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Numero do processo: 10283.907064/2009-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.537
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório Reproduzo o relatório da primeira instância administrativa: Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitido em 14/04/2008, através do qual foi efetivada a compensação de débitos da interessada acima identificada, com crédito de COFINS referente a pagamento indevido ou a maior, no valor de R$ 247.593,97, recolhido através de DARF em 15/05/2006. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 83 .9 07 06 4/ 20 09 -1 2 Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10283.907064/200912 Resolução nº 3201001.537 S3C2T1 Fl. 3 2 2. A DRF/Manaus, através de despacho decisório eletrônico (fl. 06), considerou "não homologada" a referida compensação, em virtude do DARF apontado haver sido integralmente utilizado na quitação de débito da empresa. 3. Cientificada em 22/10/2009 (fl. 09) a interessada apresentou, tempestivamente, em 19/11/2009, manifestação de inconformidade (fls.10/17) alegando, em síntese que: a) após haver confessado em DCTF e quitado o débito, constatou que o valor real a ser pago seria menor, motivo pelo qual efetuou a retificação de Seu DACON, deixando, no entanto, de proceder a retificação da DCTF; b) o único motivo que levou a não homologação da compensação declarada na PER/DCOMP em questão foi o fato de as informações constantes na DCTF não haverem sido retificadas, ou seja, mero erro de fato em relação ao preenchimento dessa declaração.; c) no presente caso, deve prevalecer o Princípio da Verdade Material Por fim, solicita a procedência da Manifestação de Inconformidade. A DRJ/Belém/PA – 3ª Turma, por meio do Acórdão 0118.949, de 24/08/2010, decidiu pela improcedência da Manifestação de Incoformidade. Trasncrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2010 a 30/04/2010 DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. ERRO. ÔNUS DA PROVA. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF. Tratandose de suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado, o contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado. No Recurso Voluntário, a empresa sustenta: que o crédito existe; traz longa explicação da origem do indébito, apontando a legislação pertinente; junta demonstrativos, escrituração e notas fiscais para comprovação do alegado; aduz que tais informações já constavam da Dacon retificadora, anterior ao Despacho Decisório, e cuja cópia juntou à Manifestação de Inconformidade; que tem o direito à realização de diligência, invoca o princípio da verdade material, aduzindo que somente o erro da falta de retificação da DCTF não poderia infirmar seu direito ao crédito, e que tal princípio lhe propiciaria o direito à realização de diligência para aferição do que alega. É o sucinto relatório. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10283.907064/200912 Resolução nº 3201001.537 S3C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O crédito tributário em questão foi constituído por meio da DCTF, no valor que a recorrente considera indevido. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se possa retificálo é necessária prova de sua inexatidão. É preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova, e respectivos lastros documentais (nfs, contratos, etc). O ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/991, art. 373, I do CPC2). No presente caso, a recorrente efetivamente trouxe documentos que constroem plausibilidade a suas alegações, no Recurso Voluntário. Há demonstrativos de apuração e explicação da origem do erro. O Despacho Decisório foi do tipo eletrônico, no qual somente são comparados o Darf e DCTF, sem qualquer outra investigação. Corrobora ainda, pela recorrente, o fato de que o Dacon retificador, cuja cópia acompanha a Manifestação de Inconformidade, converge com o alegado, e é anterior ao Despacho Decisório. O Dacon contém extensivas informações sobre a apuração da contribuição, de modo que a recorrente não se omitiu em esclarecer os motivos da nova apuração, deste antes do Despacho Decisório. No exercício da aferição do equílibrio entre a preclusão e o princípio da verdade material, entendo configurados, no presente caso, os pressupostos para que o processo seja baixado em diligência, a fim de se aferir a idoneidade e consistência dos valores apresentados nos documentos acostados junto à Manifestação de Inconformidade. Assim, em vista do princípio da verdade material, considerando que os elementos trazidos no Recurso Voluntário atendem ao disposto no art. 16, §4º, “c” do Decreto 70.235/723, posto que inseridos no contexto da dialética processual, após os fundamentos do Acórdão de Manifestação de Inconformidade serem conhecidos, entendo cabível converter o julgamento em diligência, para que o Fisco se manifeste quanto à pertinência do crédito alegado, em vista das provas trazidas no Recurso Voluntário, e outras provas que o Fisco entender cabíveis. 1 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 3 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (...) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10283.907064/200912 Resolução nº 3201001.537 S3C2T1 Fl. 5 4 Após, deve a autuada ser intimada a se manifestar, se o desejar, retornando o processo ao Carf para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11070.000758/2004-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2003 a 31/12/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS. POSSIBILIDADE. RECURSO REPETITIVO DO STJ. SÚMULA 494/STJ.
Resta sedimentado o entendimento pela possibilidade de crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/96 em relação aos produtos intermediários, matérias-primas e material de embalagem adquiridos de pessoa física, sendo inviável a restrição feita com base na Instrução Normativa SRF nº 23/1997 e subsequentes, já que a lei não faz tal restrição. Aplicação do entendimento exarado no Recurso Especial nº 993.164/MG, sob a sistemática dos recursos repetitivos do STJ, bem como entendimento sumulado, também do STJ, no verbete do enunciado nº 494. Aplicação do §2º ao artigo 62 do RICARF
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. SOJA IN NATURA ADQUIRIDA E EXPORTADA SEM INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE
O artigo 1º da Lei nº 9.363/1996, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída, podendo, inclusive, ser o produto industrializado classificado na TIPI como "NT" pelo IPI. No entanto, o que a Lei nº 9.363/1996 exige é que o produto exportado seja industrializado, produzido no mercado interno. A soja adquirida e exportada in natura, sem passar por processo de industrialização, não se insere no contexto deste crédito presumido.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC.
É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco (Súmula nº 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art. 24 da Lei nº 11.457/2007), nos termos do REsp 1.138.206/RS.
Numero da decisão: 3301-005.547
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para: i) reverter as glosas de créditos decorrentes das aquisições de insumos de pessoas físicas no mercado interno; ii) reconhecer o direito de correção pela SELIC dos créditos presumidos a que fizer jus o contribuinte, a partir do fim do prazo de que dispõe a administração tributária para apreciar o pedido, que é de 360 dias a contar da formalização do mesmo.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2003 a 31/12/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS. POSSIBILIDADE. RECURSO REPETITIVO DO STJ. SÚMULA 494/STJ. Resta sedimentado o entendimento pela possibilidade de crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/96 em relação aos produtos intermediários, matérias-primas e material de embalagem adquiridos de pessoa física, sendo inviável a restrição feita com base na Instrução Normativa SRF nº 23/1997 e subsequentes, já que a lei não faz tal restrição. Aplicação do entendimento exarado no Recurso Especial nº 993.164/MG, sob a sistemática dos recursos repetitivos do STJ, bem como entendimento sumulado, também do STJ, no verbete do enunciado nº 494. Aplicação do §2º ao artigo 62 do RICARF CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. SOJA IN NATURA ADQUIRIDA E EXPORTADA SEM INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE O artigo 1º da Lei nº 9.363/1996, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída, podendo, inclusive, ser o produto industrializado classificado na TIPI como "NT" pelo IPI. No entanto, o que a Lei nº 9.363/1996 exige é que o produto exportado seja industrializado, produzido no mercado interno. A soja adquirida e exportada in natura, sem passar por processo de industrialização, não se insere no contexto deste crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco (Súmula nº 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art. 24 da Lei nº 11.457/2007), nos termos do REsp 1.138.206/RS.
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AQUISIÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS. POSSIBILIDADE. RECURSO REPETITIVO DO STJ. SÚMULA 494/STJ. Resta sedimentado o entendimento pela possibilidade de crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/96 em relação aos produtos intermediários, matériasprimas e material de embalagem adquiridos de pessoa física, sendo inviável a restrição feita com base na Instrução Normativa SRF nº 23/1997 e subsequentes, já que a lei não faz tal restrição. Aplicação do entendimento exarado no Recurso Especial nº 993.164/MG, sob a sistemática dos recursos repetitivos do STJ, bem como entendimento sumulado, também do STJ, no verbete do enunciado nº 494. Aplicação do §2º ao artigo 62 do RICARF CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. SOJA IN NATURA ADQUIRIDA E EXPORTADA SEM INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE O artigo 1º da Lei nº 9.363/1996, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída, podendo, inclusive, ser o produto industrializado classificado na TIPI como "NT" pelo IPI. No entanto, o que a Lei nº 9.363/1996 exige é que o produto exportado seja industrializado, produzido no mercado interno. A soja adquirida e exportada in natura, sem passar por processo de industrialização, não se insere no contexto deste crédito presumido. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco (Súmula nº 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 07 58 /2 00 4- 72 Fl. 395DF CARF MF 2 o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art. 24 da Lei nº 11.457/2007), nos termos do REsp 1.138.206/RS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para: i) reverter as glosas de créditos decorrentes das aquisições de insumos de pessoas físicas no mercado interno; ii) reconhecer o direito de correção pela SELIC dos créditos presumidos a que fizer jus o contribuinte, a partir do fim do prazo de que dispõe a administração tributária para apreciar o pedido, que é de 360 dias a contar da formalização do mesmo. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior Relatório O presente processo trata de Pedidos de Ressarcimento transmitidos eletronicamente em 08/03/2004 (fls. 0438), bem como Declarações de Compensação — DCOMP (fls. 4152) apresentadas pela contribuinte, onde procurou utilizar saldo credor decorrente de crédito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados — IPl decorrentes de exportações, acumulado no ano de 2003, para compensar com débitos próprios relativos a tributos e/ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Os créditos pleiteados referemse ao 2º trimestre/2003, 3º trimestre/2003 e 4º trimestre/2003, totalizando um montante de crédito presumido apurado nos termos da Lei nº 9.363/1996 na monta de R$ 915.884,51. Conforme termo de verificação fiscal de fls. 277280, foi realizado procedimento de fiscalização para apuração e confirmação dos créditos pleiteados. Após os levantamentos, conferências e ajustes que se tornaram necessárias, a fiscalização concluiu pela existência equívocos na apuração dos créditos presumidos. Em consequência, do valor total dos pedidos de R$ 915,884,51 (novecentos e quinze mil, oitocentos e oitenta e quatro reais e cinquenta e um) foi glosada a importância de R$ 751.526,19 (setecentos e cinquenta e um mil, quinhentos e vinte e seis reais e dezenove centavos), sendo, portanto, considerado procedente o valor de R$ 164,358,32 (cento e sessenta e quatro mil, trezentos e cinquenta e oito reais e trinta e dois centavos), conforme Demonstrativos de Apuração do Crédito Presumido do IPI, em fls. 265276. O fundamento para as glosas dos créditos são, em breve síntese: Fl. 396DF CARF MF Processo nº 11070.000758/200472 Acórdão n.º 3301005.547 S3C3T1 Fl. 396 3 1. a indevida inclusão do valor de R$ 130.315.195,33 na base de cálculo para apuração dos créditos decorrentes de compra de soja de produtor rural pessoa física. A fiscalização entendeu que somente é possível incluir as despesas com compras de matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem na base de cálculo do crédito presumido se estes encargos decorrem de aquisições de fornecedor pessoa jurídica, pois apenas neste caso houve a incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, nos termos do art. 1º da Lei 9.363/1996 e das instruções normativas SRF nºs nos 23/1997, 36/1997, 103/1997, 86/1999 e 313/2003. 2. Ainda, das compras de soja adquiridas de pessoa jurídica, uma parte considerável não passou por processo de industrialização, sendo revendida ao exterior, não podendo também ser incluído na base de cálculo, pois não sofreu industrialização. Com isso, dos R$ 155.755.122,45 de despesas totais do período, R$ 130.315.195,33 corresponde à aquisições de pessoa física e o montante restante de R$ 25.439.927,12 correspondente à aquisição de insumos de pessoa jurídica, sendo que destes, R$ 19.827.758,75 também não podem fazer parte da base de cálculo dos créditos presumidos pois revendidos ao exterior sem sofrer nova industrialização. Assim, a base de cálculo passível de utilização para fins de apuração do crédito presumido é de R$ 5.612.168,37, por corresponder à despesa de aquisição de matéria prima, material de embalagem e produto intermediário de pessoa jurídica e que passou por processo de industrialização antes da exportação. Após o cálculo previsto em lei para encontrar o percentual relacionado com a receita bruta total e as receitas de exportação, a fiscalização apurou um crédito presumido de R$ 164,358,32. Conforme despacho decisório de fls. 285286, como o montante compensado apresentado nas DCOMPs correspondia a um valor de R$ 63.330,80, montante este inferior ao montante de crédito presumido admitido pela fiscalização, a compensação foi homologada e o montante excedente pôde ser objeto de ressarcimento: 7. Indefiro o Pedido de Ressarcimento no valor de. R$ 751.526,19 (setecentos e cinqüenta e um mil quinhentos e vinte e seis reais e dezenove centavos). 8. Reconheço o direito creditório, no valor originário de R$ 164.358,32 (cento e sessenta e quatro mil trezentos e cinqüenta e oito reais e trinta e dois centavos), correspondente ao saldo credor total do IPI dos trimestres 2°, 3° e 4° do ano de 2003, apurados em conformidade com o Termo de Notificação Fiscal de fls. 271/274, cientificado pela Fiscalização à interessada em 21/09/2006, do qual deverão ser descontadas as declarações de compensação da contribuinte, no valor de R$ 63.330,80, constantes do quadro 02, as quais expressamente homologo. 9. Adotemse os procedimentos cabíveis para ressarcimento e/ou compensação dos valores pleiteados pelo contribuinte, até o limite do crédito existente, na forma prevista pela Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005, e suas alterações posteriores (...) (grifos do original) Fl. 397DF CARF MF 4 Notificada do despacho decisório, a contribuinte, ora Recorrente, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 303312) para apresentar seu inconformismo em face do despacho decisório. Argumentou, em síntese: ofensa ao princípio da legalidade, tendo em vista que a Lei que concedeu o benefício não fez limitações sobre a pessoa do fornecedor, se pessoa física ou jurídica, tendo as instruções normativas extrapolado seu âmbito de competência; a fiscalização se equivoca no que tange a exclusão de aquisições de pessoas físicas, posto que excluiu da base de cálculo as referidas compras, uma vez que a desoneração é para toda a cadeia produtiva e não somente a última etapa; o art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.363/1996 determina a apuração do percentual das receitas de exportação em relação à receita operacional bruta do exportador. Esse percentual deve ser aplicado sobre o total das aquisições de matériasprimas, insumos e materiais de embalagem utilizados nos produtos exportados; sobre o valor resultante das aquisições, apurandose assim o montante correspondente ao crédito presumido de IPI; somente poderia ter sido excluído da base de cálculo as compras de matéria prima de pessoas físicas, se houvesse previsão legal, já que Instruções Normativas ou Portarias são normas complementares, não podendo alterar Lei Ordinária; quanto à acusação de que parte dos produtos adquiridos de pessoa jurídica foram apenas revendidos ao exterior, sendo também excluído da base de cálculo dos créditos, afirma que houve um beneficiamento do produto antes ser exportado; a soja é adquirida na forma bruta e passa por um processo de beneficiamento, onde são retirados todos os resíduos existentes nos grãos. Após, sofrem um processo de limpeza, secagem e escolha dos grãos de acordo com sua qualidade. Finalmente, separados os grãos, os mesmos são embalados (granel) e enviados ao exterior; beneficiamento é industrialização nos termos do art. 4º do RIPI, já que se trata de uma operação que aperfeiçoa, modifica ou altera a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto; além disso, também exporta farelo de soja e óleo degomado, ou seja, exportase a soja já industrializada; ao final requer direito ao ressarcimento (crédito presumido de IPI) decorrente das aquisições, no mercado interno, de insumos e matériasprimas, em sua integralidade, monetariamente e acrescido de juros (Selic). Em 25 de setembro de 2008 a 3a Turma da DRJ/POA proferiu o acórdão nº 1017.209 negando provimento à manifestação de inconformidade para manter integralmente as glosas efetuadas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 31/12/2003 O valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas, não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não se computa no cálculo do crédito presumido. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 11070.000758/200472 Acórdão n.º 3301005.547 S3C3T1 Fl. 397 5 Exportação de produto NT. Operação que resulta em produto não tributável não é considerada operação industrial, nos termos do Regulamento do IPI, não fazendo jus ao crédito presumido do IPI. Matéria não contestada, expressamente, tornase definitiva na esfera administrativa. É incabível, por falta de previsão legal, correção monetária ou atualização dos valores pela taxa SELIC, no ressarcimento do crédito presumido do IPI. Solicitação Indeferida Em relação à alegação de que instruções normativas teriam restringido benefícios ou estabelecido critérios inconstitucionais, afirmou que o julgador de primeira instância administrativa, nos termos da Portaria do Ministro da Fazenda n°. 58, de 17 de março de 2006, está vinculado aos entendimentos emanados dos atos normativos expedidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil em vigor; Quanto à exclusão dos valores de aquisição de soja de pessoas jurídicas, revendida para o exterior, afirmou que o benefício instituído pela Lei nº 9.363/1996 teve por objetivo ressarcir o PIS e COFINS incidentes nas aquisições de MP, PI e ME para utilização no mercado produtivo, assim, é necessário que o produto exportado tenha sido industrializado pela exportador e que se encontre dentro do campo de incidência do IPI; Como o produto exportado pelo requerente está classificado na TIPI na posição 1201.00.90 não tributada, NT, está fora do campo de incidência do IPI, não podendo ser considerado produto industrializado, devendo ser excluído do cálculo do crédito presumido do IPI; Notificada da decisão, a contribuinte apresentou, tempestivamente, seu Recurso Voluntário (fls. 350365), repisando os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, mas reforçando os argumentos em relação aos produtos classificados como não tributável (NT), como se resume abaixo: conforme art. 3º e 4º do RIPI, qualquer operação, mesmo que incompleta, parcial ou intermediária, trará como resultado um produto industrializado, caracterizandose como industrialização qualquer operação que modifique a natureza, funcionamento, acabamento ou finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para o consumo; a soja exportada não é simplesmente revendida, pois passa por um processo industrial de beneficiamento e secagem dos grãos, sem falar no refinamento da soja, no caso do óleo degomado; também não procede os argumentos da r. decisão, pois, conforme consta dos autos, todas as aquisições de produtos in natura exportados no estado em que adquiridas já foram excluídas da base de cálculo do crédito presumido de IPI, nunca feito parte destes cálculos; a Lei 9.3633/1996, ademais, não restringiu o benefício aos produtores/exportadores contribuintes do IPI, tanto que permite o ressarcimento em moeda corrente caso não seja possível a dedução com o IPI. Indevida, portanto, a exclusão do Fl. 399DF CARF MF 6 incentivo fiscal feita pela r. decisão recorrida ao argumento de que é exportadora de produtos não tributados pelo IPI. É a síntese da causa. Voto Conselheiro Salvador Cândido Brandão Junior O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. A partir do relato adrede, a lide se limita na possibilidade de inclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/1996 as despesas incorridas na aquisição de MP, ME, PI de pessoas físicas, bem como as despesas para aquisição de soja de pessoa jurídica e revendidos ao exterior sem passar por processo de industrialização. Dos insumos adquiridos de pessoa física Quanto à possibilidade de se incluir na base de cálculo do crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/1996 para as compras de matériaprima, material de embalagem e produtos intermediários realizadas de pessoas físicas, a Lei nº 10.276/2001, em seu art. 1º, § 1º, I, não faz restrição no sentido de que estes produtos só podem ser adquiridos de pessoas jurídica. Ademais, pela análise do crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363/96, este assunto já foi analisado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recurso proferido em sede de recursos repetitivos que consolidou a jurisprudência em prol do pleito dos contribuintes, afastando o entendimento restritivo: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode Fl. 400DF CARF MF Processo nº 11070.000758/200472 Acórdão n.º 3301005.547 S3C3T1 Fl. 398 7 inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. (...) 6. Com efeito, o § 2º do artigo 2º da Instrução Normativa SRF 23/97 restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciar seão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (...). 8. Consequentemente, sobressai a “ilegalidade” da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (...). 9. É que: (i) “a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição”; (ii) “o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais”; e (iii) “a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes” (REsp 586392/RN). (REsp 993.164/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, unânime, julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010) (grifei) Inclusive, o tema já se encontra sumulado naquela corte superior de justiça no verbete do enunciado nº 494: Súmula 494/STJ. O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matériasprimas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP. Desta feita, o STJ decidiu que as Instruções Normativas que condicionam o crédito presumido previsto pela lei nº 9.363/1996 aos fornecedores sujeitos à tributação pelo PIS e pela COFINS o fazem em desacordo com o texto legal. Fl. 401DF CARF MF 8 Como consequência, em razão do disposto no §2º ao artigo 62 do RICARF, deve ser reproduzido o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, pela sistemática dos recursos repetitivos prevista no artigo 543C do CPC, no sentido de que os valores oriundos das aquisições de insumos de pessoas físicas ou cooperativas utilizados no processo produtivo de mercadorias a serem exportadas, devem ser incluídos na base de cálculo do crédito presumido do IPI. Dos produtos adquiridos de pessoa jurídica e revendido para o exterior Neste ponto, afirma a Recorrente que os produtos não foram simplesmente revendidos, passando por um processo industrial de beneficiamento para lavagem, separação e secagem dos grãos, bem como separação em embalagens, sendo este procedimento considerado industrialização nos termos do art. 4º do RIPI. O crédito presumido do IPI, para ressarcimento do valor do PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre as aquisições de insumos, é assegurado pela Lei nº 9.363/1996 e faz referência expressa em seu art. 3º, parágrafo único, à legislação do IPI para fins de definição dos conceitos de " produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Com efeito, a Lei nº 4.502/1964 traz a definição de "estabelecimento produtor"e industrialização no seu art. 3º, abaixo transcrito: Art . 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto (...) O que se entende por "produção" pode ser extraído do parágrafo único retro transcrito, em conjugação com o art. 4º do RIPI, segundo o qual esta operação de industrialização pode ser transformação, montagem, acondicionamento, beneficiamento ou recondicionamento. Assim, um produto que esteja classificado em posição da TIPI como NT não necessariamente não se trata de um produto industrializado, mas apenas que não será tributado pelo imposto. À título de exemplo, temos o biodiesel da posição 3826.00.00 Ex 01, onde consta NT para esta posição NCM, no entanto, não há como se negar que biodiesel é um produto industrializado. O crédito presumido de IPI foi uma forma encontrada pelo legislador para ressarcir o efeito cumulativo do PIS e da COFINS incidente sobre a cadeia produtiva cujo destino final fosse a exportação, prevendo também que, diante da impossibilidade de abater com débitos de IPI, este credito presumido poderia ser ressarcido em dinheiro nos termos do art. 4º da Lei nº 9.363/1996, justamente porque é um crédito presumido de IPI que decorre da tributação de PIS e COFINS cumulativo. Não se trata, portanto, de crédito presumido de IPI inserido no contexto da não cumulatividade do IPI, mas sim como forma de ressarcir o PIS e COFINS incidente nas fases anteriores da cadeia produtiva. Desta feita, pode haver produto industrializado não tributado pelo IPI no qual as despesas com matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem utilizados para sua produção são passíveis de inclusão na base de cálculo do crédito presumido. Assim, ao contrário do que entendeu a r. decisão recorrida no presente caso, a lei não faz qualquer Fl. 402DF CARF MF Processo nº 11070.000758/200472 Acórdão n.º 3301005.547 S3C3T1 Fl. 399 9 exigência de tributação pelo IPI para o gozo do crédito, sendo certo que basta que sejam adquiridos matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem (nos termos da legislação do IPI) para a produção de mercadorias nacionais a ser exportada (tributadas ou não pelo IPI). Ainda, mesmo que o produto seja apenas revendido ao exterior pelo produtor/exportador, sem realizar nova etapa de industrialização sobre um produto já industrializado, isto é, uma aquisição de produto industrializado para revenda ao exterior, a receita de exportação obtida nestas operações devem ser incluídas nos valores de receitas de exportação para fins de apuração do crédito presumido. Neste sentido, a Câmara Superior de Recursos fiscais já se manifestou no Acórdão 9303.006.036, de relatoria do Conselheiro Demes Brito, julgado em 30/11/2017, assim ementado: IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS NÃO INDUSTRIALIZADOS PELO PRODUTOR EXPORTADOR. COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RECEITA OPERACIONAL BRUTA. No cálculo do crédito presumido de IPI, de que tratam a Lei nº 9.363/96 e a Portaria MF nº 38/97, as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo contribuinte, incluemse na composição tanto da Receita de Exportação RE, quanto da Receita Operacional Bruta ROB. Ou seja, incluemse nos dois lados do coeficiente de exportação, no numerador e no denominador. No mesmo sentido, o acórdão 9303006.960, de relatoria do conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, em sessão de 13 de junho de 2018: IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS NÃO INDUSTRIALIZADOS PELO PRODUTOR EXPORTADOR. COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. No cálculo do crédito presumido de IPI (Lei nº 9.363/96), as receitas de exportação de produtos não industrializados pelo contribuinte incluemse na composição da Receita de Exportação (RE) e na Receita Operacional Bruta. In casu, a acusação é de compra de soja in natura de pessoa jurídica e sua revenda ao exterior no estado em que adquirido. Afirma a Recorrente que a soja é adquirida em sua forma bruta, mas antes da exportação passa por um beneficiamento, sofrendo, portanto, uma industrialização, porém, não trouxe aos autos nenhum elemento de prova para subsidiar sua alegação, nem mesmo nota fiscal de exportação ou classificação do produto exportado, um parecer sobre seu processo produtivo, nem mesmo um detalhamento técnico deste processo produtivo. Ao contrário, o que consta dos autos são as planilhas de fls. 113 relacionando as receitas de exportação no ano de 2003 em que consta a descrição de exportação de "SOJA", sem nenhuma outra especificação, o que corrobora o argumento da fiscalização de que se trata da soja em grãos. Consta também exportação de farelo e óleo bruto, estes sim produtos industrializados. Fl. 403DF CARF MF 10 Dessa forma, a Lei nº 9.363/96, contém dispositivos que conduzem à interpretação de que o direito ao crédito presumido tem como pressuposto que o produto exportado tenha sido industrializado na forma estabelecida pela legislação do IPI, embora não exista a exigência de que este produto esteja dentro do campo de incidência desse imposto. A finalidade do incentivo é o ressarcimento de PIS e COFINS incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Como a acusação fiscal, neste ponto, reside na assertiva de que o produto exportado é a soja adquirida de pessoa jurídica sem a realização de nenhuma industrialização, não podendo esta despesa fazer parte da base de cálculo dos encargos incorridos pra fins de crédito presumido, e como não consta dos autos que esta soja passou pelo beneficiamento de secagem e ensacamento afirmado pela Recorrente, é de se negar provimento ao recurso neste ponto, não se incluindo estas despesas nos cálculos dos créditos. Da correção monetária e dos juros SELIC O STJ já se posicionou no sentido de ser devida a correção pela Selic quando há oposição ao creditamento decorrente de resistência ilegítima do fisco, nos termos da súmula 411 e do REsp. 1.138.206/RS. É o teor da Súmula n° 411 do STJ: É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. O próprio recurso repetitivo transcrito acima, que tratou da possibilidade de crédito presumidos sobre as aquisições de pessoa física, também asseverou a possibilidade de correção monetária e aplicação dos juros SELIC, verbis: 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). 14. Outrossim, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciouse de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, Fl. 404DF CARF MF Processo nº 11070.000758/200472 Acórdão n.º 3301005.547 S3C3T1 Fl. 400 11 desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. (REsp 993.164/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, unânime, julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010) O STJ fixou entendimento, também em sede de recurso repetitivo, no REsp 1.138.206 RS (Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 01/09/2010), no sentido de que a duração razoável do processo administrativo é de 360 dias, determinado a aplicabilidade do art. 24 da Lei nº 11.457/07 aos processos em curso: TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA DECISÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. APLICAÇÃO DA LEI 9.784/99. IMPOSSIBILIDADE. NORMA GERAL. LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECRETO 70.235/72. ART. 24 DA LEI 11.457/07. NORMA DE NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. (...) 5. A Lei n.° 11.457/07, com o escopo de suprir a lacuna legislativa existente, em seu art. 24, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo dos pedidos, litteris: " Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte." 6. Deveras, ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de ser aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos pendentes. Em recente precedente, a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais acatou a jurisprudência do STJ para admitir o direito à correção pela SELIC, dos créditos presumidos de IPI a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias contados da apresentação do pedido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCIDEN̂CIA DA TAXA SELIC. Fl. 405DF CARF MF 12 É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposicã̧o ao seu aproveitamento decorrente de resisten̂cia ilegítima do Fisco (Súmula no 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administracã̧o para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art.24 da Lei no11.457/07), nos termos do REsp 1.138.206/RS. (Acórdão 9303006.466. Relator: Charles Mayer de Castro Souza) Nesse sentido, é possível a aplicação da correção do crédito presumido de IPI nos termos do precedente entabulado pela CSRF no voto acima citado. Por fim, ressaltese que a incidência da Taxa Selic se dá apenas sobre os créditos glosados no Despacho Decisório na origem, que têm seu reconhecimento nesta oportunidade. Isso porque, foram esses créditos que sofreram oposição ilegítima por parte do Fisco. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário para: i) reverter as glosas de créditos decorrentes das aquisições de insumos de pessoas físicas no mercado interno; ii) reconhecer o direito de correção pela SELIC dos créditos presumidos a que fizer jus o contribuinte, a partir do fim do prazo de que dispõe a administração tributária para apreciar o pedido, que é de 360 dias a contar da formalização do mesmo. Salvador Cândido Brandão Junior Relator Fl. 406DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.733139/2011-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS DE 15% SOBRE NOTA FISCAL OU FATURA DE COOPERATIVA DE TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP.
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.
Numero da decisão: 2402-006.762
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, cancelado o crédito tributário exigido, uma vez que se trata da contribuição de 15%, que era devida na contratação de cooperativas de trabalho e que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
(assinado digitalmente)
DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
JAMED ABDUL NASSER FEITOZA - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício).
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS DE 15% SOBRE NOTA FISCAL OU FATURA DE COOPERATIVA DE TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 595.838/SP. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, cancelado o crédito tributário exigido, uma vez que se trata da contribuição de 15%, que era devida na contratação de cooperativas de trabalho e que foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA Presidente. (assinado digitalmente) JAMED ABDUL NASSER FEITOZA Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 73 31 39 /2 01 1- 21 Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10380.733139/201121 Acórdão n.º 2402006.762 S2C4T2 Fl. 257 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigações Principais (AIOP) DEBCAD nº: 51.014.9910, referente à contribuição prevista no art. 22, inciso IV da Lei 8.212/91 para a competência 11/2009. Os recolhimentos efetuados pela empresa de forma espontânea (GPS) não se referem às contribuições apuradas neste crédito, visto que a empresa não informa estas contribuições em GFIP e discute judicialmente a sua procedência, realizando, ainda, o depósito destas contribuições em juízo. Além do mais, as contribuições recolhidas em GPS são compatíveis com as bases declaradas em GFIP. O contribuinte impetrou Mandado de Segurança Preventivo, processo nº 2000.81.00.0099450 (atualmente em tramitação no Tribunal Regional Federal da 5ª Região Fiscal – TRF), com pedido de liminar em 15/5/2000, tendo sido concedida a segurança liminarmente, em 2/6/2000. Contudo, no julgamento do mérito em 30/7/2001, foi negada a segurança, cassandose a liminar inicialmente deferida. O autuado apresentou, ainda, Embargos de Declaração, em relação ao qual foi negado o provimento no dia 17/10/2003 e interpôs apelação, em 9/2/2006, que também não teve decisão em seu favor. O sujeito passivo ingressou então, com Recurso Especial – REsp no STJ e Recurso Extraordinário – RE no STF, tendo sido, ambos, inaadmitidos em 24/8/2006. Contudo, em 2/6/2009 foi reconhecido, pelo STF, a repercussão geral da controvérsia objeto da lide, motivo pelo qual o processo restou sobrestado, estando pendente de decisão definitiva. Assim, o crédito não estaria com exigibilidade suspensa, pois a sentença foi favorável à Fazenda Nacional e o recurso em Mandado de Segurança não possui efeito suspensivo. O contribuinte realizou depósitos judiciais da contribuição discutida em Juízo em relação a algumas competências. Contudo, em relação às competências consideradas na autuação não foram realizados os depósitos em montante integral conforme consta do REFISC, e diante dessas circunstâncias a fiscalização entendeu que não houve suspensão da exigibilidade do crédito, conforme o que dispõe o CTN, artigo 151, inciso II. A penalidade aplicada considerou as modificações levadas e efeito pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, para as GFIP referentes às competências até 11/2008 tendo efetuado o comparativo das multas aplicáveis antes e após as modificações introduzidas com referida MP, com vistas a aplicar a multa mais favorável ao contribuinte, em atenção ao que dispõe o CTN, artigo 106, inciso II (conforme quadro à fl. 9). Concluiuse, conforme demonstrativo incluído no relatório fiscal, que a multa menos severa ao contribuinte, nas competências 08/2008, 09/2008 e 11/2008, é a apurada de acordo com a legislação antes das modificações MP nº 449/2008. Assim, de acordo com as informações do relatório fiscal, em decorrência da infração cometida, foi aplicada multa de R$ 169.797,60, calculada de acordo com a Lei nº Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10380.733139/201121 Acórdão n.º 2402006.762 S2C4T2 Fl. 258 3 8.212/1991, artigo 32, § 5º, combinado com Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, artigo 284, inciso II. Relatório com o detalhamento dos depósitos judiciais/extrajudiciais realizados, que contém dentre outras informações a data de realização do depósito, a competência a que se refere e o valor depositado (fl. 12). Cópia das Guias de Depósitos Judiciais e Extrajudiciais relativos à competência 09/2008 e 11/2008 (fls. 13/14). O sujeito passivo foi cientificado da autuação em 21/3/2012, conforme assinatura à fl. 3 e apresentou impugnação (fls. 129/144) no dia 20/4/2012, conforme carimbo de protocolo à fl. 129. Alegou que os depósitos impediriam o lançamento, que o tributo cobrado é ilegal, apresentando questões relacionadas as discussões judiciais relatadas. Acórdão recorrido, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação e o recurso voluntário interposto articulando essencialmente os mesmos argumentos já registrados por ordem da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. ADMISSIBILIDADE Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual votamos por seu conhecimento. 2. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA INCIDENTE SOBRE A NOTA FISCAL OU FATURA DAS COOPERATIVAS DE TRABALHO Tratase de lançamento por descumprimento de obrigações acessórias CFL68, eis que a Recorrente deixou de declarar em GFIP nas competências 08/2008, 09/2008 e 11/2008. Ocorre que a obrigação previdenciária principal estava lastreada no inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212/91, dispositivo que previa a obrigação de recolhimento de 15% devidos a titulo de contribuição previdenciária devida sobre em razão da contratação de sociedades cooperativas de trabalho e calculados sobre o total da nota fiscal ou fatura. A rubrica foi mantida tendo em conta a vigência do dispositivo à época dos fatos e por ausência de comprovação de realização, nos autos da ação judicial, de deposito do montante integral do devido relativo as competências em foco. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10380.733139/201121 Acórdão n.º 2402006.762 S2C4T2 Fl. 259 4 Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, no âmbito da sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC), declarou a inconstitucionalidade _ e rejeitou a modulação de efeitos desta decisão _ do inciso IV, do art. 22, da Lei nº 8.212, de 1991, dispositivo este que previa a contribuição previdenciária de 15% sobre as notas fiscais ou faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99 ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10380.733139/201121 Acórdão n.º 2402006.762 S2C4T2 Fl. 260 5 A inconstitucionalidade foi declarada sem modulação dos efeitos, com tal premissa seus efeitos retroagem a origem, não subsistindo obrigação alguma tendo por base norma retirada do ordenamento jurídico, o que, neste caso abrange as obrigações principais e seus reflexos punitivos, razão pela qual votamos por dar provimento ao Recurso Voluntário. CONCLUSÃO. Por todo exposto votamos por conhecer do Recurso Voluntário, para no mérito darlhe provimento. (Assinado Digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 260DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19679.006034/2004-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1996 a 31/03/1996
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O direito a compensação demanda a comprovação do crédito pelo interessado. Alegações desprovidas de provas documentais resultam insuficientes para o deferimento do ato declarado.
PROCESSO ADMINISTRATIVO. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA SE PRONUNCIAR QUANTO À INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA LEGAL. SUMULA Nº 02 DO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO SISTEMA ELETRÔNICO. APRESENTAÇÃO APÓS 29/09/2003. INADMISSIBILIDADE.
Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considera-se não formulado o pedido de restituição e a declaração de compensação apresentada em formulário impresso após 29/09/2003.
Numero da decisão: 3401-005.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lazaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/1996 a 31/03/1996 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O direito a compensação demanda a comprovação do crédito pelo interessado. Alegações desprovidas de provas documentais resultam insuficientes para o deferimento do ato declarado. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA SE PRONUNCIAR QUANTO À INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA LEGAL. SUMULA Nº 02 DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO SISTEMA ELETRÔNICO. APRESENTAÇÃO APÓS 29/09/2003. INADMISSIBILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considera-se não formulado o pedido de restituição e a declaração de compensação apresentada em formulário impresso após 29/09/2003.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lazaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1532; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19679.006034/200403 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401005.732 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de dezembro de 2018 Matéria PEDIDO DE COMPENSAÇÃO PIS/COFINS Recorrente MERCANTIL FARMED LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1996 a 31/03/1996 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O direito a compensação demanda a comprovação do crédito pelo interessado. Alegações desprovidas de provas documentais resultam insuficientes para o deferimento do ato declarado. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA SE PRONUNCIAR QUANTO À INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA LEGAL. SUMULA Nº 02 DO CARF. “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária”. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO SISTEMA ELETRÔNICO. APRESENTAÇÃO APÓS 29/09/2003. INADMISSIBILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considerase não formulado o pedido de restituição e a declaração de compensação apresentada em formulário impresso após 29/09/2003. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 00 60 34 /2 00 4- 03 Fl. 240DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lazaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório Versam os autos sobre Declaração de Compensação em formulário papel (e fls.2), de débitos de PIS e COFINS do Período de Apuração 30/04/2004 no valor total de R$ 58.000,00 com utilização de crédito de PIS do período de apuração 30/03/1996, no valor acumulado de R$ 15.042.998,59 através do pedido de restituição/ressarcimento nº 38257.78992.290703.1.2.042657. A DERAT São Paulo em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (efls.17), considerando não formulado o pedido de ressarcimento ou de restituição e não declarada a compensação, por ter sido apresentado o pedido em formulário papel (art.4º da IN SRF 360/2003), quando deveria atender o disposto nos artigos 2º e 3º da mesma IN (PER/DCOMP 1.1), pedido eletrônico. A interessada ingressou com impugnação (efls. 22) requerendo a anulação do Despacho Decisório e suspenção da exigência, conforme art. 151, inciso I do CTN, até o julgamento do Pedido de Restituição – Processo nº 38257.78992.290703.1.2.042657 (Per/Dcomp 1.0). Na data de 30/08/2004 a Contribuinte protocolizou Recurso Administrativo (efls. 50), contra o Ato Administrativo do Agente Fazendário de acordo com o art. 3º da IN 360/03 e artigos 73 e 74 da Lei 9.430/96. A 6ª Turma da DRJ/SPI emitiu Despacho s/nº na data de 08/08/2007 (e fls.57), com a seguinte conclusão: “Portanto, de acordo com os dispositivos citados, verificase que não pertence à esfera de competência das DRJ o julgamento de recurso do sujeito passivo contra apreciações dos inspetores e dos Delegados da Secretaria da Receita Federal do Brasil no que pertine a declarações de compensações consideradas como sendo ‘NÃO DECLARADAS’”. A contribuinte foi intimada a tomar ciência do Despacho s/nº proferido pela DRJ/SPI (efls.59), juntamente com carta de cobrança nº 993/2008 do débito compensado, resultando em Manifestação de Inconformidade (efls.62), com preliminar de nulidade do r. despacho decisório e reconhecimento da compensação realizada. Protesta pela juntada de PER/DCOMP retificadora e eventualmente, também, de novos documentos em atenção ao princípio da verdade material. Veio aos autos decisão liminar em Mandado de Segurança da 21ª Vara Federal Cível de São Paulo, Autos nº 2008.61.00.0167289 (efls.86) e encaminhado o presente processo a DRJ/SECPJ/SPI para providências (efls.96). Como houve agravo ao Tribunal, a 6ª Turma da DRJ/SPI solicitou a DRF de origem que anexasse cópia da inicial e das decisões Fl. 241DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 4 3 judiciais concernentes ao caso (efls.105/107), o que foi atendido, com transcrição da sentença dos embargos nos seguintes termos (efls.118/119): Conheço dos embargos interpostos, pois são tempestivos. De fato, verifico que o pedido inicial referese apenas ao Processo Administrativo n° 19679.006034/200403. Diante de todo o exposto, ACOLHO OS EMBARGOS e passo a reescrever o dispositivo nos seguintes termos: "Diante do exposto, concedo a segurança para determinar à autoridade impetrada que receba, conheça e analise a "Manifestação de Inconformidade" apresentada pela impetrante nos autos do Processo Administrativo n° 19679.006034/200403; atribua a tal "recurso" o efeito suspensivo da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, inciso III do Código Tributário Nacional”. Estando os autos novamente em poder da 6ª Turma da DRJ/SPI, esta se pronunciou por nova diligência (efls.149/150), argumentando: Conforme o Despacho Decisório de fl. 15/17, a compensação apresentada ao Fisco pela Contribuinte foi considerada não declarada pela Autoridade tributária da Delegacia da Receita Federal de origem pelo fato da Declaração de Compensação ter sido entregue em papel ao invés de ser encaminhada eletronicamente. Alega a interessada que “não seria possível efetuar as Declarações de Compensação pelo Per/dcomp 1.1, por se tratar de pedido formulado anteriormente ao mesmo" (fl. 49). Alega também que “Por se tratar de Restituição e Compensação, relativos a pagamentos indevidos ou a maior, há mais de cinco anos, o programa Per/dcomp 1.1 não abre “campo” para efetuar a Declaração de Compensação" (fl. 50), cabendo, no caso, “a utilização de formulário aprovado pelo art. 44 da IN 210/02” (fl. 50). O fulcro da questão reside, então, na possibilidade ou impossibilidade do envio eletrônico da Declaração de Compensação. Sendo assim, proponho o envio dos autos à “DITEC" da DERAT/SÃO PAULO para que informe, com a devida fundamentação, se seria possível ou não o envio por via eletrônica da Declaração de Compensação em questão neste processo. Em resposta a diligência a Divisão de Tecnologia e Segurança da Informação da DERAT/SP, assim se manifestou (efls.153): Em atendimento ao despacho de fls. 146 a 147, informamos que não era possível preencher pagamento com data de arrecadação anterior a 5 anos da data de criação do documento no programa Perd/Comp 1.1. O Perd/Comp 1.1 permitia a elaboração da Declaração de Compensação de crédito recolhido (apurado) há mais de 5 anos, mas que já tivesse sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento formalizado perante a SRF antes do transcurso do prazo prescricional do direito creditório, desde que o referido pedido Fl. 242DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 5 4 estivesse pendente de decisão administrativa à data da transmissão da Declaração de Compensação (fl.148). Não havendo mais nenhuma providência a ser tomada por esta Divisão de Tecnologia e Segurança da Informação, proponho o retorno deste para a SECOJ/DRJ/SP (01111930) para prosseguimento. A 6ª Turma da DRJ/SPI proferiu então decisão através do Acórdão nº 16 22.105 em sessão de 08/07/2009, que traz a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1999 PROVIMENTO JUDICIAL. Cabe à Turma Julgadora diante de provimento judicial que determinou o processamento do recurso do contribuinte como manifestação de inconformidade, com suspensão pronunciarse sobre o referido recurso apresentado contra decisão que considerou não declarada a compensação. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO SISTEMA ELETRÔNICO. APRESENTAÇÃO APÓS 29/09/2003. INADMISSIEILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considerase não formulado o pedido de restituição e a declaração de compensação apresentada em formulário impresso após 29/09/2003. Solicitação Indeferida Colhese ainda da decisão de piso, que a competência das Turmas Julgadoras está voltada para a apreciação de manifestação de inconformidade contra o não reconhecimento de direito creditório e a não homologação de compensação, conforme previsto nos artigos 212 e 213 do Regimento Interno da RFB. No presente caso cabe o exame da questão envolvendo a entrega da declaração de compensação em papel e não sobre os demais assuntos envolvidos no presente processo. Ao examinar o caso observa que, o contribuinte que busca efetuar a compensação administrativa deve seguir as normas reguladoras da matéria, que cuidaram de estabelecer certos procedimentos de controle. Ao disciplinar a restituição e a compensação de quantias recolhidas ao Tesouro Nacional a título de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, com base na Lei nº 10.637/2002, foram publicadas a IN da SRF nº 210, de 30 de setembro de 2002, posteriormente a IN SRF nº 320/2003, além de outras que as sucederam. Da parte final da decisão de primeiro grau faço a transcrição para manterse fiel as razões e fundamentos que levaram ao indeferimento da compensação declarada: Nessa conformidade, o pedido de restituição e a compensação declarada ao Fisco em virtude de ter efetuado o sujeito passivo eventual pagamento a maior ou indevido de algum tributo ou Fl. 243DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 6 5 contribuição federal por ela administrado, só podem ser efetuados pelos meios estabelecidos nos diplomas que regem a matéria. Não se admite, pois, em nenhuma hipótese, a formalização de pleitos de restituição ou de declarações de compensação em qualquer outro meio diverso do estabelecido sob pena de ser o pedido de restituição considerado não formulado e a compensação não declarada. Cumpre mencionar, ainda, que incumbe ao julgador das Turmas das Delegacias da Receita Federal de Julgamento (agora Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento), nos termos do art. 7° da Portaria MF n° 58, de 17 de março de 2006, observar as normas legais e regulamentares, bem como o entendimento da Secretaria da Receita Federal (agora Secretaria da Receita Federal do Brasil) expresso em atos normativos tributários. Reparese: "Art. 7° O julgador deve observar o disposto no art. 116, III, da Lei nº 8.112, de 1990, bem assim o entendimento da SRF expresso em atos normativos”. No caso concreto ora em exame, a Contribuinte, como já relatado, não encaminhou eletronicamente a sua “Declaração de Compensação” em 2004, alegando que a ocorrência de pagamentos indevidos ou a maior há mais de cinco anos inviabilizou o envio eletrônico do documento. Todavia, o Pedido de Restituição ao qual foi vinculado a Declaração de Compensação de fl. 1 indica como data de arrecadação do suposto pagamento indevido o dia 12.02.1999 (fl. 6). Tendo em conta que o aludido Pedido de Restituição foi enviado eletronicamente em 29/07/2003 (fl. 5, bem como fl. 1 do processo administrativo 10880.909119/200639 com cópia em fl. 151), fica claro que sua apresentação se deu dentro do prazo de 5 anos, contados de 12.02.1999. Como a “Declaração de Compensação” de fl. 1 foi vinculada ao citado e então pendente de decisão Pedido de Restituição, então a mesma não poderia ter afrontado o prazo em questão. A propósito, o Pedido de Restituição nem sequer havia sido decidido quando a Declaração de Compensação foi apresentada e o programa PER/DCOMÍP inclusive “permitia a elaboração da Declaração de Compensação de crédito recolhido (apurado) há mais de 5 anos, mas que já tivesse sido objeto de pedido de restituição ou ressarcimento formalizado perante a SRF antes do transcurso do prazo prescricional do direito creditório, desde que o referido pedido estivesse pendente de decisão administrativa à data da transmissão da Declaração de Compensação (fl. 148)” (fl. 150). Nesse sentido, como o Pedido de Restituição 38257.78992.290703.1.2.042657 foi alvo de despacho decisório em 29.09.2008 (fls. 65/70 do processo administrativo 10880.909119/200639 com cópia em fls. 152/157 do presente processo), até então o mesmo estava pendente de decisão e não Fl. 244DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 7 6 constituía obstáculo à entrega eletrônica de Declaração de Compensação a ele vinculada. E nem se imagine, repitase, que haveria pagamentos indevidos ou a maior efetuados há mais de cinco capazes de inviabilizar o envio eletrônico da Declaração de Compensação. Isto porque, como patenteado, o Pedido de Restituição ao qual foi vinculado a Declaração de Compensação de fl. l indica como data de arrecadação do suposto pagamento indevido o dia 12.02.1999 (fl. 6). Enfim, o Pedido de Restituição que foi apresentado perante o Fisco, representado pelo documento eletrônico 38257.78992.290703.1.2.04 2657, referese a suposto pagamento indevido ou a maior ocorrido em 12.02.1999, o que não poderia inviabilizar a entrega eletrônica da “Declaração de Compensação” em comento. Por todos os fundamentos expostos, VOTO no sentido de negar provimento ao recurso contra o Despacho Decisório de fls. 15/17. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (e fls.179) contra a decisão de primeiro grau, abordando os seguintes fatos e argumentos: 1. Que efetuou a compensação de valores indevidamente recolhidos a titulo de Contribuição ao PIS, com base na ausência de comando normativo que obrigasse os contribuintes ao recolhimento desta contribuição no período de março/96 a janeiro/99, diante da reedição fora do prazo da Medida Provisória n° 1212/95 até sua conversão na Lei n° 9715/98; 2. Tal crédito foi apurado, corrigido e aproveitado pela empresa, ora Recorrente através de declarações de compensações efetuadas mês a mês; 3. Que efetuou pedido de restituição através do Programa da Receita Federal PER/DCOMP 1.0 n° do documento 38257.78992.290703.1.2.042657 no valor de RS 15.042.998,59 (quinze milhões quarenta e dois mil novecentos e noventa e oito reais e cinquenta e nove centavos), valor este atualizado até 29/07/03; 4. Que, muito embora legítimo o crédito utilizado, tanto o pedido de restituição, como todas as declarações de compensação apresentadas, foram elaboradas e entregues à SRF contendo algumas incorreções, razão pela qual a Recorrente tentou apresentar posteriormente a competente Declaração Retificadora, por sua vez, não foram aceitas nem via internet, pelo site da Recita Federal, nem via papel, ante à negativa de recebimento pelos Agentes da Receita Federal; 5. Diz que a compensação praticada está amparada pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96 e que a autoridade administrativa não pode criar restrições à compensação de tributos ou ampliar o rol taxativo fixado em lei; 6. Requer, por fim, que seja dado provimento ao presente recurso, considerando declarada e homologada a compensação efetuada com crédito indevidamente recolhido a título de PIS; Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Fl. 245DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. O ponto central da controversa trazida pela recorrente se restringe a ausência de normativo legal para a exigência da contribuição ao PIS no período de março de 1996 a janeiro de 1999, por falha na sistemática de reedição da MP nº 1.212/95 até a sua conversão na Lei nº 9.715/98. Em pesquisa sobre a edição da MP nº 1.212 de 28/11/1995, temos que: “REEDITADA E REVOGADA PELA MPV 1.249, DE 14/12/1995 ; 1.286, DE 12/01/1996; 1.325, DE 09/02/1996; 1.365, DE 12/03/1996; 1.407, DE 11/04/1996; 1.447, DE 10/05/1996; 1.495, DE 07/06/1996; 1.4958, DE 09/07/1996; 1.4959, DE 08/08/1996; 1.49510, DE 05/09/1996; 1.49511, DE 02/10/1996; 1.49512, DE 31/10/1996; 1.49513, DE 29/11/1996; REVOGADA E REEDITADA PELA MPV 1.546, DE 18/12/1996; 1.54615, DE 16/01/1997; 1.54616, DE 13/02/1997; 1.54617, DE 13/03/1997; 1.54618, DE 11/04/1997; 1.54619, DE 09/05/1997; 1.54620, DE 10/06/1997; 1.54621, DE 10/07/1997; 1.54622, DE 07/08/1997; 1.54623, DE 04/09/1997; 1.54624, DE 02/10/1997; 1.546 25, DE 30/10/1997; 1.54626, DE 27/11/1997; REVOGADA E REEDITADA PELA MPV 1.62327, DE 12/12/1997; 1.62328, DE 13/01/1998; 1.62329, DE 12/02/1998; 1.62330, DE 13/03/1998; 1.62331, DE 09/04/1998; 1.62332, DE 12/05/1998; 1.62333, DE 10/06/1998; REVOGADA E REEDITADA PELA MPV 1.67634, DE 29/06/1998; 1.67635, DE 29/07/98; 1.67636, DE 27/08/1998; 1.67637, DE 25/09/1998; 1.67638, DE 26/10/1998 E CONVERTIDA NA LEI 9.715, DE 25/11/1998 D.O. DE 26/11/1998”. Conforme entendimento da recorrente teria ocorrido uma falha procedimental quando da publicação da MP nº 1.325, de 09/02/1996, publicada no Diário Oficial da União em 12/02/1996, ultrapassando o prazo de 30 (trinta) dias determinantes para reedição da MP nº 1.286, de 12/01/1996: “Contandose trinta dias de eficácia de 13/01/96 percebese que este prazo se expirou em 11/02/96 e, portanto, a reedição em 12/02/96 é invalida”. Esse assunto, envolvendo a inconstitucionalidade da Lei nº 9.715, de 25/11/1998, foi objeto de ação própria através da ADI 1417/DF e que serve de amparo para outros julgados, conforme se extrai dos EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 927.343 SÃO PAULO, julgado em 16/02/2016 pela Primeira Turma do STF, de relatoria do Min. Edson Fachin, cuja ementa encontrase vazada nos seguintes termos: EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EFEITOS INFRINGENTES. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP. MP 1.212/95 E REEDIÇÕES. VALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. ADI 1417/DF. LEI 9.715/98. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1417/DF, decidiu que a MP 1.212/95, reeditada dentro de seu prazo de vigência, produz efeitos desde a sua edição e reedições até transformarse em lei, não havendo que se falar em inconstitucionalidade da referida exação. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 9 8 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que é constitucional a Lei 9.715/98, exceto quanto à expressão “aplicandose aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de outubro de 1995”. Assim sendo, não houve solução de continuidade normativa durante o processo legislativo. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. Ainda, sobre a questão de inconstitucionalidade de norma legal, Lei nº 9.715/1998, vêse que o CARF não dispõe de competência para se pronunciar sobre o assunto, cuja matéria encontrase disposta na Súmula CARF nº 2: “o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Quanto ao segundo ponto abordado no Recurso Voluntário, da necessidade de suspensão da análise do presente processo administrativo até o deslinde final do Processo Administrativo nº 10880.909119/200639, a decisão de piso já havia apontado que o referido pedido de compensação não foi vinculado a nenhum Pedido de Restituição. Independentemente da observação feita pelo julgador de piso, em consulta ao processo mencionado (10880.909119/200639) junto ao CARF, o mesmo encontrase com Agravo em Recurso Especial. O julgamento do Recurso Voluntário se deu na data de 26/11/2013, através do Acórdão nº 3401002.434 que por unanimidade de votos foi negado provimento, com fundamentos sintetizados na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1999 PEDIDO DE RESSARCIMENTO DO PIS. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA AUTORIDADE FISCAL. LEGÍTIMO INDEFERIMENTO DE CRÉDITO. É legítimo o indeferimento de crédito quando o contribuinte não apresenta os documentos exigidos pela autoridade fiscal, que comprovariam a existência de pagamento indevido ou a maior. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA SE PRONUNCIAR QUANTO À INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA LEGAL. O CARF não tem competência para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade da norma legal, conforme determinação expressa da Súmula nº 02 do CARF, a qual foi consolidada pelo CARF com a seguinte redação: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária”. Outro processo da Recorrente que trata do mesmo tema, Processo nº 10880.944083/200800, apenas alterando a data do fato gerador da contribuição ao PIS/PASEP, teve seu recurso apreciado e julgado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara dessa 3ª Seção de Julgamento, acórdão nº 3301002.308, que também, por unanimidade de votos, Fl. 247DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 10 9 acordaram seus membros, em negar provimento ao recurso voluntário. Transcrevo a seguir a ementa do acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/1999 FUNDAMENTO LEGAL. LEGISLAÇÃO. VIGÊNCIA Em face do disposto no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), art. 62A, c/c a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no REsp nº 1.136.210, reconhecese a legalidade da exigência do PIS, no período de março de 1996 a fevereiro de 1999, nos termos da MP nº 1.212, de 28/11/1995, e suas reedições, convertida na Lei nº 9.715, de 25/11/1998. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador, 31/10/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). HOMOLOGAÇÃO. A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado. Recurso Voluntário Negado. O destino do presente processo não tem como ser diferente dos demais processos da Recorrente que versam sobre a mesma matéria e contemplam as mesmas causas de pedir, tanto em sua manifestação de inconformidade quanto no Recurso Voluntário. Quanto a decisão de piso ter convalidado o despacho decisório que considerou a compensação não declarada, pelo fato do pedido de compensação ter sido feito em formulário papel, quando a legislação determinava que devesse ser através de formulário eletrônico conforme programa PER/DCOMP (Lei nº 10.637/2002, IN SRF nº 210/2002, IN SRF nº 320/2003, além de outras que as sucederam), a Recorrente nada de concreto trouxe em seu recurso e nenhuma prova juntou aos autos. Mantevese por todo o período que transitou o presente processo atrás de simples alegações de negativa de recebimento de declarações em formulário eletrônico pelos Agentes da Receita Federal do Brasil, tornando insubsistentes os argumentos de defesa para que seja alterado o resultado da decisão recorrida. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 248DF CARF MF Processo nº 19679.006034/200403 Acórdão n.º 3401005.732 S3C4T1 Fl. 11 10 Fl. 249DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16366.720040/2015-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012.
O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012.
O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7ºA, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 72 00 40 /2 01 5- 57 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 3 2 Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Ressarcimento (PER) de Crédito Presumido da Contribuição (PIS/Cofins), em virtude do fato de que o art. 8º da Lei nº 10.925/2004 autorizava a utilização do crédito presumido somente para dedução das próprias contribuições não cumulativas. De acordo com a repartição de origem, a Lei 12.995/2014 passou a autorizar que empresas da agroindústria que possuíssem, em 01/01/2012, saldo de crédito presumido calculado e acumulado na forma da Lei 10.925/2004 pudessem utilizar esse saldo via compensação ou ressarcimento. Contudo, ainda de acordo com a autoridade administrativa de origem, no presente caso, mesmo preenchendo todos os requisitos legais para apuração e aproveitamento dos créditos em referência, o requerimento do ressarcimento fora protocolizado após o prazo prescricional de cinco anos. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte arguiu que a lei que concedera o direito ao ressarcimento do crédito presumido acumulado havia sido publicada em 18/06/2014, inexistindo, até então, direito ao ressarcimento, apenas sendo possível o aproveitamento com débitos das contribuições (PIS/Cofins), em razão do quê, somente se aplicaria a regra da prescrição a partir daquela data. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 14062.939, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que o prazo para se pedir ressarcimento de créditos da não cumulatividade, básicos ou presumidos, é de cinco anos contados da data de sua apuração. Em suas razões de voto, a DRJ trouxe os seguintes argumentos: a) no formulário do pedido, consta “CRÉDITO PRESUMIDO vinculado à receita de exportação com base na Lei nº 12.995/2014”; b) cita o Decreto nº 20.910/1932, em que se prevê, em seu art. 1º, que qualquer dívida da União, de qualquer natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem; c) a possibilidade de crédito prevista no art. 7ºA da Lei nº 12.599/2012 (acrescentado pela Lei nº 12.995/2014), e de seu ressarcimento, é um direito “novo” e não a implementação de uma condição suspensiva que impedia o referido aproveitamento; d) a norma que instituiu o aproveitamento dos referidos créditos presumidos, expressamente previu a aplicação da prescrição; Fl. 157DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 4 3 e) cita o art. 29D da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, onde resta previsto que o ressarcimento do saldo de créditos presumidos de que trata o caput pode ser solicitado somente para créditos apurados até 5 (cinco) anos anteriores, contados da data do pedido. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e repisou os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, insistindo que a Lei nº 12.995/2014, ao acrescentar o art. 7A à Lei nº 12.599/2012, conferira o direito ao contribuinte de obter créditos que, até então, não podiam ser utilizados, não tendo ocorrido, portanto, a prescrição. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.430, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10930.721698/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.430): O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição, portanto, merece conhecimento. A partir do relato acima, constatase que a discussão dos autos não está na legitimidade ou não do montante de crédito, pois este foi conferido e admitido pelo Fisco. Centrase a discussão em saber se o pedido de ressarcimento formulado pela Recorrente está prescrito ou não. Assim, para fins de realizar uma análise do prazo prescricional, necessário traçar a linha do tempo. Até 18 de junho de 2014, a pessoa jurídica que desenvolvesse atividades agroindustriais, poderia apurar crédito presumido de PIS e COFINS, na forma como previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para compensar, exclusivamente, com débitos destas mesmas contribuições (caput). No dia 18 de junho de 2014 entrou em vigor a Lei nº 12.995/2014 que acrescentou o art. 7ºA na Lei nº 12.599/2012, permitindo que o saldo de créditos presumidos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 até 01/01/2012 pudessem ser compensados com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, vencidos ou vincendos, ou ainda requerer o ressarcimento em dinheiro, observandose a legislação aplicável sobre os prazos extintivos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1o de janeiro de 2012 em relação Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 5 4 à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) (grifei) Em 26/08/2014 a Recorrente protocolizou seu pedido de ressarcimento de créditos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, conforme permissivo implementado pela novel Lei nº 12.995/2014. Resta, portanto, determinar quando surge o direito de ressarcimento de crédito, para fins de contagem da prescrição, se de sua apuração ou da publicação da lei que confere o direito, e qual é o prazo prescricional, bem como determinar o que se entende por "saldo de crédito presumido" apurado até 01/01/2012. I) Do prazo de prescrição e de seu marco inicial A prescrição é um instituto jurídico previsto no ordenamento jurídico com a finalidade de fornecer estabilidade às relações jurídicas, em homenagem à segurança jurídica, estabelecendo um prazo para o exercício de um direito. A premissa é que não se tem como desejável a permanência indefinida de um direito, estabelecendose, assim, um prazo para o exercício de sua pretensão. Caso o titular de um direito não exerça este direito no prazo, isto é, não exercite sua pretensão para ver satisfeito seu direito, considerase extinta esta pretensão, impossibilitandose que este direito seja, juridicamente, exercido. Com isso, para que o prazo prescricional tenha início, é preciso haver um direito, a possibilidade de exercêlo (pretensão) e a inércia do titular deste direito. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira1: O sujeito não conserva indefinidamente a faculdade de intentar um procedimento judicial defensivo de seu direito. A lei, ao mesmo tempo em que o reconhece, estabelece que a pretensão deve ser exigida em determinado prazo, sob pena de perecer. Pela prescrição, extinguese a pretensão, nos prazos que a lei estabelece. (...) É, então, na segurança da ordem jurídica que se deve buscar o seu verdadeiro fundamento. O direito exige que o devedor cumpra o obrigado e permite ao sujeito ativo (credor) valerse da sanção contra quem quer que vulnere o seu direito. Mas se ele se mantém inerte, por longo tempo, deixando que se constitua uma situação contrária ao seu direito, permitir que mais tarde reviva o passado é deixar em perpétua incerteza a vida social. Há, pois, um interesse de ordem pública no afastamento das incertezas em torno da existência e eficácia dos direitos, e este interesse justifica o instituto da prescrição, em sentido genérico. Na seara tributária o instituto da prescrição se funda, também, na segurança jurídica, conforme ensinamentos de Luís Eduardo Schoueri, no 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. Volume 1. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 6 5 sentido de que a prescrição surge "da necessidade de garantir a desejada estabilidade das relações jurídicas"2. No direito tributário, portanto, também há prazos extintivos por prescrição tanto para o crédito tributário, conforme art. 156, V do CTN, extinguese o próprio direito de crédito da Fazenda Pública, como há também prazo de prescrição extintivo do direito de requerer (pretensão) a restituição de um indébito, ou de cobrar créditos que o particular tenha contra a Fazenda Pública. Assim, a hipótese de incidência da prescrição é a existência de um direito sem que seja exercido por seu titular, tendo como consequente a extinção do respectivo direito. Discutiase se o prazo prescricional para ressarcimento de créditos acumulados seria aquele do art. 168, CTN, no qual tinha início com o pagamento indevido, ou se seria outro, como o do artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932. Não me parece adequado que o prazo prescricional, bem como seu marco de início de contagem, sejam aqueles previstos no CTN para a repetição do indébito, na medida que o pedido de ressarcimento não se funda em pagamento indevido. Assim, o crédito presumido é, veramente, um direito de crédito que o particular possui contra a Fazenda Pública em razão de alguma determinação legal. Portanto, se é um direito de crédito contra a Fazenda Pública, não decorrente de pagamento indevido, mas por alguma disposição legal, creio ser mais adequada aplicação do prazo prescricional existente no Decreto nº 20.910/1932 para a cobrança das dívidas passivas das entidades públicas. Neste diapasão, de acordo com o Decreto nº 20.910/1932, as dívidas passivas da União Federal, bem como qualquer direito ou ação contra a Fazenda Nacional, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 anos, contados da data do ato ou fato do qual se originaram, verbis: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. (grifei) A Câmara Superior de Recursos Fiscais, para um caso de crédito presumido de IPI, em sessão de 15/03/2018, proferiu o Acórdão CSRF nº 9303006.519, de relatoria do ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, onde restou consignado que o prazo prescricional para ressarcimento deste crédito presumido observa o Decreto nº 20.910/1932: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/1995 a 31/12/1995 RESSARCIMENTO. PEDIDO FEITO EM RAZÃO DE OUTRO ANTERIOR INDEFERIDO. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DURANTE A ANÁLISE DO PRIMEIRO. INOCORRÊNCIA. Conforme art. 1º do Decreto nº 20.910/32 , prescreve em cinco anos o direito à apresentação de Pedido de Ressarcimento de créditos contra a Fazenda Pública, contados da data do fato do qual se originarem. Tendo sido feito um pedido considerado pela Administração como em desacordo com a legislação 2 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 7 6 tributária, não fica suspensa a prescrição para a apresentação de um novo, relativo ao mesmo crédito, após o indeferimento do primeiro, não se aplicando o art. 4º do mesmo Decreto, pois quem deu causa foi o sujeito passivo, além do que a não é líquida a dívida passiva da União. Recurso Especial do Procurador Provido. No mesmo sentido, o Acórdão CSRF nº 9303006.519, proferido em sessão de 21/03/2017, de relatoria do Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. O direito de pleitear o ressarcimento do crédito presumido do IPI prescreve em cinco anos contados do último dia do trimestre em que se deu a entrada dos insumos no estabelecimento industrial. Aplicação do Decreto n° 20.910, de 1932, combinado com Portaria MF n° 38/97. Recurso Especial do Contribuinte negado Em síntese, para que seja possível se falar em prescrição, necessário, preliminarmente, a existência de um direito. Somente após verificada a existência de um direito é que passa a ser possível se falar em início de prazo prescricional, extinguindose este direito caso não exercido por seu titular. No caso dos autos, é preciso discernir, o direito que se pleiteia não é o crédito presumido em si, qual seja, o crédito presumido apurado da forma em que previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004 e passível de utilização desde 2004. Repitase, não é esse o direito que se pretende exercer. O direito que se discute nestes autos é o direito de utilizar este crédito para compensar com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal, bem como o direito de requerer o ressarcimento em dinheiro deste crédito. E este direito apenas surgiu no ordenamento jurídico quando da publicação Lei nº 12.995 em 18 de junho de 2014. Não se pode admitir o fluxo do lapso temporal para a prescrição extintiva de um direito se o direito não existia e não podia ser exercido. Não se trata de causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, mas sim da própria impossibilidade de início do curso do prazo diante da inexistência do direito a ser exercido. Não há como falar de inércia do titular do direito se direito não havia. Como dito, para se falar em prescrição é preciso que o direito exista e que o titular deste direito fique inerte por certo período de tempo. Assim, o ato ou fato que origina este direito, para utilizar a dicção do Decreto nº 20.910/1932, é a Lei nº 12.995 que permite novas formas de utilização de um crédito, criando, portanto, um novo direito a ser exercido. Desta feita, se o direito de ressarcimento em dinheiro do crédito presumido apenas surgiu em 18 de junho de 2014, é a partir deste momento que o prazo de prescrição tem início. No entanto, não se quer dizer, com Fl. 161DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 8 7 isso, que o crédito presumido que se quer ver ressarcido é irrelevante, muito ao contrário, a meu ver, a lei estabeleceu um marco temporal para o crédito presumido para que o direito de ver este crédito ressarcido em dinheiro possa ser fruído a partir de 18 de junho de 2014. II) Do saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012 A apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo se faz no confronto dos débitos decorrentes de receitas auferidas em face de créditos apurados em razão de custos e despesas permitidos na legislação. Incluem se nestes créditos, os créditos presumidos permitidos pela lei. Ao final do período de apuração, o saldo de débito é levado à DCTF e recolhido pelo contribuinte, mas o saldo de crédito, por sua vez, pode ser mantido e transferido para o próximo período de apuração, e assim indefinidamente por tantos quantos períodos de apuração sejam necessários até que o montante de débito supere o montante de crédito. No caso em análise, a Recorrente pretende ver ressarcido um montante de crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009. A fiscalização afirma nestes autos, fls. 151156, que este crédito presumido foi apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Entretanto, salvo melhor juízo, não foi o crédito presumido apurado em seu respectivo período de apuração que a Lei nº 12.995/2014 permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento, mas sim o saldo de crédito presumido que permaneceu escriturado em 01/01/2012, vejamos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) Ao que parece, o problema não é de prescrição. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pode ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Desta feita, não se permitiu ressarcir o montante de crédito de cada período de apuração, individualmente, até 01/01/2012, mas sim o saldo ainda existente nesta data. Até porque, conforme salientado acima, a apuração do PIS e da COFINS se faz por confronto de créditos e débitos por período de apuração, podendose manter escriturado o saldo de crédito para abatimento das contribuições devidas nos próximos períodos de apuração. Desta feita, não há como identificar nestes autos se este crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009 já não foi superado por algum montante de débito de algum período de apuração que o sucedeu até janeiro de 2012. Nem poderia ser assim, já que não me parece ter sido esta a escolha do legislador, já que foi definido um momento específico no tempo. Com isso, creio que o pedido de ressarcimento está equivocado, pois o que deve ser objeto de ressarcimento é o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 16366.720040/201557 Acórdão n.º 3301005.447 S3C3T1 Fl. 9 8 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.720422/2007-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO.
Devem ser reconhecidos os créditos vinculados ao óleo diesel, gasolina e propeno grau polímero cujo pagamento a maior restou comprovado por meio dos espelhos das notas fiscais, no montante reconhecido em diligência fiscal.
Numero da decisão: 3401-005.397
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, unicamente para reconhecer os créditos vinculados às operações de vendas comprovadas, nos exatos e precisos termos do relatório de diligência fiscal.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, unicamente para reconhecer os créditos vinculados às operações de vendas comprovadas, nos exatos e precisos termos do relatório de diligência fiscal. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado).
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DIREITO AO CRÉDITO. Devem ser reconhecidos os créditos vinculados ao óleo diesel, gasolina e propeno grau polímero cujo pagamento a maior restou comprovado por meio dos espelhos das notas fiscais, no montante reconhecido em diligência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, unicamente para reconhecer os créditos vinculados às operações de vendas comprovadas, nos exatos e precisos termos do relatório de diligência fiscal. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 72 04 22 /2 00 7- 61 Fl. 4807DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.808 2 1. Tratase do despacho decisório, situado à fl. 66, proferido com base no Parecer Conclusivo nº 30/2010 situado às fls. 59 a 65, que não homologou pedido de restituição e compensação referente a pagamento a maior de Cofins, código de retenção 2172, referente ao período de apuração compreendido entre 01/04/2003 a 30/04/2003, no valor de R$ 104.746,38, com o qual pleiteia compensar débito também de Cofins, código 6840, referente ao período de apuração de agosto de 2005, com base nos seguintes fundamentos: "a) O contribuinte retificou a DCTF alterando o valor da Cofins devida para o período/em questão. Retificou também o valor da CIDE utilizado para a compensação da Cofins. O valor retificado em DCTF coincide com o declarado na DIPJ. Constam recolhimentos de R$ 44.757.710,81 e R$ 32.948,64 no código de retenção 2172; b) O processo foi encaminhado à DEFIC para realização de diligência visando à apuração do valor efetivo devido à Cofins. O resultado da diligência consta do relatório de fls. 50/57 onde consta que após análise das informações contábeis e extra contábil fornecidas pelo contribuinte, persistiram divergências na base de cálculo da Cofins e quanto aos valores da rubrica "outras receitas", ressaltandose a inclusão das variações cambiais, uma vez que foi utilizado o regime de competência. Também foi alterado o valor das "vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais", pois havia duplicidade de dedução. O valor das receitas sujeitas às alíquotas diferenciadas não coincidiu com o informado pelo contribuinte na DIPJ, tendo sido reapurado. O relatório conclui que o valor a pagar, código 2172, foi retificado para R$ 197.693.436,12 e código 6840 para R$ 626.363.330,84. A dedução da CIDE admitida foi a demonstrada pelo contribuinte em fls. 40; c) A alteração relativa ao valor das "vendas canceladas e descontos incondicionais" não será acatada, posto que não se verificou a duplicidade de exclusão apontada no relatório; d) As deduções indicadas pelo contribuinte referentes a "liminares impetradas", tanto para a receita da venda de gasolina quanto de óleo diesel, admitidas no relatório fiscal, não serão consideradas já que não há na legislação da Cofins qualquer autorização para efetuar tal exclusão. Havendo discussão judicial sobre determinada receita, o procedimento apropriado é informar na DIPJ o total da receita auferida, apurar o tributo devido e, na DCTF, especificar o montante discutido, que ficará com a exigibilidade suspensa até findar a lide. Assim sendo, foi retificada a planilha elaborada pela fiscalização, para incluir na base de cálculo da Cofins sujeita a alíquotas diferenciadas, o valor indevidamente excluído, bem como para ajustar a receita de venda e as demais exclusões com base na planilha apresentada pelo contribuinte à fl. 39; e) A receita de exportação foi alterada para o valor declarado na planilha apresentada pelo contribuinte; Fl. 4808DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.809 3 f) A soma das receitas de venda e revenda no mercado interno foram alterados para os valores constantes da planilha do contribuinte; g) As receitas isentas ou sujeitas à alíquota zero foram consideradas pelo valor informado à fl. 56 do relatório fiscal, com base na planilha do contribuinte; h) O valor de "outras receitas" será o indicado no relatório; i) O valor das vendas canceladas, descontos e devoluções de venda foi considerado pelo indicado na planilha; j) A dedução referente à venda de produtos sujeitos às alíquotas diferenciadas foi considerada pelo valor líquido para evitar duplicidade de dedução; 1) Após as retificações demonstradas em fls. 64/65 e considerando os pagamentos constantes do sistema SINAL 07, concluise que não há que se falar em pagamento a maior, posto que os pagamentos não são insuficientes para quitar o correspondente débito apurado, seja referente ao código 2172, seja referente ao código 6840" (seleção e grifos nossos). 2. Intimada em 09/09/2010, a contribuinte apresentou, em 08/10/2010, manifestação de inconformidade, situada às fls. 80 a 100, na qual argumentou, em síntese, que: (i) o Parecer Conclusivo apresenta equívoco em sua linha de raciocínio, ao incluir o valor relativo a venda de combustível objeto de liminares na base de cálculo da Cofins; (ii) por força das liminares, os fatos geradores passaram, devido à ordem judicial, a se comportar como fatos geradores condicionais. No caso dos autos, as ordens judiciais adicionaram aos atos jurídicos condição suspensiva, fazendo que o tributo somente incidisse caso as liminares fossem afastadas por decisão judicial posterior; (iii) como a exigibilidade estava suspensa por força de ordem judicial, não poderia a requerente incluir tais valores na base de cálculo da Cofins, posto que tal inclusão representaria um reconhecimento da incidência do tributo sobre essas parcelas com liminares, tributo esse cuja exigência foi obstada por força judicial, configurando uma contradição; (iv) o raciocínio engendrado no Parecer Conclusivo também conduz a uma projeção dos efeitos do fato gerador para além dos comandos legais, já que os mesmos se encontravam afastados por ordens judiciais; (v) o cálculo da Cofins não observou as alíquotas corretas no tocante às operações envolvendo gasolina e GLP; (vi) na base de cálculo da venda de gasolina foi incluída a venda de gasolina de aviação, na ordem de R$ 2.253.574,20, que deveria ser tributada à alíquota de 3%; (vii) Do mesmo modo, quanto ao propano/butano, passou a ser tributado como GLP a partir de março/2003, resultando numa base de cálculo de R$ 47.316.704,57, que deve ser diferenciado da receita de GLP; (viii) A variação cambial positiva é, na realidade, ajuste de valor contabilizado anteriormente, não representando aumento do patrimônio ou ingresso de novas receitas, razão pela qual não poderia ser tributada pela Cofins; (ix) O procedimento adotado na apuração da Cofins encontra respaldo na própria Lei nº 9.718/1998, no inciso II do § 2 o do artigo 3 o e no § Io do art. 3°, vigente para a Cofins; (x) a doutrina é uníssona no que tange à impossibilidade de se tributar a variação cambial em 2003; (xi) o STJ apresenta diversos julgados que reforçam o entendimento do contribuinte, o que não foge do entendimento dos tribunais Regionais Federais; (xii) O STF já se manifestou sobre esse tema ao considerar a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 que Fl. 4809DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.810 4 ampliou o conceito de receita bruta para toda e qualquer receita. O referido precedente, nos termos do que dispõe o art. 26A, § 6o, I do Decreto 70.235/72, deve ser observado de modo a que se afaste da base de cálculo da Cofins a receita oriunda de variação cambial; (xiii) parte do óleo diesel, da ordem de R$ 3.344.957,45, por ser adquirido de outrem, deve ser excluído do cálculo da Cofins, posto que nesse caso o produto está sob o regime da monofásica, conforme planilha em anexo; (xiv) na planilha elaborada no Parecer, o óleo diesel apresenta como vendas canceladas, devoluções e descontos o valor de R$ 16.132.671,68, que tem como base a planilha apresentada pelo contribuinte. Contudo, a devolução relativa ao óleo diesel importado, no valor de R$ 9.508.306,75 não foi considerada; (xv) apresenta planilhas, balancete digitalizado contemplando receita bruta, planilha relativa a venda às empresas com liminares e planilhas relativas a vendas de nafta petroquímica para a central petroquímica e venda de gás natural para o Programa Prioritário de Termoeletricidade; e (xvi) requer seja declarada legítima e homologada a compensação efetuada e protesta pela juntada posterior de documentos que venham a reforçar os argumentos apresentados. 3. Em 10/02/2011, a 5ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro II (RJ) proferiu o Acórdão DRJ nº 1333.343, situado às fls. 278 a 292, de relatoria da AuditoraFiscal Andréa Paula de Morais Machado, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade, indeferindo o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003 IMPUGNAÇÃO. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. A manifestação de inconformidade apresentada contra decisão que reconheceu em parte o direito creditório pleiteado deverá conter os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e deverá vir acompanhada dos dados e documentos comprovadores dos fatos alegados. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO SUB JUDICE. É vedado, para fins de compensação, aproveitar crédito, objeto de disputa judicial, antes de transitar em julgado a decisão favorável ao sujeito passivo. REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. GLP. O regime especial de tributação concentrada incidente na comercialização de gás liqüefeito de petróleo (GLP) alcança também a receita de venda de propano e butano desde a edição da Lei 9.990/2000, que deu nova redação ao artigo 4o , III, da Lei n° 9.718/1998. DEVOLUÇÃO DE VENDAS. EXCLUSÃO COMPROVADA. Excluise da base de cálculo da Cofins os valores correspondentes a devoluções de vendas devidamente escriturados na contabilidade da empresa. Fl. 4810DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.811 5 BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO. LEI N° 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL Declarada a inconstitucionalidade do § I o do art. 3 o da Lei n° 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos n°s 2.346/97 e 70.235/72. APRESENTAÇÃO DE PROVAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. A prova documental deve direito de o impugnante que fique demonstrada por motivo de força destinese a contrapor ser apresentada na impugnação, precluindo o fazêlo em outro momento processual, a menos a impossibilidade de sua apresentação oportuna, maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte, intimada via postal da decisão em 18/10/2011, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 296, interpôs, em 16/11/2011, em conformidade com o carimbo aposto à fl. 213, recurso voluntário, situado às fls. 213 a 225, no qual reiterou as razões de sua impugnação manifestação de inconformidade. 5. Em sessão de 26/02/2007, foi proferida a Resolução CARF nº 3203 000.423, de redatoria do Conselheiro Domingos de Sá Filho, que houve por bem converter o julgamento em diligência para que a unidade apurasse a base de cálculo por meio do exame dos documentos colecionados nos autos e diante da comprovação da existência de liminares relativas às vendas de gasolina e diesel para dela excluir as receitas provenientes da comercialização de (i) Gasolina de Aviação; (ii) produto 614 propeno grau polímero, NCM 29.01.22.00, distinto do GLP, alíquota especial; (iii) óleo diesel, tributação monofásica; e (iv) vendas efetuadas para empresas detentora de liminares (gasolina e diesel). 6. Em 17/07/2017, a Equipe Fiscal 4 da Divisão de Orientação e Análise Tributária da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes da Superintendência Regional da 7ª Região Fiscal proferiu o Relatório Fiscal de Diligência Diort/DemacRJO/SRRF07, situado às fls. 4.735 a 4.745 que concluiu restar "configurado pagamento a MENOR de COFINS – 2172 relativo à competência de abril de 2003, no valor de R$ 8.270.281,71". 7. A contribuinte, intimada em 09/08/2017, apresentou, em 08/09/2017, "contrarrazões" ao relatório fiscal, peça situada às fls. 4.754 a 4.758, ora recebida como manifestação sobre o resultado da diligência efetuada, na qual requereu o sobrestamento do presente feito até o ulterior julgamento definitivo do Processo Administrativo nº 15374.724382/200936, que discute Cofins, Código de Recolhimento 6840, referente a abril de Fl. 4811DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.812 6 2003, ante a interferência relatada em diligência fiscal sobre a composição da base de cálculo da Cofins. É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 9. A questão devolvida ao conhecimento deste colegiado se volta à composição da base de cálculo e, mais especificamente, a respeito da inclusão ou não da (i) gasolina de aviação, (ii) propeno grau polímero, (iii) óleo diesel e (iv) vendas efetuadas para empresas detentoras de liminares (gasolina e diesel), tendo a decisão recorrida entendido que a falta de segregação contábil de tais valores impediria o atendimento do pleito recursal, seja quanto à sua exclusão da base calculada, seja quanto à aplicação das alíquotas específicas, o que motivou a baixa em diligência nos seguintes termos: A documentação acostadas pela Interessada a primeira vista parece suficiente a suprir ausência de segregação contábil e possibilitar análise quanto aplicação da alíquota correta ao produto comercializado. Em relação à gasolina de aviação foi incluída à base de cálculo por estar contabilizada em receita de gasolina sem o destaque de produto a sofrer incidência de alíquota diferenciada de 3%, cujo total incluída na conta de gasolina é de R$ 2.253.574,20. O produto 614 – propeno grau polímero, NCM 29.01.22.00, distinto do GLP, alíquota especial, total de R$ 47.316.704,57 relativo às vendas foram incluído à base de cálculo, diante da documentação acostada deve ser apurado com base nos documentos fiscais. Sustentase que a comercialização de óleo diesel alcançada pela tributação monofásica decorre de ter sido adquirido da empresa REPAR, portanto, deveria compor a base de cálculo na determinação da contribuição devida pela Interessada, cujo valor informado é de R$ 3.344.957,45. Assim como, as vendas de mercadorias realizadas a empresas com liminar judicial no montante de R$ 40.997.672,70 e R$ 19.363.211,69, gasolina e diesel respectivamente, não pode ser Fl. 4812DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.813 7 considerado apropriação de crédito, mas sim receitas excluídas da base de cálculo. Deve ser juntado aos autos prova da existência, uma vez que a fiscalização em diligência acolheu os valores que restou não acatado pela Autoridade Fiscal, que afastou sobre o argumento de que não se pode utilizar crédito pendente de discussão judicial. De modo que vislumbro a necessidade de transformar o julgamento em diligência no sentido de apurar à base de cálculo por meio do exame dos documentos colecionados nos autos e diante da comprovação da existência de liminares relativas às vendas de gasolina e diesel para excluir da base de cálculo as receitas provenientes da comercialização de: a) Gasolina de Aviação; b) produto 614 – propeno grau polímero, NCM 29.01.22.00, distinto do GLP, alíquota especial, c) óleo diesel – tributação monofásica, d) vendas efetuadas para empresas detentora de liminares (gasolina e diesel). 10. O relatório de diligência realizado pela unidade de fato aponta para a existência de outro processo com base de cálculo correlata, nos seguintes termos: O processo 15374.724382/200936, por sua vez, trata do aproveitamento de crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS – Combustíveis, código de receita 6840, relativo ao mesmo período de apuração. Para este processo, já foi realizada diligência requerida pelo CARF e, por apresentarem base de cálculo correlatas, foram analisados em conjunto nesta diligência. 11. Em primeiro lugar, quanto à (i) gasolina de aviação, a contribuinte apresentou seis notas fiscais de venda que, no entanto, estavam ilegíveis, sendo apenas possível ler o “Número de Controle do Formulário”, o que motivou a autoridade fiscal realizar a intimação para apresentar Considerando o exposto, intimouse o contribuinte a apresentar os documentos fiscais idôneos ORIGINAIS (ou cópias autenticadas) que comprovassem a venda de gasolina de aviação no mês de abril de 2003. Não foi juntada nenhuma nota de gasolina de aviação ao presente processo. Contudo, à fl. 1475 do processo correlato, encontramse 6 (seis) notas fiscais de venda de gasolina de aviação, cujo somatório é igual a R$ 2.252.529,00. Segue a relação das notas de gasolina de aviação admitidas: Fl. 4813DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.814 8 12. Assim, informa que "(...) deferiuse a exclusão dos R$ 2.252.529,00 referentes à gasolina de aviação". 13. Em segundo lugar, quanto ao (ii) Propeno Grau Polímero (NCM: 2901.22.00), reconheceu que o propeno deve ser excluído da BC do GLP, de acordo com o parágrafo único do art. 53 da IN SRF 247/2002, e esclarece que a " contribuinte apresentou no recurso voluntário 69 (sessenta e nove) notas fiscais de venda de propeno cujo somatório atinge o total de R$ 19.984.937,50, o que, em tese, justificaria parcialmente o valor da exclusão da base de cálculo do GLP pleiteada por ele. Intimado, o contribuinte juntou ao presente processo, além das 69 notas já apresentadas, outras 26 notas, perfazendo um total de 95 (noventa e cinco) notas fiscais de venda de propeno. No total, essas 95 (noventa e cinco) notas atingem a monta de R$ 37.744.608,57. Segue a relação das notas de propeno admitidas: (...). Desta forma, deferiuse a exclusão dos R$ 37.744.608,57 referentes ao Propeno Grau Polímero" (seleção e grifos nossos). 14. Em terceiro, quanto ao (iii) óleo diesel, a contribuinte pleiteia uma exclusão no valor de R$ 3.344.957,45 da base de cálculo relativo à revenda de óleo diesel monofásico da REFAP que, por ser monofásica, não poderia ser oferecida novamente à tributação. No entanto, quando intimada a prestar esclarecimentos, deixou de informar quais as notas fiscais relativas a tais vendas. Diante da inércia da ora recorrente, a autoridade fiscal tomou o cuidado de buscar a informação em processo correlato, no qual encontrou as seguintes notas: Fl. 4814DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.815 9 15. No entanto, foram verificadas as seguintes inconsistências: a) o CFOP delas é 5401: “Venda de produção do estabelecimento quando o produto esteja sujeito à Substituição Tributária”, que é exatamente o que se espera da Petrobras na condição de refinaria. Se se estivesse tratando de revenda, o CFOP das notas deveria ser 5102: “Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros”; b) No campo “DADOS ADICIONAIS” de apenas duas (84241 e 84847) das três notas consta a informação “Vagoes (sic) recebidos da Refap”. Ora, esta informação isolada não é suficiente para garantir que o óleo díesel a que se refere a nota já tenha sido tributado na origem; c) Em inúmeras outras notas de óleo díesel apresentadas no processo pelo contribuinte (84239 e 84240, por exemplo, fl. 3381 3382), aparece a informação “Vagoes (sic) recebidos da Refap” e, nem por isso, o contribuinte alegou serem elas notas fiscais de revenda. Ademais, ainda que houvesse ocorrido a referida revenda isenta, ela deveria compor a rubrica “Receitas Isentas ou Alíquota zero” da DIPJ e jamais constar APENAS como exclusão da base de cálculo da COFINS – Combustíveis pois, se assim o fosse, esta receita estaria sendo tributada à alíquota de 3% da COFINS, o que seria um total contrassenso uma vez que a receita é isenta. Na planilha de faturamento do mês de abril de 2003 apresentada pelo contribuinte, não consta receita isenta de venda de óleo díesel. As únicas receitas isentas apontadas são as de NAFTA (nacional e importada) e Gás Natural (Nacional e importado), cuja soma atinge o valor de R$ 445.520.053,94. Veja o extrato da resposta à intimação do contribuinte às que comprova este fato: Fl. 4815DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.816 10 16. Sob tais fundamentos, a autoridade conclui nos seguintes termos: "(...) glosouse a exclusão relativa à revenda de óleo diesel monofásico no valor de R$ 3.456.410,42 e mantevese também o valor da rubrica 'Receitas Isentas ou Alíquota zero', cujo valor deferido tanto neste processo como no processo correlato foi o de R$ 445.520.053,94". 17. Por fim, em quarto lugar, quanto às (iv) exclusões referentes a liminares, a contribuinte foi intimada a apresentar informações completas sobre as exclusões em referência, nos montantes de R$ 19.363.211,69 (óleo diesel) e de R$ 40.997.672,70 (gasolina). Em resposta, a contribuinte apresentou informações concernentes a ações judiciais que embasaram as vendas, sem, contudo, fazer a correlação de cada nota com a respectiva ação judicial. Seguem as ações judiciais apontadas nos autos pela contribuinte: Fl. 4816DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.817 11 18. A unidade elaborou o quadro a seguir a fim de relacionar as ações judiciais e suas respectivas situações, obtidas por meio de pesquisa no site da Justiça Federal. Informa que, em que pese as liminares terem sido concedidas, nenhuma das ações prosperou, e que "(...) ademais, a maioria dessas ações judiciais diz respeito a liminares impetradas no sentido de afastar a exigência da CIDE, e não da COFINS" : 19. Informa, ainda, a autoridade fiscal: "Entretanto, com o fim do regime da substituição tributária no ano 2000, a refinaria passa a atuar como contribuinte e não mais como substituto tributário. Assim, ainda que houvesse liminar a favor de determinadas distribuidoras, a refinaria não poderia simplesmente deixar de oferecer tais receitas à tributação, mas sim informar o montante de tributo sujeito à discussão judicial em DCTF, suspendendo assim sua exigibilidade, até o desfecho judicial da lide. Dada a incerteza e não liquidez do crédito em litígio, não poderia o contribuinte jamais utilizálo em uma declaração de compensação, à revelia dos art. 170 e 170A do CTN. É o que defende, inclusive, o DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO IVAN ATHIÉ, Relator da Medida Cautelar 2002.02.01.0146834, in verbis: Fl. 4817DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.818 12 “Nos termos do artigo 242 do RI deste Tribunal, reconsidero, em parte, as decisões de folhas 280/281 e 366, para o fim de condicionar o cumprimento da liminar ao depósito judicial da exação questionada, sensível à alegação da agravante de que a autora não possui capital e bens suficientes para garantir eventual cobrança executiva. Dessa forma, doravante cada aquisição de combustível pela autora, com o efeito da liminar, deve ser precedida de regular depósito judicial vinculado a este feito, e seqüente comunicação à refinaria, por ofício. Oficiese com urgência à Petrobras, comunicandoa desta decisão.” Em tempo: não consta dos autos nenhum comprovante de depósito judicial da exação questionada. No processo correlato, o contribuinte apontou ações judiciais diversas das apresentadas no presente processo. Apesar das liminares terem sido concedidas, em nenhuma delas a decisão definitiva foi favorável. 20. Apresenta, por fim, análise pormenorizada realizada no prefalado processo correlato: 21. Conclui, assim, que "(...) glosaramse as exclusões relativas à venda a liminaristas nos valores de R$ 19.363.211,69 (óleo diesel) e de R$ 40.997.672,70 (gasolina)". Fl. 4818DF CARF MF Processo nº 10768.720422/200761 Acórdão n.º 3401005.397 S3C4T1 Fl. 4.819 13 22. Com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário interposto unicamente para reconhecer os créditos vinculados às operações de vendas comprovadas, nos exatos e precisos termos do relatório de diligência fiscal. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 4819DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.915323/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2011
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO.
Na ausência de Declaração Retificadora e de registros contábeis que permitam verificar a apuração do crédito, não há como reconhecê-lo por ocasião do Julgamento do Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 1401-002.969
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia de Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Sergio Abelson (suplente convocado), Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza e Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO. Na ausência de Declaração Retificadora e de registros contábeis que permitam verificar a apuração do crédito, não há como reconhecêlo por ocasião do Julgamento do Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia de Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Sergio Abelson (suplente convocado), Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza e Gonçalves (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 53 23 /2 01 2- 15 Fl. 255DF CARF MF 2 Relatório Diante da análise do processo e das consultas efetuadas aos sistemas de controle da RFB, verificouse que em 29/04/2011, a empresa efetuou o pagamento do DARF no valor de R$ 446.174,97 Código de receita – 3373 – IRPJ , período de apuração 31/03/2011. Em 18/05//2011, a empresa transmitiu DCTF ORIGINAL MENSAL Março/2011 – com um Débito Apurado do IRPJ no valor de R$ 447.348,58, fls. 51 a 57. Em 21/08/2012, a empresa transmitiu o PER/DCOMP, objeto da lide do presente processo, utilizandose respectivamente dos valores apontados na tabela abaixo para quitação valor de R$ 446.174,97, citado acima, para compensação dos débitos nela indicados para o primeiro trimestre de 2011. Os Per/Decomps não homologados, seus respectivos valores e processos administrativos de cobrança, são os seguintes: processo Tributo período Per Dcomp valor originário 11080.915322/201271 IRPJ 31/03/2011 37274.19310.300512.1.3.048772 R$2.004,04 11080.915326/201259 IRPJ 31/03/2011 10626.20282.250912.1.3.043870 R$ 1.303,74 11080.915323/201215 IRPJ 31/03/2011 04554.76710.290612.1.3.048707 R$ 1330,98 11080.915321/201226 IRPJ 31/03/2011 11627.08751.070512.1.7.041105 R$ 16.871,14 11080.917014/201280 IRPJ 31/03/2011 15626.60096.231112.1.3.040942 R$ 1.314,55 11080.915324/201260 IRPJ 31/03/2011 32185.30771.170712.1.3.049931 R$ 1.216,81 11080.915327/201201 IRPJ 31/03/2011 11639.43635.171012.1.3.044604 R$ 1.004,78 11080.915320/201281 IRPJ 31/03/2011 15589.11951.070512.1.7.045401 R$ 2.832,83 11080.915325/201212 IRPJ 31/03/2011 30005.88638.210812.1.3.047058 R$ 1.290,11 Em 03/01/2013, a DRF/Porto Alegre – MG. emitiu Despachos Decisórios Eletrônicos não homologando a compensação declarada na PER/DCOMP, em cada um dos processos acima relacionados sob o argumento de que o pagamento fora totalmente utilizado na quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP pleiteado. Pretendendo obter a reforma do julgado, a Recorrente ingressou com as repectivas Manifestações de Inconformidade, todas julgadas improcedentes, mantendose todos os Despachos Decisórios integralmente, sob o argumento de que pedido de retificação de DCTF, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da Fl. 256DF CARF MF Processo nº 11080.915323/201215 Acórdão n.º 1401002.969 S1C4T1 Fl. 256 3 coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que as DRJs limitamse a analisar a correção do despacho decisório, efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. Assim, mesmo o contribuinte tivesse apresentando a DCTF RETIFICADORA, qualquer alegação de erro no preenchimento desta, deveria vir acompanhada dos livros e documentos que indicassem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior, ante a falta de liquidez e certeza do crédito pleiteado, a não homologação foi mantida. Inconformada, no dia 08 de julho de 2015, interpôs recurso voluntário com vistas a obter a reforma do julgado, reproduzindo em suma os argumentos trazidos na impugnação, acrescidos de pedido de acolhimento e apreciação de provas produzidas em momento posterior a elaboração do Despacho Decisório. Com o objetivo de apressar o julgamento de seus recursos impetrou Mandado de Segurança feito 18012318270609900000004193447, 4a Vara Federal Cível da SJDF, cuja liminar foi concedida em 19 de janeiro de 2018, com o seguinte teor: "Diante do exposto, DEFIRO LIMINARMENTE O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA para determinar à autoridade coatora que pratique todos os atos de sua atribuição tendentes a apreciar e julgar imediatamente os recursos voluntários interpostos pela autora , no prazo de 90 (noventa) ) dias, desde que seja apenas caso de mora administrativa e não haja outras exigências técnicas". Intimação ao CARF registrada em 25/01/2018. Vindos os autos para julgamento, entendeu a Turma por bem, converter os autos em diligência para que autoridade fiscal promovesse a aferição do real valor devido do IRPJ do primeiro trimestre de 2011 referente ao pagamento do DARF, objeto do pedido de homologação e se os valores apontados como crédito (reproduzir quadro) haviam sido utilizados para quitar algum outro débito. E ao final, a autoridade fiscal elaborasse relatório conclusivo das verificações, ressalvado o fornecimento de informações adicionais e a juntada de outros documentos que entender necessários, entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. Sobreveio relatório de diligência fiscal, na qual concluiuse que o valor de apuração devido a título de IRPJ consiste em 381.572,70, constante da DIPJ e da apuração do lucro real apresentada, sendo o valor informado em DCTF referente à provisão para imposto de renda, no valor de R$ 447.348,58 e o DARF recolhido no valor de R$ 446.174,97, constando ainda a informação de compensação de R$ 1.173,61, por meio de PER/DECOMP 02649.18284.290411.1.3.024381 (com informação no SIEF de homologação total), de modo que o valor do pagamento resulta em R$ 65.775,87 Considerandose as declarações de compensação que utilizaram o direito creditório atinente a esse pagamento a maior com os Recursos Voluntários interpostos, o Fl. 257DF CARF MF 4 relatório de diligência trouxe o seguinte demonstrativo de utilização do crédito de acordo com os PER/DECOMPS entregues pela Recorrente: Intimado sobre o resultado da diligência, a Recorrente manifestouse favoravelmente às conclusões do relatório fiscal. É o relatório do essencial. Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. Conforme já esclarecido pela decisão de piso, os pedidos de compensação não foram homologados, pois as referidas decisões adotaram como fundamento o fato de ter o DARF emitido para o pagamento do IRPJ apurado no primeiro trimestre de 2011 , contemplado a totalidade dos valores anteriormente declarados mediante DCTF, ou seja, o DARF estava em consonância com o valor originalmente declarado pela empresa, a qual ainda não havia procedido as retificações das aludidas declarações, a fim de reduzir o débito anteriormente declarado. Como consequência do não reconhecimento do crédito da recorrente, constituiuse saldo devedor correspondente aos débitos cuja compensação restou frustrada. Isto porque, segundo a decisão recorrida verificouse que o pagamento que daria origem ao crédito informado na PER/DCOMP pela interessada e apontado no Despacho Decisório, teria sido integralmente utilizado pela Receita Federal para quitação do Débito Declarado pelo contribuinte através da DCTF original do mês de março/2011 (entregue em 18/05/2011), correspondente ao mesmo período de apuração (31/03/2011). Ao análisar esse contexto, no que diz respeito a constituição do próprio crédito o Relatório Circunstanciado da diligência fiscal consigna que: Fl. 258DF CARF MF Processo nº 11080.915323/201215 Acórdão n.º 1401002.969 S1C4T1 Fl. 257 5 Admito que a Recorrente trouxe anexou ao seu Recurso Voluntário documentos suficientes a demonstrar o recolhimento ao maior do valor de R$ 65.775,87, conforme concluído inclusive pelo resultado da diligência fiscal, no entanto, entendo que para o reconhecimento do crédito era necessário um passo além, por parte dela, que embora venha sustentando a existência de erro no preenchimento da DIPJ e, por consequencia, na Decomp, em nenhum momento tomou a iniciativa de retificálas, requerendo que tal providência seja implementada por este colegiado caso reconheça a possibilidade da compensação pleiteada. Neste momento entendo pela impossibilidade de reconhecimento do crédito pleiteado pela Recorrente, sem que tenha havido no mínimo a retificação por parte dela dos erros materiais existentes em suas declarações, não vejo a possibilidade de promover tal retificação de ofício, uma vez que tal providência é exclusiva do contribuinte. Já houve casos em que reconheci inclusive a possibilidade de retificação de declaração por parte do contribuinte em momento posterior inclusive ao Despacho Decisório, como por exemplo no Acórdão n. 1401002.702, contudo, na ausência de Declaração Retificadora que constitua o crédito pleiteado, não vejo como reconhecêlo. Por estas razões, nego provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Fl. 259DF CARF MF 6 Fl. 260DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903444/2015-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior.
PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO.
Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ.
Numero da decisão: 1302-003.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.903415/2015-35, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior. PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2184; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.903444/201505 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302003.272 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de novembro de 2018 Matéria DCOMP PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO CSLL Recorrente RANAH ADMINISTRAÇÃO DE BENS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior. PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.903415/201535, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 34 44 /2 01 5- 05 Fl. 213DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório A Recorrente apresentou Declaração de Compensação utilizandose de crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) relativo ao 2º trimestre de 2011 para extinguir sob condição resolutória débitos próprios. Despacho Decisório (DD) eletrônico considerou inexistente o crédito, uma vez que o valor do DARF estava totalmente vinculado ao débito de IRPJ trimestral (código 2089) daquele período, não homologando a compensação pleiteada na DComp. Em sua manifestação de inconformidade, a Empresa diz que reconheceu, após a notificação do DD, o erro cometido pela contabilidade, uma vez que não retificou a DCTF de junho/2011, sendo que o valor da DCTF original não correspondia ao valor constatado e declarado em DIPJ, sendo este último o valor considerado correto. Assim retificou a DCTF e pediu o anulação do DD e a homologação da compensação requerida. A 4ª Turma da DRJ de Recife proferiu acórdão considerando improcedente a manifestação de inconformidade, nos seguintes termos: DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. COMPROVAÇÃO VIA DIPJ. SEM FORÇA PROBATÓRIA. A DIPJ não é suficiente, por si só, para comprovar erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo necessário trazer provas documentais outras suficientes, tais como livros fiscais e contábeis, e, conforme o caso, documentos fiscais, para que o julgador administrativo possa verificar se o tributo apurado naquela declaração corresponde ao montante escriturado. Em sede de recurso voluntário, a Empresa busca demonstrar seu direito creditório, acostando: a DCTF retificadora; o DARF com recolhimento a maior; a DIPJ 2012; Diário Geral de 2011; Razão Analítico contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; balancete de verificação relativo a junho de 2011. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 214DF CARF MF Processo nº 13888.903444/201505 Acórdão n.º 1302003.272 S1C3T2 Fl. 3 3 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.239, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.903415/2015 35, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.239): "O Contribuinte foi cientificado do acórdão em 25 de julho de 2016, tendo apresentado o recurso em 12 de agosto de 2016, portanto, tempestivamente. A representação é regular, conforme instrumento de mandato. Conheço do recurso voluntário. Como sói acontecer estamos tratando de declaração de compensação por pagamento a maior sem que a Requerente tenha retificado a DCTF correspondente. Assim, nos batimentos do Sistema de Controle de Créditos (SCC) o valor é negado. Não consta do processo que a Empresa tenha sido intimada em momento anterior à emissão do DD, e há que se fazer registro que, caso a retificação apontada tivesse ocorrido, o despacho eletrônico de nãohomologação não teria sido expedido. Então, retificando posteriormente a citada declaração, a Recorrente requer, em manifestação de inconformidade, que a DRJ considere o erro e reconheça o valor corrigido de IRPJ, com base em sua DIPJ, o que não acontece por falta de comprovação lastreada em documentos e livros contábeis e fiscais. Estamos tratando de empresa administradora de bens, tributada pelo lucro presumido, com objeto de compra e venda de bens imóveis (fl. 11). Na receita do 2ª trimestre de 2011 consta parcela significativa de venda de bens imóveis (R$11.110.500,00) oferecida no percentual de presunção de 8% e outra parte relativa a prestação de serviços, embora não conste do seu objeto social (R$52.100,35), o que entendo não prejudicar seu direito, oferecida no percentual de 32% (fls. 199 e 201), esta última com pequena diferença de 50 reais a menor. Inicialmente, entendo que as provas apresentadas nesta oportunidade devem ser aceitas, ante uma escalada que começa pela determinação de que a DCTF teria que ser retificada (DD); com a apresentação da respectiva retificação, esta deixa de ser aceita por falta de provas (Acórdão DRJ); e, finalmente, sendo apresentadas as provas relativas à retificação, vem o processo à apreciação desta turma. A questão está centrada na retificação da DCTF: caso fosse feita antes do DD, nada do que está em análise teria ocorrido; como foi feita depois do DD, exigese prova de que a retificação está conforme a escrita contábil e fiscal. Fl. 215DF CARF MF 4 Então, entendo ser compreensível a apresentação em sede de manifestação de inconformidade apenas da DCTF retificadora, haja vista que a prova de sua correção é dedução, não é requerida expressamente, se não somente depois do acórdão recorrido. Noutras palavras, a fundamentação do indeferimento do pleito na falta de comprovação só veio a tona com o acórdão recorrido. Sem adentrar no questionamento sobre se a dedução referida seria exigível ou não, haja vista que ainda temos que considerar e sopesar, também, o princípio da verdade material, entendo que a aceitação, conforme apontei até agora, teria respaldo no artigo 16 § 4º alínea "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. Conhecidas as provas juntadas pelo Recorrente, entendo que são suficientes para demonstrar a correção de seus cálculos e, consequentemente, da DCTF retificadora apresentada, fazendo jus ao direito creditório pleiteado, no valor original de R$3.578,12, conforme declaração de compensação ora em julgamento. Assim, a decisão deste processo, limitado que está à Declaração de Compensação, seria o provimento do recurso voluntário, com o reconhecimento do direito creditório requerido de R$3.578,12 e homologando a compensação requerida na DComp 09584.08284.290415.1.3.046505. Todavia, este processo é paradigma para os de nº 13888.903416/201580, 13888.903417/201524, 13888.903418/201579, 13888.903419/201513, 13888.903420/201548, 13888.903421/201592, 13888.903422/201537, 13888.903423/201581, 13888.903424/201526, 13888.903425/201571, 13888.903426/201515, 13888.903427/201560, 13888.903428/201512, 13888.903431/201528, 13888.903432/201572, 13888.903433/201517, 13888.903434/201561, 13888.903435/201514, 13888.903436/201551, 13888.903437/201503, 13888.903438/201540, 13888.903439/201594, 13888.903440/201519, 13888.903441/201563, 13888.903442/201516, 13888.903443/201552, 13888.903444/201505 e 13888.903445/201541, conforme previsto no artigo 47, § 1º do Anexo II do RICARF, abaixo transcrito: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, será formado lote de recursos repetitivos e, dentre esses, definido como paradigma o recurso mais representativo Fl. 216DF CARF MF Processo nº 13888.903444/201505 Acórdão n.º 1302003.272 S1C3T2 Fl. 4 5 da controvérsia. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) Assim, todos os processos citados tratam de declarações de compensação, tendo como crédito o pagamento a maior relativo ao 2º trimestre de 2011, lucro presumido, cuja análise se procedeu nestes autos. A Empresa comprova o valor total de crédito de R$51.260,05, que, na sistemática de repetitivos, limita o valor total a ser utilizado nos demais processos conjuntamente com este. Feitas estas considerações, dou provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório pleiteado na DComp, e homologando a compensação declarada até o limite do crédito reconhecido. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, a despeito da posição deste relator no julgamento do recurso paradigma, impõese dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Declaração de Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Peço vênia para divergir da decisão do Relator, fundamentada na busca pela verdade material, um dos princípios que informam o processo administrativo fiscal. É que, conforme o art. 170 do CTN, a legislação que permite a compensação de créditos tributários exige a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo. Assim, na hipótese de apresentação de Declaração de Compensação (DComp) por parte do sujeito passivo é ônus deste a demonstração de tais requisitos em relação ao seu direito creditório. Fl. 217DF CARF MF 6 No caso da análise eletrônica e automática como a que gerou o Despacho Decisório que não homologou a compensação de que tratam estes autos, a liquidez e certeza é aferida pela administração tributária, via de regra, pelo mero cruzamento das informações disponíveis em seu banco de dados, fornecidas seja pelo próprio sujeito passivo seja por terceiros. Incumbe, então, ao sujeito passivo a responsabilidade para que as informações por ele fornecidas à administração tributária sejam compatíveis com o direito creditório invocado. Nos presentes autos, a Recorrente apresentou a DComp compensando suposto direito creditório proveniente de pagamento indevido ou a maior, mas as informações confessadas por ela própria em sua DCTF demonstravam a inexistência do alegado direito. Por esta razão, a compensação não foi homologada pelo Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Piracicaba/SP. Com a apresentação da Manifestação de Inconformidade, e instauração do contencioso administrativo, a análise da liquidez e certeza do direito creditório pleiteado passa a outro nível, sendo ônus do sujeito passivo comprovála cabalmente, por meio da adequada instrução documental. O art. 16, §§4º a 6º, do Decreto nº 70.235, de 1972, de aplicação ao presente processo, por força do art. 74, §11, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, dispõe acerca do momento para a apresentação das referidas provas: " Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 218DF CARF MF Processo nº 13888.903444/201505 Acórdão n.º 1302003.272 S1C3T2 Fl. 5 7 § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)" (Destacouse) A Recorrente, como relatado, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, limitouse a apresentar cópia da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) retificada para compatibilizar o valor do débito confessado ao informado na, também retificada, Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), e que alega ser o correto. Deste modo, deve ser considerada irretocável a decisão de primeira instância, para quem: "20. Então, atualmente a DIPJ não possui força probante, por si só, das informações prestadas na Dcomp. Portanto, para provar que a DCTF foi preenchida com erro e, por conseguinte, que a apuração contida na DIPJ representa a realidade fiscal do contribuinte, tornase necessário que o contribuinte traga aos autos provas documentais, tais como os livros contábeis e fiscais, na parte de interesse, e documentos fiscais, conforme o caso, de forma a permitir ao julgador administrativo verificar se o que foi declarado na DIPJ corresponde ao registrado na escrituração. 21. Frisese, adicionalmente, que, ainda que se desconsiderasse o caráter informativo da DIPJ e o caráter de confissão da DCTF, ainda assim seria necessária a comprovação documental (escrituração) do valor correto do IRPJ apurado haja vista a discrepância entre as informações constantes nessas duas declarações, ambas de lavra do contribuinte. 22. Como o interessado não trouxe aos autos qualquer outro documento que não a própria DIPJ, entendo que não comprovou o erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo devido considerar a utilização integral do Darf para a liquidação do débito nela declarado." Os parcos elementos de prova juntados pelo sujeito passivo, de fato, não demonstram de modo algum que o novo valor de débito confessado na DCTF é o montante efetivamente devido, e não aquele confessado na primeira DCTF apresentada e informado na DIPJ original. Cabia ao sujeito passivo instruir a sua manifestação de inconformidade com todos os elementos necessários para a demonstração inconteste do seu suposto crédito. Era seu totalmente o ônus da prova. Não se desincumbindo de tal mister, operase a preclusão consumativa, sobre a qual Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido Fl. 219DF CARF MF 8 exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." As questões que se põem, neste instante, são três: 1) as novas provas trazidas aos autos apenas com o Recurso Voluntário devem ser admitidas? 2) se admitidas, as novas provas são suficientes para comprovar a liquidez e certeza do crédito compensado? 3) se admitidas as provas e não sendo suficientes, há a necessidade de realização de alguma diligência para suprir eventual dúvida remanescente com estes novos elementos? Entendo que o limite temporal previsto no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, acima transcrito, não pode ser excepcionado a não ser nas hipóteses que se enquadrem nas suas alíneas. Não estou só neste posicionamento, cabendo citar a Professora Fabiana Del Padre Tomé (A prova no Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2011): "Em tais situações, e apenas nelas, autorizase a juntada de novos documentos até mesmo em instante posterior ao ato decisório de primeira instância, sendo apreciados pelo órgão julgador de segundo grau, caso seja interposto recurso. O direito de contraporse à exigência fiscal e de produzir provas dos seus argumentos é regrado pelo ordenamento, que, não admitindo a instabilidade das relações jurídicas, fixa termos dentro dos quais as atividades hão de ser realizadas. Assim ocorre com a instrução probatória. Pertinente é a crítica de James Marins à prática adotada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, consistente em apreciar provas em grau de recurso, independentemente do preenchimento dos pressupostos legais. O direito à produção probatória implica observância aos limites temporais à sua realização, além, é claro, do atendimento ao requisito de sua obtenção por meio lícito." Tratando acerca da possibilidade de flexibilização de tais regras, Maria Rita Ferragut (As provas e o Direito Tributário, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, pp. 6465) é categórica, mas prevê o que entende ser uma nova hipótese de exceção: "Entendemos que o limite temporal é inflexível. Tal inflexibilidade contempla, entretanto, o recebimento de provas após a impugnação, nas duas e somente duas, situações a seguir: (i) Se a prova não tiver sido juntada antes pelas razões previstas nas alíneas a,b e c do §4º acima. (ii) Pela impossibilidade de o sujeito passivo defenderse de forma plena, considerando a complexidade da autuação versus o tempo que lhe foi legalmente conferido para apresentação da defesa. Tratase, nessa medida, de comprovada impossibilidade material de se defender no prazo legal." No meu julgar, a hipótese veiculada pela doutrinadora, na verdade, já é albergada pela alínea "a" do §4º, na medida em que poderia ser entendido como um acontecimento inevitável e para o qual o sujeito passivo não concorreu ainda que culposamente, para contemplar os requisitos previstos por Maria Helena Diniz para a força maior (Código Civil Comentado, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997, pp. 747748). Fl. 220DF CARF MF Processo nº 13888.903444/201505 Acórdão n.º 1302003.272 S1C3T2 Fl. 6 9 De outra parte, para afastar a alegação de que o não acolhimento de documentos extemporâneos, na ausência de configuração das hipóteses de exceção previstas no texto legal, configuraria ofensa à ampla defesa, valhome da lição de Maria Teresa Martínez Lopes e Marcela Cheffer Bianchini (Aspectos polêmicos sobre o momento de apresentação da prova no processo administrativo fiscal federal in: A prova no processo tributário, São Paulo: Dialética, 2010, p. 48): "Devese observar que a justificativa apresentada para o entendimento que ocorre afronta ao princípio da ampla defesa quando não são apreciadas provas apresentadas após a impugnação é de índole constitucional e, portanto, para afastar a aplicabilidade do parágrafo 4º do artigo 16 do PAF, devese alegar sua inconstitucionalidade, mas é vedado por lei aos órgãos administrativos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." No caso dos autos, não há alegação da Recorrente de qualquer motivo que a impediu de trazer aos autos as novas provas, nem ainda estas se referem a fato ou direito superveniente, de modo que se afastam das hipóteses das alíneas "a" e "b" do referido §4º. Apenas com muito "contorcionismo hermenêutico" se poderia entender que o caso se enquadra na alínea "c" do citado dispositivo. É que não é possível admitir que o sujeito passivo foi surpreendido com a insuficiência dos elementos de prova apresentados com a Manifestação de Inconformidade. Em que a comprovação de que apresentou uma DCTF retificadora, reduzindo o débito confessado; a comprovação de que o débito anteriormente confessado em DCTF tinha um valor superior; a comprovação de que o débito informado em DIPJ retificadora corresponde ao novo valor confessado; e a comprovação de que efetuou pagamento em montante equivalente ao débito inicialmente confessado poderia atestar a liquidez e certeza do crédito tributário invocado? É óbvio que seria necessário demonstrar com a escrituração contábil e fiscal, bem como com os elementos que a embasaram, que os valores que conduzem ao novo débito confessado tem suporte fático e não são mera criação do sujeito passivo, de modo a conferir ao crédito pleiteado a certeza e liquidez exigida pela legislação. Assim, entendo que não devem ser conhecidos os novos documentos apresentados, uma vez que a Manifestação de Inconformidade era o momento adequado para a comprovação do crédito tributário. Decidir em sentido diverso, ainda que visando à busca da verdade material significa contrariar a expressa disposição legal do art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Reconheço que há julgados, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que adotam a chamada "formalidade moderada", para, com base no art. 38 da Lei nº 9.784, de 1999, bem como no critério da adequação entre meios e fins (previsto para o processo administrativo no art. 2º, inciso VI, daquela mesma norma), acatar a juntada de provas fora das regras prescritas no PAF. Fl. 221DF CARF MF 10 Com a devida vênia, entendo que tal corrente não observa que a própria disciplina trazida pelo Decreto nº 70.235, de 1972, já adota uma "formalidade moderada", quando prevê hipóteses razoáveis em que se pode mitigar o formalismo de se exigir que as provas sejam apresentadas no momento da Impugnação. Não há uma formalidade irrestrita ou exacerbada no dispositivo em questão, mas um regramento, adequado e necessário a meu ver, para o saudável funcionamento do processo administrativo, sem margens a chicanas, máfé processual ou indevida protelação. Válida mais uma vez a lição da Professora Professora Fabiana Del Padre Tomé (Op. cit.): "A doutrina costuma distinguir verdade material e verdade formal, definindo a primeira como a efetiva correspondência entre proposição e acontecimento, ao passo que a segunda seria uma verdade verificada no interior de determinado jogo, mas susceptível de destoar da ocorrência concreta, ou seja, da verdade real. Com base em tais argumentos, é comum identificar o processo administrativo tributário com a busca pela verdade material, e o processo judicial tributário com a realização da verdade formal. Nesse sentido posicionamse Alberto Xavier, Paulo Celso B. Bonilha e James Marins, dentro outros, considerando a busca pela verdade material um princípio de observância indeclinável da administração tributária, em oposição ao princípio da verdade formal que preside o processo civil e prioriza a formalidade processual probatória. Essa corrente doutrinária proclama o abandono da formalidade, na esfera administrativa, em prol da produção de prova e contraprova, para, com isso, alcançar a verdade material. Tal conclusão, entretanto, não procede. O que se consegue, em qualquer processo, é a verdade lógica, obtida em conformidade com as regras de cada sistema. Conquanto nos processos administrativos sejam dispensadas certas formalidades, isso não implica a possibilidade de serem apresentadas provas ou argumentos a qualquer instante, independentemente da espécie e forma. É imprescindível a observância do procedimento estabelecido em lei, ainda que esse rito dê certa margem de liberdade aos litigantes." Observase, portanto, que esta busca pela verdade material, bem como o atendimento ao citado critério da adequação entre meios e fins, não pode ser algo que passe ao largo dos procedimentos estabelecidos, e tolere que o administrado vá apresentando as provas "a contagotas", mesmo que em momento processual posterior ao adequado. Lembrese que o art 16, inciso III, do Decreto nº 70.235, de 1972, como acima destacado, impõe ao sujeito passivo a apresentação na Impugnação das "provas que possuir", sob pena, inclusive de representar a supressão da instância, com a consequente violação do devido processo legal, posto que a conduta do sujeito passivo subtrairia ao julgador de primeira instância a possibilidade de apreciar as provas juntadas em momento posterior, que seriam examinadas, exclusivamente, pelo julgador do CARF. Tal fato, inclusive, é constatado pela Recorrente, que apresenta pedido subsidiário para que os autos sejam baixados à autoridade julgadora a quo, para que esta possa se pronunciar sobre os novos elementos de prova. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 13888.903444/201505 Acórdão n.º 1302003.272 S1C3T2 Fl. 7 11 Ora, se a regra processual foi originalmente prevista para os procedimentos de constituição do crédito tributário, quanto mais válida será para os procedimentos de restituição e compensação, em que o ônus de provar a existência do direito creditório recai exclusivamente sobre o sujeito passivo. Ressalvo, apenas para demonstrar a ausência de zelo do sujeito passivo na busca de comprovar o direito creditório que invoca, que, ainda que fossem acatados os novos documentos apresentados, nada trariam de prova inconteste do referido crédito. É que os elementos em questão se limitam a cópias simples do Diário Geral de 2011; do Razão Analítico das contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; e do balancete de verificação relativo a junho de 2011. É óbvio que tais elementos são um começo de prova em favor do direito creditório do sujeito passivo, mas estão longe de conferir a liquidez e certeza necessária. Se o sujeito passivo confessou, à época dos fatos geradores, um valor de débito e o quitou por recolhimento; se o sujeito, tempos depois, informou este mesmo valor em sua DIPJ, qual a razão para, agora, afirmar que tal valor está incorreto? É imprescindível que ele explicite o erro cometido e como chegou ao novo valor. Assim, mesmo que se acatem os novos documentos (decisão da maioria dos meus pares), terseia a mesma situação em que se encontrou a DRJ, ou seja, elementos de prova insuficientes, sendo que a realização de diligência para a complementação documental não significaria mero esclarecimento de dúvida para a formação do convencimento do julgador, mas o suprimento da ineficiência da instrução probatória realizada pelo sujeito passivo. Os novos elementos apresentados em nada esclarecem qual foi o erro que motivou o suposto pagamento a maior. Quais foram os valores alterados na nova apuração? Não se sabe. Onde estão as provas hábeis a comprovar o indébito? A Recorrente não as apresentou. Concluise, portanto, que o sujeito passivo não provou a liquidez e certeza do crédito utilizado na Dcomp de que tratam os presentes autos. Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, com a manutenção da nãohomologação da compensação realizada na Dcomp apresentada. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Declaração de Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Com a devida venia ao D. Relator mas, o caso vertente, conforme posição por mim adotada em diversos processos passados, o ônus probatório em procedimentos de compensação administrativa é, para além de dúvidas razoáveis, do contribuinte. Isto é, a luz dos preceitos do art. 170 do CTN, a liquidez e certeza do crédito cuja recuperação se postula Fl. 223DF CARF MF 12 deve ser demonstrada pelo contribuinte, quando assim for instado pelas autoridades competentes. E, para que não recaia sobre mim a pecha de incoerente, sustento, de fato, que pelo princípio da verdade material seja atribuível às autoridades administrativas o mister de, quando menos, declinar os motivos que as levaram a não reconhecer a mencionada liquidez e certeza do direito creditório postulado (de sorte que o contribuinte possa entender, quiçá, quais provas deva produzir). Na hipótese em exame, todavia, o recorrente transmitiu DCOMP, veiculando um crédito cujo valor, declinado em DARF que lhe dera origem, estava integralmente vinculado a um débito regularmente confessado, sem que se apurasse qualquer saldo a compensar... Em outras palavras, a autoridade administrativa, aqui, por uma limitação imposta pelo próprio postulante, apontou como "questão problema" apenas a inexistência de saldo compensável, desincumbindose, neste particular, do dever de indicar qualquer outro ponto de discórdia, até por ausência de dados suficientes para assim se proceder. Não me oponho, é verdade, a que o contribuinte apresente DCTF ou mesmo DIPJ retificadora, sob alegação de erro de preenchimento, mesmo que posteriormente à prolação do competente despacho decisório desde que, contudo, esta correção venha devidamente acompanhada dos documentos que lhe comprovem a lisura e acuidade (o ônus, insistase, é de que retifica a declaração). Até porque, por força dos preceitos do art. 373, I, do CPC, compete ao requerente a comprovação do "fato constitutivo de seu direito". Se o fato que constitui o direito é o erro de preenchimento de DCTF ou DIPJ, compete a quem o alega a sua demonstração e tal demonstração deve ser feita no momento oportuno, isto é, quando da apresentação de sua impugnação (art. 16 do Decreto 70.235/75). Assim, entendo, a apresentação extemporânea de documentos necessários ao cumprimento do dever definido nos mencionados preceitos legais (art. 371 do CPC e 16 do Decreto 70.235), impede o seu conhecimento nesta fase processual. O motivo que me levou, no entanto, a concordar com as conclusões do D. Relator, cinge ao fato da maioria de meus pares ter decidido por, justamente, conhecer dos documentos trazidos pelo recorrente por ocasião da interposição de suas razões de insurgência, a par das limitações do, por vezes invocado, art. 16 do Decreto 70.235. Ato contínuo, conhecidos os preditos documentos, a única conclusão que me resta é pela procedência das alegações trazidas pelo insurgente, e, assim, reconhecer o seu direito creditório conforme posto pelo voto vencedor. Por tais razões, e só por elas, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.003440/2002-31
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.825
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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HOMOLOGAÇÃO TÁCITA TERMO INICIAL. O termo inicial do prazo para homologação da compensação será a data da apresentação da declaração retificadora. NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não ocorre a nulidade do ato, quando a decisão da autoridade administrativa foi devidamente motivada. COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR Considerase imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada ou o relativo a rendimentos e ganhos de capital, o tributo que incida sobre lucros, independentemente da denominação oficial adotada e do fato de ser o mesmo de competência de unidade da federação do país de origem, não sendo passível de compensação o imposto pago por terceiros Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 34 40 /2 00 2- 31 Fl. 795DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 1656.335, da 8ª Turma da DRJ/SP1, o qual homologou parcialmente os pedidos de compensação efetuados pela recorrente, como segue: Quanto ao item 16 – Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa, foi verificado que houve compensação sem processo, nos meses de janeiro a dezembro no valor total de R$ 23.121,50 com crédito de saldo negativo de IRPJ de 1999 e 2000, consideradas indevidas, por insuficiência de crédito, conforme decisão proferida no processo nº 10850.002617/200282 e no demonstrativo de fls. 585. • No mês de dezembro houve compensação no valor de R$ 351.642,39 com crédito de imposto sobre lucros pagos no exterior, sem comprovação do pagamento, pela coligada WV Holdings Ltda., sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Os documentos apresentados pela contribuinte demonstram pagamentos efetuados por terceira pessoa, situada na Argentina, contrariando as normas vigentes à época dos fatos, que diz textualmente que para efeito de compensação considerase o imposto pago no país do domicílio da coligada, conforme IN SRF 38/1996. • Considerando as glosas das compensações de estimativas no ano calendário, foi apurado saldo de imposto a pagar (e não saldo negativo) de R$358.689,03. A contribuinte protocolou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, o seguinte: a) Quando da intimação do despacho decisório já havia transcorrido o prazo de 5 anos, de que trata o art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/1996. Sendo assim, as Fl. 796DF CARF MF Processo nº 10850.003440/200231 Acórdão n.º 1001000.825 S1C0T1 Fl. 3 3 compensações foram homologadas tacitamente, dado que o termo inicial do prazo é a data do protocolo das declarações de compensação. b) As retificações não tiveram o condão de reabrir o prazo quinquenal, porque muito antes delas, o prazo de que trata o § 5º do art. 74 já havia transcorrido sem qualquer manifestação das autoridades fiscais. c) As retificações não modificaram o conteúdo das declarações de compensação originárias, uma vez que se limitaram a acrescentar, nos campos “Nome”, “Qualificação” e “CPF” do responsável, os dados do sr. Valter Baldan, procurador da requerente, sem alterar qualquer dos dados constantes das declarações originais. d) No processo nº 10850.002617/200282 discutese apenas o saldo negativo de 2000, e não o de 1999. e) Sem aprofundar as investigações acerca da existência do saldo negativo de 1999, reportouse, de foram lacônica, à decisão proferida no processo nº 10850.002617/200282, que indeferiu o direito creditório pleiteado, sem justificar o motivo do não reconhecimento do crédito relativo a 1999, utilizado na compensação de parte das estimativas de 2001. f) O despacho é nulo por falta de motivação e sequer mencionou o processo no qual supostamente teria havido o indeferimento do saldo negativo de 1999. g) Fazse imperiosa a suspensão ou , quando muito, o julgamento em conjunto deste processo com o de nº 10850.002617/200282, dada a relação de prejudicialidade entre ambos. h) A Requerente controla a empresa WV Holdings Ltd., situada nas Ilhas Virgens Britânicas, participando do seu capital social num percentual de 67,91%, enquanto a última controla a empresa Automotores Juan Manuel Fangio, localizada na Argentina, participando de seu capital social num percentual de 90,37% (fl. 297). i) Por força do vínculo societário que une as três empresas, a Requerente é controladora indireta da Automotores Juan Manuel Fangio. j) Tendo a empresa argentina efetuado o pagamento de imposto de renda sobre o lucro por ela apurado e distribuído à sua controladora WV Holdings Ltd, e tendo este lucro sido consolidado no balanço da última (fls. 247/248) e, afinal, sido disponibilizado à Requerente, esta fazia jus, como de fato faz, ao crédito daquele imposto. k) A Requerente podia compensar o valor atinente ao imposto pago exterior por sua controlada indireta situada na Argentina, na medida em que se beneficiou, por via indireta, daquela distribuição de lucros à sua controlada direta, WV Holdings Ltd, ao receber, desta, novas ações emitidas após a capitalização dos referidos lucros, conforme demonstram os documentos juntados às fls. 299/301, às fls. 366/367 e às fls. 528/529 dos autos. l) Para efeito de tributação dos lucros auferidos no exterior, a legislação tributária que regulava a matéria à época considerava disponibilizados os lucros, quando houvesse o "emprego" do respectivo valor, "em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior" (art. 1º, parágrafo 2º , item 4, da Lei n. 9.532, de 10.12.1997), razão pela qual, no momento em que se procedeu ao aumento de capital da WV Holdings Ltd, mediante a capitalização dos lucros disponibilizados à Fl. 797DF CARF MF 4 última pela Automotores Juan Manuel Fangio, os lucros auferidos no exterior foram oferecidos à tributação pela Requerente. m) A Requerente logrou comprovar nos autos, mediante farta documentação fornecida à fiscalização, tanto o oferecimento à tributação dos lucros auferidos pela empresa argentina (fls. 299/301), como o pagamento do correspondente imposto de renda, demonstrado por meio das respectivas guias de recolhimento (fls. 310/323 dos autos). n) Quanto à forma de comprovação do imposto de renda pago no exterior, para efeito de sua compensação no Brasil, o art. 26, parágrafo 2º , da Lei n. 9.249, originalmente, regulou a matéria, dizendo ser necessário o documento pelo qual se deu o recolhimento no exterior, reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo consulado da embaixada brasileira. o) Posteriormente, o art. 16, parágrafo 2º , da Lei n. 9.430 dispensou as exigências do parágrafo 2º do art. 26 da Lei n. 9.249 quando se comprove que a legislação do país de origem prevê a incidência do imposto de renda que houver sido pago, por meio do documento de arrecadação que for apresentado. p) A Requerente trouxe à baila as guias de recolhimento do imposto pago no exterior (fls. 310/323 dos autos), cumprindo à risca a determinação do art. 16 da Lei n. 9430. q) No mais, cabe dizer que o Brasil e a Argentina possuem acordo sobre a simplificação da legalização de documentos, que "exime toda forma de intervenção consular na legalização dos documentos" (fls. 294/295 dos autos), mais uma razão pela qual se faz prescindível a exigência do parágrafo 2º do art. 26 da Lei n. 9249. Cientificada em 15/04/2014, a recorrente apresentou o recurso voluntário em 29/04/2014. Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. A recorrente alega, basicamente: A homologação tácita das compensações. · conforme se infere da documentação juntada aos autos, a glosa fiscal foi concluída apenas em 7.6.2011, quando a recorrente foi intimada do supracitado Despacho Decisório n. 173/11, ao passo que as declarações de compensação foram apresentadas entre os dias 13/12/2002 e 16/04/2003; · muito antes de o contribuinte ser intimado do mencionado despacho decisório, já havia transcorrido o prazo de cinco anos constante do artigo 74, parágrafo 5o, da Lei n. 9430/96, que o fisco possui para homologar as declarações de compensação apresentadas pelos contribuintes; Fl. 798DF CARF MF Processo nº 10850.003440/200231 Acórdão n.º 1001000.825 S1C0T1 Fl. 4 5 · a esse respeito, o v. acórdão ora recorrido limitouse a dizer que, in casu, o termo inicial do prazo decadencial deveria ser deslocado para a data de retificação das declarações de compensação, em razão do disposto no art. 80 da Instrução Normativa RFB n. 900/08 (IN 900/08); · O entendimento exarado pela 8a Turma da DRJ/SP1, no v. acórdão ora recorrido, somente pode ter prevalecido porque as d. autoridades fazendárias não devem ter se atentado para dois fatos que impedem a aplicação do supracitado art. 80, quais sejam: (i) as retificadoras apresentadas não mudaram nenhum dos dados relativos ao crédito pleiteado ou ao débito compensado: e (ii) as retificadoras foram apresentadas após mais de cinco anos do protocolo das declarações originais, ou seja, quando já havia operado a homologação tácita das compensações; · ... · no caso concreto, o art. 80 da IN 900/98 dispõe que a declaração retificadora reabre o prazo de decadência previsto no parágrafo segundo, do art. 37, da mesma Instrução Normativa, que, por sua vez, repisa o disposto no parágrafo quinto, do art. 74, da Lei n. 9430/96. Portanto, a interpretação sistemática e teleológica do art. 80 da IN 900/98 deve partir da análise do art. 74 da Lei n. 9430/96.; A decadência do direito de o Fisco questionar o saldo negativo de períodos anteriores. · Conforme expresso no v. acórdão recorrido, a razão do indeferimento do crédito pleiteado, com a consequente não homologação das declarações de compensação, foi a "glosa da compensação por insuficiência de crédito nos anos de 1999 e 2000, conforme apuração efetuada no processo n° 10850.002617/200282, que está sendo apreciado nesta mesma sessão de julgamento" . · Do exposto, concluise que a Fiscalização, ao proferir o Despacho Decisório DRF/SJR/SP n. 173/2011, de 26.5.2011. pretende, no ano de 2011. questionar a validade dos saldos negativos dos anos de 1999 e 2000, formados, portanto, há mais de 10 (dez) anos da data de intimação da recorrente! · Isso porque, como explicado anteriormente, a fiscalização questionou, no presente processo, o recolhimento das estimativas de janeiro a dezembro de 2001, as quais foram pagas com o saldo negativo apurado pela recorrente em 1999 e em 2000. Por sua vez, segundo a fiscalização, o saldo negativo de 1999 e 2000 teria sido glosado, conforme decisão exarada no processo n. 10850.002617/200282. · Embora a recorrente tenha sido intimada da decisão proferida no processo n. 10850.002617/200282, o qual, frisese, diz respeito única e exclusivamente ao saldo negativo de 2000, ela não tem conhecimento da glosa do saldo negativo de 1999. · Vêse, pois, que a fiscalização, ao proferir o Despacho Decisório DRF/SJR/SP n. 173/2011. de 24.5.2011, pretendeu, no ano de 2011, questionar a validade dos saldos negativos dos anoscalendário de Fl. 799DF CARF MF 6 1999 e 2000, formados, portanto, há mais de 10 (dez) anos da data de intimação da recorrente. · A nulidade do despacho decisório · De acordo com a decisão de primeira instância, o Despacho Decisório DRF/SJR/SP n. 173/2011 não teria incorrido em vício de motivação porque teria ficado claro que o motivo do indeferimento do pleito do contribuinte seria a glosa dos saldos negativos dos anos de 1999 e 2000.; · Realmente, conforme constou na manifestação de inconformidade, o agente fiscal alegou que, em relação às estimativas apuradas e recolhidas pela recorrente no anocalendário 2001, e que compuseram o saldo negativo cuja restituição é requerida, houve "compensação sem processo, nos meses de janeiro a dezembro no valor total de 23.121,50 com crédito de saldo negativo do IRPJ de 1999 e 2000, conforme informado pelo contribuinte, sob fl. 238, consideradas indevidas, por insuficiência de crédito dos respectivos anos calendários, apurados e demonstrados conforme cópia da decisão proferida no processo 10850.002617/20028T.; · nesse sentido, forçoso reconhecer que o prazo de cinco anos para que o Fisco realize o exame de validade da compensação referese à análise do crédito pleiteado e dos débitos compensados, porque são esses os dados relevantes que interferirão no juízo de legalidade acerca da compensação; · ... · em matéria de saldo negativo, a conclusão não é diferente. O fisco dispõe de 5 anos para analisar a efetividade e a higidez do direito crédito, digase, informado em DIPJ, sob pena de decadência do seu direito de fazêlo em períodos posteriores. Sobre o tema, cabe citar pronunciamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e da Câmara Superior, no sentido da impossibilidade de revisão, após mais de 5 anos, das informações constantes da DIPJ do contribuinte acerca do saldo negativo, como se vê abaixo: · logo, não cabe ao fisco questionar, em 2011. no processo administrativo atinente ao saldo negativo de 2000, o saldo negativo de 1999, porque ultrapassado, em muito, o prazo de 5 anos para que pudesse fazer qualquer ilação sobre os créditos de 1999 e 2000; Quanto ao mérito, a recorrente argumenta, em síntese, que: Caso não sejam acolhidas as questões debatidas nos tópicos anteriores, o que se admite para fins de argumentação, a recorrente demonstrará que, no mérito, o v. acórdão recorrido não pode subsistir. 3.1. A imperiosa suspensão deste processo, a fim de que se aguarde o desfecho do processo n. 10850.002617/200282 Como dito anteriormente, a fiscalização entendeu que as estimativas mensais do imposto de renda foram liquidadas pela recorrente via compensação com crédito derivado de saldo negativo de IRPJ dos anoscalendário 1999 e 2000, o último discutido no processo n. 10850.002617/200282. Mas, tendo havido decisão indeferindo o direito creditório Fl. 800DF CARF MF Processo nº 10850.003440/200231 Acórdão n.º 1001000.825 S1C0T1 Fl. 5 7 3.2. A compensação do imposto pago no exterior · Alegou a fiscalização que a recorrente não teria comprovado o pagamento do imposto de renda sobre lucros pagos no exterior, por ela compensado no anocalendário 2001, uma vez que a documentação acostada aos autos demonstra "pagamentos efetuados por terceira pessoa, situada na Argentina, contrariando as normas vigentes à época dos fatos, que diz textualmente que para efeito de compensação considerase o imposto pago no país de domicílio da coligada, conforme IN SRF 038 de 27 de Junho de 1996". · Tal entendimento foi integralmente acolhido pelos i. julgadores de primeira instância, a despeito de toda a documentação juntada pela recorrente aos autos, bem como dos sólidos fundamentos de defesa apresentados na manifestações de inconformidade, que demonstram de maneira cabal o pagamento de imposto no exterior, passível de compensação no Brasil. · Como demonstrado em sua manifestação de inconformidade, a recorrente controla a empresa WV Holdings Ltd., situada nas Ilhas Virgens Britânicas, participando do seu capital social num percentual de 67,91%, enquanto a última controla a empresa Automotores Juan Manuel Fangio, localizada na Argentina, participando de seu capital social num percentual de 90,37% (fl. 297). · Notese que, por força do vínculo societário que une as três empresas, a recorrente é controladora indireta da Automotores Juan Manuel Fangio. · Assim, a capitalização dos lucros constitui instrumento de disponibilização dos lucros, nos termos e para os efeitos do art. 1o, parágrafo 2o, item 4, da Lei n. 9532, de 10.12.1997, vigente à época dos fatos. Por último, requer: Face ao que precede, requerse o acolhimento do presente recurso, para o fim de que, reformado o v. acórdão ora recorrido, seja declarada a homologação tácita das compensações ou a decadência do direito do fisco de questionar o saldo negativo ou, caso assim não se entenda, o que se admite para fins de argumentação, seja declarada a efetividade do direito creditório ora pleiteado, tudo de modo a que, afinal, haja o cancelamento dos débitos compensados pela recorrente. Entendo que não cabe razão à recorrente. O prazo para a revisão do lançamento se desloca para a data da apresentação das declarações retificadoras, consoante o artigo 80, da Instrução Normativa 900/2008: Art. 80. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo previsto no § 2º do art. 37 Fl. 801DF CARF MF 8 será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora. A recorrente alegou que as retificadoras foram apresentadas após o decurso do prazo de 5 anos contados das datas das originalmente apresentadas. Entretanto, a Súmula CARF 91 assim dispõe: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Observase que as retificações foram procedidas dentro do prazo regulamentar de 10 anos (os correspondentes pedidos originais correspondem aos anos de 2001 e 2002), assim, entendo prevalecer a decisão da DRJ, aqui reproduzida , em parte: As retificações das declarações foram admitidas pela autoridade administrativa. Por conseguinte, independentemente dos elementos que foram alterados, deve ser aplicada a regra do art. 80, segundo a qual o termo inicial do prazo para homologação da compensação será a data da apresentação da declaração retificadora. Como as declarações foram retificadas em 25/6/2009, a homologação tácita só teria ocorrido em 25/6/2014, devendo ser rejeitada a preliminar suscitada. II. Nulidade do despacho decisório Por concordar com as conclusões da DRJ, peço a devida vênia para transcrever (parcialmente) o seu voto: A motivação da autoridade administrativa para não homologar a compensação é mais do que clara: glosa da compensação por insuficiência de crédito nos anos de 1999 e 2000, conforme apuração efetuada no processo nº 10850.002617/200282, que está sendo apreciado nesta mesma sessão de julgamento. ... Como a própria contribuinte afirma há inegável relação de prejudicialidade entre este processo e o de nº 10850.002617/200282, no que atine às compensações de estimativas de 2001. Naqueles autos, contrariamente ao que afirma a manifestante, estão expostos os motivos que levaram à glosa dos valores compensados com o saldo negativo de 1999, conforme demonstra a decisão acima reproduzida. Por conseguinte, assim como no processo 10850.002617/200282, deve ser rejeitada a preliminar de nulidade do despacho decisório. Tal processo, também, foi submetido a esta sessão de julgamento, tendo sido negado provimento ao recurso, portanto, prevalecendo a decisão de primeira instância administrativa. III. Compensação do imposto pago no exterior Fl. 802DF CARF MF Processo nº 10850.003440/200231 Acórdão n.º 1001000.825 S1C0T1 Fl. 6 9 A autoridade administrativa glosou a compensação do imposto pago no exterior por entender que a empresa Juan Manuel Fangio é terceira pessoa. Isto porque a empresa controlada é a W V Holdings LTD que disponibilizou os lucros e concluiu: Os lucros foram disponibilizados pela empresa controlada WV Holdings Ltd.. Só poderia ter sido utilizado para compensação com o que é devido no Brasil, o imposto de renda pago nas Ilhas Virgens Britânicas, nos termos da IN SRF 38/1996: “Art. 13. O imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, bem como o pago relativamente a rendimentos e ganhos de capital, poderão ser compensados com o que for devido no Brasil. § 1º Para efeito de compensação, considerase imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada ou o relativo a rendimentos e ganhos de capital, o tributo que incida sobre lucros, independentemente da denominação oficial adotada e do fato de ser o mesmo de competência de unidade da federação do país de origem.” É irrelevante a discussão relativa à forma de comprovação do imposto de renda pago no exterior, uma vez que mesmo se considerássemos válidos os documentos trazidos, não seria possível sua compensação por não ter sido pago pela controlada que disponibilizou os lucros. Assim, à luz do que dispõe a IN SRF 38/96 é correta a decisão da DRJ e, portanto, mantida a referida glosa. Portanto, nego provimento integral ao presente recurso. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 803DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13873.720382/2016-30
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. FILHOS MAIORES DE 24 ANOS. NECESSIDADE DO ALIMENTANDO.
Só são dedutíveis na declaração de ajuste anual as importâncias pagas a título de pensão alimentícia a filhos maiores de 24 anos quando comprovada a necessidade de existir a pensão, na incapacidade ao sustento, como por exemplo ocorre na incapacidade ao trabalho.
Numero da decisão: 2001-000.725
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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FILHOS MAIORES DE 24 ANOS. NECESSIDADE DO ALIMENTANDO. Só são dedutíveis na declaração de ajuste anual as importâncias pagas a título de pensão alimentícia a filhos maiores de 24 anos quando comprovada a necessidade de existir a pensão, na incapacidade ao sustento, como por exemplo ocorre na incapacidade ao trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de pensão alimentícia. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 3. 72 03 82 /2 01 6- 30 Fl. 148DF CARF MF 2 O Recurso Voluntário foi apresentado pelo relator para a Turma, assim como os documentos do lançamento, da impugnação e do acórdão de impugnação, e demais documentos que embasaram o voto do relator. Não se destacaram algumas dessas partes, pois tanto esse acórdão como o inteiro processo ficam disponíveis a todos os julgadores durante a sessão. A ementa do acórdão de impugnação foi a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. A ausência de comprovação das despesas, mediante documentação hábil e idônea, conforme estabelece a legislação de regência, impede o sujeito passivo de usufruir a respectiva dedução na apuração da base de cálculo do imposto de renda na Declaração de Ajuste Anual. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aplicam a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. A Notificação de Lançamento fundamentou da seguinte maneira a glosa de pensão: Glosa de pensão paga por liberalidade a filhos maiores; Não comprovada a condição de inválidos; São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria mantença (...) Foram apresentadas relações de trabalho dos filhos; O acórdão de impugnação fundamentou assim dispôs suas razões para manter a glosa: Versa o presente processo sobre Dedução Indevida de Pensão Judicial, no montante de R$ 68.839,86, dos quais R$ 22.946,62 foram pagos, em 2011, aos três filhos maiores da contribuinte, André Augusto Marão (nascido em 13/06/1978), José Luiz Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13873.720382/201630 Acórdão n.º 2001000.725 S2C0T1 Fl. 3 3 Marão Júnior (nascido em 11/04/1981) e João Paulo Marão (nascido em 03/03/1980), em decorrência de acordo homologado judicialmente. A impugnante argúi que, no caso em tela, a pensão alimentícia paga aos filhos foi fixada em determinação judicial, conforme processo judicial n° 535/1995, bem como comprovado seu efetivo pagamento e recebimento, tudo de acordo com as normas do Direito de Família. A homologação do mencionado acordo, cumpre prelecionar, não produz efeitos na esfera fiscal, pois a legislação tributária somente considera válido o direito à dedução dos alimentos quando decorrente das normas do Direito de Família. Este ramo do Direito concede aos pais diversos direitos para que possam criar seus filhos sob proteção do Estado, entretanto, em contrapartida, exige também o cumprimento de deveres diversos, dentre os quais o de sustento (Código Civil, art. 1.630 a 1.638). Fazse mister frisar que o Código Civil (Lei n° 10.406/2002) trata especificamente Dos Alimentos em seu Subtítulo III, arts. 1.694 a 1.710. Os artigos 1.696 e 1.698 do Código Civil prescrevem, com clareza meridiana, que o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros, somente se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. O exame desta questão não pode ficar adstrito à interpretação literal das normas pertinentes, sendo necessário determinar a natureza dos pagamentos efetuados pela contribuinte e verificar, por meio de interpretação finalística e sistemática das normas tributárias e de direito de família, o alcance da dedução de pagamentos a título de pensão alimentícia à filho maior e capaz. É conhecida a lição do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau, (A Ordem Econômica na Constituição de 1988, 5ª.ed., São Paulo: Malheiros, 2000, p. 222) de que: “jamais se aplica uma norma jurídica, mas sim o direito, não se interpretam normas constitucionais, isoladamente, mas sim a Constituição, no seu todo. Não se interpreta a Constituição em tiras, aos pedaços”. Não há como interpretar o art. 8°, II, “f”, da Lei nº 9.250/95, como se fosse norma isolada no sistema. É importante identificar a natureza dos pagamentos efetuados por meio de sentenças ou Fl. 150DF CARF MF 4 acordos judiciais, pois nem todos têm a natureza jurídica de pensão alimentícia, embora possam ter sido assim denominados como no presente caso. Neste ponto, necessário se faz reportarmos à Constituição Federal, ao Código Civil, bem como ao RIR/1999 para esclarecer as condições de dedutibilidade da pensão alimentícia. Seguem textos legais com grifos nossos: (...) Como se pode ver, são deveres dos pais, o sustento, guarda e educação de seus filhos os quais estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores, sendo que tal poder se extingue com a maioridade dos mesmos. Notase, ainda, que são devidos alimentos para maiores quando quem “os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença”. A obrigação alimentar obedece a certos requisitos para sua concessão, são eles: a. existência de um vínculo de parentesco; b. necessidade do reclamante; c. possibilidade econômicofinanceira da pessoa obrigada; d. proporcionalidade. Repisese o que preceitua de forma mais explícita o art. 1.695 do Código Civil: "São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecêlos, sem desfalque do necessário ao seu sustento". Repitase que, no que se refere ao primeiro pressuposto (vínculo de parentesco), nem todos os parentes são obrigados a prestar alimentos, uma vez que, de acordo com a lei, somente o são os ascendentes, descendentes e, na falta destes, os irmãos (art. 1.697 do Código Civil). Em relação ao segundo pressuposto (necessidade do reclamante), importa considerar que o credor da prestação alimentar deve, efetivamente, encontrarse em estado de necessidade, de maneira que se não vier a receber os alimentos, isso poderia pôr em risco a sua própria subsistência. Basta que tal necessidade seja involuntária e inequívoca, colocandoo impossibilitado de prover à própria subsistência. Sua origem pode ser social (desemprego), física (enfermidade, velhice ou invalidez), moral ou qualquer outra que o coloque impossibilitado de prover à própria subsistência. E é em relação à necessidade dos beneficiários, filhos da contribuinte, todos maiores de 24 anos de idade, que o caso em concreto se desvincula das normas do Direito de Família. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13873.720382/201630 Acórdão n.º 2001000.725 S2C0T1 Fl. 4 5 Conforme observado pela autoridade fiscal autuante, João Paulo Marão integra a Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores e José Luiz Marão Júnior trabalhou na Duratex S/A até 2012 e posteriormente como Analista de Planejamento e Gestão da Fundação Instituto Brasileiro de Gerografia e Estatística. O fisco acrescentou, portanto, que ambos trabalham e têm rendimentos e que, inclusive, José Luiz informou em sua Declaração de Ajuste Anual ter como cônjuge, Ausra Marão, e que segundo o art. 1.708 do Código Civil, cessa o dever de prestar alimentos por ocasião do casamento, união estável ou concubinato do credor. Com efeito, segundo pesquisas nos sistemas informatizados da RFBDIRF, verificase que João Paulo Marão e José Luiz Marão Júnior, auferiram rendimentos sob o código 0561 Rendimentos do Trabalho Assalariado, no anocalendário em análise. Quanto ao filho André Augusto Marão, esclarece a contribuinte que ele não tem residência fixa no Brasil e que somente para efeitos tributários – eleição do domicílio fiscal, optou por estabelecer como domicílio fiscal o de sua mãe. Cumpre enfatizar que o ônus da prova para a dedução de pensão alimentícia é da contribuinte e, no presente caso, a mesma não trouxe aos autos documentos que comprovem a incapacidade para o trabalho de seu filho André Augusto Marão. Ressaltese ainda que as peças processuais referemse ao ano de 1995 (processo judicial 535/95), quando os filhos eram menores de idade e, de forma expressa, determinou o pagamento de pensão alimentícia aos filhos menores, hipótese essa que não mais se aplica ao anocalendário em análise. Pelas razões expostas, as deduções pretendidas não podem ser aceitas como provenientes de pensão alimentícia judicial devida em face das normas de Direito de Família, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda. Consequentemente, tais repasses financeiros devem ser considerados como mera liberalidade. Neste contexto, destaco o magistério de Sílvio de Salvo Venosa, in Direito Civil, Terceira Edição, Editora Atlas, São Paulo, 2003, página 385: “temse entendido que, por aplicação do entendimento fiscal quanto à dependência para o Imposto de Renda, que o pensionamento deva ir até os 24 anos de idade. Outras situações excepcionais, como condição de saúde, poderão fazer com que os alimentos possam ir além da maioridade, o que deverá ser examinado no caso concreto.” A doutrina e boa parte da jurisprudência admitem que tal pagamento se dê até os 24 anos de idade, devendo ser comprovado, nessa hipótese, que o alimentando é estudante regularmente matriculado em estabelecimento de ensino superior, sem condições próprias de subsistência. Fl. 152DF CARF MF 6 Reiterese, por outro lado, que para que eventuais repasses financeiros a filho maior de 24 anos de idade pudessem ser classificados como pensão alimentícia, necessário seria que ficasse comprovada a sua incapacidade para o trabalho ou a falta de condições de prover, pelo seu trabalho, a sua própria mantença, nos termos do art. 1.695 do Código Civil.O Sob o enfoque do Direito Tributário, a partir da maioridade dos filhos, qualquer repasse de numerário efetuado pelo pai/mãe alimentante se equipara aos repasses efetuados pelos demais pais que nunca estiveram obrigados a efetuar pagamentos a título de pensão alimentícia. Entender o contrário seria dar aos pais que estão na situação da interessada, de forma não isonômica, um benefício que os demais pais, que jamais pagaram pensão alimentícia, não possuem, qual seja, o de abater da base de cálculo do Imposto de Renda eventuais deduções relativas a seus filhos. Portanto, descabidas as alegações da recorrente de que em nenhum momento o Ente Tributante estaria sendo lesado e de que o mesmo imposto de renda estaria incidindo duas vezes sobre o mesmo rendimento. O recurso voluntário alega que a pensão alimentícia foi paga dentro das regras do direito de Família, fixada judicialmente, e portanto, dentro das regras legais para ser deduzida. Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física, glosa de pensão alimentícia. A dedução de Pensão Alimentícia, pode ocorrer: com a apresentação da Decisão Judicial, do Acordo Homologado Judicialmente ou da Escritura Pública a que se refere o art. 1.124A da Lei n.º 5.869/1973; com a comprovação do pagamento, ou seja, a transferência efetiva dos recursos aos alimentandos, em face das normas do Direito de Família. A discussão está em saber se a pensão de filhos maiores de 24 anos, ao ser interpretada no Direito Tributário, considerase norma do direito de família. Aqui surge a separação da obrigação de estabelecer pensão para sustentar quem dela necessita, e a liberalidade de estabelecer pensão nos demais casos. A interpretação de que para deduzir deve haver a necessidade do alimentando foi explicitada ao contribuinte, tanto na notificação de lançamento, como mais detalhadamente no acórdão de impugnação. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13873.720382/201630 Acórdão n.º 2001000.725 S2C0T1 Fl. 5 7 Não basta haver vínculos com o Direito de Família, há que existir a necessidade de pagar a pensão pelo Direito de Família. Esse entendimento, com o qual concordamos, ficou bem explicado no acórdão de impugnação, e destacamos a seguir algumas passagens: Não há como interpretar o art. 8°, II, “f”, da Lei nº 9.250/95, como se fosse norma isolada no sistema. É importante identificar a natureza dos pagamentos efetuados por meio de sentenças ou acordos judiciais, pois nem todos têm a natureza jurídica de pensão alimentícia, embora possam ter sido assim denominados como no presente caso. Como se pode ver, são deveres dos pais, o sustento, guarda e educação de seus filhos os quais estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores, sendo que tal poder se extingue com a maioridade dos mesmos. Notase, ainda, que são devidos alimentos para maiores quando quem “os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença”. Repitase que, no que se refere ao primeiro pressuposto (vínculo de parentesco), nem todos os parentes são obrigados a prestar alimentos, uma vez que, de acordo com a lei, somente o são os ascendentes, descendentes e, na falta destes, os irmãos (art. 1.697 do Código Civil). Em relação ao segundo pressuposto (necessidade do reclamante), importa considerar que o credor da prestação alimentar deve, efetivamente, encontrarse em estado de necessidade, de maneira que se não vier a receber os alimentos, isso poderia pôr em risco a sua própria subsistência. Basta que tal necessidade seja involuntária e inequívoca, colocandoo impossibilitado de prover à própria subsistência. Sua origem pode ser social (desemprego), física (enfermidade, velhice ou invalidez), moral ou qualquer outra que o coloque impossibilitado de prover à própria subsistência. E é em relação à necessidade dos beneficiários, filhos da contribuinte, todos maiores de 24 anos de idade, que o caso em concreto se desvincula das normas do Direito de Família. Dessa maneira, concordamos com a interpretação fiscal, de que deve existir a necessidade de prestar os alimentos para que esses alimentos sejam dedutíveis como pensão alimentícia, e ela foi apresentada ao contribuinte de maneira clara; e por outro lado os elementos dos autos não indicam a necessidade ou incapacidade dos filhos; assim, entendo pela manutenção do lançamento. Conclusão Em razão do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Fl. 154DF CARF MF 8 (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0