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Numero do processo: 19515.722935/2012-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
LANÇAMENTO REALIZADO A PARTIR DE DADOS FORNECIDOS EM ARQUIVOS DIGITAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA
O cerceamento de defesa não ocorre em lançamento efetuado a partir de dados fornecidos pela própria recorrente em arquivos digitais, exigidos sob a égide da IN SRF nº 86/2001, contendo todas as informações necessárias ao entendimento da autuação.
INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS.
A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-003.008
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar o pedido de diligência e afastar a nulidade por preterição do direito de defesa, vencidos o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, em relação às duas questões e a Conselheira Lenisa Prado em relação à segunda. No mérito, por maioria de votos, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho
Relator
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 LANÇAMENTO REALIZADO A PARTIR DE DADOS FORNECIDOS EM ARQUIVOS DIGITAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA O cerceamento de defesa não ocorre em lançamento efetuado a partir de dados fornecidos pela própria recorrente em arquivos digitais, exigidos sob a égide da IN SRF nº 86/2001, contendo todas as informações necessárias ao entendimento da autuação. INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 LANÇAMENTO REALIZADO A PARTIR DE DADOS FORNECIDOS EM ARQUIVOS DIGITAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA O cerceamento de defesa não ocorre em lançamento efetuado a partir de dados fornecidos pela própria recorrente em arquivos digitais, exigidos sob a égide da IN SRF nº 86/2001, contendo todas as informações necessárias ao entendimento da autuação. INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 LANÇAMENTO REALIZADO A PARTIR DE DADOS FORNECIDOS EM ARQUIVOS DIGITAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA O cerceamento de defesa não ocorre em lançamento efetuado a partir de dados fornecidos pela própria recorrente em arquivos digitais, exigidos sob a égide da IN SRF nº 86/2001, contendo todas as informações necessárias ao entendimento da autuação. INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 29 35 /2 01 2- 11 Fl. 13725DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 3 2 A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar o pedido de diligência e afastar a nulidade por preterição do direito de defesa, vencidos o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, em relação às duas questões e a Conselheira Lenisa Prado em relação à segunda. No mérito, por maioria de votos, foi negado provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório O presente feito cuida de exigência decorrente insuficiência de recolhimento da contribuição para o PIS/PASEP/COFINS do período de apuração 01.01.2008 a 31.12.2008, em razão da desconsideração do valor a maior utilizado na apropriação de créditos a descontar do valor apurado sobre a base de cálculo da receita tributável, consequentemente, assim teria reduzido o valor a pagar das contribuições. Fl. 13726DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 4 3 O auditor fiscal menciona em seu Termo de Verificação Fiscal que a origem do credito tributário decorre da comparação entre os dados do DACON e os valores identificados pela auditoria, denominada de “Base Auditada”, resume os dados coletados em 03 (três) demonstrativos, sem, contudo declinar, com exceção do DACON, a origem, principalmente dos valores identificados pela auditoria. As questões a serem dirimidas se resumem à sistemática adotada pela fiscalização, a saber, quais operações que resultaram na escrituração de créditos de PIS/Pasep e de Cofins apresentadas no Dacon que foram consideradas, bem como, quais operações ou insumos realizados não ensejam o direito ao crédito, que segundo a Recorrente não conseguiu ver no Termo de Verificação Fiscal ou mesmo nos 03(três) resumos consignados no termo respondem as indagações, consequentemente, implica diretamente no cerceamento de defesa. O relatório da decisão recorrida reflete a realidade da situação dos autos, motivo pelo qual transcrevo: “Tratase de autos de infração lavrados contra a contribuinte em epígrafe, relativos à falta/insuficiência de recolhimento, para os períodos de apuração janeiro/2008 a dezembro/2008, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 13206/13226), no montante total de R$ 72.160.407,47, e da contribuição para o PIS/Pasep (fls. 13227/13247), no montante total de R$ 15.666.404,23. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 13193/13205), o auditor fiscal assim fundamentou a lavratura dos autos de infração: A apuração dos créditos das contribuições PIS e COFINS, relativamente a insumos, bens para revenda e aos serviços utilizados como insumos, bem como os produtos tributados à alíquota zero e os sujeitos à incidência monofásica, foi efetuada de conformidade com a legislação pertinente à matéria em questão. Os créditos classificados como insumos, bens para revenda e serviços utilizados como insumos foram apurados de conformidade com as informações entregues pelo sujeito passivo. Da totalidade dos créditos apurados como insumos, inclusive serviços utilizados como insumos, excluiuse os bens e serviços não alcançados como insumos, conforme disposto na legislação pertinente ao caso em questão. As exclusões constam da planilha de glosa de créditos de bens utilizados como insumo anexa aos autos. A Lei nº 10.833/2003 prevê que a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a bens para revenda e a bens e serviços, utilizados com insumos: [segue a transcrição do art. 3º, incisos I e II, da Lei nº 10.833, de 2003] A IN SRF nº 404/2004, consoante o disposto no art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, prevê, no art. 8º, inciso I, que a pessoa Fl. 13727DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 5 4 jurídica pode descontar créditos e no parágrafo 4º define o que se entende como insumo: [segue a transcrição do art. 8º, inciso I e § 4º, da Instrução Normativa SRF nº 404, de 2004] Os bens adquiridos para revenda e sujeitos a incidência monofásica, foram excluídos do cálculo dos créditos descontados, uma vez que a incidência das contribuições PIS e COFINS ocorre sobre a receita bruta de venda das pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação. Assim, as alíquotas incidentes sobre a receita bruta são reduzidas a zero, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador, conforme dispõe a Lei nº 10.147/2000: [segue a transcrição do art. 1º, inciso I, alínea b, e art. 2º da Lei nº 10.147, de 2000] Embora a atividade do sujeito passivo seja a industrial, neste caso, em relação aos bens classificados na TIPI 3303.00, 3304, 3305, 3306, 3307, 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00, ele se reveste na condição de comerciante varejista ou atacadista, conforme o caso, tributando as receitas nessas operações à alíquota zero. Ressaltase que no DACON o sujeito passivo não preencheu a FICHA 04A, cadastro que só deve ser preenchido pelas pessoas jurídicas submetidas à incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. Uma vez que o sujeito passivo não preencheu a respectiva ficha, em tese, implica dizer que o mesmo não está submetido à incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a alíquotas diferenciadas. Notese que a receita oriunda da venda dos produtos supracitados foram informadas no DACON como receitas tributadas à alíquota zero, FICHA 07A. As exclusões constam da planilha de glosa de créditos de bens para revenda anexa aos autos. Os bens adquiridos e sujeitos a tributação à alíquota zero, ver o quadro abaixo, também, foram excluídos do cálculo dos créditos descontados. Classificação TIPI Fundamentação Legal Classificados no Capítulo 25 Lei nº 10.925/2004, art. 1º, inciso IV Classificados na posição 0401 à 0406 Lei nº 10.925/2004, art. 1º, inciso XI Classificados nos Capítulos 7 e 8 Lei nº 10.865/2004, art. 28, inciso III NCM 1905.90.90 Lei nº 10.925/2004, art. 1º, inciso XVI e § 1º Classificados no Capítulo 29 Lei nº 10.833/2003, art. 2º, § 3º e Decreto nº 6.246/2008, art. 1º, inciso I Classificados na posição 3808 Lei nº 10.925/2004, art. 1º, inciso II NCM 2106.90.10 Lei nº 10.856/2004, art. 28 As exclusões constam da planilha de glosa de créditos de bens utilizados como insumo anexa aos autos. De posse dos arquivos de notas fiscais e dos registros contábeis, a fiscalização tratou os dados a fim de efetuar uma análise mais acurada da contabilidade. Da análise dos dados, podemos Fl. 13728DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 6 5 solicitar documentos e ou contas contábeis específicas com o objetivo de verificar o correto cumprimento da legislação tributária pelo sujeito passivo. Ressaltase que a fiscalização não se restringiu a auditoria dos arquivos da contabilidade, mas a diversos outros elementos de suma importância a uma auditoria abrangente e rigorosa. Criouse o modelo analítico dinâmico da notas fiscais onde foi possível constatar a existência de divergências nos valores dos bens utilizados com insumos, bens para revenda e serviços utilizados como insumos informados no DACON. A fim de ilustrar as divergências de valores encontradas, foram elaborados Quadros Demonstrativos, o primeiro com os valores informados no DACON, o segundo com os valores identificados pela auditoria e o terceiro demonstrando o resultado que expressa a insuficiência de pagamentos das contribuições. A insuficiência de pagamento das contribuições PIS/PASEP e Cofins ocorreu devido à desconsideração do valor de R$ 436.280.450,05 à maior que o sujeito passivo utilizou na apropriação de créditos descontados do valor das contribuições apurado. Ao adotar um valor maior como base de cálculo para apuração dos créditos a descontar do valor apurado das contribuições, a fiscalizada reduziu o valor a pagar do PIS/PASEP e da COFINS. Com a desconsideração do valor supracitado, há uma redução do valor dos créditos e, consequentemente, um aumento do valor a pagar das contribuições cujos demonstrativos de valores se encontram nos Quadros abaixo. Cientificada dos autos de infração em 17/12/2012, a contribuinte apresentou impugnação em 11/01/2013 (fls. 13252/13282), na qual, depois de externar seu inconformismo com a improcedência das exações que lhe foram feitas e das consequências que elas implicam, alega que: o lançamento tributário foi constituído pela diferença entre o valor dos créditos declarados no Dacon e o valor dos créditos da “auditoria”. Os valores que foram adotados pela fiscalização foram obtidos a partir de informações prestadas no âmbito do Ato Declaratório Cofis nº 15, de 2001, introduzido pela Instrução Normativa nº 86, de 2001. As informações prestadas por meio do layout no âmbito desse ato declaratório são meramente contábeis e possuem, entre outras informações, os bens físicos adquiridos pela impugnante no ano calendário de 2008. Contudo, no âmbito desse ato declaratório não há informações acerca de quais operações resultaram na entrada de bens que acarretaram a escrituração de créditos de PIS/Pasep e Cofins; Fl. 13729DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 7 6 as diferenças em questão são plenamente justificáveis, não servindo de base para a autuação ora combatida; em nenhum momento a fiscalização solicitou à contribuinte a composição da base de dados do Dacon para confrontar com a composição da base de dados “auditada”. Ou seja, a fiscalização se ateve a compor apenas um dos parâmetros da autuação (base auditada) sem se preocupar em compor o outro parâmetro da autuação (Dacon). No entanto, como resultado, de forma temerária, confrontou uma base com a outra para apurar suposta diferença que viria a ser tributada; não poderia a fiscalização, a partir apenas do pressuposto de que a diferença entre os parâmetros utilizados – verificada por meio de procedimento questionável – deve ser considerada como tributável, meramente aplicar sobre tais valores as alíquotas de tributação do PIS/Pasep e da Cofins não cumulativos. A diferença entre os parâmetros pode ter uma infinidade de justificativas legais e contábeis;pela sistemática adotada pela fiscalização (autuação simplesmente pela diferença de valores entre as bases, sem justificar as suas causas) a impugnante não tem como saber a razão exata da desconsideração dos créditos descontados do valor apurado sobre a base de cálculo da receita tributável; a fiscalização, com base no arquivo de dados enviado pela empresa, destacou todos os bens físicos adquiridos no ano calendário 2008, consoante arquivos eletrônicos disponibilizados por meio do certificado digital no site da Receita Federal do Brasil. Com base nesses arquivos, a fiscalização elaborou a apuração das operações que, em sua visão, ensejam o direito à tomada de crédito do PIS/Pasep e da Cofins e a comparou com o Dacon contábil da contribuinte. Contudo, conforme ressaltado, as informações transmitidas por meio do layout contido no Ato Declaratório Cofins nº 15, de 2001 não possuem abertura dos créditos tomados de PIS/Pasep e Cofins. Outro cenário seria a comparação do Dacon com as informações fornecidas no layout do Ato Declaratório Cofins nº 25, de 2010, pois a partir deste os contribuintes começaram a transmitir, além dos valores totais dos bens e serviços adquiridos, quais deles ensejaram a tomada de crédito de PIS/Pasep e de Cofins; no caso em tela, manifesta se o cerceamento de defesa especialmente pela presunção do auditor fiscal de apurar o crédito supostamente a maior de PIS/Pasep e de Cofins, fundado em suposta diferença apontada entre os valores informados em Dacon e os valores identificados pela “auditoria”. Além disso essa suposta divergência deve ser afastada, uma vez que pode ser e é plenamente justificada e, portanto, não pode servir de base para os autos de infração; o autuante supostamente se utilizou das informações constantes no Dacon e na base “auditada” para glosar parte do crédito da contribuinte, sem todavia detalhar o critério para essa glosa; o Dacon entregue no período apenas apresenta os créditos tomados a título de PIS/Pasep e Cofins por contas meramente contábeis, sendo impossível verificar sobre quais operações Fl. 13730DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 8 7 específicas a contribuinte realizou a respectiva tomada de créditos. Dessa forma, apenas uma auditoria no próprio Dacon permitiria à fiscalização visualizar quais aquisições de bens e serviços geraram o aproveitamento de crédito por parte da contribuinte; sobre a sistemática adotada pela fiscalização surgem as seguintes questões: quais operações que resultaram na escrituração de créditos de PIS/Pasep e de Cofins apresentadas no Dacon foram consideradas? Quais operações que a contribuinte realizou não ensejam direito ao crédito? Não há respostas a essas perguntas e a falta delas, necessariamente, implica diretamente no cerceamento de defesa; devese questionar a própria motivação do ato administrativo consubstanciado nos autos de infração de PIS/Pasep e de Cofins, restando demonstrada uma nulidade, especialmente se considerarmos que a impugnante opera da mesma forma há muitos anos, muito além do período envolvido neste procedimento de fiscalização, e que desde sempre sofre constantes fiscalizações, inclusive estando sujeita ao acompanhamento diferenciado pela Receita Federal do Brasil, sem que houvesse, até hoje, nenhum questionamento sequer semelhante em argumentos ou natureza ao ora pretendido pelo autuante. Essa motivação, no entanto, simplesmente não existiu no caso vertente, não podendo alegarse que as informações prestadas pela fiscalização seriam esclarecedoras, pois a autuação combatida não demonstrou os motivos pelos quais simplesmente desconsiderou a sistemática de apuração de crédito de PIS/Pasep e Cofins realizadas no Dacon; • os autos de infração estão repletos de suposições e conjecturas que não conferem certeza ao lançamento; • a diferença de valores de crédito apontada pela fiscalização não possui subsídios que permitam presumir a falta de pagamento das contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins; • a fim de comprovar o quanto acima alegado, fazse necessária a baixa dos autos em diligência, visando à conferência minuciosa da correspondência existente entre os valores declarados no Dacon e a base “auditada” constituída pela fiscalização. Impedir a realização da diligência, em casos como o presente, é ferir os ditames que regem o princípio da verdade material, o qual deve nortear o processo administrativo; • a intenção da fiscalização de excluir diversos créditos de PIS/Pasep e Cofins se demonstra contrária à sistemática não cumulativa dessas contribuições; • após a Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003, conferir status constitucional à não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, por meio da inclusão do § 12 ao art. 195 da Constituição Federal, não se pode mais interpretar essa sistemática exclusivamente pelas prescrições das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. De acordo com o § 12 do art. 195 da Constituição, à legislação infraconstitucional cabia apenas definir os setores da economia que se sujeitam ao regime não cumulativo, e nada Fl. 13731DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 9 8 mais. Assim, segundo a própria Constituição Federal, a não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins deve ser plena às atividades econômicas inseridas nessa sistemática por legislação infraconstitucional; • o valor constitucional da não cumulatividade é desonerar o preço das mercadorias pela extinção do efeito cascata. Fica claro, então, que “desoneração” é a palavra chave do conceito dessa sistemática e, no caso do PIS/Pasep e da Cofins, deve ser aplicada para desonerar o faturamento dos contribuintes; • à perfeita realização do art. 195, § 12, da Constituição, a legislação infraconstitucional deveria eleger os setores da economia que fariam jus ao regime não cumulativo e, aos contribuintes destes setores, viabilizar a completa e irrestrita desoneração de seus faturamentos. E não se verifica na norma desse dispositivo constitucional nenhuma vedação à não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Essa regra não se caracteriza como uma mera recomendação do constituinte, mas como um princípio constitucional de observância obrigatória; • a sistemática da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins foi instituída pelas Lei nº 10.637, de 2002, e Lei nº 10.833, de 2003. Diante da multiplicidade de custos que podem gerar créditos de PIS/Pasep e Cofins, e tendo em vista que as leis instituidoras da sistemática não cumulativa trouxeram conceitos abstratos com relação aos créditos a serem utilizados, a Secretaria da Receita Federal do Brasil editou as Instruções Normativa nº 247, de 2002, e nº 404, de 2004, que restringiram o alcance do conceito de gastos que podem gerar créditos de PIS/Pasep e Cofins. Segundo esses normativos, somente os gastos com insumos utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços poderiam gerar os créditos. Esse conceito aproximase muito do utilizado para apuração de créditos de IPI e é muito restrito, ainda mais tendo em conta que o intuito do constituinte foi criar a nãocumulatividade para desonerar o preço das mercadorias pela extinção do efeito cascata; • a 2ª Turma do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no âmbito do processo administrativo nº 11020.001952/200622, alargou o conceito de insumo. Segundo o acórdão naquele processo administrativo, todos os custos decorrentes de gastos feitos com pessoas jurídicas e que sejam necessários para a operação dos contribuintes devem gerar créditos para a apuração do PIS/Pasep e da Cofins não cumulativos, aproximando o conceito de crédito das contribuições com o conceito de despesas dedutíveis para a apuração do IRPJ. Ainda que o Carf não contemple expressamente em alguns dos seus julgados que deve ser aplicada a mesma sistemática das despesas do IRPJ, para fins de apuração de créditos de PIS/Pasep e Cofins, é notório que esse órgão de julgamento entende que não é aplicável o conceito restritivo de insumos da legislação do IPI; • o entendimento recente do Poder Judiciário também é no sentido de que os créditos de PIS/Pasep e Cofins devem ser apurados em todas as despesas realizadas com pessoas jurídicas sujeitas às respectivas contribuições. Em outras palavras, o Judiciário possui claro Fl. 13732DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 10 9 entendimento de que o conceito de insumos para fins da aplicação da não cumulatividade não se baseia no uso do conceito de insumo nos moldes do IPI, mas sim sobre o universo de despesas necessárias incorridas pelos contribuintes; economia que se sujeitam ao regime não cumulativo, e nada mais. Assim, segundo a própria Constituição Federal, a não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins deve ser plena às atividades econômicas inseridas nessa sistemática por legislação infraconstitucional; o valor constitucional da não cumulatividade é desonerar o preço das mercadorias pela extinção do efeito cascata. Fica claro, então, que “desoneração” é a palavra chave do conceito dessa sistemática e, no caso do PIS/Pasep e da Cofins, deve ser aplicada para desonerar o faturamento dos contribuintes; à perfeita realização do art. 195, § 12, da Constituição, a legislação infraconstitucional deveria eleger os setores da economia que fariam jus ao regime não cumulativo e, aos contribuintes destes setores, viabilizar a completa e irrestrita desoneração de seus faturamentos. E não se verifica na norma desse dispositivo constitucional nenhuma vedação à não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Essa regra não se caracteriza como uma mera recomendação do constituinte, mas como um princípio constitucional de observância obrigatória; a sistemática da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins foi instituída pelas Lei nº 10.637, de 2002, e Lei nº 10.833, de 2003. Diante da multiplicidade de custos que podem gerar créditos de PIS/Pasep e Cofins, e tendo em vista que as leis instituidoras da sistemática não cumulativa trouxeram conceitos abstratos com relação aos créditos a serem utilizados, a Secretaria da Receita Federal do Brasil editou as Instruções Normativa nº 247, de 2002, e nº 404, de 2004, que restringiram o alcance do conceito de gastos que podem gerar créditos de PIS/Pasep e Cofins. Segundo esses normativos, somente os gastos com insumos utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços poderiam gerar os créditos. Esse conceito aproximase muito do utilizado para apuração de créditos de IPI e é muito restrito, ainda mais tendo em conta que o intuito do constituinte foi criar a não cumulatividade para desonerar o preço das mercadorias pela extinção do efeito cascata; a 2ª Turma do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no âmbito do processo administrativo nº 11020.001952/200622, alargou o conceito de insumo. Segundo o acórdão naquele processo administrativo, todos os custos decorrentes de gastos feitos com pessoas jurídicas e que sejam necessários para a operação dos contribuintes devem gerar créditos para a apuração do PIS/Pasep e da Cofins não cumulativos, aproximando o conceito de crédito das contribuições com o conceito de despesas dedutíveis para a apuração do IRPJ. Ainda que o Carf não contemple expressamente em alguns dos seus julgados que deve ser aplicada a mesma sistemática das despesas do IRPJ, para fins de apuração de créditos de PIS/Pasep e Cofins, é notório que esse órgão de julgamento entende que não é aplicável o conceito restritivo de insumos da legislação do IPI; o entendimento recente do Poder Judiciário também é no sentido de que os Fl. 13733DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 11 10 créditos de PIS/Pasep e Cofins devem ser apurados em todas as despesas realizadas com pessoas jurídicas sujeitas às respectivas contribuições. Em outras palavras, o Judiciário possui claro entendimento de que o conceito de insumos para fins da aplicação da não cumulatividade não se baseia no uso do conceito de insumo nos moldes do IPI, mas sim sobre o universo de despesas necessárias incorridas pelos contribuintes; é claro que a base legal que permite a tomada de créditos disposta no Termo de Intimação Fiscal – arts. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e 3º da Lei nº 10.833, de 2003 –foi utilizada de maneira restritiva, tal como a sistemática de crédito existente para o IPI, já que a glosa de supostos créditos considerados pela contribuinte indicam esse caminho. Porém, importante reiterar que a impugnante não possui, com base na auditoria realizada pela fiscalização, como definir quais operações realizadas resultaram em glosa de créditos; as divergências apontadas pela fiscalização não só não possuem subsídios que permitam presumir a falta de pagamentos das contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins, como ferem preceitos legais e constitucionais; ainda que se desconheça os critérios que foram efetivamente glosados no Dacon, percebese que a fiscalização adotou um critério para sua “auditoria” totalmente em desacordo com o recente posicionamento do Carf e do Poder Judiciário, devendo, portanto, o auto de infração ser prontamente cancelado. Ao final a impugnante protesta pela juntada posterior de todos os documentos necessários à comprovação de suas alegações, bem como que seja deferida a realização de perícia, quando então indicará seu assistente técnico. Requer, ainda, que todas as intimações e notificações sejam encaminhadas a seu advogado”. As alegações da recorrente foram afastadas ao argumento da não comprovação das afirmações, que o lançamento deuse tomando as informações prestadas pela contribuinte, que os fatos foram descritos de modo claro, sendo assim, improcedente argumentação de nulidade por cerceamento de defesa, como se vê da ementa do acórdão: “CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando, ao contrário do que alega a contribuinte, a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos documentos que discriminam todos os dados utilizados para o lançamento de ofício. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. ATOS NORMATIVOS. Fl. 13734DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 12 11 É dever dos julgadores que compõem as turmas das DRJs observar as normas legais e regulamentares, bem como o entendimento da RFB expresso em atos normativos, não cabendo discutir, em sede de contencioso, alegações que remetam a questões de suposta ilegalidade e inconstitucionalidade desses atos. ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. As alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando esse for o meio pelo qual sejam provados os fatos alegados, não têm valor. NÃO CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. CONTABILIDADE. NOTAS FISCAIS. DACON. DIFERENÇAS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. É correto o procedimento fiscal de apurar os valores de créditos, na sistemática não cumulativa, a partir das notas fiscais, livros contábeis e demais documentos apresentados pela fiscalizada e, constatada diferença em relação aos valores informados no Dacon, efetuar o respectivo lançamento de ofício do crédito tributário devido.” Sobreveio o Voluntário, sustentando a mesma matéria da fase de impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filhio, relator. Cuidase de recurso tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. O cerne da questão encontra, a meu sentir, no detalhamento do critério utilizado pela fiscalização para concluir divergência entre as informações do DACON e a base “auditada”. Os únicos demonstrativos da fiscalização são os quadros apontando as divergências que encontram as fls. 13201/13205, do Termo de Verificação Fiscal, sem, contudo, dizer com precisão quais as notas fiscais e de onde teria sido extraídos os dados, apenas menciona que foi das informações apresentadas pela empresa Interessada, sem, contudo, declinar detalhamento quais as operações e quais os insumos computados pela recorrente que não lhe assegura o direito de tomar crédito. Cerceamento do direito de defesa A sustentação de presunção, indícios, incerteza dos critérios para autuação, ao argumento de que Auto de Infração, bem como, o Termo de Verificação Fiscal não indicou Fl. 13735DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 13 12 com precisão quais os insumos a permitir a tomada do crédito, sem, contudo, identificar sobre o que lhe estava sendo glosado, pois, os demonstrativos elaborados pela fiscalização não representam, com exatidão, os acontecimentos fáticos dos autos. Assim, há de percorrer o caminho adotado pela fiscalização. É fato que a fiscalização do confronto entre os dados do Dacon e a Base auditada deixou de vincular quais os documentos fiscais (notas fiscais) que davam suporte a glosa, dificultando a defesa e o julgador, tanto é verdade que julgador de piso ao constatar esse fato, assim se pronunciou: “... entendo que o presente processo administrativo deva ser baixado em diligência, uma vez que, pela análise dos autos, realmente não é possível identificar especificamente quais créditos foram desconsiderados pelo Autuante e a razão pela qual ele assim procedeu...” O Julgador da Instância inferior observou como lhe é peculiar a ausência de motivação, preferiu baixar o feito em diligência com intuito de buscar meios a sanar o lançamento, determinando a fiscalização que fosse claro quanto ao motivo da lavratura do auto de infração, em razão da impossibilidade de identificar especificamente quais os créditos foram desconsiderados e a razão pela qual ele assim teria procedido, restando evidente a falta de clareza, como se extraí da motivação para realizar a diligência transcrita acima. Ao examinar as planilhas trazidas junto com o resultado da diligência sou inclinado a concordar com a Recorrente, ao contrário do julgado recorrido, para mim continua nebulosa a apuração, não há como identificar a olho nu a origem das divergências a justificar o lançamento. É insuficiente dizer que o motivo se refere à diferença entre o Dacon e base de cálculo encontrada pela fiscalização, mencionar esse como causa jurídica se revela escassa a abrangência dos acontecimentos capaz de sustentar a certeza do lançamento. O CFOP, o código NCM, a descrição NCM e a totalização correspondente a Nota Fiscal, sem colecionálas, nota fiscal por nota fiscal, vinculandoas a cada tipo de glosa efetivada, configura barreira a defesa, e, também ao julgador. De modo que, a memória de cálculo demonstrando a composição das planilhas, apontando de onde foram extraídos os dados, e, dissecando a base DACON e da base “auditada”, com base nas notas fiscais, revelaria medida acertada, deixando ser realizado pela fiscalização macula o lançamento. Mesmo realizando a diligência determinada pela DRJ, os demonstrativos não esclarecem os itens glosados, ocultando os dados, de modo a permanecer o vício inicial, não entrevejo na insistência de nova diligência por parte da Recorrente de que podem ser clarificadas as dúvidas lançadas ao trabalho fiscal, pois, penso que trata de vício insanável. Na descrição das irregularidades consignadas no relatório fiscal, assim como, no Termo de Verificação Fiscal, anota a existência de divergências entre o Dacon e a Base auditada, o que não são suficientes para se ter conhecimento de quais itens dos insumos foram glosados, seria necessário vincular uma a uma as notas fiscais para que fosse possível aquilatar a verdade material. Afirmação do agente encarregado de que “... lançamento tributário referente ao calendário 2007 é a diferença entre o valor dos créditos declarado no DACON e o valor dos créditos da auditoria da contabilidade e das notas fiscais.”, mas deixando de vincular cada nota Fl. 13736DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 14 13 fiscal a glosa, colocou em risco todo o trabalho fiscal. A descrição e as informações trazidas pela fiscalização não leva a compreensão das causas de fato, o que caracteriza cerceamento de defesa e do contraditório. Como é de conhecimento geral os requisitos da lavratura do auto de infração encontram inscubidos no art. 10 do Decreto lei nº 70.235/72, que determina descrição do fato, verificado a necessidade de esclarecimentos mais extensos, empregase o relatório fiscal enriquecendo a descrição assinalada no corpo do auto de infração no sentido de suprir a necessidade de clareza na identificação do fato. Inexistindo elementos essenciais a permitir a identificação do fato, elementos esses necessários a plena defesa, impossibilita o contribuinte elaborar de modo pleno e irrestrito a defesa da imputação de irregularidade lhe atribuída quanto o desconto dos créditos oriundos das aquisições. Assim como, a doutrina rejeita lançamento genérico, sem especificação dos elementos receita que consubstancia o fato gerador. Segundo a doutrina, no direito tributário vige a regra da tipicidade fechada quanto à identificação do fato imponível. Motivo pelo qual se exige como elemento do lançamento a identificação, se ao lançar o agente deixa de identificar quais as receitas que passaram a fazer parte da base de cálculo, distinta daquelas informadas pela empresa autuada, impõe, sob pena nulidade, que seja minuciosamente identificada uma a uma. Essa exigência também se dá quando Administração fiscal exerce seu poder de verificação em relação ao direito do contribuinte tomar crédito na sistemática não cumulativa. No caso concreto o titular do procedimento fiscal deixou de produziu as provas suficientes para esclarecer e justificar as glosas procedidas e exigir por meio do lançamento a reparação de uma suposta lesão. Não restaram claras a descrição dos fatos e a imputação, assim como as provas trazidas pela fiscalização em relação ao que alega. Ou seja, os motivos em que se assenta o auto de infração lavrado simplesmente não correspondem à realidade factual, de forma que, tratandose de ato administrativo de natureza tributária, há vício insanável em um de seus elementos (motivo/motivação), não existindo possibilidade de correção, o que impõe a declaração de sua nulidade. A jurisprudência administrativa é majoritária em reconhecer a nulidade do ato administrativo nestas hipóteses, quais sejam, quando existentes vícios em qualquer um de seus cinco elementos (sujeito, objeto, forma, finalidade e motivo), quando não passíveis de convalidação, como sói ocorrer com os defeitos na motivação do ato. Neste sentido, a Administração possui o poderdever de rever, inclusive de ofício, os atos administrativos praticados quando eivados de nulidade, como, aliás, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal por intermédio das súmulas 3461 e 4732. O Decreto Federal nº 70.235/72, no art. 10, descreve, no inciso III, o motivo de fato, e no inciso IV, o motivo de direito, nestes termos: 1 A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. 2 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Fl. 13737DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 15 14 “Art. 10 – O auto de infração era lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá: ..... III – a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável.” No caso inexiste o motivo a justificar o lançamento diante da realidade dos fatos, é oportuno a lição de Hely Lopes Meirelles, que: “(...) A teoria dos motivos determinantes fundase na consideração de que os atos administrativos, quando tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos, para todos os efeitos jurídicos. Tais motivos é que determinam e justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade. Mesmo os atos discricionários, se forem motivados, ficam vinculados a esses motivos como causa determinante de seu cometimento e se sujeitam ao confronto da existência e legitimidade dos motivos indicados. Havendo desconformidade entre os motivos e a realidade o ato é inválido. (...)” (Curso de Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 25 ed., pp. 186/187). Nessa mesma linha pensa o professor Celso Antonio Bandeira de Mello, ao falar da Teoria dos motivos determinantes, em breve resumo diz: “A propósito dos motivos e da motivação, é conveniente, ainda, lembrar a “teoria dos motivos determinantes”. De acordo com esta teoria, os motivos que determinaram a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de “motivos de fato” falsos, inexistentes incorretamente qualificados vicia o ato, mesmo quando, conforme há se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejaria a prática do ato...” E arremata afirmando: “... Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciálos, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam...” (Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 22ª Edição, pg.386) Concluo no sentido de que existe inconsistência na constituição do crédito tributário da COFINS pela maneira insegura com que se deu a autuação, principalmente, quanto à determinação da matéria tributável, a fiscalização deixou atender os requisitos essenciais inscritos no art. 142 do CTN. Com estas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Fl. 13738DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 16 15 É como voto. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à anulação do lançamento por inconsistência da descrição dos fatos e, conseqüente, cerceamento de defesa. O argumento fundouse na alegação da recorrente de impossibilidade de exercer seu direito de ampla defesa em razão da deficiente descrição dos fatos, impossibilitando conhecer com exatidão as imputações que lhe foram feitas. A recorrente alegou a falta de justificativa por nota fiscal, a argumentação genérica quanto à interpretação do conceito de insumo, a utilização de estrutura arbitrária na exposição dos cálculos, tornando impossível exercer com amplitude o contraditório e a ampla defesa. Constatase que a metodologia utilizada pela fiscalização foi a de utilizar os dados constantes nos arquivos digitais entregues pela fiscalizada e compor a base de cálculo dos créditos relativos a bens para revenda, bens utilizados como insumos e serviços utilizados como insumos. A partir dos dados obtidos, efetuouse a soma das bases de cálculo dos três itens e comparouse com a soma das respectivas três linhas do Dacon, informadas pela recorrente. De plano, verificase que a metodologia foi mais favorável à recorrente que simplesmente partir de sua base informada para então glosar o que entender indevido, pois partindo da análise dos dados de forma “bruta”, a fiscalização não se restringiu aos valores informados pela recorrente, mas a todo o universo de dados informado nos arquivos digitais. Inicialmente, ao analisarse a apuração de bens para revenda, de plano, verificase que não houve, de fato, qualquer glosa a este título do apropriado pela recorrente. Constatase que no Dacon, a recorrente informou bases de cálculo maiores que zero em fevereiro e novembro, em valores extremamente inferiores aos apurados e reconhecidos pela fiscalização como passíveis de creditamento. Em números, a recorrente informou, no ano, base de bens para revenda de R$ 2.825.588,49 enquanto a fiscalização reconheceu base de R$ 2.654.661.976,96, ou seja, dois bilhões e seiscentos e cinquenta milhões a mais de base de cálculo favorável à recorrente, o que revela, na realidade, a inexistência de qualquer glosa a este título por parte da fiscalização. Aliás, o que a fiscalização denominou de glosa de bens para revenda se trata, meramente, de planilha com valores apurados pela própria fiscalização que não dão direito a crédito e que foram subtraídos do total de bens para revenda adquiridos pela recorrente de pessoas jurídicas, o que ao final, resultou na base líquida informada no Termo de Verificação Fiscal, em generosos R$ 2.654.661.976,96. Fl. 13739DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 17 16 Não obstante esta situação, salientase que tal planilha demonstrou por mês, por nota fiscal, por CFOP, por NCM, por produto descrito, por fornecedor, o valor mensal da base de aquisições para revenda, a partir dos informados pela própria recorrente em seus arquivos digitais. Diferentemente do descrito no processo 19515.720135/201265, a fiscalização detalhou a planilha por nota fiscal, aumentando em centenas de páginas tal demonstrativo. Como se era de esperar, a indicação das notas fiscais, embora veemente alegada como necessária, ao que parece não ajudou a recorrente, pois continuou sua argumentação de cerceamento de defesa, solicitando a justificativa da glosa por nota fiscal. O que se depreende, de fato, é que estas informações eram suficientes, com ou sem a indicação de nota a nota, para que a recorrente pudesse verificar sua correção, pois que os dados constantes das planilhas foram definidos e informados por ela própria e constam em sua base de dados. Exemplificando, as aquisições de bens para revenda de produtos monofásicos de NCM 3303.00, 3304, 3305, 3306, 3307 não dão direito a crédito, por conta da restrição contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 e a planilha evidenciou as aquisições destes produtos, detalhados sob as métricas acima especificadas. Quanto aos bens utilizados como insumos, a fiscalização adotou a mesma metodologia, elaborando uma planilha geral contendo todas as aquisições para industrialização, cujos fornecedores foram pessoas jurídicas, e detalhando para cada produto (descrição e NCM), por nota fiscal, para cada fornecedor, por CFOP, o valor mensal contido nos arquivos digitais apresentados pela recorrente. Em relação aos bens para insumos importador, a fiscalização indicou a base considerada, por DI registradas e por NCM, por dia de desembaraço e por importador. A seguir, a fiscalização elaborou uma planilha de glosa, indicando, por mês, por nota fiscal, por CFOP, por NCM, por descrição do produto, por fornecedor, o valor da glosa considerada, informando que tais produtos não se enquadram na definição de insumo de que tratam as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, regulamentado na IN SRF nº 404/2004, em seu artigo 8º, trazendo uma definição restritiva de insumos, similar à do IPI e que é a adotada pela Receita Federal do Brasil. O total glosado em função da definição de insumos resultou em R$ 84.037.320,89, apenas 2,18% do valor informado pela recorrente no Dacon de R$ 3.838.258.696,02. Entretanto, o total constante nos arquivos digitais para bens adquiridos como insumos, a partir dos CFOP considerados pela fiscalização, montou em R$ 1.175.121.277,70, ou seja, pouco mais de 30% do informado no Dacon, do que se infere que as informações contidas nos arquivos foram muito inferiores que as informações prestadas no Dacon. Ora, tal constatação demandaria da recorrente não sua insurgência quanto à necessidade de se mostrar nota a nota fiscal, mas sim, que identificasse as divergências em relação à planilha geral de bens como insumos, seja em relação a CFOP não considerados, produtos não considerados, fornecedores não considerados, ou mesmo erro nos valores informados. Mas não, preferiu a recorrente se insurgir contra a falta de justificativa por nota fiscal, mesmo possuindo a demonstração da planilha por nota fiscal. Exemplificando: consta na planilha que CANETA HIDROG 850 AZUL PILOT/10204, adquirida em 01/2008, mediante a NF 726956, no CFOP 1101 (compra para industrialização), de NCM 96082000, adquirida pelo estabelecimento da recorrente 61.068.276/010240 do fornecedor CNPJ 03.746.938/000143, no valor de R$ 0,79 não foi Fl. 13740DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 18 17 considerada como insumo pela fiscalização, a teor da IN SRF nº 404/2004. Que mais informação a recorrente necessita? Por fim, a planilha de serviços como insumos elaborada pela fiscalização resultou em apenas R$ 29.221.924,49, totalizados mensalmente, a partir dos CFOP 1124, 1125, 2124 e 2125 que referemse a serviços de industrialização efetuados por terceiros. Percebese na planilharesumo constante do Termo de Encerramento de Diligência, que não houve qualquer glosa em relação a tais valores considerados. Porém, o valor é extremamente inferior aos R$ 584.964.038,52, valor este que a recorrente nem se preocupou em detalhar no mesmo nível da planilha utilizada pela fiscalização, indicando possíveis CFOP´s não considerados ou valores outros não considerados pela fiscalização, limitandose a argumentação genérica de justificativa por nota fiscal e falta de clareza. Depreendese, ao final, que a fiscalização partiu dos dados das notas fiscais de entrada, informadas pela própria recorrente em arquivos digitais, para a elaboração de planilhas detalhadas por mês, por nota fiscal, por CFOP, por NCM , por descrição produto e por fornecedor, demonstrando o total obtido a partir dos arquivos digitais, que se mostrou muito inferior ao informado pela recorrente no Dacon, nas linhas de bens utilizados como insumos e serviços utilizados como insumos, resultando na glosa relativa a estas linhas, que, embora "amortizadas" pelo reconhecimento superior ao requerido pela recorrente de bens para revenda, montou ainda em diferenças tributadas nestes autos. Por seu turno, a recorrente, embora detivesse a posse de todos os dados informados à fiscalização, sob qualquer detalhamento, inclusive por nota fiscal, preferiu enveredar por argumentação de cerceamento de defesa, ao invés de combater o mérito da autuação. Assim, rejeito a preliminar de nulidade acatada pelo relator. No mérito, a recorrente defendeu que a definição de insumo para a não cumulatividade não se restrinja à definição adotada pela Receita Federal do Brasil, disposta nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004, expondo vários entendimentos jurisprudenciais, tanto no âmbito administrativo quando no judicial, ora abrangente compreendendo os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, ora se restringindo ao custo de produção, ora à essencialidade. A nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) Fl. 13741DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 19 18 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na Fl. 13742DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 20 19 prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; Fl. 13743DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 21 20 IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: Fl. 13744DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 22 21 I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que há divergência no STJ sobre o tema, tendo a matéria sido afetada como recurso repetitivo no REsp 1.221.170/PR. Assim, verificase que no REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: Fl. 13745DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 23 22 "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA Fl. 13746DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 24 23 SÚMULA 211/STJ. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem se manifesta, fundamentadamente, sobre as questões que lhe foram submetidas, apreciando de forma integral a controvérsia posta nos presentes autos. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo” (Súmula 211/STJ). 3. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 4. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumos previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. 5. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos os bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 6. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 7. Recurso especial a que se nega provimento. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a Fl. 13747DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 25 24 impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da nãocumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Fl. 13748DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 26 25 Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito Fl. 13749DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 27 26 passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente de ter havido contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com valetransporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram Fl. 13750DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 28 27 alçados a insumos a partir da Lei nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Estabelecidas as premissas acima, entendo que a análise da possibilidade de creditamento deve ser enfrentada em cada produto utilizado, devendo sua natureza e sua função no processo produtivo ou de prestação de serviços ser identificada, para que se possa inferir o enquadramento na definição de insumo. No caso, a recorrente não apresentou qualquer alegação de mérito quanto aos bens utilizados como insumos ou serviços utilizados como insumos que entendesse serem passíveis de creditamento, limitandose a alegar o cerceamento de defesa, quando do encerramento da diligência. Apenas em recurso voluntário, a recorrente apresentou planilhas, requerendo diligência para que pudessem ser analisadas. Neste ponto, entendo que o princípio da verdade material não é absoluto e deve ser sopesado com o instituto da preclusão processual. No caso concreto, a apresentação de planilhas em recurso voluntário dependentes de diligência para confirmação de sua veracidade não é suficiente para afastar a preclusão processual prevista no §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/19723. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 3 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 13751DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722935/201211 Acórdão n.º 3302003.008 S3C3T2 Fl. 29 28 Fl. 13752DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 16/02 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, A ssinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10909.002439/2005-10
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Data do Fato Gerador: 11/08/2005
PIS E COFINS NA IMPORTAÇÃO.
Constatado que, quando da entrada dos bens estrangeiros no território nacional, não havia lei instituindo o PIS e a COFINS na importação, inexistente será o fato gerador, e consequentemente, será incabível a sua exigência, bem como o ressarcimento no mesmo valor, ainda que a falta da mercadoria venha a ser apurada após vigente lei nesse sentido.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-003.172
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado para, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial do Procurador
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto
Júlio César Alves Ramos - Redator para o acórdão
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento).
Este recurso especial foi julgado em sessão de novembro do ano passado, sob relatoria da Conselheira Nanci Gama, que, após apresentar o relatório e o voto à Secretaria, viu-se obrigada a renunciar ao mandato em face das novas disposições regimentais, antes de poder assiná-lo. Designou-me por isso o Presidente da CSRF para sua redação, o que faço adotando o Relatório, Voto e ementa por ela preparados e aqui reproduzidos.
Nome do relator: NANCI GAMA
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ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do Fato Gerador: 11/08/2005 PIS E COFINS NA IMPORTAÇÃO. Constatado que, quando da entrada dos bens estrangeiros no território nacional, não havia lei instituindo o PIS e a COFINS na importação, inexistente será o fato gerador, e consequentemente, será incabível a sua exigência, bem como o ressarcimento no mesmo valor, ainda que a falta da mercadoria venha a ser apurada após vigente lei nesse sentido. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado para, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial do Procurador Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto Júlio César Alves Ramos Redator para o acórdão Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente Substituto) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Este recurso especial foi julgado em sessão de novembro do ano passado, sob relatoria da Conselheira Nanci Gama, que, após apresentar o relatório e o voto à Secretaria, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 24 39 /2 00 5- 10 Fl. 275DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 07/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Ass inado digitalmente em 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10909.002439/200510 Acórdão n.º 9303003.172 CSRFT3 Fl. 276 2 viuse obrigada a renunciar ao mandato em face das novas disposições regimentais, antes de poder assinálo. Designoume por isso o Presidente da CSRF para sua redação, o que faço adotando o Relatório, Voto e ementa por ela preparados e aqui reproduzidos. Relatório Assim o relatou a Dra. Nanci: Tratase de recurso especial interposto pela procuradoria da Fazenda Nacional em face do acórdão 30335.123, sob a alegação de que referida decisão, na parte recorrida, proferida por maioria de votos, teria incorrido em contrariedade à lei, especialmente aos artigos 114 do CTN e art. 4º da Lei nº 10.865/04. O trecho da ementa do acórdão na parte objeto do recurso especial em exame possuiu a seguinte redação: “PIS E COFINS NA IMPORTAÇÃO. Constatado que, quando da entrada dos bens estrangeiros no território nacional, não havia lei instituindo o PIS e o COFINS na importação, inexistente será o fato gerador, e consequentemente, será incabível a sua exigência, bem como o ressarcimento no mesmo valor, ainda que a falta da mercadoria venha a ser apurada após vigente lei nesse sentido.” Com apoio no voto vencido, a Fazenda Nacional sustenta em seu recurso que a decisão vencedora contrariou o disposto no artigo 4º da Lei 10.865/04 e o artigo 114 do CTN segundo os quais: “Art. 4º Para efeito de cálculo das contribuições, considerase ocorrido o fato gerador: (...) II – no dia do lançamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de bens constantes de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo extravio ou avaria for apurado pela autoridade aduaneira.” “Art. 114 – Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência.” No voto vencido, o Conselheiro prolator defendeu o seu posicionamento, e da mesma forma assim a Fazenda Nacional em seu recurso especial, sustentando que: “Também é certo que, efetivamente, a descarga da mercadoria proveniente do exterior ocorrera em data anterior à lei que instituiu a cobrança das contribuições (Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004). Fl. 276DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 07/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Ass inado digitalmente em 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10909.002439/200510 Acórdão n.º 9303003.172 CSRFT3 Fl. 277 3 Com efeito, a entrada das mercadorias objeto do presente processo ocorrera em 10/08/2003. Ocorre que, assim como se verifica com relação à incidência do Imposto de Importação sobre a mercadoria extraviada, o fato gerador das contribuições não se aperfeiçoa até a finalização do correspondente lançamento. (...) Ou seja, no caso da mercadoria manifestada e extraviada, pouco importa o momento de sua entrada da mercadoria no Território Nacional, enquanto não concluído o correspondente lançamento, não se completou o fato gerador.” Conforme despacho de fls.234 o recurso foi admitido sob a alegação de que “quanto à contrariedade à lei tributária, o recurso merece acolhida, haja vista que a decisão foi prolatada por maioria de votos’. O contribuinte por sua vez apresentou contrarrazões aduzindo o seguinte: “Tendo em vista os fatos constantes e os documentos apresentados identificou em 22.08.2003 (descarga mercadoria em 10.08.2003) a fiscalização aduaneira o Transportador Zim Israel Navigation Company Ltd. Como responsável pelo extravio da mercadoria contida no container nº FSCU 6078540, acobertada pelo BL n] ZIMCOL214. Neste sentido, não se pode instituir obrigação ributária principal sem ocorrência do fato gerador que a define, sendo que houve entrada da mercadoria estrangeira no território nacional em 10.08.2003 e a conferência física da mesma em 22.08.2003, restando devidamente comprovado que em ambas as hipóteses foram anteriores ao advento da Lei 10.865/2004 que instituiu o PIS e a COFINS na importação de bens. A Lei 10.865/2004 que instituiu o PIS/importação e a COFINS/importação – somente teve sua aplicação a partir de 30 de abril de 2004 – e a entrada dos bens em território nacional se dei em 10.08.2003, bem como a Vistoria Aduaneira que consolidou a falta da carga no container foi procedida em 22.08.2003, sendo certo que o fato gerador para instituição dos tributos, conforme depreende o artigo 3º da Lei 10.865/04, é a entrada dos bens estrangeiros no território nacional, que no presente se deu antes da instituição da Lei em referência.” O contribuinte também apresentou recurso especial na parte em que vencido, sendo que o mesmo não foi admitido, uma vez que fundamentado no artigo 7, inciso I, do Regimento Interno vigente a época, que no entanto assegurava somente a Procuradoria da Fazenda Nacional recurso especial sob alegação de violação a lei ou a prova dos auto. É o relatório. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 07/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Ass inado digitalmente em 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10909.002439/200510 Acórdão n.º 9303003.172 CSRFT3 Fl. 278 4 Voto Na seqüência, suas considerações, acompanhadas pelo colegiado Conselheira Nanci Gama, Relatora. Conheço do recurso especial da Fazenda Nacional por entender que se encontram atendidos os pressupostos de seu cabimento. No entanto, quanto ao mérito, entendo que o voto vencedor não merece reparo. Em que pese o artigo 4º da Lei 10.865/04 dispor que para efeito de cálculo das contribuições, considerase ocorrido o fato gerador, “no dia do lançamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de bens constantes de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo extravio ou avaria for apurado pela autoridade aduaneira.”, não se pode perder de vista que o dispositivo tem por finalidade não definir o fato gerador em si da contribuição, mas para efeito de base de cálculo da contribuição a ser exigida, na hipótese de mercadoria extraviada ou avariada, considerar o fato gerador ocorrido no dia do lançamento. Tanto é assim que o artigo 3º do mesmo diploma legal, Lei 10.865/04, prescreve: “Art. 3º O fato gerador será: I – a entrada de bens estrangeiros no território nacional; ou II – o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por serviço prestado”. O que importa, todavia, é que no momento da importação, do seu ingresso no território nacional que se deu em 10.08.2014 e a conferência física em 22.08.2014 é que a Lei nº 10.865/04 se quer havia sido editada. Logo, como bem consignado no voto vencedor, “ Ora, se sequer existia a referida Lei quando da entrada dos bens estrangeiros no território nacional (fato gerador), em observância aos princípios da legalidade e da anterioridade, não há que se falar em exigência de ressarcimento de PIS/Cofins em razão de falta de mercadoria objeto de importação, até mesmo porque sequer houve fato gerador”. Ante o exposto, conheço do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional e no mérito negolhe provimento. Sala das Sessões, em 25 de novembro de 2014. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 07/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Ass inado digitalmente em 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10909.002439/200510 Acórdão n.º 9303003.172 CSRFT3 Fl. 279 5 Nanci Gama Esse o acórdão que me coube redigir. CONSELHEIRO JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Redator para o acórdão Fl. 279DF CARF MF Impresso em 21/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 07/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Ass inado digitalmente em 10/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 16682.720237/2010-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
MATÉRIA NÃO ANALISADA EM DESPACHO DECISÓRIO. INDEFERIMENTO LIMINAR DO DIREITO CREDITÓRIO. SUPERAÇÃO DA TESE PELO CARF. NECESSIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO COMPLEMENTAR.
Constatando-se que o despacho decisório não analisou matéria de fundo em razão do indeferimento liminar do direito pleiteado, superado tal entendimento pelo CARF, impõe-se o retorno dos autos à Unidade de origem a fim de que profira despacho decisório complementar sobre o tema.
Numero da decisão: 1402-001.996
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao pedido de restituição de crédito objeto de compensação anteriormente não homologada e determinar o encaminhamento dos autos à Unidade Local para que seja prolatado despacho decisório complementar, sem anulação do anteriormente proferido, com apreciação do mérito do pedido e retomada do rito procesual a partir daí. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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INDEFERIMENTO LIMINAR DO DIREITO CREDITÓRIO. SUPERAÇÃO DA TESE PELO CARF. NECESSIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO COMPLEMENTAR. Constatandose que o despacho decisório não analisou matéria de fundo em razão do indeferimento liminar do direito pleiteado, superado tal entendimento pelo CARF, impõese o retorno dos autos à Unidade de origem a fim de que profira despacho decisório complementar sobre o tema. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao pedido de restituição de crédito objeto de compensação anteriormente não homologada e determinar o encaminhamento dos autos à Unidade Local para que seja prolatado despacho decisório complementar, sem anulação do anteriormente proferido, com apreciação do mérito do pedido e retomada do rito procesual a partir daí. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 02 37 /2 01 0- 07 Fl. 448DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 449 2 AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 450 3 Relatório SHELL BRASIL LTDA recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 8ª Turma da DRJ Rio de Janeiro01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o processo de Pedido Eletrônico de Restituição nº 24014.98682.290610.1.2.023002 que pleiteia saldo negativo de IRPJ, do ano calendário de 2005, no valor de R$ 24.688.194,00. O pedido foi indeferido por meio de despacho decisório de indeferimento de PER (fl. 23) uma vez que a matéria já foi apreciada pela autoridade administrativa e não foi reconhecido o direito creditório suficiente para atendimento deste pedido. O Pedido Eletrônico de Restituição nº 05415.46500.170408.1.023260 pleiteava o mesmo direito creditório e foi indeferido. A ciência do despacho ocorreu em 21/10/2010 e a interessada apresentou manifestação de inconformidade em 10/11/10 alegando que a decisão do PER nº 05415.46500.170408.1.023260 decorre de nítido equívoco incorrido pela requerente quando do preenchimento de suas declarações fiscais, as quais deixaram de ser verificadas/informadas na época. Acrescenta ainda que foi expedido o Termo de Intimação identificado pelo rastreamento nº 785959642. Neste, a D. Autoridades Fiscais noticiavam divergências entre as informações consignadas no PER/DCOMP que constava informação correspondente a R$ 24.712.943,37 de saldo negativo de imposto de renda, enquanto a DIPJ constava o montante de R$ 25.431.794,67. Ou seja uma diferença de aproximadamente R$ 700.000,00. Segundo alega a requerente, por razões que desconhece, o Termo de Intimação identificado pelo rastreamento nº 785959642 não foi encaminhado ao setor competente, de modo que as solicitações nele consignadas não foram atendidas. Afirma que o procedimento a ser adotado pelas autoridades fiscais deveria ser o de, uma vez confirmadas as parcelas formadoras do direito creditório, reconhecê lo no menor montante informado entre DIPJ e PER/DCOMP. Continua, alegando que seu pedido foi indeferido e que em clara demonstração de boa fé, incluiu os débitos no parcelamento da Lei 11.941/09. Ainda acrescenta que após a retificação das divergências em sua DIPJ efetuou novo Pedido de Restituição que teve seu pedido indeferido. Informa também que enviou DCOMP nº 26420.50446.300610.1.7.024917. Pleiteia a restituição sob o argumento de que a análise efetuada no primeiro PER foi apenas formal e não de mérito, e que a manutenção da decisão ora combatida, teria o condão de gerar o enriquecimento sem causa da União. Fl. 450DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 451 4 Após, a interessada apresenta esclarecimentos e documentos quanto à subsistência do direito creditório e cita jurisprudência sobre o Princípio da Verdade Material. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 12 38.053 (fls. 399/405) de 29/06/2011, por unanimidade de votos, negou provimento à manifestação de inconformidade. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. Deve ser indeferido o pedido de restituição que pleiteia o mesmo crédito já indeferido anteriormente pela autoridade administrativa.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 22/11/2011 (A.R. de fl. 408) a interessada interpôs recurso voluntário em 22/12/2011 (fls. 409/443) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. Ao final pede o provimento voluntário ou a realização de diligência necessária à confirmação do montante do saldo negativo pleiteado. É o relatório. Fl. 451DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 452 5 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. A decisão recorrida, mantendo o entendimento do despacho decisório, negou provimento à manifestação de inconformidade da recorrente sob os seguintes argumentos: i) suposta impossibilidade de que o pedido de restituição, que pleiteia o mesmo crédito já indeferido anteriormente pela autoridade administrativa, seja apreciado e reconhecido e, ii) desistência, pela interessada, no processo administrativo n° 15374.940187/200871, onde a recorrente teria renunciado ao "direito porventura existente em relação ao saldo negativo de IRPJ, do anocalendário de 2005". A recorrente, por sua vez, considera, quanto ao primeiro argumento, que o entendimento exarado não se coaduna com as normas legais ou administrativas sobre a matéria, eis que nestas não haveria esse tipo de vedação. Quanto ao segundo argumento, alega que carece de respaldo fático e jurídico, seja pelo fato de a desistência se referir apenas aos débitos listados naquele processo administrativo, não alcançando o direito creditório, seja pelo fato de que a adoção do entendimento combatido teria o condão de alcançar outras compensações efetivadas por si, que não foram objeto de inclusão no parcelamento de que trata a Lei n° 11.941/09. Com efeito, entendo que os argumentos trazidos pela recorrente são pertinentes. Quanto à suposta impossibilidade de que o pedido de restituição seja apreciado, entendo não haver vedação legal nesse sentido. Tal entendimento advém tanto do disposto no artigo 74, da Lei n° 9.430/96, quanto na Instrução Normativa RFB n° 900/08. Tais dispositivos são taxativos no sentido de que a vedação para apresentação de pretensão em face de direito creditório já indeferido se restringe à declaração de compensação, e não a pedido de restituição, que é o caso sob exame. Quanto à desistência, pela interessada, no processo administrativo n° 15374.940187/200871, constatase na leitura da decisão recorrida que a recorrente teria renunciado ao "direito porventura existente em relação ao saldo negativo de IRPJ, do ano calendário de 2005". Vejase, nesse sentido, excerto daquela decisão. (...) Cabe destacar que a interessada, conforme citado no acórdão n° 1230.490 renunciou a quaisquer alegações de direito sobre os quais se funda o processo 15374.940187/200871 para poder aderir ao parcelamento com os benefícios da Lei 11.941/2009. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 453 6 A renúncia é um ato unilateral de vontade do autor consubstanciado na disposição de um direito material que alega ter, sendo irrelevante no caso concreto a efetiva existência de tal direito. Recaindo a renúncia sobre o direito material, já que o autor abre mão dele, a renúncia decide de forma definitiva o conflito porque não haverá mais direito material que possa ser alegado para ensejar eventual conflito de interesses. Assim, a renúncia diferenciase da desistência, enquanto a primeira gera efeitos materiais a segunda limitase a efeitos processuais. Portanto, com a renúncia a interessada abriu mão de qualquer direito porventura existente em relação ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2005, tornando definitiva a decisão proferida por meio do Despacho Decisório de n° 808246165 que não reconheceu o direito creditório apurado e não homologou a compensação." (fl. 380) Ao contrário do alegado na decisão recorrida, entendo que a desistência formalizada nos autos do processo n° 15374.940187/200871 alcançou apenas o reconhecimento quanto à subsistência dos débitos ali consignados. Não é possível sustentar daí que a recorrente teria aberto mão "de qualquer direito porventura existente em relação ao saldo negativo de IRPJ, do anocalendário de 2005". Ao reconhecer a subsistência daqueles débitos, mediante a desistência do processo administrativo tributário n° 15374.940187/200871, a única conseqüência processual e material é a manutenção dos débitos em questão, sem resultar em qualquer efeito no âmbito do direito material relativo à restituição do saldo negativo do anocalendário 2005. Nos dizeres da recorrente: "... Aliás, admitir qualquer entendimento diverso seria manifestamente descabido, seja por desrespeitar os limites objetivos da análise a ser realizada no âmbito do processo de compensação (subsistência ou não do débito compensado), seja por eventualmente permitir que uma decisão nos processos resultasse em efeitos para fora do processo, os chamados efeitos panprocessuais, os quais não são admitidos no âmbito do processo administrativo fiscal. No que se refere ao primeiro ponto (desrespeito ao limite objetivo da análise a ser realizada no âmbito do processo de compensação), necessário reconhecer que no processo de compensação é discutida a manutenção ou não de um débito determinado, específico, em face do qual foi erigida pretensão de extinção por parte do contribuinte, in casu da RECORRENTE. Nessa esteira, a desistência formalizada pela RECORRENTE se refere àquele débito específico, objeto da compensação, e não ao seu direito potestativo de obter a recuperação dos valores pagos a maior (saldo negativo) a título de "IRPJ" durante o anocalendário 2005. Adotar entendimento contrário seria emprestar dois resultados distintos para um único comportamento, o que não se coaduna com o melhor entendimento. ... Fl. 453DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 454 7 No caso sob análise, a desistência formalizada pela RECORRENTE operou seus efeitos apenas no plano de seu débito, por meio do reconhecimento acerca da manutenção daqueles débitos, renunciando a qualquer alegação de direito em relação àqueles débitos específicos. Ora, tal comportamento não ensejou qualquer efeito no plano do direito potestativo do contribuinte em face da Fazenda Pública, sendo que tal pretensão poderia ser novamente exercida, seja para fins de restituição, como pretendido neste processo administrativo, seja em face de outro débito qualquer, por meio de novo processo de compensação. Nem se argumente que a RECORRENTE teria, nas palavras da D. Autoridade Julgadora, "aberto mão de qualquer direito porventura existente em relação ao saldo negativo de IRPJ, do anocalendário de 2005". Admitir tal entendimento seria o mesmo que reconhecer que a desistência formalizada pela RECORRENTE nos autos do processo administrativo n° 15374.940187/200871 poderia gerar efeitos frente a outros processos administrativos, no quais fosse utilizado o crédito relativo ao saldo negativo de "IRPJ" apurado no anocalendário 2005. Por exemplo, ao adotar o posicionamento da D. Autoridade Julgadora, a RECORRENTE com a desistência formalizada em um único processo administrativo, poderia vir a macular um sem número de processos de compensação que utilizassem aquele direito creditório como origem de sua pretensão para extinguir outros débitos. Tal não se afigura razoável, coerente e/ou proporcional. Não há espaço para esse tipo de efeito panprocessual no âmbito do processo administrativo fiscal, seja pelo necessário respeito ao limite objetivo de cada pretensão, seja pelo verdadeiro caos que esse tipo de comportamento resultaria para os mais diversos contribuintes, ainda mais diante do volume de processos de compensação hoje existentes." Há que se reconhecer, portanto, que a desistência formalizada pela interessada alcançou apenas os débitos constantes do processo administrativo n° 15374.940187/200871, e não o direito creditório ali pleiteado. Assim, tendo em vista o indeferimento liminar do direito creditório em face dos argumentos analisados acima (i) e (ii), superado tal óbice nesse Colegiado, entendo que os autos devam retornar à unidade de origem para que seja prolatado despacho decisório complementar, analisandose o mérito do pedido. Isso porque a análise do mérito neste momento processual implicaria, sem sombra de dúvidas, supressão de instância. Nessa esteira, qualquer decisão tomada por este colegiado poderia implicar cerceamento do direito de defesa, quer da recorrente, em caso de desprovimento do recurso, quer da Fazenda Nacional, na hipótese de seu provimento. Isso posto, voto por dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao pedido de restituição de crédito objeto de compensação anteriormente não homologada e determinar o encaminhamento dos autos à Unidade Local para que seja prolatado despacho decisório complementar, sem anulação do anteriormente proferido, com apreciação do mérito do pedido e retomada do rito procesual a partir daí.. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 454DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720237/201007 Acórdão n.º 1402001.996 S1C4T2 Fl. 455 8 Fl. 455DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 11080.930143/2009-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Dec 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2003 a 30/11/2003
CONTRATO A PREÇO PREDETERMINADO. REGIME DE APURAÇÃO. CUMULATIVIDADE. MANUTENÇÃO. PREVISÃO LEGAL. VIGÊNCIA.
Somente a partir de 1º de fevereiro de 2004 a legislação previu a possibilidade de que as receitas decorrentes de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens e serviços, permanecessem sujeitas às normas da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep vigentes anteriormente à Lei 10.637/02.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-002.905
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral o Dr. Marco Antônio Behrndt - OAB 173.362 - SP.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/12/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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REGIME DE APURAÇÃO. CUMULATIVIDADE. MANUTENÇÃO. PREVISÃO LEGAL. VIGÊNCIA. Somente a partir de 1º de fevereiro de 2004 a legislação previu a possibilidade de que as receitas decorrentes de contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens e serviços, permanecessem sujeitas às normas da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep vigentes anteriormente à Lei 10.637/02. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral o Dr. Marco Antônio Behrndt OAB 173.362 SP. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 01 43 /2 00 9- 68 Fl. 552DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório que não reconheceu direito creditório e não homologou compensação declarada pelo contribuinte referente a crédito da contribuição para o PIS, período de novembro de 2003 com débito de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O indébito teria origem na mudança de entendimento quanto à permanência das receitas apuradas no regime da cumulatividade, tendo a empresa efetuado recolhimento pela sistemática da não cumulatividade. A Lei nº 10.833/2003 em seu artigo 10, inciso XI previu a possibilidade de que as receitas de contratos de fornecimento de serviços a preço predeterminado, com prazo superior a um ano, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003 poderiam continuar a ser tributadas pela sistemática da cumulatividade.Com a edição da Lei nº 11.196/2005, mais especificamente seu art. 109, combinado com o disposto na IN SRF nº658/2006 e ainda de acordo com orientações emanadas da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a interessada entendeu ter reunido condições suficientes para tributar suas receitas com base na sistemática da cumulatividade. Procedeu então a retificação das suas DCTFs, declarando débitos de PIS e Cofins pela forma cumulativa. Assim teria passado a credora da União, uma vez que teria efetuado recolhimentos a maior do que os efetivamente devidos por calcular as contribuições em apreço pela sistemática da nãocumulatividade. A Coordenação de Tributação da Receita Federal do Brasil submeteu à apreciação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, por meio da Nota Técnica COSIT nº 1, de 16 de fevereiro de 2007, referida questão, resultando na edição do Parecer PGFN/CAT nº 1.610, de 01 de agosto de 2007. Esse Parecer esclareceu que “contratos iniciais” e “contratos bilateriais”, os quais são utilizados pela empresa na comercialização de energia, perdem o caráter de contratos de preço predeterminado, tendo em vista reajuste efetuado pelo IGPM e, pela variação tributária, portanto, não se submetem à exceção prevista no art. 10, XI da Lei nº 10.833/2003. A interessada por meio do processo nº 11080.006335/200951 protocolou processo de consulta a este respeito. A Superintendência da 10ª Região Fiscal solucionou a questão emitindo a Solução de Consulta nº 228, de 14 de dezembro de 2009, assim ementada: CONTRATOS FIRMADOS ANTERIORMENTE A 31 DE OUTUBRO DE 2003. PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE COM BASE NO IGPM. Para efeito de definir o regime de incidência da Cofins aplicável às receitas relativas a contratos com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, o cômputo do IGPM no percentual de reajuste de preços, descaracteriza a condição de preço predeterminado, ainda que nesse percentual de reajuste seja também considerada a variação de determinados custos de produção, o que implica a sujeição dessas receitas à incidência nãocumulativa. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11080.930143/200968 Acórdão n.º 3302002.905 S3C3T2 Fl. 3 3 Não obstante, quando o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, não superar o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção, e desde que o referido reajuste leve em conta termos de custos de produção ou insumos, a condição de preço predeterminado não se terá descaracterizado, consoante explicitação do § 3º do art. 3º da IN SRF nº 658, de 2006. Nessa hipótese, e cumpridos os demais requisitos dessa Instrução, as receitas em questão submetemse à incidência da Cofins na forma cumulativa, até que venha a suceder a perda do caráter de preço predeterminado, ocasião em que as receitas passarão a sujeitarse à incidência não cumulativa, de modo definitivo. Com base no entendimento acima exposto e na informação Fiscal SEFIS/DRF/POA (fls. 394/397), foi emitido o Despacho Decisório DRF/POA nº 2.132, de 05/11/2010 (fls. 388/393) que não reconheceu o direito creditório e não homologou a compensação declarada. A interessada discorda do indeferimento do seu pleito, alegando, preliminarmente, a tempestividade de sua manifestação. Faz um histórico da evolução da legislação do PIS e da Cofins e da nova sistemática de apuração dessas contribuições: nãocumulatividade. Discorre a respeito dos chamados “contratos iniciais” firmados por ela e as distribuidoras de energia elétrica, celebrados em 30 de setembro de 1997, com vigência de 15 anos. Menciona que o Primeiro Termo Aditivo ao Contrato de Concessão nº 67/2000, firmado em 03/04/2001, passou a prever que o reajuste seria calculado de acordo com o IGPM. Acredita que tal fato não afetaria a condição de preço predeterminado no fornecimento de energia, tendo como objetivo a preservação do equilíbrio contratual, resguardando o valor e quantia da moeda contratada. Nesse caso, as receitas advindas desses contratos deveriam sujeitarse ao regime cumulativo das contribuições, por obedecerem ao disposto no art. 10, XI, da Lei nº 10.833/2003. Ataca a IN SRF nº 468/2004, afirmando que essa teria inovado no mundo jurídico ao eleger critérios não previstos na Lei nº 10.833/2003 para definição de preço predeterminado. Destaca que esse entendimento foi alterado pela Lei nº 11.196/2006 ao determinar que o reajuste de preços em função do custo da produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, não seria considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Cita Nota Técnica nº 224/2006 e o Ofício nº 1.431/2006, ambos expedidos pela ANEEL os quais afirmam que a utilização do IGPM, como índice de correção monetária, no reajuste do preço do contrato de fornecimento de energia equivaleria ao custo de produção ou dos insumos utilizados no setor energético. Tece considerações a respeito dos requisitos exigidos pelo art. 10, XI da Lei nº 10.833/2003 para que suas receitas permaneçam no regime cumulativo das contribuições. Entende serem quatro as exigências da Lei: contrato de fornecimento de bens e serviços, prazo de duração mínimo superior a um ano, assinatura do contrato anteriormente a 31 de outubro de 2003 e que o preço de fornecimento de bens e serviços esteja predeterminado no contrato. Entende que os contratos por ela celebrados com as empresas contratantes de seus serviços atendem aos requisitos antes expostos e por isso permanecem no regime da cumulatividade, tornando a empresa detentora de créditos recolhidos pela sistemática da nãocumulatividade. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 4 Observa que protocolou declarações de compensação, via PER/DCOMP, dos créditos oriundos dos períodos dezembro de 2002 a fevereiro de 2006, e pedido de restituição, via papel, do período novembro de 2004 a julho de 2005. Menciona a consulta formulada a respeito do assunto (processo nº 11080.006335/200951), a Nota Técnica Cosit nº 1, de 16 de fevereiro de 2007, bem como o Parecer PGFN/CAT nº 1.610, de 01 de agosto de 2007, os quais concluíram que as receitas da empresa estariam sujeitas a tributação pelo regime não cumulativo. Discorda do entendimento da informação Fiscal, para os períodos de dezembro de 2002 a janeiro de 2004, que não reconhece efeito retroativo ao disposto no art. 15 da Lei nº 10.833/2003, o qual estendeu ao PIS a possibilidade de manter no regime da cumulatividade as receitas de contratos firmados com preço predeterminado. Entende ser nulo o Despacho Decisório por ausência de motivação e afronta à ampla defesa e ao contraditório. Alega que a decisão deixa de justificar/fundamentar as razões para o indeferimento do pleito de restituição/compensação. Não se reveste dos mínimos e indispensáveis requisitos de validade e não lhe permite conhecer os fundamentos do indeferimento dos pleitos de restituição/compensação. Na eventualidade de não ser declarado nulo o Despacho Decisório atacado, passa a defender a existência do direito creditório pleiteado. Destaca a apresentação de Recurso Especial de Divergência contra o entendimento da Solução de Consulta nº 228, proferida pela SRRF10/DISIT. Está certa de que o recurso interposto será provido. Passa a tecer considerações a respeito das exceções estabelecidas pela Lei nº 10.833/2003 para permanência de determinadas receitas no regime da cumulatividade. Aponta 4 requisitos necessários: existência de um contrato de fornecimento de bens e serviços, com prazo de duração superior a 1 ano, assinatura anterior a 31 de outubro de 2003 e que o preço de fornecimento dos bens e serviços esteja predeterminado nesse contrato. Destaca que o Despacho Decisório questiona apenas um desses requisitos, o que tornaria incontroverso os demais. A discussão estaria limitada a predeterminação dos preços estipulados nos contratos celebrados pela empresa. Argumenta que esse requisito também foi cumprido. Argumenta não existir lei que defina o conceito de preço predeterminado. Esse conceito seria obtido por meio de uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico, sendo encontrado a partir do exame de princípios do direito privado. Busca na doutrina definições de preço determinado e preço determinável. Acredita que a eventual cláusula de reajuste não descaracterizaria a natureza do preço predeterminado quando tal reajuste tenha como objetivo tãosomente preservar o poder aquisitivo nominal inicialmente pactuado. Cita decisão jurisprudencial nesse sentido. Invoca os art. 109 e 110 do CTN para defender seu ponto de vista. Afirma que de acordo com a IN SRF nº 21/79, o entendimento da Secretaria da Receita Federal sempre foi no sentido de que para a caracterização de preço predeterminado não seria essencial a inexistência de cláusula de reajuste, mas a necessidade de o preço estar fixado em contrato, sendo de conhecimento prévio para as partes. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11080.930143/200968 Acórdão n.º 3302002.905 S3C3T2 Fl. 4 5 Defende o reconhecimento por parte da legislação, através do art. 109 da Lei nº 11.196/2005, de que a aplicação de cláusula de reajuste não descaracterizaria o preço predeterminado. Alega que seus preços estariam predeterminados em contrato. A necessidade de investimentos vultosos e a assunção de uma série de compromissos a longo prazo só seriam possíveis se houvesse garantia de uma fonte previsível de receitas a longo prazo, livre do risco da oscilação de preços e da diminuição da demanda. Sendo assim, afirma que celebrou todos os contratos de fornecimento de energia baseados em “preço firme”. Transcreve parte destes contratos. Relata que esses prevêem inclusive a necessidade da empresa buscar energia no mercado caso não consiga produzila por problemas técnicos. Nesse caso terá que arcar com a diferença entre o preço de aquisição da energia no mercado e aquele predeterminado em contrato. Frisa ser o reajuste pelo IGPM, cláusula padrão, constante de todos os contratos por ela celebrados de fornecimento de energia, independente da outra parte contratante ser distribuidora, comerciante ou consumidora final de energia. Afirma que o IGPM nada mais reflete do que o reajuste de preços em função do custo de produção. Repisa o argumento de que segundo entendimento esposado pela ANEEL (Nota Técnica 224/2006), o IGPM é índice que reflete o custo de produção e, portanto, em nada altera a condição de preço acordado nos contratos iniciais. Argumenta que a correção monetária corresponde à manutenção do valor real da moeda operante no tempo, não se tratando de um acréscimo ao valor original. Assim a simples aplicação de cláusulas de reajuste de correção monetária, materializadas no caso presente pelo IGPM, não desconfiguraria de maneira alguma a natureza do preço inicialmente fixado em contrato, pela contrário, tratar seia apenas de reposição dos valor originário da moeda, corroída por diversos fatores. Interpretação diversa levaria a uma norma de efeitos temporários, de curtíssima duração. Ataca a IN SRF nº 468/2004, a IN SRF nº 658/2006 e o Parecer PGFN/CAT nº 1610/2007 afirmando que teriam criado mandamentos não previstos em lei extrapolando sua competência, incorrendo em vícios manifestos de legalidade. Passa a defender a retroatividade do art. 15 da Lei nº 10.833/2003.A manutenção das receitas no regime da cumulatividade para o PIS seria aplicável desde a instituição do regime nãocumulativo do PIS, ou seja, dezembro de 2002. Pensar de forma diversa levaria a quebra na segurança jurídica, pois, nesse caso, haveria um aumento repentino da carga tributária. Ratifica seu pedido de restituição e a homologação integral das compensações declaradas. Aponta impossibilidade da cobrança dos débitos compensados com créditos referentes aos períodos de apuração janeiro e fevereiro de 2006, uma vez que esses períodos foram objeto de auto de infração (processo 11080.722655/201096), o qual estaria pendente de análise. Ao final requer a nulidade do Despacho Decisório com reconhecimento integral do crédito e conseqüente homologação das compensações declaradas ou ainda que seja proferida nova decisão pela DRF de origem. Alternativamente, caso não seja declarada a nulidade do Despacho Decisório, pleiteia a sua reforma Fl. 556DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 6 integral e o reconhecimento do direito creditório e a homologação das compensações declaradas. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2003 a 30/11/2003 PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Demonstrado que o Despacho Decisório foi formalizado de acordo com os requisitos de validade previstos em lei e que não ocorreu violação ao disposto no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não deve ser acatado o pedido de nulidade formulado. PREÇO PREDETERMINADO. IGPM. ÍNDICE GERAL. Nos termos do disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. O IGPM não é índice que obedeça ao disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, por ser índice geral de reajuste de preços. PIS. REGIME DA CUMULATIVIDADE. RECEITA. CONTRATOS A PREÇO PREDETERMINADO. EFEITOS. A possibilidade de manter no regime da cumulatividade do PIS receitas oriundas de contratos a preço predeterminado, celebrados anteriormente a 31/10/2003, produz efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Insatisfeita com a decisão de primeira instância administrativa, a Recorrente apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no qual, em linhas gerais, repisa os argumentos presentes na impugnação ao lançamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do Recurso Voluntário. Da normas próprias da Contribuição para o PIS/Pasep, depreendese do teor da Lei 10.833/03, que a autorização para permanência no Sistema de Apuração cumulativo somente passou a existir a partir de 1º de fevereiro de 2004. Como os fatos neste controvertidos ocorreram em data anterior, sua aplicação é impossível no caso concreto. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11080.930143/200968 Acórdão n.º 3302002.905 S3C3T2 Fl. 5 7 Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (...) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei; (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; (...) Art. 93. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeito, em relação: I aos arts. 1o a 15 e 25, a partir de 1o de fevereiro de 2004; VOTO por negar provimento ao Recurso Voluntário. Sala de Sessões, 09 de dezembro de 2015. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator Fl. 558DF CARF MF Impresso em 30/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 13804.003656/2005-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.574
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Cássio Stokfisz, OAB/SP nº 257324.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Cassio Shappo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o(a) advogado(a) Cássio Stokfisz, OAB/SP nº 257324. Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Cassio Shappo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório A interessada apresentou pedido de compensação de débito próprio com crédito da Contribuição para o Programa de Financiamento da Seguridade Social Cofins apurado no regime não cumulativo, com origem em junho de 2005. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre declaração de compensação apresentada pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF — Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 03 65 6/ 20 05 -9 3 Fl. 520DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.574 S3C2T1 Fl. 521 2 em junho de 2005 pelo regime nãocumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei nº 10.833/2003. 5. A declaração citada foi apresentada em 30/08/2005, ocupando as fls. 1/2 dos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/0812007 (fls. 21/22), determinou o envio do processo à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/0712009 a informação fiscal anexa às fls. 35/37, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 25/30), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 32/33, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retomando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 04/11/2009 o Parecer Decisório anexo às fis. 38/41, no qual se exprime nos seguintes termos: "Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente."(fl. 41) 9. Intimado da decisão por via postal em 02/12/2009 (fls. 42 – v); a interessada apresentou em 30/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 46/64, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos de (fls. 65/118). Resumo I. Apresenta inicialmente um quadro demonstrativo na fl. 47, na qual expõe minuciosamente o conteúdo das declarações de compensação ora examinadas, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. Il. Afirma que o "histórico do objeto" emitido pelos Correios e anexo à fl. 31 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2° da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. Fl. 521DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.574 S3C2T1 Fl. 522 3 IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item "6" do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON. IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de cotins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XII. Afirma haver juntado aos autos, no "Anexo 5", 1 CD e 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados (na verdade há apenas 1 DVD), assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, fichas 24 e 25 da DIPJ e demonstrativo do crédito da cofins ("Anexo 2"). XIII. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 53/63, requer que — na linha desses Fl. 522DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.574 S3C2T1 Fl. 523 4 precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, "deferindo se, por conseguinte, o pedido de restituição e homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo" (fl. 64). 10. É o relatório. A 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I julgou improcedente a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/SPI n.º 16 25.466, de 27/05/2010 (fls. 284 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário, por meio do qual, depois de relatar os fatos, basicamente repisa os mesmos argumentos já delineados em sua manifestação de inconformidade. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 28/33, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação Fl. 523DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.574 S3C2T1 Fl. 524 5 que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 34). Posteriormente, em 29/05/2009, foi reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 35/36), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 37. Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 34. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 524DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.574 S3C2T1 Fl. 525 6 Fl. 525DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 9/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 13971.000654/2010-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 11/02/2010
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91. EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES.
A empresa é obrigada a informar mensalmente ao INSS, por intermédio de GFIP, todos os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural).
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2401-004.138
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, em razão da manutenção da empresa no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente Julgado.
André Luís Mársico Lombardi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91. EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES. A empresa é obrigada a informar mensalmente ao INSS, por intermédio de GFIP, todos os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural). Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, em razão da manutenção da empresa no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente Julgado. André Luís Mársico Lombardi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 06 54 /2 01 0- 88 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13971.000654/201088 Acórdão n.º 2401004.138 S2‐C4T1 Fl. 164 3 Relatório Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2007 Data da lavratura do Auto de Infração: 11/02/2010. Data da Ciência do Auto de Infração: 19/02/2010. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Brasília/DF que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio do Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.246.4645, CFL 68, lavrado em decorrência do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei de Custeio da Seguridade Social. CFL 68 Apresentar a empresa GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural) – Art. 284, II na redação do Dec. 4.729, de 09/06/2003. O contribuinte informava nas GFIP relativas ao período de apuração suso indicado ser optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES Federal, apesar de já haver sido excluída de tal Sistema Simplificado, desde 01/01/2002, mediante o Ato Declaratório Executivo nº 045, de 23/04/2009, a fl. 18, oriundo da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau, em virtude de infração ao art. 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96 e art. 24, §1º, II, da IN SRF nº 608/2006. A omissão de forma sistemática pela empresa da contribuição patronal destinada ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos à Secretaria da Receita Federal do Brasil e da contribuição para o custeio do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho GILRAT, em consequência da informação incorreta do código de opção pelo SIMPLES na GFIP, cujo programa gerador deixa de calcular as referidas contribuições, constituise infração ao disposto no artigo 32, IV, da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei nº 9.528/97. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 4 A multa aplicada corresponde a 100 % do valor das contribuições previdenciárias devidas e não declaradas em GFIP, relativas aos fatos geradores descritos no parágrafo precedente, conforme destacado no Relatório Fiscal da Aplicação da Multa a fl. 23. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 27/43. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF lavrou decisão administrativa aviada no Acórdão nº 0339.072 – 5ª Turma da DRJ/Brasília/DF, a fls. 103/108, julgando procedente o lançamento, e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 20/12/2010, conforme Aviso de Recebimento a fl. 111. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 112/126, requerendo preliminarmente a suspensão do presente Processo Administrativo Fiscal até o julgamento definitivo do processo administrativo n° 13971.001650/200550, no qual se discute a exclusão, ou não, do contribuinte do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte. O julgamento do Recurso Voluntário houvese por convertido em Diligência Fiscal, para que fosse aguardado o Trânsito em Julgado do Processo Administrativo Fiscal nº 13971.001650/200550 suso citado, nos Termos da Resolução nº 2302343 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 04/11/2014, a fls. 131/134. Acórdão nº 1302000.975 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da 1ª SEJUL/CARF/MF, de 12/09/2012, a fls. 150/159, proferido nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 13971.001650/200550, deu provimento ao Recurso Voluntário interposto pela BNN Sistemas de Informática ltda – EPP, afastando os efeitos do Ato Declaratório Executivo n° 45, de 23 de abril de 2009, mantendo a empresa Recorrente na sistemática do Simples Nacional. Em face de tal decisão administrativa, a Fazenda Nacional decidiu não interpor Recurso Especial, conforme Despacho a fls. 279 do Processo Administrativo Fiscal nº 13971.001650/200550. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13971.000654/201088 Acórdão n.º 2401004.138 S2‐C4T1 Fl. 165 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 20/12/2010. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 18/01/2011, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DO ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO Com efeito, dessai do Relatório Fiscal do Auto de Infração em debate que a empresa autuada houvese por excluída do SIMPLES conforme o Ato Declaratório Executivo nº 045, de 23/04/2009, a fl. 18, oriundo da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau, em virtude de infração ao art. 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96 e art. 24, §1º, II, da IN SRF nº 608/2006. Ocorre que o Autuado ofereceu impugnação administrativa em face do Ato Declaratório Executivo acima citado, sobrevindo naquele Processo Administrativo Fiscal Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1302000.975 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da 1ª SEJUL/CARF/MF, de 12/09/2012, a fls. 150/159, favorável à empresa interessada, cancelando o ADE n° 045/2009, e ratificando a manutenção da empresa em tela na sistemática do SIMPLES. Tal decisão já transitou em julgado administrativamente. Diante de tal quadro, resulta que a Autuada, estando ainda amparada pela sistemática do SIMPLES, não se encontra obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias de que tratam os incisos I, II e III do art. 22 da Lei nº 8.212/91, bem como legalmente dispensada do pagamento das demais contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical de que trata o artigo 240 da Constituição Federal, e demais entidades de serviço social autônomas, tradicionalmente tratadas como contribuições para terceiros, as quais constituem o vertente Auto de Infração. Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 6 Art. 3° A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e de empresa de pequeno porte, na forma do art. 2° , poderá optar pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. §1° A inscrição no SIMPLES implica pagamento mensal unificado dos seguintes impostos e contribuições: (...) f) Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que tratam a Lei Complementar no 84, de 18 de janeiro de 1996, os arts. 22 e 22A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991 e o art. 25 da Lei no 8.870, de 15 de abril de 1994. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001) (...) §4° A inscrição no SIMPLES dispensa a pessoa jurídica do pagamento das demais contribuições instituídas pela União. Nesse contexto, havendo sido o presente Auto de Infração lavrado, exclusivamente, em razão de a Empresa fiscalizada ter sido excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, não persistindo mais a motivação do lançamento, indevido é o crédito tributário nele consignado, razão pela qual se dá provimento ao Recurso Voluntário. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI
score : 1.0
Numero do processo: 11634.001526/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2010
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS.
De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN).
O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO.
Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91.
Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, c, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para: i) reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN; ii) que a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício seja calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. Vencidos, no tocante ao recálculo da penalidade, o Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que entenderam correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido.
(assinado digitalmente)
André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Arlindo da Costa e Silva Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2010 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, c, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para: i) reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN; ii) que a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício seja calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. Vencidos, no tocante ao recálculo da penalidade, o Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que entenderam correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator (assinado digitalmente) Arlindo da Costa e Silva Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva.
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 15 26 /2 01 0- 57 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 2 AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para: i) reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN; ii) que a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício seja calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. Vencidos, no tocante ao recálculo da penalidade, o Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que entenderam correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi – Presidente e Relator (assinado digitalmente) Arlindo da Costa e Silva –Redator designado Fl. 227DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 227 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pela recorrente, mantendo o crédito tributário lançado (fls. 192 e seguintes). Adotamos trecho do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 193 e seguintes), que bem resume o quanto consta dos autos: Tratase de Auto de Infração – DEBCAD 37.272.9118 (fls. 04 a 31 –adotase a numeração do processo em meio digital), cadastrado no COMPROT sob nº 11634.001526/201057, lavrado contra a pessoa jurídica Salustiano e Silva Filho Ltda ME, CNPJ 06.158.819/000168, para constituir o crédito relativo a contribuições previdenciárias (contribuição descontada dos segurados empregados), devidas e não recolhidas à Seguridade Social, incidentes sobre valores pagos a segurados empregados, no período de 01/2005 a 06/2010, totalizando R$ 584.356,05 (quinhentos e oitenta e quatro mil, trezentos e cinquenta e seis reais e cinco centavos). 2. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 3446), o sujeito passivo foi excluído do SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei nº 9.317/1996), com efeito a partir de 13/02/2004, pelo Ato Declaratório nº 069, de 05/11/2010 (fl. 124), e do Sistema Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidas pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte –SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar nº 123/2006), com efeito a partir de 01/08/2007, pelo Ato Declaratório Executivo nº 70, de 05/11/2010 (fl. 125) e, em decorrência da exclusão, foram lançados os valores das contribuições previdenciárias devidas pela empresa, apuradas por meio das Folhas de Pagamento em confronto com os valores declarados nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIPs). 3. O procedimento fiscal e os lançamentos efetuados estão explicitados no Relatório Fiscal, antes citado, e nos demais anexos (DD – Discriminativo do Débito (fls. 712), RDA – Relatório de Documentos Apresentados (fls. 1315), RADA – Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (fls. 16 26). A fundamentação legal foi exposta no anexo FLD – Fundamentos Legais do Débito (fls. 27/28). 4. Em razão de o contribuinte ter elaborado e entregue as GFIPs, como se do SIMPLES FEDERAL e do SIMPLES NACIONAL fosse, e por deixar de recolher contribuições descontadas dos segurados empregados, com base no disposto nos arts. 337A e 168A do Decreto Lei nº 2.848/1940 (Código Penal), restou formalizada a devida Representação Fiscal para Fins Penais (Relatório Fiscal fl. 52). Fl. 229DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 228 5 5. A contribuinte, por meio de seu representante legal (Procuração à fl. 152) apresentou impugnação (fls. 138/151) (...) (...) Como afirmado, a impugnação foi julgada improcedente, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, o recurso de fls. 212 e seguintes, no qual alega, em apertada síntese: decadência das competências de 01 a 11/2005; a exclusão do Simples Nacional somente ocorreu em 31/12/2012, razão pela qual não poderiam ser cobradas contribuições anteriores ao referido período; multa confiscatória; indevida aplicação da taxa Selic. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 6 Voto Vencido Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi Decadência. A notificação foi cientificada ao sujeito passivo em 12/11/2010 (fls. 104), e compreende as competências de 01/2005 a 06/2010. O artigo 45 da Lei n° 8.212/91 determinava o prazo decadencial de 10 anos para as contribuições previdenciárias. Ocorre que este artigo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008”. Com efeito, nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Vejamos a parte final do voto proferido pelo Rel. Min. Gilmar Mendes, seguida do texto do aludido enunciado: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Como cediço, os efeitos da Súmula Vinculante estão previstos no artigo 103 A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Constituição Federal: Fl. 231DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 229 7 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. (...) Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatar a Súmula Vinculante. Deveras, de acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No presente caso, tratase de lançamento de contribuições descontadas dos segurados empregados (artigo 195, II, da CF), sendo informado no Relatório Fiscal que há Fl. 232DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 8 recolhimentos antecipados, o que inclusive é confirmado no RDA – Relatório de Documentos Apresentados (fls. 1315) e no RADA – Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (fls. 1626). Assim, como a notificação foi cientificada ao sujeito passivo em 12/11/2010 (fls. 104) e a regra aplicável é aquela constante do artigo 150, § 4°, do CTN, considerase decadentes todas as competências até 10/2005, inclusive. Efeitos da exclusão do Simples Nacional. Em sucinta argumentação, a recorrente aduz que a sua exclusão do Simples somente ocorreu em 31/12/2012, razão pela qual não poderiam ser cobradas contribuições anteriores ao referido período. Todavia, consta que as exclusões tiveram efeitos retroativos, conforme consta do Relatório Fiscal: a) SIMPLES FEDERAL, Ato Declaratório do Executivo n°. 069, de 05 de Novembro de 2010, tendo em vista a ocorrência da hipótese de exclusão prevista no Artigo 14, inciso I, da Lei 9.317, de 05 de dezembro de 1996, disciplinado pelo Artigo 23, Inciso I e § único da IN. SRF. n° 608, de 09/01/2006. b) SIMPLES NACIONAL, Os mesmos fatos foram constatados a partir de 01/08/2007, Ato Declaratório do Executivo n°. 070, de 05 de Novembro de 2010, amparado pelo Artigo 29, Incisos I e V da Lei Complementar n° 123, de 14/12/06 e Artigo 5o, Incisos I e V da Resolução CGSN n° 15 de 23/07/2007. Portanto, não assiste razão à recorrente. Inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais. Quanto às alegações relativas aos aspectos de inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais, cumpre ressaltar que o art. 26A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, estabelece óbice intransponível aos órgãos de julgamento deste Conselho Administrativo para afastar a aplicação ou deixar de observar normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico mediante leis, decretos, tratado ou acordos internacionais sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Fl. 233DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 230 9 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Não fosse o bastante, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante para as Turmas de Julgamento, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária (vide ainda artigo 62 do RICARF). Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Especificamente quanto à incidência de juros moratórios equivalentes à Taxa Selic. Especificamente, temse a Súmula CARF n° 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há qualquer viabilidade jurídica para o acatamento, por esta instância recursal, do pleito da recorrente. Multas. Direito Intertemporal. As multas aplicadas não merecem reparo, visto que a autoridade fiscal adotou os critérios estabelecidos na Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14/2009. Ademais, nos termos da referida Portaria, para o período até novembro de 2008, será no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, que ocorrerá a análise da penalidade mais benéfica (alínea "c" do inciso II do art. 106 do CTN), devendo haver comparação da soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal (art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) e de obrigações acessórias (§§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) com a multa Fl. 234DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 10 de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, aplicando a mais benéfica em cada competência. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, a fim de reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 235DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 231 11 Voto Vencedor Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Redator designado DA PENALIDADE PECUNIÁRIA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Em que pesem as valiosas considerações expostas pelo Ilustre Relator, não comungo data venia a tese aviada no Parecer PGFN CAT nº 443/2009, que na aplicação do princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna, prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, pugna pelo comparativo entre a multa de ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela MP nº 449/2008, e a soma da sanção decorrente de infração à obrigação principal (recolhimento do tributo) com a sanção decorrente de infração à obrigação acessória (declaração dos fatos geradores em GFIP), como se estas ambas tivessem sido substituídas por aquela multa de ofício, ora estipulada na novel legislação. E para fincar os alicerces sobre os quais será erigida a opinio iuris que ora se escultura, atinese que o nomem iuris de um instituto jurídico não possui o condão de lhe alterar ou modificar sua natureza jurídica. JULIET: ”Tis but thy name that is my enemy; Thou art thyself, though not a Montague. What's Montague? it is nor hand, nor foot, Nor arm, nor face, nor any other part Belonging to a man. O, be some other name! What's in a name? that which we call a rose By any other name would smell as sweet; So Romeo would, were he not Romeo call'd, Retain that dear perfection which he owes Without that title. Romeo, doff thy name, And for that name which is no part of thee Take all myself”. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 12 William Shakespeare, Romeo and Juliet, 1600. Iluminese, inicialmente, que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A questão ora em apreciação trata de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício. Com efeito, o regramento legislativo relativo à aplicação de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal, vigente à data inicial do período de apuração em realce, encontravase sujeito ao regime jurídico inscrito no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 237DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 232 13 I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 14 §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o §1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). No caso vertente, o lançamento tributário sobre o qual nos debruçamos promoveu a constituição formal do crédito tributário, mediante lançamento de ofício consubstanciado em Autos de Infração de Obrigação Principal referentes a fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/2005 a junho/2010. Nessa perspectiva, de acordo com o art. 144 do CTN, tratandose de lançamento de ofício formalizado mediante Auto de Infração de Obrigação Principal, para os fatos geradores ocorridos no período anterior à vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui denominada “multa de mora”, variando de 24%, se paga até quinze dias do recebimento da notificação fiscal, até 50% se paga após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, hoje CARF, enquanto não inscrito em Dívida Ativa. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias, porém não incluídas em lançamentos Fiscais de ofício, ou seja, quando o recolhimento não for resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado, no horizonte temporal em relevo, em conformidade com a memória de cálculo assentada no inciso I do mesmo dispositivo legal acima mencionado, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, variando de oito por cento, se paga dentro do mês de vencimento da obrigação, até vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da exação. Tal discrimen encontrase tão claramente consignado na legislação previdenciária que até o organismo cognitivo mais rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro, com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a cada hipótese de incidência: IF lançamento de ofício THEN art. 35, II da Lei nº 8.212/91 Fl. 239DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 233 15 ELSE art. 35, I da Lei nº 8.212/91. Traduzindose do “computês” para o “juridiquês”, tratandose de lançamento de ofício, incide o regime jurídico consignado no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Ao revés, nas demais situações, tal como na hipótese de recolhimento espontâneo de contribuições previdenciárias em atraso, aplicase o regramento assinalado no Inciso I do art. 35 desse mesmo diploma legal. Com efeito, as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator no caso do recolhimento espontâneo a destempo pelo Obrigado, porém, mais severas para o sujeito passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Mas não parou por aí. Na sequência da lapidação legislativa, a mencionada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 35A, que fixou, nos casos de lançamento de ofício, a aplicação de penalidade pecuniária, então batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 240DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 16 Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 241DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 234 17 §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 18 Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias encontravamse assim previstos na legislação tributária: a. Antes da vigência da MP nº 449/2008, respectivamente, nos incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99; b. Após a vigência da MP nº 449/2008, respectivamente, nos art. 35 e 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, os quais, nessa ordem, remetem aos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96. Nesse novo regime legislativo, a instrução de seletividade invocada anteriormente passa a ser informada de acordo com o seguinte comando: IF lançamento de ofício THEN art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Diante de tal cenário, a contar da vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado em conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 235 19 Não demanda áurea mestria perceber que o nomem iuris consignado na legislação previdenciária para a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da Fazenda houvese por batizada com a singela denominação de “multa de ofício”, art. 44 da Lei no 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Mas não se iludam, caros leitores ! Malgrado a diversidade de rótulos, as suas naturezas jurídicas são idênticas: penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. No que pertine à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal não incluída em lançamento de ofício, o título designativo adotado por ambas as legislações acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”. Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que o regramento anterior previsto no art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (de 24% a 50%), não havendo que se falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, durante a fase do contencioso administrativo. Código Tributário Nacional Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Contudo, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Não é cabível, portanto, efetuarse o cotejo de “multa de mora” (art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Fl. 244DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 20 Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008), pois estarseia, assim, promovendo a comparação de nomem iuris com nomem iuris (multa de mora) e não de institutos de mesma natureza jurídica (penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Reiterese que não se presta o preceito inscrito no art. 106, II, ‘c’, do CTN para fazer incidir retroativamente penalidade menos severa cominada a uma infração mais branda para uma transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e diversas. Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96, só se presta para punir o descumprimento de obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício. Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, tanto a legislação revogada (art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99), quanto a legislação superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio jurídico lex specialis derogat generali, aplicável na solução de conflito aparente de normas. Entendo também não proceder a tese que defende a comparação entre a multa de ofício prevista no art. 35A com a soma da multa de mora prevista no art. 35, II, e a multa pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, todos da Lei nº 8.212/91, para fins de determinação da penalidade mais benéfica ao infrator, visando à aplicação do Princípio da Retroatividade Benigna inscrito no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Não procede, ao meu sentir, a alegação de que a multa pelo descumprimento de Obrigação Principal formalizada mediante Lançamento de Ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, estaria apenando, conjuntamente, tanto descumprimento da Obrigação Tributária Principal lançada quanto o Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91, a justificar o somatório de multas. Tratamse de duas condutas absolutamente distintas, autônomas e independentes, portando cada uma natureza jurídica diferenciada, regramento jurídico diverso, tipificação específica e distinta, e penalidade própria. Tanto que o Contribuinte pode proceder das seguintes maneiras: I. Recolher o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. II. Recolher o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 236 21 III. Recolher o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. IV. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. V. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VI. Recolher parcialmente o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. VII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VIII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. IX. Não recolher qualquer tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. A declaração de todos os Fatos Geradores de Contribuição Previdenciária nas GFIP é uma obrigação acessória prevista no inciso IV da Lei nº 8.212/91. A declaração parcial dos fatos geradores na GFIP (hipóteses II, V e VIII) constituise violação à obrigação acessória acima citada, e implica a aplicação imediata da penalidade prevista no §5º do mesmo artigo 32 já mencionado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97) 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo Fl. 246DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 22 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97) De outro eito, a não declaração dos fatos geradores na GFIP (hipóteses III, VI e IX) também se configura como violação à mesma obrigação acessória assentada no inciso IV da Lei nº 8.212/91, e importa na aplicação imediata da penalidade prevista no §4º do mesmo artigo 32 já citado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. De outro giro, o não recolhimento total ou parcial da Obrigação Tributária Principal (hipóteses IV a IX) configurase caso determinante para o lançamento de ofício, nos termos do art. 37 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 142 do CTN, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação da multa pelo descumprimento da obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, nas hipóteses em que os fatos geradores correspondentes não tenham sido declarados, ou tenham sido declarados de maneira incompleta na GFIP correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §2º Por ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). Código Tributário Nacional Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do Fl. 247DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 237 23 fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ora... A extinção do crédito tributário decorrente de infração a obrigação tributária constituise hipótese de anistia, a qual se encontra contida no campo da reserva legal, nos termos do art. 97, VI, do CTN, somente podendo ser concedida mediante lei específica federal (in casu) que regule exclusivamente a anistia, ou a correspondente contribuição, a teor do §6º do art. 150 da CF/88. Código Tributário Nacional Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Constituição Federal de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) §6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §2º, XII, ‘g’. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3/93) Notese que de acordo com o disposto no inciso I do art. 111 do CTN, só há que se falar em exclusão de crédito tributário nas hipóteses expressamente previstas na lei específica, o que, convenhamos, não é o presente caso, uma vez que inexiste qualquer previsão no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, que exclua o Crédito Tributário Fl. 248DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 24 decorrente do descumprimento da Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91. Código Tributário Nacional Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Merece ser citado que antes da vigência da MP nº 449/2008 pairava uma dúvida na Fiscalização a respeito do procedimento a ser adotado nos casos em que o Contribuinte declarava os fatos geradores nas GFIP, mas não procedia ao recolhimento do tributo devido. A legislação tributária afirmava que o Crédito Tributário encontravase lançado (art. 33, §7º, da Lei nº 8.212/91), contudo, o art. 37 da mesma lei determinava a lavratura do lançamento de ofício, uma vez que restava configurado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições em foco. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. A MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, veio a estabelecer um novo procedimento, na medida em que estatuiu que o lançamento de ofício não seria mais necessário nas hipóteses em que houvesse declaração dos fatos geradores nas GFIP, conforme se depreende da nova redação do citado art. 37 da Lei nº 8.212/91. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 238 25 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) Portanto, a contar da vigência da MP nº 449/2008, as hipóteses de conduta do Contribuinte passaram a receber o seguinte tratamento por parte da Fiscalização: I. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Conduta regular. Nada a fazer. II. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. III. O Contribuinte recolheu o tributo devido e não entregou a GFIP Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. IV. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. V. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. VI. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VIII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Cobrança administrativa do débito correspondente aos fatos geradores declarados e não recolhido, acrescido da multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009; Fl. 250DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 26 Lançamento de ofício da parcela não recolhida correspondente aos fatos geradores não declarados, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. IX. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício do tributo devido, acrescido da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Assim, o Lançamento de Ofício somente deve ocorrer nas hipóteses em que não tenha havido o recolhimento do tributo e, cumulativamente, não tenha havido declaração ou tenha havido declaração incorreta dos fatos geradores nas GFIP correspondentes, como assim determina o art. 44 da Lei nº 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, in verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Ou seja, o disposto no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 apenas restringe a lavratura do lançamento de ofício às hipóteses em que não houve recolhimento total ou parcial do tributo devido e, cumulativamente, não se operou a entrega da GFIP ou entregouse a GFIP com informações inexatas ou omissas. Não se deslembre que a legislação previdenciária tomou “emprestada” uma norma tributária que havia sido redigida em conformidade com a Legislação Fazendária já preexistente, fato que explica o não casamento perfeito dos termos utilizados em ambos os ramos do Direito Tributário em questão. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 239 27 Nessa perspectiva, nos casos de lançamento de ofício, o cotejamento de normas tributárias para fins específicos de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN somente pode ser efetivado, exclusivamente, entre a norma assentada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, uma vez que estas tratam, especificamente, de penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas revela que a multa de mora aplicada nos termos do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se mostrará menos gravosa ao contribuinte do que a multa de ofício prevista no art. 35A do mesmo Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº 11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator. Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratandose o vertente caso de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, o atraso objetivo no recolhimento de tais exações pode ser apenado de duas formas distintas, a saber: a. Tratandose de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, na razão variável de 24% a 50%, enquanto não inscrito em dívida ativa, por ser mais benéfica ao infrator que a multa de ofício de 75% prevista na novel legislação; b. Tratandose de fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a inserção do art. 35A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio, em que tal percentual é duplicado. Dessarte, para os fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2008, inclusive, o cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos inscritos no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99. Na mesma hipótese especifica, para os fatos geradores ocorridos a partir da competência dezembro/2008, inclusive, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada consoante a regra estampada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O raciocínio acima delineado é válido enquanto não for ajuizada a correspondente ação de execução fiscal. Como se depreende do art. 35 da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei nº 9.876/99, o valor da multa de mora decorrente de lançamento de ofício de Fl. 252DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 28 obrigação principal é variável em função da fase processual em que se encontre o Processo Administrativo Fiscal de constituição do crédito tributário. De fato, encerrado o Processo Administrativo Fiscal e restando definitivamente constituído, no âmbito administrativo, o crédito tributário, não sendo este satisfeito espontaneamente pelo Sujeito Passivo no prazo normativo, será inscrito em Dívida Ativa da União, para subsequente cobrança judicial. Ocorre que, após o ajuizamento da execução fiscal, a multa pelo atraso no recolhimento de obrigação principal é majorada para 80% ou 100%, circunstância que torna a multa de ofício (75%) menos ferina, operandose, a partir de então, a retroatividade da lei mais benéfica ao infrator, desde que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro/2008, exclusive, considerando a necessidade de se observar o preceito insculpido no art. 106, II, "c", do CTN concernente à retroatividade benigna, o novo mecanismo de cálculo da penalidade pecuniária decorrente da mora do recolhimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício trazido pela MP n° 449/08 deverá operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, in casu, 75%, mesmo que o crédito tributário seja objeto de ação de execução fiscal. Nestas hipóteses, somente irá se operar o teto de 75% nos casos em que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Da conjugação das normas tributárias acima revisitadas concluise que, nos casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação principal deve ser calculada de acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores inadimplidos, conforme se vos segue: a. Para os fatos geradores ocorridos até novembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, observado o limite máximo de 75%, desde que não estejam presentes situações de sonegação, fraude ou conluio, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’, do CTN. b. Para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada de acordo com o critério fixado no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No caso dos autos, considerando ser de 01/01/2005 a 30/06/2010 o período de apuração do Crédito Tributário ora lançado, e considerando não haver sido verificada a presença dos elementos objetivos e subjetivos de conduta que, em tese, se qualifica como fraude e/ou sonegação, tipificadas nos artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/64, resulta que a penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser aplicada de acordo com o art. 35, II, da art. Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, para as competências até novembro/2008, inclusive, limitada a 75%, em honra ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna, previsto no art. 106, II, ‘c’, do CTN, e em conformidade com o art. 35A da Lei nº Fl. 253DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001526/201057 Acórdão n.º 2401004.083 S2C4T1 Fl. 240 29 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44, I, da Lei no 9.430/96, para as competências a partir de dezembro/2008, inclusive, em atenção ao princípio tempus regit actum. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo o regramento a ser dispensado à aplicação de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício obedecer à lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, nos termos expostos no caput do art. 144 do Código Tributário Nacional, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna ao Contribuinte, inscrita no art. 106, II, ‘c’, do CTN. (assinado digitalmente) Conselheiro Arlindo da Costa e Silva Redator designado Fl. 254DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI
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Numero do processo: 13971.003125/2007-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1202-000.191
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em determinar o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Donassolo Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Marcos Antonio Pires e Orlando José Gonçalves Bueno. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Geraldo Valentim Neto.
Nome do relator: Não se aplica
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em determinar o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo – Presidente Substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Marcos Antonio Pires e Orlando José Gonçalves Bueno. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Geraldo Valentim Neto. Relatório Trata o processo de lançamentos formalizados em Autos de Infração do IRPJ e seus reflexos na CSLL, no PIS e na Cofins, relativo ao anocalendário de 2002, com a aplicação da multa de ofício, no percentual qualificado de 150%, e dos juros de mora, com base na taxa Selic. De acordo com o Relatório Fiscal, de fls. 409 a 485, a movimentação financeira de atividades de factoring ocorreu em contas bancárias abertas em nome de interpostas pessoas. O lucro da pessoa jurídica foi arbitrado face a não entrega, depois de regularmente RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 71 .0 03 12 5/ 20 07 -3 1 Fl. 725DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 726 2 intimada, dos livros e documentos contábeis e fiscais, tendo sido apurada a presunção da omissão de receitas pela existência de depósitos bancários sem origem comprovada (art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), fls. 480. “Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte, sujeito a tributação com base no Lucro Real, não apresentou escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, conforme consta devidamente explicitado no Termo de Verificação Fiscal que é parte integrante do presente auto de infração.” Os extratos bancários foram obtidos mediante Requisição de Movimentação FinanceiraRMF, enviada ao Banco Bradesco, conforme relatado em trecho do Termo de Verificação Fiscal, que abaixo se reproduz, fls. 478: “168 No que diz respeito à quantificação das receitas omitidas oriundas das atividades de trocas de cheques organizadas sob a responsabilidade de Paulo Renaux, conforme já visto, a fiscalização obteve as informações bancárias das contas correntes de titularidade das interpostas pessoas Vanda dos Santos, Daiana Cardoso e Claudemir Pereira, mediante Requisições de Movimentações Financeiras (RMFs) expedidas ao Banco Bradesco S/A;” Na sequência, por bem retratar a síntese dos fatos ocorridos, transcrevo o relatório do Acórdão nº 0718.112 da DRJ/Florianópolis, de fls. 594 a 609, o qual também passo a adotar: “165 A fiscalização constatou, e explicitou ao longo deste Termo de Verificação Fiscal, que Paulo Renaux, de fato, organizou uma atividade de natureza econômica, com fins especulativos de lucro, que se tratava de trocas de cheques; 166 — Para viabilizar tal atividade, Paulo Renaux investiu recursos financeiros, arregimentou um gerente operacional, estabeleceu local de atuação, providenciou contas bancárias (ainda que de interpostas pessoas) para movimentar os recursos da atividade, e, além disso, utilizouse da participação de funcionários e de prestadoras de serviços da empresa Têxtil Renaux, da qual era diretor. Ora, sob o ponto de vista da legislação do Imposto de Renda, o contribuinte, pessoa física, Paulo Renaux, indiscutivelmente, agiu como se empresa individual fosse; 167 — Desse modo, os tributos devidos em decorrência das citadas atividades econômicas organizadas por Paulo Renaux, em face da equiparação estabelecida pelo RIR199 devem ser apuradas segundo as normas aplicáveis às pessoas jurídicas, o que foi realizado atribuindose a Paulo Renaux o CNPJ 09.099.642/000164; IX — DA OMISSÃO DE RECEITAS • 170 — Conforme disposição contida no art.42 da Lei n° 9.430/96, os valores depositados em contas bancárias, cuja origem dos recursos não seja comprovada pelo titular, implicam na caracterização de omissão de receitas. [...] 171 — Desse modo, mediante o Termo de Início da Ação Fiscal (Doc.95) as citadas planilhas demonstrativas dos ingressos de recursos nas contas correntes das interpostas pessoas foram encaminhadas a Paulo Renata para que este apresentasse as devidas justificativas para as origens de todos os ingressos de recursos discriminados nas citadas planilhas; Fl. 726DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 727 3 172 — Paulo Renaux nada respondeu em relação ao citado quesito exposto no Termo de Início da Ação Fiscal (Doc.95). [...] 174 — Desse modo, compilandose as informações das planilhas demonstrativas dos ingressos de recursos nas contas das interpostas pessoas no ano de 2002, temse a totalização de receitas omitidas, mês a mês, que serão neste procedimento fiscal assumidas, para efeito de cálculo do IRPJ e demais tributos reflexos, como receitas omitidas por Paulo Renaux na qualidade de empresa individual. X — DO ARBITRAMENTO DO LUCRO 176 — Em se tratando de empresa individual que atua no ramo de trocas de cheques, temse que esta empresa se encontra sujeita a apurar suas obrigações tributárias na forma do lucro real, conforme dispõe o art.24, incisos II e VI do RIR/99. Assim, o contribuinte, pessoa física, Paulo Renaux, mediante o Termo de Início da Ação Fiscal (Doc.95), foi esclarecido acerca da citada equiparação e intimado a apresentar, em relação às atividades econômicas que organizara, escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, conforme dispõe o art.251 do RIR/99. Além disso, o citado Termo de Inicio da Ação Fiscal (Doc.95) também esclareceu ao contribuinte Paulo Renaux — empresa individual — que a não apresentação da escrituração nos moldes do art.251 do RIR/99, implicaria no arbitramento do lucro para efeito de apurar o IRPJ, conforme dispõe o art. 530,1 do RIR/99; 177 Todavia, o contribuinte, pessoa fisica, Paulo Renaux (equiparado a empresa individual) nada apresentou relativamente à escrituração (na forma das leis comerciais e fiscais) das atividades de trocas de cheques de que era o responsável. Desse modo, em face do que dispõe o art.530, I, do RIR199, o imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário de 2002 será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado; [...] 179 — Por outro lado, muito embora a atividade organizada por Paulo Renaux, que trata da troca de cheques, seja comumente conhecida como factoring, existem provas no sentido de que aqueles que trocavam cheques em tal sistema paralelo garantiam os respectivos cheques. Neste sentido, Adalberto Lanznaster, que era cliente assíduo do sistema paralelo, representa uma prova do afirmado, pois as informações por ele prestadas em seu depoimento (Doc.82) à fiscalização mostram que ele garantia os cheques de seus clientes trocados pela factoring. Ora, esta garantia, que inclusive motivou as citadas ações de execução de Paulo Renaux contra Adalberto Lanznaster afirmadas em seu interrogatório (Doc.102), descaracteriza a atividade de factoring e caracteriza uma outra atividade (de simples empréstimo) que se assemelha a de instituição financeira (Bancos, etc); 180 — Para as atividades assemelhadas às de instituições financeiras, conforme dispõe o art.533 do RIR/99, o percentual aplicável para a determinação do arbitramento do lucro é de 45%; 181 — Desse modo, em face do que foi exposto nos itens 178 e 179, no arbitramento do lucro, será aplicado o percentual de 45% em relação às receitas omitidas apuradas neste procedimento de auditoria fiscal. Fl. 727DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 728 4 [...] Cientificado dos Autos de infração, o Interessado apresentou sua impugnação, acostada às fls.518 a 573, onde relatou, inicialmente, as razões que motivaram as exigências fiscais, e, após, alegou o seguinte, resumidamente: 1. Da Decadência (fls.520 a 527) quanto ao IRPJ e à CSLL, a fiscalização traz a demonstração do débito referente aos quatros trimestres do ano de 2002, apontado como período do fato gerador; apresenta os vencimentos como sendo nos dias 30/04/2002, 31/07/2002, 31/10/2002 e 31/01/2003; ou seja, a cada três meses, os débitos fiscais poderiam ser exigidos pelo Fisco, que um dia após o seu vencimento poderia operacionalizar o lançamento do mesmo; desta feita, não resta dúvida que o dia inicial para a contagem do prazo decadencial de tais tributos não pode ser outro, que não o do dia em que o lançamento tomouse possível, ou seja, o próximo dia após o vencimento em que deveria o tributo ser declarado; no auto de infração anexado aos autos, fica claro que a data da lavratura ocorreu em 21/11/2007; destarte não resta dúvida de que os créditos referentes aos três primeiros trimestres de 2002 foram extintos pela decadência; no mesmo sentido, requer seja 11) acolhida a decadência de todo crédito de PIS/PASEP e COFINS referentes aos exercícios anteriores a outubro de 2002; 2. Da multa abusiva e o Principio do Confisco e da Proporcionalidade (fls.527 a 531) que multas excessivamente onerosas devem ser ceifadas de nosso ordenamento jurídico, em virtude de, e apesar de não estarem incluídas no artigo 150, inciso IV da CF, não só ferirem o direito de propriedade (art.5°, XXII, CF) mas sobretudo o Princípio da Proporcionalidade; assim, é salutar para os contribuintes o banimento das multas confiscatórias, razão pela qual a multa de 150% aplicada deve ser reduzida para patamar razoável e não confiscatório; 3. Da Nulidade dos atos realizados fora dos limites do Mandado de Procedimento Fiscal (fls.531 a 534) que o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) autorizava somente a • fiscalização de IRPJ, portanto os auditores extrapolaram os limites expressos no MPF, quando passaram a investigar outros tributos (CSLL, PIS/PASEP e COFINS); desta forma, o ato do lançamento é nulo, excluindose, é claro, o IRPJ que estava autorizado no MPF; que o Interessado foi equiparado à pessoa jurídica, nos termos do art.150 do RIR/99, mas somente para fins de imposto de renda; assim, a cobrança de qualquer tipo de tributo que não o IRPJ são atos ilegais; 4. Dos valores apurados em novembro e dezembro de 2002 (fls.534 a 536) que, mesmo discordando do exercício da atividade (factoring) que lhe foi imputado nos autos, o Interessado alega que os valores mensais extraídos das contas daquelas pessoas tidas como 'laranjas' nos meses de novembro e dezembro de 2002 importam em valores ínfimos, de R$ 3.098,84 e R$ 1.780,75, respectivamente, o que não se pode atribuir que sejam ainda de operações de factoring, assim, conclui que Fl. 728DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 729 5 "após o mês de agosto, não se encontrou mais nenhum valor expressivo que pudesse indicar a continuidade da prática investigada."; portanto, requer a exclusão destes valores do cálculo dos tributos; 5. Equiparação com instituição financeira (fls.536 a 542) [...] que não há qualquer prova de que os que trocavam cheques no tal sistema paralelo garantiam os respectivos cheques; o único elemento que fez crer a fiscalização que isto ocorria é um depoimento do Sr. Adalberto Lanznaster, proprietário de uma empresa devedora de Paulo Renaux e desafeto do mesmo; que um simples depoimento não pode servir como prova; que em todos os demais pontos da peça ora rebatida, a atividade investigada é tratada como factoring; ainda que se existisse provas de que "os títulos eram entregues acompanhados de garantia, isto não é prova suficiente de que as atividades deixavam de ser factoring, passando a ser equiparada a instituição financeira."; pelo que sabe Paulo Renaux sobre o negócio feito por Silvio Cardoso, era isto que realmente ocorria, ou seja, uma atividade claramente de factoring; que uma suposta assinatura atrás dos cheques não pode ser suficiente para descaracterizar tais operações, até porque tal assinatura poderia ser oriunda de um endosso pretérito; após transcrever artigos da Lei 4.595/64 sobre o Sistema Financeiro Nacional, esclarece que as factoring caracterizamse por desconto antecipado de títulos e não gerenciamento de recursos, esta, sim, atividade típica de instituição financeira; portanto, arremata sua posição finalizando (fl.541) que "[...] o arbitramento de lucro no percentual de 45% é abusivo, pois em nenhum momento a fiscalização conseguiu comprovar que a atividade investigada se tratava de instituição financeira e não de factoring, como inclusive trata tal atividade durante toda a sua narrativa. Entendese, pois, que a lei determina que o percentual eventualmente aplicado deve ser o de 8%, previsto no caput do art.518 do RIR/99." Os itens a seguir elencados na Impugnação serão detalhados e comentados por ocasião do Voto: 6. Da impugnação à autenticidade das cópias do livro — do pedido de perícia — da não validade de simples cópias como prova (fls.542 a 551); 7. O depoimento de Paulo Renaux (fls.551 a 554); 8. Termo de Compromisso e o Contrato de Compromisso de Compra e Venda de Veículos e Outras Avencas (fls.554 a 556); 9. Os depoimentos (fls.556 a 559); 10. Da não validade da prova testemunhal (fls.559 a 564); 12. As informações bancárias a cerca dos depósitos realizados nas contas de Vanda, Daiana e Claudemir (fls.566 a 570)” Na sequência, a DRJ/Florianópolis emitiu o Acórdão nº 0718.112, de fls. 594 a 609, e decidiu por considerar procedente em parte o lançamento, com o seguinte ementário: Lançamento por homologação. DRPJ. CSLL. Dolo. Decadência. Art.173 do CTN. Fl. 729DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 730 6 PIS.COFINS. Fato Gerador mais antigo: 28/02/2002 Nos casos em que comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deslocase daquele previsto no art.150 para as regras estabelecidas no art.173 (ambos do CTN), onde ficou constatado que sob as regras deste último, não ocorreu a decadência para quaisquer dos fatos geradores trimestrais. Também, nos casos em que comprovada a inexistência de pagamento dos tributos nos períodos de apuração, o prazo decadencial deslocase daquele previsto no art.150 para as regras estabelecidas no art.173 (ambos do CTN), onde ficou constatado que não ocorreu a decadência para os fatos geradores supra indicados. IRPJ. Pessoa Física. Equiparação à Pessoa Jurídica. Prática da Atividade de Factoring. A prática reiterada de atos de comércio, com habitualidade e intenção de lucro, concernentes a troca de cheques caracteriza a atividade de factoring e enseja a equiparação do negociante factor à empresa jurídica individual. Factoring. Coeficiente Aplicável. Lucro Arbitrado. Constatados nos autos que as atividades exercidas pela pessoa jurídica são de factoring e não de atividade típica de instituição financeira, o coeficiente aplicável para fins de apuração do lucro arbitrado é de 38,4%, (32% acrescido de 20%), e não de 45%, conforme considerado no Auto de Infração. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 PAF. Prova Indiciária. A prova indiciária, cuja formação esteja apoiada em um encadeamento lógico de fatos e indícios convergentes, que examinados em conjunto levem ao convencimento do julgador é um meio idôneo para justificar uma autuação. MPFF. IMPOSTO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. MESMOS ELEMENTOS DE PROVA. Na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no MPFF ou no MPFE, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 Multa Aplicada. Argüições de Inconstitucionalidade e Ilegalidade da Legislação Tributária. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a Fl. 730DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 731 7 apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Irresignado com a decisão, a autuada apresentou seu recurso voluntário, de fls. 617 a 665, repisando praticamente os mesmos argumentos trazidos na peça impugnatória. É o Relatório Voto Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Relator O recurso voluntário apresentado pela empresa autuada é tempestivo e nos termos da lei. Portanto, dele tomo conhecimento. Como já relatado, o presente processo trata de lançamento fiscal para exigência do IRPJ e reflexos face a presunção da omissão de receitas (art. 42 da Lei 9.430, de 1996), ao ser constatado, pela fiscalização, a existência de movimentação financeira bancária de atividades de factoring, em nome de interpostas pessoas, sem comprovação da origem. O Banco Bradesco foi instado a apresentar os extratos com a movimentação bancária mediante a emissão, pela autoridade fiscal, de Requisição de Informações sobre Movimentação FinanceiraRMF, nos termos do art. 6° da Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentado pelo Decreto n° 3.724, de 10 de janeiro de 2001, fls. 235 e seguintes. Em que pese existir autorização legal para a requisição dos extratos bancários diretamente às instituições financeiras, discutese atualmente no Supremo Tribunal Federal STF a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, matéria examinada em sede do Recurso ExtraordinárioRE nº 601.314, o qual teve sua “repercussão geral” reconhecida em 23/10/2009. Consulta efetuada no sítio do STF na internet, revela que o processo ainda aguarda julgamento do mérito. Como se trata de matéria com repercussão geral reconhecida, o Regimento Interno do STF RISTF, em seu art. 328, abaixo reproduzido, determina que todos os demais recursos extraordinários, com questão idêntica, sejam sobrestados, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados como representativos da causa: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, a Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a), de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em cinco dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a Fl. 731DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 732 8 Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a) selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. Art. 328A. Nos casos previstos no art. 543B, caput, do Código de Processo Civil, o Tribunal de origem não emitirá juízo de admissibilidade sobre os recursos extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser interpostos, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados nos termos do § 1º daquele artigo. (destaque meus) Assim, parece razoável e prudente aguardar a decisão da E. Suprema Corte acerca da constitucionalidade dos meios de prova obtidos no presente processo (extratos bancários), evitandose, assim, que mais adiante, a defesa alegue a anulação do lançamento por vício na obtenção das provas. Com efeito, o artigo 62A, §1º do RICARF (Portaria MF nº 256, de 22 de Junho de 2009 e alterações), estabelece o sobrestamento dos julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. {2} Já a Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, no seu art. 2º, § 2o, inciso I, prevê a hipótese de que o sobrestamento seja apreciado durante a sessão de julgamento: Art. 2o. Cabe ao Conselheiro Relator do processo identificar, de ofício ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art. 1o. § 1o. No caso da identificação se verificar antes da sessão de julgamento do processo: I o conselheiro relator deverá elaborar requerimento fundamentado ao Presidente da respectiva Turma, sugerindo o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; II o Presidente da Turma, com base na competência de que trata o art. 17, caput e inciso VII, do Anexo II do RICARF, determinará, por despacho: a) o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; ou b) o julgamento do recurso na situação em que o processo se encontra. Fl. 732DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO Processo nº 13971.003125/200731 Resolução nº 1202000.191 S1C2T2 Fl. 733 9 § 2o. Sendo suscitada a hipótese de sobrestamento durante a sessão de julgamento do processo, o incidente deverá ser julgado pela Turma, que poderá: I decidir pelo sobrestamento do processo do julgamento do recurso, mediante resolução; ou II recusar o sobrestamento e realizar o julgamento do recurso. § 3o. Na ocorrência de sobrestamento, nos termos dos §§ 1o e 2o, as respectivas Secretarias de Câmara deverão receber os processos e mantêlos em caixa específica, movimentandoos para a atividade SOBRESTADO. (grifei) A autuada não se manifestou no recurso a respeito da matéria relativa à obtenção dos extratos bancários. Entretanto, por se tratar de fato que envolve a licitude da obtenção das provas, de índole constitucional (CF, art. 5º, LVI, “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícito”), pode ser considerada como matéria de ordem pública, porque norteia a correta aplicação das relações processuais entre a administração pública e os seus administrados. Em vista do exposto, proponho que seja determinado o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário até que seja proferida decisão transitada em julgado nos autos do Recurso ExtraordinárioRE nº 601.314, em trâmite perante o E. Supremo Tribunal Federal. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 733DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/ 2013 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO
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Numero do processo: 10552.000428/2007-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2002 a 28/02/2006
PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APRECIAÇÃO IMPOSSIBILIDADE. TAXA SELIC. MATÉRIAS SUMULADAS PELO 2º CONSELHO.
I - O 2º Conselho de Contribuintes não é órgão competente para apreciação da constitucionalidade das normas tributárias; II - Encontra-se sumulado pelo 2º Conselho de Contribuintes, a incidência da taxa SELIC sobre os débitos fiscais constituídos.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 2401-000.024
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara /1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: Rogério de Lellis Pinto
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Numero do processo: 19515.721453/2011-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
APRECIAÇÃO DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não tem competência para apreciar pedido de compensação, quando o pleito não tenha sido objeto de apreciação pelo órgão competente da Receita Federal do Brasil.
EXCLUSÃO DA MULTA QUALIFICADA. ARGUMENTO SEM CORRESPONDÊNCIA COM A LAVRATURA EM TELA.
Conforme demonstrado pelo fisco, a multa foi imposta levando-se em conta a legislação vigente quando da ocorrência dos fatos geradores, não tendo havido aplicação de multa qualificada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.857
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1905; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 526 1 525 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721453/201162 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.857 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente PERSONAL CARE SERVIÇOS MÉDICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO RELATIVO A CONTRIBUIÇÕES NÃO ADIMPLIDAS. AUTO DE INFRAÇÃO. INSTRUMENTO IDÔNEO. A partir da aplicação das normas procedimentais e processuais do Decreto n.º 70.235/1972 às contribuições sociais, o Auto de Infração é instrumento idôneo a constituir o crédito tributário decorrente da falta de recolhimento das mesmas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 APRECIAÇÃO DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não tem competência para apreciar pedido de compensação, quando o pleito não tenha sido objeto de apreciação pelo órgão competente da Receita Federal do Brasil. EXCLUSÃO DA MULTA QUALIFICADA. ARGUMENTO SEM CORRESPONDÊNCIA COM A LAVRATURA EM TELA. Conforme demonstrado pelo fisco, a multa foi imposta levandose em conta a legislação vigente quando da ocorrência dos fatos geradores, não tendo havido aplicação de multa qualificada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 14 53 /2 01 1- 62 Fl. 526DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.721453/201162 Acórdão n.º 2401004.857 S2C4T1 Fl. 527 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 16 48.623 de lavra da 12.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em São Paulo I (SP), que julgou improcedente a impugnação apresentada para desconstituir os seguintes Autos de Infração AI: a) AI n.º 37.337.1187: exigência das contribuições patronais para a Seguridade Social, inclusive aquela destinada ao financiamento do benefício concedido em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT; b) AI n.º 37.337.1155: exigência das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos (terceiros); c) AI n.º 37.337.1209: exigência da contribuição dos segurados não declarada na GFIP; e d) AI n.º 37.337.1179: aplicação da multa em razão da conduta haver declarado na GFIP ser optante pelo Simples quando não ostentava tal condição, além de haver deixado de declarar a totalidade das remunerações pagas a segurados empregados. O relatório fiscal, fls. 85/101, é comum às quatro lavraturas e trata inicialmente da permissão legal para que o fisco apure os tributos devidos por arbitramento, mediante aferição indireta da base de cálculo. Afirma que no caso da empresa fiscalizada o arbitramento justificase, na medida em que esta, mesmo regularmente intimada, deixou de apresentar o Livro Caixa ou Livro Diário/Razão. A seguir, relata qual a metodologia utilizada para mensuração da base de cálculo, cuja quantificação encontrase no Anexo I. Ressaltase que a sociedade foi optante pelo Simples Federal de 01/2006 a 30/06/2007, todavia continuou a informar esta condição nas GFIP do período posterior. Foi lavrada Representação Fiscal Para Fins Penais, relatando, em tese, a prática de crime contra a ordem tributária. A multa, ressaltase no relatório fiscal, foi imposta levandose em consideração as alterações promovidas pela Lei n.º 11.941/2009, optandose pelo valor mais favorável ao sujeito passivo, quando se comparou a multa aplicada com base na legislação vigente no momento da ocorrência dos fatos geradores e aquela calculada com esteio na norma atual. Cientificada do lançamento em 19/10/2011, a empresa apresentou impugnação, atacando apenas o AI n.º 37.337.1187 (contribuições previdenciárias), haja vista Fl. 528DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 que os demais foram objeto de parcelamento. As razões defensórias não foram acatadas pelo órgão a quo, que manteve integralmente as lavraturas, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições, a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados a seu serviço. LANÇAMENTO. APROPRIAÇÃO DE GUIAS DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RELATÓRIOS DEMONSTRATIVOS. CONTRIBUIÇÕES RETIDAS SOBRE NOTAS FISCAIS/FATURAS EMITIDAS. Os recolhimentos de contribuições previdenciárias efetuados em decorrência de retenções destacadas em notas fiscais de prestação de serviços, relativos ao período objeto do Auto de Infração, apresentados pelo contribuinte ou verificados na ação fiscal, foram deduzidos do crédito aqui apurado, nas respectivas competências, conforme anexos RDA (Relatório de Documentos Apresentados) e RADA (Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados). COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. Existe rito próprio para o contribuinte ser ressarcido de saldos de recolhimentos não aproveitados nas respectivas competências, quais sejam: compensação em competências subseqüentes ou pedido de restituição à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Inconformada, a empresa autuada interpôs recurso, no qual inicia pela narrativa dos fatos processuais relevantes e pede que a peça recursal seja regularmente processada. Depois pede que sejam apropriadas as guias referente a contribuições que foram retidas pelos seus tomadores de serviço, no período de 01 a 06/2007. Afirma que o lançamento deve ser revisto, posto que detém créditos para com a Fazenda no montante de cerca de R$ 125.000,00. A seguir, pede que seja afastada a multa qualificada que lhe foi imposta, haja vista que todos os fatos geradores de contribuições foram devidamente informados. Para finalizar, alega que não caberia a lavratura de Auto de Infração, mas de Notificação de Lançamento, pela não homologação da opção pelo Simples, inclusive este ato é privativo do Chefe da Unidade da RFB ou de auditor especificamente designado. É o relatório. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.721453/201162 Acórdão n.º 2401004.857 S2C4T1 Fl. 528 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Apropriação de retenções A empresa requer a apropriação de guias de recolhimento relativas a retenções que sofreu decorrentes de pagamentos efetuados por suas tomadoras de serviço por cessão de mão de obra, no percentual de 11%, nos termos do art. 31 da Lei n.º 8.212/1991. Esses recolhimentos dizem respeito ao período de 01 a 06/2007. Esse pedido, a meu ver, não merece acolhimento. Conforme ponderou a DRJ, o período do AI n.º 37.337.1187, o único em discussão, vai de 07/2007 a 13/2008, e todas as guias de recolhimento relativas ao período apurado foram consideradas no lançamento, conforme demonstrado no anexo Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados RDA (fls. 342 e segs.). Quanto aos créditos das competências anteriores (01 a 06/2007) estes devem ser objeto de pedidos de restituição ou compensação, os quais devem ser apresentados mediante processos próprios. A alegação recursal da existência de créditos para com a Fazenda que poderiam liquidar a dívida, é sem dúvida um pedido inicial de compensação, o qual induvidosamente não deve ser apreciado pelo tribunal de segunda instância, posto que não se encontra em sua competência a apreciação desse tipo de pleito, antes que seja levado à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. Existindo créditos compensáveis, o sujeito passivo deve inicialmente submeter o pedido de compensação a unidade da RFB que lhe jurisdiciona e, em caso de negativa, tem a faculdade de provocar o contencioso fiscal mediante manifestação de inconformidade, a qual será apreciada em primeira instância pela DRJ, com possibilidade de recurso ao CARF. De se concluir que o CARF não tem competência para tratar de pedido inaugural de compensação, em consonância o seu Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015 Art. 1° O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre a aplicação da Fl. 530DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Multa Pede a empresa que se afaste a qualificação da multa, haja vista que não teria incorrido em conduta que motivasse a aplicação da multa neste patamar. Sustenta que declarou os fatos geradores na GFIP. Mais uma vez a recorrente não merece sucesso. É que a multa foi imposta conforme a legislação vigente na data do fato gerador, posto que se mostrou mais favorável ao sujeito passivo, mesmo para as competências antes da alteração legislativa decorrente da MP n.º 499/2008, posteriormente convertida na Lei n.º 11.941/2009. Apreciando o Discriminativo do Débito DD (fls. 320 e segs.) verificase que a multa foi aplicada no patamar de 24% para o período de 07/2007 a 11/2008, isso com fulcro no art. 35 da Lei n.º 8.212/1991, na redação vigente antes da publicação da MP n.º 499/2008. Para as competências 12 e 13/2008, a multa foi fixada em 75%, com base no art. 35A da Lei n.º 8.212/1991, introduzido pela MP acima mencionada. Esse dispositivo remete a fixação da multa ao inciso I do art. 44 da Lei n.º 9.430/1996. A multa qualificada equivalente a 150% do tributo não recolhido, que exige do fisco a demonstração da ocorrência de intuito doloso do sujeito passivo, é aquela prevista no § 1.º do art. 41 da Lei n.º 9.430/1996. Esse tipo de penalidade não foi utilizado no lançamento sobre debate. Portanto, não há o que se falar em imposição de multa qualificada. Incompetência da autoridade lançadora Afirmou a empresa que o instrumento hábil para a exigência das contribuições decorrentes de exclusão do Simples é a notificação fiscal, que é da alçada do Delegado da RFB. Esse argumento é carente de plausibilidade, posto que as contribuições que estão sendo exigidas não foram decorrentes de exclusão da empresa do Simples, uma vez que, conforme o relatório fiscal, a sua opção pelo regime simplificado de pagamento de tributos perdurou somente até 06/2007. Mas mesmo que a apuração tivesse como decorrência a exclusão do Simples, ainda assim não teria razão a empresa. É que, quando da ciência do AI pelo sujeito passivo, em 19/10/2011, já eram aplicadas às contribuições sociais às disposições procedimentais e processuais do Decreto n.º 70.235/1972. Tal situação decorreu da fusão das Secretarias da Receita Federal e da Receita Previdenciária na atual Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. A alteração legislativa que criou a nova estrutura da Administração Tributária da União foi a Lei n.º 11.457, de 16/03/2007. Esta determinou em seu art. 25 que, a partir de abril de 2008, os procedimentos fiscais e os processos administrativofiscais de exigência das Fl. 531DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.721453/201162 Acórdão n.º 2401004.857 S2C4T1 Fl. 529 7 contribuições previdenciárias passariam a ser regidos pelo Decreto n.º 70.235/1972. Eis o dispositivo: Art. 25. Passam a ser regidos pelo Decreto n 70.235, de 6 de março de 1972: 1 a partir da data fixada no § 1.º art. 16 desta Lei, os procedimentos fiscais e os processos administrativofiscais de determinação e exigência de créditos tributários referentes às contribuições de que tratam os arts. 2.º e 3.º desta Lei; O referido Decreto, por sua vez, determina: Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, vigente na data da lavratura) Nos termos do dispositivo acima a exigência do crédito tributário pode ser perfeitamente formalizado por auto de infração, podendose lançar mão deste para exigência das contribuições não adimplidas. Para elucidação desse ponto do recurso, devese observar que o Decreto n.º 70.235/1972, trata o Auto de Infração como documento a ser emitido pelo servidor competente, que no caso das contribuições sociais é o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, em ação fiscal desenvolvida junto ao sujeito passivo. É o que indica a leitura do art. 10: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Já a Notificação de Lançamento diz respeito à formalização de crédito efetuada pela Administração Tributária, em face da constatação de infração à legislação tributária decorrentes da análise das informações apresentadas pelo sujeito passivo (contribuinte) e/ou da análise das informações constantes das bases de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Tal documento pode inclusive ser emitido eletronicamente. É o que se pode ver da redação do art. 11 do Decreto n.º 70.235/1972: Fl. 532DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. No caso em tela, como a origem da dívida foi, além de informação incorreta acerca da opção, a omissão de fatos geradores na GFIP, pela legislação em vigor, o instrumento hábil para constituição do crédito correspondente é de fato o Auto de Infração. Conclusão Voto por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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