Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13894.720241/2013-26
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.
Numero da decisão: 1001-000.335
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13894.720241/2013-26
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5843815
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1001-000.335
nome_arquivo_s : Decisao_13894720241201326.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : EDUARDO MORGADO RODRIGUES
nome_arquivo_pdf_s : 13894720241201326_5843815.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
dt_sessao_tdt : Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
id : 7174208
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008919474176
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1250; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 2 1 1 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13894.720241/201326 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.335 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 05 de fevereiro de 2018 Matéria Indeferimento de Opção SIMPLES Recorrente BTM INDUSTRIA E COMERCIO DE METAIS LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 4. 72 02 41 /2 01 3- 26 Fl. 97DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 68 a 94) interposto contra o Acórdão nº 0128.586, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (fls. 59 a 63), que, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL ANOCALENDÁRIO: 2013 Ementa: SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS. Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, NÃO estavam regularizados dentro do prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no anocalendário de 2013, não deve ser promovida a inclusão da contribuinte nesse regime. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " 1. Tratase de manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte acima identificado contra o TERMO DE INDEFERIMENTO, fl.04, que impediu sua adesão ao Simples Nacional 2013, com data de registro em 18/02/2013. 2. O motivo do indeferimento foi a existência de: Débito previdenciário com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cuja exigibilidade não está suspensa. Fundamentação Legal: Lei Complementar ns 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V. Lista de Débitos 1)Débito: 391077066 2)Débito: 395024978 3)Débito: 395024986 4)Débito: 400557584 5)Débito: 400557592 6)Débito: 403025400 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13894.720241/201326 Acórdão n.º 1001000.335 S1C0T1 Fl. 3 3 7)Débito: 403025419 3. Em sua Manifestação de Inconformidade em 18/03/2013, fl.02/03, o contribuinte alega que: Os débitos que motivaram o indeferimento foram devidamente parcelados antes de 31/01/2013, encontrandose em dia com o parcelamento, conforme anexos comprovantes bancários dos débitos. O sistema da Previdência social não está totalmente conectado com a Receita Federal, fazendo com que os DEBCAD listados não ficassem com a exigibilidade suspensa. Requer sua inclusão no SIMPLES NACIONAL. 4. Foi realizada uma diligência, fls.47/49, com o fito de esclarecer a situação dos citados débitos que impediram a adesão do contribuinte ao SIMPLES NACIONAL." O Contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância na data de 07/03/2014, conforme declarou no AR de fls. 6566. Em data de 11/04/2014 (conforme carimbo de protocolo) protocolou o presente Recurso Voluntário apenas reiterando os mesmos argumentos já despendidos na Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues Conforme se abstrai do relatório, a ora Recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário 03 dias depois do termo final do prazo de 30 dias legalmente estabelecido pelo art. 33 do Decreto 70.235/72. Desta forma, não tendo a Recorrente apresentado qualquer argumento que justifique este atraso, não resta outra possibilidade que não reconhecimento da intempestividade do recurso. Diante disto, VOTO pelo NÃO CONHECIMENTO do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 99DF CARF MF 4 Fl. 100DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720109/2008-97
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2003
COFINS. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA
Conta-se a partir da data do trânsito em julgado da decisão judicial o prazo de cinco anos para que o sujeito passivo exerça administrativamente o direito reconhecido pelo Poder Judiciário
Numero da decisão: 3001-000.196
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Cássio Schappo que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (presidente da turma), Renato Vieira de Avila (vice-presidente), Cleber Magalhães e Cassio Schappo.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2003 COFINS. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA Conta-se a partir da data do trânsito em julgado da decisão judicial o prazo de cinco anos para que o sujeito passivo exerça administrativamente o direito reconhecido pelo Poder Judiciário
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13971.720109/2008-97
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5830929
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3001-000.196
nome_arquivo_s : Decisao_13971720109200897.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RENATO VIEIRA DE AVILA
nome_arquivo_pdf_s : 13971720109200897_5830929.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Cássio Schappo que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (presidente da turma), Renato Vieira de Avila (vice-presidente), Cleber Magalhães e Cassio Schappo.
dt_sessao_tdt : Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7125896
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:12:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008932057088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1280; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 77 1 76 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.720109/200897 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.196 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2018 Matéria COFINS Recorrente AUTO POSTO SCHELLER LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2003 COFINS. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA Contase a partir da data do trânsito em julgado da decisão judicial o prazo de cinco anos para que o sujeito passivo exerça administrativamente o direito reconhecido pelo Poder Judiciário Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Cássio Schappo que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (presidente da turma), Renato Vieira de Avila (vicepresidente), Cleber Magalhães e Cassio Schappo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 01 09 /2 00 8- 97 Fl. 77DF CARF MF 2 Despacho Decisório O despacho decisório pautou sua tomada de decisão na orientação emanada pelo parecer SAORT 104/2008 com a seguinte ementa: Declaração de Compensação. Crédito oriundo de decisão judicial cujo trânsito em julgado deuse a mais de cinco anos Declaração de compensação não homologada PARECER SAORT 104/2008 De acordo com o mencionado parecer, entre 12/08/2003 e 12/02/2004, foram declaradas três Declarações de Compensação Eletrônicas, identificadas pelos números l5792.24346.120803.l .3.5757581, 4l280.47656.ll1103.13.577980 e l0967.86945.l20204. 1 .3.576098, pleiteando credito no valor de RS 15.942,55, cuja origem assinalou como “outros créditos” e indicou que o teria obtido no provimento judicial consagrado no Mandado de Segurança n" 9620033140, no qual discutiu a sistemática de apuração do FINSOCIAL, com trânsito em julgado em 02/07/1998. Prescrição Quinquenal Conforme se estipulou, havia transcorrido prazo maior que cinco anos, contados entre a data do trânsito em julgado (02/07/98) e a oposição do alegado crédito pela interessa quando da apresentação da primeira das três Declarações de Compensação aqui analisadas, ou seja 12/08/2003. Sendo assim, ao apresentar as Declarações de Compensação, opôs ao fisco crédito não oponível em razão do esgotamento do prazo legal para pleitear a restituição deste, motivo pelo qual foi NÃO HOMOLOGADA as Declarações de Compensação Eletrônicas. Manifestação de Inconformidade Em sua defesa requereu a compensação de créditos provenientes de decisão judicial relativa ao Finsocial com outros débitos, mas se surpreendeu com o indeferimento, sob o fundamento de que prescreve em cinco anos o direito de pleitear a restituição de crédito reconhecido por decisão judicial. Prescrição Decenal Iresignada com a referida decisão, haja visto que o prazo prescricional para se pleitear a compensação dos valores recolhidos, sob a égide dos Decretoslei n. 2.445/88 e n. 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, é de 10 anos, além da jurisprudência pacífica do STJ entender pela prescrição decenal. DRJ/FNS A manifestação de inconformidade foi julgada com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Acórdão 0719.459 4' Turma Período de apuração: 12/08/2003 a 12/02/2004 Fl. 78DF CARF MF Processo nº 13971.720109/200897 Acórdão n.º 3001000.196 S3C0T1 Fl. 78 3 CRÉDITOS RECONHECIDOS EM AÇÃO JUDICIAL. DECADÊNCIA. O direito de pleitear a compensação de débitos próprios com créditos reconhecidos em decisão judicial decai em cinco anos após a data do trânsito em julgado da mesma. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O relatório do mencionado acórdão, por bem retratar a situação fática, será aproveitado conforme a transcrição a seguir: O processo sob analise referese a Declarações de Compensações Dcomp relativas ao período de 12/08/2003 e 12/02/2004, nas quais foi informado o crédito no valor de R$ 15.842,55 oriundos de decisão judicial no qual discutiu a sistemática de apuração do Finsocial. Conforme o Parecer Saort n°. 104/2008 (fls. 25/27), em síntese, o provimento favorável a seu pleito transitou em julgado em O2/07/1998. Assim, com base nos artigos 165 a 168 do CTN, já havia transcorrido prazo maior do que cinco anos entre a data do trânsito em julgado e a oposição do alegado crédito pela interessada, este ocorrido em 12/08/2003. Inconformada com esta decisão, a contribuinte apresenta a sua manifestação às fls. 35/40, onde alega que, pela jurisprudência do STJ, à época da edição da Lei Complementar n°. 118 em 2005, o prazo de prescrição previsto no art. 168 do Código Tributário Nacional (CTN) teria início não a partir do recolhimento indevido, e sim da data de homologação, expressa ou tácita, do lançamento. Segundo seus argumentos, ocorrendo a homologação tácita ao fim dos cinco primeiros anos, o contribuinte teria mais cinco anos para pedir a restituição, o que se chama, no direito tributário, da teoria dos cinco+cinco. Afirma, por fim, que, tendo a decisão transitado em julgado em 02 de julho de 1998, a empresa teria até o dia 02 de agosto de 2008 para efetuar a compensação. No voto, a autoridade julgadora de primeira instância firma seu entendimento no sentido de delimitar o tema a ser enfrentado, qual seja, o prazo que a contribuinte teria a seu dispor para pleitear a restituição do indébito tributário relativo a créditos provenientes de decisão judicial transitada em julgado em 02/07/1998. Prescrição Quinquenal Assim, o que se extrai dos dispositivos acima transcritos é o entendimento de que o sujeito passivo que obtenha uma decisão judicial transitada em julgado reconhecendo créditos em seu favor, tem o prazo de cinco ano contados do trânsito em julgado da decisão para pleiteálos. Recurso Voluntário Fl. 79DF CARF MF 4 Em seu Recurso, requereu a compensação de créditos provenientes de decisão judicial mas se surpreendeu com o indeferimento do Pedido de Habilitação de Restituição e pela não homologação, sob o fundamento de que prescreve em cinco anos o direito de pleitear a restituição de crédito reconhecido por decisão judicial ou utilizálo como o fim de efetuar compensação tributária. Prescrição Decenal A Delegacia da Receita Federal do Brasil indeferiu o pedido de habilitação fundamentando o indeferimento no fato de ter transcorrido período superior a cinco anos entre a data do trânsito em julgado da ação que deu origem ao crédito apontado e o protocolo do pedido de habilitação. Iresignada com a decisão que determinou o prazo decadencial de 05 anos, para pleitear a compensação dos valores recolhidos a título da contribuição do Programa de Integração Social PIS, sob a égide dos Decretoslei n. 2.445/88 e n. 2.449/88, alegou a recorrente que tais prazos são de 10 anos, consoante foram declarados pelo STF. Isto porque o Superior Tribunal de Justiça, adotou o entendimento segundo o qual, para as hipóteses de devolução de tributos sujeitos à homologação, declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, a prescrição do direito de pleitear a restituição ocorre após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila Relator Tempestividade A ciência da decisão prolatada pela DRJ ocorreu em 02 de setembro de 2010, sendo que o protocolo do Recurso Voluntário foi em 15 de setembro de 2010, sendo tempestivo o Recurso. Mérito Relata a Recorrente que, entre 12/08/2003 e 12/02/2004, foram declaradas três Declarações de Compensação Eletrônicas, identificadas pelos números l5792.24346.120803.l .3.5757581, 4l280.47656.ll1103.13.577980 e l0967.86945.l20204. 1 .3.576098, pleiteando créditos contendo a indicação da obtenção de provimento judicial consagrado no Mandado de Segurança n" 9620033140, no qual discutiu a sistemática de apuração do FINSOCIAL, com trânsito em julgado em 02/07/1998. Prescrição Quinquenal Não assiste razão ao contribuinte. O prazo para se pleitear a compensação dos valores recolhidos a titulo da contribuição do Programa de Integração Social PIS, sob a égide dos Decretoslei n. 2.445/88 e n. 2.449/88, é de 05 anos a partir do trânsito em julgado da ação, conforme jurisprudência deste Conselho. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13971.720109/200897 Acórdão n.º 3001000.196 S3C0T1 Fl. 79 5 Acórdão: 3402 004.610 DECADÊNCIA COMPENSAÇÃO Contase a partir da data do trânsito em julgado da decisão judicial o prazo de cinco anos para que o sujeito passivo exerça administrativamente o direito reconhecido pelo Poder Judiciário. Recurso provido. Da Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso e negolhe provimento. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003981/2010-55
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.444
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente, a conselheira Adriana Gomes Rêgo.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19515.003981/2010-55
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5834124
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.444
nome_arquivo_s : Decisao_19515003981201055.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 19515003981201055_5834124.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente, a conselheira Adriana Gomes Rêgo.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7136077
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008956174336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1689; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 19515.003981/201055 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.444 – 2ª Turma Sessão de 30 de janeiro de 2018 Matéria CSP RETROATIVIDADE BENIGNA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TEXTUAL CONSULTORIA EM INFORMÁTICA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 39 81 /2 01 0- 55 Fl. 516DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente, a conselheira Adriana Gomes Rêgo. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.251.6807, lavrado em 24/11/2010 contra o contribuinte identificado acima, no valor total de R$ 28.635,80 (vinte e oito mil, seiscentos e trinta e cinco reais e oitenta centavos), em virtude do descumprimento da obrigação acessória prevista no art. 32, inciso IV e §3º, da Lei 8.212/91, acrescentado pela Lei 9.528, de 10/12/1997, e no artigo 225, inciso IV e, §4º do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999, tendo em vista que a remuneração paga aos sócios da empresa, a título de pro labore, e o valor das contribuições incidentes, no período de 01/2006 a 12/2006, não foram declaradas em GFIP pela autuada . A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I/SP julgado a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 21/01/2014, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803002.915 (fls. 482/491), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para aplicar ao valor da multa de ofício, em razão da apresentação de GFIP com incorreções ou omissões, o disposto no art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte. A análise do valor da multa para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento, nos termos do § 4º do art. 2º da Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 /12 /2009”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 GFIP. LEI 11.941/2009. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória 449 de 2008, convertida na Lei 11.941/2009, sendo benéfica para o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212/91. Conforme previsto no art. 106 do CTN, a lei se aplica a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 19515.003981/201055 Acórdão n.º 9202006.444 CSRFT2 Fl. 3 3 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO. Pagamentos efetuados a título de participação nos lucros em desacordo com a legislação integram o saláriodecontribuição para fins de incidência de contribuições devidas à Seguridade Social. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 14/02/2014 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 21/03/2014, Recurso Especial (fls. 493/502). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação ao cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 22/03/2016 (fls. 504/508). O recorrente, em suas alegações, requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, inciso I, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2803002.915, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 27/09/2016, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 518DF CARF MF 4 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 504. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, Fl. 519DF CARF MF Processo nº 19515.003981/201055 Acórdão n.º 9202006.444 CSRFT2 Fl. 4 5 mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, Fl. 520DF CARF MF 6 obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 521DF CARF MF Processo nº 19515.003981/201055 Acórdão n.º 9202006.444 CSRFT2 Fl. 5 7 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Fl. 522DF CARF MF 8 Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no Fl. 523DF CARF MF Processo nº 19515.003981/201055 Acórdão n.º 9202006.444 CSRFT2 Fl. 6 9 momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Fl. 524DF CARF MF 10 Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referir se a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 525DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.925661/2012-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.088
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para determinar à Unidade de Origem que promova as correções do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10680.925661/2012-33
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841696
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-001.088
nome_arquivo_s : Decisao_10680925661201233.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10680925661201233_5841696.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para determinar à Unidade de Origem que promova as correções do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7172125
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008974000128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1867; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 143 1 142 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.925661/201233 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.088 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 30 de janeiro de 2018 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente BHMÁQUINAS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para determinar à Unidade de Origem que promova as correções do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que não homologara a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu a reavaliação do despacho decisório, alegando que retificara a DCTF, bem como o Dacon, de forma a adequá los às diferenças e créditos apurados para o período. A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o indébito tributário alegado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 25 66 1/ 20 12 -3 3 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10680.925661/201233 Resolução nº 3201001.088 S3C2T1 Fl. 144 2 Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e reiterou a existência do crédito postulado, alegando o seguinte: a) retificou o Dacon antes da transmissão do Per/DComp; b) na Manifestação de Inconformidade, esclareceu que o débito estava incorretamente informado na DCTF original, motivo de sua retificação, mas corretamente lançado no Dacon; c) houve espontaneidade na retificação da DCTF pois ocorrera antes da ciência do despacho decisório, conforme documentos demonstrativos da situação; d) a DCTF retificadora é prova do indébito do qual decorre o direito creditório; e) a recusa em aceitação da DCTF retificadora viola o art. 147 do CTN e art. 9º da IN RFB nº 1.110/2010; f) inferese do Dacon e da DCTF retificadores que, no período de apuração destes autos, não havia débitos, assim o recolhimento por DARF do valor erroneamente informado nas declarações originais tornaramse indevidos, constituindose crédito do contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.083, de 30/01/2018, proferido no julgamento do processo 10680.925656/201221, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.083): Em face de debates surgidos em sessão de julgamento, fui designada redatora da posição vencedora em decorrência de divergência aberta. Como se verifica pelo relato dos fatos, a compensação declarada pelo Contribuinte não foi admitida em razão de o crédito informado, decorrente de pagamento indevido ou a maior, estar vinculado a débito regularmente declarado em DCTF. Contudo, tendo sido demonstrado que a referida DCTF foi retificada pelo contribuinte anteriormente à cientificação do Despacho Decisório, temse que o crédito deve ser analisado em face das informações constantes do documento retificador, que substitui integralmente o original. Isso não significa afirmar que o crédito informado não possa ser averiguado pela Fiscalização, notadamente em razão do fato de que a retificação ocorreu posteriormente à emissão do Despacho Decisório e, Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10680.925661/201233 Resolução nº 3201001.088 S3C2T1 Fl. 145 3 portanto, em face de informações constantes nos sistemas da RFB naquele momento. Tratase de situação na qual a análise inicial deve ser revista em face do documento retificador admitido pela RFB. Desse modo, e em respeito ao Princípio da Verdade Material, propõese a conversão do feito em diligência para que a Autoridade Lançadora efetue nova análise da compensação efetuada a partir das informações constantes na DCTF retificadora, podendo intimar o Contribuinte a apresentar documentos que entenda necessários, além daqueles já apresentados nos presentes autos. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao Contribuinte para que se manifeste acerca do resultado da diligência. Concluída a instrução do feito, retornem os autos para julgamento. Da mesma forma que ocorreu no paradigma, neste processo, o contribuinte retificou a DCTF antes da ciência do despacho decisório. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Lançadora efetue nova análise da compensação efetuada a partir das informações constantes na DCTF retificadora, podendo intimar o Contribuinte a apresentar documentos que entender necessários, além daqueles já apresentados nos presentes autos. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao Contribuinte para que se manifeste acerca do resultado da diligência. Concluída a instrução do feito, retornem os autos para julgamento. É o voto. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.004342/2007-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006
BOMBAS VOLUMÉTRICAS ALTERNATIVAS. UTILIZADA PARA DISPERSAR, PROJETAR, VAPORIZAR, PULVERIZAR PRODUTOS COSMÉTICOS E/OU DE PERFUMARIA. VAPORIZADOR DE TOUCADOR. CLASSIFICAÇÃO NA NCM.
As bombas volumétricas alternativas utilizadas para dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos cosméticos e/ou de perfumaria recebem a denominação de vaporizadores de toucador, quer sejam de mesa, de cabeleireiro ou de bolso, classificam-se no código 9616.10.00 da NCM.
BASE DE CÁLCULO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS E DA PRÓPRIA CONTRIBUIÇÃO. POSSIBILIDADE.
O valor do ICMS incidente sobre o desembaraço aduaneiro de produto importado e o valor da própria contribuição não compõem a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importaçao, conforme decisão proferida pelo o pleno do STF no julgamento do RE 559.607, sob regime de repercussão geral, que declarou inconstitucional a parte do texto do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004, que determinava a inclusão dos referidos valores na base de cálculo das citadas contribuições (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015).
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO EMPRESARIAL. APLICAÇÃO DE MULTA PUNITIVA AO SUCESSOR. POSSIBILIDADE.
Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015).
MULTA REGULAMENTAR. CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRÔNEA. APLICABILIDADE.
O incorreto enquadramento tarifário do produto na NCM constitui infração regulamentar por erro de classificação fiscal, descrita no inciso I do art. 84 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, sancionada com a multa aduaneira ou regulamentar de 1% (um por cento) do valor da mercadoria.
MULTAS APLICADAS. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO ADMINISTRATIVO FISCAL (CARF). AFASTAMENTO DA MULTA APLICADA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O afastamento de multa, em razão de efeito confiscatório, implica apreciação da constitucionalidade da norma legal vigente e eficaz, que serviu de fundamento para a aplicação da multa exigida nos autos.
2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
JUROS MORATÓRIOS. COBRANÇA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. LEGITIMIDADE.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE.
A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006
DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DE MERCADORIA.
No âmbito do procedimento do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato que põe termo a fase de conferência aduaneira mediante a liberação da mercadoria com a sua colocação à disposição do importador. Por ausência de previsão legal, o ato de desembaraço aduaneiro de importação não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco de ato de homologação expressa de lançamento por homologação.
REVISÃO ADUANEIRA. PREVISÃO EXPRESSA EM LEI. APURAÇÃO DE DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO NO ÂMBITO DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase de revisão aduaneira for apurada irregularidade no pagamento de tributos ou infrações à legislação tributária ou aduaneira, enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, a autoridade fiscal deve proceder o lançamento da diferença de tributo apurada e, se for o caso, aplicar as penalidades cabíveis.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-005.264
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e Confins-Importação o valor do ICMS e das próprias contribuições, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, relatora, que dava provimento. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. Designado o Conselheiro José Renato Pereira de Deus como redator ad hoc para formalização do voto da relatora.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
José Renato Pereira de Deus - Redator Ad Hoc
(assinatura digital)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. O Conselheiro Raphael M. Abad não participou do julgamento, em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Lenisa R. Prado na sessão de outubro/2017.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 28 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10314.004342/2007-01
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5848076
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 28 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.264
nome_arquivo_s : Decisao_10314004342200701.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LENISA RODRIGUES PRADO
nome_arquivo_pdf_s : 10314004342200701_5848076.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e Confins-Importação o valor do ICMS e das próprias contribuições, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, relatora, que dava provimento. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. Designado o Conselheiro José Renato Pereira de Deus como redator ad hoc para formalização do voto da relatora. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) José Renato Pereira de Deus - Redator Ad Hoc (assinatura digital) José Fernandes do Nascimento - Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. O Conselheiro Raphael M. Abad não participou do julgamento, em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Lenisa R. Prado na sessão de outubro/2017.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7186536
ano_sessao_s : 2018
ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 BOMBAS VOLUMÉTRICAS ALTERNATIVAS. UTILIZADA PARA DISPERSAR, PROJETAR, VAPORIZAR, PULVERIZAR PRODUTOS COSMÉTICOS E/OU DE PERFUMARIA. VAPORIZADOR DE TOUCADOR. CLASSIFICAÇÃO NA NCM. As bombas volumétricas alternativas utilizadas para dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos cosméticos e/ou de perfumaria recebem a denominação de vaporizadores de toucador, quer sejam de mesa, de cabeleireiro ou de bolso, classificam-se no código 9616.10.00 da NCM. BASE DE CÁLCULO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS E DA PRÓPRIA CONTRIBUIÇÃO. POSSIBILIDADE. O valor do ICMS incidente sobre o desembaraço aduaneiro de produto importado e o valor da própria contribuição não compõem a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importaçao, conforme decisão proferida pelo o pleno do STF no julgamento do RE 559.607, sob regime de repercussão geral, que declarou inconstitucional a parte do texto do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004, que determinava a inclusão dos referidos valores na base de cálculo das citadas contribuições (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015). Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO EMPRESARIAL. APLICAÇÃO DE MULTA PUNITIVA AO SUCESSOR. POSSIBILIDADE. Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015). MULTA REGULAMENTAR. CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRÔNEA. APLICABILIDADE. O incorreto enquadramento tarifário do produto na NCM constitui infração regulamentar por erro de classificação fiscal, descrita no inciso I do art. 84 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, sancionada com a multa aduaneira ou regulamentar de 1% (um por cento) do valor da mercadoria. MULTAS APLICADAS. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO ADMINISTRATIVO FISCAL (CARF). AFASTAMENTO DA MULTA APLICADA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O afastamento de multa, em razão de efeito confiscatório, implica apreciação da constitucionalidade da norma legal vigente e eficaz, que serviu de fundamento para a aplicação da multa exigida nos autos. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS MORATÓRIOS. COBRANÇA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE. A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DE MERCADORIA. No âmbito do procedimento do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato que põe termo a fase de conferência aduaneira mediante a liberação da mercadoria com a sua colocação à disposição do importador. Por ausência de previsão legal, o ato de desembaraço aduaneiro de importação não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco de ato de homologação expressa de lançamento por homologação. REVISÃO ADUANEIRA. PREVISÃO EXPRESSA EM LEI. APURAÇÃO DE DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO NO ÂMBITO DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Se na fase de revisão aduaneira for apurada irregularidade no pagamento de tributos ou infrações à legislação tributária ou aduaneira, enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, a autoridade fiscal deve proceder o lançamento da diferença de tributo apurada e, se for o caso, aplicar as penalidades cabíveis. Recurso Voluntário Provido em Parte.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:32 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008977145856
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2091; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 807 1 806 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.004342/200701 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.264 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de fevereiro de 2018 Matéria II/IPI/PIS/COFINS AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente MEADWESTVACO CALMAR BRASIL PRODUTOS PLÁSTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 BOMBAS VOLUMÉTRICAS ALTERNATIVAS. UTILIZADA PARA DISPERSAR, PROJETAR, VAPORIZAR, PULVERIZAR PRODUTOS COSMÉTICOS E/OU DE PERFUMARIA. VAPORIZADOR DE TOUCADOR. CLASSIFICAÇÃO NA NCM. As bombas volumétricas alternativas utilizadas para dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos cosméticos e/ou de perfumaria recebem a denominação de vaporizadores de toucador, quer sejam de mesa, de cabeleireiro ou de bolso, classificamse no código 9616.10.00 da NCM. BASE DE CÁLCULO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP IMPORTAÇÃO E COFINSIMPORTAÇÃO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS E DA PRÓPRIA CONTRIBUIÇÃO. POSSIBILIDADE. O valor do ICMS incidente sobre o desembaraço aduaneiro de produto importado e o valor da própria contribuição não compõem a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e CofinsImportaçao, conforme decisão proferida pelo o pleno do STF no julgamento do RE 559.607, sob regime de repercussão geral, que declarou inconstitucional a parte do texto do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004, que determinava a inclusão dos referidos valores na base de cálculo das citadas contribuições (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO EMPRESARIAL. APLICAÇÃO DE MULTA PUNITIVA AO SUCESSOR. POSSIBILIDADE. Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 43 42 /2 00 7- 01 Fl. 807DF CARF MF 2 moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão (Aplicação do disposto no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015). MULTA REGULAMENTAR. CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRÔNEA. APLICABILIDADE. O incorreto enquadramento tarifário do produto na NCM constitui infração regulamentar por erro de classificação fiscal, descrita no inciso I do art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, sancionada com a multa aduaneira ou regulamentar de 1% (um por cento) do valor da mercadoria. MULTAS APLICADAS. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO ADMINISTRATIVO FISCAL (CARF). AFASTAMENTO DA MULTA APLICADA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O afastamento de multa, em razão de efeito confiscatório, implica apreciação da constitucionalidade da norma legal vigente e eficaz, que serviu de fundamento para a aplicação da multa exigida nos autos. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS MORATÓRIOS. COBRANÇA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE. A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 02/07/2002 a 16/01/2006 DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DE MERCADORIA. No âmbito do procedimento do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato que põe termo a fase de conferência aduaneira mediante a liberação da mercadoria com a sua colocação à disposição do importador. Por ausência de previsão legal, o ato de desembaraço aduaneiro de importação não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco de ato de homologação expressa de lançamento por homologação. REVISÃO ADUANEIRA. PREVISÃO EXPRESSA EM LEI. APURAÇÃO DE DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO NO ÂMBITO DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Fl. 808DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 808 3 Se na fase de revisão aduaneira for apurada irregularidade no pagamento de tributos ou infrações à legislação tributária ou aduaneira, enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, a autoridade fiscal deve proceder o lançamento da diferença de tributo apurada e, se for o caso, aplicar as penalidades cabíveis. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e ConfinsImportação o valor do ICMS e das próprias contribuições, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, relatora, que dava provimento. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor. Designado o Conselheiro José Renato Pereira de Deus como redator “ad hoc” para formalização do voto da relatora. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) José Renato Pereira de Deus Redator Ad Hoc (assinatura digital) José Fernandes do Nascimento Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. O Conselheiro Raphael M. Abad não participou do julgamento, em razão do voto definitivamente proferido pela Conselheira Lenisa R. Prado na sessão de outubro/2017. Relatório Trata o presente processo de auto de infração, em que formalizouse a exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados e das Contribuição PIS/COFINS Importação, acrescidos de juros de mora e multa proporcional, além da multa regulamentar e multa proporcional ao valor aduaneiro da mercadoria no valor de R$ 5.529.534,42. O fundamento para a autuação foi que as informações prestadas nas Declarações de Importação objeto de fiscalização não estariam corretas. De acordo com o auditor fiscal, o importador descreveu as mercadorias como sendo bombas volumétricas, alternativas, dispersoras e/ou dispensadoras e/u dispensadoras de líquidos, soluções, emulsões para uso doméstico, cosmetológico e/ou farmacêuticos (de diversos modelos), objetos esses Fl. 809DF CARF MF 4 classificáveis na Tarifa Externa Comum sob o código NCM 9616.10.00, sendo incidentes os seguintes tributos: Imposto sobre a Importação (II): * 19,50% no período de 01/01/2002 a 31/12/2003, e; * 18% no período de 01/01/2004 a 31/12/2006. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a 20% Contudo, o importador classificou essas mercadorias na Tarifa Externa Comum (TEC) sob o código NCM 8413.50.90, incidindo as seguintes alíquotas: Imposto sobre a Importação (II) a 14%; Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) * 5% até 15 de janeiro de 2004; * 3,50% no período de 20/01/04 até 08/07/04; * 2,00% no período de 02/09/04 até 13/06/05, e; * 0,00% no período de 07/07/05 até 10/02/06. Cientificado sobre o teor do auto de infração, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 286/310), oportunidade na qual alega, em síntese, que: "Os produtos importados pela Requerente são efetivamente bombas volumétricas classificáveis na posição 8413.50.90 (diversos). A principal diferença entre as bombas da Requerente e aquelas descritas na posição 9616.10.00 em que pretende classificar a Fiscalização é que as primeiras (da Requerente) são hidráulicas ao passo que as outras (classificáveis na posição 9616.10.00 como entendeu a D. Fiscalização) são pneumáticas. Embora pareça uma diferença sutil, a NESH e as RGISH classificamnas em posições diferentes. A posição 8413.50.90, de acordo com a TIPI baseada na NCM, tem a característica principal de que se trata de bombas volumétricas, sendo que as suas subposições diferem conforme a capacidade da bomba. A diferença é que as bombas importadas pela Requerente fazem parte do produto final industrializado (hidratantes, cremes, medicamentos etc.), ou seja, em geral, não é vendido isoladamente ao consumidor final. Por outro lado, o produto classificado na posição 9616.10.00 é efetivamente um produto de toucador, isto é, um acessório, um produto para penteadeira feminina. Esses dispositivos (vaporizadores) somente se prestam para Fl. 810DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 809 5 pulverização, ou aspersão, ou ainda, vaporização de líquidos, não servindo para creme, gel, sabonete líquido, medicamentos etc., o que os diferencia das bombas importadas pela Requerente. É um acessório, em sentido lato, para penteadeira, para expelir perfumes em geral, como se pode verificar nos anexos (doc. n° 5). Logo, esse produto (9616.10.00.), nos dias atuais, tornase um mero acessório na penteadeira feminina, um mero produto decorativo. Portanto, não se pode dizer que os produtos importados pela Requerente são produtos de toucador como pretende a Fiscalização". A impugnação foi julgada improcedente pela instância de origem, em acórdão que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 02/07/2002 Importação de BOMBAS VOLUMÉTRICAS, ALTERNATIVAS, DISPERSORAS E/OU DISPENSADORAS DE LÍQUIDOS, SOLUÇÕES, EMULSÕES P/USO DOMESTICO, COSMETOLÓGICO E/OU FARMACEUTICOS no código NCM 8413.50.90. Fiscalização julgou ser adequado a classificação fiscal no código NCM 9616.10.00. Pelos prospectos trazidos aos autos, fica evidente que se tratam de componentes destinados a produtos de toucador. O texto do código NCM 9616.10.00 menciona literalmente: "Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações" Ainda que não se entenda que os componentes importados não são armações e cabeças de armações de vaporizadores de toucador, tratamse de um componente (peça) integrante de vaporizadores de toucador, aplicação da Regra 2 a) das Regras Gerais para interpretação do Sistema Harmonizado Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 659/687), motivo pelo qual os autos ascenderam a este Conselho. É o relatório. Voto Vencido Fl. 811DF CARF MF 6 José Renato Pereira de Deus, Redator Ad Hoc. Na condição de Redator Ad Hoc adoto o voto proferido em Sessão pela nobre Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que segue integralmente transcrito: A contribuinte foi intimada sobre o resultado do julgamento de sua impugnação em 21/05/20121 e apresentou, tempestivamente, a petição de recurso voluntário em 12/06/20122. Presentes os requisitos extrínsecos de admissibilidade, é de rigor a submissão do recurso a este colegiado. A recorrente apresenta os seguintes esclarecimentos: A. SOBRE OS MOTIVOS DETERMINANTES PARA A REFORMA DA DECISÃO: (I) NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM): A Recorrente afirma que os produtos por ela importados são efetivamente bombas volumétricas classificáveis na posição 8413.50.90 (outras). A principal diferença entre a classificação adotada pela Recorrente e a apontada pela fiscalização é que a posição 8413.50.90 se refere a bombas hidráulicas ao passo que a classificação 9616.10.00 rotula as bombas pneumáticas. Esclarece que "embora pareça uma diferença sutil, a NESH e a RGISH classificamnas em posições diferentes". A contribuinte se insurge contra a decisão proferida no julgamento da impugnação porque "sequer enfrentou a diferenciação acima indicada (...) e partiu do princípio de que as 'bombas volumétricas' importadas pela Recorrente são componentes integrantes de vaporizadores de toucador para concluir que a classificação adotada pela Fiscalização estava correta". A Recorrente apresenta as definições inseridas na TIPI aprovada pelo Decreto 3.777, de 23.3.2001: 8413 BOMBAS PARA LÍQUIDOS, MESMO COM DISPOSITIVO MEDIDOR; ELEVADORES DE LÍQUIDOS. Código NCM Descrição 8413.50 Outras bombas volumétrica 1 Certidão acostada à folha 646 dos autos eletrônicos. 2 Conforme atesta o carimbo estampado na folha 659 dos autos eletrônicos. Fl. 812DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 810 7 s alternativas 8413.50.10 De potência superior a 3,736kw (5HP) e inferior ou igual a 447,42 kw (600HP), excluídas para oxigênio líquido 8413.50.90 Outras 9616 VAPORIZADORES DE TOUCADOR, SUAS ARMAÇÕES E CABEÇAS DE ARMAÇÕES; BORLAS OU ESPONJAS PARA PÓS OU PARA APLICAÇÃO DE OUTROS COSMÉTICOS OU DE PRODUTOS DE TOUCADOR. Código NCM Descrição 9616.10.00 Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações. EX 01 De metais preciosos ou ornamentados com pérolas, pedras preciosas ou semipreciosas ou com metais preciosos. Fl. 813DF CARF MF 8 E segue a evolução das normas no tempo, ao colacionar as classificações trazidas no Decreto n. 4.542, de 26.12.2002: 8413 BOMBAS PARA LÍQUIDOS, MESMO COM DISPOSITIVO MEDIDOR; ELEVADORES DE LÍQUIDOS. Código NCM Descrição 8413.50 Outras bombas volumétrica s alternativas 8413.50.10 De potência superior a 3,736kw (5HP) e inferior ou igual a 447,42 kw (600HP), excluídas para oxigênio líquido 8413.50.90 Outras 9616 VAPORIZADORES DE TOUCADOR, SUAS ARMAÇÕES E CABEÇAS DE ARMAÇÕES; BORLAS OU ESPONJAS PARA PÓS OU PARA APLICAÇÃO DE OUTROS COSMÉTICOS OU DE PRODUTOS DE TOUCADOR. Código NCM Descrição 9616.10.00 Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações. Informa que as alterações posteriores sempre mantiveram a definição e as características das posições 8413.50.90 e 9616.10.00. Porém, a TIPI vigente (aprovada pelo Decreto n. 7.660, de 23.12.2011) inovou as classificações ao introduzir a Fl. 814DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 811 9 posição 9619.20.00, que corresponde às "borlas ou esponjas para pós ou para aplicação de outros cosméticos ou de produtos de toucador", o que não altera a manutenção dos produtos importados sob o código 8413.50.90. A recorrente sustenta que o fato das bombas importadas servirem para bombear hidratantes e cremes, não é motivo suficiente para enquadrálas na posição 9616.10.00, porque "devese levar em consideração que se trata de bombas volumétricas e não servem exclusivamente para bombear os produtos de toucador, podendo, inclusive, bombear medicamentos e semelhantes". Outra diferença é que as mercadorias importadas fazem parte de um produto final industrializado, ou seja, essas bombas não são vendidas isoladamente ao consumidor final. Por outro lado, o produto classificado na posição 9616.10.00 é efetivamente um produto de toucador, isto é, um acessório e servem para pulverizar/ vaporizar líquidos, não servindo para creme, gel, sabonete líquido, medicamentos, etc; "é um acessório, em sentido lato, para penteadeira, para expelir perfumes em geral". A recorrente também se insurge contra a decisão proferida no julgamento da impugnação, que considerou como argumento válido para desqualificar a posição 8413.50.90 (adotada pela contribuinte) a interpretação da NESH (Notas Explicativas do Sistema Harmonizado) que devem ser excluídos dessa posição os aparelhos para projetar, dispersar ou pulverizar líquidos e os aparelhos de jato da posição 84.24. E a irresignação contra essa conclusão está no fato que a posição 84.24 referese a produtos que não se assemelham aos produtos importados, pois a descrição da citada posição é: "Aparelhos mecânicos (mesmo manuais) para projetar, dispersar ou pulverizar líquidos ou pós; extintores, mesmo carregados; pistolas aerográficas e aparelhos semelhantes; máquinas e aparelhos de jato de areia, de jato de vapor e aparelhos de jato semelhantes". A contribuinte defende que as informações contidas na NESH para a posição considerada correta pelo auditor fiscal confirmam que esses produtos servem, apenas, como utensílios de toucador, o que não é a finalidade dos produtos importados. Também registra que as bombas adquiridas pela contribuinte são hidráulicas, o que impossibilita a adoção da posição 9616.10.00. Os esclarecimentos prestados na NESH a respeito da posição 9616.10.00 são os seguintes3: "1) Os vaporizadores de perfume, de brilhantina, etc, para toucador, quer sejam de mesa, de cabeleireiro ou de bolso. Estes artigos são constituídos por um frasco (ou reservatório) de vidro, plásticos, metal ou outras matérias, sobre o qual se fixa a armação; esta última comporta uma cabeça contendo um 3 Folhas 669/669 dos autos eletrônicos. Fl. 815DF CARF MF 10 dispositivo vaporizador e um sistema pneumático de bulbo (pêra*) (às vezes guarnecido de matérias têxteis) ou de pistão. 2) As armações de vaporizadores. 3) As cabeças de armações de vaporizadores. 4) As borlas ou esponjas de toucador, para cuidado da pele, maquilagem, empoagem dos cabelos ou perucas, etc, utilizados para aplicação de cosméticos (pódearroz, ruge, talco, etc), quaisquer que sejam as matérias que as componham (plumas de ganso, de cisne, penugem de êider (...) e comportar ou não cabos ou acessórios de marfim, carapaça de tartaruga, ossos, plásticos, metais comuns, metais preciosos ou metais folheados ou chapeados de metais preciosos (...). (destaques do original e grifos da Recorrente)". E a Recorrente esclarece que a NESH atualmente vigente (IN RFB n. 807, de 11/01/2008), nas notas explicativas à posição 71.14 expressamente indica que a posição 96.16 referese exclusivamente aos objetos de toucador4. Apresenta um julgado desta 3ª Seção de Julgamentos5 no qual foi decidido que para se classificar as bombas no código 9616.10.00, deve restar comprovado que são vaporizadores de perfume, brilhantina, para toucador. Mais especificamente sobre a Declaração de Importação n. 05/00402633/0001 (bomba lokatop 28/410 azul) a Recorrente noticia que na oportunidade em que os produtos foram desembaraçados, o auditor aduaneiro reconheceu que se tratava de "bombas manuais volumétricas alternativas dispersoras de líquidos, soluções, emulsões, para uso doméstico, cosmetológico e farmacêutico". No mesmo documento, após a inspeção física das mercadorias e fotografia, ficou consignado que: "R5 Tratamse de bombas manuais volumétricas alternativas porque são bombas de pistão cujo princípio de funcionamento se baseia no efeito de aspiração ou expulsão de líquido provocado pelo movimento alternativo linear do pistão que se desloca num cilindro. As válvulas de fechamento dessas bombas são válvulas de retenção (esferas), isto é, só permitem a passagem num dado sentido. Essas bombas são denominadas de efeito simples porque utilizam o efeito de aspiração de uma só face do pistão" (fls. 670/671) (II) REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO (RGISH): 4 B) Objetos de toucador, tais como espelhos de mão, frascos e caixinhas para pós (exceto os da posição 71.13), escovas (para vestuário, para cabelo, para unhas, etc), pentes, gomis, jarras, etc. Os vaporizadores incluemse na posição 96.16. 5 Acórdão 320100.458, proferido pela 1ª Turma da 2ª Câmara nos autos do Processo n. 10907.002559/200537, na sessão de 24/05/2010. Fl. 816DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 812 11 * Sobre a Regra 16, a Recorrente esclarece que em relação às posições 8413.50.90 e 9615.10.00 não existem notas de seção ou de capítulo. Considerando que as bombas importadas pela Recorrente não servem exclusivamente para vaporizar perfumes, brilhantinas e demais produtos para toucador, e que se trata efetivamente de bombas hidráulicas, não é possível enquadrálas na posição 9616.10.00, como pretende a fiscalização. * A Regra 2 considera que o aspecto relevante para a classificação fiscal é a característica essencial dos produtos, já que estabelece que "qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais". Deste modo, considerando que as bombas importadas têm a finalidade essencial de borrifar líquidos, soluções, emulsões, não podem ser consideradas como vaporizadores de toucador, já que estes são meros acessórios decorativos que devem ser acoplados a perfumes em geral. Ainda sobre essa regra, assim se pronunciou a Recorrente: "Diante desse esclarecimento, o fato de os produtos importados poderem ser utilizados como componentes de produtos de toucador não é suficiente para a sua caracterização como tal, afinal servem para bombear também os produtos pastosos, que incluem, além de perfumaria, cosméticos, alimentos, fármacos, produtos de uso agrícola, domassanitários e produtos de limpeza em geral, conforme se verifica do Parecer do IPT ora juntado (páginas 4 e 5 do doc. n. 5 acima)" * Considerando que a Regra 3 determina que a posição específica prevalece sobre a posição mais genérica, a Recorrente questiona o acerto da decisão recorrida, já que; "se a posição 8413.50.90 referese claramente a bombas e a posição 9616.10.00 a vaporizadores para toucador, não há como se admitir que as bombas volumétricas em questão se classifiquem na posição pretendida pela D. Fiscalização, uma vez que não são meros vaporizadores de perfume, e não contém o bulbo (pêra)". * De acordo com a Regra 4, as mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das regras já mencionadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes. No caso específico, não se aplica essa regra, já que existe posição específica para classificar os produtos importados pela contribuinte. B. II, IPI, PISIMPORTAÇÃO E COFINS IMPORTAÇÃO. 6 Regra 1 A classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulos, e desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas. Fl. 817DF CARF MF 12 A Recorrente se insurge contra a alegação da fiscalização de que a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS Importação inclui os impostos. Conforme disposto no art. 7º da Lei n. 10.865/2004, a base de cálculo do PISImportação e COFINSImportação não inclui os impostos federais. Informa que sobre este argumento a decisão recorrida não refutou os argumentos apresentados pela Recorrente em sua impugnação; apenas transcreveu a legislação aplicável. Mais especificamente, assim foi registrada a defesa da contribuinte: "Dessa forma, ainda que se considera a inclusão indireta do IPI na base de cálculo do PIS/Pasep Importação e da COFINS Importação pelo fato de o imposto compor a base de cálculo do ICMS, é importante destacar que (i) o próprio ICMS não poderia compor a base de cálculo das referidas contribuições, nos termos do art. 149, § 2º, inciso III, letra 'a' da Constituição Federal, que determina apenas o 'valor aduaneiro' como base de cálculo no caso de importação; (ii) bem com o recente posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que é indevida a incidência da contribuição sobre o tributo, o que é suficiente para caracterizar a improcedência da exigência em tela". Ademais, a contribuinte sustenta que demonstrado o acerto na classificação por ela adotada, devem ser consideradas improcedentes a cobrança das supostas diferenças dos valores devidos pelo II, IPI e às contribuições, assim como os respectivos acréscimos legais. C. SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO ADOTADO PELA SRF. A Recorrente adverte que a classificação fiscal registrada nas Declarações de Importação objeto do auto de infração foi plenamente aceita pela fiscalização no procedimento de desembaraço aduaneiro. Assim, não poderia agora pretender adotar critério jurídico distinto, ao impor uma classificação fiscal diferente daquele reconhecido no desembaraço aduaneiro, sob pena de violação ao artigo 146 do CTN. Esclarece que "em momento algum a D. Fiscalização teve concepção distorcida quanto aos fatos que envolvem a presente autuação. Notese que a D. Fiscalização tinha plena consciência de que se tratava de bombas volumétricas e a partir da análise correta dos fatos, concluiu que a classificação fiscal adotada estava correta". Considerando que todos os elementos de fato relacionados às importações realizadas estavam disponíveis ao Fisco, não se pode agora, tempos após, discutilos novamente, conclui a Recorrente. Traz a conhecimento precedente do STJ7, onde 7 AgRg no RESP 478.389/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 25/09/2007, DJ de 05/10/2007. Fl. 818DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 813 13 restou assente que a classificação tarifária feita pelo importador no momento do desembaraço aduaneiro não pode ser posteriormente alterada, através da revisão de lançamento. D. SOBRE A IMPROCEDÊNCIA DAS MULTAS. A Recorrente requer o cancelamento das multas contra ela imposta multa regulamentar calculada à razão de 1% sobre o valor aduaneiro e a multa de ofício de 75%, porque a classificação do produto foi correta, o que afasta a possibilidade de aplicarse qualquer sanção. Ademais, ainda que a classificação estivesse incorreta, a Recorrente registra que não foi demonstrado o intuito fraudulento ou doloso, já que foram inseridos nas Declarações de Importação todos os elementos necessários para a correta identificação dos produtos importados. E, na ausência de comprovação do dolo, não podem ser aplicadas as multas previstas no art. 4º da Lei n. 8.218/96, já que tal conclusão consta no Ato Declaratório COSIT n. 10, de 16/01/19978. Ao final, requer a aplicação do art. 112 do CTN, que determina que em casos de dúvidas quanto a fatos e prática de infrações, a interpretação da legislação tributária deve ser feita favoravelmente ao contribuinte. E. SOBRE A IMPROCEDÊNCIA DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA TAXA SELIC. Caso mantida a autuação, o que alega somente de forma subsidiária, a Recorrente requer que não se considere a Taxa SELIC como referencial para a constituição do crédito tributário, uma vez que a mesma: "(i) não foi criada por lei para fins tributários; (ii) não possui caráter moratório, sendo uma mera 'taxa de referência' calculada e divulgada unilateralmente pelo BACEN, com base na variação do custo do dinheiro e da flutuação desse custo no mercado financeiro, sistemática que lhe confere nítida natureza remuneratória do capital alheio". Passo as minhas considerações. Os produtos foram importados sob o código 8413.50.90, o qual é descrito pelas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado da seguinte forma: Segue transcrição das Notas pertinentes: "84.13 Bombas para líquidos, mesmo com dispositivo medidor; elevadores de líquidos. 8 Posteriormente alterado pelo ADI SRF n. 13/2002. Fl. 819DF CARF MF 14 Bombas com dispositivo medidor ou concebidas para comportálo: (...) 8413.50 Outras bombas volumétricas alternativas. Esta posição compreende as máquinas e aparelhos (acionados manualmente ou por uma força motriz qualquer) próprios para elevar ou movimentar líquidos [incluídos metal fundido e concreto (betão) líquido], viscosos ou não. Classificamse também nesta posição as máquinas e aparelhos deste gênero com motor incorporado (motobombas, turbobombas, eletrobombas). (...) Segundo o seu modo de funcionamento, os aparelhos da presente posição podem ser divididos em cinco categorias. A BOMBAS VOLUMÉTRICAS ALTERNATIVAS Esta categoria compreende especialmente as bombas de pistões cujo princípio de funcionamento se baseia no efeito de aspiração ou expulsão provocado pelo movimento alternativo linear de um pistão que se desloca num cilindro. Elementos de separação (válvulas, por exemplo) opõemse ao retorno do líquido aspirado ou expelido. Estas bombas são denominadas de efeito simples quando utilizam o efeito de aspiração de uma só face do pistão, e de efeito duplo quando combinam a ação aspirante de duas faces. Com as bombas simplesmente aspirantes, a altura da expulsão é limitada pela pressão atmosférica. (...) Excluemse desta posição: (...) d) Os aparelhos para projetar, dispersar ou pulverizar líquidos e os aparelhos de jato da posição 84.24". A autoridade apresenta o seguinte raciocínio para promover a autuação contra a importadora: "O contribuinte promoveu a importação destas mercadorias na posição 8413.50.90 da classificação tarifária TEC. Contudo; Considerando as Notas Explicativas do SH relativas à posição 8413, item d) das Exclusões: EXCLUEMSE DESTA POSIÇÃO: a) ..... b)...... c)...... d) OS APARELHOS PARA PROJETAR, DISPERSAR OU PULVERIZAR LÍQUIDOS E OS APARELHOS DE JATO DA POSIÇÃO 8424. Considerando o texto da posição 9616 VAPORIZADORES DE TOUCADOR, SUAS ARMAÇÕES E CABEÇAS DE ARMAÇÕES; BORLAS OU ESPONJAS PARA PÓS OU PARA APLICAÇÃO DE OUTROS COSMÉTICOS OU DE PRODUTOS DE TOUCADOR. NOTA EXPLICATIVA Fl. 820DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 814 15 A PRESENTE POSIÇÃO ABRANGE: 1) OS VAPORIZADORES DE PERFUME, DE BRILHANTINA, ETC., PARA TOUCADOR, QUER SEJAM DE MESA, DE CABELEIREIRO OU DE BOLSO. ESTES ARTIGOS SÃO CONSTITUÍDOS POR UM FRASCO (OU RESERVATÓRIO) DE VIDRO, PLÁSTICOS, METAL OU OUTRAS MATÉRIAS, SOBRE O QUAL SE FIXA A ARMAÇÃO; ESTA ÚLTIMA COMPORTA UMA CABEÇA CONTENDO UM DISPOSITIVO VAPORIZADOR E UM SISTEMA PNEUMÁTICO DE BULBO (PÊRA) (ÀS VEZES GUARNECIDO DE MATÉRIAS TÊXTEIS) OU DE PISTÃO. 2) AS ARMAÇÕES DE VAPORIZADORES. 3) AS CABEÇAS DE ARMAÇÕES DE VAPORIZADORES. Considerando as Regras Gerais de Interpretação n. 1 do Sistema Harmonizado, concluímos que os produtos submetidos a despacho de importação na posição 8413.50.90 estão em desacordo com as Regras de Interpretação do Sistema Harmonizado. Desconsiderada esta posição entendemos que estes produtos devem ser classificados na posição 9616.10.00 por se adequarem à Primeira e à 6ª Regra Geral de Interpretação do SH, pois respeitam a condição de posição mais específica e aquela da característica essencial do produto". (fl. 11 dos autos eletrônicos grifos adicionados). Como já dito, a fiscalização considera correta a classificação dos produtos importados na posição 9616.10.00 que, de acordo com o Decreto n. 435/1992, publicado em 27/01/1992, equivalem a: "Capítulo 96 Obras diversas 96.16 Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações; borlas ou esponjas par pós ou para aplicação de outros cosméticos ou de produtos de toucador 9616.10 Vaporizadores de toucador, suas armações e cabeças de armações (...) A presente posição abrange: 1) Os vaporizadores de perfume, de brilhantina, etc., para toucador, de mesa ou de bolso, de uso pessoal ou profissional. Esses artigos são constituídos por um frasco (ou reservatório) de vidro, plástico, metal ou outras matérias, sobre o qual está montado o dispositivo operante (armação); este último comporta uma cabeça (que contém um dispositivo vaporizador) e um sistema pneumático de bulbo (pêra*) (às vezes guarnecido de matérias têxteis) ou o pistão. Fl. 821DF CARF MF 16 2) Os dispositivos operantes (armações). 3) As cabeças dos dispositivos operantes (armações) de vaporizadores. 4) As borlas ou esponjas para aplicação de cosméticos ou produtos de toucador (pódearroz, ruge, talco, etc). Podem ser feitas de qualquer matéria (plumas de ganso ou de cisne, pele, pêlos de animais, veludo ou pelúcia, espuma de borracha, etc) e comportar cabos ou acessórios de marfim, carapaças de tartaruga, osso, plástico, metais comuns, metais preciosos ou metais folheados ou chapeados de metais preciosos. Excluemse desta posição: (...) c) Os aparelhos pulverizadores da posição 84.24". Da leitura do dispositivo acima transcrito, constatase que o produto classificado na posição n. 9616 deve conter as seguintes características: 1) É próprio para a vaporização de "perfume, brilhantina, etc., para toucador, de mesa ou de bolso, de uso pessoal ou profissional"; 2) Sua estrutura conta com sistema pneumático de bulbo (pêra). Sobre o item 1 é necessário salientar que o auditorfiscal aduaneiro reconhece que as bombas importadas são utilizadas como dispersoras e/ou dispensadoras de vários tipos de líquidos, como soluções e emulsões, e podem ter uso doméstico, cosmetológico e farmacêutico9. Porém a posição 9616, classificação considerada correta pelo auditor fiscal, é restrita aos produtos de toucador e aos cosméticos e não abrange os recipientes próprios para vaporização de fármacos ou produtos químicos. As palavras sinônimas ao vernáculo "toucador" são penteadeira, toalete10. Ou seja, a finalidade é sempre relacionada aos produtos cosméticos, não sendo possível ampliar a sua utilidade, de acordo com os limites traçados na posição 9616.10.00, aos produto líquidos para uso doméstico e farmacêutico. Percebese, ainda, que a destinação principal dos recipientes importados é para uso farmacêutico, já que está destacado no documento mencionado que é "fabricada em sala limpa classe 100.000", é "produto de acordo com todos os requisitos da FDA e com as regulamentações européias", e é "adequado para numerosos tratamentos farmacêuticos" (fl. 570, vol. 3). 9 Segue a reprodução da definição que a autoridade fiscal considera apropriada para os produtos importados: 'BOMBAS VOLUMÉTRICAS, ALTERNATIVAS, DISPERSORAS E/OU DISPENSADORAS DE SOLUÇÕES, EMULSÕES P/ USO DOMÉSTICOS, COSMETOLÓGICOS E/OU FARMACÊUTICOS COMPOSTOS DE: (MODELOS DIVERSOS). Tais aparelhos, descritos como bombas, são utilizados para dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar líquidos como loções, perfumes, shampoos, sabonete líquido, condicionadores, etc. conforme se pode ver em consulta ao site do exportador' (fls.10/11 grifos adicionados). 10 Equivalência encontrada no dicionário de sinônimos on line, disponível no endereço eletrônico https://www.sinonimos.com.br/toucador/ Fl. 822DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 815 17 Sobre o item 2 a ressalva que se faz é que a posição 9616 descreve recipiente que contém elementos que não existem nos produtos importados, como o "sistema pneumático de bulbo (pêra)". O sistema pneumático de bulbo é descrito da seguinte forma: "a pêra (denominação decorrente da semelhança com interruptores que têm este nome) a qual é borracha flexível; a vermelha pequena indica o dispositivo por onde o ar, saindo em velocidade da pêra, arrasta o líquido que está na ponta do pescador, jogandoo pulverizado par fora e, conseqüentemente produzindo o vácuo no pescador, o que permite a subida do líquido para a borda do mesmo, repetindose de forma intermitente a pulverização, sendo certo que , a pêra tem que ser acionada de forma rápida: a seta vermelha mostra a peça onde o ar é pressionado arrastando o líquido do pescador que chega até o caminho do ar" (fl. 576 trecho do laudo técnico apresentado com a impugnação). Veja que o mecanismo indispensável dos recipientes encontrados na posição 9616 é extremamente diferente dos produtos importados, já que esses pulverizam os seus conteúdos através do sistema de bombas e pistões, como bem demonstram os gráficos contidos no documento Características Técnicas dos produtos importados (fls. 568 e 570, vol.3 dos autos eletrônicos). Ainda, é salutar registrar que o sistema pneumático de bulbo não permite a exata dosagem do líquido pulverizado, enquanto a bomba dispensadora importada propicia a obter a exata dose de 2,3 ml por acionamento (informação à folha 570). Essa diferença é significativa quando se trata de produtos farmacêuticos. E, por fim, o auditor fiscal autuante discorda da classificação defendida pela contribuinte porque consta nas Notas Explicativas, o registro que devem ser excluídos da posição 8413.50.90 os produtos classificados na posição 8424. Contudo, como se constata da leitura da posição 9161 acima transcrita, especificamente na alínea c¸ também estão excluídos desta posição os aparelhos pulverizadores da posição 84.2411. Constatase, assim, que o principal fundamento da fiscalização para considerar que os produtos importados não se enquadram na classificação registradas na Declarações de Importação, que é a exclusão dos aparelhos descritos na posição 84.24, é replicada na posição 9616. 11 84.24 Aparelhos mecânicos (mesmo manuais) para projetar, dispersar ou pulverizar líquidos ou pós; extintores, mesmo carregados; pistolas aerográficas e aparelhos semelhantes; máquinas e aparelhos de jato de areia, de jato de vapor e aparelhos de jato semelhantes. 8424.10 Extintores, mesmo carregados 8424.20 Pistolas aerográficas e aparelhos semelhantes 8424.30 Máquinas e aparelhos de jato de areia, de jato de vapor e aparelhos de jato semelhantes Outros aparelhos: 8424.81 Para agricultura ou horticultura 8424.89 Outros". Fl. 823DF CARF MF 18 Ou seja, não há justificativas para a autuação fiscal. Seja porque o auditor fiscal autuante pretende inserir os produtos em uma classificação mais restritiva (somente para uso cosmetológico), que não abrange as demais utilidades do produto já reconhecidas pelo próprio agente aduaneiro (uso doméstico e farmacêutico), e que descreve produtos diferentes dos importados, seja porque afastou a classificação registradas nas Declarações de Importação pela exceção, que é replicada na posição alegada correta. Por tudo que foi exposto, voto por dar integral provimento ao recurso voluntário. Era o que tinha a relatar. (assinatura digital) José Renato Pereira de Deus Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Por não se representar a melhor interpretação dos fatos motivadores da autuação e das regras sobre a classificação fiscal do produto importado pela recorrente, pedese vênia a nobre Relatora para apresentar outro voto sobre a lide, que envolve questões preliminares e mérito. Da questão preliminar Em preliminar a recorrente alegou “improcedência” (em vez de nulidade) das autuações por mudança de critério jurídico, vedada pelo art. 146 do CTN, sob o argumento de que a classificação fiscal por ela adotada para o produto descrito nas DI, objeto das presentes autuações (relação de fls. 11/18), fora plenamente aceita pela fiscalização, por ocasião dos procedimentos de desembaraço aduaneiro. A restrição de realização de lançamento de ofício, em razão de mudança de critério jurídico, encontrase prevista no art. 146 do CTN, que tem o seguinte teor, ipsis litteris: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (grifos não originais) Da simples leitura do citado preceito legal extraise que são três as condições necessárias cumulativas, para fim de configuração de mudança do critério jurídico, a saber: a) a primeira: haja um prévio ato de lançamento de ofício, em que a autoridade administrativa tenha fixado um determinado critério jurídico; b) a segunda: a modificação do critério jurídico anterior seja introduzida pela autoridade administrativa (mediante ato de ofício) ou pelo órgão Fl. 824DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 816 19 julgador administrativo ou judicial (por meio de decisão administrativa ou judicial); e c) a terceira: tanto o ato de lançamento quanto o ato de ofício e as decisões administrativa e judicial refiramse a um mesmo sujeito passivo. De todas, a primeira condição é a mais importante, logo, sem a ocorrência dela não a análise das outras duas condições não tem cabimento. Em outras palavras, sem a ocorrência de prévio ato de lançamento de ofício, a análise da ocorrência das outras duas condições revelase incabível. E o lançamento de ofício, sabidamente, é aquele realizado pela autoridade administrativa, segundo os procedimentos estabelecidos no art. 142 do CTN, desde que presentes as situações elencadas no art. 149 do CTN. No caso em tela, não há notícia de que tenha havido lançamento ofício em relação a quaisquer das operações de importação realizada pela recorrente. No presente caso, o que houve foi apenas lançamento por homologação (ou autolançamento, segundo parte relevante da doutrina), conforme previsto no art. 150 do CTN, uma vez que a autuada foi quem apurou e recolheu antecipadamente o valor dos tributos informados nas respectivas DI, documento base do despacho aduaneiro de importação. O despacho aduaneiro mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. Tratase de procedimento de natureza mista, destinado à verificação do cumprimento das normas de controle aduaneiro e tributárias, incidentes sobre a operação de importação. O despacho aduaneiro processase em duas etapas sequenciais: a primeira é denominada de fase de conferência aduaneira e a segunda de fase de revisão aduaneira. A fase de conferência aduaneira iniciase com o registro da DI e se encerra com o ato de desembaraço aduaneiro (liberação da mercadoria), proferido pela autoridade fiscal. Nessa fase é feita (i) a identificação do importador, (ii) a verificação da mercadoria e da correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e (iii) a confirmação o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Por sua vez, a fase de revisão aduaneira iniciase com o ato de desembaraço aduaneiro e se encerra (i) com ato de ciência do autuado da exigência do crédito tributário lançado, ou (ii) com o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da DI. Nesta fase e feita apuração da regularidade do pagamento dos tributos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação. A principal justificativa para adoção das referidas fases no âmbito do procedimento de despacho aduaneiro de importação está relacionada com a premente necessidade de celeridade dos atos de liberação da imensa quantidade de mercadorias importadas e que são estocadas, diariamente, nos diversos recintos alfandegados brasileiros, situação que, certamente, impossibilita a fiscalização aduaneira de, na fase de conferência aduaneira do despacho, realizar um exame minucioso de todos os aspectos do controle aduaneiro e tributário atinentes aos inúmeros e diversificados despachos aduaneiros de importação que ingressam e se processam todos os dias nas inúmeras unidades aduaneiras da Fl. 825DF CARF MF 20 RFB. Dada essa circunstância, o processamento do despacho aduaneiro em duas fases tem por objetivo, de um lado, evitar ônus financeiro adicional aos importadores, em decorrência da demora na liberação das mercadoria, e de outro, permitir que a fiscalização aduaneira, após a liberação da mercadoria e enquanto não concluído o prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário e/ou aplicar penalidades pecuniárias, proceda análise pormenorizada das informações prestadas pelo importador, com o objetivo de verificar se as obrigações aduaneiras e tributárias foram corretamente cumpridas. Com base nessa breve explicação, fica evidenciado que o ato de desembaraço aduaneiro, que põe termo à fase de conferência aduaneira, não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco ato de homologação expressa do autolançamento, neste caso, por não atender os requisitos fixados no art. 150 do CTN. O referido o ato, enfatizase novamente, tem o efeito jurídico de autorizar a liberação ou desembaraço da mercadoria, conforme expressamente estabelecido no art. 51 do Decretolei 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei 2.472/1988, que tem o seguinte teor, in verbis: Art. 51 Concluída a conferência aduaneira, sem exigência fiscal relativamente a valor aduaneiro, classificação ou outros elementos do despacho, a mercadoria será desembaraçada e posta à disposição do importador. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Se, no curso da conferência aduaneira, houver exigência fiscal na forma deste artigo, a mercadoria poderá ser desembaraçada, desde que, na forma do regulamento, sejam adotadas as indispensáveis cautelas fiscais. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º O regulamento disporá sobre os casos em que a mercadoria poderá ser posta à disposição do importador antecipadamente ao desembaraço. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). grifos não originais Assim, se há definição legal da natureza do ato de desembaraço aduaneiro, como mero ato de liberação da mercadoria importada, no sentido de colocála à disposição do importador, não pode o intérprete atribuir ao referido ato efeito jurídico distinto daquele expressamente determinado na norma legal. Em outras palavras, ao ato de desembaraço aduaneiro não pode ser atribuído o efeito de ato de lançamento de ofício ou ato de homologação expressa do lançamento por homologação, especialmente, porque tal interpretação implicaria retirar qualquer eficácia ou efeito jurídico prática à atividade de revisão aduaneira, prevista no art. 54 do do Decretolei 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei 2.472/1988, a seguir transcrito: Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) grifos não originais Com efeito, se a atividade de revisão aduaneira destinase a apurar a regularidade do pagamento dos tributos e demais gravames devidos na operação de importação, atribuir a atividade de desembaraço a natureza de ato de lançamento de ofício ou homologação expressa de lançamento, como pretendeu a recorrente, na prática, significaria a Fl. 826DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 817 21 revogação tácita do citado preceito legal e o fim da etapa da revisão aduaneira do despacho aduaneiro de importação. Além disso, como todas as informações sobre a operação de importação consignadas na DI são prestadas pelo próprio importador, previamente ao início do despacho aduaneiro, se algum critério jurídico foi definido até o ato de desembaraço aduaneiro, certamente, a definição desse critério deve ser atribuída ao importador, haja vista que, até então, a liberação da mercadoria ocorre com superficial análise dos dados e informações declarados importador pela autoridade fiscal, ou sem qualquer participação desta autoridade, nos casos das DI parametrizada para o canal verde conferência aduaneira (a quase totalidade), em que o desembaraço ou liberação da mercadoria ocorre de forma automática sem qualquer análise por parte da autoridade fiscal, conforme estabelecido no art. 21, I, da Instrução Normativa RFB 680/2016, a seguir transcrito: Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: I verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria; II – amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria; III – vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e IV – cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica. [...] (grifos não originais) Em relação aos demais canais de conferência aduaneira, em que há participação da autoridade fiscal no ato de desembaraço, pelas condições anteriormente expostas, só há que se cogitar em alteração de critério de jurídico se pelo menos houve lançamento de ofício de pela autoridade fiscal, previamente, ao ato de desembaraço aduaneiro, o que não foi comprovado pelo recorrente, inclusive, em relação à adição da DI nº 05/0040263 3/001. Não se pode olvidar, que, por expressa determinação constitucional (art. 146, III, “b”, da CF/1988), somente a lei complementar tem a função de especificar qual o ato administrativo tem o efeito de extinguir o crédito tributário. E o ato de desembaraço aduaneiro, inequivocamente, não se encontra mencionado no rol taxativo dos atos extintivos do crédito tributário, elencados no art. 156 do CTN. E em consonância com o disposto no art. 14912, I, do 12 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; Fl. 827DF CARF MF 22 CTN, a revisão do despacho aduaneiro de importação encontrase expressamente prevista no citado art. 54 do Decretolei 37/1966. Cabe ressaltar ainda que, no Regulamento Aduaneiro de 2002 (RA/2002), a fase de revisão aduaneira encontravase disciplinada no art. 570. No vigente RA/2009, a citada fase encontrase disciplinada no art. 638, que tem o seguinte teor: Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2º; e DecretoLei nº 1.578, de 1977, art. 8º). § 1º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753. § 2º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da data: I do registro da declaração de importação correspondente (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o); e II do registro de exportação. § 3º Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. (grifos não originais) De acordo como a citada legislação, a única condição legal exigida para apuração e constituição do crédito tributário, apurado na fase de revisão aduaneira, é que o lançamento seja concluído antes do prazo de cinco anos contados da data do registro da declaração de importação correspondente. Assim, se na fase de revisão do despacho aduaneiro de importação for apurada falta ou insuficiência de pagamento de tributos, como ocorreu no caso em tela, por força do disposto no art. 142 do CTN, o lançamento para exigência dos valores apurados deve ser feito pela autoridade fiscal, sob pena responsabilidade funcional. Com base nessas considerações, chegase a conclusão que não houve a alegada mudança de critério jurídico, portanto, resta demonstrada a improcedência da alegação da recorrente. Das questões de mérito No mérito, a controvérsia gira em torno da classificação fiscal do produto descrito nas citadas DI como “BOMBAS VOLUMÉTRICAS, ALTERNATIVAS, DISPERSORAS E/OU DISPENSADORAS DE LÍQUIDOS, SOLUÇÕES, EMULSÕES P/USO DOMÉSTICO, COSMETOLÓGICO E/OU FARMACEUTICOS (DE DIVERSOS MODELOS)”. [...]. Fl. 828DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 818 23 Para a autoridade fiscal, como o referido equipamento é utilizado para dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar líquidos, como loções, perfumes, shampoos, sabonete líquido, condicionadores etc. ele classificase no código NCM 9616.10.00, por força do disposto na alínea “d” das Notas Explicativas do SH (NESH) da posição 8413 e no texto da posição 96.16 da NCM. Para a recorrente, o citado produto classificase no código NCM 8413.50.90, por se tratar bombas hidráulicas da posição 84.13 e não de bombas pneumáticas, classificáveis no código NCM 9616.10.00. Segundo a recorrente, as bombas hidráulicas servem para bombear hidratantes, cremes, medicamentos e outros produtos semelhantes, cuja subposição é definida de acordo com a capacidade do equipamento, conforme modelos anexados a impugnação (doc. n º 4 fls. 567/572). Com vistas a comprovar o que alegara sobre a identificação do produto, a recorrente informou que havia colacionado aos autos o Parecer Técnico do IPT n° 13 271301 (doc. nº 5 fls. 573/588), no entanto, o citado Parecer não foi localizado nos autos. No local indicado pela recorrente, em vez do citado Parecer, constam apenas as fotografias de nºs 15 à 29 de “VAPORIZADORES DE TOUCADOR, SUAS ARMAÇÕES E CABEÇAS DE ARMAÇÕES”. De fato, o referido Parecer somente foi colacionado aos autos com o presente recurso (fls. 735/768), o que impossibilita a sua análise, em face da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972. Além disso, no citado Parecer foram analisados diversos produtos produzidos e importados pela recorrente e não especificamente o produto importado pela recorrente objeto da presente autuação. Ainda com a finalidade de comprovar o que alegara sobre as características específicas do produto, a recorrente trouxe à colação dos autos a Solicitação de Assistência Técnica e o correspondente Laudo Técnico referente ao produto descrito na DI 05/00402633 (fls. 590/592). No referido laudo, assim como no citado Parecer do IPT, não há menção de que o produto seja uma bomba hidráulica, como alegado pela recorrente. Dessa forma, temse por não comprovada a alegação da recorrente de que produto importado tratase de bomba hidráulica. O cotejo entre as duas referidas posições divergentes revela que o cerne da controvérsia diz respeito a identificação do produto, isto é, tratase simplesmente de bomba volumétrica alternativa, como defendido pela recorrente, ou tratase vaporizador de toucador, tipo de bomba volumétrica alternativa, que tem a finalidade específica de dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos cosméticos e/ou de perfumaria. E o que motivou os diferentes posicionamentos foi a utilização de critérios distintos para a identificação do produto, para fim de classificação fiscal. Com efeito, enquanto a fiscalização adotou o critério da função/utilização do produto, portanto, em consonância com os esclarecimentos das NESH, a recorrente justificou o seu entendimento sobre a identificação do produto, com base nas suas características mecânicas, ou seja, que o produto tratase de bomba volumétrica alternativa do tipo hidráulica. Este último, inequivocamente, dissonante do critério adotado pelas NESH, conforme a seguir demonstrado. Embora tenha alegado, que o produto importado não era mero vaporizador de toucador, pois se tratava de bomba hidráulica que servia também para bombear outros produtos Fl. 829DF CARF MF 24 que não de toucador, como os medicamentos, por exemplo, a recorrente não trouxe aos autos provas que confirmassem o alegado. De outra parte, as informações coligidas aos autos, em especial, as contidas nos documentos de fls. 238/245, comprovam que o produto tinha a função específica dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos de cosméticos e/ou perfumaria. Logo, consoante o critério informado pelas NESH, a bomba volumétrica alternativa em questão identificase como vaporizador de toucador e não simplesmente como bomba volumétrica alternativa, como defendido pela recorrente. Nesse sentido, a NESH da posição 84.13 da NCM, expressamente, exclui o referido produto da posição das bombas volumétricas alternativas em geral, conforme pode ser lido na alínea “d” dos excertos que sequem transcritos: A. BOMBAS VOLUMÉTRICAS ALTERNATIVAS Esta categoria compreende especialmente as bombas de pistões, cujo princípio de funcionamento se baseia no efeito de aspiração ou expulsão provocado pelo movimento alternativo linear de um pistão que se desloca num cilindro; elementos de separação (válvulas, por exemplo) opõemse ao retorno do líquido aspirado ou expelido. Estas bombas são denominadas de “efeito simples” quando utilizam o efeito de aspiração de uma só face do pistão, e de “efeito duplo” quando combinam a ação aspirante das duas faces. Com as bombas simplesmente aspirantes, a altura da expulsão é limitada pela pressão atmosférica. Algumas bombas são concebidas para utilizar, ao mesmo tempo, a aspiração e compressão (bombas aspirantes prementes); para se obterem maiores volumes, combinamse freqüentemente vários cilindros associados a um corpo de bomba. Os cilindros podem estar dispostos em linha ou em forma de estrela. Excluemse desta posição: [...] d) Os aparelhos para projetar, dispersar ou pulverizar líquidos e os aparelhos de jato da posição 84.24. E as NESH da posição 9616, por sua vez, esclarece que, dada a função específica de dispersar, projetar, vaporizar, pulverizar produtos cosméticos e/ou de perfumaria, a bomba em questão recebe a denominação de vaporizador de toucador, conforme se verifica no texto que segue transcrito: A presente posição abrange: 1) Os vaporizadores de perfume, de brilhantina, etc., para toucador, quer sejam de mesa, de cabeleireiro ou de bolso. Estes artigos são constituídos por um frasco (ou reservatório) de vidro, plásticos, metal ou outras matérias, sobre o qual se fixa a armação; esta última comporta uma cabeça contendo um dispositivo vaporizador e um sistema pneumático de bulbo (pêra*) (às vezes guarnecido de matérias têxteis) ou de pistão; [...] Excluemse desta posição: Fl. 830DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 819 25 [...] c) Os aparelhos pulverizadores da posição 84.24. [...] (grifos não originais) Assim, diferentemente do que alegou a recorrente, as referidas explicações não restringem os produtos da posição 96.16 apenas aos vaporizadores de toucador que possuam uma cabeça dotada de um sistema pneumático de bulbo (ou pêra), a exemplo dos que constam das fotografias de fls. 573/588, anexadas pela recorrente à peça impugnatória. Tal posição também inclui as bombas constituídas por um sistema pneumático de pistão, em que se enquadra, perfeitamente, os modelos do produto importado pela recorrente, o que é confirmado pelas fotografias e os esboços (desenhos esquemáticos) dos modelos do produto importado, que foram colacionados aos autos pela própria recorrente, em atendimento a intimação da autoridade fiscal (fls. 278/279) e em instrução à peça impugnatória (fls. 567/572). Além disso, a análise do conjunto de elementos probatórios coligidos aos autos confirmam que o produto importado pela recorrente dispõe de um sistema pneumático dotado de um pistão que se desloca num cilindro e que tem como função aspirar e projetar, dispersar ou pulverizar, especificamente, produtos cosméticos e/ou de perfumaria. Esse mecanismo/sistema é o elemento principal do produto, posto ser o componente que confere identidade e utilidade prática ao produto. Sem o citado sistema o produto, certamente, não cumpriria a referida função nem teria a utilidade prática para o qual foi projetado e produzido. Com base nessas considerações, chegase a conclusão que o produto importado pela recorrente é uma bomba volumétrica alternativa que, dada a sua utilização específica de projetar, dispersar, pulverizar, especificamente, produtos cosméticos e/ou de perfumaria, recebe a denominação de vaporizador de toucador, corretamente classificado no código NCM 9616.10.00, conforme definido pela autoridade fiscal. Uma vez definida a classificação fiscal do produto, passase a analisar as demais questões meritórias. Em seguida, a recorrente alegou que, conforme disposto o art. 7° da Lei 10.865/2004, não procedia a alegação da fiscalização de que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e CofinsImportação incluía os impostos, inclusive o IPI. Assiste parcial razão à recorrente apenas em relação ao ICMS e as próprias contribuições, haja vista a declaração de inconstitucionalidade pelo STF, no julgamento do RE nº 559.937, sob regime de repercussão geral, da parte do texto do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004, que previa acréscimo do ICMS e das próprias contribuições na base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e ConfinsImportação, conforme explicitado no enunciado da ementa que segue transcrito: Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS – importação. Lei nº 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2º, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. Fl. 831DF CARF MF 26 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4º, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes. 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4º, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente nãocumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINSImportação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2º, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. 8. O gravame das operações de importação se dá não como concretização do princípio da isonomia, mas como medida de política tributária tendente a evitar que a entrada de produtos desonerados tenha efeitos predatórios relativamente às empresas sediadas no País, visando, assim, ao equilíbrio da balança comercial. 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei 10.865/04: “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Fl. 832DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 820 27 Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento.13 (grifos não originais) Assim, em razão da obrigatoriedade dos membros deste Conselho de reproduzir nos julgamentos o teor das decisões proferidas pelo STF em regime de repercussão geral, determinada no art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015, adotase os fundamentos da referida decisão como razão de decidir no presente julgado, para determinar a exclusão da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e ConfinsImportação do valor do ICMS e das próprias contribuições. Na sequência, a recorrente alegou a improcedência da imposição da multa ofício de 75% (setenta e cinco por cento) sobre os tributos supostamente devidos, sob o argumento de que não houve descrição incorreta dos produtos nas DI, com base no Ato Declaratório (Normativo) n° 10, de 16 de janeiro de 1997, (posteriormente alterado pelo ADI SRF n° 13/2002). A propósito, sabese que, desde 27/8/2001, o ADN 10/1997, que previa a exclusão da referida multa nos casos de apuração de diferença de tributos decorrentes de “classificação tarifária errônea”, foi tacitamente revogado pelo § 2º14 do art. 84 da Medida Provisória 2.15835/2001 e, em 11 de setembro de 2002, foi expressamente revogado pelo art. 2º do Ato Declaratório Interpretativo (ADI) SRF 13/2002. Portanto, desde as referidas datas não existe a previsão de exclusão da referida multa, nos casos em que o produto estivesse corretamente descrito na DI, com todos os elementos necessários à sua identificação e que não fosse constatado intuito doloso ou má fé por parte do declarante. A aplicação da referida multa de ofício foi fundamentada no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] A infração cometida pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese descrita no referido preceito legal. Assim, uma vez materializada a infração, a aplicação da 13 BRASIL. STF. RE 559937, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Rel. p/ Acórdão Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2013, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe206 DIVULG 16102013 PUBLIC 17 102013 EMENT VOL0270601 PP00011. 14 § 2º A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. Fl. 833DF CARF MF 28 penalidade foi corretamente aplicada em consonância com o que determina o citado preceito legal. No caso, diferentemente do alegado pela recorrente, a responsabilidade pela penalidade sancionadora da infração em apreço tem nítido caráter objetivo e por essa característica, determina o art. 136 do CTN, que a sua configuração independe da existência de culpa ou dolo por parte do contribuinte (elemento subjetivo do tipo). Logo, não tem qualquer relevância a alegação da recorrente de não houve qualquer fraude ou dolo praticados, pois tais elementos são irrelevantes para a materialização. A comprovação da presença de tais elementos somente se revela imprescindível no caso de aplicação da multa qualificada 150% (centro e cinquenta por cento) definida no § 1º do art. 44 da Lei 9.430/1976. Também não se trata de aplicação do disposto no art. 112 do CTN, pois, no caso, não houve e não qualquer dúvida sobre a interpretação da legislação que “define infrações, ou lhe comina penalidades”. E diante da clareza solar da redação do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/1996, não há como supor, como fez a recorrente, que houve qualquer dúvida quanto aos elementos relacionados nos incisos I a IV do citado art. 112. Ainda sobre as penalidades aplicadas, a recorrente alegou que a cobrança da multa regulamentar de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria importada era indevida vez que não cometera qualquer infração que justificasse a imposição da referida penalidade, pois o produto importado teria sido corretamente classificado na NCM. A previsão legal da penalidade em questão está assim descrita no inciso I do art. 84 da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir transcrito: Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; [...] De acordo com o disposto no referido preceito legal, a materialização da referida infração ocorre com cometimento de erro de classificação do produto em pelo menos uma das referidas nomenclaturas ou catálogos de detalhamento da mercadoria mencionados. No caso em tela, antes as conclusões anteriormente apresentadas, inequivocamente, a referida infração encontrase devidamente caracterizada, haja vista que a autuada atribuiu ao produto importado o código NCM 8413.50.90, quando o correto seria o código 9616.10.00 da NCM. Ainda no tocante às penalidades aplacadas, a recorrente alegou que não era cabível a aplicação das duas multas como punição por única suposta (e já contestada) infração (a classificação supostamente errônea dos produtos importados). Mais uma vez a recorrente se equivoca. As multas aplicadas foram aplicadas em razão do cometimento de infrações distintas, conforme anteriormente demonstrado. E a aplicação das duas penalidades encontrase expressamente prevista no § 2º do art. 8415 da citada MP. 15 "Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: [...] Fl. 834DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 821 29 Em relação ao alegado efeito confiscatório da imposição das citadas multas, por envolver análise sobre a constitucionalidade dos citados preceitos legais, plenamente vigentes e eficazes, por força do que determina o art. 26A16 do Decreto 70.235/1972, com redação dada Lei 11.941/2008, não se toma conhecimento dessa questão. Sabidamente, tal atribuição é reservada, em caráter privativo, aos órgãos de julgamento do Poder Judiciário. No âmbito deste Conselho, a matéria encontrase foi objeto da Súmula CARF nº 2, que tem o seguinte teor, in verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. A recorrente também alegou que era indevida a cobrança de juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, matéria há muito superada pela firme jurisprudência do STJ e do STF, em sede de julgamento, respectivamente, sob regime dos recursos repetitivos e de repercussão geral, e sumulada por este Conselho, por meio da Súmula CARF nº 4, cujo enunciado segue transcrito: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. A recorrente também alegou que havia previsão legal para a cobrança de juros moratórios sobre a multa de ofício lançada. Para a recorrente, o art. 43 da Lei 9.430/1996 autorizava a aplicação dos juros Selic apenas sobre a multa é lançada isoladamente. Não assiste razão à recorrente. Com efeito, a cobrança da juros moratórios, com base na variação da taxa Selic, alcança apenas os débitos decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, conforme determina o artigo 61, § 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, § 2º A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis." 16 "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)" Fl. 835DF CARF MF 30 serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...). § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (destacouse) O débito atinente à multa de ofício decorre da aplicação da penalidade pecuniária, que, sabidamente, não tem a mesma natureza do tributo. Diferentemente da multa, o tributo não constitui sanção de ato ilícito, conforme estabelecido no art. 3º do CTN. Em outras palavras, o valor da multa aplicada não tem natureza tributária, mas sancionatória, posto que decorre do descumprimento do dever legal de apurálo ou pagálo. No entanto, há previsão legal expressa para cobrança de juros moratórios, calculado com base na variação da taxa Selic, mas tal cobrança restringese apenas às multas aplicadas isoladamente, nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir reproduzido: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. É pertinentes ressaltar que os transcritos preceitos legais pertencem ao mesmo diploma legal, o que evidencia que o legislador, deliberada e intencionalmente, conferiu tratamento distinto para ambas as situações, mas com o objetivo de conferir tratamento isonômico para as duas situações. E a razão desse tratamento diferente é óbvia, pois, se a multa de ofício incide sobre o valor do tributo devido, acrescido dos juros moratórios, logo, na data do pagamento, tal gravame, automaticamente, também integrará o valor da multa de ofício proporcional. Em outras palavras, não são os juros que incidem sobre a multa, mas sim a multa que incide sobre o crédito tributário acrescido de juros moratórios. Logo, por força dessa característica, o valor dos juros moratórios sempre comporá o valor da multa proporcional ou de ofício, calculada sobre a “totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento”, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996. No mesmo sentido, o entendimento explicitado nos enunciados das ementas dos julgados das 1ª e 3ª Turmas da CSRF, que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 822 31 sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (CSRF, 3ª Turma, Processo nº 10835.001034/0016, Sessão de 15/08/2013, Acórdão nº 9303002400. Relator Joel Miyazaki). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (CSRF, 1ª Turma, Processo nº 13839.001516/200664, Sessão de 15/05/2013, Acórdão nº 9101001657. Relator designado Valmir Sandri) Esse também é o entendimento das Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, conforme explicitado no julgamento do AgRg no REsp 1.335.688/PR, cujo enunciado da ementa segue transcrito: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012) (grifos não originais) Por todas essas razões, fica demonstrado que os juros moratórios incidem diretamente sobre o valor da multa isolada e indiretamente sobre o valor da multa de ofício, calculada proporcionalmente ao valor do tributo lançado. Portanto, em qualquer das hipóteses os juros moratórios são devidos. Por fim, a recorrente alegou que não podia ser responsabilizada pelas referidas multas aplicadas, sob o argumento de que se tratava de atos que ocorreram anteriormente à ocorrência da sucessão e os fatos geradores dos supostos créditos tributários ocorreram anteriormente ao ato de incorporação da empresa sucedida. Para a recorrente, em razão do disposto nos arts. 3º e 132 do CTN, em relação ao ato de sucessão empresarial, a empresa sucessora respondia apenas pelos tributos devidos pelo sucedido até a data do evento, mas não pelas multas pecuniárias. Diferentemente do alegado pela recorrente, aos casos de sucessão empresarial, a interpretação do art. 132 deve ser feita em conjunto com o disposto no art. 129 do CTN, que inaugura a seção de responsabilidade dos sucessores e se irradia efeitos para Fl. 837DF CARF MF 32 todos os comandos legais integrantes da referida Seção. E o citado preceito legal, expressamente, determina que a responsabilidade do sucessor alcança todas as obrigações tributárias e não apenas aquelas derivadas do não pagamento dos tributos. Para facilitar a compreensão, transcrevese a seguir o citado preceito legal: Art. 129. O disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. Com efeito, conquanto o art. 132 do CTN faz referência somente aos tributos devidos pelos sucedidos, se interpretado tal dispositivo conjuntamente com o citado art. 129, chegase à inevitável conclusão de que a regra naquele insculpida aplicase também a todos os créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição, independentemente de serem originários de tributos ou multas tributárias. Em outros palavras, os “créditos tributários” mencionados no aludido art. 129 compreendem não apenas aqueles decorrentes de tributos, mas também os oriundos de penalidades pecuniárias, consoante dessumese do art. 113, § 1º, do CTN. De toda sorte, embora tenha suscitado controvérsia no âmbito de Conselho, com o julgamento da questão pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o regime dos recursos repetitivos, os fundamentos do referido julgado devem ser obrigatoriamente adota nos julgamentos deste Conselho, a teor do que determina o art. 62, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015. O referenciado julgamento do STJ foi realizado no âmbito do Recurso Especial (Resp) nº 923.012/MG, cujos excertos pertinentes do enunciado da ementa seguem transcritos: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. 1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. (Precedentes: REsp 1085071/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2009, DJe 08/06/2009; REsp 959.389/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 21/05/2009; AgRg no REsp 1056302/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; REsp 3.097/RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/10/1990, DJ 19/11/1990) 2. "(...) A hipótese de sucessão empresarial (fusão, cisão, incorporação), assim como nos casos de aquisição de fundo de Fl. 838DF CARF MF Processo nº 10314.004342/200701 Acórdão n.º 3302005.264 S3C3T2 Fl. 823 33 comércio ou estabelecimento comercial e, principalmente, nas configurações de sucessão por transformação do tipo societário (sociedade anônima transformandose em sociedade por cotas de responsabilidade limitada, v.g.), em verdade, não encarta sucessão real, mas apenas legal. O sujeito passivo é a pessoa jurídica que continua total ou parcialmente a existir juridicamente sob outra "roupagem institucional". Portanto, a multa fiscal não se transfere, simplesmente continua a integrar o passivo da empresa que é: a) fusionada; b) incorporada; c) dividida pela cisão; d) adquirida; e) transformada. (Sacha Calmon Navarro Coêlho, in Curso de Direito Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 9ª ed., p. 701) [...] 9. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.17 (grifos não originais) Em decorrência do resultado do referido julgado, em seguida, o referido tribunal editou a Súmula nº 554, cujo enunciado segue transcrito: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. No mesmo sentido, a matéria também encontrase sumulada no âmbito deste Conselho, por meio da Súmula CARF nº 47, que tem o seguinte teor, in verbis: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Por todas essas razões, deve ser mantida as multa aplicadas em nome da recorrente, na condição de sucessora da importadora incorporada. Da conclusão Por todo o exposto, conhecese parcialmente do presente recurso para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade por mudança de critério de jurídico e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PasepImportação e ConfinsImportação o valor do ICMS e das próprias contribuições. (assinado digitalmente) 17 BRASIL. STJ. PRIMEIRA SEÇÃO. REsp 923.012/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010. Fl. 839DF CARF MF 34 José Fernandes do Nascimento. Fl. 840DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.690959/2009-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO
O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe.
PROVAS. PRECLUSÃO.
Diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admite-se a juntada posterior de documentos nos termos da letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.049
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Diego Weis Jr e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. PROVAS. PRECLUSÃO. Diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admite-se a juntada posterior de documentos nos termos da letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.690959/2009-65
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5838804
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.049
nome_arquivo_s : Decisao_10880690959200965.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10880690959200965_5838804.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Diego Weis Jr e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7153158
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008988680192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1549; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.690959/200965 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.049 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de janeiro de 2018 Matéria COMPENSAÇÃO. Recorrente COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SAO PAULO METRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. PROVAS. PRECLUSÃO. Diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admitese a juntada posterior de documentos nos termos da letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Diego Weis Jr e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 69 09 59 /2 00 9- 65 Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10880.690959/200965 Acórdão n.º 3302005.049 S3C3T2 Fl. 3 2 Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação), cujo crédito provém de pagamento indevido ou a maior de COFINS não cumulativo. Por intermédio do Despacho Decisório eletrônico emitido pela unidade de origem, a compensação declarada não foi homologada, tendo em vista a inexistência do crédito. Ciente desta decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de inconformidade alegando em síntese: Apurou e recolheu COFINS não cumulativo incluindo na base de cálculo do tributo, de forma indevida, montante referente a juros e variações monetárias ativas; Desta forma, faz jus ao crédito de COFINS não cumulativo calculado sobre os juros e as variações monetárias; Retificou o DACON c a DCTF, para fins de informar a correta base de cálculo de COFINS não cumulativo; Requer a homologação da compensação declarada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 1632.933. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após regularmente cientificada, apresentou, Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade e apresenta diversos documentos com vistas a comprovar o direito pleiteado. Ao final requer que não sendo possível a análise da documentação apresentada, que seja a mesma remetida à instância de origem, para que sobre ela se pronuncie a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.037, de Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.690959/200965 Acórdão n.º 3302005.049 S3C3T2 Fl. 4 3 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.690947/200931, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.037): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da preclusão probatória Argui o recorrente que apurou e recolheu o PIS/PASEP nãocumulativo de 10/2004 incluindo na base de cálculo do tributo, de forma indevida, montante referente a juros e variações monetárias ativas, fazendo jus, portanto ao crédito de PIS/PASEP não cumulativo calculado sobre os juros e as variações monetárias. Ressalta ainda em favor de sua tese que retificou o DACON c a DCTF, para fins de informar a correta base de cálculo do PIS/PASEP não cumulativo. Ocorre que ao apresentar a Manifestação de Inconformidade, momento processual que instaura a lide administrativa, não comprovou perante o órgão a quo com documentos hábeis e idôneos o recebimento dos referidos juros e variações monetárias ativas e, tampouco que os mesmos compuseram a base de cálculo do tributo, ensejando, por conseguinte pagamento a maior. Quando da apresentação do recurso voluntário acosta documentos não apresentados quando da manifestação de inconformidade. Nesse sentido cabem os seguintes esclarecimentos. A juntada posterior ao momento impugnatório, de provas ao processo somente encontra amparo se comprovadas às condições impostas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10880.690959/200965 Acórdão n.º 3302005.049 S3C3T2 Fl. 5 4 recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito)(grifei). Por oportuno registrese que o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, prescreve em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. Observase que a norma acima destacada é clara ao estabelecer o momento processual a serem carreadas as provas aos autos, pelo contribuinte, a fim de subsidiar o julgador com os elementos probatórios que possibilitem a livre convicção motivada na apreciação das provas dos autos, conforme é assegurado pelo 1art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. No presente caso, como já demonstrado, o contribuinte deixou de apresentar quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, documento comprobatório quanto aos créditos pleiteados. Quanto ao ato de provar pondera 2Fabiana: Mediante a atividade probatória compõese a prova, entendida como fato jurídico em sentido amplo, que é o relato em linguagem competente de evento supostamente acontecido no passado, para que, mediante a decisão do julgador, constituase o fato jurídico em sentido estrito, desencadeando os correspondentes efeitos. (...) Iso não significa, contudo, que para provar algo basta simplesmente juntar um documento aos autos. É preciso estabelecer relação de implicação entre esse documento e o fato que se pretende provar. A prova decorre exatamente do vínculo entre o documento e o fato probando.(grifei). Nesse mister, os documentos apresentados somente em sede recursal, visando comprovar os aludidos créditos não encontram respaldo nas disposições excepcionais previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, visto que sequer demonstra o recorrente estar abrigado em uma das hipóteses excepcionais disciplinadas nas alíneas de "a" a "c" do artigo 16, acima já reproduzidos. Na linha acima expendida revelase incabível devolver os autos à instância a quo para a análise dos documentos apresentados, já que deixaram de ser oportunamente apresentados à referida instância. 1 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 2 Tomé, Fabiana Del Padre, A prova no Direito Tributário, São Paulo:Noeses, 2005, págs:177/178. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.690959/200965 Acórdão n.º 3302005.049 S3C3T2 Fl. 6 5 Tendo em vista que em votação, a maioria dos conselheiros acolheu apenas a conclusão desta relatora, seguem abaixo reproduzidos, conforme determina o artigo 63, § 8º do Anexo II do RICARF, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. Por entender aplicável ao presente caso a norma prevista na letra "c", do §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72 que, diante de fatos e razões novas trazidas aos autos, admite a juntada posterior de documentos, os demais Conselheiros decidiram afastar a preclusão aplicada pela i. Relatora. Isto porque, diferentemente do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação por inexistência do crédito, a matéria concernente a comprovação da origem dos créditos apurados pela Recorrente somente foi trazida aos autos quando do proferimento da decisão combatida, oportunizando, assim, a Recorrente contrapor os fatos novos com a juntada de documentos que entendese necessário para tanto. Por este motivo, restou decidido pelos demais Conselheiros afastar a preclusão e admitir a análise dos documentos juntados pela Recorrente em seu recurso voluntário. Pois bem. Em sede recursal a Recorrente trouxe as seguintes alegações de mérito: "A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo Capital indeferiu a Manifestação de Inconformidade apresentada pela Recorrente sob o argumento de que competia a ela apresentar documentos contábeis e fiscais que comprovassem o recolhimento a maior do tributo cuja homologação de compensação for requerida mas esta não os apresentou. (...) Nestas condições, em que a exigência do crédito tributário deve se pautar pelo princípio da verdade material, com base no mesmo princípio dever apurado o crédito reclamado pela Recorrente, razão pela qual a ela deve ser reconhecido o direito de trazer aos autos do presente processo, mesmo em sede de Recurso Voluntário, os documentos fiscais e contábeis que demonstram a sua existência, para seja homologada a compensação por ela realizada. Juntamente com suas razões recursais a Recorrente carreou aos autos os seguintes documentos para comprovar seu pretenso direito: (i) PER/DCOMP; (ii) Comprovantes de arrecadação; e (iii) planilhas e livros diário geral. Entretanto, constatase que no recurso interposto pela Recorrente não há uma linha argumentativa demonstrando a composição/origem do crédito perseguido pelo contribuinte, limitando, suas alegações, apenas em relação ao direito de juntar documentos em sede recursal. Ora, caberia a Recorrente explicitar, ainda que de forma concisa, a composição/origem do crédito e, apontar quais documentos dão suporte às suas alegações, nada neste sentido foi realizado pela Recorrente. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10880.690959/200965 Acórdão n.º 3302005.049 S3C3T2 Fl. 7 6 Ressaltase que o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC3). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. Deste modo, tornase imprestável os documentos juntados pela Recorrente para o fim de comprovar o direito ao crédito, motivo pelo qual os demais Conselheiros acompanharam a i. ilustre Relatora pelas conclusões. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 3 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor Fl. 91DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11613.000061/2006-89
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 06/03/2006
INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE DO SUJEITO PASSIVO. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO.
O registro da Declaração de Importação (DI) é providência que dá início ao procedimento fiscal pois integrante do despacho aduaneiro da mercadoria, nos termos do art. 7º, inciso III, do Decreto nº 70.235/72 e art. 102 do Decreto-Lei nº 37/66. Efetuado o pagamento dos tributos após o registro da declaração de importação, resta afastada a espontaneidade do sujeito passivo, sendo cabível o acréscimo da multa de ofício à exigência fiscal.
Numero da decisão: 9303-006.498
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 06/03/2006 INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE DO SUJEITO PASSIVO. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. O registro da Declaração de Importação (DI) é providência que dá início ao procedimento fiscal pois integrante do despacho aduaneiro da mercadoria, nos termos do art. 7º, inciso III, do Decreto nº 70.235/72 e art. 102 do Decreto-Lei nº 37/66. Efetuado o pagamento dos tributos após o registro da declaração de importação, resta afastada a espontaneidade do sujeito passivo, sendo cabível o acréscimo da multa de ofício à exigência fiscal.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11613.000061/2006-89
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5855095
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.498
nome_arquivo_s : Decisao_11613000061200689.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : VANESSA MARINI CECCONELLO
nome_arquivo_pdf_s : 11613000061200689_5855095.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
id : 7234335
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008990777344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1401; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 211 1 210 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11613.000061/200689 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303006.498 – 3ª Turma Sessão de 14 de março de 2018 Matéria COFINS Recorrente BRASKEM S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 06/03/2006 INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE DO SUJEITO PASSIVO. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. O registro da Declaração de Importação (DI) é providência que dá início ao procedimento fiscal pois integrante do despacho aduaneiro da mercadoria, nos termos do art. 7º, inciso III, do Decreto nº 70.235/72 e art. 102 do DecretoLei nº 37/66. Efetuado o pagamento dos tributos após o registro da declaração de importação, resta afastada a espontaneidade do sujeito passivo, sendo cabível o acréscimo da multa de ofício à exigência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 3. 00 00 61 /2 00 6- 89 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 212 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte (fls. 143 a 197) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vigente à época da interposição, buscando a reforma do Acórdão nº 310201.252 (fls. 580 a 595) proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 10/11/2011, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003, 01/02/2004 a 30/06/2004 FALTA DE DECLARAÇÃO E DE RECOLHIMENTO. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 06/03/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não é nulo o ato praticado pela Fiscalização quando claramente identificada nos autos a conduta irregular praticada pelo administrado e a infração correspondente. DESPACHO ADUANEIRO. INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. O começo do despacho aduaneiro de mercadoria importada caracteriza início de procedimento fiscal, excluindo a espontaneidade do sujeito passivo, circunstância na qual a exigência é acrescida de multa de ofício. Recurso Voluntário Negado Fl. 212DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 213 3 A Recorrente alega divergência com relação à aplicação da multa de ofício em relação a crédito tributário recolhido em atraso, com acréscimo de multa moratória, antes da lavratura de auto de infração, após o registro da Declaração de Importação. A recorrente alega a espontaneidade, por ter recolhido o valor antes de qualquer procedimento fiscal. Para comprovar a divergência, colacionou como paradigmas os acórdãos nºs CSRF/0303.940 e CSRF/0304.315. No exame de admissibilidade do recurso especial, foi dado seguimento, nos termos do despacho S/Nº, de 22/03/2016 (fls. 199 a 201), proferido pelo Ilustre Presidente da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 203 a 209) postulando a negativa de provimento. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 214 4 Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito A discussão principal posta nos autos referese à aplicação da multa de ofício em relação a crédito tributário recolhido em atraso, com acréscimo de multa moratória, antes da lavratura de auto de infração, após o registro da Declaração de Importação. Defende a Contribuinte ser aplicável o instituto da denúncia espontânea, consoante art. 138 do CTN, por ter recolhido o tributo anteriormente a qualquer procedimento de Fiscalização. Para o deslinde da controvérsia, transcrevese a redação do dispositivo em comento: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Na decisão recorrida, o Colegiado considerou não ter havido a denúncia espontânea pois o recolhimento do tributo, acrescido dos consectários legais, teria ocorrido após o registro da Declaração de Importação, procedimento administrativo que caracterizaria o início do procedimento fiscal. O acórdão embasouse nos seguintes fundamentos: [...] Fl. 214DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 215 5 Primeiro, não há que se falar em espontaneidade. Tal como expresso no Decreto 70.235/72 e alterações posteriores, o registro da declaração de importação exclui a espontaneidade do sujeito passivo. Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. No mesmo sentido o DecretoLei nº. 37/66, dispositivo introduzido pelo DecretoLei nº. 2.472/88. Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui somente as penalidades de natureza tributária. Ausente o instituto da espontaneidade, salvo hipóteses especiais, não se cogita da aplicação da multa de mora, mas sempre da multa de ofício. Assim, não socorre à recorrente o argumento de que a exigência de multa de oficio isolada depende de que tributo ou a contribuição tenham sido pagos após o vencimento do prazo, mas sem o acréscimo de multa de mora, pois esta vinculase à condição de que o contribuinte seja espontâneo, sem a qual, como já se disse, não se cogita da multa de mora. Também pouco importa que o PIS/COFINS importação somente tenham sido exigidos após a declaração da empresa de que as referidas contribuições Fl. 215DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 216 6 eram devidas e que não haviam sido recolhidas. Tal inciativa não tem o condão de reestabelecer a condição de espontaneidade. No mesmo sentido, a revogação do inciso I do artigo 44 da Lei 9.430/96, deixando de considerar infração o recolhimento de tributo fora do prazo sem acréscimo de multa moratória não tem qualquer influência no caso concreto, pois tal previsão também referese às situações nas quais o administrado seja espontâneo, sem o que, repitase, não se cogita falar em pagamento fora do prazo com acréscimo de multa moratória, mas sempre com acréscimo da multa de ofício. Inaplicável, também, a previsão de que o tributo regularmente declarado, mas não recolhido, possa ser pago após iniciado o procedimento de fiscalização, no prazo de 20 dias, com os acréscimos aplicáveis ao procedimento espontâneo, pelo simples fato de que as contribuições exigidas não foram declaradas. Lembrese que na Declaração de Importação objeto de autuação, foi informada alíquota zero, ou seja, nenhum valor foi declarado para pagamento. Quanto a isso, oportuno acrescentar que em nenhuma hipótese admitese confundir a fixação da alíquota em percentual zero com o instituto da isenção, razão pela qual não há como aplicar o disposto no ADN Cosit nº 10/97. Finalmente, a ausência de dolo nos atos praticados pela empresa também não traz nenhuma consequência à solução do litígio. A responsabilidade por infração tributária, como se sabe, é objetiva. Se constatada a intenção nos atos praticados pelo contribuinte, agravase a pena a um percentual bem mais elevado, o que, no caso concreto, não ocorreu. [...] A Contribuinte alega que a importação de nafta estava isenta de tributação do PIS/COFINS na importação, em razão do disposto no art. 8º, §12, VIII, da Lei 10.865/2004, isenção essa que vigorou até 28/02/2006. A Lei nº 11.196/2005, que entrou em vigor em 01/03/2006, a importação do produto passou a ser tributada. Em 06/03/2006, a empresa registrou a DI nº06/02507299, informando a importação de nafta para consumo interno, informando nos "dados complementares" a alíquota reduzida a zero em razão do art. 8º, §12, VIII, da Lei nº 10.865/2004. Entretanto, em 08/03/2006, a Recorrente informou à Inspetoria do Porto de Aratu o equívoco cometido, postulando o recolhimento das contribuições do PIS e da CFINS quando do registro da retificação, pedido esse que foi indeferido, com ciência da empresa em 22/03/2006, data em que providenciou o imediato pagamento dos tributos exigidos. Entende a Contribuinte ter efetuado o pagamento de forma espontânea, do montante devido a título dos tributos, acrescido de multa de mora exigida pelo Auditor Fiscal através do SISCOMEX. No entanto, quando da realização do pagamento dos tributos, já havia sido realizado o registro da Declaração de Importação (DI), providência que dá início ao Fl. 216DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 217 7 procedimento fiscal pois integrante do despacho aduaneiro da mercadoria, nos termos do art. 7º, inciso III, do Decreto nº 70.235/72 e art. 102 do DecretoLei nº 37/66. No mesmo sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1118815/RS, assim ementada, in verbis: TRIBUTÁRIO. PIS/COFINSIMPORTAÇÃO. FATO GERADOR. LEI 10.865/2004. REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. REGULAMENTO ADUANEIRO. REGISTRO ANTECIPADO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. DESPACHO ANTERIOR À OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. BENEFÍCIO FISCAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA. 1. O registro antecipado da declaração de importação é mero benefício concedido pela autoridade fiscal ao importador (sob a condição de recolhimento de eventual diferença tributária por ocasião da ocorrência do fato gerador), cuja finalidade específica é propiciar a descarga direta de cargas a granel, não tendo o condão de alterar o momento da ocorrência do fato gerador, para fazêlo retroagir. A previsão em lei é imprescindível à exigência de recolhimento do tributo antes da ocorrência do fato gerador. 2. O fato imponível das contribuições para o PIS/COFINSImportação ocorre com a entrada dos bens estrangeiros no território nacional, sendo certo que, para efeitos de cálculo, realizase na data do registro da declaração de importação de bens submetidos a despacho para consumo, nos termos da Lei n. 10.865/2004, in verbis: "Art. 3o O fato gerador será: I a entrada de bens estrangeiros no território nacional; (...)" "Art. 4o Para efeito de cálculo das contribuições, considerase ocorrido o fato gerador: I na data do registro da declaração de importação de bens submetidos a despacho para consumo;(...)" 3. Com efeito, ante a dificuldade na aferição do exato momento em que se realiza a entrada dos bens no território nacional (fato gerador material), a referida lei, para efeito de cálculo das contribuições, estabeleceu, como elemento temporal do fato gerador, a data do registro da declaração de importação, de molde a facilitar a arrecadação e a fiscalização pela autoridade administrativa. (Precedente: REsp 968.842/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/03/2008, DJe 14/04/2008) 4. O art. 144 do CTN prescreve que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, por isso que, considerandose ocorrido o fato gerador das contribuições na data de registro da declaração de importação, a lei vigente nesse momento rege o lançamento. 5. O despacho aduaneiro, efetuado na data de registro da declaração de importação, coincide com o momento definido por lei como de ocorrência do fato gerador do PIS/COFINSImportação, sendo certo que, antes da entrada da mercadoria no território nacional, não há importação. 6. In casu, os registros foram efetuados na modalidade de Registro Antecipado, vale dizer, houve o registro da declaração de importação, anteriormente à ocorrência do fato gerador das contribuições. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 11613.000061/200689 Acórdão n.º 9303006.498 CSRFT3 Fl. 218 8 7. O registro antecipado da declaração de importação não tem o condão de alterar o momento da ocorrência do fato gerador, para fazêlo retroagir. 8. No caso sub judice, o registro antecipado das Declarações de Importação foi realizado em 28, 29 e 30/04/2004, tendo ocorrido os fatos geradores após o início da vigência da Lei 10.865/2004, que instituiu as contribuições, por isso que devidos os tributos e a multa por atraso no recolhimento. 9. O Regulamento Aduaneiro, no art. 612, prevê que, in verbis: "Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (Decretolei nº 37, de 1966, art. 102, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 1º). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada (Decretolei nº 37, de 1966, art. 102, § 1º, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 1º): I no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; ou II após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração." 10. In casu, consoante consignado pelo Tribunal a quo, "o recolhimento com atraso das contribuições, no caso, ocorreu no curso do despacho aduaneiro, de modo que não resta configurada a denúncia espontânea." (fls. eSTJ 288) 11. Recurso especial desprovido. (REsp 1118815/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe 09/09/2010) Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 218DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.004052/2009-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 09 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.256
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 09 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10909.004052/2009-21
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5839633
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 09 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-001.256
nome_arquivo_s : Decisao_10909004052200921.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : DIEGO DINIZ RIBEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 10909004052200921_5839633.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7155594
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008993923072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1479; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10909.004052/200921 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.256 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 26 de fevereiro de 2018 Assunto Multa e Juros Recorrente DISPET INDUSTRIA COM IMP EXP LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar o caso em questão, adoto como meu parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Recife (acórdão n. 11053.588 fls. 1.546/1.561), o que passo a fazer nos seguintes termos: Tratase de auto de infração por meio do qual é formalizada a exigência de multa de ofício e juros de lançados isoladamente, em face do recolhimento da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep incidentes sobre a importação em valores alegadamente inferiores ao devido. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 09 .0 04 05 2/ 20 09 -2 1 Fl. 1651DF CARF MF Processo nº 10909.004052/200921 Resolução nº 3402001.256 S3C4T2 Fl. 3 2 Em síntese, segundo consignado no Relatório Fiscal, no período compreendido entre 01/01 e 22/07/2005, a contribuinte teria importado embalagens classificadas no código NCM 3923.30.00 (préformas plásticas), tributadas à alíquota específica, em razão da aplicação dos art. 59 e 51 da Lei nº 10.833, de 2003 e 8º da Lei nº 10.865, de 2004, combinados, mas teria calculado e recolhido tais contribuições mediante a aplicação de alíquota ad valorem. Para tanto, apoiarase em liminar concedida nos autos do Mandado de Segurança nº 2005.72.08.0005140, cujo mérito teria sido julgado de maneira desfavorável à pretensão o contribuinte. (...). 2. Uma vez intimado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 1.407/1.445, a qual foi julgada improcedente, por voto de qualidade, nos termos do acórdão alhures citado e cuja ementa segue abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 LANÇAMENTO DE MULTA DE OFÍCIO SOBRE A PARCELA DAS CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDA NA IMPORTAÇÃO. HIGIDEZ. Verificado o recolhimento a menor das contribuições incidentes sobre a importação, cabe o lançamento da diferença, acrescido de multa de ofício e juros de mora. O fato de autoridade fiscal haver adotado entendimento benéfico à contribuinte, por avaliar que existiriam créditos decorrentes da contribuição incidente sobre a venda posterior das mesmas mercadorias, deixando de lançar a diferença de tributos, não afasta a infração. O fato narrado nos autos não se confunde com a aplicação de multa isolada, não mais em vigor, às hipóteses de recolhimento extemporâneo desacompanhado da multa de mora e juros. LANÇAMENTO DOS JUROS MORATÓRIOS SOBRE A PARCELA DAS CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDA NA IMPORTAÇÃO. PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE A DATA DA IMPORTAÇÃO E A DATA DA VENDA QUE GEROU O CRÉDITO. HIGIDEZ. A cobrança de juros isolados, encontrase amparada nos arts. 663 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 4.543/2003, 5º do Decretolei nº 1736/1979 e 161 do CTN, tendo como fundamento o fato de que a contribuinte recolhera as contribuições litigiosas em montante inferior ao devido, por ocasião do registro das respectivas declarações de importação. Os juros devidos foram corretamente calculados, considerado o período compreendido entre a data da importação e a data da venda que gerou o crédito que se entendeu apto a deduzir o montante devido. Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 10909.004052/200921 Resolução nº 3402001.256 S3C4T2 Fl. 4 3 INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS. APLICAÇÃO DE ALÍQUOTA ESPECÍFICA. IRRELEVÂNCIA. A inclusão ou não do ICMS na base de cálculo das contribuições quando da adoção de alíquota ad valorem, por ocasião no despacho aduaneiro, não macula a higidez do presente lançamento, vez o montante efetivamente devido é calculado mediante aplicação de alíquota específica. Desta feita, o montante à época calculado e recolhido, certo ou errado, foi integralmente deduzido do montante efetivamente devido, sendo este último calculado sem influência do ICMS. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 3. Inconformado com tal decisão, o contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 1.576/1.607, o qual encontrase em julgamento. 4. É o relatório. Resolução 5. Consoante se observa do relatório alhures desenvolvido, a presente exigência não tem por escopo cobrar valores devidos a título de tributo, mas apenas multa de ofício (75%) para diferenças devidas a título de PIS e COFINS incidentes em importações de embalagens pets realizadas no período compreendido entre 06 de janeiro e 22 de julho de 2005, bem como juros moratórios para fatos geradores ocorridos nos anos de 2005, 2006 e 2007, bem como para a operação datada de 29 de setembro de 2009. 6. Acontece que, conforme consta dos autos, esta suposta diferença de tributos, decorrente da incidência de PIS e COFINS importação com alíquota ad valorem (posicionamento do contribuinte) ou com alíquota específica (entendimento fiscal) foi objeto de questionamento judicial e, inclusive, de depósito judicial promovido pelo contribuinte. 7. Nesse sentido, dentre outros pontos desenvolvidos em suas razões recursais, o contribuinte aduz que em razão do citado depósito judicial perpetrado, não haveria que se falar em incidência de multa de ofício nem de juros de mora para as importações objeto de fiscalização e, repitase, compreendidas entre 06 de janeiro e 22 de julho de 2005. 8. Da análise dos documentos acostados com o recurso voluntário, é possível constatar a existência de um depósito judicial complementar na quantia de R$ 189.472,99, o qual, conjugado com a decisão acostada a fls 1.637/1.639, atesta que o contribuinte aparentemente realizou o depósito judicial decorrente da discussão travada no âmbito do mandado de segurança n. 2005.72.08.0005140, com trâmite pela Justiça Federal de Itajaí/SC. Não é possível atestar, todavia, se os depósitos judiciais efetuados pelo contribuinte são suficientes para acobertar o total dos tributos questionados judicialmente, bem como se tais depósitos foram realizados tempestivamente, o que é essencial para o deslinde do presente processo administrativo. 9. Nesse sentido, resolvo converter o presente julgamento em diligência, para que a unidade preparadora tome as seguintes providências: Fl. 1653DF CARF MF Processo nº 10909.004052/200921 Resolução nº 3402001.256 S3C4T2 Fl. 5 4 (i) intime o contribuinte para fazer prova de tais depósitos judiciais, devendo, para esse fim, juntar as cópias processuais pertinentes, bem como a certidão de inteiro teor do processo judicial aqui referido; (ii) de posse de tais documentos, deverá a unidade preparadora apresentar relatório fiscal detalhado, apontando se tais depósitos tem o condão de repercutir na presente exigência fiscal e em que termos; e, por fim (iii) elaborado o relatório fiscal alhures mencionado, o contribuinte deverá ser intimado para manifestarse a seu respeito em 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 10. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 1654DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923163/2012-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 18/01/2008
CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE.
No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento.
AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa.
COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA
Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.863
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dèrouléde - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do Fato Gerador: 18/01/2008 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.923163/2012-08
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5830862
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-004.863
nome_arquivo_s : Decisao_10880923163201208.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10880923163201208_5830862.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dèrouléde - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
id : 7125434
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:12:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050009027477504
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1955; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.923163/201208 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.863 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO. DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 18/01/2008 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dèrouléde Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 31 63 /2 01 2- 08 Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10880.923163/201208 Acórdão n.º 3302004.863 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB com créditos decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio de Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada não foi homologada na sua totalidade, tendo em vista que o valor do pagamento tido como origem do crédito pretendido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Na Manifestação de Inconformidade apresentada, a contribuinte salienta que sempre cumpriu com suas obrigações tributárias, recolhendoas nos seus devidos prazos ou por força maior, com os devidos encargos legais, por isso discorda do débito cobrado no Despacho Decisório. Diz ser detentora de crédito decorrente de pagamento supostamente indevido ou a maior, que foi utilizado para compensar débito no mesmo valor, cuja data de vencimento é a mesma do recolhimento. Lembra que não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados em Per/Dcomp e não imputou multa e juros sobre os débitos compensados porque são do mesmo período de apuração. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06045.327. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da Declaração de Compensação, na forma da legislação de regência. Cientificada daquela decisão a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese que: · existe nulidade do despacho decisório e do acórdão recorrido por ausência de motivação, dada a generalidade da fundamentação sem aferir o real motivo do indeferimento ou o equívoco cometido pela recorrente, com consequente cerceamento do direito de defesa; · o despacho que não homologa o pedido de compensação deve conter, tal qual o auto de infração, a descrição do fato, disposição legal infringida e multa aplicável; · não houve prejuízo para o Erário, pois apenas houve erro na rubrica no DARF, e não atraso no recolhimento; · a cobrança de multa de mora sem atraso no recolhimento constitui enriquecimento sem causa Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10880.923163/201208 Acórdão n.º 3302004.863 S3C3T2 Fl. 4 3 · não há que se falar em juros de mora uma vez que, no caso, o período de apuração é o mesmo para o crédito e o débito. · subsidiariamente solicita diligência para reexame dos documentos; · reitera a necessidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em análise , finalmente · solicita que a advogada da causa seja intimada e informada de todas as publicações sob pena de arguição de nulidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.825, de 25 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.923119/201290, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.825): "O Recurso deve ser conhecido por ter sido apresentado tempestivamente e atender os demais pressupostos e requisitos de admissibilidade. Do pedido do subscritor do recurso (advogada) para recebimento de futuras publicações/intimações no endereço por ela indicado. No Processo Administrativo Fiscal PAF o artigo 10 do Decreto nº 7.574 estabelece as formas de intimação sempre direcionadas ao próprio contribuinte. Por sua vez o artigo 26 e seguintes da Lei nº 9.784, de 1999 Processo Administrativo Federal também não prevê que o advogado possa ser comunicado dos atos de interesse do administrado que em última instância é quem sofrerá seus efeitos. Atentese, ainda, que a intimação em sede de PAF é de competência da RFB não havendo pronunciamento normativo do CARF amparando a pretensão, assim sendo, indefiro o pedido. Do alegado cerceamento ao direito de defesa Sem razão a Recorrente. O Despacho Decisório de fl, 17, assim como a Decisão recorrida estão perfeitamente fundamentados, com enquadramento legal, descrição dos fatos e cálculo da valoração (detalhamento da compensação, valores devedores e Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10880.923163/201208 Acórdão n.º 3302004.863 S3C3T2 Fl. 5 4 emissão de DARF, fl. 11), portanto não há que se falar em nulidade de atos ou cerceamento ao direito de defesa. Mérito Cuida o presente processo de erro cometido pela Recorrente no preenchimento de código em DARF pago, cujo valor a Recorrente deseja aproveitar para pagamento do débito correspondente ao código/tributo correto sem, entretanto, sofrer os acréscimos legais da multa de mora. A recorrente não alega qualquer tipo de erro nos débitos nem há notícia de que os mesmos não tenham sido informados nas correspondentes declarações entregues antes do PerDcomp, assim sendo, os fatos mostramse incontroversos e dispensam diligência. Não se vislumbra incorreção no procedimento da RFB na análise do PerDcomp que culminou com cobrança de débitos indevidamente compensados em virtude do contribuinte não ter considerado a multa de mora no pagamento/compensação dos débitos. Pois bem, um tributo só é considerado efetivamente pago, total ou parcialmente, quando o sistema de dados da Fazenda Nacional compara o código informado no DARF com o correspondente código do débito informado em declaração específica e faz a vinculação entre ambos. Caso contrário o valor recolhido equivocadamente permanece "em aberto" como crédito e não como pagamento, podendo por isso ser restituído acrescido dos juros compensatórios. Por outro lado o débito formalmente declarado, que não corresponde ao código informado equivocadamente no DARF, continua sem quitação e a sofrer os acréscimos de juros e multa de mora. Optando ou não a contribuinte pela compensação, sempre haverá cobrança de mora se o débito não foi formalmente liquidado na data do vencimento, independente de quando tenha sido realizado o pagamento indevido. A sistemática de análise de PerDcomp não altera essas duas situações distintas e independentes (pagamento indevido e pagamento em atraso), pois ela apenas faz o encontro de contas na data da entrega do PerdComp, momento da valoração do crédito para restituição e automática conversão em pagamento do débito em aberto, total ou parcialmente, mediante compensação. Repitase que este encontro de contas sempre será desfavorável ao contribuinte tendo em vista que o código do débito1, 1 Lei 9.430, de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10880.923163/201208 Acórdão n.º 3302004.863 S3C3T2 Fl. 6 5 correspondente ao código correto que deveria constar no DARF, não foi encontrado pelo sistema e assim o débito em aberto sofre acréscimos da multa de mora diária mais juros de mora mensais até a data a entrega do Perdcomp, enquanto que (ii) o crédito2 a ser restituído e compensando sofre somente os juros compensatórios mensais, calculados também até a data da entrega do PerDcomp. Em resumo, se no momento da valoração, ou seja na data da transmissão da PerDcomp, o débito que se buscou compensar já estava sujeito a acréscimos moratórios, e o crédito com seus acréscimos não foram suficientes para quitálos, então a compensação é homologada parcialmente e o saldo residual do débito considerado indevidamente compensado, exigindose, em consequência, seu pagamento com os acréscimos legais3. A mesma sistemática se repete em sucessivos PerDcomp quando existe saldo residual de crédito na compensação homologada a ser aproveitado em outro(s) PerdComp. A situação parece injusta mormente porque o pagamento indevido ou a maior decorre em regra de um erro do contribuinte que não pretendia ficar em mora, porém não é o caso de se aplicar o art. 108 do CTN, pois verificase que não foi a RFB que deu causa ao erro. Ademais, mesmo sem levar em consideração os transtornos e custos que os erros causam à administração, há de se observar ainda que o julgador administrativo está vinculado à lei, ainda na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 2 Art. 72. O crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado com o acréscimo de juros Selic para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: II houver a entrega da Declaração de Compensação ...; § 1º No cálculo dos juros de que trata o caput, observarseá, como termo inicial da incidência: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 973, de 27 de novembro de 2009) III na hipótese de pagamento indevido ou a maior: c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; 3 Lei nº 9.430 /1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito... § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IN 900/2009 Art. 38. O tributo objeto de compensação não homologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10880.923163/201208 Acórdão n.º 3302004.863 S3C3T2 Fl. 7 6 que esta reflita apenas aspectos sobre cumprimento dos prazos e forma de apuração dos valores, e assim não pode deixar de reconhecer a aplicação destas formalidades legais utilizadas para cálculo da restituição de pagamentos indevidos e para cobrança de débitos vencidos, independente deste tipo de erro cometido pela contribuinte que o deixou em mora. Não se vislumbra ilegalidade no procedimento da Receita Federal e tampouco enriquecimento ilícito da União, pois decorrente da lei. Conclusão Diante de tudo que foi exposto, rejeito a preliminar arguida, e no mérito nego provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o(s) débito(s) que se procuravam compensar já se encontravam vencidos na data em que foi transmitida a DCOMP inicial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.002050/00-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1997, 1998, 1999 BUSCA DA VERDADE MATERIAL - No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador e se a obrigação teve seu nascimento e regular constituição. Nesse contexto, devem ser superados os erros de procedimentos dos contribuintes ou da fiscalização que não impliquem em prejuízo às partes e, por conseqüência, ao processo. IRPJ E CSLL .RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO DE DIPJ. COMPROVAÇÃO APRECIAÇÃO. CABIMENTO. Cumpre a autoridade administrativa apreciar alegações de defesa, no sentido de que incorreu em erros de preenchimento das declarações de IRPJ, ainda que não tenha apresentado declarações retificadoras das DCTF. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1402-000.686
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para determinar o retorno dos autos à DRF de Origem, para que aprecie o pleito, levando em consideração as declarações retificadoras do IRPJ, adentrando no mérito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. Participou do julgamento, o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Antônio José Praga de Souza
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPJ - restituição e compensação
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1997, 1998, 1999 BUSCA DA VERDADE MATERIAL - No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador e se a obrigação teve seu nascimento e regular constituição. Nesse contexto, devem ser superados os erros de procedimentos dos contribuintes ou da fiscalização que não impliquem em prejuízo às partes e, por conseqüência, ao processo. IRPJ E CSLL .RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO DE DIPJ. COMPROVAÇÃO APRECIAÇÃO. CABIMENTO. Cumpre a autoridade administrativa apreciar alegações de defesa, no sentido de que incorreu em erros de preenchimento das declarações de IRPJ, ainda que não tenha apresentado declarações retificadoras das DCTF. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 11020.002050/00-19
conteudo_id_s : 5846844
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1402-000.686
nome_arquivo_s : Decisao_110200020500019.pdf
nome_relator_s : Antônio José Praga de Souza
nome_arquivo_pdf_s : 110200020500019_5846844.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para determinar o retorno dos autos à DRF de Origem, para que aprecie o pleito, levando em consideração as declarações retificadoras do IRPJ, adentrando no mérito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. Participou do julgamento, o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro.
dt_sessao_tdt : Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
id : 7182420
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050009056837632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2156; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1 1 0 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.002050/0019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 140200.686 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 5 de agosto de 2011 Matéria RESTITUICAOIRPJ Recorrente RANDON SISTEMAS DE AQUISICAO SC LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997, 1998, 1999 BUSCA DA VERDADE MATERIAL No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador e se a obrigação teve seu nascimento e regular constituição. Nesse contexto, devem ser superados os erros de procedimentos dos contribuintes ou da fiscalização que não impliquem em prejuízo às partes e, por conseqüência, ao processo. IRPJ E CSLL .RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO DE DIPJ. COMPROVAÇÃO APRECIAÇÃO. CABIMENTO. Cumpre a autoridade administrativa apreciar alegações de defesa, no sentido de que incorreu em erros de preenchimento das declarações de IRPJ, ainda que não tenha apresentado declarações retificadoras das DCTF. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para determinar o retorno dos autos à DRF de Origem, para que aprecie o pleito, levando em consideração as declarações retificadoras do IRPJ, adentrando no mérito, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. Participou do julgamento, o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Fl. 1717DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Relatório RANDON SISTEMAS DE AQUISICAO SC LTDA., nova denominação de RANDON CONSÓRCIOS LTDA., com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF), recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que deferiu em parte seu pleito. Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Tratase de pedidos de restituição do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) pagos a maior nos anos calendário de 1997, 1998 e 1999, no valor de R$274.009,92 e R$138.249,48, respectivamente (fl. 01 e 02). Os requerimentos, protocolados em 06/10/2000, foram cumulados com pedidos de compensação apresentados na mesma data, totalizando R$401.011,81 (fl. 03 a 05). Em 08/10/2004 a Delegacia da Receita Federal em Caxias do Sul apreciou o pedido negando a restituição e não homologando as compensações vinculadas ao crédito pleiteado, sob os seguintes fundamentos (fl. 369 a 380): a) preliminarmente, destaca que o contribuinte apresenta constantes desencontros entre as informações declaradas em DCTF e em DIPJ, bem assim não observou o previsto no art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 166, de 23/12/99, razão pela qual os recolhimentos serão considerados como saldo de declaração; b) que no anobase de 1997 constatou erro no preenchimento, pelo contribuinte, das fichas 08 e 11 da DIRPJ, as quais, após reconstituídas, apontaram saldo de imposto a pagar, não havendo o que restituir a título de IRPJ e CSLL; c) no anocalendário de 1998 também houve erro no preenchimento das fichas 13 e 30 da DIPJ, as quais, reconstituídas, apontaram saldo credor inferior ao apurado pelo contribuinte. Além disso, o valor restante já teria sido utilizado em compensações anteriores, nada havendo a ser restituído a título de IRPJ e CSLL; d) no anocalendário de 1999, o contribuinte teria inserido na linha 25 da ficha 30 da DIPJ o valor correspondente ao recolhimento com vencimento em fevereiro de 1999, contrariando a legislação. Reconstituindo os dados declarados, foi apurado saldo credor inferior ao argüido pelo contribuinte, e que já havia sido utilizado na compensação de outros débitos, não cabendo qualquer restituição do IRPJ e da CSLL deste período. Fl. 1718DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 3 Da negativa de restituição resultou a cobrança dos valores que tiveram sua compensação não homologada, totalizando R$572.069,03 (fl. 384 e 385). A decisão foi cientificada ao contribuinte em 21/02/2005 (fl. 386) que, inconformado com a decisão, apresentou em 23/03/2005 manifestação de inconformidade alicerçada nos seguintes argumentos (fl. 393 a 446): a) que os débitos do IRPJ apurados em janeiro, fevereiro, setembro e outubro de 1997 foram compensados, em pedido de compensação, com o saldo negativo do IRPJ apurado no anocalendário de 1999, resultando o valor de R$111.070,64 a compensar na DIPJ de 1997, que por sua vez originou o saldo negativo de R$11.507,78, demonstrando a pertinência da restituição pleiteada; b) que no anocalendário de 1998, a diferença não aceita pela autoridade administrativa referese à atualização monetária dos valores pagos a maior a título de IRPJ, pois, a teor do art. 35 da Lei nº 8.981/95 e art. 2º da Lei nº 9.430/96, podia reduzir, do IRPJ devido por estimativa em determinado mês, os valores pagos nos meses anteriores. Caso não o fizesse, o valor pago a maior em virtude dessa não redução constitui pagamento indevido, cabível a aplicação da taxa Selic na sua restituição a partir do mês seguinte ao pagamento; c) para reforçar seu argumento, argúi com o art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 22, de 18/04/96, no art. 38 da Instrução Normativa nº 210, de 2002, no art. 51 da Instrução Normativa SRF nº 460, de 2004, no art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995, e no art. 896 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR). Reconhece ter cometido erro no cálculo a atualização por ocasião da entrega da DIPJ mas, mesmo assim, entende ter direito à restituição de R$117.040,43; d) relativamente ao IRPJ do anocalendário de 1999, também argumenta não ter sido considerado o valor da atualização monetária dos pagamentos realizados no curso do período de modo que, reproduzindo os argumentos trazidos em relação ao ano calendário de 1998, conclui ser devida a restituição de R$119.848,97; e) quanto à CSLL de 1997, também alega ter efetuado a compensação, em pedido próprio, das parcelas devidas em janeiro, fevereiro, agosto e setembro de 1997 com o saldo negativo da CSLL apurado no ano de 1999. Reconhece, entretanto, ter errado no pedido original, pelo que entende devida a restituição de R$1.077,79; f) relativamente à CSLL paga a maior no anocalendário de 1998, concorda ter havido erro de cálculo por ocasião da apresentação da DIPJ retificadora. Mesmo assim, entende cabível a restituição de R$63.400,16 referentes à atualização monetária das parcelas pagas no decorrer do ano, ao abrigo de idênticos fundamentos e legislação mencionados no item “b” e “c”; g) quanto à CSLL do anocalendário de 1999, reconhece ter pleiteado valor superior ao devido. Entretanto, entende que remanesce devida parte da restituição pois: o terço da Cofins paga e compensável com a CSLL excede em R$1.111,42 aquele apontado pela autoridade administrativa, tendo havido erro de cálculo; a autoridade não considerou a atualização monetária dos valores pagos a maior no decorrer do anocalendário de 1999, expendendo a mesma argumentação mencionada no item “b” e “c” Fl. 1719DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 4 Menciona, ainda, que diversos débitos vencidos em 2001 foram compensados nos processos 10410.000033/0009 e 10410.003051/200112, pelo que solicita que tais créditos não sejam compensados com outros débitos. Informa ter pago a parcela incontroversa em 23/03/2005, juntando cópia dos Darf respectivos. Requer a aceitação da manifestação de inconformidade para reconhecer o direito creditório não deferido pela autoridade administrativa, bem assim que seja aceita a compensação dos débitos apurados no anocalendário de 1999 e de 2000 com o saldo negativo da CSLL apurado na DIPJ do anocalendário de 1998, e que o débito apontado em relação ao mês de novembro de 1998, no valor de R$9.021,02, seja desconsiderado, juntamente com os demais débitos. Demanda, por fim, a realização de perícia para verificação das razões de fato e de direito alegadas, indicando para isto profissional da área contábil. Em 17/09/07 o processo foi baixado em diligência para que fosse verificado os valores devidos mensalmente nos anoscalendário de 1997 e 1998, a título de estimativa do IRPJ e da CSLL, bem assim fosse esclarecida a duplicidade de compensação alegada pelo contribuinte (fl. 497/498). Em resposta, a autoridade administrativa opina pela invalidade das retificações das DIPJ promovidas pela contribuinte porque em desacordo com o art. 35 da Lei nº 8.981, de 1995, com alteração dada pela Lei nº 9.065, de 1995. No que tange aos débitos supostamente compensados em duplicidade, informa que a vinculação com débitos de outra pessoa jurídica foi cadastrado apenas em 16/09/04, dias antes do despacho decisório, e como a alegação é apenas circunstancial, não procede a compensação efetuada no processo. Cientificada da informação fiscal em 16/11/07, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade à informação da autoridade nos seguintes termos: a) que os valores devidos pela manifestante a título de IRPJ e CSLL são os constantes das declarações retificadas em 06/10/00; b) que não procede a alegação de que a manifestante não possa demonstrar, mediante balanços ou balancetes mensais, o montante de IRPJ e CSLL devidos, sendo cabível a restituição corrigida com base na taxa Selic; c) reitera o pedido de perícia, porém, na hipótese de não ser deferida, junta documentação contábil para a qual requer análise; d) que a argüida invalidade das DIPJ retificadoras estão desprovidas de fundamentação legal e lógica, as quais encontramse amparadas no art. 19 da Medida Provisória , atual Medida Provisória 2.18947; e) reitera, em relação ao requerimento contido no item 3 da manifestação de inconformidade, que o não acatamento do pedido importará, de fato, em compensação em duplicidade A decisão recorrida está assim ementada: Fl. 1720DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 5 PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Ausentes os quesitos que o contribuinte pretende sejam respondidos pela perícia requerida, e existindo no processo elementos necessários e suficientes para a convicção do julgador, é de se indeferir o pedido de perícia. RESTITUIÇÃO. CORREÇÃO PELA TAXA SELIC. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração da certeza e liquidez quanto ao crédito que pretende ver reconhecido pela Fazenda Pública. Não demonstrada de forma inequívoca a existência do indébito, ante a ausência dos balancetes de suspensão ou redução da estimativa mensal, e confirmado que os pagamentos efetuados correspondem a débitos declarados pelo contribuinte em DCTF, descabe sua restituição. CSLL. COMPENSAÇÃO DE UM TERÇO DA COFINS EFETIVAMENTE PAGA. Comprovado o recolhimento da Cofins do anocalendário de 1999, cabível a dedução, na aferição da CSLL devida anualmente, de até um terço do valor pago, limitada ao valor da contribuição apurada. IRPJ E CSLL. SALDO NEGATIVO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. Se as parcelas da estimativa mensal que originaram os saldos negativos do IRPJ e da CSLL informados em DIPJ foram objeto de compensação não homologada, não se operando sua extinção, incabível a restituição dos saldos negativos delas decorrentes. IRPJ. RESTITUIÇÃO. DÉBITOS JÁ COMPENSADOS EM PROCESSO DISTINTO. Comprovado que os débitos tributários compensados já foram objeto de pedido de compensação em outro processo, não cabe considerálos novamente na restituição/compensação em exame. Solicitação Deferida em Parte Cientificada da aludida decisão em 14/03/2008 (sextafeira), fl. 899, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 15/04/2008 (terçafeira), fls. 900 a 935, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, quanto aos seguintes pontos: (...) III DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE PERÍCIA Na Manifestação de Inconformidade apresentada por essa contribuinte datada de 23 de março de 2005, foi solicitada a realização de perícia contábil para que, através da análise documental de balanços/balancetes registrados no livro diário, restasse comprovado o direito da Manifestante, sanando qualquer exigência legal. Em Proposta de Diligência de 17 de setembro •de 2007 feita pela DRJ/POA, o Sr. Relator da Receita Federal, as fls. 498 dos autos, propôs que fosse realizada pela DRF de origem a analise das alegações da interessada, ora Recorrente, de modo a garantira busca da verdade material dos fatos, alegando, entre outras questões: “Ocorre que alguns argumentos fazem referencia a matéria fática, cujos elementos constantes do processo não permitem apreciar a questão de forma consistente.” A DRF, por sua vez, em cumprimento à diligencia em epigrafe, se manifestou de, forma imprecisa, mantendo questões em aberto, inclusive, quanto ao anocalendário de 1999, fazendo a seguinte, alegação: Fl. 1721DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 6 "com relação aos débitos de 1999, não foi possível extrair uma linha de raciocínio justificável para tais retificações." Ora, como fiscal da lei tributária, o mesmo deveria buscar a verdade material dos fatos alegados, fazendo inclusive, caso entendesse necessário, nova diligência apurar de forma clara e precisa os fatos alegados pela ora Recorrente. (...) A ora Recorrente, por ocasião de sua Manifestação de Inconformidade, apresentou, por amostragem, copias de seus balanços/balancetes transcritos no Livro Diário, a fim de comprovar que nos anoscalendário de 1997, 1998 e 1999, efetuou a apuração e o recolhimento das antecipações mensais devidas de IRPJ e de CSLL (obrigatórias para os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Real Anual), calculados através do método de estimativa, com base nos balanços, nos balancetes de redução ou suspensão do imposto/contribuição, cumprindo com as condições legais. Todavia, a Recorrente esta anexando ao presente Recurso cópia dos balanços/balancetes de todos'os meses dos anoscalendário de 1997, 1998 e de 1999, devidamente registrados em seu livro Diário, fato que também pode ser facilmente comprovado através perícia ou de nova diligência fiscal. Dessa forma, a Recorrente busca o conhecimento de seu direito aos juros incidentes sobre o valor original do crédito, pago a maior, quando do vencimento do imposto/contribuição. Desde já, a Recorrente requer o conhecimento das provas já apresentadas junto à presente, a fim de que seja preservada a verdade material e as alegações constantes no presente processo administrativo fiscal, uma vez que a apresentação de provas pode darse em qualquer momento do processo, desde que o resultado final seja baseado na verdade dos fatos. I . Diante de tais indeferimentos, a Recorrente poderá ser prejudicada quanto ao seu direito, tendo em vista que a autoridade administrativa alega a ausência de tais documentos, o que poderia facilmente ser proVado através de perícia ou de diligência com tal finalidade. IV— DO MÉRITO. A seguir, a Recorrente vem reiterar os motivos e as considerações pelos quais' requer sejam revistos os pontos ,indeferidos pelo Acórdão 1013.046 da l a Turma da DRJ/POA, bem como apresentar a pertinência de tais pedidos. 1.1 QUANTO AO IMPOSTO DE RENDA PAGO A MAIOR 1.1.1 IRPJ PAGO A MAIOR REFERENTE AO ANO CALENDÁRIO 1997 A fiscalização não aceitou créditos, no montante de R$11.498,02 (onze. mil, quatrocentos e noventa e oito reais e dois centavos), informados a titulo de saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica na DIPJ, relativa ao anocalendário de 1997. A fiscalização reproduziu no Despacho Decisório .DRF/CXL/Gabinete, de 08 de outubro de 2004, resumidamente, a Ficha 08 da DIPJ relativamente ao ano calendário de 1997, conforme segue: (...)De outra banda, o Senhor Fiscal apresentou quadro demonstrando o que entende ser correto, apurando, ao invés de crédito a Fl. 1722DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 7 favor da ora Recorrente, no valor de R$11.498,02, débito de imposto de renda a pagar, no montante de R$99.562,86, assim como veremos a seguir: (...)Quanto a esta questão, analisaremos cada passo, demonstrando os fatos que fundamentam e demonstram o entendimento da ora Recorrente: (...) A Recorrente solicita, portanto, o reconhecimento pelo Senhor Fiscal das compensações dos débitos apurados nos meses do anocalendário de 1997, os quais compuseram o saldo negativo daquele ano, com saldo negativo apurado na DIPJ de 2000 (anocalendário de 1999), bem como o reconhecimento do direito credit6rio restante, apurado na DIPJ de 1998 (anocalendário de *1997), no valor de R$11.507,78, conforme demonstrações retro, ao invés de R$11.498,02, informado no Pedido de Restituição. 1.1.2 IRPJ PAGO A MAIOR REFERENTE AO ANO CALENDÁRIO 1998 A fiscalização não aCeitou créditos, no montante de R$90.449,43 (noventa mil, quatrocentos e quarenta e nove reais e quarenta e três centavos), informados a titulo de saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica na DIPJ, relativa ao ano calendário de 1998. O Senhor Fiscal reproduziu no Despacho Decis6rio, a Ficha 13 da DIPJ, na qual a ora Recorrente demonstra seu crédito, tal como consta na transcrição abaixo; (...). Após as compensações do saldo negativo apurado, na DIPJ de 1999, ano calendário de 1998, no valor de R$202.214,36, com débitos apurados nos anoscalendário de 1999 e 2000; requer a ora Recorrente o reconhecimento do direito creditório apurado na DIPJ de 1998 (anocalendário de 1997), no valor de R$117.040,43 (atualizado monetariamente até outubro de 2000), conforme demonstrações retro. 1.1.3 IRPJ PAGO A MAIOR REFERENTE AO ANO CALENDÁRIO 1999 A ,fiscalização não aceitou créditos, no montante de R$109.522,56 (cento e nove mil, quinhentos e vinte e dois reais e cinqüenta e seis centavos), informados a titulo de saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica na DIPJ, relativa ao ano calendário de 1997 ... A ora Recorrente verifica que cometeu erro na informação do 'saldo negativo de IRPJ constante na D1PJ 2000 (anocalendário 1999), sendo o valor correto de R$119.848,97, ao invés de R$120.885,40. Portanto, diante dos quadros apresentamos, a ora Recorrente considera incorreto que a Fiscalização tenha considerado esta diferença, a qual decorre da atualização monetária dos pagamentos efetuados a maior no anocalendário de 1999. (...) 1.2 RESUMO DO IRPJ OBJETO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Na próxima página, demonstraremos, resumidamente, as compensações dos saldos negativos de IRPJ apurados nas DIPJ de 1998, 1999 e de 2000, respectivamente, referente aos anoscalendário de 1997, 1998 e de 1999 com débitos de IRPJ efetuados pela ora Recorrente em comparação com as compensações efetuadas pelo Fisco. Este demonstrativo tem a finalidade de consolidar e possibilitar visualização Fl. 1723DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 8 das compensações de créditos relativos aos saldos negativos de IRPJ em débitos apurados pela Recorrente. 2.1 QUANTO A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO 2.1.1 CSLL PAGA A MAIOR REFERENTE 'AO ANO CALENDÁRIO 1997 A fiscalização não aceitou créditos, no montante de R$10.053,96 (dez mil e cinqüenta e três reais e noventa e seis centavos), informados .a titulo de saldo negativo de Contribuição Social sobre Lucro Liquido na DIPJ de 1998, relativo ao anocalendário de 1997. No referido despacho decis6rio foi demonstrado, resumidamente, a Ficha 11 da DIPJ na qual a ora Recorrente teria apurado o crédito pleiteado no Pedido de Restituição, conforme segue: (...) Contudo, a ora Recorrente não concorda com a recomposição dos cálculos elaborados pela fiscalização, no Despacho Decisório referente a este item, quando a mesma 'afirmou que haveria, ao invés de saldo negativo de CSLL (crédito a favor da Recorrente), apenas, saldo devedor de declaração de Contribuição Social no valor de R$25.610,96, tal como consta no quadro abaixo, apresentado pela mesma: (...) Quanto a esta questão, analisaremos cada passo, demonstrando os fatos, que fundamentam e demonstram o entendimento da ora Recorrente: (...) Conforme se observa, o valor a restituir de CSLL, referente o anocalendário de 1997, é de R$ 1.077,79, ao invés de R$ 10.053,98 conforme foi informado no Pedido de Restituição. Portanto, a Recorrente reconhece que o crédito a restituir é menor do que o informado no Pedido de Restituição, ou.seja, ao invés do crédito ser de R$ 10.053,98 é de R$ 1.077,79. Porém, solicita o reconhecimento das compensações dos débitos apurados no anocalendário de 1997 com saldo negativo apurado na DIPJ de 2000 ( anocalendário de 1999), conforme demonstrações retro. 2.1.2 CSLL PAGA A MAIOR REFERENTE AO ANO CALENDÁRIO 1998 A fiscalização não aceitou crédito no montante de R$11.756,71 (onze mil, setecentos e cinqüenta e seis reais e setenta e um centavos), informado no Pedido de Restituição a titulo de Contribuição Social sobre Lucro Liquido paga a maior no anocalendário de 1998, n A Recorrente revê sua posição em relação ao crédito objeto do Pedido de Restituição correspondente ao suposto pagamento a maior de CSLL, socorrido no anocalendário de 1998, cujo montante seria de R$ 11.756,71. Ocorre que, por ocasião da entrega da retificadora da DIPJ de 1999, relativa ao ano calendário de 1998, em 06 de outubro de 2000, verificouse erro de calculo, fato que levou a ora Recorrente supor que' teria crédito de CSLL paga a maior naquele ano, no montante de R$ 11.756,71. Porém, vem a ora Recorrente não concordar com a interpretação do Senhor Fiscal, quanto ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido apurado na DIPJ de 1999, (...) Fl. 1724DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 9 A ora Recorrente reconhece que cometeu inicialmente um erro de cálculo na atualização monetária dos valores pagos a maior no anocalendário de 1998, portanto, ao invés de saldo negativo de CSLL (crédito) apurado na DIPJ de 1999, no valor de R$ 64.422,61, conforme informado naquela Declaração de Rendimentos, o crédito correto é de R$ 63.400,16, conforme demonstrado no quadro acima. O fato da Secretaria da Receita Federal não considerar os valores*, pagos, a titulo de CSLL, sUperiores aos valores mensais apurados, utilizandose o balanço/balancete de suspensão, como Valores pagos a maior, contraria as disposições contidas na legislação vigente à época dos fatos. Diante do que pode observar, o valor do saldo negativo de CSLL, referente ao ano calendário de 1998, é de R$ 63.400,16. Solicitamos, portanto, o reconhecimento das, compensações dos débitos apurados no anocalendário de 1999 e de 2000 com saldo negativo de CSLL apurado na DIPJ de1999. 2.1.3 CSLL PAGA A MAIOR REFERENTE AO ANO CALENDÁRIO 1999 A fiscalização não aceitou créditos, no montante de R$91.170,68 (noventa e oito mil, cento e setenta reais e sessenta e Oito centavos), informados a titulo de Contribuição Social sobre Lucro Liquido pagos a maior na DIPJ, relativa ao ano calendário de 1999. (...) Portanto, devemos considerar que o Pedido de .Restituição datado de 06 de outubro de 2000, está incorreto quanto ao valor da CSLL Pago a maior no anocalendário de 1999, ou seja, ao invés do valor do imposto de renda ser de R$ 91.170,68, conforme informado à época, o correto é o valor de R$ 82.149,66, demonstrado no quadro acima. Diante de tudo o que se observa, o valor a restituir de CSLL, referente ao ano calendário de 1999, é de R.$ 84.041,25. Solicitamos, portanto, o reconhecimento das compensações dos débitos apurados no anocalendário de 1998 (DIPJ de 1999) com saldo negativo apurado na DIPJ de 2000 (anocalendário de 1999), bem como o reconhecimento do direito creditório no valor de R$ 84.041,25, conforme já. demonstramos nas evidenciações apresentadas neste ponto. 2.2 — RESUMO DA CSLL OBJETO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / A, seguir demonstraremos, resumidamente, as compensações dos saldos negativos de CSLL, apurados nas DIPJ de 1998, 1999 e de 2000, respectivamente, referente aos anoscalendário de 1997, 1998 e de 1999 com débitos de CSLL efetuados pela ora Recorrente em ' comparação com as compensações efetuadas • pelo Fisco. Este demonstrativo tem a finalidade de consolidar e possibilitar a visualização das compensações. ' de, créditos relativos aos saldos negativos de CSLL em débitos apurados pela ora Recorrente. (...) 4 DÉBITOS RECONHECIDOS PELA MANIFESTANTE A ora Recorrente reconheceu os débitos de IRPJ e de CSLL a seguir relacionados, os quais foram pagos em 23/03/2005, cujos comprovantes (DARF's) já foram anexados aos autos quando , da Manifestação de Inconformidade. Fl. 1725DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 10 (...) 5 DEFESA EM RELAÇÃO ÀS QUESTÕES APRESENTADAS NO ACÓRDÃO N° 1013.046 da l a . Turma da DRJ/POA A seguir serão expostas as razões de mérito quanto ao entendimento da Recorrente e de sua defesa, de acordo com a ordem estabelecida no Acórdão n° 1013.046: 5.1 ANOSCALENDÁRIO DE 1998 E DE 1999 A ora Recorrente discorda do entendimento apresentado pelo Senhor Julgador quanto ausência de balanços/balancetes mensais que suportem a opção apresentada na Declaração de Rendimentos retificadora. Principalmente pelo fato de que se a prova e, conseqüentemente, a existência de balanços/balancetes de suspensão são imprescindíveis para a forma de apuração efetuada pela Contribuinte, como de fato são, há de se estranhar que o Fisco tenha, pelo visto, concordado com a apuração apresentada na Declaração de Rendimentos original e não tenha concordado com a apuração constante da Declaração de Rendimentos retificadora, sendo em ambas utilizado o mesmo método, ou seja, apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL com base em balanços/balancetes de suspensão. A Recorrente estranha o fato de o Fisco ter acatado alguns pedidos de restituição/compensação de valores originais pagos a maior mensalmente, sem a devida atualização monetária, pois se a apuração com base em balanços/balancetes de suspensão foi aceita deve ter sido porque todos os requisitos tenham sido cumpridos e comprovados. Ou seja, a base da apuração deve ter sido confirmada pela fiscalização, Pois tanto na Declaração de Rendimentos original como na Declaração de Rendimentos retificadora, o método utilizado na apuração do lucro real e na apuração da base de calculo da CSLL foi o mesmo. Portanto, a Recorrente reitera seu entendimento de que os valores de imposto de renda e de contribuição social sobre o lucro pagos, mensalmente, em montante superior devido na Declaração de Rendimentos retificadora . são considerados pagos a maior, compensáveis nos termos do § 4O. , art. 39 da Lei n° 9.250/95, a saber: (...) De outra banda, o fato da Recorrente não ter retificado as DCTF's correspondentes, após as retificações das DIPJ's, não pode alterar a verdade dos fatos. Nesse sentido a verdade material deve prevalecer sobre o formalismo. Quando aos balanços/balancetes de suspensão ou redução, exigidos pela legislação para demonstrar os valores de IRPJ e CSLL devidos mensalmente, estão sendo apensadas cópias a este processo, correspondentes aos meses de janeiro de 1997 a dezembro de1999. Tal fato poderia ser dispensado, caso a fiscalização tivesse efetuado diligência específica, que comprovaria facilmente a existência de tais documentos. No entendimento da ora Recorrente, baseado na legislação vigente, as retificações das declarações de rendimentos referentes aos anoscalendário de 1997, 1998 e 1999, são legitimas para todos os efeitos. (...) Fl. 1726DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 11 Portanto, requer a Vossa Senhoria que sejam analisadas as provas apresentadas pela Recorrente, a fim de verificar que a apuração e o recolhimento do IRPJ e da CSLL informadas nas Declarações de Ajuste de 1997, 1998 e 1999, foram realizadas com base nas estimativas apuradas através de balanços ou balancetes de redução ou suspensão do imposto/contribuição e não na estimativa sobre a receita bruta, de forma que os juros incidentes pelos recolhimentos realizados a maior são devidos da mesma forma que em relação ao crédito original correspondente. 5.2 ANOCALENDÁRIO DE 1997 Com relação à compensação dos valores devidos de imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o. lucro, .apurados no anocalendário de 1997, e compensados com o saldos negativos apurado no anocalendário de 1999, a ora Recorrente entende que a referida compensação deve ser homologada. • Tal assertiva tem fundamento no fato de que entende a Recorrente que os valores de imposto de renda e de contribuição social sobre o lucro pagos em montante superior aos valores devidos, constantes da Declaração de' Rendimentos retificadora, correspondente ao anocalendário de 1999, devem' ser considerados pagamentos a maior, sujeitos à atualização monetária, compondo o saldo negativo de imposto de renda e de contribuição social apurados daquele anocalendário, de acordo com fundamentos já expostos no presente Recurso. Portanto, requer que sejam homologadas as compensações dos saldos negativos de imposto de renda e da contribuição social sobre o, lucro, apurados na Declaração de Rendimentos ,retificadora correspondente •ao anocalendário de 1999, com débitos de IRPJ e de CSLL devidos nos meses de janeiro, fevereiro, agosto, Setembro e outubro de 1997. A fundamentação trazida pelo Senhor Julgador, § 2° do artigo 74 da Lei n ° 9.430/96, foi introduzida, conforMe admitido no referido 'Acórdão, pela Lei n ° 10.637/2002, editada a mais de dois anos do Pedido de Compensação entregue a Receita Federal. Na época do Pedido de Restituição/Compensação elaborado pela Recorrente, as compensações efetuadas com impostos/contribuições, de mesma natureza podiam ser elaboradas sem formalidades, ,diretamente pelo contribuinte, desde que fossem realizadas para compensar débitos surgidos 'após a apuração dos créditos compensáveis. Ocorre ,que, no caso presente caso) ocorreu compensação de débitos mensais verificados no anocalendário de 1999 com créditos (saldo negativo de IRPJ e de CSLL) apurados no anocalendário de 1998, com informação realizada diretamente na Declaração de Rendimentos da PJ de 2000, anocalendário de1999. Com a referida compensação e demais pagamentos; no anocalendário de 1999 foram apurados saldos negativos de IRPJ e de CSLL, os quais foram objetos de compensação com débitos verificados na declaração de rendimentos de 1998, correspondente ao anocalendário de 1997, mediante Pedido de Compensação especifico. Portanto, a Recorrente procedeu de acordo com a legislação vigente época das referidas compensações. Pelo exposto, requer a Recorrente que o Pedido de Compensação dos saldo negativo apurado no anocalendário de 1999, com débitos de IRPJ e de apurados nos, meses Fl. 1727DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 12 de janeiro, fevereiro, agosto, setembro e outubro de 1997 seja deferido e homologado. 5.3 COMPENSAÇÕES EFETUADAS EM OUTROS PROCESSOS Conforme mencionado na Manifestação de Inconformidade, item 3 (fl.444), foi totalmente absurda a argumentação trazida pela fiscalização. Caso a mesma procedesse haveria dupla cobrança de débitos tributários. O Julgador traz novamente dúvidas e confusão .ao presente processo, eis que o débito de agosto de. 2001, apresentado nos processos n. 10410•000033/0009 e 10410.003051/200112, monta em R$ 40.000,00 e não R$ 40.338,97, como consta do Acórdão n. 1013.046. De qualquer forma, a Recorrente requer que não sejam compensados débitos de processos diversos, com créditos constantes no presente processo, sob argumento de que não ocorra a dupla cobrança. Concluise, portanto, pela necessidade do conhecimento e provimento do presente Recurso Voluntário, para, reformando o v. acórdão prolatado pela Egrégia 1a Turma da DRJ/POA, reconhecer o direito' vindicado pela ora Recorrente. VI— DO PEDIDO. Diante do exposto, requer a Recorrente seja acolhido o pedido de perícia, com o fim especifico de verificar a existência de balanço/balancetes mensais registrados do Livro Diário, correspondente aos anoscalendário de 1997, 1998 e de 1999, O que, também, pode ser verificado através de diligência fiscal. Seja dado provimento ao presente Recurso Voluntário, para reformar o Acórdão recorrido, reconhecendo se os créditos em favor da ora Recorrente, homologando as compensações e OS PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO EFETUADOS PELA RECORRENTE, COM O CONSEQÜENTE CANCELAMENTO DA CARTA DE COBRANÇA N ° 100/2008 — SEORT, OBJETO DA NOTIFICAÇÃO DRF/CXL/Seort n° 165, de 12/03/2008, haja vista os sólidos fundamentos acima aventados. É o relatório. Fl. 1728DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 13 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, tratase de pedido de reconhecimento de direito creditório do IRPJ e CSLL, relativo aos anoscalendário de 1997 a 1999, relativo a alegados saldos negativos de recolhimentos e recolhimentos de estimativas a maior, que foi deferido parcialmente pela DRF de Origem e pela DRJ em 1a. instância. No recurso voluntário de fls. 900 a 935, a contribuinte repisa várias alegações de defesa, tanto de direito quanto de fato, reproduzidas em parte no relatório acima, bem com anexa os documento de fls. 936 a 1557 para comprovar seu pleito. No que tange especificamente às declarações retificadoras de IRPJ apresentadas pelo contribuinte, a decisão de 1a. instância assim se manifestou: Embora os valores recolhidos superem aqueles declarados pelo contribuinte nas DIPJ, vejo que os mesmos encontram equivalência com os débitos declarados nas DCTF trimestrais apresentadas em 1998 e 1999 (fls. 482 a 485), o que confirma os desencontros das informações entre DCTF e DIPJ referidos pela autoridade preparadora em seu despacho decisório. Como bem referiu a autoridade administrativa, tampouco foi observado o comando do art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 166, de 23/12/99: Art. 2o A pessoa jurídica que entregar declaração retificadora alterando valores que hajam sido informados na Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais – DCTF, deverá apresentar DCTF Complementar ou pedido de alteração de valores, mediante processo administrativo, conforme o caso. Requerida em diligência, a autoridade administrativa anotou que as retificações das DIPJ decorreram da necessidade de o contribuinte se adequar à legislação fiscal que discutiu judicialmente (sem lograr êxito), de modo que o contribuinte não podia, por ocasião no vencimento dos tributos, comprovar a redução dos valores devidos mediante balanços ou balancetes mensais como exige a legislação. Neste sentido, me parece assistir razão à autoridade, posto que o contribuinte, mesmo tendo sido cientificado dos termos da diligência requerida por este julgador, bem assim da informação fiscal, que fazem referência expressa aos balancetes de suspensão ou redução, não os apresentou em sua manifestação complementar, trazendo aos autos apenas os balancetes dos meses de dezembro de 1997, 1998 e 1999. Apenas o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) foi apresentado contendo a apuração mensal, o que não é suficiente para demonstrar a redução do imposto devido, a teor do art. 35 da Lei nº 8.981, de 20/01/95, não sendo possível apurar incorreção nos recolhimentos efetuados pelo contribuinte à época própria. Fl. 1729DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 14 A repetição do indébito está condicionada à demonstração inconteste do pagamento indevido, cabendo ao contribuinte o ônus de comproválo, conclusão que encontra guarida na Doutrina e na jurisprudência (grifos meus): (...) No caso em exame embora o contribuinte tenha comprovado o recolhimento do imposto, não demonstrou de forma cabal terem sido efetuados indevidamente, mormente as DCTF por ele próprio apresentadas indicam a existência de débitos no mesmo montante dos tributos recolhidos. Ademais, não se trouxe aos autos os balancetes de suspensão ou redução exigidos pela legislação para demonstrar os valores do IRPJ e CSLL devidos mensalmente. Não vejo, assim, como reconhecer o alegado indébito, do que decorre não caber o pedido da manifestante de fazer incidir a taxa Selic desde a data do pagamento indevido até o final do período de apuração.” Especificamente quanto a esse ponto, entendo que não assiste razão a autoridade tributária (DRF de origem), tampouco aos nobres julgadores de 1a. instância. Isso porque o entendimento que tem prevalecido neste colegiado e no sentido de que não há impedimento legal para reconhecimento de erro material cometido no preenchimento de DIPJ. De fato, a Instrução Normativa No. 166/99, artigo 2o., estabelece a necessidade da concomitante retificação da DCTF, mas não há determinação legal nesse sentido. Além do mais, ambas as declarações DCTF e DIPJ foram instituídas com base na mesma disposição legal: DecretoLei 2.124 de 1983. Este Conselho já reconheceu a possibilidade da comprovação de erro no preenchimento de declarações no transcurso do processo administrativo. Vejamos alguns julgados que amparam esse entendimento. Acórdão 10808689, de 25/1/2006 IRPJ ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO – Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração, deve a verdade material prevalecer sobre a formal, e exigido o valor efetivamente devido conforme o lucro real. Acórdão 10194955, de 15/04/2005 IRPJ AUDITORIA EM DCTF FALTA DE PAGAMENTO. Comprovado que a diferença apurada na auditoria deveuse, exclusivamente, a erro no preenchimento da declaração, cancelase o auto de infração. Acórdão 10321472, de 5/12/2003 CSLL ERRO O PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL IMPRESCINDÍVEL COMPROVAÇÃO MATERIAL DO EQUÍVOCO OU DO ERRO DE FATO A ordem jurídica vigente não permite a cobrança de tributos sem que seja procedida a determinação da matéria tributável, consoante dispõe o artigo 142 do CTN. Entretanto, nos casos em que o contribuinte não logra comprovar, materialmente, os equívocos ou erros de fato que teria cometido quando do preenchimento da declaração não vejo como não prevalecer à tributação pretendida exclusivamente com base no procedimento sumário de revisão das declarações de ajuste (malhas fiscais). Fl. 1730DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 11020.002050/0019 Acórdão n.º 140200.686 S1C4T2 Fl. 0 15 No caso do autos aduz a recorrente que incorreu em erro na apuração dos valores devidos por estimativa nos anos de 1997 a 1999, tendo retificado as Declarações de IRPJ dentro do prazo de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador, sendo que os valores corretos estão devidamente amparados em seus registro contábeis (balancetes de suspensão transcritos no Diário). Portanto, cabível a apreciação do mérito pela autoridade administrativa, considerando as declarações retificadoras, desde que comprovado o erro. Registre que nessa nova apreciação do mérito, a DRF deverá levar em consideração as alegações de fato e de direito, bem como os elementos de prova, trazidos aos auto no recurso voluntário. Outrossim, desse novo despacho decisório, se desfavorável, o contribuinte poderá, caso deseje, apresentar manifestação de inconformidade à DRJ no prazo de 30 dias. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para determinar o retorno dos autos à DRF de Origem, para que aprecie o pleito, levando em consideração as declarações retificadoras do IRPJ, adentrando ao mérito. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1731DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Assinado digitalmente em 18/08/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/08/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
score : 1.0