Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 16682.720271/2011-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO.
O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio.
DECORRÊNCIA - CSLL.
Tratando-se de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, o decidido em relação ao processo principal (IRPJ) aplica-se, no que couber, à CSLL.
Numero da decisão: 1301-001.434
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros deste colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier e Valmir Sandri. O Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior acompanhou o relator pelas conclusões. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes, presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado). O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães presidiu a 2ª parte do julgamento.
(assinado digitalmente)
Wilson Fernandes Guimarães - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (primeira parte), Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Carlos Augusto de Andrade Jenier e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado para a segunda parte do julgamento).
Nome do relator: PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201403
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. DECORRÊNCIA - CSLL. Tratando-se de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, o decidido em relação ao processo principal (IRPJ) aplica-se, no que couber, à CSLL.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 07 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 16682.720271/2011-54
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5395642
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 07 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1301-001.434
nome_arquivo_s : Decisao_16682720271201154.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
nome_arquivo_pdf_s : 16682720271201154_5395642.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier e Valmir Sandri. O Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior acompanhou o relator pelas conclusões. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes, presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado). O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães presidiu a 2ª parte do julgamento. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (primeira parte), Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Carlos Augusto de Andrade Jenier e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado para a segunda parte do julgamento).
dt_sessao_tdt : Wed Mar 12 00:00:00 UTC 2014
id : 5699056
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251783254016
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-04-27T21:35:18Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-04-27T21:35:18Z; Last-Modified: 2014-04-27T21:35:18Z; dcterms:modified: 2014-04-27T21:35:18Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:a3bf6968-3b4a-489c-a56b-360cb0a85f4b; Last-Save-Date: 2014-04-27T21:35:18Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-04-27T21:35:18Z; meta:save-date: 2014-04-27T21:35:18Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-04-27T21:35:18Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-04-27T21:35:18Z; created: 2014-04-27T21:35:18Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 41; Creation-Date: 2014-04-27T21:35:18Z; pdf:charsPerPage: 2537; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-04-27T21:35:18Z | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 19 1 18 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.720271/201154 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301001.434 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de fevereiro de 2014 Matéria IRPJ/CSLL. GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE AGIO Recorrente GERDAU AÇOS LONGOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. DECORRÊNCIA CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, o decidido em relação ao processo principal (IRPJ) aplicase, no que couber, à CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier e Valmir Sandri. O Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior acompanhou o relator pelas conclusões. Ausente, momentaneamente o Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes, presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado). O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães presidiu a 2ª parte do julgamento. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 02 71 /2 01 1- 54 Fl. 1675DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 2 (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (primeira parte), Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Carlos Augusto de Andrade Jenier e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado para a segunda parte do julgamento). Fl. 1676DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 20 3 Relatório Por bem descrever os fatos adoto o relatório da decisão recorrida. O presente processo trata de operações societárias que culminaram na geração de ágio em função da pretensa aquisição de investimento em controlada por valor superior ao patrimonial. Esse ágio, após a reorganização societária que mais adiante será esmiuçada, foi amortizado e reduziu a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL apurados pelo interessado nos anos calendário de 2006 a 2010. A Fiscalização firmou seu entendimento no sentido de que o referido ágio seria artificial, porquanto gerado a partir de operações societárias internas ao conjunto de sociedades denominados publicamente como Gerdau. Ao final das operações societárias, diversas sociedades integrantes do mesmo grupo econômico, dentre as quais a interessada em epígrafe, obtiveram vantagens fiscais que seriam indevidas. Essa, em apertada síntese, a questão ventilada nos autos. De início, entendo importante recuperar dados a respeito do Gerdau que, mais adiante, serão importantes para a formação da convicção em torno da existência ou não de vantagens fiscais indevidas. De forma simplificada, o controle societário do Gerdau é exercido pela sociedade Metalúrgica Gerdau S.A., que, por sua vez, exerce o controle da sociedade Gerdau S.A. (vide documento “Estrutura Societária” no sítio http://www.gerdau.com/investidores/acoesestruturasocietaria.aspx?language=ptBR). As duas sociedades antes referidas têm suas ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, identificadas pelos códigos de negociação goau3, goau4, ggbr3 e ggbr4 (o primeiro e o terceiro referemse às ações ordinárias da Metalúrgica Gerdau S.A. e da Gerdau S.A., respectivamente, enquanto o segundo e o quarto referemse às ações preferenciais das mesmas companhias, na mesma ordem). A Gerdau S.A. também tem seus papéis negociados nas bolsas de valores de Nova Iorque e Madri, sob os códigos de negociação ggb e xggb, respectivamente. As operações societárias analisadas pelo Fisco, objeto do presente processo, não afetaram os acionistas dessas duas sociedades. As operações societárias focadas pelo Fisco representaram alterações para sociedades controladas pela Gerdau S.A.. Passo a tratar, então, dessas operações, partindo da aquisição do controle acionário da Aço Minas Gerais S.A. Açominas. Em 2001 a Gerdau S.A. reportou aos seus acionistas aquisição de participação societária relevante perante a Açominas. Confirase os termos de parte do “Relatório da Administração” relativo àquele exercício financeiro (http://v3.gerdau.infoinvest.com.br/ptb/3614/2001GerdauSA.pdf): “No final do exercício de 2001, foram realizados dois importantes investimentos: em 7 de dezembro, oferta para aquisição de 17,67% do capital social da Açominas, por R$ 426,6 milhões, em leilão promovido pelo Banco Central do Fl. 1677DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 4 Brasil, e, em 28 de dezembro, compra dos ativos operacionais da Birmingham Southeast, usina siderúrgica localizada em Cartersville, Estado da Geórgia, Estados Unidos, pelo valor de US$ 48,8 milhões. Em função de tais investimentos, a consolidação das demonstrações financeiras do exercício de 2001 sofreu alteração. A Açominas, que era consolidada proporcionalmente à participação da Gerdau, passou a ser consolidada 100% na parte final do ano.” As “Notas Explicativas” das demonstrações financeiras relativas ao exercício de 2001 (item 4 – “Demonstrações Contábeis Consolidadas”) complementam os dados apontados no “Relatório da Administração” (mesmo documento citado no parágrafo anterior – valores expressos em milhares de reais) da seguinte forma: “Durante o exercício ocorreram as seguintes operações: a) Em 30/08/2001 foi adquirido 0,45% de ações da Aço Minas Gerais S.A. – Açominas no valor de R$ 2.080. b) Em 07/12/2001 foram leiloados 17,67% do capital total da Aço Minas Gerais S.A. – Açominas, tendo a Companhia, através de sua controlada Gerdau Participações Ltda, arrematado o total ofertado. Até esta data, apenas o sócio Natsteel Brasil Ltda. manifestou sua desistência em adquirir sua parte proporcional das ações leiloadas (conforme acordo de acionistas da Açominas). Os demais sócios tem até o dia 13/02/2002 para manifestar sua opção. Desta forma, foi considerado como adquirido 13,82% do capital da Açominas, no valor de R$ 333.780.” No ano seguinte (2002), a Gerdau S.A. informou, via “Relatório da Administração”, a ampliação da participação societária detida junto à Açominas. Confirase os termos (http://v3.gerdau.infoinvest.com.br/ptb/3612/2002GerdauSA.pdf): “Em nível de operação, ocorreu em 2002 a ampliação da participação da Gerdau na Açominas, o que permitiu obter a maioria qualificada dos votos dentro do grupo de controle da Companhia. Em fevereiro desse ano, foi concluída a aquisição da participação de 17,7% pertencentes a uma das empresas do Banco Econômico e, em outubro, a participação de 24,8% detidos pela Natsteel, de Cingapura. Hoje a Gerdau detém 78,9% do capital social da Açominas.” Em 2003 houve a reestruturação operacional do Gerdau no Brasil, tendo sido transferidos para a Açominas as operações siderúrgicas e ativos complementares da Gerdau S.A., após o que a sociedade Açominas passou a denominarse Gerdau Açominas S.A..Essa sociedade, como se verá mais adiante, ocupa posição fundamental nas operações societárias tomadas pelo trabalho fiscal. Confirase parte do “Relatório da Administração” publicado pela Gerdau S.A. relativamente ao exercício de 2003 (http://v3.gerdau.infoinvest.com.br/ptb/4604/2003GerdauSAJORNAL.pdf): “Reestruturação Operacional no Brasil Em 28 de novembro, os acionistas da Gerdau S.A. e da Aço Minas Gerais S.A. – Açominas aprovaram a integração de suas atividades operacionais em uma única empresa. Esta operação consistiu na transferência de todas as operações siderúrgicas e de ativos complementares da Gerdau S.A. no Brasil para a Açominas, alterando a razão social desta última para Gerdau Açominas S.A.. As 10 unidades de produção siderúrgica no Brasil passaram a atuar de forma integrada com os 11 centros de serviços de aços longos (corte e dobra), 6 unidades Fl. 1678DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 21 5 de transformação e a Comercial Gerdau, com suas 73 filiais e 5 centros de serviços. Essa nova estrutura resultou em um melhor mix de produtos e possibilita o aproveitamento de sinergias operacionais e comerciais e a otimização dos processos administrativos.” No ano de 2004, a Administração do Gerdau reportou medidas de reorganização societária. Confirase a esse respeito, trecho do “Relatório da Administração” publicado pela Gerdau S.A. relativamente àquele período (http://v3.gerdau.infoinvest.com.br/ptb/4602/2004GerdauSAJORNAL.pdf): “No dia 3 de dezembro, o Conselho de Administração da Gerdau S.A. autorizou a Administração da Companhia a implantar medidas de reorganização societária das empresas do Grupo Gerdau no Brasil e demais países da América do Sul, dando continuidade ao processo que começou há dois anos, com a integração, no nosso País, das atividades operacionais da Gerdau S.A. e da Aço Minas Gerais S.A. Açominas, da qual resultou a Gerdau Açominas S.A. Com a presente reorganização, esperase obter maiores vantagens estratégicas ao nível de toda a América do Sul, bem como maior eficiência operacional e de gestão, decorrentes da especialização e da localização das diferentes Unidades e Operações de Negócios do Grupo Gerdau. Buscarseá concentrar os esforços da organização em suas competências principais, atuação focada e ganho de massa crítica dentro de cada uma das áreas de competência. Adicionalmente, essa reorganização irá contemplar alternativas para o crescimento futuro da organização. Em 29 de dezembro, foi concretizado o primeiro ato dessa reorganização com o aporte de capital à holding Gerdau Participações S.A. das ações da Gerdau Açominas S.A. e parte das quotas da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda., detidas pela Gerdau S.A., representativas, respectivamente, de 91,5% e 22,8% do capital social daquelas empresas. As quotas aportadas ao capital da Gerdau Participações S.A. correspondem às participações da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda., diretas ou indiretas, no capital das empresas Gerdau Chile Inversiones Ltda., Gerdau Laisa S.A. e Sipar Aceros S.A.. Atualmente, estão sendo ultimados estudos pela Administração, com o apoio de consultores externos, para a definição da estrutura final da reorganização societária. A reorganização prevê a criação de empresas distintas, uma para cada Unidade/Operação de Negócio, abrangendo as atividades localizadas no Brasil e nos demais países da América do Sul. Deverão ser constituídas empresas para abrigar os diferentes focos de atuação, tais como aços longos, aços especiais, placas, blocos e tarugos e distribuição. As novas empresas deverão ser constituídas após a conclusão dos estudos e as respectivas aprovações pelo Conselho de Administração e pelas assembléias de acionistas das empresas envolvidas. Os acionistas das companhias abertas no Brasil e no exterior não serão afetados com a reorganização. Eles continuarão com as suas posições atuais nas respectivas empresas, assim como manterão todos os seus direitos preservados.” As “Notas Explicativas” das demonstrações financeiras relativas ao exercício de 2004 (item 4 – “Demonstrações Contábeis Consolidadas” – mesmo documento citado no parágrafo anterior) também trataram da reorganização societária. Verifiquese: Fl. 1679DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 6 “IX) No dia 03/12/2004, o Conselho de Administração da Gerdau S.A. autorizou a Administração da Companhia a implantar medidas de reorganização societária com vistas a obter maiores vantagens estratégicas, bem como maior eficiência operacional e de gestão, decorrentes da especialização e da localização das diferentes Unidades e Áreas de Negócios do Grupo Gerdau. Buscarseá concentrar os esforços da organização em suas competências principais, atuação focada e ganho de massa crítica dentro de cada uma das áreas de competência. Adicionalmente, essa reorganização irá contemplar soluções para o crescimento futuro da organização. No dia 29/12/2004, foi concretizado o primeiro ato deste processo com o aporte de capital à holding Gerdau Participações S.A. das ações da Gerdau Açominas S.A. e parte das quotas da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda., detidas pela Gerdau S.A., representativas, respectivamente, de 91,5% e 22,8% do capital social daquelas empresas. As quotas aportadas ao capital da Gerdau Participações S.A. correspondem às participações da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda., diretas ou indiretas, no capital das empresas Gerdau Chile Inversiones Ltda., Gerdau Laisa S.A. e Sipar Aceros S.A. O modelo final da reorganização societária ainda não foi concluído e terá continuidade na medida em que as propostas da Administração forem aprovadas pelo Conselho de Administração. Portanto, medidas adicionais deverão ser implantadas no decorrer do ano em curso, as quais serão objeto de divulgação, tão logo venham a ocorrer.” No presente passo, cabível que se dê maior atenção ao início da reorganização societária noticiada pelo Gerdau. No dia 29 de dezembro de 2004, a sociedade Siderúrgica Riograndense S.A. realizou assembléia geral extraordinária na qual restou deliberada (1) a alteração da denominação social para Gerdau Participações S.A. (2) a modificação do objeto social (ênfase na participação societária) e (3) a elevação do capital social de R$ 422.360,00 para R$ 15.227.078.630,00 (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 4 a 12/34 do documento eletrônico). Esse aumento de capital foi efetivado mediante a emissão de 9.248.942.700 ações ordinárias nominativas ao preço de R$ 1,646313 cada uma. Essas ações foram subscritas e integralizadas através da incorporação das seguintes participações societárias: (a) 145.146.117 ações ordinárias e 5.512 ações preferenciais da sociedade Gerdau Açominas S.A., avaliadas, consoante laudo, em R$ 13.698.283.480,00, e (b) 607.398.462 quotas do capital da sociedade Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau, avaliadas, consoante laudo, em R$ 1.528.372.790,00, salientandose que essa avaliação dizia respeito às participações societárias detidas pela última no capital das sociedades Gerdau Chile Inversiones Ltda., Gerdau Laisa S.A. (Uruguai) e Sipar Aceros S.A. (Argentina). Consoante mapa da estrutura societária do Gerdau apresentado junto ao “Relatório da Administração” da Gerdau S.A., relativamente ao ano 2004 (http://v3.gerdau.infoinvest.com.br/ptb/4602/2004GerdauSAJORNAL.pdf), a Gerdau Participações S.A. passou a deter 91,5% do capital da Gerdau Açominas S.A. e 22,8% do capital da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau. A operação acima descrita ensejou aumento do capital da Gerdau Participações S.A. em R$ 15.226.656.270,00, devidamente registrado no patrimônio líquido. No ativo da sociedade, foram registrados os valores patrimoniais das duas participações (R$ 4.479.918.909,94 na Gerdau Açominas S.A. e R$ 641.491.640,84 na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau) e os valores dos ágios apurados (R$ 9.218.364.570,06 na Gerdau Açominas S.A. e R$ 886.881.149,16 na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau). O ágio então apurado teve por fundamento a expectativa de resultado futuro, lastreado em laudo de avaliação das participações societárias incorporadas ao patrimônio da Gerdau Participações S.A. Fl. 1680DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 22 7 A Gerdau S.A., anterior proprietária das participações societárias incorporadas ao patrimônio da Gerdau Participações S.A., não tributou o ganho de capital consistente na diferença entre o valor de integralização e o valor apontado na escrituração contábil em função da disposição constante do art. 36 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, mais adiante revogada pelo art. 133, III, da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. A norma legal antes referida permitia o diferimento da tributação a título de IRPJ e CSLL. Confirase os termos da norma que pautou o procedimento do contribuinte, dando especial atenção ao § 2º do art. 36: “Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da pessoa jurídica, a parcela correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica que efetuar a subscrição e integralização, e o valor dessa participação societária registrado na escrituração contábil desta mesma pessoa jurídica. § 1º O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: I na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita, proporcionalmente ao montante realizado; II proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título. § 2º Não será considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1º.” A respeito do ganho diferido pela Gerdau S.A., a Fiscalização efetuou o seguinte esclarecimento (pág. 6 do “Relatório da Ação Fiscal): “O ganho foi contabilizado na conta 370030 (Ganhos Alien Invest), em 29/12/2004. No Relatório de Administração da Gerdau S/A (fl. 238) consta uma nota esclarecendo tratarse de ganho de capital não realizado, apresentado como redutor da respectiva capitalização. A tributação foi diferida com base no art. 36 da Lei 10.637/2002, conforme resposta à intimação na fl. 215.” Em 28 de abril de 2005, Gerdau S.A., Gerdau Participações S.A. e Gerdau Açominas S.A. firmaram “Protocolo de Intenções” (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 17 a 19/34 do documento eletrônico) segundo o qual restou pactuada a futura incorporação da Gerdau Participações S.A. pela Gerdau Açominas S.A., que iria se efetivar no dia 9 de maio de 2005. O contrato já previu os efeitos patrimoniais do aumento de capital da Gerdau Participações S.A. que iria a se realizar no dia 6 de maio de 2005, considerando a repercussão desse aumento sobre a operação de incorporação que seria efetivada mais adiante, em 9 de maio de 2005 (item I do “Protocolo de Intenções”). Restou fixado, então, que o capital Fl. 1681DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 8 social da Gerdau Açominas S.A. aumentaria em R$ 1.224.645.638,74, mediante a emissão de 166.360.030 ações ordinárias, que seriam distribuídas aos sócios da Gerdau Participações S.A. na proporção das participações detidas no capital da sociedade incorporada. Adicionalmente, seria constituída uma reserva especial de ágio no montante de R$ 3.134.243.953,83. Ainda no dia 28 de abril de 2005, Gerdau Participações S.A. e Gerdau Açominas S.A. emitiram duas “Proposta e Justificação da Administração à Assembléia Geral Extraordinária a ser convocada para o dia 9 de maio de 2005” (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 20 a 23/34 do documento eletrônico). Os dois documentos, como não poderia deixar de ser, reprisam dados do “Protocolo de Intenções”. A Gerdau Participações S.A. fixou a sua AGE para as 13 horas, enquanto a Gerdau Açominas S.A. fixou a sua para as 14 horas. A justificativa apresentada nos dois documentos é idêntica, tendo sido assim redigida: “A operação cuja aprovação pelos Senhores Acionistas é ora solicitada se justifica por oportunizar à totalidade dos acionistas da Gerdau Açominas participar, em igualdade de condições com seu controlador, dos negócios siderúrgicos desenvolvidos pelo Grupo Gerdau na América do Sul, bem como, o uso eficiente de disponibilidades de recursos financeiros, visando o desenvolvimento de novos negócios na região. A referida operação é um estágio intermediário no processo de reorganização societária pelo qual está passando o Grupo Gerdau, o qual busca o alinhamento da estrutura societária à estratégia de gestão, para maximizar o desempenho das operações e melhorar o entendimento e a transparência das informações ao mercado, sobre cada negócio.” Mais adiante, no dia 6 de maio de 2005, a Gerdau Participações S.A. realizou assembléia geral extraordinária na qual aprovou o aumento do seu capital social de R$ 15.227.078.630,00 para R$ 15.777.787.630,00, mediante a emissão de 325.062.172 ações ordinárias ao valor nominal de R$ 1,69198401836 cada. Houve um aumento de capital, portanto, no valor total de R$ 550.000.000,00. O subscritor foi o Banco Itaú BBA S.A. (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 14 a 16/34 do documento eletrônico). Importante salientar que essa operação não contemplou qualquer ágio, posto que, em princípio, o patrimônio da sociedade já estaria avaliado a preços de mercado. Importante referir, no presente momento, que o aumento de capital da Gerdau Açominas S.A. referido no “Protocolo de Intenções” (R$ 1.224.645.638,74) dizia respeito, substancialmente, (1) ao valor patrimonial das 607.398.462 quotas do capital da sociedade Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau, incorporadas ao capital da Gerdau Participações S.A. em 29 de dezembro de 2004, no montante de R$ 641.491.640,84, e (2) ao valor subscrito e integralizado ao capital social da Gerdau Participações S.A. pelo Banco Itaú BBA S.A. em 6 de maio de 2005, no montante de R$ 550.000.000,00. Essas duas cifras montam R$ 1.191.491.640,84, em comparação com R$ 1.224.645.638,74 referido no “Protocolo de Intenções”. A diferença, mínima (menos de 3%), decorre do patrimônio amealhado ao tempo da Siderúrgica Riograndense S.A. e de outras variações patrimoniais observadas na Gerdau Participações S.A. de dezembro de 2004 a maio de 2005. Esse aumento de capital seria efetuado em favor dos sócios da sociedade que seria extinta em 9 de maio de 2005: Gerdau Participações S.A.. Seus sócios relevantes eram Gerdau S.A. (96,51%) e Banco Itaú BBA S.A. (3,49%). Além dos bens acima referidos, o incorporador ainda recebeu o ativo atinente ao ágio registrado na escrita da incorporada, no montante de R$ 3.134.243.953,83. O laudo de avaliação do acervo patrimonial da Gerdau Participações S.A. (documento das fls. 113 a 156 dos autos – 3 a 4/44 do documento eletrônico), emitido pelos peritos em 28 de abril de 2005, é claro quanto a isso, tendose presente que a participação da incorporada na Fl. 1682DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 23 9 incorporadora não consiste em bem que tenha se agregado ao patrimônio da incorporadora. Passo a tratar, então, do ágio. Quanto à reserva especial de ágio referida no “Protocolo de Intenções”, no montante de R$ 3.134.243.953,83, cabível esclarecer que o valor decorre da observância ao disposto no art. 6º, § 1º, da Instrução CVM nº 319, de 3 de dezembro de 1999, com a redação que lhe foi dada pela Instrução CVM nº 349, de 6 de março de 2001. Essa norma pauta a contabilização, na incorporadora excontrolada, do ágio apurado pela incorporada ex controladora quando da aquisição do investimento na excontrolada. Em síntese, o regramento citado objetiva circunscrever os efeitos contábeis do ágio aos seus aspectos fiscais diante da incorporação de uma sociedade controladora por sua controlada. Confirase os termos do art. 6º antes referido: “Art. 6º O montante do ágio ou do deságio, conforme o caso, resultante da aquisição do controle da companhia aberta que vier a incorporar sua controladora será contabilizado, na incorporadora, da seguinte forma: I. nas contas representativas dos bens que lhes deram origem – quando o fundamento econômico tiver sido a diferença entre o valor de mercado dos bens e o seu valor contábil; II. em conta específica do ativo imobilizado (ágio) – quando o fundamento econômico tiver sido a aquisição do direito de exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder Público; e III. em conta específica do ativo diferido (ágio) ou em conta específica de resultado de exercício futuro (deságio) – quando o fundamento econômico tiver sido a expectativa de resultado futuro. § 1º O registro do ágio referido no inciso I deste artigo terá como contrapartida reserva especial de ágio na incorporação, constante do patrimônio líquido, devendo a companhia observar, relativamente aos registros referidos nos incisos II e III, o seguinte tratamento: a. constituir provisão, na incorporada, no mínimo, no montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização, que será apresentada como redução da conta em que o ágio foi registrado; b. registrar o valor líquido (ágio menos provisão) em contrapartida da conta de reserva referida neste parágrafo; c. reverter a provisão referida na letra "a" acima para o resultado do período, proporcionalmente à amortização do ágio; e d. apresentar, para fins de divulgação das demonstrações contábeis, o valor líquido referido na letra "a" no ativo Fl. 1683DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 10 circulante e/ou realizável a longo prazo, conforme a expectativa da sua realização.” A Comissão de Valores Mobiliários – CVM buscou expurgar das demonstrações financeiras valores que não tivessem significação econômica. Por esse motivo, determinou a constituição, na incorporada, de provisão (redução concomitante do ativo e do patrimônio líquido) em montante equivalente à diferença entre o valor do ágio e o do benefício fiscal decorrente da sua amortização (§ 1º , “a”). O valor líquido remanescente dessa operação (ágio – provisão) deveria ser registrado em conta do patrimônio líquido da incorporadora denominada “Reserva Especial de Ágio” (§ 1º, “b”), enquanto o ativo da incorporadora deveria registrar esse mesmo valor líquido no circulante ou no realizável a longo prazo de acordo com a expectativa de realização do ágio (§ 1º, “d”). Em função das normas antes esmiuçadas, o “Protocolo de Intenções” já esclarecia que a Gerdau Açominas S.A. constituiria uma reserva especial de ágio no montante de R$ 3.134.243.953,83. Explico: no caso dos autos, a conta “Reserva Especial de Ágio” contemplou o valor de R$ 3.134.243.953,83, equivalente a 34% do ágio apurado pela Gerdau Participações S.A. quando da aquisição do investimento na Gerdau Açominas S.A.. A “Reserva Especial de Ágio” contempla o efeito fiscal da amortização do ágio como um todo, tendo em vista as alíquotas de 25% do IRPJ (15% ordinários mais 10% de adicional) e 9% da CSLL. O valor de R$ 3.134.243.953,83 equivale, portanto, a 34% do ágio de R$ 9.218.364.570,06. Relativamente à participação na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. – Grupo Gerdau, a provisão foi integral (100% págs. 7 e 8 do “Relatório da Ação Fiscal”). Posteriormente, em 9 de maio de 2005, a Gerdau Açominas S.A., consoante previsto, incorporou a Gerdau Participações S.A.. Houve, naquela data, consoante item 7, “d”, da Ata da 66ª Assembléia Geral Extraordinária (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 27 a 34/34 do documento eletrônico), o aumento do capital da Gerdau Açominas S.A. em R$ 1.224.645.638,74 e a constituição de “Reserva Especial de Ágio” no montante de R$ 3.134.243.953,83 (item 7, letra “d”, do documento antes referido). Quais as conseqüências societárias e fiscais que resultariam, em princípio, da operação até aqui relatada? Para fins societários, a sociedade incorporadora, após apontar em seu ativo o valor equivalente à diferença entre o valor do ágio e o do benefício fiscal, passou a registrar a amortização desse ativo em seus resultados. Assim, mês a mês, o ativo é reduzido pela amortização do ágio, impactando negativamente o resultado societário (despesa). No caso dos autos, a Gerdau Açominas S.A. passou a efetuar a amortização do ágio à razão de 1/120 mensais (pág. 10 do “Relatório da Ação Fiscal”). Esse valor, entretanto, não gera qualquer prejuízo aos sócios, porquanto a verba suprimida do resultado equivale aos tributos que deixam de ser recolhidos em função da dedução fiscal do referido ágio, da qual tratarei no próximo parágrafo. Esse foi o objetivo da Instrução CVM nº 319, de 1999, com a redação que lhe foi dada pela Instrução CVM nº 349, de 2001. Do ponto de vista fiscal, se faz necessário retroceder ao tempo no qual a controladora ainda existia e já se preparava para a incorporação. A sociedade que seria incorporada constituiu as provisões atinentes ao ágio na sua escrita (no mínimo 66%). A despesa então gerada foi considerada não dedutível, tendo em vista o disposto no inciso I do artigo 13 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, assim redigido: “Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas Fl. 1684DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 24 11 as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável;” Em razão da indedutibilidade fiscal da despesa, o valor da provisão foi adicionado ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real. Esse registro se deu na Parte “A” do Livro de Apuração do Lucro Real – Lalur. Concomitantemente, foi apontado na Parte “B” do Lalur, que se destina a registros dos valores que constituirão, nos exercícios subseqüentes, exclusões ao lucro líquido do exercício para efeito de determinar o lucro real, conforme estabelecido no item 4.2 da Instrução Normativa SRF nº 28, de 13 de junho de 1978. Posteriormente, em função da incorporação, tendo em vista a sucessão em direitos e obrigações prevista no art. 227 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a incorporadora avocou os registros apontados no Lalur da incorporada, consoante previsto no item 6 da Instrução Normativa SRF nº 7, de 27 de janeiro de 1981, que contém os seguintes termos: “6. A pessoa jurídica resultante de fusão ou cisão, a que incorporar outra e a que incorporar parcela do patrimônio de sociedade cindida, deverá manter registros de controle dos valores cuja apropriação tiver sido diferida e que devam influenciar a determinação do lucro real de exercício futuro, observadas as normas da IN/SRF nº 28, de 13 de junho de 1978, e desta Instrução Normativa.” Assim, além da incorporadora efetuar o lançamento contábil, para fins societários, da despesa relativa à amortização do ágio “líquido” aceito pela CVM, é possível, também, para fins fiscais, a dedução da amortização do ágio que restou registrado na Parte “B” do Lalur, ou seja, da parcela do ágio que foi provisionada pela incorporada previamente à incorporação. No caso dos autos, houve o lançamento do valor de R$ 6.084.120.616,23 na Parte “B” do Lalur da Gerdau Açominas S.A. (documento da folha 207 dos autos). Esse valor equivale a 66% do ágio apurado quando da aquisição, pela Gerdau Participações S.A., da participação na Gerdau Açominas S.A.. Dessa forma, como o lucro real é apurado a partir do lucro líquido (societário), a base de cálculo tributária acaba reduzida pela integralidade do ágio, parte via escrita contábil, parte via escrita fiscal (Lalur). Esse procedimento encontra abrigo no art. 20 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10 de novembro de 1997, com a redação que foi dada ao art. 7º pelo art. 10 da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998. Verifiquese os termos das normas referidas: Do Decretolei nº 1.598, de 1977 “Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 12 I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número 1. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas.”(grifouse) Da Lei nº 9.532, de 1997 “Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anos calendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. ... Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: Fl. 1686DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 25 13 a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária.”(grifouse) Após a incorporação, ocorrida em 9 de maio de 2005, a Gerdau Açominas S.A. passou a amortizar o ágio incorporado à razão de 1/120 ao mês. Três meses após a incorporação, a Gerdau Açominas S.A. foi objeto de cisão, processo através do qual parte do patrimônio da exincorporadora foi vertido ao capital de quatro novas sociedades: Gerdau Aços Especiais S.A., Gerdau Aços Longos S.A. (a interessada no presente processo), Gerdau América do Sul Participações S.A. e Gerdau Comercial de Aços S.A.. Feito esse esclarecimento quanto ao enquadramento legal colimado pelo contribuinte, retorno à cadeia de operações societárias. Em 15 de abril de 2005, foi constituída a sociedade Gerdau Aços Longos S.A., tendo sido subscrito e integralizado o capital social, no montante total de R$ 10.000,00, pelos seguintes sócios: R$ 9.900,00 (99%) por Gerdau Açominas S.A . e R$ 100,00 (1%) por Grupo Gerdau Empreendimentos Ltda. (documento das fls. 40 a 73 dos autos – 1 a 9/34 do documento eletrônico). Em 19 de julho de 2005, foram firmados (a) o “Protocolo de Intenções”, jungindo Gerdau Açominas S.A., Gerdau Aços Especiais S.A., Gerdau Aços Longos S.A., Gerdau Comercial de Aços S.A. e Gerdau América do Sul Participações S.A. (documento das fls. 113 a 156 dos autos – 5 a 44/44 do documento eletrônico), e (b) “Proposta e Justificação da Administração à Assembléia Geral Extraordinária a ser convocada para o dia 29 de julho de 2005”, emitido pela Administração da Gerdau Açominas S.A. (documento das fls. 157 a 188 dos autos – 1 a 5/32 do documento eletrônico). Tais atos tiveram por objetivo a cisão parcial da Gerdau Açominas S.A. e a incorporação do patrimônio cindido ao capital das outras quatro sociedades referidas ao início do presente parágrafo. Consta do “Protocolo de Intenções” a seguinte disposição (documento das fls. 113 a 156 dos autos – 6/44 do documento eletrônico): “A cisão terá como data efetiva o dia 30.07.2005 e tomará como base o acervo líquido da Gerdau Açominas, avaliado pelo seu valor contábil em 30.06.2005, totalizando R$ 6.958.715.521,19 (seis bilhões, novecentos e cinqüenta e oito milhões, setecentos e quinze mil e quinhentos e vinte um reais, dezenove centavos), sendo que o valor total cindido, no montante de R$ 3.730.071.611,09 (três bilhões, setecentos e trinta milhões, setenta e um mil, seiscentos e onze reais, nove centavos) será incorporado nas Sociedades acima referidas, como segue: ... R$ 2.207.849.217,93 (dois bilhões, duzentos e sete milhões, oitocentos e quarenta e nove mil, duzentos e dezessete reais, noventa e três centavos) correspondente aos valores contábeis dos bens, direitos e obrigações vinculados à atividade de Aços Longos, na Gerdau Aços Longos;” A interessada (Gerdau Aços Longos S.A.) iria incorporar, portanto, acervo consubstanciado em bens, direitos e obrigações vinculados à atividade de aços longos, Fl. 1687DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 14 equivalentes ao valor contábil de R$ 2.207.849.217,93. Em razão do aumento de capital que seria efetuado, seriam emitidas 179.847.622 ações ordinárias e 12.286 ações preferenciais, todas elas em favor dos acionistas da sociedade cindida (Gerdau Açominas S.A. documento das fls. 113 a 156 dos autos – 15 e 16/44 do documento eletrônico). Em 29 de julho de 2005, foi realizada a 67ª Assembléia Geral Extraordinária da Gerdau Açominas S.A., que aprovou, nos termos do “Protocolo de Intenções”, a cisão parcial da sociedade e posterior incorporação da parcela cindida nas sociedades Gerdau Aços Especiais S.A., Gerdau Aços Longos S.A., Gerdau Comercial de Aços S.A. e Gerdau América do Sul Participações S.A. (documento das fls. 157 a 188 dos autos – 6 a 22/32 do documento eletrônico – em especial item 9). Consta dos autos “Laudo de Avaliação” que indica os valores contábeis dos atos societários adotados, relativamente ao acervo líquido da Gerdau Açominas S.A. (documento das fls. 157 a 188 dos autos – 23 a 25/32 do documento eletrônico) e à parcela cindida incorporada ao patrimônio da Gerdau Aços Longos S.A. (documento das fls. 157 a 188 dos autos – 26 e 27/32 do documento eletrônico). Quanto ao ágio, o objeto da presente autuação, repriso o trecho pertinente do “Relatório da Ação Fiscal” (documento das fls. 1.394 e 1.134): “Conforme o Laudo (fl. 183), a Gerdau Aços Longos recebeu o valor de R$ 4.958.885.261,29 referente à “perda de capital diferida” (que representa parcela do ágio herdado pela Gerdau Açominas quando incorporou a Gerdau Participações) e R$ 3.272.864.272,44 referente à “provisão p/manutenção da integridade contábil IN CVM 349” (que representa parcela da provisão efetuada na Gerdau Participações, por ocasião da incorporação desta pela Gerdau Açominas). A diferença entre a perda e a provisão foi registrada na Gerdau Aços Longos como “Reserva de ágio IN CVM 349” (R$ 1.686.020.988,85). Na contabilidade da Gerdau Aços Longos os valores registrados sofreram um ajuste, pois na realidade os saldos transferidos que passaram a ser amortizados foram, respectivamente, R$ 4.916.860.809,92 (conta 180140 – “Diferido – Perda por Incorp. Gerdau Participaç”) e R$ 3.245.128.134,54 (conta 180145 – “Diferido – Prov. Ajuste Perda p/ Incorporação). Isso porque o laudo tem por base os valores de 30/06/2005, mas a parcela de amortização de julho/2005 foi registrada ainda integralmente na Gerdau Açominas. A partir de agosto/2005 a Gerdau Aços Longos passou a amortizar a perda num prazo de 117 meses, pois já havia ocorrido a amortização de três meses na cindida. Nos dois primeiros meses contabilizou a amortização diretamente nas contas 180140 e 180145. A partir de out/2005 passou a utilizar contas retificadoras (185140 e 185145). No período fiscalizado foram utilizadas as duas contas retificadoras (cta. 185140 “() Amortizações – Ágio s/Perda por Incorp. GP” e cta. 185141 “() Amortizações – Prov Ajuste Perda p/ Incorp”) e a contrapartida, tanto da amortização quanto da reversão da provisão, se deu na conta 485060 – “Desp. Não Oper – Amortização de Diferido” (fls. 08 a 37). Isso acarretou uma despesa não operacional mensal de amortização de R$ 42.024.451,37 e uma receita mensal de reversão de provisão de R$ 27.736.137,90. De forma concomitante, a fiscalizada passou a excluir da apuração do lucro real o valor da reversão da provisão, que estava controlado na Parte B do Lalur (fls.932 a 1238). Fl. 1688DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 26 15 O efeito total foi uma redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL de aproximadamente R$ 42.024.451,00 ao mês.” Os registros efetuados no Lalur observariam os ditames da Instrução Normativa SRF nº 7, de 1981. Verifiquese a redação do item 6 daquele ato normativo: “6. A pessoa jurídica resultante da fusão ou cisão, a que incorporar outra e a que incorporar parcela do patrimônio de sociedade cindida, deverá manter registros de controle dos valores cuja apropriação tiver sido diferida e que devam influenciar a determinação do lucro real de exercício futuro, observadas as normas da IN/SRF nº 28, de 13 de junho de 1978, e dessa Instrução Normativa. 6.1. Os valores de que trata este item serão registrados na pessoa jurídica sucessora proporcionalmente à absorção do empreendimento, bens, direitos, encargos ou obrigações de que se originarem ou a que estiverem vinculados, ou segundo a divisão do patrimônio prevista no ato de cisão, se não houver essa vinculação.” O Fisco glosou as reduções mensais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, acima referidas, avaliadas em R$ 42.024.451,00 por mês, sob o fundamento de que seriam decorrentes de um artifício contábil, porquanto o ágio seria interno ao grupo societário (gerado em transação consigo mesmo), não tendo substância econômica (não ensejou qualquer pagamento/dispêndio e não deu azo à geração de riqueza). As deduções tidas por indevidas, objeto do presente lançamento, são aquelas efetuadas de 2006 a 2010. Segundo aponta a Fiscalização, o ágio seria um valor extra gasto pelo adquirente na aquisição de um investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial. Fundamental para a caracterização do ágio seria a realização da operação mediante o encontro de vontades independentes, de tal sorte que o “preço reflita o valor real do investimento, baseado em fundamentos econômicos que demonstrem não estar plenamente representado na contabilidade da investida o seu valor justo” (fl. 1.406). No caso dos autos, a “operação não redundou em ingresso de recursos novos, porque não teve origem em pagamento algum efetuado pela expectativa de resultado futuro” (fl. 1.407). A equipe fiscal buscou subsídios na doutrina. Repriso: Segundo Jorge Vieira da Costa Jr. E Eliseu Martins, a figura do ágio surge “de uma transação realizada dentro de uma relação de comutatividade, independência e de não preponderância das partes envolvidas”. Considerando a Teoria da Contabilidade, os autores admitem a figura do ágio numa transação como “um resultado econômico obtido em um processo de compra e venda de ativos líquidos (net assets), quando estiverem envolvidas partes independentes não relacionadas, ou seja, quando o ágio for resultado de um processo de barganha negocial não viciado, que concorra para a formação de um preço justo dos ativos líquidos em apreço”. Concluem que”à luz da teoria da contabilidade é inadmissível o surgimento de ágio em uma operação realizada dentro de um mesmo grupo econômico.”(fls. 1.406 e 1.407). Fl. 1689DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 16 Assim, como o ágio que permitiu as glosas objeto do presente processo foi gerado por partes sem independência, pertencentes a um mesmo grupo econômico, haveria um vício de origem, maculando a operação. A Fiscalização salientou, também, que não se verificou o ingresso de recursos novos na operação que culminou na geração do ágio, uma vez que não foi efetuado qualquer pagamento pela expectativa de resultado futuro. O trabalho fiscal, então, retoma as lições doutrinárias, aborda a posição da CVM sobre o tema e conclui pela insubsistência dos efeitos fiscais da amortização ora contestada nos seguintes termos: “O Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado pela FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), aborda a questão do ágio interno, não admitindo sequer a parcela do ágio relativa ao ativo fiscal diferido, sob a justificativa de que “no caso desses créditos tributários derivados de operações societárias entre empresas sobre controle comum, não há, na essência, e também na figura das demonstrações consolidadas qualquer desembolso que lhes dê suporte”. No novo Manual de Contabilidade das Societária da Fipecafi, editado em 2010, sob as novas normas contábeis brasileiras de convergência com as normas internacionais de contabilidade, os autores reiteram sua discordância quanto ao reconhecimento de ágio gerado internamente. Destacam que a CVM já vedava a prática através do OficioCircular CVM/SNC/SEP n° 01/2007, e que , atualmente o pronunciamento técnico CPC 15 não permite o reconhecimento desse tipo de ágio. No mesmo sentido o Pronunciamento Técnico CPC 04, cujo item 47 determina que “o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo”. O ágio interno tem origem em uma construção contábil, que decorreu da interposição da Gerdau Participações S/A, sem que se alterasse de fato o verdadeiro controlador. Não houve alienação ou aquisição do controle da Açominas, que sempre foi controlada direta ou indiretamente pela Gerdau S/A. (...) Não se pode extrair nem do art.36 da Lei 10.673/02, nem do art. 7° da Lei 9.532/97, qualquer pressuposto de validação para o ágio artificialmente gerado. No mesmo sentido o art. 6° da Instrução CVM 319/99, que contempla a hipótese de incorporação reversa para o aproveitamento do ágio. Essa orientação da CVM trata do autêntico ágio, que surgiu em muitas aquisições de participações nas concessionárias de serviços públicos, e cujo aproveitamento estava sendo otimizado através da replicação do ágio em sociedade criada para esse fim (veículo), e incorporada posteriormente pela sua controlada. Na origem dessas operações houve pagamento efetivo por esse ágio, hipótese, portanto, completamente distinta do caso da fiscalizada. A própria comissão de Valores Mobiliários, no Ofício Circular CVM/SNC/SEP n° 1, de 14 de fevereiro de 2007, tratou de esclarecer que é inadmissível o reconhecimento de ágio nessas condições: “A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de “ágio”. Fl. 1690DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 27 17 Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, iniciase com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato contínuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento, ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários, do ponto de vista econômico contábil é preciso esclarecer que o ágio surge, única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, supera o valor patrimonial desse investimento. E mais, preço ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim, não há, do ponto de vista econômico, geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Não é concebível, econômica e contabilmente, o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como “arm’s length”. Portanto, é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes, para que seja passível de registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade.(grifo nosso)” A norma da CVM não limita ou altera qualquer dispositivo legal, apenas explicita um conceito contábil há muito consolidado, que os supostos planejamentos tributários tentaram distorcer. O art. 7º da Lei nº 9.532/97 não sofreu, e nem poderia sofrer, qualquer restrição infralegal, pois sempre se destinou ao verdadeiro ágio. Nesse sentido, destacamos trecho do voto do relator em decisão do Colegiado da CVM em processo administrativo, no qual se discutia uma determinação da Superintendência de Relações com Empresas para que uma Sociedade Empresária refizesse suas demonstrações financeiras em razão do registro indevido de ágio gerado em operação com partes relacionadas: “Quanto ao primeiro ponto, entendo ter razão a área técnica. Não se pode afirmar que seja novo o entendimento da CVM quanto à impossibilidade contábil de aproveitamento do ágio interno (assim entendido como aquele gerado em operações entre partes relacionadas). Como lembra a SNC, essa impossibilidade está ligada ao Princípio do Custo como Base de Valor – segundo os especialistas “o mais antigo e discutido princípio de contabilidade” que considera o valor de entrada como o que deve servir de base para registro de qualquer ativo, ressalvada a hipótese restrita (e mesmo inexistente em alguns países, como nos Estados Unidos) de reavaliação e, ainda, observandose o valor de recuperação, sempre que menor. Como destacam as áreas técnicas, esse princípio foi expressamente reconhecido na “Estrutura Fl. 1691DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 18 Conceitual Básica de Contabilidade” desde a Deliberação 29/86, além de ser a base da Deliberação 183/95.”(grifo nosso)” Não há qualquer suporte na teoria da contabilidade ou nas normas societárias e fiscais para o reconhecimento de ágio na seqüência de operações praticadas pelo Grupo Gerdau. Não se discute aqui, por ser irrelevante na fundamentação da autuação, o propósito negocial da operação como um todo, que culminou na cisão da Gerdau Açominas e na conseqüente individualização por segmento de atuação dentro do Grupo Gerdau. A irregularidade é a utilização de um artifício contábil sem suporte econômico (registro de ágio interno), na tentativa de aplicar o tratamento previsto na legislação para o verdadeiro ágio. Além disso, embora não se conteste a motivação final do processo de reestruturação, é evidente que a etapa intermediária de interposição da Gerdau Participações S/A, sociedade empresária praticamente inoperante há muitos anos e temporariamente reativada como holding de efêmera duração (quatro meses), objetivou unicamente buscar o benefício fiscal previsto no art. 7° da Lei 9.532/97. São insubsistentes, portanto, os efeitos fiscais na apuração da base do cálculo de IRPJ e CSLL da fiscalizada, decorrentes da amortização do suposto ágio herdado na cisão da Gerdau Açominas, cuja origem foi a subscrição de capital pela Gerdau S/A na Gerdau Participações S/A, através da transferência de investimento detido pela subscritora junto à Gerdau Açominas.”(fls. 1.407 a 1.411). Lastreada nessas razões, a Fiscalização exigiu os tributos que deixaram de ser recolhidos em função do ágio tido por artificial. O Fisco glosou as reduções mensais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, avaliadas em R$ 42.024.451,00 por mês, efetuadas nos anos calendário de 2006 a 2010. Como no 4º trimestre de 2008 as reduções tidas por indevidas acarretaram a apuração de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL, o Fisco considerou irregulares, também, as compensações desses valores. O valor exigido a título de IRPJ montou R$ 552.779.782,35, enquanto a exigência a título de CSLL atingiu o valor de R$ 204.238.833,69. Esses valores, acrescidos de multa de ofício (75%) e dos juros de mora, somaram R$ 1.534.501.063,63 na data da autuação. Os autos de infração foram cientificados ao contribuinte em 11 de março de 2011 (documento das fls. 1.316 a 1.383 dos autos – 24 e 41/68 do documento eletrônico). Em 25 de março de 2011, o contribuinte apresentou a sua impugnação ao lançamento (documento das fls. 1.424 a 1.471 dos autos – 1/48 do documento eletrônico). O impugnante, ao abrir sua contestação, fez uma suma da sua irresignação nos seguintes termos (fl. 1.428): “Os lançamentos, contudo, não merecem prosperar, eis que o ágio, apesar de dito interno na autuação, foi gerado em decorrência da efetiva valorização das correspondentes ações, com substrato econômico reconhecido ao longo da reorganização societária, por todos os contribuintes dela participantes, conforme comprovado por laudo técnico e ingresso de terceiros na correspondente pessoa jurídica, com aporte de capital na mesma medida, cujos registros contábeis e efeitos fiscais estão plenamente conforme a lei, eficaz e vigente à época em que ocorreram, vedada a interpretação que leve à Fiscalização atuar contra a lei e, mais, como legislador positivo, vinculada que deve ser sua atuação, com total observância ao princípio da estrita legalidade tributária, vedada, ademais, a aplicação retroativa de Fl. 1692DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 28 19 OfícioCircular da Comissão de Valores Mobiliários que visa restringir a aplicação da lei com acréscimos de palavras inexistentes em seu texto, gerando, igualmente, incontestável violação à lei, sem olvidarse do princípio da verdade material.”. Ressalta que os Auditores Fiscais não contestaram a reorganização societária efetuada, que teria sido realizada consoante a legislação vigente. Entende o contribuinte que a Fiscalização tentou desconsiderar o ágio mediante aplicação de Ofício Circular da CVM de forma retroativa e ilegal. Discorda da utilização, pelos agentes do Fisco, da expressão “Grupo Gerdau”, porquanto as sociedades envolvidas na reorganização societária objeto do presente processo “não integram qualquer Grupo de Sociedades nos termos dos artigos 265 a 277 da Lei das Sociedades Anônimas, inexistindo “convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns”, de qualquer forma, então, conservando “personalidade e patrimônio distintos”. Salienta as premissas e os resultados apontados nos laudos de avaliação econômica das participações societárias, que deram azo ao ágio. Enaltece que os Auditores Fiscais tinham pleno conhecimento dos trabalhos de avaliação antes referidos e que, em momento algum, contestaram a sua veracidade. Após relatar a operação societária que redundou no aumento de capital da Gerdau Participações S.A., momento no qual houve a geração de ágio, aponta a existência de ganho de capital na operação por parte da Gerdau S.A. e o diferimento dos tributos incidentes sobre o referido ganho. Nesse ponto, ressalta que a Fiscalização atestou o acerto do procedimento, colhendo o seguinte trecho do “Relatório da Ação Fiscal”: “A tributação [do ganho de capital] foi diferida com base no art.36 da Lei 10.637/2002, conforme resposta à intimação na fl. 215.” Indica, após, que os agentes do Fisco também tinham conhecimento da subscrição e integralização de capital da Gerdau Participações S.A. pelo Banco Itaú BBA S.A.. Nessa operação, o subscritor “sujeitouse ao ônus da mais valia”, consubstanciado no ágio. Mais adiante, relata a incorporação da Gerdau Participações S.A. pela Gerdau Açominas S.A. e refere que a incorporadora passou a amortizar o ágio anteriormente registrado na incorporada, reduzindo o encargo tributário da incorporadora. Novamente entende que os Auditores Fiscais atestam a correção do procedimento, reprisando o seguinte trecho do “Relatório da Ação Fiscal” (em nota de rodapé): “Se estivéssemos diante de verdadeiro ágio, os efeitos fiscais dessa amortização estariam amparados no art. 7º da Lei 9.532/97.” Após relatar a cisão da Gerdau Açominas S.A., indica os registros contábeis e os efeitos do ágio relativamente à Gerdau Aços Longos S.A. Dá destaque, nesse passo, ao seguinte trecho do trabalho fiscal: Fl. 1693DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 20 “(...) que as operações envolvem sociedades sob o controle comum direto ou indireto, da Gerdau S/A, o que basta para caracterizar que foi gerado um ágio interno no grupo econômico.” Diante disso, assevera o impugnante: “Incontestável, do transcrito, além do todo mais que consta no Relatório da Ação Fiscal, que, em nenhum momento, a Fiscalização logrou demonstrar que não houve a geração do ágio, tampouco que este não teve qualquer fundamento econômico e, como tal, reflexos econômicos, contábeis e fiscais nas diversas operações da reorganização societária.” Enaltece, então, que a motivação do ato administrativo repousa sobre a geração de um ágio “interno em grupo societário”, que não teria “suporte econômico”. Segundo o impugnante, a equipe fiscal teria “deixado de lado o que afirmaram em toda a extensão de seu Relatório da Ação Fiscal, bem como relevando a impositiva prova necessária e suficiente à alegada carência de fundamento econômico”. Por tal motivo, a improcedência dos autos de infração seria uma conseqüência lógica. Referiu jurisprudência administrativa. Não bastasse isso, o impugnante aponta a existência concomitante do ágio e do ganho de capital, ambos decorrentes da valorização das participações societárias. A legislação que os prevê não conteria condição à sua aplicação. Os Auditores Fiscais teriam reconhecido a existência do ganho de capital, cuja tributação foi diferida. Assim, se houve fundamento econômico para a geração do ganho de capital, deve haver, também, fundamento econômico para a geração do ágio. Afirmar um e negar o outro seria grande inconsistência. Referiu, mais uma vez, jurisprudência administrativa. Reclama, por outro lado, de desrespeito ao princípio da estrita legalidade, retomando os termos do art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997. Defende que a referida norma se destina a qualquer pessoa jurídica que vier a absorver o patrimônio de outra nas condições que fixa. A norma não afastaria pessoas jurídicas participantes de grupo econômico, seja de fato, seja de direito. Inexistiriam, também, outras normas que limitassem a abrangência antes defendida. Apontou, em seu favor, a participação do Banco Itaú BBA S.A. na reorganização societária analisada. Retoma os termos do art. 20 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, para demonstrar que o ágio referido pelo art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997, pode contemplar operações societárias levadas a efeito por sociedades coligadas e controladas, ou seja, dentro de um mesmo grupo societário. A restrição fiscal, portanto, não teria sentido. Nesse passo, arremata com trecho colhido de voto proferido em julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (processo administrativo nº 13603.000382/8678), assim redigido: “Se, no entender dos Auditores Fiscais, “a lei foi mal elaborada, como não é raro, infelizmente, no âmbito da legislação tributária, (...) não se pode consertála com soluções de circunstância.” Lastreado em doutrina, o impugnante defende a interpretação das normas não só de forma restritiva, mas, também, teleológica, ou seja, de sorte a valorizar os fins almejados pelo legislador. Aponta a atuação do Supremo Tribunal Federal nesse sentido. Fl. 1694DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 29 21 Repugna, por outro lado, a atuação do aplicador da norma como legislador positivo, que cria hipóteses legais onde essas não existem. Sustenta que nem mesmo o Supremo Tribunal Federal pode atuar dessa forma. Apresenta julgado da Corte Suprema nesse sentido. Retoma o limite da estrita legalidade, sob os ângulos da exigência de lei para a lícita imposição tributária e do respeito à hierarquia das normas jurídicas. Defende a invalidade de atos normativos expedidos por autoridades públicas que “restringem, alteram ou extrapolam o próprio texto legal que os originou”. Apresenta doutrina. Expostas as premissas acima, arremata: “Presente o princípio constitucional da legalidade estrita, como limitador ao poder de tributar, e “ao qual corresponde o princípio da tipicidade”, inadmissível qualquer restrição infralegal do invocado direito de geração e dedutibilidade do ágio, menos ainda restrição decorrente de interpretação, como estão a pretender os r. Auditores Fiscais nos lançamentos rechaçados usando uma interpretação inserida em mero Ofício Circular da Comissão de Valores Mobiliários que, inafastável, não se enquadra na categoria de lei, e o que é mais grave, mero Ofício Circular de 14/02/2007, assim como os meros pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 15 e 04, ou seja, de forma retroativa a operações de reorganização societária realizadas entre dezembro de 2004 a junho de 2005, que inovam as regras inseridas no art. 7º da Lei nº 9.532/97, ao tentar aplicálas a ágio gerado em operações com pessoas jurídicas, exclusivamente, não ligadas.” Defende, ainda, que o Ofício Circular CVM/SNC/SEP nº 1, de 2007, e os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis careceriam de validade jurídica, porquanto deveriam ter se adstringido aos termos do art. 7º da Lei nº 9.532, de 2007, “explicitandoa ou complementandoa”, mas nunca inovandoa. Sustenta, também, que a atividade fiscalizadora tributária há de se pautar pelos limites fixados em lei. Caso houvesse uma lei interpretativa, a interpretação restaria circunscrita aos termos da lei interpretada, restando inviável qualquer inovação. Salienta, também, que a retroação da lei, nunca de um ofício circular ou pronunciamento, é uma exceção à regra geral da irretroatividade. Louvase em jurisprudência. O impugnante dá relevo à inexistência de ilegalidade no seu agir, tanto no que diz respeito à reorganização societária quanto à geração do ágio. Destaca que os atos jurídicos praticados estariam de acordo com a legislação tributária aplicável e vigente à época. Assim, sem procedência a desconsideração levada a efeito pelo Fisco. Além da questão da estrita legalidade, o impugnante escudase do lançamento evocando o princípio da verdade material. Entende o contribuinte que o ágio materialmente se concretizou. Defende que o laudo de avaliação é real e efetivo, motivo pelo qual os procedimentos contábeis e fiscais adotados são lícitos. Aponta a documentação constante dos autos e o relatório dos Auditores Fiscais como prova inequívoca de que o ágio tem conteúdo econômico para surtir os efeitos contábeis e fiscais registrados pelo impugnante. Fl. 1695DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 22 Diante das razões de defesa apresentas, o contribuinte requer a desconstituição dos lançamentos, uma vez que o ágio seria efetivo. Isso teria restado confirmado tanto pelo laudo de avaliação, quanto pelo aporte de capital à sociedade efetivado por terceiros em valores consoante avaliação. Além disso, a operação teria sido efetivada em perfeita observância da legislação tributária, não contendo qualquer vício. Por derradeiro, consta da petição do contribuinte solicitação no sentido de que as intimações realizadas no curso do presente processo sejam, sempre e necessariamente, efetuadas em nome da procuradora, em seu endereço profissional. A autoridade julgadora de primeira instância (DRJ de PORTO ALEGRE/RS) decidiu a matéria por maio do Acórdão 1031.398, de 12/05/2011 (fls. 1488/1521), julgando a impugnação improcedente e mantendo o crédito tributário como exigido, tendo sido prolatada a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anos calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. É o relatório. Passo ao voto. Fl. 1696DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 30 23 Voto Conselheiro Relator Paulo Jakson da Silva Lucas O recurso voluntário é tempestivo e assente em lei. Dele conheço. Vêse do extenso e minucioso relatório que a lide dos presentes autos, trata de ação fiscal da qual decorreu lavratura do auto de infração de IRPJ no valor de R$ 1.121.000.320,10 e da CSLL no valor de R$ 413.500.743,53 (incluídos juros calculado até 28/02/2011 e MO de 75%), cujos motivos encontramse sintetizados pela própria autuada no recurso apresentado, a seguir resumido: “A Recorrente recebeu ágio em transferência ocorrida na seqüência de operações de reorganização societária de empresas, controladas e controladoras, noticiada pelos AuditoresFiscais no Relatório da Ação Fiscal e não só reprisada no Acórdão, como nele ainda "esmiuçada" e acrescida de outros fatos e opiniões naquele completamente inexistentes. Então, no bem lançado resumo dos Auditores Fiscais, eis a questão: O contribuinte faz parte de um grupo econômico de pessoas jurídicas que realizou operações de reorganização societária (subscrição de capital, incorporação e cisão). A combinação dessas operações gerou um ágio que teve reflexos na apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social do período sob fiscalização. O registro contábil e a amortização desse ágio são indevidos por se tratar de ágio gerado internamente, ou seja, dentro de um grupo de sociedades sob controle comum." Na peça recursal os temas se repetem ao da fase inicial (impugnação), aduzindo com relação ao Acórdão condutor ora recorrido que: Entretanto, em que pesem os argumentos postos, verificase que o Acórdão não merece prosperar porque, como se disse, os artigos 7o e 8o da Lei 9.532/97 autorizam, em todas suas letras, o procedimento da Recorrente, sem a tributação que aqui está a pretender a Fazenda Nacional, através de seus representantes, já que não prescrevem qualquer condição de que o ágio seja gerado em operações realizadas por empresas não ligadas entre si. Sem dúvida, em nenhum momento esta legislação vedou a geração de ágio em operações entre sociedades, de uma forma ou de outra, ligadas, assim como, em nenhum momento, esta legislação vedou as despesas de amortização deste ágio, de modo que, ao assim decidir o caso vertente, os ilustres Julgadores, fora de qualquer dúvida, o fizeram atuando contra a lei e, mais, como legisladores positivos, em total afronta ao princípio da estrita legalidade, vedada ademais a aplicação retroativa de interpretação inserida em mero OfícioCircular que, de certa forma, restringe dispositivo legal, gerando, outrossim, incontestável violação ao mesmo princípio e ao da hierarquia das normas jurídicas, sem olvidarse da verdade material, o que leva, inafastavelmente, à necessária e integral reforma da decisão recorrida, pois em desacordo com o direito aplicável à espécie, exposto à extensão da impugnação e a seguir reiterado. Analisaremos os tópicos na mesma seqüência conforme abordados no recurso apresentado. Fl. 1697DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 24 Ressaltese, de início, que a verdadeira causa da autuação diz respeito a não ocorrência dos pressupostos legais para formação do ágio cujas despesas foram deduzidas pela recorrente. Nesse passo, destaco a acusação fiscal reprisandoa em letras maiúsculas: “A IRREGULARIDADE É A UTILIZAÇÃO DE UM ARTIFÍCIO CONTÁBIL SEM SUPORTE ECONÔMICO (REGISTRO DE ÁGIO INTERNO), NA TENTATIVA DE APLICAR O TRATAMENTO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO PARA O VERDADEIRO ÁGIO” (do Relatório de Ação Fiscal). Importante o destaque acima, visto que, doutrinariamente nos defrontamos com as mais variadas formas de planejamentos tributários tendo por objetivo a geração de despesas de ágio. A jurisprudência administrativa tem se firmado no sentido de apontar outras condições para fins de admissibilidade da dedução das despesas em referência. Com isso, procura afastar, no âmbito estritamente tributário, aquelas em que o ágio “nasce” por meio de artificialismos, como é o caso do denominado ágio de si mesmo (ágio interno). Nesse diapasão, têm sido relevantes os aspectos relacionados à ausência de relação entre as partes envolvidas e à existência de propósito negocial; a efetiva existência de ônus na aquisição da participação societária; a ausência de introdução de empresas de passagem (empresasveículo); etc. Em sua defesa argüi a ora recorrente como “Razões de Reforma do Acórdão” que “Após reprisar os elementos que serviram de motivação para o lançamento, na sua ótica, o douto Relator "busca identificar se o ágio é falso ou verdadeiro" e, seguido por seus pares, confirma o entendimento dos AuditoresFiscais de que o ágio recebido pela Recorrente é artificial e inválido para que seu aproveitamento gere efeitos na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), na essência, sustentando (por primeiro) que a Gerdau Participações S.A. era uma sociedade, a rigor, estranha ao procedimento de reorganização das empresas Gerdau, que funcionou como mera empresa veículo, sem nenhuma outra função que fosse a de permitir a geração e distribuição do ágio entre as demais empresas. Por segundo argumento no qual se sustenta o douto Relator, qual seja, “Do negócio entre partes relacionadas” e, por terceiro e ultimo argumento “A questão litigiosa colocada em debate gira em torno da aplicação da norma veiculada por meio dos arts. 7o. e 8o. da Lei n. 9.532, de 1997”. Importa, por pertinente, uma breve síntese da cadeia das operações societárias efetuadas pela ora recorrente e objeto da geração do ágio que se discute. É certo que a contribuinte recebeu ágio em transferência ocorrida na seqüência de operações de reorganização societária de empresas, controladas e controladoras. Decorre daí a autuação segundo a qual a autoridade fiscal questiona o registro contábil e a amortização deste ágio, com os fundamentos de se tratar de ágio gerado artificialmente com a única finalidade de economia tributária, conforme bem descrito no Tópico 2 do Relatório da Ação Fiscal, fls. 03 e segs.) Em breve síntese, traçarei as operações envolvendo as sociedades Gerdau S.A., Siderúrgica Riograndense S.A. (alterada para Gerdau Participações S.A., Gerdau Açominas S.A. e Gerdau Aços Longos S.A. Em 2001, a Gerdau S/A adquiriu participação relevante na Aço Minas Gerais S/A. Essa participação foi aumentada em 2002, seguida de uma reestruturação, em 2003, quando foram transferidas para a Açominas as operações de siderurgia e ativos Fl. 1698DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 31 25 complementares da Gerdau S/A. Após essa reestruturação a sociedade passou a denominarse Gerdau Açominas S/A. Em dezembro de 2004, foi iniciada reorganização societária no grupo Gerdau. O primeiro passo foi a “reativação”, já que se encontrava praticamente inoperante da Siderúrgica Riograndense S/A. Assim, a Siderúrgica Riograndense S/A., em 29/12/2004, alterou sua denominação para Gerdau Participações S/A, e teve seu capital social aumentado de R$ 422.360,00 para R$ 15.227.078.630,00. O aumento de capital efetivouse em 29/12/2004 com a subscrição e integralização de ações, pela Gerdau S/A., que alcançou a cifra de R$ 15.226.656.270,00. Para tanto, a Gerdau S/A. utilizouse de sua participação na Gerdau Açominas S/A. e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. A participação da Gerdau S/A. nestas duas empresas fora objeto de Laudo de Avaliação Econômica realizada em 22/12/2004, e fundamentouse na expectativa de rentabilidade futura. Notese que não houve tributação de ganho de capital na Gerdau S/A., relativo à diferença entre o valor de integralização e o valor apontado na sua escrituração contábil, das participações societárias incorporadas ao patrimônio da Gerdau Participações S/A.. Isso em função da disposição constante do art. 36 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, que permitiria o diferimento da tributação neste casos. Em 28 de abril de 2005, a Gerdau S/A., a Gerdau Participações S/A. e a Gerdau Açominas S/A. firmaram “Protocolo de Intenções” pactuando a futura incorporação da Gerdau Participações S/A pela Gerdau Açominas S/A, que iria se efetivar no dia 09 de maio de 2005. O contrato já previu os efeitos patrimoniais do aumento de capital da Gerdau Participações S/A que iria se realizar no dia 06 de maio de 2005, considerando a repercussão desse aumento sobre a operação de incorporação que seria efetivada mais adiante, em 09 de maio de 2005 (item I do “Protocolo de Intenções”). A cadeia mostrase definitivamente estruturada, de modo que seus objetivos são definidos desde o início da operação. Com efeito, em 09 de maio de 2005, a Gerdau Açominas S/A, consoante previsto, incorporou a Gerdau Participações S/A. Houve, naquela data, consoante item 7, “d”, da Ata da 66ª Assembléia Geral Extraordinária, o aumento do capital da Gerdau Açominas S/A em R$ 1.224.645.638,74 e a constituição de “Reserva Especial de Ágio” no montante de R$ 3.134.243.953,83. Concluídas tais operações, a incorporadora, Gerdau Açominas S/A, passou a amortizar o ágio registrado no LALUR da incorporada, Gerdau Participações S/A, à razão de 1/120 ao mês (quanto a esta amortização, sua discussão tem sede no Processo 10680.724392/201028). Três meses após a incorporação, a Gerdau Açominas S/A foi objeto de cisão, processo através do qual parte do patrimônio da sociedade foi vertido ao capital de quatro novas sociedades: Gerdau Aços Especiais S/A, Gerdau Aços Longos S/A, Gerdau América do Sul Participações S/A e Gerdau Comercial de Aços S/A (existem lançamentos fiscais em processo autônomos 16682.720271/201154 (ora em análise); 11080.723701/201074 e 11080.723702/201019). Fl. 1699DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 26 Pois bem. No caso em análise, alinhome aos que entendem que partindo da premissa de que o ágio se caracteriza pela diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição, há que se verificar, no contexto das operações realizadas, se na operação societária conforme descrita, efetivamente houve pagamento/desembolso pela aquisição das ações/quotas sociais que gerou o ágio; e/ou se efetivamente houve alienação ou aquisição de controle societário para o caso como descrito, onde o controle da Gerdau Açominas S/A foi mantido pelo mesmo titular, embora não mais de forma direta, e sim indireta. No meu entendimento para que o ágio seja caracterizado fazse necessário o desembolso, em moeda ou bens que o represente, pela empresa investidora. A transferência de ações da empresa investidora para a empresa investida e posterior incorporação desta pela primeira, sem que a incorporadora nada tenha desembolsado, não materializa pagamento a maior, que é elemento essencial à caracterização do ágio. Não há geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. No caso como descrito entendo se tratar de mera reavaliação de participações societárias. Para dedução do ágio como despesa em empresa que adquire participação societária, são necessários mais do que registros contábeis e atos contratuais formalmente perfeitos. É imprescindível a materialidade do ágio. Não se concebe como despesa dedutível o ágio decorrente de atos societários ou reorganizações empresariais onde quem se beneficia, repito, nada desembolsou, quer seja em espécie quer seja em bens representativos de valor econômico, no caso, se tratou de mais valia de si próprio. Com relação a empresa Gerdau Participações S/A fica claro, da leitura dos autos, que esta serviu de mero veículo para a transferência de (suposto) ágio criado com base em mais valia do patrimônio da própria interessada, isso é o que demonstram os diversos indícios já apontados acima, mormente o fato de ter ela se mantido na inatividade durante anos, conforme apurado pela Fiscalização. Há de se perguntar, que resultado esperar de uma sociedade inoperante há anos e que, após vultosa operação, é extinta por incorporação? Evidente que a pretensão foi exclusivamente de economia tributária, portanto, desprovido de qualquer substância econômica ou propósito negocial. Neste ponto, alega a recorrente ter havido “efeitos societários, financeiros, patrimoniais e fiscais” nas operações envolvendo a Gerdau Participações S/A. Isso porque, continua ela, somente com a utilização daquela sociedade é que teria sido possível aos 4 mil acionista da Gerdau Açominas S/A participar de negócios siderúrgicos do Grupo Gerdau, bem como, só assim, teria sido possível o aporte de R$ 550 milhões pelo Banco Itaú BBA S/A. Em primeiro lugar, o aporte feito pelo Banco Itaú não representou pagamento de ágio, como bem esclarece a seguinte passagem da decisão de Primeira Instância: Houve um aumento de capital, portanto, no valor total de R$ 550.000.000,00. O subscritor foi o Banco Itaú BBA S.A. (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 14 a 16/34 do documento eletrônico). Importante salientar que essa operação não contemplou qualquer ágio, posto que, em princípio, o patrimônio da sociedade já estaria avaliado a preços de mercado. Enfim, como bem relatado na ação fiscal, não há qualquer suporte na teoria da contabilidade ou nas normas societárias e fiscais para o reconhecimento de ágio na seqüência de operações praticadas pelo Grupo Gerdau. Do caso, em uma primeira análise, os procedimentos adotados pela Recorrente revelamse em conformidade com a lei. Entretanto, ao analisarmos os fatos que lhes Fl. 1700DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 32 27 serviram de suporte, ficam evidenciados fatores que levam à convicção acerca do artificialismo na geração da despesa com amortização de ágio. Pois, o ágio interno (denominado de ágio de si mesmo) teve origem em uma construção contábil, que decorreu da interposição da Gerdau Participações como intermediária entre a Gerdau Açominas e sua controladora Gerdau S/A, sem que se alterasse de fato o verdadeiro controlador. Não houve alienação ou aquisição do controle da Açominas, que sempre foi controlada direta ou indiretamente pela Gerdau SA. Com efeito, repito, um processo de reestruturação societária, submetido a uma única vontade, eis que realizado entre empresas pertencentes ao mesmo Grupo Econômico, no qual não houve desembolso e totalmente desprovido de substância econômica, não encontra guarida nas disposições dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, de modo a tornar o ágio, nascido de si próprio, dedutível. Destarte, ao meu ver, outra não poderia ser a conclusão a que chegou a Fiscalização, pois, no caso vertente, em que a despesa apropriada decorreu de mais valia do patrimônio daquela que almejou beneficiarse de sua dedutibilidade, não há que se falar em ágio decorrente na aquisição de investimento. No mais, deixar claro que, em diversas questões deste meu voto, valhome dos fundamentos expendidos no processo administrativo 10680.724392/201028, Acórdão 110100.708, de 11/04/2012, da I. Conselheira Edeli Pereira Bessa, a qual peço vênia, para, a meu modo, abordar as razões de decidir, cujas conclusões alinhome por bem definirem a melhor interpretação da matéria debatida, ressaltando que o citado acórdão paradigma teve como suporte os mesmos fundamentos fáticos e jurídicos destes autos, por tratarse de operação do mesmo grupo econômico (“Grupo Gerdau”). Nesta ordem, reproduzo texto do voto do Acórdão (110100.708) acima citado como paradigma: A acusação fiscal é clara e motivada, e revela exatamente o cenário vislumbrado pela autoridade julgadora de primeira instância: a constituição de uma holding de efêmera duração, por meio da qual o ágio é constituído e, ao final, acaba por integrar o próprio patrimônio da investida e reduzir o seu lucro tributável, sem qualquer pagamento a justificálo. [...] Ocorre que, à semelhança dos demais argumentos de defesa, a recorrente trata este aspecto isoladamente, para assim tentar desconstituílo. E, em que pese a decisão recorrida tenha afastado diversas justificativas que poderiam existir para a utilização da Gerdau Participações S/A na referida reorganização societária, sem cogitar destas que agora a recorrente alega, sempre subsistirá o fato de que a Gerdau Participações S/A se prestou como veiculo para tornar o suposto ágio dedutível na apuração do lucro tributável da autuada, quer seja apenas para este fim, ou também para este fim. Ou seja, sem a participação de terceiros, a Gerdau S/A atribuiu às suas participações societárias na Gerdau Açominas S/A e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda um valor superior ao patrimonial, e assim constituiu um ativo que classificou como ágio, mediante a mera substituição de seu controle direto, por controle indireto, sobre estas mesmas participações societárias. Com base em um laudo de rentabilidade futura, constituiu, por meio da reorganização Fl. 1701DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 28 societária em referência, uma despesa que se presta, justamente, a anular os efeitos tributários sobre a realização desta rentabilidade futura. Dai porque a autoridade fiscal expressamente diz não questionar o propósito negocial da operação como um todo, que culminou na cisão da Gerdau Açominas e na consequente individualização por segmento de atuação dentro do Grupo Gerdau. Rejeitase, apenas, a utilização de um artifício contábil que enseja a constituição de um suposto ágio e permite a sua posterior amortização, com efeitos na apuração do lucro tributável. Eventualmente a existência da Gerdau Participações S/A pode até ter se prestado aos fins alegados, assim como podese inferir que, alcançados estes, não mais se justificaria a sua manutenção como holding. 0 que não se explica é a atribuição de um valor majorado por expectativa de rentabilidade futura às participações societárias com as quais a Gerdau S/A aumentou seu capital, e a classificação, deste diferencial, como ágio passível de amortização após a extinção da holding mediante incorporação pela Gerdau Açominas S/A. Desnecessário, portanto, abordar qual o conceito atribuído, nesta instância de julgamento, a empresas veiculo, pois ainda que a constituição da Gerdau Participações S/A como holding tenha se prestado a facilitar a participação do Itau BBA no capital da Gerdau Açominas S/A, subsiste o fato de que o uso daquela pessoa jurídica permitiu a reavaliação das participações societárias detidas pela Gerdau S/A na Gerdau Açominas S/A com diferimento da tributação sobre este ganho, a formação de uma maisvalia equivocadamente classificada como ágio, amortizado nos períodos de apuração autuados." Da leitura do excerto transcrito, entendo que para ser considerada despesa dedutível, o ágio suportado pela empresa com a aquisição de uma participação societária deve ter como origem, concomitantemente, um propósito negocial, compreendido este como a razão negocial para adquirir um investimento por valor superior ao custo original, bem como um efetivo substrato econômico, decorrente da aquisição de negócio comutativo entre partes independentes, com dispêndio de recursos e previsão de ganho. É o que decorre da lei. No caso em análise as autoridades fiscais consideraram equivocado o tratamento contábil e fiscal dado aos atos societários, que colimaram obter lastro no art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997, e no art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002. Concluíram que o enquadramento legal intentado pelo contribuinte foi artificial quanto à geração e ao aproveitamento do ágio. As provas dos autos corroboram a acusação fiscal. O objetivo do trabalho fiscal foi justamente o de defender a lei, afastando os benefícios fiscais daqueles que se posicionaram artificialmente diante dela. Não há, portanto, qualquer desrespeito ao princípio da legalidade ou inovação. Pelo contrário, há a defesa da lei, conforme afirmado no voto combatido. Valhome, mais uma vez, dos fundamentos da Conselheira Edeli ao reproduzir texto do seu voto referente sua dicção a leitura dos arts. 7o. e 8o. da Lei 9.532, de 1997: Equivocada, portanto, a interpretação da recorrente no sentido de que estes dispositivos legais não prescrevem qualquer condição de que o ágio seja gerado em operações realizadas por empresas não ligadas entre si. Os dispositivos transcritos somente se referem ao ágio formado na aquisição de investimentos e, ainda, o art. 7° da Lei n° 9.532/97 frisa que deve ser ele apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, o qual, por sua vez, trata do Fl. 1702DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 33 29 ágio formado entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio liquido na época da aquisição. Em seu memorial, a recorrente acrescenta que a própria CVM, na Nota Explicativa que acompanhou a edição da Instrução CVM no 247/96, tratou da questão, justificando a existência e o reconhecimento do ágio no caso de subscrição de capital, mesmo que "não tenha havido uma negociação direta com terceiros" (grifo do original). Assim, é importante esclarecer que a referida Instrução CVM n° 247/96 assim dispôs: [...] Ou seja, este ato limitase a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E somente há preço e, por conseqüência, aquisição, quando a operação se realiza entre partes independentes. [...] Em memoriais, a interessada aperfeiçoa sua objeção ao conceito de aquisição adotado pela Fiscalização, afirmando que tal se dá quando há transferência da titularidade de uma participação societária, podendo ser derivada, como é o caso da compra e venda ou de permuta, ou originária, como no caso do ágio, mediante a emissão primária de ações, decorrente da subscrição de ações. Transcreve doutrina afirmando que para fins de geração do ágio, a existência, ou não, do pagamento em moeda é irrelevante, pois mesmo nesse caso há um legitimo custo de aquisição, que corresponde ao valor das novas ações emitidas em aumento de capital (o pagamento pelas ações adquiridas ocorre com entrega das ações emitidas em aumento de capital). A argumentação, porém, desvia o foco da discussão para o meio de pagamento utilizado, enquanto a acusação fiscal centrase na necessidade de dispêndio para obter algo de terceiros, ou seja, para obtenção de algo que não é próprio, e assim configura aquisição. 0 pagamento, neste caso, configura a entrega da prestação a outrem, contexto que não se configura no presente caso, no qual o controle da Gerdau Açominas S/A foi mantido pelo mesmo titular, embora não mais de forma direta, e sim indireta. Irrelevante, portanto, a abordagem nos pontos em que defende a retribuição em ações como pagamento, e a existência de pagamento mesmo sem a saída de caixa. Consoante afirma o próprio Parecer Normativo CST n° 949/72, citado nos memoriais, irrelevante é o meio de pagamento adotado para fins de aquisição, no caso, de ações ou cotas de capital: quantias desembolsadas na sua compra a terceiros, além do valor das bonificações recebidas em novos bens da espécie ou mediante valorização dos possuídos e, ainda, o valor dos gratuitamente cedidos a empresa também representam formas de aquisição daqueles direitos, mas ai sempre considerandose que isto se dá em face de uma investida que aufere lucros e os apropria de forma a beneficiar seus sócios, e não em razão da determinação do valor patrimonial do investimento por parte, exclusivamente, deste sócio. [...] Dúvidas há acerca da amplitude do alcance do termo "aquisição", pois várias são as formas pelas quais um bem ou direito muda de titularidade, assim como sabese que diferentes são os meios utilizados para cumprimento das condições Fl. 1703DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 30 necessárias para que o negócio jurídico se aperfeiçoe. Contudo, em todas estas variações, há sempre a presença do terceiro como contraparte, e este é o aspecto relevante, ausente na operação em debate. Não se pode admitir, como quer a recorrente em sua citação contida em memoriais, que haja formação de ágio em razão de o custo de aquisição para a Gerdau Participações, na aquisição das participações societárias na Gerdau Açominas corresponder ao montante pelo qual a Gerdau Participações emitiu novas ações, pois a Gerdau Participações nada mais é do que uma extensão da Gerdau S/A que, como bem apontado pela autoridade lançadora no momento imediatamente anterior ao inicio da reorganização, em 29/12/2004, detinha a maioria do capital votante da Gerdau Açominas S/A (91,49%), da Gerdau Participações S/A (98,98%) e da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda (94,88%). Ou seja, a Gerdau S/A não poderia adquirir algo que ela já possuía. E não se trata, meramente, de negar a possibilidade de aquisição por empresa integrante do mesmo grupo econômico. A autoridade lançadora evidenciou que antes de 29/12/2004 a Gerdau S/A detinha a maioria do capital votante da Gerdau Açominas S/A (91,49%) e, após a reestruturação societária promovida, voltou a deter este controle direto, com 89,35% das ações da autuada, sendo que neste intervalo de tempo manteve o controle indireto da autuada, por possuir 98,98% das ações da Gerdau Participações S/A. Mais que a existência de uma pessoa jurídica adquirente e uma pessoa jurídica alienante do controle societário, é necessário que distintas sejam estas pessoas jurídicas: que sejam duas, e não a mesma pessoa em ambos os pólos da relação jurídica. Tão só esta constatação já seria suficiente para rejeitar os efeitos fiscais da amortização do ágio contabilizado pela fiscalizada, e classificálo como artificial e inválido. Todavia, a Fiscalização aprofundou seus trabalhos abordando aspectos que poderiam ser contrapostos pela interessada, como de fato foram. [...] Não há inovação na decisão ou obscuridade na acusação. 0 fato contestado pelo Fisco, e que subsiste injustificado, é a formação, nesta reorganização societária, do ágio amortizado, com efeitos na apuração do lucro tributável. E, como dito, sem a participação de um terceiro que pague, pela participação societária, valor acima do patrimonial, não ha o que se falar em ágio, consoante dicção da própria lei. Os laudos de avaliação apresentados pela contribuinte se prestam, apenas, a demonstrar a rentabilidade que pode produzir aquela participação societária no futuro, mas não são hábeis a qualificar a diferença entre esta avaliação e o valor patrimonial como ágio. Em verdade, tais laudos de avaliação, quando elaborados em atenção a interesses, apenas, de empresas sob controle comum, dão lastro à reavaliação das participações societárias, e não à formação de ágio. Retornando ao meu voto, observo que, na realidade o fato é que a autoridade fiscal fundamentou suas conclusões tanto na teoria da contabilidade quanto nas normas fiscais. Sob o primeiro fundamento, buscou suporte na doutrina contábil com base em pronunciamentos da CVM, bem como pronunciamento técnico do CPC (Comitê de Pronunciamento Contábil). Fl. 1704DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 34 31 E aqui não se trata de dizer simplesmente que a CVM repudia, “não gosta” deste tipo de ágio. Na realidade tudo tem a ver com o conceito de contabilidade, da qual uma da suas ramificações a contabilidade tributária deve demonstrar a situação do patrimônio e o resultado do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade. O resultado apurado deve ser economicamente exato, baseados em fatos reais, nunca baseados em artificialismos. É certo que no Brasil a apuração dos resultados se dá individualmente, empresa por empresa, contudo, no contexto da contabilidade tributária, o que vale para os sócios é o lucro como um todo. Logo, nasce, daí o artificialismo contábil na geração de despesa do ágio entre empresas do mesmo grupo. Por oportuno aqui, importa reproduzir trechos do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Acórdão 1302001.108, Sessão de 11/06/2013), que bem define a matéria. Ora, o art. 20 do DL. 1598/77 define a existência de ágio ou deságio como sendo a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição. Deste conceito emanam duas grandezas a serem determinadas com vistas à apuração da existência de ágio (ou deságio). A primeira é o custo de aquisição e a segunda é o valor do patrimônio líquido. Quanto a este último não há dúvidas de que se trata do valor patrimonial da empresa investida na data do investimento. Quanto à primeira é que surgem controvérsias quando se trata de operações societárias realizadas internamente num grupo econômico: qual é o custo de aquisição? O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da resolução 750/931, que dispõe sobre os princípios fundamentais da contabilidade, ao tratar do registro dos componentes patrimoniais assim estabelecia no seu art 7º: Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; [...] (grifo nosso) 1 Essa redação foi Alterada pela Resolução CFC nº 1282/2010, por conta do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Fl. 1705DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 32 Fundada nesses princípios a Comissão de Valores Mobiliários, por meio do Ofício Circular CVM/SNC/SEP 01/2007 condenou o reconhecimento do chamado ágio interno, ou seja, gerado dentro do mesmo grupo de empresas sob controle comum, in verbis: "20.1.7 "Ágio" gerado em operações internas A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de "ágio". Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, iniciase com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato continuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários do ponto de vista econômicocontábil é preciso esclarecer que o ágio surge única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial supera o valor patrimonial desse investimento. E mais prego ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim não há do ponto de vista econômico geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Não é concebível, econômica e contabilmente o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como "arm's length". Portanto é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substancia econômica e da indispensável independência entre as partes para que seja passível de registro. mensuração e evidenciação pela contabilidade." (Os grifos constam do original). Resta evidente a convergência Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007 com o princípio emanado do CFC quando se trata da definição do custo de aquisição de um componente patrimonial. Não obstante, respeitáveis vozes têm se insurgido contra a invocação desta norma da CVM para fins de interpretação da lei tributária, alegando que a mesma não teria o condão de modificar os conceitos legais do ágio ou mesmo ser utilizada Fl. 1706DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 35 33 na interpretação da legislação tributária, pois abrigaria conceitos de caráter meramente econômicos ou contábeis. Com a devida vênia aos que assim pensam, entendo que a nota da CVM apenas proclama o óbvio, seja em termos jurídicos, contábeis ou econômicos, deixando nua a falta de substância das operações societárias realizadas com o único intuito de gerar ágios artificialmente, unicamente com vistas à redução da carga tributária, situação não amparada pela lei, conforme já examinamos. Ora, se não há a criação de riqueza nova, como se justificaria a existência de um ágio? Afinal, qual a finalidade da lei tributária (do imposto de renda, em especial), senão estabelecer a carga tributária conforme a capacidade econômica do contribuinte? No voto que restou vencido, no Acórdão nº 110100.708, a ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, cita o exame do conceito de ágio pela doutrina contábil, in verbis: “[...]o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado pela referida FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), e citado pela Fiscalização nos termos de sua edição de 2008, afirma o mesmo entendimento no âmbito doutrinário, expondo com clareza o conceito contábil de ágio nos termos a seguir transcritos: 11.7.1 — Introdução e Conceito Os investimentos, como já vimos, são registrados pelo valor da equivalência patrimonial e, nos casos em que os investimentos foram feitos por meio de subscrições em empresas coligadas ou controladas, formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Vejase, todavia, caso especial no item 11.7.6. Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de uma empresa já existente, pode surgir esse problema. O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas ações e seu valor nominal, mas a diferença entre o valor pago e o valor patrimonial das ações, e ocorre quando adotado o método da equivalência patrimonial. Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir. 11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e, o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta (..) 11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio a) GERAL Fl. 1707DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 34 Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio, é necessário que, na database da aquisição das ações, se determine o valor da equivalência patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de uni Balanço da empresa da qual se compraram as ações, referencialmente na mesma database da compra das ações ou até dois meses antes dessa data. Todavia, se a aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse Balanço, mesmo que com defasagem superior aos dois meses mencionados. Ver exemplos a seguir. b) DATABASE Na prática, esse tipo de negociação é usualmente uni processo prolongado, levando, As vezes, a meses de debates até a conclusão das negociações. A database da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais ações aos novos acionistas a partir dela, passam a usufruir dos lucros gerados e das demais vantagens patrimoniais.() 11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Destigio (...) c) ÁGIO FOR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA Esse ágio (ou deságio) ocorre quando se paga pelas ações um valor maior (menor) que o patrimonial, em função de expectativa de rentabilidade futura da coligada ou controlada adquirida. Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e abranger diversas possibilidades. No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das ações representam esse tipo de ágio e devem ser registrados nessa subconta especifica. Sumariando, no exemplo anterior, a contabilização da compra das ações pela Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...). 11.7.5 Amortização do Ágio ou Deságio a) CONTABILIZAÇÃO I Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio.O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa tenha pago pelas ações adquiridas um valor adicional ao do patrimônio liquido de $ 200.000, correspondente a sua participação nos lucros dos 10 anos seguintes da empresa adquirida. Nesse caso, tal ágio Fl. 1708DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 36 35 deverá ser amortizado na base de 10% ao ano. (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa evolução proporcionalmente).(..) Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (..). 11.7.6 Ágio na Subscrição (...) b) por outro lado, vimos nos itens anteriores ao 11.7 que surge o ágio ou deságio somente quando uma empresa adquire ações ou quotas de uma empresa já existente, pela diferença entre o valor pago a terceiros e o valor patrimonial de tais ações ou quotas adquiridas dos antigos acionistas ou quotistas. Poderíamos concluir, então, que não caberia registrar um ágio ou deságio na subscrição de ações. Entendemos, todavia, que quando da subscrição de novas ações, em que há diferença entre o valor de custo do investimento e o valor patrimonial contábil, o ágio deve ser registrado pela investidora. Essa situação pode ocorrer quando os acionistas atuais (Empresa A) de uma empresa B resolvem admitir novo acionista (Empresa X) não, pela venda de ações já existentes, mas pela emissão de novas ações a serem subscritas, pelo novo acionista. Ou quando um acionista subscreva aumento de capital no lugar de outro. O preço de emissão das novas ações, digamos $ 100 cada, representa , a negociação pela qual o acionista subscritor está pagando o valor, patrimonial contábil da Empresa B, digamos $ 60, acrescido de uma maisvalia de $ 40, correspondente, por exemplo, ao fato de o valor de mercado dos ativos da Empresa B ser superior a seu valor contabilizado. Tal diferença representa, na verdade, uma reavaliação de ativos, mas não registrada pela Empresa B, por não ser obrigatória. Notemos que, nesse caso, não faz sentido lógico que o novo acionista ou mesmo o antigo, ao fazer a integralização do capital, registre seu investimento pelo valor patrimonial das suas ações e reconheça a diferença como perda não operacional. Na verdade, nesse caso, o valor pago a mais tem substância econômica bem fundamentada e deveria ser registrado como um ágio, baseado no maior valor de mercado dos ativos da Empresa B." (negrejouse)” (destaques cfe original) Fl. 1709DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 36 A Relatora do voto vencido no referido acórdão também analisou com propriedade a Nota Explicativa CVM nº 247/96, demonstrando que o fato de admitir ágio ou deságio na subscrição de ações não invalida a conclusão do Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007, in verbis: “Em seu memorial, a recorrente acrescenta que a própria CVM, na Nota Explicativa que acompanhou a edição da Instrução CVM no 247/96, tratou da questão, justificando a existência e o reconhecimento do ágio no caso de subscrição de capital, mesmo que "não tenha havido uma negociação direta com terceiros" (grifo do original). Assim, é importante esclarecer que a referia Instrução CVM n° 247/96 assim dispôs: Art. 13 Para efeito de contabilização, o custo de aquisição de investimento em coligada e controlada deverá ser desdobrado e os valores resultantes desse desdobramento contabilizados em subcontas separadas: I. equivalência patrimonial baseada em demonstrações contábeis elaboradas nos termos do artigo 10; e II. ágio ou deságio na aquisição ou na subscrição, representado pela diferença para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do investimento e a equivalência patrimonial. E a correspondente Nota Explicativa foi assim redigida, na parte aventada pela recorrente: 7 DO ÁGIO OU DESÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO AVALIADO PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Alguns esclarecimentos e alterações importantes foram feitos neste tópico. A primeira, e talvez a principal delas, trata da existência de ágio/deságio na subscrição de ações. Até algum tempo atrás, era entendimento de muitas pessoas que o ágio e o deságio somente surgiam quando havia uma aquisição das ações de uma determinada empresa (transação direta entre vendedor e comprador). Hoje, entretanto, já existe o entendimento de que o ágio ou o deságio pode também surgir em decorrência de uma subscrição de capital. Em um processo de subscrição de ações, quando há alteração no percentual de participação, o entendimento era de que a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações constituía uma perda de capital na investidora (e um ganho na empresa cuja participação estava sendo diminuída), e essa perda/ganho deveria ser contabilizada, no resultado não operacional, como variação de percentual de participação. Posteriormente, verificouse que quando essa parcela subscrita decorre, por exemplo, da subavaliação no valor contábil dos bens, existe a figura do ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação direta com terceiros. [...] O entendimento anterior era de que, em função da variação do percentual de participação, a nova equivalência patrimonial Fl. 1710DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 37 37 revelava um ganho de variação para a Cia A e, conseqüentemente, uma perda na Cia B, que deveriam ser contabilizados de imediato nos resultados dos investidores. A explicação para a perda estava baseada na seguinte construção: [...] Esse entendimento não é verdadeiro. Na realidade, a Cia B pagou uma parcela adicional em função de uma maisvalia dos bens, que não está refletida nos registros contábeis da Cia XYZ Só que não o fez diretamente aos proprietários das ações (Cia A). Portanto, o que existe neste caso é afigura do ágio com fundamento nesta maisvalia, e isto é fácil de verificar. Imaginemos que a Cia XYZ tenha reavaliado seus ativos antes do aumento de capital, neste caso, a situação seria a seguinte: Nestes termos, resta claro que a Nota Explicativa, ao mencionar que não houve uma negociação direta com terceiros, está cogitando que ao menos houve uma negociação indireta com terceiros. No exemplo acima referido, a Cia B paga valor representativo de maisvalia de ativos à Cia XYZ, o que beneficia indiretamente seus sócios, Cia A, situação distinta da presente, na qual o beneficio experimentado pela controladora Gerdau S/A decorre de maisvalia por ela reconhecida mediante subscrição, na Gerdau Participações S/A, do investimento que ela antes já detinha na Gerdau Açominas S/A. Dai a pertinente interpretação veiculada no OficioCircular CVM/SNC/SEP no 01/2007: [...] Ou seja, este ato limitase a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E somente há preço e, por conseqüência, aquisição, quando a operação se realiza entre partes independentes.” Como se observa, tanto as normas contábeis quanto a doutrina são convergentes em não reconhecer a existência de ágio quando não há negociação, ainda que indireta, com terceiros e efetivo pagamento pelas participações subscritas, situações que também não se verificam nas operações ora examinadas. A utilização dos princípios contábeis para dar uma resposta satisfatória ao desafio de mensuração do resultado das pessoas jurídicas, foi bem observado por Schoueri, que aborda a solução encontrada pelo legislador pátrio para a questão da dedutibilidade do ágio, in verbis: “Conforme já referido, pelo princípio contábil do confronto das despesas com as receitas (o matching principle), as despesas que sejam diretamente relacionadas a receitas de determinado período devem ser com estas confrontadas, a fim de que não sejam geradas quaisquer distorções. Não seria razoável que se contabilizasse uma receita sem que a despesa que a originou fosse a essa contraposta; caso contrário, se verificariam valores absolutamente fictícios, com resultados negativos no período em que se contabilizasse a despesa e positivos no período que se escriturasse a receita, quando, em verdade, esses valores contrapostos acarretariam um resultado global neutro. Fl. 1711DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 38 Segundo explana Sérgio de Iudcíbus, os princípios dão as grandes linhas filosóficas da resposta contábil aos desafios do sistema de informação da Contabilidade, operando num cenário complexo, no nível dos postulados, formando, pois, o núcleo da doutrina contábil. Muito além de influenciar as ciências contábeis, é de se notar que os princípios influenciam todos os demais âmbitos de estudo dotado de cientificidade, dentre esses o Direito. Um princípio que fornece respostas satisfatórias a uma ciência pode perfeitamente oferecer respostas também satisfatória a outros âmbitos científicos. E ocorreu justamente isso em matéria de amortização de ágio. Além de fornecer resposta aos desafios contábeis, o princípio do confronto das despesas com as receitas também foi utilizado pelo legislador para fornecer respostas satisfatórias aos desafios fiscais de amortização do ágio. Foi de rara felicidade a introdução desse princípio, de natureza primordialmente contábil, na apuração do lucro real das pessoas jurídicas nacionais, por parte do Poder Executivo quando formulou o tratamento do ágio na incorporação que atualmente observamos em nosso ordenamento jurídico. Entendeu se que o momento de dedutibilidade fiscal dó ágio deveria estar estritamente vinculado ao momento em que as receitas que acarretaram o seu pagamento fossem auferidas, isto é, o momento em que o ágio fosse considerado realizado. Ora, qual o motivo de se ter pago um montante superior ao valor do patrimônio líquido de uma pessoa jurídica para adquirila? A expectativa de auferir resultados positivos futuros em decorrência desse ágio pago é a resposta. Se os resultados positivos futuros tiveram sua origem em dispêndio com ágio ocorrido no passado, nada mais correto que registrar esse ágio em ativo para que apenas seja considerado em conta de resultado quando os referidos resultados positivos futuros foram auferidos. Eis onde o legislador acertou ao edificar a regulamentação do ágio ora em vigor.” 2 (grifos nosso) Muito feliz a observação de Schoueri de que o legislador buscou na ciência contábil a solução para a questão da amortização do ágio. E o fez tanto com relação à adoção do princípio do confronto entre despesas e receitas como também ao já citado princípio do registro pelo valor original, resultante do consenso com os agentes externos ou da imposição destes, pois ambos se complementam neste caso. Senão, como se pode falar em dispêndio com ágio pago numa transação que não envolve terceiros? Como se admitir a dedução de um dispêndio que não existiu sobre uma receita que dele não decorreu? Seria absolutamente contraditório aceitar um princípio e negar o outro. As conclusões de Luis Eduardo Schoueri, acerca da previsão legal de dedutibilidade do ágio formado com base na expectativa de rentabilidade futura, reforçam meu entendimento nesse sentido: “Já na hipótese do dispêndio antes contabilizado como ágio concernente a rentabilidade futura, o auferimento de lucros tributáveis na empresa A é per se suficiente para traduzir a realização do dispêndio com o ágio antes incorrido, que deverá ser realizado para compensar os resultados positivos, à medida em que forem ocorrendo. Daí o porque de após a incorporação o ágio passar a ser ativo intangível, amortizável, uma vez que apenas a partir desse momento os lucros passam a ser 2 SCHOUERI, Luis Eduardo. op cit, p. 71 e 72 Fl. 1712DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 38 39 tributados na investidora, pois antes disso no máximo haverá receita de equivalência patrimonial, não tributável. Dessa forma, para que se possa considerar os lucros auferidos pela Empresa B como real resultado global positivo na Empresa A, fazse essencial primeiramente baixar o valor originalmente pago a título de ágio contra esses lucros. Isso porque os lucros passarão a ser tributados na Empresa A, e se não forem baixados os dispêndios anteriormente efetuados, contra as receitas que o fundamentaram, procederseá a tributação de uma não renda. Essa é a lógica que informa o art. 7º da Lei nº 9.532/1997: a pessoa jurídica que absorver, em virtude de incorporação, patrimônio de outra na qual detenha participação societária adquirida com ágio, deverá lançar o valor correspondente ao ágio cujo fundamento seja o de rentabilidade futura da coligada ou controlada incorporada no ativo intangível. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.532/1997, a amortização do ativo diferido, oriundo do ágio fundamentado em rentabilidade futura poderá ocorrer à razão de 1/60, no máximo, para cada mês do período de apuração, o que corresponde a um período mínimo de amortização de cinco anos. Ou seja: após a incorporação, a cada mês será lançada uma parcela de 1/60 do valor originariamente pago a título de ágio, a título de despesa de amortização do ativo diferido surgido com a incorporação. Essa amortização não é qualquer favor ou benefício, já que o legislador pressupõe que, com a incorporação, o empreendimento lucrativo passe a compro o resultado da incorporadora. Terá, pois, a incorporadora mensalmente, dois efeitos: um valor, lançado a despesa, relativo à amortização do ativo diferido correspondente ao que, antes da incorporação era ágio; e um ganho correspondente a lucratividade do empreendimento incorporado. E por que não se trata de benefício? Exatamente porque a incorporadora pagou aquele ágio. Ou seja: não há como falar em renda se o suposto ganho não corresponde a qualquer riqueza nova. É verdade que o empreendimento é lucrativo; o contribuinte (incorporadora), entretanto, não tem qualquer ganho, até que recupere o ágio que pagou. “ (destaques nossos) Ora se é lógico não haver a tributação do resultado antes de deduzido o ágio efetivamente pago em face da expectativa de lucratividade futura, da mesma forma não faz sentido deduzir do lucro, como despesa, um valor que não foi efetivamente despendido. O lucro, neste último caso, é o mesmo que a empresa já teria antes da suposta reorganização societária e não ocorreu nenhum dispêndio que justifique a sua redução. Observese ainda que, quando se fala em ágio pago, não se está discutindo a possibilidade do pagamento de uma subscrição ser feita por outros meios que não o pagamento em dinheiro, tais como a dação em pagamento de bens ou direitos. Não há dúvidas de que o pagamento de uma subscrição possa ser feito sob diversas formas ou meios, como a dação em pagamento de bens ou direitos, p.ex. Fl. 1713DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 40 A questão que se coloca é que para que se admita a existência do pagamento de ágio é que haja um efetivo sacrifício patrimonial por parte da adquirente. Não caracteriza qualquer desembolso a mera transferência escritural das ações registrados pela investidora em seu patrimônio (indevidamente reavaliados) para o da investida. Mormente, se, ato contínuo, é feita a reversão do investimento, mediante a incorporação reversa, apenas para cumprir um requisito legal, sem qualquer modificação do seu controle direto ou indireto, seja quantitativa, seja qualitativamente. A ausência de um efetivo pagamento (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pelas participações subscritas em operações com empresas controladas revela a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial. Ora, como já visto, os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio na subscrição de investimentos é um fato econômico captado pela ciência contábil e regulado pela lei tributária com substrato nos princípios contábeis. É nessa perspectiva que a orientação normativa da CVM e demais normas contábeis devem ser vistas. Não como fonte normativa tributária, mas como elementos para a adequada interpretação da lei quanto aos efeitos do fato econômico (ágio) por ela regulado, pois os seus fundamentos foram buscados na ciência contábil. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, observadas disposições legais específicas em contrário, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais. Dissociar o fato econômico (ágio) captado pela ciência contábil daquele regulado pela lei tributária tornaria esta completamente abstrata, divorciada do contexto econômico que visa regular. Pelo exposto, entendo que, também sob o ponto de vista de apuração dos resultados segundo os princípios e as normas contábeis, não pode ser aceita a dedutibilidade de ágio nas operações aqui retratadas, com base nos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, uma vez que os referidos dispositivos remetem ao ágio apurado nos temos do art. 20 do Decretolei nº 1.598/1997, que por sua vez deve ser reconhecido contabilmente conforme com as normas da escrituração comercial estabelecidas pela Lei nº 6.404, de 1976. Por fim, digo mais, quanto às normas fiscais, o Fiscal igualmente concluiu não se poder “extrair nem do art. 36 da Lei 10.637/02, nem do art. 7º da Lei 9.532/97, qualquer pressuposto de validação para o ágio artificialmente gerado”. Ao contrario do que afirma a recorrente, entendo que, no caso, não há qualquer ofensa ao princípio da legalidade. Inclusive reafirmo que a menção feita no Relatório da Ação Fiscal à Ofício Circular da CVM não serviu de fundamento ao Auto de Infração, que, como não poderia deixar de ser, apontou os dispositivos legais frontalmente atingidos. Assim, por lhe faltar propósito negocial e fundamentação econômica, a reestruturação entre empresas do mesmo grupo econômico, na tentativa de aplicar o tratamento previsto na legislação para o verdadeiro ágio em operação engendrada com o objetivo de reduzir a tributação, não pode ser oponível ao Fisco, como é o caso dos autos. Fl. 1714DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 1301001.434 S1C3T1 Fl. 39 41 Em relação à CSLL, aplicamse as mesmas conclusões em relação ao lançamento principal, por decorrerem dos mesmos fatos. Em face de todo o exposto, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator Fl. 1715DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 27/ 04/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720461/2007-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ADA, MITIGAÇÃO. A averbação tempestiva das áreas de reserva legal e de interesse ecológico, tendo em vista Termo de Responsabilidade e Preservação da Floresta, entre contribuinte e o órgão ambiental -IBAMA- resulta na mitigação da necessidade de ADA para efeitos de isenção de ITR.
PERÍCIA. DEFERIMENTO. Conforme art. 145 da Lei 5.869/73, o deferimento de perícia está relacionado com a necessidade de conhecimento técnico ou científico especializado para o entendimento da prova apresentada. No caso dos autos, autoridades lançadora e julgadora, como operadoras do Direito Tributário, detêm conhecimento necessário ao entendimento e análise das provas apresentadas no processo.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2101-002.592
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em (a) afastar as preliminares de nulidade suscitadas e o pedido de realização de perícia e (b) no mérito, dar provimento em parte ao recurso, para considerar 7.273,902 ha como área de reserva legal e 1.326 ha como área de interesse ecológico.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
MARIA CLECI COTI MARTINS - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EIVANICE CANARIO DA SILVA, MARA EUGENIA BUONANNO CARAMICO, MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEAO.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ADA, MITIGAÇÃO. A averbação tempestiva das áreas de reserva legal e de interesse ecológico, tendo em vista Termo de Responsabilidade e Preservação da Floresta, entre contribuinte e o órgão ambiental -IBAMA- resulta na mitigação da necessidade de ADA para efeitos de isenção de ITR. PERÍCIA. DEFERIMENTO. Conforme art. 145 da Lei 5.869/73, o deferimento de perícia está relacionado com a necessidade de conhecimento técnico ou científico especializado para o entendimento da prova apresentada. No caso dos autos, autoridades lançadora e julgadora, como operadoras do Direito Tributário, detêm conhecimento necessário ao entendimento e análise das provas apresentadas no processo. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10183.720461/2007-30
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5393673
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2101-002.592
nome_arquivo_s : Decisao_10183720461200730.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARIA CLECI COTI MARTINS
nome_arquivo_pdf_s : 10183720461200730_5393673.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em (a) afastar as preliminares de nulidade suscitadas e o pedido de realização de perícia e (b) no mérito, dar provimento em parte ao recurso, para considerar 7.273,902 ha como área de reserva legal e 1.326 ha como área de interesse ecológico. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente. MARIA CLECI COTI MARTINS - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EIVANICE CANARIO DA SILVA, MARA EUGENIA BUONANNO CARAMICO, MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEAO.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
id : 5688112
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251804225536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2022; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 2 1 1 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.720461/200730 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101002.592 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 8 de outubro de 2014 Matéria ITR Recorrente MINERAÇÃO SANTA ELINA IND. E COM. S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ADA, MITIGAÇÃO. A averbação tempestiva das áreas de reserva legal e de interesse ecológico, tendo em vista Termo de Responsabilidade e Preservação da Floresta, entre contribuinte e o órgão ambiental IBAMA resulta na mitigação da necessidade de ADA para efeitos de isenção de ITR. PERÍCIA. DEFERIMENTO. Conforme art. 145 da Lei 5.869/73, o deferimento de perícia está relacionado com a necessidade de conhecimento técnico ou científico especializado para o entendimento da prova apresentada. No caso dos autos, autoridades lançadora e julgadora, como operadoras do Direito Tributário, detêm conhecimento necessário ao entendimento e análise das provas apresentadas no processo. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em (a) afastar as preliminares de nulidade suscitadas e o pedido de realização de perícia e (b) no mérito, dar provimento em parte ao recurso, para considerar 7.273,902 ha como área de reserva legal e 1.326 ha como área de interesse ecológico. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 04 61 /2 00 7- 30 Fl. 452DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EIVANICE CANARIO DA SILVA, MARA EUGENIA BUONANNO CARAMICO, MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEAO. Relatório Recurso Voluntário que visa reverter a decisão proferida no Acórdão 04 19.290 1a. Turma da DRJ/CGE que manteve o crédito tributário do contribuinte relativamente ao exercício 2005 para o imóvel rural denominado Agropecuária São Vicente, NIRF 2.341.2186, com área total de 14.549,8ha, localizado no município de Nova Lacerda/MT. A ciência do Acórdão de Impugnação ocorreu em 11/05/2010. A interposição do Recurso Voluntário ocorreu em 11/06/2010. Em preliminares o recorrente pugna pelo reconhecimento da nulidade do julgamento em decorrência de cerceamento de defesa, tendo em vista o equivocado entendimento posto na decisão recorrida de que, na hipótese, há repartição do ônus probatório adotado pelo Decreto 70.235/1972. O Contribuinte solicitou perícia com o objetivo de permitir que a autoridade fiscal verificasse, in loco, a regularidade dos dados postos na declaração. Tal procedimento traria aos autos a verdade real dos fatos. O contribuinte afirma que, da totalidade da área rural, 7.274,902ha. estão cobertos por florestas de reserva legal, 3.248,94378ha estão cobertos por florestas de preservação permanente, e outros 1.326ha correspondem à área de interesse ecológico. Não foi apresentado ADA tempestivo relativamente a essas áreas. As averbações da área de reserva legal e de interesse ecológico existem desde 1994 e 1998, respectivamente, conforme a seguir. a) Averbação AV4/1.425 de efolha 56 dos autos, feitas em 31/05/94, conforme Termo de Responsabilidade e Preservação da Floresta, firmado em 11/04/94 entre a proprietária e o IBAMA aonde consta que 50% da área do imóvel rural fica gravada como de utilização limitada, para RESERVA LEGAL. b) Averbação AV05/1.425, de 01/11/99 de Termo de Responsabilidade de Averbação de Estação Ecológica, firmado em 30/07/1998 entre a proprietária e o IBAMA Superintendência CuiabáMT, de 1.326ha gravada como de utilização limitada, destinada à estação ecológica. Relativamente à comprovação de áreas de preservação permanente na propriedade, apresentou laudo de fl. 114 (numeração manual) produzido por profissional habilitado, com especificação de áreas de preservação permanente referentes à proteção de nascentes e de margens de rios/córregos existentes na propriedade, conforme a seguir. Item 9.1.1 do Laudo Pericial: Art. 20 Lei 4.771/65 "Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas• e demais formas de vegetação natural situadas: " Fl. 453DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.720461/200730 Acórdão n.º 2101002.592 S2C1T1 Fl. 3 3 a) Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: No imóvel em estudo foram identificadas quatro situações pertinentes a este item: Foram quantificados 538,3991 ha (Quinhentos e trinta e oito hectares, trinta e nove ares e noventa e um centiares) de APP, localizados à margem dos cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura, onde foram computadas faixas de vegetação de 30 (trinta) metros ao longo de cada margem destes cursos. c) Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros: Foram identificadas 23 (vinte e três) nascentes no imóvel com um total de 18,0619 ha (Dezoito hectares, seis ares e dezenove centiares) de Área de Preservação Permanente. d) No topo de morros, montes, montanhas e serras; O imóvel apresenta um relevo bastante movimentado com presença de morros, montes e serras. Foram mensurados 2.687,2759 ha (Dois mil, seiscentos e oitenta e sete hectares, vinte e sete ares e cinqüenta e nove centiares) de Área de Preservação Permanente em topo de morro. Assim, de acordo com o laudo, a propriedade teria 3.248,94378 ha de áreas de preservação permanente em margens de rios/córregos, nascentes e topos de morros. Conforme AV2/1.125, de 21/02/2005 foi efetuada retificação imobiliária Georreferenciamento de imóveis rurais da propriedade para 14.549,8041ha. Nessa mesma data, 1.831,2322ha foram alienados para Santa Elina Desenvolvimento Mineral S/A. Assim, o recorrente também alega o que segue. a) Não há necessidade de apresentar ato declaratório e nem matrícula atualizada do imóvel para excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal. b) Cabe à Administração, e não ao contribuinte, demonstrar a falta de veracidade da declaração prestada. Mais ainda, na visão do recorrente, a existência de averbação da área, na data do fato gerador do ITR, não constitui condição essencial para o aproveitamento da isenção, já que a Lei 9.393/96 não impõe expressamente tal contrapartida específica ao proprietário rural. Fl. 454DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Ao final, pugna pela reforma da decisão recorrida para que seja decretada a nulidade do processo para realização de diligência; ou que seja decretada a nulidade ou improcedência do auto de infração com reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira MARIA CLECI COTI MARTINS O Recurso Voluntário é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. As situações de nulidade do procedimento fiscal estão definidas no art. 59 do Decreto 70235/72, conforme a seguir. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O auto de infração do processo administrativo fiscal e as decisões proferidas foram lavrados por autoridade competente e ao contribuinte foi dado o direito de defesa conforme mandamento Constitucional (inc.LV, art. 5, CF /88). O direito de defesa consiste na apresentação de quaisquer provas idôneas e legais que justifiquem as informações lançadas pelo contribuinte no preenchimento da declaração relativa ao imposto. Não poderia o legislador deixar ao alvitre da autoridade fiscal buscar a comprovação das informações utilizadas pelo contribuinte. A inversão do ônus da prova nesse aspecto garante o direito de ampla defesa ao contribuinte dentro do processo administrativo fiscal. O recorrente alega cerceamento de defesa porque não lhe foi deferida perícia para que a autoridade lançadora/julgadora constatasse in loco os dados lançados na declaração de ITR. Conforme art. 145 do Código de Processo Civil Brasileiro (Lei 5869/73), o deferimento de perícia está relacionado com a necessidade de conhecimento técnico ou científico especializado para o entendimento de prova apresentada. Observase que, no caso deste processo, a prova dos fatos é feita por documentos técnicos emitidos por serventias judiciais, órgãos públicos, profissionais devidamente qualificados e idôneos para produzir laudos e vistorias. A compreensão dos conteúdos dessas provas independe de conhecimento técnico ou científico especializado. Tanto a autoridade fiscal quanto as autoridades julgadoras, como operadores do Direito Tributário, possuem o conhecimento necessário para entender tais documentos e proceder a análise necessária à decisão no processo administrativo fiscal. Conforme já repisado no Acórdão de Impugnação, existe sim a necessidade de apresentação de ADA e de averbação, tempestivos, para efeitos de isenção de ITR para as áreas de reserva legal e de preservação permanente. Ocorre que, sendo o ITR um tributo cujo lançamento é por homologação, a autoridade fiscal não interfere por ocasião do lançamento espontãneo do tributo. É o contribuinte o responsável por declarar o tributo e efetuar o pagamento sujeito à homologação pela Receita Federal num prazo de 5 anos. O art. 10 da lei 9.393/96 referese a isso. Não é necessário que o contribuinte, antes de fazer o lançamento e o pagamento do tributo apresente esses documentos à Receita Federal. Tal procedimento visa Fl. 455DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.720461/200730 Acórdão n.º 2101002.592 S2C1T1 Fl. 4 5 facilitar o recolhimento do tributo, evitando burocracia desnecessária ao contribuinte num primeiro momento. Entretanto, caso exigido pela autoridade fiscal, deverá comprovar as informações da declaração. A autoridade fiscal tem o poderdever de, em encontrando alguma irregularidade/inconsistência, intimar o contribuinte para comprovar as informações prestadas ao fisco por ocasião do lançamento por homologação. Relativamente à área de Reserva Legal, entendo que o Termo de Responsabilidade e Preservação da Floresta gravou 50% da área da propriedade como de utilização limitada. Desta forma, considerando a adequação do tamanho da propriedade dado o georreferenciamento, tal área teria ficado reduzida para 7.273,902ha. A averbação de efl. 56 dos autos é anterior ao fato gerador e, portanto, deve ser considerada. Da mesma forma, a área averbada como de Estação Ecológica, de 1.326 ha. Essas duas áreas foram apartadas no registro do imóvel rural, por exigência do órgão ambiental IBAMA, tendo em vista Termos de Responsabilidade e Preservação da Floresta. Entendo que o ADA é uma exigência legal, conforme art. 17O par. 1o. da lei 6938/81 que visa municiar o órgão ambiental com informações para o planejamento do cumprimento das normas ambientais pelos contribuintes. " Lei 6938/81 Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) .. § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)" A obrigatoriedade do ADA também está definida na INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 256/2002, conforme a seguir. Art. 9º Área tributável é a área total do imóvel rural, excluídas as áreas: I de preservação permanente; II de reserva legal; III de reserva particular do patrimônio natural; IV sob regime de servidão florestal ou ambiental; ( Redação dada pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008 ) V de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal; VI comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual. Fl. 456DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 VII cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; ( Incluído pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008 ) VIII alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. ( Incluído pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008 ) § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 2º A área total do imóvel deve se referir à situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) observada a legislação pertinente; ( Redação dada pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008 ) Todavia, neste caso, considero que o órgão ambiental IBAMA está ciente da existência de tais áreas, e pode proceder a fiscalização das mesmas. A obrigatoriedade da averbação de reserva legal está consignada no parágrafo 8o., art. 16, da Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), conforme a seguir. § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. A tributação é feita conforme a informação prestada pelo contribuinte relativamente ao imóvel em 1o. de janeiro, data da ocorrência do fato gerador. O laudo juntado aos autos pelo contribuinte à fl. 219, de 01/10/2007, definiu como área do imóvel 14.549,8041 ha. Muito embora o laudo apresentado pelo contribuinte tenha constatado a existência de áreas de preservação permanente no total de 3.248,94378ha, formado por áreas em margens de rios/córregos, nascentes e topos de morros, e, diante da não apresentação de ADA tempestivo, não se pode afirmar que tais áreas não estariam compreendidas dentro dos 50% (7.273,902ha) averbados como reserva legal. Diante do exposto, voto por afastar as preliminares e por dar provimento em parte ao recurso voluntário para considerar 7.273,902ha como área de reserva legal e 1.326 ha como área de interesse ecológico. Fl. 457DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.720461/200730 Acórdão n.º 2101002.592 S2C1T1 Fl. 5 7 MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora Fl. 458DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10660.900086/2009-07
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3802-000.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidiu a turma converter o julgamento em diligência para que sejam apensados aos autos os outros processos da interessada sobre a matéria.
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Acompanhamento, pela recorrente, adv. Lívia Marques Melo. OAB/DF 333.534.
RELATÓRIO
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10660.900086/2009-07
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5394464
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-000.272
nome_arquivo_s : Decisao_10660900086200907.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10660900086200907_5394464.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidiu a turma converter o julgamento em diligência para que sejam apensados aos autos os outros processos da interessada sobre a matéria. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Acompanhamento, pela recorrente, adv. Lívia Marques Melo. OAB/DF 333.534. RELATÓRIO
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5690034
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251830439936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1590; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 301 1 300 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.900086/200907 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3802000.272 – 2ª Turma Especial Data 15 de outubro de 2014 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente ALCOA EES DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidiu a turma converter o julgamento em diligência para que sejam apensados aos autos os outros processos da interessada sobre a matéria. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D’Amorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Acompanhamento, pela recorrente, adv. Lívia Marques Melo. OAB/DF 333.534. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 60 .9 00 08 6/ 20 09 -0 7 Fl. 302DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 3 1/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10660.900086/200907 Resolução nº 3802000.272 S3TE02 Fl. 302 2 Tratase de Declaração de Compensação Eletrônica – DCOMP nº 19283.97410.100106.1.3.040963, transmitida em 10/01/2006, fls. 121 a 125, cujo objeto é a compensação de débito de Confins, período de apuração 12/2005, no valor total de R$ 31.473,29, com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de Cofins (código 5856), PA 31/08/2005, no valor de R$ 188.278,02. O valor total do crédito original utilizado nesta DCOMP é de R$ 29.900,52. A DRF/Varginha/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico, à fl. 126, no qual não homologa a compensação pleiteada, sob o argumento de inexistência do crédito, pois o DARF discriminado no PER/DCOMP foi parcialmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte. A empresa apresenta Manifestação de Inconformidade (fls. 01 a 10), na qual alega, em síntese: que vendeu peças automotivas denominadas “chicote” à empresa International Indústria Automotiva da América do Sul Ltda, a qual obteve da Receita Federal do Brasil em Caxias do Sul, por meio do ADE 52, de 29/12/2004, o reconhecimento de que fazia juz à aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem com suspensão da incidência do PIS/Pasep e da Cofins; que, nos termos do artigo 40 da Lei nº 10.865/2004, as receitas auferidas pelo interessado pelas vendas efetuadas ao cliente acima mencionado não integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e da Cofins; que declarou e recolheu a Cofins, PA 08/2005, considerando equivocadamente em sua base de cálculo o valor de R$ 414.122,19 oriundo de operações amparadas pela suspensão da contribuição, tendo recolhido um valor a maior de R$ 31.473,29 (correspondente a 7,6% da receita); que já retificou a DCTF relativa ao 3º Trimestre de 2005 e o DACON informando o efetivo valor devido a título de Cofins; que, além disso, o débito objeto da compensação (Cofins – PA 12/2005) é inexistente; que o pedido de compensação apresentado deve ser considerado com simples pedido de restituição; É o relatório. O pleito foi deferido em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/JFA no 0938.166, de 08/12/2011, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/08/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITO INEXISTENTE. CANCELAMENTO DA COBRANÇA. Comprovada a inexistência do débito compensado, é de se cancelar a exigência a ele relativa. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 3 1/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10660.900086/200907 Resolução nº 3802000.272 S3TE02 Fl. 303 3 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INOBSERVÂNCIA DAS DISPOSIÇÕES NORMATIVAS. PEDIDO NÃO FORMULADO. Considerase não formulado o Pedido de Restituição efetuado em desacordo com as disposições normativas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/08/2005 PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO. Segundo os arts. 15 e 18 do Decreto n.º 70.235/72, é na fase impugnatória o momento processual próprio para que o sujeito passivo apresente as provas que respaldam seus argumentos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Não Reconhecido O julgamento foi no sentido de julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade no sentido de indeferir a restituição em razão da ausência do respectivo Pedido Eletrônico de RessarcimentoPER e cancelar a exigência do débito da Dcomp nº 19283.97410.100106.1.3.040963. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Requer em sede de preliminar, a necessidade de apensamento e julgamento com os processos de restituição, pois o que é tratado neste processo (compensação) está sendo tratado de forma reflexa nos pedidos de restituição de n°s: 13653.000170/201031, 13653.000171201086, 13653.000172201021, 13653.000173/201075, 13653.000167/2010 62, 13653.000168/201062, 13653.000169/201015, os quais se encontram (`pelo menos, à época do pedido) na Delegacia de Varginha/MG. O pedido tem como fundamento o art. 1° da Portaria RFB n° 666/2008, com alteração pela Portaria RFB n° 2.324, de 03/12/2010, que dispõe: Art. 1º Serão objeto de um único processo administrativo: I as exigências de crédito tributário do mesmo sujeito passivo, formalizadas com base nos mesmos elementos de prova, referentes: a) ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e aos lançamentos dele decorrentes relativos à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), à Contribuição para o PIS/Pasep ou à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); b) à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, que não sejam decorrentes do IRPJ; c) à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins devidas na importação de bens ou serviços; Fl. 304DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 3 1/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10660.900086/200907 Resolução nº 3802000.272 S3TE02 Fl. 304 4 d) ao IRPJ e à CSLL; ou e) ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples). e) às Contribuições Previdenciárias da empresa, dos segurados e para outras entidades e fundos; ou (Redação dada pela Portaria RFB nº 2.324, de 3 de dezembro de 2010) (Vide art. 2º da P RFB nº 2.324/2010) f) ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples); (Incluída pela Portaria RFB nº 2.324, de 3 de dezembro de 2010) (Vide art. 2º daP RFB nº 2.324/2010) II a suspensão de imunidade ou de isenção ou a nãohomologação de compensação e o lançamento de ofício de crédito tributário delas decorrentes; III as exigências de crédito tributário relativo a infrações apuradas no Simples que tiverem dado origem à exclusão do sujeito passivo dessa forma de pagamento simplificada, a exclusão do Simples e o lançamento de ofício de crédito tributário dela decorrente; IV os Pedidos de Restituição ou de Ressarcimento e as Declarações de Compensação (Dcomp) que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas; (grifos não são do original) O processo digitalizado foi a mim distribuído. É o relatório. VOTO Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Inicialmente, observei que num trecho do voto da primeira instância dispõe: Dessa forma, o simples pedido na manifestação de inconformidade de converter a declaração de compensação em pedido de restituição não encontra respaldo legal e não tem o condão de substituir o Pedido de Restituição. Assim, nos termos do art. 28 do Decreto nº 70.235/72, deixo de analisar o mérito relativo ao reconhecimento do crédito, por ser incompatível com a preliminar acima. Como o pleito da recorrente é pelo apensamento e julgamento com os processos de restituição, nos termos da Portaria aludida. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 3 1/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10660.900086/200907 Resolução nº 3802000.272 S3TE02 Fl. 305 5 Dessa forma, entendo, mas levo a plenário para análise, que antes de qualquer apreciação, prudente é o apensamento dos processos de n°s: 13653.000170/201031, 13653.000171201086, 13653.000172201021, 13653.000173/201075, 13653.000167/2010 62, 13653.000168/201062, 13653.000169/201015 a este para julgamento em conjunto, pois se referem ao mesmo crédito e ao mesmo período, como alega a recorrente. Em assim sendo, após providência realizada, retornem os autos a esta Turma para prosseguimento no julgamento. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 306DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 3 1/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10920.909555/2012-32
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO.
Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA.
A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-002.709
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201401
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10920.909555/2012-32
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5390697
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3801-002.709
nome_arquivo_s : Decisao_10920909555201232.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : PAULO SERGIO CELANI
nome_arquivo_pdf_s : 10920909555201232_5390697.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
id : 5670574
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251851411456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1788; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.909555/201232 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801002.709 – 1ª Turma Especial Sessão de 29 de janeiro de 2014 Matéria PER ELETRÔNICO PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO Recorrente FRANCOBACHOT INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 95 55 /2 01 2- 32 Fl. 50DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório O processo iniciouse com Pedido de RestituiçãoPER, apresentado pela contribuinte, ora recorrente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinvile, SC, indeferiu o pedido, com fundamento em que o valor recolhido por DARF, indicado como origem do crédito contra a Fazenda Nacional, havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição solicitada. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, aduzindo que os créditos pleiteados referirseiam a pagamentos a maior da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes da inclusão do ICMS na base de cálculo destas contribuições. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido.” Fl. 51DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 4 3 Ciente da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual assevera que não há previsão legal para exigir a retificação de DCTF como condição para a restituição e pede que seja afastada esta exigência e enfrentados os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Afirma ser indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, mas não apresenta argumentos que sustentem esta afirmação. Não há nos autos nenhum documento ou livro fiscal ou contábil nem DCTF retificadora. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade para julgamento nesta turma especial. Sobre a nulidade da decisão de primeira instância. No acórdão recorrido, a DRJ/Florianópolis decidiu com base no entendimento de que se não foi retificada a DCTF, não ficou comprovado pagamento indevido ou a maior, logo, não há que se falar em crédito líquido e certo e, por isso, correto o indeferimento do pedido de restituição. Está claro, desde o despacho decisório, que a contribuinte não comprovou existência de pagamento indevido ou a maior, pois o pagamento informado no pedido de restituição referiuse a tributo lançado em DCTF não retificada, logo, tributo devido. Não apresentadas provas em contrário, os valores informados na DCTF devem ser considerados verdadeiros. Tal entendimento é semelhante ao que justifica a decisão proposta neste voto, conforme se vê adiante. No voto condutor do acórdão da unidade de primeira instância, afirmouse que apenas com a retificação da DCTF a contribuinte teria crédito contra a Fazenda e que a retificação somente produziria efeitos em relação a pedido de restituição apresentado posteriormente a ela. Apesar de este entendimento divergir do que entendem várias turmas do CARF, que admitem que a retificação da DCTF pode surtir efeitos em relação a pedidos de restituição anteriores à sua transmissão, não se pode assentar que a decisão da DRJ possa ser anulada. Ainda que se entenda prescindível a retificação da DCTF, o fundamento de que o pagamento indevido ou a maior não foi comprovado persiste e é suficiente para manter o Fl. 52DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 5 4 indeferimento do pedido de restituição, de modo que o despacho decisório e a decisão recorrida estão fundamentados e permitiram à contribuinte o contraditório e a ampla defesa. Sobre o direito de crédito e sua liquidez e certeza O processo se iniciou com pedido de restituição da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de PI/Pasep. A RFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pela própria contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte, referente a tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, porque a DCTF, nos termos do art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984, é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, não restando crédito disponível a ser restituído. Com base nisto, o pedido foi indeferido. O fundamento legal está expresso em seu quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”, no qual consta o artigo 165 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN). Estando o pagamento totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum. Assim, não foi atendido o art. 165 do CTN, que diz que a contribuinte tem direito à restituição de tributo nos casos de: cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido; erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; reforma, anulação revogação ou rescisão de decisão condenatória. Caberia à interessada provar o direito à restituição, à luz do art. 333 do Código de Processo Civil (CPC), aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe a quem alega fato constitutivo de direito. Até o momento do protocolo do recurso voluntário, a contribuinte não apresentou documentos que comprovassem erro na DCTF, nem comprovou ocorrência de alguma das hipóteses previstas no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, que permitiriam apresentação destes documentos em momento posterior. Cito. “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: Fl. 53DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 6 5 a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Ao contrário da decisão recorrida, várias decisões proferidas pelo CARF admitiram a retificação de DCTF posterior à ciência do despacho decisório. Porém, no âmbito desta turma, esta admissão ocorre somente quando a DCTF retificadora é acompanhada da prova de erro na DCTF retificada, por meio da escrituração e dos documentos fiscais e contábeis. Apenas assim se pode afirmar que o crédito pleiteado existe e é dotado de certeza e liquidez. Vejase a ementa do acórdão 380100.190, de 22/05/2012, relatado pelo Conselheiro Flávio de Castro Pontes, em que se assentou que a contribuinte deveria comprovar a origem do direito de crédito: “Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. A simples retificação de DCTF não é elemento de prova suficiente para aferir a liquidez e certeza do direito creditório. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. A compensação não pode ser homologada quando o sujeito passivo não comprova a origem de seu direito creditório. Recurso Voluntário Negado.” Da 2ª Turma Especial, da 3ª Seção de Julgamento, são exemplos do mesmo entendimento os Acórdãos 3802001.290, de 25/09/2012, relatado pelo Conselheiro José Fernandes do Nascimento, e 3802001.593, de 27/02/2013, relatado pelo Conselheiro Francisco José Barroso Rios, cujas ementas, com grifos meus, são as seguintes: Acórdão nº 3802001.290: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO NA FASE RECURSAL. DECISÃO NÃO HOMOLOGATÓRIA MANTIDA. Fl. 54DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 7 6 Na ausência da comprovação da certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório, deve ser mantida a decisão recorrida que não homologou a compensação declarada pelo mesmo motivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE DE NOVO ARGUMENTO DE DEFESA. MANUTENÇÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. ALTERAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade, por mudança de motivação, a decisão de primeiro grau que rejeita novo argumento defesa suscitado na manifestação de inconformidade e mantém a não homologação da compensação declarada, por da ausência de comprovação do crédito utilizado, mesmo motivo apresentado no contestado Despacho Decisório. DILIGÊNCIA. REALIZAÇÃO PARA JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL EM PODER DO REQUERENTE. DESNECESSIDADE. Não se justifica a realização de diligência para juntada de prova documental em poder do próprio requerente que, sem a demonstração de qualquer impedimento, não foi carreada aos autos nas duas oportunidades em que exercitado o direito de defesa. Recurso Voluntário Negado.. Acórdão nº 3802001.593: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2004 COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO Fl. 55DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 8 7 DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento.” A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento tem o mesmo entendimento, conforme se vê no acórdão nº. 3402001.668, de 15/02/2012, cuja ementa é: “Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE Data do fato gerador: 15/07/2005 NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTO LEGAL. Em sendo verificado que tanto o ato de indeferimento da compensação quanto a decisão recorrida apresentam os fundamentos legais que sustentam a prolação do ato administrativo, não ocasionando cerceamento do direito de defesa do contribuinte, não há que se decretar a nulidade da decisão administrativa. Igualmente não incorre em nulidade a decisão que deixa de intimar o contribuinte a apresentar seus próprios documentos contábeis e fiscais para comprovar fato que sustenta seu direito ao indébito tributário. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. PROVA DA EXISTÊNCIA, SUFICIÊNCIA E LEGITIMIDADE DO CRÉDITO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Não se homologa a compensação pleiteada pelo contribuinte quando este deixa de produzir prova, através de meios idôneos e capazes, de que o pagamento legitimador do crédito utilizado na compensação tenha sido efetuado indevidamente ou em valor maior que o devido, não bastando a retificação da DCTF como prova do suposto indébito.” O direito de crédito deve ser provado e apenas créditos líquidos e certos podem ser compensados. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909555/201232 Acórdão n.º 3801002.709 S3TE01 Fl. 9 8 Isto vale tanto para compensação com débitos do contribuinte quanto para restituição de pagamento de tributo indevido ou maior que o devido. Não é possível restituir valor referente a pagamento de tributo indevido ou maior que devido se este valor não é líquido e certo. No presente caso, não há prova de que houve pagamento indevido, nem de que o direito de crédito alegado equivale à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre valores de ICMS. Por isso, não é necessário discutir a questão de mérito sobre a incidência da contribuição social sobre valores pagos a título de ICMS. Conclusão Pelo exposto, tendo em vista não ter sido provado pagamento de tributo indevido ou maior que o devido, com fundamento nos artigos 165 do CTN e 333 do CPC, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o despacho decisório que não reconheceu o direito de crédito e indeferiu o pedido de restituição. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator Fl. 57DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10855.004599/2003-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM. ART. 42, LEI Nº 9.430/96. ANÁLISE PROBATÓRIA O texto legal determina presunção iuris tantum de omissão de receita quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. A presunção deve ser afastada sempre que o contribuinte apresentar provas suficientes e idôneas da origem dos depósitos efetuados em sua conta corrente. Precedentes.
TAXA SELIC. JUROS DE MORA. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Precedentes.
RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.
Numero da decisão: 2202-002.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da omissão apurada o valor de R$ 1.020.693,00.
(Assinado digitalmente)
ANTONIO LOPO MARTINEZ Presidente em exercício.
(Assinado digitalmente)
FABIO BRUN GOLDSCHMIDT - Relator.
EDITADO EM: 01/10/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (presidente em exercício), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Marcio de Lacerda Martins (suplente convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente convocada)
Nome do relator: FABIO BRUN GOLDSCHMIDT
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201403
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM. ART. 42, LEI Nº 9.430/96. ANÁLISE PROBATÓRIA O texto legal determina presunção iuris tantum de omissão de receita quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. A presunção deve ser afastada sempre que o contribuinte apresentar provas suficientes e idôneas da origem dos depósitos efetuados em sua conta corrente. Precedentes. TAXA SELIC. JUROS DE MORA. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Precedentes. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10855.004599/2003-12
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5402476
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2202-002.604
nome_arquivo_s : Decisao_10855004599200312.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FABIO BRUN GOLDSCHMIDT
nome_arquivo_pdf_s : 10855004599200312_5402476.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da omissão apurada o valor de R$ 1.020.693,00. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) FABIO BRUN GOLDSCHMIDT - Relator. EDITADO EM: 01/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (presidente em exercício), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Marcio de Lacerda Martins (suplente convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente convocada)
dt_sessao_tdt : Wed Mar 19 00:00:00 UTC 2014
id : 5739401
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251948929024
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2107; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 16 1 15 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10855.004599/200312 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202002.604 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 19 de março de 2014 Matéria IRPF Recorrente JOSE CARLOS VENTRI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM. ART. 42, LEI Nº 9.430/96. ANÁLISE PROBATÓRIA O texto legal determina presunção “iuris tantum” de omissão de receita quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. A presunção deve ser afastada sempre que o contribuinte apresentar provas suficientes e idôneas da origem dos depósitos efetuados em sua conta corrente. Precedentes. TAXA SELIC. JUROS DE MORA. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Precedentes. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da omissão apurada o valor de R$ 1.020.693,00. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ – Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 45 99 /2 00 3- 12 Fl. 734DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 17 2 EDITADO EM: 01/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (presidente em exercício), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Marcio de Lacerda Martins (suplente convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente convocada) Fl. 735DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 18 3 Relatório Tratase de auto de infração (fls. 370 a 375), constituído em razão da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no qual foi averiguado o Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente ao exercício de 1999, exigindo o crédito tributário na monta de R$ 832.071,61, já acrescido de multa de ofício (75%), multa isolada de 75% (fls. 373/367) e juros de mora sobre o imposto devido. O enquadramento legal das infrações acometidas ao contribuinte encontrase descrito à fl. 373. Procedimento de Fiscalização A ação fiscal em curso se deu em virtude do Processo Administrativo nº 16327.003291/200215, relativo à representação fiscal (fl. 69 a 71) elaborada pela RFB, no qual se averiguou a inconsistência entre as informações apresentadas pelo recorrente em sua DIRF/99 e os dados de suas movimentações financeiras, a partir do exame dos elementos relativos à base de cálculo da CPMF, sem emissão de RMF, conforme trecho que segue: “Finalmente, ressalvo que os dados relativos à base de cálculo da CPMF foram obtidos em fiscalização sobre as Declarações Trimestrais da CRMF (sem emissão de RMF) da fonte retentora da contribuição, com base no art. 5, §§ 2°e 4°, da Lei Complementar nº. 105/01, c/c art. 11, §2° dá Lei n 9 9.311/96. Em obediência ao art. 11, § 3º da Lei n° 9.311/96, com redação inovada pelo art. 1º da Lei n° 10.174/01, sua adequada "utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal do crédito tributário porventura existente” requer entendo, atendimento pleno aos requisitos e condicionantes legais e administrativos prescritos na normatização correlata.”. Diante disso, foi dado início à ação fiscal em 12/12/2002, com a lavratura do “Termo de Início de Fiscalização” (fls. 73 a 76), cuja ciência se deu em 12/12/2002, intimando o contribuinte para apresentar: 1) Extratos bancários de todas as suas contas correntes, contas de poupança e de investimentos, mantidas por ele e/ou seus dependentes (como constantes na sua declaração de imposto de renda pessoa física), em instituições financeiras no Brasil e no Exterior, inclusive aquelas mantidas em conjunto com terceiro, em especial as do Banco Brasil S/A, Banco Mercantil do Brasil S/A, BankBoston Multiplo S/A; 2) Especificamente em relação à conta corrente nº 80.7553.03 mantida na agência SÃO PAULO/LIBERO do BankBoston S/A, Banco Múltiplo S/A, deverá comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contas correntes e poupança. Em 26/12/2002 (fl. 77), o contribuinte apresentou documentos de fls. 84 a 202 (contrato de prestação de serviço para a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu nº 074/90 e respectivos aditivos; faturas, cartas e protocolos), requerendo a prorrogação do prazo para Fl. 736DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 19 4 apresentação dos extratos bancários solicitados. A prorrogação foi deferida, conforme despacho no próprio requerimento. Em 28/02/2003 (fl. 210), o contribuinte apresentou os extratos bancários relativos ao Banco Mercantil S/A e Banco do Brasil S/A e ordens de pagamentos emitidas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçú Paraná (fls. 217 a 301). Em 04/06/2003 (fl. 301 a 307), foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal nº 003, cuja ciência se deu em 16/06/2003 (fl. 308), em que foi solicitado ao contribuinte a comprovação da movimentação bancária (origem e natureza dos depósitos) das contas correntes em bancos outros que não o BankBoston, além disso foi requerida a apresentação dos Livros Diário e Razão Sintético da empresa CONSBRASIL CONSTUÇÕES Ltda., em função da afirmativa de que a movimentação financeira da conta corrente no BankBoston seria integralmente da empresa. Ademais, uma vez que constatado que a conta corrente do BankBoston é também de titularidade de sua esposa, foi requisitado informações quanto à possível participação dessa na movimentação do mesmo banco. Enfim, foi solicitada a apresentação do DARF de recolhimento do carnêleão equivalente aos valores declarados pelo contribuinte. Em 28/07/2003 (fl. 309) o contribuinte apresentou os documentos de fls. 310 a 326 (DARF, extrato de ganho de capital e recibos de depósitos), sendo que o DARF apresentado referese ao recolhimento do imposto devido apurado na declaração de ajuste anual (código 02111) e não carnêleão, conforme solicitado. Em 29/08/2003, foi emitido o Termo de Intimação Fiscal nº 004 (fl. 327), cuja ciência se deu em 04/09/2003, requisitando as cópias dos cheques de sua emissão da conta corrente mantida no BankBoston de valores superiores ou iguais a R$ 5.000,00. Em 18/09/2003, foi lavrado o “Termo de Intimação nº 005” (328 a 329), cuja ciência se perfectibilizou em 23/09/03, no qual instouse o contribuinte a apresentar extratos de conta bancária mantida no Banco Itaú em 1998. Em 06/10/2003 o contribuinte manifestouse (fl. 331), apresentando documentos às fls. 336 a 340 (extratos do Banco Itaú), informando que a conta relacionada pela fiscalização não diz respeito a sua titularidade, bem como referindo não possuir acesso aos livros fiscais da Empresa CONSBRASIL CONSTRUÇÕES Ltda., devido a demandas judiciais envolvendo os sócios da empresa. Em 17/11/2003, o sujeito passivo esclareceu (fls. 347) que a sua exesposa não teve nenhuma participação na movimentação financeira do BankBoston, da qual era correntista, na condição de segunda titular. Diante da análise de toda documentação juntada pelo contribuinte, entendeu a RFB em lançar o crédito tributário descrito no auto de infração de fls. 370 a 375. O detalhamento da autuação fiscal vem bem apresentado no termo de constatação fiscal (fls. 363 a 365), literalmente: Fl. 737DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 20 5 “1. A presente ação fiscal foi determinada em função do Processo Administrativo n. 2 16327.003291/200215 relativo a REPRESENTAÇÃO FISCAL elaborada pela Delegacia Especial de Instituições Financeiras de São Paulo DEINF/SP, do qual foram extraídas cópias das principais peças, documentos de fls. 04 a 71 do presente processo. 2. Demos início à ação fiscal em 12/12/2002, com a lavratura do TERMO DE INÍCIO DE FISCALIZAÇÃO de fls. 72 a 75. 3. Em 26/12/2002 o contribuinte apresentou os documentos de fls. 76 a 203, solicitando prorrogação no prazo para a apresentação dos extratos bancários solicitados. 4. Em 27/12/2002 concedemos a prorrogação de prazo, conforme doc. de fls.204 e 205. 5. Em 28/02/2003 ó contribuinte apresentou os extratos bancários e demais documentos de fls. 206 a 296, dentre os quais, ordens de pagamento emitidas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu / PR. 6. Em 04/06/2003 enviamos ao contribuinte o TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL nº 003, por via postal (documentos de fls. 297 a 303, A.R. de ciência de fl. 304), em que lhe foi solicitada a comprovação da movimentação bancária (origem e natureza dos depósitos) das contas correntes em bancos outros que não o BankBoston, bem como lhe foi solicitada a apresentação dos Livros Diário e Razão Sintético da empresa CONSBRASIL CONSTRUÇÕES Ltda., em função da afirmativa do contribuinte de que a movimentação da conta corrente no BankBoston seria integralmente da empresa. Seguindo essa mesma linha, foilhe solicitado apresentar cópias dos cheques superiores a R$ 5.000,00, emitidos contra a conta no BankBoston. Por fim, foilhe novamente solicitado manifestarse a respeito de possível participação de sua esposa na movimentação do mesmo banco, bem como a apresentação dos DARF de recolhimento do CarnêLeão equivalentes aos valores por ele declarados. 7. Em 28/07/2003 o contribuinte apresentou os documentos de fls. 305 a 318, sendo que o DARF apresentado referese ao recolhimento do imposto devido apurado na declaração de ajuste anual, código 0211, e não carnêleão, como lhe foi solicitado. Os boletos de depósitos apresentados não comprovam origem nem natureza dos mesmos. 8. Em 29/08/2003 enviamos por via postal o TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL nº 004, documento de fl. 319 (termo e A.R. de ciência). 9. Em 18/09/2003 intimamos o contribuinte, por meio de um representante por ele indicado (doc. de fl. 322), através do TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL n. 2005 (doc. de fls. 320 e 321) a apresentar extratos de conta bancária mantida no Banco Itaú em 1998. Além de conta que relacionamos, foilhe exigida a apresentação de extratos de quaisquer contas mentidas em instituições financeiras no ano de 1998 e que ainda não tivessem sido apresentados. Foilhe também exigido que comprovasse a origem e natureza dos depósitos relativos a essa(s) conta(s). 10. Em 06/10/2003 o contribuinte apresentou o documento de fl. 323, em que informa que a conta por nós relacionada junto ao Banco Itaú no Termo de Intimação Fiscal n. 2005 não era de sua titularidade. Informa ainda que não tem acesso aos livros fiscais da empresa Consbrasil Construções Ltda., devido a demandas judiciais envolvendoo e seus sócios na empresa. 11. Após constatarmos que a conta referida no item anterior era de titularidade de José Pedro Ventri, irmão do contribuinte, mantivemos contato telefônico com o mesmo, lembrandolhe que nosso termo de intimação era extensivo a qualquer outra conta corrente, ocasião em que o mesmo comprometeuse a apresentar os documentos exigidos em relação a conta no Itaú, o que efetivamente fez, através dos documentos de fls. 324 a 337. Não apresentou nenhuma documentação adicional para comprovar a origem e natureza dos depósitos. Apresentou cópias de jornais da Fl. 738DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 21 6 época (1998) em que se noticia fatos referentes à empresa Construmáxima Construções e Empreendimentos Ltda., de natureza trabalhista, que também não comprovam os fatos alegados. 12. Em 18/11/2003 o contribuinte enviounos por via eletrônica (fax) os documentos de fls. 338 a 341, esclarecendo que sua exesposa não teve nenhuma participação na movimentação financeira do BankBoston, da qual era correntista juntamente com o mesmo, na condição de segunda titular. 13. De toda a documentação apresentada pelo contribuinte pudemos constatar o que se segue: 13.1 A empresa CONSBRASIL CONSTRUÇÕES Ltda. manteve contrato de prestação de serviços com a PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU PR. 13.2 Em relação às notas fiscais faturas apresentadas (docs. de fls. 109 a 199) pelo contribuinte, emitidas pela CONSBRASIL em relação ao contrato citado no subitem anterior, num total de R$ 7.613.131,20, e relacionadas na planilha de fl. 343, não encontramos nenhum depósito nas contas correntes mantidas pelo contribuinte que fosse compatível em datas e valores com os valores constantes naquelas. 13.3 Em relação às ordens de pagamento emitidas pela Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu (cópias de fls. 274 a 297), num total de R$ 2.834.706,91, constatamos que todos os valores deram entrada na conta bancária mantida pelo Contribuinte junto ao BankBoston, conforme planilha de fl. 344, e estamos considerando que a natureza e a origem dos depósitos está documentalmente comprovada pelo contribuinte, não sendo de sua responsabilidade e sim da empresa Consbrasil. 13.4 Em relação aos depósitos em contas correntes conforme planilhas de fls. 345 a 349, já eliminados aqueles que foram comprovados serem movimentação de uma para outra conta corrente do próprio contribuinte, este não apresentou documentação hábil, coincidente em datas e valores, que comprovasse a origem nem a natureza. Mesmo examinando as cópias de cheques superiores a R$ 5.0000,00 apresentadas em atendimento a nossas intimações, não nos foi possível firmar uma convicção de que a movimentação dessa conta tenha sido de exclusiva responsabilidade das empresas do contribuinte, como o foi em relação às ordens de pagamento apresentadas, que também não foram relacionadas nas planilhas citadas no início deste subitem. 13.5 Considerando os valores declarados pelo contribuinte como rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, pessoas físicas e atividade rural e ainda o valor recebido em uma transação de venda de imóvel (também declarada), elaboramos a planilha de fl. 342, na qual detalhamos o lançamento ora efetuado, referente aos depósitos em contas bancárias cuja origem e natureza não foram comprovadas documentalmente. Os dados que alimentam essa planilha estão resumidos nas planilhas e/ou pesquisas de fls.345 a 353. 13.6 Estamos também procedendo ao lançamento da multa isolada pelo não recolhimento do CarnêLeão, conforme declaração de ajuste apresentada pelo contribuinte, em que não informou nenhum pagamento, confirmado pela pesquisa de fl. 354, em que constatamos a irregularidade.”. Impugnação Cientificado em 11/12/2003 (fl. 376) do lançamento, o contribuinte apresentou tempestivamente a impugnação de fls. 378 a 390, juntando documentos às fls. 391 a 704. Aduziu em síntese: Fl. 739DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 22 7 a) a nulidade da autuação, pois fundamentase apenas em extratos bancários incapazes de demonstrar a ocorrência de acréscimo patrimonial, tendo em vista os depósitos e investimentos descritos pela autoridade fiscal caracterizam ingressos, jamais caracterizando, por si só, qualquer acréscimo patrimonial, fato jurídico do imposto de renda, não sendo legítimo presumir a existência do fato jurídico do imposto sobre a renda tendo como fundamento, tão somente, levantamento efetuado em extratos bancários. Transcreve jurisprudência; b) que os valores descritos nos extratos bancários decorrem, em sua maioria, de depósitos de terceiros, para pagamento de despesas próprias, não configurando, portanto, omissão de rendimentos do autuado, pois no decorrer do ano de 1998, o contribuinte efetuou pagamentos em nome da empresa na qual é sócio, sendo que em face dos documentos trazidos, infere se que inúmeros depósitos estão justificados, motivo pelo qual não correspondem a omissão de rendimentos, devendo ser excluídos da base de cálculo do imposto; c) a ilegalidade da taxa SELIC como índice de recomposição patrimonial no âmbito tributário, transcrevendo jurisprudência do STJ. Requereu o cancelamento do crédito tributário constituído, ou a baixa dos autos em diligência para que a fiscalização examine em conjunto a escrituração da Pessoa Jurídica CONSBRASIL CONSTRUÇÕES Ltda. e os documentos carreados nos autos, em vista da impossibilidade de serem juntados no momento, porquanto a existência de ações judiciais em andamento. Acórdão da DRJ A 2ª Turma de Julgamento da DRJ/BHE, por unanimidade de votos, entendeu por indeferir o pedido de diligência e, considerar procedente em parte o lançamento do crédito tributário, tão somente, para reduzir a multa isolada aplicada em relação ao não recolhimento do carnêleão ao patamar de 50%, tendo em vista o advento de lei posterior mais benéfica ao contribuinte (fls. 707 a 719). Disse em síntese: a) atinente à multa isolada por falta de recolhimento do carnêleão declarado pelo contribuinte, temse que correto o lançamento, em vista da falta de recolhimento da antecipação do imposto devido. Contudo, em razão do princípio da retroatividade benigna, previsto no art. 106, II, c, do CTN a multa deve ter seu percentual reduzido para 50%, incidente sobre o valor não recolhido, mediante o prescrito no artigo 44, II, a, da Lei 9.430/96; b) quanto à omissão de rendimentos decorrentes de depósitos de origem não comprovada, em vista da falta de comprovação por meio de documentação hábil e idônea capaz de comprovar as origens dos depósitos bancários, tem se que correta a autuação com base no artigo 42 da Lei 9.430/96, isso porque, o que se tributa no caso em específico, não são os depósitos bancários, mas a omissão de rendimentos por eles representada; Fl. 740DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 23 8 c) concernente à utilização da Selic utilizada para cálculo dos juros de mora, não prosperam os argumentos do impugnante, pois que obedece estritamente a dispositivos legais, conforme devidamente indicado no auto de infração; d) por fim, relativo ao pedido de diligência, não deve prosperar, pois não são necessárias as diligências quando prescindíveis para resolução do caso. Recurso Voluntário Intimado em 14/05/2008 (fl. 724), irresignado com a decisão proferida pela DRJ, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 730 a 748. Em síntese, repisou os argumentos trazidos em sede de impugnação. Em especial, buscou demonstrar a veracidade dos fatos alegados, por meio de tabela consolidada no ponto 23 do respectivo recurso, requerendo a conversão do julgamento em diligência para a realização de perícia contábil nos documentos do presente auto e na sede da empresa Consbrasil. Com o fim de fortalecer sua defesa, o contribuinte acostou Parecer Técnico Contábil (812 a 827) para comprovar o alegado em seu Recurso Voluntário. Sobrestamento Em 1º de setembro de 2011, foi determinado, via despacho (fl. 860 a 861), o sobrestamento do feito, em vista da suposta solicitação de RMF realizada pela autoridade fiscal lançadora. Fl. 741DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 24 9 Voto Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. A controvérsia cingese quanto à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Antes mesmo de analisar o recurso, verificase que às fls. 860 a 861, havia sido determinado o sobrestamento do processo, sob o fundamento de que a fiscalização teria se valido de RMF para obtenção de informações bancárias do contribuinte. Ocorre que, da análise dos autos não localizei emissão de solicitação de requisição de movimentação financeira por parte da fiscalização, nem mesmo informações prestadas diretamente por instituição financeira em cumprimento a algum requerimento por parte da fiscalização, ou qualquer outro indicativo de que a presente autuação tenha se valido de RMF em algum momento. Ao contrário, o que se depreende dos autos é que no próprio Processo Administrativo nº 16327.003291/200215 (no qual se verificou a inconsistência de informações que desencadearam o procedimento de fiscalização) há expressa referência de que os dados acerca das movimentações financeiras do contribuinte “foram obtidos em fiscalização sobre as Declarações Trimestrais da CPMF (sem emissão de RMF)” (fl.71). Além disso foi o próprio contribuinte quem trouxe a conhecimento da fiscalização toda a documentação requerida durante a fase preparatória, incluindo extratos bancários (fls.217 a 301, por exemplo). Portanto, já que o próprio contribuinte apresentou os extratos bancários de suas contas correntes durante a fase fiscalizatória e estes foram os documentos considerados pela fiscalização no lançamento do crédito tributário, entendo que não se está diante da discussão acerca da legitimidade da autuação fiscal lavrada com base em RMF, devendo ser prosseguido o julgamento para se verificar se houve ou não omissão de receita a justificar a sua manutenção nos termos lavrados. Dito isso, passase a análise do recurso. Conversão em diligência Prova Pericial Requer o contribuinte a conversão do julgamento em diligência para realização de perícia contábil, a fim de comprovar a origem dos ingressos em suas contas correntes. Destaco que a apreciação da prova trazida é objeto de convencimento do julgador, sendo que a prova pericial somente se justifica quando o exame das provas apresentadas não possa ser realizado por aquele, em razão da complexidade e da necessidade de conhecimentos técnicos específicos. Caso as provas constantes do processo, ainda que versem sobre matéria especializada, possam ser satisfatoriamente compreendidas, nada justifica a realização de perícia. Fl. 742DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 25 10 É nesse sentido o entendimento deste Conselho, vejase: PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. O RECORRENTE DEVE TRAZER A PROVA QUE PRETENDE PRODUZIR PARA COMPROVAR O DIREITO ALEGADO. A CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA OU DEFERIMENTO DA PROVA PERICIAL SOMENTE É NECESSÁRIA SE HOUVER DUVIDA NA MATÉRIA DE FATO E CONVICÇÃO DO JULGADOR.(PROCESSO 10640.720844/200935, ACÓRDÃO 2202001.775, CONSELHEIRO NELSON MALLMANN, SESSÃO 15/05/2012) PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. A PERÍCIA TEM, COMO DESTINATÁRIA FINAL, A AUTORIDADE JULGADORA, A QUAL POSSUI A PRERROGATIVA DE AVALIAR A PERTINÊNCIA DE SUA REALIZAÇÃO PARA A CONSOLIDAÇÃO DO SEU CONVENCIMENTO ACERCA DA SOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA OBJETO DO LITÍGIO, SENDOLHE FACULTADO INDEFERIR AQUELAS QUE CONSIDERAR PRESCINDÍVEIS OU IMPRATICÁVEIS. (PROCESSO: 11065.003469/201042, ACÓRDÃO 2302 002.919, RELATOR ARLINDO DA COSTA E SILVA, SESSÃO DE 21/12/2014). Portanto, haja vista que o recorrente trouxe documentação probatória suficiente para a análise e deslinde do feito, entendo que não se justifica a conversão do julgamento em diligência, por não existir matéria de complexidade tamanha que demande a realização de perícia. Por essa razão, afasto a preliminar arguida. Omissão de Rendimento Decorrente de Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada O recorrente sustenta a ilegalidade do lançamento do crédito tributário com base no artigo 42 da Lei 9.430/96, em vista da impossibilidade de se presumir a existência de fato jurídico (renda), tão somente, por meio de levantamento efetuado em extratos bancários. Neste ponto, verificase que a autuação está respaldada no art. 42, caput e §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.430/96, que dispõe: “caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações”. Tal dispositivo goza de presunção de constitucionalidade, não havendo motivo para afastar a sua aplicação quando verificada a subsunção do fato à norma, como se constatou, ao menos parcialmente, no caso concreto. Ademais, este Conselho, por meio da consolidação dos Enunciados das Súmulas 261, 302, 323, 344, 385 e 616, entende pela possibilidade do lançamento do crédito tributário por 1 Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. 2 Súmula CARF nº 30: Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes. Fl. 743DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 26 11 meio da presunção legal prescrita no referido dispositivo. Portanto, não merece prosperar a alegação do contribuinte quanto ao ponto. O texto legal acima referido, contudo, prescreve uma presunção iuris tantum de omissão de receita, admitindo comprovação em contrário da origem dos recursos depositados em conta corrente, desde que a prova abarque cada depósito de forma individual, conforme o § 3º7, do art. 42 da Lei 9.430/96, o que entendo ser o caso dos autos em relação a alguns dos depósitos que integraram a base de cálculo do crédito tributário lançado. Ocorre que, em sua defesa, o contribuinte alegou que os depósitos bancários realizados em suas contas correntes teriam por origem o Contrato nº 074/90 (fls. 418 a 428) firmado entre a Prefeitura de Foz do Iguaçu e a empresa Consbrasil Construções Ltda, da qual era sócio, ao menos ao tempo dos fatos (fl. 395 a 413). Para comprovar sua afirmação o recorrente demonstra, mediante tabela de fls. 740 a 744, as origens de vários dos depósitos efetuados em suas contas correntes, juntando aos autos as ordens de pagamento (assinadas pelo Secretário da Fazenda do Município de Foz do Iguaçu/PR) e cheques (assinados pelo mesmo Secretário da Fazenda) emitidos em favor da empresa Consbrasil, bem como extratos bancários pessoais. (vide fls. detalhadas na tabela abaixo). Ainda, para fortalecer suas alegações, apresentou em sede de recurso voluntário laudo técnico contábil, devidamente assinado por profissional habilitado nas fls. 812 a 827. Quanto à documentação apresentada, destacase que essa goza de presunção de veracidade, se houvesse dúvida quanto ao ponto, o fisco deveria ter averiguado, comprovando a sua falsidade. Diante disso, e por haver diversos indícios de que a prova trazida é verdadeira, ou seja, a documentação é original, uma vez que há correspondência direta entre o os contratos apresentados, bem como os cheques e as ordens de pagamento são assinados pelo Secretário da Fazenda do Município de Foz do Iguaçu e seu Diretor, é que as acolho para verificação da comprovação da origem. 3 Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. 4 Súmula CARF nº 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. 5 Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. 6 Súmula CARF nº 61: Os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. 7 Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: Fl. 744DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 27 12 A análise da documentação acostada aos autos e dos valores creditados nas contas correntes do recorrente, revela que os depósitos abaixo alinhados, ao contrário do entendido pela Fiscalização e pela DRJ, tiveram, efetivamente, sua origem identificada pelo recorrente: Valor Banco Data do Pagamento Data do Depósito Origem 18.882,88 BankBoston (fl.753) 20/01/98 22/01/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda fl.633. 49.250,00 BankBoston (fl.753) 26/01/98 28/01/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda fl. 634. 49.250,00 BankBoston (fl.753) 29/01/98 30/01/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda fl.635. 31.282,50 BankBoston (fl.756) 02/02/98 03/02/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 636. 49.250,00 BankBoston (fl.756) 13/02/98 16/02/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 638. 27.502,17 BankBoston (fl. 757) 16/02/98 17/02/98 Ordem de pagamento Banestado S/A emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 639. 58.000,00 BankBoston (fl. 757) 17/02/98 18/02/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 640. 21.500,00 BankBoston (fl. 757) 18/02/98 19/02/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 641. 39.000,00 BankBoston (fl. 761) 20/03/98 23/03/98 Cópia de Cheque nº 80001 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 644. 22.926,74 BankBoston (fl. 764) 31/03/98 01/04/98 Cópia de Cheque nº 80019 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda fl. 645. 17.336,99 BankBoston (fl. 767) 15/04/98 17/04/98 Cópia de Cheque nº 80098 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 647. 15.000,00 BankBoston (fl.768) 08/05/98 11/05/98 Cópia de Cheque nº 80159 Banco do Brasil, emitido pelo Fl. 745DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 28 13 Secretário da Fazenda – fl. 649. 19.100,00 BankBoston (fl.769) 26/05/98 28/05/98 Cópia de Cheque nº 80276 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 651. 33.148,58 BankBoston (fl. 771) 27/05/98 29/05/98 Cópia de Cheque nº 80278 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 652. 23.000,00 BankBoston (fl. 772) 01/06/98 02/06/98 Cópia de Cheque nº 80301 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda –fl. 653. 14.000,00 BankBoston (fl. 772) 04/06/98 05/06/98 Cópia de Cheque nº 80314 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda fl.654. 23.438,00 BankBoston (fl. 773) 15/06/98 16/06/98 Cópia de Cheque nº 80429 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda fl. 656. 16.799,78 BankBoston (fl. 773) 29/06/98 30/06/98 Cópia de Cheque nº 80463 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl.658. 15.000,00 BankBoston (fl. 783) 10/08/98 12/08/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 662. 32.578,00 BankBoston (fl. 780) 10/08/98 13/08/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 663. 11.500,00 BankBoston (fl. 781) 24/08/98 26/08/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 667. 23.229,61 BankBoston (fl. 785) 01/09/98 02/09/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 669. 24.982,13 BankBoston (fl. 788) 14/09/98 15/09/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 670. 26.281,22 BankBoston (fl. 786) 18/09/98 21/09/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 671. 31.454,56 BankBoston (fl. 786) 17/09/98 21/09/98 Cópia de Cheque nº 80555 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl.673. Fl. 746DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 29 14 11.000,00 BankBoston (fl. 786) 25/09/98 29/09/98 Cópia de Cheque nº 80566 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl.674. 10.000,00 BankBoston (fl. 791) 19/10/98 20/10/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 678. 10.000,00 BankBoston (fl. 791) 26/10/98 27/10/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 679. 17.000,00 BankBoston (fl. 791) 26/10/98 27/10/98 Ordem de pagamento Banestado S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 680. 250.000,00 BankBoston (fl. 794) 11/11/98 12/11/98 Ordem de pagamento/cheque 6266795 Banco Itaú S/A, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl. 682 – 683. 29.000,00 BankBoston (fl. 799) 28/12/1998 30/12/98 Cópia de Cheque nº 80685 Banco do Brasil, emitido pelo Secretário da Fazenda – fl.687. 1.020.693,00 Destarte, verificase o equívoco da Fiscalização ao lançar o tributo com base no art. 42 da Lei 9.430/96, porquanto seria possível constatar da comparação entre as informações prestadas pelo contribuinte durante o procedimento fiscalizatório e os registros das movimentações nos extratos, que os referidos fatos eram verdadeiros, mesmo que as datas dos pagamentos não correspondam exatamente com as datas dos efetivos depósitos realizados (neste ponto, destacase que, de um modo geral, há uma diferença de 1 a 2 dias entre a emissão da ordem de pagamento/cheque o respectivo creditamento da conta corrente de recorrente, o que é justificável considerando as práticas e rotinas bancárias atinentes à compensação de cheques). Mesmo que assim seja, facilmente se verifica que os valores das ordens de pagamentos/cheques condizem com os valores depositados nas contas correntes do recorrente, levando a crer que derivam, originalmente, do Contrato nº 074/90 firmado com a Prefeitura de Foz do Iguaçu e a Empresa Consbrasil Construções Ltda., da qual o recorrente foi sócio, conforme a documentação acostada nos autos. Ademais, a mera falta de coincidência entre as datas das ordens de pagamento/cheques e os depósitos efetuados (por questão de 1 ou 2 dias), não é justificativa suficiente para afastar a comprovação das origens dos depósitos realizados nas contas bancárias do contribuinte, pois, a prova carreada nos autos demonstra a identidade entre eles. Nesse sentido, já decidiu a Segunda Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção deste Conselho, conforme precedente abaixo transcrito do processo 10120.005364/2007 58: Fl. 747DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 30 15 “MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTAS. Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no art. 44, II, da Lei n. 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos art. 71, 72 e 73 da Lei nº4.502, de 1964. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos. IRPF. DECADÊNCIA. Não caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, nos casos de lançamento por homologação, como é o caso do imposto de renda da pessoa física em relação aos rendimentos sujeitos à declaração de ajuste anual, extinguese com o transcurso do prazo de cinco anos contados do fato gerador, nos termos do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGE M COMPROVADA. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. Para os fatos geradores ocorrido s a partir de 01/01/97, a Lei n° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM COMPROVADA. Restando comprovada a origem de parte dos depósitos que ensejaram o lançamento, devem os mesmos ser excluídos da base de cálculo, ainda que não haja coincidência exata de datas. Recurso parcialmente provido.” Sendo assim, uma vez identificada a origem dos depósitos, a Fiscalização deveria proceder à apuração do imposto de acordo com as regras específicas do rendimento apurado, de acordo com o § 2º do art. 42, da Lei 9.430/96 e, também, conforme a jurisprudência desse Conselho: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM COMPROVADA ART. 42 DA LEI Nº 9430/96 PRESUNÇÃO DE RENDIMENTO OMITIDO – A presunção do art. 42 da Lei nº 9.4.30/96 é relativa, podendo ser afastada pela comprovação da origem do depósito bancário, quando, então, a autoridade autuante submeterá o rendimento outrora omitido às normas específicas de tributação, previstas na legislação vigente à época em que o rendimento foi auferido ou recebido. No caso em questão há comprovação da origem dos depósitos bancários. (CARF. 2ª Seção de Julgamento. 2ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Ac. 220200.198. Red. Conselheiro Pedro Anan Júnior. Julg. 19/08/09). Assim, relativamente aos depósitos acima transcritos, entendo que o lançamento carece de fundamentação válida (qual seja: omissão de rendimentos de pessoa jurídica). Daí, concluo pela parcial procedência do recurso voluntário, para fins de excluir da base de cálculo o valor de R$ 1.020.693,00 (um milhão vinte mil seiscentos e noventa e três reais), correspondente ao montante total dos depósitos referentes às ordens de pagamento e cópias de cheques acima arroladas, eis que comprovada a sua origem, mantendo a autuação do saldo remanescente. Aplicação da Taxa Selic Insurgese o contribuinte quanto à aplicação da taxa SELIC a título de juros de mora para atualizar o crédito tributário. Fl. 748DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10855.004599/200312 Acórdão n.º 2202002.604 S2C2T2 Fl. 31 16 Quanto à matéria em questão, temse que este Conselho entendeu pela legalidade da aplicabilidade da taxa SELIC no caso de atualização dos débitos tributários, conforme se verifica no enunciado da Súmula 4º do CARF, se não vejamos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim também já entendeu o STF: Taxa Selic. Incidência para atualização de débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da legalidade e da anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se trata de imposição tributária. (RE 582461, Relator: Min. Gilmar Mendes, Julga 18/05/2011, Divulg. 17/08/2011, Public. 18/08/2011) A isonomia é resguardada, visto que a Lei estadual prevê a aplicação da taxa SELIC, que traduz rigorosa igualdade de tratamento entre o contribuinte e o Fisco. (ADI 2214, Relator: Min. Maurício Corrêa, Julg. 06/02/2002, Publ. 19/04/2002) Diante disso, indefiro o pedido do recorrente quanto à inaplicabilidade da taxa SELIC para correção dos créditos tributários. Conclusão Isso posto, entendo pelo PARCIAL PROVIMENTO do recurso voluntário para determinar a exclusão de R$ 1.020.693,00 (um milhão vinte mil seiscentos e noventa e três reais) da base de cálculo considerada pela fiscalização, valor este correspondente aos depósitos bancários com origem comprovada (Assinado digitalmente) Fabio Brun Goldschmidt Relator Fl. 749DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 01/10/20 14 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10540.001708/2008-90
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2006
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. INFRAÇÃO. TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos.
ATUALIZAÇÃO DA MULTA. OBEDIÊNCIA AO ATO NORMATIVO EM VIGOR À ÉPOCA DA OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES.
A atualização dos valores da multa deve obedecer o momento da ocorrência do fato gerador, sendo aplicável tão somente o ato normativo em vigor, nos termos do art. 144 do CTN.
NULIDADE. VÍCIO MATERIAL.
O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2403-002.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, (i) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do pólo passivo da autuação BERTIN LTDA, imputa da como responsável solidária, ante a ausência de demonstração de prática comum do fato gerador. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Carlos Alberto Mees Stringari. (ii) Por maioria de votos em dar provimento ao recurso para anular o lançamento pelo reconhecimento do vício material (erro de capitulação legal). Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Ivacir Julio de Souza, Daniele Souto Rodrigues e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. INFRAÇÃO. TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. ATUALIZAÇÃO DA MULTA. OBEDIÊNCIA AO ATO NORMATIVO EM VIGOR À ÉPOCA DA OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES. A atualização dos valores da multa deve obedecer o momento da ocorrência do fato gerador, sendo aplicável tão somente o ato normativo em vigor, nos termos do art. 144 do CTN. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10540.001708/2008-90
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5395852
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2403-002.684
nome_arquivo_s : Decisao_10540001708200890.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
nome_arquivo_pdf_s : 10540001708200890_5395852.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, (i) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do pólo passivo da autuação BERTIN LTDA, imputa da como responsável solidária, ante a ausência de demonstração de prática comum do fato gerador. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Carlos Alberto Mees Stringari. (ii) Por maioria de votos em dar provimento ao recurso para anular o lançamento pelo reconhecimento do vício material (erro de capitulação legal). Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari. Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente Marcelo Magalhães Peixoto - Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Ivacir Julio de Souza, Daniele Souto Rodrigues e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
id : 5700430
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047251971997696
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2164; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 2 1 1 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10540.001708/200890 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2403002.684 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 09 de setembro de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente MAFRIP MATADOURO FRIGORÍFICO RIO PARDO S/A E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. INFRAÇÃO. TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. ATUALIZAÇÃO DA MULTA. OBEDIÊNCIA AO ATO NORMATIVO EM VIGOR À ÉPOCA DA OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES. A atualização dos valores da multa deve obedecer o momento da ocorrência do fato gerador, sendo aplicável tão somente o ato normativo em vigor, nos termos do art. 144 do CTN. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 00 17 08 /2 00 8- 90 Fl. 218DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 2 ACORDAM os membros do Colegiado, (i) por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do pólo passivo da autuação BERTIN LTDA, imputa da como responsável solidária, ante a ausência de demonstração de prática comum do fato gerador. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Carlos Alberto Mees Stringari. (ii) Por maioria de votos em dar provimento ao recurso para anular o lançamento pelo reconhecimento do vício material (erro de capitulação legal). Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Ivacir Julio de Souza, Daniele Souto Rodrigues e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 10540.001708/200890 Acórdão n.º 2403002.684 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela Secretaria da Receita Previdenciária que julgou procedente o lançamento consubstanciado no AI DEBCAD 37.018.2626, lavrado em razão do descumprimento de obrigação acessória previsto no art. 32, II, da Lei nº 8.212/91, por ter a empresa deixado de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. O Relatório Fiscal, fl. 10, narra que fora solicitada à empresa a documentação contábil, tendo sido apresentados Livro Diário, Balancetes e Razão até dezembro de 1999 em meio papel e a partir de janeiro de 2000 apresentou o Livro Razão em meio magnético. Na conta 3.2.1.03.015 – Fretes e Carretos foram lançados conjuntamente pagamentos a pessoas físicas e jurídicas. O mesmo ocorreu nos lançamentos efetuados na conta 4.3.2.01.012 – Outros gastos. A remuneração de serviços a transportador autônomo constitui fato gerador de contribuição previdenciária, bem como a remuneração pela prestação de serviços por contribuintes individuais, lançadas na conta 4.3.2.01.012 – Outros gastos, juntamente com outras despesas a pessoa jurídica. A infringência foi verificada em todo o período fiscalizado. Não houve, também, o lançamento contábil da contribuição previdenciária relativa a estes fatos geradores. A autoridade fiscal ainda relata que a empresa MAFRIP, conforme fora verificado nas atas do Conselho de Administração, era controlada até outubro de 2004 pela COOPARDO – Cooperativa Mista do Médio Rio Pardo Ltda., data em que transferiu a quantia de 7.073.089 ações para o grupo Bertin Ltda., assumindo este grupo o controle acionário da MAFRIP, pelo que se observa no artigo 4º de seu Estatuo. Dessa forma, restou caracterizado, pela fiscalização, grupo econômico, fundamentandose no art. 748 da Instrução Normativa SRP – IN nº 03/2005. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa Mafrip Matadouro Frigorífico Rio Pardo S/A contestou a autuação por meio de instrumento de fls. 65/66, assim como a responsável tributário Bertin Ltda nas fls. 122/132. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da então Impugnante, a Secretaria da Receita Previdenciária de Vitória da Conquista/BA prolatou a DecisãoNotificação nº 04.423.4.0039/2007, fls. 174/179, a qual julgou procedente o lançamento, mantendo incólume o crédito tributário, conforme ementa a seguir transcrita: AUTO DE INFRAÇÃO – Constitui infração deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios da contabilidade os Fl. 220DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 4 fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto no inciso II, do art. 32, da Lei n.º 8.212/91. AUTUAÇÃO PROCEDENTE DO RECURSO VOLUNTÁRIO Irresignada, a MAFRIP interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário, fls. 192/193, requerendo a reforma do Acórdão da DRJ, alegando que os fatos relacionados ao lançamento estão abrangidos nos de obrigação principal, assim como as demais de obrigação acessória, suscitando, também, que não praticou nenhuma infração à legislação tributária como pode ser apurado nas demais impugnações dos processos mencionados. A responsável tributária BERTIN LTDA. também interpôs tempestivamente Recurso Voluntário, fls. 197/210, alegando, em síntese: Inexistência de responsabilidade; Erro de direito; Falta de provas das condições de aplicação da legislação; Cerceamento do direito de defesa; Não inclusão da COOPARDO como acionista controlador. É o relatório. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 10540.001708/200890 Acórdão n.º 2403002.684 S2C4T3 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme documentos de fl. 214, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Relata a autoridade fiscal que fora solicitada à empresa a documentação contábil, tendo sido apresentados Livro Diário, Balancetes e Razão até dezembro de 1999 em meio papel e a partir de janeiro de 2000 apresentou o Livro Razão em meio magnético. Na conta 3.2.1.03.015 – Fretes e Carretos foram lançados conjuntamente pagamentos a pessoas físicas e jurídicas. O mesmo ocorreu nos lançamentos efetuados na conta 4.3.2.01.012 – Outros gastos. A remuneração de serviços a transportador autônomo constitui fato gerador de contribuição previdenciária, bem como a remuneração pela prestação de serviços por contribuintes individuais, lançadas na conta 4.3.2.01.012 – Outros gastos, juntamente com outras despesas a pessoa jurídica. A infringência foi verificada em todo o período fiscalizado. Não houve, também, o lançamento contábil da contribuição previdenciária relativa a estes fatos geradores. Tais fatos ensejaram a adequação ao disposto na Lei 8.212/91, art. 32, II, art. 92, art. 102, c/c Decreto 3.048/99 – RPS, art. 225, II, parágrafos 13 a 17 e art. 283, II, ‘a’ , in verbis: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). Fl. 222DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 6 § 1o O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art. 32A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o O reajuste dos valores dos saláriosdecontribuição em decorrência da alteração do saláriomínimo será descontado por ocasião da aplicação dos índices a que se refere o caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). ************************************************* Art. 225. A empresa é também obrigada a: II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862, de 2003) (...) II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: a) deixar a empresa de lançar mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; Apesar de restar caracterizada a infração à legislação, entendo que houve erro de tipificação em razão de a portaria utilizada para majorar a multa acima. O valor correspondente à imputação da presente multa, se deu pela Portaria MPS nº 342, de 16.08.2006, vigente à época da lavratura do auto de infração em epígrafe. Entretanto, conforme pode ser verificado, o lançamento em títulos próprios da contabilidade deveria ter sido procedido durante o período 01/1999 a 06/2006, lapso temporal da efetiva ocorrência da omissão em arrecadar, mediante desconto das remunerações dos empregados e contribuintes individuais a seu serviço, a contribuição previdenciária, ou seja, o período das competências, conforme acima mencionado. Portanto, assiste razão à Recorrente no que concerne à atualização do valor da multa nos termos da Portaria MPS/MF vigente à época dos fatos, em consonância com o disposto no art. 144 do CTN, in verbis: Fl. 223DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 10540.001708/200890 Acórdão n.º 2403002.684 S2C4T3 Fl. 5 7 Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Inobstante o referido artigo fazer referência à lei, temse que o conteúdo ali contido também se estende às demais espécies normativas que compõem a legislação tributária, claramente definidos no art. 96, a seguir transcrito: Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Portanto, deveria ter sido verificada a Portaria Interministerial, que determinou a atualização do valor constante no art. 283, II, “a”, do RPS, em vigor à época da ocorrência do fato gerador, fato o qual enseja o erro de capitulação legal da multa aplicável. Por fim, com relação à extensão da declaração de nulidade, destaquese que o vício em questão é material, por atingir um dos pressupostos do art. 142 do Código Tributário Nacional, in casu, a determinação da matéria tributável. Nesse sentido, esta Segunda Seção já julgou desta forma no Recurso Voluntário n. 151.240, nos autos do Processo n. 36474.007407/200632, em 21 de setembro de 2010, que resultou no Acórdão n. 240201.175, advindo da 4ª Câmara, 2ª Turma Ordinária. Da mesma forma foi o julgamento do Acórdão n. 10808.174 de 23/02/2005 da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE VÍCIO FORMAL LANÇAMENTO FISCAL COM ALEGADO ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO INEXISTÊNCIA Os vícios formais são aqueles que não interferem no litígio propriamente dito, ou seja, correspondem a elementos cuja ausência não impede a compreensão dos fatos que baseiam as infrações imputadas. Circunscrevemse a exigências legais para garantia da integridade do lançamento como ato de ofício, mas não pertencem ao seu conteúdo material. O suposto erro na identificação do sujeito passivo caracteriza vício substancial, uma nulidade absoluta, não permitindo a contagem do prazo especial para decadência previsto no art. 173, II, do CTN. Também, há de se destacar o julgamento no Recurso 129.310, Processo 10247.000082/0091 em 09 de julho de 2002, Acórdão n. 10706.695, ementado da seguinte forma: (...) RECURSO EX OFFICIO NULIDADE DO LANÇAMENTO VÍCIO FORMAL. A verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante do tributo devido a indentificação do sujeito passivo, definidos no art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, são elementos fundamentais intrínsecos, do lançamento, Fl. 224DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 8 sem cuja delimitação precisa não se pode admitir a existência da obrigação tributária em concreto. O levantamento e observância desses elementos básicos antecedem o são preparatórios à sua formalização, a qual se dá no momento seguinte, mediante a lavratura do auto de infração, seguida da notificação ao sujeito passivo, quando, aí sim, deverão estar presentes os seus requisitos formais, extrínsecos, como, por função e o número de matrícula, a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. (...) No decorrer do voto condutor do acórdão, o relator, Dr. Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz , afirma: Mal comparando, poderíamos dizer que o vício substancial está para a constituição do crédito tributário assim como o cálculo estrutural está para a edificação, no ramo da construção civil, enquanto que a forma seria, para o lançamento de ofício, o equivalente ao acabamento, à "fachada", na edificação civil. Deduzse daí que o vício substancial pressupõe a ocorrência de defeito na estrutura que é o sustentáculo de toda edificação, seja na construção civil ou na constituição do crédito tributário, possuindo sua ocorrência, assim, efeito demolidor, que joga por terra a obra erigida com esse insanável vício. Em outro passo, o defeito de forma, de acabamento ou na "fachada", não possui os tais efeitos devastadores causados pelo vício de estrutura, sendo contomáveis, sem que dano de morte cause à edificação. Fazemse os acertos ou até mesmo as modificações pertinentes, porém, sem reflexo algum sobre as bases em que a obra tenha sido erigida ou à sua própria condição de algo que existe, apesar dos defeitos. e, a meu ver, são esses "defeitos menores"que o legislador quis contemplar quando admite que tais vícios, apenas eles, podem e devem ser sanados e que somente a partir da decisão que declarar a nulidade desse ato é que passaria a fluir o prazo de decadência para o sujeito ativo da obrigação tributária, exercer o direito a novo lançamento de ofício. No mesmo norte, é o julgamento do Acórdão n. 19200 015 IRPF, de 14/10/2008 da Segunda Turma Especial do Primeiro Conselho de Contribuintes: O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização. Portanto, deve ser o presente auto anulado por vício material, ante o erro de capitulação legal da multa aplicável, uma vez que a portaria de atualização da multa é posterior aos fatos geradores. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 10540.001708/200890 Acórdão n.º 2403002.684 S2C4T3 Fl. 6 9 CONCLUSÃO Do exposto, voto pelo provimento do Recurso Voluntário, para declarar a nulidade por vício material ante o erro de capitulação legal quanto à multa aplicada. Marcelo Magalhães Peixoto. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/11 /2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO
score : 1.0
Numero do processo: 11020.723445/2011-19
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS.
O sujeito passivo deve identificar os beneficiários dos pagamentos realizados e contabilizados, por meio de informações coesas e embasadas em documentos, as quais foram perquiridas pela fiscalização, cabendo o lançamento de IRRF sobre os pagamentos para os quais tal mister não foi cumprido.
OMISSÃO. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. CONTRATO DE MÚTUO
Presume-se a omissão de receitas quando o registro de suprimento de numerário, efetuado por sócio da empresa, não for comprovado por documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores.
O contrato de mútuo, embora seja prova das obrigações mutuamente assumidas pelas partes, não é prova da efetiva satisfação dessas obrigações. Ou seja, não prova o efetivo ingresso dos recursos contratados.
Numero da decisão: 1801-002.169
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Fernando Daniel de Moura Fonseca que deu provimento em parte ao recurso, para exonerar as exigências em relação às infrações relativas à tributação pela multa rescisória recebida pela empresa, por sua natureza indenizatória, e com relação aos pagamentos efetuados sem causa aos sócios da empresa.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Neudson Cavalcante Albuquerque Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. O sujeito passivo deve identificar os beneficiários dos pagamentos realizados e contabilizados, por meio de informações coesas e embasadas em documentos, as quais foram perquiridas pela fiscalização, cabendo o lançamento de IRRF sobre os pagamentos para os quais tal mister não foi cumprido. OMISSÃO. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. CONTRATO DE MÚTUO Presume-se a omissão de receitas quando o registro de suprimento de numerário, efetuado por sócio da empresa, não for comprovado por documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores. O contrato de mútuo, embora seja prova das obrigações mutuamente assumidas pelas partes, não é prova da efetiva satisfação dessas obrigações. Ou seja, não prova o efetivo ingresso dos recursos contratados.
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11020.723445/2011-19
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5397972
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1801-002.169
nome_arquivo_s : Decisao_11020723445201119.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE
nome_arquivo_pdf_s : 11020723445201119_5397972.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Fernando Daniel de Moura Fonseca que deu provimento em parte ao recurso, para exonerar as exigências em relação às infrações relativas à tributação pela multa rescisória recebida pela empresa, por sua natureza indenizatória, e com relação aos pagamentos efetuados sem causa aos sócios da empresa. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente (assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
id : 5703976
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047252014989312
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2244; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 1000 1 999 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.723445/201119 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1801002.169 – 1ª Turma Especial Sessão de 22 de outubro de 2014 Matéria IRPJ E REFLEXOS SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO Recorrente OFTALMOLOGISTAS ASSOCIADOS SOCIEDADE SIMPLES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 GANHO DE CAPITAL. MULTA CONTRATUAL. As multas por rescisão contratual ou quaisquer outras vantagens pagas ou creditadas por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato, devem ser adicionados à base de cálculo do IRPJ. OMISSÃO. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. CONTRATO DE MÚTUO Presumese a omissão de receitas quando o registro de suprimento de numerário, efetuado por sócio da empresa, não for comprovado por documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores. O contrato de mútuo, embora seja prova das obrigações mutuamente assumidas pelas partes, não é prova da efetiva satisfação dessas obrigações. Ou seja, não prova o efetivo ingresso dos recursos contratados. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2006, 2007, 2008 BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. O sujeito passivo deve identificar os beneficiários dos pagamentos realizados e contabilizados, por meio de informações coesas e embasadas em documentos, as quais foram perquiridas pela fiscalização, cabendo o lançamento de IRRF sobre os pagamentos para os quais tal mister não foi cumprido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencido o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 34 45 /2 01 1- 19 Fl. 1000DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1001 2 Conselheiro Fernando Daniel de Moura Fonseca que deu provimento em parte ao recurso, para exonerar as exigências em relação às infrações relativas à tributação pela multa rescisória recebida pela empresa, por sua natureza indenizatória, e com relação aos pagamentos efetuados sem causa aos sócios da empresa. (ASSINADO DIGITALMENTE) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Neudson Cavalcante Albuquerque – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório OFTALMOLOGISTAS ASSOCIADOS SOCIEDADE SIMPLES LTDA., pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida no Acórdão nº 1035.688 (fl. 963), pela DRJ Porto Alegre, interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. O processo trata de cinco autos de infração realizados para exigir créditos tributários relativos aos anos 2006, 2007 e 2008, conforme os valores contidos na tabela seguinte: TRIBUTO PRINCIPAL JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO (75%) TOTAL FLS. IRPJ 109.572,36 29.334,11 157.787,66 296.694,13 797 PIS/PASEP 1.404,00 579,56 1.052,96 3.036,52 809 COFINS 6.480,00 2.675,15 4.860,00 14.015,15 818 CSLL 40.540,55 10.926,58 58.078,42 109.545,55 826 IRRF 174.192,23 59.509,25 130.644,13 364.345,61 838 Conforme a narrativa contida no Relatório de Fiscalização (fl. 848), a empresa autuada contabilizou quinze contratos de mutuo, celebrados entre ela e seus sócios, no período de 2006 a 2008. Um desses contratos de mútuo foi celebrado em 12/09/2008, com cinco sócios do contribuinte, no valor total de R$ 205.000,00, sendo responsabilidade de cada sócio contratante o ingresso de R$ 41.000,00. O contribuinte não conseguiu comprovar o efetivo ingresso do numerário contratado. Por outro lado, a investigação fiscal demonstrou que a empresa recebeu, no mesmo dia 12/09/2008, o valor de R$ 205.000,00 da empresa Fl. 1001DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1002 3 Condomínio Shopping da Serra, relativa à primeira parcela de ressarcimento pela entrega antecipada de imóvel locado pelo contribuinte, e não contabilizou tal ingresso. Em razão disso, foi caracterizada a omissão de receita correspondente, com multa qualificada. A segunda parcela do referido ressarcimento foi paga em outubro de 2008. O contribuinte a contabilizou (fl. 492) mas não ofereceu à tributação a receita correspondente, dando ensejo ao lançamento tributário, também com multa qualificada. Em relação aos demais quatorze contratos de mútuo, a empresa não logrou comprovar o efetivo ingresso dos valores acordados, levando à caracterização de omissão de receitas, presumida em razão dos suprimentos de caixa. Ainda em relação aos mesmos quatorze contratos de mútuo, o contribuinte contabilizou o que seriam as devoluções dos valores acordados. Como não houve a comprovação dos mútuos, a fiscalização entendeu que essas devoluções são pagamentos sem causa feitos aos sócios, o que deu ensejo ao lançamento de IRRF. O autuado apresentou impugnação, cujas razões foram assim resumidas, no relatório da decisão recorrida (fl. 969): Das receitas não oferecidas à tributação Com referência ao valor total recebido em duas parcelas de R$ 205.000,00 e no montante de R$ 410.000,00, a impugnante defende que não se tratam de ganhos de capital nos termos do artigo 521 do RIR/99, porque o valor é oriundo da desocupação antecipada do imóvel objeto do contrato de locação, pagamento pelo ponto e por benfeitorias realizadas, conforme consta na cláusula segunda do documento "Instrumento Particular de Distrato de Contrato de Cessão de Direitos de Locação e Outras Avenças do Salão Comercial 154/155 do Centro Comercial do Shopping Center Iguatemi Caxias”. Observa que a autuada pagou pelo ponto comercial e teve despesas com benfeitorias, portanto o montante recebido consiste em retorno de investimento realizado, que foi reembolsado em razão da necessidade de desocupação do imóvel, não podendo ser considerado como ganho sobre o trabalho ou capital a justificar a inclusão na base de cálculo dos tributos. Dos empréstimos dos sócios não comprovados Quanto aos cinco empréstimos realizado pelos sócios à pessoa jurídica no valor de R$ 41.000,00 cada, contabilizados em 12/09/2008, a defesa alega que foram comprovados por meio de contratos de mútuo assinados pelos sócios e pelo representante da pessoa jurídica naquele ato. No entanto, tais documentos não foram considerados pelo autuante, que não apontou a base legal que impede a formalização dos referidos empréstimos. Cita o art. 104 do Código Civil. Quanto aos demais empréstimos dos sócios para com a pessoa jurídica entre os anos de 2006 a 2008, alega que o autuante não Fl. 1002DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1003 4 cita valores nem datas, inobservando os princípios do contraditório e da ampla defesa insculpidos no art. 5°, LV, da CFB, sendo causa de nulidade, consoante estabelece o art. 59, II do Decreto 70.235/72. Diz que o direito de defesa deve ser observado durante todo o transcurso do processo administrativo fiscal e não somente a partir da apresentação da impugnação. Ainda, diz a defesa, o autuante também questiona a origem dos valores lançados na contabilidade da autuada como empréstimos dos sócios e lança dúvidas sobre a entrega desses valores, mormente quando os valores constam nas declarações de ajuste anual do imposto de renda (DIRPF) e a entrega pode ter se dado em dinheiro ou até por meio de depósito bancário. Registra que os documentos apresentados para justificar os empréstimos dos sócios para com a pessoa jurídica são idôneos e suficientes para comprovar a origem dos recursos. Diante do exposto, a defesa rechaça a dúvida suscitada pelo fisco. Do cerceamento de defesa do sócio Sérgio Manoel Ramos Filho Com relação à informação que consta à fl. 12 do relatório fiscal, sobre o fato do sócio Sérgio Manoel Ramos Filho não ter atendido a intimação, a defesa alega que o sócio não recebeu as intimações, motivo pelo qual não apresentou documentos quando solicitado. Entende que cabe ao fisco demonstrar que o sócio foi intimado de fato para apresentar os documentos e em não sendo comprovada a efetiva intimação do sócio, resta caracterizado o cerceamento de defesa e a nulidade do processo administrativo fiscal. Assim, o fisco deve comprovar que o sócio Sérgio Manoel Ramos Filho foi realmente intimado para apresentar documentos e defesa no processo administrativo fiscal, caso contrário a nulidade do processo administrativo deve ser declarada de ofício pela autoridade julgadora. Pagamento sem causa (empréstimos de sócios não comprovados) A defesa alega que o fisco, a partir do momento que desconsidera os empréstimos lançados na contabilidade da impugnante, sob a alegação infundada que os mesmos não restaram comprovados, conclui que os pagamentos registrados na contabilidade da autuada caracterizamse como pagamentos efetuados sem causa, conforme prevê a norma do artigo 674, §1° do Decreto 3.000/99, aplicando a alíquota de 35% a titulo de Imposto de Renda retido na fonte. Acrescenta que a tributação a esse título merece ser afastada pelo fato de que todos os empréstimos dos sócios para com a pessoa jurídica estão comprovados através de documentos que Fl. 1003DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1004 5 não encontram restrição na lei – contratos particulares de mútuo. Observa que cabe ao fisco apontar o dispositivo de lei que veda o registro de empréstimos do sócio para com a pessoa jurídica mediante o contrato particular de mútuo, o que não está consignado no Relatório de Fiscalização, porque inexiste norma nesse sentido. Das multas aplicadas – lançamentos de ofício Reportandose aos valores registrados como empréstimos dos sócios, a defesa alega que as operações ocorreram de fato, conforme contratos particulares de mútuo. Quanto ao valor recebido do Condomínio Shopping Serra Expansão, resta configurado como retorno de investimento, mas não ganho de capital para ser considerado na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por isso a penalidade deve ser afastada. Acrescenta que o fato de não ter apresentado os valores referentes aos cheques 435830 e 475377 recebidos do referido Condomínio, não configura sonegação ou fraude insertos nos art. 71 e 72 da Lei nº 4.502/64, pois os conceitos de sonegação e fraude exigem a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência de fato gerador de obrigação tributária ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, requisitos que não se verificam no caso em tela, porquanto o valor recebido não é fato gerador de tributo. Assim, a multa com o percentual de 150% deve ser afastada. Também a multa de 75% é indevida, visto que está sendo aplicada em razão do fisco não considerar como documentos idôneos os contratos particulares de mútuo que embasam os empréstimos dos sócios para a pessoa jurídica e, consequentemente, adota o entendimento de que os pagamentos feitos pela pessoa jurídica aos sócios foram feitos sem causa. Ao final deste item, a defesa requer o afastamento das multas impostas com os percentuais de 150% e 75%. A DRJ considerou a impugnação procedente em parte, apenas reduzindo, para o patamar de 75%, a multa de ofício relativa à omissão de receita atinente à segunda parcela do ressarcimento pela entrega antecipada de imóvel locado no Condomínio Shopping da Serra. A decisão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007, 2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Em questões tributárias, é a partir da constituição do crédito tributário que a lei assegura ao sujeito passivo a acessibilidade Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1005 6 aos autos, com todos os elementos que o instruem, motivam o lançamento e o fundamentam. Se o processo permaneceu no órgão local da Secretaria da Receita Federal do Brasil do domicílio Fiscal do autuado, no prazo legal, disponível para vista e para obtenção de certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, e ainda, aguardando o pagamento dos valores lançados ou a impugnação, que foi apresentada no prazo regulamentar, não ocorre o cerceamento do direito de defesa. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Possuindo o auto de infração todos os requisitos necessários à sua formalização, nos termos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, e se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo decreto, o lançamento não é nulo. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. A presunção legal tem o condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para a contribuinte, que pode refutála mediante oferta de provas hábeis e idôneas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 OMISSÃO DE RECEITA. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM E DA EFETIVIDADE DA ENTREGA DOS RECURSOS. Os suprimentos efetuados pelos sócios da empresa devem estar respaldados em documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, comprobatória da sua origem e da efetividade da sua entrega. Não logrando a pessoa jurídica fazer tal prova, legítima é a presunção de omissão de receita. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. GANHOS DE CAPITAL. À base de cálculo do lucro presumido mediante a aplicação de percentual sobre a receita bruta devem ser acrescidos os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras e os demais resultados obtidos pela pessoa jurídica. LANÇAMENTOS DECORRENTES. CONTRIBUIÇÃO PARA O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS/PASEP), CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL). A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase aos lançamentos decorrentes, quando não houver fatos ou argumentos novos a ensejar decisão diversa. Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1006 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2007, 2008 PAGAMENTOS SEM CAUSA. EMPRÉSTIMOS NÃO COMPROVADOS. Os pagamentos sem causa sujeitamse à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008 MULTA DE OFICIO. EXIGIBILIDADE. Tratandose de lançamento de ofício decorrente de infração ao dispositivo legal detectado pela administração em exercício de regular ação fiscalizadora, é legítima a cobrança de multa punitiva correspondente. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CIRCUNSTÂNCIA QUALIFICATIVA. A aplicação de multa qualificada pressupõe a comprovação de conduta dolosa. O artifício de registrar receita a título de empréstimo de sócios na conta caixa constitui conduta que impõe a exigência de multa de ofício com o percentual de 150%. A mera falta de declaração ao fisco do ganho de capital que se encontrava registrado contabilmente não é suficiente para comprovar a ação dolosa. Cientificado dessa decisão em 10/01/2012, por via postal (fl. 989), o contribuinte interpôs o presente Recurso Voluntário (fl. 990), em 01/02/2012, em que alega, em síntese, que: i) a nulidade do lançamento em razão de ter sido realizado com fundamento na falta de apresentação de documentos, quando o sócio Sérgio Manoel Ramos Filho sequer foi intimado para apresentar tais documentos; ii) o lançamento com base na falta de comprovação dos cinco mútuos de R$ 41.000,00 não deve ser mantido em razão destes estarem demonstrados nos contratos apresentados e na contabilidade da empresa; iii) também não se sustenta o lançamento com base no alegado ganho de capital no valor de R$ 410.000,00, uma vez que esse valor foi recebido a título de indenização pela desocupação antecipada de imóvel locado, o que não gera aumento patrimonial; iv) não deve prosperar o lançamento de IRRF, uma vez que todos os pagamentos relativos à devolução dos mútuos foram comprovados e identificados os seus beneficiários, conforme os documentos juntados às fls. 340/473; Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1007 8 v) os valores supracitados já foram oferecidos à tributação pelas respectivas pessoas físicas e o presente lançamento configura bitributação; vi) não é devida a exigência de multa de ofício em razão de todas as operações de mútuo terem sido devidamente comprovadas.. É o relatório Voto Conselheiro Neudson Cavalcante Albuquerque, Relator. O recurso voluntário apresentado atende aos pressupostos de admissibilidade, sendo digno de conhecimento. NULIDADE O recorrente afirma que é nulo o lançamento, pois foi realizado com fundamento na ausência de comprovação dos mútuos contratados pelo contribuinte junto aos seus sócios enquanto o sócio Sérgio Manoel Ramos Filho não teve oportunidade de apresentar provas, já que não foi intimado para tal. A afirmação do recorrente não possui suporte fático, uma vez que consta dos autos termo de intimação dirigido a Sérgio Manoel Ramos Filho em que este é instado a comprovar a origem e a efetiva entrega dos recursos relativos aos contratos de mútuo que firmou com o recorrente (fl. 712), estando juntado aos autos, em seguida, comprovante de recebimento no endereço fiscal daquela pessoa (fl. 717). Assim, verificase que o interessado teve a oportunidade de comparecer ao processo, não sendo causa de nulidade o exercício de sua faculdade de permanecer silente. GANHO DE CAPITAL É incontroverso o fato de que o recorrente recebeu o valor de R$ 410.000,00 da empresa Condomínio Shopping da Serra, devido à entrega antecipada de imóvel locado pelo contribuinte. Esse pagamento foi dividido em duas parcelas de R$ 205.000,00, uma recebida em 12/09/2008 e a outra em 20/10/2008. Também é incontroverso o fato de que o recorrente não contabilizou o recebimento da primeira parcela e que contabilizou o recebimento da segunda parcela, mas não a ofereceu à tributação. Em sua defesa, o recorrente afirma que o valor recebido não está sujeito à tributação, pois não é causa de aumento patrimonial, já que se trata de ressarcimento pelas despesas suportadas por ele junto àquele imóvel. Não assiste razão ao recorrente. O valor em tela foi recebido em razão de o recorrente ter cedido seu direito de usufruir do imóvel locado, antecipando o término do contrato de locação. Portanto, esse valor tem natureza de multa por rescisão contratual. Nos termos do artigo 521, §2º, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000, de 1999) RIR, as multas por rescisão contratual ou quaisquer outras vantagens pagas ou creditadas por Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1008 9 pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato, devem ser adicionados à base de cálculo do IRPJ: Art.521. Os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo art. 519, serão acrescidos à base de cálculo de que trata este Subtítulo, para efeito de incidência do imposto e do adicional, observado o disposto nos arts. 239 e 240 e no §3º do art. 243, quando for o caso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 25, inciso II). ... §2º Os juros e as multas por rescisão contratual de que tratam, respectivamente, os arts. 347 e 681 serão adicionados à base de cálculo (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 51 e 70, §3º, inciso III). ... Art.681.Estão sujeitas ao imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, as multas ou quaisquer outras vantagens pagas ou creditadas por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, a beneficiária pessoa física ou jurídica, inclusive isenta, em virtude de rescisão de contrato (Lei nº 9.430, de 1996, art. 70). ... §3ºO valor da multa ou vantagem será (Lei nº 9.430, de 1996, art. 70, §3º): ... III acrescido ao lucro presumido ou arbitrado, para determinação da base de cálculo do imposto devido pela pessoa jurídica. Ainda que se admitisse a tese do recorrente, de que o valor recebido tem natureza de ressarcimento pelas despesas suportadas por ele junto àquele imóvel, também seria devida a tributação, uma vez que estaria configurada a recuperação de despesas dedutíveis. A omissão da parcela recebida em 12/09/2008 foi lançada e teve a respectiva multa de ofício qualificada (150%), em razão de o contribuinte ter deixado de contabilizála e ter introduzido esse valor em seu patrimônio, na mesma data, na forma de cinco contratos de mútuo, todos com o valor de R$ 41.000,00, supostamente celebrados com os seus sócios. O contribuinte não conseguiu comprovar o efetivo ingresso do numerário contratado. O recorrente reclama que apresentou os respectivos contratos de mútuo e que estes foram devidamente contabilizados, o que seria suficiente para comprovar os ingressos apontados. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, desde que comprovados por documentos hábeis, nos termos do artigo 9º, §1º, do DecretoLei nº 1.598, de 1977: Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1009 10 Art 9º A determinação do lucro real pelo contribuinte está sujeita a verificação pela autoridade tributária, com base no exame de livros e documentos da sua escrituração, na escrituração de outros contribuintes, em informação ou esclarecimentos do contribuinte ou de terceiros, ou em qualquer outro elemento de prova. § 1º A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Contudo, cabe ao Fisco verificar os lançamentos contábeis e a idoneidade dos documentos que o comprovam. O contribuinte foi intimado a comprovar o efetivo ingresso dos recursos contratados, mas não apresentou outros documentos além do contrato particular celebrado com os seus sócios, realizado sem a presença de qualquer testemunha (fl. 268). Entendo que o referido contrato, embora seja prova das obrigações mutuamente assumidas pelas partes, não é prova da efetiva satisfação dessas obrigações. Ou seja, não prova o efetivo ingresso dos recursos contratados. Essa é a inteligência do artigo 368 do Código de Processo Civil Brasileiro, aplicado ao caso em tela: Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumemse verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato. Assim, fica caracterizada a intenção do recorrente em dissimular o ingresso de recurso tributável por meio da contabilização de operação não tributável, o que é razão suficiente para a qualificação da multa de ofício. Em relação à segunda parcela do referido ressarcimento, a multa qualificada foi afastada pela decisão a quo, não sendo objeto da presente lide. CONTRATOS DE MÚTUO A ação fiscal também investigou a contabilização de outros quatorze contratos de mútuo. Intimado para comprovar o efetivo ingresso dos recursos contratados (fls. 274/291), o contribuinte apresentou apenas os respectivos contratos de mútuo, celebrados sempre com os seus sócios, por meio de instrumento particular e sem testemunhas ou, quando muito, com a presença de uma testemunha (fls. 340/352). A fiscalização entendeu que tais documentos não eram prova suficiente e descaracterizou os mútuos escriturados, apontando omissão de receitas presumida pelo suprimento de numerário, conforme o artigo 282 do RIR: Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1010 11 Art.282. Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá arbitrála com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, §3º, e DecretoLei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II). Na mesma intimação, o contribuinte também foi instado a comprovar o efetivo pagamento, aos seus sócios mutuantes, das referidas obrigações por ele contratadas. Em resposta, este apresentou uma série de recibos, alguns cheques e um comprovante de depósito (fls. 353/473). A autoridade lançadora não admitiu os recibos como prova dos pagamentos e entendeu que não era possível vincular os cheques e o comprovante de depósito às operações objeto da intimação. Os sócios mutuantes também foram intimados a comprovar o recebimento dos recursos, mas apresentaram os mesmos documentos já apresentados pelo contribuinte (com exceção do sócio Sérgio Manoel Ramos Filho, que não respondeu à intimação). Por tal razão, os pagamentos foram considerados sem causa e foi lavrado auto de infração para exigir IRRF, conforme o artigo 674, §1º do RIR: Art.674.Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61). §1ºA incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, §1º). O recorrente não se insurge especificamente contra o lançamento de IRPJ, por omissão de receitas, centrando seu esforço contra o lançamento de IRRF, por pagamento sem causa. Nesse mister alega que os recibos apresentados são suficientes para comprovar os pagamentos efetuados. Entendo que os contratos apresentados não são suficientes para demonstrar o efetivo ingresso no patrimônio do contribuinte dos recursos por eles avençados, conforme as razões já expostas no item anterior, devendo ser mantido a exigência de IRPJ em tela. Ademais, sendo descaracterizados os mútuos contabilizados, os pagamentos motivados pela sua existência perdem, em ato contínuo, a sua causa. Em outras palavras, se os pagamentos foram realizados para resolver obrigações assumidas em contrato de mútuo e essas obrigações foram negadas (pela falta de comprovação do ingresso dos recursos tomados dos sócios), então os pagamentos correspondentes foram realizados por outra causa, desconhecida. Fl. 1010DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 11020.723445/201119 Acórdão n.º 1801002.169 S1TE01 Fl. 1011 12 Salientese que o contribuinte afirma veementemente que os pagamentos foram realizados, inclusive dando ensejo a uma alegada bitributação em relação ao IRPF das pessoas dos sócios. Assim, também entendo devido o lançamento de IRRF. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão de primeira instância. (ASSINADO DIGITALMENTE) Neudson Cavalcante Albuquerque Fl. 1011DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE
score : 1.0
Numero do processo: 10840.720713/2009-00
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS. INDÍCIO DE INIDONEIDADE. COMPROVAÇÃO EFETIVO PAGAMENTO. POSSIBILIDADE.
Recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância aos requisitos legais são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram de fato executados ou o pagamento não foi efetuado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-003.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Tânia Mara Paschoalin.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS. INDÍCIO DE INIDONEIDADE. COMPROVAÇÃO EFETIVO PAGAMENTO. POSSIBILIDADE. Recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância aos requisitos legais são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram de fato executados ou o pagamento não foi efetuado. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10840.720713/2009-00
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5389793
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2801-003.766
nome_arquivo_s : Decisao_10840720713200900.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
nome_arquivo_pdf_s : 10840720713200900_5389793.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Tânia Mara Paschoalin. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
id : 5664352
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047252030717952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1897; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 128 1 127 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.720713/200900 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2801003.766 – 1ª Turma Especial Sessão de 8 de outubro de 2014 Matéria IRPF Recorrente DAVID FRANCISCO DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS. INDÍCIO DE INIDONEIDADE. COMPROVAÇÃO EFETIVO PAGAMENTO. POSSIBILIDADE. Recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância aos requisitos legais são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram de fato executados ou o pagamento não foi efetuado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Tânia Mara Paschoalin. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 72 07 13 /2 00 9- 00 Fl. 128DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10840.720713/200900 Acórdão n.º 2801003.766 S2TE01 Fl. 129 2 Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 9a Turma da DRJ/SP2 (Fls. 89), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima qualificado, foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls.02/07 (numeração digital), relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2005, por meio da qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 12.080,80 (doze mil, oitenta reais e oitenta centavos), sendo R$ 5.725,50 referentes ao imposto, R$ 4.294,12, à multa proporcional, e R$ 2.016,18, aos juros de mora (calculados até 30/04/2009). 1.1. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 06/07) ,a exigência decorreu da seguinte infração à legislação tributária: 1.1.1. Dedução da Base de Cálculo Pleiteada Indevidamente (Ajuste Anual) – Dedução Indevida de Despesas Médicas Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/20085 20.820,00 75 Enquadramento legal: art. 8º, inciso II, alínea "a", e §§ 2º e 3º da Lei nº 9.250/95; arts. 73, 80 e 83 do RIR/99. 2. O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 47/60, juntamente com os documentos de fls. 62/74, alegando, em síntese, que: a autoridade fiscal lavrou o presente auto de infração alegando a necessidade de comprovação do pagamento ao beneficiário, sendo contudo, improcedente tal lavratura, haja vista que a autoridade administrativa utiliza como fundamento para a glosa das despesas médicas a falta de comprovação do efetivo pagamento aos beneficiários sem mesmo analisar as provas (recibos, declarações, demais documentos) trazidas aos autos; não restam dúvidas de que a condição exigida pela lei foi devidamente cumprida pelo contribuinte, na medida em que identifica quem recebeu o pagamento, endereço (declarações prestadas), número do CPF, inclusive indicando o tratamento realizado. Neste sentido, destaquese as decisões administrativas trazidas á colação; assim, indubitável a idoneidade dos recibos/comprovantes de pagamentos efetuados aos beneficiários, na medida em que estão perfeitamente enquadrados nos termos da legislação e, como Fl. 129DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10840.720713/200900 Acórdão n.º 2801003.766 S2TE01 Fl. 130 3 não bastasse, verificase ainda que o contribuinte juntou aos autos demais elementos probatórios, como: orçamento dentário/ficha dentária (docto. 02), ressonância magnética (docto. 03) e declarações assinadas pelos profissionais habilitados a realização dos serviços médicos/fisioterapêuticos, dentários (docto. 04); o que se verifica é que a autoridade administrativa simplesmente desconsiderou todos os documentos apresentados, embasando sua autuação na falta de comprovação do efetivo pagamento aos beneficiários, hipótese essa em que a legislação não disciplina a respeito e que o E. Conselho de Contribuintes já disciplinou a respeito. Em outra palavras, a legislação não dispõe que o contribuinte esteja munido de comprovantes de pagamento (cópias de cheques, extratos bancários, etc), a fim de validar o recibo/comprovante de pagamento, sendo que desconsiderálo, bem como a própria confissão dos beneficiários, os quais atestam a efetiva prestação de serviços, é contrariar até mesmo o artigo 212 do Código Civil, bem como o princípio da verdade material; a mera presunção pela autoridade administrativa não faz prova em contrário ao contribuinte, até mesmo porque a fiscalização desconsiderou os documentos apresentados (recibos/comprovantes de pagamento), demais documentos (confissão dos beneficiários dos pagamentos), sob um único fundamento: necessidade de comprovação do pagamento ao beneficiário, alegação essa que contraria o próprio art. 80, do decreto nº 3.000/99, art. 46 da Instrução Normativa nº 15/2001, bem como o próprio art. 212 do Código Civil e o princípio da verdade material; se a própria legislação não prevê a obrigatoriedade da comprovação dos pagamentos efetuados, muito menos a administração pública poderia extrapolar esses limites, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade expresso constitucionalmente; por todo o exposto, requer seja julgado improcedente o procedimento fiscal, determinandose o cancelamento do Auto de Infração e Imposição de Multa ora impugnado. Passo adiante, a 9ª Turma da DRJ/SP2 entendeu por bem julgar a impugnação improcedente, em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Cabe ao sujeito passivo a comprovação, com documentação idônea, da efetividade da despesa médica utilizada como dedução na declaração de ajuste anual. A falta da comprovação Fl. 130DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10840.720713/200900 Acórdão n.º 2801003.766 S2TE01 Fl. 131 4 permite o lançamento de oficio do imposto que deixou de ser pago. Cientificado em 27/10/2011 (Fls. 99), o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 16/11/2011 (fls. 100 a 114), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação, alegando ainda que: 05. Preliminarmente, mister se faz ressaltar que um dos princípios reguladores do processo administrativo fiscal é o Princípio da Verdade Material, que se traduz na busca da verdade. Ou seja, nos trabalhos desenvolvidos durante o processo administrativo, é dever da autoridade fiscal se utilizar de todas as provas e circunstâncias de que tenha conhecimento, para apurar a verdade material. (...) 07. A verdade material é o princípio específico do processo administrativo e contrapõe ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil Es 1 atributo particular do processo administrativo decorre do próprio fim visado com o controle administrativo da legalidade, eis que não havendo interesse subjetivo da administração na solução do litígio, é possível o cancelamento do lançamento baseado em evidências trazidas aos autos.(...) É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. De início verifico que tratase de glosa relativa à despesas médicas não comprovadas com os profissionais Gisele Leandra Rissatto(fisioterapeuta) e Ana Paula R. Bernardes Silva(dentista), no valor de R$20.820,00. Observo ainda que o litígio trata de comprovação de despesas médicas em que a fiscalização fundamenta no fato de o contribuinte, após regular intimação, não ter comprovado o efetivo pagamento de despesas médicas com os supracitados profissionais. Por sua vez, o contribuinte afirma que a apresentação dos recibos e declarações, bem como da ressonância magnética e da ficha dentário é suficiente para o afastamento das glosas. Em casos desta natureza, tenho o entendimento de que, a princípio, os recibos emitidos por profissionais legalmente habilitados que atendam às formalidade legais são hábeis a comprovar as deduções pleiteadas, mas, em havendo fortes indícios de que a documentação é Fl. 131DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10840.720713/200900 Acórdão n.º 2801003.766 S2TE01 Fl. 132 5 inidônea, existe o direitodever de o fisco intimar o contribuinte a comprovar o efetivo desembolso e prestação do serviço. Neste mesmo sentido tem sido o entendimento da CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS: DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS DEDUTIBILIDADE RECIBO DOCUMENTO HÁBIL ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO. Os recibos, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 80 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n°. 3.000, de 26 de março de 1999, são documentos hábeis para comprovar os dispêndios com despesas médicas e embasar a sua dedutibilidade. Para desqualificar determinado documento é necessário comprovar que o mesmo contenha algum vicio. A boafé se presume, enquanto que máfé precisa ser comprovada. Recurso especial provido. (Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF Segunda Turma Acórdão nº 9202003.159 Data da Decisão 06/05/2014 Data de Publicação 13/08/2014). Por esta razão, a decisão sobre a dedutibilidade ou não da despesa médica merece análise caso a caso, consoante os elementos trazidos aos autos, tanto pelo fisco como pelo contribuinte, os quais serão decisivos para a formação da livre convicção do julgador. Tomo como ponto de partida a imputação feita no lançamento e a decisão da DRJ, e nela vejo apontamento de indícios em desfavor dos documentos apresentados pelo recorrente. De fato, há nos autos a evidência de que o contribuinte, apesar de possuir plano de saúde, realizou despesas médicas elevadas frente aos seus rendimentos, uma vez que utilizouse de 34% de seus rendimentos para o pagamento de despesas com apenas dois tratamentos. Logo, entendo que há nos autos elementos que permitam a fiscalização, e a DRJ, afastar a idoneidade dos documentos apresentados pela contribuinte para fazer jus às deduções pleiteadas e exigir a comprovação dos efetivos pagamentos. Apesar de solicitado, o contribuinte não apresentou qualquer prova do pagamento realizado, limitandose apenas a asseverar que o pagamento foi feito através de dinheiro em espécie e que por tal razão não haveria como proceder à comprovação. Portanto, como não constam nos autos provas dos efetivos pagamentos, tais como cheques ou extratos bancários que indicariam os saques para o pagamento em espécie, as glosas devem ser mantidas. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 132DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10840.720713/200900 Acórdão n.º 2801003.766 S2TE01 Fl. 133 6 Fl. 133DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN
score : 1.0
Numero do processo: 12897.000694/2009-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2006
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial para exclusão dos valores relativos ao auxílio-alimentação e para adequação da multa aplicada ao artigo 32-A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica, vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que dava provimento apenas quanto ao auxílio-alimentação.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Thiago Taborda Simões - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Thiago Taborda Simoes, Luciana de Souza Espindola Reis e Ronaldo de Lima Macedo. Ausentes os conselheiros Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: THIAGO TABORDA SIMOES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 12897.000694/2009-63
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5389404
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2402-004.280
nome_arquivo_s : Decisao_12897000694200963.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : THIAGO TABORDA SIMOES
nome_arquivo_pdf_s : 12897000694200963_5389404.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial para exclusão dos valores relativos ao auxílio-alimentação e para adequação da multa aplicada ao artigo 32-A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica, vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que dava provimento apenas quanto ao auxílio-alimentação. Julio César Vieira Gomes - Presidente Thiago Taborda Simões - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Thiago Taborda Simoes, Luciana de Souza Espindola Reis e Ronaldo de Lima Macedo. Ausentes os conselheiros Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Lourenço Ferreira do Prado.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
id : 5663576
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047252044349440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1325; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 131 1 130 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12897.000694/200963 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.280 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de setembro de 2014 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO: GFIP. FATOS GERADORES. Recorrente TUSSOR CONFECÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 06 94 /2 00 9- 63 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial para exclusão dos valores relativos ao auxílioalimentação e para adequação da multa aplicada ao artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica, vencida a conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis que dava provimento apenas quanto ao auxílioalimentação. Julio César Vieira Gomes Presidente Thiago Taborda Simões Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Thiago Taborda Simoes, Luciana de Souza Espindola Reis e Ronaldo de Lima Macedo. Ausentes os conselheiros Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 132 3 Relatório Tratase de Auto de Infração (nº 37.245.4844) lavrado pela Autoridade Administrativa, ao verificar que o contribuinte não apresentou as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, nas competências 01/2006 a 12/2006, conforme o disposto na Lei n° 8.212/91, art. 32, inciso IV e § 5, acrescentado pela Lei n° 9.528/97 c/c art. 225, inciso IV, parágrafo 4º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Relatório Fiscal às fls. 36/52. Intimada da autuação, a Recorrente apresentou impugnação de fls. 66/76, que restou improcedente às fls. 98/111, sob os seguintes fundamentos: 1) O Auto não é nulo, já que não houve violação alguma às leis e normas que regem a matéria nem tampouco ao direito de ampla defesa e do contraditório, eis que todo o lançamento foi feito com a correta descrição do fato gerador e do dispositivo legal pertinente à autuação; 2) O presente Auto de Infração não foi lavrado com o intuito de imputar à Impugnante dolo ou culpa, mas sim, por ter sido constatado pela fiscalização que a Impugnante deixou de apresentar as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias; 3) A Empresa incorreu em infração ao disposto na Lei n° 8.212/91, art. 32, inciso IV e § 5º, acrescentado pela Lei n° 9.528/97 c/c art. 225 inciso IV, parágrafo 4º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, a seguir transcritos, ao deixar de apresentar as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias; 4) A multa foi corretamente aplicada, conforme previsto no art. 32, parágrafo 5, da Lei n.° 8.212/91, acrescentado pela Lei 9.528/97, e nos artigos 284, inciso II, e 373 do RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99, não tendo sido constatada, no caso, a ocorrência de circunstâncias agravantes; 5) O auditor circunstancia que a empresa deixou de informar em GFIP, contribuições de segurados empregados e contribuintes individuais, uma vez que, pagamentos diversos foram apurados na confrontação das Folhas de Pagamento 2006; RAIS 2006; documentos contábeis (Livro Diário, Razão e Contas a Pagar) com as GFP's e GPS's; 6) Foram verificadas omissões de informações em GFIP referentes a segurados constantes em folhas de pagamento, pró labore, e Fl. 133DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 alimentação, assim como pagamentos a pessoas físicas constantes do Relatório de Contas a Pagar; 7) Todos os elementos verificados pela fiscalização foram minuciosamente demonstrados através das diversa planilhas, anexos e cópias de documentos acostados aos processos pela fiscalização; 8) As alegações do interessado, de que não houve infração, não está acompanhada de qualquer prova, ônus que lhe compete, por se tratar de negativa de fato infrator alegado pelo agente fiscal (art.333, I do CPC, art.16, III, do Decreto 70.235/72 e art.7°, III da Portaria RFB 10.875/2007); 9) Não cabe deferir a perícia solicitada, uma vez que o crédito encontrase devidamente demonstrado nos Relatórios e anexos que compõem o Auto de Infração e a Impugnante não anexou à Impugnação qualquer elemento de prova de suas alegações, nos termos do artigo 16, III, do Decreto n° 70.235, de 1972. Logo, a perícia é totalmente prescindível e protelatória; Intimada do resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário de fls. 115/127, alegando, em síntese: 1) Não há dolo e tipicidade no comportamento da Recorrente que estabeleça azo à cobrança do débito; 2) O auto de infração é nulo, pois o agente da fiscalização desatendeu aos requisitos elencados no art. 142 do CTN. Caso a autuação seja mantida, restará manietado o princípio da legalidade, desdobramento necessário do Estado de Direito; 3) O procedimento voluntarioso e arbitrário das autoridades administrativas em nada se afina com uma estrita obediência ao regrado na norma jurídica; 4) Os dados apresentados pela Recorrente à fiscalização sempre corresponderam aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias; 5) Os valores declarados nas folhas de pagamentos constam em sua totalidade nas GFIP's, sendo certo o recolhimento devido sobre tais remunerações, na sua totalidade; 6) No que concerne ao pagamento de Alimentação e Cestas Básicas, gizese que a Recorrente o fornece de acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, sendo certo a adesão do peticionário à tal programa, destinado a melhorar o estado nutricional do trabalhador; 7) Acerca do Relatório de Contas a Pagarmos pagamentos a pessoas físicas, de fato foram os mesmos contabilizamos de forma equivocada. Por exemplo, o enquadramento "Antecipação de Lucros pagos ao Sr. Antonio Ricardo Moraes" (sócio da empresa), foi errôneo, pois na verdade o que ocorreu foram empréstimos em conta corrente ao sócio, Fl. 134DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 133 5 para suprir despesas pessoais, que serão ressarcidos à empresa, pelo mesmo, quando da apuração de lucros; 8) É imperativo legal a produção da prova pericial, a fim de que o amplo direito de defesa seja respeitado. Em não sendo realizada, maculado estará o processo, não possuindo outro desfecho, que não o seu arquivamento; Os autos foram remetidos ao CARF para julgamento do Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Voto Conselheiro Thiago Taborda Simões Relator O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, dentre eles o da tempestividade, razão pela qual dele conheço. Quanto às alegações nele colocadas, passo à análise. Tratase de auto de infração de obrigação acessória lavrado sob o fundamento de infração ao disposto no art. 32, IV, da Lei n° 8.212/91 c/c art. 225, IV, § 5°, do Regulamento da Previdência Social, em razão de ter sido verificado que os valores declarados nas folhas de pagamento não constavam em sua totalidade nas GFIPS, conforme tabela de fls. 41 do relatório fiscal. Pretende a Recorrente o cancelamento do auto de infração, sob alegação de que os dados apresentados à fiscalização sempre corresponderam aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, sendo certo o recolhimento devido sobre tais remunerações, na sua totalidade. O inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212/91 assim determina: “Art. 32. A Empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)” Por sua vez, o a Regulamento da Previdência Social, dispõe da mesma forma, detalhando a forma de elaboração da folha de pagamentos: “Art. 225. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto;” Como é sabido que o acessório segue o principal, necessário se faz analisar a incidência de contribuições sociais sobre as verbas creditadas aos empregados à título de vale Fl. 136DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 134 7 alimentação e antecipação de lucros, a fim de verificar, para cada uma delas, a necessidade do preparo de folhas de pagamento das verbas. Vale alimentação Discutese a incidência de contribuições previdenciárias sobre despesas da empresa em razão de concessão de benefícios a título de lanches e refeições a seus empregados segurados. A Lei n° 8.212/91, ao instituir a base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo do empregador prevê: “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou ato do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (...)” Do dispositivo supra transcrito, extraise que a Lei restringiu a incidência de contribuições previdenciárias ao atendimento dos seguintes critérios: i) que a verba paga se refira a segurados empregados e trabalhadores avulsos; ii) que se tratem de rendimentos destinados a retribuir o trabalho; iii) que se tratem de rendimentos percebidos de forma habitual. No caso em comento, necessária verificação enfatizada quanto ao segundo critério – retribuição do trabalho / natureza remuneratória. A concessão de benefícios na forma descrita pela própria autoridade fiscal, mediante tickets, lanches ou refeições, possui natureza estritamente indenizatória, ou seja, não remuneratória. Foi partindo desta premissa que o Superior Tribunal de Justiça, após a submissão de alguns processos à sua apreciação, analisando a hipótese de incidência das contribuições minuciosamente descrita pelo art. 22, I, da Lei n. 8.212/91, concluiu pela não incidência das contribuições sobre as despesas de auxílioalimentação concedido “in natura” pelo empregador aos empregados segurados, ainda que não inscritos no PAT. Exemplos de julgados do STJ neste sentido são os acórdãos abaixo transcritos: “TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. SALÁRIO IN NATURA. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO NO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR PAT. NÃO Fl. 137DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o pagamento efetuado in natura do salário alimentação aos empregados não sofre a incidência da contribuição previdenciária, sendo irrelevante estar a empresa inscrita ou não no Programa de Alimentação ao Trabalhador PAT. 2. Agravo regimental não provido.” 1 “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. Caso em que se discute a incidência de contribuição previdenciária sobre as verbas recebidas a título de auxílio alimentação in natura, quando a empresa não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. 2. A jurisprudência desta Corte pacificouse no sentido de que o auxílioalimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. Precedentes: EREsp 603.509/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 8/11/2004; REsp 1.196.748/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2010; AgRg no REsp 1.119.787/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/06/2010. 3. Agravo regimental não provido.” 2 No mesmo sentido têm votado as turmas deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Acórdãos 2803001.772, 2803001.773, 2803001.768, 2804001.727). Sendo assim, excluo da autuação os valores referentes às contribuições incidentes sobre o valealimentação e cestas básicas, mas mantenho a multa em sua integralidade, visto que aplicada em valor fixo e que, independentemente da exoneração de parte do crédito, o descumprimento à obrigação acessória persiste. Antecipação de lucros – pagamentos indiretos A autoridade fiscal pautou a autuação principal em levantamento que demonstrou, nas contas da empresa, pagamentos diretos e indiretos ao sócio na forma de transferências bancárias para conta corrente, em espécie e pagamentos de despesas particulares como cartão de crédito, etc. Em face disso, a Recorrente se limitou a apresentar afirmações no sentido de que os valores apontados dizem respeito a empréstimos em conta corrente ao sócio, para suprir despesas pessoais, que seriam ressarcidos à empresa, pelo mesmo, quando da apuração de lucros. Ocorre que não fora acostada no PAF qualquer prova que contemplasse de forma cabal a alegação da empresa. Por tal razão, resta concluir que tais valores possuem natureza remuneratória, passíveis, portanto, de incidência das contribuições previdenciárias, 1 STJ, AgRg no Ag 1392454 / SC, Primeira Turma, Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, publ. 25/11/2011. 2 STJ, AgRg no AREsp 5810/SC, Primeira Turma, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJ 19/09/2011. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 135 9 por fazer parte do salário de contribuição, nos termos do art. 22 e 28, I, da Lei nº 8.212/91, abaixo transcritos: “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados que lhe prestem serviços, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)” “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;” Por sua vez, as importâncias que não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias estão expressamente listadas no art. 28, parágrafo 9º da mesma Lei, que arrola as verbas isentas da referida contribuição. Cabe ao contribuinte, portanto, demonstrar com documentação hábil e idônea que as verbas creditadas ao sócio da empresa se enquadram em uma das hipóteses de não incidência de contribuições previstas em Lei, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Vejamos o entendimento deste CARF em caso análogo: “Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇAO. VALE MOTORISTA. ADIANTAMENTO DE VALORES PARA VIAGEM SEM A CORRELATA COMPROVAÇÃO DOS GASTOS EFETUADOS OU RESSARCIMENTO AO CONTRATANTE. INCLUSÃO. O salário de contribuição, conforme a regra do art. 28, I da Fl. 139DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Lei 8.212/91 engloba todos os valores creditados aos segurados empregados, seja a que titulo for e que lhe sejam creditados pelo trabalho. Em se tratando da concessão de adiantamento de valores destinados a cobrir gastos e despesas com viagens de segurados empregados para o transporte de cargas, estando ausente qualquer prova da prestação de contas de referidos valores ou mesmo do respectivo desconto nos salários pagos, resta caracterizada a natureza salarial dos mesmos, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo da recorrente. Recurso Voluntário Negado.” (CARF. Processo nº 10945.002731/200849. Acórdão nº 2401003.257) Portanto, considerando o caráter remuneratório das verbas, necessária é a declaração em GFIP de sua totalidade. Da Multa aplicada Em observância aos princípios da legalidade objetiva, da verdade material e da autotutela administrativa, presentes no processo administrativo tributário, frisamos que os valores da multa aplicados foram fundamentados na redação do art. 32, inciso IV e §§ 4o e 5o, da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 9.528/1997. Entretanto, este dispositivo sofreu alteração por meio do disposto nos arts. 32A e 35A, ambos da Lei 8.212/1991, acrescentados pela Lei 11.941/2009. Com isso, houve alteração da sistemática de cálculo da multa aplicada por infrações concernentes à GFIP’s, a qual deve ser aplicada ao presente lançamento, tudo em consonância com o previsto pelo art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional. Assim, quanto à multa aplicada, vale ressaltar a superveniência da Lei 11.941/2009. Para tanto, inseriu o art. 32A na Lei 8.212/1991, o qual dispõe o seguinte: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o. Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 140DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 136 11 § 2o. Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o. A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). No caso em tela, tratase de infração que agora se enquadra no art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991. Considerando o grau de retroatividade média da norma previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional (CTN), transcrito abaixo, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, qual a situação mais benéfica ao contribuinte, se a multa aplicada à época ou a calculada de acordo com o art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991. Esclarecemos que não há espaço jurídico para aplicação do art. 35A da Lei 8.212/1991, eis que este remete para a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as sua regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Assim, há diferença entre as regras estabelecidas pelos artigos 32A e 35A, ambos da Lei 8.212/1991. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei 8.212/1991. O art. 44 da Lei 9.430/1996 dispõe o seguinte: Fl. 141DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A regra do artigo acima mencionado tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no art. 32A da Lei 8.212/1991, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o Fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal, que é: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 da Lei 9.430/1996 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade – a norma especial prevalece sobre a geral: o art. 32A da Lei 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no art. 44 da Lei 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o art. 43 da mesma lei: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do art. 32A da Lei 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, no caso que tenha sido lavrado Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP), qual tenha sido o valor nele lançado. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 12897.000694/200963 Acórdão n.º 2402004.280 S2C4T2 Fl. 137 13 Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário e a ele dou parcial provimento para excluir da autuação os valores referentes ao valealimentação/cestas básicas, bem como para que seja recalculada a multa aplicada na obrigação acessória, se mais benéfica ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei 8.212/1991, nos termos do voto. É como voto. Thiago Taborda Simões. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 13/10/20 14 por THIAGO TABORDA SIMOES, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 17883.000344/2007-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ACOLHIMENTO.
Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar eventuais vícios verificados no acórdão.
IRPF. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO.
O pagamento do valor total da exigência extingue o crédito tributário, nos termos do art. 156, I, do Código Tributário Nacional (CTN), implicando, portanto, na extinção do litígio administrativo por falta de objeto.
Numero da decisão: 2201-002.508
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, considerar prejudicados os Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo Relator para, sanando a omissão verificada no Acórdão nº 2201-001.969, de 23/01/2013, não conhecer do Recurso Voluntário, por perda de objeto.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, EDUARDO TADEU FARAH e NATHALIA MESQUITA CEIA. Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ACOLHIMENTO. Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar eventuais vícios verificados no acórdão. IRPF. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO. O pagamento do valor total da exigência extingue o crédito tributário, nos termos do art. 156, I, do Código Tributário Nacional (CTN), implicando, portanto, na extinção do litígio administrativo por falta de objeto.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 17883.000344/2007-16
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5388923
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2201-002.508
nome_arquivo_s : Decisao_17883000344200716.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : EDUARDO TADEU FARAH
nome_arquivo_pdf_s : 17883000344200716_5388923.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, considerar prejudicados os Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo Relator para, sanando a omissão verificada no Acórdão nº 2201-001.969, de 23/01/2013, não conhecer do Recurso Voluntário, por perda de objeto. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, EDUARDO TADEU FARAH e NATHALIA MESQUITA CEIA. Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
id : 5661685
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047252080001024
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1936; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 17883.000344/200716 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2201002.508 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de setembro de 2014 Matéria IRPF Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado RENATO RICARDO BARBOSA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. ACOLHIMENTO. Acolhemse os embargos declaratórios para sanar eventuais vícios verificados no acórdão. IRPF. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO. O pagamento do valor total da exigência extingue o crédito tributário, nos termos do art. 156, I, do Código Tributário Nacional (CTN), implicando, portanto, na extinção do litígio administrativo por falta de objeto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, considerar prejudicados os Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo Relator para, sanando a omissão verificada no Acórdão nº 2201001.969, de 23/01/2013, não conhecer do Recurso Voluntário, por perda de objeto. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 03 44 /2 00 7- 16 Fl. 102DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 2 DE OLIVEIRA, EDUARDO TADEU FARAH e NATHALIA MESQUITA CEIA. Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA. Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional contra o Acórdão n° 2201001.969, de 23/01/2013. Afirma a Embargante que o Colegiado deu provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, sem que houvesse manifestação expressa do contribuinte sobre essa matéria em sua Impugnação. Assim, de acordo com o entendimento da Embargante “Operouse, no caso, a preclusão administrativa, na forma dos arts. 14, 16 e 17 do Decreto nº 70.235/72, fato este sobre o qual foi omissa a decisão deste Colegiado, pois a matéria relativa à multa, não foi objeto de insurgência específica na impugnação”. Contudo, ao examinar a questão trazida pela Fazenda Nacional, este Relator verificou a ocorrência de omissão que veio a prejudicar o objeto dos Embargos. Tratase da constatação de que o contribuinte efetuou o pagamento integral do crédito tributário, conforme DARF de fls. 73, porém tal informação foi omitida pelo Conselheiro Rodrigo Santos Masset Lacombe em seu relatório. Diante de tal omissão, foi proposta a reinclusão do recurso em pauta para deliberação do Colegiado, o que foi acolhido pela presidência da Câmara. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator Os embargos são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade. No que tange à alegação de que a multa de ofício não foi questionada pelo contribuinte em sua Impugnação, verificase que questão restou prejudicada tendo em vista a omissão quanto ao pagamento integral do crédito tributário efetuado pelo contribuinte. Nesse passo, constatase que o contribuinte efetivamente quitou a totalidade do valor constante do auto de infração, conforme DARF à fl. 73, o que configura a extinção do crédito tributário, conforme prevê o inciso I do art. 156 do CTN. Em que pesem os argumentos despendidos em seu Recurso Voluntário, a jurisprudência do CARF está consolidada no sentido de que o pagamento integral da exigência extingue o objeto, consoante se extrai das ementas transcritas: PIS. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO. O pagamento do valor total da exigência extingue o crédito tributário, nos termos do art. 156, I, do Código Tributário Nacional CTN, implicando a extinção do litígio administrativo, por falta de objeto. Recurso não conhecido. (Acórdão 202 17240) Fl. 103DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 17883.000344/200716 Acórdão n.º 2201002.508 S2C2T1 Fl. 3 3 .... EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO. PRECLUSÃO LÓGICA. O pagamento, é definido como a satisfação, pelo sujeito passivo, do débito do tributo em face do sujeito ativo da obrigação, sendo causa de extinção do crédito tributário, nos termos do inciso I, do art. 156 do Código Tributário Nacional, sendo incompatível com a admissão do Recurso Voluntário. Perda da faculdade de praticar o ato processual pela prática de outro ato com ele incompatível. Recurso não conhecido. (Acórdão 280200.163) .... EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPUGNAÇÃO. PERDA DE OBJETO. O pagamento extingue o crédito tributário, de sorte que a impugnação, porventura apresentada, perde o objeto e não merece ser conhecida. Recurso Voluntário Negado. (Acórdão 210200.402) Nessa conformidade, o Recurso Voluntário interposto não deve ser conhecido por faltarlhe objeto, em face da evidente extinção do crédito tributário pelo pagamento, a teor do inciso I do art. 156 do Código Tributário Nacional. Ante a todo o exposto, voto por considerar prejudicados os Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional e, em relação aos Embargos opostos pelo Relator, sanar a omissão verificada no Acórdão nº 2201001.969, de 23/01/2013, no sentido de não conhecer do Recurso Voluntário, por perda de objeto. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 104DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0