Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10314.001791/99-91
Turma: Primeira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jul 08 00:00:00 UTC 2009
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 14/07/1998
RESTITUIÇÃO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. INAPLICÁVEL O ARTIGO 166 DO CTN.
O imposto de importação é tributo direito, que não comporta o seu repasse a terceiro, sendo sua restituição insuscetível ao determinado no artigo 166 do CTN.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-000.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencida a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Nanci Gama - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Susy Gomes Hoffmann, José Adão Vitorino de Morais, Maria Teresa Martínez Lopez, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Marcos Tranchesi Ortiz, Leonardo Siade Manzan e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: Nanci Gama
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200907
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 14/07/1998 RESTITUIÇÃO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. INAPLICÁVEL O ARTIGO 166 DO CTN. O imposto de importação é tributo direito, que não comporta o seu repasse a terceiro, sendo sua restituição insuscetível ao determinado no artigo 166 do CTN. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : Primeira Câmara
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10314.001791/99-91
anomes_publicacao_s : 201304
conteudo_id_s : 5203932
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 9303-000.109
nome_arquivo_s : Decisao_103140017919991.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : Nanci Gama
nome_arquivo_pdf_s : 103140017919991_5203932.pdf
secao_s : Terceiro Conselho de Contribuintes
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencida a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Nanci Gama - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Susy Gomes Hoffmann, José Adão Vitorino de Morais, Maria Teresa Martínez Lopez, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Marcos Tranchesi Ortiz, Leonardo Siade Manzan e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 08 00:00:00 UTC 2009
id : 4555079
ano_sessao_s : 2009
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394159845376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1744; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 370 1 369 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10314.001791/9991 Recurso nº 331.783 Especial do Procurador Acórdão nº 9303000.109 – 3ª Turma Sessão de 08 de julho de 2009 Matéria Restituição imposto de importação Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 14/07/1998 RESTITUIÇÃO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. INAPLICÁVEL O ARTIGO 166 DO CTN. O imposto de importação é tributo direito, que não comporta o seu repasse a terceiro, sendo sua restituição insuscetível ao determinado no artigo 166 do CTN. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencida a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Nanci Gama Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Susy Gomes Hoffmann, José Adão Vitorino de Morais, Maria Teresa Martínez Lopez, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Marcos Tranchesi Ortiz, Leonardo Siade Manzan e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 17 91 /9 9- 91 Fl. 807DF CARF MF Impresso em 09/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 31/01/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 309/354) contra a decisão unânime da Primeira Câmara do antigo Terceiro Conselho de Contribuintes, que deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte, acórdão n° 30132948 (fls. 296/307), para determinar a restituição do imposto de importação requerida pelo contribuinte. Segundo o acórdão recorrido, o imposto de importação, por não se tratar de imposto indireto que, por sua natureza, comporte sua transferência para terceiro, não se encontra sujeito, para sua restituição, a comprovação de que o respectivo encargo foi suportado pelo requerente, contribuinte de referido imposto. O recurso especial encontrase fundamentado em acórdãos divergentes, tendo sido o mesmo admitido conforme despacho às fls. 355/357. O contribuinte apresentou contrarazões reiterando suas razões no sentido de que inaplicável o disposto no artigo 166 do CTN. Ademais não há prova do repasse do encargo financeiro para terceiros. É o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora Como dito acima, com o presente recurso de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, colocase a questão de saber se os impostos ditos diretos, ou seja, aqueles que por sua natureza não comportam sua transferência para terceiros, como no caso do IPI, ou do ICMS estadual, encontramse sujeitos para sua restituição, a comprovação que o respectivo encargo não foi transferido para terceiros. O imposto de importação é tributo direito, e, portanto, não comporta, por sua natureza, transferência para terceiros. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, assim se posicionou acerca da necessidade da comprovação da transferência de encargos financeiros de que trata o artigo 166 do CTN: “TRIBUTÁRIIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ART. 3º, I, DA LEI Nº 7.787/89, E ART. 22, I, DA LEI Nº 8.212/91. AUTÔNOMOS, EMPREGADORES E AVULSOS. COMPENSAÇÃO. TRANSFERENCIA DE ENCARGO FINANCEIRO. ART. 166 DO CTN. LEIS NºS 8.212/91, 9.032/95 E 9.129/95. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em sede de embargos de divergência, pacificou o entendimento para acolher a tese de que o art. 66, da Lei nº 8.383/91, em sua interpretação sistêmica, autoriza ao contribuinte efetuar, via autolançamento, compensação de tributos pagos cuja exigência foi indevida ou inconstitucional. Fl. 808DF CARF MF Impresso em 09/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 31/01/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10314.001791/9991 Acórdão n.º 9303000.109 CSRFT3 Fl. 371 3 Tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro são somente aqueles em relação aos quais a própria lei estabeleça dita transferência. Somente em casos assim aplicase a regra do art. 166, do Código Tributário Nacional, pois a natureza, a que se reporta tal dispositivo legal, só pode ser a jurídica, que é determinada pela lei correspondente e não por meras circunstancias econômicas que podem estar, ou não, presentes, sem que se disponha de um critério seguro para saber quando se deu, e quando não se deu, aludida transferência. Na verdade, o art. 166, do CTN, contém referencia bem clara ao fato de que deve haver pelo interprete sempre, em casos de repetição de indébito, identificação se o tributo, por sua natureza, comporta a transferência do respectivo encargo financeiro para terceiro ou não, quando a lei expressamente, não determina que o pagamento da exação é feito por terceiro, como é o caso do ICMS e do IPI. A prova a ser exigida na primeira situação deve ser aquela possível e que se apresente bem clara, a fim de não se colaborar para o enriquecimento ilícito do poder tributante. Nos casos em que a lei expressamente determina que o terceiro assumiu o encargo, necessidade há, de modo absoluto, que esse terceiro conceda autorização para a repetição de indébito. A contribuição previdenciária examinada é de natureza direta. Apresentase com essa característica porque a sua exigência se concentra, unicamente, na pessoa de quem a recolhe, no caso, uma empresa que assume a condição de contribuinte de fato e de direito. A primeira condição é assumida porque arca com o ônus financeiro imposto pelo tributo; a segunda, caracterizase porque é a responsável pelo cumprimento de todas as obrigações, quer as principais, quer as acessórias. Em conseqüência, o fenômeno da substituição legal no cumprimento da obrigação, do contribuinte de fato pelo contribuinte de direito, não ocorre na exigência do pagamento das contribuições previdenciárias quanto à parte da responsabilidade das empresas. A repetição do indébito e a compensação da contribuição questionada podem ser assim deferidas, sem a exigência da repercussão. Embargos de Divergência rejeitados”. (Resp. 168469/SP ; Embargos de Divergência no Recurso Especial 1998/00637532, DJU 17/12/1999, pág. 00314, Relator Min. Ari Pargendler, data de decisão 10/11/1999, Primeira Seção) Como entendeu o Superior Tribunal de Justiça, a exigência da comprovação da não transferência do encargo financeiro a terceiro somente é aplicável para os TRIBUTOS DE NATUREZA INDIRETA, assim definidos pelo CTN como sendo aqueles que comportam o repasse do encargo financeiro a terceiros, isto é, aqueles em que o contribuinte de iure Fl. 809DF CARF MF Impresso em 09/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 31/01/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 repassa o valor do tributo ao consumidor final, qualificado pela legislação tributária como contribuinte de facto. Como se sabe, é a própria lei instituidora do tributo que prevê a possibilidade de seu encargo financeiro ser transferido a terceiro. Ocorre que o tributo objeto do pedido em exame, o imposto de importação, não tem natureza de tributo indireto, mas antes de verdadeiro TRIBUTO DIRETO, pois, ao ser recolhido, é suportado única e exclusivamente pelo importador. Tratandose, pois, de tributo que não comporta o repasse de seu encargo financeiro, classificado como do tipo DIRETO, temse como absolutamente inaplicável o disposto no artigo 166 do CTN. Ressalto que a orientação pacífica dos tribunais nacionais, é no sentido de repudiar com afinco a exigência contida no artigo 166 do CNT, de que seria necessário ao contribuinte fazer prova de não ter repassado o ônus do tributo a terceiro, quando se está diante de um tributo direto. Logo, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Nanci Gama Fl. 810DF CARF MF Impresso em 09/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 31/01/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 23/03/2013 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000491/2008-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 1102-000.140
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Documento assinado digitalmente.
Albertina Silva Santos de Lima - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Albertina Silva Santos de Lima, Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Oppermann Thomé, Silvana Rescigno Guerra Barretto, José Sérgio Gomes, e Francisco Alexandre dos Santos Linhares.
Nome do relator: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201303
camara_s : Primeira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10932.000491/2008-97
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5200017
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 1102-000.140
nome_arquivo_s : Decisao_10932000491200897.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
nome_arquivo_pdf_s : 10932000491200897_5200017.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Documento assinado digitalmente. Albertina Silva Santos de Lima - Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé - Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Albertina Silva Santos de Lima, Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Oppermann Thomé, Silvana Rescigno Guerra Barretto, José Sérgio Gomes, e Francisco Alexandre dos Santos Linhares.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
id : 4538406
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394182914048
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T2 Fl. 2 1 1 S1C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10932.000491/200897 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1102000.140 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 6 de março de 2013 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente CAR RENTAL SYSTEMS DO BRASIL LOCAÇÃO DE VEÍCULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Documento assinado digitalmente. Albertina Silva Santos de Lima Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Albertina Silva Santos de Lima, Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Oppermann Thomé, Silvana Rescigno Guerra Barretto, José Sérgio Gomes, e Francisco Alexandre dos Santos Linhares. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 32 .0 00 49 1/ 20 08 -9 7 Fl. 837DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 13/ 03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por ALBERTINA SILVA SAN TOS DE LIMA Processo nº 10932.000491/200897 Resolução nº 1102000.140 S1C1T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por CAR RENTAL SYSTEMS DO BRASIL LOCAÇÃO DE VEÍCULOS LTDA, contra acórdão proferido pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/CampinasSP, que julgou improcedente a impugnação contra o lançamento de ofício efetuado. O Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 77/79 descreve as verificações levadas a efeito pela autoridade fiscal. Em síntese, a empresa foi intimada e reintimada a apresentar os documentos comprobatórios das despesas relativas à linha “Outras Despesas Operacionais” da sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ/2004, referente ao ano calendário 2003. De acordo com o relato fiscal, para atender ao solicitado, a empresa apresentou, em 02/07/2007, cópia da DIPJ/2004 “capeando cópia de folhas soltas de Razão Analítico e Balancetes Mensais, indicativas da composição da Linha 30 Outras Despesas Operacionais (Ficha 05 A), juntamente com os livros Diário e LALUR correspondentes do período”, mas não apresentou qualquer documento comprobatório das despesas, o que motivou o lançamento fiscal. Na impugnação apresentada (fls. 104105), a contribuinte afirma ser uma empresa cuja atividade é a locação de veículos, e que, por esse motivo, todos os valores lançados em Outras Despesas Operacionais, são custos necessários à atividade da empresa e à manutenção da frota, sua fonte produtora, e anexa uma relação das contas contábeis (código e descrição) e respectivos valores, que compõem o total apropriado em “Outras Despesas Operacionais” (fls. 106107). A DRJ, por meio do acórdão no 0535.396 (fls. 132137), manteve integralmente o lançamento, tendo em vista que não foram apresentados quaisquer documentos relativos às despesas glosadas. O acórdão possui a seguinte ementa: “GLOSA DE DESPESAS OPERACIONAIS. A qualificação dos dispêndios da pessoa jurídica, como despesas dedutíveis na determinação do lucro real, está subordinada a normas específicas da legislação do imposto de renda, que fixam conceito próprio de despesas operacionais e estabelecem condições objetivas norteadoras da imputabilidade, ou não, das cifras correspondentes para aquele efeito. A legislação exige que a despesa operacional seja comprovada por documentos de idoneidade indiscutível, quer quanto à forma, quer quanto à origem, que permitam concluir pela sua estrita pertinência e conexão com a atividade explorada e com a manutenção da respectiva fonte de receita, além da efetividade e certeza dos dispêndios, amparando operações comerciais autênticas. Não apresentados os documentos que dão suporte às despesas declaradas, mantémse o crédito tributário, como formalizado. Fl. 838DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 13/ 03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por ALBERTINA SILVA SAN TOS DE LIMA Processo nº 10932.000491/200897 Resolução nº 1102000.140 S1C1T2 Fl. 4 3 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem.” Cientificada desta decisão por via postal em 12012012, e com ela inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 13022012, e, posteriormente, em 23042012, nova manifestação recursal para complementar a documentação e as razões apresentadas, as quais abaixo sintetizo. Preliminarmente, aponta a recorrente equívocos na constituição do crédito lançado: a uma, porque a fiscalização partiu de um montante de R$ 8.704.741,03 para calcular o valor a ser glosado a título de despesas não comprovadas, enquanto que o total das despesas registradas na linha 30 da DIPJ (“Outras Despesas Operacionais”) é de R$ 8.511.309,73, e, a duas, porque a fiscalização considerou apenas o prejuízo declarado pela recorrente relativo ao próprio ano calendário de 2003 para compensar com o montante da glosa efetuada, deixando de considerar o prejuízo fiscal acumulado de anos anteriores, da ordem de R$ 44.863.317,28, do qual tinha conhecimento. Por conta desses vícios, demanda a recorrente a nulidade dos autos de infração, ou senão, ao menos, o recálculo dos valores devidos por força da correção dos mesmos. No mérito, esclarece detalhes sobre os aspectos operacionais da sua atividade (locação de veículos automotores), na qual atua internacionalmente sob a bandeira “Hertz”, e anexa, em formato digital, as notas fiscais e demais documentos de suporte das despesas realizadas. Em respeito ao princípio da verdade material, bem como tendo em conta o fato de ter feito expressa observação, por ocasião da apresentação do recurso original, de que ainda não havia sido possível localizar, até aquele momento, a totalidade dos documentos necessários, pede que sejam aceitos e apreciados os documentos complementares apresentados por ocasião do aditivo recursal. Protesta ainda pela inaplicabilidade dos juros Selic sobre a multa de ofício, e finaliza pleiteando o cancelamento da autuação. Os discos magnéticos (CD ou DVD) anexos, cuja estrutura é detalhada pela recorrente em sua peça de defesa, possuem, de acordo com o despacho da autoridade administrativa de efls. 370371, 59 pastas contendo 1.955 arquivos (o primeiro, apresentado em 12012012), e 151 pastas contendo 2.737 arquivos (o segundo, apresentado em 1302 2012). De modo a possibilitar a anexação dos documentos comprobatórios apresentados pela recorrente ao eprocesso, informa a autoridade administrativa que o primeiro DVD foi particionado em 129 arquivos, tendo como PAI o SVA1, e o segundo DVD foi particionado em 192 arquivos, tendo como PAI o SVA2. .É o relatório. Fl. 839DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 13/ 03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por ALBERTINA SILVA SAN TOS DE LIMA Processo nº 10932.000491/200897 Resolução nº 1102000.140 S1C1T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A alegação de nulidade dos autos de infração por força dos apontados equívocos na constituição do crédito lançado deve ser rejeitada. Nos termos do artigo 59 do Decreto nº 70.235/72 – PAF, que rege o processo administrativo fiscal, somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, situações essas inocorrentes no caso. Portanto, eventuais erros ou equívocos na apuração dos tributos devidos devem ser sempre enfrentados como matéria de mérito, o que se faz a seguir. Sob este prisma, verifico que, de fato, equivocouse a fiscalização na determinação dos valores a serem lançados, e tais equívocos devem ser corrigidos. Em primeiro lugar, equivocouse a autoridade fiscal porque partiu de um montante de R$ 8.704.741,03, do qual excluiu o valor referente às parcelas já consideradas não dedutiveis pela própria recorrente, de R$ 98.924,63, chegando ao valor de R$ 8.605.816,40, que considerou como despesa não comprovada. Entretanto, segundo o raciocínio desenvolvido pela própria autoridade fiscal, o “valor de partida” deveria ser aquele registrado na linha 30 da DIPJ — “Outras Despesas Operacionais”, que é de apenas R$ 8.511.309,73. Excluídas deste valor as parcelas consideradas não dedutiveis, chegase ao montante de R$ 8.412.385,10, que corresponde ao valor que deveria ter sido lançado. Em segundo, de fato a fiscalização desconsiderou os prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL existentes de períodos anteriores. De acordo com os documentos de fls. 95 e 98, o contribuinte possuía R$ 44.863.317,28 de prejuízos fiscais acumulados de períodos anteriores, e de R$ 46.311.857,79 de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, os quais, pleiteia a recorrente, deveriam ter sido utilizados, na autuação, para compensar com o valor do lucro líquido ajustado apurado pela fiscalização, até o limite de 30% deste. Antes, porém, de se efetuar quaisquer das correções acima apontadas, é necessário analisar o mérito das próprias glosas efetuadas. Neste aspecto, ainda que o procedimento fiscal tenha consistido na glosa integral de todo o valor constante de uma das linhas de despesas operacionais da DIPJ da recorrente, e em que pesem os esclarecimentos prestados ao fisco na ocasião, relativos à composição de valores da referida linha, o fato é que não foram apresentados, no decorrer da fiscalização, quaisquer documentos comprobatórios relativos às despesas que teriam sido efetuadas. E isto após ter sido a recorrente intimada e reintimada, mais de uma vez, a fazêlo. Assim, não restou outra alternativa ao fisco, senão considerar tais despesas indedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, por não estarem comprovadas com documentos hábeis e idôneos, nos termos da lei. Fl. 840DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 13/ 03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por ALBERTINA SILVA SAN TOS DE LIMA Processo nº 10932.000491/200897 Resolução nº 1102000.140 S1C1T2 Fl. 6 5 Ainda em sede de impugnação, mais uma vez limitouse a recorrente a fazer esclarecimentos acerca da composição de valores da linha em questão e da sua atividade operacional de locação de veículos, alegando que todas as despesas ali registradas seriam necessárias à sua atividade, como se isto fosse suficiente para a comprovação destas perante a Fazenda Nacional. Somente agora, por ocasião do recurso, trouxe a recorrente os documentos que diz comprovar, se não o total, ao menos substancial parte daquelas despesas. Contudo, não há como este colegiado atestar a correção ou não desta comprovação, por faltarlhe os demais elementos necessários para esta análise, tal como a escrituração completa da recorrente. Ao recurso, além dos citados documentos, foram anexas tão somente cópias simples do que seria o razão de várias contas de despesas operacionais. Assim, entendo que a análise de todo o conjunto probatório ora acostado pela recorrente aos autos deve ser feita pela autoridade fiscal, a quem, aliás, deveria o mesmo ter sido apresentado pela recorrente, ainda durante o curso do procedimento investigatório. Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal na Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdiciona o contribuinte adote as seguintes providências: 1. Examine os documentos apresentados pela recorrente, em confronto com a sua contabilidade, e promova, se for o caso, o devido ajuste nos valores a serem considerados no lançamento, declinando as razões da aceitação ou não das comprovações intentadas pela recorrente; 2. Considere, no ajuste a ser eventualmente promovido, que o “valor de partida” deve ser aquele referido ao início do presente voto (R$ 8.511.309,73 menos R$ 98.924,63, ou seja, R$ 8.412.385,10); 3. Das verificações efetuadas, lavre Relatório de Diligência circunstanciado e dele dê ciência à recorrente para que sobre ele se manifeste, no prazo de 30 (trinta) dias. Com isso, retornem os autos para o competente julgamento. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 841DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 13/ 03/2013 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 14/03/2013 por ALBERTINA SILVA SAN TOS DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722099/2011-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
SIMULAÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. NECESSIDADE DE INDÍCIOS CONVERGENTES.
A simulação é a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, mediante acordo entre as partes, objetivando a aparência de um negócio jurídico que não existe ou que, se existe, é distinto daquele que efetivamente se realizou, com o objetivo de enganar terceiros. Por sua natureza, a simulação é provada pela prova indiciária. A prova indiciária é meio idôneo para referendar uma autuação, desde que ela resulte da soma de indícios convergentes. SIMULAÇÃO. VÍNCULO TRABALHISTA E CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM EMPRESA ENQUADRADA NO SIMPLES SIMULADOS. Quando a fiscalização carreia para os autos um conjunto probatório que demonstra ter havido simulação de vínculo trabalhista e de contrato de prestação de serviços com empresa enquadrada no SIMPLES, a relação de emprego deve ser considerada existente com a contratante.
INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AUXÍLIO-DOENÇA.
O afastamento remunerado por até quinze dias do trabalho por motivo de doença é um direito do trabalhador que é suportado pelo empregador e seu pagamento tem natureza remuneratória. ACRÉSCIMO DE 1/3 SOBRE FÉRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. O acréscimo de 1∕3 sobre férias é um direito assegurado pela Constituição aos empregados que integra o conceito de remuneração, sujeitando- se,conseqüentemente, à contribuição previdenciária.
CONTRIBUIÇÃO AO INCRA.
Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. MULTA LIMITADA A 20%. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-002.815
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, na autuação 37.304.460-7, para aplicar - nas multas até 11/2008, anteriores a 12/2008 - o resultado mais benéfico, quando comparado o determinado no art. 32- A, com os §§ do art. 32, da Lei 8.212/1991, nos termos do voto do Relator. Vencidos Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em negar provimento ao recurso nesta questão; b) na autuação 37.304.461-5, em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Redator designado. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa, até 11/2008; c) na autuação 37.304.461-5, em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, até 11/2008. para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator designado(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso na questão da não integração ao Salário de Contribuição das verbas oriundas dos primeiros quinze dias do auxílio doença e do um terço de férias, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que davam provimento ao recurso nestas questões; III) Por Unanimidade de Votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator designado: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes.
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 SIMULAÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. NECESSIDADE DE INDÍCIOS CONVERGENTES. A simulação é a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, mediante acordo entre as partes, objetivando a aparência de um negócio jurídico que não existe ou que, se existe, é distinto daquele que efetivamente se realizou, com o objetivo de enganar terceiros. Por sua natureza, a simulação é provada pela prova indiciária. A prova indiciária é meio idôneo para referendar uma autuação, desde que ela resulte da soma de indícios convergentes. SIMULAÇÃO. VÍNCULO TRABALHISTA E CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM EMPRESA ENQUADRADA NO SIMPLES SIMULADOS. Quando a fiscalização carreia para os autos um conjunto probatório que demonstra ter havido simulação de vínculo trabalhista e de contrato de prestação de serviços com empresa enquadrada no SIMPLES, a relação de emprego deve ser considerada existente com a contratante. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AUXÍLIO-DOENÇA. O afastamento remunerado por até quinze dias do trabalho por motivo de doença é um direito do trabalhador que é suportado pelo empregador e seu pagamento tem natureza remuneratória. ACRÉSCIMO DE 1/3 SOBRE FÉRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. O acréscimo de 1∕3 sobre férias é um direito assegurado pela Constituição aos empregados que integra o conceito de remuneração, sujeitando- se,conseqüentemente, à contribuição previdenciária. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. MULTA LIMITADA A 20%. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11065.722099/2011-27
conteudo_id_s : 5218791
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 01 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2301-002.815
nome_arquivo_s : Decisao_11065722099201127.pdf
nome_relator_s : MAURO JOSE SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 11065722099201127_5218791.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, na autuação 37.304.460-7, para aplicar - nas multas até 11/2008, anteriores a 12/2008 - o resultado mais benéfico, quando comparado o determinado no art. 32- A, com os §§ do art. 32, da Lei 8.212/1991, nos termos do voto do Relator. Vencidos Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em negar provimento ao recurso nesta questão; b) na autuação 37.304.461-5, em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Redator designado. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa, até 11/2008; c) na autuação 37.304.461-5, em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, até 11/2008. para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator designado(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso na questão da não integração ao Salário de Contribuição das verbas oriundas dos primeiros quinze dias do auxílio doença e do um terço de férias, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que davam provimento ao recurso nestas questões; III) Por Unanimidade de Votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator designado: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes.
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
id : 4573434
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:59:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394189205504
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2367; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 339 1 338 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.722099/201127 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 230102.815 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INTERPOSTA PESSOA SIMPLES EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS Recorrente BARTZEN INDUSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 SIMULAÇÃO. PROVA INDICIÁRIA. NECESSIDADE DE INDÍCIOS CONVERGENTES. A simulação é a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, mediante acordo entre as partes, objetivando a aparência de um negócio jurídico que não existe ou que, se existe, é distinto daquele que efetivamente se realizou, com o objetivo de enganar terceiros. Por sua natureza, a simulação é provada pela prova indiciária. A prova indiciária é meio idôneo para referendar uma autuação, desde que ela resulte da soma de indícios convergentes. SIMULAÇÃO. VÍNCULO TRABALHISTA E CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM EMPRESA ENQUADRADA NO SIMPLES SIMULADOS. Quando a fiscalização carreia para os autos um conjunto probatório que demonstra ter havido simulação de vínculo trabalhista e de contrato de prestação de serviços com empresa enquadrada no SIMPLES, a relação de emprego deve ser considerada existente com a contratante. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AUXÍLIODOENÇA. O afastamento remunerado por até quinze dias do trabalho por motivo de doença é um direito do trabalhador que é suportado pelo empregador e seu pagamento tem natureza remuneratória. ACRÉSCIMO DE 1/3 SOBRE FÉRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. O acréscimo de 1∕3 sobre férias é um direito assegurado pela Constituição aos empregados que integra o conceito de remuneração, sujeitando se,conseqüentemente, à contribuição previdenciária. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 2 CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. A contribuição ao SEBRAE como mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, SESI/SENAI e SEST/SENAT, deve ser recolhida por todas as empresas que são contribuintes destas. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. MULTA LIMITADA A 20%. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, na autuação 37.304.4607, para aplicar nas multas até 11/2008, anteriores a 12/2008 o resultado mais benéfico, quando comparado o determinado no art. 32 A, com os §§ do art. 32, da Lei 8.212/1991, nos termos do voto do Relator. Vencidos Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em negar provimento ao recurso nesta questão; b) na autuação 37.304.4615, em manter a aplicação da multa, nos termos do voto do Redator designado. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa, até 11/2008; c) na autuação 37.304.4615, em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, até 11/2008. para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator designado(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso na questão da não integração ao Salário de Contribuição das verbas oriundas dos primeiros quinze dias do auxílio doença e do um terço de férias, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que davam provimento ao recurso nestas questões; III) Por Unanimidade de Votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator designado: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Redator Designado Fl. 340DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 340 3 Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 4 Relatório Tratase de Lançamento por meio de Auto de Infração, lavrado em 10/06/2011, por ter a empresa acima identificada, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 29/35, deixado de recolher contribuições previdenciárias sobre a remunerações de trabalhadores considerados seus empregados, nas competências 01/2008 a 12/2009, tendo resultado na constituição de crédito tributário de R$ 1.203.693,22. O processo inclui também o lançamento das contribuições de terceiros no montante de R$ 282.054,33. A fiscalização constatou que a recorrente era optante pelo SIMPLES até 2000, sendo que a partir desse ano passou a optar pelo Lucro Presumido. Por seu turno, observou que a empresa Bia Imóveis foi constituída em 27/10/1998 fazendo opção pelo SIMPLES desde sua criação. A maioria dos sócios de ambas empresas possuíam vínculo familiar. Na diligência realizada registrou que havia uma única entrada e saída para ambas as empresas; que sempre compartilharam o mesmo espaço físico, prédio e terreno; que o parque fabril é único, e identificado apenas como Bartzen. A partir de tais indícios, a fiscalização concluiu que as empresas se organizaram para desfrutar benefícios do regime tributário do SIMPLES, ficando a Bartzen com 90% do faturamento e a Bia Imóveis com praticamente toda a mão de obra das empresas, conforme planilha que consta do relatório. Baseandose em amostragem das notas fiscais, concluiu que a Bia Imóveis produzia exclusivamente para a Bartzen. Ambas a as empresas possuem o mesmo contador, mesmo advogado e mesmo representante assinando os Termos de Início de Fiscalização. Aduz a autoridade fiscal que o fato de a Bia Imóveis ter sido incorporada pela Bartzen confirma a tese de que ambas atuavam como única empresa na época do lançamento. Até 11/2008, aplicou a multa mais benéfica comparandose a multa do art. 44, inciso I da Lei 9430/96 com a multa do art. 32, §5º da Lei 8212/91. Para o período posterior a 11/2008, enquadrou os fatos no art. 71 da Lei 4502/64 de modo a aplicar a multa de 150%, conforme §1º do art. 44 da Lei 9430/96. Após tomar ciência pessoal da autuação em 15/06/2011, fls. 01 e 16, a recorrente apresentou impugnação, fls. 193/210 e 233/248, na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 6ª Turma da DRJ/Porto Alegre, no Acórdão de fls. 271/284, julgou a impugnação improcedente, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 11/10/2011, fls. 287. O recurso voluntário, apresentado em 08/11/2011, fls. 289/316, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Inicia pretendendo demonstrar que a Bartzen e a Bia Imóveis são empresas independentes. Argumenta que a diligência da autoridade fiscal foi feita numa época na qual as empresas já haviam passado por processo de incorporação, portanto a Bia Imóveis já não mais existia. Por esse motivo, as suposições quanto ao espaço físico não podem ser aceitas. Alega que juntou documento que aponta que a Bia Imóveis possuía endereço próprio ( Alvará Fl. 342DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 341 5 de Licença) e parque fabril com entrada própria, bem contabilidade, CNPJ, Inscrição Estadual e Inscrição Municipal próprias. Insiste que só o fato de possuírem inscrições estaduais e municipais, bem como CNPJ próprios seria suficiente para afastar a suposição da fiscalização. Faltaria ao caso o respeito ao princípio da legalidade, uma vez que não foi apontado qual dispositivo legal autorizaria o procedimento da fiscalização. Argumenta que os primeiros quinze dias de pagamento do empregado quando afastado por doença não pode sofrer a incidência da contribuição previdenciária por ser verba que não se enquadra no conceito de remuneração. Entende que o adicional de férias por ter caráter indenizatório não faz parte da remuneração e não pode compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. Indica a inconstitucionalidade e a ilegalidade da cobrança da Contribuição ao SEBRAE. Prossegue sustentando a ilegalidade da contribuição destinada ao INCRA. É o relatório. Fl. 343DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 6 Voto Vencido Conselheiro Mauro José Silva, Relator Reconhecemos a tempestividade dos recursos apresentados e deles tomamos conhecimento. Considerações jurídicas sobre a simulação Inicialmente, cabe tecer algumas considerações sobre simulação, que no direito brasileiro o seu conceito encontrase positivado no § 1º do art. 167 da Lei nº 10.406, de 11 de janeiro de 2002, que dispõe: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. Além do texto legal, é importante ter em vista a posição da doutrina a respeito do significado e do alcance do que nele está contido. Pontes de Miranda assim comenta este artigo, com sua habitual visão sistemática (Tratado de Direito Privado, 1ª ed. atualizada, Campinas: Bookseller, 2000, tomo IV, p. 442 e ss): “Em toda simulação há a divergência entre a exteriorização e a volição, quer seja quanto ao objeto, ou, melhor, quanto à matéria, de re ad rem (B vende manuscritos, dizendo vender pastas), ou quanto à pessoa, de personam ad personam (A doa a C, dizendo doar a B), ou quanto à categoria jurídica, de contractu ad contractum (A doa dizendo vender), ou quanto às modalidades, de modo ad modum (contrata sob condição de não casar, dizendo que o faz sob condição de morar em certo país), ou quanto ao tempo, de tempore ad tempus (contratou por cinco anos a casa, dizendo ser por três anos), ou quanto à quantidade, de quantitate ad quantitatem (A vende seis caixas e o contrato fala de três), ou quanto a fato, de facto ad factum (A declara que pagou, e não pagou, ou viceversa), ou quanto ao lugar, de loco ad locum (A assina como se Fl. 344DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 342 7 fora concluído no Brasil o contrato que concluíra no Uruguai; cf. Alvaro Valasco, Decisionum Consultationum, II, 369). (...) A simulação supõe que se finja: há ato jurídico, que se quis, sob o ato jurídico que aparece; ou não há nenhum ato jurídico, posto que haja a aparência de algum. A cavilação pode estar à base do dolo, da fraude à lei, da simulação e da fraude contra credores. Daí as semelhanças entre as figuras, suscitando confusões.” Aduz ainda que são elementos dos atos simulados (p. 458): “a) a simulação do outorgado (art. 102, 1), ou da categoria jurídica (art. 102, II), ou da data; b) o propósito de simular; c) o prejudicar ou poder prejudicar a terceiros, ou violar a lei (art. 104).” Além de Pontes, outros estudiosos da teoria geral do direito também se debruçaram sobre o tema. Marcos Bernardes de Mello assim conceitua simulação (Teoria do Fato Jurídico: Plano de Validade, 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 1995, p. 153): “Simular significa, na linguagem comum, aparentar, fingir, disfarçar. Simulação é o resultado do ato de aparentar, produto do fingimento, da hipocrisia, do disfarce. O que caracteriza a simulação é, precisamente, o não ser verdadeira, intencionalmente, a manifestação de vontade. Na simulação querse o que não aparece, não se querendo o que efetivamente aparece. ‘Ostentase o que não se quis; e deixase, inostensivo, aquilo que se quis’. Do ponto de vista jurídico, no entanto, a simulação somente constitui defeito invalidante do ato jurídico quando praticada com a intenção de prejudicar terceiros, mesmo quando não havendo máfé, efetivamente lhes cause dano. À base do ato simulado estão o seu caráter mentiroso e sua natureza danosa a terceiros.” Washington de Barros Monteiro esclarece em sua obra Curso de Direito Civil , 33ª ed., São Paulo: Saraiva, 1995, vol I, p. 207: “Como o erro, simulação traduz uma inverdade. Ela caracterizase pelo intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um ato jurídico que, de fato, não existe, ou então oculta, sob determinada aparência, o ato realmente querido. Como diz Clóvis, em forma lapidar, é a declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado.” A seguir, p. 208: “A própria causa simulandi tem as mais diversas procedências. Ora visa a burlar a lei, ora a fraudar o fisco, ora a prejudicar a credores, ora a guardar em reserva determinado negócio.” Fl. 345DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 8 Washington de Barros Monteiro (Curso de Direito Civil", Ed. Saraiva, 29aedição, 1º vol., págs. 209/210), ao analisar a figura do ato simulado, à luz dos artigos 102 e 105 do antigo Código Civil Brasileiro, apresenta como uma das hipóteses de simulação o ato jurídico que "não é efetuado entre as próprias partes, aparecendo então o testa de ferro, o prestanome, ou a figura de palha" . O art. 167 do Código Civil, que reproduz o art 102 do antigo Código Civil , entre as hipóteses de simulação enumeradas, cita os atos jurídicos que "aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem realmente se conferem, ou transmitem". Ainda Washington de Barros Monteiro, comentando a espécie de simulação por interposição de pessoa, afirma: "O intuito do declarante é o de inculcar a existência de um titular de direito, mencionado na declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata". Caio Mário da Silva Pereira, em Instituições de Direito Civil, 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, vol I, p. 339, assim trata a matéria: “...Consiste a simulação em celebrarse um ato, que tem aparência normal, mas que, na verdade, não visa ao efeito que juridicamente deveria produzir. Como em todo negócio jurídico, há aqui uma declaração de vontade, mas enganosa. ... Pode a simulação ser absoluta ou relativa. Será absoluta quando o ato encerra confissão, declaração, condição ou cláusula não verdadeira, realizandose para não ter eficácia nenhuma. Dizse aqui absoluta, porque há uma declaração de vontade que se destina a não produzir resultado. ... A simulação dizse relativa, também chamada dissimulação, quando o ato tem por objeto encobrir outro de natureza diversa (...), ou quando aparenta conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem realmente se conferem ou transmitem (e.g., a venda realizada a um terceiro para que este transmita a coisa a um descendente do alienante, a quem este, na verdade, tencionava desde logo transferila. E é relativa em tais hipóteses, porque à declaração de vontade deve seguirse um resultado, efetivamente querido pelo agente, porém diferente do que é o resultado normal do negócio jurídico. ...” Alberto Xavier também oferece uma grande contribuição, tendo em vista a sua precisão ao explicar a simulação (Tipicidade da tributação, simulação e norma antielisiva): Simulação “é um caso de divergência entre a vontade (vontade real) e a declaração (vontade declarada) procedente de acordo entre o declarante e o declaratório e determinada pelo intuito de enganar terceiros.” Dessa forma, a simulação poderá ser definida como a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, mediante acordo entre as partes, objetivando a aparência de um negócio jurídico que não existe ou que, se existe, é distinto daquele que efetivamente se realizou, com o objetivo de enganar terceiros. No ato simulado ocorre a divergência entre a declaração externalizada, pelo sujeito ou sujeitos, que pretendem seja visível em relação ao Fisco, e a vontade ou declaração interna, que pretendem seja a vigente entre elas, declaração essa necessária para que tenha eficácia a real intenção das partes, escondida por trás da declaração aparente. No processo de simulação há uma deformação da declaração de vontade Fl. 346DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 343 9 das partes, conscientemente desejada, com o objetivo de induzir terceiros (inclusive o Fisco) ao erro ou engano. Didaticamente, podese distinguir a simulação em duas espécies, uma é a denominada absoluta, quando as partes praticam de forma ostensiva um ato, mas não pretendem, no íntimo, realizar qualquer negócio. O intuito é tãosomente o de enganar maliciosamente terceiros, pois as partes não pretendem, de fato, realizar qualquer negócio e, por conseguinte, não esperam qualquer resultado do ato simulado que executaram. Verificase, então, uma aparência de negócio, a um negócio sem conteúdo e inexistente quanto a seus efeitos. Neste caso, podemos citar como exemplo o caso da venda simulada de bens para fraudar credores, pois o intuito não é o de alienar bens, mas apenas subtraílo à eventual execução, não havendo entre as partes a intenção de qualquer negócio alternativo que o simulado pretendesse encobrir. A segunda espécie é a simulação relativa, caracterizada quando as partes desejam negócio distinto do pactuado e aparente, quando o sujeito é diverso daquele que integra a relação jurídica aparente ou ainda quando há falsidade em qualquer outro elemento da relação jurídica. Nesta espécie, temse como exemplo típico o da venda de um bem para ocultar doação, sendo esta tributariamente mais onerosa do que aquela. Nesses casos, verifica se um negócio verdadeiro, mas dissimulado, que se concretiza através de um negócio aparente dito simulado, conforme Antonio Roberto Sampaio Dória (in Elisão e evasão fiscal, São Paulo, Bushatsky, 1977, p.65). Constatase, por vezes, a existência de dois contratos na simulação relativa, o contrato que se simula, destinado regra geral a fugir à aplicação da lei, e o contrato de fato realizado, que consubstancia o negócio escondido pela simulação. Simulação Invalidante Para que a simulação afete a validade de um ato jurídico, ela há de ser nocente, nos termos do Código Civil de 1916: “Art. 103. A simulação não se considerará defeito em qualquer dos casos do artigo antecedente, quando não houver intenção de prejudicar a terceiros, ou de violar disposição de lei.” Os atos simulados que não prejudicam não têm sua validade afetada. Se a simulação for absoluta e inocente, não há ato jurídico. Se for relativa e inocente, o ato jurídico é válido e eficaz. Efeitos da simulação invalidante De acordo com a teoria geral do direito, o ato simulado nocente é anulável. E, em geral, sua anulação permite que aflore o ato jurídico dissimulado. Todavia, no campo do direito tributário, sem prejuízo da anulabilidade, outro efeito ocorre à simulação nocente, efeito que igualmente possibilita a eficácia do ato dissimulado. Essa conseqüência atribuída à simulação nocente pelo direito tributário, diferentemente da anulabilidade (que opera no plano da validade), dáse no plano da eficácia: Fl. 347DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 10 os atos simulados não têm eficácia contra o fisco, que não necessita, portanto, demandar judicialmente a anulação deles para propiciar a extraversão, ou seja, o aparecimento do ato realmente praticado. Meios de prova da simulação Os atos simulados são praticados justamente para ocultar os atos efetivos. Portanto, como decorrência de sua própria natureza, a prova direta dos fatos que as partes procuram encobrir é muito difícil, quando não impossível. Daí, da própria natureza de tais fatos, decorre a necessidade de construirse, por meio de presunção, a prova da infração. Nesse sentido, manifestase também a doutrina, a exemplo do Prof. Caio Mário da Silva Pereira, em Instituições de Direto Civil, 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, vol I, p. 341: “A prova da simulação nem sempre se poderá fazer diretamente; ao revés, freqüentemente tem o juiz de se valer de indícios e presunções, para chegar à convicção de sua existência.” Temse, dessa forma, como ensina Maria Rita Ferragut, em Presunções no Direito Tributário, Dialética, São Paulo, 2001, p. 105, ao tratar das presunções hominis e da verdade material, uma prova indireta condutora da mesma “probabilidade fática” da prova direta, in verbis: “Assim tem a administração pública o deverpoder de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico, já que é uma constatação a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, visando diminuir ou anular o encargo fiscal. E essa liberdade pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei como indiciários de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta. A presunção hominis de forma alguma significa que a tributação ocorrerá baseandose em mera verossimilhança, probabilidade ou verdade material aproximada. Pelo contrário, veiculará conclusão provável do ponto de vista fático, mas certa do jurídico. Por isso, resta uma vez mais observar que também a prova direta levanos à certeza jurídica e à probabilidade fática, já que não relata com certeza absoluta o evento inatingível. Detém, apenas, maior probabilidade do fato corresponder à realidade sensível.” Na mesma obra, ao tratar das Presunções Hominis e as Simulações Jurídicas, a autora complementa: “A presunção hominis assume importância vital, quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação e máfé em geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas. Os indícios, por essa razão, convertemse em elementos fundamentais para a identificação dos fatos propositadamente ocultados, simulados. Segundo o art. 102 do Código Civil, haverá simulação .... . Fl. 348DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 344 11 A prova indiciária tem por fim sanar as dificuldades que o caso concreto suscita ao conhecimento de fatos juridicamente relevantes, alterados para os fins de se evitar a incidência normativa. Ocorre que, como muitos desses atos artificiosos são realizados de maneira a conferirlhes uma aparência lícita, se a fiscalização tiver que se restringir à forma das provas que lhe são apresentadas, não terá como saber se o evento descrito no fato realmente ocorreu. A perfeição formal de que o ato é revestido não tem o condão de afastar o dever poder de busca da verdade material.” (grifei) Conforme Marcos Bernardes de Mello, a prova da simulação é difícil. Isso decorre da própria natureza dos atos simulados: são praticados justamente para ludibriar, buscando esconder os atos efetivos. Sobre esse tema, manifestase Francisco Ferrara (A simulação nos negócios jurídicos, Campinas: Red Livros, 1999), verbis: “A simulação como divergência psicológica da intenção dos declarantes, escapa a uma prova directa. Melhor se deduz, se pode argüir, se infere por intuição do ambiente em que surgiu o contrato, das relações entre as partes, do conteúdo do negocio, das circunstâncias que o acompanham. A prova da simulação é uma prova indirecta, de indícios, conjectural (per coniecturas, signa et urgentes suspeciones ), e é esta que fere verdadeiramente a simulação, porque a combate no seu próprio terreno.” Ferrara, apesar de afirmar a dificuldade da prova direta da simulação, não se furta a abordar os meios probatórios indiretos, elencandolhes os elementos, que classifica como relativos ao interesse em simular: às pessoas dos contraentes; ao objeto do negócio jurídico; à execução do negócio; à conduta das partes na realização do negócio. Entre os diversos elementos capazes de provar a simulação apontada por Ferrara, destacamse alguns, que merecem ser vistos em maior detalhe pela sua pertinência com o caso em análise. Antes de mais nada, segundo Ferrara, devese indagar a respeito da existência de motivo para a simulação , ou seja, “o interesse que leva as partes a estabelecer um acto simulado, a razão que conduz a fazer aparecer um negócio que não existe ou a mascarar um negócio sob uma forma diferente: é o porquê do engano”. Essa causa deve ser “séria e importante (suficiens e idônea)” de forma a justificar a simulação. Quanto às partes, é importante verificar se existe ligação entre estas. Também relevante é a falta de execução material do contrato, a qual, afirma Ferrara, é decisiva para caracterizar um negócio como simulado, tratandose da “mais clara confissão” da simulação. Na execução apenas formal do negócio jurídico, este leva a mutações jurídicas que só se manifestam no campo do direito, comportandose os contraentes, de fato, de acordo com outro negócio jurídico ou como se não tivesse negócio algum. Tecidas essas considerações sobre simulação, passo a analisar a matéria objeto do presente litígio. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 12 O motivo para a simulação no presente caso é criar condições para que o negócio da Bartzen ficasse submetido a uma carga tributária menor, tendo em vista que a Bia Imóveis ficaria com maioria dos empregados e não pagaria contribuição previdenciária sobre a folha de salários. A ligação entre as partes está bastante caracterizada, tendo em vista que a maioria dos sócios possuem fortes laços familiares. A falta de execução material ou divergência entre realidade e formalidade pode ser observada na medida em que a fiscalização demonstrou que ambas funcionavam no mesmo endereço. Nesse aspecto, a recorrente não apresentou provas de que a Bia Imóveis funcionava, na época dos fatos geradores, em outro endereço. O documento que suscitou como prova, na verdade, referese à Bartzen e não à Bia Imóveis (Alvará de Licença – Doc. III). Outro elemento que apontava a divergência entre realidade e formalidade era a exclusividade de atuação da Bia em benefício da Bartzen, conforme atestaram as notas fiscais e admitido pela recorrente. Caracterizada a simulação, correto o afastamento da pessoa jurídica interposta com a definição do vínculo de emprego na recorrente. Primeiros quinze dias de afastamento por doença Tratamos aqui da incidência da contribuição previdenciária sobre os pagamentos ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por doença. Inicialmente esclarecemos que tais pagamentos não têm a natureza jurídica de auxíliodoença, de benefício previdenciário, uma vez que este só existirá se o trabalhador ficar incapacitado por mais de quinze dias. Aqui não tratamos, portanto de auxíliodoença. É o que extraímos da Lei 8.213/91, in verbis: Lei 8.213/91 Art. 59. O auxíliodoença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxíliodoença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. Entendemos que o afastamento remunerado por até quinze dias do trabalho por motivo de doença é um direito do trabalhador que é suportado pelo empregador. Tem natureza similar ao 13º, às férias e ao descanso semanal remunerado. Nessa situação, a relação contraprestacional não é direta, mas indireta. O empregador sabe que deve pagar um salário pelo serviço prestado, bem como alguns benefícios concedidos legalmente, ou constitucionalmente em muitos casos, ao trabalhador. Entre tais Fl. 350DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 345 13 benefícios está o de receber seu salário do empregador por até quinze dias em caso de doença. É uma relação contraprestacional indireta, mas existente. O argumento, usado em algumas jurisprudências, de que se trata de verba indenizatória falha ao não demonstrar qual é o dano causado pelo empregador ao empregado que estaria sendo indenizado. Insistimos que não se trata de verba indenizatória, mas benefício decorrente da relação trabalhista e que compõe a folha de salários. Adicional de 1/3 de férias. Incidência da Contribuição. Quanto à verba recebida a título de férias e seu terço constitucional, essa rubrica também ostenta natureza remuneratória, sendo, portanto, passível da incidência da contribuição previdenciária. O STJ tem entendimento pacificado no sentido de que a referida parcela possui caráter remuneratório, verbis: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ART. 3º DA LC 118∕2005.INCONSTITUCIONALIDADE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO MATERNIDADE E ADICIONAL DE FÉRIAS. INCIDÊNCIA.1. Conforme decidido pela Corte Especial (AI nos EREsp 644736∕PE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 6.6.2007, DJ 27.8.2007), é inconstitucional asegunda parte do art. 4º da LC 118∕2005, que determina a aplicação retroativa do disposto em seu art. 3º. 2. O saláriomaternidade tem natureza salarial e integra a base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Precedentes do STJ. 3. A Primeira Seção pacificou o entendimento de que incide Contribuição Previdenciária sobre a gratificação natalina (13º salário) e o acréscimo de 1∕3 sobre a remuneração de férias, direitos assegurados pela Constituição aos empregados e aos servidores públicos, por integrarem o conceito de remuneração. Precedente: REsp 731.132∕PE (Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJ 20.10.2008) 4. Agravos Regimentais não providos” [g.n.] (AgRg no REsp 1.076.883∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 17∕2∕2009, DJe 19∕3∕2009). “TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.783∕99. 1. No regime previsto no art. 1º e seu parágrafo da Lei 9.783∕99 (hoje revogado pela Lei 10.887∕2004), a contribuição social do servidor público para a manutenção do seu regime de previdência era "a totalidade da sua remuneração", na qual se compreendiam, para esse efeito, "o vencimento do cargo efetivo, acrescido de vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual, ou Fl. 351DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 14 quaisquer vantagens, excluídas: I as diárias para viagens, desde que não excedam a cinqüenta por cento da remuneração mensal; II a ajuda de custo em razão de mudança de sede; III a indenização de transporte; IV o salário família". 2. A gratificação natalina (13º salário), o acréscimo de 1∕3 sobre a remuneração de férias e o pagamento de horas extraordinárias, direitos assegurados pela Constituição aos empregados (CF, art. 7º, incisos VIII, XVII e XVI) e aos servidores públicos (CF, art. 39, § 3º), e os adicionais de caráter permanente (Lei 8.112∕91, art. 41 e 49) integram o conceito de remuneração, sujeitando se, conseqüentemente, à contribuição previdenciária. 3. O regime previdenciário do servidor público hoje consagrado na Constituição está expressamente fundado no princípio da solidariedade (art. 40 da CF), por força do qual o financiamento da previdência não tem como contrapartida necessária a previsão de prestações específicas ou proporcionais em favor do contribuinte. A manifestação mais evidente desse princípio é a sujeição à contribuição dos próprios inativos e pensionistas. 4. Recurso especial improvido” [g.n.] (REsp 512.848∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 12∕9∕2006, DJ 28∕9∕2006, grifo nosso). Da contribuição ao INCRA Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. Não se olvida que a contribuição destinada ao INCRA tenha natureza distinta das contribuições sociais da Seguridade Social. As competências do INCRA são atribuídas pela sua lei de criação e o Estatuto da Terra: “DECRETOLEI Nº 1.110, DE 9 DE JULHO DE 1970. Regulamento Cria o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), extingue o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário e o Grupo Executivo da Reforma Agrária e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item I, da Constituição, DECRETA: Art. 1º É criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), entidade autárquica, vinculada ao Ministério da Agricultura, com sede na Capital da República. Art. 2º Passam ao INCRA todos os direitos, competência, atribuições e responsabilidades do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA) e do Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA), que ficam extintos a partir da posse do Presidente do novo Instituto. Fl. 352DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 346 15 LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) I O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA); (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) II O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas Delegacias Regionais; (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) III as Comissões Agrárias. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969) Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos para o zoneamento do país em regiões homogêneas do ponto de vista sócioeconômico e das características da estrutura agrária, visando a definir: I as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos minifúndios e dos latifúndios; II as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que não ocorram tensões nas estruturas demográficas e agrárias; III as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada; IV as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento, povoamento e colonização de áreas pioneiras. Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da Agricultura, o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica vinculada ao mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo com o prescrito nos dispositivos seguintes: I o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo; II o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio definidos na presente Lei; Fl. 353DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 16 III o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e um Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República, mediante indicação do Ministro da Agricultura; IV Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão de Planejamento da Política Agrícola; ...” Vale enfatizar, porque importante, que a contribuição ao INCRA não alcança exclusivamente a produção rural, conforme sua lei de instituição, que relaciona atividades industriais que podem ser desenvolvidas tanto no meio rural como nas regiões urbanas: “DECRETOLEI Nº 1.146, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1970. Consolida os dispositivos sobre as contribuições criadas pela Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955 e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 55, item II, da Constituição, DECRETA: Art. 1º As contribuições criadas pela Lei nº 2.613, de 23 de setembro 1955, mantidas nos termos deste DecretoLei, são devidas de acordo com o artigo 6º do DecretoLei nº 582, de 15 de maio de 1969, e com o artigo 2º do DecretoLei nº 1.110, de 9 julho de 1970: I Ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA: 1 as contribuições de que tratam os artigos 2º e 5º deste DecretoLei; 2 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o art. 3º deste Decretolei. II Ao Fundo de Assistência do Trabalhador Rural FUNRURAL, 50% (cinqüenta por cento) da receita resultante da contribuição de que trata o artigo 3º deste Decretolei. Art 2º A contribuição instituída no " caput " do artigo 6º da Lei número 2.613, de 23 de setembro de 1955, é reduzida para 2,5% (dois e meio por cento), a partir de 1º de janeiro de 1971, sendo devida sobre a soma da folha mensal dos salários de contribuição previdenciária dos seus empregados pelas pessoas naturais e jurídicas, inclusive cooperativa, que exerçam as atividades abaixo enumeradas: I Indústria de canadeaçúcar; II Indústria de laticínios; III Indústria de beneficiamento de chá e de mate; Fl. 354DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 347 17 IV Indústria da uva; V Indústria de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de algodão; VI Indústria de beneficiamento de cereais; VII Indústria de beneficiamento de café; VIII Indústria de extração de madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; IX Matadouros ou abatedouros de animais de quaisquer espécies e charqueadas. “ Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que também se consolidou no Supremo Tribunal Federal: “PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL E INCRA EMPRESA URBANA LEGALIDADE ORIENTAÇÃO DESTA PRIMEIRA SEÇÃO, SEGUINDO A JURISPRUDÊNCIA DO STF RECURSO NÃO ADMITIDO SÚMULA 168/STJ AGRAVO REGIMENTAL AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA MERA REPETIÇÃO DAS RAZÕES DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA IRRESIGNAÇÃO MANIFESTAMENTE INFUNDADA RECURSO NÃO CONHECIDO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. 1. Nos termos da orientação desta Primeira Seção e do Supremo Tribunal Federal, é legítimo o recolhimento da contribuição social para o FUNRURAL e INCRA pelas empresas urbanas. Considerando que o acórdão embargado corroborou esse entendimento, correta é a aplicação da Súmula 168 desta Corte Superior. 2. Não tendo a agravante rebatido especificamente os fundamentos da decisão recorrida, limitandose a reproduzir as razões oferecidas nos embargos de divergência, é inviável o conhecimento do recurso. 3. Tratandose de agravo interno manifestamente infundado, impõese a condenação da agravante ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, nos termos do art. 557, § 2º, do Código de Processo Civil. 4. Agravo interno não conhecido, com aplicação de multa. (AgRg nos EREsp 530802/GO. Primeira Seção. Relatora Ministra DENISE ARRUDA. Julgamento 13/04/2005. DJ 09/05/2005, p. 291) (sem grifos no original).” A seu turno, destaquese ementa no Agravo Regimental do Recurso Extraordinário de n ° 211.190, publicado no Diário da Justiça em 29 de novembro de 2002: Fl. 355DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 18 “EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA A FINANCIAR O FUNRURAL. VIOLAÇÃO DO PRECEITO INSCRITO NO ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO INSUBSISTENTE. A norma do artigo 195, caput, da Constituição Federal, preceitua que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem expender qualquer consideração acerca da exigibilidade de empresa urbana da contribuição social destinada a financiar o FUNRURAL. Precedentes. Agravo regimental não provido.” Desta forma, não vislumbro reparos na decisão recorrida neste ponto. Contribuição ao SEBRAE Sobre a alegação de ilegalidade na imputação de contribuição ao SEBRAE, esclarecemos a recorrente que todas as empresas vinculadas ao SESI/SENAI, ao SESC/SENAC e ao SEST/SENAT são contribuintes do SEBRAE. A contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) foi criada pela Lei nº 8.029, de 12/04/90, que autorizou o Poder Executivo a desvincular da Administração Pública Federal o antigo CEBRAE, mediante sua transformação em serviço social autônomo, consoante disposto no artigo 8º: Art. 8º É o Poder Executivo autorizado a desvincular, da Administração Pública Federal, o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa – CEBRAE, mediante sua transformação em serviço social autônomo. ................................................................................................ § 3º As contribuições relativas às entidades de que trata o artigo 1º do DecretoLei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986, poderão ser majoradas em até 0,3% (três décimos por cento), com vistas a financiar a execução da política de Apoio às Microempresas e às Pequenas Empresas. § 4º O adicional da contribuição a que se refere o parágrafo anterior será arrecadado e repassado mensalmente pelo órgão competente da Previdência e Assistência Social ao CEBRAE. O artigo 1º do DecretoLei nº 2.318/86 dispõe sobre a cobrança, fiscalização, arrecadação e repasse às entidades das contribuições para o SENAI, SENAC, SESI e SESC. O Poder Executivo, fazendo uso da autorização legal, editou o Decreto nº 99.570, de 09/10/90, transformando o CEBRAE no atual SEBRAE, conforme o artigo 1º: Art. 1º Fica desvinculado da Administração Pública Federal o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresas – CEBRAE e transformado em serviço social autônomo. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 348 19 Parágrafo único. O Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresas – CEBRAE, passa a denominarse Serviço Brasileiro de Apoio às Microempresas – SEBRAE. Do mesmo modo que a Lei nº 8.029/90, o Decreto nº 99.570/90 manteve a autorização para o INSS arrecadar o adicional da contribuição, com o repasse ao SEBRAE, nos termos do artigo 6º, que assim dispõe: Art. 6º O adicional de que trata o parágrafo 3º do art. 8º da Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, será arrecadado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS e repassado ao SEBRAE no prazo de trinta dias após a sua arrecadação. Já em 28/12/1990, foi editada a Lei nº 8.154, que em seu artigo 8º, definiu os percentuais devidos a título do adicional da contribuição, da seguinte forma: Art. 8º (...) § 3º Para atender à execução da política de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, é instituído adicional às alíquotas das contribuições sociais relativas às entidades de que trata o artigo 1º do Decreto Lei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986, de: a. 0,1% (um décimo por cento) no exercício de 1991; b. 0,2% (dois décimos por cento) em 1992; e c. 0,3% (três décimos por cento) a partir de 1993. Desta forma, podemos perceber que a questionada contribuição destinada ao custeio do Serviço de Apoio às Microempresas e às Pequenas Empresas, foi criada como uma majoração das contribuições devidas ao SESI/SENAI, SESC/SENAC e, posteriormente, ao SEST/SENAT, criado após o acima mencionado decretolei, por meio do art. 7º da Lei nº 8.706, de 14/09/1993. Conseqüentemente, todas as pessoas jurídicas obrigadas ao recolhimento da contribuição devida às referidas entidades, por força dos dispositivos legais retro transcritos, passaram a ser obrigadas ao recolhimento do adicional devido ao SEBRAE. Apenas para ilustrar, em relação à cobrança das contribuições destinadas ao SEBRAE, segue ementa do entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região: Tributário – Contribuição ao Sebrae – Exigibilidade. 1. O adicional destinado ao Sebrae (Lei nº 8.029/90, na redação dada pela Lei nº 8.154/90) constitui simples majoração das alíquotas previstas no DecretoLei nº 2.318/86 (Senai, Senac, Sesi e Sesc), prescindível, portanto, sua instituição por lei complementar. 2. Prevê a Magna Carta tratamento mais favorável às micro e pequenas empresas para que seja promovido o progresso nacional. Para tanto submete à exação pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. 3. Precedente da 1ª Seção desta Corte (EIAC n 2000.04.01.1069909). Fl. 357DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 20 ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos entre as partes acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 17 de junho de 2003. (TRF 4ª R – 2ª T – Ac. nº 2001.70.07.0020183 – Rel. Dirceu de Almeida Soares – DJ 9.7.2003 – p. 274) Na mesma linha é o pensamento do STJ, conforme ementa do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento de n ° 840946 / RS, publicado no Diário da Justiça em 29 de agosto de 2007: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES AO SESC, AO SEBRAE E AO SENAC RECOLHIDAS PELAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – PRECEDENTES. 1. A jurisprudência renovada e dominante da Primeira Seção e da Primeira e da Segunda Turma desta Corte se pacificou no sentido de reconhecer a legitimidade da cobrança das contribuições sociais do SESC e SENAC para as empresas prestadoras de serviços. 2. Esta Corte tem entendido também que, sendo a contribuição ao SEBRAE mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, devem recolher aquela contribuição todas as empresas que são contribuintes destas. 3. Agravo regimental improvido. Desse modo, não procede o argumento da recorrente de que as contribuições destinadas ao SEBRAE não podem ser exigidas. Multas no lançamento de ofício após a edição da MP 449 convertida na Lei 11.941/2009. Antes da MP 449, se a fiscalização das contribuições previdenciárias constatasse o não pagamento de contribuições, sejam aquelas já declaradas em GFIP, omitidas da GFIP ou mesmo omitidas da escrituração ocorria a aplicação de multa de mora, sendo que esta partia de 12% e poderia chegar a 100%, segundo o inciso II do art. 35 da Lei 8.212/91. Além disso, a fiscalização lançava as multas dos §§4º, 5º e 6º do art. 32 por incorreções ou omissões na GFIP. O §4º tratava da não apresentação da GFIP, o §5º da apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores e o §6º referiase a apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores. Com a edição da referida MP, foi instituído o art. 32A da Lei 8.212/91 que trata da falta de apresentação da GFIP, bem como trata da apresentação com omissões ou incorreções. Porém, foi também previsto, no art. 35A, a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 para os casos de lançamento de ofício. Interessanos o inciso I do referido dispositivo no qual temos a multa de 75% sobre a totalidade do imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 349 21 Tais inovações legislativas associadas ao fato de a fiscalização realizar lançamento que abrangem os últimos cinco anos e de existirem lançamentos pendentes de definitividade na esfera administrativa no momento da edição da novel legislação colocamnos diante de duas situações: • Lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta; • Lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Vamos analisar individualmente cada uma das situações. Lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta Para os lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta, o procedimento de ofício está previsto no art. 35A da Lei 8.212/91, o que resulta na aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 e na impossibilidade de aplicação da multa de mora prevista no art. 35 da Lei 8.212/91. Assim, se constatar diferença de contribuição, a fiscalização, além do próprio tributo, lançará a multa de ofício que parte de 75% e pode chegar a 225% nas hipóteses de falta de recolhimento, falta de declaração ou declaração inexata. A falta de recolhimento é uma hipótese nova de infração que, portanto, só pode atingir os fatos geradores posteriores a MP 449. Por outro lado, com relação às contribuições previdenciárias, a falta de declaração e a declaração inexata referemse a GFIP e são infrações que já eram punidas antes da MP 449. A falta de GFIP era punida pelo §4º do art. 32 da Lei 8.212/91 e a declaração inexata da GFIP era punida tanto pelo §5º quanto pelo 6º do mesmo artigo, a depender da existência (§5º) ou não (§6º) de fatos geradores da contribuição relacionados com as incorreções ou omissões. É certo que, a princípio, podemos vislumbrar duas normas punitivas para a não apresentação e a apresentação inexata da GFIP relacionada a fatos geradores de contribuições: o art. 32A da Lei 8.212/91 e o inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Tendo em conta o princípio geral do Direito Tributário de que a mesma infração não pode ser sancionada com mais de uma penalidade, temos que determinar qual penalidade aplicar. Numa primeira análise, vislumbramos que o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 seria aplicável para os casos relacionados à existência de diferença de contribuição ao passo que o art. 32A da Lei 8.212/91 seria aplicável aos casos nos quais não houvesse diferença de contribuição. No entanto, tal conclusão não se sustenta se analisarmos mais detidamente o conteúdo do art. 32A da Lei 8.212/91. No inciso II, temos a previsão da multa de “de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, (...)”. Claramente, o dispositivo em destaque estipula a multa aplicável Fl. 359DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 22 quando houver contribuições apuradas, recolhidas ou não, nos casos nos quais a GFIP não for apresentada ou for apresentada fora de prazo. Logo, podemos concluir que tal inciso aplicase também àquelas situações em que há apuração de diferença de contribuição. Confirmando tal conclusão, temos o inciso II do §3º do mesmo artigo que estipula a multa mínima aplicável nos casos de omissão de declaração com ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária. Portanto, diversamente do que preliminarmente concluímos, tanto o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 quanto o art. 32A da Lei 8.212/91 são aplicáveis aos casos de falta de declaração ou declaração inexata de GFIP quando for apurada diferença de contribuição em procedimento de ofício. Temos, então, configurado um aparente conflito de normas que demanda a aplicação das noções da teoria geral do Direito para sua solução. Três critérios são normalmente levados em conta para a solução de tais antinomias: critério cronológico, critério da especialidade e critério hierárquico. O critério cronológico (norma posterior prevalece sobre norma anterior) não nos ajuda no presente caso, uma vez que a determinação de aplicarmos o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 e a inclusão do art. 32A da Lei 8.212/91 foram veiculados pela mesma Lei 11.941/2009. O critério hierárquico também não soluciona a antinomia, posto que são normas de igual hierarquia. Restanos o critério da especialidade. Observamos que o art. 44, inciso I da Lei 9.430/86 referese, de maneira genérica, a uma falta de declaração ou declaração inexata, sem especificar qual seria a declaração. Diversamente, o art. 32A faz menção específica em seu caput à GFIP no trecho em que diz “o contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei(...)”. Logo, consideramos que no conflito entre o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 e o art. 32A da Lei 8.212/91, este último é norma específica no tocante à GFIP e, seguindo o critério da especialidade, deve ter reconhecida a prevalência de sua força vinculante. Em adição, a aplicação do art. 32A da Lei 8.212/91 pode ser justificada pelo nítido caráter indutor que a penalidade do art. 32A assume, facilitando , no futuro, o cálculo do benefício previdenciário. Pretende a norma do art. 32A estimular a apresentação da GFIP na medida em que a penalidade é reduzida à metade se a declaração for apresentada antes de qualquer procedimento de ofício (§2º, inciso I); ou reduzida a 75% se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação(§2º, inciso II). Esse estímulo pode ser compreendido em benefício do trabalhador na medida em que as informações da GFIP servirão como prova a favor deste no cálculo da benefício previdenciário, tendo em conta que, segundo o §3º do art. 29 da Lei 8.213/91, “serão considerados para cálculo do saláriodebenefício os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo terceiro salário (gratificação natalina).” Se o cálculo do saláriodebenefício considerará a base de cálculo das contribuições, certamente a GFIP é um importante meio de prova dos valores sobre os quais incidiram as contribuições. Se aplicássemos o art. 44, inciso I da Lei 9.430/96, não haveria qualquer mecanismo de estímulo ao empregador para apresentar a GFIP. Iniciado o procedimento de ofício, seria aplicada, no mínimo, a multa de 75% sobre a diferença das contribuições sem que a apresentação da GFIP pudesse alterar tal valor. O empregador poderia simplesmente pagar a multa e continuar omisso em relação à GFIP, deixando o empregado sem este importante meio de prova para o cálculo do benefício de aposentadoria. Fl. 360DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 350 23 Assim, a hermenêutica sistemática considerando o regime jurídico previdenciário reforça a necessidade de prevalência do art. 32A. Portanto, seja pela aplicação do critério da especialidade ou pela hermenêutica sistemática considerando o regime jurídico previdenciário, temos justificada a aplicação do art. 32A no caso de omissão na apresentação da GFIP ou apresentação desta com informações inexatas. Acrescentamos que não há no regime jurídico do procedimento de ofício previsto na MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, a previsão para multa de mora pelo fato de ter ocorrido atraso no recolhimento. Tratase de infração – o atraso no recolhimento que deixou de ser punida por meio de procedimento de ofício. Outra infração similar, mas não idêntica, foi eleita pela lei: a falta de recolhimento. Podemos assim resumir o regime jurídico das multas a partir de 12/2008: • A multa de mora, se aplicada, deve ser afastada; • A multa de ofício de 75% é aplicada pela falta de recolhimento da contribuição, podendo ser majorada para 150% em conformidade com o §1º do art. 44 das Lei 9.430/96, ou seja, nos casos em que existam provas de atuação dolosa de sonegação, fraude ou conluio. A majoração poderá atingir 225% no caso de não atendimento de intimação no prazo marcado, conforme §2º do art. 44 da Lei 9.430/96; • A multa pela falta de apresentação da GFIP ou apresentação deficiente desta é aquela prevista no art. 32A da Lei 8.212/91. Nesses termos, temos como delineado o novo regime jurídico das multas em lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previsto pela MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, aplicável aos fatos geradores ocorridos após a edição da referida MP. Lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Com base nesse novo regime jurídico vamos determinar a penalidade aplicável à outra situação, ou seja, para os casos de lançamento relacionado aos fatos geradores anteriores à edição da MP porém ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa. Para tanto, devemos tomar o conteúdo do art. 144 do CTN em conjunto com o art. : Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades Fl. 361DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 24 administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A interpretação conjunta desses dois dispositivos resulta na conclusão de que devemos aplicar o regime jurídico das penalidades conforme a lei vigente na data da ocorrência dos fatos geradores, salvo se lei posterior houver instituído penalidade menos severa ou houver deixado de definir um fato como infração. Para os lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, de plano devemos afastar a incidência da multa de mora, pois a novo regime jurídico do lançamento de ofício deixou de punir a infração por atraso no recolhimento. O novo regime pune a falta de recolhimento que, apesar de similar, não pode ser tomada como idêntica ao atraso. O atraso é graduado no tempo, ao passo que a falta de recolhimento é infração instantânea e de penalidade fixa. No regime antigo, o atraso era punido com multa de mora de 12% a 100%, ao passo que no regime atual o atraso não é punível em procedimento de ofício e pode atingir até 20% nos casos em que não há lançamento de ofício. Nossa conclusão de afastar a multa de mora pode também ser amparada no princípio da isonomia. Vejamos um exemplo. Duas empresas, A e B, atuam no mesmo ramo, tem a mesma estrutura de pessoal e de remuneração, bem como utilizam o mesmo escritório contábil para tratar de sua vida fiscal. A empresa A foi fiscalizada em 2007 com relação aos fatos geradores de 2006 e teve contra si lançada a contribuição, a multa de mora e a multa por incorreções na GFIP prevista no art. 32, §5º da Lei 8.212/91. Quando do julgamento de seu processo, considerando o novo regime de multas segundo nossa interpretação, o órgão julgador manteve o lançamento, mas determinou que a multa relacionada à GFIP fosse comparada com a multa do 32A da Lei 8.212/91. A empresa B foi fiscalizada em 2009 com relação aos fatos geradores de 2006 e teve contra si lançada a contribuição, sem aplicação de multa de mora, e a multa pela Fl. 362DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 351 25 declaração inexata da GFIP com base no art. 32A da Lei 8.212/91 ou com base no art. 32, §5º da Lei 8.212/91, o que lhe for mais favorável. Facilmente pode ser notado que a empresa B responde por crédito tributário menor que a empresa A, pois não foi aplicada a multa de mora. Somente com a aplicação do art. 106, inciso II, alínea “a” do CTN para afastar a multa de mora no caso da empresa A é que teremos restaurada a situação de igualdade entre as empresas A e B. No tocante às penalidades relacionadas com a GFIP, deve ser feito o cotejamento entre o novo regime – aplicação do art. 32A para as infrações relacionadas com a GFIP – e o regime vigente à data do fato gerador – aplicação dos parágrafos do art. 32 da Lei 8.212/91, prevalecendo a penalidade mais benéfica ao contribuinte em atendimento ao art. 106, inciso II, alínea “c”. Tal procedimento aplicase, inclusive, para a multa de ofício aplicada com fundamento no art. 44, inciso I da Lei 9.430/96 motivada por falta de declaração ou declaração inexata. Passamos a resumir nossa posição sobre o regime jurídico de aplicação das multas para fatos geradores até 11/2008: • A multa de mora, se aplicada ou considerada na apuração do regime mais benéfico, deve ser afastada; • As multas por infrações relacionadas a GFIP (falta de apresentação ou apresentação deficiente), previstas nos parágrafos do art. 32 da Lei 8.212/91, devem ser comparadas com a multa do art. 32A da Lei 8.212/91, devendo prevalecer aquela que for mais benéfica ao contribuinte. Tal posição é aplicável inclusive para situações nas quais a fiscalização tenha feito sua análise de retroatividade benéfica, com a qual não concordamos, e aplicado a multa de 75% do art. 44 da Lei 9.430/96. Para o período posterior a MP 449, a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 foi realizada acertadamente e nada temos a acrescentar. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, de modo a determinar, em relação às multas aplicadas até 11/2008, para as infrações relacionadas com as contribuições previdenciárias e SAT/RAT, o cotejamento entre o novo regime – aplicação do art. 32A para as infrações relacionadas com a GFIP – e o regime vigente à data do fato gerador – aplicação dos parágrafos do art. 32 da Lei 8.212/91, com afastamento, na comparação, da multa de mora; para o mesmo período em relação às contribuições de terceiros, determinar o afastamento da multa de mora. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 363DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 26 Voto Vencedor Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes Redator Designado: DA MULTA APLICADA Sobre a multa aplicada, tornase importante apreciar a matéria, tendo em vista se tratar de questão de ordem pública. Dessa forma, em respeito ao art. 106 do CTN, inciso II, alínea “c”, deve o Fisco perscrutar, na aplicação da multa, a existência de penalidade menos gravosa ao contribuinte. No caso em apreço, esse cotejo deve ser promovido em virtude das alterações trazidas pela Lei nº 11.941/2009 ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que instituiu mudanças à penalidade cominada pela conduta da Recorrente à época dos fatos geradores. Assim, identificando o Fisco benefício ao contribuinte na penalidade nova, essa deve retroagir em seus efeitos, conforme ocorre com a nova redação dada ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991 que assim dispõe: “Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” E o supracitado art. 61, da Lei nº 9.430/96, por sua vez, assevera que: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento.” Confrontando a penalidade retratada na redação original do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a que ora dispõe o referido dispositivo legal, vêse que a primeira permitia que a multa atingisse o patamar de cem por cento, dado o estágio da cobrança do débito, ao passo que a nova limita a multa a vinte por cento. Sendo assim, diante da inafastável aplicação da alínea “c”, inciso II, art. 106, do CTN, concluise pela possibilidade de aplicação da multa prevista no art. 61 da Lei nº Fl. 364DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 352 27 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991, se for mais benéfica para o contribuinte. In casu, dado o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL aplicando nas autuações 37.304.4615 e 37.304.4615, a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, até a competência 11/2008. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 28 Declaração de Voto Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes: Adicional constitucional de um terço Em relação ao terço adicional de férias, entendo que essa verba tem natureza compensatória e não possui natureza remuneratória ao contrário do que afirma o nobre relator, pois é um reforço financeiro para que o trabalhador possa usufruir de forma plena o direito constitucional do descanso remunerado. Nos termos do art. 201, § 11, da CF, somente as parcelas incorporáveis ao salário para fins de aposentadoria sofrem a incidência da contribuição previdenciária, verbis: “§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei”. Em novembro de 2009, o STJ resolveu adequar a sua jurisprudência ao entendimento firmado pelo STF para declarar que a contribuição previdenciária não incide sobre o terço de férias. A decisão nos Embargos de Divergência 956.289 serviu para se adequar ao entendimento da Corte Suprema, concluindo pela nãoincidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, verbis: “TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS NATUREZA JURÍDICA NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO ADEQUAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ AO ENTENDIMENTO FIRMADO NO PRETÓRIO EXCELSO. 1. A Primeira Seção do STJ considera legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. Precedentes. 2. Entendimento diverso foi firmado pelo STF, a partir da compreensão da natureza jurídica do terço constitucional de férias, considerado como verba compensatória e não incorporável à remuneração do servidor para fins de aposentadoria. 3. Realinhamento da jurisprudência do STJ, adequandose à posição sedimentada no Pretório Excelso. 4. Embargos de divergência providos. (EREsp 956289/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 10/11/2009)” Sendo certo que a verba recebida a título de férias possui natureza salarial e integra o saláriodecontribuição, ostenta natureza remuneratória, sendo, portanto, parcela passível da incidência da contribuição previdenciária, razão não assiste ao contribuinte nesses pontos. (cf. REsp 1098102/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 17/06/2009). Remuneração durante os quinze primeiros dias do auxíliodoença Fl. 366DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.722099/201127 Acórdão n.º 230102.815 S2C3T1 Fl. 353 29 Quanto a contribuição previdenciária sobre a remuneração paga, durante os quinze primeiros dias do auxíliodoença, entendese tratar de verba não salarial, incidindo, assim, a regra de isenção do art. 28, § 9º, al. “a”, 1ª parte da Lei n. 8.212/91. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem entendimento firmado acerca da não incidência tributária, uma vez que tal verba não tem natureza salarial, verbis: “TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – VERBAS RECEBIDAS NOS 15 (QUINZE) PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO POR MOTIVO DE DOENÇA – IMPOSSIBILIDADE – BENEFÍCIO DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA – RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS – INTEMPESTIVIDADE. 1. O recurso especial interposto antes do julgamento dos embargos de declaração ou dos embargos infringentes opostos junto ao Tribunal de origem deve ser ratificação no momento oportuno, sob pena de ser considerado intempestivo. Precedente da Corte Especial do STJ. 2. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que não incide a contribuição previdenciária sobre a remuneração paga pelo empregador ao empregado, durante os primeiros dias do auxíliodoença, uma vez que tal verba não tem natureza salarial. Inúmeros precedentes. 3. Primeiro recurso especial não conhecido. Segundo recurso especial não provido”. [g.n.] (REsp 793796/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/05/2008, DJe 26/05/2008). “TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIODOENÇA. QUINZE PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO. NÃOINCIDÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Tratam os autos de mandado de segurança impetrado por HAENSSGEN S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO objetivando a declaração da ilegalidade da exigência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de auxílio doença ao empregado nos primeiros quinze (15) dias de afastamento do trabalho, além da compensação das parcelas discutidas dos últimos dez (10) anos. Sentença que julgou improcedente o pedido "denegando a segurança pleiteada e extinguindo o processo com julgamento de mérito, forte no art. 269, I, do Código de Processo Civil". (fl. 60). Interposta apelação, o Tribunal de origem, por unanimidade, negoulhe provimento (fls. 95/97) por entender que é incontroversa a natureza salarial do auxílio doença devido pela empresa até o 15º dia de afastamento do trabalhador razão pela qual deve incidir contribuição previdenciária. No recurso especial, além de divergência jurisprudencial, a empresa recorrente alega negativa de vigência do art. 60, § 3º, da Lei nº 8.212/91 e divergência Fl. 367DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA 30 jurisprudencial. Em suas razões alega que a verba que a empresa paga aos funcionários durante os 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do trabalho, por motivo de doença, não tem natureza salarial, razão pela qual não deve incidir a contribuição previdenciária. Sem contrarrazões, conforme certidão de fl. 130. 2. A diferença paga pelo empregador, nos casos de auxíliodoença, não tem natureza remuneratória. Não incide, portanto, sobre o seu valor, contribuição previdenciária. 3. Precedentes: REsp 479935/DF, DJ de 17/11/2003, REsp 720817/SC, DJ de 21/06/2005, REsp 550473/RS, DJ de 26/09/2005. 4. Recurso especial provido”. [g.n.] (REsp 783804/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/11/2005, DJ 05/12/2005, p. 253) Assim como no auxíliodoença, o valor pago nos primeiros quinze dias de afastamento do funcionário por motivo de acidente é isento da contribuição previdenciária. O auxílioacidente ostenta, da mesma forma, natureza indenizatória, porquanto destinase a compensar o segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, razão pela qual consubstancia verba infensa à incidência da contribuição previdenciária. O STJ também tem inúmeros precedentes sobra a matéria, v.g.: “3. O auxílio acidente ostenta natureza indenizatória, porquanto destinase a compensar o segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, consoante o disposto no § 2º do art. 86 da Lei n. 8.213/91, razão pela qual consubstancia verba infensa à incidência da contribuição previdenciária. Precedentes.” (REsp 1098102/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 17/06/2009. No mesmo sentido: REsp 973436/SC, Rel. Ministro José Delgado, DJ 25/02/2008, p. 290). Sendo pacífico o entendimento no STJ sobre ilegalidade da exigência de contribuição previdenciária sobre valores pagos a título de auxíliodoença e auxílioacidente nos primeiros quinze dias de afastamento do empregado, assiste razão o sujeito passivo, devendo ser afastada da tributação neste ponto. (assinado digitalmente)\ Damião Cordeiro de Moraes Fl. 368DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 04/10 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/07/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 10/07/2012 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001410/2003-86
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1997, 1998
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO.
A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento, é o constante no §4º, artigo 150, do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543 - C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o caput do artigo 62 - A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal.
Numero da decisão: 9900-000.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao Recurso Extraordinário. Vencidos os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres e Julio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : PIS - ação fiscal (todas)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Pleno
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1997, 1998 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO. A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento, é o constante no §4º, artigo 150, do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543 - C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o caput do artigo 62 - A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal.
turma_s : PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 16327.001410/2003-86
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5200557
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 9900-000.342
nome_arquivo_s : Decisao_16327001410200386.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 16327001410200386_5200557.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao Recurso Extraordinário. Vencidos os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres e Julio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
id : 4538946
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394235342848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF‐PL Fl. 360 1 359 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001410/200386 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9100000.342–Pleno Sessão de 28 de agosto de 2012 Matéria DECADÊNCIA Recorrente PROCURADORIA FAZENDA NACIONAL Recorrida BANCO ITAU SA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1997, 1998 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO. A contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, havendo pagamento, é o constante no §4º, artigo 150, do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543 C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o “caput” do artigo 62 A do Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao Recurso Extraordinário. Vencidos os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres e Julio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR – Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 10 /2 00 3- 86 Fl. 360DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 361 2 Participaram do julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 01/07) lavrado em 22/04/2003 para constituição de crédito tributário referente ao PIS do período de 07/1997 a 02/1998. Cumpre destacar que o contribuinte impetrou mandado de segurança objetivando afastar a exigência de recolhimento da contribuição ao PIS no período de 30/06/97 a 01/03/98 (término da vigência da EC 10/96 e início da vigência da EC 17/97, aplicandose a irretroatividade e a anterioridade nonagesimal violadas por essa emenda), por não haver legislação específica. Entretanto, a pretensão do contribuinte não foi acolhida e a exigência do recolhimento não foi afastada. Ao analisar a questão, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo SP considerou procedente o lançamento, porque entendeu que, no caso, o tributo deve obedecer ao disposto no artigo 45 da Lei 8.212/91, razão pela qual o prazo para apuração e constituição do crédito relativo à contribuição lançada é de 10 anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, ao apreciar a matéria, tanto em grau de Recurso Voluntário, quanto em grau de Recurso Especial deu provimento ao recurso apresentado pelo contribuinte e o acórdão restou assim ementado: “PIS. DECADÊNCIA. ART. 150, § 4º, CTN. ART. 45, LEI Nº 8.212/91. NÃO APLICAÇÃO. O prazo decadencial para a Contribuição para o Programa de Integração Social PIS é o estabelecido no art. 150, § 4o , do CTN, não se aplicando o art. 45 da Lei n.° 8.212/91 por ser inconstitucional. Precedentes do Pleno do Egrégio STF que vinculam o julgador administrativo, conforme art.1º odo Decreto n.° 2.346/97. Recurso especial negado.” Fl. 361DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 362 3 Temse, portanto, que na ocasião do julgamento, a Turma Julgadora afastou a aplicação do artigo 45 da lei nº 8.212/1991 e entendeu que o prazo decadencial deveria ser verificado nos termos do artigo 150, § 4º do CTN. A Fazenda Nacional apresentou Recurso Extraordinário (fls.259 a 274), nos termos do artigo 9º do Regimento Interno desta E. Câmara Superior, aprovado pela Portaria MF nº 147 de 25/06/2007, oportunidade em que não questionou o prazo de 10 anos da lei 8.212/91, mas apenas alegou que o acórdão recorrido diverge da jurisprudência de outras turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais quanto à forma de contagem e prazo decadencial para constituição do crédito tributário. Trouxe aos autos, como paradigma, o acórdão CSRF/01 03.167 de 07 de novembro de 2000, assim ementado: “PIS/FATURAMENTO TRIBUTAÇÃO REFLEXA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO x LANÇAMENTO DE OFÍCIO DECADÊNCIA – No lançamento por homologação o que se homologa é o pagamento. Constatada pelo Fisco falta de pagamento de tributo ou insuficiência do pagamento, objeto de auto de infração, a hipótese é de lançamento ex oficio. Com relação ao PIS/FATURAMENTO, decorrente da fiscalização do IRPJ, o instituto da decadência regese pelo disposto no art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Recurso Especial Provido.” É o relatório. Voto O Recurso Extraordinário apresentado propõe a revisão da decisão proferida em sede de Recurso Especial, com fundamento na existência de divergência jurisprudencial, uma vez que a decisão recorrida embasase no fato de que o prazo decadencial deve ser contado conforme o art. 150, § 4º, do CTN, isto é, cinco anos a partir da data da ocorrência do fato gerador e o paradigma oferecido preconiza que deve ser contado conforme o art. 173, I, do CTN. Assim, de acordo com o defendido no julgado aqui combatido, o prazo decadencial para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação deve ser contado a partir do fato gerador, nos termos do art.150, § 4°, do CTN, independentemente de haver ou não pagamento antecipado pelo contribuinte. E, de maneira oposta é o entendimento do acórdão paradigma apresentado pelo Recorrente que defende que, nos casos em que o tributo é sujeito ao lançamento por homologação e não há pagamento antecipado pelo contribuinte, o prazo decadencial se submete à regra prevista no artigo 173, inciso I, do CTN. Portanto, o cerne da questão restringese à definição do dispositivo legal que deverá reger o prazo decadencial: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, ambos do CTN. Fl. 362DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 363 4 Em diversas oportunidades manifestei meu entendimento no sentido de que os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, por sua natureza, são passíveis de lançamento no prazo previsto no artigo 150 §4º do CTN, ou seja, o dies a quo do prazo quinquenal para constituição desses tributos é o fato gerador, independentemente de ter ou não havido pagamento. Assim ementava minhas decisões: IRPJ Ex(s): 1999 IRPJ DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a decadência é contada de acordo com os ditames do artigo 150, § 4º do CTN, operandose cinco anos após a ocorrência do fato gerador. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (1º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 10196.373 em 18.10.2007 Publicado no DOU em: 09.09.2008. Com as alterações recentes no Regimento Interno do CARF, foi incluído o mandamento do Art. 62 –A: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. A partir de então, para os casos que se enquadram nos ditames da regra acima, o Julgador deste Conselho não mais desenvolve plenamente sua atividade de julgar, pois esta foi substituída pela atividade de reproduzir. O órgão de julgamento administrativo se torna, com a entrada em vigor do novo regimento, seguidor fiel do posicionamento dos tribunais máximos do país. Nada mais fácil, basta copiar e colar. Errado, nada mais difícil, pois estamos diante de matéria tributária, o que envolve um número inimaginável de situações empíricas, levando a uma complexidade infinita na aplicação dos ditames, inclusive quando devemos meramente reproduzir decisões. Esse milagre da multiplicação das possibilidades causado pelo emaranhado de situações concretas faz surgir alguns questionamentos no momento de ‘reproduzir” os julgados, causando inúmeros debates e dúvidas sobre a aplicação do Regimento Interno, principalmente em relação à extensão da ordem “reproduza”. Nos debates, os visitantes mais frequentes são: A atividade de reprodução permite interpretação do julgado reproduzido? Devemos reproduzir a qualquer custo? É possível a adequação do julgado reproduzido ao caso concreto em julgamento neste Conselho? O que fazer com as diferenças entre o caso que serviu de direcionamento para a decisão a ser “reproduzida” e o caso em julgamento neste Conselho, se nossa atividade é de reprodução? Fl. 363DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 364 5 O problema acima aparece claro quando aplicamos a decisão proferida pelo STJ ao julgar o mérito do RESP nº 973.733SC aos casos concretos que se apresentam perante este E. Conselho Administrativo Fiscal. Explico exemplificando, nos casos que se apresentam perante este E. Conselho temos hipóteses em que o contribuinte apura o valor do tributo e ao invés de efetuar o recolhimento antecipado em espécie, efetua a compensação do tributo apurado como devido com crédito que possui contra o Fisco. Ainda, hipóteses em que terceiros incumbidos pela lei que instituiu o tributo efetuam a retenção do valor do tributo devido pelo contribuinte originário e posteriormente procedem ao seu repasse em favor dos cofres públicos. Temos ainda situações em que o contribuinte simplesmente não possui tributo a pagar. Assim, abandonamos a atividade de buscarmos a melhor aplicação do sistema jurídico ao caso em julgamento e iniciamos a tarefa de melhor aplicarmos a decisão do STJ ou do STF os quais, presumese, já se ocuparam com a aplicação do direito ao caso “modelo” (representativo de controvérsia). Para iniciarmos a busca por nossas respostas, vale passarmos primeiro pela letra do artigo 543C do Código de Processo Civil, pois é sobre a aplicação dele que estamos tratando no recurso ora em julgamento: "Art. 543C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. § 1º Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. § 2º Não adotada a providência descrita no § 1º deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. § 3º O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. § 4º O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. Fl. 364DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 365 6 § 5° Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4º deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. § 6º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. § 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: I terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou II serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. § 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far seá o exame de admissibilidade do recurso especial. § 9º O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo." A aplicação sistemática desta norma em conjunto com o artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais cria a figura da jurisprudência normativa na esfera dos tribunais administrativos, se aproximando, no que diz respeito ao papel da jurisprudência no mundo do direito, da corrente unitarista. Vicente Greco Filho melhor explica a questão: “É possível dividir as concepções sobre o papel da jurisprudência na vida do direito em duas grandes correntes: a) a dos que a entendem como fonte criadora de normas; b) a dos que entendem que a função jurisdicional se limita a reconhecer e a declarar a vontade concreta da lei. A primeira, que encontra seus fundamentos na teoria filosóficojuridica de Hans Kelsen, no processo se reflete como a teoria unitarista na relação entre direito e processo, e a segunda, como a posição dualista, como afirma Gustav Radbrush. Os atos jurídicos e as sentenças realizam o direito mas não influem em sua Fl. 365DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 366 7 existência lógica, podendo influir em sua compreensão histórico cultural.” Pois bem, se estamos diante de Jurisprudência Normativa, ou seja, a decisão do recurso representativo de controvérsia deve ser aplicada independentemente da interpretação que este Tribunal dá à Lei, estamos diante de uma norma. A decisão “modelo” (representativa de controvérsia) perde sua característica de norma individual e concreta e veste a fantasia de norma geral e concreta, serve para todos e deve ser aplicada segundo o seu conteúdo. Chegamos então à primeira premissa necessária para alcançarmos a conclusão que necessitamos para respondermos as perguntas feitas acima: (a) O acórdão representativo de controvérsia que deve ser “reproduzido” é uma norma e tem sua força. Desta premissa advém novo questionamento: Norma deve ser reproduzida quando se faz o ofício de aplicála? Entendo que não, norma foi criada para ser aplicada através da interpretação e não por meio de reprodução, mesmo que tenhamos o limite de sua letra. Aceita a mera reprodução estaríamos diante de latrocínio da hermenêutica, pois não só roubaríamos dela sua função como acabaríamos com sua existência. Aceitar a reprodução da norma oriunda do julgamento do recurso representativo de controvérsia é tirar a semelhança entre os casos e transformálos em iguais. Cada caso, mesmo que semelhante a outro, abarca peculiaridades, tem sua própria história e existência, se parecem muito, mas não são iguais. Lembram os seres humanos, semelhantes, mas diferentes. Esta alquimia da transformação da semelhança em igualdade, como querem aqueles que insistem em meramente reproduzir a decisão modelo, impede a aplicação do direito e desvirtua o real conteúdo da norma trazida pelo artigo 62A do Regimento. A possibilidade de interpretação das normas evita as decisões monstruosas, as injustiças patentes e o congelamento do Direito face à evolução social. Do exposto temos nossa outra premissa: (b) As normas devem ser interpretadas e não meramente reproduzidas. Encarando essas duas premissas, (a) O acórdão representativo de controvérsia que deve ser “reproduzido” é uma norma e tem a sua força e (b) As normas devem ser interpretadas e não meramente reproduzidas, chego à conclusão que permite responder com tranquilidade todas as questões que atormentam este julgador ao aplicar o comando “reproduzir” trazido no texto do artigo 62A do Regimento Interno, qual seja: a ordem “reproduza” encerra uma determinação maior, “reproduza interpretando”. O termo “reproduzidos” deve ser recebido de maneira a permitir a interpretação e adequação ao caso concreto. Assim interpreto o Regimento. Armados com essa conclusão, passemos a analisar a aplicação da decisão representativa de controvérsia do Recurso Especial nº 973.733, o qual tratou de decadência do direito do Fisco constituir o crédito tributário, ao caso ora sob análise. O Acórdão foi assim ementado:. Fl. 366DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 367 8 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...)”Negritamos. Quando focamos nossos olhos nos olhos da ementa acima, surgem algumas celeumas que precisam ser apuradas antes de “reproduzirmos” a decisão. A definição “pagamento” deve ser interpretada restritivamente ou comporta seu alargamento para alcançar Compensação e Retenção na Fonte? A frase contida na ementa “inexistindo declaração prévia do débito” significa que se houver declaração não é preciso o pagamento? A afirmação “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível modificando o prazo do artigo 173, I, do CTN? Como dito adrede, é importante encararmos o fato de que em matéria tributária a quantidade de possíveis situações fáticas faz com que a compreensão humana seja colocada em xeque, tanto pelo número de tributos e seus diferentes regimes jurídicos existentes, quanto pela complexidade destes. As questões citadas acima não exaurem o rol de possíveis conflitos que o recurso representativo de controvérsia pode trazer, mas uma vez adotada uma posição em relação às mesmas, a partir de então, mais tranqüila fica a caminhada. Questão que, especialmente, vem atormentando o aplicador do direito é a opção feita pelo relator do Recurso nº 973.733, representativo de controvérsia, de inserir na ementa a frase “inexistindo declaração prévia do débito”. Vejamos in loco: “(...)1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) Fl. 367DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 368 9 contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”(negritamos) A interpretação literal do texto nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste a declaração prévia do débito. Portanto encontraríamos duas condições para sairmos do artigo 150, §4º: 1) não haver o pagamento e 2) não haver declaração prévia. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia do débito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. Desta feita, outra conclusão não posso chegar que não seja a de que o Recurso que representa a controvérsia tratou dos casos em que há declaração com efeito de confissão de divida e/ou compensação do débito apurado. Assim, no atinente à decadência dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, para que seja aplicado o prazo inserto no artigo 150, § 4º do CTN, deve ocorrer o pagamento ou, ao menos, a entrega da DCTF que permite ao fisco ter ciência dos fatos geradores. A partir de todo o exposto, importante iniciarmos nosso trabalho de interpretação nos atentando para algumas peculiaridades do caso concreto. Primeiramente, da análise dos autos verificase que foram devidamente entregues as DCTFs referentes aos períodos autuados, por meio das quais o contribuinte informou ao Fisco o valor devido relativamente ao PIS, bem como informou que os créditos estavam com a exigibilidade suspensa em razão de ação judicial, na qual pretendia o reconhecimento da inexigibilidade de PIS no período autuado. Ressaltese que à época da apresentação da DCTF esta caracterizava instrumento de confissão de dívida, sendo os valores nela informados passíveis de inscrição em dívida ativa, prescindindo de lançamento de ofício para formalizar a exigência, conforme Decreto Lei 2.124/1984, vigente a época da declaração do contribuinte. Além disso, no presente caso, houve pagamento parcial referente ao PIS Repique do período objeto da autuação. O presente caso apresenta, portanto, simples solução, pois, houve tanto pagamento (parcial), como a apresentação da DCTF, o que indiscutivelmente permitiu ao fisco tomar conhecimento dos fatos geradores. No caso ora em análise temos que: i) cuida de tributo sujeito a lançamento por homologação; ii) houve pagamento parcial do tributo; iii) houve devida entrega das DCTFs Fl. 368DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR Processo nº16327.001410/200386 Acórdão n.º 9100000.342 CSRF‐PL Fl. 369 10 nos períodos autuados, com caráter de confissão de dívida; iv) a data dos fatos geradores em debate compreende o período do entre julho de 1997 a fevereiro de 1998; v) a lavratura do auto de infração se deu em 22/04/2003. Portanto, entendo que o prazo decadencial deve ser verificado de acordo com a regra do artigo 150, § 4º do CTN. Desse modo, concluo que se operou a decadência do direito do Fisco de efetuar o lançamento, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional. (Documento assinado digitalmente) João Carlos de Lima Junior – Relator. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 03/02/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNI OR
score : 1.0
Numero do processo: 14098.000408/2009-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Sat Mar 16 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. IMÓVEL REGISTRADO NO CARTÓRIO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO. INEXISTÊNCIA DE FATO. NÃO COMPROVAÇÃO.
Lançado o ITR a partir da informação que existe no Cartório de Registro de Imóveis em nome do autuado, não pode este afastar a imposição tributária simplesmente alegando que o imóvel não existe de fato, quando não tomou qualquer providência para cancelar a matrícula imobiliária ou recuperar o preço pago.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2102-002.463
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS - Relator e Presidente.
EDITADO EM: 26/02/2013
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201302
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ITR. IMÓVEL REGISTRADO NO CARTÓRIO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO. INEXISTÊNCIA DE FATO. NÃO COMPROVAÇÃO. Lançado o ITR a partir da informação que existe no Cartório de Registro de Imóveis em nome do autuado, não pode este afastar a imposição tributária simplesmente alegando que o imóvel não existe de fato, quando não tomou qualquer providência para cancelar a matrícula imobiliária ou recuperar o preço pago. Recurso negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Sat Mar 16 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 14098.000408/2009-09
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5199968
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2102-002.463
nome_arquivo_s : Decisao_14098000408200909.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
nome_arquivo_pdf_s : 14098000408200909_5199968.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS - Relator e Presidente. EDITADO EM: 26/02/2013 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
id : 4538357
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394240585728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1693; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 2 1 1 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14098.000408/200909 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102002.463 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de fevereiro de 2013 Matéria ITR Recorrente ARMANDO SANTOS DE ALMEIDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ITR. IMÓVEL REGISTRADO NO CARTÓRIO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO. INEXISTÊNCIA DE FATO. NÃO COMPROVAÇÃO. Lançado o ITR a partir da informação que existe no Cartório de Registro de Imóveis em nome do autuado, não pode este afastar a imposição tributária simplesmente alegando que o imóvel não existe de fato, quando não tomou qualquer providência para cancelar a matrícula imobiliária ou recuperar o preço pago. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 26/02/2013 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 00 04 08 /2 00 9- 09 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 Relatório Abaixo se transcreve excerto da motivação da infração imputada ao contribuinte, a partir da revisão da DITRexercício 2004, do imóvel denominado Fazenda Maracanã II, código NIRF nº 1.594.6843, localizado no município de Brasnorte (MT), quando se alterou o VTN com base no SIPT de R$ 10.000,00 para R$ 2.399.520,00 (fls. 04 e 05): (...) Por meio de termo de intimação fiscal, intimouse a Madeireira Braúna Ltda. a apresentar os documentos comprobatórios atinentes aos dados informados nas declarações de ITR, referentes aos exercícios de 2004 a 2006, entregues para o NIRF em comento. Em atendimento à mencionada intimação, informou a Madeireira Braúna Ltda. que o imóvel rural em epígrafe não seria de sua propriedade, informando que teria solicitado o cancelamento do NIRF através do processo n° 10183.001025/200849. Do exame das alegações da Madeireira Braúna Ltda. e dos documentos contidos naqueles autos, resultou o despacho decisório nº 929DRF/CBA, de 24/08/2009, no qual decidiuse por alterar os dados do contribuinte do NIRF 1.594.6843 para o real proprietário do imóvel com área de 9.998,0ha, localizado atualmente no município de Brasnorte/MT, o Sr. Armando Santos de Almeida, CPF 012.886.01891, conforme R1/2275, de 20/09/1977, da matrícula n° 2275 do 6º Serviço Notarial de Cuiabá/MT. Frisese que não consta da matrícula n° 2275 registro de alienações posteriores. Por esse motivo, intimouse o Sr. Armando Santos de Almeida, CPF 012.886.01891, a prestar o(s) seguinte(s) esclarecimento(s): informar se o imóvel rural de sua propriedade, com área de 9.998,0 ha, localizado no município de Brasnorte/MT, vem sendo declarado em outro NIRF; e informar se, no período de 01/01/2004 a 01/01/2006, o domínio útil e a posse do imóvel rural em comento eram exercidas por outrem (caso positivo, informar nome e CPF do(s) ocupante(s) da área). Em atendimento ao termo de intimação fiscal em comento, informou o Sr. Armando Santos de Almeida que o imóvel rural em questão teria sido alienado à Madeireira Braúna Ltda., conforme escrituras públicas de compra e venda anexadas. Por meio do termo de constatação e de intimação fiscal datado de 22/10/2009, foi informado ao Sr. Armando Santos de Almeida que as escrituras públicas de compra e venda por ele apresentadas referemse a outros imóveis rurais, registrados sob matrículas n° 94 7 e 18.923 do RGI de Cuiabá/MT. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 14098.000408/200909 Acórdão n.º 2102002.463 S2C1T2 Fl. 3 3 Insta repisar que o Sr. Armando Santos de Almeida não informou se o imóvel rural estaria sendo declarado em outro NIRF ou sua posse/domínio útil estaria sendo exercida por outrem. Assim, como o imóvel rural em lide é de propriedade do Sr. Armando Santos de Almeida, conforme matrícula n° 2275 do 6º Serviço Notarial de Cuiabá/MT, resta claro que ele é contribuinte do ITR, nos termos do art. 4º da Lei n° 9.393/1996. Valor da terra nua não comprovado: O documento hábil a comprovar o valor da terra nua informado na DITR/2004 é o laudo técnico, acompanhado de cópia de anotação de responsabilidade técnica (ART) registrada no CREA, em que deve ser demonstrado o atendimento às normas da ABNT (NBR 14.6533), com grau de fundamentação e de precisão II, através da explicitação dos métodos avaliatórios e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel e dos bens nele incorporados naquele período (01/01/2004 data do fato gerador do ITR/2004, nos termos do art. 1º da Lei n° 9.393/1996). Necessário se faz mencionar que, por meio do termo de início do procedimento fiscal, o contribuinte foi intimado a apresentar o laudo técnico supracitado. Entretanto, até a presente data, e após expirado o prazo para atendimento, não acusamos o recebimento de qualquer manifestação de sua parte, devidamente acompanhada do documento comprobatório requisitado. Por esse motivo, adotouse a medida excepcional de se arbitrar o VTN com base nos valores registrados no SIPT, informados pela Prefeitura Municipal de Brasnorte/MT, por aptidão agrícola, para o exercício de 2004. (...) Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, alegando, em apertada síntese, que o imóvel objeto da infração não existe fisicamente, tratandose de domínio nulo, superposto e em duplicidade, oriundo de um engodo, no qual vítima anos atrás, como comprovaria com o laudo técnico a ser juntado posteriormente. Não houve a juntada do laudo técnico. A 1ª Turma de Julgamento da DRJCampo Grande (MS), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 0426.205, de 17 de outubro de 2011. Em essência, considerando que o imóvel se encontrava matriculado em nome do autuado, sem averbação de posteriores alienações, tudo agregado da ausência de laudo técnico que infirmasse a existência da área, entendeu a autoridade julgadora que o lançamento não merecia sofrer qualquer reparo. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 O contribuinte foi intimado da decisão acima em 09/11/2011. Irresignado, interpôs recurso voluntário em 08/12/2011. No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. em que pese a matrícula no Cartório de Registro de Imóveis apontar o fiscalizado como proprietário do imóvel auditado, este não existe fisicamente, tratandose de um domínio nulo, superposto e em duplicidade, resultante de um engodo que o contribuinte foi vítima há alguns anos; II. o Incra, a partir de levantamento cartorário que indicava a inconsistência nas áreas e inexistência de imóveis rurais, resolveu cancelar, no Sistema Nacional de Cadastro de Imóveis Rurais – SNCR, os cadastros de imóveis rurais, medida que terminou atingindo o imóvel do contribuinte, cancelandoo desde 21/12/99, o que levou o recorrente a se convencer que o imóvel de fato não existia, tendo sido vítima de um engodo, pois certamente o Incra fez os levantamentos necessários, sendo certo que esperava que a autarquia fundiária comunicasse tal fato à RFB; III. vale destacar que não foi o contribuinte que apresentou a declaração de ITR auditada, mas a empresa Madeireira Brauna Ltda., esta que adquiriu dois imóveis do contribuinte, tendo a repartição fazendária alterado de ofício o declarante a partir da informação constante no registro imobiliário, ou seja, o recorrente não teve a mínima participação na declaração apresentada e de forma equivocada; IV. considerando a complexidade da matéria, inclusive exigindo uma acurada análise da cadeia dominial, o contribuinte protesta desde já pela juntada de documentos para comprovar suas alegações. O recorrente juntou o cadastro no Incra do imóvel Fazenda Maracanã II, com área de 19.998,0 hectares, informando que o imóvel estava cancelado desde 21/12/99. Não há qualque assinatura neste cadastro. Arremantando, pediu o cancelamento do lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 09/11/2011, quartafeira, e interpôs o recurso voluntário em 08/12/2011, dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 09/12/2011, sextafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Toda a defesa do contribuinte centrase na inexistência de fato do imóvel rural, o que levaria a improcedência da autuação. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 14098.000408/200909 Acórdão n.º 2102002.463 S2C1T2 Fl. 4 5 Antes de tudo, causa profunda estranheza que o contribuinte, mediante uma escritura de compra e venda devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquira uma propriedade de 9.998,0 hectares e venha aos autos dizer que a propriedade não existe fisicamente. A única prova documental de sua tese está alicerçada em um cadastro do imóvel no Incra, sem qualquer assinatura, no qual consta que a Fazenda Macaranã II tem 19.998,0 hectares, ou seja, o dobro da área do imóvel auditado. No recurso voluntário, a partir da informação acima do Incra, o recorrente assevera que “.... se convenceu em definitivo de que realmente havia sido vítima de um engodo, pois, efetivamente a área que havia adquirido, mediante a lavratura de escritura pública de compra e venda e devidamente registrada, não tinha o menor valor jurídico, haja vista que a terra não existia fisicamente, merecendo o seu cancelamento junto ao INCRA que certamente efetuou os levantamentos necessários e fez a constatação”. Aparentemente, o contribuinte adquiriu uma propriedade de grande porte e somente se convenceu de sua inexistência física a partir do levantamento do INCRA, este que deveria ter feito os levantamentos necessários, nas palavras do recorrente. Ora, não se pode acreditar na versão acima. Como aceitar que ocorra uma aquisição de uma propriedade de grande porte, mediante instrumento público devidamente registrado, sem que o adquirente sequer tenha comprovado a existência física do imóvel? Também não é crível que o adquirente possa ter se convencido que o imóvel não existia, a partir de levantamento da autarquia fundiária, pois a autarquia não é cartório de registro de imóveis. Ademais, observese, o contribuinte não comprovou a tomada de qualquer medida judicial para cancelamento da matrícula do imóvel ou restituição do preço pago quando da aquisição da propriedade. Indo mais além, pugnou no recurso para a juntada posterior de documentos que comprovariam sua tese, porém nada aditou até a data deste julgamento. Com as considerações acima, entendo que não se pode afastar a presunção de higidez da matrícula do imóvel rural auditado, o qual tem o recorrente como proprietário, devendo este sofrer a imputação do ITR lançado. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 195DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 Fl. 196DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
score : 1.0
Numero do processo: 13964.000072/2007-95
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Exercício: 2006 INCLUSÃO RETROATIVA. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Não pode optar pelo Simples a pessoa jurídica que participe do capital de outra pessoa jurídica (art.9º, XIV, da Lei nº 9.317/96). Em tal hipótese, é válido o indeferimento com base na atividade declarada no contrato social e constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
Numero da decisão: 1103-000.732
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Exercício: 2006 INCLUSÃO RETROATIVA. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Não pode optar pelo Simples a pessoa jurídica que participe do capital de outra pessoa jurídica (art.9º, XIV, da Lei nº 9.317/96). Em tal hipótese, é válido o indeferimento com base na atividade declarada no contrato social e constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 13964.000072/2007-95
conteudo_id_s : 5217275
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1103-000.732
nome_arquivo_s : Decisao_13964000072200795.pdf
nome_relator_s : EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 13964000072200795_5217275.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
id : 4567244
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:59:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394243731456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1756; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T3 Fl. 35 1 34 S1C1T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13964.000072/200795 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 110300.732 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 8 de agosto de 2012 Matéria Simples Inclusão retroativa Recorrente MARYMAR PARTICIPAÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2006 INCLUSÃO RETROATIVA. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Não pode optar pelo Simples a pessoa jurídica que participe do capital de outra pessoa jurídica (art.9º, XIV, da Lei nº 9.317/96). Em tal hipótese, é válido o indeferimento com base na atividade declarada no contrato social e constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Cristiane Silva Costa, Hugo Correia Sotero e Aloysio José Percínio da Silva. Fl. 42DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 13964.000072/200795 Acórdão n.º 110300.732 S1C1T3 Fl. 36 2 Relatório Tratase de pedido de inclusão de ofício no Simples, protocolizado em 26/02/07, com efeitos retroativos a 01/09/2006, fundamentado na realização de recolhimentos sob tal sistemática (fl.01). Sustenta o requerente que deixou de efetuar o pedido quando da inscrição, por entender que a declaração de sua condição de microempresa já bastaria ao enquadramento no regime simplificado. Anexou cópia de um único DARFSIMPLES, relativo ao período de apuração 31/01/07 (fl.06). Consulta no sistema SINAL09 (fl.10) indica não ter havido recolhimentos de Simples em 2006. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Florianópolis (SC), em 25/06/07, indeferiu o pleito por falta de previsão legal (fls.16/17). Assim dispôs: O Parecer COSIT n.° 60, de 13 de outubro de 1999, abaixo transcrito estabelece: "11. Com base nos textos legais acima transcritos e admitido o fato de o contribuinte ter omitido ou apresentado informação inexata quanto à opção, poder seá utilizar da analogia para promover de ofício a inclusão no evento correspondente à opção da pessoa jurídica pela sistemática de pagamentos de que trata o SIMPLES, desde que demonstrada a intenção da pessoa jurídica em utilizarse dela. O preenchimento de dados específicos das pessoas jurídicas na FCPJ, tais como porte e impostos inclusos no recolhimento, o recolhimento por meio do DARFSIMPLES e a entrega da Declaração Anual Simplificada são formas hábeis de comprovar a manifestação da vontade de a pessoa jurídica optar pelo SIMPLES. 12. Tratase de erro de fato, cuja correção a autoridade administrativa pode, de ofício, sanar, uma vez que ao interessado não são dados os meios operacionais. Para proceder ao acerto, a autoridade administrativa (Delegado ou Inspetor da Receita Federal), mediante solicitação formal do interessado, e à vista dos documentos comprobatórios do erro, determinará a retificação de ofício da FCPJ e conseqüente inclusão da empresa no CNPJ como optante pelo SIMPLES, com efeitos retroativos”. Fl. 43DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 13964.000072/200795 Acórdão n.º 110300.732 S1C1T3 Fl. 37 3 Para os fatos ocorridos até o exercício de 2003, a comprovação pode ser feita, mesmo que não tenha havido apresentação do TO ou da formalização da opção de adesão ao Simples mediante a FCPJ, pela comprovação de entrega das Declarações Anuais Simplificadas e/ou a apresentação dos comprovantes de pagamento (Darf Simples), nos termos da SCI Cosit n° 21 (retificada) e Nota Técnica Corat n° 44. Em consulta aos sistemas da RFB e à documentação apresentada pelo sujeito passivo, verificouse, através de simulação no SIVEX com pedido de inclusão no Simples, restrições estabelecidas na Lei 9317/1996, no que tange à atividade secundária objeto da empresa, conforme fls.14/15. Este procedimento foi estabelecido a fim de agilizar as devidas solicitações, conforme NOTA CORAT/CODAC/DIPEJ/N°44 de 12 e maio de 2004. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade nos seguintes termos (fl.19): “A empresa não exerceu nenhuma das atividades secundárias constantes em seus atos constitutivos que impediam a opção pelo simples federal no período abrangido de 01/09/2006 a 30/06/2007; A empresa exerceu apenas as atividades de Loja de Variedades e Restaurante; A empresa obteve apenas receitas provenientes de venda de mercadorias, conforme informado na declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica PJ Simples anocalendário 2007”; Por sua vez, a Sexta Turma da DRJ – Florianópolis (SC) não acolheu as alegações de defesa, conforme acórdão de fl.21, in verbis: “No contrato social, consta como objeto da sociedade "o comércio de artigos de conveniência, aluguel de imóveis, utensílios e aparelhos de uso doméstico e pessoal, restaurante com serviço completo, demais serviços de alimentação, gestão e participações societárias e atividades de agência de viagem”. Análise do requerimento da empresa efetuada pelo Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário da Delegacia de Receita Federal do Brasil em Florianópolis verificou incompatibilidade entre as atividades "aluguel de imóveis” e "gestão e participações societárias” e a Lei 9.317/96, conforme abaixo demonstrado. Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: Fl. 44DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 13964.000072/200795 Acórdão n.º 110300.732 S1C1T3 Fl. 38 4 XII que realize operações relativas a: b) locação ou administração de imóveis; XIV que participe do capital de outra pessoa jurídica, ressalvados os investimentos provenientes de incentivos fiscais efetuados antes da vigência da Lei n° 7.256, de 27 de novembro de 1984, quando se tratar de microempresa, ou antes da vigência desta Lei, quando se tratar de empresa de pequeno porte; Em sua manifestação de inconformidade, a empresa não anexou nenhum documento. Simplesmente referenciou sua declaração de imposto de renda pessoa jurídica, afirmando que suas receitas foram originadas exclusivamente de venda de mercadorias. Entendo que faltaram elementos que comprovassem a afirmação da contribuinte e por essa razão voto pelo indeferimento da solicitação.” No recurso voluntário (fls.27/28), o contribuinte sustenta, em síntese: a) no seu contrato social e cartão CNPJ constaria como atividade o aluguel de móveis (CNAE FISCAL 77.29202 – Aluguel de móveis, utensílios e aparelhos de uso doméstico), não de imóveis; b) com relação à atividade de gestão e participações societárias, “tratase de uma atividade que somente foi incluída na abertura da empresa por solicitação da Junta Comercial do Estado que impôs aceitar a razão social com o termo PARTICIPAÇÕES se em alguma de suas atividades tivesse esta expressão. Então foi pesquisada de acordo como o CNAEfiscal a atividade 64.62000 holdings de instituições não financeiras (cfe seu cartão do CNPJ) que está no grupo de atividades de gestão em participação”; c) não participaria do capital social de qualquer sociedade. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Inicialmente, com relação à locação de imóveis, apontada como razão impeditiva da pleiteada inclusão retroativa no Simples, verificase do contrato social e do cartão CNPJ que tal atividade realmente não consta do objeto social do contribuinte e de suas atividades econômicas secundárias (fls.29/31), razão pela qual deve ser afastada. Vejamos: Fl. 45DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 13964.000072/200795 Acórdão n.º 110300.732 S1C1T3 Fl. 39 5 Cartão CNPJ Código e Descrição das Atividades Econômicas Secundárias 79.11200 Agências de viagens 64.62000 Holdings de instituições nãofinanceiras 56.12100 Serviços ambulantes de alimentação 56.11201 Restaurantes e similares 77.29202 Aluguel de móveis, utensílios e aparelhos de uso doméstico e pessoal; instrumentos musicais. Contrato Social Cláusula 3ª O objeto da sociedade será o Comércio de artigos de conveniência, Aluguel de móveis, utensílios e aparelhos de uso doméstico e pessoal, Restaurante com serviço completo, Demais serviços de alimentação, Gestão de Participações societárias e Atividades de agência de viagem. O outro fundamento do indeferimento por parte da DRJ – Florianópolis (SC) foi a participação do contribuinte em capital de outra pessoa jurídica, nos termos do art.9º, XIV, da Lei nº 9.317/96. A seu turno, pelo despacho decisório, “restrições estabelecidas na Lei 9317/1996, no que tange à atividade secundária objeto da empresa, conforme fls.14/15”, impediriam a opção. Tais folhas do processo, por sua vez, indicam a atividade “Holdings de instituições nãofinanceiras”. Ainda que se entenda pela possibilidade de o Fisco federal atestar a aludida participação societária com base em seus sistemas informatizados que armazenam informações sobre o quadro societário de todas as pessoas jurídicas inscritas no CNPJ, faltaria o controle sobre a participação em sociedades sediadas no exterior, de forma que a análise restrita ao que dispõe o contrato social e às informações do cartão CNPJ é uma caminho viável, perfeitamente válido quando se trata daquela hipótese impeditiva. Tal conclusão não significa exigir do recorrente a produção de prova negativa, mas na valoração de uma informação por ele livremente prestada quando de sua constituição. Se é verdade que a Junta Comercial impôs a inclusão, no objeto social, da atividade “Gestão de Participações Societárias”, própria de uma Holding, como condição para a manutenção do termo “Participações” na razão social, natural seria o contribuinte têla alterado para, por exemplo, representar com fidedignidade sua atividade principal declarada (“Lojas de variedades, exceto lojas de departamentos ou magazines”) e não simplesmente sucumbir a tal exigência. Não se entende o porquê de, mesmo após a decisão pelo indeferimento do pleito, não ter providenciado tal retificação, por exemplo, quando de sua primeira alteração contratual, em 03/07/08 (fls.32/33), antes da decisão recorrida. Fl. 46DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 13964.000072/200795 Acórdão n.º 110300.732 S1C1T3 Fl. 40 6 Sendo assim, não convence a alegação de defesa de que a menção daquela atividade secundária no contrato social, presente no comprovante de inscrição do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), decorreria do cumprimento de mera formalidade exigida pelo órgão de registro. Pelo exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 47DF CARF MF Impresso em 26/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/09/2012 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912459/2009-46
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2002
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL
O prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário deve ser o mesmo para que o contribuinte proceda à retificação da respectiva declaração.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CREDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO
Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus da sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem trazer aos autos prova da origem e liquidez do mesmo.
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO
É de ser indeferido o pedido de perícia contábil quando a prova que se pretende formular com a perícia era de exclusiva responsabilidade do sujeito passivo, afastando-se alegação de cerceamento de defesa uma vez comprovada sua prescindibilidade.
Numero da decisão: 3801-001.665
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flavio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
EDITADO EM: 12/03/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl (Relator)
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201301
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/08/2002 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL O prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário deve ser o mesmo para que o contribuinte proceda à retificação da respectiva declaração. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CREDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus da sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem trazer aos autos prova da origem e liquidez do mesmo. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO É de ser indeferido o pedido de perícia contábil quando a prova que se pretende formular com a perícia era de exclusiva responsabilidade do sujeito passivo, afastando-se alegação de cerceamento de defesa uma vez comprovada sua prescindibilidade.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10680.912459/2009-46
anomes_publicacao_s : 201304
conteudo_id_s : 5202546
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3801-001.665
nome_arquivo_s : Decisao_10680912459200946.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : SIDNEY EDUARDO STAHL
nome_arquivo_pdf_s : 10680912459200946_5202546.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flavio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. EDITADO EM: 12/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl (Relator)
dt_sessao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
id : 4554516
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394248974336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1974; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 66 1 65 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.912459/200946 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801001.665 – 1ª Turma Especial Sessão de 30 de janeiro de 2013 Matéria Ressarcimento Recorrente HOSPITAL MATER DEI S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2002 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL O prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário deve ser o mesmo para que o contribuinte proceda à retificação da respectiva declaração. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CREDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus da sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem trazer aos autos prova da origem e liquidez do mesmo. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO É de ser indeferido o pedido de perícia contábil quando a prova que se pretende formular com a perícia era de exclusiva responsabilidade do sujeito passivo, afastandose alegação de cerceamento de defesa uma vez comprovada sua prescindibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flavio de Castro Pontes Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 24 59 /2 00 9- 46 Fl. 66DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 2 (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. EDITADO EM: 12/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl (Relator) Fl. 67DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10680.912459/200946 Acórdão n.º 3801001.665 S3TE01 Fl. 67 3 Relatório Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, Relator Por descrever bem os fatos, o relatório da DRJ de origem é suficiente para compreensão do caso. “A contribuinte aqui identificada transmitiu Per/Dcomp visando a compensar o(s) débito(s) nela declarado(s), com crédito proveniente de pagamento a maior de Cofins, relativo ao fato gerador de 31/08/2002. A Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico (fl. 14) no qual não homologa a compensação pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débitos da contribuinte, não restando saldo creditório disponível. Irresignada com o indeferimento do seu pedido, tendo sido cientificada em 30/04/2009 (fl. 25), a contribuinte apresentou, em 29/05/2009, a manifestação de inconformidade de fls. 02/05, com os argumentos a seguir resumidos. Alega que o crédito utilizado para compensar decorre de recolhimento indevido de Cofins sobre receitas financeiras, como comprova a planilha anexa. Assim, o montante original realmente devido em agosto de 2002 era de R$131.415,38, e não de R$ 135.206,03, o gera um crédito original de R$ R$3.790,65. Explica que o seu direito creditório advém do julgamento da inconstitucionalidade do §1° do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, pelo plenário do STF. As receitas financeiras e demais receitas não integram a base de cálculo da contribuição até o mês de janeiro de 2004, ou seja, enquanto não entrou em vigor a Lei n° 10.833, de 2003. Sobre a questão, transcreve julgados do antigo Conselho de Contribuintes. Assim, a compensação efetuada deve ser homologada, pois é evidente o direito de crédito decorrente de recolhimento indevido da Cofins sobre receitas financeiras. Afirma que os dados indicados na planilha já foram declarados, podendo ser conferidos pela Administração Tributária. Mas, se houver necessidade, autoriza a realização de perícia contábil, para a qual indica quesitos e perito. Por fim, requer a homologação da compensação e a "anulação do lançamento''". A DRJ em Belo Horizonte MG, julgou improcedente a manifestação de inconformidade ofertada pelo contribuinte através do acórdão de fls. 29/32, considerando a ausência de comprovação do direito ao credito objeto da compensação materializada na PER/DCOMP. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 4 Devidamente intimado para tanto (fls. 36), interpôs o contribuinte o presente Recurso Voluntário de fls. 37/63 em 18/04/2012, e que se vale basicamente dos mesmos argumentos perpetrados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório Fl. 69DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10680.912459/200946 Acórdão n.º 3801001.665 S3TE01 Fl. 68 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, Relator O Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Analisando os presentes autos verificase que a Recorrente em sede de Manifestação de Inconformidade, com o fito de demonstrar seu direito creditório, limitouse a apresentar os seguintes documentos: 1. Despacho decisório que indeferiu a compensação pleiteada 2. Guia DARF referente a COFINS, supostamente recolhida à maior no valor de R$ 135.206,03 (cento e trinta e cinco mil duzentos e seis reais e três centavos) 3. Planilha demonstrativa do crédito apurado 4. DCTF originalmente transmitida, onde constam débitos de COFINS no valor de R$135.206,03 (cento e trinta e cinco mil duzentos e seis reais e três centavos) 5. Pedido de Compensação Diante da ausência de documentação capaz de comprovar as alegações da Recorrente, a DRJ de origem procedeu à análise dos sistemas da RFB, constatando haver sido transmitida DCTF retificadora, no entanto, somente após decorridos 5(cinco) anos da data do fato gerador, sendo, no entendimento da turma julgadora, intempestiva, não podendo, destarte, produzir os efeitos legais, assim emendando o acórdão: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Data do fato gerador: 28/02/2002 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL COMPENSAÇÃO INDEFERIDA O prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário deve ser o mesmo para que o contribuinte proceda à retificação da respectiva declaração. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” No entanto, independentemente da retificação ter ou não ocorrido, a discussão fundase no fato da Recorrente objetivar a comprovação de seu suposto crédito decorrente de recolhimento à maior a título da COFINS sobre receitas financeiras, simplesmente acostando aos autos uma planilha denominada “Base Calculo da Cofins 09/2002”. Deveria a Recorrente haver providenciado a juntada da documentação comprobatória da origem dos valores informados na planilha, no entanto, a própria reconhece em seu Recurso Voluntário que: “...a prova documental que eventualmente fosse juntada aos autos não traria certeza da existência e do montante do crédito...” Fl. 70DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 6 Ora, estamos diante de um pedido de compensação e cabe exclusivamente ao contribuinte, nos termos do inciso I do artigo 333 do Código Civil, apresentar as provas do seu direito creditório, sendo imprescindível que estas sejam carreadas aos autos revestidas de toda força probante capaz de propiciar o necessário convencimento, sendo certo de que não é o que se verifica no presente caso, haja visto que a Recorrente se vale apenas de mera planilha, reconhecendo, ainda, que, toda e qualquer prova que viesse a ser produzida, não seria capaz de comprovar seu direito. Sendo assim, após constatar que produção de provas é fator determinante para comprovação de seu direito,. a Recorrente pretende sejam estas produzidas através da realização de Perícia Contábil, sendo certo de que não se trata da via correta. A matéria já foi insistentemente examinada por esse Conselho e a jurisprudência unânime é no sentido de que a perícia não serve para produzir prova que a parte deveria produzir, conforme se vê no acórdão que restou assim ementado: “IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE – IRRF. ANO CALENDÁRIO 2007. PEDIDO DE PERÍCIA – INDEFERIMENTO É de ser indeferido o pedido de perícia contábil quando a prova que se pretende formular com a perícia era de exclusiva responsabilidade do sujeito passivo (Acórdão nº 2202001.996 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 18 de Setembro de 2011) Além disso, alega que o indeferimento do pedido formulado caracteriza cerceamento de defesa, tendo sido a matéria, inclusive, examinada pelo acórdão da DRJ de origem, bem como por este Conselho de Contribuintes no acórdão que restou assim ementado: PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de perícia não caracteriza cerceamento do direito de defesa, quando demonstrada sua prescindibilidade. (Acórdão nº 2302002.176 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2012) Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, para INDEFERIR o pedido de perícia formulado, bem como para NÃO HOMOLOGAR o pedido de compensação. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl. Relator Fl. 71DF CARF MF Impresso em 08/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10469.901328/2009-48
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 1802-000.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marciel Eder Costa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho.
Nome do relator: JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201303
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10469.901328/2009-48
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5200448
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 1802-000.158
nome_arquivo_s : Decisao_10469901328200948.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
nome_arquivo_pdf_s : 10469901328200948_5200448.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marciel Eder Costa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
id : 4538837
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:57:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394252120064
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1282; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 2 1 1 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10469.901328/200948 Recurso nº 999.999Voluntário Resolução nº 1802000.158 – 2ª Turma Especial Data 05 de março de 2013 Assunto CSLL Recorrente PAR ENGENHARIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marciel Eder Costa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 69 .9 01 32 8/ 20 09 -4 8 Fl. 335DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE, que manteve a negativa de homologação em relação a declaração de compensação – DCOMP apresentada pela Contribuinte, nos mesmos termos que já havia decidido anteriormente a Delegacia de origem. Os fatos que deram origem ao presente processo estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 1134.900, às fls. 66 a 72: A interessada acima qualificada apresentou PER/Dcomp — Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação, fls. 03 a 08, em 14/07/2005, relativamente ao pretenso crédito originário de pagamento indevido ou a maior no código de receita 2372 CSLL com débitos de sua responsabilidade, conforme fl. 01. 2. Por meio do Despacho Decisório Eletrônico, fl. 01, a Autoridade Competente decidiu por NÃO HOMOLOGAR a compensação, fundamentandose no fato de o DARF informado no PER/Dcomp já ter sido utilizado integralmente para quitar débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/Dcomp objeto do presente processo. 3. Cientificada do Despacho Decisório de fl. 01, em 06/04/2009, conforme fl. 02, consta manifestação de inconformidade apresentada em 17/04/2009, consoante fl. 09, na qual alega que: 3.1. “No 4º trimestre de 2003 a empresa acima citada calculou a sua CSLL equivocadamente com alíquota de 32% quando seria com 12% por se tratar de Construção Civil, onde as receitas são relativas a contratos de empreitada que abrange tanto mãodeobra quanto o fornecimento de materiais”; 3.2. ao recalcular este imposto, verificou “o engano e o crédito de imposto a ser compensado, sendo feita a referida PER/DCOMP de número 350.59.07927.140705.1.3.044364, porém, não foi retificada a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais — DCTF, como também a DIPJ 2004”, sendo este o motivo pelo qual “a Receita Federal do Brasil não constatou a existência de débito, não homologando a compensação declarada”; 3.3. para corrigir a situação foram feitas retificações nas DCTF e DIPJ para demonstrar o seu direito de compensar o valor. Como mencionado, a DRJ Recife/PE manteve a negativa em relação à referida declaração de compensação, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 Fl. 336DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 4 3 LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAL. CONSTRUÇÃO CIVIL. A partir de setembro de 2003, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para apuração da base de cálculo do lucro presumido na atividade de prestação de serviço de construção por empreitada é de 32% quando houver emprego unicamente de mãodeobra, ou de 12% quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade, incorporados à obra. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 DCOMP. ERRO DE FATO EM DCTF. NÃO COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não comprovado o erro de fato no preenchimento da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, com base em documentos hábeis e idôneos, não há que se acatar a retificadora para fins de comprovar a liquidez e certeza do crédito oferecido para a compensação com os débitos indicados na PER/DCOMP eletrônica. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2003 a 31/12/2003 PROVAS. As provas devem ser apresentadas na forma e no tempo previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Citando o art. 20 da Lei 9.249/1995 (alterado pela Lei 10.684/2003), o art. 15 da mesma Lei 9.249/2005, e o Ato Declaratório Normativo da Coordenação Geral do Sistema de Tributação ADN Cosit n° 6, de 13 de janeiro de 1997, a Delegacia de Julgamento registrou que: [...] a partir de setembro de 2003, na atividade de construção por empreitada, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo da CSLL mensal será: a) 12% (oito por cento) quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade; ou b) 32% (trinta e dois por cento) quando houver emprego unicamente de mãodeobra, ou seja, sem o emprego de materiais. A decisão de primeira instância também citou o manual “Perguntas e Respostas” da DIPJ/2011 (Pergunta nº 19), que trouxe orientações sobre o coeficiente de presunção de lucro para os casos de contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, em Fl. 337DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 5 4 que o empreiteiro fornece todos os materiais indispensáveis à sua execução, e tais materiais são incorporados à obra. Há dois itens que expressam bem as conclusões da Delegacia de Julgamento: [...] 14. Esclareçase, de toda sorte, que não bastaria a apresentação do contrato social com descrição de seu objeto social nestes termos, pois a simples menção no contrato social, por si só, não seria suficiente se não está acompanhada de documentação hábil e idônea comprobatória de que os serviços foram efetivamente contratados na modalidade de empreitada, de que os materiais foram fornecidos pela própria empresa, essa na qualidade de empreiteira, e sem que haja comprovação da efetiva utilização de tais materiais, fornecidos pela empresa, conjuntamente com a mãodeobra. Observese que não consta dos autos qualquer documentação comprobatória nesse sentido, a exemplo de contrato de empreitada, notas fiscais e escrituração que viessem a espelhar fielmente a utilização de tais materiais. 15. Observase, assim, que não restou comprovado, através de documentação hábil e idônea, fiscal (notas fiscais), comercial (contrato de empreitada) e contábil (escrituração), erro de fato no preenchimento das declarações originais da contribuinte que justificasse a apresentação em 13/04/2009 de declarações retificadoras — DCTF 4º Trimestre e DIPJ 2004 (fls. 11 a 54), estas não espontâneas tendo em vista a ciência do Despacho Decisório ocorrida em 06/04/2009, conforme fl. 02, no intuito de alterar a apuração da CSLL devida, procurando, com isso, justificar o pretendido crédito. Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 08/11/2011, a Contribuinte apresentou recurso voluntário em 07/12/2011. Ela faz uma síntese dos fatos, e argumenta que com total transparência, concordando com a decisão tomada, mas ciente de seu direito creditório, está apresentando as cópias dos contratos de empreitada, notas fiscais de compra de material e o livro de registro de entrada de notas fiscais do período a que se refere a compensação. Alega ainda que com a anexação dos documentos e livros fiscais que comprovam o direito da empresa em compensar recolhimentos feitos indevidamente, está atendendo a todos os requisitos e suprindo todas as falhas e erros cometidos no desenrolar do processo. Este é o Relatório. Fl. 338DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a Contribuinte questiona a não homologação de declaração de compensação por ela apresentada. O crédito utilizado nesta compensação tem origem em alegado pagamento a maior de CSLL, relativamente ao quarto trimestre de 2003. Para esse período, a Contribuinte declarou em sua DIPJ receitas no montante de R$ 337.498,16, aplicando inicialmente o coeficiente de 32% para a presunção da base de cálculo. O valor apurado de CSLL a pagar, após deduzidas as retenções na fonte, foi de R$8.702,86, recolhidos em 30/01/2004 e também declarados em DCTF. A Contribuinte informa ter percebido posteriormente que o coeficiente correto para a presunção da base de cálculo era o de 12%, e não o de 32%. Deste modo, refez os cálculos e apurou um débito de R$ 2.627,89 (fls. 26), o que implicaria num recolhimento a maior de R$ 6.074,96, que foi utilizado na DCOMP em pauta. A negativa da Delegacia de origem se deu com despacho eletrônico, porque o referido pagamento de R$ 8.702,86 tinha sido integralmente utilizado para a quitação de débito informado pela Contribuinte, não restando crédito disponível para a pretendida compensação. Na seqüência, ela retificou a DCTF e a DIPJ, para corrigir as informações nos sistemas da Receita Federal, segundo o seu entendimento dos fatos, e também ingressou com manifestação de inconformidade. Em sua decisão, a Delegacia de Julgamento registrou que não constava dos autos qualquer documentação comprobatória do emprego de materiais pela Recorrente, no exercício de suas atividades (construção civil), a exemplo de contratos de empreitada, notas fiscais e escrituração, de modo que não foi aceita a modificação do coeficiente para apuração da base de cálculo da CSLL. Destacou ainda que não foi comprovada a ocorrência de erro que justificasse a apresentação de declarações retificadoras, e que estas declarações seriam não espontâneas, porque apresentadas após a ciência do despacho decisório exarado pela unidade de origem. Foi mantida, portanto, a negativa em relação à compensação, e a Contribuinte ingressou com o recurso voluntário sob exame. Primeiramente, é importante registrar que ao não retificar a DCTF antes de enviar a DCOMP, a Contribuinte concorreu para a primeira negativa da compensação pleiteada. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 7 6 Contudo, essa questão procedimental não justifica uma negativa em definitivo, eis que o art. 165 do CTN não condiciona o direito à restituição de indébito, fundado em pagamento indevido ou a maior, a requisitos meramente formais. O que realmente interessa é verificar se houve ou não pagamento indevido ou a maior de um determinado tributo em um determinado período de apuração. A DCTF, embora seja uma confissão de dívida, não pode ser tomada em caráter absoluto, até porque existe sempre a possibilidade de erro no seu preenchimento. Sua retificação, da mesma forma, não teria caráter absoluto, pelo que, mesmo que apresentada a declaração retificadora antes do envio da DCOMP, ela deveria ser cotejada com outras informações e documentos, como a DIPJ, os Livros Contábeis e Fiscais, Demonstrativos, etc., porque o que interessa é saber se houve ou não recolhimento indevido ou a maior. No caso, a Contribuinte apresentou em tempo hábil uma declaração de compensação – DCOMP (14/07/2005), que deu origem ao presente processo, pleiteando perante a Administração Tributária a devolução (na forma de compensação) de um pagamento que entendia ter realizado em valor maior que o devido, procedimento que se não implicava em uma alteração/desconstituição automática de parte do débito declarado em DCTF, implicava ao menos na suspensão de sua constituição definitiva, em razão da relação direta existente entre o pagamento e o débito a que ele corresponde. Não há, portanto, que se falar em homologação de lançamento e constituição definitiva do débito se a Contribuinte, em tempo hábil, informou a Administração Tributária que o pagamento relativo a este débito havia sido feito indevidamente ou a maior. Não se trata aqui de simplesmente aceitar ou não a declaração retificadora com a produção de efeitos automáticos, para fins de reduzir/excluir tributo, conforme a regra prevista no art. 147, § 1º, do Código Tributário Nacional – CTN, porque o exame de um PER/DCOMP é sempre realizado de ofício, aproximandose muito mais da regra contida no § 2º deste mesmo dispositivo, segundo o qual “os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela”. Além de ter enviado a DCOMP, a Contribuinte, desde a manifestação de inconformidade, vem informando que ocorreu erro no preenchimento da DCTF e da DIPJ, quanto ao débito de CSLL referente ao quarto trimestre de 2003, e que retificou estas declarações para corrigir o problema. No que toca à comprovação de um indébito, é importante lembrar que o processo administrativo fiscal não contém uma fase probatória específica, como ocorre, por exemplo, com o processo civil. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o Despacho Decisório, ainda na fase de Auditoria Fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na seqüência, Fl. 340DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 8 7 na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Tudo isso porque não há uma regra a respeito dos elementos de prova que devem instruir um pedido de restituição ou uma declaração de compensação. Pelas normas atuais, aplicáveis ao caso, nem mesmo há como anexar cópias de livros, de DARF, de Declarações, etc., porque os procedimentos são realizados por meio de declaração eletrônica PER/DCOMP. Na sistemática anterior, dos pedidos em papel, de acordo com o § 2º do art. 6º da IN SRF 21/1997, a instrução dos pedidos de restituição de imposto de renda de pessoa jurídica se dava apenas com a juntada da cópia da respectiva declaração de rendimentos, e a apresentação de livros e outros documentos poderia ocorrer no atendimento de intimações fiscais, se fosse o caso. Este contexto permite notar que a instrução prévia, ainda na fase de Auditoria Fiscal, evita uma seqüência de negativas por falta de apresentação de documentos em relação aos quais a Contribuinte, em alguns casos, nem mesmo foi intimada a apresentar, o que poderia implicar em cerceamento de defesa. No caso concreto, ancorada também no fato de a Contribuinte ter retificado a DCTF somente após a ciência do despacho decisório, a Delegacia de Julgamento mencionou que ela não apresentou qualquer documentação que comprovasse a atividade de construção por empreitada com emprego de materiais, a exemplo de contratos de empreitada, notas fiscais e escrituração. Ocorre que a Contribuinte não foi em nenhum momento intimada a apresentar quaisquer esclarecimentos, ou documentos relativos ao seu PER/DCOMP. Vale registrar que a prova tem sempre um aspecto de verossimilhança, que é medida em cada caso pelo aplicador do direito. Além disso, em razão da dinâmica do PAF quanto à apresentação de elementos de prova, como já mencionado acima, é a Autoridade Fiscal que, em cada caso, por meio de intimações fiscais, acaba fixando os critérios para a composição do ônus que incumbe à Contribuinte. Na linha, então, do que apontou a Delegacia de Julgamento, a Contribuinte juntou ao seu recurso voluntário cópias dos contratos de empreitada, notas fiscais de compra de material e o livro de registro de entrada de notas fiscais do período a que se refere a compensação. Como mencionado na decisão recorrida, o ADN Cosit nº 6/1997 tratava do coeficiente de presunção de lucro para a atividade de construção por empreitada, distinguindo duas situações: quando houvesse emprego de materiais, em qualquer quantidade; e quando houvesse emprego unicamente de mãodeobra, sem o emprego de materiais. O entendimento manifestado neste Ato Declaratório Normativo foi superado pelas disposições contidas no art. 1º, §§ 7º e 9º, c/c art. 32 da IN SRF 480/2004 (com as alterações da IN SRF 539/2005). Tais dispositivos passaram a admitir a aplicação do menor coeficiente apenas para a contratação por empreitada de construção civil que fosse realizada na modalidade total, Fl. 341DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 9 8 em que o empreiteiro forneça todos os materiais indispensáveis à sua execução, e que tais materiais sejam incorporados à obra, não sendo considerados como materiais incorporados à obra os instrumentos de trabalho utilizados e os materiais consumidos na execução da obra. Os fatos em questão ocorreram no quarto trimestre de 2003, antes, portanto, da citada mudança legislativa. A Contribuinte apresentou 7 (sete) notas fiscais por ela emitidas no decorrer do quarto trimestre de 2003. Foram juntadas cópias de dois contratos firmados pela Recorrente com a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura e dos Desportos do Rio Grande do Norte, cujo título evidencia a prestação de serviços na área de construção civil com emprego de materiais: Contrato de obra sob regime de empreitada por preço unitário, com fornecimento de materiais, que entre si celebram [...] O campo “Discriminação do Serviço” constante das sete notas fiscais emitidas pela Recorrente evidenciam que 4 (quatro) delas correspondem aos dois contratos apresentados. As sete notas fiscais discriminam separadamente percentuais que corresponderiam aos materiais aplicados e aos serviços executados. As sete notas fiscais também apresentam órgãos públicos como tomadores dos serviços, e fazem menção ao processo licitatório correspondente, cabendo registrar que órgãos públicos, ao contratarem serviços na área de construção civil (ampliações, reformas e instalações), usualmente incluem em contratos desta espécie o fornecimento total dos materiais necessários à prestação dos serviços. O livro Registro de Entradas indica para o quarto trimestre de 2003 a aquisição de materiais no valor de R$ 59.795,07, e as notas fiscais relativas às compras feitas pela Recorrente neste período demonstram a aquisição de vários materiais normalmente aplicados em obras de construção civil, como cimento, areia, portas, vidro, madeira, argamassa, tubos, ferro, tinta, etc. Tais elementos denotam que houve prestação de serviços na área de construção civil com emprego de materiais fornecidos pela própria Contribuinte Mas ainda não é possível afirmar que toda a receita do período decorreu da prestação de serviços na área de construção civil com fornecimento de materiais, até porque a Delegacia de origem não examinou esta documentação. Nesta mesma sessão de julgamento também foram examinados os processos de nºs: 10469.903391/200919, 10469.904113/200989, 10469.904114/200923 e 10469.904115/ 200978, todos da mesma empresa e envolvendo a mesma questão. Desse modo, fazse mister que sejam encaminhados os autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Natal/RN para que seja verificado e especificado, à luz da documentação fiscal (notas fiscais emitidas), comercial (contratos de empreitada), contábil (escrituração) e DIPJ/2005, qual o valor da receita bruta no período em questão que Fl. 342DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10469.901328/200948 Resolução nº 1802000.158 S1TE02 Fl. 10 9 corresponde à prestação de serviços na área de construção civil com fornecimento de materiais, e qual o valor da CSLL efetivamente devida. As informações devem ser prestadas em relatório circunstanciado, com a ciência da Contribuinte para que se manifeste no prazo de trinta dias. Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a DRF Natal/RN atenda a solicitação acima. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 343DF CARF MF Impresso em 21/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 19/03/2013 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.001436/2009-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 Ementa: NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Não verificado que houve preterição do direito de defesa, descabe falar em nulidade dos autos de infração. Não enseja nulidade do lançamento quando presentes os elementos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações e do art. 142 do CTN. MULTA DE OFÍCIO.NO PERCENTUAL DE 75%. CONFISCO. É inaplicável às multas o conceito de confisco previsto na Constituição Federal, o qual é dirigido unicamente aos tributos. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. CABIMENTO. Nos lançamentos efetuados de ofício pela autoridade competente, por expressa disposição legal, é cabível a imposição dos juros de mora aos débitos tributários regularmente exigidos em autos de infração, não pagos no vencimento. Aplicação da Súmula CARF nº 4. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Subsistindo o lançamento principal, deve ser mantido o lançamento que lhe seja decorrente, na medida que os fatos que ensejaram os lançamentos são os mesmos.
Numero da decisão: 1202-000.768
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DONASSOLO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 Ementa: NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Não verificado que houve preterição do direito de defesa, descabe falar em nulidade dos autos de infração. Não enseja nulidade do lançamento quando presentes os elementos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações e do art. 142 do CTN. MULTA DE OFÍCIO.NO PERCENTUAL DE 75%. CONFISCO. É inaplicável às multas o conceito de confisco previsto na Constituição Federal, o qual é dirigido unicamente aos tributos. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. CABIMENTO. Nos lançamentos efetuados de ofício pela autoridade competente, por expressa disposição legal, é cabível a imposição dos juros de mora aos débitos tributários regularmente exigidos em autos de infração, não pagos no vencimento. Aplicação da Súmula CARF nº 4. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Subsistindo o lançamento principal, deve ser mantido o lançamento que lhe seja decorrente, na medida que os fatos que ensejaram os lançamentos são os mesmos.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 10980.001436/2009-20
conteudo_id_s : 5213854
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jan 04 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1202-000.768
nome_arquivo_s : Decisao_10980001436200920.pdf
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DONASSOLO
nome_arquivo_pdf_s : 10980001436200920_5213854.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
id : 4565843
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:58:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394256314368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1851; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T2 Fl. 1 1 S1C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.001436/200920 Recurso nº 000000 Voluntário Acórdão nº 1202000768 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de maio de 2012 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente ACTION SA Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 Ementa: NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Não verificado que houve preterição do direito de defesa, descabe falar em nulidade dos autos de infração. Não enseja nulidade do lançamento quando presentes os elementos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações e do art. 142 do CTN. MULTA DE OFÍCIO.NO PERCENTUAL DE 75%. CONFISCO. É inaplicável às multas o conceito de confisco previsto na Constituição Federal, o qual é dirigido unicamente aos tributos. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. CABIMENTO. Nos lançamentos efetuados de ofício pela autoridade competente, por expressa disposição legal, é cabível a imposição dos juros de mora aos débitos tributários regularmente exigidos em autos de infração, não pagos no vencimento. Aplicação da Súmula CARF nº 4. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Subsistindo o lançamento principal, deve ser mantido o lançamento que lhe seja decorrente, na medida que os fatos que ensejaram os lançamentos são os mesmos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10980.001436/200920 Acórdão n.º 1202000768 S1C2T2 Fl. 2 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Orlando José Gonçalves Bueno, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Viviane Vidal Wagner. Relatório Tratase do exame dos Autos de Infração do IRPJ e da CSLL, relativos aos anoscalendário de 2004 a 2006, com a aplicação da multa de ofício, no percentual de 75%, e juros de mora, com base na taxa Selic. Por bem retratar os fatos ocorridos, passo a adotar o relatório do Acórdão nº 0632.609 da DRJ/Curitiba, de fls. 239/240, assim transcrito: “2. 0 Termo de Verificação e Encerramento Fiscal, fls. 25/26 e 49/50, descreve a apuração das irregularidades e fornece a fundamentação da autuação, também complementada nos demais campos e nas planilhas auxiliares constantes dos autos. Desses elementos, extraise a seguinte síntese dos fundamentos da autuação. 3. Insuficiência de recolhimento ou de declaração do IRPJ e da CSLL devidos, apurados através dos trabalhos de Revisão Interna de Declarações, pelo confronto dos dados informados nas DIPJs e nas DCTFs, conforme fls. 02/17 e 28/41. 4. Tendo sido cientificado da exação em 25/02/2009, o contribuinte apresentou impugnação em 25/03/2009, na qual se insurge contra a autuação, apresentando os seguintes argumentos, em síntese. 5. Nulidade do auto de infração: Houve infração ao art. 10, III e IV, do Decreto n" 70.235/72. A mera descrição da suposta infração averiguada e a simples indicação de alguns dispositivos legais não podem conduzir à validade do auto de infração, fazse mister apontar com precisão o fato ensejador da autuação e os seus Fl. 303DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10980.001436/200920 Acórdão n.º 1202000768 S1C2T2 Fl. 3 3 fundamentos legais. Não houve indicação com exatidão se houve a falta de recolhimento ou de declaração, ou insuficiência de recolhimento ou ainda recolhimento em atraso do IRPJ/CSLL. 6. Inadmissibilidade da utilização da taxa Selic, por ser fixada por ato administrativo, o que não autoriza a tornar irrelevante o principio constitucional da legalidade. 7. Inexigibilidade da multa aplicada por ofensa ao príncipio do nãoconfisco.” Na sequência, foi emitido o Acórdão nº 0632.609 da DRJ/Curitiba, de fls. 239/240, com o seguinte ementário: AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. ADEQUAÇÃO. Inexiste afronta ao art. 10 do Decreto nº 70.235/72 quando a autoridade administrava motivou adequadamente a autuação, descrevendo a infração e quantificandoa de maneira a tornar suficientemente inteligível a razão da autuação. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS DRJS. Falece às DRJs competência para analisar a constitucionalidade das leis e demais atos normativos, conforme determina o art. 26 A do Decreto no 70.235/72. JUROS DE MORA. TAXA SEL1C. A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula n° 4 do CARF) Impugnação Improcedente Credito Tributário Mantido Irresignado, o contribuinte apresentou seu recurso voluntário a este colegiado, mediante arrazoado, de fls. , repisando praticamente as mesmas alegações trazidas na peça impugnatória. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Relator. O recurso é tempestivo e nos termos da lei. Dele tomo conhecimento. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10980.001436/200920 Acórdão n.º 1202000768 S1C2T2 Fl. 4 4 São três as matérias objeto do presente litígio. Em preliminar, protesta a recorrente pela nulidade das autuações, face a falta de clareza nas infrações imputadas ao autuado. No mérito, alega que a incidência dos juros de mora, pela taxa Selic, carece de suporte legal, uma vez que fixada por ato administrativo do Banco Central. Por fim, sustenta que a multa de ofício aplicada ofende o princípio constitucional do nãoconfisco. Inicialmente, quanto a preliminar de nulidade dos Autos de Infração combatidos, por falta de clareza na motivação, corretamente decidiu o acórdão recorrido. A descrição dos fatos contida nos Autos de Infração bem descreveram a matéria objeto do lançamento, possibilitando que a contribuinte exercesse o seu pleno direito de defesa. Está perfeitamente evidenciado nas autuações, fls. 25 e 49, que o crédito tributário lançado de ofício se origina da diferença entre os valores informados nas DIPJs e daqueles valores informados em DCTF. Além disso, a autuada teve a plena oportunidade de se defender do lançamento efetuado pela fiscalização, apresentando suas razões de defesa na impugnação e no recurso ora examinado, demonstrando estar ciente dos motivos da autuação. Não obstante o acima mencionado, verificase também que o auto de infração contém todos os elementos exigidos pelo art. 142 do Código Tributário NacionalCTN e no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e alterações. Esclareçase, ainda, que as nulidades dos atos administrativos somente ocorrem se lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, fatos que definitivamente não ocorreram no presente caso: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente: II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.” Assim, uma vez que os autos de infração contêm todos os elementos previstos no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e art. 142, do CTN, e não provada violação das disposições contidas no art. 59 do mesmo diploma legal, é de se rejeitar a preliminar de nulidade levantada. Quanto à aplicação da multa de ofício, no percentual de 75%, esclareçase à recorrente que a mesma se encontra perfeitamente enquadrada no seu dispositivo legal, no caso, o art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (cujo percentual foi mantido com a nova redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007), abaixo transcrito na sua redação original: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (grifei) Fl. 305DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10980.001436/200920 Acórdão n.º 1202000768 S1C2T2 Fl. 5 5 Ficou evidenciado nos autos que a interessada foi autuada por ter preenchido errôneamente as DCTFs entregues, com valores a menor, e, em conseqüência, restou à fiscalização o lançamento das diferenças dos tributos não declarados e não pagos ao fisco, incidindo ao fato a norma legal acima transcrita. Assim, existindo expressa previsão legal para aplicação da penalidade, no percentual de 75%, nos casos de lançamento de ofício pela falta de pagamento do imposto e de declaração, a multa de ofício exigida deve ser mantida. Em relação ao alegado caráter confiscatório da multa aplicada, com violação a princípio constitucional, cabe dizer que esta autoridade julgadora não detém competência para o exame de matéria constitucional, tarefa privativa do Poder Judiciário. Não obstante tal fato, cumpre esclarecer que dito princípio constitucional constante do art. 150, IV, da Constituição da República, só se aplica em matéria de tributos, não se incluindo as penalidades previstas na legislação. O art. 150, IV, acima mencionado, assim dispõe: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] IV— utilizar tributo com efeito de confisco; (grifei) Já o art. 3º do Código Tributário Nacional define o conceito de tributo, que não abrange as sanções de atos ilícitos. Sendo assim, as multas pecuniárias não são alcançadas pelo princípio acima mencionado. Jurisprudência do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes também entendia nesse mesmo sentido, conforme ementário do Acórdão nº 10422313, sessão de 29/3/2007, abaixo transcrito, em parte: MULTA DE OFÍCIO CONFISCO Em se tratando de lançamento de ofício, é legítima a cobrança da multa correspondente, por falta de pagamento do imposto, sendo inaplicável o conceito de confisco que é dirigido a tributos. No que se refere à incidência dos juros de mora aos débitos tributários não pagos no vencimento, cabe esclarecer ao contribuinte que, estando em vigor a lei que determina a cobrança dos juros de mora, com base na taxa Selic, como é o caso do art. 61, § 3o, da Lei no 9.430, de 1996, resta à autoridade administrativa o dever de cumprir o que determina o mandamento legal. Nesse mesmo sentido, foi aprovada pela Portaria CARF nº 052, de 21 de dezembro de 2010, a Súmula CARF nº 4, com o seguinte teor: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de Fl. 306DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10980.001436/200920 Acórdão n.º 1202000768 S1C2T2 Fl. 6 6 inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais Assim, existindo expressa previsão legal para aplicação dos juros de mora, aos débitos tributários não pagos no seu vencimento, com base na taxa Selic, devem ser mantidos os acréscimos dos juros aplicados pela fiscalização. Quanto à exigência da CSLL, devese dizer que uma vez subsistindo o lançamento principal deve ser mantido o lançamento que lhe seja decorrente, na medida que os fatos que ensejaram o lançamento é o mesmo. Em face do exposto, voto para que seja rejeitada a preliminar de nulidade dos autos de infração e, no mérito, que seja negado provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 307DF CARF MF Impresso em 23/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 21/05/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por NELSON LOSSO FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000575/2007-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1999 a 30/09/2001
Ementa: INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E
DA AMPLA DEFESA Deve ser dada ciência, ao contribuinte, de manifestações proferidas pelo agente notificante após a impugnação, em respeito aos princípios do Contraditório e Ampla Defesa.
A viabilidade do saneamento do vício enseja a anulação da Decisão Notificação para a correta formalização do lançamento.
Decisão recorrida nula
Numero da decisão: 2301-002.973
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Sustentação: André Dias de Abreu. OAB: 87.433/MG.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1999 a 30/09/2001 Ementa: INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Deve ser dada ciência, ao contribuinte, de manifestações proferidas pelo agente notificante após a impugnação, em respeito aos princípios do Contraditório e Ampla Defesa. A viabilidade do saneamento do vício enseja a anulação da Decisão Notificação para a correta formalização do lançamento. Decisão recorrida nula
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 15983.000575/2007-68
conteudo_id_s : 5216819
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 05 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2301-002.973
nome_arquivo_s : Decisao_15983000575200768.pdf
nome_relator_s : BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
nome_arquivo_pdf_s : 15983000575200768_5216819.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Sustentação: André Dias de Abreu. OAB: 87.433/MG.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
id : 4566919
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:59:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041394259460096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1824; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1.616 1 1.615 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15983.000575/200768 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 2301002.973 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2012 Matéria CESSÃO DE MÃO DE OBRA: RETENÇÃO. EMPRESAS EM GERAL Recorrente COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTACOSIPA Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1999 a 30/09/2001 Ementa: INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Deve ser dada ciência, ao contribuinte, de manifestações proferidas pelo agente notificante após a impugnação, em respeito aos princípios do Contraditório e Ampla Defesa. A viabilidade do saneamento do vício enseja a anulação da Decisão Notificação para a correta formalização do lançamento. Decisão recorrida nula Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Sustentação: André Dias de Abreu. OAB: 87.433/MG. Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete De Oliveira Barros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Leonardo Henrique Lopes Fl. 1655DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 17 /09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22/10/2012 por MARCELO OLIVEIRA 2 Relatório Tratase de processo que retorna a esse CARF após cumprida diligência determinada pela extinta 4a CAJ, do CRPS. O crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada refere se às contribuições devidas à Seguridade Social, referente à obrigação do contratante de serviço mediante cessão de mãodeobra de reter 11% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura emitida pelo prestador de serviço. Consta do Relatório da NFLD (fls. 25) que a recorrente contratou serviços sob a modalidade de cessão de mão de obra junto a empresa prestadora DAD REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS LTDA, sem, contudo, efetuar a totalidade da retenção de 11% sobre o valor bruto das notas/faturas emitidas pela contratada, contrariando, dessa forma, o disposto no art. 31, da Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei 9.711/98, A autoridade notificante informa que os contratos analisados não fazem referência ao fornecimento de materiais ou equipamentos pela contratada, como também não foram discriminados, nas notas fiscais de serviços, os valores correspondentes a essas rubricas. A notificada impugnou o débito, juntando vasta documentação e, de sua análise, o processo foi convertido em diligência, nos termos do Despacho de fls. 1269, resultando na manifestação fiscal de fls. 1290. A Secretaria da Receita Previdenciária – SRP, por meio da Decisão Notificação nº 21.433.4/0029/2005 (fls. 1274), julgou o lançamento procedente, e a recorrente, inconformada com a decisão, apresentou recurso tempestivo ao CRPS (fls. 1285), repetindo basicamente as alegações trazidas na impugnação. Preliminarmente, alega nulidade da NFLD por cerceamento de defesa, argumentando que o TIAD solicitou apenas documentos relativos ao período de 02/1999 até 02/2001, e NFLD em tela abrange o período de 02/1999 até 09/2001, ou seja, período superior àquele informado no TIAD. Sustenta que não foi concedido o direito de a Recorrente apresentar os documentos necessários para sua defesa, no período compreendido entre 03/2001 a 09/2001 e, embora a decisão tenha entendido pela inexistência do cerceamento de defesa, o próprio relatório dos Srs. Fiscais comprova que a autuação se deu pela ausência de apresentação de documentos. Entende que a decisão recorrida é nula porquanto a julgadora de primeiro grau, em momento algum de sua decisão, se manifestou sobre os argumentos de defesa relativos à base de cálculo utilizada para efeito de retenção, que foi bem maior daquela autorizada por lei, estando o procedimento adotado pela notificada de acordo com a Lei e não trouxe qualquer prejuízo ao INSS. Fl. 1656DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 17 /09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22/10/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 15983.000575/200768 Acórdão n.º 2301002.973 S2C3T1 Fl. 1.617 3 No mérito, reafirma que, no caso em tela, restou incontroverso que o contrato de prestação de serviços que celebrado entre a Recorrente e a contratada prevê a cessão de mãodeobra, fato este, que por si só, a obriga reter 11% das faturas emitidas pela contratada, tendo a recorrente retido e recolhido o valor devido, em rigorosa obediência a Ordem de Serviço n.° 209 e ao Decreto 3.048/99. Esclarece que as sras. auditoras fiscais aplicaram a alíquota de 11% sobre o valor total da nota fiscal emitida pela empresa contratada, procedimento este totalmente arbitrário e ilegal, haja vista que afronta as disposições contidas no Decreto 3.048/99 e a Ordem de Serviço n.° 209. Ressalta que, no caso em tela, conforme comprova os contratos de prestação de serviços juntados aos autos, embora não exista discriminação de valores, é certo que havia expressa previsão de que nos valores pagos pela COSIPA à contratada já estavam incluídos os valores com materiais e equipamentos. Entende que, para se verificar se houve a evasão fiscal, devese confrontar o valor devido à Previdência pela empresa contratada (DAD), com os valores efetivamente recolhidos aos cofres dessa Autarquia, sela a titulo de retenção ou a titulo de complementação. Insurgese contra a multa aplicada, asseverando que não cometeu infração para que lhe fosse imputada uma penalidade, e mesmo que tivesse agido de forma errônea, a recorrente comprovou que não houve evasão fiscal. Finaliza requerendo que seja dado ao presente recurso efeito suspensivo e, considerandoo procedente, seja reformada a decisão atacada, além de que seja realizada diligência na contabilidade da empresa contratada a fim de comprovar que nenhum valor é devido. Da análise das razões recursais, a SRP emitiu a REFORMA DE DECISÃO NOTIFICAÇÃO n° 21.433.4/0103/2005, que reformou a decisão anterior e julgou o lançamento procedente em parte, corrigindo a base de cálculo das competências 03/2001 e 04/2001, tendo em vista os valores constantes das notas fiscais 206 e 210, apresentadas sem sede recursal. Cientificada da nova decisão, a recorrente se manifestou (fls. 1545), requerendo o encaminhamento do processo ao CRPS para julgamento da parte controversa do recurso voluntário já interposto tempestivamente, e ressaltando que a exigência do depósito prévio está suspensa. Em contrarazões (fls. 1557), a SRP manteve a decisão recorrida e a 4a CAJ do CRPS, por meio do Decisório 111/2006 (fl. 1568), converteu o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal demonstrasse, de forma efetiva, que os serviços contratados pela recorrente foram prestados com cessão de mãodeobra. Em atendimento ao determinado pela 4a CAJ, a fiscalização emitiu Relatório Fiscal Complementar (fls. 1572), expondo os motivos pelos quais entendeu que houve cessão de mão de obra nos serviços prestados pela contratada. Cientificada do Relatório Complementar, a recorrente se manifestou (fls. 1524), reiterando suas manifestações anteriores por meio das quais ela própria admite que Fl. 1657DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 17 /09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22/10/2012 por MARCELO OLIVEIRA 4 houve cessão de mão de obra nos serviços prestados pela DAD, e ressaltando que todos os recolhimentos dos valores envolvidos foram realizados e comprovados documentalmente quando da apresentação da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Bernadete de Oliveira Barros O recurso é tempestivo e todos os requisitos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice para seu conhecimento. Inicialmente, cumpre observar que, após a impugnação e antes do primeiro julgamento de 1ª instância, o processo foi convertido em diligência e a fiscalização se manifestou, combatendo os argumentos trazidos na peça impugnatória e trazendo as razões pelas quais entende que o débito deveria ser mantido. Porém, constatase que não foi dada, ao contribuinte, a oportunidade de se manifestar em relação aos esclarecimentos prestados pelo agente notificante na diligência fiscal, e que serviram de base para a formação de convicção da autoridade julgadora de primeira instância . Entendo que, o processo, como espécie de procedimento em contraditório, exige a manifestação de uma parte sempre que a outra traz para os autos fatos novos. Assim, se no curso do procedimento, são efetuadas diligências com manifestações dos representantes do Fisco sem conhecimento do sujeito passivo, fazse necessária a abertura de prazo para sua manifestação, sob pena de cerceamento do direito de defesa. Porém, o vício apontado não implica nulidade da NFLD, tendo que a viabilidade do seu saneamento enseja a anulação apenas das decisões de primeira instância, para a correta formalização do processo. E o Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, determina, no art. 59, inciso II, que são nulas as decisões proferidas com preterição do direito de defesa. Portanto, entendo que a nulidade da decisão de primeira instância, bem como de todos os atos que vieram posteriormente, merece ser decretada afim de que se possa oferecer oportunidade à recorrente de se manifestar a respeito dos esclarecimentos prestados pela autoridade fiscal, antes de qualquer decisão da Autarquia a respeito do lançamento. Nesse sentido e, Considerando tudo o mais que dos autos consta; Voto no sentido de CONHECER DO RECURSO e ANULAR A DECISÃO NOTIFICAÇÃO nº 21.433.4/0029/2005 e todos os atos posteriores. É como voto. Fl. 1658DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 17 /09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22/10/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 15983.000575/200768 Acórdão n.º 2301002.973 S2C3T1 Fl. 1.618 5 Bernadete de Oliveira Barros Relator Fl. 1659DF CARF MF Impresso em 23/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 17 /09/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22/10/2012 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0