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Numero do processo: 10660.720048/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 02/03/2009
Mercadoria classificada incorretamente na NCM/TEC.
Regra geral 2 a), VII, da NESH.
As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e as Regras Gerais Complementares (RGC) são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul/Tarifa Externa Comum (NCM/TEC/2007), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, e atualizações posteriores.
Mercadoria identificada pelo nome comercial de mouse para computador classifica-se no código NCM/TEC 8471.60.53 (indicadores ou apontadores mouse e trackball, por exemplo).
Numero da decisão: 3302-003.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza - Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 02/03/2009 Mercadoria classificada incorretamente na NCM/TEC. Regra geral 2 a), VII, da NESH. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e as Regras Gerais Complementares (RGC) são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul/Tarifa Externa Comum (NCM/TEC/2007), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, e atualizações posteriores. Mercadoria identificada pelo nome comercial de mouse para computador classificase no código NCM/TEC 8471.60.53 (indicadores ou apontadores “mouse” e “trackball”, por exemplo). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 00 48 /2 00 9- 64 Fl. 286DF CARF MF 2 Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de recurso voluntário, interposto em face de acórdão de impugnação administrativa, que julgou um auto de infração, advindo de classificação fiscal de mercadoria. Do Termo de Verificação Fiscal, fls. 16/171, extraemse trechos importantes: Em procedimento de desembaraço aduaneiro de importação, constatouse que o importador promoveu o registro da Declaração de Importação (DI) de nº 09/02539951 em 02/03/2009 (fls. 31 a 54), no recinto alfandegado do Porto Seco de Varginha/MG, parametrizada no canal vermelho, submetendo a despacho aduaneiro, dentre outras, as mercadorias relacionadas nas Adições n° 001 a 014. A Adição 013 é formada por componentes de caixas acústicas para computadores. Numa análise prévia da DI, verificouse que os diversos componentes eletrônicos foram classificados de forma isolada nas Adições 001 a 012 e 014. A fim de identificar precisamente as referidas mercadorias e promover a correta classificação tarifária, efetuamos a solicitação de Laudo de Perícia Técnica n° 36/2009 (fl. 55), nos moldes da IN SRF n° 157/1998. Por meio do Laudo Técnico n° 36/2009 (fls. 59 a 62), o perito Paulo Henrique Cruz Pereira, designado pela Portaria DRF/Varginha n° 86/08, publicada no DOU de 25/07/2008 (fl. 63), esclareceu, especialmente na resposta ao quesito 2, que os componentes declarados na DI, exceto os da Adição 013, poderiam ser utilizados para a montagem de mouses de computadores. Para precisar a quantidade de mouses, o perito emitiu dois Termos Aditivos ao Laudo n° 36/209 (fls. 64 e 65), informando a possibilidade de montagem de cinqüenta mil e quinhentos (50.500) mouses para computador com os componentes importados. Com base no laudo apresentado, consideramos que a classificação tarifária das mercadorias na DI ocorreu de forma equivocada, tendo em vista a regra geral 2a para a interpretação do Sistema Harmonizado, abaixo transcrita e aprovada no Brasil pela Resolução Camex n° 43, de 22/12/2006: REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO 2. a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. 1 Todas as páginas referenciadas no voto correspondem ao eprocesso. Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10660.720048/200964 Acórdão n.º 3302003.500 S3C3T2 Fl. 3 3 De acordo com tal regra e com base no Laudo Técnico n° 36/2009, concluímos que a classificação correta para os 50.500 mouses desmontados seria na NCM 8571.60.53, englobando, portanto, os componentes necessários para a montagem, distribuídos originalmente nas Adições 001 a 012 e 014 da DI. Devidamente notificado via Sistema Siscomex a promover as devidas retificações e recolher as diferenças de tributos e multas (fl. 66), o importador, mesmo ciente do Laudo Técnico n° 36/2009, manifestou discordância (fls. 69 a 71), motivando a lavratura do presente auto. Assim sendo, realizamos a discriminação dos componentes necessários para a montagem dos 50.500 mouses, conforme Planilha 1 (fls. 17 e 18), que demonstra também os valores no local de embarque (VLME) das mercadorias, em dólares americanos. Para possibilitar a correta distribuição dos valores, inicialmente elaboramos a Planilha 2 (fls. 19 e 20), relacionando os pesos líquidos dos componentes necessários para a montagem dos 50.500 mouses. Conforme explicitado no Laudo Técnico n° 36/2009, a mercadoria originalmente declarada na Adição 009, descrita como "Chave Push Comprido 70 80gf (S002/S003)", na quantidade de 151.500 pegas, seria toda aplicada na montagem dos 50.500 mouses (três componentes para cada mouse). Portanto, utilizamos a Adição 009 para relacionar os mouses desmontados, conforme distribuição contida na Planilha 3 (fls. 21 a 23), que contém ainda os saldos remanescentes dos outros componentes nas Adições 001 a 008, 010 a 012 e 014, além das mercadorias na integra da Adição 013 (não utilizada na montagem dos mouses). Já na Planilha 4 (fls. 24 a 26) calculamos os pesos líquidos de todas as adições e efetuamos a distribuição dos valores do frete e do seguro internacionais, respectivamente de US$ 1.806,00 e US$ 122,86. Com isso, na Planilha 5 (fls. 27 a 29) foi possível determinar os valores aduaneiros (VLMD) de cada adição, convertidos em Reais pela taxa do dólar americano estipulada no dia do registro da Dl (02/03/2009). Em face do auto de infração, a Recorrente apresentou impugnação, fls. 75/81, onde arguiu em síntese que: i) A classificação fiscal de mercadorias sempre foi um assunto, que gerou muitas dúvidas, além de requerer cuidado especial no momento de enquadrar a mercadoria em um determinado código, a partir da publicação da Medida Provisória n° 2.15835/01, o classificador teve de redobrar a atenção para evitar prejuízos financeiros; ii) A impugnante é uma grande empresa, com ramo na industrialização, comércio, importação e exportação de componentes e acessórios de informática, eletrônica e telecomunicações, sendo uma empresa altamente conhecida e conceituada no mercado em que atua, distribuindo sua produção no Brasil, além de exportar para vários outros países, com Fl. 288DF CARF MF 4 incentivo fiscal, consubstanciado em alíquota diferenciada (3%) sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados, nos produtos fabricados por ela; iii) O agente fiscalizador se encontra equivocado, pois a impugnante realiza trabalho adicional na mercadoria importada, não se enquadrando, portanto, na regra do item "2A" da Regra Geral de Interpretação do Sistema Harmonizado; iv) Aduz que a placa descrita na adição n° 003, é importada pela impugnante sem os seus componentes, os quais são inseridos pela impugnada em seu processo de produção; v) Demonstra o seu processo de produção, que é composto de duas operações distintas: 1) fabricação da placa que compõe o mouse; e, 2) fabricação do mouse propriamente dito; vi) Esclarece que a operação de produção do mouse é composta de 3 fases. E consta da inclusa operação de produção, que a primeira etapa se refere à fabricação da placa, cuja fabricação é consubstanciada em 7 etapas, vejamos: 1) inserção dos jumper's; 2) inserção do resistor e circuito integrado; 3) inserção do capacitor eletrolítico e do (led 1); 4) inserção das chaves 3 pinos (SWL) e (SWR); 5) inserção da chave 3 pinos (SWM) e enconder; 6) revisão das placas; e 7) soldagem das placas; vii) Conclui que a placa e seus demais componentes são importados separadamente, recebendo trabalhos adicionais na linha de produção da impugnante como salientado acima; viii) Por fim, que a característica de mouse acabado será adquirida somente após a fabricação da placa na primeira fase de produção do mouse. Portanto, não é crível a utilização do item "2A" das Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado. Sobreveio, então, acórdão da DRJ/Recife, fls. 121/126, cuja ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 02/03/2009 Mercadoria classificada incorretamente na NCM/TEC As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e as Regras Gerais Complementares (RGC) são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul/Tarifa Externa Comum (NCM/TEC/2007), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, e atualizações posteriores. Mercadoria identificada pelo nome comercial de Mouse para computador classificase no código NCM/TEC 8471.60.53 (Indicadores ou apontadores “mouse” e “trackball”, por exemplo). Irresignada, a interessada interpôs recurso voluntário, fls. 132/143, onde repisou os argumentos da impugnação. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10660.720048/200964 Acórdão n.º 3302003.500 S3C3T2 Fl. 4 5 Diante do impasse, sobreveio a Resolução nº 3202000.271, Relatora Tatiana Midori Migiyama, fls. 217/227, deste Egrégio Tribunal Administrativo, que assim dispôs: Intime a recorrente a apresentar quesitos para a providência de laudo de renomada instituição, preferencialmente entidade pública, ou perito credenciado junto à Receita Federal, com o intuito de se verificar constatar a correta classificação fiscal da mercadoria importada, esclarecendo se a montagem do “mouse” somente com as peças que são abrangidas pela DI não recebem qualquer trabalho adicional para complementar a sua condição de produto acabado. Tal Laudo, além dos quesitos apontados pela recorrente, deverão obrigatoriamente conter a descrição do fluxo de montagem que ocorre em Varginha/MG, com o intuito de demonstrar eventual trabalho adicional. Além disso, analisar a essencialidade na montagem da placa integrada do circuito (hard core). Cientifique a fiscalização para se manifestar sobre o resultado da diligência, se houver interesse e caso entenda ser necessário; Cientifique o contribuinte sobre o resultado da diligência, para, se assim desejar, apresentar no prazo legal de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/11; Findo o prazo acima, devolva os autos ao CARF para julgamento. Às fls. 229/230, consta notificação da unidade para a contribuinte apresentar quesitos nos termos da resolução. Às fls. 233/236, foram apresentados os quesitos e solicitou se que fossem excluídos os peritos da Unidade de Varginha/MG. Assim, sobreveio a resposta da unidade, fls. 279: (...) 4. Em sua resposta, o contribuinte frisou que não aceitaria laudo emitido por perito oficial credenciado junto à DRF/Varginha/MG, o que impossibilitou nossa atuação no sentido de providenciar o laudo pericial objeto da diligência. Assim, considerando nossa experiência em classificação fiscal de mercadorias, passamos a tecer alguns comentários. 5. Inicialmente, com relação aos questionamentos sobre a credibilidade do Laudo de Perícia Técnica nº 005/2009, transcritos na Resolução de fls. 217 a 227, passamos a demonstrar que foi procedido em estrita observância à norma vigente na época (IN SRF nº 158, de 1998). 6. Os laudos de perícia técnica solicitados no curso do despacho aduaneiro de importação têm o seguinte fluxo na DRF/Varginha/MG: • o perito é designado pela fiscalização aduaneira, seguindo o rodízio entre os peritos credenciados, previsto no art. 35 da IN Fl. 290DF CARF MF 6 SRF nº 158, de 1998 (revogada pela IN RFB nº 1.020, de 2010, cuja disposição está no art. 16); • a fiscalização elabora a solicitação do laudo e providencia a ciência ao representante legal do importador (despachante aduaneiro), que efetua o contato inicial com o perito e agenda sua presença para a verificação das mercadorias importadas; • o perito comparece na DRF/Varginha/MG e efetua a verificação física das mercadorias, com o acompanhamento do despachante aduaneiro; • finalmente, o perito elabora o laudo e apresenta em três vias para a fiscalização aduaneira, que fornece uma das vias para o despachante aduaneiro. Às fls. 283, consta a ciência por decurso de prazo, mas a contribuinte não se manifestou. Os autos retornaram, então, a este Egrégio Tribunal Administrativo. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, sendo que a contribuinte teve ciência em 02 de agosto de 2013 e o recurso protocolado em 03 de setembro de 2013. Tratase de matéria da competência deste colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. 2. Da matéria não impugnada A Recorrente em sua peça recursal não impugnou as matérias referentes às multas lançadas no auto de infração, seja a multa proporcional de 75%, seja a multa regulamentar. 3. No mérito 3.1. Da regra geral 2 a), VII, das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado A Recorrente argumenta no sentido de que o entendimento exarado pela DRJ não é o mais adequado, pois o mouse em si não está pronto, conforme se infere do acórdão, justamente porque lhe falta o hard core, ou seja, o "coração" do artigo eletrônico, que é a sua placa integrada de circuitos, cuja atividade de construção (instalação dos circuitos) é realizada integralmente na planta da empresa Recorrente em Varginha/MG. Antes de adentrarmos ao mérito da questão, se a importação é de um mouse completo ou incompleto, importante trazermos alguns esclarecimentos. MILTON DE CARMO Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10660.720048/200964 Acórdão n.º 3302003.500 S3C3T2 Fl. 5 7 DE ASSIS JÚNIOR realiza uma elucidação quanto às Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado RGI: As regras gerais de interpretação são enunciados prescritivos que estabelecem critérios objetivos na aplicação da Nomenclatura do Sistema Harmonizado. Como parte integrante do SH, devem ser interpretadas sistematicamente com as notas de seção, de capítulo e de subposição. Essas disposições foram concebidas para trazerem proposições harmônicas e complementares para a compreensão da Nomenclatura. (...) b) RGI 2a Produtos incompletos, inacabados ou desmontados (...) A Regra 2a prevê que as posições do SH contemplam produtos incompletos ou inacabados quando estes possuírem as características essenciais das mercadorias completas ou acabadas. Todavia, o dispositivo legal não pode ser interpretado literalmente para alcançar qualquer mercadoria inacabada ou incompleta, mas somente aquelas que não possuem uma posição específica. A NESH, na qualidade de norma regulamentadora, reforçou o caráter subsidiário da RGI 2a e esclareceu que "as disposições desta Regra aplicamse aos esboços de artigos, exceto no caso em que estes são expressamente especificados em determinada posição". Portanto, sob o aspecto material, a RGI 1 prevalece sobre a RGI 2. 2 Prevê o artigo 2 a), VII, da NESH: REGRA 2 a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. b) Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a esse matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesma forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente dessa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetuase conforme os princípios enunciados na regra 3. NOTA EXPLICATIVA 2 ASSIS JR, Milton Carmo. Classificação fiscal de mercadorias NCM/SH: seus reflexos no direito tributário. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 128132. Fl. 292DF CARF MF 8 REGRA 2 a) (Artigos incompletos ou inacabados) I) A primeira parte da Regra 2 a) amplia o alcance das posições que mencionam um artigo determinado, de maneira a englobar não apenas o artigo completo mas também o artigo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. II) As disposições desta Regra aplicamse aos esboços de artigos, exceto no caso em que estes são expressamente especificados em determinada posição. Consideramse “esboços” os artigos não utilizáveis no estado em que se apresentam e que tenham aproximadamente a forma ou o perfil da peça ou do objeto acabado, não podendo ser utilizados, salvo em casos excepcionais, para outros fins que não sejam os de fabricação dessa peça ou desse objeto (por exemplo, os esboços de garrafas de plástico, que são produtos intermediários de forma tubular, fechados em uma extremidade e com a outra aberta e munida de uma rosca sobre a qual irá adaptarse uma tampa roscada, devendo a parte abaixo da rosca ser transformada, posteriormente, para se obter a dimensão e forma desejadas). Os produtos semimanufaturados que ainda não apresentam a forma essencial dos artigos acabados (como é, geralmente, o caso das barras, discos, tubos, etc.) não são considerados esboços. III) Tendo em vista o alcance das posições das Seções I a VI, a presente parte da Regra não se aplica, normalmente, aos produtos dessas Seções. IV) Vários casos de aplicação desta Regra são indicados nas Considerações Gerais de Seções ou de Capítulos (Seção XVI, Capítulos 61, 62, 86, 87 e 90, por exemplo). REGRA 2 a) (Artigos apresentados desmontados ou por montar) V) A segunda parte da Regra 2 a) classifica na mesma posição do artigo montado o artigo completo ou acabado que se apresente desmontado ou por montar; apresentamse desta forma principalmente por necessidade ou por conveniência de embalagem, manipulação ou de transporte. VI) Esta Regra de classificação aplicase, também, ao artigo incompleto ou inacabado apresentado desmontado ou por montar, desde que seja considerado como completo ou acabado em virtude das disposições da primeira parte desta Regra. VII) Deve considerarse como artigo apresentado no estado desmontado ou por montar, para a aplicação da presente Regra, o artigo cujos diferentes elementos destinamse a ser montados, quer por meios de parafusos, cavilhas, porcas, etc., Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10660.720048/200964 Acórdão n.º 3302003.500 S3C3T2 Fl. 6 9 quer por rebitagem ou soldagem, por exemplo, desde que se trate de simples operações de montagem. Para este efeito, não se deve ter em conta a complexidade do método da montagem. Todavia, os diferentes elementos não podem receber qualquer trabalho adicional para complementar a sua condição de produto acabado. Os elementos por montar de um artigo, em número superior ao necessário para montagem de um artigo completo, seguem seu regime próprio. (grifos não constam no original) Em análise aos autos, retirase da fls. 57, do registro de assistência técnica fiscal, os seguintes quesitos, que foram elaborados pela fiscalização: Identificação e classificação tarifária da mercadoria 1 As mercadorias estão em conformidade com a descrição informada na DI? Caso negativo, descrever detalhadamente as mercadorias de forma a permitir sua perfeita identificação e classificação tarifária. 2 As partes e acessórios formam um produto acabado ou apresentam as características essenciais deste produto? Caso positivo, descrever e quantificar o produto acabado. 3 Caso a resposta a pergunta anterior seja positiva, identificar e quantificar, se houver, acessórios, sobressalentes e/ou peças de reposição. 4 Outras informações que julgar pertinentes. Sobreveio, então, laudo de perícia técnica, da PHP Consultoria e Assessoria Empresarial, fls. 59: Quesito 1 Sim, para todos os itens de todas as Adições, desta DI, as mercadorias estão em conformidade com a descrição informada. Quesito 2 Todos os componentes, exceto da Adição 013, podem ser utilizados para montagem de mouse de computadores, porém a quantidade exata de equipamentos que possibilitam tal montagem de produto acabado (mouse optico) não se pode afirmar, mas o mínimo seria aproximadamente 37.800 peças, limitado pelo (sic) mercadoria da Adição 007, item Optical Integrated Circuit USB 0M20 (S002/S003; USB 0M20). Os demais itens poderão ser utilizados em outros produtos para montagem, sobressalentes e/ou peças de reposição. Quesito 3 Conforme já descrito no Quesito 2, anterior. Exceto os itens da Adição 013 que não fazem parte de um mouse de computador, mas sim de caixas de som. Quesito 4 Nada a declarar. Fl. 294DF CARF MF 10 Há fotos, fls. 60/64, das mercadorias importadas. Posteriormente, sobreveio uma retificação ao quesito 2 do laudo acima citado, nos seguintes termos: Quesito 2 Todos os componentes, exceto da Adição 013, podem ser utilizados para montagem de mouse óptico de computadores, porém a quantidade máxima a ser montada com os componentes constantes desta DI será de 50.500 peças, limitado ao número de chaves microswitchs, da Adição 005 e Adição 009, que para a Adição 005, contenha 101.000 peças de Capacitor Eletrolítico de 100uF, o produto final irá utilizar 2 peças cada e para Adição 009, embora tenha uma quantidade de 151.500 peças, o produto poderá utilizar 3 chaves em um único mouse óptico e. As demais peças que irão sobrar de cada Adição poderão ser utilizadas em outros produtos para montagem, sobressalentes e/ou peças de reposição. Assim, no transcorrer dos autos, ficou cabalmente demonstrado que as mercadorias importadas eram atinentes a um mouse desmontado, devendo, portanto, prevalecer a classificação fiscal atribuída pela fiscalização. Além disso, a argumentação no sentido de que lhe falta o hard core, promovida pela Recorrente, não merece prosperar, pois conforme demonstrou a DRJ/Recife, fls. 125: De fato, a placa aqui referenciada integra, juntamente com os seus componentes o lote de equipamentos identificados pela perícia técnica como desmontados, cuja montagem final será efetuada no estabelecimento da impugnante, como ela própria asseverou. Arguiu ainda, nesse ponto, que a nota explicativa VII, do item "2A" das Normas Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado exigiria que os elementos não poderiam sofrer qualquer trabalho adicional para posteriormente ser considerado como produto acabado. Da análise das fotos, fls. 60/64, observase a importação da referida placa no conjunto do mouse desmontado. Por todo exposto, não há como afastar a aplicação, no caso em análise, da regra geral 2a de interpretação do Sistema Harmonizado, vez que os componentes eletrônicos classificados isoladamente, distribuídos originalmente nas Adições 001 a 012 e 014 da DI em causa, englobam os componentes necessários para a montagem completa de mouses para computador, exigindo logicamente sua reclassificação para o código 8471.60.53 (Mouses e Indicadores para máquinas automáticas de processamento de dados) 3.2. Da ilegalidade da perícia e da afronta ao princípio da legalidade A Recorrente argumenta no sentido de que a perícia técnica realizada sem a participação do contribuinte é uma forma temerária que a Receita Federal tem empregado ao longo dos anos, que quase nunca favorece um esclarecimento escorreito e imparcial sobre o produto cuja classificação se discute e postula. Defende que a perícia é ilegal, pois foi realizada em afronta ao princípio da legalidade e em desrespeito ao artigo 814, do Regulamento Aduaneiro, ocasionando cerceamento do direito de defesa. Fl. 295DF CARF MF Processo nº 10660.720048/200964 Acórdão n.º 3302003.500 S3C3T2 Fl. 7 11 Da análise dos autos, não se vislumbra, em qualquer momento, o cerceamento ao direito de defesa. Em primeiro lugar, porque este Egrégio Tribunal Administrativo, por meio da resolução nº 3202000.271, Relatora Tatiana Midori Migiyama, fls. 217/227, converteu o feito em diligência para a realização da perícia, que ficou prejudicada por atitude da própria contribuinte. Em segundo lugar, porque a fase de elaboração de laudo técnico consubstanciase em fase investigativa, de fato, o processo administrativo instaurase com a apresentação da impugnação administrativa, que é a fase litigiosa em si: Decreto 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Além disso, a Recorrente foi intimada a respeito do laudo para retificar a declaração de importação e, em face de tal intimação, apresentou manifestação de inconformidade, fls. 69/70. Por tal motivação, não merece prosperar a argumentação no sentido de ilegalidade da perícia, mantendose a classificação fiscal, arbitrada pela fiscalização, que foi pautada em laudo técnico. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário e voto por negar provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 296DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.910484/2012-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/09/2004 a 30/09/2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO.
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.661
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ÔNUS DA PROVA. Recorrente ARMAZÉM CORAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/09/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. As informações prestadas unicamente na DIPJ não têm o condão de provar o direito creditório que o contribuinte alega possuir. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Orlando Rutigliani Berri, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 04 84 /2 01 2- 47 Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10480.910484/201247 Acórdão n.º 3302003.661 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte informa ter efetuado recolhimento a maior que o devido. A DRF/Recife proferiu Despacho Decisório indeferindo o pleito sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP foi localizado, mas encontrase integralmente utilizado para quitação de débitos declarados do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição/compensação. Cientificada da decisão, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que houve mera falha em não retificar a DCTF, mas que devem ser reconhecidas as informações de sua DIPJ retificadora, que atesta a ocorrência de pagamento a maior. Em análise dos argumentos apresentados pela Recorrente, a DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 11049.539. O Colegiado a quo entendeu que a Contribuinte não havia comprovado o suposto pagamento a maior. Cientificada da decisão de piso, a Recorrente interpôs recurso voluntário sustentando, em síntese: (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.657, de 22 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10480.910482/201258, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.657): "I Tempestividade Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10480.910484/201247 Acórdão n.º 3302003.661 S3C3T2 Fl. 4 3 A Recorrente foi intimada da decisão de piso 25.06.2013 e protocolou Recurso Voluntário em 01.07.2013, dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de Mérito Conforme exposto anteriormente, a Recorrente alega (i) que o erro cometido pela Recorrente de não retificar as DCTFs não anula a existência dos créditos, vez que decorrem da realização de pagamento efetuados a maior; e (ii) que a existência de pagamento a maior é constatada pela simples verificação das DIPJs retificadoras, onde constam os ajustes necessários para atestar a existência do crédito pleiteado. Com todo respeito aos argumentos explicitados pela Recorrente, não concordo com suas alegações. Isto porque, a alegação de que a existência do crédito poderia ser facilmente comprovado por meio das Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIPJ) em nada socorre a Recorrente, posto que além da DIPJ não se constituir em confissão de dívida como é o caso da DCTF, não consta dos autos qualquer documento, a exemplo de livros e documentos fiscais e contábeis, que viesse evidenciar a apuração da contribuinte na sua DIPJ retificadora. Com efeito, a DIPJ contêm dados e informações declarados pelo próprio contribuinte que devem ser lastreados com a correspondente documentação fiscal que comprove os lançamentos contábeis, do contrário, o direito ao crédito não deve ser reconhecido. Ora, a simples apresentação de cópias das referidas declarações são insuficientes para comprovar a origem do pretenso crédito almejado pela Recorrente, inviabilizando a confirmação dos valores registrados nas declarações. Não bastasse isso, os argumentos apresentados pela Recorrente não fazem prova de crédito algum, sequer demonstram qual a composição e/ou origem do crédito que ela alegar possuir. Mais uma vez, repitase, que é necessário que sejam colacionados aos autos excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea que dê suporte a tais lançamentos. Logo, dúvida não há quanto a inexistência do direito creditório perseguido pela Recorrente. Diante deste cenário, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." No que diz respeito à tempestividade, o recurso apresentado neste processo também é tempestivo (ciência em 24/04/2015, apresentação do RV em 21/05/2015). E, da mesma forma que no processo paradigma, a Contribuinte também não juntou nestes autos "excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea" capaz de comprovar a legalidade e materialidade do direito creditório alegado. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10480.910484/201247 Acórdão n.º 3302003.661 S3C3T2 Fl. 5 4 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 228DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.928334/2009-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005
REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REQUISITOS.
O reajuste pelo IGP-M não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins.
Numero da decisão: 9303-004.538
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Marcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
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REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Marcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 83 34 /2 00 9- 60 Fl. 669DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 3 2 Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 670DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Trata o processo de pedido de restituição e compensação referente a créditos da contribuição para o PIS do período de apuração outubro de 2005, com débito de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A contribuinte entendeu que, após a vigência do art. 109, da Lei nº 11.196/2005, combinado com o disposto na IN SRF nº 658, de 2006, e de acordo com orientações da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, poderia tributar suas receitas com base na sistemática da cumulatividade, mas, como as havia tributado, no período em discussão, na sistemática da nãocumulatividade, teria direito à repetição do indébito. A Unidade da RFB responsável pela análise do pedido de restituição e compensação não reconheceu o direito creditório e não homologou as compensações declaradas, com base no entendimento exposto no Parecer PGFN/CAT nº 1.610, de 1º/8/2007, na Solução de Consulta nº 228, de 14/12/2009, da Superintendência da 10ª Região Fiscal, em resposta à consulta formulada pela CGTEE, no processo nº 11080.006335/200951, e na informação Fiscal SEFIS/DRF/POA (fls. 394/397). A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, sustentando que no caso aplicase o regime cumulativo da contribuição, alegando em síntese que: i) Alteração do valor contratado com base no IGPM, tendo como objetivo a preservação do equilíbrio contratual, resguardando o valor e quantia da moeda contratada, não afeta a condição de preço predeterminado no fornecimento de energia; ii) A Nota Técnica nº 224/2006 e o Ofício nº 1.431/2006, expedidos pela ANEEL afirmam que a utilização do IGPM, como índice de correção monetária, no reajuste do preço do contrato de fornecimento de energia, equivale ao custo de produção ou dos insumos utilizados no setor energético; iii) Não existe lei que defina o conceito de preço predeterminado, o qual deve ser obtido por meio de uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico, sendo encontrado a partir do exame de princípios do direito privado; iv) A aplicação do IGPM consta de todos os contratos por ela celebrados de fornecimento de energia, independente da outra parte contratante ser distribuidora, comerciante ou consumidora final de energia e este índice reflete o reajuste de preços em função do custo de produção. Conforme o relatório do Acórdão nº 1039.971, de 2/8/2012, a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto AlegreDRJ/POA julgou improcedente a manifestação de inconformidade, assentado que, o IGPM não é índice que obedece ao disposto no art. 109 da Lei nº 11.196, de 2006, por ser índice geral de reajuste de preços, de modo que a variação com base neste índice implica a descaracterização do preço predeterminado. Fl. 671DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 5 4 Após interposição de Recurso Voluntário contra a decisão da DRJ/POA, no qual foram repisadas as alegações da manifestação de inconformidade, a 2º Turma da 3ª Câmara da 3ª Seção, julgou procedente o recurso da contribuinte, resultando no Acórdão nº 3302002.911, de 9/12/2015, cuja ementa ficou assim redigida: "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 CONTRATO A PREÇO PREDETERMINADO. REGIME DE APURAÇÃO. CUMULATIVIDADE. MANUTENÇÃO. IGPM. POSSIBILIDADE. As receitas decorrentes de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens e serviços, permanecem sujeitas às normas da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep vigentes anteriormente à Lei 10.637/02, mesmo quando o valor do contrato sofre reajustado baseado em índice de correção nele previsto, reconhecido no mercado como sendo de adoção consagrada no segmento correspondente e destinado à manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do mesmo. Recurso Voluntário Provido." Contra esta decisão a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de divergência, sustentando que a decisão divergiu dos Acórdãos nºs. 20219.497 e 3301002.196 na interpretação da norma veiculada pelo art. 10, inciso XI, "b", da Lei nº 10.833, de 2003, e art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005. Conforme Despacho de Exame de Admissibilidade, fls. 592/594, o Recurso Especial foi admitido quanto ao regime de tributação da Contribuição para o PIS/Pasep, cumulativo ou nãocumulativo, nos casos em que contratos de fornecimento de energia elétrica sofrem reajuste pelo IGPM. A Fazenda Nacional alega que o reajuste de preços pelo IGPM descaracteriza o caráter de "preço predeterminado" previsto no art. 10, XI, "b", da Lei nº 10.833, de 2003, mesmo entendimento assentado nos acórdãos paradigmas, enquanto que a contribuinte, em contrarrazões, defende a decisão atacada, com base em seus próprios fundamentos e nos argumentos lançados na manifestação de inconformidade e no Recurso Voluntário, acrescentando que cabia ao Fisco comprovar que as variações decorrentes da aplicação do IGPM seriam superiores às variações previstas no art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, para não aceitar o regime de cumulatividade no presente caso, o que não ocorreu. É o relatório. Fl. 672DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator Não há preliminares a respeito da admissibilidade do recurso especial a serem apreciadas. A divergência está bem demonstrada e o recurso especial da Fazenda nacional deve ser conhecido. Passo à discussão da matéria, em relação a qual foi comprovada e demonstrada a divergência de interpretação da norma tributária, que se resume à questão sobre a descaracterização de preço predeterminado pela utilização do IGPM em contrato de energia elétrica, para fins de aplicação do regime cumulativo ou nãocumulativo na incidência da Contribuição para o PIS/Pasep. Precedentes recentes da CSRF Observo que fui o redator do voto vencedor de um dos acórdãos paradigmas da divergência, o de número 3301002.196 (PAF 16349.720019/201136). Este acórdão foi objeto de recurso especial da contribuinte, que foi provido em julgamento realizado em 24/2/2016, logo, após a data de interposição do recurso especial da Fazenda Nacional, ora em julgamento. Eis a ementa do Acórdão 9303003.470 (PAF 16349.720019/201136), por meio do qual se reformou a decisão paradigma: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CLÁUSULA DE REAJUSTE. PREÇO PREDETERMINADO. REGIME DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. As receitas originárias de contratos de fornecimento de serviços firmados até 31/10/2003 submetemse à incidência cumulativa, desde que observados os termos e condições consolidados pela IN SRF 658/06. A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS." Apesar de a decisão paradigma ter sido reformada, a razão que levou esta 3ª Turma da CSRF a proceder à reforma não se encontra presente nos autos de que ora se cuida. Naquele processo, relatado pelo então Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, encontravase Laudo Técnico que comprovava que o índice de atualização monetária, naquele caso, fora inferior ao aumento de custos. Na ocasião, foram utilizadas como razões de decidir as que constaram do voto de outro Acórdão desta Turma, o de número 9303003.373 (PAF 19515.722154/201145), de 11/12/2015, relatado pelo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, cuja ementa ficou assim redigida: Fl. 673DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 7 6 "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONHECIMENTO. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Para comprovação da divergência jurisprudencial, o recorrente deve demonstrar que outro colegiado do CARF tenha julgado situação análoga à versada no acórdão vergastado e tenha decidido a questão de forma distinta da que decidiu o colegiado recorrido, o que é o caso sob exame. "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins.(grifei) (...) No Acórdão nº 9303003.373 ficou claro que o IGPM não poderia ser aceito como índice da variação do custo da produção da energia elétrica ou do custo dos insumos empregados nessa produção. Para assim concluir, o Colegiado tratou do conceito de "preço predeterminado", reconhecendo especial importância às instruções normativas, notas técnicas e pareceres da Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB e da Procuradoria Geral da Fazenda NacionalPGFN1, em detrimento de notas técnicas e resoluções da Agência Nacional de Energia ElétricaANEEL, pois, a esta compete a regulação de questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas, enquanto que à RFB e à PGFN compete o pronunciamento sobre questões tributárias. Naquele Acórdão, reconheceuse que a interpretação dada pela Administração Tributária, em especial por meio da Instrução Normativa SRF nº 658, de 2006, estava de acordo com as leis: art. 27, §1º, II, da Lei nº 9.069, de 1995; art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005. Rendome às conclusões do Ilustre Conselheiro Gílson, no voto proferido no Acórdão nº 9303003470, quando o colegiado decidiu por acatar o recurso especial do contribuinte, no sentido de que apesar de o IGPM não representar a variação das custos de produção da energia elétrica, estando comprovado nos autos que sua utilização resultou em reajuste inferior à variação desses custos, penso que não há razão para retirar do contrato a 1 IN SRF nº 658, de 4/7/2006; Nota Técnica Cosit nº 1, de 16/2/2007; Parecer PGNF/CAT nº 1.610, de 2007. Fl. 674DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 8 7 característica de "predeterminado" que exige a Lei para permanência do contribuinte no regime cumulativo. Nesse sentido transcrevo o seguinte trecho do citado acórdão: (...) Por derradeiro, gostaria de pontuar que não vejo problemas na utilização de índices propostos em contrato, como por exemplo o IGPM, para correção do preço. Contudo, se o contribuinte optasse por se manter no regime cumulativo, caberia a demonstração de que a correção pelo índice eleito levaria a um resultado igual ou menor do que o resultado do reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. (...) No presente caso, a contribuinte não provou que o resultado da correção pelo IGPM seria igual ou menor do que obtido pelo reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que refletisse a variação ponderada dos custos do insumos utilizados. À luz do que determina o art. 333 do Código de Processo Civil, caberia à contribuinte, e não ao Fisco, esta prova, pois é ela que está a alegar um direito, ainda mais quanto se está diante de pedido de restituição e compensação, para o quê se exige a certeza e liquidez do crédito pleiteado, conforme arts. 165 e 170 do CTN Observese que no voto condutor da decisão de primeira instância administrativa, o Acórdão nº 1039.971, da DRJ/POA, constou que a contribuinte não apresentou qualquer comparação entre o percentual de reajuste autorizado pelo art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005 (repetido na IN SRF nº 658/2006), e a variação do IGPM. Vejase com grifos meus, fls. 430/431: "A interessada entende que a utilização do IGPM se refere tãosomente à correção monetária dos preços do produto fornecido (energia contratada), preservando seu valor originalmente acordado. Tal fato não está em discussão, não havendo qualquer vedação a cláusula de reajuste dos valores fixados em contrato para fins de atualização monetária. No entanto, a IN/SRF nº 658/06 ressalva da descaracterização do preço predeterminado, em caso de qualquer alteração de preços, apenas a utilização de índice de reajuste que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, ou, ainda, da própria variação dos custos de produção. Tal condição não se comprova no presente caso, visto tratarse o IGPM, como já dito, de índice geral, e não específico para os insumos utilizados no fornecimento prestado pela empresa. Além disso, ressaltese que a exceção contida no § 3º diz respeito apenas ao reajuste de preços efetuado em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação do índice. Desta forma, ainda que considerássemos admissível a utilização do IGPM para fins do disposto naquele dispositivo, caberia à impugnante demonstrar que o reajuste efetuado não ultrapassa o limite nele fixado, o que também não foi feito, não tendo sido trazida aos autos qualquer comparação entre o percentual de reajuste e a variação do IGPM no período." Fl. 675DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 9 8 Na linha dos precedentes mais recentes desta Câmara Superior, não vejo razões para mudar meu entendimento, expresso no voto vencedor do Acórdão nº 3301002.196, que repito a seguir: 'O voto de nosso eminente Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, na análise de mérito, foi direto ao único assunto controverso que é se a utilização do IGPM, como índice de correção dos contratos firmados pela recorrente, descaracteriza ou não estes contratos como de preços predeterminados. A sua conclusão é que a “utilização do IGPM ou de qualquer índice, como IGPDI, INPC, INCC, não retira do contrato a natureza de “preço predeterminado”, vez que esses índices expressam tão somente a variação do padrão monetário nacional, medida essa indispensável para a garantia do equilíbrio contratual”. Com todo respeito ao ilustre relator, ouso discordar de sua conclusão. Inicialmente vejamos o que dispõe o inc. XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (Produção de efeito) (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...); b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Ou seja, da letra clara da lei, somente poderia continuar no regime de apuração cumulativa os contratos que fossem firmados em data anterior a 31/10/2003 e que respeitasse as condições cumulativas constantes da alínea “b”, acima transcrita. No caso dos presentes autos a única controvérsia é se a aplicação do IGPM descaracterizaria a condição de terem sido firmados a preço predeterminado. Oportuno ressaltar que todas as conclusões a serem aqui estabelecidas abrangem também o PIS por força do disposto no art. 15 deste mesmo diploma legal. Posteriormente, como bem alinhavado pelo relator e pela recorrente, foi editado o art. 109 da Lei nº 11.196/2005, que assim dispôs: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. (grifei) Fl. 676DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 10 9 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1º de novembro de 2003. O dispositivo legal deixou claro que a utilização de reajuste de preços em função do custo de produção, ou de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, não descaracteriza o preço predeterminado de que trata a alínea “b” do inc. XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003. Observese aqui que o dispositivo legal não fez referência a qualquer índice que reflita a variação do padrão monetário nacional como concluiu o relator e como pretende a recorrente. Poderia têlo feito mas não o fez. Deixou expressamente detalhado que o índice utilizado, para não descaracterizar o preço predeterminado, teria que ser em função do custo de produção ou que refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. O IGPM, como informado pela própria recorrente em sua manifestação de inconformidade e no seu recurso voluntário, não tem esta característica. Transcrevo abaixo o item 53 da Manifestação de Inconformidade e 59 do Recurso Voluntário: “Nesse sentido, vale destacar que o IGPM é meramente um índice de correção monetária. Tratase de uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É medido pela FGV e registra a inflação de preços desde matérias primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.” (grifei) Por oportuno transcrevo abaixo trecho da Nota Técnica Cosit nº 01/2007, a qual utilizo como razão de decidir, pois concordo com as suas conclusões: 27. A fim de esclarecer qualquer dúvida, fazse necessário distinguir “índices de preços setoriais” de “índices de custos setoriais”. Índice de preços setoriais reflete a inflação a que foi submetido um determinado setor. Já índice de custos setoriais, como o próprio nome indica, reflete os custos envolvidos na atividade de um dado setor. 29. Segundo informações constantes do sítio da FGV na internet (www.fgv.br), o IGPM, principiou a ser calculado a partir de junho de 1989, por solicitação de um grupo de entidades de classe do setor financeiro, liderado pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras, em decorrência das constantes mudanças ocorridas nos indicadores da correção monetária e da inflação oficial. Esse índice originase da média ponderada do Índice de Preços por Atacado (IPAM; 60%), do Índice de Preços ao Consumidor (IPCM; 30%) e do Índice Nacional de Custos da Construção (INCCM; 10%). 30. É desnecessário apresentar maiores detalhes acerca das características do IGPM para verificar que este não se trata de “índice que reflita a variação dos custos de produção” e nem de “índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados” – a sua própria denominação e a dos índices que o compõem é suficientemente elucidativa.' Fl. 677DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 11 10 Sobre os fundamentos do acórdão recorrido. No excelente voto condutor do acórdão recorrido, o Ilustre Conselheiro Ricardo Paulo Rosa abordou o art. 27 da Lei nº 9.069, de 1995, o art. 2º da lei nº 10.192, de 2001, parecer da Câmara Permanente de Licitações e Contratos da Procuradoria Geral Federal/AGU, o Parecer nº 04/2013/CLPC/DEPCONSU/PGF/AGU, e manifestação da Agência Nacional de Energia ElétricaANEEL, para concluir que nos contratos que "já estavam indexados pelo IGPm antes da entrada em vigor da Lei nº 11.196, de 2005, deveria ser reconhecida a manutenção da condição de preço predeterminado do valor contratado, mesmo depois de implementado o reajuste/correção com base no IGPm", fl. 567. Diz também o voto vencedor, com base na IN SRF nº 658, de 2006, que esta, em nenhum momento, "vinculou a condição de preço determinado à revisão dos valores feita com base na elevação da carga tributária, apenas à alteração de preço decorrente da aplicação de regra de reajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro", fl. 568. Com isto, pretendeuse afastar um segundo fundamento da Nota Técnica Cosit nº 1/2007 e do Parecer PGFN/CAT nº 1.610/2007, o de que o critério prefixado de reajuste do valor de contrato levava em consideração também eventual alteração da carga tributária incidente na operação específica, fl. 567. Em resumo, o Acórdão recorrido fundamentase no entendimento de que o conceito de "preço determinado" não exclui a possibilidade de o preço ser reajustado com base em outros índices que não os admitidos pelo art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, em especial pelo IGPM, e que isto está de acordo com as disposições constitucionais que preservam o ato jurídico perfeito, pois, como dito naquele voto condutor, fl. 562: "Se as partes haviam pactuado um negócio em determinadas bases, como obrigálas a revêlo, modificando encargos tributários e, corolário, o preço pactuado?" Entendo que nenhum dos fundamentos lançados no voto condutor do acórdão recorrido ou nas peças apresentadas pela contribuinte afastam o entendimento exposto na seção precedente. Nestes autos e em outros que cuidam do mesmo assunto, temse reconhecido que não há um conceito técnico e determinado do que seja "preço predeterminado". Por causa disto, procurase elucidar este conceito, às vezes recorrendo a atos, normativos ou não, expedidos por agências reguladoras das atividades desempenhadas pelas contribuintes, às vezes a pareceres expedidos por órgãos incumbidos de tratar de processos de licitação e de contratos celebrados com a Administração Pública, às vezes, recorrendo aos atos expedidos pela RFB e pela PGFN. Por estarmos diante de questão tributária, os atos emanados dos órgãos competentes para tratar desta matéria devem ser os guias para a elucidação que se pretende. Resoluções ou notas técnicas da ANEEL ou mesmo pareceres e orientações normativas da AGU que tratem de preços contratados e das variações de preços admitidas na formalização dos contratos com a Administração Pública não têm primazia sobre as normas tributárias emanadas da RFB e da PGFN, órgãos competentes para tratar de matérias tributárias. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 12 11 Não obstante isto, para a solução da divergência jurisprudencial que se apresenta, não é necessário grande esforço hermenêutico. Não é necessário encontrar ou construir uma definição para a expressão "preço prederminado", pois para se decidir se o reajuste com base no IGPM descaracteriza a condição do preço predeterminado, basta que se analise com cuidado os dispositivos legais em discussão. A interpretação da norma legal, disposta no art. 10, inc. XI, "b", da Lei nº 10.833, de 2003, e no art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, combinada com o art. 27, §1º, II, da Lei nº 9.069, de 1995, tal como exposta na seção precedente, é suficiente para assentar que se enquadram no conceito de "preço predeterminado", para os fins de incidência da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, nos casos de contratos pelos quais a empresa se obriga a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, as situações em que o reajuste de preço seja em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos insumos utilizados. Admitindose que a lei não contém palavras inúteis, a existência do art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, só se justifica se, sem ele, o conceito de "preço predeterrminado" ficasse descaracterizado pelo reajuste de preços baseado no custo de produção ou na variação que refletisse a variação ponderada dos insumos utilizados. Esta variação é a mais razoável a se considerar como capaz de retratar a variação efetiva do custo do objeto contratual: é a que mais se aproxima de um índice setorial ou específico. Apesar disto, destaquese, apesar de ser a variação mais próxima de um índice setorial ou específico para os casos de contratos pelos quais a empresa se obriga a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, foi necessária uma disposição legal específica para que este caso não descaracterizasse o "preço predeterminado". Diante disto, não se pode admitir que outro índice de reajuste de preços qualquer, que não guarde esta proximidade com o índice setorial ou específico, não descaracterize o "preço predeterminado", sem que haja disposição legal específica neste sentido. Assim, a Instrução Normativa SRF nº 650, de 2006, a Nota Técnica Cosit nº 1, de 2007, e o Parecer PGFN/CAT nº 1.610, de 2007, limitaramse a regular o que já estava previsto em lei. Não houve modificação do conceito de "preço predeterminado" por estes atos infralegais. Conforme afirmamos acima o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, nem expressa a variação específica dos custos de sua produção. A este respeito, vejamse os seguintes excertos do voto vencedor do Acórdão nº 9303003.373, já citado acima, que aprovo e adoto neste voto: 'Para que não paire qualquer dúvida de que o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pelas distribuidoras de energia, basta analisar o grupo de produtos que compõem cada um dos índices integrantes do IGP M. Fl. 679DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 13 12 Nesse índice, entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo, remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de Internet e cigarro, entre outros). Como dito anteriormente, o IGPM é composto de 3 índices, o IPAM, O IPC M e o INCCM. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPAM),que responde por 60% do IGPM, é sistematizado segundo a origem dos produtos agropecuários e industriais e segundo o estágio de processamento bens finais, bens intermediários e matérias primas brutas. No total, são pesquisados 340 produtos, distribuídos em grupos. Veja, a seguir, a estrutura desse índice. (...) De acordo com a metodologia de cálculo da FGV para esse índice, os produtos de origem agropecuários representam 28,9738% do IPAM e o de origem industrial os outros 71,0262%, sendo que os subitens relativos às máquinas, aparelhos e materiais elétricos correspondem a minguados 1,7674% do IPAM. Partindose da premissa que outros subitens da indústria possam ser utilizados como insumos do setor elétrico eliminando os do setor alimentício, fumo, bebidas, agropecuário, eletrodoméstico, celulose, etc., que não são aplicáveis ao setor de distribuição de energia elétrica vêse que a participação dos insumos do setor elétrico no IPAM é insignificante, muito insignificante. Já em relação ao IPCM, nenhum item está diretamente relacionado a insumos utilizados pelo setor de distribuição de energia elétrica, haja vista que os produtos que compões esse índice, é específico para o consumo das famílias. A seu turno, o INCC, por óbvio, não reflete os custos do insumo do setor elétrico, haja vista que é especifico para medir a variação do setor da construção civil. Ora, mergulhandose na metodologia de cálculo do IGPM e analisando os produtos que o integra, concluise, sem a menor dúvida, que esse índice nem de longe reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção.' Quanto ao ato jurídico perfeito, protegido pela Constituição Federal de 1988, este não foi violado, uma vez que o art. 109 da Lei nº 11.196 de 2005, resguarda a possibilidade de reajuste do preço contratado, sem que isto descaracterize o preço predeterminado. E o faz, definindo o limite da variação de preço aceitável, que deve guardar correspondência com os custos dos insumos e da produção. Por outro lado, a proteção ao ato jurídico perfeito não assegura à contribuinte um direito a não ser tributada, de modo a permitirlhe que não sofra incidência tributária regularmente instituída por lei, em obediência às regras de competência e de vigência e às limitações para imposição tributária, previstas constitucionalmente. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 11080.928334/200960 Acórdão n.º 9303004.538 CSRFT3 Fl. 14 13 Conclusão. Por todo exposto, em especial, por entender que o reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado; que a contribuinte não comprovou que o resultado da variação pelo IGPM foi igual ou inferior ao resultado da variação em função do custo de produção ou da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; que o ônus da prova recai sobre quem alega um direito, por aplicação do art. 333 do CPC; concluo que no presente caso a Contribuição para o PIS/Pasep deve incidir no regime nãocumulativo, motivo pelo qual voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. O que foi decidido aqui tem validade também para os processos da Cofins, com os mesmos fundamentos. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 681DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.720154/2013-59
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA. UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS. IPI. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA VINCULANTE DOS PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS
Em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes, emanado explicitamente pelo Novo Código de Processo Civil, cabe no processo administrativo, quando houver similitude fática dos casos tratados e jurisprudência pacificada, a observância dos precedentes jurisprudenciais fluidos pelos Tribunais, conforme arts. 15, 926 e 927 da Lei 13.105/15.
Ressurgindo à competência tributária trazida pela Constituição Federal, quando se tratar de atividades relacionadas aos serviços gráficos personalizados passíveis de tributação pelo ISS, é de se afastar a incidência de IPI, conforme inteligência promovida pelo art. art. 1º, § 2º, da LC 116/03
Numero da decisão: 9303-004.394
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Marcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões e solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS. IPI. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA VINCULANTE DOS PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS Em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes, emanado explicitamente pelo Novo Código de Processo Civil, cabe no processo administrativo, quando houver similitude fática dos casos tratados e jurisprudência pacificada, a observância dos precedentes jurisprudenciais fluidos pelos Tribunais, conforme arts. 15, 926 e 927 da Lei 13.105/15. Ressurgindo à competência tributária trazida pela Constituição Federal, quando se tratar de atividades relacionadas aos serviços gráficos personalizados passíveis de tributação pelo ISS, é de se afastar a incidência de IPI, conforme inteligência promovida pelo art. art. 1º, § 2º, da LC 116/03 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 01 54 /2 01 3- 59 Fl. 1261DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Marcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Rodrigo da Costa Possas, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões e solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício Tatiana Midori Migiyama – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 3201001.641, da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso, consignando acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 IPI. INCIDÊNCIA. OPERAÇÃO MENCIONADA NA LISTA ANEXA AO DECRETOLEI 406/68 E NA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. CABIMENTO Consoante a melhor dicção do art. 156 da Carta Política, apenas está constitucionalmente impedida a incidência sobre a mesma operação, conceituada como serviço, do ISS e do ICMS. Assim, tanto o decretolei nº 406/68, recepcionado como Lei Complementar até a edição da Lei Complementar nº 116/2003, quanto esta última, ao regularem tal dispositivo, apenas estão afastando a incidência cumulativa de ISS e ICMS, nada regulando quanto ao IPI. Para a incidência deste último, Fl. 1262DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.256 3 basta que a operação realizada se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64.” Irresignado, após apreciação da matéria pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial requerendo que a decisão seja reformada, cancelandose o auto de infração de IPI. Traz o sujeito passivo, entre outros, que: · Muito embora a referida decisão recorrida tenha entendido por equívoco que os impressos personalizados de que se cuida nesse recurso se classificam na Tabela do IPI no item 4820, e não no item 4911, o sujeito passivo deixa de recorrer contra essa parte da decisão tão somente por não ter logrado localizar acórdão paradigma que permitisse a admissibilidade deste recurso; · A jurisprudência é uníssona ao afastar a incidência do IPI sobre os cartões de crédito com tarja magnética confeccionados – por se tratar de prestação de serviços personalizados sob encomenda; · Em 11.2.08, o Ministro relator Herman Benjamin proferiu decisão dando provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, firmando entendimento de que, no caso analisado em que se constata que a recorrente produz cartões magnéticos personalizados não há incidência de IPI; · Em outro julgamento, o STJ assentou, em outro processo em que o sujeito passivo figurava como parte, não ser devido o ICMS sobre os serviços de composição gráfica prestados por ela, tal qual a impressão de cartões magnéticos personalizados e sob encomenda; · Há precedentes originados por medidas ajuizadas pelo sujeito passivo, que expressamente afastam a incidência do IPI sobre serviços gráficos personalizados por ela e sob encomenda. Fl. 1263DF CARF MF 4 O apelo do sujeito passivo foi admitido integralmente, nos termos do Despacho de fls. 1230/1232 apreciado pelo Presidente em exercício à época da 2ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, trazendo, entre outros, que: · O ISS tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa à LC 116/03, não estando tais serviços sujeitos ao ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias (art. 1º e § 2º). · Daí já se pode concluir que existem serviços que trazem em seu bojo o fornecimento de mercadorias. Estas mercadorias não podem ser tributadas pelo ICMS, mas a legislação é silente quanto à incidência do IPI sobre as mercadorias que saem do estabelecimento em decorrência da prestação de um serviço; · Das normas que determinam os campos de incidência do ISS e do IPI, não se deduz nenhum empecilho à eventual incidência de ambos sobre um mesmo fato econômico; · Caso o serviço envolva o fornecimento de produto industrializado pelo prestador de serviço, e que esteja relacionado na TIPI, terseá consumado o fato gerador do IPI. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama relatora O Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso interposto pelo sujeito passivo, eis que as divergências jurisprudenciais vêm ao encontro dos termos definidos pelo artigo 67 do RICARF. O que concordo com o exame de admissibilidade constante do Despacho às fls. 1230/1232. Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.257 5 Nos termos do acórdão recorrido, prevaleceu o entendimento, por voto de qualidade que, em relação aos serviços gráficos sob encomenda para formulários contínuos e bobinas, prestados pela contribuinte, é cabível a cobrança de IPI, ainda que a atividade conste da lista de serviços anexa ao Decretolei 406/68 e à Lei Complementar 116/2003, sob o argumento de que as referidas listas destinamse apenas a dirimir conflitos de competência entres Estados e Municípios, relativos às incidências de ISS e ICMS, e não quanto às incidências cumulativas de IPI com ISS e de IPI com ICMS. Enquanto nos acórdãos indicados como paradigmas, vêse que os Colegiados manifestaram interpretações divergentes do acórdão recorrido, pois firmaram o entendimento, em caso semelhante, de que, tratandose de serviços sujeitos ao ISS, descabe a incidência do IPI. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se deve ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pela Fazenda Nacional. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre o cerne da lide, qual seja, se haveria a incidência de IPI no caso em comento, considerando a atividade prestada pelo sujeito passivo. Cabe, então, trazer a priori que o sujeito passivo tem por objeto a prestação de serviços gráficos “personalizados” “sob encomenda” dos seus cliente, com destaque para as atividades de confecção de impressos de segurança com tarja magnética como crachás e cartões plásticos. O sujeito passivo oferece, além da emissão, a migração de tecnologias customizadas, com o intuito de atender diferentes demandas. Considerando se tratar por óbvio de prestação de serviço gráfico customizado e personalizado, para fins de atendimento da demanda de clientes específicos, para melhor elucidar os pontos aqui desenvolvidos, cabe trazer que que Fl. 1265DF CARF MF 6 tais serviços, em síntese, são assim considerados por serem, quando de sua prestação, definidas estratégias para o desenvolvimento do produto demandado pelo cliente. Tais serviços são vistos pelos clientes como diferencial nas empresas de serviços, vez que podem proporcionar para o funcionamento de seu negócio a personalização de que necessitam. Ademais, cabe trazer que os serviços prestados pelo sujeito passivo não se confundem com a mera circulação de mercadorias/produtos, vez que tais serviços possuem como características a intangibilidade, perecibilidade, heterogeneidade e simultaneidade. Ora: · Perecibilidade, pois tais serviços não podem ser “armazenados/estocados” para a venda; · Intangibilidade, pois não podem ser vistos, provados ou sentidos; · Heterogeneidade, pois tais serviços sofrem variação para cada cliente, considerando a customização dedicada; · Simultaneidade, pois envolve a dinamicidade entre a produção e o consumo. O serviço customizado prestado pelo sujeito passivo abrange essas características, vez que: · Reflete um planejamento anterior para a busca do objeto alcançado, em observância a demanda específica exposta em contrato firmado entre o cliente e o prestador; · Não se trata de venda de produtos de prateleira padronizáveis; · Se diferenciam, de acordo com a demanda de cada cliente – considerados efetivamente, de per si, como pontuais e especiais. Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.258 7 É de se considerar, ainda, que os serviços customizados envolve interação direta com o cliente uma vez que a personalização do produto é alcançada de forma colaborativa entre a parte contratante e o contratado. Ademais, após breve elucidação e antes de se adentrar na discussão acerca da incidência do IPI, discorrendo sobre eventual conflito de competência. O que se torna impossível se ignorar esse tema, cabe trazer ainda que a atividade personalizada, que envolve sua customização para atendimento da necessidade de eventual cliente, inquestionável, que tal serviço seria passível de tributação pelo ISS. Por conseguinte, por se tratar de bem oriundo de serviço personalizado/customizado, inegável que tal bem não seria considerado como sendo de prateleira, disponível em sua padronização aos clientes potenciais. O que confere o entendimento dos tribunais de se afastar a tributação pelo ICMS. Não se coaduna, assim, tais serviços com o conceito de mercadoria. Tanto é assim, que os Tribunais empregam tais conceitos – produtos feitos por encomenda, personalizados e customizados – para afastar a incidência do ICMS e/ou IPI em operações que envolvam o fornecimento de bens oriundos desses serviços especializados e personalizados. Tanto é assim, que, no que tange às essas discussões envolvendo o ISS e o ICMS, é de se recordar que os Tribunais tem manifestado, em síntese, em relação aos serviços gráficos, que: · Se a atividade gráfica fosse exercida com certas limitações – acrescentando apenas utilidades a esse meio, com o intuito de se disponibilizar o produto indiscriminadamente a todos os clientes potenciais, sem viabilidade de personalização por cliente, configurarseia como produção em série – sendo evidente, nesse caso, que se trata de disponibilização de mercadorias, motivando assim a incidência de ICMS e de IPI, vez, que, em relação à esse último tributo, caracterizada Fl. 1267DF CARF MF 8 estaria a industrialização dessa mercadoria (produzida padronizadamente em série); · Por sua vez, se fosse desenvolvida por encomenda de cliente, para atender suas necessidades específicas, visando o atendimento de sua demanda em particular estarseia diante de serviço alcançável pelo ISS. É de se expor que as mercadorias oriundos desses serviços não são disponibilizados a terceiros. Para tal entendimento, é de se recordar o art. 1º, § 2º, da LC 116/03, in verbis (Grifos meus): “Art. 1º. O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderantemente do prestador. [...] § 2º Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. [...]” Com tal dispositivo, resta claro que os serviços constantes da lista de serviço da LC 116/03 não ficam sujeitos ao ICMS, apenas ao ISS. Continuando, no que concerne à discussão acerca da incidência cumulativa envolvendo o ISS e o IPI, importante mencionar que o TRF já editou Súmula 143/83 (Grifos meus): “Súmula 143 – Os serviços de composição gráfica e impressão gráficas personalizadas previstos no artigo 8º, § 1º, do Decretolei n. 406, de 1968, com as alterações introduzidas pelo Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.259 9 Decretolei n. 834, de 1969, estão sujeitos apenas ao ISS, não incidindo o IPI.” No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça, editou a Súmula 156: “Súmula 156 do STJ – A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva o fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS.” Frisese tal entendimento o disposto no 9º do DecretoLei 2471/88 que, por sua vez, estabelece que ficam cancelados os processos administrativos que trate da cobrança do IPI no fornecimento de produtos personalizados de serviços de composição gráfica e impressão gráfica: “Art. 9º. Ficam cancelados, arquivandose, conforme o caso, os respectivos processos administrativos, os débitos para com a Fazenda Nacional, inscritos ou não como Dívida Ativa da União, ajuizados ou não, que tenham tido origem na cobrança: [...] VI – do Imposto sobre Produtos Industrializados relativamente ao fornecimento de produtos personalizados, resultantes de serviços de composição e impressão gráficas; e [...]” Sendo assim, resta claro que os serviços gráficos personalizados e customizados com o intuito de atender determinada necessidade de cliente não seriam passíveis de tributação pelo IPI. Quanto à discussão sobre a impossibilidade da incidência concomitante do ISS e IPI sobre a mesma atividade, a instituição de tributos é extensivamente definida na Constituição, mediante a atribuição de competência – o que ressurjo o art. 146, inciso I, da CF/88: “Art. 146. Cabe à lei complementar: Fl. 1269DF CARF MF 10 I dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; [...]” Com tal enunciado, verificase que a Lei Complementar deve dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. O que, por conseguinte, expresse, temse que se a LC 116/03 dispôs que as atividades gráficas discutidas no presente processo são fatos geradores do ISS, inconteste não haver que se falar em tributação pelo ICMS e IPI sobre tais serviços. Tanto é assim que, nesse sentido, notase que fluíram várias decisões favoráveis, afastando a tributação pelo IPI. A própria American Bank Note Company Gráfica e Serviços Ltda – adquirida pela Valid Soluções, à época, havia impetrado mandado de segurança preventivo contra a Fazenda Nacional para ter o reconhecimento de seu direito líquido e certo de não recolher o IPI sobre os serviços gráficos de confecção de cartões magnéticos. No julgamento do RESP 437.324 – RS envolvendo a American Bank Note Company Gráfica e Serviços Ltda, vêse que o STJ, através do ilustre Ministro Franciulli Netto, emitiu acórdão concedendo integramente a segurança pleiteada declarando que as referidas atividades envolvem típica prestação de serviço ao ISS, consignando a seguinte ementa (Grifos meus): “RECURSO ESPECIAL ALÍNEAS "A" E "C" TRIBUTÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA PRELIMINAR DE PERDA DE OBJETO DA IMPETRAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DE OFÍCIO DA QUESTÃO CONFECÇÃO DE CARTÕES MAGNÉTICOS E DE CRÉDITO Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.260 11 SERVIÇO DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA SUJEITO UNICAMENTE AO ISS VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO § 1º DO ARTIGO 8º DO DECRETOLEI N. 406/68 SÚMULA N. 156 DO STJ. Cumpre a este Sodalício examinar eventual afronta a dispositivos de lei federal, nos termos da letra "a" do permissivo constitucional, ou, pela letra "c", sanar possível dissenso pretoriano acerca de determinada questão. Assim, não prevalece o entendimento sustentado pela recorrente no sentido de que deve o Superior Tribunal de Justiça reconhecer de ofício a extinção do mandado de segurança preventivo. Embora prequestionada a questão da perda de objeto da impetração, que entendeu a Corte de origem não existir, pretendeu a recorrente, quanto a esse ponto, configurar o dissenso pretoriano com julgados deste Sodalício sem, contudo, realizar o indispensável cotejo analítico, vindo em desacordo com o estabelecido nos arts. 541, do CPC e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ. A elaboração dos cartões com as características requeridas pelo destinatário, que é aquele que encomenda o serviço, tais como a logomarca, a cor, eventuais dados e símbolos, indica de pronto a prestação de um serviço de composição gráfica, enquadrado no item 77 da Lista de Serviços anexa ao Decretolei n. 406/68. Há, portanto, nítida violação ao disposto no § 1º do artigo 8º do DecretoLei n. 406/68, uma vez que a hipótese dos autos configura prestação de serviços de composição gráfica personalizados, sujeitos apenas à incidência do ISS (Súmulas ns. 156/STJ e 143 do extinto TFR). Considerada a circunstância de se tratar de serviço personalizado, destinados os cartões, de pronto, ao consumidor final, que neles inserirá os dados pertinentes e não raro sigilosos, concluise que a atividade não é fato gerador do IPI.” Fl. 1271DF CARF MF 12 Cabe trazer que essa decisão transitou em julgado em 3.11.03. Outro precedente igualmente importante é o veiculado no julgamento do REsp 966.184RJ decorrente de ação ordinária ajuizada pela American Bqank Note Company Gráfica e Serviços Ltda também com o objetivo de que fosse declarada a não incidência do IPI sobre os cartões de crédito com tarja magnética confeccionados no período de junho/88 a junho/89, por se tratar de prestação de serviços personalizados sob encomenda. Tal REsp, após apreciação pelo STJ – relator Ministro Herman Benjamin, foi emitido acórdão com a seguinte ementa (Grifos meus): “EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPI. CONFECÇÃO DE CARTÕES MAGNÉTICOS E DE CRÉDITO. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 156/STJ. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que em casos como o dos autos, de empresa que produz cartões magnéticos personalizados, não há incidência de IPI. Aplicação, in casu, da Súmula 156/STJ: "a prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS." 2. Agravo Regimental não provido.” Cabe trazer que essa decisão também transitou em julgado. Em outro julgamento no STJ, onde consta como parte a American Banknote S/A – adquirida pelo sujeito passivo, especificamente quando da apreciação do Resp 103409/RS ficou decidido que não é devido o ICMS sobre os serviços de composição gráfica prestados por ela, tal qual a impressão de cartões magnéticos personalizados e sob encomenda, conforme consignado em ementa: “TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA. CONFECÇÃO DE CARTÕES MAGNÉTICOS PERSONALIZADOS E SOB ENCOMENDA. NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS. NÃO APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO STF NA MEDIDA CAUTELAR NA ADI Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.261 13 4389. SITUAÇÕES FÁTICAS DISTINTAS. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO STF. 1. Nos termos do art. 535 do CPC, os embargos declaratórios somente são cabíveis para modificar o julgado que se apresentar omisso, contraditório ou obscuro, bem como para sanar possível erro material existente no acórdão, o que não aconteceu no caso dos autos. 2. No julgamento da medida cautelar na ADI 4389, o STF reconheceu a não incidência do ISS sobre operações de industrialização por encomenda de embalagens destinadas à integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização ou de circulação de mercadoria. 3. A incidência do ICMS só ocorrerá nos casos em que a produção de embalagens, etiquetas sob encomenda (personalizada) seja destinada a subsequente utilização em processo de industrialização ou posterior circulação de mercadoria, o que não é o caso dos autos. 4. In casu, tratase de produção de cartões magnéticos sob encomenda para uso próprio da empresa. No caso, a embargada atua como consumidora final, ou seja, tais cartões não irão fazer parte de futuro processo de industrialização ou comercialização. Incide, portanto, o ISS nos termos do que restou determinado pela Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.092.206/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, sujeito ao rito dos recursos respetivos, nos termos do art. 543C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. 5. Não cabe ao STJ analisar suposta violação de dispositivos constitucionais, mesmo a título de prequestionamento, sob pena de usurpação da competência do STF. Embargos de declaração rejeitados.” Em vista de todo o exposto, vêse acertado o entendimento de que nessa atividade não há que se falar em tributação pelo IPI – eis que para o deslinde do Fl. 1273DF CARF MF 14 conflito de competência, para se apurar a tributação sobre o consumo desses bens, nas hipótese híbridas, em que há serviço agregado a um suporte físico, no caso, um produto industrializado, devese verificar qual prevalecerá, para efeitos de atrair a competência tributária. O que, por conseguinte, as disposições da LC 116/2003 § 2°, do art. 1°, traz que salvo exceções nela expressamente previstas, os serviços incluídos na lista ficam sujeitos apenas ao ISS, "ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias” em cumprimento ao desígnio determinado pelo art. 146, I da Constituição Federal, que prescreve que cabe à lei complementar dispor sobre conflitos de competência. Ademais, não há como se ignorar os precedentes favoráveis dos Tribunais, inclusive aqueles emanados de Recursos interpostos por empresas que foram adquiridas pelo sujeito passivo. Em tempos atuais, inclusive, o novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/15 traz explicitamente o respeito à “eficácia vinculante dos precedentes” em seus arts. 926 e 927, in verbis (Grifos meus): “Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente. § 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem aterse às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II os enunciados de súmula vinculante; III os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.262 15 IV os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo. § 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. § 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. § 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. § 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizandoos por questão jurídica decidida e divulgandoos, preferencialmente, na rede mundial de computadores.” Devese, assim, em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes” – exposta “explicitamente” pelo Novo Código de Processo Civil NCPC, observar o entendimento emanado pelos tribunais. Nesse caso, o entendimento de que para os serviços gráficos personalizados devese afastar a incidência do IPI. Dizse Princípio, pois deve ser considerado, assim como os outros balizadores primordiais trazidos pelo nosso ordenamento, para se nortear/direcionar o Fl. 1275DF CARF MF 16 julgador/juiz quando da apreciação da matéria em debate à solução jurídica mais equânime com as diretrizes emanadas pela Carta Magna e pela legislação vigente, garantindo o conforto e a segurança jurídica de que tanto busca a Administração Fazendária e o sujeito passivo. Não é demais lembrar que no processo administrativo há que se considerar e respeitar tais precedentes, conforme versa o art. 15 do NCPC “Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” O Brasil adota como estrutura jurídica o “Civil Law” – que adota fontes de direito, dentre as quais, considera, além da Lei, como fonte direta, os precedentes jurisprudenciais. Sendo assim, inquestionável, a valorização dos precedentes. Até mesmo como forma de se conceder a segurança jurídica que tanto procura a administração fazendária e os sujeitos passivo. Ora, tal cultura de valorização de precedentes, que torna a jurisprudência no Brasil fonte direta da estrutura jurídica adotada pelo Brasil “Civil Law” – traz irrefutavelmente segurança jurídica ao buscar o respeito à unicidade da interpretação quando as decisões possuem potencial para tanto. O que é o caso. As decisões emanadas pelos Tribunais consideraram a mesma atividade do sujeito passivo, não restando dúvida quanto à necessidade da aplicação dos fundamentos determinantes do precedente ao caso concreto. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. Tatiana Midori Migiyama Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 13896.720154/201359 Acórdão n.º 9303004.394 CSRFT3 Fl. 1.263 17 Declaração de Voto Conselheiro Júlio César Alves Ramos Julguei conveniente explicitar as razões pelas quais acompanhei a n. relatora dado que já proferi vários votos no sentido pretendido pela Fazenda Nacional. Minha posição sobre o assunto está nelas devidamente registrado, não tendo eu mudado de entendimento. Ocorre que, foi bem enfatizado pela n. relatora, a posição contrária aqui defendida pelo sujeito passivo parece mesmo consolidada no âmbito do STJ. Com efeito, naquele tribunal, podemse coligir decisões recentes1 que enfrentaram exatamente o mesmo objeto ora em discussão cartões magnéticos personalizados e entenderam que tal operação é a descrita na lista da Lei Complementar 116 (ou do Decreto 406) como "serviços gráficos personalizados", o que, no entender daquele Sodalício, afastaria a tributação pelo IPI. Algumas delas, inclusive, foram proferidas em processos de empresa sucedida pela autora deste. E, em respeito aos artigos 926 e 927 do novo CPC, decidi curvar me àquela jurisprudência, ainda que a entendendo equivocada. Registro, ao fim, que não vejo que tais artigos nos imponham a obrigatória aceitação, extensivamente, de decisões dos tribunais superiores. Quero dizer com isso que é preciso, em cada caso, checar, com rigor, se a matéria é a mesma e se a jurisprudência está mesmo consolidada. 1 Além do REsp 437.324, de relatoria do Ministro Herman Benjamin já citado pela relatora, e entre outros, cito: Resp 817.182, Ministro Luiz Fux AgRg no Resp 966.184, minstro Herman Benjamin AgRg no Resp 816.632, ministro Humberto Martins AgRg no Resp 1.369.577, ministro minstro Herman Benjamin AgRg no Resp 1.308.633, ministro Castro Meira Resp 213.594, ministro Mauro Campbell Vale acrescer que todas as decisões foram tomadas por unanimidade Fl. 1277DF CARF MF 18 No caso presente, todas as decisões que cito se referem a cartões magnéticos personalizados. Mas há outras, tratando de produtos diversos, que asseguram a tributação pelo IPI, ao ressaltar a importância de analisar o que prevalece. Por isso, a elas me curvo apenas neste caso específico, resguardando, porém, meu entendimento pessoal de que não é a mera presença de um serviço ainda que tributável pelo ISS que impede a incidência do IPI. Nesses termos, votei pelo provimento do recurso do sujeito passivo, sendo essa a declaração que solicitei fazer. Conselheiro Júlio César Alves Ramos Fl. 1278DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.001437/2006-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano calendário: 2000, 2001, 2002, 2004
PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.
Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, apresentando nítido caráter de provisão.
Numero da decisão: 1803-000.895
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Sérgio Luiz Bezerra Presta e Meigan Sack Rodrigues votaram pelas conclusões.
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, apresentando nítido caráter de provisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Sérgio Luiz Bezerra Presta e Meigan Sack Rodrigues votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 375 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima, conforme termo de verificação de fls. 1317, foi constatada apuração incorreta da CSLL em razão de não adição da CPMF na base de cálculo para os anoscalendário 2000 a 2002 e 2004, sendo então lavrado o auto de infração de fls. 0306, integrados pelos termos, demonstrativos e documentos neles mencionados. O crédito tributário lançado, composto pela contribuição, multa proporcional e juros de mora, calculado até 31/08/2006, perfaz o total de R$ 525.359,31. 2. A empresa impetrou o MS 1999.61.00.0278280 com pedido liminar, objetivando reconhecimento de inexigibilidade da CPMF, alegando inconstitucionalidade da EC 21/99. A liminar foi concedida e a sentença concedeu a segurança. Os autos subiram ao TRF que negou provimento à remessa oficial e rejeitou embargos de declaração (fls. 19). A União opôs recursos especial e extraordinário, os quais não foram admitidos. A impetrante interpôs agravos contra essa decisão. O STJ deu provimento ao agravo porém retornou o processo à instância anterior tendo em vista julgamento de processo conexo que negou provimento a recurso especial da mesma empresa. No STF foi negado seguimento ao agravo, havendo no sítio da instituição notícia de trânsito em julgado dessa decisão (fls. 185 196). 2.1. Posteriormente, a autuada impetrou o MS 2002.61.00.0119750 com pedido liminar, objetivando reconhecimento de inexigibilidade da CPMF, alegando inconstitucionalidade da EC 37/2002. A liminar foi concedida para reconhecer o direito da impetrante à aliquota zero da CPMF, tendo a União oposto agravo de instrumento requerendo efeito suspensivo contra a liminar, o qual foi deferido. Em agravo de instrumento oposto pela impetrante foi deferido efeito suspensivo para autorizar a realização de depósitos das quantias questionadas. A sentença reconheceu o direito da impetrante à aliquota zero, e posteriormente houve decisão deferindo o levantamento dos depósitos, tendo a União interposto agravo regimental (fls.2021). Apelando a União, os autos subiram ao TRF que deu parcial provimento à remessa oficial, porém negando provimento à apelação e ao agravo regimental, Fl. 2DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 376 3 incluindo como sujeitas à aliquota zero da CPMF as atividades que especifica (fls. 198204). 3. Inconformada com a autuação, da qual foi devidamente cientificada em 22/09/2006, a contribuinte apresentou em 23/10/2006 a impugnação de fls. 81118, documentos anexos às fls. 119183, na qual deduz as alegações a seguir resumidamente discriminadas: 3.1. Afirma que para o anocalendário de 2004 considerou o valor de CPMF na base de cálculo da CSLL, de acordo com o art.50 da IN 390/2004, efetuando recolhimento em 11/05/2005 com juros e multa conforme Darf de fls. 186. Aduz, então, ser improcedente o lançamento para o período 02 a 12/2004, por ter sido efetuado o recolhimento correspondente. 3.2. Diz que a base de cálculo utilizada para o lançamento do ano de 2004 está equivocada, pois é a mesma que suportou o recolhimento de IRPJ, referindose ao ano todo, quando deveria se referir apenas ao período de 02 a 12/2004, eis que a IN 390/2004 foi publicada somente em 02/02/2004, passando a vigorar no mês de 02/2004, razão pela qual não atinge os períodos anteriores autuados. 3.3. Afirma que, apesar de a autoridade fiscal considerar que o tributo com exigibilidade suspensa possui característica de provisão, adicionandoo na base de cálculo da CSLL, tal entendimento não encontra previsão em lei, constituindo ofensa ao princípio da estrita legalidade (art.97 do C'TN). Explica que tais valores não caracterizam provisões, mas sim despesas da empresa. Expõe jurisprudência, decisões do Conselho de Contribuintes e CSRF e a doutrina sobre o tema. Menciona art.242 do RIR194, art.16 do decretolei 1.598/77 e artigos 7.° e 8.° da lei 8.541/92. Cita o § 1° do art.41 da lei 8.981/95, o qual entende vedar a dedução de despesa de tributos apenas para efeito do lucro real, mas não para o lucro líquido. Diz que o art.57 da mesma lei determina a manutenção da base de cálculo da CSLL prevista na legislação em vigor, de forma que não se sustenta o entendimento de que as normas de apuração da base de cálculo do IRPJ seriam aplicáveis à CSLL. 3.4. Repisa que a natureza dos tributos é de despesa, certa e determinada, mesmo que sua exigibilidade esteja suspensa. Afirma que o tributo levado ao crivo do Judiciário é considerado devido antes que decidido de maneira contrária. Conclui que, ocorrida a situação que originou a despesa, a mesma será computada pelo regime de competência, assim como as receitas, mesmo que o desembolso para seu pagamento efetivo aconteça posteriormente. Discorre sobre despesas e provisões. Transcreve item de Boletim Central da COSIT n.21 de 25/02/93 no sentido de que tributos e contribuições não dedutíveis para efeitos de IRPJ, por força do art. 7.° da lei n.° 8.541/92, não serão adicionados para efeitos da base de cálculo da CSLL. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 377 4 3.5. A adição dos valores de tributos com exigibilidade suspensa à base de cálculo da CSLL não deriva de lei, violando o art. 97 do CTN e 150, I, da CF. 3.6. Explica que para haver incidência da CSLL é necessário haver acréscimo patrimonial e, sendo o tributo verdadeira despesa, sua adição na base de cálculo dessa contribuição extrapola a delimitação de lucro, estipulado como materialidade pela CF (art.195). Dessa forma, conclui que houve violação à materialidade da CSLL. 3.7. Alega que a incidência da CSLL sem a dedução da despesa em debate, sobre um valor que não representa lucro, implica ferir a capacidade contributiva da empresa, indo além do lucro tributável. 3.8. Cita jurisprudência, decisões do Conselho de Contribuintes e a doutrina sobre o tema. 3.9. Pede o cancelamento da exigência, eis que a vedação à dedução da base de cálculo da CSLL de tributos com exigibilidade suspensa, além de não ter amparo legal, afronta vários preceitos constitucionais, inclusive o fato imponível da própria contribuição”. A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente em parte, em decisão assim ementada: “DESPESA COM TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDAS JUDICIAIS. INDEDUTIBILIDADE PELO REGIME DE COMPETÊNCIA. Os tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medidas judiciais não podem ser deduzidos para fins de apuração da base de cálculo da CSLL. INCONSTITUCIONALIDADE/ ILEGALIDADE DE NORMAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade/ ilegalidade de normas.” Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que, além de reiterar as alegações contidas na impugnação, acrescenta as seguintes considerações (fls. 334/371): a) De início, impende esclarecer que a autoridade julgadora incorreu em pequeno equívoco constante no quadro "DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM REAIS", as fls. 224, da decisão, a medida em que nele não constam os valores exonerados pelo próprio julgador. b) A decisão é expressa ao reconhecer "(...) verificase que o auto de infração utilizou como base de cálculo da CSLL para 2004 o mesmo valor informado em tais Fl. 4DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 378 5 documentos (fls. 04). Aplicandose a alíquota da CSLL para os valores da CPMF suspensa referentes aos períodos de 02/2004 a 12/2004 temse o valor R$ 144.793,12, mesmo valor depositado para o principal no DARF de fls. 181. Tal valor foi recolhido após o prazo de vencimento da contribuição, com acréscimos legais (...) O DARF de fls. 181 deverá ser deduzido do total lançado para o período de 2004, efetuando sua alocação ao respectivo débito, e realizando a cobrança da CSLL restante." c) Pontuese, por oportuno, que o demonstrativo do débito que acompanha a intimação da presente decisão procedeu a exclusão dos valores excluídos nos termos do entendimento externado pela D. Autoridade Fiscal, revelando, assim, o patente equívoco cometido às fls. 244. d) Superada a extinção do débito tributário relacionado aos meses de fevereiro a dezembro de 2004, insta à Recorrente demonstrar o desacerto da D. Autoridade Julgadora e manter a exigência sobre os valores correspondentes aos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e ao mês de janeiro de 2004. e) No que tange a Instrução Normativa 390/2004, a Recorrente assevera a total impossibilidade de fundamentar a presente autuação, na medida em que, esta, somente entrou em vigor no mês de fevereiro de 2004, e como reconhecido pela própria D. Autoridade Julgadora, os valores a partir de tal mês foram devidamente recolhidos. f) De acordo com a legislação relativa à base de cálculo da CSLL, as provisões, excluídas as excetuadas no inciso I, do art. 13, da Lei n° 9.249/95, são indedutíveis, ou contrariamente, deverão ser adicionadas para a apuração da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. g) Verificase que o entendimento externado pela D. Autoridade Julgadora acerca de que os tributos com exigibilidade suspensa possuiriam características de provisões e, portanto, seria imperiosa a sua adição na base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, não pode prevalecer. Tal entendimento, no entanto, não se compatibiliza com a verdadeira natureza dos valores relativos ao pagamento de tributos com exigibilidade suspensa, perfazendose em uma interpretação extensiva com o nítido propósito de majorar a base de cálculo da contribuição sobre o lucro, sem a existência de lei que assim preveja, em clara ofensa ao princípio da estrita legalidade. h) Os tributos que estão com exigibilidade suspensa, não caracterizam provisões contábeis, mas sim verdadeiras despesas da Recorrente. Realmente, não há que se confundir ou colocar numa vala comum "valores" que se originam de eventos diferentes e possuem natureza diversa, sob a rubrica de "provisões". i) Mister se faz perquirir a natureza e origem do "encargo" que demandará a reserva de recursos, para se apurar se trata de efetiva provisão, na sua acepção científicocontábil, ou se aquele valor provisionado relacionase a uma despesa efetivamente incorrida pela pessoa jurídica, o qual se submeterá a tratamento distinto da primeira hipótese. j) Dúvida alguma pode surgir quanto à natureza de despesa dos tributos quando estes estão com exigibilidade suspensa. Isto porque, o tributo levado ao crivo do Poder Judiciário é devido antes que decidido de maneira contrária. Ou seja, até o final da demanda existe presunção da constitucionalidade das normas, razão pela qual a despesa Fl. 5DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 379 6 existe — visto estar consolidada a obrigação tributária pela concretização da situação hipotética descrita na norma ainda que sua cobrança esteja suspensa pelo litígio. k) A despesa com tributos, oriunda do nascimento da obrigação tributária no átimo da ocorrência do fato imponível no mundo fenomênico, é certa e determinada, mesmo que seu pagamento esteja protraído, pela espera de uma decisão judicial. l) Os tributos discutidos judicialmente não se enquadram na condição de provisão pois, em face do princípio da legitimidade e da presunção de legalidade das normas, tal exação é considerada devida desde a ocorrência de seu fato gerador, até que decisão judicial transitada em julgado declare o contrário, razão pela qual não representam diminuição patrimonial futura, mas atual e quantificável, consubstanciandose, portanto, em verdadeira despesa incorrida e necessária à manutenção da atividade empresarial. m) Segundo o entendimento exposto inicialmente pela própria Receita Federal os tributos e contribuições não dedutíveis para apuração do Lucro Real, base de cálculo do Imposto Renda das Pessoas Jurídicas, não deveriam ser adicionados a composição da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro. Ora, é incogitável supor, neste momento e através de manejos de interpretação, que a natureza jurídica de tributos e contribuições estaria alterada em razão do que dispõe o art. 13 da Lei n° 9.249/95. n) A postura de não adicionar a despesa de tributos com exigibilidade suspensa na conformação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, está absolutamente consentânea até mesmo com a disposição do parágrafo primeiro do artigo 41 da Lei n° 8.981/95, a qual veda, tãosomente, a sua dedução para efeito do lucro real, mas não para o lucro líquido. o) As "normas de pagamento" a que se refere tal dispositivo nada mais são do que as normas procedimentais a serem observadas pelo Fisco, porém, sem o condão de influenciar ou mesmo alterar a base de cálculo da CSLL. Além do que, da simples leitura do preceptivo em epígrafe, constatase que embora aplicáveis as ditas normas de apuração à CSLL, determinase a manutenção da base de cálculo da CSL prevista na legislação. p) Constituindose os tributos verdadeira despesa, a sua adição na base de cálculo da contribuição social sobre o lucro extrapola a delimitação de lucro, estipulado como materialidade pela Carta Magna (art. 195), na medida em que há um aumento fictício do mesmo, que alcançará o valor da própria despesa que não pôde ser deduzida. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes Fl. 6DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 380 7 A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a intimação em 17/04/2009 (AR de fls. 237). O recurso foi protocolado em 12/05/2009, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. A matéria controversa cingese à exigência sobre os valores de CPMF com exigibilidade suspensa, deduzidos nos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e ao mês de janeiro de 2004, visto que a Delegacia de Julgamento determinou a dedução dos valores pagos, no período de 02/2004 a 12/2004, do total lançado (fls. 181), excluindo a multa de ofício correspondente. A exigência tem por fundamento o entendimento de que são indedutíveis da base de cálculo da CSLL os tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa. Primeiramente, a contribuinte insurgese contra a utilização da Instrução Normativa n° 390/2004 para fundamentar a autuação, um vez que ela apenas entrou em vigor no mês de fevereiro de 2004, sendo que a partir de tal mês os valores devidos foram recolhidos. Justificase a menção à IN n° 390/2004, pois na autuação foram abrangidos fatos geradores ocorridos posteriormente à sua edição. No entanto, mais importante como fundamentos da exigência são os textos legais envolvidos na discussão, quais sejam, o § 1°, do art. 41 da Lei n° 8.981/95 e o inciso I, do art. 13, da Lei n° 9.249/95. Aduz a recorrente que não pode prosperar o entendimento de que os tributos com exigibilidade suspensa possuem características de provisões. Isto porque, são verdadeiras despesas, uma vez que até o final da demanda existe presunção da constitucionalidade das normas. A exação é considerada devida desde a ocorrência de seu fato gerador, representando diminuição patrimonial autal e quantificável, e, portanto em verdade despesa incorrida e necessária à manutenção da atividade empresarial. Para enfrentar a questão, entendo ser suficiente trazer à colação voto do Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, o qual reflete integralmente meu posicionamento: “O mesmo não pode ser dito acerca do direito aplicado. Entende a apelante a determinação prevista no § 1°, artigo 41 da Lei 8.981/95 não alcançaria a contribuição social; aliás, nem este dispositivo e nem o que dispõe (artigo 13 da Lei 9.249/95) ser vetada qualquer provisão não prevista em lei, pela circunstância de que o tributo, mesmo com exigibilidade suspensa, constitui "obrigação a pagar” e não provisão. Realmente, se o único texto normativo a ser interpretado fosse o § 1°, artigo 41 da Lei 8.981/95, entendo que o sujeito passivo estaria correto. Todavia, temos que enfrentar o dispositivo que estabelece a proibição de provisionar valores não autorizados por lei. O apelante considera que os tributos com exigibilidade suspensa não são uma provisão, mas sim uma obrigação, pois é imposta por lei. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 381 8 Entendo, porém, que a mera imposição por lei não é critério de distinção entre obrigação e provisão. Afinal, toda obrigação, mesmo a contratual, ainda que indiretamente, decorre de lei. Com efeito, contratos que versem sobre objetos ilícitos, não obrigam justamente por força de lei, e o contrário também é verdadeiro. Contratos com objeto lícito, analisados apenas por esta circunstância, obrigam as partes por força de lei, no caso, por força do Código Civil. Ou seja, não existem "obrigações naturais", não existe algo que deva ser provisionado pela empresa como pagamento a outrem que não seja imposto pelo ordenamento jurídico. Se a imposição por lei não distingue então obrigação de provisão, o que o faria? A certeza! Obrigações são passivos (dívidas) que apresentam certeza sobre sua própria exigibilidade, sobre seu valor (liquidez) e sobre sua data de liquidação. Assim, salários vencidos são efetivamente obrigações, pois são exigíveis e há certeza quanto a seu montante e sua data de pagamento. O mesmo, porém, não se diga das férias. A dívida é certa, o montante também; mas a data de pagamento, não. Por isso, a legislação a trata de provisão e expressamente autoriza sua dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSSL. Estabelecidos estes critérios, podemos claramente constatar que os tributos, cuja exigibilidade está suspensa por medida judicial, classificamse como provisões e não como obrigações. Não é possível precisar se serão ao final da disputa judicial realmente devidos, qual o montante que será devido e muito menos a data de sua liquidação. Dessarte, devem ser adicionados para fins de determinação da base de cálculo da CSSL. Aliás, essa é a jurisprudência pacifica deste Tribunal Administrativo. Transcrevo abaixo acórdãos a titulo exemplificativo: Número do Recurso: 135395 Câmara: PRIMEIRA CÂMARA Número do Processo: 10680.0180121200211 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL/LL Recorrente: BANCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. Recorrida/Interessado:4° TURMA/DRJBELO HORIZONTE/MG Data da Sessão: 20/09/2006 00:00:00 Relator:Valmir Sandri Decisão: Acórdão 10195727 Resultado:DPPM DAR PROVIMENTO PARCIAL POR MAIORIA Texto da Decisão: Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para excluir da exigência as importâncias de R$... e R$..., nos anos de 2000 e 2001, respectivamente. Vencido o Conselheiro Mário Junqueira Franco Júnior que Fl. 8DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 382 9 também admitiu a dedutibilidade dos juros sobre os valores provisionados. Ementa:CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS —TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutiveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. Número do Recurso: 119249 Câmara: SÉTIMA CÂMARA Número do Processo: 13921.000147/9792 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: IRPJ E OUTROS íl Recorrente:BEVEL BELTRÃO VEÍCULOS LTDA. Recorrida/Interessado: DRJFOZ DO IGUAÇU/PR Data da Sessão:17/08/1999 00:00:00 Relator: Carlos Alberto Gonçalves Nunes Decisão: Acórdão 10705713 Resultado: DPPU DAR PROVIMENTO PARCIAL POR UNANIMIDADE Texto da Decisão: Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para excluir da tributação a quantia de R$..., referente a novembro de 1994. Ementa: CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR MEDIDA JUDICIAL Sob a égide do art. 8°, da Lei 8.541/92, vigente e eficaz à época do fato gerador do imposto, são indedutíveis o valor do tributo ou contribuição cuja exigência estiver suspensa, nos termos do art. 151 do CTN. A restrição opera enquanto não houver trânsito em julgado da sentença prolatada. Voto, pois, por negar provimento ao recurso voluntário.(Acórdão n° 10323037, sessão em 24/05/2007). Por conseguinte não merece acolhida a argumentação da recorrente de que a adição dos valores de CPMF com exigibilidade suspensa, na base de cálculo da CSLL extrapolaria a delimitação de lucro, estipulado como materialidade pela Carta Magna (art. 195), pois os tributos com exigibilidade suspensa possuem nítido caráter de provisão. Ante todo o exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 9DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 16327.001437/200611 Acórdão n.º 180300.895 S1TE03 Fl. 383 10 Fl. 10DF CARF MF Emitido em 16/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Assinado digitalmente em 15/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 13609.721736/2011-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Exercício: 2007, 2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE OFÍCIO. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA EM VIGOR NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 103
Como o propósito dos presentes embargos de declaração é o de ver apreciado recurso ofício, cujo valor da redução do crédito tributário que o motivou está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, voto por não conhecer dos embargos de declaração, em cumprimento da Súmula CARF n° 103.
Embargos Não Conhecidos
Numero da decisão: 3301-003.230
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer dos embargos, nos termos do voto do relator.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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RECURSO DE OFÍCIO. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA EM VIGOR NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 103 Como o propósito dos presentes embargos de declaração é o de ver apreciado recurso ofício, cujo valor da redução do crédito tributário que o motivou está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, voto por não conhecer dos embargos de declaração, em cumprimento da Súmula CARF n° 103. Embargos Não Conhecidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer dos embargos, nos termos do voto do relator. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 17 36 /2 01 1- 89 Fl. 4139DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.140 2 Relatório Tratase de embargos opostos pela Fazenda Nacional, em face do Acórdão CARF n° 3301002.372, em processo com origem em Auto de Infração mediante o qual a Fiscalização exige Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – relacionado a fatos geradores compreendidos entre janeiro de 2007 e dezembro de 2008 e acréscimos legais (juros e multa), no montante de R$ 9.506.238,04 (fl. 3193). Segundo informação contida na autuação, o lançamento decorreu dos seguintes fatores (fls. 3189/3192): 1 – IPI sobre as vendas de produtos de fabricação própria – Não foi justificado motivo pelo qual a empresa deixou de destacar, em suas notas fiscais de saída, o valor do IPI sobre produtos de sua fabricação própria. Assim, não havendo dado para comprovar o efetivo recolhimento do tributo, foram lançados valores de IPI no período, considerando as alíquotas relacionadas aos Códigos NCM relacionados a cada um dos produtos da recorrente; 2 – IPI sobre transferência de produção para estabelecimento da mesma empresa – Como a recorrente não indicou, nas notas fiscais de saída de seu estabelecimento, que as transferências de mercadorias/produção estavam contempladas pela suspensão do IPI, nem se preocupavam em apontar a base legal dessa suspensão, a fiscalização lavrou o competente auto; 3 – Aproveitamento de créditos simples – Foram aproveitados, para a apuração do IPI devido, todos os créditos descritos na planilha apresentada em resposta ao Termo de Intimação 01, relativos à aquisição de insumos utilizados em seu processo produtivo. 4 – Após a confrontação dos débitos e créditos apurados, o valor de IPI devido, segundo a fiscalização, foi lançado por meio de Auto de Infração juntamente com os consectários legais pertinentes. Apresentada impugnação (fls. 3206/3229), mediante a qual alega que (i) a fiscalização não considerou, de forma integral, os débitos de IPI decorrentes da aquisição de insumos para fabricação própria; (ii) foram indevidamente desconsiderados os créditos de IPI decorrentes das saídas de produtos NT, alíquota zero e imunes; (iii) deve ser afastada a exigência do tributo decorrente da transferência de produtos entre estabelecimentos da mesma empresa; e (iv) pede a redução da multa qualificada (150%). A DRJ de Juiz de Fora (fls. 4089/4096) proveu parcialmente a impugnação da recorrente apenas para reduzir a multa qualificada. É o que se extrai da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício: 2007 IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. Fl. 4140DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.141 3 Somente será permitida a saída ou o desembaraço de produtos com suspensão do imposto quando observadas as normas regulamentares e as medidas de controle expedidas pela SRF. IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE MATERIALIDADE. A Lei nº 9.779/99 confere o direito de creditamento do IPI nas aquisições que derem origem a saídas isentas ou tributadas à alíquota zero; porém há de haver comprovação de que a autoridade fiscal, ao computar os créditos legítimos, teria omitido tais valores. IPI. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE LEGITIMIDADE. INOCORRÊNCIA DE AÇÃO TÍPICA. A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora de sonegação. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 4105/4123, mediante o qual, quanto às razões de mérito, repisa os mesmíssimos fundamentos deduzidos em sua impugnação. Apenas no tocante à multa reduzida, que entende ser ainda extorsiva em vista da situação da empresa (em recuperação judicial), traz as mesmas doutrinas e violações constitucionais aos princípios da razoabilidade e da capacidade contributiva. O CARF , por meio o Acórdão nº 3301002.372, de 28/05/2014 (fls. 4.128 a 4.132), negou provimento em análise do Recurso Voluntário apresentado pelo sujeito passivo, cuja ementa transcrevo:. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZAD OS IPI Exercício: 2007, 2008 IPI.CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE PROVA QUANTO AO NÃO APROVEITAMENTO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. O aproveitamento integral, pela Fiscalização, de planilha de crédito apresentada pela própria Contribuinte pressupõe a consideração , no processo de apuração de todos os créditos a que teria direito. Eventual crédito não inserido em planilha apresentada Fl. 4141DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.142 4 pela própria Contribuinte exige demonstração cabal da sua existência e origem, o que não se verificou. Recurso Voluntário cuja fundamentação, por ser genérica, não il ide as razões da decisão recorrida. Fundamentação deficiente. IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. FALTA DE LEGITIMIDADE. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS COM SAÍDA NÃO TRIBUTADA. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. IPI. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. CONDICIONANTES. FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO DEFICIENTE. Não se conhece de recurso quando de sua fundamentação não se puder constatar o objeto da controvérsia dos autos. Fundamentação deficiente. Ausência de insurgência quanto aos fundamentos da decisão rec orrida . MULTA DE OFÍCIO. A falta de destaque na nota fiscal do IPI devido na operação não caracteriza ocultação da ocorrência do fato gerador, nem mesmo alteração de sua natureza, o que afasta a caracterização de conduta tipificadora d e sonegação. O processo retornou ao CARF para julgamento do recurso de ofício, em consequência da solicitação da Delegacia da Receita Federal em Sete Lagoas/MG, transcrita abaixo: (...) Tendo em vista que: 1. A DRJ/JFA por meio do Acórdão nº 0940.026, de 20/04/2012 (fls. 4.089 a 4.097), deu provimento parcial à impugnação protocolada pelo contribuinte em epigrafe contra o Auto de Infração (IPI, ex. 2007) controlado pelo presente processo, reduzindo a multa de ofício de 175% para 75%. 2. Em respeito ao disposto na Portaria MF nº 03/2008, houve Recurso de Ofício, proclamado no próprio ato decisório de primeira instância administrativa, dado que o valor eximido por este ser superior ao limite estabelecido pela Portaria acima citada 3. Contra o Acórdão DRJ retrocitado foi apresentado pelo contribuinte Recurso Voluntário (fls. 4.105 a 4.123) Fl. 4142DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.143 5 4. O CARF , por meio o Acórdão nº 3301002.372, de 28/05/2014 (fls. 4.128 a 4.132), negou provimento em análise do Recurso Voluntário apresentado pelo sujeito passivo. 5. O presente processo foi encaminhado a esta ARF para que fosse dada ciência ao contribuinte em tela. Dado que houve a interposição do Recurso de Ofício, conforme acima descrito, contra o Acórdão DRJ nº 0940.026, e tendose que o CARF a respeito dele não se pronunciou no presente processo, proponho seu encaminhamento para análise e adoção das providências cabíveis. A solicitação da Delegacia da Receita Federal em Sete Lagoas (MG) foi recebida como embargos de declaração, em razão de o colegiado do CARF não ter julgado o recurso ofício interposto pela DRJ em Juiz de Fora (MG). O Presidente da 1° Turma Ordinária da 3° Câmara da 3° Seção emitiu despacho admitindo os embargos É o relatório. Fl. 4143DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.144 6 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas O Presidente da 1ª Turma da 1° Câmara da 3° Seção do CARF admitiu os embargos de declaração opostos pela Delegacia Regional de Julgamento em Juiz de Fora (MG), em face do Acórdão CARF n° 3301002.372. A DRJ alegou que o colegiado do CARF teria deixado de apreciar o recurso de ofício, o que configuraria omissão e, nos termos do art. 65 da Portaria MF n° 343/15 (RICARF), justificaria a oposição dos embargos. A DRJ/JFA por meio do Acórdão nº 0940.026, de 20/04/2012 (fls. 4.089 a 4.097), deu provimento parcial à impugnação, reduzindo a multa de ofício de 150% para 75%, o que redundou numa redução do crédito tributário de R$ 2.424.275,52 que ensejaria recurso de ofício ao CARF. Na decisão de primeira instância, foi consignada a interposição de recurso ofício, uma vez que a exoneração tributária ultrapassou o limite de alçada de R$ 1.000.000,00, estabelecido pela Portaria n° 03/08, em vigor em 29/05/2014, data em que houve a apreciação de 2ª instância. Por sua vez, o contribuinte também contestou a citada decisão, apresentando recurso voluntário. O CARF proferiu decisão, negando provimento ao recurso voluntário. Contudo, o respectivo colegiado não apreciou o recurso de ofício. Contudo, em 10/02/17, foi publicada a Portaria MF n° 63/2017, alterando o limite de alçada para R$ 2.500.000,00. E assim dispõe a Súmula CARF n° 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância." Como o propósito dos presentes embargos de declaração é o de ver apreciado o mencionado recurso ofício e o valor da redução do crédito tributário que o motivou é de R$ 2.424.275,52, isto é, está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, voto por não conhecer dos embargos de declaração, em cumprimento da Súmula CARF n° 103. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 4144DF CARF MF Processo nº 13609.721736/201189 Acórdão n.º 3301003.230 S3C3T1 Fl. 4.145 7 Fl. 4145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11968.001192/2008-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 17/11/2008
OPERADOR PORTUÁRIO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. PENALIDADE.
O cumprimento intempestivo da obrigação acessória de prestar informação sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela RFB, sujeita o operador portuário ao pagamento da multa prevista na legislação tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.634
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, a negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Cleber Magalhães - Relator.
Também participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Luiz Feistauer de Oliveira; Mércia Helena Trajano Damorim; Cassio Schappo; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo; Pedro Rinaldi de Oliveira e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: CLEBER MAGALHAES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 17/11/2008 OPERADOR PORTUÁRIO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. PENALIDADE. O cumprimento intempestivo da obrigação acessória de prestar informação sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela RFB, sujeita o operador portuário ao pagamento da multa prevista na legislação tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, a negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente. Cleber Magalhães Relator. Também participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Luiz Feistauer de Oliveira; Mércia Helena Trajano Damorim; Cassio Schappo; Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo; Pedro Rinaldi de Oliveira e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 11 92 /2 00 8- 25 Fl. 48DF CARF MF 2 Trata o presente processo de discussão sobre auto de infração referente à multa prevista no art.107, inciso IV, "f" do DecretoLei n° 37/1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003, em face da intempestiva prestação de informação, por parte do operador portuário, relacionada a operações por ele executadas, no âmbito de procedimento simplificado jungido ao regime de trânsito aduaneiro. Reproduzo o relatório feito pela DRJ/Fortaleza quando do julgamento do feito por aquela Unidade. A Alfândega do Porto de Suape. visando franquear otimização quanto aos procedimentos relativos ao trânsito de mercadorias entre os recintos alfandegados sob sua jurisdição aduaneira, com esteio no parágrafo único do art. 288 do então vigente Decreto n° 4.543/2002, resolveu expedir a Portaria n° 33, de 11/03/2008 (fls. 13/15). O beneficiário deverá, consoante os termos do § 3o do art. 3o desse diploma, promover a apresentação de documento próprio, denominado Informação de Transferência de Carga ITC, à unidade aduaneira, até o primeiro dia útil sequente à conclusão da operação. Porém (...)o beneficiário, operador portuário em tela, no que tange à execução da transferência atinente ao ITC n° 223, relacionada à carga, procedente do exterior por meio da embarcação denominada "Copacabana", não laborara em sintonia com os moldes prescritos. O momento da conclusão da operação datou de 13/11/2008, restando, portanto, o dia 14/11/2008, como marco final à apresentação do ITC mencionado. No entanto, o operador portuário somente promovera a entrega da documentação certificadora da operação em 17/11/2008, ferindo, portanto, os ditames da Portaria em análise. À vista disso, a fiscalização aduaneira, diante da intempestividade da comunicação formal, efetuou a exigência da penalidade pecuniária correspondente, resultando na exação em tela. Da impugnação (...) a autuação, em seu alicerce, ofende o princípio da estrita legalidade, visto que, no direito brasileiro, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei; em seara tributária, reza o inciso I do art. 150 da CF/88 que a exigência ou o aumento de tributo não prescinde de lei que o estabeleça; o Sistema Tributário Nacional pautase pelo princípio da estrita legalidade, descabendo, assim, qualquer obrigação legalmente desabrigada; Fl. 49DF CARF MF Processo nº 11968.001192/200825 Acórdão n.º 3201002.634 S3C2T1 Fl. 3 3 obrigação emanada por "mera Portaria do Inspetor da Alfândega do Porto de Suape" não tem o condão de provocar imposição de natureza tributária; somente a lei, sob ângulo formal, pode inaugurar obrigação, carecendo legitimidade, desse modo, a Portaria ALF/SPE n° 33/2008 para introduzila de forma originária; sob outro prisma, à luz do princípio da eventualidade, o auto de infração, igualmente, não merece ser acolhido, posto que nulo, tendo em vista ocorrência de equívoco quanto ao enquadramento da suposta infração cometida. Para acolher a tipificação apresentada pelos fatos, pelo menos em tese, a fiscalização, ao revés de haver consignado a alínea "f' do inciso IV do art. 107 do Decretolei n° 37/66 como fundamento legal da penalidade, deveria têlo feito sob o molde da alínea "f", ou mesmo a "g", do inciso VII do mencionado dispositivo legal. A 7ª Turma da DRJ/FOR no acórdão 0815.606, de 29 de maio de 2009, julgou improcedente o pedido da Recorrente, minutando nos seguintes termos: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 17/11/2008 OPERADOR PORTUÁRIO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.INTEMPESTIVIDADE. PENALIDADE. O cumprimento intempestivo da obrigação acessória de prestar informação sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela RFB, sujeita o operador portuário ao pagamento da multa prevista na legislação tributária. Lançamento Procedente Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, no qual pede a anulação do auto de infração, alegando, em síntese: DO DESRESPEITO AO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE: No caso concreto do auto de infração impugnado, é certo que a obrigação prevista em mera Portaria do Inspetor da Alfândega do Porto de Suape não pode implicar em imposição de obrigação de natureza tributária, visto que esta somente pode ser veiculada no mundo jurídico através de lei em sentido estrito. Ou seja, por lei formal, editada pelo Poder Legislativo, através do processo legislativo previsto na Constituição Federal de 1988. Portaria é instrumento normativo de caráter infralegal, o que significa dizer que suposta infração a uma determinada obrigação prevista na Portaria ALFSPE n.° 33/2008, não têm o condão de impor à empresa Autuada uma penalidade, visto que esta só pode Fl. 50DF CARF MF 4 ser imposta através do instrumento legal próprio, que é a Lei em sentido formal. Diante desse evidente desrespeito ao princípio da estrita legalidade, é evidente que o auto de infração impugnado não reúne a mínima condição de ser mantido. O argumento sustentado no acórdão recorrido de que a Recorrente ao aderir ao sistema simplificado de movimentação de cargas previsto na Portaria em questão estaria igualmente aderindo às penalidades impostas em razão do eventual descumprimento dessa norma não legitimam a imposição da penalidade. Neste sentido, é importante observar que somente a lei, e não a vontade da Autoridade Alfandegária ou do contribuinte, pode criar obrigações pecuniárias e penalidades a serem impostas de forma coercitiva contra os sujeitos passivos da obrigação. O tributo, ou em analogia, a penalidade não pode ser criada pela vontade das partes. Pelo menos não no que concerne a administração pública. A autoridade alfandegária, portanto, não tem competência para criar a penalidade, nem mesmo para extrair da realidade a fato típico que acaso verificado imporá ao responsável a penalidade. Essa atribuição foi reservada à lei pela Constituição Federal de 1988. Por tal razão, é imperioso concluir que a penalidade objeto do auto de infração impugnado não tem sustentação legai e por isso deve ser rechaçada. DO EQUIVOCADO ENQUADRAMENTO DA SUPOSTA INFRAÇÃO COMETIDA: Conforme se depreende pela leitura do respectivo auto de infração, o Auditor Fiscal responsável pela sua lavratura fundamentou a imposição da penalidade no art. 107, inciso IV, alínea T, do Decretolei n° 37/66, que prevê multa de R$ 5.000,00 para o operador portuário que deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federai, aplicada ao depositário ou ao operador portuário. Ocorre, no entanto, que caso se admita que a Recorrente tenha de fato cometido a infração descrita, ela deveria ser punida com a penalidade prevista no art. 107, inciso VII, alínea 'f ou 'g', do Decretolei n° 37/66, que prevê o seguinte: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: Vil de R$ 1.000,00 (mil reais): j) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos; e g) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado; Conforme se verifica pelos dispositivos legais acima transcritos, e caso se entenda que a Recorrente de fato tenha praticado a infração descrita no auto de infração impugnado, é certo que a Fl. 51DF CARF MF Processo nº 11968.001192/200825 Acórdão n.º 3201002.634 S3C2T1 Fl. 4 5 penalidade imposta deve ser aquela prevista ou na alínea 'f ou na alínea 'g' do inciso VII do art. 107 do Decretolei n° 37/66, e nunca aquela penalidade prevista no inciso IV, 'f. Por fim, o presente processo me foi distribuído. É o relatório. Voto Conselheiro Cleber Magalhães O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, razão pela qual deve ser conhecido. Passemos à análise das duas questões levantadas pelo Recorrente no intuito de ver anulado o auto de infração contra ela lavrado: 1. DO DESRESPEITO AO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE: A multa aplicada ao Recorrente está prevista no art. 107, inciso IV, alínea "f' do Decretolei n° 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003: Art, 107, Aplicamse ainda as seguintes multas: []IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): [...]f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário (girfei); Por sua vez, o § 3o do art. 3o da Portaria ALF/SPE n° 33/2008 assim estabelece: Art. 3° Encontrase automaticamente autorizada a transferência de unidades de carga entre recintos alfandegados que atenda as seguintes condições: (...) §3º O operador portuário responsável pela entrega da carga deverá apresentar a ITC na Alfândega/SA VIG até o primeiro dia útil seguinte à conclusão da operação, Tratase aqui do regime especial de trânsito aduaneiro, que permite o transporte da mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território nacional, com suspensão do pagamento de tributos. Fl. 52DF CARF MF 6 Assim dizia sobre o tema, o art. 288 do Decreto 4.543/2002, o Regulamento Aduaneiro então vigente: DO TRÂNSITO ADUANEIRO Ari. 288. Poderá ser objeto de procedimento especial de trânsito aduaneiro, na forma a ser estabelecida pela Secretaria da Receita Federai (...) Parágrafo único. Poderá ter procedimento simplificado, a ser estabelecido pela autoridade aduaneira local, o trânsito aduaneiro que tiver os locais de origem e de destino jurisdicionados à mesma unidade. No mesmo sentido vai a Instrução Normativa SRF n° 248, de 25/11/2002. que dispõe sobre a aplicação do regime de trânsito aduaneiro: Ari. 83. O titular da unidade da SRF poderá estabelecer procedimento simplificado para as operações de trânsito aduaneiro cujos locais de origem e de destino estejam a ele subordinados, dispensando, no sistema, as etapas correspondentes. Inicialmente, em relação ao alegado desrespeito ao princípio da reserva legal, verifica se que o caso em tela revelase claramente como uma aplicação da chamada “norma aberta”, ou seja, aquela que depende de previsão normativa posterior. A base legal para a autuação foi a alínea '"f" do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/66, com redação dada pela Lei 10.833/03, haja vista o descumprimento da obrigação acessória prevista no § 3o do art. 3o da Portaria ALF/SPE n° 33/2008. No caso, tratase da complementação de uma norma penal em branco. Normas penais em branco são normas nas quais o preceito secundário (cominação da pena) está completo, permanecendo indeterminado o seu conteúdo. Tratase, portanto, de uma norma cuja descrição da conduta está incompleta, necessitando de complementação por outra disposição legal ou regulamentar. No caso em tela, é uma norma penal em branco em sentido estrito, porque o complemento provém de fonte formal diversa; a lei é complementada por ato normativo infralegal. Assim, não há ofensa à reserva legal, pois a estrutura básica do tipo está prevista em lei. Não há problemas em deixar que sua complementação seja feita por ato infralegal. O que importa é que a descrição básica esteja prevista em lei, como ocorre no caso em tela. DO EQUIVOCADO ENQUADRAMENTO DA SUPOSTA INFRAÇÃO COMETIDA: O Recorrente alega que houve erro no enquadramento legal da infração que teria sido por ele cometida, por parte da fiscalização. Diz que ao invés de se enquadrar o ato infracional na Fl. 53DF CARF MF Processo nº 11968.001192/200825 Acórdão n.º 3201002.634 S3C2T1 Fl. 5 7 alínea “f”, do inciso IV, do art. 107 do Decretolei 37, de 66, o correto seria a utilização ou da alínea “f” ou da “g” do inciso VII, do mesmo art. 107. Transcrevo os dispositivos citados para melhor esclarecimento da matéria. Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: [...]IVde RS 5.000,00 (cinco mil reais): f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário; [...]VII de R$ 1.000,00 (mil reais): [...]f) por dia, pela descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos; e g) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado;(destaquei) Não vejo como prosperar a tese apresentada pelo Recorrente. As alíneas “f” e “g”, do inciso VII, do art. 107, referem a descumprimento de requisitos, condições ou normas para executar as atividades portuárias ou condição para a utilização de procedimento aduaneiro simplificado. No caso em tela, não houve ataque à própria utilização do procedimento aduaneiro simplificado, tampouco de pressuposto à operação de atividades de mercadorias sob controle aduaneiro. O que houve foi, tão somente, o deixar de prestar informação sobre as operações executadas, situação que se encaixa à perfeição ao dispositivo legal utilizado ao tipificar a inação do Recorrente no auto de infração agora atacado, qual seja, a alínea “f”, do inciso IV, do art. 107 do Decretolei 37/66. Aplicase, então, ao caso concreto, a legislação mais específica, conforme determina o princípio da especialidade, já há muito assentado no direito pátrio. Assim, por todo o exposto, voto por NEGAR provimento ao Recurso Voluntário, mantendo o crédito tributário. Cleber Magalhães Relator Fl. 54DF CARF MF 8 Fl. 55DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.723156/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 25/05/2009
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66.
MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.530
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 25/05/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario.
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MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA Recorrente CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 25/05/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei nº 37/66. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 31 56 /2 01 2- 41 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10711.723156/201241 Acórdão n.º 3201002.530 S3C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A irregularidade identificada consta do tópico "Dos Fatos", parte da Descrição dos Fatos do Auto de Infração. Segundo o relatado, consistiu na prestação intempestiva de informação referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali indicado, o que acarretou no bloqueio automático do conhecimento no sistema Carga, conforme extrato anexado aos autos. Diante dos fatos apurados, a fiscalização entendeu configurada a infração tipificada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003, e aplicou a multa ali cominada. Não conformada com a exigência, a contribuinte apresentou Impugnação, cujo principal argumento de defesa foi assim sintetizado pela DRJ: Bis in Idem. A impugnante foi penalizada mais de uma vez pela mesma conduta, uma vez que foram cobradas multas pelo atraso na entrega de informações referentes a cargas transportadas no mesmo navio/viagem, conforme processos administrativos indicados, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) nº 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento ou, subsidiariamente, que seja aplicado o entendimento de que só é cabível uma multa em relação a cada navio/viagem, excluindose as penalidades excedentes. A DRJ/Fortaleza julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo a exigência da penalidade nos termos do Acórdão 08033.105. No recurso voluntário foram repisadas as alegações trazidas na impugnação. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10711.723156/201241 Acórdão n.º 3201002.530 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.523, de 21 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10711.724209/201241, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3201002.523): "Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno deste Conselho, apresento e relato o seguinte voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e considerando o tempestivo Recurso Voluntário, dele conheço. A alegação da fiscalização de 'Não Prestação de Informação sobre Carga Transportada' e a consequente aplicação de multa de R$ 5.000,00 prevista no Art. 107 do DL 37/66, em razão do descumprimento do prazo previsto na IN RFB 800/2007, Art. 22, ocorreu em razão da fiscalização ter constatado que o contribuinte era consignatário e deveria ter cumprido o prazo em no máximo até 29/07/09 às 07:58, sendo que desconsolidou o mercante agregado HBL de fls. 23 e 24 às 18:00 do mesmo dia 29. Conforme alegação de bis in idem do contribuinte em seu Recurso Voluntário, a autuação seria atrelada a dois outros autos de infração, Processos Administrativos de n°. 10711.724.250/201218 e 10711.724.251/201262, com os mesmos fatos e penalidade. Vencido no voto de diligência, para que fossem juntadas aos autos cópias dos mencionados processos e fosse verificada a possibilidade da duplicidade da pena, conforme Resolução por mim proposta na sessão de Janeiro deste ano, é certo que devo proceder à análise do mérito desta lide. Em que pese existir precedente favorável à situação do contribuinte, como o encontrado no Acórdão 3102001.988 deste Conselho, que determinou que a multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem, como fora consignado na autuação, não houve comprovação da existência de duplicidade ou do bis in idem, tampouco argumentos capazes de prejudicar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou 'que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos'. Mas cópias dos Autos de Infração, um demonstrativo analítico, com os registros relativos às operações tratadas em cada processo apontado no recurso, não foram juntados pelo contribuinte. Esta situação (não juntada de documentos ou provas) diverge do previsto no Art. 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10711.723156/201241 Acórdão n.º 3201002.530 S3C2T1 Fl. 5 4 Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte. Restam prejudicados os demais argumentos do contribuinte, pois todos são decorrentes da alegação de bis in idem, exceto pela alegação de aplicação do princípio da razoabilidade, o que certamente teria valia porque é um princípio constitucional, contudo, está correta a fundamentação legal do lançamento, vigente e aplicável aos fatos narrados. O lançamento capitulou corretamente a multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do Decreto Lei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Assim, deve ser aplicada a multa prevista pela letra “e” do inciso IV, art. 107 do Decreto nº 37, isso é, no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Diante do exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para manter o lançamento em uma só multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)." Quanto à questão do bis in idem, da mesma forma que no caso do paradigma a contribuinte não juntou ao presente processo "cópias dos Autos de Infração, um demonstrativo analítico, com os registros relativos às operações tratadas em cada processo apontado no recurso". Não comprovada a ocorrência de duplicidade da exigência, não há como acolher o pleito de nulidade do presente lançamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 110DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.721981/2014-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010, 2011
GANHO DE CAPITAL. FATO GERADOR. ALIENAÇÃO A PRAZO. DECADÊNCIA.
O fato gerador do IRPF incidente sobre o ganho de capital, no caso de alienação a prazo, somente se completa quando do efetivo recebimento do valor referente à venda do bem ou direito, momento a partir do qual se inicia a contagem do prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, em que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício subsequente àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. FATOS GERADORES DISTINTOS.
Constituem fatos geradores distintos do IRPF incidente sobre o ganho de capital os recebimentos de valores referentes à venda do bem ou direito ocorridos em datas diferidas, não havendo necessariamente a vinculação da decisão administrativa relativa ao IRPF incidente sobre o recebimento ocorrido em um mês à futura apuração do IRPF relativo ao recebimento ocorrido em outro mês.
CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE DE MÚLTIPLO PROVEITO DO MESMO LUCRO. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES.
É indevida a capitalização de lucros apurados na empresa investidora através do Método de Equivalência Patrimonial, quando este mesmo lucro permanece inalterado na empresa investida, disponível nesta como lucros e/ou reservas de lucros tanto para que se efetuem capitalizações como para retiradas pelos sócios.
Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização indevida de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado.
MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE.
A divergência na qualificação jurídica do fato não pode ser equiparado ao evidente intuito de fraude para efeito de aplicação da multa qualificada prevista no artigo 44, II da Lei nº 9.430/96.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 2202-003.737
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar as preliminares, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que acolheram as preliminares de decadência e de existência de coisa julgada administrativa. No mérito: a) por maioria de votos, negar provimento ao recurso quanto à infração de Omissão/Apuração Incorreta de Ganhos de Capital, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que deram provimento ao recurso; b) por unanimidade de votos, desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%; c) por maioria de votos, manter a incidência dos juros sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora), Martin da Silva Gesto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que a excluíram. Foi designado o Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa para redigir o voto vencedor, na parte em que foi vencida a Relatora. O Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto informou que apresentará declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Redator designado.
(Assinado digitalmente)
JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO- Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada e Theodoro Vicente Agostinho (suplente convocado).
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010, 2011 GANHO DE CAPITAL. FATO GERADOR. ALIENAÇÃO A PRAZO. DECADÊNCIA. O fato gerador do IRPF incidente sobre o ganho de capital, no caso de alienação a prazo, somente se completa quando do efetivo recebimento do valor referente à venda do bem ou direito, momento a partir do qual se inicia a contagem do prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, em que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício subsequente àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. FATOS GERADORES DISTINTOS. Constituem fatos geradores distintos do IRPF incidente sobre o ganho de capital os recebimentos de valores referentes à venda do bem ou direito ocorridos em datas diferidas, não havendo necessariamente a vinculação da decisão administrativa relativa ao IRPF incidente sobre o recebimento ocorrido em um mês à futura apuração do IRPF relativo ao recebimento ocorrido em outro mês. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE DE MÚLTIPLO PROVEITO DO MESMO LUCRO. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. É indevida a capitalização de lucros apurados na empresa investidora através do Método de Equivalência Patrimonial, quando este mesmo lucro permanece inalterado na empresa investida, disponível nesta como lucros e/ou reservas de lucros tanto para que se efetuem capitalizações como para retiradas pelos sócios. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização indevida de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A divergência na qualificação jurídica do fato não pode ser equiparado ao evidente intuito de fraude para efeito de aplicação da multa qualificada prevista no artigo 44, II da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
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FATO GERADOR. ALIENAÇÃO A PRAZO. DECADÊNCIA. O fato gerador do IRPF incidente sobre o ganho de capital, no caso de alienação a prazo, somente se completa quando do efetivo recebimento do valor referente à venda do bem ou direito, momento a partir do qual se inicia a contagem do prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, em que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício subsequente àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. FATOS GERADORES DISTINTOS. Constituem fatos geradores distintos do IRPF incidente sobre o ganho de capital os recebimentos de valores referentes à venda do bem ou direito ocorridos em datas diferidas, não havendo necessariamente a vinculação da decisão administrativa relativa ao IRPF incidente sobre o recebimento ocorrido em um mês à futura apuração do IRPF relativo ao recebimento ocorrido em outro mês. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE DE MÚLTIPLO PROVEITO DO MESMO LUCRO. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. É indevida a capitalização de lucros apurados na empresa investidora através do Método de Equivalência Patrimonial, quando este mesmo lucro permanece inalterado na empresa investida, disponível nesta como lucros e/ou reservas de lucros tanto para que se efetuem capitalizações como para retiradas pelos sócios. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 19 81 /2 01 4- 66 Fl. 1619DF CARF MF 2 Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização indevida de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A divergência na qualificação jurídica do fato não pode ser equiparado ao evidente intuito de fraude para efeito de aplicação da multa qualificada prevista no artigo 44, II da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar as preliminares, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que acolheram as preliminares de decadência e de existência de coisa julgada administrativa. No mérito: a) por maioria de votos, negar provimento ao recurso quanto à infração de Omissão/Apuração Incorreta de Ganhos de Capital, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que deram provimento ao recurso; b) por unanimidade de votos, desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%; c) por maioria de votos, manter a incidência dos juros sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora), Martin da Silva Gesto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado), que a excluíram. Foi designado o Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa para redigir o voto vencedor, na parte em que foi vencida a Relatora. O Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto informou que apresentará declaração de voto. (Assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Redator designado. (Assinado digitalmente) JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada e Theodoro Vicente Agostinho (suplente convocado). Relatório Fl. 1620DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.617 3 Tratase de lançamento de crédito tributário do Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF relativo aos anoscalendário 2010 e 2011, efetuado por meio do Auto de Infração lavrado em 14/03/2014 (fls. 105/112), em face do contribuinte acima identificado, no montante de R$ 19.093.142,47, sendo R$ 6.839.742,96 de imposto, R$ 1.993.785,07 de juros de mora calculados até 03/2014 e R$ 10.259.614,44 de multa proporcional calculada sobre o principal. Consistiu a infração apurada na Omissão/Apuração Incorreta de Ganhos de Capital na Alienação de Ações/Quotas não Negociadas em Bolsa de Valores, cujo respectivo Imposto de Renda exigido referese aos anos de 2010 e 2011. A ação fiscal teve como escopo a análise da operação de alienação das ações do Banco Pactual S/A, CNPJ nº 30.306.294/000145, de propriedade do sócio Gilberto Sayão da Silva, precedida por reorganização societária ocorrida entre sociedades holdings, as quais detinham todas as ações do Banco Pactual. Conforme relata a Recorrente, as mencionadas ações foram alienadas ao grupo UBS pelo preço total de R$ 1.111.647.540,24, do qual a primeira parcela foi recebida em 2006, a segunda em 2009 e o saldo restante do preço foi pago em quatro parcelas de R$ 39.335.344,69, recebidas nos meses de março e setembro de 2010 e março e julho de 2011. O presente lançamento se refere às parcelas recebidas nos anos de 2010 e 2011. Os valores recebidos em 2006 foram objeto do Auto de Infração lavrado em 16.12.2009 (Processo nº 12898.002335/200931) e a parcela de 2009 também foi objeto de outro auto de infração lavrado em 23.10.2011 (Processo nº 12448.735359/201192) A referida reorganização consistiu na extinção das holdings que detinham participação societária no Banco, por meio de sucessivas incorporações às avessas, culminando com a alienação das ações do Banco Pactual diretamente pelos acionistas pessoas físicas da instituição. De acordo com o relatório fiscal, verificouse majoração ilícita do custo das ações alienadas, gerando, como conseqüência, a redução indevida do ganho de capital tributável obtido pelo acionista pessoa física. Isso porque, os sócios pessoas físicas providenciaram uma reestruturação societária no anocalendário 2006, mediante incorporações às avessas das holdings controladoras do Banco, para permitir que a transferência das ações do Banco Pactual S.A. ao UBS AG fosse feita diretamente pelos sócios pessoas físicas. Em 28/12/2004 e em 31/12/2005, foram realizados os aumentos do capital social de Pactual Participações Ltda nos montantes de R$ 210.000.000,00 e R$ 130.000.000,00, respectivamente, passando de R$ 125.000.321,05 para R$ 335.000.321,71 em 28/12/2004 e R$ 465.000.320,61 em 31/12/2005, mediante capitalização de parte dos lucros retidos na conta lucros acumulados da sociedade. Em 31/12/2005 a Pactual Participações Ltda é incorporada por Pactual Participações S/A, cujo capital social passou de R$ 26.969.514,00 para R$ 70.118.786,40 (aumento de R$ 43.149.272,40). Posteriormente, a Pactual Participações S/A transformouse em Nova Pactual Participações Ltda. Fl. 1621DF CARF MF 4 Em 13/10/2006, foi realizado o aumento do capital social da Nova Pactual Participações Ltda no montante de R$ 686.000.000,00, passando de R$ 70.118.786,40 para R$ 756.118.786,40, mediante capitalização dos créditos detidos pelos sócios quotistas contra a sociedade. Em 13/10/2006 a Pactual Holdings S/A, aumentou seu capital social em R$ 202.500.000,00, mediante a capitalização de créditos detidos contra a sociedade e a capitalização da reserva legal da Companhia. Em 13/10/2006 a Pactual Holdings S/A é incorporada por Pactual S/A, passando o capital social da incorporadora de R$ 34.498.190,25 para R$ 64.248.147,47. Também nesta data, a Nova Pactual Participações Ltda é incorporada por Pactual S/A, cujo capital social passou de R$ 64.248.147,47 para R$ 97.841.295,93. Em 01/11/2006, o capital social da Pactual S/A foi aumentado em R$ 3.862.542,92, passando para R$ 101.698.838,85, com a conseqüente emissão de duas ações preferenciais subscritas pelos acionistas André Santos Esteves e Gilberto Sayão da Silva e integralizadas mediante a capitalização de créditos por eles detidos contra a sociedade. Em 03/11/2006 a Pactual S/A aumenta seu capital social em R$ 996.087.876,00, passando este para R$ 1.097.786.714,85, mediante a capitalização de créditos detidos pelos acionistas contra a Companhia. Em 01/12/2006 a Pactual S/A é incorporada pelo Banco Pactual S/A, sendo vertido para o incorporador o patrimônio líquido da incorporada, de R$ 1.149.597.660,18. A partir deste último evento societário, os acionistas pessoas físicas passaram a ter participação direta no Banco Pactual S/A, detendo as ações que, posteriormente, foram alienadas. Observase um padrão nos eventos societários. Após o incremento dos respectivos Patrimônios Líquidos das companhias em decorrência dos ajustes de equivalência patrimonial originados pelo lucro do Banco Pactual S/A, todas as companhias Investidoras (Nova Pactual Participações Ltda, Pactual Holdings S/A e Pactual S/A) tiveram seus lucros e reservas capitalizados e posteriormente foram incorporadas pelas suas Investidas. De acordo com a fiscalização, nos processos de incorporação reversa houve majoração irregular no custo das ações alienadas, tendo em vista que o processo de extinção das holdings Pactual Participações Ltda, Nova Pactual Participações Ltda e Pactual Holdings S/A, com a anterior capitalização de dividendos nos valores de R$ 210.000.000,00, R$ 130.000.000,00, R$ 43.149.272,40, R$ 202.500.000,00, R$ 686.000.000,00, não poderiam gerar o aumento no custo das ações alienadas do Banco Pactual S/A, uma vez que, posteriormente, houve acréscimo cumulativo do custo das aludidas ações alienadas com a incorporação do acervo líquido da Pactual Holdings S/A e da Nova Pactual Participações Ltda e, mais tarde, a capitalização dos dividendos da companhia Pactual S/A, anteriormente à sua incorporação pelo Banco Pactual S/A, no montante de R$ 1.063.293.524,60, que representa a soma das parcelas R$ 29.749.957,22, R$ 33.593.148,46, R$ 3.862.542,92 e R$ 996.087.876,00. Com o evento de incorporação, todo o acervo líquido da Pactual S/A (PL), no montante de R$ 1.149.610.206,41, foi incorporado pelo Banco Pactual S/A. As ações ou quotas recebidas pelo sócio ou acionista, em decorrência do aumento de capital subscrito pela sociedade fundida, incorporada ou cindida, continuam sendo basicamente as mesmas de antes, ainda que qualitativamente tenha sofrido alteração, da mesma forma como se aceitaria indiscutivelmente como inalterada a participação societária dos sócios ou acionistas que participavam em uma sociedade que tenha incorporado patrimônio de outra. Fl. 1622DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.618 5 Concluise que o custo da ação alienada por cada acionista tem como base a participação de cada um deles no capital social da Pactual S/A, em 01/12/2006. Todavia, o contrato firmado na compra e venda do Banco Pactual S/A determinava que, entre a data da celebração do negócio e a data da efetivação do mesmo, os lucros auferidos seriam objeto de distribuição aos antigos proprietários, de tal forma, que em 22/02/2007, os acionistas alienantes, àquela época exacionistas, receberam de dividendos o montante de R$290.754.000,06. Tal montante, portanto, referese a lucros auferidos até 01/12/2006 e, para que pudessem ser distribuídos deveriam estar incluídos no patrimônio líquido da Pactual S/A. Por isso, esta parcela deve ser deduzida do custo de aquisição apurado. Com isso, chegase ao custo das ações alienadas pelo Contribuinte, que é de R$ 183.194.183,97, correspondente a 21,20% do total da sociedade. O que evidencia a irregularidade é que o sujeito passivo recebeu novas ações em troca das extintas, por ocasião da extinção da Nova Pactual Participações Ltda, mantendo assim, em sua propriedade a mesma parcela que detinha indiretamente do Banco Pactual S/A, entidade que concentrava a efetiva riqueza econômica e financeira do grupo empresarial, como também aumentou o custo de aquisição de tais ações por meio de dividendos não distribuídos. Os dividendos capitalizados são os mesmos, na medida em que as Reservas e Lucros capitalizados por Nova Pactual Participações Ltda e Pactual S/A nada mais são do que o Resultado da Equivalência Patrimonial do Banco Pactual S/A. O cerne do trabalho fiscal reside no fato de que as operações engendradas pelas citadas sociedades empresariais, em relação à questão da incorporação de lucros e dividendos, somente encontra lastro jurídicocontábilfinanceiro relativamente àqueles gerados pelo Banco Pactual S/A, com repercussão na controladora Pactual S/A. Isso porque, eventuais ajustes promovidos pelo Banco Pactual S/A em função de acréscimos patrimoniais ocorridos nas sociedades Pactual Participações Ltda e Nova Pactual Participações Ltda nada mais eram do que a própria riqueza gerada pelo Banco Pactual S/A, as quais já haviam sido consignadas no patrimônio de Pactual S/A. Diante de todo exposto, conclui a fiscalização que, em razão dos procedimentos acima descritos, os exacionistas informaram no Demonstrativo de Ganho de Capital de suas Declarações de Ajuste Anual o custo majorado de suas ações, inserindo elementos inexatos com o fim de pagar menos imposto de renda, conduta que se insere no contexto de fraude à fiscalização tributária, sendo o tipo doloso. Cientificado do Lançamento em 18/03/2014, conforme Aviso de Recebimento dos Correios de fl. 143, o Contribuinte, por meio de seu advogado, apresentou Impugnação em 11/04/2014 (fls. 1237/1297), trazendo, em síntese, as seguintes alegações: a) Preliminares A Impugnante, ora Recorrente, alegou duas preliminares: a.1) Decadência do lançamento, pois no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a decadência se dá no prazo de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador. Como o fato gerador do IRPF incidente sobre ganho de capital é a alienação do bem ou direito; e esta ocorreu em 01/12/2006; teriam decorridos mais de 7 anos entre esta data e a da ciência pelo Impugnante do Lançamento, em 18/03/2014. Seria irrelevante, para fins de Fl. 1623DF CARF MF 6 contagem do prazo decadencial, que o pagamento do preço de venda tenha sido feito de forma parcelada ou à vista. Alega, ainda, que o crédito tributário exigido estaria extinto por decadência mesmo que caracterizada fraude, dolo ou simulação, hipótese em que o termo inicial do prazo decadencial é deslocado para o primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador, nos termos do art. 173, I, do CTN. Isto porque, o prazo decadencial terseia iniciado em 01/01/2007 (primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador, que ocorreu em 01/12/2006) e terminado em 01/01/2012. a.2) Existência de Coisa Julgada Administrativa, uma vez que, em 16/04/2012, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ªSeção do CARF, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário apresentado pelo Impugnante, tendo cancelado integralmente o Auto de Infração de 2009, por entender que a apuração do ganho de capital na venda das ações foi realizada nos exatos termos da Lei. De acordo com a Impugnante, o Acórdão n° 210201.938 tornouse definitivo em 29/11/2012 e fez coisa julgada administrativa, encerrando a discussão quanto à apuração do ganho de capital auferido na alienação dos investimentos do Impugnante, uma vez que a situação versada nos Autos de Infração de 2009, 2011 e no presente é uma só: o ganho de capital auferido pelo Impugnante na venda das ações, realizada em 2006. b) Mérito Em relação ao mérito, a Impugnante, ora Recorrente aduz o seguinte: b.1) O Grupo Pactual era composto por diversas holdings, existentes há mais de 10 anos e constituídas em uma época em que os acionistas sequer cogitavam alienar seus investimentos no Banco Pactual. Os objetivos das holdings eram exclusivamente os de organizar o exercício do controle do Banco Pactual e propiciar uma distribuição adequada de seus resultados. Dessa forma, a alienação do Banco Pactual a terceiros faria com que as holdings se tornassem totalmente desnecessárias. b.2) O caminho trilhado pelos acionistas para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e econômico dentre todos disponíveis, sendo o acréscimo do custo de seus investimentos mera consequência de aplicação das normas em vigor. b.3) A Lei n° 6.404/1976 (LSA) define, em seu art. 227, a incorporação como a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Como regra, cabe à incorporadora aumentar seu capital social, sendo o aumento realizado pelo patrimônio líquido da incorporada e tocando aos acionistas desta última as ações representativas desse aumento de capital (art. 224, inciso I). b.3) A parcela do patrimônio líquido da incorporada representada por lucros ou reservas de lucro, por exemplo, transformase em capital da incorporadora no processo de incorporação. Por essa razão, é indiferente que, antes da incorporação, os lucros da incorporada sejam ou não capitalizados. b.4) As capitalizações de lucros verificadas antes das incorporações não representaram mero artifício para elevação do custo dos investimentos dos acionistas, pois (i) essa elevação ocorreria independentemente da capitalização prévia dos lucros e, no caso concreto, (ii) era essencial à adequada distribuição dos lucros de Participações. Fl. 1624DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.619 7 b.5) Em se tratando da alienação de quotas ou ações e em sendo o alienante uma pessoa física, o custo de aquisição corresponde ao custo original do investimento acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros capitalizados, nos termos do § 1º do art. 130 e do art. 135 do RIR. As distorções apresentadas através dos quadros demonstrativos do TVF decorrem do texto da lei. b.6) Os ganhos de equivalência patrimonial integram o resultado do exercício da investidora e, conforme estabelece o §6° do art. 202 da LSA, os lucros do exercício devem ser integralmente distribuídos, ressalvada a possibilidade de serem retidos, nos termos dos arts. 193 a 197 da mesma lei. b.7) O art. 22 da Lei n° 9.249/95, admite que, nas extinções de pessoas jurídicas, os bens de sua propriedade sejam restituídos a seus sócios ou acionistas pelos correspondentes valores contábeis. c) Nulidade do lançamento Alega ainda que a base de cálculo utilizada no lançamento está incorreta, pois o montante dos lucros capitalizados somase o custo dos investimentos a que correspondem, ainda que eles tenham sido reconhecidos em razão da aplicação do MEP. Assim, após a capitalização dos lucros existentes em Participações, o custo dos investimentos do Impugnante atingiu R$ 287.834.315,41. Esse é, pois, o valor que deveria ter servido de ponto de partida para quantificação do ganho de capital auferido na venda das ações do BANCO, caso os efeitos da Reestruturação fossem negados. d) Redução da multa de 150% Alega ainda a inexistência de dolo ou fraude , pois a Reestruturação não foi realizada com o propósito exclusivo de economia fiscal e seria levada a efeito, independentemente desta. O Auto não nega efeitos à Reestruturação, apenas rejeita um dos efeitos fiscais, qual seja, o cômputo no custo dos investimentos dos lucros capitalizados por Participações. Assim, não há que se falar em fraude à lei, abuso de forma ou ilícito semelhante, mas sim em aplicação inadequada das normas legais que versam sobre a determinação do custo de investimentos, para efeitos de determinação de ganhos de capital. Como conseqüência requer a redução da multa de 150%, pois sua aplicação só justificase quando há evidente intuito de fraude, ou seja, quando o contribuinte age de má fé e com claro propósito de violar conscientemente a lei. e) Não incidência da multa sobre juros Por fim, alegou a Impugnante ser descabida a incidência de juros sobre a multa porque isso implicaria numa indireta majoração da própria penalidade e não se pode falar em mora na exigência de multa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro julgou improcedente a impugnação (fls. 1416 à 1453) em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010, 2011 Fl. 1625DF CARF MF 8 ENQUADRAMENTO LEGAL GENÉRICO. O fato de constarem do auto de infração vários dispositivos legais concernentes a aspectos gerais relativos à tributação dos rendimentos de ganho de capital não macula o lançamento, quando restar caracterizado que não houve prejuízo ao contribuinte, seja porque a descrição da infração lhe possibilita ampla defesa, seja porque a impugnação apresentada revela pleno conhecimento da infração imputada. GANHO DE CAPITAL. FATO GERADOR. ALIENAÇÃO A PRAZO. DECADÊNCIA. O fato gerador do IRPF incidente sobre o ganho de capital, no caso de alienação a prazo, somente se completa quando do efetivo recebimento do valor referente à venda do bem ou direito, momento a partir do qual se inicia a contagem do prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, em que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício subsequente àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. FATOS GERADORES DISTINTOS. Constituem fatos geradores distintos do IRPF incidente sobre o ganho de capital os recebimentos de valores referentes à venda do bem ou direito ocorridos em datas diferidas, não havendo necessariamente a vinculação da decisão administrativa relativa ao IRPF incidente sobre o recebimento ocorrido em um mês à futura apuração do IRPF relativo ao recebimento ocorrido em outro mês. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE DE MÚLTIPLO PROVEITO DO MESMO LUCRO. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. É indevida a capitalização de lucros apurados na empresa investidora através do Método de Equivalência Patrimonial, quando este mesmo lucro permanece inalterado na empresa investida, disponível nesta como lucros e/ou reservas de lucros tanto para que se efetuem capitalizações como para retiradas pelos sócios. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização indevida de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. Fl. 1626DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.620 9 MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. É aplicável a multa qualificada quando restar caracterizado o evidente intuito de fraude do Contribuinte no sentido de impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Considerando que a multa de ofício é classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é correta a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício não pagos, a partir de seu vencimento. Cientificado (fls. 1455) da decisão, o contribuinte apresentou o competente Recurso Voluntário, no qual reitera as alegações feitas quando da sua impugnação. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões ao Recurso Voluntário reiterando as alegações expostas pela fiscalização e pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento. O Recorrente juntou parecer do Prof. Heleno Torres datado de julho de 2016, em virtude da qual requereu que o processo fosse retirado de pauta. É o Relatório. Voto Conselheira Relatora JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1 PRELIMINARES Conforme exposto no relatório, o Recorrente alega duas preliminares: Decadência e existência de coisa julgada administrativa em relação ao fato gerador objeto do presente lançamento. Analisaremos cada uma delas a seguir. 1.1) DECADÊNCIA. Em relação a alegação de decadência suscitada pela Recorrente é fundamental que se investigue qual o momento da ocorrência do fato gerador nas operações relativas ao ganho de capital da pessoa física. Fl. 1627DF CARF MF 10 De acordo com a Recorrente, o fato gerador, nesse caso, ocorreria no momento da alienação, pois tratase de fato gerador instantâneo, no qual o tributo é devido no momento em que o sujeito passivo pratica a conduta típica. A DRJ, por sua vez, entendeu que, em razão do regime de caixa aplicável às pessoas físicas, o aspecto temporal do fato gerador ocorreria no momento do efetivo recebimento. Ao analisar a jurisprudência deste Conselho, constatase que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 16 de fevereiro de 2016, Acórdão 9202003.770, firmou o entendimento de que o ganho de capital, nas hipóteses de venda a prazo, se dá no momento do efetivo recebimento dos valores por parte da pessoa física: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA OMISSÃO DE RENDIMENTOS GANHO DE CAPITAL. Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente. Nesse sentido, merece transcrição o voto da Conselheira Relatora Ana Paula Fernandes: Ora, estamos tratando de ganho de capital, desse modo, por uma questão deinterpretação lógica e respeitando a interpretação sistemática do conjunto de normas que compõem o arcabouço legal aplicável ao caso, não resta dúvida, se o pagamento ocorre a prazo o ganho de capital também ocorre a prazo e conseqüentemente o fato gerador se "renova" a cada parcela, observese os arts. 2 e 21, § 2 da Lei 7.713/88. LEI Nº 7.713, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1988. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. ......... Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.621 11 considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Não há dúvidas de que a tributação do IRPF segue o regime de caixa – o fato gerador ocorre na medida do recebimento de rendimentos. De modo que assiste razão a fazenda nacional quando alega que a ocorrência do fato gerador ou fato imponível faz nascer a obrigação tributária. A alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação. Portanto, o fato gerador não ocorre na data de alienação, mas sim, quando do recebimento das parcelas que representam o ganho de capital Da mesma forma que a decisão supra transcrita, entendo que o legislador, ao adotar o regime de caixa, elegeu como aspecto temporal do fato gerador no caso do imposto de renda pessoa física o momento do efetivo recebimento. Sendo assim, rejeito a preliminar de decadência. 1.2) EXISTÊNCIA DE COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. Ainda no âmbito das preliminares ao mérito, o Recorrente requer o reconhecimento da existência de coisa julgada administrativa em seu favor, uma vez que a situação versada nos Autos de Infração de 2009, 2011 e, no presente, é uma só: o ganho de capital auferido pelo Impugnante na venda das ações, realizada em 2006. Verificase que o pressuposto essencial para o reconhecimento da existência de coisa julgada aplicável a esses autos é o mesmo utilizado para a primeira preliminar, qual seja, o de que a ocorrência do fato gerador na apuração do ganho de capital se daria do momento da alienação, ocorrida em 2006, ainda que o pagamento tenha ocorrido de forma parcelada. Sendo assim, ao adotar a premissa de que a ocorrência do fato gerador do imposto de renda da pessoas físicas ocorre no momento do efetivo recebimento, há que se admitir a existência de fatos geradores distintos para os distintos recebimentos. Como já demonstrado no tópico relativo à decadência, no presente lançamento, foram glosados os ganhos de capital apurados em março e setembro de 2010 e em março e julho de 2011, ao passo em que no processo 12898.002335/200931 discutiase a parcela recebida à vista pelo contribuinte em virtude alienação das ações do Banco Pactual. Dessa forma, não há identidade invocada pelo Recorrente como apta a caracterizar a mencionada “coisa julgada administrativa”. Há fatos geradores distintos, como distintas bases de cálculo e aspectos temporais de ocorrência. Ademais, como bem ressaltado pela Procuradoria da Fazenda, há que se ter em mente que a Administração não pode simplesmente deixar de exercer o controle de legalidade dos seus atos. A coisa julgada administrativa a que faz menção o recorrente apenas importa no não cabimento de recurso na própria via administrativa. Assim, esgotados as instâncias de discussão relativamente ao processo 12898.002335/200931, não mais é dado à administração alterar o que ali ficara decidido. A decisão proferida pela turma julgadora Fl. 1629DF CARF MF 12 naquele processo, relativamente à situação específica ali tratada, é irretratável para a administração, pois exauridas todas as possibilidades de recurso. Todavia, coisa distinta é pretender que a administração não tenha mais a possibilidade de apreciar situação que lhe seja correlata, mas não a mesma, no âmbito de um outro processo administrativo fiscal. Em face do exposto, rejeito a preliminar: 2) MÉRITO 2.1) INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 135 RIR E AS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO PROCESSO A controvérsia exposta se refere qual a interpretação a ser dada ao artigo 135 do RIR/99. Isso porque, tanto as alegações do Recorrente, quanto as razões expostas pela fiscalização e pela DRJ giram em torno do alcance do referido dispositivo legal que está assim disposto: Art. 135. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital ou incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista (Lei nº 9.249, de 1995, art.10, parágrafo único). Como já exposto pelo próprio Recorrente, a reestruturação societária realizada por ele e demais sócios do Banco Pactual foi objeto de diversas autuações. Alguns processos decorrentes dessas autuações já foram julgados pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. Nesse sentido, citese, exemplificativamente, o decidido no Acórdão 9202 003.700: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF ANOCALENDÁRIO: 2006, 2009 JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporação reversa e nova capitalização, em Fl. 1630DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.622 13 inobservância da correta interpretação a ser dada ao art. 135 do Decreto no 3.000, de 1999, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS DE MORA POR APLICAÇÃO DE NORMA INFRALEGAL. INOCORRÊNCIA. Somente é cabível a exclusão da imposição de penalidades e da cobrança de juros de mora quando há comprovada aplicação do disposto em normas complementares às leis. Hipótese em que a alegada observância da Instrução Normativa SRF n° 84, de 11 de outubro de 2001, não tem o condão de afastar essa imposição, porque tal normativo não trata especificamente do caso discutido nos autos e, consequentemene, não pode dar suporte à interpretação do art. 135 do RIR/99 defendida pela autuada O voto do conselheiro relator Luiz Eduardo de Oliveira Santos, merece transcrição pela clareza e completude com que aborda a questão. Antes de fazer a análise das alegações do Recorrente, o conselheiro faz a delimitação do problema, nestes termos: Com base nesse dispositivo, o aumento de capital, realizado por uma pessoa jurídica, por incorporação de lucros, implica o aumento proporcional do custo de aquisição da participação societária de seus proprietários. Para exemplificar essa determinação, considere uma participação societária correspondente a 100% do capital de uma pessoa jurídica (detida por dois sócios, pessoas físicas), adquirida por R$ 1.000,00. Considere, também, que essa pessoa jurídica, em seguida, tenha auferido um lucro de R$ 100,00 e o tenha capitalizado. Considere, por fim, que os sócios tenham alienado essa participação societária a terceiros por R$ 1.500,00. Nesse caso, em que pese os sócios terem adquirido a participação societária por R$ 1.000,00 e, posteriormente, a alienado por R$ 1.500,00, o ganho de capital apurado não seria de R$ 500,00, mas apenas de R$ 400,00. Isso porque os lucros de R$ 100,00, capitalizados, têm o condão de aumentar o custo de aquisição da participação societária e, conseqüentemente, de diminuir o ganho de capital. Dessa forma, de uma maneira simples e apressada, poderseia concluir que qualquer capitalização de lucros implicaria um aumento do custo da correspondente participação societária. Ocorre que essa interpretação, no entender deste conselheiro, é literal e, considerando exclusivamente o parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, gera incoerências no sistema jurídico e disfuncionalidades na tributação de operações. Fl. 1631DF CARF MF 14 Para ilustrar a questão, vejamos uma situação, em tudo semelhante à anterior, porém em que os sócios tenham decidido criar uma holding controladora da pessoa jurídica operacional, que por sua vez, passaria a ser subsidiária integral da holding. Nesse caso: inicialmente teríamos os sócios, como proprietários da Holding, e esta reconhecendo em seu ativo uma participação societária na pessoa jurídica operacional, avaliada em R$ 1.000,00 por equivalência patrimonial; em seguida, com a pessoa jurídica operacional auferindo lucros de R$ 100,00, a Holding (por equivalência patrimonial) iria refletir esse lucro no valor de sua participação societária, o que resultaria no reconhecimento de lucros, também no valor de R$ 100,00; prosseguindo, a holding capitalizaria o lucro por ela reconhecido por equivalência patrimonial e, consequentemente, os proprietários atualizariam o valor da participação societária, para R$ 1.100,00; em momento posterior, a pessoa jurídica operacional incorporaria a holding, mantendo porém os lucros, de R$ 100,00, em seu patrimônio líquido e, somente então, capitalizaria esses lucros, permitindo que os proprietários atualizassem, mais uma vez, o valor da participação societária, agora para R$ 1.200,00;por fim, com os proprietários alienando sua participação societária por R$ 1.500,00, seria apurado um ganho de capital de apenas R$ 300,00. Repare que, em que pese os sócios terem adquirido a participação societária por R$ 1.000,00 e, posteriormente, alienado essa participação societária por R$ 1.500,00, o ganho de capital apurado não foi de R$ 500,00, nem de R$ 400,00, mas de apenas R$ 300,00. Isso ocorreu porque os lucros de R$ 100,00, reconhecidos na Holding por equivalência patrimonial foram capitalizados, aumentando o custo de aquisição da participação societária e, posteriormente, os mesmos lucros de R$ 100,00, auferidos pela pessoa jurídica operacional, em função de suas atividades, também foram capitalizados, aumentando mais uma vez o custo de aquisição da participação societária. Consequentemente, vemos aqui o ganho de capital reduzido duas vezes.Ora, essa situação é – em essência – igual à anterior: (a) uma participação societária adquirida por mil reais, (b) a correspondente empresa – operacional – que aufere 100 reais de lucro e (c) a venda dessa participação societária por mil e 500 reais. Mas apenas pela interposição de uma holding na estrutura societária do grupo econômico, o ganho de capital ficaria reduzido. E o pior, se – ao invés de uma holding – existissem duas ou mais, o ganho de capital seria mais reduzido ainda. Portanto, essa aplicação direta do parágrafo único a qualquer incorporação de lucros leva à incoerente conclusão de que, em se existindo várias holdings interpostas entre os proprietários e a pessoa jurídica, o ganho de capital pode ficar artificialmente reduzido, até a zero ou ainda a valores negativos.(grifamos) Esclarecida a operação, o conselheiro passa a descrever a finalidade dos institutos da capitalização de lucros prevista no artigo 135, bem como do método de equivalência patrimonial, nesses termos: Fl. 1632DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.623 15 Com efeito, a capitalização de lucros nada mais é do que uma operação que substitui o seguinte procedimento: (i) a distribuição do lucro, pela pessoa jurídica a seus proprietários, (ii) o imediato aumento de capital da pessoa jurídica, no valor do lucro distribuído e (iii) a subscrição e integralização do aumento de capital, por esses mesmos proprietários, com os recursos antes recebidos a título de distribuição de lucro. Por outro lado, o método da equivalência patrimonial tem por objetivo refletir no patrimônio de uma pessoa jurídica controladora (ou coligada) de outra, o patrimônio e conseqüentemente o resultado da investida. Com efeito, ele serve para refletir a situação da investida no patrimônio da investidora. (...) A propósito, lembramos que, no procedimento de consolidação, para apresentação da efetiva situação patrimonial, os lucros refletidos por equivalência patrimonial no patrimônio das investidoras devem ser eliminados. Realizaremos, agora, a análise jurídica da legislação, sem perder de vista essas características ontológicas (a) da operação de capitalização de lucros e (b) do método da equivalência patrimonial. (...) Reparase aqui a coerência dos dispositivos acima referidos. Como, na época, a distribuição de lucros era tributada, a capitalização do lucro não alterava o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro capitalizado seria alcançado pelo ganho de capital. Ora, a partir de 1996, temos uma clara mudança de tratamento na distribuição de lucro, que passou a não ser tributada, nem na fonte, nem na declaração de ajuste, nos termos do disposto no art. 10, da Lei n° 9.249, de 1995. Assim o lucro distribuído deixou de ser tributado; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias passou a ser alterado quando da capitalização de lucros distribuíveis pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado igual ao desse lucro capitalizado. (...) Reparase, da mesma forma que no sistema vigente anteriormente, a coerência dos dispositivos acima referidos. Como a distribuição de lucros deixou de ser tributada, a capitalização do lucro distribuível passou a alterar o custo de Fl. 1633DF CARF MF 16 aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro (distribuível isento e capitalizado) não seria alcançado pelo ganho de capital. Portanto, conhecendo a razão histórica do surgimento da legislação, (que foi a alteração de tributação para não tributação da distribuição de lucros), para compreensão da legislação, (a) afastamos a aplicação da interpretação literal e (b) entendemos como mandatória a aplicação da interpretação histórico/teleológica (acima discutida) e, sobretudo, da interpretação sistemática dos dispositivos relativos ao método da equivalência patrimonial, à distribuição e à capitalização de lucros. Ressaltese aqui que todos esses métodos de interpretação convergem. Especificamente quanto à interpretação sistemática é muito fácil perceber que não se deve considerar somente a leitura do parágrafo, mas também (e sobretudo) a leitura do caput do próprio artigo 10 da Lei n° 9.249, de 1995. Aliás, essa é uma regra hermenêutica básica, o parágrafo deve sempre se referir ao caput, sendo que sua consideração em separado gera problemas de contexto e, o que é pior, gera a famosa falácia de ênfase em que, se acentuando um aspecto da realidade, acabase por negar a própria realidade. Ora, no caput, é referido que os lucros ou dividendos pagos ou creditados é que não estarão sujeitos à incidência do imposto de renda. Portanto, interpretando o parágrafo nos limites do que dispõe o caput, concluímos facilmente que a capitalização de lucros que tem o condão de alterar o custo de aquisição de participações societárias é aquela referente a lucros passíveis de efetiva distribuição aos sócios ou acionistas sem tributação. Por seu turno, conforme já colocado no início desse voto, temos que o método da equivalência patrimonial teve por objetivo o reconhecimento de lucros de investidas, mesmo antes de sua distribuição. Não se está aqui negando a existência de um lucro decorrente do ajuste de equivalência patrimonial, mas não podemos deixar de levar em conta o fato de o lucro não é efetivamente distribuído mais de uma vez. Com efeito, o lucro decorrente do ajuste por equivalência patrimonial, é somente o reflexo do lucro auferido pela pessoa jurídica operacional (investida), esse último sim, passível de efetiva distribuição. Comprovando a conclusão acima, sabemos que a distribuição de lucro, registrado em decorrência do ajuste de equivalência patrimonial implica a necessidade de contratação de empréstimos ou distribuição de recursos aportados a título de capital. Pois bem, devemos nos lembrar de que a própria operação de capitalização de lucros foi concebida como um atalho para substituição do complexo procedimento de (i) a distribuição do lucro, pela pessoa jurídica a seus proprietários, (ii) o imediato aumento de capital da pessoa jurídica, no valor do lucro distribuído e (iii) a subscrição e integralização do aumento de Fl. 1634DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.624 17 capital, por esses mesmos proprietários, com os recursos antes recebidos a título de distribuição de lucro. (...) Agora, a partir do que se encontra acima colocado, é possível chegarmos a uma conclusão quanto ao procedimento de aplicação da legislação, no tocante à atualização do custo da participação societária, em função da capitalização de lucros pela pessoa jurídica. Considerando que a efetiva distribuição de lucros deve se dar a partir da pessoa jurídica operacional, essa distribuição, seguida de subscrição de aumento de capital nas empresas componentes de um grupo econômico (a pessoa jurídica operacional e suas holdings) deve ter por efeito patrimonial o aumento de capital em toda a cadeia de entidades relacionadas societariamente. Por óbvio não é possível distribuir mais de uma vez o mesmo lucro (o lucro e seus reflexos por equivalência patrimonial), portanto também não deve ser aceitável, pelo menos para fins fiscais, capitalizálo mais de uma vez A conclusão acima é inevitável, porque:as disponibilidades passíveis de distribuição estão no patrimônio da pessoa jurídica operacional, que somente pode distribuir o lucro para sua proprietária direta, a holding; já a holding, somente pode distribuir o lucro aos acionistas, pessoas físicas,após o recebimento dos recursos da pessoa jurídica operacional;os acionistas, por sua vez, somente podem aumentar capital na holding, em que possuem participação direta; e por fim, a holding, com os recursos recebidos, poderá aumentar capital da pessoa jurídica operacional. Ora, conseqüentemente, somente haverá capitalização de lucros efetivamente distribuíveis caso todas as pessoas jurídicas da cadeia societária (holdings e empresa operacional) realizem a capitalização. Ao contrário, caso ocorra apenas a capitalização dos lucros de holdings, o parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, não incide, devendo ser mantido o valor da participação societária pelos proprietários, até mesmo porque os efetivos lucros da pessoa jurídica operacional ainda poderão ser distribuídos sem tributação (para os próprios sócios) ou para futuros adquirentes. A exposição acima transcrita, deixa claro que a interpretação literal do artigo 135 do RIR pretendida pelo Recorrente, na situação dos autos, não encontra respaldo no arcabouço normativo que lhe serve de suporte além de criar um benefício fiscal sem causa. Como bem observou a Procuradoria da Fazenda, a adoção da interpretação literal pretendia pelo Recorrente teve como conseqüência o aumento do custo de aquisição das ações do Banco Pactual em 233,71% quanto patrimônio líquido do Banco aumentou em 84,45%. 2.2) DA BASE DE CÁLCULO ADOTADA NO LANÇAMENTO Alega ainda o Recorrente que a base de cálculo utilizada no lançamento está incorreta, pois o montante dos lucros capitalizados somase o custo dos investimentos a que correspondem, ainda que eles tenham sido reconhecidos em razão da aplicação do MEP. Fl. 1635DF CARF MF 18 Assim, após a capitalização dos lucros existentes em Participações, o custo dos investimentos do Impugnante atingiu R$ 287.834.315,41. Entendo, todavia, que a referida alegação não merece prosperar. Isso porque, como já demonstrado, o lucro existente no grupo Pactual era um só, produzido pelo Banco e refletido nas demais empresas em razão do MEP. No entanto, tal lucro ainda não tinha sido distribuído e estava integralmente contabilizado no Banco Pactual, podendo servir de base para distribuição de dividendos ou de capitalização no próprio Banco, o que de fato ocorreu. O lucro do Banco Pactual foi distribuído entre os acionistas da empresa, beneficiando, inclusive, os próprios alienantes e autuados. Constou do contrato de venda do Banco Pactual que os antigos acionistas receberiam dividendos provenientes do lucro produzido pelo Banco no ano de 2006. Dessa forma, se o lucro do Banco Pactual serviu de fundamento para distribuição de dividendos a seus acionistas não poderia ser utilizado em capitalizações realizadas nas holdings, que não têm receita própria, mas apenas refletem, pelo MEP, o lucro gerado pelo próprio Banco. 2.3) DA MULTA QUALIFICADA O Recorrente se insurge, também, quanto a aplicação da multa qualificada de 150% por entender que: a) não foi comprovado o "evidente intuito de fraude", uma vez que não foram identificados documentos inidôneos; b) todas as operações foram escrituradas e declaradas; c) a divergência na interpretação de dispositivo legal (art. 135 do RIR) não poderia ser qualificada como fraude. Nesse ponto, entendo correta a alegação do Recorrente. Por mais que se reconheça a prática de planejamento fiscal não oponível ao fisco, uma vez que a Recorrente se abrigou na literalidade normativa para obter efeitos fiscais em oposição da teleologia dos institutos jurídicos analisados, entendo que não está configurada a fraude penal necessária a aplicação da multa agravada. Como esclarece MARCO AURÉLIO GRECO em sua obra planejamento fiscal: Outra observação a ser feita é a de que a incidência do inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, que leva à multa mais onerosa, supõe a ocorrência inequívoca do intuito fraudulento. Vale dizer, não é toda e qualquer hipótese de falta de pagamento, etc. prevista no inciso I que vai levar a multa em dobro. Se não houve o intuito de enganar, esconder, iludir, mas se, pelo contrário, o contribuinte agiu de forma clara, deixando explícitos seus atos e negócios, de modo a permitir a ampla fiscalização pela autoridade fazendária, e se agiu na convicção e certeza de que seus atos tinham determinado perfil legalmente protegido que levava ao enquadramento em regime ou previsão legalmente mais favorável não se trata de caso regulado pelo inciso II do artigo 44, mas sim de divergência de qualificação jurídica dos fatos; hipótese completamente distinta da fraude a que se refere o dispositivo. A multa agravada só tem cabimento se o elemento subjetivo do tipo for a fraude no sentido de enganar, esconder, iludir etc. Hipóteses de razoável e justificável divergência de qualificação jurídica não configuram a "fraude" a que se refere o incido II. Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.625 19 Poderão em tese configurar fraude civil ou fraude à lei, mas esta não está alcançada pelo inciso II. (grifamos) Além disso, o artigo 112 do Código Tributário Nacional é claro ao dispor que " A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato". Nesse caso, entendo que a dúvida quanto a correta compreensão do alcance do artigo 135, II do RIR pode ser constatada a partir da decisão proferida no processo 12898.002335/200931 no qual foi dado provimento ao recurso do contribuinte, por unanimidade de votos. Em face do exposto, entendo que a multa de ofício deverá ser reduzida para o percentual de 75%. 2.4) DA EXCLUSÃO DA MULTA SOBRE JUROS Discorda a recorrente da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, os quais pede, caso não seja cancelado o crédito tributário, sejam excluídos. Este Conselho já apreciou a presente matéria, no Acórdão nº 110200.060 (julgado na sessão de 28/08/2009), a Conselheira Sandra Maria Faroni, bem sintetiza o argumentação que permite a conclusão não incidência dos juros sobre a multa de ofício, vejamos: “A obrigação tributária pode ser principal, consistindo em obrigação de dar (pagar tributo ou multa) e acessória, obrigação de fazer (deveres instrumentais). De acordo com o art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Portanto, compreendemse no crédito tributário o valor do tributo e o valor da multa. O Decretolei n° 1.736/79 determinou a incidência dos juros de mora sobre o "valor originário" , definindo como "valor originário" o débito, excluídas apenas as parcelas relativas a correção monetária, juros de mora, multa de mora e encargo do DL 1.025/69. Ou seja, não previu a exclusão da multa de oficio. O art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, ressalvando apenas a pendência de consulta formulada dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Seu § 1° determina que, se a lei não dispuser de forma diversa, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. No caso de multa por lançamento de oficio, seu vencimento é no prazo de 30 dias contados da ciência do auto de infração. Assim, o valor da multa lançada, se não pago no prazo de impugnação, sujeitase aos juros de mora. Além dos artigos 2° e 3° do DL 1.736/79, tratam dos juros de mora os seguintes dispositivos de leis ordinárias: Lei 8.383/91, Fl. 1637DF CARF MF 20 art. 59; Lei 8.981/95, art. 13; Lei 9.430/96, art. 5°, § 3°, art. 43, parágrafo único e art. 61, § 3°, Lei n° 10.522/2002, (cuja origem foi a MP 1.62131/98), arts. 29 e 30. O artigo 61 da Lei 9.430/96 regula a incidência de acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 01 de janeiro de 1997, não alcançando, pois, a multa por lançamento de oficio, uma vez que: (a) a multa não decorre do tributo, mas do descumprimento do dever legal de pagálo; (b) entendimento contrário implicaria concluir que sobre a multa de oficio incide a multa de mora. O artigo 30 da Lei 10.522/2002 determina a submissão, a partir de 10 de janeiro de 1997, a juros de mora calculados segundo a Selic, dos débitos cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994 e que não tenham sido objeto de parcelamento, e dos créditos inscritos na Dívida Ativa da União. Em síntese, em se tratando de débitos de tributos cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1° de janeiro de 1995 só há dispositivo legal autorizando a cobrança de juros de mora à taxa SELIC sobre multa no caso de multa lançada isoladamente; não porém quando ocorrer a formalização da exigência do tributo acrescida da multa proporcional. Nesse caso, só podem incidir juros de mora à taxa de 1%, a partir do trigésimo dia da ciência do auto de infração, conforme previsto no § 1° do art. 161 do CTN.” A fim de demonstrar o entendimento majoritário do CARF no sentido acima exposto, colaciono a ementa de diversos julgados: JUROS DE MORA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC. — É cabível, no lançamento de oficio, a cobrança de juros de mora sobre o tributo ou contribuição, calculados com base na variação acumulada da Taxa Selic. Referidos juros não incidem sobre a multa de oficio lançada juntamente com o tributo ou contribuição, decorrente de fatos geradores ocorridos a partir de 1/01/1997, por absoluta falta de previsão legal. (Acórdão 20216.397, sessão de 14.07.2005). JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFICIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa aplicada. (Acórdão 101 96.008, sessão de 1/03/2007). INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Não incidem os juros com base na taxa Selic sobre a multa de oficio, vez que o artigo 61 da Lei n.° 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente não incidem os juros previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de oficio.(Acórdão 10196.607, sessão de 06/03/2008). Inclusive há decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se verifica pelo Acórdão 910100.722 (1a. Turma da CSRF), julgado na sessão de 8 de novembro de 2010, de relatoria da Conselheira Karem Jureidini Dias: Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.626 21 RECURSO ESPECIAL – CONHECIMENTO. Não deve ser conhecido o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional quando inexiste similitude fática entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa ofício aplicada. A fundamentação do referido acórdão da 1a. Turma da CSRF é de que a regra veiculada pelo art. 61 da Lei n.° 9.430/96 referese à incidência de acréscimos moratórios sobre ‘débitos decorrentes de tributos e contribuições’, sendo certo que a penalidade pecuniária não decorre de tributo ou contribuição, mas do descumprimento do dever legal de declarálo e/ou pagálo, de onde se extrai a conclusão de ser inaplicável os juros de mora a taxa Selic sobre a multa de oficio. Assim, a conclusão é de que a taxa SELIC só incidirá sobre multas isoladas, aplicadas nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430/97. Por tais razões, afasto a incidência dos juros aplicáveis sobre a multa de ofício. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, dou parcial provimento ao recurso voluntário para reduzir o percentual da multa para 75% e afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Voto Vencedor Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator designado Em que pese o bem fundamentado voto da ilustre Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio, peço vênia para divergir, tão somente em relação aos juros de mora sobre a multa de ofício. Sobre essa questão, entendo que o §3º do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, ao se referir aos juros incidentes sobre os débitos para com a União, incluiu o tributo e a multa de ofício, pois a multa também é um débito com a Fazenda Pública. Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Fl. 1639DF CARF MF 22 §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Nesse sentido é o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme ementas abaixo: JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. Recurso Especial Negado. (Acórdão nº 9202001.806, data de publicação: 29/11/2011, relator: Gustavo Lian Haddad, redator designado: Elias Sampaio Freire). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910101.191, data de publicação: 17/10/2011, relatora: Karem Jureidini Dias, redator designado: Claudemir Rodrigues Malaquias). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 9101000.539, data de publicação: 02/07/2014, relator: Valmir Sandri, redatora designada: Viviane Vidal Wagner). No âmbito do Poder Judiciário, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem firmado entendido de que são devidos os juros de mora sobre a multa de ofício, conforme se depreende das ementas abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.627 23 INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (grifei) (AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/12) TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (grifei) (REsp nº 1.129.990PR, Rel. Ministro Castro Meira, julgado em 1º/09/2009). Portanto, é de se subsistir a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator designado Declaração de voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Decadência: A despeito do excelente voto proferido pela i.Relatora, entendo ser necessário divergir em relação à aplicação da decadência in casu, tendo em vista o momento do fato gerador e as regras aplicáveis para o IRPF. Para corretamente identificar o fato gerador é preciso uma breve explanação sobre o fato jurídico que leva à imposição do IRPF sobre o ganho de capital: alienação. O ganho de capital, conforme a legislação pátria, incide sobre a alienação, a qualquer título, de bem ou direito. Nesse sentido, a alienação decorrente de doação gera ganho de capital (se o bem for recebido por valor superior ao valor originalmente declarado). Mais fácil é a apuração do ganho de capital nos casos de alienação decorrente de compra e venda, quando a base de cálculo será o preço. Como se sabe, o Código Civil de 2002 estabeleceu o contrato de compra e venda como consensual, fazendo nascer, na data do seu aperfeiçoamento, duas obrigações de dar: pelo vendedor, a coisa vendida, e pelo comprador, o preço (art. 481 e seguintes). Em outras palavras, aperfeiçoado o contrato, nasce imediatamente um créditos para cada uma das partes. Fl. 1641DF CARF MF 24 Ainda é importante registrar que o mesmo diploma legal já prevê regras aplicáveis quando a venda não é à vista. Segundo o seu art. 491, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa vendida antes de receber o preço. Esse artigo excepciona os casos de venda a crédito, quando o vendedor não pode se opor à entrega pelo simples fato de não ter efetivamente recebido o preço. Isso porque o preço é certo, ainda que não exigível e, exatamente por não ser exigível ainda não foi quitado. Diferente é a alienação da coisa vendida a menos que igualmente tenha prazo , que já é certa e exigível desde o momento do aperfeiçoamento do negócio. Conforme registrou a própria autoridade lançadora no Termo de Verificação Fiscal: "Segundo consta do CONTRATO, a compra e venda das ações foi firmada em 09/05/2006, porém o controle acionário somente foi transferido à Adquirente (UBS AG) com o evento denominado “Fechamento”, o qual necessitava de diversas providências a serem previamente cumpridas antes da efetiva transferência das ações ao Adquirente (Capítulo VII do CONTRATO), entre as quais estavam as (i) “Aprovações Regulatórias Necessárias” – que incluíam desde a aprovação do CADE e do BACEN até os arquivamentos das alterações contratuais/estatutárias nos órgãos competentes; e (ii) as obrigações da Adquirente, da Controladora (Pactual S/A antes da reorganização societária) e dos sócios (após a reorganização societária) – que visavam a obtenção de declarações, garantias e certificados de ambos os contratantes, além de outras providências operacionais. Para esse período entre, aproximadamente, a data de celebração do CONTRATO e a data de “Fechamento”, cunharam a denominação de “Período Intermediário”, durante o qual o controle acionário permaneceria com os alienantes das ações do Banco Pactual S/A. Conforme previsão contratual (Cláusula 1.2), a “Contraprestação do Fechamento em Dinheiro” (primeira parcela do pagamento pela venda das ações do Banco Pactual S/A) ficou definida para ser paga aos sócios pessoas físicas (uma vez que as holdings deveriam ser extintas durante o “Período Intermediário”) na “Data do Fechamento”. De fato, o recebimento dessa primeira parcela em função do “Fechamento” da compra e venda das ações ocorreu em dez/2006, conforme consta da Declaração de Imposto de Renda do sócio pessoa física. O “Pagamento Diferido” foi a parcela restante que integrou a “Contraprestação Total" (valor de alienação das ações do Banco Pactual S/A). Sua previsão contratual está contida na Cláusula 1.3 do CONTRATO, para ser pago em data posterior ao “Fechamento” da compra e venda das ações. O montante do “Pagamento Diferido” convencionado deveria variar com base no desempenho econômico do Banco Pactual S/A, especificado no CONTRATO, e sua quantificação estaria submetida a limites máximos e mínimos de valores." fl. 117 Depreendese, portanto, que foi firmado em 09/05/2006 um contrato de compra e venda da integralidade da participação, a crédito e sujeito a condição suspensiva. O evento condicionante ("fechamento") foi observado em dez/2006, levando à alienação da Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.628 25 participação acionária (entrega da coisa vendida) e ao surgimento do crédito referente ao preço. Parte desse crédito foi quitado imediatamente, enquanto o restante do preço já acordado e definido, ainda que não líquido nem exigível foi diferido para momento posterior. Repisase: não há qualquer indício de que tenham sido realizadas diversas vendas, cada uma sobre parte da participação acionária, e mediante o pagamento referente a cada negócio, mas sim um único negócio jurídico de compra e venda e, mais relevantemente, uma única alienação da participação acionária, com pagamento parcelado. Questionase: no momento do "fechamento", nasceu o crédito em prol dos alienantes? Sim. O recebimento de um crédito pode ser considerado como rendimento? Sim, posto que há disponibilidade econômica e jurídica (o alienante poderia ter feito operações bancárias, por exemplo, para liquidar antecipadamente o seu crédito). É relevante, para a constatação do fato gerador (alienação do bem ou direito) o efetivo recebimento da contraprestação (preço) ou a sua exata medida? Não, inclusive é o que se extrai de informações prestadas pela própria Receita Federal: "563 Como devem ser tributados os resultados obtidos em alienações de participações societárias quando o preço não pode ser predeterminado? Quando não houver valor determinado, por impossibilidade absoluta de quantificálo de imediato (ex.: a determinação do valor das prestações e do preço depende do faturamento futuro da empresa adquirida, no curso do período do pagamento das parcelas contratadas), o ganho de capital deve ser tributado na medida em que o preço for determinado e as parcelas forem pagas. Não obstante ser indeterminado o preço de alienação, tomase como data de alienação a da concretização da operação ou a data em que foi cumprida a cláusula preestabelecida nos atos contratados sob condição suspensiva. Contudo, alertese que o tratamento descrito deve ser comprovado pelas partes contratantes sempre que a autoridade lançadora assim o determinar." (grifamos)1 Ora, a própria Receita Federal, nas suas instruções ao público, já esclarece o momento do fato gerador: "tomase como data de alienação a da concretização da operação ou a data em que foi cumprida a cláusula preestabelecida nos atos contratados sob condição suspensiva". Ora, se o fato gerador é a alienação, e há o fato gerador sempre que a coisa é alienada, independentemente da causa, então o fato gerador na compra e venda a prazo é o mesmo fato gerador da compra e venda a vista ou mesmo da doação: a alienação. Não se pode confundir (1) a data do fato gerador do tributo, (2) com a data da apuração do tributo, nem (3) com a do pagamento do tributo. No caso de venda a prazo, apenas a data do pagamento do tributo é que é diferida. Efetivamente, o art. 140 do RIR/1999 é claro em afirmar que: Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das 1 Disponível em: https://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/IRPF/2015/perguntao/assuntos/ganhode capital.htm, acessado em 11/01/2017. Fl. 1643DF CARF MF 26 parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). Assim, ao estabelece apuração "como venda à vista", o regulamento deixou claro que a apuração do quantum debeatur deve ser feita da mesma forma, sendo a compra e venda a prazo ou à vista, ratificando o quanto afirmando antes que o fato gerador é um só, a alienação. Não poderia ser outra a solução, diante do quanto estabelece o art. 116 do CTN: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. (grifamos) Ora, alienação de um bem ou direito é um ato jurídico de disposição, que pode ser causado por diversos outros fatos (em especial, mas não exclusivamente, negócios jurídicos), mas que não se altera em função da sua causa. Assim, a alienação é sempre alienação; é o ato de transferir a outrem, "alheio", pouco importando se decorre de doação ou de compra e venda; se provém de compra e venda à vista ou a prazo. Nesse sentido, como se observa do transcrito art. 116, o fato gerador (ganho de capital) decorrente da alienação se considera ocorrido "desde o momento em que esteja definitivamente constituída" a "situação jurídica", i.e., desde o momento em que a coisa, lato sensu, é alienada. Como já explicado, considerase alienado o bem ou direito no instante em que se transfere a sua propriedade, pouco importando se há uma contraprestação, e se ela foi ou não adimplida, integral ou parcialmente. Argumentar em sentido contrário (de que só há ganho de capital no momento em que um pagamento é feito), implica necessariamente em afirmar que não há ganho de capital na doação, mesmo quando o valor declarado é aquele de mercado e não o contábil. Isso porque, apesar de haver uma alienação, não haveria qualquer disponibilidade jurídica ou financeira. Mais, o complemento "tributado na proporção das parcelas recebidas", por sua vez, serve apenas para deixar claro que a cobrança do tributo, i.e., a sua exigibilidade não a ocorrência do fato gerador deve ser parcelada no mesmo ritmo dos pagamentos, quando há um preço. A justificativa será exposta abaixo. Para ratificar essa posição de que o fato gerador nasce no instante em que se aperfeiçoa o negócio, e não no momento em que o preço é pago, rememoramos o fato de que a oferta de desconto, no pagamento da dívida de bens alienados a prazo não dá azo a diminuição do valor tributável. Ora, se o fato gerador do tributo fosse o recebimento do pagamento, então a base de cálculo do ganho de capital seria o valor efetivamente pago, e não o preço acordado na data do negócio jurídico. Igualmente, havendo incidência de juros que venha a aumentar o valor das parcelas pagas após o negócio jurídico, esses valores não são incluídos na apuração do ganho de capital, mas sim no ajuste anual. Mais uma vez: se o fato gerador do ganho de capital fosse o efetivo recebimento das parcelas futuras, então a base de cálculo seria o valor efetivamente pago, e não o preço acordado na data do negócio jurídico. Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.629 27 O ordenamento pátrio criou a figura do ganho de capital diferido não para mutilar o fato gerador, destrinchandoo em cada parcela paga, mas sim para facilitar o pagamento do tributo devido devido, registrase, desde o aperfeiçoamento do negócio. Seria, pois, muito difícil concluir um negócio de compra e venda parcelada se a integralidade do ganho de capital fosse exigível no momento em o contrato se aperfeiçoasse. O vendedor exigiria, como regra, uma entrada suficiente para cobrir integralmente o valor do IRPF; essa imposição, em muitos casos, tornaria proibitivo o negócio para o adquirente, que parcela o débito (em geral) por não ter disponibilidade financeira para grandes pagamentos a vista. O pagamento diferido do imposto de renda sobre o ganho de capital é diferente, por exemplo, do contrato de locação, no qual os alugueres se tornam devidos a cada ciclo (diário, mensal, anual etc.). Neste, o negócio se aperfeiçoa no momento em que foi firmado, mas só nasce a obrigação de pagar (o débito) quando se observa um ciclo. Por exemplo, um contrato de locação residencial pode ser firmado por prazo certo de 1 mês, de 30 meses ou mesmo por tempo indeterminado; ainda assim, só haverá rendimento à medida que se passar cada mês. O locatário não é devedor dos alugueres dos 30 meses ab ovo, bem como o locador não tem direito à totalidade do valor que pode ser recebido caso o contrato perdure por todo esse período. Diferentemente, na compra e venda a prazo o comprador já deve a integralidade do valor desde o primeiro momento. O pagamento é parcelado apenas porque o débito, apesar de existente, é inexigível. Frisase, não há que se falar em regime de caixa ou regime de competência quando o pagamento do preço de uma compra e venda é parcelado: como já dito alhures, a disponibilidade jurídica e econômica surge no momento em que o negócio jurídico se aperfeiçoa, adquirindo o vendedor um crédito contra o comprador. Há, meramente, diferimento da exigibilidade do débito fiscal (o fato de tornarse "cobrável" a obrigação) para gerar facilidade financeira para o alienante e, consequentemente, facilitar os negócios da vida social. Tomando a questão ainda por outro ângulo, não se pode confundir o critério temporal do fato gerador de um tributo com o momento em que o débito perante a fazenda pública se torna exigível. O primeiro e mais claro exemplo é o próprio IRPF na sua modalidade de ajuste anual: o fato gerador (complexo) tem como referência o dia 31 de dezembro de cada anocalendário. Ainda assim, a sua liquidação só ocorre depois, quando da entrega da declaração anual ao fisco ou do lançamento de ofício. Enfim, somente com a liquidação do débito tributário do IRPF que pode ocorrer por qualquer uma dessas hipóteses é que se torna exigível, não podendo o Contribuinte ser constrangido judicialmente em momento anterior. São as três datas: o fato gerador (auferimento da renda), a apuração (declaração ou lançamento), e a exigibilidade (prazo estabelecido para o pagamento). Outros exemplos podem ser dados, tais como o ICMS e o ISS. Em ambos, o critério temporal do fato gerador é o momento em que se aperfeiçoa o fato jurídico, i.e., a circulação da mercadoria ou a prestação do serviço. O fato de o pagamento ser feito em outro momento, ou de forma parcelada, não altera a data do fato gerador. In casu, o critério temporal do fato gerador do IRPF sobre ganho de capital é a alienação. O pagamento parcelado e o estabelecimento de um preço ilíquido, não alteram o critério temporal do fato gerador, apenas postergam o momento da liquidação ou da exigibilidade do débito, que já existe. Efetivamente, é o que se extrai do art. 2º da Lei nº 7.713/1988: Fl. 1645DF CARF MF 28 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (grifamos) Nem se argumente que, tomando esse posicionamento, tornase impossível à Receita Federal fiscalizar tempestivamente os negócios com pagamentos parcelados em período superior a 5 (cinco) anos. A verdade é que a alienação de bens e direitos deve ser declarada no momento em que se aperfeiçoa, ainda que o pagamento seja diferido. O fato de o pagamento ser parcelado não implica em afirmar que o preço seja desconhecido (ou impossível de liquidação). Efetivamente, o Código Civil dedica ao menos cinco artigos às regras de estabelecimento do preço na compra e venda (arts. 485 a 489), deixando claro que o contrato se torna sem efeito ou é nulo quando não houverem normas claras que permitam a sua quantificação. Nesse sentido, inclusive, outra instrução da Receita Federal: 576 Como se tributa a alienação de bem imóvel com recebimento de seu valor em bens móveis a serem entregues parceladamente? Essa operação equiparase à venda a prazo, devendo o ganho de capital ser apurado no mês da transação e tributado na medida em que as parcelas (valor dos bens) forem recebidas. Caso o preço efetivo da operação tenha sido contratado pelas partes, considerase como valor recebido dos bens móveis no mês de seu efetivo recebimento aquele que foi contratado originalmente. Caso a operação não tenha sido expressa em dinheiro, considerase como valor recebido dos bens móveis o seu valor de mercado no mês do efetivo recebimento, sendo que se este for superior ao valor de mercado do mês da operação, este acréscimo sujeitase ao recolhimento mensal obrigatório (carnê leão), se recebido de pessoa física, ou à retenção na fonte, se pago por pessoa jurídica, e, também, ao ajuste na Declaração de Ajuste Anual. (grifamos)2 Ora, a instrução é clara: o tributo nasce e é apurado (sempre que possível) no momento em que ocorre a alienação (fato gerador); apenas a cobrança do tributo (já existente e devido) é que é parcelada. Mais: caso o preço seja pago em bens móveis (que não pecúnia), mas o preço tenha sido estabelecido no contrato, então não se considerará o valor efetivo da coisa entregue no momento do pagamento, mas sim o valor representativo da coisa entregue em relação ao preço acordado, no momento da alienação. E.g., se uma fazenda é vendida pelo preço de R$ 100.000,00, mediante a entrega de 100 vacas em dez parcelas iguais e mensais, então o ganho de capital nasce e é apurado com a alienação. O pagamento parcelado (entrega das vacas) apenas torna exigível o tributo que já é devido. Importa o preço da vaca no momento da tradição? Não. Se as vacas entregues na primeira parcela forem de melhor estirpe, valendo mais do que R$ 1.000,00 a cabeça, então o tributo será majorado nessa primeira parcela? Não. Se as vacas entregues na sexta parcela forem magras e, portanto valerem menos do que R$ 1.000,00 a cabeça, então o tributo seja minorado nessa sexta parcela? Também não. O que é mais: o fato de não haver, nas alienações decorrentes de doação, um preço definido que delimite o valor do ganho de capital não impede a tributação nem a fiscalização do imposto. Nestas hipóteses, a despeito de inexistir verdadeira disponibilidade 2 Disponível em: https://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/IRPF/2015/perguntao/assuntos/ganhode capital.htm, acessado em 11/01/2017. Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.630 29 econômica (em relação ao aumento do valor do bem), mas meramente jurídica, há tributação. Portanto, tampouco pode ser obstáculo à apuração e à fiscalização a inexistência de um preço líquido e préestipulado quando decorre de compra e venda a prazo. Enfim, com essa declaração entregue pelo Contribuinte , o Fisco já tem notícia da ocorrência do fato gerador (a alienação) e das informações mínimas necessárias para iniciar a fiscalização imediatamente, visando, eventualmente, corrigir o autolançamento dos Contribuintes. Portanto sempre respeitando o esforço dos nobres auditores fiscais, e reconhecendo as dificuldades decorrentes da falta de estrutura e de pessoal , não pode o cidadão ser penalizado pela mora do Estado, ficando em situação de eterna pendência. É notório, nesse contexto, retardamento dos procedimentos de fiscalização, lavrando autos de infração reiteradamente nos últimos meses do prazo decadencial, quando a Fazenda Pública dispôs de 5 (cinco) anos para fazêlo. Portanto, o simples fato de que o pagamento do tributo só é feito em momento posterior não é suficiente para justificar a mora do Estado em iniciar a fiscalização quando da notícia do fato gerador. Admitese, efetivamente, uma tendência na CSRF de julgar a questão em desfavor do Contribuinte. Contudo, é importante ressaltar que os julgamentos têm sido proferidos por maioria, como nos casos dos acódãos nº 9202003.820 e nº 9202003.770. Outrossim, é importante frisar que não se trata de posicionamento firme e antigo, vez que podem ser encontrados julgamentos em sentido diametralmente opostos, reconhecendo a decadência em casos similares, proferidos pela própria CSRF, como: Acórdão CSRF nº 920202.014, de 20/03/2012 IRPF. GANHO DE CAPITAL AUFERIDO NA ALIENAÇÃO DE BEM A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. A legislação considera que o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens ocorre no dia da alienação, diferindose o pagamento do tributo para o momento do recebimento de cada uma das parcelas do contrato. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Esse acórdão da CSRF apresenta a questão de forma simples e direta, merecendo transcrição: Cabe ressaltar, também, que no caso de ganho de capital em vendas a prazo o fato gerador ocorre no momento da alienação e não no pagamento das parcelas, por expressa determinação legal. Lei 8.981/1995: Fl. 1647DF CARF MF 30 Art. 21. O ganho de capital percebido por pessoa física em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza sujeitase à incidência do Imposto de Renda, à alíquota de quinze por cento. Essa é a inteligência de disposição contida em norma regulamentar da Receita Federal. Instrução Normativa 084/2001: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I. A Instrução Normativa acima difere, de forma correta, ocorrência do fato gerador (apuração) com pagamento do tributo. Portanto, como a alienação, que difere do recolhimento do tributo, ocorre com a formalização do negócio jurídico, no caso em questão o fato gerador do tributo ocorreu com a pactuação da venda e não com o pagamento das parcelas. É de grande valia, ainda, a leitura do acórdão nº 10249.427, de 16/12/2008, proferido pelo CARF nos autos do mesmo processo no qual foi proferido o acórdão da CSRF supratranscrito: IRPF. GANHO DE CAPITAL AUFERIDO NA ALIENAÇÃO DE BEM A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. A legislação considera que o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens ocorre no dia da alienação, diferindose o pagamento do tributo para o momento do recebimento de cada uma das parcelas do contrato. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Esse precedente traz interessante questionamento, mormente com a recente alteração das alíquotas aplicáveis para o ganho de capital: "De fato, se considerássemos a ocorrência de vários fatos geradores em decorrência de uma única venda e compra a prazo, terseia de admitir a aplicação de cada uma das leis Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 12448.721981/201466 Acórdão n.º 2202003.737 S2C2T2 Fl. 1.631 31 vigentes ao tempo de cada fato gerador, o que exigiria diferentes formas de apuração do imposto para parcelas decorrentes de um mesmo contrato, o que tornaria ainda mais complexo o nosso sistema, principalmente em se tratando de alienação de imóveis a prazo, cuja legislação prevê critérios de redução de base de cálculo que levam em conta os meses decorridos entre a data de aquisição e a data de alienação." O mesmo questionamento também foi suscitado pela i.Consª. Maria Teresa Martínez López, em sua declaração de voto no acórdão CSRF nº 9202003.770: "Isto porque, em apertada síntese, não há, no momento do recebimento de cada uma das parcelas, nova apuração do tributo, à luz da lei vigente ao tempo do efetivo pagamento do preço, o que seria necessário se a lei considerasse como momento da ocorrência do fato gerador a data do recebimento de cada uma das parcelas, como se o lucro fosse aferido sob o regime de caixa. Em se admitir que o fato gerador ocorre no momento do recebimento (CAIXA), haveria sim que se proceder a uma nova apuração do imposto devido, segundo a lei então vigente." Ora, se se entende que o fato gerado nos casos de ganho de capital por alienação decorrente de compra e venda é o recebimento de cada parcela, então devese aplicar para as parcelas vincendas, nos termos do art. 105 do CTN, as novas alíquotas da Lei nº 13.259/2016, o que, para dizer o mínimo, geraria enorme insegurança jurídica. De qualquer sorte, esse não foi o único processo no qual se reconheceu que o marco inicial para a contagem da decadência é a alienação, e não o recebimento das parcelas. Por todos, enumeramos: Acórdão CARF nº 2201002.172, de 19/06/2013 IRPF. GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. O fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens imóveis ocorre no dia da alienação. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Acórdão CARF nº 330100.030, de 05 de março de 2009: GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE QUOTAS DE CAPITAL INICIO DO PRAZO DECADÊNCIAL Fl. 1649DF CARF MF 32 Para fins de apuração do ganho de capital não se pode admitir que, numa mesma situação, existam datas distintas de ocorrência do fato gerador, uma para efeitos de decadência e outra para efeitos de apuração do tributo devido. Nesse entendimento, o critério temporal do imposto em referência é justamente o momento da alienação e o dies a quo do prazo decadencial, a data da celebração do contrato. Preliminar acolhida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da 3" Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de decadência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Portanto, é meu entendimento que o lançamento deve ser extinto por existência de decadência, tendo em vista que o fato gerador ocorreu em dezembro de 2006, mas que o Contribuinte só foi cientificado do lançamento em 18/03/2014 (fl. 143). Efetivamente, ainda que se considere o prazo decadencial pelas regras do art. 173, I, do CTN haja vista a existência de multa qualificada devido a acusada de fraude , está caduco o direito de a fazenda publica lançar tributo sobre esse fato gerador. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Fl. 1650DF CARF MF
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Numero do processo: 13864.000519/2010-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL.
O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido.
ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA.
É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil (CPC), que A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
Dessa forma, considerando o disposto no art. 62-A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão.
Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir:
Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico.
CONTRIBUIÇÃO A TERCEIRAS ENTIDADES
Toda empresa está obrigada a recolher a contribuição devida aos Terceiros, incidente sobre a totalidade da remuneração paga aos segurados empregados
REMUNERAÇÃO - CONCEITO
Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato.
REMUNERAÇÃO INDIRETA -
A empresa está obrigada a recolher a contribuição devida sobre valores pagos aos seus empregados, relativos a salário-utilidade.
INDENIZAÇÃO
As rubricas intituladas Indenização e Indenização Especial, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial
ABONO - NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS.
A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
Numero da decisão: 2301-003.738
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da indenização e indenização especial, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão.
João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão.
Andréa Brose Adolfo redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA. É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 05 19 /2 01 0- 50 Fl. 256DF CARF MF 2 Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. CONTRIBUIÇÃO A TERCEIRAS ENTIDADES Toda empresa está obrigada a recolher a contribuição devida aos Terceiros, incidente sobre a totalidade da remuneração paga aos segurados empregados REMUNERAÇÃO CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. REMUNERAÇÃO INDIRETA A empresa está obrigada a recolher a contribuição devida sobre valores pagos aos seus empregados, relativos a salárioutilidade. INDENIZAÇÃO As rubricas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial ABONO NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da indenização e indenização especial, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em Fl. 257DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 3 3 não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão. João Bellini Júnior – Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior. Fl. 258DF CARF MF 4 Relatório Conselheiro João Bellini Júnior Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de crédito lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas às Terceiras Entidades e Fundos, FNDE, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE, incidentes sobre a remuneração dos segurados a seu serviço. Conforme Relatório Fiscal (fls. 76), o fato gerador das contribuições lançadas é o pagamento, pela empresa a seus empregados, de verbas intituladas “Indenizações” e “Indenização Especial” (levantamentos I1, P e P1), “Abono Indenizatório” (lev H), “PLR” (lev T) e “Insuficiência de Saldo” (levantamentos C eC1). Integram ainda o AI as contribuições incidentes sobre pagamentos realizados a pessoas físicas enquadradas como segurados empregados pela fiscalização (levantamentos E e E1). O agente autuante informa que a empresa pagou valores a título de PLR em desacordo com a Lei 10.101/2000, pois inexistiram regras claras e objetivas, mecanismos de aferição, periodicidade e período de vigência, entre outros listados. A autoridade lançadora explica que o crédito apurado foi lançado em levantamentos distintos, a fim de separar os períodos em que a multa é mais venéfica ao contribuinte, sendo ora a legislação anterior, ora a atual. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0533.967, da 7a Turma da DRJ/CPS (fls. 905, vol. V, do processo 13864.000536/201097), julgou a impugnação procedente em parte, mantendo, em parte, o crédito tributário, excluindo os levantamentos C, C1, por entender tratarse de parcelas isentas, e E e E1, ao argumento de que não restou caracterizado o vínculo empregatício entre a empresa e os seguranças que lhe prestaram serviços. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 1.197, vol. XIX, do processo 13864.000536/201097), alegando, em apertada síntese, o que se segue. Preliminarmente, requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração lavrados contra a recorrente na mesma ação fiscal, para se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 4 5 No mérito, faz breve síntese da legislação que rege a matéria, frisando que nem todo valor pago ao trabalhador integra a base de cálculo do tributo, mas apenas as remunerações destinadas a retribuir o trabalho, não se constituindo em remuneração valores pagos pela empresa que ostentem natureza indenizatória, ou verbas que apresentem um caráter assistencial. Sustenta que qualquer importância recebida pelo trabalhador que não encontre uma vinculação direta com o trabalho prestado não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Entende que a NFLD é nula em razão da não comprovação da efetiva ocorrência dos fatos geradores da contribuição, e que a decisão recorrida pretendeu justificar a ação ilegal em dispositivos não aplicáveis ao caso, que não justificam a inversão pretendida de ônus da prova. Assevera que a simples identificação de rubricas em folha de pagamento como “férias indenizadas” e “abono indenizatório” não justifica a imposição tributária , sendo o lançamento discutido temerário e desprovido de fundamento legal, e lista princípios jurídicos envolvidos na matéria procedimental administrativa. Aduz que a Auditora Fiscal buscou constituir o crédito pelo critério arbitrário da exclusão, presumindo simplesmente que como os valores não foram lançados sob a rubrica “Férias Indenizadas” então teriam natureza salarial, e insiste na assertiva de que caberia à autoridade autuante o exame da natureza dos lançamentos efetuados, sendo descabida a presunção de que todos os pagamentos efetuados aos empregados listados nas planilhas “Indenização” e “Indenização Especial” corresponderiam à remuneração.. Entende que caberia à fiscalização comprovar a ocorrência do fato gerador, mediante demonstração clara e objetiva de que tais verbas se enquadram no conceito de salário de contribuição, caracterizada pela habitualidade do seu pagamento, destacando que não há qualquer indício de habitualidade na concessão dos valores pagos pela recorrente, sendo que os pagamentos em tela configuramse em verdadeiras gratificações/indenizações eventuais dos seus beneficiários. Conclui que, não havendo previsão contratual e/ou habitualidade no pagamento de determinado valor ou na concessão de determinada utilidade ao empregado, não restará configurada a natureza salarial dessa prestação, e transcreve o item “7”, da alínea “d”, do § 9o, do art. 28, da Lei 8.212/91, para tentar demonstrar a não incidência de contribuições sobre verbas recebidas a título de gratificações não eventuais. Insiste na ausência de caráter remuneratório da PLR, e reitera que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Alega natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Fl. 260DF CARF MF 6 Inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Finaliza requerendo que sejam acolhidas as suas razões, para dar integral provimento ao recurso voluntário, a fim de que seja cancelado integralmente o Auto de Infração que originou o presente processo. É o relatório. O processo foi distribuído para este redator ad hoc em 15/03/2017. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 5 7 Voto Vencido Conselheiro João Bellini Júnior, redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Preliminarmente, a autuada requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração listados, a fim de se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. Porém, os autos cujos objetos tratam de matérias conexas foram apensados, e serão julgados conjuntamente. Contudo, os processos que tratam de matéria cuja análise independe da apreciação do mérito do presente recurso, podem ser julgados em separado, pois o resultado de um não interfere no outro. É o caso, por exemplo, dos lançamentos da retenção de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços, ou da contribuição incidente sobre fretes e serviços prestados por contribuintes individuais. Tais matérias não tem relação com os presentes autos, que tratam de contribuição incidente sobre verbas pagas pela empresa a segurados empregados, consideradas remuneratórias pela fiscalização. Portanto, apenas as matérias conexas serão analisadas em conjunto. Dessa forma, passo à análise do mérito, registrando o que se segue. Verificase que a recorrente não nega que tenha realizado os pagamentos apontados pela fiscalização. Ela apenas tenta demonstrar que as verbas pagas não possuem natureza salarial e não integram o salário de contribuição. Porém, a condição de se tratar ou não de salário não está vinculada ao interesse da fonte pagadora em, com aquele pagamento, assalariar ou não seu empregado. Fl. 262DF CARF MF 8 Ou seja, não é o nome do pagamento ou a vontade da empresa em si que vai determinar sua natureza jurídica. O que irá afastar as verbas pagas da incidência tributária é a estreita observância à legislação específica que trata da matéria. Cumpre observar que o conceito de salário de contribuição expresso no art. 28 inciso I da Lei 8.212/91 é “...a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês...” (grifei). A própria Constituição Federal, preceitua, no § 4º do art. 201, renumerado para o § 11, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98, o seguinte: § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüentemente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (grifei) Nem toda utilidade fornecida ao trabalhador tem caráter contraprestacional, sendo necessário distinguir a utilidade fornecida como retribuição pelo trabalho, que se caracteriza “salárioutilidade” e que deve ser incluída na base de cálculo da contribuição previdenciária, daquela fornecida como instrumento de trabalho, ou para o trabalho, que não se caracteriza salárioutilidade, eis que meramente instrumental para o desempenho das funções do trabalhador. Na doutrina, há várias correntes; porém, a que tem maior aplicação determina que a regra geral é que, se o trabalhador paga pela utilidade, essa não constitui salário. Se, por outro lado, aumentar seu patrimônio ou for fornecida gratuitamente, então integrará o salário para todos os efeitos legais. A CF menciona “os ganhos habituais”, ou seja, todos os ganhos de cunho remuneratório, sejam eles em dinheiro ou utilidades. E a CLT discrimina as parcelas que compõem a remuneração do empregado, conforme seu art. 457: Art. 457. Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador. Portanto, as gratificações e comissões, que podem ser eventuais, integram a remuneração do empregado por expressa previsão legal. A fiscalização constatou o pagamento de verbas denominadas “Indenização” e “Indenização Especial”. Apesar de intimada por meio de TIF, a recorrente não esclareceu a origem de tais pagamentos, se limitando a informar que tratamse de férias indenizadas. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 6 9 Ocorre que a autoridade lançadora verificou, e comprovou nos autos, que as férias indenizadas são pagas em título próprio, sob rubrica de mesmo nome, constante das folhas de pagamento. Ademais, a empresa não comprovou suas afirmações. Não apresentou, à fiscalização, elementos que demonstrassem que os pagamentos em comento se referiam a férias indenizadas. Assim, constatase que a empresa paga verbas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, não esclarece a que se refere tais pagamentos, e defende que cabe à fiscalização comprovar que tais verbas não seriam indenizatórias. Porém, entendo que cabe à recorrente, e não à fiscalização, comprovar suas alegações, ou seja, que as rubricas em tela são de cunho indenizatório. Contudo, não o fez, insistindo em afirmar apenas que não há habitualidade no pagamento, e que esses pagamentos se configuram em gratificações/indenizações. Todavia, conforme exposto acima, gratificação é remuneração, e deve integrar o salário de contribuição. Cumpre ressaltar que o conceito de indenização pressupõe a reparação de um dano sofrido pelo trabalhador. No caso em tela, a recorrente não comprovou a existência desse dano. Assim, resta claro que o pagamento feito pela recorrente a título de “Indenização” e “Indenização Especial” em favor dos seus segurados empregados não se trata de reparação de um dano, ou de fornecimento de meio para que esses trabalhadores possam exercer suas funções, e sim uma vantagem que representa um acréscimo indireto à sua remuneração, devendo, portanto, sofrer incidência de contribuição aos Terceiros É inegável, no caso presente, o acréscimo patrimonial do segurado ao receber tais quantias. Em que pese o esforço argumentativo da recorrente, verificase que os pagamentos em tela realmente se a amoldam ao figurino legal que delimita a basedecálculo da contribuição previdenciária e às terceiras entidades, como bem entendeu a fiscalização e os julgadores de primeira instância. A recorrente cita o art 28, § 9o, “e”, “7”, para tentar demonstrar que tais valores não podem integrar a base cálculo da contribuição previdenciária, por serem pagamentos eventuais. Contudo, constatase que a recorrente não comprovou que estamos diante de um pagamento eventual, já que não esclareceu a origem desses pagamentos. Ela precisaria demonstrar a que se referem essas rubricas, uma vez que o ganho habitual passível de exação não é necessariamente aquele valor auferido mês a mês, trimestralmente ou mesmo bimestralmente etc. Há verbas pagas no decorrer do contrato de trabalho, ainda que não sejam auferidas nessas condições, e que não podem ser vistas como meramente eventuais. Fl. 264DF CARF MF 10 Por todo o exposto, e como a recorrente não comprovou tratarse de ganho eventual, entendo que tais rubricas devam integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Quanto ao PLR, a recorrente tenta demonstrar ausência de caráter remuneratório da referida verba, alegando que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Porém, a fiscalização verificou que o PLR da empresa não estabelece critérios a serem cumpridos, como também observou a ausência de regras claras e objetivas na fixação dos direitos da participação. De fato, da leitura do acordo coletivo (fls. 558), verificase que não há estabelecimento de critérios ou metas a serem cumpridas, sendo que os valores pagos a título de PLR foram previamente estabelecidos. A Lei 10.101/00 estabelece que: Art.2º (...) § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente . (grifei) Dessa forma, a empresa descumpriu o disposto no parágrafo primeiro do citado dispositivo legal, ao deixar de fazer constar, no acordo pactuado, regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação, bem como os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. Portanto, ao contrário do que afirma a recorrente, a decisão recorrida não inovou quanto aos critérios estabelecidos na lei, pois o Relator do acórdão combatido deixou claro que o débito seria mantido pois a empresa não observou o § 1º, transcrito acima. Por tudo que foi exposto acima, concluo que a verba intitulada Participação nos Resultados foi paga em desconformidade com a legislação que rege a matéria. E, como a alínea “j”, do § 9º, do art. 28 da Lei 8.212/91, isenta de contribuição previdenciária apenas a participação nos lucros ou resultados da empresa quando paga ou creditada de acordo com a lei específica, no caso a Lei nº 10.101/99, a referida verba, paga pela autuada em desacordo com o mencionado diploma legal, integra o salário de contribuição. A recorrente alega, ainda, natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de Fl. 265DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 7 11 outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Em relação a essa matéria, é oportuno observar que a ProcuradoriaGeral da Fazenda NacionalPGFN emitiu o Ato Declaratório nº 16/2011, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114 /2011, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 09/12/2011, autorizando a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária”, Assim, como o pagamento em tela se enquadra no conceito de abono único, pois era pago apenas uma vez, e estava previsto em acordo coletivo, entendo que devam ser excluídos do débito, por provimento, a contribuição lançada incidente sobre o pagamento da verba intitulada “Abono Indenizatório”, por não integrar o salário de contribuição, uma vez que foi pago sem habitualidade. Diante do citado Ato, e considerando que o Decreto 70.235/72 estabelece que o disposto no caput do art. 26A não se aplica aos casos de lei ou ato normativo que fundamente crédito tributário objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, e que a Lei 10.522/2002, citada no art. 26A, determina que os créditos tributários já constituídos relativos à matéria de que trata o seu artigo 19 devem ser revistos de ofício pela autoridade lançadora, entendo que deva ser dado provimento ao recurso, pelo fato de o Seguro de Vida em Grupo não integrar o salário de contribuição. A recorrente inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Contudo, tal questionamento não foi trazido perante a primeira instância administrativa, tendo sido feito somente em sede recursal. O Decreto 70.235/72 é claro ao estabelecer que “Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante” E a recorrente não comprovou a ocorrência das hipóteses contidas no § 4º, do art. 16, do mesmo normativo legal, que determina que: Art. 16 (...) § 4o A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente Fl. 266DF CARF MF 12 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Assim, considerando que encontrase precluído o direito à discussão de matéria trazida de forma inovadora na segunda instância administrativa, em razão do que dispõe o art. 17 do referido Decreto, transcrito acima, entendo que não deva ser conhecida a parte do recurso que trata de tal matéria. Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Com relação à multa, esta Relatora não desconhece que a maioria dos membros deste Colegiado retroagem a norma para aplicar a multa de mora mais benéfica, observando o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Contudo, tal matéria não foi trazida no recurso voluntário e, por entender que não se trata de matéria de ordem pública, não há que conhecêla de ofício. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta; VOTO por CONHECER PARCIALMENTE DO RECURSO e, na parte conhecida, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, no mérito, para excluir do débito, por improcedência, os valores relativos ao ABONO INDENIZATÓRIO. É como voto. ASSIM VOTOU A CONSELHEIRA NA SESSÃO DE JULGAMENTO. João Bellini Júnior Redator ad hoc na data da formalização do acórdão. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 13864.000519/201050 Acórdão n.º 2301003.738 S2C3T1 Fl. 8 13 Voto Vencedor Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato do conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, redator original para o voto vencedor, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o voto deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Peço vênia a i. Conselheira Relatora, mas divirjo quanto ao não conhecimento da matéria suscitada pela Recorrente, qual seja, ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida. Em contraponto ao decidido pela i. Relatora, entendo que o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. Dito isso, conheço da matéria suscitada. Quanto ao mérito da questão, acompanho o entendimento da i. Relatora: [...] Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Fl. 268DF CARF MF 14 Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. É como voto. ASSIM VOTOU O CONSELHEIRO NA SESSÃO DE JULGAMENTO. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Fl. 269DF CARF MF
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