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Numero do processo: 15374.901699/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1999
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas.
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte.
PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO.
A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior.
VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO.
A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
Numero da decisão: 2202-005.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazêlo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 16 99 /2 00 8- 11 Fl. 196DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 3 2 PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2202005.099 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não homologou o pedido de compensação. Do Pedido de Compensação O pedido de compensação tratase de processo referente ao PER/DCOMP eletrônico no qual a Soft Consultoria Ltda pretende aproveitar o crédito de IRRF que teria sido recolhido indevidamente. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 4 3 Da Análise do PER/DCOMP De acordo com o Despacho Decisório eletrônico, a compensação não foi homologada, pois o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, uma vez que o recolhimento realizado pelo DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos declarados pela contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito requerido no pedido de compensação (PER/DCOMP): A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP Regularmente intimada do Despacho Decisório com a não homologação da compensação declarada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que: Do direito ao crédito de imposto de renda retido na fonte sobre royalties remessa ao exterior. Logo, diante dos fundamentos apresentados, entende a Manifestante que os valores referentes ao IRRF pagos por ela sobre remessas para pagamento de importações de "softwares" de prateleira são passíveis de pedido de indébito e por isso a impossibilidade de se manter o indeferimento em tela. Por fim, outro argumento deve ser realçado pela ora Manifestante, é a necessidade expressa de se realizar perícia a fim de se apurar o tipo de software comercializado pela empresa no presente processo. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciou a Manifestação de Inconformidade, proferiu o Acórdão negandolhe provimento, mantendo o Despacho Decisório e não homologando o PER/DCOMP. Do Recurso Voluntário A Soft Consultoria, devidamente intimada da decisão da DRJ, conforme aviso de recebimento, apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ, alegando que: Concessa maxima venia, cabe ao Contribuinte eleger o meio de prova que julga adequado à demonstração dos fatos. Na espécie, dada a natureza da matéria sub examine, entendeu ser a prova pericial. A própria norma reguladora da matéria é clara ao determinar tal possibilidade. Nos termos postos, a defesa do Contribuinte fica inviabilizada, vez que não carreou aos autos a prova apontada pelo nobre relator, a saber, embalagens dos softwares "de prateleira" e respectivos documentos de importação. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 5 4 Paralelamente, além de indeferir o pedido formulado, o julgador administrativo também não oportunizou ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Alegou também a necessidade de se observar o Princípio da Verdade Material, afirmou que em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material e que a referida verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondose ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil, bem como alegou ainda que: Nesse diapasão, a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. É que em nome dos princípios da ampla defesa, legalidade, oficialidade e verdade material, dentre outros, não se pode negar ao Administrado a produção de prova em outra fase. Não poderia ser de outra forma, vez que, o órgão judicante, ao afastar a prova pretendida pelo Contribuinte, não poderia negarlhe a possibilidade de apresentar, em outra oportunidade, a prova que ele mesmo julgou conveniente. Ademais, pelo Princípio da Informalidade Moderada, que é a mais adequado ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), poderia, sem qualquer violação, o julgador administrativo ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que seja reformado o acórdão e analisados os documentos acostados junto ao recurso: 1 A reforma do v. acórdão fustigado, com o conseqüente deferimento do pedido de produção de prova pericial; conforme formulado da Manifestação de Inconformidade, ou, caso assim não entendam Vs.Sas., 2 Seja, com base nos princípios apontados e na economia processual, analisada a documentação ora acostada, a qual corresponde aos meios de prova apontados pelos julgadores a quo, com o conseqüente deferimento do PER/DCOMP versado na aludida Manifestação de Inconformidade. É o relatório." Fl. 199DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 6 5 Voto Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202005.0992 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Da Apresentação De Provas e Da Verdade Material A Recorrente questionou, invocando a necessidade de observância ao Princípio da Verdade Material, que a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. No mesmo sentido, a Recorrente ainda questionou a decisão de primeira instância alegando que o julgador administrativo poderia ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Além disso, a Recorrente, quando da apresentação do recurso voluntário, solicitou a juntada de diversos documentos com o objetivo de comprovar suas alegações. No que diz respeito ao pedido da recorrente, entendo que não merece acolhimento, uma vez que, a partir da Manifestação de Inconformidade, início da fase litigiosa, era dever da contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas no seu pedido de compensação. Neste contexto, cabe registrar que a fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a contribuinte deveria, sob pena de preclusão, instruir sua Manifestação de Inconformidade apresentando junto com os motivos de fato e de direito que fundamentaram sua pretensão, os documentos que respaldassem suas afirmações, conforme disciplina os dispositivos legais pertinentes à matéria, os artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, bem como o disposto no inciso I, do art. 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 200DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 7 6 (...) Assim, como não apresentou elementos necessárias para comprovar suas alegações, apenas requereu a realização de perícia, a autoridade julgadora de primeira instância apreciou a Manifestação de Inconformidade, negandolhe provimento, pois verificou a inexistência de elementos probantes, dessa forma indeferiu o pedido de perícia e não homologou a compensação declarada, confirmando as razões do despacho decisório. No tocante as novas provas apresentadas, entendo que, além de extemporâneas, estão ausentes os requisitos que autorizariam o afastamento da preclusão de que trata as alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Do mesmo modo, observo não há fato ou razão renovada trazida aos autos pela DRJ, porquanto o voto proferido pelos julgadores daquela DRJ, apresentou considerações no sentido de que tais provas independem de perícia, pois poderiam ter sido produzidas por meio de documentos. Todavia, ao fazer estas considerações, entendo que a DRJ estava demonstrando que a contribuinte perdeu a oportunidade legal de apresentar os documentos que, em tese, poderiam comprovar o seu pleito. Inclusive, no que diz respeito a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário, compartilho o entendimento apresentado no Acórdão nº 3201 004.710, sessão de 29 de janeiro de 2019, proferido pela 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária, que em situação semelhante negou provimento ao recurso do contribuinte. Com base no citado Acórdão, observo o entendimento de que a jurisprudência apresenta certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, afastandoa em alguns casos referentes a fatos notórios ou incontroversos que podem permitir o pronto convencimento do julgador. No mesmo sentido, entendo que o direito da parte produzir provas posteriores, até o momento da decisão administrativa, comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fundamento em seu juízo de valor, acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que no caso é de responsabilidade da contribuinte. No caso dos autos, notase que a Recorrente não produziu oportunamente os documentos que poderiam justificar as suas alegações, responsabilidade esta que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Decreto nº 70.235/72 e, de forma subsidiária, pela Lei nº 13.105/2015 (CPC). Neste contexto, observase que o princípio da verdade material confere ao julgador administrativo maior liberdade na apreciação das provas, podendo coletar provas ou determinar a produção de provas não produzidas pelas partes, se assim for necessário para o seu convencimento diante das provas já apresentadas. Contudo, não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Desse modo, não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a compensação para extinção de crédito tributário, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também, em sede de julgamento se oportunize tais demonstração e comprovação, pois a busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia da contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas Fl. 201DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 8 7 necessárias a possível comprovação do crédito alegado, bem como não permite a supressão de instância. Isto posto, rejeito, preliminarmente, o pedido para acatar os documentos apresentados após a decisão de primeira instância administrativa. Da Perícia Na peça de defesa inicial, a contribuinte requereu a realização de perícia com o objetivo de comprovar os seus argumentos, todavia, quando apreciou a Manifestação de Inconformidade, a DRJ indeferiu o pedido de realização de perícia, porque entendeu desnecessária, uma vez que a pretensão da contribuinte poderia ser comprovada por meio de prova documental. Dessa forma, percebese que a contribuinte optou por não apresentar documentos que pudessem comprovar suas alegações, pois, no seu entendimento, poderia eleger o meio de prova que julgasse adequado e neste caso, devido a natureza da matéria em exame, a empresa optou pelo pedido de prova pericial, que a seu ver seria a mais adequada. Neste aspecto, observo que não podem prosperar os argumentos e os questionamentos apresentados, pois entendo que a Recorrente ao invés de apresentar oportunamente os documentos que, em tese, poderiam comprovar suas alegações, optou por substituir sua incumbência probatória com providências a cargo do Fisco ou do perito técnico, por meio de realização de perícia. Ademais, a prova pericial, além do caráter específico, não depende exclusivamente da vontade das partes, mas sim de circunstâncias que justifiquem a necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos, para quando o julgador, diante de indícios ou elementos incipientes de prova, pudesse melhor elucidar os fatos para formar sua convicção. À vista disso, entendo que seja prescindível a realização da perícia, tendo em vista que a mesma se destinava a suprir prova que poderia ser produzida pela contribuinte com a juntada de documentos carreados aos autos no momento oportuno. Esclarecendo ainda que a contribuinte tem a obrigação jurídica de manter os meios probatório de seu interesse. Assim sendo, indefiro o pedido de perícia, por considerálo desnecessário à produção das provas pretendidas pela empresa Soft Consultoria Ltda, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, que permite a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formar livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Da Defesa Inviabilizada No tocante a alegação da Recorrente de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, também não merece acolhida, pois a recorrente teve oportunidade de apresentar tempestivamente a documentação pertinente relativo aos fatos, mas não o fez. Além do mais, cabe registrar que nos pedidos de compensação/restituição o ônus da prova cabe ao sujeito passivo, como pode ser observado no disposto do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, disciplinando que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto Fl. 202DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 9 8 que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. No mesmo sentido, dispõe o Decreto nº 70.235, de 1972, que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que as impugnações administrativas já devem trazer os elementos de prova: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Dessa forma, entendo que não caberia ao julgador de primeira instância oportunizar ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, pois as provas já deveriam ser apresentadas no momento da contestação por meio da Manifestação de Inconformidade, conforme disciplina o art. 15 do Decreto nº 70.235/72, uma vez que caberia à contribuinte, ao ofertar a sua defesa, produzir a prova em contrário, por meio de documentação hábil e idônea. Como não o fez, o seu pedido de compensação não foi homologado, conforme decisão proferida no Acórdão de primeira instância que manteve o Despacho Decisório. Por tudo aqui exposto, rejeito o argumento da contribuinte de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Da Ausência de Comprovação da Liquidez e Certeza do Crédito De acordo com os autos, percebese que a Recorrente alegou que houve recolhimento indevido de tributo e por este motivo requereu, mediante apresentação de PER/DCOMP, compensação destes valores. No entanto, quando da análise do seu pedido de compensação, o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, pois o crédito indicado no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos, motivo pelo qual se fundamentou a não homologação da compensação declarada, conforme o Despacho Decisório. Além disso, quando apresentou a sua Manifestação de Inconformidade, a contribuinte não apresentou documentos que pudessem comprovar que houve recolhimento indevido bem como se o valor pleiteado estaria disponível, demonstrando a existência da liquidez e certeza do crédito. Isto posto, cabe esclarecer que o ponto chave para atender pedido de compensação diz respeito a necessidade de comprovar que o crédito aludido estivesse disponível para ser utilizado na quitação do débito indicado no PER/DCOMP. Dessa forma, caberia a contribuinte demonstrar a existência da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, para um análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido, o montante e comparálo ao pagamento efetuado, nos termos do art. 1701 do CTN, que estabelece as condições para o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 10 9 Por fim, percebese que a contribuinte não logrou êxito em comprovar a liquidez e certeza do crédito e, dessa forma, entendo como correto o resultado exarado no Despacho Decisório eletrônico bem com na decisão proferida pelo Acórdão de primeira instância administrativa que negou provimento à Manifestação de Inconformidade e não homologou a compensação declarada, tendo em vista que o crédito indicado na DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos declarados pela contribuinte. Destarte, com base em tudo que foi exposto, entendo que não há espaço para reanálise do despacho decisório e nem qualquer reforma na decisão recorrida. No tocante ao pedido de realização de perícia, entendo desnecessária. Decisão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia" Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 204DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.002329/2008-15
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. FILHO COM MAIS DE 24 ANOS.
Com a maioridade cessa o dever de prestar alimentos em face do Poder Familiar, persistindo o dever apenas em razão da relação de parentesco, em caso de comprovada necessidade.
A legislação do imposto de renda admite a dedução, como dependente, de filho com idade até 21 anos, ou até 24 anos, se cursando instituição de ensino superior ou, de qualquer idade, se incapacitado física ou mentalmente para o trabalho. Aplica-se o mesmo critério para a dedutibilidade de pagamentos a título de pensão alimentícia.
Numero da decisão: 9202-007.736
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
Assinado digitalmente
Patrícia da Silva - Relatora.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. FILHO COM MAIS DE 24 ANOS. Com a maioridade cessa o dever de prestar alimentos em face do Poder Familiar, persistindo o dever apenas em razão da relação de parentesco, em caso de comprovada necessidade. A legislação do imposto de renda admite a dedução, como dependente, de filho com idade até 21 anos, ou até 24 anos, se cursando instituição de ensino superior ou, de qualquer idade, se incapacitado física ou mentalmente para o trabalho. Aplicase o mesmo critério para a dedutibilidade de pagamentos a título de pensão alimentícia. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. Assinado digitalmente Patrícia da Silva Relatora. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 23 29 /2 00 8- 15 Fl. 123DF CARF MF 2 Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, efls. 96/103 contra acórdão nº 2801003.266, proferido pela 1ª Turma Especial da 2 ª Seção, proferido na sessão do dia 19 de dezembro de 2013, que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2006 PENSÃO ALIMENTÍCIA. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DE ACORDO. NORMAS DO DIREITO DE FAMÍLIA. ALCANCE. A legislação de regência estabelece que as despesas dos alimentandos, quando arcadas pelo alimentante em decorrência de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, são dedutíveis no ajuste anual, em campo próprio, respeitandose o limite anual individual. Cabe ao Poder Judiciário o controle legal quanto ao fato de o acordo estar ou não em consonância com as normas do direito de família. Recurso Voluntário Provido em Parte. Conforme descrito pela Câmara a quo: O lançamento acima foi decorrente das seguintes infrações: Dedução Indevida de Despesas Médicas. Glosa de R$2.074,00, por falta de comprovação. Regularmente intimado, o contribuinte não atendeu à intimação. Enquadramento legal nos autos (fl. 38, verso). Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial. Glosa de R$49.998,08 por falta de comprovação. Regularmente intimado, o contribuinte não atendeu à intimação. Enquadramento legal nos autos (fl. 38). Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional destaca os seguintes pontos: Pelo entendimento acima esposado, que deriva da interpretação sistemática das legislações civil e tributária ‑ esta especialmente no que se refere às deduções previstas na apuração da base de cálculo do imposto de renda pessoa física conclui‑ se que: I) enquanto menores, os filhos estão sujeitos ao poder familiar, situação em que a dedução relativa a pensão alimentícia judicial Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13116.002329/200815 Acórdão n.º 9202007.736 CSRFT2 Fl. 123 3 é admissível, desde que presentes os requisitos estipulados na legislação tributária e explicitados acima; II) alcançada a maioridade, a pensão alimentícia judicial é dedutível, dos 21 aos 24 anos de idade dos beneficiários, se cursarem estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. Dito isto, deve ser mantida a dedução a título de pensão alimentícia tão somente da ex‑ esposa, que corresponde a 35% dos rendimentos do Interessado, valor este que está em consonância como o que foi definido no acordo homologado judicialmente. Dessa forma, somente se preenchidas as condições elencadas na lei é que a pensão judicial pode ser deduzida, o que não ocorreu no caso dos autos. Como a filha do declarante não mais ostentava a condição de dependente, nem foi considerada inválida, temos que o pagamento decorreu de mera liberalidade, devendo, portanto, ser glosado. Apresenta como paradigma o acórdão nº 10422.292, cuja ementa transcrevo abaixo: DEDUÇÃO DE PENSÃO JUDICIAL São considerados dependentes, para fins de dedução do imposto de renda, os filhos maiores até vinte e quatro anos de idade, desde que estejam cursando estabelecimento de ensino superior no anocalendário em que a dedução foi pleiteada. Conforme despacho de admissibilidade de efls. 107/108, foi dado seguimento ao REsp nos seguintes termos: A controvérsia apresentada pela recorrente está delimitada à dedução de pensão alimentícia a filhos com idade superior a 24 anos. No acórdão recorrido, o entendimento adotado foi no sentido de que, como não há disposição legal quanto à idade máxima para pagamento de pensão alimentícia aos filhos, é cabível a dedução da base de cálculo do imposto de renda de pensão paga à filha com mais de 24 anos. Por sua vez, o paradigma, apreciando situação similar, decidiu que somente são considerados dependentes, para fins de dedução de pensão judicial, os filhos maiores até 24 anos de idade e desde que estejam cursando o ensino superior. Assim, considerando que o acórdão paradigma foi proferido por órgão julgador diferente daquele do presente processo, não foi reformado e a matéria tratada não é objeto de súmula, resta patente a divergência jurisprudencial. Fl. 125DF CARF MF 4 Intimado, conforme AR de efls. 114, o Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, conforme exame de admissibilidade de fls. 107/108, razão pela qual dele conheço. A matéria em discussão reside na possibilidade de dedução de pensão alimentícia paga a filhos maiores até 24 anos de idade anos de idade e desde que estejam cursando o ensino superior. Em relação a este ponto destaco os seguintes fundamentos da decisão recorrida: Neste ponto, alertado pela DRJ da necessidade de provar que os pagamentos foram realizados em virtude de decisão ou acordo judicial, o contribuinte juntou decisão judicial na qual se homologa acordo em que se fixa a pensão para sua exesposa Evaniza Nepomuceno Cavalcanti, correspondente a 35% dos seus vencimentos, e para sua filha Cristina Nepomuceno de Araújo, correspondente a 35% dos seus vencimentos. Compulsando os autos, verifico que o comprovante de pagamento de folhas 40 dos autos informa o desconto em folha de valor correspondente a 70% dos vencimentos do contribuinte a título de pensão; justamente a soma dos percentuais determinados judicialmente. Assim, ante a existência de prova de que os pagamentos se deram em decorrência de acordo homologado judicialmente, deve ser restabelecida a dedução da pensão alimentícia declarada. Cabe ressaltar que, embora a autoridade lançadora e a DRJ não tenham se manifestado, a filha do recorrente tinha mais de 24 anos no ano de 2005. Contudo, entendo que tal fato não obsta a dedução declarada. Insta frisar que as disposições acerca de pensão alimentícia, mais precisamente aquelas estabelecidas no Código Civil, art. 1694 a 1710, não condicionam a fixação de alimentos à idade dos alimentandos, a separação dos cônjuges e nem mesmo limita o dever de pagar alimentos a cônjuges e pais, estendendoo aos ascendentes, descendentes, irmãos, enfim, aos parentes, contemplando uma noção abrangente de família para tal propósito. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13116.002329/200815 Acórdão n.º 9202007.736 CSRFT2 Fl. 124 5 Desse modo, verificase que o contribuinte juntou aos autos a decisão judicial que homologa os pagamentos, bem como os comprovantes de pagamento. Nesse sentido, destaco o acórdão nº 9202007.117, de relatoria da Ilma. Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz, proferido na sessão do dia 26 de julho de 2018, que apresentou os seguintes fundamentos: No direito de família, o direito à pensão alimentícia decorre do binômio necessidade/possibilidade, necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, associada à relação de parentesco, casamento ou união estável. Para Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, os alimentos podem ser conceituados como prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provêlas pelo trabalho. Notase que o bem jurídico protegido pelo direito de família é a pessoa humana, na perspectiva constitucional do direito social à alimentação (art. 6º da CF). Assim, não há limitação etária para a concessão da pensão alimentícia, sendo uma questão de análise casuística frente as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. Uma vez concedida a pensão alimentícia, não há perda automática do direito à percepção dos alimentos, nas hipóteses em que não mais se vislumbram os fatos ensejadores do direito, sendo necessária sua exoneração judicial, nos termos da Súmula 209 do STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. Portanto, no presente caso, verificase a obrigatoriedade do dispêndio do Contribuinte com a pensão alimentícia, e, não havendo limite de idade, para o direito civil, não há que se exigir para fins de dedução. Ora, não se deve confundir limite de idade para fins de relação de dependência no imposto de renda com limite de idade para fins de concessão de pensão alimentícia. Assim, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e no mérito em negarlhe provimento. Assinado digitalmente Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado Fl. 127DF CARF MF 6 Divergi da i. Relatora quanto ao mérito. Como relatado, a matéria em discussão diz respeito à possibilidade de dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia a filho maior de 24 anos. Os fatos, em síntese são os seguintes: O contribuinte teve glosado valor declarado a título de pensão judicial em razão de não atendimento a intimação para comprovar os pagamentos. Com a impugnação o contribuinte apresentou comprovante de rendimentos no qual consta a dedução de R$ 49.998,08 a título de pensão judicial (efls. 8); com o Recurso Voluntário o contribuinte apresentou acordo de separação judicial homologado judicialmente, formado em setembro de 1986, no qual se previa o pagamento de pensão alimentícia para o cônjuge virago e para a filha Cristina Nepomuceno de Araújo, na proporção de 35% do salário para cada uma. Entendeu o acórdão recorrido que, embora a filha que recebeu a pensão já tivesse mais de 24 anos em 2005, período a que se refere o lançamento, tal fato não obstaria a dedução pleiteada. E é contra esse ponto que se insurgiu a Fazenda Nacional. A Relatora, corroborando o entendimento esposado pelo Acórdão Recorrido, negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Pois bem, como dito, divirjo desse entendimento. O art. 12A da Lei nº 9.250, de 1995 é claro quando se refere a pensão alimentícia “em face das normas do direito de família”. Confirase: Art. 12A. Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Redação dada pela Lei nº 13.149, de 2015) I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; [...] Pois bem a jurisprudência é uníssona no sentido de que, com a maioridade cessa o dever de prestação de alimentos em razão do poder familiar, persistindo, todavia, o de assistência em face da relação de parentesco, em caso de comprovada necessidade. Vejamos um exemplo. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. EXONERAÇÃO. MAIORIDADE. NECESSIDADE. ÔNUS DA PROVA. 1. O advento da maioridade não extingue, de forma automática, o direito à percepção de alimentos, mas esses deixam de ser devidos em face do Poder Familiar e passam a ter fundamento nas relações de parentesco, em que se exige a prova da necessidade do alimentado. 2. A necessidade do alimentado, na ação de exoneração de alimentos, é fato impeditivo do direito do autor, cabendo àquele a comprovação de que permanece tendo necessidade de receber alimentos. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 13116.002329/200815 Acórdão n.º 9202007.736 CSRFT2 Fl. 125 7 3. A percepção de que uma determinada regra de experiência está sujeita a numerosas exceções acaba por impedir sua aplicação para o convencimento do julgador, salvo se secundada por outros elementos de prova. 4. Recurso provido. (REsp 1198105/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/09/2011, DJe 14/09/2011) A legislação do Imposto de Renda, por sua vez, admite a dedução de filhos como dependentes apenas até que este complete 21 anos de idade e, excepcionalmente, até os 24 anos, se estiver cursando curso superior. Além dessa idade, apenas nos casos de comprovada incapacidade física e mental para o trabalho. Vejase, portanto, que há perfeita sintonia entre o critério legal de dedução do dependente pelo imposto de renda e a regra do direito de família quando ao dever de prestar alimentos e/ou assistência. Nessas condições admitir a dedução de pensão alimentícia para a filho, em situação em que não seria admitida a dedução deste como dependente. Com efeito, pagamentos feitos fora dessas condições constitui mera liberalidade. Ora, no presente caso, considerando que a apresentação do acordo pelo qual se fixou a pensão somente se deu quando da interposição do Recurso Voluntário; que o referido acordo foi assinado quando a filha ainda era menor de idade; que nada foi apresentado que justificasse a permanência do pagamento da pensão, é de se concluir pela não comprovação da dedutibilidade dos valores pagos à filha a título de pensão alimentícia. Ante o exposto, conheço do recurso e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 129DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.906604/2008-16
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DE CANCELAMENTO DE DCOMP. COMPETÊNCIA REGIMENTAL DAS DRF.
Por força de dispositivos regimentais, a apreciação primária de DCOMP, pedido de restituição e de cancelamento de declarações não compete à DRJ ou ao CARF, mas às Delegacias da Receita Federal de jurisdição fiscal do contribuinte.
Numero da decisão: 1002-000.650
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: AILTON NEVES DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DE CANCELAMENTO DE DCOMP. COMPETÊNCIA REGIMENTAL DAS DRF. Por força de dispositivos regimentais, a apreciação primária de DCOMP, pedido de restituição e de cancelamento de declarações não compete à DRJ ou ao CARF, mas às Delegacias da Receita Federal de jurisdição fiscal do contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1276; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T2 Fl. 131 1 130 S1C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.906604/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1002000.650 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 07 de maio de 2019 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente CLEANIC AMBIENTAL COMERCIO E SERVIÇOS DE HIGIENIZAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DE CANCELAMENTO DE DCOMP. COMPETÊNCIA REGIMENTAL DAS DRF. Por força de dispositivos regimentais, a apreciação primária de DCOMP, pedido de restituição e de cancelamento de declarações não compete à DRJ ou ao CARF, mas às Delegacias da Receita Federal de jurisdição fiscal do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 66 04 /2 00 8- 16 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10830.906604/200816 Acórdão n.º 1002000.650 S1C0T2 Fl. 132 2 Por bem sintetizar os fatos até o momento processual anterior ao do julgamento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação da compensação, transcrevo e adoto o relatório produzido pela DRJ/FOR: "Tratase de manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que não homologou compensação declarada na DCOMP nº 06546.52961.020704.1.3.040033 (42/46). 2. O contribuinte requereu a compensação de seu(s) débito(s) com alegado crédito de pagamento indevido de IRPJ (cód. 0220), referente ao período de apuração 30/06/2001, realizado em 02/07/2004, no valor de R$4.234,07, dos quais R$3.664,26 são utilizados para extinguir o(s) débito(s) compensado(s). Por sua vez, o despacho decisório não homologou a compensação, já que o referido pagamento não fora localizado nos sistemas. 3. Cientificado do decisório, o interessado apresentou manifestação de inconformidade em 30/10/2008 (fls. 02/06), na qual alegou o cometimento de erro de fato na informação da data de pagamento do DARF objeto do crédito, já que a data correta é 08/10/2001. 4. Posteriormente, em 28/12/2009, o administrado ingressou com a petição de fls. 74/75, na qual requereu a 'desistência da compensação declarada nos autos do presente processo administrativo'. Também assinalou que 'a presente desistência referese tão somente à Declaração de Compensação já mencionada, não importando renúncia ao direito creditório pleiteado no Pedido de Restituição de pagamento indevido'." A Manifestação de Inconformidade não foi conhecida pela DRJ/FOR, conforme acórdão n. 0828.086 (efl. 88), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 DCOMP. PEDIDO DE CANCELAMENTO. MERO INSTRUMENTO DE CONFISSÃO DO DÉBITO. COMPETÊNCIA. DRF. O pedido de cancelamento da declaração de compensação transformaa em simples instrumento de confissão de dívida, que tem por único objeto o débito confessado, de modo que a apreciação do referido pleito de cancelamento compete, regimentalmente, à Delegacia da Receita Federal do Brasil. INOVAÇÃO DO PEDIDO. DCOMP. PER. Importa em inovação do objeto litigioso a pretensão de convolar declaração de compensação em pedido de restituição. O pedido de restituição de tributos deve observar a forma legalmente prevista do PER, sob pena de se tornar sem efeito. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10830.906604/200816 Acórdão n.º 1002000.650 S1C0T2 Fl. 133 3 Irresignado, o ora Recorrente apresenta Recurso Voluntário (efls. 102), no qual oferece argumentos e fundamentos de fato e de direito abaixo sintetizados (grifos do original). Como preliminar, o Recorrente alega nulidade da decisão por cerceamento do direito de defesa, consignando que "a DRJ/FOR entendeu ser incompetente para apreciação do pedido de desistência da declaração de compensação apresentada, com fulcro no art. 224, XXII, da Portaria MF n° 203/12", entendendo o Recorrente que "Respeitado tal dispositivo legal, uma vez apresentada manifestação de inconformidade e assim instaurado este processo administrativo fiscal, concluise pela legítima competência da DRJ/FOR para apreciação das matérias alegadas pela Recorrente. Quanto ao mérito, diz ser "...necessário frisar a inexistência de mudança de pedido, uma vez já sabido que a declaração de compensação corresponde à modalidade de utilização de um crédito existente perante o Fisco", afirmando que "o direito creditório da Recorrente a ser analisado neste processo administrativo fiscal não é matéria nova, mas um fundamento inequívoco da pretensão da Recorrente, inclusive corretamente efetuado pelo programa PER/DCOMP". Aduz que "não renunciou o direito creditório referido, mas tão apenas quitou sua obrigação tributária, demandando ainda a análise de seu direito creditório" e que "... apresentou petição de desistência da compensação declarada, em cumprimento ao art. 13, §§ 3o e 4° da Portaria Conjunta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal do Brasil PFN/RFB n° 6 de 2009, que determina a desistência parcial do processo administrativo nos casos de pagamento nos termos da Lei n° 11.941/09". Salienta que "Uma vez coerente perante a condição elencada no §4°[da Portaria Conjunta PFN/RFB n° 6 de 2009], restase claro o caráter parcial da desistência peticionada" e que "... a DRJ/FOR, no v. acórdão, optou por não analisa o crédito existente neste processo, sob o frágil argumento de que não está determinado o direito creditório exigível pela Recorrente, uma vez não apresentado o Pedido de Restituição". Ao final requer o acolhimento do presente recurso para o fim de análise e reconhecimento do direito creditório que entende fazer jus. É o Relatório do essencial. Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva Relator Inicialmente, reconheço a plena competência deste Colegiado para apreciação do Recurso Voluntário, na forma do art. 23B da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), com redação dada pela Portaria MF n.º 329/2017. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10830.906604/200816 Acórdão n.º 1002000.650 S1C0T2 Fl. 134 4 Demais disso, observo que o recurso é tempestivo porém, não atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele não se conhece. Como dito no preâmbulo, a Manifestação de Inconformidade não foi conhecida pela DRJ/FOR, sob o argumento de que a competência regimental para análise da matéria era da Delegacia da Receita Federal do Brasil. De fato, por força do artigo 224 caput e de seu inciso XXII elencados na Portaria MF nº 2031, de 14/05/2012, a competência regimental para apreciação de pedidos de compensação, de restituição e de cancelamento de declarações é da Delegacia da Receita Federal de jurisdição fiscal do contribuinte, falecendo às DRJ competência para apreciação de convolação da declaração de compensação em pedido de restituição, conforme artigo 233 da mesma Portaria (grifos nossos): Art. 233. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com jurisdição nacional, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais: I de determinação e exigência de créditos tributários, inclusive devidos a outras entidades e fundos, e de penalidades; II de infrações à legislação tributária das quais não resulte exigência do crédito tributário; III relativos a exigência de direitos antidumping, compensatórios e de salvaguardas comerciais; e IV contra apreciações das autoridades competentes em processos relativos a restituição, compensação, ressarcimento, reembolso, imunidade, suspensão, isenção e redução de alíquotas de tributos, Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), indeferimento de opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) e pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), e exclusão do Simples e do Simples Nacional. Ademais, como bem pontuado no acórdão recorrido, a desistência do pedido de compensação foi extemporânea, eis que ocorreu em data posterior à de emissão do 1 Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, à Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Pessoas Físicas Derpf, às Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e às Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes “Especial A”, “Especial B” e “Especial C”, quanto aos tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: (...) XXII proceder à retificação de declarações aduaneiras, à revisão de ofício de lançamentos e de declarações apresentadas pelo sujeito passivo, e ao cancelamento ou reativação de declarações a pedido do sujeito passivo; Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10830.906604/200816 Acórdão n.º 1002000.650 S1C0T2 Fl. 135 5 Despacho Decisório Eletrônico de indeferimento, em clara violação ao art. 62 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28/12/2005. De outro lado, não ocorre o suposto cerceamento do direito de defesa do Recorrente fundado no entendimento de que a DRJ/FOR seria competente para análise do pleito por força do artigo 224, XXII, da Portaria MF n° 203/12. Isto porque, como visto alhures, este artigo dispõe sobre as competências das DRF e não das DRJ, configurando argumento de natureza sofismática, sendo despiciendas maiores digressões. Diante do exposto, voto por rejeitar a preliminar suscitada e por não conhecer do recurso voluntário, mantendo a decisão de piso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.912535/2009-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO
Não estando comprovado nos autos a ausência de fundamentação ou motivação cometida pela Autoridade Tributária, inexiste cerceamento do direito de defesa da Recorrente.
Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2006
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO.
Cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, em especial no caso de pedido de restituição decorrente de imposto recolhido a maior.
DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO.
O mero pedido de compensação, por meio de Per/Dcomp apresentado, não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório decorrente de suposto pagamento e declaração a maior de IOF. Inexistindo nos autos elementos de provas que comprovem o direito alegado, não há que se falar em pagamento indevido.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3402-006.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO Não estando comprovado nos autos a ausência de fundamentação ou motivação cometida pela Autoridade Tributária, inexiste cerceamento do direito de defesa da Recorrente. Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, em especial no caso de pedido de restituição decorrente de imposto recolhido a maior. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. O mero pedido de compensação, por meio de Per/Dcomp apresentado, não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório decorrente de suposto pagamento e declaração a maior de IOF. Inexistindo nos autos elementos de provas que comprovem o direito alegado, não há que se falar em pagamento indevido. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO Não estando comprovado nos autos a ausência de fundamentação ou motivação cometida pela Autoridade Tributária, inexiste cerceamento do direito de defesa da Recorrente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, em especial no caso de pedido de restituição decorrente de imposto recolhido a maior. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. O mero pedido de compensação, por meio de Per/Dcomp apresentado, não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório decorrente de suposto pagamento e declaração a maior de IOF. Inexistindo nos autos elementos de provas que comprovem o direito alegado, não há que se falar em pagamento indevido. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 25 35 /2 00 9- 29 Fl. 103DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Trata o processo de pedido de compensação formulado pelo contribuinte, por meio de PER/DCOMP, que não foi homologado pela DEINF SÃO PAULO porque foi constatado que inexistia crédito disponível suficiente relativo ao DARF indicado, conforme o constante do despacho decisório em anexo. Cientificada desse despacho decisório, a empresa apresentou sua manifestação de inconformidade alegando as matérias abaixo indicadas, bem sintetizadas no acórdão da instância a quo, in verbis: PRELIMINAR DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO / CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA 3.1 Alega que não foram demonstradas as razões pelas quais o crédito não seria passível de utilização. Depois de detida análise da decisão ora discutida, verificouse que não consta do processo memória de cálculo ou qualquer outro documento ou informação que esclareçam os critérios adotados pelo Fisco. A ausência dessas informações caracteriza cerceamento ao direito de defesa da Requerente por não ter conhecido as razões exatas da não homologação. 3.2 Apresenta a Requerente julgados que versam sobre a hipótese, fl. 05. 3.3 Em sua defesa a Requerente teve de promover verdadeiro exercício de abstração no intuito de compreender as razões que determinaram a não Fl. 104DF CARF MF Processo nº 16327.912535/200929 Acórdão n.º 3402006.468 S3C4T2 Fl. 103 3 homologação da compensação, sendo impedida de produzir razoável manifestação em sua defesa. 3.4 Note que sequer foram discriminados os referidos débitos os quais teriam sido quitados pelo crédito apresentado. 3.5 Requer a nulidade do despacho decisório. MÉRITO DO CRÉDITO DE IOF OBJETO DO PEDIDO 3.6 Em 30/11/2006 a Requerente celebrou contrato de mútuo nº 4092 com a Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba (não anexado em vista do sigilo das operações efetuadas por financeiras, previsto no art. 1º da LC nº 105/2001 – Art. 1º. As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. 3.7 Apesar da garantia ao sigilo acima invocada, o art. 6º do mesmo diploma estabelece que se autoridades fiscais considerarem as informações indispensáveis poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, de forma que a Requerente entende que somente no caso de expressa solicitação das autoridades fiscais é que tais informações poderão ser disponibilizadas, e que está integralmente à disposição da fiscalização nesse sentido. 3.8 Superada a questão do sigilo, a Requerente esclarece ser a responsável pelo recolhimento do IOF incidente em suas operações financeiras, na forma do art. 5º, I do Decreto nº 6.306/2007, segundo o qual "são responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional as instituições financeiras que efetuarem operações de crédito". 3.9 A Requerente, no caso em questão, na qualidade de responsável pela retenção e recolhimento do IOF incidente em suas operações, equivocadamente, efetuou recolhimento de IOF em operação celebrada em templo de qualquer culto e, conforme restará demonstrado, tais operações são imunes à incidência de impostos. Por essa razão, a Requerente formulou o pedido de compensação em questão. 3.10 Com efeito, o contrato de mútuo celebrado com a Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba enquadrase na modalidade de operação celebrada com templos de Fl. 105DF CARF MF 4 qualquer culto, imune por disposição constitucional (art. 150, VI, “b”, § 4º): "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI instituir impostos sobre: (...) b) templos de qualquer culto; §4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas 'b' e 'c', compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nela mencionadas."(destacamos) 3.11 Importante ressaltar que, além da previsão constitucional, o § 3º do art. 2º do Decreto nº 6.306/2007 também afasta expressamente a incidência do imposto na operação em análise: Art. 2º O imposto incide sobre: I operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras; §3º. Não se submetem à incidência do imposto de que trata este Decreto as operações realizadas por órgãos da administração direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, desde que vinculadas às finalidades essenciais das respectivas entidades, as operações realizadas por: (...) templos de qualquer culto. (destacamos) 3.12 Transcrevese a decisão do STF, reconhecendo a imunidade tributária das operações realizadas por templo de qualquer culto (vide fl. 11). 3.13 Por essa razão, o recolhimento de IOF efetuado pela Requerente relacionado a tal operação (doc. 07) afigurase absolutamente indevido. Ato contínuo, a DRJRIO DE JANEIRO (RJ) julgou a Impugnação do Contribuinte nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2006 IOF. OPERAÇÕES DE CRÉDITO. DIREITO DE PLEITEAR COMPENSAÇÃO. A compensação de tributo por quem realizou a cobrança e recolhimento na condição de responsável tributário Fl. 106DF CARF MF Processo nº 16327.912535/200929 Acórdão n.º 3402006.468 S3C4T2 Fl. 104 5 depende da comprovação da assunção do encargo financeiro através da prova da devolução ao contribuinte do tributo cobrado indevidamente ou a maior, ou, ainda, se estiver expressamente autorizado pelo contribuinte a fazê lo. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. AUSÊNCIA DE PROVA. Na ausência da prova do alegado direito creditório, deve se manter o despacho decisório que não homologou a compensação. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DE OPERAÇÕES BANCÁRIAS. ALEGAÇÃO DE QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. O dever de guarda de sigilo bancário não libera o contribuinte do ônus de provar o que alega, mesmo porque, prestar informações à Receita Federal do Brasil relacionadas a operações em que se discute ocorrência ou não de fato gerador de tributo administrado pela própria RFB não configura quebra de sigilo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. No Recurso Voluntário foram suscitadas as mesmas questões de preliminares e de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Sousa Bispo O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento de Darf a maior de IOF ocorrido no período de apuração de 30/11/2006. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 24650.66721.131206.1.3.044321) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito disponível relativo ao referido DARF, o que impediu a homologação da compensação. Fl. 107DF CARF MF 6 Preliminarmente, a Recorrente alega nulidade por falta de motivação no despacho decisório quanto a negação da homologação da compensação proposta e nulidade do acórdão recorrido por não ter se pronunciado sobre a questão da imunidade suscitada. Não prosperam as alegações de cerceamento do direito defesa por falta de motivação suscitadas pela Recorrente. Passo a explicar. Conforme se observa nos autos, está claramente indicado no Despacho Decisório a motivação da não homologação da compensação que se deu por não ter o DARF, indicado pela Recorrente no Per/dcomp, qualquer valor disponível que pudesse ser utilizado em compensação. Ou em outras palavras, o valor total do DARF se encontrava alocado para extinguir outros débitos da Recorrente declarados por ela mesmo em DCTF. Abaixo, as informações do campo 3 do Despacho Decisório eletrônico, no qual é encontrada a motivação do indeferimento: Não houve, portanto, qualquer falta de motivação que causasse prejuízo ao seu direito de defesa e, consequentemente, nulidade do Despacho Decisório. Ainda em sede preliminar, a Recorrente pugna pela nulidade do acórdão recorrido por ele supostamente ter se omitido na análise da matéria suscitada de imunidade. Segundo afirma, após detida análise da decisão ora discutida, verificouse que não consta do processo memória de cálculo ou qualquer outro documento ou informação que descreva minuciosamente a origem da descabida acusação levada a efeito, de modo a esclarecer os critérios adotados pelo Fisco para não homologação do pedido de compensação de valor recolhido indevidamente por estar albergado pela imunidade. Quanto a essa matéria preliminar, como o caso ora analisado trata de processo de restituição e compensação, é cediço que caberia a própria Recorrente apresentar os elementos de prova que comprovassem o seu direito em processos deste tipo. Somente argumentações teóricas apresentadas sobre a imunidade de templos de qualquer culto, sem o lastro em provas, são insuficientes para provar o direito creditório alegado no processo. Nesse mesmo sentido, foi que a DRJ entendeu que a empresa não trouxe aos autos elementos probatórios do que alegou, tornandose, por isso, desnecessária qualquer discussão sobre a imunidade no acórdão. No mérito, alega a Recorrente que o crédito de IOF decorre de pagamento indevido referente a contrato de mútuo celebrado com a Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba, haja vista que a entidade é imune ao Imposto pelo enquadramento como templo de qualquer culto, nos termos do art.150, VI, b, §4º, da Constituição Federal. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 16327.912535/200929 Acórdão n.º 3402006.468 S3C4T2 Fl. 105 7 Informa, ainda, que apenas não providenciou a juntada do referido contrato de mútuo, tendo em vista o que dispõe a legislação que disciplina o sigilo das operações efetuadas por instituições financeiras, em especial a Lei Complementar nº105, de 10 de janeiro de 2001. A Recorrente opera no ramo de atividade de intermediação financeira, caracterizando se como instituição financeira, nos termos da legislação em vigor. Inicialmente, cabe frisar que o processo ora analisado não trata de acusação fiscal, como afirma a Recorrente, mas sim de análise de pedido de compensação apresentado pela a própria empresa. É entendimento pacificado neste Colegiado que cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, conforme consignado no Código de Processo Civil (Lei nº5.869/73), vigente à época, e adotado de forma subsidiária na esfera administrativa tributária: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; A obrigação de provar o seu direito decorre do fato de que a iniciativa para o pedido de restituição ser do contribuinte, cabendo à Fiscalização a verificação da certeza e liquidez de tal pedido, por meio da realização de diligências, se entender necessárias, e análise da documentação comprobatória apresentada. O art. 65 da revogada IN RFB nº 900/2008 esclarecia: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Nesse sentido, a Autoridade Tributária realizou de forma eletrônica a análise dos elementos apresentados e concluiu, também de forma eletrônica, pela inexistência de direito creditório do contribuinte no período referido, haja vista que todo o montante do pagamento se encontrava alocado com débito declarado em DCTF. No presente Recurso, a Empresa alega que houve pagamento a maior de R$ 197.550,63 relativo ao IOF no período de apuração de 30/11/2006 e erro no preenchimento da DCTF no mesmo montante. Para comprovar o seu direito não apresentou qualquer elemento de prova, sequer foi realizada a retificação da DCTF. Constatase, assim, que a empresa não cumpriu com a sua obrigação de comprovar o direito creditório por meio de documentação hábil e suficiente. Apenas a PER/DCOMP apresentada não é elemento suficiente para comprovar a certeza e liquidez do crédito em questão. De acordo com o que determina o art.16 do Decreto nº70.235/72, a Recorrente, a fim demonstrar a disponibilidade do valor supostamente pago a maior, deveria, por exemplo, ter apresentado a DCTF retificadora, demonstrativo de apuração do IOF devido no mês em confronto aos valores declarados/pagos, extratos bancários e cópias da escrituração Fl. 109DF CARF MF 8 contábil que demonstrassem de forma inequívoca a exatidão dos valores utilizados e apuração do imposto e contratos envolvidos. Tampouco, a Recorrente, na condição de responsável tributário pela cobrança e recolhimento do imposto, trouxe prova aos autos da assunção do encargo financeiro por meio da prova da devolução ao contribuinte do tributo cobrado indevidamente ou a maior, ou, ainda, que estivesse expressamente autorizada pelo Contribuinte (Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba) a fazêlo, conforme determina o art.166 do CTN, in verbis: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Em sua defesa, a Recorrente limitouse a fazer argumentações teóricas sobre a aplicação da imunidade a impostos sobre a operação de mútuo com o seu cliente, a Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba. sem lastreálas com qualquer documento. Somente com relação ao contrato envolvido na operação justificou a sua não apresentação sob a alegação de que estaria protegendo o sigilo financeiro do seu cliente a que se encontra obrigado, por força da Lei Complementar nº105, de 10 de janeiro de 2001. Ocorre que o dever da Recorrente de manter o sigilo bancário dos seus clientes não o exime da obrigação de provar o seu direito creditório com outros meios, sob pena de indeferimento do pedido, como ocorreu no presente caso. Ademais, prestar informações à Receita Federal do Brasil relacionadas a operações em que se discute ocorrência ou não de fato gerador de tributo administrado pela própria RFB não configura a quebra de sigilo bancário. Assim, a mera apresentação de PER/DCOMP, sem qualquer outro elemento, não se constitui em elemento de prova hábil e suficiente para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório em comento, estando correta a decisão da Autoridade Fiscal de não homologação da compensação. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 110DF CARF MF
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Numero do processo: 13847.000209/2006-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto de Renda Sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF
Exercício: 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. SUSPENSÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. Somente a lei pode estabelecer suspensão do crédito
tributário.
DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. RETIFICAÇÃO. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a
excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Não comprovando erro de fato mantém-se o lançamento.
Numero da decisão: 2101-001.730
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: GILVANCI ANTÔNIO DE OLIVEIRA SOUSA
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SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Somente a lei pode estabelecer suspensão do crédito tributário. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. RETIFICAÇÃO. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Não comprovando erro de fato mantémse o lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. GILVANCI ANTÔNIO DE OLIVEIRA SOUSA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos, Luiz Eduaro de Oliveira Santos, Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa, Alexandre Naoki Nishioka, José Evande Carvalho Araujo. Fl. 48DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente e m 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente em 06/07/2012 por LUIZ EDUA RDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls.36) interposto em 19 de setembro de 2008 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), (fls.27/30), do qual o Recorrente teve ciência em 20 de agosto de 2008 (fl.35), que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente o lançamento de fls. 06/08, lavrado em 31 de agosto de 2006, em decorrência de omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, na DIRPF do exercício de 2005. O acórdão teve a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. Na constância da sociedade conjugal, os rendimentos tributáveis recebidos pelo cônjuge que figurou como dependente na declaração de ajuste anual devem ser somados aos rendimentos do cônjuge declarante para efeito de tributação. CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA OFICIAL DE DEPENDENTE. COMPROVAÇÃO. Somente será admitida a dedução da contribuição à Previdência Oficial efetuada em nome do cônjuge que tenha rendimentos próprios tributados em conjunto com os do declarante. Lançamento Procedente em Parte Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 36), onde requer a suspensão do débito e pede informações sobre a possibilidade de efetuar a retificação da declaração referente ao exercício de 2005, anocalendário 2004, excluindo a esposa (Maria da Gloria Oliveira Almeida) da condição de dependente. É o relatório. Voto Conselheiro Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente e m 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente em 06/07/2012 por LUIZ EDUA RDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13847.000209/200667 Acórdão n.º 2101001730 S2C1T1 Fl. 2 3 Não há arguição de qualquer preliminar. O contribuinte apresentou a declaração de ajuste do anocalendário de 2004, omitindo os rendimentos de sua esposa Maria da Glória Almeida. Relativamente ao pleito de suspensão do crédito tributário, mister se faz esclarecer que tendo sido o mesmo regularmente constituído contra o contribuinte, ele não poderá ser total ou parcialmente excluído ou extinto sem expressa autorização de lei, cuja interpretação deve ser literal, conforme estabelecem o inc. VI, do art. 97 e o inc. I, do art. 111, do CTN, adiante reproduzidos: "Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI — as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. "Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I — suspensão ou exclusão do crédito tributária;” Ademais, o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, estipula a competência quanto ao controle dos valores relativos à extinção de créditos tributários, assim, prevendo em seu artigo 224, Inciso XI: Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes "Especial A", "Especial B" e "Especial C", quanto aos tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: (...) XI controlar os valores relativos à constituição, suspensão, extinção e exclusão de créditos tributários; Destarte, temse que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para apreciar pedidos de suspensão, redução, extinção ou remissão de créditos tributários. Assim, considerando que o contribuinte infringiu os dispositivos delineados na peça básica, é de lhe ser imputada a penalidade cabível, sendolhe de direito a propositura de defesa, tudo na forma do Decreto nº 70.235/72. E tal ocorre. Podemos observar que na DIRPF além de constar sua esposa como dependente houve a dedução relativa a esta dependente. Deste modo, concluise que não houve um simples erro de preenchimento. É de se notar que se o contribuinte optou por declaração mais onerosa, seja por desconhecer o fato de que seria mais econômico não incluir sua dependente na declaração, ou por qualquer outro motivo, é dever manter tal declaração; posto que o contribuinte tem à sua disposição ampla gama de informações sobre o preenchimento da DIRPF. Assim, comprovado que a dependente do Recorrente auferiu rendimentos no ano base no anocalendário de 2004, e que tais rendimentos não foram ofertados à tributação pelo Recorrente ou por sua dependente em declaração própria, correto está o lançamento. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente e m 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente em 06/07/2012 por LUIZ EDUA RDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Quanto ao pedido de ser oportunizada retificação de declaração, é de se esclarecer que a retificação, nos termos do Código Tributário Nacional, por iniciativa do próprio declarante, só pode ser realizada antes da notificação de lançamento, e mediante a comprovação de erro, in verbis: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. No presente caso o Recorrente manifesta a vontade de retificála tãosomente após a constatação da omissão de rendimentos pela fiscalização, não tendo demonstrado erro de fato na declaração originalmente apresentada. Portanto, não configurado o erro que possibilite a retificação da declaração e afastada a espontaneidade do pleito, não há como acolher a pretensão do contribuinte. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa Relator Fl. 51DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por MARIA APARECIDA PEREIRA DOS SANTOS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente e m 22/06/2012 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOU, Assinado digitalmente em 06/07/2012 por LUIZ EDUA RDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10980.901307/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.995
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra-Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo-Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta CâmaraTerceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro BezerraPresidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa BispoRelator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. RELATÓRIO Trata o processo de pedido de compensação formulado pelo contribuinte, por meio de PER/DCOMP, que foi parcialmente homologado pela DRF/CURITIBA porque foi constatado que inexistia crédito disponível suficiente relativo ao DARF indicado, conforme o constante do despacho decisório em anexo. Devidamente cientificada, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando o que se segue: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 01 30 7/ 20 12 -3 9 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10980.901307/201239 Resolução nº 3402001.995 S3C4T2 Fl. 154 2 a) Afirma ser a DRJ/CURITIBA a unidade competente para julgar sua defesa; b) A interessada constatou equívoco na retenção e recolhimento do IOF; c) Portanto, a interessada recolheu aos cofres públicos o valor a título de IOF de uma operação de crédito cancelada. Constatado o erro, a interessada estornou os valores indevidamente retidos a esse título de seu cliente; d) Diante da inocorrência do fato gerador – o cliente jamais solicitou o crédito e a operação, realizada por engano, foi cancelada – temse que o tributo pago sobre ela é indevido; e) O pagamento pela interessada de tributo indevido gerou um crédito passível de compensação; f) Em razão disso, foi transmitido o PER/DCOMP; g) A homologação parcial não se justifica, pois conforme explicado, houve um erro ao recolher o tributo sobre uma operação de crédito cancelada, seguida do estorno do valor equivocadamente retido do seu cliente, razão pela qual se justifica que o IOF foi indevidamente recolhido; h) Entretanto, o recolhimento indevido e a existência de crédito a compensar não foi informado na DCTF originalmente apresentada; i) A DCTF retificadora foi apresentada após a ciência do despacho decisório (fato superveniente), razão pela qual deveria ensejar a revisão do despacho decisório em homenagem ao princípio da ampla defesa e ao contraditório; e j) O que ocorreu foi um equívoco no preenchimento da DCTF à época. Ato contínuo, a DRF RIO DE JANEIRO I (RJ) julgou a manifestação de inconformidade nos seguintes termos; NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 COMPETÊNCIA TERRITORIAL PARA JULGAMENTO. INAPLICABILIDADE. Inexiste previsão no âmbito do Processo Administrativo Fiscal para a competência territorial das DRJ (restando somente a competência material), sendo atribuição da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial a tarefa de identificar os processos a serem distribuídos a cada DRJ, de acordo com as prioridades estabelecidas na legislação, a competência por matéria e a capacidade de julgamento de cada unidade. DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO NÃO COMPROVADO. É improcedente a alegação de pagamento indevido ou a maior, fundamentada em DCTF retificadora apresentada após o despacho Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10980.901307/201239 Resolução nº 3402001.995 S3C4T2 Fl. 155 3 decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos capazes de comprovar o erro cometido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. No Recurso Voluntário, a Empresa suscitou as mesmas questões preliminares e de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na manifestação de inconformidade. É o relatório. VOTO O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento de Darf a maior de IOF ocorrido no período de 06/05/2009. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº16859.48175.151009.1.3.048272) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito disponível relativo ao referido DARF, o que impediu a homologação da compensação. Em seu Recurso, a Empresa alega que cometeu erro de fato ao preencher incorretamente a DCTF com valor maior ao efetivamente devido. A fim de comprovar o seu direito, juntou aos autos a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório, lançamentos contábeis, os extratos da operação específica que gerou o crédito e a composição do DARF relacionados ao IOF pago a maior. Nesse passo, a Recorrente ainda explica detalhadamente os fatos que ensejaram o pagamento indevido: A parcela de tal crédito, no montante de R$ 37.987,65, objeto do presente despacho decisório, é relativa a operação de câmbio cancelada, cujo IOF foi estornado ao cliente (Repsol YPF Brasil S.A), conforme sede verificar dos documentos anexos (docs. 74 e 75 anexos à Manifestação de Inconformidade). Assim, restou devidamente demonstrado que, com base nas informações do relatório de composição do crédito (doc. 15 anexo à Manifestação de Inconformidade), do razão contábil e dos estornos efetuados (docs. 59 a 75 anexos à Manifestação de Inconformidade), o valor não homologado de R$ 37.987,65 (principal) foi recolhido indevidamente, portanto, a maior, no DARF de R$ 6.619.573,26 (doc.18), já que o IOF devido no período era de apenas R$ 6.576.154,16. De plano, constatase no caso ora analisado que, embora a Recorrente tenha feito a retificação da DCTF intempestivamente, constam nos autos diversos documentos que sugerem a existência do crédito da Recorrente, tais como: a DCTF retificadora entregue após a Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10980.901307/201239 Resolução nº 3402001.995 S3C4T2 Fl. 156 4 ciência do Despacho Decisório denegatório, lançamentos contábeis, os extratos da operação específica que gerou o crédito e a composição do DARF relacionados ao IOF pago a maior. Assim, tendo em vista esse conjunto indiciário de elementos trazidos pela Recorrente, entendo que há necessidade de conversão do processo em diligência para que a Autoridade Fiscal o analise quanto a sua potencialidade para comprovar o direito creditório da Recorrente, bem como solicite outros elementos necessários à análise do pleito, conforme indicado nos quesitos dessa diligência. Diante dessas considerações, à luz do princípio da verdade material e do art. 29 do Decreto n.º 70.235/72, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a Autoridade Fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal de CuritibaPR) realize os seguintes procedimentos: a) intimar a Recorrente a apresentar os seguintes itens: a.1) demonstrativo comparativo que discrimine a formação da base de cálculo que serviu ao pagamento a maior e a base pretensamente correta; a.2) apresentar contratos lavrados com clientes, se aplicável ao caso; a.3) comprovar que efetuou o recolhimento do valor retido e que devolveu/estornou ao cliente a quantia retida indevidamente ou a maior, bem como promoveu os estornos contábeis devidos; b) que a Autoridade Fiscal realize qualquer outra verificação ou intimação que entender necessária para atingir os objetivos da diligência; c) informar justificadamente se, independentemente de retificação da DCTF, a documentação juntada aos autos pela Recorrente e a por ventura obtida por meio de intimação são suficientes para comprovar que houve pagamento indevido e a maior do IOF no período de apuração de 06/05/2009, no montante indicado pela Recorrente. Em caso de apuração de valor divergente com aquele informado pela Empresa, elaborar demonstrativo e indicar, de forma fundamentada, os motivos da divergência; d) após a análise da documentação, a Autoridade Fiscalizadora deverá elaborar relatório, com os procedimentos realizados e conclusões tomadas; e e) elaborado o Relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.907627/2014-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 26/01/2010
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.928
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 26/01/2010 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
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LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 76 27 /2 01 4- 92 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10880.907627/201492 Acórdão n.º 3301005.928 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão que manteve a não homologação da compensação do débito declarado pela contribuinte, em virtude de constar nos sistemas da RFB que o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos. Confirase o teor do Despacho Decisório na origem: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade, sustentou a contribuinte que o Despacho Decisório não teria fundamentação, tampouco motivação. Por isso, teria havido cerceamento do seu direito de defesa. A DRJ/RPO, no acórdão n° 14052.950, negou provimento ao apelo.. Em recurso voluntário, aduz que: a) A decisão de piso não levou em consideração a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, o que impediu a empresa se defender adequadamente, bem como demonstrar a existência do crédito; b) O princípio da motivação dos atos administrativos foi desrespeitado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação das compensações utilizando como fundamento a inexistência do crédito, sem qualquer esclarecimento adicional; c) Restou violado o direito à ampla defesa, pois, como afirmado anteriormente, sem conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada, a apresentação de qualquer defesa está prejudicada. Ao final, defende a reforma da decisão de primeira instância, para declarar insubsistente o despacho decisório que não homologa a compensação e acolher o recurso para homologála. É o relatório. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10880.907627/201492 Acórdão n.º 3301005.928 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.922, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.900868/201419, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.922): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Sustenta a empresa que o Despacho Decisório é nulo por ausência de motivação, o que lhe impede de fazer a comprovação do direito ao crédito, constituindo o cerceamento de defesa. Aduz: “como pode a recorrente argumentar e apresentar defesa sem saber ao certo por qual motivo sua compensação não foi homologada?”. A resposta a tal questão é límpida pelo teor do ato administrativo: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, a devida motivação reside no fato de que o alegado pagamento indevido não foi restituído, porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Por outro lado, não se observa as hipóteses do art. 59, II, do Decreto n° 70.235/72, sendo inexistente, por conseguinte, qualquer nulidade. Ademais, a Recorrente não traz apontamento da origem do indébito e tampouco qualquer elemento de prova. Limitouse em sede de manifestação de inconformidade apenas a afirmar que: A requerente, ao calcular o quantum debeatur do IPI, utilizouse de base de cálculo com valores que indevidamente a integravam, ou seja, de base de cálculo ampliada. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10880.907627/201492 Acórdão n.º 3301005.928 S3C3T1 Fl. 5 4 Incluiu nesta base de cálculo, não só a receita decorrente de seu faturamento, ou seja, de suas vendas, mas sim as demais receitas que não devem compôlas. Para tanto, utilizouse de algumas teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes, a exemplo a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinadas despesas, entre outros. Por esta razão é que postulou a restituição/compensação do valor que pagou a maior desta exação. Tais afirmações sequer foram reiteradas no recurso voluntário. É sabido que a contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. Entretanto, a Recorrente não demonstrou a base de cálculo utilizada para apurar o IPI pago. Dessa forma, não há como se afirmar qual ou quais valores integraram a base de cálculo do IPI ao arrepio do art. 47 do CTN. Em pedido de sua iniciativa, cabialhe: a) Apresentar planilha com base de cálculo do IPI; b) Sustentar o indébito no livro de apuração do IPI e em notas fiscais; c) Exibir DIPJ, DCTF original e DARF e demais livros fiscais. Isso porque, dispõe o art. 170, do CTN que a compensação depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Dessa forma, na ausência de documentação referente ao crédito, entendo que a pretensão da Recorrente não merece acolhida, uma vez que, regra geral, considerase que o ônus de provar recai a quem alega o fato ou o direito: CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10880.907627/201492 Acórdão n.º 3301005.928 S3C3T1 Fl. 6 5 I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Logo, é da própria empresa o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Então, restou demonstrado que a interessada se omitiu em produzir a prova que lhe cabia, segundo as regras de distribuição do ônus probatório do processo administrativo fiscal. Não o fazendo, acertadamente, a compensação não foi homologada. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.003089/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO QUE NÃO CONTESTA A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
O recurso voluntário, total ou parcial, objetiva contestar a decisão de primeira instância. No caso, o contribuinte pede remissão de débitos, com base na Lei n.º 11.941, de 2009, cuja apreciação não é da competência do CARF, mas da Delegacia da Receita Federal do Brasil da circunscrição do domicílio do
contribuinte.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 2101-001.904
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO QUE NÃO CONTESTA A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. O recurso voluntário, total ou parcial, objetiva contestar a decisão de primeira instância. No caso, o contribuinte pede remissão de débitos, com base na Lei n.º 11.941, de 2009, cuja apreciação não é da competência do CARF, mas da Delegacia da Receita Federal do Brasil da circunscrição do domicílio do contribuinte. Recurso não conhecido.
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RECURSO VOLUNTÁRIO QUE NÃO CONTESTA A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. O recurso voluntário, total ou parcial, objetiva contestar a decisão de primeira instância. No caso, o contribuinte pede remissão de débitos, com base na Lei n.º 11.941, de 2009, cuja apreciação não é da competência do CARF, mas da Delegacia da Receita Federal do Brasil da circunscrição do domicílio do contribuinte. Recurso não conhecido. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 39DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10930.003089/200531 Acórdão n.º 210101.904 S2C1T1 Fl. 2 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria de Souza Murphy e Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa. Ausente o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage. Relatório Tratase de recurso voluntário (fl. 34) interposto em 09 de dezembro de 2008 contra o acórdão de fls. 27/29, do qual o Recorrente teve ciência em 05 de dezembro de 2008 (fl. 33), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 02/05, lavrado em 15 de junho de 2005, em decorrência de dedução indevida de imposto de renda retido na fonte, verificada no anocalendário de 2001. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2002 IMPOSTO RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO EM SEPARADO. O imposto retido na fonte decorrente de rendimento próprio não pode ser objeto de rateio entre os cônjuges declarantes. Lançamento Procedente” (fl. 27). Não se conformando, o Recorrente interpôs o recurso de fl. 34, pedindo a remissão do crédito tributário, de acordo com a Medida Provisória n° 449, de 03 de dezembro de 2008. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O contribuinte pretende, por meio de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que seja reconhecida a extinção do crédito tributário de que trata este processo, em virtude da remissão prevista no artigo 14, parágrafo primeiro, inciso IV, da Lei n.° 11.941, de 2009, que assim prevê: “Art. 14. Ficam remitidos os débitos com a Fazenda Nacional, inclusive aqueles com exigibilidade suspensa que, em 31 de dezembro de 2007, estejam vencidos há 5 (cinco) anos ou mais e cujo valor total consolidado, nessa mesma data, seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Fl. 40DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10930.003089/200531 Acórdão n.º 210101.904 S2C1T1 Fl. 3 3 § 1º. O limite previsto no caput deste artigo deve ser considerado por sujeito passivo e, separadamente, em relação: [...] IV – aos demais débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil”. De acordo com as normas reguladoras do processo administrativo fiscal, o recurso voluntário, interposto pelo contribuinte, prestase a contestar a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento que tenha mantido, no todo ou em parte, o crédito tributário dele exigido, a teor do artigo 73 do Decreto n.° 7.574, de 2011, a seguir transcrito: “Art. 73.O recurso voluntário total ou parcial, que tem efeito suspensivo, poderá ser interposto contra decisão de primeira instância contrária ao sujeito passivo, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da decisão (Decreto n. 70.235, de 1972, art. 33).” Não é o que se observa no presente processo. Em sua peça recursal o contribuinte não questiona, em momento algum, a decisão de primeira instância, que manteve o crédito tributário dele exigido. Pelo contrário, não se manifestando quanto ao mérito da decisão, pede que se reconheça a remissão da sua dívida, com base no que prescreve o artigo 14 da Lei n.° 11.941, de 2009. A Lei n.° 11.941, de 2009, ao conceder a remissão de créditos tributários que, em 31 de dezembro de 2007, estivessem vencidos há mais de 5 anos, estabeleceu, como limites, que o valor consolidado na mesma data (31 de dezembro de 2007) fosse igual ou inferior a R$ 10.000,00 e que esse valor fosse apurado por contribuinte. Isto significa dizer que os créditos tributários a serem extintos por remissão não podem ser isoladamente considerados; deve ser apurado o valor total consolidado, naquela data, devido pelo contribuinte relativamente a créditos que preencham os requisitos legais para, então, verificar se o contribuinte tem direito ao benefício. O Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n.° 587, de 2010, estipula a competência quanto ao controle dos valores relativos à extinção de créditos tributários, assim prevendo, em seu artigo 220: “Art. 220. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes "Especial A", "Especial B" e "Especial C", quanto aos tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: [...] XI controlar os valores relativos à constituição, suspensão, extinção e exclusão de créditos tributários”. Fl. 41DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10930.003089/200531 Acórdão n.º 210101.904 S2C1T1 Fl. 4 4 Nesse sentido já decidiu este Tribunal Administrativo: “REMISSÃO. ART. 14 DA LEI Nº 11.941/2009. AUSÊNCIA DE LIDE NO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. Não cabe a esta Turma de Julgamento deferir, ou não, o pedido de remissão, à luz do art. 14 da Lei nº 11.941/2009. No momento em que o contribuinte pede a aplicação da remissão, está indiretamente reconhecendo a liquidez e certeza do crédito tributário lançado, pedindo que sobre ele incida a remissão legal, ou seja, não há contencioso sobre a procedência do lançamento, mas apenas o pedido do favor legal. Assim, não cabe à Turma de Julgamento deferir, ou não, tal benefício, o qual deve ser apreciado pela autoridade preparadora que jurisdiciona o contribuinte (Delegacia da Receita Federal do Brasil). Recurso não conhecido.” (CARF, 2ª Seção, 2ª Turma da 1ª Câmara, Acórdão 210201.249, de 15/04/2011, grifouse) Concluise, portanto, que a atribuição acerca da verificação da incidência da remissão legal é da Delegacia da Receita Federal do Brasil da circunscrição do domicílio do contribuinte, ante a competência outorgada pelo artigo 220, XI, da Portaria MF n.° 587, de 2010, e não deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de NÃO conhecer do recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 42DF CARF MF Impresso em 20/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 20/09/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 01/10/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 16327.910883/2011-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração:01/10/2000 a 31/10/2000
RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO DO INDÉBITO.
Verifica-se ausência de fundamento do indébito preconizado pela recorrente, uma vez que o STF já explicitou a identidade entre o conceito de faturamento e a receita operacional da pessoa jurídica, tida esta última como a resultante de sua atividade principal, que no caso das instituições financeiras abarca as receitas de intermediação financeira (spreads).
Numero da decisão: 3302-006.754
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede votaram pelas conclusões por entender que os documentos acostados permitiriam a conversão em diligência para apurar o direito creditório, caso, no mérito, a recorrente fosse vencedora e que as rendas de aplicações de recursos próprios compõem o faturamento das instituições financeiras.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração:01/10/2000 a 31/10/2000 RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO DO INDÉBITO. Verificase ausência de fundamento do indébito preconizado pela recorrente, uma vez que o STF já explicitou a identidade entre o conceito de faturamento e a receita operacional da pessoa jurídica, tida esta última como a resultante de sua atividade principal, que no caso das instituições financeiras abarca as receitas de intermediação financeira (spreads). Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 08 83 /2 01 1- 86 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitido o Despacho Decisório, através do qual a RFB não homologou a compensação realizada através de PER/.DCOMP. Referido PER/DCOMP teve como suporte um crédito declarado a título de pagamento indevido ou a maior de PIS.. O Despacho Decisório fundamentou a não homologação sob a justificativa de que o pagamento referente ao DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação. Ciente do Despacho Decisório, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, na qual, alega em síntese que: • a autoridade administrativa deveria ter intimado o contribuinte previamente ao indeferimento da compensação, sob pena de caracterização de cerceamento do direito de defesa; • os documentos apresentados não deixam dúvida de que efetuou recolhimento a título de contribuição ao PIS calculado sobre base de cálculo diversa da constitucionalmente prevista, fazendo jus portanto à restituição do valor recolhido indevidamente a maior; • o pedido de restituição tem por fundamento o fato de o Impugnante ter efetuado o recolhimento da contribuição em questão nos termos da Lei n° 9.718/98, sendo certo que o Plenário do Supremo Tribunal Federal já reconheceu a inconstitucionalidade do parágrafo 1o do artigo 3o da Lei n° 9.718/98, entendendo só ser possível a exigência com base no faturamento das empresas, assim entendido como a receita decorrente da venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços; • o conceito de faturamento deve ser extraído da alínea “a” do § 1º do art. 1º do DL 1940/82, na redação do DL 2397/87 e LC 7/70, nele não podendo ser inseridas outras receitas, tais como as provenientes de juros sobre capital próprio, dividendos, receitas financeiras, etc; • não concorda com a conclusão expressa no Parecer PGFN/CAT nº 2773/2007, segundo o qual a declaração de inconstitucionalidade do art. 1º, § 1º da Lei nº 9.718/98 não atinge as receitas financeiras das instituições financeiras; • a prevalecer o entendimento de que o conceito de faturamento varia em função do objeto social de cada contribuinte, a base de cálculo das contribuições ficaria sujeita a um grau de incerteza inaceitável; Fl. 142DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 4 3 • não há qualquer relação de identidade entre o conceito de faturamento (receita bruta das vendas de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza) com a atividade principal dos contribuintes; • a questão encontrase pendente de decisão pelo STF no RE nº 609.096, reconhecido o efeito de repercussão geral; assim, de acordo com o art. 62A do Regimento Interno do CARF, deve ficar o presente feito sobrestado até o julgamento final do STF sobre a matéria; • mesmo que se entenda que as receitas financeiras auferidas pelas instituições financeiras têm natureza de receita de prestação de serviços, quando menos, mereceria ser parcialmente deferido o pedido de restituição, posto que não seriam operacionais as receitas financeiras decorrentes de aplicações de recursos próprios ou de terceiros; • não se questiona o fato de que integram a base de cálculo as prestações de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição; • ao final solicita seja julgada procedente a presente manifestação de inconformidade, para o fim de reformar o despacho decisório e deferir o pedido de restituição pleiteado e ainda que (sic) se o caso, após o julgamento pelo STF do RE nº 609.096. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 08031.457. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs o recurso voluntário ora em apreço, tempestivamente, no qual essencialmente reitera os argumentos iniciais apresentados na impugnação e aduz que a decisão recorrida está equivocada, uma vez que tratase de pedido de restituição, e não de compensação, e no caso a legislação é expressa no sentido de que a autoridade administrativa deve intimar previamente o contribuinte a apresentar os documentos necessários à comprovação do indébito antes de decidir sobre o pedido formulado. Rebate a decisão recorrida quando essa sustenta que o crédito tributário não é líquido e certo, e a critica quanto ao entendimento de que o conceito de faturamento varia em função do objeto social de cada contribuinte. Diz, ainda, que a MP n° 627/2013 introduziu um conceito de "receita bruta" semelhante ao do antigo art. 44 da Lei n° 4.506/64, mas com uma significativa alteração do inciso IV, que passou a incluir na receita bruta "as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidas nos incisos I a III", ou seja, criou no ordenamento jurídico o conceito de faturamento nos termos defendidos pela r. decisão recorrida. Assim, a adoção de tal base de cálculo antes da edição desta MP implicaria legislar positivamente, já que ausente qualquer fundamento legal que sustentasse a exigência da contribuição ao PIS e da COFINS nestes termos. Subsidiariamente, merece ser parcialmente deferido o pedido de restituição, uma vez que não podem integrar a base de cálculo as receitas financeiras decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira. Por fim, requer reforma da decisão e reconhecimento da restituição pleiteada. É o relatório. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.743, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 16327.909520/201106, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.743): "O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DO DESPACHO DECISÓRIO Em sede de manifestação de inconformidade, foi invocada nulidade do despacho decisório porque, segundo a manifestante, a Receita Federal deveria têla intimado previamente à emissão do despacho decisório. O recurso voluntário traz novamente a preliminar dizendo que a decisão recorrida está equivocada, uma vez que tratase de pedido de restituição, e não de compensação, e no caso a legislação é expressa no sentido de que a autoridade administrativa deve intimar previamente o contribuinte a apresentar os documentos necessários à comprovação do indébito antes de decidir sobre o pedido formulado. Apesar de a decisão recorrida estar, de fato, equivocada quanto à natureza do pedido restituição, e não compensação a recorrente não tem razão quanto à matéria de fundo: obrigatoriedade de intimação para apresentar documentos previamente à prolação de despacho decisório. A uma, porque toda a legislação aplicável e inclusive indicada pela própria recorrente, Instruções Normativas n°s 600/2005, 900/2008 e 1300/2012, quando trata de apresentação de documentos comprobatórios, o faz como sendo uma prerrogativa da autoridade tributária, e o verbo utilizado é sempre "poderá". A duas, porque a conjuntura do procedimento de restituição não justificava apresentação de documentos o alegado pagamento indevido constava nos sistemas da Receita Federal como totalmente utilizado para a liquidação de débito confessado pelo próprio contribuinte em DCTF, há mais de cinco anos, sendo que não foi em momento algum retificado, portanto operada a Fl. 144DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 6 5 decadência do direito de retificar, de modo que a Administração detinha as informações necessárias à prolação do Despacho Decisório. Dessarte, merece ser rejeitada a preliminar de nulidade do despacho decisório. Superada a preliminar, passase ao mérito do litígio. DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO DO INDÉBITO A recorrente rebate a decisão recorrida quando essa sustenta que o crédito tributário não é líquido e certo, considerando que o STF ainda não se pronunciou em definitivo sobre a constitucionalidade da incidência do PIS e COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras, e a critica quanto ao entendimento de que o conceito de faturamento varia em função do objeto social de cada contribuinte. Ora, a decisão recorrida simplesmente tratou de analisar a documentação trazida aos autos pela então manifestante e verificar qual o conceito de faturamento que o STF entendia aplicável às instituições financeiras, que é o caso da recorrente: No presente caso, o contribuinte alega que o pagamento indevido decorreu do fato de a contribuição haver sido recolhida com base na receita bruta, quando deveria ter sido recolhida com base no faturamento, já que o STF declarou inconstitucional o dispositivo legal que definiu a totalidade da receita bruta como base de cálculo (§ 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98). A diferença entre os valores recolhidos segundo esses dois critérios seria o pagamento a maior. De fato, não resta dúvidas de que o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98 e que, em conseqüência dessa decisão, a base de cálculo admitida passou a ser o faturamento, tal como previsto no art. 2º da LC nº 70/91. Não resta dúvidas também de que a decisão do STF em causa atende o disposto no §5º do art. 19 da Lei nº 10.522/20025, pelo que vincula esta instância administrativa de julgamento. Contudo, a determinação do valor do pagamento a maior dependeria, no mínimo, de um levantamento comparativo entre o valor devido segundo a receita bruta e o devido segundo o faturamento, sendo necessário discriminar quais as espécies de ingressos integrariam e quais não integrariam o faturamento, tais como: receita de intermediação de operações financeiras (spread), tarifas de prestação de serviços; dividendos; juros sobre capital próprio; remuneração sobre depósitos compulsórios, etc. No presente caso, o contribuinte simplesmente “zerou” a base de cálculo, como se faturamento não tivesse auferido. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 7 6 Isso é o que se constata do demonstrativo por ele elaborado, anexo às fls. 44. Contraditoriamente, a própria manifestante admite que não questiona que integram a base de cálculo das contribuições as receitas de prestações de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, etc. Sua tese essencial é a não incidência da contribuição sobre as receitas financeiras decorrentes de intermediação financeira (spread). A esse propósito, o contribuinte invoca a alínea “a” do § 1º do art. 1º do DL 1940/826, para delimitar o conceito de faturamento. De fato, referido dispositivo define como base de calculo da contribuição “a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços...”, só que se olvidou a manifestante de observar que logo em seguida, na alínea “b” do mesmo dispositivo, a lei faz incidir a contribuição sobre “as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a elas equiparadas...”, expressando a clara intenção de incluir o spread na base de cálculo do então Finsocial. Ora, é sabido, conforme reconhece a própria manifestante em sua manifestação de inconformidade, que o STF ainda não se pronunciou em definitivo sobre a constitucionalidade da incidência do PIS e Cofins sobre as receitas financeiras das instituições financeiras. A matéria está sendo discutida no RE 609096/RS, com efeito de repercussão geral, sob relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski (concluso ao relator em 02/09/2014). Pesquisando os debates que se desenvolveram na sessão do Tribunal Pleno que julgou o RE 346.084/PR, na qual se decidiu pela inconstitucionalidade do § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98, os Ministros explicitaram entendimento no sentido da identidade entre o conceito de faturamento e a receita operacional da pessoa jurídica, tida esta última como a resultante de sua atividade principal. Seguese breve transcrição do que afirmaram alguns Ministros acerca do tema: Ministro César Peluso: “Por todo o exposto, julgo inconstitucional o parágrafo 1° do art. 3° da Lei 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para "toda e qualquer receita", cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, parágrafo 4°, se considerado para esse efeito de nova fonte de custeio da seguridade social. Quanto ao caput do art. 3°, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE n° 150755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de "receita bruta de venda de Fl. 146DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 8 7 mercadoria e de prestação de serviços", adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. (...) Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de "receita bruta igual a faturamento ". (grifos nossos) Ministro Marco Aurélio: “O Tribunal estabeleceu a sinonímia "faturamento/receita bruta ", conforme decisão proferida na Ação Declaratória de Constitucionalidade n° 11/DF receita bruta evidentemente apanhando a atividade precípua da empresa. (...) Operacional. (...) " (grifo nosso) Ministro Carlos Britto: A Constituição de 88, pelo seu art. 195, I, redação originária, usou do substantivo "faturamento ", sem a conjunção disjuntiva "ou " receita ". Em que sentido separou as coisas? No sentido de que faturamento é receita operacional, e não receita total da empresa. Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo Decretolei 2397, de 1987, art. 22, parágrafo 1°, "a ", assim redigido (...) : "Art. 22. ................................................................... § 1°............................................................. a) a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda; " Por isso, estou insistindo na sinonímia "faturamento" e "receita operacional", exclusivamente, correspondente àqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional, do seu ramo de negócio, enfim. (...) Esse tratamento normativo do faturamento como receita operacional foi reproduzido pela Lei Complementar 70/91, cujo artigo 2° assim dispõe (....) ". (grifos nossos) Ministro Sepúlveda Pertence: Fl. 147DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 9 8 Recordemse, na conformidade do referido DL 2.397/87, a nova redação do § 1° e o § 4° esse, então acrescentado ao art. 1° do DL 1.940/82, regente do FINSOCIAL sobre a receita bruta das empresas : 'Art. 22 (...) Parágrafo 1° A contribuição social de que trata este artigo será de 0,5% (meio por cento) e incidirá mensalmente sobre: (...); b) as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a elas equiparadas (...); c) as receitas operacionais e patrimoniais das sociedades seguradoras e entidades a elas equiparadas.' (...) FINSOCIAL, é na legislação desta [contribuição], e não alhures, que se há de buscar a definição específica da respectiva base de cálculo, na qual receita bruta e faturamento se identificam: (...), essa é a solução imposta, no ponto, pelo postulado da interpretação conforme a Constituição. (...) No prosseguimento da discussão, (...), acentuei RTJ149/287; "(...) . O que tentei mostrar no meu voto, a partir do Decretolei n° 2.397, é que a lei tributária, ao contrário, para o efeito de FINSOCIAL, chamou receita bruta o que é faturamento. E, aí, ela se ajusta à Constituição." Essa interpretação conforme veio a ser a base da definição de receita como base de cálculo da COFINS, na Lei Complementar 70, cuja constitucionalidade se declarou na ADC n° 1, Moreira Alves. Como se vê, além de não estar julgada no STF a questão da incidência do PIS e Cofins sobre as receitas financeiras das instituições financeiras, não é precipitado afirmar, com base nas manifestações acima, que existem reais perspectivas de que venha a ser julgada constitucional essa incidência. Nessa mesma linha de raciocínio se expressa o Parecer PGFN/CAT/N° 2.773/2007, segundo o qual, as receitas de serviços das instituições financeiras, inseridas no conceito de faturamento, abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira). A própria manifestante admite, ainda que em caráter subsidiário do entendimento principal, a possibilidade dessa interpretação, ao formular pedido alternativo no sentido de quando menos excluir da base de cálculo as receitas financeiras de aplicação de recursos próprios Fl. 148DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 10 9 (capital de giro) e de terceiros e da remuneração dos depósitos compulsórios junto ao BACEN. Pelas razões acima expostas, não há como se aceitar que o crédito pretendido pelo contribuinte seja líquido e certo. Assim é que data maxima venia da posição da recorrente, comungo da visão da decisão recorrida, que apenas verificou haver ausência de fundamento do indébito alegado pela recorrente. Entretanto, a maioria do colegiado votou pelas conclusões, por entender que os documentos acostados permitiriam a conversão em diligência para apurar o direito creditório, caso, no mérito, a recorrente fosse vencedora. Assim, a afirmação contida no voto da DRJ de que haveria necessidade de levantamento comparativo e discriminação das espécies de ingressos integrantes da base de cálculo não se sustenta, já que a recorrente juntou o doc 06, contendo o balancete contábil, discriminando as contas de receitas operacionais, receitas não operacionais e despesas operacionais, suficientes, em princípio, para a verificação das parcelas componentes da base de cálculo a que se referiu a decisão de primeira instância. DAS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA MP N° 627/2013 Em outro item, diz a recorrente que a MP n° 627/2013, art 2º e 49,1 introduziu um conceito de "receita bruta" 1 "Art. 2° O DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 12. A receita bruta compreende: 1 o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidas nos incisos I a III. § 1° A receita líquida será a receita bruta diminuída de: 1 devoluções e vendas canceladas; II descontos concedidos incondicionalmente; III tributos sobre ela incidentes; e IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei n° 6.404, de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (...) § 4° Na receita bruta, não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5° Na receita bruta, incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei n° 6.404, de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4°." (NR)" e "Art. 49. A Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 30 O faturamento a que se refere o art. 2° compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977. § 2° (...) 1 as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (...) Fl. 149DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 11 10 semelhante ao do antigo art. 44 da Lei n° 4.506/64, mas com uma significativa alteração do inciso IV, que passou a incluir na receita bruta "as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidas nos incisos I a III", ou seja, criou no ordenamento jurídico o conceito de faturamento nos termos defendidos pela r. decisão recorrida, e a adoção de tal base de cálculo antes da edição da MP implicaria legislar positivamente, já que ausente qualquer fundamento legal que sustentasse a exigência da contribuição ao PIS e da COFINS nestes termos. Com todo respeito à alegação trazida, não foi esse o conceito de faturamento defendido pela r. decisão recorrida, e sim o expresso anteriormente no item DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO deste voto, que buscou nas palavras dos ministros do STF a devida compreensão da legislação aplicável às contribuições sociais até então (Lei nº 9.718/98, art. 3º, interpretação cfe. Constituição, LC nº 70/91 e DL nº 1.940/82) PEDIDO SUBSIDIÁRIO Subsidiariamente, a recorrente pede ser parcialmente deferida a restituição, porque não podem integrar a base de cálculo as receitas financeiras decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira. Em tese, o pedido tem boa dose de razoabilidade, contudo resta prejudicado, porquanto esbarra na análise já feita em primeira instância, contrária à pretensão da então impugnante, sem que fosse contraditada de forma específica: Contudo, a determinação do valor do pagamento a maior dependeria, no mínimo, de um levantamento comparativo entre o valor devido segundo a receita bruta e o devido segundo o faturamento, sendo necessário discriminar quais as espécies de ingressos integrariam e quais não integrariam o faturamento, tais como: receita de intermediação de operações financeiras (spread), tarifas de prestação de serviços; dividendos; juros sobre capital próprio; remuneração sobre depósitos compulsórios, etc. No presente caso, o contribuinte simplesmente “zerou” a base de cálculo, como se faturamento não tivesse auferido. Isso é o que se constata do demonstrativo por ele elaborado, anexo às fls. 44. Contraditoriamente, a própria manifestante admite que não questiona que integram a § 13. A contribuição incidente na hipótese de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos, será calculada sobre a receita apurada de acordo com os critérios de reconhecimento adotados pela legislação do imposto sobre a renda, previstos para a espécie de operação." (NR)" Fl. 150DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 12 11 base de cálculo das contribuições as receitas de prestações de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, etc. Sua tese essencial é a não incidência da contribuição sobre as receitas financeiras decorrentes de intermediação financeira (spread). Demais disso, nenhuma prova da existência de tais receitas financeiras (decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira) foi apontada nos autos. Neste tópico, a maioria do colegiado votou pelas conclusões, entendendo que as rendas de aplicações de recursos próprios compõem o faturamento das instituições financeiras, não havendo boa dose de razoabilidade no pedido. O argumento central do apelo sustentase no julgamento do RE 585.235/MG, oportunidade na qual o Pleno do STF declarou inconstitucional o §1º do artigo 3ª da Lei 9.718/1998, cuja consequência foi a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da contribuição ao PIS, porém com a manutenção das receitas operacionais da empresa, nos termos do art. 1ª, § 2º da Lei 10.637/2002. A Recorrente defende que o entendimento firmado no RE 585.235/MG aplicase também às instituições financeiras, especialmente à administradoras de cartão de crédito, quando as receitas financeiras advirem da aplicação de recursos próprios. Afirma em seu Recurso que, em razão de objeto social amplo, a aplicação de receitas próprias não configura sua atividade principal e entende pela não tributação pelo PIS receitas financeiras. É imperiosa menção do tratamento legal dado às empresas que compõem o Sistema Financeiro Nacional SNF, tais como a Recorrente. A Lei 4.595/1964 no seu artigo 17 traça as diretrizes gerais do SFN, objeto social das empresas que o integram e atividades típicas: Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparamse às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual (grifado). Fl. 151DF CARF MF Processo nº 16327.910883/201186 Acórdão n.º 3302006.754 S3C3T2 Fl. 13 12 A Recorrente, por ser administradora de cartões de crédito, funciona sob a égide da Lei 4.595/1964, mediante autorização do Banco Central do Brasil e tem como atividade a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, nos termos do artigo 17 da Lei 4.595/1964, de maneira que independe o que é transcrito em seus atos constitutivos; vale, por império da lei, a atividade de fato exercida pela Recorrente. Posto isso, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 152DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720219/2016-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
ÁGIO. REGISTRO. DECADÊNCIA
A condição para a constituição do crédito tributário reside no fato gerador e não no registro do ágio. É a influência que esse registro exercerá no lucro real, por ocasião de sua amortização, que marca o termo inicial do prazo decadencial de cinco anos. Havendo intimação nesse prazo, contado da amortização, não há que se falar em decadência.
ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.
A regra da amortização do ágio, por se tratar de um benefício fiscal, deve ser interpretada de maneira restritiva. Não há espaço para alargamento das situações expressamente previstas em lei. A interpretação literal para a formação das normas contidas no artigo 7º, caput, e no artigo 8º, alínea b, da Lei nº 9.532/97, conduz ao entendimento de que o ágio a ser amortizado é aquele surgido nos termos do que previu o artigo 20 do Decreto-Lei nº 1.598/77. Isto é, somente a empresa que "detenha participação societária adquirida" naqueles moldes poderá figurar como incorporadora ou incorporada no evento que resultará no encontro do seu patrimônio com o da empresa investida.
JUROS PAGOS NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES. INDEDUTIBILIDADE
As despesas com juros pagos na emissão de debêntures emitidas para a capitação dos recursos a serem aplicados em aquisições societárias, são dedutíveis da base de cálculo do imposto (art. 398, Dec. 9.580/2018 - RIR/18).
ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL.
Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do ano-calendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo ano-calendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011
MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO OU FRAUDE PENAIS. INAPLICABILIDADE.
Em situações nas quais as partes deixam claras as formas jurídicas empregadas e inexistem condutas maculadas pelo falseamento ou manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos, é incabível a qualificação da multa aplicada, mesmo que o planejamento tributário seja inoponível ao Fisco, porque não se concretizam condutas como a sonegação ou a fraude penais.
JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE.
De conformidade com a Súmula CARF nº 108, incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM. ART. 124, I, CTN
Somente se houver comprovado interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária haverá se falar em responsabilidade solidária.
Numero da decisão: 1302-003.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer integralmente do recurso voluntário interposto pela contribuinte, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lúcia Miceli que não conheciam da matéria relativa à glosa de despesas financeiras com emissão de debêntures em face da existência de concomitância com ação judicial; por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência; por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à glosa da amortização do ágio na apuração do IRPJ/CSLL, vencidos os conselheiros Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil (relator), Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio Machado Vilhena Dias. O Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado votou pelas conclusões do voto divergente neste ponto. E, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a exigência de glosa de despesas com emissão de debêntures e a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ/CSLL, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado e, quanto à multa qualificada, vencidos Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lúcia Miceli; e, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à incidência de juros sobre a multa, vencido o conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis solidários José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Feliz Estupinam e BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. e em negar provimento ao recurso de ofício de Santander Securities Services Brasil Distribuidora de Títulos e Banco Santander (Brasil) S.A. O conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca solicitou a apresentação de declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
(assinado digitalmente)
Ricardo Marozzi Gregório - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 ÁGIO. REGISTRO. DECADÊNCIA A condição para a constituição do crédito tributário reside no fato gerador e não no registro do ágio. É a influência que esse registro exercerá no lucro real, por ocasião de sua amortização, que marca o termo inicial do prazo decadencial de cinco anos. Havendo intimação nesse prazo, contado da amortização, não há que se falar em decadência. ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. A regra da amortização do ágio, por se tratar de um benefício fiscal, deve ser interpretada de maneira restritiva. Não há espaço para alargamento das situações expressamente previstas em lei. A interpretação literal para a formação das normas contidas no artigo 7º, caput, e no artigo 8º, alínea b, da Lei nº 9.532/97, conduz ao entendimento de que o ágio a ser amortizado é aquele surgido nos termos do que previu o artigo 20 do Decreto-Lei nº 1.598/77. Isto é, somente a empresa que "detenha participação societária adquirida" naqueles moldes poderá figurar como incorporadora ou incorporada no evento que resultará no encontro do seu patrimônio com o da empresa investida. JUROS PAGOS NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES. INDEDUTIBILIDADE As despesas com juros pagos na emissão de debêntures emitidas para a capitação dos recursos a serem aplicados em aquisições societárias, são dedutíveis da base de cálculo do imposto (art. 398, Dec. 9.580/2018 - RIR/18). ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL. Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do ano-calendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo ano-calendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2011 MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO OU FRAUDE PENAIS. INAPLICABILIDADE. Em situações nas quais as partes deixam claras as formas jurídicas empregadas e inexistem condutas maculadas pelo falseamento ou manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos, é incabível a qualificação da multa aplicada, mesmo que o planejamento tributário seja inoponível ao Fisco, porque não se concretizam condutas como a sonegação ou a fraude penais. JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE. De conformidade com a Súmula CARF nº 108, incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM. ART. 124, I, CTN Somente se houver comprovado interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária haverá se falar em responsabilidade solidária.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 70; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2055; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720219/201689 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1302003.474 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2019 Matéria ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. DESPESAS FINANCEIRAS. DEDUTIBILIDADE Recorrentes QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 ÁGIO. REGISTRO. DECADÊNCIA A condição para a constituição do crédito tributário reside no fato gerador e não no registro do ágio. É a influência que esse registro exercerá no lucro real, por ocasião de sua amortização, que marca o termo inicial do prazo decadencial de cinco anos. Havendo intimação nesse prazo, contado da amortização, não há que se falar em decadência. ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. A regra da amortização do ágio, por se tratar de um benefício fiscal, deve ser interpretada de maneira restritiva. Não há espaço para alargamento das situações expressamente previstas em lei. A interpretação literal para a formação das normas contidas no artigo 7º, caput, e no artigo 8º, alínea “b”, da Lei nº 9.532/97, conduz ao entendimento de que o ágio a ser amortizado é aquele surgido nos termos do que previu o artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77. Isto é, somente a empresa que "detenha participação societária adquirida" naqueles moldes poderá figurar como incorporadora ou incorporada no evento que resultará no encontro do seu patrimônio com o da empresa investida. JUROS PAGOS NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES. INDEDUTIBILIDADE As despesas com juros pagos na emissão de debêntures emitidas para a capitação dos recursos a serem aplicados em aquisições societárias, são dedutíveis da base de cálculo do imposto (art. 398, Dec. 9.580/2018 RIR/18). ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 02 19 /2 01 6- 89 Fl. 6660DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 3 2 Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO OU FRAUDE PENAIS. INAPLICABILIDADE. Em situações nas quais as partes deixam claras as formas jurídicas empregadas e inexistem condutas maculadas pelo falseamento ou manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos, é incabível a qualificação da multa aplicada, mesmo que o planejamento tributário seja inoponível ao Fisco, porque não se concretizam condutas como a sonegação ou a fraude penais. JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE. De conformidade com a Súmula CARF nº 108, incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM. ART. 124, I, CTN Somente se houver comprovado interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária haverá se falar em responsabilidade solidária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer integralmente do recurso voluntário interposto pela contribuinte, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lúcia Miceli que não conheciam da matéria relativa à glosa de despesas financeiras com emissão de debêntures em face da existência de concomitância com ação judicial; por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência; por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à glosa da amortização do ágio na apuração do IRPJ/CSLL, vencidos os conselheiros Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil (relator), Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio Machado Vilhena Dias. O Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado votou pelas conclusões do voto divergente neste ponto. E, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário para cancelar a exigência de glosa de despesas com emissão de debêntures e a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ/CSLL, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado e, quanto à multa qualificada, vencidos Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lúcia Miceli; e, em Fl. 6661DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 4 3 negar provimento ao recurso voluntário quanto à incidência de juros sobre a multa, vencido o conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis solidários José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Feliz Estupinam e BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. e em negar provimento ao recurso de ofício de Santander Securities Services Brasil Distribuidora de Títulos e Banco Santander (Brasil) S.A. O conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca solicitou a apresentação de declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator (assinado digitalmente) Ricardo Marozzi Gregório Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face ao Acórdão nº 0273.802, de 30/06/2017, da 10ª Turma da DRJ de Belo Horizonte que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, registrandose a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 DECADÊNCIA. FATOS COM REPERCUSSÃO EM PERÍODOS FUTUROS. É legítimo o exame de fatos ocorridos há mais de cinco anos do procedimento fiscal para deles extrair a repercussão tributária em períodos ainda não atingidos pela caducidade. DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de IRPJ ou de CSLL submetese ao prazo decadencial previsto no art. 173, inciso I, do CTN. JUROS PAGOS NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES. INDEDUTIBILIDADE. As despesas com juros pagos na emissão de debêntures, quando a capitação dos recursos não for utilizado na exploração do objeto da pessoa jurídica não são dedutíveis da base de cálculo do Fl. 6662DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 5 4 imposto, tendo em vista a ausência dos requisitos de normalidade, usualidade e necessidade. INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a incorporação de pessoa jurídica, constituída sem finalidade negocial, em cujo patrimônio constava registro de ágio em decorrência de participação na incorporadora com fundamento em expectativa de rentabilidade futura. TRANSFERÊNCIA DE CAPITAL PARA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO POR EMPRESA VEÍCULO, SEGUIDA DE SUA INCORPORAÇÃO PELA INVESTIDA. SUBSISTÊNCIA DO INVESTIMENTO NO PATRIMÔNIO DA INVESTIDORA ORIGINAL. Para dedução fiscal da amortização de ágio fundamentado em rentabilidade futura é necessário que a incorporação se verifique entre a investida e a pessoa jurídica que adquiriu a participação societária com ágio. Não é possível a amortização se o investimento subsiste no patrimônio da investidora original. ÁGIO OU DESÁGIO. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. LAUDO DE AVALIAÇÃO. Para que o custo de aquisição da participação societária possa ser desdobrado em valor de patrimônio líquido e em ágio ou deságio com base em expectativa de rentabilidade futura, é condição indispensável que à época da aquisição o seu valor esteja devidamente lastreado em laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação. LAUDO TÉCNICO PRODUZIDO POSTERIORMENTE Á AQUISIÇÃO DO INVESTIMENTO. INEFICÁCIA. O laudo acostado aos autos, elaborado após a operação de aquisição dos investimentos, para amparar o registro contábil dos ágios com fundamento na previsão de resultado de exercícios futuros, não é contemporâneo aos fatos, e não fundamenta os ágios. A dedutibilidade do ágio com base em expectativa de rentabilidade futura exige que o valor de aquisição do investimento esteja lastreado em laudo prévio. MULTA ISOLADA. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ESTIMATIVAS MENSAIS. IRPJ. CSLL. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. A multa isolada prevista no inciso II do artigo 44 da Lei n° 9.430, de 1996, tem pressuposto de exigência diferente da multa de oficio prevista no inciso I do citado artigo. As penalidades decorrem de pressupostos diferentes e o lançamento delas no mesmo auto de infração não significa dupla penalização pela mesma conduta. CSLL. DECORRÊNCIA. INFRAÇÕES APURADAS NA PESSOA JURÍDICA. O decidido quanto ao lançamento principal, no caso de imposto sobre a renda, aplicase aos lançamentos decorrentes dos mesmos fatos e elementos de prova. Fl. 6663DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 6 5 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA INTERESSE COMUM. ART. 124, I, DO CTN São solidariamente obrigadas as pessoas físicas e jurídicas que tenham, comprovadamente, interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. As pessoas que participam da fase executiva da constituição do fato gerador manifestam esse interesse. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ADMINISTRAÇÃO DE BENS DE TERCEIROS. ART. 134, III, DO CTN A responsabilidade de que trata o art. 134, III, do CTN, pressupõe a administração de bens de terceiros e não decorre da prática de ato ilícito. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ADMINISTRADOR. ART. 135, III, DO CTN A responsabilidade de que trata o art. 135, III, do CTN, requer que a pessoa arrolada seja diretora, gerente ou representada de pessoa jurídica de direito privado. Não basta que tenha a qualidade de sócio. MULTA QUALIFICADA. ABUSO DE DIREITO. Sujeitase à multa qualificada a exigência tributária decorrente da prática de abuso de direito, que se presta, apenas, a construir um cenário semelhante à hipótese legal que autoriza a amortização do ágio pago na aquisição de investimentos. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO LANÇADA. A multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 ENVIO DE INTIMAÇÕES A ENDEREÇO DIVERSO DO DOMICÍLIO FISCAL DO SUJEITO PASSIVO Não existe nenhuma disposição legal que autorize o envio de correspondência ou intimação ao domicílio do advogado do contribuinte, ainda que regularmente constituído, nem a qualquer outro endereço que não se caracterize como o domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Acórdão Acordam os membros da 10a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação para: Fl. 6664DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 7 6 I REJEITAR todas as preliminares arguidas e INDEFERIR o pedido de produção posterior de provas e o pedido de encaminhamento de intimações e notificações a endereço diverso do domicílio fiscal do sujeito passivo; II MANTER integralmente as exigências do IRPJ e da CSLL, acrescidas de multa de ofício qualificada e dos juros de mora; III MANTER integralmente as exigências de Multa Isolada a título de IRPJ e CSLL; IV CONSIDERAR devida a incidência dos juros de mora sobre as multas aplicadas, se não pagas no vencimento; V AFASTAR a responsabilidade tributária imputada às sociedades Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services; VI MANTER a responsabilidade tributaria a José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Feliz Estupinam, bem como à sociedade BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. Recurso de Ofício Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (tãosomente quanto à exclusão da responsabilidade imputada às sociedades Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services procedida neste acórdão), de acordo com o art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF n° 63, de 9 de fevereiro de 2017, por força de recurso necessário. A exclusão da responsabilidade tributária procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. Síntese da Autuação Os procedimentos de fiscalização visaram verificar se o sujeito passivo observou a legislação fiscal quanto à dedutibilidade tributária dos encargos de amortização de ágio decorrente da aquisição de participação na Seripar Participações (futura Qualipar que não se confunde com a fiscalizada), em 2010, pelo BHCS Fundo de Investimento em Participações (FIP), por meio das empresas veículos QC Holding I Participações, QC Holding II Participações e de incorporação reversa, por parte da própria Qualipar (adquirida e antes denominada Seripar), e sua posterior cisão em benefício da fiscalizada e de outra empresa do mesmo grupo, seguida de amortização do ágio resultante da operação societária acima resumida, por parte da autuada e da outra empresa do grupo, autuada no processo também em julgamento nesta sessão. As matérias em discussão podem ser resumidas nos seguintes itens: a) auto de infração IRPJ e CSLL 31/12/2011, com indicação de responsabilidade de terceiros, segundo a aplicação do art. 124, inc. I e do 134, inc. III, do Código Tributário Nacional (CTN), por conta do aproveitamento das seguintes despesas na apuração do lucro real anual durante o exercício de 2011 pela Autuada: (i) amortização de 9/60 avos do ágio por rentabilidade futura gerado pelo pagamento de preço da aquisição de 72,96% das ações da empresa Fl. 6665DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 8 7 Qualicorp Participações ("Qualipar") pela compradora QC Holding II Participações S.A ("QC II") no lucro real anual apurado em 31 de dezembro de 2011, executada após a realização de incorporação reversa da QC II pela Qualipar em 31 de março de 2011 e posterior cisão da Qualipar em quatro empresas diferentes com alocação proporcional do ágio, entre as quais a Autuada; (ii) juros pagos ou creditados pela QC II por força da emissão de debêntures ocorrida em 17 de agosto de 2010. b) multa isolada de 50% (art. 44, II, "b", da Lei nº 9.430/996), pela falta de pagamento do IRPJ e CSLL pelo método da estimativa exatamente por forca do aproveitamento das despesas acima mencionadas, em função da escolha pela apuração anual dos tributos, nos termos do art. 2º., § 3º, da Lei nº 9.430/96. c) multa de ofício qualificada (150%), art. 72 do CTN, por considerar que as condutas dos sujeitos passivos teriam configurado ação deliberada não casual nem necessária que teria visado exclusivamente a obtenção de vantagens ilegais. Da Ação Judicial movida pela Contribuinte. Períodos Futuros. Risco de Autuação Em 06/02/2018, a recorrente, juntamente com a Qualicorp Corretora de Seguros S.A., ajuizaram ação declaratória, com pedido de tutela provisória de urgência, face ao risco de não acolhimento pela fiscalização e DRJ da (i) dedução das despesas havidas com amortização do ágio, pago pela empresa QC Holding II Participações S.A. ("QC II") na aquisição da Qualicorp Participações S.A. ("Qualipar"), bem assim de (ii) despesas financeiras incorridas em razão da emissão de debêntures, no tocante aos períodos de apuração delimitados na inicial (de 2012 a 2017 para a Autora Qualicorp Administradora de Benefícios S.A.[este processo], e de 2015 a 2017, para a Autora Qualicorp Corretora de Seguros S.A. [Proc. 16561.700221/021658]) [estes autos referemse a fatos geradores de março de 2011]. Obteve tutela provisória de urgência (Proc. 101827504.2017.4.01.3400, 16ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal) determinando a suspensão da exigibilidade do crédito tributário referente às glosas relativas à (i) amortização de ágio; e (b) juros pagos sobre debêntures, nos seguintes termos: Isso posto, DEFIRO o pedido de tutela provisória de urgência para, em caráter meramente declaratório, determinar a suspensão da exigibilidade dos valores a título de Imposto de Renda de Pessoa JurídicaIRPJ e Contribuição Social sobre o LucroCSLL: que seriam devidos caso não fosse amortizado o ágio surgido quando da aquisição de 72,95% da Qualicorp Participações SA pela QC Holding II Participações S.A., nos anoscalendário de 2012 a 2017 para a Autora Qualicorp Administradora de Benefícios S.A. e 2015 a 2017, para a Autora Qualicorp Corretora de Seguros S.A.; ii) correspondentes às despesas financeiras decorrentes das debêntures emitidas pela QC II; até ulterior decisão deste Juízo. [em pesquisa no site www.trf1.jus.br/PJe verifiquei que ainda não há julgamento de mérito e a liminar não foi cassada] Fl. 6666DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 9 8 Outras matérias do recurso voluntário da contribuinte A contribuinte alega que a ação judicial referese tão somente às cobranças de IRPJ e CSLL, a partir de 2012, enquanto que, os presentes autos referemse a 2011. Sustenta que não há que se falar em concomitância (Súmula CARF nº 1). Assim, além das referidas matérias que a recorrente submeteu ao Poder Judiciário visando a suspensão da exigibilidade em caso de cobranças relativas a 2012/2017 seu recurso voluntário (fls. 5355/5525), de 15/08/2017 (fl. 6340) intimação em 03/08/2017 (fl. 5354), tempestivo também contempla questionamentos ao acórdão da DRJ, relacionados com as seguintes matérias: a) decadência total (5 anos); b) multa isolada (50%); c) multa de ofício qualificada (150%); e d) juros sobre a multa (Selic). Recursos Voluntários dos Responsáveis Tributários Além da contribuinte, interpuseram recurso voluntário os responsáveis tributários: a) José Seripieri Filho, intimado em 19/07/2017 (fl. 5343); recurso voluntário (fls. 6341/6391), protocolo em 15/08/2017 (fl. 6340); b) Fernando César Dantas Borges, intimado em 06/07/2017 (fl. 5765); recurso voluntário (fls. 6023/6166 ), protocolo em 07/08/2017 (fl. 6022) (30 dias coincidiu com sábado, 05/08/2017; recurso protocolado na segundafeira, 07/08/2017, tempestivo); b) Fernando de Oliveira Pinto, intimado em 06/07/2017 (fl. 5348); recurso voluntário (fls. 6169/6338), protocolo em 07/08/2017 (fl. 6168) tempestivo; c) Juan Carlos Feliz Estupinam, intimado em 07/07/2017 (fl. ); recurso voluntário (fls. 5862/6020), protocolo em 07/08/2017 (fl. 5861) tempestivo; e d) BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda., não consta comprovante de recebimento de intimação; recurso voluntário (fls. 5784/5859), protocolo em 04/08/2017 (fl. 5767) deve ser considerado tempestivo. Tais recorrentes, em virtude da improcedência de suas impugnações, apresentaram recurso voluntário, tanto em relação ao mérito, em favor da empresa contribuinte, quanto para demonstrar a improcedência da manutenção da responsabilidade solidária pela DRJ. Operações Societárias As operações societárias podem ser resumidas nos seguintes passos: Fl. 6667DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 10 9 O Grupo Qualicorp, originalmente detido pelo fundador José Seripieri Filho ("Sr. José"), foi criado no Brasil em 1997 administração, gestão e venda de planos de saúde coletivos, empresariais e coletivos por adesão, bem como serviços relacionados à área da saúde. Em novembro de 2008, o GA Brasil Fundo de Investimento em Participações ("GA Brasil FIP") adquiriu 45,91% do Grupo Qualicorp, o qual era composto por uma sociedade holding denominada Qualicorp Participações S.A. ("QualiPar") [recorrente] que, por sua vez, era detentora de 99% da participação societária de cinco sociedades operacionais ("Operacionais"), quais sejam: (i) Qualicorp Administradora de Benefícios S.A. ("Qualicorp Benefícios", a Recorrente; (ii) Qualicorp Corretora de Seguros S.A. ("Qualicorp Corretora"); (iii) Qualicorp Consultoria em Saúde Ltda. ("Qualicorp Consultoria"); (iv) Qualicorp Administração e Serviços Ltda. ("Qualicorp Serviços") e (v) Convergente Consultoria e Corretora de Seguros Ltda. ("Convergente"). Início de 2010, o Grupo Carlyle, empresa norteamericana de gestão de fundos de private equity, adquiriu o Grupo Qualicorp, por meio das sociedades holding QC Holding I Participações S.A. ("QC I") e QC Holding II Participações S.A. ("QC II"), residentes no Brasil. 12/07/2010 celebrado Contrato de Compra e Venda de Ações (fls. 52154 dos autos), dispondo acerca da alienação, pelo Sr. José e pela GA Brasil FIP (vendedores) à QC II (compradora), de participação equivalente a 72,95% na QualiPar. Enquanto o Sr. José alienou 2.252.494 ações ordinárias que detinha na QualiPar, correspondentes à metade de sua participação, o GA Brasil FIP vendeu a integralidade das ações até então detidas (3.824.184 ações ordinárias). Fl. 6668DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 11 10 Ato subsequente à assinatura do Contrato de Compra e Venda de Ações, as partes passaram a praticar os atos societários pertinentes para a operacionalização da aquisição. • 17/08/2010 emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, pela QC II (fls. 246283 dos autos), no valor nominal total de R$ 308 milhões, tendo como intervenientesgarantidoras a Qualicorp Corretora, a Qualicorp Serviços, a QC II e a Recorrente. 01/09/2010 na data do fechamento da operação, uma série de atos societários foram realizados, a fim de operacionalizar e finalizar a aquisição acordada: o aumento de capital da QC I, de R$ 1.000,00 para R$ 1.107.705.146,98, integralmente subscrito e integralizado pelo BHCS FIP, fundo sediado no Brasil. o aumento de capital da QC II, de R$ 1.000,00 para R$ 1.107.705.146,98, integralmente subscrito e integralizado pela QC I. Desta forma, concluiuse a estrutura de aquisição pretendida pelo Grupo Carlyle, uma vez que a QC II passou a deter a integralidade dos recursos que seriam utilizados para a aquisição do controle da QualiPar: (i) R$ 1.100 milhões originários do aporte de capital do BHCS FIP na QC I; e (ii) R$ 308 milhões decorrentes da emissão de debêntures. o fechamento da operação de aquisição da QualiPar pela QC II, mediante pagamento, em dinheiro, do montante de R$ 1.407.133,198,49 ao Sr. José e ao GA Brasil FIP. O Patrimônio Líquido (PL) da QualiPar, quando de sua aquisição pela QC II, era de R$ 181.701,125,96. Como o preço pago pela aquisição de 72,95% da QualiPar excedeu o montante de seu PL proporcional a esta participação (R$ 132.569.141,50), a QC II apurou ágio de R$ 1.274.564.056,99 na operação. Nos termos do Laudo de Rentabilidade Futura elaborado pela KPMG, com base no método de fluxo de caixa futuro descontado a valor presente, avaliouse que Fl. 6669DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 12 11 o ágio registrado pela QC II tinha por fundamento econômico a expectativa de rentabilidade futura da QualiPar, nos termos da alínea "b" do § 2o do artigo 20 do DecretoLei n° 1.598/77. incorporação da totalidade das ações de emissão da QualiPar pela QC II, a valor contábil. Na relação de substituição das ações, determinouse que para cada ação da QualiPar de sua propriedade, o acionista Sr. José receberia 225,16 ações da QC II. Destarte, em contrapartida às 2.252.494 ações ordinárias incorporadas, o Sr. José recebeu 507.177.489 novas ações ordinárias de emissão da QC II. A referida incorporação de ações visava uma consolidação das participações do Sr. José e da QC II em uma holding comum e, principalmente, a transferência das debêntures para o contexto de ambos os acionistas finais. Após a incorporação de ações, a estrutura societária verificada era a seguinte: Fl. 6670DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 13 12 por fim, foi deliberada a incorporação da totalidade das ações da QC II pela QC I, também a valor contábil. Para cada ação ordinária de emissão da QC II, foi emitida, em favor do acionista Sr. José, uma ação ordinária de emissão da QC I. Assim, em contrapartida às 507.177.489 ações ordinárias incorporadas da QC II, o Sr. José recebeu 507.177.489 novas ações ordinárias de emissão da QC I. Com a segunda incorporação de ações, a QC I passou a ter como acionistas o Sr. José e o BHCP FIP, sendo a estrutura resultante representada da seguinte maneira: Fl. 6671DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 14 13 Após a aquisição da QualiPar e das incorporações de ações, teve início uma nova fase da reorganização societária, tendo em vista a oferta pública de ações que ocorreria em meados de 2011. • 31/03/2011 tendo em vista tal intuito, nesta data foram realizados os seguintes eventos societários: incorporação da QC II pela QualiPar, que passou a sucedêla em todos os seus bens, direitos e obrigações, incluindo o ágio e a obrigação de pagamento de juros relativos às debêntures, nos termos do artigo 227 da Lei n° 6.404/76 ("Lei das SA."). Fl. 6672DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 15 14 Ainda, por ter se verificado, nesse momento, a incorporação da investidora (QC II) pela investida (QualiPar), com a unificação do investimento adquirido com o ágio pago na aquisição da QualiPar, fundamentado na sua expectativa de rentabilidade futura, este último passou a ser dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, conforme disposto nos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97. o cisão total da QualiPar, com versão das parcelas cindidas para suas controladas, as Operacionais, quais sejam: a Recorrente, Qualicorp Corretora, Qualicorp Consultoria e Qualicorp Administração, que sucederam a QualiPar em seu bens, direitos e obrigações. Fl. 6673DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 16 15 Nos termos do § 1o do artigo 229 da Lei das S/A, "a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão". Coube à Recorrente o acervo cindido de R$ 7.466.658,21 da QualiPar, elevandose seu capital social para R$ 11.966.658,21, com a emissão de 2.990.118 novas ações, sem valor nominal, em benefício da Qualicorp S.A. (nova denominação social da QC I). Também à Recorrente foi vertida a parcela equivalente a 48,71% do ágio anteriormente contabilizado na QC II e na QualiPar, no montante de R$ 620.840.152,16. Com a cisão total da QualiPar, seguida da incorporação das parcelas cindidas pelas suas controladas, as dívidas incorridas pela QC II foram transferidas às empresas operacionais do Grupo Qualicorp, quais sejam, a Qualicorp Corretora e a recorrente, anteriormente controladas pela QualiPar. Abril/2011 a Recorrente, como sucessora de parcela cindida e do ágio da antiga QC II, passa a amortizar mensalmente o ágio decorrente da aquisição da QualiPar pela QC II Fl. 6674DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 17 16 Preliminar. Necessidade de observância da jurisprudência administrativa e judicial A contribuinte tece extensas digressões sobre a necessidade de se observar julgamentos administrativos e judiciais, quando espelham casos iguais ao caso a ser julgado. Síntese das Razões de Mérito da Contribuinte À vista das operações societárias, passo a relatar as razões da contribuinte. Inicio pelos seguintes registros (fls. 2680/2775): Legitimidade da Amortização Fiscal do Ágio Legitimidade das Operações Realizadas e Posterior Aproveitamento Fiscal do Ágio pela Recorrente o real adquirente do controle da QualiPar não foi o investidor estrangeiro (Grupo Carlyle). A adquirente é a QC II, enquanto a QualiPar é a efetiva investida; não é correta a conclusão da fiscalização e da DRJ de que "não se pode considerar que a QC II é a investidora originária da QualiPar, não se observando a condição para que se amortizasse fiscalmente o ágio pago, de maneira que não há subsunção dos fatos à norma disposta no art. 386 do RIR/1999; não deve prevalecer a conclusão da fiscalização que desqualificou a QC II como investidora pelo fato de esta ter recebido parte dos recursos do BHCS FIP, do Grupo Carlyle, anteriormente à aquisição. Isto porque, o desembolso/sacrifício financeiro partiu, sim, da holding QC. II, na medida que tais valores, juntamente com o montante captado com a emissão de Fl. 6675DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 18 17 debêntures, passaram a constituir seu patrimônio e, somente após isso, foram despendidos para a aquisição do controle da QualiPar. a QC II figurou como a real investidora da participação de 72,95% na QualiPar, tendo seguido estritamente as normas societárias e contábeis vigentes à época quando do registro do ágio, a respeito do que não houve qualquer questionamento por parte das autoridades competentes, dos auditores independentes e, tampouco, da Fiscalização. a aquisição deuse entre partes independentes, QC II, de um lado, e GA Brasil FIP e o Sr. José, de outro, mediante o pagamento em dinheiro de R$ 1.407.133,198,49. Neste momento, para fins fiscais, a adquirente desdobrou o valor total do custo de aquisição da participação societária de 72,95% da QualiPar em investimento pela equivalência patrimonial e ágio no valor de R$ 1.274.564.056,99. nos termos do Laudo de Rentabilidade Futura da KPMG, com database em 31/08/2010 (antes, portanto, do fechamento da operação 01/09/2010), tal ágio tem por fundamento justamente a expectativa de rentabilidade futura da QualiPar. com a posterior incorporação da QC II pela QualiPar, nasceu para esta o direito à amortização fiscal do ágio, nos termos dos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97. para que a despesa com amortização do ágio seja dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o legislador ordinário estabeleceu, apenas e tão somente (i) que ocorresse a aquisição, pela pessoa jurídica, de participação societária adquirida com ágio; (ii) que houvesse a absorção do patrimônio da investida em virtude de fusão, cisão ou incorporação (ou a absorção da investidora pela investida, consoante previsão expressa do artigo 8o); e que a fundamentação econômica do ágio fosse lastreada em expectativa de rentabilidade futura; esses requisitos foram cumpridos no presente caso: (i) houve a efetiva aquisição das ações da QualiPar pela QC II, mediante pagamento integral em dinheiro; (ii) foi efetivada a incorporação da QC II pela QualiPar (incorporação reversa, nos termos do artigo 8o da Lei n° 9.532/97); e (iii) o ágio pago pela QC II foi fundamentado na expectativa de rentabilidade futura da companhia investida (QualiPar), conforme Laudo de Rentabilidade Futura da KPMG. quando a Recorrente absorveu parcela cindida da QualiPar, incluindo 48,71% do ágio nela registrado, no montante de R$ 620.840.152,16, sucedeu a no direito à amortização fiscal do ágio, nos termos do § 1º do artigo 229 da Lei das S/A: "a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão". Fl. 6676DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 19 18 quando a contribuinte incorporou a parcela cindida da QualiPar, com a parcela de 48,71% do ágio, na qualidade de sucessora dos bens e direitos desta companhia, passou, então, a fazer jus à amortização fiscal do ágio; a sucessão do ágio pela contribuinte em razão da cisão total da QualiPar não foi objeto de questionamento pela Fiscalização, que tratou somente de aspectos, prévios, atinentes à formação do ágio e à possibilidade de sua dedução (quais sejam, demonstração de seu fundamento econômico, inocorrência de confusão patrimonial, utilização de empresas veículos e propósito negocial); Demonstração do Fundamento Econômico do Ágio a autoridade fiscal questionou o Laudo de Rentabilidade Futura apresentado, sob a justificativa de que este não estaria apto a comprovar o fundamento econômico do ágio pago pela QC II na aquisição da participação societária na QualiPar, por ser posterior ao Contrato de Compra e Venda de Ações e à efetivação do pagamento pela aquisição do investimento. A DRJ referendou esse entendimento. Concluiu que o laudo é inválido (fls. 86 e 87 do acórdão recorrido); o documento apresentado com a finalidade de comprovar a rentabilidade futura como fundamento econômico do ágio pago pela QC II na aquisição de participação societária na QualiPar, embora datado de 02/03/2011, foi produzido com base em informações disponíveis até 31/08/2010, i.e., antes do fechamento da operação (que se deu em 01/09/2010) ), como bem reconhecido na decisão recorrida; a jurisprudência administrativa aceita que o referido comprovante não precisa necessariamente, ser anterior à aquisição, podendo ser elaborado depois desta, desde que tomando por base informações contemporâneas. Cita os Acórdãos n° 1101000.89 e 1201001.507; os requisitos e prazo para apresentação de laudo apenas foram introduzidos no ordenamento jurídico por meio da Medida Provisória n° 627/201330, publicada em 11 de novembro de 2013, convertida na Lei n° 12.973/2014; embora seja datado de 02/03/2011, o Laudo de Rentabilidade Futura da QualiPar elaborado pela KPMG, como já mencionado, possui como data base 31/08/2010. Portanto, ainda que seja posterior à operação, tratase efetivamente de documento baseado em fatos que são a esta contemporâneos, devendo desta forma ser aceito para fins de comprovação do fundamento econômico do ágio; Inexistência do Requisito Legal de "Confusão Patrimonial" a Fiscalização desconsiderou a aquisição da participação na QualiPar realizada pela QC II. Nos termos consignados no TVF, a "confusão patrimonial' não teria ocorrido por não ter o evento de incorporação se verificado entre investidor estrangeiro (o "real adquirente") e QualiPar (investimento adquirido). Fl. 6677DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 20 19 Segundo a fiscalização, a norma do artigo 386 do RIR/99 "impõe a absorção do patrimônio da incorporada, fusionada ou cindida"(fl. 45 do TVF). Logo adiante, esclarecese que a Lei n° 9.532/97 traria como requisito à dedutibilidade fiscal do ágio "a ocorrência da extinção por incorporação da participação da investida pela investidora que efetivamente pagou pelo ágio (ou viceversa) (fls. 4546 do TVF), uma vez que em tal situação o investimento (ou a investidora) não mais poderia ser alienado, impossibilitandose o aproveitamento do ágio como parte do custo de aquisição; Diante do raciocínio adotado, concluiu a Fiscalização: 123. Dessa forma, cumpre descortinar a aparência emprestada pelo expediente artificioso e desqualificar, para efeitos fiscais, os negócios jurídicos desprovidos de substância econômica, para que se revele a situação encoberta, com toda sua repercussão econômica e tributária, qual seja o não aproveitamento tributário do ágio, cujo registro deveria estar no exterior. 124. De sorte que, mesmo tendo a Qualicorp Participações incorporado a empresa veículo QC II, não pode o ágio indevidamente internalizado gerar efeitos tributários. 125. Portanto, como o Fisco não está jungido aos efeitos jurídicos que o planejamento tributário abusivo tentou produzir, mas à verdadeira repercussão econômica dos fatos subjacentes, não se admite o aproveitamento fiscal dos encargos de amortização do ágio, desde o momento de sua internalização artificiosa e ilícita, por meio de capitalização de empresas veículo, efetuada por investidores no exterior." (fl. 53 do TVF) a DRJ referendou esse entendimento da fiscalização. Baseouse, ainda, no voto vencedor proferido no Acórdão n° 9101002.312 (fls. 73 a 75 da decisão recorrida), bem como transcreveu trechos do TVF (fls. 67 a 73 da decisão recorrida); a alegada "confusão patrimonial' na operação, não se encontra positivado nas normas tributárias como condição para o aproveitamento do aludido benefício de amortização fiscal do ágio; o requisito da "confusão patrimonial", na verdade, foi inserido com o Acórdão n° 9101002.312. Prevaleceu a interpretação: a investidora originária e investida devem se transformar em uma só universalidade. Nessa linha, sob o aspecto pessoal, a hipótese de incidência se "dirige à pessoa jurídica investidora originária, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição, e à pessoa jurídica investida". não há qualquer coerência na decisão recorrida, uma vez que em um momento se alega que as decisões administrativas "são ineficazes para conformar decisões neste momento do processo, pois não constituem normas complementares de Direito Tributário", para em outro momento extrair de Fl. 6678DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 21 20 decisão administrativa a definição de condições que nem sequer as próprias normas tributárias prevêem; quando a QC II adquiriu a QualiPar, registrando um ágio, devidamente pago, fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, e, posteriormente, foi incorporada pela adquirida, ocorreu a absorção do investimento e do ágio pela QualiPar ("confusão patrimonial'), possibilitando o início da amortização fiscal do ágio; tendo a aquisição ocorrido por meio dessas duas empresas (sobretudo a QC II), não pode a Fiscalização e a DRJ pretender desconsiderálas, tampouco o próprio BHCS FIP, para fazer crer que a aquisição se deu diretamente pelo investidor estrangeiro, razão pela qual não teria havido a "confusão patrimonial'; havendo a incorporação do investimento adquirido (ou a incorporação reversa), tecnicamente denominada absorção patrimonial, a "confusão patrimonial' terá ocorrido, devendo ser admitida a dedutibilidade da amortização fiscal do ágio, nos termos dos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97; Demonstração do Propósito Negocial e da Necessidade da QC I e da QC II Inexistência de "Empresas Veículo" no Presente Caso é indevida a interpretação da fiscalização, ratificada pela DRJ, de que tanto a QC I, quanto a QC II seriam "empresas veículo", desprovidas de propósito negocial e utilizadas visando exclusivamente a obtenção de economia tributária; a fiscalização, ora afirma que o negócio poderia ter sido realizado diretamente pelo BHCS FIP, ora afirma que poderia ter sido realizado diretamente pelo investidor estrangeiro (Grupo Carlyle), de modo que a utilização das duas pessoas jurídicas brasileiras revelaria a existência de um planejamento tributário abusivo; a DRJ recaiu no mesmo equívoco do agente fiscal, ao não analisar a integralidade da operação, com o contexto econômico e gerencial em que esta encontravase inserida, limitandose a transcrever os trechos da operação que lhe pareceram mais convenientes (fls. 78 a 81 da decisão recorrida); ressalta que os atos praticados pelo contribuinte para que sejam considerados válidos para fins fiscais devem estar ligados à finalidade e à atuação desse contribuinte no mercado; as razões econômicas para a criação e utilização da QC I e, principalmente, da QC II, propostas pelo Grupo Carlyle, estão ligadas sobretudo aos aspectos negociais da estrutura de aquisição do controle da QualiPar, tais como forma de financiamento da operação (se com capital próprio, com a entrada de novos investidores ou com capital de terceiros), mitigação de riscos e contingências que eventualmente poderiam ser identificados no curso das negociações etc. Fl. 6679DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 22 21 a aquisição da QualiPar foi financiada parcialmente por capital próprio da QC II, decorrente de aporte oriundo do BHCS FIP, parcialmente por conta de endividamento, decorrente de emissão de debêntures; a legítima opção do comprador (Grupo Carlyle), de cunho estritamente negocial, era a de adquirir o controle da QualiPar, por meio de uma aquisição alavancada, de forma que a dívida contraída para adquirir parte da QualiPar seria paga pelos fluxos de caixa gerados pela própria empresa. Caberia à QualiPar, ao menos em parte, "se pagar"; a aquisição via alavancagem foi viabilizada através da QC II, empresa que, como visto, foi indispensável para a conclusão negócio, a qual emitiu as debêntures captandose o valor remanescente para o investimento e, desta forma, viabilizou a conclusão do controle da QualiPar; a opção pela forma de financiamento da aquisição de uma empresa é escolha estritamente negocial e de conveniência, a respeito da qual não pode o Fisco emitir juízos de valor. Por exemplo, não cabe à Fiscalização perquirir se o endividamento e a emissão de debêntures eram necessários, ou se os investidores possuiriam recursos disponíveis suficientes para fazer frente à aquisição da QualiPar sem a necessidade destas; a QC II não somente emitiu as debêntures como também atuou como uma das garantidoras, o que não seria possível ao BHCS FIP; Despesas Financeiras Empréstimo Do Reconhecimento das Despesas Financeiras pela Contribuinte Necessidade da Despesa e Possibilidade da Dedução as despesas decorrentes do empréstimo realizado pela QC II não seriam dedutíveis pela contribuinte, uma vez que o exame acerca da dedutibilidade de uma despesa dependeria da avaliação do ativo correspondente e os ativos que corresponderiam às debêntures não seriam necessários à atividade da QualiPar ou da Recorrente, pois beneficiariam apenas os seus acionistas/investidores; para que se reconheça a dedutibilidade fiscal das despesas de juros, impõemse o confronto do critério de sua necessidade com os objetivos sociais da empresa; a fiscalização e a DRJ (i) deixaram de observar previsão legal expressa de dedutibilidade (artigo 374 do RIR/99); (ii) não consideraram corretamente os efeitos da incorporação; (iii) interpretaram incorretamente o disposto no artigo 299 do RIR/99; e (iv) deixaram de observar que as despesas com os juros das debêntures emitidas pela QC II eram dedutíveis para a Recorrente, eis que necessárias ao desenvolvimento da sua atividade; despesas com juros oriundos de empréstimo contraído para financiar a aquisição do controle do Grupo Qualicorp, constituise em despesa operacional, logo, dedutível; Fl. 6680DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 23 22 os dispêndios decorrentes da obtenção de empréstimo são despesas operacionais e, portanto, são dedutíveis independentemente de sua vinculação direta com a aquisição do bem, sem atribuir qualquer requisito ou premissa, como fez a DRJ, ao alegar que tais dispêndios só serão despesas operacionais se referirem "ao ônus financeiro na aquisição de bem do imobilizado"; em razão da existência de dispositivo legal específico (artigo 374 do RIR/99 atual Dec. nº 9.580/2018) que autoriza a dedução de juros decorrentes de empréstimos das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, independentemente do disposto no artigo 299 do RIR/99, concluise que as despesas financeiras ora em debate são dedutíveis para a Recorrente; Da Multa Isolada por Falta ou Insuficiência de Recolhimento por Estimativa 177. No anocalendário de 2011, a fiscalizada apurou estimativa mensal de IRPJ e de CSLL com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução. Conforme se observa na PARTE A dos correspondentes LALURs, a partir de abril de 2011 as bases de cálculo assim estimadas, tanto do Imposto de Renda quanto da Contribuição Social, sofreram exclusões de valores referentes a Amortização de Ágio. Tratamse dos ágios da QC II. Já se demonstrou que não há respaldo legal para tais exclusões, devendose revertêlas. Os montantes amortizados a cada mês estão sumarizados no Anexo 1 ao final do presente TERMO. 178. Relativamente às antecipações, são agora autuadas justamente as multas isoladas incidentes sobre essas diferenças a maior. (...) Da Multa de Ofício 184. Portanto, cabe a exigência dos valores de IRPJ e reflexos (CSLL) apurados a menor, acrescidos da multa de ofício a que se refere o dispositivo legal transcrito, por meio do presente lançamento de ofício. Da Multa Qualificada. (... ) 189. A situação já caracterizada indiscutivelmente se subsume à hipótese prevista na norma acima (art. 72 da Lei 4.502/64). A operação planejada entre adquirente e alienante que permaneceu na sociedade após vender parte de sua participação foi engendrada com o evidente intuito único de "criar" despesas de amortização na empresa remanescente e suas sucessoras, diminuindo ilegalmente sua base tributável. (...) 191. As empresas veículos QC I e QC II não protagonizaram nenhuma ação no mundo real, sendo meras carreadoras de recursos para aquisição da Qualicorp Participações, com a intenção de aproveitamento do ágio gerado nessas operações. (...) Fl. 6681DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 24 23 195. Os fatos acima descritos evidenciam a simulação de operações envolvendo 7 empresas e um FIP sediados no Brasil e um FIP no exterior, com a finalidade de reduzir ilicitamente as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL das sucessoras da Qualicorp Participações, inclusive da fiscalizada, após incorporação da empresa veículo e cisão da incorporadora. (... ) 198. Assim, a conduta dos atores envolvidos configurou ação deliberada não casual nem necessária visando exclusivamente a obtenção de vantagens fiscais ilegais. Portanto, ação dolosa, visto que não se pode negar que não tivessem consciência de que concorriam para a prática de ilícito. (...). 199. Desta forma, fica caracterizada, em tese, a ocorrência do crime de FRAUDE, definido no artigo 72 da Lei n° 4.502/64: (... ) 200. Devemos observar, finalmente, que o processo não foi conduzido por uma só pessoa. Pelo contrário, contou com a participação de múltiplos agentes. 201. (...). Dessa forma, resta caracterizada, em tese, a ocorrência do crime de CONLUIO, definido no artigo 73 da Lei n° 4.502/64: (...) Da Impossibilidade de Adição a Base de Cálculo da CSLL das Despesas não Dedutíveis da Base de cálculo da CSLL não poderia a fiscalização ter adicionado à base de cálculo da CSLL as despesas consideradas indedutíveis, inclusive as despesas decorrentes da amortização do ágio, por falta de previsão legal que autorize tal conduta. Citou o Acórdão n° 10194286; a única adição permitida ao resultado do exercício, para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, é a adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; devese ter em conta que (i) a base de cálculo da CSLL é o lucro líquido com ajustes expressamente previstos; e (ii) a base de cálculo do IRPJ, por sua vez, é o lucro real, para o qual existem previsões específicas relativamente à necessidade de adição de determinadas despesas e provisões; Da Decadência a fiscalização não poderia questionar a legalidade dos atos que originaram o direito ao aproveitamento do ágio, que surgiu em 01/09/2010, eis que transcorreu o prazo decadencial de cinco anos entre (i) o fato que propiciou o seu surgimento e (ii) a ciência, pela Recorrente, dos autos de infração em questão (13/12/2016); embora o ágio tenha sido amortizado no anobase de 2011, conforme informado pela autoridade fiscal, o fato contábilsocietário, que deu origem ao referido ágio, ocorreu no anobase de 2010; a fiscalização e a DRJ entenderam que a ocorrência do faro imponível previsto na hipótese de incidência tributária é que dá nascimento à obrigação tributária. Nos termos do art. 150, § 4o, do CTN, é a partir de então que a autoridade tributária tem cinco anos para constituir o respectivo crédito tributário, via lançamento. Na Fl. 6682DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 25 24 situação em apreço, em relação ao ágio, o fato gerador de IRPJ e CSLL de um ano calendário específico somente é afetado quando e se houver a sua amortização. Antes disso, não há o que lançar nem se pode cogitar em fruição do prazo para decadência; a fiscalização ainda ressaltou que não prosperam os argumentos apresentados pela contribuinte, uma vez que as despesas de amortizações com ágio glosadas na presente ação fiscal referemse ao período de apuração do anocalendário de 2011. ou seja, fatos geradores ocorridos em 31.12.2011, tendo em vista a opção do contribuinte pela apuração do imposto e da contribuição pelo lucro real anual. Como os sujeitos passivos foram cientificados das autuações em 13.12.2016 e em 14.12.2016, não se verificou a decadência, ou seja. não se implementou o prazo de cinco anos a partir da ocorrência dos fatos geradores, na hipótese de aplicação do art. 150, § 4o, nem do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso do art. 173, I, ambos do CTN; Da Ilegalidade da Cobrança de Juros sobre a Multa Súmula Carf nº 108. Multa Isolada. Impossibilidade de Cobrança em razão da falta de recolhimento de IRPJ e CSLL por estimativa a contribuintes também foi autuada por ter, supostamente, deixado de recolher valores devidos a título de estimativas mensais de IRPJ e CSLL no período fiscalizado, conforme se constata das fls. 65 a 76 do TVF; a DRJ ratificou o entendimento da fiscalização de que, a multa isolada prevista no art. 44. Inciso II. da Lei nº 9.430, de 1996. é devida sempre que houver falta de recolhimento de estimativa, ainda que o período de apuração tenha se encerrado. Isso porque tais penalidades decorrem de infrações distintas, ou seja. pela falta de recolhimento da estimativa aplicase a multa isolada e sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição. As estimativas mensais configuram obrigações autônomas, que não se confundem com a obrigação tributária decorrente do fato gerador anual. Ademais, não há previsão legal para afastar a multa isolada em razão da aplicação da multa de ofício vinculada ao tributo anual que deixou de ser recolhido. Acatar tal entendimento seria esvaziar o sentido e conteúdo da lei, que pretendeu punir os contribuintes que não recolhessem antecipadamente o IRPJ e a CSLL impactando o fluxo de arrecadação do Estado. As estimativas mensais e a multa isolada pela falta de seu recolhimento não se confundem com o tributo devido, que deve ser apurado somente no final do período anual, pelo lucro real anual. Tanto é assim, que, nos termos do art. 44 da Lei n° 9.430/1996. essa obrigação existe mesmo que a pessoa jurídica tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a CSLL. Ou seja. existe ainda que não haja tributo devido. a contribuinte defende que, como os autos de infração objeto do presente processo foram lavrados após o encerramento do anobase de 2011, eventuais insuficiências de recolhimento do IRPJ e da CSLL não mais poderiam ser punidas pela exigência da multa isolada; caso fosse possível lançar, após o encerramento do anobase, multa isolada em razão do não recolhimento dessas estimativas, o que se alega a título de Fl. 6683DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 26 25 argumentação, não poderia haver, sobre a mesma base de cálculo, a cumulação da multa isolada com qualquer outra penalidade; analisandose os autos de infração lavrados, verificase que há cobrança cumulativa da multa isolada com a multa de ofício, uma vez que os valores adicionados pela Fiscalização nas bases mensais, para cálculo da multa isolada pela suposta falta de recolhimento das estimativas de IRPJ e de CSLL, foram exatamente os mesmos incluídos no cálculo do ajuste anual para a cobrança da multa de ofício sobre os valores supostamente não recolhidos desses tributos; o CARF aprovou o enunciado da Súmula n° 105, onde restou firmado o entendimento de que na multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei n° 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistira multa de ofício; a fiscalização autuou a contribuinte, sob a alegação de que a alteração introduzida pela Lei nº 11.488/07 produziu um cenário diverso daquele a que se reporta a Sumula CARF n° 105, o que, supostamente, justificaria a aplicação cumulativa da multa isolada com a multa de ofício; Multa de Ofício Qualificada alega a contribuinte que, caso seja mantida a multa isolada e a multa qualificada e tal decisão seja por voto de qualidade, que se considere que há dúvida quanto ao cabimento das multas; alega que não há comprovação de fraude ou conclui. Portanto, não há a possibilidade de haver multa qualificada; a fiscalização concluiu que houve dolo à vista da: (i) a falta de autonomia da QC I e da QC II; (ii) inexistência de atividade operacional e substância nas referidas holding, e (iii) permanência de um dos alienantes no Grupo após o negócio; a contribuinte sustenta que evidenciou que a operação foi realizada entre partes não relacionadas, com efetivo pagamento do preço e sustentado em laudo de rentabilidade futura, tendo a contribuinte; a contribuinte (i) prestou informações e forneceu documentos à fiscalização, sem retardar, impedir, atrapalhar, nem confundir o trabalho fiscal; (ii) registrou e arquivou todos os atos societários nas respectivas juntas comerciais; e (iii) diligenciou para conferir a maior transparência nas informações referentes à operação; optou, voluntariamente, por se inserir no segmento da BM&F Bovespa denominado Novo Mercado, no qual a empresa adota práticas de governança corporativa altamente diferenciadas, dentre elas um elevado padrão de transparência, que vai bastante além do que exige a legislação; a Qualicorp S.A. detalhou a operação examinada nestes autos em suas demonstrações financeiras de 2010 a 2012112, as quais foram devidamente publicadas no seu sítio eletrônico (onde estiveram e permanecem à disposição do público) e enviadas à CVM (que também disponibiliza tais arquivos por intermédio do seu sítio eletrônico); quem age de má fé, quem dissimula, quem simula, perpetra fraude, oculta fatos geradores de tributos, quem quer sonegar tributo certamente não é aquele que (i) Fl. 6684DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 27 26 leva a registro todos os atos societários relacionados à operação; (ii) apresenta todas as informações ao Fisco Federal, por meio das declarações e obrigações acessórias; (iii) adota voluntariamente medidas que aumentam a transparência de seus atos; (iv) presta todos os esclarecimentos requeridos pela Fiscalização e (v) oferece à Autoridade Fiscal todos os documentos necessários à investigação; o Grupo Carlyle realizou a aquisição do controle do Grupo Qualicorp dentro de um planejamento empresarial, visando cumprir as normas de natureza tributária, societária e regulatória, bem como reduzir os riscos a que seu investimento estava exposto; a Autoridade Fiscal (i) não encontrou qualquer entrave para acessar todos os documentos, dados, declarações e registros contábeis; respeitada a legislação e todas as normas dos órgãos envolvidos (CADE, CVM, BACEN, RFB, entre outros); (iii) a QC I e a QC II tiveram claros propósitos negociais; (iv) os instrumentos particulares firmados foram objeto dos devidos registros; e (v) o ágio foi efetivamente pago, oriundo de operação entre partes independentes e respaldado em laudo de avaliação econômicofinanceira, assim as despesas com juros foram efetivamente incorridas e estão relacionadas às atividades do Grupo Qualicorp; Da Responsabilidade Solidária Passo a relatar as questões que envolvem a responsabilidade pessoal de pessoas relacionadas com a operação. Sobre esse ponto, o acórdão recorrido assim registrou: A autoridade autuante pontuou (TVF) que as infrações lavradas resultaram de ação conjunta, contínua e coordenada tanto dos Investidores, através de seus agentes, quanto também do Sr. José Seripieri Filho. Pontuou que o BHCS FIP foi constituído pelo Banco Santander Brasil, CNPJ n° 90.400.888/000142, tendo figurado como Administradora em 2010 e parte de 2011. A gestão ficou a cargo da BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. Registrou que para exercer a administração do Fundo, a instituição é remunerada anualmente a título de taxa de administração correspondentes a percentuais sobre o valor do Patrimônio Líquido do Fundo. Consignou que também foram eleitos, para o comitê gestor do BHCS FIP as pessoas abaixo discriminadas (responsáveis tributários segundo a fiscalização. Entendimento ratificado pela DRJ): a) Fernando de Oliveira Pinto; b) Juan Carlos Felix; e c) Fernando César Dantas Porfirio Borges Fl. 6685DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 28 27 Evidenciou que a Santander Securities, questionada acerca da complexa operação societária, em substituição a uma simples aquisição de participação societária, respondeu que não participava de decisões, apenas executando ordens emanadas da Carlyle, por meio do Comitê Gestor. Apontou que o Sr. Fernando Cezar Dantas Porfírio Borges, além de ser membro do Comitê Gestor do BHCS FIP, também figurava como procurador da TCG FBIE MANAGER (DELAWARE), L.L.C. E DA TCG FBIE ADVISORY SERVICES (DELAWARE), L.L.C., únicas sócias da TCG Gestor, que por sua vez, afirmara que não participou de qualquer decisão quanto à aquisição do Grupo Qualicorp. Relatou que a Santander Securities também afirma não ter contratado os escritórios de advocacia mencionados em documentação apresentada (por engano em sua avaliação), declarando expressamente que tal contratação foi efetuada pelo TCG Gestor, porém que a TCG Gestora nega ter contratado os escritórios de advocacia mencionados. Registrou que a partir de julho de 2011 a administração do fundo passou a ser conduzida pelo CRV Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários, que, posteriormente, teve sua denominação alterada para Santander Securities, que, por sua vez, afirma que a gestão do fundo nunca foi exercida por ela, mas pelo Grupo Carlyle por meio do Comitê Gestor, do qual faziam parte as pessoas físicas e jurídicas abaixo, e por meio da TCG Gestor. Fl. 6686DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 29 28 Responsáveis Solidários Assim, em razão das afirmações retro, a autoridade autuante arrolou os seguintes sujeitos como responsáveis tributários no "Demonstrativo de Responsáveis Tributários": BRL TRUST SERVIÇOS FIDUCIÁRIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA Responsabilidade Solidária de Direito. Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. Do presente caso, Administrador de Fundo Significa também Gestor do Fundo. Enquadramento: arts. 124, I e 134, I da Lei 5.172/66 (CTN). SANTANDER SECURITIES SERVICES BRASIL DISTRIBUIDORA Responsabilidade Solidária de Direito. Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. Do presente caso, Administrador de Fundo Significa também Gestor do Fundo, tendo em vista que a instituição atuou de ambas as formas. Enquadramento: art. 124, I e 134,1 da Lei 5.172/66 (CTN). Fl. 6687DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 30 29 BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A Responsabilidade Solidária de Direito Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. Enquadramento: art. 124, I e 134, I da Lei 5.172/66 (CTN). FERNANDO DE OLIVEIRA PINTO Responsabilidade Solidária de Direito Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. Do presente caso, a pessoa integrou o Comitê Gestor do Fundo de onde emanavam as decisões sobre a operação societária abordada no presente Auto de Infração. Enquadramento: art. 124, I e 134, I da Lei 5.172/66 (CTN). JUAN CARLOS FELIX ESTUPINAN Responsabilidade Solidária de Direito Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. Do presente caso, a pessoa integrou o Comitê Gestor do Fundo de onde emanavam as decisões sobre a operação societária abordada no presente Auto de Infração. Enquadramento: art. 124, I e 134, I da Lei 5.172/66 (CTN). FERNANDO CEZAR DANTAS PORFIRIO BORGES Responsabilidade Solidária de Direito Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo, notadamente parágrafos 206 a 217. No presente caso, a pessoa integrou o Comitê Gestor do Fundo de onde emanavam as decisões sobre a operação societária abordada no presente Auto de Infração. Enquadramento: art. 124, I e 134, I da Lei 5.172/66 (CTN). JOSE SERIPIERI FILHO Responsabilidade Solidária de Direito Motivação conforme Termo de Verificação anexo ao presente processo. Enquadramento: art. 124, I e 135, III da Lei 5.172/66 (CTN). Exoneração de dois responsáveis tributários pela DRJ (objeto de recurso de ofício) A DRJ afastou a responsabilidade somente em relação à SANTANDER SECURITIES SERVICES BRASIL DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS e BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., julgandose procedentes suas impugnações. Quanto aos demais responsáveis, julgou improcedentes as impugnações. Afastado o art. 134, III do CTN pela DRJ. Mantido art. 124, inc. I, CTN A DRJ afastou o enquadramento das ações dos responsáveis solidários das disposições do art. 134, inc. III do CTN Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: (...) III os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; Fl. 6688DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 31 30 Todavia, a DRJ manteve a responsabilidade solidária de tais recorrentes, com base nas disposições do art. 124, inc. I do CTN. As razões dos responsáveis solidárias serão avaliadas no voto, à frente. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Recurso Voluntário da Contribuinte O exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário da contribuinte, no caso, deve considerar a seguinte situação, previamente ao conhecimento do recurso. Na forma relatada, a contribuinte, juntamente com a Qualicorp Corretora, ajuizaram ação declaratória, com pedido de tutela provisória de urgência, face ao não acolhimento pela fiscalização e DRJ da (i) dedução das despesas havidas com amortização do ágio, pago pela empresa QC Holding II Participações S.A. ("QC II") na aquisição da Qualicorp Participações S.A. ("Qualipar") (de 2012 a 2017 para a Autora Qualicorp Administradora de Benefícios S.A., e de 2015 a 2017, para a Autora Qualicorp Corretora de Seguros S.A.), bem assim de (ii) despesas financeiras incorridas em razão da emissão de debêntures, no tocante aos períodos de apuração delimitados na inicial. Em 06/02/2018, a contribuinte obteve tutela provisória de urgência (Proc. 101827504.2017.4.01.3400, 16ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal) determinando a suspensão da exigibilidade do crédito tributário referente às glosas relativas à (i) amortização de ágio; e (b) juros pagos sobre debêntures, nos seguintes termos: Isso posto, DEFIRO o pedido de tutela provisória de urgência para, em caráter meramente declaratório, determinar a suspensão da exigibilidade dos valores a título de Imposto de Renda de Pessoa JurídicaIRPJ e Contribuição Social sobre o LucroCSLL: que seriam devidos caso não fosse amortizado o ágio surgido quando da aquisição de 72,95% da Qualicorp Participações SA pela QC Holding II Participações S.A., nos anoscalendário de 2012 a 2017 para a Autora Qualicorp Administradora de Benefícios S.A. e 2015 a 2017, para a Autora Qualicorp Corretora de Seguros S.A.; ii) correspondentes às despesas financeiras decorrentes das debêntures emitidas pela QC II; até ulterior decisão deste Juízo. [em pesquisa no site www.trf1.jus.br/PJe verifiquei que ainda não há julgamento de mérito e a liminar não foi cassada] Tal decisão foi trazida aos autos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em 08/03/2018 (fls. 6570/6591). Fl. 6689DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 32 31 Nova petição foi apresentada pela PFN, em 18/03/2019 (fls. 6595/6656), por meio da qual junta a petição inicial da referida ação judicial e requer a declaração de concomitância em relação às matérias e períodos tratados no presente processo administrativo (2011), coincidentes com as matérias e períodos submetidos ao Poder Judiciário (2012/2017). Arguiuse que, somente em relação às questões que envolvem a dedutibilidade das despesas de amortização de ágio, haveria delimitação temporal (2012 a 2017) na petição inicial de ação declaratória ajuizada pela contribuinte. Tal cautela para a não caracterização de concomitância (Súmula CARF nº 1) não teria havido, no que diz respeito às despesas financeiras decorrentes da referida emissão de debêntures. Sendo assim, sustenta a PFN que haveria concomitância, quanto a esse último ponto. Das Despesas de Amortização de Ágio Verificase, portanto, que a contribuinte manteve em seu recurso voluntário matérias que coincidem com o objeto da citada ação judicial, diferenciandose somente no que diz respeito ao período abrangido na esfera administrativa da via judicial. Não obstante o referido destaque quanto à diferenciação temporal, observase que a contribuinte registrou que os pedidos apresentados em juízo, referemse às mesmas operações societárias, objeto deste processo administrativo. Vejase os seguintes termos específicos da petição inicial: 3. Direito Apresentado todo o contexto e considerando que as operações que deram ensejo à amortização do ágio no anocalendário de 2011 são exatamente as mesmas que implicaram a amortização do ágio nos anos seguintes e dos anos que ainda estão por vir já se tem como certos os pontos de dissenso entre as Autoras e a Ré. De qualquer forma, a contribuinte pretende afastar a concomitância, com base no argumento de que, embora as discussões decorram das mesmas operações societárias, mesmo objeto, mesma causa de pedir e mesmas partes, o fato de se referirem a períodos distintos, afastaria a concomitância: nesta via administrativa, exclusivamente 2011; e na via judicial, 2012 a 2017. Dessa forma, chegar a uma conclusão segura sobre a pertinência desse argumento (questão temporal) é fundamental para se decidir sobre o conhecimento ou não do recurso voluntário, quanto às matérias que envolvem as glosas de amortização de ágio e de juros sobre debêntures. Vejase o seguinte trecho da petição inicial: Em vista da postura anterior do Fisco [autuação nos presentes autos] já é possível antever com clareza a resistência da Ré [Fazenda Nacional] quanto ao direito de dedução das despesas havidas com a amortização do ágio, bem como de despesas financeiras incorridas em razão da emissão de debêntures. Voltandose à análise. Não há dúvida quanto à delimitação temporal. Nestes autos administrativos a discussão cingese aos fatos geradores ocorridos em 2011. A discussão judicial, referese a períodos posteriores (2012/2017). Nesse ponto específico, a petição inicial citada assim destacou: Fl. 6690DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 33 32 Considerando o recorte ora posto (refletido nos pedidos formulados na presente exordial), temse a observância ao quanto dispõe o Parecer Normativo COSIT n° 7/14, que trata da concomitância entre processos administrativo fiscal e judicial com o mesmo objeto (nesse caso, há prevalência do processo judicial e consequente renúncia às instâncias administrativas). Em relação à expressão "mesmo objeto", o Parecer dispõe ser a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. De modo que, havendo divergência quanto aos períodos em discussão, evidente não se estar diante de mesmo pedido, motivo pelo qual não há qualquer concomitância entre a presente demanda e os processos administrativos acima referidos. Analisando esse ponto específico, entendo que a referida delimitação temporal, no caso, afasta a concomitância, isto é, não há como considerar que teria havido renúncia tácita pela contribuinte à esfera administrativa, em relação a 2011, ainda que o objeto da discussão judicial seja coincidente com o pedido, a causa de pedir e as partes, neste processo administrativo. Assim, vejo que cumpre conhecer do recurso voluntário quanto à discussão sobre a possibilidade jurídica de, nesse caso concreto (especificamente no que diz respeito aos fatos geradores verificados no ano calendário 2011) considerarse dedutível as despesas de amortização do ágio. Das Despesas de Juros sobre Debêntures Analisando esse último ponto da decisão judicial de tutela provisória de urgência, verificase que não houve expresso registro, tanto na petição inicial como na decisão, de que, a decisão só deveria refletir sobre os anos de 2012 e 2017, não somente em relação às questões relativas às despesas de ágio, mas também no que se refere às despesas financeiras decorrentes das debêntures. No entanto, não obstante a falta de expresso registro, é possível concluir que a delimitação temporal deve ser considerada, tanto para a discussão sobre as despesas de ágio, como para as despesas financeiras decorrentes das debêntures. Pois, se a contribuinte frisou que, os efeitos jurídicos de tal decisão só devem refletir sobre os anos 2012 a 2017 e de forma alguma, poderia coincidir com o ano de 2011, cujos fatos são discutidos, exclusivamente, nos presentes autos de processo administrativo fiscal, não há como negar que a discussão sobre as despesas financeiras decorrentes da emissão de debêntures, também se restringe aos respectivos anos de 2012 a 2017. Nessa linha, cumpre conhecer do recurso voluntário da contribuinte, também nesse ponto. Outras Matérias conhecidas do recurso da contribuinte Verificase que a contribuinte restringiu unicamente ao recurso voluntário, as matérias a seguir relacionadas, citadas no relatório retro: a) decadência total (5 anos); b) multa isolada (50%); Fl. 6691DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 34 33 c) multa de ofício qualificada (150%); e d) juros sobre a multa (Selic). Assim, conheço integralmente do recurso voluntário da contribuinte, eis que tempestivo e em conformidade com os demais pressupostos de admissibilidade. Recursos Voluntários dos Responsáveis Tributários Os recursos voluntários dos responsáveis solidários foram interpostos tempestivamente e atendem aos demais requisitos de admissibilidade. Não houve ajuizamento de ação judicial por parte responsáveis solidários. Portanto, não houve alegação de concomitância em relação a esses recorrentes. Assim, também conheço integralmente dos recursos voluntários de: a) BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda.; b) Juan Carlos Felix Estupinan; c) Fernando Cezar Dantas Porfírio Borges; d) Fernando de Oliveira Pinto; e e) José Seripieri Filho. Razões da Contribuinte Preliminar de Mérito Decadência Em relação à decadência, o acórdão recorrido fundamentou sua decisão nos seguintes termos: Com base no art. 150, §4°, do CTN, a defesa invoca a decadência, em síntese, sustentando que o Fisco não poderia no ano de 2016 questionar operações realizadas em 01.09.2010, as quais geraram o direito ao aproveitamento do ágio. Entretanto, as teses de decadência levantadas pelas defesas não prosperam. Senão vejase. A decadência constitui uma das hipóteses de extinção do crédito tributário a que se refere o art. 156 do CTN, cuja regra geral foi definida no art. 173, nos seguintes termos: Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Fl. 6692DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 35 34 Parágrafo único O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Nos casos em que o sujeito passivo tem o dever de anteciparse o pagamento do tributo sem prévio exame da Autoridade Administrativa, o prazo decadencial foi definido em cinco anos a contar da data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4o do CTN, transcrito em seguida: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 4° Se a lei não fixar o prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Os fatos geradores tributários (fatos imponíveis previstos nas hipóteses de incidência tributárias) não se confundem com os atos jurídicos que culminam na formação de ágio, bem como de seus respectivos registros contábeis. Assim, não se cogita o início do prazo decadencial antes de a contribuinte amortizar o ágio e reduzir o lucro real tributável. É a partir da amortização fiscal do ágio que se inicia a contagem do prazo decadencial para constituir o lançamento, seja pela regra do art. 150, § 4°, seja pela regra do art. 173, § 1°, ambos do CTN. A ocorrência do fato imponível previsto na hipótese de incidência tributária é que dá nascimento à obrigação tributária. Nos termos do art. 150, § 4°, do CTN, é a partir de então que a autoridade tributária tem cinco anos para constituir o respectivo crédito tributário, via lançamento. Na situação em apreço, em relação ao ágio, o fato gerador de IRPJ e CSLL de um anocalendário específico somente é afetado quando e se houver a sua amortização. Antes disso, não há o que lançar nem se pode cogitar em fruição do prazo para decadência. Nesta mesma linha, esta 2ª Turma já julgou essa matéria (decadência em amortização de ágio) e concluiu por não acolher a pretensão da recorrente, com base nos seguintes fundamentos: Acórdão: 1302002.793 Número do Processo: 16561.720063/201636 Data de Publicação: 08/08/2018 Fl. 6693DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 36 35 Contribuinte: AMBEV S.A. Relator(a): CARLOS CESAR CANDAL MOREIRA FILHO Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2011, 2012, 2013 Ementa: DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O instituto da decadência tributária diz respeito à ocorrência do fato gerador e sua posterior constituição por lançamento. Não havendo lançamento não há que se falar em decadência. (...) Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência suscitada (...) Acórdão: 1302002.786 Número do Processo: 10855.724094/201170 Data de Publicação: 18/06/2018 Contribuinte: FABRICA DE PECAS ELETRICAS DELMAR LTDA Relator(a): GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 Ementa: DECADÊNCIA ÁGIO PRAZO QUE SE INICIA DO FATO GERADOR E NÃO DOS ATOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A SUA OCORRÊNCIA A jurisprudência deste Conselho é uníssona a afirmar que a decadência ocorre quanto ao fatosigno presuntivo de riqueza, ensejador da obrigação tributária, e não dos atos/fatos pretéritos (...) Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência suscitada (...) Acórdão: 1302002.694 Número do Processo: 15563.720356/201398 Data de Publicação: 14/05/2018 Contribuinte: SENDAS DISTRIBUIDORA S/A Relator(a): GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2009, 2010 Fl. 6694DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 37 36 DECADÊNCIA ÁGIO PRAZO QUE SE INICIA DO FATO GERADOR E NÃO DOS ATOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A SUA OCORRÊNCIA A jurisprudência deste Conselho é uníssona a afirmar que a decadência ocorre quanto ao fatosigno presuntivo de riqueza, ensejador da obrigação tributária, e não dos atos/fatos pretéritos (...) Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência (...) Em tais casos, concluiuse que só poderia haver a constituição de crédito tributário, à vista da existência de obrigação tributária, que surge com o fato gerador do tributo e da respectiva dedução das despesas de amortização de ágio. Assim, a condição para a constituição do crédito tributário reside no fato gerador e não no registro do ágio. É da data utilização (dedução) das despesas de amortização de ágio e da sua influência no lucro real, que se considera o prazo para fins decadência e não do simples registro do ágio. Desse modo, não há fundamento para a arguição de decadência, sem que tenha ocorrido o fato gerador do tributo e sem a efetiva amortização do ágio (isso só ocorreu em 31/12/2011, IRPJ e CSLL). À cada amortização do ágio, corresponde a um suposto fato gerador, uma vez que a despesa influencia negativamente a tributação e, no caso, verificase que a intimação da recorrente deuse dentro do prazo de cinco anos. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso da empresa contribuinte, no que diz respeito à decadência. Das Despesas de Amortização de Ágio O acórdão recorrido ratificou a conclusão da fiscalização de que teriam sido excluídas indevidamente, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL referentes ao anocalendário de 2011, as referidas despesas de amortização do ágio pago pela empresa QC Holding II Participações S.A. ("QC II") na aquisição da Qualicorp Participações S.A. ("QualiPar"). A autoridade fiscal concluiu que o referido ágio decorreria de operação desprovida de propósito negocial, com a indevida utilização de empresas veículo, e na qual não teria ocorrido a necessária "confusão patrimonial" entre real adquirente e empresa adquirida, condição ao aproveitamento fiscal do ágio supostamente presente nos artigos 7º e 8º da Lei n° 9.532/72. Ainda consignou que não estaria comprovado, no caso concreto, que o fundamento econômico do ágio pago decorreria da expectativa de rentabilidade futura da QualiPar, uma vez que o demonstrativo apresentado, i.e., o Relatório Final de Avaliação EconômicoFinanceiro, elaborado pela KPMG ("Laudo de Rentabilidade Futura"), datado de 02/03/2011 e com database em 31/08/2010, seria posterior à aquisição desta empresa. Vejamse os seguintes trechos do TVF: Como restou demonstrado ao longo deste Termo, a real adquirente se situa fora do Brasil e, portanto, no caso da Fiscalizada, o ágio não poderia ser aproveitado Fl. 6695DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 38 37 tributariamente no país, pois não houve a 'confusão' patrimonial, condição básica para o seu aproveitamento fiscal, conforme preceitua o artigo o artigo 386 do RIR/99. O que se constatou foi uma tentativa ilícita de internalizar o ágio, por meio de incorporações de empresa veículo com o único propósito de reduzir as bases tributáveis do IRPJ e da CSLL." (fl. 23 do TVF) Em face de todo o exposto, concluise estarse diante de uma sequência de operações societárias abusivas e desprovidas de motivação extra tributária, cujas características não atendem aos requisitos legais para o aproveitamento fiscal dos encargos de amortização do ágio, de modo que se reputam indedutíveis as despesas de amortização do ágio computadas na apuração do IRPJ e da CSLL do sujeito passivo, referente ao anocalendário de 2011." (fl. 27 do TVF) Além do que já foi apontado acima, resta ainda ressaltar que a fiscalizada apresentou, mesmo após ser reintimada, apenas um Laudo de Avaliação, datado de março de 2011, ou seja, de 8 meses após ser efetuado o contrato de compra e venda de participação societária e 6 meses após a efetivação do pagamento da referida participação, ilegitimando dessa forma o ágio amortizado. Portanto, na sua origem, não há prova de que o ágio foi pago sob o fundamento econômico da rentabilidade futura da Qualicorp Participações, condição exigida pelo inc. III do art. 386 do RIR/99 para fins de amortização. A justificativa de rentabilidade futura foi buscada em momento posterior ao em que o ágio foi gerado." (fls. 2728 do TVF) De seu lado, a contribuinte apresenta os seguintes fundamentos, com base nos quais sustenta que as amortizações de ágio em questão preenchem as exigências formais para serem consideras despesas dedutíveis: todos os atos societários que acarretaram o aproveitamento do ágio pela Recorrente deramse de forma lícita e adequada para atingir os objetivos de todas as partes, bem como com o conhecimento dos órgãos competentes envolvidos, motivo pelo qual não há como prevalecer a tese da Autoridade Fiscal, mantida pela DRJ, de que este ágio não poderia ser amortizado para fins fiscais os atos societários não podem ser analisados e considerados isoladamente como fez, equivocadamente, o Sr. Auditor Fiscal; muito embora, a decisão recorrida tenha reconhecido que os "fatos não podem ser vistos isoladamente, verificase que a decisão recorrida recaiu no mesmo equívoco do Sr. Agente Fiscal, qual seja não analisou a integralidade da operação, contexto econômico e gerencial em que esta encontravase inserida; o acórdão recorrido, ao realizar a análise da efetiva operação demonstrada pela Recorrente no tópico II.2 da Impugnação, transcreveu apenas alguns trechos da operação que lhe pareceram convenientes (fls. 78 a 81 da decisão recorrida), ou seja, considerou fatos isolados da operação, na busca de justificar a glosa da amortização fiscal do ágio, o que não pode ser admitido por este E. CARF; não se pode analisar a operação "quadro a quadro", é necessário analisála como um todo. Vale dizer: não basta ver os fatos tais como descritos, fotografia a fotografia, mas sim analisar o filme como um todo; Fl. 6696DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 39 38 fazse necessária a busca pela verdade dos fatos, por meio da análise histórica e cronológica das operações praticadas com vistas à aquisição da QualiPar pelo Grupo Carlyle, ou seja, a análise do "filme", para se compreender o propósito negocial e econômico das operações societárias efetivamente realizadas e que, como consequência, ensejaram as deduções da amortização dos ágios ora discutidos; sobre a necessidade de se observar qualquer operação em conjunto com as demais operações relacionadas (análise do "filme" inteiro), servese a Recorrente do entendimento do Professor Marco Aurélio Greco [In Planejamento Tributário. São Paulo: Dialética, 2004, pp. 345346], in verbis: "A questão fundamental é saber como devemos enxergar a realidade, pois ela comporta mais de uma perspectiva. Pode ser vista fotograficamente, quadro a quadro e, com isto, chegaremos a uma conclusão positiva ou negativa em relação a cada quadro isolado. Mas também pode ser vista cinematograficamente, vale dizer, o filme inteiro. Qual das perspectivas adotar? Normalmente só sabemos qual é a história quando chegamos ao final, só no final entendemos o significado real de tudo que aconteceu. Esta é uma perguntachave porque fotograficamente uma determinada opção pode ser plenamente protegida e até mesmo querida pelo ordenamento jurídico, mas da perspectiva do filme ela pode aparecer como instrumento para um planejamento inaceitável. Da mesma forma, os vários tipos de contrato de compra e venda ou as operações de reorganizações societárias como a incorporação podem aparecer como instrumentos de planejamentos inaceitáveis." (g.n.) destacou as principais "fotografias", reproduzidas de maneira simplificada, que compõem o "filme" das operações societárias implementadas, nas quais sustenta que é possível ver a validade de cada um dos passos adotados, bem como o sentido econômico e o propósito negocial de todas essas operações; o Grupo Qualicorp, originalmente detido pelo fundador José Seripieri Filho ("Sr. José"), foi criado no Brasil em 1997, figurando como pioneiro e, desde então, líder, no segmento de administração, gestão e venda de planos de saúde coletivos, empresariais e coletivos por adesão, bem como serviços relacionados à área da saúde; em novembro de 2008, o GA Brasil Fundo de Investimento em Participações ("GA Brasil FIP") adquiriu 45,91% do Grupo Qualicorp, o qual era composto por uma sociedade holding denominada Qualicorp Participações S.A. ("QualiPar") que, por sua vez, era detentora de 99% da participação societária de cinco sociedades operacionais ("Operacionais"), quais sejam: (i) Qualicorp Administradora de Benefícios S.A. ("Qualicorp Benefícios", a Recorrente); (ii) Qualicorp Corretora de Seguros S.A. ("Qualicorp Corretora"); (iii) Qualicorp Consultoria em Saúde Ltda. ("Qualicorp Consultoria"); (iv) Qualicorp Administração e Serviços Ltda. ("Qualicorp Serviços") e (v) Convergente Consultoria e Corretora de Seguros Ltda. ("Convergente"); No início de 2010, o Grupo Carlyle, empresa norteamericana de gestão de fundos de private equity, que naquele ano já havia iniciado a aquisição de outros investimentos no Brasil12, demonstrou interesse em adquirir o controle do Grupo Qualicorp; Fl. 6697DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 40 39 conforme amplamente noticiado à época, pretendiase, com a entrada do Grupo Carlyle, o crescimento no Grupo Qualicorp por meio da aquisição de novas empresas e expansão no oferecimento de produtos para a classe média13: De acordo com o comunicado conjunto sobre o negócio, a venda do controle para o Carlyle vai permitir que a empresa tenha caixa suficiente para crescer por meio de aquisições até agora, a maior parte do crescimento da Qualicorp foi orgânico. como a Qualicorp já é conhecida no mercado por oferecer planos de saúde coletivo a preços, em média, 40% inferiores aos individuais, a entrada do novo sócio deve reforçar o caráter "popular" da empresa. Uma das metas do Carlyle Group é aumentar a oferta de produtos para as classes C e D. Segundo comunicado das companhias, o atendimento à classe média emergente é um segmento que se mostra "promissor" nos próximos anos"; após as tratativas e negociações entre as partes, o Grupo Carlyle propôs o modelo que seria adotado na aquisição. A despeito de o Grupo Carlyle ser cotista do BHCS Fundo de Investimento em Participações ("BHCS FIP"), domiciliado no Brasil, entendeuse que a aquisição direta da participação na holding QualiPar por esse fundo de investimento não seria a alternativa mais adequada, uma vez que poderia trazer limitações quanto a: (i) captação de recursos de terceiros; (ii) prestação de garantia; (iii) limitação da responsabilidade/dos riscos dos cotistas; e (iv) liberdade de negociação; Por esse motivo, a estrutura proposta pelo Grupo Carlyle, pelas razões estritamente negociais acima apontadas, previa que a aquisição ocorreria por meio das sociedades holding QC Holding I Participações S.A. ("QC I") e QC Holding II Participações S.A. ("QC II"), residentes no Brasil. a QC I e a QC II, apontadas ao longo de todo o TVF e da decisão recorrida como "empresas veículo", desprovidas de propósito negocial, decorreram de legítimas razões negociais, que serão explicadas adiante; 12/07/2010 celebrado Contrato de Compra e Venda de Ações (fls. 52154 dos autos), dispondo acerca da alienação, pelo Sr. José e pela GA Brasil FIP (vendedores) à QC II (compradora), de participação equivalente a 72,95% na QualiPar; enquanto o Sr. José alienou 2.252.494 ações ordinárias que detinha na QualiPar, correspondentes à metade de sua participação, o GA Brasil FIP vendeu a integralidade das ações até então detidas (3.824.184 ações ordinárias); cumpre mencionar que a operação acordada nessa data se deu entre partes absolutamente independentes, quais sejam, de um lado o Grupo Carlyle, representado pela QC II, e de outro lado o Grupo Qualicorp, na figura dos vendedores Sr. José e GA Brasil FIP; equivocase o Sr. Agente Fiscal ao apontar que, no Contrato de Compra e Venda de Ações, a QCI e a QCII não são mencionadas como compradoras, e sim o Grupo Carlyle e seus advogados, reforçando seu papel de empresas veículo"'(fl. 7 do TVF). evidente que QC II é mencionada como compradora no referido contrato, como inclusive já havia sido reconhecido pelo próprio Sr. Agente Fiscal: 11. No contrato acima mencionado figuram como: a. Vendedores: José Seripieri Filho (alienante de 27,05% por R$ 549.044.691,34) e G.A.Brasil FIP Fl. 6698DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 41 40 (alienante de 45,91%, por R$ 785.665.385,47) b. Compradora: QC II" (fls. 56 do TVF). a decisão recorrida, a esse respeito, reconhece que "fora celebrado o contrato de compra e venda de 72,95% da Qual/par com a QCIe QCII"14. a menção ao Grupo Carlyle como destinatário de notificações não tira a natureza de real adquirente da QC II, apenas denota que esta empresa faz parte daquele grupo econômico o que, repisese, é de pleno conhecimento do Sr. Agente Fiscal; ato subsequente à assinatura do Contrato de Compra e Venda de Ações, as partes passaram a praticar os atos societários pertinentes para a operacionalização da aquisição; 17/08/2010 emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, pela QC II (fls. 246283 dos autos), no valor nominal total de R$ 308 milhões, tendo como intervenientesgarantidoras a Qualicorp Corretora, a Qualicorp Serviços, a QC II e a Recorrente. parte dos recursos utilizados na aquisição da QualiPar (cerca de 20%) originouse da emissão de debêntures em comento. Tratase aqui, como bem apontado pela Fiscalização, da chamada aquisição alavancada (ou compras alavancadas ou "Leveraged Buyoufou apenas "LBO"), a qual consiste na tomada de empréstimo (capital de terceiro) para o pagamento de parte do preço de aquisição, comumente garantida por ativos da própria empresa alvo ou por ações desta detidas pelos seus investidores, sendo usual e normal, ainda, estruturas em que os pagamentos dos empréstimos são efetuados com os fluxos de caixa gerados pela empresa adquirida. o fato de as controladas da QualiPar atuarem como garantidoras das debêntures emitidas pela QC II não "reforça o caráter de empresa veículo da QCI e da QCII"(f\. 7 do TVF), como indevidamente entende o Sr. Agente Fiscal, mas diz respeito à própria natureza de que normalmente se reveste a aquisição alavancada15, sendo expediente comum a esse tipo operação. a despeito da alegação do Sr. Agente Fiscal de que a aquisição alavancada seria "artifício" que atuaria "reduzindo indevidamente o montante dos impostos devidos em exercícios futuros, por meio da dedução indevida de despesa de juros"'(fl. 8 do TVF), certo é que a aquisição alavancada não possui qualquer vedação legal na legislação pátria, sendo uma estrutura comum no mercado na medida em que permite aos investidores a aquisição da companhia alvo sem o desembolso da integralidade dos recursos, possibilitando a sua utilização em outros investimentos; temse uma opção de financiamento de aquisição que consiste em análise de viabilidade e oportunidade pelo adquirente, revestindose de caráter estritamente negocial, que não poderia ser questionada pela Fiscalização, como se apontará adiante; 01/09/2010 na data do fechamento da operação, uma série de atos societários foram realizados, a fim de operacionalizar e finalizar a aquisição acordada: aumento de capital da QC I, de R$ 1.000,00 para R$ 1.107.705.146,98, integralmente subscrito e integralizado pelo BHCS FIP, fundo sediado no Brasil; aumento de capital da QC II, de R$ 1.000,00 para R$ 1.107.705.146,98, integralmente subscrito e integralizado pela QC I. Fl. 6699DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 42 41 concluise a estrutura de aquisição pretendida pelo Grupo Carlyle, uma vez que a QC II passou a deter a integralidade dos recursos que seriam utilizados para a aquisição do controle da QualiPar: (i) R$ 1.100 milhões originários do aporte de capital do BHCS FIP na QC I; e (ii) R$ 308 milhões decorrentes da emissão de debêntures; fechamento da operação de aquisição da QualiPar pela QC II, mediante pagamento, em dinheiro, do montante de R$ 1.407.133,198,49 ao Sr. José e ao GA Brasil FIP; o Patrimônio Líquido (PL) da QualiPar, quando de sua aquisição pela QC II, era de R$ 181.701,125,96. Como o preço pago pela aquisição de 72,95% da QualiPar excedeu o montante de seu PL proporcional a esta participação (R$ 132.569.141,50), a QC II apurou ágio de R$ 1.274.564.056,99 na operação; nos termos do Laudo de Rentabilidade Futura elaborado pela KPMG, com base no método de fluxo de caixa futuro descontado a valor presente, avaliouse que o ágio registrado pela QC II tinha por fundamento econômico a expectativa de rentabilidade futura da QualiPar, nos termos da alínea "b" do § 2o do artigo 20 do DecretoLei n° 1.598/77; o Laudo de Rentabilidade Futura, embora seja datado de 02/03/2011, tinha como database 31/08/2010, i.e., baseavase nas informações contemporâneas ao fechamento da operação de aquisição da QualiPar; incorporação da totalidade das ações de emissão da QualiPar pela QC II, a valor contábil. Na relação de substituição das ações, determinouse que para cada ação da QualiPar de sua propriedade, o acionista Sr. José receberia 225, ações da QC II. Destarte, em contrapartida às 2.252.494 ações ordinárias incorporadas, o Sr. José recebeu 507.177.489 novas ações ordinárias de emissão da QC II; a referida incorporação de ações visava uma consolidação das participações do Sr. José e da QC II em uma holding comum e, principalmente, a transferência das debêntures para o contexto de ambos os acionistas finais; por fim, foi deliberada a incorporação da totalidade das ações da QC II pela QC I, também a valor contábil. Para cada ação ordinária de emissão da QC II, foi emitida, em favor do acionista Sr. José, uma ação ordinária de emissão da QC I. Assim, em contrapartida às 507.177.489 ações ordinárias incorporadas da QC II, o Sr. José recebeu 507.177.489 novas ações ordinárias de emissão da QC I; com a segunda incorporação de ações, a QC I passou a ter como acionistas o Sr. José e o BHCP FIP; após a aquisição da QualiPar e das incorporações de ações, teve início uma nova fase da reorganização societária, tendo em vista a oferta pública de ações que ocorreria em meados de 2011 e já era noticiada, meses antes, pelos veículos de comunicação: "A Qualicorp, corretora de planos de saúde comprada por fundos da gestora de fundos de participação Carlyle em julho do ano passado, vai abrir o capital na bolsa de valores, em uma oferta de ações que deve sair em meados deste ano. Segundo o Valor apurou, a Qualicorp planeja captar recursos com investidores para fazer a aquisição de concorrentes em um setor bastante pulverizado. Entretanto, além do dinheiro novo que ingressará na empresa, os sócios atuais também aproveitarão a oferta para vender parcela de suas ações." Fl. 6700DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 43 42 Buscouse, nessa nova fase, a racionalização e unificação das atividades então exercidas pelas companhias, resultando na simplificação operacional, no melhor aproveitamento das sinergias e na redução de custos e gastos, com otimização da estrutura administrativa do Grupo Qualicorp, facilitando o acesso ao mercado de capitais; 31/03/2011 tendo em vista tal intuito, nesta data foram realizados os seguintes eventos societários: incorporação da QC II pela QualiPar, que passou a sucedêla em todos os seus bens, direitos e obrigações, incluindo o ágio e a obrigação de pagamento de juros relativos às debêntures, nos termos do artigo 227 da Lei n° 6.404/76 ("Lei das SA.") ainda, por ter se verificado, nesse momento, a incorporação da investidora (QC II) pela investida (QualiPar), com a unificação do investimento adquirido com o ágio pago na aquisição da QualiPar, fundamentado na sua expectativa de rentabilidade futura, este último passou a ser dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, conforme disposto nos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97; notese que a Fiscalização, a este respeito, alega não ter havido a requerida unificação patrimonial, autorizadora da dedutibilidade fiscal do ágio, e parece demonstrar espanto ao alegar que " (...) se fez surgir na Qualicorp Participações o ágio que havia sido pago na sua própria aquisição"'(fl. 48 do TVF); não pode subsistir o argumento de que não teria ocorrido a unificação ou "confusão patrimonial". No que diz respeito ao fato de a QualiPar passar a ser detentora do ágio pago na sua própria aquisição, ressaltese que se trata da mera aplicação do artigo 8º da Lei n° 9.532/97, que expressamente reconhece o aproveitamento do ágio também na hipótese de incorporação da investidora, que pagou o ágio, pela investida a chamada incorporação reversa; cisão total da QualiPar, com versão das parcelas cindidas para suas controladas, as Operacionais, quais sejam: a Recorrente, Qualicorp Corretora, Qualicorp Consultoria e Qualicorp Administração, que sucederam a QualiPar em seu bens, direitos e obrigações; nos termos do § 1º do artigo 229 da Lei das S/A, "a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão"; coube à Recorrente o acervo cindido de R$ 7.466.658,21 da QualiPar, elevandose seu capital social para R$ 11.966.658,21, com a emissão de 2.990.118 novas ações, sem valor nominal, em benefício da Qualicorp S.A. (nova denominação social da QC I). Também à Recorrente foi vertida a parcela equivalente a 48,71% do ágio anteriormente contabilizado na QC II e na QualiPar, no montante de R$ 620.840.152,16. com a cisão total da QualiPar, seguida da incorporação das parcelas cindidas pelas suas controladas, as dívidas incorridas pela QC II foram transferidas às empresas operacionais do Grupo Qualicorp, quais sejam, a Qualicorp Corretora e a Recorrente, anteriormente controladas pela QualiPar. Abril/2011 a Recorrente, como sucessora de parcela cindida e do ágio da antiga QC II, passa a amortizar mensalmente o ágio decorrente da aquisição da QualiPar pela QC II; Fl. 6701DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 44 43 da análise do "filme" das operações efetivamente ocorridas, constatase que as operações societárias ("várias fotografias") que culminaram no aproveitamento fiscal dos ágios pela Recorrente visavam, desde sempre, a aquisição do controle da QualiPar pelo Grupo Carlyle, conforme estrutura por este adotada, por meio de pessoas jurídicas sediadas no Brasil, em razão de seus legítimos propósitos negociais; a dedutibilidade fiscal do ágio é a consequência do conjunto das operações analisadas, com o efetivo propósito negocial, motivo pelo qual não merecem prosperar as alegações feitas pelo Sr. Agente Fiscal, as quais foram indevidamente reproduzidas pela DRJ. À vista de tais fatos e fundamentos, entendo que assiste razão à contribuinte. Além do que, o fato de os recursos advirem de empresa no exterior, em si, não constitui fundamento para o não aproveitamento do ágio. Também não desnatura a ocorrência de confusão patrimonial. Não encontro em tal interpretação da fiscalização, mantida pela DRJ, descumprimento às disposições do artigo 386 do RIR/99, vigente à época (atual Lei nº 9.580/2018). Não tentativa ilícita de se internalizar o ágio, por meio de incorporações de empresa veículo. Não se vê abusividade ou operações desprovidas de motivação. O Laudo de Avaliação, datado de março de 2011, elaborado pela KPMG, com base no método de fluxo de caixa futuro descontado a valor presente, certificou que o ágio registrado pela QC II tinha por fundamento econômico a expectativa de rentabilidade futura da QualiPar, nos termos da alínea "b" do § 2o do artigo 20 do DecretoLei n° 1.598/77. Assim, ainda que datado de 02/03/2011, tinha como database 31/08/2010. Ou seja, baseavase nas informações contemporâneas ao fechamento da operação de aquisição da QualiPar. Verificase, ainda, que a operação se deu entre partes independentes, quais sejam, de um lado o Grupo Carlyle, representado pela QC II, e de outro lado o Grupo Qualicorp, na figura dos vendedores Sr. José e GA Brasil FIP. O fato de as controladas da QualiPar atuarem como garantidoras das debêntures emitidas pela QC II não "reforça o caráter de empresa veículo da QCI e da QCII"(f\. 7 do TVF), como indevidamente entende o Sr. Agente Fiscal, mas diz respeito à própria natureza de que normalmente se reveste a aquisição alavancada, sendo expediente comum a esse tipo operação. Observase que, a incorporação da investidora (QC II) pela investida (QualiPar), com a unificação do investimento adquirido com o ágio pago na aquisição da QualiPar, fundamentado na sua expectativa de rentabilidade futura, este último passou a ser dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, conforme disposto nos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97. Destacase, nesse ponto, a ocorrência da unificação patrimonial, autorizadora da dedutibilidade fiscal do ágio. Assim, não subsiste o argumento de que não teria ocorrido a unificação ou confusão patrimonial. No que diz respeito ao fato de a QualiPar passar a ser detentora do ágio pago na sua própria aquisição, ressaltese que se trata da mera aplicação do artigo 8º da Lei n° 9.532/97, que expressamente reconhece o aproveitamento do ágio também na hipótese de incorporação da investidora, que pagou o ágio, pela investida a chamada incorporação reversa. Fl. 6702DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 45 44 Assim, é possível concluir que as operações societárias realizadas resultaram validamente na possibilidade de aproveitamento fiscal do ágio pela contribuinte. Pois, desde o início, visouse a aquisição do controle da QualiPar pelo Grupo Carlyle e, para tanto, (i) houve aquisição, pela contribuinte, de participação societária adquirida com ágio; (ii) houve absorção da investidora pela investida, consoante previsão expressa do referido artigo 8o; e a fundamentação econômica do ágio está lastreada em expectativa de rentabilidade futura. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, neste ponto. Despesas Financeiras. Emissão de Debêntures. Captação de Recursos. Investimento O acórdão recorrido, manteve a conclusão da fiscalização de que não seriam dedutíveis as despesas financeiras decorrentes de emissão de debêntures. Pois, não seriam necessárias, normais e usuais para a manutenção da fonte produtora de receitas da contribuinte (art. 299, Dec. 3.000/1999, vigente à época). Registrou, ainda, que os efeitos da capitação de recursos por meio da emissão de debêntures operam, exclusivamente, em favor dos Investidores, não das sucessoras da Qualicorp Participações, entre elas a fiscalizada. Vejamse os seguinte fundamentos da DRJ: (...) com a utilização de empresa veículo, o passivo correspondente às debêntures foi transferido para as sucessoras da Qualicorp Participações, entre elas a fiscalizada, de tal modo que esta passou a figurar contratualmente como responsável pelo pagamento dos encargos devidos. Entretanto, é preciso primeiramente observar que, conforme evidenciam os fatos relatados no presente Termo, a incorporação não teve em conta exclusiva ou especialmente os interesses da Qualicorp Participações ou suas sucessoras. A incorporação foi decidida pelos seus novos controladores, os Investidores, visando atender aos seus interesses, não aos da investida. Logo, essa obrigatoriedade jurídica não é um efeito colateral, uma consequência derivada e inevitável de uma genuína atuação empresarial das sucessoras da Qualicorp Participações, mas sim um efeito provocado deliberadamente por seus novos controladores em benefício próprio, sendo que dentre tais benefícios figuram vantagens fiscais ilegais. A recorrente sustentou que, não haveria fundamento para a glosa de despesas financeiras decorrentes da remuneração paga pela QC II ao Bradesco S.A., único adquirente das debêntures simples, não conversíveis em ações, que emitiu, em 17/08/2010 (fls. 246/283), para levantar R$308 milhões que seriam necessários à complementação do valor pago para a aquisição societária da Qualicorp Participações (Qualipar). Deduziuse, como despesas financeiras (juros anuais) o montante de R$16.700.630,27, objeto de autuação nos autos em questão. Ressalta que, com a incorporação da QC II, a Qualipar passou a sucedêla em todos os seus bens, direitos e obrigações, incluindo o ágio e a obrigação de pagamento de juros relativos às debêntures (art. 227 da Lei n° 6.404/76). Assim, a aquisição da Qualipar foi financiada parcialmente por capital próprio da QC II, decorrente de aporte oriundo do BHCS FIP, parcialmente por conta da referida emissão de debêntures. Fl. 6703DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 46 45 A recorrente destaca que, para a sua "alavancagem", utilizouse da QC II, que teria sido indispensável para a conclusão do negócio, por meio da emissão de debêntures, captandose o valor remanescente para o investimento. A contribuinte ressaltou que, ao caso, também seriam aplicáveis às disposições do art. 374 do RIR/99, vigente à época, atual art. 398, Dec. 9.580/2018: Dec. 3000/1999. Art. 374. Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis, como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, parágrafo único): (...) Dec. 9.580/2018. Art. 398. Sem prejuízo do disposto no art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis como custo ou despesa operacional, observado o disposto nesta Subseção (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, § 1º). À vista das razões da DRJ e da recorrente, verifico que assiste razão à contribuinte, quando salienta que as despesas com juros oriundos de empréstimo contraído para financiar a aquisição do controle do Grupo Qualicorp, constituise em despesa operacional, portanto, dedutível, independentemente de sua vinculação direta com a aquisição do bem. Não cabe a atribuição de requisito ou premissa, como o de que tais dispêndios só seriam despesas operacionais, caso se referissem "ao ônus financeiro na aquisição de bem do imobilizado", como concluiu a DRJ. Dessa forma, a existência de previsão legal específica (artigo 374 do RIR/1999, atual art. 398, RIR/2018) que autoriza a dedução de juros decorrentes de empréstimos das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, independentemente do disposto no artigo 299 do RIR/99, vigente à época; e considerando que, no caso, a emissão de debêntures simples, para a aquisição de um único credor, o banco Bradesco S.A., caracterizase, em realidade como a empréstimos (endividamento) para a expansão empresarial da contribuintes, entendo que referidas despesas financeiras são dedutíveis nas bases do IRPJ e da CSLL. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, também nesse ponto. Multa Isolada. Multa Qualificada. Juros sobre Multa Com esse entendimento, ficam afastadas as seguintes matérias: a) multa isolada (50%); multa de ofício qualificada (150%); juros sobre a multa (Selic). Da Responsabilidade Tributária Diante das conclusões acima, quanto à dedutibilidade, no caso, tanto das despesas de amortização de ágio, quanto as despesas financeiras decorrentes da emissão de debêntures, não mais caberia a acusação confirmada pela DRJ de que teria havido interesse comum, por parte das pessoas indicadas, na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (art. 124, inc. I, CTN). No entanto, considerando que poderá haver divergência em relação às conclusões retro, passo ao exame das razões dos responsáveis tributários, com o intuito de Fl. 6704DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 47 46 verificar, caso a conclusão final, por maioria, seja por negar provimento ao recurso voluntário da contribuinte, se subsistiria as responsabilidades solidárias consignadas no acórdão recorrido. O acórdão recorrido registrou as seguintes conclusões a respeito: I afastamento da responsabilidade tributária imputada às sociedades Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services; não identificado interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (art. 124, I, do CTN) e pelo fato de tais sociedades não serem administradoras de bens da autuada (art. 134, III, do CTN). São administradores de bens dos investidores estrangeiros. Ademais, tal dispositivo não decorre da prática de ato ilícito; II manutenção da responsabilidade tributária imputada a José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Feliz Estupinam, bem como à sociedade BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda., com fundamento no art. 124, I, do CTN, por entender que participaram da constituição do fato gerador do obrigação tributária, na fase executiva, manifestandose o interesse comum de que trata o referido dispositivo; III Exclusão do art. 135, III do CTN, do fundamento legal da responsabilidade tributaria imputada a José Seripieri Filho e do art. 134, III, do CTN, do fundamento legal da responsabilidade tributaria imputada a BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda, Banco Santander do Brasil S.A, Santander Securities Services Brasil, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto e Juan Carlos Felix Estupinam. No primeiro caso, por inexistir prova de que, na época do fato gerador, José Seripieri Filho era diretor, gerente ou representante de pessoas jurídicas de direito privado. No segundo caso, pelo fato de a responsabilidade de que trata o art. 134, III, do CTN, não decorrer de ato ilícito. O art. 135, inc. III do CTN foi afastado pelo fato que de que não há nos autos evidência de que o Sr. Jose Seripieri seria diretor, gerente ou responsável pela fiscalizada, na época dos fatos geradores. Também não haveria demonstração de ato praticado com excesso de poderes, dolo, culpa ou com infração à lei, contrato social ou estatutos na fiscalizada, para imputar a responsabilidade com base em tal dispositivo. Em relação ao art. 134, inc. III, CTN, o acórdão recorrido afastou sua aplicação, com base no fato de que as pessoas arroladas fazem parte de comitê gestor de fundo pertencente aos investidores estrangeiros, especificamente o "BHCS Fundo de Investimento em Participações BHCS FIP". Portanto, são administradoras de bens dos investidores estrangeiros, não da autuada. Por serem os responsáveis relacionados pela autoridade fiscal administradores de bens da autuada, concluiu que não deveria subsistir o art. 134, inc. III, do CTN, como fundamento legal da responsabilidade tributária a eles atribuída. No que diz respeito ao art. 124, inc. I, CTN, o acórdão recorrido assim registrou: Os impugnantes refutaram a imputação da responsabilidade tributária com fundamento no art. 124, I, do CTN, em síntese, por considerarem que não tinham interesse comum na situação que constituísse o fato gerador da obrigação principal e Fl. 6705DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 48 47 por não terem cometido a infração tributária, que consiste na dedução das despesas consideradas indedutíveis. Por outro lado, a Autoridade Autuante, após relatar as operações realizadas que envolveram a reorganização societária, concluiu que houve ação conjunta, contínua e coordenada tanto dos investidores, através de seus agentes, quanto do Senhor José Seripieri Filho, na prática da infração tributária. Nesse contexto, de acordo com a Autoridade Autuante, a criação de duas empresas veículo, a capitalização em cascata das empresas veículo QC I e QC II pelo BHCS FIP (em primeira instância capitalizado pelos investidores do grupo Carlyle, sediados no exterior) e, logo após da aquisição da participação societária da Qualicorp Participações, a incorporação reversa da QC II, teriam substituído uma simples aquisição que poderia ter sido efetuada diretamente pelo BHCS FIP. (...) Primeiramente, é necessário compreender do que se trata o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, previsto no art. 124, I, do CTN. Para Maria Rita Ferragut1, é a ausência de interesses jurídicos opostos na situação que constitua o fato jurídico tributário, somada ao proveito conjunto dessa situação. Diferenciase da hipótese prevista no art. 124, II, do CTN, em razão, nesta hipótese, da ausência de interesse comum (entre as pessoas designadas em lei) no fato jurídico tributário. Para Marcos Vinicius Neder , o interesse jurídico surge a partir da existência de direitos e deveres comuns entre pessoas situadas no mesmo lado de uma relação jurídica privada que constitua o fato jurídico tributário. E ainda "as pessoas portadoras de interesses comuns são vinculadas por pessoas externas formadoras de solidariedade (consciência de grupo) que as une; enquanto, nos interesses coincidentes, o vínculo pessoal visa apenas atender a uma necessidade específica (tarefa) [ ...]. A situação a despertar o interesse comum referido no art. 124 do CTN é aquela consubstanciada na relação jurídica privada subjacente ao fato gerador do tributo [...]" Destarte, o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal é aquele que envolve duas ou mais pessoas na constituição do fato gerador. Assim, para imputação de tal responsabilidade, deve ser medida a conjugação de esforços entre as pessoas arroladas que tipifique tal interesse. Podese dizer que a imputação de responsabilidade solidária por interesse comum exige a demonstração cabal e inequívoca da relação do sujeito com o fato gerador. Os fatos geradores objeto do lançamento são a amortização fiscal do ágio e a dedução da despesa com juros pagos na emissão de debêntures. Conforme já decidido anteriormente, a reorganização societária, nos moldes em que ocorreu, decorreu de abuso de direito. Dessa forma, os referidos fatos geradores não se resumem às deduções indevidas das referidas parcelas, são, também, compostos/formados pelos os atos que permitiram que tais parcelas se enquadrassem na norma de contorno (incorporação da suposta investidora pela investida), esquivandose da norma contornada. (...) Fl. 6706DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 49 48 No caso concreto, José Seripieri Filho, BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto e Juan Carlos Felix Estupinam participaram da ocorrência do fato gerador na medida que estavam presentes na fase de execução, embora ausentes na fase de consumação. Aquela foi iniciada quando da aquisição do investimento por meio de empresas veículos, para que, ao final, houvesse a incorporação reversa e, finalmente, a amortização fiscal do ágio pela impugnante (fase consumativa). Da mesma forma, considerando que a QC II foi considerada empresa veículo, a emissão de debêntures por ela e a sua efêmera extinção, juntamente com os demais atos subseqüentes já relatados, acabou por transferir para a impugnante a despesas com juros pagos na emissão de debêntures, que foram indevidamente deduzidos. Destarte, rechaçase o argumento de que apenas o contribuinte poderia responder pelo crédito tributário decorrente das deduções indevidas. Vejase que: I Há nexo de causalidade entre as condutas realizadas pelos responsáveis e o resultado obtido (amortização fiscal do ágio e dedução de despesas com juros pagos na emissão de debêntures); e II Há conhecimento e vontade dos responsáveis no resultado fiscal final, já que, mesmo diante da inexistência de propósito negocial na utilização de empresas veículos, agiram para que o investimento fosse realizado por meio dessas empresas. Essas conclusões são possíveis após a análise, tanto da sequência de atos e datas em que ocorreram, sob suas autorizações, quanto do papel que cada um deles teve no processo de reorganização societária. Nesse contexto, quanto ao ágio, os atos relacionados com o ilícito estão presentes tanto executiva quanto consumativa, indo desde a decisão de investir na Qualipar, por meio de empresa veículo, passando pela decisão de a QC I incorporar a QC II e de se realizar a incorporação reversa da investidora pela investida, com a subsequente cisão da sociedade, até, finalmente, a amortização fiscal do ágio pela impugnante. No que se refere aos juros pagos na emissão de debêntures, o ilícito vai desde a decisão de sua emissão na empresa veículo até a dedução das despesas com juros pagos. À vista de tais conclusões da DRJ, os responsáveis solidários apresentaram as seguintes razões: BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. A BRL Trust alega que o auto de infração é nulo por falta de motivação, com base nos seguintes fatos e fundamentos: o acórdão recorrido não apresenta ato algum praticado pela BRL Trust que pudesse ser considerado como motivo para mantêla como responsável solidária da empresa contribuinte; a decisão recorrida afastou a responsabilidade dos administradores do BHCS HP, que possuíam cargos e funções com as mesmas limitações quanto ao poder de decisão, em relação aos investimentos do fundo e à administração da principal autuada. O afastamento da responsabilidade dos administradores do BHCS FIP obrigatoriamente implicaria a exclusão da BRL Trust do polo Fl. 6707DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 50 49 passivo do Auto de Infração, por possuírem poder idêntico de decisão perante as decisões de investimento do Fundo; não haveria como verificar qual a lógica de responsabilização externada pelo julgador tributário para configurar a responsabilidade tributária da recorrente e demais coobrigados; o julgador tributário entendeu que "o abuso de direito" que evitou a ocorrência do fato gerador do IRPJ e CSLL e criou as conexões necessárias para aplicação da norma de responsabilização do art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional dividiuse em dois momentos temporais: "fase de execução", em que foram executadas as várias e sucessivas etapas de aquisição, cisão e incorporação necessárias para compra de parte das ações da autuada pelo BHCS FIP, que geraram o ágio posteriormente utilizada na fase posterior; "fase de consumação", em que o ágio contabilizado pela aquisição do investimento foi efetivamente utilizado, com a inclusão das parcelas amortizáveis desse ágio na apuração do IPRJ e CSLL calculado pela empresa em 31 de dezembro de 2011. os participantes da "fase de execução" foram considerados responsáveis pelo pagamento do crédito tributário, por supostamente terem poder decisório para desencadear todos os atos societários e contratuais que deram origem ao ágio que serviu para abater o valor de IRPJ e CSLL a pagar em 31 de dezembro de 2011; o preenchimento do interesse comum constante do art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, exige a vontade dos responsáveis e sua autorização para que sejam considerados como devedores solidários ao sujeito passivo. É necessária a "decisão de investir", a "decisão de a QC I incorporar a QC II", a "decisão de realizar a incorporação reversa da investidora pela investida, com a subsequente cisão da sociedade"; a realização de investimentos pelo Fundo é aprovada pelo Comitê Gestor e de Investimento. A BRL Trust não detinha poderes para deliberação. Conforme se observa, cabe ao Comitê Gestor e de Investimento decidir sobre os investimentos do Fundo, definindo o voto a ser proferido pelo Administrador, procuradores ou conselheiros indicados pelo Fundo. Portanto, toda a decisão relacionada aos investimentos parte do referido Comitê. não entendeu porque a decisão recorrida não estendeu à BRL Trust (aplicou somente em relação às duas empresas Santander exoneradas) o seguinte entendimento da DRJ: "não se identificou, de fato, nenhum dispositivo no regulamento do fundo e tampouco na Instrução CVM nº 391/03, que atribuísse a competência ao administrador do fundo no sentido de avaliar e questionar os investimentos definidos pelo Comitê e de Investimento, ou seja, de vetar que investimento pretendido fosse realizado por meio de empresa veículo". Juan Carlos Felix Estupinan O responsável solidário, Juan Carlos Felix Estupinan, alega que o auto de infração é nulo por falta de motivação, com base nos seguintes fatos e fundamentos: Fl. 6708DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 51 50 a imputação de responsabilidade solidária ao recorrente, bem como aos Srs. Fernando de Oliveira Pinto e Fernando Cezar Dantas Porfírio Borges, decorreu exclusivamente do fato de serem integrantes do Comitê Gestor e de Investimento do BHCS (fundo de investimento com cotistas não residentes geridos pelo Grupo Carlyle); no entender da fiscalização, esse fundo de investimento, com a participação das pessoas físicas integrantes de seu Comitê Gestor e de Investimento, teria realizado a operação societária simulada para aquisição de investimento na QUALIPAR visando unicamente à redução do pagamento de tributos, através da dedução das despesas de amortização do ágio gerado nessa operação e das despesas com o pagamento de juros originados em operação de emissão de debêntures realizada para pagamento do preço de aquisição desse investimento; também alegou nulidade do auto de infração por falta de motivação, sob o argumento de que não há demonstração de ato praticado pelo recorrente que pudesse caracterizar interesse comum; subsidiariamente, nulidade material insanável, por afronta ao disposto no artigo 142, do Código Tributário Nacional, em razão de erro na indicação do sujeito passivo, na medida que ao recorrente não se aplicam as hipóteses de responsabilidade tributária previstas nos artigos 124, inciso I, e 134, inciso III, ambos do Código Tributário Nacional; a decisão recorrida inovou nos fundamentos fáticos para sustentar a imputação de responsabilidade tributária com base no artigo 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, trazendo novas justificativas e fundamentações, contra as quais o recorrente não teve oportunidade de se defender, importando em supressão de instância e em cerceamento do seu direito de defesa, o que ocasiona a sua nulidade, nos termos do artigo 59, inciso II, do Decreto n° 70.235/72; * Justamente em razão da fragilidade dos argumentos utilizados no Termo de Verificação Fiscal para imputar responsabilidade tributária ao Recorrente, a decisão recorrida pretendeu alegar que essa responsabilidade decorreria não apenas do fato de o Recorrente ser membro do Comitê Gestor e de Investimento do BHCS, mas também sob o novo argumento de que, apesar de o Recorrente não ter participado da "fase de consumação" do ato ilícito, qual seja: dedução das despesas com ágio e despesas financeiras, o Recorrente teria participado de "atos executórios" da operação que culminou com a consumação deste ato ilícito, configurando, assim, seu interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação tributário em questão. Esse entendimento pode ser verificado no trecho a seguir transcrito: "No caso concreto, José Seripieri Filho, BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda., Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto e Juan Carlos Felix Estupinam participaram da ocorrência do fato gerador na medida que estavam presentes na fase de execução, embora ausentes na fase de consumação. Aquela foi iniciada quando da aquisição do investimento por meio de empresas veículos, para que, ao final, houvesse a incorporação reversa e, finalmente, a amortização fiscal do ágio pela impugnante (fase consumativa). Da mesma forma, considerando que a Fl. 6709DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 52 51 QCII foi considerada empresa veículo, a emissão de debêntures por ela e a sua efêmera extinção, juntamente com os demais atos subseqüentes já relatados, acabou por transferir para a impugnante a despesas com juros pagos na emissão de debêntures, que foram indevidamente deduzidos. ocorre que, em momento algum, a fiscalização questionou qualquer ato que o recorrente supostamente pudesse ter praticado fora da condição de membro do Comitê Gestor e de Investimento do BHCS, isto é, a fiscalização, seja no Termo de Verificação Fiscal, seta no Termo de Responsabilidade Tributária, não fez qualquer juízo de valor a respeito de qualquer relação que o Recorrente pudesse ter com quaisquer pessoas jurídicas, além do fundo de investimento BHCS; assim, alega inovação, cerceamento de defesa; e supressão de instância; não há que se falar na existência de interesse comum do Recorrente enquanto participante de supostos atos executórios que levaram à posterior realização dos fatos geradores autuados, na medida que os atos praticados pelo Recorrente referemse à regular administração de uma pessoa jurídica, no caso a QC I e a QC II, e no interesse do BHCS, que está realizando um investimento, tendo o recorrente atuado estritamente até o momento da efetiva aquisição, com ágio, do investimento na QUALIPAR. Diferentemente do alegado pela decisão recorrida, até esse momento, não houve a prática de qualquer ato ilícito, sendo certo que todos os atos praticados foram devidamente registrados e refletiram a exata operação realizada, sem qualquer redução no pagamento de tributos. Ou seja, até onde restou demonstrada a participação do Recorrente, o que existiu foi uma regular operação de aquisição de investimento. Posteriormente, no ano seguinte à aquisição, quando o Recorrente já não participava da gestão da QCI e da QC II houve uma operação de incorporação da QC II pela QUALIPAR, seguida de cisão da QUALIPAR com versão de parte do acervo para a QUALICORP ADMINISTRADORA que, segundo a decisão recorrida, teriam como único objetivo a dedutibilidade das despesas de amortização de ágio e das despesas financeiras com debêntures, bem como a efetiva dedutibilidade de tais despesas pela QUALICORP ADMINISTRADORA. Neste momento, é certo que o Recorrente já não tinha mais qualquer relação com esses fatos, não podendo ser a ele atribuído interesse comum. Como poderia o Recorrente ter interesse comum sobre os supostos benefícios fiscais em questão se ele não interferia nas decisões que levaram a tal dedutibilidade e também não auferiria qualquer benefício econômico com a dedução? inaplicabilidade da multa qualificada no percentual de 150%, na medida que a fiscalização e a decisão recorrida não lograram êxito em comprovar que a empresa autuada e, muito menos, o recorrente, tenham cometido qualquer fraude e/ou ilicitude nos atos do qual participou, mas limitaramse a alegar meramente que operações regulares teriam sido praticadas para obtenção de economia fiscal, configurando apenas divergência quanto à interpretação dos efeitos fiscais de operações regulares; fundamenta, ainda, com base na Constituição Federal, art. 5º, inc. LV e art. 37; e Lei nº 9.789/99, art. 50; Fernando César Dantas Borges e Fernando de Oliveira Pinto Fl. 6710DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 53 52 Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, apresentaram as mesmas razões de recurso de Juan Carlos Felix Estupinam; José Seripieri Filho José Seripieri Filho, ratificou e reiterou as razões de recurso da empresa contribuinte e apresentou as mesmas razões de Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto e Juan Carlos Felix Estupinam, quanto à falta de motivação da responsabilidade solidária atribuída ao recorrente e inovação. Alega que a fiscalização teria atribuído tal responsabilidade ao recorrente, com base, na verdade, em fatos praticados por outras pessoas físicas e jurídicas; (i) não existe qualquer fundamento ou motivação da razão pela qual foi imputada a responsabilidade tributária do Recorrente nos parágrafos 206 a 217; e (ii) não há qualquer tipo de elo, vínculo, ou citação do Recorrente com a companhia autuada (Qualicorp Benefícios); não deve prevalecer a pretensão de se exigir o cumprimento da obrigação tributária do recorrente que não participou dos atos supostamente infracionais que teriam sido praticados pela Qualicorp Benefícios (i) de amortização do ágio durante o anocalendário de 2011; e (ii) a dedutibilidade das despesas com o pagamento de juros relativos às debêntures emitidas; não há no TVF a necessária demonstração da relação entre o Recorrente e a companhia autuada que autorizaria a sua responsabilização/inclusão no polo passivo da autuação fiscal; a falta de motivação da responsabilidade solidária, isto é, a falta de prova de interesse comum por parte do recorrente, impõe a declaração de nulidade do termo de sujeição passiva; pelos mesmos motivos defendidos pelos demais responsáveis solidários, alega que a DRJ inovou e por isso provocou a supressão de instância a e o cerceamento de defesa; impossibilidade de aplicação da multa qualificada (150%), pois não teria havido ocorrência de fraude e conluio nas operações de amortização de ágio e dedutibilidade de despesas com juros de debêntures realizadas pela Qualicorp Benefícios; o dolo é elemento imprescindível para que se caracterize a sonegação e a fraude, e, portanto, devem ser minuciosa e cabalmente comprovados pela Autoridade Fiscal, é notório que no presente caso a multa qualificada é tão indevida como a solidariedade, em razão da absoluta ausência de comprovação da prática dolosa do Recorrente, por inexistência de atribuição direta de atos por ele cometidos de forma ilícita, estes que devem ser acompanhados das devidas provas por parte da Fiscalização; À vista dos fatos e fundamentos arguidos pelos responsáveis solidários e das razões de decidir da DRJ, considerando, principalmente, a alegação dos recorrentes que a DRJ teria inovado, verificamos os pontos específicos consignados no TVF e nos autos de infração e observamos que, de fato, a fiscalização centrouse em fatos que, em seu entendimento, caracterizariam fraude (art. 72, Lei nº 4.502/64) e conluiu (art. 73, Lei nº 4.502/64), por parte dos investidores e alienantes. Fl. 6711DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 54 53 Observase que, a fiscalização partiu do pressuposto de que a estruturação de uma operação societária, independentemente de haver efetivo fluxo financeiro e respectiva tributação, além do atendimento de outros requisitos dispostos nos arts. 385 e 386 do Dec. nº 3.000/1999, vigente à época, já seria uma fraude, só pelo fato de resultar em dedutibilidade de amortizações de ágio. Sabemos, de qualquer forma, que esse entendimento não encontra embasamento legal. Assim, à vista dos exatos fundamentos da fiscalização, analisamos a arguição de inovação apresentada pelos recorrentes, responsáveis solidários, e concluímos que a DRJ realmente inovou, ao fundamentar sua conclusão de que a responsabilidade solidária, disposta no art. 124, inc. I, CTN, estaria caracterizada no fato de que os agentes teriam participado da fase de execução da operação e que, mesmo não tendo colhido frutos da fase de consumação, teriam agido com interesse comum com a situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal. Também apresentou extensa digressão sobre fatos históricos e movimentos societários que envolveram as empresas e os responsáveis solidários, sem contudo, aproximar do ponto em questão, isto é, se estaria por eles caracterizada a situação prevista no art. 124, inc. I, CTN. Entendo, portanto, que se trata de um entendimento totalmente distante dos fundamentos da fiscalização. Não vejo, nos autos a demonstração e enquadramento dos fatos nas disposições do art. 124, inc. I, CTN. Sendo assim, a conclusão é a de que assiste razão aos devedores solidários, tendo em vista a evidenciação de que não houve, por parte de nenhum deles, interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal. Pelo exposto, voto por dar provimento aos recursos voluntários dos recorrentes, José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Felix Estupinam e BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. Conclusão Por todo o exposto, voto por rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, voto por dar provimento aos recursos voluntários da contribuinte e dos responsáveis solidários, José Seripieri Filho, Fernando César Dantas Borges, Fernando de Oliveira Pinto, Juan Carlos Feliz Estupinam e BRL Trust Serviços Fiduciários e Participações Ltda. Recurso de Ofício O acórdão recorrido afastou a responsabilidade solidária das empresas SANTANDER SECURITIES SERVICES BRASIL DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS e BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., julgandose procedentes suas impugnações. Vejase o respectivo trecho: Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (tão somente quanto à exclusão da responsabilidade imputada às sociedades Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services procedida neste acórdão), de acordo com o art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF n° 63, de 9 de fevereiro de 2017 (exonerações acima de R$2.500.000,00), por força de recurso necessário. Fl. 6712DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 55 54 Verifico que a exoneração é superior ao limite de R$2.500.000,00, e que houve afastamento de responsabilidades, conforme prevê a Portaria MF n° 63, de 9 de fevereiro de 2017. Dessa forma, conheço do recurso de ofício. A DRJ examinou os documentos e informações apresentados pelas referidas empresas e concluiu que: No que se refere ao Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services Brasil, alegam que não têm interesse jurídico e tampouco econômico na constituição do fato gerador da obrigação tributária. É certo que os administradores devem zelar para que o fundo cumpra com suas obrigações e ter diligência na contratação de terceiros. No entanto, não se identificou, de fato, nenhum dispositivo no regulamento do fundo e tampouco na Instrução CVM n° 391/03, que atribuísse a competência ao administrador do fundo no sentido de avaliar e questionar os investimentos definidos pelo Comitê e de Investimento, ou seja, de vetar que investimento pretendido fosse realizado por meio de empresa veículo. (...) Conforme se verifica, somente a partir de julho de 2011 a administração e gestão do fundo passou a ser conduzida pela CRV Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários que, posteriormente, teve sua denominação alterada para Santander Securities. Na referida data, o investimento, nos moldes realizados, já havia sido efetivado, de modo que não se pode identificar qualquer ação coordenada do Santander Securities Services Brasil Distribuidora relacionado com o ilícito. É dizer, a fase executória do ilícito já havia se encerrado e a fase consumativa estava sendo operacionalizada pela fiscalizada. (...) Dessa forma, por não ter identificado poder de influência ou de veto na avaliação de investimentos propostos pelo Comitê Gestor e de Investimento, não se pode concluir que houve ação coordenada do Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services Brasil para realização do ilícito, o que ainda é mais evidente neste último, já que assumiu a administração e gestão do fundo somente a partir de julho de 2011. Destarte, afastase a responsabilidade imputada ao Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services Brasil, com fundamento no art. 124, I, do CTN, por inexistência de prova quanto ao interesse comum de que trata o referido artigo. Conclusão Afastamento da responsabilidade tributaria imputada às sociedades Banco Santander do Brasil S.A. e Santander Securities Services, já que não identificado interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária (art. 124, I, do CTN) e tampouco pelo fato de tais sociedades não serem administradores de bens da autuada (art. 134, III, do CTN). São administradores de bens dos investidores estrangeiros. Ademais, tal dispositivo não decorre da prática de ato ilícito. Fl. 6713DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 56 55 Com base em tais fatos e fundamentos, voto por negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Voto Vencedor Ricardo Marozzi Gregório Redator designado Sem embargo da excelente fundamentação contida no voto do ilustre relator, a maioria da turma entendeu que deveria divergir de suas conclusões quanto ao cancelamento da glosa das despesas de amortização de ágio. O relator entendeu que o fato de os recursos advirem do exterior não constitui fundamento para o não aproveitamento do ágio e que não desnatura a ocorrência da confusão patrimonial. Nada obstante, a utilização de empresas veículos (a QC I e a QC II) para internalizar aqueles recursos faz com que o ágio seja criado no âmbito patrimonial de quem não foi a real adquirente das participações societárias alienadas. Daí que não se observa a confusão patrimonial entre a real adquirente e o objeto da aquisição. A regra da amortização do ágio, por se tratar de um benefício fiscal, deve ser interpretada de maneira restritiva. Não há espaço para alargamento das situações expressamente previstas em lei. Por oportuno, vejase a transcrição do artigo 7º, caput, e do artigo 8º, alínea “b”, da Lei nº 9.532/97: Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (grifei) (...) Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: (...) b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. (grifei) A interpretação literal para a formação da norma conduz ao entendimento de que o ágio a ser amortizado é aquele surgido nos termos do que previu o artigo 20 do Decreto Lei nº 1.598/77. Isto é, somente a empresa que "detenha participação societária adquirida" naqueles moldes poderá figurar como incorporadora ou incorporada no evento que resultará no encontro do seu patrimônio com o da empresa investida. Fl. 6714DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 57 56 Em termos econômicos, tal como era antes regulado no âmbito do artigo 34 daquele mesmo DecretoLei, tratase de permitir, em razão da confusão patrimonial estabelecida, a dedução da perda de capital que era do investidor (só que, agora, garantindose sua expressão na totalidade do ágio contabilizado). Por isso, há que se exigir a presença do real investidor no evento da incorporação, melhor dizendo, quem efetivamente suportou a perda de capital. Contra esse entendimento, não importa que a operação tenha sido efetuada entre partes independentes. A previsão legal só permite que o ágio seja aproveitado pela real adquirente. Não é possível transferir para uma empresa veículo a formalidade da aquisição com o propósito preponderante de se obter a economia tributária. O negócio jurídico formalizado nessas condições não é oponível ao Fisco. A alegação de que a QC II possuía um propósito negocial (o de emitir as debêntures que possibilitaram a alavancagem financeira da operação) não se sustenta. Por mais que se alegue que o BHCS FIP não poderia contrair o empréstimo, essa vedação não existia para a QC I. Ela estava numa relação mais direta com os investidores e, depois das operações de incorporação de ações, passou a atuar como uma verdadeira holding (chegaram a alterar a sua denominação para Qualicorp S/A) ao ter seu capital aberto na oferta pública realizada em 2011. De qualquer maneira, mesmo que não houvesse essa outra empresa (a QC I) intermediando o investimento do Grupo Carlyle, é certo que a ordem de grandeza da alavancagem em relação ao total do investimento (de, aproximadamente, R$ 300 milhões / R$ 1.400 milhões) gera dúvidas acerca da existência da "relevância" desse propósito no contexto de toda a operação. Afinal, qual o montante relativo do empréstimo que seria suficiente para caracterizar essa "relevância". A se admitir qualquer quantia como "relevante", poderseá estar criando uma jurisprudência perigosa, onde qualquer grau de alavancagem seria suficiente para caracterizar o propósito negocial. A meu ver, para contornar esse problema, seria até possível permitir a dedução do ágio na medida da relação do empréstimo sobre o total do investimento (no caso 300/1400). Ou seja, o propósito da empresa veículo seria atestado na medida da necessidade do empréstimo. No caso presente, entretanto, entendo que a possibilidade de este ter sido contraído pela QC I (empresa que passou a atuar como uma holding, portanto, mais próxima dos investidores) macula essa possibilidade. Noutro giro, o fato de o laudo de avaliação ter sido elaborado em data posterior à constituição do ágio (pela QC II) acabou sendo um reforço argumentativo para alguns componentes da maioria vencedora. Para estes, a exigência legal não permite a mera utilização de informações contemporâneas ao fechamento da operação. Há que se elaborar o demonstrativo da rentabilidade futura antes desse fechamento. E a glosa deve ser mantida também com relação à CSLL. Mesmo que se reconheça a autonomia legislativa que essa contribuição possui em relação ao IRPJ, uma vez ocorrido o encontro do patrimônio da empresa investidora com o da empresa investida, através da operação de incorporação, o ágio se transforma em perda de capital e, com isso, desaparece o elemento contábil para a sua amortização. Assim sendo, cumpre investigar se seria possível considerar como dedutível a amortização de um item do ativo diferido, contabilizado a título de ágio exclusivamente por determinação da regra contida no § 2º, "a", do artigo 7º, da Lei nº 9.532/97. Para isso, há que se Fl. 6715DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 58 57 invocar o comando que consolidou a questão da dedutibilidade em matéria de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o artigo 13 da Lei nº 9.249/95: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) III de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; (grifei) Tratase, assim, de uma vedação de caráter geral, aplicável no caso presente à CSLL, na medida em que não se pode considerar que a amortização do item do ativo diferido, contabilizado como condição de aproveitamento de um benefício fiscal, seja intrinsecamente relacionado com a produção ou comercialização de bens ou serviços. Destarte, a amortização não seria dedutível da base de cálculo da CSLL mesmo que o ágio fosse considerado válido e dedutível para fins do IRPJ. Com a prevalência desse entendimento sobre o voto do relator, impõese enfrentar as questões relacionadas às seguintes matérias que haviam sido afastadas: multa qualificada, multa isolada e juros sobre multa. No que concerne às multas qualificadas, há que se recordar que a hipótese de qualificação da multa aplicada está contida no artigo 44, I, e seu § 1º, da Lei nº 9.430/961, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) 1 A redação originial desse dispositivo, abaixo transcrita, apesar de um pouco distinta, não altera o entendimento pronunciado na sequência. "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." Fl. 6716DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 59 58 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Por sua vez, os referidos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 são os que abaixo se reproduz: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Portanto, a qualificação (duplicação) da multa não decorre de nova infração. Ela surge quando a falta de pagamento ou recolhimento, a falta de declaração ou a declaração inexata estiver associada a uma das condutas típicas definidas como sonegação, fraude ou conluio. Tais condutas supõem a inequívoca constatação de dolo, elemento essencial do tipo, no seu mais puro sentido penal. Nas palavras de Marco Aurélio Greco2: Se não houve intuito de enganar, esconder, iludir, mas se, pelo contrário, o contribuinte agiu de forma clara, deixando explícitos seus atos e negócios, de modo a permitir a ampla fiscalização pela autoridade fazendária, e se agiu na convicção e 2 Cf. Marco Aurélio Greco ..., p. 253. Fl. 6717DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 60 59 certeza de que seus atos tinham determinado perfil legalmente protegido que levava ao enquadramento em regime ou previsão legal tributariamente mais favorável , não se trata de caso regulado pelo § 1º do artigo 44, mas de divergência na qualificação jurídica dos fatos; hipótese completamente distinta da fraude e da sonegação a que se referem os dispositivos para os quais o § 1º remete. A fraude penal não se confunde com a fraude à lei (ou fraude civil) acima invocada. Nesta última, o contribuinte enquadra sua conduta numa norma, mas vem o Fisco e o faz em outra. É um problema de qualificação jurídica. Por sua vez, a fraude penal, assim como a sonegação, são condutas típicas do direito penal também caracterizadas como crimes contra a ordem tributária (artigos 1º e 2º, I, da Lei nº 8.137/90). Tanto é que o § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96 ressalva a aplicação de outras penalidades criminais. Quanto à sonegação, não há dúvidas. Só se concretiza depois de ocorrido o fato gerador da obrigação tributária. Isso porque sua hipótese prevê uma conduta voltada para impedir ou retardar o “conhecimento”, pelo Fisco, “da ocorrência do fato gerador” ou “das condições pessoais de contribuinte”. A fraude, por outro lado, suscita mais dúvidas. A redação do artigo 72 da Lei nº 4.502/64 pode ser dividida em duas partes. Na primeira parte, temse as condutas de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. “Impedir ou retardar” é diferente de “não realizar”. Nos casos de planejamentos tributários, o contribuinte julga que sua conduta é alcançada por outro enquadramento legal e não pela hipótese do fato gerador. Como ensina Marco Aurélio Greco, essa parte do dispositivo legal tem sua aplicação restrita às situações em que “tiverem sido realizados atos que, substancialmente, representem o núcleo da definição do fato gerador, de modo que a sua ‘ocorrência’ seja mera etapa subsequente, e quase que inexorável, a introdução pelo contribuinte (ou outrem) de atos ou omissões que não permitam o aperfeiçoamento daquele fato gerador que iria ocorrer”. Afinal, só se impede ou se retarda algo que está em curso3. Na segunda parte, quando há alusão a excluir ou modificar as características essenciais do fato gerador, novamente, temse condutas que só se concretizam depois que este tenha ocorrido. É que só se pode excluir ou modificar algo que já exista4. O conceito de simulação, por sua vez, pode ser orientado pelo vício de vontade ou pelo vício de causa. São duas situações claramente distintas. Na simulação por vício de vontade, há o requisito do falseamento ou manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos. As partes declaram algum aspecto que seja falso, portanto, uma vontade aparente ou simulada (simulação absoluta), ou algum aspecto que tem por objeto encobrir outro de natureza diversa, portanto, uma vontade aparente ou simulada que encobre uma vontade real ou dissimulada (simulação relativa ou dissimulação). Tratase, com efeito, das hipóteses em que se concretizam condutas como a sonegação ou a fraude penais. Estamos fora do campo dos planejamentos tributários propriamente ditos. 3 Cf. Marco Aurélio Greco ..., p. 258. 4 Cf. Marco Aurélio Greco ..., p. 259. Fl. 6718DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 61 60 Por outro lado, na simulação por vício de causa, situações em que se verificam os planejamentos tributários inoponíveis ao Fisco, inexistem condutas maculadas pelo falseamento ou manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos. As partes deixam às claras as formas jurídicas empregadas. No presente caso, não se aponta qualquer falseamento ou manipulação de aspectos relevantes nessa situação. Por isso, não posso concordar com a qualificação da conduta nas figuras da sonegação ou da fraude penais. A aquisição de participação societária pela empresa veículo está maculada pelo vício da causa. Mas daí não decorre que houve falsidade material na sua execução. Muito menos que houve conduta concretizada após a ocorrência do fato gerador (sonegação ou segunda parte da fraude) ou conduta concretizada no iter formativo do fato gerador (primeira parte da fraude). Por tais razões, devese afastar a qualificação das multas aplicadas. Quanto às multas isoladas, prevaleceu o entendimento que rejeita a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. Nesse sentido, pela clareza da argumentação empreendida, peço vênia para reproduzir trecho, conquanto extenso, do voto proferido pela ilustre Conselheira Karem Jureidini Dias no julgamento realizado em 15/08/2012 (Acórdão nº 910101.455): A MULTA ISOLADA POR NÃO RECOLHIMENTO DAS ANTECIPAÇÕES A multa isolada, aplicada por ausência de recolhimento de antecipações, é regulada pelo artigo 44, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 9.430/96, verbis5: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (...) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) 5 Redação Original: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente. Fl. 6719DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 62 61 b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.” A norma prevê, portanto, a imposição da referida penalidade quando o contribuinte do IRPJ e da CSLL, sujeito ao Lucro Real Anual, deixar de promover as antecipações devidas em razão da disposição contida no artigo 2º da Lei nº 9.430/96, verbis: “Art.2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. §1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. §2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais)ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. §3º A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§1º e 2º do artigo anterior. §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo.” A natureza das antecipações, por sua vez, já foi objeto de análise do Superior Tribunal de Justiça, que manifestou entendimento no sentido de considerar que as antecipações se referem ao pagamento de tributo, conforme se depreende dos seguintes julgados: Fl. 6720DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 63 62 “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. CSSL. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ESTIMATIVA. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. 1. "É firme o entendimento deste Tribunal no sentido de que o regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode apurar o lucro real, base de cálculo do IRPJ e da CSSL, por estimativa, e antecipar o pagamento dos tributos, segundo a faculdade prevista no art. 2° da Lei n. 9430/96" (AgRg no REsp 694278RJ, relator Ministro Humberto Martins, DJ de 3/8/2006). 2. A antecipação do pagamento dos tributos não configura pagamento indevido à Fazenda Pública que justifique a incidência da taxa Selic. 3. Recurso especial improvido.” (Recurso Especial 529570 / SC Relator Ministro João Otávio de Noronha Segunda Turma Data do Julgamento 19/09/2006 DJ 26.10.2006 p. 277) “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO CSSL APURAÇÃO POR ESTIMATIVA PAGAMENTO ANTECIPADO OPÇÃO DO CONTRIBUINTE LEI N. 9430/96. É firme o entendimento deste Tribunal no sentido de que o regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode apurar o lucro real, base de cálculo do IRPJ e da CSSL, por estimativa, e antecipar o pagamento dos tributos, segundo a faculdade prevista no art. 2° da Lei n. 9430/96. Precedentes: REsp 492.865/RS, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ25.4.2005 e REsp 574347/SC, Rel. Min. José Delgado, DJ 27.9.2004. Agravo regimental improvido.” (Agravo Regimental No Recurso Especial 2004/01397180 Relator Ministro Humberto Martins Segunda Turma DJ 17.08.2006 p. 341) Do exposto, inferese que a multa em questão tem natureza tributária, pois aplicada em razão do descumprimento de obrigação principal, qual seja, falta de pagamento de tributo, ainda que por antecipação prevista em lei. Debates instalaramse no âmbito desse Conselho Administrativo sobre a natureza da multa isolada. Inicialmente me filiei à corrente que entendia que a multa isolada não poderia prosperar porque penalizava conduta que não se configurava obrigação principal, tampouco obrigação acessória. Ou seja, mantinha o entendimento de que a multa em questão não se referia a qualquer obrigação prevista no artigo 113 do Código Tributário Nacional, na medida em que penalizava conduta que, a meu ver à época, não podia ser considerada obrigação principal, já que o tributo não estava definitivamente apurado, tampouco poderia ser considerada Fl. 6721DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 64 63 obrigação acessória, pois evidentemente não configura uma obrigação de caráter meramente administrativo, uma vez que a relação jurídica prevista na norma primária dispositiva é o “pagamento” de antecipação. Nada obstante, modifiquei meu entendimento, mormente por concluir que tratase, em verdade, de multa pelo não pagamento do tributo que deve ser antecipado. Ainda que tenha o contribuinte declarado e recolhido o montante devido de IRPJ e CSLL ao final do exercício, fato é que caberá multa isolada quando o contribuinte não efetua a antecipação deste tributo. Tanto assim que, até a alteração promovida pela Lei nº 11.488/07, o caput do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, previa que o cálculo das multas ali estabelecidas seria realizado “sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição”. Destaco trecho do voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, no julgamento do Recurso nº 105139.794, Processo n° 10680.005834/200312, Acórdão CSRF/0105.552, verbis: “Assim, o tributo correspondente e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício. Eventuais diferenças, a maior ou menor, na confrontação de valores geram pagamento ou devolução do tributo, respectivamente. Assim, por força da própria base de cálculo eleita pelo legislador – totalidade ou diferença de tributo – só há falar em multa isolada quando evidenciada a existência de tributo devido”. É bem verdade que melhor seria se a penalidade em comento fosse tratada como uma pena aplicada pela postergação do pagamento de imposto ou contribuição, mas existe regra específica para o caso de ausência de pagamento ou pagamento a menor de antecipação devida de IRPJ e CSLL, sobrepondose, portanto, à regra da postergação. Adotada a premissa de que a imputação da multa isolada tem por fundamento norma primária sancionadora, em cuja hipótese está o descumprimento de obrigação principal, então a multa isolada é prevista para as hipóteses de não recolhimento ou recolhimento a menor do tributo na forma antecipada. Entendo que não há como se admitir que o valor da antecipação seja, após o encerramento do anocalendário, um tributo isolado. A antecipação não é inconstitucional, nem ilegal. Isto porque, como o próprio nome enseja, é mera antecipação de tributo – IRPJ e CSLL – apurado de forma definitiva após o encerramento do anocalendário, no caso de apuração na forma de lucro real anual. O disposto no artigo 44, inciso II, alínea “b” da Lei nº 9.430/96 veicula norma que estabelece a imputação de penalidade isolada pelo não recolhimento de IRPJ e CSLL, de forma antecipada. Dado o fato do não recolhimento do tributo no prazo estipulado para sua antecipação, deve ser imputada a multa isolada. No conseqüente desta norma resta claro que, como critério pessoal, temse de um lado o contribuinte sujeito ao pagamento da antecipação, de outro a União como sujeito ativo. Como critério quantitativo temse o percentual atual de 50% do tributo devido e não pago. Utilizase o termo tributo porque a sanção é aplicada sobre o descumprimento de obrigação principal. Fl. 6722DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 65 64 Neste passo, até o encerramento do anocalendário o que se tem por tributo devido é o IRPJ e a CSLL, apurados conforme cálculo previsto para antecipação. Já após o encerramento do anocalendário e apuração do IRPJ e CSLL pelo lucro real, não há como negar que o montante do tributo devido é aquele definitivamente apurado, após as adições, exclusões e compensações previstas em lei. Considerando que o IRPJ e a CSLL são auferidos ao final do anocalendário, sendo provisório o montante calculado nas antecipações, concluise que: i) Quando a multa isolada é aplicada durante o anocalendário, a base é o tributo até então apurado, conforme cálculo das antecipações, já que outro não existe a substituílo por definitividade naquele momento. ii) Quando a multa isolada é imputada após o encerramento do anocalendário e apuração definitiva do tributo devido, sem dúvida a hipótese de aplicação é a mesma, falta de recolhimento das antecipações, não obstante, sua base de incidência terá por limite o valor do tributo definitivamente apurado. Nem há que se imaginar que se nega vigência à norma em questão. O que ocorre é a eliminação, pela interpretação, de eventual contrariedade. Ressaltese que não se trata sequer de contradição, mas de mera e aparente contrariedade. Isto porque, tanto a multa isolada, quanto a multa de ofício têm seu lugar, bem como a multa isolada pode ser aplicada inclusive após o encerramento do anocalendário, mas, em se tratando de multa de natureza tributária, a base é o tributo que deixou de ser recolhido. Este tributo – IRPJ e CSLL – é aquele apurado conforme cálculo de antecipação até o encerramento do período e é aquele apurado pelo lucro real após o encerramento do período. Neste ponto, peço vênia para novamente transcrever trecho do voto do brilhante Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, proferido no julgamento do recurso nº 105139.794, já mencionado anteriormente, verbis: “(...) Vale dizer, após o encerramento do período, o balanço final (de dezembro) é que balizará a pertinência do exigido sob a forma de estimativa, pois esse acumula todos os meses do próprio anocalendário. Nesse momento, ocorre juridicamente o fato gerador do tributo e podese conhecer o valor devido pelo contribuinte. Se não há tributo devido, tampouco há base de cálculo para se apurar o valor da penalidade.(...).” Se o lançamento é efetuado antes do fim do exercício – portanto antes dos ajustes / apuração do lucro, base de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos – a base para imposição da sanção é aquela devida por antecipação e calculada até aquele momento. Naquele momento, inclusive, não há autorização para constituição de obrigação principal definitiva – tributo – especialmente porque o mesmo ainda não se quantificou definitivamente porque não concluído o fato gerador. Nestes termos dispõe o caput do artigo 15 da Instrução Normativa nº 93/97, verbis: “Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringirseá à multa de ofício sobre os valores não recolhidos.” Fl. 6723DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 66 65 De outra feita, em momento posterior ao encerramento do anocalendário, já existe quantificação do tributo devido definitivamente pelos ajustes determinados em legislação de regência, então esta é a limitação ao critério quantitativo da imposição de multa isolada. Vale destacar a lição de Marco Aurélio Greco a respeito do tema, verbis: “(...) mensalmente o que se dá é apenas o pagamento por imposto determinado sobre base de cálculo estimada (art. 2º, caput), mas a materialidade tributada é o lucro real apurado em 31 de dezembro de cada ano (art. 3º do art. 2º). Portanto, imposto e contribuição verdadeiramente devidos, são apenas aqueles apurados ao final do ano. O recolhimento mensal não resulta de outro fato gerador distinto do relativo período de apuração anual; ao contrário, corresponde a mera antecipação provisório de um recolhimento, em contemplação de um fato gerador e uma base de cálculo positiva que se estima venha ou possa vir a ocorrer no final do período. Tanto é provisória e em contemplação de evento futuro que se reputa em formação – e que dele não pode se distanciar – que, mesmo durante o período de apuração, o contribuinte pode suspender o recolhimento se o valor acumulado pago exceder o valor calculado com base no lucro real do período em curso (art. 35 da Lei n° 8.891/95)”. (In:“Multa Agravada em Duplicidade” São Paulo, Revista Dialética de Direito Tributário n° 76, p. 159). Tampouco é de se questionar esta interpretação com base no fato de que a multa em questão é aplicável até mesmo em casos de apuração de base negativa da CSLL e de prejuízo fiscal no anocalendário correspondente, conforme dispõe a alínea “b”, do inciso II, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, anteriormente capitulado no § 1º do citado artigo. O direito, in casu, deve ser analisado à luz da relação de coordenação existente entre a norma veiculada pelo artigo 44, inciso II, alínea “b” da Lei nº 9.430/96 e aquela veiculada pelo artigo 39, parágrafo segundo, da Lei nº 8.383/91, verbis: “Art. 39. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão optar pelo pagamento, até o último dia útil do mês subseqüente, do imposto devido mensalmente, calculado por estimativa, observado o seguinte: (...) § 2° A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto mensal estimado, enquanto balanços ou balancetes mensais demonstrarem que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto calculado com base no lucro real do período em curso.(...)” Referido dispositivo, conforme é possível constatar, autoriza que o contribuinte interrompa ou reduza os pagamentos devidos por antecipação desde que demonstre, por meio de balancete mensal, que o valor da estimativa anteriormente Fl. 6724DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 67 66 paga e, portanto, acumulada no período, excede o valor do tributo apurado com base no lucro ajustado no período em curso. Assim, a exegese que se extrai dos comandos legais contidos no artigo 44 da Lei nº 9.430/96, mesmo após as alterações inseridas pela Lei nº 11.488/07, é aquela segundo a qual o lançamento da multa isolada pode ser feito em duas hipóteses: (i) Antes da apuração do tributo devido no balanço do final do ano calendário, quando a base para a imposição da multa observará um dos seguintes critérios: (i.1) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir da margem setorial (o percentual definido em lei) da receita bruta acumulada; ou (i.2) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir do balanço de redução ou suspensão (neste último caso, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL). (ii) Após a apuração do tributo devido no balanço do final do anocalendário, somente se ficar constatado que houve parcela daquele tributo devido que deixou de ser paga na forma de antecipação (quando deveria ter sido paga nesta forma), mas foi paga no ajuste. A base para a imposição da multa corresponderá exatamente ao valor da mencionada parcela. Não se admite, por óbvio, que tal base supere o valor do tributo devido apurado. Assim, há que se verificar se os valores de estimativa a pagar foram deduzidos na apuração anual. Em caso positivo, isto significa que o tributo devido não foi recolhido nem como estimativa nem como resultado do ajuste, portanto, não se trata de cobrar multa isolada, mas, sim, de cobrar o tributo acompanhado da multa proporcional. Em caso negativo, isto significa que o tributo não foi recolhido como estimativa, mas foi recolhido como resultado do ajuste, portanto, é cabível a multa isolada. Contudo, a base para a imposição da multa deverá corresponder ao valor da estimativa não paga que deixou de ser deduzida na apuração anual do imposto devido. Não se admite, também, que essa base supere o valor do imposto devido calculado na apuração anual. A impossibilidade de lançamento da multa isolada concomitantemente com a multa proporcional é explicada na sequência do voto: CONCOMITÂNCIA DA MULTA ISOLADA E DA MULTA DE OFÍCIO Por tudo quanto exposto na interpretação da norma que dispõe sobre a multa isolada em razão do não pagamento, ou pagamento a menor de antecipações, concluise que esta é devida e calculada sobre a obrigação principal até então apurada. O mesmo ocorre com a multa de ofício que acompanha o lançamento referente à totalidade ou diferença de tributo que deixou de ser constituído pelo contribuinte, ao final do anocalendário. Verifico identidade quanto ao critério pessoal e material de ambas as normas sancionatórias, pois ambas alcançam o contribuinte – sujeito passivo – e têm por critério material o descumprimento da relação jurídica que determina o recolhimento integral do tributo devido. Inevitável, portanto, concluirse que impor sanção pelo não recolhimento do tributo apurado conforme lançamento de ofício que apura IRPJ e CSLL devidos ao final do anocalendário e impor sanção pelo não recolhimento ou recolhimento a menor das antecipações devidas, relativamente aos mesmos tributos, é penalizar o Fl. 6725DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 68 67 mesmo contribuinte duas vezes por ter deixado de recolher integralmente o tributo devido. Portanto, nestes casos, uma penalidade é excludente da outra. Se o que prevalece para fins de quantificação da obrigação principal é o valor decorrente da apuração final, consolidada e definitiva do tributo – justamente porque as antecipações são apurações provisórias do mesmo tributo – também assim deve ser em relação a aplicação das penalidades: prevalece a multa aplicada quando o contribuinte não recolhe o tributo devido em conformidade com a apuração definitiva. Além disso, é inegável que no caso em análise a aplicação da multa isolada é mera penalização de conduta meio de deixar de recolher tributo, uma vez que, por meio do mesmo lançamento, foi constituída, também, multa de ofício pelo não recolhimento de tributo apurado quando da consolidação da obrigação principal devida no exercício e não constituída/recolhida pelo contribuinte. Neste ponto vale destacar outro trecho do bem elaborado voto proferido pelo Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, em julgamento já referido, realizado nesta mesma Turma, a respeito da matéria ora sob análise, tratando do princípio da consunção da condutameio pela condutafim, verbis: “Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bem jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, devese investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma natureza para a prática da infração maior. No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Assim, a interpretação do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penalizado de forma mais gravosa que o ilícito principal. É o que os penalistas denominam “princípio da consunção”. (Recurso do Procurador nº 105139.794– Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais – Rel. Marcos Vinícius Neder de Lima – Sessão de 04/12/2006) Adicionalmente, vale notar que é possível valorar as duas penalidades e estabelecer qual delas deve ser aplicável porque, em casos como o ora analisado, senão em razão da identidade de critérios pessoal e material das duas penalidades, ou por força da impossibilidade de se apenar conduta meio e conduta fim, também Fl. 6726DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 69 68 porque a lei que estabelece as referidas multas não determina expressamente que deve haver concomitância. A lei não estabelece concomitância, não se tratando in casu de contradição. E como não há determinação legal de que ambas sejam aplicadas, o que vemos é um caso de aparente contrariedade. Ou seja, há aplicação normativa por excludência, segundo o que se determina a aplicação de uma ou de outra penalidade, a depender do caso, da valoração do bem maior a ser protegido, e das condutas incorridas pelo contribuinte. Se somente houve falta de recolhimento das antecipações esta é a conduta fim. Se, por outro lado, o contribuinte além de não recolher as antecipações, também deixou de constituir/recolher o tributo devido conforme a apuração definitiva, ocorrida após o encerramento do anocalendário, então aquela é conduta meio desta que é a condutafim. Destarte, há concomitância se multas isolada e proporcional forem aplicadas como consequência da não antecipação de parcela do tributo devido que também não foi paga no ajuste. Isso ocorre, por exemplo, quando se verifica uma omissão de receita. A receita excluída no cálculo da estimativa é uma etapa preparatória do não pagamento do tributo devido no balanço final do mesmo anocalendário. O mesmo fenômeno ocorre quando se efetua uma glosa de despesa que havia sido incluída no cálculo da estimativa apurada em balanço de suspensão ou redução. O impacto que a não antecipação causa na apuração do tributo devido é devidamente penalizado pela multa proporcional. Observese que esse entendimento foi confirmado pela Súmula CARF nº 105, verbis: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Mesmo que se defenda que esta súmula não se aplica aos fatos geradores posteriores à edição da Medida Provisória nº 351/07, a qual foi convertida na Lei nº 11.488/07, como já ressaltado, o entendimento aqui firmado permanece inabalado com as alterações promovidas pelos referidos estatutos legais. No caso em apreço, a fiscalização lançou as multas isoladas pelo não pagamento das estimativas recalculadas como decorrência das infrações autuadas. Essas mesmas infrações impactaram a apuração feita pela fiscalização dos tributos devidos no final do anocalendário. Tratase, portanto, de concomitância. Por isso, devese afastar também a aplicação das multas isoladas sobre estimativas. Por fim, relativamente aos juros sobre multa, já existe jurisprudência consolidada nesta Casa acerca da questão. Confirase: Fl. 6727DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 70 69 Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Como se sabe, este Colegiado está obrigado a observar os textos de lei e de súmula na conformidade do que preveem os artigos 62 e 72 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/15: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (grifei) (...) Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Por conseguinte, não prospera a alegação de que se deve afastar os juros incidentes sobre as multas aplicadas. Foram essas as razões pelas quais a turma, nas referidas questões, entendeu por divergir do voto do relator. (assinado digitalmente) Ricardo Marozzi Gregório Declaração de Voto Gustavo Guimarães da Fonseca Valhome desta declaração apenas e tão somente para esclarecer minha posição quanto ao afastamento da exigência de juros sobre multa e, assim, resguardar minha pretensão de permanecer no cargo de Conselheiro, cujo munus assumi, honrada e orgulhosamente, e também quanto ao pedido sucessivo concernente à compensação de valores pagos no exterior. Fl. 6728DF CARF MF Processo nº 16561.720219/201689 Acórdão n.º 1302003.474 S1C3T2 Fl. 71 70 Isto porque, destaquese, particularmente quanto ao Juros Incidentes sobre a Multa de Ofício, não dei provimento ao Recurso Voluntário por entender correta a tese jurídica do contribuinte neste ponto, valendo frisar que não desconheço o teor da Súmula/CARF de nº 108 e nem tampouco as consequências regimentalmente previstas quanto ao seu afastamento. Sempre me manifestei pelo cabimento do cômputo do juros sobre a multa de ofício, mesmo antes da edição da predita Súmula. As razões de minha decisão, neste caso, cingem à coerência entre o que acordei quanto ao mérito e as decorrências de semelhante posicionamento... é que, se dei provimento ao Recurso Voluntário no mérito, lógico, e consentâneo, seria acordarse pelo afastamento da própria multa de ofício! Se não há crédito (melhor dizendo, se entendo inexistir infração à legislação tributária mormente por entender não ter ocorrido na espécie simulação a justificar a desconsideração dos negócios pactuados), não há multa; se não há multa, não há juros sobre ela incidíveis. O problema é que este Colegiado vem adotando entendimento majoritário, digase, a meu sentir, e com a devida e maxima venia, equivocado, de que, superado o mérito, mesmo os Conselheiros que proveram o apelo quanto ao seu objeto principal, estariam instados a se pronunciar sobre os pedidos sucessivos (cuja análise restaria prejudicada acaso providas as razões de insurgência do contribuinte). Semelhante posição, contudo, revela e, insisto aqui na vênia pedida, revelaria uma inegável incongruência, e até contradição, entre o que decidi e o que estou sendo compelido a analisar. Não me é dado afastar a existência do próprio crédito tributário e, contrario sensu, manter a exigência quanto a parte que lhe é acessória ou menor (multa e juros ou o próprio crédito, contudo, em menor proporção). Vale a minha persistência: em tese, sempre achei cabível a exigência de juros sobre a multa de ofício, mesmo antes da edição da prefalada Súmula 108. Afasto, neste feito, tal cobrança apenas por coerência lógicosistêmica com o que decidi em relação ao próprio crédito tributário, mesma lógica que me impõe dar provimento ao apelo tambem quanto a compensação do imposto pago no exterior Por tais razões que, quanto aos juros sobre multa e a aludida compensação, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 6729DF CARF MF
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