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Numero do processo: 13971.723074/2013-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2012
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPROCEDÊNCIA.
No curso do procedimento fiscal, o sujeito passivo teve diversas oportunidades de apresentar documentos e esclarecimentos à fiscalização. Ademais, a fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o contribuinte tem acesso a todas as informações necessárias à compreensão das razões que levaram à autuação, tendo apresentado impugnação e recurso voluntário em que combate todos os fundamentos do auto de infração. Considerando a extensa e detalhada Impugnação bem como o recurso apresentado pela recorrente, restou comprovado o exercício do contraditório e da ampla defesa sendo, portanto, improcedentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal.
NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NÃO COMPROVADA A INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO DE JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As Delegacias da Receita Federal julgam processos relativos aos contribuintes circunscritos às unidades da Secretaria da Receita Federal, observando-se a matéria em julgamento. Vale dizer, as DRJ`s possuem competência material e territorial, conforme disciplinado em ato próprio.
FALTA DE CIÊNCIA PRÉVIA E DE PRESENÇA DE ADVOGADO. JULGAMENTO PELA DRJ. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE.
Consoante regra o art. 25 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/01, os julgamentos de primeira instância do contencioso tributário federal serão realizados no âmbito das DRJ, órgãos de deliberação interna, sem a participação das partes ou previsão de ciência prévia da data da sessão, sem que isso acarrete prejuízo à defesa, à qual é conferida a devida oportunidade de formular suas razões e carrear provas, motivo pelo qual não há falar em nulidade.
NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado neste Conselho. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação e as provas carreadas aos autos, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido.
ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS PREVIAMENTE À PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL. IMPROCEDÊNCIA.
Por meio do Regimento Interno da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (Portaria MF nº 36, de 24 de janeiro de 2014) estabeleceu-se que à Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário compete coordenar as atividades relativas à representação da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, a atuação da referida coordenação está adstrita à defesa de lançamentos de créditos tributários realizados por auditores fiscais, à apresentação de contrarrazões a recursos do contribuinte, à realização de sustentações orais, à elaboração de memoriais e à interposição de recursos perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a Câmara Superior de Recursos Fiscais.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. LOCAL DA LAVRATURA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 6.
É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.
RETENÇÃO E APREENSÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS.
O art. 35 da Lei nº 9.430, de 1996, possibilita ao Fisco o poder de reter e apreender livros e documentos, não sendo necessária ordem judicial para tanto.
TERMO DE INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL NÃO CONFIGURADA.
De acordo com a Portaria RFB nº 11.371/2007, o Mandado de Procedimento Fiscal é emitido exclusivamente de forma eletrônica e a ciência do sujeito passivo se dá por meio da internet através do código de acesso informado no termo de início do procedimento fiscal. Deste modo, cabia à Recorrente acessar as informações relativas à fiscalização, por meio do código de acesso disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal, não podendo alegar desconhecimento sobre os fatos fiscalizatórios, tampouco nulidade do procedimento.
COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTOS EFETUADOS AO SIMPLES.
A compensação de créditos recolhidos ao Simples Nacional somente é possível com débitos da própria empresa e quando se tratar de compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional.
AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.
Em face da natureza eminentemente não remuneratória da verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. Entretanto, nos presentes autos não houve lançamento referente à Aviso Prévio Indenizado, logo não há que se falar em exclusão dessa rubrica.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%.
Restando configurado um dos elementos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado.
SÓCIO ADMINISTRADOR. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO. SUJEIÇÃO PASSIVA.
Constatada uma das situações de fato previstas no caput do art. 135 do Código Tributário Nacional, impõe-se à responsabilização do sócio administrador da empresa pelo crédito tributário constituído.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Resta preclusa qualquer alegação sobre a matéria, já que não foram apresentados Recursos Voluntários pelos sócios, não sendo lícito à Recorrente postular direitos em nome de Terceiros.
Numero da decisão: 2401-004.926
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, por maioria, negar provimento ao recurso. Vencida a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira que davam provimento parcial para que fosse aproveitado os montantes pagos de forma unificada sob o regime do Simples Nacional. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Processo julgado em 5/7/17, às 8:30.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Ausente a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NÃO COMPROVADA A INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO DE JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As Delegacias da Receita Federal julgam processos relativos aos contribuintes circunscritos às unidades da Secretaria da Receita Federal, observando-se a matéria em julgamento. Vale dizer, as DRJ`s possuem competência material e territorial, conforme disciplinado em ato próprio. FALTA DE CIÊNCIA PRÉVIA E DE PRESENÇA DE ADVOGADO. JULGAMENTO PELA DRJ. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. Consoante regra o art. 25 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela MP nº 2.158-35/01, os julgamentos de primeira instância do contencioso tributário federal serão realizados no âmbito das DRJ, órgãos de deliberação interna, sem a participação das partes ou previsão de ciência prévia da data da sessão, sem que isso acarrete prejuízo à defesa, à qual é conferida a devida oportunidade de formular suas razões e carrear provas, motivo pelo qual não há falar em nulidade. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado neste Conselho. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação e as provas carreadas aos autos, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS PREVIAMENTE À PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL. IMPROCEDÊNCIA. Por meio do Regimento Interno da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (Portaria MF nº 36, de 24 de janeiro de 2014) estabeleceu-se que à Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário compete coordenar as atividades relativas à representação da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, a atuação da referida coordenação está adstrita à defesa de lançamentos de créditos tributários realizados por auditores fiscais, à apresentação de contrarrazões a recursos do contribuinte, à realização de sustentações orais, à elaboração de memoriais e à interposição de recursos perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a Câmara Superior de Recursos Fiscais. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. LOCAL DA LAVRATURA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 6. É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. RETENÇÃO E APREENSÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. O art. 35 da Lei nº 9.430, de 1996, possibilita ao Fisco o poder de reter e apreender livros e documentos, não sendo necessária ordem judicial para tanto. TERMO DE INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL NÃO CONFIGURADA. De acordo com a Portaria RFB nº 11.371/2007, o Mandado de Procedimento Fiscal é emitido exclusivamente de forma eletrônica e a ciência do sujeito passivo se dá por meio da internet através do código de acesso informado no termo de início do procedimento fiscal. Deste modo, cabia à Recorrente acessar as informações relativas à fiscalização, por meio do código de acesso disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal, não podendo alegar desconhecimento sobre os fatos fiscalizatórios, tampouco nulidade do procedimento. COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTOS EFETUADOS AO SIMPLES. A compensação de créditos recolhidos ao Simples Nacional somente é possível com débitos da própria empresa e quando se tratar de compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória da verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. Entretanto, nos presentes autos não houve lançamento referente à Aviso Prévio Indenizado, logo não há que se falar em exclusão dessa rubrica. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. Restando configurado um dos elementos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado. SÓCIO ADMINISTRADOR. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO. SUJEIÇÃO PASSIVA. 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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2012 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPROCEDÊNCIA. No curso do procedimento fiscal, o sujeito passivo teve diversas oportunidades de apresentar documentos e esclarecimentos à fiscalização. Ademais, a fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o contribuinte tem acesso a todas as informações necessárias à compreensão das razões que levaram à autuação, tendo apresentado impugnação e recurso voluntário em que combate todos os fundamentos do auto de infração. Considerando a extensa e detalhada Impugnação bem como o recurso apresentado pela recorrente, restou comprovado o exercício do contraditório e da ampla defesa sendo, portanto, improcedentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NÃO COMPROVADA A INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO DE JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As Delegacias da Receita Federal julgam processos relativos aos contribuintes circunscritos às unidades da Secretaria da Receita Federal, observandose a matéria em julgamento. Vale dizer, as DRJ`s possuem competência material e territorial, conforme disciplinado em ato próprio. FALTA DE CIÊNCIA PRÉVIA E DE PRESENÇA DE ADVOGADO. JULGAMENTO PELA DRJ. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 30 74 /2 01 3- 13 Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.854 2 Consoante regra o art. 25 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela MP nº 2.15835/01, os julgamentos de primeira instância do contencioso tributário federal serão realizados no âmbito das DRJ, órgãos de deliberação interna, sem a participação das partes ou previsão de ciência prévia da data da sessão, sem que isso acarrete prejuízo à defesa, à qual é conferida a devida oportunidade de formular suas razões e carrear provas, motivo pelo qual não há falar em nulidade. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado neste Conselho. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação e as provas carreadas aos autos, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS PREVIAMENTE À PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL. IMPROCEDÊNCIA. Por meio do Regimento Interno da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (Portaria MF nº 36, de 24 de janeiro de 2014) estabeleceuse que à Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário compete coordenar as atividades relativas à representação da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, a atuação da referida coordenação está adstrita à defesa de lançamentos de créditos tributários realizados por auditores fiscais, à apresentação de contrarrazões a recursos do contribuinte, à realização de sustentações orais, à elaboração de memoriais e à interposição de recursos perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a Câmara Superior de Recursos Fiscais. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. LOCAL DA LAVRATURA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 6. É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. RETENÇÃO E APREENSÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. O art. 35 da Lei nº 9.430, de 1996, possibilita ao Fisco o poder de reter e apreender livros e documentos, não sendo necessária ordem judicial para tanto. TERMO DE INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL NÃO CONFIGURADA. De acordo com a Portaria RFB nº 11.371/2007, o Mandado de Procedimento Fiscal é emitido exclusivamente de forma eletrônica e a ciência do sujeito passivo se dá por meio da internet através do código de acesso informado no termo de início do procedimento fiscal. Deste modo, cabia à Recorrente acessar as informações relativas à fiscalização, por meio do código de acesso disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal, não podendo alegar Fl. 2854DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.855 3 desconhecimento sobre os fatos fiscalizatórios, tampouco nulidade do procedimento. COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTOS EFETUADOS AO SIMPLES. A compensação de créditos recolhidos ao Simples Nacional somente é possível com débitos da própria empresa e quando se tratar de compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória da verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. Entretanto, nos presentes autos não houve lançamento referente à Aviso Prévio Indenizado, logo não há que se falar em exclusão dessa rubrica. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. Restando configurado um dos elementos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado. SÓCIO ADMINISTRADOR. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO. SUJEIÇÃO PASSIVA. Constatada uma das situações de fato previstas no caput do art. 135 do Código Tributário Nacional, impõese à responsabilização do sócio administrador da empresa pelo crédito tributário constituído. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Resta preclusa qualquer alegação sobre a matéria, já que não foram apresentados Recursos Voluntários pelos sócios, não sendo lícito à Recorrente postular direitos em nome de Terceiros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.856 4 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, por maioria, negar provimento ao recurso. Vencida a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira que davam provimento parcial para que fosse aproveitado os montantes pagos de forma unificada sob o regime do Simples Nacional. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Processo julgado em 5/7/17, às 8:30. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez – Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Ausente a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 2856DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.857 5 Relatório Contra a empresa em epígrafe foi lavrado, em 24/09/2013, o Auto de Infração (DEBCAD 37.331.8359) no valor total de R$ 458.984,29 (quatrocentos e cinquenta e oito mil e novecentos e oitenta e quatro reais e vinte e nove centavos) consoante se observa às fls. 883/884. Referido Auto de Infração (AI) foi lavrado em cumprimento do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) n.º 0920400.2013.00093, com abrangência sobre as competências de 1/2008 a 12/2011, inclusive 13° salário, para apurar as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais. O início do procedimento ocorreu em 10/4/2013, mediante notificação pessoal, ao sujeito passivo, do Termo de Inicio de Procedimento Fiscal (TIPF), folhas 3 e 4. Para melhor compreensão da matéria, necessário se faz transcrever trechos do Relatório Fiscal (fls. 898/950), segundo o qual: 2. Em auditoria realizada na empresa Transportadora Ociani Ltda. e, concomitantemente, na empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, abaixo qualificada, constatouse que a autuada alocou parte de seus trabalhadores (empregados e contribuintes individuais) em uma empresa de fachada (Gasparzinho), de forma a burlar a legislação fiscal, com o intuito de esconder a ocorrência de fato gerador da contribuição previdenciária. 3. Verificouse que os segurados formalmente registrados na Gasparzinho são, verdadeiramente, empregados da Ociani, pois respondem a uma cadeia única de comando, visto que só há uma estrutura organizada e não duas. Com este procedimento, a autuada, que apurou Lucro Real no período analisado, omitiu a ocorrência de fato gerador da cota patronal da contribuição previdenciária (inclusive o RAT) e a destinada a Outras Entidades , incidentes sobre a massa salarial dos segurados empregados e contribuintes individuais registrados na microempresa mencionada, uma vez que a mesma é optante do SIMPLES NACIONAL. 4. Os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e os valores das contribuições previdenciárias lançadas neste processo fiscal deveriam ter sido declarados à Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, através das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social – GFIP. Entretanto, o sujeito passivo deixou de cumprir com a obrigação tributária acessória descrita acima. Adicionalmente, a Ociani não recolheu aos cofres públicos a contribuição previdenciária patronal, objeto da presente autuação (AI nº 37.331.8359). A contribuição destinada às Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.858 6 Outras Entidades foi objeto de outro AI, integrante do Processo Administrativo Fiscal nº 13971.723075/201359. 5. A GFIP tem previsão legal no inciso IV do artigo 32 da Lei 8.212/91 e consiste em documento de apresentação obrigatória por parte do sujeito passivo, através do qual este deve declarar à RFB, na forma, prazo e condições estabelecidas por esse órgão, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos das contribuições previdenciárias. 6. O documento citado acima tem importância crucial, na medida em que a declaração nele contida constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações compõem a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários (§ 2º, do artigo 32, da Lei 8.212/91). 7. Importante dizer que estão abrangidos no presente lançamento apenas as contribuições devidas, não recolhidas e NÃO DECLARADAS pelo sujeito passivo nas GFIP, pois as contribuições não recolhidas pela empresa, mas declaradas em GFIP, constituem objeto de cobrança automatizada realizada pela RFB, não sendo estas abrangidas pelos lançamentos de ofício realizados pela Auditoria do mencionado órgão federal. 8. A fiscalizada opera no ramo de transporte rodoviário de cargas em geral, prestação de serviços de logística e armazém geral. Período de lançamento 9. O lançamento abrange o período de 01/2009 a 12/2012, inclusive os décimos terceiros salários. [...] 11. O presente lançamento está intrinsecamente relacionado à sonegação de contribuições previdenciárias pelo sujeito passivo, mediante prática fraudulenta à legislação do SIMPLES Federal (Lei nº 9.317/96) e do SIMPLES Nacional (Lei Complementar nº 123/2006). [...] 23. E é exatamente em razão desta incomparável vantagem econômica, no tocante ao recolhimento de tributos, que, em que pese às Leis instituidoras dos aludidos sistemas trazerem em seu bojo o conceito legal de microempresa e empresa de pequeno porte, várias empresas não enquadradas legalmente nas referidas categorias empresariais vêm buscando a todo o custo formas de burlar a legislação e de se revestirem destas espécies de pessoas jurídicas. 24. Estas empresas assim procedem com o inequívoco objetivo de serem favorecidas com os benefícios fiscais proporcionados Fl. 2858DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.859 7 pelos sistemas tributários diferenciados, anteriormente mencionados, instituídos e destinados único e exclusivamente em favor das verdadeiras microempresas e empresas de pequeno porte. 25. Como se sabe, a legislação do SIMPLES, tanto do revogado SIMPLES FEDERAL como do vigente SIMPLES NACIONAL, adotaram o montante da Receita Bruta auferido pelas empresas como critério para o enquadramento das pessoas jurídicas nos conceitos legais de microempresas e empresas de pequeno porte. 26. Diante disto, diversas empresas, no intuito de driblar estes limites, fragmentamse o quanto necessário em novas pessoas jurídicas (que optam pelo SIMPLES), não raro apenas no papel (portanto, “empresas” fictícias), como ocorrido no presente caso concreto, faturando através delas apenas montantes que não ultrapassem os limites estabelecidos na LEGISLAÇÃO DO SIMPLES. 27. Finalmente, implementam mais uma ‘maldade’ do pacote, qual seja, a administração destas empresas (as originais, existentes de fato), obviamente, providenciam para que boa parte de seus empregados se mantenha registrada nos CNPJ das “empresas” fictícias criadas e desse modo deixam de recolher valores elevadíssimos correspondentes às contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações destes empregados (cota patronal). 28. Por oportuno, ressaltamos que através da utilização destes artifícios a Ociani, vem, há muitos anos, inserindo a maior parte de sua folha de pagamento na Gasparzinho, empresa fictícia optante pelo extinto SIMPLES FEDERAL e pelo vigente SIMPLES NACIONAL, atingindo, assim, altos níveis de sonegação. HISTÓRICO 29. A Ociani iniciou as atividades em 06/11/1981, em Gaspar/SC. A sociedade era formada por Oswaldo Krauss, atual sócio da Gasparzinho, dois irmãos e sua esposa. O objeto social era o transporte de cargas em geral. A sede era situada à Rua Geral, nº 68, Belchior Central, Gaspar/SC. Em 1986 a sociedade passou a ser integrada apenas pelo Sr. Oswaldo, esposa e o filho Eduardo Roberto Krauss. No período o Sr. Oswaldo detinha 50% das cotas e o restante era dividido igualmente entre a Sra. Ana Oechsler Krauss e Eduardo. 30. Em 1996 retiraramse da sociedade Sr. Oswaldo e a Sra. Ana, dando lugar aos filhos Jaison Eduardo Krauss, Carlos Alberto Krauss e Everson Delberto Krauss. No mesmo ano, conforme registros constantes do cadastro da RFB, Sr. Oswaldo fundou a empresa Belchior Prestadora de Serviços Ltda. ME, também sediada em Gaspar/SC, da qual detinha 50% das cotas. Ainda conforme os registros constantes do cadastro da RFB, a Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.860 8 empresa recém criada mantevese inativa ao menos desde do anocalendário de 1999. 31. No ano de 2001, mediante a terceira alteração contratual, os irmãos Eduardo e Everson retiraramse do quadro societário da Ociani que passou a ser integrado somente por Jaison e Carlos Alberto, situação que não se modificou até o presente momento. Na mesma ocasião a empresa alterou o seu endereço para a Rua Ari Barroso, nº 1.002, Itoupavazinha, Blumenau/SC (endereço atual). Eduardo e Everson, egressos da sociedade, fundaram, em sequência, juntamente com o irmão caçula Jefferson Luis Krauss, a empresa Transportes Rodojato Ltda. 32. No quadro que se segue apresentase um histórico do quadro societário da autuada, com os dados a partir do ano de 1986 (primeira alteração contratual). O Contrato Social e as Alterações Contratuais da Ociani constam do DOC 11. [...] 33. A Gasparzinho iniciou as atividades em 01/09/2004. O objeto social era o transporte de cargas em geral. A sede era situada à Rua Ari Barroso, nº 1051, Salto do Norte, Blumenau/SC. Os sócios eram o Sr. Oswaldo e duas de suas noras, Kátia, esposa de Eduardo, e Rita, esposa de Carlos Alberto. A Participação do Sr. Oswaldo no capital da sociedade era de 98% das cotas. Desde o início a empresa optou pela tributação no SIMPLES FEDERAL. 34. Na Primeira Alteração Contratual, houve alteração do endereço da sede para Rua Ari Barroso, nº 1051 – Fundos. Já na Segunda Alteração, em 13/07/2005, o endereço foi alterado para a Rua José Patrocínio dos Santos, nº 2875, sala 01, bairro Belchior Central, CEP 89110000, Gaspar – SC. 35. Na Terceira Alteração, em 19/04/2007, Kátia retirouse da sociedade. Na Quarta Alteração, ocorrida em 07/10/2010, Rosemery ingressou na sociedade no lugar de Rita. Rosemery é esposa de Everson. 36. Na Quinta Alteração, em 06/06/2011, ocorreu nova alteração do endereço da sede social, que passou à Rua Helena Herkenhoff, nº 53, sala 01, bairro Velha, Blumenau. Este é o endereço residencial do Sr. Oswaldo, constante do cadastro da RFB e do próprio Contrato Social. No quadro abaixo consta histórico do quadro societário da Gasparzinho. Contrato Social e Alterações da Gasparzinho integram o DOC 17. [...] ESTRUTURA ADMINISTRATIVA E OGANIZACIONAL ÚNICA 37. Como mencionamos anteriormente, a Gasparzinho tinha como endereço sede de seu único estabelecimento a residência do Sr. Oswaldo, na Rua Helena Herkenhoff, nº 53, Velha Fl. 2860DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.861 9 Central, Blumenau/SC. O local foi objeto de diligência, realizada no dia 12/08/2013, pelos Auditores Fiscais Murilo Cuba Netto e Everaldo Back. Foram realizados registros fotográficos (constantes do DOC 36) onde se evidencia a ausência de estrutura para abrigar sequer um pequeno caminhão. Também não havia qualquer placa ou inscrição identificativa da Gasparzinho. A campainha foi tocada diversas vezes sem que houvesse qualquer resposta. Na ocasião foi entrevistado o Sr. Edwin Reiter, vizinho, morador da casa ao lado, de número 67 da Rua Helena Herkenhoff. O Sr. Edwin relatou que não tinha conhecimento do funcionamento de uma transportadora no endereço ao lado e que conhecia o Sr. Oswldo Krauss, com quem não teria intimidade. O fato foi registrado no Termo de Constatação nº 1 (DOC 35). A Gasparzinho apresentou comprovante de residência do seu sócio, uma conta de luz constante do DOC 22, a qual comprova que o Sr. Oswaldo reside no endereço citado. 38. Em diligências realizada na sede da Ociani em Blumenau, constatouse a existência de um estrutura administrativa responsável pelo controle das atividades da fiscalizada e da Gasparzinho. Na visita realizada no dia em que se deu ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal (18/04/2013) foram reunidos documentos e tomados depoimentos os quais demonstram claramente que o controle das atividades da Gasparzinho é feito diretamente pela Ociani. Mais que isto, tratase de fato de uma única organização com controle da família Krauss, sobretudo dos irmãos Jaison, Carlos Alberto (sócios da Ociani), Everson e Jefferson. Entrevistas realizadas em 18/04/2013 (DOC 02) 39. Em depoimento dado por Daiana Francine Sonntang, Analista de RH, registrada na Ociani, a segurada informou ser responsável pelo RH da empresa. Relatou que, entre outras atribuições, realiza a transmissão da GFIP da Ociani, Gasparzinho, Transportes Rodojato (sociedade de Everson e Eduardo, sediada em Gaspar/SC) e Operações Rio 2007 (empresa de Jefferson e sócio externo à família 12, sediada no Rio de Janeiro/RJ). Relatou ainda que representa as mesmas empresas (exceto a Operações Rio) junto ao Sintroblu13 quando das rescisões de contratos de trabalho, e ainda, que a guarda das fichas de registros dos empregados das referidas empresas, exceto as da sediada no Rio de Janeiro, é feita naquele estabelecimento (Ociani). Ressaltase que foram realizados registros fotográficos do arquivo com as pasta funcionais dos trabalhadores da Ociani, Gasparzinho e Rodojato (DOC 45). 40. Mailton Lauro Ferreira, encarregado de carga e descarga registrado na Ociani, informou que compõem a sua equipe os seguintes funcionários: Sandro, Manuel, Joaquim e Antônio. Embora não tenha dado os sobrenomes dos referidos empregados, não há registros de empregados com estes nomes Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.862 10 na Ociani na GFIP da competência 04/2013. Ao contrário, na Gasparzinho constam os seguintes empregados na mesma competência: [...] 41. Mailton ainda relatou que seu chefe imediato é o Everson e que não saberia informar quem seriam os proprietários da Ociani, mas que Jaison e Everson respondiam pela empresa. 42. Zeina Viviane Peixe, auxiliar administrativa, registrada na Ociani, informou que trabalha no SAC14 e que quando da sua admissão na empresa, em março de 2012, entregou currículo ao Jefferson que o encaminhou para a Eliete15, tendo esta realizado a sua contratação. 43. Jefferson L. Krauss também prestou informações na ocasião. Relatou que é sócio da empresa Operações Rio e que é responsável pelo setor financeiro das empresas Ociani, Rodojato e Operações Rio. 44. Danyelle Rocha Santos, auxiliar administrativa, atuante no financeiro da Ociani, informou que os “donos” da empresa seriam o Sr. Oswaldo e sua esposa e seu chefe imediato, Jefferson Krause. Já Katlin Kamer, auxiliar de escrita fiscal, registrada na Ociani, relatou que os “donos” da empresa seriam o Sr. Oswaldo e os cinco filhos. Também informou que Jefferson é o seu chefe imediato. Lista de ramais, relação de motoristas e aniversariantes do mês 45. Na mesma ocasião em que foram tomados os depoimentos acima mencionados, a fiscalização teve acesso a alguns documentos, comuns no dia a dia de qualquer empresa, como a lista de ramais e a relação de aniversariantes do mês. Cópias destes documentos compõem os DOC 04 e 06, respectivamente. [...] 49. Outro documento a que teve acesso a fiscalização, por ocasião da diligência às instalações da Ociani, no dia 18/04/2013, foi uma relação de motoristas, apresentada pelo encarregado de carga e descarga da Ociani, Mailton Lauro Ferreira, constante do DOC 05, onde mais uma vez figuram funcionários formalmente registrados na Gasparzinho. Apenas a título de exemplo citamos, dentre os dez primeiros da lista constante da figura 3, sete são registrados na Gasparzinho: Deivid Spindola Ferreira, Anderson Andrieti, Jures Cláudio Claudino, Joel Tamasia, Edson Pila Souza e Jauri Evaristo. [...] 50. Constatouse, na análise de diversos documentos, a seguir detalhados, que a gestão de RH dos empregados formalmente registrados na Gasparzinho, cabia à Ociani, por intermédio da Fl. 2862DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.863 11 funcionária Eleiete Demarch e, mais recentemente, pela funcionária Daiana Sonntang, pois vejamos. 51. O relatório de folha de pagamento da Gasparzinho apresentado à fiscalização (DOC 18 e 33), foi emitido pelo programa (software) de folha de pagamento da Ociani, pela usuária Daiana e contém as referidas inscrições no rodapé do relatório, como pode ser observado na figura 4, a seguir disposta. [...] Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.864 12 CONCLUSÕES 84. De todo exposto extraise que os segurados registrados como empregados da Gasparzinho, optantes do SIMPLES NACIONAL, são na realidade empregados da autuada, empresa de administração familiar, que utilizouse de um artifício bastante conhecido que foi a alocação de empregados em empresa fictícia com vistas a ocultar do Fisco a ocorrência de fato gerador da contribuição previdenciária. Esta auditoria reuniu diversos elementos comprobatórios que demonstram, em seu conjunto, e de forma irrefutável, que a empresa Transportes Gasparzinho Ltda. é uma ficção e que a real empregadora da mão de obra formalmente alocada nela é a Ociani. 85. Os elementos de convicção dos fatos acima citados encontramse vastamente relatados no corpo desta peça e documentados, mediante os chamados DOC, integrantes deste processo administrativo. Passamos a relembrar alguns desses principais elementos comprobatórios: a) A autuada é uma empresa de administração familiar. O Sr. Oswaldo e esposa foram sócios fundadores. Quatro de seus cinco filhos já tiveram passagem pelo quadro societário. Atualmente Jaison e Carlos Alberto Krauss são os sócios, mas dois outros filhos têm participação administrativa: Everson e Jefferson Krauss. O Sr. Oswaldo, aparentemente, está afastado da administração, mas tem grande identificação com a empresa e alguns dos seus empregados entendem que ele e a esposa ainda são donos do negócio; b) A “empresa” Transportes Gasparzinho Ltda. tem como sede de seu único estabelecimento a residência do seu sócio, os Sr. Oswaldo; c) A referida “transportadora” tem apenas um caminhão e uma centena de trabalhadores20 registrados com cargos relacionados à atividade de transporte de armazenagem de mercadorias. Não há registros de custos e despesas necessários ao desenvolvimento das atividades; d) O Sr. Oswaldo, sócio administrador da Gasparzinho, afirma ser responsável por todas as atividades administrativas da “empresa”, no entanto, há diversos elementos comprobatórios de que estas atividades, sobretudo a gestão de recursos humanos, eram realizada pela Ociani; e) A autuada foi a única cliente da Gasparzinho no período em análise. É uma transportadora que conta com uma frota de aproximadamente sessenta veículos, mas pouquíssimos funcionários com cargos relacionados à sua atividade fim. Inversamente à Gasparzinho, conta com estrutura administrativa bem estabelecida. Fl. 2864DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.865 13 TERCEIRIZAÇÃO ÍLICITA 86. Como foi amplamente demonstrado neste relatório, Gasparzinho mantinha empregados nela FORMALMETE registrados a serviço da autuada, esta que, de fato, era a real empregadora da mãodeobra alocada nas “empresa” optante do SIMPLES. Verificase a ocorrência de uma terceirização ilícita da mãodeobra. 87. O fenômeno da terceirização, válido em face das normas de proteção ao trabalho, não consiste no mero fornecimento de mãodeobra para a execução de serviços essenciais da empresa tomadora. Ao contrário, somente se admite a contratação da empresa terceirizada para a prestação de serviços ligados a atividademeio do tomador e, ainda assim, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta, nos termos do entendimento jurisprudencial consubstanciado nos incisos I e III do Enunciado 331 do TST. [...] DA CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREGADOS 89. Como foi amplamente demonstrado neste relatório, a autuada alocou grande parte da sua mão de obra em uma empresa fictícia de forma a se beneficiar indevidamente das benéfices do SIMPLES. A administração do pessoal e dos recursos eram integralmente realizados pela autuada. Portanto, os segurados formalmente registrados na Gasparzinho, de fato, estão subordinados juridicamente ao comando único emanado da administração da Ociani, que assumiu os riscos da atividade econômica, que detém o poder de mando, de decisão, financeiro e econômico. O empregado colocase à disposição do empregador, dele recebendo ordens. A subordinação decorre do poder do empregador em dirigir e comandar a execução da obrigação pelo empregado; controlar o cumprimento dessa obrigação; aplicar penas disciplinares (advertência, suspensão, dispensa) quando o empregado não satisfaz, devidamente, a prestação a que se obrigou, ou se comporte de modo incompatível com a confiança, que está na base do contrato. 90. A fiscalização constatou que a autuada era, em última análise, a responsável pela prática dos atos relacionados à administração de pessoal, desde a seleção do pessoal a ser contratado, demissão, pagamento de verbas salariais e benefícios. Foram juntadas provas documentais destes atos, constantes dos DOC acostados, de forma que sua ocorrência pode ser facilmente constatada. Tais fatos foram relatados e demonstrados no corpo deste relatório. Configurase, desta forma, a pessoalidade na prestação dos serviços desempenhados por estes segurados. 91. A remuneração dos segurados empregados e empresários das empresas fictícias encontrase registrada em folha de Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.866 14 pagamento, ainda que a formalização dos vínculos empregatícios aconteça por intermédio de outra pessoa jurídica (Gasparzinho), o ônus do pagamento, inclusive dos encargos decorrentes, recaía em última análise, sobre a autuada, conforme o visto e revisto neste Relatório. Desta forma, fica configurada a onerosidade, presente entre os pressupostos do vínculo empregatício. 92. Foi demonstrado, ainda, que a prestação de serviços dos referidos segurados era não eventual, tendo em vista que estes desempenhavam suas atividades de forma contínua, sob o comando da autuada, restando configurada a continuidade. 93. A jornada de trabalho é diária, definida pela autuada, sendo por ela controlada mediante ponto, caracterizando a “não eventualidade”. 94. Diante de todo o exposto, concluise que a Ociani é a real empregadora dos segurados formalmente registrados nas empresas de fachada e, portanto, a responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e as destinadas a Outras Entidades incidentes sobre as remunerações dos referidos funcionários. Demais disso, a fiscalização entendeu pela responsabilidade solidária dos sócios administradores e aplicou a multa qualificada, pois, segundo descrição dos fatos e enquadramento legal, restou comprovada, no presente caso, em relação à falta de recolhimento da cota patronal da contribuição previdenciária, a incidência, sobre a remuneração dos trabalhadores formalmente registrados nas empresas fictícias Gasparzinho, da multa em seu percentual duplicado, 150%, por restar caracterizada a prática de sonegação e conluio, conforme artigos 71 a 73 da Lei n.º 4.502/64. Devidamente cientificados do Auto de Infração em 27/09/2013 (fls. 952/957), a Recorrente apresentou impugnação em 25/10/2013, através de procurador habilitado (fl. 206), com razões às fls. 1.190 a 1.329. Alega, em síntese, que: Das Preliminares. 2.1 Encaminhamento dos Autos para a Procuradoria da Fazenda Nacional Diante das inovações legislativas, e pelo fato de que o lançamento tributário foi efetuado em desacordo com diversas matérias e julgados do STF e do STJ, requer a Impugnante a intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional para, querendo, apresentar manifestação, antes do julgamento por este órgão administrativo, nos termos do art. 19, §§ 4º, 5 º e 7 º da Lei n° 10.522/2002. 2.2 Nulidade do Auto de Infração por Violação às Atribuições da Fiscalização Tributária no Ato da Auditoria Quanto às questões de direito, é preciso compreender que a auditoria violou regras basilares que se referem ao próprio ato de fiscalização, notadamente frente ao art. 194 do CTN, o Decreto n° 70.235/1972 e o Decreto n° 7.574/2011. Isso ocorreu porque, conforme constam dos documentos integrantes do procedimento de fiscalização (documento 25), a auditoria não se desenvolveu nos termos pontuados pela Fl. 2866DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.867 15 legislação ora citada, mas apenas para angariar alguns documentos que foram apresentados de forma a fundamentar um entendimento de que há terceirização irregular. Essa não é a função da Fiscalização Tributária e não poderia a auditoria ser efetuada da forma como o foi. A atuação da Fiscalização Tributária deve ser efetuada com a orientação aos sujeitos passivos. É fato inegável que as normas gerais de Direito Tributário acarretam uma série de inconvenientes a esses sujeitos, pois nem sempre são estruturadas de forma clara e simplificada. O próprio CTN, no Livro Segundo (arts. 96 ao 218) contém uma série de dispositivos cuja extensão e significado ainda são questionados no Poder Judiciário e geram inúmeras dúvidas. Portanto, nada mais adequado do que a Fazenda Pública prestar auxílio ao sujeito passivo, lhe informando seu posicionamento sobre dispositivos que poderiam gerar inconvenientes na aplicação das regras inerentes ao cumprimento das obrigações tributárias (principal e acessória). Portanto, como não houve correta investigação dos motivos de fato que levaram as sociedades empresárias ora mencionadas a se estruturar da forma como estão, houve violação, por parte da Fazenda Pública, ao art. 194 do CTN, razão pela qual o auto de infração merece ser anulado. 2.3 Violação aos Poderes de Fiscalização No caso em tela, o Poder Executivo fez a regulamentação das disposições externadas no CTN mediante uma legislação processual bastante complexa, que foi compilada mediante a edição do Decreto n° 7.574/2011. Portanto, firme no princípio da legalidade, a Fiscalização Tributária federal deverá atentar para as disposições do CTN e do Decreto n° 7.574/2011, sob pena de invalidação dos atos por se ter ampliado poderes que não estão previstos nas disposições normativas. Não foi o que se verificou na auditoria aferida. Houve violações aos direitos da Impugnante, com o lançamento de ofício formalizado mediante prova colhida de forma ilegal. O posicionamento jurisprudencial que se firmou tanto no STJ quanto no STF é o de que não há possibilidade da fiscalização, mesmo com intervenção da autoridade policial (art. 200 do CTN), possa apreender documentos sem autorização judicial. São conferidos à fiscalização os poderes para realização de quaisquer diligências, no interior da empresa, exceto a apreensão de documentos sem autorização judicial. Conforme se depreende do documento 25, em diversas oportunidades a Impugnante foi compelida a entregar livros e documentos fora do estabelecimento empresarial. Essa é uma prática reiterada das Fiscalizações Tributárias, que exige a entrega de documentos e informações fora da sede social, sob pena de agravamento das multas ou até mesmo de caracterização de embaraço à fiscalização. No caso em tela essa situação foi aferida em diversas oportunidades, tudo documentado conforme se demonstra com precisão no procedimento de fiscalização. As provas que foram produzidas Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.868 16 fora do estabelecimento empresarial, portanto, devem ser consideradas provas obtidas por meios ilícitos, diante da afronta ao art. 195 do CTN. Dessa forma, é indispensável que se declarem nulos todos os documentos que foram analisados pela Fiscalização Tributária fora da sede do estabelecimento empresarial. Como se pode observar, quase todos os documentos foram analisados fora do local sede da Impugnante, razão pela qual não conferem sustentação e validade ao auto de infração ora combatido. Por conseguinte, a nulidade do auto de infração é medida que se impõe, o que desde já se requer. 2.4 Nulidade do Auto de Infração por Falta de Requisito Indispensável de Validade do TIAF No caso em tela, o TIAF quedou silente quanto ao referido prazo, nada mencionando a esse respeito. Portanto, é nulo o referido documento, anulando, por conseguinte, todos os atos de fiscalização, inclusive o auto de infração. O prazo inicial para os procedimentos fiscalizatórios é determinado em 60 (sessenta) dias, podendo ser renovado por sucessivos períodos. No caso em tela, o TIAF foi entregue em 10.04.2013 e a fiscalização deveria ter sido concluída em 09.08.2013. Poderia ter ocorrido a renovação desse prazo, mas a Impugnante nunca foi intimada dessa prorrogação, o que torna nula a fiscalização deflagrada pela autoridade fiscalizadora. [...] O Termo de Ciência da Continuidade do Procedimento Fiscal externado nas fls. 485 do procedimento de fiscalização não é válido exatamente porque não informa qual o prazo em que a auditoria será finalizada, violando diretamente as disposições do dispositivo legal acima transcrito. A obrigação de manter um prazo mínimo e máximo para conclusão dos trabalhos dos Auditores Fiscais está previsto no art. 196 do CTN, cuja redação assim se apresenta: O documento de fls. 485 do procedimento de fiscalização não está firmado por pessoa habilitada a tanto, sendo certo que na data aposta do referido documento, a fiscalização tinha plena ciência de quem eram os representantes legais, já havia se apossado dos atos constitutivos e sabia da nulidade que estava sendo praticada. Mesmo assim persistiu no erro. Quando não houver prorrogação do prazo de fiscalização e o Auditor Fiscal continuar os procedimentos, há verdadeira nulidade, eis que estará atuando sem poderes para tanto, conforme especificam com precisão os dispositivos legais acima transcritos. E importante salientar que o procedimento de fiscalização foi iniciado em 10.04.2013 e finalizou com a lavratura do auto de infração entregue à Impugnante em 27.09.2013. Para que seja dada validade ao procedimento de fiscalização, a legislação processual tributária exige que o Auditor Fiscal tenha autorização para tanto. Não é o que se observa no caso em tela. Os Fl. 2868DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.869 17 trabalhos de auditoria e fiscalização iniciaram com vício no TIAF, pois não indicaram o prazo para sua conclusão. Não satisfeito com a irregularidade, em junho fora expedido termo de prorrogação (fls. 488 do documento 25) que foi entregue à pessoa não habilitada para representar a Impugnante. E mesmo que se entenda que o referido termo de prorrogação cumpre com sua função, ainda assim não trouxe o prazo para conclusão dos trabalhos. E se, ainda com todas essas violações, o referido termo for considerado válido, há violação aos dispositivos acima transcritos porque extrapolou o prazo de 60 dias. Enfim, por mais que se queira dar validade ao procedimento de fiscalização, há inegável desleixo por parte da autoridade fiscalizadora, que não cumpriu com as exigências legais. Some a toda essa questão o fato de que em setembro de 2013 a cidade de Blumenau ter passado por mais uma enchente. Esse evento não causou muita destruição à cidade, mas diante dos alertas das autoridades, muitos cidadãos retiraram previamente seus pertences para evitar as perdas que comumente são acarretadas à população desta cidade. Com isso, diversos colaboradores da Impugnante foram liberados para cuidar de suas famílias e a cidade parou por praticamente uma semana. Os prejuízos com situações como essas são evidentes e causam redução no faturamento. Aliado a todas essas intempéries, a Impugnante ainda precisou dar atenção à Fiscalização Tributária que se fez presente em diversas ocasiões sem autorização para tanto, pois os prazos do TIAF e do termo de prorrogação já haviam expirado. Portanto, não havendo cumprimento das determinações externadas no art. 33 do Decreto n° 7.574/2011 e no art. 196 do CTN, resta declarar a nulidade do TIAF e, por conseguinte, de todo o procedimento de fiscalização. 3 RAZÕES DE FATO QUE TOLHEM DE VALIDADE O AUTO DE INFRAÇÃO ORA COMBATIDO E OS DOCUMENTOS COLHIDOS NO PROCEDIMENT O DE FISCALIZAÇÃO (DOCUMENTO 25) Acaso não haja acolhimento de nenhuma das preliminares, a Impugnante demonstra que apenas com a análise da situação de fato é possível encontrar irregularidades na constatação narrada pela auditoria e demonstrar que a nulidade do auto de infração é medida necessária. Como será demonstrado nos próximos itens, a auditoria parte de premissa equivocada, constituída mediante opinião desprovida do indispensável substrato probatório. 3.1 Inexistência de "Empresa de Fachada" O Relatório Fiscal (fls. 898/950 do documento 25) concluiu, indevidamente, que a Impugnante teria constituído uma sociedade empresária "de fachada" para alocar parte de seus funcionários. Ainda narra que o objetivo da constituição dessa suposta sociedade irregular seria [...] burlar a legislação fiscal, com o intuito de esconder a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária. Essas premissas não são verdadeiras. A sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. não foi constituída com o objetivo descrito no Relatório Fiscal. O objetivo e fundamento de consumição da referida Fl. 2869DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.870 18 sociedade está demonstrado em todas as entrevistas realizadas com os sócios tanto da sociedade referida quanto da Impugnante. As sociedades da família Krauss não possuem a mesma linha de comando, não estão sediadas no mesmo local e não operam com o mesmo objeto social, são distintas, tendo sido constituídas dessa forma através dos motivos acima declinados. O Relatório Fiscal quer fazer crer que pelo fato dos sócios serem membros da mesma família, então teriam burlado a fiscalização tributária. As entrevistas, contudo, demonstram o contrário. As informações colhidas também demonstram posicionamentos diversos daquela conclusão oportunizada pelo Relatório Fiscal. A análise de determinados fatos isolados não pode ser dissociada do contexto fático, sob pena de se atingir objetivo diverso daquele esperado pela sociedade. Assim, pelos documentos acostados à presente impugnação bem como pelos depoimentos dos sócios colhidos nas entrevistas (documento 25), fica demonstrado que a realidade narrada até este momento é a que representa a verdade dos fatos. Por conseguinte, as conclusões do Relatório Fiscal não são válidas e nem verdadeiras, eis que ficou comprovado nesta defesa que: a) a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. não é e nunca foi "empresa de fachada", tendo sido constituída por força das divergências de opinião entre pai e filhos, sendo administrada exclusivamente pelo Sr. Osvaldo, sem interferência dos respectivos filhos; b) a Impugnante é sociedade empresária administrada por Jaison e Carlos (irmãos), sem interferência, do Sr. Osvaldo. Aliás, a divergência de opiniões é que foi o fator fundamental de constituição das sociedades, já que os membros da família não mais conseguiam trabalhar com o mesmo objeto social. Diante dos fatos e argumentos ora apresentados, está demonstrado com precisão que entre a Impugnante e a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. não há mesma sede, objeto e linha de comando. Por conseguinte, o auto de infração não tem como subsistir, devendo ser anulado, o que desde já se requer. 3.2 Período do Lançamento de Ofício O auto de infração foi recebido em 27.09.2013. O período de auditoria e de lançamento abrangeu as competências de 01/2008 a 12/2008 (fls. 901 do procedimento de fiscalização — documento 25). No caso em tela, conforme esclarecido no item 3.1, não houve dolo na constituição da sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., pois os fatos apresentados são claros e preciso no intuito de demonstrar os motivos e a forma de constituição da referida sociedade. O prazo, assim, para constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício deve ser efetuado pela regra do art. 150, § 4o do CTN, já que houve pagamento do tributo nas competências 01/2008 a 13/2008. Conforme ficará esclarecido com mais precisão de fundamentos jurídicos no item 4, no caso dos autos há extinção do crédito tributário pela decadência, conforme previsão do art. 156, inciso V do CTN. Fl. 2870DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.871 19 3.3 Inexistência de Prática Fraudulenta e de Sonegação de Contribuições Previdenciárias Os documentos anexados à presente defesa, aliados às provas colhidas na auditoria, demonstram que não ocorreu a prática de nenhuma atividade fraudulenta, tampouco a sonegação de quaisquer tributos. As ásperas acusações efetuadas no Relatório Fiscal não se coadunam com a idoneidade tributária da Impugnante, que sempre amou se forma lícita, cumprindo com seus desígnios sociais. Não há, por essa razão, intuito de fraude ou de sonegação de contribuições previdenciárias na atuação da Impugnante. Fl. 2871DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.872 20 3.4 Nulidade de Prova: Entrevistas com Colaboradores e Terceiro Um dos elementos de prova que está demonstrado no Relatório Fiscal se refere à entrevistas com terceiros. Os entrevistados não possuem vínculo direto com a administração das sociedades referidas nesta defesa. Essas provas são nulas, conforme se analisa neste item. 3.5 Impropriedade do Uso da Lista de Ramais, Relação de Aniversariantes e Colaboradores A Impugnante efetivamente terceirizou parte de sua produção contratando a Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., especialmente nos momentos em que havia maior demanda e não se encontrava mão de obra disponível no mercado local de trabalho. Essa prática, contudo, não viola qualquer disposição legal e é, inclusive, prática utilizada pela RFB que terceiriza serviços como limpeza, segurança e atendimento. Como se pode verificar, a prática da terceirização, nesse caso, também é lícita. 3.6 Inviabilidade das Ações Trabalhistas como Prova nestes Autos Essas provas não são admissíveis. Primeiro porque em nenhuma das ações houve sentença condenatória determinando que a terceirização era ilícita. Segundo porque a auditoria está utilizando como verdade absoluta pedidos que foram efetuados pelos autores daquelas ações e que demonstram a inexistência de qualquer ilícito. Terceiro porque para a relação de emprego (que é diversa da relação tributária) o tomador e o prestador do serviço são subsidiariamente responsáveis pelo adimplemento do crédito trabalhista. Ademais, as informações prestadas pelos interrogados nas fls. 6/12 acima mencionadas são conflitantes. A única conclusão que se pode obter dos documentos referidos é de que não havia um comando único entre a Impugnante e Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. Portanto, não há como se utilizar ações trabalhistas cujo mérito não foi apreciado para demonstrar a suposta prática de ilícitos tributários (que na verdade jamais ocorreram). 3.7 Procuração Outorgada a Carlos Alberto Krauss Por si só, a existência de Procuração não demonstra que havia o efetivo exercício da administração pelo outorgado. De outra sorte, o Sr. Carlos ainda esclareceu os motivos da existência dessa procuração. Os esclarecimentos foram efetuados na entrevista. Segundo consta do relato do Sr. Carlos, na ocasião da outorga dos poderes o Sr. Osvaldo passava por sérias problemas de saúde e, por essa razão, temerosos de que o procedimento cirúrgico poderia não restar exitoso (total ou parcialmente), haveria necessidade de ter alguém que pudesse honrar com o pagamento dos salários (principal preocupação do Sr. Osvaldo). Fl. 2872DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.873 21 O que merece atenção especial é o fato de que em nenhum momento houve a produção de documento ou até mesmo de mera alegação de que o Sr. Carlos administrava a sociedade Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. A auditoria não juntou um cheque, um cartão de banco ou qualquer documento comercial ou fiscal assinado pelo Sr. Carlos. E o mais importante: a auditoria apurou crédito tributário, nestes autos, referente ao período 01/2008 a 13/2008; a procuração é de 2012. Assim, não há prova alguma e nem indícios de que o Sr. Carlos efetivamente administrou a sociedade referida. 3.7 Prestação de Serviços com Exclusividade Sustenta que não há irregularidades na forma como a terceirização (lícita) realizada entre as sociedades mencionadas. 3.8 Inadequação da Via Eleita com a Apresentação de Informações sobre Faturamento, Número de Empregados, Mass a Salarial, Despesas e Frota O Relatório Fiscal trouxe informações falaciosas e tendentes a deturpar a realidade que foi minudentemente avaliada pela auditoria. Quando o referido documento menciona que o faturamento da Impugnante é maior do que o da sociedade Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., mesmo com menor número de funcionários, há notória violação às questões de fato, pois não se atentou para a forma de atuação de ambas as sociedades. Mas a Impugnante esclarece o tema, suprindo a falta acarretada pelo Relatório Fiscal. Como já dito, a Impugnante, pode determinação de seus sócios, labora com o transporte de cargas para longas distâncias, bem como realiza parte da distribuição das mercadorias nas localidades próximas ao destino. A auditoria realizada sabia dessas informações, com precisão, pois teve amplo acesso a todos os documentos, inclusive ao ativo imobilizado. Com relação às despesas e às frotas, como ambas as sociedades laboram em áreas diversas do ramo de transporte, é evidente que há diferentes bens constituindo o ativo imobilizado, sendo que esta prática não acarreta quaisquer máculas ou irregularidades. Portanto, a narrativa externada no Relatório Fiscal quanto ao tema ora posto não merece acolhida para fins de dar sustentabilidade à manutenção do auto de infração, que merece ser anulado. 3.9 Funcionários com Atividades Administrativas Como já comprovado em mais de uma oportunidade durante esta peça de defesa, as duas sociedades laboram em áreas diversas. A atividade da Impugnante é transportar a mercadoria, recebendoa do cliente em uma cidade e levandoa até outra localidade previamente determinada. A sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., por sua vez, atua em parte desse processo de transporte, viabilizando a carga e descarga das mercadorias na cidade de Blumenau. Por essa razão, não precisa manter uma estrutura administrativa complexa e nem uma sede social com diversos funcionários. A maior parte das funções administrativas é concentrada na Fl. 2873DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.874 22 pessoa do Sr. Osvaldo. O restante da parte burocrática é realizado pela assessoria e consultoria contábil. Eventualmente há necessidade de solicitar um auxílio ao departamento de Recursos Humanos da Impugnante, o que foi efetuado em tão raras ocasiões que poucas foram as menções dessa prática pelo Relatório Fiscal. Assim, a narrativa apresentada pela auditoria não se coaduna com a realidade vivenciada e nem com os documentos que foram analisados durante o trâmite dos trabalhos. 3.10 Conclusões Apresentadas no Relatório Fiscal Após toda a narrativa apresentada pela auditoria (impugnada nos itens 3.1 a 3.9 desta peça), houve a conclusão indevida de que a família Krauss, por ter relações comerciais entre, as suas respectivas sociedades empresárias, pratica terceirização ilícita e constitui empresa fictícia. Atuando desse modo, a auditoria deturpa os fatos e traz ao procedimento de fiscalização apenas parte da realidade fática, o que evidencia o intuito de constituir crédito tributário pelo lançamento de ofício e não o de verificar o fato jurídico para aferir se é gerador ou não de tributo. Desse modo, incide a auditoria em diversas violações legais, tais como as externadas em dispositivos do CTN e do Decreto n° 7.574/2011. 3.11 Aplicação da Multa Qualificada em seu Percentual Máximo No caso dos autos, diante de toda a narrativa efetuada no Relatório Fiscal, houve a imposição de multa no percentual de 150%, mediante a constituição de multa de ofício qualificada nos termos do art. 35A da Lei n° 8.212/1991 e no art. 44, inciso I e § I o da Lei n° 9.430/1996. É evidente que as duas sociedades envolvidas neste auto de infração não praticaram ilícito doloso tributário. O único fato que foi considerado para a aplicação da penalidade e principalmente da suposta conduta dolosa foi o de sócios de ambas as sociedades são membros da mesma família. Portanto, não ficou evidenciado o dolo, o que tolhe de validade a imposição de multa de ofício no percentual aferido. 3.12 Solidariedade dos SóciosAdministradores pelo Adimplemento de Obrigações Tributárias da Impugnante Quer fazer crer a auditoria que se deve responsabilizar solidariamente os sóciosadministradores pelo crédito tributário lançado de ofício. O que se fez foi uma verdadeira desconsideração da personalidade jurídica administrativa, mas sem a observância dos requisitos necessários. Na realidade, o Relatório Fiscal tenta repristinar o já declarado inconstitucional art. 13 da Lei n° 8.620/1993, que foi expurgado do ordenamento jurídico através de decisão do STF na análise do Recurso Extraordinário n° 562.276/PR (julgamento nos termos do art. 543B do CPC). Fl. 2874DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.875 23 Portanto, é inegável que não há como responsabilizar solidariamente os sóciosadministradores pelos débitos tributários da sociedade. 3.13 Prática de Crime Contra a Ordem Tributária e a RFFP Mesmo que houvesse, em tese, a tipicidade em relação ao crime previsto no art. 337A do CP, ainda assim não é permitido ao Auditor Fiscal enviar a RFFP para o MPF, por força do art. 83, caput da Lei n° 9.430/1996. A violação a essa determinação enseja, em tese, a prática do crime previsto no art. 316, § I o do CP. Assim sendo, a eventual prática de crime contra a ordem tributária somente poderá ser objeto de RFFP após o término do presente processo administrativo. 4 FUNDAMENTOS DE MÉRITO 4.1 Utilização de Presunções e Ficções Jurídicas e o Procedimento de Lançamento do Crédito Tributário No caso dos autos é notório que a auditoria efetuada na Impugnante se utilizou de presunções e ficções jurídicas para fins de lançar o tributo mediante auto de infração. Essa prática é vedada pela legislação, pois a obrigação tributária é ex lege, ou seja, tem seus limites, requisitos e minúcias previstas na legislação. É nesse sentido que se manifesta o art. 3º do CTN. Como é possível observar a análise perfilhada nos itens 2 e 3, a auditoria partiu de uma falsa premissa, não analisando a questão de fato, não verificando o histórico de cada uma das sociedades e nem apreciando com acuidade as informações que foram apresentadas nas entrevistas. A ausência de um Relatório Fiscal dificulta a defesa, pois não se tem como entender qual o fundamento utilizado para a lavratura do auto de infração. Os documentos colhidos e apresentados pelo procedimento de fiscalização não são suficientes a corroborar um lançamento de ofício da forma como efetuado. Por essa razão, é possível presumir que a auditoria constituiu o crédito tributário através de presunções e ficções jurídicas. Ao invés de buscar a verdade real, a auditoria se concentrou em alguns fatos que, se analisados isoladamente, lhe eram favoráveis, explorou esses fatos e lavrou o auto de infração. A forma com a qual a família Krauss passou a explorar o ramo de transportes foi esclarecida nas entrevistas. Se os irmãos não conseguem mais trabalhar juntos e se cada um possui clientes diversos, patrimônio e sede sociais diversas, não há como obrigálos a atuarem sob a mesma sociedade, notadamente porque não há affectio societatis. 4.2 Dedução dos Valores Pagos a Título de SIMPLES pela Sociedade Empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. O auto de infração merece ser anulado, pois contém valores lançados que já foram recolhidos, em parte, a título de SIMPLES. No caso em tela, a auditoria incluiu como base de cálculo da contribuição previdenciária descrita no art. 22 da Lei n° 8.212/1991, o valor integral das remunerações Fl. 2875DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.876 24 pagas aos colaboradores da sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. No entanto, esta última sociedade efetuou recolhimentos a título de SIMPLES, desde o ano de 2004. Dessa forma, houve inegável tributação em duplicidade, pois se está tributando o mesmo fato gerador mediante dois regimes tributários distintos: SIMPLES e lucro real. Como não se encontram, no procedimento de fiscalização, no auto de infração ou em qualquer outra planilha do documento 25 a dedução dos valores já recolhidos, o lançamento de ofício contém valores que já foram adimplidos, razão pela qual deve ser anulado. 4.3 Constituição da Base de Cálculo da Contribuição Previdenciária Patronal Lançada de Ofício Caso não haja acolhimento de nenhuma das causas de nulidade do auto de infração, as quais foram demonstradas nos itens anteriores desta peça de defesa, é preciso reduzir o valor do lançamento tributário, pois na base de cálculo se presume que foram inseridos montantes indevidos. Basicamente é possível compreender que foram inseridos na base de cálculo da contribuição previdenciária patronal o montante da integralidade dos valores pagos aos colaboradores, sem precisar se a natureza desses pagamentos fora de verbas indenizatórias ou remuneratórias. Como é notório, somente as verbas remuneratórias integram a base de cálculo do tributo descrito no art. 22 da Lei n° 8.212/1991, sendo que os montantes indenizatórios devem ser excluídos da respectiva base imponível. 4.3.1 Base de Cálculo do SaláriodeContribuição O sistema previdenciário foi redesenhado através da EC n° 20/1998, sendo definido como contributivo e atuarial. Desse modo, somente os valores que se incorporam para fins de aposentadoria é que podem ser incluídos na base de cálculo da contribuição previdenciária. Não há dúvidas de que o salário decorre apenas da contraprestação de serviço pactuado, não comportando a inclusão de verbas indenizatórias. Assim, a autorização do art. 195, inciso I da CF/1988 impede o legislador ordinário de instituir contribuição social cuja base de cálculo seja verba indenizatória e veda, da mesma forma, que a RFB inclua, na base de cálculo da contribuição previdenciária, as seguintes verbas que inegavelmente têm caráter indenizatório: 4.3.2 — Terço Constitucional de Férias O entendimento firmado pelo STF é o de que o terço constitucional de férias não representa uma verba de natureza remuneratória, mas sim indenizatória. E a conclusão a que chega o Pretório Excelso está calcada no fato de que ao término do prazo de doze meses o empregado tem direito a um descanso pelo período de trinta dias. Para poder usufruir adequadamente a esse descanso Fl. 2876DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.877 25 (direito constitucionalmente assegurado) lhe é garantido um reforço nos valores recebidos, ou seja, um terço acrescido ao salário. A jurisprudência tem sedimentado o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, conforme posicionamento pacificado também no STJ. 4.3.3 AuxílioDoença O valor pago a título de auxíliodoença não tem natureza remuneratória (salarial), mas apenas indenizatória, não podendo integrar a base de cálculo da contribuição instituída com base no art. 195, inciso I, da CF/1988. 4.3.4 Abono Assiduidade e Folgas Não Gozadas O empregado tem direito a usufruir folgas, direito este que integra o seu respectivo patrimônio. Caso não exercido tal direito, por qualquer razão, no tempo, modo e forma estabelecidos em lei ou convenção, há o pagamento desse direito em pecúnia, como ocorrem com diversos colaboradores da impugnante e da sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., consoante documentos colhidos e apresentados no procedimento de fiscalização (documento 25). Nessas circunstâncias, o pagamento se refere a uma indenização pela inexistência do direito às folgas. O valor pago tem o objetivo de reparar um dano que fora causado (trabalhar durante o período em que tinha direito à folga). O mesmo ocorre com o chamado abono assiduidade, eis que quando não exercidas as ausências, há possibilidade do pagamento de um valor que tem natureza eminentemente indenizatória. A jurisprudência tem sedimentado o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de abonoassiduidade e folgas não gozadas, conforme posicionamento pacificado no STJ. O mesmo raciocínio pode ser utilizado em relação à licençaprêmio não usufruída e posteriormente indenizada. A jurisprudência tem se manifestado no sentido de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de licençaprêmio não gozada, conforme posicionamento pacificado do STJ. 4.3.5 AuxílioCreche Como o mencionado auxílio tem o condão de ser um direito social, em prol do empregado, o reembolso ou pagamento em pecúnia diretamente ao mesmo corresponde a uma indenização, conforme já reiterado pelo posicionamento jurisprudencial. Sendo indenização, não cabe a incidência de contribuição previdenciária sobre o mesmo. E por essa razão que a jurisprudência tem sedimentado o Fl. 2877DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.878 26 entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de auxíliocreche, conforme posicionamento pacificado do STJ. 4.3.6 Ajuda de Custo No caso dos autos a ajuda de custo não é paga com habitualidade, mas sim de modo esporádico, razão pela qual em algumas ocasiões determinados empregados recebem estes valores. Tais verbas correspondem a verdadeira indenização, como tem sido o posicionamento pacificado do STJ. 4.3.7 Auxílio Babá e Auxílio Combustível A jurisprudência tem sedimentado o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de auxíliobabá e auxílio combustível, eis que tais valores têm natureza eminentemente indenizatória. Nesse sentido está consolidado o posicionamento jurisprudencial, através dos julgados proferidos pelo STJ. 4.3.8 Gratificação Semestral A gratificação semestral é considerada um direito social, por força do disposto no art. 7°, inciso XI da CF/1988. Por essa razão, não é salário. A natureza jurídica da gratificação é indenizatória, logo, não há incidência da contribuição previdenciária. A jurisprudência tem sedimentado o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de gratificação semestral, conforme posicionamento pacificado do STJ. 4.3.9 Ressarcimento pela Utilização de Ferramentas Própria O ressarcimento pecuniário pela utilização de ferramentas próprias tem natureza eminentemente indenizatória, porquanto não se trata de salário e nem de verba que se assemelhe ao mesmo. Nesse sentido, a jurisprudência tem sedimentado o entendimento de que não incide contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de ressarcimento de despesas pela utilização de ferramentas próprias, conforme posicionamento pacificado do STJ. 4.3.10 Férias e SalárioMaternidade O montante das férias, usufruídas ou não, não podem sofrer incidência da contribuição previdenciária prevista no art. 22, inciso I da Lei n° 8.212/1991. A legislação tributária não pode alterar a natureza jurídica indenizatória do Fl. 2878DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.879 27 valor pago a título das férias, já que o empregado, ao receber o valor, não presta serviço de qualquer natureza. A questão ora apresentada é fruto de inovação prevista no STJ, que passou a decidir, a partir de fevereiro de 2012, nos termos que abaixo seguem: A natureza do saláriomaternidade e das férias é efetivamente indenizatória, razão pela qual a não incidência da contribuição previdenciária é medida que se impõe. 4.3.11 Adicional de Horas Extras A celeuma travada até o presente momento também encontra amparo em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de incidência da contribuição previdenciária sobre as horas extraordinárias. Sobre o assunto, o STF já se posicionou em diversas ocasiões, sendo que a decisão abaixo ementada representa o firme entendimento da Corte, no sentido de ser vedada a incidência de contribuição previdenciária sobre o valor das horas extraordinárias. 4.3.12 ValeTransporte pago em Pecúnia O valetransporte pago em pecúnia pela Impugnante é montante que não deve integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária lançada, por expressa determinação do Plenário do STF. 4.3.13 Aviso Prévio Indenizado Também é considerada verba indenizatória o aviso prévio indenizado. Por esta razão deve ser excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária, nos termos do entendimento jurisprudencial assim firmado. 4.3.14 Adicional Noturno Sendo a natureza jurídica do adicional noturno uma verdadeira compensação (indenização), não pode incidir sobre a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal. 4.3.15 Adicional de Insalubridade Assim como as verbas acima descritas, o adicional de insalubridade não pode integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária, eis que sua natureza jurídica é eminentemente indenizatória e não remuneratória. 4.3.16 Adicional de Periculosidade O adicional de periculosidade segue a mesma linha de natureza jurídica que o adicional de insalubridade, conforme reiterado entendimento firmado pela jurisprudência. Sendo de natureza indenizatória, não deve integrar a base de cálculo do tributo previsto no art. 22 da Lei n° 8.212/1991. 4.3.17 Salário Família Fl. 2879DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.880 28 O salário família é benefício de natureza previdenciária, pago pelo empregador ao empregado, nos termos do art. 7º, inciso XII da CF/1988, com regulamentação pelo Decreto n° 3.048/1999 (art. 81). O art. 31 do Decreto n° 3.048/1999 determina que o valor do salário família não poderá ser utilizado para cálculo da renda mensal dos benefícios de prestação continuada. Diante dessas disposições legais, é possível concluir que o salário família não é montante remuneratório, mas apenas indenizatório tendente a cumprir com relevante função social, conforme previsão constitucional. Dessa forma, não pode integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal. 4.3.18 Décimo Terceiro Salário Proporcional Os Tribunais pátrios já decidiram em várias oportunidades que o décimo terceiro salário proporcional representa verba de natureza indenizatória. Recentemente os TRFs da 4ª e 5ª Regiões se manifestaram no sentido de excluir o valor do décimo terceiro salário proporcional da base de cálculo das contribuições previdenciárias.. Portanto, conforme o recente e reiterado posicionamento jurisprudencial, o valor pago a título de décimo terceiro salário proporcional deve ser excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária patronal, prevista no art. 22 da Lei n.º 8.212/1991. 4.4 Responsabilidade Tributária dos Sócios A prática de conferir responsabilidade tributária solidária entre a sociedade e os sócios é vedada pelo ordenamento jurídico e representa uma repristinação do já declarado inconstitucional art. 13 da Lei n.º 8.620/1993. A exegese acerca da expressão "infração de lei" tem como melhor entendimento a infração da legislação comercial ou civil, excluindose a tributária. A infração mencionada pelo dispositivo acima transcrito não pode ser entendida como infração às disposições legais tributárias, porque tal interpretação levaria à responsabilização solidária e ilimitada de todos os sócios, diretores e acionistas de quaisquer pessoas jurídicas, sendo estas de Direito Público ou Privado. Enfim, o simples e mero não recolhimento do tributo não é fato que pode ser utilizado para poder redirecionar qualquer lide (judicial ou administrativa) aos sócios, diretores ou administradores da sociedade, conforme pacífico entendimento do STJ. O primeiro requisito que se encontra, para responsabilização dos diretores, é a existência do dolo ao afrontar o Estatuto Social ou as determinações dos textos do Direito Positivo que regem as operações mercantis. O dolo não se presume. O dolo deve ser comprovado, de plano, pela autoridade fiscalizadora, no Relatório Fiscal (inexistente no caso dos autos). Como não se encontram presentes nenhum desses elementos, desde já não haveria como atribuir qualquer responsabilidade ao sócio. Esta é a orientação da jurisprudência, há longa data, dominante nos Tribunais Superiores. Fl. 2880DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.881 29 Somente com a demonstração de afronta à lei, ao contrato social ou estatuto, devidamente resguardado o direito ao contraditório e ampla defesa, poderá haver um redirecionamento dos débitos para o sócio administrador ou acionista, o que, de fato, não ocorreu no caso em tela. Portanto, demonstrado ficou o entendimento jurisprudencial unânime no sentido de que não há nenhuma evidência probatória capaz de legitimar a inclusão dos sóciosadministradores da Impugnante como responsáveis solidários pelo adimplemento do crédito tributário proveniente do lançamento ora combatido. 4.6 Redução da Multa Qualificada Pelo que se depreende do auto de infração, a multa aplicada foi de 150%, ou seja, o percentual máximo. Esse percentual é incompatível com a realidade fática e viola flagrantemente as normas jurídicas que disciplinam o tema. Isso ocorre porque a majoração da multa além do percentual mínimo deve ser justificada, o que não ocorreu no caso em tela, diante da inexistência de Relatório Fiscal. A multa ora imputada à Impugnante é formal, possuindo caráter de penalização. Em nenhuma hipótese esta multa poderá ser entendida como uma forma de indenização referente à mora. Este é o posicionamento exarado pelo Judiciário e muito bem discernido pelo eminente Sacha Calmon Navarro Coelho, que transcreve parte de decisão judicial, conclusiva para o deslinde da controvérsia: Desse modo, exigir a multa ora combatida corresponde a verdadeiro enriquecimento sem causa, ocasionado pela afronta à CF/1988, em especial no que diz respeito ao princípio do não efeito confiscatório (art. 150, inciso IV). Assim sendo, não há como acolher a multa aplicada no percentual previsto na no auto de infração, sendo necessária a sua redução, neste momento, aos percentuais mínimos previstos em lei. A pena aplicada à Impugnante possui caráter nitidamente confiscatório. A multa exigida tem o caráter nitidamente punitivo. Mesmo que outra denominação lhe seja dada, punitiva é sua única característica. 4.5 Envio da RFFP para o MPF No caso em tela é necessário rever o ato praticado pelo Auditor Fiscal, eis que o mesmo declara no Relatório Fiscal que já elaborou o RFFP. O documento não pode ser encaminhado ao MPF antes do término deste processo administrativo, sob pena de incidência do funcionário público no crime tipificado no art. 316, § I o do CP. Portanto, a Impugnante requer que o Auditor Fiscal seja intimado a não encaminhar para a RFFP para o MPF, conforme ponderações legais acima oportunizadas. 5 – PEDIDOS Diante do exposto, requer: Fl. 2881DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.882 30 a) recebimento da presente, bem como dos documentos que seguem anexos com intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional para, querendo, possa se manifestar sobre o feito, diante das decisões das matérias arguidas nesta defesa constantes em decisões do STJ (art. 543C do CPC) e do STF (art. 543B do CPC), conforme determinação do art. 19, §§ 5 o e 7o da Lei n° 10.522/2002 com as alterações da Lei n° 12.844/2013; b) declaração da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, inciso III do CTN, permitindo a expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa em favor da Impugnante; c) preliminarmente, a anulação do auto de infração e, por conseguinte, do lançamento tributário de ofício, externado no procedimento de fiscalização anexo (documento 25), pelos seguintes motivos: c l ) violação ao art. 194 do CTN (fundamentação no item 2.2); c.2) violação ao art. 195 do CTN (fundamentação no item 2.3); c.3) irregularidades formais do auto de infração, violando, assim, o art. 196 do CTN e art. 33, § 3o do Decreto n° 7.574/2011 (fundamentação no item 2.4); d) não sendo acolhidos nenhum dos pedidos preliminares, requer, no mérito, a declaração de nulidade do auto de infração constante do lançamento tributário de ofício, formalizado mediante o procedimento de fiscalização anexo (documento 25), pelo motivo de utilização de ficções e presunções para constatação da situação fática, violando as disposições do art. 3o do CTN c arts. 5º , inciso II e 150, inciso I da CF/1988 (fundamentação no item 4.1); e) não sendo acolhidos totalmente quaisquer dos pleitos externados nos itens "c" e "d", requer, sucessiva e subsidiariamente: e.l) redução da multa aplicada, para percentual inferior a 25%, nos termos do entendimento firmado pelo STF e de acordo com as disposições do art. 112 do CTN (fundamentação no item 4.2); e.2) recalculo do auto de infração para excluir da base de cálculo da contribuição previdenciária patronal (art. 22 da Lei n° 8.212/1991), as verbas indenizatórias arroladas no item 4.3 desta peça, assim arrolados: terço constitucional de férias, auxíliodoença, abono assiduidade e folgas não gozadas, licença prêmio não gozada, auxílio creche, auxílio escolar, ressarcimento de despesas pela utilização de ferramentas próprias, ajuda de custo, auxílio combustível, gratificação semestral, férias usufruídas, adicional de horas extras, aviso prévio indenizado, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, salário família, aviso prévio e décimo terceiro salário proporcional; e.3) sejam anulados os Termos de Responsabilização Solidária dos sócios administradores da Impugnante, nos termos do remansoso posicionamento jurisprudencial, bem como da exegese do art. 135, inciso III do CTN (fundamento no item 4.4); f) intimação do Auditor Fiscal que lavrou o auto de infração para que não encaminhe RFFP ao MPF até o término deste processo administrativo, nos termos do art. 83, caputài Lei n° 9.430/1996, advertindoo de que a violação Fl. 2882DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.883 31 ao dispositivo acarreta, em tese, a prática do crime previsto no art. 316, § I o do CP; g) o Procurador que esta subscreve manifesta interesse em se fazer presente na data do julgamento desta Impugnação, razão pela qual requer a intimação da data da sessão de forma pessoal, sendo possível o envio de correspondência física para o endereço constante na Procuração ou mediante correspondência eletrônica a ser encaminhada para gustavo@fvaadvogados.adv.br; A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1535.348 da 7ª Turma da DRJ/SDR, às fls. 2.517/2.548, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Recordese: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. São devidas as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais que prestam serviços à empresa. Fl. 2883DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.884 32 SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO. Para custeio dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MPF. PRORROGAÇÃO DE PRAZO. A intimação, após a expiração do prazo inicial do MPF, exigindo a exibição de documentos por parte da empresa submetida a procedimento fiscal, demonstra tacitamente a continuidade dos trabalhos, sendo desnecessário que do ato conste menção expressa à prorrogação haja vista a possibilidade de controle do sujeito passivo pelo sítio eletrônico da Receita Federal do Brasil. NÃO SUSPENSÃO DO PROCESSO DE LANÇAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário protege o devedor contra atos de cobrança da autoridade administrativa, mas não impede o lançamento que, nos termos do Código Tributário Nacional, é atividade vinculada e obrigatória. ÔNUS DA PROVA. ALEGAÇÃO DESACOMPANHADA DE PROVA. Cabe ao impugnante trazer juntamente com suas alegações impugnatórias todos os documentos que dêem a elas força probante. SÓCIO ADMINISTRADOR. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO. SUJEIÇÃO PASSIVA. Constatada uma das situações de fato previstas no caput do art. 135 do Código Tributário Nacional, impõese à responsabilização do sócio administrador da empresa pelo crédito tributário constituído. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA. Não é confiscatória a multa exigida nos estritos limites do previsto em lei para o caso concreto, não sendo competência funcional do órgão julgador administrativo apreciar alegações de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação vigente. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. Fl. 2884DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.885 33 Sempre que restar configurado pelo menos um dos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” A Recorrente e os demais interessados foram cientificados da decisão de 1ª Instância no dia 23/05/2014, conforme Avisos de Recebimento às Fls. 2.550; 2.552 e 2.554. Inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário às fls. 2.556/2.428, com as seguintes considerações: “[...] Por acórdão proferido pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA), a Impugnação interposta pelo Recorrente foi julgada improcedente e o lançamento de ofício constituído mediante Auto de Infração foi integralmente mantido. A decisão foi proferida mediante julgamento secreto e sem a prévia intimação do Recorrente ou de seu Procurador, mesmo diante de requerimento expresso para tanto. Pugna pela declaração de nulidade do Auto de Infração objeto desta discussão, conforme razões que seguem abaixo. PRELIMINARMENTE 2.1 Nulidade da Decisão por Notório Cerceamento de Defesa Inicialmente cumpre esclarecer que desde a data da lavratura do Auto de Infração o Procurador que esta subscreve vem adotando todas as posturas necessárias para que tenha acesso aos autos em formato eletrônico. Apesar de diversas diligências terem sido efetuadas diretamente à Delegacia de Blumenau/SC, até o presente momento se alega que há problemas no cadastramento de Advogados para ter acesso aos autos no formato administrativo. Por essa razão, há notório cerceamento de defesa no caso em tela, pois o Advogado que está efetuando os procedimentos de defesa do Recorrente até o presente momento não tem acesso aos autos no formato eletrônico, mesmo com procuração física apresentada juntamente com a Impugnação. Fl. 2885DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.886 34 Mais grave do que esse cenário é fato de que o Recorrente também não tem acesso aos autos eletrônicos, simplesmente porque há dificuldades em permitir o acesso do mesmo às referidas informações. É preciso elucidar que tanto o Recorrente quanto o Advogado que esta subscreve possuem Certificação Digital e têm acesso ao eCAC, mas por uma situação ainda não esclarecida por parte da própria Receita Federal do Brasil, até o momento ambos não tiveram acesso a qualquer processo administrativo em formato eletrônico. A demonstração do alegado pode ser facilmente detectada com a consulta aos processos administrativos que estão cadastrados em nome do Procurador e do próprio Recorrente, além do documento que segue anexo. Diante do exposto, provado que o Advogado devidamente habilitado nos autos não tem acesso à íntegra do processo digital, requer a nulidade do julgamento proferido pela 7ª Turma da Delegacia de Salvador (BA), determinando à Delegacia de Blumenau/SC que inclua o Advogado Gustavo Nascimento Fiuza Vecchietti (OAB/SC 15.422) como Procurador do Recorrente para o presente processo administrativo e, ato seguinte, lhe conceda o prazo de 30 (trinta) dias para oportunizar a defesa administrativa (Impugnação). 2.2 Nulidade da Decisão por Violação ao Devido Processo Legal Instituição de Tribunal de Exceção Não acolhido o pleito formulado no item 2.1, ainda há outra nulidade flagrante no julgado que ora se pede a nulidade ou a reforma: instituição de Tribunal de Exceção sem competência para processar e julgar o feito. O Recorrente tem domicílio fiscal em Blumenau/SC, o que é confirmado e declarado pelo próprio julgado de primeiro grau. O processo de fiscalização ocorreu igualmente na cidade de Blumenau e todos os atos processuais foram praticados na referida localidade. O Anexo IV à Portaria RFB n° 1.403/2013 (documento anexo) demonstra que em Florianópolis/SC há Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, sendo que naquela localidade há 6 (seis) Turmas, com jurisdição sobre o Estado de Santa Catarina. Portanto, a competência para processamento e julgamento do presente feito deve ser efetuada perante a DRJ com competência definida pelo domicílio fiscal do Recorrente. O Regimento Interno da RFB não permite o redirecionamento da Impugnação interposta pelo Recorrente a qualquer uma das DRJs existentes. Fl. 2886DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.887 35 O art. 233, caput, da Portaria MF n° 203/2012 não autoriza o redirecionamento do julgamento da Impugnação a qualquer uma das DRJs. Os dispositivos seguintes (especialmente os arts. 234 a 239) igualmente não esclarecem que a Impugnação poderá ser redirecionada a qualquer uma das DRJs, por conveniência ou qualquer outro motivo elencado pela RFB. Portanto, o que se verifica no caso em tela é o julgamento da Impugnação do Recorrente por um órgão colegiado distante do domicílio fiscal e sem justificativa ou dispositivo autorizador que lhe atribua competência para tanto. Há, no caso em tela, verdadeira instituição de Tribunal de Exceção, vedado pela CF/1988 (art. 5º, inciso XXXVII). Por essa razão, o Recorrente pugna pela nulidade do julgamento efetuado pela 7ª Turma da DRJ de Salvador (BA), requerendo, ainda, o encaminhamento dos autos à DRJ de Florianópolis (SC) para apreciação e julgamento dos pedidos externados na Impugnação. 2.3 Nulidade da Decisão por Violação aos Princípios do Contraditório e da Ampla defesa Não sendo acolhidos os pleitos externados nos itens 2.1 ou 2.2, o Recorrente demonstra que ainda há nulidade no julgado proferido pelo órgão de primeiro grau. O Procurador do Recorrente, apesar de não ter acesso aos autos do processo eletrônico (já provado no item 2.1), fez requerimento expresso na Impugnação para que pudesse acompanhar as discussões do Colegiado e apresentar razões de defesa mediante sustentação oral. Ainda requereu que fosse intimado da data do julgamento com razoável antecedência. O pedido não foi acolhido. O Recorrente ou seu Procurador não foram intimados da data do julgamento, mesmo que o fossem, não poderiam participar das discussões do órgão colegiado e, ainda, não lhe foi oportunizada a participação nas discussões através de apresentação de memoriais ou sustentação oral. A situação discutida nesse momento enseja notória violação aos princípios do contraditório, ampla defesa e, igualmente, do devido processo legal. No Estado Democrático de Direito não há cabimento para julgamentos secretos, especialmente por parte de órgão vinculado ao Poder Executivo Federal. O art. 37, caput, da CF/1988 é taxativo ao elencar que os órgãos públicos obedecerão aos princípios da legalidade e ao da publicidade (dentre outros). Fl. 2887DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.888 36 Ainda cumpre salientar que o art. 133 da própria CF/1988 dispõe que o Advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão. A Lei n° 8.906/1994 prevê, no art. 7o , os direitos do Advogado, sendo que o inciso X assim dispõe: [...] Não existem dispositivos legais que violem as determinações acima elencadas, ou seja, não há normas que permitam às DRJ vedarem o acesso aos Advogados devidamente constituídos em processos administrativos. Além desses argumentos, em todos os julgamentos onde houver discussão (tal como no presente) mediante órgão colegiado, a intervenção do Advogado é um direito assegurado por Lei Nacional (Lei n° 8.906/1994), além de ter suporte no Texto Constitucional (art. 133 da CF/1988). Por todas essas razões, não é possível que o ordenamento jurídico pátrio consagre violações aos direitos dos cidadãos para permitir julgamento secreto de ato tão relevante quanto a incidência tributária mediante lançamento de ofício. Nenhum julgamento poderá ser secreto, especialmente para o Advogado que está constituído no feito. Essa é a exegese do Decreto n° 70.235/1972, da Lei n° 8.906/1994 e da CF/1988. Assim sendo, o Recorrente pugna para que a decisão de primeiro grau seja anulada e outro julgamento seja proferido, com intimação do Recorrente e/ou de seu Procurador e que este último possa participar da sessão, oportunizando razões mediante sustentação oral, nos termos da legislação já enaltecida. 3 NO MÉRITO 3.1 Análise dos Fatos e das Provas que Norteiam a Discussão Através da narrativa entabulada nas fls. 2.518/2.523, o Relator apresentou os fatos que motivaram a decisão da Turma quanto ao mérito dos pedidos formulados na Impugnação. Como se pode perceber, não houve uma apreciação das provas e dos argumentos jurídicos oportunizados no processo de fiscalização. O que se percebe é uma análise fática do colegiado com notória incompatibilidade às determinações processuais, entabuladas nos Decretos n°s 70.235/1972 e 7.574/2011. Fl. 2888DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.889 37 Os arts. 63 e 65 do Decreto n° 7.574/2011 exigem que o julgador deva apreciar livremente a prova, mediante motivação para tanto. Isso não ocorreu no caso em tela. Como se pode perceber, os inúmeros fatos que foram apresentados nos autos pela Impugnação não foram sequer combatidos ou considerados. Se a Turma entende que os mesmos não são verdadeiros, deveria ter declarado essa situação e explicado os motivos. Da mesma forma, quando analisou as provas colhidas durante o ato de fiscalização, era necessário analisar as provas apresentadas tanto pela fiscalização quanto pelo contribuinte. O que se efetuou nos presentes autos foi uma completa a total ausência quanto à análise dos fatos e das provas apresentadas pelo Recorrente. O acórdão limitouse a adotar toda a postura entabulada no suposto relatório fiscal do qual o Recorrente não teve acesso e indeferir os argumentos jurídicos do Recorrente. Não houve análise dos fatos oportunizados na Impugnação e nem fundamentação sobre a análise das provas que estão delineadas com a Impugnação. O que se verifica é a notória intenção de manter a integralidade do auto de infração, ignorando por completo as alegações e os relevantes fatos narrados e oportunizados na Impugnação. Por essa razão, a decisão da 7ª Turma da Delegacia de Salvador deve ser declarada nula. A fim de elucidar a questão e demonstrar a veracidade e propriedade das razões que acomete o Recorrente, os fatos que norteiam a verdade real sobre o tema posto são elucidados nas próximas linhas. Como será demonstrado nos próximos itens, a fiscalização partiu de premissa equivocada, constituída mediante opinião desprovida do indispensável substrato probatório. O Relatório Fiscal (fls. 898/950) concluiu, indevidamente, que o Recorrente teria constituído uma sociedade empresária de “fachada” para alocar parte de seus funcionários. Ainda narra que o objetivo da constituição dessa suposta sociedade irregular seria [...] burlar a legislação fiscal, com intuito de esconder o fato gerador da contribuição previdenciária. Essas premissas não são verdadeiras. A sociedade empresária Transporte Gasparzinho Ltda. EPP. não foi constituída com o objetivo descrito no Relatório Fiscal. O objetivo e fundamento de constituição da referida sociedade está demonstrado em todas as entrevistas realizadas com os sócios tanto da sociedade referida quando do Recorrente. Fl. 2889DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.890 38 Para demonstrar a impropriedade da conclusão obtida no suposto Relatório Fiscal do qual o Recorrente não teve acesso, é preciso esclarecer qual a forma de atuação de cada uma das empresas da família Krauss. A auditoria tinha conhecimento da verdade dos fatos e, de forma pouco louvável, manteve uma linha de conclusão completamente diversa da coerência ventilada nas provas colhidas. O Recorrente e a sociedade Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. são constituídas por sócios que possuem vínculo de parentesco. Além dessas sociedades, ainda há outras duas que são de propriedade de membros da família Krauss, que não possuem relevância com o caso em tela. Em 1981 o Sr. Osvaldo Krauss iniciou a atuação no ramo de transportes, sendo sócio do Recorrente juntamente com sua esposa e dois irmãos. Na época, o Sr. Osvaldo possuía cinco filhos que não mantinham idade para gerenciar a sociedade. A maior parte deles já trabalhava na área do transporte, apesar de serem jovens. À medida que os filhos do Sr. Osvaldo foram atingindo a maioridade e diante da autuação na sociedade empresária Transportadora Ociani Ltda., passaram a opinar sobre a forma de administração. A família sempre se manteve unida, gerindo a sociedade da forma mais adequada possível. Ao longo dos anos, os problemas no setor de transportes foram se diversificando e acarretando divergências de opinião entre os irmãos. Dentre os maiores problemas que existem na área do transporte, a CNT arrolou os seguintes: a) precária condição das rodovias brasileiras; b) falta de investimento e de financiamento para a troca da frota; c) elevado custo operacional, especialmente em relação ao combustível; d) acentuado nível de acidentes; e) elevado custo dos demais insumos; f) dificuldade de angariar mão de obra, especialmente para condução de veículos para o transporte à longa distância. Todos os problemas que foram descritos acima estão comprovados mediante estudos desenvolvidos pela CNT cujas menções foram acostadas à Impugnação. O principal descontentamento existente entre os membros da família Krauss ocorreu em relação à dificuldade de transporte à longa Fl. 2890DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.891 39 distância. Tanto o Sr. Osvaldo quanto os filhos foram motoristas e conduziram cargas para diversas localidades do país. Era comum que as viagens durassem mais de 30 dias, sendo que no início, o Sr. Osvaldo e o Sr. Carlos chegavam a ficar até 90 dias viajando. Essa situação acarreta prejuízos diretos e imediatos com a família, que foi o principal motivo pela mudança de atuação na sociedade. A ausência do lar somada aos problemas já citados acima fez com que os irmãos, entre si, e o pai, começassem a repensar a forma de atuação no ramo de transportes. A maior problemática foi a de que quatro opiniões diversas surgiram e a família não mais se entendia. Por essa razão, entre o final da década de 1990 e o início do ano 2000 a família resolveu separar os ramos de atividade. Todos esses fatos estão provados nos autos, especialmente quanto às entrevistas que foram conduzidas pela autoridade fiscalizadora. Quatro formas de atuação no mercado de transportes, então, surgiram e cada grupo seguiu cursos diversos. A família se separou e começou a atuar da seguinte forma: a) Carlos e Jaison passaram a atuar com o transporte de longa distância e a distribuição de cargas em determinadas cidades, tendo a sede social em Blumenau/SC; b) Jefferson, juntamente com outro sócio que não é membro da família, passou a explorar a distribuição de cargas nas imediações da cidade do Rio de Janeiro; c) Eduardo e Everson, não tendo interesse em viajar e nem em montar uma estrutura para atendimento a vários clientes, receberam a oferta de uma grande rede de supermercados da região de Blumenau/SC e passaram a trabalhar exclusivamente para esse cliente, efetuando o transporte de cargas do gênero supermercadista, na região do Vale do Itajaí; d) o Sr. Osvaldo, não tendo mais idade para viajar e nem para conduzir veículos, juntamente com sua nora, passaram a explorar o fornecimento o transporte local de cargas, bem como a mão de obra para carga e descarga das mercadorias. O mercado, contudo, possuía (e ainda possui) uma carência incomensurável de mão de obra para atuar seja na área de condução dos veículos, seja para proceder à carga e descarga de mercadorias, além das entregas locais. Por ter experiência acentuada e ter sido condutor de veículos pesados por muitas décadas, o Sr. Osvaldo é pessoa que conhece muitos profissionais do ramos de transportes. Sua facilidade em contatar profissionais dessa área, aliado à idoneidade e credibilidade, fazem com que muitos com este queira trabalhar. E desse modo, se verificou, a partir de 2004, que este poderia suprir a demanda do mercado nesse segmento. Portanto, esse foi o fundamento para a constituição dessa Fl. 2891DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.892 40 sociedade empresária, no ano de 2004. Essa assertiva, por si só, já demonstra que não é possível sustentar as afirmações efetuadas no eventual e inexistente Relatório Fiscal. As sociedades da família Krauss não possuem a mesma linha de comando, não estão sediadas no mesmo local e não operam com o mesmo objeto social. São distintas, tendo sido constituídas da forma e pelos motivos acima declinados. Alegar algo de forma diversa é utilizar silogismo, deduções e presunções sem o competente instrumento probatório adequado. Foi exatamente nessa linha de raciocínio que o Relatório Fiscal e o julgamento de primeiro grau se consolidaram: utilizaram presunções e ficções jurídicas em detrimento da robusta prova produzida nos autos. Em relação ao Recorrente e à sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. está claro pela prova colhida nos autos que: a) há duas sedes distintas, que não são vizinhas e estão distantes vários quilômetros uma da outra; b) a linha de comando é diversa, sendo que o quadro societário é distinto e as áreas de atuação são diversas. Aliás, é possível verificar que em nenhum momento há qualquer elemento de prova no procedimento de fiscalização (documento 25) que demonstre haver uma mesma linha de comando. Essa conclusão representa a opinião pessoal do auditor que não está fundamentada em elementos probatórios hábeis. Isso fica provado porque O AUDITO NUNCA MENCIONOU QUEM EXERCIA O COMAND O ÚNICO, APENAS SE LIMITANDO A, GENERICAMENTE, ALEGAR QUE HAVIA "COMANDO ÚNICO"! Mas quem teria exercido esse comando? Essa indagação não foi respondida pelo Relatório Fiscal. E não há qualquer documento no procedimento de fiscalização quanto àquele que supostamente seria o detentor do poder de comandar ambas as sociedades. E evidente que essa inexistência de único comando não foi provada porque não há comando único das sociedades. Cada uma possui sócios distintos que administram os seus respectivos objetos sociais. Portanto, ao Relatório Fiscal faltou essa prova e sobraram alegações fáticas desprovidas de comprovação. O Auditor quis apresentar a solução para um problema de família que já ocorria há mais de uma década: instituir uma ordem de comando único; o Auditor esperava conseguir o que nem mesmo o Sr. Osvaldo e sua esposa conseguiram, ou seja, amenizar a situação conflituosa entre os irmãos durante todos esses anos. Senhores Julgadores, o Auditor não tem provas de que havia uma cadeia única de comando porque nunca existiu essa situação. Ademais, as empresas foram instituídas desta forma exatamente porque os pais não conseguiram manter a ordem a paz na família e os irmãos não Fl. 2892DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.893 41 conseguem trabalhar sob uma única ordem de comando. ISSO ESTÁ CLARO E PROVADO COM VÁRIOS DEPOIMENTOS E DIVERSOS DOCUMENTOS. ESSAS PROVAS FORAM CONSIDERADAS COMPLETAMENTE INEXISTENTES PELO JULGAMENTO DE PRIMEIRO GRAU E SEQUER FORAM MENCIONADAS NO ACÓRDÃO. O JULGAMENTO QUE SE PEDE A NULIDADE FOI FIRMADO EM PREMISSAS TOTALMENTE FALACIOSAS E EM PROVAS INEXISTENTES. O suposto comando único das empresas, alegado pelo Auditor, não foi identificado, sequer no inexistente Relatório Fiscal. E não há qualquer documento no procedimento de fiscalização quanto àquele que supostamente seria o detentor do poder de comandar ambas as sociedades. É evidente que essa inexistência de único comando não foi provada porque não há comando único das sociedades. Cada uma das sociedades possui sócios distintos que administram os seus"' respectivos objetos sociais. Portanto, ao inexistente Relatório Fiscal faltou essa prova e sobraram alegações fáticas desprovidas de comprovação. É preciso frisar, e repetir detidamente, que os sócios e os objetivos sociais de ambas as sociedades são diversos. Essa demonstração ficou enaltecida com as entrevistas realizadas pelos sócios e demonstrado com a vasta documentação angariada no procedimento de fiscalização. Nas fls. 131/173 estão acostados o ato constitutivo e as alterações da sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. Estes documentos demonstram que a referida sociedade foi constituída em 01.09.2004 tendo dois objetos sociais: a) transporte rodoviário de cargas em geral; b) serviços de carga e descarga em geral. A referida sociedade possuía no quadro societário o Sr. Osvaldo Krauss e suas noras Kátia Simone Mannrich e Rita de Cássia de Oliveira Krauss, estas últimas que realizavam pequenos serviços burocráticos e administrativos. O que se constata, portanto, é que tanto o objeto social quanto os sócios e a sede da referida sociedade sempre foram diversos dos elementos de empresa do Recorrente. Essa constatação é suficiente para demonstrar que a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. foi constituída por sócios diversos do Recorrente e para atuar em ramo de atividade que não se confunde com o deste. O Relatório Fiscal quer fazer crer que pelo fato dos sócios serem membros da mesma família, então teriam burlado a fiscalização tributária. A mesma exegese foi adotada pelo julgamento de primeiro Fl. 2893DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.894 42 grau. As provas colhidas nos autos (especialmente as entrevistas com os envolvidos e com diversos colaboradores), contudo, demonstram o contrário. As informações colhidas também demonstram posicionamentos diversos daquela conclusão oportunizada pela fiscalização. A análise de determinados fatos isolados não pode ser dissociada do contexto fático, sob pena de se atingir objetivo diverso daquele esperado pela sociedade. O que se verificou no caso em tela é que desde a primeira intervenção a intenção da auditoria sempre foi a de lavrar auto de infração, a qualquer custo e mesmo que sem provas cabais. Essa realidade fica demonstrada com a forma de apresentação dos documentos e dos fatos, pois diversas informações não foram abordadas e restaram ausentes nas manifestações da fiscalização. Essas informações, tais como as ora apresentadas, representam o contexto integral e não apenas fatos ou documentos isolados que podem levar a uma incorreta conclusão da situação. Assim, pelos documentos acostados à Impugnação e ao presente Recurso Ordinário, bem como pelos depoimentos dos sócios colhidos nas entrevistas e nos depoimentos dos demais colaboradores, fica demonstrado que a realidade narrada até este momento é a que representa a verdade dos fatos. Por conseguinte, as conclusões da fiscalização e do julgamento de primeiro grau não são válidas e nem verdadeiras, eis que a verdade real é de que: a) a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. não é e nunca foi "empresa de fachada", tendo sido constituída por força das divergências de opinião entre pai e filhos, sendo administrada exclusivamente pelo Sr. Osvaldo, sem interferência dos respectivos filhos; b) o Recorrente é sociedade empresária administrada por Jaison e Carlos (irmãos), sem interferência do Sr. Osvaldo. Aliás, a divergência de opiniões é que foi o fator fundamental de constituição das sociedades, já que os membros da família não mais conseguiam trabalhar com o mesmo objeto social. Outra informação muito pertinente e que tem notória interferência na situação oportunizada à Vossas Senhorias é que tão logo houve a lavratura dos autos de infração, a autoridade fiscalizadora cancelou sumariamente o CNPJ de Transportes Gasparzinho Ltda. EPP., por entender que nem as Impugnações protocolizadas eram suficientes a manter o efeito suspensivo. Na ocasião, a autoridade referida adotou o procedimento por entender que a sociedade em questão era uma "empresa de fachada". Irresignada com a decisão (arbitrária e fundada em fatos totalmente inverídicos), a referida sociedade impetrou mandado de segurança Fl. 2894DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.895 43 perante o Juízo Federal de Blumenau, que declarou a inadmissibilidade de cancelamento do CNPJ respectivo, ou seja, validou a existência da referida sociedade. A partir da decisão (liminar e sentença), a RFB. sequer deflagrou processo administrativo para cancelamento do CNPJ, ou seja, aceitou os fatos de que a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. é sociedade válida e não possui qualquer irregularidade quanto à sua constituição ou ao desenvolvimento do seu objeto social. A decisão judicial é esclarecedora e as peças processuais pertinentes se encontram nos documentos anexos, além de serem integrantes dos autos do Mandado de Segurança n° 501400552.2013.404.7205 (consulta disponível em www.jfsc.jus.br). Diante dos fatos e argumentos ora apresentados, está demonstrado com precisão que entre o. Recorrente e a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. não há mesma sede, não há mesmo objeto e, igualmente, não há e nunca houve mesma linha de comando. Por conseguinte, o auto de infração não tem como subsistir, devendo ser anulado, porquanto não há provas para a sua subsistência. 3.2 Encaminhamento dos Autos Previamente à Procuradoria da Fazenda Nacional O acórdão julgou improcedente o pedido de encaminhamento dos autos à Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do art. 19 da Lei n° 10.522/2002. Segundo entendeu o julgado, o dispositivo referido não tem relação com o processo administrativo, não sendo necessária e nem possível o encaminhando dos autos ao órgão referido, pois o mesmo não integra a estrutura da Receita Federal do Brasil. Pedese licença para divergir de forma veemente do entendimento firmado na decisão. Isso porque a legislação determina claramente que é necessário evitar prejuízos à União Federal com decisões administrativas que conflitem com o entendimento jurisprudencial pacificado pelos Tribunais Superiores (STJ e STF especificamente). Para tanto, há necessidade de manifestação do órgão de defesa judicial da Fazenda Nacional. Em 2013 a Lei n° 12.8448 alterou o art. 19 da Lei n° 10.522/20029 , determinando que a Receita Federal do Brasil deve reproduzir em suas decisões o entendimento firmado pela jurisprudência do STJ e do STF, quando verificadas as circunstâncias dos arts. 543B e 543C do CPC. Da mesma forma, deverá ocorrer a revisão de ofício do lançamento tributário quando o crédito já lançado de ofício estiver em desacordo com o entendimento jurisprudencial acima firmado. A questão mais relevante do dispositivo é a determinação no seu § 4o que determina a constituição de crédito tributário pela órgão fiscalizador nos casos que menciona. A redação do dispositivo está assim estruturada: Fl. 2895DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.896 44 [...] As disposições integrantes da nova legislação processual, veiculadas por lei ordinária, devem ser precedidas de manifestação por parte da Procuradoria da Fazenda Nacional. Diante das inovações legislativas, e pelo fato de que o lançamento tributário foi efetuado em desacordo com diversas matérias e julgados do STF e do STJ, a intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional era indispensável para o regular processamento do feito, conforme previsto no art. 19, §§ 4º , 5o e T da Lei n° 10.522/2002. Diante da improcedência do pedido, o julgamento a quo deve ser anulado para que haja intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional a fim de, querendo, se manifestar sobre a Impugnação e, somente após transcorrido o prazo para manifestação, novo julgamento ser efetuado. [...]” No mais, tece extenso arrazoado reprisando os mesmos argumentos lançados em sua peça de impugnação, e, ao final, requer: “4 – PEDIDOS Ex positis, requer: a) preliminarmente, seja declarada a nulidade da decisão proferida pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA), nos presentes autos, diante: a.1) do cerceamento de defesa proveniente da vedação de acesso aos autos pelo Recorrente e seu Procurador (fundamentação no item 2.1); a.2) deferido o pleito anterior, seja determinando à Delegacia de Blumenau/SC que inclua o Advogado Gustavo Nascimento Fiúza Vecchietti (OAB/SC 15.422) como Procurador do Recorrente para o presente processo administrativo e, ato seguinte, lhe conceda o prazo de 30 (trinta) dias para oportunizar nova defesa administrativa Impugnação (fundamentação no item 2.1); a.3) da falta de competência jurisdicional para julgamento do feito pela Delegacia de Salvador (BA) (fundamento no item 2.2); a.4) deferido o pleito anterior, sejam os autos remetidos para julgamento na Delegacia de Florianópolis (SC) (fundamento no item 2.2); a.5) do cerceamento de defesa, com notória violação aos princípios do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, legalidade, Fl. 2896DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.897 45 publicidade e de negativa de vigência das prerrogativas e direitos do Advogado devida e regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, por força do julgamento secreto proferido pela 7ª Turma da Delegacia de Salvador (BA) (fundamento no item 2.3); a.6) deferido o pleito anterior, seja designado novo julgamento de primeiro grau, com intimação do Recorrente e/ou de seu Procurador, e que este último possa participar da sessão, oportunizando razões mediante sustentação oral, nos termos da legislação já enaltecida; a.7) nulidade do auto de infração por inexistência de juntada pela fiscalização tributária do Relatório Fiscal ou, sucessivamente, a baixa dos autos em diligência para que se designe perícia no arquivo 13971723076201302_COPIA_3D3D3D8.zip que foi entregue pela fiscalização ao Recorrente (arquivo a ser disponibilizado pelo Recorrente à perícia quando solicitado) como a íntegra do processo de fiscalização, para aferir a veracidade das assertivas pontuadas nesta peça recursal; b) no mérito: b.1) nulidade do auto de infração, diante da inexistência de provas que confirmem a narrativa efetuada pela fiscalização, pela ausência de fundamentação da decisão em relação às provas e aos pedidos formulados na Impugnação e diante da utilização de presunções e ficções jurídicas vedadas pela legislação (fundamentação externada no item 3.1); b.2) seja declarada a nulidade do julgamento a quo, diante da falta de intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional para se manifestar sobre o feito, nos termos do art. 19, §§ 4o , 5o e 7o da Lei n° 10.522/2002 (fundamento no item 3.2); b.3) deferido o pleito "b.2", seja a Procuradoria da Fazenda de Blumenau/SC intimada para, querendo, se manifestar nos presente feito e, ato seguinte, encaminhados os autos para julgamento pela autoridade competente (fundamento no item 3.2); b.4) nulidade do auto de infração, e do julgado de primeiro grau, por violações aos poderes e limites da fiscalização (fundamentos no item 3.3); b.5) seja declarada a nulidade do auto de infração diante do não cumprimento das determinações externadas no art. 33 do Decreto n° 7.574/2011 e no art. 196 do CTN quanto aos prazos de cumprimento dos trabalhos da fiscalização (fundamento no item 3.4); b.6) seja declarada a nulidade do auto de infração, com reforma da decisão de primeiro grau, por não ser possível utilizarse de ficções e Fl. 2897DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.898 46 presunções em contrariedade à prova produzida nos autos, com a consequente nulidade do lançamento com fundamento no art. 3o do CTN e nos arts. 5º , inciso II e 150, inciso I da CF/1988 (fundamento no item 3.5); b.7) caso mantido o auto de infração: b.7.1) que sejam deduzidos dos valores, os numerários que já foram pagos a título de SIMPLES, haja vista a identidade dos fatos jurídicos tributários (fundamentação no item 3.6); b.7.2) seja reduzida a base de cálculo das contribuições previdenciárias, com a exclusão da incidência tributária sobre as seguintes verbas (fundamentos no item 3.7): b.7.2.1) terço constitucional de férias; b.7.2.2) auxíliodoença; b.7.2.3) abono assiduidade e folgas não gozadas; b.7.2.4) licençaprêmio não gozada; b.7.2.5) auxíliocreche; b.7.2.6) auxílioescolar; b.7.2.7) ressarcimento de despesas pela utilização de ferramentas próprias b.7.2.8) ajuda de custo; b.7.2.9) auxíliobabá; b.7.2.10) auxílio combustível; b.7.2.11) gratificação semestral; b.7.2.12) férias usufruídas; b.7.2.13) adicional de horas extras; b.7.2.14) aviso prévio indenizado; b.7.2.15) adicional noturno; b.7.2.16) adicional de insalubridade; b.7.2.17) adicional de periculosidade; b.7.2.18) salário família; Fl. 2898DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.899 47 b.7.2.19) aviso prévio; b.7.2.20) décimo terceiro salário proporcional; b.8) seja determinada a redução da multa qualificada para o percentual mínimo (fundamentos no item 3.8); c) havendo o acolhimento total ou parcial dos pleitos acima externados ou não sendo os mesmos acolhidos, requer, ainda, a declaração de nulidade dos termos de responsabilização solidária dos sócios administradores do Recorrente, por não ter sido provado o dolo e nem ter ocorrido quaisquer das situações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/1964 (fundamentos no item 3.9); d) requer a intimação do Recorrente ou de seu Procurador para que se façam presentes na sessão de julgamento, inclusive declarando, desde já, o intuito de apresentar defesa mediante sustentação oral; e) por fim, requer o recebimento do presente, bem como dos documentos acostados e o julgamento de todos os pleitos ora apresentados com o consequente conhecimento e provimento do presente recurso para o especial fim de que sejam deferidas as preliminares com a consequente: e.1) baixa dos autos em diligência para perícia no arquivo 13971723076201302_COPIA_3D3D3D8.zip, ou a imediata declaração de nulidade do auto de infração por não ter sido disponibilizado ao Recorrente o Relatório Fiscal; e.2) nulidade da decisão de primeiro grau; e.3) envio dos autos à Delegacia de Blumenau/SC; e.4) renovação do prazo de 30 (trinta) dias para que o Recorrente possa apresentar nova Impugnação; e.5) após a apresentação da Impugnação, seja a Procuradoria da Fazenda Nacional de Blumenau/SC intimada para, querendo, se manifestar a respeito destes autos; e.6) com ou sem manifestação da Impugnação, sejam os autos remetidos para julgamento pela Delegacia de Florianópolis/SC; e.7) tão logo haja pauta para julgamento no referido órgão julgador, seja o Recorrente e/ou seu Procurador intimados da referida data e também para acompanhamento do julgamento, manifestando, desde já, o interesse em apresentar sustentação oral; Fl. 2899DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.900 48 e.8) não sendo acolhidas as preliminares, sejam declarada a nulidade do auto de infração ou a redução dos valores conforme pleiteado acima.” É o relatório. Fl. 2900DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.901 49 Voto Vencido Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa – Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE A Recorrente e os demais interessados foram cientificados da r. decisão em debate no dia 23/05/2014 conforme Avisos de Recebimento às Fls. 2.262; 2.264 e 2.266, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 23/06/2014, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DAS PRELIMINARES DE NULIDADE 2.1 DA NULIDADE DA DECISÃO CERCEAMENTO DE DEFESA A Recorrente suscita a preliminar acima descrita ao fundamento de que desde a data da lavratura do Auto de Infração o seu Procurador regularmente constituído vem adotando todas as posturas necessárias para que tenha acesso aos autos em formato eletrônico. No entanto, apesar de diversas diligências efetuadas diretamente à Delegacia de Blumenau/SC, alega que há problemas no cadastramento de Advogados para ter acesso aos autos no formato administrativo. E por essa razão, entende que há cerceamento de defesa no caso em tela, pois o Advogado que está efetuando os procedimentos de defesa da Recorrente até o momento de apresentação do recurso voluntário não tem acesso aos autos no formato eletrônico, mesmo com procuração física apresentada juntamente com a Impugnação. Entendo que o inconformismo não merece acolhida. Com efeito, durante a ação fiscal não se faz ainda presente nessa fase procedimental, investigatória, o princípio do contraditório e da ampla defesa, o qual somente passa a ser obrigatoriamente observado na fase processual administrativa, que é inaugurada com a apresentação da peça impugnatória. De outra banda, não incorre em cerceamento do direito de defesa do Autuado o lançamento tributário cujo Relatório Fiscal e demais relatórios complementares descrevem, de maneira clara e precisa, os fatos jurídicos apurados, os procedimentos de Fiscalização, a motivação do lançamento, os dispositivos legais violados, a matéria tributável e seus acréscimos legais, bem como os fundamentos legais que lhe dão esteio jurídico. Nesse sentido, observase que a após ser notificada do Auto de Infração em comento, a ora Recorrente apresentou sua extensa e detalhada defesa de 117 páginas (Impugnação de fls. 986/1.103), rebatendo todos os argumentos lançados no Auto de Infração. Fl. 2901DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.902 50 Ademais, após o julgamento de primeira instância, a Recorrente e os demais interessados (sócios administradores) foram devidamente cientificados da decisão no dia 23/05/2014, conforme Avisos de Recebimento às Fls. 2.262; 2.264 e 2.266, e, mais uma vez, tiveram acesso à todas as informações necessárias à compreensão das razões que levaram à manutenção do crédito tributário, tendo apresentado recurso voluntário de 160 laudas em que combate todos os fundamentos da decisão. Diante do exposto, entendo que restou comprovado o exercício do contraditório e da ampla defesa, motivo pelo qual voto por negar provimento à alegada nulidade por cerceamento de defesa. 2.2 NULIDADE DA DECISÃO POR VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL INSTITUIÇÃO DE TRIBUNAL DE EXCEÇÃO Afirma a Recorrente que o seu domicílio fiscal é na cidade de Blumenau/SC, o que é confirmado e declarado pelo próprio julgado de primeiro grau. Sustenta que o processo de fiscalização ocorreu igualmente na cidade de Blumenau/SC e todos os atos processuais foram praticados na referida localidade. Discorre no sentido de que o Anexo IV à Portaria RFB n° 1.403/2013 demonstra que em Florianópolis/SC há Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, sendo que naquela localidade há 6 (seis) Turmas, com jurisdição sobre o Estado de Santa Catarina. Nesse sentido, entende que a competência para processamento e julgamento do presente feito, em primeira instância, deveria ter ocorrido perante a DRJ com competência definida pelo domicílio fiscal do Recorrente. Sustenta que há, no caso em tela, verdadeira instituição de Tribunal de Exceção, vedado pela CF/1988 (art. 5º, inciso XXXVII). Por essa razão, a Recorrente pugna pela nulidade do julgamento efetuado pela 7ª Turma da DRJ de Salvador (BA), requerendo, ainda, o encaminhamento dos autos à DRJ de Florianópolis (SC) para apreciação e julgamento dos pedidos externados na Impugnação. No tocante à nulidade aventada, entendo que não assiste razão ao Recorrente. Cumpre destacar que as Delegacias da Receita Federal de julgamento julgam processos relativos aos contribuintes circunscritos às unidades da Secretaria da Receita Federal, observandose a matéria em julgamento. Vale dizer, as DRJ possuem competência material e territorial, conforme disciplinado em ato próprio. Nesse sentido, a portaria RFB 1.006/2013, vigente na data em que foi proferida a decisão recorrida, disciplinava a competência, territorial (circunscrição) e por matéria, das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), relacionando as matérias de julgamento por Turma. No Anexo I da referida Portaria há a indicação da “localização” das DRJ, da “circunscrição territorial” e das “matérias”. Consta do referido Anexo que tanto as DRJ de Santa Cataria/SC quanto as DRJ/BA possuem competência para o julgamento da matéria afeta à contribuições sociais previdenciárias, em suas respectivas circunscrições. Fl. 2902DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.903 51 Com base nessas considerações, rejeito a preliminar de nulidade do julgamento efetuado pela 7ª Turma da DRJ de Salvador (BA). 2.3 NULIDADE DA DECISÃO POR VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Ainda em sede de preliminar, a Recorrente sustenta que conquanto tenha feito requerimento expresso na Impugnação para que o seu advogado pudesse acompanhar as discussões do Colegiado e apresentar razões de defesa mediante sustentação oral, tal pleito sobrou negado pela Turma julgadora de primeira instância. Com essas considerações, pugna para que a decisão de primeiro grau seja anulada e outro julgamento seja proferido, com intimação do Recorrente e/ou de seu Procurador e que este último possa participar da sessão, oportunizando razões mediante sustentação oral, nos termos da legislação já enaltecida. Em que pese o seu esforço, não prospera o arrazoado da Recorrente. Alegações do gênero vêm sendo seguidamente repelidas pelo judicante, vide, ilustrativamente, a AC nº 504986261.2014.04.7000/PR, j. 16/09/2015 pelo TRF da 4ª Região, e a AMS 11119 SP 001111925.2007.4.03.6100, j. 05/09/2013 pelo TRF da 3ª Região. Isso porque, o artigo 25, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, com redação dada pela MP nº 2.15835/01, definiu que as Delegacias de Julgamento da Receita Federal são órgãos de deliberação interna, da qual participam somente os julgadores e não representantes das partes, não havendo tampouco previsão legal para que estas sejam intimadas previamente das sessões decisórias. Portanto, não vislumbro razões para modificar a decisão de origem também quanto a esse ponto. 3. DO MÉRITO 3.1. Análise dos Fatos e das Provas que Norteiam a Discussão A Recorrente sustenta que quando do julgamento de primeira instância não houve uma apreciação das provas e dos argumentos jurídicos oportunizados no processo, e que os inúmeros fatos que foram apresentados nos autos pela Impugnação não foram sequer combatidos ou considerados. Informa que a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP não foi constituída com objetivo ilícito, e que o objetivo e fundamento de constituição da referida sociedade está demonstrado em todas as entrevistas realizadas com os sócios tanto da sociedade referida quanto do Recorrente. Nega uma cadeia única de comando porque nunca existiu essa situação e que isso está claro e provado com vários depoimentos e diversos documentos. Alega que essas provas foram desconsideradas pelo julgamento de primeiro grau e sequer foram mencionadas no acórdão. Assim, pretende a nulidade da decisão de primeiro grau, eis que, segundo a recorrente, teria sido firmada em premissas totalmente falaciosas e em provas inexistentes. Fl. 2903DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.904 52 Contudo, razão não lhe assiste. É que a decisão recorrida enfrentou o tema em debate e concluiu que a Recorrida e a Transporte Gasparzinho Ltda. EPP atuavam sob a mesma direção com o único propósito de obter a redução da sua carga tributária, neste caso para as contribuições sociais patronais. Confirase: “[...] Da análise da defesa apresentada, depreendese que toda irresignação da impugnante gira em torno do fato de ter sido desconsiderada, unicamente para fins tributários e previdenciários, a constituição da empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, CNPJ 06.981.844/000147, optante pelo SIMPLES, que presta serviços, exclusivamente, para a autuada Transportadora Ociani Ltda., CNPJ n.° 75.785.675/000192. Como conseqüência, a defesa se insurge contra as contribuições sociais lançadas em nome da autuada. Da leitura do Relatório Fiscal podemos citar subsidiariamente a este caso o Código Civil, para abrigar a impecável conduta da autoridade fiscal que revelou, mediante juntada de documentos, a ocorrência de simulação, via interposição de pessoas, consoante art. 167 do Código Civil, in fine: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Consoante Relatório Fiscal, os fatos geradores das contribuições sociais, cota patronal atinente às contribuições previdenciárias decorrem das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), por serviços prestados efetivamente à empresa autuada, mas que, formalmente, encontravamse registrados na empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. A fiscalização demonstra, detalhadamente, no mencionado Relatório Fiscal e nos documentos juntados que a autuada, no período de 1/2009 a 12/2012, simulou a contratação de empregados por interposta pessoa jurídica, a Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, com o objetivo de se eximir ou reduzir o pagamento de contribuição previdenciária, já que esta prestadora de serviço, por ser optante do SIMPLES, concentraria menor carga tributária, sobretudo referente às contribuições sociais. E isso é fato cabalmente demonstrado, pela robusta colação probatória trazida aos autos do processo administrativo tributário, logo, não há falar em presunção. Nesse compasso, para demonstrar cabalmente os atos simulados, perpetrados pela autuada, citaremos, apenas a título de exemplo, as principais causas que levaram o fisco a concentrar e considerar a Transportadora Ociani Ltda. e solidários, como responsáveis tributários pelas contribuições sociais surgidas das prestações de serviço pactuadas formalmente perante a Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. a) A autuada é uma empresa de administração familiar. O Sr. Oswaldo e esposa foram sócios fundadores (fl. 915). Quatro de seus cinco filhos já tiveram passagem pelo quadro societário. Atualmente Jaison e Carlos Alberto Krauss são os sócios, mas dois outros filhos têm participação administrativa: Everson e Jefferson Krauss (Doc. 11, às folhas 42 a 112). O Sr. Oswaldo, aparentemente, está afastado da administração, mas tem grande identificação Fl. 2904DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.905 53 com a empresa e alguns dos seus empregados entendem que ele e a esposa ainda são donos do negócio (Doc. 2, às folhas 5 a 12); b) A Transportes Gasparzinho Ltda. tem como sede de seu único estabelecimento a residência do seu sócio, o Oswaldo (Doc. 36, às folhas 672 a 676); c) A Transportes Gasparzinho Ltda. tem apenas um caminhão e uma centena de trabalhadores registrados com cargos relacionados à atividade de transporte de armazenagem de mercadorias (Doc. 19, às folhas 458 a 459). Não há registros de custos e despesas necessários ao desenvolvimento das atividades; d) O Oswaldo, sócio administrador da Gasparzinho, afirma ser responsável por todas as atividades administrativas da "empresa", no entanto, há diversos elementos comprobatórios, juntados aos autos, de que estas atividades, sobretudo a gestão de recursos humanos, eram realizadas pela Ociani (Doc. 18 e 33, às folhas 177 a 457 e 535 a 656); e e) A autuada foi a única cliente da Gasparzinho no período em análise. É uma transportadora que conta com uma frota de aproximadamente sessenta veículos (Doc. 13, às folhas 121 a 125), mas pouquíssimos funcionários com cargos relacionados à sua atividade fim. Inversamente à Gasparzinho, conta com estrutura administrativa bem estabelecida. Como foi amplamente demonstrado no Relatório Fiscal, Gasparzinho mantinha empregados nela formalmente registrados a serviço da autuada, esta que, de fato, era a real empregadora da mãodeobra alocada na "empresa" optante do SIMPLES. Verificase a ocorrência de uma terceirização ilícita da mãodeobra. Assim, ao afastar os anteparos e os negócios jurídicos artificiais, a autoridade lançadora pode constatar os fatos geradores praticados por este sujeito passivo, efetuando os lançamentos correspondentes, consoante prevê toda a legislação pertinente, conforme veremos. [...] No caso sob análise, entendo que restou cabalmente demonstrado pelo fisco, que o único propósito que conduziu o sujeito passivo a efetivar o conjunto de atos e negócios jurídicos desencadeados a partir da constituição da empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, praticamente sob a mesma administração da autuada, sob a mesma condução gerencial, para executar as mesmas atividades, foi pura e simplesmente a intenção de obter a redução da sua carga tributária, neste caso para com as contribuições sociais patronais. As provas diretas e indiretas anexadas ao processo administrativo pela autoridade autuante comprovam de forma insofismável, que, apesar da existência formal da Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, esta se caracterizava pela mais completa confusão funcional, administrativa, patrimonial e contábil, o que demonstra o acerto do Fisco em apurar as contribuições sociais em um único empreendimento cuja atividade finalística, era e continua sendo os serviços de transportes. Fl. 2905DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.906 54 [...] Os fatos, já delineados acima e pormenorizados no Relatório Fiscal do presente AI, comprovados pelo Fisco, em seu conjunto, são suficientes para demonstrar de forma irrefutável, a unicidade do empreendimento. [...] Deste modo, devemos aplicar à relação previdenciária o principio da primazia da realidade, que significa que os fatos relativos ao contrato de trabalho devem prevalecer em relação à aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, o que se encontra em vigor na presente situação. A auditoria não quis a desconsideração da personalidade jurídica da empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, porque ao verificar que na prestação de serviços realizados pelas pessoas físicas estavam presentes os elementos que caracterizam a relação de emprego, quais sejam pessoalidade, não eventualidade, subordinação no trabalho e remuneração, efetuou o lançamento das contribuições sociais incidentes sobre as respectivas remunerações, considerando, frisese, para efeitos previdenciários, que as pessoas físicas prestaram serviços, efetivamente, para a autuada na qualidade de segurados empregados. Valendo ressaltar que muitos dos segurados empregados já estavam qualificados e registrados pela empresa Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. Desta forma, permaneceu a relação jurídica existente entre os sócios, urna vez que a sociedade regularmente constituída, somente se desfaz nos termos do Código Civil. No entanto, quanto à incidência das contribuições previdenciárias e sociais, a situação fática constatada pela fiscalização prevalece sobre as disposições formais inseridas nos contratos de natureza civil, firmados entre a autuada e a prestadora de serviços. As evidências trazidas aos autos demonstram que não se está diante de duas empresas, mas, sim, de apenas uma, que promoveu o desmembramento (no papel) de suas atividades, caracterizando simulação, nos termos do art. 167, §1°, do Código Civil (Lei n° 10.406/2002): [...] Por tudo, restou demonstrada a intenção da autuada de expor uma falsa verdade no intuito de ludibriar o fisco. A aparência de duas empresas atuando de forma autônoma e independente, inclusive no que diz respeito às informações prestadas a órgãos públicos — apresentação das declarações pertinentes, enquadramento cadastral adotado, contratos sociais, cadastros em órgãos públicos, elaboração das respectivas folhas de salários, entrega de GFIP, escriturações fiscal e contábil independentes, contratações de empregados feitas por cada uma das empresas, permitiu que uma delas optasse pelo sistema instituído pela lei do Simples, importando em redução no recolhimento da carga tributária, uma vez que recebeu tratamento tributário favorecido, ocasionando evasão fiscal.” (grifei) Fl. 2906DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.907 55 Verificase, portanto, que a lide foi solvida nos limites necessários e com a devida fundamentação, coerência e clareza, ainda que sob ótica diversa daquela almejada pela Recorrente. Ademais, não custa lembrar que, mesmo consoante o artigo 31 do Decreto nº 70.235/72, o julgador administrativo não está obrigado a rebater cada questão levantada pelo contribuinte quando a fundamentação delineada seja suficiente para embasar a decisão. Isso porque, se a fundamentação embasa a decisão, obviamente o julgador apreciou as demais teses e delas discordou. Recordese: Fl. 2907DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.908 56 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. (CARF, 2ª Seção de Julgamento, 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, Acórdão nº 2201002.671, Relator. Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira, Data da Sessão 11/02/2015) Portanto, a Recorrente pode discordar do teor da decisão, mas não tem razão quanto à alegada nulidade, pois o acórdão recorrido está motivado e atende ao princípio da persuasão racional do julgador. 3.2. Encaminhamento dos Autos Previamente à Procuradoria da Fazenda Nacional A Recorrente se insurge contra o acórdão a quo, ao argumento de que este julgou improcedente o pedido de encaminhamento dos autos à Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do art. 19 da Lei n° 10.522/2002. Pretende a anulação do julgamento de primeira instância para que haja intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional a fim de, querendo, manifestarse sobre a Impugnação e, somente após transcorrido o prazo para manifestação, novo julgamento ser efetuado. Sem razão. Nos termos da Lei Complementar nº 73/93, artigo 12, compete à Procuradoria da Fazenda Nacional representar a União nas causas de natureza fiscal, assim consideradas, dentre outras, as relativas a decisões de órgãos do contencioso administrativo fiscal. Por meio do Regimento Interno da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (Portaria MF nº 36, de 24 de janeiro de 2014) estabeleceuse que à Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário compete coordenar as atividades relativas à representação da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, a atuação da referida coordenação está adstrita à defesa de lançamentos de créditos tributários realizados por auditores fiscais, à apresentação de contrarrazões a recursos do contribuinte, à realização de sustentações orais, à elaboração de memoriais e à interposição de recursos perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a Câmara Superior de Recursos Fiscais. Portanto, não vislumbro motivos para que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional seja notificada para manifestarse sobre a impugnação apresentada pelo contribuinte. 3.3. Violação às Atribuições da Fiscalização Tributária Excesso de Poderes e Utilização de Presunções e Ficções Indevidas Fl. 2908DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.909 57 Sustenta a Recorrente que a auditoria realizada no processo de fiscalização violou regras basilares que se referem ao próprio ato de fiscalização, notadamente frente ao art. 194 do CTN, o Decreto n° 70.235/1972 e o Decreto n° 7.574/2011. Segundo ela, isso teria ocorrido porque, conforme constam dos documentos integrantes do procedimento de fiscalização, referida auditoria não se desenvolveu nos termos pontuados pela legislação ora citada, mas apenas para angariar alguns documentos que foram apresentados de forma a fundamentar um entendimento de que há terceirização irregular. Afirma que essa não é a função da Fiscalização Tributária e não poderia a auditoria ser efetuada da forma como o foi. Prossegue no sentido de que a “auditoria não poderia ter se desenvolvido da forma como apresentado no processo de fiscalização. O que se verificou mediante o ato de fiscalização foi a violação às normas que disciplinam a relação de incidência tributária para que se permitisse a organização de documentos e ‘entrevistas’ voltadas especificamente à lavratura do auto de infração. Tamanho foi o desleixo com os direitos e garantias fundamentais que nenhuma importância foi conferida a um dos mais importantes requisitos do auto de infração: o Relatório Fiscal”. Narra que “a auditoria não teve o intuito de aferir quais os motivos da família Krauss ter assumido postura diversa em cada uma das sociedades empresárias. Tampouco foi objeto de investigação os problemas que norteiam o setor de transportes e que culminaram na forma de atuação tanto do Recorrente quanto da sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP”. Ademais, sustenta que é pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que não há possibilidade da fiscalização, mesmo com intervenção da autoridade policial (art. 200 do CTN), possa apreender documentos sem autorização judicial, o que não teria sido observado na espécie, pois, em várias ocasiões, a Recorrente foi compelida a entregar livros e documentos fora do estabelecimento empresarial. Por fim, conclui que não houve correta investigação dos motivos de fato que levaram as sociedades empresárias ora mencionadas a se estruturar da forma como estão, e, portanto, houve violação ao art. 194 do CTN por parte da Fazenda Pública, razão pela qual entende que o auto de infração merece ser anulado. Sobre o tema, assim se pronunciou a DJR de origem: “Como já relatado no tópico anterior a fiscalização se pautou dentro dos limites da absoluta legalidade, logo, não há falar em excesso de poderes ou violação de direitos, haja vista que a todo momento, no procedimento fiscal, os sujeitos passivos tinham conhecimento do que estava sendo requerido, analisado e auditado, prova disso tudo são as notificações e termos assinados e anexados aos autos (fls. 3/4, 30/31, 488, 490, 492/493, 533/534, 671 etc.). Ademais, os poderes conferidos à administração tributária autorizam os agentes fiscais proceder a fiscalização tanto em pessoas físicas quanto em pessoas jurídicas, contribuintes ou não, mesmo que se trate Fl. 2909DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.910 58 de entidade imune ou isenta. Logo, os atos fiscalizatórios decorrem da faculdade outorgada pela Constituição Federal às pessoas políticas quanto à instituição de tributos. Isso justifica e fundamenta todos os atos praticados pela fiscalização, durante o procedimento fiscal, por serem traduzidos como um poderdever, cometido às entidades impositoras, necessário à busca do fato imponível e da contribuição previdenciária sonegada. Demais a mais, das alegações lançadas na defesa, deduzse que os sujeitos passivos fazem confusão quanto à nulidade pelo AI ter sido lavrado fora da repartição, cabe esclarecer que o Decreto n.º 70.235/1972, em seu art. 10, dispõe: ‘Art. 10 O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta e conterá obrigatoriamente: (...) II o local, a data e a hora da lavratura;’ Como se verifica na cabeça do art. 10 acima citado, o AI deve ser lavrado no local da verificação da falta, o que não significa no estabelecimento do contribuinte ou outro local onde a falta foi praticada, mas sim onde foi constatada. Dispondose dos elementos suficientes para caracterizar a infração e formalizar o lançamento, o AI pode ser lavrado dentro da própria repartição fiscal, o que não constitui irregularidade e não é motivo para nulidade do lançamento. Não há que se confundir a confecção do AI (processamento de informações), que é um procedimento material, desprovido de qualquer efeito jurídico apriorístico, com lavratura de AI, procedimento formal e produtor de efeitos jurídicos previstos em lei. Caso contrário, o agente seria obrigado a levar seu computador e sua impressora até a sede da empresa ou na residência do contribuinte e lá processar as informações e imprimir o AI. Não há efeito jurídico que se possa extrair de tal raciocínio. Assim, local da verificação da falta não significa local onde a falta foi praticada, mas sim onde foi constatada. O local de verificação da falta está vinculado ao conceito de circunscrição, para prevenir a fiscalização ou prorrogar a competência. Ressaltese que esse entendimento já é sedimentado administrativamente, inclusive com Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, cito: Fl. 2910DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.911 59 Súmula CARF nº6: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.” (grifei). Analisando as razões acima expostas, não vislumbro motivo para modifica las, razão pela qual acolhoas integralmente como fundamentos de decidir. E acrescento. A interpretação pretendida pela Recorrente a respeito do tema seria que o Auto de Infração, obrigatoriamente,, deveria ser lavrado “no local em que realizada a falha”, o que, por outro lado, efetivamente não se apresenta como a mais adequada. Na verdade, o artigo 10 do Decreto nº 70.235/72 possibilita que o agente competente, assim que identificada a falta cometida pelo contribuinte, possa, imediatamente, promover o lançamento, não sendo necessário a sua localização física no estabelecimento do contribuinte faltoso. Por certo, a adequada interpretação aponta no sentido diametralmente oposto àquele pretendido pela Recorrente, não podendo aqui, portanto, de forma alguma ser admitido. Por fim, sobre a alegada impossibilidade do Fisco reter e/ou apreender documentos sem ordem judicial, melhor sorte não socorre à Recorrente. Dispõe o artigo 35 da Lei nº 9.430, de 1996 que “Os livros e documentos poderão ser examinados fora do estabelecimento do sujeito passivo, desde que lavrado termo escrito de retenção pela autoridade fiscal, em que se especifiquem a quantidade, espécie, natureza e condições dos livros e documentos retidos”. É de se acrescentar, ainda, que a legislação tributária nacional permite o acesso dos órgãos de fiscalização aos livros e documentos das empresas responsáveis pelo recolhimento de tributos, não sendo estes objetos sigilosos, conforme orientação do art. 195 do Código de Trânsito Nacional. Dessa forma, não há ilegalidade na apreensão dos livros e documentos contábeis durante o procedimento fiscalizatório, sendo que tal conduta prescinde de autorização judicial. A jurisprudência comparece nesse sentido. Confirase: PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINÁRIO OU DE REVISÃO CRIMINAL. NÃO CABIMENTO. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. PRECLUSÃO. NULIDADE DA PROVA. APREENSÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS INDEPENDENTE DE MANDADO JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. APREENSÃO DE DOCUMENTOS PELA ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA. POSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. (...) 3. Não há ilegalidade na apreensão de documentos e livros relacionados à atividade de pessoa jurídica por autoridades fiscais, ainda que sem o respectivo mandado judicial. Precedentes. (...) (STJ, 6ª Turma, HC 307.483/MG, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, julgado 09/08/2016, DJe 23/08/2016) Fl. 2911DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.912 60 Em conclusão, tendo sido observadas as previsões da legislação de regência e os princípios norteadores da autuação da Administração Pública, e, ainda, observados os demais direitos e garantias do cidadão contribuinte, também nesta parte, não merece reparo o procedimento da Autoridade Autuante não devendo, pois, prosperar o intentado pela Recorrente. 3.4. Nulidade do Auto de Infração por Ausência de Requisito Fundamental no TIAF Aqui, novamente a Recorrente alega nulidade do procedimento fiscalizatório. Dessa vez, sustenta que o TIAF não possuía os requisitos necessários à sua validade, pois o TIAF foi entregue em 10/04/2013 e a fiscalização deveria ter sido concluída em 09/08/2013. Afirma que poderia ter ocorrido a renovação desse prazo, mas a Recorrente nunca foi intimada dessa prorrogação, o que torna nula a fiscalização. Em relação à alegação de nulidade da lavratura fiscal por suposta violação ao procedimento fiscal, no que tange à ciência do contribuinte quanto ao término do procedimento fiscal fora da vigência do MPF, tal argumento não procede. De proêmio, cumpre esclarecer que de acordo com o artigo 4º da Portaria RFB Nº 3014, de 29 de junho de 2011, vigente à época em que ocorreu o procedimento fiscalizatório, o Mandado de Procedimento Fiscal é emitido exclusivamente de forma eletrônica e a ciência do sujeito passivo se dá por meio da internet através do código de acesso informado no termo de início do procedimento fiscal. Consta dos autos, que o contribuinte foi devidamente cientificado em 10/04/2013 quanto ao início do procedimento fiscal (fls. 3/4). Em consulta ao sítio eletrônico da Receita Federal do Brasil, ao consultar a existência do MPF, digitandose o CNPJ do contribuinte, juntamente com o código de acesso n.º 13200042, temse o histórico do MPF, verificandose que o mesmo foi prorrogado até 4/12/2013. O procedimento fiscal foi encenado por meio do Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal (TEPF), folha 962, em 27/9/2013, com ciência pessoal do sujeito passivo. Dessa forma, verificase que tanto a lavratura do TEPF como a ciência pelo sujeito passivo se deram na vigência do MPF, isto é, antes de 4/12/2013. O encerramento do procedimento fiscal não se dá com a mera consolidação administrativa do crédito tributário, mas sim pela ciência do sujeito passivo quanto ao TEPF, que, à semelhança do Termo de Início do Procedimento Fiscal (TIPF), visa dar segurança jurídica ao contribuinte quanto aos limites da atividade administrativa, em cumprimento ao disposto no artigo 196, do Código Tributário Nacional (CTN). Assim, somente com a ciência do sujeito passivo quanto ao encerramento do procedimento fiscal é que se tem a conclusão deste, de maneira que se torna irrelevante a data na qual houve a lavratura material do documento de encerramento. Dessa maneira, considerando os preceitos trazidos pela Portaria RFB n.º 3014/2011, o MPF somente se extinguiu quando da ciência do contribuinte quanto ao TEPF, que ocorreu em 27/9/2013, simultaneamente à ciência das lavraturas fiscais. Fl. 2912DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.913 61 Logo, não resta dúvida que a ciência do contribuinte quanto ao encerramento do procedimento fiscal ocorreu na plena vigência do MPF. Deste modo, cabia à Recorrente acessar as informações relativas à fiscalização, por meio do código de acesso disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal, não podendo alegar desconhecimento sobre os atos fiscalizatórios, tampouco nulidade do procedimento. Fl. 2913DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.914 62 3.5. Utilização de Presunções e Ficções Jurídicas pela Fiscalização Tributária A contribuinte alega que no caso dos autos é notório que a auditoria efetuada se utilizou de presunções e ficções jurídicas para fins de lançar o tributo mediante auto de infração, e que tal prática é vedada pela legislação. Se insurge no sentido de que “Como é possível observar a análise perfilhada nos itens 2 e 3, a auditoria partiu de uma falsa premissa, não analisando a questão de fato, não verificando o histórico de cada uma das sociedades e nem apreciando com acuidade as informações que foram apresentadas nas entrevistas. Os documentos colhidos e apresentados pelo procedimento de fiscalização não são suficientes a corroborar um lançamento de ofício da forma como efetuado, especialmente quanto à questão de definição do dolo”. (grifei). Entretanto, não vislumbro a alegada presunção por parte da fiscalização. Ao revés, compulsando o Relatório Fiscal (fls. 904/955) e documentos que o acompanham, verificase que a Auditoria demonstra, detalhadamente que a autuada, no período de 1/2009 a 12/2012, simulou a contratação de empregados por interposta pessoa jurídica, a Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, com o objetivo de se eximir ou reduzir o pagamento de contribuição previdenciária, já que esta prestadora de serviço, por ser optante do SIMPLES, concentraria menor carga tributária, sobretudo referente às contribuições sociais. E isso é fato cabalmente demonstrado, pela robusta colação probatória trazida aos autos do processo administrativo tributário, logo, não há falar em presunção. 3.6. Abatimento dos Valores Pagos a Título de Simples A recorrente pretende o abatimento dos valores pagos a título do SIMPLES NACIONAL. Sustenta que no caso dos autos o lançamento desconstituiu a contabilidade, entendendo que a sociedade empresária Transportes Gasparzinho Ltda. EPP. (que estava no SIMPLES) não existe e os tributos são devidos pelo Recorrente (tributado pelo lucro real). No entanto, em nenhum momento houve abatimento dos valores que efetivamente foram pagos a título de SIMPLES. A DRJ negou provimento com as seguintes considerações: “No Simples Nacional estão incluídos os seguintes impostos e contribuições: Federais: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para o PIS/PASEP e Contribuição para a Seguridade Social; Estaduais: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); e Municipais: Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Fl. 2914DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.915 63 O ingresso de empresa no Simples Nacional implica o recolhimento mensal por meio de Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). O recolhimento da contribuição dos segurados empregados e contribuintes individuais é efetuado mediante Guia de Recolhimento da Previdência Social (GPS). Ocorre que consoante o parágrafo 10, do art. 21, da Lei Complementar n.° 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Simples Nacional), os créditos apurados no Simples Nacional não poderão ser utilizados para extinção de outros débitos para com as Fazendas Públicas, salvo por ocasião da compensação de oficio oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. Reforça este entendimento o disposto no §60, do art. 44, da Instrução Normativa RFB n.º 900, de 30 de dezembro de 2008, a seguir reproduzido: Instrução Normativa RFB n.° 900, de 30 de dezembro de 2008. Art. 44. (..) § 6° É vedada a compensação de contribuições previdenciárias com o valor recolhido indevidamente para o Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 2006, e o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), instituído pela Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Diante do exposto, está claro que os valores recolhidos para o Simples não podem ser compensados com os valores apurados pela fiscalização neste processo". Entretanto, com a devida venia ao entendimento firmado pela instância a quo, entendo que nesse particular razão assiste à Recorrente. Diz a Súmula CARF nº 76: “Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada.” Sendo assim, entendo que devem ser deduzidos da base de cálculo das contribuições lançadas os percentuais sobre os montantes pagos de forma unificada sob o regime simplificado. Apenas para ilustrar, esclareço que em relação às contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos, não há que se falar em dedução de recolhimentos efetuados, uma vez que as empresas que aderiram ao SIMPLES NACIONAL não recolhem tributação a terceiros. Fl. 2915DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.916 64 3.7. Das Contribuições Previdenciárias A Recorrente questiona a incidência de contribuições sobre auxílio terço constitucional de férias, auxíliodoença, abono assiduidade e folgas não gozadas, licença premio não gozada, auxíliocreche, auxílioescolar, ressarcimento de despesas pela utilização de ferramentas próprias, ajuda de custo, auxíliobabá, auxíliocombustível, gratificação semestral, férias usufruídas, adicional de horas extras, aviso prévio indenizado, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, salário família, aviso prévio, décimo terceiro salário proporcional. Cita jurisprudência sobre cada item. A DRJ negou provimento ao pedido por entender que o parágrafo 9º, do art. 28, da Lei n.º 8.212/91 enumera taxativamente, as parcelas que não integram o salário de contribuição. Sendo assim, não deveria ser excluído da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem feito uma interpretação mais abrangente da referida norma ao admitir a exclusão de certas parcelas ainda que não estejam expressamente previstas no dispositivo legal mencionado. Tal posicionamento está consubstanciado no julgamento do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil de 1973, no qual reconheceu a natureza do aviso prévio indenizado, nos seguintes termos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. [...] 2.2 Aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão contratual com a antecedência mínima Fl. 2916DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.917 65 estipulada na Constituição Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressaltese que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). [...] (STJ, 1ª Seção, REsp 1230957/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014) E, de acordo com o artigo 62, § 1º, inciso II, “b” da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (RICARF): Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; Entretanto, nos presentes autos não houve lançamento referente à Aviso Prévio Indenizado, logo não há que se falar em exclusão da base de cálculo sobre essa rubrica, mantendose, assim, o levantamento sobre as demais. 3.8. Da Multa de Ofício Qualificada em 150% A Recorrente se opõe a multa qualificada pelo Fisco. Entende que caso dos autos não há qualquer prova demonstrando as alegações fáticas pontuadas pela fiscalização. A imposição da multa foi justificada pela Autoridade Lançadora por meio de relatório fiscal minudente, onde constatou a prática de sonegação e conluio, conforme artigos 71 a 73 da Lei 4.502/64. Confirase: Fl. 2917DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.918 66 98. A aplicação da multa de ofício tem regulação prevista na Lei 9.430/96, conforme art. 44. O inciso II deste dispositivo, com a redação alterada pela Lei 11.488 de 15/06/2007, transcrito a seguir, assim determina sobre a aplicação da multa de ofício: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). 99. Os artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64 assim dispõem: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 7l e 72. (grifos nosso). 100. Devemos então verificar se os fatos anteriormente narrados, que detalham a conduta da autuada, se encaixam em alguma das definições de evidente intuito de fraude, que estão estampadas nos artigos 71, 72 e 73, acima transcritos. Em caso positivo, de se aplicar a multa qualificada. Ou seja, não cabe aqui avaliar de forma subjetiva se a conduta foi claramente ou evidentemente uma fraude ou não. A avaliação deve ser objetiva, verificando se a conduta se encaixa ou não em algum dos dispositivos citados. E a nova redação do dispositivo deu fim a toda essa discussão. Fl. 2918DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.919 67 101. Numa análise objetiva dos fatos aqui apurados frente aos dispositivos legais em comento, não há como não deixar de enquadrar a conduta acima descrita nas definições contidas na Lei 4.502/64, já transcrita. A sonegação, conforme citado artigo, apresenta as seguintes exigências: • Uma ação ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde o conhecimento pelo Fisco: o da ocorrência do fato gerador; ou o da natureza do fato gerador; ou o das circunstâncias materiais do fato gerador. Já a fraude caracterizase por: • Uma ações ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde a ocorrência do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido; ou • Que ela exclua ou modifique as características essenciais do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido. 102. Incorrendo o contribuinte em uma das duas situações acima, de se aplicar a multa qualificada. 103. Assim, o contribuinte, ao registrar seus empregados em empresa fictícia com o propósito de se beneficiar indevidamente da tributação reduzida oferecida pelo SIMPLES, praticou, de forma inequívoca, uma ação dolosa, ou seja, intencional e consciente, a qual claramente retardou o conhecimento dos fatos por parte do Fisco, além das reais circunstâncias materiais do fato gerador. Ademais, houve a modificação de característica essencial do fato gerador, uma vez que os montantes da Contribuição Previdenciária devidos foram reduzidos, uma vez que tiveram a tributação na forma do SIMPLES. 104. A Ociani não praticou estes atos de forma involuntária, ou incorreu em erro em sua conduta. Restou caracterizada a atitude dolosa. Desta forma, a conduta sob análise amoldase às hipóteses previstas nos artigos da Lei 4.502/64 acima citados. 105. A multa qualificada é aplicável somente no período de vigência da MP 449, ou seja, 12/2009 em diante. Desta forma, Fl. 2919DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.920 68 [...] 119. Trazendo a linha argumentativa acima descrita para o caso em tela, temos a situação, já anteriormente exposta, que atesta a clara intenção do contribuinte em reduzir o valor de tributo, através do uso de empresa de fachada e a opção ao SIMPLES. A Ociani, objetivando elidir o pagamento de da Contribuição Previdenciária, decidiu, de forma consciente, registrar formalmente a sua mão de obra em empresa fictícia beneficiada com a opção ao mencionado regime simplificado de tributação. Não que a empresa não possa terceirizar parte de suas atividades a prestadoras de serviços beneficiadas pelo SIMPLES. Não é esta a nossa argumentação, mas para aproveitar esta “brecha” na legislação, deveria observar alguns mínimos requisitos, como a contratação de empresas regularmente constituídas (de forma autônoma), independentes nos aspectos patrimoniais e operacionais em relação a contratante, que o objeto do contrato não esteja inserido dentro dos seus próprios objetivos sociais e, principalmente, que não haja subordinação dos empregados da contratada perante a contratante. Ora, em que pese o esforço da Recorrente para tentar justificar a sua conduta, não vislumbro, no caso em apreço, razões para modificar a aplicação ou até mesmo a redução da multa em destaque. Diante do exposto, portanto, deve ser declarada procedente a aplicação da multa qualificada de 150% prevista no artigo 44, inciso I e §1°, da Lei n.° 9.430/1996. 3.9. Da responsabilidade dos sócios A Recorrente pretende a reforma do julgado para excluir a responsabilidade solidária imputada aos sócios. Entende que não há nenhuma evidência probatória capaz de legitimar a inclusão dos sóciosadministradores do Recorrente como responsáveis solidários pelo adimplemento do crédito tributário proveniente do lançamento ora combatido. Entretanto, entendo que a irresignação não merece prosperar. Primeiramente por restar preclusa a matéria, já que não foram apresentados Recursos Voluntários pelos sócios, não sendo lícito à Recorrente postular direitos em nome de Terceiros. Noutro giro, apenas por amor ao debate, passo a argumentar ainda que conforme amplamente demonstrado acima (e detalhadamente descrito no relatório fiscal), os sóciosadministradores, JAISON EDUARDO KRAUSS e CARLOS ALBERTO KRAUSS, durante a administração da Ociani, objetivando elidir o pagamento da Contribuição Previdenciária, decidiram, de forma consciente, registrar formalmente a sua mão de obra em empresa fictícia beneficiada com a opção ao regime simplificado de tributação. Fl. 2920DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.921 69 As condutas foram todas praticadas conscientemente. A alocação da própria mão de obra em empresa de fachada, criada com único intuito de se elidir da cobrança da Contribuição Previdenciária, foi um ato consciente e voluntário. Assim, o contribuinte, ao registrar seus empregados em empresa fictícia com o propósito de se beneficiar indevidamente da tributação reduzida oferecida pelo SIMPLES, praticou, de forma inequívoca, uma ação dolosa, ou seja, intencional e consciente, a qual claramente retardou o conhecimento dos fatos por parte do Fisco. Frente aos fatos acima narrados, não resta dúvida de que as pessoas físicas participaram da irregularidade tributária e tinham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador dos tributos ora exigidos neste processo, sendo certo, no meu entender, o enquadramento como responsáveis solidários. Portanto, mantenho a decisão também quanto a este ponto. Fl. 2921DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.922 70 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário da recorrente para, rejeitar as preliminares arguidas, e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 2922DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.923 71 Voto Vencedor Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez – Redatora Designada Com a maxima venia, divirjo da Relatora quanto aos recolhimentos efetuados na sistemática do Simples Nacional. Segundo relatado, a recorrente entende que devem ser abatidos os valores recolhidos pela Transportes Gasparzinho Ltda. EPP a título de contribuição patronal previdenciária do montante exigido nestes AIs, ainda que na sistemática do Simples. A teor do §10, do art. 21, da Lei Complementar nº 123, de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Simples Nacional), os créditos apurados no Simples Nacional não poderão ser utilizados para extinção de outros débitos para com as Fazendas Públicas, salvo por ocasião da compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. Nesse sentido, a Resolução CGSN nº 94, de 29/11/11, disciplina: Art. 119. A compensação dos valores do Simples Nacional recolhidos indevidamente ou em montante superior ao devido, será efetuada por aplicativo disponibilizado no Portal do Simples Nacional, observandose as disposições desta Seção. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 21, §§ 5º a 14) (Redação dada pelo(a) Resolução CGSN nº 129, de 15 de setembro de 2016) ... § 5º Os créditos apurados no Simples Nacional não poderão ser utilizados para extinção de outros débitos junto às Fazendas Públicas, salvo quando da compensação de ofício oriunda de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da empresa do Simples Nacional. (Lei Complementar nº123, de 2006, art. 21, § 10) (grifei) No caso, não se está diante de processo de restituição e tampouco de exclusão do Simples Nacional. Logo, não cabe a aplicação da compensação prevista na Resolução CGSN nº 94 e na Súmula CARF nº 76, citada pela Relatora. Cabe destacar ainda que está sendo pleiteada a compensação (abatimento) de supostos créditos de uma outra empresa, Transportes Gasparzinho Ltda. EPP, com débitos da Fl. 2923DF CARF MF Processo nº 13971.723074/201313 Acórdão n.º 2401004.926 S2C4T1 Fl. 2.924 72 empresa autuada, o que não é possível, pois a compensação somente pode ser realizada entre débitos e créditos do mesmo contribuinte. Essa é a inteligência que se extrai do CTN, art. 170: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Portanto, incabível a compensação (abatimento) pleiteada pelo Recorrente. Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 2924DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.002182/2002-42
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
Exercício: 1998
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.° 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que "As decisões definitivas de mérito,proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF" (Art. 62-A do anexo II).
O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC definiu que "o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à
ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação" (Recurso Especial n° 973.733).
O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4o).
Recurso extraordinário conhecido e provido.
Numero da decisão: 9900-000.426
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, dar provimento ao recurso.
Matéria: IRF- ação fiscal - outros
Nome do relator: Gustavo Lian Haddad
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ementa_s : OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 1998 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.° 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que "As decisões definitivas de mérito,proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF" (Art. 62-A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC definiu que "o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação" (Recurso Especial n° 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4o). Recurso extraordinário conhecido e provido.
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Numero do processo: 10070.001250/2003-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2001, 2002
ATO SUPERVENIENTE AO RECURSO QUE CONFIGURA ACEITAÇÃO TÁCITA DA DECISÃO RECORRIDA. INCOMPATIBILIDADE COM VONTADE DE RECORRER. RECURSO NÃO CONHECIDO.
Nos termos do § 2º do art. 78 do Anexo II do RICARF o pedido de parcelamento, e não seu deferimento, importa a desistência do recurso.
O reconhecimento de parte da dívida relativa às mesmas infrações mediante pedido de parcelamento, bem como a informação de que procederá ao pedido de parcelamento sobre o restante do crédito em litígio, configuram atos incompatíveis com o desejo de recorrer, nos termos do art. 1000 do Código de Processo Civil e do art. 52 da Lei nº 9.784/99, implicando o não conhecimento do recurso interposto.
Numero da decisão: 1301-002.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que passam a compor o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2001, 2002 ATO SUPERVENIENTE AO RECURSO QUE CONFIGURA ACEITAÇÃO TÁCITA DA DECISÃO RECORRIDA. INCOMPATIBILIDADE COM VONTADE DE RECORRER. RECURSO NÃO CONHECIDO. Nos termos do § 2º do art. 78 do Anexo II do RICARF o pedido de parcelamento, e não seu deferimento, importa a desistência do recurso. O reconhecimento de parte da dívida relativa às mesmas infrações mediante pedido de parcelamento, bem como a informação de que procederá ao pedido de parcelamento sobre o restante do crédito em litígio, configuram atos incompatíveis com o desejo de recorrer, nos termos do art. 1000 do Código de Processo Civil e do art. 52 da Lei nº 9.784/99, implicando o não conhecimento do recurso interposto.
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INCOMPATIBILIDADE COM VONTADE DE RECORRER. RECURSO NÃO CONHECIDO. Nos termos do § 2º do art. 78 do Anexo II do RICARF o pedido de parcelamento, e não seu deferimento, importa a desistência do recurso. O reconhecimento de parte da dívida relativa às mesmas infrações mediante pedido de parcelamento, bem como a informação de que procederá ao pedido de parcelamento sobre o restante do crédito em litígio, configuram atos incompatíveis com o desejo de recorrer, nos termos do art. 1000 do Código de Processo Civil e do art. 52 da Lei nº 9.784/99, implicando o não conhecimento do recurso interposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que passam a compor o presente julgado. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 0. 00 12 50 /2 00 3- 48 Fl. 700DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 701 2 Relatório O presente processo foi objeto da Resolução nº 1402000.225. Por oportuno, repito o relatório de tal decisão, complementandoo ao final. Os autos dizem respeito a pedido de restituição cumulado com declaração de compensação (DComp) requerendo o reconhecimento de direito creditório de R$ 1.193,849,26, e consequentes homologações de compensações de estimativa de IRPJ de dezembro de 2002. Os saldos negativos de IRPJ e da CSLL referemse aos anoscalendário de 2001 e 2002. Os valores pleiteados compunhamse de: saldo credor de IRPJ dos anos de 2001 (R$ 386.850,02) e 2002 (R$ 644.185,62), além do saldo credor da CSLL do ano de 2001 (R$ 162.813,62). Relativamente ao saldo credor de IRPJ apurado em 31/12/2001, asseverou a Administração Tributária que, no processo nº 10070.002285/200281, por meio do Parecer Conclusivo e Despacho Decisório n° 183/2007, concluiuse pelo reconhecimento do direito creditório no valor de R$ 300.858,01, mas que tal crédito já teria sido totalmente compensado no âmbito daquele procedimento, não restando qualquer valor a ser reconhecido em relação ao período. Tal conclusão implicou efeitos também em relação ao exame do saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário de 2002, uma vez que as estimativas mensais de IRPJ apuradas nos meses de janeiro, fevereiro, abril e dezembro do anocalendário de 2002 foram objeto de compensação, ora em análise, com suposto saldo de créditos referente ao saldo negativo do anocalendário de 2001. Em relação ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2002, analisando se a DIPJ 2003, conforme a Ficha 12A Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real (fl. 102103), constatouse que: a) o contribuinte apurou IRPJ devido de R$ 2.803.945,45 (R$ 1.696.767,27 de imposto devido à alíquota de 15% e R$ 1.107.178,18 relativos ao adicional); b) deduziuse R$ 14.117,91 sob a rubrica “Programa de Alimentação do Trabalhador”; c) declarou a título de "imposto de renda retido na fonte IRRF", o valor de R$145.188,20; d) informou que o valor de estimativas recolhido foi de R$ 2.789.827,54; e) apurou saldo credor de IRPJ no montante de R$ 145.188,20. Em relação às estimativas devidas, a DRF de origem anexou às fls. 126 e 127 extrato dos supostos recolhimentos. Contudo, a respeito das estimativas declaradas como efetivamente recolhidas, não há qualquer menção sobre sua correição. No que tange às estimativas compensadas, conforme salientado, o contribuinte procedeu a compensações com Fl. 701DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 702 3 suposto saldo negativo remanescente do anocalendário de 2001, via DCTF, relativo aos valores devidos nas competências de janeiro (R$ 74.943,97), fevereiro (R$ 5.585,23), abril (R$ 52.778,37) e dezembro de 2002 (compensou R$ 386.850,03 do total de R$ 2.012.334,35). Ou seja, compensouse R$ 520.157,60 referente aos débitos de estimativas com pretenso saldo negativo remanescente de 2001, o qual, conforme a autoridade fiscal, já teria sido exaurido em compensações já homologadas. A par de tais conclusões, não haveria que se falar em saldo negativo de IRPJ, mas sim de saldo a pagar de R$ 374.969,40, fruto da diferença entre o saldo negativo de R$ 145.188,20 apurado pelo contribuinte, diminuído das estimativas não compensadas de R$ 520.157,60. Constatou ainda a autoridade fiscal que o contribuinte, na apuração da estimativa de dezembro de 2002 com base em balanço de suspensão/redução, se utilizara de imposto de renda retido na fonte IRRF no montante de R$ 644.185,62. Conforme já descrito, na apuração do IRPJ devido ao final do período de apuração, o contribuinte deduziu mais R$ 145.188,20 a título de IRRF. Ou seja, o valor total de IRRF utilizado foi de R$ 789.373,82. Contudo, apontou a autoridade fiscal que “Em consulta aos extratos da DIRF, para o ano de 2002 temse, em resumo, que o IRRF declarado pelas fontes pagadoras foi de R$ 683.367,32, portanto, valor inferior ao que foi utilizado pela interessada como dedução do IRPJ apurado por estimativa no mês de dezembro de 2002 e na apuração anual do IRPJ [...] Assim, a importância de R$ 106.006,50 foi compensada a maior indevidamente na apuração do lucro real”. Concluise, portanto, que o saldo a pagar de imposto de renda relativo ao anocalendário de 2002 após ajustes realizados pelo Fisco era de R$ 480.975,90 (R$ 374.969,40 somados R$ 106.006,50). Em relação ao saldo negativo de CSLL relativo ao anocalendário de 2001, assim consignou o Parecerista: j) No que tange à CSLL do anocalendário de 2001, cumpre ressaltar que a interessada declarou o valor de R$ 162.970,49, a título de saldo credor; k) Em análise da declaração, constatouse que a interessada declarou a título de CSLL mensal pagas por antecipação com base em estimativas mensais o valor de R$ 261.199,01 como parcela redutora da CSLL apurada, no encerramento do exercício; 1) Entretanto, foi efetivamente quitado o valor de R$ 251.093,86, pagos através de DARF (confr. consulta Sinal 07); m) Neste sentido, verificandose os valores constantes na DIPJ a título de CSLL para o ano de 2001, temse o que se segue: CSLL do anocalendário de 2001 (DIPJ) R$ 98.228,52 (fls. 91); CSLL paga por estimativa mensal (R$ 251.093,86); Saldo Negativo da CSLL do anocalendário de 2001 (R$ 152.865,34); Fl. 702DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 703 4 n) Desta forma, foi reconhecido parcialmente o direito creditório no valor de R$ 152.865,34, a título de saldo credor de CSLL do anocalendário de 2001, sendo homologada a compensação até o limite do crédito. Cientificada da decisão em 28/01/2008 (fl. 148), a interessada apresentou em 27/02/2008 (fls. 156160) manifestação de inconformidade. O relatório da decisão recorrida bem resume as alegações do contribuinte, razão pela qual transcrevo a seguir o trecho pertinente: a)Em virtude da decisão constante do Parecer Conclusivo e Despacho Decisório n° 183/2007, apenas ter reconhecido o direito creditório no valor de R$ 300.858,01, referente ao saldo negativo do IRPJ do anocalendário de 2001, foi apresentado recurso administrativo, o qual ainda não havia sido julgado, refletindo, assim, no valor cobrado no Parecer Conclusivo e Despacho Decisório relativo ao presente processo, uma vez que foi compensado no anocalendário de 2002 o valor de R$ 386.850,02 do saldo credor do IRPJ de 2001, sendo que foi reconhecido parcialmente pela DIORT o valor de R$ 181.389,99; b)O valor apurado de parte do IRPJ de dezembro/2002, de R$ 162.813,62 foi compensado com o saldo credor da CSLL do ano calendário de 2001 e, embora concluso pela DIORT que o saldo credor da referida contribuição era de R$ 152.865,34, o valor cobrado no Despacho Decisório foi o valor integral de R$ 162.813,62; c)A composição do saldo credor do IRPJ/2001 é a seguinte: o total do valor original saldo negativo de IRPJ foi de R$ 769.926,55 (IRRF de R$ 313.956,86 + R$ 455.959,69 de IRPJ pago a maior em 2001); d)Conforme a DIPJ do anocalendário de 2001, o saldo credor da CSLL era de R$ 162.813,62, composto da seguinte maneira: CSLL de 2001 (R$ 98.228,52) + DARF pagos em 2001 (R$ 251.093,06) Valor compensado com saldo credor da CSLL em 2000 (R$ 9.948,28); e)Assim, como questão preliminar, vale ressaltar que se for modificada a decisão contida no Despacho Decisório n° 183/2007, que considerou que esta empresa compensou a maior o valor de R$ 411.955,96 sobre o saldo credor do IRPJ do ano calendário de 2001, o valor cobrado no Despacho Decisório n° 022/2008, de R$ 205.460,03, deixaria de existir, uma vez que o valor de R$ 386.850,02 foi compensado com o saldo credor do IRPJ do anocalendário de 2001, vinculado ao processo de compensação n° 10070.001250/200348, sendo reconhecido parcialmente apenas o valor de R$ 181.389,99; f)Com relação à compensação do saldo credor da CSLL do ano calendário de 2001 no valor de R$ 162.813,62 e reconhecida pela equipe da DIORT apenas o valor de R$ 152.865,34, ainda assim foi indeferida toda a compensação requerida; Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 704 5 g)É que o valor cobrado de R$ 644.185,62, apontado no Parecer Conclusivo 022/2008, como compensado a maior com o saldo de IRRF do próprio anocalendário, foi apurado indevidamente pela equipe da DIORT, uma vez que no próprio Parecer Conclusivo n° 22/2008, demonstra que foi apurado um total de IRRF no anocalendário de 2002 o valor de R$ 789.373,82 e confrontadas as retenções de IRRF declaradas nas DIRF das fontes pagadoras, foi encontrado o valor de R$ 683.367,32, ainda assim, valor superior ao compensado (R$ 644.185,62), utilizado para dedução do saldo apurado do IRPJ a pagar do mês de dezembro de 2002. A decisão de primeira instância acolheu em parte a manifestação de inconformidade, e sua ementa recebeu a seguinte redação: DEDUTIBILIDADE DO IRRF. O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre rendimentos pagos por pessoa física ou jurídica só poderá ser compensado com o imposto devido na declaração de rendimentos da pessoa jurídica se a contribuinte possuir os comprovantes de rendimentos pagos e retenção na fonte emitidos em seu nome pelas fontes pagadoras e os rendimentos correspondentes às retenções tiverem sido oferecidos à tributação. SALDO NEGATIVO DO IRPJ E CSLL. A restituição do saldo negativo do IRPJ e da CSLL condiciona se à demonstração da existência e da liquidez do direito, o que inclui a comprovação dos itens que compõem a respectiva apuração. Em relação ao saldo negativo de 2001, asseverou a autoridade julgadora que o pedido foi objeto de exame pelo acórdão n° 24452, de 29 de maio de 2009 (cópia anexada aos autos) pela mesma turma julgadora, concluindo “que a interessada, para o ano de 2001, tinha a seu favor o saldo credor de IRPJ no montante de R$ 300.858,01, o que fez cair por terra a pretensão da interessada de, neste processo, compensar valores utilizandose do suposto saldo credor que, na sua concepção seria remanescente, tomandose por base o deferimento do seu pleito em relação ao requerido nos autos do processo n° 10070.002285/200281.” Ou seja, da mesma forma que a autoridade que analisou os pedidos de restituição e compensação, a turma julgadora, fazendo menção a outra decisão, esclarece que não mais restava saldo a compensar referente ao pedido de restituição de IRPJ relativo ao anocalendário de 2001. No que tange ao saldo negativo do anocalendário de 2002, entendeu a autoridade julgadora em reformular o saldo de IRPJ apurado pela autoridade fiscal que analisou o pedido de restituição/compensação, pois, do saldo negativo apontado pelo contribuinte, no total de R$ 145.188,20, descontandose os R$ 106.006,50 referentes ao imposto de renda na fonte não comprovado, o contribuinte faria jus ainda a R$ 39.181,70 de saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário de 2002, valor que não havia sido reconhecido pela autoridade fiscal da DRF de origem. Para embasar suas conclusões, elaborou o seguinte demonstrativo: Imposto sobre o Lucro Real (alíquota de 15%) R$ 1.696.767,27 Fl. 704DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 705 6 Adicional R$ 1.107.178,18 Programa de Alimentação Trabalhador (R$ 14.117,91) Imposto de Renda Retido na Fonte (R$ 39.181,70) Imposto de Renda Pago por Estimativas (R$ 2.789.827,54) Imposto de Renda a Pagar (R$ 39.181,70) O contribuinte foi cientificado da decisão em 19 de outubro de 2011 (fl. 300), apresentando recurso voluntário em 17 de novembro de 2011 (fls. 347354). A respeito das parcelas de crédito não reconhecidas, ataca a decisão recorrida fazendo menção aos valores objeto de cobrança (fls. 294298). Parcela de R$ 644.185,62 Alega que houve erro de fato no preenchimento da DIPJ 2003, e, que para sua correção, retificou a declaração nos seguintes termos: 8.A Recorrente informou na DIPJ do exercício de 2003, ano calendário de 2002, a retenção do "imposto de renda retido na fonte IRRF" no valor de R$145.188,20 e o valor do "imposto de renda mensal pago por estimativa" no valor de R$2.789.827,54, conforme a Ficha 12A Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real. 9.No entanto, após ter verificado que houve um equívoco no preenchimento da DIPJ, a Recorrente providenciou a sua retificação, entregando a DIPJ Retificadora em 26/02/2008 sob o protocolo n° 1955142632. 10.Na DIPJ Retificadora passou a constar da Ficha 12A na linha "imposto de renda retido na fonte IRRF" o valor de R$789.373,82 e na linha "imposto de renda mensal pago por estimativa" o valor de R$2.145.641,92. 11. Houve, portanto, um erro de fato no preenchimento da DIPJ e que, ao ser constatado, foi retificado para constar o valor correto. Do quadro demonstrativo abaixo, verificase que a diferença entre os valores discriminados nas linhas "imposto de renda retido na fonte IRRF" na DIPJ original e retificadora e na linha "imposto de renda mensal pago por estimativa" das referidas declarações é de justamente R$644.185,62. 12. Vale destacar que a soma dos valores constantes da "Ficha 43 Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte" na DIPJ da Recorrente, do exercício de 2003, ano calendário de 2002 é exatamente o valor de R$789.373,82, sendo este o valor correto do Imposto de Renda Retido na Fonte, conforme se verifica da DIPJ Retificadora, entregue tempestivamente. A diferença de R$ 106.006,50 apontada pelo Fisco em relação ao imposto de renda na fonte corresponderia “ao imposto de renda retido na fonte IRRF recolhido pela Companhia de Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 706 7 Navegação Norsul, inscrita no CNPJ/MF sob o n° 33.127.002/000103 ("Norsul"), incidente sobre o mútuo firmado entre a Recorrente, na qualidade de Mutuante e a Norsul, na qualidade de Mutuária, no valor de R$7.100.000,00”. Sobre tal mútuo, além de IOF e CPMF, foi retido imposto de renda exatamente no valor apontado pelo Fisco (R$ 106.006,50). Contudo, “Norsul” teria deixado de incluir tal informação em DIRF. Ocorre que em 16/11/2011 a própria “Norsul” protocolou expediente junto à RFB informando o equívoco na transmissão de sua DIRF, apresentando comprovantes do recolhimento do IRRF, e requerendo a retificação das informações prestadas em DIRF. Parcela de R$ 117.002,39 Não há questionamento sobre o valor do crédito pleiteado, mas sim sobre a cobrança de tal parcela. Alega que o valor deferido pela DRF seria suficiente para quitação do débito. Alega que, embora a decisão atacada faça menção ao Acórdão n° 24452, de 29/05/2009, extraído do Processo Administrativo n° 10070.002285/200281, que negou a pretensão da Recorrente ao direito de compensar valores utilizandose do saldo credor remanescente do saldo negativo do anocalendário de 2001, até aquele momento, não havia sido intimado de tal decisão, não tendo oportunidade de se defender das glosas ali apontadas. Assevera que eventual sucesso em sua defesa no processo 10070.002285/200281impliciaria necessariamente alteração do resultado das compensadas examinadas nos presentes autos, devendo a presente lide aguardar o deslinde daquele processo administrativo fiscal. Por meio da Resolução 1402000.225, a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, acompanhando minha proposta de voto, assim concluiu: [...] A DRF de origem não confirmou se as estimativas recolhidas em DARF efetivamente ocorreram. Em uma breve análise dos extratos de recolhimentos de estimativas às fls. 126127 tendo a concluir que somente R$ 1.462.670,70 restariam comprovados (recolhimentos de R$ 1.118.437,45 e R$ 344.233,25 realizados, respectivamente, em 31/01/2003 e 17/02/2003), conforme excerto do citado extrato reproduzido a seguir: Fl. 706DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 707 8 Ocorre que tais recolhimentos não foram alvo de debate nos autos. Portanto, tal conclusão somente em sede de análise de recurso voluntário redundaria em cerceamento do direito de defesa da Recorrente. Encaminhamento Diante de tal fato, concluo que a melhor solução é determinar o retorno dos autos à delegacia da RFB a fim de que: (i) intime o contribuinte a confirmar e comprovar os valores de estimativa efetivamente recolhidos; (ii) elabore relatório a respeito dos elementos eventualmente apresentados pelo contribuinte e; (iii) intime o contribuinte a se manifestar sobre tais considerações no prazo de 30 dias. Ao final, retornemse os autos a este Colegiado para decisão. A respeito da realização de diligência, à fl. 695 dos autos consta despacho com o seguinte teor: O presente processo foi enviado para esta equipe da DRF/RJ1 para atender a solicitação contida na Resolução nº 1402000.225 da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária do Carf, abaixo transcrita: “... determinar o retorno dos autos à delegacia da RFB a fim de que: (i) intime o contribuinte a confirmar e comprovar os valores de estimativa efetivamente recolhidos; (ii) elabore relatório a respeito dos elementos eventualmente apresentados pelo contribuinte e; (iii) intime o contribuinte a se manifestar sobre tais considerações no prazo de 30 dias. Ao final, retornese os autos a este Colegiado para decisão.” Assim, o contribuinte foi intimado através do Termo de Intimação Fiscal nº17/2017 EQPEJ/DIORT/DRF/RJ1 (fls.540) a apresentar os documentos e esclarecimentos especificados no mesmo. Foi apresentado pelo contribuinte em fls.545 pedido de prorrogação de prazo, o qual foi deferido em fls. 566. Em 17/02/2017, o contribuinte respondeu a intimação, conforme fls.570/694, informando que os débitos ainda discutidos no presente Recurso Voluntário estão em fase de consolidação de parcelamento previsto na Lei 12.865/2013 e que, após o pagamento de onze parcelas, o saldo remanescente do parcelamento foi quitado antecipadamente. Finalizando a resposta e mencionando o disposto nos §§4º e 11 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 7/2013, o contribuinte requer, caso a consolidação do referido parcelamento se verifique, a desistência do Recurso Voluntário em tela bem como, por consequência, a suspensão desta diligência, e, subsidiariamente, caso não cabível a suspensão, seja determinada nova intimação para prosseguimento da diligência. Diante disto, encaminhese para o Carf. É o relatório. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 708 9 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. Conforme relatado, 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara havia convertido o julgamento em diligência. Intimada pela autoridade fiscal, a recorrente apresentou o expediente de fls. 572574 informando que optou por efetuar o parcelamento dos débitos remanescentes nos autos, nos moldes da Lei nº 11.941/2009, nos termos da reabertura para adesão trazida na Lei nº 12.865/2013. Aduziu a recorrente que naquele momento o parcelamento se encontrava em fase de consolidação e a indicação dos débitos parcelados fora por ela ratificada conforme docs. de fls. 599601. Salienta, inclusive, que após pagamento de 11 parcelas, realizouse a quitação antecipada do saldo do parcelamento, nos moldes do art. 33 da Lei nº 13.043/2013 (conforme processo administrativo nº 12448.732422/201481 – docs. de fls. 602694), tendo sido recolhido antecipadamente 30% do saldo em questão, sendo o restante dos débitos liquidados com prejuízos fiscais. Argumentou ainda a recorrente que os §§ 4º e 11 do art. 14 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 7/20131 determinam que a consolidação do parcelamento configuraria a desistência tácita de eventuais recursos voluntários apresentados. Por fim, requereu a suspensão da realização da diligência até a consolidação do parcelamento, o que configuraria a desistência tácita do recurso voluntário. Subsidiariamente solicitou que fosse determinada nova intimação da recorrente para que apresentasse os documentos necessários à realização da diligência. Pois bem, passo a analisar o feito. Entendo estarmos diante de um ato incompatível com o desejo de recorrer, incidindo no caso concreto o disposto no art. 1000 do Novo Código de Processo Civil, verbis: Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. 1 Art. 14. Para aproveitar as condições de que trata esta Portaria, o sujeito passivo deverá desistir de forma irrevogável de impugnação ou recurso administrativos, de ações judiciais propostas ou de qualquer defesa em sede de execução fiscal e, cumulativamente, renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos e ações judiciais. [...] § 4º O pagamento à vista ou a inclusão nos parcelamentos de que trata esta Portaria de débitos que se encontram com exigibilidade suspensa em razão de impugnação ou de recurso administrativos implicará desistência tácita destes. [...] § 11. O pagamento à vista ou a inclusão nos parcelamentos de débitos informados em Declaração de Compensação, prevista no § 1º do art. 74, da Lei nº 9.430, de 1996, não homologada, implica desistência tácita da manifestação de inconformidade ou do recurso administrativo relativo ao crédito objeto da discussão. [...] Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 709 10 Parágrafo único. Considerase aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. Aplicase ainda o disposto no artigo 52 da Lei nº 9.784/99, que determina que “o órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.” A peça de fls. 572574 consubstanciase, sem dúvida, em fato superveniente ao recurso que põe fim à lide, uma vez que houve a perda do objeto do recurso em análise por falta de interesse, ante a concordância da recorrente com a decisão recorrida, uma vez que aderiu a parcelamento dos débitos em aberto nos autos, o que, por si só, já indicaria sua concordância com o acórdão de primeira instância. A interpretação que a recorrente quis dar aos §§ 4º e 11 do art. 14 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 7/2013 de que somente com a consolidação do parcelamento é que se daria a desistência tácita do recurso voluntário não resiste à mera leitura de tais dispositivos infralegais, uma vez a redação dessa norma é clara ao dispor que o pagamento ou a mera inclusão nos referidos parcelamentos de débitos informados em declaração de compensação não homologada (exatamente o caso dos autos) implicaria desistência tácita de recursos interpostos. Ademais, há de se interpretar tal Portaria conforme a Lei a que se refere, no caso, o art. 5º da Lei nº 11.941/20092 cuja redação é cristalina ao imputar à mera opção ao parcelamento o efeito de confissão irretratável de débito, bem como a configuração de confissão extrajudicial (dispositivo aplicável ao caso concreto, conforme referenciado pelo art. 17 da Lei nº 12.865/2013 e pelo § 10 do art. 33 da Lei nº 13.043/2014). Além disso, o § 2º do art. 78 do Anexo II do RICARF3 é taxativo ao impor que o pedido de parcelamento (e não seu deferimento) importa a desistência do recurso. 2 Art. 5º A opção pelos parcelamentos de que trata esta Lei importa confissão irrevogável e irretratável dos débitos em nome do sujeito passivo na condição de contribuinte ou responsável e por ele indicados para compor os referidos parcelamentos, configura confissão extrajudicial nos termos dos arts. 348, 353 e 354 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, e condiciona o sujeito passivo à aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas nesta Lei. (Vide Lei nº 12.865, de 2013) (Vide Lei nº 13.043, de 2014) 3 Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. [...] § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10070.001250/200348 Acórdão n.º 1301002.584 S1C3T1 Fl. 710 11 Isso posto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 710DF CARF MF
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Numero do processo: 12448.723200/2015-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Comprovado nos termos da legislação, são isentos do Imposto sobre a Renda os proventos de aposentadoria percebidos por portador de moléstia grave especificada em lei.
Numero da decisão: 2201-003.926
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 25/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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MOLÉSTIA GRAVE. Comprovado nos termos da legislação, são isentos do Imposto sobre a Renda os proventos de aposentadoria percebidos por portador de moléstia grave especificada em lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 25/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 32 00 /2 01 5- 59 Fl. 86DF CARF MF 2 Trata o presente da Notificação de Lançamento de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo ao exercício de 2014, fl. 50 a 55, pela qual a Autoridade Administrativa, em sede de Malha Fiscal, identificou as infrações à legislação tributária abaixo descritas (fl. 52 e 53): a) Omissão de rendimentos recebidos no valor de R$ 25.079,29, os quais decorrem do somatório dos valores relativos à pensão alimentícia paga por Luiz Alberto Araújo (R$ 24.443,24) e dos rendimentos recebidos do INSS (R$ 636,05) b) Omissão de rendimentos recebidos a título de aluguéis, no valor R$ 1.800,00, decorrente da diferença entre o total declarado a este titulo e o valor constante da Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias ( DIMOB). Ciente do lançamento em 31 de março de 2015, fl. 47, inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, a Impugnação de fl. 24/27, onde apresentou suas considerações que objetivavam comprovar a improcedência do lançamento. Em apertada síntese, alega que a diferença dos rendimentos recebidos a título de aluguéis decorre de equivoco na informação prestada pela administradora de imóveis em sua DIMOB, o qual já teria sido corrigido mediante apresentação de DIMOB retificadora; em relação à suposta omissão de rendimentos recebidos a título de pensão alimentícia, afirma que os rendimentos são isentos, ambos de titularidade de sua filha, curatelada, portadora de moléstia grave alcançada por legislação isentiva. No julgamento de 1ª Instância, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG julgou parcialmente procedente a impugnação, fl. 56/62, determinando a exclusão da omissão apontada na Ação Fiscal relativa à diferença dos rendimentos de aluguéis e mantendo a omissão em relação aos rendimentos recebidos a título de pensão alimentícia, pois, embora comprovada a natureza de pensão e que a titular dos mesmos é a filha da recorrente, sua curatelada, não restou comprovada nos autos a condição de portadora de moléstia grave nos termos da legislação. Ciente do Acórdão da DRJ, ainda inconformado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 64/66, no qual reitera o direito à isenção sobre os rendimentos recebidos por sua filha a título de pensão e junta documentos comprobatórios. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. O relatório acima demonstra claramente que a lide em tela restou limitada à comprovação da condição de portadora de moléstia grave da dependente Adriana Martins de Araújo, curatelada pela recorrente, conforme certidão de fl. 37. Os rendimentos sobre os quais ainda pairam dúvidas sobre sua natureza tributável são relativos aos comprovantes de fl. 32 (INSS) e 33 (Telos Fundação Embratel de Fl. 87DF CARF MF Processo nº 12448.723200/201559 Acórdão n.º 2201003.926 S2C2T1 Fl. 87 3 Seguridade Social), cuja análise, em cotejo com o Termo de fl. 34, evidencia que são de titularidade de Adriana Martins de Araújo e se referem a pensão alimentícia. Já os documentos juntados a partir de fl. 69, que se constituem de dois Laudos periciais elaborados no curso de processos judiciais, em particular as conclusões de fl. 71, 76 e 77, de forma igualmente clara, apontam a jovem Adriana como portadora de síndrome genética irreversível, apresentando atraso mental profundo, ausência de linguagem e déficit psicomotor. A não tributação dos valores recebidos a título de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portadores de doenças graves, encontrase expressa nos incisos XXXI e XXXIII do artigo 39 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), abaixo transcritos: “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...). XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) XXXIII – os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...). Sobre o tema, dispõe a Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Assim, considerando atendidas as exigência legais para gozo do benefício, entendo que há reparos a serem feitos na decisão recorrida, já que a omissão de rendimentos de pensão alimentícia identificada pela fiscalização, tanto do INSS quanto da TELOS, são improcedentes. Conclusão Fl. 88DF CARF MF 4 Tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, doulhe provimento para reconhecer a improcedência do lançamento e restabelecer os valores originalmente declarados pela recorrente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 89DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.001469/00-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO COM DÉBITO DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE.
Os pedidos de compensação protocolados anteriormente à vigência da MP 135/2003, convertida posteriormente na Lei 10.833/2003, que trouxe a redação do § 5º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, são homologados no prazo de 5 anos contados do protocolo do pedido, pois tais pedidos converteram-se em declaração de compensação nos termos do § 4º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela MP 66/2002, transformada posteriormente na Lei 10.637/2002. Entretanto, a compensação com débito de terceiros não está prevista na norma constante do art. 74, da referida Lei nº 9.430/96, devendo ser afastada eventual homologação tácita.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
SALDO NEGATIVO. CRÉDITO ORIGINADO A PARTIR DE IRRF. ERRO DE TRANSCRIÇÃO. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DO CRÉDITO POR OUTROS MEIOS QUE COMPROVEM SUA EXISTÊNCIA.
A informação incorreta da origem do crédito tributário não pode, por si só, fundamentar o indeferimento do pleito, se, após o período de apuração, o IRRF fez parte do saldo negativo apurado e, principalmente, se o crédito efetivamente existiu.
CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. VIGÊNCIA DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. INEXISTÊNCIA DE SALDO DEVEDOR PERANTE A FAZENDA NACIONAL. POSSIBILIDADE.
Durante a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 era possível a cessão de créditos decorrentes de tributos administrados pela RFB para terceiros, desde que, a partir de encontro de contas (crédito e débito) do cedente perante a Fazenda Nacional, remanescesse saldo credor.
CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. PROTOCOLIZAÇÃO DO PEDIDO DO TERCEIRO BENEFICIÁRIO APÓS A REVOGAÇÃO DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. IMPOSSIBILIDADE.
O § 1º do art. 15 da IN SRF 21/97 determina que ambas as partes desta relação de transferência de créditos (cedente e cessionário) apresentem seus respectivos pedidos de compensação. Desta forma, se uma das partes apresenta o pedido após a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 - que tratava da outorga de créditos a terceiros -, o pedido deve ser rejeitado, mesmo que todas as demais condições estejam preenchidas.
Numero da decisão: 1401-001.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de homologação tácita da compensação. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO COM DÉBITO DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. Os pedidos de compensação protocolados anteriormente à vigência da MP 135/2003, convertida posteriormente na Lei 10.833/2003, que trouxe a redação do § 5º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, são homologados no prazo de 5 anos contados do protocolo do pedido, pois tais pedidos converteram-se em declaração de compensação nos termos do § 4º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela MP 66/2002, transformada posteriormente na Lei 10.637/2002. Entretanto, a compensação com débito de terceiros não está prevista na norma constante do art. 74, da referida Lei nº 9.430/96, devendo ser afastada eventual homologação tácita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 SALDO NEGATIVO. CRÉDITO ORIGINADO A PARTIR DE IRRF. ERRO DE TRANSCRIÇÃO. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DO CRÉDITO POR OUTROS MEIOS QUE COMPROVEM SUA EXISTÊNCIA. A informação incorreta da origem do crédito tributário não pode, por si só, fundamentar o indeferimento do pleito, se, após o período de apuração, o IRRF fez parte do saldo negativo apurado e, principalmente, se o crédito efetivamente existiu. CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. VIGÊNCIA DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. INEXISTÊNCIA DE SALDO DEVEDOR PERANTE A FAZENDA NACIONAL. POSSIBILIDADE. Durante a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 era possível a cessão de créditos decorrentes de tributos administrados pela RFB para terceiros, desde que, a partir de encontro de contas (crédito e débito) do cedente perante a Fazenda Nacional, remanescesse saldo credor. CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. PROTOCOLIZAÇÃO DO PEDIDO DO TERCEIRO BENEFICIÁRIO APÓS A REVOGAÇÃO DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. IMPOSSIBILIDADE. O § 1º do art. 15 da IN SRF 21/97 determina que ambas as partes desta relação de transferência de créditos (cedente e cessionário) apresentem seus respectivos pedidos de compensação. Desta forma, se uma das partes apresenta o pedido após a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 - que tratava da outorga de créditos a terceiros -, o pedido deve ser rejeitado, mesmo que todas as demais condições estejam preenchidas.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de homologação tácita da compensação. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
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PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO COM DÉBITO DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. Os pedidos de compensação protocolados anteriormente à vigência da MP 135/2003, convertida posteriormente na Lei 10.833/2003, que trouxe a redação do § 5º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, são homologados no prazo de 5 anos contados do protocolo do pedido, pois tais pedidos converteramse em declaração de compensação nos termos do § 4º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela MP 66/2002, transformada posteriormente na Lei 10.637/2002. Entretanto, a compensação com débito de terceiros não está prevista na norma constante do art. 74, da referida Lei nº 9.430/96, devendo ser afastada eventual homologação tácita. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 SALDO NEGATIVO. CRÉDITO ORIGINADO A PARTIR DE IRRF. ERRO DE TRANSCRIÇÃO. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DO CRÉDITO POR OUTROS MEIOS QUE COMPROVEM SUA EXISTÊNCIA. A informação incorreta da origem do crédito tributário não pode, por si só, fundamentar o indeferimento do pleito, se, após o período de apuração, o IRRF fez parte do saldo negativo apurado e, principalmente, se o crédito efetivamente existiu. CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. VIGÊNCIA DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. INEXISTÊNCIA DE SALDO DEVEDOR PERANTE A FAZENDA NACIONAL. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 14 69 /0 0- 46 Fl. 392DF CARF MF 2 Durante a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 era possível a cessão de créditos decorrentes de tributos administrados pela RFB para terceiros, desde que, a partir de encontro de contas (crédito e débito) do cedente perante a Fazenda Nacional, remanescesse saldo credor. CESSÃO DE CRÉDITOS A TERCEIROS. PROTOCOLIZAÇÃO DO PEDIDO DO TERCEIRO BENEFICIÁRIO APÓS A REVOGAÇÃO DO ART. 15 DA IN SRF 21/97. IMPOSSIBILIDADE. O § 1º do art. 15 da IN SRF 21/97 determina que ambas as partes desta relação de transferência de créditos (cedente e cessionário) apresentem seus respectivos pedidos de compensação. Desta forma, se uma das partes apresenta o pedido após a vigência do art. 15 da IN SRF 21/97 que tratava da outorga de créditos a terceiros , o pedido deve ser rejeitado, mesmo que todas as demais condições estejam preenchidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de homologação tácita da compensação. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DRJ/BSA), que, por meio do Acórdão 0323.068, de 31 de outubro de 2007, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela empresa, mantendo na íntegra a não homologação do crédito tributário pleiteado. Fl. 393DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 393 3 Sirvome do relatório constante na Resolução nº 1102000.189, da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, que baixou o processo em diligência após constatação de fatos novos à investigação da contenda: (início da transcrição do relatório constante na resolução do CARF) Tratase de recurso voluntário interposto por ITSA INTERCONTINENTAL COMUNICAÇÕES LTDA contra acórdão proferido pela 4ª Turma da DRJ/Brasília que concluiu pelo indeferimento da manifestação de inconformidade contra despacho decisório que havia indeferido pedido de compensação, não reconhecendo o valor creditório alegado. O pedido de compensação (fls. 03 do processo em papel), no valor de R$ 15.525,62, é motivado pela existência de um suposto crédito oriundo de valores retidos no anocalendário de 1999, a título de imposto de renda na fonte, os quais totalizavam o montante de R$ 1.674.336,98 no início de uma sequência de pedidos de compensação iniciada no processo de nº 10166.001337/0013. Cumpre também mencionar que o pedido referese à compensação com débitos de terceiros. Contudo, esse tipo de compensação somente foi vedado, pela IN/SRF nº 41/00, posteriormente à protocolização do seu pedido. Nesta ocasião, tal procedimento era autorizado pelo artigo 15 da IN/SRF nº 21/97. Apenso ao presente processo, consta o de nº 10120.002340/0008, em que a terceira interessada na compensação solicita o cadastramento de seus débitos.. Anexo ao pedido, a requerente juntou cópias de notas fiscais de prestação de serviços de administração e cópias de DARF (fls. 30 a 168 do processo em papel). O despacho decisório da delegacia de origem indeferiu o pedido fundamentado no fato de que o imposto de renda retido na fonte, por ser considerado antecipação do devido no encerramento do período de apuração, não pode ser compensado diretamente com outros tributos e contribuições. A requerente haveria que determinar o saldo negativo e, ainda, no caso dos débitos de terceiros, comprovar a impossibilidade de sua utilização com débitos próprios. Em sua manifestação de inconformidade, essencialmente, a interessada alegou que, apesar de o pedido referirse às antecipações do IRPJ, antes de apresentar o pleito de compensação já verificara saldo negativo do imposto de renda ao final de 1999, como demonstrava a DIPJ anexada, e que a mesma indicava a opção pelo lucro real anual. Por isso, no início de 2000, os créditos inseridos no pedido já eram consolidados, líquidos e certos, e já constavam na base da Receita Federal quando da sua apreciação, devendo ter sido considerados pela autoridade fiscal. Invocou, nesse sentido, o efeito declaratório da DIPJ e o princípio da instrumentalidade das formas. Ademais, quanto aos débitos de terceiros, alegou que a legislação à época permitia esta compensação. A já mencionada 4ª Turma da DRJ/Brasília proferiu o Acórdão nº 0323.068, de 31 de outubro de 2007, por meio do qual decidiu pelo indeferimento da manifestação de inconformidade. O acórdão recorrido fundamentou sua decisão, quanto ao essencialmente alegado, amparado no fato de que não ficou provado nos autos, mediante registros contábeis e fiscais, acompanhados da documentação hábil, que: (i) as receitas auferidas, que sofreram retenções, foram oferecidas à tributação no cômputo do lucro real e (ii) que seria impossível a utilização de débitos próprios pela pessoa jurídica detentora do suposto crédito. Fl. 394DF CARF MF 4 Inconformada, a requerente apresentou recurso voluntário no qual oferece os seguintes argumentos: a) Apesar de o pedido referirse às antecipações do IRPJ, antes da decisão da 1ª instância, o saldo negativo já havia se consolidado através do decurso do tempo e da apresentação da DIPJ, a qual, por sua vez, já indicava a opção pelo lucro real anual. b) No momento do protocolo do pedido de compensação, os créditos inseridos já eram consolidados, líquidos e certos, e já constavam na base da Receita Federal quando da apreciação do pedido, devendo ter sido considerados pela autoridade fiscal. c) Sobre o efeito declaratório da DIPJ, o 1º Conselho de Contribuintes já o havia reconhecido em várias oportunidades, tal como no Acórdão nº 101945.03, do qual transcreve alguns trechos. d) Considerar a existência do crédito compensável a partir da apresentação da DIPJ, em que pese a equivocada menção à antecipações no pedido, encontra respaldo no princípio da instrumentalidade das formas. O formalismo deve servir apenas e exclusivamente para alcançar seu fim e não para obstálo. Nesse sentido, cita doutrina de Eros Grau e alguns julgados do STJ. e) As teorias da invalidação e convalidação dos atos administrativos devem ser consideradas para suprir a invalidade com efeitos retroativos. Cita, nessa linha, os ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Melo. Posteriormente, a título de razões complementares, em nova peça recursiva, acrescenta: f) A Receita Federal, através de despacho decisório prolatado nos autos do processo administrativo nº 10166.000417/200394, do qual anexa cópia, reconheceu o crédito do saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário de 1999 no montante de R$ 3.058.784,23. g) Quanto à alegada necessidade de comprovação da impossibilidade de se aproveitar dos próprios créditos, cabe salientar fato já comprovado à Receita Federal, de que a ITSA sofreu prejuízos fiscais no período de 1999 a 2006, conforme valores informados em tabela que anexa, os quais foram regularmente declarados nas DIPJs do período. A recorrente, como holding, quase não auferiu receitas no período e o recolhimento de impostos federais não foi suficiente para consumir todo o crédito. Ademais, a exigência de COFINS e PIS sobre receitas financeiras no período de fevereiro de 1999 a janeiro de 2004 foi contestada perante o Judiciário. As ações transitaram em julgado em seu favor, sendo que, relativamente à COFINS, obteve sua homologação nos autos de pedido de compensação deferido em 17/11/06, conforme anexa, e relativamente ao PIS, ainda não teria solicitado a habilitação do crédito. Ao final, requer o provimento do recurso para que seja deferido o pleito de compensação, reconhecendose como válido o valor creditório apresentado para tanto. Antes de o processo ser remetido para o CARF, a delegacia de origem entendeu que o direito creditório havia sido definido pelo mesmo despacho decisório citado pela recorrente, ou seja, aquele proferido nos autos do processo nº 10166.000417/200394. Com isso, visando uniformidade de procedimento com relação a todas as compensações com origem no mesmo direito creditório, as quais foram pleiteadas em diversos processos, procedeu à elaboração de um relatório denominado Demonstrativo Analítico de Compensação por meio do Sistema Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 394 5 Operacional – SAPO, no qual detalha a situação de compensação de todos os pedidos por entender que o direito creditório é suficiente. (término da transcrição do relatório constante na resolução do CARF) Não obstante a Informação Fiscal supra prestada pela DRF/BSA em relação ao processo nº 10166.000417/200394, o Conselheiro relator (à época) deste processo ainda permaneceu em dúvida em relação a algumas questões, as quais reproduzo abaixo (efls. 459): Diante disso, a Divisão de Orientação e Análise Tributária – DIORT – da delegacia de origem elaborou o mencionado relatório do Sistema Operacional – SAPO (fls. 326 a 367 do processo em papel), no qual detalha a situação dos pedidos de compensação de 111 débitos, reunidos em diversos processos, inclusive o presente, e perfazendo um total de R$ 1.990.071,66, por entender que o direito creditório reconhecido seria suficiente. Contudo, não ficou claro se o despacho decisório proferido no processo nº 10166.000417/200394 efetivamente reconheceu os R$ 3.058.784,23 como crédito referente ao saldo negativo do IRPJ de 1999 ou se apenas reconheceu os R$ 393.416,18 utilizados na compensação do referido processo. A dúvida exsurge, principalmente, a partir do que está estatuído no item 21 do despacho decisório. Além disso, não ficou também claro se dentre as retenções do imposto de renda na fonte que fundamentaram o despacho decisório (conforme seu item 19), estão incluídas as retenções que totalizam o montante de R$ 1.674.336,98, inicialmente alegado como crédito passível de compensação na protocolização dos pedidos formulados neste e em outros processos. Ademais, há que se aferir também a efetiva inexistência de débitos da própria recorrente na data da protocolização dos pedidos em que solicita compensação com débitos de terceiros. De fato, o artigo 15 da IN/SRF nº 21/97, autorizado pelas disposições legais então vigentes, assim dispunha: Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. (grifo nosso) Portanto, tratase de verificar se a contribuinte possuía débitos de sua própria titularidade em aberto quando protocolou o pedido. As alegações e documentos juntados pela recorrente em suas razões complementares, apesar de sugestivas dessa inexistência de débitos, não se prestam à comprovação efetiva da condição estabelecida na norma. Assim, resolveu baixar o processo em diligência, ocasião em que foi acompanhado pela turma, para que a Delegacia de origem adotasse as seguintes providências: 1. Confirmar se dentre as retenções do imposto de renda na fonte que fundamentaram o despacho decisório proferido no processo nº 10166.000417/2003 94 (conforme seu item 19) estão incluídas as retenções que totalizam o montante de R$ 1.674.336,98 inicialmente alegado como crédito passível de compensação na protocolização dos pedidos formulados neste e em outros processos. Observar que junto aos pedidos a requerente havia anexado demonstrativos das retenções Fl. 396DF CARF MF 6 efetuadas, cópias de notas fiscais de prestação de serviços de administração e cópias de DARF (fls. 30 a 168 do processo em papel). 2. Verificar a efetiva inexistência de débitos da própria recorrente na data da protocolização do pedido em que solicita compensação com débitos de terceiros (fls. 03 do processo em papel). Terminada a diligência, a fiscalização elaborou Informação Fiscal em que reconhece que dentre as retenções do imposto de renda na fonte que fundamentaram o despacho decisório proferido no processo nº 10166.000417/200394 (conforme seu item 19) estão incluídas as retenções que totalizam o montante de R$ 1.674.336,98. Outrossim, confirmou a autoridade fiscal que não há débitos da própria recorrente na data da protocolização do pedido em que solicita compensação com débitos de terceiros, conforme se pode extrair dos trechos abaixo colacionados (efls. 462 e 463): Resposta ao item 1 da Diligência 2. Em relação ao quesito confirmação das retenções, fora realizada uma conferência entre os documentos (notas fiscais e darfs) apresentados pelo contribuinte (processo 10166.001337/0013 fl. 42/181) e os valores retidos em DIRF. Os valores dos documentos apresentados que foram localizados em DIRF foram desconsiderados, haja vista já terem sido reconhecidos quando da apreciação do processo 10166.000417/200394. Destacase que o citado processo já computou as retenções contidas em DIRF, motivo pelo qual desconsiderase aqui as retenções já utilizadas. 4. Desta feita, excluídos os valores já reconhecidos em DIRF, temse o resultado constante na Tabela1, em anexo. Do total de retenções alegadas pelo Contribuinte (R$ 1.674.336,98), não fora localizado em DIRF beneficiário apenas o valor de R$ 153.336,36 (Cento e cinquenta e três mil, trezentos e trinta e seis reais e trinta e seis centavos.), tendo sido o restante já aproveitado no processo 10166.000417/200394. Portanto, fica esclarecido o quesito 1 da presente Diligência. Resposta ao item 2 da Diligência 5. Quanto ao quesito nº 2, que trata da verificação da inexistência de débito na data da protocolização do pedido, informase que, dentre as consultas que puderam ser realizadas para obtenção de tal informação, não se identificou a existência de débitos em aberto no momento da impetração do processo. 6. Portanto, concluise a presente Informação Fiscal em atendimento aos requerimentos dessa Corte Administrativa. Ainda na Informação Fiscal, o auditor fiscal reforçou a necessidade de manutenção da não homologação do crédito aqui pleiteado. Vejase: 8. Todos os processos a seguir relacionados foram impetrados com base no mesmo fundamento, qual seja. Após a realização da apuração do IRPJ, em 31 de dezembro, o impetrante identifica possíveis novas retenções e impetra processo paralelo com o intuito de reaver/compensar tais valores alegadamente retidos. (processos: 10166.001337/0013, 10166.001336/0042, 10166.001469/0046, Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 395 7 10166.001470/0025, 10166.003003/0021, 10166.003006/0019, 10166.003004/00 93 e 10166.003005/0056) 9. Contudo, acertadamente todos os Despachos Decisórios, fundamentados nos artigos 1º a 6º da Lei 9.430/1996, ou em sua regulamentação, Decreto 3000/1999, artigos 647, 650, 770, §§, 773, restaram por indeferir o pleito do Contribuinte. Pois, como decorrência da clara leitura do art. 2º, §§ da Lei 9430/1996, in verbis, a pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado. A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real. (grifos nossos) 10. Ou seja, a previsão legal existente determina a apuração do Lucro Real a cada 31 de dezembro, possibilitando a dedução dos valores antecipadamente retidos na fonte. Contudo, não há previsão legal para o aproveitamento dos valores retidos na fonte que não seja por meio da sistemática estabelecida pela Lei 9.430/1996. Menos ainda existe a possibilidade de restituição/compensação direta de valores retidos. 11. Desta forma, causa muita estranheza o viés dado ao deslinde do presente processo, com a conversão do julgamento em diligência para apreciar uma atitude do contribuinte que não possui substrato legal. E tratandose o E. CARF um tribunal administrativo, é plenamente sabido que suas decisões não podem se fundamentar praeter legem, decidindose de forma a exorbitar que a lei previu. 12. Admitir que o contribuinte possa descumprir a lei, transmutando ao Fisco a responsabilidade pela verificação, conferência, e chancela da atividade contribuinte, significa jogar por terra o instituto tributos lançados por homologação, e lançamento por homologação, o qual atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento (apuração) sem prévio exame da autoridade administrativa. 13. Portanto, dada a solidez do instituto do lançamento por homologação, dada a previsão expressa contida na Lei nº 9.430/1996, e pelo detalhamento contido no Decreto nº 3.000/1999, reforço nesta Informação Fiscal que fora deveras acertado o Despacho Decisório prolatado no presente processo, exarado pelo AuditorFiscal da Delegacia da Receita Federal em Brasília/DF. A empresa foi notificada sobre o teor da Informação Fiscal, por meio de seu representante legal, Sr. Luiz Eduardo B. Pinto da Rocha, mas não apresentou qualquer manifestação. Passado isto, o processo retornou a este CARF para o prosseguimento de seu julgamento. Como o relator do processo no CARF, Ricardo Marozzi Gregório, renunciou ao mandato de Conselheiro, nos termos da Portaria MF nº 442/2016, publicada no D.O.U. de 22/11/2016, o processo foi redistribuído, cabendo a mim sua relatoria. É o Relatório. Fl. 398DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Antes de adentrar na discussão do mérito, verifiquei que há uma questão prejudicial a ser avaliada: o prazo entre a protocolização do pedido de compensação e a ciência do Despacho Decisório é maior que o prazo de 5 (cinco) anos. Assim, passo a apreciar tal questão: PREJUDICIAL DE MÉRITO O pedido de compensação foi protocolado na data de 11/02/2000, conforme se observa na tela abaixo, extraída do comprot. A ciência do Despacho Decisório se deu na data de 24/05/2007 (cf. AR de efls. 180). Antes, porém, de analisar se ocorreu a homologação tácita do pedido de compensação, é preciso expor a falta de prequestionamento quanto a este ponto. A empresa não trouxe ao processo o pedido de reconhecimento de homologação tácita nem na impugnação, tampouco no recurso voluntário , não tendo sido, portanto, explorado pela instância a quo. Assim, devese avaliar a possibilidade de reconhecer, ou não, a matéria que versa sobre eventual homologação tácita, tendo em vista o princípio processual da preclusão, conforme dita o art. 17 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 396 9 Da inteligência do artigo, extraise que questões não trazidas ao processo desde a impugnação não merecem ser analisadas pelo julgador, devendo ser afastadas. Por outro lado, é cediço que a decadência (ou, no caso, a homologação tácita) é matéria de ordem pública, a qual pode ser interpretada como norma que ultrapassa o interesse das partes no litígio, porquanto tem objetivo de alcançar o interesse da sociedade, que decorre do interesse público. É de sabença dos militantes do direito que matérias de ordem pública devem ser reconhecidas de ofício, independentemente de prequestionamento, ao menos no processo administrativo fiscal. Sendo assim, reconheço de ofício a possibilidade de análise da homologação tácita, passando a avaliála. Pois bem. Como dito, a empresa apresentou o pedido de compensação na data de 09/02/2000, sendo que a ciência do Despacho Decisório se deu na data de 24/05/2007. Caso o processo de compensação fosse protocolado após a vigência da MP 135/2003, convertida na Lei 10.833/2003, ou seja, após (inclusive) 30/10/2003, o prazo para homologação tácita seguiria o disposto no § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, reproduzido abaixo: § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Como a ciência do Despacho Decisório se deu após o prazo de 5 (anos) do protocolo do pedido de compensação, a homologação tácita já teria sido atingida, cabendo tão somente o seu reconhecimento por parte deste órgão julgador. Entretanto, o pedido de compensação se deu em data anterior à vigência da referida MP 135/2003. Assim, o que se deve buscar é se a referida regra homologatória pode ser aplicada ao caso em comento. A princípio, poderseia concluir que os processos de compensação protocolados antes da vigência da MP 135/2003 não deveriam seguir prazo algum para homologação tácita. Desta forma, a Receita Federal poderia analisar pedidos de compensação e emitir parecer ao pleito das empresas a qualquer tempo. Mas não é isso. A introdução do § 4º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, pela MP 66/2002, convertida na Lei 10.637/2002, teve o objetivo de converter os pedidos de compensação protocolados anteriormente à data de sua vigência, qual seja, 01/10/2002 em declaração de compensação: Fl. 400DF CARF MF 10 § 4º Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. Como visto, o legislador atribuiu os mesmos efeitos no artigo 74 aos pedidos de compensação protocolados anteriormente à vigência da MP 66/2002. Posteriormente, com a redação dada ao § 5º do art. 74, da Lei nº 9.430/96, constouse previsão de que os pedidos de compensação são homologados no prazo de 5 anos contados de seu protocolo: § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Assim, podese concluir que os pedidos de compensação protocolados anteriormente a 01/10/2002 foram convertidos em declaração de compensação, e, em decorrência disso, seguem o prazo de homologação tácita de 5 (cinco) anos, conforme a redação dada ao supracitado § 5º do art. 74, da Lei nº 9.430/96. Ocorre que a compensação com débito de terceiros, apesar de permitida durante a vigência do art. 15 da IN/SRF nº 21/971, não foi contemplada pela redação constante no caput do artigo 74, da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) (gn) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (gn) É de se reparar que o artigo 74 aplicase às compensações efetuadas com débitos próprios, e não com débitos de terceiros, como é o caso aqui analisado. Sendo assim, as compensações efetuadas com débitos de terceiros não se convertem em declaração de compensação, pois, conforme interpretação da parte final da redação do § 4º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, "... serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo" (destaquei), o artigo 74 não se aplica às compensações protocoladas com objetivo de abater débitos de terceiros. 1 Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 41, de 07 de abril de 2000) Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 397 11 Também entendo que deve ser afastado eventual argumento de que a redação não previu a possibilidade de compensação com débitos de terceiros, pois, na época de sua vigência, a legislação que permitira tal compensação já não estava mais vigente. Isto porque entendo que a regra estampada na Lei 9.430/96 é muito clara, não permitindo outra interpretação. Se o legislador intentasse permitir a compensação com débitos de terceiros, teria efetivamente positivado a regra. Como não o fez, deve ser afastado tal argumento. A COSIT se manifestou sobre o prazo para homologação de compensação, conforme SCI (Solução de Consulta Interna) nº 1, de 04/01/2006, concluindo também por sua impossibilidade: EMENTA: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO CONVERTIDO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO DE CINCO ANOS PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO TÁCITA PARA PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO NÃO CONVERTIDOS EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. OBRIGATORIEDADE DE EXAME DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CABIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE CONTRA O NÃORECONHECIMENTO DO CRÉDITO OBJETO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. O prazo para a homologação de compensação requerida à Secretaria da Receita Federal tem sua contagem iniciada na data do protocolo do pedido de compensação convertido em declaração de compensação. Será considerada tacitamente homologada, mediante despacho proferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, independentemente da procedência e do montante do crédito. Não foram convertidos em declaração de compensação os pedidos de compensação de créditos de terceiros, “créditoprêmio” instituído pelo art. 1º do DecretoLei nº 491, de 1969, título público, crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado e crédito que não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Os pedidos de compensação não convertidos em Declaração de Compensação não estão sujeitos à homologação tácita e devem ser deferidos ou indeferidos pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal. Diante do exposto, voto por REJEITAR a preliminar de homologação tácita quanto ao pedido de compensação protocolado neste processo. MÉRITO A questão nuclear a ser discutida gravita na configuração apresentada pela recorrente para pleitear crédito tributário de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1999. Como visto, o pedido de compensação protocolado pela recorrente tem na sua origem a Fl. 402DF CARF MF 12 apuração de crédito decorrente de IRRF do ano de 1999, e não em apuração de saldo negativo gerado no referido anocalendário. Ultrapassado isso, devese avaliar se a recorrente poderia ter cedido seus créditos a terceiros: análise da legislação da época da cessão; verificação de débitos perante a Fazenda Nacional; e confirmação da data de protocolização dos pedidos de compensação, por parte do cedente e do cessionário do crédito envolvido. Pois bem. A fiscalização, com base na dicção do art. 650, do RIR/99, não homologou a compensação pleiteada por entender que o imposto de renda retido na fonte, por ser considerado antecipação do devido no encerramento do período de apuração, não pode ser compensado diretamente com outros tributos e contribuições. Outrossim, como a recorrente solicitou a compensação com débitos de terceiros, a fiscalização indeferiu o pedido adicionando informação de que a empresa não comprovou a impossibilidade de utilização do crédito apurado com débitos próprios, premissa indispensável à cessão de créditos a terceiros. A recorrente, por sua vez, alega que no momento da análise do crédito pleiteado já havia apurado saldo negativo de IRPJ do anocalendário 1999. Em razão disso, não obstante a informação equivocadamente prestada no pedido de compensação, o direito à compensação superava a forma como foi apresentado o pedido. Pois bem. Analisando a DIRF do anocalendário de 1999, que tem como beneficiária a recorrente, percebo que o valor de Imposto de Renda Retido na Fonte corresponde à monta de R$ 3.058.784,23, veja: No processo 10166.000417/200394 (efl. 210), a DRF preparou a tabela abaixo apresentando a descrição de cada código de retenção: Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 398 13 No Despacho Decisório (efls. 213 a 219) constante no processo 10166.000417/200394, a fiscalização deferiu o crédito de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 1999 no montante de R$ 3.058.784,23, vejase (efl. 218): (início da transcrição do Despacho Decisório) 18. Ao analisar os relatórios do sistema Sief Dirf das filiais verificouse que, no anocalendário de 1999, nenhuma delas sofreu retenção na fonte. 19. Desta forma temse, dividido por código de arrecadação, o total de retenção no ano calendário de 1999 conforme consolidado na Tabela 2 (fl. 214). Fl. 404DF CARF MF 14 Portanto, o montante passível de utilização para compor o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1999 a título de IRRF é de R$ 3.058.784,23. 20. Como a contribuinte não apurou imposto devido no anocalendário de 1999 e sofreu retenções no valor de R$ 3.058.784,23, o montante total passível de utilização como crédito de saldo negativo de IRPJ seria de R$ 3.058.784,23. Mas a contribuinte optou neste processo a solicitar como crédito apenas o valor de R$ 393.416,18 (fl. 02). (destaquei) 21. Portanto validase, como optou a contribuinte, o montante de R$ 393.416,18 como crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1999. (término da transcrição do Despacho Decisório) Como visto, a empresa possuía saldo negativo apto a convalidar a compensação solicitada neste processo. Entretanto, a única diferença é que, em relação a este processo (nº 10166.001469/0046), a recorrente solicitou o pedido de homologação de crédito e compensação a partir da apuração do IRRF, e não do saldo negativo de IRPJ, o que já foi feito no processo nº 10166.000417/200394. Não obstante a indevida informação constante neste processo que se julga, entendo impertinente a improcedência da manifestação de inconformidade pela DRJ/BSA, uma vez que a empresa comprovadamente demonstrou ter apurado saldo negativo no ano de 1999 no montante de R$ 3.058.784,23, apenas tendo cometido falha na elaboração do pedido. Isto porque, como trazido pela recorrente, na protocolização do pedido em 02/2000, a empresa já havia apurado o seu resultado fiscal do ano de 1999, o qual resultou na apuração de prejuízo fiscal do ano corrente. Veja na ficha 13A (Cálculo do IR sobre o Lucro Real) da DIPJ 2000, ac 1999 (efl. 208), que a empresa apurou o referido saldo negativo de IRPJ. Observase que, apesar de conter o valor de R$ 3.199.593,37 de saldo negativo na DIPJ, a empresa posteriormente reconheceu que somente teria o montante de R$ 3.058.784,23. Sendo assim, incorreto seria fundamentar a não homologação do crédito tributário e, por consequência, as compensações efetuadas, na incorreção da informação Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 399 15 prestada pela empresa, abstendose de conceder um crédito tributário que efetivamente a empresa demonstrou ter apurado. Para formar meu livre convencimento sobre o julgamento deste processo, entendo que devo me servir da verdade material. Conforme lição de Leandro Paulsen2, o processo administrativo é regido pelo princípio da verdade material, segundo o qual a autoridade julgadora deverá buscar a realidade dos fatos, conforme ocorrida, e para tal, ao formar sua livre convicção na apreciação dos fatos, poderá julgar conveniente a realização de diligência que considere necessárias à complementação da prova ou ao esclarecimento de dúvida relativa aos fatos trazidos no processo. Aplicando tal primado ao presente caso, entendo perfeitamente possível analisar o pedido de compensação da recorrente, mesmo que tenha se equivocado na prestação de informação sobre a origem do crédito ao fisco. Partindo da premissa de que é possível reconhecer o crédito da recorrente, devese avaliar a possibilidade de compensação com débito de terceiros. Como já trazido pela fiscalização, o pedido de compensação com débitos de terceiros foi apresentado durante a vigência do art. 15 da IN/SRF nº 21/97, dispositivo legal que permitia tal compensação, desde que os créditos excedessem o total dos débitos da requisitante. A partir da diligência requerida pela turma do CARF, a fiscalização confirmou que a recorrente não tinha débitos perante a Fazenda Nacional que impedissem a outorga de créditos a terceiros. Sendo assim, restou possibilitada a transferência dos créditos apurados a terceiros. Entretanto, resta verificar se o crédito é suficiente para compensar os débitos constantes neste processo, nos demais processos de compensação que também foram indeferidos pelas mesmas razões constantes no Despacho Decisório e na decisão da DRJ (processos 10166.001337/0013, 10166.001336/0042, 10166.001470/0025, 10166.003003/0021, 10166.003004/0093, 10166.003005/0056, 10166.003006/0019), e também, no processo nº 10166.000417/200394. Como visto, no processo nº 10166.000417/200394, a fiscalização acostou tabela em que demonstra o total de débitos compensados a partir daquele processo (efl. 209): 2 PAULSEN, Leandro. Direito Processual Tributário: processo administrativo fiscal e execução fiscal à luz da doutrina e da jurisprudência, 5. ed., Porto Alegre, Livraria do Advogado. Fl. 406DF CARF MF 16 Os débitos de terceiros compensados a partir desse processo e dos processos 10166.001337/0013, 10166.001336/0042, 10166.001470/0025, 10166.003003/0021, 10166.003004/0093, 10166.003005/0056, 10166.003006/0019, comportam o montante conforme a tabela abaixo (efl. 175): Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 400 17 Desta forma, mesmo com a compensação dos débitos constantes no processo 10166.000417/200394, ainda assim sobrariam créditos suficientes para que todas as compensações constantes nos processos 10166.001336/0042, 10166.001337/0013, 10166.001469/0046, 10166.001470/0025, 10166.003003/0021, 10166.003004/0093, 10166.003005/0056, 10166.003006/0019 fossem homologadas. Por fim, quanto à tributação dos rendimentos que geraram a retenção na fonte, exigência somente ventilada pela DRJ, entendo que a informação na DIPJ ac 1999 (efl. 200) é suficiente para comprovar que as receitas que sofreram retenção do imposto de renda na fonte foram tributadas, conforme abaixo: Isto porque seria muito improvável que os rendimentos que sofreram retenção na fonte e foram informados na DIRF pelas fontes pagadoras não fossem informados na DIPJ, mas sim outros rendimentos que não sofreram retenção pelas fontes pagadoras. Fl. 408DF CARF MF 18 Outrossim, na ficha 10A (efl. 201), não consta exclusão referente às receitas acima. Somente consta exclusão relevante de "Ajustes por aumento de valor de investimento avaliado pelo PL" no montante de R$ 147.112.829,86, para anular efeito da linha 25 da ficha 07A (Resultados positivos em participações societárias), no mesmo valor. Desta forma, pode se concluir que os rendimentos foram considerados na apuração do lucro real/prejuízo fiscal. Quanto à receita de prestação de serviços, consta como base para retenção o montante de R$ 1.257.339,67. Na DIPJ consta o valor de R$ 1.195.105,93. Apesar de divergência, os valores não são necessariamente coincidentes, pois a retenção é feita (e declarada na DIRF) com base no regime de caixa, enquanto que a tributação da receita é feita com base no regime de competência. Desta forma, como os valores se aproximam, concluo que a receita de prestação de serviços referente à retenção na fonte foi efetivamente tributada. Por tudo que foi exposto, entendo que seria possível o deferimento da compensação solicitada pela recorrente neste processo administrativo fiscal, a não ser pela ressalva que faço abaixo, em relação ao prazo para protocolização do pedido feito pelo terceiro beneficiado com o crédito. Protocolização dos Pedidos de Compensação prazo Como visto, a compensação com débitos de terceiros era permitida com base no art. 15 da IN SRF 21/97: Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 41, de 07 de abril de 2000) Entretanto, o § 1º do dispositivo legal aduz que o pedido de compensação deverá ser efetuado por ambos os contribuintes, titulares do crédito e do débito. § 1º A compensação de que trata este artigo será efetuada a requerimento dos contribuintes titulares do crédito e do débito, formalizado por meio do formulário "Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros", de que trata o Anexo IV. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 41, de 07 de abril de 2000) Posteriormente, a referida regra de transferência de crédito foi revogada pelo art. 2º da IN SRF 41/2000, que teve vigência a partir de 10 de abril de 2000: Art. 2º Fica revogado o art. 15, caput e parágrafos, da Instrução Normativa SRF Nº 021, de 10 de março de 1997. Ocorre que, não obstante ambas empresas envolvidas terem apresentado os pedidos de compensação, como exigia o § 1º do art. 15 da IN 21/97, e a empresa cedente do crédito ora recorrente ter protocolado o pedido de compensação na data de 11/02/2000, a empresa beneficiadora do crédito (terceiro beneficiado) apresentou o referido pedido na data de 15/05/2000, ou seja, após o prazo de vigência do art. 15 da IN 21/97 período em que não mais se permitia a transferência dos créditos. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10166.001469/0046 Acórdão n.º 1401001.997 S1C4T1 Fl. 401 19 Assim, o pedido de compensação deve ser negado. Conclusão Diante do exposto, voto por AFASTAR a preliminar de homologação tácita, e, no mérito, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário, pelas razões acima aduzidas. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 410DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001898/2002-61
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DA REGRA DO art. 150, § 4º, do CTN.
Preenchidos os requisitos para a incidência do art. 150, § 4º, do CTN, bem como do decurso do prazo de cinco previsto nesse dispositivo, deve ser reconhecida a extinção do crédito tributário pela decadência.
Numero da decisão: 9101-002.967
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza.
(assinatura digital)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. (assinatura digital) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício. (assinatura digital) Luís Flávio Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício).
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DA REGRA DO art. 150, § 4º, do CTN. Preenchidos os requisitos para a incidência do art. 150, § 4º, do CTN, bem como do decurso do prazo de cinco previsto nesse dispositivo, deve ser reconhecida a extinção do crédito tributário pela decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. (assinatura digital) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 18 98 /2 00 2- 61 Fl. 1797DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é recorrida UNIBANCOUNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS SA (doravante “contribuinte” ou “recorrida”), em face do acórdão n. 1101000.178 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela 1a Turma Ordinária da 1a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O recurso especial trata de termas pertinentes (1) à contagem do prazo decadencial, (2) à possibilidade de dedução dos valores referentes a tributos com exigibilidade suspensa, e (3) à possibilidade de dedução de despesa com juros de mora sobre tributos com exigibilidade suspensa. Conforme se colhe do Termo de Verificação Fiscal, esses são os fatos presentes no caso (efls. 48 e seg.): “Na apuração do lucro líquido, dos mencionados anoscalendário [1996 a 2000], o contribuinte deduziu os valores, abaixo discriminados, relativamente a tributos e contribuições, que estavam, à época, com exigibilidade suspensa por força de medidas judiciais, bem como os respectivos juros de mora, importâncias essas contabilizadas a crédito da conta 4.9.4.50.006 denominada “Provisão para Fiscais” (efls. 48 49). “Como se depreende da legislação tributária acima reproduzida, a provisão formada para pagamento dos tributos, contribuições e respectivos acréscimos legais, cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos dos incisos ll a IV do artigo 151 do C.T.N., não são dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido pelo regime de competência, ou seja, somente serão dedutíveis quando do efetivo pagamento” (efls. 53) A DRJ, por meio do acórdão n. 10.404, julgou a impugnação administrativa parcialmente procedente, mantendo o lançamento em parte (efls. 1099 e seg.). A decisão restou assim ementada: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 Ementa; NULIDADE DA AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A descrição completa dos fatos, bem como a indicação da capitulação legal da autuação, constituemse em elementos suficientes para que o sujeito passivo possa exercer plenamente o seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Não há nulidade quando se verifica ser o crédito tributário lançado parcialmente procedente. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Juridica IRPJ Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 Ementa: BASE DE CÁLCULO. ADIÇÕES AO RESULTADO DO PERÍODOBASE. IRPJ e CSLL. Devem ser adicionadas ao resultado do períodobase, para determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, as importâncias antes deduzidas, segundo o regime de competência, referentes a tributos cuja exigibilidade esteja suspensa em virtude de decisão judicial. POSTERGAÇÃO. MULTA ISOLADA. DENÚNCIA ESPONTÁNEA. Fl. 1798DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200261 Acórdão n.º 9101002.967 CSRFT1 Fl. 1.798 3 Não ocorre a denúncia espontânea quando o recolhimento do tributo é efetuado fora do prazo sem acréscimo dos juros de mora. Configurada a obrigatoriedade da multa de mora, o seu não recolhimento implica no lançamento da multa isolada, nos termos do § 1°, II do art. 44 da Lei n° 9.430/1996. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. ARGÚIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar argüição de inconstitucionalidade de lei. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OF ÍCIO. Incabível a redução dos tributos lançados de oficio pela compensação de créditos alegados pelo sujeito passivo sem os atributos de certeza e liquidez exigidos pela lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. Ao crédito tributário não recolhido no vencimento são acrescidos juros de mora calculados com base na Taxa Selic, cujo montante efetivo será determinado no momento da liquidação do débito. Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 1996, 1997, 1998 Ementa: CSLL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. PROCESSO APARTADO. Deverá ser apartado em outro processo a exigência da CSLL calculada com alíquota superior a 8%, nos períodos em que a exigibilidade esteve suspensa, para que seja aguardado o deslinde das respectivas ações judiciais, excluindose da exigência a correspondente multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei n° 9.430/1996. Lançamento Procedente em Parte Nesse seguir, foi interposto recurso voluntário pelo contribuinte (fls. 1136 e seg. do eprocesso). Na decisão recorrida, a Turma a quo acordou, por unanimidade dos votos, em negar provimento ao recurso de ofício; por unanimidade dos votos, acolher a decadência da CSLL do anocalendário de 1996; por maioria dos votos, dar provimento ao recurso quanto a matéria “dedutibilidade dos juros de mora sobre tributos com exigibilidade suspensa, no IRPJ”, nos períodos dessa suspensão; por maioria dos votos, reconhecer a dedutibilidade dos tributos e juros quesitonados judiciamente na apuração da ase de cálculo da CSLL; e, por unanimidade dos votos, considerar prejudicada a apreciação das demais alegações recursais (efls. 1609 e seg.). O acórdão recorrido restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998, 1997, 1999, 2000 RECURSO EX OFFICIO IRPJ/CSLL. BASE DE CÁLCULO. Independentemente do exame do mérito quanto ao lançamento, os erros cometidos na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devem ser corrigidos pelas autoridades administrativas. RECURSO VOLUNTÁRIO INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI A apreciação da constitucionalidade ou não de lei regularmente emanada do Poder Fl. 1799DF CARF MF 4 Legislativo é de competência exclusiva do Poder Judiciário, pelo princípio da independência dos Poderes da República, como preconizado na nossa Carta Magna. Assim, somente será apreciada nos Tribunais Administrativos quando uniformizada e pacificada na esfera judicial pelo Supremo Tribunal Federal. LUCRO REAL JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA PAGAMENTO POSTERIOR Se no momento da fiscalização os juros não mais estão com exigibilidade suspensa, a autoridade fiscal deve fazer o lançamento como postergação, avaliando a repercussão dos pagamentos posteriores, assim como dos demais efeitos dos ajustes promovidos no lucro real. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO DECADÊNCIA Por se tratar de tributo cuja modalidade de lançamento é por homologação, expirado cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador sem que a Fazenda Pública tenha se pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. BASE DE CÁLCULO DA CSLL TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA E CORRESPONDENTES JUROS – DEDUTIBILIDADE Inexiste, na legislação, norma que determine a adição, à base de cálculo da CSLL, de tributos com exigibilidade suspensa e correspondentes juros moratórios. Notese que, embora o recurso voluntário tenha sido julgado na sessão de 27.08.2009, o respectivo acórdão apenas foi publicado em 29.06.2015. Nesse intervalo, mais precisamente em 30.01.2014, o contribuinte peticionou informando a adesão a programa de parcelamento e a consequente desistência da discussão de parcela do débito, nos seguintes termos (efls. 1590 e seg): Nesse cenário, a discussão remanescente neste processo administrativo está adistrita ao período de 1996, o qual a decisão recorrido considerou alcançado pelo decadência. Em face do acórdão prolatado pela Turma a quo, a PFN interpôs recurso especial arguindo divergência de interpretação a respeito dos três temas acima indicados: (1) Fl. 1800DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200261 Acórdão n.º 9101002.967 CSRFT1 Fl. 1.799 5 decadência; (2) dedutibilidade de tributo com exigibilidade suspensa; (3) dedutibilidade dos juros de mora referentes aos tributos com exigibilidade suspensa (efls. 1642 e seg.). O aludido recurso foi integralmente admitido por despacho (efls. 1698 e seg.). Em breve síntese, alega a recorrente em seu recurso: “Logo, para que se possa cogitar de lançamento por homologação a ensejar a aplicação do artigo 150, § 4º do CTN, o contribuinte deve ter procedido à antecipação do pagamento do tributo. Não ocorrendo a antecipação do pagamento, nada há a homologar, ocorrendo, em verdade, lançamento de ofício, o qual rende ensejo, para determinação do termo inicial da contagem do prazo de decadência, à aplicação da norma contida no art. 173, I, do CTN” (efls. 1672). “O entendimento acima sedimentado e agora pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça não deixa espaços para outras divagações ou interpretações senão a amplamente exposta e defendida pela Fazenda Pública: ainda que se trate de tributo sujeito ao lançamento sob a modalidade por homologação, não ocorrendo a antecipação do pagamento do tributo apurado, para aferição do prazo decadencial, deverá ser aplicada a regra prevista no artigo 173, inciso I, do CTN, independentemente da constatação de ocorrência de fraude, dolo ou simulação na espécie” (efls. 1674). “Nos termos acima expostos, considerandose que a CSLL relativa ao ano calendário de 1996 foi objeto de lançamento cientificado ao sujeito passivo em 24/04/2002, cabe concluir que não se operou o transcurso do prazo decadencial” (efls. 1676). “O art. 2º, §1º, letra “c”, item 3, da Lei 7.689/1988, com redação determinada pelo art. 2º da Lei 8.034/1990, dispõe que para efeito de determinar a base de cálculo da CSLL, o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o imposto de renda. Portanto, para determinação da base de cálculo da CSLL, o valor inicial é o lucro líquido apurado segundo a legislação comercial. Como tal se compreende a adoção dos princípios contábeis geralmente aceitos, que compreende o regime de competência nos registros das obrigações” (efls. 1677). “Como se observa das disposições acima transcritas, a legislação determina expressamente a adição dos juros de mora, pois se o §1º do art. 41 da Lei 8.981/95 dispõe sobre uma exceção em relação à dedutibilidade de tributos e contribuições na determinação do lucro real, segundo o regime de competência, de que não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, conseqüentemente, os juros de mora incidentes sobre esses valores também não podem seguir o regime de competência, por serem acessórios do principal” (efls. 1686). O contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial da PFN (fls. 1723 do eprocesso), em que argumenta, em breve síntese, que: “(...) o recurso interposto pela Fazenda Nacional não merece ser conhecido por esta E. Câmara Superior, uma vez que (i) quanto à decadência, tenha sido devidamente recolhida a CSL apurada em 31.12.1996, não se configura a divergência entre os acórdãos paradigmas e a decisão recorrida; e (ii) quanto às demais matérias, carece de interesse processual da Recorrente, uma vez que os créditos tributários foram extintos por força do pagamento realizado pela Recorrida, valendose das benesses da Lei nº 11.194/09” (efls. 1734). Fl. 1801DF CARF MF 6 Não haveria norma que regesse a CSLL vedando a dedutibilidade dos tributos com exigibilidade suspensa e dos juros correspondentes para efeito de sua apuração. O regime de competência exigiria que a despesa seja registrada quando incorrida, não quando paga, logo, deverseia registrar a despesa do tributo no momento do seu fato gerador. “Por fim, ressalta a Recorrida que, em razão do acolhimento da preliminar de decadência, a C. 1ª Turma da 1ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não apreciou outros fundamentos de seu Recurso Voluntário atinentes ao lançamento da CSL, relativa ao anobase de 1996” (efls. 1748). Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto, Relator. Quanto ao conhcimeto do recurso especial, importa delimitar a discussão apenas quanto ao período de 1996, tendo em vista a renúncia do contribuinte aos demais períodos incluídos em programa de parcelamento tributário. Ademais, pugna o contribuinte não seja conhecido o recurso especial interposto pela PFN, pois não restaria evidenciada a divergência entre os acórdãos indicados como paradigmas e o acórdão recorrido. Não haveria semelhança fática entre os aludidos acórdãos capaz de evidenciar divergência hábil ao manejo do recurso especial. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial de divergência interposto pela PFN, razão pela qual não merece reparo. Enquanto o acórdão recorrido compreendeu que apenas seria necessário aferir se o tributo seria sujeito ou não ao lançamento por homologação, os acórdãos indicados como paradigmas compreenderam que tal dado não seria suficiente para ensejar a incidência do art. 150, § 4º, do CTN, fazendose necessário aferir se declaração e quitação do tributo, ainda que parciais, teriam sido realizados. A questão se houve ou não declaração e pagamento, ainda que parcial, no presente caso, é matéria a ser analisada no exame do mérito recursal. No mérito, deve ser analisado se houve o decurso do prazo decadencial quanto ao período de 1996, bem como a possibilidade de dedução, da base de cálculo da CSLL (ou necessidade de adição) tanto de tributos com exigibilidade suspensa como dos juros sobre eles incidentes. Quanto à contagem do prazo decadencial, o acórdão recorrido, prolatado em 27.08.2009, adotou a concepção então difundida de que todos os tributos sujeitos ao lançamento por homogação estariam necessariamente submetidos à regra do art. 150, § 4º, do CTN. Ocorre que, logo em 18.09.2009, foi publicado o acórdão do REsp n. 973.733/SC, sob o rito dos recursos repetitivos, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO Fl. 1802DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200261 Acórdão n.º 9101002.967 CSRFT1 Fl. 1.800 7 PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ, REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) No presente caso, a aplicação da norma veiculada pelo REsp n. 973.733/SC, embora exija investigação e fundamentação diversa da presente no acórdão recorrido, não altera o seu resultado, qual seja, o reconhecimento da decadência quanto ao período de 1996, com a incidência do art. 150, § 4º, do CTN. Fl. 1803DF CARF MF 8 Como se observa às efls. 5 e seg., bem como efls. 1.764 e seg., em 1996, houve substancial declaração, com efeito constitutivo, de CSLL. Ademais, em vista da opção pela apuração anual do tributo, o contribuinte apurou estimativas mensais, que foram pagas ou compensadas com saldo negativo de exercícios anteriores (efls. 1.790 e seg). Concluise, portanto, que a regra aplicável ao caso é, realmente, o art. 150, § 4º, do CTN. Como o lançamento tributário foi formalizado em 24.04.2002 (efl. 88), o período de 1996 foi alcançado pela decadência. Nesse seguir, por reconhecer a decadência do período de 1996 e ser esta uma questão preliminar à análise das demais matérias de mérito presentes no recurso especial, voto no sentido de lhe NEGAR PROVIMENTO. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Fl. 1804DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13016.000256/2004-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.381
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 02 56 /2 00 4- 21 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13016.000256/200421 Acórdão n.º 9303005.381 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.849. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13016.000256/200421 Acórdão n.º 9303005.381 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13016.000256/200421 Acórdão n.º 9303005.381 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13016.000256/200421 Acórdão n.º 9303005.381 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 135DF CARF MF
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Numero do processo: 11128.001051/2009-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 21/07/2008
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVO-TRIBUTÁRIA. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO ANTERIORMENTE PRESTADA.
Alteração ou retificação das informações prestadas anteriormente pelos intervenientes não configura prestação de informação fora do prazo, para efeito de aplicação da multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas e e f do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003.
Numero da decisão: 3301-003.991
Decisão: Recurso Voluntário Provido
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente Substituto.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros
José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques DOliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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decisao_txt : Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri - Presidente Substituto. Liziane Angelotti Meira- Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques DOliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado).
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MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO ANTERIORMENTE PRESTADA. Alteração ou retificação das informações prestadas anteriormente pelos intervenientes não configura prestação de informação fora do prazo, para efeito de aplicação da multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas “e” e “f” do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente Substituto. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 10 51 /2 00 9- 85 Fl. 231DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 232 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do Acórdão da DRJ/FOR, (fls. 70/80): O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que foi contestado pela empresa autuada, totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização. Da Autuação De acordo com as informações contidas no campo DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL, o Auto de Infração foi lavrado com base nos fundamentos a seguir sintetizados. 1) A empresa autuada solicitou, após o decurso do prazo para prestar informação sobre carga transportada, a retificação de dados já incluídos no sistema informatizado de controle de cargas. Na documentação que acobertou a carga objeto da mencionada correção consta como agência de navegação responsável a empresa WILSON SONS AGÊNCIA MARÍTIMA LTDA., sujeito passivo da autuação. 2) A Instrução Normativa RFB nº 800, de 27/12/2007, estabelece as regras que disciplinam o controle aduaneiro da movimentação de cargas, embarcações e unidades de carga, o qual é feito por meio do sistema Siscomex Carga, que deverá ser suprido de informações a serem prestadas pelos intervenientes no Comércio Exterior, na forma e no prazo ali estabelecidos. 3) Os prazos para prestar informações sobre as cargas transportadas estão fixados no art. 22 da IN RFB 800/2007, o qual passou a vigorar apenas em 1/4/2009. Até essa data, tais dados deveriam ser fornecidos até a atracação do veículo transportador, consoante determina o art. 50, II, da referida IN. 4) Nos termos do art. 45 da IN RFB nº 800/2007, a alteração em manifesto ou conhecimento eletrônico (CE) após o prazo para fornecimento do dado alterado também configura prestação extemporânea de informação, que dessa forma abrange a retificação, a inclusão, a exclusão, a vinculação, a associação e a desassociação de dados. 5) No presente caso, não ocorreu nenhuma das situações excludentes da penalidade definidas no Ato Declaratório Executivo Corep nº 3, de 28/3/2008. 6) As obrigações acessórias instituídas no âmbito do Siscomex Carga se prestam para assegurar o adequado controle sobre as operações no âmbito do comércio internacional, e são Fl. 232DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 233 3 necessárias, sobretudo, para possibilitar a atuação preventiva da Aduana na coibição de ilícitos e para imprimir maior agilidade aos despachos aduaneiros de importação e de exportação. Para estimular o cumprimento dessas obrigações é que foi editada a Lei nº 10.833/2003, estabelecendo penalidades aos intervenientes que descumprem os ditames aduaneiros. 7) A Lei nº 10.833/2003 alterou a redação do art. 37 do DecretoLei nº 37/1966, que impõe ao transportador a obrigação de prestar informações sobre a carga transportada, e também a do art. 107 desse mesmo Diploma Legal, definindo o descumprimento dessa obrigação como infração autônoma, sujeita à multa, nos termos do inciso IV, alínea “e”, desse artigo. 8) A autuação foi realizada em conformidade com o entendimento formalizado na Solução de Consulta Interna nº 08, de 14/2/2008, por meio da qual a CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) se posicionou pela aplicação da penalidade em foco levando em consideração a carga cujos dados exigidos não foram informados tempestivamente, e não a quantidade de informações sobre essa carga prestadas a destempo. 9) O lançamento também considerou as disposições contidas no art. 136 do Código Tributário Nacional (CTN). Portanto, materializada a infração, a aplicação da multa é cabível, independentemente da apuração de dolo ou culpa do interveniente, bem como da efetividade e extensão dos efeitos do ato infracionário. No caso, não há dúvidas que as informações foram prestadas pela autuada após o prazo estabelecido para esse fim. 10) Em relação aos intervenientes no comércio exterior, assim são consideradas todas aquelas pessoas indicadas pela legislação, como é o caso das citadas no § 2º do art. 76 da Lei nº 10.833/2003 e nos artigos 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. O lançamento foi formalizado em nome da autuada porque ela figurava como agência de navegação responsável no conhecimento eletrônico referente à carga, razão pela qual era obrigação dela prestar as informações exigidas no prazo fixado. Diante dos fatos apurados, a autoridade lançadora lavrou o Auto de Infração em debate, tendo como fundamento, além dos dispositivos legais já mencionados, os indicados no campo ENQUADRAMENTO LEGAL do Auto de Infração. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação em 5/3/2009 e apresentou impugnação (fls. 4346) em 24/3/2009, na qual aduz os argumentos a seguir sintetizados. a) O atraso na prestação da informação se deu por razões alheias à vontade da impugnante, pois os dados que deveriam ter sido disponibilizados pelos exportadores no porto de origem não foram apresentados a tempo. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 234 4 b) A conduta da impugnante (atraso no pedido de retificação) não está tipificada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, uma vez que ela não deixou de prestar a informação nem causou embaraço ou impedimento à fiscalização, e a norma punitiva não admite analogia ou interpretação extensiva. c) Mesmo que essa conduta pudesse ser considerada infração, ainda assim não seria cabível a multa aplicada, pois o pedido de retificação foi feito antes de qualquer ação fiscal, sendo aplicável ao caso o instituto da denúncia espontânea, constante no art. 138 do CTN, para fins de exclusão da penalidade. d) A penalidade também não pode ser cominada à impugnante porque ela não se reveste da condição de empresa de transporte internacional, nem é prestadora de serviço de transporte internacional expresso portaaporta ou agência de carga. É apenas uma agência de navegação, que tem por fim prover as necessidades do navio no porto de destino, e não pode ser equiparada às empresas mencionadas anteriormente. Ao final a defesa requer que o lançamento seja julgado improcedente. Por meio do Acórdão no 0826.782 7ª Turma da DRJ/FOR (fls. 70/80), julgouse improcedente a impugnação com a seguinte Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 21/07/2008 AGÊNCIA MARÍTIMA REPRESENTANTE DE TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. A agência de navegação marítima representante no País de transportador estrangeiro responde por eventual irregularidade na prestação de informações que estava legalmente obrigada a fornecer à Aduana nacional. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/07/2008 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. RETIFICAÇÃO INTEMPESTIVA DE REGISTRO. IRRELEVÂNCIA DA INTENÇÃO DO AGENTE. MULTA A retificação de registro sobre carga transportada após o prazo fixado para prestar essa informação confirma que o dado correto não foi apresentado tempestivamente, fato que é tipificado como infração autônoma, punível com multa específica, independente da intenção do agente. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO. A prestação de informações sobre carga transportada na forma e no prazo legalmente estabelecidos é obrigação acessória autônoma, cujo descumprimento não comporta saneamento via Fl. 234DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 235 5 denúncia espontânea, que é expressamente afastada após a atracação do veículo transportador. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 86/95), que teve provimento por meio do Acórdão no 3801003.269– 1ª Turma Especial (fls.127/135), com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/07/2008 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Cientificada do acórdão mencionado, o Representante da Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial (fls. 137/145 ), suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei no 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de Despacho 3100412 – 1ª Câmara (fls 157/158), e o Recorrente apresentou contrarrazões (fls 163/171). O Recurso Especial foi provido em parte, por meio do Acórdão no 9303003.614– 3ª Turma (fls. 212/220) com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/07/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Determinouse ainda na referida decisão o seguinte (fl. 220): Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Fl. 235DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 236 6 Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Dessarte, conforme determinado pelo acórdão referido, os autos do processo em referência foram reencaminhados a esta Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a mim distribuídos, para apreciação das questões trazidas no Recurso Voluntário do Recorrente que não foram objeto de deliberação. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário foi tempestivo e atendeu aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. No Recurso Voluntário (fls. 86/95) o Recorrente, além da denúncia espontânea, que não constitui matéria da presente decisão, alega falta de fundamento legal para o lançamento da multa e ilegitimidade passiva. A Instrução Normativa Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, determinava que a retificação de conhecimento de embarque fora do prazo configurava prestação de informação fora do prazo, nos seguintes termos: Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. § 1º Configurase também prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação. (grifouse) No entanto, o artigo transcrito foi revogado pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 02 de junho de 2014. Ademais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio da Solução de Consulta Interna nº 2Cosit, de 4 de fevereiro de 2016, consolidou entendimento que a multa em pauta não se e aplica ao caso de retificação de informação já prestada pelo interveniente, nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CONTROLE ADUANEIRO Fl. 236DF CARF MF Processo nº 11128.001051/200985 Acórdão n.º 3301003.991 S3C3T1 Fl. 237 7 DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. A multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas “e” e “f” do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é aplicável para cada informação não prestada ou prestada em desacordo com a forma ou prazo estabelecidos na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Dispositivos Legais: DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966; Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. (grifouse) Dessarte, com supedâneo no art. 106, II, do CTN, na Instrução Normativa RFB nº 1473, de 2014 e na Solução de Consulta Interna nº 2 Cosit, de 2016, voto por afastar a penalidade e dar provimento ao Recurso Voluntário. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13161.001322/2003-26
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jul 05 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 1999
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O Supremo Tribunal Federal
aprovou, em sessão plenária, a Súmula Vinculante ri° 08, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei ri° 8.212/91, que estipulavam um prazo de dez anos para ocorrência da decadência e prescrição de crédito tributário originado em contribuições sociais. Vigora para as contribuições o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, § 40 do CTN Lei n° 5.172/66, por força do disposto no artigo 146, inciso III, letra "b", da Carta Constitucional de 1988.
Recurso Voluntário Provido,
Numero da decisão: 1801-00.270
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Nome do relator: Ana de Barros Fernandes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O Supremo Tribunal Federal aprovou, em sessão plenária, a Súmula Vinculante ri° 08, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei ri° 8.212/91, que estipulavam um prazo de dez anos para ocorrência da decadência e prescrição de crédito tributário originado em contribuições sociais. Vigora para as contribuições o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, § 40 do CTN Lei n° 5.172/66, por força do disposto no artigo 146, inciso III, letra "b", da Carta Constitucional de 1988. Recurso Voluntário Provido, Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. /---- j"---ANA D BARROS FERNANDES - Presidente e Relatora EDITADO EM: 1 2 NOV ?Pln Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, André Almeida Blanco, Rogério Garcia Feres e Ana de Barros Fernandes. Relatório A empresa foi autuada a recolher CSLL, relativa ao ano-calendário de 1998, por haver compensado a CSLL do período com o saldo acumulado das bases de cálculo negativas em valor superior ao limite legal, estipulado em 30% do lucro líquido, O Auto de Infração encontra-se às fls. 91 a 98. A empresa foi cientificada em 13/01/2004, por Edital afixado em 29/12/2003, tendo em vista, que, quando a fiscalização foi pessoalmente cientificá-la da autuação não encontrou a sede da empresa no endereço indicado (Termo de Constatação às fis, 90). Inconformada com o lançamento tributário, apresentou a impugnação de fls. 101 a 111, protestando pela decadência e, no mérito, defendendo que não procede a limitação de compensação com as bases de cálculos negativas ao se tratar de atividade rural, como é o seu caso. Às fls. 113 a 123 a Segunda Turma de Julgamento da DRJ em Campo Grande/MS exarou o Acórdão n° 04-10,681, mantendo o lançamento tributário, assim ementado: COMPENSAÇÃO, BASE DE CÁLCULO NEGATIVA ATIVIDADE RURAL. A exceção à regra que limita a 30% a compensação de prejuízos fiscais não se aplica às bases negativas da contribuição social sobre o lucro ainda que decorrentes de exploração de atividade rural, CSLL. DECADÊNCIA, O direito da Administração de constituir o crédito tributário relativamente à CSLL decai em dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Tempestivamente, a empresa ingressou com o Recurso Voluntário de fls. 130 a 142, repisando a mesma argumentação da defesa inicial, solicitando a reforma do acórdão prolatado em primeira instância. É o relatório. Passo a apreciar as razões recursais, 2 Processo n° 13161 001322/2003-26 SI-TE01 Acórdão n,° 1801-00270 Fl 2 Voto Conselheira ANA DE BARROS FERNANDES Conheço do recurso voluntário, por tempestivo. Preliminarmente, cumpre observar a alegação de decadência do lançamento tributário objeto deste litígio administrativo. O Supremo Tribunal Federal, em 12 de junho de 2008, declarou, por intermédio da Súmula Vinculante de n° 08, que: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5" do Decreto- lei n° L569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei n° 8,212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Por este ato, encerrou discussão sobre qual o prazo decadencial a que se sujeitam as contribuições para a Seguridade Social, sendo aplicável, para este efeito, as disposições contidas na Lei n° 5.172/66, Código Tributário Nacional - CTN, reconhecida com o status de Lei Complementar, conforme a Carta Magna exige para que se verse sobre normas gerais sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários (artigo 146, III, b, da Constituição Federal), No presente caso, o fato gerador da obrigação tributaria ocorreu em 31/12/98 e a ciência do lançamento tributário em 13/01/04, por conseguinte discorridos mais de cinco anos da ocorrência do fato. Destarte, a decadência deve ser reconhecida, razão pela qual dou provimento ao recurso voluntário, acolhendo a preliminar e deixando de apreciar as razões meritórias a respeito do lançamento fulminado, ANA DE BARROS FERNANDES Relatara 3
score : 1.0
Numero do processo: 10920.721761/2015-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.OMISSÃO.
Ao se constatar a existência de omissão, os embargos devem ser acolhidos.
PROCESSOS DISTINTOS. DIFERENTES SITUAÇÕES FÁTICAS.
Tratam-se de processos distintos cujas autuações referem-se a outros anos-calendário e os valores subvencionados também são diferentes, assim como os procedimentos adotados nas ações fiscais não foram os mesmos.
Numero da decisão: 1301-002.510
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para sanar a omissão apontada no acórdão 1301-002.132, sem conferir-lhes efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros; Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2010, 2011, 2012 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.OMISSÃO. Ao se constatar a existência de omissão, os embargos devem ser acolhidos. PROCESSOS DISTINTOS. DIFERENTES SITUAÇÕES FÁTICAS. Tratam-se de processos distintos cujas autuações referem-se a outros anos-calendário e os valores subvencionados também são diferentes, assim como os procedimentos adotados nas ações fiscais não foram os mesmos.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010, 2011, 2012 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.OMISSÃO. Ao se constatar a existência de omissão, os embargos devem ser acolhidos. PROCESSOS DISTINTOS. DIFERENTES SITUAÇÕES FÁTICAS. Tratamse de processos distintos cujas autuações referemse a outros anos calendário e os valores subvencionados também são diferentes, assim como os procedimentos adotados nas ações fiscais não foram os mesmos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para sanar a omissão apontada no acórdão 1301002.132, sem conferirlhes efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 17 61 /2 01 5- 65 Fl. 1243DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.244 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros; Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior. Relatório Trata o presente de embargos de declaração (fls. 1.214 a 1.226) opostos pelo contribuinte acima identificado, em face do acórdão de recursos de ofício e voluntário nº 1301 002.132 (fls. 1.169 a 1.197), prolatado por esta 1ª Turma na sessão de julgamento de 14 de setembro de 2016. No referido julgado, o Colegiado pronunciouse por unanimidade no sentido de negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012 SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. CARACTERIZAÇÃO. Para caracterização das subvenções para investimento necessária a intenção do ente subvencionador em destinálas para investimento, assim como , a efetiva e específica aplicação, pelo beneficiário, dos valores subvencionados em investimentos para implantação ou expansão do empreendimento econômico. PROGRAMA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. BENEFÍCIOS FISCAIS. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÕES ESPECÍFICAS PARA APLICAÇÃO EM INVESTIMENTOS. SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO. Inexistentes no ato legal concessório dos benefícios fiscais do Estado de Santa Catarina quaisquer obrigações específicas para o beneficiário, de forma a garantir a aplicação dos valores subvencionados em investimentos, estes benefícios fiscais devem ser classificados como subvenções para custeio. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase a mesma solução em razão de ambos lançamentos estarem apoiados nos mesmos elementos de convicção COFINS. PIS. SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO. RECEITAS TRIBUTÁVEIS. Incluemse dentre as receitas tributáveis pela COFINS e PIS as subvenções para custeio face à inexistência de previsão legal para exclusão destas receitas da base de cálculo das contribuições. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. APLICABILIDADE. Cabível a aplicação da multa isolada prevista no art. 44, inciso II, alínea "b" da Lei nº 9.430/96 concomitantemente com a multa de ofício por se tratarem Fl. 1244DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.245 3 de penalidades distintas e com previsões legais específicas. A Súmula CARF nº 105 não é aplicável aos fatos geradores a partir de 2007 em virtude das alterações legislativas ao art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, sobre o qual se fundamenta referida súmula. MULTA ISOLADA. EXONERAÇÃO. INEXATIDÃO NA APURAÇÃO. Correto o acórdão recorrido que exonerou a multa isolada sobre a estimativa de CSLL do mês de outubro/2012 quando identificado erro na base de cálculo da estimativa apurada pela fiscalização. Nos embargos opostos às fls. 1.214 a 1.226, a Britânia Eletrônicos S.A., com fundamento nos arts. 64 e seguintes do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/15, alegou que o aresto combatido padeceria de omissão, contradição e obscuridade, assim apontadas: (i) Da necessidade de serem esclarecidas quais as questões fáticas que levaram a turma a concluir que a subvenção recebida pela embargante não seria da modalidade de investimento; (ii) Da contradição quanto aos critérios da fiscalização descritos no relatório fiscal aplicação em bens do ativo fixo; (iii) Da contradição existente quanto à intenção do subvencionador; (iv) Da omissão existente quanto à efetiva e específica aplicação dos recursos No Despacho de Admissibilidade às fls. 1.231 a 1.242, o Presidente desta 1º Turma rejeitou em definitivo os embargos, no que toca aos itens (ii), (iii) e (iv) e admitiu, exclusivamente no que toca ao item (i), para que fosse sanada a omissão relativa à necessidade de serem esclarecidas quais as questões fáticas que levaram a turma a concluir que a subvenção recebida pela embargante não seria da modalidade de investimento. Relativamente à omissão quanto à necessidade de serem esclarecidas quais as questões fáticas que levaram a turma a concluir que a subvenção recebida pela embargante não seria da modalidade de investimento, a ora embargante assim a apontou: "Nas razões do seu Recurso Voluntário, a Embargante demonstrou que em um processo administrativo fiscal em que ela também era parte (PAF n° 10920.724243/201251), totalmente similar ao presente caso (só mudam os períodos de apuração do IR/CS), a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) decidiu que os benefícios recebidos pelo Estado de Santa Catarina são subvenções para investimento. Em que pese o v. acórdão ora embargado tenha reconhecido a semelhança das discussões, ele acabou concluindo que tal precedente não seria aplicável ao presente processo, pois existiriam situações fáticas diferentes entre os processos. Vejase: "De acordo com acórdão acima mencionado, anexado às fls. 1054 a 1069, o objeto da autuação do referido processo é a subvenção recebida do Estado de Santa Catarina com fundamento no art. 148 A, Anexo II, do Decreto n° 2.870/2001 (RICMS/SC), relativa ao anocalendário de 2007. No presente processo, apenas nos anos de 2010 e 2011, o benefício foi concedido com o mesmo fundamento, Fl. 1245DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.246 4 entretanto, existem diferenças fáticas relativamente às autuações, devendo cada processo ser analisado separadamente" fls. 1191 g.n. Ocorre que o v. acórdão não esclarece quais "seriam as diferenças fáticas entre as autuações". Veja, Ilmo. Julgador, que a precisa identificação das "diferenças fáticas entre as autuações" em questão é indispensável e uma questão de justiça, já que no presente caso a controvérsia foi julgada de forma desfavorável à Embargante, enquanto que no PAF n° 10920.724243/201251 a conclusão lhe foi favorável. Sabese que os Conselheiros do CARF não estão vinculados às decisões proferidas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, mas é imprescindível que os motivos "invocados" para se afastar importante precedente sejam devidamente manifestados, especialmente quando alegado que a sua não aplicação decorreu de "diferenças fáticas" relativas às autuações. Tais esclarecimentos se revelam ainda mais necessários pelo fato de que o próprio v. acórdão ora embargado reconhece que: (i) o benefício usufruído no ano de 2007 é o mesmo que o de 2010 e 2011; (ii) os dispositivos legais são os mesmos; e (iii) os atos administrativos do Estado de Santa Catarina concessórios do benefício são os mesmos. Assim, considerando que os julgamentos dos processos administrativos perante este CARF devem sempre se pautar na verdade material e fática dos casos, não há dúvida que deve ser suprida a omissão, com precisão, em relação a quais as "diferenças fáticas entre as autuações" referidas no v. acórdão ora embargado, que levaram a esta C. Turma concluir que o entendimento firmado pela CSRF (acórdão n° 9101002.348) não seria aplicável ao caso." Considerando que o acórdão recorrido não esclareceu quais seriam as diferenças fáticas entre a autuação objeto do Acórdão nº 9101002.348, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, e a presente autuação, os embargos foram admitidos para saneamento da omissão apontada pela contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora A ciência do acórdão ora embargado se deu em 21/11/2016 (fls. 1.211), tendo sido os embargos apresentados em 25/11/2016 (fls. 1.213), assim, tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. A contribuinte pleiteia que o acórdão seja integrado a fim de que sejam esclarecidas as diferenças fáticas entre a autuação ora em discussão e a objeto do processo administrativo nº 10920.724243/201251, em que obteve decisão favorável proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Afirma serem necessários os esclarecimentos tendo em vista que o próprio acórdão embargado reconhece que o benefício usufruído no anocalendário Fl. 1246DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.247 5 de 2007, objeto do processo administrativo nº 10920.724243/201251, é o mesmo que o de 2010 e 2011, os dispositivos legais são os mesmos e os atos administrativos do Estado de Santa Catarina concessórios do benefício são os mesmos. No presente caso, os fatos são diferentes pois tratamse de anoscalendários diferentes, cujos valores subvencionados também são diferentes, assim como os procedimentos adotados nas ações fiscais não foram os mesmos. Observese que no Acórdão de Recurso Especial do Procurador nº 9101002.348, de 14 de junho de 2016, nos autos do processo administrativo nº 10920.724243/201251, consta que a contribuinte foi intimada pela fiscalização a demonstrar, mediante documentação hábil e idônea e respectivos lançamentos contábeis, onde foram aplicadas as subvenções para investimentos ICMS: "7) Demonstrar, mediante documentação hábil e idônea e respectivos lançamentos contábeis, onde foram aplicadas as subvenções para investimentos ICMS. (...) c) aplicação dos recursos: em que pese a dificuldade de individualização do caminho percorrido pelo recurso financeiro proveniente da Reserva de Subvenção, com a simples leitura das fichas 36A e 37A da DIPJ, as quais registram as Demonstrações Financeiras da companhia referentes aos exercícios encerrados em 31/12/2006, 31/12/2007 e 31/12/2008, é possível concluir que os recursos provenientes da subvenção do anocalendário 2007, realizadas financeiramente ao longo dos anoscalendário 2007 e 2008, foram integralmente investidos na expansão das atividades da empresa: ________________________________________Descrição ____________________ 2006_______________2007 _______ Variação_____________2008 _______ Variação CIRCULANTE 04.Estoques 40.270.681,59 87.691.005,19 47.420.323,60 110.896.331,15 23.205.325,96 06.Adiantamentos a Fornecedores 1.453.081,72 4.183.381,08 2.730.299,36 6.112 671,80 1.929.290,72 07.Clientes 68.508.374,59 134.712.186,79 66.203.812,20 107.427.333,38 ‐27.284.853,41 14.TOTAL DO CIRCULANTE 110.672.694,28 228.652.582,69 117.979.888,41 231.408.499,25 2.755.916,56 PERMANENTE ‐ INVESTIMENTOS 24.Participações Permanentes em Coligadas ou Controladas 11.628.627,10 11.628.627,10 31.TOTAL DOS INVESTIMENTOS 11.628.627,10 11.628.627,10 PERMANENTE ‐ IMOBILIZADO 32.Terrenos 2.401.431,00 2.401.431,00 2.401.431,00 _ 33. Edifícios e Construções 30.203.159,22 30.203.159,22 34.Equipamentos, Máquinas e Instalações Industriais 5.699,00 5.699,00 5.699,00 Outras Imobilizações 22.176,00 6.575.074,97 6.552.898,97 520.387,69 ‐ 6.054.687,28 43()Depreciações, Amortizações e Quotas de Exaustão 6.162,07 10.195,36 4.033,29 , 112.183,64 101.988,28 44.TOTAL DO IMOBILIZADO 21.712,93 8.972.009,61 8.950.296,68 33.018.493,27 24.046.483,66 52.TOTAL DO PERMANENTE 21.712,93 8.972.009,61 8.950.296,68 44.648.096,02 35.676.086,41 53.TOTAL DO ATIVO 166.630.253,57 237.624.592,30 70.994.338,73 276.056.595,27 38.432.002,97 CIRCULANTE 01.Fornecedores 9.988.121,53 24.627.383,29 14.639.261,76 6.473.025,41 ‐18.154.357,88 02.Financiamentos a Curto Prazo 2.780.426,70 2.780.426,70 03. Impostos, Taxas e Contribuições a Recolher 4.487.228,56 2.891.982,78 1.595.245,78 853.606,56 ‐ 2.038.376,22 12.TOTAL DO CIRCULANTE 15.072.621,27 27.983.438,73 12.910.917,46 10.979.757,94 ‐17.003.680,79 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 14.Financiamentos a Longo Prazo 9.610.948,63 9.610.948,63 22.TOTAL EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 1.987.889,46 1.987.889,46 10.517.429,55 8.529.540,09 PATRIMÔNIO LIQUIDO ‐ CAPITAL 26.Capital de Domiciliados e Residentes no Pais 139.292.335,00 139.292.335,00 *193.028.431,00 53.736.096,00 29.TOTAL CAPITAL REALIZADO 139.292.335,00 .139.292.335,00 ' 193.028.431,00 53.736.096,00 30. Reserves de Capital 0,35 53.736.096,92 53.736.096,57 0,00 ‐53.736.096,92 32.Resenas de Lucros 613 269,85 731.241,61 117.971,76 *3.076.549,71 2.345.308,10 35.TOTAL DAS RESERVAS 613.270,20 54.467.338,53 53.854.068,33 3.076.549,71 ‐51.390.788,82 36.Lucros Acum. e/ou Saldo à Dispôs. Assembléia 11.652.127,10 13.893.590,58 2.241.463,48 *58.454.427,07 44.560.836,49 40.TOTAL OUTRAS CONTAS 11.652.127,10 13.893.590,58 2.241.463,48 58.454.427,07 44.560.836,49 Fl. 1247DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.248 6 41.TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO 151.557.732,30 207.653.264,11 56.095.531,81 254.559.407,78 46.906.143,67 42.TOTAL DO PASSIVO 166.630.253,57 237.624.592,30 70.994.338,73 276.056.595,27 38.432.002,97 *Na DIPJ/09, os valores informados nestas linhas estão preenchidos de forma incorreta, porém, tratase apenas de divergência na alocação dos valores nas referidas linhas, de forma que a soma total das contas do patrimônio liquido estão de acordo com a contabilidade da empresa, bem como a escnturação contábil (Livro Razão e Diário) demonstra a regularidade destes valores. Da análise do quadro acima, vale pontuar o seguinte: a) A totalidade dos "créditos escriturais" levados a registro contra a conta de Reserva de Capital (subvenção) no anocalendário 2007 é de R$ 53.736.096,92; b) Tais créditos escriturais são substituídos por recurso financeiro efetivo ao longo dos anoscalendário 2007 e 2008, período que a companhia investiu R$ 32.996.780,34 (saldo de R$ 33.018.493,27 em 31/12/2008, menos o saldo de R$ 21.712,93 em 31/12/2006) na aquisição de bens para o Ativo Permanente. Investiu, ainda, outros R$ 70.625.649,56 na aquisição de mercadorias para revenda (Estoque), tudo destinado à consolidação e expansão da sua atividade no Estado de SC; c) Destaquese, ainda, que por se tratar de empresa que tem o objeto social de comercialização (revenda de produtos importados), o investimento de recursos em estoques é absolutamente preponderante para o sucesso do empreendimento; (...)" Verificase portanto, que naquele processo houve intimação para comprovação da aplicação das subvenções e a Câmara Superior de Recursos Fiscais deu provimento às alegações da recorrente por entender que teria ocorrido a efetiva aplicação dos recursos subvencionados em estoques, terrenos e edificações, conforme excerto do acórdão de recurso especial do procurador abaixo transcrito: "Registrase aumento expressivo de estoques dos anos de 2006 para 2007 (R$47.420.323,60) e de 2007 para 2008 (R$23.205.325,96). Inclusive, assiste razão à Contribuinte, ao afirmar que, em razão da natureza de sua atividade (revenda de produtos importados), a aplicação dos recursos em estoques encontrase em consonância com a expansão do empreendimento econômico. Em se tratando de ativo fixo, a rubrica "Terrenos", de 2006 para 2007 o valor passou de zero para R$2.401.431,00. No que concerne a "Edifícios e Construções", há aumento expressivo de 2007 para 2008 (de zero para R$30.203.159,22). Por sua vez, o valor lançado como subvenções na autuação fiscal foi no montante de R$53.736.096,00 (efls. 3338). Ora, a documentação trazida aos autos evidencia a efetiva aplicação dos recursos subvencionados." Nos autos do presente processo, não consta intimação da fiscalização para comprovação da efetiva e específica aplicação dos recursos. Por outro lado, quer seja durante o procedimento fiscal, na impugnação ou no recurso voluntário, a ora embargante não demonstrou ter efetivamente aplicado os recursos em investimentos, ao contrário, em seu recurso voluntário às fls. 1.130, defende a tese de que o fator determinante para caracterização da subvenção para investimento reside na intenção do poder público e não na necessária aplicação específica dos recursos: "O fator determinante para a caracterização de uma subvenção na modalidade "investimento" não reside na necessidade de aplicação específica dos recursos (p.ex., no ativo fixo do subvencionado), mas sim na intenção do poder público em fomentar a expansão de empreendimentos econômicos." Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.249 7 Dessa forma, o acórdão embargado, após analisar os instrumentos legais e atos administrativos concessórios dos benefícios fiscais concluiu não ser possível identificar a intenção do ente subvencionador de que os benefícios fiscais concedidos seriam aplicados na implantação ou expansão do empreendimento, nem mesmo, o tipo de investimento que seria realizado e a forma que o mesmo seria implementado, motivo pelo qual deixou de analisar a questão relativa à efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos. Veja a conclusão do mencionado acórdão: "Assim, considerando a ausência dos requisitos necessários à caracterização da subvenção para investimentos nos benefícios fiscais concedidos pelo Estado de Santa Catarina, bem assim, a falta de critérios estabelecidos pelo ente subvencionador para controlar a efetiva e específica aplicação dos valores transferidos, firmei convicção de que os valores subvencionados não visavam à implantação ou expansão das atividades econômicas, devendo ser classificados como subvenções para custeio, na forma do art. 392, inciso I, do RIR/99." Em sede de memoriais a recorrente aponta a existência da seguinte situação fática que comprovaria a efetiva aplicação dos recursos em investimentos nos anoscalendário de 2010, 2011 e 2012, em contas do ativo circulante: Ano Ativo Circulante Variação Positiva Folhas DIPJ Subvenções Folhas Razões Subvenções 2009 337.301.699,07 92.614.835,54 2010 557.567.171,21 220.265.472,14 479/523 130.109.971,35 476 2011 860.292.269,31 302.725.098,10 524/576 116.796.512,21 476 2012 935.689.447,67 75.397.178,36 577/633 126.422.189,90 477/478 Total 598.387.748,60 465.943.509,00 Ainda que o acórdão embargado tivesse adotado o mesmo entendimento do acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais e passasse a enfrentar a questão relativa à efetiva e específica aplicação das subvenções nas contas de estoque, terrenos e edifícios e construções do ativo, as conclusões não seriam as mesmas, dado à diversidade dos fatos contábeis registrados no ano de 2007, com os registrados no Balanço Patrimonial das DIPJ relativas aos anoscalendário de 2010 (fls. 479 a 523), 2011 (fls. 524 a 576) e 2012 (fls. 577 a 633): Item Balanço 31/12/2009 fls. 510 31/12/2010 fls. 510 31/12/2011 fls. 561 31/12/2012 fls. 617 Variação entre 31/12/2009 e 31/12/2012 Estoques 164.374.005,97 254.647.934,68 160.896.911,85 161.163.385,38 3.210.619,41 Terrenos 2.041.431,00 2.041.431,00 0,00 0,00 2.041.431,00 Edifícios e Construções 30.215.590,74 30.441.352,74 0,00 0,00 30.215.590,74 35.467.641,15 Apesar de ter recebido subvenções no montante de R$ 130.109.971,35 em 2010, R$ 116.796.512,21 em 2011 e R$ 126.422.189,90 em 2012, da análise dos balanços não foi possível identificar a efetiva aplicação dos recursos recebidos nas contas de estoques e do ativo nãocirculante. Fl. 1249DF CARF MF Processo nº 10920.721761/201565 Acórdão n.º 1301002.510 S1C3T1 Fl. 1.250 8 Conclusão Em conclusão, por todo o exposto, voto por conhecer dos embargos de declaração da contribuinte para no mérito, dar provimento e sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Fl. 1250DF CARF MF
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