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Numero do processo: 13971.003946/2008-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2401-000.391
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1294; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 418 1 417 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.003946/200858 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2401000.391 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 18 de julho de 2014 Assunto REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente BRASIL REAL INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES DE JEANS LTDA ME E OUTRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 71 .0 03 94 6/ 20 08 -5 8 Fl. 418DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.003946/200858 Resolução nº 2401000.391 S2C4T1 Fl. 419 2 Relatório Tratase de recursos interpostos pelo sujeito passivo e codevedor contra o Acórdão n.º 0716.806 de lavra da 6.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Florianópolis (SC), que julgou procedente em parte a impugnação apresentada para desconstituir o Auto de Infração – AI n.º 37.191.1150. O lançamento em questão referese à aplicação de multa em razão da conduta da empresa de haver deixado de informar em GFIP remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais, no período de 10/2005 a 06/2006, e além de haver informado incorretamente o campo referente à opção pelo SIMPLES, no período de 06/2003 a 02/2008, do que resultou declaração a menor de contribuições previdenciárias. Afirma a autoridade lançadora que a empresa teve sua exclusão do Simples decretada, cujos motivos e elementos de prova estão apresentados nos Processos n°.13971.003976/200864 e n°. 13971.003977/200817. A DRJ afastou a decadência requerida, efetuando a contagem do prazo decadencial pela regra do inciso I do art. 173 do CTN. A alegação contra a taxa Selic não foi considerada, por entender o órgão de primeira instância que não houve a imposição de juros no presente lançamento. Também não foi enfrentada a questão da formação de grupo econômico, posto que a lavratura se deu unicamente em nome da autuada. A exclusão da empresa do Simples, que o sujeito passivo afirmou ainda está em discussão, foi considerada procedente pela DRJ, que ressaltou que os processos que tratam deste assunto já haviam transitado em julgado, com resultado em desfavor da empresa. Por fim, o órgão recorrido determinou a aplicação da multa mais benéfica, tendo em conta as alterações legislativas promovidas pela MP n. 449/2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.941/2009. A autuada apresentou recurso, fls. 387 e segs., no qual, em apertada síntese, alegou que: a) a multa aplicada no patamar de 150% do tributo devido tem efeito confiscatório, afrontando, assim, a Constituição Federal, além de ser flagrantemente desproporcional; b) a multa nesse percentual, imposta com base inciso II do art. 44 da Lei n. 9.430/1996, é de aplicação restrita aos casos de dolo ou fraude, o que não ocorreu na espécie; c) é inconstitucional e ilegal a utilização da taxa Selic para fins tributários; d) a tributação reflexa do PIS e COFINS decorrente de apuração do IRPJ lançado com base no lucro arbitrado entra em choque com o entendimento exarado em Pareceres da COSIT; Fl. 419DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.003946/200858 Resolução nº 2401000.391 S2C4T1 Fl. 420 3 e) o AI atropela a legislação do SIMPLES, no que toca a sua improcedência e também quanto aos efeitos retroativos da exclusão; f) a representação que culminou com a exclusão do SIMPLES de todas as empresas citadas no Relatório Fiscal não deve prevalecer, uma vez que não restou configurada a fraude apontada pelo fisco; g) o Sr. Ari Salésio Brasil apontado pela Autoridade Fiscal como responsável pela unicidade de comando “grupo econômico" não pode ser tratado como pessoa interposta, posto que o mesmo era apenas procurador da recorrente, possuindo procuração pública para exercer tal mandato; h) A exclusão do SIMPLES foi contestada pela ora recorrente através da impugnação contra os Atos Declaratórios Executivos n°s 43 e 47/2008, protocolizados tempestivamente na Delegacia da Receita Federal de Blumenau/SC, portanto, estando sub judice, não é definitiva, dependendo de evento futuro e incerto para o Fisco até que haja o trânsito em julgado. i) devese declarar a prescrição qüinqüenal das contribuições lançadas. Ao final, pede a nulidade da lavratura, a decretação de prescrição e o reconhecimento da inexistência de grupo econômico. É o relatório. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.003946/200858 Resolução nº 2401000.391 S2C4T1 Fl. 421 4 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade Os recurso merecem conhecimento, posto que preenchem os requisitos de tempestividade e legitimidade. Exclusão do Simples – Necessidade de diligência A empresa alega que as suas exclusões do Simples Federal e do Simples Nacional não são definitivas, haja vista que protocolizou tempestivamente na DRF de Blumenau (SC) impugnações contra os Atos Declaratórios n. 43/2008 e 47/2008, respectivamente. Verifico que embora a decisão de primeira instância afirme que as defesas contra os referidos Atos Declaratórios foram apresentadas a destempo, não consta dos autos qualquer documento que comprove estes fatos. Vale a pena transcrever o trecho do acórdão recorrido no qual reproduz excerto do voto vencedor no julgamento do Processo n. 13971.003941/200825: “Inicialmente, temos que a empresa em epígrafe foi excluída de oficio do Simples Federal a partir de 01/01/2003, conforme Ato Declaratório DRF/BNU n°. 43/2008, contra o qual a empresa apresentou manifestação de inconformidade intempestiva, conforme consta no processo 13977.003976/200864, tornando se definitiva a exclusão. Por oportuno, em relação ao Simples Nacional, também se constatou a sua exclusão deste sistema simplificado de tributação, conforme consulta aos dados informatizados da Receita Federal do Brasil.” Da transcrição acima, constatase que o órgão de primeira instância, para justificar a exclusão do Simples Federal, reportase a outro processo, não mencionando qualquer documento constante do presente feito. Quando tenta comprovar a exclusão do Simples Nacional, menciona consulta ao sistema informatizado da RFB, cujas telas não foram acostadas. Para tratar com convicção desta questão de suma relevância para o deslinde da contenda, prefiro buscar embasamento nos próprios autos, mediante a solicitação de juntada comprovação do trânsito em julgado administrativo dos processos de exclusão do Simples. Assim, tendose em conta o caráter de prejudicialidade dos mencionados processos de exclusão do Simples frente à lavratura sob apreciação, deve o presente julgamento ser convertido em diligência, para que os autos retornem à origem e somente subam para apreciação por esse Colegiado com a comprovação do trânsito em julgado dos processos em que se discute a situação da recorrente perante os regimes do Simples Federal e do Simples Nacional. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.003946/200858 Resolução nº 2401000.391 S2C4T1 Fl. 422 5 Conclusão Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, nos termos acima propostos. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001745/2008-17
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006
EXTRAPOLAMENTO DE PRAZO DE ENCERRAMENTO DE FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
Mandado de Procedimento Fiscal, instituído pelo Decreto n. 3.969/2001, é apenas um instrumento de natureza jurídica administrativo-gerencial, que não afeta o ato de lançamento lavrado posterior ao final do prazo de encerramento de fiscalização. Tanto que o MPF não tem o condão de interromper a decadência, como faz a ciência da NFLD que consubstancia o ato de lançamento do crédito tributário
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL.
Em face da inconstitucionalidade declarada do art. 45 da Lei n. 8.212/1991 pelo Supremo Tribunal Federal diversas vezes, inclusive na forma da Súmula Vinculante n. 08, o prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, ou do art. 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme o modalidade de lançamento.
Em atenção ao Auto de Infração em questão, tratar-se de lançamento de ofício conforme estipula o art. 142, II do CTN, em que há caracterização de retenção de terceiros mas não há o recolhimento, assim dolo, aplica-se a contagem do prazo de 5(cinco) anos na forma do artigo 173, inciso I, do CTN.
Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN.
Recurso Voluntário Negado - Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2803-003.255
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado Digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Paulo Roberto Lara dos Santos, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 EXTRAPOLAMENTO DE PRAZO DE ENCERRAMENTO DE FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Mandado de Procedimento Fiscal, instituído pelo Decreto n. 3.969/2001, é apenas um instrumento de natureza jurídica administrativo-gerencial, que não afeta o ato de lançamento lavrado posterior ao final do prazo de encerramento de fiscalização. Tanto que o MPF não tem o condão de interromper a decadência, como faz a ciência da NFLD que consubstancia o ato de lançamento do crédito tributário CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. Em face da inconstitucionalidade declarada do art. 45 da Lei n. 8.212/1991 pelo Supremo Tribunal Federal diversas vezes, inclusive na forma da Súmula Vinculante n. 08, o prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, ou do art. 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme o modalidade de lançamento. Em atenção ao Auto de Infração em questão, tratar-se de lançamento de ofício conforme estipula o art. 142, II do CTN, em que há caracterização de retenção de terceiros mas não há o recolhimento, assim dolo, aplica-se a contagem do prazo de 5(cinco) anos na forma do artigo 173, inciso I, do CTN. Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. Recurso Voluntário Negado - Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado Digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Paulo Roberto Lara dos Santos, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
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AUSÊNCIA DE NULIDADE. Mandado de Procedimento Fiscal, instituído pelo Decreto n. 3.969/2001, é apenas um instrumento de natureza jurídica administrativogerencial, que não afeta o ato de lançamento lavrado posterior ao final do prazo de encerramento de fiscalização. Tanto que o MPF não tem o condão de interromper a decadência, como faz a ciência da NFLD que consubstancia o ato de lançamento do crédito tributário CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. Em face da inconstitucionalidade declarada do art. 45 da Lei n. 8.212/1991 pelo Supremo Tribunal Federal diversas vezes, inclusive na forma da Súmula Vinculante n. 08, o prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, ou do art. 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme o modalidade de lançamento. Em atenção ao Auto de Infração em questão, tratarse de lançamento de ofício conforme estipula o art. 142, II do CTN, em que há caracterização de retenção de terceiros mas não há o recolhimento, assim dolo, aplicase a contagem do prazo de 5(cinco) anos na forma do artigo 173, inciso I, do CTN. Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 45 /2 00 8- 17 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 16327.001745/200817 Acórdão n.º 2803003.255 S2TE03 Fl. 186 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado Digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Paulo Roberto Lara dos Santos, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 16327.001745/200817 Acórdão n.º 2803003.255 S2TE03 Fl. 187 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário que busca a reforma de decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento que manteve integralmente o lançamento do crédito tributário oriundo de retenções 11% sobre faturas de cessão de mãodeobra, que foram efetivamente retidas, mas não recolhidas 01/06/2003 a 30/09/2006, a ciência do lançamento foi em 17.12.2008. O recurso foi tempestivo, e alegou a extinção da decadência total dos créditos, em razão do prazo qüinqüenal do art. 150,§4º, do CTN, não ser cabível a representação fiscal para fins penais. Os autos vieram a presente 3ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARFMF para apreciação e julgamento do recurso voluntário. Os autos vieram à turma especial. É o relatório. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 16327.001745/200817 Acórdão n.º 2803003.255 S2TE03 Fl. 188 4 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O Mandado de Procedimento Fiscal, instituído pelo Decreto n. 3.969/2001, é apenas um instrumento de natureza jurídica administrativogerencial, que não afeta o ato de lançamento lavrado posterior ao final do prazo de encerramento de fiscalização. Tanto que o MPF não tem o condão de interromper a decadência, como faz a ciência do Auto de Infração que consubstancia o ato de lançamento do crédito tributário. Ademais, é entendimento de ampla maioria dos julgados do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, seguindo a orientação dos antigos Conselhos de Contribuintes, de que o Mandado de Procedimento Fiscal, instituído pelo Decreto n. 3.969/2001, é apenas um instrumento de natureza jurídica administrativogerencial, que não afeta o lançamento de ofício. Isso porque o lançamento de ofício é o ato administrativo vinculado para constituição do crédito tributário, baseado na competência do agente, objeto/conteúdo, forma, finalidade e motivo, conforme determinado pela lei tributária de natureza ordinária, que não pode ser afastado por ato infralegal, que não lhe atribui tais efeitos. Tudo isso em observância ao artigos 100, 142, 145 e 149 do CTN. (Precedente: Acórdão n. 20219.208, de 03.06.2008, 2º CC/MF). Ressaltase o fato que os atos do processo administrativo tributário federal, somente serão nulos no caso estabelecidos no art. 59, do Decreto n. 70235/1972 (com força de lei ordinária) e ao art. 32 da Portaria MPS 520/2004, vigente À época da lavratura, em especial quando há prejuízo à defesa e contraditório do contribuinte. Ou seja, a nulidade somente seria decretada nos caso que os atos e termos fossem lavrados por pessoa incompetente, ou despachos e decisões que preterissem a defesa ou apresentassem outra nulidade material. No caso, não houve qualquer preterição de defesa. Defesa que foi oportunizada, bem como em face da constituição do crédito. Em face à análise do Recurso e dos autos do processo, atentase à extinção dos créditos constituídos em razão da ocorrência de decadência. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado e obrigatório à administração pública, emitiu a Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, que pacificou o entendimento da inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991, nestas palavras: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 16327.001745/200817 Acórdão n.º 2803003.255 S2TE03 Fl. 189 5 Conforme previsto no art. 103A da Constituição Federal a Súmula de n º 8 vincula toda a Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála. Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei n º 8.212, há que serem observadas as regras previstas no Código Tributário Nacional. Observese a NFLD é referente às fatos geradores são dos períodos de 01/06/2003 a 30/09/2006, a ciência inaugural do lançamento ocorreu em 17.12.2008. Apesar dos presente tributos serem tendentes a lançamento por homologação, as regras de decadência do crédito tributário a serem aplicadas não são as definidas para os casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação de pagamento (art. 150, § 4º e art. 156, VII, do CTN), observase que houve a demonstração de que o ato do contribuinte tratase de tipo penal como apropriação indébita, prevista no art. 168A, §1º, do Código Penal, como crime doloso. Assim, conforme a Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Assim, ao caso, ser observado o disposto nos arts. 156, V, e 173, inciso I do CTN. Nessa hipótese, o direito de constituição do crédito tributário será extinto ao termo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Por fim, tal matéria foi submetida ao crivo da 1ª. Seção do Superior Tribunal de Justiça, através de Recurso Especial representativo de controvérsia – RESP 973.733, conforme art. 543C do normativo processual e, segundo a nova redação do art. 62A do Regimento interno do CARF, de reprodução obrigatória pelos Conselheiros. Reproduzimos excerto da ementa: 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de. desarrazoado prazo decadencial decenal(...) grifamos Dessa forma, a decadência ao caso apenas atingiria as competências anteriores a 1º de janeiro de 2003, o que não apresentase nos autos. Logo, neste ponto, não deve ser acolhido o Recurso Voluntário. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 16327.001745/200817 Acórdão n.º 2803003.255 S2TE03 Fl. 190 6 No que tange à ocorrência, em tese, do delito previsto no art. 337A do Código Penal, insta registrar que o juízo valorativo jurídicopenal acerca da materialidade e autoria de crimes de qualquer espécie, sujeitos à ação pública, isto é, a opinio delicti, é da competência privativa do Ministério Público, órgão constitucionalmente legitimado para tanto, nos termos do disposto do art. 129, I, da CF. Não se pode conhecer da matéria, portanto, em sede de contencioso administrativo fiscal. Isso posto, voto por conhecer o recurso, para, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Gustavo Vettorato – Relator Fl. 190DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO
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Numero do processo: 10850.904572/2011-73
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
COMBUSTÍVEIS. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Os distribuidores e varejistas de combustíveis, tributados à alíquota zero em razão do regime monofásico, não podem se creditar das aquisições de produtos destinados à revenda em face de vedação expressa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-003.659
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
:
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 COMBUSTÍVEIS. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Os distribuidores e varejistas de combustíveis, tributados à alíquota zero em razão do regime monofásico, não podem se creditar das aquisições de produtos destinados à revenda em face de vedação expressa. Recurso Voluntário Negado.
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DERIVADOS DE PETRÓLEO. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Os distribuidores e varejistas de combustíveis, tributados à alíquota zero em razão do regime monofásico, não podem se creditar das aquisições de produtos destinados à revenda em face de vedação expressa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. : (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 45 72 /2 01 1- 73 Fl. 141DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 3 2 Relatório Adotase o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos: Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciado Pedido de Ressarcimento (PER/DCOMP) de nº 21313.43782.201008.1.1.115338, por intermédio da qual o contribuinte pretende ver ressarcido crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo, no valor de R$ 29.857,97, concernente a COFINS (COFINS NÃO CUMULATIVO MERCADO INTERNO), período de apuração: 3º trimestre de 2006. Por meio de despacho decisório de fl. 7, com fundamento na informação fiscal de fls. 56/58, constatouse que o interessado apurou créditos relativos às aquisições de gasolina e óleo diesel para pleitear ressarcimento junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), considerando as suas saídas com alíquota zero. O pedido do contribuinte foi indeferido, pois apesar de sair produtos com alíquota zero, as tributações do COFINS, referentes ao óleo diesel e à gasolina, ocorrem de forma concentrada (incidência monofásica) no produtor ou importador, não havendo previsão legal da possibilidade de manutenção de créditos na aquisição pelo distribuidor ou revendedor atacadista ou revendedor varejista. Diante disso, como não foi constatado o auferimento de receitas não tributadas no mercado interno, passíveis de ressarcimento, o despacho decisório concluiu que o interessado não tem direito ao ressarcimento pleiteado. Regularmente cientificado do Despacho Decisório em 17/01/2012 (fl. 8), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade de fls. 09/47, insurgindose contra o teor do despacho decisório de fl. 7, acompanhado de Informação Fiscal, na qual alega, em síntese, que: a) por entender ter direito ao crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, em relação aos produtos que adquiriu, pleiteou o seu ressarcimento; b) não pleiteou direito ao creditamento sobre álcool, gás liquefeito ou natural ou biodiesel, mas apenas ao creditamento na aquisição de gasolina A e óleo diesel, doravante englobados pelo termo combustível; c) as normas devem ser interpretadas sistematicamente sob pena de desvirtuamento da ordem jurídica, sendo desejo expresso do legislador que não existisse mais qualquer vedação ao creditamento pretendido como forma de dar efetividade à não cumulatividade; d) a contribuinte está obrigatoriamente sob a incidência das leis da nãocumulatividade, nos termos da Lei nº 10.637/2002 (PIS não cumulativo) e da Lei nº 10.833/2003 Fl. 142DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 4 3 (Cofins nãocumulativa), já que não se enquadra nas exceções; e) é de se consignar que os distribuidores já constaram expressamente como jungidos à cumulatividade, mas houve uma mutação na redação original que instituiu como substituto a refinaria e substituídos os distribuidores; f) a Lei nº 9.990/00 retirou a distribuidora da incidência; g) há ainda uma menção residual aos distribuidores de combustíveis, mas totalmente esvaziada, pois já não existe mais a substituição tributária aventada; h) há norma latente para os distribuidores enquanto substitutos, mas não há como contribuintes diretos, pois não estão mais na cumulatividade; i) quem se encontra em limbo tributário são os produtores não os distribuidores, já que passaram a ser submetidos às chamadas alíquotas diferenciadas; j) essa mixórdia se refere a “produtor” e “importador”, não arrastando para a balbúrdia os “distribuidores”; k) a legislação da cumulatividade não se destina à contribuinte já que os distribuidores, que apuram resultados para o imposto sobre a renda pelo lucro real, foram postos compulsoriamente na nãocumulatividade; l) cita os artigos que foram apresentados como fundamento para vedação definitiva dos créditos aqui discutidos; m) na cadeia produtiva de combustíveis, as distribuidoras estão em uma etapa que está sob a incidência da legislação do PIS/Cofins nãocumulativos e, para completar os critérios da regramatriz de incidência, já tinha ficado estabelecido que os distribuidores operariam com alíquota zero, conforme MP nº 2.15835/01; n) é descabido confundir alíquota zero com não incidência, pois são fenômenos distintos; o) quando a lei estabelece a tributação dita monofásica, ela expressamente coloca a incidência em uma única fase que não se confunde com a nãocumulatividade que pressupõe a tributação em várias fases mesmo que em uma ou alguma delas a incidência se dê à alíquota zero; p) nesse caso, não há direito a creditamento para outras fases, porque o resto da cadeia está fora do campo de incidência do tributo, uma vez que a tributação ficou inteiramente concentrada em um único contribuinte, independente da sistemática dos demais elos da cadeia produtiva. Nestes específicos casos, descabe falar em cumulatividade ou nãocumulatividade. Todavia, se incidir, ainda que com alíquota zero, não é o caso de tributação monofásica, o que não ocorreu com os combustíveis aqui discutidos: gasolina A e Diesel; q) é constrangedora a freqüência com que se repete, até em atos regulamentares inferiores, que os combustíveis estão sob o sistema de monofasia, porém não há tributação monofásica justamente porque todos estão submetidos à incidência da tributação das citadas contribuições (alíquota zero); r) por meio da MP nº 206, publicada e vigente em 09/08/2004, surgiu o artigo 16, que virou o artigo 17, quando convertida na Lei nº 11.033/2004, criando condições para a plena nãocumulatividade no que tange ao PIS/Cofins, como expresso na Exposição de Motivos da referida MP; s) a MP que introduziu o artigo 17 é norma politemática; t) a Lei nº 11.116/2005 veio para dar maior efetividade ao creditamento como instrumento da nãocumulatividade; u) a autoridade administrativa usou o argumento equivocado para Fl. 143DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 5 4 negar o direito da empresa, citando as disposições da IN SRF nº 594/2005, que teria expressamente introduzido a vedação, e mais, com efeito retroativo. No Estado Democrático de Direito, as limitações e restrições ao agir dos contribuintes somente podem estar previstas em lei; v) pela normatização do PIS/Cofins nãocumulativos, o método escolhido pelo legislador foi o indireto subtrativo, ou seja, independe de quanto foi, ou sequer se houve, tributação na cadeia anterior, ou se o elo anterior estava no regime da nãocumulatividade, pois se baseia somente em incidência da alíquota base sobre as aquisições, independente se a aquisição seja decorrente de creditamento sobre etapas não tributadas, ou tributadas com alíquota diferente; x) em 03/01/2008, foi editada a MP nº 413, que alterou o permissivo de creditamento das leis da nãocumulatividade, porém tal dispositivo não foi aprovado; y) após toda a exposição, transcreve as seguintes premissas: 1) se a contribuinte é distribuidora de combustíveis; 2) se a contribuinte é tributada pelo Lucro Real (regime nãocumulativo para o PIS/Cofins); 3) o único instrumento com poderes para criar restrições é a lei; 4) existe norma que previu expressamente que a contribuinte deveria tributar o PIS/Cofins com alíquota zero sobre seu faturamento, e não em monofasia ou não incidência; 5) o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 prevê expressamente que todos os contribuintes da nãocumulatividade, mesmo que faturem com alíquota zero, podem creditarse de PIS/Cofins; 6) a Lei nº 11.033/2004 é politemática; 7) o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 fez foi dotar de mais garantias a previsão do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 8) sempre se ressalva, nas novas normas, o que fica ainda regulado em outra norma anterior, o que não aconteceu com a possibilidade de creditamento para a contribuinte, sendo certo que normas infralegais não tem tal condão; 9) o creditamento é coerente com a técnica de não cumulatividade empregada no PIS/Cofins, em consonância com a prescrição constitucional; 10) o Poder Executivo, via medida provisória, tentou restaurar a vedação ao creditamento, mas por intuitiva inconstitucionalidade, não foi mantida no ordenamento jurídico; z) repisese, creditamento sobre a aquisição de Gasolina A e óleo Diesel, como consta de seu pedido. Ao final, requer a procedência da Manifestação de Inconformidade para o fim de se deferir o creditamento pretendido e homologada a compensação efetuada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo transcrita: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DERIVADOS DE PETRÓLEO. COMBUSTÍVEIS. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. REVENDA VAREJISTA DE COMBUSTÍVEIS. SISTEMÁTICA DA NÃOCUMULATIVIDADE DO PIS/PASEP. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não há direito a creditamento de PIS/PASEP relativo às operações de distribuição e varejo de combustíveis, realizadas à alíquota zero, com base na sistemática da nãocumulatividade. É Fl. 144DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 6 5 incontroverso que a Lei nº 9.990/2000 fixou a incidência monofásica do PIS/PASEP e da Cofins sobre combustíveis derivados de petróleo, permanecendo concentrada na produção e importação a incidência do tributo, inviabilizando, por esse motivo, o creditamento pretendido. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, cujo teor é sintetizado a seguir. Reforça as teses suscitadas na manifestação de inconformidade e insiste que com o art. 17 da Lei n° 11.033/04 reaparece permissão para a mantença dos créditos discutidos e que o art. 16 da Lei nº 11.116/05 permitiu a utilização dos referidos créditos. Questiona o mérito das decisões judiciais colacionadas no acórdão. Argumenta que no caso da recorrente há: a) uma incidência tributária no início da cadeia, com alíquota diferenciada e ocasionalmente mais alta que a regra geral; b) e também uma incidência tributária nos demais elos da cadeia, igualmente com alíquota diferenciada e ocasionalmente mais baixa que a da regra geral. Pontua que monofásico seria, como a própria nomenclatura já adianta, só incidir em uma fase, ficando as demais como NT; que não é, como visto, o que ocorre, afinal a contribuinte está também ao alcance das contribuições sociais, apenas com uma alíquota diferenciada. Reitera que monofasia não é alíquota zero citando artigos das Leis 10.865/04 e 10.560/2002. Alega que o acórdão recorrido passou sem maiores análises sobre o fundamental art. 17 da Lei nº 11.033/04, que, por ser norma específica e posterior, revoga qualquer obstáculo que houvesse ao creditamento pretendido. Discorda da tese de que o art. 17 da Lei n° 11.033/04 não pode prevalecer sobre a vedação. Aduz que o art. 17 só pode se destinar exatamente para os casos que tinham vedação expressa. Os demais não precisavam, justamente porque não estavam vedados. De outro giro, apresenta os contornos das edições da Medidas Provisórias 413 e 451 de 2008, que não foram convertidas em Lei. Por fim, colaciona novamente as premissas legais apresentadas na manifestação de inconformidade e requer a reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto, dele tomase conhecimento. Para a solução da lide é importante um breve histórico da evolução legislativa em face da tributação das contribuições PIS e Cofins sobre os combustíveis. De imediato, registrese que não há controvérsia em relação ao fim do instituto da substituição tributária nas operações com combustíveis (gasolina e óleo diesel) a partir da edição da MP 199115, de 10 de março de 2000, e Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, que alteraram a redação original da Lei 9.718/98: Art. 4º As refinarias de petróleo, relativamente às vendas que fizerem, ficam obrigadas a cobrar e a recolher, na condição de contribuintes substitutos, as contribuições a que se refere o art. 2º, devidas pelos distribuidores e comerciantes varejistas de combustíveis derivados de petróleo, inclusive gás. (Vide arts. 4º e art. 92, da Medida Provisória nº 215835, de 2001) Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a contribuição será calculada sobre o preço de venda da refinaria, multiplicado por quatro.(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Art. 4o As contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, devidas pelas refinarias de petróleo serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: (Redação dada pela Lei nº 9.990, de 2000) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) I – dois inteiros e sete décimos por cento e doze inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento, incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de gasolinas, exceto gasolina de aviação; (Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000) II – dois inteiros e vinte e três centésimos por cento e dez inteiros e vinte e nove centésimos por cento, incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de óleo diesel; (Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000) III – dois inteiros e cinqüenta e seis centésimos por cento e onze inteiros e oitenta e quatro centésimos por cento incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de gás liqüefeito de petróleo – GLP; (Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000) Art. 4o As contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Fl. 146DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 8 7 PIS/PASEP e para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS devidas pelos produtores e importadores de derivados de petróleo serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I – 5,08% (cinco inteiros e oito centésimos por cento) e 23,44% (vinte inteiros e quarenta e quatro centésimos por cento), incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de gasolinas e suas correntes, exceto gasolina de aviação; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.051, de 2004) II – 4,21% (quatro inteiros e vinte e um centésimos por cento) e 19,42% (dezenove inteiros e quarenta e dois centésimos por cento), incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de óleo diesel e suas correntes; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.051, de 2004) III – 10,2% (dez inteiros e dois décimos por cento) e 47,4% (quarenta e sete inteiros e quatro décimos por cento) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de gás liquefeito de petróleo (GLP) dos derivados de petróleo e gás natural; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III 10,2% (dez inteiros e dois décimos por cento) e 47,4% (quarenta e sete inteiros e quatro décimos por cento) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de gás liquefeito de petróleo GLP derivado de petróleo e de gás natural; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Lei nº 11.051, de 2004) IV – sessenta e cinco centésimos por cento e três por cento incidentes sobre a receita bruta decorrente das demais atividades.(Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000) Parágrafo único. Revogado.(Redação dada pela Lei nº 9.990, de 2000)" Anotese, por pertinente, que a MP 199115, de 10 de março de 2000 (atual e em vigor MP nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001) em seu art. 43 reduziu a zero as alíquotas das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre os combustíveis vendidos pelos distribuidores e comerciantes, uma vez que se adotou o regime concentrado com alíquotas diferenciadas: Art. 43 Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolina automotiva, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas;(...) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às hipóteses de venda de produtos importados, que se sujeita ao disposto no art. 6º da Lei no 9.718, de 1998, com a redação atribuída pelo art. 2º desta Medida Provisória. (...) Fl. 147DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 9 8 Art. 46. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: (...) II no que se refere à nova redação dos arts. 4o a 6o da Lei no 9.718, de 1998, e ao art. 43 desta Medida Provisória, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de julho de 2000, data em que cessam os efeitos das normas constantes dos arts. 4o a 6o da Lei no 9.718, de 1998, em sua redação original, e dos arts. 4º e 5º desta Medida Provisória. . Como visto, o regime de substituição tributária nas operações com combustíveis foi extinto a partir da edição da MP 199115/2000 e de suas reedições. Desta forma, o regime em relação à incidência das contribuições PIS e Cofins passou a ser concentrado, em uma única fase, incidindo apenas sobre a receita de venda das refinarias. Com a instituição da sistemática de incidência nãocumulativa para as contribuições PIS e Cofins, as receitas de venda de combustíveis, inicialmente, não integravam a base de cálculo da contribuição em face de vedação legal, PIS/Pasep: art. 1°, § 3°, inciso IV, da MP nº 66/2002 e da Lei n° 10.637/2002 e Cofins: art. 1°, § 3°, inciso IV, da MP nº 135/2003 e da Lei n° 10.833/2003. Este status foi alterado pela Lei n° 10.865/2004 (DOU 30/4) que permitiu por força do disposto nos artigos 21 e 37, a utilização da sistemática nãocumulativa em relação às receitas da venda de gasolinas (exceto gasolina de aviação), óleo diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) e autorizou o aproveitamento dos créditos relativos a tais produtos. Destacase a vedação da utilização de créditos por parte dos revendedores em relação aos produtos adquiridos para revenda, nos termos do art. 3°, inciso I, da Lei n° 10.637/2002 e art. 3°, inciso I, da Lei n° 10.833/2003. Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) I nos incisos I a III do art. 4o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, e alterações posteriores, no caso de venda de gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) derivado de petróleo e gás natural; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I nos incisos I a III do art. 4o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, e alterações posteriores, no caso de venda de gasolinas e suas correntes, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e suas correntes e gás liquefeito de petróleo GLP Fl. 148DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 10 9 derivado de petróleo e de gás natural; (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) (Vide Lei nº 10.925, de 2004) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008)(grifouse) A recorrente insiste que o art. 17 da Lei nº 11.033/04 alterou esse cenário e por ser norma específica e posterior, revoga qualquer obstáculo ao pretenso crédito. Não assiste razão à recorrente. Este dispositivo legal, abaixo transcrito, não alcança os produtos sujeitos ao regime monofásico. Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Por força de expresso dispositivo legal (art. 3°, inciso I, da Lei n° 10.637/2002 e art. 3°, inciso I, da Lei n° 10.833/2003), o regime monofásico não possibilita o creditamento referentes as aquisições de mercadorias para revenda. Tenhase presente que a tributação concentrada nos produtores, importadores e refinarias de petróleo foi uma opção do legislador e não foi modificada pelo citado art. 17. Não se pode perder de vista que o referido artigo 17 foi antes da conversão da Lei expresso no artigo16 da MP 206/2004. A exposição de motivos reafirma o caráter meramente interpretativo deste diploma legal: “as disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS” Deste modo, o artigo 17 da Lei nº 11.033/04 não gerou novas hipóteses de creditamento como quer fazer crer a recorrente. Reiterase que a vedação expressa não foi revogada tacitamente. Interpretação equivocada a da recorrente e que não tem guarita neste Conselho e no Poder Judiciário. Por pertinente, transcrevese a expressão do § 8º da exposição de motivos da MP 66/2002, convertida na Lei n.º 10.637/2002: 8. Sem prejuízo de convivência harmoniosa com a incidência não cumulativa do PIS/Pasep, foram excluídos do modelo, em vista de suas especificidades, as cooperativas, as empresas optantes pelo Simples ou pelo regime de tributação do lucro presumido, Fl. 149DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 11 10 as instituições financeiras e os contribuintes tributados em regime monofásico ou de substituição tributária.(grifouse). Nesse sentido, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Especial 1.259.770 PR, assim se pronunciou: COFINS. CREDITAMENTO. ART. 17 DA LEI 11.033/2004, C/C ART. 16, DA LEI N. 11.116/2005. REVENDA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E AUTOPEÇAS. REGIME DE INCIDÊNCIA MONOFÁSICA DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS. REGIME ESPECIAL EM RELAÇÃO AO REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. 1. Consoante os precedentes desta Segunda Turma de Direito Tributário do Superior Tribunal de Justiça, as receitas provenientes das atividades de venda e revenda sujeitas ao pagamento das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS em Regime Especial de Tributação Monofásica não permitem o creditamento pelo revendedor das referidas contribuições incidentes sobre as receitas do vendedor por estarem fora do Regime de Incidência NãoCumulativo, a teor dos artigos 2º, §1º, e incisos; e 3º, I, "b" da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003. Desse modo, não se lhes aplicam, por incompatibilidade de regimes e por especialidade de suas normas, o disposto nos artigos 17, da Lei n. 11.033/2004, e 16, da Lei n. 11.116/2005, cujo âmbito de incidência se restringe ao Regime NãoCumulativo, salvo determinação legal expressa. Precedentes: REsp. Nº 1.267.003 RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013; AgRg no REsp. Nº 1.239.794 SC, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17.09.2013. 2. Indiferentes se tornam as alterações efetuadas no art. 8º VII "a" da Lei n.º 10.637/2002 e art. 10, VII "a" da Lei n.º 10.833/2003 pelo art. 42, III, "c" e "d", da Lei n. 11.727/2008, e pelo art. 21, da Lei n. 10.865/2004 no art. 1º, §3º, IV, da Lei n. 10.833/2003 e pelo art. 37 da Lei n. 10.865/2004 no art. 1º, §3º, IV, da Lei n. 10.637/2002, pois a incompatibilidade é dos próprios regimes de tributação. 3. Incompatibilidade que se restringe às mercadorias e produtos sujeitos à tributação monofásica, não alcançando as atividades empresariais como um todo. 4. Agravo regimental não provido.(grifouse) Assinalese, também, que este entendimento está em consonância com os princípios constitucionais da capacidade contributiva, que se aplica as diversas espécies tributárias, e universalidade do custeio da seguridade social. Uma interpretação equivocada de um dispositivo legal, art. 17 da Lei nº 11.033/04, não pode enriquecer ilicitamente parcela dos contribuintes. De outro giro, o financiamento da seguridade social por toda a sociedade, esteado no princípio da solidariedade, não autoriza o creditamento dos produtos adquiridos para revenda sujeitos à tributação concentrada. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.904572/201173 Acórdão n.º 3801003.659 S3TE01 Fl. 12 11 De modo que, ao contrário do alegado, não há que se falar em direito à restituição dos valores de PIS e Cofins, visto que há vedação expressa ao creditamento referente às aquisições de produtos monofásicos destinados à revenda. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário interposto, não reconhecendo o direito creditório e não homologando as compensações pleiteadas. Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 151DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 02/09/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 11080.726047/2010-51
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE.
Não é nulo o auto de infração, lavrado com observância do art. 142 do CTN e 10 do Decreto 70.235 de 1972, quando a descrição dos fatos e a capitulação legal permitem ao autuado compreender as acusações que lhe foram formuladas no auto de infração, de modo a desenvolver plenamente suas peças impugnatória e recursal.
ACRÉSCIMOS LEGAIS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA
É cabível a cobrança de juros de mora sobre tributos com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC
Numero da decisão: 1803-002.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Arthur José André Neto Relator
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva
Nome do relator: ARTHUR JOSE ANDRE NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. Não é nulo o auto de infração, lavrado com observância do art. 142 do CTN e 10 do Decreto 70.235 de 1972, quando a descrição dos fatos e a capitulação legal permitem ao autuado compreender as acusações que lhe foram formuladas no auto de infração, de modo a desenvolver plenamente suas peças impugnatória e recursal. ACRÉSCIMOS LEGAIS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA É cabível a cobrança de juros de mora sobre tributos com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC
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LANÇAMENTO. NULIDADE. Não é nulo o auto de infração, lavrado com observância do art. 142 do CTN e 10 do Decreto 70.235 de 1972, quando a descrição dos fatos e a capitulação legal permitem ao autuado compreender as acusações que lhe foram formuladas no auto de infração, de modo a desenvolver plenamente suas peças impugnatória e recursal. ACRÉSCIMOS LEGAIS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA É cabível a cobrança de juros de mora sobre tributos com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Arthur José André Neto – Relator Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 60 47 /2 01 0- 51 Fl. 288DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pela empresa SELLER CORP LTDA em face da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Porto Alegre (RS) que julgou improcedente a impugnação e manteve o lançamento em sua integralidade. 2. Tratase de crédito tributário rederente ao IRPJ anocalendário de 2005 apurado em procedimento fiscalizatório que constatou que o contribuinte não apresentou declaração de compensação (Dcomp), não apresentou DCTF com débito de IRPJA contribuinte, tampouco recolheu o valor de R$ 72.863,95, correspondente à diferença encontrada entre o valor apurado na DIPJ (R$ 222.040,51) e o valor retido no ano de 2005 (R$ 149176,56). 3. Assim, a fiscalização lançou a diverernça de R$ 72.863,95 uma vez que esse montante não fora pago nem compensado. 4. Trancrevo trecho elucidativo do relatório fiscal apresentado, fls. 122/125: “No anocalendário de 2005, a pessoa jurídica fiscalizada apuraou na DIPJ (fls. 86 a 110) Imposto de Renda no valor de R$ 222.040,51deduzindo integralmente este valor a título de Imposto de Renda Retido na Fonte. Em sua escrituração contábil, conta 2447 – Imposto de Renda na Fonte S/Prestação de Serviços (fls. 113 a 115), constam retenções incidentes sobre as receitas de 2005, cujo vaor total é de R$ 149.176,56. A diferença, portanto, entre o valor do Imposto de Renda apurado e deduzido na DIPJ e o retido, no ano de 2005, é de R$ 72.863,95. O contribuinte foi intimado (fl. 79) a justificar a dedução do valor de R$ 222.040,51 na DIPJ, ficha 12ª. em resposta (fl. 80), o contribuinte declarou que referese à parcela de créditos fiscais acumulados com Imposto de Renda Retido na Fonte, do ano base 2005 e de exercíicos anteriores e anexou planilha (fl. 81) de retenções referente Imposto de Renda Retido na Fonte, ano base 2002 a 2005. Intimado (fl. 82) a informar o número das Declarações de Compensalção utilizadas para compensar créditos fiscais de exercícios anteriors, o contribuinte respondeu (fl. 83) que não foram efetuadas Declarações de Compensação pois o valor dos créditos de Imposto de Renda em 31/12/2005 é superior ao valor do débito apurado na Declaração de Imposto de Renda daquele ano base. nos termos do art. 74 da Lei n 9.430/96, com a redação dada pelo art. 49 da Lei nº 10.637/2002, e art. 68 dessa última, a partir de Fl. 289DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 4 3 01/10/2002 só é permitida a compensação de débitos de tributos mediante declaração de compensação apresentada à Receita Federal. Uma vez que o contribuitne não apresnetou DECOMP, conforme declrarado na folha 83, não apresntou DCTF com débito de IRPJ (fls. 111 e 112) e também não recolheu o valor de R$ 72.863,95, correspondente à diferença entre o valor apuradao na DIPJ (R$ 222.040,51 – fl. 96) e o valor retido no ano de 2005 (R$ 149.176,56 – Extrato do razão contábil fls. 113 a 115), aquele valor, nos termos da legislação vigente, foi lançado por Auto de Infração juntamento com os acréscimos moratórios e a multa prevista no artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.43096. (fls. 123/124)”. 5. Devidamente cientificado do lançamento o contribuinte tomou ciência em 14/12/10 (fl. 125) e apresentou impugnação às fls. 127/195. No entanto, a DRJ de Porto Alegre (RS) não acolheu a pretensão do contribuinte por considerar peça fundamental para constituir o crédito em favor do contribuinte a apresentação da declaração de compensação nos termos exigidos pela lei. O acórdão restou lavrado com a seguinte ementa: “EXTINÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DCOMP. NECESSIDADE. Para que ocorra compensação de débitos por parte o sujeito passivo, é indispensável a entrega da Dcomp. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2005 SELIC E PERCENTUAL DA MULTA. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A incidência de juros calculados com base na taxa Selic e o percentual da multa aplicado estão previstos em lei em vigor, que os órgãos administrativos não podem se furtar a aplicar. (fl. 208)” 6. Cientificado da decisão em 05/01/2012, conforme AR de fl. 215, o contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivamente (fls. 217/284), o qual em síntese tem como argumentos recursais o que segue: a) preliminarmente, em busca da nulidade do auto de infração, sustenta o caráter confiscatório da multa de 75%; b) no mérito, aduz que resta demonstrado a boafé e a plena ausência de prejuízo ao Fisco, visto que o crédito utilizado sequer foi impugnado pelo Fisco. c) sustenta que o crédito utilizado está existe e está correto; d) considera desnecessária a apresentação da DCTF ou DECOMP, pois todos os créditos desde 2002 estão devidamente lançados e informados para a Fl. 290DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 5 4 Receita Federa, seja por meio das declarações que a sociedade empresária realizou (IRPJ) ao longo dos anos, seja pelos balanços e balancetes que foram sempre entregues pontualmente. e) sobre a alegação fiscal da não apresentação da DCTF e/ou DECOMP, argumenta que se trata, exclusivamente, de adimplemento de obrigação tributária acessória, assim, eventual penalidade a ser aplicada à recorrente restringese a obrigação tributária de caráter acessório; f) sobre a multa, entende que possui claro caráter confiscatório da Receita Federal ao aplicar multa majorada e/ou qualificada de 75% sobre o valor da obrigação tributária principal i) sustenta que a aplicação da multa no percentual de 20% de acordo com o art. 61 d Lei 9.430/96. ii) sustenta a aplicação de multa prevista no código de defesa do consumidor, aplicando o percentual de 2% o valor das multas decorrentes do inadimplemento de obrigação; iii) ofensa às garantias e princípios fundamentais previstos nos arts. 3º, II; 5º, XXII, XXIII, XXXV; 150, IV; 145, §1º; e 170, III todos da CF/88 g) argumenta que o fisco não pode realizar a cobrança de juros e correção monetária sobre as multas aplicadas. Considera ainda que a SELIC não é passível de aplicação já que não mede o custo do dinheiro em toda a sua amplitude, mas apenas a liquidez dos recursos que transitam pelo mercado financeiro. 7. Sem contrarazões do fisco, os autos foram encaminhados à apreciação e julgamento do Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Arthur José André Neto DA ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário apresentado a esse colegiado é tempestivo e dotado dos pressupostos de admissibilidade. Diante disso conheço das razões recursais e passo à análise dos argumentos nela apresentados. DA NULIDADE Compulsando detidamente os autos, verificamos que, ao contrário do que afirma a empresa, o auto de infração sob análise não apresenta qualquer vício material ou formal em sua constituição, haja vista que foi lavrado por autoridade fiscal competente com observância expressa das disposições dos artigos 142do CTN e 10 do Decreto 70.235/1992. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 6 5 Aliás, não há nos autos nenhuma das hipóteses de nulidade ab initio de lançamento elencadas no art. 59 do PAF, que possam dar margem à nulidade do lançamento efetuado. DO CABIMENTO DA DCOMP COMO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Segundo o relato fiscal que compõe o auto de infração, o lançamento decorre da constatação da diferença entre o i) valor do Imposto de Renda apurado e deduzido na DIPJ e o ii) retido, no ano de 2005, no valor de R$ 72.863,95. i (R$ 222.040,51) – ii (R$ 149.176,56) = R$ 72.863,95 O contribuinte, devidamente intimado a justificar tal discrepância de valores, declarou que a dedução do valor de R$ 222.040,51 na DIPJ “referese à parcela de créditos fiscais acumulados com Imposto de Renda Retido na Fonte, do ano base 2005 e de exercícios anteriores”. Posteriormente, nova intimação do fisco solicitou o número das Declarações de Compensações utilizadas para deduzir os créditos fiscais de exercícios anteriores. Em resposta, o contribuinte, categoricamente, reconheceu que “não foram efetuadas Declarações de Compensação pois o valor dos créditos de Imposto de Renda em 31/12/2005 é superior ao valor do débito apurado na Declaração de Imposto de Renda daquele ano base”. A compensação de iniciativa do contribuinte é por ele realizada com débitos, próprios, vencidos, ou vincendos, relativos a quaisquer tributos administrados pela RFB, à exceção das contribuições previdenciárias e a terceiros , de que se cuida em item próprio adiante. O contribuinte realiza ele próprio, a compensação, mediante encaminhamento à SRF, da “Declaração de Compensação” (DCOMP). Diante disso, insta mencionar que a legislação correlata às compensações submetidas ao crivo do Fisco, determina que tais compensações somente serão efetuadas mediante a entrega de declaração, pelo sujeito passivo, na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados, por força do § 1º do art. 74, da Lei nº 9.430 de 1996. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 7 6 Insta mencionar que Mediante a entrega da Declaração de Compensação à SRF, o contribuinte extingue o débito declarado até o limite do crédito informado, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento pela SRF. Em decorrência disso, os débitos declarados na Declaração de Compensação devem ser iguais ou inferiores ao crédito nela informado, considerandose os valores originais dos débitos adicionados de seus acréscimos legais e o valor original do crédito adicionado aos juros compensatórios, bem como calculandose os acréscimos legais e juros compensatórios até a data da transmissão da Declaração de Compensação, conforme previsto na legislação de regência. BOA FÉ DO CONTRIBUINTE E AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO FISCO Em suas razões recursais a recorrente sustenta que resta demonstrado a boafé e a plena ausência de prejuízo ao Fisco, visto que o crédito utilizado sequer foi impugnado pelo Fisco. Observase que o auditor fiscal não questiona a boafé da recorrente quanto a sua conduta, tampouco lhe imputa qualquer penalidade que a lei prevê para casos de sonegação com dolo. Ainda que haja o aspecto subjetivo da boafé do contribuinte, tal elemento não configura instrumento capaz de eximirlhe das penalidades cabíveis quanto à sua conduta. Sem razão a recorrente nesse ponto. DA MULTA APLICADA No que tange à multa, como bem observou a decisão recorrida, “os dispositivos mencionados pela autuada são inaplicáveis ao caso. O primeiro deles referese (§ 1º do art. 61, da Lei nº 9430, de 1996) à multa de mora e não à multa de ofício. O segundo (CDC) regula as multas nas relações de consumo, e não nas relações tributárias. Além disso, a multa de 75% tem previsão legal, qual seja, o art. 44 da já referida Lei nº 9.430, de 1996. Assim, também nesse caso é improcedente o pleito da autuada.” 11. Assim, não há como acolher a alegação da recorrente de que deve incidir apenas a multa moratória de 20%, diante da desproporcionalidade da multa de 75%, pois a Administração Pública deve se vincular à estrita legalidade, não podendo o julgador administrativo se pronunciar sobre matéria constitucional e, arbitrariamente, aplicar a multa que entender mais adequada ao caso concreto. 12. Diante do exposto, nego provimento ao recurso do contribuinte neste ponto, mantendo intacta a decisão da primeira instância quanto a esta análise. DA INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC A recorrente, sem razão, aduz ser indevida a cobrança de juros e correção monetária sobre as multa, bem como a utilização da taxa SELIC na apuração do crédito tributário, por diversos motivos. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11080.726047/201051 Acórdão n.º 1803002.299 S1TE03 Fl. 8 7 Registrese, porque importante, que a legislação de regência afasta literalmente os argumentos erguidos pelo recorrente. De fato, as contribuições sociais arrecadadas estão sujeitas à incidência da taxa referencial SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. A propósito do tema convém mencionar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovou a Súmula nº 04, nos seguintes termos: Súmula CARF Nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nesse contexto, correta a aplicação da taxa SELIC como juros de mora. CONCLUSÃO Diante do exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO, para no mérito NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo a decisão da instância a quo em sua integralidade. (assinado digitalmente) Artur José André Neto Fl. 294DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/20 14 por ARTHUR JOSE ANDRE NETO, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 10730.000580/2006-48
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2001
EXAME DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELO FISCO, SEM ORDEM JUDICIAL. POSSIBILIDADE.
É licito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial, mormente após a edição da Lei Complementar 105 de 2001.
OMISSÃO DE RECEITAS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA.
Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o Contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados.
Numero da decisão: 1802-002.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Marciel Eder Costa.
Nome do relator: JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2001 EXAME DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELO FISCO, SEM ORDEM JUDICIAL. POSSIBILIDADE. É licito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial, mormente após a edição da Lei Complementar 105 de 2001. OMISSÃO DE RECEITAS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o Contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Marciel Eder Costa.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2051; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 2 1 1 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10730.000580/200648 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 1802002.291 – 2ª Turma Especial Sessão de 27 de agosto de 2014 Matéria SIMPLES Recorrente MJR PORTO VELHO COM. E PRESTADORA DE SERVIÇO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2001 EXAME DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELO FISCO, SEM ORDEM JUDICIAL. POSSIBILIDADE. É licito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial, mormente após a edição da Lei Complementar 105 de 2001. OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o Contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 00 05 80 /2 00 6- 48 Fl. 647DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente justificadamente o conselheiro Marciel Eder Costa. Fl. 648DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro – DRJ/RJ I, que considerou procedente o lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS e à Contribuição para Seguridade Social INSS, conforme os autos de infração de fls. 9 a 30, lavrados de acordo com o regime de tributação simplificada – SIMPLES, nos valores de R$ 27.021,66, R$ 27.021,66, R$ 47.642,31, R$ 96.881,93 e R$ 172.550,81, respectivamente, incluindose nestes montantes a multa de 75% e os juros moratórios. O lançamento abrangeu os meses do anocalendário de 2001. Foram imputadas à Contribuinte duas infrações: omissão de receitas e insuficiência de recolhimento gerada pela mudança nos coeficientes para apuração do Simples, após a adição das receitas omitidas. Os fatos que antecederam o presente recurso estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 1221.013, às fls. 570 a 577: Trata o presente processo dos autos de infrações lavrados pela DRF Niterói (RJ), referentes ao anocalendário de 2001, [...] 2 Fundamentou a exação: falta de comprovação das origens dos recursos depositados em conta bancária. Após efetuado o confronto entre os registros no livro caixa e os valores depositados na conta mantida no Banco do Brasil, foi constatada a diferença total de R$ 1.747.231,04, caracterizando a ocorrência de depósitos bancários não contabilizados e não oferecidos à tributação. 3 Ao impugnar as exigências, fls. 343/359 e documentos de fls. 360/385, o interessado alega, em síntese, que: os depósitos bancários não constituem fato gerador do imposto de renda, por não caracterizarem disponibilidade econômica de renda e/ou proventos; solicitou ao Banco do Brasil microfilmes dos cheques emitidos/ sacados em seu favor, cujos recursos, quando não utilizados totalmente, foram objetos dos aludidos depósitos; não tendo sido ainda atendido pelo banco o pedido, requer a concessão de prazo para oportuna juntada de tais microfilmes; não ficou provada a relação entre cada depósito e o fato que represente omissão de receitas; quanto à aplicação do art. 849 do RIR/1999, é descabida a autuação, visto que o procedimento fiscal negligenciou a Fl. 649DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 5 4 imprescindível comprovação da utilização dos valores depositados como renda auferida ou consumida; é ilegal o lançamento, haja vista que o procedimento fiscal tem por fundamento a Lei 9.311/1996, a lei da CPMF, o que era vedado pelo §3°, do art. 11; o procedimento fiscal violou o princípio da irretroatividade da lei, visto que a Lei 10.174 é de 2001 e os valores apurados também são de 2001; a Lei 10.174/2001, a pretexto de disciplinar a fiscalização da CPMF, criou um sistema de devassa, afrontando o direito constitucionalmente garantido aos cidadãos quanto ao sigilo bancário; é inadmissível que uma lei de natureza complementar venha conferir competência às autoridades fiscais, poderes de verificação de informações sigilosas, que até então só poderiam ser quebrados mediante intervenção do Poder Judiciário, em total desrespeito ao princípio do sigilo de dados; a supressão da ordem constitucional na quebra do sigilo bancário não poderia ser feita por lei complementar, muito menos por emenda constitucional, diante do peso de ser uma cláusula pétrea. 4 Em 23/2/2006, o interessado juntou cópias de cheques emitidos, às fls. 180/342. Como mencionado, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro – DRJ/RJ I manteve integralmente as exigências fiscais, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2001 OMISSÃO DE RECEITA RETROATIVIDADE DA LEI 10.174/01 POSSIBILIDADE DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO ANTES DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. A regra geral de irretroatividade da lei prevista no artigo 144 contempla exceção no tocante à introdução de normas jurídicas que ampliem os poderes de investigação dos agentes fiscais. A inovação trazida pela Lei n° 10.174, de 2001, é disposição de Direito Processual Tributário e, portanto, norma processual de imediata executoriedade e aplicação, inclusive, aos processos pendentes (CPC, art. 1.211). Não há falar em violação da proteção constitucional à vida privada e à intimidade, pois os dados investigados da pessoa jurídica são relativos à vida econômicofinanceira de natureza patrimonial , além de o sigilo fiscal proibir a divulgação a terceiros dos dados conhecidos em razão de ofício, o que implica que tais dados Fl. 650DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 6 5 permanecem de exclusivo acesso da autoridade fiscal. (Ac. CSRF/01.05.862, de 11/6/2007). INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001 E DO §3°, DO ART. 11, DA LEI N° 9.311/1996. Falece competência aos órgãos da administração tributária para apreciar questões de natureza constitucional. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Por meio do art. 42 da Lei 9.430/1996 passouse a se caracterizar omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem destes recursos. Tratase de presunção legal que, intimado a prestar os esclarecimentos, o ônus da prova passa a ser do sujeito passivo. Lançamento Procedente Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 07/10/2008 (fls. 578), a Contribuinte apresentou em 31/10/2008 o recurso voluntário de fls. 587 a 624, onde basicamente reitera os mesmos argumentos de sua impugnação, alegando: que os depósitos bancários, por si sós, não constituem fato gerador do imposto de renda, uma vez que não caracterizam disponibilidade econômica de renda e/ou proventos; que o Banco do Brasil não atendeu o seu pedido de microfilmes dos cheques emitidos e sacados em seu favor, cujos recursos quando não utilizados totalmente, foram objetos dos aludidos redepósitos, os quais o Auditor Fiscal atribuiu, presuntivamente, como sendo depósitos de origem não comprovada; que, não tendo ainda sido atendida pelo Banco, reitera o pedido para que lhe seja concedido prazo para oportuna juntada dos referidos microfilmes, com os quais se pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; que não ficou provado no lançamento a relação entre cada depósito bancário e o fato que represente omissão de receitas; que é descabida a autuação, uma vez que o procedimento fiscal negligenciou a imprescindível comprovação da utilização dos valores depositados como renda auferida e/ou consumida; que é pacífico o entendimento Jurisprudencial quanto à proibição de aplicação retroativa da Lei 10.174/2001; que os artigos 147, § 2º, e 149 do Código Tributário Nacional determinam a revisão de oficio do lançamento, com o escopo de apurar a verdade material; que não restam dúvidas de que não pode o Auditor Fiscal, por simples presunção, lavrar o auto de infração. Ao contrário, deve a Fiscalização ter a fiel certeza de que Fl. 651DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 7 6 o nexo causal entre o depósito e o fato que represente omissão de rendimentos ocorreu para, só então, efetuar o lançamento; que é inadmissível o fato de uma lei de natureza complementar conferir competência às autoridades fiscais da Secretaria da Receita FederalSRF, assegurandolhes poderes de verificação de informações e dados sigilosos que, até então, só poderiam ser quebrados mediante a intervenção e o crivo do poder Judiciário, em total desrespeito ao Principio da Inviolabilidade do Sigilo de dados consubstanciado no inciso X do artigo 5º da Carta do Povo; que a supressão da ordem judicial na quebra do sigilo bancário não poderia ser feita por leis complementares, como o foi, muito menos, por emenda constitucional diante do peso de ser uma cláusula pétrea. Em 10/10/2011, a teor do § 1º do artigo 62A do RICARF o presente processo restou sobrestado. Todavia, o mencionado dispositivo normativo foi revogado pela Portaria MF nº 545, de 18 de novembro de 2013. Assim, não havendo mais determinação para o sobrestamento, passase ao julgamento do presente processo. Este é o Relatório. Fl. 652DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 8 7 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a matéria em litígio diz respeito a lançamento para a exigência de tributos abrangidos pelo regime de tributação simplificada – Simples, no período de janeiro a dezembro de 2001. A autuação está fundamentada em omissão de receita, apurada em razão da falta de comprovação de origem dos valores creditados/depositados na conta bancária da Contribuinte. Pela alteração nas faixas de receita bruta acumulada e, conseqüentemente, nos percentuais para a apuração do Simples, a omissão de receita repercutiu em uma outra infração insuficiência de recolhimento sobre a receita declarada, que também foi objeto de lançamento. Para os meses do anocalendário de 2001, a Contribuinte declarou à Receita Federal um faturamento de R$ 105.574,78, mas ingressaram em sua conta bancária recursos no montante de R$ 1.852.823,82. O lançamento se deu sobre a diferença entre os ingressos bancários e a receita declarada, porque a Contribuinte não conseguiu comprovar a origem destes ingressos. O primeiro ponto a registrar é que a obtenção de provas pelo Fisco junto à instituição financeira não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal com amparo legal. O lançamento sob exame tem lastro na Lei Complementar nº 105/2001, que permite expressamente a obtenção e utilização de informações bancárias para fins de apuração e constituição de crédito tributário, e a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não cabe o controle de constitucionalidade das leis, conforme, inclusive, dispõe a Súmula CARF nº 02, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A conclusão que se impõe é que é licito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial, mormente após a edição da Lei Complementar 105 de 2001. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 9 8 Outro aspecto importante é que os fatos geradores objeto de lançamento ocorreram de 31/01/2001 em diante. Portanto, não houve aplicação retroativa nem da Lei 10.174/2001, nem da Lei Complementar 105/2001, que tiveram vigência em 09/01/2001 e 10/01/2001, respectivamente, antes, portanto, da ocorrência dos fatos geradores autuados. De qualquer forma, não haveria problema na aplicação das referidas leis mesmo que os fatos geradores fossem anteriores às suas vigências, conforme já foi decidido pelo STJ, inclusive a bastante tempo: RECURSO ESPECIAL Nº 757.956 RS (2005/00957074) [...] EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DEFICIÊNCIA RECURSAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DA ARRECADAÇÃO DA CPMF PARA A CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO REFERENTE A OUTROS TRIBUTOS. ARTIGO 6ºDA LC 105/01 E 11, 3º DA LEI Nº 9.311/96, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.174/2001. NORMAS DE CARÁTER PROCEDIMENTAL. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 144, §1º DO CTN. 1. Não enseja conhecimento a pretensão recursal sem a indicação do dispositivo de lei federal tido como violado e sem a exposição dos motivos pelos quais pugna pela reforma do julgado, ante o disposto na Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 2. O artigo 38 da Lei nº 4.595/64 que autorizava a quebra de sigilo bancário somente por meio de requerimento judicial foi revogado pela Lei Complementar nº 105/2001. 3. A Lei nº 9.311/96 instituiu a CPMF e no 2º do artigo 11, determinou que as instituições financeiras responsáveis pela retenção dessa contribuição prestassem informações à Secretaria da Receita Federal, especificamente, sobre a identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações efetuadas, vedando, contudo, no seu 3º a utilização desses dados para constituição do crédito relativo a outras contribuições ou impostos. 4. A Lei 10.174/2001 revogou o 3º do artigo 11 da Lei nº 9.311/91, permitindo a utilização das informações prestadas para a instauração de procedimento administrativofiscal a fim de possibilitar a cobrança de eventuais créditos tributários referentes a outros tributos. 5. Outra alteração legislativa, dispondo sobre a possibilidade de sigilo bancário, foi veiculada pela o artigo 6º da Lei Complementar105/2001. Fl. 654DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 10 9 6. O artigo144, § 1º do CTN prevê que as normas tributárias procedimentais ou formais têm aplicação imediata, ao contrário daquelas de natureza material que somente alcançariam fatos geradores ocorridos durante a sua vigência. 7. Os dispositivos que autorizam a utilização de dados da CPMF pelo Fisco para apuração de eventuais créditos tributários referentes a outros tributos são normas procedimentais e por essa razão não se submetem ao princípio da irretroatividade das leis, ou seja, incidem de imediato, ainda que relativas a fato gerador ocorrido antes de sua entrada em vigor. Precedentes. 8. Ressalvado o prazo que dispõe a Fazenda Nacional para a constituição do crédito tributário. 9. Recurso especial conhecido em parte e provido. (acórdão publicado em 19/09/2005) (grifos acrescidos). Quanto à caracterização da infração tributária e ao dimensionamento dos débitos, o lançamento encontra fundamento no art. 42 da Lei 9.430/1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Durante a auditoria fiscal, a Contribuinte foi intimada e reintimada a comprovar a origem dos recursos depositados em sua conta bancária, e, não o fazendo, incorreu na presunção legal de omissão de receitas, que deu base às autuações ora combatidas. É oportuno registrar que, realmente, antes da introdução do art. 42 da Lei 9.430/1996 (acima transcrito), era maior o ônus da prova que incumbia à Fiscalização para autuação com base em depósitos bancários. No caso do IRPJ, por exemplo, para que eles configurassem renda tributável, era necessário que fosse comprovada a utilização dos valores depositados como renda consumida, por meio de aplicações em imóveis, carros e outros bens próprios, ou em beneficio pessoal do contribuinte. A tributação com fulcro na Lei nº 8.021/1990, de fato, exigia necessários esforços por parte da Fiscalização, capazes de transformar uma presunção em definitiva certeza. Isto porque, até então, os depósitos bancários apenas retratavam indício de omissão, não tendo o condão de caracterizar, por si só, a omissão de receitas. Assim, na ausência de uma hipótese específica de presunção legal, cabia à Fiscalização demonstrar, de forma cabal, que os valores depositados nas contas bancárias da Contribuinte correspondiam efetivamente a rendimentos próprios, não oferecidos à tributação. Todavia, a partir da Lei nº 9.430/96, caso o Contribuinte, regularmente intimado para tanto, não comprove com documentação hábil e idônea a origem dos recursos Fl. 655DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10730.000580/200648 Acórdão n.º 1802002.291 S1TE02 Fl. 11 10 creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, este fato, por si só, já basta para caracterizar omissão de receita, por força da presunção legal. Deste modo, não procedem os argumentos desenvolvidos na peça de defesa, porque atinentes a um contexto normativo diferente do atual, no qual a valoração da prova em relação à omissão de receitas seguia outros critérios jurídicos. A matéria já foi, inclusive, sumulada no âmbito do CARF: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. O único esclarecimento que a Contribuinte prestou sobre a origem dos recursos em questão é que eles eram sacados de sua conta bancária e, por não serem totalmente utilizados, eram novamente depositados na mesma conta. Essa mera alegação não tem o condão de afastar a aplicação da presunção legal contida no art. 42 da Lei 9.430/96. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 656DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 11020.911456/2012-27
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO.LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.179
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2008 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO.LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
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FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO.LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 14 56 /2 01 2- 27 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 11 2 (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 12 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto mos autos do processo nº 11020.911453/201293, contra o acórdão nº 0250.260, julgado pela 2ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Belo Horizonte (DRJ/BHE), na sessão de julgamento de 29 de outubro de 2013, em que indeferiu as preliminares e julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento 41976784 emitido eletronicamente em 03/01/13, referente ao PER/DCOMP nº 30649.18212.170408.1.3.040461. O PER/DCOMP foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS, Código de Receita 5856, no valor de R$3.677,23, decorrente de recolhimento com DARF efetuado em 20/03/08. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN),art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando, em síntese, o que se segue: Preliminarmente, defende a nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação e motivação e porque não foi intimado a esclarecer os motivos que o levaram a postular a compensação de débitos com os créditos dos pagamentos que considerou indevidos. Afirma que o procedimento foi eletrônico e que houve preterição do direito de defesa. Acrescenta que o despacho decisório não se presta a instaurar de forma legítima o contraditório administrativo, que não houve Fl. 91DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 13 4 diligência por parte da fiscalização com o intuito de verificar a natureza do crédito postulado e que isso prejudica a ampla defesa. Solicita a posterior juntada de documentos que comprovem suas alegações em respeito ao princípio da verdade material. Defende a ilegalidade e a inconstitucionalidade da multa aplicada sobre o montante do tributo supostamente devido que fere os princípios do não confisco, da razoabilidade e da proporcionalidade. Requer a nulidade do despacho decisório e a procedência da manifestação de inconformidade.. A DRJ de Belo Horizonte (DRJ/BHE) decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Colaciono a ementa do referido julgado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário:2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, enfatizando que deve ser reformada a decisão de primeira instância diante da falta de fundamentação, dizendo ainda que foi prejudicado o contraditório e ampla defesa, alegando também a aplicabilidade da verdade material e, por fim, a inaplicabilidade da multa. É o sucinto relatório. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 14 5 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Preliminares de Nulidade O recorrente afirma que a decisão não respeitou os princípios basilares do processo administrativo, assim como carece de fundamentação aviltando o direito a ampla defesa e contraditório, sendo, portanto, nulo. Preliminarmente cabe serem afastadas as alegações de nulidade. A recorrente invoca genericamente que o auto de infração é nulo por desatender os princípios basilares do processo administrativo fiscal, dentre eles: o da verdade material, da legalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Apesar de discorrer longamente sobre a ausência de fundamentação do ato administrativo e o seu desvio de finalidade, por ausência do dever administrativo de instruir, tenho consagrado que compete ao requerente de crédito líquido e certo que traga os elementos essenciais para a prova de sua certeza e liquidez. Não considero assim, que no presente caso, que o princípio da verdade material entre em contradição com o princípio da iniciativa da prova. Por fim, cabe afastar a alegação de inaplicabilidade da multa em face do princípio constitucional de vedação de confisco. Cabe esclarecer que a multa aplicada possui natureza moratória e não punitiva. De outro lado determina, a Súmula n. 02 a vedação à apreciação por este órgão julgador das matérias constitucionais em conflito. Sendo assim, deixo de apreciar esta matéria por expressa proibição no CARF. Razões de Mérito Analisandose os autos, verificase que o processo se iniciou com uma PER/DCOMP transmitida pela contribuinte, no qual informou ela ter realizado pagamento indevido ou a maior de COFINS. A RFB constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido. Isto está claro no tópico “DÉBITO CONFESSADO”. Deste modo, carece de direito creditório o contribuinte, não havendo, pois, apresentando com a manifestação de inconformidade documentos idôneos e suficientes para comprovação de crédito líquido e certo como escrituração contábil e fiscal do período, para fins de confrontar possível erro no sistema da RFB em compensar o crédito com débito confessado em DCTF. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 15 6 Assim, com base nestas constatações, no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do CTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235, de 1972), a DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade. Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, no recurso voluntário afirmase apenas que são infundadas as alegações da RFB de que não resta crédito disponível para compensação e que o DARF informado no PER/DCOMP seria suficiente para comprovar a existência do crédito. A recorrente nada diz sobre ter retificado a DCTF, tampouco sobre eventual erro na DCTF considerada pela DRF na verificação da existência de crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Logo, não foi contestada a utilização do crédito para compensação de crédito confessado em DCTF. Diante dos fatos, passível de conclusão de que a recorrente concorda, haja vista não ter apresentado em suas razões recursais impugnação específica, quanto a necessidade de comprovação documental por meio de apresentação da escrituração contábil e fiscal na data final para apresentação da manifestação de inconformidade. Portanto, restarseá, tão somente, verificar se é procedente a alegação de que o DARF citado no PER/DCOMP é suficiente para comprovar a existência do crédito. Contudo, o despacho decisório é claro ao atestar que o pagamento informado como indevido ou a maior foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte e que não sobrou crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Conforme afirmou a Auditora Relatora do acórdão recorrido, a conclusão emitida pela autoridade fiscal da DRF de origem baseouse em dados constantes dos sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelos próprios contribuintes por meio de declarações fiscais próprias. Assim, temse que, no caso, o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido. Por consequência, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum. A contribuinte não comprovou possível erro na DCTF original que permitisse considerar que o valor pago por meio do DARF informado foi indevido ou a maior. Não tendo ficado provado o fato constitutivo do direito de crédito alegado, então, com fundamento nos artigos 170 do CTN e 333 do CPC, devese considerar correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada. Compartilho do entendimento de que o fato do contribuinte ter retificado a DCTF após a ciência do despacho decisório, por si só, não é motivo suficiente para provocar o não reconhecimento do seu crédito. Logo, entendo como indispensável a apresentação de provas suficientes a justificar o erro de cálculo inicialmente cometido, nos termos do § 1º do artigo 147 do CTN: Fl. 94DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 16 7 “Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento.” Ocorre que a contribuinte não logrou êxito ao apresentar provas contábeis e fiscais suficientes para a comprovação do crédito, carreando aos autos tão somente cópia do DARF e cópia do PER/DCOMP, pelo que, tornase impossível reconhecer o crédito pretendido sem os elementos de prova indispensáveis. Logo, deixou transcorrer a contribuinte a sua oportunidade de produzir provas que sustentassem as suas alegações, ônus que lhe competia, não sendo os documentos juntados em anexo ao recurso voluntário suficiente para provar o direito alegado. Assim, temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, da contribuinte. Neste sentido, prevê a Lei n° o 9.784/99 em seu art. 36: “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei.” Em igual sentido, temos o art. 333 do CPC: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.” Observo que a turma tem admitido a DCTF retificadora mesmo quando posterior à ciência do despacho decisório, porém, somente quando acompanhada da prova de erro na DCTF retificada, por meio da escrituração e dos documentos fiscais e contábeis, o que não ocorreu no caso dos autos por silente o contribuinte. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.911456/201227 Acórdão n.º 3801004.179 S3TE01 Fl. 17 8 “Assim, conforme a jurisprudência deste Egrégio Conselho, somente se admite a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, apresentada após a ciência do Despacho Decisório, quando a contribuinte apresentar a documentação adequada e suficiente para provar que houve pagamento indevido ou maior. “ Deste modo, deixando o contribuinte de trazer aos autos elemento que possa comprovar a sua pretensão, concluo por não ter sido comprovado o direito creditório pretendido, ainda que invocado o princípio da verdade material. Assim, entendo inaplicável ao presente caso o princípio da verdade material, pois ciente a contribuinte de seu dever de trazer aos autos documentação hábil para comprovar seu direito, optou por assim não o fazer. Desta forma, em especial pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, entendo que deve ser negado provimento ao presente recurso voluntário, mantendose a decisão que não reconheceu o direito de credito pleiteado e não homologou a compensação a ele vinculada. Em face do exposto, encaminho o voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator Fl. 96DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 22/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 10875.000461/2002-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 1997
PEDIDO ADMINISTRATIVO - A repartição de origem deve observar o pedido do contribuinte para efeitos de liquidação de seu débito através do parcelamento, bem como os demais pedidos.
RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Numero da decisão: 3101-001.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
LUIZ ROBERTO DOMINGO
Presidente em exercício
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Rodrigo Mineiro Fernandes, Glauco Antonio de Azevedo Morais, José Henrique Mauri e Mônica Monteiro Garcia de Los Rios.
Nome do relator: VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 1997 PEDIDO ADMINISTRATIVO - A repartição de origem deve observar o pedido do contribuinte para efeitos de liquidação de seu débito através do parcelamento, bem como os demais pedidos. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. LUIZ ROBERTO DOMINGO Presidente em exercício VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Rodrigo Mineiro Fernandes, Glauco Antonio de Azevedo Morais, José Henrique Mauri e Mônica Monteiro Garcia de Los Rios.
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E COM. LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1997 PEDIDO ADMINISTRATIVO A REPARTIÇÃO DE ORIGEM DEVE OBSERVAR O PEDIDO DO CONTRIBUINTE PARA EFEITOS DE LIQUIDAÇÃO DE SEU DÉBITO ATRAVÉS DO PARCELAMENTO, BEM COMO OS DEMAIS PEDIDOS. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. LUIZ ROBERTO DOMINGO Presidente em exercício VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Rodrigo Mineiro Fernandes, Glauco Antonio de Azevedo Morais, José Henrique Mauri e Mônica Monteiro Garcia de Los Rios. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 04 61 /2 00 2- 17 Fl. 132DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMI NGO Processo nº 10875.000461/200217 Acórdão n.º 3101001.640 S3C1T1 Fl. 32 2 Por bem relatar, adotase o Relatório de fls.98 a 100 dos autos emanados da decisão DRJ/CPS, por meio do voto do relator José Carlos Ortolani, nos seguintes termos: “Tratase de auto de infração eletrônico, decorrente do processamento da DCTF do ano calendário de 1997, lavrado em 30 de outubro de 2001, cientificado à contribuinte em 13 de dezembro de 2001, por meio do AR de fl. 36, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 78.540,21, em vista da falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –COFINS, conforme descrição e enquadramento legal constante do auto de infração. 2. Inconformada com a exigência fiscal, a contribuinte, por meio de seus representantes legais, apresentou a impugnação de fls. 01 em 09 de janeiro de 2002, com as seguintes razões de defesa: “DORNBUSCH & CIA IND. E COM. LTDA, inscrita no CNPJ (...), estabelecida na Rua do Rosário, 142, (...), vem mui respeitosamente requerer a V.Sas., o cancelamento do auto de infração nº 0001684 de de 30.10.01, tendo em vista que não existem os débitos apontados, conforme comprovam os documentos juntados. Nestes termos Pede deferimento. Guarulhos, 20 de Dezembro de 2001.” 3. Em Revisão de Ofício, a DRF de origem excluiu parte do crédito tributário formalizado, nos termos dos demonstrativos de fls. 74/77 e despacho de fl. 78, conforme demonstrativo em fls. 100; A decisão recorrida emanada do Acórdão nº. 0538.596 de fls. 98 traz a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1997 FALTA DE RECOLHIMENTO. DCTF. Diante da ausência da extinção dos débitos remanescentes da revisão de ofício, seja mediante pagamento ou por compensação, permanece o crédito tributário em litígio. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no Código Tributário Nacional, é cabível a exoneração da multa de lançamento de ofício, para débitos já declarados em DCTF. ” Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte ” O contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF. Na esperança e, portanto, requerendo que o valor correspondente à competência de dezembro de 1997 de R$ 4.464,86 (Quatro mil quatrocentos e sessenta e quatro reais e oitenta e seis Fl. 133DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMI NGO Processo nº 10875.000461/200217 Acórdão n.º 3101001.640 S3C1T1 Fl. 33 3 centavos) por estar parcelado na DA nº 8060902200990, seja apartado dos demais débitos devidos da competência de agosto a novembro de 1997, reconhecendose a extinção do débito da competência de DEZ/1997, a fim de possibilitar ao contribuinte, ora recorrente, parcelar os débitos de COFINS de agosto a novembro de 1997. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo, pois, é datado de 10/09/2012, enquanto a decisão de primeira instância administrativa é de 08/08/2012 e dele tomo conhecimento, por conter todos os requisitos de admissibilidade. O mesmo recurso, não contesta ou discorda da decisão recorrida, portanto, a decisão recorrida não merece reparos. Repetila seria apenas para pouparme de mais argumentos para mantêla, mas corroboro com a mesma, mas acrescento o seguinte: Quanto ao seu pedido de apartar o débito do mês de dezembro de 1997 de R$ 4.464,86 (Quatro mil quatrocentos e sessenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) por estar parcelado na DA nº 8060902200990, dos demais débitos devidos da competência de agosto a novembro de 1997, reconhecendose a extinção do débito da competência de DEZ/1997, a fim de possibilitar ao contribuinte, ora recorrente, parcelar os débitos de COFINS de agosto a novembro de 1997, é para essa conselheira, um pedido estranho a sua competência. Mas, entendo que a Repartição de origem, pode sim, fazer a verificação do real cumprimento e existência do referido parcelamento e possibilitar que a Recorrente, parcele os seus demais débitos. Isto Posto, NÃO CONHEÇO DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e determino a remessa dos autos a Repartição de Origem fazendária, para que proceda com o pedido da Recorrente. Esse é meu voto. Relatora Valdete Aparecida Marinheiro Fl. 134DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05 /08/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMI NGO
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Numero do processo: 12466.000991/2009-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COMPENSADO POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL NÃO DEFINITIVA. FALTA DE PAGAMENTO. ERRO NA DESCRIÇÃO DO FATO. INOCORRÊNCIA.
Não há erro na descrição do fato se consta do auto de infração que motivo do lançamento realizado para prevenir a decadência do crédito tributário foi a falta de pagamento do tributo objeto de compensação com créditos de terceiros, determinada por decisão judicial não definitiva.
LANÇAMENTO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL POR MEDIDA LIMINAR. POSSIBILIDADE.
É procedente o lançamento do crédito tributário suspenso por medida liminar, concedida em ação cautelar inominada, até o julgamento definitivo da ação rescisória, especialmente, se autorizada, na respectiva decisão judicial, a realização do lançamento para fim de prevenir a decadência do crédito tributário objeto de compensação com créditos de terceiros, determinada por decisão judicial não definitiva.
Recurso Voluntário Negado.
É válido o auto de infração em que formalizado lançamento de tributos devidos na operação de importação se realizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil da jurisdição da unidade aduaneira onde ocorreu o despacho de importação.
AÇÃO JUDICIAL. CESSIONÁRIO DE DIREITO LITIGIOSO. INTERVENÇÃO COMO ASSISTENTE DO ALINANTE. POSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, o cessionário de direito litigioso poderá intervir no processo judicial somente na condição de assistente do cedente.
Numero da decisão: 3102-002.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Demes Brito e Nanci Gama.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PROCEDIMENTO INTERNO DE FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade, por falta de emissão do MPF, o auto de infração decorrente de procedimento de fiscalização interno, posto que, por expressa determinação na legislação, esse tipo de procedimento prescinde da emissão do citado documento. MPF. NATUREZA JURÍDICA. VÍCIO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. O MPF, instituído por ato infralegal, tratase de instrumento administrativo de controle e gerenciamento do procedimento de fiscalização externa, em consequência, eventual irregularidade na sua emissão não afeta a higidez do lançamento que atenda os requisitos art. 142 do CTN e do art. 10 do Decreto 70.235/72. NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. TRIBUTOS DEVIDOS NA OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. AUTORIDADE FISCAL COMPETENTE. IMPOSSIBILIDADE. É válido o auto de infração em que formalizado lançamento de tributos devidos na operação de importação se realizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil da jurisdição da unidade aduaneira onde ocorreu o despacho de importação. AÇÃO JUDICIAL. CESSIONÁRIO DE DIREITO LITIGIOSO. INTERVENÇÃO COMO ASSISTENTE DO ALINANTE. POSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, o cessionário de direito litigioso poderá intervir no processo judicial somente na condição de assistente do cedente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 09 91 /2 00 9- 89 Fl. 3231DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COMPENSADO POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL NÃO DEFINITIVA. FALTA DE PAGAMENTO. ERRO NA DESCRIÇÃO DO FATO. INOCORRÊNCIA. Não há erro na descrição do fato se consta do auto de infração que motivo do lançamento realizado para prevenir a decadência do crédito tributário foi a falta de pagamento do tributo objeto de compensação com créditos de terceiros, determinada por decisão judicial não definitiva. LANÇAMENTO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL POR MEDIDA LIMINAR. POSSIBILIDADE. É procedente o lançamento do crédito tributário suspenso por medida liminar, concedida em ação cautelar inominada, até o julgamento definitivo da ação rescisória, especialmente, se autorizada, na respectiva decisão judicial, a realização do lançamento para fim de prevenir a decadência do crédito tributário objeto de compensação com créditos de terceiros, determinada por decisão judicial não definitiva. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Demes Brito e Nanci Gama. Relatório Tratase de Autos de Infração (fls. 2/553 e 554/987), em que formalizada cobrança do Imposto sobre a Importação (II), no valor total de R$ 28.576.491,96, e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no valor total de R$ 24.027.497,53, incluídos os valores dos juros moratórios calculados até 31/3/2009, relativos às operações de importação, realizadas no período compreendido entre 1/7/2004 a 30/9/2004. Fl. 3232DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 101 3 Por bem descrever os fatos motivaram o lançamento e as razões de defesa apresentada na peça impugnatória, adotase o Relatório encartado na decisão de primeira instância, que segue transcrito: Segundo esclarece a autoridade lançadora, a constituição do crédito tributário deveuse ao fato de a autuada não ter pagado os tributos que incidiram nas operações de importação referente às Declarações de Importação que fez registrar nos meses de julho a setembro de 2004, haja vista que fez uso, na condição de cessionária, dos créditosprêmio de IPI que a empresa Sab Trading Comercial Exportadora S/A (CNPJ nº 42.354.274/000129) era detentora, conforme se evidencia dos formulários “PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO COM DÉBITO DE TERCEIROS”, aprovado pelo Anexo IV da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, juntados às fls. 1484 a 1900. A fiscalização esclarece que a empresa SAB Trading Comercial Exportadora S/A, CNPJ n.º 42.354.274/000129 obteve o direito de utilizar seus créditosprêmios de IPI para compensação com débitos de terceiros através de provimento judicial favorável nesse sentido através de decisões proferidas no Mandado de Segurança Preventivo n.º 1999.61.00.050982 3/SP, no Agravo de Instrumento n.º 1999.03.00.0607404/SP, na Medida Cautelar n.º 2002.03.000527070/SP, no Mandado de Segurança Preventivo n.º 99.00166582/RJ, no Agravo n.º 99.02.294464/RJ e na Apelação em Mandado de Segurança n.º 2001.02.01.0470300/RJ, conforme devidamente explicitado na Informação Fiscal nº 77/2004 da SAORT da Alfândega do Porto de Vitória (fls. 1370/1371). Explicita ainda a autoridade lançadora que as compensações em comento tiveram início no ano de 2000. No entanto, o senhor Inspetor da Alfândega do Porto de Vitória, acatando o parecer do SECAT da Alfândega do Porto de Vitória, constantes nos autos do processo nº 12466.002362/0020, determinou a lavratura dos citados autos de infração com vista a prevenir a decadência dos referidos créditos tributários. Por fim, a fiscalização informa que até a data da constituição dos respectivos lançamentos, as diversas ações judiciais citadas no corpo dos referidos autos de infração encontramse aguardando decisão final. Cientificada da exação, a autuada apresentou as impugnações de fls. 1916 a 1942 (para o auto de infração de II) e 1943 a 1969 (para o auto de infração de IPI), acompanhada dos documentos de fls. 1973 a 2098, alegando, sucintamente, o que segue: Inicialmente relata que os créditos da SAB Trading (empresa cedente dos créditos utilizados na compensação da impugnante), bem como a possibilidade de sua compensação com débitos de terceiros, estão amparados por decisões judiciais proferidas nos autos do Mandado de Segurança n.º 99.0016658 2/RJ. Todavia a Fazenda Nacional promoveu ação cautelar (n.º Fl. 3233DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 4 2005.02.01.0144723) e rescisória (n.º 2006.02.01.0004164) perante o TRF/2.ª Região, e delas obteve autorização expressa para realizar o lançamento preventivo da decadência, tendo sido, então, lavrados os presentes autos de infração. Preliminarmente: 1 protesta pela inexistência de concomitância entre os processos administrativo e judicial, tratandose, inclusive, de contribuintes diferentes e, por isso, não deve ser aplicado o ADN SRF n.º 03/1996. O processo não deve ter seu seguimento negado sob pena de grave afronta ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa. 2 alega que a autoridade que lavrou os autos de infração é incompetente para tal, haja vista o que dispõe a norma administrativa aplicável às compensações (IN SRF n.º 21/97) que dispõe que a autoridade competente para apreciar as compensações realizadas por empresas localizadas em diferentes unidades da federação é aquela responsável pela jurisdição da empresa cedente, no caso a Delegacia da Receita Federal do Brasil do Rio de Janeiro, localização da sede da SAB Trading. É nulo, portanto, o auto de infração. 3 outro vício formal, cuja implicação é a nulidade dos autos de infração é a falta de Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído pela Portaria n.º 1.265/99. Embora consta nos autos, num campo específico, um número de MPF a requerente nunca tomou ciência de qualquer início de procedimento fiscal. A falta do MPF fere os princípios constitucionais da legalidade, moralidade, eficiência, devido processo legal, contraditório, ampla defesa e segurança jurídica. 4 A impugnante não foi citada na ação rescisória e na ação cautelar, apesar de sua condição de litisconsorte passivo necessário. Assim, as decisões exaras nestes processos são ineficazes contra a requerente. Quando houve o trânsito em julgado da decisão definitiva (03/10/2005) que reconheceu a possibilidade da utilização do créditoprêmio de IPI da cedente para a cessionária (no caso, a impugnante), a Fazenda Nacional tinha ciência da compensação operada e portanto estava ciente de que a impugnante era parte legítima na rediscussão da coisa julgada. Como decorreu o prazo para nova ação rescisória, a coisa julgada formada no MS n.º 99.00166582 é definitiva para a impugnante, não gerando efeitos para ela aquela ação rescisória. No mérito: 1 Alega que não ocorreu o fato descrito como infração. Nos autos de infração consta como infração a “falta de recolhimento de tributo”. No entanto o que motivou a autuação foi a compensação realizada pela impugnante com créditos que estão sub judice. Assim não se pode alegar que deixou de quitar os tributos em questão. Os tributos foram quitados por meio da compensação. Por esta razão é improcedente o auto de infração pois descreve uma infração que não corresponde à realidade. Fl. 3234DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 102 5 2 Os autos foram lavrados para prevenir a decadência, no entanto o fato em que se fundamentou não ocorreu, pois enquanto não houver o desfecho da ação rescisória a impugnante está amparada pela coisa julgada no MS anterior ocorrido em 2005. Requer, seja recebida a impugnação e, em preliminar, reconhecida a nulidade do auto de infração impugnado em razão da incompetência da autoridade autuante, ou da ausência de MPF e/ou ausência da citação nas ações cautelar e rescisória; ou, quando não, que no mérito seja julgado totalmente improcedente o auto de infração em razão da não ocorrência da infração apontada e do descompasso entre o fato descrito na peça vestibular com a realidade jurídicoprocessual da Impugnante e da empresa SAB Trading. E ainda na remota hipótese de manutenção da autuação, o que se aceita apenas para argumentar, que a exigência fiscal seja vinculada ao desfecho do processo judicial nº 2006.02.01.0004164, em substituição ao processo administrativo nº 12466.002362/2000 20 que constou no auto de infração. Os autos foram encaminhados para julgamento em 18/05/2009. Posteriormente, em 07/10/2009, a Alfândega de Vitória encaminhou memorando com o objetivo de juntar ao presente processo cópia do despacho decisório exarado no processo n.º 10768.002802/200478 que trata de pedido de ressarcimento/compensação feito pela SAB Trading, por entender aquela unidade que os créditos constantes no processo administrativo referido poderiam estar relacionados com as compensações deste processo. O despacho decisório que considerou as compensações pretendidas não declaradas e o pedido de ressarcimento não formulado, encontrase às fls. 2102/2125. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 2163/2176), em que, por unanimidade de votos, as preliminares arguidas foram rejeitadas e a impugnação julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE LANÇADORA. REVISÃO ADUANEIRA. É competente para o lançamento para fins de constituição do crédito tributário a autoridade aduaneira da unidade onde foi processado o despacho aduaneiro. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. REVISÃO ADUANEIRA. O MPF não será exigido em procedimento revisão aduaneira, nos termos da Portaria SRF nº 6.087, de 21.11.2005. Fl. 3235DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 6 Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 II/IPI. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. PENDENTE DE DECISÃO JUDICIAL. Somente são compensáveis os créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A utilização, mediante compensação dos débitos fiscais cujos créditos a cedente ainda discute na Justiça o direito ao seu usufruto, não preenchem os requisitos certeza e liquidez, não sendo hábeis, portanto, para extinguir o crédito tributário apurado pelo sujeito passivo. DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS SOBRE O LANÇAMENTO. Não consta nos autos decisão judicial em favor do contribuinte autuado que possua o condão de obstaculizar o ato do lançamento realizado pelo Fisco Federal no sentido de prevenir a decadência dos respectivos créditos tributários. Em 19/12/2009, a autuada foi cientificada dessa decisão (fls. 2177/2178). Inconformada, em 18/1/2010, protocolizou o recurso voluntário de fls. 2201/2230, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na fase impugnatória. Em aditamento, alegou a recorrente que: a) os valores constantes deste processo administrativo teriam sido compensados com o crédito formalizado pela empresa cedente no Pedido de Ressarcimento constante do processo nº 10768.001928/200425, conforme consignado no “QUADRO 2” que trata de todos os Pedidos de Compensação de Crédito com Débito de Terceiro (PCC), colacionados aos autos (fls. 1484/1900), dos quais se depreenderia a vinculação das respectivas compensações àquele pedido de ressarcimento (fls. 2054/2070); b) tanto a apuração dos créditos pela SAB Trading, quanto a utilização desses créditos, nos termos da IN SRF nº 21/97, estariam (à época das compensações e até a data da interposição do recurso) amparados por decisões judiciais favoráveis à empresa cedente, proferidas nos autos do Mandado de Segurança nº 99.00166582/ RJ, que foi ratificado pela Apelação em Mandado de Segurança nº 2001.02.01.0470300; c) a origem e a liquidez dos créditos cedidos teriam sido devidamente verificadas e atestadas pela Delegacia da Receita Federal, nos autos do Pedido de Ressarcimento, consubstanciado no processo administrativo nº 10768.001928/200425 (fls. 2054/2070); d) em dezembro de 2005 e janeiro de 2006, a Fazenda Nacional promovera, respectivamente, ações cautelar e rescisória (processos nº 2005.02.01.0144723 e 2006.02.01.0004164), visando a suspender e desconstituir os efeitos da coisa julgada formada em favor da SAB Trading e obtivera, exclusivamente, medida cautelar para suspender os efeitos dos acórdãos transitados em julgado (fls. 2072/2095). Assim, estaria a Fazenda Nacional impedida de desconstituir ou desconsiderar pedidos de ressarcimento e de compensação com débitos próprios e de terceiros formalizados com base no MS nº 99.00166582/RJ; e) os débitos objeto das autuações estariam extintos, na forma do art. 156, II, do CTN, por compensações realizadas à luz de decisões judiciais transitadas em julgado. O direito ao crédito compensado encontrarseia sub judice, nos autos da ação rescisória nº Fl. 3236DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 103 7 2006.02.01.0004164, onde teria sido autorizada a realização de lançamento para prevenir a decadência; f) seria inegável que os autos de infração em tela não possuiriam relação com o procedimento de revisão aduaneira, pois nenhuma irregularidade nas operações de importação ou nas declarações dos tributos incidentes sobre tais importações teria sido verificada. A exigência decorreria, como afirmado pelos autos de infração e confirmado pela própria DRJ, da necessidade de se prevenir a decadência. Acrescenta que o instrumento pelo qual se formaliza compensações entre contribuintes localizados em diferentes Estados chamar seia "Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiro"; vale dizer, quem pediria a compensação seria o detentor do crédito. Somente a ele é que a compensação pode ser negada ou aprovada. Afirma sua condição de terceiro de boafé, que teve seu débito extinto por compensação e que não teria relação jurídica com o Fisco. Prova disso seria o fato de que não teria sido incluída no polo passivo da ação rescisória. Reitera o pedido de decretação da nulidade por incompetência do agente e cita jurisprudência dos extintos Conselhos de Contribuintes; g) quando da lavratura dos autos de infração, já estaria em vigor o Decreto nº 6.104/07, que ratificara, em seu art. 22, a necessidade de emissão de MPF para instauração do procedimento fiscal. Transcreve o dispositivo, cita doutrina e reafirma suas razões acerca da nulidade do feito por vício de MPF; h) diferentemente do consignado no acórdão recorrido, que se limitara a afirmar que se estaria diante de simples procedimento de revisão, para o qual o MPF seria dispensável, esse instrumento não teria a exclusiva função de dar ciência prévia ao contribuinte sobre o lançamento que seria realizado, mas também de atribuir competência ao agente autuante. E, mesmo que fosse somente aquela sua finalidade, ao órgão autuante não era dada a competência de dispensar tal procedimento, quando sua existência é imposta por normas que devem ser respeitadas e cumpridas, sem exceção. Cita jurisprudência; i) em razão de ausência de citação, a ação rescisória 2006.02.01.0004164 seria inteiramente ineficaz com relação à recorrente, que procedeu à compensação após o trânsito em julgado da sentença proferida nos autos do MS nº 99.00166582/RJ (07/05/2001) Cita o art. 42, § 3º e 47 do Código de Processo Civil. Ademais, em função do decurso de prazo para interposição de nova ação rescisória, a coisa julgada formada no Mandado de Segurança se tornou definitiva. Cita jurisprudência administrativa e judicial; j) o acórdão recorrido apenas reiterara os termos da autuação no sentido de que a recorrente deixara de recolher os tributos devidos nas importações, mas, conforme teria exaustivamente demonstrado, tal infração não se verificaria no presente litígio. Além da improcedência da acusação, é sabido que o presente lançamento teria como objetivo prevenir a decadência. k) os autos de infração são improcedentes, pois descrevem, como fato ensejador da autuação, uma infração que não corresponde à realidade fática; l) muito embora seja apregoada a máxima de que o lançamento constitui um dever do Fisco, podendo ser praticado a qualquer tempo, este "postulado" seria relativo e encontraria limites na própria legislação, principalmente nas normas individuais e concretas produzidas pelo Poder Judiciário, pois, em determinadas circunstâncias, a Fazenda Pública precisaria recorrer ao Judiciário, para obter autorização para lançar, ou seja, para suspender os Fl. 3237DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 8 efeitos de uma norma que tenha afastado da incidência da lei geral e abstrata certa situação fática. Sem tal norma concreta, estarseia diante de ausência de subsunção, fenômeno logicamente anterior ao próprio lançamento; m) o lançamento para prevenir a decadência pressuporia suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em que a própria lei lhe autoriza lançar (art. 63 da Lei nº 9.430/96 c/c art. 151, CTN), hipótese não configurada no presente litígio. Defende que, no caso, estarseia diante da seguinte situação: (1) nos autos do MS nº 99.00166582, teria sido reconhecido à SAB Trading o direito ao créditoprêmio de IPI, mediante ressarcimento ou compensação com débitos próprios e de terceiros, na sistemática do lançamento por homologação e da IN/SRF 21/97; (2) tal processo transitara em julgado em 3/10/2005, o que tornou definitiva a extinção do crédito tributário pelas compensações formalizadas ao amparo daquele MS, nos termos do art. 151, II, CTN; (3) mais de dois meses depois do trânsito em julgado, a Fazenda Nacional obtivera medida liminar na ação cautelar nº 2005.02.01.0144723, que suspendera os efeitos da coisa julgada, para o fim de autorizar o Fisco a efetuar lançamentos para prevenir a decadência, com a exigibilidade suspensa; (4) ato contínuo, a Fazenda Nacional ajuizara ação rescisória nº 2006.02.01.0004164, que ainda não teve decisão final; n) a ação rescisória foi julgada procedente pelo TRF/2ª R., mas tal fato em nada alterava o direito da cedente (cujos efeitos estenderseiam à Recorrente por força do art. 42, § 3º, CPC). Aponta, por outro lado, que estarseia diante de julgamento não definitivo, pendente de julgamento de novos embargos declaratórios e, mesmo após esse julgamento, seriam interpostos recursos às instâncias superiores; o) o último acórdão, até o momento, proferido na ação rescisória (DJ de 28/10/09 Anexo 3) voltava a explicitar e reiterar que enquanto não ocorrer o trânsito em julgado da ação rescisória nenhuma cobrança poderá ser feita, de modo que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário sob exame deveria ser mantida incontinenti, e ser vinculada à decisão definitiva da ação rescisória. Transcreve excerto e registra que as ponderações acerca dos efeitos da ação rescisória, referirseiam exclusivamente à manutenção dos efeitos suspensivos constantes da concessão cautelar realizada no processo sob o nº 2005.02.01.0144723. Circunstancia o conteúdo dos embargos de declaração apresentados; p ) embora tenham ocorrido novas decisões nos processos em referência, o eg. TRF/2ª R. não modificara o entendimento no sentido de que o acórdão da ação rescisória somente produzirá efeitos após o trânsito em julgado desta ação e, ainda assim, prevalecerá como válida e eficaz a coisa julgada que se formara no MS nº 99.00166582, a teor do disposto no art. 489 do CPC; e q) a 2º Seção Especializada do TRF/2ª Região, na mesma sessão em que reconhecera a procedência da ação rescisória, julgara medida cautelar correlata, processo nº 2005.02.01.0144723, para consignar expressamente que, enquanto não proferida decisão definitiva na ação rescisória (decisão com trânsito em julgado), continuará vigorando a decisão que reconheceu o crédito da cedente e permitiu as compensações realizadas pela Recorrente. Transcreve excertos do julgado e cita jurisprudência e doutrina. No final, a recorrente pleiteou que, na remota hipótese de manutenção das autuações, o que aceitava apenas para argumentar, a exigência fiscal fosse vinculada ao desfecho do processo judicial nº 2006.02.01.0004164, em substituição ao processo administrativo nº 12466.002362/200020, que constou nos autos de infração. Fl. 3238DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 104 9 Em 7/7/2010, os autos foram encaminhados à ProcuradoriaGeral do Fazenda Nacional, para contrarazões. Em 6/8/2010, por meio da petição de fl. 2321, foram apresentadas as contrarazões ao recurso voluntário (fls. 2322/2345), em síntese, com as seguintes alegações: a) o lançamento objeto do litígio teria sido formulado no intuito de prevenir a decadência e não em razão da nãohomologação da compensação. Consequentemente, caberia à unidade de despacho realizálo. Cita o art. 9°, §§ 2° e 3°, do Decreto 70.235/72 e argumenta que os artigos 15 e 13 da IN 21/97 já se encontrariam revogados à época do lançamento; b) não mereceria guarida o argumento de que o auto de infração seria nulo por vício de MPF. Dada sua lavratura em procedimento de revisão aduaneira, que, como bem lembrado pela relatora do acórdão recorrido, nunca esteve condicionado à emissão do MPF, não caberia se condicionar à validade do auto à sua expedição; c) a Fazenda Nacional ajuizara Medida Cautelar inominada, preparatória ação rescisória e obtivera, em 19/12/2005, liminar suspendendo os efeitos do acórdão rescidendo. Em 12/04/2007, a 2ª Seção Especializada daquela Corte julgara procedente em parte a ação cautelar, suspendendo os efeitos da homologação das compensações, permitindo que se proceda ao lançamento dos créditos já aproveitados, com exigibilidade suspensa até o trânsito em julgado definitivo da ação rescisória; d) na ação rescisória ajuizada em 18/01/2006, autuada sob o nº 2006.02.01.0004164, teria sido proferido acórdão favorável à União, desconstituindose o acórdão que serviria de fundamento para as compensações já realizadas. Foram opostos embargos de declaração, julgados em 10/09/2009, aos quais teriam sido dados efeitos aclaratórios. Transcreve trecho do aresto; e) diferentemente do aduzido, os efeitos da ação rescisória poderiam atingir indiretamente terceiros. Cita Doutrina e transcreve o parágrafo 3º do art. 42 do CPC; f) o parágrafo único do art. 142 do CTN trata da obrigatoriedade do lançamento e, no presente processo, se verificaria circunstância capaz de gerar tal medida, no caso, a falta de recolhimento; g) as compensações não teriam sido homologadas (nem poderiam ser antes do trânsito em julgado), o que afastaria a alegação de extinção definitiva do crédito. Argumenta que, à época do feito, já vigia o art. 170A do CTN, que vedava a realização de compensação até que sobreviesse esse evento; h) descaberia consignar, no presente processo, a suspensão da exigibilidade até o trânsito em julgado da ação rescisória. No caso de manutenção do lançamento, a exigência já estaria suspensa até a decisão definitiva da ação rescisória, salvo se houver uma outra decisão judicial que antecipe. Assim, consignar qualquer decisão a esse respeito implicaria adotar decisão condicionada e, como tal, passível de decretação da sua nulidade. Cita acórdão do extinto 2º Conselho de Contribuintes que anulou o feito em razão de tais circunstâncias. Na Sessão de 29 de janeiro de 2013, por meio da Resolução nº 3102000.241 (fls. 2370/2378), este Colegiado converteu o julgamento em diligênica, para que a unidade da Receita Federal de origem juntasse aos autos cópias das decisões proferidas nos autos da ação Fl. 3239DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 10 cautelar inominada e da ação rescisória. Após, concedesse prazo de 30 dias, para que a recorrente se manifestasse acerca dos novos elementos. Em cumprimento à referdia Resolução, foram juntados os documentos de fls. 2384/3217, todos extraídos do sítio internet www.trf2.jus.br. Os documentos relativos a Ação Recissória nº 2006.02.01.0004164 constam das fls. 2386/2724, enquanto que os referentes à Medida Cautelar Inominada nº 2005.02.01.0144723 contam das fls. 2727/3217. Depois das tentativas, sem sucesso, de cientificar a interessada da Resolução nº 3102000.241 e das cópias das decisões proferidas nos citados processos da ação cautelar inominada e da ação rescisória, em cumprimento ao Despacho fl. 3224, em 5/12/2013, os autos retornaram a este Conselho, para continuação do julgamento. Na Sessão de 30 de janeiro de 2014, foram distribuídos para este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. É incontroverso que as autuações em questão foram formalizadas com vista a prevenir a decadência do crédito tributário, relativo ao II e ao IPI devidos nas operações de importação realizadas pela recorrente com base nas Declarações de Importação (DI) registradas nos meses de julho a setembro de 2004 no âmbito da jurisdição da Alfândega do Porto de Vitória. Também não será objeto da presente análise do mérito das compensações realizadas pela recorrente e tampouco a existência do crédito por ela utilizado nos respectivos procedimentos compensatórios, questões que ainda se encontram submetidas ao crivo do Poder Judiciário, o que, em razão do princípio da unicidade de jurisdição e em consonância com disposto no artigo 1º, § 2º, do Decretolei 1.737/79, e do art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/80, importa renúncia ao julgamento da questão pela instância administrava. No entanto, conforme delineado no relatório precedente, a controvérsia compreende outras questões preliminares e de mérito que serão aqui analisadas. Em preliminar, o litígio diz respeito à nulidade do lançamento, por falta de emissão de MPF e por incompetência da autoridade lançadora e cancelamento das autuações por falta de autorização judicial. No mérito, o ponto fulcral da contenda cingese à insubsistência da autuação, por erro na descrição do fato e da vinculação ao desfecho de um processo administrativo e não ao encerramento do processo judicial (ação rescisória). I Da Análise das Questões Preliminares Em sede de preliminar, a recorrente alegou: a) nulidade dos Autos de Infração, em razão de (i) incompetência da autoridade autuante e (ii) falta de emisão deMPF, e b) cancelamento das autuações por falta de autorização judicial. Da nulidade das autuações por incompetência da autoridade fiscal autuante. Fl. 3240DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 105 11 A recorrente alegou nulidade das autuações, por incompetência da autoridade fiscal lançadora, com base no argumento de que a lavratura dos Autos de Infração era decorrente da não homologação das compensações na esfera administrativa, logo, por força do disposto no art. 15, § 4º, da Instrução Normativa SRF 21/97, autoridade fiscal competente para realizar o lançamento era aquela pertencente à Delegacia da Receita Federal do Brasil do Rio de Janeiro, unidade da Receita Federal jurisdicionante da sede da pessoa jurídica SAB Trading Comercial Exportadora S/A., titular e cedente dos valores dos créditos compensados. Previamente, é oportuno destacar que o referido § 4º do art. 151 da Instrução Normativa SRF 21/97, enquanto vigente, atribuía competência a unidade da Receita Federal para análise do pedido, efetuar a compensação e adotar os procedimentos internos de controle atinentes aos créditos e débitos compensados. Assim, além de não tratar da competência da autoridade fiscal para realizar o lançamento de eventual tributo devido, o referido preceito normativo foi revogado desde 10/4/2000, quando foi publicada a Instrução Normativa SRF 41/2000. Portanto, além de não tratar da competência para realização do lançamento, tal regramento não se aplicaria ao procedimento fiscal em tela, pois, na data da lavratura dos questionados Autos de Infração, ocorrida em 13/4/2009, o citado preceito normativo já se encontrava expressamente revogado. Além disso, diferentemente do que alegou a recorrente, as questionadas autuações não foram decorrentes do indeferimento ou da não homologação das compensações, mas, conforme anteriormente destacado, para fim de prevenir a decadência dos valores dos impostos extintos pela recorrente mediante as referidas compensações. Com efeito, da leitura da Descrição dos Fatos que integra os referidos Autos de Infração, extraise que a autuação foi feita para prevenir a decadência dos valores dos impostos lançados, que, ao invés de pagos, foram compensados com os valores do crédito prêmio do IPI, reconhecido em favor da empresa Sab Trading Comercial Exportadora S/A, por decisão judicial proferida no âmbito do Mandado de Segurança nº 99.00166582/RJ. Ainda consoante o explicitado na citada Descrição, a determinação para realização dos referidos lançamentos fora respaldada no deferimento de medida liminar em favor da Fazenda Nacional, proferida nos autos da Medida Cautelar nº 2005.02.01.0144723, que determinou a suspensão dos efeitos do acórdão proferido nos autos da Apelação em Mandado de Segurança nº 2001.02.01.0470300, que deferira à Sab Trading Comercial Exportadora S/A, cedente dos créditos compensados, o direito ao aproveitamento do crédito prêmio do IPI. Portanto, tratandose de lançamento para prevenir a decadência dos impostos devidos, mas não pagos, relativos às DI registradas no âmbito da Alfândega do Porto de Vitória, certamente, a autoridade fiscal pertencente aos quadros dessa unidade aduaneira, tinha plena competência para proceder às questionadas autuações, pois, de acordo com o estatuído 1 Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. (Revogado pela IN SRF n º 41/00, de 07/04/2000 ) [...] § 4º Na hipótese do § 2º, a competência para analisar o pleito, efetuar a compensação e adotar os procedimentos internos de que trata o § 2º do art. 13 é da DRF ou IRFA da jurisdição do contribuinte titular do crédito. [...]" Fl. 3241DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 12 no art. 9º2, §§ 2º e 3º, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (doravante denominado de PAF), a autoridade fiscal competente, ainda que de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito, tem competência para proceder o lançamento do crédito tributário relativos aos tributos federais administrados pela RFB. Aliás, como a matéria se encontra sumulada por este Conselho, ela é de aplicação obrigatória por todos os membros deste Conselho. Tratase da Súmula CARF nº 27, in verbis: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar nulidade das autuações. Da nulidade da autuações por falta de emissão do MPF. A recorrente alegou nulidade das autuações, sob o argumento de que a falta de emissão do MPF configurava condição necessária e obrigatória à validades dos questionados Autos de Infração. Diferentemente do alegado pela recorrente, nem todo procedimento de fiscalização está sujeito à emissão de MPF. O assunto encontrase disciplinado, genericamente, no art. 2º do Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, com a redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, cujos excertos relevantes seguem transcritos: Art. 2o Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto no 6.104, de 30 de abril de 2007) (...) § 3o O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização: (Renumerado pelo Decreto no 6.104, de 30 de abril de 2007) I realizado no curso do despacho aduaneiro; II interno, de revisão aduaneira; 2 "Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. § 1º Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. § 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. § 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer." Fl. 3242DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 106 13 III de vigilância e repressão ao contrabando e descaminho, realizado em operação ostensiva; IV relativo ao tratamento automático das declarações (malhas fiscais). § 4o O Secretário da Receita Federal do Brasil estabelecerá os modelos e as informações constantes do MPF, os prazos para sua execução, as autoridades fiscais competentes para sua expedição, bem como demais hipóteses de dispensa ou situações em que seja necessário o início do procedimento antes da expedição do MPF, nos casos em que haja risco aos interesses da Fazenda Nacional. (Redação dada pelo Decreto no 6.104, de 30 de abril de 2007) [...]. (grifos não originais). Assim, temse que a regulamentação do MPF foi atribuída ao Secretário da RFB. Com base nessa competência, por meio de Portarias, a dita autoridade tem exercido essa competência. Na data da autuação, encontravase vigente a Portaria RFB 11.371, de 12 de dezembro de 2007, que, com respaldo no inciso II, e § 2º, do art. 1º do citado Decreto, expressamente, previa a dispensa de emissão de MPF, para o procedimento de fiscalização interno e de revisão aduaneira, neste caso, se o procedimento fosse destinado a identificar irregularidades fiscais relativas ao despacho, com base tão somente nos elementos probatórios disponíveis no âmbito da RFB. Na referida Portaria, tal previsão consta do art. 10, II, e § 2º, a seguir transcritos: Art. 10. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização: [...] II interno, de formalização de exigência de crédito tributário constituído em termo de responsabilidade ou pelo descumprimento de regime aduaneiro especial, lançamento de multas isoladas, revisão aduaneira e formalização de abandono ou apreensão de mercadorias realizada por outros órgãos; [...] § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput, considerase revisão aduaneira o procedimento destinado a identificar irregularidades fiscais relativas ao despacho, com base tão somente nos elementos probatórios disponíveis no âmbito da RFB. (grifos não originais) Da leitura dos referidos comandos normativos, extraise que os procedimentos de fiscalização realizados internamente, ou seja, com base nas informações contidas nos sistemas internos do Órgão fiscalizador, inequivocamente, estão dispensados da emissão do MPF. No caso em tela, por se tratar de lançamento para prevenir a decadência dos impostos lançados, ainda que o procedimento não fosse de revisão aduaneira, conforme alegou a recorrente, induvidosamente, tratase de procedimento de fiscalização interno, uma vez que realizado com os dados disponíveis nos sistemas internos da Alfândega do Porto de Vitória, Fl. 3243DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 14 sem fosse realizado qualquer procedimento externo para fim de obtenção de documentos ou informações atinentes aos questionados lançamentos. Dessa forma, fica evidenciado que, no procedimento de fiscalização em tela, não havia necessidade de expedição de MPF para realização do procedimento de fiscalização em questão, posto que realizado, exclusivamente, com base nos documentos internos ou extraídos dos sistemas de dados da RFB, inclusive, informados pelo própria recorrente. É pertinente ressaltar ainda que, em conformidade com o disposto no § 2º do art. 10, anteriormente transcrito, a emissão do MPF tem nítido objetivo de controlar a atuação externa da atividade de fiscalização, especialmente, para informar o fiscalizado sobre a instauração e realização do procedimento de fiscalização. Situação que não se vislumbra no procedimento de fiscalização em destaque. Entretanto, ainda que assim não fosse, certamente, a ausência de emissão do MPF, por falta de previsão legal, não implicaria nulidade das questionadas autuações, haja vista que essa suposta irregularidade não se enquadra em nenhuma das hipóteses de nulidade prevista no art. 59 do PAF. A uma, porque a falta do referido documento, evidentemente, não resultou em cerceamento do direito de defesa da autuada. A duas, porque o descumprimento dessa formalidade não implica nulidade do lançamento por incompetência da autoridade lançadora, matéria que se encontra, expressamente, definida em lei. Com efeito, dispõe o art. 142 do CTN, que compete privativamente a autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento. Da mesma forma, no âmbito dos tributos federais, determina o art. 10 do PAF, que o auto de infração deve ser lavrado por servidor competente. E no que tange aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), tal competência foi atribuída ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), conforme expressamente estabelecido no art. 6º da Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2002, com a redação dada pelo art. 9º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. Por sua vez, as normas sobre o MPF, instituídas em Decreto e atos normativos infralegais, estabelecem apenas requisitos para instauração dos procedimentos fiscais relativos a tributos administrados pela RFB, portanto, não tratam da competência para realização do lançamento, matéria de reserva legal, conforme explicitado. Aliás, de acordo com os arts. 4º a 10 da Portaria RFB 11.371, de 2007, vigente na época da realização do procedimento fiscal em questão, é possível inferir que o MPF tem por objetivo principal o controle das atividades de fiscalização dos tributos e contribuições administrados pela Receita Federal, permitindo também que o sujeito passivo confirme regulariade do procedimento fiscal contra ele instaurado, uma vez que lhe é informado a natureza, a abrangência, o prazo e as pessoas designadas para a execução dos trabalhos fiscais, além do código de acesso ao sítio da Receita Federal na internet, para fim de confirmação da autenticidade do referido documento. Por essas razões, entendese que o descumprimento de aspectos formais atinentes à expedição do MPF, certamente, não tem o condão de inquinar a higidez do auto de infração lavrado por autoridade fiscal competente, com estrita observância do disposto no art. 142 do CTN e do art. 10 PAF. No mesmo sentido, o entendimento esposado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no julgamento do Acórdão CSRF/0105.558, cuja ementa segue transcrita: Fl. 3244DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 107 15 MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 – NULIDADE – O desrespeito à previsão de indicação no MPFF de período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como conseqüência a nulidade do ato. CARF, CSRF. 1ª Turma. Ac. CSRF/0105.558, de 4/12/2006, Rel. Cons. José Henrique Longo) Com base nessas considerações, rejeitase a referida preliminar de nulidade. Do cancelamento das autuações por falta de autorização judicial. A recorrente pleiteou o cancelamento das autuações, com base na alegação de que a decisão judicial, que serviu de fundamento para lavratura dos questionados Autos de Infração, era absolutamente ineficaz contra ela, uma vez que não fora arrolada como parte na Ação Cautelar Inominada e tampouco na Ação Recissória, posteriormente ajuizada. Para recorrente, na condição de litisconsórcio passivo necessário, nos termos do art. 47 do CPC, era obrigatória a sua integração ao polo passivo das referidas ações, uma vez que as cessões dos créditos utilizados na compensação dos débitos lançados se deram logo após a sentença proferida, em 7/5/2001, nos autos do MS nº 99.00166582, que reconhecera à cedente o direito ao benefício do créditoprêmio do IPI, fato que era do conhecimento da recorrida, quando do trânsito em julgado da decisão definitiva, acontecido em 3/10/2005, que reconhecera a possibilidade de utilização do créditoprêmio do IPI da cedente para compensação com débitos de terceiros (o caso da recorrente). Por sua vez, a Fazenda Nacional alegou que o fato de a recorrente não ser parte na referida Ação Rescisória e respectiva Medida Cautelar inominada preparatória não impediria que, eventualmente, os efeitos das decisões ali proferidas, indiretamente, atingissem lhe. Para a recorrida, na condição de terceiro interessado, a recorrente poderia figurar no processo como assistente simples da parte legítima, nos termos do art. 50 do CPC, se demonstrasse interesse jurídico (e não apenas econômico) na demanda. Do confronto dos dois posicionamentos, fica evidenciado que, no que tange a essa questão, o cerne da controvérsia cingese a forma de intervenção da recorrente nas demandas movidas pela Fazenda Nacional contra a autuada por meio das referenciadas Ação Cautelar inominada e Ação Rescisória. Dessa forma, em face da peculiaridade do assunto, previamente a análise da controvérsia, procedese uma rápida digressão sobre os institutos do litisconsórcio necessário e terceiro interessado. A figura do litisconsórcio necessário encontrase definida no caput do art. 47 do CPC, a seguir transcrito: Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. (grifos não originais) Fl. 3245DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 16 Em conformidade com disposto no citado dispositivo, a caracterização da figura do litisconsórcio necessário ocorrerá quando: a) exigir a própria natureza da relação jurídica deduzida em juízo (lisconsórcio necessário por natureza); ou b) exigir a lei, independentemente da relação jurídica deduzida em juízo (lisconsórcio necessário por determinação legal). No caso em tela, somente lisconsórcio necessário por natureza interessa analisar, pois foi a modalidade alegada pela recorrente. A tratar a esse tipo específico, leciona Cândido Rangel Dinamarco3, que o litisconsórcio é necessário por natureza quando ele for unitário e a causa versar um objeto incindível. Em outra passagem, sobre o lisconsórcio unitário, leciona o mencionado autor, in verbis: Quando todos os litisconsortes estão em defesa de uma só relação jurídica incidível, não é possível endereçar a cada um deles um julgamento de mérito diferente. É inteiramente inadmissível, do modo mais absoluto, julgar procedente a demanda em relação a um desses litisconsortes e improcedente quanto aos demais. Precisamente porque a relação controvertida é única e incidível, seria inviável dar efetividade a dois preceitos assim contraditórios4. (grifo do original) De acordo com essa relevante doutrina, o litisconsórcio necessário por natureza pressupõe a existência de uma relação jurídica única e incindível, de modo que o resultado julgamento da demanda será sempre o mesmo para todos os litisconsorciados. No caso em tela, não existe essa relação jurídica única e incindível entre a recorrente a SAB Trading Comercial Exportadora S/A., demanda nas referidas ação rescisória e medida cautelar inominada preparatória. Aliás, no âmbito do citado processo judicial, sequer há relação jurídica entre a Fazenda Nacional e a recorrente. A única relação jurídica que existe, e que ainda se encontra sub judice, é entre a Fazenda Nacional e SAB Trading Comercial Exportadora S/A. Portanto, diferentemente, do alegado pela recorrente, o fato dela ser cessionária do créditoprêmio do IPI ainda em litígio, apenas a coloca em relação jurídica direta com a demandada (SAB Trading), por conseguinte, no nas referidas demandas judiciais, a recorrente somente poderia intervir na condição de assistente da cedente do crédito, conforme expressamente determina o art. 42, § 2º, do CPC, a seguir reproduzido: Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes. § 1º O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2º O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente. § 3º A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário. 3 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 4 ed. Malheiros, São Paulo, 2004, v. II, p. 353353. 4 Id. ibid., p. 350. Fl. 3246DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 108 17 Logo, além da alienação da coisa litigiosa não alterar a legitimidade das partes, conforme expressamente determina o caput do preceito legal em apreço, por força disposto no § 3º do art. 42, os efeitos da decisão judicial final, proferida entre as partes originárias, inequivocamente, estendese à recorrente, na condição de cessionária do crédito prêmio do IPI ainda sub judice. É pertinente esclarecer que em outro tópico do recurso (fls. 2224/2225), contraditoriamente, a recorrente defendeu os efeitos da decisão proferida na referida ação rescisória também lhe alcançaria, conforme explicitado no excerto a seguir transcrito: A citada ação rescisória foi julgada procedente pelo eg. TRF/2ª R., em 12/04/2007. Isso, porém, em nada alterou o direito da cedente (cujos efeitos estendemse à Recorrente por força do art. 42, § 3º, CPC), uma vez que o julgamento ocorrido no TRF/2ª R. não é definitivo atualmente, tal ação aguarda julgamento de novos embargos declaratórios, sendo certo que ainda serão interpostos recursos às instâncias superiores (Anexo 2). Dessa forma, fica demonstrado que, em consonância com que afirmou a recorrente nessa passagem, induvidosamente, a ela também se aplica os efeitos da medida liminar concedida, pelo TRF da 2ª Região, no julgamento da Ação Cautelar Inominada nº 2005.02.01.0144723, para suspender os efeitos do acórdão rescindendo, proferido na Apelação no Mandado de Segurança nº 2001.02.01.0470300, até o trânsito em julgado da ação rescisória, nos termos explicitados no dispositivo da decisão proferida no julgamento dos Embargos de Declaração interpostos pela Fazenda Nacional, a seguir transcrito (fls. 2808/2809): Nesse ínterim, a decisão liminar proferida nestes autos operará efeitos diversos, de acordo com a situação do pedido de aproveitamento de créditos apresentado pela requerida: 1 Quanto aos pedidos de ressarcimento e compensação já homologados anteriormente à decisão liminar proferida nesta ação cautelar, em razão da existência de coisa julgada assegurando o aproveitamento desses créditos, e considerando que a decisão liminar, dado o seu juízo de cognição sumária, não tem o condão de atingir o acórdão transitado em julgado; o alcance da decisão liminar restringese à suspensão dos efeitos da homologação, permitindo que se proceda ao lançamento dos créditos tributários já aproveitados, porém, com a sua exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal (rescisória); 2 Com respeito aos pedidos de ressarcimento e compensação em andamento até a decisão liminar proferida nesta ação cautelar, com vistas a assegurar o resultado final da ação principal a ser ajuizada (rescisória), da qual esta ação cautelar é instrumento; impõe a decisão liminar proferida nestes autos a suspensão dos processos administrativos, permitindo o lançamento dos créditos tributários objeto dos pedidos, porém, com a exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal; Fl. 3247DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 18 3 Por fim, em relação aos pedidos de ressarcimento e compensação porventura apresentados após a decisão liminar proferida nesta ação cautelar, por força do provimento jurisdicional acautelatório do resultado final da ação principal; impõe a decisão liminar exarada nestes autos sejam não recebidos referidos pedidos, dada a suspensão dos efeitos do acórdão rescidendo, permitindose o lançamento dos créditos tributários respectivos, porém, com a exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal. POSTO ISSO, CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E DOULHES PROVIMENTO, para sanar a contradição existente na decisão de fls. 2177 / 2190, e integrála, nos termos da fundamentação ora lançada. Da leitura do referido dispositivo, verificase que houve expressa autorização para o lançamento do crédito tributário atinente a todas as compensações realizadas em favor da recorrente, em estrito cumprimento às respectivas determinações judiciais, inclusive os crédito tributários relativos a eventuais pedidos de compensação homologados, o que, certamente, não ocorreu em relação as compensações em tela, as quais foram processadas por força de determinação judicial. Com base no que ficou determinado na referida decisão, a suspensão limita se apenas (i) aos processos administrativos atinentes aos pedidos de ressarcimento e de compensação com débitos próprios e de terceiros, formalizados com base no MS nº 99.00166582/RJ, e (ii) à exigibilidade do crédito tributário, cujo lançamento foi expressamente autorizado pelo TRF/ 2ª Região. No que tange aos débitos compensados, objeto das autuações em apreço, induvidosamente, à autoridade competente da Receita Federal tinha autorização expressa para realização do lançamento dos créditos tributários já aproveitados, porém, com a sua exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal (a ação rescisória). Dessa forma, fica demonstrada a insubsistência da alegação suscitada pela recorrente no sentido de que não havia mais possibilidade de desconstituição da coisa julgada, para a reversão da extinção dos débitos por ela compensados com os créditosprêmio do IPI cedidos pela SAB Trading Comercial Exportadora S/A., uma vez que a ação rescisória fora ajuizada tãosomente contra a cedente dos créditos e havia decorrido o prazo para o ajuizamento de uma nova ação recissória. Também não procede a alegação da recorrente de que era adquirente de boa fé, sob o argumento de que teve ciência do encerramento do litígio, com êxito para a cedente, em 3/10/2005, data do trânsito em julgado da decisão proferida no acórdão recindendo. A uma, porque evidencia os fatos que essa informação não é verdadeira, uma vez que a cessão dos créditos e as correspondentes compensações realizadas pela recorrente, objeto das presentes autuações, ocorreram antes da referida data, ou seja, no período de 1/7/2004 a 30/9/2004. A duas, porque noticiam autos que, nas referidas datas, a recorrente tinha pleno conhecimento de que a cedente ainda não possuía a decisão definitiva sobre o créditoprêmito do IPI em litígio. Aliás, na referida data sequer havia ocorrido o alegado trânsito em julgado da decisão final proferida pelo TRF da 2ª Região, no âmbito do referido mandamus. Em suma, enquanto não houver decisão definitiva a ser proferida no âmbito da referida ação recissória, a questão atinente às compensações em tela continuará sub judice, e desse fato a recorrente está plenamente ciente, conforme excerto que se extrai do recurso voluntário em análise (fl. 2221), a seguir transcrito: Fl. 3248DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 109 19 Na verdade, o fato que permite o lançamento em tela é a compensação tributária realizada pela Recorrente ainda estar sub judice, em razão do não encerramento do processo judicial em que a cedente litiga pelo direito ao crédito compensado (ação rescisória nº 2006.02.01.0004164). Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de cancelamento dos Autos de Infração suscitada pela recorrente. II – Da Questão de Mérito No mérito, a recorrente alegou a improcedência da autuação por erro na descrição do fato, sob o argumento de que o lançamento fora (i) fundamentado em fato que não tinha ocorrido e (ii) vinculado ao desfecho de um processo administrativo quando deveria ter tido como condição o encerramento de processo judicial (ação rescisória). Da improcedência por não ocorrência do fato. A recorrente alegou a improcedência dos Autos de Infração, sob o argumento de que os autos de infração eram improcedentes por erro de motivação, pois descreviam como fato ensejador da autuação a falta de recolhimento do tributo, infração que não correspondia à realidade fática, pois, na data do vencimento dos impostos lançados, as obrigações foram cumpridas e extintos os respectivos créditos tributários por compensações (art. 156, II, CTN) autorizadas judicialmente. Segundo a recorrente, o fato que permitia o lançamento era a compensação tributária realizada que ainda estava sub judice. Não demais ressaltar mais uma vez que, em consonância com a Descrição do Fato, que integra as autuações, o motivo dos lançamentos em questão foi o fato de a autuada não ter pago os tributos que incidiram nas operações de importação, referente às DI registradas nos meses de julho a setembro de 2004, uma vez que, conforme se evidenciava dos formulários “PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO COM DÉBITO DE TERCEIROS”, fez uso, na condição de cessionária, dos valores do créditoprêmio do IPI da cedente, Sab Trading Comercial Exportadora S/A., que obteve o direito de compensação com débitos de terceiros, por meio dos referenciados provimentos judiciais, conforme devidamente explicitado na Informação Fiscal de fls. 1379/1380. Explicita ainda, a autoridade lançadora que as compensações em comento tiveram início no ano de 2000, no entanto, o Sr. Inspetor da Alfândega do Porto de Vitória, acatando o parecer do SECAT da Alfândega do Porto de Vitória, constantes nos autos do processo nº 12466.002362/0020, determinou a lavratura dos citados autos de infração, com vista a prevenir a decadência dos referidos créditos tributários. Em outras palavras, só faltou a autoridade fiscal mencionar no referido texto que a lavratura dos questionados Autos de Infração fora por “compensação sub judice”, conforme pretende a recorrente. Porém, em síntese, a conclusão que se extrai da leitura integral do texto em comento é de que o lançamento fora feito para prevenir a decadência, porque os impostos lançados não foram pagos, mas objeto de compensação com créditos de terceiros, determinada por decisão judicial não definitiva. Eis o verdadeiro motivo da autuação. No recurso em apreço (fl. 2221), a interessada afirmou ainda seguinte, in verbis: O que não se pode afirmar é que a Recorrente deixou de quitar os tributos em questão, como se tivesse praticado a infração de Fl. 3249DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A 20 "falta de recolhimento", infração que não correspondia à realidade fática, pois, na data do vencimento dos impostos lançados, as obrigações foram cumpridas e extintos os respectivos créditos tributários por compensações (art. 156, II, CTN) autorizadas judicialmente. Essa afirmação não tem o menor sentido, pois, sabidamente, compensão não equivale a pagamento. Deveras, nos termos do art. 156, I e II, do CTN, a compensação e o pagamento são modalidades distintas de extinção do crédito tributário. A primeira se consuma com a mera transferência do numerário (dinheiro) para o erário, enquanto que a segunda pressupõe a existência de débito tributário e crédito certo e líquido em favor do titular dos débitos. Assim, se não houve pagamento do crédito tributário, mas mera compensação por força de determinação judicial ainda pendente de decisão judicial, portanto devidamente caracterizada o motivo das autuações, inclusive, com expresso conhecimento da recorrente que, no corpo da peça recursal, afirmou que “os autos de infração objeto do presente processo foram lavrados para prevenir a decadência”. E certamente, tal procedimento somente fora realizado porque não havia se consumado a extinção definitiva do crédito tributário lançado. Não se pode olvidar que a compensação é um procedimento de natureza dúplice, que exige, simultaneamente, a existência de débito e crédito certo e líquido, nos termos do art. 170 do CTN. Sem a prova da existência do crédito tornase inviável a realização do procedimento de compensação. No caso em tela, se no âmbito dos autos processo da referida ação rescisória ficar decidido, em caráter final, que a cedente não tinha o suposto créditoprêmio do IPI utilizado pela recorrente nas questionadas compensações, certamente, todas elas restaram canceladas por falta de crédito e, por conseguinte, não extintos os correspondentes débitos. Caso contrário, se restar demonstrado que a recorrente fazia jus ao referido crédito, previamente a realização da compensação, deve ser analisada a certeza e liquidez dos créditos compensados, objeto dos processos administrativos suspensos por expressa determinação judicial. Com base nessas considerações, fica evidenciada a improcedência da apreciada alegação. Da improcedência por não vinculação ao desfecho do processo judicial. A recorrente alegou a improcedência das autuações, com base no argumento de que o lançamento fora vinculado ao desfecho de um processo administrativo quando deveria ter tido como condição o encerramento de processo judicial (ação rescisória). Segundo a recorrente, para que o lançamento fosse realizado para prevenir a decadência, das duas uma: “ou o agente administrativo precisa estar diante de uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em que a própria lei lhe autoriza lançar (art. 63 da Lei n2 9.430/96 c/c art. 151, CTN) o que não ocorre no caso sob exame ou precisa estar autorizado judicialmente.” Logo, “embora tenham ocorrido novas decisões nos processos em referência, o eg. TRF/2ª R. não modificou o entendimento no sentido de que o acórdão da ação rescisória somente produzirá efeitos após o trânsito em julgado desta ação.” Sem relevância tais argumentos. É incontroverso que desfecho das presentes autuações estão vinculadas o que for decidido nos autos do processo da referida ação rescisória, conforme expressamente consignado pela fiscalização e na decisão recorrida. O fato de a autoridade fiscal ter mencionado o processo administrativo nº 12466.002362/200020, em Fl. 3250DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12466.000991/200989 Acórdão n.º 3102002.228 S3C1T2 Fl. 110 21 controlado o desfecho das ações judiciais, e não o processo nº 2006.02.01.0004164, que trata da ação rescisória, tratase de equívoco sem relevância ante a clareza com que tal condição foi explicitada no âmbito das referidas autuações. É pertinente ressaltar que, conforme explicitado pelo TRF da 2ª Região, no julgamento dos embargos declaratórios interpostos no âmbito dos autos da Medida Cautelar Inominada nº 2005.02.01.0144723, a decisão liminar alcançava “a suspensão dos processos administrativos, permitindo o lançamento dos créditos tributários objeto dos pedidos, porém, com a exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal.” Dessa forma, o que se encontra suspenso são apenas os processos administrativos relativos aos pedidos de ressarcimento e compensação e a exigibilidade do crédito tributário exigido, cujo lançamento fora expressamente autorizado pelo referido Tribunal. No caso, diferentemente do alegado pela recorrente, as duas condições que autorizam realização do lançamento, inequivocamente, encontramse presentes, a saber: a) suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, V, do CTN, até o julgamento definitivo da ação rescisória; e b) autorização para proceder o lançamento dos créditos tributários compensados. Por todas essas razões, rejeitase as alegações suscitadas pela recorrente, para manter os lançamentos em questão, com ressalva de que a totalidade do valor do crédito tributário lançado deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto perdurar a determinação nesse sentido, proferida no âmbito dos autos da citada ação rescisória. III Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar as preliminares de nulidade e de cancelamento dos autos de infração e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 3251DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 10480.726059/2011-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2008
COISA JULGADA. PERDA DE EFICÁCIA. RESP Nº 1118893/MG.
A coisa julgada é imutável para a autoridade administrativa, e a sentença transitada em julgado somente deixa de ser eficaz por meio de outra decisão judicial que, examinando os fatos à luz das regras prescritas no Ordenamento para sua rescisão, a substitui com força de Lei para as partes envolvidas na situação de trato sucessivo. Aplica-se ao caso o REsp nº 1118893/MG, nos termos do art. 62-A do RICARF.
Numero da decisão: 1302-001.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior e Waldir Veiga Rocha. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Eduardo de Andrade.
(assinado digitalmente)
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
(assinado digitalmente)
EDUARDO DE ANDRADE - Redator designado.
EDITADO EM: 09/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (presidente da turma), Márcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Eduardo de Andrade. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Recorrente WHITE MARTINS GASES INDUSTRIAIS DO NORDESTE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 COISA JULGADA. PERDA DE EFICÁCIA. RESP Nº 1118893/MG. A coisa julgada é imutável para a autoridade administrativa, e a sentença transitada em julgado somente deixa de ser eficaz por meio de outra decisão judicial que, examinando os fatos à luz das regras prescritas no Ordenamento para sua rescisão, a substitui com força de Lei para as partes envolvidas na situação de trato sucessivo. Aplicase ao caso o REsp nº 1118893/MG, nos termos do art. 62A do RICARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior e Waldir Veiga Rocha. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Eduardo de Andrade. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. (assinado digitalmente) EDUARDO DE ANDRADE Redator designado. EDITADO EM: 09/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (presidente da turma), Márcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Eduardo de Andrade. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 60 59 /2 01 1- 91 Fl. 2042DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1135.917 da 3ª Turma da DRJ/REC, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 COISA JULGADA. EFEITOS. LIMITES. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUADA. Alterações legislativas na norma impugnada afetam a imutabilidade da coisa julgada, interrompendo seus efeitos nos casos de relação jurídica continuativa. NÃO RECOLHIMENTO DA CSLL APURADA EM 31 DE DEZEMBRO. MULTA PROPORCIONAL. NÃO RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS DA CSLL. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá tanto a multa isolada sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos quanto a multa proporcional sobre a contribuição apurada em 31 de dezembro e não recolhida. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1235.871 em 28/02/2012, conforme Comunicação nº 677/2012 (doc. a fls. 1.880), interpôs, em 15/05/2012, recurso voluntário (doc. a fls. 1639 e segs.), no qual alega as seguintes razões de defesa: a) que a recorrente foi intimada em 30/04/2012 da Carta Cobrança nº 87/2012, visando a conbrança do débito destes autos e apresentou, tempestivamente, o presente recurso voluntário, dentro do prazo de 30 dias; b) que a recorrente não foi intimada do Acórdão de julgamento da impugnação, pois, embora a decisão tenha sido disponibilizada no seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) em 28 de fevereiro de 2012, a recorrente jamais requereu ou autorizou a Receita Federal a enviar eletronicamente intimações ou decisões prolatadas no curso de processos administrativos em que é parte, o que era condição, nos termos do art. 4º, § 1º, da Portaria nº 259/2006, para a utilização do DTE; c) que este é o ÚNICO caso em que a RECORENTE foi intimada eletronicamente, não obstante o recebimento recente, via postal, de diversas outras intimações referentes a decisões prolatadas em outros casos, como por exemplo no processo n.° 10768004142/200389 (DOC3); d) que a própria intimação acerca da carta de cobrança, prolatada nos autos deste processo ocorreu pela via postal inexistindo portanto razão lógica para que o acórdão da DRJ fosse remetido pela via eletrônica sem o prévio consentimento da RECORRENTE; e) que, neste esteio, a RECORRENTE requer o regular processamento do presente Recurso Voluntário na medida em que a ciência à RECORRENTE do Acórdão Fl. 2043DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 3 3 prolatado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife, somente ocorreu quando do recebimento da carta de cobrança n° 87/2012 por via postal; f) que o suposto débito fiscal, ora em julgamento, decorreu do fato de que a Fiscalização entendeu que a recorrente deveria recolher CSLL, apesar de possuir decisão judicial declarando a inexistência de relação jurídico tributária decorrente da Lei nº 7.689/88; g) que, no REsp nº 1118893MG, o E. Superior Tribunal de Justiça decidiu, sob o rito dos recursos repetitivos, preconizado no art. 543C do CPC que declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o Fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência; h) que esta decisão tem força vinculante para o CARF, nos termos do art. 62 A do RICARF; i) que a recorrente possui decisão judicial prolatada nos autos do Mandado de Segurança nº 90.00020700, ratificada pelo E. Tribunal Federal da Quinta Região e por despacho do Ilmo. Ministro Sepúlveda Pertence, nos autos do RE nº 140.2024, declarando a inexistência de relação jurídicotributária entre a ora recorrente e a União, ou seja, reconhecendo o seu direito de não se sujeitar à CSLL; j) que o Fisco procedeu a lavratura do auto de infração duas décadas após o trânsito em julgado da referida decisão judicial; l) que é equivocado entendimento segundo o qual a referida decisão perdeu seus efeitos com o advento da legislação posterior que alterou a Lei 7689/88, pois elas apenas majoraram alíquotas da CSLL e alteraram a destinação de sua arrecadação, o que não significar instituir tributo, tanto que consta da fundamentacão do auto de infração o art. 2º e §§ da Lei 7689/88; m) que, enquanto não houver a lei que consigne todos os critérios da hipótese de incidência da CSLL, não pode o Fisco exigir tal tributo da recorrrente; n) que a Súmula 239 do STF não tem aplicação para decisão sobre a legitimidade ou constitucionalidade de determinado tributo em face de vícios de sua instituição, mas só para a delcaração de cobrança indevida em determinado exercício; o) que, tendo sido lavrado o auto de infração após o encerramento do ano base, como no presente caso, eventuais insuficiências de recolhimento da CSLL serão punidas somente com a aplicação da multa de ofício prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 e não mais pela exigência de multa isolada; p) que a também a multa isolada não pode ser cobrada cumulativamente com a multa de ofício ad valorem; q) que ofende o princípio da legalidade a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício. Em Sessão do dia 10/09/2013, esta Turma converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 1302000.253 (a fls. 1956 e seguinte), da qual vale pinçar os seguintes trechos: “Não obstante a recorrente alegue que nunca autorizou a Receita Federal a intimála eletronicamente de decisões proferidas pelas instâncias administrativas, a unidade preparadora (Secat/DRF/Recife/PE), no Comunicado nº 677/2012 (a fls. 1880), sustentou que: Fl. 2044DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 ‘Em resposta à sua manifestação apresentada em 15/05/2012, comunicamos que a realização de ciência eletrônica somente é permitida para o sujeito passivo que tenha optado pelo Domicílio Tributário Eletrônico, mediante envio à SRF de Termo de Opção, por meio do eCAC, conforme dispõe o art. 4º da Portaria SRF nº 259/2006, abaixo transcrito: Art. 4º A intimação por meio eletrônico, com prova de recebimento, será efetuada pela SRF mediante: I – envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; § 1º Para efeito do disposto no inciso I, considerase domicílio tributário do sujeito passivo a Caixa Postal a ele atribuída pela administração tributária e disponibilizada no eCAC, desde que o sujeito passivo expressamente o autorize. § 2º A autorização a que se refere o § 1º darseá mediante envio pelo sujeito passivo à SRF de Termo de Opção, por meio do eCAC, sendo lhe informadas as normas e condições de utilização e manutenção de seu endereço eletrônico. Diante do exposto acima, considerase realizada a ciência da Decisão da DRJ em 28/02/2012. Contudo, com base no art. 35 do Decreto nº 70.235/72, encaminhamos o Recurso Voluntário impetrado por Vossa Senhoria ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para análise.’ Assim, entendeu a Unidade Preparadora que o recurso estava perempto, pois considerou válida a intimação eletrônica do Acórdão recorrido feita à recorrente em 28/02/2012. Em face do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora junte, aos autos, cópia do Termo de Opção enviado pela recorrente, nos moldes que dispõe o § 2º do art. 4º da Portaria SRF nº 259/2006. Após cumprida a diligência, deverá ser ofertado prazo de trinta dias para que a recorrente se pronuncie sobre as conclusões da autoridade preparadora.” Em despacho datado de 21/01/2014, a DRF/Recife assim respondeu à diligência determinada pela Resolução nº 1302000.253: Nos autos do processo acima identificado, foi expedida a Resolução n° 1302 000.253 3a Câmara/2a Turma Ordinária, com data em 10/09/2013 e de autoria do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, convertendo o julgamento de recurso voluntário em diligência junto à esta Delegacia da Receita Federal para que seja juntada ao processo cópia do Termo de Opção pelo Domicílio Tributário Eletrônico solicitado pela recorrente. A Coordenação Geral de Arrecadação e Cobrança CODAC, da Secretaria da Receita Federal, editou a Nota Técnica Caixa Postal e DTE n° 001/2013 (fls. 1962 a 1963), através da qual divulga a implantação de novos serviços aos contribuintes, a partir de 08/07/2013, referentes à opção pelo Domicílio Tributário Eletrônico. Dentre os quais estão: Visualizar, na íntegra, os termos de opção e de cancelamento assinados a partir de 8/7/2013, bem como as informações sobre o número de inscrição do usuário, o nome, o papel exercido (titular, representante legal ou procurador) e o número do certificado digital responsável pela operação no Portal eCAC; Consultar os dados históricos de opções e de cancelamentos dos termos, inclusive os anteriores a 8/7/2013. Portanto, compreendese que para os termos de opção pelo DTE realizados a partir de 08/07/2013, é possível visualizar o documento assinado digitalmente Fl. 2045DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 4 5 em sua totalidade, ou seja, o próprio documento. E para os termos de opção anteriores a 08/07/2013, só é possível consultar os dados da opção. As consultas acima referidas são realizadas no sistema denominado Portal e CAC. Conforme fls. 1961 do processo, foi feita a consulta do CNPJ da recorrente no Portal eCAC, constatandose que a opção pelo DTE foi registrada em 23/08/2011, portanto, anterior a 08/07/2013. Desta forma, não é possível obter no sistema informatizado da RFB a cópia do Termo de Opção pelo DTE enviado pela recorrente em 23/08/2011. Submeto a presente informação a chefia do SECAT/DRF/REC. Posteriormente, que seja providenciada a ciência ao interessado, com concessão de prazo de 30 dias para se pronunciar. Após o prazo, o processo retornará ao CARF para prosseguim nto do julgamento. A fls. 2015, em petição datada de 11/2/2014, a recorrente volta a repetir todos os argumentos já constantes da peça recursal sobre a tempestividade do recurso voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 1677, razão pela qual passo a analisar a sua tempestividade. Não obstante a Autoridade diligenciadora tenha juntado aos autos documento a fls. 1961, referente à consulta, por ele feita, ao Portal eCAC, na qual foi constatada que a opção pelo DTE foi registrada em 23/08/2011, isso não é suficiente para comprovar que houve um ato da recorrente optando pela utilização do DTE, o que só poderia ser feito, nos termos do art. 4º da Portaria SRF nº 259/2006, pela juntada aos autos do Termo de Opção. Ademais, há indícios que militam a favor da recorrente, no sentido de que efetivamente não houve tal opção, como, por exemplo, o fato de a recorrente ter sido intimada da Carta Cobrança (ato posterior à decisão recorrida) por via postal (doc. a fls. 2025). Por essas razões, sustento que o recurso voluntário é tempestivo e voto no sentido de conhecêlo. DA COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICOTRIBUTÁRIA A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional exarou, em 30 de março de 2011, o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, do qual consta a seguinte conclusão: “99. Eis a síntese das principais considerações/conclusões expostas ao longo do presente Parecer: .................................................................................................................. (ii) possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente, precisamente por serem dotados dos atributos da definitividade e objetividade, os seguintes precedentes do STF: (i) todos os formados em controle concentrado de constitucionalidade, independentemente da época em que prolatados; (ii) quando posteriores a 3 de maio de 2007, aqueles Fl. 2046DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham resultado de julgamento realizado nos moldes do art. 543B do CPC; (iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgados posteriores da Suprema Corte.”. Esse Parecer foi ratificado pelo Ministro de Estado da Fazenda, o qual emitiu o seguinte despacho: “Aprovo o PARECER PGFN/CRJ/Nº 492/2011, 30 de março de 2011, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que concluiu que: i) quando sobrevier precedente objetivo e definitivo do STF em sentido favorável ao Fisco, este pode voltar a cobrar o tributo, tido por inconstitucional em anterior decisão tributária transitada em julgado, em relação aos fatos geradores praticados dali para frente, sem que necessite de prévia autorização judicial nesse sentido; (ii) quando sobrevier precedente objetivo e definitivo do STF em sentido favorável ao contribuinteautor, este pode deixar de recolher o tributo, tido por constitucional em anterior decisão tributária transitada em julgado, em relação aos fatos geradores praticados dali para frente, sem que necessite de prévia autorização judicial nesse sentido. Publiquese o presente Despacho e o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 no Diário Oficial da União (DOU).” A inteligência do referido parecer levanos a concluir que, havendo decisão definitiva do Plenário do Supremo Tribunal Federal pela constitucionalidade da Lei 7.689/88 e anterior aos fatos geradores do lançamento em tela, mesmo que seja em controle difuso de constitucionalidade (Recurso Extrordinário), há se afastar a proteção da coisa julgada, para se considerar legítima a exigência do tributo. Ora, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN 15 (Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), DJU 01.08.2007, restringiu a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 7.689/88 apenas aos seus arts. 8º e 9º. Assim sendo, à luz do aludido Parecer, há que se afastar a alegação de coisa julgada, já que o fato gerador em tela é 2008, ou seja, posterior a referida decisão em controle concentrado de constitucionalidade. Assim sendo e ressalvada a minha posição, adoto as conclusões do PGFN/CRJ/Nº 492/2011, por força do disposto no art. 13 combinado com o art. 42 da Lei Complementar nº 73/93, in verbis: Art. 13 A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional desempenha as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos no âmbito do Ministério da Fazenda e seus órgãos autônomos e entes tutelados. ................................................................................................................... Art. 42. Os pareceres das Consultorias Jurídicas, aprovados pelo Ministro de Estado, pelo SecretárioGeral e pelos titulares das demais Secretarias da Presidência da República ou pelo Chefe do EstadoMaior das Forças Armadas, obrigam, também, os respectivos órgãos autônomos e entidades vinculadas. Por último, ressalto que entre as duas normas que nos vincula, prevalece a Lei Complementar nº 73/93 ao RICARF, mormente quando aquela torna obrigatória a observância de Parecer específico sobre o tema ora em debate. Fl. 2047DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 5 7 DA MULTA ISOLADA Inicialmente, friso que este Colegiado tem firmado diferentes posições sobre o tema, se não vejamos: a) há quem sustente que não se aplica a multa isolada após o encerramento do anocalendário, pois, a partir desse momento, só caberia a multa de ofício sobre o imposto de renda devido sobre o lucro real, já que não se pode penalizar duas vezes pela mesma infração; b) há quem sustente que só se aplica a multa isolada sobre o valor que o montante do imposto sobre as bases estimadas superarem o imposto de renda sobre o lucro real devido ao final do ano; c) há quem sustente que, até a entrada em vigor da redação dada pela Lei 11.488/07, a literalidade da redação original do art. 44, § 1o , IV, da Lei 9.430/96 impunha que a multa isolada só fosse devida quando a pessoa jurídica deixasse de pagar a CSLL e que os valores calculados sobre a base estimada são meras antecipações, logo não se confundem com tais tributos; d) há quem sustente que a multa isolada não é devida juntamente com a multa de ofício por ser aplicável o instuto do Direito Penal da “consunção”. Tratase assim de questão de amplo conhecimento deste Colegiado, razão pela qual, peço vênia aos meus pares para reproduzir voto proferido em outras assentadas, no qual enfrentei cada uma dessas posições. Da inviabilidade de aplicação do princípio da consunção O princípio da consunção é princípio específico do Direito Penal, aplicável para solução de conflitos aparentes de normas penais, ou seja, situações em que duas ou mais normas penais podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato. Primeiramente, há que se ressaltar que a norma sancionatória tributária não é norma penal stricto sensu. Vale aqui a lembrança que o parágrafo único do art. 273 do anteprojeto do CTN (hoje, art. 112 do CTN), elaborado por Rubens Gomes de Sousa, previa que os princípios gerais do Direito Penal se aplicassem como métodos ou processos supletivos de interpretação da lei tributária, especialmente da lei tributária que definia infrações. Esse dispositivo foi rechaçado pela Comissão Especial de 1954 que elaborou o texto final do anteprojeto, sendo que tal dispositivo não retornou ao texto do CTN que veio a ser aprovado pelo Congresso Nacional. À época, a Comissão Especial do CTN acolheu os fundamentos de que o direito penal tributário não tem semelhança absoluta com o direito penal (sugestão 789, p. 513 dos Trabalhos da Comissão Especial do CTN) e que o direito penal tributário não é autônomo ao direito tributário, pois a pena fiscal mais se assemelha a pena cível do que a criminal (sugestão 787, p.512, idem). Não é difícil, assim, verificar que, na sua gênese, o CTN afastou a possibilidade de aplicação supletiva dos princípios do direito penal na interpretação da norma tributária, logicamente, salvo aqueles expressamente previstos no seu texto, como por exemplo, a retroatividade benigna do art. 106 ou o in dubio pro reo do art. 112. Das condutas infracionais diferentes Ainda que aplicável fosse o princípio da consunção para solucionar conflitos aparentes de norma tributárias, não há no caso em tela qualquer conflito que justificasse a sua aplicação. Conforme já asseverado, o conflito aparente de normas ocorre quando duas ou mais Fl. 2048DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 normas podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato, o que não ocorre in casu, já que temos duas situações fáticas diferentes: a primeira, o não recolhimento do tributo devido; a segunda, a não observância das normas do regime de recolhimento sobre bases estimadas. Ressaltese que o simples fato de alguém, optante pelo lucro real anual, deixar de recolher a CSLL mensal sobre a base estimada não enseja per se a aplicação da multa isolada, pois esta multa só é aplicável quando, além de não recolher a CSLL mensal sobre a base estimada, o contribuinte deixar de levantar balanço de suspensão, conforme dispõe o art. 35 da Lei no 8.981/95. Assim, a multa isolada não decorre unicamente da falta de recolhimento da CSLL mensal, mas da inobservância das normas que regem o recolhimento sobre bases estimadas, ou seja, do regime. Temos, então, duas situações fáticas diferentes, sob as quais incidem normas também diferentes. O art. 44 da Lei no 9.430/96 (na sua redação vigente à época do lançamento) já albergava várias normas, das quais vale pinçar as duas sub examine: a decorrente da combinação do inciso I do caput com o inciso I do § 1o aplicável por falta de pagamento do tributo; e a decorrente da combinação do inciso I do caput com o inciso IV do § 1o – aplicável pela não observância das normas do regime de recolhimento por estimativa. Ora, a norma prevista da combinação do inciso I do caput com o inciso I do § 1o do art. 44 jamais poderia ser aplicada pela falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada, então, como se falar em consunção, para que esta absorva a norma prevista da combinação do inciso I do caput com o inciso IV do mesmo § 1o . Assim, demonstrado que temos duas situações fáticas diferentes, sob as quais incidem normas diferentes, resta irrefutável que não há unidade de conduta, logo não existe qualquer conflito aparente entre as normas dos incisos I e IV do § 1º do art. 44 e, consequentemente, indevida a aplicação do princípio da consunção no caso em tela. Noutro ponto, refuto os argumentos expendidos no acórdão recorrido, os quais concluem que a falta de recolhimento da estimativa mensal seria uma conduta menos grave, por atingir um bem jurídico secundário – que seria a antecipação do fluxo de caixa do governo. Conforme já demonstrado, a multa isolada é aplicável pela não observância do regime de recolhimento pela estimativa e a conduta que ofende tal regime jamais poderia ser tida como menos grave, já que põe em risco todo o sistema de recolhimento da CSLL sobre a base ajustada anual – pelo menos no formato desenhado pelo legislador. Em verdade, a sistemática de antecipação dos impostos ocorre por diversos meios previstos na legislação tributária, sendo exemplos disto, alem dos recolhimentos por estimativa, as retenções feitas pelas fontes pagadoras e o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), feitos pelos contribuintes pessoas físicas. O que se tem, na verdade são diferentes formas e momentos de exigência da obrigação tributária. Todos esses instrumentos visam ao mesmo tempo assegurar a efetividade da arrecadação tributária e o fluxo de caixa para a execução do orçamento fiscal pelo governo, impondose igualmente a sua proteção (como bens jurídicos). Portanto, não há um bem menor, nem uma conduta menos grave que possa ser englobada pela outra, neste caso. Ademais, é um equívoco dizer que o não recolhimento do CSLLestimada é uma ação preparatória para a realização da “conduta mais grave” – não recolhimento do tributo efetivamente devido no ajuste. O não pagamento de todo o tributo devido ao final do exercício pode ocorrer independente do fato de terem sido recolhidas as estimativas, pois o resultado final apurado não guarda necessariamente proporção com os valores devidos por estimativa. Ainda que o contribuinte recolha as antecipações, ao final pode ser apurado um saldo de tributo a pagar, com base no resultado do exercício. As infrações tributárias que ensejam a multa isolada e a multa de ofício nos casos em tela são autônomas. A ocorrência de uma delas não pressupõe necessariamente a existência da outra, logo inaplicável o princípio da consunção, já que não existe conflito aparente de normas. Fl. 2049DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 6 9 Das diferentes bases para cálculos das multas A tese de que as multas isolada e de ofício, no presente caso, estariam incidindo sobre a mesma base, também, não deve prosperar, seja porque as bases não são idênticas, seja porque, ainda que idênticas, o bis in idem só ocorreria se as duas sanções fossem aplicadas pela ocorrência da mesma conduta, o que já ficou demonstrado que não ocorre, se não vejamos. A multa isolada corresponde a um percentual da CSLL calculada sobre a base estimada, na qual o valor das despesas e custos decorrem de uma estimativa legal, ou seja, o legislador quando determina a aplicação de um percentual sobre a receita bruta, para o cálculo da base estimada, está, em verdade, estimando custos e despesas. A multa de ofício, in casu, corresponde a um percentual sobre a CSLL calculada sobre a base ajustada, na qual se leva em conta as despesas e custos efetivamente incorridos. Em suma, se a base estimada difere do lucro real, se são valores distintos, inclusive com previsões legais distintas, os impostos delas resultantes são também valores distintos e, consequentemente, as multas ad valorem que incidem sobre elas, também, são valores que não se confundem. Todavia, ainda que as multas isolada e de ofício fossem calculadas sobre a CSLL incidente sobre a mesma base de cálculo, isso não significaria um bis in idem, pois, como já asseverado acima, a ocorrência de uma infração não importa necessariamente na ocorrência da outra, o que torna irrefutável que as infrações decorrem de condutas diversas. O contribuinte pode ter recolhido toda a CSLL devida sobre a base estimada em cada mês do ano calendário e não recolher a diferença calculada ao final do período, ficando sujeito assim a multa de ofíco, mas não a multa isolada. Ao contrário, pode deixar de recolher a CSLL sobre a base estimada, mas pagar, ao final do ano, toda CSLL sobre a base ajustada, hipótese na qual só ficará sujeito à multa isolada. A definição da infração, da base de cálculo e do percentual da multa aplicável é matéria exclusiva de lei, nos termos do art. 97, V do CTN, não cabendo ao intérprete questionar se a dosimetria aplicada em tal e qual caso é adequada ou excessiva, a não ser que adentre a seara da sua constitucionalidade, o que está expressamente vedado pela Súmula CARF no 2. Da redação original do art. 44, § 1o, IV, da Lei 9430/96 Aditese ainda, que o legislador dispôs expressamente, já na redação original do inciso IV do § 1o do art. 44, que é devida a multa isolada ainda que o contribuinte apure prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa ao final do ano, deixando claro, assim, que: a) primeiro, que estava se referindo ao imposto ou contribuição calculado sobre a base estimada, já que em caso de prejuízo fiscal e base negativa, não há falar em tributo devido no ajuste; e b) segundo, que o valor apurado como base de cálculo do tributo ao final do ano é irrelevante para se saber devida ou não a multa isolada; e c) terceiro, que a multa isolada é devida ainda que lançada após o encerramento do anocalendário, já que pode ser lançada mesmo após apurado prejuízo fiscal ou base negativa. Da negativa de vigência de lei federal Peço vênia aos meus pares, para expressar minha profunda discordância com as referidas posições adotadas por este Colegiado: Entendo que tais posicionamentos têm, em verdade, por via oblíqua, negado vigência a uma lei federal, pois afrontam literalmente o Fl. 2050DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 disposto nos art. 2o e 44, § 1o , IV, da Lei no 9.430/96 (vigente à época do lançamento) e no art. 35 da Lei 8.981/95. É demais imaginar que se coaduna com os mais comezinhos princípios do direito a permissão dada ao contribuinte, por tais decisões, para, em janeiro de um determinado ano calendário, decidir se obedece ou não o art. 2o e segs. da Lei no 9.430/96. Em outras palavras, os referidos posicionamentos deste Colegiado desnaturam a norma tributária tornandoa uma norma facultativa, já que a sua não observância não traz, à luz de tais posicioamentos, qualquer consequência jurídica. Alfim, ressalto que se equivoca a recorrente quando alega que o percentual aplicável na apuração da multa isolada foi 100%, pois, como bem demonstra a planilha a fls. 784, o autuante aplicou a multa isolada no percentual de 50%, em consonância com enquadramento legal (a fls. 6) do auto de infração, ou seja, art. 44 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário nesse ponto. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No que tange a questão da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, peço vênia aos meus pares, para reproduzir, mutatis mutandis, voto que proferi na 1ª Turma da CSRF (acórdão nº 9101001.474), o qual foi acolhido pelo voto de qualidade. De plano, vale analisarmos o art. 161 do CTN, o qual assim dispõe: "Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. ................................................................................................................" Notese que o termo crédito no caput do art. 161 vem desacompanhado do adjetivo "tributário", o que deixa clara a intenção do legislador de, nele, incluir também multas (ad valorem ou específicas). A mesma preocupação teve o legislador nos §§ 1˚ e 3˚ do art. 113 do CTN, pois, ao dispor que a penalidade se converte em obrigação qualificou apenas com o adjetivo principal (obrigação de dar), mas não com o adjetivo "tributário". Com isso, já se desconstitui qualquer argumento de ofensa ao conceito de tributo do art. 3º do CTN. Por sua vez, não procede a alegação de que a expressão "sem prejuízo de outras penalidades cabíveis" levaria à conclusão de que a multa de ofício (punitiva) não estaria contida no termo "crédito". Ora, a referida expressão autoriza o legislador ordinário a criar multas de caráter moratório, pois, da simples leitura do dispositivo, verificase que a penalidade ali tratada tem como causa apenas a impontualidade. Realmente, à luz do caput do art. 161 do CTN não incidem juros de mora sobre multa de mora, logicamente, quando for o caso de sua aplicação. Agora, quanto à multa de ofício, cuja causa não reside na mera impontualidade, esta compõe o crédito devido e, por consequência, sofre a incidência dos juros de mora. Assim sendo, em caso de vazio normativo, incidirá, por força do § 1˚ do art. 161, juros de mora à taxa de 1% a.m.. Cabe, então, agora, verificarmos se a matéria foi realmente disciplinada no art. 30 da Lei n˚ 10.522/02. Para tanto, trago à colação tanto o art. 30 como o dispositivo a que ele se remete, in verbis: "Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos Fl. 2051DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 7 11 geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1˚ de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. ................................................................................................................... Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1 de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Surge de plano uma questão a ser dirimida, qual seja, se a remissão feita, pelo caput do art. 30, aos débitos referidos no art. 29, limitase ou não aos débitos cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994. Ora, a remissão é técnica legislativa que visa abreviar o texto legal, evitando repetições desnecessárias. Todavia, há que ser cuidadosamente analisada, pois não pode levar a uma interpretação desarrazoada, resultante da absorção puramente mecânica e literal de uma norma pela outra. Desarrazoado é aquilo em que não se observa a lógica, a razão, é o despropósito. Logo, fere a lógica concluir que apenas as multas de oficio anteriores a 1995 sofreriam a incidência da taxa SEL1C, enquanto que as multas posteriores sofreriam a incidência de outra taxa de juros. Assim, entendo que a melhor exegese levanos a concluir que a remissão feita pelo caput do art. 30 alcança apenas a expressão "débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União", razão pela qual, no presente caso, concluo que incidem juros de mora à taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 2052DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 12 Voto Vencedor Conselheiro Eduardo de Andrade, Redator Designado Neste julgado, manifestou o ilustre Conselheiro Relator Alberto Pinto Souza Junior seu posicionamento quanto à procedência do lançamento, no sentido de que o colegiado deveria acatar as disposições do Parecer PGFN nº 492/2011. Não obstante o brilho do voto proferido, o colegiado divergiu, por maioria. Tendo sido designado redator do voto vencedor, passo a expor, então, minhas razões de votar. Embora haja dispositivos inibindo implicitamente a cognição da matéria por este colegiado, por remeter a decisão, independentemente de seu conhecimento, seja às conclusões exaradas pelo STJ no Resp nº 1118893MG, seja àquelas, em sentido absolutamente contrário, expostas no Parecer PGFN nº 492/2011, a existência desta antinomia leva, invariavelmente, à necessidade de adentrarse ao mérito da questão, ainda que não para decidila pelo mérito, mas para que se possa adotar com segurança um dos caminhos já pré estabelecidos ao julgador administrativo, oferecendo ao caso um julgamento com a necessária convicção. O caso não possibilita saída pelos critérios tradicionais (hierárquico, cronológico, da especialidade). Primeiro, porque há uma dificuldade inerente à aplicação dos critérios, já que as normas que estabelecem as condutas a serem adotadas em relação ao tratamento da coisa julgada (conclusões do REsp 1118893/MG e do Parecer PGFN nº 492/2011) diferem das normas que lhes conferem vinculação ao julgamento administrativo (art. 62A do Ricarf, e art. 13 e 42 da LC nº 73/93). Por fim, porque a própria tentativa de aplicação deles resulta infrutífera. Assim, pelo critério da lex superior, verificase que ambos os conteúdos prescritivos antinômicos derivam, em última análise, da vontade da mesma autoridade, o Exmo. Sr. Ministro da Fazenda, seja pela aprovação do Parecer, seja pela assinatura da Portaria que trouxe à lume o art. 62A do RICARF. Também não há solução pelo critério da especialidade. Isto porque, embora pareçam aparentemente tratar do mesmo tema (o que, por si só, já afastaria este critério) há uma discussão preliminar sobre a matéria tratada no REsp 1118893/MG e a matéria tratada no Parecer PGFN nº 492/2011, no sentido de que disporiam, em tese, sobre temas distintos, forçando necessariamente ao ingresso no mérito para verificála, vez que não é de pronto identificável. Por fim, é inaplicável também o critério cronológico, pois, sendo ambas contemporâneas (publicadas no primeiro semestre de 2011), não é para mim evidente da leitura dos textos que houve alguma mudança de posição temática final da autoridade que lhes impõe, demonstrando inclinação por uma ou outra via. Isto porque, a idéia principal contida no Parecer PGFN nº 492/2011, que é a desconstituição de decisão judicial por ato administrativo, baseado na mudança de jurisprudência do STF não é nova, tendo apenas ganho contornos mais específicos com a edição do parecer (vejase, v.g., que o procedimento de lançar a CSLL, desconsiderandose decisão transitada em julgado, já era comum bem antes do posicionamento do STF na ADI 15, baseado em: a) decisões posteriores em sentido contrário do STF no controle difuso; b) eventuais modificações de fundo promovidas pela legislação posterior à Lei nº 7689/88). Por outro lado, a decisão vinculante do STJ é tomada no âmbito do Poder Judiciário, sem qualquer participação deliberativa do Poder Executivo, exceto pela manutenção do art. 62A do RICARF, mesmo após tornarse a decisão definitiva. Fl. 2053DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 8 13 Deste modo, inevitável o ingresso no mérito da matéria, ainda que para decidir tão somente a questão da antinomia, seguindo, assim, o escólio de Bobbio1, para quem, na impossibilidade de se solucionar o conflito pelos critérios tradicionais, há que se tentar eliminar uma, duas, ou conservar ambas as normas antinômicas, por meio da interpretação. Digamos então de uma maneira mais geral que, no caso de conflito entre duas normas, para o qual não valha nem o critério cronológico, nem o hierárquico, nem o da especialidade, o intérprete, seja ele juiz ou o jurista, tem à sua frente três possibilidades: 1) eliminar uma; 2) eliminar as duas; 3) conservar as duas. Desta forma, após refletida análise, mediante este efetivo ingresso no mérito da matéria, concluí merecer reparos a adoção irrestrita do Parecer PGFN nº 492/2011, consoante adiante demonstrarei. a) Art. 62A do Ricarf e Efeito Repetitivo no Resp nº 1118893/MG Preliminarmente, requer a recorrente aplicação do art. 62A do Ricarf, mediante a reprodução, nesta decisão, do quanto decidido pelo STJ no julgamento do Resp nº 1118893/MG, sujeito ao regime do art. 543C do CPC, que decidiu não ter sido modificada ou revogada em sua essência a relação jurídicotributária entre contribuinte e fisco, nos termos da Lei nº 7.689/88, a inaplicabilidade da Súmula STF nº 239, porquanto afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, e a impossibilidade de, por manifestação posterior do STF em sentido oposto à decisão transitada em julgado, alterarse a coisa julgada, sob pena de se negar validade ao controle difuso de constitucionalidade. Eis a ementa do julgado: RECURSO ESPECIAL Nº 1.118.893 MG (2009/00111359) RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA RECORRENTE : ALE DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA ADVOGADO : JOSE MARCIO DINIZ FILHO E OUTRO(S) RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543C DO CPC. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – CSLL. COISA JULGADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 7.689/88 E DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICOTRIBUTÁRIA. SÚMULA 239/STF. ALCANCE. OFENSA AOS ARTS. 467 E 471, CAPUT, DO CPC CARACTERIZADA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1 BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10ªed. Brasília: Editora UNB; 1999, p.100101. Fl. 2054DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 14 1. Discutese a possibilidade de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL do contribuinte que tem a seu favor decisão judicial transitada em julgado declarando a inconstitucionalidade formal e material da exação conforme concebida pela Lei 7.689/88, assim como a inexistência de relação jurídica material a seu recolhimento. 2. O Supremo Tribunal Federal, reafirmando entendimento já adotado em processo de controle difuso, e encerrando uma discussão conduzida ao Poder Judiciário há longa data, manifestouse, ao julgar ação direta de inconstitucionalidade, pela adequação da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, ao texto constitucional, à exceção do disposto no art 8º, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, e no art. 9º, em razão da incompatibilidade com os arts. 195 da Constituição Federal e 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT (ADI 15/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 31/8/07). 3. O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. 4. Declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. 5. "Afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, não tem aplicação o enunciado nº 239 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores" (AgRg no AgRg nos EREsp 885.763/GO, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Primeira Seção, DJ 24/2/10). 6. Segundo um dos precedentes que deram origem à Súmula 239/STF, em matéria tributária, a parte não pode invocar a existência de coisa julgada no tocante a exercícios posteriores quando, por exemplo, a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na restrição em tela (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45). 7. "As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídicotributária. Por isso, está impedido o Fisco de cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material" (REsp 731.250/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ 30/4/07). 8. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/STJ. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, César Asfor Rocha, Hamilton Carvalhido e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator. Sustentaram, oralmente, os Drs. Jose Marcio Diniz Filho, pela recorrente, e Alexandra Maria Carvalho Carneiro, pela recorrida. Brasília (DF), 23 de março de 2011(data do julgamento) Fl. 2055DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 9 15 MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA Relator Regimentalmente, o art. 62A do RICARF estabelece que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF ou pelo STJ na sistemática prevista nos art. 543B e 543C do CPC deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Carf, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No que tange ao decisum proferido no Resp nº 1118893/MG, verificase que satisfaz as condições estabelecidas no art. 62A, vez que o acórdão ficou sujeito ao regime do art. 543C do CPC e Resolução 8/STJ, conforme texto da ementa supracitda. Além disso, o acórdão transitou em julgado em 09/05/20112, caracterizandose, assim, como decisão definitiva de mérito. O exame das matérias tratadas no Resp nº 1.118.893MG é o meio apropriado para saber se a decisão de mérito nele exarada guarda conformidade com a questão dos autos. b) Da matéria tratada no Resp nº 1.118.893MG b.1) Dos fatos Cuida o Resp nº 1118893/MG de suposta ofensa à coisa julgada pelo TRF/1ª em execução fiscal instaurada para cobrança da CSLL, embora existisse sentença judicial transitada em julgado declarando inexistência de relação jurídica material obrigandoa ao recolhimento da exação, sob a égide da Lei nº 7.689/88. Relativamente aos fatos analisados pelo acórdão, cabe reproduzir que havia transitado em julgado (fls.910/23), em 8/9/92 (fl. 48e) sentença proferida em ação de rito ordinário, pelo juízo federal da 7ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, que declarou a inexistência de relação jurídica que obrigasse a parte recorrente a recolher a CSLL, instituída pela Lei nº 7.689/88, reputada inconstitucional. Diante do ajuizamento de execução fiscal buscando a cobrança de valores correspondentes à CSLL referentes ao ano base de 1991, com vencimento em 30/04/92, ofereceu a parte recorrente [..] embargos à execução, sob argumento de ofensa à coisa julgada. b.2) Manifestação posterior do STF em sentido contrário 2 Consoante sítio do STJ, dísponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.2&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica &num_registro=200900111359 Fl. 2056DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 16 Após, menciona o Min. Relator que o STF, reafirmando entendimento já adotado em processo de controle difuso, e encerrando uma discussão conduzida ao Poder Judiciário há longa data, manifestouse, ao julgar a ação direta de inconstitucionalidade, pela adequação da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, ao texto constitucional, à exceção do disposto no art. 8º, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, e no art. 9º, em razão da incompatibilidade com os arts. 195 da Constituição Federal e 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.(grifo nosso) À frente o tema é retomado (fl.14/23), onde se assevera que a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada em nada se altera pelo fato de ter posteriormente se manifestado em sentido oposto, verbis: Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social. Para mim não é possível afirmar que o decisum se refere apenas a manifestações do STF proferidas em sede de controle concentrado. A uma, porque ao não efetuar qualquer discrimen, mas tão somente à fórmula geral manifestação posterior do STF em sentido oposto, não nos cabe dizer onde não foi dito, instituindo categorias onde não foram elas criadas. A duas, por conseqüência lógica, adotandose interpretação diversa do julgado, afinal se no entender do acórdão nem mesmo uma manifestação posterior no controle concentrado pode fragilizar a res judicata, que se dirá, então, da manifestação em controle difuso, em processo no qual o contribuinte não era parte. c) Parecer PGFN nº 975/2011 Posteriormente ao trânsito em julgado do acórdão proferido no Resp nº 1118893MG a PGFN editou o Parecer nº 975/2011, que, ao que nos parece, buscou elucidar eventuais pontos de conflito entre o acórdão do STJ e o Parecer PGFN nº 492/2011, que tinha por escopo tratar das situações de perda da eficácia de decisão transitada em julgado por decorrência de manifestação posterior do STF. Assim, de passagem, mas com proveito sobre o tema em exposição, colho o ensejo para, delimitando o alcance do acórdão do STJ, lembrar que embora tenhase dito no Parecer PGFN nº 975/2011 que não há conflito entre o acórdão e o Parecer nº 492/2011, tenho para mim que há colisão. Em primeiro lugar, segundo o Parecer PGFN nº 975/2011, embora o acórdão do STJ tivesse afirmado que decisão posterior do STF (no caso, a ADI nº 152/DF, publicada no DJ de 31/8/2007) não poderia alcançar decisão judicial transitada em julgado que declarou a inexistência de relação jurídicotributária ocorrida anteriormente à decisão da Suprema Corte, o fez em obiter dictum (e não, pois, como ratio decidendi). Vejase, a respeito, a passagem mencionada do Parecer nº 975/2011: 13. Entre suas razões de decidir, a Primeira Seção do STJ, ao tecer seu juízo acerca do debate sobre a suposta revogação da Lei nº 7.689, de 1988, pela legislação ulterior correlata, acabou adentrando em tema paralelo e manifestou seu entendimento Fl. 2057DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 10 17 quanto à impossibilidade da decisão do STF no julgamento da ADI nº 152/DF – DJ 31/8/2007 (que julgou pela constitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, com exceção de seus art. 8º e 9º) atingir o caso ora analisado. 14. Destarte, embora o objeto da demanda gravitasse no exame quanto à substancialidade ou acessoriedade das alterações legislativas da CSLL posteriores à Lei nº 7.689, de 1988, a Primeira Seção do STJ sucintamente, pois em um único e breve parágrafo, pugnou, em obter dictum, pela impossibilidade de decisão posterior do STF (no caso, a ADI nº 152/DF, publicada no DJ de 31/8/2007) alcançar/revalidar decisão judicial transitada em julgado que declarou a inexistência de relação jurídicotributária ocorrida no exercício de 1991, ou seja, de uma situação já consolidada anteriormente à decisão da Suprema Corte. De fato, naquele caso não se cuidava de negativa de eficácia prospectiva a decisão transitada em julgado por decorrência de decisão do STF em controle concentrado, visto que os fatos narrados no processo datam de 1991 e 1992. Mas a leitura do acórdão não me proporciona a leitura restritiva que dele faz o Parecer PGFN nº 975/2011. Isto porque vejo ali, naquele decisum, a resolução da questão de forma ampla, em seus variados contornos, pelo menos aqueles sujeitos à competência do STJ, embora estivesse sob apreciação tão somente a ofensa à coisa julgada, em especial aos art. 467 e 471 do CPC, verbis: Art. 467. Denominase coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: A análise ampla do tema feita pelo eminente Relator revela que o acórdão buscou não só tratar da mitigação da coisa julgada feita por lei (abordagem das alterações legislativas posteriores, no caso da Lei nº 7.689/88), mas também por decisão judicial (abordagem da jurisprudência posterior do STF em sentido contrário à coisa julgada). Para elucidar a situação, lembro que a antiga Lei de Introdução ao Código Civil (atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – Decreto nº 4.657/42, na redação dada pela Lei nº12.376/2010) já prescrevia, no §3º do art. 6º, o dever da Lei nova respeitar a coisa julgada, verbis: Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3º Chamase coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) A mesma disposição, constante do art. 5º, XXXVI, da CF/88, revela, mais uma vez preocupação do nosso Ordenamento em preservar a coisa julgada em face de lei nova. Art. 5º. ... XXXVI a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Fl. 2058DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 18 A questão da mitigação da coisa julgada por Lei posterior foi tratada pelo acórdão, ao efetuar a análise das leis posteriores à Lei nº 7.689/88, em especial pela remissão ao voto da eminente Min. Eliana Calmon no REsp nº 731.250/PE, apontado como paradigma no recurso especial. Mas, para além disso, também fez o acórdão a análise de violação da coisa julgada por decisão judicial, e neste ponto se situa, a meu ver, a análise de que um juiz ou um tribunal não podem reconhecer a quebra da coisa julgada tendo por base um julgado posterior do STF em sentido contrário, sem que isso represente violação aos art. 467 e 471 do CPC. Com respeito à conclusão quanto à manifestação posterior do STF em sentido oposto cuidada no REsp, entendo, como afirmei acima, da leitura do acórdão do STJ, que pode se referir tanto ao controle concentrado quanto ao controle difuso, e a mera condição de constar do rol de conclusões do acórdão já basta para sua vinculação ao julgamento administrativo, nos termos do art. 62A do RICARF. Faço apenas esta breve consideração, porquanto a dicção do Parecer PGFN nº 492/2011 é no sentido de que eventual decisão posterior do STF em sentido contrário à res judicata, ainda que em controle difuso, em processo do qual o contribuinte por ela protegido não faça parte, e mesmo sem que haja posterior resolução do Senado, se confirmada posteriormente por outras decisões tomadas pelo plenário do STF, é hábil para que se aniquilem os efeitos da decisão judicial alberga pela coisa julgada. O acórdão não abordou a possibilidade de quebra da autoridade da coisa julgada e da eficácia de decisão judicial por ato administrativo (auto de infração) que tenha como suporte de direito decisão do STF em sentido contrário e posterior à res judicata, porque, já em adiantado estágio aquele processo judicial, cuidavase de apreciar a quebra da coisa julgada pelo TRF/1ª Região, ao manter o ato administrativo que primeiramente a ofendeu. Tal questão apreciarei adiante, mas por ora cumpre dizer que, nos termos da delimitação feita pelo Parecer PGFN nº 975/2011, resta aí alguma matéria que é tratada no Parecer PGFN nº 492/2011 e que não é cuidada no acórdão do STJ. Todavia, a questão relativa à modificação de situação de direito por decisão do STF como mote hábil para per se cassar a autoridade de coisa julgada e desconsiderar, assim, efeitos da decisão por ela protegida, o foi, não só porque apreciado e disposto na ementa do acórdão, mas porque o acórdão efetivamente apreciou e decidiu que a quebra naquele caso resultava em violação ao art. 471 do CPC, como se infere do pedido e da decisão tomada pelo colegiado. EMENTA CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543C DO CPC. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – CSLL. COISA JULGADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 7.689/88 E DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICOTRIBUTÁRIA. SÚMULA 239/STF. ALCANCE. OFENSA AOS ARTS. 467 E 471, CAPUT, DO CPC CARACTERIZADA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. Discutese a possibilidade de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL do contribuinte que tem a seu favor decisão judicial transitada em julgado declarando a inconstitucionalidade formal e material da exação conforme concebida pela Lei 7.689/88, assim como a inexistência de relação jurídica material a seu recolhimento. Fl. 2059DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 11 19 2. O Supremo Tribunal Federal, reafirmando entendimento já adotado em processo de controle difuso, e encerrando uma discussão conduzida ao Poder Judiciário há longa data, manifestou se, ao julgar ação direta de inconstitucionalidade, pela adequação da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, ao texto constitucional, à exceção do disposto no art 8º, por ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, e no art. 9º, em razão da incompatibilidade com os arts. 195 da Constituição Federal e 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT (ADI 15/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 31/8/07). 3. O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. 4. Declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. 5. "Afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, não tem aplicação o enunciado nº 239 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores" (AgRg no AgRg nos EREsp 885.763/GO, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, Primeira Seção, DJ 24/2/10). 6. Segundo um dos precedentes que deram origem à Súmula 239/STF, em matéria tributária, a parte não pode invocar a existência de coisa julgada no tocante a exercícios posteriores quando, por exemplo, a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na restrição em tela (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45). 7. "As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídicotributária. Por isso, está impedido o Fisco de cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material" (REsp 731.250/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ 30/4/07). 8. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/STJ.(grifo nosso) Fl. 2060DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 20 O Parecer PGFN nº 975/2011 afirma que o Parecer PGFN nº 492/2011 trata da possibilidade de cessação da eficácia prospectiva de decisão transitada em julgado. Assim, a contrario sensu, não haveria divergência entre ele e a posição firmada no Resp 1118893MG, porquanto a posição do STJ se limitaria tão somente a rechaçar a cessação da eficácia retroativa de decisão transitada em julgado. Vejamse as passagens: 15. Por outro lado, o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 trata, além de outras questões, sobre a possibilidade de precedente objetivo e definitivo do STF constituir instrumento hábil a fazer cessar, prospectivamente, a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhes forem contrárias. 16. Nessa linha de entendimento, não há que se falar em divergência entre o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 e a posição firmada pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.118.893MG quanto ao alcance da ADI nº 152/DF, pois, em momento algum, tal Parecer defende a cessação de eficácia retroativa de decisão judicial transitada em julgado, que, se assim fosse, colidiria com o entendimento exarado no REsp nº 1.118.893MG, mas, na verdade, sustenta a cessação de eficácia de forma exclusivamente prospectiva. 17. Explicase: defende o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 que o contribuinte que tiver, a seu favor, decisão judicial transitada em julgado em que foi declarada a inconstitucionalidade de tributo e, em momento posterior, o STF manifestarse pela constitucionalidade da exação, a Administração Tributária Federal poderá cobrar o tributo em relação aos fatos geradores ocorridos após o trânsito em julgado da decisão do STF. Nunca em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente! A conclusão pela inexistência de colisão entre o Parecer PGFN nº 492/2011 e o acórdão do STJ no REsp nº 1118893/MG merece reparo. Embora citando uma decisão posterior do STF (proferida na ADI nº 152) à res judicata, e mesmo doutrina que cuida do efeito retrospectivo de decisão do STF em sentido contrário, o acórdão do STJ conclui pela impossibilidade de um tribunal acolher pedido para afastar a eficácia da decisão judicial transitada em julgado com base em uma decisão posterior do STF. Mas isto não autoriza inferir que limitouse ao denominado efeito retrospectivo, pelo qual uma decisão do STF incidiria sobre a coisa julgada anterior, atingindo fatos geradores anteriores à sua própria prolação. Isto porque a situação daqueles autos propiciava a segregação da conclusão para disciplinar diversamente efeito prospectivo e efeito retrospectivo da cessação de eficácia, vez que os fatos geradores ali tratados eram anteriores à prolação do acórdão na ADI nº152. Ou mesmo, simplesmente, a delimitar o julgado ao efeito retrospectivo. Mas ela não foi feita, nem no voto condutor, nem na ementa do acórdão. Vejamos o texto da ementa: 3. O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. Enfim, não vejo a limitação alegada no Parecer PGFN nº 975/2011 para aplicação do acórdão proferido no REsp nº 111.8893/MG tão somente ao mencionado efeito retrospectivo. Se o Parecer PGFN nº 492/2011 limitouse a disciplinar situações no âmbito prospectivo, não é verdade, de outro lado, que o acórdão do STJ também se limitou a disciplinar situações no âmbito retrospectivo, porque seu texto não faz esta limitação. Fl. 2061DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 12 21 Há uma razão lógica para o Parecer PGFN nº 492/2011 ter cuidado tão somente do efeito prospectivo, e ela reside no limite imposto pelo art. 146 do CTN, uma vez que se destina a regrar comportamentos das autoridades administrativas. Por sua vez, o acórdão do STJ cuida da violação aos art. 467 e 471 do CPC, que podem ocorrer tanto prospectivamente quanto retrospectivamente, embora se praticado com efeitos retrospectivos, o auto de infração não estará amparado pelo Parecer PGFN nº 492/2011. Pouco importa na análise da violação aos referidos artigos da lei processual, se a violação à coisa julgada se deu com efeito prospectivo ou com efeito retrospectivo. A questão ali posta é meramente a violação à coisa julgada. E ela sempre será posta, neste âmbito, por meio de uma contestação a um auto de infração lançado em ofensa à coisa julgada, tendo por fundamento de validade uma decisão posterior e em sentido contrário do STF ou uma lei posterior. Decerto que poderá haver ainda apreciação do STF quanto ao seu poder qualitativo de aniquilar a coisa julgada mediante decisão tomada pelo plenário em controle difuso ou concentrado, com efeitos prospectivos. Todavia, isto não autoriza inferir que o STJ tenha passado ao largo desta questão no Resp nº 111.8893MG. Reescrevo o trecho do acórdão, para maior elucidação: Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social. A análise do STJ é feita com base na lei processual e a posição adotada busca consonância com o direito posto e com nossa positivação da coisa julgada, pela qual uma decisão transitada em julgado passa a ser imutável, salvo se, em hipóteses muito específicas (como no caso de ação rescisória, ou de revisão do julgado, se houver modificação no estado de fato ou de direito, para relação jurídica continuativa) puder a coisa julgada ser revista por outro magistrado. Tal situação difere daquela – defendida no Parecer PGFN nº 492/2011 – pela qual mero acórdão do STF, seja em controle concentrado (com apreciação de questão abstrata) ou em controle difuso (em que apenas a Fazenda permanece como parte comum) que decida de forma diversa, seja hábil, nas situações aventadas, para per se cassar a coisa julgada. Assim, devo rechaçar parcialmente as conclusões do Parecer PGFN nº 975/2011 para reconhecer coincidência temática e conclusão distinta entre o Parecer PGFN nº 492/2011 e o acórdão proferido no REsp nº 111.8893/MG, motivo pelo qual a opção de um implica o abandono de outro. d) Modificação na situação de direito Entendo que, seja no controle difuso seja no concentrado, a decisão do STF que acolhe a constitucionalidade da Lei nº 7.689/88 pode vir a ser considerada como uma modificação no estado de direito, relativamente à questio decidida e albergada pela coisa julgada. Todavia, não há dispositivo legal positivado que faça ponte entre o quanto se dispõe num acórdão do STF em controle difuso ou concentrado e uma decisão judicial Fl. 2062DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 22 estabilizada pela coisa julgada, exceto pelas trilhas determinadas nas disposições legais vigentes, que não eximem a questio pacificada de um novo e específico exame judicial, se for este ainda cabível. No caso do controle concentrado, o dispositivo ulterior é incongruente com aquele relativo à coisa julgada anterior. Tratamse de dispositivos que estabelecem relações jurídicas distintas. Na coisa julgada anterior, declarouse inexistência de relação jurídica entre as partes, tendo a declaração de inconstitucionalidade sido decidida como questão incidental, fundamental para a motivação, mas que, nos termos do art. 469, I, do CPC não faz coisa julgada, verbis: Art. 469. Não fazem coisa julgada: I os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; Il a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. Já no caso da decisão proferida na ADI nº 152 o dispositivo declara tão somente a inconstitucionalidade dos art. 8º e 9º da Lei nº 7.689/88, julgando improcedentes os demais pedidos formulados (entre os quais o de que fosse a Lei julgada integralmente inconstitucional). Assim, em outras palavras, julga constitucional os demais dispositivos da Lei, verbis: Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu da ação direta e julgoua parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 8º e 9º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, julgando, no mais, improcedentes os pedidos formulados. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Cármen Lúcia e, neste julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie (Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Gilmar Mendes (VicePresidente). Plenário, 14.06.2007. De se ver que a questão da inexistência de relação jurídica entre contribuinte e Fazenda que embora tenha por motivação a declaração incidental de inconstitucionalidade da Lei nº 7.689/88, anteriormente decidida não resta atingida por esta decisão do STF, ainda que ela valha erga omnes. A novel decisão do STF, para partes sujeitas à decisão judicial anterior, ainda então com eficácia de Lei inter partes, pode ser vista tão somente uma modificação na situação de direito, que deverá ser alegada como causa de pedir para que se requeira a modificação da sentença anteriormente proferida em favor do contribuinte. Nada mais. No caso de controle difuso, não se seguem muitas variações, exceto pelo fato de que o contribuinte, alheio ao processo do qual não foi parte nem pôde se defender adequadamente, sequer tem conhecimento dela e sequer a ela se vincula. A modificação de jurisprudência experimentada pela suprema Corte, todavia, também nesta hipótese, pode ser considerada uma modificação na situação de direito, que também poderá ser alegada como causa de pedir. e) Súmula STF nº 239 Fl. 2063DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 13 23 O acórdão do STJ também analisa a limitação da Súmula STF nº 239 para a situação, como a daqueles autos, em que foi declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, situação em que não há falar na restrição em tela. Vejase: SÚMULA Nº 239 Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. Para fundamentação do afastamento da Súmula 239 relembra o votocondutor que o verbete, datado de 1963 teve como um de seus precedentes o voto vencedor do Ministro Castro Nunes, nos autos dos Embargos no Agravo de Petição nº 11.227, que assim se manifestara à época: O que é possível dizer, sem sair, aliás, dos princípios que governam a coisa julgada, é que esta se terá de limitar aos têrmos da controvérsia. Se o objeto da questão é um dado lançamento que se houve por nulo em certo exercício, claro que a renovação do lançamento no exercício seguinte não estará obstada pelo julgado. É a lição dos expositores acima citados. Do mesmo modo, para exemplificar com outra hipótese que não precludirá nova controvérsia: a prescrição do impôsto referente a um dado exercício, que estará prescrito, e assim terá sido julgado, sem que, todavia, a administração fiscal fique impedida de lançar o mesmo em períodos subseqüentes, que não estarão prescritos nem terão sido objeto do litígio anterior. Mas se os tribunais estatuíram sôbre o impôsto em si mesmo, se o declararam indevido, se isentaram o contribuinte por interpretação da lei, ou de cláusula contratual, se houveram o tributo por ilegítimo, porque não assente em lei a sua criação ou por inconstitucional a lei que o criou em qualquer dêsses casos o pronunciamento judicial poderá ser rescindido pelos meios próprios, mas enquanto subsistir será um obstáculo à cobrança, que, admitida sob a razão especiona de que a soma exigida é diversa, importaria praticamente em suprimir a garantia jurisdicional do contribuinte que teria tido, ganhando à demanda a que o arrastara o Fisco, uma verdadeira vitória de Pirro. A ementa do acórdão citado assim ficou redigida: Executivo fiscal – Impôsto de renda sobre juros de apólices – Coisa julgada em matéria fiscal. É admissível em executivo fiscal a defesa fundada em "coisa julgada" para ser apreciada pela sentença final. Não alcança os efeitos da coisa julgada em matéria fiscal, o pronunciamento judicial sôbre nulidade do lançamento do impôsto ou da sua prescrição referente a um determinado exercício, que não obsta o procedimento fiscal nos exercícios subseqüentes. (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45) Vale lembrar que a posição tomada pelo STJ diante da aplicação da Súmula nº 239/STF é referendada pela doutrina majoritária, que já em diversas manifestações, Fl. 2064DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 24 demonstrou que a referida súmula não se aplica às situações em que a Lei que cria o tributo é declarada inconstitucional, ainda que incidenter tantum. Neste sentido, lembro a reflexão autorizada de Tércio Sampaio Ferraz Júnior (Coisa julgada em matéria tributária e as alterações sofridas pela legislação da contribuição social sobre o lucro (Lei n.7.689/88). Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, vol. 125, pp.7291, fev.2006, p.8182): Essas posições jurisprudenciais, contudo, não são de interpretação absoluta e uniformemente literais. Acompanhando, de certo modo, a própria doutrina, o STF pronunciouse, ao dar provimento ao RE 93.048SP, delimitando o alcance da própria Súmula 239. Na ementa lêse: “Não incidência. Coisa julgada. Súmula 239 (interpretação restritiva). Inaplicação da Súmula 239 à hipótese, dado que o reconhecimento da inexistência do débito tributário, ajuizado pelas mesmas partes, e declarada inconstitucional faz coisa julgada material”. O Min. Rafael Mayer, relator, conforme destaca Ruy Barbosa Nogueira (Direito Tributário Atual, vol.4, 1984, p.605), em seu voto vencedor, esclareceu nesse sentido, que a referida súmula não se aplica a casos em que “a decisão se coloca no plano da relação de Direito Tributário material para dizer inexistente a pretensão fiscal do sujeito ativo, por inexistência da fonte legal da relação jurídica que obrigou o sujeito passivo, então não é possível renovar a cada exercício o lançamento e a cobrança do tributo, pois não há precedente vinculação substancial. A coisa julgada que daí decorre é inatingível e nova relações jurídicotributárias só poderiam advir da mudança dos termos da relação pelo advento de uma norma jurídica nova com as suas novas condicionantes.” (RTJ 99/418) Notase que as dificuldades tanto da doutrina quanto da jurisprudência estão, como dizia Rubens Gomes de Sousa, no mencionado texto, em que se encontrar entre soluções extremas um “temperamento”. A nosso ver, o problema colocase da seguinte maneira: a) não se nega a coisa julgada em matéria fiscal, por outra razão não fosse que por seu caráter constitucional irrestrito; b) quando aplicada, porém, gera uma dificuldade, cujo cerne está numa razoável compreensão dos seus limites objetivos; c) assim, quando referida a tributos, como o imposto de renda, que são cobrados por períodos certos de tempo, dando lugar a lançamentos periódicos, geralmente com a duração de um ano, a tendência parece ser a de se aceitar uma limitação temporal do alcance; d) contudo, a regra da Súmula 239 exige “temperamento” e a questão de se encontrar uma clara delimitação do decisum para efeito da coisa julgada tornase problemática, se observarmos que, em matéria fiscal, o objeto da demanda, sejam os tributos direitos ou indiretos, não é apenas a prestação devida, mas pode ser também uma situação jurídica concreta decorrente de aplicação de lei, por exemplo, declarada incidentalmente inconstitucional ou a ilegalidade de uma cobrança. (grifo nosso) Na mesma linha, ressaltando os ensinamentos de Celso Neves, Ruy Barbosa Nogueira, e Lúcia Valle Figueiredo, André Luiz Santa Cruz Ramos (O problema da limitação temporal dos efeitos da coisa julgada em matéria tributária. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, vol. 113, pp.1730, fev.2005, p.2224) afirma: Há muitos anos, em brilhante parecer, o professor Celso Neves já alertava para a necessidade de esclarecimentos alguns pontos referentes à aplicabilidade da Súmula nº 239 do STF. Como ele bem explica, o entendimento jurisprudencial consagrado nesta súmula só se aplica “quando expressamente se refere a cobrança indevida em determinado exercício”, ou seja, “circunscrita a lide ao indébito Fl. 2065DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 14 25 referente a determinado exercício, a coisa julgada não o transcende, por força do próprio princípio da congruência entre o pedido e a decisão”. Em alguns casos, porém, ressalta o professor Celso Neves, a própria declaração se reveste da autoridade da coisa julgada, em vez de se ater a repelir certos lançamentos, referentes a determinados exercícios. Não menos brilhante é a advertência feita por Ruy Barbosa Nogueira: “Imaginese ainda do ponto de vista prático, em um país como o Brasil, onde os maiores impostos são os continuativos ou de autolançamento, se cada contribuinte tivesse que impetrar mandado de segurança, propor ação ou ser demandado em cada ato a ser praticado, ou continuado, como ficariam os tribunais sufocados em atos repetitivos ou de rotina”. Também aponta José Maria Tesheiner que outros autores, como Lúcia Valle Figueiredo, também criticam o enunciado da súmula em comento, afirmando a necessidade de que, sobretudo nas hipóteses de isenção, imunidade e inconstitucionalidade, não se restrinja a sentença a decidir um único fato, para um mês, ou um exercício. Apenas no que se refere aos lançamentos, pois, é que os efeitos da coisa julgada tributária são limitados no tempo, restringindose ao que foi objeto do litígio. Em contrapartida, quando a demanda ataca não o lançamento, mas o imposto em si mesmo, os efeitos da coisa julgada tributária se projetam para os períodos subseqüentes. É esse o entendimento prevalecente nos precedentes que deram origem à Súmula nº 239 do STF, e assim que deve ser ela interpretada. Uma interpretação diferente só se justifica, como bem destaca Leonardo Greco, pela “esdrúxula autonomia” que os enunciados sumulares têm adquirido em relação aos seus precedentes, “tornandose verdadeiras normas genéricas e abstratas semelhantes às emanadas pelo Poder Legislativo”. (grifos nossos) Assim, arrematando a questão relativa à Súmula, que não se aplica em caso de declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, aduz o acórdão do STJ que em se tratando de ação declaratória, pela qual apenas se dá certeza oficial sobre a relação deduzida em juízo, não tendo nenhum outro efeito específico, seria absurdo que ela somente se referisse a um limitado exercício, liberando o sujeito ativo para cobrar tributos nos subseqüentes. A decisão revela que somente é aplicável a Súmula STF nº 239 se a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na referida restrição. f) Coisa julgada e eficácia da sentença judicial Nos termos do relatório (fl.4/23), o eminente relator, Min. Arnaldo Esteves Lima, menciona que a Fazenda defendia que “a coisa julgada não impede que lei nova passe a reger diferentemente os fatos ocorridos a partir de sua vigência, por ser a relação jurídico tributária de caráter continuativo” A alegação se fundava no art. 471, I, do CPC (abaixo transcrito) pois sendo a relação jurídicotributária de trato sucessivo, segundo parte da doutrina, não faria coisa julgada3. 3 Consoante Luiz Guilherme Penacchi Dellore esta é a posição de Vicente Greco Filho, para quem "por razões da natureza das relações jurídicas discutidas, não fazem, também, coisa julgada material: (...) IV as sentenças, em geral, proferidas em casos de relações jurídicas continuativas, quando sobrevém modificação no estado de fato ou de direito, caso em que a parte pode pedir a revisão do que foi estatuído na sentença (art. 471, I)." (Direito Fl. 2066DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 26 Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; A bem da verdade, a questão é controversa e não é unânime a afirmação de que não há coisa julgada nas relações de trato sucessivo. Sobre o tema, Luiz Guilherme Pennacchi Dellore4 afirma, v.g., que não há falar em coisa julgada capaz de obstar o julgamento de uma segunda demanda se não houver identidade de ações. E como o próprio art. 471,I, do CPC admite a revisão do estatuído se houver modificação no estado de fato ou de direito, admite, pois, revisão por nova causa de pedir, e desta forma, não há a necessária tríplice identidade. Desta forma, o dispositivo não afastaria a formação da coisa julgada; ao contrário, reforça o entendimento de que se forma a res judicata mesmo nas relações jurídicas continuativas, sendo que a segunda ação terá por finalidade modificar a relação jurídica estipulada pela primeira sentença e não a relação jurídica originária. Contudo, vejase que ainda que se admita a inexistência de coisa julgada nas relações jurídicas continuadas, como são aquelas que regem a cobrança do IRPJ e da CSLL, em hipótese alguma há falar em inexistência de eficácia da primeira sentença, que somente perderia eficácia a partir do início da eficácia da segunda sentença. A distinção entre autoridade da coisa julgada e eficácia da sentença foi brilhantemente defendida por Enrico Túlio Liebman na sua clássica obra Eficácia e Autoridade da Sentença. Nela, o mestre italiano que tanto influenciou nossa doutrina processual civil, e mesmo o anteprojeto Buzaid, que mesmo após várias alterações, ao se transformar no código de processo brasileiro de 1973 manteve muitas dessas influências – expôs sua distinção, tendo se consagrado a coisa julgada como uma forma elíptica de denominarse a autoridade da coisa julgada, pela qual ficaria um juiz, com os mesmos poderes e a jurisdição de um juiz anterior, impedido de conhecer de uma lide já decidida por aquele outro. Já, no que tange ao conteúdo e aos efeitos das sentenças, estas se classificariam em declaratórias, constitutivas e condenatórias. No ensino de Liebman5, Uma coisa é distinguir os efeitos da sentença segundo sua natureza declaratória ou constitutiva, outra é verificar se eles se produzem de modo mais ou menos perene e imutável. De fato, todos os efeitos possíveis da sentença (declaratório, constitutivo, executório) podem, de igual modo, imaginarse pelo menos em sentido puramente hipotético, produzidos independentemente da autoridade da coisa julgada, sem que por isso se lhe desnature a essência. A coisa julgada é qualquer coisa que se ajunta para aumentarlhes a estabilidade, e isso vale igualmente para todos os efeitos possíveis das sentenças. processual brasileiro, v.2, p.250) apud DELLORE, Luiz Guilherme Penacchi. Das Sentenças Definitivas que não são cobertas pela coisa julgada no direito processual civil brasileiro. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 2006, Universidade de São Paulo. 4 DELLORE, L.G.P. Op.Cit., p.126127. 5 LIEBMAN, Enrico Tulio. Eficácia e autoridade da sentença e outros escritos sobre a coisa julgada (com aditamentos relativos ao direito brasileiro). Tradução de Alfredo Buzaid e Benvindo Aires. Tradução dos textos posteriores à edição de 1945 e notas relativas ao direito brasileiro vigente de Ada Pellegrini Grinover. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1981, p.1920. Fl. 2067DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 15 27 Identificar a declaração produzida pela sentença com a coisa julgada significa, portanto, confundir o efeito com um elemento novo que o qualifica. No mesmo diapasão, em trecho posterior, acolhendo o ensino de Carnelutti, afirma o mestre que6 Não se pode, pois, duvidar de que a eficácia da sentença se possa e deve distinguir da autoridade da coisa julgada; e nesse sentido é certamente de acolher a distinção formulada por CARNELUTTI entre imperatividade e imutabilidade da sentença; porque é esta imperativa e produz todos os seus efeitos ainda antes e independentemente do fato da sua passagem em julgado. Não há como negar, das lições acima, perfeitamente acolhidas por nosso Ordenamento, que a questão da imutabilidade da decisão, ou autoridade da coisa julgada é assunto para magistrados dotados de jurisdição, jamais podendose nela imiscuir autoridades administrativas, a quem cumpre observar fielmente a eficácia da decisão jurisdicional (efeito da decisão) até que venha ela a ser modificada, se o for, por outra autoridade jurisdicional no exercício de sua jurisdição. Qualquer comportamento diverso da autoridade administrativa importará em desobediência da norma individual e concreta produzida e com eficácia plena. Frisando tal conclusão, aduz Liebman, ainda, acerca da eficácia da sentença7 Não há uma declaração que se dirija a uma pessoa, de preferência a outra determinada, e nem mesmo tantas declarações quantas são as pessoas obrigadas a sujeitarse a elas, mas um só ato que, emanado do órgão ao qual confiou a lei o poder de dizer soberanamente e com valor normativo qual seja, em caso, a sua vontade concreta, tem eficácia igual e não diferenciável para todos no âmbito do ordenamento jurídico. Também os juízes lhe estão sujeitos; não porém, de modo diverso de qualquer outro, e de todo em todo independentemente da coisa julgada; acontece apenas que, estando sempre e sem limitação investidos do poder jurisdicional dentro da esfera da própria competência, poderiam – malgrado a obrigatoriedade da precedente declaração – pronunciar em processo novo uma segunda sentença eventualmente contraditória. Para evitálo, serve a coisa julgada, pela qual dispõe a lei que o efeito produzido por uma sentença permanecerá irrevogavelmente adquirido. Mas isso não é – o que se deve pôr bem claro desde já – um efeito diverso e distinto, porém tãosó uma qualidade do próprio efeito. ... Foi somente esta estranha idéia da coisa julgada como vínculo dos juízes que pôde fazer sustentar que a sentença e a coisa julgada valessem só num futuro processo civil e não nas mil outras contingências da vida, em que pode ser necessário conhecer como é regulada pela lei determinada relação. 6 LIBEMANN, E.T. Op. Cit., p.46. 7 Idem.Ibidem, p. 42. Fl. 2068DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 28 Consoante o escólio de Liebman, ainda atualíssimo em face da nossa legislação processual, a coisa julgada seria a definitividade da decisão, enquanto que a eficácia dos efeitos da sentença, vista como um comando, seria sua imperatividade. A sentença, assim, vale como comando, contendo a formulação autoritativa duma vontade de conteúdo imperativo. Distinto disto é sua imutabilidade (ou a autoridade de sua coisa julgada), cujo poder de mutação é restrito a um círculo de juízes. Não é diferente o que dispõe nossa lei processual, nos termos dos art. 467 e 468 do CPC (embora, como tenha bem lembrado Ada Pellegrini Grinover nas notas ao texto do jurista italiano, a redação do art. 467 tenhase distanciado do conceito original proposto, conforme amplamente aceito pela doutrina): Art. 467. Denominase coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas.(grifos nossos) Como decorrência desta tomada de posição a coisa julgada deve ser observada pelas partes litigantes (limites subjetivos da coisa julgada), enquanto que a eficácia da sentença atinge a todos, que ficam sujeitos a observála. E desta forma, colhendo o ensinamento para o caso prático, temse que a decisão transitada em julgado em desfavor da Fazenda Nacional obrigaa, bem como a seus agentes, a observar a coisa julgada e a eficácia da sentença, sob pena de se negar eficácia ao art. 468 do CPC e à sentença legitimamente proferida e transitada em julgado. Quanto à desnecessidade de norma que cuide expressamente da eficácia geral da sentença, entende Liebman8 que A eficácia geral da sentença decorre tão singela e naturalmente do caráter público universalmente reconhecido à administração da justiça, que não há necessidade de nenhuma norma especial que expressamente a sancione. Em vez disso, seria necessária uma disposição explícita contrária para sermos obrigados a considerar diversamente; mas não existe disposição restritiva nesse sentido, como não existe princípio geral de que se possa deduzir intenção análoga da lei. Por certo, seria errôneo pretender inferir uma limitação subjetiva dos efeitos da sentença da limitação subjetiva da autoridade da coisa julgada, o que suporia demonstrada a identidade da eficácia e da autoridade da sentença, que são, pelo contrário, coisas absolutamente distintas. Nem mesmo o próprio legislador, para Liebman, escaparia dos limites impostos à coisa julgada, pois não poderia mudar a normação concreta da relação, a qual vem estabelecida para sempre pela autoridade da coisa julgada. Acaso o fizesse e somente de modo expresso o poderia fazer isso a nova lei teria como significação a abrogação implícita – na medida correspondente – da norma que sancionou o princípio da autoridade da coisa julgada. 9 De relance, lembrese que o princípio, em nosso direito, vem prescrito na própria constituição, com desdobramentos na lei de introdução às normas brasileiras e no código de processo civil, o que exigiria fosse feito, caso se pudesse fazêlo (isto porque, nos termos do art. 60, §4º, IV, da CF/88, tal matéria não pode se objeto de emenda constitucional), por emenda à constituição. 8 Idem, ibidem, p.126. 9 Idem.Ibidem, p.54. Fl. 2069DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 16 29 A doutrina coligida no acórdão proferido pelo STJ segue no mesmo sentido, tendo o relator trazido à colação o ensinamento de Eduardo Talamini (Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.30): A coisa julgada material pode ser configurada como uma qualidade de que se reveste a sentença de cognição exauriente de mérito transitada em julgado, qualidade essa consistente na imutabilidade do conteúdo do comando sentencial. g) Análise da superveniência de leis posteriores à Lei nº 7.689/88 O acórdão também aprecia a alegação de que a legislação ulterior à Lei nº 7.689/88 não alterou de forma substancial a CSLL e que a decisão recorrida contraria os art. 467 e 471 do CPC, verbis: Art. 467. Denominase coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: O votocondutor do acórdão do STJ remetese à tese já conduzida à apreciação do Tribunal nos autos do Resp 731.250/PE (Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, DJ 30/407), apontado como paradigma, oportunidade em que se decidiu que as alterações veiculadas pelos diplomas posteriores (Lei 7856/89, 8.034/90, 8.212/91, 8.383/91 e LC 70/91) não revogaram a disciplina da CSLL, que continuou a ser cobrada em sua forma primitiva. Neste acórdão, restou decidido que 2. A coisa julgada afastando a cobrança do tributo produz efeitos até que sobrevenha legislação a estabelecer nova relação jurídicotributária. ... 4. As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídicotributária. Por isso, está impedido o Fisco cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material. Adotase no REsp nº 1118893/MG (fl. 16/23) alguns fundamentos utilizados no acórdão mencionado, a saber: As referidas leis tão somente modificaram a alíquota e a base de cálculo da exação e dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não tiveram o condão de estabelecer uma nova relação jurídicotributária entre o Fisco e a executada, fora dos limites da coisa julgada. De relance, para que não passe despercebido, vale ressaltar que a conclusão adotada pela eminente Ministra, no sentido de que mudança na base de cálculo da exação não estabelece nova relação jurídicotributária não colide com a denominada tipologia bimembre Fl. 2070DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 30 dos tributos em nosso direito tributário, que, nas palavras de Paulo de Barros Carvalho10 seria composta pela conjugação da base de cálculo e hipótese de incidência, verbis: Introduzimos uma noção de induvidosa operatividade, para a qual convocamos todas as atenções: havendo desencontro entre os termos do binômio (hipótese de incidência e base de cálculo), a base é que deve prevalecer. Por isso tem o condão de infirmar o critério material oferecido no texto, que será substituído por aqueloutro que percebemos medido. Isto porque, a uma, não é qualquer aspecto da base de cálculo que tem interferência na possível classificação que o tributo venha a ostentar. A base de cálculo possui, em seu entender, três funções distintas: a) medir as proporções reais do fato; b) compor a específica determinação da dívida; c) confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro critério material da descrição contida no antecedente da norma. Todavia, para infirmar o critério material, há de haver alteração substancial que importe reconhecer hipótese de incidência distinta. A duas, porque para parte significativa da doutrina, sequer a base de cálculo teria esse condão classificador, responsável por distinguir a espécie tributária, como Geraldo Ataliba11, para quem é na hipótese de incidência que se encontra o verdadeiro critério classificador: 52.1 Por isso, na própria lei tributária – situado em posição essencial e nuclear – haverá de ser encontrado o elemento decisivo de classificação. Efetivamente, este está na h.i., mais precisamente, no seu aspecto material. 52.2 É a materialidade do conceito do fato, descrito hipoteticamente pela h.i. que fornece o critério para classificação das espécies tributárias. 52.3 O principal e decisivo caráter diferencial entre as espécies tributária está na conformação ou configuração e consistência do aspecto material da hipótese de incidência. 52.4 Conforme, pois, a consistência do aspecto material da h.i., será possível reconhecer as espécies de tributos. De se ver que mera alteração na base de cálculo, inserindo aqui uma rubrica, excluindo ali outra, não tem o condão de infirmar o critério material da hipótese de incidência, que permanecerá não abalada. Continuase a cuidar do mesmo tributo e da mesma relação jurídicotributária. Menciona o relator, também, o acórdão proferido também pelo STJ nos embargos de divergência (EResp) nº 731.250/PE (Rel. Min. José Delgado), opostos contra o AgRg no Ag 661.289/MG (precedente em sentido contrário), aos quais a Primeira Seção negou provimento. O acórdão que decidiu sobre os embargos tomou como razões de decidir o quanto segue: a) o acórdão embargado está fundado em precisa análise da natureza das leis que sucessivamente foram editadas, concluindo pela identidade das condições legitimadoras da exigência do tributo em referência, como se demonstra: As referidas leis tãosomente modificaram a alíquota e a base de cálculo da exação e dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não tiveram o condão de estabelecer uma nova relação jurídicotributária entre o Fisco e a executada, fora dos limites da coisa julgada. Por isso, está impedido o Fisco cobrar 10 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2000, p.328. 11 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2001, p.130. Fl. 2071DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 17 31 a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material. b) também o acórdão proferido em apelação, confirmado pelo julgado ora embargado, consignou com expressa clareza a essência da fundamentação adotada (fl. 62): A meu ver, tratase da mesma contribuição que foi julgada inconstitucional pela decisão deste Tribunal. Então, dessa maneira, entendo que somente com ação rescisória, se tivesse sido proposta a ação rescisória para desconstituir, em parte, o acórdão, para limitar aquele exercício de 1989 é que se poderia entender inaplicável o acórdão às situações posteriores. c) nesse contexto, o não pagamento da CSLL não se consubstancia em ilegalidade, porquanto autorizado pela coisa julgada; d) o acórdão paradigma (AgRg no Ag 661.289/MG, DJ 1010/2005, de minha relatoria), embora tenha examinado tema semelhante, está fundado na jurisprudência então existente (2005), havendo inclusive aplicado a Súmula 83 deste Superior Tribunal de Justiça, ao litígio. 3. Destarte, no caso em apreciação, como antes demonstrado, o acórdão embargado está amparado em fundamento diverso, no sentido de que, para além da mera alteração de expressões nas diferentes legislações que regularam a CSLL, ou mesmo das alíquotas praticadas, não houve real mutação dos critérios, pressupostos e condições que já havia sido objeto de expressa declaração de inconstitucionalidade. 4. Embargos de divergência conhecidos e nãoprovidos. (Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Primeira Seção, DJe 16/6/08) (grifo nosso) Percebese, assim, que a posição do Tribunal é a de somente admitir os efeitos da nova lei se houver mudança na relação jurídicotributária. Em caso contrário, somente mediante ação rescisória fica admitida tal possibilidade. Verificase, novamente, que esta posição está completamente desalinhada com a posição adotada no Parecer PGFN nº 492/2011 que admite que até mesmo decisão em controle difuso tomada pelo plenário e reiterada possa alterar a situação fática, autorizando – independentemente de ação rescisória – a manutenção do lançamento. Com relação à ofensa aos art. 467 e 471, caput, do CPC, o acórdão conclui pela sua ocorrência no caso em tela, verbis: Diante do fato de que o diploma legal em tela não foi revogado, mas tão somente alteradas, ao longo dos anos, alíquota e base de cálculo da CSLL, principalmente no tocante ao indexador monetário, permanecendo incólume a regra padrão de incidência, não há como deixar de reconhecer a ofensa à coisa julgada e, em consequência, aos arts. 467 e 471, caput, do CPC, pelo acórdão que permite a cobrança da referida contribuição (grifo nosso) h) O Parecer PGFN nº 492/2011 Fl. 2072DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 32 Paralelamente à publicação do acórdão proferido pelo STJ no Resp nº 111.8893MG, foi editado o Parecer da PGFN nº 492/2011, o qual foi aprovado pelo Sr. Ministro da Fazenda, sendo, assim, de observação também obrigatória, nos termos do art. 42 c/c art. 13, ambos da Lei Complementar nº 73/95, pelos órgãos autônomos e entidades vinculadas. Digno de nota é que referido parecer, embora forjado em elegante linguagem, e respaldado em vários estudos, expostos em riqueza de detalhes, chega, todavia, a conclusões com as quais não podemos concordar. No referido Parecer, estabelecese que: (i) a alteração nos suportes fático ou jurídico existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de relações jurídicas tributárias continuativas faz cessar, dali para frente, a eficácia vinculante dela emergente em razão do seu trânsito em julgado; (ii) possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente,, precisamente por serem dotados dos atributos da definitividade e objetividade, os seguintes precedentes do STF: (i) todos os formados em controle concentrado de constitucionalidade, independentemente da época em que prolatados; (ii) quando posteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham resultado de julgamento realizado nos moldes do art. 543B do CPC; (iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgados posteriores da Suprema Corte. (iii) o advento de precedente objetivo e definitivo do STF configura circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias; (iii) como a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado é automática, com o advento do precedente objetivo e definitivo do STF, quando no sentido da constitucionalidade da lei tributária, o Fisco retoma o direito de cobrar o tributo em relação aos fatos geradores ocorridos daí para frente, sem que, para tanto, necessite ajuizar ação judicial; por outro lado, com o advento do precedente objetivo e definitivo do STF, quando no sentido da inconstitucionalidade da lei tributária, o contribuinte autor deixa de estar obrigado ao recolhimento do tributo, em relação aos fatos geradores praticados dali para frente, sem que, para tanto, necessite ajuizar ação judicial; (iv) em regra, o termo a quo para o exercício do direito conferido ao contribuinteautor de deixar de pagar o tributo antes tido por constitucional pela coisa julgada, ou conferido ao Fisco de voltar a cobrar o tributo antes tido por inconstitucional pela coisa julgada, é a data do trânsito em julgado do acórdão proferido pelo STF. Excepcionase essa regra, no que tange ao direito do Fisco de voltar a cobrar, naquelas específicas hipóteses em que a cessação da eficácia da decisão tributária transitada em julgado tenha ocorrido em momento anterior à Fl. 2073DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 18 33 publicação deste Parecer, e tenha havido inércia dos agentes fazendários quanto à cobrança; nessas hipóteses, o termo a quo do direito conferido ao Fisco de voltar a exigir, do contribuinte autor, o tributo em questão, é a publicação do presente Parecer. De plano, verificase que uma das primeiras conclusões a que chega o parecer é a de que A alteração das circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de uma dada relação jurídica tributária de trato sucessivo faz surgir uma relação jurídica tributária nova, que, por isso, não é alcançada pelos limites objetivos que balizam a eficácia vinculante da referida decisão judicial. Daí por que se diz que, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, esta naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente, dada a sua natural inaptidão de alcançar a nova relação jurídica tributária. Com efeito, o conteúdo de tal conclusão deixa claro que a alteração da circunstância jurídica faz com que a decisão judicial naturalmente deixe de produzir efeitos vinculantes. Isto porque, em tese, a nova circunstância jurídica teria criado uma nova relação jurídicotributária que não a anteriormente decidida pela res judicata. Esta interpretação fica evidente da leitura das primeiras páginas do Parecer. Vejamos: 10. Ocorre que a imutabilidade e a eficácia vinculante da decisão transitada em julgado apenas recairá sobre os desdobramentos futuros da declaração, nela contida, de existência ou inexistência da relação jurídica de direito material sucessiva deduzida em juízo, se e enquanto permanecerem inalterados os suportes fático e jurídico existentes ao tempo da sua prolação, ou seja, se e enquanto continuarem ocorrendo aqueles mesmos fatos e continuar a incidir (ou a não incidir) aquela mesma norma sob os quais o juízo de certeza se formou. Alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, o que se faz possível em face da natureza conhecidamente dinâmica dos fatos e do direito, essa decisão naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente; tratase da cláusula rebus sic stantibus subjacente às sentenças em geral, com especial destaque àquelas que se voltam à disciplina de relações jurídicas de trato continuado. 11. Vejase que isto se dá – e eis aqui ponto essencial à compreensão de tudo o que será dito a seguir , por razões ligadas aos limites objetivos da coisa julgada, que determinam que a eficácia vinculante que emana das decisões transitadas em julgado recaia, apenas, sobre a específica relação jurídica de direito material deduzida em juízo (apontada como existente ou inexistente) e nela apreciada, e não sobre qualquer outra. Assim, modificados os fatos existentes ao tempo da prolação da decisão, ou alterado o direito então aplicável à espécie, estar seá diante de nova relação jurídica de direito material, que, justamente por ser diferente daquela nela declarada, de modo definitivo em razão do seu posterior trânsito em julgado, como existente ou inexistente, não poderá ser alcançada pelos efeitos Fl. 2074DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 34 vinculantes da referida decisão. Tanto é assim que essa nova relação jurídica material poderá ser objeto de debate e decisão em nova demanda, sem que isso encontre óbice na coisa julgada anterior. Em primeiro lugar, com a devida venia, e antes de qualquer consideração, não posso deixar de reconhecer que tal interpretação viola frontalmente os art. 467 e 468 do CPC, verbis: Art. 467. Denominase coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas. Tais dispositivos asseguram a autoridade da coisa julgada e a eficácia da sentença no direito brasileiro, sendo que ambas, pela dicção da conclusão, passam a ser naturalmente inexistentes, independentemente de manifestação jurisdicional posterior, ignorandose por completo toda sistematização da quebra da coisa julgada em nosso direito. Além disso, viola,também, o próprio art. 471, I, do CPC a que alude, verbis: Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; Isto porque, mesmo nos casos de trato sucessivo, passa, segundo o parecer, a ser totalmente despicienda a intervenção de um magistrado para analisar a modificação no estado de fato ou de direito porventura existente, deixando de ser, assim, a coisa julga, na dicção de Liebman, um vínculo de juízes, agora passível de ser naturalmente desconstituída. De se ressaltar, como já fiz acima, que v.g., no caso da declaração de constitucionalidade da Lei nº 7.689/88 em controle concentrado, feita pela ADI nº 152, efetiva modificação na situação de direito, o dispositivo do acórdão proferido pelo STF, por natureza abstrato, nada ataca declarações de inexistência jurídica que foram decididas com decisão incidental de inconstitucionalidade da referida Lei. Da comparação, exsurge como evidência o fato de que não há identidade quanto à res in iudicium deducta. Mas ainda assim, pelas conclusões do parecer, teria tal decisão o condão de naturalmente fazer com que a decisão albergada pela coisa julgada deixe de ter eficácia. Vejase que não se trata de exigir a tríplice identidade, criticada por Vicente Greco Filho12 (partes, pedido e causa de pedir), nos termos dos §§1º e 2º do art. 301 do CPC, verbis: Art. 301. ... § 1o Verificase a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) § 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 12 GRECO FILHO, Vicente. Coisa julgada e tríplice identidade (Revisão do conceito). Revista da Faculdade de direito das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo. São Paulo, 1991, p.2729. Fl. 2075DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 19 35 Mas ao menos, há de haver coincidência das partes e relação entre o pedido e a decisão em vigor, fundada na modificação da situação de direito, originada pela decisão da suprema corte transitada em julgado em sentido contrário à res judicata. É o que ensina Luiz Guilherme Pennacchi Dellore13, para quem Logo, a melhor exegese do art. 471 do CPC é no sentido de que o legislador prestigia a coisa julgada. A nova sentença somente regulará a relação jurídica para o futuro. Em síntese, no tocante às sentenças que decidem relações jurídicas continuativas, há uma situação igual à verificada nas ações de alimentos (relação jurídica continuativa que é), nos seguintes termos: (i) caso se proponha uma segunda ação igual à primeira (identidade de partium, causa petendi, petitium), a coisa julgada formada na primeira ação provocará a extinção do segundo processo, sem julgamento de mérito (CPC, art. 267, V); (ii) caso ocorra mudança do substrato fático, teremos alteração da causa de pedir, e, por via de conseqüência, do pedido, não havendo se falar em óbice da coisa julgada, visto que inexistente a tríplice identidade (alcance negativo da coisa julgada); (iii) a sentença anteriormente proferida permanece hígida, tampouco sendo possível alterar qualquer de seus efeitos já produzidos (alcance positivo da coisa julgada); o que é modificado pela nova sentença são os efeitos da anterior – modificação que se dá ex nunc. No caso do acórdão transitado em julgado em controle difuso – hipótese também encampada pelo Parecer PGFN nº 492/2011 sequer há identidade de partes, vez que o contribuinte albergado pela coisa julgada não participa do processo em que há inversão da jurisprudência. Na situação de controle concentrado, também não há identidade de partes, vez que somente as pessoas legitimadas, consoante a Lei nº 9.868/99, serão aceitas no pólo ativo da demanda. Sequer há identidade quanto às partes que deverão observar a coisa julgada, porquanto o controle concentrado estendese a todos, consoante o parágrafo único do art. 28 da Lei nº 9.868 (transcrito abaixo), enquanto a res judicata anterior estendese à Fazenda e ao contribuinte, tão somente. Art. 28. ... Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. Por outro lado, embora prescreva o parágrafo único do art. 28 que a decisão tomada em sede de controle concentrado tem eficácia contra todos, não há como daí inferir, também, que ela deva atingir a coisa julgada anterior, e, pior, de forma imediata. 13 DELLORE, L.G.P. Op.Cit., p.127. Fl. 2076DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 36 Em primeiro lugar, devese notar que a decisão judicial tomada em sede de controle concentrado, por ter eficácia contra todos assemelhase à lei geral e abstrata, que também tem eficácia contra todos. Todavia, nosso sistema jurídico veda expressamente que a lei nova atinja a coisa julgada, vedação esta que se encontra encartada na própria Constituição (art. 5º, XXXVI). Não há motivos, assim, para que a decisão tomada em controle concentrado pelo Poder Judiciário ostentasse privilégio que a lei geral e abstrata, formada na casa do povo (Poder Legislativo), não possui. Vale ressaltar, pois, que a sobredita cessação natural da eficácia da sentença transitada em julgado não encontra abrigo em nosso sistema jurídico, que se movimenta tão somente pela ação do homem, embora possa acolher efeitos naturais, porém trazidos ao Direito pela ação do homem, como no caso da força maior. E neste caso específico dos autos, a ação do homem possui requisito adicional, pois, além do ato a ser praticado necessitar circunscreverse às hipóteses legalmente admitidas, há que ser produzido por competente autoridade judicial, que é a legitimada para que se produza o efeito desejado da cessação da eficácia. Em outras palavras, não há como aceitarse no caso vertente a revogação tácita da sentença, embora possase falar em revogação tácita de Lei (consoante dispõe o §1º do art. 2º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro). Admitese que uma lei nova passe a regrar condutas futuras de forma diversa, sem que expressamente revogue a anterior, que dispunha em sentido diverso. Todavia, para casos concretos, levados ao Poder Judiciário e por ele definitivamente decididos, não há como ignorar a sentença irrecorrível proferida, ainda que em face de nova situação fática ou jurídica, porquanto é imprescindível que aquela mesma situação já decidida venha a ser apreciada, à luz dos novos fatos e/ou do novo direito, por um novo magistrado, que somente após conhecer deles, possa dizer se o comando jurídico com força de Lei deve ser ou não modificado. Demais disso, como visto acima, não há nenhuma identidade entre partes, pedido ou causa de pedir. Por fim, mas não menos importante, embora haja semelhança entre o que se decide no acórdão proferido pelo STF e na decisão transitada em julgado anterior, em especial no caso dos autos haja vista que os efeitos declaratórios da inexistência de relação jurídica decorrem da declaração incidental de inconstitucionalidade da Lei nº 7.689/88, e a decisão proferida pelo STF limitase a declarála constitucional não há qualquer identidade entre os dispositivos das referidas decisões, e, portanto, a fortiori, a coisa julgada formada no STF não é autoaplicável no caso concreto já anteriormente decidido. Isto porque embora os motivos tenham que ser levados em conta para a elaboração da sentença, eles não fazem coisa julgada, e nem a apreciação de questão prejudicial, decidida incidentalmente no processo, exceto se a parte o requerer, o juiz for competente para apreciar a matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide, nos termos dos art. 469, I e III, verbis: Art. 469. Não fazem coisa julgada: I os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; Il a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for Fl. 2077DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 20 37 competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide. Esta é também a opinião de Hugo de Brito Machado e Hugo de Brito Machado Segundo14, para quem A declaração de inconstitucionalidade de uma lei, ao menos quando ocorre no denominado controle difuso, ou por via de exceção, não pode ser objeto da coisa julgada. É que essa declaração sempre acontece na apreciação de uma questão incidental. Assim, ou será entendida como motivo da sentença, ou como questão prejudicial decidida incidentalmente no processo. E qualquer desses entendimentos leva a sua exclusão do âmbito da coisa julgada material, nos termos do art.489, incisos I e III, do Código de Processo Civil. É importante, porém, a distinção que se há de estabelecer entre a declaração da inconstitucionalidade da lei e a declaração da inexistência da relação jurídica continuativa. [...] Na verdade, quando se questiona a existência de uma relação jurídica tributária, com fundamento na inconstitucionalidade da lei que criou ou aumentou o tributo, não se está no plano simplesmente normativo, ou plano da abstração jurídica. A propositura da ação declaratória pressupõe a ocorrência de fatos que sendo válida (constitucional) a lei que os descreve em sua hipótese de incidência, faz nascer a relação jurídica tributária. Não se admite a ação declaratória da existência, ou inexistência, de relação jurídica em tese. Esta sim, seria equivalente à ação declaratória de inconstitucionalidade que só perante o Supremo Tribunal Federal pode ser promovida. Mais adiante, prosseguem Não se deve confundir a modificabilidade da coisa julgada em decorrência da mudança havida nos elementos de direito ou de fato formadores da relação jurídica nela albergada com a sentença declaratória, com ausência de eficácia de coisa julgada que caracteriza as partes da sentença por esta não protegidas, como os fundamentos e a decisão de questões prejudiciais. [...] Diante do efeito da coisa julgada, e mesmo admitindo que em face da decisão do Supremo Tribunal Federal a declaração de inexistência da relação tributária resta atingida por direito novo, pensamos que a supressão dos efeitos daquela declaração não se opera automaticamente. Não é razoável entender que uma decisão, da qual a consulente não foi intimada, passe a produzir efeitos contra ele imediatamente. A ofensa aos princípios da cientificação, e do devido processo legal, seria intolerável. É 14 MACHADO, H.B; MACHADO SEGUNDO, H.B. Coisa julgada. Decisão superveniente do STF. Relação continuativa tributária. Questões de procedimento administrativo. Multa Desproporcional e irrazoável. Revista Dialética de Direito Tributário, vol.123, São Paulo, pp.95121, dez/2005, p.99100. Fl. 2078DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 38 necessária, como dissemos acima (itens 2.6 e 2.7), a propositura de ação de revisão ou modificação da coisa julgada. Poderseia objetar, em oposição ao que dissemos, que a propositura de uma “ação de revisão de coisa julgada” seria exigível em demanda entre dois “particulares”, mas não em questão envolvendo a Fazenda Pública, pois esta constitui seus próprios títulos executivos, não tendo, em regra, interesse processual para manejar ação de conhecimento. É preciso, porém, fazer um esclarecimento. É verdade que a Fazenda Pública, em regra, não precisa manejar ações de conhecimento, eis que “fabrica” seus próprios títulos executivos, unilateralmente, nos quais declara a existência de direitos, constitui realidades jurídicas, e condena terceiros a observálas. Essa premissa, porém, não autoriza a conclusão de que não seja necessária a manifestação do Judiciário, em ação de revisão da coisa julgada movida pela Fazenda Pública. Aliás, não só a propositura dessa ação é necessária, como só depois de seu julgamento, se for o caso, é que o contribuinte beneficiado pela coisa julgada estará novamente sujeito ao tributo. E, como dizíamos, a premissa não afasta a necessidade de a Fazenda manejar a ação, no caso de que se cuida, porque se tem um impedimento de ordem judicial à sua atuação, que somente pelo próprio Judiciário pode ser removido. O raciocínio é o mesmo aplicado à rescisória: embora a Administração possa constituir seus próprios títulos, no âmbito da chamada autotutela vinculada, isso não a exime de propor ação rescisória (que é ação de conhecimento...) quando for o caso. Assim, é certo que não existe positivação deste poder natural de cassação dos efeitos de decisão judicial em nosso direito processual, passandose ao largo das regras prescritas para modificação de sentença judicial. A falta de suporte no direito positivo para a defesa desta desconsideração da coisa julgada já foi objeto de dura crítica na doutrina. Fernanda Donnabella Camano de Souza15 alega que Sem sombra de dúvida, o argumento da descontinuidade da coisa julgada é tese da Fazenda Nacional porque, como bem assinala José Ignácio Botelho de Mesquita, “é que isto só convém à Fazenda Pública, sempre às voltas com a omissão dos que não propõem a tempo as rescisórias de seu interesse” buscando validar sempre perante a comunidade jurídica as autuações, mesmo em face do trânsito em julgado. É tese da Fazenda Nacional, pois em 2003 foi publicado, pelo mesmo órgão, o Parecer nº 3.401, em que a situação era inversa, ou seja, alguns contribuintes haviam perdido a demanda relativa ao Finsocial e, posteriormente, o STF declarou inválido o tributo acima da alíquota de 0,5% para as empresas que não fossem exclusivamente prestadoras de serviços. Temendo uma avalanche de pedidos de restituição/compensação por parte dos contribuintes vencidos e que haviam recolhido o Finsocial acima de 0,5%, a PGFN, que hoje declara que a coisa julgada pode ser simplesmente desconsiderada, naquele Parecer defendeu de forma ferrenha o instituto, alegando que: 15 SOUZA, Fernanda Donnabella Camano de. Breves comentários sobre o Parecer PGFN/CRJ nº492/2011Coisa julgada em matéria tributária. Revista Dialética de Direito Tributário, vol. 201, São Paulo, pp.7082, jun/2012, p.71;76. Fl. 2079DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 21 39 “36. Todavia, de tudo quanto até aqui se falou, parece claro que a intangibilidade da coisa julgada, a que está submetida a situação daqueles contribuintes que tiveram seus depósitos judiciais convertidos em renda da União, dispensa discussão sobre o termo inicial do prazo de decadência para repetição do indébito tributário. (...) 41. A decisão proferida no RE 150.764/PE, que declarou a inconstitucionalidade da norma que majorou a alíquota da exação, na via de defesa, não atinge automaticamente situações concretas formadas sob a égide e durante a vigência da norma impugnada. De lembrar que, se antes da declaração de inconstitucionalidade, a norma impugnada serviu de fundamento para sentenças judiciais, já passadas em julgado e executadas, não é possível que essas sentenças sejam atingidas pela declaração de inconstitucionalidade a ponto de se anular a coisa julgada e desfazer a execução (cobrança da exação).(...) 42. Assim, de um lado, ninguém mais poderá invocar a norma fulminada para sustentar pretensão individual, mas a decisão do STF que fulminou a norma também não poderá ser invocada para automática e imediatamente, desfazer situações jurídicas concretas e atingir direitos subjetivos, porque não foram o objeto da pretensão declaratória de inconstitucionalidade.(...)” Ou seja, dependendo do lado em que se encontra, a interpretação da Fazenda Nacional ora defende, ora ataca a coisa julgada, o que, no mínimo, gera sentimento de imenso descrédito no estudo apresentado no Parecer nº 492/2011. É possível – e até compreensível – que a PGFN alegue que os institutos processuais evoluíram (inclusive com a inovação da sistemática da repercussão geral e dos recursos repetitivos) e, portanto, o entendimento prolatado no Parecer nº 3.401/2002 estaria ultrapassado. Mas não há como negar que a interpretação jurídica da PGFN varia de forma casuística, a depender do seu interesse, “a denotar a natureza francamente demagógica da opção pela ruptura da intangibilidade da coisa julgada”, nas palavras de José Ignácio Botelho de Mesquita. Adiante, prossegue Donnabela16, asseverando que Para fugir, contudo, da discussão de tamanha magnitude e instabilidade acerca da “relativização da coisa julgada inconstitucional”, a PGFN adota a teoria de que o Parecer não tem relação com tal “relativização” do instituto; em verdade, seria bem “simples”: sequer o Judiciário precisaria se pronunciar novamente porque eventual alteração dos fatos ou da situação jurídica (legislação ou entendimento do STF), “automaticamente” faria com que a decisão não prevalecesse para o futuro. Ou seja, a PGFN, por meio de um parecer divulgado com o timbre (o peso) de tal instituição, argumenta que o Executivo está autorizado, em uma penada, a ignorar a coisa julgada nas situações especificadas. [...] Não se nega, em absoluto, a tendência atual da jurisprudência de equiparação do controle concentrado de constitucionalidade ao difuso, relativamente aos efeitos transcendentes das decisões proferidas no âmbito deste último; mas daí a afirmar a PGFN que tais decisões prolatadas, após a resolução definitiva da demanda, implicam criação de direito novo capaz de interromper o conteúdo estabilizado pela res judicata, seria autorizála a criar regras novas no sistema sem competência para tanto. 16 Idem.Ibidem, p.76;80. Fl. 2080DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 40 A afirmação da PGFN no sentido de que o suporte fático seria o mesmo (isto é, mesmos fatos geradores), mas o direito – agora revestido do juízo de certeza e definitividades – seria diverso, não resiste a uma análise técnica da tríplice identidade da demanda à luz do provimento jurisdicional definitivo. A crítica aguda às conclusões do Parecer PGFN nº 492/2011 a que chega a doutrina de Fernanda Donabella, em tons que prefiro diluir, por não concordar com a idéia do casuísmo, a depender do lado da Fazenda, não retira, contudo, o brilho de suas conclusões, em especial, quando afirma que, se acatados os termos do Parecer, estaria agora o Executivo autorizado a, numa penada, ignorar a coisa julgada, conclusão esta a que já havíamos chegado e com a qual nos inclinamos totalmente. Convergimos também quanto fato de que a alegação de que o direito é diverso não resiste, conforme já abordei, a uma análise técnica da tríplice identidade da demanda à luz do provimento jurisdicional definitivo. Com efeito, constatado que a novel decisão tomada pelo STF, em controle difuso ou concentrado, não possui o condão de desestabilizar a decisão judicial passada em julgado, e sabendose que somente o ato humano é capaz de inovar o Direito, exsurge com evidência que é exatamente o ato administrativo de lançamento tributário aquele que promoverá a desconsideração dos efeitos da decisão judicial, se chancelado for, dandose guarida ao que se poderia chamar de desconsideração administrativa da coisa julgada. Afinal, estaríamos suprindo uma atividade judicial faltante por uma administrativa. A aproximação da questão abordada no Parecer PGFN nº 492/2011, conforme bem assinala Fernanda Donnabella, guarda semelhança com o tema atual da relativização da coisa julgada, pela qual vem se permitindo a quebra da coisa julgada em determinadas situações muito específicas. É certo que já no início do Parecer PGFN nº 492/2011 rechaçase qualquer vinculação da tese ali exposta com a tese da relativização da coisa julgada, mas sem dúvida, como, aliás, admitido no próprio parecer, ambas as teorias possuem o mesmo “pano de fundo”. Vejamos o que diz o parecer: Já pelo segundo registro preliminar, pretendese, já neste momento inicial, espancar eventuais dúvidas quanto ao objeto que será realmente enfrentado no presente Parecer. Com esse escopo, vale esclarecer que não se pretende tratar, a seguir, da conhecida questão da “relativização da coisa julgada inconstitucional”, embora seja certo que esta quando trazida para o campo do Direito Tributário, assim como a que será especificamente enfrentada neste Parecer, possuem o mesmo tema como “pano de fundo”, qual seja, o já referido tema dos “reflexos gerados pela alteração da jurisprudência do STF em relação à coisa julgada em matéria tributária”. À frente, ao tratar do tema, o Parecer PGFN nº 492/2011 afirma que reside a principal diferença entre a tese proposta (que se poderia chamar de desconsideração administrativa da coisa julgada) e a tese da relativização da coisa julgada no fato de que a relativização opera de forma pretérita, modificando efeitos já produzidos pela sentença transitada em julgado, enquanto que pela tese proposta, a mudança jurisprudencial operada no STF passaria a ter efeitos meramente prospectivos, resguardados os efeitos da sentença já produzidos. Menciono o termo desconsideração administrativa da coisa julgada, pois, na própria exposição das formas de relativizar a coisa julgada de trato sucessivo tributário o parecer expõe quais as formas de se fazêla, as quais – concordese ou não com a tese da relativização se dão sempre por meio de uma decisão judicial que irá analisar especificamente o pedido e a causa de pedir da Fazenda em face de uma decisão do STF. São elas: (i) ação rescisória (art. 485 do CPC); (ii) impugnação à sentença (art. 475L, inc.II, §1º do CPC); (iii) embargos à execução de sentença contra a Fazenda Pública (art. 741, parágrafo único do CPC). Fl. 2081DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 22 41 Ao contrário, pela tese proposta, a res judicata é afastada por mera análise de autoridade fiscal no caso concreto, em procedimento fiscal, e portanto, ainda sequer sujeita ao contraditório administrativo (Art. 14, Decreto nº 70.235/72), tendo por base uma decisão do STF adotada em controle difuso ou concentrado, a qual se deseja aplicar a uma situação específica sem o exame de um magistrado sobre sua efetiva procedência no caso concreto. Vejase à frente que nos próprios termos do parecer, no caso da relativização da coisa julgada, que a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma dada lei, declarada pelo STF, será utilizada como fundamento para desconstituir anterior coisa julgada, sujeita, assim, no âmbito de um processo, à análise de um magistrado, e não de autoridade fiscal. 83. Registrese sem, no entanto, qualquer pretensão de aprofundar e, menos ainda, de esgotar o tema, que não se insere no objeto deste Parecer , que essa relativização da coisa julgada inconstitucional, ao menos em princípio, e à luz do sistema jurídico positivo, somente pode ser alcançada mediante o manejo de um dos seguintes mecanismos processuais (nos quais a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma dada lei, declarada pelo STF, será utilizada como fundamento para desconstituir anterior coisa julgada): (i) da ação rescisória (art. 485 do CPC), que, desde que ajuizada no prazo decadencial apropriado, tem sido admitida como capaz de desconstituir coisas julgadas contrárias à posterior jurisprudência do STF, seja em controle difuso, seja em controle concentrado, suplantandose o óbice previsto na Súmula n. 343 da Suprema Corte ; (ii) da impugnação à sentença (art. 475L, inc. II, §1º do CPC) ou dos embargos à execução de sentença contra a Fazenda Pública (art. 741, parágrafo único do CPC), respaldados na alegação de “inexigibilidade do título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal”, independentemente de se tratar de decisão do STF proferida em sede de controle difuso ou concentrado de constitucionalidade , desde que, por óbvio, tratese de sentença que comporta execução. Dizse que esses dois mecanismos processuais são aptos a relativizar a coisa julgada , ou melhor, as decisões judiciais transitadas em julgado, precisamente porque o seu manejo é capaz de, de certo modo, desconstituílas, atingindolhes ou desfazendolhes os efeitos pretéritos, ou seja, aqueles efeitos já produzidos em momento anterior ao advento do precedente do STF.(grifo nosso) Dinamarco (DINAMARCO, Cândido Rangel. Relativizar a coisa julgada material. Revista Forense. São Paulo, vol. 358, ano 97, pp. 1132, novdez/2001, p. ), buscando sistematizar uma teoria da relativização da coisa julgada, propõe deva ela se restringir a situações extraordinárias, tendo por objetivo afastar absurdos, injustiças flagrantes, fraudes e infrações à Constituição. Seus exemplos contemplam um caso em que a Fazenda Paulista havia sido vencida em processo por desapropriação indireta, e depois, feito acordo para parcelamento com os adversários. Pagas algumas parcelas, voltou a juízo com ação declaratória de nulidade de ato jurídico cumulada com repetição de indébito, por motivo de erro na ação expropriatória causado ou facilitado pela perícia, já que a área supostamente apossada pelo Estado já lhe Fl. 2082DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 42 pertencia, e não aos autores. Citase também a manifestação do STF na década de 80 (época de altíssima inflação e correção monetária) no sentido de que “não ofende a coisa julgada a decisão que, na execução, determina nova avaliação para atualizar o valor do imóvel, constante de laudo antigo, tendo em vista atender à garantia constitucional da justa indenização.” Seguem como hipóteses de relativização, também, os casos de fraude processual, direito adquirido a ofensa ao meio ambiente, e demandas de investigação de paternidade, decididas com base em prova testemunhal, agora com base nos novos exames de DNA. Como se vê, tratamse de situações muito específicas (extraordinárias, na dicção de Dinamarco), que devem ser tratadas como verdadeiras exceções, somente justificando a mitigação da segurança jurídica em favor de princípios caros ao Direito, como a moralidade administrativa, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e o direito à ordem jurídica justa. Mas Dinamarco17 não exclui o fato de que a relativização é matéria para juízes: A fragilização da coisa julgada como reação a injustiças, absurdos, fraudes ou transgressão a valores que não comportam transgressão, é susceptível de ocorrer em qualquer área das relações humanas que são trazidos à apreciação do Poder Judiciário. Onde quer que se tenha uma decisão aberrante de valores, princípios, garantias ou normas superiores, ali terseão os efeitos juridicamente impossíveis e portanto não incidirá a autoridade da coisa julgada material.(grifo nosso) Vejase que mesmo neste caso de hipóteses estreitas da relativização não se desvia do caminho que necessariamente leva a um magistrado, a quem caberá efetuar a quebra da autoridade da coisa julgada, como, v.g., por meio da flexibilização das hipóteses de conhecimento da ação rescisória. Assim, mesmo nestas hipóteses, não há qualquer espaço para a quebra da eficácia da decisão judicial passada em julgado por autoridades administrativas, ou sequer, a descontinuidade “natural” da res judicata. Seria crível, por exemplo, ainda no campo das relações jurídicas de trato sucessivo, imaginar que havendo o pai divorciado logrado melhor colocação profissional, teria o alimentando o direito natural de aniquilar a decisão judicial que estabeleceu os alimentos e exigir, antes de qualquer provimento judicial, uma majoração nos valores a que pela decisão judicial tem direito? Seria, também, crível que a renovação de valor locatício pudesse também se operar assim, naturalmente, sem que um magistrado, analisando a nova causa de pedir e o novo pedido à vista do decisum já proferido, verificada majoração no valor do imóvel locado, decidisse pela majoração do aluguel? Em não havendo, definitivamente, este poder natural proclamado no Parecer PGFN nº 492/2011 é indubitável notarse afronta à eficácia da decisão judicial que será feita pelo ato administrativo de constituição do lançamento, e se chancelado, reiterada pelos órgãos administrativos de julgamento, inclusive por este colegiado, na eventual manutenção do crédito tributário assim constituído. Eis um motivo de preocupação e, portanto, ensejador do enfrentamento da matéria. A questão já foi levantada em parecer de Ruy Barbosa Nogueira18 ao analisar situação de fato de contribuinte do imposto sobre serviços, a qual já havia sido decidida em decisão judicial transitada em julgado, na qual também se decidiu que sobre a mesma atividade não incidia, nem poderia incidir, o velho ICM. 17 Idem.Ibidem, p.27. 18 NOGUEIRA, Ruy Barbosa. A coisa julgada em direito tributário. Separata da Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Volume LXVIII (1º Fasc). São Paulo: Empresa Gráfica da "Revista dos Tribunais" S.A., 1973, p.109111. Fl. 2083DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 23 43 Na situação do parecer, não obstante a decisão transitada em julgado, a fiscalização do Estado lavrou contra a consulente auto de infração, na tentativa de cobrar ICM e multas. Ruy Barbosa Nogueira, então, assim se manifestou no tocante aos atos da Fazenda paulista: XXIV. Portanto, a solução da relação jurídicotributária de que dá notícia a consulente é definitiva e sem sombra de dúvida oponível à Fazenda do Estado de São Paulo. Esta não só não pode renovar a coação, mas estando, como está, integralmente ciente de que essa cobrança é manifestamente ilegal, por decisão definitiva do Poder Judiciário, no interesse da sociedade e proteção de seus próprios funcionários deve “ex officio” desistir de toda tentativa no sentido dessa exigência. Este dever da Fazenda seria mesmo homenagem ao art.316 do Código Penal (reproduzido no futuro Código), que tipifica como delito o “excesso de exação”, assim considerado: “Art. 316 ... §1º Se o funcionário exige imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.” Não há dúvida que, para a ocorrência dessa figura, é prérequisito o dolo, que não se presume. Entretanto é instrutiva e cautelar a leitura dos doutos em Direito Penal. Comentando o dispositivo acima transcrito, ensina o Catedrático MAGALHÃES DRUMMOND: “Na hipótese da simples exigência do indébito, o dolo estará na consciência disto – na consciência de não ser devida legalmente a taxa, imposto, ou emolumento, e, entretanto, exigilo, pondo assim em ação uma vontade poluída do ponto de vista moral e criminosa, do prisma legal. [...] Tanto mais quanto o excesso constitui crime do Código Penal, cuja ignorância não se compadeceria com a qualidade de funcionário, ademais da sua geral inalegabilidade. Existindo precisamente para por em ação a lei, o funcionário sabe, por presunção legal, o que lhe cumpre fazer, e, se, em assunto tão importante, age contra a lei, é, de certo, com a consciência da ilegalidade da sua conduta. [...]” Convém esclarecer que a falta de providência da autoridade coatora, a que no caso, cabe expedir instruções fiscais em contramarcha, aos funcionários encarregados da fiscalização, autuação e cobrança, para não deixálos no risco de incidirem no excesso de exação, a falta de cumprimento da ordem judicial por parte da autoridade coatora incidirá também no mesmo Código Penal, que prevê o crime de desobediência: “O não atendimento do mandado judicial, caracteriza o crime de desobediência a ordem legal (Código Penal, art. 330) e por ele responde o impetrado renitente, sujeitandose até mesmo à prisão em flagrante, dada a natureza permanente do delito” (HELY LOPES MEIRELLES, op. cit., p.43). Em relação, pois, à autoridade coatora impetrada poderá no caso de se efetivar nova coação, ocorrer até o “concurso formal” dos crimes de excesso de exação previsto no art. 316, §2º e o de desobediência, previsto no art. 330, de conformidade Fl. 2084DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 44 com o art.51, §1º do mesmo Código Penal que disciplina o concurso formal de crimes. i) Voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho (embargos de divergência (EDcl) em Agravo Nº 991.788 – DF) Digno de ressalva é o voto do eminente Min. Napoleão Nunes Maia Filho, no acórdão proferido nos embargos de divergência (EDcl) em Agravo Nº 991.788 – DF, em que, embora reformando decisão anterior em que havia aceitado a cessação de eficácia da decisão transitada em julgado a partir de decisão do STF em sentido contrário proferida no sistema de controle difuso, dando um passo atrás e reajustando o termo a quo da cessação da eficácia para após a vigência do acórdão proferido na ADIN 152, ainda assim acata a tese propugnada no Parecer PGFN nº 492/2011. Vejamos: A discussão jurídica sobre o tema da perda de eficácia da coisa julgada, em caso como este, somente veio a se exaurir no Judiciário com o julgamento da ADIN 15 (Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU 01.08.2007); o venerando Acórdão proferido nesse julgamento concentrado do STF tem força vinculante e aplicabilidade erga omnes, por isso que a partir do seu trânsito em julgado, temse essa controvérsia por encerrada, prevalecendo, porém, os efeitos da res judicata anterior, o trânsito em julgado dessa decisão emergente da Corte Suprema. Todavia, vale ressaltar, tratase de posição isolada, adotada monocraticamente, em cotejo da qual deve ser vista a decisão, tomada à unanimidade pela Primeira Seção do STJ no acórdão 1118893MG, em acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC, na qual se faz a defesa intransigente da coisa julgada, mesmo em face de posterior manifestação do STF em controle concentrado, aqui já tratada. j) A interpretação das conclusões do Parecer PGFN nº 492/2011 como opinião jurídica Como se vê, embora moderna, a tese propugnada no Parecer PGFN nº 492/2011 ainda não possui respaldo no nosso Ordenamento. Não se nega sua visão vanguardista. A dessubjetivação ali defendida é posição cuja adoção futura poderá resultar no aumento da eficiência com que as lides são decididas em nosso país. O prestígio ao princípio da igualdade tributária e a vedação à concorrência desleal pela mitigação deste princípio também são questões que merecem reflexão, pois congregam valores caros a qualquer sistema tributário que almeje ser justo. Todavia, o Direito é um sistema que opera com regras bastante definidas, sendo conservador. Tal conservadorismo, se por um lado, poda idéias de vanguarda, por outro lado, garante estabilidade e paz social, porquanto as pessoas sempre poderão saber o que esperar das outras, mediante a estabilidade das regras intersubjetivas. Na estruturação do Direito como sistema, são estabelecidas regras de conduta. Dentre elas, como correspondência ao poder da eficácia das decisões judiciais, pois ligados em relação jurídica, jaz o dever de respeitálas, o qual é exigido de todos, neles, portanto, incluídas as autoridades administrativas, e até mesmo as próprias autoridades judiciais, embora tenham elas o poder de substituir, em determinados casos, os efeitos de tais decisões. O sistema jurídico garante coercibilidade a este dever mediante prescrição de normas penais que definem como criminoso o descumprimento deste dever, dentre elas, como afirmado por Ruy Barbosa Nogueira, o crime de desobediência e o crime de excesso de exação, no caso do direito tributário. Fl. 2085DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.726059/201191 Acórdão n.º 1302001.489 S1C3T2 Fl. 24 45 O Parecer PGFN nº 492/2011 chega a conclusões equivocadas, por partir de premissas que também o são (como a tese da cessação natural da eficácia da sentença judicial motivada pela mudança jurisprudencial do STF). Uma dessas conclusões, como vimos, é a possibilidade de uma autoridade administrativa desconsiderar a res judicata e os efeitos de decisão judicial mediante exame dos fatos, independentemente de apreciação judicial específica. É possível que o STF, em julgamento futuro venha a colmatar esta lacuna, se efetivamente vier a reiterar, com eficácia erga omnes, os termos do Parecer. Neste caso, em sua função de integrar o direito, a Suprema Corte conferirá ao Parecer e à desconsideração administrativa de efeitos de sentença transitada em julgado fundamento de validade que hoje não possuem. Não havendo lei que dê supedâneo ao Parecer PGFN nº 492/2011 e havendo claro conflito entre ele e o art. 468 do CPC exsurge com clareza mediana sua ilegalidade, porquanto não é dado a ato administrativo inovar o Ordenamento ou revogar Lei. A idéia de que a vedação à inovação de ato administrativo e sua necessária conformidade com a Lei será sempre observada nos pareceres de consultarias jurídicas é a razão de o art. 42 os tornarem vinculantes aos órgãos autônomos e entidades vinculadas. De fato, havendo sempre observação estrita da Lei, os agentes estarão protegidos e resguardados, sendo lícito que devam acompanhar as conclusões do parecer. Entretanto, ao desbordar dos limites da Lei e a sujeitar seus agentes a responder por crimes por atuarem segundo o disposto no Parecer, suas conclusões evidentemente perdem sua força vinculante, havendo de serem tidas como mera opinio iuris doctorum, porquanto é sempre garantido e jamais poderá ser obstado o direito de agir conforme a Lei. Aliás, este é exatamente o argumento lógico a impedir que um sistema jurídico hipotético consiga proibir tudo, pois ainda se logre atingir tal intento (eliminando até mesmo aquele mínimo de liberdade garantido, no dizer de Kelsen19, pela regulação negativa das condutas, e suprindo, assim, toda limitação técnica que afeta a disciplina positiva da conduta humana) sempre terá que permitir aos a ele sujeitos que cumpram os preceitos proibitórios por ele estabelecidos. Neste sentido, dou por resolvida a antinomia que estabelecia dois caminhos antagônicos e mutuamente excludentes, a saber, pela vinculação tanto ao Parecer PGFN nº 492/2011 como ao acórdão proferido no Resp nº 1118893MG, este último por força do art. 62 A do Ricarf, e reproduzo, nos termos do art. 62A do Ricarf, a decisão proferida pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no acórdão proferido no Resp nº 1118893MG, bem como suas conclusões, em especial as seguintes: a) O fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica 19 Para Kelsen, "Como ordem social que estatui sanções, o Direito regula a conduta humana não apenas num sentido positivo enquanto prescreve uma tal conduta ao ligar um ato de coerção, como sanção, à conduta oposta e, assim, proíbe esta conduta mas também por uma forma negativa na medida em que não liga um ato de coerção a determinada conduta,e, assim, não proíbe esta conduta nem prescreve a conduta oposta. Uma conduta que não é jurídicamente proibida é num sentido negativo juridicamente permitida. [...] Mesmo sob a ordem jurídica mais totalitária existe algo como uma liberdade inalienável não enquanto direito inato do homem, enquanto direito natural, mas como uma consequência da limitação técnica que afesta a disciplina positiva da conduta humana." KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.4648). Fl. 2086DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 46 estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade; b) Declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência; c) "Afirmada a inconstitucionalidade material da cobrança da CSLL, não tem aplicação o enunciado nº 239 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada m relação aos posteriores" (AgRg no AgRg nos EREsp 885.763/GO, Rel. Min. HAMILTON ARVALHIDO, Primeira Seção, DJ 24/2/10); d) Segundo um dos precedentes que deram origem à Súmula 239/STF, em matéria tributária, a parte não pode invocar a existência de coisa julgada no tocante a exercícios posteriores quando, por exemplo, a tutela jurisdicional obtida houver impedido a cobrança de tributo em relação a determinado período, já transcorrido, ou houver anulado débito fiscal. Se for declarada a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo, não há falar na restrição em tela (Embargos no Agravo de Petição 11.227, Rel. Min. CASTRO NUNES, Tribunal Pleno, DJ 10/2/45). e) "As Leis 7.856/89 e 8.034/90, a LC 70/91 e as Leis 8.383/91 e 8.541/92 apenas modificaram a alíquota e a base de cálculo da contribuição instituída pela Lei 7.689/88, ou dispuseram sobre a forma de pagamento, alterações que não criaram nova relação jurídico tributária. Por isso, está impedido o Fisco de cobrar a exação relativamente aos exercícios de 1991 e 1992 em respeito à coisa julgada material" (REsp 731.250/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ 30/4/07). Assim, voto para dar provimento ao Recurso e cancelar o crédito lançado. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade – Redator Designado Fl. 2087DF CARF MF Impresso em 29/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2014 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 09/09/2014 p or EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 28/09/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10840.908971/2009-16
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2002
COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF.
ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS. QUESTÃO CONSTITUCIONAL
Súmula nº 2 do CARF. Não é competência do CARF se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Conhecido em parte e na parte conhecida dado Provimento
Numero da decisão: 3801-003.782
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial no sentido de reconhecer o direito à restituição, mediante compensação, dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei n.º 9.718/1998 e não conhecer do mesmo quanto a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS e a COFINS.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS. QUESTÃO CONSTITUCIONAL Súmula nº 2 do CARF. Não é competência do CARF se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Conhecido em parte e na parte conhecida dado Provimento Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial no sentido de reconhecer o direito à restituição, mediante compensação, dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei n.º 9.718/1998 e não conhecer do mesmo quanto a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS e a COFINS. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 89 71 /2 00 9- 16 Fl. 158DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 159 2 Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). Fl. 159DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 160 3 Relatório Tratase de pedido de compensação por intermédio do qual a contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de PIS/COFINS. Preliminarmente a Recorrente foi intimada a esclarecer os valores mensais consignados a título de Faturamento/Receita Bruta em sua DIPJ retificadora, tendo em vista que o valor dessa rubrica foi sistematicamente reduzido nas suas DIPJ retificadoras dos anos calendário de 2001 e 2002. A interessada, em cumprimento ao despacho apresentou demonstrativo de fls. informando que a alteração se deu em decorrência da existência de valores excluídos da base referentes a comissões, descontos obtidos, juros recebidos, receitas financeiras e variação monetária ativa, apresentando na manifestação de Inconformidade e no Recurso Voluntário cópia parcial do livro razão e do Registro de Apuração do ICMS. Por despacho decisório, foi reconhecido em parte direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, homologada parcialmente a compensação declarada. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade informando que seu crédito decorre do pagamento a maior de receitas financeiras que devem ser excluídas da base de cálculo das contribuições e da indevida inclusão do ICMS na base de cálculo das mesmas. A DRJ de Ribeirão Preto julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTAŔIO Anocalendário: 2002 CONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALCANCE. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA REGIMENTAL. A instancia administrativa não possui competência regimental para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. COMPETÊNCIA DAS DELEGACIAS DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 161 4 A competência das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) para reexame de decisões sobre pedidos de restituição e compensação, em sede recursal administrativa, limitase à matéria objeto do pedido, que tenha sido apreciada pela autoridade a quo competente, e sobre a qual se estabeleça litígio. DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório não Reconhecido Apresenta a Recorrente Recurso Voluntário no qual alega em síntese que: a) é INADMISSÍVEL a inclusão de receitas financeiras na base de cálculo da COFINS/PIS, haja vista que, por força da interpretação estabelecida tanto pelo Supremo Tribunal Federal como pelo Superior Tribunal de Justiça à Lei Federal n° 9.718, de 1998, APENAS o faturamento (resultado da venda de mercadorias e serviços) poderá ser objeto de incidência daquela exação, EXCLUÍDAS, assim, as receitas financeiras e outras receitas, que não se encaixam nesse conceito; b) é correta a exclusão de valores de ICMS da base de cálculo da COFINS, eis que não se trata de faturamento ou sequer receita da pessoa jurídica, mas simples ingresso pertencente a terceiros (no caso, o Estado de São Paulo) que circula no caixa da empresa, mas para ela representa ônus. É o que importa relatar. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 162 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, relator. O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Conforme apontado são dois os pontos em exame no presente processo, o um a inclusão na base de cálculo das contribuições cumulativas para o PIS e para a COFINS das receitas financeiras da pessoa jurídica; e, o dois a possibilidade de se excluir da respectiva base de cálculo o ICMS. Em prelação ao primeiro ponto, como se sabe, o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) julgou indevida ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS pelo § 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718/1998 no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, conforme ementa abaixo colacionada: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Destacase, nesse aspecto, que a matéria foi reconhecida como de “Repercussão Geral” e julgada pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decisão proferida no RE 585.235, abaixo colacionado: Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão Fl. 162DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 163 6 constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. Assim, considerandose o disposto no art. 62A da Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, alterada pela Portaria MF n.º 586, de 21 de dezembro de 20101 (Regimento Interno do CARF), os Conselheiros do CARF são obrigados a aplicar as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, e assim, devemos afastar a tributação do PIS e da COFINS exigidas com base no disposto no art. 3º, § 1º, da Lei n.º 9.718, de 1998. Nada obstante, o órgão judicante a quo esqueceuse do dever da autoridade preparadora em zelar pela instrução na busca da verdade material, a teor do disposto na Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999, artigo 292, artigo 36, inteligência do artigo 37, artigo 38 e artigo 393. 1 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010). 2 Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizamse de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1º. O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2º. Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizarse do modo menos oneroso para estes. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1º. Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2º. Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 164 7 Negar o direito da contribuinte ao aproveitamento de seu crédito configuraria enriquecimento sem causa do Estado. Especificamente quanto à verdade material, transcrevo oportunas lições de Marcos Vinicius Neder e de Maria Tereza Martinez López4: Em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material. O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar, exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado, Odete Medauar preceitua que "o princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos Para tanto, tem o direito de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos. Segundo Alberto Xavier, a lei concede ao órgão fiscal meios instrutórios amplos para que venha formar sua livre convicção sobre os verdadeiros fatos praticados pelo contribuinte. Nesta perspectiva, é lícito ao órgão fiscal agir sponte sua com vistas a corrigir os fatos inveridicamente postos ou suprir lacunas na matéria de fato, podendo ser obtidas novas provas por meio de diligências e perícias. Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constatase que, no caso vertente, os documentos apresentados devem ser devidamente examinados para se apurar se os referidos créditos estão corretos. Quanto à inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS tenho que não é possível aos membros desse conselho examinar a matéria, pois se trata de matéria constitucional e o controle de constitucionalidade das leis é prerrogativa do Poder Judiciário, seja pelo controle abstrato ou difuso. Neste sentido, o art. 26A do Decreto nº 70.235/72, assim dispõe: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)(grifouse) (...) § 6º. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo 4 NEDER, Marcos Vinicius; LOPEZ, Maria Tereza Martinez. Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado 2ª ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 74. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10840.908971/200916 Acórdão n.º 3801003.782 S3TE01 Fl. 165 8 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que. fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts, 18 e 19 da Lei n° 10,522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, Vale observar que, no caso em tela, não ocorreu nenhuma das exceções previstas no §6° do artigo acima transcrito. Outrossim, essa discussão já se encontra pacificada no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), conforme o disposto na Súmula 2: Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Nesse sentido, voto por julgar parcialmente procedente o recurso para reconhecer o direito à restituição, mediante compensação, dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei n.º 9.718/1998 e não conhecer do mesmo quanto a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS e a COFINS. É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. É como voto, (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 165DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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