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Numero do processo: 16327.000973/2009-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INCONFORMISMO.
Os Embargos de Declaração não são o veículo adequado para a discussão do inconformismo da embargante, pois eventual inconformismo deve ser objeto de discussão nos meios processuais cabíveis.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SEM EFEITOS INFRINGENTES.
Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Câmara ou incorrido contradição interna entre seus termos. Suprida a omissão/contradição sem conduzir a mudança de resultado, não se lhes empresta efeitos infringentes.
Numero da decisão: 1401-001.336
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER em parte os embargos, mas sem efeitos infringentes, apenas para esclarecimento, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Maurício Pereira Faro, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcelo Baeta Ipollito e Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004, 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INCONFORMISMO. Os Embargos de Declaração não são o veículo adequado para a discussão do inconformismo da embargante, pois eventual inconformismo deve ser objeto de discussão nos meios processuais cabíveis. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SEM EFEITOS INFRINGENTES. Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Câmara ou incorrido contradição interna entre seus termos. Suprida a omissão/contradição sem conduzir a mudança de resultado, não se lhes empresta efeitos infringentes.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INCONFORMISMO. Os Embargos de Declaração não são o veículo adequado para a discussão do inconformismo da embargante, pois eventual inconformismo deve ser objeto de discussão nos meios processuais cabíveis. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SEM EFEITOS INFRINGENTES. Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a Câmara ou incorrido contradição interna entre seus termos. Suprida a omissão/contradição sem conduzir a mudança de resultado, não se lhes empresta efeitos infringentes. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER em parte os embargos, mas sem efeitos infringentes, apenas para esclarecimento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 09 73 /2 00 9- 42 Fl. 3511DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Maurício Pereira Faro, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcelo Baeta Ipollito e Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva. Relatório Tratase de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO do Contribuinte (FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIARIO SUPERQUADRA 311 NORTE e do Responsável Tributário PAULO OCTÁVIO INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA POII) em que se alega erro de fato, obscuridade e omissões no Acórdão nº 1401001.136, proferidos por esta 1a Turma da 4ª Câmara da 1a Seção do CARF que julgou o recurso voluntário, nos termos das ementas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O prazo decadencial para os créditos tributários sujeitos ao regime de lançamento por homologação, que não tenham sido objeto de qualquer pagamento antecipado, como também nos casos de fraude, é o estabelecido no artigo 173, inciso I, do CTN, com início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. PRECLUSÃO. Considerase preclusa a matéria relacionada a inclusão do responsável tributário no pólo passivo da obrigação tributária quando este em sede impugnatória não contesta tal matéria, vindo a fazêlo apenas em sede recursal. PEDIDO DE DILIGÊNCIA PELO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO. INVIABILIZADO POR RECUSA, DO CONTRIBUINTE, EM PRESTAR INFORMAÇÕES. Pedido de diligência formulado pelo responsável solidário resta inviabilizado, senão por outras razões, pela recusa do contribuinte, a quem compete efetuar os registros contábeis e guardar a documentação relativa às operações , em prestar à autoridade fiscal informações complementares para a apuração dos tributos devidos. MÉRITO. SIMULAÇÃO. TRANSFERÊNCIA APARENTE DE QUOTAS PARA FRAUDAR NORMA DE LEI. OCORRÊNCIA. Constitui típica operação de simulação, a celebração de contrato de mútuo, sem propósito negocial e sem transferência efetiva de numerário, envolvendo vultosa soma de dinheiro "emprestada" da empresa quotista a funcionário, com o único fito de fraudar artigo de lei que torna tributáveis as operações de Fundo Imobiliário. ADIÇÃO INDEVIDA DE VENDAS CANCELADAS NA BASE DE CÁLCULO. INOCORRÊNCIA. Fl. 3512DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 3 3 É da lógica da contabilidade tributária, sob pena de redução indevida de tributos, que valores de "vendas canceladas" somente possam ser lançados a débito em conta de receitas, com redução de bases tributáveis, se tais receitas canceladas tiverem sido tributadas no exercício atual ou em anterior. INEXISTÊNCIA DE SUJEIÇÃO PASSIVA. DESCABIMENTO. O fato de uma entidade não possuir personalidade jurídica não a exime de ser sujeito passivo tributário, sabendose que o artigo 2o da Lei 9.779/99 estipula que o fundo de investimento imobiliário, que, pelo artigo 1º da Lei 8.668/93, não é pessoa jurídica , sujeitase à tributação aplicável as pessoas jurídicas, quando aplica recursos em empreendimento imobiliário que tenha como incorporador ou construtor, quotista detentor de mais de vinte e cinco por cento das quotas do fundo. SIMULAÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. A prova indiciária é meio idôneo admitido em Direito, quando a sua formação está apoiada em ma concatenação lógica de fatos, que se constituem em indícios precisos, “econômicos” e convergentes. MULTA QUALIFICADA. ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DE SUJEITO PASSIVO PARA O AGRAVAMENTO. INOCORRÊNCIA. Na hipótese de simulação de transferência de quotas realizada por quotista majoritário com o fim de manter isenção tributária de Fundo de Investimento Imobiliário inexiste erro de identificação de sujeito passivo quando a multa agravada é lançada contra o Fundo, porque, nesse caso não se pode negar que o próprio Fundo, através do órgão supremo de deliberação, a Assembléia Geral dos quotistas, onde o fraudador tem assento, teve conhecimento e aprovou a simulação feita. APROVEITAMENTO DO IRRF NO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Falece legitimidade ativa ao contribuinte Fundo Imobiliário para pleitear o eventual aproveitamento, contra créditos constituídos no lançamento, de valores de IRRF alegadamente recolhidos por ocasião de pagamentos feitos aos quotistas, em razão do fato de tal direito, se existir, pertencer aos beneficiários dos rendimentos, não à fonte pagadora. PIS. COFINS. REGIME CUMULATIVO. NÃO DEDUÇÃO DOS CRÉDITOS DE CUSTOS NO REGIME NÃOCUMULATIVO. RECUSA PARA PRESTAR INFORMAÇÕES. Inexistindo informações adequadas, por recusa do contribuinte em fornecê las, para eventual aplicação do regime cumulativo, ou para dedução de créditos relativos a custos no regime nãocumulativo, deve ser aplicado o regime prevalente de tributação normal das pessoas jurídicas, que, tratandose de Fundo Imobiliário, é o nãocumulativo, no caso, sem dedução de eventuais créditos de custos. MULTA PUNITIVA NO DIREITO TRIBUTÁRIO. CARÁTER PERSONALÍSSIMO. NÃO APROVEITAMENTO. Fl. 3513DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 4 A multa punitiva no Direito Tributário, segundo o STF, revestese de natureza patrimonial, não lhe aproveitando o aceno à aplicação da norma superior de personalização, consentânea com os princípios do Direito Penal. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. SIMULAÇÃO. Uma vez caracterizada a simulação essa situação conduz necessariamente ao preenchimento automático das condições previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 suficientes para embasar a qualificação da multa de ofício. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Pela relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento decorrente o mesmo decidido quanto àquele do qual decorre, se não houver elemento de prova novo ou argüição de matéria específica. O resultado de julgamento restou assim assentado: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM REJEITAR as preliminares, afastar a decadência e, por maioria NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta quanto á qualificação da multa e aos juros sobre a multa A embargante FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIARIO SUPERQUADRA 311 aponta as seguintes omissões: 1) deixaram de ser analisados os argumentos que demonstram a impossibilidade de responsabilização do Embargante em face dos atos praticados pelo seu cotista POII, tendo em vista que: • Verificase o total descabimento da alegação de que todos os quotistas teriam conhecimento dos fatos supostamente simulados alegados no presente caso, visto que tratamse de negócios jurídicos praticados entre particulares (apenas entre a POII e o Sr. Sebastião), utilizados para justificar a transferência de recursos do Sr. Sebastião para a POII; • Não há, nesses negócios jurídicos, qualquer ingerência por parte dos demais quotistas e do Embargante; • Ao prevalecer tal premissa, seria necessário admitir, por exemplo, que numa sociedade por ações, todos os acionistas minoritários teriam pleno conhecimento dos atos praticados pelo acionista controlador e pelo adquirente, numa eventual alienação de participação societária; e • Mesmo que tivesse ocorrido eventual fraude ou simulação nessa transferência de quotas, o que se alega apenas a título argumentativo, fato é que nem a administradora nem os demais quotistas poderiam impedila, ou precisariam com ela anuir de qualquer forma. Fl. 3514DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 4 5 2) Omissão Quanto à Preclusão da Possibilidade do Fisco Questionar a Legalidade da Transferência de Cotas ao Sr. Sebastião. Requereuse a reforma da decisão proferida pela DRJ e o consequente cancelamento das autuações fiscais originárias do presente processo administrativo, eis que já havia transcorrido o prazo decadencial (preclusão) de cinco anos entre o fato que ensejou a tributação do FIISQN 311 como pessoa jurídica em 30/06/99 cessão das cotas da POII ao Sr. Sebastião e a lavratura dos autos de infração originários desse processo administrativo (24/09/09). 3) Ausência de Aproveitamento dos Créditos Referentes aos Custos dos Imóveis Vendidos Omissão Quanto à Justificativa Para Não se Utilizar a Planilha Elaborada Pelo Embargante: (i) não fundamentou o motivo pelo qual as informações prestadas pelo Embargante nos autos seriam insuficientes para aproveitamento dos custos em análise; bem como (ii) porque tais custos apenas seriam passíveis de aproveitamento com informações mais detalhadas sobre forma de pagamento e como se deram os recebimentos das vendas dos imóveis. 4) Vendas Canceladas Omissão Quanto à Impossibilidade de Adição às Bases de Cálculo do PIS e da COFINS em Razão da Decadência De acordo com a conclusão consignada nas fls. 3.404 dos autos , essa E. Turma entendeu que as vendas canceladas não deveriam ter sido excluídas das bases de cálculo do PIS e da COFINS cobrados em razão da ausência de comprovação da tributação de tais receitas em exercícios anteriores. Contudo, requer a análise do esclarecimento de que "ainda que tais receitas tivessem que ser oferecidas à tributação no anobase de 2003, em razão da incidência da norma prevista no artigo 2o da Lei n° 9.779/99, o que se alega a título meramente argumentativo, não poderia o Sr. Agente Fiscal invocar tal evento infracional para proceder a adição dessas despesas nos anosbase subseqüentes (2004 e 2005), justamente porque já transcorreu o prazo decadência! de cinco anos para a Fiscalização questionar esse fato(...)". 5) Omissão Quanto ao Erro no Aspecto Quantitativo da COFINS Cobrada Iliquidez e Incerteza do Crédito Tributário Por fim, ressaltase a necessidade de suprimento da omissão quanto à análise do item "C", constante na página 48 do recurso voluntário, o qual comprova a impossibilidade de a Realização corrigir o erro na aplicação da alíquota da COFINS cobrada nesse A embargante Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda (responsável tributário) aponta omissão, contradição e obscuridade no Acórdão embargado: Fl. 3515DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 6 a primeira vício apontado seria uma omissão. Se insurge quanto à qualificação da multa, uma vez que não foi demonstrado o dolo, mormente em situações em que o contribuinte utilizamse de negócios lícitos, no caso contrato de mútuo para aquisição de quotas do Fundo), para viabilização de economia de tributos ainda que a jurisprudência do CARF tenda para a desconsideração, quando não demonstrado o propósito negocial. Ressalta ainda que as operações societárias foram realizadas entre dez/98 a junho/00, época em que a jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes era pacífica no sentido de privilegiar o princípio da estrita legalidade em casos de planejamento tributário. Traz jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes para ratificar a sua tese. o segundo vício apontado tratarseia de uma obscuridade. Alega que ao longo do Aresto embargado faltou menção específica a qual das recorrentes o voto estava se referindo ao mencionar um ou outro argumento recursal. por fim, o terceiro vício apontado tratarseia de uma contradição quanto ao pleito de aproveitamento do IR retido na fonte. O Aresto embargado teria entrado em contradição na medida em que usou como fundamento o fato de que se tal direito existisse o mesmo pertenceria aos quotistas e não ao Fundo de Investimento. É que em fase recursal foi o quotista Paulo Octavio Investimentos que fez tal requerimento e não o Fundo de Investimentos. É o relatório. Voto Conselheiro ANTONIO BEZERRA NETO, Relator Atendidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento dos embargos de declaração. Como se relatou, apontouse cinco omissões. A princípio cabe esclarecer que a via dos embargos de declaratório é notoriamente estreita e o embargante a trata como um via bastante larga. Com exceção do 4º vício apontado, todos os demais foram minuciosamente tratados pelo Acórdão embargado, abrindose tópicos específicos para fundamentar cada uma das matérias envolvidas. Mas, ao que parece, o inconformismo do embargante referese ao fato de o Acórdão embargado haver adotado entendimento diverso daquele que entende seja o correto. Motivo pelo qual pretende rediscutir quase todas as matérias em via inadequada. Cabe também esclarecer que o julgador não está obrigado a analisar especificamente todas as questões suscitadas como imagina a embargante, podendo basear o seu julgamento a partir das hipóteses que estão sub judice e com a legislação e entendimento doutrinário que considerar aplicável no caso em concreto. O livre convencimento do julgador permite, inclusive, que uma decisão seja amparada em apenas um fundamento, contanto que este seja considerado suficiente ao deslinde da questão. O que não deve, o julgador, sob pena Fl. 3516DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 5 7 de cerceamento do direito de defesa, é deixar de considerar fato ou circunstância reputada imprescindível à sua decisão, o que não ocorreu. 1a omissão apontada deixaram de ser analisados os argumentos que demonstrariam a impossibilidade de responsabilização do Embargante em face dos atos praticados pelo seu cotista POII. Ora, como se pode verificar nas fls. 3387 a 3389, relatouse minuciosamente essa questão levantada no recurso, e o voto abriu tópico específico para enfrentála conforme abaixo: Da Responsabilização do Fundo de Investimento Imobiliário Superquadra 311 Norte pelos atos praticados pela empresa Paulo Octávio A Recorrente adiciona novo argumento em seu recurso no sentido de que mesmo em se admitindo a ocorrência da fraude, o FII não poderia ser responsabilizado pelos atos da Paulo Octávio Investimentos Imobiliários e do Sr. Sebastião, vez que não houve qualquer ingerência por parte dos demais quotistas no negócio jurídico efetivado. Para tanto alega que a transação de transferência de quotas entre particulares não depende de aprovação prévia dos demais quotistas ou do administrador, conforme Instrução CVM n.° 205/94. Como bel colocado pela decisão de piso, o Fundo de Investimento, mesmo que não possua personalidade jurídica (art. 1°, caput, da Lei n.° 8.668/93), pratica atos pelos quais responde através da Administração do Fundo e da Assembléia Geral dos Quotistas (Lei n.° 8.668/93). Assembléia Geral dos Quotistas, conforme o art. 21 do Regulamento do Fundo tem como competência privativa examinar, anualmente, as contas do Fundo e deliberar sobre as demonstrações financeiras apresentadas pela Administradora. O art. 41, II, da Instrução Normativa n.° 205 da CVM, de 1994, também dispõe que constituirão encargos do Fundo as "taxas, impostos ou contribuições federais, estaduais, municipais ou autárquicas que recaiam ou vierem a recair sobre os bens, direitos e obrigações que compõem o patrimônio do Fundo". O próprio regulamento do FUNDO em seu art. 29 indica os tributos como de responsabilidade do Fundo: DAS DESPESAS E ENCARGOS DO FUNDO Art. 29 Constituem encargos do FUNDO as seguintes despesas que • lhe serão debitadas peia INSTITUIÇÃO ADMINISTRADORA: (...) II. as taxas, impostos, ou contribuições federais, estaduais, municipais ou autárquicas, que recaiam ou venham a recair sobre os bens, direitos e obrigações do FUNDO; Ora, é clarividente que o favorecido pelo negócio fraudulento foi o próprio Fundo de Investimento Imobiliário, e por conseqüência, todos os quotistas, uma vez Fl. 3517DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 8 que o Fundo autuado deixou de sujeitarse à tributação aplicável as demais pessoas jurídicas, nos termos da Lei n.° 9.779/99. Este fato, é o tanto quanto basta para imputar a responsabilidade do Fundo pelos tributos que deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos, uma vez que a própria Lei n.° 9.779/99 é clara ao atribuir ao Fundo a condição de responsável principal pelas obrigações tributárias. Diz expressamente o art. 2° desse diploma legal: "Sujeitase à tributação aplicável às pessoas jurídicas, o fundo de investimento imobiliário [...]". Por tudo, não restam dúvidas de que o Fundo é o sujeito passivo da obrigação tributária obrigado pelo pagamento dos tributos. Bem se vê que não há omissão, há apenas inconformismo com a linha de entendimento adotada no voto, motivo pelo qual rejeito essa omissão. 2a Omissão apontada: Quanto à Preclusão da Possibilidade do Fisco Questionar a Legalidade da Transferência de Cotas ao Sr. Sebastião. Esse é o típico ponto que não é relevante para a lide e que foi de certa forma tratado no tópico ligado à decadência de uma forma geral. Cabe novamente esclarecer que o julgador não está obrigado a analisar especificamente todas as questões suscitadas como imagina a embargante, podendo basear o seu julgamento a partir das hipóteses que estão sub judice e com a legislação e entendimento doutrinário que considerar aplicável no caso em concreto. O livre convencimento do julgador permite, inclusive, que uma decisão seja amparada em apenas um fundamento, contanto que este seja considerado suficiente ao deslinde da questão. O que não deve, o julgador, sob pena de cerceamento do direito de defesa, é deixar de considerar fato ou circunstância reputada imprescindível à sua decisão, o que não ocorreu. Outrossim, a decadência tem seus marcos bem definidos conforme tratado no Acórdão embargado quando enfrentou o tópico genérico ligado à decadência de o Fisco Lançar. Esses marcos levam em consideração o fato gerador do tributo, o lapso temporal de cinco anos e a data em que o contribuinte tomou ciência do auto de infração. Dessa forma, não é qualquer fato ou evento ocorrido no mundo que deva ser levado em consideração para a contagem do prazo decadencial. Com essas considerações adicionais, rejeito também esta omissão. 3a Omissão apontada : Ausência de Aproveitamento dos Créditos Referentes aos Custos dos Imóveis Vendidos Omissão Quanto à Justificativa Para Não se Utilizar a Planilha Elaborada Pelo Embargante: Segundo a embargante o voto não fundamentou o motivo pelo qual as informações prestadas pelo Embargante nos autos seriam insuficientes para aproveitamento dos custos em análise. mais uma vez sem razão a embargante, pois o voto foi substancioso a esse respeito, abrindo mais uma vez tópico específico para fundamentar a matéria. Se a Recorrente discorda do que foi fundamento, isso passa a ser outra questão, mas não pode ser resolvida nas vias estreitas dos embargos. Eis o teor do voto a esse respeito: . (...) A decisão de piso ratificou acertadamente o procedimento adotado pela autoridade lançadora, pois quando intimado a prestar esclarecimentos sobre os custos de cada imóvel cujos preços foram recebidos em 2004 e 2005, para fins de apuração dos respectivos créditos, não apresentou os dados solicitados, razão pela qual a autuação baseouse nos dados até então disponíveis. Fl. 3518DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 6 9 O art. 845 do RIR/99 é bem claro quanto aos efeitos de não se prestar os esclarecimentos pertinentes: Art. 845. Farseá o lançamento de ofício, inclusive (DecretoLei nº 2 5.844, de 1943, art. 79): (...) II abandonandose as parcelas que não tiverem sido esclarecidas e fixando os rendimentos tributáveis de acordo com as informações de que se dispuser, quando os esclarecimentos deixarem de ser prestados, forem recusados ou não forem satisfatórios; § 2 Na hipótese de lançamento de ofício por falta de declaração de rendimentos, a não apresentação dos esclarecimentos dentro do prazo de que trata o art. 844 acarretará, para as pessoas físicas, a perda do direito de deduções previstas neste Decreto (DecretoLei n 5.844, de 1943, art. 79, § 22). (destaquei) (...) A empresa apresentou apenas parte do que fora solicitado, segundo consta do TVF, o que foi completamente insuficiente: Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal LS n° 03/2009 (fls. 1221 a 1223 e 1316 a 1325), a fiscalizada apresentou relação dos imóveis vendidos e respectivos custos, nos anoscalendário de 2004 e 2005. Porém, é preciso contextualizar melhor a questão, o que não feito adequadamente pela Recorrente. É que tais informações não seriam suficientes para a concessão do crédito. Havia necessidade de informações mais detalhadas a respeito da forma de pagamento e de como se deram os recebimentos ao longo do tempo e não tão somente o custo em si. E nesse ponto, a Empresa não apresentou mesmo mais nada, nem na fase inquisitorial, nem na fase de defesa (impugnatória e recursal). Eis os termos adicionais do TVF que contextualiza melhor a questão: Através do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal LS n° 06/2009 (fls. 1387 a 1390), solicitouse à fiscalizada que elaborasse planilha referente a todos os imóveis vendidos e cujos preços foram recebidos nos anoscalendário de 2004 e 2005 (a vista ou de forma parcelada), contendo: a data da venda, a identificação do imóvel, o preço da venda, o custo, e o valor recebido em cada um dos .eses dos anos de 2004 e 2005. Em resposta, a fiscalizada nada apresentou coliforme já transcrito neste Relatório. Dessa forma, esta Fiscalização ficou impossibilitada de aplicar, para a fiscalizada, o disposto na legislação fiscal para a utilização dos créditos incorridos após o início da nãocumulatividade (art. 4o caput e § 3o da Lei n° 10.833/2003 c/c o art. 16 da mesma Lei) e do crédito presumido (art. 12 caput e § 4o c/c art. 16 ambos da Lei 10.833/2003). (destaquei) Se entende a defesa que a verdade material não foi alcançada, se não fez na época oportuna, deveria no mínimo ter tentado trazer ao processo elementos probantes do contrário, não sendo bastante suficiente a apresentação de incompletas de dados, pois para caracterizar a prova não é bastante trazer aos autos informações de forma desarticulada e incompletas, como fez a recorrente na fase inquisitorial. A propósito, sobre a apresentação de provas e conforme jurisprudência deste Conselho, a prova deve estar perfeitamente articulada com o auto de infração, descortinandose a partir dela de forma sucinta e objetiva todas as conexões existentes com o infração Fl. 3519DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 10 que se deseja infirmar. Esse ônus não é do julgador, mas sim da recorrente. E isso ele não fez, repitase novamente, nem na fase inquisitorial quando lhe foi solicitado, nem na fase impugnatória e nem agora na fase recursal. Portanto, rejeito também esta omissão. 4a Omissão: Vendas Canceladas Omissão Quanto à Impossibilidade de Adição às Bases de Cálculo do PIS e da COFINS em Razão da Decadência Alega que esta Turma entendeu que as vendas canceladas não deveriam ter sido excluídas das bases de cálculo do PIS e da COFINS cobrados em razão da ausência de comprovação da tributação de tais receitas em exercícios anteriores. Contudo, requer a análise do esclarecimento de que "ainda que tais receitas tivessem que ser oferecidas à tributação no anobase de 2003, em razão da incidência da norma prevista no artigo 2o da Lei n° 9.779/99, o que se alega a título meramente argumentativo, não poderia o Sr. Agente Fiscal invocar tal evento infracional para proceder a adição dessas despesas nos anosbase subseqüentes (2004 e 2005), justamente porque já transcorreu o prazo decadêncial de cinco anos para a Fiscalização questionar esse fato(...)". Apesar de o Acórdão ter enfrentado de forma geral a questão da decadência em tópico à parte, com as peculiaridades da isenção trazidas pela Recorrente, constato que o Acórdão foi omisso no ponto específico da infração relativa à adição de receitas canceladas e excluídas por não ter sido oferecida à tributação em exercícios anteriores. A esse respeito, por concordar inteiramente com os fundamento da DRJ, tragoos à colação para complementar o Acórdão embargado, sem lhes emprestar efeitos infringentes: Da mesma forma, não se sustenta o argumento de que o fato de não ter oferecido tais receitas à tributação em anos anteriores a 2004, teria sido alcançado pela decadência, e, assim, inviabilizado qualquer pretensão do Fisco a respeito. É de se ressaltar que a inexistência da obrigação do contribuinte de tributar essas receitas naqueles anos não lhe confere direito à sua exclusão em exercício posterior, porque, como destacado, somente a tributação em exercício anterior, de operação posteriormente desconstituída, permite a redução de base tributável, na mesma medida, em exercício posterior. O fato de, eventualmente, esses exercícios anteriores terem sido alcançados pela decadência não transforma receitas não tributadas em receitas tributadas. 25. De mais a mais, a decadência, na ordem tributária vigente, somente possui efeito negativo, de obstar a constituição de crédito tributário por parte do Fisco relativo a fatos geradores ocorridos nos períodos decaídos. Não detém efeito positivo para convalidar eventuais registros realizados em desconformidade com a lei, relativos a fatos geradores decaídos, nem para conferir direito ao contribuinte para, com base nesses registros irregulares, pleitear, em relação a fatos geradores ocorridos em exercícios posteriores, o não pagamento ou a redução de tributo, ou até repetição de indébito. 26. Por outro lado, existem as normas legais, o artigo 37 da Lei 9.430/96 e o artigo 4º do Decretolei 486/69 reproduzido no artigo 264 do RIR/99, a seguir transcritos, estipulando que para os fatos que tenham efeito sobre constituição de créditos tributários em exercícios futuros, como é o caso das receitas contabilizadas em determinado exercício e canceladas em exercícios posteriores, os saldos de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL de períodos anteriores , deve o Fl. 3520DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 7 11 contribuinte guardar os respectivos comprovantes, até que ocorra a decadência do direito de lançamento sobre os fatos geradores futuros. E fazer prova, nesse contexto jurídico, significa provar não somente a ocorrência do fato passado, mas também sua conformidade à lei. No caso, para poder usufruir do direito à exclusão deveria o contribuinte apresentar os comprovantes de que as referidas receitas foram, de fato, oferecidas, à tributação, o que, como restou claro, não ocorreu. Pelo exposto, acolho os embargos neste ponto, para complementálo, mas sem emprestarlhes efeitos infringentes. 5a Omissão: Quanto ao Erro no Aspecto Quantitativo da COFINS Cobrada Iliquidez e Incerteza do Crédito Tributário Por fim, ressalta a necessidade de suprimento da omissão quanto à análise do item "C", constante na página 48 do recurso voluntário, o qual comprova a impossibilidade de a Realização corrigir o erro na aplicação da alíquota da COFINS cobrada nesse auto de infração. Rejeitase também essa omissão, por dois motivos. Primeiro porque tal matéria está apartada do presente processo sendo objeto do processo n. 16327.000273/201091 que foi julgado na mesma sessão deste processo. Segundo, apenas para argumentar pois o primeiro motivo já seria suficiente por si só, porque nesse outro processo o erro de fato na aplicação da alíquota foi amplamente debatida essa questão, não havendo portanto que se falar em omissão. Eis trecho do voto condutor no processo n. tratando dessa questão: A esse respeito a DRJ soube muito bem fundamentar a base legal e o motivo pelo qual foi lançado a diferença complementar. Por óbvio o que ocorreu foi mero erro de fato na utilização da alíquota de 3% (que seria aplicável ao regime cumulativo) ao invés da alíquota de 7,6% aplicável ao regime da não cumulatividade. E não se alegue que se mudou a natureza das coisas, ou seja, que se requalificou os fatos passando do regime cumulativo para o não cumulativo, pois os fatos foram muito bem descritos pelo fiscal no contexto da não cumulatividade como bem fundamentou também a DRJ, motivo pelo qual adoto os seus fundamentos como razões complementares do que aqui decido: 10. O instituto do lançamento complementar está previsto no artigo 18, parágrafo 3o, a seguir reproduzido, do Decreto n° 70.235/72, que disciplina o Processo Administrativo Fiscal PAF, para as hipóteses em que a autoridade fiscal, por ocasião de exame posterior de determinado lançamento, constata a existência de incorreção, omissão ou inexatidão que .implique agravamento da exigência lançada. Decreto n° 70.235/72 Art. 18. A autoridade julgadora dc primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei n° 8.748. de 1993) Fl. 3521DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 12 § 1°() (...) § 3o Quando, em exames posteriores, diligencias ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (Incluído pela Lei n° 8.748. de 1993) (grifos acrescentados) 11. No lançamento complementado, da COFINS, objeto do PAF 16327.000973/200942, sujeita à sistemática de apuração no regime não cumulativo, foi utilizada alíquota incorreta, de 3%, para os períodos de apuração de 02/2004 a 12/2005, ao invés da alíquota correta, de 7,6%, prevista no artigo 2.° da Lei 10.833/2003, conforme, inclusive, consta do item 45 (fl. 56 verso) do VOTO que acompanha o Acórdão n° 24.413 desta Turma (fls 41 a 43), contendo o julgamento, na 1ª instância administrativa, do referido processo 12. O que ocorreu no referido lançamento do PAF 16327.000973/2J típica incorreção, que não representou erro de qualificação jurídica dos fatos lançai entendimento ou interpretação equivocada de norma legal de incidência. Isto porque na descrição dos fatos e no enquadramento legal a autoridade lançadora não tratou a COFINS em questão, em nenhum momento, como se estivesse sujeita ao regime cumulativo cuja alíquota de incidência fosse de 3%. Ao contrário, a autoridade fiscal, ao lançar a exigência consignou expressamente, conforme excerto a seguir reproduzido, no item 2.5.2 do Relatório de , Ação Fiscal (fls. 21 e 22) do PAF 16327.000273/201091, que a COFINS lançada nos .nos de 2004 e 2005 estava sujeita à sistemática não cumulativa.(...) Portanto, também rejeito essa omissão. EMBARGOS DO RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO (POII) Como se relatou, apontouse três supostos vícios, duas contradições e uma obscuridade. A princípio cabe esclarecer que a via dos embargos de declaratório é notoriamente estreita e o embargante a trata como um via bastante larga. Todos os três pontos foram minuciosamente tratados pelo Acórdão embargado, abrindose tópicos específicos para fundamentar cada uma das matérias envolvidas. Mas, ao que parece, o inconformismo do embargante referese ao fato de o Acórdão embargado haver adotado entendimento diverso daquele que entende seja o correto. Entretanto, tal circunstância não comparece como motivo suficiente a viabilizar os embargos de declaração. Isso porque eventual inconformismo do embargante deve ser objeto de discussão nos meios processuais cabíveis, porquanto os embargos declaratórios não se prestam a modificar o julgado ou a responder questionamentos das partes. O primeiro ponto, diz respeito a uma suposta omissão do Acórdão em relação ao trato da qualificação da multa. Não há tal omissão, como já se disse o que há é Fl. 3522DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 8 13 inconformismo quanto ao deslinde da matéria e os embargos declaratórios não se prestam a modificado sob essa hipótese. Rememorando, a embargante se insurge quanto à qualificação da multa, uma vez que não foi demonstrado o dolo, mormente em situações em que o contribuinte utilizamse de negócios lícitos, no caso contrato de mútuo para aquisição de quotas do Fundo, para viabilização de economia de tributos ainda que a jurisprudência do CARF tenda para a desconsideração, quando não demonstrado o propósito negocial. A referida matéria foi abordada de forma completa e suficiente no Acórdão embargado, cujo teor se transcreve: Sobre os valores de tributos e contribuições apurados foi aplicada acertadamente a multa qualificada de 150% conforme previsto no inciso II do artigo 44 da Lei 9.430/96, que se refere aos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64. De fato, houve ação dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, o que configura fraude, tendo em vista que o suposto empréstimo celebrado entre a construtora POII Ltda e o Sr. SLFS e que envolveu a transferência de quotas do FII SQN 311, teve como objetivo apenas afastar a incidência do artigo 2o da Lei 9.779/99 e, o mais importante, deixando evidenciado aqui o dolo, o Sr. SLFS funcionou como interposta pessoa de POII Ltda, situação esta que se enquadra no artigo 167, caput e parágrafo 1ª, inciso I do Código Civil, como simulação por interposição de pessoa. Defende ainda o Fundo recorrente a ausência de responsabilidade pela multa qualificada, visto que a "suposta fraude" foi praticada pelo quotista majoritário Paulo Octávio Investimentos Imobiliários. Assim, em razão do caráter personalíssimo da multa somente este pode ser responsabilizado pela multa agravada no percentual de 150%. Com efeito, o princípio da personalização da pena, segundo o qual a punição não deve passar da pessoa do infrator, se refere unicamente às penas intransmissíveis, dispostas nas leis penais, que são aquelas que possuem como característica a "corporalidade", ou seja, tratam de punições corporais. O Supremo Tribunal Federal já se posicionou nesse mesmo sentido, no Recurso Extraordinário n.° 83.613/SP: RE 83613 / SP "[...] A multa punitiva no Direito Tributário, que se distancia de outros ramos da Ciência Jurídica principalmente por sua autonomia dogmática, revestese de natureza patrimonial, não lhe aproveitando o aceno à aplicação da norma superior de personalização, consentânea com os princípios do Direito Penal." Ademais, as multas, conforme o art. 113 do CTN, são obrigações tributárias e o sujeito passivo é tanto responsável pelo pagamento da obrigação principal como acessória (art. 121, CTN). Dessa forma, o Fundo de Investimento Imobiliário deve responder mesmo pela qualificação da multa de ofício aplicada na condição de sujeito passivo da obrigação tributária. Fl. 3523DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO 14 Certo ou errado, tratase de uma questão de fato e de direito assentada pelo colegiado não cabendo revisão. Atentese que a qualificação da multa não foi atribuída apenas no contexto de formas lícitas utilizadas sem propósito negocial. As inúmeras provas convergentes colhidas no processo apontam para o dolo ocorrido na operação em causa, na medida em que deixou evidenciado que o Sr. SLFS funcionou como interposta pessoa de POII Ltda, situação esta que se enquadra no artigo 167, caput e parágrafo 1ª, inciso I do Código Civil, como simulação por interposição de pessoa. Ademais, apenas para argumentar, o julgador não está obrigado a analisar especificamente todas as questões suscitadas, podendo basear o seu julgamento a partir das hipóteses que estão sub judice e com a legislação e entendimento doutrinário que considerar aplicável no caso em concreto. O livre convencimento do julgador permite, inclusive, que uma decisão seja amparada em apenas um fundamento, contanto que este seja considerado suficiente ao deslinde da questão. O que não deve, o julgador, sob pena de cerceamento do direito de defesa, é deixar de considerar fato ou circunstância reputada imprescindível à sua decisão. Portanto, rejeito a omissão apontada. Também merece igual sorte o segundo vício apontado de suposta obscuridade quanto à falta de menção específica a qual das recorrentes o voto estava se referindo ao mencionar um ou outro argumento recursal. Ora, se no relato está bem claro, destacado e individualizado cada um dos argumentos dos Recorrentes, além do fato óbvio de ela saber que argumentos foram estes, a sua correlação com o que a matéria desenvolvida no voto é lógica e automática, sendo desnecessária a menção explícita do mesmo, mormente em situações tais como ocorreu, em que as Recorrentes trazem argumentos em comum. A prova de que não trouxe problema algum de entendimento é que no tópico seguinte a ser enfrentado, a embargante levanta justamente uma questão em que ela identifica precisamente uma inadequação entre o fundamento do voto e a seu destinatário, que no caso foi o Fundo Investimento e não a responsável tributário Paulo Octávio Investimentos. Portanto, afasto a obscuridade apontada. Por fim, o terceiro vício apontado tratarseia de uma contradição quanto ao pleito de aproveitamento do IR retido na fonte. O Aresto embargado teria entrado em contradição na medida em que usou como fundamento o fato de que se tal direito existisse o mesmo pertenceria aos quotistas e não ao Fundo de Investimento. É que em fase recursal foi o quotista Paulo Octavio Investimentos que fez tal requerimento e não o Fundo de Investimentos. Primeiramente cabe esclarecer, que a contradição que se fala em sede de embargos declaratórios se dá internamente à estrutura da decisão, ou seja, entre suas partes internas. A contradição se dá entre premissas ou entre premissas e conclusão. Como se vê tem sempre a ver com dois componentes internos da decisão. O contribuinte de fato traz à baila duas premissas que se contradizem, porém como se verá, o saneamento da contradição não conduzirá a se dar efeitos infringentes à decisão, mas apenas complementála. Vejamos como o Aresto embargado tratou da matéria: Em relação ao não abatimento das retenções de IR na fonte que o fundo efetuou por ocasião dos pagamentos, penso que esse seja o espaço apropriado para Fl. 3524DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.000973/200942 Acórdão n.º 1401001.336 S1C4T1 Fl. 9 15 esse pleito, de todo modo cabe reproduzir a decisão de piso que muito bem apontou o cerne da questão: Quanto à demanda que faz com respeito ao tratamento de "recolhimento indevido" que a autoridade deveria ter dado às retenções de IR na fonte que efetuou por ocasião dos pagamentos feitos aos quotistas, impende esclarecer que se algum direito existir para o aproveitamento desses recolhimentos como créditos em face do Fisco, tal direito pertence aos quotistas, cujos rendimentos foram taxados. Tais quotistas é que arcaram com o ônus do tributo, não o contribuinte autuado. Portanto, falece legitimidade ativa ao contribuinte autuado para pleitear o eventual aproveitamento dos referidos recolhimentos no presente lançamento. Como se vê, o fundamento do voto falha em relação ao destinatário de um dos argumentos, ou seja que Fundo não teria competência para invocálo por falta de competência. Porém, o voto não afirmou que o contribuinte teria direito, notese que usou do argumento contrafactual “se algum direito existir”. Porém, o primeiro óbice aqui encontrado seria o fato de que tal matéria é estranha à lide, pois não estamos julgando aqui restituição de IRPF de pessoas físicas (no caso os quotistas do fundo). Então se direito houver, tem que ser pedido à parte deste processo. Portanto, também afasto esse último vício apontado, com esses esclarecimentos. Por todo o exposto, acolho em parte a quarta omissão apontada pelo contribuinte, bem assim a contradição apontada pelo responsável tributário, apenas para incluir os fundamentos e esclarecimentos pertinentes, mas sem efeitos infringentes, e rejeitar os demais vícios apontados. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 3525DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 11613.720174/2011-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Período de apuração: 04/05/2010 a 26/04/2011
CIDE. IMPORTAÇÃO DE NAFTA PARA FINS PETROQUÍMICOS. REDUÇÃO. ALÍQUOTA ZERO.
As importações de nafta para fins petroquímicos, independentemente de quem era o importador, são tributadas à alíquota zero, a partir de 30/12/2003.
ATO ADMINISTRATIVO DE LANÇAMETNO. ÔNUS DA PROVA.
O lançamento tributário é o ato administrativo que constitui o direito subjetivo do Fisco (autor) de exigir o crédito tributário (fato constitutivo) e, assim, nesse caso é seu o ônus da prova. O art. 332 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, estabelece, de forma lógica, as regras do ônus probatório: àquele que pleiteia um direito tem a incumbência de prová-lo; a parte contrária pode reagir a essa pretensão, refutando-a, igualmente, com provas.
Recurso voluntário provido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Numero da decisão: 3202-001.383
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário. Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Fez sustentação oral o advogado Dr. Marcos Vinicius Neder, OAB/SP nº 309.079.
Luis Eduardo Garrossino Barbieri Presidente substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Paulo Roberto Stocco Portes e Rodrigo Cardozo Miranda.
Nome do relator: LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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IMPORTAÇÃO DE NAFTA PETROQUÍMICA Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 04/05/2010 a 26/04/2011 CIDE. IMPORTAÇÃO DE NAFTA PARA FINS PETROQUÍMICOS. REDUÇÃO. ALÍQUOTA ZERO. As importações de nafta para fins petroquímicos, independentemente de quem era o importador, são tributadas à alíquota zero, a partir de 30/12/2003. ATO ADMINISTRATIVO DE LANÇAMETNO. ÔNUS DA PROVA. O lançamento tributário é o ato administrativo que constitui o direito subjetivo do Fisco (“autor”) de exigir o crédito tributário (fato constitutivo) e, assim, nesse caso é seu o ônus da prova. O art. 332 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, estabelece, de forma lógica, as regras do ônus probatório: àquele que pleiteia um direito tem a incumbência de proválo; a parte contrária pode reagir a essa pretensão, refutandoa, igualmente, com provas. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário. Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarouse impedido. Fez sustentação oral o advogado Dr. Marcos Vinicius Neder, OAB/SP nº 309.079. Luis Eduardo Garrossino Barbieri – Presidente substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 3. 72 01 74 /2 01 1- 61 Fl. 1600DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Paulo Roberto Stocco Portes e Rodrigo Cardozo Miranda. Relatório O presente litígio decorre de lançamento de ofício, veiculado através de auto de infração lavrado em 11/09/2011, com ciência em 13/09/2011 (efls. 2/ss), no valor de R$ 279.446.784,81, para a cobrança da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico CIDE sobre combustíveis, multa de ofício e juros de mora, em decorrência da importação de nafta petroquímica objeto de diversas declarações de importação registradas no período compreendido entre 04/05/2010 a 26/04/2011. Com o intuito de elucidar os fatos e destacar os argumentos trazidos pelas partes transcrevese o Relatório constante da decisão de primeira instância administrativa, verbis: Trata o presente processo de exigência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), incidente sobre a importação, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora, conforme auto de infração de fls. 0241. Na data da autuação, o crédito tributário perfez o valor total de R$ 279.446.784,81. Na descrição dos fatos constante do Auto de Infração, a fiscalização expõe os acontecimentos, afirmando que a empresa em epígrafe promoveu importações de Nafta Petroquímica, por meio das cinquenta Declarações de Importação relacionadas às fls. 3739, registradas de maio de 2010 a abril de 2011. Afirma que a Cide foi exigida no momento do desembaraço, mas como houve irresignação contra o pagamento e como em caso similar recente a Justiça tinha determinado o desembaraço sem o recolhimento do tributo, mas sem afastar a possibilidade de cobrança em data posterior, deixouse para lavrar o auto após a nacionalização da mercadoria. Aduz que a Lei 10.336/2001 instituiu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, (Cide), a que se refere os arts. 149 e 177 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 33, de 11 de dezembro de 2001. Menciona que essa Lei, em seu art. 2°, também determina que são contribuintes da Cide o produtor, o formulador e o importador, pessoa física ou jurídica, dos combustíveis líquidos relacionados no art. 3°. Nesse artigo consta, no inciso I, "gasolina e suas correntes", onde se inclui a nafta, segundo esclarece o dispositivo citado em seu parágrafo 1°. Diz que, no art. 5° parágrafo 2°, a Lei ainda determina que se aplicam às correntes de hidrocarbonetos líquidos as mesmas alíquotas específicas fixadas para gasolinas; e que o parágrafo 3° do art. 5° fala sobre a regulamentação da CIDE, no que diz respeito a Nafta, ao delegar ao executivo o poder de dispensar o pagamento da Cide incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel (Redação dada pela Lei n° 10.833, de 2003). Essa regulamentação foi feita pelo Decreto 4.940/2003. O importador, segundo a fiscalização, não é uma Central Petroquímica e produz, principalmente, gasolina e diesel, produtos excluídos no benefício da alíquota zero pelo Decreto n° 4.940/2003. A nafta, objeto das D I s em tela, apesar de estar incluída na relação contida no Decreto n° 4.940/2003, tem seu destino incerto, Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.600 3 sendo possível, por parte do importador, a produção de gasolina, de diesel, ou a venda para outra empresa, a seu exclusivo critério. Segundo os autuantes, o importador alega que a nafta em questão foi importada para comercialização com uma Central Petroquímica, sendo esta a razão pela qual estaria habilitada à alíquota zero estabelecida pelo Decreto. Constatam, assim, que a divergência entre a fiscalização aduaneira e o importador reside na interpretação do artigo 1o. do Decreto n° 4.940/2003, e na resposta à seguinte questão: a estatal (Petrobrás) que refina petróleo e distribui derivados, enquadrase no dispositivo de alíquota zero para a nafta quando adquire o produto para comercializálo? Para esclarecer o imbróglio, devese, segundo os autuantes, analisar melhor o Decreto 4.940/2003. Nele, seu o art. 1° estabelece que a alíquota zero se aplica às correntes não destinadas à formulação de gasolina ou diesel. Na relação em que elenca os produtos atingidos encontrase a nafta. Até esse ponto da norma, poder seia até imaginar que o importador em tela seria um beneficiário claro da alíquota citada. Para os autuantes, o referido Decreto prossegue, em seu art. 1°, com seus parágrafos buscando delimitar os efeitos do caput. Assim, ficou estabelecido, para as centrais petroquímicas, um percentual de 12% do total produzido pela planta, para a produção de gasolina e diesel, acima do qual qualquer aquisição de nafta sofreria incidência da Cide. E, não obstante a preocupação de bem delimitar a incidência sobre a nafta adquirida por uma Central Petroquímica, essa norma não fez nenhuma menção explícita ao caso de uma refinaria/distribuidora, como a Petrobrás. Ocorre, segundo os fiscais, que o § 5° do artigo 1° desse Decreto delega poder à RFB para regulamentar o assunto, o que foi feito pela IN SRF n° 422/2004, com alterações posteriores, em virtude das novas disposições trazidas ao supradito Decreto. Segundo os fiscais, o § 5o. do artigo 10A, da IN SRF n° 422/2004, determina que, na hipótese de importação, as centrais petroquímicas farão constar na DI que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1o. do art. 1o. do Decreto n° 4.940/2003 é inferior a 12% do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo. Assim, entendem que tudo leva a crer que a dúvida do contribuinte poderia ter sido resolvida a partir de uma apreciação mais apurada do § 5° do artigo 10A, da IN SRF n° 422/2004, pois aí se vê a preocupação da RFB em controlar a possibilidade de alíquota zero da Cide na aquisição de nafta via importação. Aduzem que o dispositivo reza a possibilidade de a central petroquímica importadora fazer jus à alíquota zero, desde que, "faça constar na DI que o volume de combustíveis residualmente produzido de que trata o § 1o. do art. 1o. do Decreto n° 4.940/2003, é inferior a 12% (doze por cento) do volume total da produção decorrente da nafta petroquímica utilizada em seu processo produtivo'". Ou seja, o benefício fica sujeito a duas condições resolutivas: 1. ser o importador uma central petroquímica; 2. haver na DI uma declaração expressa sobre a produção residual de gasolina e diesel. Devese notar, segundo a fiscalização, que o § 4o. do artigo 10A da IN SRF n° 422/2004 faz referência tão somente às operações de aquisição de nafta no mercado interno, não se prestando para o esclarecimento aqui pretendido. Afirmam que o importador Petrobrás alegou, também, que a importação teria sido feita para comercialização imediata com seu cliente, uma central petroquímica, mediante contrato firmado antes da importação. Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 4 A fiscalização conclui que, a partir do que dispõe o art. 1o. do Decreto 4.940/2003, o importador acredita fazer jus à alíquota zero na importação de nafta petroquímica para comercialização imediata com uma determinada central petroquímica, mediante contrato privado, assinado previamente entre as partes. A simples leitura do texto do decreto citado, todavia, não autoriza, segundo os fiscais, a interpretação pretendida pelo importador. Para eles, a dúvida pode ser esclarecida pela leitura da IN SRF n° 422/2004. Neste ato normativo, vêse que o administrador tributário regulamentou com detalhes a alíquota zero nas aquisições de nafta pelas centrais petroquímicas, estabelecendo limites e condições a serem cumpridas no momento da importação, com exigência de manifestação expressa no corpo da DI. Assim, para os autuantes, se fosse admitida a interpretação pretendida pelo importador a partir do Decreto, de gozar do benefício da alíquota zero, chegarse ia na absurda falta de isonomia quanto às exigências para o controle do tributo. Se uma central petroquímica fosse importar diretamente nafta, ela deveria declarar na DI, expressamente, que sua produção residual de gasolina e diesel não supera o total de 12%. Já se a importação fosse feita por uma refinaria (caso do importador Petrobrás), cuja produção de gasolina e diesel é obviamente ampla, nenhuma declaração se exigiria em termos de condições para o gozo do benefício. O contrato prévio que eventualmente a refinaria tenha com alguns de seus clientes centrais petroquímicas parece, para os fiscais, não ter nenhum valor para a apreciação do presente caso. Primeiro, há que se levar em conta que essa não é uma condição estabelecida pela norma para o gozo do benefício; segundo, deve ser lembrado que o art. 123 do CTN determina que convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública. No item "DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (CIDE NA IMPORTAÇÃO", a fiscalização faz referência aos dispositivos do Código Tributário Nacional (CTN) Lei 5.172/1966 que tratam do surgimento da obrigação tributária (art. 113, § 1o); ao art. 97 do CTN (principio da legalidade para a instituição de tributos). Em seguida, transcreve o art. 2° da Lei n° 10.336/2001, que define como contribuintes da Cidecombustíveis o produtor, o formulador e o importador dos combustíveis líquidos relacionados no art. 3° da Lei. Ainda nesse tópico, a fiscalização afirma que a Lei n° 10.336/2001, antes e depois da alteração trazida pela Lei 10.833/2003, tem como ponto crucial para a concessão da isenção a comprovação da utilização da nafta petroquímica, importada ou vendida no mercado interno, por central petroquímica, na produção de produtos petroquímicos que não sejam os constantes do art. 3° da Lei n° 10.336/2001 e art. 2° da IN SRF 422/2004, isto é, será isenta da CideCombustível a nafta petroquímica importada ou vendida no mercado interno que comprovadamente for utilizada na produção de produtos petroquímicos diferentes daqueles constantes nos art. 3° da Lei n° 10.336/2001 e art. 2° da IN SRF 422/2004. Para os autuantes, inferese do § 6°, art. 5°, da Lei n° 10.336/2001 (antes da alteração proveniente da Lei 10.833/2003), que, mesmo que o importador seja uma central petroquímica, mas não tenha como comprovar previamente a destinação da nafta importada na produção de produtos diferentes daqueles citados nas normas, operarseá a presunção legal prevista no § 5°, devendo ser recolhida a Cide Combustível. Segundo os fiscais, o legislador prudente, considerando a possibilidade de qualquer outro importador ou comerciante no mercado interno não ter como comprovar a destinação da nafta na produção de produtos diferentes dos apontados nas normas, estabeleceu a presunção legal de utilização da nafta na produção de gasolina, implicando na incidência da CideCombustível (art. 5°, §5°, Lei 10.336/2001 na redação original e § único da IN SRF n° 422/2004) . Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.601 5 De acordo com os autuantes, é cediço que a presunção legal expressa e determinada pelo próprio texto legal só pode ser elidida se o contribuinte produzir a prova em contrário. Assim não sendo, ficará ele sujeito às conseqüências desfavoráveis resultantes da falta de prova. Para os casos em que se deu o recolhimento da CideCombustível por não ter sido possível a comprovação da destinação da nafta, mas que, posteriormente, constatouse sua real utilização na produção de produtos petroquímicos diferentes dos apontados nas normas, o legislador criou um sistema de compensação previsto no art. 8°A, §§1° e 2°, da Lei n° 10.336/2001 com redação dada pela Lei 10.833/2003 e pela Lei 11.196/2005. Alegam os fiscais que, conforme dispõe expressamente o § 2° do citado art. 8°A, com redação dada pela Lei n° 11.196/2005, o benefício fiscal previsto no mesmo artigo aplicase tão somente quando os hidrocarbonetos líquidos são utilizados como insumos pela pessoa jurídica adquirente, na elaboração de produtos diferente de gasolina ou diesel. Isso significa dizer que é vedado o gozo do benefício nas operações de importação ou comercialização se o importador ou adquirente não utiliza a mercadoria como insumo na citada finalidade, mas, por exemplo, destina a revenda ou ao emprego na elaboração de gasolina ou diesel. Aduzem que, nesse aspecto, a nova lei é consentânea com a sistemática adotada na legislação tributária ao longo do tempo, mantendo uma coerência histórica com as normas anteriores de modo a preservar a unidade lógica e a finalidade do benefício fiscal, qual seja, a de desonerar as operações de importação e a aquisição de hidrocarbonetos líquidos por empresas que empreguem essa mercadoria na industrialização de produtos diferente de gasolina ou diesel. Ressaltam os autuantes que o caso tratado no auto referese à CIDEcombustíveis incidente na importação, sendo que o importador deixou de recolher o tributo, mas não utilizou a mercadoria como insumo na elaboração de produtos diferentes de gasolina ou diesel, conforme exige a legislação para fazer jus à dispensa do pagamento do tributo, havendo destinado a mercadoria a revenda no mercado interno; assim, também não faz jus ao mecanismo da compensação prevista em lei. A obrigação tributária relativa à CIDE, decorrente do fato gerador "importação", subsiste mesmo se comprovado que, após a comercialização da mercadoria no mercado interno, tenha havido subsequente emprego da nafta como insumo pela pessoa jurídica adquirente, na elaboração de produtos petroquímicos diferentes de gasolina ou diesel. Aduzem que, desse modo, ainda que se recorresse à interpretação teológica, histórica e sistemática da legislação de regência, chegarseia à mesma conclusão. É que a lei visa beneficiar apenas a operação comercial da qual resulte o emprego efetivo da mercadoria como insumo de produtos diferentes da gasolina ou diesel, não sendo propósito do legislador beneficiar todas as operações anteriores da cadeia de circulação da mercadoria, até que eventualmente esta venha a ter a destinação exigida pela norma legal como condição para gozo do benefício fiscal. Afirma que, nesse diapasão, podese dizer que o legislador propiciou a utilização de mecanismos compensatórios, visando a neutralidade dos tributos em face da proibição de tratamento desigual entre contribuintes, procurando observar o princípio da isonomia, de tal modo, a não favorecer ou desfavorecer as empresas umas em face do outras. Extraise da exposição de motivos, MF 00245 EMI PL MME CIDE, enviada pelo Ministro de Estado da Fazenda e Ministro de Estado das Minas e Energia ao Presidente da República acerca do Projeto de Lei que instituiria a CideCombustível, a preocupação na observância do princípio da neutralidade tributária: Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 6 ""A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico que se propõe instituir objetiva, além de garantir o ingresso de recursos previstos na lei orçamentária ora em votação no Congresso Nacional, tornar neutra a carga tributária incidente sobre os produtos especificados, sejam de produção nacional ou importados. Cabe assinalar os mecanismos compensatórios constantes do Projeto asseguram não apenas a referida neutralidade tributária,mas, também, a correta alocação do produto de sua arrecadação." Cientificado do lançamento em 13/09/2011, conforme fl. 28, o contribuinte insurgiu se contra a exigência, apresentando a impugnação de fls. 759785, acompanhada dos documentos de fls. 7861.376, em 13/10/2011, por meio da qual, após alegar a tempestividade da referida peça, expõe as seguintes razões de defesa: APLICABILIDADE DA DISPENSA DE PAGAMENTO. IMPORTAÇÕES E POSTERIOR COMERCIALIZAÇÃO DA NAFTA PETROQUÍMICA PARA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS RELACIONADOS À INDÚSTRIA PETROQUÍMICA o auto de infração nega à autuada a aplicação da dispensa do pagamento da Cide, incidente sobre a importação e posterior comercialização de nafta petroquímica, em virtude da previsão de alíquota zero, conforme disposto no § 3°, do art. 5°, da Lei n° 10.336/2001, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, c/c o art. 1° do Decreto n° 4.940/2003; a autuação fundamentase única e exclusivamente no fato de ser a Impugnante uma produtora de combustíveis, não lhe sendo aplicado, segundo interpretação do i. auditor fiscal, o benefício fiscal que instituiu alíquota zero para a importação de nafta petroquímica não destinada à formulação de gasolina ou diesel, tal como previsto no art. 5°, §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1o do Decreto n° 4.940/2003; para o i. auditor fiscal, o referido benefício somente seria aplicável caso a importação de nafta petroquímica fosse efetuada diretamente por uma central petroquímica, não podendo usufruir do benefício qualquer outro terceiro importador, ainda que toda a nafta petroquímica importada fosse destinada à comercialização posterior com central petroquímica, sendo este o caso dos presentes autos; razão alguma assiste à fiscalização, visto que o benefício fiscal não foi instituído de forma subjetiva, contemplando somente as centrais petroquímicas, mas sim de forma objetiva, visando o produto nafta petroquímica não destinada à formulação de gasolina ou diesel; a Lei n° 10.336, de 19/12/2001, instituiu a CIDE sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível, consoante previsão contida nos artigos 144 e 177 da Constituição Federal de 1988; o referido diploma apontou, em seu artigo 2°, caput, como contribuintes do novo tributo, o produtor, o formulador e o importador, pessoa física ou jurídica, dos combustíveis líquidos elencados no artigo 3°, ou seja, gasolinas e suas correntes, diesel e suas correntes, querosene de aviação e outros querosenes, óleos combustíveis (fueloil), gás liquefeito de petróleo (inclusive o derivado de gás natural e de nafta) e álcool etílico combustível. E, nos §§ 5° e 6° do artigo 5°, estabeleceu a responsabilidade da central petroquímica pelo recolhimento do tributo; à época, visando regulamentar a apuração e o recolhimento da CIDE, a SRFB expediu a Instrução Normativa n° 107, de 28/12/2001, na qual: Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.602 7 a)fez referência a todos os produtos constantes da Lei 10.336/2001, cuja importação ou comercialização gera a cobrança da CIDE (artigo 2°, caput e incisos I a VII); b)relacionou os códigos da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) referentes àqueles produtos especificados na Lei n° 10.336/2001 (artigo 2°, §2°); c)arrolou outros códigos referentes a produtos destacados da NCM, que, no seu entendimento, estariam abrangidos pela Lei n° 10.336/2001 (artigo 2°, §3°). a Lei n° 10.336/2001, em sua redação original, havia instituído isenção relacionada com a importação e comercialização de nafta petroquímica, nos seguintes termos: "Art.5°. (...) [...] §4°. Fica isenta da Cide a nafta petroquímica, importada ou adquirida no mercado interno, destinada à elaboração, por central petroquímica, de produtos petroquímicos não incluídos no caput deste artigo, nos termos e condições estabelecidos na ANP. §5. Presumese como destinado a produção de gasolina nafta, adquirida ou importada na forma do §4°, cuja utilização na elaboração do produto ali referido não seja comprovada." a mensagem presidencial por meio da qual o projeto de Lei foi submetido ao Congresso Nacional traz em seu anexo o seguinte trecho: "ainda para garantir a neutralidade tributária entre o produto nacional e o importado, o Projeto prevê, para a nafta destinada ao setor petroquímico, a isenção da Cide combustíveis e a redução a zero das alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins"; verificase que a isenção foi instituída de forma objetiva, visando o produto nafta, destinada ao setor petroquímico e não de forma subjetiva, a contemplar determinado sujeito passivo; conforme Luciano Amaro, as isenções classificamse em objetivas (ou reais) e subjetivas (ou pessoais), consoante a lei que as conceda tenha levado em conta peculiaridade da própria situação material (p.ex., tratarse do produto "x", que, por tais ou quais razões de política fiscal, não se quer tributar), ou que tenha considerado a condição pessoal do indivíduo (pessoa física ou pessoa jurídica) ligado à situação material (p.ex., tratase de uma pequena empresa, de uma pessoa física aposentada e idosa, etc; segundo o mesmo autor, não obstante se preceitue a interpretação literal nas matérias assinaladas no art. 111 do Código Tributário Nacional (CTN), não pode o intérprete abandonar a preocupação com as exegeses lógicas, teleológicas, históricas e sistemáticas dos preceitos legais; Com a entrada em vigor da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, o referido art. 5° da Lei 10.336/2001 sofreu significativa alteração, tendo sido revogados os seus parágrafos quarto e quinto que tratavam, respectivamente: a) da isenção relativa à importação e comercialização da nafta; b) da presunção legal de que, diante da falta de comprovação de que a nafta importada ou adquirida no mercado interno seria utilizada no processo petroquímico, sua destinação seria a produção de gasolina, diesel etc. no caso do benefício fiscal para garantir a neutralidade tributária entre o produto petroquímico nacional e o importado, sua disciplina passou a ser regida pela "novel" redação atribuída ao §3° do aludido artigo 5°: Fl. 1606DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 8 "§3°. O Poder Executivo poderá dispensar o pagamento da Cide incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, nos termos e condições que estabelecer, inclusive de registro especial do produtor, formulador, importador e adquirente" quanto à sistemática da presunção legal, registrese que sua revogação se deu sem que o legislador trouxesse novo disciplinamento à questão. A presunção legal de que, uma vez não comprovada destinação da nafta para a produção petroquímica esta teria sido destinada à produção de gasolina, fora simplesmente abolida; na mesma data da promulgação da Lei n° 10.833/2003, foi expedido o Decreto n° 4.940/2003, o qual reduziu a zero as alíquotas da CIDE incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, entre eles, aqueles classificados na posição 2710.11.41 da NCM, nafta petroquímica; ao ser publicado, o referido decreto contava com o art. 1o, o qual dispunha que ficavam reduzidas "a zero as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDECombustíveis) incidente na importação e na comercialização sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel', e uma tabela arrolando diversos produtos beneficiados com a dita redução; ora, de plano vêse que o benefício fiscal de redução de alíquota, instituído pelo art. 5o, §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1o do Decreto n° 4.940/2003 do qual a Impugnante entende usufruir , foi também instituído de forma objetiva, visando o produto nafta, assim como a isenção outrora prevista na antiga redação do art. 5o, §4° da Lei n° 10.336/2001; esse, aliás, foi o posicionamento que recentemente restou corroborado pelo AUDITOR FISCAL DA RFB Dr. LUIZ ALDEISIO DE OLIVIERA MAIA (em voto que restou vencido pelo voto de qualidade do Presidente da 2a Turma da DRJ/FOR), a quem foi atribuída a relatoria do julgamento da Impugnação referente ao Processo 11613.000074/014323 (Acórdão n° 0820.360), em sessão realizada no dia 25/03/2011; do recente posicionamento do citado AFRFB, verificase que não há mesmo qualquer elemento na norma que indique ter sido o benefício fiscal de redução de alíquota instituído de forma subjetiva, a contemplar somente as centrais petroquímicas, como parece querer a autoridade autuante; o que importa para a norma é ser o produto importado destinado à produção petroquímica, o que, no presente caso, de fato o foi, visto que toda a nafta importada foi posteriormente comercializada com uma central petroquímica; a Secretaria da Receita Federal expediu a Instrução Normativa n° 422/2004, revogando a IN SRF n° 107/2001, cujo art. 6° ignorou as modificações introduzidas pela Lei n° 10.833/2003, e o Decreto 4.940/2003, tratando como isenção a previsão de dispensa de pagamento, o que é inadmissível, dado que a isenção somente pode derivar de lei stricto sensu; também previu a isenção desde que a nafta petroquímica importada ou adquirida no mercado interno fosse destinada à elaboração, por central petroquímica, de produtos "petroquímicos" diversos daqueles arrolados em seu artigo 2° (ou seja, gasolinas e suas correntes; diesel e suas correntes; querosene de aviação e demais querosenes, óleos combustíveis e gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta, álcool etílico combustível), quando a Lei n° 10.336/2001, alterada pela Lei n° 10.833/2003, e o Decreto n° 4940/2003, de modo diverso, estabeleceram a dispensa e a aplicação da alíquota zero, respectivamente, para Fl. 1607DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.603 9 importação e comercialização de nafta não destinada à formulação de gasolina ou diesel; o citado ato normativo ainda estabeleceu a presunção de que, diante da falta de comprovação da destinação da nafta, esta teria sido empregada na produção de gasolina ou diesel, regra inaplicável, pois expressamente revogada pela Lei n° 10.833/2003; no ano de 2008, o Dec. n° 4.940/2003 foi alterado pelo Dec. n° 6.683/08. 0 seu art. 1°, que tratava de benefício fiscal concedido de forma objetiva aos produtos ali elencados, dentre eles a nafta petroquímica, ganhou cinco novos parágrafos; tais parágrafos tratam de caso específico, relacionado com a produção residual natural de gasolina ou diesel decorrente naturalmente do processamento da nafta petroquímica pelas centrais petroquímicas, razão pela qual, decerto, não há qualquer menção às refinarias e distribuidoras. diante da nova redação conferida ao Decreto n° 4.940/2003 pelo Decreto n° 6.683/2008, foi publicada a IN RFB n° 905/2008, a qual alterou determinadas disposições da IN SRF 422/2004; em primeiro lugar, cumpre observar impropério à boa técnica redacional introduzido pela IN 905/2008. Apesar de ter revogado o art. 6°, I, manteve referência ao dispositivo revogado no próprio parágrafo único do art. 6°; duas importantes alterações trazidas por essa IN foram: revogou o art. 6°., 1 e o art. 10 da IN SRF 422/2004; e inseriu o art. 10A, prevendo a alíquota zero da CIDECombustíveis para a importação e a comercialização de correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel; mais uma vez as disposições atinentes à aplicação do benefício estabeleceram um critério objetivo; em nenhum momento a redação do art. 10A, de conteúdo idêntico àquele do art. 1°. do Decreto n° 4.940/2003 fez menção de que somente as centrais petroquímicas seriam beneficiárias de tal instituto; nos sete parágrafos seguintes ao caput do art. 10A, acima citado, da IN SRF 422/2004, este ato trata de uma questão inerente somente às centrais petroquímicas, qual seja, a produção residual de gasolina e diesel decorrentes do processo de fabricação de produtos petroquímicos; por óbvio que as refinarias e distribuidoras não poderiam figurar em tais parágrafos, pois foram editados com o objetivo único de explicitar (exclusivamente para as centrais petroquímicas) que, mesmo ocorrendo a produção residual de gasolina e diesel a partir de naftas, a CIDE combustíveis não incidiria sobre a importação ou comercialização de nafta destinada à indústria petroquímica, desde que tal produção não ultrapassasse o percentual de 12%; com base na redação dos parágrafos do art. 1° do Dec. 4.940/1003 e do art. 10A da IN 422/2004 é que a autoridade autuante argumenta que a impugnante, enquanto produtora de combustíveis, não faria jus à redução de alíquota prevista no art. 1°. do Dec. 4.940/2003 quando importadora de nafta petroquímica, pois, na sua visão: (a) o Dec. n° 4.940/2003 não fez nenhuma referência explícita ao caso de uma refinaria/distribuidora; (b) a SRFB, com delegação do art.1°, § 5° do Dec. n° 4.940/2003, não regulamentou, com detalhes, a importação do produto por parte de refinarias e distribuidoras, como o fez no tocante à produção residual de gasolina e diesel nos parágrafos introduzidos pelo art. 10A; e (c) admitido o gozo do benefício pela Impugnante, haveria falta de isonomia quanto às exigências para o controle do tributo entre produtores/distribuidores e centrais petroquímicas; Fl. 1608DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 10 data vênia, a Impugnante se vê obrigada a expor o absurdo da interpretação conferida pela autuante, a qual redunda em um atentado à hierarquia das normas e à isonomia pretendida pela legislação tributária que, tendo como objetivo a competitividade da indústria petroquímica nacional frente à estrangeira, estabeleceu benefício fiscal de caráter objetivo, com a redução de alíquota a zero para o insumo destinado à produção de petroquímicos nacionais; em primeiro lugar, cumpre relembrar os motivos pelos quais foi instituída a isenção da CIDE sobre a nafta destinada à indústria petroquímica, quando da edição da Lei n°. 10.336/2001, cuja mensagem do Excelentíssimo Sr. Presidente da República, ao submeter o projeto de Lei aos membros do Congresso Nacional, assim expôs: "[...] Ainda para garantir a neutralidade tributária entre o produto nacional e o importado, o Projeto prevê, para a nafta destinada ao setor petroquímico, a isenção da Cide Combustíveis e aredução a zero das alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. [...]"; a vontade do legislador, o espírito da lei no presente caso, quis garantir tratamento isonômico entre os produtos petroquímicos estrangeiros e nacionais, desonerando, para tanto, os insumos importados utilizados na indústria petroquímica; destarte, foi estabelecida uma regra objetiva de isenção, a saber, a nafta destinada à formulação de produtos da indústria petroquímica seria isenta em relação àquela destinada a outros fins; tal regra objetiva foi mantida com a edição da Lei n° 10.833/2003, que, apesar de revogar a isenção prevista no § 4°, art. 5° da Lei n° 10.336/2001, manteve o benefício fiscal de caráter objetivo no § 3°, art. 5° da Lei n° 10.336/2001 sob a forma de dispensa de pagamento promovida pelo Poder Executivo; a redação do art. 1o caput do Dec. 4.940/2003, editado após a promulgação da Lei 10.833/03, se pautou nesta regra objetiva, não fazendo quaisquer espécies de restrições à aplicação da alíquota zero à importação ou comercialização da nafta não destinada à formulação de gasolina ou diesel; a autoridade fiscal quer fazer crer que os parágrafos do art. 1o do Dec. 4.940/2003, introduzidos pelo Dec. n°. 6.683/08, ao regulamentar situação específica de centrais petroquímicas, restringiram a aplicação de benefício concedido em caráter objetivo pelo art. 5°, §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1o do Decreto n° 4.940/2003 somente às centrais petroquímicas, transformando um benefício fiscal de caráter objetivo em subjetivo; ora, de plano vêse o absurdo de tal interpretação. Em primeiro lugar, um decreto não pode exorbitar a lei. O art. 5°, §3° da Lei n° 10.336/2001 estabeleceu benefício fiscal de caráter objetivo, não fazendo qualquer delimitação em relação à condição do sujeito passivo do tributo; assim, a interpretação de que um decreto pode criar restrições não impostas pela lei, afronta a hierarquia mantida entre normas legais e infralegais. Conforme explicitado, a introdução dos parágrafos no art. 1° do Dec. 4.940/2003 teve como objetivo normatizar questão inerente somente às centrais petroquímicas, qual seja, a produção residual de gasolina e diesel decorrentes do processo de fabricação de produtos petroquímicos, não havendo lógica para que refinarias e ou distribuidoras fossem ali elencadas; não há qualquer elemento que autorize a interpretação de que o benefício fiscal de alíquota zero nas importações, concedido pelo art. 5°. §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1° do Decreto n° 4.940/2003, seja restrito às centrais petroquímicas. A interpretação dada pela fiscalização não possui qualquer respaldo jurídico; Fl. 1609DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.604 11 aliás, esse posicionamento foi recentemente corroborado não só pelo AUDITOR FISCAL DA RFB Dr. LUIZ ALDEISIO DE OLIVIERA MAIA (voto citado acima), mas também pela AUDITORA FISCAL DA RFB Dra. MARLI GOMES BARBOSA, também integrante da 2a Turma da DR J/FOR, ao declarar que: "[...] Pelo que foi até aqui exposto, entendo que fica claro que não há amparo legal para sustentar a afirmação exarada pela fiscalização, baixo transcrita, de que a dispensa de pagamento da Cide na importação só seria aplicável a uma central petroquímica, fundamento central da autuação: O importador não é uma Central Petroquímica e produz, principalmente, gasolina e diesel, produtos excluídos do benefício da alíquota zero pelo Decreto 4.940/2003, em seu art. Conforme já dito, o benefício foi concedido para as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel, que são relacionadas no Decreto n° 4.940/2003, importados por qualquer empresa autorizada pela ANP para tal, e não apenas para as centrais petroquímicas. O fato da Petrobras produzir principalmente gasolina ou diesel não afasta, por si só. a possibilidade dessa empresa vir a ser beneficiária da alíquota zero no produto importado, nafta petroquímica. A afirmação do fiscal, portanto, não procede. O modo de viabilizar a concessão do benefício que a lei instituiu, sem que ocorra prejuízo aos controles a cargo da Administração Pública é um problema que deve ser resolvido no âmbito desta e que não pode ser imposto como ônus ao contribuinte. [...]" (Grifos da impugnante; além disso, a fiscalização nega a aplicação da redução de alíquota às refinarias e distribuidoras em razão de que não houve, por parte da SRFB, normatização das importações de nafta petroquímica realizada por refinaria ou distribuidora; a interpretação pretendida pela autoridade autuante beira às raias do absurdo, uma vez que pretende conferir a mero órgão executor o poder de distinguir onde a Lei não distinguiu, ferindo, pois, princípio caro a toda sociedade, qual seja, o de fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de Lei; o fato de a IN 422/2004 regulamentar em detalhes somente a aquisição de nafta por centrais petroquímicas não significa dizer que o benefício não seria usufruído por refinarias ou distribuidoras que importem o produto para destinálo à comercialização para a produção petroquímica, caso dos presentes autos; utilizando a simples interpretação literal, como o fez a autuante, o disposto nos sete parágrafos do art. 10A, assim como os parágrafos do art. 1o do Dec. n° 4.940/2003, não restringe o conteúdo do caput, mas tão somente explicita uma peculiaridade em relação à indústria petroquímica, que é a produção residual de gasolina e diesel naturalmente decorrente do processo petroquímico; em suma, o disposto nos parágrafos não se aplica às refinarias ou distribuidoras. Todavia, não podem ser considerados como uma restrição ao disposto no art. 10A, caput. Os parágrafos apenas disciplinam um caso particular inerente às centrais petroquímicas, as quais, de fato, produzem gasolina e diesel residual em seus processos petroquímicos; por fim, a autoridade fiscal aponta que se admitida a interpretação que pretende o importador de gozar da alíquota zero, chegarseia na absurda falta de isonomia quanto às exigências para o controle do tributo; Fl. 1610DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 12 para a autoridade fiscal, se uma central petroquímica for importar diretamente nafta, ela deve declarar na DI, expressamente, que sua produção residual de gasolina e diesel não supera o total de 12%; já se a importação for feita por uma refinaria (caso do importador/Petrobrás, cuja produção de gasolina e diesel é obviamente ampla, nenhuma declaração correlata seria exigida para o gozo do benefício; parece esquecer a autoridade fiscal que A NAFTA PETROQUÍMICA DEMANDA LICENCIAMENTO PRÉVIO PARA SUA IMPORTAÇÃO, de conhecimento da própria Inspetoria do Porto de Aratu, com anuência da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, o que foi feito no presente caso, conforme extratos de licenciamento em anexo, tudo em observância à Portaria ANP n° 32/2000; ora, a existência de tal procedimento administrativo, ou seja, licenciamento de importação prévio com anuência da ANP para a importação de nafta que se destina a uso exclusivo na produção petroquímica, por terceiro que não uma central petroquímica, refuta por completo os dois argumentos da autoridade fiscal, sendo eles: (a) quanto à ausência de isonomia na fiscalização, visto que a Impugnante sofre fiscalização, ainda que de outro órgão administrativo; e, (b) o que é mais importante, somente ratifica o entendimento de que o benefício fiscal de dispensa de pagamento não se aplica somente às importações efetuadas exclusivamente por central petroquímica, como equivocadamente pretende a autoridade fiscal; e nesse sentido, frisese, uma vez mais o posicionamento já citado acima firmado pelo Dr. LUIZ ALDEISIO DE OLIVIERA MAIA e pela Dra. MARLI GOMES BARBOSA (ambos Auditores Fiscais da RFB, integrantes da 2a Turma da DRJ/FOR), quando do julgamento da Impugnação referente ao Processo 11613.000074/014323 (Acórdão n° 0820.360); resta, pois, explicada a ausência de disposições na IN 422/2004 a respeito de importações de nafta petroquímica realizadas por terceiro que não central petroquímica; há, aqui, na verdade, divisão de competências entre dois órgãos da administração federal: (a) compete à ANP anuir e fiscalizar a importação de nafta petroquímica, inclusive quanto à destinação diversa daquela autorizada; e (b) compete à SRFB, quando comprovada, de fato, a destinação da nafta à produção de gasolina ou diesel, exigir o tributo não recolhido na importação; o benefício fiscal de alíquota zero sobre as importações de nafta petroquímica é usufruído, tanto pela central petroquímica como por terceiro importador, sob condição resolutiva, ou seja, autorizada a importação pela ANP e internalizado o bem com alíquota zero, o tributo somente será exigido se e somente se averiguada, de fato, a posterior destinação para a produção de gasolina ou diesel; ora, como a autuação baseiase única e exclusivamente no fato de que a Impugnante não é uma central petroquímica, sem haver, por parte da fiscalização, qualquer outro elemento que indique ter sido a nafta importada destinada à produção de gasolina ou diesel, de pronto verificase a nulidade da exigência do crédito tributário, devendo ser julgada improcedente a autuação combatida; não há sequer um único elemento na atividade da fiscalização (análise de documentos contábeis, notas fiscais de entrada e saída, diligências nos locais de importação, etc.) que demonstre a destinação da nafta importada para produção de gasolina ou diesel; na verdade, a autoridade fiscal parte de uma MERA PRESUNÇÃO ao afirmar que ao ser importada por uma produtora de combustíveis, seu destino é incerto; sendo possíveis, por parte do importador, a produção de gasolina, diesel ou a venda para outra empresa, a seu exclusivo critério; Fl. 1611DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.605 13 merece registro, no sentido de não poder a autuação se basear em mera presunção, o posicionamento da Dra. MARLI GOMES BARBOSA (integrante da 2a Turma da DRJ/FOR), proferido quando do julgamento da Impugnação referente ao Processo 11613.000074/014323 (Acórdão n° 0820.360); ademais, a própria Lei impede que a autoridade fiscal proceda à autuação com base em mera presunção. Conforme dito, a antiga presunção legal de que se considerava destinada à produção de gasolina ou diesel a nafta cuja utilização na elaboração do produto petroquímico não fosse comprovada prevista no art. 5°, § 5° da Lei n°. 10.336/2001 foi abolida pela nova redação do art. 5° conferida pela Lei n° 10.833/2003; como tal presunção legal foi revogada, a autoridade fiscal deveria averiguar, mediante a análise de livros, escrituração, notas fiscais, etc.. se a nafta petroquímica foi, de fato, destinada à produção de gasolina ou diesel, e não partir de mera presunção ilegal; assim, como o único fundamento fático comprovado para a autuação foi ser a Impugnante uma produtora de combustíveis e não uma central petroquímica, sendo mera hipótese não comprovada a destinação da nafta importada à produção de gasolina e diesel, demonstrase, irrefutavelmente, a sua total improcedência; DA EFETIVA DESTINAÇÃO DA NAFTA IMPORTADA À PRODUÇÃO PETROQUÍMICA todavia, a Impugnante tem plena convicção de que realizou as operações de importação e de comercialização da nafta em estrita observância às disposições da lei, estando acobertada pela alíquota zero, uma vez que toda a nafta importada e comercializada seria utilizada na indústria petroquímica, o que, tecnicamente, significa dizer que os produtos a serem elaborados pela compradora não poderiam ser aqueles elencados no artigo 5° da Lei 10.336/2001; assim, embora sequer tenha sido objeto de análise da fiscalização, o que em tese não poderia ser ventilado em julgamento, caso V. Sas entendam como imprescindível para o deslinde da questão a análise de que toda a nafta importada foi efetivamente destinada para a produção petroquímica, a Impugnante colaciona aos autos: (a) cópia do contrato de fornecimento com a Braskem, central petroquímica para a qual é destinada toda a nafta importada (doc. anexo); (b) declaração da Braskem que toda a nafta adquirida foi destinada à produção petroquímica (doc. anexo); (c) Documentos Auxiliares da Nota Fiscal Eletrônica (DANFEs) de entrada (doc. anexo) e saída (doc. anexo) da nafta importada; (d) Livro ContaRazão no qual são registradas as importações de nafta petroquímica (doc. anexo) e; (e) Livro de Registro de Estoque, previsto no Regulamento do IPI (doc. anexo); a análise de tais documentos, assim como a realização de perícia contábil, que desde já se requer, atestará que toda a nafta importada foi posteriormente vendida à central petroquímica Braskem, gozando, pois, do benefício de alíquota zero estabelecido no art. 5o, §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1o do Decreto n° 4.940/2003; por fim, quanto ao eventual questionamento acerca da necessidade de marcação da Nafta, cumpre destacar, segundo a própria ANP, que é ela a autoridade responsável pela exigência da marcação ou sua liberação. Ou seja, é a ANP o Órgão que deve solicitar marcação no ato do deferimento da LI (licença de importação) no sistema (Siscomex). Fl. 1612DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 14 no caso, a ANP entende que Nafta para fins petroquímicos, por meio da exigência da Licença de Importação correspondente, já tem previamente definido o seu destino final, não sendo necessária a marcação; no caso da Nafta Petroquímica, cujos importadores são essencialmente Braskem e Petrobrás no Brasil, não será exigida a marcação; DO CONTRATO COM A BRASKEM E A DESTINAÇÃO PARA A PRODUÇÃO PETROQUÍMICA a nafta objeto da autuação é adquirida pela Braskem S.A., que a utiliza no processo produtivo da indústria petroquímica. A entrega do produto é efetuada pela autuada em razão da celebração de contrato de fornecimento, por intermédio do qual se comprometera a suprir a necessidade da Braskem por tal insumo de sua produção; vale ressaltar, que a autuada é a única produtora regular de nafta petroquímica e principal fornecedora no mercado brasileiro, respondendo por cerca de 70% do mercado total. No entanto, a produção atual de nafta petroquímica não é suficiente para atender a demanda deste mercado nem tampouco para permitir o cumprimento dos compromissos de fornecimento firmados entre a PETROBRAS e as Centrais Petroquímicas; por isso, a PETROBRAS importa regularmente cerca de 13% do volume de suas vendas totais, sendo que este percentual de importação cresce nos períodos de paradas programadas para manutenção de suas unidades produtoras. Desta maneira, para que a autuada possa atender a demanda total da Braskem pela nafta petroquímica na quantidade e na qualidade estabelecida contratualmente, fazse necessária a importação; o contrato de compra e venda foi firmado em 1978 entre a Autuada e a COPENE Petroquímica do Nordeste S/A, cuja sucessora é a BRASKEM S/A, reconhecidamente uma das três centrais petroquímicas existentes no Brasil. Nesse sentido, prevê em seu o item 1.2 de sua Cláusula Primeira: "1.2. A COMPRADORA se compromete a não vender, ceder ou, por qualquer forma, transferir a terceiro a nafta e o gasóleo adquiridos da PETROBRAS, limitandose utilizálos como matériaprima para atender às suas próprias necessidades industriais. [...]" a redação original do contrato sofreu modificação com a celebração do Aditivo n° 01, datado de 08/02/1993, mas a regra acima transcrita foi reproduzida, conforme se extrai do item 3 da Cláusula Primeira: "[...] 3 A COMPRADORA se compromete a não vender, ceder ou, por qualquer forma, transferir a terceiros a nafta e o gasóleo, e a utilizálos exclusivamente como matériaprima para atender às suas próprias necessidades industriais. [...]" diante do exposto e dos documentos ora apresentados inclusive, mas não só, a declaração da própria BRASKEM (anexa) constatase que a Impugnante revende a nafta importada para uma central petroquímica, estando acobertada, indubitavelmente, pelo benefício fiscal de que trata o §3°, do art. 5° da Lei n° 10.336/2001, c/c com art. 1° do Decreto n° 4.940/2003; DOS DOCUMENTOS REPRESENTATIVOS DE CONTABILIZAÇÃO E NECESSIDADE DE PERÍCIA CONTÁBIL Fl. 1613DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.606 15 além do contrato e declaração da Braskem, a Impugnante junta, com a defesa, documentos representativos da contabilização da importação e posterior revenda de toda a nafta importada para a central petroquímica; vale ressaltar que todos os documentos representativos da operação (DANFEs, Livro ContaRazão e Livro de Controle de Estoque) são retirados, hoje, de registros contábeis eletrônicos, os quais sempre estiveram e estão franqueados à fiscalização. Sua representação física dáse pelos documentos ora acostados; destarte, requer a realização de perícia contábil, de modo a comprovar, pelos registros contábeis da impugnante (não só aqueles representados nos autos, mas todo e qualquer que o perito entenda necessário para análise e deslinde da questão), de que toda a nafta importada foi destinada à central petroquímica, gozando, pois, do benefício fiscal de redução de alíquota instituído pelo art. 5°, §3° da Lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1° do Decreto n° 4.940/2003; RESPONSABILIDADE DA CENTRAL PETROQUÍMICA conforme explicitado e comprovado pelos documentos anexos, o destino da nafta petroquímica importada e revendida para a Braskem foi a utilização como matéria prima para atendimento de suas necessidades industriais, aí não se enquadrando a elaboração dos produtos elencados no art. 5o. da Lei n° 10.336/2001 e no art. 2o. da IN SRF n° 422/2004, ou a formulação de gasolina ou diesel, o que, por si só, garante à autuada a isenção e, posteriormente, a aplicação da alíquota zero sobre as operações de importação e comercialização; em todo caso, por hipótese, se a Braskem utilizou efetivamente a nafta para fins diversos daqueles previstos em contrato e nas notas fiscais, a responsabilidade pelo recolhimento da CIDE somente poderia ser a ela atribuída, não por mera convenção entre as partes contratantes, como suscitado pela autuante, mas sim por força de dispositivo legal; conforme art. 128 do CTN e art. 10, § 4o. da Lei n° 10.336/2001, por interpretação analógica, a responsabilidade pelo pagamento do tributo recairá sobre o contribuinte que alterar a destinação do produto adquirido, no caso a Central Petroquímica; ademais, as regras introduzidas pelo Decreto n° 6.683/2008 e consubstanciadas na IN RFB n° 905/2008 deixam claro que, em havendo produção de gasolina residual superior ao estipulado ou a sua comercialização, a responsável pelo tributo será a central petroquímica; INAPLICABILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO considerando o disposto no Ato Declaratório Interpretativo (ADI) n° 13/2002, e os artigos 100, inciso I, e 108 do CTN, impõese a exclusão da multa de ofício, em virtude de a impugnante encontrarse em situação idêntica a do contribuinte que, agindo de boa fé, solicita isenção por ocasião do despacho aduaneiro e deixa de pagar o Imposto de Importação; não cabe dizer que há dispositivo legal específico que afastaria a aplicação analógica do ADI, que é norma complementar tributária, vez que a multa prevista no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/1996 é de caráter geral; o Terceiro Conselho de Contribuintes tem reconhecido a aplicação analógica do ADI SRF n° 13/2002, em relação à indicação errônea da classificação de mercadoria; PROVAS A SEREM PRODUZIDAS. JUSTIFICATIVA E REQUERIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA CONTÁBIL Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 16 não se pode negar à impugnante a produção de prova pericial contábil, se o órgão julgador entender necessária para demonstrar, em definitivo, que a nafta importada foi vendida à Braskem e, ainda, confirmar a relação das importações realizadas e as notas fiscais de venda à Braskem onde consta a indicação do destino da nafta; DOS REQUERIMENTOS ante o exposto, requer: a) para fins de prova, seja deferida a realização de perícia e a juntada de todos os documentos apensos à presente impugnação; b) seja julgada improcedente a autuação fiscal ora combatida, anulandose o ato administrativo que a instituiu, com a consequente desconstituição do lançamento, ante a incidência de alíquota zero sobre as importações e posterior comercialização, efetuadas pela Impugnante, da naftapetroquímica para fabricação de produtos relacionados à indústria petroquímica, na forma do disposto no §3° do art. 5° da lei n° 10.336/2001 c/c o art. 1°, caput, do Decreto n° 4.940/2003; c) acaso se entenda devido o tributo e os juros, que seja excluída a multa de ofício. Em 24/09/2012, a impugnante, com base no art. 16, § 4°, alínea "b", do Decreto n° 70.235/1972, que rege o processo administrativo fiscal em âmbito federal, solicitou a anexação de acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, relativos aos processos n° 11613.000185/200826 e 11613000239/200853, que também se referem à CIDEcombustíveis. O pedido, juntamente com as referidas decisões, foi anexado às folhas 1.378/1.410. A 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza julgou improcedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/FOR n.º 0824.169, de 23/10/2012 (fls. 1.412/ss.), o qual recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 04/05/2010 a 26/04/2011 PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia, quando esta providência revelarse prescindível para instrução e julgamento do processo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 04/05/2010 a 26/04/2011 CIDECOMBUSTÍVEIS. CORRENTES DE HIDROCARBONETOS LÍQUIDOS. NAFTA PETROQUÍMICA. A aplicação da alíquota de zero por cento, relativa à Cidecombustíveis, na importação de nafta petroquímica, fica condicionada à comprovação de que a mercadoria será utilizada como insumo na elaboração de produtos diferentes de gasolina ou diesel. A interessada cientificada do Acórdão (efolhas 1467/1468), interpôs Recurso Voluntário (efolhas 1470/ss), onde repisa os mesmos argumentos trazidos em sua impugnação, além de requerer a nulidade da decisão recorrida por cerceamento ao seu direito de defesa, uma vez que a diligência solicitada pela DRJ – Fortaleza mostrouse inconclusiva, Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.607 17 de modo que não restou comprovado nos autos qual foi a destinação dada à nafta importada pela Recorrente. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende os requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O cerne do presente litígio referese à incidência da CIDE sobre a importação da nafta petroquímica, classificada no código NCM/SH 2710.11.41, além de multa de ofício e juros moratórios. Segundo a fiscalização, tais importações não estariam ao abrigo da redução de alíquota para zero, estabelecida no art. 1º do Decreto nº 4.940, de 2003, uma vez que “ao ser importada por uma produtora de combustíveis, seu destino é incerto, sendo possível, por parte do importador, a produção de gasolina, diesel ou a venda para outra empresa, a seu exclusivo critério” (vide descrição dos fatos, efl. 30). A Recorrente, por sua vez, em síntese, aduz que a importação dos produtos estaria abrigada pelo benefício da redução à alíquota zero, uma vez que foram posteriormente vendidos a uma indústria petroquímica, a Braskem S/A. Tratase, a seu ver, de benefício fiscal de natureza objetiva, visando o produto nafta, e não de forma subjetiva, a contemplar somente as centrais petroquímicas, como alega a autoridade autuante. Como visto, o busílis da questão é decidir se a nafta petroquímica importada pela Recorrente faz jus ao benefício previsto no parágrafo 3º do artigo 5º da Lei nº 10.336, de 2001 (com a nova redação dada pela Lei nº 10.833/2003), regulamentado pelo art. 1º do Decreto nº 4.940, de 2003, o qual reduziu a zero as alíquotas da CIDE incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação da gasolina ou diesel, entre eles, aqueles classificados na posição NCM/SH 2710.11.41 – nafta petroquímica. Confiramos a redação dos citados dispositivos legais: Lei n° 10.336/2001: Art. 5º A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas: § 3º O Poder Executivo poderá dispensar o pagamento da Cide incidente sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinados à formulação de gasolina ou diesel, nos termos e condições que estabelecer, inclusive de registro especial do produtor, formulador, importador e adquirente. § 4º Os hidrocarbonetos líquidos de que trata o § 3º serão identificados mediante marcação, nos termos e condições estabelecidos pela ANP. (g.n.) Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 18 Decreto n° 4.940/2003: Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDECombustíveis) incidente na importação e na comercialização sobre as correntes de hidrocarbonetos líquidos não destinadas à formulação de gasolina ou diesel, constantes da seguinte relação: (...) Código NCM Produto 2710.11.41 Nafta petroquímica (...) Registrese que a redução de alíquota a zero da CIDE substituiu a isenção originalmente prevista na Lei nº 10.336, de 2001, nos termos prescritos no art. 5º (antes do advento da Lei nº 10.833, de 2003, que revogou os §§ 5º e 6º e deu nova redação aos §§ 3° e 4° do art. 5º), verbis: Art. 5o A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas: I – gasolina, R$ 860,00 por m³;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) II – diesel, R$ 390,00 por m³;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) IV – outros querosenes, R$ 92,10 por m³;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) V – óleos combustíveis com alto teor de enxofre, R$ 40,90 por t;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por t;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) VII – gás liqüefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da nafta, R$ 250,00 por t;( Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002) VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³. (Incluído pela Lei nº 10.636, de 2002 ) (Vide Medida Provisória nº 556, de 23 de dezembro de 2011 ) (Vide inciso I, art. 7º da Medida Provisória nº 556, de 2011) (...) § 4°. Fica isenta da Cide a nafta petroquímica, importada ou adquirida no mercado interno, destinada à elaboração, por central petroquímica, de produtos petroquímicos não incluídos no caput deste artigo, nos termos e condições estabelecidos pela ANP. § 5º. Presumese como destinado à produção de gasolina nafta, adquirida ou importada na forma do § 4º, cuja utilização na elaboração do produto ali referido não seja comprovada. § 6º. Na hipótese do § 5º da Cide incidente sobre a nafta será devida na data de sua aquisição ou importação, pela central petroquímica. (g.n.) Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.608 19 A matéria aqui tratada não é nova neste Conselho. Inclusive, em sessão de julgamentos realizada no mês passado (outubro/2014), esta 2ª Turma/2ª Câmara já a discutiu em outro processo da mesma Recorrente, ocasião em que foi proferido o Acórdão nº 3202 001.341, de 14/10/2014, pelo ilustre Relator Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Deste modo, por concordar integralmente com os argumentos utilizados para fundamentar o Acórdão nº 3202001.341 e por economia processual, transcrevo parcialmente o voto constante daquela decisão, utilizandoos também como razão de decidir deste julgado. Registrese, por oportuno, que aquele julgado abarcava períodos em que a importação do produto estava acobertada pela isenção (até 29/12/2003) e pela redução à alíquota zero (após 30/12/2003); neste julgado o período tratado referese apenas à redução à alíquota zero (período de apuração: 04/05/2010 a 26/04/2011). Confiramse trechos do voto abaixo transcritos: De logo se vê que o fulcro da questão está em determinar a natureza da isenção (embora esta discipline apenas uma parte das importações – aquelas realizadas até 29/12/2003, porquanto, a partir do dia seguinte, vale a redução à alíquota zero), a própria decisão recorrida entende que a mudança de regime jurídicotributário não afeta a conclusão a que chegou, afirmação com a qual, cabe ressaltar, concordamos. A isenção, é sabido, comporta algumas classificações, entre elas, podese destacar a que a denomina de objetiva (ou geral), quando ligada a aspectos materiais do fato gerador, ou subjetiva (ou individual), quando a finalidade do legislador foi somente atribuíla a determinadas pessoas ligadas ao mesmo fato. Exemplo da primeira é o da isenção de Imposto de Renda da Pessoa Física para as pessoas que auferem rendimentos até determinado valor; da segunda, o de pessoas jurídicas que venham a se instalar em determinadas regiões do país e aí produzam, tais como a Zona Franca de Manaus. Embora o CTN elenque a isenção entre as hipóteses de exclusão do crédito tributário, entendemos abalizada a doutrina mais recente que trata a isenção como uma hipótese de não incidência tributária (p. ex., SACHA CALMON), uma espécie de (a)tipicidade conglobante (expressão aqui tomada de empréstimo da Ciência Penal) – aquela que resulta do conjunto de normas legais que disciplinam o tratamento tributário a ser aplicado à determinada matéria. Assim, no caso em exame, a norma isentiva retirou do campo de incidência tributária a operação de importação ou comercialização de nafta petroquímica, quando destinada à elaboração, por central petroquímica, de produtos petroquímicos não incluídos no caput do art. 5º da Lei n.º 10.336, de 2001. Percebase que, para que se desse a isenção, não se estabeleceram condições pessoais para quem quer que seja, daí a sua natureza claramente objetiva, pois o legislador não firmou que somente a indústria petroquímica poderia usufruíla. A essa conclusão chegou a instância de piso, com fundamento, entre outros argumentos, no de que o próprio legislador a indicou, quando, na exposição de motivos do Projeto de Lei que previa a instituição da Cide, consignou: "6. Ainda para garantir a neutralidade tributária entre o produto nacional e o importado, o Projeto prevê para a nafta destinada ao setor petroquímico, a isenção da Cide — Combustíveis e a redução a zero das alíquotas de contribuição para o PIS/Pasep e da Confins." (grifamos). Fl. 1618DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 20 Não nos parece, contudo, tenha o legislador previsto que a importação só podia ser realizada pela própria indústria petroquímica, mas, sim, que o nafta a ela destinada gozasse de isenção tanto na importação quanto na comercialização, a fim de possibilitar maior competitividade à economia nacional. Visou, na verdade, afastar a exigência da Cide em toda a cadeia comercialização (incluída aí a aquisição do exterior) do nafta petroquímico com a destinação que predeterminou. A nosso ver equivocadamente, a instância de piso entendeu que aquele que importa é o que deve satisfazer a exigência legal para usufruir da isenção da Cide (o emprego na produção produtos petroquímicos não incluídos no caput do art. 5º da Lei n.º 10.336, de 2001). Ora, se esse raciocínio é válido, até por uma questão de coerência, de harmonia de ideias, o mesmo deveria ocorrer na comercialização, hipótese que, no entanto, se afigura absolutamente impossível, já que quem comercializa é aquele que põe no comércio; não é aquele que compra, mas aquele que vende. E, nessa hipótese, também para aquele que comercializa deveria estabelecerse a mesma exigência legal para fruição da isenção da Cide, qual seja, a comprovação da destinação do nafta petroquímico, o que, todavia, só poderia ser feito por quem o adquiriu – a indústria petroquímica (lembremos: onde há a mesma razão, devese aplicar o mesmo direito, diz conhecido brocardo jurídico). É sabido que, nos termos do art. 111 do CTN, a legislação tributária que dispõe sobre outorga de isenção reclama interpretação literal, mas isso não está a significar que a exegese deva se ater à letra da lei, o que, aliás, sequer avaliza a conclusão adotada na decisão recorrida, uma vez que, como vimos, o legislador não predeterminou quem deve fazer a importação, mas apenas referiu o produto cuja importação e comercialização podem vir a ser beneficiadas com a isenção, raciocínio que não se modifica com o fato de a destinação desse produto encontrar se prevista na norma. O método literal na verdade está apenas a apontar que a interpretação que daí resulte seja estrita, porque derrogatória da norma geral e porque constitui, no caso, renúncia de receitas financeiras pertencentes ao Estado. Nesse contexto, o intérprete deve aterse à natureza da norma interpretanda e ao fim por ela colimado, sem se desgarrar, é claro, dos dizeres da norma. Há de se ressaltar, contudo, que, embora entendamos que a razão está com a Recorrente, concordamos com a instância de piso quando afirmou que a isenção foi concedida exclusivamente para o nafta petroquímico (2710.11.41), de forma que não se estenderia às importações de outras naftas, motivo pelo qual, quanto a este produto (2710.11.49), é de se manter o lançamento (claro, estamos falando aqui das importações realizadas até 29/12/2003, já que a partir daí passou a viger a redução à alíquota zero, que, como vimos, aplicase a ambas as naftas; não há, todavia, no caso ora em exame, depois da referida data, importações do nafta classificado na posição 2710.11.49). No caso em tela, a fiscalização aventou a possibilidade de que a nafta poderia ter “destino incerto” pelo fato de a importadora ser uma “produtora de combustíveis” (vide e fl. 30 – Descrição dos Fatos), contudo não apresentou elementos probantes capazes de demonstrar sua ilação. Ao contrário, constam dos autos diversos elementos que conduzem à conclusão de que o produto importado, de fato, não foi destinado à formulação de gasolina ou diesel, mas sim à produção petroquímica (vide os seguintes documentos: esclarecimentos prestados pela Recorrente, escrituração contábilfiscal e extratos das Licenças de Importação efolhas 818 a 1.676) Fl. 1619DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 11613.720174/201161 Acórdão n.º 3202001.383 S3C2T2 Fl. 1.609 21 A atividade probatória é fundamental, até mesmo crucial e determinante, na motivação do ato administrativo do lançamento tributário que irá inserir a norma individual e concreta no ordenamento jurídico (conteúdo). Quem alega e não prova, não tem como fazer prevalecer o seu direito. Nesse sentido, são precisas as palavras de Maria Rita Ferragut (in Presunções em Direito Tributário, p. 82): “aquele que não tem como provar seu direito é, para o mundo jurídico, como se não o tivesse. Se a ocorrência fenomênica do evento descrito no fato não puder ser suficientemente provada, ele não existirá juridicamente. São as provas jurídicas, e tãosomente elas, que propiciam o conhecimento dos acontecimentos relevantes para o mundo jurídico”. Assim, o fato jurídico nada mais é do que a enunciação do evento relatado em linguagem jurídica competente, devidamente demonstrado pelas provas e submetido à refutação em atendimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Os fatos alegados no processo, então, serão submetidos à valoração do julgador, que poderá formar sua convicção com base nas provas apresentadas sobre esses fatos jurídicos. Destaquese, por relevante, que o lançamento tributário é o ato administrativo que constitui o direito subjetivo do Fisco (“autor”) de exigir o crédito tributário (fato constitutivo) e, assim, nesse caso é seu o ônus da prova. O art. 332 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, estabelece, de forma lógica, as regras do ônus probatório: àquele que pleiteia um direito tem a incumbência de proválo; a parte contrária pode reagir a essa pretensão, refutandoa, igualmente, com provas. A atividade de produção probatória, ao fim, representa a própria motivação do ato de lançamento, quando a autoridade fiscal, por meio da linguagem jurídica competente, demonstra a subsunção do evento ocorrido no mundo fenomênico à hipótese de incidência prevista na regramatriz de incidência tributária, de modo a construir o fato jurídicotributário no antecedente da norma individual e concreta introduzida pelo lançamento. A motivação do ato deverá estar consubstanciada na “descrição dos fatos”, quando da formalização do lançamento tributário por meio do documento denominado “auto de infração” (art. 10, inciso III do Decreto nº 70.235/72). Em conclusão, a meu ver, a autoridade fiscal não comprovou que a nafta petroquímica importada não seria destinada à central petroquímica (Braskem) ou que seria utilizada para a fabricação de gasolina e do diesel. Em outro giro, registrese que o entendimento aqui esposado vem sendo reproduzido neste Colegiado Administrativo em recentes julgados sobre a matéria. Confiram se: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 10/10/2008 IMPORTAÇÃO. NAFTA PARA FINS PETROQUÍMICOS. ALÍQUOTA ZERO. A importação de nafta para fins petroquímicos está sujeita à alíquota zero da CIDE, independentemente de quem seja o importador. (CARF, Terceira Seção, 4ª Câmara, 3ª Turma Ordinária, Acórdão n.º 3403003.122, de 24/07/2014. Relator Cons. Antonio Carlos Atulim). Fl. 1620DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 22 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 17/02/2012 a 25/05/2012 IMPORTAÇÃO. NAFTA PARA FINS PETROQUÍMICOS. ALÍQUOTA ZERO. A importação de nafta para fins petroquímicos está sujeita à alíquota zero da CIDE. (CARF, Terceira Seção, 2ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão n.º 3201001.724, de 16/09/2014, Relator Cons. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 27/07/2009 ISENÇÃO. CIDE. IMPORTAÇÃO DE NAFTA PARA FINS PETROQUÍMICOS. A importação de insumo conhecido como nafta, independentemente da pessoa do importador, restando comprovado à transferência da totalidade do produto a central petroquímica, não há de incidir a CIDE em obediência a norma do § 4º do art. 5º da lei nº 10.336/2001. (CARF, Terceira Seção, 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão n.º 3203002.047, de 23/04/2013, Relator Cons. Domingos de Sá Filho). Por fim, quanto à arguição de nulidade trazida pela Recorrente, em decorrência de suposto cerceamento do seu direito de defesa, deixamos de apreciála em face do que dispõe o art. 59, parágrafo 3º, do Decreto nº 70.235/72 – PAF, uma vez que o mérito foi decidido a seu favor. Ante o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Fl. 1621DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
score : 1.0
Numero do processo: 10880.910861/2008-59
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/1999 a 30/06/1999
DESPACHO DECISÓRIO. NÃO APRECIAÇÃO DA DCTF RETIFICADORA. CANCELAMENTO.
Deve ser cancelado o despacho decisório, para que um outro seja proferido, observando-se as informações prestadas em DCTF retificadora apresentada anteriormente à ciência do despacho decisório, sem prejuízo da realização de diligências que se mostrarem necessárias à apuração da liquidez e da certeza do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3803-006.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso para cancelar o despacho decisório, nos termos do voto do relator. Vencido o conselheiro Corintho Oliveira Machado, que negava provimento.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, Renato Mothes de Moraes e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: HELCIO LAFETA REIS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/1999 a 30/06/1999 DESPACHO DECISÓRIO. NÃO APRECIAÇÃO DA DCTF RETIFICADORA. CANCELAMENTO. Deve ser cancelado o despacho decisório, para que um outro seja proferido, observandose as informações prestadas em DCTF retificadora apresentada anteriormente à ciência do despacho decisório, sem prejuízo da realização de diligências que se mostrarem necessárias à apuração da liquidez e da certeza do direito creditório pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso para cancelar o despacho decisório, nos termos do voto do relator. Vencido o conselheiro Corintho Oliveira Machado, que negava provimento. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, Renato Mothes de Moraes e Jorge Victor Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 08 61 /2 00 8- 59 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 02/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10880.910861/200859 Acórdão n.º 3803006.681 S3TE03 Fl. 62 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado para se contrapor à decisão da DRJ São Paulo I/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada. O contribuinte havia transmitido Declaração de Compensação, em que pretendia compensar crédito da contribuição no valor atualizado de R$ 17.321,99, decorrente de alegado pagamento a maior. Por meio de despacho decisório eletrônico, cientificado pelo contribuinte em 20/08/2008, a repartição de origem não homologou a compensação, pelo fato de que o pagamento efetuado já havia sido integralmente utilizado na quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade e requereu a reforma do despacho decisório, alegando que apresentara DCTF retificadora, em 31/07/2008, declaração essa, segundo ele, apta a demonstrar o direito creditório pleiteado. Junto à Manifestação de Inconformidade, o contribuinte trouxe aos autos cópias de documentos societários, do despacho decisório e da DCTF retificadora. A DRJ São Paulo I/SP não reconheceu o direito creditório, amparandose nos seguintes fundamentos: a) falta de comprovação do crédito pleiteado; b) a retificação da DCTF promovida em data posterior à ciência do Despacho Decisório não tem o condão, por si só, de infirmar ou modificar a decisão da repartição de origem; c) “a Declaração de Compensação encerra confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, sendo defeso ao Fisco, sem que o Sujeito Passivo comprove cabalmente a ocorrência de equívocos, alterar, ex officio, as informações prestadas pelo Contribuinte”; d) “a manifestação de inconformidade deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, como, por exemplo, comprovação de que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida”; e) “ao instruir o processo somente com cópia da DCTF Retificadora transmitida após a emissão do Despacho Decisório, o Contribuinte não demonstrou a origem do crédito”. Cientificado da decisão em 25/11/2011, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 22/12/2011, requereu a homologação da compensação e repisou o argumento relativo à devida comprovação do crédito a partir da apresentação da DCTF retificadora, esta Fl. 62DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 02/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10880.910861/200859 Acórdão n.º 3803006.681 S3TE03 Fl. 63 3 transmitida após a ciência do despacho decisório, argüindo violação do princípio da verdade material. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis O recurso é tempestivo, atende as demais condições para a sua admissibilidade e dele tomo conhecimento. De pronto, registrese que, junto à Manifestação de Inconformidade, o contribuinte trouxe aos autos cópia da DCTF retificadora transmitida em 31/07/2008, data essa anterior à emissão e à ciência do despacho decisório, eventos esses ocorridos, respectivamente, em 12/08/2008 e 20/08/2008, não tendo tal declaração sido objeto de apreciação por parte da repartição de origem ou da Delegacia de Julgamento. Ainda que se considere que, nos processos administrativos originados de pleito do interessado, como o de pedidos de restituição/ressarcimento e de declarações de compensação, deva prevalecer o princípio do dispositivo, no sentido de que a atividade probatória é ônus do pleiteante, não se pode ignorar que, no presente caso, as informações adicionais fornecidas por meio de DCTF retificadora não foram consideradas pela Administração tributária na prolação do despacho decisório sobre o qual se controverte nos autos. No momento da emissão do despacho decisório, a base de dados da Receita Federal já refletia a nova situação fática declarada pelo sujeito passivo. Nos termos do § 1º do art. 11 da Instrução Normativa RFB nº 786, de 2007, vigente à época da transmissão da declaração de compensação, “[a] DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores.”. Valendose do disposto no art. 147 e §§ do Código Tributário Nacional (CTN) 1, que disciplinam o lançamento por declaração, aplicáveis, a meu ver, subsidiariamente, ao lançamento por homologação (já que no disciplinamento deste último tipo de lançamento não se faz referência à retificação da declaração), é possível concluir que, em momento anterior à notificação do sujeito passivo, a este é assegurado o direito de retificar as informações até então prestadas à autoridade administrativa, o que, por outro lado, não exclui o ônus de comprovação das alterações promovidas. 1 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 02/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10880.910861/200859 Acórdão n.º 3803006.681 S3TE03 Fl. 64 4 Notese que, tendo sido a DCTF retificadora transmitida anteriormente à emissão de qualquer ato da Administração tributária tendente a confirmar ou não os dados anteriormente declarados, não se vislumbra fundamento normativo à desconsideração por parte da Delegacia de Julgamento da retificação procedida nos termos ora apontados. Além disso, nos termos do disposto no inciso III, do § 2º, do art. 11 da Instrução Normativa SRF nº 786, de 20072, considerase ineficaz a retificação da DCTF promovida após a ciência do início do procedimento fiscal, sendo que, no presente caso, não consta dos autos a ocorrência de intimação anterior à data da transmissão da DCTF retificadora. Poderseia argumentar que, embora a retificação tivesse sido realizada anteriormente à emissão e à ciência do despacho decisório, ela se dera após a transmissão da declaração de compensação, o que inviabilizaria, hipoteticamente, a sua consideração no momento da realização do encontro de contas (DCTF versus PER/DCOMP). Contudo, esse raciocínio, ainda que guarde alguma logicidade, não tem respaldo na legislação tributária, não podendo servir de supedâneo à total desconsideração da nova declaração. Neste ponto, mostrase oportuno transcrever trecho do voto condutor do acórdão nº 330201.797, de 26 de setembro de 2012, da lavra do Presidente da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF, cujo teor vai ao encontro do entendimento ora externado: No caso em tela, o indébito pode existir e, existindo, tem o contribuinte direito à sua repetição, nos termos do art. 165 do CTN e na forma prescrita na IN RFB nº 900/2008. Portanto, deve a autoridade da RFB competente para reconhecer o direito creditório pleiteado manifestarse sobre a legitimidade dos débitos declarados na DCTF retificadora (...) e, se for o caso, apurar o crédito a restituir e homologar as compensações realizadas e declaradas pela recorrente. Caso contrário, ou seja, não apurando crédito a restituir ou apurando em valor inferior ao pleiteado, dar ciência de sua decisão à recorrente, abrindo lhe prazo para apresentação de manifestação de inconformidade. (Processo nº 10166.911472/200905, fl. 208) No mesmo sentido, temse o acórdão nº 0821223, de 27 de junho de 2011, da DRJ Fortaleza/CE, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: Normas de Administração Tributária Anocalendário: : 01/01/2004 a 31/12/2004 EMENTA: COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. DCTF RETIFICADORA DE DÉBITO, ENTREGUE ANTES DA CIÊNCIA DO DESPACHO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. EFEITO PROBANTE. A DCTF retificadora que reduz o valor de tributo ou contribuição, quando entregue antes da ciência do despacho decisório que não homologou a compensação de débito do declarante com crédito cuja origem é 2 § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: (...) III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada sobre o início de procedimento fiscal. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 02/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10880.910861/200859 Acórdão n.º 3803006.681 S3TE03 Fl. 65 5 justamente o pagamento a maior do tributo/contribuição retificado, deve ser aceita como prova do direito creditório pleiteado em declaração de compensação, nos casos em que o indeferimento de tal direito se dera tãosomente pela vinculação do mesmo pagamento ao débito informado na DCTF original. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. INFORMAÇÃO PRESTADA EM DACON. EFEITO PROBANTE. O DACON é mera declaração informativa, não se constituindo em instrumento de confissão de dívidas tributárias nem em veículo de inscrição destas em Dívida Ativa da União. A informação prestada em DACON, desacompanhada de graves elementos de convicção, não é suficiente para provar a existência de direito creditório pleiteado em declaração de compensação. (grifei) Uma vez que, no presente caso, a não homologação da compensação declarada decorrera apenas da vinculação do pagamento ao débito informado na DCTF original, deve ser aceita como prova a DCTF retificadora transmitida antes da emissão do despacho decisório. Diante do exposto, em respeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para cancelar o despacho decisório, determinandose à autoridade administrativa a reapreciação do pleito do Recorrente, considerando as informações prestadas na DCTF retificadora, sem prejuízo da realização de diligências que se mostrarem necessárias à apuração da liquidez e da certeza do direito creditório pleiteado. O interessado deverá ser cientificado da nova decisão, oportunizandolhe, no caso de decisão denegatória do direito, ainda que parcial, o prazo regulamentar para se pronunciar, observados os ditames procedimentais do Decreto nº 70.235, de 1972. É como voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator Fl. 65DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 02/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por HELCIO LAFETA REIS
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Numero do processo: 13961.000083/2002-91
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. REGIME DE APURAÇÃO. OPÇÃO DEFINITIVA. TROCA DE REGIME. IMPOSSIBILIDADE.
A opção pelo regime de apuração do crédito presumido do IPI é definitiva para cada ano-calendário, não se admitindo, em nenhuma hipótese, troca de regime no curso do ano-calendário.
CRÉDITO PRESUMIDO. ENERGIA ELÉTRICA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96.
Incabível considerar como insumo os gastos com energia elétrica.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96.
O valor referente ao beneficiamento dos insumos, efetuado por terceiros, não se inclui na base de cálculo do crédito presumido, uma vez que se trata de prestação de serviços, que não está compreendida no conceito de matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem.
Numero da decisão: 3803-006.795
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso.
Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 12/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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REGIME DE APURAÇÃO. OPÇÃO DEFINITIVA. TROCA DE REGIME. IMPOSSIBILIDADE. A opção pelo regime de apuração do crédito presumido do IPI é definitiva para cada anocalendário, não se admitindo, em nenhuma hipótese, troca de regime no curso do anocalendário. CRÉDITO PRESUMIDO. ENERGIA ELÉTRICA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96. Incabível considerar como insumo os gastos com energia elétrica. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96. O valor referente ao beneficiamento dos insumos, efetuado por terceiros, não se inclui na base de cálculo do crédito presumido, uma vez que se trata de prestação de serviços, que não está compreendida no conceito de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 1. 00 00 83 /2 00 2- 91 Fl. 347DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Corintho Oliveira Machado Presidente e Relator. EDITADO EM: 12/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa e Corintho Oliveira Machado. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Tratase de manifestação de inconformidade apresentada pela requerente ante Despacho Decisório de autoridade da Delegacia da Receita Federal em Florianópolis (fls. 171/172), que deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento de IPI e homologou as compensações pleiteadas até o limite do crédito deferido. A contribuinte solicitou o ressarcimento de IPI para o 1º trimestre de 2002 (fl. 01), no valor total de R$ 116.202,96, retificando posteriormente o pedido para R$ 133.524,52 (fl. 141), sendo R$ 4.150,03 de saldo credor da escrita fiscal e R$ 129.374,49 de crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96 e a Portaria MF nº 38/97. Adicionalmente, a interessada apresentou os pedidos de compensação de fls. 02, 59 e 63 (convertidas em declarações de compensação) e declarações de compensação à fl. 02 do processo nº 13961.000262/200228 e à fl. 01 do processo nº 13961.000024/200301. Posteriormente, em 08/07/2008 (fls. 226/227), pediu retificação da declaração de compensação de fl. 63. Com base na informação fiscal de fls. 161/170, o pedido foi deferido parcialmente no montante de R$ 29.770,08, tendo sido reconhecido integralmente o direito ao saldo credor na escrita de R$ 4.150,03, e parcialmente o crédito presumido de R$ 25.620,05, em virtude dos seguintes motivos: 1. Quando apresentou a DCTF do 4º trimestre de 2001 optou por apurar o crédito presumido de IPI no ano de 2002 pela sistemática prevista na Lei nº 9.363/96, mas no momento da apuração utilizou indevidamente a sistemática prevista na Lei nº 10.276/2001; 2. A opção pela apuração prevista na Lei nº 9.363/96 era irreversível; 3. A apuração pela Lei nº 9.363/96 não admite a inclusão, nos custos, da energia elétrica e da prestação de serviços decorrentes de industrialização por encomenda. Fl. 348DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13961.000083/200291 Acórdão n.º 3803006.795 S3TE03 Fl. 3 3 Regularmente cientificada, a postulante apresentou manifestação de inconformidade de fls. 198/201, alegando, em resumo, o seguinte: 1. Embora terceirize a industrialização, de fato é a recorrente que suporta os gastos com a energia elétrica, e por isso, esses gastos devem ser considerados na apuração do crédito presumido; 2. O fiscal considerou no cálculo apenas a industrialização por encomenda, mas deixou de computar o beneficiamento de matériasprimas; 3. Ao entregar a DCTF para o 4º trimestre de 2001, informou a opção de apurar o crédito com base na Lei nº 9.363/96, porém, quando efetivou a conclusão do processo optou pela apuração prevista na Lei nº 10.276/2001, pois o crédito nessa última opção se apresentou maior; não há impedimento legal para a mudança da opção. Por fim, requereu o deferimento da manifestação. Posteriormente, em 29/07/2008, a interessada protocolou petição de fls. 245/248, na qual requer a aplicação da taxa SELIC no valor a ser ressarcido. A DRJ em RIBEIRÃO PRETO/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade ficando a decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. REGIME DE APURAÇÃO. OPÇÃO DEFINITIVA. TROCA DE REGIME. IMPOSSIBILIDADE. A opção pelo regime de apuração do crédito presumido do IPI é definitiva para cada anocalendário, não se admitindo, em nenhuma hipótese, troca de regime no curso do anocalendário. CRÉDITO PRESUMIDO. ENERGIA ELÉTRICA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96. Incabível considerar como insumo os gastos com energia elétrica. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. APURAÇÃO COM BASE NA LEI Nº 9.363/96. O valor referente ao beneficiamento dos insumos, efetuado por terceiros, não se inclui na base de cálculo do crédito presumido, uma vez que se trata de prestação de serviços, que não está compreendida no conceito de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório não Reconhecido Discordando da decisão de primeira instância, o interessado apresentou recurso voluntário, onde inova quanto à discussão da opção pela apuração do crédito presumido de IPI (aduz que não houve alteração de regime, e sim equívoco no preenchimento da DCTF do 4º trimestre de 2001; na manifestação de inconformidade diz ter informado a opção de apurar o crédito com base na Lei nº 9.363/96, porém quando efetivou a conclusão do processo optou pela apuração prevista na Lei nº 10.276/2001, uma vez que o crédito nessa última opção se apresentou maior e não havia impedimento legal à mudança de opção à época) e repisa os argumentos esgrimidos em primeira instância relativos à energia elétrica e industrialização por encomenda; ao final, requer deferimento do recurso voluntário sub analisis, para reconhecer o crédito integralmente. A Repartição de origem encaminhou os presentes autos para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para fins de julgamento. Relatado, passase ao voto. Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Questão prévia às demais, tratase da opção exercida pela recorrente quanto à sistemática de apuração do crédito presumido do ipi, uma vez que dela depende a legitimidade dos créditos discutidos no presente contencioso. Por outras palavras, se a opção originariamente feita pela recorrente Lei nº 9.363/96 for ratificada nesta instância, os créditos a título de energia elétrica e industrialização por encomenda (utilizados pela contribuinte) não são legítimos; porém, se a alegação de mudança de opção (ou equívoco de opção) Lei nº 10.276/2001 supostamente encetada pela recorrente após cotejo das duas sistemáticas (sendo a da última lei mais benéfica), então consubstanciamse legítimos os créditos a título de energia elétrica e industrialização por encomenda, por haver previsão expressa na lei. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13961.000083/200291 Acórdão n.º 3803006.795 S3TE03 Fl. 4 5 Como já exposto na decisão de piso, a opção pelo regime alternativo da Lei nº 10.276/2001 davase na DCTF do 4º trimestre do ano anterior ao do ano calendário em que se dava o aproveitamento dos créditos: O parágrafo 4º do art. 1º da Lei nº 10.276/2001 atribui expressamente competência para a Secretaria da Receita Federal fixar normas para o exercício da opção pelo regime alternativo por ela instituído. Mais ainda, o art. 3º desta mesma lei atribui à Secretaria da Receita Federal a competência para regulamentar toda a lei. Portanto, o exercício da opção pelo regime alternativo de crédito presumido do IPI deve seguir as normas expedidas pela Receita Federal do Brasil. Por seu turno, a Receita Federal, por meio das IN SRF nº 69 e nº 106, ambas de 2001, determinou que a opção pelo regime alternativo para o ano de 2002 deveria ser feito na DCTF do 4º trimestre de 2001 e, uma fez feita a opção, não seria admitida a mudança dentro do próprio ano calendário. Abaixo, transcrevo os artigos sobre o tema constantes na IN SRF nº 69/2001: “Art. 2º A opção pelo regime alternativo de que trata esta Instrução Normativa abrangerá: I o último trimestrecalendário do ano de 2001, se exercida neste ano; II todo o anocalendário, se exercida nos anos subseqüentes; III o período remanescente do anocalendário, na hipótese de exercício quando do início de atividades da pessoa jurídica. Art. 3º A opção de que trata o art. 2º será formalizada na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), correspondente ao: I último trimestrecalendário do ano de 2001, na hipótese do inciso I; II último trimestrecalendário do ano anterior, na hipótese do inciso II; III primeiro trimestrecalendário de atividades, na hipótese do inciso III.” (grifouse) Por seu turno, a IN SRF nº 106/2001 aprovou o Programa Gerador da DCTF 1.2. Neste consta, nas instruções de preenchimento da “Pasta Crédito Presumido”, vedação expressa para mudança de opção durante o ano calendário. Desse modo, é inadmissível a alteração da sistemática de apuração do crédito presumido promovida pela requerente, estando correto o procedimento da fiscalização de calcular o valor do direito creditório pela sistemática prevista na Lei nº 9.363/96, por ter sido esta a opção da contribuinte quando apresentou a DCTF do 4º trimestre de 2001. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Releva notar, outrossim, que na manifestação de inconformidade a recorrente diz que ao entregar a DCTF para o quarto trimestre de 2001, informou a opção de apurar o referido crédito com base na Lei 9.363/96, porém, quando efetivou a conclusão do processo, optou pela apuração prevista na Lei 10.276/2001, pois o crédito nessa última opção se apresentou maior; ao passo que no recurso voluntário alega que desde o início apurou o crédito pela forma alternativa, porém preencheu equivocadamente a DCTF do 4º trimestre de 2001. Essa mudança de discurso, ao meu ver, embora denote certa fragilidade da defesa, na medida em que tenta adaptar os fatos após uma decisão desfavorável, em verdade não altera em nada a situação objetiva da recorrente que em nenhum momento tratou de esboçar um movimento formal durante o anocalendário para a retificação do seu suposto equívoco. Aplicase ao caso a máxima Dormientibus non succurrit jus (O Direito não socorre aos que dormem). Nesse diapasão, a discussão acerca da possibilidade, ou não, de retificação da opção do regime de apuração do crédito presumido de ipi não merece prosperar, porquanto nenhuma retificação existiu, de fato, por conta da recorrente, a qual inclusive traz duas versões bem distintas para os fatos que circundam a questão sub analisis. De todo modo, penso correta a fundamentação explicitada pela decisão recorrida no particular, e colacionada supra, razão pela qual também a adoto para afastar a pretensa mudança de opção de regime de apuração do crédito presumido de ipi. Corolário disso, temse por legítimas as glosas dos créditos a título de energia elétrica e industrialização por encomenda. E mais uma vez podese reproduzir o acórdão vergastado: ENERGIA ELÉTRICA Considerando que o crédito presumido deve ser calculado com base na Lei nº 9.363/96, a fiscalização excluiu a energia elétrica da apuração. Assim dispõe a Lei nº 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs. 7, de 7 de setembro de 1970; 8, de 3 de dezembro de 1970; e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. .......... Fl. 352DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13961.000083/200291 Acórdão n.º 3803006.795 S3TE03 Fl. 5 7 Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. ........... Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante na respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem.” Consoante o parágrafo único do art. 3º da referida Lei, a legislação do IPI deve ser utilizada subsidiariamente para a definição dos conceitos de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Em relação ao assunto, a Portaria MF nº 38, de 27 de fevereiro de 1997, expedida com base na Lei nº 9.363, de 1996, assim dispõe no seu art. 3º, § 16: “§ 16 – Os conceitos de produção, matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem são os admitidos na legislação do IPI.” Assim, mostrase oportuna a transcrição do art. 147, inciso I, do Decreto nº 2.637/98 (RIPI/98) que discrimina as situações que configuram o direito ao crédito básico do IPI, verbis: “Art. 147 Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse: I – do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, exceto as de alíquota zero e os isentos, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;” O Parecer Normativo CST nº 65, de 1979, itens 8 a 10.2, estabelece que: “ 8 – no caso, entretanto, a própria exegese histórica da norma desmente esta acepção, de vez que a expressão “incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles Fl. 353DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 que, embora não se integrando no novo produto forem consumidos no processo de industrialização” é justamente a única que consta de todos os dispositivos anteriores (inciso I do artigo 27 de Decreto 56.791/1965, inciso I do artigo 30 do Decreto nº 61.514/1967 e inciso I do artigo 32 do Decreto nº 70.162/1972), o que equivale a dizer que foi sempre em função dela que se fez a distinção entre os bens que, não sendo matérias primas nem produtos intermediários “stricto sensu” , geram ou não direito ao crédito, isto é, segundo todos estes dispositivos, geravam o direito os produtos que embora não se integrando no novo produto, fossem consumidos no processo de industrialização. 8.1 – A norma constante do direito anterior (inciso I do artigo 32 do Decreto nº 70.162/1972), todavia restringia o alcance do dispositivo, dispondo que o consumo do produto, para que se aperfeiçoasse o direito do crédito, deveria se dar imediata e integralmente. 8.2 – O dispositivo vigente inciso I do artigo 66 do RIPI/79 por sua vez, deixou de registrar tal restrição, acrescentando, a título de inovação, a parte final referente à contabilização no ativo permanente. 9 – Como se vê, o que mudou não foi o critério, que continua sendo o do consumo do bem no processo industrial, mas a restrição a este. 10 – Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deve entender como produtos “que embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de industrialização”, para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1 – Como o texto fala em “incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários”, é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários “stricto sensu” , semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto de fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2 A expressão “consumidos” sobretudo levandose em conta que as restrições “imediata e integralmente”, constantes do dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo.” (Grifouse.) Na mesma linha, assim estabelece o Parecer Normativo CST nº 181, de 1974, no seu item 13: “13 – Por outro lado, ressalvados os casos de incentivos expressamente previstos em lei, não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as Fl. 354DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13961.000083/200291 Acórdão n.º 3803006.795 S3TE03 Fl. 6 9 partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâmina de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos etc.” (Grifouse.) Nesse contexto, como a energia elétrica, embora consumida no processo produtivo, não mantém contato físico com o produto final industrializado, não pode ser enquadrada no conceito de insumos, e por isso, deve ser excluída do cálculo do crédito presumido pela sistemática da Lei nº 9.363/96. Acrescentese ainda, que a inclusão da energia elétrica na apuração do crédito presumido pelo regime alternativo instituído pela Lei nº 10.276/2001, não tem o condão de incluíla no cálculo pelo regime previsto na Lei nº 9.363/96. Ao contrário, a inclusão da energia elétrica está restrita a quem faz a opção pelo regime alternativo, que não é o caso da interessada. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA A questão da industrialização por encomenda é similar a da energia elétrica, já que a previsão para a inclusão destes gastos no cálculo pela sistemática da Lei nº 10.276/2001, não altera a forma de cálculo prevista na Lei nº 9.363/96. O cálculo do benefício de que trata a Lei no 9.363/96, diz respeito, tãosomente, às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem (conforme art. 1o, caput, da mencionada Lei), e, em momento algum, faz menção a serviços de beneficiamento prestados por terceiros. Além disso, como já mencionado anteriormente, a Lei nº 9.363/96 prevê, no seu art. 3o, parágrafo único, a utilização subsidiária da legislação do IPI para o estabelecimento dos conceitos de produção, matériaprima, produtos intermediários e materiais de embalagem. E, de acordo com o artigo 147, inciso I, do RIPI/98, incluemse, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles produtos que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização. Ressaltase que o posicionamento adotado pela fiscalização, excluindo da base de cálculo do crédito presumido o valor do beneficiamento de insumos por estabelecimentos de terceiros está respaldado pela Secretaria da Receita Federal, com a veiculação, no Boletim Central no 147, de 04/08/1998 (Perguntão), da Nota MF/SRF/COSIT/COTIP/DIPEX no 312, de 03/08/1998, que transcrevo, em vista dos esclarecimentos que contém, plenamente aplicáveis ao caso concreto: Fl. 355DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 “2.7) Encontrase com habitualidade, casos em que a empresa produtora exportadora, remete matériasprimas de seu estoque para efetuar uma etapa produtiva em outra empresa. Por exemplo, o produtor exportador adquire couro semiacabado e o envia a outra empresa (um curtume) para acabamento. Nesse processo, são agregados a essa matériaprima diversos outros insumos, como produtos químicos, corantes, etc. O couro retorna modificado para o estabelecimento produtor exportador, acompanhado de nota fiscal indicando operação de beneficiamento. Perguntase, se o valor agregado, correspondente ao beneficiamento deve ser computado como aquisição de insumos (período de 1996) e como custos (a partir de 1997)? E, em caso de beneficiamento que não agregue outras matérias primas (exemplo, parte de calçado remetida para costura, colagem ou trançamento, acompanhada de todos os materiais necessários), o tratamento deve ser o mesmo? R) No caso em que o encomendante remete os insumos com suspensão do IPI ao executor da encomenda (hipótese prevista no art. 36, incisos I e II do RIPI/82 correspondente ao art. 40, incisos VII e VIII do RIPI/98) e o executor da encomenda remete os produtos com suspensão, não há que se falar em inclusão do valor cobrado pelo encomendante na base de cálculo do crédito presumido. Porém, no caso em que o encomendante remete os insumos com tributação, e o industrializador por encomenda utiliza insumos próprios e, após a industrialização, remete os produtos tributados pelo IPI ao encomendante, o valor cobrado pelo realizador da industrialização ao encomendante integra a base de cálculo do crédito presumido. O entendimento aplicase tanto ao exercício de 1995, quanto aos posteriores.” O fundamento da orientação interna acima transcrita, alçada que foi à hierarquia de norma complementar da Lei tributária, por força do inciso III do artigo 100 da Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966 – CTN, enquanto prática reiteradamente observada pela Autoridade Administrativa, está no fato de que, se a operação não foi tributada, é porque não foi incorporado insumo no beneficiamento encomendado, mas apenas serviços e serviços não estão compreendidos no conceito de matéria prima, produtos intermediários ou materiais de embalagem, que são os componentes básicos para cálculo do crédito presumido, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996. Portanto, foi correta a glosa feita pela auditoria. Ante o exposto, voto pelo DESPROVIMENTO do recurso voluntário. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 356DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13961.000083/200291 Acórdão n.º 3803006.795 S3TE03 Fl. 7 11 Fl. 357DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 19740.000627/2003-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/1999 a 31/03/2001, 01/04/2002 a 30/06/2002 ACÓRDÃO OMISSO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CABIMENTO. Omitindo-se o acórdão embargado em relação à incidência de juros de mora sobre valores depositados judicialmente, acolhem-se os embargos para solucionar a omissão. AÇÃO JUDICIAL. DISCUSSÃO DA MATÉRIA NAS VIAS ADMINISTRATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não incorre em nulidade o acórdão que tenha apreciado todas as alegações do contribuinte que não tenham sido objeto de contestação judicial, ainda que a matéria analisada não conste da ementa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/1999 a 31/03/2001, 01/04/2002 a 30/06/2002 DEPÓSITOS JUDICIAIS INTEGRAIS. LANÇAMENTO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O lançamento efetuado sobre valores depositados judicialmente e considerados integrais tem por função a prevenção da decadência, nos termos expressos do art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. VALORES DEPOSITADOS JUDICIALMENTE. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA.
São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
Embargos Acolhidos
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-01.496
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para retificar o acórdão, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: José Antonio Francisco
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EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CABIMENTO. Omitindose o acórdão embargado em relação à incidência de juros de mora sobre valores depositados judicialmente, acolhemse os embargos para solucionar a omissão. AÇÃO JUDICIAL. DISCUSSÃO DA MATÉRIA NAS VIAS ADMINISTRATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não incorre em nulidade o acórdão que tenha apreciado todas as alegações do contribuinte que não tenham sido objeto de contestação judicial, ainda que a matéria analisada não conste da ementa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/1999 a 31/03/2001, 01/04/2002 a 30/06/2002 DEPÓSITOS JUDICIAIS INTEGRAIS. LANÇAMENTO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O lançamento efetuado sobre valores depositados judicialmente e considerados integrais tem por função a prevenção da decadência, nos termos expressos do art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. VALORES DEPOSITADOS JUDICIALMENTE. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Fl. 925DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/04/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000627/200386 Acórdão n.º 330201.496 S3C3T2 Fl. 202 2 São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Embargos Acolhidos Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para retificar o acórdão, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de embargos declaratórios (fls. 244 a 246) apresentados contra o Acórdão no 330200.055, de 12 de agosto de 2009, da 2ª TO / 3ª Câmara / 3ª Seção do Carf (fls. 385 a 387), que negou provimento ao recurso voluntário da embargante. Os embargos foram admitidos por despacho, que teve o seguinte teor: Sr. Presidente da 2ª TO: Tratase de embargos declaratórios (fls. 244 a 246 do e Processo) apresentados em 05 de julho de 2011 contra o Acórdão n. 330200.055, de 12 de agosto de 2009 (fls. 385 a 387), da presente Turma de Julgamento, que negou provimento ao recurso voluntário da Interessada. Segundo a embargante, o Acórdão teria sido omisso em relação à argumentação de que, tendo efetuado depósitos judiciais, não incidiriam os juros Selic. De fato, o acórdão esclareceu que haveria três situações distintas no processo: períodos em que não houve declaração em DCTF e em relação aos quais foram efetuados depósitos após o Fl. 926DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/04/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000627/200386 Acórdão n.º 330201.496 S3C3T2 Fl. 203 3 vencimento com juros de mora; em que houve declaração, com depósitos fora do prazo e sem inclusão de multa de mora; em que não houve apresentação de DCTF, com depósitos no prazo. Em relação aos períodos em que houve depósitos integrais (fora do prazo, com multa e juros, ou dentro do prazo), caberia a aplicação da Súmula Carf n. 5: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” Entretanto, o acórdão omitiuse em relação à aplicação da súmula. À vista do exposto, proponho o acolhimento dos embargos apresentados e a inclusão do processo em pauta de julgamento." É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator Conforme relatado, parte dos depósitos judiciais efetuados pela Interessada era integral, por ter sido efetuado no prazo dos vencimentos legais dos tributos ou por conter todos os consectários legais. Em relação a essa matéria, o acoórdão embargado omitiuse, uma vez que caberia decidir que os juros de mora somente não incidem sobre os valores depositados integralmente, conforme a Súmula Carf n. 5, já reproduzida no relatório. As súmulas são de aplicação obrigatória, conforme art. 72, § 4º, do Regimento Interno do Carf Ricarf, anexo II à Portaria MF n. 256, de 2009. No que diz respeito à alegação de impossibilidade do lançamento, matéria que não faz parte dos presentes embargos (na parte acolhida, conforme despacho de admissibilidade), não há omissão ou obscuridade e, assim, a matéria somente poderia seria revista em sede de eventual recurso especial de divergência. Igual raciocínio, entretanto, não se aplica aos depósitos judiciais não integrais, uma vez a matéria é sumulada (art. 18, XXI, do Ricarf) e não poderia ser reformulada pela CSRF. Dessa forma, voto pela ratificação do acórdão em relação à matéria julgada e, relativamente à incidência dos juros de mora, pela sua complementação, para dar provimento parcial ao recurso voluntário, com o fim de excluir a incidência dos juros de mora dos valores depositados judicialmente no montante integral. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 927DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/04/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 19740.000627/200386 Acórdão n.º 330201.496 S3C3T2 Fl. 204 4 Fl. 928DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por ANGELICA DOS SANTOS GOMES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/04/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 13855.723412/2011-73
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
CARF. SÚMULA 76. SIMULAÇÃO. FORMA DE EVADIR-SE DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTERPOSTAS PESSOAS. SIMPLES. SAT. LEGALIDADE. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observando-se os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada.
A utilização de interpostas pessoas enquadradas no SIMPLES para contratação de mão de obra e colocação à disposição de uma outra pessoa jurídica, à fim de não recolher a quota patronal das contribuições previdenciárias, quando comprovado que o único fim desta empresa é desvincular o empregador, não merece surtir efeitos.
O enquadramento da empresa no respectivo grau de risco é realizado pelo código CNAE, até a competência 05/2007, em decorrência da aplicação do anexo V do Decreto nº 3.048/99, e pelo CNAE FISCAL, a partir de 06/2007, tendo em vista a alteração do anexo mencionado pelo Decreto nº 6.042/97.
No que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN, impõe-se o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2403-002.858
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, Por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo das multas aplicadas: a) por descumprimento de obrigação principal, nos termos do art. 35 caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96), até a competência de 11/2008, bem como o recálculo da multa do DEBCAD 37.343.731-5, conforme o art. 32-A da Lei nº 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte e, ao final, determinar a apropriação dos valores pagos a titulo de contribuição previdenciária patronal nas guias do Simples Nacional. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ivacir Julio de Souza, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CARF. SÚMULA 76. SIMULAÇÃO. FORMA DE EVADIR-SE DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTERPOSTAS PESSOAS. SIMPLES. SAT. LEGALIDADE. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observando-se os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. A utilização de interpostas pessoas enquadradas no SIMPLES para contratação de mão de obra e colocação à disposição de uma outra pessoa jurídica, à fim de não recolher a quota patronal das contribuições previdenciárias, quando comprovado que o único fim desta empresa é desvincular o empregador, não merece surtir efeitos. O enquadramento da empresa no respectivo grau de risco é realizado pelo código CNAE, até a competência 05/2007, em decorrência da aplicação do anexo V do Decreto nº 3.048/99, e pelo CNAE FISCAL, a partir de 06/2007, tendo em vista a alteração do anexo mencionado pelo Decreto nº 6.042/97. No que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN, impõe-se o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2419; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 2 1 1 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13855.723412/201173 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2403002.858 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 03 de dezembro de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente ESTIVAL IMPORTACAO EXPORTACAO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CARF. SÚMULA 76. SIMULAÇÃO. FORMA DE EVADIRSE DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTERPOSTAS PESSOAS. SIMPLES. SAT. LEGALIDADE. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. A utilização de interpostas pessoas enquadradas no SIMPLES para contratação de mão de obra e colocação à disposição de uma outra pessoa jurídica, à fim de não recolher a quota patronal das contribuições previdenciárias, quando comprovado que o único fim desta empresa é desvincular o empregador, não merece surtir efeitos. O enquadramento da empresa no respectivo grau de risco é realizado pelo código CNAE, até a competência 05/2007, em decorrência da aplicação do anexo V do Decreto nº 3.048/99, e pelo CNAE FISCAL, a partir de 06/2007, tendo em vista a alteração do anexo mencionado pelo Decreto nº 6.042/97. No que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 34 12 /2 01 1- 73 Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, Por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo das multas aplicadas: a) por descumprimento de obrigação principal, nos termos do art. 35 caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96), até a competência de 11/2008, bem como o recálculo da multa do DEBCAD 37.343.7315, conforme o art. 32A da Lei nº 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte e, ao final, determinar a apropriação dos valores pagos a titulo de contribuição previdenciária patronal nas guias do Simples Nacional. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ivacir Julio de Souza, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues. Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão nº. 1437.987, fls. 1038/1063, que julgou totalmente improcedente a Impugnação apresentada para manter a integralidade das imputações dispostas na autuação fiscal, representadas pelos seguintes DEBCAD`s. 1. AI DEBCAD nº. 37.344.2289, no valor de R$ 279.502,90 (duzentos e setenta e nove mil quinhentos e dois reais e noventa centavos), referentes às contribuições destinadas a Terceiros, FNDE, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE, inclusive 13º salário; 2. AI DEBCAD nº. 37.344.2297, no valor de R$ 1.060.183,67 (um milhão sessenta mil cento e oitenta e três reais e sessenta e sete centavos), referente à parte patronal das contribuições previdenciárias, inclusive GILRAT; 3. AI DEBCAD nº. 37.343.7315, no valor de R$ 167.731,30 (cento e sessenta e sete mil setecentos e trinta e um reais e trinta centavos), por descumprimento de obrigação acessória de apresentar as GFIPs com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. As exigências fiscais se referem ao fato de ter o contribuinte se utilizado de interpostas pessoas para contratar mãodeobra sem a incidência da contribuição previdenciária, uma vez que aquelas que seriam favorecidas pelo regime de tributação destinadas às empresas de micro e pequeno porte – SIMPLES, quais sejam: OS BARBOSA PERSPONTO – EPP e DM DE SOUZA PESPONTO DE CALÇADOS – EPP. Abaixo seguem trechos do relatório fiscal de fls. 05/33: 4 DAS RAZÕES DO LEVANTAMENTO DO CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO 4.1. Durante auditoria fiscal realizada na empresa ESTIVAL IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO LTDA, CNPJ n. 01.145.506/0001 51, foi constatado que a empresa doravante denominada ESTIVEL, atua no ramo de indústria, comércio, exportação e importação de calçados, onde ficou constatado que esta utilizou no período da cobertura fiscal, das empresas ºS. BARBOSA PESPONTO EPP, CNPJ, n 03.186.205/000100. E D M DE SOUZA PESPONTO DE CALÇADOS – EPP, CNPJ n. 07.418.488/000110, ambas OPTANTES pelo SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições (doravante denominadas respectivamente por P.S.BARBOSA e DM DE SOUZA) como INTERPOSTAS PESSOAS com a finalidade de contratar segurados empregados com redução de encargos Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 previdenciários, uma vez que, por serem optantes pelo SIMPLES não recolhem a contribuição previdenciária patronal e para Outras Entidades e Fundos. 4.2. Diante de fatos constatados e relatados de maneira detalhada nos itens a seguir, acompanhados por vastos elementos de prova, esta fiscalização entende que todos os segurados das empresas OS BARBOSA PESPONTO – EPP e DM DE SOUZA PESPONTO DE CALÇADOS – EPP são, para fins previdenciários, empregados da empresa ESTIVAL. 4.3. Em Procedimento Fiscal realizado anteriormente, em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização n. 08123002008005717, emitido em 10 de junho de 2008, para o período de 01/2004 a 12/2007, encerrada em 17/09/2009, foi constatado que os segurados empregados das empresas D.M e P.S. BARBOSA são na realidade, empregados da empresa ESTIVAL, tendo sido lançada a parte patronal sobre esses pagamento. Foram utilizados nesta fiscalização, alguns dos elementos de prova que serviram de base na fiscalização anterior, tendo em vista a paralisação das atividades das empresas OS BARBOSA E DM DE SOUZA, em 01/2010 e alteração de endereço da empresa ESTIVAL em 23/12/2010, conforme Alteração Contratual, Registro na JUCESP em 04/01/2011 n. 6.620/115. 6. VERIFICAÇÃO FÍSICA NA SEDE DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS 6.1. Em diligência efetuada no endereço das empresas envolvidas (Rua Joaquim Neves, 1360, 1370 e 1400) no dia 18/08/2008, quando acompanhei a Auditora Fiscal Elizabete Chaves, responsável pelo Procedimento Fiscal n. 08123002008005717, emitido em 10 de junho de 2008, para o período de 01/2004 a 12/2007, encerrada em 17/09/2009, e fomos atendidas pelos senhores Marcelo Kanaiama Lemos, CPF n. 127.504.52864, sócioadministrador da ESTIVAL e Francisco Carlos Siqueira Silva, CPF n. 005.729.74876, contador da empresa na [época, constatamos que, embora constassem números diferentes no cadastro da Receita Federal, as três empresas funcionavam no mesmo prédio, constituído de 02 (dois) barracões interligados, construídos no mesmo terreno, com trânsito livre entre eles, não havendo muros ou divisões separandoos. À frente do barracão maior estava instalada a recepção e a administração da empresa. No barracão menor, estavam os empregados da Seção de Corte, todos os demais estavam no barracão principal, onde funcionavam também o refeitório e os banheiros, que são usados por todos os empregados, e também a área administrativa. A entrada era única e no local existia uma guarita, onde funciona a recepção (das três empresas – ESTIVAL, OS e DM) para visitantes (vide foto n. 01) 6.2. Nessa mesma ocasião, com a anuência do senhor Marcelo e acompanhadas pelo senhor Francisco, efetuamos visita ao interior dos barracões e verificamos a presença de um grande número de funcionários trabalhando no local, e este último nos informou que os funcionários que ali se encontravam eram empregados das empresas P S BARBOSA e D M de SOUZA. Fl. 1160DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 4 5 Segundo ele, em nome da P S BARBOSA estavam registrados os empregados das áreas de pesponto e administração, e em nome da D M DE SOUZA estavam registrados os empregados das áreas de corte e montagem. Salientese que a ESTIVAL não possuía à época, nenhum empregado registrado em seu nome, todos estavam registrados em nome da OS Barbosa ou da DM de Souza. 6.3. Não obstante a afirmação do contador de que os empregados das empresas estavam separados por seções (P S BARBOSA: pesponto e administração) e (D M DE SOUZA: corte e montagem), não foi isso que constatamos no local. A situação fática, constatada por ocasião da diligência efetuada na empresa, é que os empregados trabalhavam todos juntos numa linha de produção continua, onde se verificava apenas a separação da seção de corte e o almoxarifado (barracão menor), exclusivamente por falta de espaço, os demais empregados estavam todos alocados no outro barracão. Portanto, não havia como se diferenciar, visualmente, qual empregado pertencia a uma ou outra empresa (vide fotos ns. 01 a 04). 6.4. Embora o senhor Francisco tivesse se empenhado em afirmar que todos os funcionários eram empregados das empresas P S BARBOSA e D M DE SOUZA, durante a visita efetuada ao interior dos dois barracões, encontramos todos os trabalhadores desempenhando suas funções no mesmo local (que não possui paredes ou divisórias que possam determinar qual o espaço pertence a uma ou outra empresa) e usando uniformes com a estampa da ESTIVAL. Estas informações são comprovadas através de fotos divulgadas no site da empresa www.estivalshoes.com, atualmente desativado. (fotos n.s 01 e 02). (...) 8. DO FATURAMENTO DA P.S. BARBOSA 8.2. Fato importantíssimo que não pode deixar de ser registrado é que embora o faturamento da OS BARBOSA não fosse suficiente para cobrir todas as despesas da empresa, estas despesas, juntamente com os encargos sociais e os impostos, foram pagos pela ESTIVAL e por ela ‘contabilizados’ na conta ’1.01.03.06.0000268Adiantamento a FornecedorP.S.BARBOSA’, que manteve um saldo devedor crescente no período de 2008 a 2009, e em dezembro de 2009 superou R$ 1.500.000,00 conforme se demonstra no quadro a seguir: (...) 8.3. Importante destacar ainda que a OS BARBOSA prestava serviços exclusivamente para ESTIVAL, conforme se verifica pelo talonário de notas ficais e pela seqüência de numeração destas, e para cobrir integralmente suas despesas, embora pudesse faturar um valor maior, não o fez, pois se o fizesse extrapolaria o limite anual do IMPLES e com isso seria desenquadrada deste regime, e, a partir de então seria obrigada a recolher as contribuições previdenciárias a cargo da empresa, o que, no entender desta fiscalização, motivou a sua criação. Fl. 1161DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 9. FATURAMENTO DA D.M. DE SOUZA PESPONTO DE CALÇADOS ME 9.3. Portanto, esta fiscalização conclui que a DM de Souza foi criada em 05/2005 para ‘dividir/ com a OS Barbosa as despesas oriundas da contratação de funcionários, que DE FATO são empregados da ESTIVAL, com o benefício do não pagamento da contribuição patronal devida a Previdência Social por também ser optante pelo SIMPLES. Desta forma, a partir da criação desta última, as duas empresas poderiam ‘faturar’ para a ESTIVAL o valor suficiente para cobrir suas despesas e ainda assim não ultrapassar o limite máximo anual estabelecido na legislação para opção a este sistema de tributação até o ano de 2005, que era de R$ 1.200.000,00, o que aconteceria caso os empregados continuassem sendo contratados apenas pela OS Barbosa. 17. CONCLUSÃO Os fatos acima descritos, acompanhados por inúmeros elementos de prova anexados a este Processo evidenciam uma situação fática que não se coaduna com a situação jurídica apresentada à fiscalização, o que permite CONCLUIR, DE FORMA IRREFUTÁVEL, que as empresas P.S.BARBOSA PESPONTO EPP, CNPJ n. 03.186.205/000100 e D M DE SOUZA PESPONTO – EPP, IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO LTDA, CNPJ 01.145.506/000151 para contratar empregados com redução de encargos previdenciários. (...) Pela leitura dos artigos supra obtemos a fundamentação legal para desconsiderar o vínculo empregatício dos funcionários das empresas P.S. BARBOSA PESPONTO – EPP, e D M DE SOUZA PESPONTO – EPP, uma vez que o mesmo foi instituído com o intuito exclusive de não recolher as contribuições sociais destinadas à Seguridade Social incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou a autuação fiscal em epígrafe por meio do instrumento de fls. 956/1019. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a 7ª Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), DRJ/RPO, prolatou o Acórdão n° 14 37.987, fls. 1038/1063, mantendo procedente o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTE PATRONAL. SIMPLES. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A Fl. 1162DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 5 7 FORMA. FRAUDE. DESCONSIDERAÇÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS SIMULADOS. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO COMO EMPREGADO. LEGALIDADE. MULTA QUALIFICADA. A remuneração paga a segurados a serviço da empresa constitui fato gerador das contribuições previdenciárias relativas à quota da empresa. O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos com base em sua substância para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela impugnante e o seu direito ao contraditório foram assegurados. A simulação e a fraude à lei tributária configuramse quando as circunstâncias e evidências indicam a existência de duas ou mais empresas com regimes tributários diferentes perseguindo a mesma atividade econômica com a utilização dos mesmos empregados e meios de produção, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica. O fracionamento das atividades empresariais mediante a utilização de mãodeobra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples, viola a legislação tributária, sendo possível a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída. Nesses casos, legitima a aplicação da multa qualificada de 150%, prevista n. §1.º do art. 44 da Lei n.º 9.430/96. Presente os requisitos da relação de emprego é cabível à autoridade fiscal a caracterização dos segurados empregados de uma empresa como trabalhadores de outra. A legalidade formal dos contratos celebrados não se sobrepõe à realidade fática encontrada na empresa, em decorrência do princípio da primazia da realidade e da busca da verdade material, norteadores do contencioso administrativo. PROVA EMPRESTADA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE. O ordenamento jurídico consente com a utilização de prova emprestada na esfera administrativa, desde que assegurados os direitos constitucionais ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Presentes nos autos todos os elementos fáticos e legais que embasam a autuação, não há que se falar em nulidade em decorrência do cerceamento do direito de defesa. Fl. 1163DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 8 COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTOS EFETUADOS EM CONFORMIDADE COM A LEGISLAÇÃO QUE REGE O SIMPLES FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias mediante aproveitamento de valores recolhidos indevidamente para o Simples Federal ou Nacional. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. OUTRAS ENTIDADES OU FUNDOS. Devida contribuição social pela empresa destinada às outras entidades ou fundos, ditas ‘terceiros’, incidente sobre a remuneração de segurados empregados que lhes prestaram serviços. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/12/2011 PREVIDENCIÁRIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. DESCUMPRIMENTO. Constitui infração de obrigação acessória a apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. MULTA APLICADA. SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 11.941/09. RETROATIVIDADE BENÉFICA. Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte, em relação aos fatos geradores ocorridos antes de dezembro/2008, deve ser objeto de comparação a multa de mora prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97, somada à multa punitiva por descumprimento de obrigação acessória relativa à GFIP, prevista no artigo 32 da mesma norma legal, com a multa de ofício estabelecida no artigo 44, I da Lei nº 9.430/96 (75%), prevalecendo aquela que se mostrar mais favorável ao contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO Irresignada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 1068/1102, requerendo a reforma do Acórdão da DRJ, afirmando em síntese que Nulidade por ausência de apropriação dos valores recolhidos junto ao sistema “SIMPLES”pelas empresas OS Barbosa Pesponto – EPP e DM de Souza Pesponto – EPP. Manifesta Nulidade do lançamento em face da suposta inequívoca duplicidade de incidência; Fl. 1164DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 6 9 A apuração do crédito foi realizada por aferição indireta de forma equivocada e que nem mesmo o Relatório Fiscal faz qualquer referência ao disposto no art. 33, parágrafos terceiro e sexto da Lei 8212/91; A fundamentação legal foi realizada de forma precária; A descaracterização da opção pelo SIMPLES da empresa OS BARBOSA PESPONTO – EPP, uma vez que a própria auditoria reconhece que o faturamento da mesma encontrase adstrito aos patamares legais; Da necessidade de inclusão no pólo passivo das empresas OS BARBOSA PESPONTO – EPP e DM DE SOUZA PESPONTO – EPP; Não estão comprovados os elementos caracterizadores da relação de trabalho; A boafé do contribuinte e a racionalização do empreendimento e da inexistência de norma geral antielisão no CTN; DA CONEXÃO Os autos foram julgados na pauta de Junho de 2013, ocasião em que foi requerido pelo contribuinte a conexão, conforme fls. 1143, ao processo 13855.001760/200971, pedido este que foi deferido conforme Despacho nº 2403092. É o relatório. Fl. 1165DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 10 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme documento de fl. 1.119, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DAS PRELIMINARES DA AUSÊNCIA DE APROPRIAÇÃO DOS VALORES RECOLHIDOS JUNTO AO SISTEMA SIMPLES PELAS EMPRESAS PS BARBOSA PERPONTO – EPP E DM DE SOUZA PESPONTO – EPP Alega o recorrente que os valores recolhimentos dentro do SIMPLES NACIONAL referente a contribuição previdenciária, com as contribuições previdenciárias ora lançadas de ofício, foi negado, sob o argumento de que não há sustentação legal ao pedido. A DRJ quando da análise do argumento, afirmou que esse procedimento não poderia ser feito em razão do disposto no parágrafo 6º da IN 900/08. No entanto, merece razão o contribuinte neste tocante, uma vez que este conselho possui súmula específica com relação ao tema e, por sua natureza, vincula este colegiado, in verbis: Súmula CARF nº 76: Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. Mesmo que o presente processo não trate de exclusão do SIMPLES, mas sim de sua desconsideração por simulação entendo que os valores efetivamente pagos através da Guia do Simples Nacional no período dos fatos geradores, na alíquota referente à Contribuição Previdenciária Patronal (art. 13, VI) devam ser compensados até o seu limite, seja das empresas desconsideradas, seja da empresa principal, com os lançamentos aqui efetuados. Cumpre destacar que este procedimento deve ser realizado quando da execução do julgado, não importando em nulidade do auto de infração o presente procedimento. DA SUPOSTA UTILIZAÇÃO DA AFERIÇÃO INDIRETA Afirma o recorrente que o fisco autuante se utilizou da técnica da aferição indireta para obter a base de cálculo das contribuições previdenciárias. No entanto, o argumento não merece prosperar, estando correto o posicionamento da DRJ em Ribeirão Preto. Para tanto, vejase trecho do relatório fiscal, fl. 5/33 Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 7 11 18. DO FATO GERADOR Determina o artigo 114 do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966) que é situação tipificada na Lei 8212/91 como fato gerador das contribuições sociais o exercício da atividade remunerada por segurado obrigatório da previdência social. Constituem fatos geradores das contribuições objeto de lançamento de ofício neste processo as remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados relacionados nas GFIP (s) – Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações a Previdência (P.S. Barbosa Pesponto de Calçados EPP e D.M. De Souza Pesponto de Calçados – EPP) no período de 01/2007 a 12/2008, e caracterizados por esta fiscalização, como empregados da empresa ESTIVAL IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO LTDA. Embora as referidas empresas tenham declarado as remunerações dos segurados em GFIP, as contribuições sociais a cargo da empresa não foram calculadas pelo programa gerador desta declaração, uma vez que por optarem pelo sistema simplificado de recolhimento de tributos, informaram o código correspondente a esta situação, o que inibiu o cálculo das mencionadas contribuições. Portanto, não se está diante da aferição indireta, para calcular eventual diferença na base de cálculo, mas sim, a utilização da própria base informada pelo contribuinte, quando do preenchimento das GFIPs. Ultrapassada também a alegação de precária fundamentação legal correspondente. DA SUPOSTA ADEQUAÇÃO NA CARACTERIZAÇÃO NO POLO PASSIVO Afirma o contribuinte que deveria ter sido oferecida oportunidade as empresas PS BARBOSA PESPONTO – EPP e DM DE SOUZA PESPONTO – EPP, a oportunidade de se manifestar nos presentes autos, uma vez que foram tidos como responsáveis pelo adimplemento da obrigação. No entanto, o fiscal não está arrolando como corresponsáveis as empresas em questão, não está também imputando a caracterização de grupo econômico de fato, mas sim, desmanchando o negócio jurídico realizado o qual reputase fraudulento, concentrando os vínculos empregatícios para com a ESTIVAL, sujeito passivo do presente processo. Com relação ao Relatório de Vínculos, na fl. 34 (que cita apenas o Sr. Marcelo Kanaiama Lemos e o Sr. Holger Gerhard Riechert), esclarecese que, por não imputar responsabilidade, atrai a incidência da Súmula CARF n. 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 12 comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa Portanto, não há que se falar em nulidade por adequação do pólo passivo. DO MÉRITO DA UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS DO SIMPLES A Recorrente levantou várias questões preliminares antes de entrar no mérito, contudo, verifico que elas estão diretamente ligadas ao objeto da lide, razão pela qual, passase a analisálo. Segundo o fiscal, no relatório, estase diante de uma situação fática que configura simulação, com a utilização de interpostas pessoas à fim de reduzir os encargos previdenciários e trabalhistas. Nesse diapasão, mister se faz analisar o que vem a ser Elisão Fiscal e Evasão Fiscal, o lícito com o ilícito, o planejamento tributário legal com a fraude e/ou simulação, para, em seguida, analisar o caso concreto. Em obra pretérita de minha autoria, me manifestei da seguinte maneira1, in verbis: “Elisão Fiscal, portanto, é a redução tributária legal, lícita, pois a mesma elide o surgimento do fato jurídico tributário, eliminando a ocorrência do respectivo fato gerador; ou ainda, reduz o impacto tributário, mutilando parcialmente o critério quantitativo da Regra Matriz de Incidência Tributária, ou, posterga a ocorrência do fato jurídico tributário descrito no antecedente normativo para um período posterior, dando nesse último um ganho temporal, vale dizer, um maior prazo para efetuar o cumprimento da obrigação tributária. Destarte, a Elisão é o fruto obtido do Planejamento Tributário lícito. É o resultado da prática de atos ou negócios jurídicos, ou a sua não prática, com vistas a elidir, reduzir ou postergar o surgimento da obrigação tributária. Evasão fiscal, ao contrário, é a redução tributária ilegal, ilícita, pois, por meio dessa, o contribuinte se evade da obrigação tributária já nascida, agindo de maneira oposta aos ditames de nosso ordenamento jurídico. Poderá ocorrer a indevida redução do ônus tributário de uma obrigação tributária, em relação ao seu exato montante previsto em lei. Portanto, a Evasão Fiscal (que sempre será ilegítima) é a fuga total ou parcial da obrigação tributária já existente pela anterior ocorrência do fato gerador previsto em lei, ou que está prestes a acontecer.” A Elisão Fiscal busca evitar ou minorar a carga tributária incidente sobre o contribuinte, por meio de operações lícitas, utilizadas, principalmente, para esse fim. Por outro 1 PEIXOTO, Marcelo Magalhães (coord.) Planejamento Tributário – São Paulo: Quartier Latin, 2004. Pág. 73/74. Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 8 13 lado, a Evasão Fiscal é ilícita, pois visa ocultar do Fisco a ocorrência de fatos geradores por meio de operações fraudulentas.2 Para Hermes Marcelo Huck3, verbis: “A elisão, em algumas de suas formas, pode ser enquadrada como abuso de direito. Estruturas elisivas, nas quais o agente utilizase de formas jurídicas anormais, insólitas ou inadequadas, com o fito único de escapar ao tributo, têm sido consideradas abusivas. O abuso na utilização da forma jurídica é equiparável ao que no direito angloamericano se tem chamado de business purpose test, ou seja, o teste da finalidade negocial, pelo qual buscase desconsiderar o negócio jurídico constituído sem qualquer objetivo senão o de pagar o imposto que seria devido, não fosse adotada a forma jurídica anormal, insólita ou inadequada.” Conforme destacado alhures; para a Fiscalização, houve simulação por parte da Recorrente. O conceito de simulação advém do Direito Civil, mais especificamente no art. 167, § 1o, do Código Civil, in verbis: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados.” (sem destaques no original) Feitas as considerações, passase a analisar o caso concreto. Vários são os pontos enumerados pelo fiscal que levaram à sua conclusão de utilização de interpostas pessoas, para tanto, vejamos, em síntese, os principais, com as respectiva indicação no REFISC, abaixo: a) As 03 (três) empresas, embora constassem números diferentes no cadastro da Receita Federal, possuíam o mesmo endereço, composto por 02 (dois) barracões interligados, construídos no mesmo terreno, com trânsito livre entre eles (Item 6.1.); b) A ESTIVAL não possuía à época, nenhum empregado registrado em seu nome, todos estavam registrados em nome da PS Barbosa ou da DM de Souza, apesar de os empregados laborarem todos juntos, numa linha de 2 Idem, ibidem. Pág. 65. 3 HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e elisão: rotas nacionais e internacionais – São Paulo: Saraiva, 1997. Pág. 138. Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 14 produção contínua, sem condições de diferenciar visualmente qual empregado pertencia a uma ou outra empresa (Item 6.2 e 6.3.); c) Todos os funcionários usavam uniformes com a estampa da ESTIVAL (item 6.4.) d) Toda documentação contábil e financeira das três empresas envolvidas estava localiza no mesmo local físico (item 6.6.); e) A auditoria se dirigiu até o endereço residencial da sócia administradora da empresa PS BARBOSA à fim de cientificála do procedimento fiscal, tendo sido localizada e declarado espontaneamente que a empresa OS BARBOSA foi constituída em 1999 a pedido de seu companheiro, senhor Marcelo Kanaiama (sócio administrador da ESTIVAL), com o qual mantém união estável há 12 anos e que não atua na administração da empresa, que é dona de casa e cuida dos dois filhos do casal (item 7.2.); f) O valor da receita bruta da PS BARBOSA era insuficiente para pagar sequer as despesas de salários por ela declaradas em GFIP (item 8.1.); g) Embora o faturamento da PS BARBOSA não fosse suficiente para cobrir todas as despesas da empresa, eram elas, juntamente com os encargos sociais e os impostos, pagos pela ESTIVAL e por ela contabilizados na conta 1.01.03.06.000268 Adiantamento a Fornecedor – PS BARBOSA (item 8.2.); h) A PS BARBOSA prestava serviços exclusivamente para a Estival (item 8.3.); i) A DM DE SOUZA PESPONTO foi criada em 04/05/2005, foi criado pela senhora Delcy Maria de Souza, exesposa do senhor Marcelo Kanaiama Lemos (sócio administrador da ESTIVAL), e contratou naquele mês 51 (cinqüenta e um) empregados, sendo 40 (quarenta) ex funcionários da OS BARBOSA, que tiveram seus contratos ‘rescindidos’ e imediatamente registrados como empregados da DM DE SOUZA, que, também prestava serviços exclusivamente para a ESTIVAL (item 9.1. e 9.2.); j) A DM DE SOUZA teria sido criada para dividir com a PS Barbosa as despesas oriundas da contratação de funcionários, à fim de não ultrapassar o limite máximo anual estabelecido à época pela legislação (item 9.3.); k) Os aluguéis das empresas PS Barbosa e DM de Souza foram sempre feitos pela ESTIVAL e contabilizados em Livro Diário – Adiantamento a Fornecedor – Aluguel PS Barbosa e DM de Souza (item 10.9.); l) As despesas de energia, água e telefone sempre foram e continuam sendo pagas pela Estival, devidamente contabilizadas em Livro Diário (Item 11.1); m) O contrato de prestação de serviços entre a estival e a PS Barbosa traz uma série de cláusulas questionáveis, dentre elas a de que o contrato terá vig6encia com prazo indeterminado (item 12.1.1.); Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 9 15 n) Em reclamatórias trabalhistas a ESTIVAL assumia as obrigações trabalhistas das empresas prestadoras de serviços perante a Justiça (item 12.1.3.); o) O maquinário da ESTIVAL era utilizado pela PS BARBOSA, a partir da elaboração extemporânea de um contrato de cessão de máquinas e equipamento em regime de Comodato, sem ter sido registrado na contabilidade da ESTIVAL (item 13.1); p) O controle de todo o pessoal, sejam eles empregados registrados na PS BARBOSA ou na DM de SOUZA era realizado por um único departamento de recursos humanos que estava localizado no endereço das empresas, da mesma forma o controle da produção também era feito pela ESTIVAL (item 14.3. e 14.4.); q) A ESTIVAL fornecia lanches aos empregados registrados na PS BARBOSA e DM DE SOUZA, bem como realizava a compra de equipamentos de segurança e proteção à saúde e uniformes (14.6. e 14.7.); r) A Estival manteve Convênio Odontológico com o dentista Dr. César Augusto Goulart Xavier para prestação de serviços aos empregados da DM e PS, que eram descontados em folha (item 14.9.); s) Para efetuar pagamentos as duas empresas recebiam da ESTIVAL, por meio de transferência eletrônica, valores que são creditados em suas contas correntes em montante igual ao da folha de salários, acrescidos apenas de um pequeno valor para cobrir as despesas de movimentação bancária cobradas (Item 16.5.) A partir da análise dos 19 itens colacionados acima, é de concluirse que se está diante da utilização de interpostas pessoas optantes pelo simples, à fim de a empresa evadirse do pagamento das contribuições previdenciárias (parte patronal). A utilização dessa manobra não é particularidade do presente caso, já foi julgado por esta turma, da mesma forma, nos autos do processo 11065.003161/201005, na sessão de 17 de outubro de 2012, que resultou na prolatação do acórdão 2403001.686, que restou assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2006 a 28/02/2010 SIMULAÇÃO. FORMA DE EVADIRSE DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. A simulação não é aceita como forma de planejamento tributário com vistas a reduzir a carga tributária da empresa. Manobra considerada ilegal. MULTA. Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 16 Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. Não há cerceamento de defesa para o indeferimento de requerimentos genéricos de produção de prova. Recurso Voluntário Provido em Parte A prática dessa manobra é recorrente, tendo gerado, inclusive, estudo doutrinário exclusivo ao tema, de autoria da Conselheira Ana Maria Bandeira, no Livro Contribuições Previdenciárias à luz da jurisprudência do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, São Paulo: MP Editora, 2012, p. 158/159, de coordenação do Conselheiro Elias Sampaio Freire e deste conselheiro redator deste voto, in verbis: “Quanto à utilização de interpostas pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES para concentrar a mão de obra necessária ao processo produtivo das empresas originárias, o lançamento da contribuição patronal se dá em face da conduta simulada que se verifica. (...) Escudada no princípio da verdade material e pelo poderdever de buscar o ato efetivamente praticado pelas partes, a Administração, ao verificar a ocorrência de simulação, pode superar o negócio jurídico simulado para aplicar a lei tributária aos verdadeiros participantes do negócio, pois, de acordo com o art. 118, inciso I do CTN, a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.” Por esses motivos, concluise que de fato houve simulação por parte da Recorrente, razão pela qual deve o lançamento ser mantido. Como restou comprovada a simulação, as matérias preliminares restaram prejudicadas. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ATÉ A COMPETÊNCIA DE 11/2008 Verificase que a autoridade fiscal realizou um comparativo entre multas tendo em vista o advento da MP 449/08 e da Lei 11.941/09, até a competência de novembro de 2008, tendo aplicado apenas a multa de mora, no entanto, erroneamente, no patamar de 24%, merecendo assim, reforma, conforme os motivos abaixo. A MP nº 449, convertida na Lei nº 11.941/09, que deu nova redação aos arts. 32 e 35 e incluiu os arts. 32A e 35A na Lei nº 8.212/91, trouxe mudanças em relação à multa aplicada no caso de contribuição previdenciária. Assim dispunha o art. 35 da Lei nº 8.212/91 antes da MP nº 449, in verbis: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 10 17 relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (sem destaques no original) Verificase, portanto, que antes da MP nº 449 não havia multa de ofício. Havia apenas multa de mora em duas modalidades: a uma decorrente do pagamento em atraso, desde que de forma espontânea a duas decorrente da notificação fiscal de lançamento, conforme previsto nos incisos I e II, respectivamente, do art. 35 da Lei nº 8.212/91, então vigente. Nesse sentido dispõe a hodierna doutrina (Contribuições Previdenciárias à luz da jurisprudência do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais / Elias Sampaio Freire, Marcelo Magalhães Peixoto (coordenadores). – Julio César Vieira Gomes (autor) – São Paulo: MP Ed., 2012. Pág. 94), in verbis: “De fato, a multa inserida como acréscimo legal nos lançamentos tinha natureza moratória – era punido o atraso no pagamento das contribuições previdenciárias, independentemente de a cobrança ser decorrente do procedimento de ofício. Mesmo que o contribuinte não tivesse realizado qualquer pagamento espontâneo, sendo, portanto, necessária a constituição do crédito tributário por meio do lançamento, ainda assim a multa era de mora. (...) Não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento – a mora.” (com destaque no original) Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 18 Com o advento da MP nº 449, que passou a vigorar a partir 04/12/2008, data da sua publicação, e posteriormente convertida na Lei nº 11.941/09, foi dada nova redação ao art. 35 e incluído o art. 35A na Lei nº 8.212/91, in verbis: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (sem destaques no original) Nesse momento surgiu a multa de ofício em relação à contribuição previdenciária, até então inexistente, conforme destacado alhures. Logo, tendo em vista que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 144 do CTN, temse que, em relação aos fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, data da MP nº 449, aplicase apenas a multa de mora. Já em relação aos fatos geradores ocorridos após 12/2008, aplicase apenas a multa de ofício. Contudo, no que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna. Impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – DEBCAD 37.343.7315 Com relação a este DEBCAD, foi apurado o montante de R$ 167.742,30 (cento e sessenta e sete mil setecentos e quarenta e dois reais e trinta centavos), tomando como cálculo o total de segurados cadastrados em cada mês, com o teto de R$ 15.244,30 para cada competência. Entretanto, no que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da MP nº 449/08, convertida na Lei n° 11.941/09. Ela inseriu o art. 32A na Lei n° 8.212/91 e alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas ao inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212/91, in verbis: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 11 19 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Logo, quando houver descumprimento da Obrigação Acessória prevista no art. 32, IV da Lei nº 8.212/91, aplicase a multa prevista acima. Ocorre que ela deverá ser aplicada da seguinte forma: 1. Somase o total das informações incorretas ou omitidas; 2. Dividese o total em grupos de 10. Para cada grupo de 10 informações incorretas ou omitidas será aplicada a multa de R$ 20,00 (art. 32A, I); 3. Além dessa multa, aplicase a multa de 2% ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (art. 32A, II); Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 20 4. A multa mínima a ser aplicada será de R$ 500,00, para o caso da multa prevista no inciso I e R$ 500,00 para a multa prevista no inciso II, ambos do art. 32A da Lei nº 8.212/91 (art. 32A, § 3º, II). Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte, conforme o art. 106, II, “c”, do CTN, a norma anterior, ou a norma atual, nos termos do art. 32A, Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, nos moldes transcritos acima. DA MULTA DE OFÍCIO MAJORADA APLICADA EM 12/2008 Para a competência de dezembro de 2008, enquanto já vigia os dispositivos advindos da MP 449/08, posteriormente transformada na Lei 11.941/09, foi aplicada multa de ofício, para tanto, vejase trecho do Relatório Fiscal: 21. DA MULTA QUALIFICADA No Relatório DD Demonstrativo do Débito, consta o valor dos acréscimos legais, Multa e Juros de Mora, aplicandose a Multa de 150% (cento e cinquenta por cento), a partir de 12/2008, conforme art. 44, inciso I, parágrafo primeiro, da Lei 9.430/96, com redação dada pela Lei 11.488/2007: (...) De tudo o que foi exposto, o fiscalizado utilizouse de interpostas pessoas para contratar empregados e reduzir montante das contribuições previdenciárias a pagar no período de 2008 a 2009, ou seja, nos dois anos consecutivos em que foi fiscalizado, com o propósito exclusivo de usufruir vantagem traduzida pela dedução do montante do Imposto devido, caracterizando evidente intuito de fraude e justificando a aplicação da multa qualificada. A conduto sistemática destes atos demonstra a presença do DOLO, o que justifica a aplicação da multa qualificada de 150%. A ESTIVAL agiu em conluio com as titulares interpostas pessoas D.M. de Souza Pesponto de Calçados EPP e P.S. Barbosa Pesponto EPP. (...) Assim, necessário se faz trazer à colação os textos normativos que embasaram a majoração da alíquota da punição: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13855.723412/201173 Acórdão n.º 2403002.858 S2C4T3 Fl. 12 21 a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Abaixo seguem os artigos da Lei 4.502/64: Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Por todo o cenário percorrido e demonstrado exaustivamente no Relatório Fiscal, carreado pelas provas dos autos, entendo que estão presentes os pressupostos da Fraude e do dolo, além do conluio, uma vez que está evidente o intuito de prática dolosa para omitir os fatos geradores das contribuições. Nesse mesmo sentido é a jurisprudência deste Conselho: (...) MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos e não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. Fl. 1177DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 22 A qualificação da multa para o percentual de 150% depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não houve dolo por parte do contribuinte, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (...) (CARF. Primeira Seção. Processo 16561.000222/200872. Sessão de 21/10/2011. Relator(a) Antonio José Praga de Souza, Acórdão 1402000.802) **************************************************** (...) MULTA DE OFÍCO QUAIFICADA A multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, é aplicável nos casos em que fique caracterizado o evidente intuito de fraude, conforme definido pelos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. A simples realização de contrato entre a empresa, da qual o contribuinte era sócio, e terceiro para a prestação de serviços de natureza pessoal, pelo sócio, ainda que com o propósito de se beneficiar de tributação mais favorecida, não caracteriza o evidente intuito de fraude. (...) (Primeiro Conselho de Contribuintes. Processo 10680.013122/200610. Sessão de 05/03/2008. Relator Pedro Paulo Pereira Barbosa. Acórdão 10423042) Portanto, correta a qualificação da multa de 75% para 150%. CONCLUSÃO Do exposto, conheço do recurso para, no mérito, dar parcial provimento, para determinar o recálculo das multas aplicadas: a por descumprimento de obrigação principal, nos termos do art. 35 caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), até a competência de 11/2008, bem como o recálculo da multa do DEBCAD 37.343.7315, conforme o art. 32A da Lei 8.212/91, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte e, ao final, determinar a apropriação dos valores pagos a título de contribuição previdenciária patronal nas guias do Simples Nacional. Marcelo Magalhães Peixoto. Fl. 1178DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/12/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 31/12 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10980.010762/2004-13
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Jan 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
EXCLUSÃO DO SIMPLES. SERVIÇO DE CALDEIRARIA. ATIVIDADE DE MONTAGEM, - MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE EQUIPAMENTOS MECÂNICOS. SÚMULA 57 CARF.
A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal.
Numero da decisão: 1803-001.621
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso com fulcro na Sumula CARF nº 57, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva - Presidente
(assinado digitalmente)
Victor Humberto da Silva Maizman - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à época do julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Roberto Armond Ferreira da Silva (Suplente Convocado).
Nome do relator: VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 EXCLUSÃO DO SIMPLES. SERVIÇO DE CALDEIRARIA. ATIVIDADE DE MONTAGEM, - MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE EQUIPAMENTOS MECÂNICOS. SÚMULA 57 CARF. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 EXCLUSÃO DO SIMPLES. SERVIÇO DE CALDEIRARIA. ATIVIDADE DE MONTAGEM, MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE EQUIPAMENTOS MECÂNICOS. SÚMULA 57 CARF. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso com fulcro na Sumula CARF nº 57, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Victor Humberto da Silva Maizman Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 07 62 /2 00 4- 13 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por CARMEN FE RREIRA SARAIVA Processo nº 10980.010762/200413 Acórdão n.º 1803001.621 S1TE03 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente à época do julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Roberto Armond Ferreira da Silva (Suplente Convocado). Relatório Trata o processo de manifestação de inconformidade pela exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, por motivo de exercício de atividade vedada. O Ato Declaratório Executivo de Exclusão do Simples DRF/Curitiba n° 233, emitido em 23/07/2008, à fl. 23, excluiu o contribuinte do regime do Simples, com efeitos a partir de 01/04/2002, por incorrer na vedação prevista no art. 9°, V, XIII, e §4° da Lei n° 9.317, de 1996. Inconformada com o lançamento fiscal a empresa Recorrente apresentou impugnação sustentando em síntese de que a atividade por ela exercida não carece de capacidade técnica de conhecimentos avançados do engenheiro e profissão regulamentada de engenharia; e que as atividades restringemse a prestação dos serviços de reparação e manutenção com emprego de soldas, mormente os compreendidos no contrato firmado entre a contribuinte e os tomadores de serviços. Também sustenta que os efeitos da exclusão do Simples começa a surtir efeitos a partir do mês subseqüente àquele em que se proceder à exclusão (ar. 15, inciso II) e não a partir da data do fato que a resultou. Em sede de cognição ampla, os argumentos da impugnante foram rechaçados, mantendose incólume o lançamento em questão. Inconformada com a decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente Recurso Voluntário reiterando os argumentos defendidos na oportunidade da impugnação. É o simples relatório. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por CARMEN FE RREIRA SARAIVA Processo nº 10980.010762/200413 Acórdão n.º 1803001.621 S1TE03 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Victor Humberto da Silva Maizman Relator Preliminarmente admito o inconformismo da contribuinte mormente em virtude de seu cabimento e tempestividade. A questão já foi sedimentada pela Súmula 57 do CARF, verbis: “A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal.” Em virtude do exposto, conheço do inconformismo e doulhe provimento. É como voto. (assinatura digital) Victor Humberto da Silva Maizman Fl. 88DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente e m 06/11/2014 por VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por CARMEN FE RREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 10855.907023/2012-91
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/12/2008
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS.
O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação.
Numero da decisão: 1802-002.450
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/12/2008 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação.
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 70 23 /2 01 2- 91 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente. Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: “Tratase de Pedido de Restituição das contribuições sociais retidos na fonte por ocasião de pagamento de serviços de terceiros. Na fundamentação do Despacho Decisório que indeferiu o Pedido, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição (...) Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: o crédito, cuja restituição se pretende decorrente de retenção indevida praticada pela Impugnante referente a serviço prestado por pessoa jurídica optante do SIMPLES Nacional, nos termos em que instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. ... Consoante relatado e conforme comprovam os respectivos documentos fiscais, a Impugnante contratou a prestação de serviços da pessoa jurídica de direito privado ‘Guarapuã Florestal Ltda – EPP’ (...). Com base nas disposições do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 e da Lei nº 10.833/2003, a Impugnante é obrigada a reter os valores concernentes ao imposto de renda e às contribuições sociais CSLL, PIS e COFINS Fl. 97DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 4 3 incidentes sobre as operações e repassálos (...) na condição de substituta tributária. Todavia, a Impugnante constatou posteriormente que a pessoa jurídica substituída fornecedora dos serviços contratados à época dos fatos geradores ora considerados, era optante do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, situação em que permaneceu no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, como bem comprovam os documentos inclusos. ... Por esta peculiar sistemática, o adimplemento dos mencionados tributos dáse de modo unificado, por meio de uma alíquota única, ao encargo da pessoa jurídica optante do SIMPLES, o que indelevelmente a desonera as empresas porventura obrigadas às retenções de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, como a Impugnante, a assim procederem. ... Nesta esteira, a retenção praticada pela Impugnante não teve sentido algum e o montante recolhido por ela por ocasião da operação retratada notadamente constitui indébito, cuja restituição se justifica (...).” A DRJ de Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, consubstanciando sua decisão na seguinte ementa: “ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/12/2008 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. Ainda que indevida a retenção de tributos devidos por prestadora de serviços optante pelo Simples, a restituição de valores depende da demonstração da assunção do ônus tributário por parte da tomadora dos serviços que efetuou as retenções por ocasião do pagamento das respectivas notas fiscais, sem o que esta última não preenche os requisitos para que lhe sejam restituídos os valores eventual e indevidamente recolhidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Dessa decisão da qual tomou ciência em 29/10/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 27/11/2013. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 5 4 No Recurso faz arrazoado sobre os motivos pelo qual o acórdão exarado pela DRJ não deve prosperar, reiterando em seguida as alegações feitas por ocasião da sua manifestação de inconformidade e, no fim, pugnando pelo provimento do seu Recurso Voluntário, eis que tem autorização expressa da empresa para a qual o encargo foi transferido para pleitear a devolução do indébito. Este é o Relatório. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, pelo que dele tomo conhecimento. A análise feita sobre o pedido apresentado pela contribuinte se deu no âmbito do processamento eletrônico de declarações, meio legítimo e eficiente de verificação dos pleitos formalizados pelos sujeitos passivos, também de forma eletrônica, em busca dos créditos que entendem possuir contra a Fazenda Pública. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o despacho decisório, ainda na fase de auditoria fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na sequ ência, na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Desse modo, para a homologação desse crédito a Administração Fazendária solicitou que o contribuinte juntasse ao seu pedido a documentação contábil que deu suporte ao preenchimento ao pedido de restituição. A Recorrente por ocasião de sua Manifestação de Inconformidade juntou: a) consulta feita na internet em que consta a informação de que a empresa Guarapuã Florestal Ltda – ME estaria compreendida no Simples no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, o que abarca os pagamentos tidos por indevidos. b) notas fiscais emitidas pela prestadora de serviços nas quais estão destacadas as parcelas referentes aos tributos que teriam sido indevidamente retidos. Os valores segundo análise da DRJ são compatíveis com o montante do crédito inscrito no Pedido de Restituição. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 7 6 c) documento endereçado à contribuinte, no qual consta a seguinte solicitação: “GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, cadastrada no CNPJ sob o nº 10.296.543/000151, estabelecida à Rua Ruy Barbosa, nº 685 – Centro, município de Buri/SP, vem solicitar através desta a restituição de imposto descontado indevidamente em notas fiscais devido empresa ser optante do SIMPLES NACIONAL, conf. Demonstrativo abaixo” Com isso a Recorrente requer a restituição de apenas uma parcela do valor recolhido por meio do DARF inscrito no Pedido, razão pela qual não foi possível a verificação, a partir dos valores, da exata composição do DARF de forma a aferir se o valor recolhido corresponde efetivamente ao tido por indevido. Uma demonstração da composição do DARF seria indispensável para a efetiva comprovação da inclusão dos valores eventualmente indevidos nos recolhimentos efetuados. Seria caso de baixar esse processo em diligência, caso a Recorrente não viesse reiteradamente se evadindo em demonstrar que de fato assumiu o ônus do tributo retido da prestadora de serviço indevidamente. Pelo contrário, deu todos os indícios, inclusive com a declaração da empresa Guarapuã Florestal Ltda – EPP, que não assumiu o ônus, mas que apenas se prendeu a parte final do CTN, artigo 166, onde mediante autorização de quem sofreu o ônus do tributo, haveria a possibilidade de efetuar o pedido de restituição em nome próprio. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Nesse sentido a Lei nº 9.430/96, art, 74, § 12, II, “a” veda expressamente a trasferência de créditos tributários para terceiros. A esse respeito já há jurisprudência consolidada, senão vejamos: "TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS A TERCEIROS – LEI 9.430/96 – IN SRF 21/97 E 41/2000 – LEGALIDADE. A Lei 9.430/96 permitiu que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. O art. 15 da IN 21/97, permitiu a transferência de créditos do contribuinte que excedessem o total de seus débitos, o que foi posteriormente proibido com o advento da IN 41/2000 (exceto se se tratasse de débito consolidado no âmbito do REFIS) e passou a constar expressamente do art. 74, § 12, II, "a" da Lei 9.430/96. Dentro do poder discricionário que lhe foi outorgado, a Secretaria da Receita Federal poderia alterar os critérios da compensação, sem que isso importe em ofensa à Lei Fl. 101DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 8 7 9.430/96. (REsp 677874/PR Ministra ELIANA CALMON DJ 24.04.2006)". A autorização de restituição a quem não teve o ônus seria o mesmo que a Administração Fazendária anuir com o enriquecimento ilícito ou sem causa, também denominado enriquecimento indevido, ou locupletamento, pois configuraria aumento patrimonial sem causa jurídica, ou o que se perderia sem causa legítima. Isso porque em momento algum está estabelecido que o produto da restituição será repassado a quem teve o ônus. Nesse sentido prescreve o Código Civil: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituíla, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.” Isso porque a despesa já incorrida foi integralmente registrada em conta de resultado atribuida ao fornecedor, sendo sua contrapartida registrada em conta de passivo, uma parte devida ao fornecedor e o restante em tributos retidos de terceiro. A recuperação do crédito tributário daria ensejo ao registro em conta redutora de passivo com a contrapartida em caixa / bancos. Essa prática daria ensejo a obteção de uma receita decorrente da cessão de créditos tributários, essa vedada pela legislação ora em vigor, sem qualquer tributação. No presente caso, havendo crédito tributário a ser restituído, caberia somente a empresa GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, contribuinte do tributo para solicitar a restituição. Sendo assim, resta claro que a parte final do caput do art. 166 do CTN deve ser interpretado de acordo com o restante do sistema jurídico que rege a matéria, em especial os citados anteriormente. Por oportuno cabe salientar ainda que se trata apenas de “Pedido de Restituição”, pois em caso de “Pedido de Compensação” a Recorrente estaria sujeita à multa correspondente a compensação não declarada, nos termos do diploma legal supra citado. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, mantendo a decisão da delegacia de origem. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 102DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 9 8 Declaração de Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa. Faço a presente declaração de voto para demonstrar os fundamentos que me levam a acompanhar o relator no não provimento do recurso voluntário. O art. 166 do Código Tributário Nacional – CTN, trazido à baila para o exame das questões suscitadas, guarda relação com a antiga classificação dos contribuintes em “contribuinte de direito” e “contribuinte de fato”. O chamado “contribuinte de fato”, na lógica dos tributos indiretos (p/ ex., IPI e ICMS), desimportante para o direito tributário num primeiro momento, adquire relevância nos casos de restituição de indébito, eis que de acordo com o referido artigo: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. O problema é que essa lógica não se aplica aos tributos retidos na fonte. Ocorrida a retenção de tributo e presente o respectivo beneficiário do pagamento que ensejou essa retenção, tal situação refoge ao campo do art. 166 do CTN. A fonte pagadora é encarregada de cumprir um dever administrativo (de reter e recolher o tributo), na condição de mero responsável, mas não ocupa a posição do chamado “contribuinte de direito” (que se perfaz na pessoa do fabricante, no caso do IPI, e do comerciante, no caso do ICMS). Tratandose de retenção na fonte, a condição de contribuinte, desde o início, cabe ao beneficiário do pagamento/rendimento, ou seja, àquele que sofreu a retenção do tributo, e é somente ele quem poderá reivindicar a repetição do tributo retido e que se configurou como indébito tributário. Nesse caso, a fonte pagadora não possui legitimidade para figurar no pólo ativo da repetição de indébito. Não se aplica aqui a autorização mencionada no art. 166 do CTN, eis que a situação seria de apropriação/aproveitamento de crédito de terceiro, o que não é admitido pela legislação (Lei nº 9430, art. 74), e a referida autorização não poderia servir a esse fim – transferência de direito creditório de um contribuinte para outro. Por essas razões, acompanho o relator e também nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 103DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907023/201291 Acórdão n.º 1802002.450 S1TE02 Fl. 10 9 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA
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Numero do processo: 10735.903076/2010-38
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
IPI. DIREITO DE CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA PRIMA ISENTA. ZONA FRANCA DE MANAUS. IMPOSSIBILIDADE.
O Supremo Tribunal Federal já entendeu, no passado, pelo direito de crédito de IPI nas aquisições de matérias-primas isentas (RE 212.484), o que chegou a ser estendido às aquisições sujeitas à alíquota zero (RE 350.446), mas este entendimento foi posteriormente alterado, passando a mesma Corte a entender que não há direito de crédito em relação às aquisições não tributadas e sujeitas à alíquota zero (RE 370.682), depois estendendo o mesmo entendimento em relação às aquisições isentas (RE 566.819), de maneira que a jurisprudência atual é no sentido de que nenhuma das aquisições desoneradas dão direito ao crédito do imposto.
Nada obstante o Supremo Tribunal Federal tenha reconhecido existir a Repercussão Geral especificamente em relação à aquisição de produtos isentos da Zona Franca de Manaus - ZFM (Tema 322; RE 592.891), isto não equivale ao reconhecimento do direito de crédito, além de que, não pode este Tribunal Administrativo analisar a constitucionalidade das leis (Súmula CARF nº 1).
Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. Precedente administrativo (Acórdão 3403-003.050, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, j. 22/07/2014).
Recurso negado.
Numero da decisão: 3403-003.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Ivan Allegretti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: IVAN ALLEGRETTI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 IPI. DIREITO DE CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA PRIMA ISENTA. ZONA FRANCA DE MANAUS. IMPOSSIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal já entendeu, no passado, pelo direito de crédito de IPI nas aquisições de matérias-primas isentas (RE 212.484), o que chegou a ser estendido às aquisições sujeitas à alíquota zero (RE 350.446), mas este entendimento foi posteriormente alterado, passando a mesma Corte a entender que não há direito de crédito em relação às aquisições não tributadas e sujeitas à alíquota zero (RE 370.682), depois estendendo o mesmo entendimento em relação às aquisições isentas (RE 566.819), de maneira que a jurisprudência atual é no sentido de que nenhuma das aquisições desoneradas dão direito ao crédito do imposto. Nada obstante o Supremo Tribunal Federal tenha reconhecido existir a Repercussão Geral especificamente em relação à aquisição de produtos isentos da Zona Franca de Manaus - ZFM (Tema 322; RE 592.891), isto não equivale ao reconhecimento do direito de crédito, além de que, não pode este Tribunal Administrativo analisar a constitucionalidade das leis (Súmula CARF nº 1). Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. Precedente administrativo (Acórdão 3403-003.050, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, j. 22/07/2014). Recurso negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA PRIMA ISENTA. ZONA FRANCA DE MANAUS. IMPOSSIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal já entendeu, no passado, pelo direito de crédito de IPI nas aquisições de matériasprimas isentas (RE 212.484), o que chegou a ser estendido às aquisições sujeitas à alíquota zero (RE 350.446), mas este entendimento foi posteriormente alterado, passando a mesma Corte a entender que não há direito de crédito em relação às aquisições não tributadas e sujeitas à alíquota zero (RE 370.682), depois estendendo o mesmo entendimento em relação às aquisições isentas (RE 566.819), de maneira que a jurisprudência atual é no sentido de que nenhuma das aquisições desoneradas dão direito ao crédito do imposto. Nada obstante o Supremo Tribunal Federal tenha reconhecido existir a Repercussão Geral especificamente em relação à aquisição de produtos isentos da Zona Franca de Manaus ZFM (Tema 322; RE 592.891), isto não equivale ao reconhecimento do direito de crédito, além de que, não pode este Tribunal Administrativo analisar a constitucionalidade das leis (Súmula CARF nº 1). Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. Precedente administrativo (Acórdão 3403003.050, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, j. 22/07/2014). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 90 30 76 /2 01 0- 38 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório Tratase de Pedidos de Ressarcimento combinados com Declarações de Compensação que indicam como crédito valores de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) apurado no 3º trimestre de 2007. A análise do direito pleiteado pelo contribuinte foi feita pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Uberlândia/MG (DRF) por meio de Informação Fiscal (fls. 93/104), na qual se esclarece o seguinte: “Após analise dos elementos apresentados em resposta ao Termo acima, verificamos que as Notas Fiscais relacionadas na apuração do crédito, ora em análise, referemse a aquisições de insumos isentos do IPI. Diante deste fato, por meio do Termo de Intimação nQ 001, de 26/01/2011, a interessada foi intimada a informar a esta fiscalização qual a base legal que fundamenta o presente pedido de ressarcimento. Nos termos informados pela interessada, em resposta a esse termo, o embasamento legal desse pedido é: “A empresa adquire produtos originários da Zona Franca de Manaus, classificação 3923.30.00 tributados na TIPI à alíquota de 15% (quinze por cento), mas que em face do disposto no artigo 69, inciso II, do RIPI/2002, são isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados. Por esse motivo, com base no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999; nos artigos 164, 165 e 167, do Regulamento do IPI aprovado pelo Decreto n° 4.544/2002 (RIPI) e não cumulatividade do IPI prevista no art. 153, IV, § 3o, II da Constituição Federal de 1988; e alicerçada na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal conforme decisão originada do RE212.484/RS, DJ de 27/11/98, no período de abril a dezembro de 2007 creditouse do imposto calculado à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o valor das compras efetuadas. Por outro lado, a empresa se beneficia da modalidade de Suspensão do IPI nas saídas dos produtos industrializados (garrafas de plástico) destinados a estabelecimento que se dedique à elaboração de produtos classificados nos capítulos da TIPI identificados no artigo 29 da Lei n° 10.637/2002 Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10735.903076/201038 Acórdão n.º 3403003.241 S3C4T3 Fl. 164 3 (com a redação dada pela Lei n° 10.684/2003), e por conta disso gerando os saldos credores registrados em seu Livro de Registro de Apuração do IPI. Ademais, os pedidos de ressarcimento atendem o disposto nos artigos 73 e 74 da Lei n° 9.430, de 1996, e legislação complementar' Dessa forma, fica explicado do porquê a empresa, embora tenha adquirido os insumos isentos do IPI (conforme se verifica na amostra de Notas Fiscais, apensadas ao final desta informação) e, portanto, sem destaque desse imposto, ter informado no PER, em c mp. ,roprio, "valor de IPI destacado", montante equivalente a 15% do valor da Nota Fiscal. (...) Dos dispositivos legais acima transcritos, é forçoso concluir que se o interessado não tiver pago o imposto na aquisição do insumo, vale dizer, arcado com o ônus do tributo, não há possibilidade de efetuar o crédito desse valor na sua escrita fiscal. Cabe, ainda, ressaltar que a Constituição proíbe expressamente a concessão de crédito presumido ou ficto, sem lei que autorize, conforme dispõe o § 6o do art. 150 da Carta Magna, e não existe lei que ampare os créditos pretendidos. Conseqüentemente, restam ilegítimos os créditos do IPI sobre as aquisições de insumos que não sofreram a cobrança desse tributo. (...) Conseqüentemente, além do fato da interessada não estar amparada em lei, nem em decisão judicial em ação da qual seja parte, tampouco a jurisprudência por ela invocada, que outrora favorecia a tese alegada, se manteve ao longo do tempo. No caso da jurisprudência administrativa, pode ser mencionada, inclusive, a recente Súmula nº 18 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda, aprovada pelo Pleno, conforme Portaria n° 52, de 21 de dezembro de 2010, do Presidente do Carf, publicada no Diário Oficial da União de 23 de dezembro de 2010, página 87, transcrita a seguir: Súmula CARF na 18 A aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem tributados à alíquota zero não gera crédito de IPI." À vista disso, opinamos pela glosa integral do valor ora pleiteado. Acatando a opinião contida na Informação Fiscal, a compensação foi indeferida por meio de Despacho Decisório (fl. 36), ao fundamento de que “O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. – Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal”. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 2/35) alegando, em síntese, o seguinte 1) que o Despacho Decisório não possui as características indispensáveis às decisões que envolvem a exigência o crédito tributário, sobretudo a motivação que é fundamental pressuposto de fato e de direito para a validade do ato administrativo; 2) que por força do princípio constitucional da nãocumulatividade “todos os materiais/produtos utilizados no processo produtivo, estejam eles ligados intrínseca ou extrinsecamente à composição material do bem produzido, gerarão o direito ao crédito fiscal de IPI”, de maneira que o direito de crédito adviria de toda e qualquer operação de aquisição de mercadorias; 3) que os produtos adquiridos saíram da Zona Franca de Manaus sob ISENÇÃO, e a alíquota aplicada no cálculo dos créditos é aquela que seria devida se os produtos não fossem Isentos de IPI, e que a isenção na operação anterior não inibe o aproveitamento do crédito (presumido) para compensação com o montante devido nas operações seguintes, conforme entendimento firmado pelo STF no RE 212.484. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG (DRJ), por meio do Acórdão nº 0941.574, de 30 de outubro de 2012 (fls. 105/119), negou provimento à manifestação de inconformidade, mantendo integralmente a decisão que recusou ao contribuinte o direito de crédito, conforme o seguinte entendimento sintetizado na sua ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE, CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA Demonstrados no despacho decisório e nos anexos que o acompanham, com absoluta clareza, os fatos e motivos que ensejaram o não reconhecimento do direito creditório e a nãohomologação da DCOMP e a sua correta fundamentação legal é de se rejeitar a preliminar argüida, por lotai falta de fundamento. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO DO IPI. AQUISIÇÕES DESONERADAS DO IPI. O principio da não cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos tributados do estabelecimento contribuinte com o crédito relativo ao imposto cobrado nas operações anteriores, referentes às entradas oneradas de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem (MP, PI e ME) a serem utilizados no processo industrial do adquirente. Não tendo havido IPI cobrado nessas operações anteriores de aquisição, Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10735.903076/201038 Acórdão n.º 3403003.241 S3C4T3 Fl. 165 5 porquanto isentas, não haverá valor algum a ser creditado pelo adquirente. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO INDEFERIDO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. A permissão para a compensação de débitos tributários somente se dá com créditos líquidos e certos, conforme art. 170 do CTN. Uma vez indeferido o direito creditório indicado cabe a não homologação das compensações sob exame. O contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 125/144), no qual reitera os mesmos fundamentos de sua manifestação de inconformidade, explicando que as aquisições com isenção não podem receber o mesmo tratamento de aquisições com alíquota zero, de maneira que não se poderia transportar para o caso da isenção o entendimento aplicado para a alíquota zero, além de que, o próprio STF teria reconhecido o direito de crédito no julgamento do Recurso Extraordinário nº 212.484. além de também haver decisões neste mesmo sentido do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, bem como deste Conselho (Acórdão 20316.485, Rel. Marcelo Marcondes Meyer Kozlowski, j. 07/03/2008; Acórdão 20174.051, Rel. Cons. Luíza Helena Galante Moraes, j. 18/10/2000). Explica que “Nesse contexto, em não se admitindo o crédito pelos adquirentes sobre produtos saídos da Zona Franca de Manaus sob o regime de isenção, estará se impondo um mero sistema de diferimento do imposto, apenas projetando no tempo o recolhimento do tributo. Se assim fosse, não haveria razão para se produzir tão longe do mercado consumidor, isto é, se ao final da cadeia produtiva resultasse na mesma carga tributária de forma a anular o incentivo então almejado”, e que, “Portanto, ao isentar do imposto a saída de produto industrializado na Zona Franca de Manaus, para não se chegar à inocuidade do benefício, devese admitir o crédito do imposto então dispensado sob pena de transformar a isenção em simples diferimento, o que anularia a isenção concedida, aí sim com infração ao princípio da nãocumulatividade do IPI estatuído constitucionalmente”. É o relatório. Voto O recurso voluntário foi protocolado em 30/11/2012 (fl. 125), dentro do prazo de 30 dias contado da data da notificação do acórdão da DRJ, ocorrida em 07/11/2012 (fl. 122). Por ser tempestivo e conter fundamentos para a reforma do acórdão da DRJ, tomo conhecimento do recurso voluntário. No mérito, tratase de decidir se deve ser reconhecido ou não o direito de crédito de IPI nas operações de aquisição de matériaprima sujeitas à isenção do mesmo imposto. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 É perfeitamente compreensível a perplexidade do contribuinte, cujo recurso voluntário lança mão da citação de precedente do STF em favor de sua tese, bem como de precedentes deste Conselho no mesmo sentido. Ocorre que houve a inversão do referido entendimento do STF. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal já entendeu, no passado, pelo direito de crédito de IPI nas aquisições de matériasprimas isentas, conforme revela a ementa do julgado que o recorrente cita: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. Não ocorre ofensa à CF (art. 153, § 3º, II) quando o contribuinte do IPI creditase do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. Recurso não conhecido. (RE 212484, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 05/03/1998, DJ 27111998 PP00022 EMENT VOL0193304 PP00725 RTJ VOL0016702 PP00698) O entendimento pelo reconhecimento do direito de crédito chegou a ser aplicado também às operação de aquisição sujeitas à alíquota zero, conforme relva o seguinte julgado do STF: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. INSUMOS ISENTOS, SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. Se o contribuinte do IPI pode creditar o valor dos insumos adquiridos sob o regime de isenção, inexiste razão para deixar de reconhecerlhe o mesmo direito na aquisição de insumos favorecidos pela alíquota zero, pois nada extrema, na prática, as referidas figuras desonerativas, notadamente quando se trata de aplicar o princípio da nãocumulatividade. A isenção e a alíquota zero em um dos elos da cadeia produtiva desapareceriam quando da operação subseqüente, se não admitido o crédito. Recurso não conhecido. (RE 350446, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 06062003 PP00032 EMENT VOL 0211304 PP00680) Ocorre que este entendimento foi posteriormente alterado pelo STF, passando a mesma Corte a entender que não há direito de crédito em relação às aquisições sujeitas à alíquota zero ou não tributadas: EMENTA: Recurso extraordinário. Tributário. 2. IPI. Crédito Presumido. Insumos sujeitos à alíquota zero ou não tributados. Inexistência. 3. Os princípios da nãocumulatividade e da seletividade não ensejam direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 4. Recurso extraordinário provido. (RE 370682, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em Fl. 168DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10735.903076/201038 Acórdão n.º 3403003.241 S3C4T3 Fl. 166 7 25/06/2007, DJe165 DIVULG 18122007 PUBLIC 19122007 DJ 19122007 PP00024 EMENT VOL0230403 PP00392) Embargos de declaração em recurso extraordinário. 2. Não há direito a crédito presumido de IPI em relação a insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis. 3. Ausência de contradição, obscuridade ou omissão da decisão recorrida. 4. Tese que objetiva a concessão de efeitos infringentes para simples rediscussão da matéria. Inviabilidade. Precedentes. 5. Embargos de declaração rejeitados. (RE 370682 ED, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2010, DJe220 DIVULG 16112010 PUBLIC 17112010 EMENT VOL0243201 PP00015) Este novo entendimento, de que não assistiria direito de crédito, em relação especificamente às aquisições isentas, foi firmado pelo Plenário do STF no seguinte julgado: IPI – CRÉDITO. A regra constitucional direciona ao crédito do valor cobrado na operação anterior. IPI – CRÉDITO – INSUMO ISENTO. Em decorrência do sistema tributário constitucional, o instituto da isenção não gera, por si só, direito a crédito. IPI – CRÉDITO – DIFERENÇA – INSUMO – ALÍQUOTA. A prática de alíquota menor – para alguns, passível de ser rotulada como isenção parcial – não gera o direito a diferença de crédito, considerada a do produto final. (RE 566819, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 29/09/2010, DJe027 DIVULG 09022011 PUBLIC 10022011 EMENT VOL0246102 PP00445) Neste julgamento o STF, em sua nova composição de Ministros, concluiu expressamente (1) pela superação do entendimento anteriormente firmado, (2) que deve haver o mesmo tratamento para as aquisições isentas, não tributadas e tributadas com alíquota zero, e, por fim, (2) que não haveria direito de crédito em nenhuma destas situações. Cumpre verificar que, no julgamento dos embargos de declaração neste mesmo caso, o Ministro Marco Aurélio ressalvou a possibilidade de o STF vir a entender diferente no que se refere à situação envolvendo a Zona Franca de Manaus: IPI – CRÉDITO – INSUMO ISENTO – ABRANGÊNCIA. No julgamento deste recurso extraordinário, não se fez em jogo situação jurídica regida quer pela Lei nº 9.779/99 – artigo 11 –, quer por legislação especial acerca da Zona Franca de Manaus. Esta última matéria será apreciada pelo Plenário ante a admissão da repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 592.891/SP, outrora sob a relatoria da Ministra Ellen Gracie e hoje redistribuído à Ministra Rosa Weber. (RE 566819 ED, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe 205 DIVULG 15102013 PUBLIC 16102013) Explicou o Ministro Marco Aurélio, neste julgamento, que já no acórdão anterior tinha feito esclarecimento de que “estamos a examinar a isenção sob o critério Fl. 169DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 objetivo. Não estamos a tratar de situações peculiares, muito menos em que haja norma prevendo o creditamento, no caso de isenção”. O STF, como visto, entendeu existir Repercussão Geral especificamente quanto à questão jurídica da aquisição da Zona Franca de Manaus – ZFM, o que foi classificado como Tema 322, vinculado ao RE 592.891, o qual ainda aguarda julgamento. O acórdão que reconheceu a existência da repercussão geral tem a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. NÃOCUMULATIVIDADE. DIREITO AO CREDITAMENTO NA ENTRADA DE INSUMOS PROVENIENTES DA ZONA FRANCA DE MANAUS. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 592891 RG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em 21/10/2010, DJe226 DIVULG 24112010 PUBLIC 25112010 EMENT VOL0243802 PP00339 ) No seu relatório o acórdão narra o seguinte: O Tribunal Regional Federal da 3* Região, ao dar provimento à Apelação em Mandado de Segurança nº1999.61.00.0144900, concluiu pela possibilidade de aproveitamento dos créditos relativos ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, decorrentes da aquisição de insumos, matériaprima e material de embalagem, sob o regime de isenção, adquiridos na Zona Franca de Manaus, ante o princípio da não cumulatividade. Nesse sentido, assentou ter a isenção conferida a produtos oriundos de zonas de livre comércio a natureza de "incentivo regional assegurado diretamente no corpo da lei maior", o que viabiliza o direito ao creditamento. Proclamou ter a desoneração em tela objetivos de desenvolvimento regional e obtenção de preço final mais competitivo. Não admitir o creditamento na aquisição de insumos isentos acabaria por frustrar tais objetivos. (...) No extraordinário interposto com alegada base na alínea "a" do permissivo constitucional a União articula com a ofensa aos artigos 43, § 1°, inciso II, e § 2o, inciso III, e 153, § 3o, inciso II, da Carta Federal. Assevera não se mostrar possível o creditamento de IPI na aquisição de insumos isentos, não tributados, ou sujeitos à alíquota zero. Nesse sentido, alude ao voto proferido por Vossa Excelência no julgamento do Recurso Extraordinário n° 353.657/PR. Salienta que a previsão constitucional, no tocante a incentivos regionais, depende de lei, não podendo ser apontada do Diploma Maior, como fundamento para viabilizar o creditamento em tela. Como visto, no Recurso Extraordinário submetido à repercussão geral a possibilidade do crédito é travada em patamar constitucional, pretendendose extrair dos arts. Constitucionais que tratam dos benefícios fiscais regionais e setoriais a autorização para excepcionar a regra, a qual seria, por aplicação do princípio da nãocumulatividade, a impassibilidade do crédito nas aquisições sujeitas à isenção, alíquota zero ou nãotributadas. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10735.903076/201038 Acórdão n.º 3403003.241 S3C4T3 Fl. 167 9 Mas a premissa deste caso de Repercussão Geral apenas reforça que, por aplicação do princípio da nãocumulatividade, em si mesmo considerado, não assiste direito de crédito nas aquisições sujeitas à isenção, alíquota zero ou nãotributadas. Entendo que este Tribunal Administrativo não tem competência para, em nome do sopesamento dos referidos dispositivos da Constituição, dar prevalência à aplicação de um deles, recusando a aplicação segura que o mesmo STF já imprimiu ao princípio da não cumulatividade do IPI. Mesmo porque, como se sabe, este Tribunal Administrativo não tem competência para analisar a constitucionalidade das leis (Súmula CARF nº 1). Entendo, pois, que a conjuntura dos fatos exige a aplicação ao presente caso do entendimento firmado pelo STF no RE 566.819. É neste mesmo sentido, aliás, o entendimento desta Turma em julgamento recente (Acórdão 3403003.050, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, j. 22/07/2014). Por estas razões, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Fl. 171DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10983.722480/2011-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2008
ITR. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. CARACTERIZAÇÃO.
O Parque Estadual Serra do Tabuleiro está situado em área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas de que trata o art. 10, §1º, II, b, da Lei n.º 9.393/96.
Comprovada a localização da área de interesse ecológico, esta deve ser excluída da área tributável do imóvel.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2101-002.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
Presidente
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Eduardo de Souza Leão, Heitor de Souza Lima Júnior e Daniel Pereira Artuzo.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Eduardo de Souza Leão, Heitor de Souza Lima Júnior e Daniel Pereira Artuzo.
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ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. CARACTERIZAÇÃO. O Parque Estadual Serra do Tabuleiro está situado em área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas de que trata o art. 10, §1º, II, “b”, da Lei n.º 9.393/96. Comprovada a localização da área de interesse ecológico, esta deve ser excluída da área tributável do imóvel. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 72 24 80 /2 01 1- 61 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10983.722480/201161 Acórdão n.º 2101002.640 S2C1T1 Fl. 244 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Eduardo de Souza Leão, Heitor de Souza Lima Júnior e Daniel Pereira Artuzo. Relatório Tratase de recurso voluntário (efls. 234/239) interposto em 07 de agosto de 2013 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) (efls. 219/227), do qual o Recorrente teve ciência em 08 de julho de 2013 (efl. 231), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a notificação de lançamento de efls. 03/08, lavrada em 19 de dezembro de 2011, em virtude da falta de recolhimento do ITR no exercício de 2008, decorrente da não comprovação da área de interesse ecológico e do valor da terra nua. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 Diligência. Desnecessidade. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese o pedido. Área de Interesse Ecológico Parque Estadual. O fato de o imóvel estar localizado dentro do perímetro de parque, por si só, não possibilita a isenção de ITR. Para usufruir do benefício da redução do ITR, é necessária a apresentação, além de Laudo Técnico, do Ato Declaratório Ambiental ADA protocolizado tempestivamente no Ibama. Valor da Terra Nua VTN. O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, nos termos da legislação, é passível de modificação, somente, se na contestação forem oferecidos elementos de convicção, como solicitados na intimação para tal, embasados em Laudo Técnico, elaborado em consonância com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” (efl. 219). Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário (efls. 234/239), pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar a parte remanescente do lançamento. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10983.722480/201161 Acórdão n.º 2101002.640 S2C1T1 Fl. 245 3 É o relatório. Voto Conselheiro ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Sendo recorrente a questão no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), cumpre tecer alguns breves esclarecimentos antes de adentrar na questão especificamente debatida nestes autos. De fato, como é cediço, o imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: “Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.” À guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.º 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. 1º, como hipótese de incidência do tributo, a “propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município”. Sem adentrar especificamente na discussão a respeito da eventual ampliação do conceito de propriedade albergado pela Constituição Federal pelo disposto nos artigos citados, ao incluírem como fato gerador do ITR o domínio útil e a posse (cum animus domini), tema que não releva na análise do presente recurso, verificase que não há qualquer discussão a respeito da incidência do tributo no que toca às áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. Com efeito, muito embora em tais áreas a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental específica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isto porque, como se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5º da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5º, XIII, da CF). Nesse sentido, consoante salienta Gilmar Mendes (et. al.), possui o legislador uma relativa liberdade para conformação do direito de propriedade, devendo preservar, contudo, “o núcleo essencial do direito de propriedade, constituído pela utilidade privada e, fundamentalmente, pelo poder de disposição. A vinculação social da propriedade, que legitima a imposição de restrições, não pode ir ao ponto de colocála, única e exclusivamente, a serviço do Estado ou da comunidade.” (MENDES, Gilmar Ferreira (et. al.). Curso de Direito Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 483). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verificase que a legislação, muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da Fl. 245DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10983.722480/201161 Acórdão n.º 2101002.640 S2C1T1 Fl. 246 4 República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela legislação cível. Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre a hipótese de não incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.º 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior”. Analisandose os autos, verificase que a controvérsia reside na questão de a área do imóvel objeto da autuação ser ou não de interesse ecológico. Em sendo de interesse ecológico, preencheria os requisitos para fruição da isenção do ITR, tal qual prevista no artigo 10, §1º, inciso II, alínea “b”, acima transcrito. No tocante à legislação ambiental, importante relembrar que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios legislar sobre a proteção ao meio ambiente (preservação de florestas, conservação da natureza etc.), consoante se depreende da análise conjunta dos artigos 23 e 24 da Constituição Federal: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: ... VI proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII preservar as florestas, a fauna e a flora; ... “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: ... VI florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10983.722480/201161 Acórdão n.º 2101002.640 S2C1T1 Fl. 247 5 Com base em tal competência, o Decreto n. 1.260, de 01 de novembro de 1975, criou o Parque Nacional Serra do Tabuleiro, “visando à proteção e à preservação dos mananciais de água, da flora, da fauna, de determinados aspectos geológicos, da paisagem e dos locais apropriados ao lazer e à atração turística” (art. 1º.). No presente caso, a DRJ reconhece a importância dos parques estaduais mas exige, além de laudo técnico específico, a apresentação do ADA. Consta dos autos que 81,12% da propriedade do Recorrente está situada no Parque Nacional Serra do Tabuleiro, de que trata o Decreto n. 1.260, de 01 de novembro de 1975, 13,69% na Área de Proteção Permanente do Parque e somente 5,19% fora do parque, conforme mapas e imagens de localização da propriedade rural (efl. 98 e efls. 134/137), acompanhado de diversos outros documentos como fotos (efls. 138/141), pesquisa de mercado e estatística inferencial (efls. 167/192), todos elaborados por engenheiro civil perito judicial, nos autos da ação de desapropriação indireta proposta pelo ora Recorrente. Além disso, há declaração do órgão ambiental corroborando as informações prestadas pelo Recorrente (efl. 60). Assim, entendo que a localização do imóvel comprovada por meio de laudo técnico elaborado por perito judicial, confirmada pelo órgão ambiental competente, supriria a necessidade do ADA. De qualquer forma, há nos autos cópia do ADA protocolizado em 30 de junho de 2007 (efl. 55/56), ou seja, seis meses antes da data do fato gerador, ocorrido em 01 de janeiro de 2008. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 247DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 04/12/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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