Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,066)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,782)
- Primeira Turma Ordinária (15,433)
- Segunda Turma Ordinária d (15,361)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,221)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,790)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,917)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,291)
- Terceira Câmara (63,950)
- Segunda Câmara (52,309)
- Primeira Câmara (17,004)
- 3ª SEÇÃO (15,782)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,687)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,159)
- Segunda Seção de Julgamen (110,024)
- Primeira Seção de Julgame (72,544)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,765)
- Câmara Superior de Recurs (37,232)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,791)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,008)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,799)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,459)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (16,750)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10980.723991/2013-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124-A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015.
Numero da decisão: 2401-006.097
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução do valor comprovado de R$ 21.655,00. Vencido o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que negava provimento ao recurso. Vencido em primeira votação o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que votou por converter o julgamento em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Matheus Soares Leite.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro - Relator.
(assinado digitalmente)
Matheus Soares Leite - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: JOSE LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124-A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.723991/2013-92
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5981568
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2401-006.097
nome_arquivo_s : Decisao_10980723991201392.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOSE LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 10980723991201392_5981568.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução do valor comprovado de R$ 21.655,00. Vencido o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que negava provimento ao recurso. Vencido em primeira votação o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que votou por converter o julgamento em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Matheus Soares Leite. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro - Relator. (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
id : 7677276
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661026459648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 194 1 193 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.723991/201392 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401006.097 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 13 de março de 2019 Matéria IRPF. PENSÃO ALIMENTÍCIA. Recorrente ANTONIO CARLOS ANTUNES CORREA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução do valor comprovado de R$ 21.655,00. Vencido o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que negava provimento ao recurso. Vencido em primeira votação o conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro (relator) que votou por converter o julgamento em diligência. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Matheus Soares Leite. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator. (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite Redator Designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 39 91 /2 01 3- 92 Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10980.723991/201392 Acórdão n.º 2401006.097 S2C4T1 Fl. 195 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação apresentada contra Notificação de Lançamento de Imposto de Renda da Pessoa Física (fls. 43/46), anocalendário 2009, tendo sido apurada Dedução Indevida de Pensão Alimentícia, no valor de R$ 49.770,30, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 02) e documentos (fls. 03/30), considerada tempestiva, alegando tratarse de pensão judicial conforme documentos já apresentados perante a fiscalização e que os apresenta novamente com Acórdão de Recurso Voluntário relativo ao exercício de 2006. Do Acórdão atacado (fls. 53/56), em síntese, extraise que (a) mediante sentença homologatória de divórcio consensual, obrigouse a pagar pensão alimentícia para suas filhas Caroline, Fernanda e Aline Geronasso Antunes, e também para sua exmulher Marília Aparecida Geronasso, fixada em três salários mínimos para cada uma; (b) em 2010, a pensão da exmulher passou para 4 salários mínimos; e (c) os pagamentos não restaram comprovados. Intimada em 17/04/2015 (fls. 61), a contribuinte interpôs em 11/05/2015 (fls. 64) recurso voluntário (fls. 64/68), acompanhado de documentos (fls. 69/127), em síntese, alega: (a) como apresentou os comprovantes de pagamento durante o procedimento fiscal (Termo de Atendimento, fls. 120), o Acórdão contraria esse documentos; (b) de qualquer forma, os apresenta novamente acompanhados dos demais documentos (fls. 69/127); (b) solicita a exibição na sede do juízo de todo o processo, pois a Receita deve guardar os documentos (Lei n 6.830, de 1980, art. 41); e (c) requer o acolhimento do recurso e o cancelamento do débito. Na mesma data de 11/05/2011, foi protocolado pedido de reconsideração à 3ª Turma da DRJ (fls 130/132), acompanhada dos documentos de fls. 133/191. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10980.723991/201392 Acórdão n.º 2401006.097 S2C4T1 Fl. 196 3 Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. O pedido de reconsideração da decisão de primeira instância não foi apreciado, pois a legislação o veda (Decreto n° 70.235, de 1972, art. 36). Não prospera diligência nos moldes do art. 41 da Lei de Execução Fiscal (Lei n° 6.830, de 1980), eis que inaplicável ao processo administrativo fiscal. O pedido é protelatório considerandose ser o presente processo digital e consultável a qualquer tempo no Portal eCAC (https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login/index/51) ou presencialmente em qualquer unidade de atendimento da Receita Federal. Contudo, o Termo de Atendimento Antecipado de fls. 15 e 120 (sem ateste) especifica que o contribuinte compareceu ao atendimento antecipado para apresentar documentos ("3 Escritura Pública, Decisão Judicial ou Acordo Homologado Judicialmente, fixando o valor da pensão alimentícia judicial e respectivos comprovantes de pagamentos" e "Outros recibos pagamento pensão alimentícia"). Assim, o recorrente evidencia apresentação de documentos e afirma que, apesar disso, o lançamento teria sido efetivado. Nesse ponto, notese que é provavel terem os documentos em tela permanecido em dossiê da fiscalização. Com a impugnação, os documentos tendentes a provar o estabelecimento da pensão alimentícia judicial (fls. 12 e 18/30) foram apresentados em cópías simples em face da afixação do carimbo "sem ateste". Diante do Decreto nº 9.094, de 2017, bem como do art. 3° da Portaria RFB n° 2.860, de 2017, a cópia simples deve ser apresentada em conjunto com a original para autenticação pelo servidor da Receita Federal que a recepcionar. Mesmo antes do advento do Decreto nº 9.094, de 2017, e da Portaria RFB n° 2.860, de 2017, a Receita Federal já adotava a prática de ressalvar a não apresentação do original de cópia simples mediante afixação do carimbo "sem ateste". No caso concreto, o servidor que recepcionou a documentação afixou o carimbo "sem ateste". Com o recurso, foi carreada aos autos prova a demonstrar a emissão de recibos (fls. 70/116 e 145/191) para o pagamento de R$ 21.655,00 e não o montante deduzido de R$ 49.770,30. Em janeiro de 2009, o salário mínimo era de R$ 415,00 e nos demais meses do ano de R$ 465,00. Os recibos revelam que Aline (fls. 70/81 e 145/156) recebeu um salário mínimo de janeiro a dezembro de 2009; que Marília (fls. 82/92 e 169/179) recebeu um salário mínimo de janeiro a dezembro de 2009, excetuado o mês de outubro para o qual não foi apresentado recibo; que Fernanda (fls. 93/104 e 180/191) recebeu um salário mínimo de janeiro a dezembro de 2009; e que Caroline (fls. 105/116 e 157/168) recebeu um salário mínimo de janeiro a dezembro de 2009. Nesse contexto, acolho o pedido de diligência, mas para que a fiscalização carreie aos autos os documentos apresentados durante o procedimento fiscal. Além disso, a fiscalização deverá se manifestar acerca da autenticidade dos documentos evidenciados nas cópias simples de fls. 12 e 18/30, pois o contribuinte sustenta que os documentos apresentados com a impugnação e com o recurso foram exibidos ao tempo da fiscalização e prova ter espontâneamente comparecido no dia 24/02/2011 e apresentado documentos tendentes a comprovar a pensão alimentícia judicial (conforme descrição constante dos Termos de fls. 15 e 120) e, entretanto, a fiscalização considerou os documentos apresentados ao tempo do procedimento fiscal como não comprobatórios ou como a evidenciar situação não amparada pela lei (fls. 44). Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10980.723991/201392 Acórdão n.º 2401006.097 S2C4T1 Fl. 197 4 Após tais providências, o recorrente deve ser cientificado do resultado da diligência junto à fiscalização com abertura de prazo de 30 dias para manifestação, podendo no mesmo prazo apresentar documentos. Vencido quanto à conversão do julgamento em diligência, considero que o os elementos constante dos autos não me geram a convicção de que o valor de R$ 21.655,00 envolve pensão alimentícia judicial, sendo do recorrente o ônus legal de provar o cabimento da dedução postulada (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º; e Decretolei nº 352, de 1968, art. 4º). Isso posto, conhecendo do recurso e, vencido na conversão do julgamento em diligência, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator Voto Vencedor Conselheiro Matheus Soares Leite – Redator Designado Não obstante as sempre bem fundamentadas razões do ilustre Conselheiro Relator, peço vênia para manifestar entendimento divergente, na hipótese vertente, no tocante à apreciação da prova documental acostada aos autos, o que será feito a seguir. De início, destacase que, na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015. No entendimento do Ilmo. Relator, os documentos tendentes a provar o estabelecimento da pensão alimentícia judicial (fls. 12 e 18/30), por terem sido apresentados em cópias simples, em face da afixação do carimbo “sem ateste”, não gerariam a convicção de que tais valores envolveriam pensão alimentícia judicial. Contudo, entendo que não há, nos autos, qualquer indício de que o documento acostado pelo contribuinte seja falso, motivo pelo qual não é possível ignorar sua existência. Cabe destaca que o “ateste” não é da essência do documento, sendo procedimento empregado pela Receita Federal do Brasil para garantir maior confiabilidade à documentação juntada, contudo, o “ateste”, por si só, não diz que o documento é verdadeiro, de modo, que, na sua ausência, não é possível reconhecer, automaticamente, que o documento seja falso, sem que haja indícios para tanto. Ademais, cabe pontuar que a própria Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), apreciou a documentação, em nada questionando ou suscitando dúvidas acerca de sua veracidade. E, ainda, constatase que o lançamento não foi motivado neste ponto, ou seja, nem mesmo a fiscalização suscitou dúvidas acerca da Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10980.723991/201392 Acórdão n.º 2401006.097 S2C4T1 Fl. 198 5 autenticidade dos documentos encaminhados pelo contribuinte durante o curso do procedimento fiscalizatório. Por fim, destaco que os recibos (fls. 70/116 e 145/191), acostados com o recurso, demonstram que houve o pagamento de R$ 21.655,00 e que, em conjunto com os acompanhados da documentação de fls. 12 e 18/30, demonstram que a referida quantida foi a título de pensão alimentícia. Dessa forma, os recibos de fls. 70/116 e 145/191, acompanhados da documentação de fls. 12 e 18/30, ensejam, ao meu juízo, o restabelecimento da dedução do valor comprovado de R$ 21.655,00. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário, para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para restabelecer a dedução do valor comprovado de R$ 21.655,00. É como voto. (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720670/2012-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO.
Constatada a existência de omissão em acórdão exarado pelo CARF, devem ser acolhidos os embargos de declaração visando o saneamento do julgado.
LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. DESCUMPRIMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA.
Não integram o salário-de-contribuição para os fins da Lei 8.212/1991 as verbas recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário.
Os ganhos eventuais e abonos só não integral o salário de contribuição se expressamente desvinculados por força de lei.
No caso, há incidência de contribuição social previdenciária sobre as importâncias recebidas a título de gratificação, posto não ser eventual e não ter sido desvinculada do salário por força de lei.
As gratificações tem natureza remuneratória, já que sua origem deve-se a prestação de serviço, ou colocação à disposição, à empresa, com a característica de contrapartida.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. MULTA MAIS BENÉFICA. RETROAÇÃO.
De acordo com o expresso no art. 106, II, alínea c, do Código Tributário Nacional (CTN), em Auto de Infração lavrado contra o contribuinte por descumprimento de obrigação tributária previdenciária, devem ser confrontadas a penalização apurada conforme a legislação de regência do fato gerador com a penalização determinada pela norma superveniente, aplicando-se a que lhe for menos severa, conforme procedeu a fiscalização.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic (Súmula Carf nº 108).
Numero da decisão: 2301-005.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, em parte, os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, e rerratificar o Acórdão nº 2301-004.245, de 02/12/2014, para, sanando a obscuridade, aclarar o voto vencedor quanto à retributividade da gratificação espontânea paga aos empregados e, sanando a omissão apontada, em NEGAR PROVIMENTO na questão da incidência de juros sobre a multa.
João Maurício Vital - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente).
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de omissão em acórdão exarado pelo CARF, devem ser acolhidos os embargos de declaração visando o saneamento do julgado. LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. DESCUMPRIMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA. Não integram o salário-de-contribuição para os fins da Lei 8.212/1991 as verbas recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Os ganhos eventuais e abonos só não integral o salário de contribuição se expressamente desvinculados por força de lei. No caso, há incidência de contribuição social previdenciária sobre as importâncias recebidas a título de gratificação, posto não ser eventual e não ter sido desvinculada do salário por força de lei. As gratificações tem natureza remuneratória, já que sua origem deve-se a prestação de serviço, ou colocação à disposição, à empresa, com a característica de contrapartida. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. MULTA MAIS BENÉFICA. RETROAÇÃO. De acordo com o expresso no art. 106, II, alínea c, do Código Tributário Nacional (CTN), em Auto de Infração lavrado contra o contribuinte por descumprimento de obrigação tributária previdenciária, devem ser confrontadas a penalização apurada conforme a legislação de regência do fato gerador com a penalização determinada pela norma superveniente, aplicando-se a que lhe for menos severa, conforme procedeu a fiscalização. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic (Súmula Carf nº 108).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16327.720670/2012-45
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5983857
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2301-005.911
nome_arquivo_s : Decisao_16327720670201245.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOAO MAURICIO VITAL
nome_arquivo_pdf_s : 16327720670201245_5983857.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, em parte, os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, e rerratificar o Acórdão nº 2301-004.245, de 02/12/2014, para, sanando a obscuridade, aclarar o voto vencedor quanto à retributividade da gratificação espontânea paga aos empregados e, sanando a omissão apontada, em NEGAR PROVIMENTO na questão da incidência de juros sobre a multa. João Maurício Vital - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
id : 7686050
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661050576896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2016; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 387 1 386 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.720670/201245 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2301005.911 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de fevereiro de 2019 Matéria SALÁRIO INDIRETO Embargante BANCO BNP PARIBAS BRASIL S.A. Interessado BANCO BNP PARIBAS BRASIL S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de omissão em acórdão exarado pelo CARF, devem ser acolhidos os embargos de declaração visando o saneamento do julgado. LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. DESCUMPRIMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA. Não integram o saláriodecontribuição para os fins da Lei 8.212/1991 as verbas recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Os ganhos eventuais e abonos só não integral o salário de contribuição se expressamente desvinculados por força de lei. No caso, há incidência de contribuição social previdenciária sobre as importâncias recebidas a título de gratificação, posto não ser eventual e não ter sido desvinculada do salário por força de lei. As gratificações tem natureza remuneratória, já que sua origem devese a prestação de serviço, ou colocação à disposição, à empresa, com a característica de contrapartida. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. MULTA MAIS BENÉFICA. RETROAÇÃO. De acordo com o expresso no art. 106, II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional (CTN), em Auto de Infração lavrado contra o contribuinte por descumprimento de obrigação tributária previdenciária, devem ser confrontadas a penalização apurada conforme a legislação de regência do fato gerador com a penalização determinada pela norma superveniente, aplicando se a que lhe for menos severa, conforme procedeu a fiscalização. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 06 70 /2 01 2- 45 Fl. 387DF CARF MF 2 JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic (Súmula Carf nº 108). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, em parte, os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, e rerratificar o Acórdão nº 2301004.245, de 02/12/2014, para, sanando a obscuridade, aclarar o voto vencedor quanto à retributividade da gratificação espontânea paga aos empregados e, sanando a omissão apontada, em NEGAR PROVIMENTO na questão da incidência de juros sobre a multa. João Maurício Vital Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente). Relatório Tratase de embargos de declaração apresentados pelo contribuinte (efls. 323338) em face do acórdão nº 2301004.245 (efls. 300 a 319), proferido pela 1ª Turma de 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF, em 02/12/2014,, recebendo as seguintes ementas: LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. DESCUMPRIMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA. Não integram o saláriodecontribuição para os fins da Lei 8.212/1991 as verbas recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Os ganhos eventuais e abonos só não integral o salário de contribuição se expressamente desvinculados por força de lei. No caso, há incidência de contribuição social previdenciária sobre as importâncias recebidas a título de gratificação, posto não ser eventual e não ter sido desvinculada do salário por força de lei. As gratificações tem natureza remuneratória, já que sua origem devese a prestação de serviço, ou colocação à disposição, à empresa, com a característica de contrapartida. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. MULTA MAIS BENÉFICA. RETROAÇÃO. De acordo com o expresso no art. 106, II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional (CTN), em Auto de Infração lavrado contra o contribuinte por descumprimento de obrigação tributária previdenciária, devem ser confrontadas a penalização apurada conforme a legislação de regência do fato gerador com a Fl. 388DF CARF MF Processo nº 16327.720670/201245 Acórdão n.º 2301005.911 S2C3T1 Fl. 388 3 penalização determinada pela norma superveniente, aplicando se a que lhe for menos severa, conforme procedeu a fiscalização. A parte dispositiva foi assim redigida: Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Natanael Vieira dos Santos, Manoel Coelho Arruda Júnior e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso. Cientificada do acórdão a contribuinte opôs os embargos alegando diversas omissões e contradição no acórdão combatido. Os embargos foram acolhidos parcialmente nos termos do despacho de admissibilidade dos embargos s/nº (efls. 381/384): Das alegadas omissões Quanto à retributividade, de fato, compulsando o acórdão embargado, constatase que tal questão não foi apreciada pela Turma Julgadora, apesar do contribuinte ter alegado que os pagamentos realizados não representaram qualquer contraprestação por serviços prestados. Dessa forma, para que não reste qualquer dúvida quanto à incidência das contribuições sobre as gratificações pagas, cabe à Turma apreciar e sanar essa aparente omissão. (...) Quanto a alegada “Impossibilidade de Exigência dos Juros Sobre a Multa”, realmente, tal item do Recurso Voluntário não foi apreciado no acórdão embargado. Portanto, restou procedente apenas a omissão referente à retributividade e a omissão referente à incidência de juros sobre a multa, as quais deverão ser apreciadas e sanadas pela Turma Julgadora. Diante do exposto, admitemse parcialmente os embargos, para que sejam incluídos em pauta de julgamento e apreciadas as questões atinentes à (a) omissão referente à retributividade e (b) omissão referente à incidência de juros sobre a multa. (grifos no original) É o relatório. Voto Conselheiro João Maurício Vital Relator. Os embargos são tempestivos, portanto deles conheço e passo à sua análise. Fl. 389DF CARF MF 4 De acordo com o despacho que admitiu os embargos os pontos que ensejam saneamento são: (A) OMISSÃO REFERENTE À RETRIBUTIVIDADE Alega a embargante que em seu Recurso Voluntário (tópicos III.2.b e III.2.c), o contribuinte “evidenciou que, de acordo com a legislação, qualquer verba somente integrará a base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas se, e unicamente se, (i) retribuir (contraprestação) os serviços prestados (retributividade) ou (ii) se trata de utilidade concedida com habitualidade.” Ocorre que o acórdão embargado é omisso quanto à retributividade alegada no recurso, sendo que os “pagamentos realizados pelo Embargante não representam qualquer contraprestação por serviços prestados pelos beneficiados, como bem evidenciado no recurso interposto.” Analisando o acórdão embargado, verificase que a ementa trata da matéria, nos seguintes termos: Ementa As gratificações tem natureza remuneratória, já que sua origem devese a prestação de serviço, ou colocação à disposição, à empresa, com a característica de contrapartida. (grifamos) No voto vencedor, apesar de não constar de modo expresso um título tratando do tema "retributividade", podese depreender da sua leitura que o conselheiro manifestou o entendimento de que, de acordo com o texto legal art. 28, I da Lei n.8.212/91 , a remuneração auferida pelo empregado destinase a retribuir o trabalho, excluídas somente aquelas parcelas que a lei assim determinou. Inexistindo determinação legal expressa desvinculando a gratificação paga do conceito de salário, esta deve integrar o saláriode contribuição. Vejamos. As regras de incidência tributária para as contribuições previdenciárias estão expressas na legislação, especificamente na Lei 8.212/1991. Para a Lei a hipótese de incidência da contribuição previdenciária definese, em síntese, pela remuneração, destinada a retribuir o trabalho, pelos serviços prestados ou pelo tempo à disposição do contratante. Lei 8.212/19991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Fl. 390DF CARF MF Processo nº 16327.720670/201245 Acórdão n.º 2301005.911 S2C3T1 Fl. 389 5 Devese deixar claro que salário e remuneração possuem conceitos distintos. Salário é parte integrante da remuneração, como consta da legislação. CLT: Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. Os elementos característicos das parcelas que integram a remuneração são: 1. Não eventualidade; 2. Auferição pelo trabalho; 3. Integração ao patrimônio do trabalhador; e 4. Irrelevância do título. ... Portanto, somente os rendimentos – pagos, devidos ou creditados – dependentes de acontecimento incerto, imprevisto, é que serão conceituados como eventuais. Conseqüentemente, não conceituo o pagamento da gratificação como eventual, pois não tem como característica a incerteza, a imprevisão, tanto é que foi pactuado, com regras e condições. Somase a essa conclusão que na legislação está clara a determinação de como se verifica se existe a incidência, ou não, em ganhos eventuais. Lei 8.212/1991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: ... 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; ... Fl. 391DF CARF MF 6 Concluímos que a determinação acima define que os ganhos eventuais devem ser expressamente desvinculados do salário. ... Ora, a definição de salário, suas parcelas integrantes e não integrantes, suas características, etc, em nosso sistema legal, devem estar expressas em Lei, seja no Direito Trabalhista ou no Previdenciário, ramos de Direito autônomos. Portanto, só Lei pode, expressamente, desvincular algo do salário. Nem mesmo Convenções e Acordos Coletivos podem desvincular parcelas salariais, pois esses instrumentos não têm a competência e o poder de Lei. ... Como não há a definição por Lei de que a parcela em questão não integra o salário de contribuição, deve ocorrer a incidência da contribuição. Concluise que a maioria da turma entendeu que a gratificação espontânea paga pelo empregador além de não ser ganho eventual, também não foi expressamente desvinculada do salário, portanto tem a mesma natureza (de retributividade) desse. Para reforçar esse conceito, destacamos mais alguns pontos. Da leitura do relatório fiscal constatase que o lançamento compreende contribuições sociais e previdenciárias (Parte patronal, SAT e Terceiros), incidentes sobre rubrica denominada "Gratificação Espontânea" Código Rubrica 0024 constante da folha de pagamento da empresa, paga a 7 empregados da empresa, conforme quadro dos beneficiários constante do corpo do Relatório Fiscal. Diz ainda que, "Em resposta à intimação para esclarecer o porque de não ter recolhido as contribuições devidas, o BNP disse que a não tributação decorreu de erro na classificação da rubrica no sistema de folha de pagamento." A recorrente, por sua vez, sustenta que "os pagamentos realizados pelo Recorrente não representam qualquer contraprestação por serviços prestados pelos beneficiados" (efl. 271) e "não se verifica a similitude fática entre as gratificações concedidas pelo Recorrente e a remuneração decorrente do trabalho." (efl. 272). A seguir menciona que "os valores pagos pelo Recorrente não tem absolutamente nenhuma espontaneidade, até porque as condições a que tais valores se sujeitam ao crivo da comissão de empregados e do Sindicato da categoria e atinge a totalidade de seus trabalhadores" (efl. 273 grifamos). Todavia em sua impugnação mencionou que "De fato, as gratificações em questão são pagas em virtude de fatores diversos da prestação regular dos serviços, tais quais: política de recursos humanos voltada à retenção de profissionais, ato de mera liberalidade da empresa, entre outros." (efl. 223) Fl. 392DF CARF MF Processo nº 16327.720670/201245 Acórdão n.º 2301005.911 S2C3T1 Fl. 390 7 Notase que, ora a empresa alega que o pagamento decorre de sua mera liberalidade, ora alega que os valores não tem nenhuma espontaneidade! Mas não combate o fundamento apontado pelo auditor erro na classificação da rubrica! Não traz qualquer elemento de prova que corrobore suas alegações de que tal gratificação era paga de forma desvinculada do salário e sem característica de retribuir o trabalho prestado ou o tempo à disposição da empresa. Portanto, saneiase o voto vencedor do acórdão embargado apenas para aclarar o entendimento de que as gratificações espontâneas foram pagas pela empresa a empregados em retribuição aos serviços por eles prestados ou pelo tempo à disposição da contratante. (B) OMISSÃO REFERENTE À INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE A MULTA Verificase que no acórdão embargado não consta qualquer menção à análise da alegação acima., portanto, flagrante a omissão suscitada. Omitindose a turma na análise de questão trazida em sede recursal, cabe o saneamento por via de embargos, dandolhe efeitos infringentes. Portanto, a matéria omitida deve ser apreciada por este colegiado. Acerca da matéria, é forçosa a aplicação da Súmula Carf nº 108, que determina a incidência de juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Desse modo, em face da omissão apontada pelo embargante, o dispositivo da decisão e a ementa do acórdão embargado deverão ser complementados com a decisão aqui proferida. Conclusão Voto por acolher, em parte, os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para sanando a omissão apontada, rerratificar o Acórdão nº 2301004.245, de 02/12/2014, para, sanando a obscuridade, aclarar o voto vencedor quanto à retributividade da gratificação espontânea paga aos empregados e, sanando a omissão apontada, NEGAR PROVIMENTO na questão da incidência de juros sobre a multa. João Maurício Vital Relator Fl. 393DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.723631/2010-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2005 a 31/12/2006
EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
Conhecer dos Embargos Declaratórios para conhecer a omissão sem atribuir efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3302-006.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão alegada, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (suplente convocado).
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/05/2005 a 31/12/2006 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. Conhecer dos Embargos Declaratórios para conhecer a omissão sem atribuir efeitos infringentes.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10480.723631/2010-89
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5982266
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.568
nome_arquivo_s : Decisao_10480723631201089.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RAPHAEL MADEIRA ABAD
nome_arquivo_pdf_s : 10480723631201089_5982266.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão alegada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7680235
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 2; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1296; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.312 1 1.311 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.723631/201089 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3302006.568 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de fevereiro de 2019 Matéria Interposição fraudulenta Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado C I L COMERCIO DE INFORMATICA LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2005 a 31/12/2006 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. Conhecer dos Embargos Declaratórios para conhecer a omissão sem atribuir efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanar a omissão alegada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 36 31 /2 01 0- 89 Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 10480.723631/201089 Acórdão n.º 3302006.568 S3C3T2 Fl. 1.313 2 Tratamse de Embargos Declaratórios interpostos pela Fazenda Nacional em razão de omissão identificada no Acórdão n. 3302005.574 proferido em 20 de junho de 2018, tendo sido recebido em Despacho de Admissibilidade (efls. 1.310) nos seguintes termos: "3. DO CABIMENTO Não há dúvida de que o dispositivo do voto vencedor, uma vez que contrário a entendimento minoritário expresso no voto vencido, omitiuse em relação à decisão tomada pelo Colegiado para o recurso voluntário. Observese: Conclusivamente, é negar provimento ao Recurso de Ofício, mantendo incólume a decisão exarada pela DRJ." É o Relatório. Voto Conselheiro Raphael Madeira Abad. Relator. Os presentes Embargos são tempestivos e de competência deste Colegiado. Efetivamente o Acórdão ora sob exame apresentou omissão no que diz respeito ao resultado do Recurso Voluntário, razão mais que suficiente para que seja dado provimento aos Embargos Declaratórios sem efeitos infringentes, para que passe a surtir efeitos nos seguintes termos: "Conclusivamente, é de se negar provimento ao Recurso de Ofício e dar provimento ao Recurso Voluntário." É como voto (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad. Fl. 1316DF CARF MF
_version_ : 1713051661053722624
score : 1.0
Numero do processo: 10480.730010/2016-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Não ocorre a nulidade do auto de infração quando forem observadas as disposições do artigo 142 do Código Tributário Nacional e os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não configura cerceamento do direito de defesa a formulação de cobrança com base em presunção legal de omissão de receita e glosa de despesas não comprovadas, notadamente quando a autuação contém motivação clara e devidamente fundamentada, tendo sido o contraditório plenamente assegurado.
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA. POSSIBILIDADE.
É possível, para fatos geradores posteriores à MP 351/2007, que um mesmo lançamento contemple tanto a multa isolada quanto a de ofício, sem que isto represente duplicidade de penalidades para uma mesma conduta.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS e COFINS
Aplica-se, no caso, à exigência decorrente de CSLL, PIS e COFINS o mesmo tratamento dispensado ao lançamento da obrigação principal de IRPJ.
IR-FONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL.
É nulo, por vício material, o Auto de Infração que exige IR-Fonte sobre pagamentos sem causa sem motivação explícita, clara e congruente acerca das razões de fato e de direito que ensejaram a sua lavratura.
IR-FONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. GLOSA DE DESPESAS. NÃO CABIMENTO.
Resta indevida a exigência de IR-Fonte baseado exclusivamente na glosa de despesas por falta de comprovação.
Numero da decisão: 1201-002.720
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: a) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IR-Fonte lançados descrito no item 3.1.1. Votou pelas conclusões Ângelo Abrantes Nunes (Suplente Convocado); Vencidos os Conselheiros Allan Marcel Warwar Teixeira e Lizandro Rodrigues de Sousa; b) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IR-Fonte lançados descrito no item 3.1.2. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa; c) em negar provimento, por voto de qualidade, para manter a multa isolada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL apuradas. Vencidos os Conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli (Relator), José Roberto Adelino da Silva (Suplente Convocado), Gisele Barra Bossa e Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
(assinado digitalmente)
Allan Marcel Warwar Teixeira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Ângelo Abrantes Nunes (Suplente convocado), Jose Roberto Adelino da Silva (Suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2012 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não ocorre a nulidade do auto de infração quando forem observadas as disposições do artigo 142 do Código Tributário Nacional e os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não configura cerceamento do direito de defesa a formulação de cobrança com base em presunção legal de omissão de receita e glosa de despesas não comprovadas, notadamente quando a autuação contém motivação clara e devidamente fundamentada, tendo sido o contraditório plenamente assegurado. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA. POSSIBILIDADE. É possível, para fatos geradores posteriores à MP 351/2007, que um mesmo lançamento contemple tanto a multa isolada quanto a de ofício, sem que isto represente duplicidade de penalidades para uma mesma conduta. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS e COFINS Aplica-se, no caso, à exigência decorrente de CSLL, PIS e COFINS o mesmo tratamento dispensado ao lançamento da obrigação principal de IRPJ. IR-FONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. É nulo, por vício material, o Auto de Infração que exige IR-Fonte sobre pagamentos sem causa sem motivação explícita, clara e congruente acerca das razões de fato e de direito que ensejaram a sua lavratura. IR-FONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. GLOSA DE DESPESAS. NÃO CABIMENTO. Resta indevida a exigência de IR-Fonte baseado exclusivamente na glosa de despesas por falta de comprovação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10480.730010/2016-47
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5971409
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1201-002.720
nome_arquivo_s : Decisao_10480730010201647.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
nome_arquivo_pdf_s : 10480730010201647_5971409.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: a) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IR-Fonte lançados descrito no item 3.1.1. Votou pelas conclusões Ângelo Abrantes Nunes (Suplente Convocado); Vencidos os Conselheiros Allan Marcel Warwar Teixeira e Lizandro Rodrigues de Sousa; b) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IR-Fonte lançados descrito no item 3.1.2. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa; c) em negar provimento, por voto de qualidade, para manter a multa isolada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL apuradas. Vencidos os Conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli (Relator), José Roberto Adelino da Silva (Suplente Convocado), Gisele Barra Bossa e Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli - Relator. (assinado digitalmente) Allan Marcel Warwar Teixeira - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Ângelo Abrantes Nunes (Suplente convocado), Jose Roberto Adelino da Silva (Suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
id : 7649788
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661054771200
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1962; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.730010/201647 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201002.720 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de fevereiro de 2019 Matéria IRPJ E REFLEXOS Recorrente DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS MARFIM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não ocorre a nulidade do auto de infração quando forem observadas as disposições do artigo 142 do Código Tributário Nacional e os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não configura cerceamento do direito de defesa a formulação de cobrança com base em presunção legal de omissão de receita e glosa de despesas não comprovadas, notadamente quando a autuação contém motivação clara e devidamente fundamentada, tendo sido o contraditório plenamente assegurado. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA. POSSIBILIDADE. É possível, para fatos geradores posteriores à MP 351/2007, que um mesmo lançamento contemple tanto a multa isolada quanto a de ofício, sem que isto represente duplicidade de penalidades para uma mesma conduta. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS e COFINS Aplicase, no caso, à exigência decorrente de CSLL, PIS e COFINS o mesmo tratamento dispensado ao lançamento da obrigação principal de IRPJ. IRFONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. É nulo, por vício material, o Auto de Infração que exige IRFonte sobre pagamentos sem causa sem motivação explícita, clara e congruente acerca das razões de fato e de direito que ensejaram a sua lavratura. IRFONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. GLOSA DE DESPESAS. NÃO CABIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 73 00 10 /2 01 6- 47 Fl. 770DF CARF MF 2 Resta indevida a exigência de IRFonte baseado exclusivamente na glosa de despesas por falta de comprovação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: a) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IRFonte lançados descrito no item 3.1.1. Votou pelas conclusões Ângelo Abrantes Nunes (Suplente Convocado); Vencidos os Conselheiros Allan Marcel Warwar Teixeira e Lizandro Rodrigues de Sousa; b) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, por maioria de votos, para afastar a exigência do IR Fonte lançados descrito no item 3.1.2. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa; c) em negar provimento, por voto de qualidade, para manter a multa isolada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL apuradas. Vencidos os Conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli (Relator), José Roberto Adelino da Silva (Suplente Convocado), Gisele Barra Bossa e Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. (assinado digitalmente) Allan Marcel Warwar Teixeira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Ângelo Abrantes Nunes (Suplente convocado), Jose Roberto Adelino da Silva (Suplente convocado), Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de Autos de Infração de IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS) e IRFonte (fls. 2/46), referentes ao anocalendário de 2012, acrescidos de multa de ofício de 75% e multa isolada de 50% sobre as estimativas apuradas e não recolhidas pelo contribuinte. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (TVF de fls. 48/66): [...] Foi a fiscalizada cientificada de que a falta de comprovação da documentação solicitada implicará na glosa das despesas lançadas e recomposição de seu lucro líquido, para efeito de apuração do Lucro Real. Fl. 771DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 3 3 Em 11.07.2016 foi lavrado o Termo de Constatação Fiscal n° 0012, constatando que em 05.05.2016, em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal 0001, a fiscalizada informou que, relativamente à Prestação de Serviços PJ, o valor de R$ 1.254.745,29, é referente à soma dos serviços da matriz (1.215.683,10 ) + filial ( 39.062,20), conforme planilha anexa. Relativamente às despesas com veículos e de conservação de bens e instalações, o valor de R$ 2.102.416,53 é referente à soma dos serviços das contas da matriz (manutenção de veículos no valor de R$ 1.666.766,17 + manutenção e conservação de imóveis, no valor de R$ 316.647,09) e filial (manutenção de veículos no valor de R$ 51.327,93 + manutenção e conservação de imóveis , no valor de R$ 67.675,34), conforme planilha anexa. Neste sentido, foi a fiscalizada intimada, através do Termo de Constatação Fiscal n° 0012, a encaminhar a documentação comprobatória das despesas lançadas nas contas acima identificadas, relativas à filial. Em 22.07.2016 foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 0002, intimando a fiscalizada a apresentar a comprovação documental das despesas lançadas na conta 603 Materiais de Escritório, conforme planilha anexa àquele Termo. Em 29.07.2016, em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal n° 0002, a fiscalizada encaminhou o documento anexo, declarando que já enviou toda a documentação localizada, e que devido a problemas estruturais em seu galpão devido a fortes chuvas, o local onde estava armazenado sofreu perdas de documentos, não tendo mais localizado nenhum documento referente ao ano de 2012. Na mesma data, encaminhou resposta aos Termos de Constatação Fiscal n° 0003, 0006, 0007, 0008; 0009 e 0012, alegando os mesmos motivos anteriormente citados para a falta de apresentação dos documentos solicitados nos referidos termos. Todavia, a legislação tributária, no caso de extravio de documentos, prevê uma série de procedimentos a serem seguidos pela empresa, conforme dispõe o artigo 264 do RIR/99, em seu parágrafo 1°, abaixo transcrito: Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei n° 486, de 1969, art. 4°). § 1° Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da Fl. 772DF CARF MF 4 comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (DecretoLei n° 486, de 1969, art. 10). Tendo em vista o fato de a fiscalizada não haver comprovado ter tomado as providências previstas no parágrafo primeiro do artigo 264 do RIR/99, as despesas cuja documentação comprobatória não foram apresentadas serão objeto de glosa pela fiscalização para efeito de apuração do Lucro Real. Para apuração dos valores comprovados, foram considerados as notas fiscais e cupons fiscais identificados na contabilidade da empresa, considerandose a data de emissão, emitente e valor. Para os valores que foram contabilizados de forma globalizada, tipo "despesas do mês", foram considerados todos os comprovantes encaminhados pela fiscalizada, relacionados como despesas especificas da conta em análise, para os quais não foi localizado o seu registro individual, levandose em conta apenas o mês da emissão do documento. [...] Em continuidade à auditoria fiscal na empresa fiscalizada, examinando os lançamentos contábeis na conta 4 Caixa Geral, identificamos a existência de diversos saldos credores durante todo o ano de 2012. Neste sentido foi a fiscalizada intimada em 03.11.2016, através do Termo de Intimação Fiscal n° 0003 a justificar a existência dos referidos saldos credores de caixa em sua contabilidade, bem como a apresentar a documentação comprobatória correspondente. Em 04.11.2016 foi encaminhado ao endereço cadastral da fiscalizada o Termo de Intimação Fiscal n° 0004, intimandoa dos mesmos elementos solicitados no Termo de Intimação Fiscal n° 0003, em virtude de não constar o prazo para atendimento no Termo de Intimação Fiscal n° 0003. Em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal n° 0004 a fiscalizada encaminhou em 10.11.2016 o documento anexo, prestando os seguintes esclarecimentos: "A empresa nos anos de 2012 e 2013 trabalhava com um sistema de informática, onde os lançamentos de recebimento de clientes eram aglutinados no último dia do mês e com isso, os recebimentos na conta caixa advindo da conta de clientes não contabilizavam diariamente e gerava um saldo credor durante o mês, onde regularizava sempre no final do mês. Porém os valores informados coincidem com os recebimentos, não havendo qualquer prejuízo de falta de recolhimento dos impostos para a Receita Federal. " Apesar de suas alegações, a fiscalizada não apresentou nenhum documento de suporte à comprovação das alegações apresentadas. Neste contexto, foi efetuada nova análise dos lançamentos nas contas Clientes e Caixa Geral, para verificar a procedência das alegações, tendo sido constatado que os lançamentos efetuados na conta clientes, decorrentes de recebimentos de clientes, não eram efetuados de forma globalizada no último dia do mês, como Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 4 5 afirma a fiscalizada. Constatamos também que os lançamentos de recebimentos de clientes na conta caixa não eram efetuados de forma globalizada no final de cada mês. Também não foi possível identificar a coincidência entre os valores lançados na conta caixa e os recebimentos de clientes de forma a regularizar os saldos credores verificados na conta caixa geral da empresa. Além disso, não foi apresentado qualquer documento de suporte que comprovasse, de forma inequívoca a inexistência de fato de saldos credores na conta Caixa Geral da empresa. Ainda na análise efetuada na conta Caixa Geral, foi detectada, a existência de diversos lançamentos a débito da referida conta, efetuados através de cheques, os quais esta fiscalização selecionou os de valores mais significativos, para comprovação documental pela fiscalizada. Neste sentido foi lavrado o Termo de Constatação Fiscal n° 0013, intimando a fiscalizada a apresentar a documentação comprobatória dos citados lançamentos, relacionados na planilha anexa àquele Termo, efetuados na última semana do mês de dezembro de 2012. Em atendimento ao Termo de Constatação Fiscal n° 0013, a fiscalizada encaminhou o documento anexo, informando que as entradas no caixa dos valores relacionados no anexo ao referido Termo de Constatação Fiscal n° 0013, "foram efetuadas em cheques à ordem, onde o valor não foi descontado em espécie e posteriormente foram devolvidos ao banco, conforme extratos bancários em anexo". Analisando a documentação apresentada pela fiscalizada, verificamos que a empresa destacou nos extratos bancários apresentados apenas o valor de R$ 6.000.000,00, lançado a débito de caixa no dia 27.12.2012, com histórico "VR. CHEQUE CONF EXTRATO NMES", bem como seis lançamentos nos valores de R$ 1.000.000,00 cada, lançados todos no dia 28.12.2012, com histórico "CHEQUE ORDEM PAGAMENTO", bem como a devolução dos valores às instituições financeiras, nos dias 09 e 10 de janeiro de 2013. Neste sentido, verificamos, conforme pode ser apreendido da resposta da fiscalizada, bem como verificado nos extratos bancários apresentados, que os referidos lançamentos foram efetuados unicamente com o objetivo de regularizar o saldo credor de caixa no final do ano, tendo em vista que os referidos valores retornaram às instituições financeiras nos primeiros dias do ano seguinte. Diante disto verificamos que os referidos valores não foram utilizados para suprir as saídas de recursos registradas na conta caixa e, portanto, não servem para explicar os "estouros" anteriormente apurados, e que foram contabilizados, ao que parece, apenas com o intuito de "regularizar" o saldo da conta caixa no final do ano. Assim, os valores acima relacionados foram excluídos do caixa da empresa, para efeito de recomposição do seu saldo. Fl. 774DF CARF MF 6 A indicação na escrituração de saldo credor de caixa caracterizase como omissão no registro de receita, na forma do Inciso I do Artigo 281 do RIR/99 (Lei 9.430/96, Artigo 40). Neste sentido esta fiscalização efetuou a apuração dos saldos diários de caixa, conforme demonstrado na planilha anexa, "Consolidação Diária dos Lançamentos", para efeito de apuração da omissão de receita caracterizada pelos saldos credores, conforme demonstrado na planilha anexa, "Listagem dos Valores dos Saldos Credores Apresentados na Conta Caixa". 3 INFRAÇÕES APURADAS 3.1 Despesas Não Comprovadas 3.1.1 Despesas Não Comprovadas Conforme relatado no item Auditoria do presente Termo, verificamos que a fiscalizada deixou de apresentar a documentação comprobatória de diversas despesas lançadas nas contas contábeis abaixo relacionadas, cujo detalhamento encontrase especificado nas planilhas "Demonstrativo das Despesas Não Comprovadas" anexas ao presente, relativas à matriz e filial: Matriz Conta Contábil Valor Contabilizado Valor Comprovado Diferença 448 Manutenção de Equipamentos 1.602.891,91 11.320,00 1.591.571,91 568 Fretes e Carretos 95.640,77 84.369,71 11.271,06 589 Materiais de Limpeza 1.409.567,39 646,56 1.408.920,83 603 Material de Escritório 1.465.046,33 60,80 1.464.985,53 610 Serviços Prestados Por PJ 1.215.683,09 1.190.378,56 25.304,53 624 Manutenção de Veículos 1.666.766,17 97.964,54 1.568.801,63 631 Manutenção e Conservação de Imóveis 316.647,09 4.913,15 311.733,94 645 Gastos Diversos 2.873.602,11 21.676,21 2.851.925,90 1050 Combustíveis e Lubrificantes 1.685.469,05 38.539,88 1.646.929,17 1079 Copa Cozinha e Refeitório 214.021,65 10.328,19 203.693,46 Total 12.545.335,56 1.460.197,60 11.085.137,96 Filial Conta Contábil Valor Contabilizado Valor Comprovado Diferença 555 Combustíveis e Lubrificantes 78.072,60 4.902,42 73.170,18 578 Serviços Prestados Por PJ 39.062,20 715,00 38.347,20 682 Manutenção de Veículos 51.327,93 7.545,80 43.782,13 684 Manutenção e Conservação de Imóveis 67.675,34 3.014,86 64.660,48 688 Gastos Diversos 2.045,11 554,14 1.490,97 Total 238.183,18 16.732,22 221.450,96 Neste sentido, ficou constatado que a fiscalizada deixou de comprovar mensalmente, os valores das despesas contabilizadas, conforme abaixo relacionados: Mês Matriz Filial Total Janeiro 28.157,71 13.655,15 41.812,86 Fevereiro 10.144,48 19.677,11 29.821,59 Março 1.132.459,98 14.719,12 1.147.179,10 Abril 37.811,61 15.904,06 53.715,67 Maio 500.537,97 21.942,04 522.480,01 Junho 217.672,64 13.813,02 231.485,66 Julho 686.202,75 15.562,95 701.765,70 Agosto 1.126.902,89 10.162,21 1.137.065,10 Setembro 1.419.231,73 14.131,69 1.433.363,42 Outubro 16.189,74 70.200,29 86.390,03 Novembro 951.803,06 5.323,85 957.126,91 Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 5 7 Dezembro 4.958.023,40 6.359,47 4.964.382,87 Total 11.085.137,96 221.450,96 11.306.588,92 Os valores contabilizados como despesas, para os quais o contribuinte não apresentou a documentação comprobatória de sua realização, serão objeto de glosa pela fiscalização, para efeito de apuração do lucro líquido do período e Lucro Real Anual. 3.1.2 Outras Despesas Não Comprovadas Conforme descrito no item Auditoria do presente Termo de Verificação Fiscal, constatamos que a fiscalizada deixou de comprovar a efetividade das despesas relativas à nota fiscal n° 1445, datada de 29.03.2012, emitida pela empresa I.F. Revestimentos Industriais Ltda, no valor de R$ 210.000,00, cujos serviços discriminados no corpo da nota fiscal se refere à supervisão e consultoria técnica, no valor de R$ 105.000,00 e argamassa preparada à base de epox, no valor de R$ 105.000,00, registradas na conta contábil 610 Serviços Prestados Pessoa Jurídica. Constatamos ainda que a fiscalizada deixou de apresentar a documentação comprobatória das despesas lançadas na conta contábil 1093 Despesas com Telefone, nos valores de R$ 42.560,00, contabilizado em 02.06.2012 e R$ 35.794,03, contabilizado em 26.11.2012. Data Conta Contábil Valor Contabilizado Valor Comprovado Diferença 29/03/2012 610 Serviços Prestados Por PJ 210.000,00 0,00 210.000,00 02/06/2012 1093 Despesas Com Telefone 42.560,00 0,00 42.560,00 26/11/2012 1093 Despesas Com Telefone 35.794,03 0,00 35.794,03 Total 252.560,00 0,00 252.560,00 Neste sentido, os valores das despesas acima relacionados, cuja efetividade a fiscalizada não logrou comprovar, serão glosados para efeito de apuração do Lucro Real e conseqüente tributação do IRPJ e da CSLL. Por outro lado, examinando os lançamentos contábeis a débito relativos às citadas despesas não comprovadas, verificamos que tiveram como contrapartida lançamentos a crédito da conta caixa, cujo histórico se refere a pagamentos de despesas lançadas nas referidas contas. A falta de comprovação de despesas contabilizadas e lançadas a crédito do caixa como pagamentos efetuados, caracterizamse como pagamentos sem causa/operação não comprovada. Dessa forma verificamos que a fiscalizada incorreu na hipótese prevista no parágrafo primeiro do artigo 674 do RIR/99 (Lei 8.981/95, artigo 61, § 1°), ficando sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%. Fl. 776DF CARF MF 8 3.2 Despesas Indedutíveis/ Despesas Não Necessárias No curso da auditoria fiscal na empresa, esta fiscalização verificou que para comprovação das despesas contabilizadas foram apresentados diversos documentos que pela sua natureza, foram considerados não necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte produtora, e, portanto, indedutíveis na apuração do Lucro Real Anual, conforme discriminado em planilha anexa "Demonstrativo das Despesas Indedutíveis/ Não Necessárias", cujos valores consolidados encontramse abaixo relacionados: Data Despesa Indedutível/Não Necessárias Fevereiro 1.023,01 Abril 340,69 Maio 220,26 Julho 201,00 Agosto 119,90 Setembro 6.355,80 3.3 Despesas Não Contabilizadas/Falta de Escrituração de Pagamentos Efetuados Conforme relatado no item Auditoria do presente Termo, na análise da documentação apresentada pela fiscalizada para comprovação de diversas despesas lançadas em suas contas contábeis, verificamos que foram encaminhados diversos documentos que não foram localizados nas contas indicadas pela empresa, conforme relação apresentada pela mesma. Apesar de intimada por mais de uma vez a informar a conta contábil onde as referidas despesas foram contabilizadas, a fiscalizada não forneceu a informação solicitada. Todavia através de exame nas demais contas de despesas constantes da contabilidade da empresa (Sped Contábil), esta fiscalização conseguiu identificar o registro de alguns desses documentos até então não localizados, em conta diversa daquelas inicialmente relacionadas pela fiscalizada, especialmente nas contas da filial. Assim, a título exemplificativo, todas as notas fiscais apresentadas inicialmente para comprovação das despesas lançadas na conta contábil 624 Manutenção de Veículos, cuja contabilização não foi efetuada na referida conta, esta fiscalização identificou que as mesmas foram registradas em contas diversas, como por exemplo a NF 824 no valor de R$ 1.276,00, emitida pela empresa J M Pneus em 28.06.2012, foi registrada na conta 578 Serviços Prestados PJ Filial, assim como a NF 0813 , no valor de R$ 2.400,00, emitida pela empresa Andrade Representações em 22.08.2012, foi registrada na conta 617 Serviços Prestados PF Filial. Da mesma forma o cupom fiscal coo 014366, no valor de R$ 497,00, emitido pela empresa Manoel Denys em 29.10.2012, foi registrado na conta 682 Manutenção de Veículos Filial. Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 6 9 Nas demais contas, também foi possível identificar diversos documentos registrados em contas diversas daquelas inicialmente relacionadas pela fiscalizada. Diante disso, esta fiscalização excluiu da relação dos documentos apresentados e não localizados na contabilidade da empresa, aqueles para os quais foi possível identificar os registros contábeis em outras contas, especialmente em conta da filial. Mesmo assim, ainda restaram sem identificação do registro contábil, diversos documentos apresentados pela fiscalizada os quais encontramse relacionados nas planilhas anexas ao presente "Documentos Apresentados e Não Localizados na Contabilidade" cujos valores consolidados encontramse abaixo relacionados: 3.4 Saldo Credor de Caixa Conforme descrito no item Auditoria do presente Termo, foi identificada a existência de saldo credor de caixa na contabilidade, cuja improcedência a fiscalizada não logrou comprovar com documentação hábil e idônea, correspondente em datas e valores, caracterizandose dessa forma como omissão de receita, prevista no Inciso I do Artigo 281 do RIR/99, conforme demonstrado nas planilhas anexas"Consolidação Diária de Lançamentos"; "Listagem dos Valores de Saldos Credores Apresentados na Conta Caixa" e " Apuração mensal dos Saldos Credores de Caixa", cujos valores consolidados encontramse abaixo relacionados: Mês Saldo Credor de Caixa Janeiro 458.068,71 Fevereiro 250.730,31 Março 379.528,17 Dezembro 10.895.518,05 Total 11.983.845,24 3.5 Estimativas Mensais do IRPJ e da CSLL [...] As Multas pela falta de recolhimento das Estimativas Mensais do IRPJ e da CSLL serão objeto de lançamento de ofício, para Mês Conta 624 Conta 631 Conta 645 Conta 1050 Conta 1079 Total Janeiro 140,00 301,20 403,88 2.323,81 279,05 3.447,94 Fevereiro 103,99 413,10 1.370,88 3.601,01 900,04 6.389,02 Março 1.141,50 672,78 0,00 9.188,21 1.881,04 12.883,53 Abril 1.245,90 736,62 1.061,79 7.085,37 1.387,15 11.516,83 Maio 0,00 0,00 0,00 3.628,60 0,00 3.628,60 Junho 163,50 0,00 0,00 2.958,45 1.286,21 4.408,16 Julho 0,00 0,00 0,00 1.210,02 0,00 1.210,02 Agosto 30,00 28,90 223,70 2.296,04 2.068,25 4.646,89 Setembro 0,00 22,60 0,00 2.397,36 31,90 2.451,86 Outubro 0,00 797,65 426,52 9.583,66 2.746,50 13.554,33 Novembro 0,00 1.176,50 0,00 6.597,71 0,00 7.774,21 Dezembro 0,00 202,50 3.140,64 8.608,92 674,21 12.626,27 Total 2.824,89 4.351,85 6.627,41 59.479,16 11.254,35 84.537,66 Fl. 778DF CARF MF 10 instruir a cobrança do crédito tributário correspondente, na forma do artigo 44, inciso II, alínea b da Lei 9.430/96. Às fls. 697 foi acostado aos autos “Termo de Solicitação de Juntada”, reportando a anexação de cinco arquivos não pagináveis intitulados “Recurso IRPJ”, “Recurso Cofins”, “Recurso CSLL”, “Recurso PIS” e “Recurso IRRF”. Para o IRPJ e Reflexos, a contribuinte aponta, de início, erro material na lavratura do Auto de Infração, uma vez que o TVF registraria saldo credor de caixa de R$ 11.983.845,24 e ainda, de forma contraditória, infrações apuradas (despesas não comprovadas, outras despesas não comprovadas, despesas indedutíveis/despesas não necessárias; despesas não contabilizadas/falta de escrituração de pagamentos efetuados) que somariam R$ 11.651.947,24. Sustenta, assim, que esse equívoco “nulifica o auto de infração” por cercear o seu direito de defesa. Adiante, aduz que “o auto de infração enquadra como fato gerador dos tributos cobrados o total de R$ 11.983.845,24, a título de saldo credor de caixa” e que, no entanto, os valores tributados no Auto de Infração são outros. Argumenta que a metodologia de apuração de saldo credor, exposta em acórdão do Carf, nada tem “a ver com glosa de custos ou despesas”. Acrescenta que “o saldo credor de caixa se funda em despesas não comprovadas e não em custos ou despesas não dedutíveis, EMBORA COMPROVADAS, que são despesas que não se confundem com receitas omitidas” e daí conclui que a autuação confundiu saldo credor com despesas ou custos não dedutíveis, razão pela qual não se sustenta. Por fim, contesta a multa isolada sobre as estimativas com fundamento em julgados do Carf, em que se decidiu pela impossibilidade de sua concomitância com a multa de ofício. Já no recurso interposto contra a exigência de IRRF, assevera o contribuinte que não se trata de hipótese sujeita à retenção de IR. Além disso, assevera, com amparo na Solução de Consulta Interna nº 11, de 2013, e em julgados do Carf, que a autoridade fiscal, além de não ter comprovado o efetivo pagamento, já teria glosado o dispêndio objeto de nota fiscal que não foi questionada, o que revela a improcedência da cobrança. Em Sessão de 27 de abril de 2017, a DRJ julgou as impugnações improcedentes, por meio de decisão (fls. 706/714) que recebeu a seguinte ementa: NULIDADE. Não é nulo o Auto de Infração que, lavrado por autoridade competente, contenha os fundamentos de fato e de direito do lançamento. OMISSÃO DE RECEITA. SALDO CREDOR DE CAIXA. A ocorrência de saldo credor de caixa caracteriza omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. OMISSÃO DE RECEITA. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. Caracterizase como omissão no registro de Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 7 11 receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a falta de escrituração de pagamentos efetuados. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, desde que comprovados por documentos hábeis. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos e o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora. PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. O registro contábil de despesa não comprovada que tem como contrapartida a conta Caixa autoriza, além da exigência do IRPJ, em face da glosa da despesa inexistente ou não provada, a cobrança pelo Fisco do IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado. Cientificado da decisão em 26/06/2017 (AR de fls. 729), o contribuinte, em 12/07/2017 (fls. 732), interpôs recurso voluntário (fls. 733/752), onde basicamente reitera as alegações de defesa, aduz que o ICMS deveria ter sido excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme decidiu o STF e que não tem cabimento a alegação da autuante para excluir do caixa da empresa, para recomposição do saldo final de 2012, os valores provenientes de instituições financeiras. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade. Dele, portanto, conheço e passo a apreciálo. 1) IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS) Fl. 780DF CARF MF 12 1.1) Da nulidade dos Autos de Infração de IRPJ e Reflexos por suposto erro de enquadramento e base de cálculo Especificamente em relação à exigência de IRPJ e Reflexos, a Recorrente, na linha das defesas apresentadas, pugna pela nulidade dos lançamentos, alegando que o TVF teria sido contraditório em relação às infrações caracterizadas, bem como que teria havido erro material na base de cálculo apurada. Razão, porém, não lhe assiste. Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal, dispõem os artigos 10º e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72, que: “Artigo 10 O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula”. “Artigo 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa”. Não verifico, nesse caso concreto, qualquer nulidade formal nos lançamentos ocasionada pela inobservância do disposto no art. 10º acima, bem como não se faz presente nenhuma das nulidades previstas no art. 59. Os Autos de Infração foram emitidos com observância de seus requisitos essenciais, como prescreve o artigo 142 do Código Tributário Nacional abaixo transcrito. Artigo 142 Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 8 13 montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. Tal como determinado nesse dispositivo legal, os lançamentos têm como motivação a caracterização de omissão de receitas em face da escrituração de saldo credor de caixa e pela não escrituração de pagamentos efetuados, conforme previsto no artigo 281, I e II, do RIR/99, bem como a ausência de comprovação de custos e despesas operacionais de acordo com o artigo 299 do mesmo Regulamento. No exercício, então, de sua atividade plenamente vinculada, a fiscalização cumpriu seu dever de, após identificar esses fatos, tributar a receita omitida e efetuar a glosa dos dispêndios cuja dedução foi questionada. A descrição dos motivos de fato e de direito caracterizadores das infrações, ademais, está clara, explícita e congruente no TVF, permitindo o pleno conhecimento da lide e o julgamento do recurso voluntário, sem qualquer prejuízo a ampla defesa ou a busca pela verdade material. Feitas essas considerações, afasto a nulidade arguida pelo contribuinte. No mérito, a Recorrente equivocase ao afirmar que a fiscalização teria sido confusa quanto às infrações apuradas e, mais ainda, que teria usado base de cálculos equivocadas. Basta verificar os Autos de Infração, o TVF e seus anexos que é possível se certificar do "passo a passo" e metodologia de cada uma das infrações imputadas. Não há, ao contrário do que quer fazer crer a contribuinte, nenhuma confusão entre a capitulação do "saldo credor de caixa" com a "indedutibilidade de despesas", fatos diferentes e que foram tipificados de forma individualizadas. Nenhum reparo, portanto, cabe à decisão recorrida, quando assim concluiu: Da leitura, mesmo desatenta, da Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais dos Autos de Infração, como também do Termo de Verificação Fiscal (TVF), percebese de plano que à fiscalizada foram imputadas diversas infrações, sendo o saldo credor de caixa apenas uma delas e que, de forma alguma, se sobrepõe às demais, que têm distintos fundamentos de fato e de direito. Cabe, a propósito, enumerar os ilícitos apurados, conforme consignado no Auto de Infração (q.v. fls. 3 a 6): i. omissão de receita caracterizada pela ocorrência de saldo credor; ii. omissão de receita caracterizada pela não contabilização de pagamentos de despesas operacionais; iii. despesas não Fl. 782DF CARF MF 14 necessárias; iv. despesas não comprovadas; v. falta de pagamento do IRPJ incidente sobre a base de cálculo estimada. Esclareçase que cada um constitui uma irregularidade autônoma que não se confunde com as outras, o que, ainda que se desconheça, poderia ser facilmente apreendido a partir da narrativa das irregularidades apuradas no procedimento fiscal, feita pela auditoria no TVF e no Auto de Infração, ou ainda pelo exame dos enquadramentos legais constantes dos lançamentos. De outro lado, assinalese que não há qualquer divergência entre o Auto de Infração e o TVF, que relatam exatamente as mesmas infrações, mencionadas no parágrafo anterior, e apresentam idênticos valores tributáveis. Basta comparar as fls. 3 a 6 com as fls. 60 a 65 do processo. O TVF apenas descreve os fatos de forma mais detalhada, além de expor os critérios adotados na apuração das bases de cálculo utilizadas no Auto de Infração. Argumenta corretamente a impugnante que a apuração de saldo credor de caixa não guarda relação com a glosa de custos ou despesas não comprovadas, mas emenda de forma equivocada que “o saldo credor de caixa se funda em despesas não comprovadas e não em custos ou despesas não dedutíveis, EMBORA COMPROVADAS, que são despesas que não se confundem com receitas omitidas”. [...] Vêse que a defeituosa compreensão do que representaria o saldo credor de caixa levou a impugnante a entender que estaria diante de infrações idênticas, mas apenadas em montantes diferentes. Sua confusão aumentou em decorrência da proximidade entre o valor tributável apurado a título de saldo credor de caixa e a soma dos valores tributáveis determinados para as demais infrações (omissão por pagamento não contabilizados, despesas desnecessárias e despesas não comprovadas). Ora, tal deficiência obviamente não caracteriza qualquer cerceamento ao direito de defesa, que, há de se ressaltar, foi suficientemente ofertado à impugnante nos relatos e tipificações legais constantes dos autos. Nesse sentido, e considerando que a Recorrente não contrapôs diretamente as constatações fiscais que motivaram os Autos de Infração de IRPJ e Reflexos, entendo que os lançamentos são procedentes. 1.2) Da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS Em sede de recurso voluntário o contribuinte sustenta erro nas bases de cálculo do PIS e COFINS em razão da não exclusão do ICMS. Ocorre, porém, que não foram apresentados os documentos contábeis pertinentes, as apurações do ICMS, Livros de Entrada e Saída, guias de recolhimento, o que prejudica o direito correlato. Fl. 783DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 9 15 O pleito em questão, a bem da verdade, foi feito de forma genérica, ou melhor, sem a devida liquidez, afinal não há nenhuma informação acerca da efetiva origem do crédito que se pleiteia, bem como inexiste comprovação da incidência de ICMS nas operações cujas receitas foram consideradas omitidas. Não obstante, cumpre observar que o PIS e COFINS ora exigidos dizem respeito à omissão de receitas por presunção legal, presunção legal esta que não contempla uma dedução ou abatimento de ICMS tal como foi formulado. Correta, portanto, a base de cálculo considerada. 1.3) Da multa isolada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL apuradas A discussão sobre a legitimidade ou não da cobrança cumulativa de multa isolada e multa de ofício não é recente, mas é tema que ainda demanda atenção. Com a aprovação da Súmula CARF nº 105, restou sedimentado que: “a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.” Na prática, a Súmula aplicase indubitavelmente para os fatos compreendidos até 31/12/2006. Dizemos indubitavelmente porque há corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta que, após a nova redação dada pela Lei nº 11.488/2007 ao art. 44 da Lei nº 9.430/96 (que passou a produzir efeitos a partir de 2007), não haveria mais espaço para interpretação diversa daquela favorável à exigência de multa isolada, mesmo nos casos em que houver sido imposta a multa de ofício pela falta de pagamento anual do IRPJ e da CSLL. Vejamos, então, o que dispõe o art. 44 da Lei 9.430/96, com a redadação dada pela Lei nº 11.488/2007: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; Fl. 784DF CARF MF 16 b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Da leitura desses dispositivos, verificase que a multa do inciso I é aplicável nos casos de totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. A multa prevista no inciso II, porém, é passível de exigência sobre o valor do pagamento mensal de estimativa que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física e ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Adotando uma interpretação sistemática, me parece que o mais razoável é não admitir a cumulação das multas, devendo a infração prevista no inciso II ser absorvida quando o caso concreto também se enquadrar na hipótese de multa mais onerosa (inciso I). Com efeito, aplicar a multa de ofício de 75% sobre o valor apurado de IRPJ, juntamente com o principal, e, ao mesmo tempo, pretender exigir a multa de 50% sobre o IRPJ não antecipado no mesmo período de apuração, representa uma violação à razoabilidade e proporcionalidade. Vale dizer, a cobrança de multa de ofício de 75% sobre o tributo não pago supre a exigência da multa isolada de 50% sobre eventual estimativa (antecipação do tributo devido) não recolhida. Admitir o contrário permite que duas penalidades incidam sobre uma mesma base de cálculo (bis in idem), o que é vedado no sistema jurídico. Sobre o tema, precisas as colocações do Conselheiro Marcos Takata em voto proferido no Acórdão nº 1103001097 (DOU28/11/2014): É de cartesiana nitidez, para mim, que a aplicação da multa de ofício de 75% sobre o valor não pago do IRPJ e da CSL efetivamente devidos, cobráveis juntamente com esses, exclui a aplicação da multa de ofício de 50% (multa isolada) sobre o valor não pago do IRPJ e da CSL mensal por estimativa, do mesmo anocalendário. Isso, seja por interpretação lógica dos preceitos citados (aliás, para além disso, podese dizer que é corolário lógico), seja por interpretação finalística do aet. 44, I e II, da Lei n167 9.430/96. Apenando o continente, desnecessário e incabível apenar o conteúdo. Se já se penaliza o todo, não há sentido em se penalizar também a parte do todo. Noutros termos, é a aplicação do princípio da consunção em matéria penal. Fl. 785DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 10 17 Como penalizar pelo todo e ao mesmo tempo pela parte do todo? Isso seria uma contradição de termos lógicos e axiológicos – e mesmo finalísticos (teleológicos).” (fls. 1.369). Ao analisar essa matéria, destacase também a seguinte passagem do voto condutor proferido pelo Sr. Ministro Humberto Martins, da 2ª Turma do STJ (Resp 1.496.354 PR. Dje 24/03/2015): Sistematicamente, notase que a multa do inciso II do referido artigo somente poderá ser aplicada quando não possível a multa do inciso I. Destacase que o inadimplemento das antecipações mensais do imposto de renda não implicam, por si só, a ilação de que haverá tributo devido. Os recolhimentos mensais , ainda que configurem obrigações a pagar, não representam, no sentido técnico, o tributo em si. Este apenas será apurado ao final do ano calendário, quando ocorrer o fato gerador. As hipóteses do inciso II, “a” e “b”, em regra, não trazem novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do art. 44, em consequência de, nos casos ali decritos, não haver nada a ser cobrado a título de obrigação tributária principal. As chamadas “multas isoladas”, portanto, apenas servem aos casos em que não possam ser exigidas juntamente com o tributo devido (inciso I), na medida em que são elas apenas formas de exigência das multas descritas no caput. Esse entendimento é corolário da lógica do sistema normativo tributário que pretende prevenir e sancionar o descumprimento de obrigações tributárias. De fato, a infração que se pretende repreender com a exigência isolada da multa (ausência de recolhimento mensal do IRPJ e CSLL por estimativa) é completamente abrangida por eventual infração que acarrete, ao final do ano calendário, o recolhimento a menor dos tributos, e que dê azo, assim, à cobrança da multa de forma conjunta. Em decisão mais recente, a C. 2ª Turma do STJ ratificou o posicionamento contrário à aludida concomitância, conforme atesta a ementa do seguinte julgado: TRIBUTÁRIO. [...]. CUMULAÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO E ISOLADA. IMPOSSIBILIDADE. [...] Fl. 786DF CARF MF 18 2. Nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos casos de declaração inexata, seria cabível a multa de ofício ou no percentual de 75% (inciso I), ou aumentada de metade (parágrafo 2º), não se cogitando da sua cumulação.” (Resp 1.567.289RS. Dje 27/05/2016). Adotando esses precedentes jurisprudenciais, afasto a aplicação da multa isolada. 2. Da cobrança de IRFonte De plano, chama atenção o fato de que o Auto de Infração de IRFonte foi emitido genericamente e como reflexo da glosa de despesas. No TVF a motivação dessa autuação foi feita de forma bem singela e dirigida a apenas três pagamentos dentro do item 3.1.2 Outras Despesas Não Comprovadas (vide parte sublinhada do relatório), quais sejam: R$ 210.000,00 por serviços não comprovados objeto de nota fiscal emitida 1445, datada de 29.03.2012 e emitida pela empresa I.F. Revestimentos Industriais Ltda. e despesas com Telefone, respectivamente nos valores de R$ 42.560,00 e R$ 35.794,03, que também foram glosadas pela falta de comprovação. Quanto aos demais valores que integraram a base de cálculo do IRFonte ora exigido, salta aos olhos a ausência de motivação ou fundamentação. Tal procedimento, entretanto, fere diretamente os artigos 9º e 10º, III e IV, do Decreto nº 70.235/1972 e artigo 50, II e seu parágrafo único da Lei nº 9.784/99, dispositivos estes que, respectivamente, possuem a seguinte redação: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: [...] III a descrição do fato; IV – a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; Artigo 50 Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: Fl. 787DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 11 19 I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; [...] Parágrafo 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Ao comentar esse último dispositivo, leciona Hely Lopes Meirelles1 que: [...] na esfera federal, a referida Lei 9.784, de 29.1.99, diz que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, ao princípio da motivação (art. 1º.). No processo e nos atos administrativos a motivação é atendida com a “indicação dos pressupostos de fato e de direito” que determinarem a decisão ou o ato (parágrafo único do art. 1º. e art. 50). A motivação “dever ser explícita, clara e congruente” (parágrafo 1º. do art. 50). Assim, se não permitir o seu devido entendimento, a motivação não atenderá aos seus fins, podendo acarretar a nulidade do ato. Ora, da mesma forma que as regras do processo administrativo fiscal, sob o risco de preclusão, não admitem que uma impugnação seja feita sem a indicação das razões de fato e de direito, devendo as provas serem apresentadas na defesa, também o ordenamento jurídico não admite que um lançamento tributário seja feito sem a adequada motivação, fundamentação legal e instrução probatória. A motivação dos fatos e do direito, em se tratando de lançamento tributário de ofício, constitui medida essencial para que tanto o contribuinte quanto o julgador possam compreender a acusação e avaliar a procedência ou não da autuação perante o caso concreto, sob pena de nulidade do ato administrativo. Dessa forma, com exceção dos 3 (três) valores acima referidos, e diante do apontado vício material de inexistência de motivação e fundamentação, considero nula a cobrança do IRFonte sobre os demais montantes. Especificamente para os valores enquadrados no item 3.1.2 (Outras Despesas Não Comprovadas), a bem da verdade é que a fiscalização não se ateve aos pressupostos fáticos que permitiriam a cobrança do IRFonte, confundindo a hipótese de glosa descumprimento do artigo 299 do RIR/99 com pagamento sem causa, o que não tem como prevalecer. De fato, a hipótese normativa do IRFonte sobre pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, na forma prevista no artigo 674 do RIR/992, consiste, em um 1 Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros. 28ª Edição. P.98. Fl. 788DF CARF MF 20 primeiro momento, da prova do efetivo pagamento e, mais ainda, que este pagamento tenha sido feito sem identificação do destinatário e sem nenhuma causa jurídica, sem o que não pode haver a incidência deste tributo, sob pena de flagrante ofensa ao disposto nos artigos 113, §1o e114 do CTN3 A fiscalização, porém, não demonstrou nem a ocorrência efetiva de pagamentos e muito menos que os serviços não teriam sido prestados pelas empresas emitesntes das notas fiscais que suportaram os dispêndios. O que ocorreu, na verdade, foi uma presunção, sem base em lei (e, portanto, ilegal) de que a glosa pela não comprovação por si só já seria suficiente para enquadrar a operação como sem causa. A glosa da despesa, porém, não constitui fato gerador do IRFonte em questão. Uma coisa é a não comprovação dos requisitos para fins de dedução dos dispêndios, fato que enseja a glosa da dedução do gasto; outra coisa é a ausência de causa ou da operação propriamente dita, o que nunca foi colocada em xeque pela autoridade fiscal autuante. Para valer sua tese de incidência de IRFonte em relação aos três pagamentos reportados, a fiscalização deveria ter cumprido seu o ônus de comprovar cabalmente que houve pagamento sem possibilidade de rastreamento do beneficiário da renda, o que nunca ocorreu. Sem a demonstração cabal de que a Recorrente de fato entregou recursos a estranhos sem nenhuma causa, não há como a norma de responsabilidade tributária na fonte produzir efeitos. Nesse sentido é a jurisprudência do CARF, conforme atestam as ementas dos seguintes julgados: PAGAMENTO CARACTERIZAÇÃO DO ATO ÔNUS DA PROVA. A caracterização pela fiscalização, mediante provas, de que ocorreu pagamento é pressuposto material para o lançamento do Imposto de Renda Retido na Fonte incidente sobre pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, 2 Art. 674. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61). § 1º A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 1º). § 2º Considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 2º). § 3º O rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 3º). Grifei. 3 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. [...] Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Fl. 789DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 12 21 de que trata o caput do art. 61. (Acórdão 2202002.221. Data de Publicação: 17/06/2013). IRFONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA. INOCORRÊNCIA. Tributo não é penalidade ou sanção de ato ilícito. A exigência de IRFonte com fulcro no art. 35 da Lei 8.981/1995 deve observar 2 premissas básicas: i) a efetiva realização do pagamento (prova a cargo do Fisco); e ii) a inexistência ou não comprovação da causa do desembolso, e/ou a constatação de que o beneficiário não é aquele apontado pela fonte pagadora (prova também a cargo do Fisco). (Acórdão 1402.001.343. Sessão de 06/03/2013). Nessa linha de raciocínio, afasto a exigência do IRFonte. Conclusão Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO para exonerar a multa isolada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL apuradas, bem como para afastar a exigência do IRFonte. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Voto Vencedor Conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira, redator designado. A mim coube redigir o voto que representa a divergência parcial vencedora no julgamento deste processo. Trata a divergência de aplicação concomitante das multas isolada e de ofício. Alega a Recorrente que não seria cabível a aplicação simultânea das referidas penalidades na autuação fiscal do IRPJ e da CSLL. Primeiramente, convém historiar a evolução da legislação de regência da matéria. A Instrução Normativa SRF nº 93, de 1997, ao tratar da falta ou insuficiência de pagamento da estimativa, em seus arts. 15 e 16, esclareceu que, verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangeria tanto a multa de ofício isolada sobre a estimativa não recolhida como o Fl. 790DF CARF MF 22 imposto devido com base no lucro real apurado no encerramento do anocalendário, acrescido de multa de ofício e de juros de mora: Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringirse á à multa de ofício sobre os valores não recolhidos. § 1º. As infrações relativas às regras de determinação do lucro real, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do imposto devido em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de que trata o ‘caput’ sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. (...) Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I – a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II – o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. Em seguida, a Instrução Normativa RFB nº 1.515, de 2014 revogou os arts. 15 e 16 da IN mencionada, porém manteve o entendimento anterior, nos seguintes termos: Art. 16. Verificada, durante o próprio anocalendário, a falta de pagamento do imposto por estimativa, o lançamento de ofício restringirseá à multa de ofício sobre os valores não recolhidos. § 1ºA multa de que trata o caput é de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado. § 2ºAs infrações relativas às regras de determinação do lucro real, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do imposto devido em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de ofício sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. (...) Art. 17. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I a multa de ofício de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal no anocalendário correspondente; Fl. 791DF CARF MF Processo nº 10480.730010/201647 Acórdão n.º 1201002.720 S1C2T1 Fl. 13 23 II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. Posteriormente, a MP 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, deu nova redação ao art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, esclarecendo que a base de cálculo da multa isolada é o pagamento mensal. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Com a novel redação legal, foi definitivamente esclarecido não haver bis in idem com a aplicação simultânea das penalidades que incidem sobre as estimativas mensais não recolhidas e a multa de ofício incidente sobre a insuficiência de recolhimento apurado no ajuste, pois as causas motivadoras das sanções previstas na legislação são distintas, assim como independentes suas bases de cálculo. A nova redação passou a ser reconhecida como aplicável para fatos geradores ocorridos a partir de sua vigência, sendo afastada a sua vigência para períodos pretéritos. A não concomitância das multas isolada e de ofício para períodos anteriores à vigência da Lei 11.488/07 foi objeto da Súmula CARF nº 105, confirmando este entendimento para fatos pretéritos. Contudo, por versar o caso dos autos de infrações cometidas depois da alteração promovida pela MP 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/07, não devem observância à Súmula CARF nº 105. Esta é a conclusão a que chegou a Câmara Superior de Fl. 792DF CARF MF 24 Recursos Fiscais no julgamento do processo nº 10166.723037/201212, ocorrido na sessão de 12/12/2016, acórdão nº 9101002.510 1ª Turma, de seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº 351, de 2007, no art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, deixa clara a possibilidade de aplicação de duas penalidades em caso de lançamento de ofício frente a sujeito passivo optante pela apuração anual do lucro tributável. A redação alterada é direta e impositiva ao firmar que "serão aplicadas as seguintes multas". A lei ainda estabelece a exigência isolada da multa sobre o valor do pagamento mensal ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa no anocalendário correspondente. No caso em apreço, não tem aplicação a Súmula CARF nº 105, eis que a penalidade isolada foi exigida após alterações promovidas pela Medida Provisória nº 351, de 2007, no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Os fundamentos da decisão conforme ementa acima servem igualmente para justificar a não aplicação da Súmula CARF nº 105 no presente caso, pois se trata de fato gerador ocorrido após a edição da MP 351/2007. Assim, devem ser mantidas concomitantemente as multas isolada e de ofício. Isto posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário no tocante ao pedido de afastamento da aplicação conjunta das multas isolada e de ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Allan Marcel Warwar Teixeira Fl. 793DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.902382/2014-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/05/2000
PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE.
Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como receita financeira, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente.
Numero da decisão: 3401-005.809
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões, indicando a intenção de apresentar declaração de voto
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/05/2000 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE. Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como receita financeira, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10580.902382/2014-91
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5992116
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3401-005.809
nome_arquivo_s : Decisao_10580902382201491.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : TIAGO GUERRA MACHADO
nome_arquivo_pdf_s : 10580902382201491_5992116.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões, indicando a intenção de apresentar declaração de voto (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7704911
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661064208384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1829; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 171 1 170 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.902382/201491 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401005.809 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO COFINS Recorrente BANCO ALVORADA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2000 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE. Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões, indicando a intenção de apresentar declaração de voto (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 23 82 /2 01 4- 91 Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 172 2 Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da 5ª Turma da DRJ/POR, que considerou insubsistente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório que indeferiu pedido de restituição de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, referente ao período de maio de 2000. Do Pedido de Compensação e do Despacho Decisório O contribuinte pleiteou o valor de R$ 175.812,14, referente a pagamento efetuado indevidamente ou a maior no período de apuração de maio/2000, transmitido através do PER nº 10165.03884.150605.1.2.049702 em 15/06/2005. Em despacho decisório de fls. 113, o pedido foi indeferido sob a alegação que o “recolhimento apontado como origem do crédito encontrase integralmente alocado ao débito informado pelo contribuinte, não restando qualquer saldo de pagamento a ser restituído. ” Da Manifestação de Inconformidade O Recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 02 e seguintes), argumentando o seguinte: 1. O Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, contida no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 1998 e que o presente pedido de restituição se mostra subsistente, pois os recolhimentos da contribuição em tela foram realizados nos estritos lindes do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, cujo descompasso com o sistema normativo acabou por provocar o recolhimento a maior nesse Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 173 3 tocante e, por conseguinte, não há como prosperar o indeferimento do presente pedido de restituição. 2. O STF declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98 porque reconheceu que as contribuições sociais ao PIS e à Cofins só poderiam incidir sobre o faturamento das empresas, assim entendida “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza”, não podendo incluir na base de cálculo receitas não operacionais. 3. O conceito de faturamento não varia em função do objeto social de cada contribuinte, pois a base de cálculo ficaria sujeita a um grau de incerteza absolutamente incompatível com uma obrigação tributária. Assim sendo, não há qualquer relação de identidade entre o conceito de faturamento com a atividade principal dos contribuintes. 4. Mesmo que se entenda que as receitas financeiras auferidas por instituições financeiras têm natureza de receita de prestação de serviços, integrando o conceito de faturamento, o que se admite apenas para argumentar, não podem integrar referida base de cálculo as receitas financeiras decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira. 5. A base de cálculo, deveria ficar restrita somente às receitas auferidas no exercício de seu objeto social, com a prestação de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, intermediação financeira e concessão de crédito, dentre outras atividades. 6. As receitas financeiras obtidas com a aplicação de seu próprio capital de giro e capital de terceiros, bem como em razão da remuneração dos depósitos compulsórios realizados junto ao Banco Central e aplicações próprias, realizadas no seu único e exclusivo interesse, sem intermediação, não configuram prestação de serviços, uma vez que ninguém presta serviço para si próprio. Junto com a impugnação, o recorrente apresentou planilhas de cálculo, e balancete analítico do mês de referência. Da Decisão de Primeiro Grau Em 27 de junho de 2016, foi proferido o Acórdão 1461.490, pela 5ª Turma, da DRJ/POR, negando provimento às razões da contribuinte nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 174 4 Data do fato gerador: 31/05/2000 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998 não alcança as receitas típicas das instituições financeiras. As receitas oriundas da atividade operacional (receitas financeiras) compõem o faturamento das instituições financeiras e há incidência das contribuições ao PIS e Cofins sobre este tipo de receita, pois elas são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os juros sobre o capital próprio auferidos pela sociedade empresarial decorrentes da participação no patrimônio líquido de outras sociedades constituem receita de natureza financeira, própria da entidade, distinguindose do interesse dos seus sócios. DEPÓSITO COMPULSÓRIO. RECEITA OPERACIONAL. O depósito compulsório rentável é uma fonte permanente de receita da instituição financeira e, como tal, tratase de receita operacional, tanto quanto as operações de crédito, não fazendo sentido isentar a instituição financeira do ganho obtido com a remuneração destes depósitos que, ademais, envolve recursos de clientes depositados no banco. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE SALDO A RESTITUIR. Verificado que o crédito pleiteado foi totalmente utilizado em momento anterior para quitação de débitos declarados em DCTF, resta impossibilitada a restituição por ausência de saldo. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de direito de defesa. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 175 5 Voto Conselheiro Tiago Guerra Machado Relator Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade; de modo que tomo seu conhecimento. Do Mérito O núcleo do litígio reside na forma de aplicação da declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei Federal 9718/1998 pelo STF – quando do julgamento do RE nº 585.235, sob a forma do art. 543B, do CPC, sobre o alargamento da base de cálculo das contribuições PIS e COFINS, no que tange às instituições financeiras. Naquela oportunidade, restou pacificado que, para fins de incidência cumulativa das contribuições sociais, o faturamento é o resultado das atividades típicas, ou seja, que decorram do objeto social do contribuinte. Como não poderia ser diferente, esse vem sendo o entendimento adotado nessa Seção, e na Câmara Superior de Recursos Fiscais: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/12/2000 COFINS. FATURAMENTO. LEI 9.784/98 [SIC]. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Consoante entendimento firmado pelo STF, as receitas operacionais obtidas pelas instituições financeiras, decorrentes de sua atividade fim, integram o conceito de receita bruta utilizado pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98. RECUPERAÇÃO DE ENCARGOS E DESPESAS E REVERSÃO DE PROVISÕES OPERACIONAIS. Lançamentos que não representes ingressos de receita oriundos das atividades típicas das instituições financeiras não podem ser alcançados pela incidência da COFINS. (Acórdão nº 3201004.445, Relatora Tatiana Josefovicz Belisário, sessão de 27.11.2018) Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 176 6 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2004 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. (Acórdão nº 9303002.934, Redator designado: Ricardo Paulo Rosa, sessão de 03.06.2014). Acertadamente, a decisão ora recorrida destacou que as atividades operacionais das instituições financeiras se encontram elencadas no Plano de Conta COSIF, nos termos emanados pelo Banco Central do Brasil: O Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional, instituído pela Circular do Banco Central do Brasil nº 1.273, de 29 de dezembro de 1987, traz em seu Capítulo 1 Normas Básicas, Seção 17 Receitas e Despesas, item 3, que as rendas obtidas tanto com as operações ativas como com a prestação de serviços, ambas referentes a atividades típicas, regulares e habituais da instituição financeira, são classificadas como operacionais. Confirase: 3 As rendas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, aquelas que se referem a atividades típicas, regulares e habituais. (grifos nossos) No Cosif, as contas de receitas operacionais são divididas em: 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS 7.1.1.00.001 Rendas de Operações de Crédito 7.1.2.00.004 Rendas de Arrendamento Mercantil 7.1.3.00.007 Rendas de Câmbio 7.1.4.00.000 Rendas de Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 7.1.5.00.003 Rendas com Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos 7.1.7.00.009 Rendas de Prestação de Serviços 7.1.8.00.002 Rendas de Participações Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 177 7 7.1.9.00.005 Outras Receitas Operacionais (...) Portanto, em uma instituição financeira as receitas financeiras decorrem de serviços prestados aos clientes (financiamentos, empréstimos, operações de câmbio na importação ou exportação, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, seguros, arrendamento mercantil, administração de planos de previdência privada e tantas outras mais) não constituindo mero ganho financeiro como acontece em outras empresas. São, portanto, receitas operacionais, que compõem a base de cálculo do PIS e da Cofins. (...) Especificamente quanto a instituições financeiras e contribuintes a ela equiparadas por força do artigo 22, § 1° da Lei 8.212/91, devese entender por faturamento os ganhos obtidos com operações financeiras realizadas por tais entidades, quanto à captação, movimentação e aplicação de ativos que proporcionem alguma forma de ganho pecuniário, posto não ser outro o objeto social de tais sociedades. Observando o caso concreto, tratase de instituição financeira que tem por objeto social “efetuar operações bancárias em geral, inclusive câmbio”. Esse, portanto, é o limite das atividades típicas que devem ser objeto de escrutínio para sua inclusão na base de cálculo das contribuições sociais. No presente processo, a Recorrente pleiteia crédito de COFINS no montante calculado sobre a diferença entre a totalidade de receitas operacionais e a receita de prestação de serviços bancários (conta 7.1.7.00.00.9), entendendo, a despeito do entendimento acima esposado, que somente as atividades de prestação de serviços bancários poderiam vir a ser objeto de incidência das contribuições sociais, ignorando que a atividade bancária per si não se restringe, por óbvio, aos serviços prestados aos clientes. Adicionese aos argumentos anteriores que a própria Lei Federal 9.718/1998 partiu da premissa que as receitas financeiras geradas nas atividades das instituições bancárias eram tributadas, quando previu, em seus parágrafos 5º e 6º, hipóteses específicas de dedução: I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; c) deságio na colocação de títulos; d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 178 8 e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. III no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; IV no caso de empresas de capitalização, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de resgate de títulos. Assim, todas as receitas decorrentes da atividade bancária, seja pela prestação de serviços, seja pela fruição de resultados financeiros dos ativos próprios e de terceiros, devem ser tributadas pelas contribuições sociais, observadas das deduções acima. Por outro lado, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente, nos termos do RE 1.104.184/RS, do STJ, julgado sob efeitos do artigo 543C do antigo CPC. Sob a mesma ótica, não é possível admitir na base de cálculo das contribuições as receitas decorrentes da locação de imóveis, eis que essa atividade não se encontra contemplada no seu contrato social. Tratase, portanto, de resultados que não decorre da atividade bancária, de forma que a parcela do lançamento referente a essa rubrica deve ser cancelada. Por todo o exposto, conheço do Recurso, e doulhe parcial provimento para afastar a glosa sobre as receitas decorrentes da remuneração de juros sobre o capital próprio e locação de imóveis próprios. (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 179 9 Declaração de Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 1. A discussão se volta à perquirição dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Pleno do STF (RE 357.950, RE 390.840, RE 358.273 e RE 346.084), naquilo que concerne às instituições financeiras, i.e., se o aresto afastou ou não a tributação sobre as receitas financeiras, neste caso, de instituição financeira, da base de cálculo das contribuições sociais, matéria que, de todo modo, permanece em discussão no Recurso Extraordinário nº 609.096/RS, sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski. 2. Observese que a questão não é nova a este Conselho, tendo a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais se pronunciado no Acórdão CSRF nº 9303002.934, publicado em 31/01/2014, no sentido de que as receitas decorrentes das atividades do setor financeiro, na qualidade de "atividade empresarial típica", estão sujeitas à incidência das contribuições do PIS e da COFINS, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, considerado inconstitucional pelo STF, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data da publicação do acórdão: 31/01/2014 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 3. Como se sabe, a incidência de tais tributos sobre as receitas financeiras tem sido objeto de questionamento no âmbito do Supremo Tribunal Federal, ao tratar da abrangência da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, o que tem sido discutido no Recurso Extraordinário nº 609.096/RS, com repercussão geral reconhecida, e cujos efeitos desbordarão sobre as instituições financeiras, que apuram sob a sistemática cumulativa. Há de se recordar, sob tal perspectiva, que remanesceu, após o Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 180 10 julgamento dos Recursos Extraordinários nº 357.950, nº 390.840, nº 358.273 e nº 346.084 em 18/05/2005, dúvida e insegurança sobre a base de cálculo das contribuições para empresas que exploram as atividades financeiras, como é o caso da recorrente. 4. A incerteza se intensificou, ademais, com o voto do Ministro Cezar Peluso proferido nos autos do Recurso Extraordinário nº 400.4798/RJ, em que afirmou que o conceito de faturamento envolve não apenas a venda mercadorias e a prestação de serviços, mas a soma das receitas de suas atividades empresariais, o que ensejou, de todo modo, a edição da Nota Técnica COSIT nº 21/2006 pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional que expressou entendimento no sentido de que os serviços bancários, em conformidade com a Lista Anexa da Lei Complementar nº 116/2003, e de intermediação financeira estariam albergados pelo conceito de faturamento. No ano seguinte, o órgão editou também o Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, utilizado como fundamento pela autoridade fiscal para realizar o lançamento ora combalido, que, com base no voto acima, nas disposições do GATS e do Código de Defesa do Consumidor concluiu que as receitas decorrentes do objeto social da empresa (receitas operacionais) devem compor o faturamento. 5. A latere, ainda em virtude da decisão da Suprema Corte de maio de 2005, foi editada, em 03/12/2008, a Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, que alterou a Lei nº 9.718/1998 para a finalidade de restringir a base de cálculo das contribuições ao faturamento. A questão, não obstante, ganhou novo colorido jurídico com a edição da Medida Provisória nº 627/2013, posteriormente convertida na Lei nº 12.973/2014, cujo art. 2º, ao alterar a redação do DecretoLei nº 1.598/1977, inovou o ordenamento jurídico ao definir a receita bruta como (i) o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (ii) o preço da prestação de serviços em geral; (iii) o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (iv) as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nas hipóteses anteriores. 6. Como é cediço, questão sensivelmente diversa, ora tratada como excursus, voltada a empresas que apuram pelo regime nãocumulativo, é aquela referente ao §2º do art. 27 da Lei nº 10.865/2004, que concedeu ao Poder Executivo autorização para reduzir e restabelecer, até os percentuais previstos nos incisos I e II do art. 8º da lei em referência, as alíquotas das contribuições em comento incidentes sobre as receitas financeiras. O art. 1º do Decreto nº 5.442/2005, com fundamento de validade no dispositivo acima descrito, reduziu a zero as alíquotas incidentes sobre as receitas financeiras; contudo, no contexto do chamado "ajuste fiscal", o Poder Executivo editou, em 1º de abril de 2015, o Decreto nº 8.426/2015, restabelecendo as alíquotas das contribuições, com as correções do Decreto nº 8.451/2015. 7. Discutiuse a inconstitucionalidade da Lei nº 10.865/2004 e, por decorrência, das disposições infralegais que a tomaram como pressuposto de validade, seja por afronta a predicados de reserva de lei para a majoração de tributos, salvo nos casos excepcionalíssimos que atendem a funções de indução do comportamento dos agentes econômicos, ou de indelegabilidade de funções ao Poder Executivo, o que implicaria a não revogação (e não a repristinação, pelo caráter interpretativo da decisão) do Decreto nº 5.442/2005. A questão foi objeto de julgamento no Recurso Especial nº 1.586.950, que tramitou na 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, sob a relatoria do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, que julgou, em 19/09/2017, válido o restabelecimento das alíquotas, vencidos o relator e a ministra Regina Helena Costa, havendo manifestação, ainda, da Ministra Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 181 11 Rosa Weber, no Recurso Extraordinário nº 981.760/RS, de que a discussão, que versa sobre legislação infraconstitucional, não é da competência do Supremo Tribunal Federal. 8. Em segundo lugar, caso se entenda que as receitas financeiras se encontram insertas na materialidade das contribuições sociais em disputa, deve ser contextualizado o debate a respeito dos juros sobre o capital próprio. A Instrução Normativa SRF nº 11/1996 determinava que os JCP seriam juros tratados em conta de despesa financeira. Em seguida, a Lei nº 9.718/1998 excluiu expressamente lucros e dividendos da base de cálculo das contribuições, nada dispondo a respeito dos JCP, o que conduziu a decisões da Receita Federal no sentido de que seriam despesa para a empresa pagadora e receita para a empresa recebedora, “(...) como se juros fossem”.1 Por outro lado, como se sabe, os Decretos nº 5.164/2004 e 5.442/2005 reduziram a zero as alíquotas do PIS e da Cofins sobre receitas financeiras, dispondo expressamente que a redução não se aplicaria para os JCP, o que conduziu a duas possibilidades interpretativas: ou seriam receita financeira, compondo a base de cálculo das contribuições, ou a sua expressa exclusão apenas reafirmaria se tratar de um caso de não incidência. Em decisão publicada em 2007, o Superior Tribunal de Justiça, diante de tal quadro normativo, passou a entender que os JCP teriam natureza de receita financeira para a pessoa recebedora, e não de lucro ou de dividendos.2 9. De fato, a doutrina não é uníssona ao se voltar à natureza dos JCP, compreendidos ora como despesa operacional financeira para a empresa pagadora,3 ora como forma de distribuição de resultados,4 ora como figura submetida a um regime jurídico de juros remuneratórios do capital, embora com características específicas, e distintos da participação nos resultados que a lei regula como dividendos.5 As causas do instituto são estudadas por meio de diferentes perspectivas: ora como um mecanismo criado para atenuar os problemas decorrentes da extinção da correção monetária do balanço no contexto do Plano Real, ora como custo de oportunidade no cotejo do investidor entre taxa de juros do mercado financeiro e taxa de juros do custo de capital,6 e, neste sentido, como aperfeiçoamento da integração entre o imposto de renda cobrado na pessoa física e na pessoa jurídica, evitando, desta forma, o “(...) tratamento tributário discriminatório dispensado a esses investimentos quando comparados àqueles realizados por meio do capital de terceiros”,7 ora como vero instrumento de combate à subcapitalização nominal da empresa, estimulando aportes no capital social.8 Evitar a discriminação no tratamento aos investimentos em debt e equity, ademais, parece ter sido o 1 Decisão nº 477/2001 da 4ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Recife. 2REsp 921.269/RS (DJe14/06/2007). 3 ROLIM, João Dácio. Remuneração do capital próprio das pessoas jurídicas aspectos fiscais. In: ROCHA, Valdir de Oliveira (coord.). Imposto de renda: alterações fundamentais. São Paulo: Dialética, 1996. p.112. 4 XAVIER, A. Natureza jurídicotributária dos ‘juros sobre capital próprio’ face à lei interna e aos tratados internacionais. São Paulo: Editora Dialética, Revista Dialética de Direito Tributário nº 21, p. 08, junho de 1997. 5 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o capital próprio: momento de dedução da despesa. Revista Direito Tributário Atual, São Paulo: Dialética, volume nº 28, 2012. 6 BEUREN, Ilse Maria. Conceituação e Contabilização do Custo de Oportunidade. Caderno de Estudos nº08, São Paulo: FIPECAFI, abril/1993, passim. 7 LIMA, Mariana Miranda. A natureza jurídica dos juros sobre o capital próprio e as convenções para evitar a dupla tributação. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, sob orientação do professor Heleno Taveira Tôrres, 2009, p. 11. 8 SCHOUERI, Luís Eduardo. Juros sobre capital próprio: natureza jurídica e forma de apuração diante da 'Nova Contabilidade'. In: Roberto QuirogaMosquera; Alexsandro Broedel Lopes. (Org.). Controvérsias Jurídico Contábeis (Aproximações e Distanciamentos) – Volume nº 3. 1ª edição. São Paulo: Dialética, 2012. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 182 12 motivo que conduziu o legislador belga a criar a figura da “déduction pour capital à risque” em 2005.9 10. Assim, uma vez apresentado o pano de fundo no contexto do qual deverá ser analisado o mérito, fazse necessário se indagar, entre outros pontos controversos, em primeiro lugar se, no julgamento dos Recursos Extraordinários nº 357.950, nº 390.840, nº 358.273 e nº 346.084, em 18/05/2005, de fato restou assentado que o conceito de faturamento é aquele inerente à exploração das "atividades típicas" do objeto social da empresa, como entendeu o Acórdão CSRF nº 9303002.934, ou simplesmente aquela receita decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços ou da combinação de ambos; em segundo lugar, sobre como deverá ser realizada a aplicação das normas que regem o PIS e a Cofins sob a sistemática cumulativa, para fatos geradores praticados no período de apuração de maio de 2000, diante da decisão extraída dos Recursos Extraordinários nº 547.245/SC e nº 592.905/SC; em terceiro lugar, há de se cotejar a interpretação que se extrai dos itens anteriores com o conceito de faturamento vigente no período, sem se olvidar da disposição contida no art. 2º da Lei Complementar nº 70/1991; e, por fim, qual a extensão do termo "receita financeira" para fins de definição da matéria tributável. 11. Naqueles casos em que os contribuintes questionam judicialmente a incidência das contribuições, de maneira genérica e sem discriminação das rubricas submetidas ao crivo do Poder Judiciário, não é possível se afirmar de maneira peremptória a aplicação da súmula obstativa nº 01 deste Conselho, o que obriga o julgador administrativo a sobrestar o feito para evitar potencial prejudicialidade externa, conforme vem essa turma decidindo desde a prolação da Resolução CARF nº 3401001.131, de minha relatoria, em sessão de 26/01/2017. Não havendo notícia da existência de qualquer questionamento judicial a respeito da matéria em apreço proposta pela contribuinte ora recorrente, é possível se passar à análise do mérito, o que se passa a fazer. 12. No aresto de 18/05/2005, acolheuse a tese de que o dispositivo objurgado de lei ordinária de 1998 extrapolou a repartição da competência tributária inserta no inciso I do art. 195 da Constituição de 1988, devendo o "faturamento" corresponder à receita bruta definida pela Lei Complementar nº 70/1991, que ecoa a alínea 'a' do § 1º do art. 1 º do DecretoLei nº 1.940/1982, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.397/1987, cuja intangibilidade para fins fiscais deve ser preservada nos termos do art. 110 do Código Tributário Nacional. Por fim, não se acolheu a ideia de constitucionalidade superveniente no direito brasileiro, carecendo a Emenda Constitucional nº 20/1998 de efeito Lázaro sobre leis editadas sob o pálio da inconstitucionalidade. 13. O que se observa no caso concreto é que a empresa incorporada pela recorrente realizou recolhimento de Cofins sobre receitas financeiras, atividades empresariais típicas das instituições financeiras, o que, em momento posterior ao próprio fato gerador em disputa, encontraria supedâneo no Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, na Nota PGFN/CRJ nº 1.114/2012 e na Nota Técnica COSIT nº 21/2006 que entendem o objeto social, ou a atividade econômica explorada pela contribuinte, como farol que esclarece a materialidade, o que, no limite, permitiria a tributação de fenômenos econômicos diversos daqueles alcançados pelo vocábulo "faturamento". Observese, em adição, que a base de cálculo do Finsocial prevista pelo preceptivo normativo da alínea 'b' do § 1º do art. 1º do DecretoLei nº 1.940/1982 consistente em rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a elas 9 MALHERBE, Jacques, VETTORI, Gustavo Gonçalves. DeductingInterestson Equity Capital: BrazilianandBelgium Tax RulesCompared. In Studi TributariEuropei, nº 1, 2010. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 183 13 equiparadas não foi recepcionada pela Constituição de 1988 ao limitar o âmbito da incidência ao faturamento, nos termos, aliás, do quanto fixado expressamente pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 150.7551, de relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence. 14. No caso em apreço, a disciplina normativa é aquela anterior ao advento da Emenda Constitucional nº 20/1998 e, portanto, o faturamento da empresa é a base de cálculo da contribuição social voltada a custear a seguridade social, o que não se altera em função do objeto social ou da atividade econômica desempenhada por determinado contribuinte, o que torna impertinente se cogitar a respeito de grandeza econômica diversa, seja ela a "atividade típica", a "atividade principal", a "atividade predominante" ou qualquer variação infensa ao direito positivo vigente à época dos fatos. Conforme se extrai do Recurso Extraordinário nº 357.950, de relatoria do Ministro Marco Aurélio Mello, o legislador disciplinou um sentido específico de receita bruta: aquele decorrente do faturamento da venda de mercadorias e serviços. E, ainda que não tivesse procedido desta forma, "(...) tomarseia o faturamento como veio a ser explicitado na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 11/DF, ou seja, a envolver o conceito de receita bruta das vendas de mercadorias e serviços". Não se autoriza, diante do posicionamento do Supremo Tribunal Federal, a incidência sobre a totalidade das receitas auferidas, ainda que tais receitas se afigurem em concreto como "típicas" de determinada atividade. 15. Quanto ao Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, tomase como fundamento o General Agreement on Trade in Services (GATS), que em seu item 5 ("Definições") se volta às atividades bancárias e financeiras como "serviços financeiros". Tal argumento escapa à função do tratado, que, em matéria tributária, restringese a delimitar a jurisdição dos Estados contratantes, e jamais criar ou expandir materialidades ou, muito menos, competências. No mesmo sentido, tampouco prospera o recurso ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), que define "serviço" como qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, para firmar o entendimento no sentido de que as receitas operacionais devem compor o faturamento, pois se a legislação consumerista de fato serve à perfeição para afastar a quimera de uma unidade conceitual em torno do vocábulo "serviço" no âmbito do direito privado, por outro lado não tem o condão de expandir a rígida atribuição de competência. A este respeito, cabe mencionar que o inciso V do art. 153 da Constituição de 1988 e o art. 63 do Código Tributário Nacional são uniconcordes ao deslocar a competência para a tributação das receitas financeiras ao IOF federal sequer ao ISS municipal. 16. Por fim, cabe menção ao art. 2º da Lei nº 12.973/2014, que alterou o art. 12 do DecretoLei nº 1.598/1977 para que a receita bruta passasse a compreender as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III, i.e., que não correspondam a venda de bens, prestação de serviços ou resultado em operações de conta alheia, e ao art. 52 do diploma legal, que alterou o caput do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, remetendo o conceito de "faturamento" à receita bruta definida pelo art. 12 do texto de 1977 alterado. Digase, a este respeito, que a Lei nº 12.973/2014, ao fazêlo, adicionou ao conceito legal de "receita bruta operacional" do art. 44 da Lei nº 4.506/1964 a hipótese residual da receita proveniente da atividade/objeto principal. Apenas a partir do marco normativo com vigência a partir de 2015 é possível se falar a respeito de uma base de cálculo que compreenda inauguralmente as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica. Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10580.902382/201491 Acórdão n.º 3401005.809 S3C4T1 Fl. 184 14 17. Desta feita, descabe a discussão a respeito de as receitas de locação ou dos juros sobre o capital próprio integrarem ou não as atividades típicas da contribuinte recorrente: (i) em primeiro lugar, porque as atividades típicas não constituem a base de cálculo das contribuições, que incidem sobre o faturamento e, ademais, ainda que se tratasse de fatos geradores posteriores a 2015, há substancial distância entre "atividades típicas" (construto jurisprudencial) e "atividade principal" (disposição legal) de uma pessoa jurídica; (ii) em segundo lugar porque a discussão deve se voltar à receita da venda de mercadorias e serviços, e nem as receitas de locação ou de juros sobre o capital próprio atendem a tais predicados materiais. 18. Assim, admitese a menção à atividade ou objeto principal da atividade apenas como argumento subsidiário de defesa que, por prudência, ainda que discorde (corretamente, como se viu) da premissa adotada pelo aplicador, envida esforços no sentido de esgotar as linhas argumentativas possíveis ao afirmar que (iii) as receitas de locação ou de juros sobre o capital próprio não estão compreendidas no objeto social da instituição financeira, consistente na prestação de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, intermediação financeira e concessão de crédito. Isto porque as receitas (financeiras) decorrentes da inversão de seu capital próprio, assim como a remuneração de depósitos forçados que atendem à nota da compulsoriedade decorrente de regulamentação do setor, não configuram "serviço" na acepção técnica do termo, e muito menos receita da atividade principal, não havendo que se cogitar, em tais casos, de atividade de intermediação financeira. 19. Por estes motivos, a contribuição ao financiamento da Seguridade Social (Cofins) não incide sobre as receitas de juros sobre o capital próprio ou de locação no período de apuração em apreço. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Fl. 190DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13983.000101/2004-48
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010
INSUMOS . COMPROVAÇÃO DA VINCULAÇÃO DOS ITENS COM A ATIVIDADE DO SUJEITO PASSIVO.
Não há que se reconhecer o direito ao crédito das contribuições ao PIS e Cofins quando o sujeito passivo não logra êxito em comprovar que as aquisições de bens e serviços se enquadram no conceito de insumos - ou seja, se tais itens são essenciais e pertinentes à sua atividade.
Numero da decisão: 9303-008.049
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 INSUMOS . COMPROVAÇÃO DA VINCULAÇÃO DOS ITENS COM A ATIVIDADE DO SUJEITO PASSIVO. Não há que se reconhecer o direito ao crédito das contribuições ao PIS e Cofins quando o sujeito passivo não logra êxito em comprovar que as aquisições de bens e serviços se enquadram no conceito de insumos - ou seja, se tais itens são essenciais e pertinentes à sua atividade.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13983.000101/2004-48
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5969520
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-008.049
nome_arquivo_s : Decisao_13983000101200448.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : TATIANA MIDORI MIGIYAMA
nome_arquivo_pdf_s : 13983000101200448_5969520.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
id : 7644424
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661069451264
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1195; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 716 1 715 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13983.000101/200448 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303008.049 – 3ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2019 Matéria PIS/PASEP Recorrente SADIA S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 INSUMOS . COMPROVAÇÃO DA VINCULAÇÃO DOS ITENS COM A ATIVIDADE DO SUJEITO PASSIVO. Não há que se reconhecer o direito ao crédito das contribuições ao PIS e Cofins quando o sujeito passivo não logra êxito em comprovar que as aquisições de bens e serviços se enquadram no conceito de insumos ou seja, se tais itens são essenciais e pertinentes à sua atividade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 3. 00 01 01 /2 00 4- 48 Fl. 718DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra Acórdão nº 330100.817, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 Ementa: PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO DE CRÉDITOS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. A condição imposta para o aproveitamento dos créditos de PIS/COFINS não cumulativos, gerados pela aquisição de insumos com incidência da contribuição, é a efetiva utilização do insumo no processo produtivo, não podendo o termo "insumo" ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para as atividades da empresa, mas, tão somente, aqueles bens/serviços que, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, sejam efetivamente aplicados na produção ou fabricação do produto. CRÉDITO PRESUMIDO — AGROINDÚSTRIA O crédito presumido/agroindústria ("pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2 a 4, 8 a 11, e nos códigos 0504.00, 07.10, 07.12 a 07.14, 15.07 a 15.13, 15.17 e 2209.00.00, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul, destinados à alimentação humana ou animal"), instituído pela MP nº 66/2002, não há como ser aproveitado, no presente caso, em razão do referido dispositivo ter sido vetado pelo Poder Executivo, quando da conversão da MP na Lei nº 10.637, de 30/12/2002.” Fl. 719DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 717 3 Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, requerendo que a glosa referente às aquisições de agroindústria deve ser afastada e que seja reconhecido o direito de a recorrente relativamente ao pedido de ressarcimento formulado, alegando que o conceito de insumo para fins de creditamento de PIS/Cofins é mais amplo do que o apresentado no acórdão recorrido. Em Despacho às fls. 685 a 688, foi dado seguimento parcial ao recurso interposto apenas em relação a amplitude do conceito de insumos. Em Despacho de Reexame de Admissibilidade, o Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais em exercício à época decidiu por manter na íntegra o despacho do Presidente da Câmara – que deu seguimento parcial ao recurso do sujeito passivo. Contrarrazões ao recurso interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, trazendo, entre outros, que: · O recurso não deve ser conhecido, argumentado que não basta comprovar a divergência quanto ao conceito de insumos; · Fazse necessário provar que os casos confrontados são idênticos ou semelhantes, ou seja, que os insumos analisados são iguais ou se assemelham; · Não há como admitir a adoção da legislação do IRPJ para conceituar o insumo do PIS/COFINS nãocumulativo. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama – Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo – o que concordo com o exame de admissibilidade de Recurso Especial. Fl. 720DF CARF MF 4 Vêse que, independentemente de o sujeito passivo não ter confrontado cada item, trouxe divergência em relação ao conceito de insumos. Sendo assim, entendo que devo conhecer o recurso do sujeito passivo. Ventiladas tais considerações, para melhor elucidar meu entendimento, passo a discorrer a priori sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito do PIS e da Cofins trazida pela Lei 10.637/02 e Lei 10.833/03. Não é demais enfatizar que se tratava de matéria controvérsia – pois, em fevereiro de 2018, o STJ, em sede de recurso repetitivo, ao apreciar o REsp 1.221.170, definiu que o conceito de insumo, para fins de constituição de crédito de PIS e de Cofins, deve observar o critério da essencialidade e relevância – considerandose a imprescindibilidade do item para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo sujeito passivo. Em 24.4.2018, foi publicado o acórdão do STJ, que trouxe em sua ementa (Grifos meus): “TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço Fl. 721DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 718 5 – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte.” Definiu ser ilegal a disciplina de creditamento prevista nas IN SRF 247 e 404 que, por sua vez, traz um entendimento mais restritivo que a descrita na lei. Nessa linha, efetivamente a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, tal como já entendia, expresso que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pela contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Fl. 722DF CARF MF 6 Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante recordar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins não cumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, era de se constatar que o entendimento predominante considerava o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Não obstante à jurisprudência dominante, importante discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Fl. 723DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 719 7 Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Fl. 724DF CARF MF 8 Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Ademais, a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que Fl. 725DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 720 9 já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. Tal como expressou o STJ em recente decisão. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Fl. 726DF CARF MF 10 Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, Fl. 727DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 721 11 em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Fl. 728DF CARF MF 12 Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, Fl. 729DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 722 13 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, Fl. 730DF CARF MF 14 isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: “COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 723 15 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Nessa linha, o STJ, que apreciou, em sede de repetitivo, o REsp 1.221.170 –trouxe, pelas discussões e votos proferidos, o mesmo entendimento já aplicável pelas suas turmas e pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Privilegiando, assim, a segurança jurídica que tanto merece a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Em vista do exposto, em relação aos critérios a serem observados para fins de conceito de insumo, entendo que a Fazenda Nacional não assiste razão ao aplicar a IN 247/02 e a IN 404/02 – consideradas ilegais pelo STJ. Para melhor elucidar meu direcionamento, além de ter desenvolvido o conceito de insumo anteriormente, importante ainda trazer que, recentemente, foi publicada a NOTA SEI PGFN/MF 63/2018: "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Fl. 732DF CARF MF 16 Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014." A Nota clarifica a definição do conceito de insumos na “visão” da Fazenda Nacional (Grifos meus): “41. Consoante se observa dos esclarecimentos do Ministro Mauro Campbell Marques, aludindo ao “teste de subtração” para compreensão do conceito de insumos, que se trata da “própria objetivação segura da tese aplicável a revelar a imprescindibilidade e a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”. Conquanto tal método não esteja na tese firmada, é um dos instrumentos úteis para sua aplicação in concreto. 42. Insumos seriam, portanto, os bens ou serviços que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços e que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Buscase uma eliminação hipotética, suprimindose mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo." Com tal Nota, restou claro, assim, que insumos seriam todos os bens e serviços que possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. Fl. 733DF CARF MF Processo nº 13983.000101/200448 Acórdão n.º 9303008.049 CSRFT3 Fl. 724 17 Ou seja, a Fazenda Nacional esclareceu, entre outros, com tal manifestação que “insumos de insumos” geram crédito de PIS e Cofins não cumulativo. Ademais, tal ato ainda reflete sobre o “teste de subtração” que deve ser feito para fins de se definir se determinado item seria ou não essencial à atividade do sujeito passivo. Eis o item 15 da Nota PGFN: “15. Devese, pois, levar em conta as particularidades de cada processo produtivo, na medida em que determinado bem pode fazer parte de vários processos produtivos, porém, com diferentes níveis de importância, sendo certo que o raciocínio hipotético levado a efeito por meio do “teste de subtração” serviria como um dos mecanismos aptos a revelar a imprescindibilidade e a importância para o processo produtivo. 16. Nesse diapasão, poderseia caracterizar como insumo aquele item – bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente cuja subtração implique a impossibilidade da realização da atividade empresarial ou, pelo menos, cause perda de qualidade substancial que torne o serviço ou produto inútil. 17. Observase que o ponto fulcral da decisão do STJ é a definição de insumos como sendo aqueles bens ou serviços que, uma vez retirados do processo produtivo, comprometem a consecução da atividadefim da empresa, estejam eles empregados direta ou indiretamente em tal processo. É o raciocínio que decorre do mencionado “teste de subtração” a que se refere o voto do Ministro Mauro Campbell Marques.” Passadas tais considerações acerca do conceito de insumos, vêse que não há como reconhecer o direito ao crédito das contribuições, pois o sujeito passivo não logrou êxito em comprovar que as aquisições de bens e serviços se enquadram no conceito de insumos (pessoa físicas, pessoas jurídicas, cooperativas, fretes de pessoa jurídicas, fretes de pessoas físicas, fretes de cooperativas e aquisição de serviços pessoas físicas, pessoas jurídicas de cooperativas). Vêse que nem trouxe os itens que seriam passíveis de constituição de crédito das contribuições em recurso. Fl. 734DF CARF MF 18 Em vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 735DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.901873/2013-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011
RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
ERRO DE FATO.
Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei.
Reconhece-se a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014.
Numero da decisão: 1401-003.160
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente do pedido do contribuinte e, nessa parte, dar provimento ao recurso tão-somente para reconhecer o erro de fato na formulação do pedido de repetição de indébito, nos termos da fundamentação constante do voto condutor, afastando o óbice de retificação do Per/DComp apresentado, devendo o processo ser restituído à Unidade de Origem para a análise da sua liquidez, certeza e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10660.901868/2013-31, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Bárbara Santos Guedes (Conselheira Suplente Convocada), Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2011 RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO DE FATO. Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. Reconhece-se a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10660.901873/2013-44
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5982299
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1401-003.160
nome_arquivo_s : Decisao_10660901873201344.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
nome_arquivo_pdf_s : 10660901873201344_5982299.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente do pedido do contribuinte e, nessa parte, dar provimento ao recurso tão-somente para reconhecer o erro de fato na formulação do pedido de repetição de indébito, nos termos da fundamentação constante do voto condutor, afastando o óbice de retificação do Per/DComp apresentado, devendo o processo ser restituído à Unidade de Origem para a análise da sua liquidez, certeza e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10660.901868/2013-31, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Bárbara Santos Guedes (Conselheira Suplente Convocada), Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2019
id : 7680268
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661074694144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2231; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 1 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.901873/201344 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401003.160 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2019 Matéria PER/DComp; erro de fato Recorrente SUPERMERCADO BRAIZINHO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011 RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO DE FATO. Erro de fato no preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. Reconhecese a possibilidade de transformar a origem do crédito pleiteado em saldo negativo, mas sem deferir o pedido de repetição do indébito ou homologar a compensação, por ausência de análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente do pedido do contribuinte e, nessa parte, dar provimento ao recurso tãosomente para reconhecer o erro de fato na formulação do pedido de repetição de indébito, nos termos da fundamentação constante do voto condutor, afastando o óbice de retificação do Per/DComp apresentado, devendo o processo ser restituído à Unidade de Origem para a análise da sua liquidez, certeza e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 90 18 73 /2 01 3- 44 Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 3 2 decidido no julgamento do processo 10660.901868/201331, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Bárbara Santos Guedes (Conselheira Suplente Convocada), Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente). Relatório Tratase de Despacho Decisório, por meio do qual a Autoridade Administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil indeferiu o pedido de repetição de indébito e não homologou declaração de compensação realizada pelo contribuinte. De acordo com o PER/DComp, o crédito pleiteado pelo contribuinte seria decorrente de Pagamento Indevido ou a Maior de IRPJ. Todavia, a Autoridade Administrativa, ao exercer sua competência para examinar a liquidez e certeza do crédito pleiteado, concluiu pela inexistência de crédito decorrente de pagamento a maior ou indevido, tendo em vista a integral utilização para a quitação de estimativa mensal. Desta forma, no Despacho Decisório, indeferiu o pedido de repetição de indébito e não homologou as compensações realizadas pelo contribuinte. Diante da resposta negativa, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual, em síntese, alegou que houve um erro de fato no preenchimento do PER/DComp e que o crédito pleiteado referiase, em verdade, a Saldo Negativo de CSLL. Juntou documentos. Em vista do erro de fato no preenchimento do PER/DComp, o contribuinte pediu que houvesse a retificação do PER/DComp para considerar o crédito decorrente de Saldo Negativo de CSLL e que fosse homologada a compensação. A DRJ, na decisão ora combatida, não conheceu do pedido do contribuinte por considerarse incompetente para decidir sobre a retificação de PER/DComp, uma vez que o contencioso tem o escopo determinado pela Manifestação de Inconformidade do contribuinte em face do Despacho Decisório, que versou exclusivamente sobre crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior e não de saldo negativo de CSLL. Considerou a DRJ que estaria invadindo a competência da Delegacia da Receita Federal do Brasil, a quem compete os atos primários, tais como lançamentos de ofício (autos de infração e notificações de lançamento) e despachos decisórios acerca de pedidos de repetição de indébito. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 4 3 Na fundamentação, a DRJ destaca que a DRF tem competência para retificar de ofício o crédito declarado, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Notificado da decisão de primeira instância, o contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual reprisa os argumentos da manifestação de inconformidade. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401003.158 de 21/02/2019, proferido no julgamento do Processo nº 10660.901868/201331, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº1401003.158): O recurso voluntário é tempestivo e cumpre os requisitos legais. Passo a analisálo, ressalvandose o conhecimento parcial das matérias alegadas pelo contribuinte, conforme será exposto. No que tange às razões adotadas pela DRJ para não conhecer da Manifestação de Inconformidade, impende asseverar, de pronto, que as autoridades julgadoras não detêm competência para a realização de atos primários, como se vê na lição de Gilson Wessler Michels: O que resulta dessa distinção [entre recurso do tipo reexame e recurso do tipo revisão] é que, na medida em que no contencioso administrativo brasileiro foi adotada a separação entre órgãos de lançamento (Administração Ativa) e órgãos de julgamento (Administração Judicante), não sendo dada a esses a competência para praticar os atos primários de que são exemplos o lançamento e o despacho denegatório do pleito repetitório, mas sim a de praticar o ato secundário de reapreciação daqueles atos primários, só podem os órgãos julgadores administrativos prolatar decisões na esfera das quais anulam ou confirmam, parcial ou integralmente, o ato contestado (modalidade revisão), e jamais decisões nas quais substituem tal ato (modalidade reexame). (MICHELS, Gilson Wessler. Processo Administrativo Fiscal. São Paulo: Cenofisco, 2018. p 33.) É oportuno reprisar que o crédito que foi submetido pelo contribuinte à análise de liquidez e certeza por parte da autoridade administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil, com fulcro no artigo 170 do CTN, derivava de pagamento a maior ou indevido de CSLL. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 5 4 O pedido de repetição decorrente do direito creditório calcado em pagamento a maior ou indevido de CSLL foi corretamente indeferido pela autoridade administrativa competente. E, na esteira dos ensinamentos acima mencionados, as autoridades julgadoras são incompetentes para efetuar o exame inaugural da liquidez e certeza de um crédito diverso, qual seja, de um crédito decorrente de saldo negativo de CSLL. Todavia, na Manifestação de Inconformidade e no recurso voluntário, o contribuinte formulou dois pedidos. O primeiro deles versa sobre a retificação do erro de fato cometido no PER/DComp, de forma a se considerar o pedido de repetição de indébito de crédito decorrente de saldo negativo de CSLL. No segundo, pede o reconhecimento do direito creditório e a homologação da declaração de compensação. Os pedidos demandam uma análise detalhada, em partes. Em relação ao primeiro pedido, adoto como razão de decidir a fundamentação exarada no Acórdão nº 1301003.599, de relatoria do Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Embora aquele processo tratasse de IRPJ e não de CSLL, sua lógica jurídica é perfeitamente aplicável ao presente caso: O crédito a que refere a Recorrente tratase de Saldo Negativo de IRPJ, porém, ao preencher a Per/DComp para declarar a compensação informou como IRPJ Pago a Maior ou Indevidamente, gerando a não homologação das respectivas compensações. O ponto aqui é que a Per/DComp apresentada pelo contribuinte contém erro material, e tal fato, por si só não pode embasar a negação ao seu direito de crédito, bem como leva ao enriquecimento ilícito do Estado. Em relação à possibilidade de comprovação de erro de fato no preenchimento da declaração, inclusive na própria DCOMP, o entendimento atual, inclusive da RFB, é de que é possível superar esse equívoco, desde que haja comprovação de tal erro, conforme bem delineado pela RFB no Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014, cujo excerto de interesse de sua ementa reproduzse a seguir: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 6 5 determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO QUE NÃO HOMOLOGOU COMPENSAÇÃO, EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Declaração de Compensação – Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e mesmo a Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ ou de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL), desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. Dessa forma, este Colegiado tem tido o entendimento de se reconhecer parte do requerido pela Recorrente, no sentido de não lhe suprimir instâncias de julgamento, e oportunizar que, após o contribuinte ser devidamente intimado para tanto, sejam apresentados documentos e estes sejam analisados a fim de se averiguar a ocorrência do erro alegado e consequentemente a aferição de seu direito de crédito. Assim, tendo em vista o princípio da busca da verdade material, já que juntou documentos, ainda que em sede recursal daquilo que faria jus ao seu direito, voto no sentido de se afastar o óbice de retificação da Per/DComp apresentada. E dessa forma, a unidade de origem poderá verificar o mérito do pedido, acerca da existência do crédito e da respectiva compensação, bem como analisar a liquidez e certeza do referido crédito, nos termos do art. 170, do CTN, retomandose a partir de então o rito processual de praxe. Vêse que tanto a decisão de piso sob análise, quanto o precedente acima mencionado destacam em suas fundamentações a possibilidade de retificação de ofício, por parte da autoridade da DRF, do crédito objeto do Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 7 6 PER/DComp, nos termos do no Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. No caso da decisão a quo, não se conheceu da Manifestação de Impugnação. Ao não tomar conhecimento, a DRJ evitou que a matéria fosse submetida ao contencioso, o que poderia redundar no afastamento da competência da DRF para realizar a revisão de ofício. Neste diapasão, havendo a comprovação do erro de fato na demonstração do crédito, a autoridade administrativa da DRF poderia, de ofício, considerar o crédito decorrente de saldo negativo e passar à análise de liquidez e certeza. No precedente da 1ª TO da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF supra, dáse um passo a mais ao conhecer parcialmente o primeiro pedido do contribuinte tãosomente para "afastar o óbice de retificação da Per/DComp apresentada". Reconhece se, assim, o erro de fato que autoriza a autoridade administrativa a realizar a revisão de ofício, nos termos do Parecer COSIT já citado. É relevante ressaltar que a presente decisão não conhece do primeiro pedido do contribuinte, na parte que versa sobre a retificação de ofício do PER/DComp. Os órgãos julgadores, como asseverado alhures, são incompetentes para realizar o ato administrativo inaugural de revisão de ofício do PER/DComp do contribuinte com vistas à análise de crédito diverso, qual seja, saldo negativo de CSLL. Não se conhece, ademais, do segundo pedido, que trata do deferimento do crédito pleiteado e da homologação da compensação declarada. Desta forma, não se afasta a competência da autoridade da DRF de verificar a ocorrência da hipótese de revisão de ofício, de realizar o exame inaugural da liquidez e certeza do crédito pleiteado e, se for o caso, de homologar a compensação com débitos vencidos ou vincendos, conforme Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Conclusão Voto por conhecer parcialmente do pedido do contribuinte e, nessa parte, dar provimento ao recurso tãosomente para reconhecer o erro de fato na formulação do pedido de repetição de indébito, nos termos da fundamentação acima, e afastar o óbice de revisão de ofício do Per/DComp apresentado. Restituase os autos para análise da sua liquidez e certeza pela unidade de origem, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10660.901873/201344 Acórdão n.º 1401003.160 S1C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por conhecer parcialmente do pedido do contribuinte e, nessa parte, dar provimento ao recurso tãosomente para reconhecer o erro de fato na formulação do pedido de repetição de indébito, nos termos da fundamentação constante do voto condutor, afastando o óbice de retificação do Per/DComp apresentado, devendo o processo ser restituído à Unidade de Origem para a análise da sua liquidez, certeza e disponibilidade, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014.. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 218DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13308.000085/2001-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - ÔNUS DA COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO LÍQUIDO E CERTO.
O direito creditório somente pode ser reconhecido se o contribuinte comprova sua liquidez e certeza, por meio da apresentação de documentos amparados pelos livros contábeis.
Numero da decisão: 3302-006.425
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - ÔNUS DA COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO LÍQUIDO E CERTO. O direito creditório somente pode ser reconhecido se o contribuinte comprova sua liquidez e certeza, por meio da apresentação de documentos amparados pelos livros contábeis.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13308.000085/2001-11
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968473
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.425
nome_arquivo_s : Decisao_13308000085200111.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RAPHAEL MADEIRA ABAD
nome_arquivo_pdf_s : 13308000085200111_5968473.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
id : 7636465
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661077839872
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1361; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13308.000085/200111 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.425 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2019 Matéria IPI RESSARCIMENTO Recorrente CANINDE CALÇADOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ÔNUS DA COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO LÍQUIDO E CERTO. O direito creditório somente pode ser reconhecido se o contribuinte comprova sua liquidez e certeza, por meio da apresentação de documentos amparados pelos livros contábeis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 30 8. 00 00 85 /2 00 1- 11 Fl. 521DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório A Recorrente é indústria de calçados que requer Ressarcimento de Crédito Presumido de que trata a Lei n. 9.363/96 e ressarcimento de IPI previsto no artigo 11 da Lei 9.779/1999 e que assim dispõe. Lei n. 9.363/96. Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Lei 9.779/1999 Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. Por bem transcrever os fatos, adotase o relatório da DRJ/Belém, efls. 378 e seguintes: "A interessada acima qualificada formulou, em 28/06/2001, pedido de ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no valor original de R$313.062,24 (fl. 01), referente ao 4° trimestre de 2000, com fundamento no art. 1° da Lei n° 9.363, de 1996. 2. O Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza, após procedimento fiscal que visou à comprovação e aferição dos valores pleiteados pela contribuinte, opinou pelo indeferimento total do crédito. Transcrevo, a seguir, excertos do Termo de Verificação Fiscal de fls. 116/144: O estabelecimento produz calçados, sendo que todo o processo de industrialização é feito sob encomenda, somando 19 o número Fl. 522DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 4 3 de estabelecimentos industrializadores, de acordo com informação datada de 04 de julho de 2001. (fl. 117) Na relação intitulada "Demonstrativo das Vendas Referentes Remessas p/ Depósito", encaminhada pela correspondência datada de 16 de setembro de 2002, estão listadas, por exemplo, saídas no CFOP 5.99 — Remessa para depósito em estabelecimento de terceiros, em 05.05.99 (NF 6744), produto "sapatos de couro bovino curtido com sola sintética" no valor de R$19.950,00, que teriam sido devolvidos através da nota fiscal de entrada do próprio contribuinte (NF de entrada 20000), CFOP 1.99, em 19.12.2001, dois anos, sete meses e duas semanas após a saída, [..] (fl. 118) O Interessado, ainda, dá saída a mercadorias como 'remessa de amostra' ou 'remessa para teste de amostra', classificadas nos CFOP 699 ou 799, que até a data da informação prestada não haviam retornado, chegando a somar, estas saídas, no mês de junho/2000, R$ 309.151,76; até a data da informação prestada também não foram estornados os créditos respectivos, que possivelmente foram lançados na entrada destas mercadorias. (fl. 119) Da mesma forma, o Interessado dá saída a mercadorias nos CFOP 5.12 e 6.12 — Venda de mercadorias adquiridas e/ou recebidas de terceiros, sem o devido estorno de possíveis créditos lançados nas respectivas entradas. (fl. 119). Ora, o interessado declara que todos os seus produtos são industrializados por terceiros e que ocorrem, até o desenvolvimento do produto final, várias etapas no processo de industrialização, realizada por vários estabelecimentos industrializadores, com várias entradas, portanto, destes produtos semiacabados em seu estabelecimento e, por outra, deixou de apresentar justamente as informações relativas a estas industrializações (.), necessárias e imprescindíveis ao devido esclarecimento da questão em pauta: os procedimentos do estabelecimento quanto à emissão e registro de documentos e livros fiscais, os necessários e suficientes ao cálculo dos créditos pleiteados [...] (fls. 134) É vistoso ressaltar que, além de tudo que já aqui fizemos verificar acerca da (inidônea) emissão e registro de documentos e livros fiscais, com suas próprias conseqüências, que também já nos referimos, reconhece a empresa que: [..] "a partir de janeiro de 2002 deuse o início da implantação de um novo programa [...] ficando pronto agora em dezembro de 2003 a parte do controle da produção que vai alimentar o livro modelo 3 referente ao movimento dos produtos prontos e intermediários", ou seja, se já não bastasse o que apresentamos, e já basta, ainda mais por este fato, confirmase sobremaneira a impossibilidade de identificado e quantificação dos créditos aludidos pelo Interessado [..] Desta forma, haja vista o Interessado não haver comprovado absolutamente o alegado direito aos créditos pleiteados, e este estar sujeito à prova, através de documentos hábeis, comprobatórios da origem dos valores efetivamente Fl. 523DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 5 4 utilizados no cálculo do benefício previsto na legislação, propomos o INDEFERIMENTO TOTAL dos pedidos. 3. Em 15/02/2006, por intermédio do Despacho Decisório de fl. 287, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza indeferiu o pedido de ressarcimento em tela. Irresignado com a decisão da qual tomou ciência em 05.06.2006 (fl. 288), o contribuinte interpôs manifestação de inconformidade em 29.06.2006 (fls. 289/315) alegando: a) Que a Fiscalização em momento algum teria procurado realizar um trabalho com esmero, ao contrário, teria agido com o único objetivo de prejudicálo; b) Que o Agente Fiscal, com um pouco mais de bom senso, com base nos dados que sempre estiveram à sua disposição, poderia constatar onde, e para que finalidade, teriam sido utilizados todos os insumos adquiridos; c) Que, para comprovar o crédito presumido alegado, o Agente Fiscal deveria ter verificado: 1. Se as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem, informadas pelo contribuinte com direito ao crédito foram adquiridas no mercado nacional. 2. Se as aquisições mencionadas, no item anterior, estão suportadas por documentos fiscais hábeis, idôneos e se estavam devidamente registradas nos livros fiscais e contábeis. 3. Se as exportações informadas foram, efetivamente, realizadas (Registro de Exportação — RE e SD). 4. Se as receitas totais correspondem com a realidade informada pelo Contribuinte em outras obrigações acessórias, como, por exemplo, na DIRPJ. 5. Se o cálculo da relação Receita de Exportação/Receitas Totais foi realizado corretamente. 6. Por fim, se o cálculo do Crédito Presumido informado pela Contribuinte estava correto. d) Que o AuditorFiscal não teria verificado as centenas de notas fiscais de compra de matériasprimas e de demais insumos de produção colocadas à sua disposição; e) Que o AuditorFiscal não teria verificado dezenas de notas fiscais de exportação, B/Ls, R.Es, SDs, contratos de câmbio de exportação, etc; f) Que o crédito presumido deveria ser calculado com base nas aquisições de insumos e no percentual de participação das receitas de exportação na receita total da empresa exportadora, não havendo necessidade de se saber quais teriam sido os insumos aplicados nas exportações realizadas; Fl. 524DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 6 5 g) Que o valor dos insumos poderia ser calculado somandose o estoque inicial no início de um determinado período às aquisições, e diminuindose as saídas não aplicadas na produção e o estoque final do mesmo período; h) Que a solicitação de documentos feita pelo AuditorFiscal somente poderia ter sido realizada por alguém com algum distúrbio psíquico ou de máfé; i) Que teria disponibilizado ao AuditorFiscal os seguintes documentos, os quais seriam mais do que suficientes para confirmar as exportações realizadas e a aquisição dos insumos utilizados na produção: livros fiscais de entradas e saídas de mercadorias, livros de inventário, documentos comprobatórios da efetivação da exportação (RE, SD, BL, Contrato de Câmbio), livros diário e razão e fichas técnicas de produção; j) Que se a Fiscalização tinha alguma dúvida em relação a quais insumos e suas respectivas quantidades foram utilizadas na fabricação dos calçados exportados, bastaria ter multiplicado a quantidade de calçados exportados de cada modelo pela quantidade de insumos definidos nas fichas de custos dos materiais por modelo; 5. Por fim, requereu o contribuinte: a) Que fosse realizada perícia para esclarecer os quesitos que constam das fls. 314/315; b) Que fosse reformada a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza para se deferir o pedido de ressarcimento e homologar as compensações porventura vinculadas a este processo; c) Que o valor a ser ressarcido fosse atualizado pela taxa SELIC desde a data do protocolo do processo até a data do efetivo ressarcimento. A DRJ/Belém considerou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme ementas abaixo transcritas: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. LIQUIDEZ E CERTEZA. O ressarcimento autorizado pelo art. 1° da Lei n° 9.363, de 1996, vinculase ao preenchimento das condições e requisitos determinados pela legislação tributária que rege a matéria. Na ausência de provas nos autos que indiquem a certeza e a liquidez do crédito pleiteado, impõese o indeferimento do pleito. Fl. 525DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 7 6 Inconformada a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 389 e seguintes, repisando os argumentos da manifestação de inconformidade. Os autos subiram a este Egrégio Tribunal Administrativo, onde o feito foi convertido em diligência, despacho nº 220200.004, Relatora Nayra Bastos Manatta, fls. 415 e seguintes, com termo de informação fiscal posteriormente, fls.424. A referida diligência foi determinada em 04.03.2009 com o objetivo de que a fiscalização se pronunciasse sobre o cumprimento de cada um dos requisitos da Lei n. 9.363/1996, necessários para a fruição dos referido benefício, respondendo objetivamente, se, a vista dos documentos fiscais e escrita fiscal e contábil da recorrente é possível, para o período de apuração de que tratam estes autos é possível calcular o valor total das aquisições de MP, PI e ME e apurar as receitas operacional bruta e de exportação e, em caso positivo, proceder os referidos cálculos, apurandose a base de cálculo e o crédito presumido, na forma da citada legislação, apresentando ainda descrição detalhada do processo produtivo da Recorrente. (efls. 418) Com o objetivo de cumprir a diligência, a DRF de Fortaleza intimou a Recorrente mas, em conformidade com o "Termo de Informação Fiscal" de fls. 424, o interessado não apresentou a documentação solicitada, especialmente aquelas necessárias aos cálculos que constituem o cerne da diligência (efls. 426) O processo foi submetido novamente a julgamento por este colegiado na Sessão do dia 28.01.2018, quando foi constatado vício procedimental, especificamente a ausência de intimação da Recorrente a respeito da "Informação Fiscal", razão pela qual o feito foi convertido em diligência a fim de que fosse sanado o referido vício. Não tendo a Recorrente apresentado qualquer manifestação, os autos retornaram a este Colegiado para novo julgamento, tendo sido sorteado a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Raphael Madeira Abad, Relator. A controvérsia gravita em torno de alegado direito a crédito relativo a Imposto sobre Produtos Industrializados com fundamento no artigo 1 da Lei 9.363/96, que trata do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Como se verifica pela leitura da mencionada legislação, para que o contribuinte possua o direito ao crédito é necessário que demonstre a existência dos requisitos legalmente previstos para a sua fruição e, especialmente, documentação que comprove o valor das aquisições de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, bem Fl. 526DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 8 7 como o percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador, elementos indispensáveis para a análise do crédito. Contudo, o Despacho Decisório de efls. 300 e seguintes INDEFERIU o direito ao crédito, com arrimo no Termo de Verificação Fiscal de efls. 116/144: "Dessa fora, haja vista o interessado não haver comprovado absolutamente o alegado direito aos créditos pleiteados, e este estar sujeito a prova, através de documentos hábeis, comprobatórios de origem dos valores efetivamete utilizados no cálculo do benefício previsto na legislação, propomos o INDEFERIMENTO TOTAL dos pedidos." (fragmento do Termo de Verificação Fiscal transcrito no Despacho Decisório) Apresentada Manifestação de Inconformidade (efls. 305 e seguintes), a Recorrente suscitou que a fiscalização não apreciou a documentação por ela juntada, afirmando inclusive que "... alguma coisa está errada com este fiscal!", suscitando que a documentação apresentada é suficiente para a análise do crédito, e que os demais documentos exigidos eram desnecessários, requerendo perícia. Contudo a DRJ de Belém do Pará firmou seu entendimento de que a documentação apresentada pela Recorrente não era suficiente para demonstrar que os produtos adquiridos foram efetivamente utilizados no processo produtivo. Em seu Recurso Voluntário de fls 389 e seguintes a Recorrente novamente afirma que a documentação apresentada é suficiente para demonstrar que os insumos foram utilizados nos bens exportados. Na mesma ocasião a Recorrente requer a reforma da decisão para que seja deferido o pedido de ressarcimento do Crédito Presumido de IPI, a homologação das compensações e, finalmente, que o crédito seja atualizado pela SELIC entre a data do protocolo e o efetivo ressarcimento. O Recurso Voluntário foi submetido à análise do CARF. A diligência determinada pelo CARF em 2009 admitiu que para o julgamento do litígio seria necessário que a fiscalização se pronunciasse sobre o cumprimento de cada um dos requisitos legais, respondendo se à vista da documentação apresentada é possível apurar o crédito. "... que a fiscalização se pronuncie sobre o cumprimento de cada um dos requisitos previstos na Lei n° 9.363, de 1996, para fruição do beneficio em tela, respondendo, objetivamente, se, à vista dos documentos fiscais e escrita fiscal e contábil da recorrente, é possível, para o período de apuração de que tratam estes autos:" O Termo de Informação Fiscal lavrado pela DRJ em fortaleza (efls. 424) registra que a Recorrente não apresentou os documentos solicitados e por esta razão não é possível comprovar o cumprimento dos requisitos legalmente exigidos para a fruição do benefício tributário. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 9 8 "Assim, haja vista o Interessado não ter atendido a Fiscalização, pelas insuficiências e inconsistências verificadas nas, mínimas, quase nada, informações apresentadas, não é possível verificar o cumprimento dos requisitos previstos na Lei 9.363/96 e/ou Lei 9.779/97 para fruição dos 1 benefícios previstos, não é possível, de fato, efetivar e/ou verificar os cálculos determinados pela Legislação. Ainda que alegados nos termos da legislação vigente, os créditos previstos nas leis referidas estão sujeitos à prova, através de documentos hábeis, comprobatórios da origem dos valores efetivamente utilizados no cálculo dos benefícios." Efetivamente, pela análise da documentação trazida aos Autos não é possível afirmar que a Recorrente possui o alegado direito ao crédito, sendo que a produção de tal prova é ônus de quem requer o creditamento. No ano de 2018 a Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Sessão deste Colegiado decidiu caso análogos da mesma Recorrente, proferindo o Acórdão unânime n. 3402005.978, no qual firmou o entendimento de que a manutenção e utilização de crédito de IPI relativo a aquisição de insumos requer a demonstração de que eles efetivamente foram utilizados na industrialização, merecendo transcrição o presente fragmento: "De outra parte, a interessada, na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, não logrou êxito em demonstrar que eventualmente os seus documentos e livros fiscais seriam emitidos ou registrados de forma diversa, que possibilitaria a análise de aplicação dos insumos no processo industrial, ainda que em sentido diverso à declaração prestada anteriormente à autoridade fiscal. Assim, não houve cerceamento do direito de defesa da contribuinte, mas a ausência de apresentação de elementos modificativos ou extintivos dos fatos e fundamentos expedidos no despacho decisório, o que, aliás, tratase de questão de mérito. Quanto ao pedido de perícia, a DRJ fundamentou, de forma legítima, seu indeferimento por considerála prescindível à demonstração que interessava ao julgamento, qual seja, o "efetivo emprego, no processo produtivo da recorrente, das MP, PI e ME respectivas, ou seja, que esses elementos originários não ganharam destinação diversa". Dessa maneira descabe qualquer reforma na decisão recorrida nesta parte. Quanto ao pedido subsidiário de diligência, essa foi deferida por este Colegiado, não obstante a interessada não tenha colaborado para as verificações solicitadas. O Colegiado, não obstante entendesse pela insuficiência da documentação constante nos autos para comprovar o direito creditório pleiteado, oportunizou à recorrente essa demonstração por intermédio da diligência, na qual as verificações a serem efetuadas pela fiscalização dependiam do fornecimento pela recorrente dos esclarecimentos e documentos apontados no Termo de Intimação. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 10 9 Como relatado, a interessada não atendeu à intimação efetuada em face da última diligência, nem tampouco manifestouse acerca do Relatório de Diligência Fiscal que concluiu pela impossibilidade de atender às solicitações contidas na Resolução n° 3402000.458. Sobre a questão de não atendimento à intimação, dispõe o art. 40 da Lei nº 9.784/99 que: "Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo". Dessa forma, tendo em vista que as informações e documentos solicitados à recorrente no Termo de Início de Diligência Fiscal eram essenciais à análise de seu pleito de ressarcimento e esse não foi atendido por ela, descabe a reforma pleiteada na decisão recorrida. Não havendo qualquer elemento consistente nos autos em sentido contrário, deve ser mantida a decisão recorrida na qual se concluiu que não restou demonstrado que os insumos teriam sido efetivamente destinados à industrialização dos produtos exportados. Diante da impossibilidade de reconhecer o direito creditório pleiteado, resta prejudicado o pedido da recorrente de correção monetária dos valores correspondentes. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula" Neste sentido também merece destaque o Acórdão unânime n. 9303006.743 proferido pela CSRF no processo 13308000123/200216, no bojo do qual restou decidido, em relação ao mesmo contribuinte, que o direito a crédito vinculase ao preenchimento das condições e requisitos impostos pela lei, na ausência dos quais deve ser negado o pleito por ausência de provas, tendo sido lavrada a seguinte ementa. RESSARCIMENTO SALDO CREDOR LIQUIDEZ E CERTEZA O ressarcimento a que alude o art. 11 da Lei 9.779/99 vinculase ao preenchimento das condições e requisitos impostos pela lei. Na ausência de provas, é de ser negado o pleito do contribuinte. Recurso Especial do Procurador provido. No caso concreto a Recorrente também não se desincumbiu do ônus de demonstrar, com documentação hábil, as mercadorias que utilizou no seu processo produtivo, fato apontado pela DRF e confirmado pela DRJ. Merece destaque o fato de que em sede de Recurso Voluntário foi novamente oportunizado à Recorrente a juntada da documentação, que não foi trazida, nem mesmo foi apresentada qualquer manifestação após o Relatório da Diligência. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 13308.000085/200111 Acórdão n.º 3302006.425 S3C3T2 Fl. 11 10 Diante da impossibilidade de reconhecer o direito creditório pleiteado, resta prejudicado o pedido da recorrente de correção monetária dos valores correspondentes. Por estes motivos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Fl. 530DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.902077/2009-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFISSÃO DA INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR PAGAMENTO. OCORRÊNCIA.
Considera-se ocorrida a denúncia espontânea, para fins de aplicação do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, quando o sujeito passivo confessa a infração e, até este momento, extingue a sua exigibilidade apenas com o pagamento, nos termos do Ato Declaratório PGFN nº 4/2011.
Numero da decisão: 2402-006.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, dar-lhe provimento, cancelando-se integralmente o lançamento.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício), Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201812
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFISSÃO DA INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. Considera-se ocorrida a denúncia espontânea, para fins de aplicação do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, quando o sujeito passivo confessa a infração e, até este momento, extingue a sua exigibilidade apenas com o pagamento, nos termos do Ato Declaratório PGFN nº 4/2011.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10882.902077/2009-38
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968418
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-006.803
nome_arquivo_s : Decisao_10882902077200938.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10882902077200938_5968418.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, dar-lhe provimento, cancelando-se integralmente o lançamento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício), Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
id : 7636303
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661082034176
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1545; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.902077/200938 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 2402006.803 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 5 de dezembro de 2018 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida NATURA COSMETICOS S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFISSÃO DA INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. Considerase ocorrida a denúncia espontânea, para fins de aplicação do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, quando o sujeito passivo confessa a infração e, até este momento, extingue a sua exigibilidade apenas com o pagamento, nos termos do Ato Declaratório PGFN nº 4/2011. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, darlhe provimento, cancelando se integralmente o lançamento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício), Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 20 77 /2 00 9- 38 Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10882.902077/200938 Acórdão n.º 2402006.803 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Nessa prumada, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2402006.800 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 5 de dezembro de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10882.902156/2009 49, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402006.800 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Cuidase de Recurso Voluntário interposto em face de Acórdão de 1ª Instância Administrativa proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Campinas/SP DRJ/CPS, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade oferecida pelo Contribuinte em destaque e não lhe reconheceu direito creditório com fulcro em pagamento indevido ou a maior de IRRF, consoante decisão sumarizada na ementa abaixo reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF MULTA DE MORA. PAGAMENTO E DECLARAÇÃO NÃO CONCOMITANTES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO OCORRÊNCIA. Na ausência de concomitância entre o pagamento e a confissão em DCTF, declaração essa que só veio a ser apresentada no curso de procedimento fiscal, não há como estender, ao presente caso, a caracterização de denúncia espontânea. Sendo devida a multa de mora, não se reconhece direito creditório originado de seu pagamento e não se homologa a correspondente compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificado do Acórdão suso citado, o Sujeito Passivo do presente Lançamento Tributário interpôs, no prazo regimental, o competente Recurso Voluntário reforçando a procedência do direito creditório, esgrimindo, em linhas gerais, os mesmos argumentos da aludida Manifestação de Inconformidade. Sem contrarrazões. É o relatório." Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2402006.800 Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10882.902077/200938 Acórdão n.º 2402006.803 S2C4T2 Fl. 4 3 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 5 de dezembro de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10882.902156/200949, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo ilustre Conselheiro Luís Henrique Dias Lima, digno relator da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2402006.800 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 5 de dezembro de 2018: Acórdão nº 2402006.800 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. Não obstante a tempestividade do Recurso Voluntário e o atendimento aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72 e alterações posteriores, dele CONHEÇO PARCIALMENTE, tendo em vista que trata, também, de matéria atávica à competência da 1ª Seção de Julgamento, sequer prequestionada em sede de Manifestação de Inconformidade, consoante se verá a seguir. Inicialmente, é relevante destacar que a gênese desta lide encontrase assentada em Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada pelo Contribuinte em relevo via PER/DCOMP. Em face do Despacho Decisório acima reproduzido, o sujeito passivo apresentou Manifestação de Inconformidade, a qual se houve por julgada improcedente pela DRJ/CPS. Enfrentando a decisão da Instância de Piso, a Impugnante, agora Recorrente, interpôs Recurso Voluntário alegando que restou configurada a denúncia espontânea, bem como a impossibilidade de cobrança de "estimativa" de IRPJ e CSLL. De plano cabe ressaltar que as alegações da Recorrente quanto à impossibilidade de cobrança de "estimativa" de IRPJ e CSLL não são passíveis de conhecimento por esta Corte, uma vez que, não apenas caracterizam inovação recursal, pois não houve prequestionamento em sede de Impugnação Administrativa ao Lançamento, mas também por se tratar de matéria relativa a tributos que são de competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, consoante disposto no art. 2° do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2013. Assim, a presente análise restringirseá à matéria inerente à Denúncia Espontânea e ao pleiteado crédito proveniente do pagamento efetuado a título de multa de mora após a alegada consumação da Denúncia Espontânea. Da análise dos autos verificase que o cerne da presente lide concentrase no reconhecimento, ou não, da ocorrência do instituto da denúncia espontânea, a par da concomitância, ou não, do pagamento efetuado pela Recorrente com a apresentação de DCTF, mediante a qual o crédito tributário foi constituído por confissão de dívida, no curso de ação fiscal abrigada em Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização (MPFF). A denúncia espontânea, também chamada de "confissão espontânea", é um instituto previsto no art. 138 do CTN por meio do qual o devedor, antes que o Fisco instaure contra ele qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, confessa para a Fazenda que praticou uma infração tributária e paga os tributos em atraso e os juros de mora. Em contrapartida, fica dispensado do pagamento da multa: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do Fl. 445DF CARF MF Processo nº 10882.902077/200938 Acórdão n.º 2402006.803 S2C4T2 Fl. 5 4 pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. De se observar que a denúncia espontânea exclui tanto as multas punitivas, como também as moratórias. Para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é necessário o preenchimento de três requisitos cumulativos: i) A "denúncia" (confissão) da infração; ii) O pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; e iii) A espontaneidade (a confissão e o pagamento devem ocorrer antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório por parte da Administração Tributária relacionado àquela determinada infração). Desta forma, resta caracterizado que um dos requisitos para que se configure a denúncia espontânea é que o infrator/devedor confesse e pague o débito antes que a Administração Tributária instaure em seu desfavor "qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração". É cediço que o procedimento administrativo fiscal para apurar infração à legislação tributária iniciase com a ciência do sujeito passivo do Termo de Início de Fiscalização, previsto no art. 196 do CTN: Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. (grifei) No caso presente, o início da ação fiscal ocorreu em 20/05/2003, com a ciência do Contribuinte, ora Recorrente, do teor do Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização (MPFF) nº 08.1.71.00.2003000064, emitido em 5 de março de 2003 e com validade até 27 de julho de 2004 tributo IRPJ P.A.: de 01/1998 a 12/2001. No litígio ora em apreciação, o IRRF Cód. Receita 8053 não foi objeto da ação fiscal em debate, além de se referir a período de apuração posterior àquele delimitado no correspondente Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização MPFF nº 08.1.71.00.2003000064, observandose ainda que este não determinou a efetiva realização dos procedimentos de verificações obrigatórias, previsto na Portaria nº 3.007/2001, no sentido de cotejar débitos apurados/contabilizados pelo sujeito passivo com aqueles declarados em DCTF, não se vislumbrando, portanto, qualquer liame entre aquele tributo e a ação fiscal em tela. Noutro viés, verificase, pelo resgate cronológico de datas, que o débito em apreço (IRRF Cód. Receita 8053) foi recolhido pelo valor do Principal, acrescido dos Fl. 446DF CARF MF Processo nº 10882.902077/200938 Acórdão n.º 2402006.803 S2C4T2 Fl. 6 5 devidos juros de mora, em data posterior ao seu regular vencimento, sem que tivesse sido apresentada a respectiva DCTF, o que veio de fato a ocorrer em data posterior ao já citado recolhimento do tributo. Posteriormente, a Recorrente efetuou o pagamento da parcela relativa à multa de mora relacionada ao tributo em tela, eis que este se houve por recolhido em atraso. Como se observa do relato acima, a confissão do débito ocorreu posteriormente ao respectivo recolhimento, que teria sido vinculado ao débito na DCTF na qual foi confessado. Com a apresentação da DCTF e consequente constituição do crédito tributário com vinculação ao respectivo recolhimento já efetuado, podese afirmar que, neste momento, ocorreu a denúncia espontânea e a concomitante extinção do crédito tributário confessado. De se observar que, via de regra, o prazo para apresentação da DCTF ocorre após a data do vencimento do tributo, do que decorre que os recolhimentos se dêem antes da apresentação da DCTF, na qual serão constituídos os respectivos créditos tributários e vinculados aos recolhimentos já efetuados, extinguindoos concomitantemente. Nesse sentido, a Solução de Consulta Cosit nº 384/2014, in verbis: [...] 23. Do exposto, observase: a) considerase ocorrida a denúncia espontânea, para fins de aplicação do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, quando o sujeito passivo confessa a infração e, até este momento, extingue a sua exigibilidade apenas com o pagamento, nos termos do Ato Declaratório PGFN nº 4, de 20 de dezembro de 2011; (grifei) b) omissis [...] Coaduna com esse entendimento o STJ, no REsp nº 1.149.022/SP, representativo de controvérsia, nos termos do art. 543C do então vigente CPC, cujo excerto de sua ementa transcrevo a seguir: RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022SP (2009/01341424) [...] 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a Fl. 447DF CARF MF Processo nº 10882.902077/200938 Acórdão n.º 2402006.803 S2C4T2 Fl. 7 6 denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. [...] O entendimento esposado no REsp nº 1.149.022/SP é seguido pela PGFN, nos termos do Parecer/PGFN/CRJ nº 2124/2011. Nessa perspectiva, resta caracterizado como pagamento indevido/a maior o recolhimento de multa de mora efetuado em data posterior à Denúncia Espontânea, credenciandose a lastrear a compensação declarada via PER/DCOMP, uma vez que o recolhimento do principal com os devidos juros de mora, e portanto a Denúncia Espontânea, ocorreu em data anterior, oportunidade em que o sujeito passivo confessou a infração e naquele momento extinguiu a sua exigibilidade, conforme a inteligência da Solução de Consulta Cosit nº 384/2014 c/c Ato Declaratório PGFN nº 4/2011. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, na parte conhecida, DARLHE PROVIMENTO, cancelandose integralmente o lançamento. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, na parte conhecida, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, cancelandose integralmente o lançamento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Relator. Fl. 448DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.906102/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/01/2006
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PER/DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA.
A partir de 31/10/2003, a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, em razão da vigência do disposto no art. 74, § 6º, da Lei nº 9.430/96.
PIS. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003.
Numero da decisão: 3201-005.040
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/01/2006 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PER/DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. A partir de 31/10/2003, a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, em razão da vigência do disposto no art. 74, § 6º, da Lei nº 9.430/96. PIS. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16682.906102/2012-91
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5984709
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.040
nome_arquivo_s : Decisao_16682906102201291.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 16682906102201291_5984709.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
id : 7687612
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661099859968
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1686; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.906102/201291 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.040 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente PROFARMA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACEUTICOS SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/2006 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PER/DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. A partir de 31/10/2003, a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, em razão da vigência do disposto no art. 74, § 6º, da Lei nº 9.430/96. PIS. COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 61 02 /2 01 2- 91 Fl. 407DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o presente, de Declarações de Compensação transmitidas pelo Sistema PER/DCOMP, que não foram integralmente homologadas em face da glosa de créditos realizada pela RFB, conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Inconformado com o não reconhecimento integral do crédito pleiteado, o Interessado apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 14058.651. Devidamente cientificada desta decisão, a contribuinte interpôs, tempestivamente, o Recurso Voluntário ora em apreço, onde alega, em síntese que: (i) o presente processo administrativo tem por objeto a declaração de compensação de crédito de COFINS, relativo a pagamento indevido ou a maior, com débitos de outros tributos; (ii) reavaliou os critérios por ela adotados para apuração de seus créditos de COFINS, tendo constatado que, por um lapso, havia deixado de aproveitar determinados créditos, mais especificamente, relacionados às despesas com frete nas operações de venda de produtos sujeitos ao regime monofásico, que foram adquiridos para revenda; (iii) efetuou a reapuração da contribuição por ela devida com o aproveitamento dos referidos créditos, o que resultou na ausência de débito dessa contribuição na competência; (iv) procedeu à retificação do DACON e da DCTF, de modo que, em tais declarações, para a competência, passou a constar a inexistência de qualquer débito de COFINS; (v) tendo havido a redução do débito de COFINS na competência, o pagamento realizado pela Recorrente tornouse indevido ou a maior, correspondendo a crédito a ser por ela utilizado na quitação de outros tributos; (vi) apresentou, então, Declarações de Compensação (DCOMP), nas quais pretendia a utilização do crédito de COFINS relativo a pagamento indevido ou a maior, para quitação de tributos; Fl. 408DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 4 3 (vii) as autoridades administrativas passaram a analisar os créditos apurados pela Recorrente, os quais foram deduzidos na apuração dessa contribuição e concluíram que a recorrente não faria jus a uma parcela dos créditos; (viii) por essa razão, as autoridades administrativas refizeram a apuração da contribuição, tendo apurado um suposto débito, enquanto a Recorrente não declarou qualquer débito dessa contribuição em tal competência em DCTF; (ix) sem que houvesse a constituição desse débito, as autoridades administrativas pretenderam alocar uma parte do valor pago, por meio de DARF, para quitação do débito por elas apurado. (x) realizouse um "encontro de contas" entre o débito apurado pelas autoridades administrativas e não constituído pela recorrente com o valor por ela pago através de DARF; (xi) como consequência do aproveitamento dessa parcela do montante indevidamente pago por meio do DARF, as autoridades administrativas entenderam que a Recorrente não faria jus à integralidade do direito creditório pleiteado como pagamento indevido ou a maior nas DCOMP's, resultando no reconhecimento de apenas uma parte desse crédito e na homologação parcial das DCOMP's apresentadas; (xii) não se pode admitir que a autoridade administrativa possa efetuar revisão no âmbito de um processo de compensação e pretenda, por meio de um "encontro de contas" utilizar o crédito pleiteado (pagamento indevido ou a maior) para quitação de um débito que não foi sequer constituído, seja pela Recorrente, que não o declarou, seja pela autoridade administrativa, que não lavrou o auto de infração; (xiii) havendo discordância da base de cálculo utilizada para a apuração da contribuição devida no mês, é dever da autoridade fiscal promover o respectivo lançamento, não lhe sendo permitido, em substituição a este, promover a glosa de créditos em pedidos de ressarcimento ou de compensação; (xiv) caso as autoridades administrativas, em processos de compensação, verifiquem a existência de eventuais débitos de PIS/COFINS, devem proceder a formalização de eventual exigência tributária, por meio de lançamento formal, não cabendo a mera glosa de créditos pleiteados pelo contribuinte por meio de "encontro de contas"; (xv) tendo sido incorreto o procedimento adotado, o qual resultou em indevido não reconhecimento da integralidade do direito creditório pleiteado, é evidente que deve ser reformada a decisão, para que tal crédito seja totalmente reconhecido e como consequência haja a homologação integral das DCOMP's; (xvi) o mérito da discussão referese à possibilidade ou não de aproveitamento dos créditos em questão, na medida em que, caso esses créditos tivessem sido aceitos, a apuração de tal competência, conforme realizada, estaria correta e, consequentemente, o crédito relativo a pagamento indevido ou a maior teria sido reconhecido integralmente; Fl. 409DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 5 4 (xvii) não merece prevalecer o entendimento acerca da impossibilidade de apuração de créditos de PIS e de COFINS sobre as despesas com frete nas operações de venda de produtos sujeitos ao regime monofásico, que foram adquiridos para revenda; (xviii) a Solução de Consulta COSIT nº 64, de 19 de maio de 2016 já reconheceu que as receitas de venda de produtos sujeitos à tributação concentrada incluemse no regime de apuração nãocumulativa e, consequentemente, há a possibilidade de apuração de créditos sobre os custos, encargos ou despesas vinculados a receitas auferidas pela revendedora dos produtos; (xix) que possui precedente do CARF em seu favor, no âmbito da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF; e (xx) não há dúvida de que o art. 3º, inc. IX das Leis nº's 10.637/2002 e 10.833/2003, permite o aproveitamento de créditos de PIS e de COFINS sobre as despesas com frete relativo à operação de venda dos produtos adquiridos para revenda, sujeitos ao regime monofásico. É o relatório Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201005.031, de 27 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.906116/201212, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3201005.031): "Para melhor compreensão do caso, passase a análise individual das matérias, conforme posto na peça recursal. (i) Da insubsistência do procedimento adotado pela Autoridade Fiscal e da necessidade de constituição do débito apurado e da impossibilidade de confissão de dívida de débitos apurados pela Autoridade Fiscal e não declarados pela Recorrente No presente tópico entendo que não assiste razão aos argumentos tecidos pela Recorrente. Preceitua o art. 74, § 6º, da Lei nº 9.430/1996, com a redação conferida pela Lei nº 10.833/2003, a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, in verbis: Fl. 410DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 6 5 "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013). (....) § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003)." As declarações de compensação em análise foram transmitidas após 31/10/2003, constituindo, portanto, confissão de dívida, conforme texto legal antes reproduzido. Nessa situação, é dispensada a constituição do crédito tributário confessado por meio de lançamento de ofício. Este tem sido o entendimento uníssono deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Vejamos: "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 (...) DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. DCOMP. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da Declaração de Compensação. Recurso voluntário negado." (Processo nº 10120.911740/201121; Acórdão nº 3402004.318; Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz; sessão de 25/07/2017) "CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2006 a 30/06/2011 EMPRESA DE VIGILÂNCIA E SEGURANÇA. PIS CUMULATIVO. As empresas de vigilância e segurança, referidas na Lei 7.102/83, mesmo que optem pelo Lucro Real, devem apurar PIS e Cofins pela sistemática cumulativa, ou seja, com base nos percentuais de, respectivamente, 0,65% e Fl. 411DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 7 6 3,0% sobre a receita bruta, sem o aproveitamento de créditos, conforme determinam os incisos I, do art. 10 da Lei n° 10.833/2003 e I, do art. 8° da Lei n° 10.637/2002. DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. COBRANÇA PRESCINDE DE LANÇAMENTO. A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Havendo não homologação da compensação, o débito confessado é motivo de cobrança e não de lançamento." (Processo nº 12448.726715/201268; Acórdão nº 3302004.908; Relatora Lenisa Rodrigues Prado; sessão de 26/10/2017) "Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2003 a 30/11/2003 DCOMP. CONFISSÃO. INEXISTENCIA DECADÊNCIA. A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, portanto, incabível a alegação de decadência do valor cobrado." (Processo nº 10730.008171/200851; Acórdão nº 3402 006.001; Relator Conselheiro Rodrigo MIneiro Fernandes; sessão de 29/11/2018) No mesmo sentido tem trilhado o Poder Judiciário: "Embargos à execução fiscal. declaração de compensação. PRESCRIÇÃO. honorários de sucumbência. 1. A entrega da DCOMP constitui definitivamente o crédito tributário, dispensado o lançamento dos créditos não compensados. (...)" (TRF4, AC 500113637.2016.4.04.7016, SEGUNDA TURMA, Relator RÔMULO PIZZOLATTI, juntado aos autos em 05/12/2017) Salientese, ainda, que o CARF tem o posicionamento de que o lançamento é indevido quando o débito é declarado em DCOMP, conforme decisões a seguir transcritas: "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2006, 30/11/2006 DÉBITO DECLARADO EM DCOMP. COBRANÇA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO PRÓPRIO. LANÇAMENTO INDEVIDO. Débito declarados em declaração de compensação DCOMP apresentada antes do início da Fiscalização, são considerados como confessados e não devem ser objeto de Fl. 412DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 8 7 lançamento de ofício pela Autoridade Fiscal, ainda mais quando já se encontram em análise e exigência em procedimento próprio.A declaração do Sujeito Passivo quanto à existência de obrigação tributária constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito, sendo improcedente o lançamento dos referidos valores por parte do Fisco." (Processo nº 19515.007790/200848; Acórdão nº 9303 003.897; Relatora Conselheira Vanessa Marini Cecconello; sessão de 19/05/2016) Diante do exposto, não é de se prover o recurso por tais argumentos. (ii) Do aproveitamento de créditos de PIS e de COFINS sobre fretes relativos à operação de venda de produtos sujeitos ao regime monofásico Tem razão a Recorrente. Com relação ao tema, é de se consignar que a Recorrente no processo nº 16682.720005/201393, obteve decisões favoráveis no âmbito do CARF, tanto em sede de Recurso Voluntário, quanto em Recurso Especial, cuja transcrição das ementas é necessária, in verbis: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/01/2008 a 31/12/2010 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Crédito Tributário Exonerado. Recurso Voluntário Provido." (Acórdão nº 3402002.520; Relator Conselheiro João Carlos Cassuli Junior; sessão de 15/10/2014) "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Fl. 413DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 9 8 Período de apuração: 31/01/2008 a 31/12/2010 PIS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/01/2008 a 31/12/2010 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003." (Acórdão nº 9303 004.311; Relatora Conselheira Érika Costa Camargos Autran; sessão de 15/09/2016) A matéria possui outros precedentes no CARF, conforme a seguir consignados: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Também para as mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência da COFINS não cumulativa, há Fl. 414DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 10 9 o direito de descontar créditos relativos às despesas com armazenagem e frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, da Lei n°. 10.833/2003." (Processo nº 10480.725293/201109; Acórdão nº Relatora Conselheira Vanessa Marini Cecconello; 9303006.219; sessão de 24/01/2018) "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PIS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. As mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) sujeitas ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Recurso Voluntário Provido." (Processo nº 10882.720554/201082; Acórdão nº 3302004.605; Relator Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator designado Conselheiro Walker Araújo; sessão de 26/07/2017) Assim, em relação a tal tópico em razão de a própria Recorrente possuir precedentes em seu favor e este ser o entendimento prevalente do CARF é de se prover o Recurso Voluntário interposto. Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 415DF CARF MF Processo nº 16682.906102/201291 Acórdão n.º 3201005.040 S3C2T1 Fl. 11 10 Fl. 416DF CARF MF
score : 1.0
