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Numero do processo: 10925.722626/2013-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011
CISÃO, SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES
A sucessão de direitos e obrigações prevista na legislação societária e no Código Civil deve ser aplicada no campo tributário. E entre os direitos sucedidos, encontram-se o Registro Especial, necessário à aquisição de selos de controle, e o registro relativo ao enquadramento de bebidas, para fins de IPI.
SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE. ERRO NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO DO SALDO ESCRITURAL. NULIDADE
Há de se anular os lançamentos de IPI e da multa regulamentar, em razão de suposto excesso no estoque físico de selos. A autuante, para a validação do saldo escritural, computou as compras supostamente irregulares em duplicidade e não computou as baixas de selos adquiridos regularmente, derivadas de vendas de produtos.
DESCONTOS INCONDICIONAIS. INCIDÊNCIA DE IPI. DECISÃO STJ COM REPERCUSSÃO GERAL
Deve ser aplicada a decisão do STJ, em sede de repercussão geral, e afastar da incidência do IPI os descontos incondicionais, concedidos sob a forma de bonificações em mercadorias.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3301-003.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 CISÃO, SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES A sucessão de direitos e obrigações prevista na legislação societária e no Código Civil deve ser aplicada no campo tributário. E entre os direitos sucedidos, encontramse o Registro Especial, necessário à aquisição de selos de controle, e o registro relativo ao enquadramento de bebidas, para fins de IPI. SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE. ERRO NO PROCESSO DE VALIDAÇÃO DO SALDO ESCRITURAL. NULIDADE Há de se anular os lançamentos de IPI e da multa regulamentar, em razão de suposto excesso no estoque físico de selos. A autuante, para a validação do saldo escritural, computou as compras supostamente irregulares em duplicidade e não computou as baixas de selos adquiridos regularmente, derivadas de vendas de produtos. DESCONTOS INCONDICIONAIS. INCIDÊNCIA DE IPI. DECISÃO STJ COM REPERCUSSÃO GERAL Deve ser aplicada a decisão do STJ, em sede de repercussão geral, e afastar da incidência do IPI os descontos incondicionais, concedidos sob a forma de bonificações em mercadorias. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 26 26 /2 01 3- 25 Fl. 3143DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 11 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 3144DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "AUTOS DE INFRAÇÃO Com fulcro no Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI/2010), aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, consoante capitulação legal consignada às fls. 12 e 16, foi lavrado o auto de infração à fl. 08, em 30/12/2013, para exigir R$ 821.237,48 de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 169.889,30 de juros de mora calculados até 31/12/2013 e R$ 1.231.856,22 de multa proporcional ao valor do imposto, o que representa o crédito tributário parcialmente consolidado de R$ 2.222.983,00. Na mesma data, também foi lavrado o auto de infração à fl. 22 para exigir R$ 2.294.653,36 de multa regulamentar, conforme o enquadramento legal às fls. 27 e 28. O crédito tributário total consolidado é no montante de R$ 4.515.636,36 (fl. 02). Consoante as descrições dos fatos, às fls. 09/16 e 23/28, foi constatado o seguinte: a) IPI não lançado em virtude de enquadramento incorreto em classes de valores, nos meses de abril a julho e outubro de 2011; b) saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle, e, conseqüentemente, sem lançamento do imposto, em razão de excesso no estoque físico de selos de controle verificado em 31 de outubro de 2011; c) multa regulamentar relativa às saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle em virtude do excesso no estoque físico de selos de controle apurado em 31/10/2011; d) multa regulamentar relativa ao emprego ou posse de selos de controle legítimos de terceiro, ou seja, não adquiridos diretamente da repartição fornecedora, referente aos fatos geradores de 31/03/2011, 01/04/2011, 15/04/2011, 02/05/2011 e 17/05/2011. No relatório fiscal, às fls. 32/119, há o que segue, de forma resumida, mas abrangente quanto ao conteúdo. Todos os termos lavrados no decorrer da ação fiscal estão discriminados, de forma cronológica, no quadro sinótico às fls. 45/62. Sumário do relatório fiscal às fls. 44 e 45. OBSERVAÇÕES PRELIMINARES, AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS E REGISTRO ESPECIAL A empresa Vinhos Duelo Ltda., CNPJ nº 86.549.425/000170, foi submetida a cisão parcial em março de 2011 e passou a ser chamada de Bebidas Duelo Ltda. Com a cisão parcial, uma parte do patrimônio foi transferida à empresa Vinhos Duelo do Sul, CNPJ nº 12.678.989/000176 (posteriormente denominada “Vinhos Duelo Ltda.”, conforme alteração contratual de 02/07/2012), e outra parte à empresa Bebidas Florete Ltda., CNPJ nº 12.679.101/000110 (a epigrafada, doravante denominada FLORETE, situada à Av. Marechal Castelo Branco, Pinheiro Preto, SC). Em 27/10/2011, a FLORETE, por meio do respectivo sócioadministrador, informou à RFB (documento carreado aos autos) que possuía selos de controle Fl. 3145DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 13 4 adquiridos de outra empresa, com a pretensão de efetuar a devolução desses selos. Os selos de controle haviam sido adquiridos em nome de Vinhos Duelo Ltda. e transferidos para a FLORETE, em virtude da sobredita cisão parcial. É vedada a posse de selos de controle de terceiros (RIPI/2010, arts. 315, 316 e 585, II), sendo cabível a apreensão e destruição destes e a não aceitação de devolução (RIPI/2010, arts. 315 e § único; 316, IV e § 2º; 585, II e § 1º). A devolução de selos, com ressarcimento dos valores, somente é prevista no caso de selos em situação regular. Portanto, para a apuração dos fatos foi realizada diligência fiscal, transformada mais tarde em fiscalização. A FLORETE havia sido constituída em 18/10/2010 (data de registro na JUCESC de contrato social firmado em 23/08/2010), ou seja, algum tempo antes de incorporar parte do patrimônio de outra empresa (cisão com registro na JUCESC em 28/03/2011). A concessão do Registro Especial de Bebidas deve ser providenciada para cada estabelecimento distinto (IN SRF nº 504, de 2005, art. 2º, § 1º), o que dá direito à aquisição de selos de controle (IN SRF nº 504, de 3 de fevereiro de 2005, art. 21). Na ausência do Registro Especial próprio, a FLORETE adquiriu selos de controle da empresa cindida (Vinhos Duelo Ltda., CNPJ nº 86.549.425/000170). Somente em junho de 2011 (ADE DRF/JOA nº 62, de 01/07/2011), a FLORETE obteve o Registro Especial de Bebidas e passou a adquirir selos de controle diretamente da repartição fiscal, conforme extrato do Sistema de Administração de Selos de Controle (SELECON). Em 03/06/2011, a empresa dera baixa em alguns selos de terceiros no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle; contudo, em 27/10/2011, mediante a referida comunicação, informou a RFB acerca da existência de um saldo de selos adquiridos de terceiros, com pedido de devolução destes. A transferência de selos de terceiros aconteceu por ocasião da cisão (março de 2011) e nos dois meses subseqüentes (abril e maio). A transferência de selos de controle somente é prevista entre estabelecimentos de uma mesma empresa, com autorização prévia da RFB (com diligência fiscal específica). Todos os selos de controle apreendidos em ação fiscal e destruídos (333.172 unidades), haviam sido adquiridos na Receita Federal do Brasil em nome de terceiro, vale dizer, empresa diversa da fiscalizada (RIPI/2010, IV), de acordo com extrato do sistema SELECON. Há a previsão de penalidade para tal circunstância, nos termos do RIPI/2010, art. 585, II. Foi possível, ademais, reconstituir a quantidade de selos adquirida irregularmente de terceiro desde o evento sucessório até junho de 2011 (total de 830.357 selos de controle), o que implica a imposição de multa regulamentar. Consoante a Instrução Normativa SRF nº 504, de 2005, que dispõe sobre registro especial referente a bebidas alcoólicas e aos respectivos selos de controle, o registro especial do estabelecimento produtor, engarrafador, atacadista ou importador (art. 2º, § 1º), vinculase à pessoa jurídica requerente e não somente a um conjunto de instalações e equipamentos industriais (art. 4º), sendo que, mesmo um importador de bebidas alcoólicas, sem instalações industriais, deve apresentar informações concernentes à pessoa jurídica para a concessão do registro especial. O número do CNPJ é um dos requisitos para o pedido de registro (art. 4º, I). Inexiste previsão normativa, ademais, para que um registro especial seja estendido a outros estabelecimentos, inclusive no caso de sucessão, tendo a empresa sucessora que efetuar o pedido de registro especial. O registro especial é precípuo de um Fl. 3146DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 14 5 estabelecimento e não pode ser utilizado por outro. Na hipótese de cisão parcial há a transferência de parcela dos bens e direitos patrimoniais, porém não há a transferência de registro especial, tampouco dos enquadramentos das bebidas nas classes de valores. Numa cisão/incorporação, conforme a legislação tributária, nem tudo se transfere automaticamente de uma empresa cindida à incorporadora. A falta de inscrição no registro especial impede o exercício das atividades da empresa de bebidas (produtor, engarrafador, atacadista ou importador), sendo a concessão do registro especial conditio sine qua non para o fornecimento de selos de controle pela repartição fiscal (IN SRF nº 504, de 2005, arts. 2º, caput, e 21). No art. 33, § 2º, da IN SRF nº 504, de 2005, como já aduzido anteriormente, há apenas a previsão de transferência de selos de controle entre estabelecimentos de uma mesma firma “mediante prévia autorização da unidade fornecedora”, sendo que as convenções particulares não têm o condão de influir na seara tributária (CTN, art. 123; RIPI/2010, art. 23). Do relatório fiscal: “Analisando a Instrução Normativa SRF n° 504, de 2005, pode se constatar que quem apresenta o requerimento do Registro Especial é a Pessoa Jurídica (a Empresa que possui o estabelecimento a receber o registro especial), conforme Caput do art. 3° dessa instrução, mas o pedido deve ser apresentado pela Pessoa Jurídica à DRF do domicílio fiscal do estabelecimento indicado para receber o registro especial, conforme art. 4°, pois, a concessão do registro é por estabelecimento (podendo ser a Matriz ou qualquer uma das filiais da pessoa jurídica requerente), conforme § 1° do art. 20 da citada legislação. Ou seja, o registro especial é concedido para o Contribuinte autônomo do IPI (o Contribuinte detentor de um CNPJ específico). Porém não é um mero conjunto de equipamentos ou um endereço isolado que recebe o registro. O estabelecimento a receber o registro especial está vinculado a uma determinada Pessoa Jurídica, isto é, vinculado à pessoa jurídica requerente, pois, a concessão do Registro Especial está condicionada também à regularidade cadastral e fiscal da Pessoa Jurídica requerente, bem como regularidade de seus sócios e de outros a ela vinculados, conforme art. 5° da IN SRF 504, de 2005. E a Delegacia da Receita Federal, antes de conceder o registro a um estabelecimento vinculado a uma pessoa jurídica determinada, deve fazer análise da referida regularidade em relação a essa pessoa jurídica. Observandose as exigências e condições estabelecidas referentes ao Registro Especial, podese concluir também que não há autorização para que o uso do registro especial concedido a um estabelecimento de uma empresa seja transferido para outra empresa, mesmo que essa outra pessoa jurídica tenha adquirido equipamentos e/ou instalações do Estabelecimento que era detentor do registro especial, e ainda que o endereço de atuação da nova empresa seja no mesmo local anteriormente ocupado pelo Estabelecimento que era possuidor de registro. Fl. 3147DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 15 6 Diante disso, e considerando a necessidade das referidas verificações pela DRF é indispensável que, quando um estabelecimento detentor de registro especial transfere suas instalações a outra empresa, a empresa adquirente das instalações solicite à RFB um novo registro específico onde o estabelecimento estará vinculado à essa nova pessoa jurídica (Cada CNPJ identifica um distinto contribuinte autônomo do IPI, um estabelecimento específico e vinculado a uma determinada pessoa jurídica). Por isso, a empresa BEBIDAS FLORETE LTDA., ao adquirir as instalações industriais de Vinhos Duelo Ltda (Atual Bebidas Duelo Ltda), necessitou providenciar junto à Receita Federal o Registro Especial referente ao seu estabelecimento industrial de CNP3 n° 12.679.101/000110, para exercer suas atividades industriais de forma regular (cuja concessão foi efetivada através do ADE DRF/JOA no 62, de 01/06/2011 está juntada no Processo Administrativo Fiscal). A existência de ADE concedendo Registro Especial referente a um estabelecimento específico (o qual está obrigatoriamente vinculado a uma pessoa jurídica específica, possuindo CNPJ específico) é condição para que o estabelecimento industrial possa exercer suas atividades industriais bem como condição para adquirir selos de controle na repartição da Receita Federal do Brasil, conforme disposto no art. 2° combinadamente com o art. 21 da referida instrução normativa. Vejamos: “Art. 2° Os produtores, engarrafadores (....), estão obrigados à inscrição no registro especial (...), não podendo exercer suas atividades sem prévia satisfação dessa exigência. § 1° A concessão do registro especial darseá por estabelecimento, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, e será específico para: ................................................................. Art. 3° O registro especial será concedido (...), a requerimento da pessoa jurídica interessada que deverá atender aos seguintes requisitos: ................................................................. Art. 21. O fornecimento de selo de controle será condicionado à concessão do registro especial de que trata o art. 2°.” O relativo rigor com relação às formalidades referentes ao Registro Especial e ao Selo de Controle de bebidas alcoólicas tem como objetivo salvaguardar o interesse público, por facilitar a fiscalização e o controle do cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes que operacionalizam tais produtos. O selo, tal qual o Registro Especial, tem a finalidade de controle e foram instituídas na Legislação Tributária formalidade e Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 16 7 cautelas próprias visando defender o interesse do Estado (Vide art. 46 da Lei nº 4.502. de 1964). Por isso, reiteramos ao Contribuinte que até a transferência de selos entre estabelecimentos de uma MESMA EMPRESA, depende de atendimentos a certos requisitos e condições, conforme determina a legislação tributária aplicável. E um dos requisitos exigidos pela Legislação Tributária PARA OCORRER TRANSFERÊNCIA REGULAR DE SELOS É A EXISTÊNCIA DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO FORMAL EMITIDA PELA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL. Porém, conforme já citamos antes, não há na legislação tributária nenhuma previsão autorizando a transferência de selos entre estabelecimentos de empresas distintas, não há previsão para transferência de selos entre estabelecimentos de pessoas jurídicas diferentes (Vide IN SRF 504/2005, arts. 33 a 35). Citamos aqui o §2° do art. 33 da IN SRF no 504, de 2005, que fala sobre a transferência de selos no caso de um estabelecimento deixar de fabricar produtos: “§ 2° Na hipótese do inciso I, o estabelecimento poderá, mediante prévia autorização da unidade fornecedora, transferir os selos que possuir em estoque para outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica.” A referida autorização formalizada é emitida pela Delegacia da Receita Federal após verificação do atendimento dos requisitos necessários previstos na legislação, sendo cabível prévia diligência feita por AuditorFiscal para verificação o estado dos selos e a sua quantidade antes da autorização de transferência. Essa diligência para verificação seria precedida de pedido do Estabelecimento interessado sobre autorização de transferência de selo. Não foi encontrado na DRF Joaçaba/SC nenhum requerimento das empresas envolvidas, solicitando autorização para transferência de selo de controle entre elas, e, mesmo que tivesse sido tal documento apresentado, não seria possível conceder autorização, tendo em vista a legislação aplicável já amplamente mencionada neste Relatório vedar tal pretensão. Por oportuno, repetimos ainda aqui que, nos termos da legislação tributária (Art. 23 do Decreto 7.212/2010 – RIPI), “As convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento do imposto, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição do sujeito passivo das obrigações correspondentes (Lei n° 5.172, de 1966, art. 123).” O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos que é balizado por dispositivos como os arts. 24, § único, e 384 do RIPI/2010. Cada estabelecimento é identificado por um número distinto de CNPJ, ainda que da mesma firma. No âmbito do IPI, mesmo estabelecimentos diferentes de uma mesma empresa são considerados “terceiros” em relação a um estabelecimento específico da empresa. Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 17 8 Aduz a autoridade fiscal: “A Lei n° 5.172, de 1966, esclarece que, para fins do imposto sobre produtos industrializados – IPI, cada estabelecimento é considerado um contribuinte distinto e autônomo. Transcrevemos a seguir o Parágrafo único do art. 24 do Decreto 7.212, de 2010 (Regulamento do IPI – RIPI/2010): “Considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (Lei n° 5.172, de 1966, art. 51, parágrafo único).” No Código Civil (Lei 10.406, de 2002), em seu art. 1.142, consta o seguinte significado para estabelecimento: “Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” De acordo com a legislação tributária (Vide IN RFB no 1.183/2011 referente ao CNPJ – Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas), a Pessoa Jurídica deve cadastrar cada um de seus estabelecimentos no sistema CNPJ administrado pela Receita Federal do Brasil, sendo concedido um número de CNPJ distinto para cada estabelecimento. Esse cadastramento CNPJ facilita a identificação de cada contribuinte do IPI, individualmente, pois o número identificador do CNPJ é composto por duas partes essenciais, que revelam qual é a pessoa jurídica e qual é o estabelecimento (se é estabelecimento Matriz ou estabelecimento Filial). A primeira parte numérica desse identificador do Contribuinte indica a entidade ou empresa que exerce atividades no estabelecimento; Já a segunda parte do número identificador do Contribuinte referese ao Estabelecimento, referese ao complexo de bens organizado, o qual está vinculado a um local onde a entidade exerce atividades e/ou armazena suas mercadorias, e indica o número do estabelecimento, que pode ser a Matriz ou uma das filiais da empresa, conforme informado no Cadastro. Para fins do Imposto sobre Produtos Industrializados, acordo com o RIPI/2010, art. 384, “Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, agência, depósito ou qualquer outro, manterá o seu próprio documentário, vedada, sob qualquer pretexto, a sua centralização, ainda que no estabelecimento matriz (Lei n° 4.502, de 1964, art. 57).” Portanto, da análise dos referidos dispositivos, temse que o Contribuinte autônomo industrializador (RIPI/2010, art. 24, parágrafo único) está vinculado a duas características que estão interligadas e se complementam: Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 18 9 a) – está vinculado a um “Estabelecimento” (que pode ser entendido como sendo “todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa...”, conforme art. 1.142 do Código Civil); e b) – está vinculado a um industrial, ou seja, vinculado a uma pessoa, a uma empresa, que exerce no estabelecimento as atividades de industrialização, pois, de acordo com o mencionado artigo do Código Civil de 2002, o estabelecimento está vinculado a uma empresa (Pessoa Jurídica), a um empresário ou a uma sociedade empresária (“Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”, conforme art. 1.142 da Lei nº 10.406, de 2002). Dessa forma, a despeito da terminologia adotada na legislação, fica evidenciado que cada estabelecimento industrial é considerado como sendo um contribuinte autônomo para fins da legislação do IPI e é identificado por um CNPJ específico, possuindo um complexo de bens organizado (vinculado a um local/endereço) além de estar vinculado a uma pessoa jurídica que exerce industrialização ali. O identificador essencial do Contribuinte do IPI é o número do CNPJ (e não o nome citado na razão social nem tão pouco seria suficiente citar apenas um endereço ou local para identificar um Contribuinte), pois o número do CNPJ é que reflete as características fundamentais que identificam o Contribuinte autônomo do IPI (identificam a pessoa jurídica e identifica o local da atividade industrial, o estabelecimento Matriz/filial). Assim, direitos e obrigações específicos de um contribuinte autônomo (CNPJ específico) não se confundem com os direitos e obrigações de outro contribuinte autônomo (outro CNPJ). No caso de cisão parcial, embora algumas máquinas, bens e equipamentos possam ser transferidos a uma empresa sucessora, o número do CNPJ do estabelecimento da cindida não é objeto de transferência a quem adquiriu a parcela do patrimônio, pois cada estabelecimento da empresa incorporadora possui um CNPJ próprio diferente do CNPJ de cada um dos estabelecimentos da empresa cindida. Lembramos ainda que o CNPJ do estabelecimento de uma empresa cindida pode inclusive continuar a existir, alterandose o endereço correspondente, caso a Pessoa Jurídica cindida parcialmente continue a manter atividades vinculados ao referido CNPJ em outro local (que foi o que ocorreu com a Matriz da empresa Cindida, a qual continuou a existir e mudou se para outra Jurisdição). A existência dessa possibilidade de mudança de razão social de uma pessoa jurídica ajuda a esclarecer que o identificador de um Contribuinte autônomo do IPI é o seu CNPJ e que o estabelecimento industrial de uma empresa (com determinado CNPJ) não pode ser confundido com o estabelecimento industrial de outra empresa (de CNPJ diferente), mesmo no caso de cisão parcial. Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 19 10 Esse conceito sobre a autonomia de cada Contribuinte/Estabelecimento para fins de IPI, inclusive com respeito ao Registro Especial de Bebidas e à aquisição e posse de selos de controle, ambos administrados pela Receita Federal, bem como no que se refere a enquadramento de bebidas, mesmo no caso de cisão parcial, conforme análise da legislação deixa claro,é relevante para compreensão dos lançamentos de ofício efetuados neste Trabalho Fiscal”. (destaques do original) No Termo de Intimação Fiscal (TIF) nº 348, de 10/08/2012, ficaram registradas as quantidades de selos de controle adquiridos de terceiros e apreendidos/destruídos (333.172 unidades cuja verificação e contagem foi acompanhada por representante da empresa) e de selos adquiridos regularmente existentes em 31/10/2011 no estoque físico (430.346 unidades). Os produtos selados foram retidos para verificação durante a diligência fiscal de 31/10/2011. Os produtos com selos regulares foram liberados e os produtos com selos adquiridos de terceiro foram liberados após a retirada/destruição dos selos em situação irregular. A discordância do sujeito passivo em relação ao TIF nº 348 não foi concernente à quantidade de selos apurados, mas se restringiu ao fato de o Fisco ter considerado irregular a aquisição de selos de terceiros. Foi encetado também um levantamento para estabelecer a quantidade total de selos adquiridos irregularmente pela FLORETE, desde 31/03/2011 até a data da auditoria (31/10/2011), com a finalidade de calcular as multas regulamentares (RIPI/2010, art. 585, I e II) e o imposto referente à diferença no estoque de selo. A empresa teve ciência do extrato SELECON, com informações sobre todos os selos de controle, no Termo de Início de Fiscalização, e, em resposta, manifestou concordância. A quantidade de selos soltos, adquiridos irregularmente, de 31/03/2011 a 17/05/2011, conforme documentação/declarações/livros, foi de 830.357 unidades. A transferência de produtos já selados para outra empresa (em virtude de evento sucessório – transferência patrimonial de produtos – ou simplesmente para revenda) não configura irregularidade, somente a transferência de selos soltos. ENQUADRAMENTO DE BEBIDAS As bebidas e os selos de controle têm códigos internos (fls. 74 e 75). Para cada bebida, com código interno distinto, inclusive para efeito de apuração do valor da multa regulamentar, foi calculado o preço médio ponderado em relação ao período de 01/04/2011 a 31/10/2011 (fls. 75 e 76), a despeito da apresentação de tabela de preços pela impugnante. O enquadramento provisório e o enquadramento estabelecido por Ato Declaratório Executivo (no caso, o ADE DRFB/JOA nº 70, expedido em 1º de julho de 2011, com efeitos a partir de 16/07/2011) estão discriminados na planilha às fls. 76 e 77. O enquadramento das bebidas alcoólicas nas classes de valores é fixado em Ato Declaratório Executivo (ADE) e é específico para o estabelecimento peticionário. Antes da prolação do ADE, o enquadramento deve ser empreendido de maneira provisória, nos termos do RIPI/2010, art. 210, § 8º, de acordo com a tabela Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 20 11 constante do art. 209 (a maior classe de valores para cada faixa de capacidade do recipiente do produto). O ADE é válido apenas para os produtos nele especificados. Para produtos não discriminados no ADE, é aplicável o referido enquadramento provisório. A relação de produtos do Ato Declaratório Executivo DRF/JOA nº 70, de 1º de julho de 2011, aplicável a fatos geradores ocorridos a partir de 16/07/2011, encontrase transcrita às fls. 78 e 79. A tabela para determinação do valor do IPI para cada classe de valor, reproduzida às fls. 79 e 80, corresponde àquela da Nota Complementar NC (223) da TIPI/2006, aprovada pelo Decreto nº 6.006, de 28 de dezembro de 2006, e com a redação dada pelo Decreto nº 6.588, de 1º de outubro de 2008. No que concerne ao período examinado (abril a outubro de 2011) não houve a edição de nenhum outro ADE, além do já citado. No referido período, é aplicável o enquadramento provisório para os produtos que não figuram no ADE DRF/JOA nº 70, de 1º de julho de 2011. Houve uma diferença de IPI apurada em virtude da diferença de classes de valores considerando o enquadramento provisório e o enquadramento utilizado pelo sujeito passivo. O destaque a menor do imposto nas notas fiscais de saída de bebidas alcoólicas ocorreu até 15/07/2011, data anterior à de entrada em vigor do sobredito ADE. Nas planilhas de quantidades de bebidas sem lançamento e de diferenças entre o IPI destacado na nota fiscal e o IPI correto, não foram computadas as saídas a título de revenda e para exportação. As planilhas “CÁLCULO DA DIFERENÇA DE IPI” e “RESUMO DAS DIFERENÇAS ENTRE IPI DESTACADO NA NOTA FISCAL PELO CONTRIBUINTE E O IPI CORRETO CALCULADO PELO FISCO” foram anexadas ao libelo impositivo. Resumos transcritos às fls. 103/106. Aduz a autoridade fazendária no relatório fiscal: “Para cada produto, nos períodos em que tenha sido detectado pelo Fisco diferença de lançamento do IPI (vide planilhas já mencionadas), são apresentados no sistema esafira a data do fato gerador e a quantidade de lançamento correspondente, obtendose ao final dos cálculos uma diferença de IPI para lançamento de ofício igual a R$ 685.524,72 (seiscentos e oitenta e cinco mil, quinhentos e vinte e quatro reais e setenta e dois centavos), conforme Demonstrativos elaborados pelo Fisco, ficando cabível ainda a aplicação da multa de ofício. Esclarecemos que a Quantidade de lançamento citada no Auto de Infração, para cada mês ou fato gerador, quando o produto for igual ou menor que mil mililitros, é a própria quantidade de recipientes que saíram do Estabelecimento (conforme notas fiscais emitidas), para o produto considerado, em cada período em que tenha sido encontrada alguma diferença de IPI. Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 21 12 Porém, quando se referir a um produto acondicionado em recipiente de capacidade superior a mil mililitros, a quantidade de lançamento citada no Auto de Infração elaborado através do sistema Esafira é igual à quantidade de recipientes do produto multiplicada pela capacidade em litros do recipiente, tendo em vista a necessidade de adequação do cálculo do IPI ao disposto no § 9° do art. 210 do RIPI/2010 (Decreto n° 7.212, de 2010), onde determina que o cálculo do IPI para recipientes dessa capacidade deve ser feito proporcionalmente ao que for estabelecido no enquadramento para o recipiente de capacidade de mil mililitros (Lei n° 7.798. de 1989. Nota do seu Anexo I)”. MULTA REGULAMENTAR – RECEPÇÃO/POSSE DE SELO DE CONTROLE ADQUIRIDO DE OUTRA EMPRESA. Do relatório fiscal: “Conforme já mencionado na introdução deste Relatório Fiscal, item “1” (Descrição dos fatos e observações preliminares) e nas observações feitas nos textos do Auto de Infração referente a essa infração, bem como de acordo com os livros e documentos apresentados ao Fisco pelo Contribuinte, ficou assumido por ele e comprovado nos autos que Bebidas Florete Ltda recebeu de outra empresa (de Vinhos Duelo Ltda) transferência e posse de selos de controle, durante os meses de março, abril e maio de 2011. Nos termos da legislação tributária já citada e comentada, não é possível transferência de selo de controle entre empresas distintas, nem mesmo no caso de cisão parcial e incorporação, considerando que a finalidade do Registro Especial e do Selo é o Controle, visando salvaguardar o interesse da Administração tributária em benefício da sociedade. A possibilidade existente para transferência de selos seria apenas entre estabelecimentos de uma mesma empresa, e mesmo assim, desde que atendidas as condições e certas situações previstas na legislação tributária pertinente. Portanto, apesar de a empresa apresentar entendimento de que a referida transferência, inclusive após a data da cisão, estaria correta, a legislação tributária não apóia tal interpretação. Portanto tal situação implica na aplicação da multa regulamentar prevista no art. 585, inciso II, do RIPI/2010, referente à totalidade dos selos adquiridos e possuídos de forma irregular. Contribuinte Fiscalizado, apresentou uma tabela contendo relação de “Estoque de selos transferidos” correspondentes à transferência de selos ocorrida em 31/10/2011, de Vinhos Duelo Ltda para Bebidas, assinada pelo Responsável Legal de Bebidas Florete Ltda (Vide Tabela inicialmente apresentada – Seqüencial de juntada “12a”). Posteriormente Contribuinte apresentou nova tabela retificando alguns números referente a selos utilizados em Vinhos bem como Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 22 13 incluiu selos do tipo/cor “Bebida Alcoólica Cinza” que foram localizados posteriormente no Estabelecimento e que também haviam sido transferidos por Vinhos Duelo Ltda, conforme já era mencionado no Livro de Registro de Inventário de Bebidas Florete Ltda, no seu levantamento referente a 31/03/2011 (Vide cópia do livro de Inventário juntado no processo administrativo fiscal, bem como a tabela retificada – Seqüencial “12b”). Contribuinte também apresentou Tabelas contendo “Estoque de Produtos Acabados Transferidos” em “31/03/2011” (Vide Seqüencial “11a”), sendo uma assinada pelo Responsável Legal de Vinhos Duelo Ltda e outra, semelhante, com os mesmos quantitativos, assinada pelo Responsável Legal de Bebidas Florete Ltda, citando quais selos teriam sido aplicados em alguns desses recipientes. Posteriormente, Contribuinte retificou alguns dados referente tabela anterior e apresentou nova tabela retificada (vide Seqüencial “11b”). De acordo com os referidos documentos apresentados pelo Contribuinte, e confirmados no Livro de Registro de Inventário, para a data de 31/03/2011, Vinhos Duelo Ltda transferiu de seu estoque para Bebidas Florete Ltda, 430.357 selos soltos, não aplicados em produtos do estoque transferido. O total de selo citado no Livro de Inventário para a referida data foi de 636.889, mas, como pode ser verificado no mesmo livro e nas tabelas apresentadas pelo Contribuinte, os produtos engarrafados sujeitos a selo que foram transferidos selados foi de 206.532. Assim sendo, 636.889 menos 206.532 resulta 430.357 selos soltos transferidos irregularmente. Vejamos:” Quadro demonstrativo à fl. 81. “Considerando informação no livro de Selo do Contribuinte, as entradas ocorridas a partir de 1/4/2011 e antes de 03/06/2011, recebidas de Vinhos Duelo Ltda, foram 400.000 selos. Somados aos 430.357 selos soltos adquiridos irregularmente em 31/03/2011, o total de selos irregulares possuídos por Bebidas Florete Ltda foi de 830.537. A primeira aquisição regular de selo na RFB pela Bebidas Florete Ltda foi em 03/06/2011, conforme extrato SELECON. As aquisições efetuadas a partir de1/4/2011 e anteriores a essa data – as quais foram citadas como entrada no Livro de Registro de Entrada e Saída de selo de Controle de Bebidas Florete Ltda (Vide Cópia do referido livro que foi juntada no processo administrativo fiscal) – foram feitas em nome de terceiro (Vinhos Duelo Ltda) e transferidas irregularmente à Bebidas Florete Ltda. O Total, portanto, de selos soltos (não aplicados) irregularmente recebidos foi de 830.357 unidades, conforme a seguir tabelamos:” Quadro demonstrativo à fl. 82. “Vide Seqüencial de juntada “4b” – ANEXO 02 do Relatório Fiscal – “Selos adquiridos diretamente na RFB por Bebidas Florete Ltda”. Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 23 14 A aquisição/posse irregular de 830.357 selos por Bebidas Florete Ltda resultou na multa regulamentar do art. 585, inciso II, do RIPI/2010, correspondente a essa quantidade, de R$ 1,00 por unidade. Esclarecemos que, apesar de ser comprovado, conforme análise do Livro de Inventários e outros documentos do Contribuinte que foram recebidos irregularmente no Estabelecimento 830.357 selos de terceiro soltos, foi escriturado por ele no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle dessa empresa entrada irregular de 830.321, pelo que essa foi a quantidade glosada daquele livro para fins de se calcular o correto saldo escriturado para a data de 31/10/2011, para posterior apuração da diferença no estoque físico de selo (Conforme consta mencionado também na tabela retificada apresentada pelo Contribuinte – Seqüencial “12b”). Lembramos ainda que foram apreendidos pela Fiscalização ainda na posse do Contribuinte, diversos selos de terceiros, conforme pode ser confirmado na leitura dos diversos termos assinados pelo Fisco e pelo Contribuinte, juntados no processo administrativo fiscal. A conferência de tais selos foram (sic) feitas comparativamente à numeração mencionada no extrato SELECON, sendo constatado que eram realmente selo de terceiro. Alguns desses selos apreendidos foram juntados, a título de exemplo, no “Termo de Constatação Fiscal Referente Amostra de Selos de Controle apreendidos pela Fiscalização na posse de Bebidas Florete Ltda” (Vide tal documento juntado no processo administrativo fiscal – Seqüência “4e”, sendo que uma via/cópia está sendo entregue ao Contribuinte em anexo a este Relatório). No Termo de Intimação Fiscal no 348, de 10/08/2012, é apresentado um resumo tanto dos selos que estavam regulares no estoque físico do Contribuinte, bem como dos selos considerados irregulares (apreendidos/destruídos). O total de selos de terceiros apreendidos para destruição durante a Fiscalização foi igual a 333.172 unidades, enquanto que os selos próprios/regulares foi igual a 430.346 unidades. Transcrevemos abaixo o conteúdo dessa tabelas e observações existentes no referido Termo de Intimação Fiscal:” Conforme o demonstrativo à fl. 83, 321.489 selos de outra empresa, soltos, com posse irregular pela FLORETE, foram apreendidos mediante a lavratura do termo TA03, de 31/10/2011 (77.417 selos tipo/cor “bebida alcoólica/cinza” foram apreendidos posteriormente, em 21/06/2012, pelo termo TA05). Quanto aos selos aplicados em bebidas engarrafadas apreendidas na mesma data com os termos TA 01 e TA02: a) dos 432 selos tipo/cor “bebida alcoólica azul marinho” apreendidos pelo termo TA01, item A, apenas 29 estavam regulares e foram liberados posteriormente (termo TL01, de 21/06/2012); 403 selos estavam irregularmente na posse da FLORETE (adquiridos de outra empresa); b) dos selos tipo/cor “bebida alcoólica verde” aplicados em bebidas apreendidas por meio dos termos TA 01 e TA02, 15.636 estavam regulares (bebidas apreendidas referidas no item A do TA 01, liberadas com os selos em 21/06/2012, com o TL01) e 11.280 estavam Fl. 3156DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 24 15 irregulares (conforme item B do TA01 e TA02; TL01, de 21/06/2012, e TL02, de 22/12/2011). O total de selos de controle encontrados em situação regular em 31/10/2001 foi de 430.346 unidades, consoante o demonstrativo à fl. 84. “Como já demonstrado, a verificação da numeração dos selos adquiridos irregularmente pela Bebidas Florete Ltda no período de 1/4/2011 a 02/06/2011 citados no “Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle” dessa empresa (antes da obtenção do Registro Especial de Bebidas e primeira aquisição de selos da referida empresa na RFB) comparativamente à numeração e data de aquisição citadas no extrato SELECON levam à clara conclusão de que tais selos não foram adquiridos diretamente na RFB por Bebidas Florete Ltda. Quanto aos selos de controle soltos recebidos de Vinhos Duelo Ltda pela Bebidas Florete Ltda, já foi comprovado também que foram transferidos sem autorização da Legislação Tributária. Foi constatado ainda pelo Fisco na presença de representante do Contribuinte, conforme termos de apreensão e termos de liberação lavrados e juntados nos autos, contendo assinatura do Fisco e do Responsável Legal do Contribuinte, que os selos soltos ou aplicados que permaneceram apreendidos para destruição não haviam sido adquiridos na Receita Federal do Brasil em nome do CNP3 12.678.989/000176. Contribuinte Fiscalizado, através de seu responsável Legal, concordou com a informações citadas nos termos Fiscais. Lembramos ainda que, de acordo com o § 4 do art. 585 do RIPI/2010 (Decreto Lei nº 1.593, de 1977, art. 33, § 3°, e Lei nº 10.637, de 2002, art. 52), que discrimina as penalidades para as irregularidades pertinentes ao selo de controle, é considerado irregular a totalidade selos contidos no lote onde os selos irregulares foram encontrados. Portanto, conforme já exposto e comprovado nos autos, em harmonia com os livros e documentos apresentados pelo Contribuinte, foram recebidos irregularmente no Estabelecimento Bebidas Florete Ltda 830.357 selos de terceiro soltos”. (g. m.) EXCESSO DE SELOS NO ESTOQUE FÍSICO: SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO E MULTA REGULAMENTAR Do relatório fiscal: “Esclarecemos que, apesar de ser comprovado – conforme análise do Livro de Inventário e outros documentos do Contribuinte – que foram recebidos irregularmente por Bebidas Florete Ltda em data anterior a 03/06/2011, no Estabelecimento, 830.357 selos de terceiro soltos (Conforme já demonstrado no item “VII” deste Relatório Fiscal), a escrituração do Contribuinte no Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle dessa empresa constou como entrada irregular apenas Fl. 3157DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 25 16 830.321 unidades. Por isso, essa foi a quantidade glosada naquele livro para fins de se calcular o correto saldo escriturado referente à data de 31/10/2011, para posterior apuração da diferença no estoque físico de selo. Conforme pode ser constatado no livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle autenticado na JUCESC (Vide cópia juntada no processo administrativo fiscal – item seqüencial “14b”), o Contribuinte, após regularizar sua situação pertinente ao Registro Especial de Bebidas e adquirir pela primeira vez, em 03/06/2011, selos diretamente na RFB, ele registrou em seu livro, para a referida data, para cada tipo/cor de selo, baixa correspondente ao saldo de selos de terceiros que haviam sido adquiridos por Bebidas Florete Ltda irregularmente (Tais selos são os mencionados em sua correspondência de 27/10/2011, já mencionada neste Relatório e juntada no Processo). Considerando que no dia em que foi iniciada a auditoria no Contribuinte, em 31/10/2011, foram encontrados mais alguns selos de terceiros naquele estabelecimento, além dos selos apresentados inicialmente para devolução/apreensão (Vide no processo administrativo fiscal os diversos termos de apreensão, liberação e/ou constatação, que foram juntados, bem como os resumos citados pelo Fisco em termos de Intimação fiscal), o Contribuinte registrou baixa complementar referente à data de 31/10/2011 em seu livro de selo. As baixas pertinentes a tais selos de terceiro ainda em sua posse (e apreendidos pelo Fisco) foram registradas pelo Contribuinte na coluna de saída do seu Livro autenticado referente a “Entrada e Saída do Selo de Controle” são as seguintes:” No demonstrativo às fls. 86 e 87, a baixa registrada no livro de selos pela FLORETE: 244.072 unidades. “O Fisco, ao recalcular o saldo escritural, efetuando glosa dos registros de entrada de selo que foram consideradas irregulares (830.321 unidades, conforme já esclarecido neste Relatório Fiscal), levou em conta também os registros de saídas nesse livro a título de baixas efetuadas pelo Contribuinte pertinente a selos de terceiros (Conforme tabela acima apresentada: 244.072 unidades), de forma a ter um resultado correto, sem efetuar dupla redução. Portanto, para se obter o saldo escritural ajustado referente à data de 31/10/2011, a quantidade do saldo informado pelo Contribuinte em seu livro autenticado pela Jucesc, referente a cada tipo/cor de selo, teve uma redução igual à diferença entre a glosa fiscal das entradas irregulares registradas e a quantidade já baixada pelo Contribuinte. Veja o demonstrativo desse cálculo na tabela abaixo:” Cálculo do saldo final ajustado no livro de entrada e saída do selo de controle referente a 31/10/2011 ( 58.152 unidades), de acordo com o demonstrativo à fl. 88. Fl. 3158DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 26 17 “Os saldos negativos em cada tipo cor de selo significam que saíram mais produtos (com emissão de notafiscal) do que a quantidade de selos regularmente entrada no estabelecimento, ou seja, as diferenças negativas significam que a quantidade ali apurada referese a produtos saídos do Estabelecimento com emissão de notafiscal mas sem a aplicação de selo (ou com aplicação de selo de terceiro, que, nos termos da legislação aplicável, é considerado também como produto sem selo). A somatória total , considerando todos os tipos/selos de controle, resulta num resultado negativo de 58.152 unidades. Porém, cada tipo/cor de selo deve ser considerado separadamente. Por oportuno, informamos constatação fiscal de que o Contribuinte, ao elaborar o novo livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle para fins de encaminhálo à JUCESC para autenticar, cometeu falhas – omissões referentes a algumas entradas referentes a devoluções recebidas. Ou seja, esqueceu de informar ali dados referentes a entrada de selos decorrentes de “Devoluções de Vendas de produção do estabelecimento”, código 2201, as quais haviam sido mencionadas adequadamente nas folhas/cópias contendo Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle (rubricadas) apresentadas ao Fisco em 31/10/2011, antes de o Contribuinte refazer e complementar os Registros do livro para fins de autenticação na JUCESC. Porém, apesar de não ficarem registradas no referido livro autenticado pela JUCESC os dados referentes a entradas decorrentes de recebimento de produtos/selos devolvidos, constatouse que a quantidade dessas entradas em devolução foram consideradas de forma implícita pelo Contribuinte nesse livro autenticado quando calculou e informou o saldo inicial de cada mês seguinte ao mês em que ocorreram as entradas a título de devolução. A título de exemplo, citamos que o livro autenticado não informa os 24 selos do tipo/cor “Aguardente – Laranja” que entraram no estabelecimento em 07/04/2011 (nota fiscal no 7.577, série 1, corresponde ao emitente ALM – COM. DE ALIM. E HORTIFRUTI GRANJ. LTDA, CNPJ 10.875.026/000137), sendo que o saldo final do mês de abril/2011 informado naquele livro foi 114.356 selos, não considerando aí as devoluções ocorridas. Entretanto, constatase que o saldo inicial do mês seguinte – isto é, maio/2011 – a quantidade ali informada foi 114.380, que é diferente do saldo final do mês anterior. Ou seja, embora não registrada explicitamente a quantidade de selos recebidos em devolução no mês de abril/2011, nem consideradas pelo Contribuinte no cálculo do saldo final desse mês, a referida entrada por devolução foi considerada (implicitamente) no cálculo e informação do saldo inicial do mês de maio/2011. Pois, 114.356 (saldo final de abril/2011 lá Fl. 3159DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 27 18 informado) acrescido de 24 (selos recebidos em devolução, embora não discriminados) resultam exatamente a quantidade de 114.380, que foi a informada no livro como sendo o saldo inicial de maio/2011. Diante disso, apesar do equívoco/falha do Contribuinte ao refazer o Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle, não houve prejuízo para fins de apuração do saldo final em 31/10/2011 de cada tipo/cor de selo. Pois, nesse saldo final em 31/10/2011 informado pelo Contribuinte no livro autenticado também está considerando adequadamente no seu cálculo a quantidade referente a devoluções ocorridas. Por isso, constatamos que o saldo final de 31/10/2011 mencionado no livro autenticado para cada tipo/cor de selo não foi prejudicada em decorrência da referida omissão e, atendendose o disposto no art. 299 do RIPI/2010 (Decreto no 7.212, de 15/06/2010), foram consideradas como entrada regular as devoluções recebidas de produtos (mencionadas no livro não autenticado apresentado anteriormente ao Fisco, ainda que não citados no novo livro autenticado pela JUCESC). Assim, sendo, nos cálculos pelo Fisco para fins de apuração do saldo ajustado do Livro de Registro de Entrada e Saída do Selo de Controle, partiuse do saldo escritural de 31/10/2011 informado naquele livro autenticado e efetuandose glosa fiscal em relação a algumas entradas irregulares de selos soltos (não aplicados) adquiridos de terceiros (adquiridos de outra empresa) e ajustes necessários para se obter ao final o saldo escritural ajustado. A auditoria de estoque de selos consiste na comparação do saldo escritural com o estoque físico de selos, apurandose, dessa forma, a diferença existente para cada tipo/cor de selo. A quantidade de selo existente Estoque físico menos a quantidade do saldo escriturai resulta na diferença total de selo. O estoque físico de selo consta no termo de Constatação lavrado em 31/03/2011 (TC04) acrescido de outros selos regularmente adquiridos, conforme constatação feita posteriormente, tendo em vista que alguns dos produtos selados que haviam sido apreendidos em 31/10/2011 para verificação, foram considerados, após análise, como possuindo selagem regular e liberados (Termo de Liberação TL01, de 21/06/2012). Vide no Termo de Intimação Fiscal no 348, de 10/08/2012, resumo dos “SELOS (SOLTOS + APLICADOS) CUJA POSSE, EM 31/10/2011 ESTAVA REGULAR”. Naquele Termo é esclarecido com detalhes quais, dentre os selos apreendidos para verificação, foram considerados irregulares e quais os considerados regulares. O total de selos, cuja posse estava regular, conforme tabela citada no referido TIF no 348, abaixo transcrita, foi de 430.346 unidades:” Fl. 3160DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 28 19 Demonstrativo às fls. 90 e 91. “Ao fazermos a comparação entre o estoque físico de selo regular encontrado no Estabelecimento em 31/10/2011 com o saldo escritural ajustado referente à mesma data, encontramos um excesso no estoque físico de selo, considerando a totalidade dos tipos e cores de selo, igual a 488.498 unidades”. Demonstrativo à fl. 91. “A conta referente ao total da diferença no estoque de selos é a seguinte: 430.346 – ()158.152 = 430.346 + 58.152 = 488.498 Ou seja, houve um excesso no estoque físico, comparativamente ao saldo escritural ajustado num total de 488.498 unidades, que, nos termos da legislação aplicável, caracteriza saída de produtos sem selo, implicando na necessidade do lançamento de ofício do IPI, bem como na aplicação da multa regulamentar correspondente à falta de selo no produto que saiu sem o selo (vide artigos 300, inciso II, e 301, do RIPI/2010): 'Art. 300. Apuradas diferenças no estoque do selo, caracterizam se, nas quantidades correspondentes: (...) II o excesso, como saída de produtos sem aplicação do selo (Lei nº 4.502. de 1964. art. 46, § 3º. Alínea “b”, e DecretoLei nº 34, de 1966, art 2º, alteração 12ª). Art. 301. Nas hipóteses previstas no art. 300, será cobrado o imposto sobre as diferenças apuradas, sem prejuízo das sanções e outros encargos exigíveis (Lei n” 4.502 de 1964. art. 46. § 4°. E DecretoLei nº 34, de 1966, art. 2°, alteração 12ª). Parágrafo único. No caso de produto de diferentes preços, desde que não seja possível identificar o preço do produto, o imposto será calculado com base no de valor mais elevado (Lei n° 4.502. de 1964. art. 46 § 4º. E DecretoLei nº 34, de 1966. art. 2º, alteração 12ª).' Porém, cada tipo/cor de selo é usado em diversos produtos e, a princípio, qualquer desses produtos poderiam ter saído sem o selo, não sendo possível precisar qual deles exatamente foi o produto que saiu sem o selo. Diante dessa situação, e de acordo com a legislação aplicável, devese adotar como produto saído, para fins de cálculo do IPI e da multa regulamentar a serem lançados de ofício, o produto de maior valor entre os diversos cabíveis a cada tipo/cor de selo”. Considerando os diversos tipos/cores de selos de controle e o preço médio para cada produto calculado no período de 01/04/2011 a 31/04/2011 (conforme já referido alhures), foi elaborada a planilha às fls. 94 e 95 com os valores para apuração do imposto devido (não lançado em virtude do excesso de selo no estoque) e da multa regulamentar. Fl. 3161DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 29 20 No demonstrativo às fls. 96 e 97 consta a apuração do IPI devido (R$ 135.712,76) e da multa regulamentar (R$ 1.463.319,76). QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO E REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS A reiteração da conduta não é explicada por mero erro e caracteriza o dolo. A sonegação e a fraude são circunstâncias qualificativas previstas na legislação e foram observadas na conduta do sujeito passivo no tocante a todas as infrações relatadas. Portanto, a multa de ofício aplicável, no caso, é a de 150% (duplicação da multa básica). Transcrição parcial do relatório fiscal: “Considerando que o primeiro ADE concedendo enquadramento para o Estabelecimento inscrito no CNPJ sob o nº 12.678.989/000176 foi emitido pela DRF/JOA sob o n° 70, de 2011, com efeitos apenas a partir de 16/07/2011, o IPI calculado e destacado nas notas fiscais referentes à comercialização de seus produtos antes da referida data deveria ter sido feito utilizando o enquadramento provisório, conforme previsto no § 8° do art. 210 do Regulamento do IPI (Decreto 7.212, de 15/06/2010). Porém, essa Fiscalização constatou que o Contribuinte mencionado utilizou em suas operações, desde 1/4/2011, um enquadramento de valor menor que o estabelecido na legislação, destacando em suas notasfiscais de saída IPI menor que o devido. Analisandose os fatos descritos por esta Fiscalização em linhas anteriores, podese concluir que o Contribuinte de CNPJ n° 12.679.101/000110 (Bebidas Florete Ltda) reiteradamente, por mais de um período mensal de apuração, calculou o IPI referente a seus produtos de forma contrária ao determinado na legislação tributária, utilizando enquadramento em classe incorreta, e lançando/destacando IPI também em valor inferior ao que seria devido, ou seja, Contribuinte inseriu informação incorreta em documentos fiscais, reduzindo indevidamente o valor do imposto. (...) Contribuinte também apresentou a este Fisco arquivo em meio magnético no formato do Sistema SINTEGRA, contendo dados das notas fiscais, o que possibilitou uma análise mais facilitada dos dados das notasfiscais, possibilitou uma análise eletrônica. Utilizando o sistema da RFB denominado CONTÁGIL, acessamos os dados do referido arquivo e constatamos que os valores totais mensais referentes às saídas daquele arquivo são semelhantes aos valores totais mensais informadas no Livro de “Registro de Saídas” acima. Por isso, consideramos cabível utilizar os dados desse arquivo referente ao SINTEGRA para os cálculos deste Fisco, cujo resultado foi apresentado em planilhas que estão sendo entregues ao Contribuinte em anexo a este Relatório. Fl. 3162DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 30 21 Constatamos, portanto, na análise fiscal, que os valores de IPI das notasfiscais de saída (com valor menor que o devido) do Contribuinte foram informados no Livro de “Registro de Saídas”, cujo totais mensais (contendo a referida irregularidade no valor do IPI) foram transferidos para o Livro de “Registro e Apuração do IPI” (LRAIPI) do Contribuinte, conforme transcrevemos abaixo:” Planilha à fl. 108. “Os valores mensais acima contidas no Livro de Registro e Apuração do IPI estão iguais aos totais mensais obtidos nos livros “Registro de Entradas” e “Registro de Saídas”. Os três livros foram apresentados a este Fisco em cópias impressas, assinadas pelo Contador e Responsável legal, e juntadas ao processo. Os saldos devedores mensais contidos no livro “Registro e Apuração do IPI” ficaram, portanto, com valores menores que os devidos Por sua vez, sendo constatado que o saldo apurado de IPI foi exatamente o informado em DCTF pelo Contribuinte (Vide tabela de cálculo apresentadas atrás), concluise que o valor declarado está também a menor que o devido (Veja no processo administrativo fiscal um extrato do sistema DCTF, contendo débitos apurados de IPI declarados pelo Contribuinte Fiscalizado). Esse comportamento reiterado do Contribuinte, conforme descrito acima, com destaque de IPI nas notas fiscais menor que o devido, assim como escrituração também incorreta nos livros fiscais, evidencia, em tese, a determinação da empresa, através de seus representantes, de reduzir indevidamente o montante de IPI recolhido. Não há como imaginar que se trataram de meros erros cometidos no preenchimento das notasfiscais ou na escrituração contábil/fiscal. O estabelecimento informou, sem amparo legal ou judicial, nas notas fiscais de saída, o IPI em valor menor que o corretamente devido, bem como transferiu para os livros de “Registro de Saídas” e “Registro de Apuração do IPI” valores mensais menores que o devido, gerando saldo devedor a menor. Essa conduta pode ser considerada, em tese, fraude, mencionada no art. 72 da Lei n° 4.502. de 1964. O Fato do Contribuinte informar à RFB mediante DCTF valores de IPI menores que o devido, pode ser considerada, em tese, sonegação, mencionada no art. 71 da Lei no 4.502. de 1964”. Presente, em tese, crime contra a ordem tributária, foi formalizada representação fiscal para fins penais (processo nº 10925.722627/201370). SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA Por força do CTN, arts. 124 e 135, foi lavrado termo de sujeição passiva solidária em relação ao sócio Gilmar Natalino de Costa, CPF nº 435.232.77000, único com função de administração da sociedade empresária em questão. Fl. 3163DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 31 22 Do relatório fiscal, excerto de interesse: “O Código Tributário Nacional, em seu art. 124, fala também sobre a solidariedade e menciona quem são obrigados solidariamente. Vejamos: “Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Nota: como exemplo de pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (solidariedade de fato): 3 pessoas coproprietárias de um imóvel, em relação ao IPTU. II – as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.” O mesmo Código ainda prescreve: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes: IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I – as pessoas referidas no artiao anterior: Fl. 3164DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 32 23 II – os mandatários, prepostos e empregados; III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Em análise do art. 134, percebese que o administrador de uma empresa é um administrador de bens de terceiro, tendo em vista que a pessoa física do Administrador, mesmo quando ele é um sócio da Pessoa jurídica, ele é uma pessoa distinta da empresa, não devendo fazer confusão ou identificação entre a Pessoa Jurídica administrada e a Pessoa Física do Administrador. E nessa situação, poderia ocorrer uma responsabilização subsidiária do Administrador, o qual passaria a responder solidariamente com a Pessoa Jurídica, no caso de ficar impossível a exigência da Pessoa Jurídica o cumprimento da obrigação principal. Entretanto, no caso do Sr. Gilmar Natalino de Costa, poderia ainda ser feita a capitulação da responsabilidade/solidariedade no art. 135 do CTN, pois, além de ser Administrador de bens de terceiro (art. 135, I, considerando o inciso III do art. 134), também ele pode ser considerado o Diretor/gerente/Representante de uma Pessoa Jurídica de direito privado, pois, inclusive, conforme determinado no Contrato Social, foi denominado Diretor (Art. 135, III), e, nessa condição, tendo o poder de mando, praticou/permitiu atos de infração de lei, ou seja, praticou/permitiu as infrações já mencionadas neste Relatório Fiscal as quais geraram os Autos de Infração lavrados. E, estando, portanto, a figura do sócioadministrador contemplado na designação da lei, nos termos do art. 135, aplicase a tal situação também o art. 124, inciso II e seu parágrafo único, não comportando benefício de ordem. Não bastasse as capitulações acima, em decorrência de o Sr. Gilmar Natalino de Costa ser um Administrador/Diretor, temos que levar em conta ainda que o ele não é um simples Administrador/Diretor, ele é ao mesmo tempo um sócio, e, portanto, nessa condição de sócioadministrador, tinha interesse comum e também o poder de mandar na empresa autuada Bebidas Florete Ltda. E, assim sendo, qualquer benefício ou vantagem decorrente das ilicitudes praticadas na empresa seriam também a seu favor, inclusive, o maior beneficiado dentre os sócios, pois era e é o que possuiu a quantidade maior de quotas em relação aos demais sócios, conforme se constata no Contrato Social e em suas alterações e no extrato do sistema Radar, anexados ao processo administrativo fiscal. Assim sendo, concluise que é cabível aplicar ao Sr. Gilmar Natalino de Costa. CPF n° 435.232.77000, a responsabilidade solidária correspondente ao art. 124, inciso I, bem como o art. 124, II, não lhe cabendo o benefício de ordem, parágrafo único do art. 124, além da responsabilidade decorrente do art. 135, todos do CTN, e, por conseqüência, a referida pessoa física fica solidariamente obrigada ao pagamento dos créditos tributários Fl. 3165DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 33 24 lavrados nos autos de infração contidos no processo administrativo fiscal n° 10925.722626/2014325. Ainda que tenha sido citado no Termo de Sujeição Passiva Solidária, referente ao Sr. Gilmar Natalino de Costa, os artigos 124 e 135 do CTN, esclarecemos que cada um desses artigos – isoladamente – ampara a aplicação da Sujeição Passiva Solidária ao SócioAdministrador. Ou seja, foi citado no referido Termo mais de um motivo (ou dispositivo legal) para amparar a sujeição passiva solidária, mas ressaltamos que cada dispositivo legal (art. 124 ou o art. 135 do CTN),. ainda que aplicado isoladamente, seria suficiente para amparar a referida sujeição passiva solidária, pelo que bastaria, portanto, por exemplo, considerar apenas o art. 124 (e mais especificamente o seu inciso I, considerando o interesse comum existente) para fins de embasar o Termo de Sujeição Passiva para o Sócio Administrador”. ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS Finalmente, com supedâneo na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, arts. 64 e 64A, e na IN RFB nº 1.171, de 7 de julho de 2011, art. 6º (crédito tributário maior que 30% do patrimônio conhecido e superior a R$ 2.000.000,00), foram formalizados processos de arrolamento de bens da pessoa jurídica (processo nº 10925.722629/201369) e da pessoas física (sócioadministrador da empresa) e respectivo cônjuge (processo nº 10925.722650/201364). CIÊNCIA E IMPUGNAÇÃO A empresa tomou ciência da exação em 07/01/2014, por intermédio do representante legal (diretor). Em 06/02/2014, insubmissa, a contribuinte apresentou a impugnação às fls. 1.803/1.912, subscrita pelos patronos da pessoa jurídica qualificados nas procurações às fls. 1.922/2.116, em que resume os pontos principais da autuação, faz alusão a outros processos administrativos fiscais sobre a mesma matéria e aduz, as seguintes razões de defesa acerca da imposição fiscal em tela, conforme resumo elaborado pela própria impugnante: “a) Indevida desconsideração dos efeitos da cisão/incorporação – as alegações do Fisco são teratológicas e negam o óbvio: o estabelecimento industrial (situado à Av. Mar. Castelo Branco) sempre foi o mesmo, tendo apenas transposto a INCORPORADORA (CNPJ nº 12.679.101/00010). Com a operação societária, a “Bebidas Florete Ltda.” sucedeu o estabelecimento fabril em todos os direitos e obrigações (estoques, bens, produtos, funcionários, inclusive nos registros, enquadramentos de produtos e selos de controle de bebidas). A alteração do registro perante o CNPJ é requisito cadastral irrelevante à solução da presente contenda, pois a inscrição serve como mero número identificador de cadastro, que não confere personalidade jurídica a uma entidade e não tem o condão de criar ou modificar relações jurídicas (arts. 985 e 1.142 do CC/2002, Consulta Fiscal da RFB n° 225/2012, AC n° 2006.83.00.0026908 do TRF da 5ª e Resp n° 242.721/SC, no STJ). Pelo que, as condutas da empresa autuante não se Fl. 3166DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 34 25 amoldam aos tipos infracionais elencados pela Administração Fazendária: c) Inocorrência da Infração 0002 (Auto de Infração de IPI): a autoridade fiscalizadora entende que equivale à venda de produtos sem selo a saída de produto utilizando selagem “adquirida de terceiros”. Todavia, não houve na hipótese vertente “posse, recebimento ou aquisição de selos de controle de terceiro”, mas, face à incorporação, utilização pelo estabelecimento de seus próprios selos (bens corpóreos) legítimos (procedimento respaldado pela legislação de regência). O estabelecimento produtor fiscalizado (situado à Av. Mar. Castelo Branco) sempre foi o titular e o detentor de legitimidade para possuir e utilizar os selos, mesmo em face dos efeitos da cisão. Pelo que, com fulcro nos selos referidos e nas notas fiscais emitidas, todo valor devido a título de IPI foi devida e tempestivamente pago pela empresa Impugnante. Inclusive, após o procedimento de cisão/incorporação, a Impugnante espontaneamente devolveu à Receita Federal do Brasil o montante de Selos de Controle soltos que havia sucedido na incorporação do estabelecimento industrial da Av. Mar. Castelo Branco e não havia aplicado em produtos (sucedidos ou produzidos no instante seguinte à cisão), circunstância que denota a boafé da empresa; II. Inocorrência da Infração 0001 (Auto de Infração de IPI): o Auditor Autuante desconsiderou indevidamente o enquadramento concedido aos produtos do estabelecimento sucedido (Av. Marechal Castelo Branco), para fins de tributação do IPI. O pedido de enquadramento, nos moldes do art. 210, § 8° do Regulamento do IPI (Dec. N° 7.212/2010), deve ser formulado (e endereçado ao Ministério da Fazenda) sempre que houver a confecção de novos produtos, nunca antes objeto dessa classificação. Enquanto o Ministro da Fazenda não expedir Ato Declaratório determinando a pertinente categorização, a tributação do IPI deve se dar segundo o “enquadramento provisório” do art. 209 do Decreto n° 7.212/2010, calculado segundo a maior classe de valores. Não é o caso dos autos: com o procedimento de cisão/incorporação não houve modificação do estabelecimento industrial e dos produtos fabricados, que já estavam devidamente enquadrados em suas respectivas classes (tanto é que com a superveniência do Ato Declaratório o número de cadastro do estabelecimento fabril e a classe dos produtos comercializados permaneceram inalterados). No caso, bastava simples alteração cadastral, desnecessário novo pedido. O novo pedido foi feito por indução da própria Autoridade Fiscal b) Indevida conclusão de “excesso no estoque físico de selos”, representado pelos selos adquiridos pela Bebidas Florete Ltda. com o Registro Especial que identificava o estabelecimento da Av. Mar. Castelo Branco como a ela vinculado (CNPJ n° 12.679.101/000110), concedido à Impugnante em junho/2011 (ADE n° 62/2011). Além de glosar aqueles supostamente recebidos de terceiros (sucedidos integralmente pela Impugnante com a incorporação), incluiu no cálculo para apuração de Fl. 3167DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 35 26 eventual “excesso de estoque” aqueles que reputou explicitamente como aquisição legal e correta. Esses últimos selos referiamse a vendas futuras, que aguardavam o engarrafamento das respectivas bebidas. c) Indevida cobrança de valores que não compõem a base de cálculo do IPI, como é o caso das bonificações (que não contribuem para a formação do preço da operação); d) Erro na apuração do imposto supostamente devido e nulidade do lançamento: mesmo que houvesse algum valor a título de IPI a ser exigido da Impugnante, não merece prosperar o lançamento fiscal na forma como se apresenta, ante a ausência de aplicação da redução prevista no art. 210, § 3° do Decreto n° 7.212/2010 (RIPI/2010) e no art. 9°, I e II da IN/RFB nº 866/2008 para as aguardentes de cana e vinhos comuns; e) Dúplice apenamento da mesma “infração”: o Auditor Fiscal penaliza duas vezes a Impugnante pela conjecturada prática da seguinte infração: efetuar “saída de bebidas sem estarem seladas, caracterizadas por excesso verificado no estoque físico de selos de controle” (Infração 0002 do Auto de IPI e Infração 0001 do Auto de Outras Multas Administradas pela RFB). f) Inexigibilidade das multas qualificadas e violação à vedação do confisco: além de aplicar penalidade qualificada (150%) sem que se comprovasse, no caso concreto, a ocorrência das infrações e das situações qualificadoras (atos fraudulentos, de sonegação ou falsificação documental), a autoridade fazendária exige multas aviltantes e confiscatórias, aplicadas justamente com o propósito de suplantar o patrimônio da empresa e atingir a esfera patrimonial dos sócios. O ultraje e a desproporção fazendárias são evidentes: mais de 76% da importância integral da exigência fiscal (R$ 4.515.636,36) corresponde às multas impostas, que totalizam o montante de R$ 3.526.509,58. g) Improcedência da responsabilidade tributária solidária automática e imotivadamente imputada ao sócio diretor da empresa Impugnante, Sr. Gilmar Natalino Nery De Costa: primeiramente, é preciso ter em mente que o art. 135 do CTN é inaplicável às exigências de multas punitivas, que não se transferem a terceiros por solidariedade, sendo exigível tão somente do sujeito ativo do ato infracional. De todo modo, o Fiscal não comprovou (porque de fato não ocorreram) quaisquer atos praticados dolosamente pelo sócio administrador em excesso de poder, infração à lei ou ao contrato social que pudesse ensejar sua responsabilização (pelo suposto imposto calculado) nos termos do art. 135 do CTN. Ademais, o STJ e o STF possuem entendimento consolidado no sentido de que a responsabilidade do art. 135 do CTN é subsidiária, pessoal e indireta: requer estrito enquadramento ao tipo legal (Rext/STF n° 562.276/PR, Súmula/STJ n° 430, Repetitivo/STJ n° 1.101.728/SP, Embargos de Divergência no Resp n° 174.532/PR)”. Fl. 3168DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 36 27 Por derradeiro, requerem os impugnantes que a impugnação seja julgada procedente, com o cancelamento do auto de infração, em face da argumentação aduzida; que seja anulado e extinto o Termo de Sujeição Passiva Solidária; e que, em prol dos princípios da ampla defesa, efetividade e economia processual, quaisquer intimações sejam lavradas em nome do subscritor da impugnação, mandatário do sujeito passivo, por via postal ou pessoalmente, no endereço constante do mandato." A impugnação foi julgada improcedente e o crédito tributário lançado foi integralmente mantido. O Acórdão n° 1452.519, de 30 de julho de 2014, foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 SUCESSÃO EMPRESARIAL. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS. REGISTRO ESPECIAL. ENQUADRAMENTO EM CLASSES DE VALORES. SELOS DE CONTROLE ADQUIRIDOS DIRETAMENTE DA RFB. Se houver sucessão empresarial, como cisão e incorporação, com alteração de número de inscrição de CNPJ, ainda que o endereço continue o mesmo, é o caso de estabelecimentos distintos, nos termos do princípio da autonomia de estabelecimentos; o estabelecimento sucessor deve providenciar a inscrição no registro especial para atividade de industrialização de bebidas alcoólicas, o enquadramento correto nas classes de valores previstas na legislação, sendo os produtos também sujeitos a selos de controle próprios, ou seja, adquiridos diretamente da repartição fiscal de jurisdição. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO. BEBIDAS ALCOÓLICAS. ENQUADRAMENTO DE CLASSE DE VALORES INCORRETO. Cobrase o imposto devido se o sujeito passivo deixar de aplicar enquadramento provisório de classes de valores nas saídas de bebidas do estabelecimento industrial, antes ou depois da concessão de registro especial específico. MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS. DOLO. Infligese a penalidade pecuniária duplicada (150%) em relação ao patamar básico, presentes uma ou mais circunstâncias qualificativas previstas na legislação, como a sonegação e a fraude, indicadoras da existência de dolo na atuação do sujeito passivo. FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO. SELOS DE CONTROLE. EXCESSO NO ESTOQUE FÍSICO. SAÍDAS DE BEBIDAS ALCOÓLICAS SEM SELO. SAÍDAS À MARGEM DA ESCRITURAÇÃO FISCAL. Fl. 3169DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 37 28 Cobrase o imposto não lançado nas saídas de bebidas alcoólicas sem selo de controle, decorrente do excesso de selos na aferição do respectivo estoque físico, o que corresponde à saída de produtos sem a emissão de notas fiscais. MULTA DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICATIVAS. DOLO. EXCESSO NO ESTOQUE FÍSICO DE SELOS DE CONTROLE PRÓPRIOS. Das saídas de bebidas alcoólicas sem selo de controle e sem a emissão de notas fiscais, em virtude do excesso de selos de controle próprios (adquiridos regularmente na repartição fiscal) no respectivo estoque físico auditado, decorre a inflição da penalidade pecuniária duplicada (150%) em relação ao patamar básico, presentes uma ou mais circunstâncias qualificativas previstas na legislação, como a sonegação e a fraude, indicadoras da existência de dolo na atuação do sujeito passivo. MULTA REGULAMENTAR. POSSE DE SELOS DE CONTROLE ADQUIRIDOS DE TERCEIROS. EXCESSO DE SELOS DE CONTROLE PRÓPRIOS NO ESTOQUE FÍSICO AUDITADO. É infligida a multa regulamentar, consoante cominação legal, se o sujeito passivo for pilhado na posse de selos de controle de terceiros e se for constatado, em determinada data, o excesso na auditoria do estoque físico de selos de controle próprios, ou seja, adquiridos regularmente pelo sujeito passivo. CUMULAÇÃO DE PENAS. PREVISÃO LEGAL. Sendo infrações distintas, há previsão legal para a imposição concomitante de duas sanções pelos atos ilícitos tributários, no caso, a multa de ofício e a multa regulamentar. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. A vedação ao confisco pela Constituição Federal, assim como a necessidade de observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu, sendo o princípio da estrita legalidade o paradigma de atuação no âmbito da Administração Tributária. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PRESENÇA DE INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO FÁTICA. PRÁTICA DE INFRAÇÃO DE LEI. Há sujeição passiva solidária se estiver configurado que as pessoas, jurídica e física, no caso, possuam interesse comum na situação que consubstancie o fato gerador da obrigação Fl. 3170DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 38 29 tributária principal; além disso, sendo a pessoa física sócio administrador da empresa, que esta tenha praticado infração de lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2011 a 31/07/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011 INTIMAÇÕES. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. As intimações, para ciência, devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte e o responsável solidário, em peça única, interpuseram recurso voluntário, em que, basicamente, repetem os argumentos contidos na impugnação, os quais foram sumariados pelo relator da decisão de primeira instância e acima transcritos. Adicionalmente, carrearam aos autos documento, por meio do qual noticiam que a 3° Turma Ordinária, da 4° Câmara, da 3° Seção, em sessão do dia 29 de janeiro de 2015, proferiu o Acórdão n° 3403003.534, em processo que, em seu entender, tem teor idêntico ao presente, dando provimento parcial ao recurso voluntário. Citada contenda envolveu a empresa Vinhos Duelo Ltda., que vem a ser uma das pessoas jurídicas constituídas com versão de patrimônio da Vinhos Duelo Ltda. (após o evento, alterou sua razão social para Bebidas Duelo Ltda.). É o relatório. Fl. 3171DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 39 30 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Foi lavrado auto de infração para a cobrança de (fl. 2): R$ 821.237,48, de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 169.889,30, de juros de mora, R$ 1.231.856,22, de multa de ofício qualificada (150%), e de R$ 2.294.653,36, de multa regulamentar, totalizando R$ 4.515.636,36. Foram identificadas as seguintes infrações (fls. 9 a 16): i) Incorreção no enquadramento fiscal de bebidas, nos meses de abril a julho e outubro de 2011, que gerou insuficiência de pagamento de IPI. ii) Posse ou emprego irregular de selos de controle, o que acarretou na aplicação da multa regulamentar prevista no inciso I do art. 585 do Decreto n° 7.212/2010. iii) Saídas de bebidas sem a aplicação de selos de controle, e, conseqüentemente, sem lançamento do imposto, em razão de excesso no estoque físico de selos de controle verificado em 31 de outubro de 2011. Esta infração é punida com a multa regulamentar prevista no inciso II do art. 585 do RIPI/2010. Foi atribuída responsabilidade solidária ao Sr. Gilmar Natalino de Costa. Com base na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, artigos. 64 e 64A, e na IN RFB nº 1.171, de 7 de julho de 2011, art. 6º (crédito tributário maior que 30% do patrimônio conhecido e superior a R$ 2.000.000,00), foram formalizados processos de arrolamento de bens da pessoa jurídica (processo nº 10925.722629/201369) e da pessoas física (sócioadministrador da empresa) e respectivo cônjuge (processo nº 10925.722650/201364). No relatório, foi apresentado extenso e detalhado relato sobre os fatos e fundamentos que levaram à autuação, bem como as alegações aduzidas pela Recorrente na impugnação, basicamente as mesmas da peça recursal. Em linhas gerais, a autuação é decorrente do fato de o Fisco ter entendido que a sucessão de direitos e deveres, prevista nas legislações societária e civil, não dá amparo à transferência: a) do estoque de selos de controle de IPI existentes no estabelecimento incorporado pela Recorrente, na data do evento; b) do Registro Especial para aquisição de selos; e c) do registro concernente ao enquadramento das bebidas para fins de IPI. Fazse mister, portanto, em primeiro lugar, analisarmos os conceitos jurídicos de cisão, incorporação e sucessão de direitos e obrigações (âmbito societário) e algumas implicações legais, notadamente no campo tributário. Fl. 3172DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 40 31 I) CISÃO, COM VERSÃO DE PATRIMÔNIO EM OUTRA PESSOA JURÍDICA SUCESSÃO UNIVERSAL Até 28/03/2011, a empresa Vinhos Duelo Ltda. possuía três estabelecimentos: Matriz (Av. Marechal Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC), Filial 1 (Linha Santo Isidro, Interior, Pinheiro Preto/SC) e Filia 2 (Rodovia Mário Covas, n° 112, Coqueiros, Belém/PA). Naquela data, a Vinhos Duelo Ltda. foi cindida. Continuou operando no estabelecimento em que situavase a Filial 2, sob nova razão social, Bebidas Duelo Ltda.. Os acervos da Matriz e Filial 1, neles compreendidos os bens corpóreos e incorpóreos (ex: estoque de bebidas e selos soltos, imóvel, máquinas e equipamentos, registros em órgãos públicos, marcas, fundo de comércio etc.) foram vertidos, respectivamente, em duas empresas preexistentes: a Bebidas Florete Ltda. (Recorrente) e a Vinhos Duelo do Sul Ltda.. Tais alterações encontramse nos atos societários que suportam as operações, notadamente nos itens 14.02 e 15 do "Protocolo de Intenção da Cisão Parcial da Empresa Vinhos Duelo Ltda. e de Absorção do Patrimônio Cindido" (fls. 2.050 e 2.051): (. . .) (. . .)" Destaquese que os atos societários foram registrados na JUCESC, em 28/03/2011 (fls. 1.409 e 1.411 e 1.412), produzindo efeitos contra terceiros, nos termos do inciso I do art. 1° da Lei n° 8.934/1994 (Lei dos Registros Públicos) e art. 1.154 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). Foram também efetuadas as devidas alterações no cadastro da RFB (CNPJ), com a concessão de novo registro para o estabelecimento. Fl. 3173DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 41 32 Os efeitos societários e patrimoniais da cisão, com incorporação de patrimônio em sociedade preexistente, estão previstos nos artigos 227 e 229 da Lei n° 6.404/1976 e 1.116 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). Lei n° 6.404/1976 Cisão Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindose a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindose o seu capital, se parcial a versão. § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. (. . .) § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227). (. . .)" "Incorporação Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (. . .) Código Civil "Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprovála, na forma estabelecida para os respectivos tipos." (g.n.)" Segundo a Professora Maria Helena Diniz (Dicionário Jurídico, 2° Ed. São Paulo, 2005, volume 4, página 549), por sucessão, entendese "(. . .) 3. Na linguagem jurídica: (. . .) b) sequência de pessoas que se substituem; c) seguimento; (. . .) g) substituição; (. . .). Direito Comercial: (. . .) b) efeito produzido pelas operações de incorporação, fusão ou cisão, em que direitos e obrigações relativos a um produto ou conjunto do produtos são transferidos, em caráter singular ou universal, de uma pessoa jurídica para outra. (g.n.)" Fl. 3174DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 42 33 De posse do conceito jurídico de sucessão, é possível então interpretar os artigos da Lei n° 6.404/1976, acima reproduzidos. Em uma operação de cisão, com incorporação do patrimônio cindido por outra pessoa jurídica, a sociedade receptora do acervo vertido substitui a sociedade cindida na condição de titular dos direitos e obrigações relacionados ao patrimônio transferido. Não resta dúvida de que o instituto da sucessão não se confunde com o da compra e venda, previsto em outro dispositivo legal (art. 481 do Código Civil). É provável que, antes da partilha do acervo, entre os sócios, tenha havido operações de compra e venda de quotas de capital, para que cada um passasse a deter o número de quotas de capital representativo do patrimônio que seria vertido para sua empresa. Mas, de forma, alguma, houve venda de ativos da empresa, tais como, de imóveis, estoques, selos soltos, máquinas e equipamentos etc.. Perscrutamos o conceito jurídico de sucessão, posto que, como fruto das aludidas operações societárias, a Recorrente sucedeu a sociedade cindida em "direitos e obrigações". E o que nos importa neste segundo momento é a abrangência do significado do vocábulo "direitos", de acordo com a legislação societária e o Código Civil. Quando a Lei n° 6.404/1976 fala em "direitos", referese a bens corpóreos e incorpóreos, a saber: " Lei n° 6.404/1976 Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; (. . .) IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (. . .) VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) (. . .) (g.n.)" Consta nos atos societários (vide excerto acima reproduzido) que foi vertido para a Recorrente o estabelecimento localizado na Av. Mar Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC, nele compreendidos todos os direitos e obrigações correlatas. O conceito de estabelecimento encontrase no art. 1.142 do Código Civil: Fl. 3175DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 43 34 "Art. 1.142. Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária." Segundo a doutrina contemporânea, estabelecimento é sinônimo de fundo de comércio. E a amplitude deste conceito merece redobrada atenção desta Turma. A obra "Código Civil Comentado" (página 1.1165, 6° Ed., São Paulo: Saraiva, 2008) elaborada sob a coordenação da Professora Regina Beatriz Tavares da Silva, traz o seguinte comentário acerca do art. 1.142 do Código Civil: "Elogiável a distinção a que procedeu o Código entre empresa e estabelecimento, mostrando que este corriqueiramente designado por fundo de comércio nada mais é do que a projeção patrimonial daquela, constituindo um conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos, unidos pela vontade e determinação de seu titular que é o empresário." Sobre fundo de comércio, novamente recorro àquela obra da Professora Maria Helena Diniz (volume 2, páginas 719 e 720): "(. . .) 3. Conjunto de direitos e bens mobiliários (clientela, nome empresarial, insígnia, patente de invenção, marca de fábrica, mercadorias etc.) pertencentes ao empresário e à sociedade empresária, que lhe possibilita realizar suas atividades econômicas organizadas, voltadas à produção ou circulação de bens e serviços. (. . .)." Por fim, vejamos ainda precedente do Superior Tribunal de Justiça (STJ): "ADMINISTRATIVO DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA INDENIZAÇÃO FUNDO DE COMÉRCIO JUROS COMPENSATÓRIOS JUROS MORATÓRIOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A jurisprudência desta Corte consolidouse no sentido de incluir na indenização de empresa expropriada o valor do fundo de comércio. 2. O fundo de comércio é considerado patrimônio incorpóreo, sendo composto de bens como nome comercial, ponto comercial e aviamento, entendendose como tal a aptidão que tem a empresa de produzir lucros. 3. A empresa que esteja temporariamente paralisada ou com problemas fiscais, tal como intervenção estatal, não está despida do seu patrimônio incorpóreo, o qual oscila de valor, a depender do estágio de sua credibilidade no mercado. Situação devidamente sopesada pelo Tribunal de origem que adotou o arbitramento feito pelo perito, estimando o fundo de comércio em 1/3 (um terço) do patrimônio líquido ajustado a 31/05/1985. (...) 7. Recurso especial da União provido em parte." (REsp 704726/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/2005, DJ 06/03/2006, p. 329) (grifos nossos) .)" Fl. 3176DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 44 35 Pelas legislações societária e civil e os precedente e doutrina reunidos, temos que estabelecimento, ou fundo de comércio, é conjunto dos ativos corpóreos (imóvel, estoques e tributos a compensar relacionados, máquinas e equipamentos etc.) e incorpóreos (marcas, licenças, registros nas autoridades competentes etc.) necessários à consecução dos objetivos sociais e obtenção de lucro. Em princípio, todos os elementos essenciais ao desenvolvimento das atividades produtivas. Em síntese, até este ponto, temos que, em operações de cisão, com versão de patrimônio em outra pessoa jurídica, esta última sucede, ou melhor, substitui a sociedade cindida na condição de titular dos direitos e obrigações relacionados ao patrimônio vertido. E, por direitos, entendamos como todos os bens corpóreos e incorpóreos necessários à manutenção das atividades produtivas do estabelecimento transferido, fonte produtora de receitas. E como estes conceitos são aplicados, no âmbito tributário? Cumpre reproduzir o art. 109 do CTN: " Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários." Sobre o artigo 109 acima transcrito, comentou o Professor Ruy Barbosa Nogueira (Curso de Direito Tributário, 4° Ed., Ed. Saraiva, 1995, página 104): "(. . .) quando as categorias de Direito Privado estejam apenas referidas na lei tributária, o intérprete há de ingressar no Direito Privado para bem compreendêlas, porque neste caso elas continuam sendo institutos, conceitos e formas de puro Direito Privado, porque não foram alteradas pelo Direito Tributário, mas incorporadas sem alteração e portanto vinculantes dentro deste." O Direito Tributário é silente, no que tange à sucessão de "direitos", em casos de incorporação, fusão e cisão. No art. 132 do CTN, dispõe exclusivamente sobre a sucessão de tributos devidos. Portanto, podemos desde já concluir que o conceito de sucessão de "direitos e obrigações", presente na legislação societária e no Código Civil, são plenamente aplicáveis no campo do direito tributário. A título ilustrativo, vale mencionar a Solução de Consulta Disit/SRRF08 nº102, de 23 de abril de 2012, em que o Fisco admite que a sucessora compense ativo representativo de tributos pagos a maior pela sucedida, mencionando, inclusive, como um de seus fundamentos, os artigos 227 e 229 da lei n° 6.404/1976, acima transcritos: " Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário SUCESSÃO POR CISÃO PARCIAL SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO. COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS A MAIOR OU INDEVIDOS. Não há qualquer óbice ao aproveitamento dos créditos decorrentes de pagamentos a maior ou indevidos de titularidade da sucedida através de compensação, pela sucessora, de quaisquer débitos próprios relativos a tributos administrados por esta RFB, excetuadas as contribuições previdenciárias e as contribuições recolhidas para Fl. 3177DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 45 36 outras entidades ou fundo, ressalvada, porém, a hipótese de inexistência de outro propósito negocial além da economia tributária. Dispositivos Legais: Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, arts. 227 e 229; Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 165, inciso I e art. 170; Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 74; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, arts. 2º. inciso I, 3º., § 8º. e 34" E, por meio do Solução de Consulta Cosit nº 62, de 21 de fevereiro de 2014, também reconhece a amplitude do conceito de "direitos" acima explanada. Permite a transferência de titularidade de projeto aprovado, para fruição de benefícios fiscais, da sucedida para a sucessora. E, igualmente crucial para a presente contenda, confere caráter meramente declaratório aos atos da RFB que formalizam a transferência de titularidade do projeto, ao reconhecer que os efeitos do reconhecimento retroagem à data do requerimento: "ASSUNTO: Normas de administração Tributária EMENTA: REPENEC. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE DO PROJETO POR INCORPORAÇÃO. HABILITAÇÃO E CO HABILITAÇÃO. VALIDADE DOS ADEs. O benefício fiscal do REPENEC pode ser transferido por sucessão, em virtude de incorporação do projeto habilitado, mediante requerimento à Delegacia da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o estabelecimento matriz, desde que observados os limites e as condições fixados na legislação. O Ato Declaratório Executivo (ADE) emitido à pessoa jurídica objeto de incorporação deve ser alterado a fim de fazer constar como beneficiário a sociedade incorporadora. Os ADEs de co habilitação permanecem válidos, devendo essa informação ser consignada no ADE de transferência do regime por sucessão. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 11.434, de 2006, IN RFB nº 1.074, de 2010 ASSUNTO: Normas gerais de direito tributário EMENTA: REGISTRO DOS ATOS CONSTITUTIVOS. VALIDADE. EFEITO RETROATIVO. Os efeitos do registro dos atos constitutivos da empresa retroagem à data de assinatura dos atos, observado o prazo de apresentação estabelecido pelo artigo 36 da Lei nº 8.934, de 1994. Encerro o tópico, reiterando que, a meu ver, o conceito de "sucessão de direitos", extraído do Direito Privado, emanado dos dispositivos da legislação societária e do Código Civil anteriormente mencionados, devem ser adotados no âmbito do direito tributário. II) "INFRAÇÃO N° 1: IPI NÃO LANÇADO BEBIDA DA LEI N° 7;798/1989 / SAÍDA DE PRODUTO SEM LANÇAMENTO DE IPI INOBSERVÂNCIA DE ALÍQUOTA ESPECÍFICA DE IPI" (FLS 9 A 12) Fl. 3178DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 46 37 Nos meses de abril a junho e outubro de 2011, foram vendidas bebidas alcoólicas, com adoção do enquadramento fiscal que havia sido conferido aos produtos, quando produzidos pela empresa Vinhos Duelo Ltda. empresa sucedida, da qual foi vertido o patrimônio com o qual foi constituída a Recorrente, Bebidas Florete Ltda.. Segundo a autuante, a sucessão prevista na legislação societária e no Código Civil não abrange o enquadramento de bebidas alcoólicas, para fins de IPI. Entende que, após a cisão, surgiu um estabelecimento distinto, com novo CNPJ e obrigatoriedade de obter novo enquadramento. Naquele período, o contribuinte ainda não possuía Ato Declaratório Executivo (ADE) específico, deferindo o enquadramento fiscal de seus produtos, o que somente ocorreu com a publicação do ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, que produziu efeitos a partir de 16/7/2011. Com efeito, mesmo após a edição daquele ato, foram identificadas diferenças de IPI no mês de outubro de 2001, relativas a produtos que não haviam sido incluídos no citado ADE/DRF/JOA n° 70/2011. De acordo com o § 8° do art. 209 do Decreto n° 7.212/2010 RIPI/2010, enquanto não editado ato do Ministério da Fazenda, deve ser adotado enquadramento provisório, na maior classe de valores, observadas as classes por tamanho do recipiente. Assim, apurou diferenças de IPI, que foram lançadas com acréscimo de multa de ofício qualificada (150%) e juros Selic. A DRJ corroborou os argumentos da DRF. Por seu turno, a Recorrente sustenta, em síntese, que: poderia utilizar o enquadramento outrora concedido à empresa Vinhos Duelo Ltda., pois a sucedeu em direitos e obrigações, por força da cisão daquela empresa, seguida de incorporação de parte de seu patrimônio pela Recorrente; não houve interrupção das atividades do estabelecimento transferido pelos eventos de cisão e incorporação de patrimônio; não obstante o citado no item anterior, por cautela, em maio de 2011, requereu à RFB que fosse publicado novo ADE, com o enquadramento de seus produtos o que, apesar de sua insistência, somente teria ocorrido em 01/07/2011, com produção de efeitos a partir de 16/07/2011; em relação ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, com efeitos a partir de 16/07/2011, destaca que, caso fosse necessário novo enquadramento, apenas oito produtos tiveram seus enquadramentos modificados e, deste grupo, apenas um é tributado pelo IPI, o que geraria uma diferença irrisória de IPI não recolhido (R$ 381,60); a própria decisão recorrida reconhece que os novos enquadramentos baixados pelo ADE/DRF/JOA n° 70 eram iguais aos anteriormente válidos para a aempresa cindida; os artigos 209 e 210 do RIPI/2010 exigem novo enquadramento para produtos novos, o que não foi o caso; e Fl. 3179DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 47 38 apesar de considerar legítima a aquisição de bens selados, aplicou o enquadramento provisório para as bebidas seladas, recebidas da cindida (17.300 caixas). A meu ver, a incorporação do estabelecimento localizado na Av. Mar Castelo Branco, Centro, Pinheiro Preto/SC pela Recorrente deve ser vista de um modo muito mais abrangente do que uma simples integração de um estabelecimento e seus bens corpóreos. Os sócios decidiram cindir o negócio de indústria e comércio de bebidas alcoólicas que era desenvolvido pela Vinhos Duelo Ltda. em três novos negócios. E quando digo negócio, refirome a todos os direitos e obrigações relacionados a cada uma das três partes em que se dividiu, e, notadamente, ao fundo de comércio. E, como já expus, entendo como fundo de comércio todos os bens corpóreos e incorpóreos, tudo aquilo que era necessário para que o negócio continuasse a operar normalmente. Incluise, portanto, não somente o imóvel e os estoques, máquinas e equipamentos, porém também todos os registros necessários ao seu regular funcionamento. E, dentre eles, o registro das bebidas outrora obtido na RFB, que declara seu enquadramento para fins de IPI. Observese que tal registro determina o valor do IPI, que é adicionado ao preço. Impacta de forma determinante os negócios. Não poderia a Recorrente, durante o período entre o pedido de alteração e a concessão do novo registro, simplesmente, alterar o preço tradicionalmente praticado com os clientes, por uma mera formalidade fiscal. Qual seria a implicação disto para os negócios? Perda de mercado, talvez. Ou a sugestão alternativa seria a de, temporariamente, parar de vender? E os compromissos com fornecedores, clientes, empregados e o próprio Fisco? Não se está aqui declarando a desnecessidade da alteração cadastral, a qual, com efeito, foi requerida e obtida pelo contribuinte. Estáse, tão somente, colocandoa em um plano inferior ao da continuidade plena do empreendimento. E dando ao novo registro obtido uma conotação declaratória e não constitutiva. Por fim, chamo a atenção dos Conselheiros para decisão de grande relevância para o presente caso. A discussão é idêntica e envolve a empresa Vinhos Duelo Ltda. (antiga Vinhos Duelo do Sul Ltda.), uma das sociedades constituídas como resultado da cisão da Vinhos Duelo Ltda.. Tratase do Acórdão n° 3403003.354, proferido em sessão de 29 de janeiro de 2015, em que por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário, no que concerne à utilização pela sucessora do enquadramento para fins de IPI outrora concedido para a sucedida. Até a conclusão do presente voto, constava do sítio virtual do CARF que o processo ainda se encontra nesta corte administrativa, pendente julgamento de embargos de declaração. Reproduzo a parte da ementa que interessa para o presente tópico: "ENQUADRAMENTO DE PRODUTOS. ADE. CISÃO. INCORPORAÇÃO. SUCESSÃO. O contribuinte que incorpora parte do patrimônio vertido em decorrência de processo de cisão, sem interrupção do processo de industrialização dos mesmos produtos, tem assegurado o Fl. 3180DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 48 39 direito de uso do enquadramento dos produtos concedidos ao estabelecimento da empresa cindida, desde que não haja modificação do preço dos produtos, não se tratando de hipótese para utilização do enquadramento provisório." Com base no acima exposto, concluo, votando pelo cancelamento do crédito tributário lançado de ofício, relativo à diferença de IPI existente entre os valores constantes das Classes de valores adotadas pela Recorrente, presentes do registro originalmente concedido à sociedade cindida e depois ratificado pelo próprio Fisco, quando da concessão do registro em nome da Recorrente, e os adotados pela autuante, que eram os valores máximos da tabela. III) NECESSIDADE DE OBTENÇÃO DE NOVO REGISTRO ESPECIAL e LEGITIMIDADE DOS SELOS TRANSFERIDOS OU ADQUIRIDOS DA EMPRESA SUCEDIDA Em 28/03/2011, 430.321 selos de controle foram transferidos para a Recorrente, por força das comentadas operações societárias. Nos meses de abril a junho de 2011, outros 400.000 foram adquiridos em repartição da RFB, porém com uso do Registro Especial da sucedida, Vinhos Duelo Ltda., totalizando 830.321. Em 29/10/2010 foi requerido pela Recorrente novo Registro Especial, o qual somente foi concedido em 03/06/2011. A partir desta data, passou a adquirir selos em seu próprio nome. Em 27/10/2011, a Recorrente comunicou formalmente possuir estoque de selos que não se encontravam em seu nome, com a intenção de devolvêlos. A RFB considerou que a comunicação fora intempestiva e não mais caberia sua devolução, porém sua apreensão, para destruição. A iniciativa do contribuinte acabou por deflagrar um processo de fiscalização, o qual, entre outras implicações, resultou na destruição de um estoque de 333.712 unidades. A fiscalização alegou que cada estabelecimento é um contribuinte distinto e autônomo. Que o Registro Especial para aquisição de selos é concedido ao estabelecimento. Que, todavia, o estabelecimento não é um mero conjunto de bens, existentes em um endereço. É necessário que esteja vinculado a um pessoa jurídica. Sendo assim, quando há transferência da titularidade do estabelecimento, há necessidade de se requerer novo Registro Especial. Destaca que o Registro Especial não se transfere de uma pessoa jurídica para outra por sucessão, derivada de cisão, seguida de incorporação. Nesta linha, concluiu que os selos transferidos da cindida para a Recorrente (430.357) e os adquiridos em nome daquela pessoa jurídica (400.000) foram comprados irregularmente (art. 315 do RIPI/2010). Foi aplicada a multa regulamentar prevista no inciso II do art. 585 do RIPI, equivalente a R$ 1,00 por selo adquirido irregularmente (total de R$ 830.357,00). Analiso especificamente a cobrança desta multa no tópico seguinte. A obrigatoriedade de obtenção do Registro Especial para funcionamento e aquisição de selos de controle das bebidas alcoólicas produzidas e comercializadas pela Recorrente, classificadas no Capítulo 22 da TIPI, está prevista no art. 284 do RIPI/2010 e nos artigos 2°, 3° e 21 da IN SRF n° 504/2005. Reproduzo este último, abaixo: Fl. 3181DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 49 40 "Art. 2º Os produtores, engarrafadores, cooperativas de produtores, estabelecimentos comerciais atacadistas e importadores dos produtos a que se refere esta Instrução Normativa estão obrigados à inscrição no registro especial instituído pelo art. 1º do Decretolei nº 1.593, de 1977, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, não podendo exercer suas atividades sem prévia satisfação dessa exigência. § 1º A concessão do registro especial darseá por estabelecimento, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, e será específico para: (. . .) Art. 3º O registro especial será concedido pelo Delegado da Delegacia da Receita Federal (DRF) ou da Delegacia da Receita Federal de Fiscalização (Defic), em cuja jurisdição estiver domiciliado o estabelecimento, mediante expedição de Ato Declaratório Executivo (ADE), a requerimento da pessoa jurídica interessada que deverá atender aos seguintes requisitos: (. . .) Art. 21. O fornecimento de selo de controle será condicionado à concessão do registro especial de que trata o art. 2º." (g.n.) No tópico I, discorri longamente acerca dos efeitos da sucessão de bens e direitos, derivadas da cisão da empresa Vinhos Duelo Ltda. e versão de parte de seu patrimônio na Recorrente. Em suma, expus que é sucessora de todos os bens corpóreos e incorpóreos necessários à continuidade das atividades operacionais, neles incluídos, indubitavelmente, por imprescindíveis que eram, os registros obtidos pela sucedida na RFB: enquadramento das bebidas para fins de cálculo do IPI, tratado no item precedente, e o Registro Especial, necessário para a aquisição de selos de controle. Sobre o Registro Especial concedido à Recorrente em 03/06/2011 (ADE DRF/JOA n° 62/2011), assim como o ADE/DRF/JOA n° 70, de 1/7/2011, que dispôs sobre o enquadramento fiscal para fins de IPI das bebidas, entendo que teve caráter meramente declaratório e não constitutivo. Portanto, dou provimento às alegações da recorrente, no que concerne à legitimidade da transferência de selos de controle da empresa sucedida e das aquisições destes, com a utilização do Registro Especial que estava em nome daquela sociedade. Como consequência direta do reconhecimento da legitimidade de tais operações, deve ser cancelada a multa regulamentar aplicada, no montante de R$ 830.357,00, que tinha como fundamento o inciso II do art. 508 do RIPI/2010. Não obstante ter decido, em questão idêntica, em sentido oposto ao que acabei de explanar, tenho o dever de remeterme, novamente, ao Acórdão n° 3403003.354, proferido em sessão de 29 de janeiro de 2015. Pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto ao direito à utilização dos selos transferidos da sucedida para a sucessora, a saber (trecho da decisão aplicável ao presente tópico): Fl. 3182DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 50 41 "(. . .) pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto: (. . .) b) ao direito à utilização dos selos transferidos da sucedida para a sucessora.(. . .)" IV) SAÍDA DE PRODUTOS SEM SELO DE CONTROLE E EXCESSO DE SELOS EM ESTOQUE A fiscalização auditou o saldo de selos de controle de 31/10/2011, registrado no Livro de Entradas e Saídas de Selo de Controle. Encontrou saldo negativo, isto é, excesso de selos de controle, de 488.498. Nos termos do art. 300 do RIPI/2010, caracterizase como saída de produtos sem aplicação de selo o excesso de selos de controle. E, com base no art. 301, cobrou IPI sobre as saídas cursadas sem selos de controle, com multa de ofício agravada (150%) e juros Selic. E no inciso I do art. 585, multa regulamentar, igual ao valor comercial dos produtos saídos sem selo de controle, não inferior a R$ 1.000,00. Em sua defesa, a Recorrente aponta erros nos cálculos da fiscalização e conclui que não houve excesso de selos em estoque. Nas fls. 85 a 101, constam os elementos utilizados pelo Fisco. E, com base neles, entendo que assiste razão à Recorrente. Na fl. 90, o agente fiscal detalha o trabalho realizado: Na fl.88, apresenta o seguinte quadro: Fl. 3183DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 51 42 Nas fls 90 a 92, acresce ao saldo negativo de 58.152 a quantidade de selos adquiridos regularmente, no montante de 430.346. Chega, assim, ao excesso de 488.498. No cálculo da fiscalização, verificase duas imperfeições que o fulminam. Nas fls. 86 e 87, consta que o montante de 244.072 (vide tabela acima) consiste no saldo de 03/06/2011 de selos de controle supostamente adquiridos irregularmente. Ora, se se trata de SALDO, então, nele, obviamente, já se encontravam computadas todas as ENTRADAS e saídas de selos irregulares. Portanto, não haveria que se deduzir do saldo escritural de 31/10/2011 (528.097 vide tabela acima) os montantes de 430.321 e 400.000, representativos das ENTRADAS supostamente irregulares de selos. Portanto, o volume de entradas (total de 830.321) foi computado duas vezes no processo de validação. A segunda imperfeição diz respeito às operações com selos consideradas como regulares, pois efetuadas após a obtenção do Registro especial, em 03/06/2011. Agiu corretamente a fiscalização, quando computou as compras regulares, no montante total de 430.346. Entretanto, por outro lado, não computou as baixas, por vendas ocorridas nos meses de junho a outubro de 2011. Na hipótese de não terem sido registradas vendas naquele período, o que pareceme pouco provável, uma vez que a empresa se encontrava em operação, tal informação deveria constar no Relatório Fiscal. Fl. 3184DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 52 43 Por oportuno, registro que a Recorrente, na peça recursal (fl. 3.033), afirma que houve vendas. Com base acima exposto, concluo que houve erro no processo de validação do saldo escritural de selos de controle de 31/10/2011. Portanto, voto por considerar nulos os correspondentes lançamentos do IPI, acrescido de multa de ofício qualificada e juros Selic, no total de R$ 362.638,06, e da multa regulamentar, de R$ 1.464.296,36. V) TRIBUTAÇÃO PELO IPI DE BONIFICAÇÕES Apesar de não ter sido expressamente mencionado no Relatório Fiscal, a Recorrente alega que houve lançamento de ofício de IPI sobre saídas de mercadorias dadas a clientes como bonificação. Explica tratarse, na verdade, de "estratégia comercial para vender mais e superar concorrentes". "Ao invés de ofertar diferença monetária no produto, a Recorrente opta por entregar um número maior de produtos do que aquele pedido pelo cliente, sem cobrar por eles." Nesta linha, aduz que os valores não devem ser tributados pelo IPI "por não integrarem o valor da operação previsto no art. 47 do CTN." Tratavase, portanto, de descontos concedidos, incondicionalmente. E aduz que não o Fisco não poderia ter efetuado tal lançamento, pois haveria discussão judicial sobre o tema, com identidade de objeto e partes, consubstanciada no processo n° 2009.72.03.0002768, distribuído perante a Vara Federal Única da Subseção Judiciária de Joaçaba/SC. O processo estaria sobrestado no TRF 4° Região, aguardando julgamento do tema pelo STF, em sede de repercussão geral. A ação judicial teria sido originalmente proposta pela Vinhos Duelo Ltda., porém, com a cisão, seguida de incorporação, a representação processual teria sido regularizada, passando a Recorrente a ocupar o polo ativo da ação. Citados argumentos foram incluídos na impugnação e rechaçados pela DRJ. Consignou que a aludida ação judicial é de pessoa jurídica diversa, inexistindo identidade entre as partes. No mérito, entende que as bonificações, na verdade, equivalem a descontos, os quais integram valor tributável para fins de IPI (inciso II do caput e § 3° do art. 190 do RIPI/2010). A ação judicial consta dos autos. No pedido realmente consta a discussão em tela. Contudo, não se encontra nos autos despacho, deferindo a transferência do polo ativo da referida ação judicial. Assim, entendo que não haveria fundamento para votar pelo não conhecimento da matéria, por concomitância (Súmula CARF n° 1). Não obstante, é importante mencionar que, em consulta ao sítio virtual do TRF 4° Região, verifiquei que, em 14/04/2015, houve trânsito em julgado de decisão favorável à Vinhos duelo Ltda., em razão de o STF ter declarado inconstitucional a incidência do IPI sobre descontos incondicionais (leading case: RE 567.935). Apesar de não haver evidências documentais de que a Recorrente figura no polo ativo da referida decisão judicial, a decisão do STF, em sede de repercussão geral, deve ser seguida por este colegiado, nos termos do § 2° do art. 53 do RICARF. Fl. 3185DF CARF MF Processo nº 10925.722626/201325 Acórdão n.º 3301003.235 S3C3T1 Fl. 53 44 Assim, voto dar provimento ao recurso voluntário, no que concerne à não incidência do IPI sobre as bonificações. CONCLUSÃO Voto pelo provimento do recurso voluntário e exoneração do crédito tributário. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Fl. 3186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.905509/2009-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 19/11/2003
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 19/11/2003
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 19/11/2003
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.185
Decisão:
ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 19/11/2003 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 19/11/2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 19/11/2003 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado.
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COMPENSAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Recorrente VITROTEC VIDROS DE SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 19/11/2003 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 19/11/2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificase na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 19/11/2003 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 55 09 /2 00 9- 86 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 3 2 ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra o Acórdão 1429.663, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativa ao IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado no PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, onde alegou, em sede preliminar, que a fundamentação legal genérica do Despacho Decisório implicou cerceamento do seu direito de defesa. No mérito, sustentou que o direito à restituição decorre de recolhimento a maior de IPI face a erro de classificação de seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705). Os mesmos foram classificados na posição 7007 (Vidros de Segurança), com alíquota de 15% de IPI, quando o correto, segundo motivos, julgados e princípio da seletividade, deveria ser na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ/RPO julgoua IMPROCEDENTE, nos termos do Acórdão 1429.663, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 19/11/2003 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 4 3 RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como pára brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.171, de 20 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 13839.904308/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.171): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 5 4 Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 6 5 TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 7 6 Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 8 7 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.695818/2009-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS.
Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência.
COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP
No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.415
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 DATA DA COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. DATA DA APRESENTAÇÃO DA DCOMP No caso de apresentação de DCOMP após o vencimento do tributo a ser compensado haverá acréscimos legais ao débito. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa, Maria Eduarda e Valcir Gassen, que davam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 69 58 18 /2 00 9- 39 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 3 2 d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de COFINS (código de receita 2172), decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio do Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada foi homologada parcialmente, sob o fundamento de que constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, reconhecendose o valor do crédito pretendido. Entretanto, o crédito reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, tempestivamente, alegando, em síntese, que: a) O valor original utilizado para a compensação, foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados; b) Assim, não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados no PER/DCOMP, e não imputou multa e juros sobre os créditos tributários compensados, pois são do mesmo período de apuração; c) Faz planilha para comparação dos períodos de apuração e datas de vencimento. d) Tratase de evidente cobrança equivocada, e apresenta como provas as cópia dos documentos relativos aos lançamentos contestados e a procuração de nomeação do representante legal que assina a manifestação de inconformidade; e) Demonstrada a insubsistência e improcedência do processo, requer seja cancelado o processo reclamado. A DRJ/SP1 indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 16038.192. O fundamento adotado foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os créditos são acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. A recorrente repetiu os argumentos da impugnação no recurso voluntário. É o relatório. Voto Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.231, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.667966/200963, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.231): "O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Constatase que a controvérsia do processo permanece a mesma desde a 1ª instância, com a contribuinte alegando que o DARF utilizado como pagamento a maior para a compensação foi pago dentro do prazo de vencimento do tributo e por isso, não se conformando com a cobrança de acréscimos legais no momento da efetiva compensação. Entretanto, como veremos adiante, o valor do crédito foi insuficiente para quitar o débito, em função dos acréscimos legais ao débito compensado, atualizados até a data da apresentação do PER/DCOMP, em virtude do atraso entre seu vencimento e a formalização da compensação. A DCOMP em tela, foi formalizada pela interessada para compensar débito de COFINS – não cumulativa (código de receita 5856), vencido em 15/06/2004, com créditos de COFINS (código de receita 2172), cuja data de arrecadação foi 15/06/2004. De acordo com o Despacho Decisório emitido pela DERAT/SP, constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP. No entanto, o mesmo foi insuficiente para quitar os débitos informados em consequência da data de apresentação da DCOMP, e por este motivo a compensação foi homologada parcialmente. A recorrente alega que o valor original utilizado para a compensação foi recolhido no mesmo prazo de vencimento dos créditos tributários compensados, e sendo assim, não poderia haver multa e juros sobre os referidos créditos, pois são do mesmo período de apuração. Como bem dito no acórdão recorrido, a contribuinte equivocouse em relação à forma de valoração do crédito e do débito que informou em sua declaração de compensação, ao não efetuar os cálculos relativos aos acréscimos legais, o que gerou um saldo devedor, e consequentemente, a homologação parcial da compensação. Constatase que a data do envio do PER/DCOMP é quando se formaliza a extinção do débito por compensação, de acordo com o que dispõe a Lei nº 9.430/1996, abaixo transcrita: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 5 4 administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Portanto, a extinção do débito por compensação ocorre na data de envio do PER/DCOMP. No caso concreto, a interessada enviou a PER/DCOMP em 21/01/2007 para compensar débito cujo vencimento se deu em 15/06/2004, portanto, é fato que o débito já estava vencido quando foi extinto pela compensação. Assim, partir da data do vencimento passaram a incidir sobre o débito os acréscimos legais, quais sejam, multa de mora e juros, nos termos do artigo 61 da Lei 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º. A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. No recurso voluntário, a recorrente repete o argumento de que o pagamento utilizado para a compensação foi realizado no mesmo prazo de vencimento do débito compensado, mas tal fato não a socorre, pois a utilização do crédito tributário ocorre apenas com a apresentação do PER/DCOMP, que ocorreu após o vencimento do débito compensado. Assim, cumpre transcrever o artigo 28 da IN SRF nº 600/2005, em vigor à época da transmissão do PER/DCOMP: Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 6 5 Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 52 e 53 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (...) Logo, os débitos vencidos, vinculados a PER/DCOMP, serão acrescidos de multa de mora, calculada a partir do primeiro dia subsequente à data de vencimento até a data da entrega do PER/DCOMP, quando se formaliza a compensação; bem como sofrerão a incidência de juros referentes à taxa SELIC, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em relação aos créditos utilizados na compensação, as regras para valoração vigentes à época da transmissão do PER/DCOMP estão contidas no artigo 52 da IN SRF nº 600/2005, também transcrita: Art. 52. O crédito relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição, será restituído ou compensado com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: (...) II – houver a entrega da Declaração de Compensação; (...) § 1º No cálculo dos juros Selic de que trata o caput, observarseá, como termo inicial de incidência: (...) III – na hipótese de pagamento indevido ou a maior: a) o mês de janeiro de 1996, se o pagamento tiver sido efetuado antes de 1º de janeiro de 1996; b) a data da efetivação do pagamento, se este tiver sido efetuado entre 1º de janeiro de 1996 e 31 de dezembro de 1997; ou c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; Por isso, foi apurado o saldo devedor indicado no Despacho Decisório e a compensação foi parcialmente homologada. Portanto, não se está desprezando o princípio da verdade material e nem está havendo enriquecimento sem causa do Fisco, como alega a recorrente. Simplesmente, está sendo cobrado o atraso entre a Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.695818/200939 Acórdão n.º 3301003.415 S3C3T1 Fl. 7 6 data do vencimento do tributo e o seu necessário pagamento, que, no caso em tela, deuse no momento da apresentação da DCOMP. Assim, tendo em vista tudo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a DCOMP foi transmitida em data posterior à do vencimento do(s) débito(s) compensado(s). Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 102DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.726869/2011-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/12/2004, 15/01/2005
COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE.
O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito.
COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
A correta declaração e o pagamento ou compensação antes de qualquer medida de fiscalização são requisitos para o reconhecimento da denúncia espontânea.
Numero da decisão: 3301-003.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A correta declaração e o pagamento ou compensação antes de qualquer medida de fiscalização são requisitos para o reconhecimento da denúncia espontânea. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 68 69 /2 01 1- 91 Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 339 2 Relatório Por economia processual, adoto o relatório da DRJ/BHE no Acórdão 02 46.467 1ª Turma da DRJ/BHE (fls. 231/236): (...) Inicialmente, em 31/08/2007, a interessada transmitiu PER/Dcomp, visando a compensar o(s) débito(s) nele declarado(s), com crédito oriundo de pagamento a maior de PIS, efetuado em 15/07/2004, relativo ao período de apuração de 30/06/2004. A Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico (fl. 32), em 07/10/2009, no qual não homologa a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação. Em 20/10/2009, a contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório (tela à fl. 63) e apresentou, em 19/11/2009, a Manifestação de Inconformidade de fls. 03/06, alegando, em síntese, que a não homologação ocorreu em virtude da não retificação da DCTF referente ao 2º trimestre de 2004, pelo que, para sanar a irregularidade, apresentou, em 04/11/2009, DCTF retificadora, alterando o valor devido da contribuição e apurando, assim, um crédito a compensar, no valor de R$ 448.801,15. Em 27/06/2011, a 1ª Turma desta Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/BHE) proferiu o Acórdão nº 0233.027, reconhecendo o direito creditório alegado. Em 20/10/2011, a DRF/BHE notificou a contribuinte do Acórdão e da cobrança do saldo devedor remanescente da compensação efetuada. De acordo com o termo de ciência e notificação, a contribuinte teria o prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência, para, “se for o caso”, apresentar Recurso Voluntário ao CARF. Em 24/11/2011, a contribuinte apresentou o Recurso Voluntário (fls. 70/81), em que, em resumo, questiona a incidência de multa e juros de mora sobre os valores compensados, o que resultou na homologação apenas parcial dos débitos, por insuficiência do crédito reconhecido pela DRJ. Em 22/08/2012, a Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) proferiu o Acórdão nº 3302001.773 (fls. 123/128), onde decidiu por não conhecer do Recurso Voluntário, com a orientação de que a petição seja apreciada e decidida inicialmente pela autoridade da RFB de 1ª Instância. Cientificada do Acórdão em 07/05/2013 (AR às fls. 140/141), a contribuinte apresentou nova Manifestação de Inconformidade, Fl. 339DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 340 3 em 06/06/2013, com os mesmos argumentos já apresentados no documento denominado “Recurso Voluntário”, em discordância à incidência de multa e juros de mora sobre os valores dos débitos informados na Dcomp, sintetizados a seguir. Aduz que o que a empresa fez foi realocar os pagamentos de PIS realizados anteriormente na modalidade nãocumulativa, transferindoos para a modalidade cumulativa, motivo pelo qual não seria razoável admitir a exigência de multa, já que não houve ausência de recolhimento, mas simples recolhimento em modalidade diversa. Também defende que, na apresentação do PER/Dcomp, a empresa efetuou Denúncia Espontânea dos débitos, nos termos do art. 138 do Código Tributário Nacional, o que afastaria a exigência da multa, devendo o tributo ser recolhido apenas com o acréscimo dos juros de mora, conforme foi efetuado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte (MG) considerou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório, com a seguinte Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se considera ocorrida a denúncia espontânea, quando o contribuinte compensa o débito mediante apresentação de DCOMP. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls 242/251) e alegou em síntese que: Não incidiria a multa de mora sobre seu débito porque não se caracterizaria a mora. Afirmou que houve efetivo pagamento no regime da nãocumulatividade, quando o correto seria o regime cumulativo. Assim, "o que ocorreu na compensação foi, tão somente, uma realocação de pagamento de PIS/PASEP e não um pagamento em atraso da contribuição a ensejar a aplicação de multa" e concluiu que "não há justificativa para a incidência de multa, devendo a mesma ser decotada do 'débito' apurado pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte". Por outro lado, segundo a contribuinte, a compensação dos débitos em pauta equipararseia à denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do Código Tributário Nacional, o que excluiria qualquer a imputação da multa. Afirma que "os valores compensados relativos aos débitos de PIS/PASEP com fato gerador ocorrido em novembro e dezembro de 2004, Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 341 4 foram pagos em 15/07/2004. Desta forma, o pagamento ocorreu antecipadamente, antes do vencimento. Apenas as retificações ocorreram em momento posterior. E mesmo que o pagamento tenha sido realizado antes do vencimento, os juros de mora foram devidamente quitados, conforme comando do art. 138 do CTN". O pedido da contribuinte foi o seguinte: Em face do exposto, a Recorrente pede o provimento do presente Recurso, e assim seja homologada integralmente a compensação pleiteada por meio da PERD/COM no 39731.77768.310807.1.3.040040, sem aplicação de multa sobre os débitos declarados, de acordo com as razões apontadas. (grifos no original) A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais negou o recurso voluntário com a seguinte Ementa (fl. 305): Data do fato gerador: 15/12/2004, 15/01/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). NÃO HOMOLOGAÇÃO. CRÉDITO FINANCEIRO INEXISTENTE. FALTA DE CONTESTAÇÃO. A falta de contestação do fundamento utilizado para a não homologação da Dcomp prejudica a apreciação e julgamento das demais razões mérito expendidas no recurso voluntário. DÉBITOS. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A apreciação e julgamento da incidência de multa de mora, na extinção de débitos tributário, mediante Dcomp não homologada, sob o argumento de que ocorreu a denúncia espontânea dos créditos tributários correspondentes aos débitos cuja compensação não foi homologada, ficou prejudicada. Recurso Voluntário Negado. A contribuinte tomou ciência da decisão (fl. 313) e apresentou recurso voluntário (fls 316/318), alegando que: Dessa forma, resta claro que a Delegacia da Receita Federal reconheceu o direito creditório da Embargante, entretanto, deixou de homologar integralmente a compensação declarada, em razão de atribuir multa de mora aos débitos compensados, já que não reconheceu a denúncia espontânea realizada pela Embargante. Assim, observase que a Embargante efetivamente atacou todos os argumentos que foram objeto da decisão proferida pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal, deixando este Colegiado de se manifestar sobre os mesmos, o que pretende sanar por meio da oposição dos presentes embargos. O pedido da contribuinte foi de que os embargos fossem "conhecidos e providos, de modo que a argumentação acerca da aplicação do instituto da denúncia espontânea seja conhecida, consubstanciandose no cancelamento da multa aplicada e na homologação integral da compensação pleiteada." Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 342 5 Considerando que houve omissão que "implicou desenvolvimento equivocado do voto e das respectivas conclusões", os embargos de declaração foram admitidos pelo Despacho S/Nº – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária (fls. 333/337). Voto Os presentes embargos são tempestivos e se verifica na decisão embargada omissão que gerou desenvolvimento equivocado do voto e das respectivas conclusões. Desse modo, os embargos da contribuinte preenchem os requisitos de admissibilidade e deles tomo conhecimento. Primeiramente, sobre a alegação de que teria havido uma mera realocação de pagamentos, devido ao recolhimento pela modalidade equivocada, cumpre as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 74 da Lei nº 9.430, 1996: § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. A Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005, vigente à época do envio do PER/Dcomp, assim dispunha sobre a matéria: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 52 e 53 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (...) Art. 29. A autoridade da SRF que não homologar a compensação cientificará o sujeito passivo e intimáloá a efetuar, no prazo de trinta dias, contados da ciência do despacho de não homologação, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. (...) Art. 30. O tributo ou contribuição objeto de compensação não homologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. (grifos nossos) Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 343 6 Convém lembrar que as regras contidas nesses dispositivos da IN SRF foram mantidas nas IN RFB de nº 900, de 30 de dezembro de 2008 (arts. 36 a 38) e 1.300, de 20 de novembro de 2012 (arts. 43 a 45), que substituíram a IN SRF nº 600/2005. Dessa forma, a legislação é clara e direta ao determinar que somente a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal do Brasil extingue o crédito tributário e que, se houver interregno de tempo entre o vencimento do débito e a compensação, são devidos os acréscimos legais. Portanto, conforme concluiu a DRJ/BH "enquanto a compensação não for declarada, o débito que se pretende compensar encontrase em aberto e, se a compensação se fizer depois do vencimento fixado em lei, a extinção do débito compensado terá sido com atraso" e, consequentemente, são devidos os acréscimos legais. Quanto ao reconhecimento da denúncia espontânea com base no art. 138 do Código Tributário, cabe retomar a cronologia dos fatos e, para tanto, transcrevemos trecho da Manifestação de Inconformidade (fl. 4) Foi emitido o Despacho Decisório n° 848544105, (doe. 02), que não homologou a compensação objeto do PER/DCOMP 39731.77768.310807.1.3.040040, transmitido em 31/08/2007 (doe. 03). A Requerente apurou no mês de junho/2004 o montante devido de R$ 10.875.988,13 referente à PIS/PASEP (Código: 6912) e em 15.07.2004 efetuou o recolhimento por meio de DARF (doe. 04), entregou a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, referente ao 2 o trimestre de 2004 em tempo hábil. Todavia, em virtude de ter sido constatado erro na apuração da base de cálculo desta Contribuição, a Requerente efetuou nova apuração do PIS/PASEP referente ao período de junho/2004, perfazendo um valor de R$ 10.388.200,52, gerando o recolhimento a maior de R$ 487.787,61, porém por erro material, não efetuou a retificação da DCTF correspondente, no entanto já havia efetuado a retificação da DACON Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais referente ao 2o trimestre de 2004 (doe. 05). Em 31/08/2007 a Requerente por meio do PER/DCOMP n° 39731.77768.310807.1.3.040040, pleiteou a compensação do crédito original na data da transmissão de R$ 448.801,16 com os seguintes débitos: > PIS/PASEP fato gerador de novembro/2004 código 8109 Valor principal: R$ 38.245,31 e encargos de R$ 15.122,20 perfazendo um total de R$ 53.367,51; > PIS/PASEP fato gerador de dezembro/2004 código 8109 Valor principal: R$195.202,60 e encargos de R$ 74.489,31 perfazendo um total de R$ 269.691,91. Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 344 7 Essas compensações podem ser comprovadas na DCTF Retificadora 4o trimestre 2004 (doc.07) e DACON Retificadora 4o Trimestre 2004 (doe. 08). No entanto, a autoridade fiscal não homologou a compensação por meio do Despacho Decisório em epígrafe, adotando como fundamento legal o disposto nos Art. 165 e 170, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Complementamos com excerto do Relatório do Acórdão 0246.467 1ª Turma da DRJ/BHE (fl. 232): A Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico (fl. 32), em 07/10/2009, no qual não homologa a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação. Em 20/10/2009, a contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório (tela à fl. 63) e apresentou, em 19/11/2009, a Manifestação de Inconformidade de fls. 03/06, alegando, em síntese, que a não homologação ocorreu em virtude da não retificação da DCTF referente ao 2º trimestre de 2004, pelo que, para sanar a irregularidade, apresentou, em 04/11/2009, DCTF retificadora, alterando o valor devido da contribuição e apurando, assim, um crédito a compensar, no valor de R$ 448.801,15. (grifos nossos). Colacionamos o art. 138 do Código Tributário Nacional: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. No caso em análise, a contribuinte verificou erro na apuração dos tributos, realizou a retificação do DACON em 18/09/2007 (conforme documento às fls. 44), mas somente apresentou a DCTF retificadora depois de cientificada da não homologação da compensação pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) era uma obrigação acessória, cujo descumprimento implicava multa pecuniária, e sua função era subsidiar a fiscalização dessas contribuições; fiscalização que é realizada com base na declaração do contribuinte (DCTF). O Dacon não tem o condão de substituir a declaração da Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10680.726869/201191 Acórdão n.º 3301003.218 S3C3T1 Fl. 345 8 contribuinte; a declaração é indispensável, por natureza, para o regular pagamento ou compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação. Desse modo, como a correta declaração e o pagamento ou compensação antes de qualquer medida de fiscalização são requisitos para o reconhecimento da denúncia espontânea, esta não se aplica ao presente caso. Em face do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos de declaração, por serem tempestivos e por se configurar a omissão alegada, e rejeitálos pelas razões de mérito expostas. Sala de Sessões, em 22 de fevereiro de 2017. (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 345DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002183/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 18/05/2005
COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL. RESPEITO À COISA JULGADA
Deve ser admitida a compensação, com base na legislação contemporânea à efetivação do encontro de contas entre Fisco e contribuinte. Tal procedimento não configura desrespeito à coisa julgada, porém forma célere de solucionar a pendência entre as partes, privilegiando princípios que regem a Administração Pública e o Processo Administrativo Fiscal.
Recurso Voluntário Provido
Direito Creditório Reconhecido
Numero da decisão: 3301-003.206
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Os conselheiros Liziane, Antonio Carlos e Luiz Augusto, votaram pelas conclusões..
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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RESPEITO À COISA JULGADA Deve ser admitida a compensação, com base na legislação contemporânea à efetivação do encontro de contas entre Fisco e contribuinte. Tal procedimento não configura desrespeito à coisa julgada, porém forma célere de solucionar a pendência entre as partes, privilegiando princípios que regem a Administração Pública e o Processo Administrativo Fiscal. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Os conselheiros Liziane, Antonio Carlos e Luiz Augusto, votaram pelas conclusões.. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 21 83 /2 00 9- 10 Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase de Despacho Decisório, fls. 114/119, que não homologou Declaração de Compensação por força do exposto no Parecer SEORT/DRF/OSA nº 1205/2009, nos seguintes termos: 'Trata o presente processo de análise de Declaração(ões) de Compensação (DCOMP(s))eletrônica(s) (fls. 02/5, n° 31134.14349.240605.1.3.540166), com suposto(s) crédito(s) proveniente(s) de Pagamento Indevido/a Maior oriundo de Ação Judicial, relativo ao período de 01/07/1990 a 30/09/1995, no montante atualizado de R$ 4.903.633,82. ... Às 62/6, encontrase cópia da sentença proferida pela autoridade judiciária de primeira instância, em 11/09/2000, onde esta julga "... PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente ação", declarando "... a inexistência de relação jurídica tributária que obrigue a autora ao recolhimento da contribuição para o PIS na forma prevista pelos Decretosleis n°s 2.445/88 e 2.449/88, ficando a mesma obrigada ao recolhimento do citado tributo apenas, e tão somente, na forma prevista pela Lei Complementar n° 7/70, deferindolhe ainda o direito a compensação dos valores indevidamente pagos com base nos citados decretosleis com valores vincendos da mesma contribuição para o PIS, no período de dez anos anteriores à propositura da presente ação, conforme documentos (DARFs) juntados aos autos, com parcelas devidas do mesmo tributo..." (grifouse). As fls. 67/87, encontrase cópia de voto do relator e Acórdão, exarado em sede de Apelação, em 19/03/2003. Nessa esteira, a Desembargadora relatora aduziu (fl. 70) que "A autora, em suas razões, requer a inclusão de todos os expurgos inflacionários inclusive os dos meses de julho e agosto de 1994; requer, ainda, a reforma da r. sentença quanto a condenação em verbas sucumbenciais, uma vez que não foram fixadas nos termos do § 3°, do Art. 20, do CPC e ,por fim, sustenta a aplicação da Taxa Selic a partir de 1°/01/96". Dispôs, ainda, que (fl. 75) "No mérito, o contribuinte faz jus ao crédito sobre o PIS" (grifos do original), finalizando, a respeito da questão da compensação, com os seguintes dizeres (fl. 79): "Portanto, é de se manter o `decisum', quanto ao reconhecimento do direito da impetrante compensar os valores recolhidos a maior, a titulo de PIS com parcelas vincendas do próprio PIS" (grifouse). Não foi em outra direção a Ementa do Acórdão, ao afirmar que (fl. 86) "II — Considerando haver disposições de lei complementar genérica (CTN) e de lei ordinária especifica (Lei n° 8383/91), autorizando a compensação de pagamento indevido de tributos federias, temse por conclusivo que a pretensão de compensar os valores pagos indevidamente a titulo de PIS, com débitos do próprio PIS, é hipótese legal de compensação tributária". As fls. 88/103, encontrase cópia de voto do relator e Acórdão, exarado em sede de embargos infringentes interpostos pela União Federal, apoiada em voto vencido que acolhia a preliminar de prescrição. Foi negado o seguimento de tais embargos. O Agravo foi, pois, desprovido, em 17/08/2004 (fl. 101). Tal Acórdão transitou em julgado em 18/01/2005 (fl. 109). À fl. 54, encontrase cópia do Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 12 3 Despacho exarado, em 17/06/2005, pelo Delegado da Receita Federal em Taboão da Serra, com base no Parecer DRF/TSR/SACAT n° 216/2005, habilitando crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado. ... Verificase que as decisões supra mencionadas foram proferidas já na vigência da Lei n° 9.430/96, cujo art. 74 prevê a possibilidade de compensação de créditos do sujeito passivo perante a Secretaria da Receita Federal com quaisquer tributos ou contribuições por ela administrados. No caso, o provimento jurisdicional afastou a aplicação do art. 74 da Lei n° 9.430/96 para se fiar no artigo 66 da Lei n° 8.383/91, dispondo, nesse diapasão, conforme transcrito acima, "quanto ao reconhecimento do direito da impetrante compensar os valores recolhidos a maior, a titulo de PIS com parcelas vincendas do próprio PIS". Todavia, não foi esse o procedimento levado a termo pelo contribuinte, que efetivou sua compensação com débito de IRPJ (fl. 05). Nesse contexto, há que ser respeitada a interpretação dada à lei pelo julgador, pois que não cabe à RFB e a seus servidores descumprir uma decisão judicial proferida por autoridade ou órgão competente da Justiça Federal, ainda que sob alegação de que referida decisão contraria disposição literal de lei ou de que o contribuinte estaria sendo "prejudicado" por ter recorrido ao Poder Judiciário. ... Pelo exposto, tendo em vista que a decisão judicial limitou a possibilidade de compensação com débitos alusivos exclusivamente ao PIS, não podendo o contribuinte requerer administrativamente a compensação com débitos do Imposto de Renda, a compensação efetivada pelo contribuinte será considerada não homologada. Cientificada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese: Em que pese a absoluta regularidade do crédito tributário em questão, o qual, inclusive, encontrase devidamente habilitado pela Autoridade Fiscal desde 17.06.2005, o ilustre Sr. Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Osasco proferiu Despacho Decisório aprovando o Parecer SEORT/DRF/OSA n° 1205/2009, no qual restou não homologada a compensação pleiteada ao argumento de que "a decisão judicial limitou a possibilidade de compensação com débitos alusivos exclusivamente ao PIS", cabendo à Autoridade Fazendária cumprir seus exatos termos, sob pena de violar o instituto da coisa julgada. ... Contudo, deve ser reformado o referido despacho decisório, pois aquele não só se equivoca com relação à decisão judicial ter afastado a aplicação do artigo 74, da Lei n° 9.430/96, cujo caput teve sua redação alterada pela Medida Provisória n° 66/2002, posteriormente convertida na Lei n° 10.637/2002, mas também acaba por contrariar a NOTA COSIT n° 141, de 23 de maio de 2003, ato este expedido pela própria Administração Federal que, expressamente, autoriza a compensação ora pleiteada pela Recorrente, conforme restará demonstrado nesta oportunidade. ... Ocorre que, ao contrário do que pretendeu fazer crer a d. Autoridade Julgadora, a compensação de créditos tributários com quaisquer débitos Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 13 4 administrados pela Receita Federal do Brasil, consoante previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430/96 tal como hoje conhecemos, somente foi implementada pela Medida Provisória n° 66/2002, posteriormente convertida na Lei n° 10.637/2002, legislação esta, portanto, superveniente à prolação da sentença que transitou em julgado, fato este de suma importância para a correta resolução do presente conflito. ... (...) em 27/12/1996, com o advento da Lei n° 9.430, o legislador ordinário introduziu no ordenamento a possibilidade de se compensar débitos e créditos originados de espécies tributárias distintas, mediante, contudo, prévio requerimento do contribuinte à Secretaria da Receita Federal, autoridade competente para, após a análise de cada caso concreto, autorizar a referida compensação. (...). Consectariamente, a autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei n° 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si. Somente em dezembro 2002, com o advento da Medida Provisória n° 66/02, posteriormente convertida na Lei n° 10.637/02 essa situação foi modificada, não só para sedimentar a desnecessidade de equivalência da espécie dos tributos compensáveis e dispensar a necessidade de prévia autorização da Secretaria da Receita Federal para a compensação tributária, mas também para unificar as sistemáticas da compensação que vigeram anteriormente. A partir desse momento, portanto, a nova redação dada ao artigo 74 da Lei n° 9.430/96 autorizou, para os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a compensação de iniciativa do contribuinte, mediante entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (...). ... Em síntese, com o advento da Lei n° 10.637/02, fora introduzida no ordenamento pátrio uma nova sistemática de compensação, unificando as modalidades anteriores a fim de que o contribuinte pudesse, a partir de então, por sua conta e risco, compensar créditos e débitos tributários de diversas espécies. No caso em análise, verificase que a fundamentação do r. despacho decisório proferido simplesmente ignorou todo o histórico acima expendido. De fato, como poderia uma sentença proferida em 11/09/00, anteriormente ao advento da MP n° 66/02, afastar a aplicação de uma modalidade de compensação que não existia na redação original do artigo 74, da Lei n° 9.430/96? A resposta a essa pergunta é inexorável: não poderia. ... Esse entendimento, contudo, não pode prevalecer, haja vista que representa um apego exagerado e infundado ao instituto da coisa julgada, na contramão da realidade factual e legal hodierna, em especial, da interpretação dada pelaprópria CoordenaçãoGeral de Tributação (COSIT) à matéria versada nos presentes autos. ... Nesse sentido, instada a se manifestar a respeito da correta interpretação a ser dada ao § 40 do artigo 37 da Instrução Normativa SRF n° 210/02, a Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 14 5 CoordenaçãoGeral de Tributação pacificou a matéria versada nos autos ao expedir a Nota Cosit n° 141, em 23 de maio de 2003, dispondo o quanto segue: '3. No entanto, a questão que tem gerado dúvidas às unidades da SRF diz respeito à observância, na homologação de procedimento de compensação efetuado pelo sujeito passivo, nos exatos termos da decisão judicial que reconheceu seu direito creditório e que dispôs sobre a forma de utilização de seus créditos na compensação de seus débitos para com a Fazenda Nacional, na hipótese de a legislação superveniente (editada posteriormente à decisão judicial e antes da efetivação da compensação) tratar a compensação de forma mais benéfica ao sujeito passivo do que a norma na qual a decisão judicial foi fundamentada, por vezes revogandoa expressa ou tacitamente. ... 11. Não obstante isso, concluise que tratamento similar deve ser dispensado pela Administração Tributária ao caso em comento, qual seja a execução da decisão judicial transitada em julgado em conformidade com a norma que fundamentou a decisão até a data de inicio da vigência da norma que regulou a matéria objeto do litígio de forma mais favorável ao sujeito passivo, após a qual referida decisão deve ser executada em conformidade com a legislação superveniente.' ... Da leitura do texto acima transcrito, dessumese que a própria Administração Fazendária compartilha do entendimento esposado pela Requerente, no sentido de não só ser possível, mas sim necessária, a aplicação de lei posterior que permite a compensação dos créditos com quaisquer débitos administrados pela Receita Federal do Brasil a uma decisão transitada em julgado que somente permitia a compensação de valores com o PIS, não havendo razão plausível, portanto, para o indeferimento de sua pretensão compensatória. Ressaltese, novamente, que, no caso em comento, a sentença que reconheceu o direito de a Requerente compensar os valores recolhidos a maior de PIS com parcelas vincendas do próprio PIS foi proferida em 11 de setembro de 2000, logo, anos antes de a Medida Provisória n° 66/02 ser editada e entrar em vigor, a qual autorizou a compensação dos créditos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal com quaisquer débitos próprios relativos aos tributos também administrados pelo mesmo órgão, exatamente como o caso indicado no item 6 e 7 da Nota Cosit retro transcrita. ... Relembrese que, na Nota Cosit n° 141, de 23 de maio de 2003, a Coordenação Geral reconheceu, no que se refere à compensação de créditos para com a Fazenda Nacional relativamente aos tributos e contribuições administrados pela SRF, a possibilidade de se aplicar ao contribuinte legislação superveniente e mais favorável a este do que aquela que estava em vigor à data em que foi proferida a decisão judicial transitada em julgado, sem que isso represente uma violação ao principio da coisa julgada. ... Entender de forma diferente, isto é, considerar que, no presente caso, os créditos de PIS somente podem ser compensados com os débitos desse mesmo tributo, implica em afronta ao principio da isonomia, postulado que traz em si a Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 15 6 idéia de que não só aqueles que se encontram em igual situação merecem tratamento idêntico, como também a de que os desiguais devem ser tratados na medida de suas desigualdades. ... Por todo o exposto, é a presente para requerer se digne V.Sas. conhecer e julgar procedente a presente Manifestação de Inconformidade, para reformar o despacho decisório, a fim de que seja integralmente homologada a compensação dos valores recolhidos a maior a titulo de PIS, relativo ao período de 01/07/1990 a 30/09/1995, no montante atualizado de R$ 4.903.633,82, consoante reconhecido em decisão judicial transitada em julgado, com os débitos próprios de Imposto de Renda, nos exatos termos da Nota Cosit n° 141/03, a qual, ao fim e ao cabo valida integralmente o pleito em questão, conforme demonstrado acima." A DRJ em Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade e o Acórdão foi assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 11/11/2005 AÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO. SENTENÇA. LIMITES. A compensação de créditos reconhecidos em decisão judicial definitiva há de se conformar aos limites impostos pelo pedido e pela sentença, ainda mais quando formulados já na vigência de legislação tributária que define limites mais dilatados. Determinado na sentença a compensação de créditos de contribuição social com débitos da mesma espécie, indevida a compensação que pretenda extinguir débitos de outra espécie. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário em que, basicamente, repetiu os argumentos contidos na manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 16 7 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de Despacho Decisório (fls. 114 a 118), que não homologou a compensação de crédito de PIS reconhecido por decisão judicial transitada em julgado (fls. 89 e 90) com débito de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). O crédito fora objeto de Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Sentença Transitada em Julgado, deferido pela DRF em Taboão da Serra/SP (fl. 57). O contribuinte pleiteou judicialmente o reconhecimento de créditos de PIS, derivados de pagamentos indevidos realizados com base nos Decretoslei n° 2.445/88 e 2.449/88, considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e cujas execuções foram suspensas pela Resolução do Senado Federal n° 49/05. A compensação não foi homologada, sob a alegação de que a decisão judicial autorizou a compensação exclusivamente com débitos vincendos de PIS. O valor do crédito restou incontroverso. Na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário, a Recorrente alegou que a decisão judicial foi tomada sob a égide do art. 66 da Lei n° 8.383/91 e art. 74 da Lei n° 9.430/96. A primeira admitia a compensação, sem necessidade de anuência prévia do Fisco, desde que entre tributos da mesma espécie. A segunda, por sua vez, autorizava compensações entre tributos de espécies distintas, porém somente se precedida de autorização concedida pela Receita Federal do Brasil (RFB). Mencionou a Nota COSIT n° 141/2003, que, ao tratar do tema, dispõe que a compensação entre tributos de espécies diferentes não representava inobservância do provimento judicial, porém a "(. . .) implementação da decisão, mediante sua necessária integração à legislação superveniente e mais favorável ao sujeito passivo (. . .)." E neste sentido, colaciona diversas decisões administrativas e judiciais e até mesmo soluções de consulta. A DRJ rechaçou tal argumento, alegando que, à época do ingresso em juízo, (25 de fevereiro de 2000), já havia sido publicada a Lei n° 9.430/96, que autorizava a compensação entre tributos de espécies diferentes. Voto no sentido de reconhecer o direito à compensação dos créditos judiciais de PIS com quaisquer tributos federais, pelas razões adiante expostas. Inicio por prover a Turma das informações necessárias à formação de seu juízo acerca da matéria. Primeiro, do processo judicial, reproduzo o "Pedido" e a ementa da decisão transitada em julgado: "Pedido" Ação Declaratória processo n° 2000.61.00.0059536 Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 17 8 "I. conceder o pedido de tutela antecipada, para que possa compensarse dos valores indevidamente recolhidos ao PIS, no período de Fevereiro de 90 a Setembro de 95, nos termos dos DecretosLei 2445/88 e 2449/88, conforme o quadro demonstrativo anexo. II. mandar citar a requerida para que, querendo, conteste a presente, sob pena de revelia, devendo a mesma, ao final, ser julgada PROCEDENTE, com a consolidação do seu direito consistente da compensação das contribuições pagas indevidamente ao PIS. sob a égide dos DecretosLeis 2445/88 e 2449/88. com o COFINS e o PIS. devidos e vincendos, até a exaustão do seu crédito, determinadose a aplicação do Artigo 6° parágrafo único da Lei Complementar 7170, com a correção monetária integral dos mesmos. incluindose os IPC 's expurgados da economia, subtraindo a requerente dos efeitos da Instrução Normativa da Receita Federal n°21/97, com a condenação da requerida no pagamento das custas processuais, despesas judiciais e honorários advocaticios. na base de 20% (vinte Dor cento) da condenação, tudo devidamente corrigido de acordo com a legislação em vigor, e demais cominações legais; III. sucessivamente, se ao final ser considerado como inaplicável a compensação tributária, acolhase o pedido de repetição do indébito, igualmente com os acréscimos e condenações acima mencionados; (. . .)" Ementa da decisão transitada em julgado "DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS. DECRETOSLEIS N° 2.445/88 E N° 2.449/88. INCONSTITUCIONALIDADE. RECONHECIMENTO PRETORIANO (RE 148.7542). COMPENSAÇÃO COM 0 PRÓPRIO PIS. HIPÓTESE LEGAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. IPCs DEVIDOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. I Restou descaracterizada a obrigatoriedade do recolhimento do PIS sob os ditames dos DecretosLeis n° 2.445/88 e n° 2.449/88, dada a inconstitucionalidade das modificações procedidas, como assentou o Supremo Tribunal Federal ao julgar o Recurso Extraordinário n° 148.7542, por seu Tribunal pleno. II Considerando haver disposições de lei complementar genérica (CTN) e de lei ordinária especifica (Lei 8383/91), autorizando a compensação de pagamento indevido de tributos federais, temse por conclusivo que a pretensão de compensar os valores pagos indevidamente a titulo de PIS, com débitos do próprio PIS, é hipótese legal de compensação tributária. III A incidência do índice do IPC é de rigor, uma vez que a Lei n° 7.730/89 limitouse a extinguir um indexador, remanescendo a exigência legal de se atualizar os débitos. Inaplicação do IPC de jan./89 e mar/90, não alcançados pela lide. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 18 9 IV A partir de 1° de janeiro de 1996 é plenamente aplicável a taxa Selic, entretanto, sua incidência excluirá a aplicação de quaisquer outros indices a titulo de juros e/ou de correção monetária." A seguir, transcrevo os artigos 66 da Lei n° 8.383/91, que introduziu a sistemática de compensação, porém somente entre tributos de mesma espécie, 74 da Lei n° 9.430/96 (redação original e vigente na data do indeferimento do crédito), que decidiu por admitila entre tributos distintos, porém desde que autorizada pela RFB, e, por fim, 49 da Lei n° 10.637/02, que alterou a redação do art. 74 da Lei n° 9.430/96 e encontrase atualmente em vigor. Lei n° 8.383/91 "Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) (Vide Lei nº 9.250, de 1995) § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 4º As Secretarias da Receita Federal e do Patrimônio da União e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995)" Lei n° 9.430/96 "Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração." Lei n° 10.637/02 Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 19 10 " Art. 49. O art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Produção de efeito 'Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (. . .)' Por fim, colaciono ementa de decisão do STJ, constante do recurso voluntário, e trechos da Nota COSIT n° 141/03, cujos teores são cruciais para o deslinde da questão: Decisão do STJ TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS DE ESPÉCIES DISTINTAS. APLICAÇÃO DO DIREITO SUPERVENIENTE NA VIA ESPECIAL. LEI N.º 10.637/02. IMPOSSIBILIDADE. 1. Na compensação tributária, deve ser observada a legislação vigente à época do ajuizamento da ação, não podendo ser julgada a causa à luz do direito superveniente (Lei n.º 10.637/2002), ressalvandose a possibilidade de a parte autora proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp n.º 434.143/BA, Rel. Min. Teori Zavascki). 2. "É inviável, na hipótese, apreciar o pedido à luz do direito superveniente, porque os novos preceitos normativos, ao mesmo tempo em que ampliaram o rol das espécies tributárias compensáveis, condicionaram a realização da compensação a outros requisitos, cuja existência não constou da causa de pedir e nem foi objeto de exame nas instâncias ordinárias" (EREsp n.º 488.992/MG, Rel. Min. Teori Zavascki). 3. Recurso especial improvido. (STJ REsp: 695301 MG 2004/01461326, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento: 08/02/2006, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 02/05/2006 p. 245) Nota COSIT n° 141/03 Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 20 11 (. . .) A fiscalização e a DRJ ativeramse à literalidade da decisão judicial, que restringiu a compensação à liquidação de contribuições para o PIS vincendas. E também ao fato de que, à época da propositura da ação judicial e, por conseguinte, prolação da sentença, já estar em vigor a compensação indiscriminada (art. 74 da Lei n° 9.430/96). Quanto ao segundo argumento, rebateu a Recorrente, alegando que, em sede da ação judicial, não poderia ter invocado o art. 74 da Lei n° 9.430/96, posto que este condicionava a compensação entre tributos de espécies distintas ao prévio consentimento do Fisco. Portanto, não se poderia dizer que introduzira uma sistemática de "compensação indiscriminada". A meu ver, para solução do tema, não precisamos, ou melhor, não devemos ingressar na discussão travada entre o Fisco e o contribuinte, centrada na literalidade da decisão judicial e do art. 74 da Lei n° 9.430/96. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10882.002183/200910 Acórdão n.º 3301003.206 S3C3T1 Fl. 21 12 Há bens jurídicos mais relevantes que devem ser preservados, sem ofensa ao bom direito: a busca de uma solução, prática e rápida, para pendências débitos e créditos fiscais recíprocos existentes entre Fisco e contribuinte. Se considerarmos o gigantesco volume de débitos e créditos atualmente em discussão, tal solução, aplicada em larga escala, traria enormes economias para Fisco e contribuinte e benefícios para a sociedade como um todo. Para tanto, devemos ler com atenção a Nota COSIT n° 141/03 e a ementa da decisão do STJ. Percebese, nitidamente, que a intenção é a de instrumentalizar, da forma mais célere possível, um "encontro de contas" entre partes (Fisco e contribuinte), cujas bases encontramse acordadas na legislação contemporânea à efetivação da compensação. E pouco importa se a legislação atual é diferente daquela que vigorava à época da propositura da ação judicial. Ambas as partes, por meio de seus representantes, já estabeleceram as condições para concluir a questão. E as bases estão integralmente em linha com os princípios que regem a Administração Pública, previstos no art. 2° da Lei n° 9.784/99, notadamente os da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, interesse público e eficiência. E também com o do Formalismo Moderado, um dos que norteia o processo administrativo fiscal. Assim, vejo o indeferimento da compensação como um excesso de rigor formalístico, que somente traz prejuízos ao Fisco e ao contribuinte. Portanto, de todo o exposto, voto pelo reconhecimento do direito à compensação do crédito de PIS com qualquer tributo administrado pela Receita federal do Brasil. A homologação dos PER/DCOMPs deverá ser efetivada, considerando o valor do crédito pleiteado, o qual, reitero, restou incontroverso. É como voto. Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 232DF CARF MF
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Numero do processo: 10972.000033/2009-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004
Ementa:
HOMOLOGAÇÃO TÁCITA/DECADÊNCIA
O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda.
CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS.
A cessão de direitos de ICMS não compõe a base de cálculo para a contribuição.
Recurso Voluntário provido em parte
Numero da decisão: 3301-003.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: 1. Quanto à decadência: Por unanimidade, negar provimento ao Recurso Voluntário. 2.1. Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água 2.1.2. Subestação Energia Elétrica: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.2. Glosa de encargos de depreciação do centro de custos - MIN - Mineração: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado: por maioria de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário apenas quanto aos itens 1, 7, 8 e 33 da tabela, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, que dava provimento também quanto aos itens 15, 16 e 32, e a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que dava provimento também quanto aos itens 3, 4, 5, 13, 14, 15, 16, 28, 30, 32, 34 e 36. 3. Cessão de créditos do ICMS: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS. A cessão de direitos de ICMS não compõe a base de cálculo para a contribuição. Recurso Voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1. Quanto à decadência: Por unanimidade, negar provimento ao Recurso Voluntário. 2.1. Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água 2.1.2. Subestação Energia Elétrica: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.2. Glosa de encargos de depreciação do centro de custos MIN Mineração: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado: por maioria de votos, dar provimento ao Recurso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 2. 00 00 33 /2 00 9- 62 Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 343 2 Voluntário apenas quanto aos itens 1, 7, 8 e 33 da tabela, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, que dava provimento também quanto aos itens 15, 16 e 32, e a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que dava provimento também quanto aos itens 3, 4, 5, 13, 14, 15, 16, 28, 30, 32, 34 e 36. 3. Cessão de créditos do ICMS: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 262 a 276) interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0925.456 (fls. 244 a 256), de 6 de agosto de 2009, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) – DRJ/JFA – que julgou, por unanimidade de votos, no sentido de indeferir a solicitação do Contribuinte. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do Acórdão ora recorrido: Trata o processo da lavratura de auto de infração para exigência da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), totalizando o valor exigido de R$321.765,71, incluídos o principal, a multa de oficio e os juros de mora devidos até a data da lavratura (fls. 04/06). Na "Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal (is)", constante do Auto de Infração, foi relatada a infração a seguir: Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, foi(ram) apurada(s) infração (ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 COFINS INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS No. exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e em cumprimento do Mandado de Procedimento Fiscal n° 06105.00.2009.000541, código de acesso n° 08631564, lavramos o presente auto de infração relativo à Cofins recolhida a menor nos períodos de fevereiro e março/2004, nos seguintes valores: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 344 3 Fevereiro/2004 R$ 42.494,00 Março/2004 R$ 90.314,72 Os mencionados valores foram apurados em decorrência dos trabalhos relativos ao MPFD n° 06105002008001978, expedido para verificação das compensações/ressarcimentos de tributos efetuadas pela empresa, tudo conforme RELATÓRIO FISCAL FINAL CRÉDITOS DO PIS E DA COFINS 1° Trimestre de 2004 em anexo, que integra o presente Auto de Infração. Fato Gerador Val. Tributável ou Contribuição Multa(%) 27/02/2004 R$ 559.131,58 75,00 31/03/2004 R$ 1.188.351,58 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 1° ,2°, 3° e 5° da Lei n° 10.833/03 Inconformada com a autuação, a interessada apresentou a impugnação de fls. 34/21, na qual alega, em preliminar, a decadência do lançamento da Cofins, relativamente ao fato gerador de 27/02/2004, e, no mérito, afirma que, a fiscalização, indevidamente, glosou créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação e promoveu ajustes nas respectivas bases de cálculo da referida contribuição, acarretando as supostas diferenças a título da Cofins nos meses de fevereiro e março de 2004. Assevera ainda que não podem compor a base de cálculo da contribuição os ingressos recebidos em contrapartida à cessão de créditos do ICMS. Ao final protesta a requerente por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e ajuntada de documentos. Diante do relatório acima posto, o acórdão recorrido contemplou a seguinte redação em sua ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004 DECADÊNCIA. Na ausência de recolhimento da Cofins, deve ser seguida a regra do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), na contagem do prazo decadencial. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. O presente processo foi distribuído por sorteio para relatoria do conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Por intermédio do despacho da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, de 28 de outubro (sic) de 2016 (fls. 339 a 341), encaminhou para a minha relatoria da seguinte forma: Nos termos do Art. 6, §3.º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho RICARF e, por solicitação da patrona durante a sessão de Setembro com o acordo do Presidente Substituto da Turma, o presente processo deve ser encaminhado ao Conselheiro Valcir Gassen (VicePresidente), da 1.ª Turma Ordinária da 3.ª Câmara da 3.ª Seção, uma vez que este Conselheiro já pautou os processos vinculados e principais, que discutem o crédito cobrado mediante lançamento nestes autos. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 345 4 observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. A alegação da fiscalização de "insuficiência de recolhimento" da contribuição em tela (COFINS) que motivou o lançamento é decorrente de creditamentos supostamente indevidos no regime não cumulativo de apuração das contribuições, nos casos de créditos considerados em declarações de compensações com créditos de encargos de depreciação de máquinas e equipamentos da sub estação de energia elétrica e de bens do ativo imobilizado, assim como inclusão da cessão de créditos de ICMS na base de cálculo do Cofins. Verificase no Relatório Fiscal (fls 09) e conforme alegação do contribuinte em seu Recurso Voluntário (fls. 262) que a autuação é atrelada a créditos que estão em discussão administrativa em processos conexos e vinculados, em andamento conforme alegado, envolvendo o mesmo contribuinte e os mesmos fatos, sendo imperioso que, para chegar a uma conclusão válida nestes autos, deverá ser revelado o resultado definitivo destes outros procedimentos assim como seus atuais andamentos. Em razão do disposto no Regimento Interno deste Conselho em seu Art. 6.º, Anexo II, e para a condução da melhor solução ao presente litígio, preliminarmente é importante observar se há ou não relação de causa e efeito entre os processos conexos que supostamente discutem o crédito, por isso é necessária a movimentação para que seja verificada a alegação do contribuinte e para que o mérito da controvérsia seja julgado somente após confirmada ou não a existência de créditos em favor do contribuinte. Logo, a conclusão mais acertada é reconhecer que os autos não estão em condições de julgamento meritório, para não haver conflito com o disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal, bem como ao prescrito no art. 31 do Decreto n. 70.235/723 e art. 2.º da lei n. 9.784/99. Seguir com o presente julgamento no estado em que se encontra poderia resultar em ofensa ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa, além de solucionar a controvérsia em uma conclusão possivelmente equivocada e precipitada. De acordo também o Presidente Substituto da 3.ª Seção, promovase a movimentação do processo por conexão para o Conselheiro Valcir Gassen (Vice Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 346 5 Presidente), da 1.ª Turma Ordinária da 3.ª Câmara da 3.ª Seção, para a continuidade do julgamento em conjunto com os procedimentos vinculados e conexos, em especial dos Processos Administrativos de n°. 13646.000183/200451 e 13646.000189/200429. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0925.456, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. Cabe salientar que o presente processo n° 10972.000033/200962 trata de auto de infração referente as Declarações de Compensação de débitos do processo 13.646.000183/200451, que, por sua vez, contém o apensamento dos processos n° 13646.000184/200425; n° 13646.000184/2004 e n° 13646.000188/200484 por referiremse ao mesmo crédito solicitado. Salientase também que o Contribuinte em seu Recurso Voluntário no presente processo alega por primeiro a decadência do direito do fisco em constituir o crédito tributário (item 2.1. do recurso). Por segundo a questão dos créditos da contribuição em foco e a cessão de créditos de ICMS (item 2.2. do recurso) desta forma (fls. 275): No mérito, atinente à glosa de créditos da contribuição em foco e à inclusão em sua base de cálculo de valores relativos à cessão de créditos de ICMS, o acórdão recorrido limitouse a fazer referência ou a reproduzir os argumentos da decisão prolatada pela DRJ no processo n. 13646.000183/200451, de modo que, para evitar repetições desnecessárias, a recorrente reportase às razões do recurso voluntário interposto no citado processo, cuja cópia segue anexa, razões essas que devem ser consideradas parte integrante do presente. (grifouse). E por fim, o contribuinte, quando do pedido, assim requer em seu recurso (fls.276): Por todo o exposto, não possui fundamento a r. decisão "a quo", haja vista que o crédito tributário atinente a fevereiro de 2004 está caduco, nos termos do art. 150, parágrafo 4°, do CTN, bem como porque, tal como demonstrando no processo n. 13646.000189/200429, (i) as máquinas e os equipamentos, alocados nos centros de custos AGU — Abastecimento e Tratamento de Agua e ENE — Subestação Energia Elétrica são utilizados no processo produtivo da recorrente; (ii) os outros itens do ativo imobilizado, cujos encargos de depreciação foram glosados, são bens empregados na produção dos minérios vendidos pela recorrente; e (iii) o Fisco pretende incluir, na base de cálculo dessa contribuição, ingressos que não possuem a natureza jurídica de receita. Desse modo, seja pela decadência, ou pela ilegalidade da glosa de créditos e da inclusão na base de cálculo da COFINS de valores estranhos ao conceito de receita, deve o v. acórdão recorrido ser modificado "in totum", determinandose o cancelamento da exigência fiscal consubstanciada no auto de infração, por ser medida de DIRETO E JUSTIÇA! Como se trata no presente processo de auto de infração referente as Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 347 6 Declarações de Compensação de débitos do processo n° 13.646.000183/200451 e seus três processos apensos, passo a decidir as matérias suscitadas nos dois Recursos Voluntários, conforme solicitação do contribuinte em considerar como parte integrante deste o recurso daquele. 1. Quanto à decadência Alega o Contribuinte em seu Recurso Voluntário no item 2.1 a decadência do direito da Autoridade Fiscal de constituir o crédito tributário nestes termos (fls. 268 a 274): A recorrente não ignora que, em doutrina, existe muita discussão acerca da correta interpretação do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional, não havendo, entre os estudiosos do direito, consenso sobre o que é homologado, após o decurso do prazo qüinqüenal nele previsto. Todavia, o entendimento dominante na jurisprudência administrativa é de que, decorrido o prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador, é homologada a atividade do sujeito passivo, e não o pagamento por ventura realizado. Tanto isso é verdade que, em sessão realizada em 15.12.2008, o Conselho Pleno proferiu julgamento sobre essa questão, tendo decidido que a realização do pagamento pelo sujeito passivo, no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não é relevante para fins de determinar o termo inicial do prazo de decadência, devendo ser sempre observada a regra do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional. (...) Vejase que, se o pagamento antecipado não é relevante para fins da contagem do prazo previsto nesse dispositivo legal, inferese que a homologação aludida neste dispositivo diz respeito à atividade do sujeito passivo. Por conseguinte, a fiscalização possui o prazo de cinco anos, da ocorrência do fato gerador, para verificar se o sujeito passivo cumpriu corretamente a sua obrigação tributária, apurando adequadamente a respectiva base de cálculo, aplicando sobre ela a correspondente alíquota e, se for o caso, efetuando o recolhimento do tributo devido. Decorrido esse prazo o lançamento considerase homologado, não mais podendo ser alterado pela autoridade fiscal. Da análise do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional, concluise que, ao contrário do que alegam as d. autoridades julgadoras "a quo", após o decurso do prazo decadencial previsto neste dispositivo legal, as atividades do sujeito passivo para a apuração de seus resultados estão homologadas, não mais podendo ser alteradas. Essa afirmação ganha corpo quando o dispositivo legal em comento é interpretado em conjunto com o inciso V e o parágrafo único do art. 149 do Código Tributário Nacional, que regula as hipóteses em que o lançamento deve ser feito e/ou revisto de oficio, que possui a seguinte redação: "Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) V — quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte. (...) Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 348 7 Parágrafo único. A revisão do lançamento se pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública." (grifos do recorrente) Como se vê, o inciso V do art. 149 do Código Tributário Nacional, dirigido expressamente à hipótese do lançamento por homologação, prescreve que é cabível a revisão de oficio desse lançamento quando restar comprovada a omissão e/ou inexatidão do sujeito passivo. Contudo, nesse caso, a revisão do lançamento deve ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública de formalizar o lançamento de oficio, ou seja, antes do prazo qüinqüenal contado da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. (...) Pois bem. A interpretação sistemática das regras do Código Tributário Nacional conduz à inarredável conclusão de que a fiscalização pode e deve rever a atividade do sujeito passivo, denominada de lançamento por homologação, dentro do prazo previsto no parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional. Porém, se ela permanecer inerte nos cinco anos seguintes à data da ocorrência do fato gerador, a atividade exercida pelo sujeito passivo considerase homologada, isto é, reconhecida como legítima. Nesse contexto, nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, após o transcurso do prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar e/ou revisar de oficio o lançamento, tomarseá imutável a apuração dos resultados pelo sujeito passivo, que não mais poderão ser alterados pela fiscalização. (...) Pois bem. No caso deste processo administrativo, a notificação da recorrente quanto aos termos do auto de infração deuse em 27.3.2009. (...) Portanto, a COFINS relativa ao mês de fevereiro de 2004 já estava alcançada pela decadência, razão pela qual é imperioso o provimento do presente recurso, com vistas reforma do acórdão recorrido nesta parte. Cito trecho do acórdão ora recorrido como razões para decidir por entender correta a decisão da DRJ (fls. 248 a 250): Preliminarmente, a impugnante alega a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo A Cofins, fato gerador ocorrido no mês de fevereiro de 2004. Em relação às contribuições da seguridade social, no julgamento do RE 556.664, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.° 8.212/91, por entender que apenas a lei complementar pode dispor sobre normas gerais em matéria tributária, como a decadência. A esse respeito foi editada a Súmula Vinculante n.° 8, publicada DOU de 20/06/2008, com o seguinte enunciado: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Com a edição da Súmula Vinculante n.° 8, a constituição dos créditos da seguridade social não se submete mais ao prazo de dez anos estabelecido no art. 45 da Lei n.° 8.212/91, passando a observar as regras contidas no CTN. A teor do disposto no art. 103A da CR/88 e na Lei n.° 11.417/2006, a Súmula Vinculante n.° 8 tem eficácia imediata sobre a administração pública direta a partir de sua publicação na imprensa oficial, ficando ressalvado ao STF a possibilidade de restringir seus efeitos vinculantes ou decidir sobre o momento de sua eficácia, o que, no que tange à Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 349 8 constituição do crédito, não ocorreu. Portanto, aplicase A Cofins o prazo decadencial de cinco anos para constituição do crédito tributário, de acordo com as regras estabelecidas no CTN. Resta saber se ao presente caso aplicase a regra geral de decadência contida no art. 173, I, ou aquela contida no art. 150, § 4°, pertinente ao chamado lançamento por homologação, ao qual, em principio, se amoldam ao imposto de renda e As contribuições da seguridade social. Com esse intuito transcrevese excerto das conclusões do Parecer PGFN/CAT N° 1617/2008, que foi exarado em função da edição da Súmula Vinculante n.° 8, em conformidade com a interpretação dada acerca da decadência pelo Superior Tribunal de Justiça — STJ, pela qual, na falta de pagamento antecipado, não há o que se homologar, aplicandose em consequência a regra geral do art. 173, I, do CTN: d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4° do art. 150 do CTN; .f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação devese aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; O Parecer PGFN/CAT N ° 1617/2008 foi aprovado pelo Ministro da Fazenda em despacho de 18/8/2008, para fins de observância pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, vinculando assim esta instância administrativa, em conformidade com o disposto na Lei Complementar n.° 73/93. No caso vertente, deve ser aplicada a regra do inc. I do art. 173 do CTN (alínea "d" acima), em razão de não ter havido pagamento da contribuição corresponde ao fato gerador de 27/02/2004. Assim, a data de inicio da contagem de prazo para extinção do direito de efetuar o lançamento é 01/01/2005, não estando a exigência em questão abrangida pela decadência, uma vez que a ciência do lançamento ocorreu em 27/03/2009, conforme Aviso de Recebimento AR de fl. 30, portanto, anteriormente ao transcurso do prazo de cinco anos contado pela regra do inc. I do art. 173 do CTN. Em contrário ao entendimento do Contribuinte, entendo que no caso em análise, como as Declarações de Compensação foram entregues em 29/06/2004 e teve ciência em 27/03/2009 do Despacho Decisório que homologou parcialmente as compensações, não ocorreu a homologação tácita das compensações pleiteadas. Percebese também que a fiscalização procedeu os ajustes nas Declarações de Compensação, e, diante dos equívocos realizou o lançamento de ofício em relação a parcela do débito remanescente após a dedução por intermédio do auto de infração do presente processo. Por entender correta a decisão da DRJ/JFA, sem entrar no mérito dos ajustes procedidos pela autoridade fiscal acerca à cessão de créditos de ICMS, nego provimento ao Recurso Voluntário no que tange a este ponto. 2. Quanto às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição Insta observar por primeiro que há, na legislação pátria, a divisão entre tributos cumulativos e nãocumulativos. Inicialmente a não cumulatividade aplicavase apenas Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 350 9 ao IPI e ICMS, conforme determinação constitucional constante nos artigos 153, IV, § 3º, II, e 155, II, § 2º, I, e posteriormente passou a abranger também o PIS/PASEP e a Cofins, normatizado por meio das Leis nº 10.637 de 2002 (PIS/PASEP), 10.833 de 2003 (Cofins) e 10.865 de 2004 (PIS/PASEP e CofinsImportação). Considerando como critério as fases do processo produtivo ou do ciclo comercial, e a incidência dos tributos sobre uma ou mais, podese, no caso destes últimos classificálos em cumulativos e não cumulativos. Tratase de uma classificação quanto à técnica de aplicação dos tributos multifásicos. Tributo cumulativo ou também denominado em cascata é aquele que incide em várias fases de circulação do bem sem, contudo, deduzirse o valor que já incidiu nas anteriores, isto é, não é permitida a dedução do tributo suportado no decorrer da atividade produtiva/comercial. Já o tributo não cumulativo é aquele que incide em várias fases do processo produtivo apenas sobre o valor que naquela se agregou, significa isto que se pode também gravar todo o valor acumulado do bem, desde que se desconte, se deduza, o valor que gravou as fases anteriores. A questão central nesta discussão reside na caracterização do que será considerado insumo na cadeia produtiva, possibilitando com isso a dedução ou não dos tributos suportados a montante nas fases anteriores do sistema produtivo. A legislação é extremamente restritiva na caracterização do insumo para crédito no caso do IPI e é ampla quando se trata do IRPJ. Quanto a aplicação à Cofins as normas e a doutrina entendem que a aplicação deve se dar de forma intermediária entre os dois extremos citados, ou seja, mais abrangente que o conceito aplicado ao IPI e menos amplo que aquele aplicado ao IRPJ. Cito aqui trecho do voto do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no acórdão nº 930301.035 de 23/08/2010, processo nº 11065.101271/200647, que bem elucida a questão: (...) A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições . Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: “Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 351 10 aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...] Com isso, entendese que há de se aplicar o princípio da essencialidade para a caracterização do bem ou serviço como insumo, ou seja, deve ser levado em conta se tais produtos utilizados como base do creditamento das contribuições são essenciais para a produção daqueles bens em questão, com o intuito de atender o disposto na legislação pertinente sobre a não cumulatividade. Posto isso como referencial para compreender o litígio em questão passo a decidir sobre os pontos controversos acerca das glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição. 2.1 Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água O Relatório de Diligência apresentado pela Receita Federal do Brasil (fls. 587 a 590) no processo n° 13.646.000183/200451 e seus três processos apensos, indica que os bens referentes a esta questão não foram utilizados na produção de forma específica, “mas no bombeamento e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais” (fl. 590). (Grifouse). Por sua vez o Contribuinte argumenta no sentido de que os equipamentos utilizados no tratamento e bombeamento de água, assim como o abastecimento, são imprescindíveis para sua atividade produtiva, inclusive cita procedimentos em que a água se faz essencial para a produção, conforme se verifica no trecho da Manifestação ao Relatório de Diligência feito pelo Contribuinte (fls. 599 processo n° 13.646.000183/200451): Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 352 11 É importante dizer que, no processo produtivo do nióbio, a água é elemento fundamental, na medida em que serve de “veículo” do minério de uma fase a outra do processo produtivo. Aqui importa destacar em caráter especial o parágrafo 64 do laudo elaborado pela requerente, o qual se transcreve aqui nas partes necessárias: “Nesse sentido, observese que, na concentração, o processo de flotação ocorre essencialmente em meio aquoso, sendo as partículas de pirocloro expostas a reagentes químicos e coletadas em bolhas de ar dentro deste meio. Os processos que se valem de fornos utilizam água para resfriamento e granulação de materiais e escória. Por sua vez, a produção de óxidos de nióbio, dada a pureza do material, necessita de água desmineralizada para o seu processo, justificando os ativos relacionados à desmineralização da água.” Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade deste insumo, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na Cofins não cumulativa, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. 2.1.2. Subestação Energia Elétrica O Relatório de Diligência (fls. 587 a 590 processo n° 13.646.000183/2004 51) entende que os bens do centro de custo ENE – Energia Elétrica – não devem ser considerados insumos no sistema produtivo do Contribuinte, conforme se verifica no seguinte trecho do Relatório de Diligência: Os bens do centro de custo ENE – Energia Elétrica – distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades suprem de energia elétrica toda a empresa – essas são suas funções. Eles não atual na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Portanto, a administração fiscal, por entender que o desgaste desses bens não decorre do processo produtivo, nega ao Contribuinte o direito de creditamento da depreciação destes equipamentos e serviços no que se refere a contribuição ao Cofins. Já a posição do Contribuinte é diversa e desta forma argumenta às fls. 600: (...) Diante da informação constante do laudo elaborado pela requerente sobre o rateio de energia elétrica entre suas diferentes unidades no sentido de que 99% da energia é consumida nos processos produtivos, o Relatório de Diligência afirmou que tal percentual seria “parcial e insustentável, pois os fatos demonstram que várias unidades que constam do Anexo III não tem qualquer relação com o processo produtivo”. A requerente não conseguiu identificar quais centros de custo foram considerados pela fiscalização como desvinculados do processo produtivo. É que a afirmação das autoridades fiscais, neste particular, foi vaga, lacônica, não tendo havido, no Relatório de Diligência, análise de cada unidade produtiva e informação sobre quais unidades, ao ver dos agentes fiscais, não possuíram qualquer relação com o processo produtivo. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 353 12 Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no Laudo de Funcionalidade elaborado pela requerente (fls. 445 a 586 processo n° 13.646.000183/200451) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.833/03, que assim dispõe: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. 2.2. Glosa dos encargos de depreciação do centro de custos MIN – Mineração O Acórdão ora recorrido entende que os equipamentos do centro de custo MIN – Mineração – não podem ser considerados por não serem utilizados no sistema produtivo do Contribuinte, como se observa no trecho retirado do voto do referido Acórdão (processo n° 13.646.000183/200451): Do mesmo modo, as máquinas e equipamentos alocadas no centro de custo MIN — Mineração, não são utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Isso porque, conforme registrado no Relatório Fiscal Final (fls. 192, item 3.2), e confirmado pela interessada, as máquinas e equipamentos desse centro de custos, apesar de adquiridas pela interessada, foram cedidas a outra empresa, nas atividades de quem são empregadas. Por sua vez o Contribuinte em seu Recurso Voluntário aduz que tal entendimento é equivocado e alega o que se segue (fls. 348 e 349 processo n° 13.646.000183/200451): Sustentam a fiscalização e as autoridades julgadoras de primeira instância administrativa que os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos, registrados no ativo imobilizado da recorrente, que foram por ela "cedidos" à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá — COMIPA, não devem compor o cálculo do crédito da COFINS, pois, em seu entender, esses bens não seriam utilizados na fabricação de seus produtos. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 354 13 O raciocínio desenvolvido pela fiscalização, confirmado pela DRJ, está equivocado, visto que desconsidera o acordo firmado entre essas duas companhias, constante na escritura pública de constituição da COMIPA, cuja cópia foi anexada aos autos na manifestação de inconformidade. Conforme se verifica pela análise desse documento, em 28.9.1972, a COMIPA foi constituída pela recorrente e pela Companhia Agrícola de Minas Gerais — CAMIG (atual Companhia de Desenvolvimento Económico de Minas Gerais — CODEMIG), com o objetivo de melhor aproveitar a lavra do pirocloro e de outros minerais de colômbio, existentes em minas, cujo direito de concessão foi conferido pelo Poder Público àquelas companhias. Por força daquele acordo, todo o minério extraído pela COMIPA deve ser vendido à recorrente, de modo que ela possa atender à demanda do mercado. Em contrapartida, a recorrente comprometeuse a adquirir as máquinas e os equipamentos necessários à extração mineral, e alugálos àquela sociedade. Confirase: "(...) E, perante as mesmas testemunhas, pelas partes me foi dito que se achavam justas e contratadas, mediante as seguintes cláusulas e condições: (...) 13ª) que a CBMM se obriga a locar à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá o seguinte equipamento de mineração atualmente empregado na lavra das minas a serem exploradas pela sociedade ora constituída: (...); que a CBMM cobrará como aluguel desse equipamento a importância correspondente a 2% (dois por cento) ao mês sobre o valor original do custo de aquisição desses equipamentos, corrigido monetariamente de acordo com os índices de correção do ativo imobilizado; (...)" (grifos da recorrente) Verificase, portanto, que as máquinas e equipamentos, alocados no centro de custos MIN Mineração, são alugados pela recorrente à COMIPA, a fim de permitir que essa companhia realize a extração dos minérios a ela fornecido, que são as matérias primas de seus produtos. Desse modo, ao contrário do que alegam a fiscalização e a r. decisão recorrida, os custos das máquinas e dos equipamentos, que foram adquiridos pela recorrente e, posteriormente, locados à COMIPA, além de relacionados à sua atividade produtiva, enquadramse no conceito de insumo, na medida em que integram o custo da matériaprima consumida em seu processo produtivo. Este ponto do Recurso Voluntário do Contribuinte não foi objeto da conversão do julgamento em diligência e, portanto, será julgado com base nos termos estabelecidos neste voto para a caracterização ou não dos equipamentos do referido centro de custo sob o critério de sua essencialidade, observando que tais equipamentos foram locados a empresa COMIPA. Em que pese que os equipamentos alocados nos centros de custos MIN – Mineração encontramse cedidos à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá – COMIPA, resta demonstrado pelo Contribuinte nos autos, que todo o minério extraído pela COMIPA deve ser vendido a recorrente e que esta deve fornecer os equipamentos necessários. Assim, pelo fato inconteste do aluguel dos equipamentos desse centro de custo a outra empresa e que esta fornece produtos essenciais ao sistema produtivo na fabricação de produto destinado a venda pelo Contribuinte, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário no que tange aos encargos de depreciação do centro de custos MIN – Mineração. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 355 14 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado O Relatório de Diligência apresentado elencou 38 itens (fl. 589 e 590 processo n° 13.646.000183/200451), enumerados de 1 a 36, que estão instalados nas plantas industriais e que são considerados pelo Contribuinte como bens utilizados na fabricação dos produtos vendidos. Para melhor precisar a glosa efetuada de depreciação de outros itens do ativo imobilizado vejase a tabela abaixo: Nº Bens Utilização/finalidade 1 Abafador de ruído. Equipamento de proteção coletiva contra ruído. 2 Alarme audiovisual para telefone. Alerta para chamadas telefônicas. 3 Aparelho de ar condicionado, ar condicionado, conjunto de ar condicionado, condicionador de ar. Utilizados para resfriar o ambiente, protegendo pessoas, equipamentos ou ambos. 4 Aparelho kit ar condicionado caminhão volvo. Instalado em caminhão guindaste que atua em montagens industriais. 5 Ar condicionado automotivo. Instalado em caminhão utilizado no transporte de rejeitos. Armários. São utilizados para: guardar pertences pessoais do empregados, manuais, relatórios, ferramentas, acomodar monitores, computadores, etc. 6 Aspirador de pó. Promover a limpeza do forno. Caminhonetes Mitsubishi. Usadas no transporte de materiais e equipamentos, inclusive no transporte de amostras para análise. 7 Chuveiro lava olho de emergência. Equipamento de segurança exigido pelas normas de proteção acidentárias. 8 Conjunto de placas externas. Utilizadas no revestimento externo do forno elétrico. 9 Conjunto de som com cornetas. Aparelho de comunicação utilizado na unidade. 10 Despesas de desembaraço aduaneiro. Despensas incorridas na importação. 11 Equipamento eletromecânico para portão. Abrir portão para passagem de ponte rolante transportando materiais. 12 Instalação sistema som ambiente. Despesas com a instalação de sistema de som para comunicação entre os operadores da unidade. 13 Interligação da mina via fibra ótica. Despesas com serviços de interligação da mina com as plantas industriais. 14 Interligação em fibra ótica. Despesas de interligação em fibra ótica. 15 Mão de obra de montagem e partida. Despesas de serviços aplicados ao robô que atua no acondicionamento de produtos. 16 Mão de obra p/ colocação do robô em operação. Despesas de serviços aplicados ao robô que atua no acondicionamento de produtos. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 356 15 17 Mesas, escrivaninhas. Usadas nas tarefas rotineiras, algumas servem para reuniões e outras sustentam computadores ou monitores utilizados nas tarefas. 18 Microsoft Windows NT 4.0. Sistema operacional instalado em computador da unidade. 19 Módulo scanner p/ comunicação. Faz com que o controlador lógico programável acione equipamentos sem necessidade de ação humana. 20 Persianas verticais em alumínio. Persianas utilizadas em janelas de salas da unidade. 21 Poltronas, cadeiras. Usadas pelos trabalhadores e visitantes das seções. 22 Rádios fixos e portáteis. Viabiliza a comunicação entre os operadores. 23 Rádio RS 450. Utilizado no controle remoto da ponte rolante. 24 Refrigerador cor bege 320 Litros. Conservar alimentos e sucos dos trabalhadores da unidade. 25 Relógio de ponto. Registra a jornada de trabalho na unidade. 26 Repetidora de rádio comunicação com rádios. Aparelhos de comunicação entre os operadores da unidade. 27 Varredeira Hako Jonas. Usada na varrição de grandes áreas das plantas. 28 Ventilador Transportável. Usado para resfriar produtos e equipamento. 29 Lavoura Wap. Utilizada para lavar pisos, equipamentos, instalações. 30 Condic centrais tipo selfcontained. Controla a temperatura de painéis elétricos. 31 Transceptor portátil. Aparelho de comunicação utilizado na unidade. 32 Detector portátil de coresponder. Detectar gás no ambiente. 33 Conjunto de sobressalentes. Peças sobressalentes para o agitador do tanque. 34 Motosserra. Cortar eletrodos utilizados na unidade. 35 Conjunto de emissor de som para limpeza. Equipamento sonoro utilizado para limpeza dos filtros de manga. 36 Instalações p/ captação de água de chuva. Instalações destinadas a captar água de chuva depositada em barragens. Dos itens relacionados na tabela acima a Autoridade Fiscal reconheceu o item 8 e 33, conjunto de placas externas e conjuntos sobressalentes, utilizadas no revestimento externo do forno elétrico e como peças sobressalentes para o agitador do tanque, respectivamente, como bens que se desgastam ou danificamse no processo produtivo, reconhecendo, assim, que sobre estes o crédito deve ser admitido. O Contribuinte requer, em sua Manifestação ao Relatório de Diligência (fls. 593 a 605 processo n° 13.646.000183/200451), em especial, alguns itens como a inclusão do abafador de ruído, aparelhos de ar condicionado, armários, chuveiro lava olho de emergência e ventilador transportável. Considerando todos os 38 itens relacionados pela Autoridade Fiscal, a avaliação feita por esta e o requerido pelo Contribuinte, entendo que os itens: 1 – abafador de Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 357 16 ruído (equipamento de proteção coletiva contra ruído); 7 – chuveiro lava olho de emergência (equipamento de segurança exigido pelas normas de proteção acidentárias); 8 – conjunto de placas externas (utilizadas no revestimento externo do forno elétrico); 33 – conjunto de sobressalentes (peças sobressalentes para o agitador do tanque), são bens necessários para viabilizar as atividades produtivas do contribuinte. Portanto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso do Contribuinte no que tange aos itens 1; 7; 8 e 33 do Relatório de Diligência admitindo crédito sobre as suas cotas de depreciação. 3. A cessão de créditos do ICMS A decisão ora recorrida entende que a cessão do crédito referente ao ICMS deve compor a base de cálculo das contribuições, conforme se demonstra nesse trecho do voto do Acórdão ora recorrido, em que faz referencia a decisão da DRJ no processo n° 13.646.000183/200451 (fls.252 a 254): Relativamente à cessão de créditos de ICMS, o artigo 1° da Lei 10.833/2003, que trata da incidência nãocumulativa da Cofins, e o mesmo artigo da Lei nº 10.637/2002, que trata do PIS/Pasep nãocumulativo, estabelecem, de forma clara, o fato gerador dessas contribuições, qual seja, "o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil". (...) No caso, a cessão de direitos de ICMS, que o contribuinte adquire no momento da compra de um bem ou direito, é uma nova operação jurídica/contábil com este direito do contribuinte, gerando uma nova receita, que pode ou não gerar lucro. Em se tratando de receita, auferida com a cessão de créditos de ICMS admitida pela legislação estadual, cumpre analisar o cabimento ou não de sua tributação pelo PIS/Pasep e pela COFINS. A operação de transferência dos créditos do ICMS configura uma cessão de créditos em que a pessoa jurídica vendedora toma o lugar do cedente; o adquirente, o do cessionário e a Unidade da Federação, o do cedido. Conforme o disposto nas Leis n° 9.718, de 1998, n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (PIS nãocumulativo) e n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (incidência nãocumulativa da Cotins), estas contribuições têm como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo que o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Constatase que a opção do legislador foi a generalização do alcance da incidência das contribuições em tela. Já ao tratar das hipóteses de exclusão da base de cálculo, a norma foi bastante seletiva, restringindoas a um pequeno rol, numerus clausus. Observase que o negócio jurídico ora analisado não se enquadrava em nenhuma das exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins previstas na legislação pertinente. Tanto é assim que a hipótese de exclusão da base de cálculo da Cofins relativamente a receitas decorrentes de transferência onerosa, a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, de créditos de ICMS originados de operações de exportação, Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 358 17 conforme o disposto no inciso II do § 1° do art. 25 da Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996 somente passou a existir a partir da edição da MP 451, de 15 de dezembro de 2008, que incluiu o inciso VI ao §3° do artigo 1° da Lei n° 10.833/2003. Destacase quanto aos efeitos da citada MP sobre a matéria, seu art. 22, que assim dispõe: Art. 22. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I a partir de 1° de janeiro de 2009, em relação ao disposto: (...) b) no art. 8°, relativamente ao inciso VII do § 3°do art. 1° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2003 c) no art. 9°, relativamente ao inciso VI do §3° do art. 1°, e ao art. 58J, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003; (...) (sem grifo no original). Por sua vez, o Contribuinte alega em seu Recurso Voluntário, citando jurisprudência do próprio CARF, que os valores decorrentes de cessão de créditos do ICMS não podem ser considerados sob o conceito de receita passível de tributação pelo PIS, conforme se verifica no seguinte trecho retirado do Recurso ora em análise (fls. 354 processo n° 13.646.000183/200451): Na manifestação de inconformidade, restou demonstrado que, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2004, a recorrente efetuou, nos termos da legislação do ICMS do Estado de Minas Gerais, a cessão de seus créditos desse imposto a terceiros sem ágio ou com deságio. Confiramse; a título meramente exemplificativo, os documentos anexos à sua manifestação de inconformidade. Ao verificar a apuração da COFINS, relativa àqueles meses, a fiscalização constatou que a recorrente emitiu "notas fiscais faturas, relativas à transferência de crédito acumulado de ICMS", sem que fossem os correspondentes valores incluídos na base de cálculo dessa contribuição social. Partindo da premissa de que não há previsão legal expressa de que os valores recebidos pela recorrente nessas operações podem ser excluídos da apuração da contribuição em foco, os Srs. AFRFB adicionaram tais montantes à sua base de cálculo. Como se vê, a fiscalização e as d. autoridades julgadoras “a quo” entendem que os ingressos decorrentes das cessões de créditos do ICMS representam receitas tributáveis e, não havendo norma legal que afaste a incidência da COFINS nesses casos, os respectivos valores devem ser computados em sua base de cálculo. Mas, o raciocínio por elas desenvolvido está equivocado, na medida em que, em momento algum, aprofundaram o exame da natureza jurídica da contraprestação da cessão de créditos de ICMS, verificando se ela se amolda ao conceito de receita. Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 414 processo n° 13.646.000183/200451): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 359 18 de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS, cabe considerar a decisão proferida no Recurso Extraordinário n° 606.107/RS que ficou assim ementado: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 360 19 econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. A decisão proferida no RE 606.107/RS, de relatoria de Rosa Weber, em sede de repercussão geral, implica no respeito ao disposto no RICARF desta forma: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário e afastar da base de cálculo da contribuição o produto oriundo da cessão de créditos do ICMS. Conclusão Observada a legislação e a jurisprudência aplicáveis ao caso, o laudo técnico trazido aos autos na diligência realizada, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte. Valcir Gassen Relator Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 361 20 Fl. 361DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.901616/2006-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO.
No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO.
É pré-requisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida.
Numero da decisão: 3301-003.219
Decisão: Recurso Voluntário Provido em Parte
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2003 COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO. No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO. É pré-requisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida.
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decisao_txt : Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Liziane Angelotti Meira- Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO. No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO. É prérequisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 16 16 /2 00 6- 51 Fl. 136DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 137 2 Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Por economia processual, adoto o relatório deste Tribunal administrativo constante da Resolução nº 3301000.151– 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária (fls. 109/113): BANCO ITAÚ S.A., devidamente qualificado nos autos, recorre a este Colegiado, através do recurso de fls. 39/44 contra o acórdão nº 0528.807, de 17/05/2010, prolatado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas SP, fls. 31/34, que não reconheceu o direito creditório alegado, não homologando a compensação declarada, por meio de PER/Dcomp transmitida em 22/05/2003 (fl. 09), conforme relatado pela instância a quo, nos seguintes termos: Trata se de Despacho Decisório, fl. 09, que não homologou Declaração de Compensação eletrônica. Na fundamentação do ato, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Cientificada em 27/02/2008, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade em 26/03/2008, fls. 04/08, alegando, em síntese: a) a não homologação eletrônica impede o contribuinte de exercer o direito constitucional de ampla defesa, pois falta ao despacho decisório a demonstração das razões que levaram à não homologação da compensação. No caso em tela, seguramente, o fisco não trouxe aos autos do processo nenhum elemento que, por si, realmente desse suporte ao que alegou como fato motivador da não homologação da declaração de compensação, exceto a descrição dos valores apurados. Por isso é que, além da circunstância de em qualquer ramo do direito incumbir o ônus da prova àquele que alega determinado fato como constitutivo de seu direito (vale dizer, à Receita Federal quanto ao fato constitutivo de seu direito, isto é, do imposto a que se julga credor), em matéria de direito administrativo, seja ela de direito tributário ou não, o ato administrativo há de ser sempre e necessariamente motivado. Ora, a falta de apuração da matéria (demonstração de que os valores foram utilizados em outros pagamentos, por exemplo), por parte da autoridade fiscal, acarreta a total impossibilidade de o contribuinte exercer sua prerrogativa constitucional de ampla defesa. Portanto, o ato administrativo deve sempre atender às formalidades impostas, devendo permitir ao contribuinte apreender o motivo e o fato (sic) está sendo autuado, a fim de que possa se defender ou, caso concorde com a autoridade fiscal, recolher o tributo apurado. Entretanto, o auto de infração em tela, ao arrepio das normas mencionadas, não demonstrando o que alega, impede que o contribuinte apresente sua defesa corretamente, o que, por si só, já o torna nulo de pleno direito; Fl. 137DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 138 3 b) foram cometidos erros na declaração de compensação, cujo valor do débito corresponde à totalidade do tributo do período, tributo esse que teve parte já paga e, portanto, não fora compensada. c) o valor de débito apresentado em DCTF (doc. 08) pelo peticionante, também contém erro que deve ser observado, especificamente, o campo pagamento com DARF, pois apresentou valor maior de débito; d) o peticionante requer que seja alterado de ofício as informações da DCTF, de acordo com os dados informados no demonstrativo (doc. 07) visando contemplar o crédito ora não homologado. A DRJ considerou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório. O acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Ano calendário: 2003 Compensação. Pagamento indevido ou a maior. Argüição de nulidade. Despacho decisório. Motivação. Válida a decisão que expressa a inexistência de direito creditório para compensação fundada na vinculação total do pagamento a débito declarado pelo próprio interessado. Despacho Decisório Eletrônico. Fundamentação. Cerceamento de Defesa. Na medida em que o despacho decisório que não homologou a compensação declarada teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declaração pelo próprio sujeito passivo, não há falar em cerceamento de defesa, máxime quando a manifestação de inconformidade demonstra o entendimento das razões do despacho decisório. Declaração de Compensação. Manifestação de Inconformidade. Retificação. Impossibilidade. A retificação dos débitos declarados em declaração de compensação está submetida a procedimentos e parâmetros específicos, sendo incabível o atendimento de tal pleito em sede de manifestação de inconformidade. Compensação. Créditos. Comprovação. É prérequisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Tempestivamente, a contribuinte protocolizou recurso voluntário de fls. 39/44, acrescido dos documentos de fls. 45/107, apresentando os seguintes argumentos: a) após uma sucessão de diversos erros que relaciona, a contribuinte localizou trinta e cinco pequenos valores recolhidos a maior com os quais compôs o total a ser compensado com débitos de IOF no montante de R$13.931,23; b) a verdade material deve ser privilegiada acolhendose as provas trazidas aos autos, afastandose, por conseguinte, a verdade formal, de modo a não exigir valor que não possua respaldo na legislação, em observância ao princípio da estrita legalidade do direito tributário. Por fim, requer a homologação da compensação pretendida e, se necessário, a alteração de ofício das Per/Dcomp e DCTF transmitidas, nos termos do art. 147, § 2º do CTN; o cancelamento da cobrança efetivada através do processo n° 16327.720190/200866 e, ainda, protesta pela juntada dos documentos em anexo. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 139 4 Uma vez distribuído o recurso voluntário interposto neste Tribunal, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, baixou o processo diligência nos seguintes temos (fls. 109/113): Conforme relatado, a interessada transmitiu PER/Dcomp em 22/05/2003 (fl. 09), cuja compensação não foi homologada em virtude de que, na data da transmissão da declaração de compensação, o crédito indicado encontravase totalmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, inexistindo disponibilidade do valor declarado na Dcomp. Por sua vez a contribuinte alega ter havido erro no preenchimento do Per/Dcomp e da DCTF relacionadas ao crédito controvertido. A interessada menciona que apurou e declarou o IOF devido em 12/02/2003 como sendo R$ 257.710,65 (257.109,48 + 601,17), quitado por meio de dois DARF. Posteriormente, constatou que o valor devido seria de R$271.040,71, gerando uma insuficiência de R$13.330,06. Entretanto, esquecendose do DARF de R$601,17, entendeu ser devedora de R$13.931,23, cujo valor tencionou quitar por meio de trinta e cinco Dcomp, dentre as quais vinte seis não foram homologadas. Devido a ausência de apresentação de declarações retificadoras e, ainda, preenchimentos equivocados das DCTF e PER/Dcomp transmitidas, tais equívocos acarretaram a cobrança não do valor relacionado à compensação, e sim, do valor total relativo ao período de apuração, em cada um desses vinte seis processos, ou seja, está lhe sendo exigido o pagamento de vinte seis DARF de valor principal de R$271.040,71, além de multa e juros. De se ressaltar que os procedimentos de restituição, ressarcimento e compensação são intensamente regrados de modo a evitar a saída indevida de valores dos cofres públicos, bem assim, a extinção do crédito tributário pela compensação irregular. Nessa toada cabe ao administrado a observância das regras impostas, e não à administração fazendária se sujeitar a análises casuísticas em contradição com o regramento. Por outro lado, no presente caso, sendo constatada a veracidade dos argumentos apresentados, estarseia exigindo pagamento de valores extremamente elevados em relação ao que de fato pudesse ser devido. Assim, em homenagem aos princípios da proporcionalidade, formalidade moderada e da verdade real, que devem nortear o processo administrativo fiscal e, ainda, de modo a evitar eventual enriquecimento sem causa por parte do fisco, proponho converter o julgamento do presente recurso em diligência a fim de que a DRF de origem analise os documentos acostados aos presentes autos e, caso entenda necessário, intime a contribuinte a comprovar a pertinência e veracidade das alegações supramencionadas, em duas vertentes, sendo a primeira em relação às declarações ditas equivocadas e a segunda, quanto à existência e disponibilidade do indébito, conforme abaixo: a) visando à constatação de que de fato as declarações apresentadas encontramse equivocadas e, caso os equívocos fossem saneados, a exigência correta limitarseia ao valor a compensar pretendido, ou seja, cerca de treze mil reais, acrescidos de multa e juros: b) demonstrar e existência do indébito alegado, bem como sua condição de haver suportado o ônus financeiro do IOF retido na qualidade de responsável. Posteriormente, o fiscal diligente deverá elaborar relatório, pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo nas PER/Dcomp Fl. 139DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 140 5 apresentadas. Na sequência a contribuinte deverá ser intimada para que, no prazo de trinta dias, caso entenda conveniente, apresente manifestação, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, devolver os autos para este Conselho, para julgamento. Realizada a diligência, assim concluiu a fiscalização (fl. 78): Respondendo aos quesitos levantados pelo Conselho: a) de fato, a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 é equivocada, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36, conforme demonstrativo de fls. 28. Este é o valor a ser cobrado caso a compensação não seja homologada. b) quanto ao alegado direito creditório de R$ 80,53, informado no demonstrativo de fls. 28, o contribuinte não apresentou nenhum documento ou explicação sobre a razão pela qual aquele valor teria sido recolhido a maior. Tal valor não se encontra disponível nos sistemas da Receita conforme tela de fls. 116. Em seguida, o contribuinte foi intimado (fls.119/120 ) e se manifestou nos seguintes termos (fls. 122/123): 4. Após a análise de toda a documentação anexada aos autos, a Autoridade Fiscal conclui que: de fato, a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 é equivocada, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36, conforme demonstrativo de fls. 28. Este é o valor a ser cobrado caso a compensação não seja homologada. 5. Assim, a conclusão da Autoridade Fiscal corrobora com os argumentos da Requerente, ou seja, de fato constatouse o equívoco no preenchimento do Perd/Dcomp e a cobrança indevida no valor de R$ 271.040,71. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. O objeto deste processo corresponde às questões respondidas na diligência solicitada por meio da Resolução nº 3301000.151– 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária. A diligência foi conclusiva no sentido de que a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 realmente estava incorreta, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36. Assim, não sendo homologada a compensação, é este o valor que deve ser cobrado. Concluise também na diligência que o alegado direito creditório no valor de R$ 80,53 não foi devidamente Fl. 140DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 141 6 comprovado e nem foi encontrado nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, não devendo portanto, este ser reconhecido Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, de modo a reconhecer o erro alegado pelo contribuinte na declaração do débito e, consequentemente, reconhecer o débito no valor correto de R$ 99,36; e, por outro lado, não reconheço o crédito pleiteado no valor de R$ 80,53. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 141DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.000774/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO PREVISTO NO ART. 24 DA LEI N° 11.457/07 NÃO ACARRETA NULIDADE DO LANÇAMENTO
O descumprimento do prazo de 360 dias para o julgamento de processos administrativos, previsto no art. 24 da Lei n° 11.457/07, não acarreta em nulidade do lançamento tributário, o que ocorreria tão somente se estivesse presente ao menos uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICÁVEL AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF N° 11
A prescrição intercorrente não se aplica ao processo administrativo fiscal, nos termos da Súmula CARF n° 11.
ATRASO NA INFORMAÇÃO DE QUATRO C. E. GENÉRICOS. MULTA INCIDENTE SOBRE CADA UMA DAS INFRAÇÕES. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO BIS IN IDEM
O art. 17 da IN n° 800/07 estabelece que seja apresentada informação concernente a cada um dos conhecimentos eletrônicos genéricos, a despeito de pertencerem eventualmente à mesma escala ou manifesto eletrônico. E, para o descumprimento do prazo aplicável a cada um dos conhecimentos eletrônicos, incide a multa regulamentar de R$ 5.000,00.
Não se configura o fenômeno do bis in idem, posto que trata-se de multas aplicadas sobre condutas infracionais distintas.
Embargos Acolhidos em Parte
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3301-003.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a não-apreciação de alegações apresentadas no recurso voluntário, porém, no mérito, negar-lhe provimento.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008 DESCUMPRIMENTO DO PRAZO PREVISTO NO ART. 24 DA LEI N° 11.457/07 NÃO ACARRETA NULIDADE DO LANÇAMENTO O descumprimento do prazo de 360 dias para o julgamento de processos administrativos, previsto no art. 24 da Lei n° 11.457/07, não acarreta em nulidade do lançamento tributário, o que ocorreria tão somente se estivesse presente ao menos uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICÁVEL AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF N° 11 A prescrição intercorrente não se aplica ao processo administrativo fiscal, nos termos da Súmula CARF n° 11. ATRASO NA INFORMAÇÃO DE QUATRO C. E. GENÉRICOS. MULTA INCIDENTE SOBRE CADA UMA DAS INFRAÇÕES. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO BIS IN IDEM O art. 17 da IN n° 800/07 estabelece que seja apresentada informação concernente a cada um dos conhecimentos eletrônicos genéricos, a despeito de pertencerem eventualmente à mesma escala ou manifesto eletrônico. E, para o descumprimento do prazo aplicável a cada um dos conhecimentos eletrônicos, incide a multa regulamentar de R$ 5.000,00. Não se configura o fenômeno do bis in idem, posto que tratase de multas aplicadas sobre condutas infracionais distintas. Embargos Acolhidos em Parte Crédito Tributário Mantido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 07 74 /2 00 9- 16 Fl. 199DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 11 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a nãoapreciação de alegações apresentadas no recurso voluntário, porém, no mérito, negarlhe provimento. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 188 a 190), fundado no art. 65 do Anexo II da Portaria n° 343/2015 (Regimento Interno do CARF RICARF), opostos em face do Acórdão de nº 3803005.558 (fls. 163 a 169), de 26 de fevereiro de 2014, da 3ª Turma Especial desta 3ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário. O processo versa sobre a lavratura de auto de infração (fls. 3 a 15) para cobrança de multa regulamentar de R$ 25.000,00, prevista na alínea "e" do art. 107 do Decreto lei n° 37/66, em razão de atraso no provimento de informações acerca da desconsolidação de carga, previsto no art. 17 da IN n° 800/07. O Acórdão embargado foi assim ementado: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 22/06/2008, 10/07/2008, 18/08/2008 AGENTE DE CARGA. TRANSPORTADOR. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRAZO. DESCUMPRIMENTO. MULTA ADMINISTRATIVA. SUJEIÇÃO. A agência de cargas desconsolidadora nacional da carga que a si estava consignada atua na categoria de transportador, devendo observar o prazo exigido deste para a prestação da informação da carga transportada, que compreende a desconsolidação. O seu descumprimento enseja a aplicação da multa legalmente prevista. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso." Consta nos embargos de declaração (fls. 188 a 190) que o acórdão embargado teria deixado de apreciar as seguintes alegações apresentadas no recurso voluntário (fls 121 a 134), incorrendo em omissão e, assim, justificando a interposição dos embargos (art.65 do RICARF): "a) a arguição de nulidade do lançamento fiscal, em razão da inobservância do prazo estabelecido no artigo 24 da Lei 11.457/2007 para julgamento do Recurso Voluntário apresentado pela Embargante (itens 04 a 12 do Recurso Voluntário); b) a arguição de prescrição intercorrente, devidamente fundamentada nos itens 13 a 16 do Recurso Voluntário; c) a natureza jurídica da responsabilidade por infrações e sua aplicabilidade no caso em tela, debatidos especificadamente nos itens 17 a 23 do Recurso Voluntário e; Fl. 201DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 13 4 d) a possibilidade ou impossibilidade de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea no presente caso, em especial pela nova redação conferida ao artigo 102, §2º, do DecretoLei 37/1966 pela Lei 12.350/2010, debatido especificadamente nos itens 28 a 31 do Recurso Voluntário, e; e) a possibilidade de redução da penalidade imposta de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em razão da vedação do bis in idem (itens 45 a 51 do Recurso Voluntário)." Nas fls. 223 a 224, encontrase o despacho, por meio do qual o Presidente 3ª TE/3ª Seção/CARF admitiu os embargos, reconhecendo, entretanto, tão somente a ocorrência das omissões indicadas nas letras "a", "b" e "e" do excerto acima transcrito. É o relatório. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 14 5 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira De acordo com o despacho de admissibilidade (fls. 223 a 224), a 3ª TE/3ª Seção/CARF deixou de apreciar as alegações contidas nos itens 4 ao 16 e 45 ao 51 do recurso voluntário (fls. 121 a 134) e assim sumarizadas nas letras "a", "b" e "e" do item 3 dos embargos de declaração (fl. 189): "a) a arguição de nulidade do lançamento fiscal, em razão da inobservância do prazo estabelecido no artigo 24 da Lei 11.457/2007 para julgamento do Recurso Voluntário apresentado pela Embargante (itens 04 a 12 do Recurso Voluntário); b) a arguição de prescrição intercorrente, devidamente fundamentada nos itens 13 a 16 do Recurso Voluntário; (. . .) e) a possibilidade de redução da penalidade imposta de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em razão da vedação do bis in idem (itens 45 a 51 do Recurso Voluntário)." Da leitura do recurso voluntário e do Acórdão nº 3803005.558, verificase que realmente ocorreram as omissões indicadas no despacho. Assim sendo, nos termos do art. 65 do RICARF, tomo conhecimento dos presentes embargos de declaração, para que esta turma aprecie alegações contidas no excerto dos embargos de declaração acima reproduzido. Os fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração e a fundamentação legal encontramse nele detalhadamente narrados (fls. 7 a 9), como segue: Fl. 203DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 15 6 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 16 7 Fl. 205DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 17 8 Importante mencionar que a DRJ reduziu a multa de R$ 25.000,00 para R$ 20.000,00, em razão de terem sido aplicadas duas multas de R$ 5.000,00 pela desconsolidação efetuada a destempo do Conhecimento Eletrônico Genérico n° 210.805.154.609.347. Descritas as infrações e apresentada a fundamentação legal, passemos às alegações objetos dos embargos de declaração. "A) A ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL, EM RAZÃO DA INOBSERVÂNCIA DO PRAZO ESTABELECIDO NO ARTIGO 24 DA LEI 11.457/2007 PARA JULGAMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO APRESENTADO PELA EMBARGANTE (ITENS 04 A 12 DO RECURSO VOLUNTÁRIO);" "B) A ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NOS ITENS 13 A 16 DO RECURSO VOLUNTÁRIO;" A embargante alega que protocolizou a impugnação ao auto de infração no dia 13/05/09 (fl. 67) e que esta foi julgada tão somente na sessão do dia 06/06/12 (fl. 104), descumprindose, assim, o prazo de 360 dias estabelecido pelo art. 24 da Lei n° 11.457/07, a saber: "Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. § 1o (VETADO) § 2o (VETADO)" Em razão do descumprimento do citado prazo legal para julgamento da impugnação, pleiteia que o lançamento seja declarado nulo. Robustece sua alegação, recorrendo ao princípio da eficiência processual, albergado no inciso LXXVIII do art. 5° da Constituição Federal e à manifestação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede dos EDcl no AgRg no REsp 1090242/SC, de cuja ementa extraio os trechos destacados pela embargante: "(. . .) " 3. A conclusão de processo administrativo em prazo razoável é corolário dos princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (. . .) 7. Deveras, ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de ser aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos pendentes. 8. Destarte, tanto para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência da Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados após o advento do referido diploma legislativo, o Fl. 206DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 18 9 prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei 11.457/07)." Adicionalmente, também como consequência do interregno de tempo entre a data da apresentação da impugnação e seu julgamento, requer o cancelamento do auto de infração, com o arquivamento do processo, em virtude da ocorrência da "prescrição intercorrente" (§ 1° do art. 1° da Lei n° 9.873/99), a saber: "Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. (. . .)" (g.n.) Não assiste razão à embargante. Não obstante o fato de reconhecer que o art. 24 da Lei n° 11.457/07 deve ser obrigatoriamente observado, no âmbito do processo administrativo fiscal, entendo que seu descumprimento não tem o condão de eivar de nulidade o lançamento tributário. Para tanto, haveria que se identificar algum dos vícios previstos no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, o que, todavia, não ocorreu. Com efeito, assim dispõe o art. 59 do Decreto n° 70.235/72: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." Neste sentido, encontramse os Acórdãos n° 2202003.404 (12/05/16), cuja ementa está abaixo reproduzida, 1801002.315 (04/03/15), 1301001.697 (23/10/14) e 2102003.031 (17/07/14): "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 NULIDADE DA DECISÃO ADMINISTRATIVA PROFERIDA APÓS O PRAZO DE 360 DIAS PREVISTO NO ARTIGO 24 DA LEI Nº 11.457, DE 2007. INOCORRÊNCIA. O conteúdo do dispositivo é programático, não fixando o artigo 24 da Lei nº 11.457, de 2007, quais seriam as conseqüências objetivas de sua inobservância. Assim, não impõe à Administração Pública a perda de seu poderdever de julgar Fl. 207DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 19 10 processos administrativos no caso de escoado o prazo impróprio trazido no referido dispositivo. Outrossim, prevalece sobre a Lei n° 11.457/07, o Decreto n. 70.235/72, que trata especificamente sobre o processo administrativo fiscal federal, que, em seu artigo 59, estabelece taxativamente as hipóteses de nulidade do ato administrativo concernente." Também não procede a alegação de que o processo deveria ser arquivado, pela incidência da prescrição intercorrente, dado o disposto na Súmula CARF n° 11, à qual se vincula este colegiado: "Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal." Com base no acima exposto, nego provimento às alegações contidas nas letras "a" e "b"do item 3 dos embargos de declaração. "E) A POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA DE R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS) PARA R$ 15.000,00 (QUINZE MIL REAIS), EM RAZÃO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM (ITENS 45 A 51 DO RECURSO VOLUNTÁRIO)." Extraio trechos do recurso voluntário, que contém o núcleo dos argumentos da embargante: "(. . .) (. . .) Fl. 208DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 20 11 (. . .) A questão foi muito bem examinada pela DRJ em Florianópolis (SC), que, inclusive, reduziu a multa apurada pela fiscalização de R$ 25.000,00 para R$ 20.000,00, em razão de o agente fiscal ter computado a multa para o atraso na informação do Conhecimento Eletrônico Agregado n° 210.805.154.609.347 em duplicidade. Extraio os pertinentes excertos do Acórdão DRJ n° 0729.184, dos quais faço minha razão de decidir: "(. . .) A presente autuação está lastreada na alínea “e”, inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833/03. Traz a seguinte redação: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e ...(Grifos acrescidos) Observese que a Lei claramente estabeleceu que a informação deve ser prestada na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 21 12 Por sua vez, a redação dos artigos 22 (fatos geradores a partir de 01/04/2009) e 50 (fatos geradores até 31/03/2009) da Instrução Normativa RFB n° 800/07 são claros ao determinar prazos para que as informações em apreço sejam devidamente apresentadas: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, quando o item de carga for granel; b) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a carregar em porto nacional, em caso de cargas despachadas para exportação, para os demais itens de carga; c) cinco horas antes da saída da embarcação, para os manifestos CAB, BCN e ITR e respectivos CE; d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos e respectivos CE a descarregar em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. (...) Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009.(Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. ... (Grifos acrescidos) Neste ponto é salutar esclarecer que embora o caput do artigo 50 da Instrução Normativa RFB nº 800/07 tenha expressamente postergado a vigência do artigo 22 para 1º/04/2009, o Parágrafo único deste mesmo artigo estabeleceu prazo inequívoco (antes da atracação da embarcação em porto no País) para prestação das informações Fl. 210DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 22 13 relacionadas às cargas; portanto, embora não se aplique o prazo previsto no artigo 22 (48 horas), há que se respeitar o prazo determinado no artigo 50 (antes da atracação). Logo, não se acata a alegação de que a norma ainda não estava vigente, a fiscalização não aplicou, no presente caso, a regra prevista no artigo 22, mas sim aquela contida no Parágrafo único do artigo 50. (. . .) Quanto à importância da prestação correta e tempestiva da informação relacionada a desconsolidação do Conhecimento Eletrônico, a Instrução Normativa RFB nº 800/07 é clara ao estabelecer que a mercadoria existente a bordo do veículo só será considerada manifestada se a carga tiver sido informada nos termos por ela definidos; também é clara ao exigir a informação da desconsolidação da carga. É o que se vislumbra dos artigos 10 e 17 do citado ato normativo: Art. 10. A informação da carga transportada no veículo compreende: (...) III a informação dos conhecimentos eletrônicos; IV a informação da desconsolidação; e (...) § 4º A mercadoria somente será considerada manifestada, para efeitos legais, quando a carga tiver sido informada nos termos do caput e demais disposições desta Instrução Normativa, observados, ainda, outras normas estabelecidas na legislação específica. (...) Art. 17. A informação da desconsolidação da carga manifestada compreende: I a identificação do CE como genérico, pela informação da quantidade de seus conhecimentos agregados; e II a inclusão de todos os seus conhecimentos eletrônicos agregados. ... (Grifos acrescidos)" A multa em trato, que pune a omissão do agente de carga, na sua obrigação de informar a desconsolidação do Conhecimento Eletrônico genérico ou master dentro de determinado prazo, pretende disciplinar a apresentação tempestiva do registro das informações no sistema para fins de evidente controle aduaneiro e tributário. A infração está plenamente caracterizada na conduta realizada pela interessada; havia prazo certo para apor no sistema as informações. A interessada deixou de prestar informação sobre a carga transportada no veículo na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (. . .) Como se sabe, a administração pública regese pelo princípio da estrita legalidade (CF, artigo 37, caput), especialmente em matéria de administração Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 23 14 tributária, que é uma atividade administrativa plenamente vinculada (Lei n° 5.172/66 – Código Tributário Nacional (CTN), artigos 3o e 142, parágrafo único). Portanto, considerando o erro cometido, e a disposição legal, há que se registrar que os fatos se subsumem à hipótese legal. Por outro lado, a aplicação da multa em apreço tem relação direta com a informação relacionada à desconsolidação de Conhecimento Eletrônico genérico, compreendendo (artigo 17 da Instrução Normativa RFB n° 800/07): a identificação do Conhecimento Eletrônico como genérico, pela informação da quantidade de seus conhecimentos agregados; e, a inclusão de todos os seus Conhecimentos Eletrônicos agregados. Em outras palavras, a multa em trato, no que diz respeito à informação da desconsolidação, tem relação direta com o Conhecimento Eletrônico genérico e não com as informações prestadas nos diversos Conhecimentos Eletrônicos agregados ou filhotes (house) que em verdade são o resultado da operação de desconsolidação. Logo, independentemente do número de Conhecimentos Eletrônicos agregados gerados na operação de desconsolidação, a multa em trato será aplicada em relação ao Conhecimento Eletrônico genérico que deixou de ser desconsolidado no prazo determinado. O caso dos autos trata da informação de desconsolidação de 04 Conhecimentos Eletrônicos genéricos distintos, assim, deve ser mantida apenas a parte do crédito tributário correspondente a tais informações prestadas fora do prazo determinado na norma de regência, devendo ser excluído o valor de R$ 5.000,00, correspondente à parte restante." (g.n.) Conforme acima exposto, de acordo com a legislação aplicável, a embargante tinha o dever de prestar informações sobre quatro Conhecimentos Eletrônicos Genéricos, até a data da atracação das embarcações. E comina multa específica para a prestação fora do prazo, sendo irrelevante que os conhecimentos digam respeito à mesma escala ou manifesto eletrônico, tal qual aduziu a embargante. Foram quatro condutas infracionais que resultaram na aplicação de quatro multas distintas. Assim, não há que se falar na ocorrência de bis in idem. Portanto, nego provimento aos argumentos contidos na letra "e" do item 3 dos embargos de declaração. CONCLUSÃO De todo exposto, voto no sentido de acolher parcialmente os embargos, para sanar o vício de omissão concernente `a nãoapreciação das alegações apresentadas no recurso voluntário e indicadas nas letras "a", "b" e "e" do item 3 dos embargos de declaração (fl. 189), acima reproduzidas, porém, no mérito, negarlhe provimento, mantendo a cobrança da multa regulamentar prevista no inciso IV do art. 107 do Decretolei n° 37/66 no montante de R$ 20.000,00. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 212DF CARF MF Processo nº 11050.000774/200916 Acórdão n.º 3301003.246 S3C3T1 Fl. 24 15 Fl. 213DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.723542/2013-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 10/12/2012
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não ocorre a nulidade do auto de infração quando a autoridade fiscal demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito.
DESEMBARAÇO ADUANEIRO. IMPORTAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TEMPESTIVIDADE DA RETIFICAÇÃO.
Não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro até o desembaraço da mercadoria.
IMPORTAÇÃO. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE REAIS ADQUIRENTES. MULTA. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.
Ceder o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, por intermédio da Declaração de Importação, importa na aplicação da multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.196
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do auto de infração quando a autoridade fiscal demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. IMPORTAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. TEMPESTIVIDADE DA RETIFICAÇÃO. Não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro até o desembaraço da mercadoria. IMPORTAÇÃO. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE REAIS ADQUIRENTES. MULTA. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. Ceder o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, por intermédio da Declaração de Importação, importa na aplicação da multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007 Recurso Voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 72 35 42 /2 01 3- 66 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 316 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0734.410 (fls. 203 a 207), de 19 de março de 2014, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) – DRJ/FNS – que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação do Contribuinte, mantendo o crédito tributário exigido. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do referido Acórdão: Trata o presente processo do Auto de Infração, de fls. 03/05, por meio do qual é feita a exigência de R$ 12.047,78, relativa à multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007. A fiscalização relata que a autuada cedeu o nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação das mercadorias submetidas a despacho aduaneiro, através da Declaração de Importação (DI) n° 12/23122494, registrada em 10/12/2012. Através de relatório fiscal (fls. 09/36), a auditoria relata minuciosamente os fatos ocorridos, sendo que a ocultação do sujeito passivo, comprador ou responsável pela operação, consiste em dano ao erário, infração punível com pena de perdimento da mercadoria, nos termos do art. 689, inciso XXII do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro), a qual encontrase consubstanciada no processo nº. 10814.723541/201311. Informa que a autuada apresentou um pedido de retificação da DI n.° 12/23122494, em 25/01/2013, alegando erro material cometido de boafé, uma vez que a importação seria na modalidade “Encomenda” realizada pela IDF Brasil Importação e Comércio de Sistemas de Inspeção Ltda. Tal retificação, no entanto, não foi considerada espontânea, pois fora apresentado no curso do despacho aduaneiro, ou seja, após o registro da declaração de importação, nos termos do 545 do Regulamento Aduaneiro (RA) c/c § 1° do art. 102 do DecretoLei 37/66. Cientificada da exigência (fl. 163), a autuada apresentou a impugnação, de fls. 168/174, na qual, em síntese: Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 317 3 Preliminarmente, alega nulidade do auto de infração, uma vez que o relatório fiscal tratase de um modelo aplicável genericamente e que, por não se ater ao caso em concreto, causa prejuízo em sua defesa, especialmente porque não deixa claro se a houve uma importação por encomenda ou por conta e ordem de terceiros, cuja natureza é diversa e mereceria defesas diferentes. Alega tempestividade da retificação da DI, o que ocasiona denúncia espontânea da infração, uma vez que é a partir do início do procedimento para a apuração da infração punível com a pena de perdimento que deve ser observada a tempestividade, nos termos do art. 7º e 23 do Decreto 70.235/72. Informa que o termo de retenção e início de fiscalização 004/2013, de 17/01/2013, foi recebido pela autuada em 29/01/2013, enquanto que a retificação foi apresentada em 25/01/2013. Requer a declaração de nulidade por cerceamento ao seu direito de defesa, bem como o afastamento da multa por denúncia espontânea e a improcedência do auto de infração por atipicidade do fato. Tendo em vista a negativa do Acórdão ora recorrido o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 214 a 223), em 15 de abril de 2014, visando a nulidade do Auto de Infração por alegado cerceamento de defesa, o afastamento da pena de multa aplicada e a declaração de improcedência do Auto de Infração por alegado bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen O Recurso Voluntário (fls. 214 a 223), de 15 de abril de 2014, interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0734.410 (fls. 203 a 207), de 19 de março de 2014, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 10/12/2012 Ementa: Acórdão dispensado de ementa, de acordo com a Portaria SRF nº 1.364, de 10/11/2004. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 318 4 O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte traz em seu corpo os seguintes argumentos: · Nulidade do Auto de Infração; · Da tempestividade da retificação; · Do conflito aparente de normas. Com isso posto, passo a decidir a respeito dos pontos questionados: 1) Da alegada nulidade do Auto de Infração O Contribuinte aduz que o Auto de Infração não deixa claro qual foi a infração cometida pelo Contribuinte, acarretando, segundo o próprio, no seu cerceamento de defesa, conforme se verifica no trecho a seguir (fls. 216 e 217): 2.1.1.1. Como dito alhures a culta julgadora de piso afastou a alegação da Recorrente acerca da nulidade do auto de infração, pois em seu entender: “consta dos autos um amplo relatório fiscal, às fls. 09/36, no qual a auditora relata minuciosamente os fatos ocorridos na espécie e que demonstram a infração tipificada”. 2.1.1.2. Contudo, não é o maior ou menor número de palavras que agastam a nulidade por cerceamento de defesa e sim o maior ou menor desconhecimento da infração supostamente perpetrada. Poderseia, com pouquíssimas palavras dizer “a contribuinte simulou operação de importação própria ocultando importação por encomenda da empresa FILTEC” e esclarecerseia qual a acusação. Contudo, não é o que ocorre no presente caso. 2.2.2.3. É que, em sua parte fática o auto de infração narra que a conduta ilícita do contribuinte foi a aposição incorreta no campo “Caracterização da Operação” do SISCOMEX da importação como própria ao invés de por conta e ordem (fls. 29). 2.1.1.4. A seu turno, ao fundamentar suas conclusões acerca da ilicitude dos atos o auto de infração dispõe nas fls. 26/7 as características de uma importação na modalidade por conta e ordem de terceiros, esclarecendo todos os requisitos legais da operação e, entre eles, o “lançamento” pela importadora no campo adquirente da D.I. o nome da empresa contratante (real adquirente). 2.1.1.5. Ademais, nas páginas seguintes (fls. 27/8) o Auto apresenta os pressupostos e requisitos da importação na modalidade encomenda e, entre eles o dever imposto à importadora de lançar no campo “Caracterização da Operação” no SISCOMEX o nome da empresa adquirente no campo destinado a indicar o “real adquirente” na importação por conta e ordem de terceiros. 2.1.1.6. Desta forma, é impossível à Recorrente saber se, naquele ato, a Autoridade Fiscal entendia que efetivamente houve uma importação por encomenda ou por conta e ordem, posto que o descumprimento da obrigação acessória descrita no Auto viola, em tese, os requisitos de ambas as modalidades de importação. (...) Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 319 5 A respeito deste requerimento do Contribuinte cito os argumentos da DRJ/FLS, expostos no Acórdão nº 0734.410, como razão para decidir nos seguintes termos (fls. 205): Quanto à alegação de nulidade do auto de infração, por cerceamento de defesa, concluise que não pode ser acatada, em vista de que os argumentos, opostos pela impugnante, são meramente protelatórios e sem embasamento fático. Vejase que consta dos autos um amplo relatório fiscal, às fls. 09/36, no qual a auditoria relata minuciosamente os fatos ocorridos na espécie e que demonstram a infração tipificada. Foi além a fiscalização ao tratar de toda a teoria e prática de terceirização de importações, procedimento perfeitamente legal, em suas modalidades por conta e ordem de terceiros e importação por encomenda. Informa os requisitos exigidos e os procedimentos e ritos aduaneiros a serem seguidos. Não há cerceamento de defesa quando a empresa tem plenas condições de se defender amplamente dos fatos narrados. E a impugnante sabe que se trata de contrato por encomenda, tanto que confessou o fato em seu pedido de retificação, fato transcrito pela fiscalização. (grifouse). O Contribuinte em seu Recurso Voluntário é incisivo na questão da capitulação e da nulidade por cerceamento de defesa nestes termos: (...) 2.1.2.3 Assim, quem são os reais beneficiários ou intervenientes na operação ao qual a Recorrente se aliou para perpetrar o ilícito? AMBEV, NORSA, FILTEC ou todas? De outro modo, a operação camuflada foi uma operação por conta e ordem da AMBEV, por conta e ordem da NORSA, da FILTEC? Ou por encomenda da AMBEV, ou da NORSA, ou da FILTEC? 2.1.2.4. Ora, o mínimo que se espera de um auto de infração é que ele faça a exata subsunção do fato à norma não se utilize de conjunção alternativa nada esclarecedora. Não se pode tolerar é a dúvida no enquadramento típico da infração. Aliás, se pairam dúvidas sobre as circunstâncias materiais do fato deveria a Autoridade Fiscal, nos termos do artigo 112 inciso II do CTN, arquivar o procedimento administrativo tendente a verificar suposta infração punível com a pena de perdimento. (...) (grifouse). Ao analisar o Auto de Infração (fls. 3 a 7) do presente processo percebo que há a definição da infração cometida pelo Contribuinte, nos seguintes termos: A Empresa ORIENTADOR ALFANDEGÁRIO COMERCIAL IMPORTADORA E EXPORTADORA EPP, devidamente identificada, cedeu seu nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários na operação de importação. De acordo com o Decreto 6.759/2009, art. 689, XXII, a empresa foi punida com o perdimento das mercadorias, sendo lavrado o auto de infração correspondente, protocolizado sob o número 10814.723541/201311. A multa de 10% sobre o valor da operação foi aplicada com base no art. 33 da Lei n.º 11.488/2007. A descrição dos fatos que levaram à convicção com relação à ocultação do sujeito passivo se Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 320 6 encontra no processo de Auto de Infração de Perdimento das Mercadorias. (grifou se) Fato Gerador Valor 10/10/2012 12.047,78 Na análise detalhada do Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal (fls. 9 a 36) e seus anexos (fls. 37 a 160), que deu origem ao perdimento das mercadorias no processo administrativo 10814.723541/201311, percebese que de forma minuciosa a autoridade fiscal comprova documentalmente o vínculo entre o Contribuinte e as empresas AMBEV, NORSA e FILTEC e os fatos ocorridos e demonstra a infração cometida. Portanto, tendo em vista as informações presentes nos autos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte no que tange a alegada nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa por não ver evidenciado prejuízo ao exercício desse direito, sem adentrar no mérito que será tratado oportunamente no ponto subsequente. 2) Da alegada tempestividade da retificação Alega o Contribuinte que foi realizada a retificação espontânea antes do início formal do procedimento fiscal, o que impediria, segundo o mesmo, a aplicação de penalidades por parte da Fiscalização, conforme se verifica nos argumentos trazidos pelo Contribuinte em seu Recurso Voluntário (fl. 220): 2.2.1.5. Com efeito, é a partir do início do procedimento para a apuração de suspeita de infração punível com a pena de perdimento que deve ser observada a tempestividade ou não da confissão/denúncia e, nestes termos, a confissão apresentada pela Recorrente é tempestiva, gerando todos os efeitos descritos no artigo 138 do CTN. 2.2.1.6. É que, como salientado no auto de infração, e muito embora o termo de retenção e início de fiscalização 004/2013 esteja datado de 17/01/2013, a postagem deste documento deuse apenas em 25/01/2013 e foi recebido pela Recorrente em 29/01/2013. Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; (...) Art. 23. Farseá a intimação: (...) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) § 2º Considerase feita a intimação: (...) II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; Do exposto facilmente se aduz que o procedimento fiscal tem início com a ciência pelo sujeito passivo da obrigação do primeiro ato de ofício praticado pelo servidor – Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 321 7 in casu o termo de retenção – e a ciência considerarseá realizada, quando feita por via postal, apenas e tao somente na data do recebimento da intimação do ato. A respeito deste argumento apresentado pelo Contribuinte a DRJ/FLS já se manifestou por meio do Acórdão ora recorrido. Cito trecho do voto recorrido como fundamento das razões para decidir (fl. 206 e 207): Quanto à alegação de ocorrência de denúncia espontânea da infração, porque teria apresentado um pedido de retificação da DI, venho reafirmar a fundamentação da auditoria para o seu não acatamento. O que define a tempestividade da retificação não é a alegada data da ciência do termo de retenção e início de fiscalização 004/2013 (29/01/2013). Bem antes desta data a importadora já sabia que estava sob procedimento fiscal, uma vez que se encontrava em pleno curso do desembaraço aduaneiro da mercadoria, cuja Declaração de Importação foi registrada em 10/12/2012. Na verdade, na maior parte dos casos de procedimentos fiscalizatórios na área aduaneira, de que resultam autos de infração, não existe a figura do Termo de Início da fiscalização. Aliás é exatamente isto que dá efetividade à regra de que não se considera espontânea a denúncia apresentada no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria, expressa no art. 102 do Decretolei n° 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei n° 2472/1988: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010) (grifei) E o Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro), dispõe sobre o momento em que se considera iniciado o despacho: Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. (...) Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 322 8 Art. 545. Temse por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de importação. § 1º O registro da declaração de importação consiste em sua numeração pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do SISCOMEX. Vêse ainda a restrição aos benefícios da denúncia espontânea, imposta pelo § 2º do art. 102, acima transcrito, no tocante às penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento, como é o caso dos presentes autos. Posto isto, concluise que desde a data do registro da declaração de importação, em 10/12/2012, até o desembaraço aduaneiro da mercadoria ou o fim do procedimento fiscalizatório, restou excluída a espontaneidade do sujeito passivo. Assim, não há que se falar em denúncia espontânea no caso em concreto. (grifouse). Com esses fatos e argumentos voto no sentido de manter a decisão recorrida por entender que foi intempestiva a retificação do Contribuinte. 3) Do alegado conflito aparente de normas Alega o Contribuinte neste ponto que houve violação ao princípio administrativo do non bis in idem, que implica na vedação de que um fato ilícito praticado pelo particular seja punido com sanções reiteradas. O Contribuinte entende que houve, por parte da Fiscalização, a violação deste princípio no que tange a aplicação da pena de perdimento cumulada com a multa de 10% do valor aduaneiro dos bens. O Contribuinte entende que deveria ter sido aplicada apenas uma das penas, para que não houvesse a punição dupla pelo mesmo ato do Contribuinte. Nestes termos o Contribuinte por intermédio do Recurso Voluntário explicita o seu entendimento (fls. 222): (...) 2.3.4. Com efeito, e tendo em vista que de um lado a ocultação do sujeito passivo é tipificada como dano ao erário passível de aplicação da pena de perdimento e, de outro a mesma ocultação – substituída pelo sinônimo acobertamento – é sujeita a pena de multa de 10% do valor da operação acobertada, há o conflito de normas sendo necessário o uso das técnicas para a solução do mesmo. 2.3.5. Ora, no processo 10814723.541/201311 foi aplicada à Recorrente definitivamente pena de perdimento das mercadorias. Assim, fazer ainda incidir multa de 10% do valor aduaneiro dos bens é uma evidente dupla punição pelos mesmos fatos. 1.3.6. Cumpre ressaltar que, de forma diversa do que ocorre numa importação por conta e ordem de terceiro, na operação por encomenda tanto o artigo 23 inciso V do DecretoLei 1.455/1976 quanto o artigo 33 da Lei 11.488 de 2007, têm como sujeito passivo a pessoa da importadora. Há, portanto, bis in idem e, por consequência, deve ser aplicada apenas uma das sanções à Recorrente. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 323 9 2.3.7. Ora, a importação por encomenda, como supramencionado é uma espécie de compra e venda. Sendo assim, a importadora compra o bem importado, tornandose dele proprietária e depois o revende ao adquirente. 2.3.8. Destarte, ao decretar o perdimento da mercadoria, o Fisco nada mais faz do que punir a importadora com a perda dos bens dos quais é proprietária. Na importação por encomenda, o proprietário do bem não é o destinatário final (comprador) da mercadoria. O proprietário é o importador, que posteriormente o revende a esse destinatário. Se o perdimento dos bens, por óbvio, é pena aplicável ao proprietário dos bens e o proprietário dos bens é, na importação por encomenda, como no presente caso, a Recorrente, deuse em desfavor desta duplo sancionamento (sic). Na decisão ora recorrida o voto do relator expos o seguinte entendimento (fls. 205 e 206): (...) Ademais, não é sequer necessário caracterizar a operação como sendo por encomenda ou por conta e ordem de terceiros para a configuração da infração constante do art. 33 da Lei nº 11.488, de 2007, abaixo transcrito, bastando que seja comprovado que a pessoa jurídica que realizou a importação em seu próprio nome, agiu, na verdade, acobertando terceiros que são os reais interveniente ou beneficiários da operação, situação incontroversa e comprovada nos autos. Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Aliás, esta multa de 10% do valor da operação acobertada conferiu uma nova penalidade que é aplicável no caso de ocorrência da infração prevista no inciso V do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976 – ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, na ocorrência da presunção legal estabelecida no §2º deste mesmo artigo presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Tratase na realidade, em ambos os casos, de situações que envolvem ceder o nome com o fim de acobertar o real interveniente na operação de comércio exterior. Vejase que, no caso da presunção legal, não há a exigência de se identificar a pessoa jurídica por trás do negócio ou o tipo real da transação oculta, bastando identificar a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação. Está correta a multa aplicada, capitulada no art. 33 da Lei no 11.488/2007, a qual é cabível cumulativa e independentemente do perdimento da mercadoria importada ou a sua conversão em multa pelo seu valor aduaneiro. A referida multa é aplicável exclusivamente ao importador ou exportador de direito (ostensivo – aquele que Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 324 10 cedeu o nome) e somente para as infrações ocorridas a partir da 15.06.2007, data em que foi publicada a Lei nº 11.488/07. Portanto, correta a subsunção dos fatos à tipificação legal constante do presente lançamento. (grifouse). Diante do alegado pelo Contribuinte de que houve violação ao princípio administrativo do non bis in idem, vedando as sanções reiteradas pelo mesmo ilícito, e, do correto entendimento da DRJ de que cabe cumulativamente a pena de perdimento da mercadoria importada ou a sua conversão em multa pelo seu valor aduaneiro e a multa correspondente a 10% do valor aduaneiro de que trata o art. 33, da Lei nº 11.488/2007, cabe lembrar que a questão central é o pedido feito pelo Contribuinte de retificação da DI n.° 12/23122494, de 25/01/2013, e a pena de perdimento da mercadoria consubstanciada no processo nº. 10814.723541/201311. Constatase que no processo judicial n° 080014515.2014.4.05.8000, no voto de relatoria do desembargador Ivan Lira de Carvalho, que teve por objeto a pena de perdimento (processo administrativo nº. 10814.723541/201311), tratouse da questão central da retificação da DI n.° 12/23122494 e a intenção ou não do contribuinte de ocultar o real comprador. Cito trechos do voto do relator do processo judicial n° 0800145 15.2014.4.05.8000, como argumentos relevantes para bem decidir: No caso, observo que a aplicação da pena de perdimento não se mostra razoável, exatamente porque, ao que tudo indica, não teria havido a intenção, por parte da apelada, de ocultar o real comprador de uma operação de importação de bens (duas máquinas de inspeção de nível de enchimento e tampa para latas). A despeito do erro cometido pela mesma no momento do registro da declaração de importação o qual teria acontecido, segundo alega, por inexistir no campo da Declaração de Importação do SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior (programa fornecido pela Receita Federal do Brasil para controle de importações) qualquer indicação de importação na modalidade encomenda, informação essa não refutada pela Fazenda Nacional, a mesma apresentou retificação da declaração de importação, disponibilizando todas as informações necessárias à identificação das empresas que estariam adquirindo os bens apreendidos. Deduzir a atuação dolosa da parte autora na improbabilidade da ocorrência de erro em razão da sua experiência na importação de mercadorias do exterior não se mostra medida acertada. Como dito, ao que tudo indica, ocorreu por falha. Assim, não me parece que no caso concreto a aplicação da citada penalidade se apresente como melhor solução, à luz do princípio da proporcionalidade. A pena máxima do perdimento de bens somente se revela adequada e razoável em hipóteses tais que se demonstre o animus do transportador de se furtar ao controle aduaneiro. A documentação acostada nos autos leva ao entendimento de que procede a alegação da ocorrência do erro, bem como restou comprovada a retificação da Declaração de Importação nº 12/23122494, nos termos do artigo 552 do Regulamento Aduaneiro. Igualmente, da documentação acostada, não se evidencia a existência de dolo da empresa ou intenção de fraudar a fiscalização aduaneira. A boafé da recorrida deve ser considerada na aplicação da pena. A pena de perdimento é medida de exceção e deve ser aplicada quando houver manifesta máfé, e isso não restou configurado nos autos. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10814.723542/201366 Acórdão n.º 3301003.196 S3C3T1 Fl. 325 11 O entendimento não fere o disposto no art. 37 do Decreto Lei nº 37/1966, nem o art. 136 do CTN, uma vez que não se verificou a fraude ou manifesta intenção em burlar o fisco. (...) Ressaltese que não está o Judiciário substituindo o agente público na prática de ato administrativo, pois o que se está analisando é o cabimento da sanção aplicada e a retenção da mercadoria. (...) Nesse sentido, consta também que foi lavrado pela própria Administração novo auto de infração referente à citada ocultação do sujeito passivo na importação (processo administrativo 10814.723542/201366), com aplicação da penalidade de multa de 10% (dez por cento) do valor da operação comercial. Desse modo, entendo que, no caso, não merece guarida o pleito de pagamento do valor correspondente aos bens em substituição à pena de perdimento, dado o afastamento de sua aplicação no caso concreto.(http://www.trf5.jus.br/data/2015/02/PJE/08001451520144058000_20150219_3991 7_40500001824880.pdf). Com esses argumentos e de acordo com os autos e a legislação aplicável ao presente processo, voto em negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte por entender que a multa de 10% prevista no art. 33 da Lei 11.488 de 2007 é cabível no caso em exame. Valcir Gassen Relator Fl. 325DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.725457/2011-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/01/2009
RECEITAS TÍPICAS DE SOCIEDADE DE SEGUROS E CAPITALIZAÇÃO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO
O conceito de faturamento abrange não apenas venda de mercadorias e serviços, porém todas as receitas derivadas das atividades-fim do contribuinte. No caso em tela, as receitas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, seguros-saúde e títulos de capitalização estão inseridas em tal conceito e, portanto, sofrem a incidência do PIS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3301-003.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO O conceito de faturamento abrange não apenas venda de mercadorias e serviços, porém todas as receitas derivadas das atividadesfim do contribuinte. No caso em tela, as receitas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, segurossaúde e títulos de capitalização estão inseridas em tal conceito e, portanto, sofrem a incidência do PIS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 54 57 /2 01 1- 59 Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Trata o processo de Manifestação de Inconformidade apresentada contra Despacho Decisório, datado de 14/05/2012, emitido pela DRF em Curitiba, que homologou a compensação declarada no Per/Dcomp nº 25815.17170.300109.1.3.579002 (Per nº 10844.26526.300109.1.2.572571), no valor de R$ 1.744.742,00, de IRPJ 239001 do PA de 2008, e homologou parcialmente a compensação declarada no Per/Dcomp nº 33632.86128.300109.1.3.579002 (Per nº 42007.96960.300109.1.2.573105), que buscava a compensação de débito de IRPJ 231901, do PA de 2008, no valor de R$ 4.665.320,96, tendo sido homologada a importância de R$ 551.158,86, restando um saldo devedor de R$ 4.114.162,10, por insuficiência do crédito reconhecido. Segundo relatado no referido Despacho Decisório, a contribuinte obteve tutela judicial favorável no Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312, no qual objetivou “concessão de ordem para o fim de afastar o art. 3º, caput, e § 1º, da Lei nº 9.718/1998, reconhecendose o seu direito à incidência da contribuição ao PIS e da Cofins sobre o faturamento, assim entendido o produto da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos (conforme definido pela Lei Complementar nº 70/91), em razão de vícios de inconstitucionalidade contidos na Lei nº 9.718/1998, a partir da competência de janeiro de 2001”. Em sentença prolatada foi concedida parcialmente a segurança, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Em recurso de apelação interposto pela União, o E. TRF da 4ª Região “negou provimento ao agravo retido, ao apelo da União, e deu parcial provimento à remessa oficial para reconhecer a prescrição dos valores recolhidos antes de 13/02/2001”. O trânsito em julgado da ação ocorreu em 04/04/2008 e a impetrante renunciou à execução do julgado no que tange à repetição judicial dos valores indevidamente recolhidos. Após pedido de habilitação de crédito, houve deferimento da RFB, em 05/06/2008, para que fossem viabilizados e permitidos os meios eletrônicos hábeis a promover a compensação de seus créditos, porém não houve verificação, por parte do fisco, à época, do valor habilitado. Posteriormente, em 14/10/2011, foi iniciada auditoria dos créditos, objeto do PAF nº 10980.005905/200807, que culminou da emissão do Despacho Decisório pela DRF em Curitiba. No procedimento adotado pela fiscalização, quando da auditoria dos créditos, foi constatado que a contribuinte “interpretou equivocadamente a decisão judicial obtida no âmbito do Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312 (PR), extrapolando frontalmente o comando jurisdicional, o qual reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e declarou o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98, e a Cofins calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições. O juízo destacou no dispositivo a inexistência de declaração na ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos.” Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 12 3 A autoridade administrativa assim entendeu porque a contribuinte, quando teve por objeto social, diretamente ou por meio de empresa incorporada, a prestação de serviços de capitalização, excluiu do conceito de ‘faturamento’ suas receitas de operações de capitalização e receitas correlatas, bem como outras receitas operacionais; no período em que teve por objeto social a prestação de serviços de seguros, cosseguros e resseguros dos ramos: Elementares, Vida e Previdência Privada Aberta, segurosaúde e de cobertura de custos assistenciais à saúde, excluiu do faturamento suas receitas de prêmios de seguros, rendas de contribuições relativas à previdência privada e receitas correlatas, além de outras receitas operacionais. Por conseqüência, as excluiu da base de cálculo do PIS, produzindo créditos indevidos, em desconformidade com a legislação que rege o tributo e em desacordo com o alcance do dispositivo judicial obtido no Mandado de Segurança. Observouse, assim, que a contribuinte calculou créditos de PIS, desconsiderando como integrantes do seu faturamento receitas ligadas aos objetos principais de sua atividade, ou seja, ligadas ao próprio objetivo de existência da companhia, segundo seus Estatutos vigentes. A seguir, a autoridade administrativa fundamenta tratarse as atividades de seguros, cosseguros, resseguros, dos ramos elementares, vida e previdência privada aberta; de segurosaúde e de cobertura de custos assistenciais de saúde, e de capitalização, exercidas pelas instituições financeiras, que as têm expressamente previstas como objetos sociais, de efetiva prestação de serviços, ou seja, parte do faturamento e, por conseqüência, parte da base de cálculo do PIS e da Cofins, citando: o § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) que considera serviço como “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” ; a alínea b do item 3 do Artigo I do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços, ao definir o termo ‘serviços’, “inclui qualquer serviço em qualquer setor exceto aqueles prestados no exercício da autoridade governamental“ e o Anexo sobre Serviços Financeiros, do mesmo Acordo, dispõe em seu item 5 acerca das definições de serviços financeiros, que inclui os serviços de seguros e os relacionados com seguros e todos os serviços bancários e demais serviços financeiros, discriminando as atividades relacionadas com cada elemento do grupo, definindo como atividades de prestação de serviços de seguros: seguros de vida, outros seguros, resseguros e retrocessão, intermediação de seguros e serviços auxiliares a prestação dos serviços de seguros; jurisprudência do STF se posicionando, em caso semelhante, da seguinte forma: “...Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominados prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e Cofins, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (REAgR 400.479/RJ, STF, Rel. Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, 10/10/2006, DJ 06/11/2006)”; no mesmo sentido decisão no Recurso Especial nº 1.197.440/RJ (2010/01024931), 2ª Turma STJ, Rel. Min. Herman Benjamin, 08/10/2010 – data do julgamento), que diz: “Além disso, ainda que se pudesse conhecer do mérito da discussão, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que, Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 13 4 mesmo após a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, as receitas advindas de prêmios de seguro integram o faturamento das seguradoras para fins de tributação pelo PIS e pela Cofins, já que decorrentes do exercício de suas atividades empresariais”. Cientificada em 06/11/2012, a interessada ingressou, por meio de seus procuradores legalmente constituídos, com Manifestação de Inconformidade, trazendo, em resumo, as argumentações a seguir expostas. Traçando um perfil constitucional da Cofins e da contribuição ao PIS, relata que a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, alterou a base de cálculo das contribuições ao PIS e à Cofins, instituídas pelas Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, e nº 70, de 30 de dezembro de 1991, respectivamente, considerando faturamento como a totalidade das receitas da pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e/ou o tratamento contábil adotado. Essa modificação trazida por lei ordinária motivou uma discussão acerca de sua inconstitucionalidade, que acabou alcançando o E. Supremo Tribunal Federal que declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e concluindo que a base de cálculo equivale ao faturamento, entendido este como sendo o total de receitas auferidas em razão da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços de qualquer natureza. Posteriormente, acrescenta, foi editada a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que revogou expressamente o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, afastando definitivamente a equiparação do conceito de faturamento à totalidade das receitas da pessoa jurídica. Expõe que, sujeitandose às disposições da Lei nº 9.718/1998, ingressou com ação judicial requerendo lhe fosse reconhecido o direito de calcular o PIS e a Cofins com base no seu faturamento, tal como definido pela Lei Complementar nº 70/91, e não pela totalidade das receitas. O desfecho dessa ação se deu com a decisão do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, declarando a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, como já fizera o STF, confirmandose deverem incidir exclusivamente sobre receitas auferidas na venda de mercadorias, na prestação de serviços ou na conjunção de ambos. Com base nessa decisão transitada em julgada é que apurou os recolhimentos feitos a maior a título de PIS desde janeiro de 2001 e apresentou o devido Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado. Ressalta que o provimento em seu favor concedido não implica mera autorização para ‘exclusão’ de receitas da base de cálculo das contribuições, mas sim o reconhecimento de que há valores que jamais a compuseram validamente. Diz, referindose a sua causa de pedir na ação judicial, que o afastamento da base de cálculo prevista na Lei nº 9.718/1998 implicaria a impossibilidade de incidência da Cofins e do PIS sobre atividades securitárias e as de previdência complementar. Sendo assim, e de acordo com a decisão contida no acórdão proferido pelo TRF/4ª Região, não haveria dúvidas de que as receitas financeiras (e aquelas a elas equiparadas) não integram e nunca poderiam integrar o conceito de prestação de serviços. Por isso, alega que a decisão adotada pela DRF/CTA no sentido de glosar parte dos créditos de PIS apurados após a recomposição das bases de cálculo nos anos de 2001 a 2008 não pode prosperar, eis que está em desacordo com o conteúdo da decisão proferida na ação judicial em comento. E mais, diz que a decisão administrativa apresenta uma interpretação disparatada do conteúdo da norma e do mandamento judicial, pretendendo, por vias oblíquas – glosa dos créditos e não Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 14 5 homologação das compensações, exigir exatamente valores cuja inexigibilidade já foi declarada pelo Poder Judiciário. Em tópico específico, salienta o equívoco cometido pela DRF/CTA, dada a impossibilidade de enquadramento das receitas de natureza securitária e de capitalização no conceito de contraprestação pela prestação de serviços, conforme conceituação presente no Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços GATS, firmado pelo Estado Federativo do Brasil no âmbito do GATT/OMC, e que o STF, em julgamento sobre a incidência de ISS na locação de guindastes, já se posicionou que somente há uma prestação de serviço quando se verificar uma obrigação de fazer relacionada a um esforço humano, que gere uma utilidade material ou imaterial a terceiro. Cita, no mesmo sentido, doutrina a respeito. Salienta, ainda, nesse contexto, que muito embora parte de suas atividades possa estar prevista no item 19.01 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116, o qual prevê “Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres”, com ela não se confunde, pois as lotéricas e outras distribuidoras de títulos de terceiros podem prestar o serviço previsto no referido item da lista, mas não as entidades de capitalização. Mesmo com relação à atividade securitária (exercida até outubro/2004), muito esteja previsto no item 18.01 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116, o qual prevê “Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres” a jurisprudência do STF foi contundente em afastar a tributação de atividades que pudessem extrapolar o conceito constitucional de serviço. Finaliza que jamais se poderia equiparar receitas tipicamente financeiras (às quais juridicamente se equiparam as receitas securitárias) a uma contraprestação de serviço (preço de serviço). Argumentando que o fato gerador da contribuição é uma prestação de serviços (ou uma venda de mercadorias), e nenhuma outra, afirma que esta não é a causa jurídica das receitas por ela auferidas, eis que não decorrem de uma prestação de serviço, por não remunerar qualquer espécie de esforço humano. Ressalta que além da atividade desenvolvida não se equiparar a uma prestação de serviços, não há possibilidade de se equiparar a atividade de capitalização à atividade securitária. Expõe que, por ser companhia seguradora, firma com seus clientes contratos pelos quais se obriga a custear/assumir despesas eventualmente incorridas em razão dos chamados ‘sinistros’, mediante o recebimento de um valor fixo mensal (‘prêmio’), destinado à constituição de um fundo comum que será utilizado para a cobertura de eventuais despesas dos clientes. Essa espécie contratual, complementa, é tipicamente aleatória, na medida em que uma das prestações é sempre incerta, dependente da ocorrência de evento futuro e imprevisível, percebendose, assim, que não se está diante de uma prestação de serviços, já que os valores recebidos não se prestam a remunerar um serviço especificamente prestado. Portanto, não se pode equiparar as receitas securitárias e de capitalização como oriundas de uma prestação de serviços, sob pena de alterar a definição de faturamento, emprestada do Direito Privado, o que é vedado pelo art. 110 do CTN, restaurando por vias oblíquas a aplicabilidade do dispositivo legal já declarado inconstitucional e, inclusive, revogado pela novel legislação supramencionada (Lei nº 11.941/09), assim como afrontando o mandamento judicial transitado em julgado que tem a interessada em seu favor prolatado. Alegando a inaplicabilidade do CDC para a caracterização de serviços, realça que nem mesmo a qualificação das atividades de natureza financeira como se Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 15 6 serviço fossem pelo Código de Defesa do Consumidor permite a incidência tributária pretendida no Despacho Decisório. Relembra o conceito constitucional de serviço tributável trazido em entendimentos do STJ e do STF, para concluir que, a despeito de o CDC trazer a atividade securitária (dentre outras) como se serviço fosse, tal previsão não tem o condão de permitir a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas correspondentes; tanto que esse Código considera que uma operação tipicamente bancária, como um empréstimo, seria um serviço para fins exclusivos de atribuir proteção especial ao cliente/consumidor, o que, de modo algum, poderia significar transferência da competência tributária privativa da União aos Municípios. Refuta o GATS para a caracterização de serviços, uma vez que o âmbito da assinatura e da aplicabilidade do GATS é no comércio internacional de serviços, entre EstadosMembros, não podendo ser utilizada a conceituação ali inserida para fazer incidir a Cofins e o PIS sobre as receitas de natureza securitária e de previdência privada. Por último, assevera que o GATS foi recepcionado no ordenamento por meio de Decreto, o que afasta qualquer possibilidade de que os conceitos por si trazidos possam se sobrepor àqueles pressupostos pela Constituição Federal na definição dos aspectos materiais dos tributos de competência de cada ente tributante (ex.: faturamento, serviço) ou de leis complementares definidoras das respectivas regras matrizes de incidência tributária (ex.: LC 07/70, LC 70/91, CTN). Por fim, solicita o sobrestamento do julgamento do presente processo administrativo, em razão de a discussão sobre a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas financeiras auferidas pelas instituições financeiras estar pendente de julgamento definitivo pelo E. STF no Recursos Extraordinário nº 609.096/RS, ao qual foi conferido repercussão geral. É o relatório." A manifestação de inconformidade foi julgada integralmente improcedente e o Acórdão n° 0641.549 foi assim ementado: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/01/2009 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS SECURITÁRIAS E DE CAPITALIZAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Pela decisão judicial transitada em julgado, que considerou inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, trazida pela Lei nº 9.718/98, conforme entendimento do Superior Tribunal Federal, ficaram afastadas da base de cálculo o valor das demais receitas não decorrentes da atividade principal da empresa, não restando estabelecido, na decisão judicial, que as receitas securitárias e de capitalização, e correlatas, atinentes à atividade operacional da companhia, tenham sido afastadas da incidência das referidas contribuições. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O contribuinte interpôs recurso voluntário, em que, basicamente, repete os argumentos contidos na manifestação de inconformidade. Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 16 7 É o relatório. Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 17 8 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Preliminar A Dra. Ana Paula Lui OAB/SP questionou se algum Conselheiro representante da Fazenda Nacional se considerava impedido para realizar o julgamento e os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho se consideraram aptos a realizar o julgamento. Mérito A contenda diz respeito à homologação parcial de compensação de créditos de PIS, relativos aos anoscalendário de 2001 a 2008, com débito de IRPJ, de 2008. Os pleitos foram precedidos de Pedidos de Habilitação de Crédito de PIS Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado, os quais foram deferidos pelo Fisco, porém sujeitos a ulterior revisão. Naqueles anos, conforme fl. 1.093, a Recorrente e a HSBC Financial Capitalização (Brasil) S.A., incorporada em fevereiro de 2005, exploravam atividades de seguro, cosseguro e resseguro, assistência à saúde ("segurosaúde") e capitalização. Em 04/04/2008, obtiveram sentença favorável, em sede do MS nº 2006.70.00.0040312, em que foram declaradas a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98 e os direitos de recolher o PIS com base na Lei Complementar n° 7/70 e Lei n° 9.715/98 e compensar os valores até então pagos a maior com tributos federais. No Despacho Decisório (fls. 1.077 a 1.111), consta que o contribuinte equivocouse na interpretação da sentença judicial e, por conseguinte, no cálculo do PIS indevidamente pago e passível de compensação. Da sentença, inferiu que o PIS seria devido exclusivamente sobre receitas da venda de mercadorias e serviços, não incluindo as de seguros e cosseguros e resseguros aceitos, segurosaúde e capitalização. Por seu turno, a fiscalização depreendeu que todas as receitas produzidas pelas atividadesfim seriam tributáveis pela contribuição. Com efeito, nas fls. 1.103 a 1.108, verificase que os créditos cuja compensação foi pleiteada, porém não aceita pela fiscalização, foram calculados sobre as rubricas representativas das receitas derivadas das atividades típicas de empresas de seguro, segurosaúde e capitalização. Na peça recursal, a Recorrente apresenta sua defesa em quatro pontos: Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 18 9 1) "Do erro da interpretação da DRJ quanto à decisão proferida pelo E.STF no RE n° 390.840" o julgador da primeira instância administrativa considera que tal decisão não teria excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS as receitas financeiras de instituições financeiras. Ao limitar a incidência ao faturamento, teria sim excluído as receitas financeiras. Da mesma forma, ao restringir à venda de mercadorias e serviços, inferese que as de seguros e capitalização também não comporiam a base de cálculo das contribuições. 2) "Mandado de Segurança n° 2006.70.00.0040312 o caso da Recorrente": a decisão prolatada em seu favor está em linha com a citada no item precedente: exclui das bases de cálculo do PIS e da COFINS as receitas da venda de seguros e capitalização. 3) "Impossibilidade de enquadramento das receitas de natureza securitária e de capitalização no conceito de contraprestação pela prestação de serviço" 3.1) "Impossibilidade de enquadramento das receitas securitárias e de capitalização como se prestação de serviços fossem": o STF, no julgamento da RE 116.121/SP (leading case sobre a incidência de ISS sobre locação de bens móveis), definiu serviço como obrigação de fazer, associada a esforço humano. Assim, não se pode considerar como prestação de serviços as atividades de empresa de seguros e capitalização. 3.2) "Inaplicabilidade do GATS para a caracterização dos serviços": entre outros, a fiscalização utilizou como argumento para considerar a venda de seguros como serviços o Anexo sobre Serviços Financeiros do GATS. Aduz que tal previsão aplicase a negócios internacionais, não tendo o condão de resultar na incidência de tributos sobre práticas locais que não se configuram como serviços, à luz da legislação interna. 4) "Ad argumentandum da aplicação do artigo 62A do regimento Interno do CARF pendência de análise da matéria pelo STF": na hipótese de seus demais argumentos não prosperarem, com fundamento no art. 62A do RICARF, requer o sobrestamento do processo, até o julgamento definitivo do RE n° 609.096/RS, do qual emergirá a posição definitiva do STF sobre o conceito de faturamento/receita bruta. Divirjo da Recorrente. Em suma, não depreendo das ações judiciais em que se discutiu a constitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98 que o PIS e a COFINS incidem somente sobre vendas de bens e serviços. Minha oposição, entretanto, não reside na pretensa classificação da venda de seguros e títulos de capitalização como serviços. Indiscutivelmente, não os são. Entendo que o conceito de faturamento, receita bruta, venda de bens e serviços, é amplo, abrangente, evoluiu ao longo dos anos com a expansão da atividade empresarial e deve ser entendido como o fruto, a receita obtida com as atividadesfim, principais e típicas do negócio. Nesta linha, a receita derivada da venda de seguros e títulos de capitalização deve ser incluída nas bases de cálculo do PIS e da COFINS. Destaco, por oportuno, que no presente processo, não discutiremos a inclusão ou não das receitas financeiras no rol das integrantes do faturamento ou receita bruta ou receitas típicas de empresas de seguro e capitalização. A fiscalização não glosou créditos de PIS sobre receitas financeiras. Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 19 10 De volta ao tema principal, cabe então apresentar aos Conselheiros desta Turma o processo movido pela Recorrente e os fundamentos da opinião que expus em parágrafos anteriores. Apesar da baixa qualidade da reprodução, dada a sua importância, reproduzo trechos das seguintes peças processuais: pedido incluído no citado Mandado de Segurança; a decisão que concedeu parcialmente a segurança; e a sentença que transitou em julgado, prolatada pelo TRF da 4° Região: MS nº 2006.70.00.0040312 (fl. 41) Pedido Concessão parcial da segurança Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 20 11 Sentença transitada em julgado (TRF 4° Região) Dos excertos acima, destaco que: a Recorrente pleiteou pagar PIS sobre o "faturamento"; e não obstante o fato de ser apenas a decisão de primeiro grau, o juízo que concedeu a segurança deixou claro que o conceito de faturamento não foi objeto de apreciação, por não ter sido incluído no pedido: "destacando, apenas, a inexistência de declaração na presente ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos". No tocante aos textos legais em que fundamento o entendimento acima manifestado sobre "faturamento" ou "receita bruta" ou "receita da venda de bens e serviços", Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 21 12 inicio pelos artigos 278 a 280 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3.000/99), cujo fundamento legal se encontra no Decretolei n° 1.598/77 e Lei n° 6.404/76 ("Lei das Sociedades Anônimas): Regulamento do Imposto de Renda (RIR) "Lucro Bruto Art. 278. Será classificado como lucro bruto o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua objeto da pessoa jurídica (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 11, § 2º). Parágrafo único. O lucro bruto corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços (art. 280) e o custo dos bens e serviços vendidos Subseção III (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187, inciso II). Subseção I Disposições Gerais sobre Receitas Receita Bruta Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. Receita Líquida Art. 280. A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 1º)." (g.n.) Adicionalmente, na sessão do julgamento do RE 346.084/PR (fls. 1.253 e 1.254), em que foi declarada a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, o Ministro César Peluso expressou o entendimento de que receita bruta é sinônimo de faturamento, como a soma das receitas oriundas do exercício das atividades típicas da empresa e acrescentou que, se determinadas instituições têm receitas financeiras como atividade empresarial típica, tais receitas ingressam no conceito de receita bruta como faturamento: “(. . . ) Quanto ao caput do art. 3°, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme a Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE n° 150755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de "receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços", adotado pela legislação anterior, e que, Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 22 13 a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (..) Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de "receita bruta igual a faturamento". (g.n.) O Ministro César Peluso manifestou idêntico posicionamento, quando do julgamento do AgR RE 371.258 e no AgR RE 400.479. Sobre este último, chamo a atenção dos Conselheiros para a reprodução da manifestação do referido ministro, pois trata do caso presente, isto é, tributação pelo PIS e COFINS de receitas da venda de seguros: AgR RE 371.258 “RECURSO. Extraordinário. COFINS. Locação de bens imóveis. Incidência. Agravo regimental improvido. O conceito de receita bruta sujeita à exação tributária envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais” RE 400.479AgR, manifestação do Relator, Ministro Cezar Peluso “Tendo em conta que a doutrina comercialista mais acatada reconhece há tempos a relevância da chamada teoria da empresa e que o conceito básico do moderno direito comercial seria o de atividade empresarial, substituindo a velha noção de ato de comércio, assentou o relator que se deveria formular a ideia de faturamento sob a perspectiva da natureza e das finalidades da atividade empresarial. Ressaltou que o equívoco dos que querem furtarse ao regulamento das contribuições, alegando não comercializar bens nem serviços, decorreria da não percepção da ideia mais abrangente de atividade empresarial. Disse que, embora se use definir empresa com base na noção de empresário, entendido como quem exerce profissionalmente atividade organizada para a produção e circulação de bens e serviços, obviamente não haveria como nem por onde resumir a ideia da atividade empresarial à de venda de bens e serviços, nem tampouco interpretar restritivamente o sentido da referência a esses bens e serviços. A noção seria ampla e abarcaria o conjunto das atividades empresariais, pouco importando o ramo a que pertençam. Para o relator, não seria possível deixar de correlacionar atualmente a noção jurídica de faturamento com a de atividade empresarial. Realçou que, se nem todas as receitas constituem faturamento, seria preciso reconhecer, por outro lado, que as receitas que o compõem não se exauririam na rubrica das oriundas de vendas de bens e serviços. Não seria lícito, portanto, invocar a concepção curtíssima de mercadorias ou serviços para limitar a noção de faturamento, não procedendo a argumentação quer Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 23 14 da seguradora quer das instituições financeiras de que, por não venderem mercadorias nem prestarem serviços, estariam livres da incidência da contribuição sobre o faturamento. Aduziu que a atividade econômica se expressaria das mais variadas formas e o fato de certos ramos não se dedicarem à produção de mercadorias nem à prestação de serviço ‘stricto sensu’, não lhes retiraria nem esmaeceria o caráter empresarial que está indissociavelmente ligado ao pressuposto do fato autorizador do PIS e da COFINS” (Informativo STF n. 556, de 17 a 21 de agosto de 2009 – g. n.). Por fim, imprescindível mencionar que, em sessão de 24/08/2016, a 2° Turma Ordinária destas Seção e Câmara, em processo idêntico e de n° 10980.725458/201101, proferiu decisão em desfavor da Recorrente. O Acórdão 3302003.334 foi assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/06/2008 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS SECURITÁRIAS E DE CAPITALIZAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Pela decisão judicial transitada em julgado, que considerou inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, trazida pela Lei n. 9.718/98, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, ficaram afastadas da base de cálculo o valor das demais receitas não decorrentes da atividade principal da empresa, não restando estabelecido, na decisão judicial, que as receitas securitárias e de capitalização, e correlatas, atinentes à atividade operacional da companhia, tenham sido afastadas da incidência das referidas contribuições." (g.n.) No quarto item do recurso voluntário, a Recorrente requer o sobrestamento do processo, "em razão de a discussão sobre a incidência do PIS e da COFINS sobre receitas financeiras auferidas por instituições financeiras estar pendente de julgamento definitivo pelo STF, em sede do RE n° 609.096/RS, ao qual foi conferido repercussão geral." Deste resultado, aguardase posicionamento definitivo do STF sobre a abrangência dos conceitos de "faturamento" / "receita bruta" / "receita da venda de bens e serviços", para fins de determinação das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Não obstante a pertinência do RE n° 609.096/RS com a discussão em tela, no Regimento Interno do CARF atualmente em vigor (Portaria MF n° 343/2015), não há mais previsão acerca de sobrestamento. Diante do exposto, entendo que as receitas derivadas da venda de seguros, cosseguros, resseguros, segurossaúde e de títulos de capitalização incluemse no conceito de faturamento, base de cálculo do PIS, o qual abrange as receitas das atividadesfim do contribuinte. Desta forma, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 10980.725457/201159 Acórdão n.º 3301003.166 S3C3T1 Fl. 24 15 Fl. 1317DF CARF MF
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