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Numero do processo: 15868.720030/2017-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2011, 2012, 2013
PRELIMINARES DE NULIDADE.
Inexistem causas de nulidade nos termos do que dispõe o art. 12 do RPAF. As supostas causas de nulidade são objeto de Súmula deste CARF, que vinculam este julgador.
ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE
O CARF não é competente para afastar a aplicação de lei ou considerá-la inconstitucional. Aplicação da Súmula 2 do CARF.
GLOSA DE CUSTOS. DESPESAS NÃO COMPROVADAS.
Para se comprovar uma despesa, de modo a torná-la dedutível, não basta comprovar que ela foi assumida e que houve o desembolso. É requisito essencial para a sua dedutibilidade a comprovação da efetiva prestação do serviço, com documentação hábil e idônea.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Aplica-se às contribuições sociais, no que couber, o que foi decidido para a obrigação matriz, imposto de renda, dada a íntima relação de causa e efeito que as une.
IRRF. BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO OU QUANDO REFERIR-SE A OPERAÇÃO OU CAUSA NÃO COMPROVADA.
Se sujeita à incidência do imposto de renda na fonte, com alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, assim como pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiro ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa.
CONDUTA DOLOSA. MULTA QUALIFICADA.
Caracterizada a conduta dolosa do sujeito passivo, aplica-se a multa qualificada prevista na legislação de regência.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Restou claramente configurada a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN vez que o administrador agiu contra lei, utilizando-se de documentos ideologicamente falsos e de uma empresa de fachada para reduzir a base tributável e realizar pagamentos para beneficiários não identificados.
APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR.
Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida.
MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE
Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de ofício e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal.
Numero da decisão: 1401-003.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as arguições de nulidade e de decadência e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a aplicação da multa isolada sobre estimativas, vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Sérgio Abelson e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Daniel Ribeiro Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Sérgio Abelson (Suplente Convocado), Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: DANIEL RIBEIRO SILVA
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Inexistem causas de nulidade nos termos do que dispõe o art. 12 do RPAF. As supostas causas de nulidade são objeto de Súmula deste CARF, que vinculam este julgador. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para afastar a aplicação de lei ou considerála inconstitucional. Aplicação da Súmula 2 do CARF. GLOSA DE CUSTOS. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. Para se comprovar uma despesa, de modo a tornála dedutível, não basta comprovar que ela foi assumida e que houve o desembolso. É requisito essencial para a sua dedutibilidade a comprovação da efetiva prestação do serviço, com documentação hábil e idônea. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase às contribuições sociais, no que couber, o que foi decidido para a obrigação matriz, imposto de renda, dada a íntima relação de causa e efeito que as une. IRRF. BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO OU QUANDO REFERIRSE A OPERAÇÃO OU CAUSA NÃO COMPROVADA. Se sujeita à incidência do imposto de renda na fonte, com alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, assim como pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiro ou sócios, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 00 30 /2 01 7- 60 Fl. 7853DF CARF MF 2 CONDUTA DOLOSA. MULTA QUALIFICADA. Caracterizada a conduta dolosa do sujeito passivo, aplicase a multa qualificada prevista na legislação de regência. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Restou claramente configurada a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN vez que o administrador agiu contra lei, utilizandose de documentos ideologicamente falsos e de uma empresa de fachada para reduzir a base tributável e realizar pagamentos para beneficiários não identificados. APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de ofício e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as arguições de nulidade e de decadência e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a aplicação da multa isolada sobre estimativas, vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Sérgio Abelson e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (VicePresidente), Sérgio Abelson (Suplente Convocado), Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Fl. 7854DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.854 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Brasília (DF), que julgou procedente em parte a impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte em virtude de supostas infrações a legislação tributária, exigindose o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – IRRF, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, lavrado para formalização e exigência de crédito tributário no valor total do auto de IRPJ de R$ 21.375.522,20, CSLL de R$ 7.790.141,76, e o IRFF de R$ 17.957.233,65, além de juros e multa. As exigências tributárias referemse a: · Custos não comprovados apurados de despesas operacionais; · Falta de pagamento do Imposto sobre a Renda da Pessoa jurídica, incidente sobre a base de calculo estimada em função de balanço ou balancete de suspensão ou redução; · Custos não comprovados apurados conforme descrito no Relatório Fiscal anexado aos autos com despesas operacionais e encargos não comprovados; · Falta de pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido por estimativa incidente sobre a base de calculo estimada em função de balanço ou Balancete de suspensão ou redução; · Valor do Imposto de Renda na Fonte incidente sobre pagamentos efetuados a terceiros, contabilizados ou não, cujas operações e causas não foram comprovadas. Ciente da autuação em 16/05/2017 o interessado (CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO S/A) apresenta IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA – em 14/06/2017 (fls. 509/571), na qual alegou em síntese: 1. Quanto à dedutibilidade das despesas: Afirma que “a comprovação da efetiva prestacã̧o de um serviço pode ser feita pela reunião de diversos elementos, a saber, as notas fiscais emitidas em função dos serviços prestados, contratos firmados, relatórios de reuniões realizadas, corresponden̂cias e ‘emails’ trocados entre as partes, etc., pois tais documentos permitem que se comprove, ainda que indiretamente, que ocorreu a efetiva prestação dos servico̧s”; 2. Que há que se atentar para o fato de que a legislacã̧o que disciplina a matéria não impõe à empresa a apresentação de relatórios de serviços ou outros documentos relacionados à prestação de serviços, sendo que tal apresentação é apenas mais um elemento que, somado a outros, demonstra que ocorreu a efetiva prestação dos serviços; Fl. 7855DF CARF MF 4 3. Que, se a natureza dos servico̧s prestados e sua inserção na rotina da empresa tomadora dos serviços naõ permitem que sejam apresentados relatórios detalhados de atividades, e se a fiscalizaçaõ não apresenta qualquer indício de que estes não tenham sido prestados, fundando sua glosa na ausência de apresentaçaõ de relatórios de atividades e documentos correlatos, ou ainda, sem declinar o porque ̂ da não aceitacã̧o dos documentos apresentados, é de rigor a conclusão pelo cancelamento da exigen̂cia fiscal, pois a exigência de comprovaçaõ da efetiva prestação dos serviços deve guardar relação de coeren̂cia com o tipo de serviço de que se cuida; 4. Que não é admissível que a Fiscalizacã̧o sem qualquer prova ou indício veemente, desconsidere a documentaçaõ apresentada pelo contribuinte para comprovar a efetiva prestaçaõ de serviços, glosando as despesas deduzidas, sob o argumento de que não se provou, com a apresentacã̧o de “relatórios técnicos, estudos, memoriais, levantamento de dados e análises, projetos, planos de açaõ, cronogramas, planilhas, pareceres, resultados, atas de reunião, relatórios de viagens, comprovantes de viagens efetuadas etc”, a efetiva prestacã̧o dos serviços, tambeḿ não sendo admissível que as exigen̂cias de comprovação desconsiderem as características dos serviços prestados, ultrapassando os limites da razoabilidade; 5. Que o teor do “Instrumento Particular de Subempreitada” firmado entre a CONSTRUCAR CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO E SERVICOS LTDA ME e o Consórcio Construtor Nova Arena BH, onde no escopo do contrato está claro que “constitui objeto deste contrato a execucã̧o da prestação de serviços de corte e dobra, montagem de CA 50, montagem e desmontagem de forma, montagem e desmontagem de cimbramento metálico, lançamento e adensamento de concreto magro e estrutural, fundacã̧o e reaterro compactado pela CONTRATADA, devendo esta fornecer toda a mão de obra, todos os materiais e todos os equipamentos necessários para a consecucã̧o do objeto contratual, doravante denominados simplesmente SERVIÇOS, que deverão ser executados na Avenida Abrahão Caram, no 1001, Belo Horizonte, doravante denominado simplesmente LOCAL DAS OBRAS, incluído, se for o caso, a obtencã̧o de liberacõ̧es de licenças; 6. Que, do mesmo modo, o contrato firmado entre a CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME e o Consórcio Construcap CEC, onde está consignado que o objeto do contrato era “prestação de serviços de montagem e desmontagem de formas incluso cimbramento e recimbramento de lajes e concreto na obra do Novo Hospital Dório Silva no Município de Serra – ES”, demonstra que os serviços contratados junto à empresa em questão tem total e completa relação com as atividades desenvolvidas pela Reqte., constituindo, em verdade, subcontratacõ̧es feitas para se cumprir integralmente o contrato frimado entre a Reqte. e o Contratante Principal; 7. Que não é admissível que diante da apresentação de prova documental consistente na apresentação dos (i) contratos de prestação Fl. 7856DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.855 5 de serviços de subempreitada firmados com a CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME; (ii) boletins de mediçaõ e relatórios descritivos dos serviços prestados; (iii) comprovação dos pagamentos efetivados por força dos contratos; (iv) termos de encerramento de cada contrato; (v) cópias dos relatórios de presenca̧ dos funcionaŕios da CONSTRUCAR nos treinamentos ministrados pela Reqte. para o pessoal de obra; (vi) comprovação de que a Reqte. foi demanda em 249 acõ̧es trabalhistas na posiçaõ de responsável solidária com a CONSTRUCAR em razão de serviços prestados nas obras da Reqte., afirmese que os serviços não foram realmente prestados; 8. Que nem se diga que a declaração de inidoneidade de tal empresa efetivada agora por força do fato de que esta não teria entregue suas DIPJs após o ano de 2013 demonstraria que os serviços naõ foram prestados, pois os serviços ora tratados foram prestados antes disso e irregularidades fiscais posteriores não tem o condão de afetar a realidade do fato de que os serviços em questão foram prestados; 9. Que a fiscalizaçaõ não avaliou o quadro de funcionários atual da Reqte., a crise do mercado de construçaõ civil que fez com esta dispensasse praticamente todos os seus funcionários, os registros de funcionários da época dos fatos tratados no presente feito, as acõ̧es trabalhistas movidas pelos seus exfuncionários da CONSTRUCAR, logo, não poderia afirmar inexisten̂cia de capacidade operacional sem que esses pontos tivessem sido avaliados e as respectivas provas carreadas aos autos; 10. Que a fiscalizacã̧o não considerou que o Sr. Carlos Roberto Rodrigues de Morais e o Sr. Ronilson da Costa Barbosa fizeram declaraçaõ clara no procedimento instaurado para baixa do CNPJ da CONSTRUCAR, sendo que estes declararam que constituíram a empresa e que ela, apesar de atualmente ter apenas uma funcionária, ela já possuiu, entre 2009 e 2010, 250 funcionários e que, entre 2011 e 2015, alcanco̧use a marca de 800 funcionários; 11. Que a contratação dos serviços prestados pela CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME fezse necessária para que a Reqte. pudesse dar integral cumprimento aos termos dos contratos firmados com empresas particulares e com entes públicos, de modo que se fazem absolutamente legítimas as deduções efetivadas dos custos dos serviços tomados e a prova documental carreada aos autos é cabal na demonstração da efetividade dos serviços prestados; 12. Requerse que seja acolhida e provida a presente impugnacã̧o, restabelecendose a deduçaõ das despesas decorrentes dos serviços prestados pela empresa CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVIÇOS LTDA no período objeto dos lanca̧mentos fiscais ora impugnados, pelas razões postas nas linhas Fl. 7857DF CARF MF 6 antecedentes, com o cancelamento integral dos autos de infração lavrados para a exigência de valores a título de IRPJ, CSLL e multas correlatas, os quais são absolutamente improcedentes; 13. Quanto ao IRRF e os pagamentos feitos à Construcar: (...) “que não pode o Fisco considerar esses pagamentos como pagamentos sem causa, eis que a causa que os motiva é a liquidaçaõ dos servico̧s de subempreitada contratados e executados pela empresa CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME diretamente para a Requerente ou para os Consórcios dos quais esta fazia parte; 14. Que não está presente no caso vertente a figura do pagamento sem causa, pois, em verdade, o que existem são pagamentos feitos pela Requerente e pelos Consórcios em razão dos serviços que foram efetivamente prestados pela empresa CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME, não podendo os AFRFB autuantes desconsiderarem a natureza de tais pagamentos apenas porque não aceitaram os contratos e boletins de mediçaõ como provas hábeis à demonstracã̧o da efetividade dos serviços, numa postura, inclusive, de total desconsideração para com toda a prova documental apresentada na fase de fiscalizacã̧o e que não foi sequer referenciada no TVF; 15. Que, se há um fundamento e/ou uma justificativa, já não se está mais no âmbito de um pagamento sem causa, mas sim no da avaliaçaõ da qualidade da despesa, se ela é necessária para as atividades da empresa e, portanto, se se trata de despesa dedutível; 16. Que os esclarecimentos prestados nas linhas antecedentes, em conjunto com a farta documentação acostada aos autos comprovam não só a efetividade dos serviços prestados como a necessidade de tais serviços para a consecução das atividades da Requerente; 17. Que é inviável a cobrança do IRRF, à alíquota de 35%, cumulada com o alargamento da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, via glosa das despesas incorridas pela Reqte., sob pena de se configurar bis in idem e confisco. E isso se dá na medida em que se pretende tributar, de duas formas distintas, a mesma base de cálculo; 18. Que a incidência do IRRF prevista no art. 61 da Lei no 8.981/95, pretendida pela fiscalizacã̧o, só seria aplicável se as despesas não tivessem sido glosadas, ou, alternativamente, a cobranca̧ do IRRF de 35% seria possível se o pagamento feito pela Requerente. não tivesse ensejado reconhecimento de despesa; 19. Que, em nenhum momento a fiscalizacã̧o negou que tais pagamentos foram efetuados para a empresa CONSTRUCAR, mas apenas questionou sua dedutibilidade para fins de apuracã̧o do IRPJ e da CSLL à luz das regras de dedutibilidade de que trata o art. 299 do Decreto no 3.000/99 e o Parecer Normativo CST no 32/81; Fl. 7858DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.856 7 20. Que seja cancelada a integralidade da cobranca̧ de IRRF lavrada em face da Requerente, e, subsidiariamente, requerse sejam reconhecidos os créditos relativos aos tributos já retidos pela Requerente. e pelos Consórcios dos quais fez parte dos pagamentos efetivados à CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME”; 21. Quanto à multa qualificada: que “se constata da leitura do relatório fiscal, que os AFRFB autuantes apoiaram a aplicação da multa qualificada de que ora se trata na suposiçaõ de que se teria agido de maneira evasiva, com o registro de pagamentos com histórico contábil falso, utilizandose de documentação inidônea, de modo que tais atos teriam sido praticados deliberada e sistematicamente com a presença de dolo para a sonegacã̧o de tributos”; 22. Que só se pode cogitar da aplicacã̧o da multa qualificada se estiver provada nos autos do feito administrativo a presença do dolo específico que é elemento essencial da sonegação e da fraude e também se a conduta imputada ao contribuinte estiver descrita e capitulada de modo claro numa dessas figuras, pois, em razão do caráter penal de tal multa, só se pode admitir que ela seja aplicada na sua forma qualificada a determinado contribuinte se a fiscalização tiver, com clareza, individualizado sua conduta, com a indispensável capitulação do tipo que lhe é imputado, por conta do princípio da tipicidade estrita que vige em tais casos; 23. Que deverá a fiscalizacã̧o, ao qualificar a multa, comprovar e demonstrar os ardis e subterfúgios utilizados pelo contribuinte para alcançar seu objetivo ilícito, com a indicacã̧o dos atos concretos que comprovam a presença do intuito de se fraudar ou de se sonegar; 24. Que não há qualquer sorte de dolo específico e tampouco de fraude, conluio ou sonegação com relação à CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME; 25. Que não há nenhum elemento de prova carreado aos autos pela fiscalizaçaõ no sentido de que a Requerente teria agido movida pela presença de dolo específico e direcionado para, mediante a utilização de ardis e artifícios, causar prejuízo ao Fisco; 26. Que, ao contrário, foram postas no TVF inúmeras digressões sobre as investigações feitas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal com relaçaõ ao Consórcio Novo Cenpes, do qual a Requerente. fez parte, mas é certo que o prestador de serviços CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME naõ está sequer mencionado nas transcricõ̧es feitas pela fiscalizaçaõ de trechos da acusaçaõ feita pelo Ministério Público para amparar a aplicação da multa qualificada; 27. Que a fiscalizaçaõ não aceitou a documentacã̧o apresentada para a comprovação dos serviços prestados e, sem produzir qualquer sorte de Fl. 7859DF CARF MF 8 prova da existência de fraude, conluio ou sonegação, aplicou a multa qualificada nas exigências fiscais vinculadas à CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME em hipótese na qual a multa qualificadora evidentemente não é aplicável; 28. Quanto a decadência: Afirma que “o afastamento da multa qualificada imposta nos autos de infração ora impugnados, com base nas razões de fato e de direito acima elencadas gera a constatacã̧o de que, quando menos, já estão extintos por decaden̂cia os débitos de IRPJ e CSLL relativos ao período entre janeiro/2011 e dezembro/2011, ou seja, aqueles que dizem respeito ao anocalendário 2011; 29. Que, “no que diz respeito ao IRRF, é de se frisar que parte dos débitos exigidos no auto de infraçaõ ora impugnado já está extinta pela decadência, eis que, em sendo o fato gerador do IRRF apurado diariamente, pois o §2o do artigo 674 é claro ao asseverar que “considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância”, já estão extintos pela decadência os deb́itos exigidos com relação ao período entre 10/01/2012 e 12/06/2012, por decurso do prazo de decadência quinquenal; 30. Que não se faz possível a aplicacã̧o da multa isolada sobre o valor da estimativa, após o encerramento do ano calendário, de modo concomitante com a aplicação da multa de ofício; 31. Requereu o acolhimento da impugnação, “para o fim de que sejam consideradas dedutíveis todas as despesas e custos decorrentes dos serviços que foram prestados pela empresa CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME a ̀Reqte. e aos Consórcios dos quais esta fazia parte, que foram indevidamente glosados pela fiscalização, cancelandose a integralidade dos autos de infração lavrados para a exigência de IRPJ, CSLL e multas isoladas em face da Reqte. e ora impugnados no presente feito; 32. Que, como consequen̂cia do afastamento da multa qualificada pleiteado no item antecedente, pede a Requerente., subsidiariamente, seja a presente impugnacã̧o acolhida e provida para o fim de se reconhecer que estão extintos por decaden̂cia os débitos de IRPJ e CSLL relativos ao anocalendário 2011, reconhecendose, ainda, a decadência que já extinguiu os débitos de IRRF exigidos com relação ao período entre 10/01/2012 e 12/06/201”. ÀS Fls. 1033/1082 DOS AUTOS – IMPUGNAÇÃO DE Nº 2 APRESENTADA POR “ROBERTO RIBEIRO CAPOBIANCO”, que além de repisar os argumentos aduzidos pela contribuinte em contestação à multa qualificada, trouxe os seguintes argumentos: 1. Que de início, devese ressaltar que, em que pese o procedimento fiscal tenha sido instaurado em face da empresa Construcap CCPS em razão do seu suposto envolvimento na operação denominada Lava Jato, deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF), Polícia Fl. 7860DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.857 9 Federal (PF) e Receita Federal do Brasil (RFB), para a investigação de um esquema de corrupção na Petrobrás, devendose dar o devido destaque a forma detalhada como o AFRFB autuante tratou dessas acusações em seu TVF, é certo que o exame atento de sua íntegra revela que o próprio AFRFB não afirma, em momento algum, que os serviços prestados por CONSTRUCAR CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA ME tenham qualquer espécie de relação com as supostas práticas delituosas nele relatadas e que são objeto de investigação pelos órgãos competentes; 2. Que o que se busca com o relato efetivado é estabelecer uma presunção de que, dadas as acusações que estão sendo investigadas pelos órgãos competentes (Ministério Público e Polícia Federal) sob o manto da Operação Lava Jato com relação ao Consórcio Novo Cenpes, do qual a empresa Construcap CCPS participava em conjunto com outras empresas, todos os prestadores de serviços que prestaram serviços para a empresa Construcap CCPS e para os Consórcios dos quais ela participou nos anos entre 2011 e 2013 não o fizeram de forma real, quando então se estaria diante de contratos celebrados de forma fraudulenta e que não corresponderiam a serviços efetivamente prestados; 3. Que “a leitura do TVF revela que os serviços que foram prestados a empresa Construcap CCPS por CONSTRUCAR CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA ME não possuem qualquer relação com a Operaçao Lava Jato, até mesmo porque nas acusações advindas do Ministério Público e que estão relatadas no TVF não há qualquer menção a referida empresa”; 4. Que, “nada obstante toda a narrativa efetivada no TVF acerca das investigações em curso na Operação Lava Jato, a leitura do Termo de Fiscalização evidencia que, com relação a empresa CONSTRUCAR CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA ME, a discordância da fiscalização fundase exclusivamente da afirmação de que a Construcap não apresentou documentos comprobatórios dos serviços que lhe foram prestados”; 5. Que “dessa suposta ausência de comprovação da efetiva prestação dos serviços passam os Agentes Fiscais autuantes as afirmações de que os serviços não foram prestados, de que se que se tratava de empresa “noteira” utilizada por operadores para operacionalizar o pagamento de propina a diversos agentes e ingerências do gênero”; 6. Que “tanto é fato que se tratam de inferências totalmente descontextualizadas e dissonantes da realidade documental do processo que no TVF que instrui os autos de infração lavrados em face da empresa Construcap CCPS, especificamente nos itens 7, 7.1 e 7.2, onde são descritas as supostas infrações imputadas a empresa Construcap CCPS, os AFRFB autuantes não mencionam qualquer elemento que relacione tal empresa com a Lava Jato”; Fl. 7861DF CARF MF 10 7. Que “invocouse, ainda, o resultado tido por alcançado no processo instaurado para a baixa de ofício do CNPJ da Construcar (nº 10.774.616/000173), decretada com efeitos a partir da constituição da empresa, ou seja, 12/03/2009, sob a alegação de que a Construcar não dispunha de patrimônio próprio e não possuiria capacidade operacional para a realização do seu objeto, inexistindo de fato, o que conduziu a fiscalização a conclusão de que ela não prestou serviços a empresa Construcap CCPS”; 8. Que “mencionase, ainda, que os documentos integrantes da Representação Fiscal para baixa de Ofício do CNPJ da CONSTRUCAR seriam carreados aos autos do presente feito, o que não ocorreu, eis que nos presentes autos não constam as provas as quais se refere a fiscalização, o que se afigura um procedimento que gera preterição do direito de defesa da empresa Construcap CCPS e do Requerente”; 9. Que, “dentre os elementos motivadores da conclusão da fiscalização de que a Construcar nunca existiu de fato estaria o fato de que esta somente apresentou DIPJ com relação aos anos de 2011 e 2012, não tendo apresentado declarações com relação aos anos subsequentes”; 10. Que “tratase, portanto, de informação leviana e absolutamente improcedente, desgarrada do teor das investigações que estão sendo feitas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal e que tem como única finalidade descaracterizar serviços licitamente prestados a empresa Construcap CCPS, afirmandose, categoricamente, que estes não foram prestados e inferindose, de forma absolutamente infundada, que estes apenas visavam "dar saída de dinheiro dos seus cofres como se fosse um pagamento regular”; o) que, além de se ter apresentado (i) todos os contratos celebrados com a empresa Construcap CCPS e os Consorcios contratantes da Construcar, cuja leitura demonstra a relevância dos serviços desempenhados para o bom andamento da obra, bem como as responsabilidades tecnicas assumidas pela Construcar e (ii) processos completos de pagamento de cada uma das notas, nos quais constam a autoriza9ao de diversos setores da empresa Construcap CCPS e Consórcios para a realização dos pagamentos e Boletins de Medição/Relatórios de Medição, parte dos quais também estão assinados pela empresa Construcap CCPS; também foram apresentados (iii) Termos de Encerramento das Obras, onde as partes se deram quitação com relação aos serviços prestados; (iv) copias de ações trabalhistas movidas por funcionários que atuaram nas obras em face da Construcar e da Reqte. e (iv) Listas de presença de funcionários da CONSTRUCAR que participaram de treinamentos ministrados pela empresa Construcap CCPS durante o período de realização das obras, provas estas que são cabais demonstração de que não se está diante de “empresa noteira”, mas sim pessoa jurídica que prestou serviços a empresa Construcap CCPS durante o período fiscalizado, tendo a empresa Construcap CCPS treinado alguns de seus funcionarios e sido acionada em reclamações trabalhistas movidas por outros”; Fl. 7862DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.858 11 11. Que “agindo de modo a buscar fundamento para sua afirmação de que os serviços não teriam sido prestados, a fiscalização sequer juntou esses documentos aos autos do processo administrativo no bojo do qual foram lavrados autos de infração em face da empresa Construcap CCPS, pois juntou essa documentação aos autos do presente feito em forma de arquivo não paginável localizável a partir das fls. 308”. 12. Que se tivesse examinado os documentos apresentados com maior profundidade, teria a fiscalização constatado que a prestação dos serviços estava devidamente comprovada, até mesmo porque somente poderia a empresa Construcap CCPS ter sido acionada em processos trabalhistas por funcionários de CONSTRUCAR se estes tivessem, como de fato ocorreu, prestado serviços em obras de sua responsabilidade; 13. Que o mais do que foi dito são ilações da fiscalização sem respaldo em qualquer sorte de prova, ilações nas quais se baseou a fiscalização para inclusive, aplicar multa qualificada no ato da lavratura dos lançamentos fiscais em discussão e mais ilações nas quais se baseou a fiscalização também para imputa responsabilidade solidária pelos débitos autuados ao Requerente; 14. Que “o Requerente. foi responsabilizado, de modo solidário, pelas exigências fiscais lavradas em face da empresa Construcap CCPS pelo fato de ocupar o cargo de Diretor Presidente da referida empresa e por, supostamente, ter praticado atos com infração à lei, na forma de sonegação, fraude e conluio, nos termos dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64”; 15. Que “os únicos elementos apresentados pela fiscalização para sustentação da afirmação de que o Requerente. teria praticado atos com infração a lei são alguns trechos da denuncia oferecida pelo Ministério Público Federal na operação Lava Jato que deu origem a ação penal n° 503780018.2016.404.7000”; 16. Que “se não há qualquer menção a essa empresa na investigação em questão, afigurase claro que não pode o Requerente. ser responsabilizado pelos débitos oriundos dos autos de infração lavrados no presente feito por conta de sua suposta participação na Operação Lava Jato, conforme denúncia oferecida pelo MPF e que esta sendo apurada na ação penal n. 503780018.2016.404.7000, pois na referida ação penal não foi feita qualquer acusação em face do Reqte. que diga respeito a referida empresa”; 17. Que “é inegável que os AFRFB não comprovaram a presença dos requisitos agasalhados no inciso III do art. 135 do CTN, que são fundamentais para que se possa cogitar da responsabilidade de pessoas físicas por débitos de pessoas jurídicas”; 18. Que a responsabilidade dos diretores, gerentes ou administradores pelos débitos da pessoa jurídica somente pode ser cogitada quando Fl. 7863DF CARF MF 12 restar comprovado que tal agente praticou atos dolosos com o intuito de infringir a lei, ao contrato social ou aos estatutos da empresa, de sorte que tal responsabilidade somente poderá ser suscitada quando restar provada a conduta dolosa; 19. Que a mera transcrição de trechos da denúncia formulada pelo MPF na operação Lava Jato que não dizem respeito à empresa acusada de não ter prestado serviços a empresa Construcap CCPS não é suficiente para comprovar que o Reqte. Tenha agido com fraude, dolo ou máfé, pois o fato apontado não é objeto da referida ação penal e não ha nada que comprove sua participação nos eventos motivadores da lavratura dos autos de infração já impugnados no presente feito; 20. Que, “no que diz respeito ao IRRF, também há que se ter presente que a impossibilidade de manutenção da responsabilidade solidária em face do Reqte. também decorre do fato de que terceiros não podem ser responsabilizados solidariamente em caso de tributação exclusiva na fonte, com base no art. 61 da Lei n° 8.981/1996”; 21. Que “o artigo 61 da Lei n° 8.981/1996 trata da responsabilidade prevista no artigo 121, inc. II, combinado com o artigo 128 do CTN, tratandose de responsabilidade exclusiva da fonte pagadora”; 22. Requereu o recebimento da impugnação para “cancelar integralmente o Termo de Sujeição Passiva Solidária lavrado em face do Reqte. e julgandose improcedente sua responsabilização solidária pelos débitos exigidos no presente feito, pelas razões expostas nas linhas antecedentes”; 23. E para o fim de que “seja afastada a aplicação da multa qualificada imposta nos autos de infração em questão, por ser medida de justiça”. O Acórdão ora Recorrido (0377.041 4ª Turma da DRJ/BSB) recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011, 2012, 2013 DECADÊNCIA. REGRA DO ART.173, I, DO CTN. IRPJ. CSLL Há que se exonerar o contribuinte da parte do crédito tributário lançada após transcorridos mais de 5 anos do primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar. GLOSA DE DESPESA. DEVIDA Há que se manter a glosa da despesa se a contribuinte não logra provar a efetiva prestação do serviço. MULTA QUALIFICADA. INDEVIDA. Fl. 7864DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.859 13 Deve ser mantida a qualificação da multa, quando restar provado o dolo de sonegar, caracterizado pelo uso de documentos ideologicamente falsos para dissimular a indedutibilidade de valores lançados como se despesas dedutíveis fossem. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2012, 2013, 2014 CAUSA DE PAGAMENTO. BENEFICIÁRIO. NÃO IDENTIFICADOS É procedente o lançamento do IRRF com base no art. 61, § 1º, da Lei 8.981/95, quando não identificada à causa ou o real beneficiário de pagamentos. MULTA QUALIFICADA. INDEVIDA. Deve ser mantida a qualificação da multa, quando restar provado o dolo de sonegar ou de fraudar, caracterizado pelo uso de documentos ideologicamente falsos para justificar a causa de pagamentos. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Isto porque, segundo entendimento da Turma, ressaltouse que "não existe qualquer relação de causa e efeito entre o lançamento do IRRF sobre pagamento sem causa e do IRPJ/CSLL em virtude da glosa de despesa. Notese que um pagamento sem causa não terá qualquer impacto na base tributável do IRPJ e da CSLL, desde que o contribuinte não o tenha contabilizado como despesa dedutível, ou seja, se a impugnante tivesse adicionado ao lucro líquido as despesas referentes a tais pagamentos sem causa, não haveria IRPJ e CSLL a serem lançados. Por sua vez, se o contribuinte contabilizou um pagamento sem causa ou sem identificação do beneficiário como despesa dedutível das bases do IRPJ e da CSLL, estamos diante também de uma despesa indevida, a qual deverá ser glosada, para fins de cálculo do lucro real e da base ajustada. Assim, totalmente descabida a alegação de que haveria um bis in idem pela cobrança de IRRF em conjunto com o IRP e CSLL. Ademais, a impugnante responde pelo IRRF na condição de fonte pagadora (art. 45 do CTN combinado com art. 61 da Lei 8.981/95); já pelos IRPJ e CSLL, responde na condição de contribuinte (sujeito passivo direto). Somese a isso o fato de que o IRPJ e a CSLL são devidos pelo recálculo das bases tributáveis a partir da glosa da despesa, pois a impugnante não logrou provar a efetiva ocorrência das operações; já com relação ao IRRF, o lançamento decorre da incidência do IRRF sobre os pagamentos que a impugnante fonte pagadora – não logrou provar as suas causas”. Não obstante, “os indícios convergentes e harmônicos coligidos no âmbito do processo de baixa do CNPJ da Construcar e que foram juntados a estes autos, conforme antes Fl. 7865DF CARF MF 14 abordados, demonstraram de maneira suficientemente contundente que a Construcar era uma sociedade com existência meramente formal e que não teria sido ela quem prestou os serviços indicados nos contratos, notas fiscais e relatórios de medição, razão pela qual há que se concluir que tais documentos são ideologicamente falsos e que foram adrede concebidos para lastrear, como se dedutíveis fossem das bases do IRPJ e da CSLL, pagamentos com fins outros que não aqueles que estavam informados nos referidos documentos. Ou seja, a um só tempo os referidos documentos ideologicamente falsos lastreavam o lançamento dos pagamentos como despesas dedutíveis e serviam para dissimular a verdadeira causa. Por essas razões, voto por manter a multa qualificada”. E que, “a sistemática de antecipação dos impostos ocorre por diversos meios previstos na legislação tributária, sendo exemplos disto, além dos recolhimentos por estimativa, as retenções feitas pelas fontes pagadoras e o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), feitos pelos contribuintes pessoas físicas. O que se tem, na verdade são diferentes formas e momentos de exigência da obrigação tributária. Todos esses instrumentos visam ao mesmo tempo assegurar a efetividade da arrecadação tributária e o fluxo de caixa para a execução do orçamento fiscal pelo governo, impondose igualmente a sua proteção (como bens jurídicos). Portanto, não há um bem menor, nem uma conduta menos grave que possa ser englobada pela outra, neste caso. Ademais, é um equívoco dizer que o não recolhimento do IRPJestimada é uma ação preparatória para a realizacã̧o da “conduta mais grave” – não recolhimento do tributo efetivamente devido no ajuste. O não pagamento de todo o tributo devido ao final do exercício pode ocorrer independente do fato de terem sido recolhidas as estimativas, pois o resultado final apurado não guarda necessariamente proporção com os valores devidos por estimativa. Ainda que o contribuinte recolha as antecipações, ao final pode ser apurado um saldo de tributo a pagar, com base no resultado do exercício. As infrações tributárias que ensejam a multa isolada e a multa de ofício nos casos em tela são autônomas. A ocorrência de uma delas não pressupõe necessariamente a existência da outra, logo inaplicável o princípio da consunção, já que não existe conflito aparente de normas. Ciente da decisão do Acórdão em 04/10/2017 (fl. 1145), o interessado – CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO S.A., interpõe Recurso Voluntário em 01/11/2017 (fls. 1150/1234), trazendo as mesmas razões apresentadas em sede de impugnação administrativa às fls. 509/571 dos autos. Às fls. 1734 – Petição do Contribuinte – “CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO” – juntada de documentos. Às fls. 7696 dos autos (segunda parte) Petição do Contribuinte – “CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO” – juntada de documentos. Às fls. 7726 dos autos (segunda parte) Petição do Contribuinte – “CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO” – juntada de documentos. Tais documentos foram juntados ao Recurso Voluntário e, em que pese sejam documentos que sempre estiveram de posse do contribuinte, apenas foram juntados em sede recursal. Fl. 7866DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.860 15 Às fls. 7741/ 7794 dos autos (segunda parte) Recurso Voluntário apresentado por ROBERTO RIBEIRO CAPOBIANCO, trazendo as mesmas razões apresentadas em sede de impugnação administrativa às fls. 1033/1082 dos autos. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Daniel Ribeiro Silva Relator. Os recursos são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade por isso deles conheço. Da análise dos autos é fácil constatar que o Recurso Voluntário apresentado constituise de repetição dos argumentos utilizados em sede de impugnação, os quais foram detalhadamente apreciadas pelo julgador a quo. Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador pelo § 3º do Art. 57 do Regimento Interno do CARF: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017). Fl. 7867DF CARF MF 16 Da análise do presente processo, entendo ser plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. Ademais, as centenas de documentos juntados pela Recorrente, se não bastasse a preclusão processual que impediria esse julgador de apreciálo em sua grande parte, em nada lhe acrescem vez que apenas serviriam para confirmar a tese de impugnação reafirmada em sede recursal. Outrossim, os documentos apresentados, no meu entender, não possuem o condão de modificar a decisão recorrida vez que suficientemente demonstrada e comprovada a inexistência de substrato para sustentar a validade das despesas realizadas. Assim, desde já proponho a manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos, com exceção da matéria relativa à cumulação da multa isolada e de ofício, para a qual tenho posicionamento diverso e analisarei ao final, considerandose como se aqui transcrito integralmente o voto da decisão recorrida: PRELIMINARMENTE PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA Alega o responsável tributário que a Fiscalização menciona “que os documentos integrantes da Representação Fiscal para baixa de Ofício do CNPJ da CONSTRUCAR seriam carreados aos autos do presente feito, o que não ocorreu, eis que nos presentes autos não constam as provas as quais se refere a fiscalização, o que se afigura um procedimento que gera preterição do direito de defesa da empresa Construcap CCPS e do Requerente”. Equivocase o responsável tributário, pois todos os documentos foram juntados ao processo na pasta (não paginável) intitulada “Baixa de Ofício do CNPJ da Construcar – Cópia Elementos do PA 19515720254201702”, a qual faz parte dos autos do processo eletrônico e sempre esteve à disposição dos recorrentes. Aliás, vale esclarecer que os arquivos não pagináveis devem sempre estar a disposição das partes, razão pela qual também não tem razão o responsável tributário quando se insurge pelo fato das provas apresentadas pelo contribuinte terem sido juntadas em um pasta não paginável. O responsável tributário não traz qualquer prova de que tais documentos lhe tenham sido sonegados, razão pela qual afasto a preliminar de nulidade. DA PRELIMINAR DE MÉRITO – DECADÊNCIA Tendo em vista a relação de causa e efeito entre a eventual constatação de conduta fraudulenta e a aplicação da regra decadencial do art. 173, I, do CTN, fazse necessário que invertamos a ordem deste julgamento, para que a decadência seja analisada após a análise do mérito, especificamente, após a apreciação do ponto relativo à qualificação da multa de ofício. DA GLOSA DAS DESPESAS Fl. 7868DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.861 17 Inicialmente, vale, desde já, observar que a apresentação de nota fiscal e do termo de contrato não se configuram como presunção jure et de jure da existência das operações que neles estão indicadas. Assim, o fato de prestadora de serviço contratada ter emitido nota fiscal não é certeza de que os serviços tenham sido efetivamente prestados. Aliás, no mundo das fraudes fiscais, não é raro a descoberta de pessoas jurídicas dedicadas à venda de notas fiscais. A recorrente alega que não é admissível que “a Fiscalização sem qualquer prova ou indício veemente, desconsidere a documentação apresentada pelo contribuinte para comprovar a efetiva prestação de serviços”, razão pela qual passamos a analisar os referidos documentos. Vejamos, então de quais documentos se trata no Relatório Fiscal, in verbis: “Da análise de toda a documentação apresentada pela Construcap, constatase a inexisten̂cia de elementos comprobatórios da efetiva prestacã̧o dos servico̧s pela pessoa jurídica Construcar Construção, Comércio e Servico̧s Ltda. ME. A Construcap se limitou a apresentar cópia das notas fiscais de prestação de serviços, dos comprovantes dos pagamentos realizados e de documentos intitulados como sendo ‘Boletim de Medição de Servico̧s’. De tudo o quanto foi apresentado, em nenhum momento é possível concluir qual foi a atuação desempenhada pela pessoa jurídica Construcar Construcã̧o, Comércio e Serviços Ltda. ME. Nada do que foi apresentado demonstra o efetivo exercício das atividades que a referida pessoa jurídica diz desempenhar. Em 12/07/2016 a Construcap apresentou diversos documentos que intitulou como sendo "Boletim de Medição de Serviços", de sua própria emissão. No entanto, tais documentos não passam de simples folhas de papel, sem nenhuma assinatura, nem da contratante nem da contratada. Observese ainda que, em tais "folhas de papel", de emissão da Construcap, consta a expressão "Relatórios em Anexo", mas nenhum relatório foi apresentado. Para deixar bem demonstrada esta constatação, extraímos dos arquivos apresentados pela Construcap diversas cópias desses boletins, que nada comprovam, e os digitalizamos em um novo arquivo PDF ("Anexo 14"). Embora intimada a apresentar quaisquer documentos que pudessem comprovar, de forma cabal, a efetiva prestação dos serviços tomados junto à pessoa jurídica Construcar Construção, Comércio e Serviços Ltda. ME, a Construcap nada apresentou nesse sentido.” Ao se compulsar o Anexo 14, verificase, ao contrário do que afirma a Fiscalização, que os Boletins de Medição são indícios da prestação dos serviços em tela. Lógico que por serem documentos produzidos unilateralmente pela recorrente, a quem interessa a prova, necessitariam estar suportados por outras provas, ou mesmos indícios, que os confirmem. No entanto, a recorrente não logrou trazer qualquer outra prova em apoio às informações contidas nos boletins. Fl. 7869DF CARF MF 18 Ademais, ao se analisar a discriminação dos serviços em referidos boletins, constatase que a Construcar necessitaria de uma estrutura operacional no ramo da construção para execução dos serviços ali especificados, o que também não foi constatado pela Fiscalização. Vale salientar que agiu corretamente a Fiscalização quando partiu para investigar a capacidade operacional da Construcar nos autos do PAF 19515720254/201722, tendo concluído, conforme Representação para baixa de Ofício do CNPJ, o seguinte: “Isto posto, e tendo em vista que a CONSTRUCAR é uma empresa inexistente de fato, caracterizada por não dispor de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, PROPONHO o encaminhamento da presente Representacã̧o para a DEFIS/SPO, para que se promova a baixa de ofício da CONSTRUCAR CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ 10.774.616/000173, conforme o rito definido no art. 29 da IN RFB no 1634/2016, com efeitos a partir da constituicã̧o da empresa, ou seja, 12/03/2009.”. A Construcar foi intimada a contrapor as razões da Representação, mas nada aduziu, sendo então baixada de ofício sua inscrição no CNPJ, por meio do seguinte ADE: “Número do Ato Declaratório Executivo: 002015163 Data da Publicação: 09/05/2017 Baixa de ofício de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Pelo presente ato, considerando o que consta no processo administrativo n. 19515.720254/201722, em conformidade com o disposto no parágrafo 2o do art. 31 da Instrução Normativa RFB no 1.634, de 06 de maio de 2016, declarase: Art. 1º BAIXADA de ofício a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de no 10.774.616/000173 do contribuinte CONSTRUCAR CONSTRUCAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME. Art. 2º Inidôneos, não produzindo efeitos tributários em favor de terceiros interessados desde 12/03/2009, os documentos emitidos pela pessoa jurídica, com fundamento no art. 29, II, da Instrução Normativa RFB no 1.634, de 06 de maio de 2016.”. Não obstante, para a questão sub examine vale as provas coligidas nos autos do PAF 19515720254/201722, as quais indicam efetivamente a falta de capacidade operacional da Construcar para prestar os serviços à Construcap, se não vejamos: a) notese que estamos tratando de uma sociedade (Construcar) que recebeu pagamentos apenas da Construcap no montante de R$ 4 milhões em 2011, R$ 7,09 milhões em 2012 e 14,04 milhões em 2013, não sendo assim razoável que o Sr. Carlos Roberto Rodrigues Morais, seu controlador, afirme que: não possui comprovante de pagamento efetuado com locação, de equipamentos, transporte, refeicõ̧es e alojamentos de funcionários, pois não solicitava recibos e que pagava Fl. 7870DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.862 19 tudo em dinheiro, ou seja, quer nos fazer crer que, no ano de 2013, a Construcar recebeu pagamentos no montante de R$ 14 milhões e que pagou todos os seus funcionários e fornecedores em dinheiro; b) a Construcar apresentou apenas duas DIPJs e mesmo assim sem informar qualquer receita; c) a Construcar não tem uma sede ou mesmo um endereço para recebimento de correspondência; d) uma empresa que faturou R$ 7 milhões em 2012 e R$ 14 milhões em 2013 apenas com os pagamentos da Construcap, teve metade de suas cotas vendidas pelo Sr. Ronilson da Costa Barbosa para a Sra. Ana Elizabeth por apenas R$ 30 mil em 2013 ou 2014 (pois o Sr. Ronilson não soube precisar exatamente a data). Todos esses indícios convergem à conclusão de que realmente se tratava de uma “empresa de fachada”, como qualificou a Fiscalização, razão pela qual há que se entender que as notas fiscais e boletins de medição apresentados são ideologicamente falsos. Vale ainda ressaltar que o fato de existirem 249 ações trabalhistas movidas por ex funcionários da Construcar em face da referida empresa e da recorrente em nada modifica as conclusões acima, pois o que restou demonstrado não foi que os serviços não foram prestados, mas que eles não foram prestados pela Construcar, por total falta de estrutura para fazêlo. Tanto é assim que, em caso de êxito dos autores dessas ações trabalhistas, apenas o patrimônio da recorrente poderá responder pela dívida, pois a Construcar é uma empresa sem sede e sem patrimônio, como foi constatado. Por essa razão, voto por manter a glosa de despesa e, assim, manter os lançamentos do IRPJ e CSLL. DOS PAGAMENTOS SEM CAUSA Verificado que a recorrente não logrou provar a efetiva prestação de serviços pela empresa Construcar, há que se concluir também que não resta demonstrada a causa dos pagamentos feitos a tal empresa, razão pela qual voto por manter também o lançamento do IRRF. Quanto à alegacã̧o de que “é inviável a cobrança do IRRF, à alíquota de 35%, cumulada com o alargamento da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, via glosa das despesas incorridas pela Requerente, sob pena de se configurar bis in idem e confisco”, há que se esclarecer que, quanto à alegação de confisco, esquivome de apreciar a questão, pois isso importaria em juízo de constitucionalidade de lei federal, o que é vedado à instância administrativa de julgamento por força do art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Por sua vez no que tange Fl. 7871DF CARF MF 20 à alegação de bis in idem, a recorrente não tem razão, se não vejamos o que se segue. Inicialmente, é importante ressaltar que não existe qualquer relação de causa e efeito entre o lançamento do IRRF sobre pagamento sem causa e do IRPJ/CSLL em virtude da glosa de despesa. Notese que um pagamento sem causa não terá qualquer impacto na base tributável do IRPJ e da CSLL, desde que o contribuinte não o tenha contabilizado como despesa dedutível, ou seja, se a recorrente tivesse adicionado ao lucro líquido as despesas referentes a tais pagamentos sem causa, não haveria IRPJ e CSLL a serem lançados. Por sua vez, se o contribuinte contabilizou um pagamento sem causa ou sem identificação do beneficiário como despesa dedutível das bases do IRPJ e da CSLL, estamos diante também de uma despesa indevida, a qual deverá ser glosada, para fins de cálculo do lucro real e da base ajustada. Assim, totalmente descabida a alegação de que haveria um bis in idem pela cobrança de IRRF em conjunto com o IRP e CSLL. Ademais, a recorrente responde pelo IRRF na condição de fonte pagadora (art. 45 do CTN combinado com art. 61 da Lei 8.981/95); já pelos IRPJ e CSLL, responde na condição de contribuinte (sujeito passivo direto). Somese a isso o fato de que o IRPJ e a CSLL são devidos pelo recálculo das bases tributáveis a partir da glosa da despesa, pois a recorrente não logrou provar a efetiva ocorrência das operações; já com relação ao IRRF, o lançamento decorre da incidência do IRRF sobre os pagamentos que a recorrente fonte pagadora – não logrou provar as suas causas. Noutro ponto, a recorrente alega que a fiscalização não reduziu do valor cobrado a título de IRRF as retenções efetuadas a título de IRRF, CSLL, PIS e COFINS por ela. Não obstante alegue que houve tais retenções e recolhimentos, ela não apresenta sequer um início de prova a justificar uma diligência nesse sentido, ou seja, não apresentou nenhuma DIRF relativa a tais retenções, razão pela qual há que se negar o pedido. Por essas razões, voto também por manter o lançamento do IRRF. DA MULTA QUALIFICADA A recorrente alega que “a fiscalização não aceitou a documentação apresentada para a comprovação dos serviços prestados e, sem produzir qualquer sorte de prova da existen̂cia de fraude, conluio ou sonegação, aplicou a multa qualificada nas exigências fiscais vinculadas à CONSTRUCAR CONSTRUÇAO, COMERCIO E SERVICOS LTDA ME em hipótese na qual a multa qualificadora evidentemente não é aplicável”: Vejamos, então, como a Fiscalização fundamentou a qualificação da multa: “Qualificamos, nos termos do art. 44, §1º, da Lei no 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14, da Lei no 11.488/07, o percentual da multa de ofício aplicável aos tributos apurados em decorrência das infrações descritas neste Relatório Fiscal, uma vez que constatamos a ocorren̂cia Fl. 7872DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.863 21 da conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. A presente fiscalização também é um desdobramento do enorme esforço que está sendo desenvolvido pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal do Brasil e outros órgãos federais no âmbito da denominada Operacã̧o Lava Jato, a qual, nas palavras do Ministério Público Federal, “é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve”. A evasão tributária perpetrada pela Construcap ao deixar de recolher os tributos descritos neste Relatório Fiscal foi idealizada através da utilização de notas fiscais de prestação de serviços e recibos inidôneos, pois os serviços não foram prestados. Isto porque, conforme demonstrado, os pagamentos foram feitos por razão outra. Serviram para o acobertamento contábil e financeiro do pagamento de propinas. A Construcap, liderada pelo seu Diretor Presidente Roberto Ribeiro Capobianco, conforme demonstrado ao longo deste Relatório Fiscal, agindo de forma consciente, deliberada, organizada, meticulosa e reiterada pagou propinas, ou, eufemisticamente, “vantagens indevidas”, a agentes públicos para assegurar sua participação em licitações promovidas pela Petrobras e, desse modo, contribuiu para fraudálas. Os fatos relatados neste Relatório Fiscal caracterizam a figura da sonegação fiscal. A pessoa já acima mencionada tinha conhecimento da inidoneidade dos pagamentos realizados e da consequência tributária na apuracã̧o dos tributos devidos (Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e Imposto de Renda Retido na Fonte), mas preferiu agir de maneira evasiva, registrar os pagamentos com histórico contábil falso, utilizandose de documentação inidônea. Desta forma, tal pessoa praticou atos que deliberada e sistematicamente demonstram a presença do DOLO, no sentido de ter a consciência e querer a conduta de sonegação e agir em conluio com outras empresas, descritas nos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/64, justificando a aplicação da multa qualificada de 150%.”. A recorrente tem razão quando alega que não há nada no Relatório Fiscal que vincule a Construcar com a operação “Lava Jato” e, consequentemente, com o pagamento de propinas para agentes públicos e políticos, mesmo porque as referências feitas ao sócio da Construcap, Roberto Capobianco, em depoimentos de colaboradores no âmbito da referida operação Lava Jato, não fazem qualquer menção à Construcar. Não obstante, os indícios convergentes e harmônicos coligidos no âmbito do processo de baixa do CNPJ da Construcar e que foram juntados a estes autos, conforme antes abordados, demonstraram de maneira suficientemente contundente que a Construcar era uma sociedade com existência meramente formal e que não teria sido ela quem prestou os serviços indicados nos contratos, notas fiscais e relatórios de medição, razão pela qual há que se concluir que tais documentos são ideologicamente falsos e que foram adrede concebidos para lastrear, como se dedutíveis fossem das bases do IRPJ e da CSLL, pagamentos com fins outros que não aqueles que estavam informados nos referidos documentos. Ou Fl. 7873DF CARF MF 22 seja, a um só tempo os referidos documentos ideologicamente falsos lastreavam o lançamento dos pagamentos como despesas dedutíveis e serviam para dissimular a verdadeira causa. Por essas razões, voto por manter a multa qualificada. DA DECADÊNCIA Conforme antes mencionado, coube a análise primeiro da qualificação da multa, para então abordarmos a questão da decadência. Assim, mantida a qualificação da multa por este Colegiado, resta aplicável, in casu, a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, tendo em vista o disposto no § 4º, in fine, do art. 150 do CTN. Com relação ao fato gerador mais antigo do IRPJ e da CSLL, datado de 31/03/2011 (em razão da Cisão Parcial, pois a recorrente era optante do lucro real anual), já havia decaído o direito de o Fisco efetuar o lançamento no momento em que a recorrente teve ciência do auto de infração em 16/05/2017 (AR a fls. 496). A regra do art. 173, I, do CTN é clara, quando dispõe que o dies a quo do prazo decadencial será o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar. Para o fato gerador de 31/03/2011, o Fisco poderia efetuar o lançamento no próprio ano de 2011, logo, o primeiro dia do exercício seguinte foi 01 de janeiro de 2012. Por sua vez, sendo o dia de início de contagem 01/01/2012, tinha o Fisco o direito de constituir o crédito de IRPJ e CSLL do fato gerador de 31/03/2011 até 31/12/2016, razão pela qual deve ser acolhida a alegação de decadência do lançamento com relação ao fato gerador de 31/03/2011. No que tange aos demais fatos geradores lançados do IRPJ e da CSLL, o mais antigo é o de 31/12/2011, sendo que o Fisco poderia efetuar o lançamento relativo a ele somente em 2012, logo, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar foi 01/01/2013 e, assim sendo, o prazo decadencial se esgotaria em 31/12/2017, razão pela qual, com relação aos fatos geradores de 31/12/2011, 31/12/2012 e 31/12/2013, a alegação de decadência deve ser afastada, já que os lançamentos do IRPJ e da CSLL ocorreram em 16/05/2017 (AR a fls. 496). Da mesma forma, deve ser afastada a alegação de decadência com relação aos lançamentos do IRRF e da multa isolada por falta de recolhimento de IRPJestimativa e CSLLestimativa, cujos fatos geradores mais antigos lançados são de janeiro de 2012, pois o Fisco poderia efetuar o lançamento ainda em 2012 e o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar foi 01/01/2013, razão pela qual o prazo decadencial se esgotaria em 31/12/2017. Nas mesmas conclusões se chega com relação ao responsável tributário, Roberto Ribeiro Capobianco, pois ele tomou ciência do lançamento apenas um dia após a ciência do contribuinte, ou seja, em 17/05/2017 (AR a fls. 503). Por essas razões, voto por acolher a preliminar de decadência com relação aos lançamentos do IRPJ e da CSLL relativos ao fato gerador de 31/03/2011. Fl. 7874DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.864 23 DA MULTA ISOLADA A recorrente alega que não se faz possível a aplicação da multa isolada sobre o valor da estimativa, após o encerramento do anocalendário, de modo concomitante com a aplicação da multa de ofício. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (assim como o extinto Conselho de Contribuintes) firmou, ao longo do tempo, diferentes posições sobre o tema, se não vejamos: a) que não se aplica a multa isolada após o encerramento do anocalendário, pois, a partir desse momento, só caberia a multa de ofício sobre o imposto de renda devido sobre o lucro real, já que não se pode penalizar duas vezes pela mesma infração; b) que só se aplica a multa isolada sobre o valor que o montante do imposto sobre as bases estimadas superarem o imposto de renda sobre o lucro real devido ao final do ano; c) que, até a entrada em vigor da redação dada pela Lei 11.488/07, a literalidade da redação original do art. 44, § 1o , IV, da Lei 9.430/96 impunha que a multa isolada só fosse devida quando a pessoa jurídica deixasse de pagar o IRPJ e a CSLL e que os valores calculados sobre a base estimada são meras antecipações, logo não se confundem com tais tributos; d) que a multa isolada não é devida juntamente com a multa de ofício por ser aplicável o instituto do Direito Penal da “consunção”. Em 08/12/2014, foi aprovada a Súmula CARF nº 105, cujo verbete assim dispõe: “A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.” Notese que o teor da Súmula CARF nº 105 deixa claro, para mim, que o Pleno deste Colegiado adotou a posição segundo a qual a multa isolada só pode ser cumulada com a multa de ofício a partir da entrada em vigor da MPv nº 351/2007 (que se converteu na Lei 11.488/07), a qual alterou o art. 44 da Lei 9.430/96, tanto que faz constar expressamente em seu verbete que só era inaplicável a cumulação de multas, quando a multa isolada fosse fundamentada no art. 44, § 1º, IV, da Lei 9430/96. Assim, como os lançamentos das multas isoladas em tela se fundamentaram no art. 44, inciso II, alínea “b”, da Lei 9.430/96, é inaplicável, na espécie, a Súmula CARF nº 105. Fl. 7875DF CARF MF 24 Tratase assim de questão de amplo conhecimento deste Colegiado, razão pela qual, peço vênia aos meus pares para reproduzir voto proferido em outras assentadas, no qual enfrentei cada uma dessas posições. Da inviabilidade de aplicação do princípio da consunção. O princípio da consunção é princípio específico do Direito Penal, aplicável para solução de conflitos aparentes de normas penais, ou seja, situações em que duas ou mais normas penais podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato. Primeiramente, há que se ressaltar que a norma sancionatória tributária não é norma penal stricto sensu. Vale aqui a lembrança que o parágrafo único do art. 273 do anteprojeto do CTN (hoje, art. 112 do CTN), elaborado por Rubens Gomes de Sousa, previa que os princípios gerais do Direito Penal se aplicassem como métodos ou processos supletivos de interpretação da lei tributária, especialmente da lei tributária que definia infrações. Esse dispositivo foi rechaçado pela Comissão Especial de 1954 – que elaborou o texto final do anteprojeto, sendo que tal dispositivo não retornou ao texto do CTN que veio a ser aprovado pelo Congresso Nacional. À época, a Comissão Especial do CTN acolheu os fundamentos de que o direito penal tributário não tem semelhança absoluta com o direito penal (sugestão 789, p. 513 dos Trabalhos da Comissão Especial do CTN) e que o direito penal tributário não é autônomo ao direito tributário, pois a pena fiscal mais se assemelha a pena cível do que a criminal (sugestão 787, p.512, idem). Não é difícil, assim, verificar que, na sua gênese, o CTN afastou a possibilidade de aplicação supletiva dos princípios do direito penal na interpretação da norma tributária, logicamente, salvo aqueles expressamente previstos no seu texto, como por exemplo, a retroatividade benigna do art. 106 ou o in dubio pro reo do art. 112. Das condutas infracionais diferentes. Ainda que aplicável fosse o princípio da consunção para solucionar conflitos aparentes de norma tributárias, não há no caso em tela qualquer conflito que justificasse a sua aplicação. Conforme já asseverado, o conflito aparente de normas ocorre quando duas ou mais normas podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato, o que não ocorre in casu, já que temos duas situações fáticas diferentes: a primeira, o não recolhimento do tributo devido; a segunda, a não observância das normas do regime de recolhimento sobre bases estimadas. Ressaltese que o simples fato de alguém, optante pelo lucro real anual, deixar de recolher o IRPJ mensal sobre a base estimada não enseja per se a aplicação da multa isolada, pois esta multa só é aplicável quando, além de não recolher o IRPJ mensal sobre a base estimada, o contribuinte deixar de levantar balanço de suspensão, conforme dispõe o art. 35 da Lei no 8.981/95. Assim, a multa isolada não decorre unicamente da falta de recolhimento do IRPJ mensal, mas da inobservância das normas que regem o recolhimento sobre bases estimadas, ou seja, do regime. Fl. 7876DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.865 25 Temos, então, duas situações fáticas diferentes, sob as quais incidem normas também diferentes. O art. 44 da Lei no 9.430/96 na sua redação originária já albergava várias normas, das quais vale pinçar as duas sub examine: a decorrente da combinação do inciso I do caput com o inciso I do § 1º aplicável por falta de pagamento do tributo; e a decorrente da combinação do inciso I do caput com o inciso IV do § 1o – aplicável pela não observância das normas do regime de recolhimento por estimativa. Ora, a norma prevista da combinação do inciso I do caput com o inciso I do § 1o do art. 44 jamais poderia ser aplicada pela falta de recolhimento do IRPJ sobre a base estimada, então, como se falar em consunção, para que esta absorva a norma prevista da combinação do inciso I do caput com o inciso IV do mesmo § 1º . Assim, demonstrado que temos duas situações fáticas diferentes, sob as quais incidem normas diferentes, resta irrefutável que não há unidade de conduta, logo não existe qualquer conflito aparente entre as normas dos incisos I e IV do § 1º do art. 44 e, consequentemente, indevida a aplicação do princípio da consunção no caso em tela. Noutro ponto, refuto os argumentos de que a falta de recolhimento da estimativa mensal seria uma conduta menos grave, por atingir um bem jurídico secundário – que seria a antecipação do fluxo de caixa do governo. Conforme já demonstrado, a multa isolada é aplicável pela não observância do regime de recolhimento pela estimativa e a conduta que ofende tal regime jamais poderia ser tida como menos grave, já que põe em risco todo o sistema de recolhimento do IRPJ sobre o lucro real anual – pelo menos no formato desenhado pelo legislador. Em verdade, a sistemática de antecipação dos impostos ocorre por diversos meios previstos na legislação tributária, sendo exemplos disto, Além dos recolhimentos por estimativa, as retenções feitas pelas fontes pagadoras e o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), feitos pelos contribuintes pessoas físicas. O que se tem, na verdade são diferentes formas e momentos de exigência da obrigação tributária. Todos esses instrumentos visam ao mesmo tempo assegurar a efetividade da arrecadação tributária e o fluxo de caixa para a execução do orçamento fiscal pelo governo, impondose igualmente a sua proteção (como bens jurídicos). Portanto, não há um bem menor, nem uma conduta menos grave que possa ser englobada pela outra, neste caso. Ademais, é um equívoco dizer que o não recolhimento do IRPJ estimada é uma ação preparatória para a realização da “conduta mais grave” – não recolhimento do tributo efetivamente devido no ajuste. O não pagamento de todo o tributo devido ao final do exercício pode ocorrer independente do fato de terem sido recolhidas as estimativas, pois o resultado final apurado não guarda necessariamente proporção com os valores devidos por estimativa. Ainda que o contribuinte recolha as antecipações, ao final pode ser apurado um saldo de tributo a pagar, com base no resultado do exercício. As infrações tributárias que ensejam a multa isolada e a multa de ofício nos casos em tela são autônomas. A ocorrência de uma delas não pressupõe necessariamente a existência da outra, logo inaplicável o princípio da consunção, já que não existe conflito aparente de normas. Fl. 7877DF CARF MF 26 Das diferentes bases para cálculos das multas A tese de que as multas isolada e de ofício, no presente caso, estariam incidindo sobre a mesma base, também, não deve prosperar, seja porque as bases não são idênticas, seja porque, ainda que idênticas, o bis in idem só ocorreria se as duas sanções fossem aplicadas pela ocorrência da mesma conduta, o que já ficou demonstrado que não ocorre, se não vejamos. A multa isolada corresponde a um percentual do IRPJ calculado sobre a base estimada, na qual o valor das despesas e dos custos decorrem de uma estimativa legal, ou seja, o legislador quando determina a aplicação de um percentual sobre a receita bruta, para o cálculo da base estimada, está, em verdade, estimando custos e despesas. A multa de ofício, in casu, corresponde a um percentual sobre o IRPJ calculado sobre o lucro real, na qual se leva em conta as despesas e custos efetivamente incorridos. Em suma, se a base estimada difere do lucro real, se são valores distintos, inclusive com previsões legais distintas, os impostos delas resultantes são também valores distintos e, consequentemente, as multas ad valorem que incidem sobre elas, também, são valores que não se confundem. Todavia, ainda que as multas isolada e de ofício fossem calculadas sobre o IRPJ incidente sobre a mesma base de cálculo, isso não significaria um bis in idem, pois, como já asseverado acima, a ocorrência de uma infração não importa necessariamente na ocorrência da outra, o que torna irrefutável que as infrações decorrem de condutas diversas. O contribuinte pode ter recolhido todo o IRPJ devido sobre a base estimada em cada mês do anocalendário e não recolher a diferença calculada ao final do período, ficando sujeito assim a multa de ofíco, mas não a multa isolada. Ao contrário, pode deixar de recolher o IRPJ sobre a base estimada, mas pagar, ao final do ano, todo o IRPJ sobre o lucro real, hipótese na qual só ficará sujeito à multa isolada. A definição da infração, da base de cálculo e do percentual da multa aplicável é matéria exclusiva de lei, nos termos do art. 97, V do CTN, não cabendo ao intérprete questionar se a dosimetria aplicada em tal e qual caso é adequada ou excessiva, a não ser que adentre a seara da sua constitucionalidade, o que está expressamente vedado pela Súmula CARF no 2. Da redação original do art. 44, § 1o, IV, da Lei 9430/96. Aditese ainda, que o legislador dispôs expressamente, já na redação original do inciso IV do § 1o do art. 44, que é devida a multa isolada ainda que o contribuinte apure prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa ao final do ano, deixando claro, assim, que: a) primeiro, que estava se referindo ao imposto ou contribuição calculado sobre a base estimada, já que em caso de prejuízo fiscal e base negativa, não há falar em tributo devido no ajuste; e b) segundo, que o valor apurado como base de cálculo do tributo ao final do ano é irrelevante para se saber devida ou não a multa isolada; e Fl. 7878DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.866 27 c) terceiro, que a multa isolada é devida ainda que lançada após o encerramento do anocalendário, já que pode ser lançada mesmo após apurado prejuízo fiscal ou base negativa. Por último, saliento que tudo quanto antes sustentado acerca da multa isolada por falta de recolhimento do IR sobre a base estimada aplicase, mutatis mutandi, à multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada. Por essas razões, voto por manter os lançamentos das multas isoladas por falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as bases estimadas mensais. DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Inicialmente, cabe repetir aqui tudo quanto já alegado quando da apreciação da multa qualificada, ou seja, que não há nada no Relatório Fiscal que vincule a Construcar com a operação “Lava Jato” e , consequentemente, com o pagamento de propinas com agentes públicos e políticos, mesmo porque as referências feitas ao sócio da Construcap, Roberto Capobianco, ora recorrente, em depoimentos de colaboradores no âmbito da referida operação Lava Jato, não fazem qualquer menção à Construcar. Todavia, da mesma forma como sustentado ao apreciarmos a multa qualificada, restou demonstrado, por indícios convergentes e harmônicos coligidos no âmbito do processo de baixa do CNPJ, que a Construcar era uma sociedade com existência meramente formal e que não teria sido ela quem prestou os serviços indicados nos contratos, notas fiscais e relatórios de medição, razão pela qual há que se concluir que tais documentos são ideologicamente falsos e que foram adrede concebidos para lastrear, como se dedutíveis fossem das bases do IRPJ e da CSLL, pagamentos com fins outros que não aqueles que estavam informados nos referidos contratos, notas fiscais e boletins de medição. Por sua vez, nos contratos ideologicamente falsos assinados com a Construcar (por exemplo, a fls. 597), a Construcap foi representada pelo Sr. Roberto Capobianco, o ora recorrente , razão pela qual, restando demonstrado que serviram para dissimular despesas indedutíveis e pagamentos sem causa, há que se concluir que está perfeita a sua responsabilização com base no art. 135, III, do CTN. Por sua vez, totalmente descabida a alegacã̧o da recorrente de que “o artigo 61 da Lei n° 8.981/1996 trata da responsabilidade prevista no artigo 121, inc. II, combinado com o artigo 128 do CTN, tratandose de responsabilidade exclusiva da fonte pagadora”. Primeiramente, o Relatório Fiscal não faz qualquer referência ao art. 121, II, do CTN, mas apenas ao art. 135, III. Em segundo, recorrente não está sendo responsabilizado por ser o beneficiário dos pagamentos sem causa, mas por ter praticado atos contrários à lei (contratos ideologicamente falsos) na condição de Diretor Presidente da Construcap, fonte pagadora (dos pagamentos sem causa). Fl. 7879DF CARF MF 28 Notese que, se o art. 61 da Lei 8.981/95 prevê uma tributação exclusiva na fonte, é justamente porque ou a causa do pagamento ou o beneficiário não foi identificado. Se o beneficiário não foi identificado, por óbvio, o IRRF só poderia ser cobrado exclusivamente na fonte; por sua vez, se a causa não foi identificada, há, pela via oblíqua, também uma incerteza quanto ao beneficiário do pagamento, razão pela qual também se justifica a tributação exclusivamente na fonte. Ora, com relação ao IR incidente sobre os pagamentos sem causa, nem a recorrente nem a Construcap são contribuintes, pois esta responde na condição de fonte pagadora e aquele é o responsável por ter praticado ato ilícito na condição de Diretor Presidente da fonte pagadora. Noutro ponto, a recorrente alega que a aplicação do artigo 121, II, do CTN não pode ser feita conjuntamente com o artigo 135, III, do CTN. Como já dito, o Relatório Fiscal sequer menciona o art. 121, II, do CTN, mas, em um esforço hercúleo para dar sentido ao que a recorrente alega, quero crer que ele se insurge contra a possibilidade de responsabilidade solidária com base no art. 135, III, do CTN, daí talvez porque a razão de insistir em citar o art. 121, II, do CTN, embora estranho ao enquadramento legal da autuação em tela. Essa questão foi muito bem enfrentada pela D. Procuradoria da Fazenda Nacional no Parecer PGFN/CRJ/CAT/Nº 55/2009, o qual bem sintetiza a questão, in verbis: “De início, achamos relevante rememorar as teses possíveis de serem adotadas no que tange à natureza da responsabilidade tributária decorrente da incidência do art. 135, III, do CTN (ver item III do parecer): i) Responsabilidade por substituição, exclusiva do administrador que incidiu numa das hipóteses legais; ii) Responsabilidade subsidiária, em sentido próprio, do administrador e “responsabilidade” principal da sociedade; iii) Responsabilidade principal do administrador e subsidiária da sociedade; iv) Responsabilidade subsidiária, em sentido impróprio, do administrador; v) Responsabilidade solidária do administrador que responde com a sociedade igualmente e sem benefício de ordem. A mera leitura dos acórdãos do Superior Tribunal de Justiça pode levar confusão mental ao estudioso do tema. Em muitos acórdãos, lêse que a responsabilidade tributária prevista no art. 135 do CTN é por substituição (p. ex., AgRg no REsp 724.180/PR, REsp 670.174/RJ). Noutros julgados, está expresso que a responsabilidade acolhida nesse preceito legal é subsidiária (p. ex., REsp 833.621/RS, REsp 545.080/MG); logo, por transferência tributária. Noutros, mencionase a responsabilidade solidária (p. ex., REsp 86.439/ES, AgRg no AG 748.254/RS). Chegamos a encontrar ementa de acórdão em que se refere, simultaneamente, à responsabilidade subsidiária e à responsabilidade por substituição (EDcl no REsp 724.077/SP). 65. A existência de julgados aparentemente contraditórios, porém, não exime o intérprete da lei e da jurisprudência de examinálos procurando Fl. 7880DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.867 29 coerência. Ainda que a lei não seja coerente, nem o seja a prática judicial, deve sêlo o hermeneuta, por imposição não só de técnica, mas também de justiça. É o que indica Norberto BOBBIO: “Là dove la coerenza non è condizione di validità, è però pur sempre condizione per la giustizia dell’ordinamento” (grifo do original). 66. Apesar da aparente dissonância, não cremos que exista verdadeira divergência jurisprudencial nesse ponto. Em verdade, o Superior Tribunal de Justiça simplesmente não acolhe a distinção feita doutrinariamente entre responsabilidade por substituição e por transferência. Assim, quando se lê que o sócio responde “por substituicã̧o”, não se quer desonerar a sociedade. Simplesmente, querse dizer que o sóciogerente responde em lugar da (em substituição à) sociedade quando esta não adimple os créditos tributários e é caso de aplicação do art. 135, III, do CTN. 67. Na prática, em grande parte dos casos, a Fazenda Pública costuma buscar primeiro o patrimônio da sociedade para só então, em caso de insucesso, pesquisar bens pessoais dos administradores, o que é coerente com um sistema de responsabilidade subsidiária. Essa práxis é abonada pela jurisprudência, batizandose essa operacã̧o de “redirecionamento da execução fiscal”. Neste, a ação de execução fiscal é ajuizada contra a sociedade e, não havendo satisfação do crédito, incluise o administrador no pólo passivo do processo executivo. Admitese, ainda, que a ação de execução seja diretamente ajuizada contra sociedade e administrador, se o nome deste constar da Certidão da Dívida Ativa. Nessa hipótese, é incongruente afirmar que a responsabilidade do sóciogerente é por substituição, visto que, no mesmo processo, estáse cobrando dele o crédito tributário sem “irresponsabilizar” a sociedade. 68. A análise da jurisprudência do STJ no que tange à responsabilidade derivada da aplicação do art. 135, III, do CTN deve se basear mais nos seus pressupostos e conclusões do que em atenção aos signos “substituição”, “pessoalmente”, “subsidiária” e “solidária” que comumente surgem qualificando a responsabilidade tributária do “sócio gerente” que comete infracã̧o à lei. Assim, para se desvendar a natureza da responsabilidade acolhida, devemos partir, antes de tudo, da natureza dos atos que ensejam essa responsabilidade. 69. Como vimos no item anterior, o STJ, quando admite o chamamento do administrador à execução fiscal, parte da idéia de responsabilidade por ato ilícito. É a ilicitude que permite sua responsabilização, ilicitude esta que deve ter sido praticada durante o exercício da gerência. É irrelevante a condição de sócio; não é suficiente a condição de administrador; é necessária a prática de ato ilícito. 70. Pois bem. Se o elemento relevante para a caracterização da responsabilidade tributária do art. 135, III, do CTN fosse a condição de sócio, faria sentido a tese da responsabilidade subsidiária. Deveras, se o terceiro respondesse por ser sócio, seria plenamente razoável que demandasse o esgotamento do patrimônio da sociedade para que só então viesse a ser chamado a pagar o crédito tributário. Como, porém, não responde por ser sócio, mas porque, na condição de administrador, pratica ato ilícito, não faz o menor sentido que seja facultado a ele esquivarse da responsabilidade exigindo que, primeiro, responda a Fl. 7881DF CARF MF 30 sociedade para, só em caso de sua insolvabilidade, seja a ele imposta a sanção pela ilicitude. 71. A concepção de responsabilidade por ato ilícito exclui o caráter de subsidiariedade da obrigação do infrator. Este deve responder imediatamente por sua infração, independentemente da suficiência do patrimônio da pessoa jurídica. Eis o sentido de estar expresso no caput do art. 135 do CTN que são “pessoalmente responsáveis” os administradores infratores da lei. Dessa forma, deve ser excluída a tese da responsabilidade subsidiária em sentido próprio. 72. Dessa forma, ainda nos casos em que os julgados do STJ mencionam a “responsabilidade subsidiária”, só é razoável interpretálos como referentes à responsabilidade subsidiária em sentido impróprio, tal qual já a conceituamos no início. Vale dizer, nesse caso, estariam os julgadores exigindo, para a responsabilização do administradorinfrator, três requisitos cumulativos: (a) a própria condição de administrador, (b) a prática de ato ilícito e (c) a ausência de pagamento do crédito tributário no prazo da lei ou do regulamento; não se deve exigir, porém, o esgotamento do patrimônio da pessoa jurídica. 73. O afastamento da tese da responsabilidade subsidiária ainda é corroborado por importante precedente da egrégia Primeira Seção. Tratase dos Embargos de Divergência 702.232/RS (Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14.9.2005 e publicado em 26.9.2005), o qual, apesar de ter por mira a presunção de certeza e liquidez da Certidão da Dívida Ativa, acabou por firmar que, estando o administrador (sóciogerente) nela contemplado, pode ser a execução movida diretamente contra ele, ao lado da pessoa jurídica.”. CONCLUSÃO Isso posto, voto pelo desprovimento do Recurso Voluntário interposto, para: a) AFASTAR a preliminar de nulidade; b) ACOLHER PARCIALMENTE a preliminar de decadência, para cancelar apenas os lançamentos do IRPJ e da CSLL referentes ao fato gerador de 31/03/2011 (apurado no auto de infração do IRPJ a fls. 418/419 e no auto de infração da CSLL a fls. 448); c) NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO às impugnações do contribuinte (Construcap CCPS Engenharia e Comércio S/A) e do responsável tributário (Roberto Ribeiro Capobianco). Quanto às preliminares alegadas, tal qual a decisão da DRJ, não vejo como acolhêlas. Não houve qualquer cerceamento do direito de defesa vez que o lançamento seguiu os estritos termos do RPAF. Quanto à decadência, em razão da qualificação da multa já foi afastado do lançamento em decisão definitiva, a parcela decaída, não havendo mais o que se falar em extinção do crédito por decurso do prazo decadencial vez que, absolutamente demonstradas e comprovadas as razões que levaram à qualificação da multa. Fl. 7882DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.868 31 Quanto à alegação de confiscatoriedade, nos termos do que dispõe a Súmula CARF n. 2 este Conselho não possui competência para questionar a constitucionalidade da legislação tributária. Acertada a DRJ ao concluir inexistir cobrança em duplicidade no que se refere ao IRRF e à glosa dos custos. A exigência de IRPJ e de CSLL se dá pela glosa das despesas inexistentes e a exigência do IRRF incide sobre pagamentos efetivamente realizados a beneficiário não identificado (caput do art. 674 do RIR/99) ou quando não for comprovada a operação ou a sua causa (§ 1º do art. 674 do RIR/99). É perceptível, portanto, que não há bis in idem, pois os fatos geradores dos tributos são distintos. No caso do IRRF, especificamente em relação ao caso concreto, o fato gerador é o pagamento sem causa ou sem operação comprovada. Ademais, o IRPJ e a CSLL são devidos pela recorrente na qualidade de contribuinte, enquanto que o IRRF é devido na qualidade de responsável tributário. Em relação à glosa de despesas realizadas com a Construcar, igualmente entendo que a decisão deva ser mantida pelos seus exatos fundamentos. O agente fiscal logrou êxito em demonstrar que, de toda a documentaçaõ apresentada pela Construcap, inexistem elementos comprobatórios da efetiva prestação dos serviços pela pessoa jurídica Construcar Construção, Comércio e Serviços Ltda. ME. A Construcap se limitou a apresentar cópia das notas fiscais de prestaçaõ de serviços, dos comprovantes dos pagamentos realizados e de documentos intitulados como sendo ‘Boletim de Medição de Serviços’, os quais foram emitidos pela própria Recorrente, sem nenhuma assinatura, nem da contratante nem da contratada. Outrossim, nos referidos boletins sequer os serviços são descritos, fazendo referência a anexos jamais apresentados e, embora intimada, não logrou trazer qualquer outra prova em apoio às informações contidas nos boletins. Ademais, em diligências realizadas pelo agente fiscal, restou comprovado que a CONSTRUCAR é uma empresa inexistente de fato, caracterizada por não dispor de patrimônio e capacidade operacional necessários à realizacã̧o de seu objeto, tanto assim que o seu CNPJ foi baixado de ofício.(“Número do Ato Declaratório Executivo: 002015163 Data da Publicação: 09/05/2017 Baixa de ofício de inscricã̧o no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)). Outrossim, estamos tratando de uma sociedade (Construcar) que recebeu pagamentos apenas da Construcap no montante de R$ 4 milhões em 2011, R$ 7,09 milhões em 2012 e 14,04 milhões em 2013, não sendo assim razoável que o Sr. Carlos Roberto Rodrigues Morais, seu controlador, afirme que: não possui comprovante de pagamento efetuado com locacã̧o, de equipamentos, transporte, refeicõ̧es e alojamentos de funcionários, pois não solicitava recibos e que pagava tudo em dinheiro, ou seja, quer nos fazer crer que, no ano de 2013, a Construcar recebeu pagamentos no montante de R$ 14 milhões e que pagou todos os seus funcionários e fornecedores em dinheiro. Fl. 7883DF CARF MF 32 Durante o período a Construcar apresentou apenas duas DIPJs e mesmo assim sem informar qualquer receita, além de não ter uma sede ou mesmo um endereço para recebimento de correspondência. E para concluir, uma empresa que faturou aproximados R$ 25 milhões em 03 anos, apenas com os pagamentos da Construcap, teve metade de suas cotas vendidas pelo Sr. Ronilson da Costa Barbosa para a Sra. Ana Elizabeth por apenas R$ 30 mil. Assim, por essas e todas as demais provas reunidas pelo agente fiscal, entendo que se tratava de uma “empresa de fachada”, razão pela qual não há como não concluir que as notas fiscais e boletins de medição apresentados são ideologicamente falsos. Ainda, como bem asseverado pela DRJ, o fato de existirem ações trabalhistas movidas por ex funcionários da Construcar em face da referida empresa e da recorrente em nada modifica as conclusões acima, pois o que restou demonstrado não foi que os serviços não foram prestados, mas que eles não foram prestados pela Construcar, por total falta de estrutura para fazêlo. Tanto é assim que, em caso de êxito dos autores dessas ações trabalhistas, apenas o patrimônio da recorrente poderá responder pela dívida, pois a Construcar é uma empresa sem sede e sem patrimônio, como foi constatado. A Construcar era empresa de fachada utilizada pela Recorrente, que era quem possuía capacidade técnica e operacional. Assim, concordo com a decisão recorrida razão pela qual mantenho a glosa das despesas. Por outro lado, tendo em vista que a recorrente não logrou provar a efetiva prestação de serviços pela empresa Construcar, há que se concluir também que não resta demonstrada a causa dos pagamentos feitos a tal empresa, razão pela qual voto por manter também o lançamento do IRRF. Quanto à multa qualificada, restando comprovado de maneira contundente que a Construcar era uma sociedade de fachada, e que não teria sido ela quem prestou os serviços indicados nos contratos, notas fiscais e relatórios de medição, razão pela qual há que se concluir que tais documentos são ideologicamente falsos e que foram concebidos para lastrear, como se dedutíveis fossem das bases do IRPJ e da CSLL, pagamentos com fins outros que não aqueles que estavam informados nos referidos documentos. Desta feita, como bem concluiu a DRJ, a um só tempo os referidos documentos ideologicamente falsos lastreavam o lançamento dos pagamentos como despesas dedutíveis e serviam para dissimular a verdadeira causa. Por essas razões, voto por manter a multa qualificada. No que se refere à responsabilidade tributária, restou claramente configurada a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN vez que o administrador agiu contra lei e não há como se infirmar que o mesmo não tinha conhecimento de saídas em montantes de aproximadamente 25 milhões em 3 anos para uma empresa de fachada, que nenhum serviço prestou à Recorrente. Existiu uma clara simulação e intuito doloso de sonegar, mantendo uma empresa de fachada para reduzir bases tributáveis, forjar relação jurídica inexistente e, justificar pagamentos realizados para outras finalidades, como bem apurado nas provas colhidas em razão da operação "Lava Jato". Fl. 7884DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.869 33 Mantenho a responsabilização do responsável solidário. Passo a analisar a alegação de impossibilidade de concomitância da multa de ofício e isolada, e neste particular discordo da decisão Recorrida, entendo que assiste razão aos Recorrente na alegação de impossibilidade de cumulação da multa de ofício e isolada. Cumpre ressaltar que a multa de oficio absorve todo o montante da multa isolada. É posição majoritária nesta e em diversas Turmas do CARF ou a impossibilidade de cumulação ou a aplicação do princípio da consunção. No presente caso seja por uma ou por outra tese o resultado de desoneração é o mesmo. Sigo o entendimento acerca da impossibilidade da aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Tal fato se deve à conclusão de que o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Uma vez que as estimativas são meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significa dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato. Neste ponto me permito valer dos fundamentos aduzidos pelo Conselheiro Guilherme Adolfo Mendes no Acórdão 120100.235: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norna punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Fl. 7885DF CARF MF 34 Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3" A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa Fl. 7886DF CARF MF Processo nº 15868.720030/201760 Acórdão n.º 1401003.035 S1C4T1 Fl. 7.870 35 proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Digase ainda que a questão é objeto de Súmula do CARF nº 105, que entendo permanecer aplicável a mesma lógica aos fatos geradores posteriores à edição da Lei nº 11.488/07 in verbis: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Outrossim, tal posição encontra guarida em diversas decisões deste Conselho, incluindose esta mesma Turma Ordinária e, seja pela exclusão, seja pela aplicação da consunção. Assim, assiste razão às Recorrentes neste ponto. Assim, face a tudo o quanto exposto, dou parcial provimento aos Recursos Voluntários, tão somente, para excluir a multa isolada, mantendo, em razão da faculdade garantida ao julgador pelo § 3º do Art. 57 do Regimento Interno do CARF, a decisão recorrida nos demais termos, pelos seus próprios fundamentos, com os acréscimos aqui expostos. É como voto. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Fl. 7887DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.903328/2015-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2010
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.729
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2010 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 33 28 /2 01 5- 52 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 2 Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório negou a homologação por considerar que o crédito informado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo remanescente para a compensação declarada, resultando na cobrança do valor consolidado correspondente aos débitos indevidamente compensados. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida e a maior, sendo que o despacho decisório impugnado deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 3 iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.119 considerou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada face a ausência de comprovação de direito creditório líquido e certo. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.721, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900604/201610, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.721): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminares A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir aos princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 5 Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 6 Mérito Do Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 7 Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 8 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Com isso, está correta a decisão de primeira instância. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratar se de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 9 Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa. Vejamos: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11020.903328/201552 Acórdão n.º 3402005.729 S3C4T2 Fl. 0 10 § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.001630/2006-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Período de apuração: 01/01/2001 a 30/09/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. BUSCA DE EFEITOS INFRINGENTES. PRÉ-QUESTIONAMENTO.
Os embargos de declaração tem a função última de aclarar o julgamento quando dele constar entendimento que seja inconciliável entre as razões e o dispositivo do acórdão. Há, no caso, inocorrência de contradição. Embargos acolhidos apenas para afastar obscuridade do acórdão.
MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA. FATO GERADOR INSTANTÂNEO. OCORRIDO ANTES DA MEDIDA PROVISÓRIA 16/2001. IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA.
A partir da vigência da Medida Provisória 16/2001, a fonte pagadora que deixar de reter o IRRF devido como antecipação, fica sujeita à penalidade prevista no art. 957 do RIR/99, calculada sobre o valor do imposto que deveria ter sido retido. Para o fato gerador instantâneo ocorrido antes da vigência da Medida Provisória 16/2001, aplica-se à irretroatividade tributária prevista no art. 150, III, alínea a, da CF/1988, que foi o caso dos autos.
Numero da decisão: 2402-006.753
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para saneamento das contradições e omissões apontadas.
(assinado digitalmente)
DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA - Presidente
(assinado digitalmente)
JAMED ABDUL NASSER FEITOZA - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício)
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Período de apuração: 01/01/2001 a 30/09/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. BUSCA DE EFEITOS INFRINGENTES. PRÉ-QUESTIONAMENTO. Os embargos de declaração tem a função última de aclarar o julgamento quando dele constar entendimento que seja inconciliável entre as razões e o dispositivo do acórdão. Há, no caso, inocorrência de contradição. Embargos acolhidos apenas para afastar obscuridade do acórdão. MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA. FATO GERADOR INSTANTÂNEO. OCORRIDO ANTES DA MEDIDA PROVISÓRIA 16/2001. IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. A partir da vigência da Medida Provisória 16/2001, a fonte pagadora que deixar de reter o IRRF devido como antecipação, fica sujeita à penalidade prevista no art. 957 do RIR/99, calculada sobre o valor do imposto que deveria ter sido retido. Para o fato gerador instantâneo ocorrido antes da vigência da Medida Provisória 16/2001, aplica-se à irretroatividade tributária prevista no art. 150, III, alínea a, da CF/1988, que foi o caso dos autos.
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OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. BUSCA DE EFEITOS INFRINGENTES. PRÉQUESTIONAMENTO. Os embargos de declaração tem a função última de aclarar o julgamento quando dele constar entendimento que seja inconciliável entre as razões e o dispositivo do acórdão. Há, no caso, inocorrência de contradição. Embargos acolhidos apenas para afastar obscuridade do acórdão. MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA. FATO GERADOR INSTANTÂNEO. OCORRIDO ANTES DA MEDIDA PROVISÓRIA 16/2001. IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. A partir da vigência da Medida Provisória 16/2001, a fonte pagadora que deixar de reter o IRRF devido como antecipação, fica sujeita à penalidade prevista no art. 957 do RIR/99, calculada sobre o valor do imposto que deveria ter sido retido. Para o fato gerador instantâneo ocorrido antes da vigência da Medida Provisória 16/2001, aplicase à irretroatividade tributária prevista no art. 150, III, alínea “a”, da CF/1988, que foi o caso dos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para saneamento das contradições e omissões apontadas. (assinado digitalmente) DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 16 30 /2 00 6- 60 Fl. 1333DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.309 2 (assinado digitalmente) JAMED ABDUL NASSER FEITOZA Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício) Relatório Cuidamse de Embargos de Declaração, de fls. 1311/1318, voltados contra Acórdão de fls. 1299 usque 1309 que, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao Recurso Voluntário (fls. 1013/1103) da Bunge Alimentos S/A para reconhecer a exclusão da multa isolada por falta de retenção do IRRF no pagamento de verbas em rescisão de contrato de trabalho. Transcrevo a ementa do referido Acórdão: MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA. FATO GERADOR INSTANTÂNEO. OCORRIDO ANTES DA MEDIDA PROVISÓRIA 16/2001. IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. A partir da vigência da Medida Provisória 16/2001, a fonte pagadora que deixar de reter o IRRF devido como antecipação, fica sujeita à penalidade prevista no art. 957 do RIR/99, calculada sobre o valor do imposto que deveria ter sido retido.Para o fato gerador instantâneo ocorrido antes da vigência da Medida Provisória 16/2001, aplicase à irretroatividade tributária prevista no art. 150, III, alínea “a”, da CF/1988, que foi o caso dos autos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Eis, a seu turno, a ementa do Acórdão (fls. 1273/1280) referente ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 1143/1173): TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no Fl. 1334DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.310 3 julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). MULTA ISOLADA. DECADÊNCIA. TERMO DE INÍCIO. As multas lançadas isoladamente decorrem de lançamento de oficio e por coerência não se submetem, para fins da contagem de prazos de decadência, às regras do lançamento por homologação. Assim o prazo decadencial começa a fluir a partir do primeiro dia seguinte àquele que o lançamento do crédito tributário poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, do CTN. Recurso especial provido. A Seção de Controle e Acompanhamento Tributário do Ministério da Fazenda, às fls. 1293/1294, relatou a causa da seguinte forma: Tendo sido cientificado das decisões proferidos junto aos autos do processo na data de 12/03/2012 (fls.1150/1155) o contribuinte apresentou tempestivamente os Embargos de Declaração de fls.1157/1161, que foram parcialmente aceitos, sem efeitos infringentes, através do Acórdão nº 2102002.404, de 22/11/2012 (fls.1223/1228). Após ser intimado (fls.1233/1235), o contribuinte deixou transcorrer o prazo para apresentação de recurso especial, motivo pelo qual, os valores considerados definitivos foram transferidos para o processo nº 13971.720772/201359, para possibilitar sua cobrança e os autos foram encaminhados ao Carf para julgamento do Recurso especial da Fazenda Nacional, conforme despacho de folhas 1.243. Através do acórdão nº 9202003.562, de 28/01/2015, a Câmara Superior de Recursos Fiscais deu provimento ao Recurso especial e determinou o retorno dos autos à Turma de origem para “exame das questões de mérito acerca da multa isolada lançada”. Fl. 1335DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.311 4 Nesse momento, pois, importa no julgamento dos Embargos opostos pela União, no qual intenta a Fazenda Nacional aclarar a decisão embargada posto que, a seu ver, ela teria sido omissa e contraditória. Alega que o acórdão seria omisso por não expor os reais fundamentos dos precedentes citados no voto do relator e por afastar a Súmula 584 do Supremo Tribunal Federal, muito embora citea. Afia que os precedentes utilizados na decisão embargada, sendo eles o RE. 592.396 e RE 183.130, não trata da multa isolada. Nos seguintes termos: "(...) em nenhum momento o precedente indicado trata de multa isolada. Por curiosidade, utilizamos ferramentas de busca sobre o acórdão e não há sequer referência às palavras 'multa' ou 'isolada' em qualquer parte do julgado." Assim, seria contraditório o Acórdão ao dizer que se está aplicando ao caso uma exceção à Sumula da Corte Suprema "com base em determinado precedente e, ao mesmo tempo, inserir exceção que não constou da discussão e não representa a vontade daquele órgão judicial citado." (fls. 1316) E continua: "Ademais, o parágrafo discutido nestes embargos é contraditório ao dizer:“tributo tenha função exclusivamente de multa isolada”. Como sabemos, tributo e multa são conceitualmente diversos. Esse é um dos elementos introdutórios à matéria Direito Tributário." Portanto, a seu ver, o acórdão teria, de forma insuperável, omitido o real conteúdo dos julgamentos citados e nele transcritos, eis que a multa formaria o crédito tributário juntamente com o tributo, havendo distinção entre os dois apenas no conteúdo pecuniário, no sentido de que obrigação acessória consistiria em um fazer ou não fazer, enquanto a principal implicaria em "dar dinheiro". Dessa forma, conclui que o Acórdão foi: a omisso, ao deixar de expor os reais fundamentos dos precedentes do STF listados no voto do relator; b omisso, por deixar de aplicar, ao caso concreto, a Súmula 584STF, que apesar de citada, é afastada com base em entendimento que não condiz com a interpretação da Suprema Corte; c contraditório ao citar o precedente firmado no RE 592.396 e enumerar razões que não são aquelas constantes no julgamento do STF e que talvez reflitam apenas as convicções íntimas do nobre conselheiro relator; d – contraditório por afirmar que o STF teria excepcionado a aplicação da Súmula 584STF na situação de “tributo aplicado como função de multa isolada”, dado que tributo e multa são Fl. 1336DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.312 5 conceitos totalmente diversos, que se unem apenas no momento da formalização do crédito tributário. Requer, portanto, que sejam conhecidos e providos os presentes embargos, com efeitos modificativos , para que se mantenha a aplicação da multa isolada. Alternativamente, requer que os embargos sejam acolhidos com a finalidade de préquestionamento das matérias reagitadas, principalmente quanto a necessidade da multa seguir a sorte do valor principal da exação. Às fls. 1323/1326, os Embargos foram admitidos pelo ilmo. presidente desta e. 2ª Turma, conselheiro Kleber Ferreira Araújo, determinando sua inclusão em pauta para julgamento, nos seguintes termos: "Diante do exposto, admitemse os embargos, para que sejam incluídos em pauta de julgamento e apreciadas as omissões e as contradições. Ressaltese, todavia, que a presente análise se restringe à admissibilidade dos embargos, sem uma apreciação exauriente das questões apresentadas, a qual será procedida quando do julgamento pelo colegiado." É o relatório. Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. ADMISSIBILIDADE. Os Embargos são tempestivo. Deve se constar, ainda na admissibilidade, que os embargos de declaração não se prestam a veicular a inconformismo da parte com a decisão tomada, mas, na verdade, a escoimar eventual omissão, contradição, obscuridade ou, ainda, ambigüidade pela qual padeça o acórdão hostilizado. Desse modo, mesmo os embargos manifestados com o propósito de pré questionamento, como são os ora em julgamento, mesmo esses, se sujeitam à presença dos requisitos dos artigos 65 do RICARF e 1.022 da Carta Processual Civil, não sendo, em outras palavras, apenas o propósito de préquestionamento que franqueia à parte o uso dos embargos. Quanto aos efeitos infringentes perseguidos pela Embargante, leciona ELPÍDIO DONIZETTI (em “Curso didático de Direito Processual Civil”, p. 719, 15ª Ed. ATLAS), o efeito infringente ocorre, excepcionalmente, nesse recurso, se, e somente se, “(...) da eliminação de eventual obscuridade, contradição ou omissão na decisão embargada, a conclusão dessa decisão tiver de ser necessariamente alterada.” Confirase ilustrativo julgado, eis que pertinente: PROCESSUAL CIVIL–EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM AGRAVO REGIMENTAL–OMISSÃO NÃO VERIFICADA– PRETENSÃO DE REEXAME DA CAUSA. Fl. 1337DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.313 6 I–Os embargos declaratórios não constituem recurso de revisão e, mesmo que manejados para fins de préquestionamento, são inadmissíveis se a decisão embargada não padecer dos vícios que autorizam a sua inter posição (obscuridade, contradição e omissão)...” 1 Com tais premissas assentadas, darei como preenchidos os demais requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, para que os aclaratorios sejam conhecidos e seu mérito analisado. 2. MÉRITO O mérito vertese, em suma, acerca do afastamento da aplicação da Súmula 584 do Supremo Tribunal Federal, bem como teria sido contraditório o Acórdão ao mencionar o precedente RE 592.396, arrolando razões diversas do que decidido pelo Augusto Sodalício. Além disso, haveria contradição na afirmação de que o STF teria excepcionado a aplicação de sua Súmula na "situação de 'tributo aplicado como função de multa isolada', dado que tributo e multa são conceitos totalmente diversos, que se unem no momento da formalização do crédito tributário". Muito embora o conteúdo dos autos seja bastante intrincado, mesmo por isso passou por diversos julgamentos, a matéria ora devolvida não é demasiadamente problemática. Isso porque, em breve leitura do quantum devolvido, restase claro a matéria a ter deslinde pelos embargos. As partes atacadas pelos aclaratórios, muito embora possa ter se utilizado de termos técnicos de forma equivocada, não demonstram meras digressões acerca do entendimento pessoal do relator perante julgado. Vejase o trecho citado nos embargos: Entendo que esse enunciado da Súmula 584 do STF, por enquanto (ponderações dos debates ocorridos durante a apreciação do RE 183.130, em 30/09/20143), deve ser aplicado nos casos de apuração exclusiva do imposto de renda. No entanto, este enunciado não se aplica para as hipóteses em que o tributo tenha função exclusivamente de multa isolada e extrafiscal, conforme manifestação do STF no RE 592.396/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 03/12/2015, em sede de repercussão geral (Informativo 810/STF). Muito embora o i. relator revele seu entendimento na inaplicabilidade da Súmula 584 em determinadas hipóteses, essa não foi sua única razão de decidir quanto ao afastamento da aplicação da multa isolada no presente caso. Bem ao revés, demonstra que o presente caso não é de "aparente" inaplicabilidade do verbete sumular. Confirase: "Sabemos que o princípio da irretroatividade tributária é a regra geral, significando que devese aplicar a lei vigente no momento da ocorrência do fato gerador. E existem “aparentes” exceções 1 EDcl no AgRg no RESP 793659/PB , Rel. Min. FELIX FISCHER, 5a Turma, J. 12.06.2006, DJ 01.08.2006 Fl. 1338DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.314 7 previstas no art. 106 do CTN e no enunciado da súmula 584 STF, que não é o caso dos autos." (grifei fls. 1308) Daí notase que o relator entendeu como inaplicável a multa isolada posto que à época dos fatos geradores, não havia Lei com tal mandus, não podendo o Contribuinte arcar com obrigação acessória (multa isolada) que desconhecia quando do próprio exercício do fato gerador. Transcrevo, eis que oportuno, trecho do voto quanto a tal mister: "Extraise do texto legal acima que somente com a edição da Medida Provisória nº 16, de 27 de dezembro de 2001 (DOU 27/12/2001), convertida na Lei 10.426/2002, é que se fixou a penalidade da multa de ofício isolada para a fonte pagadora pela falta de retenção do imposto de renda e, por consectário lógico, com a sua vigência, instituise a previsão legal para a sua aplicabilidade. Percebese, então, que a ausência de retenção de tributo pela fonte pagadora não estava tipificada, de forma expressa, como conduta ensejadora de aplicação de penalidade da multa isolada. Com a edição de dispositivo legal especifico para a fixação de multa isolada, estabelecido pela Medida Provisória nº 16, de 27 de dezembro de 2001, para sancionar a conduta omissiva da fonte pagadora decorrente da falta de retenção, obrigação tributária “de fazer” e não de “dar/pagar”, reforça se a tese de que é impróprio exigir da fonte pagadora o recolhimento do tributo não retido quando a constatação ocorrer após o encerramento do período de apuração no qual o beneficiário deveria oferecer os rendimentos à tributação. Cabendo, neste caso, a aplicação da penalidade na fonte pagadora. Assim, a exigência do tributo, se for o caso, deve ser direcionada para o beneficiário do rendimento. Com esse mesmo entendimento de que, mesmo a fonte pagadora tenha deixado de efetuar a retenção de determinada quantia, a título de imposto de renda, sobre a importância paga a empregado ou exempregado, o beneficiário deverá arcar com o imposto de renda devido e não recolhido, manifestouse o STJ no REsp 1.218.222RS, julgado em 04/09/2014 (Informativo 548/STJ). No caso dos autos, o Fisco procedeu um exercício teórico de complementação da lei, o que é inconcebível na seara tributária, pois que, à época dos fatos, a ausência de retenção de tributo pela fonte pagadora não estava tipificada, de forma expressa, como conduta ensejadora de aplicação de penalidade de multa de oficio isolada. Cumpre esclarecer que a multa de ofício isolada é caracterizada como um fato gerador instantâneo (simples), distinto do fato gerador periódico, e o princípio da irretroatividade tributária veda a cobrança de tributos “em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver Fl. 1339DF CARF MF Processo nº 13971.001630/200660 Acórdão n.º 2402006.753 S2C4T2 Fl. 1.315 8 instituído ou aumentado” (art. 150, III, alínea “a”, da CF/1988). (grifei fls. 1307/1308) Outro ponto de destaque é a utilização da expressão "tributo tenha função exclusivamente de multa isolada e extrafiscal" (fls. 1308) Vêse, pois, que o termo "tributo" fora incorretamente empregado, posto que, se tal palavra for alterada para "crédito", resta evidente que o entendimento do relator foi que, como acima referido, a aplicação da multa isolada decorrente da falta de retenção do imposto de renda para exercício anterior à edição da Medida Provisória nº 16, de 27 de dezembro de 2001 seria ilegal, frente ao desconhecimento de tal penalidade por parte do sujeito passivo, já que, como cediço, as multas servem repressão ao inadimplemento da obrigação tributária, visto que advém do próprio descumprimento da própria obrigação principal. Assim, quando o sujeito passivo de uma obrigação tributária deixa de cumprila, no prazo e na forma indicados na legislação respectiva, fica sujeito às sanções, cujas espécies são aplicadas de acordo com as circunstâncias da infração levandose em consideração a qualificação jurídica que a lei empresta a tais sanções. Portanto, resta evidente que o Acórdão objurgado deixou de aplicar a Súmula por vislumbrar ilegalidade em sua aplicação para os fatos debatidos nos presentes autos, e não por considerar apenas as manifestações postas no RE 592.396/SP. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de acolher os embargos e ajustar os vícios apontadas no v. Acórdão sem, no entanto, alterar seu resultado. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 1340DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.905341/2015-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2013
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.752
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2013 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2013 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 53 41 /2 01 5- 46 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 2 Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório negou a homologação por considerar que o crédito informado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo remanescente para a compensação declarada, resultando na cobrança do valor consolidado correspondente aos débitos indevidamente compensados. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida e a maior, sendo que o despacho decisório impugnado deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 3 iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.142 considerou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada face a ausência de comprovação de direito creditório líquido e certo. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.721, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900604/201610, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.721): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminares A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir aos princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 5 Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 6 Mérito Do Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 7 Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 8 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Com isso, está correta a decisão de primeira instância. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratar se de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 9 Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa. Vejamos: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11020.905341/201546 Acórdão n.º 3402005.752 S3C4T2 Fl. 0 10 § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 167DF CARF MF
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Numero do processo: 10469.723099/2015-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO.
Cabíveis Embargos de Declaração para sanear omissão existente na fundamentação do acórdão recorrido.
CONCOMITÂNCIA.
Deve ser reconhecida concomitância com processo judicial findo quando persistente a discussão acerca da abrangência da decisão de mérito transitada em julgado.
Numero da decisão: 3201-004.395
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, sem efeitos infringentes, apenas para sanear a omissão apontada.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO. Cabíveis Embargos de Declaração para sanear omissão existente na fundamentação do acórdão recorrido. CONCOMITÂNCIA. Deve ser reconhecida concomitância com processo judicial findo quando persistente a discussão acerca da abrangência da decisão de mérito transitada em julgado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, sem efeitos infringentes, apenas para sanear a omissão apontada. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1525; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.311 1 1.310 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10469.723099/201562 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3201004.395 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2018 Matéria IPI Embargante PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL Interessado NORSA REFRIGERANTES LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO. Cabíveis Embargos de Declaração para sanear omissão existente na fundamentação do acórdão recorrido. CONCOMITÂNCIA. Deve ser reconhecida concomitância com processo judicial findo quando persistente a discussão acerca da abrangência da decisão de mérito transitada em julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, sem efeitos infringentes, apenas para sanear a omissão apontada. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 30 99 /2 01 5- 62 Fl. 1311DF CARF MF 2 Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional em face do acórdão nº 3201003.452, de minha relatoria, votado em sessão de 27 de fevereiro de 2018, pelo qual por maioria de votos, esta Turma houve por bem em não conhecer o recurso voluntário quanto às isenções da ZFM, em razão da concomitância. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Cientificada do acórdão, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, assim examinados pelo Despacho de Admissibilidade de fls. 1.305 e seguintes: Nos Embargos de Declaração a Fazenda Nacional afirma que o Acórdão 3201003.452, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, incorre em OMISSÃO, CONTRADIÇÃO e OBSCURIDADE acerca de questões essenciais à adequada apreciação da lide. Destaca a embargante: ...cuidase de acórdão que não conheceu do recurso voluntário recurso voluntário quanto às isenções da ZFM, em razão da concomitância entre o processo administrativo em julgamento e o Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, impetrado pela Associação dos Fabricantes de CocaCola perante a Justiça Federal do Rio de Janeiro. Eis a ementa do acórdão, verbis: (...) Uma vez que o votovencedor expressamente reconheceu que o Colegiado acatou o posicionamento externado pela Conselheira Relatora Tatiana Josefovicz Belisário no tocante à participação da Recorrente no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, divergindo apenas da possibilidade de enfrentamento do mérito da lide, convém transcrever as razões pelas quais o votovencido fundamentouse em relação ao ponto crucial no deslinde da questão a ser dirimida nos presentes Embargos. Confirase: (...) Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10469.723099/201562 Acórdão n.º 3201004.395 S3C2T1 Fl. 1.312 3 Da conjugação da fundamentação supra colacionada (voto vencedor e voto vencido), verificase que há obscuridade no julgado, uma vez que, ao reconhecer a concomitância, o v. acórdão embargado quedouse obscuro quanto ao fato incontroverso e que constitui condição sine qua non para que seja aplicável a decisão no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834, qual seja: a Recorrente sequer era associada da AFBCC ao tempo da propositura da ação coletiva1 e tampouco era domiciliada no âmbito da jurisdição do órgão julgador do MSC nº 91.00477834. O fato incontroverso evidenciado pela constituição da empresa REAL COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE BEBEIDAS (incorporada pela NORSA em 31/07/2013) em data POSTERIOR à propositura do mandado de segurança coletivo impede que a Recorrente seja beneficiada pelos efeitos da decisão prolatada no MSC nº 91.00477834, tendo em vista o óbice expresso do art. 2ºA da Lei nº 9.494/97, cuja constitucionalidade foi reiterada pelo eg. STF. Outrossim, a fiscalizada possuía sede em Macaíba/RN, circunstância essa que, por si só, igualmente afasta qualquer possibilidade dela se beneficiar da decisão judicial prolatada na referida ação mandamental, tal como julgado pelo STF no Agravo Regimental na Reclamação nº 7778, que definitivamente concluiu que o provimento judicial proferido naquela ação coletiva teve seus efeitos restritos aos associados domiciliados no Rio de Janeiro, território do órgão prolator da decisão. De planto, insta ressaltar que, a Recorrente está estabelecida fora do limite territorial de jurisdição do órgão prolator (a jurisdição do TRF2 abrange os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), o que afasta a decisão judicial proferida nos autos do Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, impetrado pela Associação dos Fabricantes de CocaCola perante a Justiça Federal do Rio de Janeiro. Outrossim, o acórdão embargado incorre em flagrante OMISSÃO, uma vez aplica o entendimento sufragado na Súmula CARF n. 01, a qual prevê a concomitância em caso de discussão simultânea no Poder Judiciário envolvendo o mesmo objeto do processo administrativo para integrar no dispositivo, porém não esclarece quais os motivos nos quais se fundamentou para tal, uma vez que a ação judicial que supostamente teria o mesmo objeto do processo administrativo (MSC nº 91.00477834), já transitou em julgado. Isto porque a concomitância pressupõe a existência simultânea de dois processos, um judicial e outro administrativo, versando sobre a mesma matéria. Essa obscuridade no julgamento pode gerar inúmeras dúvidas ao longo do processo. Fl. 1313DF CARF MF 4 No caso em apreço, não estaríamos nem diante de concomitância (uma vez que o processo judicial em apreço já exauriuse), nem muito menos de aplicabilidade da coisa julgada coletiva à contribuinte, por se tratar de decisão que somente alcança associados localizados no Rio de Janeiro. (...) Em suma, é mister sejam esclarecidas as OBSCURIDADES e OMISSÕES apontadas, a fim de que se esclareçam as razões pelas quais o Colegiado decidiu por reconhecer a concomitância entra a ação judicial e o processo administrativo, ante a demonstração inequívoca dos autos (fato incontroverso) de que a Recorrente sequer era associada da AFBCC ao tempo da propositura da ação coletiva2 e tampouco era domiciliada no âmbito da jurisdição do órgão julgador do MSC nº 91.0047783 4. (grifos originais). Os referidos Embargos foram parcialmente admitidos "apenas no que tange ao vício de omissão sobre ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma, precisamente quanto à identidade de matérias litigadas no processo administrativo e judicial". Os autos foram então a mim devolvidos para prolação de decisão e indicação para a pauta. É o Relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Conforme relatado, a omissão a ser saneada, nos termos dos Embargos de Declaração opostos pela PGFN, é a seguinte: Outrossim, o acórdão embargado incorre em flagrante OMISSÃO, uma vez aplica o entendimento sufragado na Súmula CARF n. 01, a qual prevê a concomitância em caso de discussão simultânea no Poder Judiciário envolvendo o mesmo objeto do processo administrativo para integrar no dispositivo, porém não esclarece quais os motivos nos quais se fundamentou para tal, uma vez que a ação judicial que supostamente teria o mesmo objeto do processo administrativo (MSC nº 91.00477834), já transitou em julgado. Isto porque a concomitância pressupõe a existência simultânea de dois processos, um judicial e outro administrativo, versando sobre a mesma matéria. Essa obscuridade no julgamento pode gerar inúmeras dúvidas ao longo do processo. No caso em apreço, não estaríamos nem diante de concomitância (uma vez que o processo judicial em apreço já exauriuse), nem muito menos de aplicabilidade da coisa julgada coletiva à contribuinte, por se tratar de decisão que somente alcança associados localizados no Rio de Janeiro. Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10469.723099/201562 Acórdão n.º 3201004.395 S3C2T1 Fl. 1.313 5 Convém repisar que o Mandado de Segurança Coletivo a que se refere a decisão ora embargada foi impetrado pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola, perante a 22ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em face de ato iminente do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, como se nota da exordial colacionada aos autos. Mas a fiscalizada possuía sede em Macaíba/RN, circunstância essa que, por si só, já afasta qualquer possibilidade dela se beneficiar da decisão judicial prolatada na referida ação mandamental. Diante dessas circunstâncias fáticas, que em nada se assemelham ao caso dos autos – em que o MSC foi impetrado, especificamente, contra ato do Delegado da Receita Federal do Rio de Janeiro e teve suas decisões proferidas apenas no sentido de reconhecer o direito ao crédito na aquisição de concentrados da ZFM, sem, no entanto, ampliar essa concessão a todos os associados do país, conforme decidido no acórdão ora embargado. Além disso, inferese da petição inicial que o MSC se amparou no art. 9º do DL 288/1967 (fundamento legal do art. 69, II, do Decreto 4544/2002 – RIPI 2002), que por sua vez contempla a isenção do IPI para a saída dos produtos industrializados na ZFM, mas NÃO enseja a geração de crédito. A omissão a ser saneada, nos termos do Despacho de Admissibilidade, é a seguinte: Do cotejo dos excertos dos votos vencido e vencedor, constatase que assiste razão à Embargante, visto há omissão sobre ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma, precisamente quanto à identidade de matérias litigadas no processo administrativo e judicial, uma vez que a indederminação quanto à [...matéria discutida no presente processo.] não permite a identificação da igualdade de objeto, condição necessária segundo as normas de regência, art. 87 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011 e Parecer Normativo RFB nº 7, de 22 de agosto de 2014, DOU de 27.8.2014, assim ementado: (...) Isso posto, com fundamento no art. 66, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, DOU SEGUIMENTO PARCIAL aos Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional, apenas no que tange ao vício de omissão sobre ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma, precisamente quanto à identidade de matérias litigadas no processo administrativo e judicial A omissão indicada encontrase presente no voto vencedor proferido pelo Conselheiro Winderley Morais Pereira, que não mais integra esta Turma Julgadora. Com efeito, esta Relatora, em seu voto, afastou expressamente a tese da concomitância pelo mesmo fundamento utilizado pela PGFN em seus Embargos de Declaração Fl. 1315DF CARF MF 6 no sentido de que a concomitância exige a simultaneidade entre o processo judicial e administrativo. Transcrevo trecho do Voto Vencedor acerca da concomitância reconhecida: Considerando, a existência de ação judicial em que a Recorrente é parte e que trata da matéria discutida no presente processo. Resta prejudicada a apreciação administrativa do recurso voluntário, nos termos definidos na súmula 1 do Carf. Quanto a possibilidade de utilização dos benefícios fiscais previstos para a Amazônica Ocidental. Entendo, que para está matéria também não se pode conhecer do recurso. A maioria da turma decidiu pela existência de ação judicial discutindo a aplicação dos benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus. Assim, caso seja analisado a matéria referente a Amazônia Ocidental, a turma estaria enfrentando matéria ligada diretamente ao mérito da presente lide, que já está submetida ao Poder Judiciário, pois se enfrentado a turma teria que se manifestar sobre a aplicação do benefício fiscal referente a Amazônia Ocidental em substituição ou de forma concomitante ao benefício fiscal previsto para a Zona Franca de Manaus. O que implicaria em adentrar a matéria que vai ser dirimida pelo Poder Judiciário, Assim, a turma entendeu por não conhecer da matéria referente ao pedido de aplicação subsidiária do benefício previsto para a Amazônia Ocidental. Diante do exposto, voto, no sentido de acatar a posição da Relatora quanto a participação da Recorrente no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834 e não conhecer do restante do recurso voluntário. Ainda que esta Relatora possua entendimento divergente, para melhor esclarecer o quanto restou decidido por maioria de votos da Turma Julgadora, adiciono à fundamentação do Redator do Voto Vencedor os seguintes esclarecimentos. O presente Auto de Infração exigia da contribuinte o IPI decorrente da indevida apropriação de créditos sobre a aquisição de matéria prima de pessoa jurídica situada na Zona Franca de Manaus sujeita à isenção. Constatase da Impugnação apresentada pelo contribuinte que a principal alegação de defesa consiste na aplicação da coisa julgada formada no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, que lhe assegura o justamente o direito de não serem compelidos a estornar o crédito do IPI incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus, cuja saída esteja sujeita ao IPI. Esses são os termos da decisão proferida na referida ação: Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 10469.723099/201562 Acórdão n.º 3201004.395 S3C2T1 Fl. 1.314 7 O próprio Termo de Verificação Fiscal reconhece que a questão de direito debatida é exatamente a mesma objeto do Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, para o qual a Turma Julgadora, por maioria de votos, identificou a concomitância: 4 DA AÇÃO JUDICIAL – EFEITOS DA DECISÃO PROFERIDA NO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO – MSC Nº 91.00477834 Compulsando o MSC constatamos que a AFBCC representava todos os fabricantes de CocaCola, no entanto, a Real Comércio e Indústria de Bebidas era empresa detentora de franquia da marca RC COLA. Desse modo, não existiria qualquer possibilidade da empresa Real ser beneficiária da decisão prolatada na referida ação judicial, conforme explicitamos com mais detalhes nos parágrafos seguintes. A empresa Real Comércio e Indústria de Bebidas LTDA foi constituída em 01/08/1997, sendo seu objeto social preponderante a fabricação de refrigerantes. Em 09/07/2007, pela 10ª alteração contratual, ocorreu alteração do controle da Real Comercio com a exclusão dos sócios antigos e a inclusão de novos sócios: NRN COMERCIO DE BEBIDAS LTDA – pertencente ao Grupo Norsa, fabricante de refrigerantes da marca CocaCola. O outro sócio incluído foi AUGUSTO CESAR PARADA. Em 18/02/2008, retirase da sociedade AUGUSTO CESAR PARADA cedendo suas cotas para ANDRÉ LEONARDO ALVES SEABRA SALLES, conforme consta da 12ª alteração e consolidação do Contrato Social. (...)A Norsa Refrigerantes, através da 18ª alteração do Contrato Social da Real Comércio, datada de 31/07/2013, sucedeu por incorporação a empresa REAL COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE BEBIDAS LTDA. O contribuinte informou que tinha direito ao crédito de IPI, decorrente da aquisição de insumos oriundos da Zona Franca de Manaus, em razão da coisa julgada formada nos autos do mandado de segurança coletivo n° 91.00477834, impetrado pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola. Fl. 1317DF CARF MF 8 Ocorre que a empresa Norsa Refrigerantes só incorporou a Real Comércio em 31/07/2013, portanto, muito tempo depois do trânsito em julgado do MSC. Além disso, quando o controle da Real Comércio passou para o Grupo Norsa, já estava em vigor a Lei n.º 9.494, de 10/09/1997, que no seu art. 2ºA, transcrito abaixo, trata dos efeitos da coisa julgada nas ações coletivas. (...) Sobre os efeitos das sentenças impetradas por entidades associativas, posicionouse o STF, em recente decisão com repercussão geral, cuja ementa segue abaixo, no sentido da obrigatoriedade da autorização expressa dos associados e da lista destes juntada à inicial. (...) Pelo descrito nos parágrafos acima, concluímos que a sentença não abrangeria a Real Comércio, uma vez que o contribuinte não fazia parte da lista juntada à petição inicial e também apenas os substituídos que tinham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do juízo vinculado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, ou seja, os Estados de Rio de Janeiro e Espírito Santo. Notase que, na autuação, a não aplicação da decisão judicial aos fatos geradores objeto da autuação ocorreu exclusivamente em razão do entendimento fiscal de que esta não seria aplicável pelo fato de o contribuinte autuado (i) estar situado fora da jurisdição do Juízo prolator também por (ii) não ser associado à Autora da demanda coletiva à época dos fatos geradores (ambos os argumentos foram afastados pelo acórdão embargado). O fato de a ação judicial tratar exatamente do mesmo direito negado ao contribuinte quando da lavratura do Auto de Infração jamais foi questionado, sendo, portanto, incontroverso. É em face da absoluta identidade entre o fundamento do lançamento com o quanto restou decidido em sede de Mandado de Segurança Coletivo que a Turma Julgadora decidiu, por maioria, pela concomitância, assim entendida como a identidade entre partes (contribuinte e Fazenda Nacional) e pedido (direito de apropriação de créditos na aquisição de mercadorias isentas oriundas da Zona Franca de Manaus). Entendeu a Turma Julgadora, outrossim, por sua maioria, que a circunstância de a ação judicial ter tido seu trânsito em julgado de mérito antes mesmo da lavratura do Auto de Infração não seria suficiente para afastar a existência da concomitância. Isso porque, em que pese a existência de trânsito em julgado quanto ao direito (mérito), a controvérsia judicial acerca do alcance territorial da referida decisão e, consequentemente, sua aplicação ao contribuinte ora Embargado perdurou até a decisão proferida em sede de Embargos de Declaração pela Ministro Gilmar Mendes em 11 de maio de 2017 nos autos da Reclamação nº 7.778/SP (incidental ao MSC) e Decisão no Recurso Especial nº 1.438.361, de relatoria do Ministro OgFernandes. A Referida decisão judicial consolidou o entendimento de que o art. 2ºA da Lei 9.494/97 não se aplica ao Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, portanto, que a decisão nele proferida se aplica a todos os substituídos, independentemente da sua localização geográfica, conforme já detalhado no voto anteriormente proferido por esta Relatora. Logo, as premissas nas quais se fundamentou a posição vencedora para aplicar a concomitância são: Fl. 1318DF CARF MF Processo nº 10469.723099/201562 Acórdão n.º 3201004.395 S3C2T1 Fl. 1.315 9 (i) o Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834 assegura aos impetrados / substituídos o direito de não serem compelidos a estornar o crédito do IPI incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus, cuja saída esteja sujeita ao IPI. Nesse ponto reside a identidade de objeto entre a defesa do contribuinte no presente Auto de Infração e o objeto da discussão travada nos autos da referida demanda judicial; (ii) a decisão judicial proferida no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834 aplicase aos contribuintes localizados em todo o território nacional, não lhe sendo aplicável a limitação contida no art. 2A da Lei nº 9.494/97, nos termos da decisão proferida nos autos da Reclamação nº 7.778/SP (incidental ao MSC) e Decisão no Recurso Especial nº 1.438.361, de relatoria do Ministro Og Fernandes. (iii) a decisão judicial proferida no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834 aplicase ao contribuinte autuado, ainda que este não fosse associado no momento da impetração da demanda coletiva, nos termos da fundamentação constante do Voto proferido por esta Relatora, da qual não divergiu a Turma Julgadora. Assim, o reconhecimento da concomitância implica na necessidade de observância, pela Autoridade Lançadora, do que restou decidido nos autos do Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834. Em que pese discordar do voto vencedor quanto à declaração de concomitância, acresço ao voto vencedor a fundamentação na qual se sustentou a Turma Julgadora ao firmar o posicionamento vencedor. Por todo exposto, voto por ACOLHER os Embargos de Declaração sem Efeitos Infringentes apenas para sanear a omissão apontada. Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 1319DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13808.000647/00-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário:1998
RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA.
É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decreto-lei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade.
Numero da decisão: 2201-004.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão de sua intempestividade.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário:1998 RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decreto-lei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade.
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OMISSAO DE RENDIMENTOS DE PESSOA JURÍDICA Recorrente CHIRSTINA APARECIDA RAMOS GOIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:1998 RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decretolei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão de sua intempestividade. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 06 47 /0 0- 61 Fl. 150DF CARF MF Processo nº 13808.000647/0061 Acórdão n.º 2201004.789 S2C2T1 Fl. 151 2 Cuidase de Recurso Voluntário de efls. 125/126 interposto contra decisão da DRJ em Campo Grande/MS, de fls. 112/118 a qual julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 63/64, lavrado em 09/03/2000, relativo ao anocalendário de 1998, com ciência do recorrente em 17/04/2000, conforme AR de fls. 66. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado: por omissão de rendimentos recebidos de pessoa física (CarnêLeão), a título de pensão alimentícia determinada por decisão judicial, bem como por deduções indevidas, no valor total de R$ 39.844,60, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75% Segundo o Termo de Verificação Fiscal (fls58/59), o crédito foi objeto do processo nº 10880.000042/9605, no qual constatouse que os valores recebidos a título de pensão alimentícia, determinada pelo juízo da 1ª Vara de Família e Sucessões (Proc. nº 522/92 2), não estavam sendo declarados e pagos. Contudo, o processo nº 10880.000042/9605 foi julgado nulo pela DRJ em São Paulo, por vício na notificação de lançamento, sem exame do mérito. Em razão disto, o crédito foi relançado no presente processo administrativo. Da Impugnação A RECORRENTE apresentou sua Impugnação de efls. 68/70 em 16/5/2000. Em síntese, alegou a decadência do auto de infração, pois lançado 5 anos e 3 meses depois da ocorrência do fato gerador. No mérito, aduz que não tinha conhecimento das demais despesas pagas pelo exmarido em razão do acordo de separação (despesas escolares, médicas e odontológicas) tinham natureza de pensão alimentícia, pois acreditava que apenas o valor pago em dinheiro tinha natureza de pensão alimentícia. Da Decisão da DRJ Quando da apreciação do caso, a DRJ em Campo Grande/MS julgou procedente o lançamento, conforme ementa abaixo (fls. 112/118): IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 1994 PRELIMINAR. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. No caso de anulação por vicio formal, o prazo de cinco anos do direito de a Fazenda Pública constitui o crédito tributário conta se da data decisão definitiva que houver anulado o lançamento conforme disposto no inciso II, do mesmo artigo 173 do CTN. OMISSÃO DE RENDIMENTOS Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13808.000647/0061 Acórdão n.º 2201004.789 S2C2T1 Fl. 152 3 Será efetuado lançamento de oficio, no caso d omissão de rendimentos tributáveis percebidos pel contribuinte. GLOSA DE DEDUÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES DOAÇÕES. Devese manter a glosa que não foi impugnada. Lançamento Procedente Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 7/12/2007, conforme AR de fls.121, apresentou o recurso voluntário de fls. 125/126 em 18/01/2008. Em suas razões, apenas tentou apresentar as razões de fato que justificam o erro na declaração. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator O recurso voluntário não merece ser conhecido pois é intempestivo. De acordo com os arts. 5º e 33 do Decreto n° 70.325/72, que regula o processo administrativo no âmbito federal, o prazo de 30 (trinta) dias para a interposição de Recurso Voluntário é contínuo, excluindose, na sua contagem, o dia de início e incluindose o do vencimento. Os prazos se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que tramite o processo ou deva ser praticado o ato. No caso concreto, a RECORRENTE teve ciência do acórdão recorrido no dia 7/12/2007 (sextafeira), conforme AR de fl. 121. Ocorre que, de acordo com o registro de protocolo, de fl. 125 dos autos, o presente recurso somente foi interposto em 18/01/2008 (sextafeira), depois de já transcorridos mais de 30 dias contados da intimação do contribuinte, sendo, portanto, manifestamente intempestivo o recurso. Esclareço que o prazo para a interposição do recurso findou em 8/1/2008 (terçafeira). Seguindo o procedimento do Decreto n° 70.325/72, bem como a jurisprudência deste Conselho, o recurso intempestivo não deverá ser objeto de conhecimento. A decisão transcrita a seguir serve como exemplo desse entendimento: “ASSUNTO: SIMPLES Anocalendário: 2002 Ementa: INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Por intempestivo, não se conhece do Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13808.000647/0061 Acórdão n.º 2201004.789 S2C2T1 Fl. 153 4 Recurso Voluntário protocolizado após o prazo de trinta dias, a contar da ciência da decisão de primeira instância, nos termos do art. 33 do Decreto n° 70.235/72. (Recurso nº 158.682; processo 10510.000945/200629; 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, julgado em 17/10/2008.” CONCLUSÃO Isto posto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário em razão da sua intempestividade. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim – Relator Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.726787/2016-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Caracterizam-se omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Reputa-se válido o lançamento relativo a omissão de rendimentos nas situações em que os argumentos apresentados pelo contribuinte consistem em mera alegação, desacompanhada de documentação hábil e idônea que lhe dê suporte.
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, sobre o valor correspondente à multa de ofício Súmula CARF nº 108.
Numero da decisão: 2401-005.837
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Monica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Andrea Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITÓRIO. AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizamse omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Reputase válido o lançamento relativo a omissão de rendimentos nas situações em que os argumentos apresentados pelo contribuinte consistem em mera alegação, desacompanhada de documentação hábil e idônea que lhe dê suporte. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, sobre o valor correspondente à multa de ofício Súmula CARF nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 67 87 /2 01 6- 33 Fl. 969DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Monica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Andrea Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Relatório CASSIANO CIRILO ANUNCIAÇÃO, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 15a Turma da DRJ em São Paulo/SP, Acórdão nº 1680.969/2017, às fls. 700/722, que julgou parcialmente procedente o Auto de Infração exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósitos de origem na comprovadas e de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas, em relação ao anocalendário 2011, conforme Auto de Infração, às efls. 261/271, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 18/10/2016 (AR de efl 275), nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores, com as respectivas descrições: a) Omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas Fl. 970DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 4 3 Intimado a apresentar os extratos bancários das contas correntes de sua titularidade relativas ao anocalendário 2011, o fiscalizado apresentou os extratos da contas mantidas conjuntamente com seu cônjuge, Waldelina Maciel Tavares. Esta, intimada, declarou que os depósitos pertenciam ao marido, conforme declaração anexa. Dando prosseguimento ao procedimento fiscal, o fiscalizado foi intimado a comprovar a origem dos depósitos realizados em suas contas corrente, conforme demonstrativo anexo. Em resposta, o fiscalizado alegou que os depósitos realizados em suas contas pela empresa Administradora de Imóveis Batará Ltda. referemse a pagamento de empréstimos efetivados com o fiscalizado nos anos de 2009 e 2010, e anexou extratos bancários dos respectivos anos, em que constam depósitos na conta da citada empresa, e o Balanço Patrimonial. Afirmou ainda ter recebido como pagamento de empréstimos de anos anteriores o valor depositado pela empresa Editora Ana Cássia Ltda., da qual fazia parte do quadro societário, conforme Balanço Patrimonial apresentado. Diante dessas alegações, o contribuinte foi intimado apresentar o respectivo instrumento de contrato que, em tese, acobertou o suposto mútuo (empréstimo), bem como a comprovar o recolhimento do IOF incidente sobre a operação de crédito. No entanto, nenhum desses comprovantes foi apresentado, de modo que não há provas do mútuo alegado. Ademais, não consta na declaração de imposto de renda do contribuinte alusão alguma ao citado empréstimo, e os valores depositados nas contas correntes do contribuinte não apresentam compatibilidade com o valor das supostas parcelas de pagamento de empréstimos, conforme extratos bancários das empresas acima mencionadas. O Código de Processo Civil estabelece que o mútuo mercantil não requer forma escrita, mas, para efeito de prova e de registro contábil, deverá ser feito por escrito, e se for elaborado verbalmente, a prova testemunhal só poderá ser admitida se o valor do empréstimo não exceder a dez salários mínimos. Portanto, a prova da realização do empréstimo através de contrato escrito formalmente autenticado à época da realização do negócio, além da disponibilidade econômica do mutuante, são fundamentais para comprovar a realização da operação. Diante dos fatos acima expostos, foi apurada a omissão dos valores descritos à fl. 264 b) Omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada Intimado a apresentar os extratos bancários das contas corrente de sua titularidade relativas ao anocalendário 2011, o fiscalizado apresentou os extratos da contas mantidas conjuntamente com seu cônjuge, Waldelina Maciel Tavares. Esta, intimada, declarou que os depósitos pertenciam ao marido, conforme declaração anexa. Dando prosseguimento ao procedimento fiscal, o fiscalizado foi intimado a comprovar a origem dos depósitos realizados em suas contas corrente, conforme demonstrativo anexo. Fl. 971DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 5 4 Analisando os documentos apresentados, verificase que o contribuinte comprova com documentação hábil e idônea alguns depósitos realizados em suas contas correntes, como transferências do próprio contribuinte, resgate de aplicações, entre outros. Esses valores foram excluídos de pronto pela fiscalização do demonstrativo de depósitos bancários carecedores de comprovação. Entretanto, alguns outros depósitos não tiveram sua origem esclarecida, ensejando, assim, a apuração da omissão de rendimentos de depósitos bancários de origem não comprovada, conforme demonstrativo anexo, nos termos dos arts. 25 e 42 da Lei n° 9.430/96 e art. 528 do RIR/99. Os valores omitidos estão descritos às fls. 265/266. O contribuinte, regularmente intimado, apresentou impugnação, requerendo a decretação da improcedência do feito. Por sua vez, a Delegacia Regional de Julgamento em São Paulo/SP entendeu por bem julgar procedente em parte o lançamento, conforme relato acima. Inconformado com a Decisão recorrida, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 733/804, procurando demonstrar a total improcedência do Auto, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após detalhado relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as razões da impugnação, motivo pelo qual, neste aspecto, adoto o relatório da DRJ, a seguir exposto: Da violação ao art. 142 do Código Tributário Nacional O lançamento foi efetuado com violação ao art. 142 do Código Tributário Nacional, uma vez que houve erro na identificação da data de ocorrência do suposto fato gerador do IRPF, ausência de motivação adequada e específica para a aplicação da presunção de omissão de receitas e ausência de aprofundamento do trabalho fiscal. A autoridade administrativa tem o dever de identificar corretamente a data de ocorrência do fato gerador, o que não ocorreu no caso concreto, pois foi considerada indevidamente a apuração mensal, e não anual, de modo que o auto de infração deve ser integralmente cancelado. Com efeito, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, da Lei n° 7.713/88 e da Lei n° 8.134/90, o fato gerador do IRPF é anual (fato gerador complexivo) e não mensal. No demonstrativo de valores creditados em conta bancária do impugnante juntado às fls. 219/221, a própria autoridade administrativa indicou o histórico (e, portanto, a origem) de diversos depósitos bancários que, de forma absolutamente contraditória e indevida, foram considerados "de origem não comprovada". Fl. 972DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 6 5 A propósito, confiramse no quadro de fl. 306 os depósitos bancários cuja origem foi identificada pela própria autoridade administrativa, e que compuseram indevidamente a acusação fiscal de "omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada. Dessa forma, não há motivação adequada e específica para aplicação da presunção prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96, com relação a todos esses depósitos bancários, comprometendo material e substancialmente a acusação fiscal. É patente a insubsistência da acusação fiscal, pois a imputação de omissão de receitas foi formalizada sem que se tenha demonstrado a aplicabilidade da presunção legal em que se funda o lançamento, notadamente por não ter a autoridade administrativa promovido a verificação imprescindível para apurar se os rendimentos foram ou não oferecidas à tributação pelo impugnante. No curso do procedimento o impugnante comprovou, por meio de balanços patrimoniais e extratos bancários, a existência de créditos em suas contas correntes provenientes de recebimento de valores no contexto de mútuos mantidos com a Administradora de Imóveis Batará Ltda. e com a Editora Ana Cássia Ltda. Assim, tendo em vista as informações e os documentos apresentados, e persistindo dúvidas quanto à existência e efetividade dos mútuos, a autoridade administrativa deveria ter aprofundado a investigação dos fatos, e não encerrado prematuramente o trabalho fiscal, presumindo as infrações fiscais imputadas ao impugnante. Jamais poderia a autoridade administrativa ter considerado os mútuos não comprovados, simplesmente porque não foram apresentados os "contratos escritos". Deveras, a legislação não exige a existência de "contrato escrito" de mútuo, e a doutrina especializada e a jurisprudência admitem a prova do mútuo por outros documentos igualmente hábeis e idôneos. No entanto, de forma absolutamente rasa, e simplesmente por não existir contrato escrito, a autoridade administrativa ignorou solenemente a existência dos mútuos mantidos pelo impugnante, demonstrando a precariedade e a fragilidade do trabalho fiscal, bem como a total falta de comprometimento com a investigação da ocorrência do fato gerador e a correta identificação da matéria tributável. Extinção parcial do crédito tributário pela ocorrência da decadência Como demonstrado, a autoridade administrativa erroneamente considerou o fato gerador mensal, e não anual, de modo que o auto de infração deve ser cancelado por afronta ao art. 142 do CTN. Fl. 973DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 7 6 Caso, porém, assim não se entenda, deverá, então, ser reconhecida a extinção do crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos até o mês de setembro de 2011 (inclusive), tendo em vista a ocorrência da decadência. Com efeito, o IRPF é tributo sujeito ao lançamento por homologação, nos termos do caput do art. 150 do CTN. Assim, devese levar em consideração o prazo decadencial de que trata o § 4° desse mesmo artigo. Nessas condições, e inexistindo dolo, fraude ou simulação, decorrido o prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador sem qualquer pronunciamento expresso da Fazenda Nacional, operase a homologação tácita da atividade do contribuinte e também a decadência para lançar de ofício eventuais diferenças não recolhidas. Para corroborar a aplicação do § 4° do art. 150 do CTN no caso concreto, o impugnante registra a existência de atividade e de pagamento antecipado, passíveis de homologação pela autoridade administrativa. Com efeito, no anocalendário 2011, conforme consta em sua declaração de ajuste anual, o impugnante teve rendimentos de aplicações financeiras sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, de modo que o recolhimento do respectivo IR foi promovido diretamente pelas respectivas fontes pagadoras. Improcedência da acusação fiscal de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica Na acusação fiscal de omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas, a autoridade administrativa consignou que os mútuos mantidos pelo impugnante com a Administradora de Imóveis Batará Ltda. e com a Editora Ana Cássia Ltda. não estariam satisfatoriamente comprovados, pois não foram apresentados os contratos escritos. Contudo, nos termos do caput do art. 592 do Código Civil, é plenamente válido e eficaz o mútuo, independentemente da existência (ou não) de contrato escrito. E o novo Código de Processo Civil, no seu art. 444 dispõe que: "Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova". Portanto, a ausência de contrato escrito não implica, lógica e necessariamente, a ausência de prova do mútuo, de modo que, somente por este motivo, a acusação fiscal é absolutamente improcedente. De toda forma, existe robusta documentação hábil e idônea para comprovar efetivamente os mútuos mencionados. Fl. 974DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 8 7 O impugnante é sócio da Administradora de Imóveis Batará Ltda., CNPJ n° 00.265.472/000176, conforme comprovado pelo contrato social anexo (doc. 02) e pela sua DIRPF 2012 (fls. 02/08). Em outubro de 2009, o impugnante começou a conceder empréstimos em dinheiro (mútuo) para essa empresa. Conforme comprovado pelos extratos bancários (doc. 03) e pelo Livro Diário da empresa (doc. 04), esses empréstimos totalizaram R$ 1.800.000,00 no anocalendário 2009 e R$ 1.775.510,00 no anocalendário 2010. E esses mesmos documentos comprovam que, no anocalendário 2010, o impugnante recebeu R$ 1.059.284,00 a título de devolução de empréstimo. Importante registrar que, nos termos dos arts. 923 e 924 do RIR/99, a escrituração contábil faz prova a favor do contribuinte, cabendo à autoridade administrativa afastar a presunção de veracidade das informações ali registradas, mediante procedimento de fiscalização específico que garanta, inclusive, o direito de defesa e o contraditório, nos termos do art. 148 do CTN, o que não ocorreu no caso concreto. Assim, em razão do mútuo mantido com a Administradora de Imóveis Batará Ltda., o impugnante encerrou o anocalendário 2010 com um crédito no valor total de R$ 2.516.225,56 (fl. 117 do Livro Diário, doc. 04) que, automaticamente, foi transferido para o anocalendário de 2011. A propósito, confirase no quadro de fl. 332 a movimentação do mútuo mantido pelo impugnante com a empresa nos anos calendário 2009 e 2010. No anocalendário 2011, o impugnante concedeu novos empréstimos em dinheiro para essa empresa, conforme extratos bancários anexos (doc. 03), e também recebeu dela R$ 1.493.000,00 a título de devolução de empréstimo. Assim, está absolutamente claro que os valores creditados em contas correntes do impugnante pela Administradora de Imóveis Batará Ltda. são provenientes do mútuo existente entre as partes, sendo o valor recebido no anocalendário 2011 totalmente compatível com o valor do crédito detido junto à empresa no encerramento do anocalendário 2010. E, no encerramento do anocalendário de 2011, o impugnante ainda detinha um crédito, no valor total de R$ 3.630.511,03, conforme registrado no Balanço Patrimonial de 31/12/2011 da empresa (Passivo de Empréstimos e Financiamentos com Sócios, fls. 227/230). Por fim, vale lembrar que no anocalendário de 2011 o impugnante era sócio dessa empresa e como tal poderia receber pro labore e distribuição de lucros. Contudo, como os valores Fl. 975DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 9 8 creditados pela empresa em contas correntes do impugnante (e considerados pela fiscalização como rendimentos omitidos) não foram recebidos a esses títulos, só podem ser provenientes do mútuo. Diante do exposto, o valor total de R$ 1.493.000,00 deve ser excluído da acusação fiscal de omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas. Do mesmo modo, até 15 de janeiro de 2007, o impugnante era sócio da Editora Ana Cássia Ltda., CNPJ n° 04.816.658/0001 27, conforme instrumento particular de alteração de contrato social anexo (doc. 05). Conforme Balanços Patrimoniais de 31/12/2009, 31/12/2010 e 31/12/2011, essa empresa possuía registrado Passivo de Empréstimos e Financiamentos com Sócios, nos valores de R$ 5.234.217,95, R$ 6.443.337,71 e R$ 11.845.995,94 (fls. 242/254). Por sua vez, o impugnante encerrou o anocalendário 2010 com um crédito no valor total de R$ 3.029.802,71 proveniente de mútuo mantido com a empresa, conforme informado na sua DIRPF 2011 (doc. 06). O Livro Razão da empresa (doc. 07) também comprova que no encerramento do anocalendário de 2010 o impugnante detinha crédito no valor total de R$ 3.029.802,71, justamente em razão do mútuo. No anocalendário 2011, a empresa efetuou crédito na conta corrente do impugnante, no valor de R$ 58.000,00. Esse crédito só pode ser proveniente do mútuo firmado entre as partes, já que no ano de 2011 o impugnante não era mais sócio dessa empresa (e, portanto, não poderia receber pro labore ou distribuição de lucros). Para corroborar a existência do mútuo, o Livro Razão da empresa (doc. 07) comprova as movimentações dos anoscalendário de 2007 a 2014, com o registro contábil dos valores dos empréstimos em dinheiro concedidos pelo impugnante, bem como das devoluções efetuadas pela empresa. Comprova ainda que, em abril de 2014, o impugnante detinha crédito no valor total de R$ 7.570.802,71. Diante do exposto, o valor total de R$ 58.000,00 deve ser excluído da acusação fiscal de omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas. Improcedência da acusação fiscal de depósitos bancários de origem não comprovada No demonstrativo de valores creditados em conta bancária do impugnante juntado às fls. 219/221, a própria autoridade Fl. 976DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 10 9 administrativa indicou o histórico (e, portanto, a origem) de diversos depósitos bancários que, de forma absolutamente contraditória e indevida, foram considerados "de origem não comprovada". A propósito, confirase o quadro de fl. 338, em que, pelo próprio histórico do crédito na conta corrente do impugnante, é claramente possível identificar a origem dos depósitos bancários. Com efeito, diversos créditos na conta corrente do impugnante foram realizados pela Manaus Auto Shopping Comércio de Veículos Ltda., CNPJ n° 11.600.033/000199, conforme contrato social anexo (doc. 08), que é uma empresa constituída pelos filhos do impugnante. Por um período, o impugnante realizou diversos aportes em dinheiro nessa empresa, objetivando a sua capitalização para suportar os custos e demais despesas da atividade empresarial. E, no anocalendário 2011, a empresa reembolsou ao impugnante uma parcela desses aportes. Por conta ainda desses aportes, o impugnante ingressou, em 10/04/2012, no quadro societário da empresa, conforme comprovado pelo instrumento particular de alteração contratual anexo (doc. 08). Assim, comprovada a origem dos depósitos bancários efetuados pela Manaus Auto Shopping Comércio de Veículos Ltda., é absolutamente inadmissível a manutenção da aplicação da presunção prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96. No demonstrativo de fls. 219/221, também é possível identificar o depósito de R$ 25.000,00 efetuado em 30/05/2011 por Batará Comércio de Petróleo Ltda., empresa da qual o impugnante é sócio, conforme contrato social anexo (doc. 09). Esse depósito se refere a devolução de empréstimo concedido em dinheiro pelo impugnante. Dessa forma, comprovada sua origem, é absolutamente inadmissível a manutenção da aplicação da presunção prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96. Também é possível identificar no demonstrativo de fls. 219/221 a existência de depósitos em cheque, de ordem de crédito e de transferência entre contas do próprio favorecido, que igualmente não sustentam a aplicação da presunção prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96, por terem a sua origem comprovada. Não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício Em matéria tributária, a autorização legal para a cobrança de juros moratórios está prevista no art. 161 do CTN, o qual, em cotejo com os arts. 113 e 119 do CTN, somente autoriza a cobrança dos juros de mora sobre os valores decorrentes de obrigação tributária principal não pagos no vencimento. Assim, não tem fundamento legal a exigência dos juros de mora sobre a multa de oficio, quando esta for exigida em conjunto com o tributo supostamente devido (e não isoladamente). Fl. 977DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 11 10 Em sua parte final, o art. 161 do CTN, além da cobrança dos juros de mora sobre o crédito inadimplido, resguarda a "imposição das penalidades cabíveis". Certamente, a "penalidade cabível” é a própria multa de ofício, o que demonstra que esta não se confunde com o crédito tributário sobre o qual incidirão os juros de mora. Por fim, cumpre ressaltar que a única interpretação possível do art. 61 da Lei n° 9.430/96 é aquela que autoriza a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de ofício lançada, até porque referido artigo está a disciplinar os acréscimos moratórios incidentes sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. Alfim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoos sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. O contribuinte protocolizou outro Recurso Voluntário ás efls. 811/826, repisando as razões encimadas. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINARES NULIDADE VIOLAÇÃO AO ART. 142 DO CTN O recorrente sustenta que o lançamento foi efetuado com violação ao art. 142 do Código Tributário Nacional, por entender que houve erro na identificação da data de ocorrência do fato gerador do IRPF, ausência de motivação adequada e específica para aplicação da presunção de omissão de receitas e ausência de aprofundamento do trabalho fiscal. No caso em análise, o recorrente alega que o fato gerador ocorre mês a mês, no que, pareceme, está confundindo diferentes obrigações e diferentes regras. No regime atual de tributação do IRPF, a regra aplicável à maioria dos rendimentos é a antecipação mensal de que trata o art. 2º da Lei nº 8.134, de 1990, sem prejuízo da apuração anual, disciplinada pelo art. 7º da Lei nº 9.250 de 1995: Art. 7º A pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário, e apresentar Fl. 978DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 12 11 anualmente, até o último dia útil do mês de abril do ano calendário subseqüente, declaração de rendimentos em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal. (...) Assim, mensalmente surge para o contribuinte o dever de realizar antecipações de pagamento, caso tenha recebido rendimentos sujeitos a esse regime. E se chama "antecipação" porque não é definitiva. E não é definitiva porque a verificação da existência ou não do dever de pagar tributo só surgirá no encerramento do período de apuração, ou seja, no fim do anocalendário. Por isso, o fato gerador do imposto devido no anocalendário ocorre apenas em 31 de dezembro, mesmo nas hipóteses em que a base de cálculo deva ser apurada em bases mensais. No que diz respeito a depósitos bancários, esta é, inclusive, uma matéria sumulada por este Conselho. Vejamos o teor da Súmula CARF nº 38: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Com efeito, embora a fiscalização tenha, no auto de infração, agrupado em bases mensais os rendimentos considerados omitidos, conforme se verifica às fls. 264/266, ela considerou, no cálculo do imposto devido, consoante se verifica claramente à fl. 269, o total dos rendimentos omitidos no ano e ainda aplicou a tabela progressiva anual, e não a mensal. Assim, a previsão legal de que o rendimento se considera recebido no mês do crédito não tem o condão de deslocar a data da ocorrência do fato gerador, que se aperfeiçoa em 31 de dezembro, alcançando todos os rendimentos apurados desde o início do seu período de apuração. Não há, portanto, nenhuma dúvida de que o imposto lançado foi calculado levandose em consideração, corretamente, que o fato gerador do imposto é anual (concretizandose em 31 de dezembro de cada ano). Já em relação a suposta falta de motivação adequada e específica para o lançamento, o recorrente argumenta que, no demonstrativo de valores creditados em sua conta bancária às fls. 219/221, a própria autoridade administrativa indicou o histórico de diversos depósitos bancários, de modo que é contraditório considerálos como de origem não comprovada. Nem sempre o histórico é suficiente para determinar a origem do crédito. Por exemplo, um depósito recebido de uma empresa pode significar muita coisa, como o pagamento de salário, distribuição de lucros, pagamento por serviços prestados ou pela venda de um imóvel, entre tantas outras possibilidades. Cada uma dessas situações pode levar a um tratamento tributário diferente. Portanto, sem razão o recorrente. Quanto à motivação para a aplicação da presunção prevista no caput do art. 42 da Lei n° 9.430/96, esse tema será tratado mais adiante, no mérito. Fl. 979DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 13 12 O contribuinte argumenta ainda que a fiscalização lavrou o auto de infração sem o devido aprofundamento do trabalho fiscal, uma vez que, segundo ele, foram desconsideradas as provas apresentadas no curso do procedimento fiscal de que vários depósitos efetuados em sua conta corrente correspondem ao pagamento de empréstimos (mútuos) concedidos às empresas Administradora de Imóveis Batará Ltda. e à Editora Ana Cássia Ltda. Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pelo contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. Resta evidenciada a legitimidade da ação fiscal que deu ensejo ao presente lançamento, cabendo ressaltar que tratase de procedimento de natureza indeclinável para o Agente Fiscalizador, dado o caráter de que se reveste a atividade administrativa do lançamento, que é vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação de penalidade cabível. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com o presente lançamento. A simples leitura do Auto de Infração, especialmente a “Descrição dos fatos e enquadramento legal" e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção do lançamento. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover o lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crédito tributário, não se cogitando na nulidade dos procedimentos. Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, o contribuinte não trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que os lançamentos encontramse maculados por vício em sua formalidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstração do sustentado. Destarte, é direito do contribuinte discordar com a imputação fiscal que lhe está sendo atribuída, sobretudo em seu mérito, mas não podemos concluir, por conta desse fato, isoladamente, que o lançamento não fora devidamente fundamentado na legislação de regência. O argumento de erro do fato gerador, na eleição da base de cálculo e demais, se confundem com o mérito que iremos tratar posteriormente, como já dito, não ensejando em nulidade Dito isto, afasto a preliminar suscitada. DA DECADÊNCIA Fl. 980DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 14 13 O contribuinte sustenta que, como o fato gerador é mensal, então devese reconhecer a extinção, por decadência, do crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos até o mês de setembro de 2011. Como já dito no tópico anterior, o fato gerador relativo a todos os rendimentos apurados no auto de infração se deu em 31 de dezembro de 2011. Dessa forma, mesmo se procedermos à contagem do prazo decadencial de cinco anos nos termos do § 4° do art. 150 do CTN, como defende o impugnante, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador, o termo final do prazo seria 31 de dezembro de 2016. Por conseqüência, como a ciência do lançamento ocorreu em 18 de outubro de 2016 (fl. 275), não há que se falar em decadência. MÉRITO DA OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA Por meio do termo de intimação de fl. 218, de 01/07/2016, o contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos depósitos descritos às fls. 219/221, realizados em suas contas correntes. Em sua resposta, de 20/07/2016, juntada à fls. 222/226, o contribuinte, entre outros esclarecimentos apresentados, argumentou que os depósitos efetuados pelas empresas Administradora de Imóveis Batará Ltda. e Editora Ana Cássia Ltda., das quais é sócio, correspondem a pagamentos de empréstimos de anos anteriores. Conforme consta no auto de infração, a fiscalização, após analisar os documentos apresentados pelo contribuinte, entendeu que a origem dos depósitos ficou comprovada, mas que não ficou provado que se trata de pagamento de empréstimos. Assim, sendo o contribuinte sócio das empresas, concluiu que esses depósitos correspondem a rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício não informados na declaração de ajuste anual do contribuinte. Constatase que foram considerados omitidos, como rendimentos trabalho sem vínculo empregatício, R$ 1.493.000,00 recebidos de Administradora de Imóveis Batará Ltda. e R$ 58.000,00 de Editora Ana Cássia Ltda., perfazendo, assim, o montante de R$ 1.551.000,00. Em seu recurso, o contribuinte novamente sustenta que esses valores são provenientes do pagamento de empréstimos feitos em anos anteriores a essas empresas. Assim sendo, uma vez que o contribuinte simplesmente repisas as alegações da defesa inaugural, peço vênia para transcrever excertos da decisão recorrida e adotálos como razões de decidir, por muito bem analisar as alegações suscitadas pelo autuado e documentos acostados aos autos, in verbis: (...) No que se refere à Administradora de Imóveis Batará Ltda., o impugnante apresenta à fl. 332 um quadro com o demonstrativo dos valores que ele afirma ter emprestado à empresa em 2009 e 2010, bem como dos valores por ele recebidos nesse mesmo período em contrapartida dos empréstimos. Fl. 981DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 15 14 Nesse quadro, ele informa as datas dos depósitos e os números das folhas do livro Diário da empresa em que eles foram lançados, as quais foram juntadas às fls. 579/612 deste processo. Analisandose esses documentos, constatase que os depósitos feitos pelo contribuinte foram lançados na contabilidade da empresa a débito da conta “11202Bradesco c/c 367745 e c/c 7188” e a crédito da conta “22203Cassiano Cirilo Anunciação”. Já os depósitos feitos em favor do contribuinte foram lançados a débito desta última conta e a crédito da conta “11202Bradesco c/c 367745 e c/c 7188” ou ainda da conta “11263Banco Safra 4400/0198305”. No que diz respeito ao Bradesco, constatase que toda a movimentação ocorreu na conta n° 7188 da agência 31429, cujos extratos relativos aos anoscalendário 2009 e 2010 estão juntados às fls. 399/427. Quanto aos extratos da conta 0198305 da agência 4400 do Banco Safra referentes a esses mesmos anos, observo que eles não foram juntados aos autos (constam apenas alguns extratos do ano 2011, entre as fls. 444 e 462). Por meio do mencionado quadro da fl. 332, o impugnante procura demonstrar que em 2009 e 2010 emprestou à empresa respectivamente R$ 1.800.000,00 e R$ 1.775.510,00, e recebeu R$ 1.059.284,44 como pagamento em 2010, o que lhe resulta em 31/12/2010 num saldo favorável de R$ 2.516.225,56. Para reforçar essa constatação, ele junta aos autos, à fl. 612, a folha 117 do Balancete Analítico da empresa, em que consta esse saldo na conta “Empréstimos” do passivo não circulante. Ele sustenta, dessa forma, que, sendo esse saldo superior aos R$ 1.493.000,00 por ele recebidos da empresa em 2011, fica caracterizado que se trata de pagamento de empréstimo, e não de rendimento. Não obstante a empresa – cujos únicos sócios eram o impugnante e sua esposa (fls. 352/373) – tenha contabilizado esses valores como empréstimos, observase que não houve a formalização de nenhum contrato de mútuo. Observase ainda que o impugnante também não informou em suas declarações de ajuste anual dos anoscalendário 2010 e 2011 (fls. 632/640 e fls. 2/8, respectivamente) os empréstimos que teria concedido à empresa Administradora de Imóveis Batará Ltda. Ademais, várias dessas movimentações apontadas pelo impugnante parecem pôr em xeque sua natureza de “empréstimos”. Por exemplo, em 25/01/2010 o contribuinte transfere à empresa R$ 45.000,00 e, no mesmo dia, recebe valor idêntico. Em 26/01/2010, algo semelhante ocorre: ele transfere R$ 500.000,00 à empresa e no mesmo dia recebe R$ 175.000,00. No mês de abril de 2010, ele recebe ao longo do mês R$ 196.274,44 e, em seguida, no final do mesmo mês deposita em favor desta o valor de R$ 200.000,00. Fl. 982DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 16 15 Tais operações, efetuadas sem nenhum contrato formal, demonstram que, na verdade, havia uma certa promiscuidade entre as contas do impugnante e da empresa. De qualquer forma, ainda que se admita que tais operações possam de fato estar relacionadas a operações de mútuo, outro obstáculo relevante se apresenta contra a alegação do impugnante de que os valores por ele recebidos em 2011 representam o pagamento de empréstimos pela empresa, como a seguir se explica. De acordo com folha 117 do Balancete Analítico da empresa (fl. 612), como visto acima, o saldo em 31/12/2010 da conta que trata de empréstimos de sócios era R$ 2.516.225,56. Todavia, não há nos autos nenhum documento que comprove que os depósitos feitos em favor do impugnante em 2011 se refiram ao pagamento parcial desse saldo. Pelo contrário, o que se verifica é que esse saldo ficou ainda maior em 31/12/2011, saltando para R$ 3.630.511,03, conforme consta no Balanço Patrimonial da empresa encerrado em 31/12/2011, juntado às fl. 227/228. Cabe observar que, embora o impugnante afirme genericamente que no anocalendário 2011 também concedeu novos empréstimos à empresa, por meio de depósitos bancários, o que, segundo ele, justificaria o aumento do saldo de que trata o parágrafo anterior, não identificou nem quantificou tais depósitos. Limitouse a comentar que os extratos bancários juntados aos autos comprovariam sua afirmação. Contudo, compulsandose os autos não é possível identificar esses “novos empréstimos” alegados pelo impugnante. Em síntese, não há como aceitar a alegação do impugnante de que a importância de R$ 1.493.000,00 por ele recebida em 2011 da empresa Administradora de Imóveis Batará Ltda. corresponde à quitação parcial de empréstimos. No que concerne a Editora Ana Cássia Ltda., o impugnante afirma que encerrou o anocalendário 2010 com um crédito, referente a empréstimos, no valor de R$ 3.029.802,71, conforme consta em sua DIRPF 2011 (fl. 638) e no livro Razão da empresa (fl. 667). Ele conclui, assim, que os R$ 58.000,00 depositados em sua conta em 2011 só podem ser provenientes do mútuo firmado com a empresa. O impugnante juntou aos autos parte do Razão Analítico dessa empresa, às fls. 641/668, com a descrição das movimentações relacionadas aos mútuos por ele mencionados. Não há, todavia, nesse documento, nenhum registro do depósito de R$ 58.000,00 efetuado em seu favor em 28/01/2011, o que joga por terra sua alegação de que se trata de pagamento de empréstimo. Além disso, na DIRPF 2012 do impugnante, à fl. 6, há a informação de que seu crédito com a empresa, que em Fl. 983DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 17 16 31/12/2010 era de R$ 3.029.802,71, continuou o mesmo em 31/12/2011. Assim, ao contrário do que afirma o impugnante, não há nenhuma prova documental de que os R$ 58.000,00 por ele recebidos da Editora Ana Cássia Ltda. em 28/01/2011 correspondem a pagamento de empréstimo.(...) Diante do exposto, especialmente dos grifos, mantémse a imputação de omissão de rendimentos recebidos do trabalho recebidos de pessoas jurídicas. DA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria. A tributação com base em depósitos bancários, a partir de 01/01/97, é regida pelo art. 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, publicada no DOU de 30/12/1996, que instituiu a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprovasse mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Confirase: Art. 42, Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição . financeira, em relação aos quais o titular, pessoa _física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados. I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa .física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 Oitenta mil reais) (Alterado pela Lei n" 9.481, de 13.897). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Fl. 984DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 18 17 § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será *tirada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(incluído pela Lei n°10.637, de 30.12.2002). § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares' tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. ('Incluído pela Lei n°10637, de 30,12,2002). O fato gerador do imposto de renda é sempre a renda auferida. Os depósitos bancários (entrada de recursos), por si só, não se constituem em rendimentos. Daí por que não se confunde com a tributação da CPMF, que incide sobre a mera movimentação financeira, pela saída de recursos da conta bancária do titular. Por força do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, o depósito bancário foi apontado corno fato presuntivo da omissão de rendimentos, desde que a pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados na operação. Para Pontes de Miranda, presunções são fatos que podem ser verdadeiros ou falsos, mas o legislador os têm corno verdadeiros e divide as presunções em iuris et de iure (absolutas) e iuris tantum (relativas). As presunções absolutas, na lição deste autor, são irrefragáveis, nenhuma prova contrária se admite; quando, em vez disso, a presunção for iuris tantum, cabe a prova em contrário, conforme demasiadamente tratado em diversos outros votos deste Relator. Conforme destacado anteriormente, na presunção o legislador apanha um fato conhecido, no caso o depósito bancário e, deste dado, mediante raciocínio lógico, chega a um fato desconhecido que é a obtenção de rendimentos. A obtenção de renda presumida a partir de depósito bancário é um fato que pode ser verdadeiro ou falso, mas o legislador o tem corno verdadeiro, cabendo à parte que tem contra si presunção legal fazer prova em contrário. Neste sentido, não se pode ignorar que a lei, estabelecendo uma presunção legal de omissão de rendimentos, autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. Em síntese, a lei considera que os depósitos bancários, de origem não comprovada, analisados individualizadamente, caracterizam omissão de rendimentos. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um depósito bancário, considerado isoladamente. Pelo contrário, a presunção de omissão de rendimentos está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos recursos depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei. Portanto, claro está que o fato gerador do imposto de renda, no caso, não está vinculado ao crédito efetuado na conta bancária, pois, se o crédito tiver por origem transferência de outra conta do mesmo titular, ou a alienação de bens do patrimônio do contribuinte, ou a assunção de exigibilidade, como dito anteriormente, não cabe falar em rendimentos ou ganhos, justamente porque o patrimônio da pessoa não terá sofrido qualquer alteração quantitativa. O fato gerador é a circunstância de tratarse de dinheiro novo no seu Fl. 985DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 19 18 patrimônio, assim presumido pela lei em face da ausência de esclarecimentos da origem respectiva. Quanto à tese de ausência de evolução patrimonial ou consumo capaz de justificar o fato gerador do imposto de renda, é verdade que este imposto, conforme prevê o artigo 43 do CTN, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, isto é, de riqueza nova. Entretanto, o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. A atuação da administração tributária é vinculada à lei (artigo 142 do CTN), sendo vedado ao fisco declarar a inconstitucionalidade de lei devidamente aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República. Neste diapasão, existe a Súmula CARF n° 02 consolidando sua jurisprudência no sentido de que o Órgão "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." A partir da vigência do artigo 42 da Lei n° 9,430, de 1996, os depósitos bancários deixaram de ser "modalidade de arbitramento" que exigia da fiscalização a demonstração de gastos incompatíveis com a renda declarada (aquisição de patrimônio a descoberto e sinais exteriores de riqueza), conforme interpretação consagrada pelo poder judiciário e por este Tribunal. A fim de consolidar o entendimento deste CARF sobre a matéria foi editada a Súmula de n° 26, com a seguinte redação: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Em seu recurso, o contribuinte afirma que os créditos realizados em sua conta pela empresa Manaus Auto Shopping Comércio de Veículos Ltda. correspondem ao pagamento de parte dos empréstimos por ele feitos a essa empresa, cujos sócios eram seus filhos. Todavia, ele não juntou aos autos nenhum documento que comprove a concessão desses empréstimos, nem tampouco que os recursos depositados em sua conta em 2011 correspondam à quitação parcial deles. O autuado apenas alega, sem nada provar; por conseguinte, tais depósitos continuam sem a comprovação de sua origem. Do mesmo modo, o recorrente apenas alega, sem apresentar nenhuma prova documental, que o depósito de R$ 25.000,00 em sua conta no banco Safra, efetuado por Batará Comércio de Petróleo Ltda., corresponde ao pagamento de empréstimo por ele concedido a essa empresa. Dessa forma, continua não comprovada a origem desse depósito. Mais uma vez, repiso, o contribuinte nada se esforça ou argumenta sobre a comprovação dos numerários, apenas demonstrando descontentamento com a legislação, ou seja, em relação aos depósitos efetuados na conta bancária não foram apresentados esclarecimentos convincentes e muito menos documentos hábeis e idôneos a demonstrar a origem de cada depósito bancário.Com relação aos demais créditos relacionados, o contribuinte não apresentou nenhuma consideração específica. No que se refere à sua alegação de que, no demonstrativo de fls. 219/221, é possível identificar a existência de depósitos em cheque, de ordem de crédito e de transferência entre contas do próprio favorecido, cabe reiterar que a própria fiscalização já considerou comprovada sua origem, não os tendo incluído como omissão de rendimentos. Fl. 986DF CARF MF Processo nº 10283.726787/201633 Acórdão n.º 2401005.837 S2C4T1 Fl. 20 19 Quanto às demais alegações do contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, deixo de tecer maiores considerações, considerando a publicação da Súmula CARF n° 108, que assim dispõe: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Em observância a Súmula encimada, mantém a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO para afastar às preliminares pleiteadas e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 987DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13906.000098/2005-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE
INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DIREITO AO CRÉDITO. DESPESAS INCORRIDAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NO TRANSPORTE DE MATÉRIAS-PRIMAS. POSSIBILIDADE.
De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matérias-primas de produtos acabados.
PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.221.170 - PR (2010/0209115-0), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte.
Nos termos do artigo 62, parágrafo 2º, do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
NOTA TÉCNICA Nº 63/2018. DISPENSA DE APRESENTAÇÃO DE RECURSOS.
A Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR- Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância.
Numero da decisão: 9303-007.669
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: DEMES BRITO
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REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DIREITO AO CRÉDITO. DESPESAS INCORRIDAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NO TRANSPORTE DE MATÉRIASPRIMAS. POSSIBILIDADE. De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas de produtos acabados. PIS E COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE E RELEVÂNCIA. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp nº 1.221.170 PR (2010/02091150), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte. Nos termos do artigo 62, parágrafo 2º, do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 90 6. 00 00 98 /2 00 5- 66 Fl. 608DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 609 2 (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. NOTA TÉCNICA Nº 63/2018. DISPENSA DE APRESENTAÇÃO DE RECURSOS. A Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência tempestivo interposto pela Contribuinte, ao amparo do art. 64, II e 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, contra Acórdão nº 330200.635, proferido pela 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária, cuja ementa ficou assim redigida: Fl. 609DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 610 3 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO.. Por falta de previsão legal, não geram direito ao crédito do PIS/PASEP as despesas realizadas ou incorridas que não se enquadrem no conceito de insumo, exceto as previstas na legislação. Também não geram direito a crédito as despesas que não forem comprovadas por meio de documentação hábil e idônea. PRODUÇÃO DE PROVA. PEDIDO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Não é de ser deferido o pedido de realização de prova, mesmo a pericial, feito perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, se o contribuinte não requereu a realização de tais provas em primeira instância. Recurso Voluntário Negado. Não conformada com tal decisão, a Contribuinte, aduz divergência jurisprudencial referente ao direito de crédito das contribuições não cumulativas quanto as despesas com aquisição de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matérias primas, produtos acabados e na prestação de serviço realizado pela empresa. Para comprovar o dissenso, aponta como paradigmas os acórdãos nºs 9303 01.035 e 320200.226. Em seguida o Presidente da 3ª Seção de Julgamento, deu seguimento ao Recurso, especialmente em relação ao creditamento de PIS e Cofins relativos a gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas dos frigoríficos para o estabelecimento industrial, conforme depreendese o despacho de admissibilidade, ás fls 594/597. A Fazenda Nacional, apresentou contrarrazões, ás fls. 599/605, requer seja negado provimento ao recurso e mantida a decisão recorrida. No essencial é o Relatório. Fl. 610DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 611 4 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a decidir. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. In caso, trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de Créditos de PIS, apurados sob o regime nãocumulativo, referente ao 1º trimestre de 2005, decorrentes de operações de exportação. A DRF/LONDRINA/PR exarou o Despacho Decisório de fls. 405, com base no Parecer SAORT/DRF/LON nº 276/2007 (fls. 403/404) e no Termo de Verificação Fiscal (fls. 376 a 393), deferindo parcialmente o pedido da interessada. Decido. A matéria devolvida para esta E. Câmara Superior, cingese a divergência com relação ao conceito de insumo para fins de ressarcimento das contribuições não cumulativas do PIS e da COFINS, especialmente sobre aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas dos frigoríficos para o estabelecimento industrial. Com efeito, a jurisprudência Administrativa e dos Tribunais Superiores vem admitindo o aproveitamento de crédito calculado com base nos gastos incorridos pela sociedade empresária e com produtos ou serviços aplicados na produção ou a ela diretamente vinculados, mesmo que, ao contrario de como alguns pretendem limitar por meio de Instruções Normativas. De fato, salvo melhor juízo, não se vê razão para que conceito de insumo seja determinado pelos mesmos critérios utilizados na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, contudo, respeito posicionamentos contrários. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 612 5 A legislação que introduziu o Sistema NãoCumulativo de apuração das Contribuições define sua base de cálculo como sendo o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, compreendendo a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Feitas as exclusões expressamente relacionadas nas Leis, tudo o mais deve ser incluído na base imponível. Levandose em consideração a incumulatividade tributária traz em si a idéia de que a incidência não ocorra ao longo das diversas etapas de um determinado processo sem que o contribuinte possa reduzir de seu encargo aquilo do que foi onerado no momento anterior, ainda que considerássemos todas as particularidades e atipicidades do Sistema não cumulativo próprio das Contribuições, terminaríamos por concluir que, a um débito tributário calculado sobre o total das receitas, haveria de fazer frente um crédito calculado sobre o totaldas despesas. Contudo, ainda que a interpretação teleológica conduza nessa direção, o fato é que os critérios de apuração das Contribuições não foram dessa forma definidos em Lei. Tal como consta no texto legal, o direito ao crédito, em definição genérica, admite apenas que se considerem as despesas com bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, jamais referindose à integralidade dos gastos da pessoa jurídica. Prova disso é que os gastos que não se incluem nesse conceito e dão direito ao crédito são listados um a um nos itens seguintes, de forma exaustiva. Neste quadro, para corroborar com minha interpretação, invoco as lições do Prof. Lenio Streck (p.242) que bem esclarece os limites de uma correta interpretação jurídica: “Então, ao contrário do que se diz na dogmática jurídica, não interpretamos para, só depois, compreender. Na verdade, compreendemos para interpretar, sendo a interpretação a explicitação de compreendido, para usar as palavras de Gadamer, em seu Wahrheit und Method. Essa explicitação (justificação do compreendido) necessita sempre de uma estruturação no plano 1argumentativo (é o que se pode denominar de o “como apofântico”). A explicitação da resposta de cada caso deverá estar sustentada em consistente justificação, contendo a reconstrução do direito, doutrinária e jurisprudencialmente, confrontando tradições, enfim, colocando a lume a fundamentação jurídica que, ao fim e ao cabo, legitimará a decisão no plano do que se entende por responsabilidade política do interprete no paradigma do Estado Democrático de Direito2”. Outrossim, se admitíssemos a tese de que insumo denota conceito amplo, abrangendo todos os gastos destinados à obtenção do resultado da pessoa jurídica, nos depararíamos com uma flagrante distorção promovida no amplo reconhecimento ao direito de crédito para o setor industrial ou prestador de serviços, em detrimento ao setor comercial, para o qual o direito teria ficado restrito apenas aos gastos com bens adquiridos para revenda. 1 2 STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica, Estado e Política: uma visão do papel da Constituição em países periféricos. In CADEMARTORI, Daniela Mesquita Leutchuk e GARCIA, Marcos Leite (org.). Reflexões sobre Política e Direito – Homenagem aos Professores Osvaldo Ferreira de Melo e Cesar Luiz Pasold. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008; p. 242. Fl. 612DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 613 6 Insumos, tal como definido e para os fins a que se propõe o artigo 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, são apenas as mercadorias, bens e serviços que, assim como no comércio, estejam diretamente vinculados à operação na qual se realiza o negócio da empresa. Na atividade comercial, sendo o negócio a venda dos bens no mesmo estado em que foram comprados, o direito ao crédito restringese ao gasto na aquisição para revenda. Na indústria, uma vez que a transformação é intrínseca à atividade, o conceito abrange tudo aquilo que é diretamente essencial a produção do produto final, conceito igualmente válido para as empresas que atuam na prestação de serviços. Somente a partir desta lógica é que os créditos admitidos na indústria e na prestação de serviços observarão o mesmo nível de restrição determinado para os créditos admitidos no comércio. Em que pese esta E. Câmara Superior já ter definido o conceito de insumos, a matéria foi levada ao poder judiciário e, em recente decisão o Superior Tribunal de Justiça – STJ sob julgamento no rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), estabeleceu conceito de insumo tomando como diretrizes os critérios da essencialidade e/ou relevância. Senão vejamos: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 614 7 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (Resp n.º Nº 1.221.170 PR (2010/02091150), Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho). Como visto, a Relatora Ministra Regina Helena Costa, reiterou os conceitos do que já vínhamos decidindo, definiu como conceito a essencialidade e relevância. Vejamos: Essencialidade considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Deste modo, inferese do voto da Ministra Regina Costa que o conceito de insumo deve: “ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância, considerandose a imprescindibilidade ou ainda a importância de determinado item, bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”, ou seja, caracterizase insumos, para fins das contribuições do PIS e da COFINS, todos os bens e serviços, empregados direta ou indiretamente na prestação de serviços, na produção ou fabricação de bens ou produtos e que se caracterizem como essenciais e/ou relevantes à atividade econômica da empresa". Sem embargo, restou ainda decidido ilegais as IN´s nºs 247/2002 e 404/2004, que tratam de conceito de muito restritivo de insumo para as contribuições em pauta, uma vez que somente se enquadrariam os bens e serviços “aplicados ou consumidos” diretamente no processo produtivo. Destarte, o STJ adotou conceito intermediário de insumo para fins da apropriação de créditos de PIS e COFINS, o qual não é tão restrito como definido na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados, nem tão amplo como estabelecido no Regulamento do Imposto de Renda, mas que privilegia a essencialidade e/ou relevância de determinado bem ou serviço no contexto das especificidades da atividade empresarial de forma particularizada. Neste aspecto, observase que se trata de matéria essencialmente de prova de ônus do contribuinte. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 615 8 Centrandose a divergência dos autos, verifico que a Contribuinte tem como objeto social, a industrialização e exportação de couros, a utilização de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas dos frigoríficos para o estabelecimento industrial, sendo essencial para atividade empresária tais insumos. Analisando a quaestio, como dito em linhas acima, consignei meu entendimento intermediário sobre o conceito de insumos no Sistema de Apuração Não Cumulativo das Contribuições, de modo que o conceito adotado não pode ser restritivo quanto o determinado pela Fazenda, mas também não tão amplo como aquele freqüentemente defendido pelos Contribuintes. Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça STJ, no julgamento do REsp nº 1.221.170 PR (2010/02091150), pelo rito dos Recursos Repetitivos, decidiu que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância , considerando se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pela Contribuinte. Vejamos fragmentos do Voto: "São "insumos", para efeitos do art. 3º., II, da Lei 10.637/2002, e art. 3º., II, da Lei 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Observase, como bem delineado no voto proferido pelo eminente Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, que a conceituação de insumo prevista nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 está atrelada ao critério da essencialidade para a atividade econômica da empresa, de modo que devem ser considerados, no conceito de insumo, todos os bens e serviços que sejam pertinentes ao processo produtivo ou que viabilizem o processo produtivo , de forma que, se retirados, impossibilitariam ou, ao menos, diminuiriam o resultado final do produto; é fora de dúvida que não ocorre a ninguém afirmar que os produtos de limpeza são insumos diretos dos pães, das bolachas e dos biscoitos, mas não se poderá negar que as despesas com aqueles produtos de higienização do ambiente de trabalho oneram a produção das padarias. A essencialidade das coisas, como se sabe, opõese à sua acidentalidade e a sua compreensão (da essencialidade) é algo filosófica e metafísica; a maquiagem das mulheres, por exemplo, não é essencial à maioria dos homens, mas algumas mulheres realmente não a podem dispensar – e não a dispensam – ou seja, lhes é realmente essencial e isso não poderia ser negado; em outros contextos, dizse até que certa pessoa é essencial à existência de outra – não há você sem mim e eu não existo sem você, como disse o poeta VINÍCIUS DE MORAES (19131980) – mas isso, como todos sabemos, é claramente um exagero carioca e não serve para elucidar uma questão jurídica de PIS/COFINS e muito menos o problema que envolve a Fl. 615DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 616 9 essencialidade das cosias e dos insumos: é apenas uma metáfora do amor demais. A adequada compreensão de insumo, para efeito do creditamento relativo às contribuições usualmente denominadas PIS/COFINS, deve compreender todas as despesas à totalidade dos insumos, não sendo possível, no nível da produção, separar o que é essencial (por ser físico, por exemplo), do que seria acidental, em termos de produto final". Nos termos do art. 62, parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ademais, a Procuradoria da Fazenda Nacional expediu a Nota Técnica nº 63/2018, autorizando a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, considerando o julgamento do Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia, referente a ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN's SRF nºs 247/2002 e 404/2004, que traduz o conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. In verbis: "Recurso Especial nº 1.221.170/PR Recurso representativo de controvérsia. Ilegalidade da disciplina de creditamento prevista nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004. Aferição do conceito de insumo à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Tese definida em sentido desfavorável à Fazenda Nacional. Autorização para dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016. Nota Explicativa do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014". Deste modo, o termo "insumo" utilizado pelo legislador para fins de creditamento do Pis e da COFINS, apresenta um campo maior do que o MP, PI e ME, relacionados ao IPI. Considero que tal abrangência não é tão flexível como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e despesas necessárias à atividade da empresa. Por outro lado, para que se mantenha o equilíbrio impositivo, os insumos devem estar relacionados diretamente com a produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este produto não entre em contato direto com os bens produzidos. Neste sentido, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, permite a utilização do crédito de COFINS não cumulativa nas seguintes hipóteses: “I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1º e 1ºA do art. 2o desta Lei; Fl. 616DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 617 10 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2 da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X vale transporte, vale refeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção". Destarte, o conteúdo contido no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos da COFINS, referente a despesas incorridas com combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de matériasprimas dos frigoríficos para o estabelecimento industrial. Dispositivo Ex positis, dou provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto. (Assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 617DF CARF MF Processo nº 13906.000098/200566 Acórdão n.º 9303007.669 CSRFT3 Fl. 618 11 Fl. 618DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.675284/2009-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3401-001.570
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Relatório
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifeste-se, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora: (i) confirme se os valores informados no DACON Retificador conferem com a realidade contábil da contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; (ii) após o confronto do item (i), identifique a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP e a suficiência para a promoção da compensação de débitos na forma requerida; (iii) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento à recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para que esta, querendo, manifestese, retornando, em seguida, os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Ausente, justificadamente, a conselheira Mara Cristina Sifuentes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 75 28 4/ 20 09 -2 4 Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10880.675284/200924 Resolução nº 3401001.570 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de Pedido de Ressarcimento de PIS realizado através de PER/DCOMP, referente pagamento à maior que o devido A DERAT São Paulo proferiu Despacho Decisório (eletrônico), indeferindo o Pedido de Restituição por inexistência de crédito. Tomando por base o DARF discriminado no PER/DCOMP, constatou que fora integralmente utilizado para quitação de débito declarado para o mesmo período. Irresignada a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, sob os seguintes argumentos: (i) que cometeu equivoco no preenchimento do PER/DCOMP, que o crédito é oriundo de recolhimento indevido de PIS e COFINS, conforme demonstrado no DACON, repete que o crédito efetivamente existe e é suficiente para quitar os débitos compensados; (ii) que conforme planilha que anexa, verificase facilmente que o crédito a que a empresa teria direito é bastante superior ao valor das compensações realizadas; (iii) que a SRFB possui diversos documentos para comprovar se os créditos existem e caso considere insuficientes, pode ainda baixar o presente processo em diligência para que tal comprovação seja feita através de análise mais minuciosa; (iv) apela para o princípio da verdade material, por tratarse de atividade humana, tanto o preenchimento de declarações quanto o ato de lançamento estão sujeitos a erros e equívocos e que nesse contexto, é natural que se cogite uma revisão da glosa da compensação com o objetivo de afastar cobrança indevida; (v) requer que após realização de diligência seja declarada homologada a compensação realizada, cancelando se a cobrança do tributo, de juros e de multa; (vi) ao final, por economia processual, requer ainda, que sejam julgados conjuntamente diversos processos que relaciona. Em Primeiro Grau a DRJ/SP1 julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16033.892. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário contra a decisão de primeiro grau, sustentando que o crédito teve origem em levantamento contábil das receitas auferidas e de nova apuração das contribuições devidas, considerando que suas receitas se submetem a tributação tanto no regime cumulativo quanto no não cumulativo; que por um mero equivoco na interpretação da legislação atinente a PIS/COFINS, a Recorrente entendia que todas as receitas por ela auferidas deveriam estar sujeitas à sistemática cumulativa, que assim foram declaradas em DCTF e quitadas via DARF.; que retificou o DACON; que a falta de DCTF retificadora não tem o condão de legitimar a cobrança de tributo, levandose em consideração toda a documentação disponibilizada ao Fisco, vindo ao encontro da jurisprudência do CARF sobre o assunto; apela novamente para o princípio da verdade material e a possibilidade de conversão do julgamento em diligência. É o relatório. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10880.675284/200924 Resolução nº 3401001.570 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3401001.559, de 26 de novembro de 2018, proferida no julgamento do processo 10880.675272/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3401001.559 "O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A manifestação inicial da interessada envolve em suas razões de defesa todo o período do levantamento de crédito a ser ressarcido e passível de compensação, composto por uma série de processos, requerendo inclusive, o ajuntamento dos mesmos para que sejam julgados de forma unificada. Diante da negativa colocada pela DRJ/SP1 para julgamento único, por se tratar de créditos envolvendo períodos de apuração distintos, passa então, a Recorrente, em seu recurso, a tratar do crédito pleiteado para o período de apuração 05/2004, destacandose os seguintes pontos: que a atividade explorada pela Recorrente é diversificada, conforme se depreende da cópia do Contrato Social anexada aos autos e tem por atividade empresarial, precipuamente, o desenvolvimento e a exploração do ramo de hotelaria, restaurantes e bares, o desenvolvimento de empreendimentos turísticos em geral, incluída a área de convenções e a prestação de serviços relativos a área de alimentação, bebidas, incluindo banquetes e serviços correlatos, entre outras atividades; que as receitas auferidas com a prestação de serviços de hotelaria permanecem submetidas a apuração cumulativa do PIS, nos moldes da Lei nº 9.718/1998, sob a alíquota de 0,65% e todas as demais receitas estão submetidas ao regime não cumulativo com incidência do PIS sob a alíquota de 1,65%; que toda a segregação de valores das receitas auferidas no mês de maio de 2004, com identificação de sua natureza estão detalhadas no Livro Razão Analítico (anexo), além de ter sido alteradas no DACON retificador, também trazido aos autos; reconhece não ter observado o prazo de 5(cinco) anos para retificar informações declaradas em DCTF, mas todos os dados e informações pertinentes podem ser conferidos pela documentação trazida aos autos (Livro Razão Analítico, Balancete, DACON retificador e planilha de controle de impostos; Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10880.675284/200924 Resolução nº 3401001.570 S3C4T1 Fl. 5 4 O que se depreende dos fatos aqui discutidos, são questões de procedimento de atribuição da contribuinte, quanto a correta apuração da Contribuição devida ao PIS/PASEP do período de apuração 05/2004. Inicialmente a Recorrente, conforme manifestação expressa, havia submetido a totalidade de seu faturamento do período mencionado (05/20054), a sistemática cumulativa (código 8109), quando parte desse faturamento estava sujeito a sistemática não cumulativa. O cálculo de incidência cumulativa deveria atingir somente a receita de serviços de hotelaria, conforme previsto na Lei 10.833/2003, art. 10, XXI e as demais receitas ficariam sujeitas a incidência não cumulativa, a teor do art.15, V,.da mesma lei. A princípio, as provas carreadas aos autos dão conta do que está sendo sustentado pela Recorrente, inclusive, com relação a ausência de DCTF retificadora. Eventuais erros de conduta formal do contribuinte não lhe retiram o direito ao princípio da busca pela verdade material no processo administrativo e da busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal. Casos semelhantes e recorrentes transitam pelo CARF, cujos julgados nos fornecem diretrizes de procedimento, como se colhe da decisão em destaque: Portanto, erro de preenchimento de DCTF não retira o direito ao crédito quando há outros elementos de prova que podem ser alcançadas em busca da verdade material no processo administrativo tributário. Ante o exposto, resolvem os membros do Colegiado em converter o julgamento em diligência para a repartição de origem de modo que seja informado e providenciado o seguinte: Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração Maio/2004, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10880.675284/200924 Resolução nº 3401001.570 S3C4T1 Fl. 6 5 Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP nº 23370.59930.200206.1.3.040283 e promover a compensação de débitos na forma requerida; Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que seja informado e providenciado o seguinte: · Confirmar se os valores informados no DACON Retificador do Período de Apuração em referência, conferem com a realidade contábil da Contribuinte conforme Livro Razão e Planilha de Controle de Impostos, contidos nos autos; · Após o confronto do item 1, identificar a efetiva existência do crédito pleiteado na PER/DCOMP em apreço e promover a compensação de débitos na forma requerida; · Elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando conhecimento a Recorrente e abrindo prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, manifestarse, retornando, em seguida, os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento." (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 301DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.724557/2014-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2402-000.693
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que seja a Fazenda Nacional intimada da petição apresentada pela recorrente em que requer a análise do recurso voluntário à luz do contexto jurisprudencial dos anos de 2010 e 2011 e das orientações que lhe teriam sido prestadas pela Fazenda, em observância ao art. 24 do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 - Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB). Vencido o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente).
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que seja a Fazenda Nacional intimada da petição apresentada pela recorrente em que requer a análise do recurso voluntário à luz do contexto jurisprudencial dos anos de 2010 e 2011 e das orientações que lhe teriam sido prestadas pela Fazenda, em observância ao art. 24 do DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB). Vencido o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. Mário Pereira de Pinho Filho Presidente Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente). RELATÓRIO Tratase de recursos de ofício e voluntários, estes últimos interpostos pela contribuinte LPS BRASÍLIA CONSULTORIA DE IMÓVEIS LTDA. e pelos responsáveis solidários Wildemar Antônio Demartini, Marco Antônio Moura Demartini e LPS BRASIL RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 24 55 7/ 20 14 -1 2 Fl. 2975DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 3 2 Consultoria de Imóveis S/A, em face do Acórdão da 13ª Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) que julgou parcialmente procedentes os autos de infração DEBCAD nºs 51.040.9580 e 51.065.2808 por meio dos quais foram lançadas, respectivamente, contribuições devidas à Seguridade Social pela empresa incidentes sobre pagamento (comissões) realizado a contribuintes individuais nas competências 01/2010 a 12/2011 não declarados em GFIP (contribuição patronal) e contribuições devidas à Seguridade Social pelos segurados contribuintes individuais não retidas pela empresa contratante dos serviços não repassadas ao órgão arrecadador incidentes sobre aquele mesmo pagamento realizado a contribuintes individuais nas competências 01/2010 a 12/2011 não declarados em GFIP. Por força do disposto no §5º do art. 33 da Lei nº 8.212/91, as contribuições devidas pelos segurados foram consideradas como retidas pela empresa, o que justificou o lançamento da segunda autuação (AI DEBCAD nº 51.065.2808). Segundo o relatório fiscal, ambas autuações dizem respeito a pagamentos de comissão/premiação de vendas realizados a corretores que prestaram serviços à autuada (LPS Brasília Consultoria de Imóveis Ltda.) na intermediação imobiliária vinculada aos empreendimentos das empresas Real Engenharia S/A, Real Celebration Engenharia Ltda., Real Evolution Engenharia Ltda., Real Ilhas Mauricio Engenharia Ltda. e Real Splendor Engenharia Ltda. O crédito tributário totalizou, na data de consolidação (08/09/2014), o valor de R$ 5.802.136,80 (cinco milhões e oitocentos e dois mil e cento e trinta e seis reais e oitenta centavos). A ação fiscal teve por objeto a verificação do cumprimento de obrigações principais e acessórias relativas a contribuições previdenciárias. Sendo a atividade principal da empresa a intermediação ou comercialização de imóveis ou unidades imobiliárias autônomas, a autoridade fiscal relata as tentativas de obter a documentação comprobatória dos serviços prestados por contribuintes individuais, incluindose comprovantes das remunerações pagas, devidas ou creditadas a corretores ou consultores imobiliários pessoas físicas, bem como discriminativo dos valores pagos, com identificação de nome, CPF, NIT, CRECI e competência. Em resposta às intimações, diz que a fiscalizada apresentou esclarecimentos no sentido de que não toma serviços de corretores de imóveis independentes, nem efetua pagamentos em favor destes. Tais corretores seriam contratados e remunerados diretamente por seus clientes, compradores dos imóveis. Ao explicar suas atividades, a fiscalizada afirma que auxilia o incorporador a definir as características mercadológicas do produto e, com o seu lançamento, é autorizada a tornálo acessível ao mercado. Por sua vez, o corretor independente faz a intermediação da transação, associandose à LPS Brasília. Por fim, o comprador assume 3 obrigações distintas no ato da contratação, quais sejam de pagar o preço do imóvel, de remunerar a LPS Brasília e de remunerar o corretor independente. Entendendo que a fiscalizada não apresentou documentos e esclarecimentos suficientes para comprovar a veracidade dessas informações, a autoridade fiscal realizou diligências junto a incorporadoras/construtoras para as quais a fiscalizada prestou serviços de intermediação imobiliária, a prestadores de serviços pessoas físicas, (entre diretores, coordenadores, supervisores e corretores integrantes das equipes de venda da autuada) e a compradores de imóveis da carteira de negócios imobiliários da empresa, emitindo termos de Fl. 2976DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 4 3 intimação para fins específicos de prestação de informações e esclarecimentos de interesse do Fisco como forma de subsídio à ação fiscal desenvolvida na empresa LPS Brasília. Diz que os esclarecimentos prestados pelos compradores de imóveis foram consistentes no sentido de que os corretores que os atenderam se identificaram como representantes da imobiliária LPS Brasília e, em geral, usavam crachá, camiseta e/ou cartão de identificação dessa empresa, que emitiram vários cheques para fins de pagamentos diversos, inclusive do sinal e da comissão/premiação pela intermediação imobiliária realizada pelo corretor e pelos demais membros integrantes da equipe de vendas da LPS Brasília (corretor, supervisor/coordenador, gerente, diretor, LPS) e que a concretização do negócio ocorreu nos stands de venda da imobiliária e/ou da incorporadora/construtora, geralmente no local da obra, ou ainda na sede da empresa LPS Brasília. Relata que os corretores circularizados, por sua vez, esclareceram, em síntese, que embora assinassem praticamente todos os documentos relacionados à venda do imóvel, toda a documentação era entregue ao supervisor/coordenador de equipe e/ou diretor da LPS Brasília para análise e somente após a assinatura do contrato de compra e venda entre as partes (construtora/incorporadora e o comprador), a área financeira da Lopes Royal, entregava os cheques do pagamento da comissão de corretagem aos diversos integrantes das equipes de venda, aí incluídos os corretores de imóveis autônomos, que as comissões/premiações de vendas eram definidas pelas construtoras/incorporadoras em conjunto com a imobiliária LPS Brasília, que prestavam serviços geralmente em stands de vendas ou na sede da imobiliária LPS Brasília, que fornecia toda a infraestrutura e materiais necessários, sendo obrigatório o cumprimento das escalas de plantões de venda e a participação em reuniões e treinamentos determinados pelos representantes da imobiliária. Por fim, relata a fiscalização que as pessoas jurídicas diligenciadas esclareceram, resumidamente, ser praxe no mercado imobiliário do Distrito Federal a concessão de autorizações de intermediação com base no princípio da informalidade e da boa fé entre as incorporadoras/construtoras e as imobiliárias e que após a imobiliária prestar consultoria mercadológica à incorporadora, esta define o preço do imóvel e o valor da corretagem que, conforme costume adotado no mercado, varia entre 3,5% a 5,0%; que afirmaram, ainda, que a ligação incorporadoramercado é feita pela imobiliária e a relação compradorincorporadora é feita por meio de corretores independentes e que o sinal ou preço total do imóvel e as parcelas de corretagem devidas à imobiliária e aos corretores independentes são pagas diretamente pelos compradores àqueles. Esclarece a fiscalização que diante dos fatos apurados, considerando ainda os esclarecimentos insuficientes e insatisfatórios da empresa fiscalizada sobre a sistemática e a documentação empregada na comercialização de imóveis relativos aos empreendimentos da sua carteira de negócios imobiliários, concluiu que a autuada participa ativamente de todas as etapas da intermediação imobiliária, que vai desde o preenchimento da ficha cadastral, da emissão da proposta de compra e venda com recibo de sinal, da emissão do RPA e da nota fiscal para pagamento da comissão de venda até a coleta final da assinatura do contrato de compra e venda entre as partes (comprador e vendedor, em geral, a incorporadora). Entendeu a auditoria fiscal que a fiscalizada, quer na condição de prestadora de serviço às incorporadoras/construtoras, quer na condição de tomadora de serviço dos profissionais pessoas físicas, atua no intuito de fragmentar as etapas da comercialização de imóveis por meio de atos simulados/dissimulados, com a finalidade de vincular os corretores Fl. 2977DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 5 4 autônomos diretamente aos compradores de unidades imobiliária, sendo que todo esse processo de intermediação, apesar das afirmativas em contrário da fiscalizada, é executado sob a sua orientação, coordenação, controle, supervisão e direção, responsabilizandose pelo fornecimento dos materiais e de toda a estrutura de apoio aos profissionais pessoas físicas para que estes prestem um bom serviço de atendimento aos clientes compradores. Concluiu que o adquirente não toma conhecimento antecipado, adequado e transparente de boa parte de seus direitos e obrigações para a formação de seu livre convencimento, a não ser de forma superficial, no momento da assinatura da proposta de compra e venda. Afirma que esses procedimentos, adotados pelos entes imobiliários (incorporadora e/ou imobiliária), além de ferirem a legislação tributária, também contrariam o disposto nos arts. 6°, IV e V, 7°, p. ún., 39, I, 42, p. ún. e 51 do Código de Defesa do Consumidor. Acrescenta que os adquirentes de imóveis afirmaram que o corretor já se encontrava nos locais de venda designados pela fiscalizada, identificandose como representante da LPS. Os corretores de imóveis diligenciados, por sua vez, também esclareceram que cumpriam plantões nos pontos de venda ou stands da LPS (ou da incorporadora/construtora contratante), que a imobiliária fornecia toda a estrutura e documentação necessárias para a conclusão da venda de imóvel e que recebiam o pagamento da corretagem (em geral cheque emitido pelo comprador) da Tesouraria/setor financeiro da LPS após a assinatura final do contrato entre o comprador e o vendedor (incorporadora/construtora). Conclui estar demonstrado o procedimento ilícito da fiscalizada em consolidar no seu processo de intermediação imobiliária a transferência da responsabilidade pelo pagamento da comissão/premiação de venda para os compradores de imóveis, fazendo crer que o corretor autônomo presta serviço para esses adquirentes, com objetivo de se eximir do pagamento dos encargos tributários devidos na operação, principalmente no que tange às contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos corretores e demais pessoas físicas pelos serviços de intermediação imobiliária que foram prestados para a empresa autuada, o que também caracterizaria tentativa de modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias, o que é vedado pelo art. 123 do CTN. Diante dos fatos apurados, o AuditorFiscal considerou fato gerador da obrigação principal a prestação de serviços de intermediação imobiliária mediante o pagamento de remuneração, a título de comissão/premiação de venda, a segurados contribuintes individuais (corretores, coordenadores, diretores etc.) pela comercialização de imóveis ou fração ideal de terrenos vinculada a uma unidade autônoma integrantes dos empreendimentos imobiliários sob a responsabilidade da empresa LPS Brasília – Consultoria de Imóveis Ltda. Em razão do sujeito passivo deixar de entregar os principais documentos solicitados e de prestar esclarecimentos deficientes, insatisfatórios e/ou que não mereçam fé quanto ao pagamento de comissão/premiação aos profissionais responsáveis pela comercialização de imóveis pertencentes à carteira de negócios da autuada, a autoridade administrativa, com fundamento no art. 148 do CTN, arbitrou as remunerações (bases de cálculo) pagas, devidas ou creditadas aos corretores autônomos/demais membros das equipes de vendas como contrapartida pelos serviços prestados nas transações imobiliárias. Fl. 2978DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 6 5 Para tanto, utilizouse do procedimento de aferição indireta, tendo como parâmetro os valores de comissão/premiação de corretagem recebidos pela fiscalizada e informados por ela nas Declarações de Informação sobre Atividades Imobiliárias (DIMOB anoscalendário 2010 e 2011) e na conta contábil 311000 (Intermediação de Venda). Considerando a previsão de divisão de comissão entre corretores e/ou empresa imobiliária em 50% para cada parte, conforme Tabela de Honorários publicada no sítio do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 8ª Região (CRECI/DF), considerou como remuneração paga aos corretores e demais pessoas físicas o mesmo valor da comissão/premiação recebida pela empresa Lopes Royal e registrado na DIMOB 2010 e 2011 e na mencionada conta contábil. Informa a autoridade fiscal que, uma vez que os valores pagos aos corretores e demais pessoas físicas não foram informados pela fiscalizada, não foram declarados em folhas de pagamento nem em GFIP, nem lançados em títulos próprios da contabilidade, não foi observado o limite máximo do salário de contribuição no cálculo das contribuições a cargo dos segurados contribuintes individuais. Entende que por ter a fiscalizada agido no sentido de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias apuradas e de impedir ou retardar o conhecimento da sua condição pessoal de contribuinte, tendo, com isso, afetado a obrigação tributária principal, a multa de ofício de 75% foi aplicada em dobro (qualificada em 150%), nos termos do art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96. Foram arrolados como responsáveis solidários os sócios da autuada, quais sejam LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A, Wildemir Antonio Demartini e Marco Antônio Moura Demartini. Relata a autoridade fiscal que a LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A se trata de sócia majoritária da autuada, com 51% de participação no seu capital social, e tem participação permanente em aproximadamente 23 empresas coligadas/controladas em outros Estados e no Distrito Federal, sendo a fiscalizada uma das integrantes desse grupo econômico, que tem como principal objeto a prestação de serviço de consultoria e intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis ou de direitos e obrigações a eles relativos. Aponta que existem diversos interesses comuns entre essas duas empresas, tais como controle acionário, administradores, atividade econômica e entende que também têm interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, qual seja a prestação de serviços remunerados de intermediação imobiliária por corretores pessoas físicas, tão determinantes e imprescindíveis para que a fiscalizada LPS Brasília auferisse expressivas receitas brutas de vendas de imóveis. Cita o art. 30, X, da Lei nº 8.212/91, c.c. o art. 222 do Decreto nº 3.048/99, que determinam que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da citada lei e regulamento. Quanto a Wildemir Antonio Demartini, informa a autoridade fiscal que se trata de sócio da empresa desde o início de sua atividade e sempre exerceu o papel de Diretor Geral e Responsável Técnico junto ao CRECI. Sobre o Marco Antônio Moura Demartini, sócio minoritário, informa que sempre se manteve no exercício do cargo de Diretor Administrativo, Fl. 2979DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 7 6 com poderes para praticar todos os atos necessários ao bom e regular funcionamento da empresa, inclusive com participação na comissão de venda destinada à Lopes Royal, conforme informações prestadas pelos corretores e coordenadores/diretores diligenciados. Quanto à responsabilidade solidária dos contratantes dos serviços de intermediação imobiliária, fundamentandose na documentação apresentada quanto à comercialização de unidades imobiliárias, a fiscalização concluiu que as pessoas jurídicas integrantes do grupo econômico Real Engenharia, por contratarem os serviços da empresa LPS Brasília para a intermediação da comercialização de diversos imóveis ou fração ideal de terreno vinculada a uma unidade autônoma (vendas na planta ou em lançamento) da sua carteira de negócios imobiliários e por participaram, de forma isolada e/ou conjuntamente com a empresa autuada, da transferência, ao comprador do imóvel, da responsabilidade pelo pagamento da comissão/premiação aos corretores autônomos, foram arroladas como responsáveis solidárias dos créditos tributários lançados na fiscalizada LPS BRASÍLIA. Por fim, informa o auditor fiscal que emitiu representação fiscal para fins penais, a ser encaminhada à autoridade competente, em razão da não inclusão dos segurados contribuintes individuais que prestaram serviços de intermediação imobiliária à autuada e as respectivas remunerações pagas, devidas ou creditadas nas folhas de pagamento e nas GFIP, bem como por ter deixado de lançar mensalmente em títulos próprios da contabilidade as contribuições previdenciárias devidas e as remunerações pagas, o que caracterizaria, em tese, crime de sonegação de contribuição previdenciária previsto no art. 337A do Código Penal. Tanto a autuada quanto os responsáveis solidários apresentaram impugnações tempestivamente: A LPS BRASÍLIA Consultoria de Imóveis S/A., após breve relato dos fatos e das conclusões da autoridade fiscal, argumenta que o AuditorFiscal não identificou a roupagem jurídica de que se reveste a relação estabelecida entre a empresa e os Corretores independentes, regida pelo art. 6º da Lei n° 6.530/78 e pelo art. 728 do Código Civil, o que afasta esta relação do modelo de contrato de prestação de serviços. Sustenta, com base no disposto no art. 722 do Código Civil, que o corretor não se encontra vinculado ao incumbente “em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência”. Assim, o corretor é “agente auxiliar do comércio” que tem por objetivo um resultado, qual seja a conclusão do negócio intermediado, e não o que se deve fazer ou deixar de fazer para obter esse resultado. Afirma que o corretor não se confunde com o “vendedor”, que é mero preposto do empresário, que atua em nome e por conta deste e não corre nenhum risco da atividade por este explorada. Nesse sentido, diz que a afirmação da autoridade lançadora de que a atividade dos corretores independentes se desenvolveria sob orientação, coordenação e controle da impugnante é inócua, uma vez que os corretores independentes correm, como os empresários, todos os riscos associados às suas atividades. Argumenta que as normas que regulamentam a relação entre corretores de imóveis pessoas física e jurídica, quais sejam o Código Civil, a Lei nº 6.530/78 e o Decreto nº 81.871/78, que a regulamenta, estabelece uma relação horizontal entre esses atores, nos moldes de uma associação ou parceria. Tal interpretação foi consagrada no art. 728 do Código Civil de 2002: Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um corretor, a remuneração será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário. Fl. 2980DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 8 7 Nesta relação de associação ou parceria, a impugnante capta autorizações/permissões de produtos imobiliários e os oferece para uma universalidade de potenciais compradores. Os corretores independentes se dedicam à captação do comprador específico com perfil adequado para o produto imobiliário anunciado e, quando atinge esse resultado, aproximam o cliente conquistado para fazer negócios em parceria com a impugnante. Assim, não existe, na associação, nenhuma delegação, por parte da imobiliária, de uma atividadefim ou atividademeio cuja titularidade necessariamente lhe incumba. Ao revés, as atividades da imobiliária e do corretor independente são distintas e complementares, correndo cada qual seus próprios e distintos riscos econômicos de suas atividades. Ressalta, ainda, o interesse específico do corretor no estabelecimento da associação: embora assuma riscos próprios de um empresário, recebe uma parcela dos lucros da intermediação, auferindo honorários que superam, substancialmente, aqueles que seriam recebidos sob outra estrutura contratual, como a prestação de serviços ou a relação de emprego. Alega ser plenamente possível que a impugnante dê orientações, compartilhe knowhow, e ofereça certa estrutura de trabalho aos corretores independentes, com o objetivo de coordenar (não controlar) a atividade destes com a sua própria. Semelhante coordenação, aliás, é muito comum numa sociedade, que também possui causa associativa: um sócio pode oferecer informações e ferramentas de trabalho a outro sócio, sem que com isto um se torne prestador de serviços contratado pelo outro. O que subjaz à base da coordenação é o fato de que as contribuições feitas pelos envolvidos sempre são direcionadas à persecução de objetivos comuns. No caso concreto, afirma que o comprador de imóveis remunera o corretor independente em razão do atendimento prestado. Por sua vez, o corretor independente, em contraprestação ao acesso à autorização de corretagem dada pela incorporadora/vendedora e a determinada infraestrutura para a captação de clientela (telefone, cartões de visita, etc.), “remunera” a imobiliária. Afirma não existir o pagamento de remunerações entre impugnante e os corretores independentes, mas sim rateio (como prevê o art. 728 do Código Civil) de valores pagos diretamente pelos beneficiários da intermediação levada a efeito. E sobre a questão, pondera que a autoridade fiscal não afirma nem comprova, em momento algum, a realização de pagamentos aos corretores pela impugnante. Alega ser descabida a afirmação da fiscalização no sentido de “falta de livre convencimento”, por parte dos compradores de imóveis, quanto a estarem contratando os corretores independentes no ato do fechamento do contrato. Argumenta que todos os compradores receberam os recibos de pagamento autônomo emitidos pelos corretores independentes, e contra os fatos atestados em tal documento não se insurgiram. O recibo de pagamento autônomo formaliza não apenas o pagamento, como a própria relação de corretagem estabelecida entre o cliente e o corretor independente. Argumenta que também não se sustenta a acusação de simulação. Neste ponto, há contradição no raciocínio da autoridade fiscal: embora afirme que o negócio simulado teria o objetivo de aparentar a realização de pagamentos por parte dos compradores de imóveis, com o objetivo de encobrir o negócio dissimulado pelo qual seria a impugnante a efetiva pagadora das citadas remunerações, a própria autoridade fiscal defende ter ocorrido uma ilegal transferência do ônus de pagar a corretagem, transferência esta real e efetiva. Ora, se há Fl. 2981DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 9 8 transferência do ônus de pagar a corretagem, não se pode dizer que os pagamentos realizados pelos compradores são meramente aparentes. Sustenta que o tema da responsabilidade pelo pagamento da corretagem é objeto de discussão no âmbito do direito do consumidor e que tem prevalecido o entendimento de que não existe empecilho à contratação da corretagem pelo comprador, com o consequente pagamento, por este, da remuneração devida aos intermediadores. Colaciona julgado. Conclui que não é verdadeira a afirmação do relatório fiscal de que haveria inequívoca ilegalidade no modelo contratual adotado comumente no âmbito da corretagem de imóveis, argumentando que mesmo que a ilegalidade da prática comercial em questão fosse confirmada, isso não teria o condão de ocasionar a requalificação dos fatos, de modo a ficarem configurados os suportes fáticos referidos na legislação tributária. Acrescenta que a autoridade fiscal não nega que os compradores efetuaram os pagamentos devidos aos corretores independentes, limitandose a afirmar que estes pagamentos foram ilegais, abusivos, lesivos etc., como se tivesse legitimidade para pleitear eventuais direitos alheios, em matéria de direito do consumidor. Argumenta que ao cogitar da transferência da sujeição passiva, a autoridade fiscal desenvolve uma narrativa que contraria a lógica formal, uma vez que o art. 123 do CTN, como regra geral, nega eficácia às convenções que tenham este escopo. Ainda, em que pese a autoridade fiscal não ter comprovado a efetiva realização de pagamentos pela impugnante em favor dos corretores independentes, a impugnante comprova a inexistência do fato tributável discutido mediante a apresentação de cópias de recibos de pagamentos autônomos emitidos por compradores em favor de corretores independentes. Aduz que esta controvérsia já foi objeto de decisões deste Conselho, que negou ter havido pagamento de corretagem pela impugnante em benefício dos corretores independentes, assim como negou que o modelo de negócios correntemente adotado pelos integrantes do mercado de corretagem imobiliária fundarseia sobre um planejamento tributário abusivo. Isto porque, ao não realizar os pagamentos aos corretores independentes, a imobiliária perde a possibilidade de realizar deduções para fins de apuração do imposto de renda. Quanto aos elementos probatórios colhidos pela autoridade fiscal mediante circularização, sustenta se tratar de provas ilícitas, uma vez que a sua produção não foi submetida ao contraditório. Ainda que assim não fosse, se o auto de infração pudesse ser fundamentado nas declarações unilaterais colhidas pela autoridade fiscal, embora tenha recebido dos corretores independentes e das incorporadoras submetidos à circularização importantes esclarecimentos contrários à sua tese, a autoridade fiscal os ignorou. Refuta o procedimento adotado pela autoridade fiscal de definir a base de cálculo do auto de infração com base no procedimento de arbitramento sem observar as diretrizes procedimentais estabelecidas pela legislação de regência. Fl. 2982DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 10 9 Subsidiariamente, requer seja afastado o agravamento da multa de ofício com base na acusação de evidente intuito de fraude de sua parte. Alega que a adoção de procedimento fiscal indevido, porém praticado de boafé e devidamente embasado em práticas e costumes socialmente consolidados há anos, consiste no chamado "erro de proibição", situação bem diferente daquela em que o sujeito passivo está ciente da sua obrigação para com o fisco, porém age de forma consciente e voluntária com o intuito de não recolher tributo que entende ser devido, o que não é a hipótese tratada. No presente caso, o modelo de negócio adotado pela impugnante está embasado em procedimento em uso e consolidado há décadas no ambiente do mercado imobiliário, adotado sistematicamente pelas imobiliárias e pelos corretores independentes, e contra o qual apenas muito recentemente se insurgiu a RFB. Defende o entendimento de que a expressão “crédito”, contida no art. 161 do CTN, abrange tão somente aqueles créditos tributários que, por sua natureza, possam estar sujeitos a penalidades, ou seja, aqueles decorrentes do descumprimento da obrigação tributária, devendose concluir no sentido da impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício. Argumenta, ainda, que deve ser aplicado ao caso o art. 24 da LINDB, para que seja ele analisado a partir do contexto jurisprudencial da época do fato gerador e do lançamento. Por fim, (i) requer seja o Auto de Infração julgado integralmente improcedente; (ii) protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito; (iii) solicita que todas as intimações e comunicações referentes ao presente processo administrativo sejam remetidas ao endereço da impugnante, constante do cadastro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), bem como para o escritório de seus advogados infraassinados. IMPUGNAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS SÓCIOS PESSOAS FÍSICAS Os sócios da autuada, Wildemir Antônio Demartini e Marco Antonio Moura Demartini, responsabilizados solidariamente, protocolizaram Impugnações tempestivas e em peças distintas que, porém, por terem sido subscritas pelo mesmo patrono e conterem idêntico teor, serão analisadas conjuntamente. Após breve relato dos fatos, apontam que o Termo de Sujeição Passiva Solidária tem como fundamento legal o artigo 124, I, bem como o artigo 135, III, do CTN, imputando aos impugnantes o dever de solver o crédito tributário principal, acrescido de juros, e multa de ofício qualificada. Aduzem que a expressão “interesse comum” contida na norma deve ser interpretada de forma técnica. Nesse sentido, o “interesse comum” sempre será o interesse jurídico compartilhado por dois ou mais sujeitos, partícipes de uma mesma relação jurídica, de modo que estes possuam, com relação à coisa ou atividade que constitui fato gerador, direitos e deveres iguais. Salientam que a existência de meros interesses econômicos, conforme apontado no relatório fiscal, não autoriza a instauração da solidariedade, sob pena de se ampliar Fl. 2983DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 11 10 indevidamente a possibilidade de atribuição de responsabilidade a pessoas alheias ao fato gerador tributário. Entendem que a autoridade fiscal não comprovou que os impugnantes e a LPS Brasília teriam agido, conjuntamente, nas relações jurídicas de que teriam resultado os supostos fatos geradores tributários, sendo a qualidade de sócio insuficiente para ensejar a responsabilidade solidária. Isto porque o relatório fiscal indica como interesse comum a expectativa de que a LPS Brasília auferisse receitas mediante a prática de suposto ilícito tributário. Este argumento, porém, confunde o interesse comum a que faz referência o art. 124, I, do CTN, com o interesse meramente econômico que todo sócio nutre com relação à sociedade investida. Essa tese, caso aceita, implicaria em tratar todo sócio como solidariamente obrigado pelos débitos das sociedades das quais participasse, o que é um equívoco. Relembram que solidariedade não se presume e citam decisão do CARF que considera a confusão patrimonial como requisito para caracterizar o interesse comum. Acrescentam que não restou demonstrado nenhum indício sequer de confusão patrimonial entre os impugnantes e a LPS Brasília, o que afasta a aplicabilidade do artigo 124, I do CTN ao presente caso concreto. Refutam, também, a caracterização da solidariedade como sanção, uma vez que se trata de uma situação objetiva, derivada da indivisibilidade da obrigação tributária. Um mesmo fato impõe, a dois ou mais sujeitos, ao mesmo tempo, a condição de contribuinte, não havendo extensão desta condição por força de qualquer fato que extrapole o fato gerador, como ocorreria, por exemplo, com a vinculação do interesse comum a uma noção genérica de conluio. Apontam inconsistência no relatório fiscal ao chamar os impugnantes a responderem pelo crédito tributário, simultaneamente, de forma solidária e como responsável pessoal. Consideram que a responsabilidade pessoal do agente exclui a responsabilidade solidária porque, antes disso, exclui a responsabilidade da própria pessoa jurídica autuada. Nesses termos, impõese o cancelamento dos Termos de Sujeição Passiva Solidária uma vez que o artigo 135, III, do CTN é incompatível com a responsabilidade da própria LPS Brasília (autuada). Alegam que o relatório fiscal não comprovou que os impugnantes teriam agido de forma ilegal ou com excesso de poderes, ou de forma contrária ao estatuto social da LPS Brasília. A incidência do dispositivo em questão requer prova de dolo específico do sócio, manifestado por deliberação ou outro ato de sua incumbência, que sabidamente contraria a lei e objetiva a obtenção de vantagem tributária indevida. Afirmam que a autoridade fiscal pretende arrolar os impugnantes entre os responsáveis pelo crédito tributário lançado sem fazer nenhuma prova de que teriam incorrido nas hipóteses ensejadoras da responsabilidade pessoal previstas no art. 135 do CTN. A inexistência dos requisitos autorizadores da aplicação do artigo 124, I, bem como do art. 135, III do CTN impõe o cancelamento dos Termos de Sujeição Passiva Solidária. Ainda que assim não se entenda, sustentam que os impugnantes não podem figurar como devedores solidários da multa de ofício aplicada, uma vez que o art. 124 do CTN é claro quanto a alcançar somente a obrigação tributária principal, excluída a multa. Fl. 2984DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 12 11 Também não se sustenta a responsabilidade dos impugnantes pela multa caso seja adotado como fundamento o art. 135 do CTN, pois somente responde pela penalidade o agente infrator, sendo indispensável a comprovação de que este agiu com dolo específico, conforme dispõe o art. 137 do CTN, o que não ocorreu no presente caso. Por fim, requerem (i) sejam os Termos de Sujeição Passiva julgados integralmente improcedentes; (ii) a produção de todas as provas admitidas em direito; (iii) que todas as intimações e comunicações referentes ao presente processo administrativo sejam remetidas aos endereços dos impugnantes, constantes do cadastro da RFB, bem como para o escritório de seus advogados infraassinados. IMPUGNAÇÃO DA RESPONSÁVEL SOLIDÁRIA SÓCIA PESSOA JURÍDICA A sócia pessoa jurídica da autuada, LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A, responsabilizada solidariamente pelas autuações em exame, apresentou as seguintes alegações em sua impugnação, resumidamente: Após breve relato dos fatos, aponta que o Termo de Sujeição Passiva Solidária tem como fundamento legal o artigo 124, I do CTN, bem como o artigo 30, IX, da Lei nº 8.212/91, imputando lhe o dever de solver o crédito tributário principal, acrescido de juros, e multa de ofício qualificada. Aduz que a expressão “interesse comum” contida na norma deve ser interpretada de forma técnica. Nesse sentido, o “interesse comum” sempre será o interesse jurídico compartilhado por dois ou mais sujeitos partícipes de uma mesma relação jurídica, de modo que estes possuam, com relação à coisa ou atividade que constitui o fato gerador, direitos e deveres iguais. Assim, a existência de meros interesses econômicos, conforme apontado no Relatório fiscal, não autoriza a instauração da solidariedade, pena de se ampliar indevidamente a possibilidade de atribuição de responsabilidade a pessoas alheias ao fato gerador tributário. Entende que a autoridade fiscal não comprovou que a impugnante e a LPS Brasília teriam agido, conjuntamente, nas relações jurídicas de que teriam resultado os supostos fatos geradores tributários, sendo a qualidade de sócio insuficiente para ensejar a responsabilidade solidária. Isto porque o Relatório fiscal indica como interesse comum da impugnante a expectativa de que a LPS Brasília auferisse receitas mediante a prática do suposto ilícito tributário. Este argumento, porém, confunde o interesse comum a que faz referência o art. 124, I, do CTN, com o interesse meramente econômico que todo sócio nutre em relação à sociedade investida. Essa tese, se aceita, implicaria em tratar todo sócio como solidariamente obrigado pelos débitos das sociedades das quais participasse. Relembra que solidariedade não se presume e cita decisão deste Conselho que considera a confusão patrimonial como requisito para caracterizar o interesse comum. Acrescenta que não restou demonstrado nenhum indício de confusão patrimonial entre a impugnante e a LPS Brasília, o que afasta a incidência do artigo 124, I do CTN, ao presente caso concreto. Refuta a caracterização da solidariedade como sanção, vez que se trata de uma situação objetiva, derivada da indivisibilidade da obrigação tributária. Um mesmo fato impõe, Fl. 2985DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 13 12 a dois ou mais sujeitos, ao mesmo tempo, a condição de contribuinte, não havendo extensão desta condição por força de qualquer fato que extrapole o fato gerador, como ocorreria, por exemplo, com a vinculação do interesse comum a uma noção genérica de conluio. Defende não estarem presentes as condições que autorizam a aplicação ao caso do art. 30, IX, da Lei n° 8.212/91, pois a obrigação solidária com fundamento neste dispositivo exige que haja verdadeira unicidade do poder decisório e administrativo entre as sociedades de um grupo econômico e que o grau da centralização decisória alcance as decisões sobre a realização ou não dos atos e negócios que correspondam aos fatos geradores, bem como que alcance a decisão acerca do cumprimento das obrigações tributárias. Dentro dessa moldura deve ser feita a análise dos elementos que darão azo à solidariedade, não sendo lícita a interpretação meramente literal de que em havendo grupo econômico, de direito ou de fato, automaticamente responderão solidariamente todas as pessoas integrantes desse grupo. Nessa linha, o artigo 30, IX, da Lei n° 8.212/91 atribui obrigação solidária àqueles que possuem competência decisória concreta e determinante sobre os atos que correspondem ao fato gerador, bem como ao cumprimento das obrigações tributárias, e não em função do simples pertencimento ao grupo econômico. Argumenta que a fiscalização não comprovou que a impugnante exerce sobre a LPS Brasília poder decisório capaz de determinar a prática dos atos que teriam constituído o suposto crédito tributário lançado, tampouco que teria tido ingerência sobre o cumprimento ou descumprimento das obrigações tributárias que a fiscalização pretende imputar à LPS Brasília. Portanto, não restou demonstrada a caracterização de situação que autoriza a imputação de obrigação solidária à impugnante com fundamento no art. 30, IX da Lei n° 8.212/91. Ainda que não se entenda pelo cancelamento do Termo de Sujeição Passiva Solidária pelas razões acima, sustenta que a impugnante não pode figurar como devedora solidária da multa de ofício aplicada, uma vez que o art. 124 do CTN é claro quanto a alcançar somente a obrigação tributária principal, excluída, pois, a multa. Também não se sustenta a responsabilidade da impugnante pela multa caso seja adotado como fundamento o art. 135, III do CTN, pois somente responde pela penalidade o agente infrator, sendo indispensável a comprovação de que teria agido com dolo específico, conforme dispõe o art. 137, também do CTN, o que não se verificou no presente caso. Por fim, requer (i) seja o Termo de Sujeição Passiva julgado integralmente improcedente; (ii) a produção de todas as provas admitidas em direito; (iii) que todas as intimações e comunicações referentes ao presente processo administrativo sejam remetidas ao endereço da impugnante, constante do cadastro da RFB, bem como para o escritório de seus advogados infraassinados. IMPUGNAÇÃO DAS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIAS INCORPORADORAS/VENDEDORAS As responsáveis solidárias Real Engenharia S/A, Real Celebration Engenharia Ltda., Real Evolution Engenharia Ltda., Real Ilhas Mauricio Engenharia Ltda. e Real Splendor Engenharia Ltda., integrantes do grupo econômico Real Engenharia, impugnaram conjunta e tempestivamente a autuação, alegando, em síntese, não estarem presentes os elementos caracterizadores da responsabilidade prevista no artigo 124, I do CTN. Fl. 2986DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 14 13 Refutam a tese da Autoridade Fiscal de que a transferência para o comprador do imóvel da responsabilidade pelo pagamento da comissão/premiação implicaria a caracterização do “interesse comum” no fato gerador da obrigação tributária principal, qual seja, o pagamento de remuneração a título de comissão/premiação de venda a segurados contribuintes individuais pela comercialização de imóveis ou fração ideal de terrenos vinculada a empreendimentos imobiliários sob responsabilidade da empresa LPS Brasília. Afirmam que apenas contrataram a LPS Brasília para que ela realizasse as operações de intermediação de unidades imobiliárias por elas incorporadas e construídas. Cita decisão do Superior Tribunal de Justiça que dispôs sobre o elemento normativo “interesse comum” de que trata o inciso I do art. 124 do CTN, ressaltando que este interesse comum não deve ser interpretado como o interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas o interesse jurídico, vinculado à atuação comum ou conjunta da situação que constitui o fato imponível. Salientam que as impugnantes e a autuada LPS Brasília não ocupam o mesmo pólo na relação jurídica que constitui o fato gerador da obrigação tributária questionada, não sendo possível sua realização conjunta. É a autuada quem tem relação direta e pessoal com o fato gerador da obrigação tributária, e não as impugnantes, condição necessária para se estabelecer a solidariedade prevista no artigo 124, I do CTN. Acrescentam que o fato de as impugnantes serem um grupo econômico não afasta a necessidade de que elas, individualmente consideradas, realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador com o contribuinte (LPS Brasília). No entanto, a autoridade fazendária apenas presume a existência de um interesse comum com base no fato de haver relação contratual entre as impugnantes e o contribuinte. Como argumento de reforço, trazem entendimentos proferidos no âmbito do contencioso administrativo fazendário federal que afastam a existência do débito tributário em situações tais quais a presente, inclusive referentes ao mesmo contribuinte. Entendem que caso seja mantida a multa de ofício, não foram observados os requisitos legais para a sua qualificação. A fiscalização entendeu ter ocorrido atitude fraudulenta pelo fato de se ter, supostamente, repassado ao comprador a obrigação de arcar com a corretagem devida no ato da compra do imóvel. Ocorre que o abatimento do valor da corretagem no ato do pagamento do imóvel não configura fraude em nenhuma esfera do direito, principalmente para fins tributários, até porque o pagamento da corretagem efetivamente ocorreu e, desse modo, no entendimento da fiscalização, o próprio fato gerador também ocorreu. A conduta do contribuinte não almejou o impedimento da ocorrência do fato gerador, mas apenas o abatimento no preço da alienação do imóvel. As impugnantes não agiram com o intuito de impedir, retardar, excluir ou modificar as características essenciais do tributo, o que, por si só, descaracteriza o conceito de fraude, e impede seja qualificada a multa da forma em que realizada pela autoridade fazendária. Por fim, requerem: (i) sejam julgados improcedentes os termos de responsabilidade tributária; (ii) seja julgado improcedente o lançamento fiscal; (iii) acaso mantido o débito, seja julgada improcedente a estipulação de multa de ofício às impugnantes; (iv) acaso seja mantida a multa de ofício, requerse seja julgada improcedente sua qualificação. Fl. 2987DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 15 14 A DRJ julgou improcedentes as impugnações da autuada LPS BRASÍLIA Consultoria de Imóveis Ltda., mantendose os créditos tributários exigidos por meio dos autos de infração DEBCAD nºs 51.040.9580 (contribuição patronal) e 51.065.2808 (contribuição dos segurados), das responsáveis solidárias LPS BRASIL Consultoria de Imóveis S/A, Wildemir Antônio Demartini e Marco Antônio Moura Demartini, sócios da autuada, para mantêlos nos polo passivo como responsáveis solidários pelos créditos tributários constituídios, e julgou procedente em parte a impugnação das responsáveis solidárias Real Engenharia S/A, Real Celebration Engenharia Ltda., Real Evolution Engenharia Ltda., Real Ilhas Mauricio Engenharia Ltda. e Real Splendor Engenharia Ltda. para, unicamente, excluílas do polo passivo como responsáveis solidários. A autuada e os responsáveis solidários LPS Brasil Consultoria de Imóveis S/A, Marco Antônio Moura Demartini e Wildemir Antônio Demartini interpuseram seus recursos voluntários aos 10/05/2016, (fls. 2295/2366, 2636/2655, 2658/2683 e 2727/2752) respectivamente), nos quais foram repisadas, em linhas gerais, as alegações constantes das impugnações e contestados certos pontos da argumentação da DRJ. Também foram juntados aos autos parecer de renomado jurista, dois Laudos Técnicos elaborados por empresas de consultoria e auditoria (“Laudo Técnico – Pesquisas respondidas pelo público de stands” e laudo de avaliação da LPS Brasília) e, em reunião realizada neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aos 08/05/2018, foram apresentados memoriais a esta relatora e ao presidente deste Colegiado, que sintetizam alguns pontos dos recursos voluntários e, especialmente, apontam julgados recentes deste tribunal favoráveis à tese defendida proferidos em casos semelhantes ao ora tratado, bem como decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp nº 1.599.511/SP, processado sob o rito do art. 1036 e seguintes do NCPC (recurso representativo da controvérsia), julgamento este que se deu posteriormente à interposição os recursos voluntários. Sem contrarrazões. Iniciado o julgamento do recurso em seção realizada aos 14/09/18, em sustentação oral, o patrono da recorrente invocou a aplicação, ao caso, das recentes alterações havidas na Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, especialmente do seu artigo 24 e, nesse sentido, que o processo fosse analisado à luz da jurisprudência vigente nos anos de 2010 e 2011, quando da ocorrência dos supostos fatos geradores, bem como das orientações que lhe teriam sido prestadas pela Fazenda Pública, como determina o mencionado dispositivo legal. Nesse contexto, houve por bem o Colegiado julgador retirar o processo de pauta para verificação de procedimento de modo que o contribuinte pudesse instrur os autos com manifestação formal no sentido de sua postulação na tribuna. Aos 27/09/18, o recorrente juntou aos autos a petição e documentos de fls. 2839 e seguintes. É o relatório. Fl. 2988DF CARF MF Processo nº 10166.724557/201412 Resolução nº 2402000.693 S2C4T2 Fl. 16 15 VOTO Conselheira Renata Toratti Cassini Relatora Tendo em vista que a recorrente juntou aos autos a aludida petição e os documentos de fls. 2839 e seguintes, a fim de se evitar nulidade no presente processo administrativo por ofensa ao princípio do contraditório, voto no sentido de que o julgamento seja convertido em diligência para que a Procuradoria da Fazenda Nacional seja intimada da petição apresentada pela recorrente em que requer a análise do recurso voluntário à luz do contexto jurisprudencial dos anos de 2010 e 2011 e das orientações que lhe teriam sido prestadas pela Fazenda, em observância ao art. 24 do DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB). É como voto. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Fl. 2989DF CARF MF
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