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7245652 #
Numero do processo: 13896.723262/2015-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011 ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR DE FATO. ART. 135, III. CABIMENTO. NATUREZA DA RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR. EXCLUSÃO DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE. A jurisprudência deste Conselho é firme no sentido de que a responsabilidade dos sócios, gerentes ou administradores (sejam formais ou de fato), prevista no art. 135, III é solidária e não exclui do polo passivo a pessoa jurídica administrada. Sendo notória a ascendência do sujeito apontado como o administrador de fato das empresas pertencentes ao seu grupo familiar revela-se indiscutivelmente este que era o responsável de fato pela gestão dos negócios da empresa indicada no polo passivo da autuação. Com relação à infração à lei, esta resta mais do que caracterizada, não apenas do ponto de vista da utilização de empresas e contratos fictícios na prestação de serviços, com vistas ao pagamento de propinas, em violação à lei penal, como pela utilização como despesas dedutíveis os pagamento efetuados que, sabidamente não correspondiam à despesas efetivas, infringindo a legislação tributária. Desta feita, a imputação encontra-se em perfeita consonância com o entendimento do STJ exarado no acórdão do REsp 1101728SP. Inexiste contradição ou erro na sujeição passiva indicada no auto de infração, seja quanto ao devedor principal (pessoa jurídica), seja quando ao responsável solidário (administrador de fato). RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR. FALTA DE RECOLHIMENTO DE TRIBUTO POR REDUÇÃO INDEVIDA EM FACE DE BÔNUS DE ADIMPLÊNCIA FISCAL. NÃO CABIMENTO. Inexistindo nos autos qualquer comprovação correlacionando a conduta do responsável solidário indicado com o recolhimento insuficiente da CSLL em face da utilização indevida do bônus de adimplência fiscal, correta a decisão recorrida que exonera parcialmente a responsabilidade solidária. PRAZO DECADÊNCIAL. EXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SONEGAÇÃO. Restando caracterizada a ocorrência de ação dolosa e fraudulenta por parte dos sujeitos passivos, aplica-se ao caso o prazo de decadência previsto no art. 173, inc. I do CTN. Nas infrações apuradas em que não se comprova a ação dolosa do contribuinte e, existindo pagamento do tributo, ainda que parcial, aplica-se o prazo previsto no art. 150,§ 4º do CTN. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. EXIGÊNCIA CUMULADA COM IRPJ E CSSL APURADOS EM FACE DA GLOSA DE CUSTOS E DESPESAS CONSIDERADAS INIDÔNEAS. CABIMENTO. O art. 61 da Lei nº 8.981/1995, alcança todos os pagamentos efetuados a beneficiários não identificados ou cuja operação ou causa não é comprovada, independente de quem seja o real beneficiário dele (sócios/acionistas ou terceiros, contabilizados ou não), elegendo a pessoa jurídica responsável pelo pagamento efetivamente comprovado com responsável pelo recolhimento do imposto de renda devido pelo beneficiário, presumindo-se que assumiu o ônus pelo referido pagamento. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APRESENTAÇÃO DE CONFISSÃO EM TERMO DE COLABORAÇÃO PREMIADA OU ACORDO DE LENIÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 138 DO CTN. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. O instituto da denúncia espontânea, como o próprio nome revela, depende exclusivamente da ação do sujeito passivo, tanto no que se refere à confissão do tributo quanto ao seu pagamento ou depósito, quando este dependa de apuração. Cabe ao contribuinte retificar suas declarações de rendimentos, refazer suas apurações e efetuar o pagamento dos tributos devidos, ou o seu depósito, caso haja dúvida quanto ao montante total devido. Verificando-se, tão somente, a confissão dos crimes praticados ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal que, posteriormente, ensejaram apurações por parte do Fisco Federal dos tributos devidos em face das irregularidades a ele comunicadas pelos órgão de investigação e da Justiça, sem que o contribuinte tenha se antecipado a qualquer procedimento fiscal e adotado as medidas necessárias para a denúncia espontânea das obrigações tributárias perante o Fisco, esta não se configura. IRPJ/CSLL. GLOSA DE DESPESAS DECORRENTES DE ILÍCITO PENAL. PAGAMENTOS DE VANTAGENS INDEVIDAS. REPARAÇÃO DE DANOS OU RESSARCIMENTOS EM FACE DE ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA OU DE LENIÊNCIA. EXCLUSÃO DA BASE TRIBUTÁVEL GLOSADA RELATIVA A FATOS GERADORES OCORRIDOS EM PERÍODOS ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE. Ainda que as despesas glosadas sejam derivadas de desvios de recursos da empresa autuada para pagamentos de vantagens indevidas a terceiros, a sua indedutibilidade decorre essencialmente do fato de que não se enquadram como despesas efetivamente realizadas que reduziram indevidamente o resultado tributável dos exercícios fiscais sob apuração. Assim, a reparação de danos causados em decorrência dos ilícitos confessados ou a devolução de valores fixados em Termos de Colaboração Premiada ou em Acordos de Leniência, tem natureza completamente distinta das despesas originalmente deduzidas e não podem impactar a apuração de tributos de períodos já encerrados. Os fatos geradores complexivos do IRPJ e CSLL dos períodos em que ocorreram as infrações devem ser escoimados dos valores que afetaram indevidamente a base de cálculo dos tributos devidos, não podendo ser afetados retroativamente por quaisquer fatos, voluntários ou não que tenham sido praticados em momento posterior, visando a purgar total ou parcialmente os ilícitos penais cometidos e a atenuar a imposição de penalidades, seja na esfera administrativa ou judicial. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. RECURSOS DESVIADOS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS COM FINALIDADE ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS. Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente prestados, efetuados como meios preparatórios para o desvio dos recursos que seriam posteriormente empregados nos pagamentos de vantagens indevidas a terceiros, embora identifique sua finalidade não validam sua causa primária. Estes pagamentos não tem causa (no sentido econômico), pois não correspondem a serviços efetivamente prestados. Além disso, os reais beneficiários de tais recursos não são identificados nestas operações, pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as emitentes das notas fiscais) dos pagamentos. IRPJ/CSLL. DESPESAS GLOSADAS. PAGAMENTOS DE SUBORNOS OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE. Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes das atividade normais e usuais da empresa, como comissões sobre vendas. o pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro e ofende os princípios constitucionais voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa. CSLL. BASE DE CÁLCULO. GLOSA DE DESPESAS DECORRENTES DE ILÍCITOS PENAIS. INEXISTÊNCIA DE FATO DA DESPESA. CABIMENTO. A base de cálculo da CSLL tem como ponto de partida o resultado líquido apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Os atos ilícitos não podem produzir quaisquer efeitos tributários na apuração do resultado dos exercícios fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o mesmo efeito à CSLL na glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ . IRPJ/CSLL. GLOSA DE DESPESAS NÃO COMPROVADAS. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Diante do quadro fático em que se verifica que os pagamentos feitos, dissociados de qualquer prova de efetiva prestação dos serviços e que revelam a natureza fictícia das despesas contabilizadas, o que é corroborado pela confissão do administrador de fato de que os recursos pagos serviam para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas a terceiros, correta a aplicação da multa qualificada.
Numero da decisão: 1302-002.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade por identificação do sujeito passivo, vencido o Conselheiro Flávio Machado Vilhena Dias; e, por unanimidade, em rejeitar a preliminar de decadência; no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso quanto á impossibilidade de exigência concomitante do IRRF por pagamento sem causa e do IRPJ/CSLL em razão da glosa de despesas, vencidos os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Flávio Machado Vilhena Dias; por unanimidade de votos, em negar provimento, quanto às alegações de denúncia espontânea da infração ao Ministério Público Federal por aplicação do regime do art. 138 do CTN e de inviabilidade de exigência de impostos sobre os pagamento devolvidos na Operação Lava Jato, votando pelas conclusões do relator quanto a esta última alegação, os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio Machado Vilhena Dias; e, ainda, quanto à alegação de que o IRRF sobre pagamentos sem causa não pode ser exigido com amparo em causa meramente ilícita, tendo o Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca votado pelas conclusões; por maioria de votos, em negar provimento quanto à dedutibilidade das despesas decorrentes do contrato firmado com a Setec envolvendo a prestação de Serviços Técnicos e Transferência de Tecnologia e das despesas havidas nos contrato firmados com a MSML Participações e à exigência de IRRF por pagamento sem causa, vencidos os conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Flávio Machado Vilhena Dias, que cancelavam a exigência de IRRF. Quanto ao recurso de Ofício, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto do relator. O Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa solicitou a apresentação de declaração de voto. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO

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Com relação à infração à lei, esta resta mais do que caracterizada, não apenas do ponto de vista da utilização de empresas e contratos fictícios na prestação de serviços, com vistas ao pagamento de propinas, em violação à lei penal, como pela utilização como despesas dedutíveis os pagamento efetuados que, sabidamente não correspondiam à despesas efetivas, infringindo a legislação tributária. Desta feita, a imputação encontra-se em perfeita consonância com o entendimento do STJ exarado no acórdão do REsp 1101728SP. Inexiste contradição ou erro na sujeição passiva indicada no auto de infração, seja quanto ao devedor principal (pessoa jurídica), seja quando ao responsável solidário (administrador de fato). RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR. FALTA DE RECOLHIMENTO DE TRIBUTO POR REDUÇÃO INDEVIDA EM FACE DE BÔNUS DE ADIMPLÊNCIA FISCAL. NÃO CABIMENTO. Inexistindo nos autos qualquer comprovação correlacionando a conduta do responsável solidário indicado com o recolhimento insuficiente da CSLL em face da utilização indevida do bônus de adimplência fiscal, correta a decisão recorrida que exonera parcialmente a responsabilidade solidária. PRAZO DECADÊNCIAL. EXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SONEGAÇÃO. Restando caracterizada a ocorrência de ação dolosa e fraudulenta por parte dos sujeitos passivos, aplica-se ao caso o prazo de decadência previsto no art. 173, inc. I do CTN. Nas infrações apuradas em que não se comprova a ação dolosa do contribuinte e, existindo pagamento do tributo, ainda que parcial, aplica-se o prazo previsto no art. 150,§ 4º do CTN. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. EXIGÊNCIA CUMULADA COM IRPJ E CSSL APURADOS EM FACE DA GLOSA DE CUSTOS E DESPESAS CONSIDERADAS INIDÔNEAS. CABIMENTO. O art. 61 da Lei nº 8.981/1995, alcança todos os pagamentos efetuados a beneficiários não identificados ou cuja operação ou causa não é comprovada, independente de quem seja o real beneficiário dele (sócios/acionistas ou terceiros, contabilizados ou não), elegendo a pessoa jurídica responsável pelo pagamento efetivamente comprovado com responsável pelo recolhimento do imposto de renda devido pelo beneficiário, presumindo-se que assumiu o ônus pelo referido pagamento. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APRESENTAÇÃO DE CONFISSÃO EM TERMO DE COLABORAÇÃO PREMIADA OU ACORDO DE LENIÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 138 DO CTN. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. O instituto da denúncia espontânea, como o próprio nome revela, depende exclusivamente da ação do sujeito passivo, tanto no que se refere à confissão do tributo quanto ao seu pagamento ou depósito, quando este dependa de apuração. Cabe ao contribuinte retificar suas declarações de rendimentos, refazer suas apurações e efetuar o pagamento dos tributos devidos, ou o seu depósito, caso haja dúvida quanto ao montante total devido. Verificando-se, tão somente, a confissão dos crimes praticados ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal que, posteriormente, ensejaram apurações por parte do Fisco Federal dos tributos devidos em face das irregularidades a ele comunicadas pelos órgão de investigação e da Justiça, sem que o contribuinte tenha se antecipado a qualquer procedimento fiscal e adotado as medidas necessárias para a denúncia espontânea das obrigações tributárias perante o Fisco, esta não se configura. IRPJ/CSLL. GLOSA DE DESPESAS DECORRENTES DE ILÍCITO PENAL. PAGAMENTOS DE VANTAGENS INDEVIDAS. REPARAÇÃO DE DANOS OU RESSARCIMENTOS EM FACE DE ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA OU DE LENIÊNCIA. EXCLUSÃO DA BASE TRIBUTÁVEL GLOSADA RELATIVA A FATOS GERADORES OCORRIDOS EM PERÍODOS ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE. Ainda que as despesas glosadas sejam derivadas de desvios de recursos da empresa autuada para pagamentos de vantagens indevidas a terceiros, a sua indedutibilidade decorre essencialmente do fato de que não se enquadram como despesas efetivamente realizadas que reduziram indevidamente o resultado tributável dos exercícios fiscais sob apuração. Assim, a reparação de danos causados em decorrência dos ilícitos confessados ou a devolução de valores fixados em Termos de Colaboração Premiada ou em Acordos de Leniência, tem natureza completamente distinta das despesas originalmente deduzidas e não podem impactar a apuração de tributos de períodos já encerrados. Os fatos geradores complexivos do IRPJ e CSLL dos períodos em que ocorreram as infrações devem ser escoimados dos valores que afetaram indevidamente a base de cálculo dos tributos devidos, não podendo ser afetados retroativamente por quaisquer fatos, voluntários ou não que tenham sido praticados em momento posterior, visando a purgar total ou parcialmente os ilícitos penais cometidos e a atenuar a imposição de penalidades, seja na esfera administrativa ou judicial. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. RECURSOS DESVIADOS MEDIANTE INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS COM FINALIDADE ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS. Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente prestados, efetuados como meios preparatórios para o desvio dos recursos que seriam posteriormente empregados nos pagamentos de vantagens indevidas a terceiros, embora identifique sua finalidade não validam sua causa primária. Estes pagamentos não tem causa (no sentido econômico), pois não correspondem a serviços efetivamente prestados. Além disso, os reais beneficiários de tais recursos não são identificados nestas operações, pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as emitentes das notas fiscais) dos pagamentos. IRPJ/CSLL. DESPESAS GLOSADAS. PAGAMENTOS DE SUBORNOS OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE. Inadmissível a pretensão da recorrente de equiparar pagamentos com vistas ao cometimento de atos de corrupção à despesas necessárias e decorrentes das atividade normais e usuais da empresa, como comissões sobre vendas. o pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função social da empresa consagrada no direito brasileiro e ofende os princípios constitucionais voltados para assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é inadmissível que os efeitos econômicos de tais infrações, por mera liberalidade do administrador da companhia, sejam compreendidos como necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa. CSLL. BASE DE CÁLCULO. GLOSA DE DESPESAS DECORRENTES DE ILÍCITOS PENAIS. INEXISTÊNCIA DE FATO DA DESPESA. CABIMENTO. A base de cálculo da CSLL tem como ponto de partida o resultado líquido apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Os atos ilícitos não podem produzir quaisquer efeitos tributários na apuração do resultado dos exercícios fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o mesmo efeito à CSLL na glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ . IRPJ/CSLL. GLOSA DE DESPESAS NÃO COMPROVADAS. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. Diante do quadro fático em que se verifica que os pagamentos feitos, dissociados de qualquer prova de efetiva prestação dos serviços e que revelam a natureza fictícia das despesas contabilizadas, o que é corroborado pela confissão do administrador de fato de que os recursos pagos serviam para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas a terceiros, correta a aplicação da multa qualificada.

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1302­002.549  –  3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  20 de fevereiro de  2018  Matéria  GLOSA DE CUSTOS E DESPESAS  Recorrentes  SOG ­ OLEO E GAS S A              FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2010, 2011  ERRO  NA  IDENTIFICAÇÃO  DO  SUJEITO  PASSIVO.  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR DE FATO.  ART.  135,  III.  CABIMENTO.  NATUREZA  DA  RESPONSABILIDADE  DO  ADMINISTRADOR.  EXCLUSÃO  DA  PESSOA  JURÍDICA.  IMPOSSIBILIDADE.  A jurisprudência deste Conselho é firme no sentido de que a responsabilidade  dos sócios, gerentes ou administradores (sejam formais ou de fato), prevista  no  art.  135,  III  é  solidária  e  não  exclui  do  polo  passivo  a  pessoa  jurídica  administrada.  Sendo  notória  a  ascendência  do  sujeito  apontado  como  o  administrador de fato das empresas pertencentes ao seu grupo familiar revela­ se  indiscutivelmente  este  que  era  o  responsável  de  fato  pela  gestão  dos  negócios  da  empresa  indicada no  polo  passivo  da  autuação. Com  relação  à  infração à  lei, esta  resta mais do que caracterizada, não apenas do ponto de  vista da utilização de empresas e contratos fictícios na prestação de serviços,  com  vistas  ao  pagamento  de  propinas,  em  violação  à  lei  penal,  como  pela  utilização  como  despesas  dedutíveis  os  pagamento  efetuados  que,  sabidamente não correspondiam à despesas efetivas, infringindo a legislação  tributária. Desta feita, a imputação encontra­se em perfeita consonância com  o  entendimento  do  STJ  exarado  no  acórdão  do  REsp  1101728SP.  Inexiste  contradição  ou  erro  na  sujeição  passiva  indicada  no  auto  de  infração,  seja  quanto  ao  devedor  principal  (pessoa  jurídica),  seja  quando  ao  responsável  solidário (administrador de fato).  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR. FALTA DE  RECOLHIMENTO DE TRIBUTO POR REDUÇÃO INDEVIDA EM FACE  DE BÔNUS DE ADIMPLÊNCIA FISCAL. NÃO CABIMENTO.  Inexistindo  nos  autos  qualquer  comprovação  correlacionando  a  conduta  do  responsável solidário indicado com o recolhimento insuficiente da CSLL em     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 32 62 /2 01 5- 45 Fl. 16861DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.842          2 face da utilização indevida do bônus de adimplência fiscal, correta a decisão  recorrida que exonera parcialmente a responsabilidade solidária.  PRAZO  DECADÊNCIAL.  EXISTÊNCIA  DE  DOLO,  FRAUDE  OU  SONEGAÇÃO.  Restando  caracterizada  a  ocorrência  de  ação  dolosa  e  fraudulenta  por parte  dos sujeitos passivos, aplica­se ao caso o prazo de decadência previsto no art.  173, inc. I do CTN. Nas infrações apuradas em que não se comprova a ação  dolosa do contribuinte e, existindo pagamento do  tributo, ainda que parcial,  aplica­se o prazo previsto no art. 150,§ 4º do CTN.  IRRF.  PAGAMENTOS  SEM  CAUSA  OU  A  BENEFICIÁRIOS  NÃO  IDENTIFICADOS.  EXIGÊNCIA  CUMULADA  COM  IRPJ  E  CSSL  APURADOS  EM  FACE  DA  GLOSA  DE  CUSTOS  E  DESPESAS  CONSIDERADAS INIDÔNEAS. CABIMENTO.   O  art.  61  da  Lei  nº  8.981/1995,  alcança  todos  os  pagamentos  efetuados  a  beneficiários  não  identificados  ou  cuja  operação  ou  causa  não  é  comprovada,  independente de quem  seja  o  real  beneficiário  dele  (sócios/acionistas  ou  terceiros,  contabilizados  ou  não),  elegendo  a  pessoa  jurídica  responsável  pelo  pagamento  efetivamente comprovado com responsável pelo recolhimento do imposto de renda  devido  pelo  beneficiário,  presumindo­se  que  assumiu  o  ônus  pelo  referido  pagamento.   DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APRESENTAÇÃO DE CONFISSÃO EM TERMO  DE  COLABORAÇÃO  PREMIADA  OU  ACORDO  DE  LENIÊNCIA.  APLICAÇÃO DO ART. 138 DO CTN. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS  REQUISITOS.   O  instituto  da  denúncia  espontânea,  como  o  próprio  nome  revela,  depende  exclusivamente da ação do sujeito passivo, tanto no que se refere à confissão  do  tributo  quanto  ao  seu  pagamento  ou  depósito,  quando  este  dependa  de  apuração.  Cabe  ao  contribuinte  retificar  suas  declarações  de  rendimentos,  refazer suas apurações e efetuar o pagamento dos tributos devidos, ou o seu  depósito, caso haja dúvida quanto ao montante total devido. Verificando­se,  tão somente, a confissão dos crimes praticados ao Ministério Público Federal  e  à  Justiça  Federal  que,  posteriormente,  ensejaram  apurações  por  parte  do  Fisco  Federal  dos  tributos  devidos  em  face  das  irregularidades  a  ele  comunicadas pelos órgão de investigação e da Justiça, sem que o contribuinte  tenha  se  antecipado  a  qualquer  procedimento  fiscal  e  adotado  as  medidas  necessárias para a denúncia  espontânea das obrigações  tributárias perante o  Fisco, esta não se configura.  IRPJ/CSLL.  GLOSA  DE  DESPESAS  DECORRENTES  DE  ILÍCITO  PENAL. PAGAMENTOS DE VANTAGENS INDEVIDAS. REPARAÇÃO  DE  DANOS  OU  RESSARCIMENTOS  EM  FACE  DE  ACORDOS  DE  COLABORAÇÃO  PREMIADA  OU  DE  LENIÊNCIA.  EXCLUSÃO  DA  BASE  TRIBUTÁVEL  GLOSADA  RELATIVA  A  FATOS  GERADORES  OCORRIDOS EM PERÍODOS ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE.  Ainda  que  as  despesas  glosadas  sejam derivadas  de desvios  de  recursos  da  empresa autuada para pagamentos de vantagens  indevidas a  terceiros,  a sua  indedutibilidade  decorre  essencialmente  do  fato  de  que  não  se  enquadram  como  despesas  efetivamente  realizadas  que  reduziram  indevidamente  o  Fl. 16862DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.843          3 resultado  tributável dos  exercícios  fiscais  sob  apuração. Assim,  a  reparação  de danos causados em decorrência dos ilícitos confessados ou a devolução de  valores  fixados  em  Termos  de  Colaboração  Premiada  ou  em  Acordos  de  Leniência,  tem natureza  completamente  distinta  das  despesas  originalmente  deduzidas  e  não  podem  impactar  a  apuração  de  tributos  de  períodos  já  encerrados. Os  fatos  geradores  complexivos  do  IRPJ  e CSLL  dos  períodos  em  que  ocorreram  as  infrações  devem  ser  escoimados  dos  valores  que  afetaram indevidamente a base de cálculo dos tributos devidos, não podendo  ser  afetados  retroativamente  por  quaisquer  fatos,  voluntários  ou  não  que  tenham  sido  praticados  em  momento  posterior,  visando  a  purgar  total  ou  parcialmente  os  ilícitos  penais  cometidos  e  a  atenuar  a  imposição  de  penalidades, seja na esfera administrativa ou judicial.  IRRF.  PAGAMENTOS  SEM  CAUSA.  RECURSOS  DESVIADOS  MEDIANTE  INTERPOSIÇÃO  DE  TERCEIROS  COM  FINALIDADE  ILÍCITA DE PAGAMENTO DE VANTAGENS INDEVIDAS.   Os pagamentos a diversas empresas por serviços que não foram efetivamente  prestados,  efetuados  como  meios  preparatórios  para  o  desvio  dos  recursos  que  seriam  posteriormente  empregados  nos  pagamentos  de  vantagens  indevidas  a  terceiros,  embora  identifique  sua  finalidade  não  validam  sua  causa  primária.  Estes  pagamentos  não  tem  causa  (no  sentido  econômico),  pois  não  correspondem  a  serviços  efetivamente  prestados.  Além  disso,  os  reais  beneficiários  de  tais  recursos  não  são  identificados  nestas  operações,  pois estão encobertos por documentos que apontavam outros beneficiários (as  emitentes das notas fiscais) dos pagamentos.  IRPJ/CSLL.  DESPESAS  GLOSADAS.  PAGAMENTOS  DE  SUBORNOS  OU PROPINAS. VIOLAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA E OFENSA AOS  PRINCÍPIOS  DA  FUNÇÃO  SOCIAL  DA  EMPRESA  E  DA  LIVRE  CONCORRÊNCIA. INDEDUTIBILIDADE.  Inadmissível  a pretensão da  recorrente de  equiparar pagamentos  com vistas  ao  cometimento  de  atos  de  corrupção  à  despesas  necessárias  e  decorrentes  das atividade normais e usuais da empresa, como comissões sobre vendas. o  pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a função  social  da  empresa  consagrada  no  direito  brasileiro  e  ofende  os  princípios  constitucionais  voltados  para  assegurar  a  ordem  econômica  fundada  na  valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Os atos concernentes ao  pagamentos de propinas a agentes públicos e privados, atentam diretamente  contra a função social da empresa e à liberdade concorrencial e, por óbvio, é  inadmissível  que  os  efeitos  econômicos  de  tais  infrações,  por  mera  liberalidade  do  administrador  da  companhia,  sejam  compreendidos  como  necessários ao desenvolvimento das atividades normais e usuais da empresa.  CSLL.  BASE DE  CÁLCULO.  GLOSA DE DESPESAS DECORRENTES  DE  ILÍCITOS  PENAIS.  INEXISTÊNCIA  DE  FATO  DA  DESPESA.  CABIMENTO.  A base de  cálculo da CSLL  tem como ponto de partida o  resultado  líquido  apurado na contabilidade. Assim, as despesas comprovadamente inexistentes  não podem compor o resultado líquido do exercício, do qual parte a apuração  tanto  do  IRPJ  quanto  da  CSLL.  Os  atos  ilícitos  não  podem  produzir  Fl. 16863DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.844          4 quaisquer  efeitos  tributários  na  apuração  do  resultado  dos  exercícios  fiscalizados. É remansosa a jurisprudência administrativa no sentido de dar o  mesmo  efeito  à CSLL na glosa  de  despesas  fictícias  da base  de  cálculo  do  IRPJ .  IRPJ/CSLL.  GLOSA  DE  DESPESAS  NÃO  COMPROVADAS.  MULTA  QUALIFICADA. CABIMENTO.  Diante  do  quadro  fático  em  que  se  verifica  que  os  pagamentos  feitos,  dissociados  de  qualquer  prova  de  efetiva  prestação  dos  serviços  e  que  revelam a natureza fictícia das despesas contabilizadas, o que é corroborado  pela  confissão  do  administrador  de  fato  de  que  os  recursos  pagos  serviam  para  viabilizar  o  pagamento  de  vantagens  indevidas  a  terceiros,  correta  a  aplicação da multa qualificada.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  Por  maioria  de  votos,  em  rejeitar  a  preliminar  de  nulidade  por  identificação  do  sujeito  passivo,  vencido  o  Conselheiro  Flávio  Machado Vilhena Dias; e, por unanimidade, em rejeitar a preliminar de decadência; no mérito,  por maioria de votos, em negar provimento ao recurso quanto á impossibilidade de exigência  concomitante  do  IRRF  por  pagamento  sem  causa  e  do  IRPJ/CSLL  em  razão  da  glosa  de  despesas, vencidos os Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Flávio Machado  Vilhena  Dias;  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento,  quanto  às  alegações  de  denúncia espontânea da infração ao Ministério Público Federal por aplicação do regime do art.  138 do CTN e de  inviabilidade de exigência de  impostos  sobre os pagamento devolvidos na  Operação  Lava  Jato,  votando  pelas  conclusões  do  relator  quanto  a  esta  última  alegação,  os  Conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Gustavo Guimarães da Fonseca e Flávio  Machado  Vilhena Dias;  e,  ainda,  quanto  à  alegação  de  que  o  IRRF  sobre  pagamentos  sem  causa  não  pode  ser  exigido  com  amparo  em  causa  meramente  ilícita,  tendo  o  Conselheiro  Gustavo  Guimarães  da  Fonseca  votado  pelas  conclusões;  por  maioria  de  votos,  em  negar  provimento quanto à dedutibilidade das despesas decorrentes do contrato firmado com a Setec  envolvendo  a  prestação  de  Serviços Técnicos  e  Transferência  de Tecnologia  e  das  despesas  havidas  nos  contrato  firmados  com  a  MSML  Participações  e  à  exigência  de  IRRF  por  pagamento sem causa, vencidos os conselheiros Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Flávio  Machado Vilhena Dias, que cancelavam a exigência de IRRF. Quanto ao recurso de Ofício, por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento  ao  recurso,  nos  termos  do  relatório  e  voto  do  relator.  O  Conselheiro  Marcos  Antonio  Nepomuceno  Feitosa  solicitou  a  apresentação  de  declaração de voto.   (assinado digitalmente)  Luiz Tadeu Matosinho Machado ­ Presidente e Relator.  Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Carlos  César  Candal  Moreira  Filho,  Marcos  Antonio  Nepomuceno  Feitosa,  Paulo  Henrique  Silva  Figueiredo,  Rogério  Aparecido  Gil,  Lizandro  Rodrigues  de  Sousa  (suplente  convocado),  Gustavo  Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado.  Fl. 16864DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.845          5 Relatório  Trata­se de recurso de ofício e voluntário interpostos em face do Acórdão nº  03­71.131,  de  31/05/2016,  proferido  pela  2ª  Turma  da  DRJ­Brasília/DF,  que  considerou  parcialmente  procedente  a  impugnação  apresentada  em  face  de  autos  de  infração  de  IRPJ  e  CSLL e IRRF, conforme espelhado na seguinte ementa:     ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ   Ano­calendário: 2010, 2011   RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.   A responsabilidade do art. 135, III, do CTN é do tipo solidária,  ou seja, se o representante, mesmo que de  fato, da contribuinte  for  colocado no pólo passivo,  isto não exclui a  contribuinte da  responsabilidade dos tributos e multas apurados.   DECADÊNCIA. PRAZO PARA EFETUAR O LANÇAMENTO.   Na  hipótese  de  lançamento  por  homologação,  inexistindo  disposição legal diversa à do CTN e ocorrendo a antecipação do  pagamento  sem  prévio  exame  do  Fisco,  a  decadência  de  a  Fazenda Pública efetuar o lançamento opera­se após cinco anos,  contados do fato gerador, sem que aquela tenha se pronunciado.  Inexistindo  antecipação  do  pagamento,  o  direito  de  a  Fazenda  Pública  constituir  o  crédito  tributário  extingue­se  após  cinco  anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que o lançamento poderia ter sido efetuado. Em caso de dolo a  decadência será regida pelo inciso I do art. 173 do CTN.   DESPESAS NÃO COMPROVADAS.   Para se comprovar uma despesa para o IRPJ ou para a CSLL,  de modo a  torná­la dedutível,  não basta  comprovar que  ela  foi  assumida e que houve o desembolso. É requisito essencial para a  sua  dedutibilidade  a  comprovação  da  efetiva  prestação  do  serviço, com documentação hábil e idônea.   Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte ­ IRRF   Ano­calendário: 2010, 2011   Ementa:  BENEFICIÁRIO  NÃO  IDENTIFICADO.  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DO  IMPOSTO  DE  RENDA  NA  FONTE  SOBRE  PAGAMENTOS  A  BENEFICIÁRIO  NÃO  IDENTIFICADO  OU  QUANDO  REFERIR­SE  A  OPERAÇÃO  OU CAUSA NÃO COMPROVADA.   Fl. 16865DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.846          6 Se  sujeita  à  incidência  do  imposto  de  renda  exclusivamente  na  fonte, com alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento  efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado,  assim  como  pagamentos  efetuados  ou  recursos  entregues  a  terceiro  ou  sócios,  contabilizados  ou  não,  quando  não  for  comprovada  a  operação  ou  a  sua  causa.  ainda  que  esse  pagamento resultar em redução do lucro líquido da empresa.   MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO.   Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no  artigo  44,  parágrafo  1º,  da  Lei  nº  9.430/96,  restando  demonstrado  que  o  procedimento  adotado  pelo  sujeito  passivo  enquadra­se, em tese, nas hipóteses tipificadas no art. 71, 72 ou  73 da Lei nº 4.502/64.   ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LÍQUIDO  ­  CSLL   Ano­calendário: 2010   RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA   Quando  não  se  prova  o  excesso  de  poderes  ou  infração  à  lei,  contrato  social  ou  estatuto,  não  se  pode  manter  a  responsabilidade  para  o  representante  legal.  No  caso,  estes  requisitos  não  se  deram  para  a  infração  do  Bônus  de  Adimplência.   BÔNUS DE ADIMPLÊNCIA   Correta  a  glosa  da  dedução  de  CSLL  devido  ao  bônus  de  adimplência  pelo  fato  da  contribuinte  estar  recolhendo  seus  tributos em atraso.   Impugnação Procedente em Parte   Crédito Tributário Mantido   As infrações apuradas pela fiscalização foram assim identificadas no Termo  de Verificação Fiscal ­ TVF e nos auto de infração lavrados, tendo as apurações da fiscalização  sido descritas no acórdão recorrido, verbis:  Objeto Social do Sujeito Passivo   O sujeito passivo é empresa organizada sob a forma de sociedade anônima de  capital  fechado cujo objeto social abrange: a) prestação de serviços de engenharia,  arquitetura e a elaboração de projetos relacionados à exploração, refino e transporte  de petróleo, seus derivados, gás e biocombustíveis, bem como destinados à indústria  petroquímica,  fertilizantes,  infra­estrutura  e  indústria  da  construção  civil;  b)  comercialização,  importação,  exportação,  inspeção, diligenciamento  e  revenda,  em  nome  próprio  ou  através  de  terceiros,  de  equipamentos,  máquinas  e  materiais;  c)  construção de gasodutos e de unidades industriais para as atividades relacionadas à  exploração  e  refino  de  petróleo  e  gás;  d)  participação  em outras  sociedades  como  sócia  ou  acionista;  e)  prestação  de  serviços  na  área  de  Energia  Nuclear,  Termelétrica, Eólica, Solar, Pequenas Centrais Hidrelétricas, Subestações de Energia  e  Indústria da Construção Civil, execução de obras de construção civil, hidráulica,  Fl. 16866DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.847          7 elétrica  e  de  outras  semelhantes,  instalação  e  montagem  de  produtos,  peças  e  equipamentos, montagem eletromecânica e outros serviços relacionados à  indústria  da  construção  civil  e  f)  gerenciamento,  acompanhamento,  fiscalização  e  diligenciamento da execução de obras de engenharia.   O  sujeito  passivo  adotou  o  regime  tributário  do  Lucro  Real,  com  apuração  trimestral do IR e da CSLL para os anos – calendários de 2010 e 2011. E, apuração  anual do IR e da CSLL para os anos­calendário de 2012 e 2013.  Controle Societário   De  acordo  com  o  informado  na  Ficha  60  das  DIPJs  do  período  sob  fiscalização,  o  controle  societário  da  empresa  era  detido  pelas  empresas  Lineal  Participações S.A. (58%), e Latinvest Participações S.A. (48%).   A Ata  da Assembléia Geral  Extraordinária  do  sujeito  passivo,  realizada  em  20/01/15, informa que em 13/01/15 a acionista Lineal Participações S.A. adquiriu a  totalidade  das  ações  de  propriedade  da  Latinvest  Participações  S.A.,  passando  a  deter a integralidade do capital social do sujeito passivo.   Grupo Ribeiro de Mendonça   A Lineal Participações S.A., empresa controladora do sujeito passivo durante  o  período  sob  fiscalização  e  atualmente  detentora  da  integralidade  do  seu  capital  social,  é  por  sua  vez  controlada  direta  e  indiretamente  por  pessoas  de  um mesmo  grupo familiar, integrantes da família Ribeiro de Mendonça.   Luciana Ribeiro de Mendonça e Roberta Ribeiro de Mendonça Funicello são  filhas de Roberto Ribeiro de Mendonça. Carolina Folegatti Ribeiro de Mendonça e  Karin Folegatti Ribeiro de Mendonça são  filhas de Augusto Ribeiro de Mendonça  Neto. Augusto, Roberto e Maria Stela são irmãos.   A  partir  das  Fichas  Jucesp  e  das  informações  declaradas  em  DIPJs  a  fiscalização montou o Anexo I, o qual demonstra as participações societárias detidas  pela família Ribeiro de Mendonça em 31/12/13.   Destaca­se,  no  Anexo  I,  as  participações  societárias  de  Roberto  Ribeiro  de  Mendonça  e Augusto Ribeiro  de Mendonça Neto  na  empresa  PEM Engenharia,  a  qual  por  sua  vez  controlava  praticamente  a  totalidade  do  capital  da  Tipuana  Participações Ltda., Projetec Projetos e Tecnologia Ltda. e Setec Tecnologia Ltda.  DA OPERAÇÃO LAVA JATO  O  nome  do  caso,  “Lava  Jato”,  decorre  do  uso  de  uma  rede  de  postos  de  combustíveis  e  lava  a  jato  de  automóveis  para  movimentar  recursos  ilícitos  pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Embora  a  investigação  tenha avançado para outras organizações criminosas, o nome inicial  se consagrou.   No  primeiro  momento  da  investigação,  desenvolvido  a  partir  de  março  de  2014, perante a Justiça Federal em Curitiba, foram investigadas e processadas quatro  organizações  criminosas  lideradas  por  doleiros,  que  são  operadores  do  mercado  paralelo  de  câmbio.  Depois,  o Ministério  Público  Federal  recolheu  provas  de  um  imenso esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras.   Nesse  esquema,  que  dura  pelo  menos  dez  anos,  grandes  empreiteiras  organizadas  em  cartel  pagavam  propina  para  altos  executivos  da  estatal  e  outros  Fl. 16867DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.848          8 agentes  públicos.  O  valor  da  propina  variava  de  1%  a  5%  do  montante  total  de  contratos  bilionários  superfaturados.  Esse  suborno  era  distribuído  por  meio  de  operadores  financeiros  do  esquema,  incluindo  doleiros  investigados  na  primeira  etapa.   As empreiteiras ­ Em um cenário normal, empreiteiras concorreriam entre si,  em  licitações,  para  conseguir  os  contratos  da  Petrobras,  e  a  estatal  contrataria  a  empresa que aceitasse fazer a obra pelo menor preço. Neste caso, as empreiteiras se  cartelizaram  em  um  “clube”  para  substituir  uma  concorrência  real  por  uma  concorrência aparente. Os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados  em  reuniões  secretas nas quais se definia quem ganharia o  contrato e qual  seria o  preço,  inflado  em  benefício  privado  e  em  prejuízo  dos  cofres  da  estatal.  O  cartel  tinha até um regulamento, que simulava regras de um campeonato de futebol, para  definir como as obras seriam distribuídas. Para disfarçar o crime, o registro escrito  da distribuição de obras era feito, por vezes, como se fosse a distribuição de prêmios  de um bingo.   Funcionários  da  Petrobras  ­  As  empresas  precisavam  garantir  que  apenas  aquelas  do  cartel  fossem  convidadas  para  as  licitações.  Por  isso,  era  conveniente  cooptar agentes públicos. Os funcionários não só se omitiam em relação ao cartel, do  qual tinham conhecimento, mas o favoreciam, restringindo convidados e incluindo a  ganhadora  dentre  as  participantes,  em  um  jogo  de  cartas  marcadas.  Segundo  levantamentos  da  Petrobras,  eram  feitas  negociações  diretas  injustificadas,  celebravam­se  aditivos  desnecessários  e  com  preços  excessivos,  aceleravam­se  contratações com supressão de etapas  relevantes e vazavam  informações  sigilosas,  dentre outras irregularidades.   Operadores  financeiros  ­  Os  operadores  financeiros  ou  intermediários  eram  responsáveis não só por intermediar o pagamento da propina, mas especialmente por  entregar a propina disfarçada de dinheiro limpo aos beneficiários. Em um primeiro  momento, o dinheiro ia das empreiteiras até o operador financeiro. Isso acontecia em  espécie,  por  movimentação  no  exterior  e  por  meio  de  contratos  simulados  com  empresas de fachada. Num segundo momento, o dinheiro ia do operador financeiro  até o beneficiário em espécie, por transferência no exterior ou mediante pagamento  de bens.   Acesso Público às Denúncias do MPF e Compartilhamento de Documentação  Probatória com a RFB   O Ministério Público Federal  ­ MPF  tornou pública a  consulta a alguns dos  processos judiciais formalizados no âmbito da Operação Lava Jato, fornecendo para  tanto  a  respectiva  chave  de  acesso.  Desta  forma,  duas  denúncias  oferecidas  pelo  MPF  contra  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça  Neto  e  outros  se  tornaram  públicas,  permitindo  consulta  também  a  toda  a  documentação  probatória  apresentada  pelo  MPF,  assim  como  aos  acordos  de  colaboração  premiada  firmados  com  Augusto  Ribeiro de Mendonça Neto e outros.   Além  do  acesso  público  à  documentação  probatória  juntada  às  denúncias  oferecidas pelo MPF o compartilhamento com a RFB dos Acordos de Colaboração  Premiada  homologados  pela  Justiça  Federal,  entre  eles  aqueles  firmados  com  Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Julio Gerin de Almeida Camargo, foi deferido  pelo Juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, conforme decisão datada de 16/06/15, e  encaminhado  pelo Ministério  Público  Federal  por meio  do Ofício  nº  5216/2015  ­  PRPR datado de 26/06/15.   Fl. 16868DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.849          9 Ainda,  o  acesso  ao  processo  que  controla  o Acordo de Leniência  celebrado  pela SOG – Óleo e Gás S.A., Setec Tecnologia S.A., e pessoas físicas vinculadas a  essas  empresas,  com  o  Conselho  Administrativo  de  Defesa  Econômica  ­  CADE,  também  foi  compartilhado  com  a RFB,  conforme Ofício  nº  4688/2015/CADE,  de  31/08/15.   Os documentos referidos foram juntados a este processo administrativo fiscal  que controla os autos de infração resultantes desta ação fiscal.  Inaptidão e Baixa de Ofício de Fornecedores   Augusto  Mendonça  declarou  nos  Termos  de  Colaboração  que  para  vencer  concorrência  fraudulenta destinada  a  executar obras para a Petrobrás,  na Refinaria  Presidente  Getúlio  Vargas  ­  REPAR,  o  Consórcio  Interpar,  integrado  pela  SOG,  Mendes  Junior  Trading  e  Engenharia  S.A.,  doravante  denominada  simplesmente  “Mendes  Junior”,  e  MPE  Montagens  e  Projetos  Especiais  S.A.,  doravante  denominada  simplesmente  “MPE”,  comprometeu­se  a  pagar  propinas  para  funcionários de  alto  escalão daquela estatal,  compreendendo Paulo Roberto Costa,  Diretor  de Abastecimento,  e Renato Duque, Diretor de Serviços  e Pedro Barusco,  Gerente de Engenharia e funcionário subordinado a Renato Duque.   Augusto Mendonça ficou responsável pela negociação das propinas, ainda no  curso  do  procedimento  licitatório,  com  a  concordância  dos  responsáveis  pela  Mendes Junior e MPE, e também pela operacionalização do pagamento das mesmas.  A  negociação  e  pagamento  dos  valores  destinados  a  Paulo  Roberto  Costa  foram  tratados com José Janene, ex­deputado federal já falecido, e Alberto Youssef, pessoa  indicada  por  José  Janene.  A  negociação  e  pagamento  dos  valores  destinados  a  Renato  Duque  e  Pedro  Barusco  foram  tratados  diretamente  com  os  mesmos.  Posteriormente esses indicaram Dario Teixeira para operacionalizar os pagamentos  dos valores que lhe eram destinados.   Com o propósito de operacionalizar o pagamento dessas propinas o Consórcio  Interpar  firmou  contrato  de  prestação  de  serviços  com  a  Setal  Engenharia  Construções  e  Perfurações  S.A.,  denominação  anterior  da  Setec  Tecnologia  S.A.,  doravante  denominada  simplesmente  “Setec”,  empresa  do  grupo  empresarial  de  Augusto  Mendonça.  Os  serviços  contratados,  de  consultoria,  assessoria,  etc,  pela  Setec ao Consórcio Interpar teriam Servido tão somente para justificar o pagamento  de valores pelo Consórcio Interpar à Setec.   A  fiscalização  relata  que  as  propinas  negociadas  no  âmbito  da Diretoria  de  Abastecimento  da  Petrobrás  foram  pagas  pela  Setec  a  empresas  indicadas  por  Alberto Youssef: M.O. Consultoria Comercial e Laudos Estatísticos Ltda.­EPP, RCI  Software e Hardware Ltda.  e Empreiteira Rigidez Ltda. As propinas negociadas no âmbito da Diretoria de  Serviços  da  Petrobrás  foram  pagas  pela  Setec  a  empresas  indicadas  por  Dario  Teixeira  que,  segundo  declarou  Augusto  Mendonça,  o  mesmo  veio  a  saber  mais  tarde  que  pertenceriam  a  Adir  Assad  ou  interpostas  pessoas  do  mesmo:  SM  Terraplenagem  Ltda.,  Power  To  Ten  Engenharia  Ltda.,  Legend  Engenheiros  Associados Ltda., Soterra Terraplenagem e Locação de Equipamentos Ltda. e Rock  Star  Marketing  Ltda.  Os  pagamentos  da  Setec  a  essas  empresas  também  foram  amparados em contratos de prestação de serviços fictícios que a Setec celebrou com  as mesmas. Ou  seja,  da mesma  forma  que  a  Setec  não  teria  prestado  serviços  ao  Consórcio  Interpar,  as  empresas  indicadas  por  Alberto  Youssef  e  Dario  Teixeira  também não teriam prestados qualquer serviço à Setec. Os serviços contratados, de  consultoria,  aluguel de equipamentos e  serviços de  terraplenagem, não  teriam sido  Fl. 16869DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.850          10 prestados  pelas  empresas  à  Setec.  A  respeito  dos  pagamentos  às  empresas  vinculadas  a  Adir  Assad,  Augusto  Mendonça  retificou  declarações  anteriores  e  afirmou que parte dos recursos, no valor equivalente a US$ 6 milhões (seis milhões  de dólares) não foram destinados ao pagamento de propinas para Renato Duque, da  Diretoria de Serviços, mas depositados em empresa de sua propriedade sediada no  exterior.   Augusto Mendonça  declarou  que  em  razão  de  a  Setec  ter  contas  bancárias  bloqueadas à época, o Consórcio Interpar efetuou os pagamentos destinados à Setec  para  as  contas  bancárias  de  titularidade  da  Projetec  Projetos  e  Consultoria  Ltda.,  CNPJ  nº  07.187.473/0001­99,  doravante  denominada  simplesmente  “Projetec”,  e  Tipuana  Participações Ltda., CNPJ  nº  01.568.303/0001­78,  doravante  denominada  simplesmente  “Tipuana”,  empresas  integrantes  do  grupo  empresarial  de  Augusto  Mendonça.  Na  sequência,  a  Setec  instruiu  a  Projetec  e  a  Tipuana  para  que  repassassem os valores recebidos para as empresas indicadas por Alberto Youssef e  Dario Teixeira. Ou seja, os valores devidos pelo Consórcio Interpar à Setec  foram  pagos  diretamente  à  Projetec  e  Tipuana  e  estas,  por  sua  vez,  efetuaram  os  pagamentos às empresas indicadas por Alberto Youssef e Dario Teixeira.   Na RFB  foram desenvolvidas diversas  ações  fiscais  relativas  a  empresas  envolvidas  nas  operações  Saqueador,  Monte  Carlo  e  Lava  Jato  da  Polícia  Federal. No que  diz  respeito a esta  fiscalização,  foram declaradas  inaptas  e/ou  posteriormente baixadas de oficio a inscrição no CNPJ das seguintes empresas,  conforme  Atos  Declaratórios  Executivos  ­  ADE  e  respectivos  processos  administrativos­fiscais  indicados  a  seguir,  confirmando  as  declarações  de  Augusto Mendonça de que os contratos de prestação de serviços celebrados pela  Setec com as mesmas eram fictícios, nunca tendo ocorrido qualquer prestação de  serviços à Setec:    Rock Star Marketing Ltda.   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   Reiteradamente  intimada não apresentou qualquer documento,  livro contábil  ou resposta a esclarecimentos demandados pela fiscalização.   Os sócios, constituídos por pessoas físicas, também não foram localizados nos  endereços informados no Cadastro de Pessoas Físicas ­ CPF. Intimados por edital a  prestar esclarecimentos e fornecer documentos não se manifestaram.   Em  decorrência  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  declarada  inapta,  conforme  ADE  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Barueri  nº  38,  de  04/09/13, publicado no Diário Oficial da União de 05/09/13.   SM Terraplenagem Ltda.   Fl. 16870DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.851          11 Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   Os  sócios,  constituídos  por  pessoas  físicas  que  também  eram  os  mesmos  sócios  da  empresa  Rock  Star  Marketing  Ltda.  foram  intimados  inicialmente  a  regularizar  a  situação  cadastral  da  empresa. Um  dos  sócios  não  foi  localizado  no  endereço  informado  no CPF. O  outro  sócio  respondeu  informando  que  a  empresa  estava  funcionando  normalmente  no  local  do  seu  domicílio  fiscal,  informação  desmentida  pela  constatação  “in  loco”  realizada  por  Auditor­Fiscal  da  RFB.  Intimado a fornecer esclarecimentos e a apresentar documentos sobre a empresa não  se manifestou.   Em  decorrência  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  declarada  inapta,  conforme  ADE  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Barueri  nº  12,  de  08/09/11, publicado no Diário Oficial da União de 09/09/11.   Posteriormente, a inscrição da empresa no CNPJ foi baixada em função de a  fiscalização também ter constatado que o contribuinte não dispunha de patrimônio e  capacidade operacional necessários à realização do seu objeto social. A baixa, com  efeitos  a  partir  de  01/01/08,  foi  formalizada  por  meio  do  ADE  da  Delegacia  da  Receita Federal do Brasil em Barueri nº 31, de 29/08/14, publicado no Diário Oficial  da União de 01/09/14.   Power To Ten Engenharia Ltda   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   A  empresa,  conforme Ficha  Jucesp,  era  controlada  unipessoalmente  por  um  sócio pessoa física que, intimado a prestar esclarecimentos e a fornecer documentos  não se manifestou.   Em  decorrência  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  declarada  inapta,  conforme  ADE  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Barueri  nº  40,  de  04/09/13, publicado no Diário Oficial da União de 05/09/13.   Posteriormente, a inscrição da empresa no CNPJ foi baixada em função de a  fiscalização também ter constatado que o contribuinte não dispunha de patrimônio e  capacidade operacional necessários à realização do seu objeto social. A baixa, com  efeitos  a  partir  de  03/03/08,  foi  formalizada  por  meio  do  ADE  da  Delegacia  da  Receita Federal do Brasil em Barueri nº 37, de 29/10/14, publicado no Diário Oficial  da União de 30/10/14.   Soterra Terraplenagem e Locação de Equipamentos Ltda. – EPP   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   A  empresa,  conforme Ficha  Jucesp,  era  controlada  unipessoalmente  por  um  sócio pessoa física que, intimado a prestar esclarecimentos e a fornecer documentos  não  foi  localizado  no  endereço  informado  no  CPF.  Esse  sócio  também  figurava  como sócio das empresas Rock Star Marketing Ltda. e SM Terraplenagem Ltda.   Em  decorrência  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  declarada  inapta,  conforme  ADE  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  em  Barueri  nº  35,  de  04/09/13, publicado no Diário Oficial da União de 05/09/13.   Posteriormente, a inscrição da empresa no CNPJ foi baixada em função de a  fiscalização também ter constatado que o contribuinte não dispunha de patrimônio e  capacidade operacional necessários à realização do seu objeto social. A baixa, com  Fl. 16871DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.852          12 efeitos  a  partir  de  01/01/09,  foi  formalizada  por  meio  do  ADE  da  Delegacia  da  Receita Federal do Brasil em Barueri nº 26, de 29/08/14, publicado no Diário Oficial  da União de 01/09/14.   Legend Engenheiros Associados Ltda   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   Os  sócios,  constituídos  por  pessoas  físicas,  não  atenderam  às  reiteradas  intimações da fiscalização para apresentar esclarecimentos e documentos.   Em decorrência a empresa foi intimada por meio do Edital de Intimação nº 24,  de 02/05/14, da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em  São  Paulo,  publicado  no  Diário  Oficial  da  União  de  07/05/14,  a  regularizar  sua  situação cadastral no CNPJ sob pena de sua inscrição nesse cadastro ser baixada de  ofício.   Em  face  do  não atendimento  ao  referido Edital  de  Intimação  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  baixada.  A  baixa,  com  efeitos  a  partir  de  03/07/14,  foi  formalizada por meio do ADE da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de  Fiscalização  em  São  Paulo  nº  190,  de  27/06/14,  publicado  no  Diário  Oficial  da  União de 03/07/14.  Empreiteira Rigidez Ltda   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   Os sócios, constituídos por pessoas físicas, não foram localizados para atender  às intimações da fiscalização para apresentar esclarecimentos e documentos.   Foi constatada falta de capacidade operacional ou financeira da empresa ou de  seus sócios para realizar seu objeto social.   Em decorrência a empresa foi intimada por meio do Edital de Intimação nº 03,  de 06/03/15, da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração  Tributária  em  São  Paulo,  publicado  no  Diário  Oficial  da  União  de  18/03/15,  a  regularizar sua situação cadastral no CNPJ sob pena de sua inscrição nesse cadastro  ser baixada de ofício.   Em  face  do  não atendimento  ao  referido Edital  de  Intimação  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  baixada.  A  baixa,  com  efeitos  a  partir  de  27/07/15,  foi  formalizada por meio do ADE da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de  Administração Tributária  em São  Paulo  nº  336,  de  22/05/15,  publicado  no Diário  Oficial da União de 27/05/15.   RCI Software e Hardware Ltda   Não foi localizada no respectivo endereço informado no CNPJ.   Os  sócios  da  empresa  eram  4  pessoas  físicas,  das  quais  duas  não  foram  localizadas  para  atender  às  intimações  da  fiscalização  para  apresentar  esclarecimentos e documentos. Um dos demais sócios foi eficazmente intimado pela  fiscalização para dar declarações e não compareceu ou justificou sua ausência, nada  esclarecendo.  Finalmente,  o  sócio  remanescente,  conforme  Ficha  Cadastral  da  Jucesp,  prestou  declarações  à  fiscalização  e  negou  que  tivesse  sido  sócio  da  empresa, que conhecesse os demais sócios, assim como não reconheceu como sua a  assinatura que figurava em seu nome nos documentos societários.   Fl. 16872DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.853          13 Foi constatada falta de capacidade operacional ou financeira da empresa ou de  seus sócios para realizar seu objeto social.   Em decorrência a empresa foi intimada por meio do Edital de Intimação nº 03,  de 06/03/15, da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração  Tributária  em  São  Paulo,  publicado  no  Diário  Oficial  da  União  de  18/03/15,  a  regularizar sua situação cadastral no CNPJ sob pena de sua inscrição nesse cadastro  ser baixada de ofício.   Em  face  do  não atendimento  ao  referido Edital  de  Intimação  a  inscrição  da  empresa  no  CNPJ  foi  baixada.  A  baixa,  com  efeitos  a  partir  de  27/07/15,  foi  formalizada por meio do ADE da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de  Administração Tributária  em São  Paulo  nº  336,  de  22/05/15,  publicado  no Diário  Oficial da União de 27/05/15.  Energex Group Representação e Consultoria Ltda   A  empresa  Energex  Group  Representação  e  Consultoria  Ltda.,  CNPJ  nº  05.114.027/0001­29, doravante denominada simplesmente “Energex”, é objeto dos  TDPFs  de  diligência  nº  08.1.28.00­2015­00177­9,  08.1.28.00­2015­00183­3  e  08.1.28.00­2015­00186­8,  destinados  originalmente  a  obter  informações  a  respeito  de operações realizadas com empresas do grupo empresarial de Augusto Mendonça.   A  empresa  foi  citada  nos  termos  de  colaboração  firmados  por  Augusto  Mendonça com o MPF e celebrou Acordo de Leniência com o MPF. A empresa foi  utilizada por Augusto Mendonça para obter reembolso do Consórcio SPS, no valor  de R$ 3 milhões, por propinas pagas por Augusto Mendonça no exterior a Renato  Duque, diretor de serviços da Petrobrás.   Por ocasião do envio do Termo de Intimação Fiscal ­ TIF nº V­01 à Energex,  lavrado  em  01/07/15,  por  via  postal,  conforme  Aviso  de  Recebimento  ­  AR  nº  JH928031325BR, os Correios  tentaram efetuar a entrega da correspondência em 3  ocasiões, nas datas de 07, 08 e 10/07/15, sem sucesso, uma vez que o carteiro não  foi atendido.   Em  vista  dessa  ocorrência  a  fiscalização  realizou  diligência  na  data  de  13/07/15  no  local  do  domícilio  fiscal  da  empresa  informado no CNPJ,  situado no  município de Santana de Parnaíba, SP.   A  fiscalização  constatou,  conforme  termo  lavrado  na  mesma  data,  que  no  local funcionava uma empresa que se prestava apenas a receber correspondência de  diversas empresas, entre as quais a Energex, e as encaminhava a quem de direito. Na  ocasião  a  pessoa  que  atendeu  a  fiscalização  informou  para  qual  endereço  eram  encaminhadas  as  correspondências  endereçadas  à  Energex.  Não  havia  no  local  qualquer  funcionário  ou  arquivos  da  Energex  ou  evidência  de  que  a  mesma  exercesse  atividade  naquele  endereço.  Ou  seja,  tratava­se  de  um  típico  escritório  virtual.   Na  sequência  a  fiscalização  publicou  em  13/07/15  o  Edital  Eletrônico  nº  1088875 para dar ciência à Energex do TIF nº V­01. Na mesma data lavrou os TIFs  nº  V­12  e  V­13,  destinados  a  cientificar  os  sócios  da  Energex  do  ocorrido,  do  conteúdo do TIF nº V­01, do Edital Eletrônico e a intimá­los a informar o local em  que  a  empresa  exercia  suas  atividades  e  mantinha  a  guarda  de  documentos  e  da  escrituração  contábil  e  fiscal.  Também  indagou  a  razão  pela  qual  as  correspondências  destinadas  à  empresa  eram  reencaminhadas  para o  endereço  que  correspondia ao domicílio tributário de Augusto Mendonça, sócio da Energex.   Fl. 16873DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.854          14 Por meio do TIF nº V­01 a fiscalização intimou a Energex a apresentar, entre  outros  elementos,  documentação  pertinente  a  transações  que  tivesse  mantido  no  período  correspondente  aos  anos­calendário  de  2010  a  2013,  com  as  empresas/consórcios relacionados, abaixo:   Projetec Projetos e Tecnologia Ltda;   Consórcio Mendes Junior ­ MPE – SOG;   Consórcio SPS;   Setec Tecnologia S.A;   PEM Engenharia Ltda.   Por meio das correspondências datadas de 21/07/15, recebida em 23/07/15, e  17/08/15,  recebida  na  mesma  data,  a  Energex  forneceu  parte  da  documentação  solicitada. Todavia, no que concerne à comprovação da efetiva prestação de serviços  às empresas e consórcios relacionados, assim como identificação e qualificação dos  profissionais que executaram os serviços, nada informou.   Por meio  do  TIF  nº V­29,  lavrado  em  26/08/15,  do  qual  a  Energex  tomou  ciência em 28/08/15, a fiscalização intimou a empresa a encaminhar a documentação  pertinente  aos  pagamentos  recebidos  do  Consórcio  CMMS  em  2010,  conforme  declarado pelo mesmo em DIRFs, no valor bruto de R$ 1.220.000,00. A fiscalização  solicitou cópia de notas fiscais, contratos celebrados, comprovantes de recebimento  e,  mais  uma  vez,  apresentação  da  documentação  comprobatória  da  prestação  dos  serviços  ao  Consórcio  CMMS.  Por  intermédio  da  correspondência  datada  de  18/09/15, recebida na mesma data, a Energex encaminhou cópia das notas fiscais e  cópia  de  extratos  bancários  comprovando o  recebimento  dos  valores  pertinentes  à  mesma.  Nada  apresentou  relativamente  à  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação de serviços ao Consórcio CMMS.   Por meio  do  TIF  nº V­32,  lavrado  em  08/09/15,  do  qual  a  Energex  tomou  ciência em 10/09/15, por via postal, a fiscalização intimou novamente a empresa a  encaminhar  a  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços  pertinentes às notas fiscais emitidas nos anos­calendários 2010 a 2013 para diversas  empresas,  incluindo­se  o  Consórcio  CMMS  e  o  Consórcio  SPS,  assim  como  a  identificação  e  qualificação  dos  profissionais  que  os  teriam  executado.  Nada  foi  apresentado.  Por  meio  da  carta  datada  de  28/09/15  informou  que  “não  localizou  documentação adicional nos termos em que exigidos” nos TIFs nº V­01, V­29 e V­ 32,  entendendo  “terem  sido  suficientemente  esclarecedores  os  documentos  já  fornecidos”.   Conforme a Cláusula 2ª do Contrato Social da Energex, seu objeto social no  período  de  15/04/09  a  até,  ao  menos,  31/12/13,  compreendia:  “Representação  comercial  de  produtos  industriais  e  a  prestação  de  serviços  de  gerenciamento,  planejamento, construção e montagens nos  ramos de  engenharia e a participação  como sócio ou cotista do capital de outras sociedades”.   O capital social da Energex, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), era dividido  em  1.000  quotas  no  valor  unitário  de  R$  1,00.  No  período  compreendido  entre  15/04/09 a 22/11/11, Augusto Mendonça detinha 998 quotas, ou 99,8% do total. As  demais quotas pertenciam a Gisele Cocchiararo Fraga Ribeiro de Mendonça, à época  cônjuge de Augusto Mendonça, detentora de uma quota, e a Maria Stela Ribeiro de  Mendonça,irmã  de  Augusto  Mendonça,  detentora  da  quota  restante.  No  período  Fl. 16874DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.855          15 compreendido entre 23/11/11 a até, ao menos 31/12/13, Augusto Mendonça passou a  deter 999 quotas, ou 99,9% do capital total, cabendo a quota restante a Maria Stela  Ribeiro de Mendonça.   O responsável pela administração da Energex em todo o período era o sócio  Augusto Mendonça.   Com  base  nas  notas  fiscais  emitidas  pela  Energex  nos  anos­calendário  de  2010 a 2013  fornecidas à  fiscalização em meio físico e digital,  a autoridade  fiscal  constatou  que  a  Energex  supostamente  prestou  serviços  essencialmente  para  empresas do grupo empresarial de Augusto Mendonça a saber: PEM Engenharia  Ltda., Setec e Projetec. As duas únicas exceções foram o Consórcio CMMS e o  Consórcio SPS, ambos integrados pela SOG ­ Óleo e Gás S.A.   Contratos  de  Administração  de  Recursos  Financeiros  de  Setec  com  Tipuana e Projetec   A Setec,  empresa do grupo  empresarial  de Augusto Mendonça,  celebrou  em 01/01/08, por  tempo  indeterminado, contratos de administração de  recursos  financeiros  com  suas  empresas  coligadas  Tipuana  e  Projetec.  Cópias  dos  referidos  contratos,  juntados  no  processo  que  controla  os  Autos  de  Infração  lavrados  em  decorrência  da  presente  fiscalização,  foram  fornecidos  pelas  respectivas empresas no âmbito de ações fiscais desenvolvidas junto às mesmas.   Por  meio  dos  contratos  a  Tipuana  e  a  Projetec  prestavam  serviços  de  administração de recebimentos e pagamentos em nome da Setec, isto é, o fluxo  financeiro  de  determinados  recebimentos  destinados  à  Setec  eram  pagos  à  Tipuana  e  ou  à  Projetec,  assim  como  o  fluxo  de  determinados  pagamentos  a  encargo  da  Setec  eram  efetuados  pela  Tipuana  e  ou  pela  Projetec.  Como  remuneração pelos serviços os contratos estipulavam que a Tipuana e a Projetec  fariam  jus  “à  receita  financeira  obtida  no mercado  financeiro  com  os  recursos  financeiros por ela administrados” em decorrência dos contratos.   A fiscalização afirma que os mencionados contratos servem para amparar  o  fato  de  determinados  pagamentos  de  despesas  e  custos  com  a  prestação  de  serviços  tomados  pelo  Consórcio  Interpar  e  pela  SOG  da  Setec  cujos  comprovantes foram fornecidos à fiscalização, foram em parte efetuados a favor  de  contas  bancárias  de  titularidade  da  Tipuana  e  ou  da  Projetec,  por  conta  e  ordem da Setec e não diretamente à Setec. Da mesma forma, os pagamentos dos  supostos  serviços que  teriam sido prestados à Setec pelas empresas RCI, M.O.  Consultoria,  Empreiteira Rigidez,  SM Terraplenagem, Legend,  Power To Ten,  Soterra e Rock Star, foram pagos pela Tipuana e Projetec por conta e ordem da  Setec e não diretamente pela Setec.   Confirmando  a  utilização  da  Tipuana  e  da  Projetec  para  a  realização  de  pagamentos, transcreve­se declarações prestadas por Augusto Mendonça:   a) no Termo de Colaboração nº 06, na data de 29/10/14:   “QUE na realidade os pagamentos feitos em nome da SETEC se deram mediante  contas titularizadas pelas empresas TIPUANA e PROJETEC, ambas do declarante, uma  vez que a SETEC tinha a conta corrente bloqueada à época;” (grifo nosso)   b) no Termo de Colaboração nº 07, na data de 30/10/14:   Fl. 16875DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.856          16 “QUE  para  gerar  a  saída  de  recursos  do  consórcio,  a  SETEC  e  a  PEM  ENGENHARIA  fizeram  contratos  simulados  com  as  seguintes  empresas:  LEGEND,  SOTERRA,  POWER,  SM  TERRAPLENAGEM  e  ROCKSTAR;  ....  QUE  essas  empresas  eram pagas  na  sua  grande maioria  por  transferências  bancárias  por  conta  e  ordem da SETEC,  das  contas  das  empresas TIPUANA E PROJETEC,  e  as  empresas  destinatárias disponibilizavam reais em espécie ou remetiam os valores ao exterior;”  INFRAÇÕES APURADAS   Custos e Despesas Não Comprovados   Como  declarado  por  Augusto  Mendonça  no  âmbito  do  Acordo  de  Colaboração  Premiada  firmado  com  o  Ministério  Público  Federal  ­  MPF,  para  viabilizar o pagamento de propinas a agentes públicos o Consórcio Interpar, liderado  pelo sujeito passivo, celebrou um contrato de prestação de serviços ideologicamente  falso  com  a  Setal  Engenharia  Construções  e  Perfurações  S.A.,  CNPJ  nº  61.413.423/0001­28,  denominação  anterior  da  Setec  Tecnologia  S.A.,  doravante  denominada  simplesmente  “Setec”,  o  qual  foi  posteriormente  complementado  por  dois aditivos.   Planilha  juntada  por  Augusto  Mendonça  no  processo  penal  nº  5012331­ 04.2015.4.04.7000,  relaciona  todas  as  notas  fiscais  e  documentos  emitidos  pela  Setec  ao  Consórcio  Interpar,  vinculados  aos  referidos  contratos,  assim  como  os  valores  dos  rendimentos  brutos  e  líquidos  pagos,  datas  de  emissão  desses  documentos,  datas  dos  pagamentos,  empresa  beneficiária  dos  valores,  no  caso  Tipuana ou Projetec por conta e ordem da Setec, e banco e conta­corrente em que os  recursos foram depositados.   Cópia do contrato de prestação de serviços celebrado pelo Consórcio Interpar  com  a  Setec,  dos  respectivos  aditivos,  das  notas  fiscais  e  avisos  de  lançamento  emitidos  pela  Setec  ao  Consórcio  Interpar  e  dos  comprovantes  de  pagamento  do  Consórcio Interpar à Setec, a favor de contas titularizadas pela Projetec e Tipuana,  foram juntados ao processo administrativo fiscal que controla os autos de  infração  resultantes desta ação fiscal.   O sujeito passivo foi intimado a comprovar a efetiva prestação de serviços que  lhe  teriam  sido  prestados,  ou  aos  consórcios  de  empresas  de  que  participou  no  período sob fiscalização, por diversas empresas, incluindo­se a Setec, conforme item  7 e subitens 7.4 e 7.5 do Termo de Início da Ação Fiscal. Foi reintimado por meio  do item 2 e subitens 2.4 e 2.5 do TIF nº 02 e por meio do item 2 do TIF nº 03, nada  apresentando a esse respeito.   Em  razão  do  exposto,  a  fiscalização  entendeu  provado  que  as  despesas  contabilizadas  pelo  Consórcio  Interpar  em  decorrência  dos  pagamentos  à  Setec  basearam­se  em  contratos  de  prestação  de  serviços  simulados,  não  tendo  ocorrido  qualquer prestação de serviços pela Setec ao Consórcio Interpar, justificando a plena  glosa dessas despesas.   Despesas do Consórcio Interpar com Auguri Empreendimentos e Assessoria  Comercial Ltda.   Como  declarado  por  Augusto  Mendonça  no  âmbito  do  Acordo  de  Colaboração  Premiada  firmado  com  o  Ministério  Público  Federal  ­  MPF,  o  Consórcio Interpar, liderado pelo sujeito passivo,  também celebrou um contrato de  prestação de serviços com a Auguri Empreendimentos e Assessoria Comercial Ltda.  ­ ME, CNPJ nº 61.610.390/0001­06, doravante denominada simplesmente “Auguri”,  no valor de R$ 33.000.000,00. A Auguri é empresa controlada por Julio Camargo,  Fl. 16876DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.857          17 que  também  firmou  Acordo  de  Colaboração  Premiada  com  o Ministério  Público  Federal.   Augusto Mendonça declarou que  a Auguri efetivamente prestou  serviços de  consultoria na etapa de formação do Consórcio Interpar, mas que referido contrato  foi  sobrevalorado  em  aproximadamente  R$  11.000.000,00  para  possibilitar  o  pagamento  de  parte  das  propinas  prometidas  a  Renato  Duque  e  Pedro  Barusco,  funcionários da Petrobras.   Confirmando  em  parte  as  declarações  de  Augusto Mendonça  a  respeito  do  pagamento  de  propinas  pelo  Consórcio  Interpar  utilizando­se  da  Auguri,  Julio  Camargo declarou no Termo de Colaboração Premiada nº 01, firmado em 31/10/14,  às  páginas  5  e  6,  que  o  montante  de  vantagens  indevidas  solicitadas  por  Renato  Duque e Pedro Barusco foi de aproximadamente R$ 12 milhões (fl. 54 do TVF).   Ainda a esse respeito reproduzido no TVF (fl. 55) integralmente, o Termo de  Colaboração  Complementar  nº  01,  prestado  por  Julio  Camargo  ao  MPF  em  10/03/15,  o  qual  aborda  exclusivamente  o  contrato  celebrado  pelo  Consórcio  Interpar  com  a  Auguri.  Julio  Camargo  declarou  “que  também  ajustou  com  AUGUSTO  (Augusto  de  Mendonça,  esclarecemos)  que  o  montante  recebido  em  decorrência deste contrato deveria ser empregado para fazer frente aos pagamentos  de vantagens indevidas à Diretoria de Serviços”.   Julio Camargo apresentou nessa ocasião tabela relacionando os valores e datas  de pagamento das propinas em moeda estrangeira a favor de Renato Duque e Pedro  Barusco, assim como cópia de extratos de contas titularizadas por suas empresas no  exterior demonstrando os pagamentos efetuados, material que a fiscalização juntou  no  processo  administrativo  que  controla  os  Autos  de  Infração  lavrados  em  decorrência desta ação fiscal.   O  sujeito  passivo  foi  intimado  a  apresentar  contratos,  notas  fiscais,  comprovantes de pagamento e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob  fiscalização, por diversas  empresas,  incluindo­se  a Auguri,  conforme  item 7  e  subitens do Termo de  Início da Ação Fiscal. Foi reintimado por meio do  item 2 e  subitens do TIF nº 02 e por meio do item 2 do TIF nº 03.   Por  meio  da  correspondência  datada  de  31/07/15,  recebida  em  03/08/15,  forneceu  cópia  do  contrato  de  prestação  de  serviços  celebrado  entre  o  Consórcio  Interpar e a Auguri na data de 27/10/08 e cópia dos comprovantes de pagamento, os  quais foram realizados pelo próprio consórcio.   Todavia, a contribuinte informou não ter  localizado as notas fiscais emitidas  pela Auguri e nada apresentou relativamente à comprovação da efetiva prestação de  serviços  pela Auguri  ao Consórcio  Interpar. A  fiscalização  ressaltou  que  o  sujeito  passivo  não  apresentou  qualquer  documentação  comprobatória  da  prestação  de  serviços pela Auguri também em relação à suposta prestação de serviços parcial, que  corresponderia a cerca de R$ 22 milhões do montante total do contrato no valor de  R$ 33 milhões, como informado por Augusto Mendonça no Termo de Colaboração  Premiada nº 01.   As notas fiscais foram posteriormente obtidas em função do Ofício da RFB nº  32/2015/DIFIS/SRRF08,  datado  de  16/06/15,  dirigido  à  Prefeitura  Municipal  de  Santana de Parnaíba, SP, que encaminhou essa documentação em meio digital por  meio do Ofício nº 1671/2015 ­ CG, datado de 10/08/15.   Fl. 16877DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.858          18 Relativamente  à  documentação  que  pudesse  comprovar  a  prestação  dos  serviços  objeto  do  contrato  ao Consórcio  Interpar,  Julio Camargo  informou  que  a  mesma fica arquivada em seu escritório no Rio de Janeiro e que seria disponibilizada  à RFB no prazo de 30 (trinta) dias. Decorrido esse prazo o declarante não forneceu  elemento algum que pudesse atestar a efetiva prestação de serviços pela Auguri ao  Consórcio Interpar, conforme correspondência datada de 19/10/15.   A referida correspondência  informa que a Auguri atuou como consultora do  Consórcio  Interpar,  sempre  por  intermédio  de  Augusto  Mendonça,  prestando  os  seguintes  serviços:  a)  análise  de  mercado  para  definição  do  melhor  consórcio,  considerando capacitação técnica das empresas e disponibilidade de trabalho para a  execução  dessas  unidades;  b)  acompanhamento  da  proposta  técnica­comercial;  c)  acompanhamento  da  negociação  com  a  Petrobrás  e  d)  acompanhamento  da  performance da obra, sendo solicitada somente quando algum fato necessitasse dessa  intervenção.   Confirma ainda que “houve pagamentos indevidos no valor aproximado de R$  11 milhões  feitos  no  exterior,  nos  anos  de  2009  a  2010,  para  diretoria  da  área  de  serviços da Petrobrás”.   Em resumo, a fiscalização concluiu que apesar de intimados a fazê­lo, nem o  sujeito passivo, na condição de empresa líder do Consórcio Interpar, nem a Auguri,  como suposta prestadora de serviços, produziram qualquer evidência material de que  os serviços contratados foram de fato prestados pela Auguri ao Consórcio Interpar.   A fiscalização, então, entendeu provado que as despesas contabilizadas pelo  Consórcio  Interpar  em  decorrência  dos  pagamentos  à  Auguri  basearam­se  em  contratos de prestação de serviços simulados, não tendo ocorrido a efetiva prestação  de  serviços  pela  Auguri  ao  Consórcio  Interpar,  justificando  a  plena  glosa  dessas  despesas.   Despesas da SOG com Editora Gráfica Atitude Ltda   Augusto  Mendonça  relatou  ao  Ministério  Público  Federal  o  pagamento  de  cerca de R$ 2.400.000,00 (valores brutos) destinados ao Partido dos Trabalhadores ­  PT  mediante  a  celebração,  pela  SOG  e  Setec  Tecnologia  S.A.,  de  contratos  de  prestação de  serviços  ideologicamente falsos com a Editora Gráfica Atitude Ltda.,  CNPJ  nº  08.787.393/0001­37,  controlada  pelo  Sindicato  dos  Empregados  de  Estabelecimentos  Bancários  de  São  Paulo/SP  e  o  Sindicato  dos  Metalúrgicos  do  ABC, ambos com notória vinculação ao Partido dos Trabalhadores ­ PT.   Como narra a denúncia do MPF contra Augusto Mendonça a esse respeito, a  qual não foi refutada pelo acusado, conforme já apontado no subitem 2.5.2 do TVF,  ao  menos  em  duas  ocasiões  Renato  Duque  solicitou  a  Augusto  Mendonça  que  procurasse João Vaccari Neto, então tesoureiro do Partido dos Trabalhadores ­ PT,  para  que  tratasse  com  o  mesmo  sobre  a  forma  como  seriam  destinados  recursos  derivados de propinas ao Partido dos Trabalhadores ­ PT.   Em decorrência da primeira  solicitação, no primeiro  semestre de 2010, com  Renato Duque ainda ocupando a Diretoria de Serviços da Petrobrás, a Setec celebrou  contrato  de  prestação  de  serviços  de  comunicação  fictícios  com  a Editora Gráfica  Atitude Ltda. no valor de R$ 1.200.000,00, mediante o qual pagou esse montante,  após deduzidos impostos retidos na fonte, em 10 parcelas mensais no ano de 2010 e  início de 2011.  Fl. 16878DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.859          19 Relativamente ao contrato celebrado entre a SOG e a Editora Gráfica Atitude,  Augusto Mendonça informou que no primeiro semestre de 2013 manteve conversas  com Renato Duque, o qual já não ocupava mais a Diretoria de Serviços da Petrobrás,  a respeito do pagamento de propinas que estavam atrasadas, decorrentes de contratos  e  aditivos  celebrados  pela  SOG  com  a  Petrobrás.  Nessa  ocasião  Renato  Duque  solicitou  a  Augusto  Mendonça  que  procurasse  novamente  João  Vaccari  Neto,  tesoureiro do Partido dos Trabalhadores ­ PT, “para com ele tratar sobre os recursos  espúrios  que  deveriam  ser  transferidos  ao  Partido  dos Trabalhadores  ­  PT”,  como  narra o MPF na denúncia esse respeito apresentada contra Augusto Mendonça.   Segundo  Augusto  Mendonça,  em  reunião  mantida  com  João  Vaccari  Neto  este último solicitou que transferisse parte das propinas ao PT, mediante a realização  de novo pagamento de R$ 1.200.000,00 à Editora Gráfica Atitude Ltda.   Para ocultar e dissimular a origem desses valores a SOG e a Editora Gráfica  Atitude  firmaram  em  01/07/13  contrato  de  prestação  de  serviços  de  comunicação  para  que  fossem  veiculados  durante  seis  meses  na  “Revista  do  Brasil”,  de  propriedade  da Editora,  “conteúdo  noticioso  e  opinativo  sobre  temas  relacionados  com o desenvolvimento e proteção da indústria nacional no Brasil, no tocante à área  de extração de petróleo e na conversão em seus derivados”   Ainda a esse respeito a fiscalização destacou que Augusto Mendonça declarou  no Termo de Colaboração Complementar nº 05, na data de 31/03/15, página 2, que a  SOG/Setal  não  possuía  qualquer  interesse  comercial  em  publicar  anúncios  na  revista,  tendo  efetuado  os pagamentos  apenas  ante o  pedido de  João Vaccari  e  ao  fato  de  que  seriam  baixados  dos  valores  de  vantagens  indevidas  prometidas  à  Diretoria de Serviços da Petrobrás (TVF fl. 63).   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob  fiscalização,  por  diversas  empresas,  incluindo­se  a  Editora  Gráfica  Atitude  Ltda.,  conforme  item  7  e  seus  subitens  do  Termo  de  Início  da  Ação  Fiscal.  Foi  reintimado por meio do item 2 e subitens do TIF nº 02. Por meio da correspondência  datada  de  22/07/15,  recebida  em  23/07/15,  o  sujeito  passivo  apresentou  cópia  do  contrato celebrado com a Editora Gráfica Atitude, notas fiscais emitidas pela mesma  e os  comprovantes dos pagamentos  efetuados,  que  foram  realizados em parte pela  própria  SOG  e  parte  pela  coligada  Projetec,  com  recursos  remetidos  pela  SOG  à  mesma.  Não  foi  apresentada  qualquer  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação de  serviços pela Editora Gráfica Atitude à SOG, confirmando mais uma  vez  as  declarações  de  Augusto  Mendonça  a  respeito  da  falsidade  ideológica  do  contrato celebrado.   Em  razão  do  exposto,  a  fiscalização  entendeu  provado  que  as  despesas  contabilizadas pela SOG em decorrência dos pagamentos à Editora Gráfica Atitude  basearam­se  em  contrato  de  prestação  de  serviços  simulados,  não  tendo  ocorrido  qualquer  prestação  de  serviços  pela Editora Gráfica Atitudeà SOG,  justificando  a  plena glosa dessas despesas.  Despesas do Consórcio SPS com Energex Group Repres. e Consultoria Ltda   Augusto  Mendonça  declarou  no  Termo  de  Colaboração  nº  07,  datado  de  30/10/14,  página  8,  a  respeito  das  obras  relativas  ao  Terminal  Cabiúnas  3,  em  Macaé/RJ,  que  o  contrato  foi  firmado  pela  Petrobrás  com  o  Consórcio  SPS,  composto  pela  SOG  ­  Óleo  e  Gás,  representada  de  fato  por  ele  próprio  e  formalmente por Maurício Godoy, pela Promon Engenharia,  representada por José  Fl. 16879DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.860          20 Otávio, e pela Skanska, representada por Cláudio Lima, que era a empresa líder do  consórcio.   Perguntado  se  houve  lista  formada  pelo  “Clube”  enviada  a  Diretores  da  Petrobras, Augusto Mendonça afirmou que houve uma tentativa de se formar a lista  por meio do “Clube”, mas acredita que isso não se efetivou, pois naquela ocasião já  não  havia mais  efetividade  no  âmbito  do  “Clube”,  e  as  tentativas  de  se  fazer  um  acordo  na  TECAB  foram  levadas  até  o  final.  Todavia,  disse  que  apesar  não  considerar que houve uma combinação efetiva, houve uma exigência de vantagem  indevida feita por Renato Duque em receber uma “comissão” sobre tal contrato, do  valor aproximado, salvo engano, entre R$ 10 a R$ 20 milhões.   Augusto  Mendonça  relatou  que  como  o  assunto  não  foi  efetivo,  as  outras  consorciadas, Promon e Skanska, se negaram a fazer qualquer tipo de acerto. Como  havia  sido Augusto Mendonça quem se comprometera com Renato Duque, diretor  da  Petrobrás,  em  fase  anterior,  na  tentativa  de  que  houvesse  acordo,  foi  muito  pressionado por Renato Duque para que houvesse pagamentos. Augusto Mendonça  declarou  que  acabou pagando R$ 3 milhões, mas  foi  reembolsado  pelo  consórcio,  por meio de notas fiscais faturadas diretamente ao Consórcio SPS por sua empresa  Energex, referindo­se à Energex Group Representação e Consultoria Ltda., CNPJ nº  05.114.027/0001­29,  doravante  denominada  simplesmente  “Energex”.  Augusto  Mendonça declarou que, dessa  forma,  emitiu  em  torno de R$ 3 milhões  em notas  fiscais  da  Energex  para  o  Consórcio  SPS,  simulando  prestação  de  serviços  ao  mesmo.   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob fiscalização, por diversas empresas, incluindo­se a Energex, conforme item 7 e  seus subitens do Termo de Início da Ação Fiscal. Foi reintimado por meio do item 2  e subitens do TIF nº 02.   Por  meio  da  correspondência  datada  de  31/07/15,  recebida  em  03/08/15,  o  sujeito passivo apresentou cópia do contrato de prestação de serviços, celebrado em  15/02/12 entre a Energex e o Consórcio SPS, notas fiscais emitidas pela Energex e  os  comprovantes  dos  pagamentos  efetuados,  que  foram  realizados  pelo  próprio  Consórcio  SPS.  Não  foi  apresentada  qualquer  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  de  serviços  pela  Energex  ao  Consórcio  SPS,  confirmando  as  declarações  de  Augusto Mendonça  a  respeito  da  falsidade  ideológica  do  contrato  celebrado.   Em  razão  do  exposto,  a  fiscalização  entendeu  provado  que  as  despesas  contabilizadas  pelo  Consórcio  SPS  em  decorrência  dos  pagamentos  à  Energex  basearam­se  em  contrato  de  prestação  de  serviços  simulados,  não  tendo  ocorrido  qualquer prestação de serviços pela Energex ao Consórcio SPS, justificando a plena  glosa dessas despesas.  Despesas do Consórcio CMMS com Serviços Não Prestados   Por intermédio dos Termos de Colaboração nº 1, 2, 5 e 7, prestados em 29 e  30/10/14,  e  do  Termo  de  Colaboração  Complementar  nº  04,  datado  de  10/03/15,  Augusto  Mendonça  forneceu  informações  sobre  o  pagamento  de  propinas  relativamente  às  obras  na  REPLAN  ­  Refinaria  de  Paulínia,  contratadas  pela  Petrobrás  com  o  Consórcio Mendes  Junior  ­ MPE  ­  SOG,  liderado  pela Mendes  Junior, ao qual nos referimos simplesmente como Consórcio CMMS.   Fl. 16880DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.861          21 Segundo  declarações  de  Augusto  Mendonça  o  contrato  celebrado  pelo  Consórcio CMMS com a  Petrobrás,  para  realização  de  obras  na REPLAN,  estava  inserido  no  “esquema”  de  cartel  e  foi  resultado  de  negociações  no  âmbito  do  “CLUBE”,  que  era  formado  pelas  empresas  que  combinavam  entre  si  e  com  funcionários  da  Petrobrás  o  direcionamento  do  resultado  de  licitações mediante  a  promessa de pagamento de propinas a esses agentes públicos (fl. 66 do TVF).   Augusto  Mendonça  declarou  ainda  que,  relativamente  ao  contrato  firmado  pelo  Consórcio  CMMS  para  obras  na  REPLAN,  ficou  como  responsável  pelo  pagamento  de  propinas  e  por  operacionalizar  os  pagamentos,  conforme  trecho  do  Termo de Colaboração nº 07.   Em  outros  trechos  do  Termo  de  Colaboração  nº  07,  páginas  4  e  5,  reproduzidos  a  seguir,  Augusto  Mendonça  declarou  que  o  montante  de  propinas  pagas  foi  de  aproximadamente  R$  20  milhões  e  que  para  operacionalizar  os  pagamentos  o  Consórcio  CMMS  firmou  contratos  simulados  com  empresas  que  Augusto Mendonça indicou. Prossegue  informando que não se  recordava do nome  das empresas, comprometendo­se a  fornecê­las,  e que provavelmente  se  tratava de  contratos de prestação de serviços sem execução real. Augusto Mendonça declarou  também que essas empresas emitiram notas  fiscais no valor aproximado de R$ 20  milhões em favor do Consórcio CMMS o qual transferiu os recursos para as contas  das  empresas.  Declarou  que  não  se  recordava  do  nome  do  responsável  por  tais  empresas e que muito provavelmente houve a participação de Alberto Youssef, por  meio de suas empresas, na operacionalização de tais pagamentos (fl. 67 do TVF).   Ainda,  no  Termo  de  Colaboração  nº  07,  página  5,  Augusto  Mendonça  declarou  que  toda  negociação  e  o  pagamento  das  propinas  se  deu  sob  o  conhecimento de Marco Aurélio e Alberto Vilaça, representantes, respectivamente,  da MPE e da Mendes Junior no Consórcio CMMS e no “CLUBE” (fl. 67 do TVF).   No  Termo  de  Colaboração  Complementar  nº  04,  Augusto  Mendonça  Declarou, à página 2, que houve promessas e pagamentos de vantagens  indevidas,  relativas às obras do Consórcio CMMS na REPLAN ­ Refinaria de Paulínia, para as  Diretorias de Abastecimento e de Serviços da Petrobrás. Relativamente à Diretoria  de Abastecimento essas questões foram tratadas diretamente por Augusto Mendonça  com José Janene e Alberto Youssef e que José Janene mencionou que representava  os  interesses  de  Paulo Roberto Costa, Diretor  de Abastecimento. Relativamente  à  Diretoria  de  Serviços  os  acertos  foram  feitos  por Augusto Mendonça  diretamente  com Renato Duque, Diretor  de Serviços,  e  Pedro Barusco.  Informou  também  que  embora  todas  essas  promessa  de  vantagens  e  negociações  tenham  sido  realizadas  diretamente por ele, Augusto Mendonça,  todos os detalhes sobre as mesmas foram  comunicados  e  contaram  com  o  aval  dos  representantes  das  demais  empreiteiras  participantes  do  Consórcio  CMMS,  no  caso  Alberto Vilaça,  da Mendes  Junior,  e  Marco Aurélio, da MPE (fl. 68 do TVF).    Retificando declaração anterior, Augusto Mendonça disse que ficou acertado  o pagamento de R$ 30 milhões pelo Consórcio CMMS para os  representantes das  Diretorias de Abastecimento e de Serviços da Petrobrás, ao passo que anteriormente  havia mencionado que esse valor era de aproximadamente R$ 20 milhões (Termo de  Colaboração nº 07).   Augusto  Mendonça  declarou  que  os  pagamentos  para  a  Diretoria  de  Abastecimento  seriam  operacionalizados  por  intermédio  de  Alberto  Youssef,  por  meio da assinatura de contratos com empresas indicadas por esse último. Informou  lembrar­se  de  pagamentos  efetuados  para  a  empresa  GFD  (CNPJ  nº  10.806.670/0001­53),  com  a  qual  conseguiu  levantar  pagamento  realizado  em  Fl. 16881DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.862          22 Janeiro de 2012 no valor de R$ 2,7 milhões. Augusto Mendonça declarou ainda que  os  pagamentos  para  a  GFD  foram  efetuados  pelo  próprio  Consórcio  CMMS,  possivelmente mediante a celebração de contratos “de fachada” entre o consórcio e a  GFD,  com o posterior  fornecimento de notas  frias  e a  realização de  transferências  bancárias.   Augusto  Mendonça  declarou  que  para  operacionalizar  os  pagamentos  destinados  à Diretoria de Serviços da Petrobrás,  ou seja,  a Renato Duque e Pedro  Barusco,  foram  utilizados  os  préstimos  de  Mario  Goes,  pessoa  da  confiança  de  Pedro Barusco e indicado pelo mesmo. Informou que foram celebrados contratos de  fachada  entre  a  Riomarine,  empresa  de  Mario  Goes,  e  o  Consórcio  CMMS,  transferindo­se valores para as contas de Mario Goes em seguida à emissão de notas  frias por esse último. Augusto Mendonça declarou que nenhum serviço foi prestado  por  Mario  Goes  ao  Consórcio  CMMS,  ou  a  qualquer  das  empresas  que  o  integravam, no interesse das obras da REPLAN, ao contrário do que foi consignado  nos  respectivos  instrumentos  contratuais.  Informou  também  que  os  representantes  das empreiteiras integrantes do Consórcio CMMS tinham ciência e anuíram com tais  pagamentos.   Augusto Mendonça declarou que como a empresa Mendes Junior era a  líder  do  Consórcio  CMMS,  toda  a  operacionalização  dos  pagamentos  de  vantagens  indevidas  a  agentes  da  Petrobrás  efetivada  pelo  consórcio  foi  capitaneada  pelos  executivos  da  Mendes  Junior.  Declarou  que  como  líder  do  consórcio  a  Mendes  Junior tem a obrigação de guardar ao menos por 5 anos a documentação pertinente  aos pagamentos e contratos celebrados pelo Consórcio CMMS.   Augusto Mendonça declarou que,  conseguiu  efetuar  a partir  de  informações  que  possuía  na  Setal,  um  levantamento  parcial  dos  pagamentos  realizados  pelo  Consórcio  CMMS  para  operacionalizar  o  pagamento  de  propinas.  Disse  ter  encontrado,  além  de  pagamentos  efetuados  pela  GFD  e  Riomarine,  pagamentos  realizados  com  a  finalidade  de  pagar  propinas  à:  a)  Credencial  Construtora  Empreendimentos  e  Representações,  CNPJ  nº  06.227.244/0001­98,  no  valor  total  aproximado de R$ 12 milhões; b) Gifer Consultoria, CNPJ nº 10.896.162/0001­03,  no montante  total  aproximado de R$ 4,4 milhões  e c) CIB Consultoria  e Serviços  Ambientais, CNPJ nº 06.072.379/0001­21, no montante total aproximado de R$ 2,7  milhões,  apresentando  na  ocasião  tabela  com  referências  a  esses  pagamentos.  Augusto  Mendonça  declarou  também  que  não  houve  a  prestação  de  qualquer  serviços por essas empresas ao Consórcio CMMS, tendo sido utilizadas apenas para  justificar o repasse de vantagens indevidas aos agentes da Petrobrás já mencionados.  Despesas  do  Consórcio  CMMS  com  Riomarine  Oil  e  Gás  Engenharia  e  Empreendimentos Ltda.   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob  fiscalização,  por  diversas  empresas,  incluindo­se  a  Riomarine  Oil  e  Gás  Engenharia  e  Empreendimentos  Ltda.,  CNPJ  nº  31.451.933/0001­29,  doravante  denominada  simplesmente  “Riomarine”,  denominação  atual  da  Riomarine  Empreendimentos Marítimos Ltda.,  conforme  item 7  e  seus  subitens do Termo de  Início da Ação Fiscal. Foi reintimado a esse respeito por meio do item 2 e subitens  do TIF nº 02.   Todavia  nada  forneceu  alegando  que  a  documentação  estava  em  posse  da  Mendes Junior Trading e Engenharia S.A., CNPJ nº 19.394.808/0001­29, doravante  denominada  simplesmente  “Mendes  Junior”,  na  condição  de  líder  do  consórcio.  Fl. 16882DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.863          23 Informou que apesar de solicitada pelo sujeito passivo a fornecer esses elementos a  Mendes  Junior  não  se manifestou. O  sujeito  passivo  forneceu  à  fiscalização  cópia  das  correspondências  que  dirigiu  à  Mendes  Junior,  postadas  mediante  Aviso  de  Recebimento, solicitando a documentação objeto do Termo de Intimação Fiscal, no  que dizia respeito às empresas GFD e Rio Marine, uma vez que as identificou como  fornecedoras do Consórcio CMMS.   A Mendes  Junior  foi  intimada  pela  fiscalização,  com  suporte  do  TDPF  de  Diligência  nº  08.1.90.00­2015­02212­8,  a  apresentar,  entre  outros  elementos,  a  documentação  relativa  a  pagamentos  efetuados  pelo  Consórcio  CMMS,  ou  pela  própria empresa, à Riomarine no ano­calendário de 2010, assim como os arquivos  digitais contendo a escrituração contábil do consórcio. Para esse fim foi lavrado em  20/08/15  o  Termo  de  Intimação  Fiscal  nº  V­28,  do  qual  a Mendes  Junior  tomou  ciência  em  24/08/15,  por  via  postal.  Decorrido  o  prazo  de  20  (vinte)  dias  estabelecido pela fiscalização o sujeito passivo nada apresentou ou justificou o não  atendimento  da  intimação.  Por  meio  da  correspondência  datada  de  14/09/15,  a  Mendes Junior solicitou prazo para atendimento da intimação até a data de 24/09/15.  Decorrida  a  data  com  a  qual  a  empresa  havia  se  comprometido  a  cumprir,  nada  apresentou.   Por  meio  da  correspondência  datada  de  23/09/15,  recebida  em  24/09/15,  a  Mendes  Junior  solicitou  novo  prazo  para  atendimento  da  intimação  até  a  data  de  20/10/15.  Mais  uma  vez,  decorrida  a  data  com  a  qual  a  empresa  havia  se  comprometido a cumprir, nada apresentou.   A Mendes Junior foi intimada uma terceira vez por meio do item 1 do TIF nº  V­38, lavrado em 13/10/15, do qual tomou ciência em 16/10/15. Apenas na data de  06/11/15  a  fiscalização  recebeu  a  correspondência  da  Mendes  Junior  datada  de  28/10/15, em resposta aos TIF nº V­28 e V­38, por meio da qual forneceu parte da  documentação  solicitada,  tais  como arquivos magnéticos  contendo os  lançamentos  contábeis  do Consórcio CMMS e  cópia  das  notas  fiscais  emitidas  pela Riomarine  para o Consórcio CMMS.   Relativamente  à  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços pela Riomarine ao Consórcio CMMS informou o seguinte:  “2.4 – Quanto à apresentação da documentação ou de declaração comprobatória  da efetiva prestação dos serviços a Companhia se reserva o direito de não manifestar­se,  uma vez que esta questão está submetida ao poder judiciário, sendo certo que qualquer  manifestação, neste momento, sobre este tema, poderá prejudicar terceiros, na referida  ação penal  (referindo­se ao processo nº 5012331­04.2015.4.04.7000 em tramitação na  13ª  Vara  Federal  de  Curitiba,  Paraná,  observa  a  fiscalização),  bem  como  da  própria  empresa nas ações judiciais em curso, nas quais é parte”.   Ou  seja,  nada  apresentou  comprovando  a  efetiva  prestação  de  serviços  pela  Riomarine  ao  Consórcio  CMMS  objeto  das  notas  fiscais  contabilizadas  como  despesas.   O Consórcio CMMS pagou à Riomarine rendimentos brutos no valor de R$  580.200,00  no  ano­calendário  de  2010,  de  acordo  com  Declarações  de  Imposto  Retido na Fonte ­ DIRF entregues pelo Consórcio CMMS à RFB.   Conforme  DIPJ  nº  0591381  da  Riomarine,  pertinente  ao  ano­calendário  de  2010,  entregue  à  RFB  em  22/06/11,  a  empresa  confirmou  o  recebimento  dos  rendimentos pagos pelo Consórcio CMMS.   Fl. 16883DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.864          24 Com  suporte  na  quebra  judicial  do  sigilo  bancário  da  Riomarine,  compartilhado com a RFB, a fiscalização constatou que a empresa recebeu em 2010,  do  Consórcio  CMMS,  créditos  em  sua  conta­corrente  nº  41790­4,  mantida  na  agência nº 3002 do Banco Bradesco S.A no total de R$ 544.517,70.   A  Riomarine  é  objeto  do  TDPF  07.1.09.00­2015.00283­0  conduzido  pela  Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro II. No âmbito dessa ação fiscal foi  obtida  documentação  pertinente  aos  pagamentos  recebidos  pela  Riomarine  do  Consórcio CMMS,  os  quais  foram  juntados  no  processo  administrativo  fiscal  que  controla os autos de infração lavrados em decorrência da presente fiscalização.   A  fiscalização  reproduziu  no  TVF  na  fl.  79  trechos  da  correspondência  da  Riomarine  dirigida  à  RFB,  onde  a  referida  empresa  afirma  que  os  serviços  ao  Consórcio CMMS não foram executados.   A fiscalização, então, concluiu que as despesas contabilizadas pelo Consórcio  CMMS em decorrência dos pagamentos à Riomarine basearam­se em contratos de  prestação de serviços simulados, não tendo ocorrido qualquer prestação de serviços  pela Riomarine ao Consórcio CMMS, justificando a plena glosa das despesas.   Despesas  do  Consórcio  CMMS  com  Energex  Group  Representação  e  Consultoria Ltda   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob  fiscalização,  por  diversas  empresas,  incluindo­se  a  Energex,  CNPJ  nº  05.114.027/0001­29, conforme item 7 e seus subitens do Termo de Início da Ação  Fiscal. Foi reintimado a esse respeito por meio do item 2 e subitens do TIF nº 02.   Todavia  nada  forneceu  alegando  que  a  documentação  estava  em  posse  da  Mendes Junior, na condição de líder do consórcio. Informou que apesar de solicitada  pelo  sujeito  passivo  a  fornecer  esses  elementos  a  Mendes  Junior  não  se  manifestou. O sujeito passivo forneceu à fiscalização cópia das correspondências  que  dirigiu  à  Mendes  Junior,  postadas  mediante  Aviso  de  Recebimento,  solicitando a documentação objeto do Termo de Intimação Fiscal, no que dizia  respeito  às  empresas  GFD  e  Riomarine,  uma  vez  que  as  identificou  como  fornecedoras do Consórcio CMMS. Nada informou a respeito de ter identificado  a  Energex  como  uma  das  fornecedoras  do  Consórcio  CMMS,  apesar  de  a  Energex ser  empresa  controlada por Augusto Mendonça, principal dirigente de  fato do sujeito passivo.   A Mendes Junior foi intimada pela fiscalização, com suporte do TDPF de  Diligência nº  08.1.90.00­2015­02212­8,  a apresentar,  entre outros  elementos,  a  documentação relativa a pagamentos efetuados pelo Consórcio CMMS, ou pela  própria empresa, à Energex no ano­calendário de 2010. Para esse fim foi lavrado  em  31/08/15  o  Termo  de  Intimação  Fiscal  nº  V­31,  do  qual  a Mendes  Junior  tomou  ciência  em  03/09/15.  Por  meio  da  correspondência  datada  de  23/09/15  requereu que o prazo para atendimento fosse prorrogado até a data de 20/10/15.   A  Mendes  Junior  foi  reintimada  por  meio  do  item  2  do  TIF  nº  V­38,  lavrado  em  13/10/15.  Decorrido  o  prazo  com  o  qual  a  empresa  havia  se  comprometido na correspondência datada de 23/09/15 e o prazo fixado no TIF nº  V­38,  nenhum  esclarecimento  ou  documento  foi  fornecido  à  fiscalização.  Apenas na data de 06/11/15 a fiscalização recebeu a correspondência da Mendes  Fl. 16884DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.865          25 Junior  datada  de  28/10/15,  em  resposta  aos TIF  nº V­31  e V­38,  por meio  da  qual forneceu parte da documentação solicitada, tal como cópia de uma das notas  fiscais  emitidas  pela  Energex  para  o  Consórcio  CMMS  e  o  respectivo  comprovante de pagamento.   Relativamente  à  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços  pela  Energex  ao  Consórcio  CMMS  a Mendes  Junior  preferiu  não  se  manifestar (TVF f. 82).   Ou seja, nada apresentou comprovando a efetiva prestação de serviços pela  Energex  ao  Consórcio  CMMS  objeto  das  notas  fiscais  contabilizadas  como  despesas.   Da  mesma  forma,  a  fiscalização  intimou  a  Energex  a  apresentar,  entre  outros elementos, a documentação comprobatória relativa aos valores recebidos  do  Consórcio  CMMS  no  ano­calendário  de  2010.  Também  foi  solicitado  à  Energex  apresentar  a  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços  ao  Consórcio  CMMS  vinculados  aos  pagamentos  recebidos,  assim  como  cópia  de  eventuais  contratos  celebrados  entre  a  Energex  e  o  Consórcio  CMMS  vinculados  às  notas  fiscais  emitidas  pela  Energex  ao  Consórcio.  Para  esse fim foi lavrado em 26/08/15 o Termo de Intimação Fiscal ­ TIF nº V­29, do  qual a Energex tomou ciência em 28/08/15.   Por meio da  correspondência  datada  de 18/09/15 a Energex  encaminhou  cópia das notas fiscais emitidas para o Consórcio CMMS as quais foram objeto  de  recebimento  no  ano­calendário  de  2010,  planilha  demonstrativa  das  notas  fiscais  emitidas  e  cópia  dos  extratos  bancários  da  Energex  demonstrando  o  recebimento dos valores pagos pelo Consórcio CMMS, os quais foram juntados  ao processo administrativo fiscal que controla os autos de infração lavrados em  decorrência da presente fiscalização. A Energex nada apresentou relativamente à  documentação comprobatória de que foram efetivamente prestados ao Consórcio  CMMS os serviços descritos nas notas fiscais emitidas pela empresa.   Por meio  do  TIF  nº V­32,  lavrado  em  08/09/15,  do  qual  a  Energex  tomou  ciência em 10/09/15, a fiscalização reintimou a empresa a fornecer a documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  de  serviços  ao  Consórcio  CMMS  e  a  outros  supostos  tomadores  de  serviços  da  Energex.  Por  intermédio  da  correspondência  datada  de  28/09/15  a  empresa  informou  que  “Não  localizou  documentação  adicional nos termos em que exigidos naquela intimação, e embora entenda terem  sido  suficientemente  esclarecedores  os  documentos  já  fornecidos,  requer  prazo  adicional  ­  de  acordo  com  critério  de  V.Sa.  –  para  prosseguir  as  buscas  de  quaisquer  outros  documentos  porventura  ainda  necessários  à  conclusão  dos  trabalhos  fazendários”,  nada  apresentando  para  comprovar  a  efetiva  prestação  de  serviços ao Consórcio CMMS e a outros supostos tomadores de serviços.   O  Consórcio  CMMS  pagou  à  Energex  rendimentos  brutos  no  valor  de  R$  1.220.000,00  no  ano­calendário  de  2010,  de  acordo  com Declarações  de  Imposto  Retido na Fonte ­ DIRF entregues pelo Consórcio CMMS à RFB.   Conforme  DIPJ  nº  0650099  da  Energex,  pertinente  ao  ano­calendário  de  2010,  entregue  à  RFB  em  24/06/11,  a  empresa  confirmou  o  recebimento  dos  rendimentos pagos pelo Consórcio CMMS.   Com suporte nos extratos bancários da Energex, fornecidos à fiscalização em  atendimento  ao  TIF  nº  V­01  e  reapresentados  em  atendimento  ao  TIF  nº  V­29,  Fl. 16885DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.866          26 constata­se que a empresa recebeu dois pagamentos do Consórcio CMMS no ano­ calendário de 2010. Em 22/01/10 recebeu a quantia de R$ 572.485,00 e em 02/03/10  recebeu outro crédito no mesmo montante.   Como  já  relatado,  a  Mendes  Junior  na  qualidade  de  líder  do  Consórcio  CMMS  foi  intimada  pela  fiscalização  a  apresentar  a documentação  comprobatória  da efetiva prestação de serviços pela Energex e nada apresentou a esse respeito. Da  mesma  forma  a  Energex  também  foi  reiteradamente  intimada  a  comprovar  a  prestação de serviços ao Consórcio CMMS e não se manifestou a esse  respeito. O  sujeito passivo, intimado a comprovar a prestação de serviços ao Consórcio CMMS  nada apresentou, remetendo essa responsabilidade para a Mendes Junior. A Energex  por  sua vez,  devidamente  intimada em mais de uma oportunidade, não  apresentou  documentação  comprobatória  de  que  efetivamente  prestou  serviços  ao  Consórcio  CMMS.   A  fiscalização  entendeu  caracterizado  que  as  despesas  contabilizadas  pelo  Consórcio  CMMS  em  decorrência  dos  pagamentos  à  Energex  basearam­se  em  serviços simulados, não tendo ocorrido qualquer prestação de serviços pela Energex  ao Consórcio CMMS, justificando a plena glosa dessas despesas.  Despesas da SOG com Setec Tecnologia S.A   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob fiscalização, por diversas empresas, incluindo­se a Setec, conforme item 7 e seus  subitens do Termo de Início da Ação Fiscal e nada apresentou relativamente à Setec.   Reintimado a  fazê­lo por meio do  item 2  e  subitens do TIF nº 02, o  sujeito  passivo apresentou por intermédio da correspondência datada de 22/07/15, recebida  em 23/07/15, o seguinte: a) relações de pagamentos que a SOG efetuou à Setec no  período  de  2010  a  2013,  a  título  de  adiantamentos,  compreendendo  créditos  em  contas bancárias de  titularidade da Setec, Projetec e Tipuana  e  informando que os  pagamentos  à  Projetec  e  Tipuana  foram  por  conta  e  ordem  da  Setec;  b)  comprovantes de pagamento e c) cópia das notas fiscais emitidas pela Setec à SOG,  a  título de prestação de  serviços e que  teriam sido utilizadas para “dar baixa” nos  adiantamentos, conforme expressão utilizada pelo sujeito passivo. Nada apresentou  relativamente  a  contratos  celebrados  entre  a  SOG  e  Setec,  documentação  comprobatória da efetiva prestação dos serviços pela Setec à SOG e identificação e  qualificação dos profissionais que teriam executados referidos serviços.   Analisando a documentação fornecida a  fiscalização constatou  também: a) a  falta de apresentação de alguns comprovantes de pagamento efetuados pela SOG e  relacionados  nas  planilhas  apresentadas,  totalizando  R$  8.547.435,84  e  b)  que  o  valor dos adiantamentos pagos pela SOG à Setec, diretamente à mesma e por conta e  ordem  da  Setec,  totalizaram  R$  105.186.230,58  no  período  de  2010  a  2013,  conforme relações fornecidas, e que o valor das notas fiscais emitidas pela Setec à  SOG nesse mesmo período,  para  “dar  baixa” nos  adiantamentos,  totalizou  o  valor  bruto de R$ 55.218.627,97 e valor líquido de R$ 51.822.682,35, conforme relações  fornecidas. Restaria, portanto, um saldo de adiantamentos pagos pela SOG à Setec,  sem  a  contrapartida  da  emissão  de  notas  fiscais  pela  Setec  à  SOG,  de  R$  53.363.548,25 em 31/12/13, conforme cálculos da fiscalização (R$ 105.186.230,58 ­  R$ 51.822.682,35 = R$ 53.363.548,25).   Em  decorrência  a  fiscalização  lavrou  em  14/08/15  o  TIF  nº  06,  do  qual  o  sujeito  passivo  tomou  ciência  em  18/08/15,  intimando­o  a:  a)  apresentar  os  Fl. 16886DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.867          27 comprovantes  de  pagamento  faltantes;  b)  apresentar  cópia  de  contrato  celebrado  entre  SOG  e  Setec;  c)  apresentar  a  documentação  comprobatória  da  prestação  de  serviços pela Setec à SOG; d) esclarecer como foi dada “baixa contábil” no valor do  saldo dos adiantamentos efetuados pela SOG à Setec, para os quais não haviam sido  emitidas notas fiscais da Setec para a SOG até a data de 31/12/13, apresentando a  respectiva documentação comprobatória e e) informar o saldo contábil do valor em  aberto  dos  adiantamentos  efetuados  à  Setec  nas  datas  de  31/12/09,  31/12/10,  31/12/11,  31/12/12  e  31/12/13,  assim  como  cópia  do  razão  da  respectiva  conta  contábil desse período.   Por meio do TIF nº 08, lavrado em 26/08/15, o sujeito passivo foi intimado a  informar  as  datas  de  contabilização  como  custo/despesa,  e  os  respectivos  valores  declarados em DIPJ como tal, relativamente às notas fiscais de prestação de serviços  emitidas pela Setec para o sujeito passivo relacionadas no Anexo I ao TIF, as quais  haviam  sido  encaminhadas  à  fiscalização  por  meio  da  correspondência  datada  de  22/07/15. As  informações  solicitadas  foram  atendidas mediante  a  correspondência  datada de 03/09/15.   Analisando  a  documentação  recebida  a  fiscalização  constatou  existirem  divergências de valores e necessidade de apresentação de esclarecimentos adicionais  relativamente  às  operações  de  adiantamentos  realizados  pela  SOG  à  Setec  e  sua  respectiva  “baixa”  contábil.  Esses  questionamentos  foram  objeto  do  TIF  nº  12,  lavrado em 19/10/15.   Relativamente aos serviços que a Setec teria prestado ao sujeito passivo foram  apresentados dois contratos: a) Contrato de Prestação de Serviços com Fornecimento  de Tecnologia em Engenharia, celebrado em 26/05/08 e aditado em 27/05/10; e b)  Contrato de Licença de Uso de Marca e Outras Avenças, celebrado em 02/05/13.   Contrato de Prestação de Serviços   O contrato  em  referência  foi  celebrado quando a  razão  social  das partes  era  distinta da atual. A SOG denominava­se “SOG ­ Sistemas em Óleo e Gás S.A.”, e a  Setec denominava­se “Setal Engenharia Construções e Perfurações S.A.”. O objeto  contratual,  conforme  cláusula  3,  compreendia  “Serviços  especializados  e  fornecimento de tecnologia em engenharia e suporte técnico nas áreas de materiais,  processos, mecânica, civil, elétrica, instrumentação, tubulação, e diligenciamento de  compras inclusive com orientação, treinamento e aplicação de softwares específicos  para cada atividade”. O prazo contratual, conforme cláusula 5, foi estabelecido em  24  (vinte  e  quatro)  meses,  podendo  ser  renovado  pelas  partes,  o  que  ocorreu  mediante o aditamento datado de 27/05/10, estendendo o prazo contratual por igual  período.   O  sujeito  passivo  foi  intimado  em  diversas  oportunidades  a  comprovar  a  efetiva prestação de serviços pela Setec e por diversas outras empresas, assim como  a apresentar documentação comprobatória identificando os técnicos disponibilizados  pelas prestadoras de serviços com essa finalidade. Nesse sentido citamos os subitens  7.4 e 7.5 do Termo de Início da Ação Fiscal, os subitens 2.4 e 2.5 do TIF nº 02, o  item 6 do TIF nº 06 e o item 2 do TIF nº 09. Nada apresentou a esse respeito com  exceção  da  documentação  encaminhada  por  meio  da  correspondência  datada  de  16/09/15,  em  atendimento  ao  item 2  do TIF  nº  09,  consistindo  em  cópia  da  folha  mensal  de  pagamento  dos  funcionários  da  Setec  no  período  de  janeiro  de  2010  a  julho de 2013. Referida documentação não foi aceita pela fiscalização como prova  da efetiva prestação de serviços pela Setec à SOG, mas apenas como evidência de  que  em  algum  momento  determinada  pessoa  integrou  a  folha  de  pagamentos  da  Setec e em determinado mês auferiu certo montante a título de rendimento.   Fl. 16887DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.868          28 Importante aspecto a ser destacado é a cláusula contratual que dispõe sobre a  remuneração dos  serviços a  serem prestados pela Setec  à SOG. A cláusula 6.1 do  contrato  estabelecia  que  o  preço  fosse  definido  e  acordado  mensalmente  e  determinado  em  função  da  utilização  dos  recursos  tecnológicos  e  suporte  técnico  provido pela Setec. Todavia, ficava desde o início determinado que o valor mínimo  mensal a ser faturado pela Setec à SOG era de R$1.000.000,00 (um milhão de reais),  independentemente dos recursos utilizados pela Setec. Ou seja, SOG concordou em  pagar  à  Setec  um mínimo  de R$  24 milhões  (vinte  e  quatro milhões  de  reais)  no  período de 2 anos qualquer que fossem os serviços prestados pela Setec. O contrato  foi aditado prorrogando seu prazo por 2 anos adicionais. Em decorrência, entende­se  que SOG concordou em pagar à Setec o mínimo de R$ 48 milhões (quarenta e oito  milhões de reais), durante o período de 4 anos, quer a Setec lhe prestasse serviços ou  não.   Adicionalmente, nas palavras de Augusto Mendonça e de executivo da SOG,  já apontadas neste termo nos subitens 2.2.1 e 2.6.16, que a Setec era uma empresa  que  em  2005  estava  tecnicamente  quebrada  e  não  conseguia  viabilizar  sequer  sua  participação em licitações, em razão de suas deficiências cadastrais.   Reproduze­se, ainda, trecho do depoimento de Carlos Alberto Rodrigues, que  exerceu a diretoria financeira da SOG no período de 2006 a 2012, à Justiça Federal  do Paraná em 21/05/15, na condição de testemunha (TVF fl. 95):   “Testemunha: Quando a gente  fez essa movimentação societária da companhia  para tirar ela do problema financeiro a SOG Óleo e Gás, ela foi criada, é uma empresa  limpa, para executar contratos de plantas industriais, as empresas que eram do passado,  que praticamente estavam quebradas, essas empresas ficaram sob a gestão do Augusto  Mendonça,  e  na  minha  área  financeira  eu  prestava  serviço  para  essas  empresas  do  Augusto Mendonça,  essas  empresas  ficaram  como  se  fosse  empresa  de  pessoa  física  dele,  entendeu?  E  a  gente  prestava,  a  área  financeira  prestava  serviço  para  essas  empresas,  ou  seja,  a  gente  recebia  nota  fiscal  do  Augusto  Mendonça  endereçada  à  SETEC, a AP Engenharia e efetuava pagamentos. Eu não tinha nenhum conhecimento  da onde vinha a nota fiscal, se era empresa de fachada ou não, mesmo porque não cabe,  existe  um  certo  procedimento  que  quando  a  nota  fiscal  chega  na  área  financeira,  aprovada, com contrato legalmente constituído, a gente efetua o pagamento.”   A fiscalização entendeu que a  falta de comprovação da efetiva prestação de  serviços pela Setec à SOG; a remuneração irrealista pactuada; o fato de a Setec ser  uma empresa tecnicamente quebrada desde ao menos 2005; que a Setec não possuía  quadro  de  pessoal  técnico  para  desempenhar  as  atividades  previstas  no  contrato  celebrado;  que  a  SOG  em  termos  práticos  se  caracteriza  como  uma  sucessora  da  Setec; o fato de que a SOG e a Setec eram administradas pela mesma pessoa ou seja,  por Augusto Mendonça; que no dizer do  ex­diretor  financeiro da SOG era  a SOG  que prestava serviços às demais empresas do Augusto Mendonça e não o contrário; e  o fato de que o controle societário da SOG e da Setec pertence à família de Augusto  Mendonça, este último incluído, demonstram que o contrato de prestação de serviços  constitui  uma  simulação  entre  as  partes  contratantes  com  o  objetivo  de  respaldar  contabilmente, de forma parcial, a transferência de recursos da SOG para a Setec.   Por  isso, a fiscalização considerou que todas as despesas contabilizadas pelo  sujeito  passivo  em  razão  das  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços  emitidas  pela  Setec devam ser glosadas, uma vez que não foi comprovada a efetiva prestação dos  mesmos ao sujeito passivo.   Contrato de Licença de Uso de Marca e Outras Avenças   Fl. 16888DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.869          29 O referido contrato, celebrado entre a SOG e a Setec é datado de 02/05/13. Os  considerandos  (i)  a  (iv)  desse  instrumento  historiam  que  por  força  de  contrato  de  compra e venda de ações celebrado em 15/04/08 a SOG foi autorizada a utilizar a  marca  SETAL  gratuitamente  pelo  prazo  de  3  anos  e  que  findo  esse  prazo  a  SOG  permaneceu  utilizando  essa  marca  sem  remunerar  a  Setec.  Em  decorrência,  em  02/05/13  as  partes  desejando  disciplinar  o  uso  da  marca  SETAL  pela  SOG  pactuaram que, resumidamente: a) A SOG deveria indenizar a SETEC com a quantia  de  R$  14.068.961,13  pelo  uso  desautorizado  da  marca  SETAL  no  período  de  16/04/11  a  30/04/13;  b)  Esse montante  seria  quitado mediante  a  compensação  do  crédito  titulado pela SOG contra a Setec no mesmo valor e c) A partir da data do  contrato  a  SOG  pagaria  à  Setec  a  quantia mensal  de  R$  740.000,00  pelo  uso  da  marca SETAL.   A fiscalização constatou que inicialmente, na sua constituição em meados de  2005, a SOG utilizava a marca SETAL em sua razão social, cuja denominação era  Setal Óleo e Gás S.A. Posteriormente, conforme aprovado nas Assembléias Gerais  Ordinária e Extraordinária  realizadas em 19/05/08, a  razão social  foi alterada para  SOG Sistemas  em Óleo  e Gás  S.A.  Em 2010,  conforme  aprovado  na Assembléia  Geral Ordinária e Extraordinária realizada em 27/04/10, adotou a denominação atual  de  SOG  ­  Óleo  e  Gás  S.A.  Ou  seja,  desde  19/05/08  a  SOG  não  utiliza  a  marca  SETAL em sua razão social.   Na avaliação da fiscalização o contrato de licenciamento de uso de marca foi  apenas mais uma simulação entre a SOG e a Setec desta feita com o objetivo de a)  Reduzir ontabilmente o saldo do valor dos adiantamentos efetuados pela SOG à  Setec na data de 02/05/13 e b) Respaldar o pagamento à Setec da quantia mensal  de R$ 740.000,00 brutos.   A fiscalização afirmou:   Além de a SOG não utilizar a marca SETAL em sua razão social desde meados  de 2008, a marca SETAL estava extremamente prejudicada no mercado,  em razão da  deterioração da empresa reconhecida pelo próprio Augusto Mendonça como apontamos  no  subitem  4.1.7.1  anterior.  A  SETAL  estava  tecnicamente  quebrada,  com  a  participação  em  licitações  inviabilizada  pelas  deficiências  cadastrais  da  empresa.  Ou  seja,  a  mais  valia  propiciada  pelo  uso  da  marca  desde  os  idos  de  2008  já  era  questionável.  No  próprio  considerando  do  contrato  de  licenciamento  há  o  reconhecimento  de  que  o  uso  da  marca  SETAL  pela  SOG  havia  sido  autorizado  de  forma  gratuita  pelo  prazo  de 3  anos,  ou  seja,  até Abril  de  2011,  razão pela  qual  não  fazia  o  menor  sentido  empresarial  pagar  indenização  retroativa  de  cerca  de  R$  14  milhões pelo uso da marca pelo período de 2 anos, a partir de Abril de 2011 e aceitar  pagar remuneração mensal a partir de Abril de 2013. Está claro para a fiscalização que  a  SOG  se  viu  sem mais  alternativas  factíveis  que  justificassem  a  baixa  contábil  dos  adiantamentos  efetuados  à  Setec  e  que  esta,  por  sua  vez,  não  possuía  condições  financeiras  de  restituí­los.  Uma  das  soluções  encontradas  para  a  “baixa”  parcial  do  saldo  de  adiantamentos,  dentre  outras,  foi  criar  passivo  fictício  para  a  SOG,  representado pela indenização por uso indevido da marca SETAL.  A  fiscalização  verificou  que  nas  informações  relativas  ao  ano­calendário  de  2013 a SOG informou que as Notas Fiscais da Setec de nº 20 a 27, no valor bruto de  R$ 740.000,00 cada uma, emitidas a partir de 27/05/13, foram contabilizadas como  despesas pelo Licença de Uso da Marca Setal na conta nº 3.5.6.6.356611.   Todavia,  anteriormente,  por meio  da  correspondência  datada  de  23/07/15,  a  SOG  havia  encaminhado  cópia  das  notas  fiscais  emitidas  pela  Setec  relativas  à  prestação  de  serviços  e  que  teriam  servido  para  dar  “baixa”  em  adiantamentos  Fl. 16889DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.870          30 efetuados  “conforme  contrato”,  como  informa  a  planilha  relacionando  as  notas  fiscais encaminhadas.   Examinando­se  as  notas  fiscais  nº  20  a  27,  que  teriam  sido  emitidas  em  conexão com o uso da marca SETAL pela SOG, como contabilizado, observado na  descrição  dos  “serviços  prestados”  informados  nas  notas  fiscais,  as  mesmas  se  referiam  a  supostos  boletins  de  medição  de  serviços  prestados,  não  guardando  nenhuma vinculação com o suposto uso da marca SETAL pela SOG. A fiscalização  entendeu se esta mais uma evidência de que o contrato de licença de uso de marca é  uma  simulação.  Ou  seja,  a  Setec  continuou  emitindo  notas  fiscais  por  supostos  serviços passíveis de medição, e nem sequer se deu ao trabalho de alterar a descrição  das notas fiscais para compatibilizá­las com o contrato de licença de uso de marca.   A  fiscalização,  então,  considerou  que  todas  as  despesas  contabilizadas  pelo  sujeito passivo  em  razão das notas  fiscais  emitidas pela Setec,  relativas  ao uso da  marca SETAL, deveriam ser glosadas. Da mesma forma as despesas contabilizadas  pela SOG  relativas  à  indenização  à Setec  pelo  uso  indevido  da marca SETAL no  período de Abril de 2011 a Abril de 2013 foram glosadas.   Despesas da SOG com MSML ­ Participações e Consultoria Ltda.   O sujeito passivo foi  intimado a apresentar cópia de contratos, notas  fiscais,  comprovantes de pagamentos e a comprovar a efetiva prestação de serviços que lhe  teriam sido prestados, ou aos consórcios de empresas de que participou no período  sob  fiscalização,  por  diversas  empresas,  incluindo­se  a  MSML  ­  Participações  e  Consultoria  Ltda.,  CNPJ  nº  04.316.747/0001­04,  doravante  denominada  simplesmente  “MSML”,  conforme  item  7  e  seus  subitens  do  Termo  de  Início  da  Ação Fiscal, e nada apresentou relativamente à MSML.   Por  intermédio  da  correspondência  datada  de  22/07/15,  a  contribuinte  apresentou planilha listando os pagamentos que teriam sido efetuados à empresa no  período  2010  a  2013,  acompanhada  de  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços  emitidas  pela  MSML  para  a  SOG  e  de  comprovantes  de  pagamento.  Nada  apresentou  relativamente  a  contratos  celebrados  entre  a  SOG  e  MSML,  documentação comprobatória da efetiva prestação dos serviços pela MSML à SOG e  identificação  e  qualificação  dos  profissionais  que  teriam  executados  referidos  serviços.   O sujeito passivo foi  reintimado em outras duas oportunidades, por meio do  item  2  do  TIF  nº  09  e  item  2  do  TIF  nº  10,  a  apresentar  a  documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços  pela  MSML  assim  como  a  documentação  relativa  à  identificação  e  qualificação  dos  profissionais  que  teriam  executado os respectivos serviços. Nada forneceu a esse respeito.   Examinando os comprovantes de pagamento apresentados, relativos às notas  fiscais de serviço emitidas pela MSML para a SOG, a fiscalização constatou que se  tratavam de cópia de transferências bancárias efetuadas da conta corrente da SOG nº  13774­8, mantida  na  agência  nº  0262  do  Itaú Unibanco,  para  a  conta  corrente  nº  13415­3,  mantida  por  Rafael  Ribeiro  de  Mendonça  Lima  na  agência  nº  2958  do  referido banco.   A  fiscalização  Identificou  que  Rafael  Ribeiro  de  Mendonça  Lima,  CPF  nº  309.390.588­55,  era  sócio  quotista  da  MSML  no  período  2010  a  2013,  com  participação  declarada  de  0,01%  (um  centésimo  por  cento)  no  capital  social  da  empresa,  conforme  informado  nas  respectivas  DIPJs  apresentadas  pela  MSML  à  RFB.  Da mesma  forma  a  fiscalização  constatou  que  a  principal  sócia  quotista  da  Fl. 16890DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.871          31 MSML, com 99,98% do seu capital social no mencionado período, era Maria Stela  Ribeiro de Mendonça, doravante denominada simplesmente “Maria Stela”, genitora  de Rafael Ribeiro de Mendonça Lima e sócia quotista da Lineal Participações S.A.,  doravante  denominada  simplesmente  “Lineal”.  Maria  Stela  exerce  atualmente  o  cargo de Diretor Presidente da SOG.   A Lineal detinha no período 2010 a 2013 participação de 58% no capital da  SOG, sendo que atualmente a Lineal detém 100% do capital da SOG. Maria Stela  detinha, direta e indiretamente, participação de 21,96% no capital social da SOG no  período 2010 a 2012, e 7,57% em 2013.   A MSML foi objeto de diligência fiscal. Por meio do TIF nº V­04, lavrado em  01/07/15, onde  foi  intimada MSML a apresentar,  entre outros elementos, cópia de  todas  as  notas  fiscais  emitidas  no  período  2010  a  2013,  comprovantes  de  recebimento  dos  respectivos  valores  e  cópia  da  documentação  comprobatória  da  efetiva prestação dos serviços e identificação e qualificação dos profissionais que os  executaram.   Por  intermédio  da  correspondência datada  de 21/07/15  a MSML apresentou  cópia das notas  fiscais emitidas. Por meio da correspondência datada de 31/08/15,  apresentou  cópia  dos  comprovantes  de  recebimentos  relativos  ao  período  de  01/08/10  a  31/12/13. Nada  forneceu  relativamente  à  documentação  comprobatória  da efetiva prestação dos serviços e identificação e qualificação dos profissionais que  os executaram.   Além  das  cópias  de  notas  fiscais  emitidas  pela  MSML  para  a  SOG  e  encaminhadas  à  fiscalização  pela  SOG,  foi  identificada  na  documentação  encaminhada  pela  própria  MSML  uma  nota  fiscal  adicional  que  não  havia  sido  listada  pela  SOG.  Na  documentação  encaminhada  pela  MSML  relativamente  à  comprovação do recebimento dos valores das notas fiscais emitidas para a SOG, a  MSML não apresentou nenhum documento a esse respeito e, portanto, também não  comprovou ter recebido da SOG os valores pertinentes a essas notas fiscais.   Devido  a  não  comprovação  da  efetiva  prestação  de  serviços  pela MSML  à  SOG  e  da  não  comprovação  de  que  os  pagamentos  pertinentes  foram  pagos  pela  SOG  à  MSML  a  fiscalização  glosou  as  respectivas  despesas  contabilizadas  pela  SOG.   Dedução Indevida na Apuração da CSLL a Pagar   A  fiscalização  constatou  que  na  apuração  da  CSLL  a  pagar  pertinente  ao  período  de  apuração  correspondente  ao  4º  Trimestre  de  2010  o  sujeito  passivo  deduziu o valor de R$ 1.591.984,92 a título de “Bônus de Adimplência Fiscal (Lei  nº  10.637/2002,  art.  38)”,  conforme  linha  75  da  Ficha  17  da  DIPJ  ­  Cálculo  da  Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.   Consultando os sistemas automatizados da RFB a fiscalização constatou que  em  todos  os  anos  calendário  de  2006  a  2010  o  sujeito  passivo  em  diversas  oportunidades  efetuou  o  recolhimento  ou  pagamento  em  atraso  de  tributos  administrados  pela  RFB,  conforme  consultas  juntadas  no  processo  administrativo  fiscal  que  controla  os  autos  de  infração  lavrados  em  decorrência  da  presente  fiscalização. Assim, teria incidido ao menos na hipótese prevista no inciso IV do §  3º  do  art.  38  da  Lei  nº  10.637/2002,  e  em  consequência  não  fez  jus,  no  ano­ calendário de 2010, ao bônus por adimplência instituído no caput do citado artigo.   Fl. 16891DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.872          32 O  sujeito  passivo  foi  intimado  a  justificar  a  utilização  do  bônus  por  adimplência,  entre  outras  solicitações,  por  meio  do  subitem  1.2  do  TIF  nº  13,  lavrado  em  26/10/15. O  sujeito  passivo  não  comprovou  ter  atendido  os  requisitos  legais para usufruir do benefício fiscal.   A fiscalização efetuou a glosa da dedução a esse  título utilizada pelo sujeito  passivo no cálculo do valor da CSLL a pagar do 4º Trimestre de 2010, resultando na  constituição  de  crédito  desse  tributo  no  mesmo  montante  da  glosa,  isto  é,  R$  1.591.984,92.   A fiscalização aplicou ao sujeito passivo a penalidade prevista no § 8º do art.  38 da Lei nº 10.637/2002, correspondente à multa de que trata o inciso I do caput do  art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicando­se o seu percentual.   IRRF sobre Pagamentos sem Causa ou Operação Não Comprovada   A  fiscalização  entendeu  que  os  pagamentos  efetuados  por:  a)  Consórcio  Interpar  à  Setec  e  à  Auguri;  b)  Consórcio  CMMS  à  Riomarine  e  Energex,  c)  Consórcio SPS à Energex e d) SOG à Editora Gráfica Atitude, à Setec e à MSML  não  tiveram  a  contrapartida  de  qualquer  prestação  de  serviços  pelas  empresas  emitentes  das  notas  fiscais.  Relativamente  aos  pagamentos  efetuados  pelos  Consórcios  nominados  e  pela  SOG  à Gráfica  e  Editora Atitude  o  reconhecimento  dessa fraude já havia sido efetuado por Augusto Mendonça, na condição de principal  dirigente de fato da SOG, nos Termos de Colaboração que firmou perante o MPF e  confirmou em juízo no âmbito dos processos penais em que foi denunciado.   Relativamente  aos  pagamentos  efetuados  pela  SOG  pertinentes  às  notas  fiscais de prestação de serviços emitidas pela MSML os recursos foram creditados a  um terceiro, sócio da MSML.   A fiscalização entendeu que todos os casos relatados referem­se a operações  não  comprovadas  e/ou  inexistentes,  sem  fruição  pelo  sujeito  passivo  e  consórcios  que  integrou  de  qualquer  serviço  prestado,  circunstâncias  que  caracterizam  o  pagamento sem causa.   QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO   A fiscalização qualificou, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, com  a  redação  dada  pelo  art.  14,  da Lei  nº  11.488/07,  o  percentual  da multa  de  ofício  aplicável aos tributos apurados em decorrência das infrações custos e despesas não  comprovadas  e  IRRF  sobre  pagamentos  sem  causa  ou  operação  não  comprovada,  uma vez que constada a ocorrência dos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei  nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.   No bojo da operação Lava  jato o  sujeito passivo,  administrado por Augusto  Mendonça,  seu  principal  executivo  de  fato  como  demonstrado,  agindo  de  forma  consciente,  deliberada,  organizada,  meticulosa  e  reiterada  pagou  propinas,  ou  eufemisticamente,  “vantagens  indevidas”,  a  agentes  públicos  para  assegurar  sua  participação em licitações promovidas pela Petrobrás e, desse modo, contribuiu para  fraudá­las.   Parte  dessas  ações  fraudulentas  e  criminosas  foi  reconhecida  por  Augusto  Mendonça  nos  Termos  de  Colaboração  Premiada  firmados  perante  o MPF  e  nos  Acordos  de Leniência  celebrados  com o MPF  e  o CADE,  subscritos  por Augusto  Mendonça,  por  ex  e  atuais  executivos  de  algumas  das  empresas  de  seu  grupo  empresarial e pelas próprias empresas.   Fl. 16892DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.873          33 As  denúncias  oferecidas  pelo  MPF  à  Justiça  Federal  do  Paraná  contra  Augusto  Mendonça  e  outros,  pela  prática  dos  crimes  de  corrupção,  lavagem  de  capitais e quadrilha, são objeto dos processos penais nº 5012331­04.2015.4.04.7000  e  5019501­27.2015.4.04.7000,  conforme  relatamos  no  subitem  2.3  deste.  As  denúncias  foram  aceitas  pelo  juízo  competente  e  nas  manifestações  de  defesa  apresentadas  por Augusto Mendonça  em  ambos  os  processos o mesmo  confirmou  todas as acusações,  tornando­se réu confesso dos  ilícitos que  lhe foram atribuídos,  como, aliás, também já apontamos anteriormente neste termo.   Em decorrência, as ações desenvolvidas pelo sujeito passivo, quer diretamente  ou  por  intermédio  dos  consórcios  dos  quais  participa,  visando  operacionalizar  o  pagamento das propinas foram reconhecidos em juízo pelo seu principal executivo  de fato. Ou seja,  as  fraudes  representadas pela celebração de contratos  fictícios de  prestação  de  serviços  ou  de  aluguel  de  equipamentos,  firmados  pelo  Consórcio  Interpar com a Setec e Auguri, pelo Consórcio CMMS com Riomarine e pela SOG e  a Setec com a Editora Gráfica Atitude foram devidamente confirmados por Augusto  Mendonça nos referidos processos judiciais.   Destaca­se também que a Setec é empresa do grupo empresarial de Augusto  Mendonça e gerida pelo próprio empresário. A Setec é controlada integral da PEM  Engenharia,  uma  das  empresas  em  que  Augusto  Mendonça  mantém  participação  societária. O Consórcio Interpar celebrou contratos fictícios de prestação de serviços  e locação de equipamentos com a Setec para possibilitar o escoamento dos recursos  destinados  ao pagamento das propinas. A Setec de posse desses  recursos  celebrou  outros contratos  fictícios de prestação de serviços e  locação de equipamentos com  diversas outras empresas de fachada, de forma que os valores fossem redistribuídos  aos  diversos  beneficiários.  Temos,  nesse  caso,  uma  sucessão  de  contratos  fraudulentos: primeiramente o firmado pelo Consórcio Interpar, liderado pela SOG,  com a Setec e, na sequência, os contratos fraudulentos celebrados pela Setec com as  empresas  de  fachada  controladas  pelos  “doleiros”  Alberto  Youssef  e  Adir  Assad.  Essas últimas empresas, objeto de inaptidão e baixa de ofício de suas inscrições no  CNPJ: Rock Star, SM Terraplenagem, Power To Ten, Soterra, Legend, Empreiteira  Rigidez e RCI Software e Hardware.   A  fiscalização Constatou  também que  parte  das  propinas  foi  paga mediante  contrato de prestação de serviços fictícios celebrado entre a PEM Engenharia e a SM  Terraplenagem, com recursos providos pela Setec à PEM Engenharia, confirmando  o declarado por Augusto Mendonça na página 7 do Termo de Colaboração nº 07.   As empresas SOG, Setec e MSML são empresas controladas por membros da  família Ribeiro de Mendonça e, portanto, são partes relacionadas entre si. Esse fato,  adicionado entre outros, à  falta da comprovação da efetiva prestação de serviços à  SOG, reforçou o entendimento da fiscalização de que os contratos firmados entre as  partes,  quando  existentes,  e  as  notas  fiscais  de  serviços  emitidas  pelas  supostas  prestadoras  de  serviços  para  a  SOG  são  documentos  ideologicamente  falsos.  Serviram  ao  propósito  de  propiciar  aparente  ar  de  legitimidade  aos  pagamentos  efetuados pela SOG e utilizados para dar suporte aos correspondentes lançamentos  contábeis. Esse modus operandi é idêntico ao utilizado pela SOG e os Consórcios de  que  participa  (Interpar,  CMMS  e  SPS)  para  acobertar  documentalmente  os  pagamentos  das  “vantagens  indevidas”  efetuados  à  Setec,  Auguri,  Riomarine,  Energex e Editora Gráfica Atitude e, na sequência, aos pagamentos efetuados pela  Setec às empresas comandadas pelos “doleiros” Alberto Youssef e Adir Assad.   Fl. 16893DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.874          34 A fiscalização entendeu que s condutas descritas se enquadram perfeitamente  nas definições legais de sonegação, fraude e conluio como dispõem os artigos 71, 72  e 73 da Lei nº 4.502/64.   O  sujeito  passivo,  segundo  a  fiscalização,  procurou  modificar  as  características  essenciais  dos  fatos  geradores  ao  tratar  os  custos  e  despesas  contabilizados e os pagamentos efetuados como legítimos e necessários, com causa  e em retribuição a operações comprovadas. Todavia, de acordo com a fiscalização,  as  operações  que  originaram  os  pagamentos  não  foram  comprovadas  e  os  documentos de  suporte  apresentados  eram  ideologicamente  falsos. Os contratos  se  referiam  a  serviços  fictícios,  fato  em  grande  parte  já  reconhecido  por  Augusto  Mendonça  como  apontamos.  O  sujeito  passivo  contabilizou  as  despesas  e  custos  associados a esses pagamentos como dedutíveis na apuração do IRPJ e da CSLL a  pagar. Em consequência reduziu dolosamente o montante devido desses tributos  e, dessa forma, teria cometido fraude na visão da fiscalização.   A  fiscalização  ainda  afirmou  que  as  fraudes  foram  praticadas  mediante  ajuste  doloso  com  uma  grande  diversidade  de  contrapartes,  configurando  o  conluio.  Essas  contrapartes,  representadas  pelas  empresas  emitentes  das  notas  fiscais de prestação de serviços inidôneas, pois os serviços eram fictícios e nunca  teriam  sido prestados,  colaboraram  de  forma  consciente  com  o  sujeito  passivo  para viabilizar a execução das fraudes descritas.   RESPONSABILIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA   Nos termos do art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional ­ CTN,  são  pessoalmente  responsáveis  pelos  créditos  correspondentes  a  obrigações  tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de  lei,  contrato  social  ou  estatutos,  os  diretores,  gerentes  ou  representantes  de  pessoas jurídicas de direito privado.   Desta  forma, entendeu a  fiscalização que tendo em vista as ações  ilícitas  praticadas  pelo  sujeito  passivo,  foi  constituida  com  base  no  acima  referido  dispositivo legal a sujeição passiva solidária contra AUGUSTO RIBEIRO DE  MENDONÇA  NETO  relativamente  aos  fatos  geradores  apurados  nos  anos­ calendário de 2010 e 2011. A fiscalização entendeu que Augusto Mendonça era  de  fato  o  principal  executivo  da  SOG  no  período  em  questão  e  principal  responsável pelas condutas ilícitas do sujeito passivo.   A contribuinte principal e o responsável solidário apresentaram impugnação  tempestiva, contendo os argumentos sintetizados no acórdão recorrido desta forma:  IMPUGNAÇÃO   Os  sujeitos  passivos  SOG  ÓLEO  E  GÁS  S/A,  e  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça Neto apresentaram impugnação conjunta, onde questionam, em resumo:   Erro na identificação do sujeito passivo   Augusto  Ribeiro  de  Mendonça,  não  deve  ficar  como  responsável  no  auto  relacionado ao bônus de adimplência fiscal;   Augusto Ribeiro de Mendonça, não é sócio, administrador ou diretor da SOG;   Fl. 16894DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.875          35 A  SOG  deve  ser  excluída  do  pólo  passivo,  pois,  o  Sr.  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça  foi  enquadrado  no  art.  135  do  CTN,  que  exclui  a  responsabilidade  do  contribuinte;   Augusto Ribeiro de Mendonça seria o principal executivo da SOG, e assim,  responsável  pela  condutas  ilícitas  do  sujeito  passivo,  pois,  agira  com  excesso  de  poderes;   A responsabilidade apurada pelo art. 135 é pessoal, e implica na exclusão do  contribuinte do pólo passivo;   A malícia dos atos afasta a solidariedade prevista no art. 134 do CTN;  Portanto há erro na identificação do sujeito passivo, e assim, nulidade;   Em anexo decisão do STJ;   O  art.  135 não autoriza  a  imputação de  responsabilidade  a  sócio de  fato  ou  diretor de fato;   A PGFN por meio da Portaria 180/2010 teria exposto que o terceiro não sócio  da  Pessoa  jurídica  só  deve  ser  incluído  na  CDA  caso  tenha  poderes  de  gerência  sobre a pessoa jurídica;   Decadência para o ano de 2010   A fiscalização não teria comprovado o dolo de Augusto Ribeiro de Mendonça,  assim,  a  decadência  seria  regida  pelo  art.  150,  §4º  do  CTN.  A  acusação  de  responsabilidade pelo art. 135 do CTN precisa ser provado o dolo do agente;   As vantagens ilícitas não implicam dolo no aspecto fiscal;   Para o IRPJ, CSLL e o IRRF o lançamento é por homologação , art. 150, § 4º  do CTN;   O lançamento teria se aperfeiçoado em 02 de dezembro de 2015. A requerente  apurou o lucro real trimestral. Dessa forma o crédito tributário referente aos quatro  trimestres estariam decaídos;   A contagem do  fato gerador para o  IRPJ  trimestral se  inicia no  fim de cada  trimestre. Idem para o IRRF.   Para  a  infração  do  aproveitamento  indevido  do  bônus  de  adimplência  fiscal  não houvera a acusação de dolo. A multa do art. 38, §8º é o dobro, contudo , isto não  implica dolo;   As  despesas  incorridas  no  âmbito  dos  contratos  de  prestação  de  serviços  e  transferência  de  tecnologia  celebrados  pela  SOG  e  a  SETEC,  e  os  negócios  pactuados com a MSML (dedutibilidade glosada) não  tiveram dolo, pois, pagaram  até tributos.   Impossibilidade  da  exigência  concomitante  do  IRRF  por  pagamento  sem  causa e IRPJ/CSLL em razão da glosa de despesas   Seria incompatível a glosa das despesas e o lançamento do IRRF.   Anexa decisões administrativas;   Fl. 16895DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.876          36 A dupla exigência seria um “bis in idem”.  Denúncia espontânea da infração ao ministério público federal e aplicação do  regime do art. 138 do CTN   A  requerente  e  o  Sr.  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça  teriam  praticado  a  denúncia espontânea, pois, celebraram acordo de delação premiada com o ministério  público federal.   A inviabilidade de exigência de impostos sobre os pagamentos devolvidos na  operação “lava jato”   A contribuinte alega que os pagamentos de vantagens indevidas nas licitações  da  PETROBRÁS  foram  anulados  na  medida  que  houve  o  ressarcimento  aquela  empresa conforme Doc 7;   Impõe­se um verdadeiro estorno dos pagamentos e a conseqüente reversão de  toda e qualquer exigência fiscal;   A devolução da renda retira a capacidade contributiva da contribuinte;   Anexa decisões do CARF.   IR sobre pagamentos sem causa não pode ser exigido com amparo em causa  meramente ilícita   A causa seria  ilícita, não sem causa, assim, o art. 61 da Lei nº 8.981/95 não  contempla tal exação;   Anexa decisão do CARF.   Direito  à  dedução  das  despesas  atinentes  aos  pagamentos  indevidos  (comissões) a terceiros investigados por corrupção na operação “lava jato”   O  RIR/99  permite  deduzir  despesa  necessária,  não  importa  se  é  ilícita.  Ademais,  é  necessário  deduzir  as  despesas  vinculadas  as  receitas.  As  vantagens  indevidas  se  assemelham  a  comissões  sobre  as  vendas.  Sem  essas  comissões  a  requerente não teria conseguido os contratos com a PETROBRÁS, e nem as receitas  auferidas.   Distinção  entre  as  regras  de  dedutibilidade  de  despesas  para  fins  de  IRPJ  e  para fins de CSLL   Para fins de CSLL não vale analisar se a despesa é ou não necessária;   Em anexo decisões administrativas.  Dedutibilidade  das  despesas  decorrentes  do  contrato  firmado  com a SETEC  envolvendo  a  prestação  de  serviços  técnicos  e  transferência  de  tecnologia/inviabilidade de exigência de IR por pagamento sem causa   A fiscalização teria aplicado indevidamente a norma antielisiva insculpida no  parágrafo único do art. 116 do CTN.   Os  requisitos  da  norma  antielisiva  devem  invalidar  contratos,  coisa  que  a  fiscalização não fez;   Em anexo decisão do CARF;   Fl. 16896DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.877          37 No caso  do  IRRF não  é  admissível  desprezar  o  contrato  firmado para  dizer  que o pagamento não teve causa;   O dolo não teria sido comprovado.   Dedutibilidade  das  despesas  decorrentes  do  contrato  firmado  com  a MSML  participações/inviabilidade de exigência de IR na fonte por pagamento sem causa   As  acusações  seriam  lacônicas,  baseadas  em  relação  de  parentesco  entre  os  titulares das empresas;   Devido ao fato da documentação cedida pela SETEC ser muito extensa não  foi possível juntá­la aos autos. Assim, pede perícia ou diligência, e indica quesito e  perito;   Não teria dolo.  O  colegiado  recorrido manteve  integralmente  os montantes  das  exigências,  mas julgou procedente em parte a impugnação do responsável solidário Sr. Augusto Ribeiro de  Mendonça,  para  excluí­lo  do  pólo  passivo  em  relação  ao  auto  de  infração  relativo  ao  bônus  de  adimplência, mantendo a sujeição passiva do referido senhor para todos os outros autos de infração.  Em  face  da  exclusão  parcial  da  responsabilidade  do  sujeito  passivo  solidário,  foi  apresentado  recurso de ofício.  A contribuinte foi cientificada do acórdão recorrido em 20/07/2016, por meio  de abertura de mensagem no domicílio tributário eletrônico indicado pelo sujeito passivo (fls.  14191)  e  o  responsável  solidário  por  via  postal,  conforme  AR  (fls.  14192),  com  data  de  recebimento em 21/07/2017.  Os  sujeitos  passivos  (principal  e  solidário)  apresentaram  recurso  voluntário  conjunto  em  18/08/2016,  conforme  Termo  de  solicitação  e  Juntada  (fls.  14193),  nos  qual  rebatem  os  fundamentos  da  decisão  recorrida  e  reiteram  os  argumentos  trazidos  na  impugnação.  A Procuradoria  da Fazenda Nacional  apresentou  contrarrazões  aos  recursos  (14235/14300).  É o relatório.  Fl. 16897DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.878          38 Voto             Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado ­ Relator  Trata­se de apreciar os recursos de ofício e voluntário em face da decisão da  DRJ­Brasilia.  Para melhor  encadeamento  do  julgamento,  aprecio  inicialmente  as  razões  e  contrarrazões do recurso voluntário interposto pelos sujeitos passivos principal e solidário.  RECURSO VOLUNTÁRIO  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  atende  aos  pressupostos  legais  e  regimentais. Assim, dele conheço.  1. Do erro na identificação dos sujeitos passivos  Os  recorrentes  alegam  que  o  Sr.  Augusto  Ribeiro  de Mendonça  Neto  não  deveria figurar no polo passivo da peça fiscal, haja vista a ausência de conjunto probatório que  desse respaldo às causas de responsabilização do art. 135 do Código Tributário Nacional (atos  praticados  com  excesso  de  poderes  ou  infração  de  lei,  contrato  social  ou  estatutos),  especialmente  no  que  tange  à  prática  de  ilícitos  tributários  (artigos  71,  72  e  73  da  Lei  n.º  4.502/64).   E que, caso se considere que o Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto é o  responsável pelos débitos aqui discutidos, deve­se recordar que a responsabilidade prevista no  art.  135 do CTN é de natureza pessoal  e exclusiva,  de modo que a  sua manutenção no polo  passivo da acusação  fiscal,  com fulcro naquele dispositivo,  resulta na desoneração da pessoa  jurídica, conforme jurisprudência pacífica do E. Superior Tribunal de Justiça.   Sustentam  que  ao  contrário  do  que  decidiu  a  2ª  Turma  da DRJ­Brasilia,  o  recorrente Augusto Ribeiro de Mendonça Neto não pode figurar como responsável nos quatro  autos de infração abarcados pelo expediente administrativo em epígrafe, na medida em que não  teve participação nos atos específicos que redundaram na autuação, não  tendo a Fiscalização  comprovado o  contrário  e não  é diretor,  sócio ou  administrador  (nem de  fato) da SOG. Cita  inclusive  a  Portaria  nº180/2010  da  PGFN  segundo  a  qual  o  terceiro  não  sócio  da  pessoa  jurídica  só  deve  ser  incluído  como  corresponsável  na  CDA  acaso  se  comprove  que  detinha  poderes de gerência sobre a pessoa jurídica.   A PGFN contesta os argumentos dos recorrentes, indicando trechos do Termo  de Verificação Fiscal que destacam a notória participação do Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça  Neto em todos os atos praticados para implementar as atividades criminosas que culminaram  com a redução dolosa dos tributos. Aponta, verbis:  Em  breve  resumo,  a  audaciosa  atuação  do  Sr. AUGUSTO MENDONÇA  compreendeu 4 fases:   Fl. 16898DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.879          39 1ª Fase: participação no “Clube” que fraudava as licitações na PETROBRÁS,  organizando  a  forma  como  os  certames  seriam  executados  pelas  empreiteiras  que  participavam do esquema criminoso;   2ª Fase: gestão, de fato, da Recorrente SOG para implementar a participação  no “Clube”;  3ª Fase: contratação de empresas cujos proprietários ou eram da família do Sr.  AUGUSTO MENDONÇA ou pertenciam aos outros  “Operadores” envolvidos na  “Operação Lava Jato” e que delataram o esquema criminoso;   4ª Fase: dedução dos custos com empresas da família do próprio responsável  solidário  e  com  outras  empresas  titularizadas  por  “Operadores”  que  prestaram  serviços fictícios ­ maquiados com documentos inidôneos ­ para a Recorrente e que  se  prestaram  a  reduzir/suprimir,  de  forma  dolosa  e  indevida,  o  lucro  (afetando  a  apuração do IRPJ) e a base de cálculo da CSLL, com vistas também a ocultar ilícitos  penais.  [...]  [...]  mister  demonstrar  que  o  Sr. AUGUSTO MENDONÇA  era  quem,  de  fato,  gerenciava  a  empresa  autuada,  o  que  constitui  pressuposto  para  a  sua  responsabilização.   A  prova  cabal  de  que  ele  atuava  com  infração  à  lei  foi  demonstrada  pela  autoridade  fiscal  através  dos  documentos  oriundos  da  “Operação  Lava  Jato”  devidamente compartilhados com a Receita Federal do Brasil.   Não obstante sejam esses documentos suficientes para legitimar a inclusão do  Sr. AUGUSTO MENDONÇA no polo passivo do presente processo, a autoridade  fiscal ainda examinou a documentação apresentada pelas empresas do grupo familiar  do referido devedor solidário e concluiu que ele atuava para implementar a dedução  em cadeia das despesas fictícias.   Em  outras  palavras,  ele  foi  artífice  intelectual  dos  documentos  que  tentaram  encobrir  a  prestação  de  serviços  por  outras  empresas  do  grupo  familiar,  que  jamais  foram  efetivamente  prestados,  gerando  despesas  (indedutíveis) que inequivocamente trouxeram prejuízos ao Erário.  Tais  elementos  são  provas  cabais  que  demonstram  a  pró­atividade  do  Sr.  AUGUSTO  MENDONÇA  na  gestão  dos  atos  que  redundaram  nas  infrações  tributárias em tela, bem como revelam a prática dolosa da Recorrente e das demais  empresas  do  grupo  familiar  e  empresas  de  outros  “Operadores”  na  confecção  reiterada de documentação tendente a maquiar a prestação de serviços hipotéticos.  No  caso  sob  exame,  percebe­se  que  a  autoridade  fiscal  lastreou  fartos  elementos  produzidos  pela  Polícia  Federal  e  pelo Ministério  Público  advindos  da  “Operação  Lava  Jato”  (depoimentos,  as  denúncias  e  acordos  de  colaborações  premiadas  dos  diversos  atores,  inclusive  vários  prestados  pelos  Sr.  AUGUSTO  MENDONÇA). Além disso, ela congregou o seu próprio conjunto probatório que  contribuíram decisivamente para identificar as irregularidades tributárias cometidas  pela SOG.   No cenário em que participou ativamente o  referido responsável solidário, é  inadmissível cogitar que os fatos narrados no presente caso, que retrata pagamentos  de inúmeras despesas a diversas pessoas jurídicas, envolvendo valores significativos,  pudessem  passar  à  margem  do  conhecimento  de  seu  dirigente.  Ademais,  as  Fl. 16899DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.880          40 operações  realizadas  pela  SOG  (com  conhecimento  do  Sr.  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça Neto) e as prestadoras de serviço buscavam tão somente a devida redução  de tributos, agindo o Sr. AUGUSTO MENDONÇA com infração à lei, na medida  em  que  autorizava  ou  concordava  com  a  apropriação,  pela  contribuinte  SOG,  de  despesas  sabidamente  fictícias,  acobertadas  por  documentos  inidôneos  e/ou  ideologicamente falsos.  [...]  Examinando os  elementos dos  autos,  penso que é  indiscutível  a  atuação do  Sr.  Augusto  Mendonça  como  administrador  de  fato  da  SOG,  tanto  no  que  se  refere  à  sua  representação  junto  aos  consórcios  formados  com  outras  construtoras,  como  em  sua  atuação  dentro  do  "Clube"  que  articulava  a  fraude  às  licitações  da  Petrobrás,  e  na  viabilização  dos  desvios de recursos da empresa e/ou dos consórcios, necessários aos pagamentos de vantagens  indevidas (propinas) a agentes públicos e privados, por meio da formalização de contratos de  prestação de serviços e/ou fornecimentos fictícios à empresas do seu próprio grupo empresarial  ou de terceiros. Por óbvio, a utilização desses documentos visavam a um só tempo acobertar o  desvio de recursos para fins ilícitos e reduzir indevidamente o resultado tributável da SOG.  O  TVF  traz  os  depoimentos  do  Sr.  Augusto  Mendonça  prestados  ao  Ministério Público Federal e à Justiça Federal, no âmbito das ações penais e de seu acordo de  colaboração premiada, demonstrando claramente que embora não contasse como sócio quotista  da  SOG  e  nem  figurasse  formalmente  como  seu  administrador  responsável,  era  o  principal  executivo do grupo de empresas controladas pela  família Ribeiro de Mendonça e o principal  executivo de fato do sujeito passivo.   O  TVF  transcreve  o  relato  sobre  a  criação  da  empresa  SOG  com  nova  configuração societária para substituir a empresa do grupo, denominada "Setal Construções",  que  se  encontrava  à  beira  insolvência  nos  anos  de  2004  e  2005,  na  prestação  de  serviços  à  Petrobrás, verbis:  Insolvência  do Grupo  Empresarial  da Setal  Construções  e Constituição  da  SOG  ­  Que  em  2004  e  2005  a  Setal  Construções  e  seu  grupo  empresarial  demonstrou­se tecnicamente insolvente. Por exemplo, houve 59 (cinquenta e nove)  pedidos de falência quase simultâneos e uma dívida tributária impagável. Que apesar  dos 40 (quarenta) anos de relacionamento que já  tinham com a Petrobras e que os  considerava  uma  das  melhores  empresas  de  engenharia  do  Brasil,  perderam  completamente  a  capacidade  de  trabalhar,  não  só  pela  situação  financeira,  mas  também cadastral;  ­ Que, a partir daí, tomaram a decisão de criar uma nova companhia, a SOG  ­  Óleo  e  Gás,  com  outra  configuração  societária,  venderam  todos  os  ativos  que  tinham  valor  e  constituíram  um  pouco  de  capital  na  nova  companhia  e  iniciaram  “uma nova  vida”  com a Petrobras,  embora  numa  situação  extremamente  de  risco,  visto  que  não  tinham  contrato  e  tinham  uma  estrutura  enorme  e  custosa  para  carregar;  ­ Que com a quebra técnica da Setal Construções foi aberta a SOG ­ Óleo e  Gás (cujo nome fantasia era Setal Óleo e Gás), com outra configuração societária, e  a Setal Construções passou a se chamar Setec Tecnologia S.A. Que na verdade a  Setec Construções ficou com um acervo técnico e o vendia para a SOG para pagar  suas dívidas;  Fl. 16900DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.881          41 [...]  A  fiscalização  demonstrou  no  item  1.6  do  TVF  que  a  empresa  SOG  era  controlada  pela  empresa  Lineal  Participações  S/A,  durante  o  período  sob  fiscalização  e  que  atualmente detém a integralidade do seu capital social. Descreve a composição societária das  empresas e  indica as pessoas físicas detentoras do capital social,  todas  integrantes da família  Ribeiro de Mendonça, e conclui, verbis:  Desta forma, a partir da composição dessas participações societárias, o capital  social  da  Lineal  Participações  no  período  de  2010  a  2012  era  detido  direta  e  indiretamente pelas seguintes pessoas físicas:      No período de 2013 o controle  societário da Lineal Participações era detido  direta e indiretamente pelas seguintes pessoas físicas:    Luciana Ribeiro de Mendonça e Roberta Ribeiro de Mendonça Funicello são  filhas de Roberto Ribeiro de Mendonça. Carolina Folegatti Ribeiro de Mendonça  e  Karin  Folegatti  Ribeiro  de  Mendonça  são  filhas  de  Augusto  Ribeiro  de  Mendonça Neto. Augusto, Roberto e Maria Stela são irmãos.  A partir das Fichas Jucesp e das informações declaradas em DIPJs montamos  o Anexo I, o qual demonstra as participações societárias detidas pela família Ribeiro  de Mendonça em 31/12/13.   Destacamos, no Anexo  I,  as participações  societárias de Roberto Ribeiro de  Mendonça  e Augusto Ribeiro  de Mendonça Neto  na  empresa  PEM Engenharia,  a  qual  por  sua  vez  controlava  praticamente  a  totalidade  do  capital  da  Tipuana  Participações Ltda., Projetec Projetos e Tecnologia Ltda. e Setec Tecnologia Ltda.  (grifo nosso)  O fato de não constar formalmente do quadro societário da empresa autuada é  parte  da  estratégia  de  reorganização  do  grupo  empresarial  em  face  da  quase  insolvência  da  antiga empresa que atuava junto à Petrobrás (Setal Construções, atualmente denominada Setec  Tecnologia),  da  qual  detinha  direta  ou  indiretamente  a  maior  participação,  conforme  demonstrado Anexo I do TVF (fls. 13700).   Nos acordos de delação premiada ele deixa clara sua participação, em nome  da  empresa,  no  chamado  "Clube  das Empreiteiras"  que  discutia  a  formação  de  consórcios  e  acertava o pagamento de vantagens indevidas em troca dos contratos de prestação de serviços  com a Pertrobrás,  ficando registrado que, embora formalmente a SOG fosse representada por  José Luiz Fernandes ou Mauricio Godoy, de fato tal representação era feita pelo Sr. Augusto  Fl. 16901DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.882          42 Mendonça,  conforme  se  destaca  nos  trechos  abaixo  do  TVF  que  descreve  o  pagamento  de  propinas, verbis:  Pagamento de Propinas nos Consórcios (1) TSGÁS e (2) ECOVAP: Que nos  consórcios  (1)  TSGÁS  e  (2)  ECOVAP,  a  Toyo  Engeneering  era  a  empresa  líder.  Que  esses  contratos  não  foram  negociados  dentro  do  “Clube”,  formado  pelas  empresas cartelizadas. Que nesses consórcios a SOG foi  representada de fato pelo  declarante e formalmente por José Luiz Fernandes. Que na negociação que resultou  nesses dois contratos o declarante não  teve participação. Que na época em que os  contratos  foram  firmados  o  declarante  desconhecia  que  havia  solicitação  de  vantagem indevida (propina) para a efetivação dos mesmos. Que ficou sabendo que  houve  pagamento  de  propinas  por  intermédio  de  Julio  Camargo,  por  conta  do  Acordo  de  Colaboração.  Que,  segundo  Julio  Camargo,  foi  ele  quem  negociou  o  quanto, como e para quem seria pago propina por conta dos contratos. Que  foram  firmados  contratos  de prestação  de  serviços  de  assessoria  entre  esses  consórcios  e  Julio Camargo;  Pagamento  de Propinas  ­ Consórcio CMMS  relativo  à  (3) REPLAN: Que  a  respeito  do  Consórcio  CMMS,  relativo  à  (3)  REPLAN  ­  Refinaria  de  Paulínia,  o  mesmo foi negociado dentro do “Clube”. Que a SOG foi representada de fato pelo  declarante e formalmente por José Luiz Fernandes, salvo engano. Que nesse contrato  o  declarante  foi  o  responsável  por  negociar  quanto  seria  pago  de  propina  (“comissões”)  e  por  operacionalizar  os  pagamentos. Que  o  declarante  negociou  o  pagamento das propinas com José Janene e com Renato Duque ou Pedro Barusco,  este gerente da área de engenharia da Petrobras. Que José Janene e Renato Duque  exigia  cada qual,  de  forma  independente, a  sua parte  consistente  em propina. Que  não se recorda quanto cada um deles exigiu, mas o total pago, salvo engano, foi de  R$  20  milhões.  Que  para  operacionalizar  tais  pagamentos  o  Consórcio  CMMS  firmou  contratos  simulados  com  empresas  indicadas  pelo  declarante,  não  se  recordando  o  nome  das  mesmas,  mas  se  compromete  a  fornecê­las.  Que  provavelmente se tratavam de contratos de prestação de serviços, mas sem execução  real. Que essas empresas emitiram notas fiscais no valor de aproximadamente R$ 20  milhões em favor do Consórcio CMMS e este transferiu os valores correspondentes  para  as  contas  das  mesmas.  Que  essas  empresas  após  receberem  os  recursos  do  Consórcio CMMS efetivaram diretamente os pagamentos para Renato Duque e José  Janene. Que não se  recorda do nome do responsável por  tais empresas. Que muito  provavelmente  houve  participação  de  Alberto  Youssef,  por  intermédio  de  suas  empresas,  na  operacionalização  de  tais  pagamentos.  Que  toda  a  negociação  e  o  pagamento  das  propinas  se  deu  sob  o  conhecimento  de Marco Aurélio  e  Alberto  Vilaça, representantes, respectivamente, da MPE e da Mendes Junior, no consórcio e  no “Clube”;   Pagamento de Propinas ­ Consórcio INTERPAR relativo à (4) REPAR: Que  a  respeito do Consórcio  INTERPAR,  relativo  à  (4) REPAR  ­ Refinaria Presidente  Getúlio Vargas, o mesmo foi negociado dentro do “Clube”. Que a empresa líder do  consórcio  era  a  SOG  ­  Óleo  e  Gás,  representada  de  fato  pelo  declarante  e  formalmente  por  José Luiz  Fernandes. Que  a Mendes  Junior  era  representada  por  Alberto  Vilaça  e  a  MPE  por  Marco  Aurélio.  Que  nesse  contrato  da  REPAR  o  declarante ficou responsável, dentro do Consórcio INTERPAR, por negociar quanto  seria pago de propina  (“comissões”)  e por operacionalizar os pagamentos. Que da  mesma  forma  da  REPLAN  o  declarante  negociou  diretamente  o  pagamento  das  propinas com José Janene e com Renato Duque ou Pedro Barusco. Que a exigência  feita por José  Janene, que  também agia  em nome de Paulo Roberto Costa,  foi  em  torno  de  1%  sobre  os  contratos,  mas  acabou­se  pagando  R$  20  milhões  aproximadamente pelo contrato da REPAR após as “duras negociações”. Que todos  Fl. 16902DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.883          43 os  valores  consistentes  em  propinas  saíram  da  conta  corrente  do  Consórcio  INTERPAR, sendo feitas operações posteriormente conforme o destinatário. Que do  total  pago  em  propinas,  que  foi  em  torno  de  R$  70  milhões,  cada  empresa  do  Consórcio INTERPAR participou com 1/3. Que os valores eram divididos conforme  o prazo da obra e pagos em parcelas iguais, bimestrais, desprezando­se os primeiros  meses em que a obra tinha pouco faturamento. Que o contrato iniciou­se em julho de  2008  e  o  último  evento  dele  aconteceu  em  janeiro  de  2013.  Que  José  Janene  apresentou Alberto Youssef ao declarante no escritório daquele em São Paulo/SP e  disse que Youssef seria quem iria operacionalizar a cobrança das propinas. Que após  o  falecimento  de  José  Janene,  Alberto  Youssef  passou  a  agir  sozinho.  Que  os  pagamentos  de  vantagem  indevida  se  deram  entre  março  de  2009  a  fevereiro  de  2012,  sendo  todas pagas mediante  transferências, por conta e ordem da Setec, das  contas das empresas Tipuana Participações Ltda. e Projetec Tecnologia para as  empresas MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e RCI, de Alberto Youssef. Que a  Setec  Tecnologia,  após  receber  recursos  do  Consórcio  INTERPAR,  firmou  contratos simulados com essas  três empresas, em contrapartida à emissão de notas  fiscais para a Setec e a posterior transferência de valores das contas da Tipuana e da  Projetec  à  MO,  Rigidez  e  RCI.  Que  o  declarante  apresenta  neste  momento  os  contratos firmados entre a Setec e tais empresas, as notas fiscais que elas emitiram e  os  comprovantes  de  transferência  bancária  para  as  mesmas.  Que  acerca  da  operacionalização  do  pagamento  de  propinas  para  o  Diretor  de  Engenharia  da  Petrobrás Renato Duque, o declarante negociou diretamente com o mesmo e acertou  pagar a quantia de R$ 50 a R$ 60 milhões, o que foi feito entre 2008 e 2011. Que  Renato Duque  tinha um gerente chamado Pedro Barusco que, agindo em nome de  Renato Duque, foi quem mais tratou com o declarante. Que os pagamentos se deram  de  três  formas:  (i)  parcelas  em  dinheiro  em  espécie;  (ii)  remessas  em  contas  indicadas no exterior e (iii) doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores ­ PT. Que  para gerar a saída de recursos do consórcio, a Setec e a PEM Engenharia fizeram  contratos  simulados  com  as  seguintes  empresas:  Legend,  Soterra,  Power,  SM  Terraplenagem  e  Rockstar.  Que  os  contratos  simulados  eram  de  aluguéis  de  equipamentos  e  terraplenagem  para  obras  da  REPAR  e  apresenta  neste  momento  contratos  e  notas  fiscais  nesse  sentido.  Que  essas  empresas  eram  pagas  na  sua  maioria  por  transferências  bancárias,  por  conta  e  ordem  de  Setec,  das  contas  das  empresas Tipuana  e Projetec,  e  as  empresas  destinatárias  disponibilizavam  reais  em  espécie  ou  remetiam  os  valores  ao  exterior.  Que  na  realidade  os  pagamentos  feitos  em  nome  da  Setec  se  deram  mediante  contas  titularizadas  pelas  empresas  Tipuana  e  Projetec,  ambas  do  declarante,  uma  vez  que  a  Setec  tinha  a  conta  corrente  bloqueada  à  época.  Que  os  recursos  em  espécie  eram  entregues  no  escritório  do  declarante  em  São  Paulo/SP,  na  Rua  Paul  Valery,  n.  255,  bairro  Chácara  Santo Antônio,  normalmente  por  carro  forte. Que Renato Duque  remetia  então  um  emissário  ao  escritório,  conhecido  por  “Tigrão”,  o  qual  retirava  os  montantes. Que outras vezes, Pedro Barusco pediu para que fosse entregue dinheiro  em espécie em um escritório em São Paulo/SP, e representantes das empresas acima  entregavam.  Que  os  pagamentos  no  exterior  eram  destinados  a  uma  única  conta,  denominada “Marinelo”, que foi indicada por Renato Duque ao declarante que, por  sua  vez,  a  repassou  a  Dario  Teixeira,  o  qual  operacionalizava  as  notas  fiscais,  pagamentos  e  instruções  no  âmbito  das  empresas  Legend,  Soterra,  Power,  SM  Terraplenagem  e  Rockstar.  Que  o  declarante  irá  apresentar  documentos  que  permitam  identificar  a  conta  no  exterior  referida  (país,  banco  e  titular).  Que  posteriormente o declarante ficou sabendo que todas as empresas acima faziam parte  do esquema criminoso envolvendo a empresa Delta, que eram controladas por Assaf,  como  divulgado  na  mídia.  Que  indagado  se  Julio  Camargo  operacionalizou  o  pagamento de propina no âmbito da REPAR em favor de Renato Duque, afirma que  uma parte  sim. Que  foi  formalizado um contrato  entre o Consórcio  INTERPAR e  Fl. 16903DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.884          44 uma  das  empresas  de  Julio  Camargo,  salvo  engano  a  Piemonte,  de  prestação  de  serviços,  no  valor  de R$ 33 milhões,  sendo que  aproximadamente R$ 20 milhões  foram  transferidos  por  Julio  Camargo  no  exterior  para  conta  indicada  por  Renato  Duque,  denominada  “Marinelo”.  Que  outra  forma  utilizada  para  o  pagamento  de  propinas  a  Renato  Duque,  relacionadas  ao  contrato  da  REPAR,  foi  mediante  a  realização  de  doações  oficiais  por meio  das  empresas Setec, PEM Engenharia  e  SOG ­ Óleo e Gás ao Partido dos Trabalhadores ­ PT. Que Renato Duque solicitou  ao declarante que realizasse as doações, as quais foram feitas entre os anos de 2008  a 2011. Que se compromete a apresentar documentação nesse sentido. Que o valor  das contribuições foi de aproximadamente R$ 4 milhões ao longo dos anos de 2008  a 2011.   Pagamento  de Propinas  ­ Consórcio SPS e  (5) Terminal Cabiúnas  3: Que  a  respeito do Consórcio SPS e (5) Terminal Cabiúnas 3, o contrato foi firmado entre o  consórcio composto pela SOG ­ Óleo e Gás, representada de fato pelo declarante e  formalmente por Maurício Godoy, pela Promon Engenharia,  representada por José  Otávio,  e  pela  Skanska,  representada  por  Cláudio  Lima.  Que  a  Skanska  era  a  empresa  líder  do  consórcio.  Que  indagado  se  houve  lista  formada  pelo  “Clube”  enviada a Diretores da Petrobras, afirma que houve uma tentativa de se formar a lista  por  meio  do  “Clube”,  mas  acredita  que  isso  não  se  efetivou,  pois  como  em  tal  oportunidade já não havia mais efetividade no âmbito do “Clube”, e as tentativas de  se fazer um acordo na TECAB foram levadas até o final, apesar de o declarante não  considerar que houve uma combinação efetiva, houve uma exigência de vantagem  indevida feita por Renato Duque em receber uma “comissão” sobre tal contrato, do  valor aproximado, salvo engano, entre R$ 10 a R$ 20 milhões. Que como o assunto  não  foi  efetivo,  as  outras  consorciadas,  Promon  e  Skanska,  se  negaram  a  fazer  qualquer tipo de acerto, e como o declarante era quem tinha se comprometido com  Renato Duque em fase anterior na tentativa de que houvesse acordo, ele pressionou  muito o declarante para que houvesse pagamentos e o declarante acabou pagando R$  3 milhões, mas foi reembolsado pelo consórcio, por meio de notas fiscais faturadas  diretamente  ao  Consórcio  SPS  por  sua  empresa  Energex.  Que  dessa  forma,  o  declarante  emitiu  em  torno  de R$  3 milhões  em  notas  fiscais  da Energex  para  o  consórcio, simulando prestação de serviços do declarante. Que pagou o valor de R$  3 milhões para Renato Duque, mediante  transferência do valor correspondente em  dólares  de  sua  conta  mantida  no  banco  Safra  Panamá,  em  nome  da  companhia  Stowaway para a conta Marinelo de Renato Duque. Que o valor foi de mais de US$  1 milhão de dólares  e  este  foi  o único pagamento  feito desta  conta no  exterior do  declarante  em  favor  de  Renato  Duque.  Que  se  compromete  a  apresentar  o  comprovante da transação da quantia em dólares em favor de Renato Duque;  [...]  Revela­se  notória  a  ascendência  do  Sr.  Augusto  Mendonça  como  o  administrador  de  fato  das  empresas  pertencentes  ao  grupo  familiar  Ribeiro  de  Mendonça,  sendo  inescapável a  conclusão de que era o  responsável de  fato pela gestão dos negócios da  empresa SOG indicada no polo passivo da autuação.   Com  relação  à  alegação  de  que  o  art.  135,  III  do  CTN  indica  a  responsabilidade pessoal do administrador e que, em assim sendo, excluiria do polo passivo a  pessoa  jurídica, a PGFN destaca  em suas contrarrazões o entendimento do STJ acerca de  tal  interpretação, conforme analisado no Parecer PGFB/CRJ/CAT, verbis:   No  que  tange  à  intepretação  do  art.  135  do  CTN,  a  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional,  no  Parecer  PGFN/CRJ/CAT  nº  55/2009,  com  fundamento  na  Fl. 16904DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.885          45 jurisprudência do eg. Superior Tribunal de Justiça5, ressaltou que o dispositivo trata  de responsabilidade solidária, em que pese a literalidade do comando legal.   (...) c) Para efeito de aplicação do art. 135, III, do CTN, responde também a  pessoa  que,  de  fato,  administra  a  pessoa  jurídica,  ainda  que  não  constem  seus  poderes expressamente do estatuto ou contrato social;   d) A responsabilidade dos administradores, de acordo com a jurisprudência  do  STJ,  não  pode  ser  entendida  como  exclusiva  (responsabilidade  substitutiva),  porquanto se admite na Corte Superior que a ação de execução fiscal seja ajuizada,  ao mesmo tempo, contra a pessoa jurídica e o administrador;   e)  A  tese  da  responsabilidade  substitutiva  também  deve  ser  excluída  pela  inexistência de norma legal de desoneração da pessoa jurídica em razão da prática  de ato ilícito por parte do administrador;   f)  A  tese  da  responsabilidade  subsidiária,  em  sentido  próprio,  dos  administradores é incompatível com a adoção da tese da responsabilidade subjetiva,  acolhida pelo STJ, visto que não se pode conceber que o terceiro, sendo sancionado  pela prática de ato ilícito, condicione sua responsabilidade à inexistência de bens da  pessoa jurídica, suficientes para a satisfação do crédito;   g)  A  tese  da  responsabilidade  subsidiária,  em  sentido  próprio,  dos  administradores  também deve  ser afastada  em  razão  da  jurisprudência do STJ que  admite  que  a  execução  fiscal  seja  ajuizada,  desde  logo,  contra  sociedade  e  administrador; não se trata de mera questão de legitimidade, como seria no processo  de conhecimento, pois que, no processo de execução, não se admite o processamento  da ação sem que se  tenha presente, desde o  início, a exigibilidade da pretensão em  face do executado;   h)  Os  acórdãos  do  STJ  que  fazem  referência  à  “responsabilidade  subsidiária” somente podem ser entendidos no sentido impróprio da expressão, que  exige,  além  da  existência  de  poderes  de  gerência  e  da  prática  de  ilicitude  pelo  administrador, a ausência de pagamento pontual da obrigação  tributária, e não a  insolvabilidade  da  pessoa  jurídica,  o  que  se  aproxima,  na  prática,  da  responsabilidade solidária decorrente de ato ilícito;   (...)   59.  A  respeito  da  necessidade  da  presença  de  ato  doloso  por  parte  do  administrador  ou  da  suficiência  da  presença  de  culpa,  deve­se  observar  que,  ao  contrário  do que defende parte  da  doutrina, a  jurisprudência maciça  do  STJ  exige  tão­só  a  presença  de  “infração  de  lei”  (=ato  ilícito),  a  qual,  pela  teoria  geral  do  Direito, pode ser tanto decorrente de ato culposo como de ato doloso (não obstante  alguns poucos acórdãos referirem expressamente à necessidade de prova do dolo, em  contraposição  à  imensa  maioria  que  exige  somente  a  culpa).  Logo,  se  a  lei  e  a  jurisprudência não separam as hipóteses de culpa em sentido estrito e dolo, tanto um  quanto outro elemento subjetivo satisfaz a hipótese do art. 135 do CTN. Em verdade,  o Direito Tributário preocupa­se com a externalização de atos e fatos, não possuindo  espaço para a persecução do dolo; basta a culpa. (d. n.)  A jurisprudência deste Conselho é firme no sentido de que a responsabilidade  dos sócios, gerentes ou administradores (sejam formais ou de fato), prevista no art. 135, III é  solidária e não exclui do polo passivo a pessoa jurídica administrada.  Com relação à infração à lei, esta resta mais do que caracterizada, não apenas  do ponto de vista da utilização de empresas e contratos fictícios na prestação de serviços, com  vistas ao pagamento de propinas, em violação à lei penal, como pela utilização como despesas  Fl. 16905DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.886          46 dedutíveis os pagamento  efetuados que,  sabidamente não correspondiam  à despesas  efetivas,  infringindo a legislação tributária.   Desta  feita,  a  imputação  encontra­se  em  perfeita  consonância  com  o  entendimento do STJ exarado no acórdão do REsp 1101728SP, citado pela recorrente.  Assim, inexiste contradição ou erro na sujeição passiva indicada no auto de  infração.  Ante ao exposto, considero correta a indicação da empresa SOG como sujeito  passivo  principal  da  obrigação  e  do Sr. Augusto Mendonça  como  responsável  solidário,  nos  termos  do  art.  135,  inc.  III  do CTN,  inexistindo o  alegado vício  de  erro  na  identificação  do  sujeito passivo e, portanto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada.  2. Da decadência do lançamento relativa ao ano­calendário 2010  Os  recorrentes  suscitam  a  ocorrência  de  decadência  com  relação  ao  lançamento  dos  tributos  devidos  no  ano­calendário  2010,  tendo  em  vista  que  não  teria  sido  comprovado o  dolo  específico  no  sentido  da  supressão  ou  redução  de  tributos  por  parte  dos  recorrentes, em especial do Sr. Augusto Mendonça, responsável solidário.   Sustentam que o fato de ter havido dolo no pagamento de vantagens ilícitas a  agentes  investigados  naquela  operação, mas  que  não  há  relação  lógica  de  vinculação  com  o  dolo para efeitos fiscais.  Alegam que seria aplicável o prazo previsto no art. 150, § 4º do CTN, tendo  em vista a jurisprudência consolidada no sentido de que inexistindo dolo, fraude ou simulação  e  ocorrendo  o  pagamento  de  tributos,  ainda  que  parcial,  aplica­se  o  prazo  de  cinco  anos  contados da ocorrência do fato gerador.  Não assiste razão aos recorrentes.  Como  já  analisado  no  item  tocante  à  responsabilidade,  a  fiscalização  demonstrou cabalmente a inexistência das despesas deduzidas, formalmente reconhecidas pela  empresa,  que  não  se  constituíam  efetivamente  em  serviços  prestados  pelos  contratados, mas  mero  repasse  de  recursos  com  vistas  a  viabilizar  pagamento  de  propinas,  eufemisticamente  denominadas de vantagens indevidas, a terceiros, situação aliás confessada pelo administrador  da  recorrente,  Sr.  Augusto  Mendonça,  conforme  se  extrai  dos  Termos  de  Colaboração  Premiada.  Ora,  tão  certa  era  a  consciência  dos  sujeitos  passivos  arrolados  quanto  ao  verdadeiro  objeto  dos  pagamentos  referentes  às  notas  fiscais  de  contratos  de  serviços  ou  compras fictícios, quanto era com relação à impossibilidade de sua dedução como despesas na  sua  contabilidade,  vez  que  não  representavam,  de  fato,  custos  da  atividade  exercida  pela  empresa, mas sim meros instrumentos de repasse de propinas a terceiros.  Por  dedução  lógica,  assim  como  os  recorrentes  tinham  consciência  do  que  efetivamente  representavam  tais  pagamentos  (e  não  eram  de  fato  as  despesas  previstas  nos  contratos), também o tinham quanto aos efeitos fiscais, agindo conscientemente no sentido de  lançá­las na  sua contabilidade visando, ao mesmo  tempo, a dar aparência de normalidade ao  gasto e reduzir ou suprimir os tributos devidos.  Fl. 16906DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.887          47 E, note­se, a  ingerência do Sr. Augusto Mendonça na gestão da empresa,  já  devidamente demonstrada,  por óbvio  se  estende  à apuração de  seus  resultados  e  seus  efeitos  fiscais, não havendo como afastá­lo dessa relação direta com os fatos apurados, em todos os  sentidos.  A autoridade fiscal aponta no TVF as ações praticadas e demonstra inclusive  o  conluio  evidente  entre  a  fiscalizada  e  as  demais  empresas  do  mesmo  grupo  empresarial  (Ribeiro  de  Mendonça),  notadamente  a  empresa  Setec  (controlada  pelo  Sr.  Augusto),  na  emissão de notas  fiscais de prestação de  serviços  inidôneas,  uma vez que  tais  serviços  eram  fictícios.   Colho do item 5 do TVF os principais fragmentos nos quais a atuação dolosa  e fraudulenta dos sujeitos passivos, ora recorrentes, é explicitada, verbis:  5. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO  Qualificamos, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, com a redação  dada pelo art. 14, da Lei nº 11.488/07, o percentual da multa de ofício aplicável aos  tributos apurados em decorrência das infrações descritas nos subitens 4.1 e 4.3 deste,  uma vez que constatamos a ocorrência dos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da  Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.  [...]  O  sujeito  passivo,  administrado  por  Augusto  Mendonça,  seu  principal  executivo  de  fato  como  demonstramos  no  subitem  2.6  deste,  agindo  de  forma  consciente,  deliberada,  organizada,  meticulosa  e  reiterada  pagou  propinas,  ou  eufemisticamente,  “vantagens  indevidas”,  a  agentes  públicos  para  assegurar  sua  participação em licitações promovidas pela Petrobrás e, desse modo, contribuiu para  fraudá­las.  Parte  dessas  ações  fraudulentas  e  criminosas  foi  reconhecida  por  Augusto  Mendonça  nos  Termos  de  Colaboração  Premiada  firmados  perante  o MPF  e  nos  Acordos  de Leniência  celebrados  com o MPF  e  o CADE,  subscritos  por Augusto  Mendonça,  por  ex  e  atuais  executivos  de  algumas  das  empresas  de  seu  grupo  empresarial e pelas próprias empresas.   [...]  Devemos destacar também que a Setec é empresa do grupo empresarial de  Augusto  Mendonça  e  gerida  pelo  próprio  empresário.  A  Setec  é  controlada  integral da PEM Engenharia, uma das empresas em que Augusto Mendonça mantem  participação  societária.  Como  informado  no  subitem  4.1.2  o  Consórcio  Interpar  celebrou contratos fictícios de prestação de serviços e locação de equipamentos  com  a  Setec  para  possibilitar  o  escoamento  dos  recursos  destinados  ao  pagamento  das  propinas.  A  Setec  de  posse  desses  recursos  celebrou  outros  contratos  fictícios  de  prestação  de  serviços  e  locação  de  equipamentos  com  diversas  outras  empresas  de  fachada,  de  forma  que  os  valores  fossem  redistribuídos  aos  diversos  beneficiários. Temos,  nesse  caso,  uma  sucessão  de  contratos  fraudulentos:  primeiramente  o  firmado  pelo  Consórcio  Interpar,  liderado  pela  SOG,  com  a  Setec  e,  na  sequência,  os  contratos  fraudulentos  celebrados pela Setec com as empresas de fachada controladas pelos “doleiros”  Alberto Youssef e Adir Assad. Essas últimas empresas, objeto de inaptidão e baixa  de  ofício  de  suas  inscrições  no CNPJ,  foram  abordadas  nos  subitens  3.2.1  a 3.2.7  deste  termo  e  são  as  seguintes:  Rock  Star,  SM  Terraplenagem,  Power  To  Ten,  Fl. 16907DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.888          48 Soterra,  Legend,  Empreiteira  Rigidez  e  RCI  oftware  e  Hardware.  Constatamos  também que parte das propinas foi paga mediante contrato de prestação de serviços  fictícios  celebrado  entre  a PEM Engenharia  e  a SM Terraplenagem,  com  recursos  providos  pela  Setec  à  PEM  Engenharia,  confirmando  o  declarado  por  Augusto  Mendonça na página 7 do Termo de Colaboração nº 07.  Queremos  destacar  também  os  pagamentos  efetuados  pelo  Consórcio  SPS,  integrado pela SOG, do qual não era a empresa líder, para a Energex, empresa gerida  por  Augusto  Mendonça,  que  detinha  participação  praticamente  integral  no  seu  capital  social.  Esses  pagamentos,  objeto  do  subitem  4.1.5  deste  termo,  foram  um  “ressarcimento”  do  Consórcio  SPS  a  Augusto  Mendonça,  conforme  narrativa  do  próprio  nos  Termos  de  Colaboração  Premiada.  Augusto  Mendonça  teria  pagado  propina a um agente público utilizando­se de recursos pessoais mantidos no exterior.  Para reembolsá­lo o Consórcio SPS celebrou com a Energex um contrato fictício de  prestação de serviços, realizando os pagamentos dos valores à Energex.  Também  ressaltamos  que,  no  âmbito  das  “vantagens  indevidas”  pagas  em  decorrência dos contratos celebrados com a Petrobrás,  constatamos os pagamentos  efetuados  pelo Consórcio CMMS para  a Energex,  por  supostos  serviços prestados  pela  Energex,  como  apontado  no  subitem  4.1.6.3  deste  termo.  Embora  todos  os  envolvidos (SOG, Mendes Junior Trading, empresa líder do Consórcio CMMS, e a  Energex)  tenham  sido  intimados  a  comprovar  a  efetiva  prestação  dos  serviços,  nenhum deles apresentou qualquer documentação nesse sentido. O pagamento essas  vantagens  ilícitas  pelo Consórcio CMMS  a  uma  empresa  controlada  por Augusto  Mendonça  não  foi  relatado  pelo  mesmo  ao  MPF  nos  Termos  de  Colaboração  Premiada.  A fiscalização constatou também pagamentos efetuados pela SOG à Setec em  parte  contabilizados  como  despesas  por  serviços  prestados  que  não  foram  comprovados e parte como encargos de amortização pelo uso da marca SETAL pela  SOG.  A  fiscalização  demonstrou  que  esses  pagamentos  foram  acobertados  pela  celebração de contratos simulados, como apontamos no subitem 4.1.7 deste termo.  Nesse  contexto  apuramos  pagamentos  efetuados  pela  SOG  à  Setec  no  montante  de  R$  104,6  milhões  no  período  de  2010  a  2013,  conforme  tabela  apresentada  no  subitem  4.3.7.1  deste  termo.  A  maior  parte  desse  valor  foi  contabilizada como adiantamentos da SOG para a Setec. Parte desse montante, cerca  de R$ 21,4 milhões foi devolvida pela Setec à SOG e parte, cerca de R$ 9,1 milhões  permanecia  contabilizada  como  adiantamentos  em  aberto  na  data  de  31/12/13,  conforme  informamos  no  subitem  4.1.7.4  deste  termo.  Com  base  nesses  números  verifica­se  que  a  Setec  recebeu  cerca  de  R$  83,2  milhões  líquidos  da  SOG  no  período 2010 a 2013 (R$ 104,6 MM – R$ 21,4 MM = R$ 83,2 MM). Esses valores  são  em  adição  aos  pagamentos  recebidos  pela  Setec  do  Consórcio  Interpar  no  período,  que  totalizaram  cerca  de  R$  39  milhões,  conforme  tabela  integrante  do  subitem 4.1.2 deste termo.  Como  reconhecido  por  Augusto  Mendonça  no  Termo  de  Colaboração  Premiada nº 01, datado de 29/10/14, a Setec era uma empresa que já em 2005 estava  tecnicamente  quebrada  e  não  conseguia  sequer  viabilizar  sua  participação  em  licitações  promovidas  pela  Petrobrás  em  função  de  suas  deficiências  cadastrais.  Declarou que  entre 2004 e 2005 foram apresentados 59 pedidos de  falência quase  simultâneos e que possuía dívida tributária impagável. Declarou que foi a partir daí  que tomaram a decisão de criar uma nova companhia, a SOG. Com suporte nessas  declarações  verifica­se  que  de  fato  a  SOG  caracteriza­se  como  uma  sucessora  da  Setec. Nesse mesmo sentido, no subitem 4.1.7.1 deste reproduzimos declaração em  Fl. 16908DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.889          49 juízo  de  Carlos  Alberto  Rodrigues,  CPF  nº  052.187.668­01,  referindo­se  às  empresas do grupo empresarial de Augusto Mendonça, na condição de  testemunha  em processo penal. Carlos Alberto Rodrigues já trabalhava no grupo empresarial de  Augusto  Mendonça  e  no  período  de  2006  a  2012  exerceu  o  cargo  de  diretor  financeiro da SOG. Declarou que a SOG foi criada para ser uma empresa “limpa”.  Declarou,  referindo­se  às  demais  empresas  do  grupo,  que  “praticamente  estavam  quebradas” e que essas empresas ficaram sob a gestão de Augusto Mendonça e  que “essas empresas ficaram como se fosse da pessoa física dele”.  Como  também  demonstramos  no  subitem  4.1.7  deste  termo  a  Setec  não  possuía quadro  técnico de pessoal compatível  com os  supostos  serviços prestados,  nem  a  marca  SETAL,  detida  pela  Setec,  poderia  justificar  o  pagamento  pelo  licenciamento de seu uso. Além de a marca SETAL não mais ser utilizada pela SOG  em sua razão social desde 19/05/08, estava extremamente desgastada em função da  deterioração técnica e financeira da Setec. Ainda assim, a SOG pagou à Setec, em  termos  líquidos,  cerca  de  R$  83,2  milhões  no  período  de  2010  a  2013.  Desse  montante,  cerca  de  R$  47,9  milhões  foram  contabilizados  como  despesas  com  serviços prestados e cerca de R$ 7,8 milhões (R$ 5,9 MM + R$ 1,9 MM = R$ 7,8  MM) como encargos de amortização da marca SETAL, conforme  informamos nas  tabelas integrantes dos subitens 4.1.7.5 e 4.1.7.6 deste termo e na informação sobre a  contabilização  de  indenização  assumida  pela  SOG  pelo  suposto  uso  indevido  da  marca SETAL no período 2011 a 2013. A referida indenização, no valor total de R$  14,1 milhões, foi parcialmente contabilizada como encargos de amortização no ano­ calendário de 2013, no montante de aproximadamente R$ 1,9 milhões.  Por  fim, constatamos pagamentos efetuados pela SOG, em 2010 e 2013, em  razão das notas  fiscais de  serviços  emitidas pela MSML. Conforme comprovantes  fornecidos  os  pagamentos  não  foram  efetuados  à  MSML,  mas  ao  seu  sócio  minoritário Rafael Ribeiro de Mendonça Lima, que detinha 0,01% do capital social.  Como apontamos no subitem 4.1.8 deste termo, a MSML é empresa controlada por  Maria  Stela  Ribeiro  de  Mendonça,  CPF  nº  285.855.988­08,  com  99,98%  de  seu  capital  social.  Maria  Stela,  que  vem  a  ser  genitora  de  Rafael,  detinha  direta  e  indiretamente participação de 21,96% no capital da SOG no período de 2010 a 2012,  e 7,57% em 2013. Intimados a comprovar a efetiva prestação dos serviços a SOG, na  qualidade de  tomadora,  e a MSML, na qualidade de prestadora,  não  apresentaram  documentação a esse respeito. Maria Stela é atualmente Diretora Presidente da SOG.  As empresas SOG, Setec e MSML são empresas controladas por membros da  família Ribeiro de Mendonça e, portanto, são partes relacionadas entre si. Esse fato,  adicionado entre outros, à  falta da comprovação da efetiva prestação de serviços à  SOG,  reforça  a  constatação  de  que  os  contratos  firmados  entre  as  partes,  quando  existentes, e as notas fiscais de serviços emitidas pelas supostas prestadoras de  serviços  para  a  SOG  são  documentos  ideologicamente  falsos.  Serviram  ao  propósito de propiciar aparente  ar de  legitimidade aos pagamentos  efetuados  pela  SOG  e  utilizados  para  dar  suporte  aos  correspondentes  lançamentos  contábeis. Esse modus operandi é  idêntico ao utilizado pela SOG e os Consórcios  de  que  participa  (Interpar,  CMMS  e  SPS)  para  acobertar  documentalmente  os  pagamentos  das  “vantagens  indevidas”  efetuados  à  Setec,  Auguri,  Riomarine,  Energex e Editora Gráfica Atitude e, na sequência, aos pagamentos efetuados pela  Setec às empresas comandadas pelos “doleiros” Alberto Youssef e Adir Assad.  As  condutas  descritas  se  enquadram  perfeitamente  nas  definições  legais  de  sonegação, fraude e conluio como dispõem os artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64.  Fl. 16909DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.890          50 O sujeito passivo agiu de forma a impedir que a autoridade fazendária tivesse  conhecimento  dos  fatos  geradores  dos  tributos  apurados,  caracterizando  a  sonegação, ao  intencionalmente contabilizar como custos e despesas dedutíveis  valores sabidamente correspondentes a serviços que não foram prestados e ao  pagamento de vantagens ilícitas e sem causa.   O  sujeito  passivo  procurou  modificar  as  características  essenciais  dos  fatos geradores ao tratar os custos e despesas contabilizados  e os pagamentos  efetuados como legítimos e necessários, com causa e em retribuição a operações  comprovadas. Todavia,  como demonstramos,  as  operações  que  originaram os  pagamentos não foram comprovadas e os documentos de suporte apresentados  eram ideologicamente falsos. Os contratos se referiam a serviços fictícios, fato  em  grande  parte  já  reconhecido  por Augusto Mendonça  como  apontamos.  O  sujeito  passivo  contabilizou  as  despesas  e  custos  associados  a  esses  pagamentos  como  dedutíveis  na  apuração  do  IRPJ  e  da  CSLL  a  pagar.  Em  consequência  reduziu dolosamente o montante devido desses tributos e, dessa forma, cometeu  fraude.  As  fraudes  foram  praticadas  mediante  ajuste  doloso  com  uma  grande  diversidade  de  contrapartes,  configurando  o  conluio.  Essas  contrapartes,  representadas  pelas  empresas  emitentes  das  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços  inidôneas, pois os serviços eram fictícios e nunca foram prestados, colaboraram de  forma  consciente  com  o  sujeito  passivo  para  viabilizar  a  execução  das  fraudes  descritas.  As ações praticadas pelo  sujeito passivo  foram de natureza dolosa, uma vez  que  realizadas  de  forma  intencional  e  planejada.  As  condutas  relatadas  foram  praticadas extensivamente, envolveram valores vultosos e foram reiteradas.  Em  face  do  exposto  justifica­se  plenamente  a  imposição  da multa  de  ofício  qualificada sobre o valor de principal dos tributos apurados pela fiscalização objeto  dos subitens 4.1 e 4.3 deste termo.  Restam,  assim,  plenamente  caracterizada  a  ocorrência  de  ação  dolosa  e  fraudulenta  por  parte  dos  recorrentes,  de  sorte  que  aplica­se  ao  caso  o  prazo  decadência  previsto no art. 173, inc. I do CTN.  Com relação à glosa relativa ao bônus de inadimplência a decisão recorrida  apontou que, embora não  fosse o caso de qualificação da multa de ofício e  tenha excluído a  própria  responsabilidade do Sr. Augusto Mendonça sobre  tal  infração,  a decadência  também  não ocorreu,  tendo em vista que o fato gerador lançado corresponde ao 4º  trimestre de 2010,  conforme transcrição do acórdão recorrido, verbis:  [...]  A  fiscalização  glosou  o  Bônus  por  motivo  de  atraso  de  recolhimentos  de  tributos de acordo com o inciso IV do §3º do referido artigo. Observa­se que a glosa  foi  então  por  atraso.  A  multa  foi  duplicada  por  força  de  lei,  mas  o  dolo  não  é  presumido,  precisa  ser  provado.  No  caso,  temos  atrasos  de  recolhimentos  como  motivo da glosa do bônus.   Ademais,  quando  da  qualificação  da  multa  a  fiscalização  foi  clara  ao  não  incluir este item na descrição da qualificação.   [...]  Fl. 16910DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.891          51 Primeiramente  se  analisará  a  decadência  para  a  dedução  indevida  da CSLL  decorrente do Bônus de adimplência.   Conforme  já  tratado  no  item  responsabilidade,  não  houve  dolo  na  referida  infração. Dessa  forma, e como houve pagamentos para a CSLL de acordo com os  DARFs  acostados  (código  6012, Doc.  4),  então  a  decadência  será  regida  pelo  art.  150, §4º do CTN.   A requerente alega e junta DIPJ retificadora transmitida em 15 de fevereiro de  2012 onde consta que na  linha 75 ficha 17 página 38, o valor de R$ 1.591.984,92  referente ao bônus de adimplência deduzido no 1º trimestre de 2010. Contudo, está  acostada  nos  autos  uma  outra  DIPJ  recebida  em  12  de  julho  de  2012,  ou  seja,  posterior a trazida pela requerente, onde consta que o valor de R$ 1.591.984,92 do  referido  bônus  foi  declarado  no  4º  trimestre.  Assim,  para  efeitos  de  decadência  o  valor considerado é o declarado no 4º trimestre, retificado pela própria contribuinte.   Conforme relatado, para o ano­calendário de 2010 houve apuração trimestral  do  IRPJ  e  da  CSLL.  Dessa  forma,  para  os  valores  declarados  no  4º  trimestre  de  2010,  utilizando  o  art.  150,  §4º  do  CTN,  a  fiscalização  poderia  ter  efetuado  o  lançamento  até  31  de  dezembro  de  2015.  Como  o  lançamento  ocorreu  em  02  de  dezembro de 2015 foi efetuado, então, dentro do prazo. Não estando, pois, decaído o  lançamento.  Adoto integralmente os fundamentos da decisão recorrida quanto a este ponto  da matéria atinente à decadência.  Por todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a alegação de decadência.  3.  Da  impossibilidade  de  exigência  concomitante  do  IRRF  por  pagamento sem causa e do IRPJ/CSLL em razão da glosa de despesas.  A  recorrente  reclama  a  existência  de  bis  in  idem  em  face  da  exigência  concomitante  do  IRRF  por  pagamento  sem  causa  e  do  IRPJ/CSLL  em  razão  da  glosa  de  despesas, pois penalizaria duplamente a pessoa jurídica, verbis:   (a) uma vez, na condição de contribuinte do IR e da CSL (posto que a glosa  conduz  a  uma  exigência  daqueles  tributos  à  alíquota  conjunta  de  34%  e,  no  caso  concreto,  com  a multa majorada  de  150%);  e  (b)  outra  vez,  na  condição  de  fonte  pagadora (situação em que o IRF é exigido à alíquota de 35%, com recomposição da  base de cálculo e com a multa igualmente majorada).   Os recorrentes citam jurisprudência deste conselho nesse sentido.  Entendo que não assiste razão aos recorrentes.  Tratam­se de exigências distintas, conquanto derivadas dos mesmos fatos.  O  IRPJ  e  a CSLL  são  exigidos  por  decorrência  legal  da  glosa  de  despesas  inexistentes que afetam diretamente a base tributável apurada pela pessoa jurídica.  O IRRF, de outra parte, decorre da previsão legal de que não correspondendo  os  pagamentos  às  operações  indicadas  nos  documentos  fiscais, mas  a  finalidade  diversa,  no  caso concreto, a pagamentos de propinas a diversos agentes não identificados especificamente  em  relação  à  cada  um  desses  desvios  de  recursos,  resta  afastada  a  causa  indicada  nos  Fl. 16911DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.892          52 documentos que lhe deram suporte, respondendo a fonte pagadora pelos tributos devidos pelos  beneficiários.  A  questão  suscitada  pela  recorrente  já  foi  analisada  por  este  colegiado,  no  Acórdão nº1302­002.087, sob minha relatoria, no qual se analisou de maneira ampla alegação  mais  bem  elaborada  quanto  aos  fundamentos  para  uma  possível  duplicidade  de  exigência,  afastando­a.  Peço  vênia  aos meus  pares,  para  reproduzir  trechos  do  voto  condutor  proferido  naquele caso, verbis:  A recorrente alega a inexistência de amparo legal para o lançamento do IRRF  sobre  pagamentos  a  beneficiários  não  identificados  ou  sem  causa  quando  tais  pagamentos  foram  objeto  de  glosa  de  custos  e  despesas  que,  no  entendimento  da  fiscalização impliquem na redução indevida do lucro líquido.  Defende  a  inaplicabilidade  do  art.  61  da  Lei  nº  8981/95,  quando  a  mesma  hipótese deu origem à tributação pelo IRPJ e CSLL, por redução indevida do lucro  real,  apontando  que  o  artigo  44  da  Lei  n°  8.541/92  previa  presunção  de  distribuição  automática  de  lucro  equivalente  à  receita  omitida  ou  à  diferença  verificada  na  determinação  dos  resultados  das  pessoas  jurídicas  por  qualquer  procedimento que implique redução indevida do lucro líquido, tributada pelo IRRF  exclusivo à alíquota de 25%, majorada para 35% pelo art. 62 da Lei nº 8.98l/1995.  Observa a  recorrente que o artigo 61 da Lei n° 8.981/95, que prevê o  IRRF  invocado pela autoridade lançadora e o artigo 62, que majorou a alíquota do IRRF  sobre a distribuição de lucros, previsto no art. 44 da Lei nº 8.541/1992, são tratados  na mesma lei , não sendo mera coincidência a circunstância de que o artigo 61 tenha  previsto a incidência de IRRF para as hipóteses que especifica, à alíquota de 35%,  e  o  artigo  62,  em  seguida,  tenha  atribuído  a  mesma  alíquota  (35%)  para  as  hipóteses previstas no artigo 44 da Lei n° 8.541/92.  Aponta que, se de um lado, o artigo 44 da Lei n° 8.541/92 (com a alteração  feita pelo art. 62 da Lei nº 8.981/1995) estipulava a incidência de IRRF exclusivo, à  alíquota  de  35%,  no  caso  de  receitas  omitidas  ou  diferença  verificada  na  determinação  dos  resultados  das  pessoas  jurídicas  por  qualquer  procedimento  que  implique  redução  indevida  do  lucro  líquido,  por  outro,  o  artigo  61  da  Lei  n°  8.981/95  previa  a  incidência  de  IRRF  exclusivo,  também  à  alíquota  de  35%,  aos  pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado ou aos  pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou  titular,  contabilizados  ou  não,  quando  não  for  comprovada  a  operação  ou  a  sua  causa, ressalvado o disposto em normas especiais.  Alega que, nesse contexto, o artigo 44 da Lei n° 8.541/92 era a norma especial  que prevalecia sobre o seu conteúdo, tanto que, além de não revogá­la, a mesma lei  (Lei n° 8.981/95) equiparou as alíquotas, colocando­as no patamar de 35%.  Conclui  afirmando  que  a  revogação  do  art.  44,  pela  Lei  nº  9.249/95,  que  trouxe nova sistemática à tributação dos lucros não permite que o artigo 61 da Lei n°  8.981/95  alcance  situação  antes  era  tratada  pelo  artigo  44  da  Lei  n°  8.541/92  (Presunção de distribuição automática de lucros aos sócios, tributada exclusivamente  na fonte).  Entendo, que o raciocínio empreendido pela recorrente, ainda que apoiado em  decisões administrativas dos órgãos fazendários, exige um maior aprofundamento.  Fl. 16912DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.893          53 Examinando as normas citadas pela recorrente, verifica­se que foram editadas  num contexto em que os lucros apurados pelas pessoas jurídicas quando distribuídos  aos  sócios  e  acionistas  eram  tributados  e  em  que  determinadas  situações  eram  consideradas como distribuição disfarçada de lucros, sujeitas à tributação exclusiva  na fonte.  É com este pano de fundo que o PN. CST nº 4/94 analisou a continuidade da  vigência  ou  não  do  art.  8º  do  DL.  nº  2065/1983,  em  face  do  art.  35  da  Lei  nº  7.713/1988, que instituiu o Imposto de Renda na Fonte sobre o Lucro Líquido.   Este  é o  objeto  do  referido  parecer que, an passant,  aborda  a  incidência  do  IRRF,  com  base  no  art.  8º  do  Decreto­Lei  nº  2.065/83  e  no  art.  44  da  Lei  nº  8.541/92, sobre a  receita omitida ou diferença verificada na determinação do lucro  líquido, em decorrência de procedimentos irregulares de distribuição de valores aos  sócios.  Também  as  decisões  colacionadas  referem­se  à  legislação  aplicada  no  contexto da  tributação  dos  lucros  distribuídos,  sejam  eles  apurados  contabilmente,  sejam  os  considerados  automaticamente  distribuídos  quando  apurados  em  lançamento de ofício.  Naquele  contexto,  me  parece  bastante  razoável  que  não  se  cogitasse  da  tributação exclusiva na fonte dos lucros considerados automaticamente distribuídos  aos sócios e ao mesmo tempo fosse aplicada, no caso de glosa de custos e despesas  consideradas  inidôneas,  a  cobrança  do  IRRF  sobre  pagamentos  sem  causa  ou  a  beneficiários cuja origem não fosse identificada, pois configuraria, claramente, uma  exigência em duplicidade.  A recorrente alega que o disposto no art. 44 da Lei nº 8.541/92 seria a regra  especial, prevista no artigo 61 da Lei n° 8.981/95, que atrairia a tributação na fonte  dos rendimentos (lucros) apurados em face destas glosas e que, uma vez revogada  pela  Lei  nº  8.981/1995,  não  poderia  ser  aplicada  ou  substituída  pela  tributação  prevista no art. 61 da Lei nª 8.981/95.  Entendo que se equivoca a recorrente, pois o a ressalva contida na parte final  do art. 61 da Lei nº 8981/95 visava exatamente a não tributação em duplicidade dos  mesmos  rendimentos  em  face  de  duas  legislações  distintas  que  previam  regras  similares.  De outra parte, o art. 44 da Lei nº 8.541/1992 alcançava as situações em que  restasse configurado o benefício direto dos sócios ou acionistas, conforme se extrai  do dispositivo, verbis:  Art.  44.  A  receita  omitida  ou  a  diferença  verificada  na  determinação dos resultados das pessoas jurídicas por qualquer  procedimento  que  implique  redução  indevida  do  lucro  líquido  será  considerada  automaticamente  recebida  pelos  sócios,  acionistas  ou  titular  da  empresa  individual  e  tributada  exclusivamente  na  fonte  à  alíquota  de  25%,  sem  prejuízo  da  incidência  do  imposto  sobre  a  renda  da  pessoa  jurídica. (Revogado pela Lei nº 9.249, de 1995)  § 1° O fato gerador do imposto de renda na fonte considera­se  ocorrido no mês da omissão ou da redução indevida.  § 1º O fato gerador do Imposto de Renda na fonte considera­se  ocorrido no dia da omissão ou da  redução  indevida. (Redação  dada pela Medida Provisória nº 1.003, de 1995)  Fl. 16913DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.894          54 § 1º O fato gerador do imposto de renda na fonte considera­se  ocorrido no dia da omissão ou da  redução  indevida. (Redação  dada pela Lei nº 9.064, de 1995) (Revogado pela Lei nº 9.249,  de 1995)  § 2° O disposto neste artigo não se aplica a deduções indevidas  que,  por  sua  natureza,  não  autorizem  presunção  de  transferência  de  recursos  do  patrimônio  da  pessoa  jurídica  para o dos seus sócios.(Revogado pela Lei nº 9.249, de 1995)  O art. 61 da Lei nº 8981/1995, por sua vez, é mais abrangente e alcança todos  os pagamentos efetuados a beneficiários não identificados ou cuja operação ou causa  não  é  comprovada,  independente  de  quem  seja  o  real  beneficiário  dele  (sócios/acionistas  ou  terceiros,  contabilizados  ou  não),  elegendo  a  pessoa  jurídica  responsável  pelo  pagamento  efetivamente  comprovado  com  responsável  pelo  recolhimento  do  imposto  de  renda  devido  pelo  beneficiário,  presumindo­se  que  assumiu  o  ônus  pelo  referido  pagamento.  É  o  que  se  extrai  do  dispositivo  em  questão, verbis:   Art.  61.  Fica  sujeito  à  incidência  do  Imposto  de  Renda  exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento,  todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário  não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais.   §  1º  A  incidência  prevista  no  caput  aplica­se,  também,  aos  pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou  sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não  for  comprovada  a  operação  ou  a  sua  causa,  bem  como  à  hipótese de que trata o § 2º, do art. 74 da Lei nº 8.383, de 1991.   § 2º Considera­se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia  do pagamento da referida importância.   §  3º  O  rendimento  de  que  trata  este  artigo  será  considerado  líquido,  cabendo  o  reajustamento  do  respectivo  rendimento  bruto sobre o qual recairá o imposto.  No  mesmo  sentido  da  aplicabilidade  do  dispositivo,  transcrevo  o  voto  vencedor da i. Conselheira Edeli Pereira Bessa, no Acórdão nº 1101­000.825, verbis:  O presente voto expressa os fundamentos para manutenção das exigências de  IRRF, uma vez que restou vencido o I. Relator em sua proposta de exoneração de tais  créditos tributários.   Argumentou o I. Relator que os lançamentos de IRPJ e CSLL aqui veiculados  não poderiam coexistir com o lançamento de IRRF em razão dos mesmos pagamentos  glosados  na apuração  daqueles tributos,  reportando­se a julgados deste Conselho  que somente admitem a exigência de IRRF desde que  o  mesmo  fato/valor que  servir de base,  não caracterize hipótese de redução  do lucro liquido, quer por receita omitida,  quer por glosa  de  custos  e/ou  despesas,  situações  tipicamente  submetidas  ao  IRPJ  segundo  as  normas  pertinentes à tributação pelo lucro real, em razão de disposição legal  específica  aplicável nesta segunda hipótese, veiculada no art. 44 da Lei nº 8.541/92.    Isto  porque,  como  demonstrado  no  voto  do  I.  Relator,  o  art.  44  da  Lei  nº  8.541/92 determinava a exigência de IRRF à alíquota de 25% nos casos de  redução  indevida do lucro líquido,  presumindo  de  forma  absoluta  que esta diferença fora  automaticamente recebida pelos sócios.   Fl. 16914DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.895          55 Todavia,  a  dúvida  acerca  da  aplicabilidade  do  art.  61  da  Lei  nº  8.981/95  somente existiria,  na  forma exposta, enquanto  vigente o art.  44  da Lei  nº  8.541/92,  revogado  pela Lei nº 9.249/95. A partir daí  (como é o caso  destes autos),  ausente a presunção legal de  distribuição  daqueles  valores aos  sócios,  nenhum  impedimento existiria  para a caracterização  da  hipótese  fixada  no  art.  61  da  Lei  nº  8.981/95,  que  na  verdade  parte  do  fato  provado  de  entrega de recursos a um terceiro não identificado, ou por razões não demonstradas, e  erige a presunção, apenas, de que tais rendimentos seriam passíveis de tributação na  pessoa do beneficiário.    No presente caso, portanto, há duas incidências distintas: 1) o IRRF exigido  da autuada na condição de  responsável  (fonte pagadora de  rendimentos) que não  se  desincumbiu de seu dever de identificar o beneficiário e/ou a causa do pagamento e,  por  conseqüência, permitir ao Fisco  confirmar  a  regular  tributação  de eventual  rendimento  auferido  por este beneficiário, e 2)  o IRPJ  exigido da autuada na condição de  contribuinte  que auferiu  lucro, mas o declarou  em montante  menor que o devido, em razão da dedução de  despesas que  não  foram  regularmente provadas.   Em outras palavras, a incidência do IRPJ decorrente de uma despesa que  não  reúne os requisitos legais para sua dedutibilidade não converte esta parcela  em rendimento  da  própria  da  pessoa  jurídica,  a  dispensar  a  incidência  que  poderia existir em desfavor do beneficiário do pagamento. É certo que a base de  cálculo do IRPJ resta majorada e, por consequência, há renda tributável no seu  sentido  próprio,  qual  seja,  resultado  líquido  de  acréscimos e  decréscimos  patrimoniais  num mesmo  período  de apuração. Mas este  resultado  líquido  não  se confunde com  o conceito  de  rendimento, acréscimo individualmente auferido,  no  caso,  por outro sujeito  passivo,  em razão  de uma operação específica, que poderia sujeitar­se a tributação isolada, a qual é  presumida  pela lei em  razão  da  omissão  de informações  por  parte da fonte pagadora.   Considerando que, nos termos do voto do I. Relator, os beneficiários e a causa  do  pagamentos  subsistiram  incomprovados,  deve­se  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso voluntário relativamente às exigências de IRRF.   [...]  Diante  do  exposto,  rejeito  a  alegação  dos  recorrentes,  por  entender  que  o  lançamento realizado encontra suporte legal no art. 61 da Lei nº 8.981/1995.  4. Da denúncia espontânea da  infração ao Ministério Público Federal e  aplicação do regime do art. 138 do CTN  Os recorrentes pleiteiam a aplicação ao presente caso do instituto da denúncia  espontânea uma vez que as  infrações apuradas pelo Fisco  foram previamente confessadas ao  Ministério Público Federal  por meio  do  instituto  da  declaração  premiada  além de  acordo  de  leniência firmado pela recorrente e homologado pela Justiça Federal. Afirma, verbis:  68.  Como  bem  reconheceu  a  fiscalização,  em  22.10.2014  –  bem  antes  da  presente autuação e do início da fiscalização – foi celebrado termo de colaboração  premiada entre o Ministério Público Federal e o Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça  Neto,  assim  como  acordo  de  leniência,  também  firmado  pela  recorrente,  homologado pelo MM. Juízo da 13ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do  Paraná.   69. À vista de tais considerações, duas circunstâncias devem ser consideradas  no  espectro das  autuações  fiscais: a  espontaneidade das  informações prestadas  e  a  Fl. 16915DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.896          56 devolução dos valores pagos a título de “comissões” exigidas pelos agentes públicos  e políticos.   70.  É  fácil  constatar,  portanto,  que  os  recorrentes  apresentaram  lealmente  todas as informações e documentos já contando com o repasse de tais informações à  fiscalização  fazendária,  de modo  que  remanesceram  no  aguardo  da  apuração  (que  compete à  fiscalização – art. 142 do CTN) dos tributos eventualmente devidos em  face das operações confessadas perante a autoridade policial. Tudo de conformidade  com a parte final do “caput” do art. 138 do CTN.   71.  Não  há  espaço  para  dúvidas:  a  postura  da  SOG  Óleo  e  Gás  S/A  e  de  Augusto Ribeiro de Mendonça Neto é tipicamente abarcada no regime do art. 138 do  CTN,  eis  que  aquele  comando  estimula  a  denúncia  espontânea  da  infração  com  a  eliminação  da  penalidade  potencialmente  aplicável  ao  caso  concreto,  ainda  que  –  como  no  caso  em  tela  –  o  montante  do  tributo  dependa  de  apuração  posterior  (segundo a parte final do “caput” do art. 138 do CTN).   72.  O  art.  138  do  CTN  não  exige  formalidades  adicionais,  bastando  que  o  contribuinte apresente a denúncia – e o parágrafo único daquele dispositivo cuida de  excepcionar do regime de denúncia espontânea apenas a situação em que já tenha se  iniciado o procedimento de fiscalização.   O acórdão recorrido se pronunciou sobre a questão, verbis:  A  requerente  entende  que  estaria  abarcada  pelo  art.  138  do CTN devido  ao  fato  da  delação  premiada  do  Sr.  Augusto  Ribeiro  de Mendonça.  Contudo,  aquele  artigo  se  presta  quando  a  contribuinte  do  tributo  denuncia  a  infração  do  tributo  acompanhado do pagamento do mesmo, e dos juros de mora, a saber:   Art.  138.  A  responsabilidade  é  excluída  pela  denúncia  espontânea  da  infração,  acompanhada,  se  for  o  caso,  do  pagamento  do  tributo  devido  e  dos  juros  de  mora,  ou  do  depósito  da  importância  arbitrada  pela  autoridade  administrativa,  quando  o  montante  do  tributo  dependa  de  apuração.  Aqui,  na  realidade,  a  requerente,  esta  contestando  os  tributos  apurados,  ou  seja, nem sequer pagou. Não tendo relação, portanto, com a denúncia espontânea do  art. 138 do CTN.   A propósito, o STJ na súmula 360 determina:   O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação  regularmente  declarados, mas pagos a destempo.   Ou seja, mesmo que se entendesse que tivesse havido a confissão dos tributos  aqui  lançados,  que  não  houve.  Eles  nem  sequer  foram  pagos,  por  isso  foram  lançados.   Dessa  forma,  não  há  como  excluir  a  responsabilidade  das  infrações,  e  por  conseqüência as multas de ofício.   Os recorrentes contestam a conclusão da decisão recorrida, alegando que ela  "não  está  em  consonância  com  a  legislação  pátria,  à  medida  que  afirma  que  a  denúncia  espontânea  somente  será  reputada  válida  quando  estiver  acompanhada  do  pagamento  do  Fl. 16916DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.897          57 tributo devido – desconsiderando a possibilidade do contribuinte depositar a quantia devida  após a apuração do montante pela fiscalização, hipótese que se aplica ao presente caso".   Se equivocam os recorrentes.   O  instituto  da  denúncia  espontânea,  como  o  próprio  nome  revela,  depende  exclusivamente da ação do sujeito passivo, tanto no que se refere à confissão do tributo quanto  ao seu pagamento ou depósito, quando este dependa de apuração. Cabe ao contribuinte retificar  suas  declarações  de  rendimentos,  refazer  suas  apurações  e  efetuar  o  pagamento  dos  tributos  devidos, ou o seu depósito, caso haja dúvida quanto ao montante total devido.  No  presente  caso,  o  que  se  verifica  é  apenas  a  confissão  dos  crimes  praticados ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal, na atuação da recorrente junto à  Petrobrás,  que,  posteriormente,  ensejaram  apurações  por  parte  do  Fisco  Federal  dos  tributos  devidos  em  face  das  irregularidades  a  ele  comunicadas  pelos  órgão  de  investigação  e  da  Justiça.  Poderia,  se  assim  quisesse,  o  contribuinte  ter  se  antecipado  a  qualquer  procedimento  fiscal  e  adotado  as  medidas  necessárias  para  a  denúncia  espontânea  das  obrigações tributárias perante o Fisco, retificando suas declarações e pagando ou efetuando o  depósito dos tributos devidos.  Nenhuma  dessas  providências  foi  tomada  pelos  recorrentes,  de  sorte  que  é  inviável a aplicação do instituto previsto no art. 138 do CTN ao presente caso.  Assim, voto por rejeitar esta alegação.  5.  Da  inviabilidade  de  exigência  de  impostos  sobre  os  pagamento  devolvidos na Operação Lava Jato  Os  recorrentes  alegam  que  os  pagamentos  de  vantagens  indevidas  nas  licitações,  considerados  indedutíveis  nesta  autuação,  foram  anulados,  na  medida  em  que  os  valores foram ressarcidos à Petrobrás, conforme acordos de leniência, como se ocorresse uma  verdadeira  reversão  ou  estorno,  o  que  alteraria,  também  a  possibilidade  de  exigência  dos  tributos  devidos,  posto  que  a  "identificação  da  capacidade  contributiva  qu  originalmente  permitia a formulação de exigências fiscais já não mais persiste".  Aduz que, verbis:  79. A devolução da renda retira do contribuinte sua capacidade contributiva,  permitindo a exclusão, da base de cálculo do IR, do valor efetivamente devolvido,  na forma do Parecer Normativo COSIT 5/95 – que, embora tenha sido editado a  propósito do imposto de renda de pessoa física, é inteiramente aplicável ao caso da  pessoa  jurídica.  De  acordo  com  aquele  ato  normativo,  “o  rendimento  acumulado,  pago  a  maior  em  exercícios  ou  meses  anteriores,  deverá  ser  diminuído  do  rendimento bruto tributável, na determinação da base de cálculo do imposto de renda  na fonte, no mês de sua devolução.”     80. E  não  há  dúvida  no  sentido  de  que  a  exigência  de  IRF  formulada  nestes  autos  é  tipicamente uma  exação  junto à  fonte pagadora, que  assume o  Fl. 16917DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.898          58 ônus  do  imposto.  Não  tem  cabimento  manter  essa  exigência,  sobretudo  porque  onera  unicamente  a  fonte  pagadora  (que  assume  o  ônus  do  imposto  com  a  recomposição  da  respectiva  base  de  cálculo),  e  especialmente  porque  é  a  fonte  pagadora,  no  caso  concreto,  quem  comparece  à  autoridade  para  devolver  os  pagamentos de vantagens indevidas auferidas pelos terceiros.   81.  Ora,  se  os  terceiros  (beneficiários  finais  das  vantagens  indevidas)  poderiam  excluir  de  sua  renda  tributável  a  parcela  porventura  devolvida,  na  forma do PN­COSIT 5/95, com muito mais razão a fonte pagadora tem direito  à exclusão, da base tributável, desse montante que é por ela mesma devolvido.   82.  Vale  dizer,  se  o  IRF  por  pagamento  sem  causa  lhe  é  exigido  com  recomposição  da  base  de  cálculo,  para  que  a  fonte  suporte  sozinha  o  ônus  do  imposto, é justo então que a fonte também se beneficie da redução do tributo assim  exigido, na hipótese de devolução da renda submetida a essa exação.   [...]  84. No mais, a devolução do numerário, na esteira dos acordos de leniência,  impõe  considerar  igualmente  revertida  a  possibilidade  de  exigência  de  IRPJ  e  de  CSL por suposta redução indevida do lucro líquido na apuração do lucro real – da  mesma  forma  com  que  a  devolução  opera  um  verdadeiro  estorno  do  suposto  pagamento sem causa para fins de incidência do IRF aqui combatido.   O acórdão recorrido traz o seguinte pronunciamento sobre a alegação, verbis:  A requerente alega que como devolveu as “vantagens indevidas” não restaria  nada  a  pagar  de  crédito  tributário.  Na  verdade,  o  fato  gerador  dos  tributos  aqui  lançados ocorreram, e assim, agiu corretamente a fiscalização com os lançamentos  destes autos.   Destarte,  na  esfera  administrativa  não  há  nada  a  fazer  senão  manter  os  lançamentos aqui guerreados  Os  recorrentes  questionam  esta  conclusão,  alegando  que  "a  decisão  foi  extremamente genérica  e  não  analisou  adequadamente  a  tese  desenvolvida  pelas  recorrentes,  razão pela qual deve ser reformado o v. acórdão".   A  PGFN  em  suas  contrarrazões  aponta,  preliminarmente,  que  a  alegação  é  desprovida de provas que atestem a efetiva devolução de valores na "Operação Lava­Jato", o  que, por si só, inviabilizaria a pretensão dos recorrentes. Quanto à análise da alegação, sustenta  a Fazenda Naciona, verbis:  Como  se  não  bastasse,  os  fatos  geradores  ocorridos  com  os  pagamentos  das  “propinas”  surgiram  no  momento  em  que  se  verificaram  as  situações  materiais  necessárias  a  que  produzam  os  efeitos  que  normalmente  lhe  são  próprios (art. 116, I, do CTN13), quais sejam os pagamentos de valores indevidos  para  operações  sem  causa  (art.  61  da  Lei  8.981/95)  com  vistas  a  viabilizar  as  vitórias da Recorrente nos certames promovidos pela PETROBRÁS.  [...]  Noutro lado, a dedução indevida de despesas fictícias pela Recorrente foi  suficiente para reduzir – inadequada e convenientemente ­ a base de cálculo do  IRPJ (e da CSLL), de modo a atrair a hipótese de incidência do referido Imposto  Fl. 16918DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.899          59 (e da referida contribuição, como explicado linhas acima), tal como previsto no  art. 43 do CTN, in verbis:  [...]  Ademais,  o  IRPJ/CSLL  incide  independentemente,  seja  de  eventual  ilicitude  dos  atos  praticados  pela  Recorrente,  seja  em  razão  da  devolução  das  “propinas”.  Não  se  pode  confundir  a  retomada  do  produto  criminoso  (valores  que  foram  indevidamente  transferidos  pela  Recorrente,  conforme  confessado  pelo  Sr. AUGUSTO MENDONÇA)  com  a  tributação  da  glosa  decorrente  da  dedução de despesas artificiais.  O art. 118 do CTN14 declara que se deve abstrair a validade jurídica dos  atos  efetivamente  praticados,  bem  como  a  natureza  do  seu  objeto  ou  dos  seus  efeitos, e os efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.[...]  Com  efeito,  a  lição  demonstra  que  a  tributação  na  espécie  recai  sobre  os  pagamentos realizados pela Recorrente sem causa e pela redução indevida do lucro,  pautada por deduções indedutíveis, e, não, sobre as infrações penais que causaram as  remessas de “propinas”, razão pela qual é imprópria a ilação de que “se o IRF por  pagamento sem causa lhe é exigido com recomposição da base de cálculo, para que  a  fonte  suporte  sozinha  o  ônus  do  imposto,  é  justo  então  que  a  fonte  também  se  beneficie da redução do tributo assim exigido, na hipótese de devolução da renda  submetida a essa exação” (fls. 24 do recurso).   Caso contrário, a  rigor,  a  tese dos Recorrentes  transformaria o Termo de  Colaboração Premiada, que tem natureza jurídica de acordo bilateral de vontades  (estando o Ministério Público/Polícia Federal de um lado, e, o Acusado/Indicado  criminal, de outro) em verdadeiro elemento de modulação dos efeitos temporais  e materiais dos fatos geradores do IRPJ/CSLL e do IRRF, o que é inadmissível.  Afinal,  os  fatos  geradores  desses  tributos  são  objetivos  e  ocorreram  com  a  dedução de despesas fictícias, inexistentes, não prestadas, manejadas para pagar  operações sem causa, isto é, independente do querer das partes Recorrentes.  Por  tudo  isso,  não  há  como  se  negar  a  regularidade  da  incidência  do  IRPJ/CSLL e do IRRF no caso concreto.  Entendo  que  assiste  razão  à  Fazenda  Nacional,  pois  embora  as  despesas  glosadas  sejam  derivadas  de  desvios  de  recursos  da  empresa  autuada  para  pagamentos  de  vantagens  indevidas a  terceiros, a sua indedutibilidade decorre essencialmente do fato de que  não  se  enquadram  como  despesas  efetivamente  realizadas  que  reduziram  indevidamente  o  resultado tributável dos exercícios fiscais sob apuração.  Os  fatos geradores  complexivos do  IRPJ  e CSLL daqueles períodos devem  ser escoimados dos valores que afetaram indevidamente a base de cálculo dos tributos devidos,  não podendo ser afetados retroativamente por quaisquer fatos, voluntários ou não que tenham  sido praticados em momento posterior, visando a purgar total ou parcialmente os ilícitos penais  cometidos e a atenuar a imposição de penalidades, seja na esfera administrativa ou judicial.  Assim,  a  reparação  de  danos  causados  em  decorrência  dos  ilícitos  confessados  ou  a devolução de valores  fixados  em Termos de Colaboração Premiada ou  em  Acordos  de  Leniência,  tem  natureza  completamente  distinta  das  despesas  originalmente  deduzidas e, se fosse o caso, poderiam afetar o resultado dos exercícios em que foram firmados  Fl. 16919DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.900          60 tais  acordos,  sendo  que  os  efeitos  fiscais  teriam  que  ser  melhor  examinados  nas  hipóteses  concretas, mas jamais poderiam impactar a apuração de tributos de períodos já encerrados.  Ante ao exposto, voto por rejeitar esta alegação.  6.  O  IRRF  sobre  pagamentos  sem  causa  não  pode  ser  exigido  com  amparo em causa meramente ilícita   Os  recorrentes  alegam que o  art.  61 da Lei n.º  8.981/95  "não contempla a  incidência do imposto na fonte em face de pagamentos com causa ilícita – pois o fundamento  da exigência reside apenas na ausência de causa (“pagamentos sem causa”)".   Defendem que "o art. 299 do RIR não exige que a despesa esteja amparada  somente  em  atos  lícitos  para  que  seja  dedutível  da  base  de  cálculo  do  IRPJ  e  da  CSL.  A  exigência  é  de  que a  despesa  seja  necessária. Da mesma  forma,  o  IRF  por  pagamento  sem  causa é  inexigível  se houver uma causa, embora  ilícita, que conceda suporte ao desembolso  efetuado no caso concreto".   O acórdão recorrido rejeitou as alegações, verbis:  Na  realidade,  o  referido  artigo  prevê  a  falta  de  causa,  e  de  fato  não  houve  causa, pois, não houve os serviços.   No mais, tem­se o princípio do “Pecunia non Olet” previsto no artigo 118 do  Código Tributário Nacional. Artigo trata da interpretação quanto a definição legal do  fato gerador, a saber:   Art.  118.  A  definição  legal  do  fato  gerador  é  interpretada  abstraindo­se:  I  ­  da  validade  jurídica dos atos  efetivamente praticados pelos  contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza  do seu objeto ou dos seus efeitos;   II ­ dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.   Segundo esta norma geral, interessa apenas os efeitos econômicos produzidos  pelos  atos,  e  não  sua  validade,  licitude  ou  moralidade.  Por  isso,  na  interpretação  acerca da incidência (ou não) de norma jurídica tributária, deve­se abstrair aspectos  atinentes  à  validade  jurídica  dos  atos  efetivamente  praticados  pelos  contribuintes,  responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos,  bem como dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.   Portanto, não tem razão os recorrentes.  Os recorrentes contestam a argumentação, aduzindo, verbis:  90.  Todavia,  o  referido  mandamento  só  vem  a  referendar  a  tese  de  que  a  exigência do IRF não pode se dar exclusivamente em função da  ilicitude da causa  dos pagamentos, ou que se possa glosar as respectivas despesas (e sobre elas exigir o  IRPJ  e  a  CSL),  considerando­as  desnecessárias  à  manutenção  da  atividade  da  empresa, afinal o fisco não desclassifica a renda obtida a partir de atividades ilícitas,  tampouco deixa de exigir o respectivo imposto de renda.   Fl. 16920DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.901          61 A Fazenda Nacional, em suas contrarrazões, assevera a correção da decisão  de primeiro grau, verbis:  Pelos mesmos fundamentos acima trazidos, a causa do pagamento é inócua  para fins de incidência do IRRF, pois os fatos geradores ocorrem pelo efetivo  pagamento  a  outrem  sem  causa  comprovada  ou  não  for  comprovada  a  respectiva operação. A bem da verdade, se o pagamento foi feito adequando­se  aos  vários  tipos  penais  do  Código  Penal  Brasileiro,  isso  é  de  somenos  importância  para  o  Direito  Tributário,  considerando  a  objetividade  do  fato  gerador  do  IRRF  (princípio  do pecunia  non Olet)  exasperada  pelo  art.  118 do  CTN.  Entendo  que  a  recorrente  tenta  desfocar  o  objeto  da  autuação  do  IRRF,  apontando para o  fato de que existiria sim uma causa para os pagamentos efetuados, embora  ilícita, qual seja: o de pagamento de vantagens indevidas a terceiros.  Ocorre que, em verdade, do que se infere das confissões trazidas aos autos e  das apurações empreendidas pelo Fisco, tais pagamentos a diversas empresas por serviços que  não  foram efetivamente prestados eram efetuados como atos preparatórios para o desvio dos  recursos  que  seriam  posteriormente  empregados  nos  pagamentos  de  vantagens  indevidas  a  terceiros.  Ora,  é  evidente  que  estes  pagamentos  não  tinha  causa  (no  sentido  econômico),  pois não  correspondiam a  serviços  efetivamente prestados. Além disso,  os  reais  beneficiários de tais recursos não eram identificados nestas operações, pois estavam encobertos  por  documentos  que  apontavam  outros  beneficiários  (as  emitentes  das  notas  fiscais)  dos  pagamentos.  Ante ao exposto, voto por rejeitar a alegação.  7. Do direito à dedução das despesas atinentes aos pagamentos indevidos  (comissões) a terceiros investigados por corrupção na Operação "Lava Jato".  Neste ponto, alegam os recorrentes que os valores pagos a  terceiros a  título  de  vantagens  indevidas  (propinas)  tem  a  natureza  de  despesas  dedutíveis,  tais  como  as  comissões pagas sobre vendas a terceiros, não importando a sua origem ilícita, posto que eram  necessárias à participação em licitações e à obtenção de contratos junto à Petrobrás.  A Fazenda Nacional combate os argumentos em suas contrarrazões, verbis:  Melhor sorte também não socorre a SOG quando ela sustenta a dedutibilidade  das despesas referentes ao pagamento de “propinas” a agentes públicos. [...]  Com todas as venias, o argumento é esdrúxulo.   A  Recorrente  pretende  justificar  a  dedutibilidade  das  despesas  com  o  pagamento de “propinas” a agentes públicos com suporte na argumentação de que,  caso contrário, ela estaria fora do esquema criminoso de cartelização nas licitações  promovidas pela PETROBRÁS.   Mais do que jurídica, os fundamentos que vedam a dedução de tais despesas  devem  ser  lastreados  na  probidade.  Com  efeito,  o  art.  299  do  RIR/99  permite  a  dedutibilidade  quando  tais  encargos  forem  normais,  usuais,  necessárias,  logo,  Fl. 16921DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.902          62 indispensáveis  ao  regular  funcionamento  empresarial,  de  modo  que  não  pode  ser  considerada normal/necessária uma despesa que tem como escopo remunerar um ato  ilícito  criminal.  Em  outras  palavras,  não  se  pode  aceitar  a  dedução  de  custos  destinados, exclusivamente, a uma contraprestação pelo  ilícito (criminal) praticado  por agentes públicos.   Se a Recorrente optou deliberadamente por participar do cartel que infectou as  licitações  da  PETROBRÁS  (inclusive  com  a  atuação  direta  do  Sr.  AUGUSTO  MENDONÇA no  iter  criminis),  ela  atuou contra o próprio objeto  social,  que não  poderia  jamais  ter um objeto  ilícito  como  finalidade  (e.  g.,  participar de  licitações  fraudulentas  e  distribuir  “propinas”  para  tanto),  o  que  revela  a  anormalidade  e  desnecessidade das referidas despesas.   Portanto, a decisão recorrida deve permanecer incólume na espécie.  Inadmissível  a pretensão da  recorrente de  equiparar pagamentos  com vistas  ao  cometimento  de  atos  de  corrupção  à  despesas  necessárias  e  decorrentes  das  atividade  normais e usuais da empresa, como comissões sobre vendas.  Ora, o pagamento de subornos a agentes públicos ou privados atenta contra a  função social da empresa consagrada no direito brasileiro, seja no art. 170 da CF/88, seja na lei  que rege as sociedades anônimas (Lei nº 6.404/1976).  A Constituição Federal estabelece no seu art. 170 os princípios voltados para  assegurar a ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,  tem  por  fim  assegurar  a  todos  existência  digna,  conforme  os  ditames  da  justiça  social,  destacando­se  especialmente  os  princípios  da  função  social  da  propriedade  e  da  livre  concorrência.  A função social da propriedade é o princípio do qual deriva a função social  do contrato,  a natureza  social da posse,  a exigência de boa  fé aos negócios  jurídicos  e,  sem  dúvida, constitui­se também na matriz da função social da empresa.   A lei das S/A consagra o respeito por parte dos sócios e dirigentes à função  social da empresa, como se extrai dos art. 116, §único e 154, verbis:  Art. 116. Entende­se por acionista controlador a pessoa, natural  ou  jurídica,  ou  o  grupo  de  pessoas  vinculadas  por  acordo  de  voto, ou sob controle comum, que:  a)  é  titular  de  direitos  de  sócio  que  lhe  assegurem,  de  modo  permanente,  a  maioria  dos  votos  nas  deliberações  da  assembléia­geral  e  o  poder  de  eleger  a  maioria  dos  administradores da companhia; e  b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e  orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.  Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com  o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua  função  social,  e  tem  deveres  e  responsabilidades  para  com  os  demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com  a  comunidade  em  que  atua,  cujos  direitos  e  interesses  deve  lealmente respeitar e atender.  Fl. 16922DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.903          63 [...]  Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei  e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da  companhia,  satisfeitas  as  exigências  do  bem  público  e  da  função social da empresa.  §  1º  O  administrador  eleito  por  grupo  ou  classe  de  acionistas  tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os demais,  não  podendo,  ainda  que  para  defesa  do  interesse  dos  que  o  elegeram, faltar a esses deveres.  § 2° É vedado ao administrador:  a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia;  b) sem prévia autorização da assembléia­geral ou do conselho  de  administração,  tomar  por  empréstimo  recursos  ou  bens  da  companhia, ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que  tenha  interesse,  ou  de  terceiros,  os  seus  bens,  serviços  ou  crédito;  c)  receber  de  terceiros,  sem  autorização  estatutária  ou  da  assembléia­geral,  qualquer  modalidade  de  vantagem  pessoal,  direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo.  §  3º  As  importâncias  recebidas  com  infração  ao  disposto  na  alínea c do § 2º pertencerão à companhia.  §  4º  O  conselho  de  administração  ou  a  diretoria  podem  autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos  empregados  ou  da  comunidade  de  que  participe  a  empresa,  tendo em vista suas responsabilidades sociais.  Sem  dúvida  que  os  atos  praticados  pelos  recorrentes,  concernentes  ao  pagamentos  de  propinas  a  agentes  públicos  e  privados,  atentam diretamente  contra  a  função  social  da  empresa  e  à  liberdade  concorrencial  e,  por  óbvio,  é  inadmissível  que  os  efeitos  econômicos  de  tais  infrações,  por  mera  liberalidade  do  administrador  da  companhia,  sejam  compreendidos  como  necessários  ao  desenvolvimento  das  atividades  normais  e  usuais  da  empresa.  Infelizmente,  parece  que,  não  obstante  tenham  assinado  Termos  de  Colaboração  Premiada  e  Acordos  de  Leniência,  os  recorrentes  não  tem  o  menor  grau  de  consciência  do  prejuízo  social  causado  pelos  atos  de  corrupção  praticados,  e  ainda  buscam,  cinicamente,  extrair  benefícios  fiscais  das  condutas  ilícitas,  que  tanto  prejuízo  causaram  à  sociedade brasileira.  Porém, sua pretensão não  tem guarida no nosso direito, seja ele penal, civil  ou tributário, que repudia que a má fé e a conduta antiética sejam premiadas de qualquer forma.  Pelo exposto, voto no sentido de rejeitar a alegação.  8. Da distinção entre as regras de dedutibilidade de despesas para fins de  IRPJ e CSLL  Fl. 16923DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.904          64 Os recorrentes defendem a dedutibilidade das despesas glosadas para fins de  apuração  da  CSLL,  na  medida  em  que  esta  teria  base  legal  própria,  que  não  prevê  a  indedutibilidade das despesas em face dos critérios de necessidade, usualidade e normalidade.   Citam a Lei nº 7.689/1988 que define a base de cálculo da CSLL a partir do  lucro líquido do exercício, acrescidos das adições e exclusões nelas previstas, e o art. 13 da Lei  nº 9.249/1995, que também traz um rol de despesas indedutíveis na base de cálculo do IRPJ e  CSLL, que não abrigam às despesas objeto de glosa neste feito.  Afirmam  que:  "Desde  que  as  despesas  tenham  sido  escrituradas  e  sejam  comprovadas por qualquer forma admitida pelo direito, e não estando enquadradas no art. 13  da Lei n.º 9.249/95, as despesas são perfeitamente dedutíveis para fins de CSL".   O acórdão recorrido rejeitou as alegações, nestes termos:  A requerente suscita as diferenças entre o IRPJ e a CSLL quanto as deduções  de despesas, contudo, no caso destes autos, está claro que não houve os serviços, e  assim,  não  houve  as  despesas,  dessa  forma,  a  discussão  cai  no  vazio,  não  tendo  sentido  algum  esta  linha  de  argumentação,  pois,  somente  se  pode  deduzir  ou  não  despesas que foram reais, ou seja, advindas de fatos reais, e no caso dos autos estas  despesas foram criadas (artificiais).   Outrossim, não há reparos a fazer na infração por estes argumentos.  A  Fazenda  Nacional,  em  suas  contrarrazões,  defende  que  as  normas  que  impedem a dedução das despesas desnecessárias, da base de cálculo do  IRPJ, por não serem  operacionais nos  termos do art. 47 da Lei nº 4.506/1964,  igualmente se  aplicam à CSLL, na  medida em que ambos os  tributos partem do  resultado  líquido para a sua apuração. Defende  ainda que o art. 57 da Lei nº 8.981/1995, estabelece que aplicam­se à CSLL as mesmas normas  de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ.  Entendo  que  tem  razão  o  acórdão  recorrido  ao  tratar  tais  despesas  como  inexistentes de  fato,  pois  comprovadamente não existiram, de modo que não poderiam, nem  deveriam  compor  o  resultado  líquido  do  exercício,  do  qual  parte  a  apuração  tanto  do  IRPJ  quanto da CSLL.  A jurisprudência deste tribunal administrativo é remansosa no sentido de dar  o mesmo efeito à CSLL da glosa de despesas fictícias da base de cálculo do IRPJ .  Aplica­se  aqui,  no  meu  entendimento  o  mesmo  raciocínio  expendido  no  tópico anterior, não podendo tais atos ilícitos produzir quaisquer efeitos tributários na apuração  do resultado dos exercícios fiscalizados.  Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar a alegação.  9. Da dedutibilidade das despesas decorrentes do contrato firmado com a  Setec  envolvendo  a  prestação  de  Serviços  Técnicos  e  Transferência  de  Tecnologia  e  Inviabilidade de exigência de IR por pagamento sem causa.  Os  recorrentes  alegam  que  a  SOG  celebrou  com  a  SETEC um  contrato  de  prestação  de  serviços  com  fornecimento  de  tecnologia  com  o  seguinte  objeto:  “serviços  especializados  e  fornecimento  de  tecnologia  em  engenharia  e  suporte  técnico  nas  áreas  de  Fl. 16924DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.905          65 materiais, processos, mecânica, civil, elétrica, instrumentação, tubulação, e diligenciamento de  compras inclusive com orientação, treinamento e aplicação de softwares específicos para cada  atividade”,  e que, entretanto, a  fiscalização considerou a existência de  simulação no negócio  jurídico, glosando as despesas deduzidas da base de cálculo do IRPJ e CSL e exigindo o IRF  sobre  os  pagamentos  relacionados,  sendo  este  entendimento mantido  pelo  acórdão  recorrido  sob o argumento da ausência de provas da efetiva prestação dos serviços.   Alegam  que  a  fiscalização  adotou  critérios  totalmente  subjetivos  como  o  valor da remuneração pactuada e o fato de as duas empresas serem pertencentes a membros do  mesmo grupo familiar e que considerou, ainda, que não haveria corpo técnico para a realização  dos  serviços,  já  que  dos  86  colaboradores  constantes  na  folha  de  pagamentos  da  empresa  SETEC,  apenas 12  teriam auferido proventos. Tal  conclusão  teria  sido  tomada somente com  base na GFIP  apresentada  pela SETEC e  de  que  a  empresa  estaria  tecnicamente  “quebrada”  desde 2005, para concluir que a recorrente seria uma verdadeira sucessora da SETEC.   Sustentam  que  a  fiscalização  aplicou  indevidamente  a  norma  antielisiva  do  parágrafo  único  do  art.  116  do  CTN,  cuja  regulamentação  por  lei  ordinária  ainda  não  foi  efetuada.  Defendem que o contrato celebrado obedeceu aos requisitos legais e que não  foi  apontado qualquer vício na  formação do contrato  e,  no que  se  refere ao  fornecimento de  tecnologia, demonstrou que a SETEC possuía em seus quadros engenheiros e  técnicos e que  não  se  pode  confundir  os  pagamentos  realizados  à  SETEC  no  âmbito  do  Consórcio  INTERPAR com aqueles realizados pela SOG no âmbito deste contrato.  Alegam que, por conta do referido contrato, a SETEC  também franqueou o  acesso da SOG ao seu acervo técnico e à biblioteca técnica (arquivo contendo a documentação  relativa  a  todas  as  obras  de  engenharia  executadas  pela SETAL)  que  é  composto  de  imenso  arquivo  contendo  plantas  desenhos  técnicos  e  soluções  de  engenharia  decorrentes  da  experiência conquistada em inúmeras obras das quais a SETAL participou desde os anos 1960.  Defendem  a  normalidade  e  das  despesas,  nos  termos  do  art.  923  e  924  do  RIR/1999 e que é ônus da fiscalização demonstrar o contrário, do que não se desincumbiu.  Aduz que ainda que se admitisse uma eventual absorção parcial de recursos  humanos da SETEC pela SOG ao longo do tempo, ainda existiria uma causa lícita e verdadeira  no contrato que, ao menos deveria ser considerado parcialmente a despesa em face dos serviços  de fornecimento de tecnologia.  Refuta a autuação do IRF por pagamento sem causa, na medida em que esta  causa  está  definida  no  próprio  contrato  firmado  e  propugna  pelo  afastamento  da  multa  qualificada,  especificamente  neste  tópico,  vez  que  a  fiscalização  não  comprovou  quaisquer  condutas dolosas no sentido de camuflar os fatos geradores das obrigações tributárias.  O acórdão recorrido manteve a autuação, afastando a alegação de utilização  da  norma  antielisiva  e  sustentando  que  a  glosa  foi  baseada  na  absoluta  falta  de  provas  da  efetiva prestação dos  serviços, malgrado  todas  as oportunidades  concedidas pela  fiscalização  para  que  a  contribuinte  ou  as  outras  empresas  relacionadas  aos  serviços  ou  aos  consórcios  provassem que as despesas foram reais e que, contudo, nada foi provado.  Fl. 16925DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.906          66 A  PGFN  em  suas  contrarrazões  aponta  que  o  exame  das  provas  dos  autos  demonstram a inconsistência do contrato firmado, destacando, verbis:  Primeiro,  o  contrato  estabelecia  que  preço  fosse  definido  e  acordado  mensalmente  e  determinado  em  função  da  utilização  dos  recursos  tecnológicos  e  suporte  técnico  provido  pela  Setec, mas  resguardava,  desde  o  início,  que  o  valor  mínimo mensal a ser pago pela SOG seria de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais),  independentemente  dos  recursos  utilizados  pela  Setec.  Ao  fim  e  ao  cabo,  considerando o lapso inicial de 2 (dois) anos, que foi prorrogado por igual período, a  SOG  concordou  em  pagar  à  Setec  o  mínimo  de  R$  48 milhões  (quarenta  e  oito  milhões de reais), quer a Setec lhe prestasse serviços ou não.   Tais  evidências,  aliadas  aos  depoimentos  prestados  pelo  Sr.  AUGUSTO  MENDONÇA  (itens  2.2.1  e  2.6.16  do  TVF),  levaram  a  autoridade  fiscal  a,  acertadamente,  concluir  que  “a  Setec  era  uma  empresa  que  em  2005  estava  tecnicamente  quebrada  e  não  conseguia  viabilizar  sequer  sua  participação  em  licitações, em razão de suas deficiências cadastrais, fica muito mais inexplicável e  totalmente fora do senso comum que uma transação com esse tipo de remuneração  fosse contratada” (fls. 94 do TVF).   Além  disso,  some­se  a  inércia  da  Recorrente  que,  inobstante  diversas  vezes  intimada,  não  apresentou  qualquer  documento  que  comprovasse  a  efetiva prestação dos serviços.  [...]  Os  procedimentos  de  escriturar  despesas  não  comprovadas  e  de  simular  pagamentos com despesas inexistentes (no caso, contrato de contrato envolvendo  a suposta prestação de serviços com fornecimento de tecnologia, firmado com a  empresa Setec) a uma pessoa jurídica, sob a gerência de uma pessoa física que  mantém o  controle da maioria das pessoas  jurídicas  envolvidas nas  operações,  retira  a  invocada  presunção  de  regularidade  da  despesa  inscrita  nos  registros  contábeis da Recorrente.  [...]  Entendo que não assiste razão à recorrente.  De  fato,  a  autuação  pela  glosa  de  despesas  com  prestação  de  serviços  pela  SETEC à SOG decorre essencialmente da falta de comprovação de sua efetividade por parte da  recorrente.  A  fiscalização  descreveu  minuciosamente,  no  subitem  4.1.7.1  do  TVF,  as  apurações  realizadas  nas  quais  detectou  a  falta  de  estrutura  da  SETEC para  a  prestação  dos  serviços que seriam objeto do contrato, demonstrando o paulatino desmonte de seu quadro de  funcionários  técnicos  no  período  de  2010  a  2013  e  também  destacou  que  as  cláusulas  contratuais asseguravam valores fixos à SETEC independentemente da utilização dos recursos  efetivamente  disponibilizados  pela SETEC,  conforme  se  extrai  no  seguinte  excerto  do TVF,  verbis:  Outro  aspecto  a  ser  destacado  é  a  cláusula  contratual  que  dispõe  sobre  a  remuneração dos  serviços a  serem prestados pela Setec  à SOG. A cláusula 6.1 do  contrato, como já mencionadoanteriormente, estabelecia que o preço fosse definido  e  acordado  mensalmente  e  determinado  em  função  da  utilização  dos  recursos  Fl. 16926DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.907          67 tecnológicos  e  suporte  técnico  provido  pela  Setec.  Todavia,  ficava  desde  o  início  determinado que o valor mínimo mensal a ser faturado pela Setec à SOG era de R$  1.000.000,00 (um milhão de reais), independentemente dos recursos utilizados pela  Setec. No mundo empresarial real, competitivo e acirrado, cláusula de remuneração  como  a  pactuada  é  desconhecida. Qual  empresa  competitiva  aceitaria  pagar  R$  1  milhão por mês,  durante o prazo mínimo de 2  anos, não  importando o volume de  prestação  de  serviços  recebidos?  Ou  seja,  SOG  concordou  em  pagar  à  Setec  um  mínimo de R$ 24 milhões  (vinte  e quatro milhões de  reais) no período de 2  anos  qualquer  que  fossem  os  serviços  prestados  pela  Setec. Mais  ainda,  o  contrato  foi  aditado  prorrogando  seu  prazo  por  2  anos  adicionais.  Em  decorrência,  entende­se  que SOG concordou em pagar à Setec o mínimo de R$ 48 milhões (quarenta e oito  milhões de reais), durante o período de 4 anos, quer a Setec lhe prestasse serviços ou  não.  Essa disposição contratual é totalmente irrealista em um ambiente empresarial  competitivo.  Considerando­se,  adicionalmente,  nas  próprias  palavras  de  Augusto  Mendonça  e  de  executivo  da  SOG,  já  apontadas  neste  termo  nos  subitens  2.2.1  e  2.6.16, que a Setec era uma empresa que em 2005 estava tecnicamente quebrada e  não  conseguia  viabilizar  sequer  sua  participação  em  licitações,  em  razão  de  suas  deficiências  cadastrais,  fica  muito  mais  inexplicável  e  totalmente  fora  do  senso  comum que uma  transação com esse  tipo de remuneração fosse contratada. A esse  respeito reproduzimos novamente as afirmações de Augusto Mendonça no Termo de  Colaboração nº 01, datado de 29/10/14, conforme segue: [...]  Além disso, a fiscalização intimou diversas vezes a fiscalizada a comprovar a  efetiva  prestação  dos  serviços,  nada  tendo  sido  apresentado,  conforme  destacado  no  TVF,  verbis:  O sujeito passivo foi intimado em diversas oportunidades a comprovar a  efetiva prestação de serviços pela Setec e por diversas outras empresas, assim  como  a  apresentar  documentação  comprobatória  identificando  os  técnicos  disponibilizados  pelas  prestadoras  de  serviços  com  essa  finalidade.  Nesse  sentido citamos os subitens 7.4 e 7.5 do Termo de Início da Ação Fiscal, os subitens  2.4  e  2.5  do  TIF  nº  02,  o  item  6  do  TIF  nº  06  e  o  item  2  do  TIF  nº  09. Nada  apresentou a esse respeito com exceção da documentação encaminhada por meio  da correspondência datada de 16/09/15,  recebida em 17/09/15, em atendimento ao  item  2  do  TIF  nº  09,  consistindo  em  cópia  da  folha  mensal  de  pagamento  dos  funcionários  da  Setec  no  período  de  janeiro  de  2010  a  julho  de  2013.  Referida  documentação não  foi  aceita pela  fiscalização como prova da efetiva prestação de  serviços pela Setec à SOG, mas apenas como evidência de que em algum momento  determinada pessoa integrou a folha de pagamentos da Setec e em determinado mês  auferiu certo montante a título de rendimento.  Todavia, mesmo assim,  as  informações  contidas na  folha de pagamentos da  Setec devem ser depuradas para determinarmos o número de colaboradores ativos da  empresa  em  determinado mês  e  o montante  de  proventos  pagos  aos mesmos,  não  devendo  ser  considerados  os  totalizadores  exibidos  ao  final  de  cada  folha  de  pagamento.  Exemplificativamente:  A  folha  de  pagamentos  pertinente  ao  mês  de  Janeiro  de  2010  informa  no  resumo  a  existência  de  “86  colaboradores”.  Examinando­se detidamente os registros individuais de cada colaborador, verifica­se  que  apenas  12  deles  receberam  proventos  nesse  mês.  Examinando­se  a  GFIP  da  Setec do correspondente período constatamos que os valores a recolher declarados  pela Setec também se referiam a apenas 12 pessoas, não guardando nenhuma relação  com  o  total  de  86  indivíduos  constante  no  resumo  exibido  ao  final  da  folha  de  pagamentos.   Fl. 16927DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.908          68 As  tabelas  a  seguir  demonstram,  por  período  mensal,  a  quantidade  de  funcionários da Setec  informada no  resumo mensal da  folha de pagamentos  assim  como  a  quantidade  de  funcionários  e  contribuintes  individuais  autônomos  relativamente aos quais a empresa declarou valores a recolher na GFIP do respectivo  período:  [...]  Diante deste quadro, entendo correta a conclusão da autoridade fiscal às fls.  94 do TVF (fls. 13656 dos autos), verbis:  Tudo considerado, ou seja, a falta de comprovação da efetiva prestação de  serviços pela Setec à SOG; a remuneração irrealista pactuada; o fato de a Setec  ser uma empresa tecnicamente quebrada desde ao menos 2005; que a Setec não  possuía quadro de pessoal técnico para desempenhar as atividades previstas no  contrato  celebrado;  que  a  SOG  em  termos  práticos  se  caracteriza  como uma  sucessora  da  Setec;  o  fato  de  que  a  SOG  e  a  Setec  eram  administradas  pela  mesma  pessoa  ou  seja,  por  Augusto  Mendonça;  que  no  dizer  do  ex­diretor  financeiro  da  SOG  era  a  SOG  que  prestava  serviços  às  demais  empresas  do  Augusto Mendonça  e  não  o  contrário;  e  o  fato  de  que  o  controle  societário  da  SOG e da Setec pertence à família de Augusto Mendonça, este último incluído (vide  subitem  1.6  deste  termo),  demonstram  que  o  contrato  de  prestação  de  serviços  constitui  uma  simulação  entre  as  partes  contratantes  com  o  objetivo  de  respaldar  contabilmente, de forma parcial, a transferência de recursos da SOG para a Setec.  Em  razão  do  exposto  a  fiscalização  considerou  que  todas  as  despesas  contabilizadas  pelo  sujeito  passivo  em  razão  das  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços emitidas pela Setec devam ser glosadas, uma vez que não foi comprovada  a efetiva prestação dos mesmos ao sujeito passivo.  (grifo nosso)  Com  efeito,  diante  dos  elementos  colhidos  pelo  Fisco, me parece  correta  a  inversão do ônus da prova no que concerne à efetiva prestação dos serviços contratados. O fato  do contrato estar de acordo com as regras civis, por si só, não é suficiente para comprovar sua  execução.  Assim,  não  se  trata  de  desconsideração  do  negócio  jurídico  por  parte  da  fiscalização, mas  sim  da  glosa  das  despesas  em  face  da  falta  de  comprovação  dos  serviços  pactuados.  Não há, também, como acolher a pretensão dos recorrentes de que, ao menos  parcialmente, deveriam ser acolhidas as despesas, em face do fornecimento de tecnologia, uma  vez que em nenhum momento trouxeram provas da efetiva prestação dos serviços contratados,  resumindo­se sua pretensão em meras alegações.  Melhor  sorte  não  lhes  socorre  no  que  concerne  à  aplicação  da  multa  qualificada e da cobrança do  IRRF sobre pagamentos sem causa, diante do quadro fático em  que se verifica que os pagamentos feitos, dissociados de qualquer prova de efetiva prestação  dos serviços, revelam a natureza fictícia das despesas contabilizadas, o que é corroborado pela  confissão  do  seu  administrador  de  fato  de  que  os  recursos  pagos  à  SETEC  serviam  para  viabilizar o pagamento de vantagens indevidas a terceiros, conforme já analisado neste voto, no  que concerne às demais glosas de despesas.  Fl. 16928DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.909          69 Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar a alegação.  10. Da dedutibilidade das despesas havidas nos contrato firmados com a  MSML Participações  e  Inviabilidade  de  exigência  de  IR  na  fonte  por  pagamentos  sem  causa.  Os  recorrentes  questionam  a  glosa  de  despesas  pelo  Fisco,  relacionadas  à  notas  fiscais  emitidas  pela  empresa  MSML  Participações,  sob  o  fundamento  de  "que  os  pagamentos  foram  creditados  na  conta  bancária  do  Sr.  Rafael  Ribeiro  de  Mendonça,  sócio  da  empresa,  que,  por  sua  vez,  é  filho  da  Sra. Maria  Stela  Ribeiro  de Mendonça,  também  sócia  da  MSML e da LINEAL, sócia da SOG, entendimento que foi referendado pelo v. acórdão recorrido!.   Sustentam os recorrentes, verbis:  125. As  acusações  fiscais  são  lacônicas,  neste  passo,  pois  não  há  razões  de  ordem  lógica  para  que  se  reputem  ideologicamente  falsos  os  documentos  apresentados  pelo  contribuinte  com  amparo  unicamente  na  relação  de  parentesco  entre os titulares das empresas. O fato de haver prestação de serviços entre empresas  pertencentes  a  parentes  não  é,  por  si  só,  fundamento  para  a  acusação  de  que  há  falsidade  ideológica,  sobretudo  quando  a  receita  decorrente  desses  serviços  foi  integralmente tributada na empresa beneficiária. Custa acreditar que tivesse havido falsidade ideológica com o propósito de pagar impostos, já que sob a ótica fiscal nenhum benefício decorreria desse procedimento. Alegam que incumbia ao Fisco demonstrar a ocorrência do fato gerador, nos  termos  do  art.  142  do  CTN,  impondo­se  reconhecer  a  validade  dos  negócios  tal  como  praticados, inclusive com a retenção dos tributos devidos sobre os pagamentos.  Sustentam  que  solicitaram  prova  pericial,  mas  que  esta  foi  considerada  protelatória  e  desnecessária  pela  autoridade  julgadora,  de  modo  que  a  decisão  de  primeira  instância  deve  ser  anulada  para  que  outra  seja  proferida,  com  o  deferimento  das  diligência  requeridas.  Refutam  a  aplicação  da multa  qualificada,  ante  a  falta  de  comprovação  de  dolo na conduta descrita no auto de infração.  A decisão de primeiro grau, assim se pronunciou sobre as alegações, verbis:  Novamente  a  requerente  alega  que  teria  documentos  que  provariam  os  serviços,  contudo,  não  os  trás,  pede  até  diligência,  contudo,  nada  disso  muda  a  realidade, ou seja, não há nos autos prova da efetividade das prestações dos serviços.   Neste diapasão, a diligência ou perícia suscitadas pela requerente se mostram  desnecessárias,  pois,  com  tudo  o  que  se  tem nos  autos,  tais  procedimentos  seriam  meramente protelatórios.   Quanto a IRRF já  foi  tratado em tópico anterior, e não há nada de diferente  aqui.   Dessa forma, rejeitam­se os pedidos de diligência ou perícia.  Fl. 16929DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.910          70 Não  há  qualquer  nulidade  na  decisão  de  primeiro  grau  no  que  concerne  ao  indeferimento do pedido de perícia, diante da constatação de que os recorrentes solicitaram perícia  com vistas à produção de provas que deveriam ter carreado aos autos.  Nos  termos  do  art.  18  do  Decreto  70.235/1972,  cabe  à  autoridade  julgadora  determinar  as  perícias  e  diligências  que  considerar  necessárias,  indeferindo  as  que  considerar  prescindíveis ou impraticáveis.  Além  disso,  constato  que  a  perícia  solicitada  neste  ponto,  se  refere  à  documentação  que  integraria  o  arquivo  técnico  da  SETEC,  não  havendo  indicação  da  sua  correlação com o contrato firmado com a MSML.  Assim, entendo correto o indeferimento do pedido.  No  que  tange  ao  mérito  das  glosas,  mais  uma  vez  se  constata  a  ausência  de  qualquer comprovação por parte dos recorrentes quanto à efetiva prestação dos serviços, conforme  destacado no item 4.1.8 do TVF (fls. 13668/13670), dos quais transcrevo alguns excertos:  O  sujeito  passivo  foi  intimado  a  apresentar  cópia  de  contratos,  notas  fiscais,  comprovantes  de  pagamentos  e  a  comprovar  a  efetiva  prestação  de  serviços que  lhe  teriam sido prestados,  ou aos  consórcios de  empresas de que  participou  no  período  sob  fiscalização,  por  diversas  empresas,  incluindo­se  a  MSML  ­  Participações  e  Consultoria  Ltda.,  CNPJ  nº  04.316.747/0001­04,  doravante denominada simplesmente “MSML”, conforme item 7 e seus subitens do  Termo de Início da Ação Fiscal, e nada apresentou relativamente à MSML.  Por intermédio da correspondência datada de 22/07/15, recebida em 23/07/15,  apresentou planilha listando os pagamentos que teriam sido efetuados à empresa no  período  2010  a  2013,  acompanhada  de  notas  fiscais  de  prestação  de  serviços  emitidas  pela  MSML  para  a  SOG  e  de  comprovantes  de  pagamento.  Nada  apresentou  relativamente  a  contratos  celebrados  entre  a  SOG  e  MSML,  documentação comprobatória da efetiva prestação dos serviços pela MSML à SOG e  identificação  e  qualificação  dos  profissionais  que  teriam  executados  referidos  serviços.  O sujeito passivo foi reintimado em outras duas oportunidades, por meio  do  item 2 do TIF nº  09  e  item 2 do TIF nº  10,  a  apresentar  a documentação  comprobatória  da  efetiva  prestação  dos  serviços  pela  MSML  assim  como  a  documentação  relativa  à  identificação  e  qualificação  dos  profissionais  que  teriam executado os respectivos serviços. Nada forneceu a esse respeito.  [...]  A  MSML  foi  objeto  de  diligência  fiscal  com  suporte  nos  TDPFs  nº  08.1.28.00­2015­00176­0  e  08.1.28.00­2015­00185­0. Por meio  do  TIF  nº  V­04,  lavrado  em  01/07/15,  do  qual  tomou  ciência  em  30/07/15  conforme  Aviso  de  Recebimento ­ AR nº JH928031308BR, intimamos a MSML a apresentar, entre  outros  elementos,  cópia  de  todas  as  notas  fiscais  emitidas  no  período  2010  a  2013,  comprovantes  de  recebimento  dos  respectivos  valores  e  cópia  da  documentação comprobatória da efetiva prestação dos serviços e identificação e  qualificação dos profissionais que os executaram.  Por intermédio da correspondência datada de 21/07/15 e recebida em 23/07/15  apresentou cópia das notas fiscais emitidas. Por meio da correspondência datada de  31/08/15,  recebida  na  mesma  data,  apresentou  cópia  dos  comprovantes  de  Fl. 16930DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.911          71 recebimentos  relativos  ao  período  de  01/08/10  a  31/12/13.  Nada  forneceu  relativamente à documentação comprobatória da efetiva prestação dos serviços  e identificação e qualificação dos profissionais que os executaram.  [...]  (grifos nosso)  Agravando  tal  situação,  destaca  a  fiscalização  que  a  referida  empresa  tem  como  sócios  membros  da  família  que  constitui  o  grupo  empresarial  Ribeiro  de  Mendonça,  verbis:  [...]  Examinando os comprovantes de pagamento apresentados, relativos às notas  fiscais de serviço emitidas pela MSML para a SOG, constatamos que se tratavam de  cópia de  transferências bancárias efetuadas da  conta corrente da SOG nº 13774­8,  mantida  na  agência  nº  0262  do  Itaú Unibanco,  para  a  conta  corrente  nº  13415­3,  mantida  por  Rafael  Ribeiro  de  Mendonça  Lima  na  agência  nº  2958  do  referido  banco.  Identificamos  que Rafael Ribeiro  de Mendonça Lima, CPF nº  309.390.588­ 55,  era  sócio  quotista  da  MSML  no  período  2010  a  2013,  com  participação  declarada  de  0,01%  (um  centésimo  por  cento)  no  capital  social  da  empresa,  conforme  informado  nas  respectivas  DIPJs  apresentadas  pela  MSML  à  RFB.  Da  mesma forma identificamos que a principal sócia quotista da MSML, com 99,98%  do seu capital social no mencionado período, era Maria Stela Ribeiro de Mendonça,  CPF  nº  285.855.988­08,  doravante  denominada  simplesmente  “Maria  Stela”,  genitora  de  Rafael  Ribeiro  de  Mendonça  Lima  e  sócia  quotista  da  Lineal  Participações  S.A.,  CNPJ  nº  07.583.584/0001­14,  doravante  denominada  simplesmente “Lineal”. Maria Stela exerce atualmente o cargo de Diretor Presidente  da SOG.  Como  informamos  nos  subitens  1.3  e  1.6  deste  termo,  a  Lineal  detinha  no  período 2010 a 2013 participação de 58% no capital da SOG, sendo que atualmente  a Lineal detém 100% do capital da SOG. Demonstramos  também, no  subitem 1.6  deste,  que Maria  Stela  detinha,  direta  e  indiretamente,  participação  de  21,96%  no  capital social da SOG no período 2010 a 2012, e 7,57% em 2013.  [...]  No  que  se  refere  à  aplicação  da multa  qualificada  e  da  cobrança  do  IRRF  sobre pagamentos  sem causa, não há  como deixar de reconhecer,  como assinalado no  tópico  anterior  que,  o  quadro  fático  em  que  se  verifica  que  os  pagamentos  feitos,  dissociados  de  qualquer  prova  de  efetiva  prestação  dos  serviços,  revela  a  natureza  fictícia  das  despesas  contabilizadas.   Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar a alegação.  11. Conclusão  Por  todo  o  exposto,  voto  no  sentido  de  afastar  a preliminar  de  nulidade  da  decisão de primeiro grau e, no mérito, de negar provimento ao recurso voluntário.  Fl. 16931DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.912          72 RECURSO DE OFÍCIO  Em face da exoneração parcial da responsabilidade solidária atribuída ao Sr.  AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO, pelo acórdão recorrido foi interposto recurso  de ofício pelo colegiado a quo.  O recurso de ofício deve ser conhecido, pois o valor exonerado extrapola o  limite  fixado  pelo  Ministro  da  Fazenda,  por  meio  da  Portaria  MF.  nº  63,  de  09/02;2017  (créditos de tributos e encargos de multa superior a R$ 2.500.000,00).  A  exoneração  parcial  da  responsabilidade  do  recorrente  acima  indicado,  decorreu  do  reconhecimento  de  que  a  infração  relativa  ao  bônus  de  adimplência  fiscal,  deduzida  indevidamente  da  CSLL  não  decorreria  de  qualquer  ação  direta  do  referido  responsável, nestes termos:  Por fim, quanto ao auto de infração relativo ao bônus de adimplência fiscal, a  impugnante requer a retirada do pólo passivo do Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça.   A  infração  tratada  em  auto  de  infração  separado  foi  que  o  contribuinte  deduziu indevidamente a CSLL devida.   A lei nº 10.637/2002, no art. 38 regula a matéria:   Art. 38. Fica instituído, em relação aos tributos e contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  bônus  de  adimplência fiscal, aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao  regime de tributação com base no lucro real ou presumido.   § 1o O bônus referido no caput:   I  ­  corresponde  a  1%  (um  por  cento)  da  base  de  cálculo  da  CSLL  determinada  segundo  as  normas  estabelecidas  para  as  pessoas  jurídicas  submetidas ao  regime de apuração com base  no lucro presumido;   II  ­  será  calculado  em  relação  à  base  de  cálculo  referida  no  inciso I, relativamente ao ano­calendário em que permitido seu  aproveitamento.   §  2o  Na  hipótese  de  período  de  apuração  trimestral,  o  bônus  será  calculado  em  relação  aos  4  (quatro)  trimestres  do  ano­ calendário  e  poderá  ser  deduzido  da  CSLL  devida  correspondente ao último trimestre.   § 3o Não fará jus ao bônus a pessoa jurídica que, nos últimos 5  (cinco) anos­calendário, se enquadre em qualquer das seguintes  hipóteses,  em  relação a  tributos  e  contribuições  administrados  pela Secretaria da Receita Federal:   I ­ lançamento de ofício;   II ­ débitos com exigibilidade suspensa;   III ­ inscrição em dívida ativa;   IV ­ recolhimentos ou pagamentos em atraso; (negritado)   V ­ falta ou atraso no cumprimento de obrigação acessória.   Fl. 16932DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.913          73 § 4o Na hipótese de decisão definitiva, na esfera administrativa  ou  judicial,  que  implique  desoneração  integral  da  pessoa  jurídica, as restrições referidas nos incisos I e II do § 3o serão  desconsideradas desde a origem.   §  5o  O  período  de  5  (cinco)  anos­calendário  será  computado  por ano completo, inclusive aquele em relação ao qual dar­se­á  o aproveitamento do bônus.   § 6o A dedução do bônus dar­se­á em relação à CSLL devida no  ano­calendário.   §  7o  A  parcela  do  bônus  que  não  puder  ser  aproveitada  em  determinado  período  poderá  sê­lo  em  períodos  posteriores,  vedado o  ressarcimento ou a compensação distinta da referida  neste artigo.  §  8o  A  utilização  indevida  do  bônus  instituído  por  este  artigo  implica a imposição da multa de que trata o inciso I do caput do  art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicando­ se o seu percentual, sem prejuízo do disposto no § 2o. (Redação  dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (negritado)   (..)   A  fiscalização  glosou  o  Bônus  por  motivo  de  atraso  de  recolhimentos  de  tributos de acordo com o inciso IV do §3º do referido artigo. Observa­se que a glosa  foi  então  por  atraso.  A  multa  foi  duplicada  por  força  de  lei,  mas  o  dolo  não  é  presumido,  precisa  ser  provado.  No  caso,  temos  atrasos  de  recolhimentos  como  motivo da glosa do bônus.   Ademais,  quando  da  qualificação  da  multa  a  fiscalização  foi  clara  ao  não  incluir este item na descrição da qualificação.   Destarte,  sem excesso de poderes ou  infração à  lei não há  como colocar no  pólo passivo junto com a SOG o Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça.   A propósito o STJ a respeito de temática parecida proferiu a súmula 430:   O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a  responsabilidade solidária do sócio­gerente.   Dessa forma, o Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça deve ser excluído do pólo  passivo no auto de infração referente glosa do referido bônus.  Não  tenho  reparos  à  decisão  recorrida,  uma  vez  que  inexiste  nos  autos  qualquer comprovação correlacionando a conduta do responsável solidário com o recolhimento  insuficiente da CSLL em face da utilização indevida do bônus de adimplência fiscal.  Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício.  CONCLUSÃO GERAL  Pelo exposto, voto no sentido de afastar a preliminar de nulidade da decisão  de primeiro grau e, no mérito, de negar provimento aos recursos voluntários e de ofício.  (assinado digitalmente)  Luiz Tadeu Matosinho Machado   Fl. 16933DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.914          74               Fl. 16934DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.915          75 Declaração de Voto  Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa.  Apesar  do  brilhante  voto  do  Conselheiro  Relator,  peço  permissão  para  discordar  do  seu  entendimento  em  relação  à  exigência  do  IR/Fonte  sobre  pagamentos  a  beneficiários  não  identificados  ou  sem  causa,  quando  já  houve  a  glosa  dos  custos/despesas,  devidamente tributadas pelo IRPJ e CSLL.  No  meu  entendimento,  quando  existir  Glosa  de  Custos  e  Despesas  na  apuração do IRPJ e CSLL por notas fiscais inidôneas, mostra­se contraditória a tributação do  Imposto de Renda em virtude de pagamentos  sem causa,  pois o  registro  contábil  de despesa  amparado  em  nota  fiscal  inidônea  não  autoriza,  por  si  só,  além  da  exigência  do  IRPJ  e  da  CSLL (em face da glosa da despesa inexistente ou não comprovada), a cobrança do IRRF por  pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado.  A aplicação do art. 61, da Lei nº 8.981, de 1.995, está reservada para aquelas  situações em que o fisco prova a existência de um pagamento sem causa ou a beneficiário não  identificado, desde que a mesma hipótese não enseje tributação por glosa de custos e despesas,  como foi o caso concreto, onde houve a incidência do IRPJ e CSLL.  Com  a  edição  da  Lei  nº  9.249/96,  surge  clara  a  opção  do  legislador  pela  adoção da tributação segredada, ou seja, se o rendimento foi  tributado na pessoa jurídica não  será  mais  tributado,  não  só  na  pessoa  física  como  em  outra  pessoa  jurídica,  eventual  e  presumidamente beneficiárias.  Nesse novo quadro,  temos o desaparecimento do  art.  44,  que  tinha por  fim  tributar as situações em que, por presunção de que a receita omitida e/ou a  redução do  lucro  líquido era distribuída a sócios que, repetindo, não comportavam a utilização do art. 61, da Lei  nº  8.981/95.  Em  outras  palavras,  significa  dizer  que  o  art.  61,  da  Lei  nº  8.981/95,  evidentemente, não pode ser aplicado às situações que anteriormente eram acobertadas pelo art.  44, da Lei nº 8.541/95.  Em sendo assim, a aplicação do art. 61 está reservada para aquelas situações  em  que  o  fisco  prova  a  existência  de  um  pagamento  sem  causa  ou  a  beneficiário  não  identificado e, o que é mais importante, desde que o mesmo fato/valor que serve de base, não  caracterize hipótese de  redução do  lucro  líquido, quer por  receita omitida,  quer por glosa de  custos e/ou despesas, situações tipicamente submetidas ao IRPJ segundo as normas pertinentes  à tributação pelo lucro real ou presumido.  Dispunha o art. 44 da Lei nº 8.541/92, na redação que lhe foi dada pelo art. 3º  da Medida Provisória nº 492/94, convertida na Lei nº 9.064/95:    “Art. 44 ­ A receita omitida ou a diferença verificada na determinação dos  resultados  das  pessoas  jurídicas  por  qualquer  procedimento  que  implique  redução  indevida  do  lucro  líquido  será  considerada  automaticamente  recebida pelos sócios, acionistas ou titular da empresa individual e tributada  exclusivamente  na  fonte  à  alíquota  de 25%,  sem prejuízo  da  incidência  do  imposto sobre a renda da pessoa jurídica.  Fl. 16935DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.916          76 § 1º ­ O fato gerador do imposto de renda na fonte considera­se ocorrido no  dia da omissão ou da redução indevida.  § 2º  ­ O disposto neste artigo não se aplica a deduções  indevidas que, por  sua  natureza,  não  autorizem  presunção  de  transferência  de  recursos  do  patrimônio da pessoa jurídica para o dos seus sócios.”    Por  outro  lado,  temos  o  preceito  legal  trazido  no  enquadramento  legal  do  Auto de Infração, em relação ao imposto de renda retido na fonte, mais precisamente o art. 61  da lei nº 8.981/95:    “Art.  61. Fica  sujeito  à  incidência  do  imposto  de  renda  exclusivamente na  fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a  beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais.    §  1º  ­  A  incidência  prevista  no  caput  aplica­se,  também,  aos  pagamentos  efetuados  ou  aos  recursos  entregues  a  terceiros  ou  sócios,  acionistas  ou  titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a  sua  causa,  bem  como à  hipótese  de que  trata  o §  2º,  do  art.  74,  da Lei nº  8.383, de 1991.  §  2º  ­  Considera­se  vencido  o  imposto  de  renda  na  fonte  no  dia  do  pagamento da referida importância.  §  3º  ­  O  rendimento  de  que  trata  este  artigo  será  considerado  líquido,  cabendo  o  reajustamento  do  respectivo  rendimento  bruto  sobre  o  qual  recairá o imposto.”    Da  leitura  desses  dispositivos,  há  de  se  concluir  que  o  art.  61  da  Lei  nº  8.981/95 não convivia com o art. 44 da Lei nº. 8.541/92, significando dizer que, quando, ainda  que por presunção, o rendimento era distribuído aos sócios tinha aplicação o art. 44, nunca o  art. 61.  Confirmando  essa  afirmação,  temos  a  disposição  expressa  no  art.  62  da  mesma Lei nº 8.981/95, nos seguintes termos:    Art. 62 ­ A partir de 1º de janeiro de 1995, a alíquota do imposto de renda na  fonte de que trata o art. 44, da Lei nº 8.541, de 1992, será de 35%.     Fl. 16936DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.917          77 Houve, portanto, uma clara distinção, ou seja, o art. 61 também comportava  uma  presunção  de  distribuição  de  recursos  a  sócios,  desde  que  não  pela  via  da  omissão  de  receitas,  mas  sempre  pela  subtração  de  resultados  ainda  não  tributados,  mesmo  porque  não  faria  sentido  algum  tributar  a  presunção  da  distribuição  na  omissão  de  receita  a  25%  e  a  presunção de distribuição por outros meios a 35%.  Ficava,  então,  o  art.  61,  reservado  para  aquelas  situações  em  que  o  fisco  provava a existência de um pagamento, cujo beneficiário ou causa não restasse comprovada.  Vamos, agora, ao que  ficou estabelecido após a edição do art. 24 da Lei nº  9.249/96, que revogou o art. 44 da Lei nº 8.541/92.    Art.  24  ­  Verificada  a  omissão  de  receita,  a  autoridade  tributária  determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo  com  o  regime  de  tributação  a  que  estiver  submetida  à  pessoa  jurídica  no  período­base a que corresponder a omissão.    §  1º  ­ No  caso  de  pessoa  jurídica  com atividades  diversificadas  tributadas  com  base  no  lucro  presumido  ou  arbitrado,  não  sendo  possível  a  identificação  da  atividade  a  que  se  refere  à  receita  omitida,  esta  será  adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado.  § 2º ­ O valor da receita omitida será considerado na determinação da base  de cálculo para o  lançamento da contribuição social  sobre o  lucro  líquido,  da contribuição para a seguridade social ­ COFINS e da contribuição para  os  Programas  de  Integração  Social  e  de  Formação  do  Patrimônio  do  Servidor Público ­ PIS/PASEP.  (...)  Art. 36 ­ Ficam revogadas as disposições em contrário, especialmente”:    (...).    IV ­ os art. 43 e 44 da Lei nº. 8.541, de 23 de dezembro de 1992;    (...)”.    Portanto, com a edição da Lei nº 9.249/96, surge clara a opção do legislador  pela adoção da tributação segregada, ou seja, se o rendimento foi tributado na pessoa jurídica  Fl. 16937DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.918          78 não  será mais  tributado,  não  só  na  pessoa  física  como  em  outra  pessoa  jurídica,  eventual  e  presumidamente beneficiárias.  Nesse  novo  quadro,  temos  o  desaparecimento  do  art.  44  que  tinha  por  fim  tributar as situações em que, por presunção de que a receita omitida e/ou a  redução do  lucro  líquido era distribuída a sócios que, repetindo, não comportavam a utilização do art. 61 da Lei  nº  8.981/95.  Em  outras  palavras,  significa  dizer  que  o  art.  61  da  Lei  nº  8.981/95,  evidentemente, não pode ser aplicado às situações que anteriormente eram acobertadas pelo art.  44 da Lei nº 8.541/95.  Em sendo assim, a aplicação do art. 61 está reservada para aquelas situações  em  que  o  fisco  prova  a  existência  de  um  pagamento  sem  causa  ou  a  beneficiário  não  identificado e, o que é mais importante, desde que o mesmo fato/valor que servir de base, não  caracterize hipótese de  redução do  lucro  líquido, quer por  receita omitida,  quer por glosa de  custos e/ou despesas, situações tipicamente submetidas ao IRPJ segundo as normas pertinentes  à tributação pelo lucro real e ao lucro presumido.  Não é outra, ainda que por outro enfoque e por via de raciocínio diverso, a  conclusão a que chegou o  ilustre professor José Antonio Minatel em seu artigo publicado na  Revista Dialética, o qual reproduzimos parte, litteris:     “Só  depois  de  esgotadas  essas  verificações  elementares,  será  possível  promover  o  adequado  enquadramento  da  situação  fática  à  hipótese  normativa  que  lhe  corresponda.  Essa  cautela  é  recomendada  para  que  se  evitem  os  excessos  costumeiramente  praticados  pelos  agentes  do  Fisco,  mormente  quando  deparam  com  pagamentos  registrados  como  custo  ou  despesa  na  escrituração  contábil  da  empresa  fiscalizada,  em  que  os  reais  beneficiários  não  se  encontram  identificados  a  contento.  Nessa  específica  hipótese, estando a empresa na sistemática do lucro real para tributação de  seus resultados pelo Imposto de Renda, o procedimento fiscal culmina, via de  regra, com a lavratura de autos de infração para exigência de IRPJ e CSLL,  acrescidos de  juros moratórios e multa aplicada de ofício  (75% ou 150%),  sob  o  fundamento  de  glosa  da  dedutibilidade  de  despesas/custos  não  comprovados.  Concomitantemente,  lavra­se  outro  auto  de  infração  fundamentado  no  art.  61  da  Lei  nº  8.981/95,  com  exigência  do  malfadado  IR­Fonte  de  35%,  acrescido, também, de juros e nova multa aplicada de ofício (75% ou 150%),  agora  sob  o  fundamento  de  que  os  mesmos  gastos,  contabilizados  como  custos/despesas, estão acobertando pagamentos sem causa ou a beneficiário  não identificado.  Evidente que há exageros e não se pode compactuar com a sobreposição e  penalidades sancionando a mesma conduta.  Com  efeito,  ante  a  não­comprovação  dos  gastos  contabilizados  como  custos/despesas,  está  legitimada a  formalização de exigência do  IRPJ  e da  CSLL  indevidamente  reduzidos,  sendo  pertinente  que  essa  conduta  que  ocasionou indevida redução de tributos seja sancionada com a imposição de  Fl. 16938DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.919          79 multa  de  ofício  (75%  ou  150%).  No  entanto,  não  cabe  outra  penalidade  sobre  a  mesma  constatação  fática,  sendo  indevida  a  exigência  de  35%  a  título de IR­Fonte sob o pressuposto de falta de identificação do beneficiário  do  pagamento  da mesma  operação  que  teve  a  dedutibilidade  negada,  pois  essa exigência tem nítido caráter de penalidade, como já demonstrado.  Mais  grave  ainda  é  ver  essa  penalidade  pecuniária  de  35%  travestida  de  tributo  ser  gravada  com  nova  penalidade,  uma  vez  que  sobre  o  valor  do  IRFonte exigido no auto de infração é calculada nova multa de ofício (75%  ou 150%).  Lamentavelmente,  lançamentos  contaminados  com  essa  grave  deformação  têm  sido  confirmados,  sem  mais  reflexão,  pelos  órgãos  encarregados  de  solucionar  os  conflitos  entre  Fisco  e  contribuinte,  como  se  vê  do  pronunciamento da 4.ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, aqui  reproduzido na parte atinente à matéria em estudo, verbis:  ‘PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO  IDENTIFICADO – PAGAMENTO  EFETUADO  A  BENEFICIÁRIO  SEM  CAUSA  ­  PAGAMENTOS  EFETUADO  SEM  COMPROVAÇÃO  OU  CAUSA  ­  NOTAS  FISCAIS  INIDÔNEAS  ­  ARTIGO  61  DA  LEI  nº  8.981,  DE  1995  ­  CARACTERIZAÇÃO.  A  pessoa  jurídica  que  efetuar  pagamento  a  beneficiário não identificado ou não comprovar a operação ou a causa dos  pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas  ou titular, contabilizados ou não, bem como não comprovar o pagamento do  preço  respectivo  e  o  recebimento  dos  bens,  direitos  ou  mercadorias  ou  a  utilização  dos  serviços,  referidos  em  documentos  emitidos  por  pessoa  jurídica  considerada  ou  declarada  inapta,  sujeitar­se­á  à  incidência  do  imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, a título de pagamento a  beneficiário  não  identificado  e/ou  pagamento  a  beneficiário  sem  causa.  O  ato  de  realizar  o  pagamento  é  pressuposto  material  para  a  ocorrência  da  incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto  no art. 61 da Lei nº. 8.981, de 1995’.    Agride a estrutura da regra jurídica do Imposto sobre a Renda a afirmação  final contida na ementa de que “o ato de realizar pagamento é pressuposto  material  para  a  ocorrência  da  incidência  do  imposto  de  renda  exclusivamente  na  fonte”.  A  afirmação  estará  a  salvo  se  vista  a  referida  incidência  com  caráter  de  penalidade,  para  a  qual  o  ato  de  realizar  pagamento a beneficiário não identificado é que lhe dá tipicidade.  Portanto, é imperioso admitir que há limites e condições para a aplicação da  penalidade  prevista  no  art.  61  da Lei  nº  8.981/95,  a  qual,  quando  cabível,  deve  ser  vista  com a mesma natureza  da  chamada “multa  isolada”,  sendo  certo que sua aplicação por meio de lançamento de ofício (auto de infração)  não  comporta  novo  cálculo  de  multa  sobre  multa,  sendo  totalmente  inadequada à imposição de multa de ofício de 75% ou 150% sobre o valor  da penalidade quantificada em 35% do valor do pagamento sem causa, ou a  beneficiário não identificado.  Fl. 16939DF CARF MF Processo nº 13896.723262/2015­45  Acórdão n.º 1302­002.549  S1­C3T2  Fl. 8.920          80 O  grifo  em  quando  cabível  é  para  deixar  registrado,  pedindo  vênia  pela  ênfase em discurso repetitivo, que essa penalidade de 35% do art. 61 da Lei  nº  8.981/95  somente  pode  ser  aplicada  quando  não  houver  exigência  concomitante de tributo (IRPJ e CSLL) sobre a mesma operação, pois, nessa  hipótese, a  formalização de exigência de cunho  tributário com a  imposição  da  penalidade  correspondente,  que  é  o  objetivo  primeiro  da  administração  tributária, absorve a multa isolada prevista para idêntica conduta.  Em  conclusão,  a  imposição  da multa  isolada  de  35%  só  é  adequada  para  sancionar condutas que impeçam a identificação da causa ou do beneficiário  de pagamento, praticada por pessoas jurídicas não submetidas à tributação  pelo lucro real ou presumido.”  (Grifei)  Desse  ensaio,  dentre  outras  lições,  podemos  extrair  que  é  absolutamente  vedada  à  possibilidade  de  escolha,  ou  seja,  se  cabível  a  tributação  pelo  IRPJ  e  CSLL  por  redução  do  lucro  líquido,  não  pode  a  autoridade  lançadora  simplesmente  abandonar  essa  tributação para eleger a mais gravosa contida no art. 61 em comento e, muito menos e pelos  mesmos  motivos,  lançar  as  duas  exações.  Isto  porque  e,  por  óbvio,  a  Lei  nº  8.981/95  não  revogou as normas que regem a tributação pelo lucro real e lucro presumido.  Com  essa  ordem  de  ideias,  manifesta­se  inarredável  a  conclusão  de  que  o  lançamento de ofício ora vergastado deve  ser  anulado quanto  ao  IRRF,  em  face da  evidente  impossibilidade  jurídica  de  concomitância  com  a  tributação  decorrente  da  glosa  de  custos  e  despesas por parte da fiscalização.  Por  todo  o  exposto,  voto  por  dar  PROVIMENTO  ao  Recurso  Voluntário  relativamente à "exigência do IR/Fonte sobre pagamentos sem causa quando já houve a glosa  dos custos/despesas”.  É como voto.  (assinado digitalmente)  Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa     Fl. 16940DF CARF MF

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7256800 #
Numero do processo: 12326.006595/2010-01
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Como regra, são considerados dedutíveis na apuração do imposto de renda da pessoa física os gastos com despesas médicos, inclusive com planos de saúde, desde que tenham sido efetuados com o contribuinte e seus dependentes indicados na declaração de ajuste e que estejam comprovados com documentação hábil.
Numero da decisão: 2002-000.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe provimento, para restabelecer a dedução de despesas médicas no valor de R$13.091,88. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1396; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C0T2  Fl. 74          1 73  S2­C0T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  12326.006595/2010­01  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2002­000.073  –  Turma Extraordinária / 2ª Turma   Sessão de  17 de abril de 2018  Matéria  IRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.  Recorrente  CARLOS MANUEL RAFAEL ROMANI CANAS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Exercício: 2008  DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.  Como regra, são considerados dedutíveis na apuração do imposto de renda da  pessoa física os gastos com despesas médicos, inclusive com planos de saúde,  desde  que  tenham  sido  efetuados  com  o  contribuinte  e  seus  dependentes  indicados  na  declaração  de  ajuste  e  que  estejam  comprovados  com  documentação hábil.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade,  em  conhecer  do  recurso, e, no mérito, dar­lhe provimento, para restabelecer a dedução de despesas médicas no  valor de R$13.091,88.    (assinado digitalmente)  Claudia  Cristina  Noira  Passos  da  Costa  Develly  Montez  ­  Presidente  e  Relatora  Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira  Passos  da  Costa  Develly  Montez,  Fábia Marcília  Ferreira  Campêlo,  Thiago  Duca  Amoni  e  Virgílio Cansino Gil.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 32 6. 00 65 95 /2 01 0- 01 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 12326.006595/2010­01  Acórdão n.º 2002­000.073  S2­C0T2  Fl. 75          2   Relatório  O  presente  processo  trata  de  exigência  de  crédito  tributário  relativo  ao  Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2008. Em decorrência do não atendimento ao termo  de  intimação,  foi  lavrada  a  Notificação  de  Lançamento  de  fls.  4/7,  apontando  a  dedução  indevida de despesas médicas.  O  contribuinte  apresentou  impugnação  (fls.3/20),  onde  informa  que  são  despesas médicas próprias, requerendo o restabelecimento integral da dedução.  Em  conformidade  com  o  disposto  no  artigo  6o­A  da  IN RFB  nº  958/2009,  com a redação dada pela IN RFB nº 1.061/2010, a autoridade autuante procedeu à revisão do  lançamento  efetuado,  emitindo  o  despacho  decisório  de  fl.  38,  com  base  no  Termo  Circunstanciado de fls. 35/37, acolhendo em parte os argumentos do contribuinte e mantendo o  imposto suplementar no valor de R$2.324,06, em decorrência da seguinte infração:  DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS – R$13.091,88  ...  2  ­  Os  comprovantes  de  pagamentos  efetuados  à  Amil  ­  Assistência  Médica  Internacional  Ltda  (fls.  8  a  10)  são  insuficientes  para  comprovar  a  dedutibilidade  da  despesa  por  não  informarem  expressamente  que  o  contribuinte  é  o  único  beneficiário  do  plano  de  saúde  nem  que  há  dependentes/agregados,  e  não  discriminar  o  valor  relativo  a  cada  beneficiário,  não  sendo  possível  verificar  se  as  despesas  cumprem a exigência do art. 80, §1°, II do RIR/99.  Intimado dessa decisão, o contribuinte não se manifestou.  Os autos foram encaminhados para julgamento de primeira instância.  A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande  (MS) manteve o imposto apurado no Despacho Decisório (fls. 53/55), em decisão cuja ementa  é a seguinte:  ASSUNTO:  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  IRPF  Ano­calendário: 2007  GLOSA DE DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.  São  dedutíveis  na  declaração  as  despesas  previstas  na  legislação  do  imposto  de  renda,  desde  que  sejam  comprovadas  por  meio  de  documentação  hábil  e  idônea,  nos termos legais.  Fl. 75DF CARF MF Processo nº 12326.006595/2010­01  Acórdão n.º 2002­000.073  S2­C0T2  Fl. 76          3 Cientificado dessa decisão em 2/5/2016 (fl.61), o contribuinte formalizou, em  6/5/2016 (fl.64), seu Recurso Voluntário  (fls. 64/67), no qual alega que é  titular do plano de  saúde da Amil, que incluía seu cônjuge. Esclarece que, no ano sob análise, a parcela de cada  um  para  o  plano  foi  de  R$13.091,88.  Requer  o  restabelecimento  integral  da  glosa  efetuada  visto que corresponde a sua parcela do plano.  Processo  distribuído  para  julgamento  em  Turma  Extraordinária,  tendo  sido  observadas as disposições do artigo 23­B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de  2015, e suas alterações (fl.58).    É o relatório.  Fl. 76DF CARF MF Processo nº 12326.006595/2010­01  Acórdão n.º 2002­000.073  S2­C0T2  Fl. 77          4   Voto             Conselheira  Claudia  Cristina  Noira  Passos  da  Costa  Develly  Montez  ­  Relatora      Admissibilidade  O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele  tomo conhecimento.    Mérito  São  dedutíveis  da  base  de  cálculo  do  IRPF  os  pagamentos  efetuados  pelos  contribuintes  a  médicos,  dentistas,  psicólogos,  fisioterapeutas,  fonoaudiólogos,  terapeutas  ocupacionais  e  hospitais,  relativos  ao  próprio  tratamento  e  ao  de  seus  dependentes  (Lei  nº  9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados (art. 73, do  RIR/1999).  Em relação ao valor glosado, a DRJ consigna:  ... Foi mantida a glosa referente a plano de saúde junto à Amil –  Assistência Médica Internacional Ltda., pois os comprovantes de  pagamento  seriam  insuficientes,  por  não  informarem  expressamente que o contribuinte é o único beneficiário do plano  de saúde nem que há dependentes/agregados, bem como por não  discriminar o valor relativo a cada beneficiário.  ...  O  documento  de  f.  13,  “Reembolso  de  Cobertura  de  Custo  Médico”, emitido pela Amil, confirma que o titular do plano de  saúde é o impugnante, mas que o plano inclui ainda, pelo menos,  mais um beneficiário (Jaqueline Pitanguy Romani). Logo, não é  possível individualizar a parcela correspondente a cada um dos  beneficiários.  Agora,  em  seu  recurso,  o  contribuinte  junta  o  informe  do  plano  de  saúde  próprio e o de sua mulher (fls. 65/66), bem com a declaração de ajuste dela (fl. 67), de forma a  demonstrar que o documento é individualizado, noticiando a despesa de cada um.   O Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o processo administrativo fiscal,  limita a apresentação de provas em momento posterior a impugnação, restringindo­a aos casos  previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no  Fl. 77DF CARF MF Processo nº 12326.006595/2010­01  Acórdão n.º 2002­000.073  S2­C0T2  Fl. 78          5 sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos  anexados  aos  autos  após  a  defesa,  em  observância  aos  princípios  da  verdade  material  e  da  instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte  ou integralmente a pretensão fiscal.  Nesse  caso,  entendo  que  os  documentos  apresentados  em  sede  de  recurso  voluntário  devem  ser  recepcionados  e  analisados,  uma  vez  que  comprovam  os  argumentos  expostos pelo Contribuinte e visam a rebater a decisão de primeira instância.  No caso, considero os documentos apresentados hábeis a atestar o direito de o  contribuinte deduzir o valor de R$13.091,88, relativo às despesas médicas próprias.    Conclusão  Pelo  exposto,  voto  por  conhecer  do  recurso,  para,  no  mérito,  dar­lhe  provimento, para restabelecer a dedução de despesas médicas no valor de R$13.091,88.    (assinado digitalmente)  Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez                                Fl. 78DF CARF MF

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7281455 #
Numero do processo: 13888.914726/2011-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.286
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Paulo Roberto Duarte Moreira. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1834; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C2T1  Fl. 147          1 146  S3­C2T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13888.914726/2011­04  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  3201­001.286  –  2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  21 de março de 2018  Assunto  DILIGÊNCIA  Recorrente  INDÚSTRIAS ROMI S.A.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  converter  o  julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Paulo  Roberto Duarte Moreira.  (assinado digitalmente)  Winderley Morais Pereira ­ Presidente em exercício e Relator.   Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira  (Presidente),  Paulo  Roberto  Duarte  Moreira,  Pedro  Rinaldi  de  Oliveira  Lima,  Tatiana  Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.  Relatório  Trata­se de Recurso Voluntário  interposto  pelo  contribuinte  supra  identificado  em  face  de  decisão  da  DRJ  Ribeirão  Preto/SP  que  julgou  improcedente  a Manifestação  de  Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que indeferira o Pedido de  Restituição formulado sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado  mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte.  Na Manifestação de  Inconformidade, o contribuinte  requereu o deferimento de  seu  pedido  de  restituição,  arguindo  que  o  indébito  decorrera  da  incidência  da  contribuição  sobre  receitas  financeiras  e  outras  receitas,  incidência  essa  julgada  inconstitucional  pelo  Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE nº 346.084.  Alegou, ainda, que o CARF já se pronunciara, em diversas oportunidades, pela  extensão da decisão do STF a todos os contribuintes, transcrevendo ementas.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .9 14 72 6/ 20 11 -0 4 Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13888.914726/2011­04  Resolução nº  3201­001.286  S3­C2T1  Fl. 148            2 A  decisão  da  Delegacia  de  Julgamento,  denegatória  do  direito  pleiteado,  fundamentou­se  na  ausência  de  efeitos  erga  omnes  da  decisão  do  STF  que  reconhecera  a  inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições promovida pela Lei nº  9.718/1998, bem como na falta de comprovação da liquidez e certeza do indébito reclamado.  Cientificado da decisão, o  contribuinte  interpôs Recurso Voluntário,  repisando  os  argumentos  de  defesa,  afirmando  existir  nos  autos  documentação  comprobatória  do  seu  direito.  É o relatório.  Voto  Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator.  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF),  aprovado  pela Portaria MF  343,  de  9  de  junho  de  2015,  aplicando­se,  portanto,  ao  presente  litígio o decidido na Resolução nº 3201­001.265, de 21/03/2018, proferido no  julgamento do  processo 13888.914725/2011­51, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.  Transcreve­se, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela  decisão (Resolução nº 3201­001.265):  Como  relatado,  discute­se  no  presente  feito  a  legitimidade  de  crédito  postulado  pela  Recorrente  por meio  de  PER/DCOMP,  originado  de  pagamento  indevido  ou  a  maior  Em  despacho  decisório  eletrônico,  foi  indeferida  a  solicitação  da  contribuinte,  em  razão  da  inexistência  de  saldo  do  pagamento  indicado no PER/DCOMP, o qual  teria  sido utilizado  integralmente para quitar  débito informado pela própria contribuinte em DCTF.  Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente aduz que o crédito  utilizado é  legítimo,  informando que o crédito decorre do recolhimento  indevido  da  contribuição  sobre parcelas  que não  integram o  faturamento,  nos  termos da  declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do art. 3º da Lei nº 9.718/98.  Foi anexada à Impugnação documentação comprobatória da existência do  crédito.  A Delegacia  da Receita Federal  indeferiu  a Manifestação  apresentada ao  argumento  de  que  a  "alegação  deveria  vir  acompanhada  da  documentação  comprobatória da existência do pagamento a maior, mesmo porque, nesse caso, o  ônus da comprovação do direito creditório é da contribuinte, pois se trata de uma  solicitação  de  seu  exclusivo  interesse",  o  que  não  teria  logrado  comprovar  a  Recorrente.  Em  sede  de Recurso Voluntário,  a  Recorrente  reafirma  os  argumentos  de  defesa  e,  diante  dos  fundamentos  do  acórdão  recorrido,  ressalta  que  foram  anexados  diversos  documentos  à  Manifestação  de  Inconformidade  e  requer  a  juntada  e  exame  das  cópias  dos  DARFs,  Pedido  de  Restituição  e  Livro  Razão  Geral.  Além disso, apresenta planilha demonstrativa do crédito postulado.  Fl. 148DF CARF MF Processo nº 13888.914726/2011­04  Resolução nº  3201­001.286  S3­C2T1  Fl. 149            3 Na hipótese dos autos, não houve  inércia do contribuinte na apresentação  de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados  em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que  a  Autoridade  Julgadora  determinasse  a  revisão  do  crédito  tributário.  E,  imediatamente  após  tal  manifestação,  em  sede  de  Recurso  Voluntário,  foram  apresentados novos documentos.  Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório  eletrônico,  ou  seja,  a  primeira  oportunidade  concedida  ao  contribuinte  para  a  apresentação  de  documentos  comprobatórios  do  seu  direito  foi,  exatamente,  no  momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas  em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes.  Sabe­se  que  em  autuações  fiscais  realizadas  de  maneira  ordinária,  é,  em  regra,  concedido  ao  contribuinte  diversas  oportunidades  de  apresentação  de  documentos  e  esclarecimentos,  por  meio  dos  Termos  de  Intimação  emitidos  durante o procedimento. Assim,  limitar,  na autuação eletrônica, a oportunidade  de apresentação de documentos à manifestação de  inconformidade, aplicando a  preclusão  relativamente  ao  Recurso  Voluntário,  não  me  parece  razoável  ou  isonômico,  além  de  atentatório  aos  princípios  da  ampla  defesa  e  do  devido  processo legal.  Desse modo, voto por CONVERTER O FEITO EM DILIGÊNCIA para que a  Autoridade Preparadora  efetue  a  análise  do Pedido de Compensação  com base  nos  documentos  já  acostados  aos  autos,  tanto  em  sede  de  Manifestação  de  Inconformidade,  como  em  Recurso  Voluntário,  podendo  intimar  o  contribuinte  para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessários.  Após a manifestação fiscal, conceda­se vista ao contribuinte pelo prazo de  30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões.  Após, retornem­se os autos para julgamento.  Importa  registrar que, nos presentes autos, a situação fática e  jurídica encontra  correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado  pode ser perfeitamente aqui aplicado.  Portanto, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II  do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade  Preparadora  efetue  a  análise  do  Pedido  de  Compensação  com  base  nos  documentos  já  acostados  aos  autos,  tanto  em  sede  de Manifestação  de  Inconformidade,  como  em  Recurso  Voluntário, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações  que entenda necessários.  Após a realização da diligência, conceda­se vista ao contribuinte pelo prazo de  30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões.  Após, retornem­se os autos para julgamento.  (assinado digitalmente)  Winderley Morais Pereira  Fl. 149DF CARF MF

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Numero do processo: 10660.002999/2008-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2003 a 10/04/2003, 11/04/2003 a 20/04/2003, 21/04/2003 a 30/04/2003 IPI. NÃO CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA, PRODUTO INTERMEDIÁRIO E MATERIAIS DE EMBALAGEM ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. DIREITO DE CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. A sistemática de apuração não cumulativa do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, ressalvada a previsão em lei, tem como pressuposto a exigência do tributo na etapa imediatamente anterior, para abatimento com o valor devido na operação seguinte, não bastando a mera incidência jurídica, de forma tal que as aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem desonerados (isenção, não tributação e alíquota zero) não asseguram crédito de IPI, como decidido pelo STF no RE 398.365/RS, julgado sob o rito da repercussão geral.
Numero da decisão: 3401-004.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o relator, Cons. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Designado para redigir o voto vencedor o Cons. Fenelon Moscoso de Almeida (Designado, a posteriori, ad hoc, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, tendo em vista ter o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida deixado o colegiado antes de concluir o voto vencedor). (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Redator Designado Ad hoc (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Vinicius Guimarães (Suplente convocado em substituição ao Conselheiro Robson José Bayerl), Tiago Guerra Machado, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição à Conselheira Mara Cristina Sifuentes), e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente o Conselheiro Robson José Bayerl e, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO

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3401­004.408  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  19 de março de 2018  Matéria  Imposto sobre Produtos Industrializados ­ IPI  Recorrente  FAGOR EDERLAN BRASILEIRA AUTO PEÇAS LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período  de  apuração:  01/04/2003  a  10/04/2003,  11/04/2003  a  20/04/2003,  21/04/2003 a 30/04/2003  IPI.  NÃO  CUMULATIVIDADE.  AQUISIÇÃO  DE  MATÉRIA­PRIMA,  PRODUTO  INTERMEDIÁRIO  E  MATERIAIS  DE  EMBALAGEM  ISENTOS,  NÃO  TRIBUTADOS  OU  SUJEITOS  À  ALÍQUOTA  ZERO.  DIREITO DE CRÉDITO. INEXISTÊNCIA.  A  sistemática  de  apuração  não  cumulativa  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados ­  IPI, ressalvada a previsão em lei, tem como pressuposto a  exigência do tributo na etapa imediatamente anterior, para abatimento com o  valor devido na operação seguinte, não bastando a mera incidência jurídica,  de forma tal que as aquisições de matérias­primas, produtos intermediários e  materiais de embalagem desonerados (isenção, não tributação e alíquota zero)  não  asseguram crédito de  IPI,  como decidido pelo STF no RE 398.365/RS,  julgado sob o rito da repercussão geral.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o relator, Cons. Leonardo Ogassawara  de  Araújo  Branco.  Designado  para  redigir  o  voto  vencedor  o  Cons.  Fenelon  Moscoso  de  Almeida (Designado, a posteriori, ad hoc, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, tendo em vista ter  o  Conselheiro  Fenelon  Moscoso  de  Almeida  deixado  o  colegiado  antes  de  concluir  o  voto  vencedor).  (assinado digitalmente)  Rosaldo Trevisan ­ Presidente e Redator Designado Ad hoc   (assinado digitalmente)     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 29 99 /2 00 8- 77 Fl. 846DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 847          2 Leonardo Ogassawara de Araújo Branco ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Rosaldo  Trevisan  (Presidente),  Fenelon  Moscoso  de  Almeida,  André  Henrique  Lemos,  Vinicius  Guimarães  (Suplente  convocado  em  substituição  ao  Conselheiro  Robson  José  Bayerl),  Tiago  Guerra  Machado, Renato Vieira de Avila  (Suplente convocado), Marcos Roberto da Silva  (Suplente  convocado em substituição à Conselheira Mara Cristina Sifuentes), e Leonardo Ogassawara de  Araújo Branco. Ausente o Conselheiro Robson José Bayerl e, justificadamente, a Conselheira  Mara Cristina Sifuentes.    Relatório  1.  Trata­se do auto de infração, situado às fls. 02 a 05, em razão da falta  de recolhimento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), referentes a fatos geradores  ocorridos em abril/2003, acrescidos de multa de ofício de 75% e juros.  2.  Segundo se depreende do termo de verificação fiscal, situado às fls.  08  a  18,  narra  a  autoridade  fiscal  que  a  autuada,  intimada  a  apresentar  documentos  que  fundamentaram a apropriação dos créditos escriturados na rubrica "Outros Créditos" no RAIPI,  apresentou  planilhas  discriminando  os  insumos  adquiridos  não  tributáveis  ou  tributados  à  alíquota zero, no período de janeiro a novembro/2003, no valor total de R$ 1.210.03 3,43 (fl.  29),  tendo  escriturado  tais  créditos,  sem,  contudo,  aproveitá­los  para  compensar  ou  abater  qualquer  tributo  federal,  nem  mesmo  o  IPI  e  que,  portanto,  não  teria  havido  qualquer  conseqüência a título de recolhimento dos tributos em referência. Procedeu a autoridade fiscal  à reconstituição da escrita fiscal da contribuinte e, da glosa dos créditos, constatou a apuração  de  saldo devedor nos períodos de  apuração  referentes  a  fevereiro, março  e  abril/2003,  tendo  sido exigidos, mediante lavratura do presente auto de infração, somente os valores relativos aos  3 decêndios de abril/2003 em razão de os débitos apurados nos demais períodos se encontrarem  devidamente  declarados  em DCTF  e  recolhidos,  sendo  intimada a  autuada,  ora  recorrente,  a  promover o estorno do crédito no montante de R$ 1.158,605,30 "(...) correspondente ao total  escriturado  indevidamente  a  título  de  Outros  Créditos,  no  montante  de  R$  1.210.033,43,  deduzido do total dos saldos devedores apurados após a reconstituição da escrita no montante  de R$ 51.428,13, mediante lançamento do Livro Registro de Apuração do IPI".  3.  A contribuinte, intimada em 19/08/2008, apresentou, em 18/09/2008,  a impugnação, situada às fls. 100 a 119, na qual argumentou, em síntese: (i) a decadência do  crédito  tributário  exigido,  tendo  em  vista  que  a  ciência  do  auto  de  infração,  deu­se  em  19/08/2008,  sendo que e o prazo de que dispõe a Fazenda para  lançar, nos casos de  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação,  caso  do  IPI,  é  de  cinco  anos  do  fato  gerador,  na  forma  do  §4°;  do  art.  150,  do CTN,  devendo,  portanto,  ser  declarados  legítimos  os  créditos  lançados no RAIPI, eximindo, portanto, o impugnante de promover o seu estorno (sic); (ii) que  as  intimações  sejam  realizadas  em  nome  dos  procuradores  da  impugnante,  sob  pena  de  nulidade.  Fl. 847DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 848          3 4.  Em  29/10/2010,  a  3ª  Turma  da  Delegacia  Regional  do  Brasil  de  Julgamento em Juiz de Fora (MG) proferiu o Acórdão DRJ nº 09­32.240, situado às fls. 135 a  154, de  relatoria da Auditora­Fiscal Ana Zulmira Chaves Souza, que  entendeu, por voto de  qualidade, ser a impugnação improcedente, em conformidade com a ementa abaixo transcrita:  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período  de  apuração:  01/04/2003  a  10/04/2003,  11/04/2003 a 20/04/2003, 21/04/2093 a 30/04/2003   I ­ LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IPI. LEGITIMIDADE EM  FACE DO ART. 173, I, DO CTN.  O  confronto  débito  e  crédito,  quando  resultar  imposto  devido  sem  o  respectivo  recolhimento,  não  se  caracteriza  como  pagamento  parcial,  porque  'faltá­lhe  a.  conjugação  de dois atos: confrontar débito e crédito e disponibilizar e  entregar  quantia  em  dinheiro  para  quitação  do  tributo  devido. Em virtude da falta de iniciativa do contribuinte de  antecipar  o  pagamento  do  tributo  devido,  aplica­se,  no  tocante à decadência,  o  prazo  estabelecido no art.  173,  I,  do CTN. Lançamento de ofício que se mantém.  II ­ CRÉDITO .TRIBUTÁRIO REFERENTE A MULTA DE  OFÍCIO  CAPITULADA  NO  ART.  80  DA  LEI  4.502/64.  LANÇAMENTO  DE  OFÍCIO:  DECADÊNCIA.  REGRA­ GERAL.  No tocante, à multa, de ofício, aplicada proporcionalmente  ao  imposto  devido,  essa  deve  seguir  as  mesmas  determinações  quanto  à  cobrança  do  tributo:  se  este  é  devido, também é devida a multa. Caso contrário, impedido  o  lançamento  do  imposto,  em,  face  da  decadência,  impedido  está  o  lançamento  da  multa  que  lhe  é  proporcional.  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período  de  apuração:  01/04/2003  a  10/04/2003,  11/04/2003 a 20/04/2003, 21/04/2003 a 30/04/2003   CRÉDITO DO IMPOSTO. AQUISIÇÕES DESONERADAS  (ISENTOS OU ALÍQUOTA ZERO).  Nos  termos  da  própria  Constituição  Federal  de  1988,  a  não­cumulatividade  é  exercida  pelo  aproveitamento  do  montante  cobrado  na  operação  anterior,  ou  seja,  do  imposto  incidente e pago sobre  insumos adquiridos, o que  não  ocorre  quando  tais  insumos  são  desonerados  do  tributo.  É  inadmissível,  por  total  ausência  de,  previsão  legal,  o aproveitamento  de créditos do  imposto  alusivos a  Fl. 848DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 849          4 insumos desonerados (isentos, não tributados ou sujeitos à  alíquota  zero),  uma  vez  que  inexiste montante do  imposto  cobrado na operação anterior.  Impugnação improcedente.  Crédito tributário mantido.    5.  A  contribuinte  foi  intimada  via  postal  em  30/11/2010,  em  conformidade com o aviso de recebimento situado à  fl. 158 e, em 29/12/2010, a contribuinte  enviou,  também por via postal, conforme comprovante situado à  fl. 182, recurso voluntário,  situado às fls. 159 a 179, no qual reiterou as razões de sua impugnação.    É o Relatório.    Voto Vencido  Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator    6.  O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de  admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento.  7.  Esta turma1 proferiu, em sessão de 25/07/2017, o Acórdão CARF nº  3401­003.872,  de  relatoria  do  Conselheiro  Augusto  Fiel  Jorge  D'Oliveira,  tendo  se  pronunciado,  por  unanimidade  de  votos,  quanto  à decadência,  em questão  símile  à presente,  pela aplicabilidade, à espécie, do preceptivo normativo do art. 124 do RIPI/2002, nos seguintes  termos:  O CTN estabelece como regra geral que o início da contagem do  prazo  é  o  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado,  segundo  dispõe  o  artigo  173,  inciso  I.  Porém,  no  que  se  refere  aos  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação,  prevalece  a  regra  especial  esculpida  no  artigo  150,  parágrafo  4º,  do  CTN,  nos  quais  o  prazo  para  a  contagem  da  decadência  tem  início  com  a  ocorrência do fato gerador.  A partir da leitura desses dispositivos, a jurisprudência firmada  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  ("STJ")  e  seguida  por  esse  Tribunal Administrativo é no sentido de que, nos tributos sujeitos                                                              1 Composição: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice­Presidente), Robson  José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de  Almeida, e Tiago Guerra Machado.  Fl. 849DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 850          5 ao  lançamento  por  homologação deve  ser  aplicado o  prazo  do  artigo 150, parágrafo 4º, do CTN, quando o contribuinte efetua  algum pagamento, e o prazo previsto no artigo 173, inciso I, do  CTN,  na  inexistência  de  pagamento  ou  na  hipótese  de  dolo,  fraude ou simulação.  Porém, nos casos que envolvem o IPI, merece ainda destaque o  artigo 124 do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), que  prevê:  "Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo,  no  lançamento  por  homologação,  aperfeiçoam­se  com  o  pagamento  do  imposto  ou  com  a  compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e  208 e efetuados antes de qualquer procedimento de  ofício  da  autoridade  administrativa  (Lei  nº  5.172,  de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts.  73  e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art.  49).  Parágrafo único. Considera­se pagamento:  I  o  recolhimento  do  saldo  devedor,  após  serem  deduzidos  os  créditos  admitidos  dos  débitos,  no  período de apuração do imposto; II o recolhimento  do  imposto  não  sujeito  a  apuração  por  períodos,  haja  ou  não  créditos  a  deduzir;  ou  III  a  dedução  dos  débitos,  no  período  de  apuração  do  imposto,  dos  créditos  admitidos,  sem  resultar  saldo  a  recolher".    8.  Tal  entendimento,  firmado por  este  colegiado,  é  consentâneo  com a  posição sedimentada pelo órgão de cúpula deste Conselho, em conformidade com o Acórdão  CSRF  nº  9303003.299,  proferido  em  sessão  de  24/03/2015,  de  cujo  voto  vencedor,  do  Conselheiro Júlio César Alves Ramos, extrai­se o seguinte excerto:  “(...) a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto,  dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher considera­ se  pagamento,  para  efeito  de  contagem  de  prazo  decadencial  para lançamento tributário".    9.  Ao se descer à espécie, de modo a se apreciar o material probatório, e  no  sentido  da  argumentação  do  voto  vencido  do  acórdão  de  primeiro  piso,  o  pagamento  do  tributo  de  forma  antecipada  de  fato  ocorreu,  ainda  que  tal  pagamento  tenha  sido  de  forma  parcial,  e  "(...)  nos  períodos  de  apuração  decendiais  considerados  no  lançamento  de  ofício  (decêndios  1  2  e  3,  de  04/2003),  a  fiscalização  efetuou  confrontos  escriturais  de  'créditos  legítimos'  originários  da  escrita  fiscal  do  sujeito  passivo  com  os  'débitos  apurados'  decorrentes do  IPI destacado nas  saídas do estabelecimento  industrial,  caracterizados como  pagamentos  antecipados  (parciais,  frise­se),  a  teor  do  inciso  III  do  parágrafo  único  do  art.  Fl. 850DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 851          6 124. do. RIPI/2002, combinado com o Parecer PGFN/CAT n° 1617, de 2008, pelo que se lhe  aplicam todas as explanações mencionadas retro":  "Sendo  assim,  para  os  decêndios  1­04/2003,  2­04/2003  e  3­ 04/2003  (em  relação  aos  quais  houve  apuração  de  saldo  devedor  do  IPI  após  o  confronto  créditos  x  débitos,  consideradas  as  glosas  efetuadas  pela  Fiscalização),  a  homologação  tácita  ocorreu  antes  de  a  contribuinte  ter  sido  cientificada  da  autuação,  em  19/08/2008  (fl.  91),  implicando  a  extinção em definitivo do crédito tributário respectivo".  10.  Constata­se, com base no aviso de recebimento situado à fl. 93, que a  contribuinte, ora recorrente, foi cientificada do auto de infração lavrado em 19/08/2003:      11.  Assim, no presente caso, com fundamento no artigo 150, parágrafo 4º,  do CTN, e artigo 124,  inciso  III, do Decreto nº 4.544/2002, considerando que a  contribuinte  tomou  ciência  do  lançamento  em  19/08/2008,  devem  ser  cancelados  todos  os  créditos  tributários cujo fato gerador tenha ocorrido antes de 19/08/2003, o que, de toda sorte, alcança  todo o período abrangido pelo auto de infração ora combalido.    12.  Com  base  nestes  fundamentos,  voto  por  conhecer  e,  no mérito,  dar  provimento integral ao recurso voluntário interposto.    Leonardo Ogassawara de Araújo Branco  Fl. 851DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 852          7 Voto Vencedor  Conselheiro Rosaldo Trevisan, Redator Designado Ad hoc,  Na Ata de julgamento, datada de 19/03/2018, restou designado para redigir o  voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Ocorre que o referido conselheiro  passou a não mais compor esta turma ordinária em abril de 2018, ensejando minha designação  ad hoc para a  tarefa, na  forma prevista no art. 17,  III do Anexo  II do Regimento  Interno do  CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF no 343/2015.  Externo, em função disso, no presente voto, as  razões de todo o restante do  colegiado  divergir  do  relator,  entendendo­se  majoritariamente  que  não  há  que  se  falar  em  decadência,  no  presente  processo,  e  que os  precedentes  colacionados  no  voto  do  relator  não  apresentam vínculo direto com a situação evidenciada nestes autos.  A autuação (recorde­se, no valor original de R$ 8.005,59, ao qual devem ser  acrescidos a multa de ofício de 75% e os juros de mora), decorre de reconstituição na escrita  fiscal,  apurando­se  saldo devedor,  tema que não  se confunde com considerar  com efeitos  de  pagamento  eventuais  compensações  de  créditos  de  IPI  (situação  presente  nos  precedentes  colacionados pelo relator).  Ou seja, o entendimento exposto no Acórdão no 3401­003.872 não é oposto  ao que aqui se está a afirmar. Sublinhe­se que tal conclusão resta clara da própria ementa do  julgado:  DECADÊNCIA.  PRAZO.  COMPENSAÇÃO  DE  CRÉDITOS  E  DÉBITOS  DE  IPI  NA  ESCRITA  FISCAL.  EQUIVALE  A  PAGAMENTO. ARTIGOS 150, PARÁGRAFO 4º E ARTIGO 173,  INCISO I, DO CTN. ARTIGO 124,  INCISO III, DO DECRETO  Nº 4.544/2002 (RIPI/2002).  Nos  tributos sujeitos ao lançamento por homologação, deve ser  aplicado o prazo do artigo 150, parágrafo 4º, do CTN, quando o  contribuinte  efetua  algum  pagamento,  e  o  prazo  previsto  no  artigo 173, inciso I, do CTN, na inexistência de pagamento ou na  hipótese de dolo, fraude ou simulação.  Para  fins  de  IPI,  ganha  destaque  o  artigo  124,  inciso  III,  do  RIPI/2002,  pelo  qual  considera­se  pagamento  a  dedução  dos  débitos,  no  período  de  apuração  do  imposto,  dos  créditos  admitidos,  sem  resultar  saldo  a  recolher,  hipótese  que  atrai  a  aplicação  do  prazo  decadencial  previsto  no  artigo  150,  parágrafo 4º, do CTN.  Não é o caso que se está a analisar nestes autos, com saldo a recolher.  Da  mesma  forma  o  Acórdão  no  9303­003.299,  da  Câmara  Superior  de  Recursos Fiscais, por maioria, vencidos quatro conselheiros:  DECADÊNCIA  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  OPOSIÇÃO  DOS  CRÉDITOS  AOS  DÉBITOS  APURADOS.  Fl. 852DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 853          8 EQUIPARAÇÃO  A  PAGAMENTO  ANTECIPADO.  Nos  termos  do  art.  124,  III  do Decreto  4.544/2002, a  dedução  dos  débitos,  no  período  de  apuração  do  imposto,  dos  créditos  admitidos,  sem  resultar  saldo  a  recolher  considera­se  pagamento, para efeito de contagem de prazo decadencial para  lançamento tributário.  Assim,  não  se  está  a  discutir  eventual  divergência  jurisprudencial,  mas  simples diferença entre os  fatos de que  trata o presente processo e aqueles que nortearam os  precedentes citados.  Para a situação fática narrada nos autos, há precedentes específicos, inclusive  unânimes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais:  DECADÊNCIA  PARA  CONSTITUIÇÃO  DO  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO  PELA  FAZENDA  NACIONAL.  IPI.  COMPENSAÇÃO. TERMO INICIAL.  Nos termos do art. 62­A do RICARF, aprovado pela Portaria MF  nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no  art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de  09  de  junho  de  2015,  no  que  tange  à  contagem  do  prazo  decadencial  de  tributos  e  contribuições  deve  ser  observado  o  posicionamento  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  firmado  no  julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos  recursos repetitivos.  Tratando­se  de  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação, é considerado como pagamento prévio do débito,  mediante  o  encontro  de  contas  entre  créditos  e  débitos  do  IPI,  nos  termos  dos  artigos  111  do  RIPI/98  (Decreto  nº  2.637,  de  25/06/98) e 124 do RIPI/2002 (Decreto nº 4.544, de 26/12/2002),  vigentes  à  época  dos  fatos  geradores  em análise,  e de  idêntica  redação, e correspondentes ao art. 183 do RIPI/2010 (Decreto nº  7.212/2010), atualmente em vigor, desde que não reste  saldo a  recolher.  Na  hipótese  dos  autos,  por  terem  sido  considerados  como  indevidos  os  créditos  compensados  pela  filial,  que  lhe  foram  transferidos pela matriz, não se pode considerar o encontro de  contas  como  pagamento,  pois  restou  saldo  a  recolher.  A  contagem  do  prazo  de  decadência  de  05  (cinco)  anos  para  constituição  do  crédito  tributário  pela  Fazenda  Nacional,  por  consequência,  tem  como  termo  inicial  o  primeiro  dia  do  exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido  efetuado,  consoante  o  disposto  no  art.  173,  inciso  I  do Código  Tributário Nacional. (Acórdão 9303­005.600, de 17/08/2017)  Eis um caso que efetivamente é similar ao narrado no presente processo, que,  diga­se, invoca créditos indevidos, deixando saldo a recolher.  E,  sendo  os  créditos  indevidos,  restando  saldo  a  recolher,  cabível  o  lançamento,  não  havendo  que  se  falar  em  decadência,  ou  na  aplicação  do  art.  124  do  Fl. 853DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 854          9 RIPI/2002.  Nesse  sentido,  inclusive,  precedente  unânime  da  Segunda  Turma  desta  Quarta  Câmara:  “DECADÊNCIA DO DIREITO DO  FISCO.  IPI.  PRESUNÇÃO  DE  PAGAMENTO ANTECIPADO.  A  presunção  de  pagamento  antecipado  prevista  no  art.  124,  parágrafo  único,  III,  do  RIPI/2002, somente opera em relação a créditos admitidos pelo  regulamento.  Sendo  ilegítimos  os  créditos,  e  por  tal  glosados,  resultando em saldos devedores, pelo refazimento da escrita do  IPI,  que  não  foram  objeto  de  pagamento  antes  do  exame  efetuado pela autoridade administrativa, o prazo de decadência  tem seu  termo a quo aquele do art. 173,  I, do CTN.”  (Acórdão  3402­003.133)  Assim, diverge­se do relator no que se refere à ocorrência de decadência, no  caso  concreto,  confirmando  o  entendimento  que  prevaleceu  na  decisão  e  piso,  e  que,  como  exposto, prevalece também neste CARF.  Quanto ao mérito, não teve dúvidas o colegiado, pois o que foi escriturado no  Livro de Registro de Apuração do IPI a título de “outros créditos” (e ensejou a reconstituição  da escrita) se tratava de aquisições de insumos não tributados e sujeitos à alíquota zero. Aliás,  em janeiro de 2018 o mesmo colegiado unanimemente acordou:  IPI.  NÃO  CUMULATIVIDADE.  AQUISIÇÃO  DE  MATÉRIA­ PRIMA,  PRODUTO  INTERMEDIÁRIO  E  MATERIAIS  DE  EMBALAGEM ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU SUJEITOS À  ALÍQUOTA ZERO. DIREITO DE CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. A  sistemática  de  apuração  não  cumulativa  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  ­  IPI,  ressalvada  a  previsão  em  lei,  tem  como  pressuposto  a  exigência  do  tributo  na  etapa  imediatamente anterior, para abatimento com o valor devido na  operação seguinte, não bastando a mera incidência jurídica, de  forma  tal  que  as  aquisições  de  matérias­primas,  produtos  intermediários e materiais de embalagem desonerados (isenção,  não  tributação  e  alíquota  zero)  não  asseguram  crédito  de  IPI,  como decidido pelo STF no RE 398.365/RS, julgado sob o rito da  repercussão  geral.  (Acórdão  no  3401­004.302)  (mesma  conclusão unânime  já havia  sido externada,  v.g.,  nos Acórdãos  no 3401­003.848 e 849, em julho de 2017).  E  não  poderia  o  colegiado  acordar  de  forma  diferente,  tendo  em  vista  ser  regimentalmente vinculante,  para o  tribunal  administrativo, o posicionamento  externado pelo  STF em repercussão geral:  “Recurso  extraordinário.  Repercussão  geral.  2.  Tributário.  Aquisição  de  insumos  isentos,  não  tributados  ou  sujeitos  à  alíquota  zero.  3.  Creditamento  de  IPI.  Impossibilidade.  4.  Os  princípios da não cumulatividade e da seletividade, previstos no  art.  153,  §  3º,  I  e  II,  da  Constituição  Federal,  não  asseguram  direito  de  crédito  presumido  de  IPI  para  o  contribuinte  adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero.  Precedentes.  5.  Recurso  não  provido.  Reafirmação  de  jurisprudência.”  (RE  398365  RG,  Relator(a):  Min.  GILMAR  MENDES,  julgado  em  27/08/2015,  PROCESSO  ELETRÔNICO  Fl. 854DF CARF MF Processo nº 10660.002999/2008­77  Acórdão n.º 3401­004.408  S3­C4T1  Fl. 855          10 REPERCUSSÃO  GERAL  ­  MÉRITO  DJe­188  DIVULG  21­09­ 2015 PUBLIC 22­09­2015) (grifo nosso)  E, no que se refere à demanda para que intimações sejam efetuadas em nome  dos advogados da empresa, cabe destacar que o Decreto no 70.235/1972, norma acolhida como  de estatura legal, que regula o processo administrativo de determinação e exigência de crédito  tributário, traz expressa determinação sobre o endereçamento de intimações (em seu artigo 23),  e não pode ser afastada em função da Súmula CARF no 2: “O CARF não é competente para se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”.  Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado.  Rosaldo Trevisan                  Fl. 855DF CARF MF

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Numero do processo: 10950.901262/2008-73
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 PER/DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. No procedimento de valoração/imputação dos débitos compensados, em face do direito creditório reconhecido, a data de valoração a ser considerada é a data da transmissão do PER/DCOMP, sendo esta posterior às datas de vencimento dos débitos a compensar. PER/DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. DÉBITOS VENCIDOS. COMPENSAÇÃO ACIMA DO LIMITE DO DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO. No procedimento de valoração/imputação dos débitos compensados, em face do direito creditório reconhecido, a data de valoração a ser considerada é a data da transmissão do PER/DCOMP, sendo esta posterior às datas de vencimento dos débitos a compensar; sendo o caso de débitos vencidos, são computados os acréscimos legais no cálculo do valor utilizado do crédito; no final do confronto, a parcela restante, sem cobertura do direito creditório, é reputada como compensação indevida, sujeita a cobrança. DÉBITOS. INADIMPLEMENTO. ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS. Ausente a quitação de débitos no prazo de vencimento, incidem a multa de mora e os juros de mora. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Tem previsão legal a aplicação da taxa Selic na hipótese de inadimplemento. PER/DCOMP. INEXATIDÃO MATERIAL. RETIFICAÇÃO. Somente na hipótese de inexatidão material no preenchimento de PER/DCOMP, se comprovada, é admitida a retificação da declaração desde que esta se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. Considera-se pendente de decisão administrativa a declaração de compensação em relação à qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do respectivo despacho decisório. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A apresentação de recurso voluntário contra decisão a quo que manteve a não-homologação de compensação implica a suspensão da exigibilidade do débito decorrente, nos termos do CTN, art. 151, III. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESPACHO DECISÓRIO SEM MOTIVAÇÃO. Inexiste nulidade por cerceamento do direito de defesa se os quadros demonstrativos, com notas explicativas, vinculados ao ato decisório e disponíveis para consulta no sistema de processamento de dados da RFB derem azo à adequada análise da apuração do saldo credor ressarcível e dos débitos.
Numero da decisão: 3001-000.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI

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3001­000.340  –  Turma Extraordinária / 1ª Turma   Sessão de  16 de maio de 2018  Matéria  DCOMP ­ ELETRÔNICO ­ RESSARCIMENTO DE IPI  Recorrente  CRIVIALLI INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA  LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003  PER/DCOMP.  DESPACHO  DECISÓRIO  ELETRÔNICO.  COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS.  No procedimento de valoração/imputação dos débitos compensados, em face  do direito creditório  reconhecido, a data de valoração a  ser considerada  é a  data  da  transmissão  do  PER/DCOMP,  sendo  esta  posterior  às  datas  de  vencimento dos débitos a compensar.  PER/DCOMP.  DESPACHO  DECISÓRIO  ELETRÔNICO.  DÉBITOS  VENCIDOS.  COMPENSAÇÃO  ACIMA  DO  LIMITE  DO  DIREITO  CREDITÓRIO RECONHECIDO.  No procedimento de valoração/imputação dos débitos compensados, em face  do direito creditório  reconhecido, a data de valoração a  ser considerada  é a  data  da  transmissão  do  PER/DCOMP,  sendo  esta  posterior  às  datas  de  vencimento dos débitos a compensar; sendo o caso de débitos vencidos, são  computados os acréscimos legais no cálculo do valor utilizado do crédito; no  final do confronto, a parcela  restante,  sem cobertura do direito creditório, é  reputada como compensação indevida, sujeita a cobrança.  DÉBITOS. INADIMPLEMENTO. ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS.  Ausente a quitação de débitos no prazo de vencimento,  incidem a multa de  mora e os juros de mora.  JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE.  Tem previsão legal a aplicação da taxa Selic na hipótese de inadimplemento.  PER/DCOMP. INEXATIDÃO MATERIAL. RETIFICAÇÃO.  Somente  na  hipótese  de  inexatidão  material  no  preenchimento  de  PER/DCOMP, se comprovada, é admitida a  retificação da declaração desde     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 90 12 62 /2 00 8- 73 Fl. 192DF CARF MF     2 que esta  se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do  documento  retificador.  Considera­se  pendente  de  decisão  administrativa  a  declaração de compensação em relação à qual ainda não tenha sido intimado  o sujeito passivo do respectivo despacho decisório.  COMPENSAÇÃO  NÃO  HOMOLOGADA.  RECURSO  VOLUNTÁRIO.  SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE.  A  apresentação  de  recurso  voluntário  contra  decisão  a  quo  que manteve  a  não­homologação  de  compensação  implica  a  suspensão  da  exigibilidade  do  débito decorrente, nos termos do CTN, art. 151, III.  NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESPACHO  DECISÓRIO SEM MOTIVAÇÃO.  Inexiste  nulidade  por  cerceamento  do  direito  de  defesa  se  os  quadros  demonstrativos,  com  notas  explicativas,  vinculados  ao  ato  decisório  e  disponíveis  para  consulta  no  sistema  de  processamento  de  dados  da  RFB  derem azo à adequada análise da apuração do saldo credor ressarcível e dos  débitos.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a  preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.    (assinado digitalmente)  Orlando Rutigliani Berri ­ Presidente e Relator  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Orlando  Rutigliani  Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.  Relatório  Cuida­se de recurso voluntário (efls. 157 a 183) interposto contra o Acórdão  14­38.491,  da  2ª  Turma Delegacia  da Receita  Federal  do Brasil  de  Julgamento  em Ribeirão  Preto/SP ­DRJ/RPO­ que, na sessão de julgamento realizada em 29.08.2012 (efls. 144 a 152),  julgou improcedente a manifestação de inconformidade.  Dos fatos  Por  sua  clareza  e  síntese,  adoto  o  relatório  da  decisão  recorrida,  que  transcrevo em seguida:  Relatório  Em 18/07/2008, foi emitido Despacho Decisório eletrônico de fl.  81  que,  do  montante  do  crédito  solicitado/utilizado  de  R$  22.936,37  referente  ao  1º  trimestre­calendário  de  2003,  reconheceu  integralmente  o  pleito  informado  no  PER/DCOMP  nº  30862.91032.131103.1.1.01­5534.  Todavia,  homologou  parcialmente  a  compensação  declarada  no  PER/DCOMP  nº  15703.73986.210806.1.7.01­5406.  Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 192          3 Detalhamentos da análise do crédito e da compensação e saldo  devedor às fls. 82/86.  A  requerente,  inconformada  com  a  decisão  administrativa,  apresentou,  em  29/08/2008,  após  ciência  em  31/07/2008  conforme  “histórico  da(s)  comunicação(ões)”  de  fl.  87,  a  manifestação  de  inconformidade  de  fls.  88/111  subscrita  pelos  patronos,  em  que,  em  síntese,  reclama  que,  preliminarmente,  houve  cerceamento  do  direito  de  defesa  por  ausência  de  motivação de fato e de direito do despacho decisório (não há a  discriminação  dos  dispositivos  legais  infringidos)  que  é,  portanto,  nulo  de  pleno  direito,  conforme  doutrina  e  jurisprudência;  não  há,  ademais,  demonstrativo  do  débito  lançado; no mérito, há a  suspensão da exigibilidade do crédito  tributário  por  conta  da  apresentação  da  manifestação  de  inconformidade; há erro material que deve ser retificado (CTN,  art.  147,  §  2º):  “Ao  invés  de  se  realizar  uma  declaração  de  compensação para  cada  crédito  utilizado,  foi  feito  apenas  uma  declaração  de  compensação,  juntando­se  todos  os  créditos  e  compensado somente de uma vez. Neste caso, nos campos acima  descritos,  ao  invés  de  seguir  a  regra,  foi  lançado  no  primeiro  campo o número do primeiro pedido de ressarcimento criado em  13/11/2003, ou seja, o número 30862.91032.131103.1.1.01­5534  e  no  segundo  campo  foi  informado  o  último  pedido  de  ressarcimento  também  realizado  no  dia,  sendo  este  de  número  18118.27719.121203.1.1.01­0830,  contrariando  o  entendimento  da  Receita  Federal  do  Brasil.  Neste  sentido,  o  Auditor  ao  analisar  as  declarações  de  compensação  entendeu  que  a  informação  do  primeiro  campo  estava  correta  (tanto  que  homologou o crédito), mas a segunda coluna (informação) não  estava  correta,  não  aceitando  a  compensação  de  todo  o  valor,  mas somente até o valor total do crédito informado, ou seja, R$­ 22.936,37”(destaque  do  original).  A  incidência  da  taxa  Selic  é  ilegal  e  inconstitucional,  conforme  precedentes  do  STJ;  a  imposição  da  multa  de  ofício  caracteriza  confisco.  Por  fim,  requer  que  seja  recebida  e  processada  a  manifestação  de  inconformidade,  julgado  insubsistente  o  processo  em  pauta  e  declarado  nulo;  corrigidos  de  ofício  os  erros  materiais  e  homologadas  as  declarações  de  compensação,  ou  então,  que  sejam  baixados  em  diligência  os  autos  para  a  retificação  dos  erros  materiais;  caso  não  seja  acatada  a  nulidade,  que  haja  apenas  a  incidência  da  atualização monetária,  com a  exclusão  de  penalidades;  além  disso,  que  seja  considerada  suspensa  a  exigibilidade do crédito tributário.  Do recurso voluntário  Irresignado  com  a  decisão  recorrida,  o  contribuinte  interpôs  Recurso  Voluntário  para  repisar  integralmente  os  argumentos  da  Manifestação  de  Inconformidade,  porquanto não apresentou qualquer nova razão de defesa perante esta segunda instância.  É o relatório.  Fl. 194DF CARF MF     4 Voto             Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator  Da admissibilidade  O  sujeito  passivo  foi  cientificado  do  acórdão  vergastado  em  10.10.2012,  ocasião  em  que  recebeu  a  Intimação  nº  693/2012,  é  o  que  depreende­se  do  "Aviso  de  Recebimento ­ AR" (efls. 154/155).  Em 05.11.2012 protocola, na ARF/Umuarama­PR, o Recurso Voluntário, é o  que depreende­se do carimbo aposto na "Folha de Rosto" da referida petição recursal (efl. 157).  Na hipótese  dos  autos,  em  face  da  legislação  processual  aplicável  (Decreto  70.235 de 1972) e do que dispõe o Ricarf, o presente recurso voluntário é tempestivo e reúne  os  demais  requisitos  de  admissibilidade  previstos  na  legislação;  de  modo  que  dele  tomo  conhecimento.  Do despacho decisório e seus anexos  O  Despacho  Decisório,  Nº  de  Rastreamento  775510942,  emitido  em  18.07.2008, está assim fundamentado:  3­FUNDAMENTAÇÃO,  DECISÃO  E  ENQUADRAMENTO  LEGAL  Analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP e período  de apuração acima Identificados, constatou­se o seguinte:  ­ Valor do crédito solicitado/utilizado: R$ 22.936,37  ­ Valor do crédito reconhecido: R$ 22.936,37  0  valor  do  crédito  solicitado/utilizado  foi  Integralmente  reconhecido.  O  crédito  reconhecido  foi  insuficiente  para  compensar  integralmente os débitos Informados pelo sujeito passivo, razão  pela qual:  HOMOLOGO  PARCIALMENTE  a  compensação  declarada  no  PER/DCOMP 15703.73986.210806.1.7.01­5406  Não há valor a  ser  restituído/ressarcido para o(s) pedido(s) de  restituição/ressarcimento apresentado(s) no(s) PER/DCOMP:  30862.91032.131103.1.1.01­5534  Valor  devedor  consolidado,  correspondente  aos  débitos  indevidamente compensados, para pagamento até 31/07/2008.  PRINCIPAL    MULTA   JUROS  16.303,15    3.260,63  10.497,59  Para  informações  complementares  da  análise  de  crédito,  detalhamento  da  compensação  efetuada,  verificação  de  valores  Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 193          5 devedores  e  emissão  de  DARF,  consultar  o  endereço  www.receita.fazenda.gov.br  ,  na  opção  Serviços  ou  através  de  certificação digital na opção e­CAC, assunto PER/DCOMP  Despacho Decisório.  Enquadramento  Legal:  Art.  11  da  Lei  nº  9.779/99;  art.  164,  inciso I, do Decreto nº 4.544/2002 (RIPI). Art. 74 da Lei 9.430,  de 27 de dezembro de 1996.  O despacho decisório recorrido e seus anexos explicitam que o  valor do remanescente do saldo credor referenciado ao trimestre  especificado  no  Per/Dcomp,  efetivamente  disponível  para  ressarcimento  ou  compensação  é  em  valor  inferior  ao  pretendido, identificando ambos os valores.  Didaticamente,  os  anexos  ao  despacho  decisório  se  formam  a  partir  de  um  extrato  do  “Sistema  de  Controle  de  Créditos  (SCC)  PER/DCOMP  Despacho  Decisório  ­  Análise de Crédito”, o qual foi desdobrado nos seguintes quatro (04) demonstrativos:  (1º) Demonstrativo de Créditos e Débitos (Ressarcimento de IPI), no qual  para  o  trimestre­calendário  de  referência,  explicitam­se  valores  iniciais  dos  créditos  ressarcíveis  e  dos  créditos  ressarcíveis  ajustados  [colunas  (b)  e  (e)],  para  em  seguida  serem  indicados os débitos do IPI escriturados no RAIPI que foram compensados no conta­corrente  do  IPI,  ao  longo  do  próprio  trimestre  especificado,  obtendo­se  os  débitos  do  IPI  ajustados  [colunas “(j)” e “(m)].  (2º)  Demonstrativo  de  Apuração  do  Saldo  Credor  Ressarcível,  neste  realiza­se  a  compensação  mensal,  dentro  do  trimestre  referenciado,  dos  créditos  de  IPI  ajustados com os débitos de IPI ajustados (colunas “f” e “g”) e se chega finalmente ao valor  inicial  do  saldo  credor  do  IPI  ressarcível,  referente  ao  trimestre  referido  no  PER/DCOMP  (coluna “i”).  (3º) Demonstrativo de Apuração após o período do ressarcimento, nesse  demonstrativo anexo ao despacho decisório, parte­se do saldo credor total do IPI apurado com  relação  ao  trimestre­calendário  referenciado  no  PER/DCOMP  (coluna  “b”,  linha  1),  que  no  contexto desse quadro demonstrativo representa o SC no final do mês anterior ao do primeiro  mês  indicado na primeira  linha da coluna  (a);  explicita­se o efetivo aproveitamento do saldo  credor  trimestral  do  IPI  referenciado  no  PER/DCOMP  em  tela,  para  compensar  débitos  tributários em períodos mensais subseqüentes ao trimestre de referência e anteriores à data de  transmissão  do  PER/DCOMP.  Nesse  demonstrativo  está  coberto  o  período  desde  o  mês  seguinte ao da apuração do saldo credor trimestral indicado no PER/DCOMP, até o último mês  do trimestre anterior ao mês da transmissão eletrônica do PER/DCOMP em tela.  Conforme  detalhado  nos  anexos  ao  despacho  decisório,  nas  observações  constantes  abaixo  do  terceiro  demonstrativo,  depois  de  todas  as  compensações  nos  outros  diversos PER/DCOMP identificados na coluna (h), o sistema eletrônico de controle do crédito  (SCC),  para  o  período  abrangido  nesse  demonstrativo,  indica mês  a mês  o  saldo  credor  do  trimestre em tela ainda disponível para ressarcimento/compensação, e o chama de “O MENOR  SALDO  CREDOR  APURADO”,  isto  é,  o  “Menor  SC”  apurado  desde  o  último  mês  do  trimestre de referência no PER/DCOMP em foco até o último mês do trimestre imediatamente  anterior ao da transmissão do PER/DCOMP em foco.  Fl. 196DF CARF MF     6 Reitera­se,  na  coluna  (h)  estão  indicados  os  números  dos  demais  PER/DCOMP apresentados pelo interessado, de onde foram obtidas informações consideradas  nesse demonstrativo.  (4º) Demonstrativo do Crédito Reconhecido para cada PER/DCOMP, na  data da compensação ora pretendida, o valor do saldo credor ressarcível (ainda disponível para  compensação) já era inferior ao solicitado no PER/DCOMP em tela. Tal insuficiência do valor  do saldo credor passível de ressarcimento/compensação, vinculado ao trimestre­calendário em  tela, levou à homologação apenas parcial da compensação declarada.  Portanto, encontra­se especificado, no despacho decisório, o saldo devedor de  tributos  que  remanesceu  em  aberto,  em  face  da  insuficiência  do  crédito  disponível  para  a  compensação.  Da adoção da decisão recorrida  Dispõe a Portaria MF 343 de 09.06.2015, que aprovou o Ricarf vigente:  (...)  Art.  57.  Em  cada  sessão  de  julgamento  será  observada  a  seguinte ordem:  I ­ verificação do quórum regimental;  II ­ deliberação sobre matéria de expediente; e  III  ­  relatório,  debate  e  votação  dos  recursos  constantes  da  pauta.  §  1º  A  ementa,  relatório  e  voto  deverão  ser  disponibilizados  exclusivamente  aos  conselheiros  do  colegiado,  previamente  ao  início  de  cada  sessão  de  julgamento  correspondente,  em  meio  eletrônico.  §  2º  Os  processos  para  os  quais  o  relator  não  apresentar,  no  prazo  e  forma  estabelecidos  no  §  1º,  a  ementa,  o  relatório  e  o  voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar  o fato em ata.  § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da  decisão  de  primeira  instância,  se  o  relator  registrar  que  as  partes  não  apresentaram  novas  razões  de  defesa  perante  a  segunda  instância  e  propuser  a  confirmação  e  adoção  da  decisão recorrida.  (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de  2017) (grifei)  (...)  Verificado  que  o  recorrente  não  apresentou  novas  razões  de defesa  perante  este  Carf,  ao  amparo  do  permissivo  regimental  acima  reproduzido,  valho­me  das  razões  de  decidir contidas no acórdão recorrido, para rebater os questionamentos reapresentados na peça  recursal, cujo voto condutor reproduzo abaixo:  Voto  PRELIMINARES  Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 194          7 (...)  Nulidade por Falta de Motivação  Não é plausível a arguição de nulidade do Despacho Decisório  em  virtude  de  ausência  de  motivação  de  fato  e  de  direito,  especificamente os dispositivos legais infringidos.  A despeito de que haja no ato decisório fustigado a informação  de que “o valor do crédito solicitado/utilizado foi integralmente  reconhecido”, o entendimento completo da decisão se dá com a  consulta  dos  demonstrativos  de  análise  de  crédito  e  das  compensações  e  cálculo  do  saldo  devedor  e  das  respectivas  notas  explicativas  (observações)  disponíveis  no  Sistema  de  Controle  de Créditos  e  Compensações  (SCC)  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  (reproduções  das  planilhas  às  fls.  82/86).  No  Despacho  Decisório  há  a  seguinte  informação  que  não  poderia ser ignorada pela requerente:  “Para informações complementares da analise de credito,  identificação  dos  PER/DCOMP  objeto  da  análise,  detalhamento  da  compensação  efetuada,  verificação  de  valores  devedores  e  emissão  de  DARF,  consultar  o  endereço  www.receita.fazenda.gov.br,  na  opção  Serviços  ou  através  de  certificação  digital  na  opção  e­CAC,  assunto PER/DCOMP Despacho Decisório”.  O  enquadramento  legal  do  ato  decisório  está  situado  após  a  predita informação.  Não  há,  pois,  nulidade  a  ser  declarada  por  cerceamento  do  direito de defesa.  MÉRITO  Suspensão da Exigibilidade  No  tocante  à  suspensão  da  exigibilidade  do  débito  apurado  a  requerente tem razão, pois na Instrução Normativa RFB nº 900,  de  30  de  dezembro  de  2008,  que  nessa  parte  (art.  66,  §  5º)  reproduz exatamente o que já constava da Instrução Normativa  SRF  nº  600,  de  28  de  dezembro  de  2005:  a  manifestação  de  inconformidade  contra  não­homologação  de  compensação  enquadra­se no que dispõe o CTN, art. 151, III.  Outrora, na Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro  de 2004, havia a restrição dada pelo art. 48, § 3º, II, a saber:  “§  3º  A  manifestação  de  inconformidade  contra  a  não­ homologação  da  compensação,  bem  como  o  recurso  contra a decisão que julgou improcedente a manifestação  de inconformidade:  Fl. 198DF CARF MF     8 I ­ enquadram­se no disposto no inciso III do art. 151 do  Código  Tributário  Nacional  relativamente  ao  débito  objeto da compensação; e  II ­ não suspendem a exigibilidade do débito que exceder  ao total do crédito informado pelo sujeito passivo em sua  Declaração de Compensação, hipótese em que a parcela  do  débito  que  exceder  ao  crédito  será  imediatamente  encaminhada à PGFN para inscrição em Dívida Ativa da  União”. (g.m.)  A  referida  restrição  não  foi  preservada  nos  atos  normativos  posteriores.  Retificação de PER/DCOMP  A requerente sustenta que houve erro material no preenchimento  do PER/DCOMP.  Todavia,  impende  asseverar  que,  com  o  objetivo  de  dar  segurança  jurídica  a  qualquer  processo  de  compensação  ou  restituição,  as  normas  quanto  à  retificação  de  PER/DCOMPs  foram  dispostas  nos  artigos  56,  57,  58  e  73  da  Instrução  Normativa SRF nº 460, de 2004  (reiteradas nos artigos 57, 58,  59  e  73  da  Instrução  Normativa  SRF  nº  600,  de  2005,  e  nos  artigos 77, 78, 79 e 95 da Instrução Normativa RFB nº 900, de  2008):  “Art.  56.  O  Pedido  de  Restituição,  o  Pedido  de  Ressarcimento  e  a Declaração de Compensação  somente  poderão  ser  retificados  pelo  sujeito  passivo  caso  se  encontrem pendentes de decisão administrativa à data do  envio  do  documento  retificador  e,  no  que  se  refere  à  Declaração  de  Compensação,  que  seja  observado  o  disposto nos arts. 57 e 58.  Art.  57.  A  retificação  da  Declaração  de  Compensação  gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada  mediante  utilização  de  formulário  (papel)  somente  será  admitida na hipótese de  inexatidões materiais verificadas  no  preenchimento  do  referido  documento  e,  ainda,  da  inocorrência da hipótese prevista no art. 58.  Art.  58.  A  retificação  da  Declaração  de  Compensação  gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada  mediante  utilização  de  formulário  (papel)  não  será  admitida quanto tiver por objeto a inclusão de novo débito  ou o aumento do valor do débito compensado mediante a  apresentação da Declaração de Compensação à SRF.  Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o sujeito  passivo  que  desejar  compensar  o  novo  débito  ou  a  diferença  de  débito  deverá  apresentar  à  SRF  nova  Declaração de Compensação.  Art. 73. Considera­se pendente de decisão administrativa,  para fins do disposto nos arts. 56, 61 e 64, a Declaração  de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de  Ressarcimento  em  relação  ao  qual  ainda  não  tenha  sido  Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 195          9 intimado  o  sujeito  passivo  do  despacho  decisório  proferido  pelo  titular  da DRF,  Derat,  Deinf,  IRF­Classe  Especial  ou  ALF  competente  para  decidir  sobre  a  compensação, a restituição ou o ressarcimento”.(g.m.)  Ainda que se trate de erro material cometido pela interessada, é  inexeqüível a retificação de PER/DCOMP em relação ao qual a  interessada tenha sido já intimada de decisão prolatada.  Não  é  competência  desta  instância  de  julgamento  efetuar  retificação de PER/DCOMP. Não há necessidade de realização  de  diligência  em  virtude  da  impossibilidade  de  retificação  do  PER/DCOMP.  Compensação de Débitos Vencidos, Multa e Juros de Mora  Obviamente,  assumidas  como  verdadeiras  as  informações  contidas no PER/DCOMP, houve compensação acima do  limite  do direito creditório reconhecido, tendo sido encetado o cálculo  dos  valores  cobrados  (imposto,  multa  e  juros)  mediante  imputação  de  valores,  tendo  em  conta  a  existência  de  compensação com débitos vencidos.  Não  houve,  absolutamente,  a  inflição  de  multa  de  ofício,  pois  não se trata de lançamento tributário, mas de cobrança. Houve a  aplicação de multa de mora.  Não  há  que  se  falar  em  efeito  de  confisco,  vedação  constitucional  dirigida  à  projeção  legiferante  do  Poder  Constituído.  A Instrução Normativa SRF nº 210, de 30 de setembro de 2002,  que  disciplinava  a  matéria  à  época  da  protocolização  do  PER/DCOMP, assim determinava:  “Art.  28. Na compensação efetuada pelo  sujeito passivo,  os  créditos  serão  acrescidos  de  juros  compensatórios  na  forma  prevista  nos  arts.  38  e  39  e os  débitos  sofrerão  a  incidência  de  acréscimos  moratórios,  na  forma  da  legislação  de  regência,  até  a  data  da  entrega  da  Declaração  de  Compensação”.  (Redação  dada  pela  IN  SRF nº 323, de 24/04/2003) (g.m.)  Veio  então  a  Instrução  Normativa  SRF  nº  460,  de  2004,  a  discorrer sobre a matéria, sem mudanças no tópico de interesse,  com vigência à época da prolação do Despacho Decisório:  “Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo,  os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51  e  52  e  os  débitos  sofrerão  a  incidência  de  acréscimos  legais, na forma da legislação de regência, até a data da  entrega da Declaração de Compensação.  §  1º  A  compensação  total  ou  parcial  de  tributo  ou  contribuição  administrados  pela  SRF  será  acompanhada  da  compensação,  na  mesma  proporção,  dos  correspondentes acréscimos legais.  Fl. 200DF CARF MF     10 § 2º O disposto no caput e no parágrafo único do art. 6º  da  Lei  nº  8.218,  de  29  de  agosto  de  1991,  aplica­se  à  compensação da multa de lançamento de ofício efetuada,  respectivamente, no prazo legal de impugnação e no prazo  legal para a apresentação de recurso voluntário, salvo nos  casos excepcionados pela Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de  1995, e por outros diplomas legais”.(g.m.)  A transcrição acima espanca qualquer dúvida remanescente.  É  hígido,  porquanto,  o  cômputo  de  multa  e  juros  de  mora  na  consolidação das compensações em virtude do lapso temporal e  sobre isso deve ser compulsada a legislação abaixo reproduzida.  Inicialmente,  cabe  lembrar o  teor da  Instrução Normativa SRF  nº 21, de 10 de março de 1997, art. 12, § 5º, in verbis:  “Art.  12.  Os  créditos  de  que  tratam  os  arts.  2º  e  3º,  inclusive  quando  decorrentes  de  sentença  judicial  transitada em julgado, serão utilizados para compensação  com débitos do contribuinte, em procedimento de ofício ou  a requerimento do interessado.  (....)  § 5º Se o valor a ser ressarcido ou restituído, na hipótese  do  §  4º,  for  insuficiente  para  quitar  o  total  do  débito,  o  contribuinte deverá efetuar o pagamento da diferença no  prazo previsto na legislação específica”.  A  partir  da  data  de  vencimento  de  quaisquer  impostos  e  contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal,  passam  a  incidir  os  acréscimos  legais,  quais  sejam, multa  de  mora  e  juros  de  mora,  nos  termos  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996, art. 61, transcrito a seguir:  “Art.  61.  Os  débitos  para  com  a  União,  decorrentes  de  tributos e contribuições administrados pela Secretaria da  Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir  de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos  na  legislação  específica,  serão  acrescidos  de  multa  de  mora,  calculada  à  taxa  de  trinta  e  três  centésimos  por  cento, por dia de atraso.  §  1º  A  multa  de  que  trata  este  artigo  será  calculada  a  partir  do  primeiro  dia  subseqüente  ao  do  vencimento  do  prazo  previsto  para  o  pagamento  do  tributo  ou  da  contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento.  § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a  vinte por cento.  § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão  juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do  art.  5º,  a  partir  do  primeiro  dia  do mês  subseqüente  ao  vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento  e de um por cento no mês de pagamento”.  O art. 5º, § 3º,  se refere aos  juros de mora equivalentes à  taxa  referencial  do  sistema  SELIC  e  a  multa  aplicada  na  Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 196          11 consolidação dos débitos é a multa de mora, calculada à taxa de  0,33%  (trinta  e  três  centésimos  por  cento)  por  dia  de  atraso,  limitada ao percentual de 20%.  O  argumento  articulado  pela  manifestante  no  combate  à  aplicação  da  taxa  Selic  como  juros  de  mora  não  pode  ser  acatado.  A condição sine qua non para a exigência dos juros de mora é a  mora da contribuinte. Se o imposto ora exigido tivesse sido pago  no  vencimento  legal,  inexistiria  a  mora  e,  conseqüentemente,  inexistiriam  os  juros  de  mora.  A  taxa  Selic,  porquanto,  é  utilizada  como  parâmetro  de  juros  de  mora,  acumulada  mensalmente,  com  esteio  na  Lei  nº  9.065,  de  20  de  junho  de  1995, art. 13, para fatos geradores ocorridos entre 1º de abril de  1995  e  31  de  dezembro  de  1996;  e  na  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996, art. 61, § 3º, para fatos geradores ocorridos  a partir de 1º de janeiro de 1997.  Não  obstante  a  taxa  do  Sistema  Especial  de  Liquidação  e  Custódia  (SELIC)  ter  sido  instituída  por  Resolução  do  Banco  Central  do  Brasil,  sua  aplicação  na  área  tributária  tem  supedâneo  nos  sobreditos  diplomas  legais.  Ademais,  é  irrelevante que o sistema SELIC tenha sido concebido como taxa  referencial para a remuneração de títulos públicos, tendo em sua  composição  a  cumulação  de  índice  de  juros  e  de  correção  monetária.  É curial acrescentar que, em relação à aplicação da  taxa Selic  para  atualização  monetária  e  à  guisa  de  taxa  de  juros  moratórios  aplicados  aos  débitos  tributários,  não  cabe  às  autoridades  administrativas  julgar  a matéria  do  ponto  de  vista  constitucional, por violação a princípios como o da  legalidade,  da  anterioridade  tributária  e  da  indelegabilidade  de  competência  tributária,  nos  termos  do Parecer Normativo CST  nº 329, de 1970.  Pelo Decreto  nº  2.346,  de  10  de  outubro  de  1997,  se  houvesse  declaração  de  inconstitucionalidade,  de  lei,  tratado  ou  ato  normativo,  com  eficácia  ex  tunc,  proferida  pelo  Supremo  Tribunal  Federal  em  ação  direta  de  inconstitucionalidade,  relativamente à questão sob escrutínio, então seria permitido às  autoridades  fiscais  incumbidas  do  lançamento  tributário  ou  do  julgamento em 1ª instância afastar a aplicação do ato normativo  tisnado  de  inconstitucionalidade,  mediante  ato  emanado  do  Secretário  da  Receita  Federal.  A  declaração  de  inconstitucionalidade pode ser, outrossim, proferida em decisão  concernente  a  caso  concreto  em  controle  difuso  de  constitucionalidade  (com  posterior  suspensão,  neste  segundo  caso, pelo Senado Federal do ato legal infirmado).  Não havendo declaração de  inconstitucionalidade exarada pelo  Pretório Excelso em relação ao art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995,  e  ao  art.  61,  § 3º da Lei nº  9.430,  de 1996,  cabe  à  autoridade  fiscal observar o fiel cumprimento do disposto nestes comandos  normativos.  Fl. 202DF CARF MF     12 Pouco importa a forma como é fixada a taxa Selic, pois o caráter  remuneratório ou moratório não depende da forma de cálculo ou  da  fixação  da  taxa,  mas  sim  da  natureza  do  fato  jurídico  que  provoca  sua  incidência. Por  exemplo,  se as partes estão diante  de  um  negócio  jurídico  (uma  operação  de  mútuo  no  mercado  financeiro),  o  respectivo  contrato  provavelmente  deverá  prever  uma remuneração do capital em função do prazo de duração do  empréstimo, que pode ser com base na taxa Selic ou em qualquer  outra  taxa  de  juros  especificada no momento  da avença. Neste  caso,  seja  qual  for  a  taxa de  juros  combinada  terá  ela  caráter  remuneratório  em  razão  do  uso  do  capital  alheio  por  certo  prazo, independentemente da forma como é calculada.  Entretanto,  no  caso  de  dívidas  tributárias  não  pagas  no  vencimento legal, o fato jurídico é a mora ex re que decorre de  disposição  literal  da  lei  tributária.  Vale  dizer,  nascida  a  obrigação  tributária  principal  com  a  concretização  da  matriz  legal  de  incidência  no  plano  fenomênico,  a  lei  fixa  um  termo  para o adimplemento da obrigação. A conjugação do advento do  termo  legal  com  a  não­efetivação  do  pagamento  dá  azo  ao  surgimento  da  mora,  condição  essencial  para  a  incidência  do  encargo, e o simples fato de a lei  tributária ter eleito uma taxa  de  juros  que  pode  servir  de  base  para  remunerar  negócios  jurídicos  privados  não  significa  a  desnaturação  do  caráter  moratório  advindo  da  lei.  Não  se  olvide,  é  mister  recapitular,  que,  se  a  impugnante  tivesse  pago  o  imposto  no  vencimento  legal,  não  existiria  nem  a  mora  e  nem  os  juros  de  mora  dela  decorrentes.  Quanto ao disposto na Lei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 161, §  1º,  verifica­se  que  a  sua  redação  permite  que  a  lei  ordinária  disponha de modo diverso no que  toca ao percentual de 1% ao  mês.  A  exegese  decorrente  do  citado  dispositivo  é  a  de  que  o  quantum nele previsto (1% ao mês) somente é aplicável de forma  supletiva, na ausência de lei que discipline a matéria, o que não  é o caso tendo em vista o advento da Lei nº 9.065, de 1995, e da  Lei nº 9.430, de 1996.  Não é demais lembrar, outrossim, que o limite constitucional de  12%  (CF,  art.  192,  §  3º)  foi  revogado  pela  Emenda  Constitucional nº 40, de 29 de maio de 2003.  Portanto,  não  existe  nada  de  errado  na  Lei  nº  9.065  de  21  de  junho de 1995, quando elegeu a  taxa SELIC para ser aplicada  no  cálculo  dos  juros  de mora  em  relação  a  dívidas  tributárias  não pagas no vencimento.  Quando menciona e transcreve um aresto dimanado do Superior  Tribunal  de  Justiça,  que  sufraga  a  tese  de  inadequação  do  emprego da taxa Selic como juros de mora na seara tributária, a  impugnante apenas  ilustra  sua argumentação. A Administração  Pública encontra­se cingida estritamente ao que a lei autoriza; o  princípio da  legalidade é a pedra de  toque no desenvolvimento  da  atividade  administrativa  estatal.  As  decisões  judiciais  somente  produzem  efeito  em  relação  às  partes  que  figuram  no  processo  judicial  e,  portanto,  não  podem  servir  como  diretriz  para o julgamento administrativo.  Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10950.901262/2008­73  Acórdão n.º 3001­000.340  S3­C0T1  Fl. 197          13 Para  reforço  do  aventado  no  parágrafo  precedente,  pode  ser  citada a Portaria MF nº 341, de 12 de julho de 2011, art. 7º, V,  que  determina  a  observação  no  julgamento  na  esfera  administrativa  do  entendimento  esposado  pela  Secretaria  da  Receita Federal em atos normativos.  Do ônus da prova  Ademais,  vale  ressaltar,  por  oportuno,  que  o  recorrente,  uma  vez  mais,  deixou transcorrer a oportunidade de apresentar provas que sustentassem seu pleito, na medida  em  que,  tanto  no  processo  administrativo  fiscal  como  no  processo  civil,  o  ônus  de  provar  a  veracidade do que afirma é do interessado. Veja­se o que dispõe o artigo 36 da Lei 9.784 de  29.01.1099:  Art.  36.  Cabe  ao  interessado  a  prova  dos  fatos  que  tenha  alegado,  sem prejuízo  do  dever  atribuído  ao  órgão  competente  para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei.  Em  igual  sentido  são  os  termos  do  artigo  333  do  CPC  (Lei  5.869  de  11.01.1973, reproduzido no artigo 373 da Lei 13.105 de 16.03.2015 ­Novo CPC):  Art. 333. O ônus da prova incumbe:  I ­ ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;  II ­ ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo  ou extintivo do direito do autor.  Da conclusão  Ao amparo do parágrafo 3º do  artigo 57, Anexo  II,  da Portaria MF 343 de  09.06.2015, que aprovou o Ricarf, com redação dada pela Portaria MF 329 de 2017 e da não  comprovação do direito creditório pleiteado, adota­se como razão de decidir, nos seus exatos  termos, os fundamentos da decisão recorrida.  Por  todo  o  exposto,  conheço  do  Recurso  Voluntário,  para  rejeitar  as  preliminares de nulidade e, no mérito, negar­lhe provimento.    (assinado digitalmente)  Orlando Rutigliani Berri                                Fl. 204DF CARF MF

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7348007 #
Numero do processo: 13888.901106/2014-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.068
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE

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1402­003.068  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  11 de abril de 2018  Matéria  COMPENSAÇÃO  Recorrente  AÇOVIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E  PRÉ­MOLDADOS DE CONCRETO LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2009  DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.  Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis,  da  composição  e  existência  do  crédito  que  alega  possuir  junto  à  Fazenda  Nacional  para  que  sejam  aferidas  sua  liquidez  e  certeza  pela  autoridade  administrativa.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  a  preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário,  mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente  julgado.    (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marco  Rogério  Borges,  Caio  Cesar  Nader  Quintella,  Edgar  Bragança  Bazhuni,  Leonardo  Luis  Pagano  Goncalves,  Evandro  Correa  Dias,  Lucas  Bevilacqua  Cabianca  Vieira,  Demetrius  Nichele  Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 11 06 /2 01 4- 40 Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 3            2     Relatório  A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em  relação  ao  pedido  original  da  contribuinte  expresso  em PER/DCOMP  apresentado  perante  a  Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório  e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade.  O  requerido  foi  indeferido  sob  entendimento  do  DD  de  que  "a  partir  das  características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados  um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos  do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no  PER/DCOMP".  Irresignada,  a  contribuinte  interpôs  manifestação  de  inconformidade  que,  apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi  julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado.  Discordando  do  r.  decisum,  a  contribuinte  interpôs  recurso  voluntário  tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de  1º  Piso  de  forma  a  reconhecer  o  direito  creditório  buscado  e  homologar  a  compensação  requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos:  PRELIMINARMENTE  1.  que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o  contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir,  eis que  haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se  os fossem, certamente permitiriam inferir­se de modo diverso, análise esta que  era  condição  sine  qua  non  para  alicerçar  as  razões  de  decidir  do  despacho  decisório”;  2.  que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a  decisão  do  julgador  de  primeiro  grau,  o  que  é  direito  constitucionalmente  assegurado.  A  falta  destes  elementos  concretos,  fundamentos  embasados  na  legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r.  despacho  rescisório  implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o  amplo  direito  de  defesa  à  recorrente,  o  r.  despacho  decisório  avilta  também,  conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”;  3.  que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defender­se  amplamente  da  r.  decisão  do  órgão  fiscal  originário,  o  presente  processo  administrativo  não  terá  seu  deslinde  normal,  razão  pela  contrariou­se  o  consagrado devido processo legal”;  4.  que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento  em  que  foi  exarado  o  r.  despacho  decisório  o  curso  deste  processo  administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada  Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 4            3 através  da  integral  anulação  do  processo  administrativo  desde  o  início,  inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”;  5.  que, “requer­se que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este  processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando  o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os  princípios que norteiam os processos administrativos”.  NO MÉRITO  Depois  de  fazer  breve  histórico  da COFINS  e  do  PIS,  aponta  para  decisão  prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições.  Literalmente:  “Recentemente  a  matéria  foi  definitivamente  arraigada  pelo  C.  Supremo  Tribunal  Federal  quando  do  julgamento  do  Recurso  Extraordinário  nº  240.785­2 MG,  onde  o  contribuinte  se  consagrou  vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se  deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno  ressaltar  os  ensinamentos  do Min. Marco Aurélio  que  nos  autos  do  aludido julgamento cravou:  (...)  Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser  incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído  no  conceito  de  "faturamento", mas mero  "ingresso" na  escrituração  contábil  das  empresas,  razão  pela  qual  por  todas  as  razões  aqui  expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se  faz de  solar  clareza  a  necessidade  de  reformar  a  r.  decisão  guerreada  e  homologar  as  compensações  levadas  a  termo  através  das  PERDCOMPs cotejadas.  Reitere­se,  porque  se  cuida  de  decisão  recente  e  nova  no  mundo  tributário,  posto  que  o  Supremo  Tribunal  Federal  decidiu  definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e  do  PIS  (Recurso  Extraordinário  nº  240.785­2 MG),  de  modo  que  a  inclusão do  ICMS na base de  cálculo das Contribuições ao PIS  e à  Cofins  é  ilegítima e  inconstitucional,  pois  fere o princípio da  estrita  legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo  195,  I,  “b”  da  CF/88  e  o  art.  110  do  CTN,  porque  receita  e  faturamento  são  conceitos  de  direito  privado  que  não  podem  ser  alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para  definir  competência  tributária,  pelo  que  resta  evidente  o  crédito  da  Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para  que  sejam  definitivamente  homologadas  as  compensações  levadas  a  termo pelo contribuinte recorrente”.  DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO  Prossegue argumentando  ter direito à compensação em face da exclusão do  ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade  recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que  se assim o  fizesse a autoridade administrativa  singular,  certamente homologaria a  compensação em  Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 5            4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve  mesmo ser reformado, o que se requer adiante”.  DO PEDIDO  E conclui  requerendo “o  regular  processamento,  ulterior  apreciação,  concessão  de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de  reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V.  Acórdão  recorrido  para  que  seja  anulado  o  vertente  processo  administrativo,  nos  moldes  da  fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal,  e  para  que,  no  seu mérito,  seja  reformado o V. Acórdão  recorrido  para  que  sejam homologadas  as  almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”.  É o relatório do essencial, em apertada síntese.          Voto             Conselheiro Paulo Mateus Ciccone ­ Relator  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão nº  1402­003.018,  de  11/04/2018,  proferido  no  julgamento  do Processo nº  13888.901078/2014­ 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402­003.018):  "O Recurso Voluntário  é  tempestivo  e  dotado  dos pressupostos  para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço.  Afasto,  de  plano,  a  preliminar  de  nulidade  do  acórdão  a  quo,  tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar  a esta decisão.  De  fato,  o  que  se  observa  é  a  irresignação  da  recorrente  em  razão  da  decisão  de  1º  Piso  lhe  ter  sido  desfavorável  e  não  porque  tenha  o  aresto  qualquer  ponto  ou  item  que  afronte  a  legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação.  Diga­se,  o  acórdão  foi  prolatado  em  estrita  obediência  às  normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e  Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 6            5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da  contribuinte.  Se  o  decidido  lhe  foi  desfavorável  não  significa  nulidade.  Só  entendimento da Turma Julgadora.  Preliminar rejeitada.  Passo ao mérito.  Sabidamente,  o  ônus  da  prova  cabe  ao  autor  quanto  ao  fato  constitutivo  do  seu  direito  (Código  do  Processo  Civil  –  CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I).  No  caso  de  pedidos  de  ressarcimento  ou  restituição,  o  interessado  deve  trazer  provas  de  que  possui  direito  líquido  e  certo  contra  a  Fazenda  Pública  e  assim  deve  ser  repetido  tributariamente  para  recompor  o  patrimônio  subtraído  por  pagamento de um tributo de forma indevida.  Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e  seu direito se perde.  Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito  legal  para  a  concessão  da  compensação  (CTN,  art.  170).  Pelo  princípio  da  Indisponibilidade  do  Interesse  Público  e  pela  vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a  extinção do  tributo por  compensação com crédito que não  seja  comprovadamente certo nem possa ser quantificado.  Concretamente,  se o DARF  indicado como crédito  foi  utilizado  para  pagamento  de  um  tributo  declarado  pelo  próprio  contribuinte,  a  decisão  da  RFB  de  indeferir  o  pedido  de  restituição ou de não homologar a compensação está correta. No  caso,  o  DARF  foi  utilizado  para  pagamento  do  tributo  confessado  na  Declaração  de  Débitos  e  Créditos  Tributários  Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte.  É certo que este quadro pode ser alterado.  Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é  ela  a  autora  e  para  modificar  o  ato  administrativo  cabe­lhe  demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos  efetuados pela RFB.  Não o fazendo – como não o fez ­, o indeferimento permanece.  Acresça­se  que,  concretamente,  a  contribuinte  não  acostou  um  documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa  mostrar o direito que alega ter.  Sua  linha  de  argumento  limita­se  em  afirmar  que  a  Suprema  Corte  (em decisão ainda sem efeito erga omnes)  teria decidido  pela  exclusão  do  ICMS  da  base  de  cálculo  das  contribuições  sociais  (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o  reflexo disso  em seus demonstrativos contábeis.  Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 7            6 Ou  seja,  meras  alegações  sem  que  tenham  vindo  aos  autos  quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse.  Sabidamente,  a  base  de  cálculo  das  Contribuições  para  os  Programas de  Integração Social e de Formação do Patrimônio  do  Servidor  Público  ­  PIS/PASEP  e  da  Contribuição  para  o  Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento.  E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial,  esta  que  aproveite  individualmente  a  recorrente  ou  que  seja  prolatada com efeito erga omnes.  Não há, no caso, nem um nem outro.  Desse  modo,  especificamente  quanto  ao  Imposto  sobre  Operações  relativas  à  Circulação  de  Mercadorias  e  sobre  Prestações  de  Serviços  de  Transporte  Interestadual  e  Intermunicipal  e de Comunicação –  ICMS,  somente podem ser  excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o  ICMS,  quando  cobrado  pelo  vendedor  dos  bens  ou  prestador  dos  serviços  na  condição  de  substituto  tributário,  no  regime  cumulativo,  e  a  receita  decorrente da  transferência onerosa  a  outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados  de operações de exportação em ambos os regimes.  Admitir  qualquer  outra  exclusão  equivaleria  a  afastar  a  aplicação  da  lei,  o  que  é  vedado  na  esfera  administrativa.  Portanto,  essa  discussão  é  estéril  em  sede  de  julgamento  administrativo.  Finalmente,  como  bem  observado  pela  decisão  de  1º  Piso,  a  recorrente  transmitiu  inúmeras  declarações  de  compensação  informando  como  crédito  passível  de  compensação  um  único  DARF  e  nos  pedidos  de  compensação  formalizados  pela  recorrente,  os  débitos  que  intenta  compensar  ultrapassam  –  e  muito ­ o valor desse suposto crédito.   Por  fim,  não  se  olvide,  só  se  permite  compensação  com  a  utilização  de  créditos  dotados  de  liquidez  e  certeza  (art.  170, do CTN):  Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que  estipular,  ou  cuja  estipulação  em  cada  caso  atribuir  à  autoridade  administrativa,  autorizar  a  compensação  de  créditos  tributários  com  créditos  líquidos  e  certos,  vencidos  ou  vincendos,  do  sujeito  passivo  contra  a  Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)   E valores incomprovados não possuem estes requisitos.  A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema:  PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA.   A  prova  do  indébito  tributário,  fato  jurídico  a  dar  fundamento  ao  direito  de  repetição  ou  à  compensação,  compete  ao  sujeito  passivo  que  teria  efetuado  o  Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13888.901106/2014­40  Acórdão n.º 1402­003.068  S1­C4T2  Fl. 8            7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº  103­23579, sessão de 18/09/2008)  Por  todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO  ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.'  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar  de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a  decisão recorrida.  (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone                              Fl. 53DF CARF MF

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Numero do processo: 10880.658334/2012-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. VÍCIO NÃO CONFIGURADO. PRELIMINAR REJEITADA. Tendo o despacho decisório eletrônico adequada fundamentação, motivação e demonstrativo quanto às questões decididas, não restou configurado o alegado cerceamento do direito de defesa. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. NÃO APRESENTAÇÃO DE INFORME DE RENDIMENTOS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA REJEITADO. Nos autos do processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de compensação tributária. O ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito creditório pleiteado, consoante Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015, art. 373, I) de aplicação subsidiária ao processo administrativo tributário federal, e com observância do Decreto nº 70.235/72 (arts. 15 e 16). Incumbe ao contribuinte a demonstração, acompanhada das provas hábeis e idôneas, da existência do crédito que alega possuir contra Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Os requisitos ou atributos de liquidez e certeza quanto ao crédito objetado contra a Fazenda Nacional devem estar preenchidos ou satisfeitos quando da transmissão da DCOMP, data em que a compensação tributária se efetiva, sob condição resolutória. A busca da verdade material não autoriza o julgador a substituir o interessado na produção das provas. DCOMP. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. SALDO NEGATIVO . O saldo negativo, passível de compensação tributária, é aquele apurado ao final do período a partir do confronto entre o imposto devido ou contribuição devida e as parcelas já antecipadas. O reconhecimento de direito creditório, relativo a saldo negativo apurado no final do período, para ulterior compensação com débitos vencidos ou vincendos, condiciona-se à demonstração de sua certeza e liquidez,o que inclui a comprovação das retenções na fonte levadas à dedução, por meio dos informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras, nos termos da legislação de regência. Admite-se a utilização das retenções na fonte como dedução na apuração do da exação fiscal ao final do período, quando comprovada a ocorrência da retenção por meio dos respectivos informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras em nome do beneficiário, o que pode ser suprido pela confirmação em DIRF, e desde que comprovado, ainda, o oferecimento à tributação dos correspondentes rendimentos que sofreram as retenções.
Numero da decisão: 1301-002.900
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e o pedido de diligência, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO

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questões  decididas,  não  restou  configurado  o  alegado cerceamento do direito de defesa.  PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.  FALTA  DE  COMPROVAÇÃO  DA  LIQUIDEZ  E  CERTEZA.  NÃO  APRESENTAÇÃO  DE  INFORME  DE  RENDIMENTOS.  PEDIDO  DE  DILIGÊNCIA REJEITADO.  Nos autos do processo de compensação  tributária, o contribuinte é autor do  pedido de compensação tributária.  O ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito  creditório pleiteado, consoante Código de Processo Civil  (Lei nº 13.105, de  2015,  art.  373,  I)  de  aplicação  subsidiária  ao  processo  administrativo  tributário federal, e com observância do Decreto nº 70.235/72 (arts. 15 e 16).  Incumbe ao contribuinte a demonstração, acompanhada das provas hábeis e  idôneas, da existência do crédito que alega possuir contra Fazenda Nacional  para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.   Os  requisitos  ou  atributos  de  liquidez  e  certeza  quanto  ao  crédito  objetado  contra a Fazenda Nacional devem estar preenchidos ou satisfeitos quando da  transmissão  da DCOMP,  data  em  que  a  compensação  tributária  se  efetiva,  sob condição resolutória.  A busca da verdade material não autoriza o julgador a substituir o interessado  na produção das provas.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 83 34 /2 01 2- 12 Fl. 1435DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 3          2 DCOMP.  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  CRÉDITO.  SALDO  NEGATIVO .  O  saldo  negativo,  passível  de  compensação  tributária,  é  aquele  apurado  ao  final do período a partir do confronto entre o imposto devido ou contribuição  devida e as parcelas já antecipadas.  O reconhecimento de direito creditório, relativo a saldo negativo apurado no  final  do  período,  para  ulterior  compensação  com  débitos  vencidos  ou  vincendos,  condiciona­se  à  demonstração  de  sua  certeza  e  liquidez,o  que  inclui a comprovação das retenções na fonte levadas à dedução, por meio dos  informes  de  rendimentos  emitidos  pelas  fontes  pagadoras,  nos  termos  da  legislação de regência.  Admite­se a utilização das retenções na fonte como dedução na apuração do  da  exação  fiscal  ao  final  do  período,  quando  comprovada  a  ocorrência  da  retenção  por meio  dos  respectivos  informes  de  rendimentos  emitidos  pelas  fontes  pagadoras  em  nome  do  beneficiário,  o  que  pode  ser  suprido  pela  confirmação  em  DIRF,  e  desde  que  comprovado,  ainda,  o  oferecimento  à  tributação dos correspondentes rendimentos que sofreram as retenções.        Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  a  preliminar de nulidade suscitada e o pedido de diligência, e, no mérito, negar provimento ao  recurso voluntário.    (assinado digitalmente)   Fernando Brasil de Oliveira Pinto ­ Presidente e Relator     Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros:  Fernando Brasil  de  Oliveira  Pinto  (Presidente),  Roberto  Silva  Junior,  Amélia  Wakako  Morishita  Yamamoto,  Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de  Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild.    Relatório  Cuida­se  do  Recurso  Voluntário  apresentado  contra  decisão  da  DRJ/São  Paulo  que  julgou  a  Manifestação  de  Inconformidade  procedente  em  parte,  homologando  a  compensação até o limite do crédito deferido.  Fl. 1436DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 4          3 O  presente  processo  decorre  de  pedido  de  compensação,  que  tem  como  crédito pleiteado saldo negativo de CSLL.  A DERAT/São Paulo deferiu, em parte, o saldo negativo de CSLL, conforme  Despacho Decisório Eletrônico.  Ciente  do  Despacho  Decisório  Eletrônico,  que  não  reconhecera  parte  do  direito  creditório  pleiteado,  a  contribuinte  apresentou  Manifestação  de  Inconformidade,  suscitando:  1)  ­  Nulidade  do  despacho  decisório  por  desrespeito  aos  princípios  da  motivação e da ampla defesa:   ­ que autoridade administrativa não teria apontado os motivos que a levaram  a  glosar  parte  do  direito  creditório  pleiteado  e,  ainda,  que  o  enquadramento  legal  indicado  também não explicaria a glosa;  ­ que a falta de entrega de DIRF, eventual erro cometido pela fonte pagadora  no  preenchimento  dessa  declaração  ou  o  não  fornecimento  do  informe  de  rendimentos  não  podem, em desfavor do beneficiário, ser motivo de glosa do imposto ou da contribuição retidos  na fonte, cabendo à autoridade fiscal no exercício de seu poder­dever, exigir da fonte pagadora  as explicações necessárias, conforme se depreende dos artigos 8º e 9º da IN/SRF nº 119/2000;  ­ que, ainda, a falta de intimação da contribuinte ou das fontes pagadoras para  que pudessem apresentar documentos e/ou esclarecimentos sobre o direito pleiteado torna nulo  o Despacho Decisório Eletrônico por cerceamento do direito de defesa.  2) ­ Pedido de diligência:  ­  que  a  glosa  procedida  pela  DERAT/São  Paulo  originou­se  de  uma  conjugação de situações:  a)  fontes  pagadoras  que  não  entregaram  DIRF  ou  as  entregaram  com  divergências em relação aos Informes de Rendimentos:  b)  diferenças  entre  regime  de  caixa  e  competência  nas  declarações  apresentadas  ao  fisco  e  entrega  de  DIRF  pelas  fontes  pagadoras  em  nome  das  filiais  da  manifestante e não em nome da matriz, o que, diante do princípio da verdade material, indica a  necessidade de uma análise mais profunda das informações prestadas na DCOMP;   ­ que, quanto à documentação fiscal do período de apuração objeto do crédito  pleiteado, a manifestante não tem dúvida de que os valores escriturados a título de CSLL retida  na  fonte,  informados  na  respectiva DIPJ  e  na DCOMP,  em  tela,  refletem  fielmente  as  notas  fiscais emitidas e os valores recebidos das fontes pagadoras, o que a autoridade julgadora, em  respeito ao princípio da verdade material, poderia apurar por meio de diligência fiscal.  A  DRJ/São  Paulo  (1ª  Turma),  enfrentando  as  questões  suscitadas  pela  contribuinte  e  analisando  as  provas  carreadas  aos  autos,  julgou  a  Manifestação  de  Inconformidade procedente em parte ao:  ­ rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito:  Fl. 1437DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 5          4 a)  indeferir  o  pedido  de  diligência  (ônus  de  produção  da  prova  do  direito  constitutivo do crédito pleiteado é do autor do pedido);  b) reconhecer, em parte, o saldo negativo de CSLL, relativo ao 1º trimestre  de  2008,  além  do  valor  original  que  fora  reconhecido  pelo  despacho  decisório  eletrônico  recorrido, e homologar parcialmente a compensação.  Ciente desse decisum, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário da parte  que restou vencida, reiterando, em síntese, as razões já aduzidas na primeira instância, ou seja,:  ­ suscitou, preliminarmente, nulidade do Despacho Decisório Eletrônico e  retorno  dos  auto  à  DERAT/São  Paulo  para  proferir  nova  decisão,  pois  foram  olvidados  princípios basilares da Administração Pública, a saber motivação e razoabilidade; que, antes da  emissão  do  referido  despacho,  a  unidade  de  origem  da  RFB  deveria  ter  intimado  a  ora  recorrente e as fontes pagadoras; que houve preterição do direito de defesa.  ­ pedido de diligência fiscal:  ­ que cabe à fonte pagadora, além da obrigação de reter e recolher a CSLL,  fornecer ao beneficiário o competente comprovante de informe de rendimentos e entregar ao  fisco a DIRF;  ­ que as fontes pagadoras nem sempre cumprem corretamente as obrigações  acessórias (cometem erros no preenchimento) e até deixam de entregar DIRF;  ­  que  há  divergências  (eventuais  diferenças)  em  face  de  regime  de  caixa  x  regime de competência;  ­  que  a  recorrente  indicou  na DIPJ  as  fontes  responsáveis  pela  retenção  da  CSLL/pagamentos;  ­  que,  em  suma,  busca  a  comprovação  fática  dessas  retenções  na  fonte/pagamentos, mediante  solicitação de diligência,  para prevalecer o  princípio da verdade  material, em relação aos valores ainda não deferidos;  ­  que,  caso  seja  superada na preliminar  suscitada,  invocando o princípio da  verdade material, pediu a realização de diligência fiscal para a produção de provas (intimação  das  fontes  indicadas  na  DIPJ,  responsáveis  pela  retenção  do  imposto  e/ou  contribuição  a  apresentar informes de rendimentos, DIRF e comprovantes de pagamentos.  Por fim, a recorrente, com essas razões, pediu a reforma da decisão recorrida  na parte que restara vencida.  É o relatório.    Voto             Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator  Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 6          5 O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão nº  1301­002.898, de 16.03.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.997366/2009­27,  paradigma ao qual o presente processo fica vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301­002.898):  "O Recurso Voluntário, por ser tempestivo e atender aos demais  requisitos de admissibilidade, merece ser  conhecido;  logo, dele  conheço.   Conforme relatado, a lide versa acerca do crédito pleiteado pela  contribuinte  na  DCOMP  objeto  dos  autos  ­  saldo  negativo  do  imposto ou contribuição, na parte que restou vencida.  A  parcela  do  crédito  denegado  pela  decisão  recorrida  corresponde,  juntamente,  ao  valor  da  CSLL,  quanto  ao  PA  objeto  dos  autos,  para  o  qual  não  há  prova  idônea,  cabal,  nos  autos de que fora retido/recolhido e os rendimentos oferecidos à  tributação  pela  ausência  de  informes  de  rendimentos  e  inexistência de DIRF.  Preliminar de Nulidade do Despacho Decisório Eletrônico:  Assim  como  fizera  na  primeira  instância  de  julgamento,  a  recorrente  voltou  a  suscitar  nulidade  do  Despacho  Decisório  Eletrônico da DERAT/São Paulo, argumentado que fora emitido  com  inobservância  dos  princípios  da  motivação  e  da  ampla  defesa, que teria implicado cerceamento do direito de defesa ou  prejuízo à defesa.  Rechaço, peremptoriamente, a preliminar suscitada.  Primeiro,  como  é  sabido,  na  teoria  geral  dos  recursos,  a  decisão  posterior  substitui  a  anterior,  mesmo  quando  confirma a anterior.  Assim,  a  decisão  a  quo  substituiu  o  Despacho  Decisório  Eletrônico  quanto  enfrentou  as  questões  deduzidas  na  Manifestação de Inconformidade (preliminar e mérito).  Então,  não  há  que  se  falar  em  nulidade  do  Despacho  Decisório, quando a decisão posterior o substituiu.  Não obstante, no caso não há vício algum, seja na decisão  a quo, seja no despacho decisório, que pudesse macular de  nulidade essas decisões.  Como  é  sabido,  também,  no  processo  de  compensação  tributária  a  fase  litigiosa  instaura­se  com  o  oferecimento  da  manifestação  de  inconformidade  contra  o  despacho  decisório.  Fl. 1439DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 7          6 Assim, não cabe objetar cerceamento do direito defesa na  fase pré­processual.   Antes da  ciência do despacho decisório não há  lide,  nem  processo.  Não  há  imputação  de  fato,  ou  acusação  fiscal.  Fase pré­processual.  No caso de pedido de crédito em compensação tributária, a  pretensão  resistida  (lide)  surge  após  ciência  do  despacho  decisório  (que  denegou  total  ou  parcialmente  o  direito  creditório),  mediante  apresentação  da  manifestação  de  inconformidade.   Os  cânones  constitucionais  da  ampla  defesa  e  do  contraditório  aplicam­se  na  fase  processual  (processos  administrativo e judicial), e não na fase pré­processual que  tem  caráter  de  investigação,  vale  dizer,  que  tem  natureza  inquisitória.  Logo,  não  tem  plausibilidade  jurídica  a  objeção  da  recorrente de que teria ocorrido cerceamento do direito de  defesa na fase­processual, pois o fisco, antes da emissão do  Despacho  Decisório  Eletrônico,  não  teria  dado  oportunidade da contribuinte para se defender, ou seja, que  não  teria  intimado a contribuinte e as  fontes  responsáveis  pela retenção do imposto/contribuição na fonte de fornecer  os  informes  de  rendimentos  e  de  entregar  as  DIRF  respectivas.  Na  fase  pré­processual,  que  é  de  interesse  exclusivo  do  fisco,  de  caráter  inquisitorial,  não  há  obrigatoriedade  de  intimações,  quando  a  autoridade  administrativa  entender  que  não  deva  fazê­lo,  ou  pelo  fato  de  já  possuir  os  elementos  de  prova  para  embasar  a  expedição  do  ato  administrativo.  Diversamente  do  alegado  pela  recorrente,  o  Despacho  Decisório está fundamentado, motivado, fatos devidamente  narrados,  inclusive  consta  informação,  expressa,  no  seu  corpo  (anverso),  endereço  do  Sítio  da  RFB,  local  onde  o  demonstrativo completo das  retenções da exação  fiscal na  fonte  (relação  das  retenções  deferidas  e  relação  das  retenções  não  aceitas)  restou  disponibilizado,  acessível  (disponível  para  consulta,  a  partir  da  expedição  do  Despacho).  Quanto  ao  acesso  ao  citado  demonstrativo  completo  das  retenções  na  fonte  aceitas  e  as  não  deferidas,  consta  o  seguinte  texto  no  corpo  do  Despacho  (anverso)  e  que  transcrevo a seguir, in verbis:   (...)  Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 8          7 Para  informações  sobre  a  análise  de  crédito,  detalhamento  da  compensação  efetuada,  verificação  de  valores  devedores  e  emissão  de  DARF,  consultar  o  endereço  www.receita.fazenda.gov.br,  menu  "Onde  Encontro",  opção  "PERDCOMP", item "PER/DCOMP­Despacho Decisório".  Enquadramento  Legal:  Art.  168  da  Lei  nº  5.172,  de  1966  (Código Tributário Nacional). Inciso II do Parágrafo 1º do art.  6º da Lei 9.430, de 1996. Art. 4º da IN RFB 900, de 2008. Art. 74  da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 36 da Instrução  Normativa RFB nº 900, de 2008.  (...)  Como  demonstrado,  não  tem  plausibilidade  jurídica  a  preliminar  suscitada,  pois  o  Despacho  Decisório  e  a  decisão  recorrida  não  têm  vício  algum  que  os  pudesse  inquinar de nulidade.  Por  tudo que  foi exposto, rejeito a preliminar de nulidade  suscitada.  Pedido de Diligência Fiscal. Direito Creditório. Ônus da Prova.  Falta de Comprovação da Liquidez e Certeza.  Na  primeira  instância  já  foram  analisadas,  exaustivamente,  todas as provas juntadas aos autos, conforme se pode constatar  do voto condutor do acórdão recorrido.  Nesta  instância  ordinária  recursal,  a  contribuinte  não  juntou  outras  provas,  além  das  juntadas  na  primeira  instância  e  já  apreciadas pela decisão recorrida.  Ou seja, quanto ao direito creditório não deferido pela decisão a  quo, a contribuinte não  trouxe outras provas nesta instância de  julgamento.  A  recorrente,  então,  simplesmente  pediu  a  realização  de  diligência fiscal, ou seja, conversão do julgamento em diligência  para que se intime as fontes pagadoras a apresentar informes de  rendimentos e DIRF respectiva, para buscar a verdade material.  Ora,  no  processo  administrativo  de  compensação  tributária,  a  contribuinte  é  autora  do  pedido  de  crédito  contra  o  fisco,  ao  utilizar  o  crédito  para  saldar,  quitar  o  débito  confessado  na  DCOMP (compensação tributária, sob condição resolutória).  Sendo autora do pedido de crédito contra a Fazenda Nacional, o  ônus  probatório  do  fato  constitutivo  do  direito  de  crédito  é  da  contribuinte,  consoante  Código  de  Processo  Civil,  Lei  nº  13.105/2015,  art.  373,  I,  de  aplicação  subsidiária  ao  Processo  Administrativo Fiscal, in verbis:  Art. 373. O ônus da prova incumbe:  I ­ ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;  Fl. 1441DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 9          8 (...)  E  o  momento  para  produção  das  provas,  fazer  a  juntada  aos  autos,  é  por  ocasião  da  apresentação  da  Manifestação  de  Inconformidade, conforme arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72,  in verbis:   Art.15.A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os  documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão  preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for  feita a intimação da exigência.  Art.16.A impugnação mencionará:   I­a autoridade julgadora a quem é dirigida;   II­ a qualificação do impugnante;   III­  os  motivos  de  fato  e  de  direito  em  que  se  fundamenta,  os  pontos  de  discordância  e  as  razões  e  provas  que  possuir;  (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)   IV­ as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam  efetuadas,  expostos  os  motivos  que  as  justifiquem,  com  a  formulação dos quesitos  referentes aos exames desejados,assim  como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação  profissional  do  seu  perito.(Redação dada pela Lei  nº  8.748,  de  1993)    (...)   Ainda,  a  contribuinte,  para  efeito  de  compensação  tributária  (para  fazer  o  encontro  de  contas)  tem  o  ônus  de  comprovar  a  liquidez e certeza do crédito pleiteado, nos termos do art. 170 do  Código  Tributário  Nacional  –  CTN,  cujos  requisitos  citados  devem estar atendidos, preenchidos, na data de  transmissão da  DCOMP.   A  compensação  tributária  informada  na DCOMP  considerá­se  efetivada, sob condição resolutória, na data da transmissão.  A  utilização  de  crédito  contra  o  fisco  na  DCOMP  ­  para  compensação de débitos vencidos ou vincendos ­ condiciona­se à  demonstração  de  sua  certeza  e  liquidez,  o  que  inclui  a  comprovação  da  CSLL  retida  na  fonte  levado  à  dedução,  por  meio  dos  informes  de  rendimentos  emitidos  pelas  fontes  pagadoras, nos termos da legislação de regência.  Quanto  ao  pedido  de  restituição  de  crédito/compensação,  a  prova  hábil  para  comprovar  os  rendimentos  obtidos  e  a  CSLL  retida  na  fonte  é  o  comprovante  de  que  trata  a  específica  legislação  tributária,  ou  seja,  os  informes  de  rendimentos  emitidos pela fonte pagadora, em nome do beneficiário. Na sua  ausência,  por  interpretação  razoável,  são  admitidos  os  valores  apresentados  em  Declaração  de  Imposto  de  Renda  na  Fonte  (DIRF).  Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 10          9 Assim,  a  CSLL  retida  na  fonte  sobre  quaisquer  rendimentos  poderá ser  compensado na declaração de pessoa  jurídica,  se o  contribuinte  possuir  comprovante  de  retenção  emitido  em  seu  nome pela fonte pagadora dos rendimentos, que não é o caso.  Ainda,  apenas  para  argumentar,  caso  fossem  juntadas  notas  fiscais  com mera  indicação  de  tributos  retidos  na  fonte  tem­se  como  prova  indiciária  mas  não  comprovam  a  retenção  no  período, e muito menos têm o condão de afastar o comprovante  de que trata a legislação tributária.  Entretanto,  a  recorrente  não  trouxe  outras  provas  aos  autos,  quando  da  apresentação  do  recurso  nesta  instância  recursal,  além  das  já  analisadas  e  aproveitadas  pela  decisão  recorrida,  pois limitou­se a pedir diligência.  Ora,  a  produção  de  provas  do  fato  constitutivo  do  direito  de  crédito  alegado,  como  já  frisado  alhures,  é  ônus  da  alçada  da  recorrente.   A busca da verdade material não autoriza o julgador a substituir  o interessado na produção das provas.   Como  já  dito,  o  ônus  probatório  do  crédito  alegado  contra  a  Fazenda  Nacional  é  da  Contribuinte.  Diligência  fiscal  não  se  presta para produzir prova cujo ônus probatório é da recorrente.   Nesse  sentido,  é  o  entendimento  jurisprudencial  deste  CARF.  Aproveito para trazer à colação os seguintes precedentes:   PEDIDO  DE  DILIGÊNCIA/PERÍCIA—A  diligência  ou  perícia  não é meio próprio para comprovação de fato que possa ser feita  mediante a mera apresentação ou  juntada de documentos,  cuja  guarda  e  conservação  compete  à  contribuinte,  mas  sim  para  esclarecimento  de  pontos  duvidosos  que  exijam  conhecimentos  especializados.Tendo a decisão devidamente apreciado o pedido  formulado,  motivadamente,  sendo  considerada  prescindível,  incabível a argüição de nulidade da decisão proferida.(Acórdão  CC n°10708.709, Sessão de 17/08/2006).  ASSUNTO:IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário:2004  DIREITO  CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao autor do pedido  a  demonstração,  acompanhada  de  provas  hábeis  e  idôneas,  da  composição e da existência do crédito que alega possuir junto à  Fazenda  Nacional  para  que  sejam  aferidos  os  atributos  de  certeza  e  liquidez  pela  autoridade  administrativa.  COMPENSAÇÃO  TRIBUTÁRIA.  Apenas  os  créditos  líquidos  e  certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo  170  do  Código  Tributário  Nacional.Rejeito  o  pedido  de  realização  de  diligência  fiscal.  (Acórdão  1802­001.435,  sessão  de 07/11/2012, Relator Nelso Kichel).  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDI­ CA  ­  IRPJ  Ano­calendário:  2001  COMPENSAÇÃO  TRIBUTÁRIA.  DIREITO  CREDITÓRIO.  LIQUIDEZ  E  Fl. 1443DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 11          10 CERTEZA.  ÔNUS  DA  PROVA.  A  compensação,  encontro  de  débitos  e  créditos,  é  forma  de  extinção  do  crédito  tributário.  Para  a  concretização  da  compensação  tributária  deve  ser  comprovada,  de maneira  inequívoca,  a  liquidez  e  a  certeza  do  direito creditório utilizado.   A  prova  do  fato  constitutivo  do  direito  creditório  compete  ao  autor  do  pedido.  Para  que  a  autoridade  administrativa  possa  reconhecer o direito creditório pleiteado pelo contribuinte e, por  via  de  conseqüência,  considerar  as  compensações  tributárias  informadas,  é  necessário  que  sejam  carreados  aos  autos  documentos  que  demonstrem,  de  forma  inequívoca,  a  certeza  e  liquidez do crédito alegado, ex vi do disposto no art.170 do CTN.  (Acórdão  1802­01.885,  sessão  de  05/11/2013,  Relator  Nelso  Kichel).  ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDI­ CA  ­  IRPJ  Ano­calendário:  2003  DIREITO  CREDITÓRIO  SALDO  NEGATIVO  DO  IRPJ.  RESTITUIÇÃO.  O  reconheci­ mento  de  direito  creditório,  relativo  a  saldo  negativo  do  IRPJ,  para ulterior  compensação com débitos vencidos ou vincendos,  condiciona­se  à  demonstração  de  sua  certeza  e  liquidez,  o  que  inclui  a  comprovação  do  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  levado  à  dedução,  por  meio  dos  informes  de  rendimentos  emitidos  pelas  fontes  pagadoras,nos  termos  da  legislação  de  regência.FATO CONSTITUTIVO. ÔNUS PROBATÓRIO. O ônus  probatório,  quanto  a  fato  constitutivo  ­  direito  creditórioé  do  autor  do  pleito,  no  caso  o  contribuinte.  Para  o  interessado  constituir  prova  a  seu  favor,  não  basta  carrear  aos  autos  elementos  por  ele  mesmo  elaborados;  deverá  ratificá­los  por  outros meios probatórios cuja produção não decorra exclusiva­ mente de seu próprio ato de vontade. (Acórdão nº 1802­000.998,  sessão de 04/10/2011, Relator Nelso Kichel).  Portanto, rejeito o pedido de diligência.  No mérito,  a  recorrente não comprovou a  existência do direito  creditório  demandado  contra  a  Fazenda  Nacional,  nesta  instância recursal ordinária.  Por  tudo  que  foi  exposto.  voto  para  rejeitar  a  preliminar  de  nulidade suscitada, rejeitar o pedido de realização de diligência  fiscal e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário."  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar  de nulidade suscitada e o pedido de realização de diligência e, no mérito, nego provimento ao  recurso voluntário.    (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto              Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 10880.658334/2012­12  Acórdão n.º 1301­002.900  S1­C3T1  Fl. 12          11                 Fl. 1445DF CARF MF

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Numero do processo: 11080.728823/2015-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011, 2012 OMISSÃO DE RECEITAS. INEXISTÊNCIA. ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVADA. Demonstrado que os valores sobre os quais pesa a acusação de omissão tiveram sua origem comprovada de fato não pertenciam à recorrente, não poderiam ser contabilizados como receita. Perfeitamente legítimo o fato dela não as ter declarado como suas, até porque, o ilícito estaria se ela procedesse em sentido contrário.
Numero da decisão: 1401-002.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento aos recursos voluntários da Contribuinte e dos apontados como responsáveis tributários, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN

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1401­002.403  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  13 de abril de 2018  Matéria  IRPJ  Recorrente  CAMPOS & ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C E OUTROS   Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2010, 2011, 2012  OMISSÃO DE RECEITAS. INEXISTÊNCIA. ORIGEM DOS DEPÓSITOS  BANCÁRIOS COMPROVADA.  Demonstrado  que  os  valores  sobre  os  quais  pesa  a  acusação  de  omissão  tiveram  sua  origem  comprovada  de  fato  não  pertenciam  à  recorrente,  não  poderiam ser contabilizados como receita. Perfeitamente legítimo o fato dela  não as ter declarado como suas, até porque, o ilícito estaria se ela procedesse  em sentido contrário.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  em  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento  aos  recursos  voluntários  da  Contribuinte  e  dos  apontados  como  responsáveis  tributários, nos termos do voto da Relatora.  (assinado digitalmente)  Luiz Augusto de Souza Gonçalves ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin­ Relatora.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Luiz  Augusto  de  Souza  Gonçalves  (Presidente),  Lívia  de  Carli  Germano  (Vice­Presidente),  Luiz  Rodrigo  de     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 88 23 /2 01 5- 61 Fl. 41849DF CARF MF   2 Oliveira  Barbosa,  Abel  Nunes  de  Oliveira  Neto,  Guilherme  Adolfo  dos  Santos  Mendes,  Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.  Fl. 41850DF CARF MF Processo nº 11080.728823/2015­61  Acórdão n.º 1401­002.403  S1­C4T1  Fl. 41.849          3 Relatório  Trata­se de Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão 03­072.752 ­  2ª Turma da DRJ/BSB, que por unanimidade manteve o lançamento ao rejeitar a argüição de  decadência,  o  pedido  de  diligência  e  demais  questões  suscitadas  e,  no  mérito,  julgar  improcedente  a  impugnação  apresentada  pelo  contribuinte  CAMPOS  &  ADVOGADOS  ASSOCIADOS S/C, a fim de manter o crédito tributário lançado; (2) julgar improcedentes as  impugnações  apresentadas  por  Marco  Antonio  Bezerra  Campos,  CPF  352.699.440­49,  e  Marcelo  Feijó  de  Medeiros,  CPF  431.710.790­20,  a  fim  de  mantê­los  na  condição  de  responsáveis solidários pelo crédito tributário lançado.  Conforme bem relatado no acórdão DRJ.  Contra  a  empresa  CAMPOS  &  ADVOGADOS  ASSOCIADOS  S/C,  doravante denominada CAMPOS neste  relatório,  foram lavrados autos de  infração  no valor total de R$ 5.924.168,32, incluídos juros e multa, para exigência de IRPJ,  CSLL,  PIS/PASEP  e  COFINS,  relativos  aos  fatos  geradores  ocorridos  nos  anos­ calendário de 2010, 2011 e 2012.  Procedeu a autoridade fiscal à imposição de multas de ofício de 150%, cujas  infrações encontradas foram:  1­  omissão  de  receita  bruta  mensal  na  prestação  de  serviços  profissionais  legalmente regulamentados.  O contribuinte não emitiu as notas  fiscais  referentes a valores de honorários  advocatícios  recebidos  através  do  levantamento  de  depósitos  judiciais,  caracterizando omissão de receitas da atividade, conforme relatório fiscal em anexo  (base de dados: petições do Dal Agnol x processos por nota  fiscal do CAMPOS  ­  corroborada pelos alvarás enviados pela Corregedoria­Geral de Justiça do Estado do  Rio Grande do Sul ­ ver DOC 256 e DOC 262).  2­  omissão  de  receita  bruta  mensal  na  prestação  de  serviços  profissionais  legalmente regulamentados.  O contribuinte não emitiu as notas  fiscais  referentes a valores de honorários  advocatícios  recebidos  através  do  levantamento  de  depósitos  judiciais,  caracterizando omissão de receitas da atividade, conforme relatório fiscal em anexo  (base de dados: documentos ­ alvarás e extratos de depósitos apresentados ao longo  da fiscalização x processos por nota fiscal do CAMPOS, corroborada pelos alvarás  enviados pela Corregedoria­Geral de Justiçado Estado do Rio Grande do Sul  ­ ver  DOC 258 e DOC 263).  3  –  dedução  indevida  na  apuração  do  imposto  adicional,  pois  os  registros  contábeis evidenciaram que houve uma distorção no cálculo desse  imposto devido  terem sido realizadas quatro apurações distintas do imposto de renda.  4  –  Multas  e  juros  isolados  por  falta  de  retenção  do  imposto  de  renda  incidente sobre os pagamentos realizados às pessoas físicas e do imposto de renda e  das contribuições (CSLL, PIS e Cofins) incidentes no caso de pagamentos realizados  às pessoas jurídicas na forma de distribuição de dividendos oriundos dos resultados  Fl. 41851DF CARF MF   4 advindos  de  Sociedades  em  Conta  de  Participação  ­  SCP,  quando  na  realidade  seriam remuneração por serviços prestados.  Houve  por  bem  a  autoridade  fiscal  lavrar  também  os  seguintes  Termos  de  Sujeição Passiva Solidária em face de 2 (duas) pessoas físicas, a saber:  1 ­ Marco Antônio Bezerra Campos, CPF 352.699.440­49;  2 ­ Marcelo Feijó de Medeiros, CPF 431.710.790­20.  I. DO PROCEDIMENTO FISCAL  Do Relatório de Ação Fiscal ­ RAF de fls. 40.903/40.977, parte integrante dos  autos de infração, extraem­se as seguintes informações.  A  fiscalização  iniciou­se  em  11/07/2014,  quando  a  empresa  CAMPOS  &  ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C foi  intimada a apresentar vários documentos e  informações. Outra intimação foi realizada em 15/07/2014, na qual foi solicitada a  apresentação da escrituração contábil em meio magnético.  Após idas e vindas na entrega das documentações requeridas, foi lavrada nova  intimação em 07/11/2014, na qual foi solicitada a apresentação de demonstrativo de  todos  os  valores  pagos/distribuídos  a  cada  sócio  das  Sociedades  em  Conta  de  Participação  ­  SCP,  relativos  ao período  de  apuração  compreendidos entre 2010  e  2012,  cuja  resposta  foi  protocolada  em  20/11/2014,  juntamente  com  outras  informações que se encontravam pendentes, bem como os livros Diário e Razão de  2010 e 2011.  Em  21/01/15,  foi  lavrada  nova  intimação  para  que  a  empresa  informasse  a  forma utilizada para a contabilização e a tributação da receita referente à Nota Fiscal  nº 2125, emitida em 13/12/2011, no valor de R$ 12.071.306,21, a qual tinha como  destinatário a BRT/OI, cuja resposta esclareceu que se tratava de serviços prestados  no 2º, 3º e 4º trimestres de 2010, bem como primeiro e segundo trimestres de 2011,  no montante de R$ 13.791.147,32.  Em 27/02/2015, intimou­se o impugnante a apresentar as listas de processos a  que se referiam os honorários de cada Nota Fiscal emitida, cuja resposta ocorreu em  13/03/2015, em conjunto com a entrega do Livro Diário de 2012.  Em 23/03/2015, foi lavrada nova intimação com o intuito de verificar as listas  de processos referentes às demais notas fiscais relacionadas aos serviços prestados à  BRT/OI, referentes a acordos judiciais.  Em resposta a essa última intimação, o contribuinte informou, em 10/04/2015,  que  as  demais  notas  fiscais  emitidas  eram  em  razão  do  contrato  de  prestação  de  serviços de acompanhamento e elaboração de peças processuais.  Em  05/08/2015,  o  contribuinte  foi  intimado  a  informar  qual  foi  o  serviço  prestado por cada um dos sócios participantes (ocultos) nas SCP que os tornou aptos  à  participação  nos  resultados. O  impugnante  informou  que  os  sócios  trabalhavam  juntos desde 2003,  tendo  sido necessária  a  criação de SCP,  face o vulto  e o  risco  econômico envolvido na contratação de um cliente como a OI S/A, onde cada sócio  faria  jus  à  participação  nos  dividendos  distribuídos  na  proporção  de  seu  envolvimento nos projetos.  Ademais, argumentou que cada um dos participantes das SCP já seria sócio de  alguma sociedade de advogados, com atividades próprias e independentes, de forma  que não haveria outro modelo jurídico possível. Assim, o Sócio ostensivo CAMPOS  distribuía lucros aos sócios ocultos em cumprimento a sua obrigação contratual e na  forma da lei.  Fl. 41852DF CARF MF Processo nº 11080.728823/2015­61  Acórdão n.º 1401­002.403  S1­C4T1  Fl. 41.850          5 Em  22/08/2010,  com  intuito  de  coletar  informações  a  respeito  dos  serviços  prestados  pelo  CAMPOS,  a  autoridade  fiscal  realizou  diligências  nas  pessoas  jurídicas  OI/SA  e  Telemar  Norte  Leste  S/A,  cujas  intimações  solicitaram  a  apresentação  dos  contratos  de  prestação  de  serviços  vigentes  nos  anos­calendário  2010,  2011  e  2012,  com  as  respectivas  procurações,  substabelecimentos,  notas  fiscais emitidos e valores pagos relacionados às pessoas físicas e jurídicas sócias das  SCP sob fiscalização.  Por  meio  de  autorização  judicial  para  compartilhamento  de  informações  obtidas no  âmbito da  “Operação Carmelina”,  foi  realizada diligência na Delegacia  da Polícia Federal de Passo Fundo (DOC 172), quando a fiscalização teve acesso a  milhares de cópias de petições conjuntas assinadas pelos escritórios de Maurício Dal  Agnol  e  CAMPOS/MAGADAN  (em  nome  das  partes  autoras  e  da  BRT/OI,  respectivamente, referentes à formalização de transação pelas partes perante a justiça  e  solicitando  o  levantamento  de  depósitos  judiciais  realizados  pela  BRT/OI,  com  copias  dos  respectivos  alvarás  para  levantamento  de valores  da parte  autora  e dos  honorários de Maurício Dal Agnol.  Tal  operação  investigava  a  atuação  do  advogado Maurício  Dal  Agnol,  que  litigava contra a BRT/OI e realizava acordos judiciais para desistência mútua. Agnol  era acusado de ter lesado seus clientes, os quais defendia em juízo contra a BRT/Oi.  A autoridade fiscal realizou também diligências junto à Corregedoria­Geral de  Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, onde obteve cópia digitalizada de todos os  alvarás  emitidos  para  levantamento  de  depósitos  judiciais  referentes  a  listas  de  processos previamente selecionadas no transcurso do procedimento de fiscalização.  Salientou  a  fiscalização,  que  a  fiscalizada  apresentou  os  livros  e  registros  contábeis ao  longo de meses, uma vez que aparentemente  tais  registros não teriam  sido  devidamente  realizados,  considerando  que  a  ciência  do  termo  de  início  do  procedimento  fiscal  ao  fiscalizado  ocorreu  em  11/07/2014,  enquanto  os  registros  contábeis  digitais  relativos  a  2010,  2011  e  2012  foram  entregues  em  15/09/2014,  01/10/2014  e  11/12/2014,  respectivamente,  após  reiterados  pedidos  de  dilação  de  prazo. Os livros diário e razão foram apresentados em 20/11/2014 (2010 e 2011) e  13/03/2015 (2012).  A fiscalização salientou ainda a falta de controles administrativos confiáveis  dos valores levantados, tanto por parte do CAMPOS quanto pela BRT/OI.  DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO  Segundo  a  autoridade  fiscal,  foram  constituídas  três  SCP,  nas  quais  o  CAMPOS  operava  como  sócio  ostensivo,  cujo  objetivo  era  de  utilização  dessa  estrutura para acobertar/ocultar a prestação de serviços dos sócios participantes para  o sócio ostensivo, negócio jurídico simulado que propiciava a omissão de receitas,  bem como a supressão do imposto de renda e contribuições devidos.  Afirma  a  autoridade  fiscal  que  conforme  previsto  no  artigo  991  do Código  Civil,  em  uma  SCP,  somente  o  sócio  ostensivo  poderia  prestar  serviço  e  posteriormente distribuir lucros. No entanto, no presente caso o que se constatou foi  a  montagem  de  uma  estrutura,  disfarçada  de  SCPs,  a  fim  de  atender  ao  serviço  contratado pela BRT/OI, da seguinte forma: (1) o CAMPOS e seus sócios da SCP  PF realizando a prospecção e aproximação aos escritórios patrocinadores das ações,  de modo a propor  e  “negociar” os  acordos;  (2)  a SCP PJ01 no âmbito  local,  com  todo  o  trabalho  de  atuação  jurídica  junto  às  varas;  (3)  a  SCP  PJ02,  que  o  representava perante os tribunais superiores.  Fl. 41853DF CARF MF   6 Asseverou a autoridade fiscal que nos contratos de constituição das três SCP  não constavam cláusulas determinando o investimento a  ser  realizado pelos sócios  participantes, mas,  tão­somente, previsões quanto à participação de cada sócio nas  cláusulas relativas à participação de resultados, conforme folha 43 do RAF.  Dessa forma, concluiu que o sócio ostensivo CAMPOS, uma vez contratado  pela  BRT/OI  para  prestar  serviços  de  advocacia  referentes  à  prospecção/operacionalização  de  acordos  com  escritórios  representantes  de  ações  contra  a  BRT/OI,  utilizou­se  de  sociedades  em  conta  de  participação  com  outras  pessoas físicas e jurídicas, as quais prestaram serviços ao CAMPOS de modo a que  este, na condição de tomador desses serviços, atendesse o contratado com a BRT/OI.  No  entanto,  não  reconheceu  tal  receita  de  prestação  de  serviços  e,  tampouco,  a  tributou nos termos da legislação.  O CAMPOS recebeu os valores de honorários da BRT/OI, e,  em virtude de  sua parceria com os sócios participantes das SCP, repassou valores a eles, os quais  classificou  como  distribuição  de  lucros  de  SCP  e  não  como  pagamento  pela  prestação de serviços. Assim agindo, o CAMPOS não efetuou a retenção do imposto  de renda incidente sobre os pagamentos realizados às pessoas físicas e do imposto de  renda e das contribuições (CSLL, PIS e Cofins)  incidentes no caso de pagamentos  realizados às pessoas jurídicas.  Quanto  aos  pagamentos  efetuados  às  pessoas  físicas  e  jurídicas  a  título  de  distribuição de resultados, foram apurados a multa e os juros isolados, nos termos do  artigo 9º da Lei 10.426/2002, e artigos 43, 44 e 61 § 3º da Lei 9.430/1996.  Considerando  que  a  responsabilidade  pelo  recolhimento  seria  da  fonte  pagadora  (RIR/99,  artigo  717),  os  pagamentos  realizados  por  pessoa  jurídica  à  pessoa  física,  a  título  de  serviços  prestados  sem  vínculo  empregatício,  tiveram  o  imposto  de  renda  calculado  mediante  a  aplicação  da  tabela  progressiva  mensal  (RIR/99, artigos 620 e 628), uma vez  Para os pagamentos ou o crédito ocorridos  em  favor de pessoas  jurídicas,  o  fato  gerador  do  Imposto  de  Renda  devido  pela  prestação  de  serviços  de  natureza  profissional,  foi o previsto no parágrafo 1º do artigo 647 do RIR/99, cuja alíquota  aplicada  foi  de  1,5%  sobre  essas  importâncias,  dado  que  fonte  pagadora  seria  responsável pela retenção (RIR/99, arts. 647 e 717).  Quanto  à  retenção  das  contribuições  CSLL,  Pis  e  Cofins  devidas  (Lei  10.833/2003,  artigos  30  a  35),  as  alíquotas  aplicadas  sobre  os  valores  pagos,  referentes  às  CSLL,  Pis  e  Cofins  foram  de  1%,  0,65%  e  3%,  respectivamente,  cabendo  à  fonte  pagadora  a  responsabilidade  pelo  recolhimento.  Conclui  a  autoridade fiscal que os fatos elencados deixaram clara a vontade do fiscalizado e de  seus  parceiros  em  ocultar  do  fisco  a  ocorrência  de  fatos  geradores  referentes  à  prestação de serviços entre os sócios das SCP, restando clara conduta enquadrada no  disposto nos artigos 72 e 73 da Lei 4.502/1964, cuja multa de ofício qualificada foi  de 150% do montante dos tributos que deixaram de ser retidos na fonte, nos termos  do § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996.  DA OMISSÃO DE RECEITAS DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS  A autoridade fiscal relatou que as petições conjuntas, por meio das quais era  informado ao poder judiciário o acordo entre as partes e solicitado o  levantamento  dos depósitos judiciais, tinham os depósitos correspondentes divididos em 5 partes,  sendo uma delas  o  valor  de  honorários  a  ser  destinado  ao CAMPOS. Argumenta,  que muitos desses valores foram reconhecidos como receitas (mesmo que via SCP),  enquanto uma outra parte foi recebida, mas não foi devidamente tributada.  Fl. 41854DF CARF MF Processo nº 11080.728823/2015­61  Acórdão n.º 1401­002.403  S1­C4T1  Fl. 41.851          7 Salientou a  autoridade  fiscal,  que os  contratos  apresentados pelo CAMPOS,  referentes aos serviços contratados pela BRT/OI, dividiam­se em dois grupos:  1)  contratos  para  serviços  técnicos  de  advocacia  com  vistas  ao  acompanhamento e à ação processual, em que a remuneração da CAMPOS era por  valores previamente fixados no contrato, com valores unitários por processo ou por  quantidade de processos. (DOC 13).  2)  contratos  específicos  referentes  a  serviços  técnicos  de  advocacia  para  atuação  na  celebração  de  acordos  em  processos  judiciais  envolvendo  contratos  de  participação financeira, cuja remuneração do CAMPOS seria de um percentual sobre  os  valores  resgatados  em  favor  da  BRT/OI,  cerca  de  4%  dos  valores  resgatados  (DOC 120), no caso da Campos e Magadan.  Relatou  que  o  escritório  de  Maurício  Dal  Agnol  e  a  BRT/OI  celebraram  “Instrumento Particular de Transação e Outras Avenças” em 21/10/2009, no qual se  previu que os acordos seriam formalizados através de petição conjunta, na qual seria  pedido  ao  Juízo  a  extinção  do  processo  por  acordo,  sendo  as  petições  subscritas  pelos  advogados  do  CAMPOS  em  nome  da BRT/OI  com  substabelecimentos  aos  procuradores  constituídos  nos  autos  dos  processos.  Em  regra,  as  petições  especificavam os valores a serem levantados dividindo­os em 5(cinco) partes:  · 50% do valor histórico depositado, em nome da parte;  · 50% do valor depositado a título de honorários, em nome de Maurício Dal  Agnol;  · 50% do valor histórico depositado, em nome da BRT;  · 50% do valor depositado a título de honorários, em nome do CAMPOS;  · Todos os demais valores depositados na conta correspondente ao processo  em questão, tais como juros, correção monetária, etc, em nome da BRT/OI.  Em  Resumo,  as  omissões  de  receita  foram  apuradas  por  dois  modos  complementares:  ­  petições  do  Dal  Agnol  x  processos  por  nota  fiscal  do  CAMPOS  ­  corroborada pelos alvarás enviados pela Corregedoria­Geral de Justiça do Estado do  Rio Grande do Sul ­ ver DOC 256 e DOC 262).  ­  alvarás  e  extratos  de  depósitos  apresentados  ao  longo  da  fiscalização  x  processos  por  nota  fiscal  do  CAMPOS,  corroborada  pelos  alvarás  enviados  pela  Corregedoria­Geral  de  Justiçado  Estado  do  Rio  Grande  do  Sul  ­  ver  DOC  258  e  DOC 263).  Asseverou a autoridade fiscal que uma eventual alegação de que esses valores  deveriam ser  repassados à BRT/OI, por conta de contrato, não alteraria a natureza  jurídica (honorários) do valor levantado judicialmente, uma vez que nos termos do  artigo  123  do  Código  Tributário  Nacional  (CTN),  uma  convenção  particular  não  poderia alterar as obrigações tributárias decorrentes do recebimento desses valores.  Concluiu  que  houve  a  omissão  de  receita  representada  pelos  valores  de  honorários  recebidos  e  não  devidamente  tributados,  sobre  os  quais  foi  efetuado  lançamento  de  ofício  de  IRPJ  e  reflexos  (CSLL,  PIS  e  Cofins)  nos  termos  da  legislação vigente.  Fl. 41855DF CARF MF   8 Ressaltou  a  autoridade  fiscal  que o  próprio CAMPOS,  em grande  parte  dos  valores  de  honorários  levantados,  emitiu notas  fiscais,  reconheceu  as  receitas  e  as  ofereceu à tributação. Todavia, não o fez para boa parte deles, o que evidenciaria a  vontade do fiscalizado em ocultar do fisco a ocorrência de fatos geradores referentes  ao recebimento de receitas de honorários advocatícios.  Assevera  que  em  resposta  à  intimação  da  fiscalização,  o  Campos  informou  que  os  honorários  referentes  à  prestação  de  serviços,  relacionados  aos  acordos  da  BRT/OI, foram somente aqueles informados nas notas fiscais, cujo registro contábil  foi feito em conta de passivo, como obrigações da empresa para com a BRT/OI.  Desta  forma,  enquadrou  essa  conduta  nos  artigos  71,  I,  da  Lei  4.502/1964,  com aplicação da multa de ofício de 150% do montante dos tributos apurados, nos  termos do § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996.  Constatou  que  as  condutas,  em  tese,  configuraram  crime  contra  a  ordem  tributária  definido  no  artigo  1o  da  Lei  nº  8.137/1990,  tratado  no  processo  11080.729023/2015­68.  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS  Dadas  as  infrações  apuradas,  procedeu  à  responsabilização  tributária  dos  sócios Marco Antônio Bezerra Campos, CPF 352.699.440­49,  e Marcelo Feijó  de  Medeiros, CPF 431.710.790­20, prevista no artigo 135, III da Lei nº 5.172/1966, por  considerar que os mesmos praticaram infração à lei, caracterizada por:  1. prática de negócio jurídico simulado com vistas a omitir fatos geradores de  tributos,  condutas  caracterizadas  nos  artigos  72  e  73  da  Lei  4.502/1964,  cuja  conseqüência  foi a  falta de retenção e  recolhimento de  imposto e contribuições de  sua responsabilidade;  2. omissão de receitas de sua atividade, cuja conduta é caracterizada no artigo  71 da Lei 4.502/1964.    Apreciadas  as  impugnações,  o  lançamento  foi  mantido  integralmente  inclusive em relação às  responsabilidades  solidárias dos  sócios Marcelo Feijó de Medeiros  e  Marco Antônio Bezerra Campos.  Cientificado  do  resultado  do  julgamento  o  interessado  apresentou  Desistência Parcial do Recurso Voluntário para inclusão dos valores no Programa Especial de  Regularização Tributária (PERT).  Assim o processo foi desmembrado e os débitos lançados no item 3 do auto  de infração (multa e juros isolados pela falta de retenção) foram transferidos para o processo nº  11080.733846/2017­50, conforme informado em Despacho de Encaminhamento de fls. 41847,  Desse modo,  o  enfrentamento  dos  recursos  da  empresa  e  dos  sócios,  está  adstrito  à  aludida  omissão  de  receita  e  suas  consequências  (multa  qualificada  e  responsabilidade  tributária  fixadas pela peça de autuação).  Foram  interpostos Recursos Voluntários  em nome da  empresa  e dos  sócios  responsaveis solidários.  Há nos autos pedido de prioridade de julgamento formulado pelo Ministério  Público,  que  interessa  ao  desfecho  do  Procedimento  Investigatório  do  MP  n°.  5070471­ Fl. 41856DF CARF MF Processo nº 11080.728823/2015­61  Acórdão n.º 1401­002.403  S1­C4T1  Fl. 41.852          9 56.2014.4.04.7100  (arquivado  na  Justiça  Federal  em  virtude  da  inexistência  de  constituição  definitiva do crédito em discussão).fls. 41848.  É o relatório do essencial.  Tabela do plano  Voto             Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin ­ Relatora.  O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade,  por isso, dele conheço.  Conforme relatado a BRT/OI contratou o Escritório Campos para realização  de um projeto consistente na realização de acordos com milhares de autores que processavam a  referida  empresa.  Todos  os  processos  já  estavam  em  andamento  (e muitos  em  fase  final  de  execução).   A  Recorrente  narra  que  o  objetivo  da  sua  atuação  consistia  na  redução  de  contingência  provisionada  e  o  decorrente  levantamento  de valores  depositados  judicialmente  (garantias), principalmente em face da delicada situação financeira por que passava a empresa  (hoje em recuperação judicial), A realização dos acordos possibilitou a redução das obrigações  e  o  levantamento  de  parte  (50%)  dos  depósitos  judicial,  com  a  consequente  expedição  de  alvarás para  levantamento do principal, da verba de sucumbência  e da atualização monetária  devidos à BRT, nos termos do acordo firmado com o patrono das ações judiciais.   A  Fiscalização,  comparando  a  relação  de  alvarás  entregues  pela  recorrente  com  a  relação  obtida  junto  à  Corregedoria  do  Tribunal  de  Justiça  do  RS,  identificou  uma  diferença  de  922  alvarás  relativos  a  honorários  de  sucumbência.  Concluiu,  então,  que  os  valores  referidos  nos  respectivos  alvarás  seria  receita  omitida  pela  recorrente.  Com  isso,  o  valor total (R$ 7.339.146,19) foi adicionado à base de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e  COFINS) e objeto do crédito tributário ora combatido, sancionado com a pena de 150%, sob a  alegação genérica de sonegação (omissão de fato gerador).   Confrontando  a  acusação  fiscal,  a  recorrente  demonstrou  que  suas  receitas  correspondem  a  APENAS  4%  do  valor  das  verbas  sucumbenciais  contidas  nos  alvarás  indicados  pela  fiscalização  (ou  seja,  4  %  do  valor  apontado  como  omitido).  E  mais,  que  reconheceu e tributou essas receitas.   A  titularidade  sobre  apenas 4% decorre da previsão  contratual  expressa  em  instrumento firmado com a BRT, de modo que é possível verificar que a recorrente nunca teve  a  disponibilidade  sobre  96%  dos  valores  por  si  levantados.,  posto  que  este  percentual  fo  repassado  à  BRT/OI  mediante  cheques  administrativos,  conforme  demonstram  os  extratos  bancários (fls. 1.370 a 1.836).   A  relação  entre  os  valores  levantados  (alvarás)  e  as  notas  fiscais  emitidas  contra  a  BRT/OI  corrobora matematicamente  essa  realidade  jurídica,  pois  o  valor  das  notas  fiscais corresponde exatamente ao percentual de 4%, conforme tabela abaixo, reproduzida dos  memoriais da recorrente:  Fl. 41857DF CARF MF   10     Ante o confronto da acusação fiscal em relação às provas apresentadas pela  contribuinte,  verifica­se  que  a  presunção  inicial  em  que  se  apoia  o  Auto  de  Infração,  resta  elidida, uma vez que a mera indicação da recorrente no alvará lhe atribuiria a titularidade do  valor sacado é inconciliável com o contrato e com a própria legislação processual vigente (art.  20 do antigo CPC), que atribuía a titularidade dos honorários à parte:   Os  honorários  pactuados  (4%)  foram descontados  de  parcela  das  verbas  de  sucumbência levantadas em favor da empresa contratante (BRT/OI) (fl. 9.353 do processo)   O  próprio  IRRF,  nos  alvarás,  foi  retido  da  BRT/OI,  titular  de  96%  dos  valores.   Acrescenta  contabilidade  apresentada  faz  prova  a  favor  da  Recorrente  e  reflete a verdade material e o cumprimento do termo contratual, conforme se pode ver no Livro  Razão:  no  espaço  destinado  a  retratar  o  seu  Passivo,  há  a  conta  nº  2.1.01.012.0101­“Brasil  Telecom  S/A  ­  Custas  e  Depósitos  Judiciais”,  onde  foram  contabilizados  todos  os  valores  levantados  referentes  a  cada  ação  judicial  em  que  houve  acordo,  os  repasses  efetuados  ao  cliente,  além das  custas  judiciais  pagas,  descritas  no Livro Razão  referente  ao  ano  de  2012,  entregue à fiscalização (fl. 298).  Há nos autos a relação das notas emitidas pela recorrente, relativamente aos  alvarás  levantados,  dizem  respeito  ao  seu  percentual  de  honorários  (4%)  referente  aos  honorários,  que  eram  controlados  através  de  conta  corrente  aberta  para  essa  finalidade,  as  despesas processuais da empresa BRT/OI eram descontadas da conta de depósitos, reduzindo,  consequentemente, a parcela dos honorários da recorrente, que, como se disse era remunerada  através da parcela de 50% da verba de sucumbência, fixada em 10% (ou seja, 50% de 10%).  Confrontando as dúvidas apontada no acórdão recorrido, apontando que nos  casos mencionados pela DRJ, o valor máximo atribuído à recorrente correspondia ao valor do  alvará  de  sucumbência;  conforme  se  demonstrou  no  recurso  (itens  70  e  71),  a  decisão,  ao  Fl. 41858DF CARF MF Processo nº 11080.728823/2015­61  Acórdão n.º 1401­002.403  S1­C4T1  Fl. 41.853          11 buscar  desqualificar  a  comprovação  realizada  pela  recorrente,  incorreu  em  erro matemático,  pois considerou na sua premissa o valor original do alvará, e não o valor atualizado até a data  do  saque  (os  valores  batem  nos  centavos);  porque  a  recorrente  indicou  os  alvarás  correspondentes  ao valor de honorários  emitidos  em cada nota  fiscal  (fls.  8.043 a 8.225);  os  honorários  foram  contabilizados  em  conta  de  passivo  porque  representavam,  conforme  demonstrado, uma obrigação junto à BRT/OI. de maneira que se não pertenciam à recorrente,  não poderiam ser contabilizados como receita.  Desta forma, uma vez demonstrado que as receitas acusadas como omitidas  pela Recorrente  não  lhe  pertenciam,  perfeitamente  legítimo  o  fato  dela  não  as  ter  declarado  como suas, até porque, dado o contrato celebrado entre ela e a BRT/OI, o ilícito estaria se ela  procedece em sentido contrário.  De modo que constatada a inocorrência da infração subjacente de omissão de  receitas, restam prejudicadas, por consequência a aplicação de multa de ofício e qualificada e  responsabilização dos sócios.  Ante o exposto DOU provimento ao Recuso Voluntário.    É como voto.    (assinado digitalmente)  Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin.                                Fl. 41859DF CARF MF

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7319806 #
Numero do processo: 19647.010995/2004-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2004 PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA Estando o ato administrativo do lançamento revestido de suas formalidades essenciais, não se há que falar em nulidade do procedimento fiscal. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA NA ETAPA ANTERIOR. As Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social e para o Programa de Integração Social incidirão sobre o faturamento do mês, deduzidas as exclusões previstas em lei, cujos valores são registrados pela contribuinte. MULTA DE OFÍCIO COM SUPOSTO EFEITO CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Não há esse Tribunal como afastar a aplicação da multa de ofício prevista na legislação ordinária por suposto vício de constitucionalidade. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2004 PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA Estando o ato administrativo do lançamento revestido de suas formalidades essenciais, não se há que falar em nulidade do procedimento fiscal. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA NA ETAPA ANTERIOR. As Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social e para o Programa de Integração Social incidirão sobre o faturamento do mês, deduzidas as exclusões previstas em lei, cujos valores são registrados pela contribuinte. MULTA DE OFÍCIO COM SUPOSTO EFEITO CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Não há esse Tribunal como afastar a aplicação da multa de ofício prevista na legislação ordinária por suposto vício de constitucionalidade.
Numero da decisão: 3401-004.460
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, acolhendo o resultado da diligência. ROSALDO TREVISAN - Presidente. TIAGO GUERRA MACHADO - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayer, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição a conselheira Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO

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3401­004.460  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  22 de março de 2018  Matéria  AUTO DE INFRAÇÃO ­ PIS/COFINS  Recorrente  ORGANIZAÇÃO DE PETRÓLEO SHOPPING LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2004  PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA  Estando o  ato  administrativo do  lançamento  revestido de  suas  formalidades  essenciais, não se há que falar em nulidade do procedimento fiscal.  BASE  DE  CÁLCULO.  INCIDÊNCIA  MONOFÁSICA  NA  ETAPA  ANTERIOR.  As  Contribuições  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  e  para  o  Programa  de  Integração  Social  incidirão  sobre  o  faturamento  do  mês,  deduzidas  as  exclusões  previstas  em  lei,  cujos  valores  são  registrados  pela  contribuinte.  MULTA  DE  OFÍCIO  COM  SUPOSTO  EFEITO  CONFISCATÓRIO.  INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.  Não há esse Tribunal como afastar a aplicação da multa de ofício prevista na  legislação ordinária por suposto vício de constitucionalidade.  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE  SOCIAL ­ COFINS  Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2004  PRELIMINAR DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA  Estando o  ato  administrativo do  lançamento  revestido de  suas  formalidades  essenciais, não se há que falar em nulidade do procedimento fiscal.  BASE  DE  CÁLCULO.  INCIDÊNCIA  MONOFÁSICA  NA  ETAPA  ANTERIOR.  As  Contribuições  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  e  para  o  Programa  de  Integração  Social  incidirão  sobre  o  faturamento  do  mês,     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 09 95 /2 00 4- 81 Fl. 11828DF CARF MF     2 deduzidas  as  exclusões  previstas  em  lei,  cujos  valores  são  registrados  pela  contribuinte.  MULTA  DE  OFÍCIO  COM  SUPOSTO  EFEITO  CONFISCATÓRIO.  INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.  Não há esse Tribunal como afastar a aplicação da multa de ofício prevista na  legislação ordinária por suposto vício de constitucionalidade.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  parcial provimento ao recurso voluntário, acolhendo o resultado da diligência.     ROSALDO TREVISAN ­ Presidente.   TIAGO GUERRA MACHADO ­ Relator.    Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Rosaldo  Trevisan  (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice­presidente), Robson José  Bayer,  Renato  Vieira  de  Ávila  (suplente  convocado),  Marcos  Roberto  da  Silva  (suplente  convocado  em  substituição  a  conselheira Mara Cristina  Sifuentes,  ausente  justificadamente),  André  Henrique  Lemos  e  Tiago  Guerra  Machado.  Ausente  ocasionalmente  o  Conselheiro  Fenelon Moscoso de Almeida.  Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  (fls.  e  seguintes),  contra  decisão  da  DRJ/Recife,  referente  a  lançamento  de  ofício  de  PIS  e  COFINS  devidos  pela  Recorrente  durante o período compreendido entre janeiro de 1999 a junho de 2004.    Dos Lançamentos de Ofício  Foram  lavrados Autos  de  Infração  (fls.  9  e  seguintes)  em  razão  de  suposto  recolhimento  a menor  pelo  contribuinte  referente  ao  PIS  e  à  COFINS.  Conforme  Termo  de  Constatação, verificou­se que:    Foi  verificado  através  da  análise  da  documentação  contábil  e  fiscal  apresentada,  que  a  empresa  deixou  de  recolher  e  declarar  parte  das  contribuições  para com a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) nos  períodos  de  apuração  janeiro/1999  a  junho/2004,  nos  meses  em  que  ocorreram  diferenças, conforme pode ser verificado em demonstrativos em anexo extraídos do  Sistema Papeis de Fiscalização e Planilhas demonstrativas em anexo.   Em  relação  ao  PIS  (Contribuição  para  o  Programa  de  Integração  Social),  a  empresa também deixou de recolher e declarar parte da Contribuição para com o PIS  Fl. 11829DF CARF MF Processo nº 19647.010995/2004­81  Acórdão n.º 3401­004.460  S3­C4T1  Fl. 11.829          3 nos períodos de apuração janeiro/1999 a junho/2004, período esse que foi objeto de  análise.  Como a empresa é uma PJ tributada pelo imposto de renda pelo Lucro Real,  apuramos  o  PIS  e  a  COFINS  não  cumulativos,  de  acordo  com  a  MP  66/2002  convertida  na  Lei  10.637/2002  e  MP  135/2003  convertida  na  Lei  10.833,  de  29/12/2003.(...). Foi efetuada Planilha de Apuração das Bases de Cálculo e Planilhas  de Apuração das deduções geradoras de credito baseadas nos livros Razão e Diário  (cópias em anexo), onde discriminamos os valores que deram origem a tais créditos  de  acordo  com  a  legislação  em  vigor.  Os  valores  geradores  de  créditos  foram  considerados  apenas  para  as  receitas  que  compuseram  a  base  de  cálculo  das  contribuições para  com o PIS  e  a COFINS,  considerando  a  proporcionalidade das  receitas  no  que  se  refere  a  energia  elétrica,  a  partir  de  fevereiro/2003  conforme  determina o art.3° (alterado pelo art.25° da Lei 10.684/2003, que incluiu o inciso IX)  da Lei 10.637/2002 e art. 29, II , da Lei 10.684/2003.    Da Impugnação  Às  fls.  707,  o  contribuinte  apresentou  impugnação  onde  defendeu  que  as  bases de cálculo apuradas pelo auditor estavam equivocadas:    A base legal para a autuação levada a efeito contra a empresa foi a diferença  entre os valores declarados e escriturados pela empresa em relação ao Faturamento  utilizado  como  base  de  cálculo  do  PIS  e  COFINS.  Foram  levantadas,  conforme  demonstrado no auto de infração e anexos, diferenças no valor das bases de cálculo  informadas  pela  empresa  e  as  apuradas  pela  fiscalização  entre  os  anos  de  1999  e  2004.  No entanto, como pode ser facilmente verificado na planilha demonstrativa da  situação fiscal apurada, só existem valores de débitos significativos (que respondem  por mais de 90% de toda a 'autuação) em relação a alguns meses dos anos de 2000 e  2001. Note­se que em todos os outros anos os valores de débitos são insignificantes  e relacionam­se, muito provavelmente a erros na elaboração dos demonstrativos aos  quais não nos pareceu útil contestar.  Entretanto, em relação, especificamente, ao ano de 2000 pudemos apurar com  toda  a  segurança  que  os  valores  apurados  pela  fiscalização  não  condizem  com  a  realidade de faturamento da empresa. Para tanto apresentamos em anexo o livro que  registra  a  movimentação  diária  de  combustível  da  empresa,  onde  pode  ser  constatado  todo  o  valor  relativo  ao  faturamento  advindo  da  comercialização  de  combustíveis. Apresentados, também, as cópias de todas as notas fiscais de venda de  mercadorias  que  são  comercializadas  pela  empresa,  indicando  que  os  valores  apurados com a venda de mercadorias diversas no livro de ICMS foram, em verdade  oriundo de venda de combustíveis e não destas mercadorias.  (...)  A partir dos dados acima mencionados, elaboramos planilhas demonstrativas  das verdadeiras bases de  cálculo utilizadas pela  empresa,  onde demonstramos,  em  separado,  o  valor  da  base  de  cálculo  relativa  à  venda  de  combustíveis,  o  valor  relativo  a  venda  de  mercadorias  diversas,  o  valor  relativo  às  receitas  não­ Fl. 11830DF CARF MF     4 operacionais  e,  finalmente,  o  valor  relativo  à  venda  de  cigarros.  Apurados  esses  valores constata­se que, em verdade, as bases de cálculo apuradas pela fiscalização  utilizando­se  simplesmente do  livro de apuração do  ICMS estão equivocadas, haja  vista que os dados transcritos para aquele livro estão equivocados.    Nesse sentido, a Recorrente entendera que a base de cálculo utilizada para o  lançamento das contribuições por ela devidas teria incluído – erroneamente – receitas de venda  de combustíveis, cuja incidência já ocorrera de forma concentrada (incidência monofásica) nas  refinarias  fornecedoras;  bem  como  de  receita  de  revenda  de  cigarros  (também  sujeita  à  incidência monofásica),  que  estariam  fora  do  campo  de  incidência  das  contribuições  sociais  sobre a receita bruta, seja na modalidade cumulativa, seja na modalidade não­cumulativa.  Além  disso,  arguiu  pela  nulidade  do  auto  de  infração  pelo  suposto  cerceamento de defesa, e ainda que a multa de ofício, no percentual de 75% (setenta e cinco  por cento)  representaria prática confiscatória, o que seria vedado nos  termos da Constituição  Federal.  Da Decisão de Primeiro Grau  Sobreveio o acórdão da DRJ/Recife que manteve o auto de  infração na  sua  integralidade, nos seguintes termos:    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP   Período  de  apuração:  01/01/1999  a  31/12/2000,  01/02/2001  a  31/12/2002,  01/02/2003 a 30/04/2003, 01/07/2003 a 31/12/2003, 01/06/2004 a 30/06/2004  PRELIMINAR DE NULIDADE.  Estando  os  atos  administrativos,  consubstanciadores  do  lançamento,  revestidos  de  suas  formalidades  essenciais,  não  se  há  que  falar  em  nulidade  do  procedimento fiscal.  BASE DE CÁLCULO.  A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e para o Programa  de  Integração Social  incidirá  sobre  o  faturamento  do mês,  deduzidas  as  exclusões  previstas em lei, cujos valores são registrados pela contribuinte.  MULTA DE OFÍCIO.  A  multa  a  ser  aplicada  em  procedimento  ex­officio  é  aquela  prevista  nas  normas válidas e vigentes época de constituição do respectivo crédito tributário, não  havendo  como  imputar  o  caráter  confiscatório  à  penalidade  aplicada  de  conformidade com a legislação regente da espécie.  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  0  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE SOCIAL ­ COFINS  Período  de  apuração:  01/01/1999  a  31/12/2000,  01/02/2001  a  31/12/2003,  01/06/2004 a 30/06/2004   PERÍCIAS. DILIGENCIAS.  Fl. 11831DF CARF MF Processo nº 19647.010995/2004­81  Acórdão n.º 3401­004.460  S3­C4T1  Fl. 11.830          5 A  autoridade  julgadora  de  primeira  instância  determinará,  de  oficio  ou  a  requerimento  do  impugnante,  a  realização  de  diligências  ou  perícias,  quando  entendê­las  necessárias,  indeferindo  as  que  considerar  prescindíveis  ou  impraticáveis.  Lançamento Procedente    Da decisão, destaco os seguintes trechos:  (a)  Sobre o cerceamento de defesa:  9. Logo se vê que o presente caso não se enquadra em nenhum dos itens do  artigo acima transcrito. Não há a incompetência de que tratam os itens I e II, e não se  pode  falar  em  preterição  do  direito  de  defesa  na  fase  de  lançamento,  pois  na  fiscalização, o autuante faz a verificação do cumprimento das obrigações tributárias  e,  sendo o  caso,  apura,  através  do Auto  de  Infração,  o  valor  do  crédito  tributário,  intimando  o  contribuinte  a  recolher  ou  impugnar  o  montante  apurado.  Não  há  cerceamento ao direito de defesa, uma vez que foi verificado nos autos ter havido a  descrição dos fatos e todas as provas que fundamentaram a autuação.    (b) Sobre os supostos erros cometidos pela Fiscalização na fixação na base de  cálculo das contribuições  10. A fiscalização se posicionou corretamente quando informou à contribuinte  que se algum engano cometesse no levantamento da base de cálculo, que a mesma  fizesse a sua demonstração na defesa e juntasse a este demonstrativo a prova em que  se baseava para comprovar o erro. Não há, portanto, que se falar em cerceamento ao  direito de defesa na fase do procedimento fiscal.  11. A Contribuinte alega que 90% de suas vendas é de combustível e que em  alguns  meses  dos  anos  de  2000  e  2001  como  pode  ser  verificado  na  planilha  demonstrativa  da  situação  fiscal  apurada,  só  existem  valores  de  débitos  significativos  (que  respondem por mais  de  90% de  toda  a  autuação)  em  relação  a  alguns meses dos  anos de 2000 e 2001. E, ainda, que  em  todos os outros anos os  valores de débitos são insignificantes e relacionam­se, muito provavelmente a erros  na  elaboração  dos  demonstrativos  aos  quais  não  nos  pareceu  Ca  contestar.  Em  relação ao ano de 2000 os valores apurados pela  fiscalização não condizem com a  realidade de faturamento da empresa, pois, o faturamento da venda de combustíveis  já  tem  a  tributação  do  PIS  e  COFINS  realizada  diretamente  na  refinaria.  Este  argumento  não  prospera,  uma  vez  que  a  Auditora  foi  devidamente  diligente  retirando  toda  a  receita  de  vendas  dos  derivados  de  petróleo,  do  álcool  com  fins  carburantes , como também da receita de vendas de cigarro, como se pode verificar  nas planilhas, de fls. 29/36, só levando à tributação o resultado das outras vendas de  mercadorias  e  de  outras  receitas,  apurados  de  acordo  com  os  livros  contábeis  e  fiscais e à luz da legislação em vigor.  12.  A  Contribuinte  alega,  porém  não  comprova  com  demonstrativo  e  documentação hábil o erro que  teria havido na escrituração do livro de registro de  apuração  do  ICMS  e  demais  livros  apresentados. A  base  de  cálculo  foi  obtida  da  escrituração  da  empresa  e  está  toda  demonstrada  nas  planilhas  de  "Apuração  de  Débito", "Pagamentos", "Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada", acostadas ao  presente processo.  Fl. 11832DF CARF MF     6   (c)  Sobre o caráter confiscatório da multa de ofício de 75%  15.  Sobre  a  multa  aplicada,  é  a  MULTA  DE  OFÍCIO.  Esta  é  penalidade  pecuniária e, como toda e qualquer penalidade, deve ser graduada na exata medida  em que constranja o infrator a abster­se da prática da ilicitude, que a penalidade visa  coibir.  16. Quanto  à pretensa violação à Constituição Federal,  em  seu  art.  150,  IV,  cabe  invocar  a  vinculação  da Administração  Pública,  de maneira  que  se  encontra  este  julgador  impedido  de  apreciar  a  constitucionalidade  dos  atos  legais,  cabendo  apenas o dever de executar a ordem disposta na norma de regência, que no caso é o  art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996:  17  A  esse  respeito,  cumpre  ressaltar  inicialmente,  que  a  autoridade  administrativa não tem competência para decidir sobre a inconstitucionalidade ou a  ilegitimidade de lei, matéria reservada ao Poder Judiciário. O órgão administrativo  não é o foro apropriado para discussões dessa natureza, salvo nos casos autorizados  por  disposições  legais,  regulamentares  ou  normativas,  baixadas  por  autoridade  superior  competente  –  de  conformidade  com  o  estatuído  no  art.  4°  do Decreto  n°  2.346, de 10/10/1997 ­, nos quais não se insere a presente matéria.  21. A  autoridade  lançadora,  portanto,  não  deve  e  nem  pode  fazer  um  juízo  valorativo  sobre  a  conveniência  do  lançamento.  O  lançamento  tributário  é  rigidamente  regrado  pela  lei,  ou,  no  dizer  do  art.  3°  do  CTN,  é  "atividade  administrativa  plenamente  vinculada".  0  que  é  determinante  para  a  efetivação  do  lançamento  6  a  ocorrência  do  fato  gerador,  e  não  a  repercussão  da  exigência  no  patrimônio do contribuinte. Conforme o art. 142 do CTN, ocorrido o fato gerador, a  autoridade  fiscal  deve  constituir  o  crédito  tributário,  calculando  a  exigência  de  acordo  com  a  lei  vigente  A  época  do  fato,  sendo  irrelevante  sua  repercussão  na  situação econômico­financeira do sujeito passivo.  24. Deste modo, a multa de oficio deve ser aplicada sempre que o contribuinte  deixar  de  recolher  ou  recolher  a  menor  algum  tributo  ou  contribuição  devidos.  Assim, é cabível a multa no lançamento de oficio.  25. No presente caso, a autuada incidiu, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei  n° 9.430/1996, cuja a multa de oficio é de 75%.    (d) Sobre o pedido de diligência:  30.  Neste  ponto,  considerando  que  o  pedido  de  diligência/pericia  está  devidamente  esclarecido  nos  autos,  verificamos  ser  desnecessária  a  realização  de  diligência  e  ou  perícia  por  não  restar  dúvidas  acerca  dos  elementos  presentes  no  processo, restando plenamente esclarecida a questão.    Do Recurso Voluntário  Irresignado,  o  contribuinte  interpôs  Recurso  Voluntário  a  esse  Tribunal  administrativo, reprisando as teses da impugnação, e solicita que, do valor do crédito tributário  em discussão, seja descontado o montante de R$ 165.448,86, que teria sido recolhido durante o  curso do presente processo, em 12.9.2005.  Fl. 11833DF CARF MF Processo nº 19647.010995/2004­81  Acórdão n.º 3401­004.460  S3­C4T1  Fl. 11.831          7   Da Resolução 3401­00.236 e da subsequente Diligência  O  presente  foi  distribuído  a  essa  Turma,  sob  a  relatoria  do  Conselheiro  Fernando Marques  Cleto  Duarte  e,  por  ocasião  da  sessão  de  04.02.2011,  foi  resolvido  pelo  colegiado, nos  termos da Resolução ditada pelo  relator  (fls.  11.529 e  seguintes),  converter o  julgamento  do  recurso  em  diligência,  para  verificação  dos  erros  apontados  pela  Recorrente  quanto  à  base  de  cálculo  utilizada  no  lançamento  (inclusão  de  receitas  sujeitas  à  incidência  monofásica) e da análise do pagamento aludido acima.  Como  consequência,  os  autos  foram  encaminhados  à  origem  para  cumprimento da diligencia proposta, pelo que foi emitido respectivo Relatório às fls. 11.748 e  seguintes, juntado ao presente, e devolvido a essa Turma para novo julgamento.    É o relatório.  Voto             Conselheiro Tiago Guerra Machado    Da Admissibilidade   Em vista de minha análise ocorrer após o  retorno da diligencia proposta na  última sessão de julgamento referente a esse processo, entendo que o juízo de admissibilidade  já fora efetuado no momento anterior, sendo desnecessária nova análise.  Porém,  antes de  atacar o mérito do Recurso  interposto pela contribuinte,  já  com as conclusões da diligência, é necessário analisar a preliminar de nulidade do lançamento  oposta pela Recorrente e que não fora ainda objeto de escrutínio por esse colegiado.  Alega a recorrente que teria havido cerceamento de defesa em razão de  Contudo, observando­se os autos do processo, percebe­se, ainda que o termo  de verificação tenha sido sucinto, todas as planilhas de cálculo que compuseram o lançamento  de ofício foram colacionadas aos autos, permitindo ao contribuinte verificar os motivos pelos  quais a autoridade fazendária formou o crédito exigido.  Com  isso  em  mente,  inexistindo  os  elementos  previstos  no  artigo  59,  do  Decreto­Lei 70.235/1972, afasto a preliminar trazida pelo Recorrente.     Quanto ao mérito  Nos  termos  das  conclusões  exaradas  no  relatório  de  diligência,  verifica­se  que  houve  apenas  erros  no  lançamento  feito  pela  fiscalização  referente  aos  períodos  de  apuração ocorridos durante o ano 2000.  Fl. 11834DF CARF MF     8 Na  planilha  elaborada  pela  unidade,  esses  foram  os  valores  calculados  corretamente:    No lançamento original, os valores lançados somavam cerca de R$ 142 mil.  Vejamos:      Nesse  sentido,  merece  ser  reformada  a  decisão  recorrida  para  cancelar  parcialmente  o  lançamento  efetuado  para  ajustar  o  crédito  tributário  –  e  respectivos  consectários de mora – aos valores encontrados pela diligência fiscal.  Fl. 11835DF CARF MF Processo nº 19647.010995/2004­81  Acórdão n.º 3401­004.460  S3­C4T1  Fl. 11.832          9 Quanto ao valor pago posteriormente pela Recorrente, no curso do processo,  acolho o entendimento exarado pelo Relatório da unidade de origem para que tal montante seja  imputado  ao  contribuinte,  no  momento  que  o  crédito  tributário  for  liquidado  para  fins  de  exigência e cobrança administrativa ou judicial.  Com relação à inconstitucionalidade da multa de ofício, é forçoso dizer que  não cabe a essa corte administrativa afastar a aplicação de lei ou tratado sob o argumento de  inconstitucionalidade, nos  termos das  restrições  legais  e  regimentais  (Súmula CARF nº 2),  e  mesmo constitucionais, que limitam a competência e legitimidade para exercício do controle de  constitucionalidade no âmbito do Poder Judiciário e Poder Legislativo.  Diante  disso,  e  inexistindo  decisão  judicial  transitada  em  julgado  sob  os  efeitos do artigo 543­B e 543­C, do antigo Código de Processo Civil, não tomo conhecimento  da tese suscitada pela Recorrente quanto a não aplicação da multa de ofício no percentual de  75%.  Nesse  sentido,  tomo  conhecimento  do  presente  recurso,  porém  dou­lhe  parcial provimento.    Tiago Guerra Machado ­ Relator                              Fl. 11836DF CARF MF

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Numero do processo: 10380.908410/2009-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NOVA MANIFESTAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. Constatada omissão no acórdão embargado, prolata-se nova decisão para supri-la, implicando necessários efeitos infringentes quando, na nova decisão, conclui-se pela alteração no resultado do julgado. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DE PRELIMINAR EM QUE SE BASEARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. No julgamento de recurso voluntário em que se supera preliminar que embasou tanto o despacho decisório da unidade de origem, quanto o acórdão de primeira instância, a conversão do julgamento em diligência para apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF para nova decisão poderá implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de apresentação de recurso em matéria probatória. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES. Constatado a existência do crédito tributário, por meio das DCTFs e DIPJs retificadoras apresentadas antes da emissão do despacho decisório tributário, este deve ser analisado pela fiscalização, em homenagem ao princípio da verdade material no processo administrativo. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
Numero da decisão: 1301-003.099
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomando-se, a partir daí, o rito processual habitual. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: Relator

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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NOVA MANIFESTAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. Constatada omissão no acórdão embargado, prolata-se nova decisão para supri-la, implicando necessários efeitos infringentes quando, na nova decisão, conclui-se pela alteração no resultado do julgado. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DE PRELIMINAR EM QUE SE BASEARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. No julgamento de recurso voluntário em que se supera preliminar que embasou tanto o despacho decisório da unidade de origem, quanto o acórdão de primeira instância, a conversão do julgamento em diligência para apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF para nova decisão poderá implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de apresentação de recurso em matéria probatória. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES. Constatado a existência do crédito tributário, por meio das DCTFs e DIPJs retificadoras apresentadas antes da emissão do despacho decisório tributário, este deve ser analisado pela fiscalização, em homenagem ao princípio da verdade material no processo administrativo. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomando-se, a partir daí, o rito processual habitual. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.

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1301­003.099  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  17 de maio de 2018  Matéria  Embargos de Declaração  Embargante  FAZENDA NACIONAL  Interessado  IMAGEMAMA DIAGNÓSTICO POR IMAGEM LTDA    ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Ano­calendário: 2001, 2002, 2003  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NOVA MANIFESTAÇÃO.  EFEITOS INFRINGENTES.   Constatada  omissão  no  acórdão  embargado,  prolata­se  nova  decisão  para  supri­la, implicando necessários efeitos infringentes quando, na nova decisão,  conclui­se pela alteração no resultado do julgado.  PEDIDO  DE  RESTITUIÇÃO  E  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  SUPERAÇÃO  DE  PRELIMINAR  EM  QUE  SE  BASEARAM  AS  DECISÕES  ANTERIORES.  IMPOSSIBILIDADE  DE  DECISÃO  DE  MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.  No  julgamento  de  recurso  voluntário  em  que  se  supera  preliminar  que  embasou tanto o despacho decisório da unidade de origem, quanto o acórdão  de  primeira  instância,  a  conversão  do  julgamento  em  diligência  para  apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF  para  nova  decisão  poderá  implicar  cerceamento  do  direito  de  defesa  do  contribuinte  em  razão  da  impossibilidade  de  apresentação  de  recurso  em  matéria probatória.  PEDIDO  DE  COMPENSAÇÃO.  POSSIBILIDADE  DE  RETIFICAÇÃO  DAS  DECLARAÇÕES.  Constatado  a  existência  do  crédito  tributário,  por  meio  das  DCTFs  e  DIPJs  retificadoras  apresentadas  antes  da  emissão  do  despacho  decisório  tributário,  este  deve  ser  analisado  pela  fiscalização,  em  homenagem ao princípio da verdade material no processo administrativo.  INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.  A prova do  indébito  tributário,  fato  jurídico a dar  fundamento ao direito de  repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o  pagamento indevido ou maior que o devido.          AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 84 10 /2 00 9- 73 Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10380.908410/2009­73  Acórdão n.º 1301­003.099  S1­C3T1  Fl. 3          2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os  embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e  dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o  despacho  decisório  e  a  decisão  de  primeira  instância,  determinando  o  retorno  dos  autos  à  unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado,  retomando­se,  a  partir daí, o rito processual habitual.   (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator    Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior,  José  Eduardo  Dornelas  Souza,  Nelso  Kichel,  Marcos  Paulo  Leme  Brisola  Caseiro,  Amélia  Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a  Conselheira Bianca Felícia Rothschild.  Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10380.908410/2009­73  Acórdão n.º 1301­003.099  S1­C3T1  Fl. 4          3   Relatório  Transcrevo  os  trechos  de  interesse  do  despacho  quando  da  admissão  dos  embargos:  No julgamento do recurso do processo em epígrafe, entendeu o colegiado em  superar  os  óbices  de  direito,  elencados  preliminarmente,  pela  unidade  de  origem para não reconhecer o direito creditório pleiteado.  Ato contínuo, entendeu­se por bem converter julgamento em diligência a fim de  que  a  unidade  de  origem,  superadas  as  questões  de  direito,  procedesse  às  análises de fato a fim de verificar a  liquidez e a certeza do crédito pleiteado.  Ao  final,  deveria  elaborar  relatório  circunstanciado,  abrindo­se  vista  ao  contribuinte  para  que  esse,  querendo,  se  manifestasse  a  respeito  das  conclusões da autoridade fiscal, e a seguir encaminhasse os autos novamente  ao CARF para que pudesse, enfim, decidir sobre o mérito da exigência.  Pois  bem,  assim  deliberando,  o  colegiado  deixou  de  se  manifestar  sobre  eventual  prejuízo  do  contribuinte,  em  tese,  ao  direito  de  recurso  em  caso  de  não  reconhecimento  integral  do  crédito  pleiteado,  uma  vez  que  o  mérito  da  exigência  poderia  não  vir  a  ser  examinado  não  examinado  pela  DRJ,  acarretando, repita­se, em tese, supressão de instância.  Por essas razões, nos termos do inciso I, do art. 65, do Anexo II do RICARF,  oponho os presentes embargos de declaração em razão de omissão, no acórdão  embargado, de ponto sobre qual deveria pronunciar­se a turma.  E, a  fim de se evitar burocracia absolutamente desnecessária,  tendo em vista  que  compete  ao  Presidente  do  colegiado  analisar  a  admissibilidade  dos  embargos, já o admito de plano, determinando­se o encaminhamento dos autos  ao  relator  do  acórdão  embargado  para  relato  e  inclusão  em  pauta  de  julgamento.  É o relatório.    Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10380.908410/2009­73  Acórdão n.º 1301­003.099  S1­C3T1  Fl. 5          4 Voto             Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator.  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão nº  1301­003.088, de 17.05.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10380.904202/2011­10,  paradigma ao qual o presente processo fica vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301­003.088):  "Conforme  já  relatado,  no  acórdão  embargado  o  colegiado  deixou de se manifestar sobre eventual prejuízo do contribuinte,  em  tese,  ao  direito  de  recurso  em caso  de  não  reconhecimento  integral do crédito pleiteado, uma vez que o mérito da exigência  poderia  não  vir  a  ser  examinado  não  examinado  pela  DRJ,  acarretando, repita­se, em tese, supressão de instância.  De fato, no acórdão embargado, o colegiado entendeu por bem  superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e  a decisão de primeira instância.  Contudo,  ao  se  determinar,  superada  a  citada  preliminar,  a  conversão  do  julgamento  em  diligência  para  apreciação  do  mérito  do  pedido,  com  o  posterior  retorno  dos  autos  ao CARF  para  nova  decisão  poderá  implicar  cerceamento  do  direito  de  defesa  do  contribuinte  em  razão  da  impossibilidade  de  apresentação de recurso em matéria probatória.  Por essas razões, entendo que o resultado mais adequado para o  julgado  seria  dar  provimento  parcial  ao  recurso  voluntário,  determinando  o  retorno  dos  autos  à  unidade  de  origem  para  analise o mérito do pedido.   Caberá à DRF de origem analisar o mérito do crédito pleiteado  nas compensações, levando em consideração os débitos de IRPJ  e  CSLL  constantes  das  DIPJs  e  DCTFs  retificadoras  apresentadas.   Saliento que a autoridade fiscal deverá considerar que o IRPJ e  a  CSLL  devem  ser  apurados  mediante  aplicação  dos  coeficientes,  respectivamente,  de  8%  e  de  12%,  nos  termos  do  acórdão  no  REsp  1.116.399/BA,  decidido  sob  a  sistemática  de  Recurso Repetitivo do Superior Tribunal de Justiça.  Nessa hipótese, eventual indeferimento do pleito do contribuinte,  ainda  que  parcial,  poderá  ensejar  nova  apresentação  de  manifestação de  inconformidade, e,  se,  for o caso,  interposição  Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10380.908410/2009­73  Acórdão n.º 1301­003.099  S1­C3T1  Fl. 6          5 de novo recurso voluntário, garantindo ao contribuinte o pleno  exercício de sua defesa.  CONCLUSÃO  Isso  posto,  voto  por  acolher  os  embargos  de  declaração  para  suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes,  e dar provimento parcial ao recurso  voluntário para  superar a  preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão  de  primeira  instância,  determinando  o  retorno  dos  autos  à  unidade  de  origem  para  que  analise  o  mérito  do  direito  creditório  pleiteado,  retomando­se,  a  partir  daí,  o  rito  processual habitual."  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por acolher os  embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e  dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o  despacho  decisório  e  a  decisão  de  primeira  instância,  determinando  o  retorno  dos  autos  à  unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado,  retomando­se,  a  partir daí, o rito processual habitual.   (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto                                Fl. 94DF CARF MF

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