dos títulos pelas empresas no mercado, aliviando, assim, a situação de premência financeira dessas e, ao mesmo tempo, mantendo hígido o Tesouro Estadual; 18* a declaração firmada pela AREOP (doc.04) comprova os fatos relatados; 19* a intermediação da AREOP não se deu para a mera aquisição de debêntures; 20* como visto, a atuação da AREOP foi mais complexa, pois, primeiro recebe os valores do DAER, negociados exaustivamente com o Governo, sob a condição expressa de adquirir, ato contínuo, as debêntures, que depois são negociadas também em blocos pela AREOP, alcançando melhor condição de negócio para as empresas, sem contudo evitar o evidente "deságio" entre o Fl. 720DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 716 9 valor de face das debêntures e a efetiva receita, ao final, decorrente da venda desses títulos; 21* por tudo isso, a intermediação da AREOP e do fundo FASPACE, foi necessária, bem como as operações concernentes, havendo de se considerar o pagamento da comissão à AREOP (FASPACE), plenamente justificável e necessário; 22* quanto à glosa referente a despesas de IOF, a Lei 9779/99 apenas determina a responsabilidade pelo recolhimento e não faz referência a qualquer obrigação a que se carregue ao mutuário o ônus do tributo; 23* por sua vez, a Lei 9.532/97 trata das operações de factoring, não se aplicando ao caso presente; 24* a Lei 8.894/94 é que poderia indicar uma obrigação expressa, e não transferível segundo o Auto de Infração de o mutuário suportar o ônus do imposto; 4* ocorre que, a regra do artigo 123 do CTN, mencionada no Auto de Infração, de que as convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento dos tributos não se aplicam ao Fisco, não trata do ônus do imposto, mas sim da proibição de, por convenção particular, modificar a responsabilidade pelo pagamento, isentandose da obrigação quem a lei manda recolher; 5* como nada disso ocorreu, a despesa pode ser atribuída à mutuante, pois não infringe a norma mencionada no Auto de Infração; 6* quanto à infração 0002, a legislação utilizada pela Fiscalização, Lei 9.430/96, art. 11, §3° e RIR/99 art. 342, § 3o, determina, em realidade, que sejam adicionados os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo; 7* o tempo verbal está inequivocamente no passado, portanto podese afirmar que somente os juros que foram considerados como despesa até a citação inicial devem ser adicionados, nada referindo quanto aos juros incorridos após a citação inicial; simplesmente não há tratamento para os juros incorridos após a citação inicial; o eventual entendimento de que os juros devem ser adicionados à base de cálculo do Lucro Real atenta quanto ao conceito de renda ou proventos, em violação ao art. 43 do CTN; a citação inicial não importa em alguma disponibilidade para o devedor; 8* a citação inicial muda o estado da relação obrigacional, mas para aproximar ainda mais o desembolso por parte do devedor; 9* em termos de cobrança da dívida, o ajuizamento da ação pelo credor é mais do que não haver a ação judicial; Fl. 721DF CARF MF 10 10* a melhor interpretação é no sentido que o art. 342 do RIR/99 se refere a situações em que parte dos juros não é objeto da ação judicial de cobrança e, aí sim, haveria uma disponibilidade jurídica daquele numerário, porque ocorreria uma mudança na relação obrigacional, pois se não há o pedido na lide posta em juízo, haverá trânsito em julgado também com relação aos juros, mas a favor do devedor, por força do art. 474 do CPC, fenômeno conhecido como força preclusiva da coisa julgada; 11* o débito cobrado em juízo é uma não renda, não podendo servir de base para o Imposto de Renda e muito menos para a CSLL, e sua incidência com lucro líquido; assim, somente os juros que deixarem de ser cobrados em juízo, a partir da citação inicial, é que devem ser adicionados ao LALUR, o que não é o caso dos processos referidos no Auto de Infração; requer perícia contábil para com o perito e quesitos apontados às fls.477; quanto à infração 0003, não há base legal para o respectivo lançamento, uma vez que das regras apontadas pela Fiscalização não decorre a exigência contida no Auto de Infração. Quanto à CSLL, acrescentou que não há base legal para as glosas. Diante da defesa apresentada, a DRJ julgou improcedentes os argumentos do contribuinte, restando a decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 DESPESA DESNECESSÁRIA. Caracterizamse como despesas desnecessárias aquelas ligadas a práticas sem propósitos empresariais. DESPESA DESNECESSÁRIA. GLOSA. A contabilização de despesas sem propósito empresarial implica inobservância do princípio contábil da entidade, devendo ensejar a glosa da despesa comprovadamente desnecessária no cálculo do lucro líquido da entidade, afetando, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. FORÇA PROBANTE. A escrituração contábil mantida com observância das disposições legais somente faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados se forem comprovados por documentos hábeis e idôneos, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. ÔNUS DA PROVA. Tendo por base que as despesas, perdas e exclusões têm o condão de reduzir o lucro líquido e, consequentemente, o crédito tributário, é ônus da contribuinte comproválas de forma irrefutável. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. LUCRO REAL. Fl. 722DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 717 11 A Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado. Art. 4° da Lei n° 9.959/2000. LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo o lançamento da CSLL de infração constatada na autuação do IRPJ, o julgamento daquela segue a mesma sorte deste, em virtude da relação de causa e efeito que os une. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Em virtude da decisão desfavorável, conforme ementa acima colacionada, a Interessada apresenta Recurso Voluntário, no qual repisa os argumentos dispendidos em sua Impugnação. Este é o relatório. Fl. 723DF CARF MF 12 Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Seguindo a seqüência utilizada pela Fiscalização na lavratura do auto de infração, a Recorrente repisa os argumentos trazidos em sua impugnação no Recurso Voluntário em análise, de tal forma que, para facilitar as razões desta decisão, seguirseá a mesma orientação. 1. Da infração 0001. Despesas não necessárias A Recorrente teve glosadas despesas pela Fiscalização, vinculadas à intermediação de aquisição de debêntures (corretagem), bem como despesas de IOF, em situação que a Recorrente era a mutuante, não mutuária, à luz do disposto no art. 3º da Lei nº 9.249/95 e arts. 247, 248, 249, incisos I, 251, 277, 278, 299 e 300 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, concluindose que as mesmas eram desnecessárias. A DRJ corroborou esse entendimento, mantendo a glosa. 1.1 Despesas com corretagem Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente relata que as despesas com corretagem eram necessárias, uma vez que não tinha à disposição outra forma de atuação para o recebimento de valores que lhe eram devidos pelo DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem que não fosse a operação financeira, proposta pelo Estado, na qual a Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S/A – CADIP emitia debêntures, subscritas e adquiridas pela Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas – AREOP representando os associados, como é o caso da Recorrente, mantendoas em custódia. Esclarece, ainda, que o FASPACE é um fundo criado pela empreiteiras do Estado do Rio Grande do Sul no âmbito da AREOP, com o objetivo, dentre outros de “acompanhamento dos pagamentos efetuados pelo Governo do Estado às empresas associadas e serviços de assessoria e intermediação na captação de recursos junto ao Sistema Financeiro nacional e internacional”. Toda essa estrutura, segundo a Recorrente, existe para facilitar a tarefa de negociação entre os associados, através de seu representante, e os governos e que a intermediação da AREOP é determinante para o bom desfecho de cada operação. Contudo, apenas parte das associadas utilizase desse tipo de intermediação e, por esta razão, deveria ser por elas remunerado, justificandose os pagamentos realizados pela Recorrente, bem como a sua necessidade para o fim almejado, qual seja, receber do DAER. Sem ingressar no mérito da operação financeira, e dos meios empregados pela Recorrente no caso concreto, fato é que as alegações formuladas em Recurso Voluntário não foram acompanhadas de documentos hábeis para fazer provas sobre os fatos ocorridos. Não há qualquer documento oriundo do Estado do RS, DAER ou CADIP que comprovem que a operação financeira em questão era necessária para que a Recorrente pudesse receber por Fl. 724DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 718 13 dívidas que o DAER possuía com a Recorrente e, desta forma, que as despesas decorrentes seriam dedutíveis para fins tributário. Vejase o que dispõe o art. 299, do RIR/99: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. É fato que o recebimento de dívidas decorrentes de serviços prestados pela Recorrente são necessárias à manutenção da fonte produtora de receitas, o que abrange as dívidas a serem recebidas em relação ao DAER. Contudo, a taxa paga a título de FASPACE, no caso concreto, a título de corretagem, não se enquadra em uma despesa operacional admitida como usual ou normal às atividades da Recorrente, ou necessária para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da Recorrente e, por essa razão, não estão amparadas na legislação do Imposto de Renda para serem consideradas dedutíveis no caso concreto. Não é outro o entendimento desta Turma Julgadora, conforme se denota da decisão a seguir colacionada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. A dedutibilidade das despesas na apuração do lucro real sujeitase a comprovação, mediante documentação hábil e idônea, onde fiquem evidenciados, dentre outros requisitos, a indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento e a individualização do beneficiário desse rendimento. Excluemse da exigência os valores comprovados por meio da impugnação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Lavrado o auto principal deverão ser também formalizadas as exigências decorrentes, dada a intima relação de causa e efeitos que as vincula. Translada se as autuações reflexas a mesma orientação decisória adotada quanto ao lançamento matriz. Fl. 725DF CARF MF 14 (Acórdão de Recurso Voluntário nº 1402002.297, Rel. Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Sessão de 13 de setembro de 2016, Processo nº 10821.000620/9998 ) Desta forma, voto por manter a indedutibilidade das despesas em questão. 1.2 Despesas com IOF Quanto às despesas com o IOF, a Recorrente, em seu recurso voluntário, faz uma interpretação equivocada do disposto no art. 13, da Lei 9779/99, a seguir transcrito: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1º Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2º Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. § 3º O imposto cobrado na hipótese deste artigo deverá ser recolhido até o terceiro dia útil da semana subseqüente à da ocorrência do fato gerador. A teor no contido no § 2º, do art. 13, acima transcrito, a Recorrente, na qualidade de mutuante, é a responsável pela cobrança e recolhimento do IOF. Não é a contribuinte do IOF devido na operação de mútuo. Contribuinte é a mutuária, na qualidade de tomadora do crédito, à visto do disposto no art. 3º, inciso I, c/c art. 2º, inciso I, ambos da Lei 8894/94. Vejase: Art. 3º São contribuintes do imposto: I os tomadores de crédito, na hipótese prevista no art. 2º, inciso I; (...) Art. 2º Considerase valor da operação: I nas operações de crédito, o valor do principal que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; Desta forma, ao assumir, por liberalidade, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, concluise que a Recorrente não faz jus à dedutibilidade dos valores pagos a título de IOF, corroborandose o posicionamento da Fiscalização e da r. decisão recorrida. Assim, voto por manter a indedutibilidade das despesas em questão. 2. Da infração 0002. Das adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível. Fl. 726DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 719 15 2.1 Não adição no LALUR de juros e encargos sobre empréstimos e títulos em atraso A Recorrente possuía débitos contabilizados junto a bancos e empresas e, tendo negociado com seus credores, deixou de adicionar os juros e encargos sobre os empréstimos e títulos em atraso na apuração do lucro real. Vejamos o disposto no art. 11, § 3º e 28, ambos da Lei 9430/96, repetidos no art. 342, do RIR/99: Art. 11. Após dois meses do vencimento do crédito, sem que tenha havido o seu recebimento, a pessoa jurídica credora poderá excluir do lucro líquido, para determinação do lucro real, o valor dos encargos financeiros incidentes sobre o crédito, contabilizado como receita, auferido a partir do prazo definido neste artigo. § 1º Ressalvadas as hipóteses das alíneas a e b do inciso II do § 1º do art. 9º, o disposto neste artigo somente se aplica quando a pessoa jurídica houver tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito. (Redação vigente à época dos fatos) § 2º Os valores excluídos deverão ser adicionados no período de apuração em que, para os fins legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou em que reconhecida a respectiva perda. § 3º A partir da citação inicial para o pagamento do débito, a pessoa jurídica devedora deverá adicionar ao lucro líquido, para determinação do lucro real, os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo, incorridos a partir daquela data. § 4º Os valores adicionados a que se refere o parágrafo anterior poderão ser excluídos do lucro líquido, para determinação do lucro real, no período de apuração em que ocorra a quitação do débito por qualquer forma. (grifamos e sublinhamos) Art. 28. Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24, 26, 55 e 71, desta Lei. (Redação vigente à época dos fatos) A Recorrente, ao interpretar o disposto no § 3º, acima transcrito, equivocase em suas conclusões. Na apuração do lucro contábil, a contabilidade da Recorrente, necessariamente, deverá considerar como despesa ou custo os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago, mesmo que não tenha ocorrido, de fato, o pagamento de tais valores aos credores, em respeito ao regime de competência. Fl. 727DF CARF MF 16 Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago), há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96, acima transcrito) determinando que esses encargos devem ser adicionados, via LALUR. O ponto relevante é a questão temporal. A norma traz que a partir da citação inicial para o pagamento do débito é que a adição deverá ocorrer, caso o débito não tenha sido pago e, na apuração do lucro contábil, o contribuinte tenha deduzido como despesas ou custos os encargos incorridos a partir da citação inicial. Essa a razão do tempo verbal no passado, uma vez que primeiro o contribuinte apura o lucro contábil e, posteriormente, faz os ajustes para a apuração do lucro real com as exclusões e adições no LALUR. Não há qualquer problema de interpretação na norma posta se se entender o funcionamento e a aplicação das normas contábeis. Por outro lado, se o débito for pago, o § 4º, do art. 11, acima transcrito, determina que o contribuinte faça a exclusão, ou seja, o pagamento efetivo do débito permite a dedutibilidade dessa despesa para fins de apuração do lucro real. No caso concreto, não há comprovação da Recorrente, nos autos, que tenha efetivamente pago a seus credores o débito cobrado judicialmente no período fiscalizado e, desta forma, correta a determinação de adição dos encargos incorridos a partir da citação inicial na apuração do lucro real via LALUR. 2.2 Não adição no LALUR de reversão da reserva de reavaliação Pelas informações e documentos que instruem os autos, a Recorrente apresentou, em momento oportuno, uma operação societária na qual ocorreu o distrato social na empresa PN Turismo Ltda., extinguindoa, da qual a Recorrente era sócia quotista com participação de 54,13%. Pela extinção da sociedade, a Recorrente recebeu cotas de outra empresa, no caso, 5.789.383 cotas da empresa Sulcatarinense Mineração, Artefatos de Cimento, Britagem e Construção Ltda., no valor de R$ 6.403.747,83, ampliando a sua participação, nesta empresa, para 15.681.531 cotas. Teve, também, baixado um mútuo com a PN Turismo Ltda. no importe de R$ 592.835,78. Ou seja, por sua participação de 54,13% na empresa PN Turismo Ltda., a Recorrente recebeu o valor final de R$ 6.996.583,61, o qual não é objeto do auto de infração em exame. Mediante um acordo firmado entre pessoas físicas, ficou determinado e, posteriormente, implementado, a venda de 5.410.153 quotas pertencentes à Recorrente para a empresa Casaverde Participações e Incorporações Ltda., pelo valor de R$ 5.984.343,84. Ficou acordado, ainda, que o capital social da empresa Sulcatarinense Mineração. seria reduzido, com o resgate de 9.235.833 cotas pertencentes à Recorrente mediante a entrega de área de terras (mina) na cidade de Biguaçu/SC, de tal forma que, ao final da operação societária, a Recorrente remanesceria como sócia da Sulcatarinense Mineração pela manutenção de 1.035.545 quotas do capital social. Ou seja, a Recorrente reduziu a sua participação na empresa Sulcatarinense Mineração de 15.681.531 cotas para 1.035.545 quotas do capital social, o que perfez a realização de 93,39% de sua participação, conforme apontado pela fiscalização. Fl. 728DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 720 17 A Fiscalização apontou, no Relatório de Ação Fiscal, fl. 428, que em 30/09/2007 a Recorrente transferiu R$ 6.717.523,98 da conta “2.4.02.03.203594 – Reaval. Sulcatarinense Ltda” e R$ 3.931.329,20 da conta “2.4.02.03.203594 – PN Turismo” diretamente para a conta de lucros acumulados, sem passar tais valores por contas de resultado. Assim, considerando que a participação (investimento) da Recorrente na PN Turismo foi realizada pela extinção desta empresa e a participação (investimento) da Recorrente na Sulcatarinense Mineração foi parcialmente realizada, conforme descrito acima, a adição da reserva de reavaliação contabilizada, nas contas acima indicadas, deveria ter sido oferecida à tributação, no proporção de sua realização, nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99. Finalmente, em relação ao pedido de perícia formulado pela Recorrente, coube a este apresentar prova documental hábil e demonstração clara, pontual e exauriente de que ter, por exemplo, efetivamente pagado a seus credores o débito cobrado judicialmente no período fiscalizado, ou ainda, que comprovem que a operação financeira em questão era necessária para que a Recorrente pudesse receber por dívidas que o DAER (Estado do RS, CADIP...) possuía. No caso concreto, entendo que o recurso voluntário não trouxe novos elementos probatórios suficientes para afastar a autuação e reformar a decisão de primeira instância. Da mesma forma que o pedido de perícia reclamado pelo contribuinte passa a ter espaço quando não se preste à produção de provas que devem ser apresentadas por ele próprio junto com a defesa. No caso em tela, os documentos acostados ao processo e os esclarecimentos prestados tanto pelo fisco como pelo contribuinte foram suficientes para a convicção do julgador, não sendo necessária informação adicional para solução da lide. Assim, voto por manter as adições na apuração do lucro real da Recorrente, nos moldes realizados pela Fiscalização e confirmados na r. decisão recorrida, afastando os argumentos dispostos pela Recorrente em seu Recurso Voluntário. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator Fl. 729DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001334/2003-59
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO.
Não comprovada a existência do direito creditório pleiteado, não podem ser homologadas as compensações pleiteadas em declaração de compensação.
IR FONTE. COMPENSAÇÃO.
O imposto de renda retido na fonte representa antecipação do imposto devido em cada período de apuração, não sendo compensável à título de saldo negativo de períodos anteriores.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS.
As alegações de fato argüidas no curso do processo administrativo fiscal devem estar alicerçadas em provas inequívocas sob pena de figurar apenas no campo das alegações sem fundamento.
Numero da decisão: 1803-000.660
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: WALTER ADOLFO MARESCH
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INTERNACIONAL LTDA Recorrida 3ª TURMA DRJ SÃO PAULO/SP I ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO. Não comprovada a existência do direito creditório pleiteado, não podem ser homologadas as compensações pleiteadas em declaração de compensação. IR FONTE. COMPENSAÇÃO. O imposto de renda retido na fonte representa antecipação do imposto devido em cada período de apuração, não sendo compensável à título de saldo negativo de períodos anteriores. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS. As alegações de fato argüidas no curso do processo administrativo fiscal devem estar alicerçadas em provas inequívocas sob pena de figurar apenas no campo das alegações sem fundamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira De Moraes - Presidente. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 2 (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch - Relator. EDITADO EM: 24/11/2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Benedicto Celso Benício Júnior, Sérgio Rodrigues Mendes, Luciano Inocêncio dos Santos, Walter Adolfo Maresch e Marcelo Fonseca Vicentini. Relatório LESCHACO AGENTE DE TRANSPORTES COM. INTERNACIONAL LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ SÃO PAULO/SP I, interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ. Por meio das Declarações de Compensação de fls. 01/02 e 105, a empresa pretende compensar seus débitos tributários com saldos negativos de IRPJ e de CSLL apurados no ano-calendário de 2001. Em Despacho Decisório de fls. 340/355, a DERAT/SPO/DIORT homologou apenas parcialmente as compensações declaradas. Em 12/05/2008, a contribuinte tomou ciência dessa decisão (fl. 355) e, em 11/06/2008, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 390/399 e 402/1409), alegando, em síntese, que: - Como o pedido de restituição data de 09/08/2002, o fisco tinha até 09/08/2007 para realizar a sua análise. - Frise-se que as declarações de compensação foram formalizadas em 13/05/2003, todavia jamais se poderia confundir a data do protocolo da restituição com a data da realização do procedimento compensatório. - Em razão da decadência (artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional), que acarretou a perda do direito de a Fazenda apreciar o pedido de restituição protocolado, há que ser decretada a extinção do crédito tributário vislumbrado pelo fisco. - Ademais, a autoridade administrativa procedeu a ajustes referentes a fatos - geradores fulminados pela decadência (anos- calendário de 1996 a 1999), o que é vedado pela legislação. - Como é sabido, a Administração Tributária tem a prerrogativa de proceder á revisão das informações prestadas pelo contribuinte atinentes à ocorrência de fatos imponíveis e quantificações do tributo devido no prazo de cinco anos, consoante o artigo 150, § 4 0, do CTN. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13811.001334/2003-59 Acórdão n.º 1803-000.660 S1-TE03 Fl. 489 3 - Assim, o fisco poderia apenas fazer juízo de valor em relação ao período não fulminado pela decadência. - A autoridade administrativa reconstitui a ficha 13 da DIPJ/2000, e conclui que a defendente possuía saldo a pagar no período Em outras palavras, o fisco menciona IR devido em 1999 e não realiza o lançamento justamente em razão da ocorrência da decadência do seu direito de constituir AIIM. - A decisão administrativa se baseou em prova precária a reputar o valor constante nas DIRF, sem a intimação do contribuinte para apresentar os informes de rendimentos que legitimam o crédito do IRRF referente aos anos de 1999, 2000 e 2001. - Para comprovação do referido IRRF, segue cópia do Razão. - Em relação ao ano-calendário de 2000, verifica-se que não foi considerado o valor do PAT, linha 05 da ficha 12A da DIPJ/2001. A contribuinte apresentou ainda petição de fls. 448/452. A DRJ SÃO PAULO/SP I, através do acórdão 16-19.727, de 03 de dezembro de 2008 (fls. 128/133), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano- calendário . 2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. A argüição de que haveria pedido de restituição protocolado em 09/08/2002 não se encontra alicerçada em elementos fálicos, posto que a formalização do processo se deu em data posterior, em virtude de apresentação de declaração de compensação. PRAZO PARA APRECIAÇÃO DO CRÉDITO. A análise do crédito em favor do sujeito passivo para extinção dos débitos fiscais a ele vinculados por meio das declarações de compensação não se sujeita ao prazo previsto no artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPROVAÇÃO. IRRF. Para a determinação do saldo negativo do IRPJ decorrente de IRRF, imprescindível a comprovação dessas retenções, bem como seja demonstrado o cômputo no lucro real dos rendimentos que as teriam originado. O aproveitamento, quando da aferição da veracidade do crédito invocado, de valores de IRRF informados pelas fontes pagadoras em DIRF objetivou suprir a carência de provas, que deveriam ter sido apresentadas pelo sujeito passivo que alega o direito. SALDO NEGATIVO DO ANO-CALENDÁRIO PRECEDENTE UTILIZADO PARA COMPENSAR IMPOSTO POR Fl. 3DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 4 ESTIMATIVA. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR. Considerada a dedução de valor concernente ao Programa de Alimentação do Trabalhador feita no ano-calendário de 2000, ainda assim não se vislumbra saldo negativo nesse período para que se pudesse efetuar a compensação de imposto por estimativa do ano-calendário de 2001. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Dada a ausência de provas quanto à existência do saldo negativo em montante superior ao já reconhecido pelo órgão administrativo ,o não se homologam as compensações em litígio. Solicitação Indeferida Ciente da decisão em 24/12/2008, conforme Aviso de Recebimento - AR (fl. 467.v), apresentou em 23/01/2009 o recurso voluntário de fls. 468/485, onde reitera os termos da inicial de que deve ser reconhecido o direito creditório pois o mesmo compreende créditos dos anos calendários 1996 a 1999 e que repercutem nos demais períodos analisados. Que é defeso à Administração Tributária revisar valores de períodos já decaídos. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13811.001334/2003-59 Acórdão n.º 1803-000.660 S1-TE03 Fl. 490 5 Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de Declaração de Compensação, cujo direito creditório se refere ao saldo negativo de IRPJ e CSLL do ano calendário 2001, apresentada em 13/05/2003 e cujo despacho decisório de indeferimento foi cientificado em 12/04/2008 (fl. 358). Foi reconhecido integralmente o direito creditório de CSLL e negado parcialmente o direito creditório relativo ao IRPJ. Argui a recorrente que a Administração Tributária não poderia revisar períodos anteriores já decaídos (1999 e 2000) para efeito de verificação do direito creditório pois tal procedimento equivaleria a um lançamento, bem como deve ser considerado que compõe o saldo negativo de 1999, valores oriundos dos anos calendários 1996, 1997 e 1998. Não assiste razão à interessada. Com efeito, efetivamente a Administração Tributária em seu despacho decisório (fls. 340/355), ao apreciar o direito creditório relativo ao ano calendário 2001, analisou ao mesmo tempo as DIPJ dos anos calendários 1999 e 2000, concluindo inexistir direito creditório relativo a estes anos calendários e que foram utilizados para extinção de estimativas do ano calendário 2001. Ocorre que ao contrário do que afirma a recorrente, conforme se verifica da DIPJ do ano calendário 1999 (fl. 124) não há qualquer saldo devedor de IRPJ apurado pela própria declaração entregue pela contribuinte. Já no ano calendário 2000, concluiu o exame de que foram recolhidos valores de estimativas em valor bem inferior ao declarado na DIPJ desse ano. A afirmação de que existiam outros direitos creditórios relativos aos anos calendários 1996, 1997 e 1998, além de não estarem devidamente comprovados pelas respectivas DIPJ e assentamentos contábeis, não podem ser levados em conta pois cada período de apuração é independente e assim deve ser tratado para efeito de pedido de repetição de indébito. Se a própria contribuinte não apurou saldo negativo de IRPJ em sua DIPJ do ano calendário 1999, não pode querer opor outros valores que não foram apurados para efeito de cálculo do direito creditório nos períodos subseqüentes (2000 e 2001). Por outro lado, a simples existência de imposto de renda na fonte de exercícios anteriores (valores não comprovados devidamente) não é suficiente pois o imposto de renda na fonte por si só não representa direito creditório mas tão somente antecipação do imposto de renda devido em cada período de apuração. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 6 O suposto razão contábil apresentado às folhas 426/447 não evidencia a apuração dos saldos negativos de cada período de apuração e tampouco comprova a origem do saldo de R$ 172.462,67 indicado no início da relação de imposto de renda na fonte. Outrossim, ao contrário do que afirma a recorrente, não se trata de revisar as DIPJ de períodos já decaídos mas tão somente verificar se existem os valores que foram informados na DIPJ e que poderiam dar suporte para o direito creditório pleiteado na Declaração de Compensação. Tivesse a Administração Tributária alterado o imposto devido na DIPJ dos anos calendários 1999 e 2000 aí sim se estaria diante de uma prática vedada pois implicaria a revisão de período já decaído. Assim, utilizou a Administração Tributária os valores de imposto de renda retido na fonte efetivamente declarados pelas fontes pagadoras e os valores de IRPJ estimado efetivamente recolhidos em cada período, não demonstrando e tampouco comprovando a recorrente haver qualquer equívoco nos valores apurados. Destarte, não comprovada a existência de saldos negativos de períodos anteriores que teriam sido utilizados pela recorrente e tampouco saldo negativo de IRPJ suficiente no ano calendário 2001 para gerar o direito creditório pleiteado há de se negar o recurso voluntário. Ante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado eletronicamente) Walter Adolfo Maresch - Relator Fl. 6DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH
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