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Numero do processo: 15374.914691/2009-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR OU INDEVIDAMENTE. COMPENSAÇÃO ANTES DO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO PELA IN SRF Nº 600/05. POSSIBILIDADE. INDÉBITO CARACTERIZADO. DEMANDA DE NOVA ANÁLISE.
Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa.
Verificada a legalidade da manobra de compensação pretendida pelo contribuinte, afastando-se entendimento anterior pela sua vedação, devem ser, materialmente, analisadas a procedência e a quantificação do crédito pretendido antes da sua homologação.
Numero da decisão: 1402-003.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, determinando o retorno à Unidade Local para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 15374.910035/2009-24, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado), Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR OU INDEVIDAMENTE. COMPENSAÇÃO ANTES DO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO PELA IN SRF Nº 600/05. POSSIBILIDADE. INDÉBITO CARACTERIZADO. DEMANDA DE NOVA ANÁLISE. Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Verificada a legalidade da manobra de compensação pretendida pelo contribuinte, afastando-se entendimento anterior pela sua vedação, devem ser, materialmente, analisadas a procedência e a quantificação do crédito pretendido antes da sua homologação.
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COMPENSAÇÃO ANTES DO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 84. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO PELA IN SRF Nº 600/05. POSSIBILIDADE. INDÉBITO CARACTERIZADO. DEMANDA DE NOVA ANÁLISE. Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Verificada a legalidade da manobra de compensação pretendida pelo contribuinte, afastandose entendimento anterior pela sua vedação, devem ser, materialmente, analisadas a procedência e a quantificação do crédito pretendido antes da sua homologação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. 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Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado), AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 91 46 91 /2 00 9- 04 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 15374.914691/200904 Acórdão n.º 1402003.439 S1C4T2 Fl. 3 2 Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo o r. Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, por entender que estimativas recolhidas a maior/indevidamente só podem ser objeto de compensação ao final ou após o período de apuração do IRPJ e da CSLL. Em sua Manifestação de Inconformidade, em suma, alegou a ora Recorrente que a Lei nº 9430/96 garante a compensação de quaisquer indébitos, fruto de recolhimento indevido ou maior, não se sustentando legalmente a impossibilidade invocada pela Autoridade Fiscal. Traz excertos jurisprudenciais e doutrinários. Também pugna pela inconstitucionalidade da Instrução Normativa nº 600/05 e invoca do princípio da busca pela verdade material. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o v. Acórdão, ora recorrido, deixando de conhecer a matéria constitucional invocada e, na parte conhecida, negando provimento à defesa, por entender haver vedação expressa no art. 10 da IN nº 600/05 que impediria essa pretensão compensatória da Contribuinte. Ressaltase lá a vinculação daqueles N. Julgadores aos entendimentos da Receita Federal do Brasil. Diante de tal revés, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, agora sob análise, em suma, abandonando as alegações de inconstitucionalidade, mas reiterando e frisando a legalidade da compensação das estimavas, no mesmo período em que apurado o indébito, trazendo novos julgados deste E. CARF que corroboram sua pretensão e infirmam o posicionamento do v. Acórdão combatido. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.428, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.910035/2009 24, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.428): Fl. 109DF CARF MF Processo nº 15374.914691/200904 Acórdão n.º 1402003.439 S1C4T2 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Ausentes alegações preliminares, passase ao mérito da demanda. O tema exclusivo agora sob análise é a possibilidade legal da Contribuinte utilizar em compensação, via DCOMP, crédito oriundo de estimativas recolhidas indevidamente, ainda no mesmo período de apuração. Como fica muito claro nos autos, o único fundamento para a denegação da compensação foi a suposta vedação da manobra intentada, como se verifica tanto no r. Despacho Decisório como, posteriormente, no v. Acórdão, ora recorrido, que expressamente invocam o art. 10 da IN SRF nº 600/05, vigente à época da transmissão da DCOMP. Registrese que não houve qualquer análise da materialidade do crédito ou da sua quantificação, ainda que a Recorrente tenha carreado documentação aos autos, sendo a motivação da não homologação da compensação exclusivamente jurídica. Pois bem, tal matéria sob apreço é tema há muito debatido neste E. CARF (e no predecessor E. Conselho de Contribuintes), sendo, desde 10 de dezembro de 2012, objeto da Súmula CARF nº 84, a qual, recentemente, em sessão de 03 de setembro de 2018, pela composição do Pleno da C. Câmara Superior de Recursos Fiscais, foi mantida e teve sua redação revisada: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Como se observa da leitura de tal entendimento sumular, da mesma forma como defende a Recorrente, é autorizada a compensação de estimativas recolhidas a maior (indébito) a partir do seu pagamento. Logo, o óbice imposto à Contribuinte não deve prevalecer, em obediência a tal enunciado. Inclusive, não há qualquer limitação temporal da aplicabilidade da Súmula nº 84, mostrandose, no entender deste Conselheiro, irrelevante qual normativo interno da Receita Federal do Brasil regulava a matéria à época do pleito de compensação. Contudo, apenas para robustecer o presente julgamento, esclarecese que existem inúmeros precedentes desta C. 1ª Seção que, especificamente, abordam e afastam a vedação Fl. 110DF CARF MF Processo nº 15374.914691/200904 Acórdão n.º 1402003.439 S1C4T2 Fl. 5 4 contida no art. 10 da IN nº 600/05, para promover a devida e mandatória aplicação da referida Súmula. Nesse sentido, ilustrando aquilo acima consignado, confirase o recente Acórdão nº 1301003.233, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta C. 1ª Seção, de relatoria do I. Conselheiro Nelso Kichel, publicado em 30/08/2018: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DCOMP. AFASTAMENTO DO ÓBICE DO ART. 10 DA IN SRF Nº 460/04 E REITERADO PELA IN SRF Nº 600/05. SÚMULA CARF Nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, desde que comprovado o erro de fato e desde que não utilizado no ajuste anual. Não comprovado o erro de fato, mas existindo eventualmente pagamento a maior de estimativa mensal em relação ao valor do débito apurado no encerramento do respectivo anocalendário, cabível a devolução do saldo negativo no ajuste anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar os óbices da IN SRF 600 (Súmula CARF nº 84) no que diz respeito à possibilidade de indébito relativo a pagamento de estimativas em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomandose, a partir daí, o rito processual habitual. (destacamos) Desse modo, merece reforma o v. Acórdão (assim como r. Despacho Decisório, digase), vez que lícita e viável a postura procedimental da Contribuinte. Porém, como já esclarecido, em momento algum houve investigação sobre a existência e quantificação do crédito empregado, fruto do alegado recolhimento a maior/indevido de estimativa (por consequência lógica do afastamento sumário da regularidade da postura da Recorrente, não havendo, então, em se falar de lapso nos julgamentos pretéritos). De forma reversa, agora, uma vez aceita a circunstância jurídica da compensação, mister proceder à devida análise de materialidade do valor utilizado. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 15374.914691/200904 Acórdão n.º 1402003.439 S1C4T2 Fl. 6 5 Todavia, tal análise não deve ser direta e imediatamente feita por esta C. 2ª Instância, sobre pena de supressão do iter regular processual, bem como do próprio direito de defesa da Contribuinte, devendo os autos serem remetidos à Unidade Local competente para a análise da documentação acostada ao feito e de sistemas de informação internos, proferindose novo Despacho Decisório, com o prosseguimento do regular do processo (garantida, inclusive, a apresentação de nova Manifestação de Inconformidade, Recurso Voluntário e todos outros apelos contemplados pela legislação). Diante de todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, invocada tanto no r. Despacho Decisório, como no v. Acórdão recorrido. Devem ser os autos encaminhados à D. Unidade Local competente para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos e sistemas de informações internos da RFB. Deverá também ser retomado o curso natural e ordinário do processo administrativo após tal nova decisão." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com base na Súmula CARF nº 84, para afastar a vedação da compensação pretendida pela Contribuinte, determinando o retorno à Unidade Local para a prolatação de novo Despacho Decisório, considerando a materialidade e a quantificação do crédito utilizado na compensação, analisando a documentação já acostada aos autos. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19726.000432/2009-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.712
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos em converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e/ou para que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) informe(m) o status atual da Execução Fiscal nº 2006.51.01.530412-7 e da Ação Declaratória nº 2005.51.01.021812-5, trazendo aos autos cópia da petição inicial e de todas decisões proferidas nas referidas demandas judiciais.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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CONSTRUÇÃO CIVIL. Recorrente INEPAR S/A INDÚSTRIA E CONSTRUÇÕES Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos em converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e/ou para que a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) informe(m) o status atual da Execução Fiscal nº 2006.51.01.5304127 e da Ação Declaratória nº 2005.51.01.0218125, trazendo aos autos cópia da petição inicial e de todas decisões proferidas nas referidas demandas judiciais. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira – Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 97 26 .0 00 43 2/ 20 09 -1 8 Fl. 272DF CARF MF Processo nº 19726.000432/200918 Resolução nº 2402000.712 S2C4T2 Fl. 273 2 RELATÓRIO Tratase o presente caso de Notificação Fiscal referente às contribuições previdenciárias relativas à parte da empresa, financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, além das contribuições dos segurados. A apuração das contribuições foi realizada com fulcro no instituto da responsabilidade solidária, em virtude da execução de obra de construção civil, pela empresa ENGEFAP EMPREENDIMENTOS E CONSTRUÇÕES LTDA, CNPJ 00.771.551/000159, conforme relatório fiscal, de fls. 21/24. A contratante não comprovou o recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados incluída em nota fiscal e/ou fatura correspondente aos serviços executados, motivo pelo qual houve lançamento das contribuições, conforme informa o referido relatório fiscal. Cientificadas, a contribuinte e a responsável solidária apresentaram as respectivas impugnações. A Delegacia da Receita Previdenciária julgou procedente em parte a exigência fiscal, nos termos da Decisão Notificação nº 17.401.4/0501/2005, retificando o lançamento nos termos da informação fiscal de fls. 79/80. Cientificadas, apenas a contribuinte apresentou recurso ao antigo Conselho de Recursos da Previdência Social (fs. 103 / 138), reiterando os termos da impugnação apresentada. O recurso voluntário foi considerado deserto (fls. 215). O contribuinte ajuizou Mandado de Segurança requerendo a autorização para interposição do susodito recurso administrativo, cuja segurança restou denegada pelo MM Juízo da 6ª Vara Cível da Justiça Federal do Rio de Janeiro (fls. 227 / 231). Assim foi que o débito objeto do presente processo foi inscrito em dívida ativa da União, tendo sido ajuizada a respectiva Execução Fiscal nº 2006.51.01.5304127, conforme despacho de fls. 238/239. É o relatório. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 19726.000432/200918 Resolução nº 2402000.712 S2C4T2 Fl. 274 3 VOTO Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator Conforme descrito no relatório supra, o recurso voluntário do contribuinte foi considerado deserto, pelo que o débito objeto do presente PAF foi inscrito em dívida ativa da União, com o ajuizamento da respectiva execução fiscal nº 2006.51.01.5304127. Ocorre que, conforme consta no despacho de fls. 238 / 239, o contribuinte protocolizou petição nos autos do mencionado executivo fiscal – que engloba outros créditos a interessada protocolizou petição na qual alega a decadência de parte dos créditos, com relação aos fatos geradores ocorridos entre 01/1994 e 01/1999, nos termos do disposto no art. 173, 1, do CTN. Referida petição encontrase às fls. 241 / 249. Outrossim, às fls. 250 encontrase outra petição protocolizada pelo contribuinte naquele processo executivo, juntando, naquela ação, certidão informativa na qual estão elencadas as NFLD'S discutidas na Ação Declaratória nº 2005.51.01.0218125, dente elas, aquela objeto do presente PAF: Fl. 274DF CARF MF Processo nº 19726.000432/200918 Resolução nº 2402000.712 S2C4T2 Fl. 275 4 Verificase, pois, que além de elencar as NFLDs objeto da Ação Declaratória nº 2005.51.01.0218125, referida certidão é expressa ao informar que foi proferida sentença julgando procedente o pedido em parte, declarando a incidência do prazo decadencial nos créditos tributários descritos na exordial, com exceção, apenas, daqueles objeto das NFLDs 35.682.8166 e 35.683.136 1. Como se vê, nos termos da certidão de fls. 252, temse que foi reconhecida nos autos da Ação Declaratória nº 2005.51.01.0218125 a decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário objeto do presente PAF, sendo certo que tal alegação também foi arguida pelo contribuinte nos autos da Execução Fiscal nº 2006.51.01.5304127. Neste contexto, tendo os presentes autos retornado a este Colegiado, já que o contribuinte, nos termos do despacho de fls. 268, em face do Ordenamento Jurídico vigente, obteve o direito de ver ser recebido e julgado pelo órgão julgador de segunda instância seu RECURSO ADMINISTRATIVO SEM DEPOSITO, apresentado tempestivamente em 02/09/2005. Registrese, pela sua importância, que o referido despacho de fls. 268 é o último documento do presente processo até o momento e data de outubro/2009. Assim, em face do quanto pontuado linhas acima e tendo em vista que o débito objeto do presente processo se refere a uma única competência, é possível que o mesmo já esteja definitivamente extinto – ou não – em face do curso das ações judiciais já mencionadas. Neste contexto, o envio dos autos para a Unidade de Origem e/ou para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional é medida que se impõe para que esta(s) preste(m) informações atualizadas acerca das ações judiciais destacadas. Conclusão Neste espeque, em homenagem aos princípios da verdade material e da economia processual, voto pela conversão do presente em julgamento para a Unidade de Origem e ou para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para que esta(s) informe(m) o status atual da Execução Fiscal nº 2006.51.01.5304127 e da Ação Declaratória nº 2005.51.01.0218125, trazendo aos autos cópia de todas decisões proferidas nas referidas demandas judiciais. É como voto. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior. Fl. 275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16539.720008/2017-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2012 a 31/12/2013
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00. PERIDICIODIDADE DOS PAGAMENTOS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.
Conforme disposição do § 2º, do artigo 2º, da Lei 10.101/00, é vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ADMINISTRADORES NÃO EMPREGADOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 E DA LEI 6.404/76.
Tratando-se de valores pagos aos diretores não empregados, não há que se falar em exclusão da base de cálculo pela aplicação da Lei nº 10.101/2000, posto que nos termos do art. 2º da referida Lei, essa só é aplicável aos empregados.
A verba paga aos diretores não empregados possui natureza remuneratória. A Lei n 6.404/1976 não regula a participação nos lucros e resultados para efeitos de exclusão do conceito de salário de contribuição, posto que não remunerou o capital investido na sociedade, mas, sim, o trabalho executado pelos diretores, compondo dessa forma, o conceito previsto no art. 28, II da Lei nº 8.212/91.
PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. CARÁTER HABITUAL, NÃO EVENTUAL E PRESTATIVO AO TRABALHO. INCIDÊNCIA. NÃO APLICABILIDADE DE ATO DECLARATÓRIO Nº 16/2011.
Incidem contribuições previdenciárias sobre a gratificação contingente, concedida de forma habitual, prevista em acordo coletivo de trabalho, como contraprestação pelo trabalho. Situação na qual não se pode aplicar o disposto no Ato Declaratório nº 16/2011, pelo fato de materialmente a gratificação não assumir a essência de um pagamento por liberalidade de caráter eventual, mas, ao contrário, visar substituir parcela nitidamente remuneratória dos serviços prestados.
BÔNUS DE DESEMPENHO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.
Diante da natureza remuneratória destes, como forma de incentivo ao desempenho funcional, sendo concedidos, pelo e não, para, o trabalho, há, portanto, a incidência de contribuição previdenciária sobre tal rubrica.
REMUNERAÇÃO DE DIRETORES. PROFISSIONAIS CEDIDOS POR TERCEIRO. RESPONSABILIDADE DO SUJEITO QUE REMUNERA OS PROFISSIONAIS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.
Configura contribuinte o sujeito de direito que, recebendo profissionais cedidos por outrem, os remunera quanto aos serviços a ele prestado, configurando-se a sua relação pessoal e direta com o fato gerador da contribuição previdenciária. A partir desta relação, imputa-se ao sujeito passivo as correspondentes obrigações tributárias, principal e acessória.
Numero da decisão: 2202-004.816
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso no que se refere à gratificação contingente e à participação nos lucros dos diretores, vencidos os conselheiros Martin da Silva Gesto (relator), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), que deram provimento nesses pontos; acordam ainda, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso quanto às demais matérias. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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LEI Nº 10.101/00. PERIDICIODIDADE DOS PAGAMENTOS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. Conforme disposição do § 2º, do artigo 2º, da Lei 10.101/00, é vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ADMINISTRADORES NÃO EMPREGADOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 E DA LEI 6.404/76. 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Incidem contribuições previdenciárias sobre a gratificação contingente, concedida de forma habitual, prevista em acordo coletivo de trabalho, como contraprestação pelo trabalho. Situação na qual não se pode aplicar o disposto no Ato Declaratório nº 16/2011, pelo fato de materialmente a gratificação não assumir a essência de um pagamento por liberalidade de caráter eventual, mas, ao contrário, visar substituir parcela nitidamente remuneratória dos serviços prestados. BÔNUS DE DESEMPENHO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. Diante da natureza remuneratória destes, como forma de incentivo ao desempenho funcional, sendo concedidos, “pelo” e não, “para”, o trabalho, há, portanto, a incidência de contribuição previdenciária sobre tal rubrica. REMUNERAÇÃO DE DIRETORES. PROFISSIONAIS CEDIDOS POR TERCEIRO. RESPONSABILIDADE DO SUJEITO QUE REMUNERA OS PROFISSIONAIS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. 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Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: “Tratase de lançamento de crédito tributário previdenciário, relativo à contribuição devida pela empresa à Seguridade Social e ao adicional de financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa e riscos ambientais do trabalho – RAT/GILRAT (Auto de Infração de fls. 02/74) e contribuições devidas aos Terceiros FNDE Salário educação, INCRA e FDEPM1 (Auto de Infração de fls. 75/174), no período compreendido pelas competências 07/2012 a 12/2013. O procedimento fiscal teve como objeto a verificação do cumprimento da legislação previdenciária, por todos os estabelecimentos da empresa, com relação: a) a valores pagos, devidos ou creditados a segurados empregados da empresa a título de Gratificação Contingente. De acordo com os parâmetros das folhas de pagamento, a empresa não reconheceu tais valores como base de cálculo de contribuição previdenciária e, portanto, os mesmos não foram informados em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social GFIP, assim como não foram recolhidas as contribuições previdenciárias correspondentes; b) a valores pagos, devidos ou creditados a empregados e aos diretores da empresa a título de Participação nos Lucros e Resultados PLR. De acordo com os parâmetros das folhas de pagamento, a empresa não reconheceu tais valores como base de cálculo de Intimouse o contribuinte, através do Termo de Início de Procedimento contribuição previdenciária e, portanto, os mesmos não foram informados em GFIP, assim como não foram recolhidas as contribuições previdenciárias correspondentes; c) ao pagamento de parcelas remuneratórias a dirigentes da empresa. Intimouse o contribuinte, através do Termo de Início de Procedimento Fiscal (TIPF) e de Termos de Intimação Fiscal (TIF) a apresentar, dentre outros, os seguintes documentos: folhas de pagamentos de todos os segurados em meio digital, de acordo com o formato previsto no Manual Normativo de Arquivos Digitais e Autenticação de Arquivos Digitais SVA, aprovado pela Instrução Normativa MPS/SRP n° 12, de 20/06/2006 (MANAD) (DOU de 04/07/2006); folhas de pagamento de todos os segurados em formato “.pdf”; Acordos Fl. 2138DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.139 4 Coletivos de Trabalho de 2012 e 2013; contratos de prestação de serviços de plano de saúde celebrados com terceiros; recibos e comprovantes de pagamentos feitos a prestadores de plano de saúde; recibos e comprovantes de pagamentos feitos a contribuintes individuais, dirigentes, administradores, conselheiros e diretores; e regulamento da participação nos lucros ou resultados PLR de 2012 e 2013.As GFIP consideradas pela fiscalização, para efeito de perda de espontaneidade do sujeito passivo, foram obtidas por meio de sistema informatizado interno da Receita Federal do Brasil, tendo sido enviadas pelo contribuinte antes de 13/09/2016, data de início do procedimento fiscal. A seguir, por rubrica, apresenta os fundamentos pelos quais entendeuse cabível o lançamento. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE O fato gerador das contribuições apuradas foi o pagamento de remunerações a diversos segurados empregados a título de “Gratificação Contingente”, as quais deveriam ter sido consideradas pelo contribuinte como integrantes da base de cálculo de contribuições previdenciárias, mas não o foram. Verificouse nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa a ocorrência de rubrica relativa ao pagamento de Gratificação Contingente (rubrica "1469 Gratificação Contingente") a diversos segurados empregados no anos de 2012 e 2013. Intimouse o contribuinte, por meio do Termo de Intimação Fiscal TIF nº 3, datado de 04/04/2017, a apresentar, dentre outros, explicações acerca da rubrica da folha de pagamento “1469 Gratificação Contingente”. O contribuinte, em resposta datada de 11/05/2017, expôs o seguinte: "1469 Gratificação Contingente: Gratificação prevista em Acordo Coletivo de Trabalho, correspondente ao pagamento extraordinário de uma remuneração a todos os empregados". A fiscalização segregou os acordos coletivos de trabalho por segmento de sindicatos envolvidos, a saber: O documento "Acordo Coletivo de Trabalho 2011_2013_Terra" contém o Acordo Coletivo de Trabalho, vigente no período de 01/09/2011 até 31/08/2013, celebrado entre a Petrobrás Transporte S.A. Transpetro e os seguintes sindicatos acordantes: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo do Estado do Rio de Janeiro; Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo dos Estados do Pará, Amazonas, Maranhão e Amapá; Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo no Estado de Alagoas e Sergipe e Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista. (item 2.6 do Relatório Fiscal) A Gratificação Contingente, paga entre 01/09/2011 e 31/08/2013 aos segurados empregados que trabalhavam em terra, é prevista na Cláusula 4a do Acordo Coletivo, transcrevendose: Cláusula 4 a. Gratificação Contingente A Companhia pagará de uma só vez a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2011 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2011, uma Fl. 2139DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.140 5 Gratificação Contingente, sem compensação e não incorporado aos respectivos salários, no valor correspondente a 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 6.000.00 (seis mil reais), o que for maior. Os documentos "Acordo Coletivo de Trabalho 2011_2013_Marítimos Parte 1" e anexos "Acordo Coletivo de Trabalho 2011_2013_Marítimos Parte 2", contêm o Acordo Coletivo de Trabalho, vigente no período de 01/11/2011 até 31/10/2013, celebrado entre a Petrobrás Transporte S.A. Transpetro e os seguintes sindicatos, federações e Confederações acordantes: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos na Pesca e nos Portos; Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins; Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante SINDMAR; Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e dos Contramestres em Transportes Marítimos; Sindicato Nacional dos Condutores da Marinha Mercante; Sindicato Nacional dos Enfermeiros da Marinha Mercante; Sindicato Nacional dos Taifeiros Culinários e Panificadores Marítimos; Sindicato Nacional dos Marinheiros e Moços de Máquinas em Transportes Marítimos e Fluviais e Sindicato Nacional dos Marinheiros e Moços de Máquinas em Transportes Marítimos. (item 2.7 do Relatório Fiscal) A Gratificação Contingente, paga entre 01/11/2011 e 31/10/2013 aos segurados empregados marítimos que trabalhavam embarcados, é prevista na Cláusula 44a. do Acordo Coletivo, transcrevendose: Cláusula 44a. Gratificação Contingente A Companhia pagará de uma só vez a todos os empregados admitidos até 31 de outubro de 2011 e que estejam em efetivo exercício em 31 de outubro de 2011, uma Gratificação Contingente, sem compensação e não incorporado aos respectivos salários, no valor correspondente a 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 6.000.00 (seis mil reais), o que for maior. O documento "Acordo Coletivo de Trabalho 2013 Terra" contém o Acordo Coletivo de Trabalho, vigente no período de 01/09/2013 até 31/08/2015, celebrado entre a Petrobrás Transporte S.A. Transpetro e os seguintes sindicatos, federações e Confederações acordantes: Federação Única dos Petroleiros FUP e os Sindicatos da categoria profissional dos trabalhadores na indústria do petróleo. (item 2.8 do Relatório Fiscal) A Gratificação Contingente, paga entre 01/09/2013 e 31/08/2015 aos segurados empregados que trabalhavam em terra, é prevista na Cláusula 4a. do Acordo Coletivo: Cláusula 4a. Gratificação Contingente A Companhia pagará de uma só vez a todos os empregados admitidos até 31 de outubro de 2013 e que estejam em efetivo exercício em 31 de outubro de 2013, uma Gratificação Contingente, sem compensação e não incorporado aos Fl. 2140DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.141 6 respectivos salários, no valor correspondente a 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$7.200.00 (sete mil e duzentos reais), o que for maior. O documento "Acordo Coletivo de Trabalho 2013 Marítimos" contém o Acordo Coletivo de Trabalho, vigente no período de 01/11/2013 até 31/10/2015, celebrado entre a Petrobrás Transporte S.A. Transpetro e os seguintes sindicatos, federações e Confederações acordantes: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos na Pesca e nos Portos; Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins; Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante SINDMAR; Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e dos Contramestres em Transportes Marítimos; Sindicato Nacional dos Condutores da Marinha Mercante; Sindicato Nacional dos Enfermeiros da Marinha Mercante; Sindicato Nacional dos Taifeiros Culinários e Panificadores Marítimos; Sindicato Nacional dos Marinheiros e Moços de Máquinas em Transportes Marítimos e Fluviais e Sindicato Nacional dos Marinheiros e Moços de Máquinas em Transportes Marítimos. (item 2.8.1 do Relatório Fiscal) A Gratificação Contingente, paga entre 01/11/2013 e 31/10/2015 aos segurados empregados que trabalhavam embarcados, é prevista na Cláusula 52a. do Acordo Coletivo: Cláusula 52a. A Companhia pagará de uma só vez a todos os empregados admitidos até 31 de outubro de 2013 e que estejam em efetivo exercício em 31 de outubro de 2013, uma Gratificação Contingente, sem compensação e não incorporado aos respectivos salários, no valor correspondente a 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 7.200.00 (sete mil e duzentos reais), o que for maior. Em vista destas disposições, sustenta a fiscalização que apesar de prevista nos Acordos Coletivos, para ser paga em parcela única, não se incorporando aos salários dos segurados empregados beneficiados pelo pagamento, a Gratificação Contingente não consiste em um pagamento eventual. Verificou se no sítio da FUP Federação Única dos Petroleiros (http://www.fup.org.br/acordoscoletivos) que a Transpetro pagou, em parcela única, a Gratificação Contingente em todos os anos do período de 2007 até 2015. Os documentos com os Acordos Coletivos de Trabalho e seus respectivos Termos Aditivos, obtidos do site da FUP, vigentes no período de 01/09/2007 a 31/08/2015, foram anexados ao Relatório Fiscal. A seguir, relaciona para cada ano a que o Acordo Coletivo se refere, o número da cláusula relativa à Gratificação Contingente no respectivo documento e um resumo das condições de pagamento da rubrica: a) 2007 a 2009 Cláusula 96a. 80% (oitenta por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2007 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2007. Fl. 2141DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.142 7 b) 2010 Cláusula 3a. 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 6.000,00 (seis mil reais), o que for maior, a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2010 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2010. c) 2011 a 2013 Cláusula 4a. 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 6.000,00 (seis mil reais), o que for maior, a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2011 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2011. d) 2013 a 2015 Cláusula 4a. 100% (cem por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias, ou R$ 7.200,00 (sete mil e duzentos reais), o que for maior, a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2013 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2013. Conclui que a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados da Transpetro, nos anos de 2012 e de 2013, a título de Gratificação Contingente, não configurou um simples ganho eventual para esses segurados empregados, já que o pagamento desse montante, ainda que em parcela única no ano, foi realizado por 9 (nove) anos seguidos, a partir de 2007, o que descaracteriza o seu caráter de eventualidade. Dada a natureza salarial dos valores pagos, devidos ou creditados a título de Gratificação Contingente, a Transpetro deveria têlos considerado, em suas folhas de pagamento, como integrantes do salário de contribuição dos segurados empregados beneficiados com ela, informando em GFIP a totalidade do salário de contribuição desses segurados, abrangendo a referida gratificação, e efetuando o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Principia a abordagem do tema pela citação da legislação de regência (Lei nº 8.212/91, Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto no. 3.048/99 e Lei nº 10.101/00). Da análise dos dispositivos legais emergem algumas considerações: 1) O primeiro ponto a considerar é o objetivo da lei, expresso em seu artigo 1o. Tratase de munir as empresas de instrumento para estímulo à produtividade de seus empregados. Este instrumento se traduz na distribuição de resultados, vale dizer, recompensas pecuniárias. 2) Tais pagamentos não se sujeitam à incidência da contribuição previdenciária, desde que efetuados nos termos da lei. Significa dizer que a nãoincidência da contribuição previdenciária sobre a PLR é admitida, desde que observados determinados requisitos legais, e estes requisitos se encontram na própria Lei nº 10.101/2000. 3) Os requisitos legais de nãoincidência, definidos pela Lei no 10.101/2000, têm relação com a participação das entidades representativas dos trabalhadores (sindicatos) na definição dos Fl. 2142DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.143 8 critérios de apuração e pagamento da PLR, com a definição de regras claras e objetivas, relativas a estes critérios, que deverão constar dos instrumentos decorrentes da negociação (art. 2o, parágrafo 1o), e com a periodicidade dos pagamentos (art. 3o, parágrafo 2o). 4) Neste ponto, outra consideração se impõe. Os requisitos não são aleatórios; ao contrário, derivam do objetivo mesmo da lei. Tratase de garantir que a PLR seja um instrumento de incentivo pecuniário aos empregados como um todo, segundo critérios claros e objetivos definidos não somente pela empresa, mas por esta em conjunto com os próprios empregados, organizados em comissão (com participação obrigatória de representante do sindicato) ou representados pelo seu sindicato, e materializada esta convergência de vontades em instrumentos previstos na lei. 5) Sob o aspecto da periodicidade, se a PLR é medida de incentivo, guardando relação com o resultado e a produtividade, os pagamentos serão necessariamente incidentais ou excepcionais. 6) Sob o aspecto da representação dos empregados, as participações a serem distribuídas devem ser calculadas segundo critérios aprovados pelos empregados como um todo, representados pelas suas entidades sindicais, sendo estes critérios formalizados em instrumento próprio, arquivado na sede do sindicato, à disposição dos interessados; não sendo assim, as participações poderiam beneficiar uns poucos em detrimento dos restantes, ou transformarse em veículo para pagamento de benefícios diversos e liberalidades, a juízo da empresa, desvirtuando a finalidade do instituto e distorcendo o resultado fiscal. 7) Sob o aspecto da definição de regras claras e objetivas não basta a mera previsão em acordo coletivo ou a fixação de valores, percentuais e prazos de pagamentos. É necessário que deste acordo conste regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, tais como índices de produtividade, qualidade e lucratividade, e programas de metas e resultados. Sem a observância às regras previstas na legislação, a participação nos lucros será mera verba que complementa o salário, representando campo de incidência de contribuição previdenciária. 8) Vedação de pagamento de PLR a pessoas ligadas à empresa sem a qualidade de empregados (art. 2o e art. 3o da Lei no 10.101/2000). Verificouse nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa a ocorrência de rubricas relativas ao pagamento de PLR (rubrica "/B10 Particip Lucr e ou Result") a diversos segurados empregados nas competências 04/2013, 05/2013 e 07/2013. Portanto, o PLR pago a esses empregados na competência 05/2013 violou a regra da periodicidade de pagamento da PLR, Fl. 2143DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.144 9 uma vez que o período entre os pagamentos foi inferior a um trimestre civil. Para não violar a regra da periodicidade do pagamento da PLR, que não admite pagamentos em período inferior a um trimestre civil, a Transpetro, ao efetuar pagamentos sob a rubrica Participação nos Lucros e ou Resultados a alguns empregados cumulativamente nas competências 04/2013 e 05/2013, deveria ter considerado como integrante do salário de contribuição desses empregados a parte paga a título de PLR em 05/2013, informando esses valores em GFIP e realizando o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias. Concluiu, portanto, a fiscalização, que os valores pagos a título de PLR na competência 05/2013 aos segurados empregados que receberam PLR cumulativamente nas competências 04/2013 e 05/2013 enquadramse no conceito de salário de contribuição previdenciário, sujeitos, portanto, à incidência das contribuições previdenciárias, haja vista não atenderem à lei específica a que se refere a alínea "j" do § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91, combinada com o § 10 do art. 214 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. PAGAMENTO DE PLR A CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS O fato gerador das contribuições apuradas foi o pagamento de remunerações a diversos segurados contribuintes individuais a título de PLR, que deveriam ter sido consideradas pelo contribuinte como integrantes da base de cálculo de contribuições previdenciárias, mas não o foram. Verificouse nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa a ocorrência de rubrica relativa ao pagamento de PLR (rubrica "/B10 Particip Lucr e ou Result") a diversos segurados contribuintes individuais em 2013: Agenor Cesar Junqueira Leite categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Cláudio Ribeiro Teixeira Campos categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Jose Sergio de Oliveira Machado – categoria 5 diretor não empregado com FGTS; Marcelo Rosa Renno Gomes categoria 5 diretor não empregado com FGTS; e, Rubens Teixeira da Silva categoria 5 diretor não empregado com FGTS. Embora o inciso XI do artigo 7° da Constituição Federal de 1988 e o artigo 1° da Lei n° 10.101, de 19 de dezembro de 2000 (publicada no DOU de 20 de dezembro de 2000), mencionem a PLR para os trabalhadores, o artigo 2° da referida lei regulou a PLR mediante negociação entre a empresa e seus empregados, de forma que, para efeito de dispensa de incidência de contribuição previdenciária, a PLR está restrita às parcelas pagas aos segurados empregados, excluindose os demais trabalhadores que laboram para a empresa, como os segurados contribuintes individuais. No período em que exerciam as funções de direção da companhia, os diretores, inclusive o diretor presidente, ainda que empregados de carreira, eram contribuintes individuais, sendo, inclusive, relacionados nas folhas de pagamento (MANAD) nas categorias 5 (diretor não empregado com FGTS) e 11 (diretor não empregado sem FGTS). Além disso, Fl. 2144DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.145 10 naturalmente, os administradores gozavam de posição privilegiada em relação aos empregados com relação ao estabelecimento dos critérios e metas para atribuição do montante a ser recebido a título de PLR. Portanto, embora a Transpetro não estivesse impedida de realizar pagamentos de PLR a seus diretores e a seu presidente, no ano de 2013 não pode usufruir da exclusão de incidência de contribuições previdenciárias sobre tais valores, prevista no artigo 28, § 9°, "j" da Lei n° 8.212/1991. Mesmo que o contribuinte considerasse que a rubrica recebida pelos membros da Diretoria da Transpetro em 2013 referiase à PLR de administradores, prevista no artigo 190 da Lei n° 6.404/76, os valores pagos, devidos ou creditados sob esse título deveriam compor a base de cálculo de contribuições previdenciárias. A PLR de administradores é uma forma de contraprestação pelos serviços prestados por dirigentes da empresa e não está incluída no rol exaustivo de exclusões de incidência de contribuição previdenciária, previsto no § 9° do artigo 28 da Lei n° 8.212/1991. DIRETORES EMPREGADOS DA PETROBRÁS O fato gerador das contribuições apuradas foi o pagamento de remunerações a diretores (segurados contribuintes individuais) da Transpetro cedidos pela empresa Petrobrás, as quais deveriam ter sido consideradas pelo contribuinte como integrantes da base de cálculo de contribuições previdenciárias, mas não o foram. Verificouse nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa a ocorrência de pagamentos aos diretores (contribuintes individuais categoria 11: diretores não empregados sem FGTS) Agenor César Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos em 2012 e 2013 sob as seguintes rubricas: a) rubrica /0333 13° Salário Dezembro com incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa; b) rubrica /0337 Diferença de 13° Salár com incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa; c) rubrica 0C04 Grat Férias ACT no mês com incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa; d) rubrica MC03 Férias no Mês com incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa; e) rubrica MC04 Férias 1/3 no Mês com incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa; e, f) rubrica 1010 Rem Global Dir S Enc sem incidência de contribuições previdenciárias segundo as folhas de pagamento (MANAD) da empresa. Fl. 2145DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.146 11 Intimouse o contribuinte, por meio do Termo de Intimação Fiscal TIF n° 3, datado de 04/04/2017, a apresentar, dentre outros, esclarecimentos acerca da rubrica da folha de pagamento “1010 Rem Global Dir S Enc”. O contribuinte, em resposta datada de 11/05/2017 (documento de resposta em anexo), expôs o seguinte: "1010 Honorários pagos aos Dirigentes cedidos, com vínculo empregatício com a Petrobrás Brasileiro S/A Petrobrás, que é a responsável pelo recolhimento dos encargos trabalhistas e previdenciários". Verificouse que a Transpetro, ao omitir os diretores Agenor Cesar Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos em GFIP, também deixou de declarar em GFIP os valores pagos sob as rubricas mencionadas acima a esses diretores, descumprindo o disposto no artigo 32, inciso IV, da Lei n° 8.212/1991, além de não efetuar o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, previstas no artigo 22, inciso III, da Lei nº 8.212/1991. Verificouse que estes dois diretores da Transpetro são segurados empregados da empresa Petrobrás CNPJ 33.000.167/000101, empresa do mesmo grupo empresarial. Assim, a Petrobrás cedeu estes dois segurados empregados à Transpetro para exercer cargos de direção, mantendo contudo o vínculo como empregados da Petrobrás, para onde retornariam após o fim do mandato como diretores da Transpetro. A empresa Petrobrás permaneceu nesse período declarando estes dois segurados em GFIP e efetuando o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, realizando as duas empresas um acerto destes valores entre elas. Desta forma, a rubrica "1010 Rem Global Dir S Enc" é apontada nas folhas de pagamento (MANAD) como sem incidência de contribuições previdenciárias, haja vista se referirem a valores pagos a dois segurados cedidos pela Transpetro à Petrobrás, ficando a cargo desta empresa declarar os valores pagos a esses segurados em GFIP e efetuar o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias. BÔNUS DE DESEMPENHO O fato gerador das contribuições apuradas foi o pagamento de remunerações a título de bônus de desempenho a alguns segurados contribuintes individuais, as quais deveriam ter sido consideradas pelo contribuinte como integrantes da base de cálculo de contribuições previdenciárias, mas não foram. Verificouse nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa a ocorrência de rubricas relativas ao pagamento de Bônus Desempenho (rubrica "2007 – Bônus Desempenho") aos seguintes segurados contribuintes individuais na competência 04/2013: Agenor Cesar Junqueira Leite categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Cláudio Ribeiro Teixeira Campos categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Jose Sergio de Oliveira Machado categoria 5 diretor não empregado com FGTS; Marcelo Rosa Renno Gomes categoria 5 diretor não Fl. 2146DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.147 12 empregado com FGTS; e) Rubens Teixeira da Silva categoria 5 diretor não empregado com FGTS. Intimouse o contribuinte, por meio do Termo de Intimação Fiscal TIF n° 3, datado de 04/04/2017, a apresentar, dentre outros, explicações acerca da rubrica da folha de pagamento “2007 Bônus Desempenho”. O contribuinte, em resposta datada de 11/05/2017 (documento de resposta em anexo), expôs o seguinte: "2007 Bônus Desempenho : Bônus pagos extraordinariamente aos Dirigentes, correspondente a uma remuneração". Intimouse, então, o contribuinte, por meio do Termo de Intimação Fiscal TIF n° 5, datado de 11/05/2017, a apresentar explicações adicionais acerca da rubrica “2007 BÔNUS DESEMPENHO”: (3.1) Quais foram os critérios utilizados, em 2013, na decisão de quais trabalhadores receberiam essa rubrica? (3.2) Quais foram os critérios utilizados pela empresa para chegar ao montante pago a cada beneficiário da rubrica em 2013? (3.3) A previsão de pagamento dessa rubrica em 2013 estava formalizada em algum documento? Se positiva a resposta, em que documento? (3.4) Qual é periodicidade de pagamento de tal rubrica em 2012 e 2013 ? (3.5) Em caso de resposta positiva ao subitem (3.3), solicitase a apresentação de cópia digital do documento em que estava revisto o pagamento da rubrica 2007 BÔNUS DESEMPENHO em 2013." O contribuinte, em resposta datada de 06/06/2017 (documento de resposta em anexo), expôs, em relação aos itens 3.1 a 3.5 do TIF n° 5, respectivamente, o seguinte: "Foi aprovado em reunião do Conselho de Administração da Companhia, de 03/04/2013, cópia do extrato parcial em anexo, o pagamento de uma remuneração a título de bônus para os membros da Diretoria (Presidente e Diretores)." “Conforme aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia, o valor do Bônus seria de uma remuneração, R$ 76.010,55, para o Presidente e R$ 67.784,14, para os Diretores." "Sim. Em decisão constante de extrato parcial de Ata de reunião do Conselho de Administração da Companhia." "Anual". "Segue cópia do extrato parcial de Ata da Reunião do Conselho de Administração." A rubrica “2007 Bônus Desempenho” foi apontada nas folhas de pagamento (MANAD) da empresa como provento sem incidência de contribuições previdenciárias, não sendo declarados em GFIP os valores pagos sob essa rubrica aos segurados contribuintes individuais. Quanto à natureza do pagamento da Bônus de Desempenho (Rubrica 2007), tratase de simples abono ou gratificação, pago Fl. 2147DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.148 13 a dirigentes em retribuição/reconhecimento ao trabalho desenvolvido, por decisão da administração da empresa. Convém esclarecer que os pagamentos não foram efetuados a segurados empregados e sim a dirigentes contribuintes individuais. Após citar a legislação previdenciária, afirma que o conceito de remuneração tem forma ampla, alcançando importâncias pagas pela empresa ao prestador do serviço, sem importar a forma de retribuição ou o título; são vantagens econômicas acrescidas ao patrimônio do trabalhador em decorrência da relação laboral. Neste diapasão há que se concluir que a livre manifestação do empregador possui a natureza de convenção particular e cujos efeitos, consoante o disposto no artigo 123 do CTN, não podem ser opostos à Fazenda Pública, não afastam a incidência da contribuição previdenciária, cujos termos têm eficácia restrita às partes aderentes, não podendo se contrapor às disposições da Lei n° 8.212/91. Assim sendo, a livre manifestação da empresa, ainda que expressamente negue a incorporação do pagamento ao "salário", aqui entendido remuneração, não têm força de lei para impor a não incidência de contribuições previdenciárias sobre tais parcelas, nos termos do art. 123 do CTN. Tendo em vista que os valores pagos aos dirigentes (contribuintes individuais) sob a rubrica "2007 Bônus Desempenho" tratamse de remuneração em retribuição aos serviços prestados, sem qualquer previsão legal que afaste a incidência de contribuições previdenciárias, esse valores devem integrar a base de cálculo da remuneração dos contribuintes individuais, incidindo sobre eles, por conseguinte, as contribuições previdenciárias. Ressaltese que o fato de terem sido tais remunerações pagas em parcela única em 04/2013 não caracteriza o pagamento como eventual, pois conforme exposto no item 3.4 da resposta do contribuinte, datada de 06/06/2017, a periodicidade de pagamento de tal rubrica em 2012 e 2013 é anual. Portanto, como a Transpetro não considerou a remuneração paga, devida ou creditada a cada um dos membros de sua própria Diretoria, sob a rubrica “2007 – Bônus Desempenho”, como integrante da base de cálculo para a Previdência Social, não a incluiu nos respectivos salários de contribuição informados na GFIP do estabelecimento 02.709.449/0001 59, na competência 04/2013, acarretando uma contribuição previdenciária declarada em GFIP, para esse estabelecimento/competência, inferior à devida. Tendo em vista que os fatos geradores das contribuições lançadas no presente processo ocorreram na vigência da Lei no 11.941/09, que introduziu o artigo 35A na Lei n° 8.212/91, aplicase no presente lançamento a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento), conforme disposto no inciso I do artigo 44 da Lei n° 9.430/96. Devidamente intimado o contribuinte sobre o lançamento, comparece aos autos apresentando o instrumento de impugnação de fls. 694/751. Alega, em apertada síntese: Fl. 2148DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.149 14 DO DIREITO DA CONTRIBUIÇÃO A OUTRAS ENTIDADES OU FUNDOS: MESMA BASE DE CÁLCULO UTILIZADA PARA CONTRIBUIÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL 1) De acordo com o art. 109 da Instrução Normativa RFB n° 971/09, as contribuições destinadas a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros) incidem sobre a mesma base de cálculo utilizada para o cálculo das contribuições destinadas à Previdência Social, ou seja, a folha de pagamento de salários. Cita legislação e julgados. DA EXCLUSÃO DAS VERBAS DE GRATIFICAÇÃO DE CONTINGENTE DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES 2) Cita o artigo 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91. O dispositivo transcrito determinou que a base de cálculo das contribuições à Seguridade Social corresponde ao total das remunerações destinadas a retribuir o trabalho, ou seja, o salário do empregado, não havendo o que se falar na inclusão nesta base de cálculo de determinadas remunerações pagas sem correlação com a prestação de serviços realizada pelo empregado. Nem se alegue, em desfavor desta constatação, que a Lei utiliza a palavra "remuneração", e não "salário", eis que caso fosse esse o desejo do legislador, a Lei não preceituaria que a incidência da contribuição deve ocorrer apenas sobre as verbas "destinadas a retribuir o trabalho". Dessa forma, afirmese em rigorosa síntese que as contribuições ora em voga, devem incidir tão somente sobre as verbas que correspondam a uma contraprestação ao serviço prestado pelo trabalhador, ou seja, as verbas de natureza estritamente salarial, e não sobre a remuneração sob uma visão geral de toda e qualquer quantia recebida. Com tanto mais razão, o plano jus trabalhista considera distintos os conceitos de remuneração e salário. O primeiro, mais amplo, tem definição controvertida entre os doutrinadores, recebendo pelo menos três sentidos diferenciados que, apesar de se aproximarem, possuem determinadas particularidades. Entretanto, a mais aceita das acepções, fundada no modelo sugerido pelo texto dos arts. 76 e 457, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, consolida o entendimento de que os conceitos em discussão guardam entre si considerável diferença. Cita doutrina. 3) Destarte, remuneração é todo provento legal e habitualmente auferido pelo empregado em virtude do contrato de trabalho, podendo incluirse neste, o salário que, por seu turno, é contraprestação direta devida pelo empregador ao empregado em virtude de serviço prestado em face do contrato de trabalho. Cita doutrina. 4) Em seguimento a esse elenco, importante destacar que a gratificação de contingente é pagamento feito pela Impugnante aos empregados sem respectiva contraprestação pelo trabalho. Tratase de quantia paga em decorrência de previsão do Acordo Coletivo de Trabalho, o que foi reconhecido pela própria Fiscalização, não havendo qualquer correlação direta com a Fl. 2149DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.150 15 prestação de serviço. O pagamento de gratificação de contingente não configura remuneração decorrente do trabalho, mesmo porque não há qualquer obrigatoriedade da Impugnante realizar o pagamento, havendo apenas um acordo entre ela e o sindicato para o referido pagamento. 5) Há de se ressaltar que a Impugnante não estava obrigada a acordar a concessão da gratificação no Acordo Coletivo de Trabalho, fazendo isso por livre e espontânea vontade, e deixando constar expressamente que não há qualquer vinculação do pagamento com a remuneração decorrente do trabalho prestado. Importante destacar que esta rubrica não possui uma das principais características das quantias que compõem o salário de contribuição, qual seja, a habitualidade. A gratificação de contingente não é paga de forma habitual, sendo pagamento realizado eventualmente e, de acordo com o Acordo Coletivo de Trabalho. 6) Mostrase deveras equivocado o argumento da Autoridade Fiscal no sentido de que, por terem sido tais gratificações pagas nos anos de 2012 e 2013, período objeto da fiscalização, na verdade, haveria habitualidade. Acrescentese, ainda, que a autoridade menciona que, conforme verificado no site da Federação Única dos Petroleiros, a Impugnante pagou, em parcela única, a Gratificação de Contingente em todos os anos do período de 2007 a 2015. Ora, a autoridade fiscal não verificou como foram feitos os pagamentos nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2014 e 2015, não tendo avaliado condições, previsões em Acordos Coletivos de Trabalho, tampouco critérios de pagamento, já que a fiscalização foi apenas dos anos de 2012 e 2013. Assim, não pode a autoridade fiscal utilizar informação genérica obtida em site da Federação Única dos Petroleiros para presumir que há habitualidade no pagamento da Gratificação de Contingência e justificar o lançamento das contribuições em exigência, sem analisar qualquer documento relativo aos pagamentos nos anos não fiscalizados. 7) Destaquese, inclusive, que o Superior Tribunal de Justiça STJ já se manifestou no sentido de que o pagamento de abono único em sucessivos anos não caracteriza a habitualidade do pagamento da verba, sendo evidente que o pagamento da gratificação de contingente é eventual e, portanto, não pode sofrer a incidência das contribuições. A habitualidade, na verdade, se refere apenas ao período de vigência do Acordo Coletivo que prevê o pagamento da verba. Assim a quantia deve ser paga uma única vez dentro do prazo do ACT e não durante toda a relação de emprego do empregado. Como pode se observar, ainda, nos Acordos Coletivos de Trabalho apresentados à época da fiscalização e constantes nos presentes autos, suas cláusulas são expressas ao determinar que a gratificação de contingente não integra os salários dos empregados, deixando claro, ainda, que não consiste em contraprestação do trabalho realizado pelos mesmos. 8) Cita precedente do Tribunal Superior do Trabalho – TST, específico sobre a gratificação contingente (Orientação Fl. 2150DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.151 16 Jurisprudencial nº 64 da SBDI1), do Superior Tribunal de Justiça STJ, o Ato Declaratório PGFN nº 16/2011 e precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. 9) Diante de todo o exposto, resta claro que é pacífico o entendimento de segundo o qual a gratificação de contingente é verba de natureza não salarial, já que paga de forma eventual, e sem natureza retributiva do trabalho do empregado. A Fiscalização, ao mencionar o artigo 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91, o trata como norma isentiva, estabelecendo rol taxativo das hipóteses ali apontadas. No entanto, a doutrina é pacífica ao entender que o referido dispositivo normativo trata de casos de não incidência tributária com rol exemplificativo, especialmente no que se refere ao item 7 da alínea “e”. Cita doutrina. É oportuno destacar, ainda, que não merece prosperar o argumento no sentido que somente a lei poderia afastar a natureza salarial das rubricas mencionadas no item 7 da alínea “e” do § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91. Cita doutrina. DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR PAGA AOS SEGURADOS EMPREGADOS 10) A Autoridade Fiscal não verificou que os empregados que receberam PLR nos meses de 04 e 05/2013 não ocupavam o mesmo cargo nos dois períodos, ou seja, estes empregados receberam o PLR nos meses de abril e maio/2013, mas ocupando cargos diversos. Como se vê na planilha anexa ao Relato Fiscal, em que é informada a matrícula do empregado beneficiado pelo pagamento na coluna “Cód Trab”, apesar de se tratar do mesmo empregado, ele recebeu o PLR de 04 e 05/2013 ocupando cargos diferentes, havendo, inclusive, descrição diversa do mesmo trabalhador. Apresenta planilha que demonstra que o PLR pago ao mesmo empregado sem observância da periodicidade estabelecida em lei foi, todas as vezes que o empregado ocupava outro cargo, o que pode ser verificado pela sua matrícula no período. 11) Destaquese, ainda, que é possível verificar que os empregados Cristina Helena Zagratzki Smith da Silva e Antonio Jose Caldas Rodrigues receberam PLR duas vezes no mês de maio, sendo certo que ocupavam cargos diferentes em ambos os recebimentos, bem como em abril e julho. Ora, é evidente que a Impugnante não pagaria PLR ao mesmo empregado duas vezes no mesmo mês, sequer em meses seguidos, sem observância da periodicidade exigida em lei, tendo ocorrido tais pagamentos justamente porque os empregados ocupavam cargos diferentes quando do recebimento do benefício. 12) É importante lembrar que somente receberam PLR aqueles empregados que atingiram as metas e resultados estabelecidos para as posições que ocupavam na empresa no período. Assim, é possível verificar que os pagamentos realizados, apesar de terem sido destinados aos mesmos empregados, se deram em razão de colocação em cargos diferentes, tendo, inclusive, recebido valores diversos. A legislação não faz qualquer restrição para a Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.152 17 concessão diferenciada de PLR em setores ou unidades da mesma empresa, razão pela qual, a Impugnante decidiu que o pagamento de PLR para empregados ocupantes de cargos diferentes ocorreria em períodos diversos. 13) No caso sob apreciação, o fato de existirem mais pagamentos no mesmo exercício ou no mesmo trimestre não desnatura a PLR, posto que evidenciado tratarse de pagamentos a empregados ocupantes de cargos diferentes quando dos recebimentos. Como se sabe, a periodicidade estabelecida pela Lei n° 10.101/00 tem como objetivo impedir que o pagamento de PLR seja feito como complemento ao salário mensal, de forma que não substitua a remuneração. Ora, no presente caso é evidente que os pagamentos de PLR nos meses de abril e maio não objetivaram substituir a remuneração decorrente de contrato de trabalho, principalmente porque foram feitos quando os empregados ocupavam diferentes cargos. DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR PAGA AOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS 14) Cita a Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 10.101/00. Somente em razão do artigo 2o da Lei nº 10.101/00 se referir a "empresa e seus empregados", a Fiscalização entendeu que os pagamentos feitos a título de PLR a contribuintes individuais sofrem a incidência das contribuições. Lembrese que a Constituição de 1988 não faz referência a empregados, mencionando de forma abrangente o termo "trabalhadores", de forma que não épossível a limitação pretendida pela autoridade fiscal. Não é demais lembrar, inclusive, que o pagamento de PLR a dirigentes e diretores encontrase previsto na Lei n° 6.404/76 em seus arts. 152, § 1° e 190. 15) Ocorre que, diferentemente do sustentado pela Autoridade Fiscal, a não incidência das contribuições sobre os pagamentos feitos a título de PLR também se estende aos pagamentos feitos aos diretores e dirigentes, contribuintes individuais. A referência somente a empregados na Lei n° 10.101/00 não pode criar um novo campo de incidência das contribuições previdenciárias para os contribuintes individuais, sendo certo que os lucros e resultados pagos a eles também não se incluem na base de cálculo dos referidos tributos. Cita julgados do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. 16) Assim, o entendimento adotado pela autoridade fiscal diverge de toda jurisprudência do CARF, sendo evidente que se admitir a incidência das contribuições sobre as verbas pagas a título de PLR somente aos diretores (contribuintes individuais) caracterizaria manifesta afronta à isonomia, princípio constitucionalmente assegurado. A Lei n° 8.212/91, em seu art. 28, § 9°, alínea “j” dispõe expressamente que não integram o salário de contribuição as verbas pagas a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, desde que observados os requisitos estabelecidos em lei. Como de natural obviedade, os pagamentos feitos a contribuintes individuais somente sofrerão a incidência das contribuições previdenciárias quando pagos de forma habitual e em contraprestação ao trabalho realizado. Fl. 2152DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.153 18 17) Como se sabe, o pagamento referente a participação nos lucros e resultados não se dá em razão do trabalho realizado pelo diretor, tratase, na verdade, de rendimento do capital, o que comprova a ausência de um dos requisitos para inclusão da verba no saláriodecontribuição. Na esteira desse raciocínio, a PLR não é paga de forma habitual, pelo que também não resta atendido o outro requisito para inclusão da verba no saláriode contribuição. Cita doutrina. DOS PAGAMENTOS A SEGURADOS EMPREGADOS DA PETROBRÁS 18) A Fiscalização exige contribuições sobre as verbas pagas aos diretores Agenor Cesar Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, nos anos de 2012 e 2013, sob a rubrica “Remuneração Global Dir. S. Enc”. Ocorre, no entanto, que se tratam de honorários pagos aos dirigentes cedidos pela Petrobrás, com vínculo empregatício com esta empresa, razão pela qual a responsável pelo recolhimento das contribuições incidentes sobre tais verbas era a Petrobrás e não a Impugnante. Cabe lembrar que, conforme reconhecido pela própria Autoridade Fiscal, a Petrobrás permaneceu declarando os dois segurados em GFIP e efetuando o recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos diretores. Como de natural obviedade, considerando que as remunerações dos dois dirigentes estavam sendo declaradas na GFIP da Petrobrás e as respectivas contribuições previdenciárias também estavam sendo recolhidas por esta empresa, a Impugnante não procedeu à mesma declaração em GFIP, tampouco ao recolhimento em duplicidade das contribuições. 19) Não obstante, a Autoridade Fiscal entendeu que a Impugnante ao não incluir em GFIP os pagamentos realizados aos dois diretores da Petrobrás, bem como ao não recolher as respectivas contribuições, descumpriu o disposto nos arts. 22, inciso III e 32, inciso IV, da Lei n° 8.212/91. Não é demais repetir que a Petrobrás estava realizando todas as declarações e recolhimentos devidos, o que foi reconhecido na Fiscalização. No entanto, de acordo com a Autoridade Fiscal, a Petrobrás não declarou a totalidade dos valores e, consequentemente, não recolheu a integralidade das contribuições devidas, razão pela qual estão sendo exigidas da impugnante as diferenças não recolhidas. 20) Ora, é evidente que, em sendo os dirigentes considerados vinculados à Petrobrás, em havendo declaração da remuneração dos mesmos na GFIP daquela empresa, cabe tão somente a ela o recolhimento das contribuições devidas, não havendo o que se falar em responsabilidade da Impugnante, razão pela qual o lançamento tributário deve ser feito em face da Petrobrás, que declarou incorretamente e recolheu a menor. 21) Importante lembrar que nos contratos de trabalho consta a Petrobrás como contratante de ambos os diretores, razão pela qual o ônus referente ao recolhimento das contribuições Fl. 2153DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.154 19 incidentes sobre as verbas pagas a eles, é da Petrobrás e não da Impugnante que tomou os serviços por curto espaço de tempo. Dessa forma, se a Petrobrás declarou incorretamente os valores que foram efetivamente pagos a título de remuneração aos diretores e, consequentemente, recolheu a menor as respectivas contribuições devidas, é evidente que a cobrança deve ser feita em face da referida empresa e não da Impugnante. DAS VERBAS DE BÔNUS DE DESEMPENHO 22) Conforme já informado durante a Fiscalização, o bônus de desempenho foi um pagamento feito uma única vez aos diretores em razão de decisão do Conselho de Diretores. Impede assinalar, desde logo, que o mencionado pagamento foi realizado uma única vez, não havendo o que se falar em habitualidade no pagamento da rubrica. Ora, os dirigentes receberam as quantias de bônus de desempenho uma única vez, não tendo sido, inclusive, uma contraprestação do trabalho desenvolvido, já que pago desproporcionalmente e sem qualquer vinculação às atividades realizadas no ano. Verificase, dessa forma, que o bônus de desempenho não possui as duas características essenciais para que seja atribuída natureza salarial à verba, ou seja, a retributividade e a habitualidade. Cita doutrina. 23) No presente caso, não houve qualquer proporcionalidade no pagamento realizado, o que, por si só, já afasta a característica da retributividade, já que completamente desvinculada do trabalho dos diretores. A eventualidade do pagamento é evidente, não existindo habitualidade em um pagamento realizado uma única vez aos diretores, e, conforme amplamente já demonstrado na presente defesa, pagamentos eventuais não integram o salário de contribuição. A ausência de habitualidade nos pagamentos, bem como a inexistência de contraprestação impedem que valores pagos aos empregados componham o salário de contribuição, sendo evidente que a Impugnante, em momento algum, pretendeu substituir ou complementar a remuneração de seus empregados com os referidos/bônus/benefícios. Cita julgados do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. 24) Destaquese, ainda, que os valores de bônus de desempenho considerados no lançamento combatido incluem os pagamentos feitos aos diretores Agenor César Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, os quais, conforme já informado, são empregados da Petrobrás, razão pela qual não há o que se falar em exigência em face da Impugnante. Dessa forma, ainda que as contribuições incidissem sobre as verbas pagas a título de bônus de desempenho, os valores referentes às quantias pagas aos diretores Agenor César Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos deveriam ser exigidos da Petrobrás. 25) Diante dos elementos trazidos à colação, resta descaracterizada a contraprestatividade ao serviço prestado pelo trabalhador, não se podendo, pois, falar em salário; motivo pelo qual tais verbas devem ser excluídas da base de cálculo das Fl. 2154DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.155 20 contribuições sociais e previdenciárias, devendo, portanto, serem integralmente afastadas as cobranças combatidas. DA COBRANÇA ABUSIVA DE MULTA 26) Por derradeiro, por amor ao debate e ainda que fosse possível a aplicação de penalidade no presente caso, insta repisar que a multa exigida vai de encontro ao ordenamento jurídico pátrio. Como é sabido, os parâmetros para fixação das multas devem obedecer aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, preceitos do Direito Tributário cuja função primordial reside na atuação consciente da Administração Pública, sem a imposição de punições além das necessárias ao atendimento do interesse público. Cita doutrina. 27) À guisa do entendimento ora dado à estampa, concluise que o princípio da proporcionalidade é aquele que norteia a Administração Pública quando esta procede com as imposições de sanções pecuniárias aos contribuintes, devendo esta, portanto, aplicar a multa de forma proporcional entre o delito, a sanção e o prejuízo econômico causado. No presente caso, multa de ofício de 75% do valor do tributo supostamente devido, acrescida de juros, considerando que este sequer é devido, mostrase exorbitante e desproporcional. Ressaltese, ainda, que a imposição da multa de 75%, avança de forma desmedida no patrimônio do contribuinte para injustificadamente impingirlhe gravame punitivo. Destaquese que exigir multa em razão do não recolhimento do referido tributo, quando este não era devido, como pretende a Receita Federal no caso em comento, caracteriza manifesto confisco, em frontal violação dos preceitos constitucionais. Cita entendimento do Supremo Tribunal Federal STF e doutrina. DO PEDIDO 28) Por todo o exposto, espera firmemente a Impugnante sejam consideradas as relevantes razões de fato e de direito aduzidas na presente e requer sejam julgados improcedentes os Autos de Infração, cancelando, na sua totalidade, o lançamento tributário. Caso assim não se entenda, protestase pela redução da multa arbitrada em homenagem aos princípios da legalidade e não confisco. Vieramme os autos à conclusão. É o relatório. Passo a decidir.” A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte, mantendo, assim o crédito tributário lançado, na integralidade. O contribuinte, inconformado com o resultado do julgamento, apresentou recurso voluntário, às fls. 1111/1168, reiterando, as alegações expostas em impugnação. Em anexo ao Recurso Voluntário, o contribuinte juntou aos autos documentos a fim de comprovar suas alegações, quais sejam: Fl. 2155DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.156 21 · Às fls. 1206/1245 e fls. 1312/1351 junta “Descrição dos fatos e enquadramento legal – Contribuição Previdenciária da Empresa e do Empregador”; · Às fls. 1352/1400 e fls. 1401/1440 “Demonstrativo de Apuração – Contribuição para outras entidades e fundos”; · Às fls. 1441/1498, Acórdão que deu parcial provimento ao Recurso Especial no processo em que também é recorrente (processo n° 16682721489/201398); · Às fls. 1499/1669 e fls. 1673/2128, contratos individuais de trabalho; É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da Gratificação Contingente Sobre a rubrica “1469 Gratificação Contingente”, pagas nos anos de 2012 e 2013, basicamente a fiscalização sustenta: a) Previsão em acordos coletivos, que transcreve. b) Habitualidade no pagamento da rubrica (de 2007 a 2015), em parcela única, após pesquisa no sítio da FUP Federação Única dos Petroleiros (http://www.fup.org.br/acordoscoletivos), transcrevendo as previsões dos acordos de trabalho localizados no site. De sua parte, no tópico “DA EXCLUSÃO DAS VERBAS DE GRATIFICAÇÃO DE CONTINGENTE DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES”, alega o contribuinte, basicamente: a) As contribuições previdenciárias devem incidir tão somente sobre as verbas que correspondam a uma contraprestação ao serviço prestado pelo trabalhador, ou seja, as verbas de natureza estritamente salarial, e não sobre a remuneração sob uma visão geral de toda e qualquer quantia recebida. b) A gratificação de contingente é pagamento feito pela Impugnante aos empregados sem respectiva contraprestação pelo trabalho. Tratase de quantia paga em decorrência de previsão do Acordo Coletivo de Trabalho, não havendo qualquer correlação direta com a prestação de serviço. c) Impugnante não estava obrigada a acordar a concessão da gratificação no Acordo Coletivo de Trabalho, fazendo isso por livre e espontânea vontade d) A rubrica não possui uma das principais características das quantias que compõem o salário de contribuição, qual seja, a habitualidade. e) Sobre a verificação no site da Federação Única dos Petroleiros, a autoridade fiscal não verificou como foram feitos os pagamentos nos anos de 2007, 2008, Fl. 2156DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.157 22 2009, 2010, 2011, 2014 e 2015, não tendo avaliado condições, previsões em Acordos Coletivos de Trabalho, tampouco critérios de pagamento, já que a fiscalização foi apenas dos anos de 2012 e 2013. Assim, não pode a autoridade fiscal utilizar informação genérica obtida em site da Federação Única dos Petroleiros para presumir que há habitualidade no pagamento da Gratificação de Contingência e justificar o lançamento das contribuições em exigência, sem analisar qualquer documento relativo aos pagamentos nos anos não fiscalizados. f) O Superior Tribunal de Justiça STJ já se manifestou no sentido de que o pagamento de abono único em sucessivos anos não caracteriza a habitualidade do pagamento da verba, sendo evidente que o pagamento da gratificação de contingente é eventual. g) O tema já foi objeto de pronunciamento pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, conforme Orientação Jurisprudencial nº 64 da SBDI1. O contribuinte alega que o pagamento da Gratificação Contingente não se deu com habitualidade, e, em face do artigo 201, § 11 da Constituição Federal de 1988, não estaria abrangido pela hipótese de incidência previdenciária. Sobre o tema, consoante destacado pela CONTRIBUINTE, o Tribunal Superior do Trabalho – TST, em reiterados julgados, tem se manifestado nos seguintes termos: “RECURSOS DE REVISTA INTERPOSTOS PELAS RECLAMADAS. IDENTIDADE DE MATÉRIAS. ANÁLISE CONJUNTA. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS PREVISTAS EM NORMA COLETIVA A EMPREGADOS DA ATIVA. NATUREZA JURÍDICA NÃO SALARIAL. NÃO INTEGRAÇÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. Segundo a diretriz fixada na Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST, as parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria. Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.” (TST, RR 12320009.2008.5.04.0202 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 27/09/2017, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017) “RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRARECLAMADA PETROBRAS COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA COMPETÊNCIA JUSTIÇA DO TRABALHO DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. No dia 20/2/2013, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs RE 586.453 e RE 583.050, proferido com repercussão geral, concluiu que cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada, ainda que oriunda do contrato de trabalho. Contudo, os efeitos da decisão, por questões de segurança jurídica, foram modulados para estabelecer que permanecerão na Justiça do Trabalho todos os processos com sentença de mérito proferida até aquela data. Logo, como na situação a decisão de primeiro grau com resolução de mérito foi prolatada antes do julgamento da matéria pela Corte Suprema, fica preservada a competência da Justiça do Trabalho para a resolução do litígio. Fl. 2157DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.158 23 Recurso de revista da primeirareclamada não conhecido. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA PETROBRAS PETROS PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE NORMA COLETIVA NATUREZA INDENIZATÓRIA EXTENSÃO AOS APOSENTADOS IMPOSSIBILIDADE. O art. 7º, XI, da Constituição Federal estabelece a natureza jurídica indenizatória da participação nos lucros. Além disso, nos termos do art. 7º, XXVI, da Constituição da República, deve ser prestigiado o pactuado em norma coletiva, invocandose o princípio da autonomia da vontade coletiva, desde que não haja o desrespeito a norma de ordem pública ou máfé. Logo, a participação nos lucros e a gratificação contingente, previstas em norma coletiva e pagas em parcela única, são devidas apenas aos empregados em atividade e têm natureza jurídica indenizatória, sendo descabida a extensão das referidas parcelas aos inativos e a sua integração aos proventos de complementação de aposentadoria. Incide a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST. Recurso de revista da primeirareclamada conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDARECLAMADA PETROS PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. Ante o conhecimento e provimento do recurso de revista da primeirareclamada, com a improcedência dos pedidos iniciais dos autores, fica prejudicado o exame do apelo de revista da segundareclamada, em razão da total perda superveniente do seu objeto. Recurso de revista da segundareclamada prejudicado.” (TST, RR 14630082.2002.5.01.0041 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 26/10/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016) “I EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA FUNDAÇÃO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL PETROS. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. OMISSÃO. Reconhecida a omissão em relação ao tema gratificação contingente, dáse provimento aos embargos de declaração para sanar omissão e analisar o recurso de revista quanto ao tema em questão. Embargos de declaração conhecidos e providos, com efeito modificativo. II RECURSO DE REVISTA. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. A decisão regional em que se deferiu a inclusão da parcela denominada "Gratificação Contingente" no cálculo da complementação de aposentadoria, está em contrariedade aos termos da OJ 64 da SBDI1 Transitória, segundo a qual "As parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria". Recurso de revista conhecido por contrariedade à OJ Transitória nº 64 da SBDI1 e provido, no particular.” (TST, EDARR 21140086.2008.5.04.0203, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 22/11/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/11/2016) Fl. 2158DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.159 24 O Tribunal Superior do Trabalho buscou uniformizar a jurisprudência, resultando na edição da OJ Transitória 64 SBDI1, nos seguintes termos: “64. Petrobras. Parcelas gratificação contingente e participação nos resultados deferidas por norma coletiva a empregados da ativa. Natureza jurídica não salarial. Não integração na complementação de aposentadoria. (DeJT 03/12/2008). As parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria.” No julgamento do Recurso de Revista nº 738054/2001.0, a 5ª Turma do TST, por intermédio do voto da lavra do eminente ministro Emmanoel Pereira, reconheceu a natureza indenizatória das parcelas denominadas "participação nos resultados" e "gratificação de contingente". Cumpre transcrever trecho do voto condutor daquele julgado. Confirase: “2. MÉRITO PETROBRÁS. PARCELA PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS DEFERIDAS POR NORMA COLETIVA A EMPREGADOS DA ATIVA. NATUREZA JURÍDICA NÃO SALARIAL. NÃOINTEGRAÇÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. Limitase a controvérsia em definir a natureza jurídica imanentes às parcelas creditadas aos empregados da ativa, ligados à PETROBRAS, a título de "participação nos resultados" e "gratificação de contingente". No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, a questão não mais comporta questionamento. Em termos gerais, a Corte entende que a parcela instituída por negociação coletiva com destinação específica aos empregados em atividade a serem pagas uma única vez e não incorporadas ao salário não são passíveis de reflexos na complementação de aposentadoria. É o que deflui da Orientação Jurisprudencial nº 346 da SBDI1, abaixo reproduzida: ABONO PREVISTO EM NORMA COLETIVA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. CONCESSÃO APENAS AOS EMPREGADOS EM ATIVIDADE. EXTENSÃO AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. DJ 25.04.07 A decisão que estende aos inativos a concessão de abono de natureza jurídica indenizatória, previsto em norma coletiva apenas para os empregados em atividade, a ser pago de uma única vez, e confere natureza salarial à parcela, afronta o art. 7º, XXVI, da CF/88. No caso em foco, relativo à PETRO e PETROBRAS, o TST também pacificou entendimento. As parcelas creditadas aos empregados da ativa, em parcela única, sem reflexo em outras verbas, a título de "participação nos resultados" e "gratificação de contingente" revestemse de natureza indenizatória e, por isto, não comportam extensão aos inativos. Nesse sentido, menciono os seguintes precedentes específicos à PETROBRAS e PETROS: Fl. 2159DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.160 25 "GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO DE RESULTADO ACORDO COLETIVO REPERCUSSÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA PETROBRAS. Não se há falar em ofensa ao art. 457, § 1º, da CLT, pela peculiaridade registrada na decisão Regional, de que as verbas deferidas não se incorporam ao salário, já que os abonos concedidos o foram a título de participação nos resultados, conforme firmado em acordo coletivo, e pagos em parcela única. Recurso de Embargos não conhecido" (ERR44387/ 20029001100, Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 22/06/07); "EMBARGOS. PETROBRAS PARTICIPAÇÃO EM RESULTADOS. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. INCORPORAÇÃO À COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA INDEVIDA. 1. Não se identificam elementos hábeis à declaração da natureza salarial das verbas gratificação contingente e participação de resultados. A inexistência de habitualidade afasta, de imediato, a incorporação das parcelas ao contrato de trabalho, não havendo falar em violação ao artigo 457, § 1º, da CLT. 2. O art. 7º, XI, da Constituição da República não foi prequestionado, nos termos da Súmula nº 297 do TST. Embargos não conhecidos" (ERR44381/ 20029001100, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DJ 25/05/07); "GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. NATUREZA DA PARCELA. ACORDO COLETIVO. Devese prestigiar o pactuado entre empregados e empregadores por meio de convenções e acordos coletivos de trabalho, sob pena de violação ao disposto no art. 7º, inc. XXVI, da Constituição da República. A flexibilização no Direito do Trabalho, fundada na autonomia coletiva privada, permite a obtenção de benefícios para os empregados com concessões mútuas. Portanto, se as partes decidiram vedar a incorporação das verbas em apreço na remuneração, não se pode dar interpretação elastecida ao instrumento normativo. Recurso de Embargos de que não se conhece" (ERR785.415/ 2001.5 Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DJ 02/02/07). Ante o exposto, dou provimento ao recurso de revista, para, reconhecendo a natureza indenizatória das parcelas denominadas "participação nos resultados" e "gratificação de contingente", julgar improcedente todos os pedidos deduzidos na petição inicial. Invertido o ônus da sucumbência. Custas pelos reclamantes, no importe de R$ 27,00, calculadas sobre o valor atribuído à causa, de cujo pagamento ficam dispensados na forma da lei.” (grifouse) O Recorrente alega, ainda, que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, editou o Ato Declaratório nº 16, de 20 de dezembro de 2011 (DOU de 22.12.2011), em que reconhece expressamente que sobre o abono único previsto em convenção coletiva de trabalho, e desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não incide contribuição previdenciária, in verbis: A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso Fl. 2160DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.161 26 II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 09/12/2011 , DECLARA que ‘nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária’. JURISPRUDÊNCIA: REsp nº 434.471/MG (DJ 14/2/2005), REsp nº 1.125.381/SP (DJe 29/4/2010), REsp nº 840.328/MG (DJ 25/9/2009) e REsp nº 819.552/BA (DJe 18/5/2009). Por oportuno, transcrevo a ementa de julgado deste Conselho, pelo afastamento da incidência de contribuição previdenciária sobre a rubrica gratificação contingente: [...] GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. NORMA COLETIVA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Nos termos do art. 7º, XXVI, da Constituição da República, deve ser prestigiado o pactuado em norma coletiva, invocandose o princípio da autonomia da vontade coletiva, desde que não haja o desrespeito a norma de ordem pública ou máfé. Logo, a gratificação contingente, prevista em norma coletiva e paga em parcela única, é devida apenas aos empregados em atividade e têm natureza jurídica indenizatória, sendo descabida a extensão das referidas parcelas aos inativos e a sua integração aos proventos de complementação de aposentadoria. Incide a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST. [...] (Acórdão nº 2401005.284, Relatora Luciana Matos Pereira Barbosa, julgado em 07.02.2018.) Verifico, no presente caso, que se encontram presentes os requisitos estabelecidos no art. 28, §9º, ‘e’, item 7, da Lei 8.212/91, para a não incidência da contribuição previdenciária, a vista que as importâncias recebidas são expressamente desvinculados do salário, conforme determinam os Acordos Coletivos (não incorporados os respectivos salários) e pagos sem habitualidade, não possuindo natureza salarial e portanto, deve ser afastada a contribuição previdenciária sobre a rubrica gratificação contingente. Da Participação nos Lucros e Resultados PLR Quanto à Participação nos Lucros e Resultados, após várias considerações teóricas sobre o tema, a fiscalização fundamenta o lançamento em dois pontos específicos: 1) Rubrica "/B10 Particip Lucr e ou Result" paga a diversos segurados empregados nas competências 04/2013, 05/2013 e 07/2013, violandose a regra da periodicidade exigida pela Lei nº 10.101/00, promovendo o lançamento dos valores pagos tão somente na competência 05/2013. 2) Pagamento de PLR, conforme registro das folhas de pagamento, aos seguintes segurados contribuintes individuais: Agenor César Junqueira Leite categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Cláudio Ribeiro Teixeira Campos categoria 11 diretor Fl. 2161DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.162 27 não empregado sem FGTS; Jose Sergio de Oliveira Machado categoria 5 diretor não empregado com FGTS; Marcelo Rosa Renno Gomes categoria 5 diretor não empregado com FGTS; e, Rubens Teixeira da Silva categoria 5 diretor não empregado com FGTS. 2a) Posição privilegiada dos administradores, em comparação aos empregados, com relação ao estabelecimento dos critérios e metas para atribuição do montante a ser recebido a título de PLR. 2b) Mesmo que o contribuinte considerasse que a rubrica recebida pelos membros da Diretoria da Transpetro em 2013 referiase à PLR de administradores, prevista no artigo 190 da Lei n° 6.404/76, os valores pagos, devidos ou creditados sob esse título deveriam compor a base de cálculo de contribuições previdenciárias. Em relação ao item 1, a contribuinte impugna o primeiro ponto do lançamento (pagamentos em violação à regra da periodicidade mínima), afirmando, em síntese, que o motivo justificador destes pagamentos é o fato de que os empregados que receberam PLR nos meses de 04 e 05/2013 não ocuparem o mesmo cargo nos dois períodos, ou seja, estes empregados receberam o PLR nos meses de abril e maio/2013, mas ocupando cargos diversos. Ainda, afirma que somente receberam PLR aqueles empregados que atingiram as metas e resultados estabelecidos para as posições que ocupavam na empresa no período. A DRJ se posicionou sobre o tema: "(...) ouso divergir do contribuinte. Poderia até ser possível que um mesmo segurado atingisse as metas e objetivos de cada um dos cargos, ao longo de um período razoável de tempo, por exemplo, um semestre. No entanto, considerando que em um mês está ele provendo um cargo, e no outro, já ocupa novo cargo, resta sumamente difícil crer que em período tão curto de tempo tenha atingido as metas e resultados no novo cargo. Se assim ocorreu, obviamente, as metas fixadas não eram por cargos, mas sim gerais, e, dessa forma, pouco importava se em um ou em outro cargo, a periodicidade mínima deveria ser respeitada. A fiscalização traz aos autos o Anexo II de fls. 418/420. Confira se os valores pagos a cada empregado: (...) Ora, os valores são consideráveis para se entender que em tão pouco tempo, de um mês para outro, houve o atingimento de metas e resultados pelos segurados em relação aos cargos ocupados. Aliás, é interessante observar que o contribuinte não traz qualquer elemento de prova que demonstre que, de fato, houve a suposta transferência dos segurados e em relação a quais cargos eles atingiram suas metas respectivas e quais foram estas metas a justificar a suposta “complementação de PLR”. A Lei nº 10.101/2000 não impede que se receba a PLR em relação a cargos distintos, desde que, evidentemente, se comprove cabalmente que houve o atingimento das metas respectivas em cada um deles. O que não se mostra razoável é que de um mês a outro se atinja a meta do novo cargo, ou, como alega o contribuinte, no caso dos segurados Cristina Helena Zagratzki Smith da Silva e Antonio José Caldas Rodrigues, que nos meses de maio, abril e julho, receberam valores de cargos diferentes! A alegação afronta o bom senso! Fl. 2162DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.163 28 Outrossim, a simples verificação da matrícula do segurado empregado não prova nada, pois é apenas um número interno de controle do contribuinte que não tem demonstrada a eventual relação que ele tenha com este ou aquele cargo, não tendo este Relator mediunidade para adivinhar esta vinculação! Isto é ônus probatório do contribuinte, não desempenhado, frisese. Dispõe a Lei nº 10.101/2000: Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 20 de junho de 2013) Diante disso, concluiu a DRJ, cujo entendimento compartilho, que seja antes do advento da Lei nº 12.832/2013, como após ela, os pagamentos feitos em três parcelas a determinados segurados sem qualquer comprovação no sentido de que, de fato, faziam jus ao pagamento complementar, seja por erro quanto aos pagamentos originários, seja pela suposta mudança de cargo, neste caso provandose o atingimento de metas no cargo em questão, configuram parcela integrante do salário de contribuição, porque feitos em desacordo com a Lei nº 10.101/00, a teor do artigo 28, § 9º, alínea “j” da Lei nº 8.212/91. Portanto, carece de razão a contribuinte neste tocante. Pois bem. Em relação ao item 2, entendo que se os ditames da Lei nº 10.101/00 se aplicam ao contribuinte individual, ou seja, cumpridos os requisitos previstos na Lei nº 10.101/00, há isenção da contribuição previdenciária nos pagamentos realizados ao contribuinte individual a título de PLR. Ao instituir uma gama de direitos aos trabalhadores, a Constituição Federal assim determinou: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;” (grifouse) Não quis, o Constituinte, diferenciar os trabalhadores. Podemos assim inferir, pois quando optou por identificar determinados trabalhadores, a Carta Fundamental assim o fez, como se pode observar no inciso XXXIV e parágrafo único, ambos do mesmo artigo 7º acima, que se referem especificamente ao trabalhador avulso, que teve seus direitos equiparados; e ao doméstico, que na redação original da Carta, os teve diminuídos. Idêntica redação tem a Lei 10.101, de 2000, que em seu artigo 1º, explicita: “Art. 1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à Fl. 2163DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.164 29 produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.” (grifouse) Para alguns, por mencionar a categoria dos empregados, nos caputs dos artigos 2º e 3º, dispositivos que explicitam os requisitos para a validade da PLR, a Lei nº 10.101 restringiria a estes trabalhadores o direito à participação nos lucros e resultados. No acórdão nº 2201003.370, o Conselheiro Relator Carlos Henrique de Oliveira, assim expõe seu voto, o qual foi acolhido por unanimidade na sessão de julgamento de 18 de janeiro de 2017, cujo entendimento compartilho: "(...) o uso do vocábulo empregado se constituiu um pressuposto lógico, pois o dispositivo constante do artigo 2º trata da participação do sindicato na elaboração do plano, e o do artigo 3º versa sobre a integração da verba paga a título de PLR na remuneração e nos reflexos trabalhistas que só existem para o empregado. A uma não haveria outro modo de redigir a norma, pois ao desejar que os trabalhadores estivessem representados na mesa de negociação com os empregadores por alguém que lhe defendessem os interesses, esse alguém só poderia ser o sindicato, entidade típica dos empregados, que já tem – por expressa previsão constitucional – esse mister. A outra, porque reflexos trabalhistas sobre verbas pagas pelo trabalho, também só surgem para os empregados. Mera busca na letra fria da lei só encontra mais uma remissão aos empregados, justamente no parágrafo 1º do artigo 3º, de onde se conclui que não há, nem do ponto de vista semântico, a intenção do legislador de restringir o benefício. Reiterese, que, ao tratar da questão da tributação da renda decorrente do recebimento da PLR, volta novamente o legislador a utilizarse da expressão “trabalhador”. Por fim, necessário recordar, numa interpretação teleológica, que o contribuinte individual, por exemplo, o diretor, contribui também com seu labor para o atingimento das metas e resultados da empresa. Subtrair tal benefício dessa categoria é discriminar alguém que, em regra, não sendo detentor do capital, só possui o trabalho para obter renda e sustentar sua família. Vários julgados deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais corroboram esse entendimento (PAF 10920.002868/200881, Ac. 2301003.024, dj; PAF 11020.002008/201079, Ac. 2301002.492 dj 18.01.2014). Wagner Balera e Thiago Taborda Simões, em obra de fôlego sobre o tema (Participação nos Lucros e nos Resultados: Natureza Jurídica e Incidência Previdenciária, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, FISCOSoft Editora, 2014, p. 163), asseveram: “...Na linha da literalidade, entendese que a norma de isenção descreve a materialidade a exclusão da incidência sobre as verbas pagas aos empregados da pessoa jurídica, conceito que não albergaria os contribuintes individuais (diretores estatutários, administradores, conselheiros), por não gozarem dessa qualidade. Fl. 2164DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.165 30 Por outro lado, a interpretação sistemática considera o benefício fiscal extensivo aos estatutários, por não integrarem o salário de contribuição. Enfileiramonos com a segunda posição. A norma de isenção da PLR é extensiva aos diretores (contribuintes individuais), já que a norma específica que trata do tema – Lei nº 10.101/2000 – não estabelece a limitação” Não obstante o todo o exposto, outro ponto, ao meu ver irrefutável, deve ser analisado. Disse, há pouco, que não quis o Constituinte distinguir os trabalhadores, ao reverso, fez questão de aproximálos pois, quando entendeu necessário, expressamente se referiu a um e a outro. Porém, outra consideração de cunho eminentemente jurídico deve ser apresentada. É cediço que a interpretação jurídica deve ser feita com estrito respeito aos princípios jurídicos que enfeixam o Direito. Mestre JJ Gomes Canotilho, no clássico Direito Constitucional e Teoria da Constituição (7ª edição, Almedina, pag. 1223), elucida que a Constituição deve ser interpretada segundo um catálogo dos princípios tópicos da interpretação constitucional, desenvolvido a partir de uma postura metódica hermeneutico concretizante, recortados pelo autores de forma diversa. Para ele, dois princípios são determinantes: "Princípio da unidade da constituição: O princípio da unidade da constituição ganha relevo autônomo com princípio interpretativo quando com ele se quer significar que a constituição deve ser interpretada de forma a evitar contradições (antinomias, antagonismos) entre suas normas. Como "ponto de orientação", "guia de discussão" e "factor hermenêutico de decisão", o princípio da unidade obriga o intérprete a considerar a constituição em sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão entre as normas constitucionais a concretizar (...). Daí que o interprete deva sempre considerar as normas constitucionais não como normas isoladas e dispersas, mas sim como preceitos integrados num sistema interno unitário de normas e princípios. Princípio da máxima efetividade Este princípio, também designado por princípio da eficiência ou princípio da interpretação efectiva, pode ser formulado da seguinte maneira: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. (...)" (destaques não constam do original) Ainda mais enfática é a posição de Humberto Ávila (Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 15ª ed. Malheiros. pag. 158/160). Após recordar que: "Princípios não são necessariamente meras razões ou simples argumentos afastáveis, mas também estruturas e condições inafastáveis" Fl. 2165DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.166 31 O doutrinador e professor titular da UFRGS, assevera com tintas fortes: "Quando a Constituição contém um dispositivo que privilegia o caráter descritivo da conduta, ou a definição de um âmbito de poder, há, nesse contexto e nesse aspecto, a instituição de uma regra que não pode ser simplesmente desprezada pelo legislador, ainda que haja internamente alguma margem de indeterminação para a definição de seu sentido" Nesse mesmo sentido, Tércio Sampaio Ferraz (Direito Constitucional, Manole, 2007, pg. 10 'in fine'), ensina: "Por exemplo, uma norma constitucional que impõe uma vedação (proibição de instituir tributo que não seja uniforme) valida normas legais que estatuam tributações, se respeitada a vedação, independentemente de se os fins (provimento de recursos adequados às necessidades) estão ou não sendo alcançados" A Carta da República, em seu artigo 150, que versa sobre as limitações do poder de tributar, peremptoriamente, assevera: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos" Refletindo sobre os princípios tributários, Paulo de Barros Carvalho (Direito Tributário: Linguagem e Método, 2ª ed. Noeses, 2008, pg. 267), esclarece: "Quando a estimativa "igualdade" é empregada em direito tributário, o critério é bem objetivo: dois sujeitos de direito que apresentarem sinais de riqueza expressos no mesmo padrão monetário haverão de sofrer a tributação em proporções absolutamente iguais" Voltemos às disposições da Lei nº 10.101/00: "Art.3º A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 5º A participação de que trata este artigo será tributada pelo imposto sobre a renda exclusivamente na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos, no ano do recebimento ou crédito, com base na tabela progressiva anual constante do Anexo e não integrará a base de cálculo do imposto devido pelo beneficiário na Declaração de Ajuste Anual." Fl. 2166DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.167 32 Ao recordarmos que a Lei nº 10.101/00 trata sobre o Imposto sobre a Renda da Pessoa Física incidente sobre os valores percebidos pelo trabalhador a título de Participação nos Lucros e Resultados e mais, o faz de forma favorecida, se torna patente que a interpretação que discrimina o diretor estatutário, vedando seu direito ao recebimento da Participação, ofende de morte a Constituição Federal posto que colide frontalmente com a regra (caráter descritivo da conduta nos dizeres de Humberto Ávila), constante do inciso II do artigo 150 transcrito. Por óbvio que tal interpretação não pode ser aceita uma vez que contraria direito do contribuinte constitucionalmente esculpido, tratado pela Carta como vedação ao poder de tributar. Ao afastarmos o direito a percepção da PLR nos termos da Lei nº 10.101/00, o contribuinte individual estaria submetido a tributação sobre o valor recebido com base na tabela vigente para a remuneração decorrente do trabalho. Já, para a mesma verba, recebida pelo diretor empregado ou seja, trabalhador na mesma ocupação profissional ou função este teria direito a uma menor tributação para a mesma renda obtida, vez que decorrente de PLR. Leandro Paulsen (Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da jurisprudência e da doutrina, 15ª ed. Livraria do Advogado Ed., 2013, pg. 185), é enfático em afirmar: " O art. 150, II, da CF é expresso em proibir qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos" Como nos recorda JJ Canotilho, a interpretação deve ser realizada evitandose antinomias constitucionais e mais, ampliandose o gozo de direitos constitucionalmente esculpidos Não há tal vício de inconstitucionalidade na Lei nº 10.101/00. Não será o interprete que irá criálo. Assim, acompanhados pela jurisprudência administrativa e pela moderna doutrina, e principalmente, por entender que a norma de isenção representada pela Lei nº 10.101/00, não limitou o benefício fiscal e trabalhista à determinada categoria de trabalhadores – até porque tal procedimento seria claramente discriminatório e inconstitucional – sou de opinião que a PLR, desde que devidamente implementada, com o programa de criação do plano – devidamente aprovado pelo sindicato dos empregados explicitamente não excluindo os contribuintes individuais, pode sim ser extensiva a todos os trabalhadores da empresa. Do exposto, forçoso reconhecer que o recurso voluntário deve ser provido nessa parte. Assim, que preenchidos os requisitos para não incidência de contribuição previdenciária sobre pagamento de PLR aos seguintes segurados contribuintes individuais: Agenor César Junqueira Leite categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Cláudio Ribeiro Teixeira Campos categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Jose Sergio de Fl. 2167DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.168 33 Oliveira Machado categoria 5 diretor não empregado com FGTS; Marcelo Rosa Renno Gomes categoria 5 diretor não empregado com FGTS; e, Rubens Teixeira da Silva categoria 5 diretor não empregado com FGTS. Dos Pagamentos Realizados a Diretores Empregados da Petrobrás No que tange à parte do lançamento denominada “Diretores Empregados da Petrobrás”, sustenta a fiscalização, em linhas fundamentais, que o contribuinte remunerou dois diretores (segurados contribuintes individuais), cedidos pela Petrobrás S.A, Srs. Agenor César Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos. Dentre as várias rubricas pagas, a única que não sofreu incidência previdenciária foi a rubrica “1010 Rem Global Dir S Enc”, abrangendo pagamento de honorários aos diretores, como informado pelo contribuinte. Em consequência, o contribuinte não inseriu esta rubrica na folha de pagamento e não a declarou em Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. A Petrobrás S.A também não o fez relativamente à rubrica “1010 Rem Global Dir S Enc”. O contribuinte afirma que se trata de honorários pagos aos dirigentes cedidos pela Petrobrás, com vínculo empregatício com esta empresa, razão pela qual a responsável pelo recolhimento das contribuições incidentes sobre tais verbas era a Petrobrás e não ele. Considerandose, assim, que as remunerações dos dois dirigentes estavam sendo declaradas na GFIP da Petrobrás e as respectivas contribuições previdenciárias também estavam sendo recolhidas por ela, a Impugnante não procedeu à mesma declaração em GFIP, tampouco ao recolhimento em duplicidade das contribuições. A questão que se põe não envolve maiores dificuldades, resolvendose pela atribuição pertinente da responsabilidade pelos fatos geradores. Nos termos do Código Tributário Nacional CTN: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; Nos termos da Lei nº 8.212/91, eis a relação pessoal e direta que se estabelece entre o contribuinte e os diretores que lhe prestam serviços: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: [...] III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; Assim, sabendose que a teor dos artigos 12, inciso V, alínea “f” e 28, inciso III, todos da Lei nº 8.212/91, os diretores não empregados são segurados contribuintes individuais, pouco importa que eles permaneçam de alguma forma vinculados à Petrobrás S.A. O que importa no presente caso é que o contribuinte autuado, e não a Petrobrás S.A realizou pagamento de remuneração tributável, porquanto se trata de honorários pelos serviços prestados na qualidade de diretores, constituindo ele, o contribuinte autuado, a Petrobrás Transporte S.A – Transpetro, o sujeito passivo da exação, cabendolhe, como corolário, proceder à inserção das rubricas tributáveis na folha de pagamento e a respectiva declaração na Fl. 2168DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.169 34 Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, não cabendo a imputação desta responsabilidade a outrem, ainda que este seja o cedente dos profissionais remunerados pelo contribuinte. É dizer, ainda que tenha sido cedido o diretor e haja acordo entre as duas empresas, isto não afasta a ocorrência do fato gerador e a responsabilidade em relação a ele, a cargo da Transpetro, o contribuinte que, de fato, remunerou os profissionais cedidos, e não a Petrobrás. Assim, poderia até ser que por um acordo entre as empresas a Transpetro realizasse os pagamentos remuneratórios e procedesse aos recolhimentos previdenciários devidos, e, em momento posterior, obtivesse o reembolso ou compensação pela Petrobrás, estabelecendose uma relação civil na espécie. O que não se admite é antecipar toda esta relação para alterar os efeitos tributários da ocorrência do fato gerador. Portanto, seja no que pertine à obrigação principal de recolhimento tributário, seja no que toca ao cumprimento das obrigações acessórias (inserção de todas as rubricas na folha de pagamento e integral declaração na Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social GFIP), a responsabilidade tributária se mantém no contribuinte autuado, porquanto foi ele, e não a Petrobrás, quem praticou os fatos geradores, remunerando segurados contribuintes individuais a seu serviço. Carece de razão a contribuinte, portanto. Do Bônus de Desempenho Sobre a rubrica “Bônus de Desempenho”, recebida, segundo a folha de pagamento, pelos diretores segurados contribuintes individuais, na competência 04/2013, Srs. Agenor César Junqueira Leite, Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, Jose Sergio de Oliveira Machado, Marcelo Rosa Renno Gomes e Rubens Teixeira da Silva, a fiscalização sustenta ter intimado o contribuinte a prestar esclarecimentos e os esclarecimentos prestados demonstraram tratarse simples abono ou gratificação, pago a dirigentes em retribuição/reconhecimento ao trabalho desenvolvido, por decisão da administração da empresa. Também afirma que o fato de terem sido tais remunerações pagas em parcela única em 04/2013 não caracteriza o pagamento como eventual, pois conforme exposto na resposta do contribuinte, a periodicidade de pagamento de tal rubrica é anual. De sua parte, o contribuinte impugna esta parte do lançamento, sob o argumento segundo o qual o bônus de desempenho foi um pagamento feito uma única vez aos diretores em razão de decisão do Conselho de Diretores, não tendo sido, inclusive, a natureza de contraprestação do trabalho desenvolvido, já que pago desproporcionalmente e sem qualquer vinculação às atividades realizadas no ano. Ainda, afirma que o bônus de desempenho não possui as duas características essenciais para que seja atribuída natureza salarial à verba, ou seja, a retributividade e a habitualidade. Também não houve qualquer proporcionalidade no pagamento realizado, o que, por si só, já afasta a característica da retributividade, já que completamente desvinculada do trabalho dos diretores. Por fim, os valores pagos a título de bônus de desempenho considerados no lançamento combatido incluem os pagamentos feitos aos diretores Agenor César Junqueira Leite e Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, os quais são empregados da Petrobrás, razão pela qual não haveria o que se falar em exigência em face da Impugnante. Com a devida vênia, a justificativa apresentada pelo contribuinte não convence. Se é um “Bônus de Desempenho” (friso e carrego na tinta) como admitirse que tenha sido pago sem o caráter de contraprestação ao trabalho. Se é um pagamento que decorre do desempenho do profissional – pois “desempenho” pressupõe algo esperado ou desejado – natural e essencialmente há que se aquilatar e pressupor que haja um mérito quanto ao seu cabimento, isto é, que se tenha uma meta ou resultado, ou mesmo um objetivo ou performance esperada, que tenha sido atingido Fl. 2169DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.170 35 como critério justificador do pagamento da rubrica. Caso contrário, ou seja, não havendo nenhum aspecto de mérito a ser considerado como supedâneo ao pagamento, a rubrica paga decorre meramente da prestação dos serviços, e como tal, deve ser tributada. Por outro lado, em termos de contribuintes individuais não há que se falar na distinção entre salário e remuneração, porquanto, constituindo seus serviço uma prestação material fora do contexto do trabalho subordinado, todos os pagamentos por ele recebidos integram o conceito de remuneração tributável, salvo, obviamente, os valores recebidos a título de indenização por danos sofridos ou reembolso de despesas comprovadas. Quanto a contribuintes individuais não há que se falar em proporcionalidade do pagamento, retributividade e habitualidade ou não. Tratandose de uma relação de trabalho peculiar, não sujeita ao poder diretivo do empregador, e sem as salvaguardas inerentes à relação de emprego, uma vez que se fundamenta nos princípios da autonomia e da liberdade de contratar, não há que se buscar amparo nos conceitos da relação de trabalho subordinado, pois nela vigora o princípio da hipossuficiência do empregado. Ademais, o tema já não comporta maiores digressões, pois já foi objeto de pronunciamento pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme o já citado processo administrativo nº 16682.721450/201371, acórdão nº 2401004.562 – 4a. Câmara / 1a. Turma Ordinária, cujo julgamento se deu em sessão datada de 19/01/2017: No voto da Conselheira Relatora Luciana Matos Pereira Barbosa resta assim delineada a questão: "O Recorrente alega que os citados pagamentos deramse como forma de indenização pelos desempenhos dos empregados, exsurge cristalina a natureza remuneratória destes, como forma de incentivo ao desempenho funcional, sendo concedidos, “pelo” e não, “para”, o trabalho. Nesse tocante, tornase irrelevante se há ou não previsão de extensão a todos os empregados, dado que a lei não trata da abrangência das citadas rubricas como critério de incidência de contribuição. Aliado a isso a (artigos. 22, I, c/c art. 28, ambos, da Lei nº 8.212/91), ausência de norma que isenta em lei ou ACT a inaplicabilidade do Ato Declaratório PGFN nº 16, de 20.12.2011. Dessa forma, mostrase firme o lançamento nos moldes efetuados." Assim, compartilho da conclusão da DRJ de origem, onde concluise que o bônus concedido nada mais é do que uma remuneração mensal adicional ao Presidente e aos Diretores, sem qualquer vinculação a metas, resultados, objetivos, atuação profissional ou qualquer outro requisitos de performance. Apenas, única e exclusivamente, o bônus é devido pelo simples fato da atuação de cada um dos profissionais como Presidente e Diretores, respectivamente, o que corrobora o caráter salarial da verba, concedida que foi “pelo” trabalho executado. Conclusão. Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso, para afastar da base de cálculo do lançamento fiscal os valores pagos a título de: a) "gratificação contingente"; b) PLR aos seguintes segurados contribuintes individuais: Agenor César Junqueira Leite categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Cláudio Ribeiro Teixeira Campos categoria 11 diretor não empregado sem FGTS; Jose Sergio de Oliveira Machado categoria 5 diretor Fl. 2170DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.171 36 não empregado com FGTS; Marcelo Rosa Renno Gomes categoria 5 diretor não empregado com FGTS; e, Rubens Teixeira da Silva categoria 5 diretor não empregado com FGTS. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Voto Vencedor Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias Redatora designada Felicito o i. Conselheiro Martin da Silva Gesto, pela clareza com que fundamentou seu voto. Entretanto, peço vênia para divergir de seu posicionamento, em relação à gratificação de contingência e PLR pago a contribuintes individuais. Gratificação de contingência Primeiramente, a verba de contingência, como demonstrado pela fiscalização, não se tratou de parcela única, nem está expressamente desvinculada do salário por expressa previsão legal, a fim de que a ela seja aplicado o Parecer da PGFN nº 2114/2011, que deu origem ao Ato Declaratório nº 16/2011, publicado no DOU de 09/12/2011, e como determina legislação específica previdenciária que expressamente nomeia as verbas que não integram o saláriocontribuição. Ademais, peço vênia para transcrever trecho do voto condutor do Acórdão nº 9202003.044, que explica com acerto, a confusão que tem sido feita entre os conceitos de não eventualidade e habitualidade para fundamentar, a meu ver equivocadamente, a não incidência de contribuição previdenciária sobre determinadas verbas: Como se vê, da leitura do art. 22, I e do art, 28,1 da Lei n° 8.212/91 e do art. 201, § 1o do RPS, que somente é exigido o requisito da habitualidade no que diz respeito ao "salário in natura", por incluir, expressamente, no conceito de remuneração os "ganhos habituais sob a forma de utilidades", sem fazer menção ao requisito habitualidade para os pagamentos em espécie. Ou seja, no campo de incidência das contribuições previdenciárias encontramse: a) a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, inclusive gorjetas (salário em espécie); e b) os ganhos habituais sob a forma de utilidades (salário in natura/ Podese, então, concluir que a lei, ao definir a hipótese de incidência da contribuição previdenciária, exige o requisito da habitualidade tão somente para o salário in natura. Por seu turno, o art. 28, § 9o , alínea "e", item "7" prevê expressamente que as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais são isentas de contribuições sociais previdenciárias: "Não integram o saláriodecontribuição (remuneração) para os fins desta Lei, exclusivamente: (...)as importâncias: (...)recebidas a título de ganhos eventuais (...)"Assim sendo, podese afirmar que "a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho ", independentemente de serem ou não habituais, Fl. 2171DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.172 37 encontramse no campo de incidência das contribuições previdenciárias. Entretanto, "as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais " encontramse excluídas da sua base de cálculo por se tratarem de importâncias atingidas pela isenção. Entendo que está sendo criada uma grande confusão ao tentarem comparar os conceitos de "habitualidade com o de não eventualidade" ou o "não habitualidade com o de eventualidade". Para o Dicionário Michaelis, as definições são: Habitual 1 Que acontece ou se faz por hábito. 2 Frequente, comum, vulgar. 3 Usual. Eventual 1 Dependente de acontecimento incerto. 2 Casual, fortuito. 3 Variável. De acordo com o Vocabuário Jurídico de Plácido e Silva: Habitualidade De habitual, entendese a repetição, a sucessividade, a constância, a iteração, na prática ou no exercício de certos e determinados atos, em regra da mesma espécie ou natureza, com a preconcebida intenção de fruir resultados materiais ou de gozo. Eventualidade De evento, significa o caráter e a condição do que é eventual, mostrando assim a possibilidade e a probabilidade do fato, cuja realização é esperada ou aguardada. A habitualidade, como requisito para que a prestação in natura, integre o saláriodecontribuição, diz respeito a freqüência da concessão da referida prestação. Já a eventualidade, como elemento caracterizador da isenção prevista no art. 28, § 9o , alínea "e", item "7", ou seja, que decorram de importâncias recebidas a títulos de ganhos eventuais, dizem respeito a ocorrência de caso fortuito. No presente caso há de se assinalar, primeiramente, que foram realizados pagamentos em pecúnia, o que afasta a necessidade de se indagar a habitualidade com que o pagamento foi realizado. No presente caso há de se assinalar, que os pagamentos foram em pecúnia, o que afasta a necessidade de se indagar a habitualidade com que eles foram realizados; nem se trata de pagamento decorrente de caso fortuito, pois é um pagamento que se perpetua no tempo, como demonstrou a fiscalização. Portanto, nada há de eventual em tal pagamento. Porém, ad argumentandum tantum, não há que se falar que a fiscalização tenha se baseado em informação genérica obtida em site da Federação Única dos Petroleiros, mas nos Acordos Coletivos de Trabalho, que constam nesses sites, inclusive a auditoria relacionou por ano o que dispunha cada um deles. A defesa aduz que a fiscalização não avaliou os critérios em que os pagamentos foram efetuados nos demais anos. Então, a recorrente não nega que nos demais anos também foram efetuados pagamentos relativos a essas rubricas. Ademais, a auditoria relacionou a descrição sobre tal verba nos Acordos Coletivos de Trabalho dos demais anos, que, aliás, traziam as mesmas descrições nos ACT's dos anos abrangidos pelo procedimento Fl. 2172DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.173 38 fiscal, em que foram verificados tais pagamentos. E, digase que a auditoria ao utilizar informações do site da Federação Única dos Petroleiros, apenas demonstrou a verdade material sobre a previsão desses pagamentos nos ACT's dos demais anos, o que apenas reforça a convicção desta redatora de que tal verba nada tem de eventual, que pudesse afastar a incidência da contribuição previdenciária. Ora, diante dessas informações, a recorrente deveria comprovar que tais pagamentos não foram efetuados; e, não me diga se trata de prova negativa, pois a simples apresentação das folhas de pagamento dos anos apontados pela fiscalização demonstraria isso, e como ela diz que a auditoria não verificou as condições em que os pagamentos foram efetuados, deveria em sua defesa demonstrar quais seriam esses critérios que afastariam a referida verba da tributação. Mesmo que assim fosse, como já exposto, para verbas pagas em pecúnia não há que se discutir se houve ou não habitualidade, nem se discute que se trata de um abono único, pois para que assim fosse haveria que estar desvinculada do salário expressamente por lei, o que não ocorreu no caso. É certo que o art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 trata do que é considerado remuneração para fins de incidência de contribuição previdenciária, entre a qual se enquadra a verba em comento, por ser paga em decorrência do vínculo de trabalho que os segurados mantêm com a recorrente, ou seja, é uma verba paga em razão do trabalho e não para o trabalho. O estipulado entre as partes de forma particular não sobressai ao que dispõe a lei que trata da matéria, não podendo um ACT ou Convenção Coletiva isentar verbas da incidência de contribuição previdenciária, cuja legislação específica trata do que não se inclui no saláriode contribuição. Portanto, o lançamento deve ser mantido nessa parte. PLR pago a contribuintes individuais No que toca ao PLR pago aos contribuintes individuais me filio à corrente que entende que a Lei nº 10.101/2001 se restringe à categoria de empregados, visto que os administradores tem dispositivo próprio na Lei nº 6.404/76, que trata da participação dos administradores nos lucros da empresa. Por isso, correto os fundamentos da decisão de piso, os quais adoto como razões de decidir: Como se vê, os dispositivos tratam de nítida remuneração aos administradores, considerados como segurados contribuintes individuais. Paralelamente a isto, não consta dos autos qualquer demonstração de que os valores pagos refiramse a dividendos ou a participação nos lucros, participação esta não no sentido da Lei nº 10.101/00, mas sim como a participação sobre o resultado positivo da atividade econômica, isto é, o lucro como fruto do capital empregado na atividade empresária. Ocorre, contudo, que o contribuinte incorre em contradição ao sustentar que tais pagamentos se tratam de participação estatutária dos administradores e fundamentar a não incidência das contribuições previdenciárias nos moldes da participação nos resultados. Isto porque, a participação nos resultados, enquanto um direito sócioeconômico, não é um direito inerente aos segurados contribuintes individuais, seja na condição de prestador de serviço autônomo, seja na condição de administrador. Fl. 2173DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.174 39 Em relação ao prestador de serviços autônomos, ao assumir a condução de sua própria atividade, sem se submeter à hierarquia e subordinação empregatícia, age como efetivo empresário independente, de forma que não há que se falar na integração capitaltrabalho, pois tanto o capital como o trabalho pertencem ao próprio prestador de serviço. No que tange aos administradores, a mesma razão se impõe, com o acréscimo de que os administradores integram o quadro social da empresa, como quotistas ou acionistas, e, nestes casos, têm suas retiradas a título de pro labore, como fruto do seu trabalho na empresa, e, enquanto parcelas não excludentes, suas retiradas de lucros, fruto civil decorrente do emprego do capital na atividade empresária. Assim, não tem sentido permitirse o pagamento de participação nos lucros e resultados a administradores da empresa, uma vez que tal benefício não assume pertinência lógica quanto à sua essência, objetivando estimular a relação capitaltrabalho desenvolvida entre empregados e a empresa. Sequer há, portanto, de se cogitar se o pagamento realizado pelo contribuinte observou ou não alguma meta estabelecida, critério de cálculo ou de aferição, nos moldes da Lei nº 10.101/2000, pela evidente e lógica razão de que sua sistemática não se aplica a contribuintes individuais (prestadores de serviços autônomos ou administradores). Não se nega que os administradores da sociedade anônima, assim como em qualquer outra forma societária, podem receber remuneração pelo exercício de suas funções (Lei nº 6.404/76, artigo 152). No entanto, esta remuneração integra o salário de contribuição, sofrendo, destarte, incidência de contribuições providenciarias, na forma dos artigos 12, inciso V, alínea "f e 28, inciso III, todos da Lei nº 8.212/91: [...] Outrossim, cabe ressaltar que este entendimento não objetiva promover uma tributação direta ou direta do lucro propriamente dito. No caso do contribuinte, por ser uma sociedade anônima, não há uma distribuição de lucros direta, mas proporcional às ações subscritas por cada acionista, sob a forma de dividendos. As contribuições previdenciárias não incidem sobre o lucro distribuídos aos acionistas, pois esta renda é fruto civil do capital empregado na atividade econômica, e não fruto do trabalho. Já a suposta PLR paga aos administradores não assume qualquer similitude com a distribuição nos lucros, não se podendo confundir a "participação nos lucros ou resultados" da Lei nº 10.101/00, com a "participação nos lucros sociais" de que trata a Lei nº 6.404/76. Neste contexto, embora a Constituição Federal de 1988, no caput do seu artigo 7o adote a expressão "trabalhadores" a inteligência da Lei nº 10.101/00 não admite o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados PLR a diretores não empregados, enquadrados como segurados contribuintes individuais, constituindo instrumento fecundo ao fomento da relação integrada "capitaltrabalho" entre empresário e Fl. 2174DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.175 40 empregados, stricto sensu. Justificase este entendimento pelo fato de que o artigo 7o da Constituição Federal de 1988 objetiva a tutela do aspecto sócioeconômico, tendo como foco os direitos sociais e econômicos relativos à dignidade da pessoa humana na sua exteriorização laborativa, isto é, na tutela da sua expressividade econômica pura, objetivando o trabalho edificante, seguro e realizador. Ao contrário, a administração empresária se situa em outro objetivo, qual seja, a perseguição do lucro, a administração dos complexos interesses da empresa, convergentes ou não, objetiva a maximização dos resultados etc. Assim, o administrador não é remunerado tal qual um empregado, ainda que de alto nível na empresa, e este é o sentido do artigo 152 da Lei nº 6.404/76. Não que haja uma posição melhor ou mais importante que a outra. Não! O que há é a diversidade natural dos cargos e a complexidade inerente a cada um. Isto basta, segundo penso, para divorciar a remuneração dos administradores segurados contribuintes individuais da PLR de que trata a Lei nº 10.101/2000. Em que os acórdãos do Carf citados pelo recorrente, em sentido contrário ao posicionamento da decisão de piso, colho recente julgado no Acórdão 2403006.526, de 10/08/2018, cujo voto vencedor vai em direção ao posicionamento ao qual me filio: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. ADMINISTRADORES NÃO EMPREGADOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 E DA LEI 6.404/76 Tratandose de valores pagos aos diretores não empregados, não há que se falar em exclusão da base de cálculo pela aplicação da lei 10.101/2000, posto que nos termos do art. 2º da referida lei, essa só é aplicável aos empregados. A verba paga aos diretores não empregados possui natureza remuneratória. A Lei n 6.404/1976 não regula a participação nos lucros e resultados para efeitos de exclusão do conceito de salário de contribuição, posto que não remunerou o capital investido na sociedade, mas, sim, o trabalho executado pelos diretores, compondo dessa forma, o conceito previsto no art. 28, II da lei 8212/91. Mesma linha de raciocínio é desenvolvido pela CSRF nos Acórdãos nº 9202 005.705, de 29.08.2017; nº 9202004.490, de 29/09/2016; nº 9202003.196, de 07/05/2014. Aliás, merece transcrição o voto vencedor da conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira que enfrentou a questão com primazia, no Acórdão nº 9202004.490, que transcrevo com complemento às minhas razões de decidir: De forma expressa, a Constituição Federal de 1988 remete à lei ordinária a fixação dos direitos da participação nos lucros, nestas palavras: Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 2175DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.176 41 XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Conforme previsto no § 6o do art. 150 da Constituição Federal, somente a Lei pode instituir isenções. Assim, o § 2o do art. 22 da Lei n° 8.212/91 dispõe que não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9o do art. 28 da mesma Lei. O § 9o do art. 28 da Lei n° 8.212/91 enumera, exaustivamente, as parcelas que não integram o salário de contribuição. De acordo com o art. 9o, inciso V, alínea "f §§ 2o e 3o, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, são considerados contribuintes individuais tanto o diretor não empregado como o membro do conselho de administração da sociedade anônima, vejamos: Regulamento da Previdência Social (RPS), Decreto 3.048/1999: Art. 9o São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pelo Decreto n°3.265, de 1999) (...) j) o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima: (Redação dada pelo Decreto n°3.265, de 1999) (...) §2° Considerase diretor empregado aquele que, participando ou não do risco econômico do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direção das sociedades anônimas, mantendo as características inerentes à relação de emprego, § 3o Considerase diretor não empregado aquele que, participando ou não do risco econômico do empreendimento, seja eleito, por assembléia geral dos acionistas, para cargo de direção das sociedades anônimas, não mantendo as características inerentes à relação de emprego, (g.n.) No mesmo sentido, prevê o art. 12, inciso V, da Lei 8.212/1991 como contribuintes individuais os administradores (o diretor não empregado e o membro de conselho de administração) da companhia. Lei 8.212/1991: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n° 9.876, de 1999). (...) j) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o Fl. 2176DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.177 42 associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei n° 9.876, de 1999). (g.n.) Logo, a legislação previdenciária enquadra os administradores da Recorrente como contribuintes individuais. Esse entendimento está consubstanciado pela concepção organicista em que os administradores (membros da Diretoria e do Conselho de Administração) são órgãos da companhia, na medida em que o ato praticado por eles, dentro de seus poderes, é um ato da própria sociedade empresária (Recorrente), linha adotada por Fábio Ulhoa Coelho (Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1999, v. 2, p. 239241). Em outras palavras, os membros da Diretoria (administradores), o que é o caso dos autos, possuem poder decorrentes da lei e do estatuto, sendo que isso viabiliza todo o poder para a condução das atividades diárias da companhia e distanciase da subordinação pessoal da relação empregatícia1. Verificase que a legislação aplicável à espécie determina, em um primeiro momento, a regra geral de incidência das contribuições previdenciárias sobre a remuneração total dos segurados obrigatórios da previdência social, no caso, na qualidade de contribuintes individuais, incluindo no sentido lato de remuneração toda e qualquer retribuição, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5a; Somente em um segundo momento é que são definidas, de forma expressa e exaustiva, porquanto excepcionais, as hipóteses de não incidência das contribuições destinadas à Seguridade Social. Vale destacar que, entendo que o art. 28, §9° descreve as parcelas que não compõem o conceito de salário de contribuição de forma genérica, não afastando os pagamentos feitos os demais segurados, por exemplo Contribuintes individuais, da possibilidade de terem valores recebidos dos contratantes também excluídos do conceito de salário de contribuição, como analisaremos adiante. Resta claro ao analisar os art. 28, §9°, que a legislação previdenciária, alinhandose ao preceito constitucional, identifica verbas que não integram o salário de contribuição. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória, assistencial, ou mesmo por expressa previsão legal seguindo os parâmetros descritos no dispositivo. Quanto à participação nos lucros, encontrase expressamente descrito na alínea "j": Art. 28(...) Fl. 2177DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.178 43 § 9o Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10/12/97) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Não restou demonstrado pelo recorrente que o pagamento enquadravase na exclusão acima descrita. Em relação a esse dispositivo e aos termos do art. 7, XI, inicialmente, ocorreu a edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, que dispunha sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas, e veio atender ao comando constitucional. Desde então, sofreu reedições e remunerações sucessivamente, tendo sofrido poucas alterações ao texto legal, até a conversão na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. A Lei nº 10.101/2000 dispõe, nestas palavras : Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. T, inciso XI, da Constituição. Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empresados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifo nosso) I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1° Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2° O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista ou previdenciário (...) §3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos Fl. 2178DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.179 44 espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. (...) Art. 4o Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I Mediação; II — Arbitragem de ofertas finais. § 1o Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. § 2o O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. § 3o Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. § 4o O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Cabe observar que o § 2o, do art. 2o, da Lei nº 10.101, foi introduzido no ordenamento jurídico a partir da Medida Provisória nº 955, de 24 de março de 1995, e o § 3o, do art. 3o, a partir da Medida Provisória nº 1.69851, de 27 de novembro de 1998. Nessa primeira análise é possível concluir que a lei 10.101/2000, conversão das citadas MPs, trouxe ao mundo jurídico a regulamentação de um anseio constitucional, qual seja, a definição da forma como o PLR estaria desvinculado da remuneração. Esse raciocínio, encontrase em perfeita consonância com o entendimento do próprio STF, que destaca que o direito previsto no art. 7, XI não é auto aplicável, iniciandose apenas a partir da edição da MP 794/1994, reeditada várias vezes e finalmente convertida na Lei 10.101/2000. Esse entendimento é extraído do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE 398284/RJRio de Janeiro. RE 398284 / RJ RIO DE JANEIRO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MENEZES DIREITO Julgamento: 23/09/2008 Órgão Julgador: Primeira Turma Ementa EMENTA Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da Constituição Federal. Necessidade de lei para o exercício desse direito. 1. O exercício do direito assegurado pelo art. 7o, XI, da Constituição Federal começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo. diante da imperativa necessidade de integração. 2. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido. Fl. 2179DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.180 45 Merece transcrição excerto do voto do Ministro Menezes Direito (Relator do RE 398284/RJ): "Há três precedentes monocráticos na Corte. Um que foi relator o Eminente Ministro Gilmar Mendes; e dois outros da relatoria do Ministro Eros Grau. Então a questão está posta com simplicidade. E estou entendendo, Senhor Presidente, com a devida vênia da bela sustentação do eminente advogado, que realmente a regra necessita de integração, por um motivo muito simples: é que o exercício do direito é que se vincula à integração, não é a regra só, que nesses casos, quando manda que a lei regule o exercício, que vale por si só. Se a própria Constituição determina que o gozo do exercício dependa de lei, tem que haver a lei para que o exercício seja pleno. Se não há lei, não existe exercício. E com um agravante que, a meu ver, parece forte o suficiente para sustentar esse raciocínio. E que o fato de existir a participação nos lucros, desvinculada da remuneração, na forma da lei, não significa que se está deixando de dar eficácia a essa regra, porque a participação pode ser espontânea; já havia participação nos lucros até mesmo antes da Constituição dos 80. E, por outro lado, só a lei pode regular a natureza dessa contribuição previdenciária e também a natureza jurídica para fins tributários da participação nos lucros. A lei veio exatamente com esse objetivo. E uma lei que veio para determinar, especificar, regulamentar o exercício do direito de participação nos lucros, dando consequência à necessária estipulação da natureza jurídica dessa participação para fins tributários e para fins de recolhimento da Própria Previdência Social. Ora, se isso é assim, e, a meu sentir, parece ser, pela leitura que faço eu do dispositivo constitucional, não há fundamento algum para afastarse a cobrança da contribuição previdenciária antes do advento da lei regulamentadora." Pelo abordado acima, já se manifestou o STF que não apenas o texto constitucional não é auto aplicável, como a norma que regulamento o art. 7o, inciso XI, surgiu apenas com a edição da MP 794/94, convertida posteriormente na lei 10.101/2000, o que afasta a argumentação também de que a lei 6404/76 teria sido recepcionada pela Constituição para efeitos de regulamentação do art. 7o, XI. Ainda nessa linha de raciocínio, notese, conforme grifado no art. 2o da referida lei, que a PLR descrita na Lei 10.101/2000 serve apenas para regulamentar a distribuição no âmbito dos "empregados", ou seja, não serve para afastar do conceito de remuneração os valores pagos à título de "participações estatutárias" (administradores não empregados). Não se pode elastecer o conceito de participação nos lucros ou resultados, sob pena de todas as empresas enquadrarem como resultados, todo e qualquer pagamento feito aos seus trabalhadores e em função dessa nomenclatura desvincular as verbas do conceito de remuneração e salário. A Lei nº 10.101/2000, resultado da conversão das Medidas Provisórias anteriores, é cristalina nesse sentido. Fl. 2180DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.181 46 Apenas para ressaltar, afastase aqui, também, qualquer argumento de que o dispositivo constitucional, por si só , já afastaria para todo e qualquer trabalhador a "participação nos Lucros e resultados" do conceito de remuneração, considerando o fato de que o "caput do art. 7o da CF/88, utilizou a nomenclatura "trabalhadores". Basta analisarmos os 34 incisos do próprio art. 7o, para que identifiquemos, que o termo "trabalhadores urbanos e rurais", referese ao direitos dos "empregados urbanos e rurais". Essa constatação é cristalina na medida que os direitos elencados no dispositivo constitucional, nos trazem a certeza do sentido estrito do direcionamento ao empregado, pretendido pelo legislador, ao considerarmos que: férias com adicional de 1/3, FGTS, repouso semanal remunerado, salário mínimo, jornada de trabalho, piso salarial, licença maternidade, licença paternidade, aviso prévio, previsão de indenização no caso de dispensa imotivada, salário família, horas extras, adicional noturno, insalubridade, periculosidade, dentro outros muitos ali elencados, são assegurados apenas aos trabalhadores detentores de uma relação de emprego, ou seja, garantidos aos empregados. No parágrafo único, também observamos a nomenclatura "trabalhadores", porém com referência aos empregados domésticos. Levando a efeito o raciocino pretendido pelo recorrente, chegaríamos a conclusão de obrigatoriedade de atribuir a observância dos direitos ali elencados a todos os trabalhadores autônomos. Assim, entendo que não há como acolher a pretensão do recorrente. Isto posto, rejeito qualquer argumentação de que o termo trabalhador descrito também no art. 1o da lei 10.101/2000, seria capaz de abranger a categoria de administradores e demais contribuintes individuais. Vejase, que o termo autônomo ou para previdência social, contribuinte individual, não é uma pessoa que trabalha de forma subordinada, devendo cumprir metas alcançar resultados, pois se assim o fosse, estaríamos atribuindo um requisito de empregado, qual seja a subordinação. Também vale lembrar que o trabalho de um mesmo trabalhador autônomo exigindo o cumprimento de resultados e metas durante um período (exercício) não deve ser utilizado de forma continuada, pois senão estaríamos atribuindo o segundo requisito que é a habitualidade na prestação de serviços. Dessa forma, entendo inviável qualquer interpretação em sentido contrário, razão pela, qual todo e qualquer pagamento feito a contribuintes individuais constituem salário de contribuição, salvo se possível o seu enquadramento dentre as hipóteses elencadas no art. 28, §9º da lei 8212/91. Percebese, então, que, se o STF entendeu que não havia lei regulamentando o pagamento de PLR antes da edição da MP nº 794/1994. Dessa forma, não há como acolher o entendimento de que a expressão "lei específica" contida na alínea "j" do § 9o do art. 28 da Lei 8.212/1991, também se refere a outras leis extravagantes, tal como a Lei 6.404/1976 que dispõe sobre as Sociedades por Ações (companhia), inclusive o seu art. 152, § 1o, estabeleceu que o estatuto da companhia pode atribuir aos Fl. 2181DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.182 47 administradores participação nos lucros da companhia, desde que sejam atendidos dois requisitos: (i) a fixação dividendo obrigatório em 25% ou mais do lucro líquido; e (ii) o total da participação estatutária não ultrapasse a remuneração anual dos administradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros, prevalecendo o limite que for menor. Corroborando ainda mais esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal (STF) pacificou sua posição quanto ao tema por meio do RE 569441/RS, rei. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, de 30/10/2014 (Info 765), submetido a sistemática de repercussão geral (art. 543B do Código de Processo Civil CPC), nos seguintes termos: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO 569.441 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI REDATOR DO ACÓRDÃO: MIN TEORIZAVASCKI EMENTA: CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS NATUREZA JURÍDICA PARA FINS TRIBUTÁRIOS. EFICÁCIA LIMITADA DO ART. 7o, XI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE ESSA ESPÉCIE DE GANHO ATÉ A REGULAMENTAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL. 1. Segundo afirmado por precedentes de ambas as Turmas desse Supremo Tribunal Federal, a eficácia do preceito veiculado pelo art. 7o, XI, da CF— inclusive no que se refere à natureza jurídica dos valores pagos a trabalhadores sob a forma de participação nos lucros para fins tributários depende de regulamentação. 2. Na medida em que a disciplina do direito à participação nos lucros somente se operou com a edição da Medida Provisória 794/94 e que o fato gerador em causa concretizouse antes da vigência desse ato normativo, deve incidir, sobre os valores em questão, a respectiva contribuição previdenciária. (g.n.) 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento. " Por força do artigo 62, §2° do Regimento Interno do CARF2, aprovado pela 343, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C da Lei 5.869/1973 (Código de Processo Civil CPC), devem ser reproduzidas pelas Turmas do CARF. Entendo que o citado RE 569441/RS esclarece a inaplicabilidade da lei 6.404/76, seja como recepcionada para regulamentação do art. 7o, XI da CF/88 aos contribuintes individuais, seja dando respaldo a exclusão do conceito de salário de contribuição previsto no art. 29, §9° da lei 8212/90. Pela transcrição do trecho do acórdão do STF acima, podemos dizer que a decisão daquela corte apenas ratifica o posicionamento adotado por essa relatora e por diversas outras decisões desse conselho acerca do tema. Essa linha de interpretação também se amolda ao posicionamento do STJ: "(...) A contribuição previdenciária sobre a participação nos lucros é devida no período anterior à Fl. 2182DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.183 48 MP n. 794/94, uma vez que o benefício fiscal concedido sobre essa verba somente passou a existir no ordenamento jurídico com a entrada em vigor do referido normativo. (...)" (STJ. 2a Turma. AgRg no AREsp 95.339/PA, Rei. Min. Humberto Martins, julgado em 20/11/2012). De fato, concluise que a Lei 8.212/1991 em seu art. 28, §9°, "j", ao excluir da incidência das contribuições os pagamentos efetuados de acordo com a lei específica, quis se referir à PLR paga em conformidade com a Lei 10.101/2000, a qual é destinada apenas aos empregados e que EXPRESSAMENTE, descreve: "A participação de que trata o art. 2" não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista (...)"Por fim, para espancar qualquer argumentação de que o pagamento estaria de acordo com o descrito na lei 6404/76, ressalto que a participação descrita na referida lei, dáse em função do capital investido. Ademais, também não entendo que a lei 6404/76 tenha, de forma alguma, excluído os valores do conceito de salário de contribuição, e, por consequência, possa respaldar os argumentos do recorrente, vejamos o texto da lei, assim, como já descrito pela autoridade fiscal: Lei 6.404/1976: Art. 152. A assembléia geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive beneficios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 1o O estatuto da companhia que fixar o dividendo obrigatório em 25% (vinte e cinco por cento) ou mais do lucro líquido, pode atribuir aos administradores participação no lucro da companhia, desde que o seu total não ultrapasse a remuneração anual dos administradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo 190), prevalecendo o limite que for menor, (g.n.) § 2o Os administradores somente farão jus à participação nos lucros do exercício social em relação ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório, de que trata o artigo 202. Quanto às participações estatutárias, tal como a participação no lucro dos administradores diretores não empregados, qualificados como segurados contribuintes individuais , elas dependem de o resultado da companhia, no respectivo exercício social, ter sido positivo, pois do contrário não haverá lucros a serem partilhados aos diretores não empregados com base nos lucros, conforme determinar o art. 190 da LSA: "as participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanesceram depois de deduzidas a participação anteriormente calculada" (g.n.). Considerando não ter sido trazido qualquer argumentação de que tratavamse de acionistas, os fatos acima mencionados evidenciam que a Recorrente concedeu aos diretores não Fl. 2183DF CARF MF Processo nº 16539.720008/201712 Acórdão n.º 2202004.816 S2C2T2 Fl. 2.184 49 empregados (contribuintes individuais) uma remuneração distinta dos lucros previstos no art. 152 da Lei 6.404/1976 (Lei da LSA) ou distribuiu uma verba cognominada de lucros em desacordo com as regras estampadas na Lei 6.404/1976 (artigo 152 c/c o artigos 189 e 190). Isso nos leva a clara conclusão de que, efetivamente, a verba paga aos diretores não empregados, caracterizase como uma remuneração pelo exercício de atividades na empresa, decorrente da relação contratante/contratado, que é distinta da relação acionista e diretores não empregados. Essa argumentação deixa claro a impossibilidade de acatar a interpretação dada pela ilustre conselheira relatora, seja porque os valores recebidos enquanto "diretores não empregados" não remunerou o capital investido, seja porque, a autorização da referida lei, acerca da possibilidade de distribuir lucros aos administradores nunca isentou tais valores da incidência de contribuições previdenciárias, ao contrário do que expressamente prevê a lei 10.101/2000, aplicável a categoria de empregados em consonância com o art. 28, §9º, j" da lei 8212/90. Os pagamentos efetuados possuem natureza remuneratória. Tal ganho ingressou na expectativa dos segurados contribuintes individuais em decorrência do contrato e da prestação de serviços à recorrente, sendo portanto uma verba paga pelo trabalho e não para o trabalho. Dessa forma, estando no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, conforme já analisado, deve persistir o lançamento em toda a sua extensão em relação aos administradores contribuintes individuais, negandose provimento integralmente ao recurso do sujeito passivo. (Grifos no original). Portanto, dadas as corretas razões da decisão de piso, corroboradas pelos julgados neste Conselho, o lançamento deve ser mantido nessa parte. Conclusão Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Fl. 2184DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.000234/2008-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 2005
Ementa: TEMPESTIVIDADE. CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO.
Não se conhece do recurso voluntário apresentado após o prazo de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância, por não atender a uma das condições de admissibilidade, uma vez que intempestivo, a teor do art. 33 do Decreto n° 70.235/72 e alterações.
Numero da decisão: 1202-000.696
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DONASSOLO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005 Ementa: TEMPESTIVIDADE. CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. Não se conhece do recurso voluntário apresentado após o prazo de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância, por não atender a uma das condições de admissibilidade, uma vez que intempestivo, a teor do art. 33 do Decreto n° 70.235/72 e alterações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Orlando José Gonçalves Bueno, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Viviane Vidal Wagner. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 23/02/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 07/03/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.000234/200812 Acórdão n.º 1202000696 S1C2T2 Fl. 429 2 Relatório Trata o presente processo de lançamentos consubstanciados em Autos de Infração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e seus reflexos na CSLL, no PIS e na Cofins, relativos ao ano de 2005, com a aplicação da multa de ofício, no percentual de 225%, e juros de mora, com base na taxa Selic. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, fls. 359 a 370, o lucro da pessoa jurídica foi arbitrado porque a contribuinte não apresentou sua escrituração contábil elaborada de acordo com as leis comerciais e fiscais, tendo sido apurada a omissão de receitas pelo confronto entre os valores registrados no livro de Saídas de Mercadorias e do livro RAICMS, confrontados com os valores informados na declaração DIPJ/Simples. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada informou em sua DIPJ 15,72% das vendas/faturamento registrados nos livros antes mencionados, fls. 361. A empresa foi excluída do Simples a partir de 01/01/2005, não ocorrendo manifestação a respeito, fls. 362. A seguir, passo a transcrever o relatório do Acórdão nº 1425.530 da DRJ/Ribeirão Preto, de fls. 388 a 398, a respeito da impugnação da autuada: “Notificada do lançamento em 15/05/2009, a contribuinte, representada pelo sócio Thiago Miquelini (fls. 11 a 13), ingressou, em 03/06/2009, com a impugnação de fl. 374, alegando: Contesta as apurações para o PIS e Cofins, pois suas incidências estão suspensas de acordo com a Lei n° 10.925, de 2004, Lei n° 11.051, de 2004, e Lei n° 11.196, de 2005, uma vez que suas vendas são exclusivamente de leite in natura e queijos, tipo mussarela, prato e ricota; Solicita a compensação dos valores pagos por meio de Darf/Simples com os valores devidos, de acordo com a tabela para cálculos da Lei n° 9.317, de 1996; Requer o abrandamento da multa de oficio, passando de 225% para 75%, por entender que o não atendimento às solicitações de esclarecimentos se deu por desconhecimento dos fatos; Reconhece ser devedor do IRPJ e CSLL, referente à diferença da base de cálculo entre seu faturamento real e aquele tributado pelo Simples. Na sequência foi proferido Acórdão nº 1425.530 da DRJ/Ribeirão Preto, de fls. 388 a 398, com o seguinte ementário: MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa a matéria que não tenha sido expressamente contestada. COMPENSAÇÃO DE RECOLHIMENTOS A TÍTULO DE SIMPLES. Incabível a redução dos tributos lançados de oficio pela utilização de valores pagos a título de Simples, pois eles só Fl. 429DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 23/02/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 07/03/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.000234/200812 Acórdão n.º 1202000696 S1C2T2 Fl. 430 3 poderão ser considerados por meio de compensação, a qual requer procedimento específico. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. Incabível o agravamento da multa de oficio, quando não ficar caracterizada no processo a falta de atendimento à intimação para prestar esclarecimentos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Caracterizado o intuito de fraudar o Fisco, tornase aplicável a multa no percentual de 150%. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. É ônus da contribuinte a prova de que atende os requisitos e condições fixados na legislação para a suspensão da exigibilidade da Cofins incidente sobre suas vendas. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. É ônus da contribuinte a prova de que atende os requisitos e condições fixados na legislação para a suspensão da exigibilidade do PIS incidente sobre suas vendas. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Os principais fundamentos utilizados no acórdão recorrido podem ser assim sintetizados: a autuada não contesta o arbitramento do lucro para fins de apuração do IRPJ e da CSLL referentes à omissão de receita apurada pela fiscalização, nem a aplicação da multa de oficio de 75%. Assim, devem ser considerados definitivos, na esfera administrativa, os valores demonstrados na fl. 392 do acórdão recorrido (foram compensados os valores do IRPJ e da CSLL recolhidos pelo Simples), acrescidos de juros de mora e da multa de oficio. a contribuinte, para efetuar vendas com suspensão do PIS e da Cofins, deveria comprovar o seu enquadramento nas condições estabelecidas nas normas de regência, bem assim o de seus produtos e dos respectivos adquirentes. Não tendo sido apresentado qualquer comprovante, não se pode acatar a alegação da contribuinte. não procede a afirmação do agente autuante (fls. 359 a 370) de que a contribuinte não atendeu à solicitação feita no Termo da fl. 15. Dessa forma, não procede a elevação do percentual da multa de lançamento de oficio para 225% por falta de atendimento às intimações, devendo ser mantida a multa de 150%, prevista na Lei n° 9.430, de 1996, art. 44, § 1°, aplicada pelo fato de a contribuinte ter declarado e tributado aproximadamente 15% do seu faturamento real. Em 10/11/2009, a interessada apresentou seu recurso voluntário a este CARF, alegando, em síntese, que as exigências do PIS/Pasep e da Cofins são improcedentes, uma vez que o acórdão recorrido fundamentou sua decisão com base na IN SRF n° 636, de 24 de março de 2006, revogada pela IN SRF n° 660, de 17 de julho de 2006, normativos que delimitaram os Fl. 430DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 23/02/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 07/03/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.000234/200812 Acórdão n.º 1202000696 S1C2T2 Fl. 431 4 tipos de vendas que poderiam ser efetuadas com a suspensão das referidas contribuições, limites esses que não existiam por ocasião dos fatos geradores ocorridos em 2005, não se podendo exigir, por conseqüência, a comprovação mencionada no acórdão recorrido, fls. 418. Na mesma data de 10/11/2009, a unidade preparadora lavrou o Termo de Perempção, face a não interposição de recurso no prazo de 30 dias, fl. 417. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Relator. Inicialmente, cabe analisar o cumprimento dos pressupostos processuais para conhecimento do recurso voluntário. Dentre os pressupostos, encontrase aquele que se refere ao prazo. Os arts. 5º e 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972 estabelecem a forma de contagem e o prazo para apresentação do recurso voluntário: Art. 5º. Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. (...) Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. (grifei) (...) No presente caso, a ciência da decisão de primeira instância, Acórdão nº 14 25.530 da DRJ/Ribeirão Preto, ocorreu em 08/10/2009, uma quintafeira, conforme Termo de ciência da fl. 411. Assim, o termo inicial da contagem de 30 dias se iniciou no dia útil seguinte, uma sextafeira, em 09/10/2009, e o termo final se encerrou no dia 07/11/2009, um sábado, que fica prorrogado para o primeiro dia útil seguinte, uma segundafeira, dia 09/11/2009. Já o contribuinte apresentou seu recurso voluntário a este colegiado, em 10/11/2009, fl. 418, portanto, após o prazo de 30 dias legalmente previsto para a sua apresentação. Com efeito, o próprio órgão preparador do processo lavrou o Termo de Perempção, face a não interposição de recurso do prazo de 30 dias, fl. 417. As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa são asseguradas a todos aqueles que exercem o seu direito no prazo fixado nas normas legais. Fl. 431DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 23/02/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 07/03/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.000234/200812 Acórdão n.º 1202000696 S1C2T2 Fl. 432 5 Dessa forma, constatado que o recurso voluntário foi apresentado intempestivamente, voto no sentido de que não se tome conhecimento do presente recurso, nos termos do já referido art. 33 do Decreto n° 70.235/72, combinado com o art. 63, inciso I, da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 432DF CARF MF Impresso em 08/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 23/02/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 07/03/2012 por NELSON LOSSO FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 10880.653312/2016-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR).
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL.
A fase agrícola do processo produtivo de cana-de-açúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF.
CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento.
SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL.
O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de cana-de-açúcar e álcool.
NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO.
É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA.
Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não-cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.
Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Numero da decisão: 3201-004.213
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I - Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("big-bag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD - Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II - Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL. A fase agrícola do processo produtivo de cana-de-açúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL. O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de cana-de-açúcar e álcool. NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA. Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não-cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
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INSUMO Recorrente RAIZEN ENERGIA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL. A fase agrícola do processo produtivo de canadeaçúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADEAÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA DEAÇÚCAR E ÁLCOOL. O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de canadeaçúcar e álcool. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 33 12 /2 01 6- 81 Fl. 608DF CARF MF 2 NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA. Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("bigbag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. (assinado digitalmente) Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 625 3 Marcelo Giovani Vieira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido eletrônico de ressarcimento de créditos oriundos do PIS, apurado no 2º trimestre de 2013. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Trata o presente Processo Administrativo Fiscal da análise do crédito demonstrado no PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito nº 42585.36583.310113.1.1.084340 referente a PIS/PASEP Não Cumulativo Exportação, 1º Trimestre de 2012, transmitido em 31/01/2013. Cabe observar que tal PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito possui Declarações de Compensação (DCOMP) a ele vinculadas. Anteriormente a essa ação em curso, foi realizada neste interessado a ação fiscal comandada pelo Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal TDPF n° 0816500.2015.01044, concluída em 04/11/2016 pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Carlos Alberto de Toledo da DRF/Jundiaí, com emissão de Autos de Infração lançando contribuições devidas de PIS e COFINS não cumulativos, gerando o Processo Administrativo Fiscal nº 19311.720238/201645, impugnado pelo interessado e já julgado por esta 16ª Turma de Julgamento na qual foi proferido o Acórdão nº 1293.315 em 30 de outubro de 2017 por esta Turma de Julgamento. Naquele processo, em procedimento de fiscalização, a DRF/Jundiaí não aceitou, na apuração da empresa, a tomada de crédito sobre diversos gastos que entende não serem passíveis de creditamento. O entendimento da DRF/Jundiaí resultou em glosas nos créditos, que resultaram menores que os calculados e informados pela empresa em seus DACON e EFD Contribuições. Então, ainda naquele procedimento de fiscalização executado pela DRF/Jundiaí, os créditos reapurados de ofício após as glosas sofridas foram rateados conforme as suas formas passíveis de utilização. As parcelas desses créditos passíveis de serem utilizados somente para deduções das contribuições, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita Tributada no Mercado Interno” e os “Créditos Presumidos da Agroindústria” foram utilizados para a dedução do valor das Contribuições Apuradas pelo interessado, resultando, para maioria dos meses, em Fl. 610DF CARF MF 4 Contribuições a Pagar lançadas em Autos de Infração de PIS e COFINS com multa e juros. Já as parcelas desses mesmos créditos, reapurados de ofício pela DRF/Jundiaí, que são passíveis de ressarcimento/compensação, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita de Exportação” e os “Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, tiveram apenas os seus valores indicados para serem utilizados em procedimentos específicos de análise de PER/DCOMP por parte da DRF/Bauru. Está informado no item 10.1 do Termo de Verificação Fiscal dos Autos de Infração da DRF/Jundiaí, sob o TDPF n° 0816500.2015.01044 : "10.1 Os Pedidos de Ressarcimento do PIS e da Cofins e as Declarações de Compensação (PER/Dcomp) apresentados pelo contribuinte, relativos aos períodos fiscalizados, serão analisados em procedimento específico, a ser realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Bauru SP. " Neste presente processo é tratado o procedimento específico de análise do pedido de ressarcimento/compensação de créditos de PIS/PASEP vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno do 2º Trimestre de 2013. No procedimento deste presente processo, e nos demais procedimentos conexos, a DRF/Bauru subtraiu do pedido de ressarcimento/compensação do interessado, os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí. Os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí são os valores das “Glosas de Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, detalhadas mensalmente em linhas da planilha denominada “Demonstrativo Anexo ao Termo de Verifical Fiscal” às fls 906 a 925 do processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645, originado a partir da sua já citada ação fiscal comandada pelo TDPF n° 0816500.2015.01044. Assim, para esse período e tipo de crédito, do Valor de Crédito Pedido pelo interessado de R$ 894.706,30, a DRF/Bauru subtraiu o valor de glosa determinado pela DRF/Jundiaí no valor de R$ 587.456,11 e chegou ao Valor de Crédito Cofirmado no valor de R$ 307.250,19. O interessado se insurge através de Manifestação de Inconformidade, tempestiva, na qual pede o julgamento em conjunto desta Manifestação de Inconformidade com outras defesas apresentadas em Processos Administrativos conexos, oriundos do mesmo “TDPF” nº 0816500.2015.01044, manejado pela Fiscalização da DRF/Jundiaí, eis que conexos, uma vez que possuem idênticos: (i) quadro fático e discussão de direito (similitude de objetos creditórios / conceito de insumos para crédito de “PIS” e “COFINS” / depreciação de ativo imobilizado), e (ii) pedido e causa de pedir, apenas diferenciandose com relação aos trimestres dos anoscalendário de 2012 e 2013 e alternando as referidas Contribuições Sociais. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 626 5 (omissis) Dessa forma, com base nos artigos 55, parágrafos 1º e 3º, 56 e 58, do Código de Processo Civil, e supedâneo no artigo 15, do mesmo Código e com o objetivo de evitar decisões conflitantes, bem como facilitar o trâmite processual e organização do julgamento desta “DRJ”, requer o processamento e julgamento da presente Manifestação de Inconformidade com as defesas dos demais Processos Administrativos acima indicados. O interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também apresenta síntese dos fatos. Reafirma que o presente processo que trata da negativa de reconhecimento integral do direito creditório que pleiteia decorre do resultado da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. E que o próprio Termo de Verificação Fiscal – “TVF” do Despacho Decisório deste período, emitido pela DRF/Bauru, adota os termos e os montantes deferidos e indeferidos indicados no Termo de Verificação Fiscal da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. Entretanto, o interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também alega que haveria diversas diferenças técnicas entre o procedimento de lançamento e constituição do crédito tributário por meio de Auto de Infração, como executado pela DRF/Jundiaí, e os procedimentos de cobrança de valores devidos decorrente das não homologações de Pedidos de Ressarcimento/Compensação, executados pela DRF/Bauru. E, mais adiante, em sua Manifestação de Inconformidade, o interessado repete as alegações de preliminar e de mérito que trouxe aos autos da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí, sob o processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645 e requer a homologação integral do direito creditório originalmente pleiteado. A 16ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/RJO n.º 1293.783, de 22/11//2017 (fls. 411 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2013 a 30/06/2013 JULGAMENTO EM CONJUNTO Devem ser julgados em conjunto processos conexos que possuem idênticos quadro fático e discussão de direito, e pedido e causa de pedir. APURAÇÃO DE CRÉDITO NÃO CUMULATIVO. GLOSAS. MATÉRIA JÁ APRECIADA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO. Fl. 612DF CARF MF 6 Incabível nova apreciação de matéria já analisada em processo administrativo diverso, relativo aos mesmos fatos, ao mesmo período de apuração e ao mesmo tributo. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 427 e ss., por meio do qual repete, basicamente, os mesmos argumentos já delineados em sua manifestação de inconformidade. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou vários pedidos de ressarcimento e, após analisálos, a unidade de origem promoveu lançamento do PIS/Cofins devidos nos períodos de apuração de 01/2012 a 12/2013 (processo administrativo nº 19311.720238/201645, ora também examinado), em face da escrituração de créditos indevidamente descontados na apuração. Deferido em parte o crédito e interposta manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua parcialmente procedente, daí a interposição do recurso voluntário. Em síntese, a Recorrente, grosso modo, repete, no recurso voluntário, os mesmos argumentos já declinados na sua primeira peça de defesa. E pede o julgamento conjunto do presente processo com outros de seu interesse em que se debatem as mesmas matérias. É o que se fará nesta assentada. Preliminarmente, a Recorrente sustenta a nulidade do Despacho Decisório, ao argumento de carência de motivação e de que não haveria a necessária individualização das glosas de créditos. Não é o que se vê dos autos. No próprio Despacho Decisório, consta a orientação de que maiores informações sobre a análise dos créditos poderiam ser obtidas no sítio eletrônico da RFB: Para informações complementares da análise de crédito, detalhamento da compensação efetuada e identificação dos PER/DCOMP objeto da análise, verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço www.receita.fazenda.gov.br, menu "Onde Encontro", opção "PERDCOMP", item "PER/DCOMPDespacho Decisório". Base Legal: Lei nº 10.637, de 2002, Lei nº 10.865, de 2004, art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 1996. Art. 43 da IN RFB nº 1.300, de 2012. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 627 7 Não fosse o bastante, como a própria Recorrente já indica, no bojo da mesma ação fiscal foram analisados vários outros processos de mesma natureza e efetuado um lançamento de PIS/Cofins integrado por Termo de Verificação Fiscal onde a mesma análise também foi depurada. Cabe ressaltar, ademais, que a eventual correção do Despacho Decisório (e também do lançamento) pelos órgãos que compõem o Contencioso Administrativa, mediante a reversão de créditos glosados pela fiscalização, não macula a decisão (ou mesmo o lançamento), senão que o conforma à legislação aplicável, considerada a jurisprudência administrativa e judicial. Rejeitada a preliminar de nulidade, passamos a reproduzir, pelos motivos já declinados, o nosso voto proferido no processo administrativo nº 19311.720238/201645, adotandoo, também aqui, como razão de decidir: Rejeitada a preliminar de nulidade, vemos que o litígio versa sobre o conceito de insumos para o efeito da apuração do PIS/Cofins não cumulativo, definição que, no entender do Superior Tribunal de Justiça STJ, em decisão proferida na sistemática dos recursos repetitivos (portanto, de observância aqui obrigatória, conforme art. 62 do RICARF/2015), deve atender aos critérios da essencialidade e da relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância do bem ou serviço na atividade econômica realizada pelo contribuinte (Recurso Especial nº 1.221.170/PR): TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para Fl. 614DF CARF MF 8 determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. No caso específico, a fiscalização aplicou o conceito mais restritivo ao conceito de insumos – aquele que se extrai dos atos normativos expedidos pela RFB. E aí glosou os seguintes créditos (consoante Termo de Verificação Fiscal): a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; h) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido de máquinas, equipamentos, instalações, benfeitorias e edifícios, conforme registros contábeis nas contas 1030202002 – Máquinas e Equipamentos – Depreciação Acumulada, 1030214002 – Instalações – Depreciação Acumulada, 1030206002 – Benfeitorias – Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 628 9 Depreciação Acumulada, 1030205002 – Edifícios – Depreciação Acumulada, e 3040699007 – Depreciações – Custo Corrigido, o que contraria a vedação expressa contida no artigo 2º, § 1º da IN SRF nº 457, de 2004; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag); j) Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria; k) Desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes; l) Desconto de crédito presumido sobre valor superior ao PIS e à Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar. Consideradas as razões que fundamentaram a impugnação, a DRJ baixou os autos em diligência, a fim de dirimir algumas dúvidas. Foram elas: I. Quanto ao item “H” – “NULIDADE PARCIAL– INEXISTÊNCIA DE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS” (fls. 981 a 988), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores. Apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. II. Quanto ao item “I” – “DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO” (fls. 1041 a 1047), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado sobre os bens citados no referido item “I”, em desacordo com a legislação de regência. Também apresentar a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “I”. III. Por fim, dar ciência do resultado da diligência acima solicitada ao interessado, para que esse, se assim desejar, se manifeste sobre esta documentação no prazo de trinta dias, retornando, então, os autos a esta DRJ/RJO para julgamento. E no Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade que a realizou prestou as seguintes informações: Quanto ao item I, esclarece a fiscalização que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins Fl. 616DF CARF MF 10 sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. No entanto, essas mesmas informações mostram que parte dos bens que serviram de base de cálculo do PIS e da Cofins e que foram classificados como máquinas e equipamentos, na verdade tratamse de outros veículos ou seus componentes, tais como tratores, dollys, transbordos, carregadeiras, carrocerias, reboques e semireboques. Sendo assim, não podem compor a base de cálculo dos créditos sobre depreciação, por falta de previsão legal. Quanto ao item II, segue anexo demonstrativo com planilha do recálculo das diferenças do PIS e da Cofins devidas, consideradas as exclusões das glosas sobre a reavaliação de ativos e levando em conta a memória de cálculo da depreciação apresentada pelo contribuinte às fls. 1453/1481 destes autos. A DRJ, então, julgou parcialmente procedente a impugnação, nos termos seguintes: Manter integralmente as glosas relacionadas ao conceito de insumo nos itens “A” a “G” do Termo de Verificação Fiscal. Afastar a glosa relacionada à reavaliação de ativos no item “H” do Termo de Verificação Fiscal. Manter parcialmente a glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (desconsiderados os valores inovados na diligência). Afastar integralmente todas as glosas efetuadas em relação aos créditos presumidos apurados pelo contribuinte nos itens “J” a “L” do Termo de Verificação Fiscal. Manter o critério adotado de não considerar o saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo. O recurso de ofício, esclareçamos melhor, teve por fundamentos as seguintes matérias, que totalizaram a exoneração de crédito em limite superior ao de alçada: a) a reversão de créditos do PIS/Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, uma vez que as informações apresentadas na impugnação, e confirmadas na diligência, comprovam que não ocorreu a reavaliação do valor dos ativos; b) a manutenção parcial da glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (foram desconsiderados os valores inovados na diligência, uma vez que a DRJ Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 629 11 acertadamente entendeu que tal procedimento equivaleria a alterar o lançamento originário); c) a reversão da glosa de créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica "não agroindustrial"; d) a reversão da glosa sobre crédito presumido oriundo de receita de vendas de açúcar não destinado à alimentação humana, mas à fabricação de bebidas e refrigerantes; e) a reversão sobre o desconto de crédito presumido superior ao PIS/Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar. Os motivos da exoneração de parte do crédito foram muito bem enfrentados no acórdão recorrido, razão pela qual passamos a adotálos, também aqui, como fundamento desta decisão, mas a respeito dos quais faremos, ao final de sua transcrição, importante consideração, que, como se verá, nos levarão a adotar, no ponto a ser suscitado, entendimento dele divergente (todavia, transcreveremos na íntegra o voto, apenas quanto às matérias que levaram à exoneração de parte do crédito lançado, para que aos demais integrantes da Turma seja dado pleno conhecimento das controvérsias): DAS GLOSAS SOBRE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS Ítem “H” do Termo de Verificação Fiscal: Sobre essa glosa que a AUTORIDADE FISCAL chamou no Termo de Verificação Fiscal de “Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido”, não haviam informações suficientes para afirmar que os valores glosados eram créditos apurados e descontados pela IMPUGNANTE sobre encargos de depreciação calculados sobre a reavaliação de seus ativos. A IMPUGNANTE contestou que não reavaliou seus ativos. Então, esta 16ª Turma de Julgamento converteu o julgamento em diligência a fim de que a unidade de origem apresentasse planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrassem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores e apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. A unidade de origem lavrou Termo de Intimação Fiscal (fls. 1371 a 1374), contra a IMPUGNANTE, que atendeu e apresentou os documentos solicitados. Então, a unidade de origem, a DRF/JundiaíSP, no Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1482 a 1484), conclui e esclarece que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação Fl. 618DF CARF MF 12 comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. Por esse motivo voto por afastar a glosa em relação a este item. (...) DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO Ítem “I” do Termo de Verificação Fiscal: Cabe analisar as glosas sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado nos valores recalculados após a diligência. A unidade de origem, glosou créditos sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag) por entender não que não estão listados nas hipóteses que a legislação permite o creditamento do PIS e da Cofins. A IMPUGNANTE contestou. Afirma que foram realizadas glosas sobre depreciação de ativos imobilizados que sequer se creditou. Como os documentos anexados aos autos não deixaram claro que essas glosas foram efetuadas apenas sobre os creditos de PIS e COFINS efetivamente apurados pela IMPUGNANTE sobre a depreciação dos seus ativos, foi determinado em resolução à unidade de origem, que essa apresentasse planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado em desacordo com a legislação de regência e também apresentasse a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa. De modo a atender o que lhe fora exigido por meio de Resolução desta 16ª Turma de Julgamento, a DRF/Jundiaí intimou a IMPUGNANTE a apresentar demonstrativo das bases de cálculo dos descontos de créditos do PIS e Cofins sobre o Imobilizado Então, tendo a IMPUGNANTE atendido a intimação, a AUTORIDADE FISCAL da unidade de origem substituiu a base de glosas anteriormente efetuadas pelo demonstrativo apresentado pela IMPUGNANTE na intimação fiscal. Nesse demonstrativo em forma de planilha (fl.1485), foram glosados os créditos de depreciação tomado em relação aos ítens listados como: veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag. A IMPUGNANTE afirma que em relação aos bens sobre os quais de fato tomou crédito relativos a sua depreciação, todos são essenciais ao desenvolvimento do seu processo produtivo diante da já demonstrada relevância da etapa agrícola no referido ciclo agroindustrial, e tendo em vista a disposição contida nos artigos 3º, parágrafo 1º, inciso III de ambas as Leis 10.637/02 e 10.833/03, imperativo o cancelamento dessas glosas . Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 630 13 Art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) ... § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) ... III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; A discriminação dos bens para os quais foram apurados encargos de depreciação, constante do Auto de Infração – veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag, embora todos utilizados em algum processo da IMPUGNANTE, não são utilizados no processo industrial de fabricação de açúcar e álcool. Assim, por infringência ao dispositivo legal acima transcrito, corretas as glosas efetuadas. (...) DAS GLOSAS SOBRE CRÉDITOS PRESUMIDOS ORIUNDOS DE AQUISIÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR DE PESSOA JURÍDICA ͞”NÃO AGROINDUSTRIAL” Item “J” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme relatado, AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, ítm “J” (fl.903) glosou o “Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria”, pois segundo seu entendimento, não poderiam ter sido apurados créditos de pessoas jurídicas não agroindustriais. Foram elaboradas pela AUTORIDADE FISCAL as planilhas, “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx”, anexadas ao presente processo na forma de arquivos não pagináveis vinculados aos documentos nominados de “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas de créd. presumido 2012” e “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas créd. presumido 2013” (fls. 932 a 933). Fl. 620DF CARF MF 14 Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL apurou os totais mensais de PIS e Cofins apurados sobre os valores de compra de cana de açúcar da IMPUGNANTE, cujos fornecedores têm pelo menos um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial. Esses totais mensais foram levados para os “Detalhamentos das diferenças de PIS e COFINS devidas apuradas pela fiscalização” no ‘Demonstrativo anexo ao Termo de Verificação Fiscal” (fls. 906 a 925), cujos valores servem de base para os lançamentos no Auto de Infração. Da forma como essa glosa foi sucintamente descrita no Termo de Verificação Fiscal e da forma como foi apurado o cálculo dessa glosa nas planilhas “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx” bastou a presença de um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial em um fornecedor de cana de açúcar para a AUTORIDADE FISCAL automaticamente considerar tal fornecedor “pessoa jurídica não agroindústria” e conseqüentemente glosar os créditos referentes às aquisições de cana de açúcar de fornecedores em tal situação. A IMPUGNANTE destaca que nada impede que as pessoas jurídicas que tenham as mais diversas atividades principais, exerçam, em caráter secundário, a atividade venda de canade açúcar caracterizandose como comercial agropecuária (ou agroindústria), permitindose tal creditamento. Conforme a Lei nº 10.925/2004, base legal citada pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e ..., destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos noinciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: ... III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) ... Cumpre ressaltar que em nenhum momento a AUTORIDADE FISCAL buscou afastar o direito ao crédito em razão de que tais operações não teriam sido relacionadas com a venda de canadeaçúcar, mas, sim, pelo simples fato de terem sido firmadas com pessoas jurídicas que não seriam agroindústrias. Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 631 15 Além de inexistente a restrição apontada pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, cabe verificar o método que adotou para tal glosa. Conforme amostragem realizada pela IMPUGNANTE as fls. 1054 e 1055 desse processo, as pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, são produtores de canadeaçúcar, conforme critério adotado AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí: possuem pelo menos um CNAE em que consta tal atividade. Pesquisas feitas por amostragem nos sistemas internos da RFB a partir da relação das pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, também apontam possuir, além do CNAE relacionado pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, CNAE relacionado à atividade agroindustrial ou agropecuária. Além disso a informação que consta no CNAE não é por si só suficiente para caracterizar que a empresa não exerça atividade agropecuária. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DA GLOSA SOBRE CRÉDITO PRESUMIDO ORIUNDO DE RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR NÃO DESTINADO À ALIMENTAÇÃO HUMANA, MAS À FABRICAÇÃO DE BEBIDAS E REFRIGERANTES Item “K” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, pode ser descontado crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado diretamente à alimentação humana e é glosado, conforme descrito no item “k)” desse termo, o desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes. O crédito presumido condicionado a venda de açúcar é calculado sobre a aquisição dos insumos, como a cana de açúcar, destinados a sua produção. No Termo de Verificação Fiscal, é citada pela AUTORIDADE FISCAL, a Lei 10.925/2004, que em seu artigo 8º, passou a permitir apuração desse crédito em relação a aquisição de insumos de pessoa física, cooperado pessoa física e de pessoas jurídicas exercendo algumas condições. A possibilidade de desconto desses créditos está de forma mais clara no artigo 5º da IN 660/2006, também citado pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Fl. 622DF CARF MF 16 Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Nas “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2012” e “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2013” arquivos não pagináveis correspondentes aos seu respectivos Termos de Anexação de Arquivo Não Paginável, anexados às folhas 934 a 935 desse processo, são apresentadas as planilhas “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2012.xlsx” e “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2013.xlsx”. Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL, ao invés de calcular crédito presumido sobre o valor da cana de açúcar utilizada como insumos na fabricação de açúcar destinado à alimentação humana ou animal, calculou crédito sobre o valor de venda do açúcar a produtores de bebidas destinadas ao consumo humano. Mas não é sobre a venda de açúcar que esse crédito é calculado, na verdade, essa operação de venda apenas condiciona a tomada do crédito sobre a operação anterior de aquisição da cana. Também foram efetuadas glosas sobre os períodos entre agosto de 2013 e dezembro de 2013, hiato no qual a IMPUGNANTE sequer registrou créditos referentes a esse crédito presumido. Conforme os já mencionados artigo 8º da Lei 10.925/2004 e artigo 5º da IN 660/2006, esse crédito presumido é decorrente das compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado à alimentação humana ou animal. Da forma como foi sucintamente descrita a glosa desse crédito no Termo de Verificação Fiscal, ainda que fosse calculada corretamente sobre as compras e não sobre as vendas, como de fato aconteceu, o açúcar vendido para as indústrias de bebidas e refrigerantes é destinado à alimentação humana. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DO DESCONTO DE CRÉDITO PRESUMIDO SUPERIOR AO PIS E À COFINS APURADOS SOBRE A RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR Ítem “L” do Termo de Verificação Fiscal: Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, o aproveitamento do crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar está limitado ao PIS e à Cofins apurados sobre as Receitas de Vendas de Açucar destinado à alimentação humana. Nesse item “L”, a AUTORIDADE FISCAL glosou a diferença entre o que ela entendeu ser os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar menos o que ele entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 632 17 IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar a partir das informações prestadas nos Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar não foi especificamente contestada pela IMPUGNANTE. As somas mensais dessa contribuição sobre a receita de venda de açúcar com as somas mensais das contribuições sobre as demais receitas (como da receita de venda de álcool, de etanol, de melaço, etc.) estão de acordo com os totais mensais das contribuições apuradas conforme fichas 15B e 25B do Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu serem os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar foram os valores da linha 29 da Ficha 06A (Pis) e 16A (Cofins) do Dacon. Essa linha corresponde ao somatório dos créditos presumidos de atividades agroindustriais, incluídos os calculados sobre os insumos de origem animal, origem vegetal e os ajustes positivos e negativos de créditos. Pelas informações prestadas nos Dacons e pelos cálculos no Termo de Verificação Fiscal, a AUTORIDADE FISCAL entende como créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar para a produção de açúcar os créditos presumidos calculados sobre os insumos de origem vegetal e os ajustes positivos de créditos. Entretanto, para a IMPUGNANTE os ajustes positivos de créditos correspondem aos créditos apurados sobre a venda de etanol no mercado interno, conforme expressa disposição contida no artigo 1º, da Lei n° 12.859/13, conversão da Medida Provisória n° 613/13. E, de fato, a IMPUGNANTE, coerentemente com sua impugnação, passou a apurar os créditos apurados sobre a venda de etanol e demonstrálos em seus Dacon somente a partir da publicação da referida medida provisória, em junho de 2013. No Termo de Verificação Fiscal, para fundamentar a glosa sobre o desconto de crédito presumido superior ao Pis e à Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar, além de descrever os principais dispositivos legais em seu início, a AUTORIDADE FISCAL cita especificamente o trecho da ementa da Solução de Consulta nº 24, de 21 de janeiro de 2010, expedida pela Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 9ª Região Fiscal, in verbis: (...) O crédito presumido antes mencionado somente pode ser utilizado para desconto dos valores devidos a título de Cofins resultantes da comercialização das mercadorias produzidas com os produtos in natura adquiridos, não podendo ser objeto de compensação com outros tributos ou de ressarcimento. A construção dessa Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, foi feita a partir dos seguintes dispositivos legais: Lei nº 10.637/2002, art. 3o , Lei nº 10.833/2002, art. 3o; Lei nº 10.925/2004, art. 8o, caput, e §§ 1o e 4o; IN SRF nº 660/2006, Fl. 624DF CARF MF 18 art. 2o, I e IV, e § 1o; art. 3o, I, §§ 1o e 2o; art. 5o, I, “d”; e art. 6o, I. Quanto à utilização do crédito presumido pelas agroindústrias (item 16, fl.12, dessa SC), o caput do art. 8o da Lei nº 10.925, de 2004, citado tanto pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, quanto pela citada Solução de Consulta referida acima, é claro em definir a utilização permitida para o crédito em questão: “deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração”. Tal imposição significa que do valor devido a título de PIS/Pasep e de Cofins, pela comercialização das mercadorias industrializadas com os produtos in natura adquiridos, a agroindústria poderá descontar o crédito presumido apurado. E a IN SRF nº 660, de 2004, citada no Termo de Verificação Fiscal, deixa o assunto bem evidenciado: Art.8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. [...]§3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. §4º O crédito presumido deve ser apurado de forma segregada e seu saldo deve ser controlado durante todo o período de sua utilização. Assim, de acordo com a Lei nº 10.925/04 e com a IN 660/04, o crédito presumido da agroindústria não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, pode apenas ser utilizado para dedução de cada contribuição. E caso não possa ser aproveitado para dedução de cada contribuição no período, seu saldo deve ser controlado segregadamente, até ser totalmente utilizado nos períodos seguintes. A AUTORIDADE FISCAL, diferentemente do disposto na Lei nº 10.925/04 na IN 660/04 e na Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, para cada mês em que esse crédito presumido foi apurado em valor maior do que a contribuição apurada sobre a receita de venda de açúcar glosou a diferença a maior do valor do crédito. Esse crédito, apurado sobre a aquisição de cana de açúcar, não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, mas pode ser utilizado para dedução da contribuição devida apurada em relação às mercadorias produzidas, não apenas sobre a contribuição devida sobre a receita de venda da mercadoria “açúcar”. E sobrando saldo, esse não deve ser glosado, esse saldo deve ser controlado e utilizado nos períodos seguintes. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 633 19 Discordamos, no entanto, quanto ao entendimento em relação aos créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica ͞"não agroindustrial". Não obstante admitidos no acórdão recorrido, ao fundamento de que o fato de a empresa vendedora não desenvolver atividade agropecuária não impediria o creditamento, uma vez não haver qualquer exigência legal no sentido de qualificar o vendedor dos bens que ensejariam o crédito presumido em tela, a verdade é que somente a aquisição da canadeaçúcar efetuada junto a pessoa jurídica ou cooperativa de produção que exerça atividade agropecuária dá direito à apuração e à dedução do crédito presumido de que trata o art. 8º da lei nº 10.925, de 2004. É o que se extrai da própria lei (inciso III do § 1º, supra), daí que, ao menos quanto a esta matéria, divergimos do voto acima reproduzido, para manter a glosa efetuada pela fiscalização, de sorte que ao recurso de ofício deve ser dado parcial provimento. Recentemente, nesta mesma Turma, assim também se decidiu: CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADE AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. (Acórdão nº 3201004.161, de 28/08/2018) As matérias cuja apreciação remanesce no recurso voluntário são as seguintes: a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, Fl. 626DF CARF MF 20 parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag). E, finalmente, como se demonstrará ao final, também discordamos das glosas de despesas com o tratamento de água, resíduos e análises laboratoriais. Conforme já expusemos noutros votos, os bens e serviços utilizados na fase agrícola, assim como a depreciação de tais bens, não ensejam, a nosso juízo, o creditamento de PIS/Cofins. É que, segundo o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, somente geram o direito ao crédito, no regime não cumulativo, os bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vejam: Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3odo art. 1odesta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1oe 1oA do art. 2odesta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata oart. 2oda Lei no10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 daTipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 634 21 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.(Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (g.n.) Notese que o dispositivo legal descreve de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Se se pretendesse abarcar todos as despesas realizadas para a obtenção da receita, não veríamos o elenco de hipóteses que vemos na norma. Ademais, consoante deixou cristalino o legislador na Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 30/10/2003, posteriormente convertida na Lei n.º 10.833, de 2003, um dos principais motivos para o estabelecimento do regime não cumulativo na apuração do PIS e da Cofins foi combater a verticalização artificial das empresas, a fim de que as diversas etapas da fabricação de um produto ou da prestação de um serviço pudesse ser realizado por empresas diversas, de sorte a gerar condições para o crescimento da economia. 1 Admitir que, no cálculo dos créditos, se incluam os dispêndios na aquisição daqueles bens ou serviços só remotamente empregados na produção do produto final ou no serviço prestado – os chamados "insumos dos insumos" – é não apenas permitir o que o legislador pretendeu desestimular, mas é também legislar. 1 Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 2003: 1.1. O principal objetivo das medidas ora propostas é o de estimular a eficiência econômica, gerando condições para um crescimento mais acelerado da economia brasileira nos próximos anos. Neste sentido, a instituição da Cofins nãocumulativa visa corrigir distorções relevantes decorrentes da cobrança cumulativa do tributo, como por exemplo a indução a uma verticalização artificial das empresas, em detrimento da distribuição da produção por um número maior de empresas mais eficientes – em particular empresas de pequeno e médio porte, que usualmente são mais intensivas em mão de obra. Fl. 628DF CARF MF 22 Afinal, os diplomas legais aqui referidos delimitaram os insumos àqueles bens e serviços utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, é dizer, aqueles insumos efetivamente empregados no produto final do processo de industrialização ou no serviço prestado ao tomador, não aqueles bens ou serviços consumidos, pela próprio contribuinte, em etapas anteriores, aqueles, enfim, só remotamente empregados. No caso em tela, como já antecipamos, os créditos pretendidos pela Recorrente têm origem nos gastos realizados na produção da canadeaçúcar, ou seja, na fase agrícola, não na industrial (é só nesta fase que se pode permitir o creditamento com fundamento no inciso II do art. 3º). Considerando que tais despesas não foram utilizadas diretamente na fabricação dos produtos vendidos (v.g., nem por hipótese o defensivo agrícola por entrar na fabricação do açúcar, do álcool ou de subprodutos da indústria sucralcooleira), não se faz possível o creditamento. É como vem entendendo a 3ª Turma da CSRF. Exemplificativamente: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 29/02/2004 COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. CRÉDITO. INSUMO DE INSUMO. IMPOSSIBILIDADE A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com serviços de transporte de funcionários, combustíveis e lubrificantes para o maquinário agrícola e aquisições de adesivos, corretivos, cupinicidas, fertilizantes, herbicidas e inseticidas utilizados nas lavouras de canadeaçúcar. (Redator Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Acórdão nº 9303005.541, de 16/08/2017) Esse, contudo, não é, como todos sabemos, o entendimento dos demais integrantes desta Turma2, de modo que, somente por economia processual e apreço ao princípio da colegialidade, também passamos a adotar aqui aquele plasmado nos fundamentos que vimos de reproduzir. Assim, os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar a ser utilizado na produção do açúcar e do álcool também podem ser levados em consideração para fins de apuração de créditos para o PIS/Cofins. No caso aqui julgado, referemse aos seguintes itens (consoante alíneas acima): 2 PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de pertinência, emprego e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não cumulativas. (Rel. Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Acórdão nº 3201003.411, 02/02/2018) Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 635 23 b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containeres utilizados em transporte de açúcar (embora conste da alínea "i", na redação anteriormente transcrita, retiramos as aeronaves, porque, conforme ela própria assevera e consta de um dos demonstrativos que integram o acórdão recorrido, a Recorrente sobre elas nada se creditou). Há de se registrar, para melhor esclarecimento do que se trata, algumas observações a respeito dos itens relacionados na mesma alínea "i". Segundo a Recorrente, a) os veículos são aqueles utilizados na fase agrícola, como tratores e colheitadeiras, ônibus para transporte, dollys etc. (conta contábil 1030203002); b) os móveis e utensílios são materiais e equipamentos utilizados no processo produtivo da cana, bem como no seu acondicionamento, processamento e pesagens, tais como estufa, centrífuga, balança etc. (conta contábil 1030204002); c) as licenças e softwares são ativos tecnológicos aplicados no maquinário aplicados na lavoura (conta contábil 1030210002); d) as embarcações são utilizadas no transporte da cana entre a lavoura e a unidade produtora (conta contábil 1030212002). Tais informações, acompanhadas de registros fotográficos no recurso voluntário, em nenhum momento foram antes contraditadas pela fiscalização, quer por ocasião do lançamento, quer na diligência. Concordamos, todavia, com a glosa do crédito em relação aos serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, pois, com efeito, a legislação não prevê o creditamento das contribuições sobre os serviços de capatazia (alínea "e", supra). Comunga do mesmo entendimento a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF: PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 630DF CARF MF 24 Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime não cumulativo, por absoluta falta de previsão legal. (Acórdão nº 9303004.383, de 08/11/2016) Prosseguindo, agora sobre os crédito tomados em relação às embalagens de transporte ("bigbag"), como é de todos conhecido, temos entendido — e recentemente também assim fizemos noutro processo envolvendo a mesma empresa — que se deve considerálas insumo, no regime não cumulativo de PIS/Cofins, pois destinadas à proteção ou ao acondicionamento do produto final no seu transporte. Conforme Acórdão nº 3201 004.164, de 28/08/2018: NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. Finalmente, cumpre registrar que os créditos tomados em relação aos gastos com o tratamento de água, de resíduos e com análises laboratoriais não foram expressamente citados no texto que encerra o Termo de Verificação Fiscal, mas consta das planilhas a ele e ao acórdão recorrido anexadas. Contudo, mesmo que os considerássemos não originalmente apreciados, se é entendimento dos demais conselheiros que compõem esta Turma que os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar podem ser considerados na apuração de créditos para o PIS/Cofins, não há razão para afastar a possibilidade de craditamento quanto os gastos com o tratamento de água (fase agrícola e industrial) e de resíduos (fase industrial) e análises laboratoriais (fase agrícola e industrial). Aliás, é cediço, constitui importante requisito para a produção de açúcar e álcool o tratamento de seus resíduos industriais e o seu constante monitoramento. E, por último, quanto ao não reconhecimento dos saldos de créditos de períodos anteriores, cumpre observar que, com efeito, conforme destacado na decisão recorrida, a consequência é o não aproveitamento dos mesmos saldos para a dedução de valores devidos em períodos subsequentes. Todavia, tais saldos ficam subordinados ao que aqui decidido, já que o entendimento será replicado nos processos a este conexos. O pedido de realização de nova diligência (ou de perícia) afigurase absolutamente desnecessário em face de tudo o que expusemos aqui e das informações já carreadas aos autos (art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972). Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 636 25 Ante o exposto, rejeito a preliminar de nulidade e NEGO PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. E DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; Fl. 632DF CARF MF 26 (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10880.653312/201681 Acórdão n.º 3201004.213 S3C2T1 Fl. 637 27 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado O presidente incumbiume de redigir o acórdão na parte pertinente aos gastos de capatazia e estiva. Os gastos com logística, na operação de aquisição de insumos, geram direito a crédito por comporem o conceito contábil de custo de aquisição de mercadoria3. Os gastos logísticos para movimentação de insumos, internamente ou entre estabelecimentos da mesma empresa, inseremse no contexto de produção do bem, porque inerentes e relevantes ao respectivo processo produtivo. Desse modo, devem gerar direito de crédito, na esteira do Resp 1.221.170/PR, que tramitou sob o regime dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), e que vincula o Carf (art. 62, §2º, do Anexo II do Regimento Interno). No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado. 3 11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis perante o fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.273/10) Fl. 634DF CARF MF 28 Declaração de Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário. A presente declaração de voto tem por objetivo externar o posicionamento pelo qual acompanhei o Relator "pelas conclusões" relativamente à preliminar de nulidade suscitada pelo contribuinte. Em seu Recurso Voluntário o contribuinte demonstra que a Fiscalização, ao efetuar a lavratura do Auto de Infração, deixou de individualizar as glosas realizadas, deixando, inclusive, de lavrar Termo de Verificação Fiscal próprio, fazendo simples remissão a TVFs de períodos de apuração diversos. Além disso, deixou de indicar a espécie dos créditos glosados (crédito de insumos ou créditos presumidos). Ao assim proceder, a Fiscalização imputou à Recorrente excessivo ônus de defesa que, ainda que cumprido adequadamente pelo contribuinte, não afasta o excesso fiscal, passível de reconhecimento de nulidade do procedimento. Não obstante ao exposto, há que se considerar que, na hipótese dos autos, o mérito da demanda foi resolvido de modo favorável ao contribuinte, incorrendose em hipótese típica de aplicação do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Desse modo, externo meu posicionamento não pela improcedência da preliminar de mérito, mas, sim, pela possibilidade de sua superação, no presente julgamento, nos exatos termos do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. (assinado digitalmente) Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 635DF CARF MF
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Numero do processo: 10510.900454/2009-22
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO.
A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72.
Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 1001-000.883
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar proposta de diligência suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar proposta de diligência suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 90 04 54 /2 00 9- 22 Fl. 155DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Declaração de Compensação (PER/DCOMP), efls. 02/06, de n. 01631.81883.260905.1.3.049430, de 26/09/2005, através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com créditos decorrentes de pagamentos indevidos de IRPJ 2362 (julho de 2004). O pedido foi indeferido, conforme Despacho Decisório 821063524, 18/02/2009 (efl. 10), que analisou as informações e concluiu que o crédito estava integralmente utilizado para quitação de débito declarado, bem como determinou a não homologação da DCOMP em análise. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade assim resumida na decisão de primeira instância (efls. 112/113): O contribuinte tomou ciência do referido despacho decisório, via correio, em 05/03/2009 (fl. 11) e, em 06/04/2009, apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que: a) apresentou DCTF, referente ao IRPJ (código 2362), tendo indicado como devido o montante de R$325.627,44, referente à competência do mês de julho de 2004, cujo valor foi devidamente recolhido através de um DARF do mesmo valor, acrescido de multa (R$65.134,48) e juros (R$33.609,39) (fl. 52). Entretanto, o manifestante incorreu em equívoco no preenchimento da DCTF, eis que o valor efetivamente devido correspondia a R$301.966,82; b) considerando o valor recolhido, confrontado com o montante efetivamente devido, restaria evidenciado um crédito de R$ 23.705,62, o que inclui os acréscimos moratórios pagos, também indevidamente; c) a compensação em análise foi declarada utilizando o crédito original do recolhimento indevido, sem considerar o valor da multa, acrescido pela taxa referencial SELIC, totalizando R$ 25.426,64,, para quitação de débitos perante a Receita Federal do Brasil, entretanto não foi homologada pela autoridade administrativa, eis que analisada com base em informações maculadas pelo equívoco cometido pelo manifestante; d) em 10/03/2009, o manifestante, tendo identificado o equívoco ocorrido, promoveu as alterações necessárias para evidenciação do real valor devido (cópia da DCTF, retificadora, às fl. 61/76), de acordo com a apuração já ajustada, de modo que no caso em exame o crédito tributário compensado pode ser comprovado e devidamente suportado; e) sendo verossímil o direito creditório e a verdade material, principio inafastável no âmbito do processo administrativo tributário, o direito à compensação efetuada pelo manifestante não poderá ser obstado em razão de mero equívoco de preenchimento da DCTF. O manifestante discorre ainda sobre a possibilidade de retificação de erro de preenchimento de declaração, em razão do principio da verdade material. Pede, ao final, a homologação integral dos procedimentos de compensação adotados e protesta Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10510.900454/200922 Acórdão n.º 1001000.883 S1C0T1 Fl. 156 3 por todos os meios de prova admitidos, para que seja apurada a veracidade dos fatos ora narrados, inclusive a conversão em diligência fiscal, se for julgada necessária e suficiente para demonstrar a verdade dos fatos e do direito. A Delegacia de Julgamento (Acórdão 1523.102 2ª Turma da DRJ/SDR, e fls. 111/115) julgou a manifestação de inconformidade improcedente por entender que o pagamento de estimativa mensal somente se caracteriza como indevido ou a maior quando efetuado em montante superior ao calculado na declaração de ajuste anual, com fundamento na legislação tributária. Aduziu ainda que o momento adequado para o autuado apresentar as provas documentais era juntamente com a impugnação e aventou de forma genérica a possibilidade de diligência: Como se vê, o momento adequado para o autuado apresentar as provas documentais era juntamente com a impugnação. No caso presente, o autuado nem trouxe as provas que alega ter, nem logrou comprovar a impossibilidade de fazêlo por motivo de força maior, ou qualquer outro motivo citado no mencionado § 4°, portanto, temse prejudicada a aplicação do disposto no § 5° do art. 16 do PAF, acima transcrito, em face da preclusão nele prevista. Ademais, no caso presente, os elementos constantes dos autos são suficientes para formar a convicção deste julgador, a qual independe da realização de diligencia, hipótese esta aventada na manifestação de inconformidade de forma genérica. Quanto ao mérito, o contribuinte contesta o despacho decisório, alegando, em síntese, que apresentou DCTF, referente ao IRPJ (código 2362), tendo indicado como devido o montante de R$325.672,44, referente à competência do mês de julho de 2004, cujo valor foi devidamente recolhido através de um DARF do mesmo valor, acrescido de multa (R$65.134,48) e juros (R$33.609,39). Entretanto, o manifestante incorreu em equívoco no preenchimento da DCTF, eis que o valor efetivamente devido correspondia a R$ 301.966,82, o que resultou em crédito de R$ 823.705,62, incluindo os acréscimos moratórios pagos, também indevidamente. O litígio do presente processo envolve a análise da liquidez e certeza do crédito objeto do pedido de compensação, referente ao suposto pagamento indevido da estimativa do IRPJ do mês de março de 2004. Notese que o manifestante retificou seis vezes a DCTF relativa ao terceiro trimestre de 2004 (fls. 92/98). Entretanto, apenas na última retificadora, a qual só foi apresentada em 10/03/2009, quando já havia tomado ciência do presente despacho decisório, que não homologou a compensação declarada, alterou o valor referente ao IRPJ estimativa do mês de julho de 2004, de R$325.672,44 para R$301.966,82. Fl. 157DF CARF MF 4 Para demonstrar a existência do crédito tributário informado no PER/DCOMP em análise, o impugnante deveria ter anexado à sua manifestação de inconformidade as provas documentais (escrituração contábil e fiscal) capazes de demonstrar o alegado equívoco cometido na apuração do valor de R$25.672,44, recolhido a título de estimativa de IRPJ (código de receita 2362), referente ao mês de julho de 2004. Todavia, não o fez, não comprovando, portanto, tratarse de recolhimento a maior. Ou seja, não basta questionar graciosamente os argumentos do Fisco. Deve o interessado rebater de forma coerente e com meios de prova idôneos, nos termos dos artigos 15 e 16, inciso III e § 4°, do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal PAF). Somente os créditos líquidos e certos podem ser objeto de pedidos de restituição/compensação, conforme determina o art. 170 do Código Tributário Nacional CTN (Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966), transcrito a seguir. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passiva contra a Fazenda pública. Notese que o entendimento predominante é de que existe uma impropriedade na expressão “pagamento por estimativa”, já que pagamento é forma de extinção do crédito tributário, fato que não se configura nos recolhimentos mensais por estimativa, que se traduzem por meras antecipações do tributo devido, a ser apurado definitivamente ao término do período definido na legislação. Portanto, como estimativa não configura crédito líquido e certo, não seria passível de compensação. O crédito passível de ser restituído ou compensado é aquele apurado no ajuste anual e demonstrado na declaração de rendimentos, na qual são considerados os valores devidos por estimativa, assim como o imposto devido em relação ao ano todo. Cientificada da decisão de primeira instância em 07/05/2010 (efl. 118) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 04/06/2010 (efl. 119), em que repete os argumentos da manifestação de inconformidade e aduz: ainda que as informações constantes aos documentos fiscais, preenchidos pela própria Recorrente e apresentados ao Fisco Federal, não fossem consideradas suficientes, poderia, a qualquer momento, até o fim do processo administrativo de compensação (constituição definitiva do crédito ou homologação da operação pretendida), apresentar as provas necessárias a evidenciação dos fatos. a Administração Tributária, quando da aplicação de um juizo de valor em fase contenciosa da regular constituição do crédito tributário, deve valerse da realização de novos exames, mediante a conversão do julgamento em diligência fiscal, sempre que entender ser necessária a adoção desse procedimento, tendo em vista a complexidade dos assuntos envolvidos, agindo sempre em busca da verdade dos fatos. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10510.900454/200922 Acórdão n.º 1001000.883 S1C0T1 Fl. 157 5 a jurisprudência administrativa do Conselho de Contribuinte ratifica veementemente a relevância do postulado da verdade material, reiterando em diversos julgados o pagamento indevido constituise imediatamente quando o valor do recolhimento realizado supera o montante apurado, na forma da lei, para o respectivo crédito tributário. Pela análise da documentação acostada aos autos do processo, fica clara a ocorrência de recolhimento indevido (integramente) aos cofres públicos, no valor do DARF de R$ 325.672,44,, (sem correção), designado ao período de apuração de abril de 2004, para o tributo classificado sob o código 2362. protesta por todos os meios de prova admitidos, que ao entendimento desta autoridade julgadora se faça necessário, mormente pela produção de prova documental suplementar para que seja apurada a veracidade dos fatos ora narrados, inclusive a conversão do feito em diligência fiscal, caso seja a mesma considerada necessária para a plena demonstração da verdade dos fatos e do direito. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo (art. 74 da lei 9.430/96 c/c art. 170 do CTN) como bem assinalou a decisão da Unidade de Origem (e fl. 10). Ou seja, a negativa de crédito deuse em função de que o pagamento correspondeu a débito devidamente declarado, conformes decisões da Unidade de Origem e de primeira instância (efls. 10 e 111/115). Desta forma faziase necessário demonstrar para a autoridade julgadora de primeira instância a exatidão das informações referentes ao crédito alegado e confrontar com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual o tributo devido no período de apuração e comparálo ao pagamento declarado e comprovado. Mas o pedido de restituição de crédito não foi acompanhado (quando da apresentação da manifestação de inconformidade, efls. 11/21) dos atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Ou seja, não se comprovou que a liquidez do alegado direito creditório (pagamento de estimativa de IRPJ de julho de 2004): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou Fl. 159DF CARF MF 6 vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Destaquei) Desta forma, com base no artigo art. 170 do CTN e art. 74 da lei 9.430/96 o pedido de restituição/compensação cujo crédito não foi comprovado foi indeferido. No mesmo sentido, assim ficou consolidado no Parecer COSIT n. 2/2015: As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário.(Destaquei) Observo que no caso em apreciação nesta segunda instância o recorrente não traz documentos que comprovariam, segundo alega, seu crédito. Limitase, como na primeira instância, a sugerir diligência. Conforme disposto nos artigos 16 (em especial seus §§ 4º e 5º) e 17 do Decreto nº 70.235/1972, não se pode apreciar as provas que no processo administrativo o contribuinte se absteve de apresentar na impugnação/manifestação de inconformidade (efls. 13/17), pois operase o fenômeno da preclusão. Não cabe, desta forma, e nesta segunda fase recursal, diligência para colher provas que o contribuinte devia já ter juntado aos autos. Os créditos (que seriam líquidos e certos) alegados já eram do conhecimento do contribuinte, visto comporem o fundamento da manifestação de inconformidade dirigida à DRJ. Mas não anexou àquele recurso qualquer documentação contábil que corroborasse suas alegações. O texto legal está assim redigido: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10510.900454/200922 Acórdão n.º 1001000.883 S1C0T1 Fl. 158 7 processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Neste sentido, e em caso que se referia a pedido de restituição/compensação, assim decidiu a 3ª Turma da CSRF, no Acórdão nº 9303006.241: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Assim, no caso em tela, o efeito legal da omissão do Sujeito Passivo em trazer na manifestação de inconformidade e/ou antes da decisão de primeiro grau todos os argumentos contra a não homologação do pedido de compensação e juntar os documentos Fl. 161DF CARF MF 8 hábeis a comprovar a liquidez e certeza do crédito pretendido compensar, é a preclusão, impossibilidade de o fazer em outro momento. Não cabe pedido de diligência para trazer aos autos documentos que deveriam ser juntados pelo recorrente, caso não comprove a impossibilidade de fazêlo (§ 4º do art. 16 c/c art. 18 do Decreto 70235/72). Adiciono que concordo com o asseverado na decisão de primeira instância de que a simples alegação de pagamento indevido de estimativa declarada (desacompanhada dos documentos contábeis que corroborem a afirmação de erro) não comprova a liquidez e certeza do alegado crédito, não sendo desta forma passível de compensação. O crédito passível de ser restituído ou compensado, no caso, seria aquele apurado no ajuste anual e demonstrado na declaração de rendimentos. Pelo exposto, voto por rejeitar proposta de diligência suscitada e negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.906526/2015-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/11/2011
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO.
Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.251
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.904943/2015-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 65 26 /2 01 5- 31 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo pedido de restituição formalizado por meio de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. Em análise ao referido documento, a autoridade tributária proferiu Despacho Decisório Eletrônico, formalizado no sentido do indeferimento da restituição pretendida pela interessada, explicando que o pagamento indicado já estava integralmente alocado, não restando, assim, crédito disponível para restituição e eventuais compensações vinculadas à esse crédito. Inconformado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva esclarecendo que durante procedimento de auditoria interna, realizada nas apurações dos tributos da companhia, foram identificados pagamentos a maior em determinados períodos e a menor em outros. Para regularizar a situação fiscal perante a Receita Federal do Brasil, providenciou a quitação dos débitos pagos a menor e solicitou a restituição dos pagamentos a maior, retificando as DCTF para informar os novos valores. Entende que a Per/Dcomp está em conformidade com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 e com a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, restando demonstrada a insubsistência e improcedência do despacho decisório. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06057.212. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em síntese, trazendo argumento novo, de que o pagamento indevido seria da conta de Sociedades em Conta de Participação da qual é sócia ostensiva. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.223, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301005.223): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. A acórdão recorrido desce a detalhes do ocorrido: Segundo a versão apresentada pela defesa, o crédito apontado (R$ 275,20) decorreu da revisão da base de cálculo da COFINS de 31/03/2010, conforme informado na DCTF retificadora apresentada em 06/11/2014. Constatouse que o despacho decisório foi emitido levando em conta as informações contidas na DCTF retificadora, transmitida em 06/11/2014, a qual, como se vê, tratase da DCTF retificadora que a contribuinte alega conter as informações corretas correspondente ao débito do período. Nessa DCTF, o débito de COFINS confessado do período de apuração de 31/03/2010 é de R$ 1.134.352,27 – que foi quitado por meio de vários pagamentos (DARF) que totalizam R$ 871.733,98 e compensações no valor de R$ 696,80 – restando, saldo a pagar de R$ 261.921,49 – conforme a tela extraída do sistema de controle de declarações: 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 5 4 Essas mesmas informações constam da DCTF que está ativa no sistema de controle de declarações, transmitida em 08/01/2015. No sistema de controle de arrecadação, verificouse que os pagamentos apontados na DCTF retificadora – no valor total de R$ 871.733,98 – foram validados e vinculados ao débito de Cofins do período (código 2172). No entanto, tendo em vista que os pagamentos validados foram insuficientes para a extinção do débito e verificada a existência de outros pagamentos para o mesmo período de apuração, dentre os quais o pagamento pleiteado no PER em tela, o sistema informatizado alocou esses pagamentos para amortizar parte do saldo devedor confessado na DCTF, como se vislumbra nas telas copiadas a seguir: Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 6 5 Desse modo, o pagamento por meio do DARF discriminado no PER – de R$ 275,20 – foi integralmente utilizado para quitar o débito de COFINS de 31/03/2010, em face das informações prestadas pela própria contribuinte na DCTF retificadora apresentada à Receita Federal, não restando crédito para a restituição pretendida: [...] Destaca ainda a decisão de piso que "desde a constituição da DCTF pela Instrução Normativa SRF nº 126, de 30/10/1998, e suas alterações posteriores, e de acordo com o disposto no DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984", tal declaração constituise em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. A recorrente, alega que o pagamento indevido de R$275,20, seria provenientes e originário "de SCP’s (Sociedades em Conta de Participação), das quais" [...] "é sócia ostensiva". E acrescenta: O débito montante de R$ 1134352,27, declarado em DCTF, alberga valores devidos de Cofins de várias SCP’s que tem a Recorrente como sócia ostensiva e outras empresas como sócias participantes. A título de lembrete sabese que os sócios ostensivos de SCP’s são aquelas pessoas jurídicas que se obrigam perante terceiros, enquanto que os sócios participantes (antigos sócios ocultos), não têm essa obrigação. Em vista dessa situação, a Recorrente é responsável pelas obrigações acessórias tributárias, dentre elas, a apresentação de DCTF com os competentes recolhimentos tributários. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 7 6 No caso em questão, o valor recolhido, R$ 275,2 é proveniente da atividade da SCP, "Laguna Beach" contrato anexo, Doc. 1, que recolheu este valor. Contudo, como já informado, tinha como valor devido a quantia de R$ 0 Ao manter a decisão que indeferiu o crédito pleiteado, a Receita Federal acaba violando a individualidade de outra pessoa jurídica, uma vez que o crédito solicitado diz respeito a uma sociedade em conta de participação específica que tem a Recorrente como sócia ostensiva. O quadro abaixo, demonstra muito bem a composição deste crédito. Tanto que o código do imposto é o 217208, cujo dígito identifica ser o crédito decorrente de sociedade em conta de participação. Portanto, no caso da decisão ser mantida, permanecerseá uma verdadeira invasão no patrimônio da SCP Laguna Beach, visto o desrespeito à sua individualidade e atividade empresarial, pois está sendo punida por conta de débitos tributários que não são dela. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA. Na apuração dos resultados da sociedade em conta de participação serão observadas as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Tendo em vista que a sociedade em conta de participação não se confunde com o sócio ostensivo, os resultados daquela não podem ser tributados diretamente neste mas apenas distribuídos na proporção da participação.” (CARF, Recurso Voluntário Recurso de Ofício, PTA 15504.724276/201314, Acórdão 1402 002.208. Relator Dr. Leonardo de Andrade Couto , DJ 27.06.2016) (destacouse) Diante do exposto, não há que se falar na aplicação da IN SRF 126/98, pois o saldo a pagar da Recorrente não pode prejudicar uma SCP em que ela é a sócia ostensiva e que, por isso, é obrigada ao cumprimento das obrigações acessórias, dentre elas, a entrega de DCTF. Ocorre, no entanto, que tal argumento de defesa não foi trazido em sede de manifestação de inconformidade, precluindo o direto de fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Também não localizei a prova da liquidez e certeza do crédito em foco, que não a DCTF retificada e o DARF dado como pago indevidamente. Tal Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.906526/201531 Acórdão n.º 3301005.251 S3C3T1 Fl. 8 7 comprovação é exigência do art. 170 do Código Tributário Nacional e ônus do peticionário, nos termos do art. 373 do Código do Processo Civil. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 80DF CARF MF
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Numero do processo: 17546.000773/2007-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/01/1999 a 30/04/2002, 30/11/2002 a 31/12/2005
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO QUE SE IMPÕE.
O prazo para interposição de Recurso Voluntário contra a decisão proferida em primeira instância pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) é de 30 dias, contados da sua ciência. A Regra Geral sobre contagem de prazos no Processo Administrativo Fiscal é estabelecida pelo Art. 5º, do Decreto nº 70.235/72. A interposição da inconformidade fora deste prazo impõe o não conhecimento do Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 2402-006.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Junior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/01/1999 a 30/04/2002, 30/11/2002 a 31/12/2005 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO QUE SE IMPÕE. O prazo para interposição de Recurso Voluntário contra a decisão proferida em primeira instância pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) é de 30 dias, contados da sua ciência. A Regra Geral sobre contagem de prazos no Processo Administrativo Fiscal é estabelecida pelo Art. 5º, do Decreto nº 70.235/72. A interposição da inconformidade fora deste prazo impõe o não conhecimento do Recurso Voluntário.
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INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO QUE SE IMPÕE. O prazo para interposição de Recurso Voluntário contra a decisão proferida em primeira instância pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) é de 30 dias, contados da sua ciência. A Regra Geral sobre contagem de prazos no Processo Administrativo Fiscal é estabelecida pelo Art. 5º, do Decreto nº 70.235/72. A interposição da inconformidade fora deste prazo impõe o não conhecimento do Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Junior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 54 6. 00 07 73 /2 00 7- 14 Fl. 725DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário, de fls. 514 a 603, tomado contra Acórdão de fls. 442 a 502, que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a Impugnação (fls. 264 a 308), mantendo parcialmente o crédito lançado. Confirase o relatório da decisão recorrida, que merece ser transcrito, uma vez que deixa clara a situação processual até a interposição do apelo: DO OBJETO Tratase de processo de crédito previdencidrio, constituído através de Al —Auto de infraçao — DEBCAD n° 35.968.8772, lançado na data de 21/12/2005 em face do sujeito passivo acima identificado, no montante de R$ 346.829,05 por intermédio da Auditoria Fiscal, realizada por Oscar Domingues de Oliveira, José Carlos Delalibera e Elimar Lopes de Morais, determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 09314229F00 (fl. 18) e seus complementos, para apuração de Contribuições Sociais administradas pela Receita Federal do Brasil. • DA INFRAÇÃO Consoante Relatório Fiscal (fl. 05 a 14), o sujeito passivo apresentou as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações ã Previdência Social GFIPs, com ausência de informações de fatos geradores de contribuições sociais de diretores empregados relativo a: CNPJ 52.736.949/000158 no período de 01/1999, 07/1999, 10/2000, 09/2001, 11/2001, 04/2002. CNPJ 52.736.949/002525 no período de 11/2002, 12/2002, 11/2003, 08/2004, 09/2004, 10/2004, 07/2005 e 12/2005. Os dados das remunerações pagas conforme folha de pagamentos ou Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho estão contidos na planilha de fl. 11, com indicação do mês de competência, Cód. Trab. , nome do segurado, valor, função e rubrica que permite a identificação do documento comprobatório da ocorrência da obrigação acessória. Até 04/2002, a empresa efetuou recolhimento previdenciário vinculado ao CNPJ matriz, 0001, e a partir de 05/2002, vinculado ao CNPJ da filial, 0025. Segundo a Auditoria Fiscal, não ocorreram as circunstancias e a empresa não registra antecedentes de autuação. APLICAÇÃO DA MULTA Conforme Relatório Fiscal, em decorrência da infração praticada, o art. 32, IV, § 5° e o Art. 284, inciso II, define o critério de aplicação da multa nesta hipótese. O inciso 1 regula a aplicação da multa de acordo com um multiplicador sobre o valor minim, em função do número de segurados. Em função do número total de segurados da empresa (compreendendo matriz e filiais), resulta no limite de R$ 40.493,25 (R$ 1.156,95 X 35) . Fl. 726DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 708 3 Os valores não declarados em GFIP citados, estão descritos na planilha anexa (fl. 16 a 18), que faz parte integrante do presente relatório e encontrase os valores já declarados, descritos em linhas "claras" e os valores não declarados, descritos com destaque em negrito, nas linhas "sombreadas", juntamente com os valores já declarados, ratificando os mesmos, que resulta na multa de R$ 346.829,05 apurada mediante a soma das linhas "multa aplicada" da planilha referida. DA IMPUGNAÇÃO O contribuinte teve ciência pessoal do presente crédito no dia 22/12/2006, fl. 01, e, inconformado, apresentou a primeira impugnação, protocolizada em 09/01/2007, sob o n° 35413.000051/200749 (fl. 32 a 51), com a juntada de documentos comprobatórios e alegação cujos pontos relevantes para apreciação do litígio são os seguintes: PRELIMINAR 1) NULIDADE DO PRESENTE AI "O processo administrativo fiscal tern como um os seus princípios fundamentais o dever de busca da verdade material, segundo o qual e dever da Administração Publica investigar, com base na realidade dos fatos, a efetiva existência dos elementos constitutivos da obrigação tributaria. Nesse sentido, cumpre salientar que a d. fiscalização lavrou a presente INSS (sic) que de forma notoriamente subjetiva, excessivamente sintética e, pior, escancaradamente desmotivada, notificou a Defendente da suposta existência de vultosos débitos para com o INSS, oriundos dos lançamentos por ele levados a efeito, caracterizando as supostas infrações cometidas pela Defendente da maneira absolutamente imprecisa, por caracterizar relação de emprego onde essa não existia. Ademais, a d. fiscalização não deixa claro quais parcelas de pagamentos efetuados pela Defendente nos períodos em questão, teriam sido, efetivamente, descontadas da correlata NFLD, tendo em vista o fato de que a Defendente já recolhia devidamente contribuições previdenciárias sobre o pagamento efetuado a seus diretores, ainda que não considerados como empregados. Dessa forma, a NFLD (sic) em questão somente poderia se dar pela diferença entre o efetivamente pago e o valor supostamente devido, o que não ocorreu. Assim, resta clara a falta de busca da verdade material. Ainda, com relação aos pagamentos realizados a titulo de gratificação, a d. fiscalização limitouse a examinar superficialmente os registros fiscais da Defendente, sem se ater a natureza da gratifica cão e ao fato de que lido ter havido habitualidade nos pagamentos efetuados pela Defendente. Como se sabe, nos termos dos artigo 22 e 28 da Lei n c' 8.212/91, a contribuição da empresa incidira sobre bonificações habituais Fl. 727DF CARF MF 4 papas aos empregados e contribuintes individuais e não sobre ganhos esporádicos. Ademais, o indigitado AI — como se pode verificar através da simples leitura do relatório fiscal — limitouse a se referir a intimeros dispositivos legais, supostamente infringidos pela Defendente sem, contudo, descrever os fatos ocorridos, correlacionálos com as infrações imputadas, demonstrar quais as infrações que considerou efetivamente ocorridas e, conseqüentemente, qual a fundamentação legal adotada para legitimar o ato de lançamento praticado. No presente caso, portanto, e manifesto o vicio de nulidade que contamina todo o procedimento fiscal: o AI ora impugnada lido se presta a delimitar a controvérsia, imputando, de forma genérica, a pratica de infrações tributárias pela ora Defendente, sem demonstrar quais fatos ensejaram tais infrações e que infrações implicaram em violação de quais dispositivos legais. Ademais, uma vez que os motivos de fato que levaram a Defendente a ser autuada pela d. fiscalização só pode ser constatado a partir da busca completa da verdade material, tem se que o ato administrativo de lançamento tributário em exame também carece de motivação, fator adicional a demonstrar sua nulidade. Ora, na medida em que os motivos legal e fático se apresentam como requisitos essenciais para a própria validade do ato administrativo, ambos devem coexistir no próprio momento em que o ato a editado. Se, no momento da emanação do ato, um dos dois não existe, ou não são coerentes entre si, carece o ato administrativo de motivo e, por conseqüência, a ilegal. Por essa r azão, correto afirmarse que o exame dos motivos do ato administrativo e um dos aspectos da sua própria legalidade. Portanto, a precisa e perfeita descrição dos fatos e requisito indispensável a validade do ato administrativo sempre que a aplicação da lei o exigir ou quando houver atingimento de situações jurídicas subjetivas, merecendo ser ressaltado que não e apenas em casos de total ausência de motivação que o ato fica viciado. A falta de descrição dos fatos cria um ato imotivado e, como conseqüência, nulo de pleno direito. No presente caso, o ato administrativo consubstanciado na NFLD (correlata) em apreço carece de ambos: tanto do motivo legal –posto que o ato de lançamento de oficio foi praticado sem fundamento legal – quanto do motivo de fato – posto que a d. fiscalização falhou em seu dever de buscar a verdade material dos fatos, bem como deixou de esclarecer quais os motivos que ensejaram a sua conclusão de lavrar a presente autuação. Sendo assim, o presente AI é nulo por clara ausência de busca a verdade material e, conseqüentemente, pela falta de motivação". 2) INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO EMPREGATÍCIA ENTRE OS DIRETORES APONTADOS PELA D. FISCALIZAÇÃO E A DEFENDENTE Fl. 728DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 709 5 Segundo o Relatório Fiscal da referida NFLD (correlata) tendo em vista que os diretores e dirigentes foram considerados como empregados pela d. fiscalização, a Defendente teria deixado de recolher contribuição previdenciária sobre remunerações desses supostos empregados no período de janeiro de 1996 a fevereiro de 2006. Entretanto, inconformada com tais exigências fiscais, a Defendente apresentou Defesa Administrativa, em que alega: A) Da inexistência de relação de emprego Al) Da incompetência do INSS para estabelecer ou desconsiderar relações empregaticias: A2) Inexistência de vinculo empregaticio B) Da não redução dos valores já pagos pela Defendente C) Pagamento de Gratificações — Ganhos não habituais D) DA INSUBSISTENCIA DOS DEBITOS RELATIVOS A 'CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO' E) AS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS NÃO PODEM SER COBRADAS DA DEFENDENTE F) A APLICAÇÃO DA TAXA SELIC É INCONSTITUCIONAL. G) GRANDE PARCELA DOS DÉBITOS EM QUESTÃO JA FOI ATINGIDA PELA DECADÊNCIA "... cumpre demonstrar que parte das exigências fiscais contidas na NFLD em comento sequer poderiam ter sido constituídas, tendo em vista o decurso in albis do prazo decadencial. Com efeito, a NFLD combatida, lavrada no dia 22 de dezembro de 2006, pretende exigir da Defendente o recolhimento de contribuições previdencicirias relativas ao período de janeiro de 1996 a fevereiro de 2006, sob o equivocado entendimento de que o prazo decadencial para contribuições previdenciárias seria de 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o credito poderia ter sido constituído, nos termos do artigo 45 da Lei n.° 8.212/91. Com tal conclusão, no entanto, não pode a Defendente concordar, já que o prazo decadencial aplicavel inclusive as contribuições previdencicirias e de 5 (cinco) anos, nos precisos termos do Código Tributário Nacional e, portanto, todo e qualquer suposto credito tributário decorrente de fatos geradores anteriores a dezembro de 2001 foram inequivocamente extintos pela decadência, nos estritos termos do art. 156, V, do mesmo Codex. Em vista do exposto, o prazo decadencial de cinco anos deve ser contado a partir do fato gerador, cumpre destacar que restou d ecaído o direito de constituição do credito tributário, relativo aos períodos de janeiro de 1996 a novembro/2001. Fl. 729DF CARF MF 6 Ademais, para dirimir eventuais duvidas, cumpre destacar que o 'exercício seguinte' de que trata o referido artigo devera ser considerado como 'mês seguinte', haja vista que as contribuições previdenciárias são recolhidas mensalmente. Por todo exposto, necessário se faz o reconhecimento da decadência da parcial dos créditos exigidos pela presente NFLD, relativos ao período de janeiro de 1996 a novembro de 2001, nos termos do artigo 150, § 4° clo CTN. Caso assim o I. Julgador não entenda, o que se admite para fins de argumentação, ha de ser reconhecida a decadência de parte dos débitos exigidos, no tocante ao período compreendido entre janeiro de 1996 a novembro de 1996". DO PEDIDO: Finaliza com pedido de : 1) Improcedência; 2) Sobrestamento pela conexão com o processo de crédito DEBCAD NFLD n° 35.968.8764; 3) Improcedência parcial pela decadência; 4) Improcedência parcial dos juros de mora excedentes a 1% ao mês; 5) Juntada posterior de provas. PROPOSTA DE DILIGÊNCIA Em 13 de fevereiro de 2007 houve a manifestação da Seção Contencioso Administrativo competente (fl. 301 a 303), cujo teor essencial para o deslinde do processo, em síntese: "Em face da alegação, contida na pega impugnatória, de que os diretores gozavam de ampla autonomia no período anterior a 42 alteração do Contrato Social, a fiscalização poderá, se for do seu interesse, trazer outros elementos que corroborem a assertiva de que os diretores "não tem autonomia absoluta na condução ou gerência de sua área na empresa, todos eles se submetem diretoria executiva, guardando assim, a relação de subordinação e dependência" (item 16, "j", do Relatório Fiscal). Em 23 de fevereiro de 2007 a autoridade lançadora proferiu a informação fiscal (fl. 105 a 106), cujo conteúdo essencial para o exame do presente processo tem o seguinte teor: "1 — Os diretores elencados no item 8 do Relatório Fiscal de fls. 9, com remunerações que objetivaram o lançamento do crédito previdenciário, FORAM ADMITIDOS COMO EMPREGADOS. 9 NÃO FOI apurada diferença de contribuições sociais sobre a remuneração de DIRETORES NÃO EMPREGADOS, admitidos após a edição dos diplomas legais. 10 No item 11 do Relatório Fiscal de fls. 10, foi relatado o destino final dos "diretores empregados" e dos "diretores não empregados", qual seja, todos destituídos e readmitidos apenas Fl. 730DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 710 7 como "empregados" 12 ... a motivação para manutenção dos "diretores" citados, C01710 "empregados", encontramse descritas no item 7 do Relatório Fiscal, não havendo novos elementos ou argumentos a relatar". Em 28 de maio de 2008 houve a manifestação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em que foi proposta "...que o sujeito passivo seja cientificado da informação fiscal, fi. 105 a 106 (sic), para que exerça os seus direitos na plenitude". 0 contribuinte teve ciência da resposta da diligência no dia 15/07/2008 (fl. 129), e apresentou a segunda impugnação, protocolizada em 25/07/2008 (fl. 131 a 153), com a reiteração dos tópicos da primeira impugnação e com as seguintes alegações distintas: 4) DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA DO IMPUGNANTE " a d. autoridade administrativa optou por não intimar a Impugnante acerca d a decisão proferida pelo Setor Contencioso Fiscal, na qual determinou que o d. auditor fiscal se manifestasse sobre certos pontos ora ventilados. Dessa forma, foi subtraida, indevidamente, a oportunidade de a Impugnante apresentar informações e/ou elementos de prova, uma vez que foi incapacitada de verificar se o parecer elaborado pelo d. auditor fiscal abordou todos os pontos e questões determinadas na referida decisão, o que acabou por violar frontalmente o direito de ampla defesa do contribuintes". 4) REFORÇA OS ARGUMENTOS QUANTO A DECADÊNCIA 5) INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO EMPREGATÍCIA ENTRE OS DIRETORES APONTADOS PELA D. FISCALIZAÇÃO E A DEFENDENTE Segundo o Relatório Fiscal da referida NFLD (correlata) tendo em vista que os diretores e dirigentes foram considerados como empregados pela d. fiscalização, a Defendente teria deixado de recolher contribuição previdencidria sobre remunerações desses supostos empregados no período de janeiro de 1996 a fevereiro de 2006. Entretanto, inconformada com tais exigências fiscais, a Defendente apresentou Defesa Administrativa, alegando, em suma, que: A) Da inexistência de relação de emprego Al) Da incompetência do INSS para estabelecer ou desconsiderar relações empregaticias: "Além de não ter havido vinculo de emprego entre a Defendente e seus diretores no período supra, o que restara abaixo demonstrado, e importante ressaltar que o INSS não e autoridade competente para estabelecer ou desconsiderar relações empregaticias. Com efeito, o artigo 114 da Constituição Federal estabelece corn clareza cristalina que e a Justiça do Trabalho que tem Fl. 731DF CARF MF 8 competência exclusiva para determinação da existência (ou não) de urna relação de emprego. Do mesmo modo, o artigo 643 da Consolidação das Leis do Trabalho. For outro lado, há que se ressaltar, ainda, o teor da Ordem de Serviço n° 181, de 15 de janeiro de 1998, da Diretoria de Arrecadação e Fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), publicada no DOU de 20.01.98. Nesta linha de raciocínio — de que só a Justiça do Trabalho E competente para o reconhecimento de relações trabalhistas — tern sido o entendimento pacifico da jurisprudência de nossos Tribunais". A2) Inexistência de vinculo empregatício "Isto porque não há como proceder a exigência demandada, uma vez que no período fiscalizado, os referidos profissionais, diretores estatutários, eram profissionais independentes, sem qualquer subordinação, não havendo os requisitos necessários para a caracterização de qualquer relação empregallcia. Corn efeito, a d. fiscalização se limitou a relacionar os pagamentos efetivados aos referidos diretores, e os utilizou para sustentar a sua pretensão. Ora, no que se refere ao presente caso, a inegável que não há relação de emprego entre a Defendente e seus diretores estatutários, uma vez que não há nessa relação a necessária subordinação do trabalho. Com efeito, ate o ano de 2006, a Defendente era constituída corno sociedade por cotas de responsabilidade limitada, e para sua administração eram nomeados diretores, aos quais conferiamse, individualmente, poderes e atribuições distintas de administração e gerência, conforme se depreende pelos contratos sociais anexos. Ora, deste exame, resta evidente que os referidos diretores tinham poderes decisórios, de gestão e de representação da sociedade, que lhes eram i atribuídos tanto pelo referido contrato social, como pela lei. Vale ressaltar que a relação de trabalho mantida entre a Defendente e seus diretores sempre foi consistente com o grau de subordinação mantido entre eles, respeitando e observando a legislação trabalhista e previdenciária aplicável. E importante destacar que entre os anos de 1998 e 2006, a Defendente era administrada por uma diretoria, constituída por no mínimo 6 (seis) e no máximo 16 (dezesseis) membros, conforme demonstram documentos que serão acostados a presente defesa. Em fevereiro de 2006, essa diretoria era composta por 1 (um) presidente (que também acumulava o cargo de Diretor Executivo), 5 (cinco) diretores vicepresidentes e 6 (seis) diretores, totalizando 13 administradores. (Doc. 2). Ao contrário do que indica a presente NFLD, entre os anos de 1998 e 2006, todos os diretores da empresa detinham amplos poderes de direção, decisão e controle sobre todos os assuntos de interesse da empresa. Conforme se depreende da leitura dos documentos societários da Defendente, os diretores possuíam, Fl. 732DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 711 9 nesse período, autonomia bastante acentuada. Prova adicional dessa autonomia se da pelo fato de que esse grupo de executivos também administrava outras empresas do grupo econômico, alem da Defendente. Justamente por ter havido uma ampliação significativa de seus poderes de gestão, é que parte desses diretores (como era o caso dos Srs. Antonio Carlos Saldanha Marinho, Armando Jose Stormi Santiago e Newton Scavone) havia sido nomeada como diretores estatutários, com a suspensão de seus antigos contratos de trabalho, nos termos do Enunciado 269 do Tribunal Superior do Trabalho, comentado a seguir. Não havendo subordinação dos diretores a Defendente (até 28 de fevereiro de 2006), não há como interpretar a relação havida entre as partes como uma relação de emprego. O próprio Tribunal Superior do Trabalho já se manifestou a respeito do tema e pacificou essa questão no Enunciado 269. Vejamos:Diretor de S/A. Tempo de serviço. 0 empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente a re/credo de emprego". (grifos nossos) Embora o Enunciado acima transcrito refirase as sociedades anônimas, cabe sua interpretação e aplicação analógica aos administradores das sociedades limitadas. Tonto e assim, que a própria NFLD ora defendida estipula ern seu item 20 que, Corn base no artigo 90 do Regulamento da Previdência Social, não foi apurada diferença de contribuições sociais sobre as remunerações dos diretores contratados inicialmente como não empregados. Ora, esses diretores foram admitidos quando a Defendente já era uma sociedade limitada. Portanto, a própria fiscalização previdenciária entende que é possível a figura do diretor não empregado na sociedade limitada. Não obstante os amplos poderes que haviam sido conferidos pela Defendente aos seus diretores a partir de 1998, em 28 de fevereiro de 2006, em razão de uma reorganização da estrutura administrativa da sociedade, as sócias da Defendente decidiram ampliar seu controle sobre seus administradores. Essa alteração foi feita visando a otimização de seus processos internos e o aprimoramento de suas praticas de governança corporativa. Por isso, foi estabelecida, nesse momento, uma relação de subordinação entre os diretores da Defendente e seu Presidente, Sr. Jorge Maximo Pacheco Matter. A partir de então, os vice presidentes e os demais diretores da Defendente passaram a estar sujeitos a supervisão do Diretor Presidente o que antes não ocorria. Foi justamente em função da alteração das funções dos diretores e da ampliação de sua dependência com relação ao Presidente que a empresa extinguiu de seus quadros afigura do diretor estatutário não empregado. Fl. 733DF CARF MF 10 Como se pode verificar da simples leitura da 42° Alteração e Consolidação do Contrato Social da Defendente (Doc. 02), a partir de 01 de marco de 2006 os diretores da empresa passaram a ter uma serie de funções administrativas que não existiam desde 1998 ate essa data. As clausulas 1.1.6 e 1.1.7 da 42a Alteração e Consolidação do Contrato Social estabelecem, ao todo, 21 (vinte um) atos que dependem de previa aprovação da sócia majoritária ou do Presidente da Defendente. Ora, a analise dos documentos societários da Defendente deixa claro que a linha divisória entre a redução da autonomia e a ampliação da subordinação dos diretores ocorrida em 2006 e justamente a 42a Alteração e Consolidação de seu Contrato Social. Reconhecendo o principio da primazia da realidade, segundo o qual a realidade dos fatos elide o aspecto formal da contratação, e que a Defendente decidiu retornar seus diretores ao status de empregados da sociedade, cancelando, em determinados casos, a suspensão dos contratos de trabalho que havia sido feita em 1998. Diante do exposto, podese concluir que entre 1998 e 2006 não havia uma relação de subordinação entre a Defendente e seus diretores, que possuíam amplos poderes, tratandose de diretores estatutários não empregados, na acepção do Enunciado 269 do E. TST". B) Da não redução dos valores já pagos pela Defendente "... as empresas deverão recolher vinte por cento (20%) sobre o total das remunerações pagas aos seus funcionários (sejam eles empregados ou contribuintes individuais, como e o caso dos diretores não empregados). Cumpre destacar, portanto, que no caso concreto, a Defendente realizou, regularmente, todos os recolhimentos das contribuições previdenciarias a seu cargo, ou seja, efetuou o recolhimento das contribuições previdenciárias (a 15% ou 20%) devidas sobre os pagamentos efetuados a diretores, sejam eles considerados empregados, sejam eles considerados contribuintes individuais. Entretanto, caso todos os argumentos da d. fiscalização fossem acatados, mesmo assim o calculo para apuração do suposto debito relativo a presente NFLD, uma vez que a d. fiscalização deveria ter considerado como devido, somente, a diferença entre as contribuições devidas sobre os pagamentos efetuados a contribuintes individuais e as contribuições devidas sobre os pagamentos efetuados a empregados. Isso porque, como já exposto, a d. fiscalização (em algumas competências) não se atentou ao fato de que a Defendente já teria realizado o regular recolhimento das contribuições previdencicirias a seu cargo (cota patronal' — 20%), cobrando novamente tais parcelas ". C) Pagamento de Gratificações — Ganhos não habituais "... a inclusão dos valores pagos pela Defendente a seus diretores, Fl. 734DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 712 11 sejam eles classificados como empregados (como erroneamente imputado pela d. fiscalização) sejam eles classificados como contribuintes individuais, a titulo de gratificaçõ'es não ajustadas e eventuais não poderiam, em hipótese alguma, ser incluídos na base de calculo das contribuições previdencicirias. Em suma, alega a d. fiscalização que os valores pagos pela Defenclente aos seus diretores, a titulo de gratificação deveriam integrar a base de calculo das referidas contribuições. Em contraponto a tal alegação, vale destacar que a Defendente não possui qualquer critério préestabelecido ou plano de metas para o pagamento das gratificações, as quais são, portanto, consideradas não ajustadas, ou seja, esporádicas. Dessa forma, alguns de seus diretores, em algumas poucas oportunidades, receberam gratificações em decorrência dos bons serviços prestados a empresa, em determinados períodos. Nesse contexto, conforme acima citado, foram pagas gratificações (não ajustadas) para os seguintes diretores e nas seguintes ocasiões, conforme resta demonstrado em planilha anexa (Doc. 03): E de simples visualização pela planilha anexa, conformei a mencionado, que não ha que se falar em habitualidade com relação aos pagamentos feitos em favor dos diretores da Defendente, uma vez que se mostra inaceitável considerar como habituais, pagamentos efetuados poucas vezes (num período de dez anos, ou seja nem uma vez por ano). Isso porque, como se pode depreender dos artigos 28, parágrafo 9 0, alínea "e", item 7 da Lei n.° 8.212/91, e 22 da mesma lei, os valores recebidos a titulo de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário, ou seja, AS IMPORTANCIAS RECEBIDAS DE FORMA N:40 HABITUAL, NÃO INTEGRAM O SALARIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA FINS DE CALCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIARIAS: concluise que, inexistindo comprovação de habitualidade nos pagamentos realizados a titulo de gratificação não ajustada, não ha que se cogitar a inclusão desses valores na base de calculo das contribuições previdenciciricts. Ademais, apesar de a Defendente alegar que os pagamentos foram efetuados a titulo de gratificação não ajustada e/ou (em alguns casos) a titulo de abono, a d. fiscalização não buscou verificar a capitulação dos referidos pagamentos, ou seja, autuou a Defendente por todo e qualquer pagamento efetuado sob essas rubricas. Desta forma, em vista de todo o exposto, concluise que os valores pagos os diretores da Defendente representaram ganhos Fl. 735DF CARF MF 12 não habituais, não havendo que se falar, de forma alguma, em integrar a alegada remuneração dos d iretores. A jurisprudência dos Tribunais também corroboram o entendimento da Defendente, no sentido de que as gratificações não ajustadas, pagas pelo empregador de forma não habitual lido integram o salário de contribuição para a incidência das contribuições previdenciárias. Destarte, alem dos argumentos já aventados anteriormente, a ausência da demonstração da habitualidade dos pagamentos dos prêmios em questão também evidencia o descabimento da presente NFLD". D) DA INSUBSISTENCIA DOS DEBITOS RELATIVOS A 'CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO' "... destacase que no 'Relataria Fiscal' da presente NFLD, a d. fiscalização apontou supostos débitos relativos a Parte segurado', que deveriam ter sido descontadas dos valores percebidos pelos diretores, haja vista que os mesmos foram considerados como empregados pela d. fiscalização. Entretanto, a Constituição preconiza em seu art. 195, que o custeio da seguridade será financiada por toda a sociedade. Logo, não se pode conceber o ato da d. fiscalização de incluir na NFLD em analise, a contribuição previdenciaria devida pelo suposto empregado, que devera ser suportada pela Defendente, segundo o entendimento da d. fiscalização, alem da parte a que legal e constitucionalmente esta incumbida, por forca da garantia prevista no inciso do art. 50 da própria CF. A manutenção do entendimento da d. fiscalização violentara os próprios princípios norteadores do Direito Previdenciário, a teor do que dispõe o parágrafo único do art. 194 da Carta da Republica. A equidade na forma de participação no custeio atribui aqueles que se beneficiarem do sistema a obrigação de participar do custeio. A sociedade como um todo participa da base de financiamento, tendo como premissa primeira a observação rígida dos princípios da legalidade e de igualdade (art. 50, da Constituição Federal de 1988). Portanto, o ato de impor a Defendente a obrigação de custear, inclusive, a parte que cabe ao empregado, a ilegal e inconstitucional, não havendo como imputarlhe a responsabilidade exclusiva no custeio dos encargos, sob pena de enriquecimento ilícito do empregado". E) AS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS NÃO PODEM SER COBRADAS DA DEFENDENTE SEGUNDO PEDIDO: 1) Concessão de prazo para manifestação complementar; 2) Comunicação processual do advogado. Fl. 736DF CARF MF Processo nº 17546.000773/200714 Acórdão n.º 2402006.617 S2C4T2 Fl. 713 13 "Subsidiariamente, requerse vista dos autos para obtenção de xerocópias, especialmente, com relação à decisão proferida pelo Setor "Contencioso Fiscal". Após a retirada de tais cópias, requer a concessão de prazo complementar de 15 (quinze) dias para apresentar nova manifestação, sob pena de cerceamento do direito de defesa da Impugnante". "Finalmente, requer que as intimações relativas ao presente processo administrativo sejam dirigidas, não só à Impugnante, mas também aos advogados que esta subscrevem...". Em seu apelo, Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. ADMISSIBILIDADE. Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão nº 0418.612 3a Turma da DRJ/CGE que por unanimidade de votos julgou a IMPUGNAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE com MANUTENÇÃO PARCIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, deixando de recorrer de oficio em razão do valor exonerado não ultrapassar o limite de alçada, em conformidade com o art. 34 do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Lei 9.532/97, combinado com o art. 1° da Portaria MF/GM 3, de 3 de janeiro de 2008. A Recorrente foi intimada da decisão em 10 de Fevereiro de 2010, quarta feira, conforme Ar. de Fl. 512. Interpôs seu Recurso Voluntário em 15 de março de 2015 conforme fl. 514. O prazo para interposição de Recurso Voluntário contra a decisão proferida em primeira instância pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) é de 30 dias, contados da sua ciência. A Regra Geral sobre contagem de prazos no Processo Administrativo Fiscal é estabelecida pelo Art. 5º, do Decreto nº 70.235/721 As festividades de carnaval do ano de 2010 ocorreram entre 15 e 17 de Fevereiro. Não consta dos autos informação quanto a interrupção de funcionamento da unidade local da Receita Federal, tão pouco a peça Recursal contém qualquer articulação sobre tempestividade com indicação de questão capaz de deslocar seu termo final ou inicial. Observando princípio da continuidade dos prazos, uma vez iniciada a contagem, incluemse os finais de semana e feriados (portanto não se contam apenas os dias úteis), isto posto o prazo para interposição do presente recurso seria dia 12 de Fevereiro de 2010 e não 15 do mesmo mês e ano. 1 Art. 5º: Os prazos serão contínuos, excluindose, na sua contagem, o dia de início e incluindose o dia do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 737DF CARF MF 14 Assim, ante a intempestividade do Recurso Voluntário o mesmo não deve ser conhecido. CONCLUSÃO. Por todo exposto, dada sua intempestividade, votamos por não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 738DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.690789/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.986
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a autoridade de origem apure a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a autoridade de origem apure a liquidez e certeza do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem que não homologara a compensação declarada, relativamente a suposto crédito da Contribuição (PIS/Cofins), em razão da ausência de comprovação da existência do direito creditório pleiteado. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu, em síntese, o apensamento de outros 22 processos correlacionados (mesma origem e fundamento do crédito), a conversão do julgamento em diligência e/ou perícia técnica (verdade material) e a homologação da compensação, alegando (i) ausência de intimação prévia à análise da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 90 78 9/ 20 09 -1 9 Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 3 2 declaração de compensação, (ii) a ocorrência de erros materiais em suas declarações (CFOP) e (iii) tributação indevida de receitas decorrentes de operações de vendas destinadas ao exterior por meio de empresa comercial exportadora (não incidência das contribuições) e empresas comerciais fabricantes (erro na aplicação de alíquotas). A Delegacia de Julgamento (DRJ) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por falta de comprovação do crédito pleiteado, e indeferiu o pedido de apresentação de provas após o prazo da Impugnação ou a realização de perícia/diligência. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e requereu a reforma da decisão de piso, repisando os argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3301000.979, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10880.690781/200952, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301000.979): O Recurso Voluntário interposto diante da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1632.897 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário objetiva reformar a decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. É requisito indispensável ao reconhecimento da compensação não homologada a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Considerase confissão de dívida os débitos declarados em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), motivo pelo qual qualquer alegação de erro no seu preenchimento deve vir acompanhada de declaração retificadora munida de documentos idôneos para justificar as alterações realizadas no cálculo dos tributos devidos. Nesses termos, não pode ser acatada a mera alegação de erro de preenchimento desacompanhada de elementos de prova que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 4 3 DCOMP. DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO INDEVIDO. Considerando que o DARF indicado no PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação) como origem do crédito foi utilizado para quitar débito confessado em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), e que o Contribuinte não logra comprovar que a verdade material é outra, não há que se falar em pagamento indevido. DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. Motivada é a decisão que, por conta da vinculação total de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a inexistência de direito creditório disponível para fins de compensação. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova, não é suficiente para reformar a decisão não homologatória de compensação. PEDIDO DE PRODUÇÃO POSTERIOR DE PROVAS. Indeferese o pedido de apresentação de provas após o prazo da Impugnação, ou a realização de perícia e diligência, quando não são atendidas as exigências contidas na norma de regência do contencioso administrativo fiscal vigente à época da Impugnação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O presente processo tem como questão central a discussão acerca de pedido de ressarcimento e compensação (PER/DCOMP) no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007. O Contribuinte alega que fez recolhimento indevido por intermédio de DARF e requer com o ressarcimento desse crédito a quitação de débitos. O entendimento da administração administrativa fiscal foi no sentido de não homologar a compensação por constatar que inexiste crédito declarado pelo Contribuinte. Diante de 22 (vinte e dois) PER/DCOMP, com o mesmo direito creditório discutido, instauraramse vinte e dois processos administrativos que possuem a seguinte numeração: 10880.690.786/200985, 10880.690.781/200952, 10880.690.782/200905, 10880.690.784/200996, 10880.690.785/200931, 10880.690.787/200920, 10880.690.788/200974, 10880.690.789/200919, 10880.690.783/200941, 10880.915.257/200908, 10880.690.790/200943, 10880.690.794/200921, 10880.690.796/200911, 10880.690.793/200987, 10880.690.797/200965, 10880.690.792/200932, 10880.925.615/200982, 10880.690.798/200918, 10880.690.791/200998, 10880.690.795/200976, 10880.690.799/200954 e 10880.925.616 7/200927. No primeiro ponto do Recurso Voluntário o Contribuinte requer, como já o fez quando da interposição da Manifestação de Inconformidade, a conversão do julgamento em diligência para que fosse apensado todos os processos administrativos acima relacionados. Constatase que o presente processo, na condição de processo paradigma, contempla outros 11 (onze) processos com a seguinte numeração: 10880.690782/200905, 10880.690783/200941, 10880.690784/200996, 10880.690785/200931, 10880.690787/200920, 10880.690788/200974, 10880.690789/200919, 10880.690790/200943, 10880.690792/200932, 10880.690793/200987 e 10880.690794/200921. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 5 4 Entendo necessária a juntada ao presente processo paradigma dos processos nºs 10880.690786/200985, 10880.690796/200911, 10880.690797/200965, , 10880.690798/200918, 10880.690791/200998, 10880.690795/200976, 10880.690799/200954 para que sejam julgados conjuntamente. Saliento que os processos nºs 10880.915257/200908, 10880.925615/2009 82 e 10880.925616/200927 já foram julgados nos acórdãos nºs 3802001.986, 3802001.987 e 3802001.997, respectivamente, em que se negou provimento ao recurso do Contribuinte. Alega também o Contribuinte, que cometeu erro na apuração de débitos de PIS e COFINS, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007, pois incluiu nas receitas decorrentes de operações de venda destinadas (i) ao exterior por meio de empresa comercial exportadora (exportação indireta) e (ii) a empresas comerciais fabricantes. No primeiro caso, o Contribuinte alega que informou erroneamente o Código Fiscal de Operações e de Prestações (CFOP) nas notas fiscais de saída a rubrica 5101 – “venda de produção do estabelecimento”, sendo que o correto, no seu entendimento, seria a rubrica 5501 – “remessa de produção do estabelecimento com o fim específico de exportação”. Esse alegado equívoco resultou na incidência da tributação sobre as receitas, sendo que nas operações de exportação indireta não incidiria PIS e COFINS, de acordo com o art. 5º, III, da Lei nº 10.637/2002 e art. 6º, III da Lei nº 10.833/2003, com isso, passou a deter crédito objeto de PER/DCOMP. No segundo caso, o direito creditório decorre das vendas efetuadas às empresas Rassini e Magnet Marelli, empresas comerciais fabricantes, com alíquotas comuns de 1,65% e 7,6% de PIS e COFINS respectivamente e não as alíquotas diferenciadas de 2,3% e 10,8% que se aplicam às vendas para empresas comerciais atacadistas ou varejistas de acordo com o que dispõe o art. 3º, I e II da Lei nº 10.485/2002. Sustenta ainda o Contribuinte, que demonstrou o alegado por intermédio de planilhas sintéticas e analíticas acostadas aos autos e requer, em nome da verdade material, a conversão do julgamento em diligência ou designação de perícia técnica, com a devida indicação da perita contadora Sra. Sônia Regina Senhorini Rodrigues, para que se possa apurar o equívoco cometido, bem como, a existência do crédito. Assim consta do recurso (fls. 611 e seguintes): Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 6 5 (...) Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 7 6 (...) (...) (...) Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 8 7 Considerando o princípio da verdade material, o Contribuinte requer em seu recurso que se promova diligência que contemple os seguintes quesitos: Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 9 8 Com este pedido de diligência formulado pelo Contribuinte, e lembrando do pedido acerca da reunião dos demais processos, cabe salientar que no Processo nº 10880.690796/200911, processo principal, bem como em mais 8 processos, foi convertido o julgamento em diligência. Com isso considerado voto, por converter o julgamento em diligência para que a) a autoridade de origem apure a liquidez e certeza do crédito pleiteado; b) seja intimado o Contribuinte a se manifestar em 30 dias após a realização da diligência; c) que retorne o presente processo (nº 10880.690781/200952), bem como os processos nºs. 10880.690.786/200985, 10880.690.782/200905, 10880.690.784/200996, 10880.690.785/200931, 10880.690.787/200920, 10880.690.788/200974, 10880.690.789/200919, 10880.690.783/200941, 10880.690.790/200943, 10880.690.794/200921, 10880.690.796/200911, 10880.690.793/200987, 10880.690.797/200965, 10880.690.792/200932, 10880.690.798/200918, 10880.690.791/200998, 10880.690.795/200976 e, 10880.690.799/200954, ao CARF, distribuídos ao presente conselheiro relator prevento, para que sejam julgados em conjunto. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Cofins, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Contribuição para o PIS. Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que: a) a autoridade de origem apure a liquidez e certeza do crédito pleiteado; Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10880.690789/200919 Resolução nº 3301000.986 S3C3T1 Fl. 10 9 b) seja intimado o Contribuinte a se manifestar em 30 dias após a realização da diligência; c) que retorne ao CARF o presente processo (nº 10880.690.789/200919), bem como os processos nºs. 10880.690781/200952, 10880.690.786/200985, 10880.690.783/2009 41, 10880.690.784/200996, 10880.690.785/200931, 10880.690.787/200920, 10880.690.788/200974, 10880.690782/200905, 10880.690.790/200943, 10880.690.794/200921, 10880.690.796/200911, 10880.690.793/200987, 10880.690.797/200965, 10880.690.792/200932, 10880.690.798/200918, 10880.690.791/200998, 10880.690.795/200976 e, 10880.690.799/200954, para que sejam julgados em conjunto. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 363DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.901958/2008-46
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, considerar inexistente questão preliminar a ser apreciada, vencidos os conselheiros Francisco Martins Leite Cavalcante (Relator) e Renato Vieira de Avila; e, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que o órgão julgador de 1ª instância tome conhecimento dos documentos e argumentos carreados aos autos em sede de Recurso Voluntário, e profira novo julgamento da pretensão resistida. Designado para redigir o Voto Vencedor, quanto à inexistência de questão preliminar, o Conselheiro Orlando Rutigliani Berri.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, considerar inexistente questão preliminar a ser apreciada, vencidos os conselheiros Francisco Martins Leite Cavalcante (Relator) e Renato Vieira de Avila; e, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que o órgão julgador de 1ª instância tome conhecimento dos documentos e argumentos carreados aos autos em sede de Recurso Voluntário, e profira novo julgamento da pretensão resistida. Designado para redigir o Voto Vencedor, quanto à inexistência de questão preliminar, o Conselheiro Orlando Rutigliani Berri. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante RELATÓRIO Por bem resumir os fatos, transcrevo o relatório da decisão recorrida (fls. 123/127), verbis. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 01 95 8/ 20 08 -4 6 Fl. 696DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 3 2 Tratase o presente processo da Declaração de Compensação (DCOMP) de n° 33922.65582.110304.1.3.045917 (fls. 73/77), transmitida eletronicamente em 11/03/2004, com base em créditos relativos à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS/Pasep, tendo a contribuinte vinculado débitos no montante total de R$ 7.964,65. Em 24/04/2008, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 72), fundamentado nos termos dos artigos 165 e 170 do Código Tributário Nacional e do artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, cuja decisão não homologou a compensação declarada, por inexistência de crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado, via postal, dessa decisão em 06/05/2008 (fls. 78 e 79), bem como da cobrança dos débitos compensados na Dcomp, o sujeito , passivo apresentou em 04/06/2008, manifestação de inconformidade às fls. 01/08, acrescida de documentação anexa. A respeito do crédito nãohomologado, no valor de R$ 7.964,65, a manifestação de inconformidade alega, em síntese, que: "(...) tais créditos foram extraídos das diferenças encontradas entre os valores devidos e os pagamentos efetuados, através dos seguintes DARFs: R$ 149.292,31 recolhido 15/04/2003 (valor devido R$ 138.957,10), R$ 117.299,10 recolhido em 15/05/2003 (valor devido R$ 111.677,60), R$ 140.023,73 recolhido em13/06/2003 (valor devido R$ 129.829,10), R$ 156.841,89 recolhido em 15/07/2003 (valor devido R$ 143.763,10), R$ 225.898,25 recolhido em 15/08/2003 (valor devido R$ 209.203,85), R$ 160.861,72 recolhido em 15/09/2003 (valor devido R$ 154.567,34), R$ 173.468,76 recolhido em 15/10/2003 (valor devido R$ 165.490,92), R$ 206.169,02 recolhido em 14/1112003 (valor devido R$ 19&563,36), R$ 169.607,04 recolhido em 15/12/2003 (valor devido R$ 162.43260), e R$ 224.965,30 recolhido em 15/01/2004 (valor devido R$ 216.502,60), gerando os respectivos saldos credores de R$ 10.335,21, R$ 5.621,50, R$ 10.194,63, R$ 13.078,79, R$ 16.694,40, R$ 6.294,38, R$ 7.977,84, R$ 7.605,66, R$ 7.174,44 e R$ 8.462,41 em favor da Impugnante. (...)"Alega, ainda, que os valores devidos e pagos estariam também em conformidade com a DIPJ, cujos montantes teriam sido totalmente utilizados para pagamento complementar do PIS, conforme a seguir: • débito de R$ 7.964,65 compensação efetuada utilizando o crédito de R$ 7.605,66 em favor da Impugnante da seguinte forma: complemento do PIS do mês de fevereiro/2004 (R$ 7.964,65), adicionando os respectivos acréscimos legais, conforme restou esclarecido no PER/DCOMP mencionado. A contribuinte argumenta, também, que o PER/DCOMP estaria amparado pelos respectivos créditos, devidamente comprovados por meio do DARF e demonstrados em planilha, além de estarem ratificados pela apuração apresentada na respectiva DIPJ e documentos em anexo. Ao final requer que seja julgado insubsistente e/ou improcedente a exigência formulada através do Despacho Decisório ora impugnado. Fl. 697DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 4 3 Intimado da decisão em 20.05.2009 (fls. 130/131), o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 17.06.2009 (fls. 132/134), ilustrado com farta documentação composta por procuração ao advogado, estatuto social e alterações, despachos decisórios diversos, recibos de entrega de DCOMP, entre outros (fls. 133/454), com os seguintes fundamentos (fls. 133/134), verbis. 1. Trata este auto de lançamento por homologação, no qual a autoridade fiscal entendeu que a recorrente, ao promover a compensação do valor do PIS pago a maior referente ao mês de OUTUBRO de 2003, teria se utilizado de crédito inexistente, no valor principal de R$ 7.605,66, e atualizado no valor de R$ 7.964,65. 2. O crédito, todavia, existiu; com efeito, na DCTF apresentada pela Recorrente referente ao mês de OUTUBRO de 2003, foi declarado, por estimativa, uma vez que ainda não era conhecida a base de cálculo definitiva, o débito apurado do PIS no valor de R$ 206.169,02, conforme DARFs anexos (R$ 136.687,65 e R$ 69.481,37); no entanto, quando da revisão dos registros contábeis, foi constatada a diferença do imposto devido naquele mês, no montante acima indicado de R$ 7.605,66, cujo valor do imposto correto e definitivamente apurado foi de R$ 198.563,36. 3. Constatado o pagamento a maior, no valor de R$ 7.605,66 que, atualizado até o mês de MARÇO de 2004, atingiu o valor de R$ 7.964,65, a Recorrente promoveu a devida compensação, conforme PER/DCOMP (cópia anexa), enviada em 11/03/2004, aproveitando este crédito para a liquidação complementar do PIS referente ao mês de fevereiro de 2004, no valor de R$ 7.964,65. 4. A autoridade julgadora de 1' instância entendeu que "o contribuinte não trouxe aos Autos material probatório que comprovasse o erro cometido no preenchimento da DCTF, o que demonstraria a existência do crédito alegado referente ao DARF recolhido, bem como a possibilidade de utilizálo para quitar os débitos apurados em outros períodos", acrescentando ainda que "apresentar apenas cópia da DIPJ, da DCTF e da planilha elaborada pela própria contribuinte, sem a devida escrituração, não é suficiente para comprovar as alegações da contribuinte, não sendo, portanto, capaz de desconstituir o que foi constituído pelo Despacho Decisório". 5. Data vênia, tal entendimento não se sustenta; a Recorrente se preocupou, para demonstrar o seu direito, em elaborar planilha de cálculo, contendo analiticamente os valores do tributo, por entender que, na atual sistemática de comunicação entre o contribuinte e o fisco, sempre por meio eletrônico, a PER/DCOMP, documento instituído pela própria RFB, contém as informações necessárias para a autoridade fiscal examine a regularidade do procedimento do contribuinte; a planilha anexada, portanto, teve o propósito de melhor esclarecer o fato, quanto a DIPJ esta teve como objetivo demonstrar a base de cálculo e ratificar a escrituração dos registros contábeis da Recorrente. 6. Em homenagem, todavia, aos princípios da boa fé e da vedação do enriquecimento sem causa, que com certeza ocorrerá se for mantida a decisão de 1ª instância, obrigando a Recorrente a pagar o que não Fl. 698DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 5 4 deve, ou a abrir mão de crédito cuja restituição lhe é garantida pela lei, anexase a estas razões a DCTF RETIFICADORA do período em que foi demonstrado o crédito, verificandose, na página anexa, o valor correto do PIS devido referente ao mês de OUTUBRO de 2003 e declarado na DCTF do 40 trimestre de 2003, que é de R$ 198.563,35, sendo: R$ 129.081,99 de PIS não cumulativo e R$ 69.481,37 de PIS cumulativo, códigos 6912 e 8109, respectivamente, o pagamento, conforme DARFs também anexo, no valor total de R$ 206.169,02, de cuja diferença resulta o valor de R$ 7.605,66. 7. Anexase, também, a folha do balancete do mês de OUTUBRO de 2003, com o registro do grupo de receitas componentes da base de cálculo do PIS, ratificando contabilmente os valores constantes da DIPJ, bem como o valor do imposto informado na DCTF retificadora. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido este recurso, com a reforma da decisão impugnada, julgandose consequentemente procedente o pedido da Recorrente. Já neste Colegiado, foi negado provimento ao recurso voluntário do recorrente, em sessão de 28 de outubro de 2010, através do Acórdão 380300.9573ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento, com a relatoria do Conselheiro Carlos Henrique Martins de Lima (fls. 458/461), pelos fundamentos sintetizados na seguinte ementa (fls. 458), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/04/2008 PROVA AUSÊNCIA DA ESCRITURAÇÃO A ausência nos autos de material comprobatório consistente na escrituração contábil e fiscal que justifique a redução da base de cálculo da contribuição na DCTF retificadora, impede formar convicção sobre as alegações de existência de crédito. Referido acórdão foi objeto de Embargos Declaratórios do recorrente (fls. 470/475), acolhidos através do Acórdão nº 380302.938, da 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento, proferido em 22.05.2012 (fls. 501/504), e assim ementado (fls.501), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/04/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JULGADA. IMPOSSIBILIDADE. Os Embargos de Declaração são modalidade recursal de integração e objetivam, tãosomente, sanar obscuridade, contradição ou omissão, de maneira a permitir o exato conhecimento do teor do julgado. ALEGAÇÕES E PROVAS APRESENTADAS SOMENTE NO RECURSO. PRECLUSÃO. Consideramse precluídos, não se tomando conhecimento, os argumentos e provas não submetidos ao julgamento de primeira instância, apresentados somente na fase recursal. Embargos Acolhidos Direito Creditório Não Reconhecido A empresa ingressa com novos Embargos Declaratórios (fls. 530/538), instruído com farta documentação (inclusive cópias dos Livros Razão e Diário e de uma Declaração do contador da empresa atestando a autenticidade da documentação fls. 539/602), alegando OMISSÃO pelos fundamentos que aponta, e requerendo (i) análise consistente na Fl. 699DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 6 5 documentação apresentada para provar suas alegações; (ii) sanar contradição quanto a existência de documento assinado pelo seu contabilista atestando a fidedignidade do Balancete de Verificação extraído do Livro Razão; (iii) esclarecimento porque os documentos exibidos não foram aceitos pelo colegiado para comprovar a liquidez e certeza do seu direito, como alegado no v. Acórdão, para que seja dado provimento ao seu RV; e/ou, sucessivamente, caso se entenda que não cabe a esse colegiado a análise pormenorizada da documentação, requerse seja o julgamento convertido em Diligência para que a Unidade preparadora aprecie tal documentação (fls. 538). Em 21.09.2012, foi proferido o Despacho nº 3803000.166, pelo Presidente da 3ªTEsp/3ª Seção, negando seguimento aos Embargos (fls. 606/609), que assim finalizou (fls. 608/609), verbis. Inexiste no acórdão embargado qualquer omissão a reclamar o acolhimento dos presentes embargos, pois tanto os fatos quanto os fundamentos da decisão foram expostos de forma clara, concisa e nítida. Digno de nota, a decisão recorrida enfrentou expressamente a questão, ao declinar que os documentos apresentados na manifestação de inconformidade não eram hábeis e suficientes para atestar a liquidez e certeza dos créditos opostos em compensação e que a documentação aportada aos autos juntamente com o recurso voluntário, ainda insuficiente para o mesmo fim, não seria conhecida em razão de sua intempestividade. Inexiste vício a sanar na decisão embargada. Conclusão Com essas considerações e sem mais delongas, nego seguimento aos presentes embargos. Nos termos do § 3º do art. 65 do RICARF, este despacho é irrecorrível. Intimese o embargante do seu teor. Notificado da decisão em 05.10.2012 (fls. 613/614), ingressou o contribuinte com RECURSO ESPECIAL em 11.10.2012 (fls. 620/633), objeto de despacho do Presidente da 3ª Seção negando seguimento ao REsp e encaminhando os autos para apreciação do Presidente do CARF (fls. 647/650). Seguiramse o Despacho 33000205, de 27.03.2015, do Presidente da 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do Carf concluindo que a divergência jurisprudencial fora comprovada (fls. 654/655), dandose seguimento ao Recurso Especial (fls. 656). Vieram aos autos contrarrazões da Fazenda Nacional opinando pelo não conhecimento (fl. 660/601). Em 16.05.2017, através do Acórdão CSRF nº 9303005.078 3ª Turma, foi dado provimento ao REsp, por maioria de votos,determinando o retorno dos autos ao colegiado de origem para análise de novos documentos juntados pelo sujeito passivo (fls. 669/675), pelos fundamentos resumidos na seguinte ementa (fls. 669), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. Fl. 700DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 7 6 O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado, estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão. Recurso Especial do Contribuinte Provido. O Relator do recurso na CSRF, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, destacou inicialmente em seu voto que: "O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.065, de 16/05/2017, proferido no julgamento do processo 10166.900706/200808, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado", e transcreveu como solução do litígio, nos termos regimentais, "os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.065)". Após reproduzir todos os fundamentos do voto do Acórdão paradigma proferido no processo 10166.900706/200808 relativamente à admissibilidade (fls. 578/582), prosseguiu em seu voto o ilustre Relator deste processo na CSRF, repetindo a parte final do voto condutor do Acórdão paradigma acima citado quanto ao mérito (fls. 578), verbis. Todavia, como este não foi o entendimento da Turma, aderimos à tese prevalecente quanto ao mérito do litígio, uma vez que, no caso, a Recorrente sequer foi intimada a apresentar provas do direito que alegava seu antes de proferido o Despacho Decisório, em desconformidade com o que preceitua o art. 3º, III, da Lei nº 9.784, de 1999. Donde o necessário envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário. Finalizando seu voto o ilustre Relator do processo na CSRF reportouse à sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, para conhecer do recurso especial do contribuinte e, no mérito, darlhe provimento, determinando o envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário. É o relatório. Fl. 701DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 8 7 VOTO VENCIDO quanto à inexistência de questão preliminar. Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. A tempestividade e os demais pressupostos de admissibilidade do Recurso Voluntário já foram aferidos pelo ilustre Relator do Acórdão nº 380302.957 (fls. 367). O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução n° 3001000.085 de 10 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 10166.900706/200808, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Nos termos regimentais, transcrevese aqui os argumentos que fundamentaram mencionada Resolução que determinou o retorno à DRJ recorrida, quanto segue. Para uma completa e adequada compreensão dos demais Conselheiros, mister se faz um pequeno resumo dos fatos debatidos nas 684 páginas deste longo processo, na dicção do bem elaborado Relatório do v. Acórdão recorrido, proferido pela DRJ/DF, em 30 de março de 2009 (fls. 348/349), verbis. Trata o presente processo da Declaração de Compensação (DCOMP) de n° 00580.51727.110304.1.3.044099 (fls. 70/74), transmitida eletronicamente em 11/03/2004, com base em créditos relativos à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, tendo a contribuinte vinculado débitos no montante total de RS 8.956,83. Em 24/04/2008, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 69),fundamentado nos termos dos artigos 165 e 170 do Código Tributário Nacional e do artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, cuja decisão não homologou a compensação declarada, por inexistência de crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado, via postal, dessa decisão em 06/05/2008 (fls. 75 |e 76), bem como da cobrança dos débitos compensados na Dcomp, o sujeito passivo apresentou em 04/06/2008, manifestação de inconformidade às fls. 01/08, acrescida de documentação anexa. A respeito do crédito não homologado, no valor de R$ 8.956,83, a manifestação de inconformidade alega, em síntese: "(...) tais créditos foram extraídos dos pagamentos efetuados a maior, através dos DARFs: RS 360388,13 recolhido em 14/03/2003 (valor devido RS 352.174,01), RS 441.873,45 recolhido em 15/04/2003 (valor devido RS 432.306,09), RS 421.995,45 recolhido em 13/06/2003 (valor devido RS 416.573,69), RS 450.730,61 recolhido em 15/07/2003 (valor devido RS 445.424,77), RS 588.481,94 recolhido em 15/08/2003 (valor devido RS 587.462,18) e R$ 562.471,21 recolhido em 15/12/2003 (valor devido RS 560.500,02), gerando saldos credores de RS 8.214,12, RS 9.567,36, RS 5.421,76, RS 5.305,84, RS 1.019,76 e RS 1.971,19, respectivamente. (...)"Alega, ainda, que os valores devidos e pagos estariam também em conformidade com a DIPJ, cujos montantes Fl. 702DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 9 8 teriam sido totalmente utilizados para pagamento complementar da Cofins, conforme a seguir: • débito de RS 8.956,83 compensação efetuada utilizando o crédito de RS 9.567,36 em favor da Impugnante da seguinte forma: complemento da Cofins dos meses de setembro/2003 (RS 7.294,68) e dezembro/2003 (R$ 1.662,15), adicionando os respectivos acréscimos legais, conforme restou esclarecido no PER/DCOMP mencionado. A contribuinte argumenta, também, que o PER/DCOMP estaria amparado pelos respectivos créditos, devidamente comprovados por meio do DARF e demonstrados em planilha, além de estarem ratificados pela apuração apresentada na respectiva DIPJ e documentos em anexo. Ao final requer que seja julgado insubsistente e/ou improcedente a exigência formulada através do Despacho Decisório ora impugnado. Como relatado, o processo foi negado provimento pelos julgadores da 2ª Turma da DRJ/DF ao fundamento de que o contribuinte não logrou demonstrar documentalmente a liquidez e certeza de suas alegações. Merece transcrição parte essencial dos fundamentos do r. acórdão recorrido (fls. 345), verbis. Conforme Luiz Henrique Barros de Arruda (apud Processo Administrativo.Fiscal, pág. 21), prova por definição, "é a demonstração de existência ou da veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende ou que se contesta". Nesse sentido, jurisprudência da 1ª Câmara do 2° Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, dispõe ser inadmissível a simples alegação do erro no preenchimento da DCTF, de forma quer os dados informados reputamse verdadeiros até prova em contrário: DCTF ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO AUSÊNCIA DE PROVA os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso.1º CC. / 4a Câmara / ACORDÃO 10420.645 em 18.05.2005. Publicado no DOU em: 19.10.2005. Além disso, nos termos da IN n° 127, de 1998, a DIPJ é mera declaração informativa, de modo que não vale como confissão de dívida e nem é utilizada pela União para instrumentalizar a inscrição em dívida ativa. Tal papel, a partir de 1999, cabe à DCTF que representa instrumento hábil e suficiente para exigência do crédito tributário, conforme dispõem a IN n° 128, de 1998, e o Decretolei n° 2.124, de 1984, art. 5°, §1°. No voto condutor do Acórdão que negou provimento ao recurso na 3ª Turma Especial, 3ª Seção de Julgamento deste Conselho (fls. 448/449), após reproduzir parte do Acórdão da 2ª Turma da DRJ/DF, assim concluiu o ilustre Relator, Conselheiro Carlos Henrique Martins de Limal (fls. 449), verbis. Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 10 9 No caso em análise, a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte aponta para a possibilidade da contribuinte ter efetuado pagamento a maior através do DARF de R$ 441.873,45 recolhido em 15/04/2003 (valor devido de R$ 432.306,09), o que levaria a existência de um suposto crédito no montante R$ 9.567,36 em favor da Impugnante. Esse montante teria sido totalmente utilizado para pagamento complementar da Cofins dos meses de setembro de 2003 (R$ 7.294,68) e dezembro de 2003 (R$ 1.662,15), acrescido dos respectivos acréscimos legais. Encontramse . anexadas . ao processo: • cópia da DIPJ 2004 com dados do cálculo da contribuição para a Cofins referentes a março de 2003 (fl. 81), que demonstra que a contribuição para a Cofins apurada no período, após as deduções, foi de R$ 432.306,09; • cópia da DCTF do 10 trimestre de 2003 (fls. 82/84), que demonstra a existência de um débito apurado no valor de R$ 441.873,45, referente ao mês de março de 2003, que se encontra vinculado a um pagamento efetuado por meio de DARF de mesmo valor; • planilha elaborada pela própria contribuinte (fl. 80) demonstrando as alegações feitas. No entanto, a contribuinte não trouxe aos Autos material probatório que comprovasse o erro cometido no preenchimento da DCTF, o que demonstraria a existência do crédito alegado referente ao DARF recolhido, bem como a possibilidade de utilizálo para quitar os débitos apurados em outros períodos. Apresentar apenas cópias da DIPJ, da DCTF e da planilha elaborada pela própria contribuinte, sem a devida escrituração, não é suficiente para comprovar as alegações da contribuinte, não sendo, portanto, capaz de "desconstituir o que foi constituído" pelo Despacho Decisório. Diante ao exposto voto por NEGAR PROVIMENTO a pretensão aduzida no recurso voluntário. Ressaltese, ademais, que a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, através do Acórdão 9303005.065, de 16 de maio de 2017 (fls. 654/664), deu provimento ao Recurso Especial do contribuinte, "com o retorno dos autos ao colegiado de origem para análise de novos documentos juntados pelo sujeito passivo" (fls. 655), e para determinar "o envio dos autos à câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de Recurso voluntário" (fls. 659), pelos argumentos sintetizados na seguinte ementa (fls. 654), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Data do fato gerador: 24.04.2008 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. Fl. 704DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 11 10 O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão. Recurso especial do contribuinte provido Verificase, porém, que a documentação e os fundamentos que foram trazidos com o apelo a este Colegiado e posteriormente reiterados e complementados nos Embargos Declaratórios subsequentes não passaram pelo crivo e apreciação da 2ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Brasília Distrito Federal, prolatora da primitiva decisão colegiada proferida através do v. Acórdão 0330.127, da 2ª Turma da DRJ/BSB, de 30 de março de 2009 (fls. 342/346). Entendo que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), criado para suceder o 1º, 2º e 3º Conselhos de Contribuintes, é composto pela própria Câmara Superior de Recursos Fiscais, pelas 1ª, 2ª e 3ª Seções de Julgamento e por suas respectivas Câmaras,Turmas Ordinárias e Extraordinárias, como se depreende da leitura do art. 15do Regimento Interno do CARF, in verbis: Art. 15. A presidência da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, das respectivas turmas e do Pleno será exercida pelo Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Registrese, por outro lado, que o Recurso Especial do contribuinte recorrente foi provido, à unanimidade, pela CSRF, determinandose o "retorno dos autos ao colegiado de origem para análise de novos documentos juntados pelo sujeito passivo" (fls. 655); e, no voto vencido, o relator aderiu à decisão da maioria, e, assim, concluiu o seu voto (fls. 659) : " Donde o necessário envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário. Diante do exposto, coerente com o voto condutor do v. Acórdão da CSRF (fls. 654ko/659), tendo em conta principalmente a parte final da ementa do mencionado Acórdão (fls. 654), e para que não se alegue futuramente que houve supressão de instância, VOTO pela conversão Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 12 11 do julgamento em Diligência para que o órgão julgador de 1ª instância, no caso a DRJ/BSA, tome conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após o Acórdão daquele órgão julgador de 1ª instância, nos termos determinados pela E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, através do Acórdão 9303 005.065 3ª Turma (fls. 654/664). Diante da decisão paradigma proferida nos autos do processo número 10166.900706/200808, em que figura a mesma Recorrente, AUTOTRAC S/A, conforme Resolução nº 3001000.085, de 10.07.2018, aplicável ao presente processo em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, CONHEÇO do recurso voluntário do Contribuinte e VOTO PELA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, à Unidade de Origem, para que o órgão julgador de 1ª instância, no caso a DRJ/BSA, tome conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após o Acórdão por ele proferido, nos termos determinados pela E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF (Acórdão nº 9303005.076 CSRF/3ª Turma, de 16.05.2017). (assinado digitalmente) Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator VOTO VENCEDOR quanto a inexistência de preliminar. Preâmbulo Com a devida licença à bem fundamentada argumentação do Conselheiro Relator, Dr. Francisco Martins Leite Cavalcante, acompanhado que foi pelo Conselheiro Dr. Renato Vieira de Avila, que entenderam em sentido contrário, esclareço desde já que o presente prestase tão somente para expor, quanto aos autos dos processos 10166.901912/2008 27, 10166.901958/200846, 10166.901910/200838, 10166.901902/200891, 10166.901864/2008 77 e 10166.901927/200895, meu entendimento quanto à inexistência de questão preliminar suscitada em sede de Recurso Voluntário. Dos fatos Sem delongas, ultrapasso a questão cuja convicção firme tenho no sentido de que "pedido de conversão do julgamento em diligência" não tratase de matéria a ser veiculada no âmbito das questões de natureza preliminar, isto porque ao compulsar os autos dos processos em questão, antes referenciados, não vislumbrei tal hipótese. Para melhor explicitar o entendido segundo o qual conclui pela inexistência de questão preliminar suscitada em sede de Recurso Voluntário, trago, a título de exemplo os fatos lançados nos autos do processo 10166.901864/200877, que replicase para os demais processos. Para tanto, vejase alguns excertos de dois documentos, que reputei suficientes para evidenciar o entendimento que expresso neste Voto Vencedor, verbis: (i) Do requerimento do Recurso Especial do contribuinte (efls. 599 a 620): Fl. 706DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 13 12 AUTOTRAC COMÉRCIO E TELECOMUNICAÇÕES S.A., devidamente qualificada nos autos em referência, vem perante V.Sa., por meio de seus advogados in fine assinados, com fulcro no artigo 64, inciso II e artigo 67 e seguintes do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RI/CARF) aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, interpor RECURSO ESPECIAL para a Colenda Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), tendo em vista a existência de divergência entre o entendimento consignado no v. acórdão de fls. e o entendimento consagrado pela Egrégia Segunda Turma dessa Colenda CSRF no Acórdão nº 920201.634, o que faz pelas razões a seguir expostas. (...) 41. Por fim, no presente caso, a existência de crédito do contribuinte encontrase fundada em ampla documentação fiscal (DCTF original e retificadora, DIPJ, DARFs de recolhimento) e contábil (balancete extraído do Livro Razão, planilhas assinadas pelo contador), que foi ignorada pela Egrégia Turma de origem. 42. Dessa forma, requerse a) o conhecimento e provimento do presente Recurso Especial para que seja reformado o v. acórdão recorrido, reconhecendose a possibilidade de análise da documentação apresentada pela contribuinte juntamente com seu Recurso Voluntário, que comprova a existência do crédito objeto da compensação em questão e, consequentemente, a inexistência de preclusão do direito da Recorrente neste particular; b) por conseguinte, que seja determinado à Turma recorrida ou à própria DRJ de origem, que aprecie a presente lide levando em consideração a documentação apresentada apela (sic) Recorrente em seu Recurso Voluntário, notadamente: (...) (ii) Da parte dispositiva do Acórdão de Recurso Especial (efls. 640 a 646), colhese, verbis: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza e Júlio César Alves Ramos, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise dos novos documentos juntados pelo sujeito passivo. Repito, com a devida licença, divergindo do entendimento do nobre Relator, sou da opinião que, conforme excertos acima colacionados, nem o Contribuinte pediu e nem a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, ao exarar o Acórdão nº 9303005.069 3ª Turma, acatou e/ou determinou suposto pedido de diligência, pois, o que foi efetivamente demandado pelo recorrente e acatado pela CSRF, a meu ver, foi a obtenção do direito à apreciação, por Turma de Julgamento do CARF competente para apreciar Recurso Voluntário, ora denominada de "colegiado de origem" ora de "Câmara baixa", as provas carreadas aos autos quando da apresentação, por parte do recorrente, de recurso voluntário, cujos autos processuais foram destinados a esta Turma Extraordinária, em face de sorteio, como bem explicita, in casu, o "Despacho de Encaminhamento" de efls. 657. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10166.901958/200846 Resolução nº 3001000.104 S3C0T1 Fl. 14 13 É como penso. Da conclusão Isto posto, pelas razões acima expostas, voto por declarar a inexistência de questão preliminar suscitada em sede de Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 708DF CARF MF
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