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Numero do processo: 10880.941617/2012-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.809
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Por economia processual, adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de análise e acompanhamento de PER/DCOMP transmitido pela contribuinte em 23/12/2011, através do qual pretendeu ressarcimento de valores credores de PIS nãocumulativo vinculados à receita de exportação relativos ao 3º trimestre de 2011. Posteriormente houve transmissão de DCOMP. A repartição fiscalizadora efetuou auditoria e produziu Informação Fiscal onde dissecou, pormenorizadamente, os problemas encontrados, tendo apontado RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 41 61 7/ 20 12 -1 4 Fl. 2522DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.523 2 valor passível de ressarcimento (fl. 1.845). Foi emitido Despacho Decisório por meio do qual foi reconhecido parcialmente o direito creditório relativo ao PIS nãocumulativo vinculado à receita de exportação (3º trimestre de 2011), sendo homologada parcialmente a compensação declarada na DCOMP nº 18959.10243.050612.1.3.084049. Não foi homologada a compensação declarada na DCOMP nº 41233.11463.130612.1.3.081476. Desse Despacho Decisório a contribuinte tomou ciência em 13/05/2013 (relação SCC na fl. 2.009) e, não se conformando, apresentou, através de procuradores, longa manifestação de inconformidade onde, inicialmente, referiu à tempestividade e aos fatos, aduzindo a seguir (de forma sintética): 1) Índice de rateio proporcional relativamente às receitas de exportação e do mercado interno: a Fiscalização alterou o índice de rateio proporcional dos créditos do PIS calculados sobre custos e despesas comuns à receita do mercado interno e de exportação. Seu entendimento era de que o momento do embarque da mercadoria é o paramento a ser considerado para a apuração dos valores exportados a cada mês, conforme o artigo 1° do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 22, de 5 de novembro de 2002. Considerou como receita de exportação os valores constantes no SISCOMEX conforme a data de embarque das mercadorias, extraindo os dados do sistema DWAduaneiro. Contudo, resta totalmente equivocado o entendimento fiscal, quer em razão de que o ADI SRF n° 22/2002 não é aplicável na apuração de créditos de PIS nãocumulativo, quer por este entendimento não possuir base legal, bem como violar as normas de apuração da contribuição. Ademais, a interpretação fiscal colidiria com o § 3º do art. 6º, c/c § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003 (repetido pela Lei nº 10.637, de 2002), que dispõe que o rateio será proporcional ao auferimento de receitas, sem impor que tenha havido o embarque da mercadoria ao exterior para que as receitas auferidas fossem consideradas de exportação. 2) Glosa de créditos sobre bens e serviços utilizados como insumos: a) inaplicabilidade das INs SRF nºs 247/2002 e 404/2004: contesta o conceito de insumo utilizado nas IN SRF nº 247, de 2002, e 404, de 2004, invocadas no DD para glosar seus créditos. b) bens/serviços utilizados como insumo pela empresa: considerando que a madeira é o principal insumo para a fabricação da pasta da celulose, todos os dispêndios com bens e serviços adquiridos para o plantio, corte, colheita, transporte das toras de madeira possuem classificação jurídica e contábil como custos de produção, razão pela qual classificálos de forma distinta, e por conseqüência, glosar os créditos de PIS é ato praticado ao arrepio da lei. Insumo e custo possuem o mesmo sentido e refletem a mesma realidade, razão pela qual, todos os itens que compõem o custo de produção ensejam o direito ao crédito de PIS, a menos que sejam vedados expressamente pela Lei n° 10.833/2003, como é o caso, por exemplo, de custos incorridos com a aquisição de bens e serviços de pessoa física ou de pessoas jurídicas estrangeiras (§ 3º do art. 3º). Mesmo sendo custo de produção, os créditos sobre tais dispêndios são vedados, pois não implicariam na cumulatividade dos contribuintes. No caso dos autos, todos os créditos que foram glosados decorrem de bens e serviços adquiridos que representam efetivamente um custo de produção, pois são eles utilizados como Fl. 2523DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.524 3 insumo e indispensáveis à produção dos produtos destinados à venda pela empresa, sendo legítimo o crédito apropriado, razão pela qual deve ser dado provimento à presente manifestação. c) insumos glosados indevidamente: refere à Informação Fiscal, reclamando do entendimento exposto acerca de glosas de diversos insumos, dentre outros: bens e serviços relativos ao tratamento de resíduos, arames utilizados para transporte de fardos e celulose, embaladores de bobinas, estrados de madeira e pallets, despesas com mão de obra inespecífica, insumos relacionados à logística/transporte, baterias, pilhas, carregadores e acessórios, materiais de consumo de informática, materiais para laboratório, serviços de gerenciamentos, extintores, materiais de papelaria, palestras, festas e eventos, limpeza industrial, serviços de combate a incêndio, armazenagem de insumos, serviços de projetos, serviços relacionados a parte laboratorial, desenvolvimento de software, locação de andaimes, locação de container, assinatura de manuais de legislação, gerenciamento de arquivos, seminários da NR10, segurança patrimonial, alpinismo industrial, eventos com fórum de marketing, vigilância, serviços fotográficos e de mídia, serviços relacionados ao setor de Recursos Humanos, inspeção da NR13, serviços administrativos, reforma de mobiliário, programas de formação profissional e instalação de fibras ópticas e rede, transporte de pessoal, gastos com lanches e refeições, equipamentos de proteção individual (luvas, capuzes, botinas de segurança, entre outros) e combustíveis utilizados para o transporte e manejo dos insumos. Contudo, os bens e serviços glosados pelo Fisco são parte essencial no processo produtivo, tendo sido desconsiderados esses insumos sem qualquer critério legal, sem qualquer embasamento jurídico. Requer, em razão do grande número de insumos e o exíguo prazo para a manifestação de inconformidade, a realização de diligência para a comprovação de que os bens e serviços adquiridos pela empresa são efetivamente custos ligados à sua produção ou fabricação. d) crédito sobre insumos empregados na constituição de florestas: o Fisco glosou créditos referentes a gastos com insumos florestais, isto é, valores dispendidos necessários à formação e ao desenvolvimento das florestas. Disse que todo bem ou serviço utilizado pela empresa antes do tratamento físico químico da madeira em si não podem ser classificados como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP e do COFINS não cumulativos. Ao invés disso, as reservas florestais devem ser tratadas como sendo um ativo Imobilizado da empresa. Mas o art. 1º da Lei n° 10.833/2003, preceitua que o PIS na incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. No caso das empresas de celulose, os custos de produção se iniciam com o desenvolvimento de mudas de eucalipto, se intensificam na formação das florestas e, se encerram após a transformação da madeira em celulose. Todos os dispêndios com bens e serviços adquiridos para o plantio, corte, colheita, transporte das toras de madeira possuem a natureza jurídica de insumo, visto que são indispensáveis à elaboração da pasta de celulose, que é o produto final da empresa destinado à venda, razão pela qual a glosa dos créditos se encontra ao arrepio da lei. Assim, todos os gastos listados nas planilhas elaboradas pela fiscalização que tiverem ligação à formação de Fl. 2524DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.525 4 florestas ou silvicultura, por constituírem insumo na produção da celulose, devem gerar direito a crédito de PIS. Deve ser reformado o DD. e) insumos não adquiridos de terceiros: a Fiscalização afirma que não dá direito a crédito itens tais como clonagem, pesquisa, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate a incêndio e colheita. Mas a empresa só apropria créditos decorrentes de bens/serviços adquiridos de terceiros, não se apropriando de créditos sob sua própria mão de obra. Todos os serviços citados só compuseram a base de cálculo dos créditos se foram adquiridos de terceiros. Desta forma, resta patente a improcedência da glosa sob essa rubrica, devendo ser julgada procedente sua manifestação. f) fretes: disse o Fisco que quaisquer serviços de transporte não relacionados à entrega de mercadorias diretamente aos clientes não podem ser considerados como sendo insumo. Seguindo esta orientação dada pela COSIT acerca do termo, entre outros, não foram considerados como insumo: armazenagem/transporte de papel e logística. Neste item não há diferença entre o frete pago na aquisição de insumos, na transferência de produtos em elaboração ou para colocação do produto acabado no estabelecimento vendedor. Todos estes gastos são tidos como custo de produção (art. 187, II, da Lei n° 6.404/1976), constituindo insumos, cujo crédito é assegurado pelo inciso II do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. O inciso IX do art. 3º dessas leis assegura apenas o frete que constitui uma despesa de venda, que é o frete pago pelo vendedor para entregar o produto ao comprador. Os gastos de frete da empresa, portanto, até o momento em que o produto está colocado à venda, mesmo se este frete for despendido após o produto estar acabado, irão integrar o custo da mercadoria ou produto vendido (art. 187, II, da Lei nº 6.404/1976). Em todos os casos, o frete é tido como custo de produção ou fator de produção, enquadrandose no conceito de insumo. deve, também ser reparado o despacho decisório para que se restabeleça na integralidade os créditos da empresa que foram glosados no que tange aos fretes, sem qualquer exceção. g) glosa ao creditamento de bens do ativo imobilizado: entende equivocado o procedimento do Fisco de glosar o creditamento de bens do ativo imobilizado. Considera que não houve motivação precisa da glosa, o que acarretaria a nulidade do DD em relação a esta rubrica. Cita que a glosa da totalidade dos créditos oriundos da aquisição de veículos Toyota também não teria sido justificada para fins de crédito do ativo imobilizado. Ainda que houvesse a referida motivação, o entendimento fiscal não poderia perdurar pois se tratariam de veículos utilizados em atividades ligadas diretamente ao ciclo produtivo. Requer o reconhecimento da nulidade da glosa constante nos itens 99 e 100 da rubrica creditamento bens do ativo imobilizado em razão da preterição do direito de defesa. 3) Direito a créditos vinculados à receita de exportação: é inequívoco o direito ao crédito de PIS em relação à parcela de insumos que se encontram vinculados à receita de exportação. O creditamento de PIS sobre os custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação é assegurado de forma ampla pelo art. 6º, § 3° e art. 15, inciso II, da Lei n° 10.833/2003, que não impõem qualquer condição adicional para o gozo do direito. Tratase de empresa exportadora de pasta de celulose, sendo que todos os custos que Fl. 2525DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.526 5 estejam vinculados à receita de exportação, o que sem dúvida incluem os insumos florestais e os fretes, conferem crédito de PIS nos moldes dos dispositivos aludidos. 4) Realização de perícia/diligência: caso não se entenda que os argumentos que apontou sejam suficientes para reformar o DD, solicita a realização de diligência/perícia para que sejam respondidos os quesitos que indica (fls. 1.893 e 1.894). Nomeia os peritos. 5) Impossibilidade de cobrança de parcelas de estimativas mensais de IRPJ. Violação da Súmula 82 do CARF e da IN SRF nº 93/1997: entende pela impossibilidade de cobrança de parcelas de estimativas mensais de IRPJ, o que violaria o disposto na Súmula 82 do CARF e na IN nº 93/1997. Aponta que a exigência dos débitos objetos do Processo de Cobrança n° 10880921196/2013 96 não pode ser efetivada por se referir a estimativa de IRPJ do mês de abril de 2011. 6) Ilegítima incidência de juros e multa de mora sobre débitos de estimativa de IRPJ e CSLL: discorda da incidência de juros e multa de mora sobre débitos de estimativa de CSLL, porquanto o art. 61 da Lei nº 9.430/1996 não se aplicaria ao presente caso. 7) Pedidos: a) requer, em preliminar, seja dado provimento a sua Manifestação de Inconformidade, para reconhecer as nulidades que permeiam o DD combatido, em especial a ausência de motivação em relação à glosa atinente ao ativo imobilizado; b) caso assim não se entenda, requer a realização perícia e/ou diligência fiscal, nos termos do art. 16, IV, do Decreto 70.235/1972, conforme fundamentos expostos; c) caso não acolhida a preliminar apontada e pedido perícia e/ou diligência, requer seja dado provimento a sua Manifestação de Inconformidade, reconhecendose integralmente o crédito pleiteado, homologandose, consequentemente, todas as compensações declaradas; d) em qualquer hipótese, requer o cancelamento dos débitos de estimativas de CSLL objeto do processo n° 10880921196/201396, em respeito a Súmula CARF n° 82, ou, ao menos, requer que seja afasta a incidência de multa/juros sobre os débitos de estimativa compensados. A repartição de origem atestou a tempestividade da peça de contestação. A Delegacia de Julgamento manteve a integralidade das glosas, com decisão assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 Fl. 2526DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.527 6 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Não se justifica a realização de perícia/diligência quando presentes nos autos elementos suficientes para formar a convicção do julgador. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 ENTENDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E MANIFESTAÇÕES DOUTRINÁRIAS. EFEITOS. NÃO VINCULAÇÃO. As referências a entendimentos de segunda instância administrativa ou a manifestações da doutrina especializada, não vinculam os julgamentos emanados pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Para ser considerado insumo, o bem ou o serviço, desde que adquirido de pessoa jurídica, deve ter sido consumido, desgastado, ou ter perdidas as suas propriedades físicas ou químicas em razão de ação diretamente exercida sobre o produto em elaboração. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de ressarcimento/compensação, há de se fazer o rateio proporcional entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno (tributadas e NT). REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS PARA FORMAÇÃO DE FLORESTAS. INCORPORAÇÃO AO ATIVO IMOBILIZADO. DESCONTO DE CRÉDITO COMO EXAUSTÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os custos de formação de floresta são incorporados ao valor desse bem registrado no ativo imobilizado, valor que, na medida da utilização da floresta, deve ser objeto de encargos de exaustão, que não dão direito a crédito por falta de previsão legal. REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM FRETES. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Observada a legislação de regência, a regra geral é que em se tratando de despesas com serviços de frete, somente dará direito à apuração de crédito o frete contratado relacionado a operações de venda, onde Fl. 2527DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.528 7 ocorra a entrega de bens/mercadorias vendidas diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora. Em Recurso Voluntário, a empresa reitera seus argumentos da manifestação de inconformidade, combatendo ponto a ponto a decisão de piso e especificando a essencialidade de cada insumo glosado. Juntou laudo técnico da Escola Superior de Agricultura da USP, que descreve todo o processo produtivo da operação florestal e da fase de indústria da celulose, tratando as duas como interdependentes. Em petição de dezembro de 2017, a Recorrente informa ter sido notificada do lançamento de multa isolada de 50% em decorrência da não homologação de suas compensações (Processo n° 11080.730704/201731). Por isso, aduz que a multa de mora de 20% não é devida, eis que o contribuinte não pode ser duplamente penalizado: Esclareçase que a multa isolada de 50%, conquanto não debatida nestes autos, está inteiramente relacionada à multa de mora de 20% ora discutida, porque a exigência de ambas, conforme amplamente demonstrado, constitui dupla punição. E esta dupla punição é fato novo, surgido quando da notificação do lançamento da multa isolada de 50%, motivo pelo qual se mostra cabível a arguição, neste momento, do afastamento da multa de 20%, em razão da impossibilidade de dupla punição do mesmo fato (não homologação de compensação). É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Na origem, houve a análise dos créditos pleiteados de PIS/COFINS não cumulativos vinculados à receita de exportação (art. 3º e 5º da Lei nº 10.637/2002 e art. 3º e 6º da Lei nº 10.833/2003). A fiscalização procedeu à auditoria das rubricas das receitas e despesas, em especial os bens para revenda, bens utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, fretes e combustíveis. Para tanto, informou a fiscalização que a empresa apresentou toda a documentação solicitada: Para tal, foram confrontadas: as apurações e declarações transmitidas pela empresa (DACON, DCTF, PER/DCOMP, DIPJ); os livros, documentos e arquivos eletrônicos fiscais e contábeis; e as notas fiscais eletrônicas e originais apresentadas em conformidade com a Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de Outubro de 2001, por meio da utilização do ContÁgil, aplicativo de auxílio ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício das atividades de fiscalização. Ademais, foram ainda solicitados ao longo da fiscalização: as notas fiscais de compras de insumos, prestação de serviços utilizados como insumos; o descritivo do processo Fl. 2528DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.529 8 produtivo da empresa e principais insumos utilizados na industrialização, com a respectiva classificação fiscal; os laudos de utilização dos diversos tipos de combustíveis, objeto do pedido de creditamento e documentos de constituição de participação em Consórcios. Conforme relatado, foram diversos os motivos das glosas dos créditos pleiteados pela Recorrente, que podem ser separadas em três grandes grupos: i. Método de Apropriação de Custos Rateio proporcional ii. Insumos da nãocumulatividade iii. Creditamento ativo imobilizado Como se vê, um dos pontos controvertidos nestes autos é o conceito de insumo para fins de creditamento no âmbito do regime de apuração nãocumulativa das contribuições do PIS e da COFINS. A Recorrente pleiteia todos créditos por entendêlos como essenciais para sua atividade. Entretanto, o conceito de insumo que norteou a análise fiscal na origem foi o restrito, veiculado pelas Instruções Normativas da RFB n° 247/2002 e 404/2004, segundo as quais o termo “insumo” não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles que, adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. O mesmo critério foi utilizado no julgamento da decisão de piso. Por outro lado, para a Recorrente, o conceito de insumo é amplo, implicando na assertiva de que insumo equivale a “custo de produção”. Esta 1ª Turma Ordinária de Julgamento adota a posição de que o conceito de insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, no regime da nãocumulatividade, não guarda correspondência com o utilizado pela legislação do IPI, tampouco pela legislação do Imposto sobre a Renda. Dessa forma, o insumo deve ser essencial ao processo produtivo e, por conseguinte, à execução da atividade empresarial desenvolvida pela empresa. Em razão disso, deve haver a análise individual da natureza da atividade da pessoa jurídica que busca o creditamento segundo o regime da nãocumulatividade, para se aferir o que é insumo. As atividades desenvolvidas pela Recorrente são: a) a indústria e o comércio, no atacado e no varejo de celulose, papel, papelão e quaisquer outros produtos derivados desses materiais, próprios ou de terceiros; b) comércio, no atacado e no varejo, de produtos destinados ao uso gráfico em geral; c) a exploração de todas as atividades industriais e comerciais que se relacionarem direta ou indiretamente com seu objetivo social; d) a importação de bens e mercadorias relativos aos seus fins sociais; e) a exportação dos produtos de sua fabricação e de terceiros; f) a representação por conta própria ou de terceiros; g) a participação em outras sociedades, no país ou no exterior, qualquer que seja a sua forma e objeto, na qualidade de sócia, quotista ou acionista; h) a prestação de serviços de Fl. 2529DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.530 9 controle administrativo, organizacional e financeiro às sociedades ligadas ou a terceiros; i) a administração e implementação de projetos de florestamento e reflorestamento, por conta própria ou de terceiros, incluindo o gerenciamento de todas as atividades agrícolas que viabilizem a produção, fornecimento e abastecimento de matéria prima para indústria de celulose, papel, papelão e quaisquer outros produtos derivados desses materiais; e j) a prestação de serviços técnicos, mediante consultoria e assessoria às suas controladas ou a terceiros. Ressaltese que há fato novo nos autos: a juntada de laudo técnico produzido pela Escola Superior de Agricultura da USP, em sede de recurso voluntário. Tal documento teve a finalidade de descrever o processo produtivo da Recorrente, desde a operação florestal até a entrega da madeira para a indústria, bem como as etapas industriais da celulose e do papel: De antemão já se configura a necessidade de conversão do julgamento em diligência, em razão de o laudo ser um fato novo, o que demanda a manifestação da autoridade fiscal, em respeito ao princípio do contraditório. Todavia, há outros pontos que demandam esclarecimento. A seguir, analisase uma a uma as glosas para delimitar o objeto da diligência proposta. MÉTODO DE APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS RATEIO PROPORCIONAL (Lei nº 10.637/2002, art. 3º e art. 3°, 6º e 15 da Lei nº 10.833/2003) Ao longo de todo o período fiscalizado, a empresa utilizou o método do rateio proporcional para todos os custos. Ao final, a fiscalização: Através do levantamento dos valores referentes às Receitas do Mercado Interno e do Mercado Externo levantados anteriormente, chegouse a novos índices de rateio detalhados nos memoriais de cálculo desta auditoria. Fl. 2530DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.531 10 Para a autoridade fiscal, o momento do embarque da mercadoria é o parâmetro a ser considerado para a apuração dos valores exportados a cada mês, nos termos do art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 22, de 5 de novembro de 2002: Art. 1º Para fins de isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, considerase exportado para o exterior o bem que tenha saído do território nacional. Diante disso, os valores constantes no SISCOMEX (data do embarque) foram utilizados para fins de apuração dos índices de rateio e retificação dos DACON. Os dados foram extraídos pelo sistema DWAduaneiro. Por conseguinte, parte do crédito pretendido pela empresa não foi integralmente admitido, por conta do referido ajuste no percentual de rateio das receitas oriundas de exportação/mercado interno. Por outro lado, para a Recorrente, o reconhecimento da receita deve ser na emissão da Nota Fiscal. Ademais, há ponto de extrema importância levantado pelo contribuinte em sua defesa: A lide e o que tem quer ser decidido nos presentes autos é: A receita decorrente de exportação indireta (venda no mercado interno para trading, com fim específico de exportação) deve ser contabilizada como receita de exportação para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, ou apenas devem ser considerados os valores constantes do SISCOMEX? Todo o arcabouço legal que regula a exportação indireta vigente leva a única conclusão possível de que os valores relativos a tais operações compõem a receita de exportação e, portanto, o índice do rateio. As empresas comerciais têm por objeto social a comercialização de mercadorias, podendo comprar produtos fabricados por terceiros para revender no mercado interno ou destinálos à exportação, bem como importar mercadorias e efetuar sua comercialização no mercado doméstico, ou seja, exercem atividades típicas de uma empresa comercial. A expressão trading company não é utilizada na legislação brasileira e na doutrina, há confusão entre as definições de “empresa comercial exportadora” e “trading company”. A distinção se faz entre as empresas comerciais exportadoras (ECE) que possuem o Certificado de Registro Especial e as que não o possuem. As empresas comerciais exportadoras são reconhecidas no Brasil pelo Decretolei nº 1.248/1972, que dispõe sobre o tratamento tributário das operações de compra de mercadorias no mercado interno, para o fim específico de exportação, essa norma assegura os benefícios fiscais concedidos por lei para incentivo à exportação, tanto ao produtor vendedor quanto à ECE. Pelo Decretolei nº 1.248/1972, apenas as empresas comerciais exportadoras que obtivessem o Certificado de Registro Especial seriam beneficiadas com os incentivos fiscais à exportação, entretanto, a legislação atual não faz essa distinção. De acordo com a legislação tributária atual, existem duas espécies de Empresas Comerciais Exportadoras (ECE): 1) as que possuem o Certificado de Registro Especial e 2) as que não o possuem. Entretanto, os benefícios fiscais quanto ao Imposto sobre Produtos Fl. 2531DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.532 11 Industrializados (IPI), às Contribuições Sociais (PIS/PASEP e COFINS) e ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aplicamse, atualmente, às duas espécies, sem distinção alguma. A própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) expressa esse entendimento, por meio da Solução de Consulta nº 40, de 4 de maio de 2012, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 7 de maio de 2012: A não incidência do PIS/Pasep e Cofins e a suspensão do IPI aplicam se a todas as empresas comerciais exportadoras que adquirirem produtos com o fim específico de exportação. Duas são as espécies de empresas comerciais exportadoras: a constituída nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e a simplesmente registrada na Secretaria de Comércio Exterior. Como dito, atualmente, há duas categorias de Empresas Comerciais Exportadoras (ECE), sem diferenciação com relação aos incentivos fiscais. Essencialmente, as comerciais exportadoras são classificadas em dois grandes grupos: 1) as que possuem o Certificado de Registro Especial, denominadas “trading companies”, regulamentadas pelo De cretolei nº 1.428/1972, recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com status de lei ordinária; e 2) as comerciais exportadoras que não possuem o Certificado de Registro Especial e são constituídas de acordo com Código Civil Brasileiro. As ECE devem atender certos requisitos: de acordo com o art.5º, caput, do DecretoLei nº 1.248/1972, e o art. 231 do Decreto nº 6.759/2009 ( Regulamento Aduaneiro Brasileiro), os impostos que forem devidos, bem como os benefícios fiscais de qualquer natureza, auferidos pelo produtorvendedor, com os acréscimos legais cabíveis, passarão a ser de responsabilidade da empresa comercial exportadora no caso de: a) não se efetivar a exportação dentro do prazo de cento e oitenta dias, contados da data da emissão da nota fiscal pela vendedora, na hipótese de mercadoria submetida ao regime extraordinário de entreposto aduaneiro na exportação; b) revenda das mercadorias no mercado interno; ou c) destruição das mercadorias. para obter o Certificado de Registro Especial, a Empresa Comercial Exportadora (ECE) deve atender alguns requisitos, como ser constituída na forma de sociedade por ações (S.A.) e possuir capital social mínimo, já a ECE que não se enquadra nas exigências do DecretoLei nº 1.248/1972, pode ser constituída sob qualquer forma e não precisa ter capital mínimo. Regese, pois, pelo Código Civil Brasileiro. Porém, para ser caracterizada como ECE, dever ter o fim comercial em seu objeto social, realizar operações de comércio exterior, estar habilitada na Receita Federal (RFB) para operar no SISCOMEX (Instrução Normativa RFB nº 1.288/2012) e estar inscrita no Registro de Importadores e Exportadores da SECEX/MDIC (Portaria SECEX nº 23/2011, art. 8º). atualmente, as empresas que desejam atuar como empresas comerciais exportadoras devem estar habilitadas no registro especial na Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e na Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), de acordo com as normas aprovadas pelos Ministros de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Fazenda (MF), respectivamente, além de outros requisitos. Tratase de exigência contida no art. 229 do Regulamento Aduaneiro Brasileiro (Decreto nº 6.759/2009), que reproduz exigência prevista no DecretoLei nº 1.248/1972, que possui status de lei ordinária. Fl. 2532DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.533 12 De acordo com os arts. 228 e 229 do Regulamento Aduaneiro as operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o seguinte tratamento : serão consideradas destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtor vendedor para embarque de exportação, por conta e ordem da empresa comercial exportadora ou para depósito sob o regime extraordinário de entreposto aduaneiro na exportação. Tal tratamento aplicase às empresas comerciais exportadoras que estiverem registradas no registro especial da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e na Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF), de acordo com as normas aprovadas pelos Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda; estar constituída sob a forma de sociedade por ações, devendo ser nominativas as ações com direito a voto e possuir capital mínimo fixado pelo Conselho Monetário Nacional. O inciso VII do artigo 20 do Anexo I do Decreto nº 7.096/2010, dispõe sobre as prerrogativas de exame e análise de solicitações de inscrição, atualização e cancelamento de registro de “trading companies”. Registrada a sistemática da exportação indireta, é de se concluir que as alegações da Recorrente são pertinentes. Logo, quanto aos índices de rateio, é necessária a conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal verifique se as receitas decorrentes de vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação restaram caracterizadas ou se foram apenas realizadas no mercado interno. Dito de outra forma, a autoridade fiscal deve investigar o valor da receita de exportação, decorrente também de exportação indireta (via trading), para que sejam computadas no rateio. Ressaltese que toda a documentação foi disponibilizada à fiscalização, como já mencionado. INSUMOS DA NÃOCUMULATIVIDADE (Arts. 3º das Leis de regência) Segundo a fiscalização, para que um bem seja considerado insumo à fabricação, além de não estar incluído no ativo imobilizado, deve enquadrarse em uma das quatro situações: ser matériaprima, produto intermediário, material de embalagem ou qualquer outro bem que sofra alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Dessa forma, as despesas com a constituição da floresta compõem o ativo imobilizado da empresa. Por isso, na análise dos insumos, foi aplicado o seguinte critério na auditoria: “Todo bem ou serviço utilizado pela empresa antes do tratamento físicoquímico da madeira em si não podem ser classificados como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP e do COFINS nãocumulativos. Ao invés disso, as reservas florestais devem ser tratadas como sendo ativo imobilizado da empresa.” Por isso, apontou: Fl. 2533DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.534 13 44. Resta claro que os empreendimentos florestais destinados ao corte para comercialização, consumo ou industrialização devem ser classificados no ativo imobilizado. Em relação à floresta plantada, as despesas de qualquer natureza, incorridas para a constituição da floresta devem ser contabilizadas no ativo imobilizado. O bem (floresta) sofrerá então exaustão à medida que suas árvores forem sendo derrubadas. Evidentemente que o valor da terra nua não deve aparecer na mesma conta do ativo imobilizado em que estiverem os recursos florestais, uma vez que a terra nua não pode ser objeto de exaustão. 45. Com isso, é fácil concluir que as despesas com a constituição da floresta não podem ser utilizadas como base para cálculo de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, na qualidade de insumos de seu produto final, já que o custo de constituição da floresta não é considerado custo de insumo à produção, mas custo de bem a ser incorporado ao ativo imobilizado. 46. Entre outros, não foram considerados como insumos: silvicultura, serviços florestais (manutenção, aparelhos, insumos e limpeza), tratores, adubos, serviços de viveiros, produção de mudas, monitoramento de pragas e doenças, biometria florestal, colheita, adubos, fertilizantes, inseticidas, herbicidas, estradas, terraplenagem, topografia, defensivos, análises ambientais e reparos em maquinários relacionados com a área de silvicultura (marcas de tratores, veículos e peças como a Komatsu, Caterpillar, Volvo, John Deere e Cia Olsen). Em seguida, a autoridade fiscal aduz a impossibilidade de desconto de créditos de exaustão, por não haver previsão legal para a apuração de créditos sobre encargos de exaustão incorridos sobre bens incorporados ao ativo imobilizado do contribuinte. Quanto à necessidade da aquisição dos insumos de terceiros, a fiscalização glosou as despesas relacionadas com a obtenção de madeira dos terrenos da empresa, a chamada Operação Florestal (clonagem, pesquisa, plantio, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate à incêndios e colheita). Na mesma esteira, uma vez entendido que todos os esforços despendidos na Operação Florestal compõem o ativo imobilizado, glosou os fretes pagos na aquisição dos bens que compõem o ativo imobilizado. Por outro lado, a Recorrente aduz que é devida a tomada de crédito sobre a formação de florestas: plantio, silvicultura, corte, colheita, logística e transporte de toras de madeira e etc. por indispensáveis à elaboração da celulose. Aponta as efls. 19, 78, 90, 131 e 132 do laudo técnico da USP. Acrescenta que os serviços glosados estão elencados no laudo como indispensáveis ao processo produtivo da celulose, conforme itens 4 e 5 do documento, também ligados à formação das florestas. E ainda, que os dispêndios com clonagem, pesquisa, plantio, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate a incêndios e colheita são prestados por terceiros, pessoas jurídicas. Fl. 2534DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.535 14 a) Embalagem de apresentação e de transporte A fiscalização aceitou como insumo a embalagem de apresentação, entendendo que sua colocação determina a fase final da produção. Por outro lado, não considerou a embalagem para transporte como insumo. Assim, entre outros, não foram considerados como insumos: correias utilizadas para transporte de fardos de celulose, estrados de madeira, pallet (palete) e caixas de papelão. O contribuinte defende o creditamento por entender que essas embalagens de transporte acondicionam as folhas de celulose produzidas, conforme descrição no laudo técnico. b) Insumos Caracterização SD 200815 Foram considerados como insumos: toras de madeira, produtos químicos utilizados no processo produtivo, tintas, feltros e telas (formação e desaguação da folha de papel) e telas de lavagem de polpa de celulose. E ainda, foram considerados como insumos os “bens ou serviços adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, aplicados ou consumidos na fabricação do produto ou no serviço prestado”, ocorrendo o contato direto com o produto final e/ou desgaste na sua utilização, como por exemplo: lâminas para remoção de resíduos em rolos da máquina de papel, esferas de vidro utilizadas no processo de pigmentação, pastilhas de frenagem de máquinas de papel, facas para corte de folha de celulose e de bobinas e correias de acionamento de equipamentos rotativos. Todavia, foram glosados os seguintes: despesas com mão de obra inespecífica, insumos relacionados à logística/transporte, baterias, pilhas, carregadores e acessórios, materiais de consumo de informática, materiais para laboratório, serviços de gerenciamento, extintores, materiais de papelaria, palestras, festas e eventos, limpeza industrial, serviços de combate a incêndio, armazenagem de insumos, serviços de projetos, serviços relacionados a parte laboratorial, desenvolvimento de software, locação de andaimes, locação de container, assinatura de manuais de legislação, gerenciamento de arquivos, seminários da NR10, segurança patrimonial, alpinismo industrial, eventos como fórum de marketing, vigilância, serviços fotográficos e de mídia, serviços relacionados ao setor de Recursos Humanos, inspeção da NR13, serviços administrativos, reforma de mobiliário, programas de formação profissional e instalação de fibras ópticas e rede. Ademais, foram glosados: todos os bens e serviços relativos ao tratamento dos resíduos, "uma vez que efetivamente não são aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, mas sim constituindo fase posterior a fabricação dos bens comercializados pela empresa". Quanto às glosas de materiais de laboratório, sustenta a empresa que são os insumos utilizados para as análises químicas em laboratório, sendo indispensáveis ao desenvolvimento da atividade produtiva. Os clones utilizados para a produção de celulose são desenvolvidos em laboratório. Aponta as efls. 128 e 131 do laudo técnico. Fl. 2535DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.536 15 Acrescenta que os materiais e serviços laboratoriais são empregados também no tratamento de efluentes, serviço obrigatório das atividades industriais. Cita as efls. 122 e 123 do laudo técnico. No tocante às despesas com limpeza industrial (remoção de resíduos), esclarece que esta é voltada a remover e tratar os resíduos decorrentes da picagem e cozimento da madeira. Cita a efl. 90 e 122 do laudo técnico. c) Insumos Partes e Peças de Reposição – SD 200835 Apontou a fiscalização que as partes e peças de reposição adquiridas de pessoa jurídica para manutenção de máquinas e equipamentos componentes do ativo imobilizado, utilizados diretamente na fabricação dos produtos destinados à venda (papel e celulose), são consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins nãocumulativas, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes de ação diretamente exercida sobre o bem fabricado e, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Foram considerados insumos: chapas de aço para reparos em caldeiras, cabos, barras e tubos metálicos utilizados em reparos de equipamentos, eletrodos de solda, bicos de chuveiro de lavagem de tela de máquina de secagem, peças hidráulicas de reposição (luvas, cotovelos e válvulas), graxas, óleos lubrificantes e óleos refrigerantes. E também, peças de reposição dos maquinários utilizados na obtenção de cavacos (facas do picador, contra facas, discos de facas do rotor, suporte das facas e contra facas, parafusos, porcas e placas dos picadores, mesas slashe, correntes de movimentação) e obtenção de biomassa. Entretanto, foram glosadas despesas com: as partes e peças de reposição, bem como os serviços aplicados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizadas no corte, no tratamento e no transporte da madeira a qual será, em uma 2ª etapa, transformada em celulose, papel e papelão. Da mesma forma, as partes e peças de reposição, bem como os serviços aplicados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizadas na área logística da empresa, seja antes ou depois da obtenção do produto final, foram glosados. Dentre outros, não foram considerados como insumos, uma vez que não são relativos aos maquinários utilizados diretamente na obtenção do produto final: peças de reposição de transpaleteiras e fixação de defensas em portos. A empresa defende que todos os dispêndios realizados na fase de produção, corte, transporte e acompanhamento logístico da madeira encontramse inseridos no processo produtivo da celulose, sendo imprescindível a aquisição de partes e peças de reposição para o maquinário de carga (antes e após a fabricação), bem como a realização dos serviços de manutenção. A Recorrente, com suporte no laudo técnico, aduz que estão descritos como essenciais as partes e reposição de peças (efls. 30, 31, 88 e 131 do laudo). d) Fretes Hipóteses de Crédito – SD 200711 e g) Frete Transporte Intercompany Vedação de Crédito SD 200812 Fl. 2536DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.537 16 Neste tópico, entendeu a fiscalização que quaisquer serviços de transporte não relacionados à entrega de mercadoria diretamente aos clientes não podem ser considerados como insumo. Então, não foram considerados: armazenagem/transporte de papel e logística. Mas foram considerados como insumo os referentes às despesas de exportação. E não os fretes relacionados a transporte de produto acabado (ou em elaboração) entre estabelecimentos industriais; destes para os centros de distribuição ou de um centro de distribuição para outro. Já a Recorrente sustenta que todos os fretes de aquisição de matériaprima, os intercompany e o de aquisição de bens do ativo imobilizado integram o custo do produto, o que permite o creditamento. e) Insumos Alimentação, Transporte e Fardamento SD 200843 Segundo a fiscalização: Despesas efetuadas com o fornecimento de alimentação, de transporte, de uniformes ou equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. Por essa razão, foram glosados, dentre outros, o transporte de pessoal e gastos com lanches e refeições. Sustenta a Recorrente serem indispensáveis tais dispêndios, com apoio no laudo técnico, efl. 86. f) Combustíveis utilizados como Insumos SD 200837 A fiscalização acatou como insumo, o combustível utilizado no processo de fabricação do produto destinado à venda pela empresa; ou, em outras palavras, o empregado em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção da celulose industrializada e vendida pela contribuinte. Descartou como insumo os combustíveis utilizados para o transporte e manejo dos insumos: GLP utilizado em empilhadeiras, GLP granel, Óleo diesel, Óleo biodiesel marítimo e Óleo biodiesel. Quanto aos combustíveis, a alegação da empresa é de que são fornecidos por ela e, são utilizados nas máquinas e em veículos de transporte aplicados ao processo produtivo da Operação Florestal (conforme itens 5.65, 6.6 e 8 do laudo). g) Insumos EPI (Equipamento de Proteção Individual) SD 201109 Para a fiscalização: Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.538 17 Os valores das despesas realizadas com a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI) tais como: respiradores; óculos; luvas; botas; aventais; capas; calças e camisas de brim e etc., utilizados por empregados na execução dos serviços prestados de dedetização, desratização e lavação de carpetes e forrações, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep, porque não se enquadram na categoria de insumos aplicados ou consumidos diretamente nos serviços prestados. Logo, foram glosados os equipamentos de proteção individual, como por exemplo: luvas, capuzes, botinas de segurança, entre outros. Por outro lado, afirma o contribuinte que os equipamentos de proteção individual são absolutamente indispensáveis à atividade industrial, fornece a indumentária sem qual a execução das atividades de capina e aplicação de herbicidas (por exemplo) jamais poderiam ser executadas, bem como são de uso obrigatório para evitar acidentes na fase agrícola e industrial. Cita as efls. 36, 82, 86/87 do laudo. Síntese do tópico “Insumos da nãocumulatividade” O laudo apresentado pela Recorrente em seu recurso voluntário teve o objetivo de demonstrar a essencialidade dos custos incorridos na formação, manutenção e exploração das florestas, afastando, por conseguinte, as glosas. Descreveu também as etapas industriais até o consumidor. Confirase a síntese do processo produtivo descrito no laudo técnico da USP: Fl. 2538DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.539 18 Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.540 19 Na apuração de PIS/COFINS nãocumulativos, a prova da existência do direito de crédito indicado incumbe ao contribuinte. Consequentemente, confrontando o motivo das glosas, os elementos trazidos aos autos e o laudo técnico, vislumbrase como desnecessários novos esclarecimentos em sede de diligência fiscal, restando para julgamento a matéria referente à extensão do conceito de insumo e os reflexos da classificação das florestas como ativo imobilizado. CREDITAMENTO BENS DO ATIVO IMOBILIZADO (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, VI, VII, §1º, §14 e art. 15) A fiscalização acatou o creditamento apenas referente a: depreciação de máquinas e equipamentos inseridos em centros de custo relacionados diretamente à área de produção da empresa e de edificações e benfeitorias utilizadas em quaisquer atividades da empresa, aceitos independentemente do centro de custo relacionado. Dentre as glosas, encontramse os créditos referentes aos veículos integrantes do ativo imobilizado. Em sentido oposto, a empresa sustenta que as glosas não foram motivadas, o que lhe cerceou o direito de defesa. As glosas foram fundamentadas nos dispositivos legais supracitados, ao passo que a Recorrente identificou os gastos negados, ao afirmar: Além disso, não é demais reforçarmos que o aterro industrial e as torres de transmissão, respectivamente, representam justamente a área de depósito de rejeitos sólidos e os componentes para a sustentação de linhas de transmissão de energia elétrica, restando patente a participação dos mesmos no processo produtivo da celulose. Considerando que a fiscalização acatou o creditamento referente à depreciação de máquinas e equipamentos inseridos em centros de custo relacionados diretamente à área de Fl. 2540DF CARF MF Processo nº 10880.941617/201214 Resolução nº 3301000.809 S3C3T1 Fl. 2.541 20 produção da empresa (a industrial propriamente dita), deve o contribuinte segregar o ativo imobilizado da fase agrícola e da fase industrial, apontando a utilização dos bens de acordo com a operação florestal descrita no laudo. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a unidade de origem: a) Por ser o laudo da Escola Superior da Agricultura da USP fato novo, manifestese sobre ele; b) Verifique se as receitas decorrentes de vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim específico de exportação restaram caracterizadas ou se foram apenas realizadas no mercado interno; c) Elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados; d) Cientifique a interessada do resultado, concedendolhe prazo para manifestação; e) Intime o contribuinte para que em 30 dias apresente a segregação do ativo imobilizado da fase agrícola e da fase industrial, apontando a utilização dos bens de acordo com a operação florestal descrita no laudo; f) Após, que retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 2541DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.721813/2014-42
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012
DILIGÊNCIA FISCAL. FINALIDADE.
A diligência é ferramenta posta a disposição do julgador para dirimir dúvidas sobre fatos relacionados ao litígio no processo de formação de sua livre convicção motivada. . Não visa, portanto, suprir a inércia probatória das partes.
RESSARCIMENTO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO.
O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas.
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012
RESSARCIMENTO DE IPI. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. NÃO COMPROVAÇÃO.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
No caso concreto, o direito pleiteado não restou comprovado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.290
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pela conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (relatora), vencido também o conselheiro Alan Tavora Nem que votou pela diligência. No mérito, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Alan Tavora Nem e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (relatora), que lhe deram provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Redator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 DILIGÊNCIA FISCAL. FINALIDADE. A diligência é ferramenta posta a disposição do julgador para dirimir dúvidas sobre fatos relacionados ao litígio no processo de formação de sua livre convicção motivada. . Não visa, portanto, suprir a inércia probatória das partes. RESSARCIMENTO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 RESSARCIMENTO DE IPI. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. NÃO COMPROVAÇÃO. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. No caso concreto, o direito pleiteado não restou comprovado. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrente RHODOSS IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 DILIGÊNCIA FISCAL. FINALIDADE. A diligência é ferramenta posta a disposição do julgador para dirimir dúvidas sobre fatos relacionados ao litígio no processo de formação de sua livre convicção motivada. . Não visa, portanto, suprir a inércia probatória das partes. RESSARCIMENTO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admitese a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 RESSARCIMENTO DE IPI. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. NÃO COMPROVAÇÃO. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. No caso concreto, o direito pleiteado não restou comprovado. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 72 18 13 /2 01 4- 42 Fl. 402DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 403 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pela conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (relatora), vencido também o conselheiro Alan Tavora Nem que votou pela diligência. No mérito, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Alan Tavora Nem e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (relatora), que lhe deram provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Redator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, à fl. 218/219 dos autos: Tratase da manifestação de inconformidade tempestiva das fls. 176 a 186, protocolizada em 9 de dezembro de 2014, firmada por advogado, habilitado pela procuração da fl. 189, contestando o Despacho Decisório nº 447 DRF/SCS/SAORT, de 7 de novembro de 2014, das fls. 131 e 132, emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santa Cruz do Sul (RS). A ciência do despacho referido ocorreu em 25 de novembro de 2014, segundo consta na fl. 149. O despacho contestado foi proferido por determinação judicial, conforme decisão liminar proferida no Mandado de Segurança nº 500656814.2014.404.7111/RS nas fls. 114 a 118, confirmada pela sentença das fls. 202 a 209. O Despacho Decisório objeto da inconformidade não reconheceu parte do crédito demonstrado no Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) no 27917.75751.180213.1.1.01 0878, em que foi solicitado/utilizado, a título de ressarcimento do IPI, referente ao quarto trimestre de 2012, o valor de R$ 239.758,24, considerando legítimo o valor de R$ 218.053,44, com base nas conclusões expendidas no Fl. 403DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 404 3 Parecer DRF/SCS/Safis nº 0060/2014, das fls. 120 a 123. A motivação, em suma, foi a seguinte: a) divergência na apuração de créditos do IPI, no valor total de R$ 5.059,97, ocasionada por registro de créditos em valores superiores aos do IPI incidente nos insumos adquiridos; b) divergência na apuração de débitos do IPI, no valor total de R$ 16.644,83, decorrente da falta de tributação dos produtos saídos do estabelecimento. Na manifestação de inconformidade, o interessado alega o que segue resumido. No que diz respeito à divergência na apuração de créditos, afirma que houve um erro no sistema utilizado pelo estabelecimento, que, ao lançar a descrição do produto no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), está cadastrando automaticamente código da Tabela de Incidência do IPI (TIPI) diverso do que consta na nota fiscal. Para sanar tais alegações e comprovar que os valores creditados são legítimos, o manifestante alega que está apurando a totalidade dos erros apontados no despacho decisório, para posterior juntada da documentação comprobatória, devendo ser revertida a glosa, em nome do princípio da verdade material. Quanto à divergência na apuração de débitos, o manifestante afirma que ocorreu o mesmo erro de sistema, tendo sido lançados no Sped códigos incorretos da TIPI. Afirma que está realizando um árduo trabalho para apurar todos os erros de preenchimento decorrentes de falha de sistema, bem assim para levantar todas as notas fiscais que comprovam que as saídas de produtos são tributadas à alíquota zero. É o relatório. Com sua manifestação de inconformidade, juntou os documentos de constituição e representação da empresa (fls. 188/196). Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade, conforme decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. PER/DCOMP. Manifestação de inconformidade que alega erros na informação de créditos do IPI, para fins de apuração do saldo credor passível de ressarcimento no trimestre de referência, sem comprovar os alegados erros, não logra êxito em alterar o despacho decisório parcialmente desfavorável ao interessado. FALTA DE LANÇAMENTO DO IPI NAS NOTAS FISCAIS. NECESSIDADE DE FORMALIZAÇÃO DA EXIGÊNCIA. Eventuais débitos do IPI, decorrentes de falta ou insuficiência de lançamento do imposto nas notas fiscais, são passíveis de lançamento de ofício, para formalização das exigências decorrentes, mediante lavratura de auto de infração, ou notificação de lançamento, conforme o caso. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Fl. 404DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 405 4 Em seus fundamentos, o acórdão (fls. 217/220) consignou, em relação às divergências na apuração dos créditos de IPI, que o contribuinte não comprovou suas alegações sobre os verdadeiros dados das notas fiscais e que o momento de apresentação de prova documental é, em regra, com a apresentação da manifestação de inconformidade, sob pena de preclusão. Consignou, quanto às divergências na apuração de débitos do IPI, ter observado o desacerto do procedimento da fiscalização de acrescer valores a esse título para reduzir o saldo credor passível de ressarcimento, sem a observância do devido procedimento de formalização da exigência. Por isso, entendeu pela reversão da glosa de crédito no valor de R$ 16.644,83, decorrente da divergência na apuração de débitos, e pelo julgamento de parcial procedência da manifestação. O contribuinte foi intimado acerca desta decisão em 17/04/2015 (vide AR à fl. 254 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor, interpôs, em 14/05/2015, Recurso Voluntário (fls. 307/318). Em seu recurso, repisou todos os fundamentos da manifestação de inconformidade sobre a parte não acolhida pelo acórdão da primeira instância, quanto à divergência na apuração do crédito de IPI, acrescentando tabela com a relação dos produtos que foram apontados como divergentes (fl. 312). Pediu, ao fim, reconhecimento integral do direito creditório e restituição integral dos valores requeridos. Juntou aos autos, nesta oportunidade: i) documentos de representação da empresa (fls. 320/321), ii) notas fiscais de entrada (fls. 322/387); iii) acórdão recorrido (fls. 387/390); iv) acórdão de caso idêntico (fls. 392/396). Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Consoante acima narrado, pretende o contribuinte, através do seu recurso voluntário, ver reformada a decisão recorrida, para fins de reconhecer a diferença do crédito alegada ainda não reconhecida, no importe de R$ 5.059,97, com a consequente homologação do pedido de compensação apresentado. Desde a sua manifestação de inconformidade, relatou que a origem da diferença apontada pela fiscalização dizia respeito a um erro no sistema utilizado pelo estabelecimento, que, ao lançar a descrição do produto no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), teria cadastrando automaticamente código da Tabela de Incidência do IPI (TIPI) diverso do que consta na nota fiscal. Naquela oportunidade, fez um cotejo dos valores e diferenças apresentadas, inclusive através de planilhas insertas no decorrer do texto de seu Fl. 405DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 406 5 recurso voluntário apresentado. Porém, requereu a juntada posterior das notas fiscais aptas a comprovar o alegado, informando que estava envidando esforços quanto à sua localização. Ao julgar o caso, assim se manifestou a DRJ: O interessado justifica as divergências na apuração de créditos do IPI, dizendo que os dados das notas fiscais eletrônicas de aquisição de insumos são diferentes dos que constam no Sped, circunstância que teria sido desconsiderada pela fiscalização. À luz do disposto no art. 16, inciso III do caput, e § 4º, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, aplicável ao presente litígio por força do que consta no § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deve a manifestação de inconformidade revelar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, sendo que, no tocante à prova documental, esta deve ser apresentada, em regra, com a manifestação de inconformidade, precluindo o direito de apresentála em outro momento processual, a menos que se configurem exceções não invocadas no presente processo (art. 57, inciso III do caput, e § 4º, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011). O manifestante não comprovou que os dados das notas fiscais eletrônicas são diferentes dos que constam no Sped, mediante apresentação das respectivas notas fiscais que conteriam as informações a serem consideradas, motivo pelo qual essa alegação não pode ser acolhida neste julgamento. Correta a conclusão a que chegou a DRJ, visto que o contribuinte, de fato, embora tivesse alegado a origem do equívoco, até aquela oportunidade, não tinha anexado as devidas notas fiscais aptas a comprovar o equívoco apontado. Ocorre que as notas fiscais de entrada, as quais, conforme reconhecido pela própria DRJ, possuiriam o condão de comprovar o equívoco alegado, foram anexadas aos autos pelo contribuinte por meio do recurso voluntário interposto, que ora se analisa. E, à primeira vista, penso que tais documentos são suficientes à comprovação da diferença objeto da presente contenda. Restanos, portanto, apreciar a possibilidade de admissão de prova documental anexada nesta fase recursal. Como é cediço, a comprovação do direito creditório, nos casos de pedidos de ressarcimento/compensação, deve ser realizada pelo contribuinte, visto que incumbe a ele o ônus probatório no caso de pedido de ressarcimento/compensação. Nos termos do que dispõe o art. 373 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, o ônus da prova incumbe ao autor (no caso ora analisado ao contribuinte que iniciou o processo de ressarcimento/compensação), quanto ao fato constitutivo do seu direito (correspondente à comprovação do direito ao crédito tributário que pretende ter reconhecido para fins de homologação da compensação). É o que se infere da transcrição a seguir: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 407 6 Sabese, ainda, que o art. 16, parágrafo 4º, do Decreto nº 70.235/1972 dispõe sobre a preclusão do direito de apresentação de provas por parte do contribuinte, elencando as hipóteses em que a apresentação de documentos posteriormente à impugnação/manifestação de inconformidade poderia ser admitida. Porém, ainda que ciente quanto ao conteúdo do referido dispositivo legal, entendo que a sua interpretação e aplicação deve ser realizada de forma sistemática, levando em consideração outros dispositivos legais e princípios que regem o direito pátrio, sob pena de engessar a atividade de julgamento, tornandoa, por vezes, literal, inadequada e/ou ilegal. Para tanto, acho pertinente trazer à tona o disposto no art. 29 do próprio Decreto nº 70.235/1972, que assim dispõe: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Ou seja, o referido dispositivo legal preceitua que, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente a sua convicção, podendo, inclusive, determinar as diligências que entender necessárias. Ora, por meio deste artigo, conferese à atividade de julgamento a devida liberdade acerca da apreciação dos elementos que formarão a sua convicção. E, no caso da análise de determinado processo administrativo, a convicção do julgador diz respeito à procedência ou não da exação cobrada pela fiscalização, no caso do auto de infração, ou da existência do direito creditório do contribuinte, no caso de pedidos de ressarcimento ou compensação. Entendo, portanto, que a juntada de documento ao processo administrativo que tenham relevância para o julgamento da lide, ainda que após a impugnação/manifestação de inconformidade, não apenas poderá, como deverá formar a convicção do julgador, seja favoravelmente, quando se entender que é suficiente à confirmação do direito alegado, seja desfavoravelmente, quando ainda não é capaz de comproválo. Nesse contexto, tendo sido anexada aos autos documentação que comprova o direito do contribuinte, ainda que em sede de Recurso Voluntário, a vedação da sua apreciação, no meu entendimento, desrespeitaria a essência do livre convencimento, em total afronta ao disposto no art. 29 acima transcrito. Até porque, leva à absurda situação em que se julga procedente cobrança fiscal quando se sabe ser improcedente. Ao assim proceder, entendo que a administração pública, finda por se apoderar de valor que não lhe pertence, acarretando verdadeiro enriquecimento indevido à administração pública, em desrespeito ao direitos fundamentais dispostos no art. 5º da Constituição Federal, inclusive o direito à propriedade. É o que se extrai da transcrição a seguir: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à Fl. 407DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 408 7 liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...). LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; No meu entendimento, portanto, ainda que o art. 16, parágrafo 4º do Decreto nº 70.235/1972 disponha sobre a preclusão, há situações específicas em que a sua aplicação literal, sem que seja feito o devido cotejo com outras normas e princípios dispostos no regramento jurídico brasileiro, leva à prática de atos não acobertados pela legislação, o que não se pode admitir. Em outras palavras, o princípio da legalidade (aplicação do art. 16, parágrafo 4º, do Decreto nº 70.235/1972) não pode ser utilizado para fins de acobertar a prática de atos ilícitos. Como se não bastasse, mencionese que, nos termos do que determina o art. 37 da Constituição Federal, os atos da administração pública devem ser pautados pelos princípios da moralidade e eficiência, os quais restam frontalmente prejudicados quando este órgão julgador, tendo conhecimento de que a exação é indevida, diante da documentação anexada aos autos, insiste em exigila. Sem dúvida, este procedimento levará ao Judiciário, sem necessidade, uma infinidade de demandas que poderiam ser resolvidas administrativamente. Nesse contexto, caso a documentação anexada aos autos esteja apta a comprovar o direito alegado, entendo que a sua não apreciação, ainda que juntada posteriormente à manifestação de inconformidade, leva ao descumprimento de normas legais ainda mais relevantes e de hierarquia inquestionavelmente superior, a exemplo da constituição federal, privilegiando em demasia um requisito formal, em detrimento da verdade material. Ademais, é válido destacar que, no caso dos presentes autos, foi o próprio contribuinte quem, em sua manifestação de inconformidade, requereu a juntada posterior de tais notas fiscais aos autos, demonstrando ter conhecimento de que tais documentos eram essenciais à comprovação do direito creditório pleiteado. Sendo assim, não levar em consideração o conteúdo dessas notas fiscais já anexadas aos autos, quando o fundamento da decisão recorrida para fins de indeferimento foi justamente a não juntada deste documento, não se mostra razoável, no meu entender. Nesse contexto, a despeito de eventual entendimento no sentido de que teria precluído o direito do contribuinte à juntada desta documentação, visto que apresentada tão somente em sede de recurso voluntário, entendo que tais notas fiscais, anexadas aos presentes autos voluntariamente pelo contribuinte, a quem cabe a comprovação do direito creditório alegado, devem ser apreciadas por este órgão julgador. Até porque, conforme acima narrado, tais notas fiscais apenas reforçam os argumentos já trazidos pelo contribuinte desde a sua manifestação de inconformidade no sentido de que o crédito tributário é válido, tendo a divergência indicada pela fiscalização decorrido tão somente de erro do sistema da empresa recorrida. Ou seja, diante da Fl. 408DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 409 8 comprovação de que houve apenas erro formal, penso que não há como se retirar do contribuinte o reconhecimento do direito a crédito a que este visivelmente faz jus, ainda que sob o argumento de preclusão. Este entendimento, inclusive, tem sido objeto de inúmeras decisões deste Conselho, a exemplo da decisão a seguir colacionada: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. JUSTIFICATIVA DO CONHECIMENTO DE PROVAS JUNTADAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. OCORRÊNCIA. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração opostos para sanar omissão contida nas razões de decidir dos Acórdãos, quando confirmada a presença de tal lapso. CONHECIMENTO. DOCUMENTOS ACOSTADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. ART. 16 DECRETO 70.235/72. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA E INFORMADA POR OUTRAS NORMAS. POSSIBILIDADE. FACULDADE DO JULGADOR. As prescrições do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 devem ser interpretadas sistematicamente, considerando suas próprias exceções e outras disposições do próprio texto de tal Decreto, assim como à luz dos princípios da busca pela verdade material, da informalidade, da razoabilidade e da racionalidade do processo administrativo fiscal. É legalmente possível e permitido ao Julgador conhecer de documentação acostada após a Impugnação, quando esta revela possuir efetivo valor probante, incidente na formação do livre convencimento motivado e na resolução da lide. (Acórdão nº 1402002.988 de 15/03/2018). Ainda sobre o tema, trago à colação as razões dispostas na resolução nº 3301000.280, proposta pelo Conselheiro Antonio Cavalcanti Filho, in verbis: A Recorrente traz ainda o princípio da verdade material em seu socorro, citando abalizada doutrina e julgado do CARF. Sopesando tal princípio com a regra de preclusão antes exposta e observando consistente jurisprudência deste Conselho (reproduzo dois acórdão abaixo, a título de exemplo), entendo pela necessidade de encaminhar os documentos ora apresentados para análise pela instância competente. DOCUMENTOS COLACIONADOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. CONTRAPOSIÇÃO DE RAZÕES. O art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/72 estabelece o balizamento do momento para apresentação das provas pelo sujeito passivo no processo administrativo fiscal. A produção de provas préexistentes por ocasião da interposição do recurso voluntário, não impede, de modo absoluto, a apreciação do julgador, diante das especificidade do caso concreto e das provas apresentadas. O processo é mero instrumento para a aplicação do direito material, devendo prevalecer para o presente caso a busca da verdade material. Deve ser acolhida a prova apresentada em sede recursal quando destinada a contrapor argumento ventilado na decisão recorrida. (CARF, 2º Seção, 2º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 2201003.358, de 22/09/2016. rel. Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra). Fl. 409DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 410 9 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS APRESENTADAS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL.Como regra geral a prova deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. Contudo, tendo o contribuinte apresentado os documentos comprobatórios no voluntário, razoável se admitir a juntada e a realização do seu exame, pois seria por demais gravoso e contrário ao princípio da verdade material a manutenção da glosa de deduções sem a análise das provas constantes nos autos. Além disso, esta é a ultima instância administrativa para derradeiro reconhecimento, e não sendo atendido, o contribuinte não hesitará em buscar a tutela do seu direito no Poder Judiciário, o que exigiria do Fisco enfrentar a mesma situação, com as provas apresentadas em juízo. (CARF, 2º Seção, 2º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 2201003.357, de 22/09/2016. rel. Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra). Contudo, ainda que se tenha identificado, à primeira vista, que a documentação acostada seria suficiente à comprovação do direito creditório pleiteado nesta demanda, considerando que a unidade de origem não chegou a apreciar dita documentação, entendo que os autos deverão ser remetidos à repartição competente, para que esta, face às notas fiscais já anexadas aos autos, aprecie e se manifeste expressamente acerca da certeza e liquidez do crédito tributário em comento. Não sendo este o entendimento dos demais integrantes desta turma julgadora, passo, então, à análise do mérito desta contenda. Seguindo a mesma linha do acima exposto, entendo que assiste razão ao contribuinte em seus argumentos de defesa. Isso porque, por meio da análise das notas fiscais anexadas aos autos, é possível confirmar que procedem as alegações do contribuinte no sentido de que a falha acerca do NCM encontrase, na verdade, nas informações constantes do seu SPED, uma vez que tais notas fiscais indicam a correta classificação fiscal das mercadorias em questão, a qual valida o cálculo dos créditos nos moldes em que fora realizado pelo contribuinte e afasta a justificativa apresentada pela fiscalização quanto à diferença identificada. Quanto à documentação apresentada, é importante mencionar que todas as notas fiscais constantes da planilha de fls. 312/313 foram anexados aos autos pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário. E, a título exemplificativo, fazse a seguir análise de três das notas fiscais anexadas, por meio da qual é possível verificar a procedência dos argumentos da Recorrente: Nota Fiscal nº 298.713 anexada à fl 352 dos autos confirma que o NCM do produto adquirido foi 32129090 e não o considerado pela fiscalização; Nota Fiscal nº 641.067 anexada à fl. 340 dos autos, confirma que o NCM correto era 73261900; Nota Fiscal nº 4.147 anexada à fl. 384 dos autos, confirma que o NCM correto era 87169090. Ou seja, por meio das notas fiscais anexadas ao processo, é possível verificar os corretos NCMs que deveriam ter sido considerados pela fiscalização, ao invés dos NCMs Fl. 410DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 411 10 que constavam incorretamente do SPED da empresa. A diferença exigida pela fiscalização, portanto, apresentase indevida neste caso concreto, face à comprovação realizada nos autos. De toda sorte, considerando que a unidade de origem não chegou a analisar a documentação acostada aos presentes autos, não tendo realizado o necessário recálculo dos créditos pleiteados para que se possa confirmar se a documentação apresentase apta a validar a integralidade do direito creditório pleiteado, ou apenas parte dele, entendo que, por cautela processual, há de ser dado provimento parcial ao pleito do contribuinte, para fins de reconhecer o seu direito creditório com base na documentação apresentada, contudo, condicionada à confirmação por parte da unidade de origem acerca dos valores relacionados. Entendo, pois, que a unidade de origem, quando da execução do presente julgado, deverá analisar as notas fiscais anexadas aos autos e recalcular o direito creditório com base no NCM indicado nas referidas notas fiscais, desconsiderando os NCM indicados no SPED da empresa. Nesse contexto, uma vez ultrapassada a conversão do presente feito em diligência, voto pelo provimento parcial do Recurso Voluntário interposto, para fins de reconhecer o direito creditório alegado na medida em que reste confirmado por meio das notas fiscais anexadas que o crédito fora corretamente calculado pelo contribuinte. Da conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, no sentido de que os autos sejam remetidos à unidade de origem para que esta analise e se manifeste acerca da certeza e liquidez da diferença que ainda é objeto da presente contenda. Após, o contribuinte deverá ser devidamente intimado para, querendo, apresentar manifestação sobre o resultado da diligência, no prazo legal. Em seguida, os autos deverão retornar ao CARF, para que prossiga no julgamento do caso. Caso a proposta acima seja superada, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário do contribuinte, para fins de reconhecer o direito ao crédito conforme NCMs indicados nas notas fiscais anexadas aos autos, cujo valor deverá ser recalculado pela unidade de origem, quando da execução do presente julgado. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 411DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 412 11 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Redator Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, peço licença para discordar de suas conclusões sobre a interpretação da legislação processual tributária quanto ao direito probatório, questão que se mostra fundamental para solução da presente lide. O art. 373 do Novo Código de Processo Civil (CPC) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao autor, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ou seja, em regra, incumbe à parte fornecer os elementos de prova das alegações que fizer, visando prover o julgador com os meios necessários para o seu convencimento, quanto à veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão. Seguindo essa mesma linha, o art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999, que regula os processos administrativos federais, dispõe que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Quanto ao processo administrativo fiscal, o art. 16 do Decreto 70.235/72 assim estabelece: Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis ......................................................................................................... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.748, de 9/12/1993) § 1° omissis ......................................................................................................... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluíndo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira se a fato ou a direito superveniente; c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997) ......................................................................................................... Como se percebe dos dispositivos transcritos, o dever de provar incumbe a quem alega. Assim, creio que o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes Fl. 412DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 413 12 de lançamento tributário e processos decorrentes de pedido de restituição, ressarcimento e compensação. Nestes, cabe ao contribuinte provar a liquidez e a certeza do seu crédito, naqueles, cabe ao fisco provar a ocorrência do fato gerador. Por certo, não se pode olvidar do Princípio da Verdade Material, que norteia o processo administrativo, devendo o julgador buscar o esclarecimento dos fatos, adotando as providências necessárias no sentido de firmar sua convicção quanto a verdade real. Contudo, a atuação do julgador somente pode ocorrer de forma subsidiária à atividade probatória, que deve ser desempenhada pelas partes. Assim, não pode o julgador usurpar a competência da autoridade fiscal e intentar produzir provas, que validem um lançamento fiscal fracamente instruído, assim como, lhe é vedado desincumbir, pela sua atuação ativa no processo, o sujeito passivo de trazer aos autos o conjunto probatório mínimo necessário para comprovar o seu direito creditório. Dessa forma, a busca pela verdade material não pode ser entendida como ilimitada. Em realidade, nenhum Princípio é soberano e outros também regem o processo administrativo, tais como: os Princípios da Celeridade, Imparcialidade, Eficiência, Moralidade, Legalidade, Segurança Jurídica, dentre outros. Por conseguinte, será lastreado nas circunstâncias fáticas do caso concreto, que o julgador deverá ponderar e sopesar a influência de cada um dos diversos Princípios, visando a maior justeza em seu julgamento. Outro ponto nodal sobre a mesma matéria referese ao momento para a apresentação de provas. Como é cediço, a autoridade fiscal tem como limite temporal para a juntada de provas, usualmente, a lavratura do Auto de Infração. Em contrapartida, o sujeito passivo está limitado, em regra, ao momento de instauração da fase litigiosa do processo, isto é, quando da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, conforme o § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/72. Entretanto, o próprio dispositivo citado enumera três circunstâncias , as quais permitiriam ao contribuinte carrear provas aos autos em outro momento processual: a) fique demonstrado a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente e c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Considerandose os Princípios da Igualdade, Moralidade, Imparcialidade e o da Verdade Material, entendo, data venia, que as exceções dispostas só podem ser validamente consideradas se estendidas a ambas as partes. A jurisprudência desse Conselho mostra que, em várias ocasiões, temse admitido a juntada de provas em fase posterior àquela definida na legislação e em circunstâncias diversas daquelas exceções legais, que afastam a preclusão. Tudo em nome do Princípio da Verdade Material. Creio que isso é possível, legal, justo e desejável. Entretanto, somente em condições bastante específicas. Entendo que somente devese admitir tais provas, quando no momento oportuno, o sujeito passivo já tenha carreado aos autos provas mínimas do que alega. Importante frisar que não basta ter apresentado documentos, que não guardam nenhum valor probatório no caso concreto analisado, há que ter sido juntado na Impugnação/Manifestação de Inconformidade um conjunto probatório mínimo. Assim, as provas excepcionalmente juntadas Fl. 413DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 414 13 de forma extemporâneas são aceitáveis, quando apenas reforçam o valor probatório do material já anteriormente apresentado. Agir de forma diversa, aceitando qualquer tipo de prova, em qualquer circunstância, sem que tenha sido apresentado um conjunto probatório no momento fatal definido em lei, a fim de privilegiar a verdade material, significaria, data venia, se emprestar uma força absoluta e soberana a um Princípio em detrimento aniquilar dos outros. Ademais, estariase diante de uma verdadeira derrogação do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235, realizada pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, o seu disposto não seria aplicado em hipótese alguma, excluindoo do ordenamento jurídico, fato que somente poderia ser realizado por lei. Ainda sobre o mesmo tema, devese tecer alguns comentários sobre o valor probatório do material eventualmente apresentado. Não basta a juntada de documentos, estes devem possuir valor probatório, mínimo que seja, considerandose as vicissitude do caso concreto posto em análise. Assim, determinado documento pode guardar conteúdo probatório das alegações em um processo e, em outro, não se configurar prova. Seguramente, em regra, as declarações fiscais transmitidas pelo contribuinte, assim como, seus registros contábeis, fazem prova em seu favor. Contudo, esses elementos, para possuírem algum valor probatório, devem ter sido elaborados segundo os ditames legais e em época apropriada. Vejamos, por exemplo, a DCTF retificadora. Como vem se manifestando, reiteradamente, este Conselho, a apresentação da DCTF retificadora antes da transmissão do pedido de compensação, em casos de pagamento indevido ou a maior, ou mesmo antes da ciência do Despacho Decisório, não é condição para a homologação da compensação pleiteada, pois o direito creditório não surge com a declaração, mas com o efetivo pagamento indevido ou a maior. Entretanto, a mera apresentação da DCTF retificadora não tem o condão de, por si só, comproválo. Nessa linha, outras declarações prestadas à RFB, tais como DIPJ e Dacon, poderiam fazer prova da veracidade dos dados registrados na DCTF retificadora, desde que transmitidas antes do Despacho Decisório e possuíssem informações compatíveis com o conteúdo da retificadora. Então, nesse caso, a juntada de outras declarações ao processo se constituiria num conjunto com força probatória, ainda que relativa e, por isso mesmo, não afastaria a discricionariedade do julgador perquirir sobre outros elementos, visando firmar sua convicção. De forma diversa, deveriam ser consideradas essas mesmas declarações se fossem transmitidas extemporaneamente, pois não passariam de documentos sem nenhum valor probatório. Assim, registros contábeis, que não estejam revestidos das formalidades legais ou que não se possa confirmar tais requisitos, não se constituem prova. Essas considerações são de crucial importância para avaliação da caracterização de determinada prova como reforço da anteriormente apresentada e, conseqüentemente, da possibilidade de sua aceitação. Mormente, a análise das especificidades de cada caso concreto é o que deve pautar o julgador nesse desiderato, não obstante, sem se afastar do norte lógicojurídico que deve alicerçar sua decisão. Fl. 414DF CARF MF Processo nº 13005.721813/201442 Acórdão n.º 3002000.290 S3C0T2 Fl. 415 14 No presente caso em análise, a ora recorrente restringiuse apenas a fazer alegações sobre seu suposto crédito, juntar planilha e a pleitear de forma genérica a juntada de outras provas em sua Manifestação de Inconformidade. Contudo, ressaltese, por fundamental, que se passaram cerca de quatro meses entre a apresentação da peça recursal e seu efetivo julgamento pela primeira instância e, nem assim, eventuais provas foram apresentadas. Assim sendo, entendo estar precluso, por expressa disposição legal, o direito de o contribuinte apresentar provas apenas em segunda instância, tendo em vista não se tratar de reforço de outras oportunamente já apresentadas e, por isso, não tomo conhecimento dos documentos agora juntados. Dessarte, forçoso é admitir que a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o seu suposto direito creditório, seja por seus erros anteriores ao Despacho Decisório, seja pela ausência da apresentação de provas robustas da sua liquidez e certeza no momento determinado pela legislação. Por outro lado, também divirjo da proposta de diligência da I. Relatora, pois a diligência, conforme o raciocínio lógicojurídico desenvolvido ao longo deste voto, é ferramenta posta a disposição do julgador para dirimir dúvidas sobre fatos relacionados ao litígio no processo de formação de sua livre convicção motivada. . Não visa, portanto, suprir a inércia probatória das partes. No caso atual, não se vislumbra a necessidade de adoção desse procedimento. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e não reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 415DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.721945/2013-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO.
O reexame de decisões proferidas no sentido de exoneração de créditos tributários e encargos de multa somente se impõe nos casos em que o limite de alçada supera o montante previsto em portaria do Ministério da Fazenda, sendo aplicável o limite vigente na data do julgamento.
Numero da decisão: 2402-006.574
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucciu, Luis Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO. O reexame de decisões proferidas no sentido de exoneração de créditos tributários e encargos de multa somente se impõe nos casos em que o limite de alçada supera o montante previsto em portaria do Ministério da Fazenda, sendo aplicável o limite vigente na data do julgamento.
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LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO. O reexame de decisões proferidas no sentido de exoneração de créditos tributários e encargos de multa somente se impõe nos casos em que o limite de alçada supera o montante previsto em portaria do Ministério da Fazenda, sendo aplicável o limite vigente na data do julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregorio Rechmann Junior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucciu, Luis Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 72 19 45 /2 01 3- 51 Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 780 2 Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo trechos do relatório constante do Acórdão nº 03.64038 da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) de Brasília (DF), fls. 738 a 749: O presente processo trata de lançamentos de Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP), em desfavor da empresa acima qualificada, abrangendo o período de débito de 01/01/2009 a 31/12/2009, conforme abaixo: DEBCAD nº 51.004.8633, no valor de R$ 34.186.814,31 (trinta e quatro milhões cento e oitenta e seis mil oitocentos e quatorze reais e trinta e um centavos), relativo a contribuições destinadas à Seguridade Social, parte patronal, bem como ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. DEBCAD nº 51.004.8641, no valor de R$ 9.435.339,72 (nove milhões quatrocentos e trinta e cinco mil trezentos e trinta e nove reais e setenta e dois centavos), relativo a contribuições devidas a Outras Entidades ou Fundos –Terceiros. DEBCAD nº 51.038.0425, no valor de R$ 1.845.767,80 (um milhão oitocentos e quarenta e cinco mil setecentos e sessenta e sete reais e oitenta centavos), relativo a contribuições destinadas à Seguridade Social, parte patronal, bem como ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, referente ao código de levantamento “Despesas com Contratos”. DEBCAD nº 51.038.0433, no valor de R$ 509.783,53 (quinhentos e nove mil setecentos e oitenta e três reais e cinquenta e três centavos), relativo a contribuições devidas a Outras Entidades ou Fundos –Terceiros, referente ao código de levantamento “Despesas com Contratos”. De acordo com o Relatório Fiscal os créditos constituídos são relativos às contribuições patronais, dos segurados e as destinadas a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros), não declaradas em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) e não recolhidas. Também estão inclusas as contribuições relativas ao grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. O Relatório Fiscal, fls. 300/321, em apertada síntese, dispõe: que a empresa, em tese, não é uma sociedade cooperativista pois, segundo seu Estatuto Social tem como objetivo social a "congregação dos integrantes de múltiplas profissões, para sua defesa econômica e social" e "criação de condições para o Fl. 780DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 781 3 exercício das atividades e aprimoramento do sócio cooperado". Para tanto, o Estatuto prevê que a mesma "deverá desenvolver a coordenação de atividades diversas, incluindo administração de contratos, acordos, ajustes, eventos e a execução de convênios contábeis, administrativos, jurídicos, de representação e econômicofinanceiros, prioritariamente nas seguintes atividades:". Em seguida, o estatuto enumera em 27 itens, de "a" até "z" mais "aa", várias dezenas de atividades, das mais variadas, abrangendo praticamente todas as áreas possíveis de prestação de serviços, que vão desde "Serviços de conservação, limpeza e manutenção predial" até "Serviços técnicos, na área médica em qualquer especialidade, em hospitais, clínicas médicas e postos de saúde, públicos e privados", passando por serviços de consultoria organizacional, administrativa, serviços técnicos em diversas áreas, tais como informática, contábil, comercial, fiscal, marketing, transporte, e outros. que há ocorrências de diversos “cooperados” prestando serviços à cooperativa, sendo que, pela legislação, são as cooperativas que devem prestar serviços aos cooperados. Em todos os estabelecimentos há cooperados que trabalham para a cooperativa nas atividades administrativas da mesma, exercendo funções características da relação de emprego. que há diversos processos trabalhistas nos quais foram desconsiderados os atos de associação e caracterizados vínculos empregatícios. Foram constatados neste processos, a existência de horários de trabalho fixo e controlado, salário fixo, existência de subordinação, além de que os associados não eram convocados para participar de assembleia ou gestão, além de serem dispensados imotivadamente. que a empresa fornece cestas básicas a seus segurados e arca com as despesas de alimentação, mas a empresa não está inscrita no PAT Programa de Alimentação do Trabalhador. que a empresa lançou na contabilidade valores pagos pelo deslocamento de seus trabalhadores, mas não se verificou nas folhas de pagamento o respectivo reembolso dos empregados. DA IMPUGNAÇÃO Dentro do prazo regulamentar o contribuinte contestou o lançamento, por meio do instrumento de fls. 627/660, cujas razões de defesa, resumidamente, são as seguintes: que a desconsideração da impugnante como Cooperativa se baseou, tão somente, em sentenças proferidas quando do julgamento de reclamações trabalhistas movidas em face da impugnante em casos pontuais, que não servem, de forma alguma, a descaracterizar a condição de Cooperativa, até porque tais reclamações são relativas a cooperados que se desligaram da cooperativa antes do período fiscalizado. que atende às exigências da Lei 5.764/71, que trata das sociedades cooperativas. Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 782 4 que o próprio artigo 31 da Lei 5.764/71 permite que a cooperativa estabeleça relação empregatícia com determinados cooperados, revelando uma exceção que serve apenas para confirmar a regra geral da associação. Neste particular, houve em alguns casos específicos a geração de relação empregatícia com a Cooperativa com alguns cooperativados que atuam em funções internas, tais como telefonia, recepção, secretariado, limpeza. que as decisões em sede judicial trabalhista não podem ser utilizadas para produzir efeitos na relação jurídicotributária. Tanto que o artigo 468, do CPC dispõe que "a sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas.", bem como o artigo 472, do CPC, segundo o qual "a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros..." que o Código Tributário Nacional, em seu artigo 109, disciplina que "os princípios gerais de direito privado utilizam se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.". que na Justiça do Trabalho também existem decisões em relação à Impugnante nas quais não foram confirmados os pressupostos de relação de emprego. que quanto à alegação de que a utilização de filiais em nome da Cooperativa seria fato de desconsideração de sua personalidade jurídica, não existe na legislação cooperativista, seja na Lei n° 5.764/71, ou nos artigos 1.093 a 1.096, do Código Civil, qualquer disposição que impeça sua adoção, ou que denote tal criação como ato descaracterizador da essência da Cooperativa. que o entendimento fiscal de que a Cooperativa de trabalho seria "a reunião de profissionais de uma única profissão" não possui qualquer respaldo legal, pois inexiste qualquer vedação legal que impeça a adoção de uma cooperativista plurilaboral. que o pagamento de benefícios adicionais, tais como alimentação, vale transporte, remuneração paga majoritariamente em valores fixos, remuneração dos trabalhadores denominada de salário nos contratos de prestação de serviços da Cooperativa com os tomadores de serviço, verificação de subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade, contratação para trabalhar de forma continuada em único tomador de serviço e inexistência de autonomia na prestação dos serviços não descaracteriza a cooperativa. que nenhuma prova documental relativa ao ano de 2008 foi colhida pelo fiscal. Fl. 782DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 783 5 Por todo exposto, pugna a impugnante a totalidade das autuações fiscais objeto do presente processo seja desconstituídas, na forma em que: a) Seja acolhida a preliminar de nulidade e todas as razões de modo a anular o lançamento fiscal e a exigência tributária, resultando na extinção do crédito Tributário. b) No mérito que se acolham os argumentos constantes da impugnação para reconhecer a total improcedência as exigência fiscal, com a extinção do crédito tributário. c) Que sejam anuladas as atuações fiscais por vícios insanáveis nas bases de cálculo, ou no mínimo, na reconstituição do valor exigível, considerando todos os recolhimentos efetuados no ano de 2009. d) Que seja extinto o crédito tributário recolhido. e) Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive, em homenagem ao principio da verdade material, pela conversão do feito em diligência, para verificação de todos os recolhimentos de contribuição previdenciária efetuados por via própria e retenção de terceiros no ano de 2009. f) Por último, tendo em vista a conexão entre os feitos, a impugnante requer a reunião do presente processo Administrativo fiscal com o de n° 10735721946/201303 a fim de que seja julgados em conjunto, eis que envolvem os mesmos fatos geradores e circunstancias fáticas descritas na presente atuação exigências reflexas das supostas infrações consignadas naquele processo. Ao julgar a impugnação, a 5ª Turma de Julgamento da DRJ de Brasília (DF), por unanimidade de votos, deu provimento parcial à defesa, conforme dispositivo a seguir transcrito: Acordam os membros da 5ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar PROCEDENTE EM PARTE a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Para maior clareza quanto à decisão a quo, transcrevemos, também, a conclusão do seu voto condutor: CONCLUSÃO Ante o exposto e considerando tudo o que dos autos consta, VOTO no sentido de julgar PROCEDENTE EM PARTE a impugnação, devendo ser excluídos os seguintes levantamentos: b) Excluir, integralmente, o levantamento TP – Transporte de Pessoal que está contido nos lançamentos 51.004.8633 e 51.004.8641[...]. Fl. 783DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 784 6 c) Excluir, integralmente, o levantamento CB Cesta Básica, que está contido nos lançamentos 51.004.8633 e 51.004.8641[...]. Permanecem intactos os demais lançamentos. Em face a essa decisão, a DRJ de Brasília (DR) interpôs recurso de ofício, nos seguintes moldes: Nos termos do art. 1º, da Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008, DOU de 07/01/2008, cabe interposição de recurso de ofício, por se tratar de exoneração de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Cientificada da decisão, em 14/10/14, conforme Edital nº 009/2015, fl. 775, a contribuinte não se manifestou. O processo, então, foi encaminhado a este Conselho para julgamento do recurso de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira – Relator. Do conhecimento Como visto no relatório acima, tratase de recurso de ofício apresentado pelo órgão julgador de primeiro grau, nos termos do art. 1º, da Portaria MF nº 3, de 3/1/08, uma vez que a decisão por ele proferida resultou na exoneração de contribuições previdenciárias e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Pois bem, segundo consignado na decisão recorrida, o montante exonerado corresponde à integralidade do levantamento TP – Transporte de Pessoal e do levantamento CB – Cesta Básica, perfazendo o total de R$ 2.049.039,77 (dois milhões, quarenta e nove mil e trinta e nove reais e setenta e sete centavos), da seguinte forma: Principal 1.170.879,87 Multa 878.159,90 Total 2.049.039,77 Acontece que o limite de alçada atual para a interposição de recurso de ofício corresponde a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), segundo definido pela Portaria MF nº 63, de 9/2/17. Vejamos: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total Fl. 784DF CARF MF Processo nº 10735.721945/201351 Acórdão n.º 2402006.574 S2C4T2 Fl. 785 7 superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Ademais, nos termos da Súmula CARF nº 103, o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso, em segunda instância: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Portanto, tendo em vista que o crédito exonerado de R$ 2.049.039,77 se encontra abaixo do limite de alçada previsto na Portaria MF nº 63, de 2017, não cabe o conhecimento do presente recurso de ofício. Conclusão Isso posto, VOTO POR NÃO CONHECER do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 785DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.902878/2010-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3401-001.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem aguarde a conclusão da diligência determinada em relação ao processo administrativo nº 10865.000243/2011-92, reenviando os autos ao CARF em conjunto com o referido processo.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Mara Cristina Sifuentes, Cássio Schappo, Lázaro Antonio Souza Soares e Tiago Guerra Machado.
Relatório
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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score : 1.0
Numero do processo: 13884.722096/2014-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/08/2014 a 25/09/2014
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PEÇA APRESENTADA COMO SE RECURSO FOSSE. CARÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
Carece de competência do Colegiado deste CARF para analisar peça apresentada como se recurso fosse, devendo retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade.
Numero da decisão: 3401-005.302
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça apresentada a título de recurso, por carência de competência do colegiado para análise inaugural da matéria, devendo tal peça retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente
(assinado digitalmente)
André Henrique Lemos - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/08/2014 a 25/09/2014 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PEÇA APRESENTADA COMO SE RECURSO FOSSE. CARÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Carece de competência do Colegiado deste CARF para analisar peça apresentada como se recurso fosse, devendo retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça apresentada a título de recurso, por carência de competência do colegiado para análise inaugural da matéria, devendo tal peça retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente (assinado digitalmente) André Henrique Lemos - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/08/2014 a 25/09/2014 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PEÇA APRESENTADA COMO SE RECURSO FOSSE. CARÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Carece de competência do Colegiado deste CARF para analisar peça apresentada como se recurso fosse, devendo retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça apresentada a título de recurso, por carência de competência do colegiado para análise inaugural da matéria, devendo tal peça retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) André Henrique Lemos Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 72 20 96 /2 01 4- 18 Fl. 313DF CARF MF 2 Relatório Adotase o relatório do Despacho Decisório de piso por bem retratar a situação dos autos: Trata o presente de declaração de compensação de créditos decorrentes da ação judicial nº 2002.61.00.0065831, que reconheceu o direito da autora de compensar os valores recolhidos a maior a título de PIS, com débitos do próprio PIS. 2. O sujeito passivo apresentou o formulário Declaração de Compensação, no dia 25/09/2014, com o propósito de compensar débitos de PIS não cumulativo (código 6912) no valor original de R$ 140.656,41, indicando como origem do crédito o Processo de Restituição nº 13884.721716/201311. Para justificar a ausência de apresentação da Declaração de Compensação gerada a partir do programa Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP), o sujeito passivo alegou falha do programa ao não permitir a compensação de créditos habilitados independentemente do tempo transcorrido entre a data do trânsito em julgado e a data da declaração de compensação. 3. Conforme o Despacho Decisório SEORT nº 404/2014, de fls. 75 a 82, a autoridade administrativa considerou não declarada a compensação, pelo fato de não ter sido utilizado o programa PER/DCOMP para declarála, nos termos do §1º do art. 46 da IN RFB nº 1.300/2012. Concluiu que não houve falha no programa PER/DCOMP que impedisse a sua utilização no caso, mas sim impossibilidade legal de compensação de créditos prescritos detectada pelo sistema. 4. O interessado foi cientificado do Despacho Decisório precitado, em 06/12/2014, conforme cópia de AR à fl.88. 5. Inconformado com a decisão consubstanciada no Despacho Decisório SEORT nº 404/2014, o sujeito passivo apresentou recurso hierárquico, de fls. 89 a 130, alegando em síntese que: 1) O trânsito em julgado da ação judicial nº 2002.61.00.006583 1 ocorreu em 09/08/2007; 2) Apresentou, em 30/07/2008, o Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Transitada em Julgado, conforme Processo Administrativo nº 13884.001551/200808; 3) A RFB deferiu a habilitação do crédito em 19/06/2009 e autorizou a compensação; 4) Utilizou, no período de 11/2009 a 08/2011, o valor inicialmente habilitado, no montante histórico de R$ Fl. 314DF CARF MF Processo nº 13884.722096/201418 Acórdão n.º 3401005.302 S3C4T1 Fl. 314 3 1.587.235,10, mês a mês, até o seu exaurimento, e aguardou a análise definitiva do montante de seu crédito; 5) Recebeu em 11/2013, o Termo de Comunicação SEORT nº 806/2013, reconhecendo o crédito de R$ 2.286.301,74, atualizado até a data da transmissão da primeira Declaração de Compensação, realizada em 25/11/2009, bem como homologou as compensações inicialmente declaradas; 6) Após a dedução dos valores compensados até então, calculou o saldo remanescente em 03/2014, no montante de R$ 847.220,74; 7) Entregou a Declaração de Compensação em formulário, no dia 25/09/2014, em razão de falha demonstrada no programa PER/DCOMP, a qual impediu a geração da declaração eletrônica de compensação em virtude da ocorrência do trânsito em julgado da ação em data superior a cinco anos; 8) O artigo 42 da IN RFB nº 1.300/2012 permitiria a utilização do saldo remanescente, uma vez que o pedido inicial de restituição foi efetivado pelo sujeito passivo em 11/2009, dentro do prazo de cinco anos do trânsito em julgado; 9) O Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Transitada em Julgado foi apresentado decorridos onze meses do trânsito em julgado; 10) O recurso teria efeito suspensivo por força do inciso III, do artigo 151, da Lei nº 5.172/1966, Código Tributário Nacional – CTN; 11) A glosa do crédito teria decorrido da demora na análise do pedido de habilitação, uma vez que o real crédito foi aferido no momento da análise das compensações, quatro anos depois. 6. Após apresentar seus argumentos, o sujeito passivo requer o provimento do recurso, reformando a decisão administrativa para: 1) Homologar a compensação no valor de R$ 140.656,41, referente ao PIS não cumulativo, do período de apuração de 31/08/2014; 2) Anular integralmente o Termo de Intimação DRF/SJC/SEORT e da cobrança do DARF que o acompanha; 3) Suspender a exigibilidade do crédito tributário. Fl. 315DF CARF MF 4 Sobreveio o Despacho Decisório nº 3 – GAB/DRF/SJC, efl. 134, de 30 de março de 2016, o qual julgou improcedente o Recurso Hierárquico, a teor da conclusão abaixo transcrita: 24. Com base nos fatos e informações acima analisados, e em atenção ao estabelecido no artigo 302, VI, do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14/05/2012, e no artigo 56, § 1º, da Lei nº 9.784, de 29/01/1999, decido pelo NÃO PROVIMENTO do recurso hierárquico em pauta, para manter a decisão questionada que considerou não declaradas as compensações apresentadas no presente processo. Irresignada, a Recorrente interpôs seu recurso voluntário em 03/05/2016 (efls. 148 e seguintes), após ser cientificada da decisão em 01/04/2016. Nas razões do recurso aduziu, em síntese: 1. Problema do sistema, motivo pelo qual teve de requerer a compensação por meio de formulário; 2. Que a RFB utilizou o Parecer Normativo Cosit 11/2014 para embasar a negativa por prescrição do crédito e que esta norma inexistia à época dos fatos; 3. Segundo a instrução normativa 900/08 e 1300/08, vigentes quando do pedido de habilitação do crédito, não estabeleciam prazo para utilização do crédito após o deferimento do pedido de habilitação; 4. O Delegado da RFB utilizou a alteração da IN 1300/08 de 2015, realizada 7 meses após o pedido de compensação, para negar o pedido de compensação; 5. Que o Delegado RFB fez confusão entre o prazo prescricional destinado ao pedido de habilitação do crédito (art. 82, §4º da IN 1300/2012) com o novo prazo determinado pela IN 1557/15; 6. Sustenta o cabimento de recurso voluntário; 7. Da impossibilidade da IN 1557/15 retroagir; 8. Ao final requer a reforma integral da decisão recorrida, representada pelo despacho decisório no 1/2016, e anular integralmente o Termo de Intimação DRF/SJC/SEORT. É o relatório. . Voto Conselheiro André Henrique Lemos, Relator O ponto central diz respeito ao reconhecimento de créditos fiscais do PIS e da COFINS nãocumulativas, acumulados mensalmente, os quais restaram indeferidos totalmente pela autoridade fiscal, por meio de despacho decisório em sede de Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso PER. Notese que a questão cingese à formação, instrução, cognição da prova, e esta, quando se trata de PER/DCOMP um pedido de iniciativa do sujeito passivo , a ele cabe tal ônus. Antes de adentrar neste assunto de mérito, necessário tratar de uma questão de ordem. Fl. 316DF CARF MF Processo nº 13884.722096/201418 Acórdão n.º 3401005.302 S3C4T1 Fl. 315 5 A Contribuinte apresentou peça como se recurso fosse, faltando competência a este Colegiado para a análise inaugural da matéria. Temse que tal peça deve retornar à unidade preparadora, devendo ser processada e sucessivamente julgada pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade. Nestes termos, voto por não conhecer do recurso voluntário, não conhecendo da peça apresentada a título de recurso, por carência de competência do colegiado para análise inaugural da matéria, devendo tal peça retornar à unidade preparadora e ser processada, pela DRJ competente, como manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) André Henrique Lemos Fl. 317DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12644.000429/2007-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 04/02/1999
CARGAS MANIFESTADAS E NÃO LOCALIZADAS.
São consideradas extraviadas as cargas manifestadas e não localizadas, sobre elas sendo lícito aplicar os tributos, bem como eventuais juros de mora e multas.
RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR PELOS TRIBUTOS DEVIDOS SOBRE OS PRODUTOS EXTRAVIADOS.
Para efeitos fiscais o transportador é responsável pelo extravio de volumes constantes em manifesto de carga.
MATÉRIAS NÃO ALEGADAS NA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO.
É vedado inovar na postulação recursal para incluir matérias diversas daquelas anteriormente deduzidas quando da impugnação do lançamento fiscal. À exceção de matérias de ordem pública, estão preclusas as questões arguidas somente na fase recursal.
Numero da decisão: 3302-006.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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São consideradas extraviadas as cargas manifestadas e não localizadas, sobre elas sendo lícito aplicar os tributos, bem como eventuais juros de mora e multas. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR PELOS TRIBUTOS DEVIDOS SOBRE OS PRODUTOS EXTRAVIADOS. Para efeitos fiscais o transportador é responsável pelo extravio de volumes constantes em manifesto de carga. MATÉRIAS NÃO ALEGADAS NA IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. É vedado inovar na postulação recursal para incluir matérias diversas daquelas anteriormente deduzidas quando da impugnação do lançamento fiscal. À exceção de matérias de ordem pública, estão preclusas as questões arguidas somente na fase recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 64 4. 00 04 29 /2 00 7- 95 Fl. 96DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Por bem descrever os fatos, transcrevo e adoto o relatório do acórdão nº 16 64.489, da 11ª Turma da DRJ/SPO, proferido na sessão de 08 de janeiro de 2015: Tratam os autos de notificação de lançamento (fl. 02), decorrente de procedimento de vistoria aduaneira que resultou na cobrança dos tributos incidentes sobre a importação e da multa prevista pelo artigo 628, III, “d”, do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543/2002), em razão do extravio de dois volumes. Conforme consta do Termo de Vistoria Aduaneira Oficial (fls. 19/20 do Processo Administrativo nº 12644.000420/200784, apenso aos autos) e demais documentos, a carga chegou ao Aeroporto Internacional de Viracopos em 28/10/2007, termo de entrada nº 070047650, sendo informado no sistema MANTRA pela transportadora a quantidade de 02 (dois) volumes pesando 23,000 kgs, com tratamento de carga 4 — TC4 (trânsito imediato) e, posteriormente, em 29/10/2007, "indisponibilidades 31 — Carga Pátio com Prazo Vencido".(fls. 6 do Processo Administrativo nº 12644.000420/200784). Consta que a mercadoria deu entrada no terminal de carga 4 — TC4, conforme histórico de carga(Importação) — "TECAPLUS" de 10/12/2007 emitido pela INFRAERO. No momento da vistoria, o volume foi solicitado à depositária, quando, foi informado que os volumes não foram localizados, faltando, portanto, a totalidade dos volumes constituído de 2.0000 caixas, contendo 3.150.000 (três milhões cento e cinqüenta mil) unidades da referência HP 456121001 IC Chipset Nvidia NB/SB MCP67M (partes de circuito integrado), conforme fatura da HewlettPackard, S. de R.L.(México) de n.° AAH0060786. Nenhum dos presentes à vistoria apresentaram provas excludentes de responsabilidade nem informaram ter conhecimento de fatos que pudessem dar causa ao extravio das mercadorias. Ao final atribuiuse à transportadora aérea a responsabilidade tributária pelas mercadorias extraviadas. Cientificada da notificação de lançamento em 13/12/2007, a autuada apresentou impugnação em 18/12/2007 (fls. 08 e ss), alegando em síntese que: Fl. 97DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 4 3 a) consta no sistema Mantra que a declinada mercadoria estava sob tratamento de carga 4 – TC4, ou seja, trânsito imediato, ficando expressamente constatada a entrada da mesma junto ao Terminal de Cargas da Infraero, conforme histórico de carga – importação – TECAPLUS, emitido pelo próprio depositário; b) em que pese tenhalhe sido atribuída a responsabilidade tributária pelo inexplicável desaparecimento da carga em apreço, o efetivo responsável pela falta da carga é o depositário Infraero, conforme demonstrará; c) a Infraero, prestadora de serviço público, opera com monopólio absoluto dos aeroportos brasileiros, sendo a única responsável pelo controle da entrada e saída de todas as mercadorias dos terminais de carga por ela administrados e monitorados; d) como os poderes conferidos às empresas públicas jamais podem ser delegados a entes particulares, a Infraero não pode repassar à empresa transportadora a responsabilidade pela segurança interna do TECA; e) a requerente não possui qualquer poder ou liberdade para assegurar a integridade de sua carga no TECA, uma vez que tal função é exercida exclusivamente pela Infraero; f) a Infraero violou frontalmente o princípio constitucional da eficiência, haja vista que o desaparecimento de carga do interior de seu armazém demonstra sua negligência e imprudência, merecendo ser responsabilizada no caso em debate; g) a tentativa de atribuir a culpa pelo ocorrido à transportadora não exclui sua responsabilidade, por ser objetiva, com previsão expressa na Constituição Federal; h) e mais, o artigo 20 da Convenção de Varsóvia, legislação aplicável ao transporte aéreo internacional, prevê que o “transportador não será responsável se provar que tomou e tomaram os seus prepostos todas as medidas necessárias para que não produzisse o dano, ou que não lhes foi possível tomá las”. Logo, a transportadora não pode ser responsabilizada por um fato sobre o qual não possui o menor controle, qual seja, a segurança no interior do TECA; i) cita doutrina e jurisprudência para referendar sua tese; j) reclama que a aplicação de uma lei encontrase estritamente vinculada a coesão de todos os princípios constitucionais, devendo sempre ser analisada a conveniência e oportunidade para que aquele ato da Administração seja realmente válido. l) requer, assim, seja o presente processo declarado nulo juntamente com o crédito tributário nele lançado. É o relatório. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 5 4 No acórdão do qual foi retirado o relatório acima, por unanimidade de votos, foi julgada improcedente a impugnação realizada pela contribuinte, mantendose o crédito tributário apurado, sendo traduzido na seguinte emenda: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 11/12/2007 VISTORIA ADUANEIRA. EXTRAVIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Atribuise ao transportador aéreo a responsabilidade pelos tributos e multa incidentes sobre o extravio de mercadoria desembarcada que não foi objeto de armazenamento, conforme os registros do sistema MANTRA. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a r. decisão acima transcrita a contribuinte interpôs recurso voluntário onde inova em suas razões sem qualquer justificativa, trazendo tópicos não tratados em sua impugnação, repetindo alguns argumentos trazidos na peça de defesa, requerendo ao final, novamente, a total procedência de seu apelo. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: I Da Preclusão Matérias não alegadas na impugnação Conforme relatado acima a recorrente, sem apresentar qualquer razão que pudesse dar guarida a sua pretensão, inovou em seu recurso voluntário, trazendo para a discussão matérias que não foram objeto de impugnação. Alega que estaria evidenciada a nulidade do procedimento fiscal por não ter ocorrido a apuração do extravio da carga. No entanto, referida alegação não figura da peça impugnatória, sendo certo que essa é a primeira oportunidade que a recorrente trata do assunto. No mesmo sentido encontramse as alegações relacionadas à suposta ausência de prova quanto ao extravio, que sequer são acompanhadas de documentos ou mesmo apontamento de fatos concretos que poderiam em tese comprovar a mencionada nulidade. Analisando o caderno processual, pude apurar que as alegações trazidas pelo recorrente não podem prosperar, em primeiro lugar porque não traz prova nenhuma quanto as suas alegações e, em segundo lugar, porque entendo como preclusas essas alegações, pois, como dito anteriormente, não foram objeto, oportunamente, da impugnação ao lançamento. Visando delimitar a matéria objeto do julgamento, observese que a interposição de recurso voluntário transfere ao órgão ad quem, o reexame da matéria Fl. 99DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 6 5 impugnada. Assim, o recurso não devolve a instancia superior o conhecimento da matéria não contestada quando da impugnação do lançamento. É exatamente esse o sentido o disposto no art. 17 do Decreto 70.235/72, vejamos: "Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante." Desta forma, podemos concluir que a norma quer nos trazer a disposição de que não é permitido inovar na postulação recursal para incluir matérias diversas daquelas anteriormente deduzidas. No caso, por hipótese, de ser permitida tal postulação estaríamos diante de afronta do princípio do duplo grau de jurisdição, havendo por conseguinte a supressão de instância o que não é permitido pela legislação que rege a matéria. Desta feita, considerando a inovação realizada pela recorrente, que trouxe na peça recursal matérias outrora não levadas ao debate na oportunidade da impugnação, fato esse que nos leva a afirmar que houve preclusão quanto a tais matérias, delas não tomo conhecimento. II Da suposta Responsabilidade da INFRAERO Segundo o entendimento da recorrente, a responsabilidade relacionada ao extravio das mercadorias deveria ser imputada à INFRAERO, pois a carga logo que desembargada teria sido entregue ao depositário. No entanto, em que pese seus argumentos, não houve a juntada de qualquer prova que pudessem embasar suas alegações. Pois bem. Ferramenta de controle aduaneiro, o MANTRA, tratase de um sistema informatizado, onde, dentre outras previsões, encontramos a disciplina dos procedimentos de controle de cargas aéreas procedentes do exterior. A alimentação do MANTRA com as informações das cargas provenientes do exterior é de responsabilidade do importador, devendo ser feita previamente à chegada do veículo em que é realizado o transporte, e dirigida à unidade da RFB responsável pela jurisdição do local do desembarque. Ressaltase que em casos específicos, previsto no regulamento do MANTRA, é garantido ao importador promover informações complementares, na hipótese de se verificar a necessidade de se promover correções quanto a quantidade dos produtos importados, por exemplo. No caso em apreço não houve qualquer informação de incorreção ou inexatidão dos produtos por parte da recorrente, que repitase, segundo a legislação pertinente é a responsável pela alimentação do MANTRA com as informações da importação. Contradizendo as alegações da recorrente, os documentos carreados aos autos dão conta de que a carga importada destinavase a trânsito imediato, não sendo objeto de Fl. 100DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 7 6 armazenamento e, por conseguinte, impossível a tentativa de responsabilização da INFRAERO pelo extravio das mercadorias. Reporto como ainda mais importante a informação de que no termo de vistoria aduaneira, novamente desestabilizando a tese da recorrente, não há qualquer registro no sistema MANTRA, repitase, informações de responsabilidade da transportadora, neste caso a recorrente, de informações que apontem a entrega da carga ao depositário. Assim, inadmissível é a tentativa de responsabilização do depositário na presente demanda, simplesmente pelo fato que os volumes extraviados não terem permanecido sob sua responsabilidade. Vale lembrar que há a previsão expressa de sua responsabilidade na Norma (art. 593, Decreto nº 4.543/2002), quando determina que o depositário responde por avaria ou por extravio de mercadoria sob sua custódia. Por todo o exposto pelos documentos trazidos ao presente caderno processual, e digase de passagem não contraditas pela recorrente, a mercadoria devidamente manifestada e informada junto ao MANTRA, não foi encontrada quando da realização da descarga, sendo certo que nesses casos a responsabilidade carga é do transportador. Vejamos o que dispõe o Decreto nº 4.543/2002, quando trata do assunto em análise: “Art. 591. A responsabilidade pelo extravio ou pela avaria de mercadoria será de quem lhe deu causa, cabendo ao responsável, assim reconhecido pela autoridade aduaneira, indenizar a Fazenda Nacional do valor do imposto de importação que, em conseqüência, deixar de ser recolhido, ressalvado o disposto no art. 586 (Decretolei no 37, de 1966, art. 60, parágrafo único). Art. 592. Para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando houver (Decretolei no 37, de 1966, art. 41): (...) VI extravio, constatado na descarga, de volume ou de mercadoria a granel, manifestados. Art. 595. A autoridade aduaneira, ao reconhecer a responsabilidade nos termos do art. 591, verificará se os elementos apresentados pelo indicado como responsável demonstram a ocorrência de caso fortuito ou força maior que possa excluir a sua responsabilidade.” Desta forma, por todo o acima exposto, em conjunto com a análise de todo o conjunto probatório, podemos verificar não haver guarida às alegações trazidas pela recorrente, permanecendo sob a sua responsabilidade o extravio da carga transportada. III Conclusão Por todo o exposto, voto no seguinte sentido, conhecer do recurso voluntário, no entanto, negarlhe provimento. É como voto. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 12644.000429/200795 Acórdão n.º 3302006.025 S3C3T2 Fl. 8 7 (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 102DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.907681/2009-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS.
Não existe previsão legal para a incidência da Taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de IPI. O reconhecimento da atualização monetária só é possível em face de decisões do STJ na sistemática dos Recursos Repetitivos, quando existentes atos administrativos que indeferiram parcial ou totalmente os pedidos, e o entendimento neles consubstanciados foi revertido nas instâncias administrativas de julgamento, sendo assim considerados oposição ilegítima ao seu aproveitamento. Configurada esta situação, a Taxa SELIC incide sobre a parcela revertida no contencioso a favor do contribuinte, mas somente a partir de 360 (trezentos e sessenta) dias contados do protocolo do pedido, pois, antes deste prazo, não existe permissivo, nem mesmo jurisprudencial, com efeito vinculante, para a sua incidência.
Numero da decisão: 9303-007.011
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para determinar a incidência da Taxa Selic a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) da data da protocolização do pedido de ressarcimento, a incidir somente sobre o crédito cujas glosas foram revertidas nas instâncias de julgamento posteriores ao Despacho Decisório. Vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. Recorrente ALTIVO PEDRAS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS. Não existe previsão legal para a incidência da Taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de IPI. O reconhecimento da atualização monetária só é possível em face de decisões do STJ na sistemática dos Recursos Repetitivos, quando existentes atos administrativos que indeferiram parcial ou totalmente os pedidos, e o entendimento neles consubstanciados foi revertido nas instâncias administrativas de julgamento, sendo assim considerados oposição ilegítima ao seu aproveitamento. Configurada esta situação, a Taxa SELIC incide sobre a parcela revertida no contencioso a favor do contribuinte, mas somente a partir de 360 (trezentos e sessenta) dias contados do protocolo do pedido, pois, antes deste prazo, não existe permissivo, nem mesmo jurisprudencial, com efeito vinculante, para a sua incidência. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para determinar a incidência da Taxa Selic a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) da data da protocolização do pedido de ressarcimento, a incidir somente sobre o crédito cujas glosas foram revertidas nas instâncias de julgamento posteriores ao Despacho Decisório. Vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 90 76 81 /2 00 9- 15 Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte contra o Acórdão 3202000.662, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Sejul do CARF, que negou provimento ao recurso voluntário não reconhecendo, dentre outras questões, o direito à incidência da taxa Selic sobre o ressarcimento pleiteado. Em Exame e Reexame de Admissibilidade, foi dado seguimento parcial ao Recurso, apenas em relação à discussão sobre a atualização pela Taxa SELIC no ressarcimento do Crédito Presumido de IPI. A PGFN apresentou Contrarrazões, alegando que, a teor das decisões vinculantes do STJ, só cabe a atualização pela Taxa SELIC de créditos do IPI solicitados em ressarcimento quando há oposição ilegítima do Fisco, ou seja, limitandose assim à parcela que foi indeferida pela Unidade de Origem e posteriormente reconhecida nas instâncias administrativas de julgamento, em decisão definitiva. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303007.004, de 14/06/2018, proferido no julgamento do processo 10665.907676/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303007.004): "Observados os requisitos e preenchidas as formalidades regimentais, conheço do Recurso Especial, na parte admitida, qual seja, a atualização pela Taxa SELIC no caso de Pedidos de Ressarcimento de Crédito Presumido de IPI. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 4 3 Utilizome aqui do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, no Acórdão nº 9303005.425, desta mesma 3ª Turma da CSRF: A questão da atualização monetária, pela Taxa Selic, nos pedidos de ressarcimento de IPI, tem rendido inúmeras discussões, tanto na esfera administrativa como judicial. A verdade é que não há previsão legal para o seu reconhecimento na análise dos pedidos administrativos. Vêse que no âmbito das turmas de julgamento do CARF, tem se reconhecido sua incidência em decorrência da aplicação do que foi decidido pelo STJ, na sistemática dos recursos repetitivos, no âmbito dos REsp n° 1.035.847 e no REsp n° 993.164. Ambos julgados estabeleceram que é devida a incidência da correção monetária, pela aplicação da Taxa Selic, aos pedidos de ressarcimento de IPI cujo deferimento foi postergado em face de oposição ilegítima por parte do Fisco. Portanto, sem dúvida, o reconhecimento da incidência da aplicação da Taxa Selic nos processos de ressarcimento decorrem de uma construção jurisprudencial e não por disposição expressa da Lei. Vêse que o STJ nos dois julgados acima citados reconhecem expressamente a falta de previsão legal a autorizar tal incidência. Vejamos o que dispôs referidos julgados: REsp 1.035.847/RS: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. REsp n° 993.164: Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 5 4 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. (...) 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). (...) 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Concluise que a oposição ilegítima por parte do Fisco, ao aproveitamento de referidos créditos, permite que seja reconhecida a incidência da correção monetária pela aplicação da Taxa Selic. Porém da leitura que se faz, para a incidência da correção que se pretende, há que existir necessariamente o ato de oposição estatal que foi reconhecido como ilegítimo. No âmbito do processo administrativo de pedidos de ressarcimento tem se que estes atos administrativos só se tornam ilegítimos caso seu entendimento seja revertido pelas instâncias administrativas de julgamento. Portanto somente sobre a parcela do pedido de ressarcimento que foi inicialmente indeferida e depois revertida é que é possível o reconhecimento da incidência da Taxa Selic. Tudo isso por força do efeito vinculante das decisões do STJ acima citadas e transcritas. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 6 5 Porém resta uma discussão quanto ao prazo inicial da incidência da Taxa Selic. No CARF a grande maioria das decisões dividemse em duas vertentes. A primeira que a aplicação da correção dariase somente a partir da edição do Despacho Decisório, pela autoridade administrativa da DRF de origem, que teria denegado parte ou integralmente o pedido. A justificativa desta primeira tese seria no sentido de que só a partir daí é que teria nascido o ato ilegítimo a permitir a aplicação dos repetitivos do STJ. A segunda vertente é reconhecer a aplicação da correção monetária desde a data do protocolo do pedido, hipótese que até então estava sendo adotada por este relator e pela própria CSRF. Entretanto, refletindo melhor sobre a matéria, penso que não existe base legal e nem comando vinculante de nossos tribunais a autorizar nenhuma dessas duas hipóteses, sobretudo a segunda, referente à incidência da correção monetária desde a data do protocolo do pedido. Essa hipótese permite uma correção monetária integral que nunca foi permitida do ponto de vista legal e, smj, nem pela interpretação dos referidos julgados. Entendo que a melhor interpretação está vinculada ao que dispôs o próprio STJ, também em sede de recurso repetitivo, no REsp n° 1.138.206, abaixo transcrito com destaques: TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA DECISÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. APLICAÇÃO DA LEI 9.784/99. IMPOSSIBILIDADE. NORMA GERAL. LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECRETO 70.235/72. ART. 24 DA LEI 11.457/07. NORMA DE NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A duração razoável dos processos foi erigida como cláusula pétrea e direito fundamental pela Emenda Constitucional 45, de 2004, que acresceu ao art. 5°, o inciso LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação." 2. A conclusão de processo administrativo em prazo razoável é corolário dos princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (Precedentes: MS 13.584/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009, Dje 26/06/2009; Resp 1091042/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009, Dje 21/08/2009; MS 13.545/DF, Rel. MinistraMARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 29/10/2008, Dje 07/11/2008; Resp 690.819/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/02/2005, DJ 19/12/2005) 3. O processo administrativo tributário encontrase regulado pelo Decreto 70.235/72 Lei do Processo Administrativo Fiscal , o que afasta a aplicação da Lei 9.784/99, ainda que ausente, na lei específica, mandamento legal relativo à fixação de prazo razoável para a análise e decisão das petições, defesas e recursos administrativos do contribuinte. 4. Ad argumentandum tantum, dadas as peculiaridades da seara fiscal, quiçá fosse possível a aplicação analógica em matéria tributária, caberia incidir à espécie o próprio Decreto 70.235/72, cujo art. 7°, § 2°, mais se aproxima do thema judicandum, in verbis: "Art. 7° O procedimento fiscal tem início com: Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 7 6 I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2º Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos." 5. A Lei n.° 11.457/07, com o escopo de suprir a lacuna legislativa existente, em seu art. 24, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo dos pedidos, litteris: "Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte." 6. Deveras, ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de ser aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos pendentes. 7. Destarte, tanto para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência da Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados após o advento do referido diploma legislativo, o prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei 11.457/07). 8. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 9. Recurso especial parcialmente provido, para determinar a obediência ao prazo de 360 dias para conclusão do procedimento sub judice. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Concluise da leitura acima, que o STJ determinou a aplicação do art. 24 da Lei n° 11.457/2007 aos processos administrativos fiscais, inclusive aos requerimentos efetuados antes de sua vigência. Assim, manifestouse de forma vinculante que o prazo razoável para duração do processo administrativo, ou seja, para que a autoridade administrativa de origem desse uma solução aos pedidos de restituição, ressarcimento e afins seria de 360 dias. Ora, se a administração tem o prazo de 360 dias para solucionar os processos administrativos de ressarcimento, e não há previsão legal para incidência da correção monetária sobre referidos pedidos, a conclusão inequívoca transmitida por esses julgados é que não há possibilidade de incidência da correção monetária neste interregno, uma vez que este seria o prazo razoável determinado na lei. Importante ressaltar que referido julgado não dispõe absolutamente nada sobre incidência de correção monetária ou aplicação da taxa Selic nos processos de ressarcimento. Portanto, como não há previsão legal para incidência da taxa Selic nos processos de ressarcimento, o seu reconhecimento em sede dos julgados administrativos deve ser erigido a partir da interpretação do que se construiu nos julgados do STJ com efeitos vinculantes. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 8 7 Portanto, para reconhecimento da incidência da taxa Selic nos processos de ressarcimento de IPI, devemos partir de duas premissas: 1) existe ato administrativo que indeferiu de forma ilegítima parcial ou integralmente o pedido? e 2) o trânsito em julgado da decisão administrativa ultrapassou os 360 dias? A resposta positiva para as duas premissas importa em reconhecer a incidência da taxa Selic somente para os créditos indeferidos de forma ilegítima, cujo termo inicial da incidência da correção somente poderá ser contado a partir dos 360 dias do protocolo do pedido. Esta conclusão coadunase com a aplicação do princípio da igualdade. Veja que se o processo for deferido em 359 dias, o contribuinte não receberá qualquer ajuste monetário e caso seja deferido em 361 dias haveria incidência integral desta correção. Pareceme um casuísmo não pretendido, a justificar a interpretação de que esta correção monetária só seria aplicada a partir de 360 dias do protocolo do pedido e, desde que exista um ato administrativo que teria sido considerado ilegítimo, assim considerado aquele cujo entendimento foi revertido pelas instâncias administrativas de julgamento. Assim, no presente processo, tendo entendido a turma de julgamento, a despeito de voto contrário deste julgador, que é possível o aproveitamento de crédito presumido de IPI sobre os serviços de industrialização por encomenda, sobre esta parcela permitese a incidência da taxa Selic a ser aplicada a partir de 360 dias contados do protocolo do pedido de ressarcimento até a sua efetiva utilização. Somente a título de esclarecimento, contestase especificamente o argumento da ilustre relatora, em seu voto, de que seria aplicável à espécie o art. 39 da Lei nº 9.250/95, o qual, segundo o entendimento dela, deveria ser utilizado também para o fim de ressarcimento de tributos. O § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/95 é aplicável à restituição do indébito (pagamento indevido ou a maior) e não ao ressarcimento, que é do que trata a Lei nº 9.363/96. Ao contrário do que muitos defendem, o ressarcimento não é "espécie do gênero restituição". São dois institutos completamente distintos (pois senão não faria qualquer sentido a discussão em tela sobre a atualização monetária, pois expressamente prevista em lei para a repetição do indébito). O direito à restituição é decorrência "automática" do pagamento indevido ou maior que o devido, conforme art. 165, I, do CTN. O ressarcimento tem que estar previsto em lei. Neste sentido, voto por dar parcial provimento ao recurso especial do contribuinte para estabelecer a incidência da Taxa Selic somente a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) da data da protocolização do pedido de ressarcimento, a incidir somente sobre o crédito cujas glosas foram revertidas nas instâncias de julgamento. Resta saber, então, se houve oposição ilegítima estatal na análise, pela Unidade de Origem, do direito creditório, posteriormente revertida nas instâncias de julgamento. Sim, em parte. A decisão da DRJ Juiz de Fora (fls. 289 a 308), julgando a Manifestação de Inconformidade, reconheceu um valor adicional ao já reconhecido no Despacho Decisório, cabendo então a atualização pela Taxa SELIC, sobre esta parcela (*), mas somente a partir de 360 dias. (*) Importante se faz ressaltar que, no que tange à parcela que foi eventualmente reconhecida logo de início (como ocorreu no caso concreto, já que o reconhecimento foi parcial, conforme Despacho Decisório à fl. 2), sobre ela nunca cabe atualização monetária, por ausência de previsão legal, pois claro está que a discussão que foi aqui trazida à tona só se justifica quanto ao suposto direito creditório objeto de decisão denegatória. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 10665.907681/200915 Acórdão n.º 9303007.011 CSRFT3 Fl. 9 8 À vista do exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, para reconhecer a aplicação da Taxa SELIC sobre a parcela revertida no contencioso a favor do mesmo, a partir de 360 dias do protocolo do pedido." Importante observar que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a DRJ Juiz de Fora também reconheceu um valor adicional ao direito creditório já reconhecido no Despacho Decisório. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para reconhecer a aplicação da Taxa SELIC sobre a parcela revertida no contencioso a favor do mesmo, a partir de 360 dias do protocolo do pedido. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.901019/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não há ofensa à garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa quando todos os fatos estão descritos e juridicamente embasados, possibilitando à contribuinte contestar todas razões de fato e de direito elencadas no despacho decisório.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO.
Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não há ato legal específico que conceda isenção ou outra forma de desoneração de PIS e COFINS nas vendas à Zona Franca de Manaus, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Numero da decisão: 3402-005.420
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) que davam provimento em conformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no AgRg no Ag 1.420.880/PE.
(assinado com certificado digital)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há ofensa à garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa quando todos os fatos estão descritos e juridicamente embasados, possibilitando à contribuinte contestar todas razões de fato e de direito elencadas no despacho decisório. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não há ato legal específico que conceda isenção ou outra forma de desoneração de PIS e COFINS nas vendas à Zona Franca de Manaus, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) que davam provimento em conformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no AgRg no Ag 1.420.880/PE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 10 19 /2 00 8- 14 Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 3 2 (assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz de Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais de Laurentiis Galkowicz, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado), Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP) mediante a qual a contribuinte pretendeu extinguir débito com pretenso crédito com origem em pagamento indevido de contribuição social. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação face a inexistência de crédito disponível para compensação. Cientificada do despacho, a contribuinte manifestou sua irresignação arguindo em síntese que o crédito utilizado na compensação teria origem em pagamento da contribuição na parcela calculada sobre vendas realizadas à Zona Franca de Manaus. Argumenta que as vendas à Zona Franca de Manaus (ZFM) no período em tela estavam imunes à incidência do PIS e da Cofins e, portanto, o pagamento teria sido feito a maior. Iniciando essa linha de argumentação, assevera que o art. 4° do DecretoLei (DL) n° 288, de 1967, equiparou, para todos os efeitos fiscais, as vendas realizadas a Zona Franca de Manaus a uma operação de exportação. Tal disposição, a seu ver, possui envergadura de norma de caráter complementar, e nesse nível de hierarquia teria sido incorporado ao ordenamento jurídico pela recepção que lhe deu a Constituição Federal de 1988, pelo artigo 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Defende que o mesmo tratamento dado às exportações, aplicável às vendas realizadas à Zona Franca de Manaus, seria também extensível às vendas efetuadas para destinatários sediados nos municípios integrantes das Areas de Livre Comércio. Ao fim, requer o recebimento da presente manifestação de inconformidade com o seu regular efeito suspensivo da exigibilidade do crédito. Pleiteia ainda o reconhecimento do direito credit6rio referente aos recolhimentos indevidos ou a maior a titulo de PIS e Cofins incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias à Zona Franca de Manaus e a consequente a homologação da compensação.” Por meio do acórdão nº 0529.853, a DRJ não acolheu as razões de defesa da manifestante, mantendo a não homologação da compensação. Regularmente cientificado, o contribuinte tempestivamente apresentou seu Recurso Voluntário, repisando os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade, acrescentando que não foi intimado pela fiscalização, em nenhum momento, a apresentar comprovantes da origem dos seus créditos e que, no despacho eletrônico proferido, também não foi apresentado nenhum argumento para que os créditos pleiteados fossem indeferidos. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 5 4 Argumenta ainda que trouxe aos autos planilha comprovando que os créditos indicados no pedido de compensação são originados de pagamento indevido ao a maior, uma vez que efetuou vendas destinadas à Zona Franca de Manaus. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra , Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.398, de 24 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 10882.900443/200833, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.398): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. A questão trazida a este colegiado cingese sobre direito creditório não reconhecido pela constatação de utilização integral do pagamento na quitação de débitos do contribuinte. Também se discute, a partir das alegações trazidas na Manifestação de Inconformidade, o direito ao crédito do PIS e da COFINS nas operações com empresas situadas na Zona Franca de Manaus, que poderia lastrear o pleito inicial da interessada. Ainda que o Despacho Decisório nada tenha se manifestado acerca de qualquer documento probatório, o sujeito passivo, além de contestar a vinculação do pagamento, também argumentou quanto às razões pela qual entendia que parte do recolhimento seria indevido, por se referir a vendas realizadas à Zona Franca de Manaus. Segundo seu entendimento, tais vendas estariam imunes à incidência das contribuições, resultando em saldo recolhido à maior. A 3ª Turma da DRJ em Campinas não acolheu as razões de defesa do sujeito passivo, entendendo que o pretendido pagamento indevido teria origem no período de apuração 01/09/2002 a 30/09/2002, em relação ao qual a isenção em comento alcançaria apenas as receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do artigo 14 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 6 5 da MP n°2.15835, de 2001. Segundo a turma julgadora, os autos não trazem comprovação suportada por documentação contábilfiscal da inclusão das receitas decorrentes das mencionadas operações isentas na base que serviu para o cálculo do pagamento formador do apontado indébito, não se podendo reconhecer o pretendido direito de crédito aproveitado na compensação. Preliminarmente, a recorrente alega nulidade do processo administrativo em razão da ausência de diligências na documentação que comprovaria o indébito tributário. Não assiste razão à recorrente. Conforme disposto no artigo 29 do PAF, as diligências são determinadas pela autoridade julgadora, na apreciação da prova, caso entenda necessárias, o que não é o caso. A recorrente não apresentou qualquer documento comprobatório do crédito pleiteado, nem na fase de impugnação, nem nesta fase recursal, em descumprimento do artigo 15 do PAF que determina a instrução dos documentos comprobatórios juntamente com a impugnação. Apenas uma planilha intitulada “VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS E AREAS DE LIVRE COMÉRCIO UNIDADE SUMARÉ SETEMBRO DE 2002” (fls.43) foi apresentada, sem nenhum documento comprobatório. A prova deve ser feita nos autos, não fora dele, e no momento oportuno. Destacase que o indeferimento do direito creditório foi motivado pela utilização do(s) pagamento(s) na quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Nenhuma prova contrária à tal constatação fiscal foi apresentada. Portanto, não resta configurada qualquer nulidade quanto à ausência de diligência. Em consequência, rejeitase o pedido de diligência. A recorrente alega cerceamento de seu direito de defesa, por entender que a decisão de primeira instância teria inovado o lançamento inicial. Segundo seu entendimento, o Despacho Decisório eletrônico não mencionou qualquer documento (físico ou eletrônico) que embasasse a glosa da compensação, limitandose apenas a mencionar que o crédito não existiria, imputando penalidade a Recorrente, sem qualquer análise da materialidade do crédito compensado. Também neste ponto não assiste razão à recorrente. Nenhuma inovação foi trazida aos autos pelo julgador de primeiro grau na apreciação da matéria, que apenas trouxe os fundamentos necessários para rechaçar as alegações do sujeito passivo trazidas na Manifestação de Inconformidade. Tratase Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 7 6 do pleno exercício do contraditório, que exige a plena fundamentação das decisões na apreciação de todos os pontos levantados pela defesa do contribuinte. A motivação do indeferimento do direito creditório continua sendo a inexistência de crédito. Dessa forma, também não está configurado qualquer cerceamento do direito de defesa da recorrente, visto que a questão foi por ela trazida e por ela novamente repisada em sua peça recursal. No mérito, a recorrente alega o direito ao crédito do PIS e da COFINS nas operações com empresas situadas na Zona Franca de Manaus. O tema foi objeto de julgamento repetitivo na 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em processos cujo interessado foi a própria recorrente. Dessa forma, adoto no presente voto os fundamentos do Acórdão nº 9303003.934, de 07 de junho de 2016, da lavra do i. Conselheiro Júlio César Alves Ramos, a seguir reproduzido: “Fui incumbido de apontar as razões que levaram o colegiado, por voto de qualidade, a negar provimento ao recurso do contribuinte, sob o entendimento de que, até a redução a zero da alíquota da contribuição efetuada em julho de 2004, não havia qualquer dispositivo legal que concedesse isenção de COFINS às vendas para aquela área. O argumento inicial em sentido contrário buscaa na própria norma que criou a Zona Franca de Manaus. Segundo tal entendimento, o art. 4º do Decretolei 288, ao afirmar que as remessas para aquela região equiparavamse a exportação para o exterior, deveria ser estendido à COFINS, embora, cediço, ela somente tenha sido posteriormente criada. E isso porque tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 8 7 interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Pretendem alguns que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 9 8 e renda para a região Norte. Para tanto, definiu se um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser tachada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 10 9 tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em julho de 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. É que, nos termos constitucionais, a concessão de isenção requer lei específica1 , de modo que, ou se aceita que seja ela o decretolei ou ela não existe. Não se pode inferir que haja uma lei simplesmente porque um parágrafo em artigo de lei posterior a "exclua". Em outras palavras, há apenas dois caminhos interpretativos. O primeiro: se considera que o decretolei 288 fez uma equiparação genérica das Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10882.901019/200814 Acórdão n.º 3402005.420 S3C4T2 Fl. 11 10 vendas àquela região a exportação e, portanto, qualquer ato posterior que concedesse benefício (isenção ou outro) a operações de exportação se aplicava imediatamente e automaticamente às vendas para lá. Nesse caso, a isenção concedida pela Lei Complementar 85 a elas se estende, mesmo não tendo ela sido expressamente referida no dispositivo. Essa interpretação contraria, a meu ver, o art. 150, § 6º da Constituição. Ou, como entendo eu, considerase que não havia dispositivo que concedesse isenção ou qualquer outra forma de desoneração àquelas vendas até a redução a zero de sua alíquota, promovida em 2004. Não contemplo um terceiro caminho. Com tais considerações, negouse provimento ao recurso do contribuinte.” Também não prospera qualquer argumento que aponte a obrigatoriedade do acatamento do entendimento do STF, exceto nos casos de repercussão geral reconhecida, conforme determina o RICARF, o que não é o caso. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 164DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.724086/2011-92
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Data do fato gerador: 01/01/2008
EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL. INTERPOSTAS PESSOAS.
A constituição por interpostas pessoas impõe a exclusão de ofício da pessoa jurídica do Simples Nacional.
Numero da decisão: 1001-000.798
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do fato gerador: 01/01/2008 EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL. INTERPOSTAS PESSOAS. A constituição por interpostas pessoas impõe a exclusão de ofício da pessoa jurídica do Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 40 86 /2 01 1- 92 Fl. 486DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 3 2 Tratase de Recurso Voluntário (fls. 468 a 482) interposto contra o Acórdão nº 1044.920, proferido pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS (fls. 456 a 464), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do fato gerador: 01/01/2008 EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL. INTERPOSTAS PESSOAS. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. A constituição por interpostas pessoas impõe a exclusão de ofício da pessoa jurídica do Simples Nacional. Questões relacionadas aos princípios constitucionais não podem ser analisadas pelo julgador da esfera administrativa, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "Trata o processo de exclusão do contribuinte do Simples Nacional, conforme Ato Declaratório Executivo SEORT/DRFNHO nº 09, de 27 de janeiro de 2011, fls. 422, por ter sido constituído por interpostas pessoas e fundamentase no artigo 29, incisos IV e XII da Lei Complementar nº 123/2006, e no artigo 5º, incisos IV e XIV da Resolução CGSN nº 15/2007. Os efeitos da exclusão darseão a partir de 01/01/2008 e o contribuinte fica impedido de optar pelo Simples Nacional pelos próximos dez anoscalendário seguintes à exclusão. O Auditor Fiscal, em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal relativo a contribuições previdenciárias junto à empresa “ Senun Calçados Ltda”, doravante denominado “Senun”, constatou a existência de situação em que a legislação prevê como motivo de exclusão do Simples Nacional: ela é utilizada pela empresa “Calçados Nunes Ltda”, doravante denominada “Nunes”, tributada pelo Lucro Presumido, para implementar seus negócios. O Relatório Fiscal de fls. 347/382 e 383/417 discorre sobre indícios de que as empresas “Nunes” e “Senun” simulam uma situação a fim de utilizar tratamento tributário diferenciado, da qual a “Senun” é beneficiária, com o propósito de evadir as contribuições previdenciárias patronais e de outras entidades e fundos, as quais seriam, efetivamente, devidas pela “Nunes”. Constatou a fiscalização que a empresa Beneficiadora de Calçados MNS, doravante denominada “MNS”, também era utilizada pela “Nunes” para implementar seus negócios. O Relatório Fiscal aponta para os seguintes indícios: Fl. 487DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 4 3 1 As três estão estabelecidas, mesmo com diferentes endereços, de modo a formarem uma unidade fabril: o endereço da “Senun” é Rua Benno Hoffmeister, 397, Bairro 25 de Julho, Campo Bom e o da “Nunes” é Rua Benno Hoffmeister, 385, Bairro 25 de Julho, Campo Bom e da “MNS” é Rua Arlindo Schmidt, 676 ; 2 Mesmo telefone 35982666 e correio eletrônico das empresas (calnunes@terra.com.br), impressos em notas fiscais; 3 Relações de parentesco entre os sócios das empresas; 4 Migração intensa de empregados entre as empresas; 5 Terceirização de atividades da “Nunes” pela “Senun” e “MNS”; 6 Para obtenção da Licença de Operação fornecida pela FEPAN – Fundação Estadual de Proteção Ambiental, a “Nunes” informou, como empregados seus, os trabalhadores das duas empresas e mais da “MNS”; 7 As empresas têm o mesmo responsável pela contabilidade. Nas GFIP’s das três empresas consta a mesma pessoa, Sr. Rubem José Arnold, como contato; 8 Na Reclamatória Trabalhista nº 000802008372040051 de Moisés Willrich movida contra as reclamadas “Nunes”, “Senun” e “MNS”, estas respondem de forma solidária pelos créditos deferidos ao reclamante, tendo as três empresas o mesmo preposto e advogado; 9 Comprometimento desproporcional das receitas da “Senun” com custos e/ou despesas de pessoal. Nos anos calendário de 2007 a 2009, a massa salarial representou de 60 a 80% do total das receitas. Em situação inversa aparece a “Nunes”, na qual o comprometimento da receita com despesas de pessoal, no mesmo período, oscilou entre 8 a 12%; 10 Comparativo entre os Balanços Patrimoniais das empresas permite verificar que a conta “Máquinas e Equipamentos” da “Nunes” é dez vezes maior que a da “Senun”, apesar da maioria dos empregados estarem cadastrados nesta última; e 11 As fichas razão das contas do Passivo Circulante da “Senun” demonstram a dependência financeira da empresa, com constantes aportes de recursos da “Nunes” e de seu proprietário, Sr. Ivo Nunes. Em virtude dos fatos acima expostos, a Fiscalização concluiu que a existência da empresa “Senun” objetiva reduzir, através da utilização por esta do regime de tributação Simples Nacional, a tributação a que estaria sujeita a “Nunes”, configurandose, desta forma, uma simulação tendente a reduzir as contribuições devidas pela “Nunes”. Diante disso, a Fiscalização formalizou a Representação Fiscal para Exclusão da empresa “Senun” do Simples Nacional. Baseado na Representação já citada, foi formalizado o Despacho Decisório DRF/NHO/Seort nº 115/2012 que resultou no Ato Declaratório Executivo ADE SEORT/DRFNHO nº 09, de 27 de janeiro de 2011. O sujeito passivo foi cientificado do ADE SEORT/DRFNHO nº 09/2011, via postal, em 01/02/2012, fls. 425 e, em 24/02/2012, apresenta sua manifestação de inconformidade de fls. 426/441, onde contesta o ADE pelas seguintes razões, em síntese: Síntese Fática: Com base no artigo 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional – CTN, baseado em suposições, a autoridade fiscalizadora Fl. 488DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 5 4 desconsiderou todos os atos jurídicos praticados pela “Senun”, imputando os mesmos à empresa “Nunes” por meio de Autos de Infração, sendo posteriormente gerado o Ato de Exclusão contra a “Senun”. Tal medida é desprovida de qualquer razoabilidade e proporcionalidade. Referese aos problemas que a empresa enfrentará, caso excluída do Simples Nacional; Do Direito Em Preliminar: (a) Da não aplicabilidade do artigo 116, Parágrafo Único do CTN : esta norma não é auto aplicável, dependendo de regulamentação procedimental por lei ordinária. Em sendo assim, resta configurada a nulidade de todos os Autos de Infração, tendo em vista que foram baseados em norma que carece de regulação, acarretando, igualmente, a nulidade do presente Ato de Exclusão; (b) Da inconstitucionalidade do artigo 116, Parágrafo único do CTN, por violação à separação dos poderes e à segurança jurídica: a referida norma, ao autorizar o agente fiscal a desconsiderar atos jurídicos e aplicar a norma que lhe convier, transforma o agente fiscal em verdadeiro legislador. Por esta norma, nenhum contribuinte terá qualquer garantia, pois o agente fiscal poderá, à luz do despótico dispositivo, entender que aquela lei não vale e que o contribuinte pretendeu valerse de uma “brecha legal” para pagar menos tributos, prevalecendo sempre a sua opinião. Esta situação importa em violação manifesta à estabilidade das relações jurídicas e da ordem social e econômica, queridas pela lei suprema, a julgar pelas normas nela plasmadas. No Mérito (c) Da inexistência dos elementos ensejadores da desconsideração dos atos jurídicos praticados pela empresa “Senun”: em nenhum momento, no Relatório Fiscal que deu origem à autuação, restou demonstrado que os atos desconsiderados pela fiscalização foram realizados com a finalidade de ocultar fatos geradores de contribuições previdenciárias. No caso em tela, as empresas atuam de forma independente, o fato de existir forte vínculo familiar entre os sócios das empresas não pode ser fato ensejador de qualquer desconsideração, não existindo vedação legal a isto. Muitas vezes tratase de grupo econômico que visa a produção de produtos diversos, que se diferenciam em qualidade, quantidade e preço, com vistas a manutenção de questões mercadológicas competitivas relacionadas ao bem produzido. Referese à crise no mercado calçadista e que não há qualquer impedimento do indivíduo planejar adequadamente seus negócios de acordo com as necessidades do mercado. Alega que as empresas tem fornecedores e clientes diversos, assim como as contas de energia elétrica e telefones são individualizadas, possuem parque fabril distintos, com entrada própria, cada uma com seu respectivo relógio ponto. Informa que os funcionários de cada empresa encontramse devidamente uniformizados, não havendo qualquer meio de comunicação entre eles. Fl. 489DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 6 5 Não há qualquer ilicitude na escolha dos caminhos que proporcionem um enquadramento mais justo ao mercado negocial e que, por conseguinte, representem menor onerosidade fiscal. Diante de todos os elementos acima destacados, “resta inconteste de dúvidas que os atos desconsiderados pela fiscalização em momento algum foram realizados com a finalidade de ocultar fatos geradores de contribuições previdenciárias”. Ao final, requer seja acolhida a presente manifestação de inconformidade, para que seja anulado o Ato de Exclusão do Simples Nacional e, alternativamente, caso não seja este o entendimento, seja a empresa intimada para cumprir outras exigências que porventura a Fazenda entender cabíveis, possibilitandose, assim, após o cumprimento de tais obrigações, a manutenção da empresa no Simples Nacional." Inconformada com a decisão de primeiro grau que indeferiu a sua Manifestação de Inconformidade, a ora Recorrente apresentou o recurso sob análise com base na mesmas alegações já aventadas em primeira instância. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Em atenção ao disposto no §3º do art. 57 do RICARF, e por concordar com seu teor, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ ora combatida. Para tanto, reproduzo os tópicos atinentes às matérias ora tratadas: " Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra o Ato Declaratório Executivo ADE SEORT/DRFNHO nº 09, de 27 de janeiro de 2011, que excluiu a empresa manifestante da sistemática de tributação conhecida como Simples Nacional, sob o fundamento de que sua abertura teve como propósito criar uma situação jurídica com vistas à dissimulação do fato gerador das contribuições previdenciárias relativas à empresa “Nunes”, ou seja, de que foi constituída por interpostas pessoas ( art. 29, IV da Lei Complementar nº 123/2006, mencionando também o inciso XII do mesmo artigo ). A ação fiscal buscou identificar, como vemos, a essência do relacionamento econômico, financeiro e operacional da empresa “Senun” com a empresa “Nunes”. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 7 6 Não há como deixar de reconhecer a prerrogativa que possui a autoridade administrativa de desconsiderar atos e negócios jurídicos simulados, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, que não pode ficar adstrita aos aspectos formais dos atos e fatos. Para tanto, a fiscalização deve buscar todos os elementos de prova em direito permitidos, tanto as obtidas diretamente como as chamadas provas indiretas. Vejamos os itens levantados pela empresa “Senun” em sua manifestação de inconformidade: Síntese Fática: O fato de que a exclusão do Simples Nacional poderá levar ao fechamento da empresa por prejuízo de todas as ordens, não é justificativa juridicamente válida para o cancelamento do ADE, eis que não possui amparo legal. E a função desta instância julgadora, como órgão de jurisdição administrativa, consiste em examinar se é adequado o procedimento adotado com as normas legais vigentes, o que inegavelmente é. Desta forma, os problemas econômicos e de desemprego em seus quadros que possa ser ocasionado por decisão administrativa denegatória à postulação do contribuinte, é matéria incabível de ser apreciada em sede de julgamento administrativo. Quanto às questões relacionadas aos princípios constitucionais (proporcionalidade/razoabilidade), cabe destacar que esses aspectos não podem ser analisados pelo julgador da esfera administrativa. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional. Do Direito Em Preliminar: O contribuinte, em preliminar, referese ao artigo 116, Parágrafo único do CTN, requerendo a nulidade do Ato de Exclusão. Compulsando os autos, verifico que consta do item 7 do Relatório Fiscal apenas referências doutrinárias em relação ao artigo 116, parágrafo único do CTN. Assim, não há como ser respaldado o entendimento do sujeito passivo de que o Ato de Exclusão tenha tido como embasamento legal o parágrafo único do artigo 116 do CTN. Devem, em conseqüência, ser rejeitadas as nulidades argüidas em preliminar pelo contribuinte. No Mérito Da inexistência dos elementos ensejadores da desconsideração dos atos jurídicos praticados pela empresa “Senun: Embora a manifestante alegue que as empresas relacionadas no Relatório Fiscal possuem parques fabris distintos, com entrada própria e cada Fl. 491DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 8 7 uma com seu relógio ponto; que inexiste qualquer meio de comunicação entre os empregados das empresas; e que, em síntese, as empresas possuem endereço, parque fabril, contabilidade, clientes e fornecedores próprios, a Fiscalização relata que o endereço da empresa “Nunes”, rua Benno Hoffmeister nº 385, juntamente com o endereço da empresa “Senun”, rua Benno Hoffmeister nº 397 e “MNS”, rua Armindo Schmidt nº 676, ocupam um único quarteirão. O Relatório Fiscal informa que os Termos de Início de Procedimento Fiscal das empresas “Nunes”, “Senun” e “MNS” foram recebidos e assinados, em datas distintas, pelo Sr. Rubem José Arnold, sócio da “MNS” desde 12/12/2006 e Gerente Administrativo da “Nunes”no período de 01/08/1991 a 09/05/2007. Informa, ainda, em seu item 3.4.5 que, “Conforme relatado pelo próprio Sr. Rubem, ele é apenas o executor das tarefas ordenadas pelo Sr. Ivo Nunes, quem realmente administra o grupo empresarial”. No prédio da “Nunes” funciona somente o escritório das três empresas relacionadas no Relatório Fiscal. Em pavilhão ao lado está instalada a empresa “Senun” e, em pavilhão adjacente, a “MNS”. As empresas “Senun” e “MNS” possuem linhas de produção (esteiras) distintas, mas complementares. A “Senun” se encarrega do corte e da costura, enquanto que a “MNS” faz a montagem e o acabamento dos produtos. A “Nunes” não possui linha de produção, ficando encarregada do despacho dos produtos industrializados para o comprador. Assim, embora instalados em pavilhões separados, com entradas distintas, conforme relatado no Relatório Fiscal e alegado pelo interessado, as empresas “Nunes”, “Senun” e “MNS” constituem uma unidade fabril. Informa, ainda, o Relatório Fiscal, que das notas fiscais das empresas fiscalizadas consta o mesmo número de telefone e o mesmo endereço eletrônico: calnunes@terra.com.br. Observa, ainda, que o nome Senun é a grafia inversa de Nunes. A composição societária, no período fiscalizado era, “Nunes”, os sócios Ivo Nunes e Magali Nunes Fantin, tendo sido excluída, em 08/12/2006, a sócia Eunice Maria Nunes; na “Senun”, os sócios Eunice Maria Nunes e Sérgio Rogério Behs, tendo sido excluída, em 12/12/2006, a sócia Magali Nunes Fantin; na empresa “MNS”, os sócios Marlon Nunes e Rubem José Arnold, tendo sido excluída, em 12/12/2006, a sócia Magali Nunes Fantin. Conforme relatado pelo Fiscal, Magali Nunes Fantin e Marlon Nunes são irmãos, filhos de Ivo Nunes e Eunice Maria Nunes que, embora constando como sócia administradora da “Senun”, não exerce nenhuma função na empresa. Através de pesquisa, efetuada pela Fiscalização, foi constatado que apenas a empresa “Nunes” tem licença para operar junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental FEPAM; que, na data de concessão da licença, 18/04/2008, o número de empregados declarados pela “Nunes”, 251, excedia Fl. 492DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 9 8 em muito o número de seus efetivos empregados, 42, evidenciando que declarou, como seus, os empregados das empresas “Senun” e “MNS”. No tocante à movimentação de empregados, verificase que ocorreu a efetiva migração de trabalhadores da “Nunes” para a “Senun” e “MNS” e não apenas demissões e contratações como pretende o sujeito passivo. Nesse sentido, a Fiscalização apresenta tabela comparativa (item 3.7.3 de fls. 355) elaborada com base no sistema “DATAPREV/CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS Cidadão/Período de Contribuição”, através da qual, observandose o número de segurados empregados das empresas “Nunes” e “Senun” no período de 01/2001 a 12/2009 e da “MNS” no período de 04/2004 a 12/2009, constatase a redução do quadro de trabalhadores a serviço da “Nunes” e o aumento do quadro de trabalhadores a serviço das demais empresas. Percebese, ainda, que essas alterações no quantitativo de trabalhadores das empresas envolvidas não ocorreram de forma aleatória, mas sim de maneira gradual e coordenada. Assim é que, no início do período considerado (janeiro de 2001), “Nunes” tinha 281 empregados, enquanto a “Senun” contava a seu serviço apenas cinco empregados, e ao final do período (dezembro de 2009), a “Nunes” tinha 26 empregados e a “Senun”, 145 empregados. Com relação à empresa “MNS”, que no início do período considerado (abril de 2004), tinha 18 empregados, passa a ter 120, em dezembro de 2009, fim do período considerado para elaboração da tabela. Observase, ainda, pouca variação na quantidade total de empregados nas empresas que, de 286 empregados em janeiro de 2001, passa a 291 empregados em dezembro de 2009. No processo trabalhista nº 000802008372040051, ação movida por Moises Wilirich (cópias da inicial e da Ata de Audiência), as três empresas são reclamadas, nos seguintes termos (fl. 530): As Reclamadas M.N.S., Senun e Nunes , pessoas jurídicas com contratos sociais e CNPJ's distintos, são geridas pelas mesmas pessoas e exploram conjuntamente a atividade industrial calçadista, formando grupo econômico, motivo pelo qual são solidariamente responsáveis pelos direitos e obrigações trabalhistas postulados na presente demanda , o que deverá ser reconhecido e declarado em R.Sentença; Consta, da Ata de Audiência, com Conciliação e Homologação de Acordo, fls. 289/290, que a segunda reclamada, “Senun”, acorda no pagamento ao autor da ação, sendo que as primeira e terceira reclamadas, “MNS” e “Nunes”, respectivamente, assumem a responsabilidade solidária. Com relação ao faturamento da empresa “Nunes” (item 3.7.4, fls. 393/394) observase que não houve redução de receita, mantendose constante, a cada ano, ainda que com redução do número de empregados. Toda a receita da “Nunes” é advinda de serviços de industrialização por encomenda para terceiros. A “Senun” e a “MNS” prestam serviços de industrialização para os principais clientes da “Nunes”, tendo a Fiscalização encontrado, durante a Ação Fiscal, notas fiscais de remessa de matéria prima Fl. 493DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 10 9 em que essas duas empresas constam como destinatárias, havendo, entre parêntese, o nome da “Nunes”. Junta as notas fiscais nº 63618, de 19/11/2009, e nº 64620, de 07/12/2009, emitidas pela empresa Calçados Bottero Ltda, para a Senun Calçados Ltda; e as notas fiscais nº 10273, de 21/03/2007, e nº 997230, de 26/09/2008, emitidas pela empresa Calçados Bottero Ltda, para a Beneficiadora de Calçados MNS Ltda. Na relação faturamento versus massa salarial ( fls. 359 ), é percebida a gradual redução do percentual da massa salarial em relação às receitas da “Nunes”, de 34,20% em 2001 para 12,62% em 2009, enquanto que aumenta este percentual na “Senun”, de 29,62% em 2001 para 83,62% em 2009. Atenta, o Relatório Fiscal, para a diminuição do percentual da massa salarial da empresa “Senun”, de 44,02% em 2004 para 33,65% em 2005, quando do aumento deste, de 55,30% em 2004 para 82,8%, em 2005, na “MNS” (item 3.9 do Relatório Fiscal). A Fiscalização constatou, através dos Balanços Patrimoniais das empresas envolvidas na fiscalização, que a estrutura de máquinas e equipamentos utilizados na fabricação dos calçados é de propriedade da “Nunes” (item 3.10 do RF). Constatou, ainda, através da análise dos registros contábeis da “Nunes” e da “Senun”, que a segunda tem forte dependência econômica e financeira da “Nunes” e de seu sócio Ivo Nunes. Foi examinada a conta do Passivo Circulante 21.03.01.2523 – Empréstimo – Ivo Nunes e 21.03.05.2524 – Empréstimo Calçados Nunes, onde estão registrados os empréstimos efetuados, nos anos de 2006 a 2008. Foram verificados os lançamentos contábeis efetuados em 2009 pela “Senun”, na conta do Passivo Circulante 2641 – Adiantamento de Clientes, de adiantamentos do “cliente” Beneficiadora de Calçados MNS Ltda., sem que tenha havido qualquer prestação de serviços da “Senun” para a “MNS”, conforme verificado na conta 4009 – Beneficiamento Mercado Interno (item 3.11.1, ‘c’, do Relatório Fiscal). A empresa “Nunes” efetua os pagamentos pelos serviços de industrialização, às empresas “Senun” e “MNS”, de forma parcial, várias vezes ao mês, conforme a necessidade dessas empresas de efetuar o pagamento de suas despesas, conforme demonstrado pelas contas contábeis da autuada 21110000002396 – Senun Calçados e 21110000002371 – Beneficiadora de Calçados MNS. Por outras palavras, as empresas “Senun” e “MNS” não são, de fato, independentes em relação à “Nunes”. Tratase, à evidência, de grupo de empresas de caráter familiar, em que o comando sempre permaneceu com o administrador e principal sócio da “Nunes”, Sr. Ivo Nunes. Assim colocada a questão, examinados os elementos trazidos na ação fiscal, concluise que a pretensa prestação de serviços de industrialização entre as empresas “Nunes”, “Senun”e “MNS” teve como objetivo criar uma situação jurídica com vistas à dissimulação dos fatos geradores de contribuições previdenciárias e bem assim daquelas destinas ao FNDE, INCRA, SESI, SENAI e SEBRAE, relativas à empresa “Nunes”. Fl. 494DF CARF MF Processo nº 11065.724086/201192 Acórdão n.º 1001000.798 S1C0T1 Fl. 11 10 Uma vez estando os empregados registrados nas empresas “Senun” e “MNS”, a “Nunes” usufruiu, irregularmente, do tratamento diferenciado dado às empresas optantes pelos Simples Nacional. Evidentemente, os contribuintes não são obrigados a escolher a forma de tributação que lhes seja mais onerosa, podendo optar por aquela que mais lhes convenha, dentre as formas em direito admitidas, e desde que a forma jurídica adotada seja real. A exclusão do Simples Nacional não se deu com base em meras alegações descabidas de provas, como pretendeu demonstrar o contribuinte, mas sim em prova direta levantada pela fiscalização em extenso trabalho de investigação, no qual foram colhidos elementos suficientes para dar sustentação à afirmação fiscal de ter ocorrido utilização de interpostas pessoas para a constituição da pessoa jurídica, com a finalidade de burlar o fisco para se beneficiar de uma situação simulada. (...)" Assim, com base nos argumentos supra colacionados, provenientes da DRJ de origem, entendo que os argumentos esposados pela Recorrente não devem ser acolhidos. Portanto, a decisão de primeira instância não merece qualquer reparo. Desta forma, VOTO no sentido de REJEITAR A PRELIMINAR de nulidade alegada e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo in totum a decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 495DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10923.000158/2010-10
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
DÉBITOS QUITADOS POR DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. UTILIZAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
No caso de pagamento a destempo, mas anterior ao início de qualquer procedimento administrativo ou de fiscalização relacionado com a infração, é possível beneficiar-se da denúncia espontânea se efetuado o pagamento integral do tributo devido e dos juros de mora, nos termos do art. 138 do CTN.
Para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea, a quitação do débito por compensação não equivale ao pagamento, ainda que seja uma modalidade de extinção do crédito tributário.
Numero da decisão: 3002-000.396
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 DÉBITOS QUITADOS POR DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. UTILIZAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. No caso de pagamento a destempo, mas anterior ao início de qualquer procedimento administrativo ou de fiscalização relacionado com a infração, é possível beneficiarse da denúncia espontânea se efetuado o pagamento integral do tributo devido e dos juros de mora, nos termos do art. 138 do CTN. Para fins de aplicação do instituto da denúncia espontânea, a quitação do débito por compensação não equivale ao pagamento, ainda que seja uma modalidade de extinção do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Alan Tavora Nem, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 3. 00 01 58 /2 01 0- 10 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10923.000158/201010 Acórdão n.º 3002000.396 S3C0T2 Fl. 160 2 Trata o processo de Pedido de ressarcimento de IPI referente ao 3º trimestre/2006, no valor de R$ 64.045,43, combinado com Declaração de Compensação de débitos de mesmo valor (fls. 4 a 20). A Delegacia da Receita Federal em São Bernardo do Campo reconheceu integralmente o crédito de IPI, mas homologou apenas parcialmente a compensação, pois foram compensados débitos vencidos sobre os quais incidiriam penalidades moratórias não consideradas pelo contribuinte, restando ao final R$ 6.347,30 a pagar (fls. 21 a 28). Em sua Manifestação de Inconformidade a recorrente esclareceu que, em virtude de procedimento de auditoria interna, constatou recolhimento a menor de IRPJ, PIS/Pasep e Cofins, motivo pelo qual providenciou a compensação desses débitos com créditos de IPI. Alegou que não considerou a multa moratória em seus cálculos porque entendeu estar contemplada pelo benefício da denúncia espontânea, já que a compensação se deu antes do início de procedimento administrativo ou de fiscalização pela Receita Federal (fls. 31 a 41). Instruiu sua Manifestação de Inconformidade o com contrato social, procuração, PER/Dcomp, Despacho Decisório, e DCTF original e retificadora do 2º trimestre/ 2004, 4º trimestre/2004 e 1º semestre/2006 (fls. 42 a 122). A Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 14 33.189 (fls. 124 a 127), por meio do qual decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade, tendo em vista que o PER/Dcomp foi transmitido após o vencimento do débito a ser compensado, que estaria confessado em DCTF, situação em que incide a multa de mora e os juros de mora. A multa de mora, que não tem natureza punitiva, mas indenizatória, visa a coibir o descumprimento dos prazos legais para pagamento de tributos. Admitir a exclusão dessa multa com o pagamento espontâneo fora de prazo seria plena contradição. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS. MULTA. JUROS. Na compensação de créditos com débitos de espécies diferentes já vencidos, cabível a imputação de multa de mora e juros de mora sobre os débitos não recolhidos nos prazos legalmente estabelecidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 24.05.2011, conforme AR constante à fl. 134, e protocolizou o Recurso Voluntário em 17.06.2011, conforme consta na primeira página da peça recursal à fl. 137. Em seu Recurso Voluntário (fls. 137 a 152), o contribuinte repisa os mesmos argumentos, relativos à exclusão da multa de mora pela denúncia espontânea, e contesta o Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10923.000158/201010 Acórdão n.º 3002000.396 S3C0T2 Fl. 161 3 fundamento da decisão da DRJ, que teria concluído que a denúncia espontânea só exclui a multa de ofício. Ressalta que os valores declarados na DCTF original foram integralmente quitados antes do vencimento e que após a auditoria foi efetuado o recolhimento das diferenças, acrescidas de juros moratórios, com a posterior retificação da DCTF, situação em que cabe a aplicação da denúncia espontânea. É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. A discussão que chega a este Colegiado está centrada no cabimento da multa de mora quando se aplica a denúncia espontânea, mas entendo que para a correta solução deste litígio devemos recuar para um primeiro momento, que concerne à própria existência da denúncia espontânea no caso presente. Dos autos se extrai que, ao se aperceber do recolhimento a menor de parcelas de diversos períodos de apuração, o contribuinte providenciou a sua quitação por meio de compensação – transmitiu um pedido de ressarcimento de IPI, cumulado com declaração de compensação. O PER/Dcomp foi transmitido em 30/11/2006, ao passo que os débitos se referem a novembro/2004 e ao 1º semestre/2006. Incontestável que a providência saneadora foi efetuada em atraso, situação em que cabe a aplicação da multa de mora, conforme dispõe o art. 61 da Lei nº 9.430/1996 in verbis: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (grifado) Entretanto o contribuinte alega poder excluir a multa de mora de seus cálculos com fundamento no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN), que assim dispõe sobre a denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10923.000158/201010 Acórdão n.º 3002000.396 S3C0T2 Fl. 162 4 Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. (grifado) Entendo que não cabe razão à recorrente. Há de se ter em mente que o CTN foi preciso ao elencar quais dentre as formas de extinção do crédito tributário previstas em seu art. 156 estão aptas a serem consideradas para fins de aplicação do Instituto: pagamento ou depósito administrativo, somente. De fato, mais precisamente, o mero depósito como consta do texto legal não extingue o crédito, mas sim a sua conversão em renda. Donde é possível concluir que apenas as situações em que o montante em dinheiro está disponível para a Administração foram consideradas como suficientes para a aplicação da denúncia espontânea. Corroborando esse entendimento, observese que nem a consignação judicial do pagamento, que não está sob tutela da Fazenda, consta do art. 138, devendo ser consideradas como modalidades igualmente inaptas a compensação, a remissão, etc. Não estamos diante de lacuna legal que nos permita nos socorrermos da analogia ou de interpretação extensiva, motivo pelo qual considero que não se encontra na competência de um julgador incluir outras formas de extinção para além daquelas que a lei instituiu. Dessa forma, entendo que ao procedimento saneador adotado pelo contribuinte não cabe a aplicação de denúncia espontânea, pois ele não se utilizou de pagamento, em pecúnia, mas de compensação. Por esse motivo, a inaplicabilidade da denúncia espontânea no caso em tela, tornase desnecessário discutir a natureza da multa de mora ou se cabe a multa de mora quando aplicável a denúncia espontânea. Uma vez que a compensação dos débitos se deu em atraso, está correta a exigência da multa de mora, conforme decidido pela unidade de origem em seu Despacho Decisório. De se ressaltar que o entendimento que se adota tem prevalecido nos julgamentos da 3ª Seção da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a ver os seguintes decisos: Acórdão nº 9303006.011 conselheiro Rodrigo Possas ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2007 a 31032/2007 MULTA DE MORA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO APRESENTADA EM ATRASO, MAS ANTES DO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. CABIMENTO, POIS AFASTADA SOMENTE EM CASO DE PAGAMENTO DE VALOR NÃO PREVIAMENTE CONFESSADO. A compensação é forma distinta da extinção do crédito tributário pelo pagamento, cuja não homologação somente pode atingir a parcela que deixou de ser paga (art. 150, § 6º, do CTN), Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10923.000158/201010 Acórdão n.º 3002000.396 S3C0T2 Fl. 163 5 enquanto, na primeira, a extinção se dá sob condição resolutória de homologação do valor compensado. Como o instituto da denúncia espontânea do art. 138 do CTN e a jurisprudência vinculante do STJ demandam o pagamento, stricto sensu – ainda anterior ou concomitantemente à confissão da dívida (condição imposta somente por força de decisão judicial) , cabe a cobrança da multa de mora sobre o valor compensado em atraso. (grifado) Acórdão nº 9303006.010 conselheiro Demes Brito ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. BENEFÍCIOS DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. Por se tratar de matéria sumulada (Súmula nº 208/TRF), no presente caso, a Contribuinte deveria ter recolhido em pecúnia os valores guerreados, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional, a jurisprudência do STJ está pacificada no sentido de que os valores devem ser recolhidos integralmente, caso contrário, será exigido o valor integral do crédito tributário acrescido de juros e multas punitivas. Precedentes STJ. (grifado) Pelos motivos expostos, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 163DF CARF MF
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