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Numero do processo: 10111.000673/2006-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/08/2006
OMISSÃO. EMBARGO. CABIMENTO.
Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015.
MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO.
Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considera-se incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa.
PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO.
Não consubstanciam práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas a adoção de entendimentos exarados por atos administrativos baixados pela RFB, quando obedecida a sua vigência e a aplicação contemporânea aos casos concretos submetidos, não havendo razão para exoneração de multa e juros, com base no art. 100 do Código Tributário Nacional.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3401-003.512
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, reconhecendo-se as omissões, que foram supridas pelo colegiado, sendo rejeitada a demanda pela aplicação, ao caso, do artigo 100 do Código Tributário Nacional (CTN), e não conhecida a alegação de aplicação do artigo 146 da mesma codificação, por preclusão. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos votaram pelas conclusões, porque analisavam a alegação referente ao artigo 146 do CTN, e a rejeitavam, no mérito.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 25/08/2006 OMISSÃO. EMBARGO. CABIMENTO. Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015. MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO. Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considera-se incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa. PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO. Não consubstanciam práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas a adoção de entendimentos exarados por atos administrativos baixados pela RFB, quando obedecida a sua vigência e a aplicação contemporânea aos casos concretos submetidos, não havendo razão para exoneração de multa e juros, com base no art. 100 do Código Tributário Nacional. Embargos rejeitados.
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EMBARGO. CABIMENTO. Verificado vício de omissão nas decisões exaradas em segunda instância administrativa, cabíveis embargos de declaração, nos moldes do art. 65 do RICARF/2015. MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. VERIFICAÇÃO. Constatada a ausência de questionamento em impugnação, in casu, a modificação de critério jurídico do lançamento, considerase incontroversa a matéria, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, não sendo admissível a renovação da altercação em sede recurso voluntário, por verificação da preclusão consumativa. PRÁTICAS REITERADAS. INEXISTÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. DESCABIMENTO. 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Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos votaram pelas conclusões, porque analisavam a alegação referente ao artigo 146 do CTN, e a rejeitavam, no mérito. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Tratase de auto de infração de classificação fiscal relativo a mercadoria constante da DI 06/10187630, abrangendo multa por erro de classificação e diferenças de tributos. A impugnação argumentou a nulidade do lançamento, por inépcia; discorreu sobre o equipamento importado; defendeu a classificação fiscal adotada, com fulcro em laudo técnico; deduziu razões de ordem econômica para improcedência da autuação; e, aduziu o descabimento das multas e dos juros de mora, com fulcro no art. 100, III, parágrafo único do Código Tributário Nacional. O julgamento foi convertido em diligência para juntada de cópias de processos judiciais atinentes à questão (MS 2004.34.00.0066088 e AO 0053926 61.2010.4.01.3400) Uma vez cumprida a diligência determinada, a DRJ Fortaleza/CE manteve o lançamento em decisão assim ementada: “INÉPCIA DO LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É válido o lançamento cuja descrição das ocorrências e enquadramento legal permitam a perfeita compreensão dos fatos pelo autuado, mormente quando a realização de diligência oportuniza dirimir eventuais dúvidas. DILIGÊNCIA. JUNTADA DE DOCUMENTOS ANTERIORES AO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. Quando da realização de diligência, é admissível que a fiscalização junte novos documentos para esclarecer os fatos em causa, ainda que tenham sido produzidos antes do lançamento. Fl. 1240DF CARF MF Processo nº 10111.000673/200660 Acórdão n.º 3401003.512 S3C4T1 Fl. 11 3 DOCUMENTO GRAFADO EM IDIOMA ESTRANGEIRO. AUSÊNCIA DE TRADUÇÃO JURAMENTADA. ADMISSIBILIDADE. A ausência de tradução juramentada de documento grafado em idioma estrangeiro não impede sua utilização nos autos, desde que fique demonstrada a ausência de prejuízo para as partes envolvidas. TERMINAL MÓVEL DE COMUNICAÇÃO DO SISTEMA OMNISAT. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O Terminal Móvel de Comunicação do Sistema OmniSAT se enquadra no código 8526.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul, pois se trata de uma combinação de máquinas cuja função principal é desempenhada pelo receptor GPS nele inserido, que fornece as informações necessárias para a supervisão do deslocamento do veículo em que ele é instalado. ERRO NA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE PRODUTO IMPORTADO. MULTA ESPECÍFICA. DIFERENÇAS DE TRIBUTOS. O erro na classificação fiscal de mercadoria importada configura infração punível com multa específica, sem prejuízo da cobrança de ofício das diferenças de tributos eventualmente apuradas, com os acréscimos legais. COSTUME ADMINISTRATIVO. PUBLICAÇÃO DE ATO FIXANDO O ENTENDIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO. FATOS POSTERIORES. Diante da publicação de ato que fixe entendimento diferente do que vinha sendo aceito pela Administração anteriormente, não há falar em costume administrativo em relação aos fatos posteriores a esse ato.” Em recurso voluntário o contribuinte, como preliminar, argüiu a impossibilidade de juntada de documentos e esclarecimentos pela autoridade preparadora e a invalidade de documentos em língua estrangeira. No mérito, teceu considerações sobre suas atividades e o equipamento importado; defendeu a inaplicabilidade da classificação adotada para aparelhos de radionavegação; citou precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e soluções de consulta de aparelhos similares; abordou os laudos técnicos apresentados; e, rechaçou a possibilidade de alteração do critério jurídico e também o cabimento das multas e dos juros respectivos. Alicerçada na informação de opção pela via judicial, consubstanciada na Ação Ordinária nº 004787847.2014.4.01.3400, Seção Judiciária do Distrito Federal, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a 1ª Turma Especial, através do Acórdão 3801004.299, de 17/09/2014, declarou a concomitância das discussões e não conheceu do recurso voluntário. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs embargo de declaração alegando omissão do julgado quanto à impossibilidade de modificação de critério jurídico e a inaplicabilidade das multas e juros moratórios, matérias não deduzidas perante o Poder Judiciário. Os embargos foram admitidos pelo presidente do colegiado argüido e, posteriormente, redistribuídos por sorteio, em função de reorganização do órgão, promovida pela Portaria MF 343/2015. É o relatório. Fl. 1241DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Os embargos de declaração manobrados preenchem os requisitos formais de admissibilidade. Preamburlamente, cabe examinar o objeto da demanda judicial instalada e a sua coincidência com as questões postas no contencioso administrativo, bem assim os efeitos processuais daí decorrentes, para então verificar a existência da ventilada omissão. Consoante petição inicial juntada aos autos, o pedido do recorrente, na esfera judicial, no que tange ao mérito, consistiu na i) declaração de inexistência de relação jurídico tributária que autorizasse a União a exigir a classificação na posição 8526.91.00 da NCM, ii) o reconhecimento do direito de classificar o produto importado na posição 8517.62.71 e, ainda, iii) a determinação da anulação dos autos de infração que cita, dentre eles, o albergado pelo presente processo. Em 26/06/2015 foi proferida sentença julgando procedente o pedido formulado, estando o dispositivo vazado nos seguintes termos: “Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para: a) DECLARAR a inexistência de relação jurídico tributária oriunda da classificação fiscal do MCT como aparelho de radionavegação, atualmente enquadrado na posição 8526.91.00 da NCM; b) DECLARAR o direito da autora de classificar o MCT na posição reservada a aparelhos de comunicação; c) ANULAR os créditos tributários constituídos contra a autora, em razão da não classificação fiscal do MCT como aparelho de radionavegação (posição 8526.91.00), determinandose, ainda, o cancelamento dos autos de infração descritos no itens b.3 e b.4; d) AFASTAR as penalidades aplicadas e, em especial, a multa do IPI; Condeno a União ao pagamento das custas em ressarcimento e honorários advocatícios sucumbenciais, que fixo em R$10.000,00 (dez mil reais), já observado o disposto no art. 20, §4º, do CPC.” (sublinhado) Atualmente o processo judicial aguarda julgamento de apelação pelo TRF 1ª Região. Como se vê, há pedido expresso, devidamente acolhido, ainda que pendente de recurso, para declarar o cancelamento do lançamento abrigado neste processo administrativo. É certo que, em âmbito judicial, o recorrente não expôs a impossibilidade de modificação de critério jurídico, em sede de revisão aduaneira, tampouco o cabimento das multas e juros, com lastro no art. 100 do Código Tributário Nacional, como fundamento de seu pedido; todavia, o pedido formalizado, tanto administrativa como judicialmente, é idêntico, Fl. 1242DF CARF MF Processo nº 10111.000673/200660 Acórdão n.º 3401003.512 S3C4T1 Fl. 12 5 qual seja, a declaração de improcedência da autuação, de modo que, sob esse ângulo, a concomitância é patente. Dessarte, a delimitação da lide é feita pelo pedido apresentado, que sobre ele deverá se manifestar e decidir a autoridade julgadora correspondente, sendo a parte dispositiva dessa decisão aquela que oferecerá a resposta ao pleito, sendo essa a parte sujeita ao trânsito em julgado e, por via de conseqüência, à imutabilidade típica da coisa julgada. Como existe decisão de mérito no processo judicial, a formação da coisa julgada é inexorável, incidindo na espécie a inteligência do art. 508 do Código de Processo Civil, segundo o qual, transitada em julgado a decisão, considerarseão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor, tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. De qualquer modo, entendo que, mesmo omisso o acórdão arguido, no mérito, não merece acolhida o aclaratório manobrado, haja vista que, em relação à impossibilidade de modificação do critério jurídico, verificouse a preclusão consumativa da matéria, a teor dos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, porquanto não integrante da impugnação protocolada. Respeitante ao descabimento das penalidades e juros moratórios, com lastro no art. 100, III e parágrafo único do CTN, pela pretensa observância das práticas reiteradas adotadas pelas autoridades administrativas, temse que a aceitação da classificação fiscal empregada pelo contribuinte nas declarações de importação que cita, por parte da fiscalização, é anterior à edição do ADI SRF nº 22, de 20/08/2004, que modificou o entendimento oficial acerca da classificação fiscal da mercadoria importada, como anotado pela decisão recorrida, verbis: “Em sede de pedido alternativo, a impugnante solicita a dispensa dos juros e multas, com base no disposto no art. 100, inciso III e parágrafo único, do CTN. Suscita que desde o início de suas operações vinha promovendo a importação do equipamento em foco, sem que houvesse nenhuma contestação por parte dos fiscais alfandegários. Assim, estaria caracterizada a ocorrência de prática reiteradamente observada pela autoridade administrativa, o que elidiria a cobrança de penalidades e de juros na exação sob exame. Também em relação a esse aspecto não assiste razão à defesa. Com a edição do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 14/2003, publicado no DOU de 4/9/2003, a Receita Federal oficializou seu entendimento quanto à classificação fiscal dos equipamentos ali indicados, em cuja descrição se enquadrava o caso MCT, conforme se demonstra: (...) Assim, ainda que em períodos anteriores ao referido ADI o MCT viesse sendo desembaraçado em código distinto, Fl. 1243DF CARF MF 6 como alega a defesa, não há falar em costume administrativo em relação a operações posteriores à publicação desse Ato, realizadas em desconformidade com a orientação nele formalizada. O ADI 14/2003 supriu eventual necessidade de norma complementar para definir a classificação fiscal dos equipamentos nele indicados. As operações contrárias a ele, na realidade, passaram a ser frontalmente ilegais. A partir da vigência desse Ato, embora o mesmo tenha sido revogado pelo ADI SRF nº 22/2004, verificase que a fiscalização aduaneira continuou a classificar o MCT no mesmo código anteriormente definido (8526.91.00). Como o importador insistiu em utilizar classificação fiscal diferente, as importações desse equipamento passaram a ser objeto de autuação, e só foram desembaraçadas sem a correção do enquadramento tarifário por determinação judicial.” Ou seja, não se identifica qualquer “prática reiterada”, por parte das autoridades fiscais, contemporânea ao registro da declaração de importação lançada, no sentido de acatar a classificação reclamada pelo contribuinte. Portanto, não há qualquer ressalva a ser feita à decisão embargada, que, mesmo não fazendo remissão específica às teses expostas e ora apontadas como omissas, reconheceu acertadamente a concomitância das discussões e a renúncia à discussão administrativa, não havendo qualquer vício de declaração que a conspurque. Com estas considerações, voto por conhecer dos embargos quanto às omissões apontadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Robson José Bayerl Fl. 1244DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13983.000272/2004-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.844
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo-
Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: . Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cleber Magalhaes, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1660; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 93 1 92 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13983.000272/200477 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201000.844 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 30 de março de 2017 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente SADIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: . Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cleber Magalhaes, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Referese o presente processo a pedido de compensação de Cofins, relativo ao 3o trimestre de 2004. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, referente ao segundo trimestre de 2004, decorrentes das operações com o mercado externo do interessado anteriormente identificado, apurados sob o regime da nãocumulatividade da mencionada Contribuição, no valor de R$37.712.929,76, a ser compensado, conforme declaração de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 83 .0 00 27 2/ 20 04 -7 7 Fl. 841DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 94 2 compensação (Dcomp) às fls. 02, 06, 08/09, 11, 14, 16/17, 19, 21, 29, 31, 33, 35, 38/39, 41, 43, 45, 47, 49, 51, 53, 55, 57, 59, 61, 65, 67, 69, 71, 73, 75, 77, 79, 81 e 83, com débitos de diversos tributos e contribuições federais. Após a análise do direito creditório do interessado pela autoridade administrativa local (DRF/Joaçaba/SC), foi exarado o Despacho Decisório n° 249/2005 (fls. 608/650), que concluiu pelo reconhecimento apenas parcial do crédito postulado, no valor de R$ 26.629.847,95, sob os seguintes fundamentos: após efetuadas verificações, por amostragem, constatouse que as receitas de exportação e operacional, informadas no Livro Registro de Saída de Mercadorias, e constantes dos arquivos magnéticos enviados pela empresa em resposta a intimações contra ela formuladas, coincidem com os valores informados nos demonstrativos e planilhas de cálculo; também em relação à aquisição de mercadorias, matérias prima, insumos e custos, despesas e os encargos vinculados às receitas retromencionadas que geram direito a crédito, encontramse as citadas aquisições escrituradas no Livro Registro de Entrada de Mercadorias e nos livros contábeis (Razão), constantes dos arquivos magnéticos encaminhados pelo interessado; entretanto, nas amostragens examinadas, foram detectadas algumas divergências de valores, discriminadas a seguir: I Bens Utilizados como Insumos/Comprovação há divergências entre os valores informados nas linhas 2, 3, 4, 7 e 13 da Ficha 06 do Dacon (v. fls. 208/214) e os valores comprovados pelos arquivos magnéticos enviados pela empresa em resposta a intimações (fls. 23/24) contra ela formuladas, contemplando a relação de notas fiscais de aquisição, utilizadas no cálculo do crédito da COFINS não cumulativa no trimestre (que se referem às aquisições de materiais e de serviços de pessoas jurídicas, de pessoas fisicas, de cooperativas, e os gastos com fretes de materiais pagos a pessoas fisicas, pessoas jurídicas e cooperativas), e cujos montantes encontramse sintetizados no "Resumo" de fls. 203/204, divergências essas, respectivamente, nos valores de R$31.765.172,49, R$ 69.973.969,13 e R$ 23.049.565,77, para os meses de abril, maio e junho de 2004; II Despesas Financeiras relativamente aos créditos da COFINS não cumulativa, apropriados sobre "despesas financeiras", a análise dos registros do livro Razão às contas "3670201Desp.Financeiras Contratos de Financiamentos", e "3670210Desp.FinanceirasI0E Comissões s/Financiamentos", evidenciou a apropriação de valores que não se caracterizam como receitas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos, conceituadas no art. 374 do RIR/99 (Decreto n° 3.000/99), a exemplo de: reembolso de pagamento a Oficio de Notas; despesas com repasse de custo — IOF de cartão de crédito corporativo, etc, sendo, portanto, passíveis de glosa os valores de R$ 2.680,00 e R$ 2.227,03,respectivamente, para os meses de abril e junho de 2004; III Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas e a Cooperativas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos examinandose os arquivos magnéticos, constatouse que o Fl. 842DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 95 3 interessado apropriou como insumo, sob o título "Aquisições de Materiais/Pessoa Jurídica" e "Aquisições de Materiais/Cooperativa", desembolsos que não se caracterizam como insumos utilizados nos produtos, tais como: doações à Apae, Prefeituras, Associações, etc; pagamentos relativos a despesas gerais ou de consumo (livraria, gastos com informática, etc.); gastos efetuados com assistência médica de funcionários e/ou diretores, decorrentes de convênio com a Unimed; pagamentos à própria contribuinte (Sadia); importações efetuadas (Sadia Chile S/A), os quais não são passíveis de crédito, por não se constituírem em "insumos" aplicados às mercadorias produzidas, mas simples despesa administrativa, ou por se constituírem em material/mãodeobra da própria contribuinte (os valores glosados são de, respectivamente, R$ 211.798,12, R$ 596.941,15, e R$ 143.901,56, para os meses de abril, maio e junho de 2004); IV Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos ainda da análise dos arquivos magnéticos, devem ser glosadas as aquisições de materiais, conforme notas fiscais emitidas por algumas pessoas jurídicas que não foram localizadas no sistema de registro da SRF, não possuindo CNPJ; ou que, embora tenha sido localizado o registro da pessoa jurídica (CNPJ válido), tais pessoas jurídicas não apresentaram movimento (declaração de inativa); ou que se encontram extintas por encerramento — liquidação voluntária (CNPJ cancelado); ou que não se constituem em estabelecimento comercial, a exemplo de condomínio, entidades associativas, etc (v. documentos de fls. 277/330), reputando se como inidôneo, portanto, o documentário fiscal emitido, não dando suporte ao crédito das matériasprimas, dada a inexistência fática do suposto fornecedor; de se notar, ainda, que o referido documentário aponta para número muito baixo, pondoos sob suspeição (os valores glosados correspondem a R$ 3.189.598,55, R$ 5.559.433,10, e R$ 2.161.239,68, respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004); V — Despesas com Energia Elétrica— confrontandose os valores 411 registrados no Dacon, Ficha 06, Linha 03, relativa a despesas com energia elétrica, verificase a ocorrência de cômputo de valor superior ao efetivamente comprovado e registrado nos relatórios eletrônicos encaminhados (a partir dos valores registrados no Livro Registro de Entrada de Mercadorias para os CFOP 1252/1253/2252), correspondendo o valor glosado a R$ 1.153.495,85, igualmente para os meses de abril, maio e junho de 2004; VI Despesas que não se constituem em Insumo— do total informado na linha "Aquisições de Serviços — Pessoas Jurídicas" no "Resumo" de fl. 04 (R$ 33.154.094,41, R$ 28.198.044,36 e R$ 27.810.492,20, respectivamente, para os meses de abril, maio junho de 2004), devem ainda ser glosados, respectivamente, os valores que se referem a: despesas médicas (Anexo 1); despesas de assessoria, planejamento e consultoria (Anexo 2); despesas com segurança, vigilância e limpeza (Anexo 3); despesas com telecomunicações (Anexo 4); despesas ativáveis em construções (Anexo 5); despesas de viagem e locomoção (Anexo 6); despesas de conservação e manutenção 111, (Anexo 7) e despesas diversas (Anexo 8), tais como com encadernações, locação de Fl. 843DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 96 4 veículos, serviços de limpeza de veículo/reparo de pneus, serviço de guincho, chapeação e pintura de veículo, serviços de locução de rádio, serviços de sinalização, tinta automotiva, restaurantes, refeições, lanches, panificadora, casas de carne, de peixes, com supermercados, bebidas, suprimentos de informática, confecção de chaves e fotografias e imagens, brindes e mudanças, joalheria, decoração e lojas de vestuário, sindicatos (Anexos 1 a 8, fls. 331/607), uma vez que somente podem ser considerados como insumos os bens ou serviços intrinsicamente vinculados à produção dos serviços ou à fabricação dos bens, ou seja, quando aplicados ou consumidos diretamente na produção dos bens ou na produção dos serviços, sendo que, nos casos de desembolsos com gastos em construções que devem ser ativados, representados por projetos e mãodeobra na construção de instalações, ampliações ou reformas, efetuados a construtoras e empreiteiras, e de "despesas com manutenção de máquinas e equipamentos", dos quais resultem aumento de vida útil superior a um ano, como tais gastos contribuem para mais do que um exercício, devem os mesmos, segundo atécnica contábil, serem ativados para futura depreciação (os valores glosados correspondem a R$ 3.329.495,96, R$ 3.060.615,38, e R$ 2.707.447,54, respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004); VII Crédito Presumido/Agroindústria o contribuinte informou, quando efetuada a intimação n° 12.435 (no processo fiscal n° 13983.000101/200448, que se refere a créditos do PIS nãocumulativo referente ao primeiro trimestre de 2003), que os valores constantes dos seus registros eletrônicos correspondentes a "Aquisições de Materiais — Pessoa Física" compõem o "Crédito Presumido/Agroindústria", sendo que, na planilha ("Resumo") de fls. 203/204, as aquisições de bens e serviços de pessoas físicas (informadas nas linhas "Aquisições de Materiais — Pessoa Física" e "Aquisições Serviços — Pessoa Física", v. fls. 203/204) somadas para o mês de abril de 2004, e após a aplicação da alíquota de 6,08%, para fins de determinação do "Crédito Presumido/Agroindústria", de que trata o art. 3°, §§ 5° e 6°, da Lei n° 10.833/2003, perfazem um valor ligeiramente inferior, devendo ser objeto de glosa, portanto, o valor de R$ 180,27 do referido crédito presumido para o mês de abril de 2004; além disso, analisandose os registros constantes do arquivo magnético "Aquisição Material/Pessoa Física", constatouse que foram computados valores desembolsados a entidade de ensino, não se tratando, portanto, de pagamento de bens e serviços a pessoa física, contrariando, assim, o disposto no § 5° do art. 3°, da Lei n° 10.833/2003, sendo passível de glosa o valor de R$ 33.171,14; Considerandose as glosas acima descritas, a autoridade administrativa local promoveu, então, nova apuração dos créditos da COFINS nãocumulativa supostamente existentes em favor do interessado, utilizandose, em relação às aquisições, custos e despesas vinculados às operações de exportação, que dão origem aos créditos passíveis de ressarcimento/compensação, o percentual das receitas de exportação em relação à receita bruta total da empresa, e, portanto, do método do rateio proporcional (cf. art. 3°, parágrafo único, da IN SRF n° 387/2004) eleito pelo interessado (conforme resposta da empresa à fl. 84), após o quê concluiuse pelo reconhecimento apenas parcial do crédito postulado, no valor de R$ 26.629.847,95. Fl. 844DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 97 5 Cientificado da decisão, em 29/07/2005 (v. fl. 650), o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 19/08/2005 (fls. 652/657), e documentos anexos de fls. 658/681 (procuração, fl. 658; atas e estatuto social, fls. 659/661; planilha e Darf, fls. 662/663;planilha, fls. 664/665; cartão do CNPJ e comprovantes de inscrição e de situação cadastral de diversos fornecedores, fls. 666/681), alegando, em síntese, que: a) a empresa concorda parcialmente com a glosa implementada, sendo que, nos termos da planilha em anexo (fl. 662), reconhece que procede a glosa no valor total de R$ 986.084,44, tanto que apresenta o comprovante de recolhimento do citado valor, com os acréscimos legais devidos (cf. Darf de fl. 663), e, portanto, tudo o que era incontroverso foi já no que se refere à glosa de bens utilizados como insumos (item I do despacho decisório), o fisco não considerou, conforme planilha à fl. 662, o somatório das despesas financeiras a que correspondem os valores glosados (de R$ 31.765.172,49, R$ 69.973.969,13 e R$ 23.049.565,77, 1 respectivamente, para os meses de abril, maio e junho de 2004), despesas financeiras essas que devem compor (cf. linha 13 do Dacon já entregue) a apuração dos créditos a serem compensados pela empresa, de acordo com o art. 3 0, V, da Lei n° 10.833, de 29/12/2003; c) quanto às demais despesas financeiras, com serviços e outros gastos ( a que se referem os itens II, III, VI, e a glosa no valor de R$ 33.171,14 do item VII do despacho decisório), o impugnante acata a glosa confirmada pela autoridade julgadora, eis que a interpretação legal quanto à questão esteve sujeita a modificações em matérias de consultas, razão pela qual informa, desde já, que o valor será recolhido, conforme acima noticiado; d) os créditos relativos às pessoas citadas como "cancelados", "liquidados", "SIMPLES" e "inativo" (cf. item IV do despacho decisório) devem ser utilizados pela empresa à mesma razão de 80% (oitenta por cento), tendo 1 41) em vista o "Crédito Presumido/Agroindústria" a que alude o art. 3 0, §§ 1 50, e 6°, I, da Lei n° 10.833/2003, e, também em relação às pessoas jurídicas consideradas "inexistentes" ou "inativas", como o recorrente comprova a situação regular das mesmas perante o fisco federal (cf. comprovantes de inscrição e de situação cadastral de diversos fornecedores, fls. 666/681), há direito a crédito à razão máxima de 100% (cem por cento); e) quanto à glosa de créditos advindos de contas de energia elétrica, a diferença apurada referese à utilização (pela empresa) das despesas de todas as filiais (cf. art. 3 0, III, da Lei n° 10.833/2003), enquanto o fisco, considerou apenas as unidades produtivas no seu cálculo (o que se observa na consideração apenas dos CFOP 's 1252, 1253 e 2252),restando considerar as demais unidades comerciais, conforme demonstrado através do Livro Fiscal anexado (fls. 664/665); f) face ao exposto, levando em consideração a parte recolhida (guia Darf à fl. 663) e a parte restante integralmente impugnada, requer o impugnante a reforma do despacho decisório, deferindose a restituição dos créditos da COFINS nãocumulativa, após o Fl. 845DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 98 6 afastamento das glosas contestadas e a homologação da compensação implementada. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TIRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO DE CRÉDITOS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS. Quando não devidamente comprovadas, as despesas com a aquisição de bens, supostamente utilizados como insumos no processo produtivo da empresa, não ensejam a apuração de créditos da COFINS, segundo o regime nãocumulativo da contribuição. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. É cabível a glosa do valor apropriado a título do crédito presumido, apurado pelas pessoas jurídicas que produzem mercadorias de origem animal ou vegetal, superior àquele que decorre das aquisições efetivamente comprovadas pela empresa. ENERGIA ELÉTRICA. Não prescinde de comprovação por documentos hábeis e idôneos a identificação dos valores da energia elétrica adquirida pelos estabelecimentos da pessoa jurídica, para fins de apropriação de créditos da COFINS segundo o regime da nãocumulatividade. COFINS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como não impugnada a matéria não contestada expressamente pelo contribuinte. Solicitação Indeferida Em sede de recurso voluntário, foram reiterados os argumentos iniciais. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Verificase que o pedido de ressarcimento referese a diversos itens, quase todos tendo sido negados por questões atinentes à prova dos créditos alegados. Com relação ao item "Pagamentos Efetuados a Pessoas Jurídicas a Título de Material que não se caracteriza como Insumo Utilizado nos Produtos", a glosa nos valores Fl. 846DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 99 7 de R$ 3.189.598,55, R$ 5.559.433,10, e R$ 2.161.239,68 referemse a aquisições junto a "pessoas jurídicas" que não possuem registro no CNPJ, ou ainda que, muito embora possuam CNPJ, não apresentaram movimento no período (apresentaram declaração de inatividade); que se encontram extintas por liquidação voluntária (CNPJ cancelado); que não se constituem em estabelecimento comercial (condomínios, entidades associativas, etc), conforme documentos às fls. 277/330. Na decisão recorrida afirmase que "a autoridade fiscal, em relação a tais aquisições junto a pessoas jurídicas, constatou a existência de diversas compras, consideradas na base de cálculo de créditos da COFINS nãocumulativa, que não se deram junto a pessoas jurídicas, mas sim a pessoas físicas, ou, ainda, junto a empresas inativas, baixadas, canceladas, que não se constituem em estabelecimento comercial, etc (a relação completa de tais "entes" encontrase discriminada no despacho decisório às fls. 617/638), e, por conta disto, glosou as aquisições correspondentes, para efeitos de apropriações de créditos da COFINS segundo a sistemática da nãocumulatividade, considerando inidôneo, como já visto, o documentário fiscal correspondente." Com relação a essas aquisições, diz a Recorrente o creditamento da "COFINS nãocumulativa" deve ser mantido em homenagem ao princípio da boafé, vez que a Recorrente adquiriu bens e serviços de pessoas jurídicas que emitiram, inclusive, nota fiscal para albergar a operação de circulação de mercadorias. Nesse sentido, afirma, no recurso voluntário: A Recorrente adotou todas as medidas que dispunha para verificar a idoneidade e regularidade das pessoas jurídicas com a qual negociava (a título de exemplo verifiquese o cadastro CNPJ regular juntados às fls. 668, 674, 675, 676, 677, 678, 679, 680 e 683) o que comprova a sua total boafé e a exime de qualquer culpa e/ou responsabilidade no que pertine à eventual irregularidade da empresas e/ou documentos expedidos por elas, não devendo ter glosado qualquer crédito de COFINS gerados das operações efetivamente realizadas, uma vez que decorrentes de operações tidas como corretas e pautadas, como dito, na boafé da Recorrente. Nesse ponto, vale notar que ao se compulsar as fls. citadas pela Recorrente, verificase que , por exemplo, às fls. 672, consta o CNPJ da "Avicultura Céu Azul", com situação constante como "ativa". Às fls. 634 a 636, das tabelas que acompanham o despacho decisório, consta a relação de diversas notas fiscais emitidas, supostamente, pela mesma empresa, que mencionam "CNPJ inexistente". Considerandose que referidas CNPJ das empresas relacionadas, que a Recorrente, traz, segundo ela, por amostragem, a comprovação da regularidade cadastral dessas empresas, e que o motivo da glosa foi, precisamente, a sua suposta inidoneidade, surge a dúvida, que impede a formação do convencimento para o adequado julgamento da controvérsia. Em face do exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência, para a verificação dos CNPJs das tabelas referenciadas, bem como, o refazimento dos cálculos, se for o caso, concedendose o prazo para que a Recorrente manifestese no prazo de 30 dias, prorrogáveis uma única vez, para que, querendo, manifestese. Após, retornem os autos para o prosseguimento do julgamento. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 13983.000272/200477 Resolução nº 3201000.844 S3C2T1 Fl. 100 8 (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 848DF CARF MF
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Numero do processo: 13748.000123/2008-14
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1995 a 31/08/2003
CS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECADÊNCIA. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN. EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTOS POR COMPETÊNCIA.
Restando comprovado tratar-se de diferença de contribuições e existirem recolhimentos antecipados a regra decadencial a ser aplicada é a descrita no art. 150, §4º do CTN.
CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 31/08/2003 CS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECADÊNCIA. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN. EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTOS POR COMPETÊNCIA. Restando comprovado tratar-se de diferença de contribuições e existirem recolhimentos antecipados a regra decadencial a ser aplicada é a descrita no art. 150, §4º do CTN. CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECADÊNCIA. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN. EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTOS POR COMPETÊNCIA. Restando comprovado tratarse de diferença de contribuições e existirem recolhimentos antecipados a regra decadencial a ser aplicada é a descrita no art. 150, §4º do CTN. CS OBRIGAÇÃO PRINCIPAL APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 8. 00 01 23 /2 00 8- 14 Fl. 1285DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias da parte da empresa, incidentes sobre as remunerações de segurados empregados, contribuição para financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa (SAT ou RAT, segundo o período considerado) e contribuições para Terceiros, além das contribuições da parte dos segurados empregados (não descontadas). O valor do presente lançamento é de R$ 2.211.238,36 (dois milhões, duzentos e onze mil, duzentos e trinta e oito reais e trinta e seis centavos), consolidado em 20/12/2005, tendo sido apurado por meio de lançamentos contábeis e documentos constantes do movimento financeiro. Conforme informações contidas no relatório fiscal, a empresa, no período do lançamento, procurou ocultar fatos geradores de contribuições previdenciárias através de registros contábeis com histórico diverso do real, registro de notas fiscais de matérias encobrindo mãodeobra e salários indiretos, conforme cópias por amostragem de diversos documentos e lançamentos registrados nos livros contábeis que foram juntados aos autos, e por tal motivo foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais, de acordo com o previsto no art. 95, alínea “i” da Lei nº 8.212/91, para os fatos ocorridos até 15/10/2000; e no art. 337A, III do DecretoLei nº 2.848/1940 – Código Penal, com as alterações da Lei nº 9.983/2000,para os fatos ocorridos a partir dessa data. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Previdenciária em Duque de Caxias/RJ julgado o lançamento procedente. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 13/03/2012, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301002.653, com o seguinte resultado: "Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 11/2000, anteriores a 12/2000, devido à aplicação da regra decadencial expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pela aplicação do I, Art. 173 do CTN; b) em negar provimento na questão da aferição indireta, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão; c) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. I, da Lei n° 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram por manter a multa aplicada; II) por unanimidade de votos: a) em negar provimento às demais alegações apresentadas pela Recorrente, nos termos do voto da Relatora. Redator designado: Adriano Gonzáles Silvério”. O acórdão encontrase assim ementado: Fl. 1287DF CARF MF 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/08/2003 PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA RECONHECIDA EM PARTE DO DÉBITO. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante nº 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. No presente caso aplicase a regra do artigo 150, §4º, do CTN, haja vista a existência de pagamento parcial do tributo, considerada a totalidade da folha de salários da empresa recorrente. CONTRIBUIÇÃO QUE NÃO REGISTRA MOVIMENTO REAL DA REMUNERAÇÃO PAGA AOS SEGURADOS. POSSIBILIDADE LEGAL DA AFERIÇÃO INDIRETA. A fiscalização demonstrou que a contabilidade do sujeito passivo não espelhava o movimento real da remuneração paga pela mãodeobra utilizada na construção civil. Possibilidade de utilizar a metodologia da aferição indireta para o cálculo dos salários pagos em razão da mão de obra utilizada na construção civil. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Diante da inafastável aplicação da alínea “c”, inciso II, art. 106, do CTN, concluise pela possibilidade de aplicação da multa prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/1996, com redação dada pela Lei nº11.941/2009 ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991, se for a mais benéfica ao contribuinte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 13/11/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 14/12/2013, o presente Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação aos seguintes aspectos: a) decadência, e b) retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/n, Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, de 01/06/2015. O recorrente traz como alegações, em relação ao item “a” – decadência, que: · no presente caso, não se operou lançamento por homologação algum, afinal, a contribuinte não antecipou o pagamento do tributo, tendo em vista que não individualizou o fato gerador e não efetuou o recolhimento antecipado da contribuição em comento, e por conta disso, operouse o lançamento de ofício da exação, na linha preconizada pelo art. 173, I, do CTN, que assevera: · o STJ, ao interpretar a combinação entre os dispositivos dos arts. 150, §4º e 173, I, ambos do CTN, já pacificou o entendimento, no julgamento de matéria objeto de recursos repetitivos, entendendo que, Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 4 5 não se verificando recolhimento de exação e montante a homologar, o prazo decadencial para o lançamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação segue a disciplina normativa do art. 173 do CTN. · não há que se falar em recolhimento das contribuições previdenciárias devidas pelo contribuinte como um todo, de modo que qualquer recolhimento efetuado, ainda que não se refira ao objeto do lançamento, possa influir na contagem do prazo decadencial deste de forma a ensejar a aplicação do art. 150, §4º do CTN, pois esse raciocínio abre ensanchas para injustiça e inauditas lesões ao Erário. · assim, para exame da ocorrência de pagamento antecipado parcial, para os fins ora colimados, afigurase óbvia a necessidade de se verificar se o contribuinte pagou parte do débito tributário objeto de cobrança, e não daqueles afetos a outros fatos. · no caso em apreço, os valores inseridos no lançamento fiscal não foram reconhecidos pelo contribuinte, e tampouco adimplidos parcialmente, sendo forçoso concluir que inexiste pagamento antecipado quanto às contribuições exigidas, devendo ser aplicada na espécie, para fins de contagem da decadência, a regra prevista no art. 173, I, do CTN. · Em relação ao item “b” retroatividade benigna obrigação acessória, o recorrente requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2301002.653, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 17/08/2015 (segundafeira), o contribuinte apresentou contrarrazões em 04/09/2015, portanto, intempestivamente. É o relatório. Fl. 1289DF CARF MF 6 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Ressaltese que não serão apreciados os argumentos apresentados em sede de contrarazzões tendo em vista a intempestividade em apresentálas. Do mérito As questão objeto do recurso referemse, resumidamente, a regra para aferição da decadência quinquenal, bem como, a retroatividade benigna quanto à natureza das multas aplicadas nos autos de infração de contribuições previdenciárias após a MP 449/2008, convertida na lei nº 11.941/2009. Da decadência Quanto ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD/AIOP, antes mesmo de apreciar a correta aplicação da regra decadencial no acórdão recorrido, passemos a considerações acerca do tema. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 5 7 Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto Fl. 1291DF CARF MF 8 o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173, I ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Contudo, conforme descrito no relatório fiscal, fls. 428,, tratase de lavratura de NFLD com o objetivo de apurar e constituir as contribuições previdenciárias, incidentes sobre: O valor da mao de obra arbitrado com base nos valores dos saldos das contas de obras deduzidos dos valores da mão de obra evidenciada e dos encargos sociais, no período de 01/1995 a 12/1996 e 01/1999 e 12/2000, tendo em vista não serem aplicáveis os critérios de aferição indireta mais usuais, pois as obras da notificada incluem serviços urbanização e infraestutura (calcamento, drenagem, ajardinamento, instalação de rede elétrica etc.) uma vez que a notificada e incorporadora não emitindo na maioria das vezes notas fiscais que pudessem servir de base para aferição, ou quando prestando serviços emite notas fiscais de administração que igualmente não serviriam de base para aferição indireta da remuneração da mão de obra utilizada. Esse critério foi adotado, pois alem de utilizarse de notas fiscais de materiais em substituição aos valores pagos a mão de obra, não lança em títulos próprios os fatos geradores de contribuições previdenciárias, fazendo constar na mesma conta mão de obra de pessoas físicas, mão de obra de pessoas jurídicas e materiais. Também os históricos não condizem com a realidade, pois por vezes lançamentos “compra de material” ao verificarmos os documentos probantes entramos pagamentos a pessoas físicas por serviços prestados de mão de obra direta, t>em como “encargos de PJ” constamos pagamentos a diversas pessoas físicas e finalizando, no período de 1995 a 1998 em diversas obras não foram apresentados nenhum elemento, anexamos copia das explicações emitidas pela própria empresa, em outras apresenta rescisões contratuais com percentuais sem laudo que o comprove. )!Neste período arbitramos os valores da mao de obra em 20% do saldo das contas apos a dedução das parcelas acima descritas. No período de 01/2001 a 12/2003 a notificada prosseguiu registrando contabilmente os fatos geradores de contribuições previdenciárias contas com registros diversos, registrou contabilmente históricos genéricos “Pagamentos efetuados na semana d e __a __ ", nos quais estão englobados fatos geradores de contribuições previdenciárias de natureza e contribuintes diversos, alem de registros totalmente desvinculados dessas contribuições, mas não verificamos a ocorrência de históricos divergentes dos documentos apresentados. Também verificamos a utilização de notas fiscais de materiais de construção para substituir fatos geradores de contribuições previdenciárias. Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 6 9 Neste período arbitramos os valores da mão de obra com base em 20% (vinte por cento) do valor das notas fiscais emitidas pelas empresas emitentes das notas fiscais destinadas a encobrir a mão de obra aplicada e o valor dos pagamentos efetuados nos relatórios semanais contabilizados. Dessa forma, embora, inicialmente concordasse com a tese esboçada pela ilustre procuradora de, em inexistindo recolhimento antecipado sobre um mesmo fato gerador (rubrica), a decadência deveria ser operada a luz do art. 173, I do CTN, contudo, entendo não ser esse o caso dos autos. Neste ponto, entendo que acertada a tese aplicada pelo acórdão recorrido, tendo em vista ter sido claramente exposto pelo auditor fiscal e pelo julgador a quo que se tratavam de "valores aferidos tendo em vista que a empresa não realizava recolhimento sobre a totalidade de sua folha", ou seja, não foi lançada a totalidade da folha, mas tão somente as diferença apurada. Ademais, não fosse apenas a identificação de tratarse de "diferenças" suficiente para o meu convencimento acerca da aplicação da decadência pelo art. 150, §4º do CTN, destaco, como reforço que, no período de 11/1999 e 11/2000 (período este, que a procuradoria busca restabelecer em seu recurso), existem, conforme Relatório RDA descrição de recolhimento parcial, onde se apuram apenas diferenças mensalmente fls. 323 e seguintes, onde constam GPS recolhida para todas as competências de 12/1999 a 11/2000, razão pela qual não há qualquer reparo a ser feito no acórdão recorrido em relação a regra decadencial aplicada. Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 20/12/2005, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 29/12/2005. Os fatos geradores sob reapreciação referemse ao período de 11/1999 a 11/2000, dessa forma, a luz do art. 150, §4º do CTN, encontramse decadentes os lançamentos até 11/2000. Isto posto, não há qualquer reparo a ser feito no julgado. Isto posto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional com relação a Decadência Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 1293DF CARF MF 10 I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 7 11 respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e Fl. 1295DF CARF MF 12 II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 8 13 Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 1297DF CARF MF 14 Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 13748.000123/200814 Acórdão n.º 9202005.231 CSRFT2 Fl. 9 15 I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 1299DF CARF MF 16 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 1300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.723542/2013-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 10/12/2012
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não ocorre a nulidade do auto de infração quando a autoridade fiscal demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito.
DESEMBARAÇO ADUANEIRO. IMPORTAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TEMPESTIVIDADE DA RETIFICAÇÃO.
Não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro até o desembaraço da mercadoria.
IMPORTAÇÃO. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE REAIS ADQUIRENTES. MULTA. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.
Ceder o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, por intermédio da Declaração de Importação, importa na aplicação da multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.196
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do auto de infração quando a autoridade fiscal demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. IMPORTAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TEMPESTIVIDADE DA RETIFICAÇÃO. Não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro até o desembaraço da mercadoria. IMPORTAÇÃO. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE REAIS ADQUIRENTES. MULTA. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. Ceder o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, por intermédio da Declaração de Importação, importa na aplicação da multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007 Recurso Voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 72 35 42 /2 01 3- 66 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 316 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0734.410 (fls. 203 a 207), de 19 de março de 2014, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) – DRJ/FNS – que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação do Contribuinte, mantendo o crédito tributário exigido. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do referido Acórdão: Trata o presente processo do Auto de Infração, de fls. 03/05, por meio do qual é feita a exigência de R$ 12.047,78, relativa à multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007. A fiscalização relata que a autuada cedeu o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, através da Declaração de Importação (DI) n° 12/23122494, registrada em 10/12/2012. Através de relatório fiscal (fls. 09/36), a auditoria relata minuciosamente os fatos ocorridos, sendo que a ocultação do sujeito passivo, comprador ou responsável pela operação, consiste em dano ao erário, infração punível com pena de perdimento da mercadoria, nos termos do art. 689, inciso XXII do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro), a qual encontrase consubstanciada no processo nº. 10814.723541/201311. Informa que a autuada apresentou um pedido de retificação da DI n.° 12/23122494, em 25/01/2013, alegando erro material cometido de boafé, uma vez que a importação seria na modalidade “Encomenda” realizada pela IDF Brasil Importação e Comércio de Sistemas de Inspeção Ltda. Tal retificação, no entanto, não foi considerada espontânea, pois fora apresentado no curso do despacho aduaneiro, ou seja, após o registro da declaração de importação, nos termos do 545 do Regulamento Aduaneiro (RA) c/c § 1° do art. 102 do DecretoLei 37/66. Cientificada da exigência (fl. 163), a autuada apresentou a impugnação, de fls. 168/174, na qual, em síntese: Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 317 3 Preliminarmente, alega nulidade do auto de infração, uma vez que o relatório fiscal tratase de um modelo aplicável genericamente e que, por não se ater ao caso em concreto, causa prejuízo em sua defesa, especialmente porque não deixa claro se a houve uma importação por encomenda ou por conta e ordem de terceiros, cuja natureza é diversa e mereceria defesas diferentes. Alega tempestividade da retificação da DI, o que ocasiona denúncia espontânea da infração, uma vez que é a partir do início do procedimento para a apuração da infração punível com a pena de perdimento que deve ser observada a tempestividade, nos termos do art. 7º e 23 do Decreto 70.235/72. Informa que o termo de retenção e início de fiscalização 004/2013, de 17/01/2013, foi recebido pela autuada em 29/01/2013, enquanto que a retificação foi apresentada em 25/01/2013. Requer a declaração de nulidade por cerceamento ao seu direito de defesa, bem como o afastamento da multa por denúncia espontânea e a improcedência do auto de infração por atipicidade do fato. Tendo em vista a negativa do Acórdão ora recorrido o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 214 a 223), em 15 de abril de 2014, visando a nulidade do Auto de Infração por alegado cerceamento de defesa, o afastamento da pena de multa aplicada e a declaração de improcedência do Auto de Infração por alegado bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen O Recurso Voluntário (fls. 214 a 223), de 15 de abril de 2014, interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0734.410 (fls. 203 a 207), de 19 de março de 2014, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 10/12/2012 Ementa: Acórdão dispensado de ementa, de acordo com a Portaria SRF nº 1.364, de 10/11/2004. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 318 4 O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte traz em seu corpo os seguintes argumentos: · Nulidade do Auto de Infração; · Da tempestividade da retificação; · Do conflito aparente de normas. Com isso posto, passo a decidir a respeito dos pontos questionados: 1) Da alegada nulidade do Auto de Infração O Contribuinte aduz que o Auto de Infração não deixa claro qual foi a infração cometida pelo Contribuinte, acarretando, segundo o próprio, no seu cerceamento de defesa, conforme se verifica no trecho a seguir (fls. 216 e 217): 2.1.1.1. Como dito alhures a culta julgadora de piso afastou a alegação da Recorrente acerca da nulidade do auto de infração, pois em seu entender: “consta dos autos um amplo relatório fiscal, às fls. 09/36, no qual a auditora relata minuciosamente os fatos ocorridos na espécie e que demonstram a infração tipificada”. 2.1.1.2. Contudo, não é o maior ou menor número de palavras que agastam a nulidade por cerceamento de defesa e sim o maior ou menor desconhecimento da infração supostamente perpetrada. Poderseia, com pouquíssimas palavras dizer “a contribuinte simulou operação de importação própria ocultando importação por encomenda da empresa FILTEC” e esclarecerseia qual a acusação. Contudo, não é o que ocorre no presente caso. 2.2.2.3. É que, em sua parte fática o auto de infração narra que a conduta ilícita do contribuinte foi a aposição incorreta no campo “Caracterização da Operação” do SISCOMEX da importação como própria ao invés de por conta e ordem (fls. 29). 2.1.1.4. A seu turno, ao fundamentar suas conclusões acerca da ilicitude dos atos o auto de infração dispõe nas fls. 26/7 as características de uma importação na modalidade por conta e ordem de terceiros, esclarecendo todos os requisitos legais da operação e, entre eles, o “lançamento” pela importadora no campo adquirente da D.I. o nome da empresa contratante (real adquirente). 2.1.1.5. Ademais, nas páginas seguintes (fls. 27/8) o Auto apresenta os pressupostos e requisitos da importação na modalidade encomenda e, entre eles o dever imposto à importadora de lançar no campo “Caracterização da Operação” no SISCOMEX o nome da empresa adquirente no campo destinado a indicar o “real adquirente” na importação por conta e ordem de terceiros. 2.1.1.6. Desta forma, é impossível à Recorrente saber se, naquele ato, a Autoridade Fiscal entendia que efetivamente houve uma importação por encomenda ou por conta e ordem, posto que o descumprimento da obrigação acessória descrita no Auto viola, em tese, os requisitos de ambas as modalidades de importação. (...) Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 319 5 A respeito deste requerimento do Contribuinte cito os argumentos da DRJ/FLS, expostos no Acórdão nº 0734.410, como razão para decidir nos seguintes termos (fls. 205): Quanto à alegação de nulidade do auto de infração, por cerceamento de defesa, concluise que não pode ser acatada, em vista de que os argumentos, opostos pela impugnante, são meramente protelatórios e sem embasamento fático. Vejase que consta dos autos um amplo relatório fiscal, às fls. 09/36, no qual a auditoria relata minuciosamente os fatos ocorridos na espécie e que demonstram a infração tipificada. Foi além a fiscalização ao tratar de toda a teoria e prática de terceirização de importações, procedimento perfeitamente legal, em suas modalidades por conta e ordem de terceiros e importação por encomenda. Informa os requisitos exigidos e os procedimentos e ritos aduaneiros a serem seguidos. Não há cerceamento de defesa quando a empresa tem plenas condições de se defender amplamente dos fatos narrados. E a impugnante sabe que se trata de contrato por encomenda, tanto que confessou o fato em seu pedido de retificação, fato transcrito pela fiscalização. (grifouse). O Contribuinte em seu Recurso Voluntário é incisivo na questão da capitulação e da nulidade por cerceamento de defesa nestes termos: (...) 2.1.2.3 Assim, quem são os reais beneficiários ou intervenientes na operação ao qual a Recorrente se aliou para perpetrar o ilícito? AMBEV, NORSA, FILTEC ou todas? De outro modo, a operação camuflada foi uma operação por conta e ordem da AMBEV, por conta e ordem da NORSA, da FILTEC? Ou por encomenda da AMBEV, ou da NORSA, ou da FILTEC? 2.1.2.4. Ora, o mínimo que se espera de um auto de infração é que ele faça a exata subsunção do fato à norma não se utilize de conjunção alternativa nada esclarecedora. Não se pode tolerar é a dúvida no enquadramento típico da infração. Aliás, se pairam dúvidas sobre as circunstâncias materiais do fato deveria a Autoridade Fiscal, nos termos do artigo 112 inciso II do CTN, arquivar o procedimento administrativo tendente a verificar suposta infração punível com a pena de perdimento. (...) (grifouse). Ao analisar o Auto de Infração (fls. 3 a 7) do presente processo percebo que há a definição da infração cometida pelo Contribuinte, nos seguintes termos: A Empresa ORIENTADOR ALFANDEGÁRIO COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA EPP, devidamente identificada, cedeu seu nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários na operação de importação. De acordo com o Decreto 6.759/2009, art. 689, XXII, a empresa foi punida com o perdimento das mercadorias, sendo lavrado o auto de infração correspondente, protocolizado sob o número 10814.723541/201311. A multa de 10% sobre o valor da operação foi aplicada com base no art. 33 da Lei n.º 11.488/2007. A descrição dos fatos que levaram à convicção com relação à ocultação do sujeito passivo se Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 320 6 encontra no processo de Auto de Infração de Perdimento das Mercadorias. (grifou se) Fato Gerador Valor 10/10/2012 12.047,78 Na análise detalhada do Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal (fls. 9 a 36) e seus anexos (fls. 37 a 160), que deu origem ao perdimento das mercadorias no processo administrativo 10814.723541/201311, percebese que de forma minuciosa a autoridade fiscal comprova documentalmente o vínculo entre o Contribuinte e as empresas AMBEV, NORSA e FILTEC e os fatos ocorridos e demonstra a infração cometida. Portanto, tendo em vista as informações presentes nos autos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte no que tange a alegada nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa por não ver evidenciado prejuízo ao exercício desse direito, sem adentrar no mérito que será tratado oportunamente no ponto subsequente. 2) Da alegada tempestividade da retificação Alega o Contribuinte que foi realizada a retificação espontânea antes do início formal do procedimento fiscal, o que impediria, segundo o mesmo, a aplicação de penalidades por parte da Fiscalização, conforme se verifica nos argumentos trazidos pelo Contribuinte em seu Recurso Voluntário (fl. 220): 2.2.1.5. Com efeito, é a partir do início do procedimento para a apuração de suspeita de infração punível com a pena de perdimento que deve ser observada a tempestividade ou não da confissão/denúncia e, nestes termos, a confissão apresentada pela Recorrente é tempestiva, gerando todos os efeitos descritos no artigo 138 do CTN. 2.2.1.6. É que, como salientado no auto de infração, e muito embora o termo de retenção e início de fiscalização 004/2013 esteja datado de 17/01/2013, a postagem deste documento deuse apenas em 25/01/2013 e foi recebido pela Recorrente em 29/01/2013. Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; (...) Art. 23. Farseá a intimação: (...) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) § 2º Considerase feita a intimação: (...) II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; Do exposto facilmente se aduz que o procedimento fiscal tem início com a ciência pelo sujeito passivo da obrigação do primeiro ato de ofício praticado pelo servidor – Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 321 7 in casu o termo de retenção – e a ciência considerarseá realizada, quando feita por via postal, apenas e tao somente na data do recebimento da intimação do ato. A respeito deste argumento apresentado pelo Contribuinte a DRJ/FLS já se manifestou por meio do Acórdão ora recorrido. Cito trecho do voto recorrido como fundamento das razões para decidir (fl. 206 e 207): Quanto à alegação de ocorrência de denúncia espontânea da infração, porque teria apresentado um pedido de retificação da DI, venho reafirmar a fundamentação da auditoria para o seu não acatamento. O que define a tempestividade da retificação não é a alegada data da ciência do termo de retenção e início de fiscalização 004/2013 (29/01/2013). Bem antes desta data a importadora já sabia que estava sob procedimento fiscal, uma vez que se encontrava em pleno curso do desembaraço aduaneiro da mercadoria, cuja Declaração de Importação foi registrada em 10/12/2012. Na verdade, na maior parte dos casos de procedimentos fiscalizatórios na área aduaneira, de que resultam autos de infração, não existe a figura do Termo de Início da fiscalização. Aliás é exatamente isto que dá efetividade à regra de que não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria, expressa no art. 102 do Decretolei n° 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei n° 2472/1988: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010) (grifei) E o Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro), dispõe sobre o momento em que se considera iniciado o despacho: Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. (...) Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 322 8 Art. 545. Temse por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de importação. § 1º O registro da declaração de importação consiste em sua numeração pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do SISCOMEX. Vêse ainda a restrição aos benefícios da denúncia espontânea, imposta pelo § 2º do art. 102, acima transcrito, no tocante às penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento, como é o caso dos presentes autos. Posto isto, concluise que desde a data do registro da declaração de importação, em 10/12/2012, até o desembaraço aduaneiro da mercadoria ou o fim do procedimento fiscalizatório, restou excluída a espontaneidade do sujeito passivo. Assim, não há que se falar em denúncia espontânea no caso em concreto. (grifouse). Com esses fatos e argumentos voto no sentido de manter a decisão recorrida por entender que foi intempestiva a retificação do Contribuinte. 3) Do alegado conflito aparente de normas Alega o Contribuinte neste ponto que houve violação ao princípio administrativo do non bis in idem, que implica na vedação de que um fato ilícito praticado pelo particular seja punido com sanções reiteradas. O Contribuinte entende que houve, por parte da Fiscalização, a violação deste princípio no que tange a aplicação da pena de perdimento cumulada com a multa de 10% do valor aduaneiro dos bens. O Contribuinte entende que deveria ter sido aplicada apenas uma das penas, para que não houvesse a punição dupla pelo mesmo ato do Contribuinte. Nestes termos o Contribuinte por intermédio do Recurso Voluntário explicita o seu entendimento (fls. 222): (...) 2.3.4. Com efeito, e tendo em vista que de um lado a ocultação do sujeito passivo é tipificada como dano ao erário passível de aplicação da pena de perdimento e, de outro a mesma ocultação – substituída pelo sinônimo acobertamento – é sujeita a pena de multa de 10% do valor da operação acobertada, há o conflito de normas sendo necessário o uso das técnicas para a solução do mesmo. 2.3.5. Ora, no processo 10814723.541/201311 foi aplicada à Recorrente definitivamente pena de perdimento das mercadorias. Assim, fazer ainda incidir multa de 10% do valor aduaneiro dos bens é uma evidente dupla punição pelos mesmos fatos. 1.3.6. Cumpre ressaltar que, de forma diversa do que ocorre numa importação por conta e ordem de terceiro, na operação por encomenda tanto o artigo 23 inciso V do DecretoLei 1.455/1976 quanto o artigo 33 da Lei 11.488 de 2007, têm como sujeito passivo a pessoa da importadora. Há, portanto, bis in idem e, por consequência, deve ser aplicada apenas uma das sanções à Recorrente. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 323 9 2.3.7. Ora, a importação por encomenda, como supramencionado é uma espécie de compra e venda. Sendo assim, a importadora compra o bem importado, tornandose dele proprietária e depois o revende ao adquirente. 2.3.8. Destarte, ao decretar o perdimento da mercadoria, o Fisco nada mais faz do que punir a importadora com a perda dos bens dos quais é proprietária. Na importação por encomenda, o proprietário do bem não é o destinatário final (comprador) da mercadoria. O proprietário é o importador, que posteriormente o revende a esse destinatário. Se o perdimento dos bens, por óbvio, é pena aplicável ao proprietário dos bens e o proprietário dos bens é, na importação por encomenda, como no presente caso, a Recorrente, deuse em desfavor desta duplo sancionamento (sic). Na decisão ora recorrida o voto do relator expos o seguinte entendimento (fls. 205 e 206): (...) Ademais, não é sequer necessário caracterizar a operação como sendo por encomenda ou por conta e ordem de terceiros para a configuração da infração constante do art. 33 da Lei nº 11.488, de 2007, abaixo transcrito, bastando que seja comprovado que a pessoa jurídica que realizou a importação em seu próprio nome, agiu, na verdade, acobertando terceiros que são os reais interveniente ou beneficiários da operação, situação incontroversa e comprovada nos autos. Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Aliás, esta multa de 10% do valor da operação acobertada conferiu uma nova penalidade que é aplicável no caso de ocorrência da infração prevista no inciso V do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976 – ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, na ocorrência da presunção legal estabelecida no §2º deste mesmo artigo presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Tratase na realidade, em ambos os casos, de situações que envolvem ceder o nome com o fim de acobertar o real interveniente na operação de comércio exterior. Vejase que, no caso da presunção legal, não há a exigência de se identificar a pessoa jurídica por trás do negócio ou o tipo real da transação oculta, bastando identificar a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação. Está correta a multa aplicada, capitulada no art. 33 da Lei no 11.488/2007, a qual é cabível cumulativa e independentemente do perdimento da mercadoria importada ou a sua conversão em multa pelo seu valor aduaneiro. A referida multa é aplicável exclusivamente ao importador ou exportador de direito (ostensivo – aquele que Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 324 10 cedeu o nome) e somente para as infrações ocorridas a partir da 15.06.2007, data em que foi publicada a Lei nº 11.488/07. Portanto, correta a subsunção dos fatos à tipificação legal constante do presente lançamento. (grifouse). Diante do alegado pelo Contribuinte de que houve violação ao princípio administrativo do non bis in idem, vedando as sanções reiteradas pelo mesmo ilícito, e, do correto entendimento da DRJ de que cabe cumulativamente a pena de perdimento da mercadoria importada ou a sua conversão em multa pelo seu valor aduaneiro e a multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007, cabe lembrar que a questão central é o pedido feito pelo Contribuinte de retificação da DI n.° 12/23122494, de 25/01/2013, e a pena de perdimento da mercadoria consubstanciada no processo nº. 10814.723541/201311. Constatase que no processo judicial n° 080014515.2014.4.05.8000, no voto de relatoria do desembargador Ivan Lira de Carvalho, que teve por objeto a pena de perdimento (processo administrativo nº. 10814.723541/201311), tratouse da questão central da retificação da DI n.° 12/23122494 e a intenção ou não do contribuinte de ocultar o real comprador. Cito trechos do voto do relator do processo judicial n° 0800145 15.2014.4.05.8000, como argumentos relevantes para bem decidir: No caso, observo que a aplicação da pena de perdimento não se mostra razoável, exatamente porque, ao que tudo indica, não teria havido a intenção, por parte da apelada, de ocultar o real comprador de uma operação de importação de bens (duas máquinas de inspeção de nível de enchimento e tampa para latas). A despeito do erro cometido pela mesma no momento do registro da declaração de importação o qual teria acontecido, segundo alega, por inexistir no campo da Declaração de Importação do SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior (programa fornecido pela Receita Federal do Brasil para controle de importações) qualquer indicação de importação na modalidade encomenda, informação essa não refutada pela Fazenda Nacional, a mesma apresentou retificação da declaração de importação, disponibilizando todas as informações necessárias à identificação das empresas que estariam adquirindo os bens apreendidos. Deduzir a atuação dolosa da parte autora na improbabilidade da ocorrência de erro em razão da sua experiência na importação de mercadorias do exterior não se mostra medida acertada. Como dito, ao que tudo indica, ocorreu por falha. Assim, não me parece que no caso concreto a aplicação da citada penalidade se apresente como melhor solução, à luz do princípio da proporcionalidade. A pena máxima do perdimento de bens somente se revela adequada e razoável em hipóteses tais que se demonstre o animus do transportador de se furtar ao controle aduaneiro. A documentação acostada nos autos leva ao entendimento de que procede a alegação da ocorrência do erro, bem como restou comprovada a retificação da Declaração de Importação nº 12/23122494, nos termos do artigo 552 do Regulamento Aduaneiro. Igualmente, da documentação acostada, não se evidencia a existência de dolo da empresa ou intenção de fraudar a fiscalização aduaneira. A boafé da recorrida deve ser considerada na aplicação da pena. A pena de perdimento é medida de exceção e deve ser aplicada quando houver manifesta máfé, e isso não restou configurado nos autos. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 325 11 O entendimento não fere o disposto no art. 37 do Decreto Lei nº 37/1966, nem o art. 136 do CTN, uma vez que não se verificou a fraude ou manifesta intenção em burlar o fisco. (...) Ressaltese que não está o Judiciário substituindo o agente público na prática de ato administrativo, pois o que se está analisando é o cabimento da sanção aplicada e a retenção da mercadoria. (...) Nesse sentido, consta também que foi lavrado pela própria Administração novo auto de infração referente à citada ocultação do sujeito passivo na importação (processo administrativo 10814.723542/201366), com aplicação da penalidade de multa de 10% (dez por cento) do valor da operação comercial. Desse modo, entendo que, no caso, não merece guarida o pleito de pagamento do valor correspondente aos bens em substituição à pena de perdimento, dado o afastamento de sua aplicação no caso concreto.(http://www.trf5.jus.br/data/2015/02/PJE/08001451520144058000_20150219_3991 7_40500001824880.pdf). Com esses argumentos e de acordo com os autos e a legislação aplicável ao presente processo, voto em negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte por entender que a multa de 10% prevista no art. 33 da Lei 11.488 de 2007 é cabível no caso em exame. Valcir Gassen Relator Fl. 325DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720529/2007-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2004
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. ILEGALIDADE.
O VTN médio declarado por município extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois não atende ao critério da capacidade potencial da terra, contrariando a legislação que rege a matéria.
Numero da decisão: 9202-005.175
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencida a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que não conheceu do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-04-02T14:30:39Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: 84 - Cantareia do Xingu Agropecuária Ltda OK.pdf; xmp:CreatorTool: PDFCreator Version 1.4.2; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CARF; dcterms:created: 2017-04-02T14:30:39Z; Last-Modified: 2017-04-02T14:30:39Z; dcterms:modified: 2017-04-02T14:30:39Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: 84 - Cantareia do Xingu Agropecuária Ltda OK.pdf; xmpMM:DocumentID: uuid:728b60ca-1a0c-11e7-0000-d9cf68bd828e; Last-Save-Date: 2017-04-02T14:30:39Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDFCreator Version 1.4.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2017-04-02T14:30:39Z; meta:save-date: 2017-04-02T14:30:39Z; pdf:encrypted: true; dc:title: 84 - Cantareia do Xingu Agropecuária Ltda OK.pdf; modified: 2017-04-02T14:30:39Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CARF; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CARF; meta:author: CARF; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-04-02T14:30:39Z; created: 2017-04-02T14:30:39Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2017-04-02T14:30:39Z; pdf:charsPerPage: 2224; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CARF; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-04-02T14:30:39Z | Conteúdo => CSRF-T2 Fl. 609 1 608 CSRF-T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10183.720529/2007-81 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202-005.175 – 2ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria ITR. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CANTAREIRA DO XINGU AGROPECUARIA LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. ILEGALIDADE. O VTN médio declarado por município extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois não atende ao critério da capacidade potencial da terra, contrariando a legislação que rege a matéria. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencida a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que não conheceu do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício). (Assinado digitalmente) Luis Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 01 83 .7 20 52 9/ 20 07 -8 1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador Especial do Procurador 2ª Turma 2ª Turma janeiro de 2017 janeiro de 2017 FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL CANTAREIRA DO XINGU AGROPECUARIA LTDA CANTAREIRA DO XINGU AGROPECUARIA LTDA A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 01 83 .7 20 52 9/ 20 07 -8 1 A Fl. 609DF CARF MF 2 Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 18/02/2014, foi julgado o Recurso Voluntário e o Recurso de Ofício s/n, prolatando-se o Acórdão nº 2202002.565 (e-fls. 203/217), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. Devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da impugnação e antes da decisão de 2ª instância. No processo administrativo predomina o princípio da verdade real, no sentido de buscar e descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador em sua expressão econômica. Precedentes. ITR. ÁREA DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. COMPROVAÇÃO. Considera-se área de exploração extrativa para fins de dedução na apuração do ITR a área objeto de plano de manejo aprovado pelo órgão competente, cujo cronograma esteja sendo cumprido pelo contribuinte. Tendo o contribuinte cumprido com os requisitos apontados, imperioso se faz o reconhecimento para fins de apuração do grau de utilização da terra. Precedentes. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA. NECESSIDADE. Relativamente à necessidade de prévia averbação da matrícula para fins de isenção do ITR, em 21/10/2013, o STJ apreciou a questão em embargos de divergência no recurso especial (EResp 1.027.051/SC), entendendo ser legítima a exigência da averbação, uniformizando a interpretação jurídica sobre o tema, esclarecendo o requisito necessário para a consideração da ARL. Não tendo o contribuinte averbado a área à margem da matrícula, não se preenche o requisito exigível para gozo da isenção. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. ILEGALIDADE. O VTN médio declarado por município extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois não atende ao critério da capacidade potencial da terra, contrariando a legislação que rege a matéria. Precedentes. Cientificado do acórdão em 30/07/2024 (e-fls. 543), a Fazenda apresentou Recurso Especial (e-fls. 544/551), no qual pretende a manutenção do VNT atribuído pela Fiscalização. Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10183.720529/2007-81 Acórdão n.º 9202-005.175 CSRF-T2 Fl. 610 3 Em exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial, conforme o Despacho n° s/n, de 25/09/2015 (e-fls. 553/556), para arbitramento do VTN com base no SIPT – Sistema de Preços de Terras, utilizando-se o VTN médio das DITR de outros contribuintes. Intimada, o Contribuinte apresentou Contrarrazões aduzindo, que não restou comprovada pela Fiscalização a inaptidão do laudo carreado aos autos pelo Contribuinte, razão pela qual não deve ser aplicado o acórdão paradigma (e-fls. 589/604). É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Trata-se de exigência de ITR - Imposto Territorial Rural do exercício de 2004, tendo em vista a desconsideração do VTN lançado pelo contribuinte e o consequente arbitramento do valor total do imóvel com base no SIPT. O Recurso Especial da Fazenda Nacional, contra decisão por unanimidade dos votos, proferida em 18/02/2014, foi interposto na modalidade de divergência jurisprudencial, com fundamento no art. 67 do Regimento Interno do CARF. Destarte, sendo tempestivo e estando de acordo com os demais requisitos do Regimento Interno, o Recurso Especial deve ser conhecido. Passando a me manifestar acerca da temática de pronto vale ressaltar que o SIPT, Sistema de Preços de Terras, é um instrumento essencial na atuação do Fisco no que concerne a fiscalização do ITR. O Sistema possui base legais a justificar sua existência, qual seja o art. 14 da Lei n° 9.393/96. Contudo deve ser destacado o fato de que a legalidade de tal sistema não significa uma legitimidade incondicional do SIPT. O próprio regramento do Sistema de Preços de Terra prevê que as informações que comporão o sistema considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. O intuito de tal direcionamento legal é evidenciar o princípio da verdade material, o qual no ramo do Direito Tributário é de suma importância. Assim, em que pese a presunção de veracidade que envolve os atos da Administração, no presente caso deve-se considerar o fato de que a legitimidade para atuar do Fisco, conforme art. 14 da Lei n° 9.393/96, é quando há “subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas”. Contudo, em nenhum momento a Fiscalização trouxe elementos que justificassem a utilização do SIPT. É por essa razão, que entendo ilegítimo o arbitramento do VTN mediante o Sistema de Preços de Terras, visto que tal mecanismo deve ser utilizado somente nos casos estritamente previsto na lei, o que não se observou, posto que utilizado o SIPT indiscriminadamente. Fl. 611DF CARF MF 4 Ao contrário do Fisco, que não reuniu elementos a comprovar suas afirmações, o Contribuinte juntou aos autos documentação para comprovar o valor declarado na DIRT. Ora, a verdade material é princípio do Direito Tributária, razão pela qual é garantida ao contribuinte fazer prova em contrário ao VTN arbitrado pelo o Fisco. Portanto, tendo o contribuinte feito prova do seu direito de ter o VTN por ele declarado mantido, não merece prosperar o VTN arbitrado pela Fiscalização. Ressalte-se que a maioria do colegiado conclui que para que se arbitre é necessário o atendimento as dois requisitos, média do DITR e aptidão agrícola do imóvel, o que não existia aqui, não sendo possível o arbitramento. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso da Fazenda Nacional, para manter o acórdão recorrido, e desconsiderar o VTN arbitrado pela fiscalização, acolhendo o valor alcançado mediante o laudo técnico apresentado por profissional devidamente qualificado. (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 612DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.002414/2004-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, para que seja sanado o vício apontado.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. NÃO COMPROVAÇÃO.
Não sendo possível relacionar os depósitos/créditos em conta corrente com os documentos trazidos pelo sujeito passivo, relativos às vendas de produtos agropecuários, deve ser mantido o lançamento por omissão de receitas decorrentes de depósitos bancários sem comprovação de origem.
Numero da decisão: 2402-005.753
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher em parte os embargos de declaração para suprir unicamente a omissão do acórdão embargado no tocante à apreciação dos documentos juntados em 19/12/2006 (fls. 1290/1719), sem alteração no resultado do julgamento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo Presidente
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
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Embargante ORDEMIRO GARCIA ALEVE Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Constatada omissão no acórdão, acolhemse os embargos de declaração, para que seja sanado o vício apontado. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. NÃO COMPROVAÇÃO. Não sendo possível relacionar os depósitos/créditos em conta corrente com os documentos trazidos pelo sujeito passivo, relativos às vendas de produtos agropecuários, deve ser mantido o lançamento por omissão de receitas decorrentes de depósitos bancários sem comprovação de origem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 24 14 /2 00 4- 01 Fl. 2184DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher em parte os embargos de declaração para suprir unicamente a omissão do acórdão embargado no tocante à apreciação dos documentos juntados em 19/12/2006 (fls. 1290/1719), sem alteração no resultado do julgamento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo – Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho. Fl. 2185DF CARF MF Processo nº 10120.002414/200401 Acórdão n.º 2402005.753 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Temse em pauta embargos de declaração (fls. 2129/2135) opostos pelo sujeito passivo que acusa obscuridade no acórdão no 10249.363, da 2.ª Câmara do então 1.o Conselho de Contribuintes, prolatado na sessão de 05 de novembro de 2008 (fls. 2056 a 2083), cujas ementa e decisão transcrevemos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 SUJEITO PASSIVO. IDENTIFICAÇÃO. A comprovação do uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis, enseja o lançamento sobre o titular de fato, verdadeiro sujeito passivo da obrigação tributária. COMPROVAÇÃO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. A comprovação material é passível de ser produzida não apenas a partir de uma prova única, concludente por si só, mas também como resultado de um conjunto de indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza manifesta de uma dada situação de fato. Nesses casos, a comprovação é deduzida como conseqüência lógica destes vários elementos de prova, não se confundindo com as hipóteses de presunção. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo, inclusive quando efetuados em conta bancária mantida em nome de interposta pessoa. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. EXCLUSÃO. A presunção de omissão de rendimentos do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, não alcança valores cuja origem tenha sido comprovada, cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação específica. IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA. APURAÇÃO MENSAL. OBRIGATORIEDADE DE AJUSTE ANUAL. Fl. 2186DF CARF MF 4 A partir do anocalendário de 1989, o imposto de renda das pessoas físicas passou a ser exigido mensalmente à medida que os rendimentos são auferidos. O imposto assim apurado, contudo, desde a edição da Lei nº 8.134, de 1990, não é definitivo, sendo mera antecipação, tendo em vista a obrigatoriedade de ser procedido o ajuste anual. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. A propositura de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, afasta o pronunciamento da jurisdição administrativa sobre a matéria objeto da mesma pretensão. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, aplicase o prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4º., do CTN, ainda que não tenha havido pagamento antecipado. Homologa se no caso a atividade, o procedimento realizado pelo sujeito passivo, consistente em “verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo”, inclusive quando tenha havido omissão no exercício daquela atividade. A hipótese de que trata o artigo 149, V, do Código, é exceção à regra geral do artigo 173, I. A interpretação do caput do artigo 150 deve ser feita em conjunto com os artigos 142, caput e parágrafo único, 149, V e VII, 150, §§1º. e 4º., 156, V e VII, e 173, I, todos do CTN. Recurso parcialmente provido. Por unanimidade de votos: a) NÃO CONHECER das preliminares de nulidade do lançamento, por quebra de sigilo bancário sem autorização judicial e pela irretroatividade da Lei nº 10.174, de 2001, por ser objeto de ação judicial.; b) AFASTAR as demais preliminares. No mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das exigências os valores de: R$ 40.308,75 em 1999; R$ 93.750,00 em 2000 e R$ 179.813,87 em 2001. Vencido o Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva, que dava provimento ao recurso e apresenta declaração de voto. Os embargos foram recebidos, consoante despacho (fls. 2166/2169) cujo teor transcrevemos em parte: Fl. 2187DF CARF MF Processo nº 10120.002414/200401 Acórdão n.º 2402005.753 S2C4T2 Fl. 4 5 Alega o embargante que foram juntados ao processo em 19/12/2006 (vide petição de efls. 1281 a 1289) documentos comprobatórios de origem das receitas tributadas, tanto do embargante como do Sr. João Batista Lopes, cuja conta corrente, na autuação, se imputou de titularidade do embargante, na proporção de 50%. Retoma a vencida argumentação de se tratarem as receitas assim comprovadas de atividades rurais desenvolvidas individualmente pelo embargante e pelo Sr. João Batista, com notas fiscais de venda independentes, ressaltando que, ainda assim, se considerou que as contas bancárias do Sr. João Batista Lopes, seriam de sua responsabilidade e do Sr. José Rubens Ferreira Lopes (feito 10120.006761/200402). Argumenta, porém, que o vergastado, equivocadamente, optou por excluir tão somente 50% dos valores comprovados da conta corrente objeto de tributação de titularidade do Sr. João Batista Lopes, quando deveriam ter sido excluídas, ainda, as receitas efetivamente comprovadas por documentos fiscais individuais do embargante, caracterizada, assim, omissão. Analiso. Entendo estar, no caso, caracterizada a existência de obscuridade, uma vez que: a) Contrariamente ao afirmado no voto condutor à efl. 2064, o lançamento e recurso voluntário em análise abrangem, além de créditos não comprovados ocorridos na conta de número 7.079 3, da Agência 06262, do Banco Bradesco (de titularidade do Sr. João Batista Lopes e imputada na proporção de 50% ao embargante), também outras contas, essas de titularidade do embargante (vide demonstrativo anexo ao Auto de Infração, de efls. 1041 a 1075, em especial a consolidação de efls. 1063 e ss.). b) Há alegação formal do contribuinte, no sentido dos documentos anexados através da petição de efls. 1281 a 1289 (os quais foram, posteriormente, objeto de diligência provocada pela Resolução de efls. 1720 a 1724), não se referirem à comprovação dos créditos ocorridos na conta do Sr. João Batista Lopes, os quais teriam sido anexados no âmbito do Proc. 10120.006761/200402 (vide efl. 1281). c) Ainda assim, não há qualquer manifestação expressa no teor do voto condutor acerca dos referidos documentos (anexados às efls. 1290 a 1719), sequer acerca da correlação entre estes e os documentos anexados às fls. 738/1562 do Processo 10120.006761/200402, que pudesse eventualmente justificar a exclusão em valor coincidente com a efetuada naquele outro feito. Caracterizada, assim, obscuridade, a ser sanada com o consequente acolhimento dos presentes embargos. Destarte, diante do exposto, proponho que os presentes embargos de declaração sejam conhecidos e acolhidos, a fim de Fl. 2188DF CARF MF 6 que se sane a obscuridade acerca da exclusão de valores idênticos aos reconhecidos no feito 10120.006761/200402 para os anos calendário de 1999, 2000 e 2001. Admitidos os embargos, vieram os autos para julgamento. É o relatório. Fl. 2189DF CARF MF Processo nº 10120.002414/200401 Acórdão n.º 2402005.753 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Tendo os embargos sido previamente admitidos, passamos diretamente ao exame de mérito. Nos embargos de declaração (fls. 2129/2135), o sujeito passivo acusa omissão e divergência do acórdão em relação aos fatos e documentos do processo. Segundo diz, os documentos juntados em 19/12/2006 comprovariam receitas tanto do embargante quanto do sr. João Batista Lopes, provenientes de atividades rurais desenvolvidas individualmente e que não se confundem. No entanto, o relator teria equivocadamente relacionado como exclusão da tributação tão somente 50% das receitas comprovadas por José Rubens Ferreira Lopes no processo no 10120.006761/200402, quando o correto seria excluir a totalidade das receitas comprovadas por documentos fiscais de Ordemiro Garcia Aleve e ainda, acrescidas de 50% das receitas comprovadas do sr. João Batista Lopes. Alega, ainda, que os valores excluídos no acórdão vergastado foram os mesmos utilizados no acórdão do processo no 10120.006761/200402 José Rubens Ferreira Lopes, comprovando assim a contradição objeto destes embargos. De fato, o voto condutor do acórdão no 10249.363 (fls. 2056 a 2083) deixou de se manifestar expressamente acerca dos documentos juntados pelo contribuinte ao feito em 19/12/2006 (fls. 1290/1719), pelos quais o sujeito passivo buscava identificar a origem dos depósitos bancários nas suas contas correntes, objeto do lançamento fiscal. No entanto, tais documentos foram objeto de diligência fiscal, devidamente relatada no acórdão recorrido nos seguintes termos: Fl. 2190DF CARF MF 8 Do exposto, observase que o próprio sujeito passivo reconheceu não ser possível relacionar os depósitos/créditos em conta corrente com os documentos relativos às vendas de produtos agropecuários. Logo, impossível aproveitar os documentos juntados (fls. 1290/1719) como comprovação da origem dos depósitos bancários efetuados em suas contas correntes. Nesses termos, nada há para excluir do lançamento, visto que não foi comprovada por documentos fiscais nenhuma receita de Ordemiro Garcia Aleve que se relacionasse aos depósitos bancários. Assim, embora omisso o acórdão embargado, no mérito não assiste razão ao embargante na matéria. Por outro lado, no tocante aos depósitos havidos na conta corrente no 7.0793, em nome de João Batista Lopes, devese observar que na petição (f. 1281) de 19/12/2006, o sujeito passivo afirma que: Fl. 2191DF CARF MF Processo nº 10120.002414/200401 Acórdão n.º 2402005.753 S2C4T2 Fl. 6 9 "Em relação aos documentos probatórios das receitas de João Batista Lopes, que visam justificar os depósitos da conta corrente n. 7.0793, todos estão anexados no processo n. 10120.006761/200402 JOSE RUBENS FERREIRA LOPES" Por esse motivo, o relator do acórdão embargado adotou como suas as razões expedidas no processo no 10120.006761/200402, onde foram examinados todos os documentos comprobatórios das receitas de João Batista Lopes. Naquele processo, foram excluídos do lançamento 50% dos valores comprovados de atividade rural por João Batista Lopes. Logo, os outros 50% dos valores comprovados devem ser excluídos do presente lançamento, pelo que resta explicado porque os valores excluídos aqui coincidem com aqueles excluídos no processo no 10120.006761/200402. Neste ponto, quanto às receitas comprovadas do sr. João Batista Lopes, entendo que não há obscuridade nem contradição no acórdão embargado, pelo que rejeito o recurso na matéria, mantendo a decisão recorrida. Conclusão Diante do exposto, voto por acolher em parte os embargos de declaração para suprir unicamente a omissão do acórdão embargado no tocante a apreciação dos documentos juntados em 19/12/2006 (fls. 1290/1719), sem alteração no resultado do julgamento. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Fl. 2192DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.730553/2013-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Aplicação da Súmula nº 63 do CARF.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.708
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(Assinado digitalmente)
Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Aplicação da Súmula nº 63 do CARF. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (Assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 73 05 53 /2 01 3- 10 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 154 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado). Relatório Contra o sujeito passivo foi lavrada notificação de lançamento de IRPF (fls. 05/14), relativa ao exercício 2012, anocalendário 2011, por omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 140.973,23, resultando no imposto suplementar no valor originário de R$ 34.538,43, acrescidos de multa e juros. Na impugnação às fls. 02, acompanhada dos documentos de fls. 15/34 e 58/59, o contribuinte alega que o valor líquido de R$ 140.973,23 se trata de rendimentos do período de 09/1999 a 11/2001, recebidos do INSS mediante alvará judicial, que foram informados indevidamente na declaração como rendimentos sujeitos à tributação exclusiva na fonte, quando deveriam ter sido informados em rendimento recebidos acumuladamente (RRA). Em revisão realizada pela autoridade lançadora (Termo Circunstanciado de fls. 61/62 e Despacho Decisório de fls. 64), os cálculos foram refeitos conforme os esclarecimentos e comprovantes trazidos pelo contribuinte, apurandose o imposto devido no valor de R$ 17.462,29 e, concluindose, assim, pela procedente parcial do lançamento. Ciente dessa revisão, o interessado complementou a impugnação com a manifestação de fls. 70 e documentos de fls. 71/76, alegando ter direito à isenção por moléstia grave, de acordo com laudo médico pericial apresentado. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Salvador/BA (SDR), no Acórdão nº 1539.421, às fls. 122/124, julgou improcedente a impugnação por entender que houve uso de analogia no laudo; que ficou duvidosa a data da identificação da doença; e que não foi apresentado comprovante de aposentadoria nos anos de 1999 e 2001. Cientificado desse acórdão em 17/03/2016 (AR de fls. 128), o contribuinte, em 15/04/2016, interpôs o recurso voluntário de fls. 130/131, com os documentos de fls. 132/141, reafirmando o seu direito à isenção por moléstia grave. Em 22/08/2016, houve a juntada de manifestação noticiando o falecimento do contribuinte e solicitando decisão quanto ao processo. É o relatório. Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, Relatora. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 155 3 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma, conforme Lei nº 7.713/1998 e Súmula CARF nº 63, a seguir: Lei nº 7.713/1988 : Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 11.052, de 2004); Súmula CARF Nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso dos autos, de se destacar que o crédito lançado foi revisado pela autoridade lançadora, reduzindo seu valor originário de R$ 34.538,43 para R$ 17.462,29, conforme Termo Circunstanciado de fls. 61/62 e Despacho Decisório de fls. 64. O contribuinte trouxe com o recurso os documentos de fls. 137 a 141, emitidos pela Divisão de Gestão de Pessoas da Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda em Minas Gerais e pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que não haviam sido apresentados na impugnação. Tais documentos demonstram que o laudo médico em questão (fls. 75), não aceito pela DRJ, foi utilizado para deferimento da isenção do imposto de renda pela fonte pagadora e que o contribuinte estava aposentado no período a que se refere os rendimentos acumulados. Não se desconhece que o Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16. Porém, a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos Fl. 155DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 156 4 documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Portanto, há que se conhecer dos documentos apresentados às fls. 137/141, nesta análise. Quanto à alegação de que os rendimentos recebidos são isentos em face de moléstia grave, a DRJ não a acatou porque entendeu que o laudo médico apresentado (fls. 75) fez uso de analogia, o que não é permitido, nos termos do art. 111, do CTN; e porque ficou duvidosa a data da identificação da doença; e ainda, porque, não foi apresentado comprovante de aposentadoria nos anos de 1999 e 2001, conforme trecho do voto no acórdão, a seguir transcrito: O laudo pericial apresentado pelo interessado (fls. 75), emitido em 2014, informa que o mesmo é portador de CID I63.0 (infarto cerebral devido a trombose de artérias pré cerebrais), diagnosticado em 02/02/2011. Acrescenta que a doença é equivalente a paralisia irreversível e incapacitante. Esta equivalência, porém, não é admissível como base para a isenção tributária, considerando que as normas que definem isenção devem ser interpretadas literalmente, como determina o art. 111 do Código Tributário Nacional, não sendo admissível o uso de analogia. O laudo afirma que o servidor é considerando “no momento” portador de doença especificada no art. 1º da Lei 11.052/04. Por outro lado, afirma que não há necessidade de posterior reavaliação. Não estabelece, assim, se a condição que daria direito à isenção (paralisia) fora identificada no momento do diagnóstico do infarto cerebral (02/02/2011) ou se somente foi constatada na verificação pericial, caso em que a data de isenção seria a data de emissão do próprio laudo. Ademais, não foi apresentado comprovante de concessão de aposentadoria. Não há assim prova de que os rendimentos em questão, relativos aos anos de 1999 e 2001, sejam rendimentos de aposentadoria. A isenção por moléstia grave somente se aplica aos rendimentos de aposentadoria. O laudo médico pericial nº 0.113.600/2014, de avaliação para fins de isenção o imposto de renda sobre a aposentadoria, trazido pelo interessado às fls. 75 (e reapresentado às fls. 92), foi emitido em 28/07/2014, por junta médica do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) Universidade Federal de Minas Gerais, e atesta ser o interessado portador de doença especificada no art. 1º da Lei nº 11.052/04 (que deu a redação atual ao inciso XIV, do art. 6º, da Lei nº 7.713/88), equivalente à paralisia irreversível e incapacitante, CID 10: I63.0 (infarto cerebral devido a trombose de artérias pré cerebrais), diagnosticado em 02/02/2011. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 157 5 Da análise do referido laudo, não se faz a mesma interpretação da autoridade julgadora de primeira instância. Notese que na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID10) não consta a moléstia denominada como "paralisia irreversível e incapacitante". Logo, entendese que o termo "equivalente" não é uma analogia, mas sim um enquadramento da doença que acomete o interessado na nomenclatura contida na Lei de isenção. Dessa forma, concluise que esse laudo atesta que o interessado está acometido de paralisia irreversível e incapacitante, desde 02/02/2011. De se mencionar ainda que o referido laudo pericial foi utilizado pelo Ministério da Fazenda para deferir a isenção do imposto de renda sobre os proventos do contribuinte, a partir de 02/02/2011, conforme documento de fls. 137. O comprovante de rendimentos emitido pelo INSS em favor do contribuinte, de dezembro de 1995, às fls. 140/141, mostra sua condição de aposentado. E o documento de alteração de proventos do Ministério da Fazenda, às fls. 139, registra que o ato de aposentadoria se deu em 17/08/1987. Assim, no período a que se refere os rendimentos recebidos acumuladamente (09/1999 a 11/2001, conforme reconhecido pela fiscalização no Termo Circunstanciado de fls. 61/63), o recorrente estava aposentado. Observase também, no extrato de fls. 18, que o levantamento desses rendimentos acumulados, oriundos de ação judicial, ocorreu em 06/05/2011, ou seja, quando o contribuinte já era portador de moléstia grave com direito à isenção. Nesse sentido, ressaltase que, para o portador de moléstia grave, atestada por laudo médico oficial, os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão e suas complementações são isentos da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial, conforme disposto no art. § 5º, III e § 6º, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, a seguir: Art. 39. (...) (...) § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: (...) III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (...) § 6º As isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão. (...) Cumpre mencionar também os esclarecimentos trazidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) no "Perguntas e Respostas" do exercício de 2012, quanto à aplicação da isenção em comento na hipótese de rendimentos acumulados, a seguir: Fl. 157DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 158 6 DOENÇA GRAVE — RENDIMENTOS ACUMULADOS 265 — São tributáveis os rendimentos de aposentadoria ou pensão recebidos acumuladamente por beneficiário portador de doença grave? Os rendimentos recebidos de aposentadoria ou pensão, embora acumuladamente, não sofrem tributação, por força do disposto na Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, art. 6º, inciso XIV, que isenta referidos rendimentos recebidos por portador de doença grave. A isenção aplicase aos rendimentos de aposentadoria, reforma ou pensão inclusive os recebidos acumuladamente relativos a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave, desde que percebidos a partir: • do mês da concessão da pensão, aposentadoria ou reforma, se a doença for preexistente ou a aposentadoria ou reforma for por ela motivada; • do mês da emissão do laudo pericial que reconhecer a doença, contraída após a aposentadoria, reforma ou concessão da pensão; • da data em que a doença for contraída, quando identificada no laudo pericial emitido posteriormente à concessão da pensão, aposentadoria ou reforma. A comprovação deve ser feita mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. (Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de1988, arts. 6º, XIV e XXI, e 12; Lei nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004, arts. 1º e 2º; Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 30; Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/1999), art. 39, incisos XXXI, XXXIII e § 6º; Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001, art. 5º, §§ 2º e 3º; Ato Declaratório Normativo Cosit nº 19, 25 de outubro de 2000) (Grifouse) Portanto, comprovado por laudo médico oficial que o contribuinte estava acometido por moléstia grave prevista na lei isentiva, desde 02/02/2011; e que recebeu, em 06/05/2011, rendimentos acumulados relativos à aposentadoria, se faz necessário reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre essas verbas, afastando, assim o lançamento efetuado. Em face do exposto, voto por conhecer do recurso e DARLHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Rosemary Figueiroa Augusto Relatora Fl. 158DF CARF MF Processo nº 15504.730553/201310 Acórdão n.º 2202003.708 S2C2T2 Fl. 159 7 Fl. 159DF CARF MF
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Numero do processo: 10783.914954/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS.
Aquele que se manifesta contra o Despacho Decisório tem o ônus probatório relativo à comprovação do crédito que alega possuir, o qual deve ser exercido oportunamente e de forma materialmente suficiente à demonstração do direito pleiteado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.887
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto do presente acórdão.
(Assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Aquele que se manifesta contra o Despacho Decisório tem o ônus probatório relativo à comprovação do crédito que alega possuir, o qual deve ser exercido oportunamente e de forma materialmente suficiente à demonstração do direito pleiteado. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto do presente acórdão. (Assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Aquele que se manifesta contra o Despacho Decisório tem o ônus probatório relativo à comprovação do crédito que alega possuir, o qual deve ser exercido oportunamente e de forma materialmente suficiente à demonstração do direito pleiteado. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto do presente acórdão. (Assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 91 49 54 /2 00 9- 31 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10783.914954/200931 Acórdão n.º 3402003.887 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de compensação declarada em PER/DCOMP apresentada pelo contribuinte, de crédito referente a valor que teria sido recolhido a maior ou indevidamente, a título de PIS, atinente ao período de apuração indicado na folha de rosto do acórdão. Por meio de Despacho Decisório eletrônico, negouse homologação à compensação declarada, alegando não restar crédito disponível para a compensação dos débitos informados, em virtude de o pagamento do qual seria oriundo já ter sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que foi julgada improcedente pela DRJ sob os seguintes fundamentos: i) o contribuinte não indicou como apurou o crédito que alega possuir e indicado na Declaração de Compensação e ii) o contribuinte não juntou quaisquer provas do referido crédito. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual alega inauguralmente que a questão não necessitaria de produção de provas, por se tratar de incidência de PIS sobre receitas financeiras, declarada inconstitucional pelo STF no RE nº 346.084. Ao final, solicita a realização de diligência. É o relatório. Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.885, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10783.914970/200924, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.885): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O Despacho Decisório contestado nesse processo administrativo teve sua homologação negada sob fundamento do crédito alegado ter sido utilizado integralmente para quitar débitos da pessoa jurídica. Desde o início, o contribuinte não juntou qualquer documentação fiscal ou contábil que permita determinar o valor do crédito ou pelo menos um mínimo lastro probatório de sua existência. Menos ainda, sequer articulou argumento que sustentasse as razões para a Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10783.914954/200931 Acórdão n.º 3402003.887 S3C4T2 Fl. 4 3 manutenção do crédito pretendido, limitandose a afirmar a sua existência. O Decreto n° 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, é expresso no sentido de que o contribuinte deve trazer ao litígio todos os motivos de contrariedade, acompanhados dos elementos probatórios que fundamentem suas alegações. Senão vejamos: Art. 15 A impugnação, formalizado por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30(trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(inciso III com redação determinada pela Lei 8. 748/1993) §4. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razoes posteriormente trazidos aos autos. Como precisamente apontado na decisão a quo, aquele que se manifesta contra o Despacho Decisório tem o ônus probatório relativo à comprovação do crédito que alega possuir alegar e não provar é o mesmo que não alegar. Tampouco se vislumbra nos autos quaisquer das exceções previstas no art. 16, §4º do Decreto 70.235/72. Assim, operouse a preclusão acerca do direito do contribuinte de produzir quaisquer provas do seu crédito, o que nos permite seguramente corroborar as conclusões alcançadas pela DRJ. Em seu Recurso Voluntário, o contribuinte traz uma reconstrução da discussão que culminou na declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718, para afirmar que o crédito se refere a receitas financeiras que compuseram a base de cálculo, o que causou o pagamento indevido das contribuições sociais. Quanto a este argumento, além de encontrar óbice no art. 17 do Decreto 70.235/72 (Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.), não foi corroborado por qualquer prova nos autos, sequer existindo algum indício disto. Tratase de uma afirmação tão vazia quanto à afirmação do crédito na Manifestação de Inconformidade, não merecendo qualquer guarida deste Colegiado. Por fim, alega o Recorrente: Concluindo, o recolhimento a maior de parte do darf de RS 25.045,85 é decorrente do alargamento da base de cálculo do COFINS (código de receita 2172), a qual deu fundamento para a Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10783.914954/200931 Acórdão n.º 3402003.887 S3C4T2 Fl. 5 4 compensação ora não homologada, o que poderá ser comprovado por mera diligência fiscal. O autor simplesmente alega a necessidade de uma diligência fiscal, mas sem atender aos requisitos do art. 14, IV do Decreto 70.235/72: Art. 16. A impugnação mencionará: IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. A despeito da falha do Recorrente em indicar os elementos necessários para a solicitação de uma diligência, ainda assim o Colegiado poderia propor a conversão do julgamento em diligência se entender necessária, nos termos do art. 18 do Decreto 70.235/72: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Todavia, a diligência não tem a função de, atuando em lugar do Contribuinte, atender a um ônus probatório que não foi observado por este, mas sim esclarecer fatos que foram aventados no processo. Desse modo, nego o pedido de diligência. Conclusão Forte no exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário, por absoluta ausência de provas no processo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao Recurso Voluntário, por absoluta ausência de provas no processo. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004352/2010-42
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA.
Não se conhece de recurso especial no qual não restou comprovada a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas apontados.
Numero da decisão: 9101-002.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo em virtude da arguição de impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda, suscitada pelas partes, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra. Por unanimidade de votos, acordam em rejeitar a preliminar de impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra. A declaração por escrito, dos conselheiros fazendários, manifestando-se pelo não impedimento e suas razões, será anexada aos autos. Acordam, ainda, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de prejudicialidade quanto à força probante do Lalur e da DIPJ, vencido o conselheiro Rafael Vidal de Araújo e, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Solicitou apresentar declaração de voto quanto à preliminar de impedimento o conselheiro Demetrius Nichele Macei.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e ausente a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. Não se conhece de recurso especial no qual não restou comprovada a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas apontados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo em virtude da arguição de impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda, suscitada pelas partes, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra. Por unanimidade de votos, acordam em rejeitar a preliminar de impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Gerson Macedo Guerra. A declaração por escrito, dos conselheiros fazendários, manifestandose pelo não impedimento e suas razões, será anexada aos autos. Acordam, ainda, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de prejudicialidade quanto à força probante do Lalur e da DIPJ, vencido o conselheiro Rafael Vidal de Araújo e, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Solicitou apresentar declaração de voto quanto à preliminar de impedimento o conselheiro Demetrius Nichele Macei. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 43 52 /2 01 0- 42 Fl. 555DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 556 2 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e ausente a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio. Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida: Pelo que se extrai do auto de infração cuja cópia consta a partir da fl. 121, tratase de exigência notificada ao recorrente em 14/12/2010 (fl. 122), identificando o seguinte, com o enquadramento legal que segue. 001 GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE SALDO DE PREJUÍZOS INSUFICIENTES Enquadramento Legal: art. 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510 do Regulamento do Imposto de Renda. Pelo que se extrai do Termo de Verificação Fiscal de fls. 108 e seguintes, assim como do relatório do acórdão recorrido, parcialmente adotado por este relator. Destaca a autoridade que, através dos Demonstrativos de Compensação de Prejuízos Fiscais (SAPLI) e respectivas DIPJs, foi constatado que a recorrente efetuou compensação de prejuízos, no anocalendário de 2005, no valor de R$ 31.183.697,16, apresentando um excesso de R$ 2.794.257,95 em função do saldo inexistente de períodos anteriores, bem como, no anocalendário de 2006, apresentou compensação indevida de R$ 31.313.924,79. Pelo que se extrai do Termo de Verificação Fiscal, à fl. 111, foram procedidas verificações retroativas ao anocalendário de 2003 para a correta apuração dos valores indevidamente compensados nos anoscalendário de 2005 e 2006, sendo encontrados os seguintes dados: Fl. 556DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 557 3 Segundo o relatório fiscal, no anocalendário de 2003 a empresa apresentou prejuízo de R$ 50.062.938,78, após as adições e exclusões procedidas no lucro líquido antes do IRPJ no valor de R$ 121.181.708,31, sendo que, da análise do lucro líquido apresentado, constatouse o seguinte: Desta forma, segundo destacou a autoridade fiscal, o prejuízo não operacional de R$ 34.701.839,57 encontrase reduzindo o lucro líquido, conforme quadro que segue: Procedimento idêntico ao acima referido foi feito em relação aos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, sendo que, em relação a estes dois últimos, transcrevo os seguintes quadros do termo de verificação fiscal: Fl. 557DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 558 4 Em face do exposto efetuou compensação indevida no valor de R$ 2.794.257,95. No ano de 2006, a empresa obteve resultado operacional conforme quadro que segue: Fl. 558DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 559 5 Em síntese, nos termos do relatório fiscal, a empresa compensou a maior os seguintes valores: Intimada da autuação, a parte interessada apresentou impugnação, alegando, em síntese: a) A apuração do prejuízo fiscal operacional do anocalendário de 2003, efetuada pela fiscalização no item II.1 do Termo de Verificação Fiscal, e que resultou no valor de R$ 15.361.099,21, não está correta porque: (i) deixou de considerar o montante de R$ 40.126.427,73, relativo a receitas não operacionais, que foram adicionadas pela Impugnante à base de cálculo para apuração do Lucro Real daquele exercício; (ii) não se apercebeu, assim, que, em razão da receita acima mencionada, o resultado não operacional do período não foi negativo em R$ 34.701.839,57, mas positivo em R$ 5.424.588,16, restando afastada, assim, a aplicação dos §§ 5º e 6º do artigo 36 da IN/SRF nº 11/96; (iii) dessa forma, o valor do prejuízo fiscal de R$ 50.062.938,78, indicado na DIPJ, só retrata prejuízo operacional; (iv) em consequência, não mais subsiste o único fundamento invocado pela fiscalização para glosar as compensações realizadas em 2005 e 2006. A DRJ julgou improcedente a impugnação, sendo que, desta decisão, a autuada, de forma tempestiva, apresentou o recurso de fls. 395 e seguintes, alegando: I) que a autuação foi lavrada sob o fundamento de que o prejuízo fiscal operacional da recorrente, em 2003, seria de apenas R$ 15.361.099,21, e não de R$ 50.062.938,78, uma vez que parte deste prejuízo fiscal seria supostamente relativo a prejuízo não operacional. II) que a autoridade fiscal só lavrou a presente autuação porque partiu de premissa equivocada, posto que não considerou a Fl. 559DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 560 6 existência, no ano de 2003, de receita não operacional no montante de R$ 40.126.427,73, correspondente a reversão de receita diferida de venda de ativo. III) a autuação não merece prosperar, pois a própria autoridade fiscal reconheceu que consta do LALUR, relativo ao ano calendário de 2003, na parte de adições, que o montante de R$ 40.126.427,73 compôs a base de cálculo do IRPJ, integrando o total das adições de R$ 146.044.052,29, sendo esse o mesmo total de adições que compõe a linha 24 da página 6 da Ficha 9A da DIPJ. iv) Afastada a premissa de que o saldo do prejuízo fiscal operacional relativo ao ano de 2003 seria de R$ 15.361.099,21, e não de R$ 50.062.938,78, corretamente escriturado pela recorrente, resta demonstrada a improcedência da autuação; v) Caso mantida a autuação, não podem ser exigidos juros sobre a multa, pois a lei prevê a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos. Ao julgar o recurso, a Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1402001.377, de 7 de maio de 2013, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ. GLOSA DA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS EM PERÍODOS ANTERIORES. REGISTROS CONTÁBEIS. DIPJ E LALUR. VALORAÇÃO DA PROVA FRENTE À REALIDADE DOS FATOS. É certo que os registros contábeis, divorciados da realidade dos fatos, não se constituem em meios hábeis para comprovação de fato jurídicotributário. Em se tratando de operações comerciais, glosas de despesas, ou pagamentos realizados, para efeitos tributários, é necessário verificar se estes eventos efetivamente ocorreram no mundo dos fatos. No entanto, passados quase 9 (nove) anos (sic) de situação caracterizada por registros constantes em DIPJ tempestivamente entregue, corroborada com registros regulares verificados no LALUR, não pode a autoridade fiscal desconsiderar tais informações pelo fato de que o sujeito passivo não lhe apresentou o Livro Diário, consumido em incêndio devidamente comprovado. Da análise do caso concreto, considerando os elementos existentes nos autos, chega se à conclusão de que não subsiste o lançamento efetuado em 2010, para efetuar a glosa de prejuízos fiscais Fl. 560DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 561 7 apurados/acumulados nos anos de 2002 e 2003, pois tais valores constam nas DIPJ regular e tempestivamente apresentadas pelo contribuinte. Nessas situações especificas, cabe ao Fisco observar o prazo decadencial para proceder ao lançamento, nos termos dos arts. 142, 149, 150 e 173 do Código Tributário Nacional, combinados com o art. 9º. § 4º, do Decreto 70.235/1972 (alterado pela Lei 11.941/2009, já em vigência à época da autuação). Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Os Conselheiros Carlos Pelá e Alexandre Antônio Alkmim Teixeira acompanharam o Relator pelas conclusões. Ausente o Conselheiro Alexei Macorin Vivan. Participou do julgamento o Conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que é possível serem revistos fatos ocorridos no passado que gerem efeitos tributários futuros; e b) que não foi observado, pelo acórdão recorrido, o disposto no art. 264 do RIR/1999 – “Conservação de Livros e Comprovantes”. O recurso especial, quanto àquele primeiro ponto, foi admitido pelo presidente da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que o acórdão recorrido deu provimento ao recurso voluntário por dois fundamentos independentes e autônomos, ambos capazes de, individualmente, justificar a exoneração do crédito lançado; b) que a Fazenda Nacional, ciente desse fato, insurgiuse contra os dois fundamentos; c) que, porém, o despacho de admissibilidade de recurso especial, ao admitir o recurso especial da Fazenda Nacional, manifestouse apenas a respeito da primeira divergência, abstendose totalmente de fazêlo quanto à segunda, gerando a necessidade de sua complementação, sob pena de nulidade; d) que, caso esse despacho de admissibilidade tivesse examinado a segunda divergência, concluindo pela inadmissibilidade do recurso especial nessa parte, teria persistido, de forma definitiva, fundamento suficiente para a manutenção do acórdão recorrido, inviabilizando o conhecimento daquele recurso especial; e) que, preliminarmente, com relação ao primeiro fundamento do acórdão recorrido, o acórdão paradigma nº 140200.607 não pode ser admitido, já que foi julgado exatamente pela mesma turma que proferiu o acórdão recorrido; Fl. 561DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 562 8 f) que também o acórdão paradigma nº 120100.595 não serve como paradigma, em razão da ausência de similitude fática entre a situação nele tratada e a pertinente ao acórdão recorrido; g) que, no tocante ao segundo fundamento do acórdão recorrido, tratase de matéria de prova, não sendo, pois, cabível o recurso especial interposto; h) que, de todo modo, o acórdão apontado pela Fazenda Nacional como paradigma (Acórdão nº 230300.301) não guarda qualquer similitude fática com o caso concreto; e i) que, no mérito, deve ser desprovido o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, quanto aos dois fundamentos do acórdão recorrido. Em despacho de saneamento que proferi em 14 de outubro de 2014, determinei que fosse retornado o processo à Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF, para complementação da análise de admissibilidade do recurso especial da Fazenda Nacional, no que se refere ao segundo fundamento da decisão recorrida. O recurso especial, quanto a esse segundo fundamento, foi também admitido pelo presidente da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte reiterou as contrarrazões anteriormente apresentadas (alíneas “e” a “i”). É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator 1ª Preliminar – Sobrestamento Suscitada a preliminar de sobrestamento para melhor discussão do tema do impedimento suscitado em face do em função do Bônus de Eficiência e Produtividade Medida Provisória nº 765, de 29 de dezembro de 2015, entendo que não se trata de matéria suscetível de impor o sobrestamento do feito exatamente pelos motivos abaixo elencados, ou seja, que não há que se discutir aqui a matéria de impedimento por conta da Medida Provisória nº 765, de 29 de dezembro de 2015. 2ª Preliminar Impedimento No início do julgamento foi suscitado pelo recorrido uma preliminar de impedimento dos Conselheiros representantes da Fazenda Nacional em função do Bônus de Eficiência e Produtividade Medida Provisória nº 765, de 29 de dezembro de 2015. Nos termos do art. 44 do RICARFAnexo II, consultados, nenhum dos Conselheiros representantes da Fazenda Nacional se declarou impedido, tendo a matéria submetida à votação foi decido à unanimidade pela inexistência de impedimento, tendo sido feita manifestação por escrito dos motivos da não existência do impedimento, nos termos do art. 44 do RICARFAnexo II, conforme documento acostado aos presentes autos. Neste sentido, de forma mais detalhada, não me entendo impedido também pelos motivos que seguem adiante. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 563 9 Em razão da arguição de impedimento aduzida pelo patrono da contribuinte por ocasião da sustentação oral ocorrida na sessão de julgamento realizada no dia 18 de janeiro de 2017, ao argumento de que nós, Conselheiros representantes da Fazenda Nacional, estaríamos impedidos de atuar no presente julgamento, fazse necessário juntarse aos autos a presente manifestação, nos termos do art. 44 do Anexo II do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, haja vista que não reconhecemos tal impedimento. A argüição foi motivada pela publicação da Medida Provisória nº 765, de 29 de dezembro de 2015, cujo art. 5º prevê um Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira, com o objetivo de incrementar a produtividade nas áreas de atuação dos ocupantes dos cargos de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e de Analista Tributário da Receita Federal do Brasil, nos seguintes termos: Art. 5o Ficam instituídos o Programa de Produtividade da Receita Federal do Brasil e o Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira, com o objetivo de incrementar a produtividade nas áreas de atuação dos ocupantes dos cargos de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e de AnalistaTributário da Receita Federal do Brasil. § 1o O Programa de que trata o caput será gerido pelo Comitê Gestor do Programa de Produtividade da Receita Federal do Brasil, composto por representantes do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Casa Civil da Presidência da República, nos termos a serem definidos em ato do Poder Executivo federal. § 2o O valor global do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira será definido pelo Índice de Eficiência Institucional, mensurado por meio de indicadores de desempenho e metas estabelecidos nos objetivos ou no planejamento estratégico da Secretaria da Receita Federal do Brasil. § 3o Ato do Comitê Gestor do Programa de Produtividade da Receita Federal do Brasil será editado até 1o de março de 2017, o qual estabelecerá a forma de gestão do programa e a metodologia para a mensuração da produtividade global da Secretaria da Receita Federal do Brasil e fixará o Índice de Eficiência Institucional. § 4o A base de cálculo do valor global do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira será composta pelo valor total arrecadado pelas seguintes fontes integrantes do Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização FUNDAF, instituído pelo DecretoLei no 1.437, de 17 de dezembro de 1975: I arrecadação de multas tributárias e aduaneiras incidentes sobre a receita de impostos, de taxas e de contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a que se refere o art. 4o da Lei no 7.711, de 22 de dezembro de 1988, inclusive por descumprimento de obrigações acessórias; e II recursos advindos da alienação de bens apreendidos a que se refere o inciso I do § 5o do art. 29 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976. § 5o O valor global do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira a ser distribuído aos beneficiários do Programa corresponde à multiplicação da base de cálculo do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira pelo Índice de Eficiência Institucional. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 564 10 § 6o O valor global do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e Aduaneira não poderá ultrapassar o valor da base de cálculo de que trata o § 4o. Em apertada síntese, foi alegado que, em decorrência do §4º do supracitado artigo prever que o bônus possui como base de cálculo, além do produto da alienação de bens objeto de pena de perdimento, o valor da arrecadação das multas tributárias e aduaneiras incidentes sobre a receita de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e aquelas exigidas em virtude do descumprimento de obrigações acessórias, considerando que o CARF é o órgão competente para o julgamento de recursos versando sobre as multas que servirão como base de cálculo para o bônus, os resultados dos seus julgamentos deveriam repercutir no valor a ser pago aos AuditoresFiscais e AnalistasTributários, o que caracterizaria interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, fato que, por sua vez, impediria os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional de atuarem no julgamento de recursos, nos termos do art. 42 do Anexo II do RICARF, ora colacionado: Art. 42. O conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; e III como parte, cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim até o 3º (terceiro) grau. § 1º Para efeitos do disposto no inciso II do caput, considerase existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro representante dos contribuintes preste ou tenha prestado consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ou perceba remuneração do interessado, ou empresa do mesmo grupo econômico, sob qualquer título, no período compreendido entre o primeiro dia do fato gerador objeto do processo administrativo fiscal até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso. § 2º As vedações de que trata o § 1º também são aplicáveis ao caso de conselheiro que faça ou tenha feito parte como empregado, sócio ou prestador de serviço, de escritório de advocacia que preste consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ao interessado, bem como tenha atuado como seu advogado, nos últimos cinco anos. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) § 3º O conselheiro estará impedido de atuar como relator em recurso de ofício, voluntário ou recurso especial em que tenha atuado, na decisão recorrida, como relator ou redator relativamente à matéria objeto do recurso. § 4º O impedimento previsto no inciso III do caput aplicase também aos casos em que o conselheiro possua cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim até o 2º (segundo) grau que trabalhem ou sejam sócios do sujeito passivo ou que atuem no escritório do patrono do sujeito passivo, como sócio, empregado, colaborador ou associado. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Ocorre que tal dispositivo só tem aplicação para os Conselheiros representantes dos Contribuintes, consoante o disposto no seu §1º. E, consoante a doutrina processual civil, as hipóteses de impedimento são objetivas, definidas a partir da presunção absoluta de Fl. 564DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 565 11 parcialidade do julgador, de modo que se a hipótese não está prevista no diploma regulador do processo, não é possível constituíla a partir de uma interpretação extensiva da norma. De toda a sorte, há uma razão para a hipótese regimental não alcançar os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional. Essa diferença de tratamento reside nas conseqüências advindas da não observância ao próprio dispositivo. É que, para os Conselheiros representantes dos Contribuintes, nos termos do art. 45, inciso I, do Anexo II do RICARF, configurado o impedimento, se o Conselheiro argüido assim não se reconhecer, fica caracterizada hipótese de descumprimento ao Regimento Interno, configurando hipótese de perda de mandato. No entanto, para os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional, o descumprimento acarreta ato de improbidade administrativa, nos termos dos incisos I e VIII do art. 9º da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, punível com a demissão, nos termos do art. 132 da Lei nº 8.112, de 1990. Nesse sentido, o Presidente do CARF, no âmbito da atribuições de exarar atos administrativos complementares ao Regimento Internos, nos termos do art. 3º, incisos IV, XI e §2º do Anexo I, bem como os incisos IV e XIII do art. 20 do Anexo II, todos do RICARF, editou a Portaria CARF nº 1, de 2017, ora transcrita: O PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos IV, XI e § 2º do art. 3º do Anexo I, bem como os incisos IV e XIII do art. 20 do Anexo II, todos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, em face de questionamentos suscitados por Conselheiros representantes da Fazenda Nacional diante do disposto no art. 5º da Medida Provisória nº 765, de 29 de dezembro de 2016, DECLARA: Art. 1º A hipótese de impedimento prevista no inciso II do art. 42 do Anexo II do RICARF aplicase exclusivamente aos conselheiros da representação dos contribuintes dada a especificidade de que trata o § 1º do mesmo dispositivo. § 1º O interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, ocorre nos casos em que o conselheiro da representação dos contribuintes, em relação ao interessado ou empresa do mesmo grupo econômico: I preste ou tenha prestado consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil; ou II perceba remuneração, sob qualquer título, no período compreendido entre o primeiro dia do fato gerador objeto do processo administrativo fiscal até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso. § 2º Eventual enquadramento de conselheiro da representação da Fazenda Nacional nos casos de que trata este artigo tipificaria improbidade administrativa nos termos dos incisos I e VIII do art. 9º da Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992. Art. 2º Há impedimento do conselheiro da representação da Fazenda Nacional: I na hipótese em que tenha atuado como autoridade lançadora, ou praticado ato decisório monocrático, nos termos do inciso I do art. 42 do Anexo II do RICARF; Fl. 565DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 566 12 II quando o interesse for presumido pelo vínculo de parentesco ou de afinidade, nos termos do inciso III do mesmo artigo; e III na qualidade de relator, quando tiver atuado na condição de relator ou redator em decisão anterior. Art. 3º Esta Portaria será publicada no Boletim de Serviço do CARF. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Com efeito, o Regimento anterior ao atual, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, vigente ao tempo em que advogados podiam atuar como Conselheiros representantes dos Contribuintes, concomitantemente com a prática da advocacia, já dispunha: Art. 42. O conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; III como parte, cônjuge, companheiro, parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau; IV participado do julgamento em primeira instância. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considerase existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro representante dos contribuintes: I preste consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ao interessado, ou dele perceba remuneração sob qualquer título, no período da instauração do processo administrativo fiscal e até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso; e II atue como advogado, firmando petições, em ação judicial cujo objeto, matéria, ou pedido seja idêntico ao do recurso em julgamento Ou seja, mesmo quando o Regimento não obrigava os representantes dos Contribuintes a se licenciar da Ordem dos Advogados do Brasil, o dispositivo já era direcionado aos Conselheiros representantes dos Contribuintes. Situação diferente ocorria em Regimentos anteriores, em que a redação do dispositivo que tratava do impedimento trazia em seu bojo, a título de parágrafo, uma complementação ao caput, usando a expressão “considerase também”. A título exemplificativo, transcrevese o que constava da Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007: Art. 15. O conselheiro estará impedido de participar do julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; e III cônjuge, companheiro ou parentes, consangüíneos ou afins, até o terceiro grau, como parte, , ou como advogado da parte. § 1º Para os efeitos deste artigo, considerase também existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro: Fl. 566DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 567 13 I percebe ou percebeu remuneração do recorrente, de advogado, de sociedade de advogados, de consultoria ou assessoria que lhe preste assistência jurídica e/ou contábil, em caráter eventual ou permanente, qualquer que seja a razão ou o título da percepção, no período que medeia o início da ação fiscal e a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso; II figure como representante ou mandatário, legal ou convencional, em ação judicial que tenha por fundamento ou pedido, no todo ou em parte, a mesma matéria que seja objeto do recurso em julgamento. § 2º O conselheiro representante da Fazenda Nacional estará impedido de atuar como relator em recurso no Conselho de Contribuintes quando tiver atuado como relator em instância inferior.(Negritamos) É importante destacar, ainda, que ao Processo Administrativo Fiscal aplicase o Decreto nº 70.235, de 1972 e, somente em caráter subsidiário, a Lei nº 9.784, de 1999, cujo art. 69 traz disposição expressa nesse sentido: "Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei." E o Decreto nº 70.235, de 1972, remete ao Regimento Interno do CARF, a disciplina do seu julgamento, nos termos do art. 37, verbis: Art. 37. O julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais farseá conforme dispuser o regimento interno. Todavia, ainda que se entenda ser possível interpretação diversa aquela conferida por meio da Portaria CARF nº1, de 2017, é oportuno esclarecer que o bônus de eficiência, tal como regulamentado por meio da Portaria RFB nº 31, de 18 de janeiro de 2017, ainda que precariamente, posto que será submetido ao Comitê Gestor do Programa de Produtividade da Receita Federal do Brasil, composto por representantes do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Casa Civil da Presidência da República, somente será devido se a Secretaria da Receita Federal do Brasil atingir as metas constantes do Anexo II. Para tanto, será necessário que os indicadores de 1 a 8, que não são atrelados à arrecadação, sejam positivos. Consoante a fórmula trazida no §2º do art. 2º, a arrecadação somente influenciará o fator de multiplicação F (Indicador 9), o qual, por sua vez, será multiplicado pela somatório de todos os demais indicadores, de onde se conclui que, se a soma não for positiva, ou, em outras palavras, se os demais indicadores de eficiência e produtividade não foram atingidos, o indicador representativo da arrecadação será multiplicado por “zero”, resultando, por conseguinte, em um bônus igual a zero. Entretanto, ainda que todos esses argumentos até então aduzidos estivessem superados, considerase oportuno registrar que nós, na condição de julgadores representantes da Fazenda Nacional, ora signatários da presente manifestação, entendemos não estar impedidos porque sempre nos vimos julgando de acordo com o melhor direito, pautado na imparcialidade que a própria condição de julgador nos impõe. Nesse sentido, e com a devida vênia aos que aduziram o nosso impedimento, entendemos ser necessário colocar e analisar os cenários possíveis decorrentes da presente problemática: Pois bem, para levantamento desses cenários possíveis, devemos considerar que: Fl. 567DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 568 14 (a) a multa lançada pode ser (i) indevida ou (ii) devida e (b) no julgamento, essa multa pode ser (i) mantida ou (ii) cancelada. Dessa forma, por análise combinatória, concluímos que os cenários possíveis são: I. multa indevida mantida; II. multa indevida cancelada; III. multa devida mantida; e IV. multa devida cancelada. A seguir, analisaremos em separado cada um desses quatro possíveis cenários. O primeiro cenário, de multa indevida mantida, é justamente aquele que aparentemente tem apelo. Poderseia pensar que o conselheiro julgaria como devida uma multa indevida para aumentar a base de cálculo do bônus e, assim, aumentar sua parcela no bônus futuramente devido. Entretanto, esse pensamento é equivocado porque não considera dois pontos essenciais: a verdadeira natureza do julgamento administrativo, uma revisão de legalidade do lançamento, que é facultativa e sujeita à palavra final do Poder Judiciário; e que a base de cálculo do bônus de eficiência não é a multa mantida administrativamente, mas sim a multa efetivamente devida, aceita, conformada e recolhida. Na verdade, todo crédito tributário mantido no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, antes de ser recolhido, pode ser questionado no Poder Judiciário, em ação própria ou em sede de embargos à execução. E o Poder Judiciário é que tem a palavra final, é ele quem diz se a multa era efetivamente devida ou indevida. A palavra do Poder Judiciário é superior ao julgamento administrativo, podendo reformálo e, inclusive, dentro das regras legais e regimentais, vincular todos os julgamentos administrativos futuros. Nesse caso, se o Poder Judiciário efetivamente decidir que uma multa mantida no âmbito do Processo Administrativo Fiscal era indevida, não haverá qualquer possibilidade de seu valor influenciar a base de cálculo do bônus de eficiência. Ao contrário, essa situação ensejaria ônus da sucumbência. E o mais importante, esse diálogo com o Poder Judiciário sinaliza o critério a ser utilizado administrativamente em situações equivalentes. Portanto, como a multa administrativamente mantida e considerada indevida pelo Poder Judiciário não é a multa efetivamente recolhida, fica aqui afastada para esse primeiro cenário, a alegação de interesse indireto e, consequentemente, de impedimento do conselheiro fazendário. Passamos agora à análise do segundo cenário, de multa indevida cancelada. Ora, uma multa indevida e cancelada no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, por óbvio não aumentaria a base de cálculo do Bônus de Produtividade, o que afasta também nesse cenário qualquer possibilidade de impedimento. O terceiro cenário, de multa devida mantida, é o que a sociedade espera da atuação do Estado, das autoridades tributárias e de todos os julgadores administrativos, sejam eles representantes da Fazenda Nacional, sejam eles representantes dos contribuintes: a aplicação correta da legislação. Fl. 568DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 569 15 Todavia, nessa situação, para o caso de o sujeito passivo entender que a multa seria por acaso indevida, caberia a discussão junto ao Poder Judiciário, o que torna aqui aplicáveis todas as explicações já apresentadas para o primeiro cenário. Portanto, também não se pode alegar que, nesse cenário, falarseia de parcialidade e consequentemente de impedimento. Por fim, o quarto cenário, de multa devida cancelada, é o cenário que toda a sociedade quer evitar. Uma multa que pudesse ser considerada devida pelo Poder Judiciário, em face da legislação, e que fosse, entretanto, cancelada no âmbito administrativo caracteriza crédito tributário teoricamente devido, porém definitivamente perdido, porque, nesse caso, a decisão administrativa (ainda que equivocada) é definitiva, por não ter a União legitimidade para recorrer ao Poder Judiciário contra decisão administrativa, salvo que seja provada máfé, por corrupção. Esse cenário, sim, é desencorajado pelo bônus de eficiência. Mas esse cenário é ilegal, além de não interessar à sociedade e, conseqüentemente, ao Estado, aos bons contribuintes ou até mesmo aos conselheiros. Na verdade, esse cenário somente interessaria ao sonegador e àqueles que viessem a lucrar com a sonegação perpetrada. Aliás, situações relacionadas a esse cenário foram apontadas pelo que se depreende do que foi publicado na imprensa ao longo dos anos de 2015 e 2016 na chamada operação "Zelotes". Ora, não se pode dizer que um mecanismo que inibe o erro e a corrupção venha a ser motivo de impedimento de atuação do conselheiro. Portanto, afastase aqui, para esse cenário, também, a possibilidade de impedimento. Enfim, para todos os cenários possíveis: a multa é devida ou indevida em face da legislação e não da vontade do conselheiro; e independentemente de sua vontade, nenhuma multa que o interessado considere indevida será recolhida sem que a ele seja assegurada a possibilidade de discussão junto ao Poder Judiciário. Pelo que se encontra exposto acima, resta claro que não há interesse do conselheiro, seja direto ou indireto, na multa por ele julgada. Confirmando a conclusão acima, cabe olhar mais uma vez para o passado e perquirir como aqueles que nos antecederam analisaram a situação sobre a qual agora nos debruçamos. Isso porque a presente situação é ontologicamente idêntica àquela que vigiu por mais de uma década nos Conselhos de Contribuintes, entre o início de 1989 e meados de 1999, quando a remuneração dos então AuditoresFiscais do Tesouro Nacional era composta pela RAV Remuneração Adicional Variável. A RAV, instituída pela Lei n° 7.711, de 1988, era calculada sobre o produto da arrecadação de multas em função da eficiência individual e plural da atividade fiscal. O valor dessa RAV foi limitado, inicialmente, ao valor do soldo do Almirante de Esquadra e, posteriormente, a 8 (oito) vezes o valor máximo do vencimento do AuditorFiscal e o valor da RAV devida aos conselheiros era o valor médio devido aos demais AuditoresFiscais. Ora, em tudo a RAV se assemelhava ao atual Bônus de Eficiência: a base era a mesma (produto de multas arrecadadas); Fl. 569DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 570 16 o critério era o mesmo (eficiência da atividade fiscal); os limites eram equivalentes, valores máximos de soldos ou vencimentos (atualmente o limite é o vencimento de Ministro do Supremo Tribunal Federal); e o Regimento Interno vigente à época tinha dispositivo de impedimento equivalente. Entretanto, durante todo o período da RAV, nunca foi sequer apontado um caso concreto de parcialidade por interesse direto ou indireto, nem discutido o impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional, em função dessa remuneração. No entendimento deste conselheiro, a inexistência desse questionamento se deve ao fato de os que nos antecederam terem feito a análise de cenários aqui apresentados e visualizado a inocorrência de interesse direto ou indireto dos conselheiros na multa em julgamento. Mais do que isso, não há registro, durante esse período, de aumento de multas indevidas mantidas administrativamente. Portanto, a história confirma a análise aqui realizada e corrobora a inexistência de qualquer interesse direto ou indireto do conselheiro fazendário na multa em julgamento. Aliás, se fosse possível inferir tal interesse, caberia arguir impedimento em qualquer julgamento acerca de exigências de crédito tributário promovido por funcionários públicos, quer em sede de processo administrativo ou judicial, vez que os tributos arrecadados são a principal fonte de recursos a assegurar a remuneração dos servidores públicos. Ainda, a título de reforço, cumpre fazer referência a outros tribunais administrativos que, em 22 Estados Membros da Federação, também remuneram seus agentes com base na eficiência da fiscalização e arrecadação tributárias, sem que isso implique impedimento para o julgamento administrativo dos lançamentos de ofício. Nesse sentido, convém trazer à tona o modelo do Estado de Pernambuco, onde se tem um Tribunal Administrativo autônomo, composto por julgadores concursados especificamente para tal fim, ou seja, sequer há paridade nos termos do CARF e, a despeito disso, não há diferença entre AuditorFiscal e Julgador, pois ambos os cargos recebem, entre outros valores, um bônus de 30% da arrecadação de multas (dividido por todos os auditores e julgadores, incluindo aposentadorias e pensões). Por esses motivos não me declaro impedido. 3ª Preliminar – Prejudicialidade da 2ª Matéria Foi suscitada também a preliminar de Prejudicialidade da 2ª Matéria (força probante do Lalur e da DIPJ), de forma que não fosse necessário julgar tal tema, ainda em sede de conhecimento, em face de o primeiro tema iria exaurir a 2ª matéria. Entendo que esta preliminar não deve prosperar pois a prejudicialidade, no caso presente é da análise do mérito e não da admissibilidade, de forma que estando os dois temas interligados, e em face da forma como foi elaborado o voto exarado no Acórdão recorrido em torno do dois temas, entendo que no caso presente, a análise de admissibilidade dos dois temas fazse necessária, seguida, se for o caso, da análise do mérito (situação em que, se poderá, aí sim, discutir a prejudicialidade). Neste sentido, entendo que deve o julgamento seguir seu curso. Superada estas preliminares passo à análise do recurso em si. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 571 17 O recurso é tempestivo, porém, entendo que a divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas apontados não restou comprovada e, por isso, não conheço do especial. Vejase que não podem ser admitidos os Acórdãos paradigmas nºs 1201 00.595, de 2011, e 140200.607, de 2011, assim ementados, respectivamente: DCOMP. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. O prazo estabelecido em lei para que o Fisco proceda à homologação da declaração de compensação é de cinco anos contados de sua apresentação, e não da data do surgimento do direito creditório. SALDOS NEGATIVOS DE RECOLHIMENTO DO IRPJ E CSLL. PRAZO PARA PLEITEAR A RESTITUIÇÃO E PARA EFETUAR VERIFICAÇÕES FISCAIS. O prazo para pleitear a restituição do saldo negativo de IRPJ ou CSLL, acumulado, devidamente apurado, escriturado e declarado ao Fisco, é de 5 anos contados do período que a contribuinte ficar impossibilitada de aproveitar esses créditos, mormente pela mudança de modalidade de apuração dos tributos ou pelo encerramento de atividades. De igual forma, a administração tributária conta também com 5 anos para verificar a correção dos valores pleiteados, estando a contribuinte obrigada a manter a escrituração e comprovantes em boa guarda, em observância ao artigo 264 do RIR/2009 (sic). Observase que ambos os acórdãos (nºs 120100.595, de 2011, e 1402 00.607, de 2011) tratam de situações fáticas distintas em relação à decisão recorrida, a saber: procedimentos de homologação de Declaração de Compensação e de restituição de saldos negativos de IRPJ ou CSLL acumulados, respectivamente, enquanto, no presente caso, trata se de procedimento de revisão de declarações (auto de infração), em que se glosou prejuízos fiscais compensados indevidamente, por insuficientes os respectivos saldos. Não se trata, evidentemente, de “não reconhecimento do crédito tributário pleiteado na DCOMP”, pela “retificação do prejuízo fiscal do período em litígio”, reduzindo então “o Saldo Negativo de Recolhimentos do IRPJ”, como equivocadamente entendeu o despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, de efls. 461. Ainda, aquele segundo acórdão paradigma (Acórdão nº 140200.607, de 2011), embora também trate, em sua ementa, do disposto no art. 264 do RIR/1999 “Conservação de Livros e Comprovantes”, não pode ser admitido, por se tratar de decisão da mesma turma recorrida (Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF). Resta, portanto, para exame, a fundamentação contida na segunda parte do voto condutor da decisão recorrida relativa à força probante do Lalur e da DIPJ, diante da impossibilidade de apresentação do livro Diário e respectivos documentos, perdidos em incêndio, passados 7 (sete) anos da situação que se pretendeu investigar , para a qual se indicou apenas o acórdão paradigma nº 230200.301, de 2009, assim ementado: FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS, INFRAÇÃO. É obrigação da empresa exibir à fiscalização todos os documentos relacionados a contribuições previdenciárias. Fl. 571DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 572 18 O extravio de documentos da empresa não exime a responsabilidade da mesma em providenciar a legalização de novos livros, conforme artigo 10 do DecretoLei 486/1969 e artigo 264 do Decreto 3.048/99 (sic). Contudo, referido aresto, além de se referir a contribuições previdenciárias, teve como objeto auto de infração decorrente de aplicação de multa pela falta de apresentação de documentos exigidos pelo Fisco, e não — como no presente caso — auto de infração decorrente de procedimento de revisão de declarações, em que se glosou prejuízos fiscais compensados indevidamente, por insuficientes os respectivos saldos, ou seja, situações fáticas distintas. Também a matéria ali discutida em nada se assemelha à questão relativa à força probante do Lalur e da DIPJ, diante da impossibilidade de apresentação do livro Diário e respectivos documentos, perdidos em incêndio, passados 7 (sete) anos da situação que se pretendeu investigar. Por fim, tratandose de questão relativa a matéria de prova —“valoração da prova frente à realidade dos fatos” (como consta da ementa do acórdão recorrido) —, não há falarse em divergência de julgados, uma vez que a discrepância a ser configurada no recurso especial diz respeito à interpretação da mesma norma jurídica. Vejase (efls. 438 e 439): Da análise do caso concreto, considerando os elementos existentes nos autos, chegase à conclusão de que não subsiste o lançamento calcado na premissa de que, em não mais existindo o Livro Diário de 2002, há que se presumir que os valores lançados na contabilidade, inclusive no LALUR, como sendo oriundos de receita não operacional não correspondem à verdade. Para afastar os registros levados a efeito pelo contribuinte cabia à autoridade fiscal, observando sempre o prazo decadencial, apresentar prova de que os mesmos continham omissão ou inexatidão. Do exposto, não conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, por não restar comprovada a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas apontados. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Seguem abaixo Declarações de Votos apresentadas no prazo Regimental. Fl. 572DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 573 19 Declaração de Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, em relação a decisão proferida pela 2a. Turma da 4a. Câmara desta 1a Seção do CARF. Antes mesmo de enfrentar o mérito e as questões de conhecimento do Recurso, os patronos do contribuinte, em sede de sustentação oral, argüiram o impedimento dos Conselheiros Fazendários em virtude da edição da Medida Provisória Presidencial (MP) no. 765/2016. Tal MP criou o que vem sendo chamado de “bônus de eficiência” dos auditores fiscais da Receita Federal (art. 6o, inc. I). Para o patrono do contribuinte, o bônus cria um incentivo para que os auditores apliquem mais multas e as qualifiquem durante as autuações. Por acreditarem que o incentivo será pago também aos auditores que atuam como membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), entendem que o mecanismo estimula julgadores a concordar com o Fisco, violando seu dever de imparcialidade e criando situações de impedimento. O impedimento, segundo o contribuinte, tem fundamento no art. 42, inc. II, do Anexo I, do Regimento Interno do CARF (RICARF) que prevê que o Conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto. De acordo com a MP, os recursos para pagar o bônus virão de um fundo composto das multas que forem aplicadas a contribuintes em autuações fiscais, o que, por sí só, já confirguraria o chamado interesse indireto. Ocorre que, no presente caso, todos os Conselheiros Fazendários entenderam que não estavam impedidos de julgar e, por isso, de acordo com o art. 44 do RICARF, estão obrigados a manifestarse por escrito neste sentido. Ainda, de acordo com o mesmo artigo do Regimento, todo o colegiado ou seja, também os Conselheiros representantes dos Contribuintes, que não foram objeto de arguição de impedimento deve deliberar sobre o tema. Colhidos os votos de toda a turma julgadora, decidiuse à unanimidade pelo NÃO impedimento dos colegas fazendários. Contudo, no caso dos conselheiros dos contribuintes, todos votaram "pelas conclusões." E este foi o motivo desta declaração de voto, que passo a sustentar. De industria, é preciso deixar claro que não estamos aqui questionando a lisura, neutralidade ou a imparcialidade dos colegas julgadores fazendários. Não se trata também de suspeição, que envolve foro intimo, de caráter subjetivo. O que estamos julgando aqui é a aplicação objetiva da lei. Em outras palavras, quem está suspeitando da imparcialidade não são os contribuintes, não é a Fazenda Nacional, não é a PGFN e muito menos nós, conselheiros representantes dos contribuintes: Quem desconfia é a Lei! Fl. 573DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 574 20 Digo isto porque se a legislação diz, por exemplo, que nós mesmos, conselheiros dos contribuintes, estamos impedidos de julgar processos que estejam sendo patrocinados por escritórios de advocacia em que, eventualmente, tenhamos trabalhado nos últimos anos, significa que o legislador desconfiou de nós. Contudo, isto não pode ser motivo de revolta e poderíamos até nos ofender por suspeitarem de nossa idoneidade pois é a regra posta pelo sistema, de forma democrática. Menciono isto pois alguns colegas manifestam indignação com a arguição de impedimento, mas entendo que isto não pode nem deve ocorrer, pois estamos aqui verificando, simplesmente, se da norma vertida no artigo 6o. da MP pode decorrer a aplicação do artigo 42, II do RICARF. É apenas uma questão de subsunção normativa. O assunto é mais polêmico do que pode parecer. Tanto é assim, que no período compreendido entre o julgamento deste caso e o momento da sua formalização, inúmeros artigos científicos e jornalisticos foram produzidos exatamente sobre este tema, qual seja: o impedimento dos conselheiros fazendários após a vigência da MP 765/2016. Na mesma tribuna em que foi arguido o impedimento, o Ilustre representante da Fazenda Nacional (PGFN) solicitou a retirada de pauta dos processos, ao menos até que o tema fosse objeto de interpretação por órgãos externos ao CARF (AGU, p. ex) evitando assim a judicialização do tema. A retirada não ocorreu e já há notícia, inclusive, de liminar proferida pelo Poder Judiciário de primeiro grau, acolhendo a tese do impedimento em favor de determinado contribuinte. Tal o impacto do tema sobre os processos em julgamento nesta data, que o Ilmo. Presidente do CARF emitiu a Portaria CARF n. 01, de 18.01.2017, cujo artigo 1º declara que a hipótese de impedimento prevista no inciso II do art. 42 do Anexo II do RICARF aplica se exclusivamente aos conselheiros da representação dos contribuintes dada a especificidade de que trata o § 1º do mesmo dispositivo. Com efeito, o Presidente do CARF usou da prerrogativa que lhe é conferida pelo RICARF para editar atos complementares bem como suprir e dirimir as omissões e as dúvidas suscitadas na aplicação do RICARF (arts. 3o. e 20). Por outro lado, ainda no RICARF, está previsto que a inobservância aos seus comandos acarreta automaticamente a perda de mandato do Conselheiro desatento. (art. 45, inc. I) Já caminhado para a conclusão do meu voto, entendo que, após a publicação da referida Portaria CARF 01/2017, seja o representante fazendário, seja o indicado pelos contribuintes, não pode decidir de outra forma, sob pena de contrariar comando contido na Portaria e, por conseguinte, ofender comando contido no RICARF, o que acarreta para todos nós repitase hipótese de perda de mandato. Não nos cabe, neste momento, ingressar nos aspectos de competência administrativa ou concordância com o conteúdo da Portaria citada. Para isso, seria necessário ingressar em discussões como o possibilidade (ou não) de o próprio Presidente do CARF normatizar em causa própria, visto que também é auditor fiscal, ou ainda, discussões sobre o sentido e alcance do artigo 18, inc. I, da Lei 9.784/99 que estabelece que o impedimento de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que tenha interesse direto ou indireto na matéria, sem diferenciar conselheiros fazendários de contribuintes etc. É importante salientar ainda que, no exato momento do julgamento do presente Recurso, a MP 765/2017 não havia sido sequer regulamentada, no que tange ao referido Bônus de produtividade. Aliás, a norma é essencialmente "provisória". Apesar de deter Fl. 574DF CARF MF Processo nº 19515.004352/201042 Acórdão n.º 9101002.529 CSRFT1 Fl. 575 21 força de lei e aplicação imediata, sujeitarseá à competente conversão (ou não) em Lei nos próximos meses. Por todos estes motivos, não é razoável exigirse posição definitiva deste tema... Nem é conveniente que se trate de tema tão relevante de forma tão expedita. Questionar esta Portaria, portanto, seria o mesmo que deixar de aplicar Súmula CARF por não concordar com o seu texto. Ambas as situações acarretam na perda de mandato do julgador administrativo. Por essas razões, ressalvado o direito de, no momento oportuno, manifestar me sobre o mérito do referido impedimento caso a Portaria seja revogada, anulada ou modificada , opto por julgar improcedente o argumento de impedimento, por falta de regulamentação e precariedade do tema, sem ouvidar a publicação da Portaria CARF 01/2017, ocorrida no mesmo dia deste julgamento e, por isso, voto pelas conclusões do Ilustre Conselheiro Relator que, por sua vez, julgou improcedente o argumento no mérito, ou seja, afirmando que os conselheiros fazendários não estão impedidos neste caso. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 575DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000059/2007-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/12/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.914
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 00 59 /2 00 7- 21 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 207DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 209DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 211DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 12268.000059/200721 Acórdão n.º 9202004.914 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 213DF CARF MF
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