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Numero do processo: 11075.000705/2007-54
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO.
O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS/Pasep.
CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo.
Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições.
NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. DIREITO AO CREDITAMENTO.
A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda, tais como as embalagens destinadas exclusivamente ao transporte do produto acabado.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. ART. 67 DO RICARF/2015.
Em respeito ao art. 67, § 12, inciso II, do RICARF/2015, não servirá como paradigma o acórdão que na data de admissibilidade do recurso especial contrariar decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
No caso vertente, tem-se que na data da admissibilidade do recurso especial, já se encontrava presente a decisão dada pelo plenário do STF nos autos do RE 606.107, em sede de repercussão geral, que sanou a controversa ora discutida.
Numero da decisão: 9303-006.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para excluir da base de cálculo o valor do crédito presumido de ICMS e frete na transferência de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento quanto ao crédito de fretes na transferência de produtos acabados. Por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao recurso com relação aos créditos sobre as embalagens de transporte, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, em relação a crédito sobre embalagens.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS/Pasep. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. DIREITO AO CREDITAMENTO. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda, tais como as embalagens destinadas exclusivamente ao transporte do produto acabado. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. ART. 67 DO RICARF/2015. Em respeito ao art. 67, § 12, inciso II, do RICARF/2015, não servirá como paradigma o acórdão que na data de admissibilidade do recurso especial contrariar decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. No caso vertente, tem-se que na data da admissibilidade do recurso especial, já se encontrava presente a decisão dada pelo plenário do STF nos autos do RE 606.107, em sede de repercussão geral, que sanou a controversa ora discutida.
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BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS/Pasep. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. DIREITO AO CREDITAMENTO. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda, tais como as embalagens destinadas exclusivamente ao transporte do produto acabado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 5. 00 07 05 /2 00 7- 54 Fl. 2520DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 3 2 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. ART. 67 DO RICARF/2015. Em respeito ao art. 67, § 12, inciso II, do RICARF/2015, não servirá como paradigma o acórdão que na data de admissibilidade do recurso especial contrariar decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. No caso vertente, temse que na data da admissibilidade do recurso especial, já se encontrava presente a decisão dada pelo plenário do STF nos autos do RE 606.107, em sede de repercussão geral, que sanou a controversa ora discutida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para excluir da base de cálculo o valor do crédito presumido de ICMS e frete na transferência de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento quanto ao crédito de fretes na transferência de produtos acabados. Por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao recurso com relação aos créditos sobre as embalagens de transporte, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, em relação a crédito sobre embalagens. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 2521DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratamse de recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 3801002.668, da 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que: · Por unanimidade de votos, deu provimento parcial no sentido de reconhecer que as cessões de créditos de ICMS não integram a base de cálculo da contribuição; · Pelo voto de qualidade, negou provimento em relação ao direito de excluir da base de cálculo as receitas decorrentes de recuperação de despesas de ICMS (créditos presumidos de ICMS); · Pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso em relação ao direito de descontar créditos em relação às despesas de fretes, à materiais de embalagem e comissões sobre compras; · Pelo voto de qualidade, negou provimento em relação à mudança do rateio proporcional. O Colegiado, assim, consignou a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2007 BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PIS. CESSÃO DE CRÉDITO DE ICMS. As cessões de créditos de ICMS não têm natureza jurídica de receita, por isso não integram a base de cálculo da contribuição. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. As receitas decorrentes de crédito presumido de ICMS compõem a base de cálculo da contribuição PIS no regime da não cumulatividade, tendo em vista que o faturamento mensal corresponde ao total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua denominação ou de sua classificação contábil. Fl. 2522DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 5 4 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. FRETE. TRANSFERÊNCIAS INTERNAS DE MERCADORIAS. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DAS OPERAÇÕES DE VENDA. IMPOSSIBILIDADE. Os valores relativos aos gastos com frete somente geram direito de descontar créditos da contribuição não cumulativa se associados diretamente à operação de vendas das mercadorias e arcados pelo vendedor. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. FRETE. TRANSFERÊNCIAS INTERNAS DE MERCADORIAS. CONCEITO DE INSUMO. Não se subsume ao conceito de insumo, os valores pagos a título de transferências de produtos acabados (fretes) entre os estabelecimentos da empresa. Os valores relativos aos gastos com frete somente geram direito de descontar créditos da contribuição em questão se associados diretamente à operação de vendas das mercadorias e arcados pelo vendedor. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. EMBALAGENS PARA TRANSPORTE. Não geram direito a créditos a serem descontados da contribuição as aquisições de embalagens para transporte porque não são aplicadas ou consumidas diretamente no processo fabril, vez que não se enquadram no conceito de insumos. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. COMISSÕES DE VENDA. Não se pode vincular comissões pagas à terceiros ao custo de aquisição da matéria prima. Assim, a definição de insumo não contempla essas despesas. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não cumulatividade das contribuições sociais, no valor da receita bruta Incluemse as receitas da venda de bens e serviços e todas as demais receitas, a exemplo das receitas decorrentes dos créditos presumidos de ICMS, receitas financeiras e de recuperação de custos. ” Fl. 2523DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 6 5 Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão que acatou a exclusão de créditos relativos à cessão de crédito de ICMS a terceiros da base de cálculo do PIS. Em Despacho de 2015 às fls. 2335 a 2338, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe o decidido pelo STF em RE 606.107, em sede de repercussão geral, e que expressou entendimento favorável ao sujeito passivo. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, requerendo o conhecimento e provimento do recurso para reconhecer: · Que os valores oriundos dos créditos presumidos do ICMS não sejam considerados como receita para fins de inclusão na base de cálculo do PIS não cumulativo; · O direito de crédito do PIS não cumulativo sobre os dispêndios havidos com fretes no transporte de mercadorias entre os estabelecimentos; · O direito de crédito do PIS não cumulativo sobre os custos de aquisição dos materiais de embalagem para transporte das mercadorias de produção. Em Despacho às fls. 2489 a 2498, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. Contrarrazões ao recurso interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, que trouxe, entre outros, que: · Os recursos incentivados, observese, são reflexos imediatos da atividade operacional da empresa, sendo por ela quantificados. Tanto os incentivos estaduais relativos ao ICMS, quanto os federais (crédito presumido de IPI) guardam esta característica, pois a “base de Fl. 2524DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 7 6 cálculo” dos benefícios são as “entradas”, as “saídas”, as “exportações” (e etc) de insumos ou produtos; · A partir desses elementos é que se “presumem” valores, renunciamse ou restituemse impostos. Daí o porquê de se falar em “operacionalidade” e “acessoriedade” de tais receitas, pois é patente sua estrita vinculação com atividade operacional da empresa que é, a um só tempo, sua origem e sua base de cálculo (quantum); · Somente devem ser considerados insumos, para fins de creditamento, os bens utilizados no processo de produção da mercadoria destinada à venda e ao ato de prestação de um serviço dos quais decorram a receita tributada, ou seja, os custos relacionados com a atividade fim, diretamente ligados aos processos de prestação de serviços e de fabricação de bens a serem vendidos, dos quais decorrem o auferimento de uma receita é que podem ser considerados insumos; · Considerase, pois, inadequado entender por insumo os gastos com bens ligados supostamente “essenciais ao processo produtivo”, já que esse entendimento adota noção extremamente subjetiva; · Frete de mercadorias é um serviço utilizado na distribuição/reorganização das mercadorias, e não na produção delas. Por isso os referidos fretes não podem ser considerados insumos e gerar créditos com base no inciso II do artigo 3º das Leis 10637/02 e 10833/03; · Os custos de distribuição de mercadorias não se subsumem ao conceito de insumo utilizado no processo produtivo. É o relatório. Fl. 2525DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 8 7 Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que não devo conhecêlo, eis que na data da admissibilidade do recurso – 29.7.15, já se encontrava presente a decisão dada pelo plenário do STF – 5.12.2013, nos autos do RE 606.107, em sede de repercussão geral, que sanou a controversa ora discutida. O que, em respeito ao art. 67, § 12, inciso II, do RICARF/2015, entendo que não devo conhecer o r. recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Quanto ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo – o que, concordo com o exame de admissibilidade constante do Despacho às fls. 2489 a 2498. · Inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição social não cumulativa · A tomada de créditos das contribuições sociais não cumulativas sobre os custos de fretes nas transferências internas de mercadorias; · O direito de crédito do PIS não cumulativo sobre os custos de aquisição dos materiais de embalagem para transporte das mercadorias de produção. Ora, em relação ao primeiro tema, temse que o aresto recorrido decidiu que o crédito presumido de ICMS compõe a base de cálculo, tendo em vista que o faturamento mensal corresponde ao total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua denominação ou de sua classificação contábil. Enquanto o acórdão indicado como paradigma n° 3202000.831, analisando o mesmo incentivo fiscal concedido pelo Fisco Estadual, considerou que se trata de um desconto obtido que reduzirá o valor do imposto estadual a pagar, não podendo ser considerado um ingresso de recursos. Consequentemente, decidiu que não se trata de receita auferida em decorrência de sua atividade empresarial, estando fora do campo de incidência do PIS e da Cofins, razão pela qual não compõe a sua base de cálculo. Fl. 2526DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 9 8 E, quanto ao segundo tema, a decisão recorrida restringiu a possibilidade de tomada de créditos sobre os fretes pagos para transferências de mercadorias exclusivamente quando associados diretamente à operação de vendas e arcados pelo vendedor. Enquanto, o aresto indicado como paradigma n° 3401002.075 interpretou a regra do inc. IX do art 3º da Lei nº 10.833, de 19 de dezembro de 2003, segundo a qual a armazenagem e o frete na operação de venda suportados pela vendedora de mercadorias geram créditos, e concluiu tratar se de norma ampliativa em relação aos créditos previstos no inc. II do mesmo artigo. Concluiu, com base nesses dois incisos, que geram créditos, além do frete na operação de venda, para entrega das mercadorias vendidas aos seus adquirentes, os fretes entre estabelecimentos da própria empresa, desde que para o transporte de insumos, produtos acabados ou produtos já vendidos. Em relação ao terceiro tema, evidente a divergência, considerando as ementas dos acórdãos recorrido e indicado como paradigma. Em vista de todo o exposto, conheço o recurso especial interposto pelo sujeito passivo em sua integralidade. Ventiladas tais considerações, passo a analisar as discussões trazidas pelo sujeito passivo, quais sejam, entre outras: · Inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição social não cumulativa · A tomada de créditos das contribuições sociais não cumulativas sobre os custos de fretes nas transferências internas de mercadorias; · O direito de crédito do PIS não cumulativo sobre os custos de aquisição dos materiais de embalagem para transporte das mercadorias de produção. Quanto à 1ª discussão, vêse que essa turma já havia consolidado o entendimento de que o crédito presumido de ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins. Fl. 2527DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 10 9 Frisemse as ementas do: · Acórdão 9303004.312: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo da Cofins.” · Acórdão 9303005.454: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/12/2005 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS. [...]. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2003 a 31/12/2005 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. Fl. 2528DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 11 10 O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo da Cofins. [...]” · Acórdão 9303005.503: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 30/04/2001 a 30/06/2004 SUBVENÇÕES ESTADUAIS. BENEFÍCIOS FISCAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO DE RECEITA PARA FINS DE INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NO REGIME CUMULATIVO. A base de cálculo da Cofins é o faturamento que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias, de serviços, mercadorias e serviços; o disposto no § 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98 foi afastado, por sentença transitada em julgado do STF. Logo, não incide PIS e COFINS sobre valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS NO REGIME NÃO CUMULATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) o crédito presumido do ICMS não inclui a base de cálculo do PIS e da COFINS no regime não cumulativo por se configurar incentivo voltado á redução de custos.” · Acórdão 9303005.270: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 28/02/2002 a 31/01/2004 BASE DE CÁLCULO. LEI Nº 9.718, DE 1998. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. Em relação ao período que engloba o regime de apuração cumulativo do PIS/COFINS, as contribuições têm por base de cálculo o faturamento, cujo conceito já está consolidado pelo Fl. 2529DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 12 11 STF no sentido de compreender apenas as receitas decorrentes da venda de mercadorias e serviços. Desse modo, as subvenções não se consubstanciam em entradas financeiras decorrentes da venda de mercadorias ou serviços, logo, esses benefícios concedidos não integram a base de cálculo do PIS e da COFINS na sistemática cumulativa. · Acórdão 9303006.218: “[...] COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. Os créditos decorrentes do princípio da não cumulatividade do ICMS, apurados de forma presuntiva, não se constituem em receitas da pessoa jurídica e não integram a base de cálculo da Cofins.” · Acórdão 9303005.783: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/08/2003, 01/10/2003 a 31/12/2004 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo da Cofins apurada no regime não cumulativo.” · Acórdão 9303005.400: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. Fl. 2530DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 13 12 Os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais ao Contribuinte não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime não cumulativo sobre os mesmos.” · Acórdão 9303005.399: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. Os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos governos Estaduais ao Contribuinte não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime nãocumulativo sobre os mesmos.” · Acórdão 9303005.398: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. Os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais ao Contribuinte não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime nãocumulativo sobre os mesmos.” Sendo assim, antes de me adentrar à essa discussão, importante recordar o art. 926 do NCPC, in verbis (Grifos meus): “Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente. [...]” Nesse caso, para manter a segurança jurídica em relação à esse entendimento que foi proferido em 2016, 2017 e recentemente em 2018, entendo que esse dispositivo deveria ser observado, em respeito ao art. 15 do NCPC (Grifos meus): Fl. 2531DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 14 13 “Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” Tais dispositivos subsumem ao caso concreto, vez que o próprio caput do art. 2º da Lei 9.784/99 traz que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, ao princípio da segurança jurídica. E insurge em seu parágrafo único que nos processos administrativo serão observadas a segurança e respeito aos direitos dos administrados. Não obstante, trago, para melhor elucidar as questões de direito que sustentam meu entendimento. A análise do caso vertente, considerando sua especificidade, devese dar observando os argumentos acolhidos pelo Colendo Supremo Tribunal Federal em recente julgado – Recurso Extraordinário 606.107 que tratou da incidência do PIS e COFINS sobre a transferência de saldos credores de ICMS. Eis que se enquadra “o conceito de receita trazido por aquele tribunal” perfeitamente ao presente caso. O que passo forçosamente a discorrer sobre aquele julgamento. O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou, na assentada de 22.5.2013, o RE 606.107, de relatoria da Ministra Rosa Weber, com repercussão geral reconhecida, definindo que os créditos de ICMS transferidos a terceiros por empresa exportadora não compõem a base de cálculo das contribuições para PIS e COFINS. É de se lembrar que o tema teve repercussão geral reconhecida, conforme segue (Grifos meus): “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. VALORES DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 1. A questão de os valores correspondentes à transferência de créditos de ICMS integrarem ou não a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS nãocumulativas apresenta relevância tanto jurídica como econômica. 2. A matéria envolve a análise do conceito de receita, base Fl. 2532DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 15 14 econômica das contribuições, dizendo respeito, pois, à competência tributária. 3. As contribuições em questão são das que apresentam mais expressiva arrecadação e há milhares de ações em tramitação a exigir uma definição quanto ao ponto. 4. Repercussão geral reconhecida” (RE 606.107 – RG, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ 20.8.2010). Continuando, é de se recordar que ao julgar o mérito desse RE, o Tribunal negou provimento à pretensão da União e definiu não incidirem as contribuições de PIS e de COFINS sobre créditos de ICMS transferidos a terceiros por empresas exportadoras. Não obstante o julgamento tenha tratado de empresa exportadora, impossível ignorar os fundamentos adotados, pois evidente válidos para o caso em questão. Sendo assim, retornando, temse que o Supremo Tribunal Federal afastou à época a cobrança das contribuições, baseando seu entendimento no fato de que tais créditos de ICMS representariam incentivo à exportação – e que não seriam passíveis de tributação pelas contribuições, pois não se acrescentariam nova riqueza. Trazendo, portanto, o conceito de receita para fins de apuração desses tributos. Compulsando aos autos do processo, notase que o crédito presumido do ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte – devendo ser afastado do conceito de receita. Insurgindo ao entendimento do Supremo Tribunal Federal no referido RE 606.107/RS de que o conceito constitucional de “receita bruta” pressupõe um “ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições” – peço licença para transcrever o voto da Min. Rosa Weber, para melhor aclarar: “Receita pública é a entrada que, integrandose no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondências no passivo, vem acrescer seu vulto, como elemento novo e positivo. ” Vêse, assim, esvaziada a discussão sobre qual seria a correta classificação contábil do referido crédito, haja vista que, independentemente da classificação contábil Fl. 2533DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 16 15 adotada, a Suprema Corte definiu o conceito constitucional de “receita bruta”, entendendo imprescindível a verificação, no caso concreto, se o ingresso se submete ou não a alguma espécie de condição, reserva ou contraprestação pela pessoa que o recebe/ou que tenha direito – e se configura como elemento novo positivo. Para melhor elucidar tal entendimento, impõese a transcrição de trecho da ementa do referido julgado, in verbis (Grifos meus): “(...) V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. (...)” (grifouse)” Na mesma seara, ALIOMAR BALEEIRO no livro “Uma introdução é Ciência das Finanças” havia tratado tal conceito da mesma forma que o julgado no STF ao manifestar: "Receita pública é a entrada que, integrandose no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, MI, acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo. Fl. 2534DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 17 16 Frisese também o entendimento de Aires Barreto em seu artigo “A nova Cofins: primeiros apontamentos” contemplado na saudosa Revista Dialética de Direito Tributário: "receita é [...] a entrada que, sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, se integra ao patrimônio da empresa, acrescendoo, incrementandoo„", Cabe trazer, em consonância com esses entendimentos, além do referido precedente do STF – firmado sob a sistemática do artigo 543B do CPC, a jurisprudência pacífica de ambas as Turmas de Direito Público do Superior Tribunal de Justiça, como inclusive ressaltado pelos Ministros Teori Albino Zavascki e Luiz Fux ao proferirem seus votos (Grifos meus): “CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". LC Nº 118/2005. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. I "Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a jurisprudência do STJ (1ª Seção) assentou o entendimento de que, no regime anterior ao do art. 3º da LC 118/05, o prazo de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na data do recolhimento do tributo indevido, e sim na data da homologação – expressa ou tácita – do lançamento. Assim, não havendo homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo de dez anos a contar do fato gerador. A norma do art. 3º da LC 118/05, que estabelece como termo inicial do prazo prescricional, nesses casos, a data do pagamento indevido, não tem eficácia retroativa. É que a Corte Especial, ao apreciar Incidente de Inconstitucionalidade no Eresp 644.736/PE, sessão de 06/06/2007, declarou inconstitucional a expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional", constante do art. 4º, segunda parte, da referida Fl. 2535DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 18 17 Lei Complementar. (REsp nº 890.656/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 20/08/07). II O Estado do Rio Grande do Sul concedeu benefício fiscal às empresas gaúchas, por meio do Decreto Estadual nº 37.699/97, para que pudessem adquirir aço das empresas produtoras em outros estados, aproveitando o ICMS devido em outras operações realizadas por elas, limitado ao valor do respectivo frete, em atendimento ao princípio da isonomia. III. Verificase que, independentemente da classificação contábil que é dada, os referidos créditos escriturais não se caracterizam como receita, porquanto inexiste incorporação ao patrimônio das empresas industriais, não havendo repasse dos valores aos produtos e ao consumidor final, pois se trata de mero ressarcimento de custos que elas realizam com o transporte para a aquisição de matériaprima em outro estado federado. IV. Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditospresumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. V Recurso especial improvido. ” (Grifouse) (RESP nº 1.025.833 / RS, 1ª Turma do STJ, Rel. Min. Francisco Falcão, Publicado no DJe do dia 17.11.2008) ” Consonante a esse entendimento, disse o Ministro Luiz Galloti no julgamento do RE 71.758: “Se a lei pudesse chamar de compra e venda o que não é compra, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria todo o sistema tributário inscrito na Constituição”. Sendo assim, temse claro que a discussão, de per si, gira em torno da abrangência dos conceitos de receita e faturamento para fins de base de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 2536DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 19 18 Para melhor compreensão e por não considerar tal benefício como receita, podese ainda aproveitar para decompor a norma tributária que trata da incidência do PIS e da Cofins, invocando a Regra Matriz de Incidência Tributária: 1. 1ª Regra Matriz – relação obrigacional Autoridade Fazendária/Contribuinte: 1.1. Hipótese: Critério Material: auferir receita. Critério Espacial: perímetro nacional; Critério temporal: mensal 1.2. Consequente: Critério Pessoal: (i) sujeito ativo – via “autoridade fazendária”; (ii) sujeito passivo – quem aufere receita bruta. Critério Quantitativo: alíquota de 3,65% sobre a receita bruta 2. 2ª Regra Matriz – dever de lançamento pela Administração: Hipótese: Critério Material: ser autoridade fazendária Critério Espacial: perímetro nacional; Critério Temporal: até o último dia útil da primeira quinzena subsequente ao de ocorrência dos correspondentes fatos geradores. Consequente: Critério Pessoal: Estado – autoridade fazendária Critério Prestacional: realizar o lançamento 3. 3ª Regra matriz: sancionadora do não pagamento Hipótese: Critério material: não pagar a importância devida; Critério Espacial: perímetro nacional Critério temporal: até o último dia útil da primeira quinzena subsequente ao de ocorrência dos correspondentes fatos geradores Consequente: Critério pessoal: autoridade fazendária e pessoa jurídica que aufere receita bruta Critério Prestacional: pagar com multa e juros de mora. Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 20 19 Depreendendose da análise da regra matriz de incidência, é possível identificar que o critério material constante da 1ª Regra Matriz de Incidência Tributária somente se satisfaz para quem efetivamente aufere receita. O que, na hipótese dos autos não se deve chegar ao questionamento de que a lei não previu sua exclusão e que, portanto, deverseia tributar o referido crédito presumido do ICMS pelo PIS e Cofins pois de receita auferida não se trata. Tais créditos presumidos devem ser tratados como mero benefício fiscal concedidos pelos EstadosMembros como meio de estabelecer equilíbrio de mercado. Indiscutível que seu efeito econômico, portanto, não caracteriza nova riqueza. O crédito presumido do ICMS não ostenta natureza de receita ou faturamento, não integrando, portanto, a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. É de se esclarecer ainda que pela Teoria da Prevalência da Essência Econômica sobre a Forma, a correta classificação contábil dos r. créditos presumidos de ICMS deveriam desconsiderar qualquer intenção de se tratálos como receita. Ora, no que tange ao conceito contábil de receita, o CPC 30 traz (Grifos meus): “[...] Objetivo A receita é definida no Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório ContábilFinanceiro como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. [...] 7. Neste Pronunciamento são utilizados os seguintes termos com os significados especificados a seguir: Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que Fl. 2538DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 21 20 resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. [...]” Vêse claro que o conceito de receita trazido pelo CPC 30 é consonante com o manifestado pelo STF quando especifica, em síntese, que receita é o ingresso de recursos que resulta em aumento do patrimônio líquido da entidade. O que resta, nessas fundamentações, concluir que tal incentivo não poderia ser contabilizado como receita e, por conseguinte, não comporia a base das contribuições. E, caso se pretenda ignorar os dizeres do CPC 30 – Receitas – vigente à época, alegando se tratar de norma contábil sem implicação tributária, cabe trazer o art. 58 da Lei 12.973/14: “DAS DEMAIS DISPOSIÇÕES RELATIVAS À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Art. 58. A modificação ou a adoção de métodos e critérios contábeis, por meio de atos administrativos emitidos com base em competência atribuída em lei comercial, que sejam posteriores à publicação desta Lei, não terá implicação na apuração dos tributos federais até que lei tributária regule a matéria. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, no âmbito de suas atribuições, identificar os atos administrativos e dispor sobre os procedimentos para anular os efeitos desses atos sobre a apuração dos tributos federais.” Com tal dispositivo, fica evidente que as normas contábeis publicadas anteriormente à Lei 12.973/14 devem ser observadas para fins de registro contábil, produzindo, inclusive, efeitos tributários. O que é o caso do CPC 30 Receitas. Esse dispositivo somente explicitou o que as normas contábeis internacionais já defendiam – a primazia da essência sobre a forma. Tal teoria é de suma importância aos investidores que suplicavam pela transparência dos eventos e dos reflexos negociais que uma empresa vivenciava. Para eles, a contabilidade deveria refletir o que de fato, no sentido econômico, a empresa estava vivenciando. E, para melhor transmitir essas informações, independentemente da forma legal Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 22 21 em que os negócios eram fechados ou contratados, a contabilidade deveria considerar o substrato econômico de cada evento – podendo, assim, o investidor conhecer os efetivos riscos de sua participação naquela empresa. O art. 58 da Lei 12.973/14 nada mais fez do que explicitar o respeito a ser dado às normas internacionais de contabilidade que, por sua vez, trazem como princípio basilar a Primazia da Essência sobre a Forma. E, recordase, por esse princípio basilar, tais incentivos não devem ser considerados como receita. Sendo assim, em respeito à Regra Matriz de incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, bem como à análise da essência do crédito de ICMS, não há que se falar em tributação, pois forçoso tributálos pelas r. contribuições – encartandoos como receita. Em vista do exposto, voto por dar provimento, nessa parte, ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. No que tange à outra discussão, qual seja, sobre a possibilidade ou não de tomada de créditos das contribuições sociais não cumulativas sobre os custos de fretes nas transferências internas de mercadorias, recordase que essa discussão já foi apreciada por nossa turma, tendo sido firmado posicionamento de que os custos de frete de mercadorias entre estabelecimentos gerariam o direito à constituição e crédito. Frisese a ementa do acórdão 9303005.156: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2008 CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Fl. 2540DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 23 22 Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAS PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS Os fretes na transferência de matérias primas entre estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo, eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, devem ser enquadrados como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02. Cabe ainda refletir que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matériaprima de um lado para o outro na fábrica para a continuidade da produção/industrialização/beneficiamento de determinada mercadoria/produto.” Nesse ínterim, proveitoso citar os acórdãos 9303005.155, 9303005.154, 9303005.153, 9303005.152, 9303005.151, 9303005.150, 9303005.116, 9303006.136, 9303006.135, 9303006.134, 9303006.133, 9303006.132, 9303006.131, 9303006.130, 9303006.129, 9303006.128, 9303006.127, 9303006.126, 9303006.125, 9303006.124, 9303006.123, 9303006.122, 9303006.121, 9303006.120, 9303006.119, 9303006.118, 9303006.117, 9303006.116, 9303006.115, 9303006.114, 9303006.113, 9303006.112, 9303006.111, 9303005.135, 9303005.134, 9303005.133, 9303005.132, 9303005.131, 9303005.130, 9303005.129, 9303005.128, 9303005.127, 9303005.126, 9303005.125, 9303005.124, 9303005.123, 9303005.122, 9303005.121, 9303005.127, 9303005.126, 9303005.125, 9303005.124, 9303005.123, 9303005.122, 9303005.121, 9303005.120, 9303005.119, 9303005.118, 9303005.117, 9303006.110, 9303004.311, etc. Fl. 2541DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 24 23 Não obstante, para melhor elucidar meu entendimento, passo a discorrer a priori sobre o conceito de insumos, vez que influenciará na questão da segmentação das atividades da recorrente. Primeiramente, sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito do PIS e da Cofins trazida pela Lei 10.637/02 e Lei 10.833/03, não é demais enfatizar que se tratava de matéria controvérsia – pois em fevereiro de 2018 o STJ, em sede de recurso repetitivo, definiu que o conceito de insumo, para fins de constituição de crédito de PIS e de Cofins, deve observar o critério da essencialidade e relevância – considerandose a imprescindibilidade do item para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.. Definiu, ainda, ser ilegal a disciplina de creditamento prevista nas IN SRF 247 e 404 que, por sua vez, traz um entendimento mais restritivo que descrita na lei. Nessa linha, efetivamente a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, ainda que o acórdão do STJ não tenha sido publicado, tal como já entendia, expresso que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pela contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante recordar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Fl. 2542DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 25 24 Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Não obstante à jurisprudência dominante, importante discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: Fl. 2543DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 26 25 “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: Fl. 2544DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 27 26 [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Ademais, a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com Fl. 2545DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 28 27 direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. Tal como expressou o STJ em recente decisão. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, Fl. 2546DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 29 28 determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: Fl. 2547DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 30 29 a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Fl. 2548DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 31 30 Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, Fl. 2549DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 32 31 II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Fl. 2550DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 33 32 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: “COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. Fl. 2551DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 34 33 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Nessa linha, aguardamos o transito em julgado da decisão do STJ proferida após apreciação, em sede de repetitivo, do REsp1.221.170 – e que trouxe, pelas discussões e votos proferidos, o mesmo entendimento já aplicável pelas suas turmas e pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Privilegiando, assim, a segurança jurídica que tanto merece a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Passadas tais considerações, ressurgindo ao caso vertente, é de se trazer que o sujeito passivo se dedica à atividade de beneficiamento, comercialização, importação e exportação de arroz, comercialização de derivados, subprodutos e resíduos de arroz e o depósito e a armazenagem de cereais para terceiros. Possui, assim, filiais para onde é transferida grande parte dos produtos beneficiados. Sendo assim, os custos de fretes de mercadorias até os estabelecimentos de suas filiais para a distribuição são considerados insumos, vez que essenciais e pertinentes à sua atividade. O que geraria crédito de PIS e Cofins. Fl. 2552DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 35 34 Ademais, importante trazer que o custo do frete acresce ao preço de custo das mercadorias. É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Sendo assim, não compartilho com o entendimento do acórdão recorrido ao restringir a interpretação dada a esse dispositivo. Destarte, voto por dar provimento ao recurso do sujeito passivo nessa parte. Quanto à discussão acerca do direito ao crédito sobre o material de embalagem, entendo que assiste razão ao sujeito passivo, pois essenciais para o transporte das mercadorias de produção, sendo assim reconheço o crédito sobre os custos das bobinas, fitas adesivas, capas, fios e filmes. Em vista de todo o exposto: · Não conheço o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional; · Conheço o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dando lhe provimento. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 2553DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 36 35 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, redator designado. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas tenho entendimento diferente do dela na análise do presente processo, sobretudo quanto ao conceito de insumos para fins de creditamento do PIS e da Cofins no regime da nãocumulatividade. Fui designado para redigir o voto vencedor em relação à possibilidade de créditos sobre a aquisição de insumos para confecção das denominadas embalagens de transporte. Antes, porém, necessito esclarecer que acompanhei a relatora por dar provimento ao recurso especial do contribuinte, na matéria relativa à possibilidade de se tributar pelo PIS os créditos presumidos de ICMS. Ao contrário dela, entendo que as subvenções de ICMS concedidas pelos Estados compõem a base de cálculo do PIS e da Cofins no regime nãocumulativo das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Só que neste processo não estamos lidando com aquele tradicional tipo de subvenção que é concedido na forma de benefícios fiscais propriamente dito. Tratase na verdade de créditos concedidos em face da nãocumulatividade do ICMS, porém apurados de forma presuntiva. Normalmente concedido pelas legislações do ICMS para suprimir os controles creditícios nas aquisições de produtos de origem animal e vegetal, sobretudo quando adquiridos de pessoas físicas, produtores rurais. Voltemos então à questão da possibilidade de créditos na aquisição de insumos destinados à composição das embalagens destinadas ao transporte final do produto. A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS e da Cofins no regime da nãocumulatividade previsto nas Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. Como visto, a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma Fl. 2554DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 37 36 interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. O objeto de discussão no recurso do contribuinte é quanto à possibilidade de manutenção de créditos da não cumulatividade do PIS sobre as despesas incorridas com embalagens de transporte. Como dito, adoto um conceito de insumos bem mais restritivo do que o conceito da necessidade e da essencialidade, adotado pelo voto vencido. Nesse sentido, importante transcrever o art. 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que trata das possibilidades de creditamento do PIS e da Cofins: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a Fl. 2555DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 38 37 terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (...). 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. (...). Ora, segundo estes dispositivos legais, somente geram créditos das contribuições os custos com bens e serviços utilizados como insumos na fabricação dos bens destinados a venda. Note que os dispositivos legais descrevem de forma exaustiva todas as Fl. 2556DF CARF MF Processo nº 11075.000705/200754 Acórdão n.º 9303006.799 CSRFT3 Fl. 39 38 possibilidades de creditamento. Fosse para atingir todos os gastos essenciais à obtenção da receita, não necessitariam ter sido elaborados desta forma, bastava um único artigo ou inciso. Não haveria necessidade de ter descido a tantos detalhes. No presente caso, é incontroverso que as referidas despesas são necessárias para a atividade econômica do contribuinte, porém não se tratam de insumos da produção pois utilizados após o encerramento do processo produtivo. O produto destinado à venda já estava pronto e acabado e embalado para consumo. Assim, não existe base legal, no arcabouço jurídico acima citada para a tomada destes créditos. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte em relação a esta matéria. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 2557DF CARF MF
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Numero do processo: 10469.725378/2015-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011, 2012, 2014, 2015
PERÍCIA. PROVA. INDEFERIMENTO.
O pedido de realização de perícia deve ser indeferido quando se referir a questões que estão no âmbito de conhecimento do julgador e tiver por objeto suprir a incapacidade do recorrente em se desincumbir de seu ônus probatório.
MPF. PRORROGAÇÃO INTEMPESTIVA. NULIDADE DO PROCEDIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
O MPF constitui instrumento de controle interno e eventuais irregularidades nele não constituem nulidade da autuação.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL.
A identificação de depósitos bancários sem origem comprovada é suficiente para caracterizar a omissão de receitas/rendimentos, não sendo necessário ao fisco demonstrar que houve efetivo acréscimo patrimonial.
ENUNCIADO Nº 2 DA SÚMULA CARF.
Alegações pertinentes à natureza confiscatória da multa aplicada no percentual previsto em lei, bem como de sua falta de razoabilidade ou proporcionalidade, constituem forma indireta de invocar a inconstitucionalidade da legislação tributária, matéria sobre a qual o CARF não é competente para se pronunciar.
MULTA QUALIFICADA. DECLARAÇÃO FALSA. APLICABILIDADE.
A comprovação da realização de prática dissuasiva consistente na prestação de informações falsas na Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, de modo a acobertar variação patrimonial a descoberto, é prova suficiente do intuito doloso e autoriza a qualificação da multa de ofício aplicada.
Numero da decisão: 2201-004.523
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) e Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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PROVA. INDEFERIMENTO. O pedido de realização de perícia deve ser indeferido quando se referir a questões que estão no âmbito de conhecimento do julgador e tiver por objeto suprir a incapacidade do recorrente em se desincumbir de seu ônus probatório. MPF. PRORROGAÇÃO INTEMPESTIVA. NULIDADE DO PROCEDIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. O MPF constitui instrumento de controle interno e eventuais irregularidades nele não constituem nulidade da autuação. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. A identificação de depósitos bancários sem origem comprovada é suficiente para caracterizar a omissão de receitas/rendimentos, não sendo necessário ao fisco demonstrar que houve efetivo acréscimo patrimonial. ENUNCIADO Nº 2 DA SÚMULA CARF. Alegações pertinentes à natureza confiscatória da multa aplicada no percentual previsto em lei, bem como de sua falta de razoabilidade ou proporcionalidade, constituem forma indireta de invocar a inconstitucionalidade da legislação tributária, matéria sobre a qual o CARF não é competente para se pronunciar. MULTA QUALIFICADA. DECLARAÇÃO FALSA. APLICABILIDADE. A comprovação da realização de prática dissuasiva consistente na prestação de informações falsas na Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, de modo a acobertar variação patrimonial a descoberto, é prova AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 53 78 /2 01 5- 61 Fl. 1552DF CARF MF 2 suficiente do intuito doloso e autoriza a qualificação da multa de ofício aplicada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) e Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 1520/1543) apresentado em face do Acórdão nº 0132.676, da 2ª Turma da DRJ/BEL (fls. 1480/1511), que negou provimento à impugnação formulada pelo sujeito passivo (fls. 1450/1471) ao auto de infração pelo qual foi constituído crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física. O auto de infração (fls. 2/21) tem base a identificação de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários sem origem comprovada, omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebido de pessoa física, omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebido de pessoa jurídica e apuração incorreta de ganho de capital na alienação de bens e direitos. Foi também lançada multa por falta de recolhimento de carnêleão. O procedimento adotado pela fiscalização está descrito no termo de verificação fiscal de fls. 25/46. De acordo com esse termo, o contribuinte teria declarado como rendimento decorrente de lucros distribuídos R$ 1.200.000,00, entretanto esse valor foi glosado pela fiscalização uma vez que a empresa que pretensamente teria realizado essa distribuição não declarou qualquer receita nos anos em questão, não foi incluída na DIRPF de seu principal sócio (Sr. Abraão de Queiroz Garcia) e teria sido objeto de diversos aditivos contratuais com alteração de endereço, razão social e sócios. Fl. 1553DF CARF MF Processo nº 10469.725378/201561 Acórdão n.º 2201004.523 S2C2T1 Fl. 1.553 3 Com a exclusão dessa receita, a variação no patrimônio do contribuinte (R$ 1.163.223,39 em 2011) restou sem cobertura de rendimentos declarados (R$ 26.216,17 em 2011). Essa inconsistência teria sido eliminada no anocalendário 2012 com a liquidação do patrimônio sem qualquer justificativa. Em relação aos depósitos bancários sem comprovação de origem, informa a autoridade administrativa que, a partir dos extratos bancários apresentado pelo contribuinte, foram deles excluídos os valores isentos, transferências e depósitos de mesma titularidade, resgates de aplicações financeiras, devoluções de cheques e créditos inferiores a R$ 1.000,00. O contribuinte teria sido intimado e reintimado várias vezes a justificar a origem desses recursos e a natureza das operações que lhes deram origem, contudo não apresentou qualquer esclarecimento à fiscalização. Os remetentes de recursos para as contas bancárias do contribuinte, quando identificados, teriam sido circularizados/diligenciados, com o que foram obtidas diversas informações. As operações que tiveram sua origem identificada receberam o tratamento adequado à sua natureza e as demais foram objeto de lançamento como depósito bancário sem origem comprovada. As pessoas físicas e jurídicas que foram identificadas e que responderam a intimação informaram que os depósitos realizados seriam decorrentes da prestação de serviços de advocacia, sem vínculo empregatício. Os procedimentos adotados pela fiscalização para apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos estão descritos na fl. 41. O lançamento foi realizado com multa qualificada (150%) e as razões para esse procedimentos estão descritas nas fls. 43/45 do processo, de onde se destaca: aquisição de patrimônio incompatível com a renda declarada acobertada pela declaração de vultosos lucros e dividendos decorrente de empresa sem qualquer rendimento no período; baixa dos bens na declaração do AC 2012 sem respaldo em qualquer documentação, o que evidenciaria o intuito de ocultação do patrimônio; existência de bens não declarados ou declarados a menor; existência de expressivos depósitos e pagamentos em dinheiro; cheques de valores consideráveis sacados em dinheiro. A impugnação do sujeito passivo deu origem ao Acórdão nº 0132.676, da 2ª Turma da DRJ/BEL, que lhe negou provimento, mantendo integralmente o auto de infração. Dessa decisão, tomou ciência o contribuinte em 16/05/2015 (fl. 1517). O recurso voluntário foi tempestivamente apresentado, conforme atesta o despacho de fl. 1548. As razões recursais podem ser assim resumidas: Fl. 1554DF CARF MF 4 1. A decisão recorrida negou vigência a texto expresso de lei ao não deferir a produção de prova pericial, que conta com previsão no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, e no art. 464 do Código de Processo Civil. 2. A realização de prova pericial é imprescindível para a defesa do recorrente e sua não realização causará prejuízo ao manejo de seus argumentos. 3. Em sede preliminar, alega nulidade do procedimento, uma vez que não teria havido renovação do MPF em tempo hábil, conforme determinaria o art. 196 do Código Tributário Nacional. Narra que foi noticiado do início da fiscalização no dia 12 de agosto de 2013 (fl. 1273), em 14 de novembro de 2013 teria havido a primeira prorrogação (fl. 1342), e somente em 17 de novembro de 2014 é que teria havido a segunda prorrogação (fl. 1424) 4. No mérito, alega ser ilegal o lançamento, já que os depósitos bancários consistem em mera movimentação financeira e não traduzem acréscimo patrimonial. 5. Afirma que o acesso direto do Fisco às informações bancárias sem prévia autorização judicial seria inconstitucional, conforme já teria decidido o Supremo Tribunal Federal. 6. Defende a atipicidade de sua conduta, eis que teria mantido a coerência em suas afirmações de não apresentar a documentação solicitada em função do grande volume de informações técnicas de que não tinha conhecimento. 7. Alega que captou recursos com familiares e que, em função da relação de confiança, não foram objeto de contrato formal. 8. As multas aplicadas ofenderiam aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e, por isso, acabariam por ser confiscatórias. Com base nesses argumentos, pede o provimento do recurso para: 1. A reconsideração quanto à realização de perícia técnica. 2. A decretação de nulidade do procedimento fiscal. 3. A revisão do lançamento com base na prova técnica produzida. 4. A anulação das multas, por não guardarem correlação aos fatos e à norma, bem como aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste conselho, o processo em questão compôs lote distribuído a esta Conselheira em sessão pública. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 1555DF CARF MF Processo nº 10469.725378/201561 Acórdão n.º 2201004.523 S2C2T1 Fl. 1.554 5 O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar Perícia Em sede preliminar, alega o recorrente que a decisão combatida, ao não deferir a produção de prova pericial, acabou por negar vigência a texto expresso de lei, que conta com previsão no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, e no art. 464 do Código de Processo Civil. Com efeito, o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, contém a seguinte previsão: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. § 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados. § 2º Os prazos para realização de diligência ou perícia poderão ser prorrogados, a juízo da autoridade. § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. A perícia é meio de prova a ser utilizada quando se torne necessário esclarecer fatos que demandam um conhecimento técnico específico normalmente não exigível do julgador. Ou seja, a perícia se destina as suprir dificuldades do julgador na avaliação dos fatos documentados no processo e não deficiências da parte interessada em provar o quanto alegado. No caso em análise, a documentação juntadas ao processo não exige dos julgadores administrativos qualquer conhecimento estranho ao seu campo de atuação, eis que tanto os julgadores de primeira instância quanto os de grau recursal são pessoas com amplo domínio na análise de movimentação financeira e de valoração de negócios jurídicos. Portanto, o que o recorrente tenta suprir com o pedido de perícia é sua incapacidade de se desincumbir do ônus de demonstrar a improcedência das alegações da autoridade fiscal. Fl. 1556DF CARF MF 6 A vida em sociedade impõe aos indivíduos diversas obrigações e deveres. Entre elas, a de manter documentação hábil e idônea a comprovar a natureza das operações realizadas. Além disso, as comprovações exigidas pela fiscalização são as rotineiras no ambiente de negócios, não havendo qualquer razão para se invocar dificuldade em seu fornecimento. A irrelevância da perícia solicitada pode ser comprovada pelos quesitos apresentados, já que os questionamentos feitos não oferecem qualquer dificuldade de resposta para um julgador ou para o titular de uma empresa de crédito como o recorrente. Por outro lado, o contribuinte não demonstrou como a resposta a esses questionamentos afetariam a higidez do lançamento efetuado. Nesse sentido caminha a jurisprudência pacífica deste colegiado: PERÍCIA. DADOS EM POSSE DA EMPRESA. NEGATIVA. A perícia não se presta a levantar dados e informações disponíveis na própria empresa, como os referentes a suas importações e operações cambiais efetuadas. Alegações e documentos referentes a tais dados e informações devem ser trazidos nas próprias peças recursais da empresa. (Acórdão 3401004.393) DILIGÊNCIA. PERÍCIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe à recorrente, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 36 da Lei nº 9.784/99, comprovar a eventual existência de elemento modificativo ou extintivo da decisão recorrida. As diligências e perícias não existem para suprir o ônus da prova colocado às partes, mas sim para elucidar questões pontuais mantidas controversas pelo confronto de elementos de provas já trazidos aos autos. (Acórdão 3402004.930) PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. (3402 004.836) No processo em análise, a fiscalização instruiu o processo adequadamente, apresentou conclusões coerentes com a documentação juntada e o contribuinte não apresentou um único elemento de prova que pudesse pôr em dúvida as afirmações da fiscalização. Por essa razão, considero prescindível a realização de perícia e indefiro o pedido feito. Preliminar nulidade Ainda em sede preliminar, o recorrente alega nulidade do procedimento, uma vez que não teria havido renovação do MPF em tempo hábil, conforme determinaria o art. 196 do Código Tributário Nacional. Quanto a esse aspecto, narra que foi noticiado do início da fiscalização no dia 12 de agosto de 2013 (fl. 1273), em 14 de novembro de 2013 teria havido a primeira prorrogação (fl. 1342) e somente em 17 de novembro de 2014 é que teria ocorrido a segunda (fl. 1424) Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 10469.725378/201561 Acórdão n.º 2201004.523 S2C2T1 Fl. 1.555 7 No que diz respeito ao MPF, devese inicialmente registrar que o art. 196 do CTN não obsta a prorrogação de qualquer procedimento fiscal. Por outro lado, mostrase curioso que o contribuinte alegue prejuízo pela demora do procedimento quando deixou de prestar as informações e esclarecimentos que tornariam mais ágil sua conclusão e há manifestação sua durante o seu curso pedindo prorrogação de prazo. Ou seja, a demora no encerramento da ação fiscal não foi decorrência de desídia da fiscalização, mas sim de omissão do fiscalizado em cumprir com seu dever de colaborar com a autoridade fiscal. A despeito disso, é assente na jurisprudência deste Conselho que o MPF constitui instrumento de controle interno do procedimento fiscal, que não afeta a validade do lançamento realizado: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÃO. NULIDADE. Não implica nulidade dos atos praticados a ocorrência de extinção por decurso de prazo do MPF. (Acórdão 2201004.030) PRELIMINAR. NULIDADE EXTINÇÃO DO MPF. INEXISTÊNCIA O MPF é instrumento de controle da atividade administrativa. Possíveis irregularidades na prorrogação do mesmo não implicam em nulidade da autuação. (Acórdão 1401002.031) Pelas razões expostas, nego provimento à preliminar de nulidade do lançamento por vício na prorrogação do MPF. Mérito No mérito, o recorrente alega ser ilegal o lançamento, já que os depósitos bancários consistem em mera movimentação financeira e não traduzem acréscimo patrimonial. Com essa linha de argumentação o recorrente se bate contra texto expresso de lei. Com efeito, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, determina textualmente que: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. (...) Fl. 1558DF CARF MF 8 Pela literalidade do artigo, a identificação de depósito bancário sem a comprovação de sua origem caracteriza omissão de receita ou de rendimento. A presunção estabelecida em lei transfere ao contribuinte o ônus de demonstrar que os valores depositados não correspondem a receita ou rendimento. Nesse sentido, é a inteligência do seguinte enunciado da Súmula de jurisprudência deste CARF: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Portanto, improcedentes os argumentos do recorrente, quando alega ilegalidade da presunção que deu origem ao lançamento relativo a depósitos bancários sem comprovação de origem. Afirma também o recorrente que o acesso direto do Fisco às informações bancárias sem prévia autorização judicial seria inconstitucional, conforme já teria decidido o Supremo Tribunal Federal. Ocorre que essa matéria já foi superada por decisão do Supremo Tribunal Federal STF, em julgamento realizado nos termos do art. 543B do Código de Processo Civil de 1973 (Repercussão Geral), ocasião em que o pleno desse tribunal fixou as seguintes teses: "O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal." "A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN." De acordo com o §2º do art. 62 do Regimento Interno deste Conselho, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF na sistemática do art. 543B do CPC/1973 devem ser obrigatoriamente reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Portanto, mais uma vez é necessário reconhecer a improcedência dos argumentos de defesa. Prossegue o contribuinte defendendo a atipicidade de sua conduta, eis que teria mantido a coerência em suas afirmações de não apresentar a documentação solicitada em função do grande volume de informações técnicas de que não tinha conhecimento. A comprovação da origem dos recursos depositados em conta corrente não exige o domínio de nenhum campo específico do conhecimento e é medida que se impõe legalmente ao cidadão comum. O grande volume de informações é decorrência direta do volume de movimentação financeira realizada pelo contribuinte e, como já se afirmou alhures, era seu dever manter e fornecer a documentação relativa a ela. Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 10469.725378/201561 Acórdão n.º 2201004.523 S2C2T1 Fl. 1.556 9 Por outro lado, as condutas descritas pela autoridade fiscal revelam que o contribuinte não apenas omitiu informações relativas a suas atividades e rendas, como se utilizou de expediente dissuasivo ao declarar inexistentes rendimentos isentos. Ou seja, houve falsidade nas informações prestadas à Fazenda Nacional. Portanto, diferente do que alega a defesa, entendo que as condutas descritas são convergentes em evidenciar o intuito de se eximir da obrigação tributária, com o emprego de expedientes contrários à lei. Esse procedimento é revelador da intenção de burlar os deveres legalmente estabelecidos. A alegação de que captou recursos com familiares em nada socorre ao contribuinte, uma vez que também despida de qualquer comprovação. Em face das multas aplicadas, argumenta que ofenderiam aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e, por isso, acabariam por ser confiscatórias. Com argumentos dessa natureza, o recorrente procura atribuir à legislação que estabelece essas penalidades a pecha de inconstitucionalidade. Esse tipo de análise está foram do âmbito de competência deste órgão, conforme reconhece o seguinte enunciado da Súmula CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Pelas razões expostas, também na análise do mérito, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. Conclusão Pelos fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Fl. 1560DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.902971/2009-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2004
COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. PAGAMENTO ATRASADO.
A multa moratória não é afastada pelo instituto da denuncia espontânea em razão de recolhimento atrasado e, por conseguinte, seu pagamento não representa indébito.
Numero da decisão: 1301-002.888
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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MULTA DE MORA. PAGAMENTO ATRASADO. A multa moratória não é afastada pelo instituto da denuncia espontânea em razão de recolhimento atrasado e, por conseguinte, seu pagamento não representa indébito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 90 29 71 /2 00 9- 32 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10073.902971/200932 Acórdão n.º 1301002.888 S1C3T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10073.902971/200932 Acórdão n.º 1301002.888 S1C3T1 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de acórdão de primeira instancia que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade da contribuinte para manter na íntegra o Despacho Decisório que não homologou as compensações pleiteadas em razão da inexistência de crédito para quitação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em sua Manifestação de Inconformidade a contribuinte afirma que o reconhecimento do débito, bem como, dos juros de mora foram efetuados voluntariamente, o que torna indiscutível a aplicação do instituto da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN, e exime o contribuinte da responsabilidade pelo pagamento da multa de mora, pois a efetivação das compensações se deu antes de qualquer procedimento de fiscalização. O Acórdão recorrido entendeu pela inaplicabilidade da denúncia espontânea ao caso concreto, fundamentando sua decisão no argumento de que não se pode confundir pagamento atrasado com denúncia espontânea, pois o art. 138 do CTN, que trata da denúncia espontânea, não eliminou a figura da multa de mora, a que o Código também faz referência (art. 134, parágrafo único). No Recurso Voluntário apresentado a recorrente repisa seus argumentos de defesa levantados em sede de recurso voluntário. É o relatório. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10073.902971/200932 Acórdão n.º 1301002.888 S1C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301002.880, de 16.03.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10983.900843/201025, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301002.880): O recurso voluntário é TEMPESTIVO e uma vez atendidos também às demais condições de admissibilidade, merece, portanto, ser CONHECIDO. Compensação Conforme o parágrafo 3º do art. 57 do Regulamento do CARF, o relator pode, para fundamentar seu voto, adotar os argumentos da decisão de primeira instância e transcrever respectivo trecho de tal decisão se verificar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação do adotado pela decisão recorrida. Neste sentido, transcrevese trecho da decisão de primeira instancia que retrata o convencimento do relator [...]): O interessado pretendeu compensar valor pago a titulo de multa de mora, invocando o art. 138 do CTN. Não se pode confundir pagamento atrasado com denúncia espontânea, art. 138 do CTN, que trata da denúncia espontânea, não eliminou a figura da multa de mora, a que o Código também faz referência (art. 134, parágrafo único). A iniciativa do sujeito passivo, promovida com a observância do art. 138, tem a virtude de evitar a aplicação de penas de natureza punitiva, porém não afasta os juros de mora e a chamada multa de mora, de índole indenizatória e destituída do caráter de punição. A multa de mora não é afastada em razão de recolhimento espontâneo e, por conseguinte; seu pagamento não representa indébito. O Despacho Decisório recorrido deve, então, ser mantido, por não ter restado configurada a existência de crédito. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10073.902971/200932 Acórdão n.º 1301002.888 S1C3T1 Fl. 6 5 Resssaltase que o pagamento atrasado, uma vez formalizada a declaração e sem apresentação de procedimento específico relacionado a denúncia espontânea não se enquadra no art. 138 do CTN. Conclusão Diante de todo o acima exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14041.720105/2015-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. LIMITES. CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. NECESSIDADE.
A prestação de serviços pessoais por pessoa jurídica encontra limitação quando presentes os requisitos da relação de emprego. Estando presentes as características previstas no artigo 3º da CLT, a Fiscalização tem o poder/ dever de lançar as contribuições previdenciárias incidentes sobre a relação de emprego comprovada. Assim, imprescindível a caracterização da relação empregatícia para a constituição do crédito tributário.
Numero da decisão: 2201-004.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, que deu provimento parcial exclusivamente para afastar a qualificação da multa de ofício e, Daniel Melo Mendes Bezerra, que negou provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso, por ter se declarado impedido, foi substituído pela Conselheira Suplente convocada Fernanda Melo Leal.
(assinado digitalmente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Fernanda Melo Leal (suplente convocada em substituição ao Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso), Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. LIMITES. CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. NECESSIDADE. A prestação de serviços pessoais por pessoa jurídica encontra limitação quando presentes os requisitos da relação de emprego. Estando presentes as características previstas no artigo 3º da CLT, a Fiscalização tem o poder/ dever de lançar as contribuições previdenciárias incidentes sobre a relação de emprego comprovada. Assim, imprescindível a caracterização da relação empregatícia para a constituição do crédito tributário.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, que deu provimento parcial exclusivamente para afastar a qualificação da multa de ofício e, Daniel Melo Mendes Bezerra, que negou provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso, por ter se declarado impedido, foi substituído pela Conselheira Suplente convocada Fernanda Melo Leal. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Fernanda Melo Leal (suplente convocada em substituição ao Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso), Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. LIMITES. CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. NECESSIDADE. A prestação de serviços pessoais por pessoa jurídica encontra limitação quando presentes os requisitos da relação de emprego. Estando presentes as características previstas no artigo 3º da CLT, a Fiscalização tem o poder/ dever de lançar as contribuições previdenciárias incidentes sobre a relação de emprego comprovada. Assim, imprescindível a caracterização da relação empregatícia para a constituição do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, que deu provimento parcial exclusivamente para afastar a qualificação da multa de ofício e, Daniel Melo Mendes Bezerra, que negou provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso, por ter se declarado impedido, foi substituído pela Conselheira Suplente convocada Fernanda Melo Leal. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Fernanda Melo Leal AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 72 01 05 /2 01 5- 00 Fl. 7580DF CARF MF 2 (suplente convocada em substituição ao Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso), Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso de Voluntário interposto contra acórdão da 6ª Turma da DRJ Curitiba que manteve o lançamento tributário relativo às contribuições sociais previdenciárias devidas pela empresa, inclusive a parcela devida a Terceiros, e incidentes sobre valores pagos a pessoas físicas supostamente contratadas para prestação de serviços laborais como pessoa jurídicas Tal crédito foi constituído por meio de Auto de Infração, que contém crédito tributário no valor de R$ 17.427.630,62 (fls.2), incluindo principal, juros de mora e multa qualificada, tudo devidamente explicitado pelo Relatório Fiscal de folhas 39. A ciência pessoal do Auto de Infração, que contém o lançamento referente às contribuições devidas no período de janeiro a dezembro de 2011, ocorreu em 11 de de dezembro de 2015, conforme se verifica às folhas 713. Em 12 de janeiro de 2016, foi apresentada a impugnação ao lançamento (fls.737). Em 14 de junho de 2017, a 6ª Turma da DRJ Curitiba/PR, por meio da decisão consubstanciada no Acórdão 06.59.367 (fls. 7383), de forma unânime, julgou improcedente a defesa administrativa apresentada e tal decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 NULIDADE. DESCABIMENTO. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. A Fiscalização tem o dever de desconsiderar os atos e negócios jurídicos, a fim de aplicar a lei sobre os fatos geradores efetivamente ocorridos, sendo que esse dever está implícito na atribuição de efetuar lançamento e decorre da própria essência da atividade de fiscalização tributária, que deve buscar a verdade material com prevalência da substância sobre a forma. RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO. O órgão competente para fiscalizar o devido recolhimento das contribuições sociais previdenciárias pode, com Fl. 7581DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.581 3 respaldo na legislação, desconsiderar contratos formalmente celebrados entre pessoas jurídicas para considerar empregados pessoas físicas, cujos serviços prestados preencham os requisitos exigidos para a configuração do vínculo empregatício. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. É cabível a multa qualificada quando restar demonstrada a intenção de ocultar a real situação do sujeito passivo perante o Fisco, visando beneficiarse com o recolhimento a menor dos tributos devidos. PROVAS DOCUMENTAIS. MOMENTO PARA A PRODUÇÃO. O momento para produção de provas documentais é juntamente com a impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas na legislação pertinente. INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. A intimação do contribuinte, segundo a legislação vigente, deve ser feita por via postal ou qualquer outra com prova de recebimento, e endereçada ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Tal decisão tem o seguinte relatório que, por sua clareza e precisão, reproduzo (fls. 645): "O presente processo administrativo, cadastrado no COMPROT sob o nº 14041.720105/201500, lavrado contra a empresa REDE D’OR SÃO LUIZ S/A (sucessor do Hospital Santa Luzia S/A por incorporação), em 09/12/2015, é constituído por quatro Autos de Infração, a seguir descritos: AI CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA (fls. 2 a 10): exige as contribuições previdenciárias devidas pela empresa (20%), inclusive aquela destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT1 – 2%; FAP2 –1,2291), incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados, no período de janeiro a dezembro de 2011, por meio de pagamentos a pessoas jurídicas interpostas, realizados de forma globalizada, com a finalidade de afastar os encargos decorrentes de relação de emprego totalizando R$ 17.427.630,62 (dezessete milhões, quatrocentos e vinte e sete mil, seiscentos e trinta reais e Fl. 7582DF CARF MF 4 sessenta e dois centavos), na data da lavratura do auto de infração; AI CONTRIBUIÇÃO PARA OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS (fls. 12 a 27): relativo às contribuições sociais a cargo da empresa, destinadas a Outras Entidades e Fundos denominados Terceiros (SALÁRIO EDUCAÇÃO, SENAC, SESC, INCRA e SEBRAE), incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados, no período de janeiro a dezembro de 2011, por meio de pagamentos a pessoas jurídicas interpostas, realizados de forma globalizada, totalizando o valor de R$ 4.500.817,60 (quatro milhões, quinhentos mil e oitocentos e dezessete reais e sessenta centavos), em 09/12/2015; AI CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS (fls. 29 a 33): referente às contribuições devidas pelos segurados empregados (8%), incidentes sobre remunerações pagas no período de janeiro a dezembro de 2011, por meio de pagamentos a pessoas jurídicas interpostas, realizados de forma globalizada, totalizando R$ 6.208.024,05 (seis milhões, duzentos e oito mil, vinte e quatro reais e cinco centavos); AI MULTAS PREVIDENCIÁRIAS (fls. 35 a 37): referente à multa lavrada em face do descumprimento de obrigação acessória, por deixar a empresa de lançar em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos (arts. 32, II, da Lei nº 8.212, de 1991, e art. 225, II do RPS), no valor de R$ 19.257,83 (dezenove mil, duzentos e cinquenta e sete reais e oitenta e três centavos), na data da apuração. 2. Segundo o Relatório Fiscal de fls. 39 a 85, o Procedimento Fiscal teve início em 11/04/2015, por meio do Termo de Início de Procedimento Fiscal (TIPF), do qual a Contribuinte foi cientificada, na pessoa de seu representante legal (fls. 709 e 710). Anteriormente a essa data, foi iniciada ação fiscal no Hospital Santa Luzia S/A, no qual verificouse a existência de sucessão por incorporação, o que provocou o encerramento do procedimento fiscal naquela empresa (sem resultado) e a abertura de ação fiscal na empresa sucessora – REDE D’OR SÃO LUIZ S/A (CNPJ 06.047.087/000139). Inicialmente, o novo procedimento deveria abranger todas as filiais encontradas em Brasília/DF, contudo, atendendo a pedido do setor de planejamento, a análise ficou restrita apenas aos dados relacionados à filial CNPJ 06.047.087/004126, empresa REDE D’OR SÃO LUIZ S/A, nome fantasia HOSPITAL SANTA LUZIA. 2.1. A autoridade fiscal relata que a Contribuinte interpôs empresas de forma ilegal em seu estabelecimento para a prestação de serviços na área de saúde, visando evadirse das contribuições previdenciárias, de modo que os lançamentos efetuados se referem às contribuições devidas e não recolhidas aos cofres públicos em face da contratação irregular de empregados sob a forma de prestadores de serviço pessoas jurídicas, caracterizando a chamada “pejotização”. Fl. 7583DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.582 5 2.2. Noticia, ainda, a existência do Processo nº 0001498 46.2013.5.10.0011, da 11ª Vara do Trabalho de Brasília/DF, movido contra a empresa autuada, no qual foi proferida decisão que proíbe a prática da terceirização na execução de atividades finalísticas de seu empreendimento, por qualquer meio, inclusive mediante a utilização de pessoas jurídicas interpostas. 2.3. A situação fática encontrada, todavia, revela que os médicos trabalham na REDE D’OR com todos os pressupostos da relação de emprego (serviços prestados por pessoas físicas, não eventuais, de forma onerosa e com subordinação), mas estão sendo intermediados por empresas “PEJOTIZADAS”, de forma ilegal, conforme dados relacionados nos Anexos que acompanham o Relatório Fiscal. 2.4. A investigação fiscal também apurou, por meio da contabilidade, que a Autuada não escriturou em contas individualizadas os fatos geradores de contribuições do segurado empregado e as contribuições da empresa, em todo o período fiscalizado. A obrigação acessória descumprida encontra previsão no art. 32, II, da Lei nº 8.212, de 1991, sendo aplicada multa em conformidade com os arts. 92 e 102 da referida lei e arts. 283, II, “a”, e 373 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999. Descumpriu a Contribuinte, ainda, a obrigação acessória de enviar declarações corretas e sem omissões, por meio de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), o que ensejaria a lavratura de Auto de Infração capitulado como CFL 78 (envio de GFIP com erros/incorreções/omissões), o qual foi substituído pela aplicação da multa de ofício nos valores apurados. 3. Segundo a Fiscalização, a Contribuinte e os profissionais de saúde (médicos e outros) agiram de forma deliberada, em conluio de vontades, “com o objetivo de promover a sonegação de tributos e contribuições cometendo o ajuste doloso de que trata o art. 73 da Lei nº 4.502/64”, a fim de impedir e/ou ocultar a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes da relação de trabalho entre eles mantida, cujo efeito é a redução dos valores dos tributos a serem recolhidos, incidindo nas tipificações previstas nos arts. 72 e 73 da referida lei. Desse modo, restou duplicada a multa de ofício, totalizando 150%, conforme previsão contida no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. 4. Além da constituição do crédito tributário, restaram formalizadas Representações Fiscais para Fins Penais – RFFP (Processos nº 14401.720107/201591 e 14401.720108/201535), a serem encaminhadas à autoridade competente, uma vez que a situação descrita aponta, em tese, a ocorrência de crime de sonegação de contribuição previdenciária (previsto no art. 337 A do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9.983/2000); crime de apropriação indébita previdenciária (previsto no art. 168A do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9.983/2000) e crime de Falsificação de documento particular Fl. 7584DF CARF MF 6 (previsto no art. 298 do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9.983/2000). 5. A Contribuinte foi regularmente cientificada em 11/12/2015, na pessoa de seu representante legal, conforme o Termo de Ciência de Lançamentos e Encerramento Total do Procedimento Fiscal de fls. 716 e 717, tendo apresentado Impugnação às fls. 737 a 785, em 12/01/2016, por meio de seus advogados, alegando, em síntese: a) a tempestividade da defesa apresentada em 12/01/2016; b) a nulidade dos autos de infração, uma vez que “o art. 39 da Consolidação das Leis do Trabalho, norma hierarquicamente superior ao Regulamento da Previdência Social, reserva à Justiça do Trabalho a competência para declarar a existência do vínculo de emprego”, faltando ao AuditorFiscal, portanto, competência para reconhecimento de tal vínculo; c) a nulidade das autuações em razão de erro na indicação do sujeito passivo, uma vez que os autos de infração foram lavrados contra o estabelecimento matriz, e “os supostos fatos geradores das contribuições previdenciárias teriam sido realizados pelo estabelecimento filial correspondente ao Hospital Santa Luzia, devendo ser observada a autonomia dos estabelecimentos”; d) a necessidade de suspensão do presente processo “até o julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo ARE n° 713.211 pelo Supremo Tribunal Federal, no qual foi reconhecida a repercussão geral da delimitação das hipóteses de terceirização de mão de obra diante do que se compreende por atividadefim”; e) a improcedência dos autos de infração em razão de “erro de critério” cometido pela Fiscalização, pois o mundo do trabalho tem sofrido transformações, abrindose maior espaço para a autonomia da vontade e valorização do trabalho autônomo e para a contratação de certos prestadores de serviço, altamente especializados, por meio de pessoas jurídicas (como médicos). Traz aos autos manifestação da Associação Médica de Brasília (AMBr) e declarações fornecidas pelos próprios médicos arrolados pela Fiscalização, esclarecendo que “não foram constrangidos pelo Hospital Santa Luzia a constituírem pessoas jurídicas para a prestação de serviços, sendo descabido falar em vício de consentimento”; f) “a insubsistência das autuações fiscais por não estarem presentes os pressupostos da relação de emprego; (i) prestação de serviços por pessoa física, (ü) subordinação, (iii) não eventualidade e (iv) onerosidade”; g) “as pessoas jurídicas foram constituídas por liberalidade dos médicos em decorrência de sua alta especialização e ímpeto empreendedor, visando a desenvolver suas atividades de forma independente”, sem subordinação e exclusividade; h) “As empresas que prestaram serviços ao Hospital Santa Luzia têm agendas dinâmicas, sendo elas próprias responsáveis pela definição de sua disponibilidade (datas, horários e, ou, locais) Fl. 7585DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.583 7 para exercerem as atividades contratadas”, não se sujeitando a ordens e/ou controle da jornada de seus integrantes. Esclarece que as pessoas jurídicas foram constituídas muito antes da celebração dos contratos com o Hospital Santa Luzia, possuem estrutura própria, prestando serviços a diversas instituições e empresas relacionadas à área de saúde, citando como exemplo as empresas Intermed e Solimed; i) “a atividade médica possui características e peculiaridades próprias”, citando, como exemplo, a autonomia do médico sobre o “ato médico”. Transcreve trechos de decisões proferidas por Tribunais Regionais do Trabalho sobre a possibilidade de terceirização de serviços hospitalares e afirma que as empresas listadas estão devidamente estabelecidas e assumem os riscos da atividade, sendo que várias delas declararam ter empregados, como a Solimed e a Acreditar Oncologia e Hematologia; j) não há pessoalidade na prestação dos serviços, uma vez que os profissionais possuíam plena liberdade de atuação, podendo se fazer substituir em caso de impossibilidade de comparecimento, sem qualquer penalização por parte do Hospital Santa Luzia; k) “os contratos em questão são indiscutivelmente regidos pelo Direito Civil, não podendo ser desrespeitados pela D. Fiscalização a autonomia da vontade e a realidade dos fatos” e, ao contrário do afirmado no relatório fiscal, “não há sentença proibindo a Impugnante de praticar terceirização em geral, tampouco dispositivo legal a vedar tal prática”. O processo ajuizado contra a Rede D’or, mencionado pela autoridade fiscal, “trata exclusivamente da suposta ilicitude na terceirização das atividades de fisioterapia”, cujo objeto é “absolutamente diverso do tratado no presente processo administrativo”, além do que está pendente de julgamento do agravo de instrumento interposto perante o TST; l) “o conceito de atividadefim não está previsto em lei, tratandose apenas de mero norte jurisprudencial, que não pode ser analisado de forma restrita e superficial”. Ademais, não cabe à Receita Federal “a definição de que serviço é permitido ou não terceirizar, ante a inexistência de lei que assim disponha”, não bastando arrolar precedente jurisprudencial, sem efeito vinculante, como a Súmula 331, do TST (transcreve Acórdão proferido pela 3ª Turma do TRT da 2ª Região); m) a prática de sonegação fiscal, fraude ou conluio, visando ocultar a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias, “exige a prova de ação ou omissão praticada pelo contribuinte com o dolo específico” de realizar uma dessas condutas, o que não se verifica no presente caso, motivo pelo qual deve ser afastada a qualificação da multa de ofício; n) também deve ser cancelada a multa regulamentar exigida em razão do “não lançamento em títulos próprios” dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, uma vez que os fatos geradores não ocorreram, além do que, sendo a aplicação dessa penalidade, concomitantemente à multa de oficio e em Fl. 7586DF CARF MF 8 decorrência da mesma conduta, implica bis in idem, conforme raciocínio adotado pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional no Parecer PGFN/CAT nº 433/2010; o) ao final, requer a Impugnante: a nulidade das autuações ou que seja suspenso o curso do processo até o julgamento do ARE 713.211 pelo STF; a improcedência das autuações, em face da inexistência dos pressupostos da relação de emprego, ou, subsidiariamente, o afastamento da qualificação da multa de ofício ou sua redução para 75%, ante a inexistência de conduta dolosa por parte da Impugnante; o cancelamento do auto de infração lavrado para a aplicação da multa regulamentar em razão do “não lançamento em títulos próprios”, dada a não ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias; sejam as intimações realizadas em nome da Impugnante e encaminhadas para o seu endereço, conforme qualificação no preâmbulo da presente petição; provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos (apresentação de memoriais, realização de sustentação oral, juntada de novos documentos e demais atos necessários ao exercício da advocacia), requerendo, para tanto, seja intimada a Impugnante da sessão de julgamento do presente processo, na pessoa de Breno Ferreira Martins Vasconcelos, OAB nº 224.120, email tributário@msvadv.com.br. 6. Ao presente processo foram juntados, por apensação, os processos nº 14041.720106/201546, 14041.720107/201591 e 14041.720108/201535 (despachos às fls. 732 a 734). 7. Em 12/02/2016, a Impugnante requereu a juntada da petição de fls. 7.319 a 7.327, na qual afirma que, muito embora, por ocasião de sua impugnação, tenha demonstrado que os autos de infração devem ser declarados nulos, em face da incompetência do AuditorFiscal para declarar vínculo de emprego, vem agora acrescentar que, ainda que tal argumento não seja considerado válido, há outra razão para a declaração de nulidade – a presença de vício material – qual seja, o uso de critérios inadequados para a realização de aferição indireta, uma vez que a Fiscalização simplesmente requalificou os pagamentos realizados a diversas pessoas jurídicas como remuneração a pessoas físicas quando “deveria ter buscado elementos para assegurar que a base de cálculo eleita correspondesse ao valor mais próximo possível dos alegados salários pagos aos médicos”. 7.1. Requer a Impugnante, sejam apreciados os argumentos apresentados nessa ocasião, julgandose nulas as autuações fiscais ante a evidente inocorrência de preclusão. 8. Tendo em vista o disposto na Portaria RFB nº 453, de 11/04/2013 (DOU 17/04/2013), e no art. 2º da Portaria RFB nº 1.006, de 24/07/2013 (DOU 25/07/2013), e conforme definição Fl. 7587DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.584 9 da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial da RFB, foi distribuído o presente processo a esta DRJ de Curitiba/PR para julgamento da impugnação. 9. É o relatório." Cientificado da decisão que contrariou seus interesses em 22 de junho de 2017 às 09:28hs, por meio de acesso ao seu domicílio tributário (despacho de fls. 7437), o sujeito passivo apresentou tempestivamente recurso voluntário (fls.7385), reprisando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação O recurso foi distribuído por sorteio eletrônico, em sessão pública, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Relator. Presentes os requisitos de admissibilidade do recurso, passo a apreciálo na ordem de suas alegações. DAS PRELIMINARES DE NULIDADE Segundo o Recorrente, os autos de infração padecem de nulidade. Vejamos os argumentos (fls. 7512): "2.1 Os autos de infração são nulos, pois o art. 39 da Consolidação das Leis do Trabalho, norma hierarquicamente superior ao Regulamento da Previdência Social, reserva à Justiça do Trabalho a competência para declarar a existência do vínculo de emprego; 2.2. As autuações também são nulas em razão de erro na indicação do sujeito passivo, pois foram equivocadamente lavradas contra o estabelecimento matriz da Recorrente, mas os supostos fatos geradores das contribuições previdenciárias teriam sido realizados pelo estabelecimento filial correspondente ao Hospital Santa Luzia, devendo ser observada a autonomia dos estabelecimentos" Não verifico as nulidades apontadas. Explico. Fl. 7588DF CARF MF 10 Segundo o Recorrente, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é incompetente para declarar a existência da relação de emprego, competência, esta, de exclusividade da Justiça do Trabalho. Correta a afirmação. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é incompetente para declarar a existência da relação de emprego, porém, tal fato não aconteceu no caso em concreto. O que ocorreu, e dentro da competência imposta pela Lei Tributária, foi a verificação, pelo Fisco, por meio do servidor competente, da existência na visão da autoridade lançadora de fato gerador tributário decorrente da constatação dos requisitos da relação de emprego. Como decorrência, houve a desconsideração do negócio jurídico entabulado entre as partes, com a consequente aplicação da legislação tributária incidente sobre as relações efetivamente ocorridas. Recordemos a imputação fiscal (fls 47): 38. Consequentemente, o princípio da primazia da realidade, aplicado a “PEJOTIZAÇÃO”, implica em desconsiderar o contrato de natureza civil existente, e abrigar no mundo jurídico a situação de fato encontrada. 39. De forma concisa, aplicar os princípios do Direito do Trabalho à “PEJOTIZAÇÃO” é desmascarar esta prática que consiste em verdadeira fraude à legislação trabalhista e tributária, pela qual se busca camuflar o vínculo de emprego para extinguir os direitos trabalhistas e os tributos pertinentes, sendo uma prática fraudulenta de contratação reforçada pela realidade de um mercado de trabalho com vagas escassas, onde pode ser criada essa imposição pelo empregador, e onde não existe a livre vontade na constituição da Pessoa Jurídica pelo trabalhador. 40. E tal situação deve ser desmascarada pela fiscalização, que, amparada nos princípios trabalhistas examinados e tendo como objetivo final resgatar a tributação suprimida, tem o poder de desqualificar a ficção criada para fins de aplicar a correta tributação ao caso real." (sublinhados nossos, negritos originais) Mister realçar que tal prática decorre de expressa previsão na legislação tributária. Recordemos a dicção do artigo 229, § 2º do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/99: "§2ºSe o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput o art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado" (sublinhados não constam do texto legal) Tal norma deve ser interpretada, como ensina a melhor hermenêutica jurídica, em consonância com as disposições do artigo 9º da CLT combinado com o paragrafo único do artigo 116 e do inciso VII do artigo 149, ambos do CTN. Fl. 7589DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.585 11 Inegável, portanto, que não há nulidade em auto de infração em que na visão da autoridade lançadora, autoridade competente houve simulação na contratação de pessoa jurídica para a para a prestação pessoal de serviços, com habitualidade, onerosidade e mediante subordinação. Não há nulidade como arguído, uma vez que não houve o reconhecimento de vínculo de emprego e sim, a imputação, em tese, de efeitos tributários decorrente da simulação da relação de emprego ocorrida. Vejamos o segundo vício apontado. Erro na sujeição passiva, posto que o lançamento foi realizado contra o estabelecimento matriz, e não contra o estabelecimento em que supostamente ocorreram os fatos geradores. Tal vício não existiu. O lançamento foi realizado nos estritos termos da legislação tributária, como não poderia deixar de ocorrer. Sobre o tema, assim se posicionou a decisão de piso (fls. 7393): "12.11. Vale observar que as pessoas jurídicas e equiparadas, obrigadas à inscrição no CNPJ, são aquelas elencadas no Título I, Capítulo II da IN RFB nº 1.634, de 06/05/2016 (arts. 3º a 6º), sendo que: Art. 3º Todas as entidades domiciliadas no Brasil, inclusive as pessoas jurídicas equiparadas pela legislação do Imposto sobre a Renda, estão obrigadas a se inscrever no CNPJ e a cada um de seus estabelecimentos localizados no Brasil ou no exterior, antes do início de suas atividades. (Grifouse) 12.12. Embora possa ter diversos estabelecimentos, a empresa é única (tanto que o CNPJ de todos os estabelecimentos possui a mesma raiz). Também o fato de que os recolhimentos e declarações sejam efetuados de forma segregada por estabelecimento não implica a emissão de um Termo de Início de Procedimento Fiscal para cada estabelecimento do sujeito passivo. Ao contrário, assim dispõe a Portaria RFB/Sufis nº 2.371, de 15/12/2010: Art. 16. Nos procedimentos de fiscalização efetuados no estabelecimento matriz, as verificações preliminares deverão abranger, também, todos os estabelecimentos filiais do sujeito passivo. Parágrafo único. No caso de tributos recolhidos de forma descentralizada, exceto nos casos de contribuições previdenciárias, as verificações preliminares em relação a esses, restringirseão aos estabelecimentos localizados na jurisdição da unidade da RFB executora do procedimento fiscal. (sem grifos no original) 12.13. Dessa forma, resta concluir que estando o lançamento devidamente motivado e revestido das formalidades legais, de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, não há justificativa, nem amparo legal, para Fl. 7590DF CARF MF 12 prosperar a pretensão da Impugnante no sentido de declarar o procedimento fiscal passível de nulidade." Não merece reparo a decisão recorrida. O lançamento tributário cumpriu todas as formalidades legais, tendo sido constituído por autoridade competente e garantindo o contraditório e a ampla defesa por meio da correta delimitação dos fatos verificados e da identificação da legislação de regência. Preliminar de nulidade rejeitada também quanto a este ponto. Por fim, devemos analisar o pedido de sobrestamento do julgamento em face da repercussão geral determinada pelo STF quanto às hipóteses de licitude da terceirização de mão de obra nas atividades fins. Tal pedido não merece prosperar, uma vez que as contribuições lançadas, como bem delimitado no parágrafo 52 do Relatório Fiscal (fls. 51), incidem sobre a relação de emprego vislumbrada pela autoridade fiscal em razão da simulação ocorrida. Tal relação, como bem explicitado pelo Auditor Fiscal, se instaura diretamente ou seja, sem terceira pessoa entre o trabalhador e a contratante, no caso, o sujeito passivo, o que demonstra a irrelevância da questão da terceirização no caso em concreto. Caminhando pela peça recursal, observo às folhas 7516, argumentação quanto à nulidade do lançamento em razão da aferição indireta realizada. Segundo o Recorrente, houve inadequação e excesso por parte da autoridade lançadora, posto que considerado como base de cálculo da tributação os valores pagos, pelo sujeito passivo, às prestadoras de serviços. Vejamos os argumentos: "Pelo contrário, os valores pagos pela Recorrente às pessoas jurídicas contratadas não poderiam ser integralmente distribuídos aos seus sócios (médicos). Isso porque os lucros distribuídos correspondem às receitas de prestação de serviços auferidas (as quais, no caso sob julgamento, advinham de outros tomadores de serviço, e não apenas da Recorrente, conforme se verá adiante), diminuídas dos diversos gastos incorridos para o desenvolvimento das atividades de tais empresas, como os tributos incidentes sobre receita e lucros, gastos administrativos (contas de luz, água etc.), investimentos e os salários dos eventuais empregados. 19. Apenas a título de exemplo, as empresas prestadoras de serviços médicos estavam sujeitas à apuração e ao recolhimento de IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e imposto sobre serviços, o que, para pessoas jurídicas estabelecidas no Distrito Federal e hipoteticamente optantes pelo lucro presumido, corresponde à carga tributária máxima de 16,53%2 sobre as receitas de prestação de serviços. 20. Essa situação, vale ressaltar, poderia ter sido facilmente verificada pela autoridade fiscal com base nas notas fiscais emitidas pelas empresas contra a Recorrente e nas quais foram realizadas várias retenções tributárias, a título de IRRF, PIS, Cofins e CSLL, por exemplo (cf. doc. 07 da impugnação)." Não se pode concordar com a Recorrente. Ao desconsiderar o negócio jurídico entabulado entre a Recorrente e as empresas prestadoras, uma vez que na visão do Fl. 7591DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.586 13 Fisco tal negócio visou simplesmente simular uma relação de emprego instaurada entre os trabalhadores, travestidos de pessoas jurídicas, e o sujeito passivo, o valor da remuneração paga pelos serviços prestados é sem sombra de dúvida o pagamento pelo facere avençado. Sendo a remuneração pelos serviços prestados pela pessoa física, a base de cálculo das contribuições previdenciárias, não se pode sob ofensa ao primado da lógica se aventar que o lançamento se baseia em aferição indireta. Ao reverso, o fato imponível foi mensurado pela Autoridade Lançadora com base no critério explicito constante da lei, que, sem sombra de dúvida, imputa ao valor contrato pelo trabalho assim entendido o serviço prestado pela pessoa física a base de cálculo das contribuições previdenciárias. A afirmação de que a lei tributária define a base de cálculo com sendo o valor da remuneração pelo trabalho realizado decorre de mera leitura dos incisos I e III do artigo 22 da Lei nº 8.212/91 que encontra seu supedâneo constitucional no artigo 195, I, a da Carta Magna. Logo, não se trata de aferição indireta. Assim, por todo o exposto, rejeitase as preliminares arguídas. Passemos ao mérito. Verificase, inclusive pelo relatado, que o lançamento tributário decorre da desconsideração, pela Autoridade Fiscal, da contratação entabulada pela Recorrente da prestação de serviços médicos por meio de pessoa jurídicas, a chamada pejotização. Assim, necessária, previamente, alguma análise teórica sobre o tema. Preceitua a Carta da República que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com expressa garantia para todos do livre exercício de qualquer atividade econômica. Assim está redigido o artigo 170: "Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei." O preceito constitucional é claro em garantir que qualquer do povo pode exercer todo tipo de atividade econômica encontrando, por óbvio, na lei, o limite desse exercício. Dessa constatação, podemos inferir que é lícito ao profissional que presta serviços, fazêlo por meio de uma pessoa jurídica, uma vez que o exercício dessa atividade Fl. 7592DF CARF MF 14 econômica não encontra óbice legal, tampouco a constituição de uma empresa com essa mister ofende a ordem jurídica. Cediço que a conformação societária dessa pessoa jurídica é critério daquele que a constitui, existindo no ordenamento pátrio diversos modelos societários que se amoldam a esse mister . Constituída a pessoa jurídica, essa ficção passa a contar com a tutela do ordenamento jurídico que empresta personalidade ficta a essa pessoa, que passa a ser objeto e sujeito de direito. Não obstante, a prestação de serviços atividade econômica cujo o objeto é uma obrigação de fazer por vezes também é prestada por uma pessoa física, realizada pelo trabalho dessa pessoa, atividade também valorizada pelo mesmo comando constitucional acima mencionado. Por muito tempo, a doutrina distinguiu pelo atributo da pessoalidade, a prestação de serviços realizado pela pessoa jurídica daquele prestado pela pessoa física. Assim, quando o contratante precisava que tal serviços fosse prestado por determinada pessoa, era essa a contratada, em razão da característica única que é atributo típico do ser humano, do trabalhador. Se, por outro lado, a prestação do serviço se resumia a um objetivo determinado, um 'facere' pretendido, a contratação de pessoa jurídica atendia a essa necessidade, vez que despicienda a característica de personalidade para a execução do objeto do contrato de prestação de serviços. Se por um lado, no âmbito dos contratos, tal diferenciação interessa somente às partes, causando pouco, ou nenhum, impacto a terceiros, por outro, no âmbito tributário, tal diferenciação é ponto fulcral, em razão da diferenciação da exação incidente sobre as duas formas de prestação de serviços, menos onerosa quando prestada por pessoa jurídica. O menor custo tributário, tanto para o contratante, quanto para o prestador de serviços, fomentou uma crescente transformação de pessoas físicas que prestavam serviços, trabalhadores portanto, em empresas. Em 2005, com o advento da Lei nº 11.196, a legislação tributária passou a explicitamente admitir tal fenômeno. Vejamos a redação do artigo 129: "Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil." Claríssima a disposição legal. Havendo prestação de serviços por meio de pessoa jurídica, mesmo que atribuição de obrigações às pessoas físicas, e sendo esses serviços de natureza intelectual, assim compreendidos os científicos, os artísticos e os culturais, o tratamento fiscal e previdenciário deve ser aquele aplicável as pessoas jurídicas, exceto no caso de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, como consta das disposições do artigo 50 do Código Civil Brasileiro. Fl. 7593DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.587 15 Não obstante o exposto, cediço recordar que a CLT impõe limite legal à prestação de serviços por pessoa jurídica. Tal limite se expressa exatamente na relação de trabalho. Vejamos as disposições da Lei Trabalhista: " Art. 2º Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (...) Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (...) Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação." (destaquei) Patente o limite da prestação de serviços personalíssimos por pessoa jurídica: a relação de emprego. Ao recordarmos as disposições do CTN, constantes não só do parágrafo único do artigo 116, como também do inciso VII do artigo 149, podemos asseverar que, encontrando a Autoridade Tributária as características da relação de emprego na contratação de prestação de serviços por pessoa jurídica, surge o direito do Fisco de desconsiderar tal situação jurídica, vez que dissimuladora do contrato de trabalho, e constituir o crédito tributário decorrente da constatação do fato gerador verificado com o trabalho da pessoa física. Dito de maneira diversa: para que haja o lançamento tributário por desconsideração da prestação de serviços por meio de pessoa jurídica é ônus do Fisco a comprovação da existência da relação de emprego entre a pessoa física que prestou os serviços objeto da desconsideração da personalidade jurídica e o contratante desses serviços. A doutrina trabalhista é assente em reconhecer o vínculo de emprego quando presentes, simultaneamente, as características da pessoalidade, da onerosidade, da habitualidade e da subordinação. Confrontemos as disposições da melhor doutrina trabalhista com os ditames específicos da Lei nº 11.196/05, com o objetivo de encontrarmos a exata diferenciação entre a relação de emprego e a prestação de serviços por pessoa jurídica. Em primeiro lugar é necessário observar que a pessoalidade não é relevante no distinção em apreço. Tal afirmação se corrobora com a simples leitura do artigo 129 da Lei nº 11.196, que explicitamente afasta a questão do caráter personalíssimo e da atribuição de obrigações às pessoas que compõe a sociedade prestadora de serviços. Em segundo lugar, forçoso reconhecer que a habitualidade não apresenta relevância como fato distintivo entre a prestação de serviços por pessoa física ou jurídica, vez Fl. 7594DF CARF MF 16 que tanto numa como em outra, a habitualidade, ou ausência desta, podem estar presentes. Nesse ponto é necessário recordar que nas relações comerciais também se instaura uma relação de confiança, decorrente do conhecimento da excelência na prestação de serviços do fornecedor habitual. A análise da onerosidade também não ajuda no traço distintivo. Cediço que tanto no emprego quanto na mera relação comercial de prestação de serviços, o pagamento pelos serviços prestados está presente. Logo, o ponto fulcral da distinção é a subordinação. Somente na relação de emprego o contratante, no caso empregador, subordina o prestador de serviços, no caso , o empregado. Porém, não se pode, sob pena de ofensa ao direito, entender que qualquer forma de direção da prestação de serviços é a subordinação típica das normas trabalhistas. Esta, a subordinação trabalhista, se apresenta em duas situações específicas. A primeira se observa quando o empregador, no nosso caso o contratante da prestação de serviços conduz, ordena, determina a prestação de serviços. É a chamada subordinação subjetiva onde o prestador de serviços, o trabalhador, recebe ordens específicas sobre seu trabalho, assim entendida a determinação de como trabalhar, de como executar as tarefas a ele, trabalhador, atribuídas. É a subordinação típica, aquela presente no modelo fordistataylorista de produção. Modernamente, encontramos o segundo modelo de subordinação, erroneamente chamado por muitos de subordinação jurídica. Não se pode admitir tal denominação, quanto mais a afirmação que esta subordinação decorre do contrato. Ora, qualquer contrato imputa direitos e deveres e por certo, desses decorre subordinação jurídica, posto que derivada de um negócio jurídico que atribui obrigações. Essa moderna subordinação é a chamada subordinação estrutural, nos dizeres de Maurício Godinho Delgado. É a subordinação consubstanciada pela inserção do trabalhador no modelo organizacional do empregador, na relação institucional representada pelo fluxo de informações e de prestação de serviços constante do negócio da empresa contratante desses serviços. Mister realçar que é por meio da subordinação estrutural que o empregador, o tomador de serviços que subordina o prestador, garante seu padrão de qualidade, uma vez que controla todo o fluxo da prestação dos serviços necessários a consecução do mister constante de seu objeto social, ou seja, é por meio de um modelo de organização que há o padrão de qualidade necessário e o controle das atividades e informações imprescindíveis para a prestação final dos serviços, para a elaboração do produto, para a venda da mercadoria que é o fim da atividade econômica pretendida pelo contratante dos serviços, pelo empregador. Com essa considerações, a solução da lide tributária instaurada por meio do presente recurso voluntário será encontrada a partir da comprovação, ou não, da existência da relação de emprego, consubstanciada pela comprovação da subordinação, entre as pessoas físicas que prestaram os serviços mencionados no auto de infração e a Recorrente. Vejamos a imputação fiscal no tocante ao tema da caracterização da relação de emprego. Fl. 7595DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.588 17 Preliminarmente, ressalto que houve, por parte da autoridade lançadora, esforço em construção teórica sobre a questão da pejotização. Em que pese ser despicienda tal tarefa em relatório fiscal posto que tal peça processual tem função precípua de esclarecer os fatos e documentos analisados e os motivos do lançamento o Auditor Fiscal notificante expressa seu posicionamento pessoal sobre a pejotização ao asseverar (fls. 44): "18. Na conjuntura atual está cada vez mais comum, embora, seja considerada ilegal, a dita “PEJOTIZAÇÃO” como nova modalidade de contratação pela qual o empregador exige a constituição de Pessoa Jurídica pelo empregado a fim de descaracterizar a relação de emprego e, consecutivamente, afastar a aplicação da legislação trabalhista e reduzir de forma drástica o recolhimento tributário previdenciário." Como demonstrado acima, e reconhecido pela autoridade lançadora, a chamada pejotização encontra amparo legal em lei tributária, especificamente no artigo 129 da Lei nº 11.196/05. Tal reconhecimento consta do relatório fiscal (fls. 45): "21. Esta nova maneira de contratação foi utilizada com mais frequência no que tange aos trabalhadores intelectuais, após o advento do art. 129 da Lei 11.196/2005, in verbis: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. 22. E, após a vigência da legislação supracitada, diversas empresas, de forma equivocada, começaram a contratar trabalhadores utilizando as ditas pessoas jurídicas interpostas, acobertando a ilicitude dessa relação no dispositivo legal transcrito." Cediço que não cabe ao Fisco presumir a ilicitude da conduta do contribuinte, tampouco emitir opinião sobre a legislação vigente. É seu dever, ao reverso, aplicar a lei tributária, agindo no sentido da desconstituição dos negócios jurídicos eivados de vício, como, por exemplo, nos casos de fraude ou simulação. Não obstante, a Autoridade Fiscal, obliterada pelos (pré) conceitos, assevera (fls: 47): "34. E é um fato que na “PEJOTIZAÇÃO”, o trabalhador não revela sua vontade livremente, pois é constrangido a constituir a Pessoa Jurídica por determinação da empresa contratante que detém o poder econômico. Por conseguinte, não bastasse o princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, a “PEJOTIZAÇÃO” é um caso de vício de consentimento, o que por si só já nulificaria toda a contratação. Fl. 7596DF CARF MF 18 35. E de igual forma, deve ser considerado o princípio da primazia da realidade, pois, o Código Civil estabelece, em seu art. 112, que “nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”, ou seja, este dispositivo enfatiza que deve prevalecer a intenção das partes sobre a estrutura formal criada para maquiar a situação. 36. Assim sendo, conforme leciona Carlos Roberto Gonçalves (2008, p. 41), “partese da declaração, que é a forma de exteriorização da vontade, para se apurar a real intenção das partes”8. E na mesma linha de raciocínio, Luiz de Pinho Pedreira da Silva (1999, p. 206) afirma que “a primazia da realidade não é observada exclusivamente nesta disciplina jurídica mas comum a quase todas, justificandose a sua consideração como um princípio fundamental do Direito do Trabalho pela intensidade da sua aplicação neste”9. 37. Do mesmo modo o princípio da primazia da realidade pode ser vislumbrado no art. 9º da CLT, ao determinar que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. E ainda, ensina a ilustre doutrinadora Alice Monteiro de Barros (2008, p. 185), que: O princípio da primazia da realidade significa que as relações jurídicotrabalhistas se definem pela situação de fato, isto é, pela forma como se realizou a prestação de serviços, pouco importando o nome que lhes foi atribuído pelas partes. Despreza se a ficção jurídica10. 38. Consequentemente, o princípio da primazia da realidade, aplicado a “PEJOTIZAÇÃO”, implica em desconsiderar o contrato de natureza civil existente, e abrigar no mundo jurídico a situação de fato encontrada. 39. De forma concisa, aplicar os princípios do Direito do Trabalho à “PEJOTIZAÇÃO” é desmascarar esta prática que consiste em verdadeira fraude à legislação trabalhista e tributária, pela qual se busca camuflar o vínculo de emprego para extinguir os direitos trabalhistas e os tributos pertinentes, sendo uma prática fraudulenta de contratação reforçada pela realidade de um mercado de trabalho com vagas escassas, onde pode ser criada essa imposição pelo empregador, e onde não existe a livre vontade na constituição da Pessoa Jurídica pelo trabalhador. 55. De toda a informação trazida da internet verificase que a REDE DOR na sua filial Hospital Santa Luzia busca ser reconhecida pela estrutura própria, pelo corpo clínico de excelência, pelos profissionais renomados, com vasta experiência em várias especialidades e ao anunciar seu corpo clinico, a REDE DOR – HSL sugere que os profissionais da área de saúde são integrantes do corpo clinico do próprio Hospital, e ainda cita várias vezes que possui uma equipe especializada e multidisciplinar. Ou seja, o Hospital passa a noção para a sociedade e para os seus clientes que possui médicos e equipe de Fl. 7597DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.589 19 profissionais de saúde nos seus quadros, mas internamente se utiliza da “PEJOTIZAÇÃO” para ser um “HOSPITAL FANTASMA” que funciona sem médicos vinculado diretamente a ele, ou melhor, nem seria um hospital, seria no máximo um local onde médicos poderiam locar áreas e trabalhar por conta própria, o que beira o absurdo. 56. Portanto, a realidade encontrada é que os médicos, estão sendo intermediados por empresas “PEJOTIZADAS” de forma ilegal, conforme dados relacionados nos anexos abaixo, e que estão na verdade a serviço da REDE DOR HSL, atendem aos pacientes desse, com claro vínculo de emprego, portanto, sendo necessário desconsiderar os contratos destas empresas interpostas firmados com a REDE DOR HSL, pelo simples fato de ser uma situação simulada que não prospera no mundo real, e que claramente afronta as leis, especialmente a previdenciária, conforme é amplamente demonstrado neste relatório fiscal ( sublinhados e negritos e sublinados do último parágrafo não constam do relatório fiscal) Ora, em que pese todo o esforço argumentativo do Auditor Fiscal, é necessário, até pelas determinações dos artigos 142 do CTN combinado com artigo 10 do Decreto nº 70. 235/72, que as alegações fiscais sejam comprovadas. Ao se tratar de constatação de simulação ou fraude, outro ônus cabe ao Fisco, a comprovação destas, a teor dos artigos 116, § único e 149, VII, ambos do Códex Tributário. Tal ônus é reconhecido pelo Fisco: "40. E tal situação deve ser desmascarada pela fiscalização, que, amparada nos princípios trabalhistas examinados e tendo como objetivo final resgatar a tributação suprimida, tem o poder de desqualificar a ficção criada para fins de aplicar a correta tributação ao caso real." (sublinhamos) Vejamos se tal encargo foi cumprido. Consta do Relatório Fiscal (fls. 51): "52. Ao contrário de que afirma o sujeito passivo, a verdade concreta é que os médicos na REDE DOR sucessora do Hospital Santa Luzia (HSL) trabalham com todos os pressupostos de emprego (serviços prestados por pessoa física, não eventualidade, onerosidade e subordinação). E, a suposta contratação de empresas de médicos não passa da figura conhecida como “PEJOTIZAÇÃO” que fora utilizada para acobertar a relação direta dos médicos com a REDE DOR – HOSPITAL SANTA LUZIA (REDE DOR– HSL). 53. Para tentar individualizar os profissionais médicos e os seus atendimentos, a fiscalização emitiu Termo de Intimação Fiscal TIF 06 (ANEXO TERMOS), para solicitar a identificação, individualizada, desses profissionais, nos prontuários eletrônicos de atendimentos de pacientes do hospital, porém mesmo tendo fornecido tais dados, verificouse que vários médicos existentes no prontuário não eram vinculados a nenhuma das Pessoas Fl. 7598DF CARF MF 20 Jurídicas “PEJOTIZADAS” e declaradas em DIRF, não estavam em GFIP e nem na Folha de Pagamento digital entregue a fiscalização, conforme anexos. E mesmo para os médicos que são “sócios” das empresas “PEJOTIZADAS”, a informação não serviu para individualizar os pagamentos, pois em cada empresa, em regra, existe mais de um médico como sócio impossibilitando a correta atribuição de valores para cada segurado, logo houve a necessidade de utilizar o valor global pago a cada empresas PEJOTIZADA como valor pago uma suposta pessoa física segurado empregado (aferição), e foram produzidos os anexos abaixo para dar apoio na compreensão da situação encontrada de “PEJOTIZAÇÃO” e para dar melhor suporte aos argumentos aqui apresentados." (destaques não constam do original) Após reproduzir a página da internet do hospital, com o fito de demonstrar que há notícia de que o sujeito passivo possui equipes médicas especializadas, o Auditor conclui: "55. De toda a informação trazida da internet verificase que a REDE DOR na sua filial Hospital Santa Luzia busca ser reconhecida pela estrutura própria, pelo corpo clínico de excelência, pelos profissionais renomados, com vasta experiência em várias especialidades e ao anunciar seu corpo clinico, a REDE DOR – HSL sugere que os profissionais da área de saúde são integrantes do corpo clinico do próprio Hospital, e ainda cita várias vezes que possui uma equipe especializada e multidisciplinar. Ou seja, o Hospital passa a noção para a sociedade e para os seus clientes que possui médicos e equipe de profissionais de saúde nos seus quadros, mas internamente se utiliza da “PEJOTIZAÇÃO” para ser um “HOSPITAL FANTASMA” que funciona sem médicos vinculado diretamente a ele, ou melhor, nem seria um hospital, seria no máximo um local onde médicos poderiam locar áreas e trabalhar por conta própria, o que beira o absurdo. 56. Portanto, a realidade encontrada é que os médicos, estão sendo intermediados por empresas “PEJOTIZADAS” de forma ilegal, conforme dados relacionados nos anexos abaixo, e que estão na verdade a serviço da REDE DOR HSL, atendem aos pacientes desse, com claro vínculo de emprego, portanto, sendo necessário desconsiderar os contratos destas empresas interpostas firmados com a REDE DOR HSL, pelo simples fato de ser uma situação simulada que não prospera no mundo real, e que claramente afronta as leis, especialmente a previdenciária, conforme é amplamente demonstrado neste relatório fiscal." Depois de apresentados mais argumentos apaixonados, a Autoridade Lançadora, inicia o seu real mister, de verificar a ocorrência do fato gerador, ou seja, de provar a subsunção do fato à norma, quando afirma (fls. 56): "63. Pela análise dos textos de vários dos contratos das empresas interpostas (“PEJOTIZAÇÃO”) verificase que foram forjados contratos “padronizados” com diversos textos repetidos e inseridos no contrato com a finalidade de dar aspecto de legalidade a situação irregular que acobertam. Para melhor entendimento citase alguns dos textos padronizados Fl. 7599DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.590 21 encontrados em quase todos os contratos analisados, e para facilitar uma análise mais detalhada encontramse anexados a este processo alguns dos contratos analisados pela fiscalização. DOS DIVERSOS CONTRATOS Texto padronizado encontrado nos contratos como “TENTATIVA DE FORMALIZAR A ‘PEJOTIZAÇÃO’ ESCONDENDO O VINCULO, A SUBORDINAÇÃO, O CONTROLE E A FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO DOS SEGURADOS ‘PEJOTIZADOS’, ATIVIDADES TÍPICAS DE UMA RELAÇÃO DE EMPREGO” • Trechos que deixam clara a permissão de ocupação de área física, para permitir que o médico atue dentro do ambiente do Hospital, sob o seu controle e subordinação: “CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO O presente contrato tem por objetivo a ocupação de área física no Ambulatório do HOSPITALCONTRATANTE, adequada ao exercício das atividades profissionais da CONTRATADA e restrita a atendimento ambulatorial para o exercício das atividades profissionais da CONTRATADA, relativa à sua especialidade de Ginecologia, mediante o pagamento mensal de uma taxa de ocupação.” • Trechos que indicam o poder unilateral de mando do Hospital, que pode inclusive alterar o local de trabalho dos médicos pejotizados: “CLÁUSULA SEGUNDA – DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO [...] PARÁGRAFO SEGUNDO – A localização da CONTRATADA poderá ser remanejada para outras áreas físicas do HOSPITAL CONTRATANTE em decorrência de alterações no seu organograma de funcionamento.” “CLÁUSULA SEGUNDA – DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO [...] PARÁGRAFO QUINTO – Nos casos de interesse da administração, obras úteis e necessárias à modernização ou ampliação do complexo hospitalar do HOSPITAL CONTRATANTE, que atinja a área utilizada pela CONTRATADA, desde já de comum acordo entre as partes, ao HOSPITALCONTRATANTE é assegurada a troca total de local de uso da CONTRATADA [...]” Trechos que deixam clara a subordinação existente: “CLÁUSULA QUARTA – DA DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS [...] PARÁGRAFO PRIMEIRO – A CONTRATADA, após assinatura do presente instrumento, assume o compromisso perante o HOSPITAL CONTRATANTE de privilegiar todas as internações de seus pacientes, sejam clínicas ou cirúrgicas, bem como para realização de exames diagnósticos nos serviços disponíveis no Hospital Santa Luzia.” “CLÁUSULA QUARTA – DA DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS [...] PARÁGRAFO TERCEIRO – [...] O Fl. 7600DF CARF MF 22 fornecimento de materiais e/ou medicamentos será feito com exclusividade pelo HOSPITAL CONTRATANTE, salvo força maior antecipadamente ao Hospital Contratante.” “CLÁUSULA QUARTA – DA DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS [...] PARÁGRAFO OITAVO – A CONTRATADA se compromete a atender, desde que haja disponibilidade em sua agenda e quadros de horário, todos os clientes – pacientes particulares e/ou conveniados exclusivos ou não da CONTRATADA que por ventura sejam transferidos da emergência para o ambulatório, desde que tais atendimentos não sejam caracterizados como emergência.” Trechos que mostram o controle de horário e controle do segurado que trabalha para o Hospital, tentando disfarçar o vínculo existente: “CLÁUSULA QUINTA – DO HORÁRIO DE OCUPAÇÃO DO CONSULTORIO E ATENDIMENTOS MEDICOS. A ocupação do Consultório se dará de acordo com os horários da equipe da CONTRATADA, sendo que preferencialmente os mesmos deverão preencher todos os horários. A CONTRATADA fornecerá ao HOSPITALCONTRATANTE a grade de ocupação para fins de informações gerais, de divulgação aos convênios, seus usuários/pacientes [...] A CONTRATADA se obriga a comunicar previamente toda e qualquer alteração na utilização do consultório, assim como a garantir o cadastramento de todos os profissionais que atuarem nas dependências do Hospital Santa Luzia.” “CLÁUSULA QUINTA – DO HORÁRIO DE OCUPAÇÃO DO CONSULTORIO E ATENDIMENTOS MÉDICOS. PARÁGRAFO SEGUNDO – A CONTRATADA, através de seus prepostos e médicos deverão ter disponibilidade total a qualquer tempo, hora e lugar para atendimento das necessidades do HOSPITALCONTRATANTE, seus consumidores diretos e indiretos, sem que isto venha a caracterizar subordinação e vínculo empregatício. (...) DE BURLAR A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA, PREVIDENCIÁRIA E TRABALHISTA” Trechos que deixam clara a tentativa de escapar de causas judiciais trabalhistas e o reconhecimento de que na verdade a relação é com pessoas físicas “CLÁUSULA OITAVA – DAS OBRIGAÇÕES DE GESTÃO PRÓPRIAS DO HCB PARÁGRAFO TERCEIRO – Se qualquer sócio, exsócio, preposto ou funcionário do HCB, promover ação judicial, para recebimento de direitos trabalhistas ou indenizações contra o HSL, desde já o HCB autoriza expressamente o HSL nos casos de acordo nos processos e também em casos de condenação a debitar os valores acertados ou devidos contra o HCB. Se o HCB não possuir crédito Fl. 7601DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.591 23 suficiente para o pagamento devido o HSL, seus sócios responderão individualmente como pessoas físicas.” Trechos que deixam clara a tentativa de escapar da relação tributária e previdenciária dissimulada com a “PEJOTIZAÇÃO” “CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA – DOS IMPOSTOS E TAXAS Será de inteira e exclusiva responsabilidade do HCB o pagamento de impostos, contribuições e taxas, devidas aos órgãos Federais, Estaduais, Municipais, Autarquias e da categoria profissional, que incidem ou venham a incidir sobre a prestação dos serviços, bem como contribuições previdenciárias de seus empregados” Inegável que, na visão do Fisco, os trechos dos contratos acima são suficientes para a comprovação da relação de emprego entre aqueles trabalhadores que prestam serviços às pessoas jurídicas contratadas, seja como sócios, seja como empregados e o hospital. Reitero que, a mera leitura dos excertos dos contratos acima são suficientes, segundo o AFRFB, para caracterizar a relação de emprego. Senão vejamos (fls. 65): 66. Logo, afirmase novamente que os contratos firmados entre a REDE DOR –HSL e os seus médicos sob o falso manto da interposta pessoa (“PEJOTIZAÇÃO”), são ilícitos e impedidos por lei, pois desrespeitam toda a legislação civil, tributária e previdenciária, em particular afrontam diretamente o art. 104, art. 122 e art. 123 do Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406 de 10/01/2002), o art. 2º e art. 3º da CLT, o art. 12 I, a da Lei 8.212/91 e a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho e todos os princípios do Direito do Trabalho. (...) 67. E ainda, de acordo com art. 9º da Consolidação das leis do Trabalho – CLT (aprovada pelo Decretolei nº. 5.452/1943) c/c art. 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172/1966), devem, estes contratos simulados, ser desconsiderados por serem nulos de pleno direito, devendo ser procedida a apuração dos valores pagos pelos contratos simulados como pagamentos realizados para Pessoas Físicas como Segurados Empregados da REDE DOR HSL. CLT Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. CTN Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, Fl. 7602DF CARF MF 24 observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 68. Pois, os negócios celebrados entre o contribuinte fiscalizado e empresas interpostas com o intuito de burlar as legislações tributária, previdenciária e trabalhista, embora tenham sido realizados com a anuência desses trabalhadores, não podem alterar ou extinguir definições instituídas por Legislação Federal, especificamente quando se trata de determinar fatos geradores de obrigações tributárias. Dessa forma, as disposições dos acordos efetuados entre essas partes não vinculam o fisco, razão pela qual devem incidir tributos sobre as verbas pagas a empregados com a utilização de empresas interpostas “PEJOTIZAÇÃO". Reafirmando sua posição, linhas adiante, o Fisco explicita (fls 71): 86. Os médicos integrantes do quadro de sócios das empresas interpostas e informados nos anexos, além dos médicos encontrados após análise dos dados de prontuário informados pela empresa, embora formalmente não estejam registrados como empregados no quadro de funcionários da REDE DOR HSL, constituem vínculo empregatício de fato, tendo em vista os pressupostos claros da relação de emprego, previstos no art. 12, I, a, da Lei 8.212/91. • ANEXO Médicos constantes do prontuário do Hospital e que não são sócios das empresas declaradas em DIRF • ANEXO Quadro societário das Pessoas Jurídicas contratadas para dissimular a PEJOTIZACAO • ANEXO Clinicas fora da DIRF mas encontradas na contabilidade (SÓCIOS) 87. Importante enfatizar, também, que reconhecimento do vínculo de emprego aplicado neste auto de infração se fundamenta no direito previdenciário, notadamente nos quatro pressupostos intrínsecos ao conceito de segurado empregado, definido no supracitado art. 12, I, a, da Lei 8.212/91, quais sejam: a) Prestação de serviço por pessoa física; b) Onerosidade; c) Nãoeventualidade na prestação dos serviços; d) Subordinação jurídica. 88. Portanto, estando presentes os referidos pressupostos da relação de emprego, a legislação autoriza que o AuditorFiscal, no exercício de suas funções, desconsidere a natureza do vínculo formalmente registrado e reconheça vínculo trabalhista diverso do pactuado, conforme art. 229 do Decreto n. 3.048/99, in verbis: Art. 229. [...]. § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as Fl. 7603DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.592 25 condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) [...]. (grifo nosso) 89. O pressuposto da nãoeventualidade está configurado pelo prolongado período em que os obreiros prestaram serviços remunerados a REDE DOR HSL, combinado com a espécie de serviços prestados, os quais são inerentes a atividade essencial e fim da empresa autuada. 90. Atividadefim e atividademeio, de acordo com a Súmula 331, TST, diferenciamse segundo a sua essencialidade para a empresa contratante. As atividades que integram o objeto social de uma empresa indicam sua atividadefim, não sendo permitida a sua terceirização, pelo fato está intrinsecamente relacionada a continuidade da atividade econômica. No caso em exame, é inconteste de que os médicos prestam serviços na área fim da REDE DOR – HSL, que é um Hospital de referência em Brasília/DF. 91. Ou seja, os profissionais atuavam e atuam na atividade fim da REDE DOR HSL, trabalham com continuidade e clara habitualidade na prestação de serviços como médicos, recebem remuneração mensal, e na grande maioria estão cadastrados no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) há vários anos, e trabalham em uma escala horária estabelecida semanalmente pelo hospital, o que indica subordinação. 92. Quanto aos pressupostos de que a prestação de serviço era realizada por "pessoa física" com "Onerosidade", se revelam incontestáveis na medida que para a prestação de serviços médicos, foram criadas empresas interpostas que tem convenientemente em seus quadros de sócios, os médicos necessários a atividade exigida pelo hospital. 93. O pressuposto da onerosidade, é facilmente identificado a partir da comprovação contábil e por notas fiscais das empresas interpostas, o que comprova que todos os profissionais de saúde eram remunerados periodicamente pelo respectivo trabalho. Pois, em regra, a remuneração das pessoas físicas, contratadas sob a fachada de pessoa jurídica interpostas (“PEJOTIZADAS”), é mensal e encontrase pactuada em cláusula contratual específica, geralmente em valor variável, a ser pago em prazo certo. 94. As notas fiscais no “ANEXO Notas Fiscais por amostragem”, demonstram que existe apenas uma intermediação para que os médicos recebam seus honorários, deixando claro que é um mero pagamento de honorários médicos que estão efetivamente sendo pagos. 95. Por se tratar de prestação de serviços médicos, a pessoalidade é patente, pois fazse necessário a interveniência Fl. 7604DF CARF MF 26 de profissionais de saúde de quem são exigidos requisitos funcionais, como: registro no CRM, formação e especialização, que permitem que o profissional e somente ele possa executar os procedimentos nos pacientes da REDE DOR – HSL, e acrescentese que existe uma exigência contratual de cada profissional ser cadastrado/acompanhado pelo hospital (REDE DOR – HSL). 96. De acordo com análise já explorada neste Relatório Fiscal, restou clara serem dispensáveis as pessoas jurídicas interpostas na execução dos serviços médicos, haja vista todos os meios necessários para a realização do trabalho do médico estarem a disposição de cada profissional fornecidos pelo própria REDE DOR – HSL. Sendo considerada como uma relação simulada e de fachada a triangulação que envolve a contratação de médicos utilizando a ficção criada “Médico x Empresa Interposta x REDE DOR – HSL”. E sabedor da importância da caracterização da subordinação como elemento fundante da relação de emprego, o Fisco ressalta (fls. 72/73): "97. E fica clara a subordinação em todos os contratos que ao participar do Corpo Clínico do hospital o médico passa a sujeitarse à hierarquia do hospital, ao Estatuto Social, ao Regulamento Interno, ao Regimento do Corpo Clínico e as Normas de Serviços impostas pelo hospital." Não obstante todo o exposto, não encontro no Auto de Infração nenhuma prova da alegações fiscais. Inúmeros contratos, nenhuma prova, ou indício desta, que demonstre as alegações de vício de consentimento, pessoalidade ou ainda a necessária comprovação, mesmo que indiciária, da subordinação alegada. Vejamos, antes de decidir, as razões recursais (fls. 7532): 69. Conforme visto, a D. autoridade fiscal imputa à Recorrente, na qualidade de sucessora do Hospital Santa Luzia por incorporação, a prática da chamada "pejotização", pela qual o empregador exige a constituição de Pessoa Jurídica pelo empregado a fim de descaracterizar a relação de emprego e, consecutivamente, afastar a aplicação da legislação trabalhista e reduzir de forma drástica o recolhimento tributário previdenciário29. 70. Ainda de acordo com o relatório fiscal, a conduta atribuída à Recorrente configuraria uma simulação, em que uma Pessoa Física (PF) é obrigada a se travestir como Pessoa Jurídica (PJ)30 . 71. Ao contrário do alegado pelo auditor fiscal, não há, em absoluto, nenhuma fraude ao ordenamento jurídico praticada pela Recorrente ao contratar os prestadores de serviços listados nos autos de infração em apreço, nem seria crível que o i. Auditor Fiscal, apenas por meio da análise dos documentos fornecidos pela empresa no decorrer do procedimento fiscal, conseguisse apurar subordinação envolvendo tantos profissionais, vinculados a tão elevado número de empresas. Fl. 7605DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.593 27 A declaração do vínculo empregatício consiste em questão de cunho fático, exigindo para sua caracterização a apuração da rotina e das condições de trabalho dos médicos prestadores de serviços, por meio de suas empresas, isto é, da realidade experimentada por esses profissionais, o que não foi feito in casu. 72. Dessa forma, refutase veementemente a requalificação formal dos médicos para a categoria de segurados empregados equivocadamente feita pela D. Autoridade Fiscal, com base na suposta presença dos requisitos previstos artigo 12, inciso I, alínea "a", da Lei 8.212/91. 73. E mais. Nem por hipótese do absurdo se poderia afirmar que houve constrangimento dos médicos e, por consequência, vício de consentimento, como pretende a D. Fiscalização'. Essa conclusão fiscal é fulminada pelas declarações deliberadamente prestadas pelos médicos mencionados nos autos de infração, confirmando que não foram coagidos a constituir pessoa jurídica para prestação de serviços à Recorrente (doc. 04 da impugnação). Notese que tais profissionais possuem elevado grau de instrução, sendo que as declarações prestadas são absolutamente válidas e isentas de qualquer vício de consentimento." (destaques não constam do recurso) Linhas adiante, continua o Recorrente alegando falta de comprovação das imputações fiscais (fls. 7537): "88. Logo se vê que, ao contrário do afirmado na página 18 do relatório fiscal, as cláusulas contratuais que autorizam a ocupação de áreas físicas do hospital pelos médicos não indicam a existência de subordinação e controle por parte do Hospital Santa Luzia, mas exatamente o contrário, pois foram celebradas visando a permitir a utilização da estrutura do hospital pelas pessoas jurídicas prestadoras de serviços especializados. 89. A mera possibilidade de os profissionais serem remanejados para novas áreas físicas também não indica, como pretende fazer crer a D. autoridade fiscal nessa mesma página, o poder unilateral de mando do hospital. Isso porque, à evidência, na qualidade de gestor dos serviços médicohospitalares, o hospital tem o dever de organizar as atividades desenvolvidas em seu estabelecimento da forma mais eficiente possível, o que pode envolver o remanejamento de setores onde trabalham médicos de determinada especialidade para outras áreas dentro do hospital, sem nenhuma intervenção técnica no atendimento realizado por eles. 90. O mesmo se diga quanto à necessidade de as pessoas jurídicas (i) utilizarem materiais e medicamentos fornecidos pelo hospital, (ii) atenderem os pacientes do hospital, (iii) fornecerem prontuários e relatórios sobre os atendimentos realizados e (iv) comunicarem o hospital sobre o seu corpo médico, medidas adotadas visando ao bom funcionamento do Fl. 7606DF CARF MF 28 estabelecimento, e não a controlar as atividades dos profissionais, como afirma, sem nenhum lastro em provas, a D. autoridade autuante nas páginas 19, 20 e 22 do seu relatório. 91. A inexistência de subordinação se revela também na constatação — que o fiscal não investigou — de que os médicos mencionados nos anexos do relatório fiscal prestavam serviços para diversas instituições e empresas relacionadas à área de saúde, por intermédio de suas empresas legalmente constituídas, mesmo para concorrentes da Recorrente, conforme as diversas cópias das notas fiscais emitidas pelas empresas médicas (doc. 08 da impugnação), bem como contratos de prestação de serviços firmados entre as empresas médicas parceiras e outras empresas (doc. 07 da impugnação)." (novamente os destaques não são originais) Assiste razão ao Recorrente. Não há uma única prova das alegações fiscais. Há, sim, anexos que relacionam o nome de médicos que prestaram serviços ao hospital (fls. 92/132), anexo com nomes de médicos que não eram sócios das empresas declaradas em DIRF (fls. 133/169), anexo de com nomes de profissionais que constavam dos prontuários do hospital e eram sócios da empresas prestadoras (fls. 170/174), Anexo com o quadro societário das pessoas jurídicas prestadoras de serviço (fls. 210/226), inúmeros contratos de prestação de serviços anexados ao Relatório Fiscal (fls 495/565) e várias notas fiscais da empresas prestadoras (fls. 566/582). Nada mais! Nenhuma prova das alegações fiscais. Nenhuma comprovação nem por amostragem de que uma pessoa física, aquele ser individualmente considerado, prestou serviço pessoal para o tomador, por intermédio de pessoa jurídica. Nenhuma comprovação, mesmo que indiciária, de que fulano de tal estava subordinado, hierarquicamente ou por meio de inserção no modelo organizacional do tomador de seus serviços. Ora, mera análise de contrato, embasada em percepção da autoridade fiscal, fundada em frase de efeito e imputações de vícios de consentimento e de ilicitudes várias, não tem o condão de comprovação da fraude, ou simulação previstas no artigo 9º da CLT que ensejam a aplicação das normas trabalhistas ao caso concreto. Não há subordinação que seja ínsita a um tomador de serviços que, por previsão contratual, determine o local da prestação de serviços! Ofende o primado da lógica, querer crer que algum contratante de serviços a serem prestados, alguém que contrate outrem para um facere, para uma obrigação de fazer, não defina o local aonde o serviço será prestado, ou preveja, contratualmente, a eventual alteração de tal local. Não se pode por ser um argumento pueril dizer que por existir na avença a possibilidade do contratante mudar o local do atendimento médico a ser prestado pelo contratado (mudar o consultório do médico que paga pelo aluguel do mesmo), demonstra a Fl. 7607DF CARF MF Processo nº 14041.720105/201500 Acórdão n.º 2201004.378 S2C2T1 Fl. 7.594 29 vinculação do prestador às regras do tomador, que reproduzimos abaixo com o perdão da repetição (fls 56, in fine): Trechos que deixam clara a permissão de ocupação de área física, para permitir que o médico atue dentro do ambiente do Hospital, sob o seu controle e subordinação: “CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO O presente contrato tem por objetivo a ocupação de área física no Ambulatório do HOSPITALCONTRATANTE, adequada ao exercício das atividades profissionais da CONTRATADA e restrita a atendimento ambulatorial para o exercício das atividades profissionais da CONTRATADA, relativa à sua especialidade de Ginecologia, mediante o pagamento mensal de uma taxa de ocupação.” Ora, se há pagamento pela utilização do espaço do hospital, resta de maneira cabal, afastada a alegada subordinação e controle. Não se pode emprestar presunção de veracidade a alegações que pretendem imputar relação de emprego com base em um contrato que prevê pagamento por ocupação de um espaço físico no pretenso empregador. Nunca soube de empregado que pagasse aluguel por sua mesa ou espaço de trabalho para seu empregador. Não há, como dito, nenhuma comprovação das alegações fiscais. Não se prova pessoalidade pelo simples motivo de que não há nenhuma identificação concreta de que fulano, beltrano ou sicrano, prestavam serviços 'intuito personae' ao Recorrente. Não se comprova tal argumento com a seguinte afirmação (fls. 72) " (...) a pessoalidade é patente, pois fazse necessário a interveniência de profissionais de saúde de quem são exigidos requisitos funcionais, como: registro no CRM, formação e especialização, que permitem que o profissional e somente ele possa executar os procedimentos nos pacientes da REDE DOR – HSL " Ora, qualquer um dos milhares de médicos registrados no CRM são, potencialmente habilitados a prestar serviços médicos, tendo registro, formação e especialização, afastando de forma patente para se usar a expressão da autoridade fiscal a pessoalidade exigida para a caracterização do empregado. Diante de todo o exposto, e ressaltando a necessidade da comprovação da relação de emprego para a desconsideração da relação entre as pessoas jurídicas prestadoras e a tomadora dos serviços, forçoso reconhecer a procedência das alegações recursais, em razão da comprovação dos fatos impeditivos do direito do Fisco ao crédito tributário lançado. Recurso voluntário provido. Em face do provimento do recurso, deixo de analisar as razões recursais no tocante a qualificadora da multa a ao descumprimento de obrigações acessórias. Fl. 7608DF CARF MF 30 Conclusão Diante do exposto, e com base nos fundamentos apresentados, voto por rejeitar as preliminares arguídas, e no mérito, por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 7609DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001007/2010-29
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.
É passível de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda a despesa médica declarada e devidamente comprovada por documentação hábil e idônea.
As despesas médicas dedutíveis restringem-se aos pagamentos efetuados pelo Contribuinte para o seu próprio tratamento ou dos dependentes informados na Declaração de Ajuste Anual.
Numero da decisão: 2002-000.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso apresentado, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, determinando o restabelecimento de despesas médicas nos montantes de R$1.988,48 (ano-calendário 2004), de R$2.244,82 (ano-calendário 2005), de R$2.308,36 (ano-calendário 2006), de R$2.160,76 (ano-calendário 2007) e de R$2.052,60 (ano-calendário 2008).
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Recorrente AIRTON PEDROSO DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. É passível de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda a despesa médica declarada e devidamente comprovada por documentação hábil e idônea. As despesas médicas dedutíveis restringemse aos pagamentos efetuados pelo Contribuinte para o seu próprio tratamento ou dos dependentes informados na Declaração de Ajuste Anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso apresentado, para, no mérito, darlhe provimento parcial, determinando o restabelecimento de despesas médicas nos montantes de R$1.988,48 (anocalendário 2004), de R$2.244,82 (anocalendário 2005), de R$2.308,36 (anocalendário 2006), de R$2.160,76 (ano calendário 2007) e de R$2.052,60 (anocalendário 2008). (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 10 07 /2 01 0- 29 Fl. 115DF CARF MF Processo nº 16004.001007/201029 Acórdão n.º 2002000.070 S2C0T2 Fl. 116 2 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente aos exercícios de 2005 a 2009, anoscalendário 2004 a 2008, tendo em vista a apuração de dedução indevida de despesas médicas. O contribuinte apresentou impugnação (fls.47/87), contestando parcialmente a exigência e indicando a juntada de documentação comprobatória dos valores que quer ver restabelecidos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) negou provimento à Impugnação (fls. 95/100), em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. COMPROVAÇÃO. O direito à dedução de despesas médicas restringese àquelas que tiveram como beneficiários o contribuinte e seus dependentes para fins de imposto de renda, e está condicionado à comprovação da efetividade dos serviços prestados, dos correspondentes pagamentos e de seu enquadramento nos requisitos legalmente estabelecidos. Cientificado dessa decisão em 9/2/2011 (fl.104), o contribuinte formalizou, em 10/3/2011 (fl.105), seu Recurso Voluntário (fls. 105/111), no qual admite ter informado indevidamente despesas de seu cônjuge, mas requer, diante dos novos documentos juntados ao seu recurso, o restabelecimento parcial das despesas médicas. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações (fls.112/113). É o relatório. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 16004.001007/201029 Acórdão n.º 2002000.070 S2C0T2 Fl. 117 3 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O litígio recai sobre despesas médicas. São dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados (art. 73, do RIR/1999). Em sua impugnação, o contribuinte pleiteou o restabelecimento das despesas com plano de saúde descontadas em folha de pagamento por sua fonte pagadora. A DRJ/SP II não acolheu o pedido, consignando: Em sua impugnação, o interessado reconhece como procedente parte das glosas efetuadas e traz aos autos o documento de fls. 48, emitido por COCAM Cia. de Café Solúvel e Derivados CNPJ 60.421.161/000180, que informa valor de despesas integralmente custeadas pelo contribuinte. De acordo com os autos, o plano de saúde é do tipo empresarial, tendo a citada fonte pagadora COCAM como contratante. Nessa modalidade de plano de saúde, o encargo financeiro pode tanto ser assumido integralmente pela empresa contratante, ou é compartilhado entre esta e os empregados/dirigentes, ou apenas por estes. No presente caso, o documento de fls. 48 comprova os valores custeados pelo impugnante, mas não traz a identificação dos beneficiários do plano de saúde, informação essencial no presente caso, pois, como já assinalado, das informações prestadas pelo plano de saúde, parte das despesas não são dedutíveis porque relativas ao cônjuge, que apresentou Declaração em separado, no modelo simplificado. ... Fl. 117DF CARF MF Processo nº 16004.001007/201029 Acórdão n.º 2002000.070 S2C0T2 Fl. 118 4 Em resumo, na situação sob análise, os autos demonstram que o contribuinte é titular de plano de saúde empresarial e assumiu o pagamento dos valores informados pela fonte pagadora, mas não trazem a informação quanto ao valor relativo a cada beneficiário de maneira individualizada, de modo a se apurar as despesas referentes a Anderson Nascimento Silva e Ignez Catoia da Silva. (destaques acrescidos) Agora, em seu recurso, o sujeito passivo junta os documentos de fls. 106/110. O Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação de provas em momento posterior a impugnação, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos anexados aos autos após a defesa, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal. Nesse caso, entendo que os documentos apresentados em sede de recurso voluntário devem ser recepcionados e analisados, uma vez que comprovam os argumentos expostos pelo Contribuinte e visam sanear falha na instrução probatória apontada pela decisão de piso. Em suas Declarações de Ajuste dos exercícios 2005 a 2007, o contribuinte informou como dependentes Anderson Nascimento Silva, Ignes Catoia da Silva e Pedro Pedroso da Silva (fls. 3, 7/8 e 12) e, nos exercícios 2008 e 2009, Ignes Catoia da Silva e Pedro Pedroso da Silva como dependentes (fls. 19 e 23). Assim, a teor da legislação de regência, consignada na autuação e na decisão de piso, o contribuinte faz jus a deduzir as despesas médicas próprias e as dos dependentes indicados em cada anocalendário. Do exame dos documentos apresentados em fase recursal, em especial o extrato de fl.108, restam confirmados os pagamentos abaixo discriminados: Beneficiário AC 2004 AC 2005 AC 2006 AC 2007 AC 2008 Airton Pedroso da Silva 349,83 381,00 282,29 209,94 Anderson Nascimento Silva 349,83 381,00 282,29 * * Ignez Cantoia da Silva 667,16 753,36 883,89 975,41 1.026,30 Pedro Pedroso da Silva 667,16 753,36 883,89 975,41 1.026,30 Total 2.033,98 2.268,72 2.332,36 2.160,76 2.052,60 * Não tendo sido informado como dependente nesse anocalendário, suas despesas não podem ser acatadas. Por ocasião da autuação, a autoridade fiscal já acatara, com base no documento de fl.28, a dedução de R$45,50, de R$23,90 e de R$24,00, para os anoscalendário 2004, 2005 e 2006, respectivamente (fl.42). Fl. 118DF CARF MF Processo nº 16004.001007/201029 Acórdão n.º 2002000.070 S2C0T2 Fl. 119 5 Dessa feita, resta restabelecer os valores abaixo indicados: AnoCalendário Valor 2004 1.988,48 2005 2.244,82 2006 2.308,36 2007 2.160,76 2008 2.052,60 Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso para, no mérito, darlhe provimento parcial e determinar o restabelecimento de despesas médicas nos montantes de R$1.988,48, de R$2.244,82, de R$2.308,36, de R$2.160,76 e de R$2.052,60, para os anos calendário 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008, respectivamente. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.916329/2011-10
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001
BASE DE CÁLCULO. REGIME CUMULATIVO.
A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, resultou no entendimento de que o conceito de faturamento, para fins de incidência dessas contribuições sociais, corresponde às receitas vinculadas à atividade mercantil típica da pessoa jurídica.
Numero da decisão: 9303-006.454
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FEY PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001 BASE DE CÁLCULO. REGIME CUMULATIVO. A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, resultou no entendimento de que o conceito de faturamento, para fins de incidência dessas contribuições sociais, corresponde às receitas vinculadas à atividade mercantil típica da pessoa jurídica. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 29 /2 01 1- 10 Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13971.916329/201110 Acórdão n.º 9303006.454 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3402003.952, de 28/03/2017, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2001 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Intimada da decisão, a PFN apresentou embargos de declaração, os quais, todavia, foram rejeitados mediante despacho do Presidente da 4ª Câmara. Também interpôs recurso especial, por meio do qual suscita divergência quanto ao conceito de faturamento, especialmente com relação à incidência do PIS/Cofins sobre receitas de aluguéis recebidas por empresa que se dedica à atividade de locação, face à declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718, de 1998. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 3401002.726 e nº 330200.289. O recurso foi admitido por intermédio do Despacho de Admissibilidade do Presidente da 4ª Câmara. Intimada, a contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13971.916329/201110 Acórdão n.º 9303006.454 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.426, de 13/03/2018, proferido no julgamento do processo 13971.916300/201138, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.426): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Cumpre observar, inicialmente, que o objeto social principal da contribuinte é a exploração das atividades de locação, loteamento e arrendamento de bens próprios, construídos ou a construir, bem como a comercialização de bens móveis e imóveis, abrangendo a compra e venda, permuta, exceto a intermediação, assessoria e orientação técnica em negociações imobiliárias (vide fl. 25). Pois bem. O acórdão recorrido, aplicando decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal STF, deu provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de PIS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela contribuinte com fulcro em dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98. As receitas que expressamente reconheceu não tributáveis foram as receitas financeiras ("JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL") e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS". O primeiro paradigma, contudo, em flagrante dissenso interpretativo, concluiu o contrário, conforme facilmente comprova a simples leitura de sua ementa: Acórdão nº 3401002.726: LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS. FATURAMENTO. PIS/PASEP E COFINS. INCIDÊNCIA. Na esteira da jurisprudência dos tribunais superiores, mormente o Superior Tribunal de Justiça, as receitas provenientes da locação de bens imóveis, quando objeto das atividades mercantis da pessoa jurídica, sujeitamse à incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, tanto sob a regência da Lei Complementar nº 70/91, quanto pela Lei nº 9.718/98, não prejudicando tal entendimento a declaração de inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo promovida pelo art. 3º, § 1º deste último diploma legal (g.n.) No mérito, entendemos assistir razão à Recorrente. Como já é do conhecimento geral e referido no acórdão recorrido, o STF considerou incompatível com o então Texto Constitucional a ampliação da base de cálculo do PIS/Cofins (§ 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718, de 1998), pacificando o entendimento de que o faturamento corresponde apenas à receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços (Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio Mello, RE 346.084, DJ de 1/09/2006). Contudo, alguns votos dos ministros que participaram do julgamento indicaram – e não como obiter dictum – o verdadeiro sentido que a esta expressão deve ser conferido. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13971.916329/201110 Acórdão n.º 9303006.454 CSRFT3 Fl. 5 4 Segundo o Min. Cezar Peluso, que foi acompanhado pelo Min. Sepúlveda Pertence: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. (g.n.). E, concluindo, asseverou: Por todo o exposto, julgo inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”, cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, § 4º, se considerado para efeito de nova fonte de custeio da seguridade social. Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe da r interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. (g.n.). Ainda mais preciso, o Min. Ayres Britto, a partir da redação original do art. 195 da Constituição Federal (anterior à promulgação da Emenda Constitucional – EC n.º 20, de 1998), claramente identificou o conceito de faturamento com equivalente à receita operacional: A Constituição de 88, pelo seu art.195, I, redação originária, usou do substantivo “faturamento”, sem a conjunção disjuntiva “ou” receita”. Em que sentido separou as coisas? No sentido de que faturamento é receita operacional, e não receita total da empresa. Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo Decretolei 2397, de 1987, art.22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Ministro Velloso acabou de fazer também essa remissão à lei: Art.22 [...] § 1º [...] a) a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda;” Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente àqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional, do seu ramo de negócio, enfim. Logo, receita operacional é receita bruta de tais vendas ou negócios, mas não incorpora outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimentos de aplicações financeiras, indenizações etc. (g.n.). E isso porque o inciso I do art. 195 da CF, na redação anterior à EC n.º 20, de receita não falava, mas apenas de faturamento e lucro, como que a abraçar todas as dimensões de riqueza geradas pela pessoa jurídica a partir da realização de seu objeto social. No caso ora em exame, a locação de bens integra, conforme demonstrado, a receita decorrente da realização das atividades típicas da contribuinte, de sorte que constitui, parte Fl. 154DF CARF MF Processo nº 13971.916329/201110 Acórdão n.º 9303006.454 CSRFT3 Fl. 6 5 integrante do seu faturamento – base de cálculo da contribuição. Não, porém, as receitas financeiras. Ante o exposto, com essas considerações, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe provimento, para que, na base de cálculo do PIS, incluamse as receitas com locação de bens." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento, para que, na base de cálculo das contribuições, incluamse as receitas com locação de bens. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.917749/2011-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.545
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. Recorrente Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada do despacho, a empresa apresentou a manifestação de inconformidade, aduzindo que o crédito apurado é legítimo em virtude do reconhecimento de inconstitucionalidade do § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98. Logo, a base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim entendido como a totalidade das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, excluindo "outras receitas". RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 17 74 9/ 20 11 -3 0 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10830.917749/201130 Resolução nº 3301000.545 S3C3T1 Fl. 3 2 A 2ª Turma da DRJ/BHE indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 02054.429. A negativa do reconhecimento do crédito pela DRJ se deu em virtude da ausência de prova do pagamento indevido; da ausência de DCTF retificadora e outros documentos que comprovassem as alegações da Recorrente. Em seu recurso voluntário, a empresa: · Defende que o recolhimento indevido decorre da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, já declarada pelo STF; · Sustenta que a base de cálculo do PIS e da COFINS deveria ter sido composta por valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas de vendas de mercadorias e prestação de serviços e não por suas receitas extraordinárias; · Reiterou que é devido o crédito pleiteado no PER/DCOMP, por se tratar de PIS/COFINS calculado sobre receita que não integra o seu faturamento; · Anexou planilha demonstrativa do pagamento indevido de PIS/COFINS sobre “outras receitas” (inclusive as receitas financeiras), DCTF, DIPJ e cópia de parte do livro razão analítico. · Ao fazer a juntada do seu livro razão, entende ser suficiente para conferência e comprovação do recolhimento indevido sobre “outras receitas”. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.538, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10830.904018/201124, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.538): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10830.917749/201130 Resolução nº 3301000.545 S3C3T1 Fl. 4 3 Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. O art. 62, § 1º, I, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343 de 9 de junho de 2015, dispõe que: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos detratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Logo, o entendimento do STF deve ser aplicado no presente caso, para afastar a tributação do PIS e da COFINS exigida com base no disposto no art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Com isso, é obrigatória a observância da decisão proferida no RE nº 585.235/MG, nos termos do RICARF. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10830.917749/201130 Resolução nº 3301000.545 S3C3T1 Fl. 5 4 Todavia, a Recorrente juntou documentos apenas em seu Recurso Voluntário DCTF, DIPJ e livro razão , justificando: Diante da plausibilidade da alegação da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pelo PIS sobre outras receitas (inclusive as financeiras). Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente: DCTF, DIPJ, livro razão, planilha e guia de pagamento; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas nãooperacionais e receitas financeiras (chamadas pela empresa de “receitas extraordinárias”), na base de cálculo do PIS, em decorrência da aplicação do cálculo do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98; c) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; d) Intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos que entender necessários; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Por fim, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente: DCTF, DIPJ, livro razão, planilha e guia de pagamento; Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10830.917749/201130 Resolução nº 3301000.545 S3C3T1 Fl. 6 5 b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas nãooperacionais e receitas financeiras (chamadas pela empresa de “receitas extraordinárias”), na base de cálculo do PIS/COFINS, em decorrência da aplicação do cálculo do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98; c) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; d) Intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos que entender necessários; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Por fim, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 134DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13747.000103/2003-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1998 a 30/09/1998
ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO. RETENÇÃO NA FONTE.
O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o cancelando do débito é medida que se impõe.
Numero da decisão: 3302-005.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar o débito fiscal no limite dos valores informados pela fiscalização no despacho de fls.283.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar o débito fiscal no limite dos valores informados pela fiscalização no despacho de fls.283. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
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DIREITO CREDITÓRIO. RETENÇÃO NA FONTE. O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o cancelando do débito é medida que se impõe. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para cancelar o débito fiscal no limite dos valores informados pela fiscalização no despacho de fls.283. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 7. 00 01 03 /2 00 3- 49 Fl. 287DF CARF MF 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da Resolução nº 3403000.612 de fls. 271272: Cuidase de Auto de Infração exigindo COFINS relativo aos fatos geradores do período de 01.02.1998 a 30.09.1998 decorrente de auditoria interna em DCTF, na qual foi verificada a "falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata " da Contribuição em referência, conforme especificado no Anexo III do Auto de Infração, como se vê dos documentos de fls. 15/27. Inconformado com o lançamento, do qual fora cientificado em 22/07/2003 (v.fls. 147/148), o interessado apresentou a impugnação à inicial (fl. 01), recepcionada em 04/08/2003, na qual alega, em síntese, que: 1 sendo fornecedor de bens e serviços para o mercado de bens de capital, nas áreas nuclear e convencional, para as Forças Armadas, autarquias e outras empresas estatais federais, "esclarece que os valores pendentes foram compensados com valores retidos por órgão público (Lei 9.430), conforme demonstrado mensalmente na ficha 33 da DIPJ de 1999, cópias em anexo" (cf. fls. 05/13); 2 os valores compensados deixaram de constar na DCTF da época, e, para o devido acerto, apresentamse as DCTF's retificadoras (cf. fls. 02/04 e fls. 25/145), requerendose, pelo exposto, que sejam acolhidas as razões deduzidas, para o fim de tornar sem efeito o Auto de Infração.” As alegações da Recorrente foram afastadas ao argumento de que o art. 64 da Lei nº 9.430/96 exige como comprovação da retenção do Imposto de Renda na Fonte a Declaração de Retenção fornecida pelo tomador do serviço. O fato de a Interessada ser empresa federal de capital público, assim como, ajuntada de cópia da DIPJ, não desobriga de apresentar a declaração de retenção, e, deixando de exibir cabe manter o lançamento. A Multa de ofício foi desonerada pela aplicação da retro atividade benigna. Ciente da decisão desfavorável apresentou o voluntário, não há registro por meio de “AR”, e, tampouco comprovante de intimação por outra via capaz de permitir aferir a tempestividade do recurso. O despacho anteriormente citado, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: A matéria não demanda complexidade, restringe ao campo de comprovação. Em sede recursal a Interessada cuidou de trazer o comprovante de retenção, bem como, cópias de notas fiscais de prestação de serviços ao Arsenal de Marinha do Brasil – Rio de Janeiro. Os documentos colecionados às fls. 204/205, em primeiro momento dão a entender que os mesmos prestam a comprovar as retenções, capaz de autorizar a contribuinte a deduzir dos débitos apurados de Imposto de Renda, CSLL, PIS e COFINS, assim como, as cópias de notas fiscais de prestação de serviços, também, ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, ratificando as informações descritas no Comprovante Anual de que tratam de o art. 64 da Lei nº 9.430/96. No entanto, o Julgador ad quem não tem como testar a veracidade e grau de certeza intrinsecamente contido nos mesmos. Em sendo assim, recomendo Fl. 288DF CARF MF Processo nº 13747.000103/200349 Acórdão n.º 3302005.485 S3C3T2 Fl. 3 3 transformar o julgamento em diligência para que a unidade de origem verifique por meio dos controles interno da Receita Federal e certifique de que as retenções consignadas nos documentos acostados pela Recorrente conferem com as informações prestadas pelas fontes retentoras. Assim, voto pela transformação do julgamento em diligência para que seja prestada a informação acima mencionada. Em 24.08.2015, a fiscalização prestou as informações abaixo e, juntou extrato contendo detalhamento do beneficiário relativo ao Imposto Retido na Fonte do período sob análise (fls.283), a saber: Em atenção ao despacho de fls. 271/272, o qual converteu o julgamento em diligência objetivando confirmar se o teor dos documentos de fls. 204/205 é compatível com as informações disponíveis nos sistemas da RFB, temos a informar que, conforme telas acostadas acima, com exceção do valor retido no mês de março de 1998, no valor de R$ 763,88, todas as demais retenções foram informadas em Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, CNPJ 00.394.502/001469.Entendendo ter atendido a contento o requerido, sendo certo que estaremos prontos a prestar eventuais esclarecimentos adicionais julgados relevantes, encaminhese os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade Na folha 189 dos autos, consta que a Intimação nº 238/2012 emitida em 24.10.12 para intimação da Recorrente acerca do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Já na folha 199 verificase que a Recorrente interpôs seu recurso voluntário em 27.11.2012 e, informou que foi intimado da decisão de piso em 28.10.2012. Não há nos autos comprovante de recebimento do AR. Considerando que (i) não há nos autos comprovação da entrega do AR; (ii) da proximidade de data entre a intimação e o protocolo do recurso (pouco superior a 30 dias); (iii) por se tratar de um processo antigo, certamente referido documento não será localizado; e (iv) do princípio “in dubio pro contribuinte”, conheço do recurso e dele tomo conhecimento. II Mérito Conforme se verifica na decisão piso, o lançamento fiscal foi mantido pelo fato da Recorrente não ter apresentado em sua defesa comprovantes das retenções da fonte por órgão que alegou ter utilizado para pagamento dos débitos objeto do processo, senão vejamos: Concluise, portanto, que, sem a apresentação dos "Comprovantes Anuais de Retenção", ou mesmo dos Darfs a que alude o art 23, §2°, da IN SRF/STN/SFC n° Fl. 289DF CARF MF 4 04/1997, ou que, ainda, possam prestarse, eventualmente, à comprovação da retenção na fonte por órgão públicos alegada, deve ser mantido o lançamento da COFINS (código 2960) exigida pelo Auto de Infração ora em exame (cf. fl 16), até mesmo porque, a partir dos documentos que foram carreados ao processo pelo autuado em sua impugnação, não se comprova, como já visto, os valores de cada tributo ou contribuição, e, em especial, da COFINS, que foi efetivamente retida em cada mês de apuração. Em sede recursal a Recorrente trouxe aos autos diversos documentos para comprovar suas alegações, tais como comprovante de retenção e cópias de notas fiscais de prestação de serviços, sendo o processo convertido em diligência para que fosse certificado se as retenções consignadas nos documentos acostados pela Recorrente conferem com as informações prestadas pelas fontes retentoras. A fiscalização, ao atender a solicitação de diligência, confirmou a veracidade das informações constantes nos documentos apresentados pela Recorrente e, atestou existir, com exceção do valor retido no mês de março de 1998, no valor de R$ 763,88, todas as demais retenções na fonte noticiadas pelo contribuinte. Neste cenário, considerando que a fiscalização confirmou as retenções na fonte utilizadas pela Recorrente para quitação do débito, outra alternativa nas resta senão acolher o pedido da contribuinte e cancelar o débito fiscal, no limite do que foi admitido pelo fisco. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário para cancelar o débito fiscal no limite dos valores informados pela fiscalização no despacho de fls.283. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 290DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.004172/2008-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CONTRADIÇÃO ENTRE A EMENTA E A PARTE DISPOSITIVA. JUROS ISOLADOS. IRPF. IMPOSTO QUE NÃO PODE SER EXIGIDO DA FONTE PAGADORA. NÃO INCIDÊNCIA.
Contradição entre a ementa da decisão e a parte dispositiva. A leitura dos votos não deixa dúvida que o relator foi vencedor quanto a não incidência dos juros isolados pela falta de retenção do imposto de renda quando o imposto não tiver sido pago em atraso ou não puder mais ser exigido da fonte pagadora omissa por ausência de previsão legal
Numero da decisão: 2202-004.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a contradição apontada, corrigindo a ementa da decisão embargada na qual deverá constar a não incidência de juros isolados, nos termos do voto da relatora.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CONTRADIÇÃO ENTRE A EMENTA E A PARTE DISPOSITIVA. JUROS ISOLADOS. IRPF. IMPOSTO QUE NÃO PODE SER EXIGIDO DA FONTE PAGADORA. NÃO INCIDÊNCIA. Contradição entre a ementa da decisão e a parte dispositiva. A leitura dos votos não deixa dúvida que o relator foi vencedor quanto a não incidência dos juros isolados pela falta de retenção do imposto de renda quando o imposto não tiver sido pago em atraso ou não puder mais ser exigido da fonte pagadora omissa por ausência de previsão legal
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a contradição apontada, corrigindo a ementa da decisão embargada na qual deverá constar a não incidência de juros isolados, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson- Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1525; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2.037 1 2.036 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11060.004172/200820 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2202004.529 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 05 de junho de 2018 Matéria Imposto de Renda Pessoa Física IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida FUNDAÇÃO DE APOIO A TECNOLOGIA E CIÊNCIA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CONTRADIÇÃO ENTRE A EMENTA E A PARTE DISPOSITIVA. JUROS ISOLADOS. IRPF. IMPOSTO QUE NÃO PODE SER EXIGIDO DA FONTE PAGADORA. NÃO INCIDÊNCIA. Contradição entre a ementa da decisão e a parte dispositiva. A leitura dos votos não deixa dúvida que o relator foi vencedor quanto a não incidência dos juros isolados pela falta de retenção do imposto de renda quando o imposto não tiver sido pago em atraso ou não puder mais ser exigido da fonte pagadora omissa por ausência de previsão legal Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a contradição apontada, corrigindo a ementa da decisão embargada na qual deverá constar a não incidência de juros isolados, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 41 72 /2 00 8- 20 Fl. 2037DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão proferida pelo CARF quando no julgamento do Recurso Voluntário que resultou no Acórdão 2202.001.950 (fls. 1939/1940): Tratase de Recurso Voluntário da decisão da 5ª Turma de Julgamento da DRJ/Porto Alegre/RS que manteve a autuação com a exigência de multa isolada e juros isolados pela falta de retenção/pagamento do Imposto de Renda na Fonte – IRRF nos anos de 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007, no valor de R$ 761.992,67. A autuação (fls. 4/12) teve origem na fiscalização de diversos órgãos estatais, do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Policia Federal e Secretaria da Receita Federal do Brasil, em operação denominada ‘Rodin’, onde foram constatados ilícitos penais, cíveis e tributários, envolvendo a autarquia gaúcha, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e duas fundações vinculadas à universidade: a Fundação de Apoio e Tecnologia à Ciência (Fatec), e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), referente à concessão indiscriminada de bolsas de pesquisa e inovação tecnológica de caráter retributivo, sem a tributação do IRRF. Segundo consta no Relatório de Fiscalização (fls.13/42), o Detran/RS contratou as fundações, mediante dispensa de licitação, conforme preconiza o art.24, XIII, da Lei nº 8.666/93, e o artigo 10 da Lei nº 8.958/94, e a recorrente, por sua vez, tendo celebrado contrato com a UFSM e o DETRAN/SP, para viabilizar projeto destinado a aplicação das provas teóricas e práticas do exame de habilitação, segundo o Código Brasileiro de Trânsito, assim como a exames de habilitação para a condução de veículos automotores, efetuou pagamento de bolsas de pesquisas isentas de IRRF a diversos servidores da UFSM, remunerando aqueles servidores que prestavam serviços para que a fundação cumprisse sua obrigação contratual com o Detran/RS, inclusive funcionários administrativos e outros que recebem como bolsa o mesmo valor de sua remuneração pela UFSM, em caráter contraprestacional e, algumas vezes, em duplicidade, como supostos “13ºs salários”, com "fábrica" de bolsas isentas, criada pela Fatec e, por isso, aplicou a multa de 150%. Houve majoração da multa pelo dolo e utilização (contabilização) de bolsas para pagamento de atividades Fl. 2038DF CARF MF Processo nº 11060.004172/200820 Acórdão n.º 2202004.529 S2C2T2 Fl. 2.038 3 burocráticas a funcionários administrativos da universidade, sem habilitação para realizar pesquisas ou inovações tecnológicas que a fundação incumbida de produzir o que confirma a intencionalidade na montagem de estrutura para pagamento de bolsas de pesquisas aos servidores da UFSM como isentas de IRRF. Os juros de mora isolados foram calculados com base no disposto no Parecer Normativo Cosit nº 1/02, que estabelece a incidência da Selic desde a data prevista para o recolhimento do imposto. A decisão recorrida de fls. 1830/1848 afastou a nulidade do MPF, sob o fundamento de que o auto de infração atende aos requisitos do art.142, do CTN. No mérito, entendeu não ter havido alteração do critério jurídico da isenção, com a responsabilidade pela retenção e recolhimento do IRRF pela fonte pagadora, conforme art. 45, do CTN,e arts. 717 e 722 do RIR/99. Recurso Voluntário a fls.1858/1886 sustentando, em síntese, ausência de responsabilidade. Foi vitima dos dirigentes, com a responsabilidade pessoal pela multa, conforme art. 135, do CTN. Suscita decadência dos créditos anteriores a 17/06/2004, contado do fato gerador, nos termos do art. 150, par. 4º, do CTN. Além disso, alega ser anulável o MPF, por não ter informado o seu prazo, e também ter resultado em autuação que estava fora do seu objeto de ação, pois a sua finalidade expressa era "IRPJ, CSLL, PIS, COFINS E CONTRIB. PREVIDENCIÁRIAS" – havendo, ainda, autuações finalizadas e devidamente impugnadas, presumindose o encerramento do MPF – ensejando, assim, a invalidez do auto de infração aqui analisado, por ter como base procedimento sem prazo, com objeto diverso do MPF, e tacitamente concluído pelos processos administrativos 11060.002625/200883, 11060.002626/200828, 11060.002627/200872, e 11060.004172/200820. Suscita, ainda, que a multa agravada deve ser exigida dos ex dirigentes a quem foram atribuídas as ilegalidades. Postula, a redução da multa de 75%, alegando que a recorrente apenas interpretou a legislação tributária, não cometeu qualquer ato criminoso, não possuindo consciência da real ilicitude da conduta de seus exdirigentes, eis que sempre agiu dentro dos estritos limites da lei, trabalhando para viabilizar a pesquisa do ensino e da extensão, bem como do desenvolvimento institucional, cientifico e tecnológico do ensino público superior Aduz que não pode arcar com abusos supostamente cometidos por aqueles que deveriam zelar pelo patrimônio, os seus exdirigentes, não sendo aplicável o art. 61, § 1°, da Lei 8.981/95. Em 14 de agosto de 2012, esta turma rejeitou, por unanimidade de votos, a preliminar de decadência e reduziu a multa de 150% para 75% , por maioria de votos, exlcuiu a Fl. 2039DF CARF MF 4 incidência de juros de mora e, quanto ao mérito, pelo voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. 1937/1938): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário:2003, 2004, 2005, 2006, 2007 RESPONSABILIDADE DA FONTE. Compete à fonte reter e recolher o IRRF. BOLSA DE ESTUDOS, PESQUISA, EXTENSÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. ISENÇÃO. Não se aplica a isenção conferida às bolsas de estudos, pesquisa, extensão e de incentivo à inovação quando elas representarem pagamento de contraprestação por serviços prestados ou produzirem resultados econômicos para o doador (direto ou indireto). IRRF. TABELA PROGRESSIVA. JUROS DE MORA. SELIC. A falta de recolhimento de IRRF no prazo determinado pela lei enseja a cobrança de juros de mora sobre o período compreendido entre o vencimento da obrigação e a data prevista para a entrega da declaração da pessoa física ou jurídica com base na variação da Selic. Os juros de mora são calculados com base na Selic e aplicáveis sobre o valor do tributo. FALTA DE RETENÇÃO OU RECOLHIMENTO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE PELA FONTE PAGADORA IMPOSTO POR ANTECIPAÇÃO VERIFICAÇÃO DA FALTA OCORRE APÓS ENCERRAMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO MULTA EXIGIDA DE FORMA ISOLADA PREVISÃO LEGAL Com a edição da Lei nº 10.426, de 2002, passou a existir previsão legal para a cobrança de multa isolada da fonte pagadora pela falta de retenção ou recolhimento de imposto de renda sob a sua responsabilidade, quando a constatação da falta ocorre após o encerramento do período de apuração no qual o beneficiário deveria oferecer os rendimentos à tributação. MULTA QUALIFICADA Não basta apenas o prejuízo ao fisco para tipificar a multa qualificada. Exigese o dolo e a fraude para a tipificação conforme art. 72, da Lei 4.502/64. A conduta deve ser elemento do tipo. O possível dolo ou fraude na distribuição de bolsa de estudos não pode tipificar a agravante, se não tiveram por finalidade a sonegação. Inconformada a Fazenda Nacional apresentou os embargos declaratórios de fls. 2030/2033 alegando obscuridade e contradição da decisão recorrida pelos seguintes motivos: I – DA CONTRADIÇÃO O acórdão ora embargado é contraditório, já que ementa e conclusão de julgamento apontam para direções opostas, de tal Fl. 2040DF CARF MF Processo nº 11060.004172/200820 Acórdão n.º 2202004.529 S2C2T2 Fl. 2.039 5 forma que não é possível extrair qual o real conteúdo da decisão na parte relativa à incidência de juros isolados. (...) II DA OBSCURIDADE A obscuridade, por sua vez, decorre da ausência de precisão, no voto do relator, acerca da amplitude de seu voto em menor extensão, no qual faria concessões caso restasse vencido.. Em 27 de abril de 2017 o então presidente desta turma Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa admitiu parcialmente os embargos, de acordo com os fundamentos abaixo transcritos: Pois bem, relativamente ao item "I", assiste razão à Embargante. Compulsandose o voto condutor do acórdão embargado à fl. 1943, verificase que o Relator foi enfático ao afirmar que "Não há na lei a exigência de juros isolados para a hipótese de falta de retenção ou do pagamento do imposto de renda retido na fonte". Em razão desse entendimento restou consignado ao final do julgamento que "Quanto aos juros isolados, por maioria de votos, excluílos da exigência. Vencidos os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Nelson Mallmann". Por sua vez, o dispositivo da ementa constou que: IRRF. TABELA PROGRESSIVA. JUROS DE MORA. SELIC. A falta de recolhimento de IRRF no prazo determinado pela lei enseja a cobrança de juros de mora sobre o período compreendido entre o vencimento da obrigação e a data prevista para a entrega da declaração da pessoa física ou jurídica com base na variação da Selic. Os juros de mora são calculados com base na Selic e aplicáveis sobre o valor do tributo. Pelo que se vê, o acórdão embargado foi contraditório, já que ementa não reproduziu de fato o entendimento da maioria do Colegiado. Quanto ao item "II", entendo que não restou configurada a alegada obscuridade. Como se observa do item anterior, o entendimento do Relator, acompanhado pela maioria do Colegiado, foi no sentido de "Quanto aos juros isolados, por maioria de votos, excluílos da exigência". Embora tenha o Conselheiro Odmir Fernandes consignado no voto que "Em menor extensão, caso vencido, cancelo a multa agravada, afasto a decadência e a alegação de ausência de responsabilidade da fonte pagadora pela multa e pelos juros isolados"., verificase que, relativamente ao juros isolados, seu entendimento restou vencedor, razão pela qual não há que se falar em obscuridade acerca da "...amplitude de seu voto em menor extensão". É o relatório Fl. 2041DF CARF MF 6 Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço Como bem observou a decisão que admitiu os embargos declaratórios existe nítida contradição entre a ementa da decisão na parte em que afirma que "A falta de recolhimento do IRRF no prazo determinado pela lei enseja a cobrança de juros de mora sobre o período compreendido entre o vencimento da obrigação e da data previsgta para a entrega da declaração da pessoa física ou jurídica com base na variação da SELIC" e a parte dispositiva do acórdão que assim dispôs: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a argüição de decadência suscitada pela Recorrente. No mérito: Quanto à multa isolada, pelo voto de qualidade, negar provimento. Vencidos os Conselheiros Odmir Fernandes (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Junior. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Nelson Mallmann. Quanto à multa de ofício, por unanimidade de votos, desqualificála reduzindoa ao percentual de 75%. Quanto aos juros isolados, por maioria de votos, excluílos da exigência. Vencidos os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Nelson Mallmann. A leitura dos votos (do conselheiro relator e do redator do voto vencedor) não deixa dúvida que o relator foi vencedor quanto a não incidência dos juros isolados na hipótese dos autos. Ao elaborar o seu voto vencedor o Conselheiro Nelson Mallman deixa claro que esse se restringe a questão da multa de mora, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito: Com a devida vênia do nobre relator da matéria, Conselheiro Odmir Fernandes, permitome divergir quanto a multa isolada por falta de retenção e/ou recolhimento do imposto pela fonte pagadora e dos juros isolados (no qual sou vencido), acompanhando o voto relator no que diz respeito a desqualificação da multa. Dessa forma, não existe contradição entre os motivos da decisão e a parte dispositiva. O que existe é um erro na ementa da decisão que reproduziu a decisão da DRJ. Dessa forma, deve prevalecer a parte dispositiva que excluiu os juros. Ademais, o Código de Processo Civil de 2015 é claro ao dispor em seu artigo 504, I, que o que faz a coisa julgada é a parte dispositiva da decisão. Em face de todo o exposto, acolho os embargos opostos pela Fazenda Nacional para sanar a contradição apontada, corrigindo a ementa da decisão embargada na qual deverá constar a não incidência de juros isolados . (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 2042DF CARF MF Processo nº 11060.004172/200820 Acórdão n.º 2202004.529 S2C2T2 Fl. 2.040 7 Fl. 2043DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.727767/2014-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO.
Expirado o prazo de 30 dias, contado da ciência do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, é intempestivo eventual recurso voluntário formalizado, do que resulta o seu necessário não conhecimento e a o caráter de definitividade da decisão proferida pelo Julgador de primeira instância.
Numero da decisão: 2201-004.470
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO. Expirado o prazo de 30 dias, contado da ciência do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, é intempestivo eventual recurso voluntário formalizado, do que resulta o seu necessário não conhecimento e a o caráter de definitividade da decisão proferida pelo Julgador de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório O presente processo trata de Recursos Voluntário em face do Acórdão nº 11 53.571 7ª Turma da DRJ/REC, fl. 290 a 295, que assim relatou a lide administrativa: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 77 67 /2 01 4- 63 Fl. 325DF CARF MF 2 Nos termos dos demonstrativos de fls. 3 a 26 e do relatório fiscal de fls. 27 a 32, temse em pauta os Autos de Infração : · 51.064.1261 relativo às contribuições da empresa incidentes sobre valores pagos a título de Adicional de 1/3 de férias e aos 15 primeiros dias de Afastamento , no valor de R$ 245.610,35; · 51.064.1270 relativo às contribuições patronais ao Terceiros , incidentes sobre valores pagos a título de Adicional de 1/3 de férias aos 15 primeiros dias de Afastamento, no valor de R$ 76.193,07. As contribuições foram apuradas a partir das Remunerações registradas na Contabilidade, por meio das contas 2.1.3.02.001 (provisão de Férias e encargos) e 3.2.1.02.001 (Salários), conforme demonstrados nas tabelas de fls. 28 a 31. A autoridade Fiscal afirma que o contribuinte obteve provimento judicial não definitivo e favorável no MS 2009.33.00.0108235 na 12ª Vara Cível /BA., ficando suspensa a exigibilidade do apurado até o deslinde final. Período de apuração: 01/2010 a 12/2010 A ciência pessoal do contribuinte e dos solidários foi promovida em 02/10/14 (fls. 3 e 14). Em seguida, trouxe o contribuinte, por seu representante, em 31/10/14, como elementos de sua irresignação (fls. 248 a 277): I) tempestividade da defesa; II) não incidência de contribuições sobre Adicional de Férias de 1/3, 15 primeiros dias de afastamento Auxilio Doença ou Acidente de Trabalho; III) não incidência de contribuições sobre Aviso Prévio Indenizado, 13ª salário sobre Aviso Prévio Indenizado e Salário maternidade; IV) Traz argumentos acerca da sistemática de recolhimentos por empresa do SIMPLES e por empresas que detenham o CEBAS; V) ausência de motivação da multa aplicada. Juntou a seu arrazoado original (fls. 286): documentos de identificação do representante. Era o que havia a relatar. Debruçada sobre os termos da Impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE, julgoua improcedente, lastreada nas razões que podem ser assim resumidas: Da Ação Judicial (...) A existência de Ação Judicial traz conseqüências sobre o contencioso administrativo. Sobre o tema, prescreve artigo 87 do Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta, entre outros, o Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10580.727767/201463 Acórdão n.º 2201004.470 S2C2T1 Fl. 326 3 processo de determinação e exigência de créditos tributários da União: (...) Assim tratandose de matéria em litígio no Poder Judiciário, operase a renúncia ao Contencioso Administrativo, não sendo conhecidas a tese de defesa resumida no item II acima. As demais teses, todavia, deverão ser apreciadas. Da matéria estranha Os fundamentos acerca da sistemática de recolhimentos por empresas optantes pelo SIMPLES e por empresas de detenham o CEBAS não guardam relação o débito em pauta por não se referirem ao contribuinte autuado e tampouco terem sido referidas pela auditoria fiscal. Tampouco, no relato fiscal antes resumido e na planilha de fls. 28 a 31, há exigência sobre Aviso Prévio Indenizado, 13ªsalário sobre Aviso Prévio Indenizado e Salário maternidade e/ou trouxe a defesa qualquer elemento de prova neste sentido. Por este motivo, tais queixumes não serão conhecidos neste julgamento. Da Multa A defesa questiona a motivação da multa aplicada. Tal queixume não merece prosperar uma vez que a multa por inadimplemento de obrigação principal aplicada nos autos tem seus fundamentos na conduta descrita no relatório fiscal e nos dispositivos legais detalhados no relatório FLD de fls. 12 e 13 , 23 e 24. Uma vez presentes os elementos acima, completa está a motivação para a exigência impugnada. Cientificado do Acórdão de 1ª Instância administrativa em 14 de setembro de 2016, conforme AR de fl. 301, o contribuinte, ainda inconformado, em 18 de outubro de 2016, apresentou o Recurso Voluntário de fl. 303/311 (reincluído em fl. 314/322), no qual, elenca as razões de seu descontentamento. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Relator Como se viu no Relatório supra, o contribuinte foi cientificado do Acórdão da DRJ em 14 de setembro de 2016. Assim prevê os art. 33 do Decreto nº 70.235/72: Fl. 327DF CARF MF 4 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Considerando as regras de contagem de prazos no Processo Administrativo fiscal prescritas no art. 5º do mesmo Decreto 70.235/72, no caso ora sob análise, o prazo legal para interposição do recurso voluntário expirou em 14 de outubro de 2016, tendo o contribuinte apresentado seu recurso apenas no dia 18 do mesmo mês, portanto, intempestivamente. Ressaltese que, na peça produzida pela defesa não há qualquer questionamento preliminar relacionado à tempestividade. Conclusão Assim, tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que integram o presente, voto por não conhecer do recurso voluntário, em razão de sua intempestividade, o que atribui, às conclusões do Julgador de 1ª instância, caráter de definitividade no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 328DF CARF MF
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