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Numero do processo: 10950.002635/2004-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou - se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17 - O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. Restando demonstrada a apresentação do ADA antes do início da ação fiscal, possível a exclusão da área de APP e conseqüente redução da base de cálculo do ITR.
Numero da decisão: 9202-007.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17 O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. Restando demonstrada a apresentação do ADA antes do início da ação fiscal, possível a exclusão da área de APP e conseqüente redução da base de cálculo do ITR. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 26 35 /2 00 4- 06 Fl. 393DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 24/35) referente ao Imposto Territorial Rural – ITR, relativo ao exercício de 2002, do imóvel denominado Fazenda Santo Antônio, (NIRF 0.881.5534), localizado no município de Moreira Sales/PR, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 131.253,37, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Na descrição dos fatos (f. 28/33), o fiscal autuante relata que foi apurada a falta de recolhimento do ITR, decorrente da glosa total das áreas originalmente informadas como de preservação permanente e de utilização limitada, haja vista não terem sido providenciado ADA tempestivo. Em conseqüência, houve aumento da área tributável, da base de cálculo, dá alíquota e do valor devido do tributo. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS julgado o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 29/01/2008, negouse provimento ao Recurso Voluntário prolatandose o Acórdão nº 30239.252 (fls. 215/223 – vol I), com o seguinte resultado: “ACORDAM os membros da segunda câmara do terceiro conselho de contribuintes, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da redatora designada. Vencidos os Conselheiros Marcelo Ribeiro Nogueira, relator, Luciano Lopes de Almeida Moraes e Rosa Maria de Jesus da Silva Costa de Castro que davam provimento. Designada para redigir o acórdão a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim.” O Acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE OU ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA COMPROVAÇÃO Para que as áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada estejam isentas do ITR, é preciso que as mesmas estejam perfeitamente identificadas por documentos idôneos e que assim sejam reconhecidas pelo 1BAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, ou que o contribuinte comprove ter requerido o referido ato àqueles órgãos, em tempo hábil, fazendose, também, necessária, em relação às áreas de utilização limitada a sua Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 3 3 averbação à margem da matricula do imóvel, até a data do fato gerador do imposto. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Cientificado em 18/08/2008 do Acórdão nº 30239.252, o Contribuinte interpôs, em 19/08/2008, portanto, tempestivamente, Embargos de Declaração (fls. 03/11 – Vol II), que foram conhecidos e acolhidos pelo Despacho de Informação em Embargos – Informação nº 302077, de 14/10/2008 (fl. 15 – vol. II) restando os acórdãos 30239.939, de 12/11/2008, da 2ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes (fls. 16/19 – vol II) e 3102 000.081, de 26/03/2009, da 2ª TO/1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF (fls. 20/23), assim ementados: Acórdão 30239.939 Assunto : Imposto sobre a Propriedade Terrirorial Rural – ITR Exercício: 2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Havendo omissão de matéria sobre a qual deveria se pronunciar o Colegiado, devem ser conhecidos e acolhidos os Embargos de Declaração para tornar nula a decisão embargada e ser proferida nova decisão. EMBARGOS ACOLHIDOS Acórdão 3102000.081 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ANULADO A PARTIR DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA INCLUSIVE. Deve ser anulado o processo a partir da decisão de primeira instância, inclusive, quando esta deixou de apreciar matéria trazida aos autos pelo contribuinte em sua impugnação. Processo Anulado. O processo retornou à Delegacia Regional de Julgamento de Campo Grande/MS para novo julgamento, que julgou o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Cientificado, o contribuinte apresentou novo Recurso Voluntário e os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 12/04/2011, negouse provimento ao Recurso Voluntário prolatandose o Acórdão nº 2202001.088 (fls. 333/341), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Ewan Teles Aguiar e Pedro Anan Júnior.” O Acórdão encontrase assim ementado: Fl. 395DF CARF MF 4 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2002 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A área de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, se faz necessária ser reconhecida como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente Ato Declaratório Ambiental (ADA), fazendose, também, necessária a sua averbação à margem da matrícula do imóvel até a data do fato gerador do imposto. JUROS – TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Preliminar rejeitada. Recurso negado. Cientificado do novo acórdão em 04/07/2011, o contribuinte interpôs Recurso Especial (fls. 345/369) visando o reconhecimento da ilegalidade da inserção das áreas declaradas como de reserva legal e preservação permanente como base de cálculo do ITR, excluindoas do montante do crédito tributário. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi dado parcial seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 2ª Câmara, de 10/02/2017 (fls. 373/378), que assim se posicionou: Fl. 396DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 4 5 “O Recurso Especial é disciplinado pelo Art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015 e visa rediscutir as seguintes matérias: inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Preservação Permanente (APP) da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante; e inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Reserva Legal da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante. Ressaltase que o sujeito passivo discorre sobre ambas as matérias como se fossem uma só e, almejando demonstrar a divergência, indica o Acórdão 30335.585 como paradigma e elabora o cotejo adiante reproduzido: (...) Em relação à primeira matéria inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Preservação Permanente (APP) da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante , constatase que o cotejo promovido pelo sujeito passivo demonstra a existência de um dissídio interpretativo, como adiante resumido. (...) Quanto à segunda matéria inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Reserva Legal da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante , o recurso do sujeito passivo não merece a mesma sorte, pois o paradigma cuida, exclusivamente de áreas de preservação permanente, não trata das áreas de reserva legal. Destarte, verificado que o paradigma não trata da matéria ora examinada, o recurso não pode ter seguimento no tocante à segunda matéria inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Reserva Legal da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante. Diante do exposto, com fundamento no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, proponho que seja DADO SEGUIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial, interposto pelo sujeito passivo, para que seja rediscutida a primeira matéria inexigibilidade do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de exclusão da Áreas de Preservação Permanente (APP) da tributação do ITR, relativamente aos exercícios de 2001 em diante.” Em seu recurso, o contribuinte traz a ementa e voto da decisão do Terceiro Conselho de Contribuintes no processo 10950.002680/200452, acórdão paradigma 303 35.585, verbis: Paradigma Acórdão 30335.585 Ementa Fl. 397DF CARF MF 6 "Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. A área de preservação permanente goza de isenção de ITR conforme dispõe o art. 11, inciso I, da Lei 8.847/94. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ADA. DESNECESSIDADE. A área de preservação permanente, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, por meio de Ato Declaratório Ambiental, conforme disposto no art. 3º da MP nº 2.166/2001, que alterou o art. 10 da Lei nº 9.393/96, cuja aplicação a fato pretérito à sua edição encontra respaldo no art. 106, “c”do CTN. (...)" Voto "(...) Da leitura dos dispositivos acima transcritos, cabe registrar, que a legislação de regência estabelece ser o ITR lançado por homologação. Desse modo, permite da exclusão da sua base de cálculo a área de preservação permanente, sem necessidade de Ato Declaratório Ambiental do IBAMA. Nesse contexto, cabe mencionar, que no que tange à obrigatoriedade da apresentação tempestiva de Ato Declaratório Ambiental ADA, previamente ratificado pelo IBAMA, com a indicação das áreas de preservação permanente, com base na redação do art. 10, § 7o, da Lei n. 9.393/96, alterado pela Medida Provisória n. 2.16667, depreendese que, as declarações para fim de isenção das áreas de reserva legal, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante". Em seguida, traz parte da decisão do acórdão recorrido para demonstrar a divergência: “É oportuno salientar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem entendido em suas decisões de que a dispensa de comprovação relativa às áreas de interesse ambiental (preservação permanente/utilização limitada), conforme redação do parágrafo 7º, do art. 10, da Lei nº 9.363, de 1996, introduzido originalmente pelo art. 3º da MP nº 1.956 50, de 2000, e mantido na MP nº 2.16667, de 2001, ocorre quando da entrega da declaração do ITR, o que não dispensa o contribuinte de, uma vez sob procedimento administrativo de fiscalização, comprovar as informações contidas em sua declaração por meio dos documentos hábeis previstos na legislação de regência da matéria. Enfim, a solicitação tempestiva do ADA constituise em ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo legal, o requerimento do ADA. (...) Desta forma, não tendo sido comprovada a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado, cabe manter as glosas efetuadas pela Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 5 7 fiscalização em relação às áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal”. Argumenta que na linha percorrida pela recorrente, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu que a MP 2.16667/2001, que desobriga os contribuintes do ITR a apresentarem o ADA/IBAMA, tem até efeito retroativo, sendo que se aplicaria o dispositivo ao caso em tela, pois versa sobre período posterior à ainda vigente medida provisória que alterou texto de lei ordinária. Ressalta que o §7º do artigo 10 da Lei Ordinária nº 9.393/96, que trata especificamente do ITR, é muito claro a esse respeito, verbis: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. (...) §7º. A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas “a” e “d” do inciso II, §1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. Conclui que uma vez demonstradas as divergências com posicionamento do CARF e com julgado do Superior Tribunal de Justiça, assim como demonstrada a ilegalidade pela contrariedade ao §7º do artigo 10 da Lei Ordinária nº 9.393/96, resta a reforma da decisão recorrida para afastar a incidência do ITR sobre as áreas declaradas como de reserva legal e preservação permanente pelo recorrente. O contribuinte foi cientificado do despacho de admissibilidade parcial de seu recurso especial em 14/03/2017 e não apresentou Agravo. A Fazenda Nacional tomou ciência do despacho de exame de admissibilidade que deu parcial seguimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte, e não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 399DF CARF MF 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial a fls. 373. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO Conforme podemos extrair do relatório deste voto a delimitação da lide a ser reapreciada diz respeito a obrigatoriedade de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para exclusão da APP – Área de Preservação Permanente da tributação do ITR/2002." Quanto à área de APP em discussão, assim, manifestouse o acórdão recorrido, no sentido da Exigência do ADA até o início da ação fiscal, com vistas a comprovação da APP. Senão vejamos como o acórdão recorrido tratou a questão: Os presentes autos tratam do lançamento de ITR do exercício de 2002, portanto, a exigência do ADA para fins de exclusão da base de cálculo daquele tributo encontra respaldo legal, pelo quê, deve ser mantido quanto a este ponto, já o recorrente não comprovou nos autos a protocolização, mesmo que intempestiva, do requerimento/ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado. É oportuno salientar, que Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem entendido em suas decisões de que a dispensa de comprovação relativa às áreas de interesse ambiental (preservação permanente/utilização limitada), conforme redação do parágrafo 7°, do art. 10, da Lei n° 9.363, de 1996, introduzido originariamente pelo art. 3º da MP n° 1.95650, de 2000, e mantido na MP n° 2.16667, de 2001, ocorre quando da entrega da declaração do ITR, o que não dispensa o contribuinte de, uma vez sob procedimento administrativo de fiscalização, comprovar as informações contidas em sua declaração por meio dos documentos hábeis previstos na legislação de regência da matéria. Enfim, a solicitação tempestiva do ADA constituiuse um ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo legal, o requerimento do ADA. Portanto, não há outro tratamento a ser dada às áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal glosadas pela fiscalização, por falta de comprovação da exigência tratada anteriormente, que devem realmente passar a compor as áreas tributável e aproveitável do imóvel, Fl. 400DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 6 9 respectivamente, para fins de apuração do VTN tributado e do seu Grau de Utilização (do imóvel). Desta forma, não tendo sido comprovada a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental — ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado, cabe manter as glosas efetuadas pela fiscalização em relação às áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal. Antes mesmo de apreciarmos a questão, importante destacar como entendo deva ser interpretada a legislação. Inicialmente convém fazer considerações acerca da incidência do ITR, e das hipóteses de sua isenção. O imposto sobre a propriedade territorial rural ITR, de competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: "Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município." Em consonância com disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.° 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. 1°, como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município". No caso, muito embora para as áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental específica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5° da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5°, XIII, da CF). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verificase que a legislação, muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela legislação cível. Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.° 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1° Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: Fl. 401DF CARF MF 10 [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989". No que pertine a chamada "área de preservação permanente" (APP), dispõe o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas Resoluções CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: "Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observarseá o Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 7 11 disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3° Consideramse, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2° As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei." Destacase que até o exercício de 2000, não existia para área de preservação permanente, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art. 17O, da Lei Federal n.° 6.938/81, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n.9.960/2000, o seguinte: "Art. 17O. Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama 10% (dez por cento) do valor auferido como redução do referido Imposto, a título de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistoria. § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é opcional." Em relação ao período até 2000, inexistindo fundamento legal para a entrega tempestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela legislação atinente ao ITR, foi aprovada súmula nos seguintes termos: Fl. 403DF CARF MF 12 "A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000." Já para o período do lançamento, ora sob análise, devese ter em mente que com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (... ) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ao apreciarmos a mudança da lei fica clara a possibilidade de exigência de apresentação do ADA, como requisito indispensável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Apenas esclarecendo meu posicionamento acerca do aspecto temporal em consonância com outros votos apresentados, admito a apresentação, mesmo que extemporânea do ADA, ou seja, ate o ínicio da ação fiscal, o que resta demonstrado conforme cópia de ADA apresentada às fls. 7 dos autos, apresentado em 27/03/2004. Em relação ao prazo para apresentação do ADA, trago a baila trecho do voto do Dr. Heitor de Souza Lima Júnior, , Acórdão nº 9202003.620 de 04 de março de 2015, onde o mesmo analisa os aspectos legislativos sobre o tema, chegando a conclusão que mais me parece acertada acerca da interpretação da lei sobre a matéria, razão pela qual adota seu posicionamento como razões de decidir: No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.° 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveuse a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária'" (PONTES, Helenílson Cunha). O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 8 13 retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Fl. 405DF CARF MF 14 Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.° 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10950.002635/200406 Acórdão n.º 9202007.313 CSRFT2 Fl. 9 15 Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/ 01, que assim dispõe, verbis: "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Adotando o posicionamento do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, considerando que a entrega do ADA no caso da área de Preservação Permanente é obrigatória para redução da área a ser tributada, porém considerando a inexistência de expressa previsão legal acerca do prazo para sua entrega, entendo que a entrega de ADA até o início do procedimento fiscal se presta a demonstrar a comprovação de sua existência, corroborada com o presente de laudo técnico. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se o contribuinte, até o início do procedimento fiscal, EM 30/03/2004, data da ciência da intimação, já havia informado ao órgão ambiental estadual ou federal a existência das áreas de preservação permanente informadas em sua declaração, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Compulsandose os autos verificase que CONSTA ADA, fato trazido inclusive na impugnação (fls. 7) e recurso (fls. 106, no montante de 112,4 ha. Nestes termos, discordo do acórdão recorrido, tendo em vista entender, restar demonstrada a entrega do ADA em período anterior ao início da ação fiscal CONCLUSÃO Face todo o exposto voto por CONHECER DO RECURSO do Contribuinte, para no mérito DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 407DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.900752/2008-08
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 20 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
Nulidade DA DECISÃO RECORRIDA Argumentos DE DEFESA NÃO APRECIADO CERCEAMENTO AO DIRETO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO "Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não Mi exposto de forma a se caracterizar corno questão contravertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora.
PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVAS. ERRO NA
BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não
integram a base de cálcido para fins de apuração das estimativas.
APURAÇÃO DO INDÉBITO COMPENSAÇÃO, ADMISSIBILIDADE
Somente são dedutiveis do IR.P.1 apurado no ajuste anual as estiinativas pagas
em conformidade com a lei O pagamento a maior de estimativa caracteriza
indébito na data de seu recolhimento e, com O acréscimo de juros à taxa
SEI 1C, acumulados a partir do mês subseqüente ao do iecolhimento
indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP,
inclusive com o próprio IR PI apurado no ajuste anual, Irias sem a dedução
daquele excedente, e considerando, também, os acréscimos inoratótios
incorridos desde 1° de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei
Numero da decisão: 1101-000.299
Decisão: Acordam os membros; do colegiada por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da (Iceis:ir) recorrida e dar provimento parcial :to recurso para reconhecer O direito creditório pleiteado e homologar a compensação do debito com os acréscimos moratórios pertinentes, ate, o limite do valor atualizado do credito na data da entrega da DCOMP, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, por se tratar de pagamento indevido e DCOMP verificados antes de 29/10/2004
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 Nulidade DA DECISÃO RECORRIDA Argumentos DE DEFESA NÃO APRECIADO CERCEAMENTO AO DIRETO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO "Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não Mi exposto de forma a se caracterizar corno questão contravertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVAS. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não integram a base de cálcido para fins de apuração das estimativas. APURAÇÃO DO INDÉBITO COMPENSAÇÃO, ADMISSIBILIDADE Somente são dedutiveis do IR.P.1 apurado no ajuste anual as estiinativas pagas em conformidade com a lei O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com O acréscimo de juros à taxa SEI 1C, acumulados a partir do mês subseqüente ao do iecolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP, inclusive com o próprio IR PI apurado no ajuste anual, Irias sem a dedução daquele excedente, e considerando, também, os acréscimos inoratótios incorridos desde 1° de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei
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Voluntário Acórdão n" 1101-00.299 V' Câmara / i a Turma Oidinaria Sessão de 20 de maio de 2010 Matéria DCOM P PGIM - IRP.1 Recorrente NARDIN1 AGROINDUSTRIAL 'VIDA lecort-ida 5a -turma da DR.I/Ribeirão Preto ASSIIN 10: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 NIfIJDADE DA DECISÃO RECORRIDA ARGUMEN"I O DE D1TE.SA NÃO APRECIADO CERCEAMP.NTO A() DIRECTO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO "Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não Mi exposto de forma a se caracterizar corno questão contiovertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora.. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVAS. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não integram a base de cálcido para fins de apuração das estimativas. APURAÇÃO DO INDÉBITO COMPENSAÇÃO, ADMISSIBILIDADE Somente são dedutiveis do IR.P.1 apurado no ajuste anual as estiinativas pagas em conformidade com a lei O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com O acréscimo de juros à taxa SEI 1C, acumulados a partir do mês subseqüente ao do iecolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP, inclusive com o próprio IR PI apurado no ajuste anual, Irias sem a dedução daquele excedente, e considerando, também, os acréscimos inoratótios incorridos desde 1° de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei Vistos, relatados e discutidos os presentes autos 64: 1+ Acordam os membros; do colegiada por unanimidade de votos, evo rejeitar a preliminar de nulidade da (Iceis:ir) recorrida e dar provimento parcial :to recurso paia reconhecer O direito creditório pleiteado e homologar a compensação do debito com os acréscimos morator ios perfinentes, 1.1,(1., o limite do valor atualizado do credito na data da entrega da DCOMP, nos termos do relaIorio e voto que integram o presente juigado Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Eduardo de Almeida (-luar oiro, por se tratar de pagamento indevido e OCOMP verificados auges de 29/10/2004 - F RANC1S . 7. ) DE SAfF'S RIBEIRO DF QUEIROZ - Presidente DELI PER EIRA BESSA - Relatora EDI ADO EM: 01/06/2010 Participaram (l:i sessão de julgamento os conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente da turma), Alexandre Andrade lima da Fonte Filho (Vice- Presidente), Carlos Fduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira I3essa e Shelley Henrique Dalcam nu Ausente o conselheiro Jose Ricardo da Silva 9 Processo o' 1ü840.90075'2»,(1M-08 Sl-CIT Acórdão ' 1101-00.299 hl .) Relatório .NARDIN1 AGROINDIISTRIAL LTDA,.ja qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 5" 'Turma da Delegacia da Receita Federal de JÁ:ligamento cie Ribeirão Preto/SP, que por unanimidade de votos, INDEFERIU a manifestação de inconformidade interposta contra o despacho decisório que não homologou a Declaração de Compensação -- DCOMP n" 04109 11495 300304 1.3.04-2801, por meio da qual a contribuinte fez uso de pagamento indevido ou a maior de fR..P1 verificado no período de apuração encerrado em 31/05/2003. Consta. da decisão recorrida o seguinte relato: Trata-se de Manif estação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório, em que fii aprecicula a Declaração de Compensação (1'1' R/DC011,.' 1P) de fis 01/05, por intermédio da qual a contribuinte pretende compensar débitos (IRP,1 — código de receita 2430) de ma responsabilidade com créclao decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (IRRI eó(ligo de receita 2362) Por intermédio do despacho decisório de fls 06/08, não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por. Lonseguintc, não-homologada a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que o pagamento 1/7/armado corno origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos cia contribnime, "não restando crédito disponível para compen1V0;:i0 dos débitos 1-rizrrna(los noPPR/DCOMP" h-resignada, interpôs ei contribuinte manikstação dc inconjOr alidade de f7s_ 10/14, acompanhada dos documentos delis 15/59, na qual alega, em apia toda síntese, que o despacho élecisóHo não homologou a compensação declarada, em razão da declaração (0(7'1'), original apresentada, relativamente ao 2" trimestre de 2003, infOrmar para o débito de IR RI, relativo ao més LIC maio/2003, o antigo valor declarado, constituindo evidente erro matei tal, o que poderia ser sanado pela simples retificação cio DCIF do 2' trimestre de 2003 e pela verificação da DIP11.2004 Ao final, fr rquer "a desconstituição 'in 'Atum' do lançamento efetuado pela .Autoridade Fiscal, considerando-se eutinto o suposto crédito tributário e determinando--.se, por conseqüência, o arquivamento do processo administrativo dele originário e, ainda, se neces. s-ario permita a retificação das informaç(')es deduz atlas na DCII, para que se possa respeitar a eu/idade dos fatos" í o relatório A Tir Mia Julgadora recorrida afastou tais alegações argumentando que: • Confirmou que o recolhimento efel uado paia o mês de maio/2003 foi integralmente utilizado para liquidação de débito de mesuro valor informado na DC 1 . 1 do 2" 1rimestre/200.3, concluindo que não há cor ração a sei feita no despacho decisório, lendo em conta a inobser várzea(' de i equi sito básico para f»winalLação da compensação .sob exame, qual ..se/a, a exi,stência run indébito tributário janto- á Fazenda Nacional.. 3 • R.essalton que o reconhecimento de diicito creditório exige, prova de sua liquidez e certeza mediante confrontação com os iegistros contábeis e fiscais, cumprindo à contribuinte trarei, por ocasião do presente contencioso, Justificativas !astreadas em lança/MN/1'0S contábeis que identifiquem, inequivocamente, a bas'e de cálculo do .11/1)1 do mês de inalo de 2003 ▪ A apresentação, tão só, da Dl 1' não é suficiente para a retificação pretendida, tendo eia con1a o disposto no art 923 do RIR/99. e tais elementos devem ser trazidos na peça impagnatória., consoante dispõe o art 1 6,§§ 4' e 5' do Dccieto n" 70.2,35/72, com a iedação dada pela Lei n" 9.532/97.. C,ientificada da decisão de prim.eita instância em 17/08/2009 (11. 67), a contribuinte interpôs reCUTso voluntário, tempestivamente, em 16/09/2009 (11s (i8/78), Do (Vai., inicialmente, argúi a nulidade da decisão recoriida, por ter deixado de apreciar o lato de a 1)EPI/2004 ter sido objeto de fiscalização, vinculada ao MPF ri" 0810700/2005/00084-2. Entende indiscutível a existência de indébito de I .R .P1 no mês de maio/2003, por ler incluído, inadvertidamente, na ba.sv de cálculo deste o valor dos rendimentos obtidos com aplicações financeiras, inChf.5(-10 es .:112solutainente indevida, a teor dos artigos 32, combinado com as regras dos artigos 65 a 75, iodos da Lei a"8 981/95, tais valores de rendimentos não devem inte1ar a base de cálculo do imposto de renda mensal calculado COM baNC TU! receita bruta O acréscimos Afirma que o erro material cometido na DC . 0 do 2' trimestre/2003 toi corrigido com i apresentação da 1)IP.1/2004, e esta, por sua vez, foi examinada e chancelada pela Soer etorio do Receita Pedem!, através da fiscalização levada a dc. 'ito nos (1110.1' calendários de 2 001 a 2 004 Este piocedimenfo, obviamente, tratou de CONTRASTAR e DIPI/2004, bem como a 1)CW' do 20 trimestre do 2.003, com os 1 egistros contábeis de conte no ativo do IRRI a 'ocupei ai, tendo ainda examinado e conferido a cApressão deste direito em balanços e balanceles, os Livros Diários e Razão. Assim, se tais elementos já foram apresentados à Secretaria da Receita 1 ,• edcral, imprópria se mostra a conclusão expressa no acórdão guerreado, de que a couttibuinte deveria, para provar o indébito utilizado, api escutar Seus registros contábeis Em seu entendimento, ao examinar a DTP.I/2004, retificadora das infOrmacões lançadas na D(.71' do 2') trimestre de 2 00.3, a fiscalização da Receita redcral nenhum óbice fOrmulou, inclusive no que tatWe (10 Cr Mit0 apulado, exatamente porque a encontrou em consonância com as regias e clocumenkn suja a cs'wcificados. Subsidiitriamente aponta a necessidade anulação do acórdão recorrido, para que se promova diligência com vistas a novo exame da documentação i" atilicadoi a do (Tecido apui (ido, citando acórdão da 8' Câmara do Primeno Conselho de Contribuintes ., e Feportando- se a doutrina que trata do dever investigatório da ígido pela &sei icionai iedade da ani01" (ide /isca/ e do necessário abrandamento das normas que tatam da 1)i-eclusa° no âmbito do processo administrativo, com vistas a invocar a aplicação do princípio da verdade material 6() • É o relatório. 4 Proces_w) n" I 0840 90a152/2005-W Si-CM Acórfflo Il.." É 10 I -09.299 I.-'1 3 Voto Conselheira -ED17,1.1 PER.F.IRA E31.;..SSA A recorrente argúi a nulidade do acórdão proferido pela 5' Turro.a de Julgamento da DR.I/Ribeirão Preto, que não teria apreciado sua alegação .. relativa ao procedimento • fiscal desenvolvido em 2005, tendo por objeto, inclusive, a apta-ação do IR pj no firo-calendário 2003. Observa-se, contudo, que. a única referência a este assunto, confida. na iinpugnacão, está assim expressa: DA IMPROCEDÊNCIA Na descrição ‘loY Mios que originaram a presente intimação, a ,411ditor2a Interna da Receita .rederal do Brasil dispõe ter constatado iriegulat idades no crédito vinculado a Declaração de Compensação, qual seja o crálito do pagamento indevida ou a maior do IRP,I. riftre..nte ao período de apufação de 31/05/2003. Analisando a DC1:1, ' refirente ao período de apwação do crédito supra, verifica-se que a _suposta irregularidade se deu em face da inadvertida retificação da DCIF, onde ainda coilstain Os antigos valores declarados rafe; ente ao per iodo de apuração de 31/0512003, constituindo . se, poi tanto, em eliclente e; ; o material (Anexo I) Assim, essa divergência is ou a intimação, mas, no entanto, poderia ser facilmente sanada pela simples retificação da DCFP do 2 0 truntre de 2003 e também pela verificação da :LM-U/2004 (Anexo 11) Contudo, ressalte-se ctinda„ que a Impugnanie "'Ora fiscalizada nos anos- calendários de 2001 a 2004, exercícios 2002 a 2005, conforme consta do l'etmo de Constatação Fiscal 11 0 01 - MPF 0810700/2005.100084-2, encerrada em 06/07/2005. Destarte, a conclusão que se chega t": que, ditar entemente do apnrado na inumação em referencia, a impugnante nada deve ao erário páblico, devendo por isso mesmo .ser homologado o crédito de R$ 136.346,10 (canto a trinta £5105 ;MI trezentos quarenta a seis reais e dez: cent(tvos) postulado. (negrejoa-se) Como se vê, a argumentação da impugnante enfatizon, apenas, o erro • material da IX71.1:, que deveria ser desprezada em face das informações prestadas na DTP.] A fiscalização dos anos-calendário 2001 a 2004 é apenas noticiada, sem n qualquer esclarecimento quanto ao seu alcance ou aos seus efeitos, como agora -faz a coritribuinte em seu recurso voluntário, ao afinuar que O referido procedimento fiscal ensejou a revisão da 1 IPJ/2004 e,' c, seu entendimento, a admissibilidade dos valores nela expressos. Importante obseTvar que a Constituição Federal assegura aos litig-antes, em prore.s'..50 judiciai ou administrativo, e aos acusados em geral o direito :.i. contraditório e 0101210 defesa, Com os meios e 1 .eci1/005 a ela inéTerries l':. neste sentido, o Decreto n" 70235/72 assim regula a instauração do contencioso no ',:itribito administrativo: Ar/. 14. /1 impág;nação da ..'.A.i ...:eilcialilSi(lLIFO (1 fi-r..w litigiosa do proúüdimento ,_.P U‘' '..._.) .:; . . 1 5 4 anpugruiç Ao, Jorinalizada por escrito O instrunla com os documentos effrl (.11:1Csi. .11.1,14(21PCIltat SCI A apresentada rio ór::::,, ão preparador no pra=o de trinta dias, contados da data em que ,for feita a intimas-.:ão da exigência Parágrafo único iVa hipótese de devolução do pi ar-0 pura impugnação do agravamento da extgênc'ia uncial, decorrente de decisão de primeira instância, o prazo para. (fp, esentação de nova impugnação, começará a fluir a partir da ciencza dessa (h:visão (Redação dada peiu Lei ii 8 748, de 1993) Art 16 A impw.,, riação meucionará 1 - a iunoridade julgadora a quem A dirigida, 11 - a qualificação do impugnante., 111 -- Os motivo de fato e de direito em que se finidamentd os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, (Redação dada pela lei 8.748, de 1993) 1I/ - ou perícias' que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que 05 JUN/ifiqUern, com ii j("»1711VCIK:C.-10 (los quesitos T'Çià ewte: aos exames desejados, assim e01/10, 110 CuSV de pf.'riCia, o notrze, o endereço O qualifh- ofissional do seu perito (Redação dada pela Lei n" 8 748, de 1993) - se a ir/ater ia impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei t-10 11 196, de 201)5) 1' Con.sidei ai -.se -á não _formulado o pedido de diligência 00 1-rericia que deixai de atender aos requisitos previstos no inciso IV I/O mi /6. (Incluído pela -Lei a' 8 748, de 1993) 2 11,:' (.14i?so ao impu,gnante, OU O seu representante legal, 1/7/1 es.pressões injuriosas lias escritos apresentados no processo, cabendo ao Julgador, de ofício ou a reqUeFilVellt0 do olimdido, mandar risca-ias (Incluído pela I,ei n" 8 748, de 1993) 3' Orlando o iMplignarne nurnicipal, estadual ou e.5 tf angeif o, provar lhe -á o teor e a vigência. se assim o determinai o julgac.loi (Incidido pela Lei 11" 8 748, de 1993) A prova documental ser .á apresentada Mi iMplIgnaÇãO, preeluindo o direito de o irripugnanteliuê-lo om 0011(1 momento processual, a menos que (Incluído pela Lei n" 9 532, de 1997) a) fique demonsti ada a impos.sibilidade do sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(1.n.cluído pela Lei n" 9 5:32, de 1997) 19 I dita 50 (7 MO 011 (.1 direito WerVenienterpn c 1 uido pela Lei n" 9 532,, de 1997) c) destine-se a contrapor Jatos ou razoes po i o r e ri t;azidas aos autos (Incluído pela Lei n" 9 532, de 1997) ;, 5" À juntada de (/0CIIT00011) após a deverá Sei I' CCIVer ICIA1 autoridade julgadora, mediante petição em que se dona 051/ e com JUndamentos, o(yrrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo arder ior (Incluído pela ei o" 9 532, de 1997) 6" Caso já tenha sido proji.vida a decisão, Os documentos apresentados pei 172MICCetãO i2OS (111105 para, se for interposto recurso, serem apr eeiaders pela autoridade julgado; a de segunda instância. (Incluído pela 1, ei a' 9 532, de 1997) Contudo, relativamente ao ponto em debate, a impugnação, no 'âmbito material, não observou tais exigCtneias., em especial o art 16, inciso Hl do Decieto n() 70.235/72, que e:,çige do interessado a fixação, individual e concreta, dos aspectos impugnados, firmando questões controvertidas que, ai sim, merecem a atenção da autoridade julgadora, sob pena de cerceamento ao direito de defesa.. Pcocc--,::. o" 1 0840„900752/20N-N S1-C1111 Ac:órd*o o' 1.101-00.299 1-'1. 4 A mera. notícia de um procedimento fiscal anterior não constitui, por si só, questão controvertida cuja omissão, na apreciação procedida no acórdão rec000do, possa ensejar a sua nulidade. Por tais motivos, rejeita-se a arfi.iiço de nulidade da decisão recorrida.. No mérito, aduz ter recolhido a maior a estimativa de 1RPJ devida em maio/2003, e embora a DC li do .20 trimestre/2003 aponte que outro seria o débito, a DIPJ relativa ao ano-calendário 2003 teria retificado aquela apuração, sendo posteriormente conferida e admitida em procedimento fiscal desenvolvido em razão do 'Mandado de Procedimento Fiscal — MPI, que cita.. -- .Registre--se que a recorrente não traz cópia do referido M PE, ou de qualquer (MIS() termo lavrado pela Fiscalização em razão de sua execução. Apenas menciona, na impugnação, que dela resultou o Termo de Constatação 1 ,',..s(al ri(' 01 • i1/11"». 0810700/2005100084-2, encenada em 06/07/2005. É possível, porém, que a recorrente esteja se referindo à exigência formalizada nos autos do .processo administrativo n" 10850.001.767/2005-11, distribuído a esta Conselheira para julgamento do recurso voluntário n" 156.234. Daqueles autos, extrai-se: • O MPF n." 08,1..07..00-2005-00084-2 teve por objeto a verificação do IP1 devido em 1998, 2000, 2001 e 2002, bein como verificações obrigatórias da correspondência entre os valores declarados e os valores apurados .pelo sujeito passivo era sua escrituração condini e . fcal, em relação aos tributos e contribuições administrados pela SI?l nos últimos di7C0 anos e no período de execução clesui.• Procedimento Fiscal. • Em paralelo às análises de pedidos de ressarcimento de 'PI relativos aos períodos de 01/01/1998 a 30/09/2002, a autoridade Fiscal exigiu a escrituração contábil e fiscal da contribuinte no período de 01/03/2000 a 31/01/2005, inclusive destacando a necessidade de apresentaçã.o da transcrição dos balanços ou balancetes de redução/suspensão eventualmente levantados para apuração de estimativas do IR VI e da CSLL.. • Centrando as análises nas contas Lavoura em Uormação, Lavouras a Amortizar e Safra Uundada, nos periodos de 03/2000 a 01/2005, a autoridade lançadora verificou os lançamentos contábeis e fiscais pertinentes à depreciação acelerada incentivada na coo ia Lavoura era Formação, aparando lri frações inclusive no ano-calendário 200:3.. • Corno prova, a autoridade fiscal juntou cópia do Livro de Apuração do .Lucro Real 1AJ11R, relativo ao lucro real apurado em 31/12/2003, destacando os ajustes ao lucro líquido e a apuração do IRP1 a pagar, que fbi reconstituída para fins da exigência promovida, • No denominado Termo de Constatação Fiscal a" 01, lavrado eai razão da redução indevida do IR P.1, a fiscalização confirmou que a empresa fiscalizaria atendeu à intimação de deixar à disposição da .fiscalização os livros fiscais e contabr-i:-is rekrente ao período de 01/03/2000 a 31/01/2005, mas limitou-se a descrever a infração constatada nas contas contábeis analisadas, e antes mencionadas, Seio lirrnal- qualquer juízo acerca de outros aspectos da apuração do 1R.P1 do ano-calendário 2003. • O auto de infração correspondente foi lavrado em 27/06/2005, e cientificado à contribuinte, juntamente com o Termo de Constatação n" 0.1, em data que, aposta manualmente em tais documentos, aparenta ser 08/07/2005, e não 06/07/2005, como írídiea a recorrente Ela evidências, portanto, que este seria o procedimento fiscal. ao qual se retei e a recorrente . 1. odav ia, nele não está firmada qualquer validação da apui ação das estimativas no ano-cal ei idar io 2003 De tato, a autoridade lançadora concentrou-se na apreciação das adições e exclusões promovidas na apuração imual do lucro real e, recompondo-o, determinou novo IRfl devido no período, que confrontado com o apurado no LALUR em 31/12/2003, resultou na diferença que foi objeto de lançamento de o ficio Relevante anotar que no processo il.(' min i sicativo ri" 10850.001767/2005-11 sequer estão ,juntadas as fichas da DIPJ correspondentes à apuração de estimativas. A evidenciar que a fiscalização apenas questionou o .E.R.P.1 devido na apuração anual, nos autos do piocesso administrativo reter do somente constam as fichas de apuração do lucro real anual e do cálculo do imposto de renda sobre o lucro real anual. Esta, por sua vez, discrimina que a contribuinte apurou 1R1.1 de R$ 4.435.259,86, somado a adicional de R$ 2 932.839,91, dos quais [oram deduzidos R$ 28.227,20 a título de Programa de Alimentação ao Trabalhador, R$ 10 000,00 por destinacão a Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Como initecipações, foram infOrmados R$ 966,653,01 por retenções na lorde, R$ 140 741,44 incidentes sobre ganhos no mercado de renda variável e R$ 3 916.086,41 pagos por estimativa, resultando em imposto de renda a pagar de R$ 2.306.341,71 Já oI,ALUR de 31/12/2003, embora apresente 1RP 1, adicional e deduções coincidentes, mostra-se divergente em relação a parte das antecipações informadas na D1P1 retenções na fonte representam R$ 1 107.394,45 (possivelmeríte a soma das retenções na fonte de R$ 966.653,01 e das incidências sobre ganhos no .mercado de renda variável de R.$ 140 741,44) mas não há pagamentos de estimativas, e sim Compensaçiio do IRP,I Pel iodos Anteíioies, no valor de R$ 5..317 840,46, restai-ido R$ 904 587,56 de fRPJ a pagar. Contudo, como este montante de R$ 5 317.840,46 corista de demonstrativo apresentado pela recorrente nestes autos (t1 127) a titulo (.1e recolhimento de estimativas de janeiro a dezembro/2003, é razoável inferir que não se trata de compensação, mas sim dedução, e não de pef iodos anuais anteriores, mas sim dos períodos mensais que integram a própria apuração anual dc 2003 Corno as apurações realizadas pela fiscalização, refletidas em Demons0 ativo de Retcação da Aptuação do Lucro Real -- 4/C 2001 a 2001, h untaram-se a determinar a diferença de lucro real tributável, e a informar, já de plano, que o 1.R11 declarado de k$ 4,435259,86 era inferior ao apurado de R$ 4 751 506,17, claro está que a autoridade lançadora, neste niomento, não adentrou, sequer, ao cálculo do adicional, quanto mais antecipações consideradas nas apurações contidas na Min e no LA 1.1R. O mesmo se diga d.o Denionsh ativo de Apinação que acompanha o Auto de Infração: por partir do valor tributável liquido determinado no ano-calendário 2003, o imico elemenk.) da DIP5 considelado é o lucro real declarado, com vistas à apuração da regular incidência do adicional De toda sorte, o que se recolhe destes elementos é o fato de o LALUR contribuinte, apresentado àquela fiscalização, apontar consumo nitegial das estimativas de R$ 5.3 17.848,6$ para fins de determinação do IRP.I a pagar no período, rk.sultando em um saldo 6-1.4) 5 Processo rt'' 10840.900752/21)08-1)8 Si-CIT1 Acórdão o 111)1-1)0..299 21 .'1 devido de R$ 904..587,56, ao passo que na DEP.I a contribuinte preferiu considerar estimativas de apenas R$ 3.91(L.086,41, o que resultou em IRP1 a pagar de R$ 2.306..341,71 . Ou seja, o procedimento fiscal anterior não convalida a DIPI, mas sim . evidencia seu descompasso com o LALUR, e precisamente na utilização do valor total recolhido a título de estiinativas no ano de 2003 pata fins de reduzir o IRPJ apurado no ajuste anual, Infere-se, dai, que ao apresentar a DCO.M.P n" 04109.11495 300304.1.3.04- 2801, em 30/03/2004, a. contribuinte.. desfez a utilização das estimativas antes procedida no 1,ALIJR., e assim constituiu indébito que se prestou a liquidar outro débito Todavia, o débito compensado é justamente o IR P„I devido na apuração anual, com vencimento em 31/03/2004 Ou seja, a contribuinte desfez parcialmente a dedução das estimativas indicada no LA I ,UR para -utilizar-se da diferença em compensação com o mesmo débito Diante destas circunstâncias, mesmo se indevida tbsse a compensação de créditos de estimativas, na medida em que el.a se Er.ez com débitos do -1RP.J. devido no ajuste do mesmo ano-calendário de apuração das estimativas, a inadmissibilidade daquele indébito ensejaria o seu necessário reconhecimento como dedução do IRPSI, e conseqüente redução do débito compensado.. Em verdade, a diferença entre os dois procedimentos reside no fato de o indébito ser atualizado com ,juros à taxa S11,1C desde o momento do recolhimento indevido --, mais precisamente a padir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente, ao mês em que estiver sendo efetuada, na forma do art. 39, § 4" da Lei n" 9 250/95 c/c int. 73 da Lei n" 9.532/97 -- ao passo que o [RR.' apurado no ano-calendário de 2003 somente recebe acréscimo de juros SELÍC a partir de 1" de -fevereiro/2004 até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento, na forma do art. 60 , §2_," da Lei n" 9..430/96.. Tanto o é - que a recorrente reconheceu na DC - 11.; n" 1000.000.2007.. 1740480346, relativa ao 1" trimestre/2004, saldo a. pagar de f-k PI devido no ano-calendário 2003 no valor de -R$ 738 0.26,88, que em comparação com o saldo a pagar inicialmente apurado em sua escritunação (R$ 904.587,56, elevado a R$ 923.402,98 em razão dos juros devidos até 31/03/2004) resulta na diferença de R$ 185.376,10, atribuível aos juros imputados nas DCOMP aos indébitos 'mensais, até sua compensação em março/2004. Relevante notar que, durante a vigência das .Instruções Normativas 81 ..Z..F n" 460/2004 e 600/2005, ou seja, no período de 29/10/2004 a 30/12/2008 (até ser publicada a Instrução Normativa RFI -3 ri." 900/2008), a Receita f.edcral E:Riscou coibir a utilização imediata de indébitos provenientes de estimativas recolhidas a maior, assim dispondo: Instrução Normativa_ SM+ n°460, de 18 de Outubro de 2004 Art. 10. 4 p(>.s.soa jurídico tributada pelo lucro teal, pre...sumido ou ai bittado que .sofrer retenção indevida ou • a - maior de imposto de i' ereta ou de C'SbI, çobre rendimentos que integram a bas.e de cálculo do impo.sto ou da contribuir,,:ão, bemt assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de (SII, a titulo de estimativa mensal, somente poderá utilizar O valor pago ou retido na dedução do 11?17f ou da GSM. ÉUvida ao .final do período de aptireSk70 c.-_!rn que houve (I l'(:1,(,:itç'l.-10 ou ÍT: ),5( 'kl/ 9 pagamento indevido 01/ para compor O saldo negativo de JJdI ou de C'SLL do período tnstrução Nox inativa S1ZF n" 600, de 28 de dezembro de 2005 :Ir! 10 A pesoti jurídica tributada pelo lucro real, presumido ON arhitradO (jth.f svfier c:tenção indevida ou a maior de imposto do fenda ou de (1.'.SLL sobre rundanentos que integram a base de cálculo doirnposto Ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que (feltrar pagamento indevido Ou a maior de imposto (te renda ou de C',..S'LL a titulo de estimativa mensal. somente poderá tailLar o valor' pago ou retido na dedução do ll?P,1 ou da CSLL devida ao final do per: iodo apurao-ro 0H1 arde houve a retenção ou pagamento indevido on para compor t) saldo negativo de IRP,1 ou de CSLL do periodo Instrução Normativa R113 n" 900, de 30 de dezembro de 2008 Art. II A pessoa w /dica tributada pelo /1/oro toai., presumido ou ai bitrado que sofrer Yetenção indevida on a maior de imposto de renda ou de CSL.L Nobre rendimentos que integram a base de cále..ulo do iroposto ou da contribuição somente trod,..,-a ritiliar o valor retido fla tio 1[1P.I. ou da C.SLI, devida ao final tio período de apuração em que houve O relenç,:ão ou para 00011207 o saldo negativo de IRP,1 ou de ('Si!. do per iodo As antecipações recolhidas deveriam ser, primeiro, confiontadas com O tributo determna.do na ripitração anual, c só então, se evidenciada a existência de saldo negativo, seria possível a utilização do indébito E, este crédito, na forma da interpretação veiculada no Ato Declaratório Normativo S ftlf n" 03/2000, seria atualizado com juros ii taxa SFLIC a partir do mês subseqüente ao do encerramento do ano-calendário: O SLCRI','I'ARIO 11t1 RLUL,ITA 1 , 1DER4L, no uso de 5005 atribuiç.'õe e tendo em vita o disposto no ,;) 4" do art 39 da Lei 1V" 9.250, de 26 de de2;cmbro de 1995, nos ai Is 1" e 6' da N" 9430, do 27 de dezembro de 1996, e no art 73 da .T.Á.n N" 9 532, de 10 dc..-embro de 1997, declara que os- saldos negativos do Imposto sobre a Renda de: 1": , .s.soa Jurídica da Contribuição ,S'ocial sobie O LlICTO Líquido, apurados anualmerne, poderão Nef l'(::.011IfidOS OU COMpellNadO.1 00111 O imposto d0 renda ou a contribuição social sobre o lucro líquido tit., vido.s 11 partir do mês de janeiro do ano-calendário subi 00001e ao do ene eyr a men ltr do per iodo de apuração, acrescidos de juros equivalentes à taxa rdereneial do Sistema Especial de Liquidação e ('Irstódin - Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o mês anterior ao da restituição ou compensação e de UM por cento relativamente ao Itu.s em que estiver sendo efetuada. ['E-RAPP° 51",411F.1 De outro Irado, porém, é possível interpretar que a Lei ri 0 9.430/96, ao autorizar a dedução das antecipações recolhidas, admite somente acIitelas recolhidas em ri conlórmidade com coput de SCIA ar r 2": .4t/ 2" A pessúa jurídica sujeito a tribulação com base no lucro mil poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada ruJs, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante ti 0plicaç01o, sobre O receita bruta trulCvida mensalment.e.', dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n 0 9 249, do 26 de de:z:embro de 1995, obsci rvado o disposto nos , , y`,1" e 2" do uni 29 e nos arts 30 a 32, 34 e .37 da Lei fi'. 8 9S1, de 70 de .jarreiM de 1995, com as alterações da lei n" 9 065 do 20 de junho de 1995 O imposto (.1 pago mensalmente na _forma deste artigo será deleyymnado mediante a apti, sobre a base de cálculo, da 0líql,f01(. de [712ilUe' pOl" cento rrocesso 1.0840..900752/2005LOX Si-C1 Acórch‘.› n." 1101-00.299 1-1 ó .4 parcela da base de cálculo, apwada mensalmente, que exceder a 1?.'S 2000000 mil reaisfficará sujeita à incidi:Meia dc adicional de imposto dc renda à aliquota de dez por cento §3' A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na _forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os 01" e 2' do artigo anterior. §4" Para ajeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser COMpellwdo, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido O valor: - dos incentivos . fiwais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fure/os na legislação vip,ente, bem como o disposto no 4" do art 3" da I- er 9 249, de 26 de dezembro de 1995, -dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração, Hf --do imposto de ;elida pago ou retido na fonte, incidente _sobre receitas computadas na determinação do lucra real, 1V-do imposto de renda pago na firma deste artigo (negye.joii-,se) Diante deste contexto, tem -se por Cormalmente correto o procedimento adotado pela recorrente: as estimativas recolhidas a maior não poderiam ser deduzidas na apuração anual doiRP.1, e o ei édito dali decorrente, atualizado com juros à taxa SE 7 1_,R". a partir do recolhimento indevido, poderia ser utilizado em compensação, mediante apresentação de DCOMP, inclusive para, liquidação do próprio IR PI apurado no ajuste do mesmo ano- calendário, mas, evidentemente sem a dedução daquelas parcelas excedentes Cumpre, assim, avaliar se há pi ova do recolhimento indevido. A recorrente argumenta que incluiu indevidamente rendimentos de aplicações financeiras no cálculo das antecipações. E, de fato, os. rendimentos tributados na forma dos anis. 65, 66, 67, 70, 72, 73 e 74 da Rei n.° 8 981/95 não -integram a base de calculo para fins de apuração das estimativas, conforme art. 32, §1' da mesma 1,ei. Para provar que assim procedeu, a contribuinte jtinta cópia do registro contábil dos rendimentos de aplicação financeira, nas quais, durante o nit"-:;-s de maio/2003, a conta 5110106 -- Juros s/ Apite Financeiras recebe iendimentos de R$ 507 153,50 (11. 118), e a conta 5120303 - Ganhos c/ Bolsa Merc & Futuros --- /Wh é creditada por R$ 16,22 (H. I 19) Apresenta, ainda, balancete de verificação relativo ao período de 01 a 31/05/2003, no qual demonstra as receitas auferidas no período, as quais se mostram compatíveis com o Demonstr ativo do Cálculo do 11.117-1 Estimado, o qual, sem compin ar as receitas decorrentes de aplicações financeiras, totaliza em R$ 457 537,33 a estimativa a pagar (Tis. 129/133). Considerando que a existência do iceolhirnento no valor de R$ 593 883,43, dentado em 30/06/2003, está confirmada no despacho decisório reCOM(10, demonstrada está a diferença de R$ 136.346,10, utilizada na DCA-.)MP ti" 04 t 09 .11495.300304 .11 .3.04-2801, aqui Ira tada Ainda, à fl. 121/127, a recorrente . junta cópia do Diário Geral na qual vê-se a contabilização, em dezembro/2003 e janeiro/2004, da. baixa de estánativas deduzidas do IRPI e a transj rência IRPI pago indevidamente rej receites de aplicaçJes financeiras, coerente com _ PH o procedimento adotado de somente deduzir na apuração do IREI anual as estnnativas regularniente pagas, e distinguir corno indébitos aquelas indevidamente pagas. A soma dos dois lançamentos de transferências dos pagamentos indevidos (R$ 1 23(1 495,78 e .R.$ 171 258,28) é compatível com a diferença unhe as estirnativas deduzidas no LALLIR (R.$ 5.317.84868) e aquelas utili/adas na 1) IP (R$ 3 916 086,41) O saldo de R. 1 401. 754,06 está apontado no vro Razão, na conta 1.140115 - (1 maior.. Observe-se, também, que embora tais elementos constituam cópia simples dos originais, não tih razão para negar-lhes ré, ante a compatibilidade da contabilização, das alegações e (los procedimentos adotados pala a compensação promovida em 130/03/2004, especialmente tendo ern conta que o próprio débito compensado é aquele majorado em razão da dedução a menor das estirnativas, na parte em que recolhidas indevidamente Ainda, o total de receitas financeiras informado no balancete de dezembro/2003 (K$ 8.653 882,61), apresentado .nos autos do processo administrativo 10840 900397/2008-69 (11 133) - que trata de compensação comi data, com crédito decorrente da estimativa apurada ern dezembro/2003 é compatível com aquele informado na 1)111 apresentada pela contribuinte no ano calendário 2003 (IV 08-0868402-70), a título de (»dl receitas financeiras (R$ 8.33:3.1(13,11) Por sua vez, na composição das receilirs linanceiras contabilizadas, vcrilica-se a parcela de R$ 5..578.57.1 ) 19 relativa a juros sobre aplicações financeiras, sobre a qual, se aplicada a áliquota de 2.5%, chega-se ao resultado de R$ 1.394.642,80, também compatível com o indébito total de R$ 1.401.754,06 que teria sido ap ura.d o ern 2003 Apenas observe-se que a DCOMP aqui em z, matise, apresentada em 30/03/2004, não considera juros sobre o débito de 1RPJ apurado no ano-calendário 2003, contrariamente ao que dispõe o •Irt §.2`'da l.ei n" 9.430/96 que determina o acréscimo de juros à taxa a partir de 1`) de levei eiro de 2004 'bem como -imputa ao crédito juros superiores aos devidos na forma do art 39, § da Lei •r) 9 250/95 c/c art. 73 da lei 9 532/97 - que deveriam corresponder à variação da laxa S14 1C: do mês subseqüente ao do pagamento a maior até o mês anterior ao da compensação e de 1`)/0 relativamente ao mês ern que etCtuada • , acumulados em 1 .3,23% e não 15,09% corno pretendido. Por rodo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PAR.C1AL ao recurso voluntário, para reconhecer o direito (Auditório de R$ 136.346,10 relativamente ao recolhimento efetuado em 30/06/2003, e honiologar a compensação do débito corri os acréscimos mor atorios pertinentes, até o limite do valor atualizado do crédito na data da entrega da DCOMP r „DELI PHRH IRA LI ESS A Relatora 12
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Numero do processo: 13886.000463/2007-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000
DIREITO CREDITÓRIO OPERAÇÕES DE SWAP RENDA VARIÁVEL LUCRO REAL COMPROVAÇÃO.
Os rendimentos provenientes de operações de swap devem ser computados para a apuração do lucro real. Deve-se reconhecer o direito creditório correspondente a parcela de crédito de saldo negativo uma vez demonstrado através de provas hábeis, da composição e a existência desse crédito e que os rendimentos correspondentes às retenções sobre operações de Swap foram oferecidos à tributação.
Numero da decisão: 1201-002.876
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Júnior
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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Os rendimentos provenientes de operações de swap devem ser computados para a apuração do lucro real. Devese reconhecer o direito creditório correspondente a parcela de crédito de saldo negativo uma vez demonstrado através de provas hábeis, da composição e a existência desse crédito e que os rendimentos correspondentes às retenções sobre operações de Swap foram oferecidos à tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Júnior AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 6. 00 04 63 /2 00 7- 80 Fl. 119DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Declaração de Compensação através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com alegado crédito de saldo negativo IRPJ anocalendário 2000 no valor de R$ 25.122,48. O litígio foi assim relatado pela decisão recorrida (efls. 100/104): O contribuinte acima identificado apresentou, fls 0203, declaração de compensação, na qual são extintos, sob condição resolutória de ulterior homologação, débitos de IRRF (Código de Receita 0561), vencidos em 09/10/2002 e em 23/10/2002, e débito de IRPJ estimativa relativo ao mês de setembro de 2002. Para tanto, informa o contribuinte que está utilizando créditos provenientes de saldo negativo de IRPJ dos anoscalendário de 1998, 1999, 2000 e 2001. 2. O pleito foi originalmente formulado por meio do processo administrativo 13886.001488/200296. Posteriormente, foi formalizado o presente processo administrativo, juntamente com os processos administrativos 13886.000462/200735 e 13886.000464/2007 24, para análise dos saldos negativos de IRPJ apurados nos anos de 2000, 1999 e 2001, respectivamente. Portanto, no presente processo administrativo remanesceu apenas a apreciação do saldo negativo de IRPJ relativo ao ano calendário de 2000. 3. A DRF/LIMEIRA, por meio do Despacho Decisório de fls. 87 89, não homologou as compensações declaradas, por não haver reconhecido saldo negativo do anocalendário de 2000 disponível para tanto. Conforme indicado na decisão, o saldo negativo informado na DIPJ do exercício de 2001, ano calendário 2000, que totaliza R$ 25.122,48, é integralmente composto por dedução de IRRF. Nos comprovantes de rendimentos relativos ao anocalendário de 2000, apresentados pelo contribuinte as fls. 5455, consta que foram auferidos, em aplicações de renda fixa, rendimentos de R$ 125.290,92, com IRRF de R$20.026,07, e rendimentos auferidos em operações de swap no montante de R$ 25.482,22, com IRRF de R$ 5.096,41. Ocorre que na DIPJ apresentada não foram informados valores a titulo de ganhos auferidos no mercado de renda variável, razão pela qual o IRRF decorrente das operações de swap não poderia ser deduzido para a apuração do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000. Assim, o contribuinte poderia ter deduzido somente R$ 20.026,07 a titulo de retenção na fonte, sendo este o valor do saldo negativo a ser considerado. 3.1. Ocorre que, no anocalendário de 2001, houve a compensação de débitos de IRRF (Código 0561) com utilização desse saldo negativo, consumindoo totalmente, de modo que não remanesceu crédito apto a homologar a compensação declarada no presente processo administrativo. 4. Inconformado, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 9495, na qual alega, em síntese, que os rendimentos provenientes de operações de swap foram informados na DIPJ/2001 incorretamente na linha 24 da Ficha Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13886.000463/200780 Acórdão n.º 1201002.876 S1C2T1 Fl. 120 3 06, fato este que não alterou o resultado final apurado, tratando se apenas de erro formal, razão pela qual deve ser admitida a utilização do respectivo IRRF. 4.1. Por fim, pede o contribuinte o reconhecimento do direito creditório de R$ 25.122,48, referente ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 1420.196 1ª Turma da DRJ/RPO, efls. 102/104). A decisão de primeira instância entendeu que os rendimentos decorrentes de operações de swap não foram declarados na DIPJ ano calendário 2000, não sendo admissível a utilização do IRRF (de R$ 5.096,41) sobre tais rendimentos na apuração do saldo negativo de IRPJ do período. Cientificada da decisão de primeira instância em 13/03/2009 (efl. 106) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 07/04/2009 (efl. 107), em que repete os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade e anexa cópias que seriam de sua escrita contábil. Aduz ainda que anexa planilhas demonstrando o saldo negativo do ano calendário de 2000 e requer o crédito. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. A lide se compõe apenas da parcela glosada do saldo negativo referente ao ano calendário 2000 no valor de R$ 5.096,41, que correspondente a IRRF em rendimentos referentes a operações de swap cuja prova de oferecimento à tributação não foi reconhecida pela DRF e pela DRJ. Questão semelhante constava no referido processo 13886.000462/200735, que tratava de parcela glosada do saldo negativo no valor de R$ 17.225,16 correspondente a IRRF em rendimentos referentes a operações de swap no ano calendário 1999. Neste o CARF (Ac 140100.458 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 23/02/2011) reconheceu que havia prova de oferecimento à tributação do rendimento referente a operações de swap. As questões nos dois processos são idênticas e as provas apresentadas diferem apenas quanto ao ano calendário. O recorrente tenta provar aqui que os rendimentos constantes na Linha 24 da Ficha 07 A da DIPJ 2000 (“Outros Rendimentos”) já incluem a totalidade dos ganhos auferidos no mercado de renda variável (operações de Swap). Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo (art. 74 da lei 9.430/96), fazendose necessário verificar a exatidão das informações referentes ao crédito alegado e confrontar com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual o tributo devido no período de apuração e comparálo ao pagamento declarado e comprovado. Fl. 121DF CARF MF 4 Em sede recursal a Recorrente segue a orientação da DRJ no sentido de produzir a prova contábil que faltaria para fundamentar a sua alegação de erro de fato no preenchimento da DIPJ. Reforça assim sua defesa em relação à parcela do saldo negativo correspondente ao IRRF retidos sobre rendimentos referentes a operações de swap. No caso, às fls. 110/115 traz Informe de Rendimentos, Tabela Resumo e várias cópias de documentos contábeis (Razão) na tentativa de provar que os rendimentos constantes na Linha 24 da Ficha 07 A da DIPJ 2001 (“Outros Rendimentos”) já incluem a totalidade dos ganhos auferidos no mercado de renda variável (operações de Swap). Com o documento de efl. 112 a Recorrente consegue provar que o rendimento total a título de Outras Receitas Financeiras, constante da linha 24 do Quadro 07A DIPJ/2001 é de R$ 182.937,82 (anexo 1) é composto dos seguintes valores, conforme cópias do Livro Razão Geral do ano de 2000: R$ 112.462,4 Conta Rendimentos Aplicações Financeiras, incluindo os rendimentos das operações de swap (anexo 2) R$ 19.376,60 — Conta Correção Monetária s/ Impostos (anexo 4). R$ 51.098,77 — Conta Juros e CM s/ Dep. Judiciais (anexo 5). Por sua vez, também comprova o que é mais importante: os rendimentos de operações de swap, que totalizam R$ 25.482,22, conforme Informe de Rendimentos do Banco Mercantil Finasa (anexo 3) estão inclusos no valor de R$ 182.937,82 (linha 24 do Quadro 07A DIPJ/2000) e assim teriam sido oferecidos à tributação. Dessa forma, resta comprovado contabilmente que os rendimentos que produziram as retenções R$ 5.096,41 foram de fato oferecidas à tributação, não havendo pois motivo para manter a referida glosa. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 122DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.900172/2011-87
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/03/2006
PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO RECONHECIDO EM OUTRO PROCESSO.
Tendo sido o direito creditório declarado em DCOMP constante do presente processo reconhecido em outro processo, cabe compensar o débito informado na DCOMP constante do presente com o crédito reconhecido, ressalvada a verificação, a ser feita pela unidade de origem, da eventual utilização ou restituição do referido crédito em outros PER/DCOMP.
Numero da decisão: 1003-000.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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score : 1.0
Numero do processo: 16682.722758/2016-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013
DESPESA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. REPERCUSSÃO DOS AJUSTES NO LUCRO REAL PARA A BASE DE CÁLCULO DA CSLL. MOMENTOS DA EXISTÊNCIA DO INVESTIMENTO. AQUISIÇÃO. DESENVOLVIMENTO. DESFAZIMENTO.
I - Construção empreendida pelo Decreto-lei nº 1.598, de 1977, encontra-se em consonância com a edição no ano anterior (1976) da Lei nº 6.404 ("lei das S/A"), no qual se buscou modernizar os conceitos de contabilização de investimentos decorrentes de participações societárias, inclusive com a adoção do método de equivalência patrimonial (MEP). Foram delineados três momentos cruciais para o investidor: nascimento, desenvolvimento e fim do investimento, assim tratados: (1º) o da aquisição do investimento, normatizando-se a figura do "ágio", que consiste no sobrepreço pago na aquisição, (2º) o momento em que o investimento gera frutos para o investidor, ou seja, a empresa adquirida gera lucros; e (3º) e desfazimento do investimento. II - O segundo momento operacionalizou sistema no qual os resultados de investimentos em participações societárias pudessem ser devidamente refletidos no investidor, por meio do MEP, e ao mesmo tempo, não fossem objeto de bitributação. De um lado, os resultados da investida seriam refletidos no investidor, fazendo com que tanto na investida quando no investidor fossem apuradas receitas operacionais que, em tese, integrariam o lucro líquido e a base de cálculo tributável. De outro, determinou-se que o investidor poderia efetuar ajuste, no sentido de excluir da base de cálculo tributável os resultados positivos auferidos pela investida, viabilizando-se a neutralidade do sistema e a convergência para fins fiscais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. III - A mesma premissa deve ser considerada para o primeiro (aquisição) e terceiro (desfazimento) momentos. No desfazimento, o ágio deve ser considerado na apuração da base de cálculo do ganho de capital. Na aquisição, o sobrepreço contabilizado só poderá ser objeto da amortização se ocorridas as hipóteses de aproveitamento previstas expressamente na legislação.IV - Nítida e transparente a convergência entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, no que concerne às operações decorrentes de participações societárias e os correspondentes resultados auferidos, em seus diferentes momentos: aquisição, desenvolvimento e desfazimento.
REGRAS GERAIS DE DEDUTIBILIDADE. ÁGIO. DESPESA.
Amortização de Ágio é despesa submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 47, da Lei nº 4.506, de 1964, e com repercussão tanto na apuração do IRPJ quando da CSLL, conforme art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995 e art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995.
MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS CSLL, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE CSLL APURADA NO AJUSTE ANUAL.
Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, tornou-se cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas a meses de 2011 e 2013, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de CSLL apurada no ajuste anual dos mesmos anos-calendário. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105).
Numero da decisão: 1201-002.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros: Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima (relator), Gisele Barra Bossa e Leonam Rocha de Medeiros que davam provimento ao recurso. Designada a conselheira Eva Maria Los para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Gasparello Lima - Relator.
(assinado digitalmente)
Eva Maria Los - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Rafael Gasparello Lima, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2011, 2012, 2013 DESPESA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. REPERCUSSÃO DOS AJUSTES NO LUCRO REAL PARA A BASE DE CÁLCULO DA CSLL. MOMENTOS DA EXISTÊNCIA DO INVESTIMENTO. AQUISIÇÃO. DESENVOLVIMENTO. DESFAZIMENTO. I - Construção empreendida pelo Decreto-lei nº 1.598, de 1977, encontra-se em consonância com a edição no ano anterior (1976) da Lei nº 6.404 ("lei das S/A"), no qual se buscou modernizar os conceitos de contabilização de investimentos decorrentes de participações societárias, inclusive com a adoção do método de equivalência patrimonial (MEP). Foram delineados três momentos cruciais para o investidor: nascimento, desenvolvimento e fim do investimento, assim tratados: (1º) o da aquisição do investimento, normatizando-se a figura do "ágio", que consiste no sobrepreço pago na aquisição, (2º) o momento em que o investimento gera frutos para o investidor, ou seja, a empresa adquirida gera lucros; e (3º) e desfazimento do investimento. II - O segundo momento operacionalizou sistema no qual os resultados de investimentos em participações societárias pudessem ser devidamente refletidos no investidor, por meio do MEP, e ao mesmo tempo, não fossem objeto de bitributação. De um lado, os resultados da investida seriam refletidos no investidor, fazendo com que tanto na investida quando no investidor fossem apuradas receitas operacionais que, em tese, integrariam o lucro líquido e a base de cálculo tributável. De outro, determinou-se que o investidor poderia efetuar ajuste, no sentido de excluir da base de cálculo tributável os resultados positivos auferidos pela investida, viabilizando-se a neutralidade do sistema e a convergência para fins fiscais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. III - A mesma premissa deve ser considerada para o primeiro (aquisição) e terceiro (desfazimento) momentos. No desfazimento, o ágio deve ser considerado na apuração da base de cálculo do ganho de capital. Na aquisição, o sobrepreço contabilizado só poderá ser objeto da amortização se ocorridas as hipóteses de aproveitamento previstas expressamente na legislação.IV - Nítida e transparente a convergência entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, no que concerne às operações decorrentes de participações societárias e os correspondentes resultados auferidos, em seus diferentes momentos: aquisição, desenvolvimento e desfazimento. REGRAS GERAIS DE DEDUTIBILIDADE. ÁGIO. DESPESA. Amortização de Ágio é despesa submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 47, da Lei nº 4.506, de 1964, e com repercussão tanto na apuração do IRPJ quando da CSLL, conforme art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995 e art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995. MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS CSLL, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE CSLL APURADA NO AJUSTE ANUAL. Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, tornou-se cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas a meses de 2011 e 2013, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de CSLL apurada no ajuste anual dos mesmos anos-calendário. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105).
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REPERCUSSÃO DOS AJUSTES NO LUCRO REAL PARA A BASE DE CÁLCULO DA CSLL. MOMENTOS DA EXISTÊNCIA DO INVESTIMENTO. AQUISIÇÃO. DESENVOLVIMENTO. DESFAZIMENTO. I Construção empreendida pelo Decretolei nº 1.598, de 1977, encontrase em consonância com a edição no ano anterior (1976) da Lei nº 6.404 ("lei das S/A"), no qual se buscou modernizar os conceitos de contabilização de investimentos decorrentes de participações societárias, inclusive com a adoção do método de equivalência patrimonial (MEP). Foram delineados três momentos cruciais para o investidor: nascimento, desenvolvimento e fim do investimento, assim tratados: (1º) o da aquisição do investimento, normatizandose a figura do "ágio", que consiste no sobrepreço pago na aquisição, (2º) o momento em que o investimento gera frutos para o investidor, ou seja, a empresa adquirida gera lucros; e (3º) e desfazimento do investimento. II O segundo momento operacionalizou sistema no qual os resultados de investimentos em participações societárias pudessem ser devidamente refletidos no investidor, por meio do MEP, e ao mesmo tempo, não fossem objeto de bitributação. De um lado, os resultados da investida seriam refletidos no investidor, fazendo com que tanto na investida quando no investidor fossem apuradas receitas operacionais que, em tese, integrariam o lucro líquido e a base de cálculo tributável. De outro, determinouse que o investidor poderia efetuar ajuste, no sentido de excluir da base de cálculo tributável os resultados positivos auferidos pela investida, viabilizandose a neutralidade do sistema e a convergência para fins fiscais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. III A mesma premissa deve ser considerada para o primeiro (aquisição) e terceiro (desfazimento) momentos. No desfazimento, o ágio deve ser considerado na apuração da base de cálculo do ganho de capital. Na aquisição, o sobrepreço contabilizado só poderá ser objeto da amortização se ocorridas as hipóteses de aproveitamento previstas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 27 58 /2 01 6- 86 Fl. 736DF CARF MF 2 expressamente na legislação.IV Nítida e transparente a convergência entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, no que concerne às operações decorrentes de participações societárias e os correspondentes resultados auferidos, em seus diferentes momentos: aquisição, desenvolvimento e desfazimento. REGRAS GERAIS DE DEDUTIBILIDADE. ÁGIO. DESPESA. Amortização de Ágio é despesa submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 47, da Lei nº 4.506, de 1964, e com repercussão tanto na apuração do IRPJ quando da CSLL, conforme art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995 e art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995. MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS CSLL, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE CSLL APURADA NO AJUSTE ANUAL. Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, tornouse cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas a meses de 2011 e 2013, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de CSLL apurada no ajuste anual dos mesmos anoscalendário. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros: Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima (relator), Gisele Barra Bossa e Leonam Rocha de Medeiros que davam provimento ao recurso. Designada a conselheira Eva Maria Los para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Rafael Gasparello Lima, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães. Relatório Fl. 737DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 737 3 A 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (DRJ/SPO), por unanimidade, julgou improcedente a impugnação administrativa do contribuinte, conforme a respectiva ementa do acórdão nº 1678.459: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011, 2012, 2013 CSLL. BASE DE CÁLCULO. NORMAS DE APURAÇÃO. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro as mesmas normas de apuração para o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS EM SOCIEDADES COLIGADAS OU CONTROLADAS. INDEDUTIBILIDADE DA BASE DE CÁLCULO. A amortização do ágio será incluída na determinação da base de cálculo da CSLL, constituindo adição prevista na legislação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011, 2012, 2013 ESTIMATIVAS MENSAIS DE IRPJ E CSLL NÃO RECOLHIDAS. MULTA ISOLADA. CABIMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO PERÍODO. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. Nos casos de lançamento de ofício, é aplicável a multa de 50%, isoladamente, sobre o valor de estimativa mensal que deixou de ser recolhido, mesmo após o encerramento do exercício, e ainda que seja apurado prejuízo fiscal e base de cálculo negativa para a CSLL no anocalendário correspondente. A hipótese legal de aplicação da multa isolada não se confunde com a da multa de ofício, pois esta é cabível nos casos de falta de pagamento do valor devido do tributo apurado ao final do anocalendário com base no lucro real anual. Portanto, tratase de infrações distintas e ambas as multas podem ser aplicadas à contribuinte. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011, 2012, 2013 AUTO DE INFRAÇÃO. VALIDADE. Satisfeitos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72 e não tendo ocorrido o disposto no art. 59 do mesmo decreto, válidos são os autos de infração. Fl. 738DF CARF MF 4 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos com exatidão, como reproduzo a seguir: Conforme o Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls.549575, em ação fiscal empreendida junto à contribuinte supramencionada, relativa ao período de 01/2011 a 12/2013, a fiscalização apurou os fatos descritos a seguir: I. Da contribuinte O BB – Banco de Investimento S/A (BBBI), subsidiária integral do Banco do Brasil S/A, está constituído como uma sociedade anônima fechada e tem como objeto social o exercício de todas as atividades e a prática de todas as operações permitidas pelas disposições legais e regulamentares aplicáveis aos bancos de investimento. Nos anoscalendário de 2011 a 2013 a contribuinte foi optante do regime de tributação pelo IRPJ com base no lucro real anual. II. Da ação fiscal Foi constatada a falta de adição, à base de cálculo da CSLL, de despesas de amortização de ágio na aquisição de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido no período de 2011 a 2013. No curso da ação fiscal, a contribuinte foi intimada a apresentar os documentos e esclarecimentos requeridos pela fiscalização, bem como a justificar a não adição à base de cálculo da CSLL dos valores de Amortização de Ágio nas Aquisições de Investimentos Avaliados pelo PL informados nas respectivas DIPJ, nos montantes de: R$94.398.148,82 – A/C 2011 R$82.660.589,74 – A/C 2012 R$61.922.001,13 – (período 0108/2013) R$28.028.046,58 – (período 0912/2013) Em resposta, a contribuinte informou que os ágios foram pagos nas aquisições das participações acionárias na Companhia Brasileira de Meios de Pagamento CBMP (Cielo) e Companhia Brasileira de Soluções e Serviços – CBSS (Visa Vale), ambos com fundamento na expectativa de resultados futuros e amortizados em prazos previstos nas projeções que o justificaram (quadros de fls. 566567). Respondeu ainda que, em seu entendimento, não haveria previsão legal para a adição à base de cálculo da CSLL dos valores adicionados na apuração do lucro real. II.a. Da matéria tributável – Amortização do ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido na apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL Fl. 739DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 738 5 A contrapartida da amortização do ágio (despesa) pago na aquisição de investimento em coligada/controlada, qualquer que tenha sido o fundamento econômico, caso computada no lucro contábil, deve ser adicionada na apuração do resultado tributável, conforme os arts. 25 e 33 do DecretoLei nº 1.598/77. Assim, a legislação tributária preceitua o desdobramento do custo de aquisição do investimento em duas contas distintas (valor do patrimônio líquido na época da aquisição e ágio ou deságio na aquisição), mas veda o cômputo da despesa de amortização do ágio na determinação do lucro real. O princípio adotado pela legislação é que os efeitos fiscais das despesas de amortização do ágio pago na aquisição de investimentos avaliados pelo valor de patrimônio líquido devem ser nulos. O art.391 do RIR/99 dispõe que as contrapartidas do ágio/deságio de que trata o art.385 do mesmo regulamento não serão computadas na determinação do Lucro Real. Também o art.2º da Lei nº 7.689/88, instituidora da CSLL, impõe a neutralidade dos ajustes decorrentes da equivalência patrimonial na apuração da base de cálculo da CSLL. Frisese que a legislação tributária possui exceção à regra descrita anteriormente, permitindo o cômputo das despesas de amortização de ágio na determinação do lucro real no caso de absorção de patrimônio de pessoa jurídica na qual se detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio em virtude de incorporação, fusão ou cisão (arts.7º e 8º da Lei nº 9.532/97). Assim, como regra geral, as despesas de amortização de ágio somente são levadas em conta, para fins fiscais, quando houver a alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada, para a determinação de eventual perda ou ganho de capital. O ágio, desde que pago, representou custo para o alienante pois enquanto era amortizado para fins comerciais, não era para fins fiscais. Por sua vez, o art. 57 da Lei nº 8.981/95, com a redação da Lei nº 9.065/95, bem como os arts.2º e 13 da Lei nº 9.249/95, e o art.28 da Lei nº 9.430/96, estabelecem que devem ser aplicadas à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ. No mesmo sentido a IN SRF nº 390/2004. Assim, a obrigatoriedade de se efetuar o ajuste na apuração da base de cálculo da CSLL é decorrência do tratamento contábil e tributário previsto na legislação, a qual adotou para a CSLL o mesmo disciplinamento contido na legislação do IRPJ, que é adicionar as despesas de amortização de ágio pago em aquisições de investimentos em coligadas e controladas ao lucro líquido, para determinação do lucro real. Por fim, a partir de 11/11/13, a MP nº 627/13, convertida na Lei nº 12.973/14, sanou eventuais divergências interpretativas relativas ao art. 57 da Lei nº 8.981/95. Fl. 740DF CARF MF 6 Portanto, a contrapartida da amortização do ágio, como regra geral, é despesa operacional indedutível para a apuração tanto do lucro real como da base de cálculo da CSLL. II.b. Do lançamento Após análise da documentação e esclarecimentos apresentados pela contribuinte, e também das Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ e Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF relativas ao período fiscalizado, constatouse a aplicação incorreta da legislação em vigor, sendo apurados os valores objeto de lançamento da falta de adição, na base da CSLL, das despesas de amortização de ágio decorrente de aquisições de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, conforme quadros de fls.569571. Aos valores devidos foi aplicada multa de ofício nos termos da legislação. II.c. Da multa isolada Verificada a insuficiência de pagamento da estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício aplicada isoladamente sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos. No caso, as antecipações mensais apuradas com base em balancetes de redução/suspensão compreenderam os meses de janeiro de 2011, e janeiro, fevereiro, março, novembro e dezembro de 2013. Para os demais meses do período fiscalizado, as estimativas foram apuradas com base na receita bruta, que não sofreu alterações em razão das infrações apuradas pela fiscalização. Assim, efetuouse o lançamento das multas isoladas referentes aos meses do período fiscalizado nos quais a contribuinte optou por calcular as estimativas com base em balancetes de suspensão/redução, conforme quadro de fls. 577. Ressaltese que a aplicação de mais de uma penalidade na mesma ação fiscal é possível, desde que se trate de infrações distintas, como é o caso, a teor do art.74 da Lei nº 4.502/64. III. Considerações finais Fica a contribuinte intimada a efetuar no Livro de Demonstração da Base de Cálculo da CSLL, partes A e B, os ajustes necessários ao registro dos valores apurados neste auto de infração. Notese que não foi considerado o recolhimento de CSLL cód.6758 efetuado no anocalendário 2011 no valor de R$1.404.356,72, eis que utilizado na Dcomp nº 26313.60796.200712.1.7.045517 (processo nº 16682.901509/201655). Demonstrativo da CSLL Fl. 741DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 739 7 Da Impugnação I Da autuação Inconformada com a autuação, a empresa apresentou a impugnação de fls. 630643, acompanhada dos documentos de fls. 644663, expondo, em síntese, as seguintes alegações: Segundo o Fisco, a dedução das despesas de amortização de ágio antes da liquidação do investimento somente poderia ocorrer na hipótese de absorção do patrimônio da coligada ou controlada em casos de fusão, incorporação ou cisão. Assim, o Fisco admite que não houve a baixa do investimento, isto é, que a contribuinte manteve no ativo as participações, adquiridas com ágio, no capital das investidas. A fiscalização reconhece que a condição de legalidade somente foi atendida com a edição da MP nº 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014, inaplicável ao período fiscalizado. Assim, o que a RFB classifica como “eventuais divergências interpretativas” corresponde a uma ilegalidade tributária. O equívoco da fiscalização é sustentar que a base de cálculo da CSLL é idêntica à base de cálculo do IRPJ no período fiscalizado, não podendo ser exigida da contribuinte a adição do valor da amortização do ágio na aquisição de investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, na composição da base de cálculo da CSLL. Assim, o tratamento tributário e contábil das despesas com ágio na base da CSLL não se apresenta com incorreção ou ilegalidade, devendo ser reconhecida a insubsistência da autuação. II – Da possibilidade de dedução da contrapartida do ágio na base de cálculo da CSLL A contribuinte adquiriu participação societária na Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (Cielo) e na Companhia Fl. 742DF CARF MF 8 Brasileira de Soluções e Serviços (Visa Vale), incorrendo em ágio devidamente contabilizado, em razão de expectativas de resultados futuros das sociedades investidas, avaliadas pelo patrimônio líquido. A não adição da contrapartida do ágio em investimentos no cálculo da CSLL fundouse na ausência de vedação na legislação da CSLL, contrariamente ao que a lei prevê para o IRPJ, na determinação do lucro real. A contribuinte, porém, foi autuada em 15/12/16 pela não adição das contrapartidas da amortização de ágio na base de cálculo da CSLL para os anoscalendário de 2011 a 2013. Porém, somente a lei pode estabelecer a base de cálculo do tributo (art. 97, IV, do CTN). Frisese ainda que o art. 25 do DecretoLei nº 1.598/77, alterado pelo DecretoLei nº 1.730/79, vigente à época da autuação, vedava apenas a dedução das contrapartidas da amortização de ágio na determinação do Lucro Real – base de cálculo do IRPJ. Por sua vez, o art. 57 da Lei nº 8.981/95 preconiza a manutenção da base de cálculo própria de cada tributo, e não que a base de cálculo da CSLL seja igual à base do IRPJ. Corrobora esse entendimento o art. 3º da IN SRF nº 390/2004, a qual o Fisco deveria se vincular, no sentido de que a base de cálculo é própria de cada tributo e somente pode ser alterada por lei específica. Tal cenário persistiu até a edição da MP nº 627, de 11/11/13, convertida na Lei nº 12.973/14, que vedou a dedução da amortização de ágio na base de cálculo da CSLL. Somente a partir daí é que seria válido o entendimento da RFB. A edição da referida Lei sinalizou que, à época da autuação, o cenário era diverso, legitimando a não adição da amortização de ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido feita pela contribuinte. Se o Poder Público necessitou de uma Lei para suprir a lacuna existente, então o tratamento legal conferido à dedução do ágio não era o mesmo previsto para a determinação do lucro real, eis que inexistia prescrição legal voltada à base de cálculo da CSLL. Nesse sentido decidiu a DRJ/RJ1, para os exercícios 2009 e 2010 dessa contribuinte, conforme acórdão no processo 16682.721151/201336, decisão mantida no acórdão nº 1201 001.237 do Carf (fls.637638). Do exposto concluise pela inexistência de norma legal que obrigasse a adição da amortização de ágio à base da CSLL, até pela cronologia dos normativos relativos à CSLL: o art.25 do DecretoLei nº 1.598/77, até a alteração da Lei nº 12.973/14, tinha a redação dada pelo DecretoLei nº 1.730/79, portanto antes da criação da CSLL, instituída pela Lei nº 7.689/88. Assim, não há motivos para ampliar a sua interpretação como fez o Fisco, para além da determinação do lucro real. Fl. 743DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 740 9 Pela mesma razão não poderia a autuação se fundamentar no art. 391 do RIR/99, que apenas reproduz o art. 25 do Decreto Lei nº 1.598/77. Com efeito, a autuação não poderia se fundamentar em ato infralegal, sob pena de violar a hierarquia das leis, em especial se a matéria versa sobre base de cálculo do tributo. O Fisco somente pode atuar na fiel execução da lei, sendo vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça (art.150, I, da CF/88), e o lançamento vinculase à lei, instrumento capaz de estabelecer a base de cálculo do tributo (arts.97, IV, e 142, parágrafo único, do CTN). Assim, qualquer interpretação do Fisco que implique a adição da amortização de ágio à base de cálculo da CSLL extrapola o princípio da legalidade. Por outro lado, a analogia com o IRPJ não pode resultar em exigência de tributo não previsto em lei, conforme o art.108, §1º, do CTN. Requer, pois, a nulidade do lançamento constante do presente processo. III – Da impossibilidade de cobrança cumulativa das multas isolada e de ofício É ilegal a cobrança cumulativa das multas de ofício e isolada pois, encerrado o anocalendário, não cabe aplicar multa isolada por insuficiência de estimativas, as quais são absorvidas pela composição do tributo incidente sobre o resultado anual. O encerramento do anocalendário extingue a base de cálculo para exigência da multa isolada, pelo deslocamento do fato gerador para 31/12 de cada ano, para as empresas que optam pelo recolhimento do IR sobre o lucro real anual. O valor de estimativa mensal não recolhido é incluído no montante apurado por ocasião do recolhimento anual, evidenciandose tratar de etapa preparatória – do ato de reduzir o tributo ao final do ano – sem base imponível autônoma. Assim, a primeira conduta é meio de execução da segunda, não subsistindo base imponível para cominação de multa isolada após o encerramento do anocalendário (princípio da absorção). Nesse sentido a jurisprudência do Carf exposta às fls. 642. Ambas infrações decorrem de um mesmo fato, havendo bis in idem na autuação, incompatível com o art.112 do CTN. O dever de antecipar só restaria violado na pendência de obrigação cujo cumprimento se antecipa, o que não é o caso dos autos. Como a infração mais grave abrange aquela menor que lhe é preparatória, não se pode exigir concomitantemente as duas multas. Conclusão Fl. 744DF CARF MF 10 Pelo exposto, requer o acolhimento da impugnação, desconstituindose o crédito lançado neste processo, ou, ao menos, afastandose a multa isolada por impossibilidade de cumulação no caso dos autos. Em Recurso Voluntário, o contribuinte reitera sua impugnação administrativa, distinguindo a base de incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o lucro real, pertinente ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. I. NULIDADE A inexistência de qualquer nulidade do lançamento de ofício foi explanada pelo acórdão recorrido com as considerações abaixo: Da validade do auto de infração A propósito de a impugnante requerer a nulidade do auto de infração, esclareçase que o art. 142 do CTN fornece a definição legal de lançamento, estabelecendo como requisitos indispensáveis à sua constituição: a verificação da ocorrência do fato gerador, a identificação do sujeito passivo, a determinação da matéria tributável e o cálculo do montante do crédito a favor da Fazenda Pública. O parágrafo único do mesmo artigo dispõe sobre a vinculação e a obrigatoriedade do lançamento. A vinculação consiste na cerrada observância dos ditames legais quando de sua efetivação; enquanto que a obrigatoriedade do lançamento impede que o agente, para não faltar com o dever de ofício, que lhe foi atribuído por lei, uma vez constatada a ocorrência de infração, deixe de lavrar o competente auto para a formalização e cobrança do crédito tributário devido pelo sujeito passivo. As hipóteses de nulidade, no âmbito do processo administrativo fiscal, restringemse às previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito, o qual considera nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 745DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 741 11 No art. 10 do mesmo Decreto nº 70.235 são estatuídos os requisitos para a lavratura do auto de infração, o qual deverá ser lavrado por agente competente e conter, obrigatoriamente, os elementos arrolados em seus incisos I a VI, como se pode verificar em seu texto, transcrito abaixo: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Da combinação dos dispositivos acima transcritos depreendese que só a inobservância dos pressupostos legais para a constituição do lançamento e para lavratura do auto de infração, ou a incompetência do autuante, são causas suficientes para invalidar a autuação e, consequentemente, o lançamento nela consignado. Como isso não ocorreu no presente caso, descabe a anulação ou cancelamento do auto de infração em análise. Igualmente, não vislumbro quaisquer das hipóteses dos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/1972, endossando a ausência de nulidade e a validade da constituição do crédito tributário, tal como formalizado. II. MÉRITO A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sustenta adição do ágio na apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), igualando seu critério quantitativo ao do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), ressalvando que não existiu a necessária confusão patrimonial do investimento (incorporação, fusão ou cisão) para dedutibilidade da mencionada despesa. O ágio provém da expectativa de rentabilidade futura (artigo 385, § 2º, inciso II, do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza RIR/1999, aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999). Especificamente, quanto ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), proporcionará a amortização do referido ágio na apuração do lucro real, quando sobrevier a alienação do investimento pela incorporação, fusão ou cisão, segundo o artigo 386, inciso III, do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza RIR/1999, aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999: Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado Fl. 746DF CARF MF 12 segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): (...) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (grifei) O pagamento do ágio viabiliza sua amortização com lucros futuros, como leciona Sérgio de Iudicibus, Eliseu Martins e Ernesto Gelbcke1: "O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deverá ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados e que justifiquem o ágio. O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente, devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas." Não há divergência sobre a possibilidade de dedução do ágio, quando constituído pela expectativa de rentabilidade futura, mas, sim, se na hipótese dos autos, essa amortização é viável na base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) antes da liquidação do investimento (incorporação, fusão ou cisão). A Recorrente, desde sua impugnação administrativa, justificou que os requisitos para dedubitilidade do ágio por rentabilidade futura não são extensíveis à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), in verbis: 8. O cerne da controvérsia era definir se o ágio, diante do cenário normativo aplicável em 2011, 2012 e 2013, poderia ser deduzido na BASE DE CÁLCULO DA CSLL, ao contrário do que foi defendido pelo órgão fazendário, que se utilizou da indedutibilidade prevista para a determinação do LUCRO REAL (IRPJ). (...) II – DA POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DA CONTRAPARTIDA DO ÁGIO NA BASE DE CÁLCULO DA CSLL 11. O contribuinte adquiriu participação acionária nas sociedades Companhias Brasileira de Meios de Pagamento (Cielo) e Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (Visa Vale), incorrendo em ágio devidamente contabilizado, em consideração às expectativas dos resultados futuros das sociedades investidas, avaliadas pelo seu patrimônio líquido. 1 (15) IUDICIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995, p. 270 Fl. 747DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 742 13 12. A não adição da contrapartida do ágio em investimentos, no cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), fundamentouse na ausência de vedação na legislação própria da CSLL, ao contrário do que a lei prevê para o IRPJ, na determinação do lucro real. 13. A dedução da amortização do ágio, na base de cálculo da CSLL, somente foi vedada a partir de 2013, por ocasião da edição da Medida Provisória n. 627, de 11 de novembro de 2013, convertida na Lei n. 12.973/2014. 14. Porém, o contribuinte foi autuado, em 15/12/2016, pela não adição dos valores das contrapartidas das amortizações de ágio na apuração da base de cálculo da CSLL, relativamente ao anoscalendário 2011, 2012 e 2013. 15. O fisco alega que a contrapartida da amortização do ágio é despesa operacional indedutível tanto do Lucro Real (IRPJ) quanto da base de cálculo da CSLL, olvidando que somente a Lei pode estabelecer a base de cálculo do tributo (art. 97, IV, do CTN). 16. De relevo sublinhar que o artigo 25 do Decretolei n. 1.598/77, na redação do Decretolei n. 1.730/79, vigente à época da autuação, previa: Art. 25 As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o artigo 20 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no artigo 33. 17. Vale salientar que o acórdão em nenhum momento enfrentou a questão acima aduzida relativa ao Decretolei n. 1.598/77, na redação do Decretolei n. 1.730/79, vigente à época da autuação. 18. Vedavase, apenas, a dedução das contrapartidas de amortização do ágio na determinação do LUCRO REAL, base de cálculo do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (art. 1º da Lei n. 9.430/96). 19. Aliese a isso a previsão do art. 57 da Lei n. 8.981/95, que preconiza a manutenção da base de cálculo própria de cada tributo, verbis: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. 20. O dispositivo acima não determinou que a base de cálculo da CSLL seja IDÊNTICA à base de cálculo do IRPJ (com suas adições e exclusões), muito pelo contrário, utilizandose apenas das normas de apuração (regime trimestral ou anual, Fl. 748DF CARF MF 14 periodicidade, exercício etc) e de pagamento relacionadas ao IRPJ, mas nunca de sua base de cálculo. 21. Corrobora com esse entendimento o art. 3º da IN SRF 390/2004: Art. 3º Aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e, no que couberem, as referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação da CSLL. 22. Daí que o próprio fisco deveria vincularse à sua instrução, no sentido de que a base de cálculo é própria de cada tributo e somente poderia ser alterada por lei específica. 23. Afinal, segundo Leandro Paulsen: "Não há que se confundir a base de cálculo da CSLL que é o resultado ajustado (lucro líquido antes da provisão para o IRPJ ajustado pelas adições, exclusões ou compensações autorizadas pela legislação da CSLL), de um lado, com a base de cálculo do IRPJ, que é o lucro real, de outro. O que difere é justamente que as deduções e compensações admissíveis para a apuração de um não correspondem exatamente àquelas admitidas para fins de apuração da base de cálculo do outro." 24. Esse cenário persistiu até novembro/2013, quando editada a MP 627/2013, convertida na LEI n. 12.973/2014, que em seu art. 50 promoveu importante alteração na base de cálculo da CSLL, a saber: Art. 50. Aplicamse à apuração da base de cálculo da CSLL as disposições contidas nos arts. 2º a 8º, 10 a 42 e 44 a 49. 25. Como apenas esse artigo 50 dispôs sobre a base de cálculo da CSLL, prevendo a incidência do art. 2º da mesma Lei 12.973/143, que cuidou de alterar o Decretolei n. 1.598/77 e confirmar a indedutibilidade das amortizações do ágio no lucro real (art. 25 do Decretolei), somente a partir de então é que seria válido o entendimento externado pela RFB. 26. A edição da Lei n. 12.973/2014, determinando a indedutibilidade das amortizações de ágio antes adstrita à determinação do lucro real também na base de cálculo da CSLL, é um claro sinal de que o cenário existente no período da autuação era diverso, legitimandose, pois, a não adição da amortização de ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, como fez o contribuinte. 27. E se o poder público necessitou de uma LEI para suprir a lacuna então existente, é porque o tratamento legal conferido à dedução do ágio não era o mesmo daquele previsto para a determinação do lucro real (IRPJ), já que, repitase, inexistia prescrição legal voltada à base de cálculo da CSLL. (...) Fl. 749DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 743 15 28. Aliás, foi isso o que decidiu a Delegacia da Receita Federal de Julgamento para os exercícios 2009 e 2010 do mesmo contribuinte, conforme acórdão da 9ª Turma da DRJ/RJ1, nos autos do processo 16682.721151/201336, em sessão de 22 de maio de 2014. (...) 30. A decisão foi mantida pela 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento do CARF, que proferiu o Acórdão n. 1201 001.237, nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 30. A decisão foi mantida pela 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento do CARF, que proferiu o Acórdão n. 1201 001.237, nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 ÁGIO. PARTICIPAÇÃO MANTIDA NA INVESTIDORA. Excetuada a hipótese de absorção do patrimônio da investida pela investidora, ou viceversa (arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97), não há na legislação que regula a contribuição social sobre o lucro norma que determine a adição ao lucro líquido, para fins de determinação de sua base de cálculo, das despesas com amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado com base na equivalência patrimonial. Nos exatos termos do art. 108, I, do CTN, a norma que prescreve a adição da referida despesa com amortização de ágio para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ (art. 25 do Decreto lei nº 1.598/77) não pode ser empregada, por analogia, para exigirse a mesma adição na determinação da base de cálculo CSLL. 31. Com se vê, assentouse a inexistência de norma legal que obrigasse o contribuinte a adicionar, na base de cálculo da CSLL, as contrapartidas da amortização do ágio decorrente dos investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, até pela cronologia dos normativos que cuidam da contribuição em discussão. 32. O art. 25 do Decretolei 1.598/1977, até a alteração sistemática promovida pela Lei n. 12.973/2014, tinha a sua redação conferida pelo Decretolei 1.730 de 1979, ou seja, muito ANTES da criação da CSLL, instituída pela Lei n. 7.689 de 15 de dezembro de 1988, não havendo motivos para ampliar Fl. 750DF CARF MF 16 a sua interpretação, com fez o fisco, para além da determinação do lucro real. 33. Por essa mesma razão, não poderia a autuação ter por fundamento o art. 391 do RIR, que se limita a reproduzir o art. 25 do Decretolei 1.598 de 1977, a saber: "Amortização do Ágio ou Deságio Art. 391. As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o art. 385 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no art. 426 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 25, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso III)." 34. Aliás, a autuação não poderia ter por fundamento exclusivo qualquer ato infralegal (regulamento ou instrução normativa), sob pena de restar violado o princípio da hierarquia das leis, especialmente se a matéria versa sobre base de cálculo de tributo. 35. É que, como reconhece a nossa jurisprudência: "A validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, estarão viciados de ilegalidade." REsp 1.225.018/PE Rel. Min. Humberto Martins – Segunda Turma. DJe 26/04/2011 36. E ainda: "O ato administrativo, no Estado Democrático de Direito, está subordinado ao princípio da legalidade (CF/88, arts. 5º, II, 37, caput, 84, IV), o que equivale assentar que a Administração só pode atuar de acordo com o que a lei determina. Desta sorte, ao expedir um ato que tem por finalidade regulamentar a lei (decreto, regulamento, instrução, portaria, etc.), não pode a Administração inovar na ordem jurídica, impondo obrigações ou limitações a direitos de terceiros." REsp 584.798/PE Rel. Min. Luiz Fux Primeira Turma. DJ 06/12/2014 37. Cediço, portanto, que o fisco só pode atuar na fiel execução da lei, ao passo em que o particular pode atuar livremente, apenas observando o que não lhe seja vedado pelo ordenamento jurídico. 38. Para corroborar o alegado, citase abaixo o acórdão 12898.001543/200912 proferido pelo CARF na seção de 03/05/2016: Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 751DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 744 17 Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial do Contribuinte conhecido por unanimidade de votos e, no mérito, dado provimento por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo (Relatora), Marcos Aurélio Pereira Valadão, André Mendes Moura e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, HÉLIO EDUARDO DE PAIVA ARAÚJO (Suplente Convocado), ANDRÉ MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, NATHALIA CORREIA POMPEU, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ e CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO. Ementa(s) Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DEDUTIBILIDADE. A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI N 8.981/1995. Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ. IRPJ. CSLL. BASES DE CÁLCULO. IDENTIDADE. INOCORRÊNCIA. A aplicação, à Contribuição Social sobre o Lucro,das mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, por expressa disposição legal, não alcança a sua base de cálculo. Assim, em determinadas circunstâncias, para que se possa considerar indedutível um dispêndio na apuração da base de cálculo da contribuição, não é suficiente a simples argumentação de que ele, o dispêndio, é indedutível na determinação do lucro real, sendo necessária, no caso, disposição de lei nesse sentido Fl. 752DF CARF MF 18 39. Além disso, na seara tributária, o princípio da legalidade possui contornos ainda mais rígidos, a começar pelas limitações constitucionais ao poder de tributar, direito fundamental do contribuinte. 40. Assim, é vedado à fazenda pública exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça (art. 150, I, da CRFB/884), vinculando se, no ato de lançar, à lei (art. 142, parágrafo único, do CTN5), que é o instrumento legislativo capaz de estabelecer a base de cálculo do tributo (art. 97, IV, do CTN). 41. Portanto, qualquer intepretação do fisco que implique em adição ao lucro líquido da amortização do ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido, para fins de se estabelecer a base de cálculo da CSLL relativa ao Ano calendário 2011, 2012 e 2013, extrapola o limite da legalidade estrita inerente às relações jurídicas de natureza tributária. 42. Por outro lado, o emprego da analogia (com o IRPJ) não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, como quer o fisco (art. 108, § 1º da CTN). 43. Intuitivo, pois, que o crédito tributário constituído administrativamente pela RFB não procede. 44. Desse modo, REQUERSE que seja dado provimento ao presente recurso para declarar a nulidade do lançamento de ofício, que constituiu o crédito tributário a título de CSLL, relativamente ao período 2011/2013, sem base legal, nos autos do processo administrativo fiscal n. 16682722.758/201686. Concordo com a exposição jurídica do Recorrente, interpretando que a base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) é diversa do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). O artigo 57 da Lei nº 8.981/1995, expressamente, preconiza que é mantida “a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor”sobre a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), inviabilizando a glosa das despesas oriundas do ágio por rentabilidade futura. A dedutibilidade do ágio in casu não pressupõe a confusão patrimonial entre a investidora e a investida, nem propósito econômico, necessitando somente do incontroverso pagamento efetivo da quantia negociada, acima do valor patrimonial. Em acórdão nº 9101003.697, prolatado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), o voto vencido do i. conselheiro, Gerson Macedo Guerra, expôs idêntico posicionamento do presente voto: Há quem entenda que o artigo 57, da Lei 8.981/95 trouxe para o âmbito de apuração da CSLL todas as regras relativas ao IRPJ. Não me afilio a essa corrente. A meu ver, quando tal regra dispõe estarem "mantidas a base de cálculo e alíquotas previstas na legislação em vigor", ele deixa evidente que a apuração da CSLL deve respeitar regras específicas. vale a transcrição do referido artigo: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, Fl. 753DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 745 19 inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. Esse foi o entendimento do Acórdão Paradigma n° 9101002.310 desta Câmara Superior, onde restou consignado que “o mencionado art. 57 da Lei 8.981/95 não autoriza, de forma alguma, a aplicação indiscriminada das disposições regentes do Imposto de Renda na verificação dos contornos de incidência da CSLL, mas preserva, expressamente, os ditames próprios da definição de sua base de cálculo, da forma como realizado pelas disposições até então vigentes, mantendo, assim, as normas contidas na mencionada Lei 7.689/88, nos termos ali então especificamente apontados”. Importante transcrever trechos do referido acórdão: Ora, conforme se verifica da leitura dessas disposições – ao contrário do que afirma a decisão de primeira instância, o mencionado art. 57 da Lei 8.981/95 não autoriza, de forma alguma, a aplicação indiscriminada das disposições regentes do Imposto de Renda na verificação dos contornos de incidência da CSLL, mas preserva, expressamente, os ditames próprios da definição de sua base de cálculo, da forma como realizado pelas disposições até então vigentes, mantendo, assim, as normas contidas na mencionada Lei 7.689/88, nos termos ali então especificamente apontados. A partir dessas considerações, verificase que, conforme destacado das disposições do art. 2º, parágrafo 1º, alínea ‘c’ da Lei 7.689/88, ali expressamente se faz referência aos específicos ajustes (exclusões e adições) a serem aplicados ao resultado do períodobase, apurado a partir da aplicação das expressas disposições da legislação comercial, distinguindo a composição da base de cálculo da Contribuição em questão, assim, às regras próprias da legislação do Imposto sobre a Renda. Assim, para admitirse como valida qualquer exclusão e/ou adição na apuração da base de cálculo da CSLL, fazse essencial, no caso, a existência de legislação especificamente a ela relacionada, sem a qual, estarseia admitindo a possibilidade de interpretação ampliativa de normas restritivas de direito, o que, definitivamente, não tem qualquer cabimento em nosso ordenamento jurídico pátrio. Nessa linha, fixando o ponto de partida do nosso pensamento sobre a matéria, as regras de dedutibilidade de despesas que sejam aplicáveis na apuração do lucro real, não podem ser estendidas, sem a necessária préexistência de previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Fixada essa premissa necessária, relevante destacar, ainda, que a amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a Fl. 754DF CARF MF 20 base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. Nessa linha, portanto, penso que o que se deve exigir e verificar não é a previsão legal expressa para que seja admitida a dedução do ágio iniludivelmente pago, mas sim a inexistência de vedação para essa operacionalização, o que, no caso, efetivamente é o que se verifica em relação à CSLL. Em conclusão, podese afirmar que o art. 57 da Lei n° 8.981/95, prescreve, na verdade, dois preceitos distintos: ao mesmo tempo em que traz novas regras de apuração do lucro real, aplicáveis ao IRPJ e à CSLL, em sua parte final, mantém a base de cálculo própria desta última. Diante disso, apenas quando a legislação expressamente se referir à CSLL, tal disposição lhe será aplicável, o que não ocorre com a dedutibilidade das despesas com amortização do ágio pago em decorrência da aquisição de participações societárias. Nesse contexto, entendo que o lançamento em questão carece de base legal para glosa da despesa de amortização do ágio da base da CSLL. (grifado) Assim sendo, não havendo divergência sobre o efetivo pagamento do ágio por rentabilidade futura, concluo pela sua dedutibilidade da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), mesmo antes da alienação do investimento (incorporação, fusão ou cisão), visto que tal exigência é limitada à apuração do lucro real, condizente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). II. INEXIGIBILIDADE DA MULTA ISOLADA CUMULADA COM A MULTA DE OFÍCIO A multa isolada não é cumulativa como a penalidade de ofício, consoante jurisprudência uniformizada pela Súmula nº 105 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. O acórdão nº 9101001.261, relatado pelo Conselheiro, Valmir Sandri, paradigma da aludida Súmula nº 105, expõe a interpretação contrária à cumulatividade das penalidades: Assim, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de oficio na hipótese de falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também pela falta de antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de oficio por falta de recolhimento de tributo. Essa mesma conduta ocorre, por exemplo, quando o contribuinte atrasa o pagamento do tributo não declarado e é posteriormente Fl. 755DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 746 21 fiscalizado. Embora haja previsão de multa de mora pelo atraso de pagamento (20%), essa penalidade é absorvida pela aplicação da multa de oficio de 75%. É pacífico na própria Administração Tributária, que não é possível exigir concomitantemente as duas penalidades — de mora e de oficio — na mesma autuação por falta de recolhimento do tributo. Na dosimetria da pena mais gravosa, já está considerado o fato de o contribuinte estar em mora no pagamento. (...) Nesse sentido, cabe ressaltar que a Medida Provisória 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, veio a disciplinar posteriormente a aplicação de multas nos casos de lançamento de oficio pela Administração Pública Federal. Esse dispositivo legal veio a reconhecer a correção da jurisprudência desta Câmara, estabelecendo a penalidade isolada não deve mais incidir sobre "sobre a totalidade ou diferença de tributo", mas apenas sobre "valor do pagamento mensal" a título de recolhimento de estimativa. Além disso, para compatibilizar as penalidades ao efetivo dano que a conduta ilícita proporciona, ajustou o percentual da multa por falta de recolhimento de estimativas para 50%, passível de redução a 25% no caso de o contribuinte, notificado, efetuar o pagamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei no 8.218/91, art. 6°). Assim, a penalidade isolada aplicada em procedimento de oficio em função da não antecipação no curso do exercício se aproxima da multa de mora cobrada nos casos de atraso de pagamento de tributo (20%). Providência que se fazia necessária para tomar a punição proporcional ao dano causado pelo descumprimento do dever de antecipar o tributo.” Entendo, portanto, que é inexigível a concomitância de multa isolada com a multa de ofício, prevalecendo essa última. Isto posto, voto pelo conhecimento do Recurso Voluntário, rejeitando a nulidade arguida e, no mérito, DOULHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Voto Vencedor Conselheira Eva Maria Los, Redatora designada. 1. Este voto vencedor se refere ao mérito do julgamento, que são as seguintes matérias: a obrigatoriedade de adição da despesa de amortização de ágio à base de cálculo da CSLL (assim com o foi na apuração do lucro real) e a legalidade da exigência da multa Fl. 756DF CARF MF 22 isolada sobre estimativas devidas de CSLL, não recolhidas, enquanto também se exige multa de ofício sobre a CSLL anual apurada, não declarada e não paga. 2. O contribuinte adquiriu, com ágio, participações acionárias nas empresas Cielo e Visa Vale; reconheceu que a amortização de tal ágio não preenchia os requisitos de dedutibilidade na apuração do lucro real e adicionou a contrapartida do valor dessas amortizações ao lucro real; entendeu, porém, que a adição não era devida na apuração da base de cálculo da CSLL por sua vez, a autuação fiscal foi no sentido de que a contrapartida da despesa de amortização deste ágio deve também ser adicionada à base de cálculo da CSLL, e foi lavrado o auto de infração que exige CSLL apuração anual dos anoscalendário 2011, 2012 e 2013, bem como multa isolada sobre estimativas mensais de CSLL devidas e não pagas. 1 Obrigatoriedade de adição da contrapartida da despesa de amortização de ágio à base de cálculo da CSLL. 3. Neste caso, em que a amortização do ágio é indedutível para fins de apuração do IRPJ, também o é na apuração da CSLL, como se expõe a seguir. 1.1 PROCESSO Nº 16682.721151/201336 4. A Recorrente invocou o Acórdão CARF nº 1201001.237, de 22/05/2014, no processo nº 16682.721151/201336, relativo à mesma autuação, porém relativa aos anos calendário 2009 e 2010, e no qual restou vencedora. No entanto, referido acórdão foi objeto de Recurso Especial do Procurador e a decisão foi reformada, conforme Acórdão nº 9101003.005 de 08/08/2017, que se reproduz a seguir. Processo nº 16682.721151/201336 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.005– 1ª Turma Sessão de 8 de agosto de 2017 Matéria CSLL ADIÇÃO DE DESPESA DE ÁGIO NA BASE DE CÁLCULO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BBBANCO DE INVESTIMENTO S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário:2009, 2010 DESPESA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. REPERCUSSÃO DOS AJUSTES NO LUCRO REAL PARA A BASE DE CÁLCULO DA CSLL. MOMENTOS DA EXISTÊNCIA DO INVESTIMENTO. AQUISIÇÃO.DESENVOLVIMENTO. DESFAZIMENTO. I Construção empreendida pelo Decretolei nº 1.598, de 1977, encontrase em consonância com a edição no ano anterior (1976) da Lei nº 6.404 ("lei das S/A"), no qual se buscou modernizar os conceitos de contabilização de investimentos decorrentes de participações societárias, inclusive com a adoção do método de equivalência patrimonial (MEP). Foram delineados três momentos cruciais para o investidor: nascimento, desenvolvimento e fim do investimento, assim tratados: (1º) o da aquisição do investimento, normatizandose a figura do "ágio", que consiste no sobrepreço pago na aquisição, (2º) o momento em que o investimento gera frutos para o investidor, ou seja, a empresa adquirida gera lucros; e (3º) e desfazimento do investimento. Fl. 757DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 747 23 II O segundo momento operacionalizou sistema no qual os resultados de investimentos em participações societárias pudessem ser devidamente refletidos no investidor, por meio do MEP, e ao mesmo tempo, não fossem objeto de bitributação. De um lado, os resultados da investida seriam refletidos no investidor, fazendo com que tanto na investida quando no investidor fossem apuradas receitas operacionais que, em tese, integrariam o lucro líquido e a base de cálculo tributável. De outro, determinouse que o investidor poderia efetuar ajuste, no sentido de excluir da base de cálculo tributável os resultados positivos auferidos pela investida, viabilizandose a neutralidade do sistema e a convergência para fins fiscais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. III A mesma premissa deve ser considerada para o primeiro (aquisição) e terceiro (desfazimento) momentos. No desfazimento, o ágio deve ser considerado na apuração da base de cálculo do ganho de capital. Na aquisição, o sobrepreço contabilizado só poderá ser objeto da amortização se ocorridas as hipóteses de aproveitamento previstas expressamente na legislação. IV Nítida e transparente a convergência entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, no que concerne às operações decorrentes de participações societárias e os correspondentes resultados auferidos, em seus diferentes momentos:aquisição, desenvolvimento e desfazimento. REGRAS GERAIS DE DEDUTIBILIDADE. ÁGIO. DESPESA. Ágio é despesa, submetida a amortização, submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 47, da Lei nº 4.506, de 1964, e com repercussão tanto na apuração do IRPJ quando da CSLL, conforme art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995 e art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Luis Flavio Neto (relator), Cristiane Silva Costa e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro André Mendes de Moura. Ausente, justificadamente, a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pela conselheira Lívia de Carli Germano. (...) Voto vencedor Conselheiro André Mendes de Moura, Redator designado. Peço vênia para discordar o i. Relator, sempre didático e claro em seus votos, em relação ao mérito. Fl. 758DF CARF MF 24 A discussão é se deveria ou não ter sido realizada a adição na Base de Cálculo da CSLL de ágio contabilizado na aquisição de investimento, vez que a participação societária que deu causa ao ágio não foi objeto de alienação, e tampouco esteve envolvida em eventos de absorção de patrimônio (cisão, fusão ou incorporação). Assim, a regra da adição ao Lucro Real, visando a neutralidade do lançamento contábil de amortização de ágio, também teria repercussão na Base de Cálculo da CSLL? Há que se buscar a interpretação sistêmica da legislação tributária, sob pena de incorrer em contradições. Toda a construção empreendida pelo Decretolei nº 1.598, de 1977, encontrase em consonância com a edição no ano anterior (1976) da Lei nº 6.404 ("lei das S/A"), no qual se buscou modernizar os conceitos de contabilização de investimentos decorrentes de participações societárias, inclusive com a adoção do método de equivalência patrimonial (MEP). Foram tratados três momentos cruciais para o investidor, nascimento, desenvolvimento e fim do investimento, respectivamente delineados: (1) o da aquisição do investimento, normatizandose a figura do "ágio", que consiste no sobrepreço pago na aquisição, e (2) o momento em que o investimento gera frutos para o investidor, ou seja, a empresa adquirida gera lucros; e (3) e desfazimento do investimento. Em relação ao segundo momento (desenvolvimento do investimento), a interpretação integrada dos dois diplomas normativos consolidou a construção de sistema no qual os resultados de investimentos em participações societárias pudessem ser devidamente refletidos no investidor, por meio do MEP, e ao mesmo tempo, não fossem objeto de bitributação. Isso porque, em se considerando estritamente os lançamentos contábeis, os resultados da investida seriam refletidos no investidor, fazendo com que tanto na investida quando no investidor fossem apuradas receitas operacionais que, em tese, integrariam o lucro líquido e a base de cálculo tributável. Por isso, determinouse que o investidor poderia efetuar ajuste, no sentido de excluir da base de cálculo tributável os resultados positivos auferidos pela investida. É o que prescreve o art. 22 do Decretolei nº 1.598, de 1977, quando determina o procedimento a ser adotado pelo investidor ao final de cada exercício: o valor do investimento na data do balanço (...), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento. Caso tenha apurado resultado positivo, lançamento a débito na conta de investimento e a crédito em conta de resultado (receitas de equivalência patrimonial), com repercussão na base tributável. Tal repercussão é neutralizada logo no artigo seguinte (art. 23), ao predicar que a contrapartida do ajuste por aumento do valor de patrimônio líquido do investimento não será computada no lucro real (...). Assim, o crédito em conta de resultado seria excluído na apuração do lucro real. Fl. 759DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 748 25 Com a criação da CSLL, a Lei nº 7.689, de 1988, discorreu sobre ajuste na base de cálculo para fins fiscais, e determinou pela exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido (art. 2º, § 1º, alínea "c", item 1). Restou, nesse momento, nítida, clara e transparente, a convergência entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, no que concerne às operações decorrentes de participações societárias e os correspondentes resultados auferidos. A preocupação do legislador em compatibilizar a apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, mediante a operacionalização de ajustes no lucro líquido, é evidente. Portanto, não há nenhum sentido entender que, para as operações societárias relativas ao primeiro momento (aquisição do investimento) e o terceiro momento (desfazimento do investimento), poderseia aplicar um entendimento diferente daquele relativo ao segundo momento (desenvolvimento do investimento). Em relação ao terceiro momento (desfazimento do investimento), predica a norma que na alienação do investimento, o valor do ágio deverá ser considerado, na apuração da base de cálculo tributável (art. 25 e 33 do Decretolei nº 1.598, de 1977). E, em conexão indissociável com o segundo momento (desenvolvimento do investimento) e o terceiro momento (desfazimento do investimento), o primeiro momento (nascimento do investimento) trata da aquisição do investimento que, se for realizada com sobrepreço, implica na contabilização desse valor a maior em conta específica. É o que diz o art. 20 do Decretolei nº 1.598, de 1977, ao determinar nos incisos I e II que o custo de aquisição deveria ser desdobrado em (I) valor do patrimônio líquido na época da aquisição e (II) ágio ou deságio na aquisição. Por isso que, apesar da disposição no art. 25 do Decretolei nº 1.598, de 1977, ser no sentido de que as contrapartidas da amortização do ágio não seriam computadas na determinação do lucro real, não há nenhum sentido em se considerar que tal ajuste não se aplica para fins de apuração da Base de Cálculo da CSLL. Vale destacar que abraçar a tese da Contribuinte de que para a CSLL a amortização contábil, realizada a qualquer momento, sem nenhum critério, poderia ser realizada, e sem nenhum ajuste na base de cálculo da contribuição social, carrega insustentáveis incoerências. Primeiro: ora, se o Decretolei nº 1.598, de 1977, foi editado em época em que não existia a CSLL, só poderia ser aplicado para o imposto de renda. Então, a contabilização do ágio, na aquisição do investimento, só poderia surtir efeitos para fins de apuração do IRPJ. Para a CSLL, sequer existiria ágio na aquisição do investimento. Por consequência, não haveria de se falar na amortização do sobrepreço pago. Fl. 760DF CARF MF 26 Segundo, admitindose que a redação do art. 25 do Decretolei nº 1.598, de 1977, teria deixado grande margem de discricionariedade, e que a amortização poderia ser efetuada sem nenhum critério, é fato incontestável que tal cenário alterou se completamente com a edição da edição Lei nº 9.532, de 1997. Com o novel diploma, restou claro que a amortização do ágio não se daria sem qualquer critério. Os arts. 7º e 8º discorrem, não por acaso, que a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, poderá amortizar o valor do ágio no prazo mínimo de sessenta meses. E no que concerne ao deságio a determinação é ainda mais incisiva, vez que o comando é que a empresa deverá amortizar o valor do deságio. Ora, a partir do momento em que o legislador determina que a amortização do ágio poderá ser realizada sob determinada condição, fica claro que a amortização do ágio a critério exclusivo da pessoa jurídica não pode ser realizada. Não há que se falar em amortização do ágio sem motivação. Ou seja, se contabilmente o Contribuinte decidir amortizar o ágio, tal medida não terá efeito para fins fiscais, porque a legislação fiscal expressamente estipulou condição no qual o ágio poderia ser amortizado: eventos societários previstos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, incorporação, fusão e cisão envolvendo investidora e investida. Assim, se a Contribuinte resolveu amortizar o ágio contabilmente, sem a ocorrência dos eventos expressos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, tratase de ato de liberalidade não oponível ao Fisco, cuja contabilização não terá repercussão no Lucro Real ou na Base de Cálculo da CSLL. E a discussão sobre compatibilidade entre as bases de cálculo do IRPJ e CSLL tem ainda outros contornos. Isso porque o ágio é despesa, submetida a amortização. Logo, encontrase a despesa do ágio submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 47, da Lei nº 4.506, de 1964, base legal para o art. 299 do RIR/99: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). Fl. 761DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 749 27 § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Por sua vez, o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, dispõe: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (Grifei) (...) A interpretação dada ao dispositivo pelo Conselheiro Marcos Pereira Valadão, no Acórdão nº 9101002.396, é didática e esclarecedora: Assim, o texto legal acima transcrito evidencia claramente o vínculo entre a apuração da base cálculo da CSLL e os referidos requisitos para a dedutibilidade de despesas, do contrário não faria nenhum sentido a ressalva contida no texto. Com efeito, se o texto diz que para uma determinada situação deve se aplicar "A" independentemente de "B", é porque "B" também é aplicável àquela mesma situação. Nessa perspectiva, as regras de dedutibilidade de despesas previstas no art. 47 da Lei nº 4.506, de 1964, aplicamse tanto ao IRPJ quanto à CSLL. A redação do art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, dispõe claramente sobre hipóteses de despesas indedutíveis tanto para o IRPJ quanto para a CSLL, incluindo expressamente as situações previstas no art. 47 da Lei nº 4.506, de 1964. Sendo a despesa de amortização de ágio submetida ao regramento geral das despesas operacionais, não há que se falar em ausência de previsão normativa para a sua adição à Base de Cálculo da CSLL. No mesmo contexto, encontrase a redação do art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, mencionada pela autoridade fiscal: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. Pela expressão normas de apuração entendese o cômputo do quantum tributável, o procedimento consistente em determinar a base de cálculo do tributo, mediante operações de soma e diminuição de valores. Ou seja, precisamente a discussão dos presentes autos. Pelo dispositivo, resta mais evidente que Fl. 762DF CARF MF 28 repercussão dos ajustes efetuados para apuração da base de cálculo do IRPJ para a CSLL. Portanto, não há que se amparar o procedimento adotado pela Contribuinte, efetuado sem base legal e em completa dissonância com o sistema tributário. Enfim, tendo a decisão recorrida dado provimento ao recurso voluntário da Contribuinte, não apreciou a matéria relativa à multa isolada por insuficiência no recolhimento de estimativas mensais do anocalendário de 2007. Cabe, nesse sentido, o retorno dos autos para a turma a quo apreciar a matéria. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN. 5. Cabe destacar que as recentes decisões da CSRF tem sido neste sentido. Citemse: Processo nº 10600.720023/201432 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101003.697– 1ª Turma Sessão de 8 de agosto de 2018 Matéria ÁGIO CSLL Recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS CEMIG Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário:2010 CSLL. ADIÇÃO DE DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO NORMATIVA. A adição, à base de cálculo da CSLL, de despesas com amortização de ágio deduzidas indevidamente pela contribuinte encontra amparo nas normas que regem a exigência da referida contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araujo. Número do Processo 10480.735112/201225 Contribuinte HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A. Tipo do Recurso RECURSO ESPECIAL DO PROCURADORData da Sessão 12/09/2018 Relator(a) VIVIANE VIDAL WAGNER Nº Acórdão 9101003.740 Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJAnocalendário: 2007 TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE.A subsunção aos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, assim como aos arts. 385 e 386 do RIR/99, exige a satisfação dos aspectos temporal, pessoal e material ali previstos. Inexiste norma que amplie os aspectos Fl. 763DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 750 29 pessoal e material a outras pessoas jurídicas ou, ainda, que preveja a possibilidade de intermediação ou de interposição de outras pessoas jurídicas.Não há previsão legal, no contexto da mencionada legislação, para transferência de ágio por meio de interposta pessoa jurídica, sendo indevida a amortização do ágio pelo sujeito passivo.INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO.Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a incorporação de pessoa jurídica, em cujo patrimônio constava registro de ágio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, sem qualquer finalidade negocial ou societária. Nestes casos, resta caracterizada a utilização da incorporada como mera empresa veículo para transferência do ágio à incorporadora.TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.A decisão prolatada no lançamento matriz estendese ao lançamento decorrente, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula. 2 Multa isolada. Estimativa não recolhida. Concomitância com multa de ofício. 6. Como relatado no item precedente, o Acórdão da CSRF que reformou o Acórdão da Turma Ordinária, devolveu o processo para que esta apreciasse a questão sobre a legalidade da exigência da multa isolada sobre estimativas devidas de CSLL, não recolhidas, enquanto também se exige multa de ofício sobre a CSLL anual apurada, não declarada e não paga. 7. Por ser absolutamente pertinente ao presente julgamento que trata dos mesmos fatos e do mesmo contribuinte, sendo diferentes apenas os períodos de apuração, transcrevese o correspondente Acórdão nº 1201002.460, de 17/08/2018. Processo nº 16682.721151/201336 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1201002.460– 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2018 Matéria Multa Isolada por insuficiência de estimativas Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BB BANCO DE INVESTIMENTOS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário:2009 MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ, RELATIVAS AOS MESES DE JUNHO E JULHO DE 2009, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE CSLL APURADA NO AJUSTE ANUAL. Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430/96, tornase cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas aos meses de 2009, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de CSLL apurada no ajuste anual de 31/12/2009. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 764DF CARF MF 30 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. Vencidos os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa que negavam provimento ao recurso de ofício. (...) Do relatório do acórdão da DRJ, em síntese, insurgese a autuada contra a exigência de multa isolada simultaneamente com multa de lançamento de ofício; argúi que, implica dupla imposição de penalidade sobre um mesmo fato e uma mesma base de cálculo, portanto merece ser afastada. Do auto de infração (fls.727/735) e do TVF, depreendese que as multas isoladas referemse à insuficiência de estimativas da CSLL, e dizem respeito aos meses do ano calendário de 2009, e não 2007 como dito no Acórdão da CSRF, portanto configurado o lapso manifesto, prosseguese na análise. A Lei 9.430/96, em seu art. 44, inciso II, alínea b, com redação dada pelo art. 14 da Lei 11.488/2001, prevê a aplicação de multa isolada de 50%, para o caso de falta ou insuficiência de recolhimento das estimativas mensais, neste caso, da CSLL Estimativa. Vale tecer algum comentário sobre a cumulatividade de multa de ofício com multa isolada por insuficiência de estimativa mensal, que devem ser afastadas por força da Súmula CARF nº 105, verbis: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Como se vê, a Súmula tem como fundamento o art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996. Ocorre que, o mencionado dispositivo legal fora alterado pela Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, vejamos: Redação anterior: Art.44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição:(Vide Lei nº 10.892, de 2004) Ide setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;(Vide Lei nº 10.892, de 2004) Fl. 765DF CARF MF Processo nº 16682.722758/201686 Acórdão n.º 1201002.687 S1C2T1 Fl. 751 31 .... §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: ... IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; ... Redação após a Lei nº 11.488, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) No caso dos autos, as multas isoladas aplicadas, em relação aos meses de junho e julho de 2009, têm como fundamento o artigo 44, inciso II, alínea "b", da Lei 9.430/96, porquanto já em vigor a Medida Provisória nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, de sorte que a mencionada Súmula não se aplica ao presente processo, haja vista que os fatos geradores das multas isoladas exigidas ocorreram em 2009, sob a égide da Lei nº 11.488/2007, portanto, sem qualquer óbice legal para imposição concomitante da multa prevista em seu inciso I com aquela estabelecida no inciso II, alínea "b". Desse modo, temse como indiscutível o cabimento da incidência da multa isolada pela insuficiência de pagamento das estimativas mensais da CSLL, ainda que cumulativamente se exija a multa de ofício proporcional à contribuição devida no ajuste anual do ano de 2009. Portanto, ainda que em face dos autos de infração se exija o pagamento da CSLL no ajuste anual, em 31/12/2009, com a multa de ofício de 75%, deve ser mantida a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, nos presentes autos de infração, em relação aos mencionados meses de 2009. Fl. 766DF CARF MF 32 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso de ofício para manter as multas isoladas em comento. 8. Nada mais há que se ser acrescentado para, da mesma forma, julgar procedente o lançamento fiscal de multas isoladas sobre estimativas mensais de CSLL dos meses 01/2011 e 01, 02, 03, 11 e 12/2013, não declaradas e recolhidas. Conclusão. Voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Fl. 767DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.720143/2012-11
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
Numero da decisão: 2002-000.718
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer despesas médicas no montante de R$44.379,00, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni (relator) e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e redatora designada
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer despesas médicas no montante de R$44.379,00, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni (relator) e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e redatora designada (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
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DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer despesas médicas no montante de R$44.379,00, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni (relator) e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e redatora designada (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 01 43 /2 01 2- 11 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 83 2 Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 05 a 10), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 5.382,48, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 31 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, em 06/01/12, mediante as alegações relatadas a seguir: Alega ter direito à dedução e estaria juntando declaração da profissional confirmando ter recebido os valores, que foram oferecidos a tributação. Acrescenta que deduz as despesas há vários anos desde que iniciou o tratamento. A impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 25/09/2014, no acórdão 0363.808 às efls. 48 a 51, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformada, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário, às efls. 56 a 78, juntando todas os comprovantes de pagamento das despesas médicas glosadas. Voto Vencido Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que a contribuinte foi intimada do teor do acórdão da DRJ em 27/02/2015, efls. 52, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 25/03/2015, efls. 56, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 84 3 O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas: · Thereza Christina de Oliveira R$50.880,00; A DRJ manteve a autuação sob fundamento de que o contribuinte não colacionou aos autos prova do efetivo pagamento das despesas médicas, como se vê: limita a apresentar declaração emitida pela profissional confirmando ter prestado os serviços psicológicos à interessada, entretanto, não foi feita prova do efetivo pagamento. Os valores alegadamente pagos (total de R$50.880,00) são substanciais e entendo que não haveria dificuldades de comprovar o efetivo pagamento, por meio de cheques, cartão de crédito, saques em conta corrente, etc. As glosas serão mantidas por falta de comprovação do efetivo pagamento. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com Fl. 84DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 85 4 exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer Fl. 85DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 86 5 da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços Fl. 86DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 87 6 prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Fl. 87DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 88 7 Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Às efls. 12 a 23 há recibos emitidos pela profissional no importe R$50.880,00, que cumprem todos os requisitos elencados na legislação. Ainda, às efls. 11 há o declaração da psicóloga que corrobora com a contratação da prestação de serviços. Em sede de Recurso Voluntário, às efls. 58 a 78 a contribuinte teve o cuidado de juntar os comprovantes do efetivo pagamento das consultas. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Voto Vencedor Conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora designada Divirjo do i. relator quanto ao restabelecimento integral das despesas médicas glosadas. Em que pese a existência dos recibos e declarações emitidos pela profissional, foi exigida da contribuinte a comprovação quanto ao efetivo pagamento dessas despesas. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 18470.720143/201211 Acórdão n.º 2002000.718 S2C0T2 Fl. 89 8 Tal exigência encontrase amparada pelo artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). É não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento. A legislação tributária reproduzida outorga essa competência ao agente fiscal. Negar tal permissão significa avançar indevidamente sobre a condução da ação fiscalizadora estatal, restringindo o dever legal de investigação dos fatos, devidamente autorizado pela norma regulamentar. Em seu recurso, a recorrente elabora demonstrativo e junta documentos bancários atinentes a essas despesas. Entretanto, eles se revelam hábeis a comprovar o efetivo pagamento de apenas R$44.379,00. Constato que a recorrente deixou de apresentar documentos hábeis a fazer prova quanto aos pagamentos feitos em espécie. Nesse sentido, caberia a ela juntar, por exemplo, saques efetuados em datas e valores compatíveis com os alegados pagamentos. Isto posto, é de se dar parcial provimento ao recurso, para restabelecimento das despesas médicas no montante de R$44.379,00. É como voto. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.000088/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3301-001.048
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem (i) intime a Recorrente para trazer aos autos, em 60 dias, prorrogáveis uma vez por igual período: a) Laudo técnico descritivo de todo o processo produtivo da empresa, para o produto AÇÚCAR, subscrito por profissional habilitado e com anotação de responsabilidade técnica do órgão regulador profissional, com a indicação individualizada dos insumos utilizados dentro de cada fase de produção, com a completa identificação dos mesmos e sua descrição funcional dentro do ciclo; b) Indicar as notas fiscais glosadas a que se referem os insumos; c) Apontar e descrever o uso de bens do ativo imobilizado no processo de produção que foram glosados, especificando-os; d) Apresente a segregação entre os fretes: 1- venda; 2- compra de insumos e 3-intercompany, indicando as respectivas notas fiscais que foram glosadas; e) Esclarecer se, para o período em análise, a cana de açúcar foi adquirida na integralidade de terceiros/pessoas jurídicas. ii) Indique os insumos e os bens do ativo permanente que são comuns à produção de açúcar e de álcool, detalhando-os. iii) Ato contínuo à juntada da documentação pelo contribuinte (itens i e ii), manifeste-se a autoridade fiscal, considerando o disposto no Parecer Normativo RFB n° 5/2018. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira e Ari Vendramini, que votaram por converter o julgamento em diligência para a juntada aos autos dos documentos recebidos pela Fiscalização e devolvidos ao contribuinte.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem (i) intime a Recorrente para trazer aos autos, em 60 dias, prorrogáveis uma vez por igual período: a) Laudo técnico descritivo de todo o processo produtivo da empresa, para o produto AÇÚCAR, subscrito por profissional habilitado e com anotação de responsabilidade técnica do órgão regulador profissional, com a indicação individualizada dos insumos utilizados dentro de cada fase de produção, com a completa identificação dos mesmos e sua descrição funcional dentro do ciclo; b) Indicar as notas fiscais glosadas a que se referem os insumos; c) Apontar e descrever o uso de bens do ativo imobilizado no processo de produção que foram glosados, especificandoos; d) Apresente a segregação entre os fretes: 1 venda; 2 compra de insumos e 3intercompany, indicando as respectivas notas fiscais que foram glosadas; e) Esclarecer se, para o período em análise, a cana de açúcar foi adquirida na integralidade de terceiros/pessoas jurídicas. ii) Indique os insumos e os bens do ativo permanente que são comuns à produção de açúcar e de álcool, detalhandoos. iii) Ato contínuo à juntada da documentação pelo contribuinte (itens i e ii), manifestese a autoridade fiscal, considerando o disposto no Parecer Normativo RFB n° 5/2018. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira e Ari Vendramini, que votaram por converter o julgamento em diligência para a juntada aos autos dos documentos recebidos pela Fiscalização e devolvidos ao contribuinte. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 58 68 .0 00 08 8/ 20 10 -1 7 Fl. 514DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 515 2 Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de auto de infração de PIS (fls. 337/350) e COFINS (fls. 351/364), do 2º trimestre de 2006. Segundo o auto de infração foi apurado o que se segue: a) Bens e serviços utilizados como insumos A fiscalizada produz açúcar bruto e álcool carburante. São considerados insumos os bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos no processo de fabricação dos bens destinados à venda. Foram glosados bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo, por não serem utilizados ou aplicados diretamente no processo de fabricação do bem destinado à venda, açúcar, produto sujeito à incidência não cumulativa, tais como: partes, peças e/ou serviços para manutenção de veículos, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, recauchutagem, aquisição de pneus; serviços de construção civil, serviços e peças para veículos, tratores e máquinas agrícolas, com tintas etc; transporte de pessoas e de equipamentos do ativo permanente, e não para entrega de insumos; Tais gastos não atendem ao critério para caracterização como insumos, pois eles não se dão no âmbito do processo produtivo do açúcar, mas sim em etapas anteriores ou posteriores à produção. b) Método de apropriação de crédito Não foi aceito o método de determinação eleito pelo contribuinte: incidência não cumulativa sobre receita parcial e/ou de exportação com base na proporção dos custos diretamente apropriados, pelas seguintes razões a seguir expostas. O contribuinte produz açúcar e álcool que estão sujeitos à incidência não cumulativa e cumulativa, respectivamente. A primeira etapa do processo produtivo é comum a ambos os produtos. Analisando os documentos e arquivos digitais apresentados, constatouse que os valores informados no DACON, não correspondiam a valores apurados com base no método da apropriação direta, já que todos os custos comuns foram vinculados ao produto açúcar. O sujeito passivo relacionou as contas contábeis que compõem o valor mensal dos insumos informados nos DACON. Constatase que informou o valor de materiais em estoque, portanto, o método utilizado no DACON não é o de apropriação direta dos custos, já que tal método é caracterizado pelo aproveitamento dos custos no momento da destinação e vinculação com as receitas sujeitas ao regime não cumulativo e o contribuinte o considerou no momento da aquisição ou contabilização. O sujeito passivo relacionou contas contábeis que compõem o valor mensal dos insumos apropriados nos DACON. Há contas estranhas ao conceito de insumos, como por exemplo, bens de natureza permanente, copa, cozinha e limpeza, gêneros alimentícios, lanches e refeições, uniformes. Ainda, há razões apresentados de contas cujas notas e fornecedores relacionados não constam nos livros de PIS/COFINS e nem nas planilhas com a descrição dos insumos, cujos valores são os constantes dos Fl. 515DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 516 3 DACON, como por exemplo, correios e malotes, comunicações, outros serviços, serviços de manutenção e reparos. O método de apropriação direta não foi comprovado, portanto, foi utilizado o método de rateio pela proporção da receita. Aplicouse o método de rateio proporcional da receita bruta aos insumos, energia elétrica, despesas de contraprestações de arrendamento mercantil e demais custos comuns. c) Base de Cálculo do crédito a descontar referente ao ativo imobilizado A interessada utilizou o critério dos créditos acelerados para a apuração das bases de cálculo dos créditos referentes ao ativo imobilizado. A legislação prevê o direito de desconto de créditos referentes a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, utilizados no processo de fabricação dos bens destinados à venda calculados com base na depreciação mensal. Em relação a máquinas e equipamentos utilizados na fabricação dos bens destinados à venda é permitido o cálculo com base em 1/48 do valor de aquisição. A Lei 11.051/2004 permitiu o cálculo com base em 1/24 do custo de aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, empregados em processo industrial do adquirente. Foram apuradas as seguintes irregularidades: foi apurado crédito em relação à 1/24 de bens adquiridos antes de 01/10/2004; foi apurado crédito em relação a bens adquiridos antes de 01/05/2004; foi apurado crédito de bens diferentes de maquinas e equipamentos (tais como veículos, motos, microônibus, caminhões, etc.); foi apurado crédito de bens que não foram utilizados exclusivamente no processo industrial, tais como: rádios, computadores de bordo, tratores, lavador de veículos, replantador de cana, colheitadeira etc. foi apurado crédito de bens vinculados às receitas sujeitas ao regime cumulativo; foi apurado crédito relativo aos bens comuns à fabricação de produtos sujeitos aos regimes cumulativos, não cumulativos e exportação; Em relação aos bens comuns a produção sujeita ao regime cumulativo, não cumulativo e da exportação foi aplicado o percentual de rateio. d) Créditos presumidos Atividades agroindustriais O crédito presumido de PIS e de Cofins referente à aquisição de cana de açúcar não foi calculado às alíquotas de 0,5775 e 2,66, respectivamente e o frete pago às pessoas físicas não gera direito ao crédito de contribuições, além disso, não foi aplicado o rateio em relação à cana de açúcar (insumo comum). A interessada foi cientificada em 11/05/2010 e apresentou impugnação (fls. 366/383) em 09/06/2010 alegando em síntese: Alega que a sua atividade se estende desde a lavoura até a comercialização de seus produtos e subprodutos no mercado interno e externo. Afirma que a fiscalização glosou custos com insumos que são aplicados e consumidos no processo produtivo, bem como não considerou o fato de que é Fl. 516DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 517 4 agroindustrial e que seu processo produtivo se inicia na lavoura e termina na comercialização. Os créditos pleiteados foram constituídos sobre matéria prima e produtos intermediários adquiridos de fornecedores regulares e todos foram submetidos ao processo de industrialização, consumindose ou desgastandose integralmente no decorrer do processo produtivo. Inicialmente faz exposição a respeito do direito ao crédito da PIS/COFINS, relatando o histórico da edição dos atos legais, faz considerações sobre o conceito de nãocumulatividade, destacando a diferença entre esse conceito, para o PIS e COFINS, e o conceito aplicável ao ICMS e IPI, que não foi observada pela fiscalização. Continua, dizendo que mantidas as restrições impostas pela fiscalização, as contribuições tornamse cumulativas o que as tornam inconstitucionais e ilegais, devendo ser observada a lei e os mandamentos constitucionais, em especial, a vontade do legislador, e que as Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003, ao impor um rol taxativo de créditos a serem aproveitados (art. 3º) não se mostram adequadas e subsumidas ao comando constitucional contido no §12, do art. 195, da CF, ficando evidenciada a inconstitucionalidade das limitações ao direito de créditos de PIS/COFINS, tal como colocada nas referidas leis. Assim, na esteira do entendimento constitucional, é necessário o reconhecimento do direito de crédito em relação a todas as despesas necessárias à produção do resultado econômico e, não sendo esse o entendimento a ser esposado, é certo que o procedimento fiscal é absurdo, pois glosou mais de 85% dos créditos levantados, sendo que todos os insumos glosados são aplicados no processo produtivo do requerente, a saber: Material Intermediário – Serviço de Manutenção. Que o conceito de insumos, adotado pelo fisco, é totalmente distorcido, uma vez que é desconsiderado parte do processo industrial do requerente, qual seja, a produção do insumo cana de açúcar, onde se tem o preparo do solo, o plantio da cana, os tratos culturais, o corte, e o transporte da cana para a fabricação dos produtos. Que nesse processo são utilizados tratores, caminhões e máquinas para tais procedimentos e, assim, as peças para esses veículos são indispensáveis para o processo de produção. Que as disposições da IN SRF nº 247, de 2002 estão eivadas de inconstitucionalidade, uma vez que subverte o estabelecido em lei e que, ao incluir os combustíveis e lubrificantes como insumos que dão direito a crédito, o objetivo do legislador foi estabelecer um rol exemplificativo de bens e serviços, e não taxativos, como quer o fisco. Assim, é de se reconsiderar tal glosa, pois os bens expressamente impugnados são materiais intermediários inseridos e que se desgastam no decorrer do processo produtivo. Material Intermediário Serviço de Manutenção Industrial. Alega que no decorrer do processo produtivo são consumidos inúmeros insumos dentre os quais aqueles glosados indevidamente pela fiscalização, tais como: serviços de reparação de equipamentos, manutenção na moenda e outros, todos são equipamentos e serviços utilizados no processo produtivo, de modo que sem estes insumos o processo não decorre sem prejuízos para a defendente. Do direito ao crédito do frete. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 518 5 Contesta a glosa referente a fretes pagos a pessoa jurídica quando atinentes a transporte de pessoal, de mercadorias para terceiros e aquisição de materiais. Alega que entre as glosas constam despesas de frete nas operações de venda, o que está expressamente previsto no inciso IX do art. 3º, da Lei nº 10.833, de 2003. Requer o afastamento das glosas no tocante à notas de transporte e que originaram o crédito, em especial as de remessas de mercadorias cujo ônus foi suportado pela Defendente. Do método de apuração dos créditos A fiscalização ao arrepio da lei desconsiderou o método de apropriação dos créditos elaborados pelo contribuinte e optou pelo meio mais oneroso para quem paga o imposto e que lhe era mais benéfico, sob o argumento de que todos os custos da cana, seu processamento, extração de caldo, suporte industrial e outros são apropriados para o produto açúcar. Quanto à alegação de que todos os custos referentes à cana foram destinados ao açúcar e que os únicos custos que foram apropriados para a produção do álcool foram os referentes à fábrica de álcool e depósito de álcool, a interessada informa que o sistema de custo integrado serve exatamente para separar os custos destinados à fabricação do açúcar e do álcool, etc. de modo que os insumos destinados a cada processo sejam efetivamente direcionados aos seus respectivos centros através das requisições contábeis. Todo o volume de cana, o processo de extração do caldo e o suporte industrial, são exatamente custos da fabricação de açúcar, vez que cem por cento do caldo resultante desse processo é destinado a fábrica de açúcar para produção do VHP que é exportado e submetido à incidência não cumulativa do imposto. Para a fábrica do álcool somente é encaminhado o mel final que resulta do processo de fabricação de açúcar o qual vai juntamente com seu respectivo custo de resíduo industrial. A fiscalização argumenta que toda a cana foi apropriada no processo de fabricação do açúcar, independente se dela foi elaborado álcool, entretanto, não houve fabricação de álcool direto da cana, já que as condições de mercado levaram as destilarias a tornaremse usinas e, nesse processo, enfatizarem a produção de açúcar por ser economicamente mais rentável. O segundo argumento fiscal é no sentido de que os razões não permitem identificar quais são os produtos, insumos ou fornecedores dos custos apropriados, pois só informam o número da requisição do material, ora, e qual a ilegalidade ou irregularidade existente em tal procedimento? A fiscalização alega que há razões apresentados e informados, cujos produtos, notas fiscais e fornecedores relacionados não constam nos Livros Auxiliares, nem nas planilhas com a descrição dos insumos informados. Os livros auxiliares não são livros obrigatórios e não possuem regramento específico para seu preenchimento de modo que a defendente adota os procedimentos que melhor atendam seu gerenciamento. Inexistem custos comuns que são apropriados somente à receita não cumulativa, conforme trabalho em anexo que demonstra o processo de fabricação do açúcar e o de fabricação do álcool, sendo ambos independentes e partindo de pontos totalmente distintos. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 519 6 O início do processo de fabricação de álcool é o mel pobre resultante como resíduo industrial do processo de fabricação do açúcar o qual possui seu custo que é efetivamente considerado. Da energia elétrica Reitera os argumentos do item anterior. Dos encargos de depreciação dos ativos Nesse caso, alega que a lei faz referência expressa aos bens do ativo imobilizado utilizados na fabricação ou produção dos bens e produtos destinados à venda, não estabelecendo a necessidade de contato direto e desgaste na composição do produto final, ou seja, os caminhões, tratores, reboques são inseridos no processo produtivo e, na comercialização, são necessários veículos, telefones, computadores e outros equipamentos para que o processo industrial seja completo. Quanto à limitação de apropriação desse tipo de crédito para os bens adquiridos anteriormente a maio e outubro de 1994, o requerente entende que afronta o princípio da legalidade, pois o direito ao crédito foi previamente constituído com a entrada do bem no ativo, havendo direito adquirido desde tal evento e somente a apropriação do direito préconstituído se dá mês a mês, conforme previsto na lei. Dos Alugueis de Máquinas e arrendamento mercantil A fiscalização desconsiderou o sistema de custo integrado apresentado, portanto, não questionou o direito de crédito apenas efetua o rateio o que foi discutido em tópico específico. Dos Créditos Presumidos Alega que aplicou a alíquota correta para determinação do crédito presumido. Em relação ao frete alega que efetuou o crédito presumido sobre os bens e insumos aplicados no processo de fabricação do açúcar, sobre os quais não havia incidência das referidas contribuições, tal como previsto na lei. Em relação ao rateio reitera as alegações do item que trata do método de apuração do crédito. Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pela designação de perícia técnica para definição do processo produtivo da interessada, sendo que ao final, deve ser feita a aplicação do direito à realidade fática, cancelando as glosas realizadas e respeitandose o procedimento de apuração do crédito adotado pela defendente, uma vez que previsto na lei, com as justificativas apresentadas no decorrer da presente, por ser medida de direito e da mais lídima Justiça. A 16ª Turma da DRJ/RJ1, no Acórdão n° 1263.390, manteve as glosas dos créditos, com decisão assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. Fl. 519DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 520 7 A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente; ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PEDIDO DE PERÍCIA. Considerase não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV, do art. 57, do Decreto nº 7.574, de 2011. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos da COFINS nãocumulativa, entendese como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda apenas as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. DESPESAS DE DEPRECIAÇÃO. Apenas os bens integrantes do Ativo Imobilizado, adquiridos posteriormente a 01/05/2004 e diretamente ligados ao processo produtivo da empresa podem gerar despesas de depreciação que dão direito ao creditamento na apuração do PIS e da Cofins. O aproveitamento dos créditos mediante a depreciação acelerada somente é possível para as aquisições efetuadas após 1º de outubro de 2004 DESPESAS, CUSTOS E ENCARGOS COMUNS VINCULADOS A RECEITAS SUJEITAS À INCIDÊNCIA CUMULATIVA E NÃO CUMULATIVA. RATEIO PROPORCIONAL. NECESSIDADE. No caso da existência de despesas, custos e encargos comuns vinculadas a receitas sujeitas à incidência cumulativa e não Fl. 520DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 521 8 cumulativa, não havendo sistema contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, necessário se faz a apropriação por meio de rateio proporcional, nos termos do disposto no § 8º, do art. 3º, da Lei nº 10.637, de 2002. CREDITO PRESUMIDO. ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS. FRETE. PESSOA FÍSICA. O crédito presumido aplicase aos bens utilizados como insumo na produção de mercadorias de origem animal ou vegetal, adquiridos de pessoa física. Portanto, não se aplica ao frete adquirido de pessoa física, já que frete não é insumo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP (...) Em Recurso Voluntário, a empresa reitera os argumentos da sua manifestação de inconformidade, para pleitear o reconhecimento dos créditos. Ademais, defende o método direto de apropriação dos créditos, que fora desqualificado pela fiscalização para o método do rateio proporcional. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Conforme relatado, a análise fiscal efetuada voltouse à verificação dos créditos de PIS/COFINS informados pelo contribuinte no DACON, que foram objeto de pedidos de ressarcimento/compensação. A fiscalização utilizou os livros fiscais/contábeis e demais documentos, bem como as informações e esclarecimentos prestados pelo contribuinte. As glosas são analisadas a seguir. Bens utilizados como insumos A fiscalização aplicou o conceito de insumo das Instruções Normativas n° 247 e 404 para demarcar o que poderia ser objeto de tomada de crédito pelo contribuinte. a) Material Intermediário Serviço de Manutenção Informa a fiscalização que da análise de notas fiscais, constatouse que os gastos não se referiam a aquisição dos insumos matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados ou aplicados diretamente no processo de fabricação do açúcar. Fl. 521DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 522 9 Dentre eles, a fiscalização apontou diversos gastos destinados a despesas com manutenção de veículos, caminhões, ônibus, pneus, máquinas agrícolas, recauchutagem e aquisição de pneus etc. e despesas diversas. A Recorrente por sua vez aduz que as suas atividades vão do plantio de cana deaçúcar, passando pela fabricação de açúcar e álcool, até a comercialização de tais produtos, e que as glosas levadas a efeito pela fiscalização se mostraram insubsistentes, já que não foram considerados os insumos efetivamente utilizados no processo produtivo como um todo. Descreve seu processo produtivo de forma sucinta: Em apertada síntese o processo produtivo da Recorrente se inicia no preparo de solo para plantio da cana, efetivação do plantio desta, tratos culturais, corte da cana, carregamento, transporte, moagem, fabricação de açúcar e, por fim, comercialização dos produtos e exportação. Durante todo esse processo produtivo são consumidos inúmeros insumos dentre os quais aqueles glosados indevidamente pela fiscalização, senão vejamos, por amostragem, que pneus, câmaras de ar, peças para trator, peças para caminhões, peças para máquinas agrícolas são utilizados em tratores, caminhões e máquinas que plantam, colhem e transportam a cana até a moenda industrial fazendo parte do processo de produção. É equivocado o entendimento fiscal de que os gastos com a colheita e transporte da cana constituem procedimentos anteriores ao processo industrial, já que o contrato social da Recorrente estabelece como objetivo da sociedade também a produção de cana de açúcar. Ante o exposto, de se notar que a fiscalização desconsidera parte do processo industrial da Recorrente que se inicia na produção da cana a ser manufaturada, a qual demanda grande quantidade de insumos e equipamentos para sua produção, corte, carregamento, transporte e outros. a.2) Material Intermediário Serviço de Manutenção Industrial A fiscalização afirmou que tal rubrica referese a produtos e serviços consumidos no processo produtivo industrial, tais como partes e peças de máquinas, serviços de reparo em maquinário etc. No entanto, dentre eles, a fiscalização encontrou alguns gastos com bens que não teriam sido diretamente consumidos na fabricação dos bens destinados à venda e que, portanto, não se enquadrariam no conceito de insumos. Para tanto, cita os gastos com construção civil, serviços e peças para veículos, tratores, máquinas agrícolas, etc. A Recorrente sustenta que os créditos glosados pela fiscalização no processo industrial são indispensáveis para que ocorra a produção contínua e para evitar o sucateamento do parque industrial. Prossegue: Fl. 522DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 523 10 No decorrer do processo produtivo são consumidos inúmeros insumos dentre os quais aqueles glosados indevidamente pela fiscalização, tais como, serviços de reparação de equipamentos, manutenção na moenda e outros, todos são equipamentos e serviços utilizados no processo produtivo, de modo que, sem estes insumos o processo não decorre sem prejuízos para a Recorrente. a.3) Frete A fiscalização glosou as despesas com fretes referentes a transporte de pessoas, por não se enquadrarem no disposto no art. 3°, §3°, da Lei n° 10.833/2003. Aduz também que os fretes teriam sido pagos a pessoas físicas. Neste ponto, a Recorrente aduz que, dentre as glosas levadas a efeito pela fiscalização, constam fretes nas operações de venda das mercadorias, o que está expressamente previsto no inciso IX do art. 3° da Lei 10.833/2003. Base de cálculo dos créditos a descontar relativos a bens do ativo imobilizado Relatou a fiscalização que o contribuinte apresentou, em meio magnético, planilha contendo a discriminação, mês a mês, dos bens de seu ativo imobilizado, respectivos valores e datas de aquisição, que serviram para apuração mensal das bases de cálculo dos créditos. Conforme tal planilha, a base de cálculo dos créditos foi apurada com base nos valores correspondentes a 1/48 ou 1/24 do valor de aquisição do bem. Então, a autoridade fiscal constatou que o contribuinte incluiu na base de cálculo dos créditos referentes a bens do ativo imobilizado: 1/24 de valores de aquisição de bens adquiridos antes de 01/10/2004, contrariando o art. 2°, §2° da Lei n° 11.051/04; 1/48 de valores referentes a bens adquiridos antes de 01/05/2004, e valores referentes a bens diferentes de máquinas e equipamentos (edificações, veículos, motos, micro ônibus, caminhões, etc.), contrariando o art. 31 da Lei n° 10.865/04 e o art. 3°, §14, da Lei n° 10.833/03; bens que não foram utilizados exclusivamente no processo industrial, tais como: rádio motorola, computadores de bordo, tratores, lavador de veículos, replantador de cana, colheitadeira de cana, etc., contrariando o disposto no art. 3°; VI, e §1°, II, da Lei n° 10.837/2002, e art. 15, da Lei n°10.833/2003, e art. 2° da Lei 11.051/2004. Diante disso, ficou consignado os motivos das glosas, bem como que a maior parte delas se deu em função da exclusão de bens cujas datas de aquisição não estão compreendidas no período permitido pela legislação. Por sua vez, a Recorrente reitera que não se pode limitar o processo produtivo ao parque industrial, pois é pessoa jurídica AGROINDUSTRIAL, ou seja, seu processo produtivo se inicia na lavoura: Fl. 523DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 524 11 A lei, nesse caso, adota entendimento de que os equipamentos utilizados na produção, ora, o caminhão, os reboques canavieiros, os tratores, são efetivamente inseridos no processo produtivo da parte rural da pessoa jurídica, levando a cana até a usina, onde começa o processo industrial da mesma. Já no processo industrial e de comercialização são necessários veículos, telefones, computadores e outros equipamentos para que o processo industrial seja completo, portanto, não há sustentabilidade jurídica ou fática ao posicionamento fiscal, vez que diametralmente oposto aos mandamentos aplicáveis ao caso. Há duas situações distintas: a contabilização de encargos referentes a bens não utilizados no processo de fabricação dos produtos e a contabilização de encargos referentes a bens adquiridos anteriormente às datas previstas em lei. Controvérsia em relação ao conceito de insumo e delimitação do processo produtivo da empresa Um dos pontos controvertidos nestes autos é o conceito de insumo para fins de creditamento no âmbito do regime de apuração nãocumulativa das contribuições. A Recorrente pleiteia os créditos de gastos que entende como essenciais para sua atividade. O conceito de insumo que norteou a autuação é o restrito, no sentido de que são somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. Assim, na definição de bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda, foram enquadrados como insumos pelas citadas Instruções Normativas da Receita Federal, as matériasprimas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na fabricação de produtos. Ressaltese que a DRJ seguiu a mesma linha da auditoria dos créditos. Esta 1ª Turma de Julgamento adota a posição de que o conceito de insumo para fins de creditamento de PIS/COFINS, no regime da nãocumulatividade, não guarda correspondência com o utilizado pela legislação do IPI, tampouco pela legislação do Imposto sobre a Renda. Dessa forma, o insumo deve ser essencial ao processo produtivo e, por conseguinte, à execução da atividade empresarial desenvolvida pela empresa. Em razão disso, deve haver a análise individual da natureza da atividade da pessoa jurídica que busca o creditamento segundo o regime da nãocumulatividade, para se aferir o que é insumo. Ademais, sobreveio o julgamento do REsp 1.221.170PR, proferido na sistemática de recursos repetitivos, no qual o STJ fixou as seguintes teses: (a) é ilegal a Fl. 524DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 525 12 disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF n° 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte (julg. 22/02/2018, DJ 24/04/2018). Em virtude do julgamento desse recurso especial, a RFB editou o Parecer Normativo n° 5, de 17 de dezembro de 2018 (DOU 18/12/2018), que prescreveu: Apresenta as principais repercussões no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil decorrentes da definição do conceito de insumos na legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins estabelecida pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR. Ementa. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. A atividade desenvolvida pela Recorrente é o plantio de canadeaçúcar e sua industrialização para produção de açúcar e álcool, de modo que suas atividades se estendem desde a lavoura até a comercialização de seus produtos, o que, em tese, pode envolver que as despesas incorridas e ora pleiteadas sejam de fato insumos. Logo, é imperiosa, portanto, a comprovação da efetiva associação dessas despesas com o processo produtivo da Recorrente. Fl. 525DF CARF MF Processo nº 15868.000088/201017 Resolução nº 3301001.048 S3C3T1 Fl. 526 13 É sabido que em processos de compensação, o ônus da prova da liquidez e certeza dos créditos é do contribuinte. Todavia, consta nos autos que a empresa apresentou todos os documentos referentes a sua tomada de crédito, que foram utilizados para a elaboração da planilha de glosas construída pela fiscalização. Indubitavelmente, o contexto nos anos calendários de 2004 a 2007 difere totalmente do contexto atual, pós julgamento do Recurso Especial e edição do Parecer Normativo da RFB. Isso tudo justifica a conversão do julgamento em diligência, para verificação do processo produtivo da empresa em cotejo com as despesas glosadas, para aferir a essencialidade e relevância das mesmas à atividade da empresa. CONCLUSÃO Pelo exposto acima, voto pela conversão do julgamento em diligência para que a Unidade de Origem: (i) intime a Recorrente para trazer aos autos, em 60 dias, prorrogáveis uma vez por igual período: a) Laudo técnico descritivo de todo o processo produtivo da empresa, para o produto AÇÚCAR, subscrito por profissional habilitado e com anotação de responsabilidade técnica do órgão regulador profissional, com a indicação individualizada dos insumos utilizados dentro de cada fase de produção, com a completa identificação dos mesmos e sua descrição funcional dentro do ciclo; b) Indicar as notas fiscais glosadas a que se referem os insumos; c) Apontar e descrever o uso de bens do ativo imobilizado no processo de produção que foram glosados, especificandoos; d) Apresente a segregação entre os fretes: 1 venda; 2 compra de insumos e 3intercompany, indicando as respectivas notas fiscais que foram glosadas; e) Esclarecer se, para o período em análise, a cana de açúcar foi adquirida na integralidade de terceiros/pessoas jurídicas. ii) Indique os insumos e os bens do ativo permanente que são comuns à produção de açúcar e de álcool, detalhandoos. iii) Ato contínuo à juntada da documentação pelo contribuinte (itens i e ii), manifestese a autoridade fiscal, considerando o disposto no Parecer Normativo RFB n° 5/2018. Após, deverão os autos serem devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 526DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.002569/2010-32
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
RENDIMENTOS. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Súmula CARF nº63.
Numero da decisão: 2002-000.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. Recorrente HELVIO JOSE GONCALVES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 RENDIMENTOS. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Súmula CARF nº63. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 25 69 /2 01 0- 32 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10850.002569/201032 Acórdão n.º 2002000.848 S2C0T2 Fl. 98 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 8/11), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2009. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir de R$17.584,04 para saldo de imposto a pagar de R$9.244,27. A notificação noticia a omissão de rendimentos no montante de R$133.701,22 (fl.9). Impugnação Cientificada ao contribuinte em 18/11/2010, a NL foi objeto de impugnação, em 3/12/2010, às fls. 3/28 dos autos, na qual ele contesta parcialmente a omissão, aduzindo que os rendimentos do INSS seriam isentos do IR, por serem decorrentes de aposentadoria por invalidez e por ser ele portador de moléstia grave. Ressaltou que a Administração Tributária já teria reconhecido seu direito em outros processos e que os documentos já se encontrariam junto à RFB. Antes do julgamento, a autoridade lançadora examinou a possibilidade de revisão de ofício do lançamento (art. 6°A da IN RFB n° 958/2009, com a redação dada pelo art. 1º da IN RFB n° 1061 /2010), tendo concluído, à vista de documentação comprobatória juntada pelo contribuinte à impugnação, pela manutenção do lançamento, como consignado no Termo Circunstanciado/Despacho Decisório de fls. 53/56. Intimado dessa decisão, o sujeito passivo não se manifestou. Em seguida, a impugnação foi apreciada na 5ª Turma da DRJ/REC que, por unanimidade, julgoua improcedente (fls. 65/69). Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 9/5/2014 (fl. 75), o contribuinte, em 6/6/2014 (fl. 84), apresentou recurso voluntário, às fls. 84/91, no qual alega, em apertado resumo, que: seria portador de cardiopatia grave conforme laudo juntado a sua defesa e outros documentos já apresentados à RFB em outros processos administrativos. já restaria demonstrado à fl.17 que seus rendimentos seriam de aposentadoria, não cabendo sua tributação. seria de se processar a declaração retificadora juntada a sua impugnação Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10850.002569/201032 Acórdão n.º 2002000.848 S2C0T2 Fl. 99 3 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Delimitação da lide A autuação recai sobre rendimentos pagos ao recorrente pelo INSS e pela Aeros. Na sua impugnação, o sujeito passivo manifestou concordância com a inclusão dos rendimentos da Aeros, elaborando esboço de declaração retificadora onde esses rendimentos constam como tributáveis (fls. 23/26). Dessa feita, não cabe o pronunciamento deste Colegiado acerca desses rendimentos. Mérito Como já indicado, o litígio recai sobre rendimentos auferidos pelo recorrente do INSS, os quais ele alega seriam isentos, uma vez que provenientes de aposentadoria e por ser ele portador de moléstia grave. Sobre o assunto, trago as súmulas CARF nos 43 e 63, de observância obrigatória por este Colegiado: Súmula CARF nº 43 Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Portanto, para reconhecimento da isenção pleiteada, é necessária a comprovação da existência de duas condições concomitantes: (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão e (ii) que o contribuinte seja portador de uma Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10850.002569/201032 Acórdão n.º 2002000.848 S2C0T2 Fl. 100 4 das patologias previstas pela legislação de regência atestado em laudo médico que cumpra os requisitos legais. A decisão recorrida consigna que o contribuinte teria feito prova quanto à natureza dos rendimentos, mas não juntou comprovação quanto à existência da moléstia grave. Segue trecho da decisão: 10. No caso concreto, o contribuinte não comprova a sua condição de portador de moléstia grave, visto que não apresenta o laudo médico oficial exigido em lei. A carta de concessão, emitida pelo órgão previdenciário (fl. 17), comprova apenas que o impugnante se aposentou por motivo de invalidez, mas para ser beneficiado pela isenção aqui tratada, o contribuinte deve atender aos requisitos legais, quais sejam: rendimentos provenientes de aposentadoria, pensão ou reforma (condição de caráter objetivo) e a pessoa física portadora de uma das moléstias previstas no texto legal, comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial (caráter subjetivo). Esta última condição não foi atendida. 10.1. À mesma conclusão, chegou a autoridade fiscal da DRF/São José do Rio Preto, conforme Termo Circunstanciado (imagem transcrita fls. 53 a 55): Agora, em seu recurso, o recorrente junta laudo médico (fl.90). Entretanto, ainda que emitido por serviço médico municipal, observo que o referido laudo não consigna nos campos próprios a doença que acomete o contribuinte e data de seu início (quadro "Declaração"). Ainda que a falta da indicação da doença possa ser considerada sanada pela indicação do CID e o fato de ter sido assinalada a doença no campo relativo às doenças, remanesce a indefinição quanto à data de seu início. Registro que essa data não pode ser presumida somente pelo fato de na descrição dos fatos constar referência a cirurgia realizada em 1996, cabendo ao recorrente juntar documentação hábil a fazer prova quanto ao direito reclamado. Quanto às decisões administrativas proferidas em processos relativos a outros anoscalendário, cabe esclarecer que elas não vinculam esta relatora e o julgador, na apreciação da prova, forma livremente sua convicção. E mais. Cabe ao sujeito passivo juntar a sua defesa todos os documentos que dão suporte as suas alegações, a teor do artigo 16 do Decreto nº70.235, de 1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10850.002569/201032 Acórdão n.º 2002000.848 S2C0T2 Fl. 101 5 Conclusão Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.000067/2010-32
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
IRPF. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN.
O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações.
MULTA ISOLADA DO CARNÊ-LEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA.
Após a alteração introduzida pela Lei nº 11.488, de 2007, no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, é devida a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1º, inciso III, da Lei nº. 9.430, de 1996), quando em concomitância com a multa de ofício (inciso II do mesmo dispositivo legal), pois se trata de duas penalidades para duas condutas distintas.
Numero da decisão: 9202-007.592
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 IRPF. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. MULTA ISOLADA DO CARNÊ-LEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Após a alteração introduzida pela Lei nº 11.488, de 2007, no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, é devida a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1º, inciso III, da Lei nº. 9.430, de 1996), quando em concomitância com a multa de ofício (inciso II do mesmo dispositivo legal), pois se trata de duas penalidades para duas condutas distintas.
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DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. COMPROVAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o., DO CTN. O § 2º do art. 62 do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com que a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173 nas demais situações. MULTA ISOLADA DO CARNÊLEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Após a alteração introduzida pela Lei nº 11.488, de 2007, no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, é devida a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1º, inciso III, da Lei nº. 9.430, de 1996), quando em concomitância com a multa de ofício (inciso II do mesmo dispositivo legal), pois se trata de duas penalidades para duas condutas distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 00 00 67 /2 01 0- 32 Fl. 4605DF CARF MF 2 Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2301004.542, de 08 de março de 2016, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EVENTUAIS OMISSÕES OU INCORREÇÕES. FALTA DE PRORROGAÇÃO NÃO ACARRETA NULIDADE. Irregularidade na emissão ou na prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal não acarreta a nulidade do lançamento. REEXAME DE PERÍODO JÁ FISCALIZADO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. Não tendo sido extinto o MPF, não há que se falar em reexame de período já fiscalizado, tampouco nulidade do lançamento. INTIMAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. Diante das tentativas improfícuas da fiscalização em localizar a contribuinte, válida e regular a intimação efetuada por edital, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal. VÍCIO FORMAL E MATERIAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Tendo o auto de infração sido lavrado com observância das normas reguladoras da atividade de lançamento e existentes no instrumento as formalidades necessárias para que o contribuinte exerça o direito do contraditório e da ampla defesa, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, tampouco nulidade do lançamento por vício formal ou material. MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. O intuito da contribuinte de fraudar não pode ser presumido: Compete ao fisco exibir os fundamentos concretos que revelem a presença da conduta dolosa de fraudar, portanto não há como Fl. 4606DF CARF MF Processo nº 10803.000067/201032 Acórdão n.º 9202007.592 CSRFT2 Fl. 3 3 ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Atendendo, inclusive, a Súmula CARF n.º 14 que preceitua “A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. ” FALTA DE ANÁLISE DE PARECER. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Se o acórdão recorrido enfrentou as alegações do impugnante e teve fundamento suficiente para a decisão adotada rejeitase a alegação de nulidade da decisão por falta de análise de parecer acostado. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Em conformidade com o entendimento do STJ, no recurso repetitivo REsp 973.733/SC, o dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. ALUGUÉIS OU ROYALTIES. Face aos elementos constantes nos autos, mantémse a majoração de rendimentos efetuada no lançamento. GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de imóvel. Os ganhos referentes devem ser tributados em separado, não integrando a base de cálculo do imposto de renda na declaração de ajuste anual. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Fl. 4607DF CARF MF 4 São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. MULTA ISOLADA. ENCERRAMENTO DO ANO CALENDÁRIO. LANÇAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO ACRESCIDO DE MULTA DE OFÍCIO E DE MULTA ISOLADA. CARNÊLEÃO. A multa isolada é sanção aplicável nos casos em que o sujeito passivo, no decorrer do anocalendário, deixar de recolher o valor devido a título de carnêleão ou estimativas. Encerrado o anocalendário não há o que se falar em recolhimento de carnêleão ou de estimativa, mas sim no efetivo imposto devido. Nas situações em que o sujeito passivo, de forma espontânea, oferecer os rendimentos ou lucros à tributação, acompanhado do pagamento dos tributos e juros, aplicase o instituto da denúncia espontânea previsto no disposto no artigo 138 do CTN. Nos casos de omissão, verificada a infração, apurase a base de cálculo e sobre o montante dos tributos devidos aplicase a multa de ofício, sendo incabível a exigência da multa isolada cumulada com a multa de ofício. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009). A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Quanto à multa isolada, vencidos os Conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis e João Bellini Junior, que a mantinham; em relação à decadência dos fatos geradores do anocalendário de 2004, restaram vencidos Luciana de Souza Espíndola Reis e Ivacir Julio de Souza, que não a reconheciam. Fez sustentação oral o Dr. Remis Estol, OAB/ 45.196. O recurso visa rediscutir as seguintes matérias: a) Decadência, b) Multa isolada. Em exame preliminar de admissibilidade, o Presidente da Primeira Câmara, da Segunda Seção do CARF deu seguimento ao apelo, nos termos do Despacho de efls. 4.369 a 4.380. Em suas razões recursais a Fazenda Nacional aduz, em síntese, quanto à matéria "a" decadência a Fazenda Nacional insurgese contra a interpretação esposada pelo Recorrido de que o Acórdão do STJ no REsp. nº 973.733/SC, para fins de aplicação do art. 62 A do RICARF, deve ser interpretado literalmente quando afirma que o primeiro dia do Fl. 4608DF CARF MF Processo nº 10803.000067/201032 Acórdão n.º 9202007.592 CSRFT2 Fl. 4 5 exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador. Sustenta que o objetivo do referido art. 62A é reproduzir, nas decisões do CARF, o que foi decidido pelos Tribunais Superiores em sede de recurso repetitivo; que a referência do Acórdão ao primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador busca repelir a tese contrária segundo a qual o termo inicial do prazo ocorreria apenas cinco anos após o fato gerador, conforme trechos do voto condutor do julgado, que colaciona; que, não bastasse isso, a Primeira Turma do STJ, em sede de agravo esclareceu o ponto, no mesmo sentido defendido pela Fazenda Nacional. Quanto à matéria "b" Multa isolada a Fazenda Nacional sustenta, em síntese, que a multa de ofício e a multa isolada são aplicáveis em razão de infrações distintas, não havendo óbice à sua incidência cumulativa. Cientificado do Acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 26/04/2017 (efls. 4555 a 4556) a Contribuinte não apresentou Contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, relativamente à matéria decadência, a divergência diz respeito á definição do termo inicial de contagem do prazo decadencial. Entendeu o Acórdão Recorrido, interpretando o REsp 973.733/SC que o primeiro dia do exercício seguinte seria o primeiro dia do exercício seguinte ao fato imponível. Assim, para o fato gerador ocorrido em 31/12/2004, o termo inicial de contagem do prazo decadencial seria 1º de janeiro de 2005. É contra este ponto que se insurge a Fazenda Nacional que defende a tese de que, no caso, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado seria 1º de janeiro de 2006. Registrese, por oportuno, que não há controvérsia quanto à aplicação da regra do art. 173, I do CTN ao caso, pois o lançamento foi realizado com multa qualificada, a qual foi mantida pelo Recorrido. Pois bem, por algum tempo houve controvérsia sobre esse ponto, pois muitos conselheiros adotaram interpretação literal dos termos do REsp. 973.733, segundo o primeiro dia do exercício seguinte corresponderia, "iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador". Portanto, no caso de fato gerador ocorrido em 31 de dezembro, o primeiro dia do exercício seguinte corresponderia ao primeiro dia do ano imediatamente seguinte. Essa questão, todavia, já foi superada, consolidandose no âmbito do CARF o entendimento de que, em tais casos, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento Fl. 4609DF CARF MF 6 poderia ter sido efetuado corresponderia, efetivamente, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme Súmula CARF nº 101, a saber: Súmula CARF nº 101: Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado." Assim, no caso de fato gerador ocorrido em 31 de dezembro, o lançamento poderia ser efetuado no ano seguinte deslocando o termo inicial de contagem do prazo decadencial para o primeiro dia do segundo ano. É o caso ora examinado. Aqui, o fato gerador ocorreu em 31/12/2004. O termo inicial de contagem do prazo decadencial seria, então, 1º/01/2006, podendo o lançamento ter sido realizado até 31/12/2010. Como o lançamento foi concluído com a ciência do lançamento em 30/12/2010, não há falar em decadência. Quanto à segunda matéria multa isolada a matéria em discussão diz respeito à possibilidade de convivência simultânea da multa pela falta de pagamento do carnê leão com a multa regulamentar pela omissão e rendimentos quando do ajuste anual. Registre se, de plano, por relevante, que o lançamento da multa isolada referese apenas aos fatos geradores ocorridos em 2008, já na vigência da alteração introduzida no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 pela Lei nº 11.488, de 2007. Na redação anterior o inciso I previa a incidência de multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata" e o § 1º do mesmo artigo previa que essa multa poderia exigida juntamente com o imposto ou isoladamente. Confirase: Art. 44 [...] § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; A Lei nº 11.488, de 2007 introduziu modificação fundamental na definição dessa penalidade, ao prevê uma multa de 75% pela "falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata" e outra de 50% pela falta de antecipação do pagamento mensal. Vejamos: Fl. 4610DF CARF MF Processo nº 10803.000067/201032 Acórdão n.º 9202007.592 CSRFT2 Fl. 5 7 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pois bem, em relação à multa na vigência da legislação anterior este Conselho já havia firmado entendimento no sentido da impossibilidade da exigência concomitante da penalidade pela falta de antecipação do imposto e pela omissão em oferecer os rendimentos à tributação quando do ajuste anual, tendo ambas a mesma base de cálculo. Registro por oportuno que este Conselheiro sempre abraçou essa tese. Vejamos: Acórdão nº 9202002.297, proferido na Sessão de 09/08/2012, de relatoria dio Conselheiro LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA BASE DE CÁLCULO IDÊNTICA. Não pode persistir a exigência da penalidade isolada pela falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, na hipótese em que cumulada com a multa de ofício incidente sobre o imposto apurado em razão da omissão de rendimentos de fonte situada no exterior, pois as bases de cálculo das penalidades são as mesmas. Acórdão nº 2202002.350, proferido na Sessão de 20/06/2013, de Relatoria do Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa: MULTA ISOLADA DO CARNÊLEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Incabível a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1º, inciso III, da Lei nº. 9.430, de 1996), quando em concomitância com a multa de ofício (inciso II do mesmo dispositivo legal), ambas incidindo sobre a mesma base de cálculo O fundamento, pelo menos deste relator, era o de que não se tratava de penalidades distintas, mas de uma mesma penalidade, ora exigida isoladamente, ora exigida juntamente com o imposto. Assim, no caso de falta de recolhimento do carnêleão, caso se exigisse a multa pela falta de antecipação do pagamento, a base de cálculo deveria ser Fl. 4611DF CARF MF 8 suprimida para a aplicação da multa pela falta de recolhimento do imposto quando do ajuste anual, de modo a se eliminar a dupla incidência. A situação mudou com a alteração introduzida pela Lei nº 11.488, de 2007. O dispositivo instituiu uma penalidade nova e específica pela falta de recolhimento do carnêleão. E tanto são penalidades distintas que os percentuais são diferentes: 50% e 75%. Assim, se o contribuinte deixou de recolher antecipadamente o imposto devido a título de carnêleão e, da mesma forma, omitiu esses rendimentos quando do ajuste anual, estará sujeito a ambas as penalidades, uma para cada infração. Ante o exposto, conheço do recurso e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 4612DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.721714/2015-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.718
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em remeter os autos para a unidade de origem, a fim de que sejam apensados, por conexão de matérias, ao processo em que tratado o PER/DCOMP respectivo.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Correia Lima Macedo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: LEONARDO CORREIA LIMA MACEDO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em remeter os autos para a unidade de origem, a fim de que sejam apensados, por conexão de matérias, ao processo em que tratado o PER/DCOMP respectivo. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário, efls. 328/338, contra decisão de primeira instância administrativa, Acórdão n.º 1280.209 16ª Turma da DRJ/RJO, efls. 267/276, que julgou improcedente a impugnação para manter o crédito tributário lançado. O relatório da decisão da DRJ de primeira instância descreve os fatos dos autos. Nesse sentido, transcrevese a seguir o referido relatório: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 82 .7 21 71 4/ 20 15 -5 8 Fl. 343DF CARF MF Processo nº 16682.721714/201558 Resolução nº 3201001.718 S3C2T1 Fl. 344 2 Trata o presente processo de auto de infração (fls. 39/42) de multa em decorrência de DCOMP não homologada, no valor de R$ 1.718.473,31. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fl. 43/44) a Declaração de Compensação nº 14194.20200.240211.1.7.041872 não foi homologada, conforme Despacho Decisório 0017/2015 exarado no Processo Administrativo nº 16682.720030/201539. A Declaração de Compensação nº 14194.20200.240211.1.7.041872 foi apresentada em 24/02/2011, portanto, após a publicação da Lei nº 12.249/10 em 14/06/2010, cujo art. 62 deu nova redação ao §17 do art. 74 da Lei 9.430/96. A MP 656/2014 e Lei nº 13.097/2015 alteraram a redação original do parágrafo citado. Antes da MP 656/14, a multa era calculada como 50% sobre o valor do crédito objeto da Declaração de Compensação não homologada. Depois da publicação da MP 656/14, a penalidade passou a ser calculada como 50% sobre o valor do débito objeto da Declaração de Compensação não homologada. Tendo em vista o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, há que se aplicar a penalidade menos severa entre as duas redações acima. Como são aritmeticamente idênticas, tornase óbvio que o cálculo resulta igual, e, desse modo, enquadramos a infração no dispositivo referido, com a redação da Lei nº 12.249/2010. O contribuinte foi cientificado em 21/01/2016 (fl. 49) e apresentou impugnação (fl. 52/61) em 17/02/2016 alegando em síntese: Nulidade do auto de infração A aplicação da multa, no presente caso, não encontra motivação válida, uma vez que não restou demonstrado no auto de infração qualquer conduta ilícita ou abusiva por parte da impugnante. A interessada cita doutrina no sentido da necessidade de configuração da máfé do requerente para que se possa aplicar a multa isolada. Cita ainda decisões judiciais no mesmo sentido. Suspensão do processo Na eventualidade de se superar o item anterior, resta de imediato a suspensão do presente processo, pautado nos seguintes fundamentos: O regimento interno do CARF leva à conclusão de que se impõe a suspensão do processo até a decisão definitiva no Recurso Extraordinário nº 796.939/RS com repercussão geral. A interessada recorreu da decisão de não homologação, portanto, não há que se falar em declaração de compensação não homologada, uma vez que o crédito ainda se encontra sob discussão administrativa e que, ante ao teor da manifestação de inconformidade, tornase inconcebível, permissa vênia, outro resultado que não seja a homologação integral da DCOMP envolvida. O art. 74 §18 da Lei nº 9.430/96 dispõe sobre a suspensão da exigibilidade da multa de ofício de que trata o §17. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 16682.721714/201558 Resolução nº 3201001.718 S3C2T1 Fl. 345 3 Cumulação de multa configurando BIS IN IDEM Na eventualidade da não homologação da compensação, o débito já é penalizado com a cobrança do débito levado à compensação, acrescido com a multa de mora, cuja essência consiste, repisase, em verdadeira penalidade. Posto isto, ao desconsiderar essa situação, a intenção de fazer incidir a multa isolada, sem qualquer evidência de ilicitude ou abusividade, configura verdadeiro bis in idem a ensejar o enriquecimento sem causa do erário, ao passo que em condições normais, como no caso em tela, já será recompensado pela incidência da multa de mora posto que a não homologação da compensação (à míngua de prova de ilicitude e má fé do contribuinte) se equipara, sob qualquer ângulo de análise, ao pagamento realizado a destempo. Ao final requer: a) seja anulado o presente auto de infração ante a inexistência de conduta ilícita ou abusiva do contribuinte a justificar a aplicação da penalidade prevista no art. 74 §§15 e 17, da Lei nº 9.430/96, na redação da Lei nº 12.249/2010; b) em pedido sucessivo, a suspensão do processo: b.1) Por força do art. 62 §1º, inciso II, alínea “b” do Regimento Interno do CARF em virtude da repercussão geral no RE 796.939/RS (art. 543.B do CPC), acerca da constitucionalidade dos §§ 15 e 17 do artigo 74 da Lei º 9.430/96, impondo a suspensão do processo até pronunciamento de mérito do STF; b.2) com base no art. 74, §18 da Lei nº 9.430/96, a suspensão da exigibilidade da multa, até que seja definitivamente julgado o PAF Nº 16682.720030/201539; c) na eventualidade de superar os itens anteriores, que seja reconhecida a cobrança de multa em bis in idem, uma vez que a multa de mora, única devida no presente caso (na hipótese da manifestação de inconformidade não logre o êxito almejado pela contribuinte, fato que se admite pela necessidade de argumentação), não pode ser acrescida da multa isolada, uma vez que não houve qualquer comprovação de ilicitude ou abusividade a ensejar a sua incidência; e d) que todas as intimações pertinentes a este processo sejam feitas ao procurador da requerente. É o relatório. A DRJ julgou improcedente a impugnação para manter o crédito tributário lançado. O Acórdão n.º 1280.209 16ª Turma da DRJ/RJO, efls. 267/276, está assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/02/2011 DESPACHOS E DECISÕES. CIÊNCIA. Fl. 345DF CARF MF Processo nº 16682.721714/201558 Resolução nº 3201001.718 S3C2T1 Fl. 346 4 A ciência de despachos ou decisões proferidas em processos administrativos fiscais é encaminhada ao domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, em obediência ao disposto na legislação que rege a matéria. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo administrativo, mesmo na hipótese na qual a multa é aplicada sobre a compensação não homologada que está sendo discutida em outro processo sem decisão definitiva na esfera administrativa. A administração pública tem o dever de impulsionar o processo, em respeito ao Princípio da Oficialidade. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 24/02/2011 MULTA. SUSPENSÃO EXIGIBILIDADE. Ocorrendo a não homologação, a multa deve ser lançada, contudo, sua exigibilidade deve ficar suspensa ainda que não impugnada, no caso de apresentação de manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. MULTA. COMPENSAÇÃO NÃOHOMOLOGADA. Aplicase a multa de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo quando a multa a ser aplicada é a de 150% prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/02/2011 MULTA ISOLADA. BIS IN IDEM. NÃO CONFIGURADO A multa de mora aplicada sobre o imposto não recolhido não tem o mesmo fato gerador da multa isolada aplicada sobre a compensação considerada não homologada, não configurando bis in idem. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário, por meio do qual, requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, repetindo em parte os argumentos apresentados quando da manifestação de inconformidade, a saber: Do Direito Da Nulidade do Auto de Infração A Recorrente alega que a aplicação da multa, no presente caso, não encontra motivação válida, uma vez que não restou demonstrado no auto de infração qualquer conduta ilícita ou abusiva por parte da impugnante. Em seu apoio cita doutrina e jurisprudência. Cumulação de Multa Configurando BIS IN IDEM Fl. 346DF CARF MF Processo nº 16682.721714/201558 Resolução nº 3201001.718 S3C2T1 Fl. 347 5 A Recorrente alega que há cumulação da multa de ofício com a multa de mora, entendendo que as duas multas partilham da mesma essência. Nesse raciocínio afirma que a intenção de fazer incidir a multa isolada, sem qualquer evidência de ilicitude ou abusividade, configura verdadeiro bis in idem. Da Apensação A Recorrente explica que a cobrança da multa, prevista no art. 74 §17 da Lei nº 9.430/96, ocorreu em virtude da não homologação do PER/DCOMP 14194.20200.240211.1.7.041872 constante do PAF 16682.720030/201539. Nesse sentido, exige que os autos deste processo sejam juntados por apensação ao PAF 16682.720030/2015 39. Da Suspensão No caso dos processos não serem juntados, a Recorrente pede a suspensão do presente processo até o trânsito em julgado do PAF 16682.720030/201539. Nessa linha, argumenta que este processo seria subsidiário ao PAF 16682.720030/201539. Dos Pedidos Ao final requer: a) seja anulado o presente auto de infração ante a inexistência de conduta ilícita ou abusiva do contribuinte a justificar a aplicação da penalidade prevista no art. 74 §§15 e 17, da Lei nº 9.430/96, na redação da Lei nº 12.249/2010; b) na eventualidade de superar os itens anteriores, que seja reconhecida a cobrança de multa em bis in idem, uma vez que a multa de mora, única devida no presente caso (na hipótese da manifestação de inconformidade não logre o êxito almejado pela contribuinte, fato que se admite pela necessidade de argumentação), não pode ser acrescida da multa isolada, uma vez que não houve qualquer comprovação de ilicitude ou abusividade a ensejar a sua incidência; c) a apensação do presente processo ao PAF 16682.720030/201539; d) que todas as intimações pertinentes a este processo sejam feitas ao procurador da requerente. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo, Relator. Em breve síntese a Recorrente explica que a cobrança da multa, prevista no art. 74 §17 da Lei nº 9.430/96, ocorreu em virtude da não homologação do PER/DCOMP 14194.20200.240211.1.7.041872 constante do PAF 16682.7200030/201539. Nesse sentido, requer que os autos deste processo sejam juntados por apensação ao PAF 16682.720030/2015 39. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 16682.721714/201558 Resolução nº 3201001.718 S3C2T1 Fl. 348 6 Em atendimento ao requerimento da recorrente, resolvo remeter os autos para a unidade de origem, a fim de que sejam apensados, por conexão de matérias, ao processo em que tratado o PER/DCOMP respectivo. Após a juntada o processo deve retornar ao CARF para continuidade do julgamento. (assinatura digital) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Fl. 348DF CARF MF
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