Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,066)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,782)
- Primeira Turma Ordinária (15,433)
- Segunda Turma Ordinária d (15,361)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,221)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,790)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,917)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,291)
- Terceira Câmara (63,950)
- Segunda Câmara (52,309)
- Primeira Câmara (17,004)
- 3ª SEÇÃO (15,782)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,687)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,159)
- Segunda Seção de Julgamen (110,024)
- Primeira Seção de Julgame (72,544)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,765)
- Câmara Superior de Recurs (37,232)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,791)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,008)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,799)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,459)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (16,750)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 35208.000703/2007-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2001 a 30/09/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2001 a 30/09/2004 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 35208.000703/2007-71
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5867651
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.684
nome_arquivo_s : Decisao_35208000703200771.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 35208000703200771_5867651.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
id : 7310625
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:19:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309432967168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1673; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.418 1 1.417 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 35208.000703/200771 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.684 – 2ª Turma Sessão de 17 de abril de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ADLIMTERCEIRIZACAO EM SERVICOS LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2001 a 30/09/2004 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 20 8. 00 07 03 /2 00 7- 71 Fl. 1418DF CARF MF 2 Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de auto de infração para cobrança de contribuições previdenciárias a cargo da empresa incidentes sobre as remunerações de segurados empregados (contribuição patronal, GILRAT/SAT e destinadas a terceiros – FNDE, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE) e dos contribuintes individuais; da contribuição incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho; bem como da retenção a que se refere o art. 31 da lei 8.212/91. Após o trâmite processual, a 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária manteve em parte o lançamento, para determinar o recalculo do valor da multa, de acordo com o disciplinado no art. 35 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009, com prevalência da mais benéfica ao contribuinte. o Acórdão 2403001.950 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2001 a 01/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM SEDE DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com o artigo 62, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2 do CARF, e ainda com o art. 26A do Decreto 70.235/1972, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. É legítima a cobrança dos juros com a utilização da taxa Selic no seu cálculo, conforme Súmula nº 04 do CARF, e posicionamento dos Tribunais Judiciais (STJ e STF) sobre o assunto. DEDUÇÃO DAS RETENÇÕES SOFRIDAS NA FONTE PARA APURAÇÃO DOS DÉBITOS LANÇADOS. A Autoridade fiscal reconheceu na apuração do crédito tributário constituído de ofício os valores retidos pelos tomadores de serviços prestados pela Recorrente, pelo que não procede a pretensão à compensação dessas importâncias, porquanto já computadas. Fl. 1419DF CARF MF Processo nº 35208.000703/200771 Acórdão n.º 9202006.684 CSRFT2 Fl. 1.419 3 Tais créditos foram reconhecidos a partir da análise das notas fiscais de prestação de serviço e da contabilidade da Recorrente, razão pela qual os valores apurados pela fiscalização devem prevalecer sobre aqueles declarados em GFIP, já que a Recorrente não apresentou os documentos que poderiam atestar a existência do direito creditório superior ao que fora computado pelo Autuante. MULTA DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. DISTINÇÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. A multa de mora prevista na legislação anterior deve ser limitada a 20%, pela aplicação retroativa do atual artigo 35 da Lei nº 8.212/1991. Já a multa de ofício correspondente a 75%, criada pela MP nº 449/2008 convertida na Lei nº 11.941/2009, deve ser cancelada nos períodos anteriores à sua criação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Contra a decisão a Fazenda Nacional, interpôs recurso especial de divergência questionando o critério adotado pelo Colegiado no que tange a aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Intimado o Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Inicialmente vale mencionar, em que pese certidão de efls. 1.352 noticiando que o processo estaria suspenso por ação judicial e manifestação de DRF de efls 1.384, que não há no presente caso situação que caracteriza concomitância de instâncias. Conforme se observa dos documentos de efls. 911 e seguintes e da manifestação fiscal de efls. 1400, a medida judicial impetrada pelo contribuinte por meio do processo n° 2007.83.02.0015866 tinha como objeto a anulação da decisão que negou seguimento ao seu recurso administrativo por ausência de depósito prévio de 30%. Feito o esclarecimento, passo à análise do recurso o qual preenche os pressupostos de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia levantada pela Fazenda Nacional é relativa às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Fl. 1420DF CARF MF 4 A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Fl. 1421DF CARF MF Processo nº 35208.000703/200771 Acórdão n.º 9202006.684 CSRFT2 Fl. 1.420 5 A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou Fl. 1422DF CARF MF 6 omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 1423DF CARF MF Processo nº 35208.000703/200771 Acórdão n.º 9202006.684 CSRFT2 Fl. 1.421 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação Fl. 1424DF CARF MF 8 acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: Fl. 1425DF CARF MF Processo nº 35208.000703/200771 Acórdão n.º 9202006.684 CSRFT2 Fl. 1.422 9 I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 1426DF CARF MF 10 Por fim, embora não se matéria do recurso, diante das verbas lançadas e de possíveis reflexos na execução do julgado, lembramos que o Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento do RE 595.838, com repercussão geral reconhecida (Acórdão publicado em 08.10.2014), declarou inconstitucional o dispositivo da Lei 8.212/1991 (artigo 22, inciso IV) que previa a incidência da contribuição previdenciária de 15% sobre o valor de serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional para determinar que a multa seja aplicada nos termos em que fixado pela Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 1427DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12898.000498/2009-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.
Constata que a contribuinte recebeu integralmente os documentos do auto de infração, em duas oportunidades, e tendo sido respeitado o prazo para nova manifestação, com acolhimento de suas argumentações em sede de primeira instância, não há falar em cerceamento de defesa, não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972, que rege o processo administrativo fiscal, uma vez que não houve elementos que possam dar causa à nulidade alegada.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COOPERATIVA. EQUIPARAÇÃO À EMPRESA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. FATO GERADOR DO TRIBUTO. SEGURADO INDIVIDUAL.
Cooperativa que não preenche mais os requisitos legais da Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, deve ser equiparada como empresa para as devidas exigências das contribuições previdenciária, em virtude da empresa ter deixado de preparar folhas de pagamento para cada tomar do serviço, dos serviços prestados e remunerados aos segurados contribuintes individuais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2301-005.287
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Andréa Brose Adolfo, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato e Wesley Rocha.
Nome do relator: WESLEY ROCHA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. Constata que a contribuinte recebeu integralmente os documentos do auto de infração, em duas oportunidades, e tendo sido respeitado o prazo para nova manifestação, com acolhimento de suas argumentações em sede de primeira instância, não há falar em cerceamento de defesa, não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972, que rege o processo administrativo fiscal, uma vez que não houve elementos que possam dar causa à nulidade alegada. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COOPERATIVA. EQUIPARAÇÃO À EMPRESA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. FATO GERADOR DO TRIBUTO. SEGURADO INDIVIDUAL. Cooperativa que não preenche mais os requisitos legais da Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, deve ser equiparada como empresa para as devidas exigências das contribuições previdenciária, em virtude da empresa ter deixado de preparar folhas de pagamento para cada tomar do serviço, dos serviços prestados e remunerados aos segurados contribuintes individuais. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 12898.000498/2009-89
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5872663
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2301-005.287
nome_arquivo_s : Decisao_12898000498200989.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WESLEY ROCHA
nome_arquivo_pdf_s : 12898000498200989_5872663.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Andréa Brose Adolfo, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato e Wesley Rocha.
dt_sessao_tdt : Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
id : 7340199
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309448695808
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1860; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 695 1 694 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12898.000498/200989 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301005.287 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de maio de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente GREEN MATRIX COOPERATIVA DE PROF EMPREENDEDORES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. Constata que a contribuinte recebeu integralmente os documentos do auto de infração, em duas oportunidades, e tendo sido respeitado o prazo para nova manifestação, com acolhimento de suas argumentações em sede de primeira instância, não há falar em cerceamento de defesa, não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972, que rege o processo administrativo fiscal, uma vez que não houve elementos que possam dar causa à nulidade alegada. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COOPERATIVA. EQUIPARAÇÃO À EMPRESA PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO. FATO GERADOR DO TRIBUTO. SEGURADO INDIVIDUAL. Cooperativa que não preenche mais os requisitos legais da Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, deve ser equiparada como empresa para as devidas exigências das contribuições previdenciária, em virtude da empresa ter deixado de preparar folhas de pagamento para cada tomar do serviço, dos serviços prestados e remunerados aos segurados contribuintes individuais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 04 98 /2 00 9- 89 Fl. 695DF CARF MF 2 João Bellini Júnior – Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Andréa Brose Adolfo, João Maurício Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato e Wesley Rocha. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela empresa GREEN MATRIX COOPERATIVA DE PROF EMPREENDEDORES, contra o Acórdão de Julgamento proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento Rio de Janeio (14ª Turma da DRJ/RJ1), que julgou improcedente as impugnações e manteve o crédito tributário lançado. O Auto de Infração referese ao crédito DEBCAD nº AI 37.216.0794, lavrado em virtude de a empresa ter apresentado GFIP com informações omissas relativamente a contribuintes individuais que lhe prestaram serviços no período de 01/2004 a 12/2004. Por bem descrever os motivos da autuação, adoto o relatório da DRJ de origem, com os seguintes termos: "Tal conduta é tipificada e cominada na Lei n 9 8.212, de 24/07/91, art. 32, inciso IV,acrescentado pela Lei n a 9.528, de 10/12/97 e redação da MP n.º 449, de 04/12/2008, com informações omissas, conforme previsto na Lei n a 8.212, de 24/07/91, art. 32 A, inciso II, acrescentado pela MP n s 449, de 04/12/2008". 2. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 92 a 105, inicialmente, a empresa foi constituída como cooperativa em Assembléia Geral de Constituição, em 17/02/1997, registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro sob o número 97/0193378, em 26/02/1997. Na constituição apresentava 20 (vinte) associados, discriminados no quadro de fl. 93. 2.1. O Relatório informa que, pelas atas assinadas e apresentadas no curso da ação fiscal, verificouse que no início do período fiscalizado (01/2004 a 12/2004), já não havia os 20 associados necessários ao funcionamento da cooperativa, assim como determina o inciso I do art. 6º da Lei nº 5.764/1971. 2.2. Dessa forma, uma vez que a pessoa jurídica não cumpria os requisitos estabelecidos em lei para funcionar como cooperativa, esta foi considerada como empresa. 3. De acordo com a fiscalização, analisando as notas notas fiscais emitidas pela fiscalizada, verificouse grande volume de prestação de serviços realizados. Como o número de associados e de segurados empregados era muito reduzido em 2004, solicitouse, por meio do TIF de 15/01/2009, que fosse explicado como foi possível a realização de tantos serviços pela autuada, Fl. 696DF CARF MF Processo nº 12898.000498/200989 Acórdão n.º 2301005.287 S2C3T1 Fl. 696 3 que respondeu apresentando contrato firmado entre ela e a cooperativa Green Matriz Serviços – Cooperativca de Profissionais Ltda – CNPJ 01.716.071/000158. Assinaram o contrato, representando a autuada, os senhores Eduardo Manoel Farias Pereira (Diretor Presidente) e Gilberto da Silva Martins (Diretor). Pela GMS, assinaram o Sr. Pedro Cezar Abreu (Diretor Vicepresidente) e a Sra. Mariela Costa Souza Fontenelle (Conselheira); 3.1. Ressaltese que tanto o Sr. Pedro Cezar Abreu quanto a Sra. Mariela Costa Souza Fontenelle eram cooperados da autuada desde, respectivamente, 08/04/1997 e 17/02/1997, conforme se verifica em suas Fichas de Matrícula. 3.2. No Contrato de Associação Cooperativa, firmado em 27/03/1997, entre a autuada e Green Matrix Serviços Cooperativa de Profissionais Ltda CNPJ: 01.716.071/000158 ficava estabelecido que a Green Matrix Serviços (GMS) concedia à autuada "poderes para contratar seus serviços, também em nome dos cooperados, substabelecendo os poderes que lhe foram estatutariamente outorgados." 3.3. Portanto, a Green Matrix Ltda (fiscalizada), com exíguo número de associados, utilizava os serviços de diversos trabalhadores, supostamente cooperados da GMS, para executar os contratos firmados entre ela e as empresas tomadoras. A afirmação de que os trabalhadores eram "supostamente cooperados da GMS" baseiase no contrato feito entre a Green Matrix Ltda e a GMS, já que, a autuada se recusou a apresentar quaisquer documentos da GMS (como Folhas de Pagamento e Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP), posto que a essa não se encontrava sob fiscalização. 3.4. A Fiscalização ressalta que, na legislação previdenciária, não existe previsão de duas pessoas jurídicas estabelecerem um contrato entre si e os pagamentos feitos pela contratante à contratada ocorrerem por meio de depósito bancário diretamente a pessoa(s) física(s), sem que se atribua a essa(s) pessoa(s) física(s) a condição de segurado(s) obrigatório(s) da Previdência Social. 4. Cabe ressaltar que de acordo com o item 22 do Relatório Fiscal, foram apresentadas à fiscalização, folhas de pagamento relativas a seus segurados empregados, registrados nos três Livros de Registro de Empregados (número 01), relativos aos estabelecimentos 000106 (Rio de Janeiro/RJ), 000289 (São Paulo/SP) e 000440 (Belo Horizonte/MG), bem como as Relações Anuais de Informações Sociais RAIS, Guias da Previdência Social – GPS e as GFIP, não sendo constatados ausência de recolhimento e descumprimento de obrigação acessória com relação aos segurados empregados de qualquer dos três estabelecimentos citados. Fl. 697DF CARF MF 4 5. Assim, as omissões em GFIP se referem às remunerações pagas pela Impugnante a contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, uma vez que foram pagos diretamente pela mesma. 6. Com o objetivo de facilitar o entendimento da origem das contribuições apuradas pela fiscalização, cujos créditos fiscais foram apurados nos autos de obrigações principais – AIOP comprot nº 12898.000499/200923 referente ao AI 37.216.0816 e comprot 12898.000496/200990 referente ao crédito DEBCAD nº 37.216.0778 a fiscalização dividiu essas contribuições em 4 tipos: TIPO I – Ausência de recolhimento das contribuições a cargo da empresa e dos contribuintes individuais (cuja a responsabilidade da arrecadação e do recolhimento é da empresa) – NÃO EXISTIU O RECOLHIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS, BEM COMO NÃO EXISTIU A DECLARAÇÃO EM GFIP; TIPO II " adiantamento de produção" se referem a valores com incidência de contribuição previdenciária porque, embora chamados de adiantamento, não houve posterior pagamento a tais contribuintes individuais com o devido desconto do referido adiantamento, verificados nas contas contábeis 8094 e 8102 NÃO EXISTIU O RECOLHIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS, BEM COMO NÃO EXISTIU A DECLARAÇÃO EM GFIP; TIPO III – “sobras a distribuir” verificados lançamentos a débito na conta 1643 – observar que ao verificar a Demonstração de Sobras e Perdas Financeiras em 31/03/2004 (página 286 do Livro Diário 11), constatouse não ter havido sobras no referido trimestre. Ou seja, dado que a fiscalização a considerou como empresa em geral, houve distribuição de lucros sem ter havido lucro no período; NÃO EXISTIU O RECOLHIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS, BEM COMO NÃO EXISTIU A DECLARAÇÃO EM GFIP; TIPO IV – Capital a Devolver, verificados os valores nos lançamentos contábeis à débito na conta 5977.NÃO EXISTIU O RECOLHIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS, BEM COMO NÃO EXISTIU A DECLARAÇÃO EM GFIP; 7. Ressaltese que o item 56 do relatório fiscal menciona de forma inequívoca que a empresa informou em GFIP e efetuou os recolhimentos em GPS apenas dos valores relativos aos segurados empregados. Portanto, não houve qualquer recolhimento decorrente dos valores objeto desta autuação (TIPOS 1. 2. 3 e 4). assim como os mesmos não foram declarados em GFIP. Do Relatóro da Multa Aplicada: 8. Em consonância com o disposto no art. 106, inciso II, alínea "c", da Lei nº 5.172, de 25/10/66 Código Tributário Fl. 698DF CARF MF Processo nº 12898.000498/200989 Acórdão n.º 2301005.287 S2C3T1 Fl. 697 5 Nacional CTN, que determina que a lei posterior retroaja de forma a alcançar infrações praticadas anteriormente a sua edição, quando esta determinar penalidade mais favorável ao contribuinte, a fiscalização, em seu relatório de fls. 106 a 109 promoveu o cálculo da multa aplicada, sob a égide da legislação vigente á época da infração (modo A) e sob a égide da MMP 449, de 04/12/2008 (modo B) 8.1. A multa foi calculada com base na legislação vigente à data da ocorrência da omissão das informações em GFIP (Lei n s 8.212, de 24/07/91, artigo 32, § 52, acrescentado pela Lei na 9.528, de 10/12/97, e Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n9 3.048, de 06/05/99, artigo 284, inciso II e artigo 373) – modo A, resultou no montante de R$ 159.501,60; 8.2. A multa sob a égide da legislação publicada posteriormente ao cometimento da infração (Lei n 9 8.212, de 24/07/91, art. 32A "caput", inciso II e parágrafo 2º, com redação dada pela Medida Provisória n 9 449, de 04/12/2008), chamado pela fiscalização de modo B, resultou no montante de R$ 55.360,00 (cinqüenta e cinco mil, trezentos e sessenta reais); 8.3. À fl. 351 encontramos a planilha comparativa com o cálculo da multa. 9. A Fiscalização discrimina os documentos examinados quando da ação fiscal, bem como enumera os anexos que compõem a presente autuação, citando dentre outros os anexos Discriminativo Analítico de Débito – DAD, Fundamentos legais de Débito – FLD e Relatório de Representantes Legais – REPLEG. 10. Encontramse anexados aos autos cópias dos seguintes documentos: a) Folhas de Pagamento "10.01.56 Ltda/Fundadores", no período de 01 a 10/2004 – fl. 110; b) Lançamentos contábeis correspondentes às Folhas de Pagamento "10.01.56 Ltda/Fundadores"fls. 111 a 112; c) Lançamentos contábeis à débito nas contas 684, 709, 4564, 8094 e 8102 – fls. 113 a 151; d) Remunerações pagas a contribuintes individuais referentes às contas 684, 709, 4564, 8094 e 8102 – fls. 152 a 260; e) Planilha com os Lançamentos contábeis a débito na cnta 1643 – sobras a distribuir – fls. 261 a 264; f) Planilha com os segurados que tiveram apenas remuneração do tipo 2 (não declaradas em GDIP) – fls. 265 a 350". Fl. 699DF CARF MF 6 Diante do julgamento improcedente da impugnação, a recorrente apresenta recurso voluntário, incluindo estatuto social e documentos que dão poderes para apresentação do recurso, alegando em suma o seguinte: Preliminarmente: pede a Nulidade do auto de infração em razão de não ser apresentado à contribuinte o relatório REPLEG. No mérito: alega a não exigência das contribuições sociais em razão da recorrente estar enquadrada em regime especial de tributação voltada para as Cooperativas e que essa não infringiu normas legais, devendo ser considerada os atos cooperados feitos entre a recorrente, Green Matrix Cooperativa de Professores Empreendedores a empresa denominada Green Matrix LTDA. Alega também que como a fiscalização entendeu estar extinta a Cooperativa, também seria impossível exigir os tributos guerreados. Menciona que não seria possível a tribução sobre a distribuição de sobras, as quais teriam sido repassados aos associados como "sobras" e não como remuneração (sic), bem como alega que não deveria ser tributado o retorno do capital (sic) investido pelo associado na cooperativa, quando de sua retirada da associação (sic) por inexistir fato gerador do tributo. Por fim alega que é impossível elaborar defesa no que tange à solidariedade do art. 135, do CTN, porque também não teria sido anexado o REPLEG ao processo, cerceando direito de defesa. Diante dos fatos, é o relatório. Voto Conselheiro Wesley Rocha Relator O recurso voluntário apresentado está revestido do requisito formal de tempestividade. Portanto, deles o conheço. Portanto, passo a analisar os pontos atacados em recurso. DA PRELIMINAR DE NULIDADE Alega a recorrente que não teria sido anexado o relatório REPLEG ao processo e que isso traria prejuízo a sua defesa, bem como teria prejudicado a defesa dos possíveis responsáveis solidários, que no caso seria o presidente da Associação Cooperada, do qual consta no processo apenas como responsável legal, conforme a legislação em vigor e não como responsável pelo Débito. Entretanto, a alegação de cerceamento não prospera como já analisado pela DRJ de origem. Fl. 700DF CARF MF Processo nº 12898.000498/200989 Acórdão n.º 2301005.287 S2C3T1 Fl. 698 7 De fato o art. 660 da Instrução Normativa SRP n° 03, de 14/07/2005, com a modificação introduzida pela IN SRP 20 de 11/01/2007, revogada pela IN RFB 851 de 28/05/2008: assim dispõe: "Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativo fiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relatório de Representantes Legais RepLeg, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; (Redação dada pela IN SRP nº 20, de 11/01/2007) XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente"; No presente caso, a alegação da recorrente de que não teria recebido o referido relatório não se confirma, conforme as constatações na demanda e nos feitos que tramitam em conjunto, do que se colhe do processo conexo DEBCAD 12898.000500/200910, o qual há registro do conteúdo mencionado, citando o "CD" com as informações dos autos de infrações devidamente enviadas à contribuinte, da fl. 488, assim trasncrita: "Esta página contém o Aviso de Recebimento AR SO560960114BR, com d a t a de recebimento de 30/04/2009, relativo aos Autos de Infração AI 37.204.3917, 37.216.0760, 37.216.0778, 37.216.0786, 37.216.0794, 37.216.0808 e 37.216.0816, ao Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal TEPF , ao CD destinado ao contribuinte e ao seu respectivo recibo". Grifouse. Como se vê, o CD contento o procedimento fiscal com todos os processos conexos á ação fiscal foi devidamente entregue ao contribuinte. Entretanto, mesmo estando anexado o conteúdo citado, a contribuinte alegou que não o teria recebido, e que cautelosamente a fiscalização enviou novamente os citados anexos em "CD" e impresso com data de recebimento em 01/12/2012, contendo nele os anexos Representantes Legais do Débito – REPELEG , conforme se verifica das fls. 693 a 695, da matéria conexa (DEBCAD 12898.000500/200910), já citada e que também está em julgamento perante esse Conselho, sob o mesmo relator. São como dito, processos que possuem conexão dos fatos e direito. Constatouse ainda que a Contribuinte apresentou inclusive aditivo à defesa no processo conexo (fls. 699 a 704), o que resultou em ciência integral do conteúdo, não havendo, portanto, falar em cerceamento de defesa, pois a recorrente teve a oportunidade de manifestarse de forma plena, tendo a fiscalização reparado possível equívoco na falta de envio de todas as informações, bem como foram conhecidas todos os recursos e alegações do contribuinte. Nesse sentido, não houve prejuízo à defesa. Fl. 701DF CARF MF 8 No processo administrativo fiscal as causas de nulidade se limitam às que estão elencadas no artigo 59, do Decreto 70.235, de 1972: "Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Parágrafo acrescentado pela Lei 8.748, de 1993.)". Mais, o art. 60 da referida Lei, do Decreto 70.235/1972 menciona que as irregularidades, incorreções e omissões não configuram nulidade, devendo ser sanadas se não resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio: "Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio". Eventual equívoco no envio do conteúdo fiscal à recorrente foi devidamente sanada pela fiscalização com o reenvio do material, do qual caberia à contribuinte provar não ter recebido ou apontado alguma falha concreta no recebimento deste, sendo que seu representante legal deu ciência no documento que recebeu os documentos mencionados na fl. 693, do DEBCAD 12898.000500/200910, o qual cabe mencionar que o representante legal não é responsável solidário arrolado como sujeito passivo nesse ou nos outros autos de infrações. Ademais, é possível checar nesse processo conforme relatório acima que foram enviados os seguintes documentos à contribuinte, sem prova contrária de que a recorrente não os recebeu: "Encontramse anexados aos autos cópias dos seguintes documentos: a) Folhas de Pagamento "10.01.56 Ltda/Fundadores", no período de 01 a 10/2004 – fl. 110; b) Lançamentos contábeis correspondentes às Folhas de Pagamento "10.01.56 Ltda/Fundadores"fls. 111 a 112; c) Lançamentos contábeis à débito nas contas 684, 709, 4564, 8094 e 8102 – fls. 113 a 151; Fl. 702DF CARF MF Processo nº 12898.000498/200989 Acórdão n.º 2301005.287 S2C3T1 Fl. 699 9 d) Remunerações pagas a contribuintes individuais referentes às contas 684, 709, 4564, 8094 e 8102 – fls. 152 a 260; e) Planilha com os Lançamentos contábeis a débito na cnta 1643 – sobras a distribuir – fls. 261 a 264; f) Planilha com os segurados que tiveram apenas remuneração do tipo 2 (não declaradas em GDIP) – fls. 265 a 350". Portanto, deve ser afastada as alegações de nulidade. DO MERITO No presente recurso a recorrente alega apenas que não deveria recolher as contribuições exigidas, pois estaria enquadrada na Lei º 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que rege as relações jurídicas das Cooperativas, em especial os seus atos que teriam sido realizados entre associados, que seriam considerados atos cooperados conforme se descreve do art. 79, da citada lei in verbis: "Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria". Ocorre que, a recorrente alega que realizou esses atos com a empresa associada denominada "Green Matrix Ltda". Entretanto, não se verifica que a empresa estivesse nos seus quadros de associados cooperados, não sendo permitido de forma legal que ela ingressasse como sendo associada 1. Possivelmente, para superar a questão descrita foi realizado então um "contrato de cooperação" entre a recorrenteGMS e Green Matrix Ltda, e que desse contrato resultou em infringências legais, em especial da legislação previdenciária, onde a própria recorrente alega que remunerava de forma diretamente os funcionários da empresa cooperada, tidos por ela como associados. Do Contrato de “Associação Cooperativa” juntado nas fls. 318 a 321 do processo conexo DEBCAD 12898.000500/200910, consta o termo de “Associação Cooperativa”, estabelecido no seguinte modo: 1 Conforme prescreve o art. 29 da Lei º 5.764/1971, podem se associar à cooperativa, as seguintes pessoas: "Art. 29. O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto, ressalvado o disposto no artigo 4º, item I, desta Lei. § 1° A admissão dos associados poderá ser restrita, a critério do órgão normativo respectivo, às pessoas que exerçam determinada atividade ou profissão, ou estejam vinculadas a determinada entidade. § 2° Poderão ingressar nas cooperativas de pesca e nas constituídas por produtores rurais ou extrativistas, as pessoas jurídicas que pratiquem as mesmas atividades econômicas das pessoas físicas associadas". Fl. 703DF CARF MF 10 "De um lado, Green Matrix Cooperativa de Profissionais Empreendedores Ltda., com sede na Rua da Quitanda, 607 4o andar Centro "Rio de Janeiro, CGC/MF n° 01.710.088/000106, representada por seu Diretor Presidente, Eduardo Manoel Farias Pereira e por seu Diretor, Gilberto da Silva Martins, adiante denominada Green Matrix Ltda., e de outro lado, Green Matrix Serviços Cooperativa de Profissionais Ltda., com sede na Rua da Quitanda, 60/4° andar Parte Centro Rio de Janeiro, CGC/MF.01.716.071/000158, representada por seu Diretor VicePresidente, Pedro Cezar Abreu e pela Conselheira, Maneia Costa Souza Fontenelle, adiante denominada Green Matrix Serviços. CLÁUSULA PRIMEIRA: OBJETO 1.1 Realização de ato cooperativo, inerente à prestação de serviços nàs áreas constantes no artigo 2o (DOS OBJETIVOS SOCIAIS) do Estatuto Social j da Green Matrix Serviços. 1.2 Os serviços relativos ao objeto deste contrato serão executados pela Green Matrix Serviços, em associação com a Green Matrix Ltda., através de seus profissionais cooperados, constituindo "ato cooperativo" conforme definido na Lei 5764/71. 1.3 A Green Matrix Serviços, neste ato, concede à Green Matrix Ltdai os poderes para contratar seus serviços, também em nome dos cooperados, substabelecendo os poderes que lhe foram estatutariamente outorgados. CLÁUSULA QUARTA: FATURAMENTO E PAGAMENTO 4.1 O faturamento da produção referente aos serviços prestados será feito pela Green Matrix Serviços tomando por base o custo referencial que for. utilizado no contrato com os usuários. 4.2 O faturamento será levantado ao final de cada atividade contratada e/ou.a cada período de 01 (um) mês, e apresentado à Green Matrix Ltda; 4.3 A Green Matrix Ltda. efetuará o pagamento contra a apresentação das faturas. 4.3.1 A Green Matrix Ltda. poderá efetuar adiantamentos de produção diretamente ao profissional cooperado da Green Matrix Serviços prestador de serviço, por solicitação desta última, fazendo, ao final de cada período, um encontro de contas para o acerto do débito/crédito porventura existente". Ocorre que, a Lei impõe que sejam recolhidas as contribuições sociais quando realizada a efetiva prestação de serviços por segurado individual, ocorrendo o fato gerador, salvo disposição contrária, não podendo, como já enfrentado pela DRJ de origem, que a pessoa jurídica que seria a verdadeira responsável pelo recolhimento devido modifique interpretação legal, conforme se denota do disposto no art. 22, inciso III, Lei nº 8.212/91, in verbis: "Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: Fl. 704DF CARF MF Processo nº 12898.000498/200989 Acórdão n.º 2301005.287 S2C3T1 Fl. 700 11 (...) III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços"; Ficou constatado dos autos e dos fatos conexos que a recorrente (como ela mesmo cita) remunerava os segurados individuais que para ela prestaram serviços, e portanto, caracterizada a ocorrência dos fatos gerados promovidas no auto de infração. Porém, alega também que não haveria contribuinte individual no período fiscalizado. Entretanto, as remunerações praticadas junto à Grenn Matrix foram exatamente no período da autuação, bem como a empresa recorrente menciona que os pagamentos foram feitos diretamente aos funcionários que prestaram serviços a ela ou a terceiros, conforme se constata do relatório fiscal, em que foram lançadas as seguintes informações: "(...) 3.6. Foram apresentadas à fiscalização as folhas de pagamento relativas aos cooperados (com a inscrição "Local: 10.01.56 Ltda/Fundadores"), de 01/2004 a 10/2004. A planilha "VALORES VERIFICADOS NAS FOLHAS DE PAGAMENTO "LOCAL: 10.01.56 LTDA/FUNDADORES" demonstra os valores contidos nas referidas FP. A contabilização das referidas folhas de pagamento está demonstrada na planilha "LANÇ. CONTÁBEIS CORRESPONDENTES ÀS FOLHAS DE PAGAMENTO "10.01.56 LTDA. FUNDADORES (...) 26) Nos TIF de 16/02/2009, de 24/03/2009, de 03/04/2009 e de 16/04/2009, solicitouse a apresentação de diversos documentos de caixa que deram suporte aos lançamentos contábeis nas contas citadas no item anterior. 27) Em esclarecimento prestado pela empresa em 09/03/2009, o Sr. Eduardo Manoel Farias Pereira afirmou que, em razão do acordo de cessão de cooperados da GMS para a prestação de serviços acertados entre a autuada e empresas tomadoras, para maior agilidade ao procedimento, ficou acordado que os valores das sobras seriam distribuídos pela autuada diretamente aos cooperados da GMS. 28) Ressaltese que, na legislação previdenciária, não existe previsão de duas pessoas jurídicas estabelecerem um contrato entre si e os pagamentos feitos pela contratante à contratada ocorrerem por meio de depósito bancário diretamente a pessoa(s) física(s), sem que se atribua a essa(s) pessoa(s) física(s) a condição de segurado(s) obrigatório(s) da Previdência Social. 29) Assim, face a todo o exposto, os valores pagos às pessoas físicas verificadas nas citadas contas contábeis foram considerados, por esta fiscalização, como remuneração paga a contribuintes individuais". Fl. 705DF CARF MF 12 Por fim, não obrou a recorrente afastar a alegação da fiscalização de que a referida perdeu os requisitos necessários para estar enquadrada como Cooperativa, qual seja: o mínimo de 20 associados 2, conforme já amplamente abordado pela DRJ de origem. Em seu recurso a contribuinte sequer ataca a decisão de primeira instância nesse quesito, o que entendo que consumouse integralmente o fato legal que configura a descaracterização da Cooperativa, conforme o apontamento feito pelo fisco. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por CONHECER e NEGAR provimento ao recurso voluntário, promovendo a manutenção da decisão a quo. É como voto. (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator. 2 O art. 6º, da Lei Lei º 5.764/1971, assim impõe: "Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas: I singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; II cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais; III confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades". Fl. 706DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.903058/2013-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.352
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10120.903058/2013-27
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5864840
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-000.352
nome_arquivo_s : Decisao_10120903058201327.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10120903058201327_5864840.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
dt_sessao_tdt : Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
id : 7293381
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309553553408
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1505; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.903058/201327 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1201000.352 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de fevereiro de 2018 Assunto PER/DCOMP Recorrente KASA MOTORS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório Tratase de PER/DCOMP com demonstrativo de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior, de IRPJ, referente ao período de apuração de fevereiro de 2009. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório eletrônico de não homologação da compensação, fundamentando sua decisão na alocação integral do pagamento a outros débitos, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 20 .9 03 05 8/ 20 13 -2 7 Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10120.903058/201327 Resolução nº 1201000.352 S1C2T1 Fl. 3 2 Cientificada desse despacho, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que diante da não homologação, foi verificado que a empresa cometeu erro material ao declarar na DCTF um débito fictício, solicitando que seja, assim, processada e homologada a PER/DCOMP inicialmente apresentada, uma vez que, a empresa não deve ser apenada por esse equívoco formal que não desnatura a compensação realizada. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento em primeira instância e, por unanimidade de votos, a Manifestação de Inconformidade foi considerada improcedente face à ausência dos elementos de prova capazes de atestar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação. A DRJ/RPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: A não homologação da compensação decorreu da inexistência do crédito utilizado, pois o valor recolhido correspondeu ao débito expresso na DCTF que se achava ativa na data em que o despacho decisório foi emitido. Estando o pagamento integralmente alocado, não havia saldo disponível para suportar a extinção do crédito tributário pretendida pelo contribuinte. A partir da ciência do contribuinte do despacho decisório que negou a compensação requerida, deixa de existir a espontaneidade e a retificação da DCTF somente será válida caso esteja acompanhada de elementos de prova suficientes para o convencimento da autoridade fiscal quanto ao erro praticado no documento retificado, conforme disposto no artigo 9º, §§ 1º e 2º, da Instrução Normativa RFB nº 974/2009. De acordo com o §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, caberia ao contribuinte não só a juntada das declarações retificadoras, mas também a apresentação de outros elementos, tais como cópias de livros contábeis e fiscais com os lançamentos dos valores apropriados na apuração, capazes de demonstrar o propalado erro cometido no preenchimento da declaração original. Ao invés disso, o contribuinte limitouse a indicar o erro cometido na DCTF com base no balancete, o que não é suficiente para a comprovação do alegado erro praticado pelo sujeito passivo. Cientificada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário reiterando as razões já expostas em sede de Manifestação de Inconformidade e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior de IRPJ referente ao mês de fevereiro de 2009; (ii) o erro no preenchimento da DCTF acabou por refletirse no valor a maior constante do DARF; (iii) a partir da análise da DIPJ, LALUR e balancete de verificação é possível observar o valor do IRPJ apurado no mês de fevereiro de 2009. É o relatório. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10120.903058/201327 Resolução nº 1201000.352 S1C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.339, de 23.02.2018, proferida no julgamento do Processo nº 10120.903043/201369, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. No processo paradigma o contribuinte solicitou a compensação de débitos com crédito relativo a pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ, do período de apuração de abril de 2007 e, nos presentes autos, o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do período de apuração de fevereiro de 2009. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.339), adequandoa ao caso concreto: "[...] Conforme visto, a recorrente trouxe aos autos documentação robusta no que tange à apuração do IRPJ devido no mês em referência. No entanto, [...], há que se proceder à verificação quanto à liquidez e certeza do crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerandose, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10120.903058/201327 Resolução nº 1201000.352 S1C2T1 Fl. 5 4 Em face do exposto, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte: a) verifique as DCTFs retificadoras apresentadas, efetuando a apuração do crédito relativo a cada um dos meses, observandose, no que couber, as disposições da IN RFB nº 1.110/2010; b) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a maior de estimativa de IRPJ do anocalendário em questão, procedendo à valoração para fins de verificação de suficiência destes, considerandose, inclusive, alguma Dcomp porventura já homologada. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser intimada a apresentar livros e documentos. Encerrada a diligência, a contribuinte deverá ser intimada para que, querendo, manifestese num prazo de trinta dias. Havendo ou não manifestação da contribuinte, após esgotado o prazo a ela concedido os autos devem retornar ao CARF para julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, converto o julgamento em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720418/2005-00
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2001
DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. STF. SÚMULA
VINCULANTE Nº 08.
De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o prazo de 5 (cinco) anos nos termos do que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional.
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. EQUIVALENTE A PAGAMENTO. PRAZO DE CINCO ANOS CONTADOS A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
Configurado o lançamento por homologação e realizado recolhimento antecipado do tributo e depósitos judiciais pela Contribuinte, que se equivalem a pagamento, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, §4º do CTN, operando-se em cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador.
Nos termos do §8º, do art. 63 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, importa consignar ser o entendimento da maioria do Colegiado pela impossibilidade de equiparação dos depósitos judiciais a pagamento antecipado do tributo para efeitos de aplicação do art. 150, §4º do CTN como termo inicial da contagem do prazo decadencial. Assim, a realização dos depósitos judiciais não equivale a pagamento antecipado do tributo. Por esta razão, a maioria acompanhou a Relatora pelas conclusões do julgado. No caso dos autos, o enquadramento no dispositivo em referência deu-se em virtude da existência do recolhimento antecipado dos tributos via DARF.
STF. REPERCUSSÃO GERAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALDIADE DO ALARGAMETO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS. REGIME CUMULATIVO.
Em razão da declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, a contribuição para o PIS/Pasep deve incidir tão somente sobre as receitas correspondentes ao faturamento da pessoa jurídica, compreendido nesse os valores decorrentes da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da venda de mercadorias e serviços. Portanto, não devem ser incluídas na base de cálculo do PIS/Pasep os valores referentes aos juros recebidos de clientes e rendas de aplicações financeiras.
Numero da decisão: 9303-006.536
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2001 DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. STF. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o prazo de 5 (cinco) anos nos termos do que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. EQUIVALENTE A PAGAMENTO. PRAZO DE CINCO ANOS CONTADOS A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Configurado o lançamento por homologação e realizado recolhimento antecipado do tributo e depósitos judiciais pela Contribuinte, que se equivalem a pagamento, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, §4º do CTN, operando-se em cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. Nos termos do §8º, do art. 63 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, importa consignar ser o entendimento da maioria do Colegiado pela impossibilidade de equiparação dos depósitos judiciais a pagamento antecipado do tributo para efeitos de aplicação do art. 150, §4º do CTN como termo inicial da contagem do prazo decadencial. Assim, a realização dos depósitos judiciais não equivale a pagamento antecipado do tributo. Por esta razão, a maioria acompanhou a Relatora pelas conclusões do julgado. No caso dos autos, o enquadramento no dispositivo em referência deu-se em virtude da existência do recolhimento antecipado dos tributos via DARF. STF. REPERCUSSÃO GERAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALDIADE DO ALARGAMETO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS. REGIME CUMULATIVO. Em razão da declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, a contribuição para o PIS/Pasep deve incidir tão somente sobre as receitas correspondentes ao faturamento da pessoa jurídica, compreendido nesse os valores decorrentes da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da venda de mercadorias e serviços. Portanto, não devem ser incluídas na base de cálculo do PIS/Pasep os valores referentes aos juros recebidos de clientes e rendas de aplicações financeiras.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10680.720418/2005-00
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5863832
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.536
nome_arquivo_s : Decisao_10680720418200500.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : VANESSA MARINI CECCONELLO
nome_arquivo_pdf_s : 10680720418200500_5863832.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
id : 7288971
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309589204992
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2182; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1.293 1 1.292 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.720418/200500 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303006.536 – 3ª Turma Sessão de 15 de março de 2018 Matéria PIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO E DE CONSUMO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COTRACARGEM ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2001 DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. STF. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o prazo de 5 (cinco) anos nos termos do que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. EQUIVALENTE A PAGAMENTO. PRAZO DE CINCO ANOS CONTADOS A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Configurado o lançamento por homologação e realizado recolhimento antecipado do tributo e depósitos judiciais pela Contribuinte, que se equivalem a pagamento, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, §4º do CTN, operandose em cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. Nos termos do §8º, do art. 63 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, importa consignar ser o entendimento da maioria do Colegiado pela impossibilidade de equiparação dos depósitos judiciais a pagamento antecipado do tributo para efeitos de aplicação do art. 150, §4º do CTN como termo inicial da contagem do prazo decadencial. Assim, a realização dos depósitos judiciais não equivale a pagamento antecipado do tributo. Por esta razão, a maioria acompanhou a Relatora pelas conclusões do julgado. No caso dos autos, o enquadramento no dispositivo em referência deuse em virtude da existência do recolhimento antecipado dos tributos via DARF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 04 18 /2 00 5- 00 Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.294 2 STF. REPERCUSSÃO GERAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALDIADE DO ALARGAMETO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS. REGIME CUMULATIVO. Em razão da declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, a contribuição para o PIS/Pasep deve incidir tão somente sobre as receitas correspondentes ao faturamento da pessoa jurídica, compreendido nesse os valores decorrentes da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da venda de mercadorias e serviços. Portanto, não devem ser incluídas na base de cálculo do PIS/Pasep os valores referentes aos juros recebidos de clientes e rendas de aplicações financeiras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Rodrigo da Costa Pôssas. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.295 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 829 a 877) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 340300.816 (fls. 06 a 12) proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 01/03/2011, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: Assunto: Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS Período de Apuração: 01.01.2000 a 31.12.2001 Ementa: DECADÊNCIA. A fazenda dispõe de cinco anos para constituir o crédito tributário, decorrido este lapso temporal impõese a perda do direito de constituição do crédito tributário, conforme dispõe o parágrafo 4º do art. 150 do CTN. Ementa: LANÇAMENTO. Impõem manter o lançamento de ofício com o objetivo de prevenir a decadência dos créditos tributários não incluídos em DCTF, com exigibilidade suspensa. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. NORMAS PROCESSUAIS. A submissão de matéria à tutela autônoma e superior do Poder Judiciário importa em renúncia da via administrativa. Ementa:BASE DE CÁLCULO. RECEITAS DISTINTAS DO FATURAMENTO. A base cálculo para apuração do PIS e a COFINS se restringe tão só ao faturamento da empresa, conforme decisão do Egrégio Supremo Tribunal Federal – STF, que declarou inconstitucional o art. 3º da Lei 9.718/99, que promoveu o alargamento da base de cálculo destas contribuições. Recurso Provido em Parte. O presente processo tem origem em lançamento para exigir a contribuição para o PIS relativo aos fatos geradores ocorridos no período de apuração de 01/01/2000 a 31/12/2001. O crédito tributário decorre de diferenças apuradas entre os valores escriturados e aqueles declarados/pagos, pois teria a Contribuinte informado em suas DCTF´s apenas o valor do PIS/Folha de Salários e não havendo o cálculo sobre o faturamento. Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.296 4 Há nos autos notícia de duas ações judiciais: o mandado de segurança nº 000.38.00.0016675/MG, visando combater a exigência da COFINS e do PIS nos termos da MP nº 1.8586/99 e suas edições; e o mandado de segurança nº 2000.34.00.0091202, este impetrado perante a 6ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, para afastar a exigibilidade das referidas contribuições. Conforme consignado no relatório do acórdão recorrido, "o pedido foi julgado procedente, assegurando à impetrante o direito ao recolhimento da contribuição do PIS nos termos da Lei Complementar nº 7/70 e a isenção da COFINS, nos termos do inciso I, do art. 60 da Lei complementar nº 70/91. Interposto Recurso de Apelação pela União." Após cientificada da autuação, a Contribuinte apresentou impugnação, que foi não conhecida e julgada procedente em parte a base de cálculo do lançamento, nos termos da fundamentação do Acórdão DRJ/BHE nº 10.411, de 20/02/2006 (fls. 229 a 242), sintetizados na seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2001 Ementa: O prazo decadencial das contribuições que compõem a Seguridade Social — entre elas o PIS — encontrase fixado em lei. A propositura pela contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto da autuação, importa a renúncia às instâncias administrativas, tomandose definitiva a exigência discutida. A DRJ tem competência para afastar a aplicação de dispositivo legal apenas quando esse tenha sido declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. A apreciação da constitucionalidade e da legalidade das normas vigentes é da competência privativa do Poder Judiciário. Ao julgador administrativo cabe, em face do Poder Regrado, somente aplicar as leis e normas vigentes. Impugnação Não Conhecida Não resignada, interpôs recurso voluntário, sobrevindo o acórdão que lhe deu parcial provimento e declarou a decadência de parte do lançamento, com fulcro no art. 150, §4º do CTN, em observância à Súmula Vinculante nº 08 do STF, além de determinar como base de cálculo do PIS/Pasep a receita da venda de bens e da prestação de serviços, consoante a Lei nº 9.718/98. Nessa oportunidade, a Fazenda Nacional interpõe recurso especial (fls. 829 a 877) suscitando divergência jurisprudencial quanto à (i) necessidade de recolhimento antecipado para aplicação da regra da decadência do art. 150, §4º do CTN e (ii) conceito de faturamento, para fins de incidência de PIS/Pasep e COFINS pelo regime estatuído pela Lei nº 9.718/98. Para comprovar o dissídio interpretativo, colacionou como paradigmas, respectivamente, os acórdãos 910100.460, para a primeira matéria; e 20178.856 e 201 01.643, com relação à segunda matéria. Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.297 5 Nas razões recursais, a Fazenda Nacional sustenta, em síntese, que: (a) quanto à decadência, não tendo ocorrido o recolhimento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário regerseá pelo disposto no art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional; (b) pertinente ao afastamento da aplicação do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, excluindo da base de cálculo do PIS e da COFINS outras receitas, atinentes às receitas financeiras, com fulcro na declaração de inconstitucionalidade da norma pelo STF, temse que a referida inconstitucionalidade deuse em sede de controle difuso, não havendo a edição de Resolução do Senado Federal suspendendo a execução do normativo; (c) discorre, ainda, sobre a identidade dos conceitos de faturamento e receita bruta, que, no seu entender, é assente no STF; (d) ao final, requer o provimento do recurso especial. Foi admitido o recurso especial da Fazenda Nacional por meio do despacho nº 340000.240, de 08 de maio de 2013 (fls. 879 a 880), proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 1.014 a 1.021, reiteradas e ratificadas às fls. 1.085 a 1.092) postulando, preliminarmente, o não conhecimento do recurso especial e, no mérito, a sua negativa de provimento. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.298 6 Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito 1. Decadência No que tange à divergência jurisprudencial quanto à decadência, a discussão fica restrita à determinação da regra aplicável como termo inicial para a contagem do prazo de decadência, se do art. 150, §4º ou do art. 173, I, ambos do CTN. A presente autuação abarcou os fatos geradores ocorridos nos períodos de apuração de 01/2000 a 12/2001, inclusive, período sobre o qual recai a discussão acerca da decadência do direito de o Fisco proceder ao lançamento de PIS. A divergência a ser apreciada referese ao termo inicial de contagem da decadência do direito de lançamento, se a data do fato gerador artigo 150, §4º do CTN ou primeiro dia do exercício seguinte ao em que poderia ser lançado, no caso de não existir pagamento antecipado artigo 173, I do CTN. Pertinente esclarecer que, em razão da declaração de inconstitucionalidade do art. 45 da Lei 8.212/91 pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar os recursos extraordinários nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante STF nº 08, indubitável estarse diante de hipótese de aplicação do prazo decadencial de 5 (cinco) anos do Código Tributário Nacional: Súmula Vinculante STF nº 08 Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.299 7 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.5g69/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário. Portanto, após a edição da Súmula Vinculante nº 08, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias cingese à aplicação dos artigos 150, §4º ou 173, inciso I, ambos do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos, restando superada a tese da irrelevância de ter ocorrido ou não pagamento, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN.IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005) [...] Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como no caso do PIS, na inteligência do acórdão do STJ cuja ementa transcreveuse acima: (i) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I do CTN) em caso de dolo, fraude ou simulação; quando não houver pagamento antecipado ou inexistir declaração prévia do débito; ou (ii) a partir do fato gerador (art. 150, §4º do CTN) nas hipóteses de pagamento parcial ou integral do débito ou existência de declaração prévia do mesmo. Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.300 8 Feitas estas considerações, passese ao exame do artigo de lei aplicável ao caso destes autos. O litígio decorre de auto de infração lavrado para exigência da contribuição para o PIS nos períodos de apuração de 01/2000 a 12/2001. A Contribuinte teve ciência do auto de infração em 28/06/2005 (fls. 17). Conforme restou comprovado nos autos do presente processo administrativo, a Contribuinte efetuou o recolhimento de valores que entendia incontroversos de PIS por meio de guias DARF (fls. 971 a 983), e, além disso, no âmbito da discussão judicial em sede de mandado de segurança para suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a Contribuinte efetuou o depósito judicial das parcelas controversas a título de contribuição para o PIS (fls. 1.027 a 1.060). Uma vez sendo os valores depositados em juízo automaticamente convertidos em renda da União na hipótese de o Sujeito Passivo restar vencido na demanda judicial, temse que o depósito judicial equivale ao pagamento do crédito tributário. Além disso, houve nos autos o recolhimento das quantias que entendia a Contribuinte como sendo devidas, conforme DARF´s juntadas às fls. 971 a 983. Nesse sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça, conforme ementa do julgado proferido no agravo regimento no recurso especial nº 1163271/PR, de Relatoria do Ministro Castro Meira, in verbis: RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. ART. 151, II, DO CTN. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONVERSÃO EM RENDA. DECADÊNCIA. 1. Com o depósito do montante integral temse verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Se a Fazenda aceita como integral o depósito, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito, aquiesceu expressa ou tacitamente com o valor indicado pelo contribuinte, o que equivale à homologação fiscal prevista no art. 150, § 4º, do CTN. 2. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há mais falar no transcurso do prazo decadencial nem na necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedentes da Primeira Seção. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1163271/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/04/2012, DJe 04/05/2012) Em consonância com o entendimento do STJ consignado no recurso especial nº. 973.733, em sede de recurso repetitivo, de observância obrigatória por este Colegiado, as circunstâncias acima descritas levam à conclusão de que havendo o recolhimento antecipado do tributo, bem como o depósito judicial, que é equivalente ao pagamento antecipado do Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.301 9 tributo, a contagem do prazo decadencial deve se dar na forma do art. 150, §4º do CTN, observandose o prazo de 05 (cinco) anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. Portanto, tendo ocorrido a ciência do auto de infração em 28/06/2005, encontramse extintos pela decadência os créditos tributários de PIS dos períodos de apuração de janeiro de 2000 a maio de 2000. Deve ser consignado, ainda, que a maioria do Colegiado acompanhou a Relatora pelas conclusões em relação à determinação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, pois não consideram o depósito judicial equivalente ao pagamento antecipado do tributo para fins de aplicação da regra do art. 150, §4º do CTN. No caso dos autos, o enquadramento no dispositivo em referência deuse em virtude da existência do recolhimento antecipado dos tributos via DARF. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional neste ponto. 2. Base de cálculo do PIS A inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, que alargou o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos RE nº 585.235, na sistemática da repercussão geral, tendo como leading cases os Res nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR. Os fundamentos da decisão foram sintetizados na seguinte ementa, in verbis: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nºs 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 2711 2008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL 0020802 PP00871 ) (grifouse) Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.302 10 Pertinente, ainda, colacionar a ementa de julgado do leading case RE nº 357.950/RS, refletindo a posição predominante na Corte Suprema confirmada em sede de repercussão geral: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RE 390840, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) Nessa linha relacional, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal que tenham sido afetadas à sistemática da repercussão geral são de observância obrigatória por este órgão administrativo de julgamento, conforme redação do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10680.720418/200500 Acórdão n.º 9303006.536 CSRFT3 Fl. 1.303 11 na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Dessa forma, não devem ser incluídas na base de cálculo do PIS os valores referentes aos juros recebidos de clientes e rendas de aplicações financeiras, tendo em vista não se enquadrarem no conceito de faturamento, o qual corresponde às receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços, ou da combinação de ambos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 1315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.724940/2016-33
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
PROCEDIMENTO MÉDICO NO PRÓPRIO CONTRIBUINTE.
Coleta de células tronco extraída do próprio contribuinte para aplicar em outra parte do seu corpo consiste em procedimento médico para sua cura.
Numero da decisão: 2001-000.361
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. PROCEDIMENTO MÉDICO NO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. Coleta de células tronco extraída do próprio contribuinte para aplicar em outra parte do seu corpo consiste em procedimento médico para sua cura.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10580.724940/2016-33
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5865554
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2001-000.361
nome_arquivo_s : Decisao_10580724940201633.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 10580724940201633_5865554.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7295159
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309593399296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1604; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 105 1 104 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.724940/201633 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.361 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 22 de março de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente ANA ALZIRA DE ARAUJO NAZARE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. PROCEDIMENTO MÉDICO NO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. Coleta de células tronco extraída do próprio contribuinte para aplicar em outra parte do seu corpo consiste em procedimento médico para sua cura. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira – Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 49 40 /2 01 6- 33 Fl. 105DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 1.394,84, a título de imposto de renda pessoa física, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2011. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento de maior relevo e fulcro da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que a Recorrente deveria ter apresentado comprovação dos pagamentos, de forma supletiva aos recibos apresentados, através de outros documentos, porque aqueles acostados não estariam a representar a efetiva realização dos pagamentos efetuados aos profissionais prestadores dos serviços. Também promove a glosa de despesas médicas por entender que não se trata de procedimento tendente a cura da Recorrente. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que aos recibos não é conferido valor probante absoluto, necessitando para tal a complementação de provas, com a apresentação de documentação adicional a ser providenciada pela Recorrente, além de entender que determinada despesa estaria desenquadrada como dedutível, como segue: Este processo trata da impugnação em face da Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 10/16), resultante da revisão da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física – DIRPF – do exercício de 2012 (ano 2011)(fls. 48/54). A notificação tratou das deduções indevidas de despesas médicas (R$ 4.326,68 fls. 12/13) e de incentivo (R$ 205,00 – fl. 14). Como resultado, foi apurado o saldo de imposto suplementar de R$ 1.394,84, mais multa de ofício e juros de mora. A Contribuinte alega que os recibos do Instituto Pasquini (R$ 4.000,00 e R$ 1.500,00) foram decorrentes de pagamentos de honorários e serviços médicos no transplante de medula óssea em Curitiba. Em contato com o Instituto, foi informado o desvio de valores conforme esclarecimento em anexo, e foram fornecidas novas notas fiscais. Requer seja reconsiderado o valor de R$ 4.326,68 (valor após a dedução do reembolso pelo plano de saúde). Inicialmente, cumpre observar que a Impugnante não contestou a glosa da dedução de incentivo, tornando necessária a aplicação do Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10580.724940/201633 Acórdão n.º 2001000.361 S2C0T1 Fl. 106 3 disposto no art. 58 do Decreto nº 7.574/11, consolidando administrativamente o imposto suplementar correspondente de R$ 204,92, mais multa de ofício e juros de mora, já transferido ao processo nº 10580.726004/201667 (fls. 56/58). (...) Por meio de consultas à Internet, verificase a existência de ações judiciais impetradas pelo Instituto em face de Luciane Machado Russo (fls. 81/86), além de matérias jornalísticas, a relatar o ocorrido acima. Verificouse, também, a autenticidade das notas fiscais apresentadas(http://isscuritiba.curitiba.pr.gov.br/portalNfse/autentici dade.aspx). Quanto à nota fiscal no valor de R$ 4.000,00 (fl. 6), observase que esta se refere a visitas médicas do período de 28/02/11 a 28/03/11, concluindo ser este documento hábil à comprovação dessa despesa. Já quanto à nota fiscal no valor de R$ 1.500,00 (fl. 7), verificase que esta se refere à coleta de células tronco, despesa essa considerada indedutível, como orienta a pergunta da coletânea Perguntas e Respostas IRPF do exercício 2016, a seguir: 353 — Os valores pagos na prestação dos serviços de coleta, seleção e armazenagem de células tronco oriundas de cordão umbilical são dedutíveis como despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual? Não. Os valores pagos na prestação dos serviços de coleta, seleção e armazenagem de célulastronco oriundas de cordão umbilical, não se constituem em despesas médicas dedutíveis, uma vez que não se referem a tratamento de doenças ou recuperação da saúde física e mental. (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN), art. 111; Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto Sobre a Renda RIR/1999, art. 80; Parecer Normativo CST nº 36, de 30 de maio de 1977, itens 3 e 4; e Solução de Divergência Cosit nº 16, de 27 de setembro de 2012. Desta forma, a glosa deve ser mantida no valor parcial de R$ 1.500,00, pela falta de previsão legal. Pelo exposto, VOTO no sentido de considerar PROCEDENTE EM PARTE a impugnação, mantendo o imposto suplementar no valor parcial de R$ 617,50, mais multa de ofício e juros de mora. Ressalte se que esse valor abrange a parcela não impugnada (R$ 204,92 e acréscimos) já transferida a outro processo, restando controlado neste processo o valor de R$ 412,58, mais acréscimos. Assim, conclui a decisão de piso pela improcedência parcial da impugnação para manter parcialmente a exigência de imposto suplementar, nos termos do voto DRJ, referente à glosa do valor de parte das despesas médicas. Fl. 107DF CARF MF 4 Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, a Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A questão aqui tratada é de natureza interpretativa da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, especialmente aquele procedimento de interpretação dos casos fáticos que se apresentam no tratamento da saúde dos contribuintes, e de outro a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à idoneidade ou inidoneidade do documento comprobatório e o devido enquadramento do tratamento de saúde abrangido pelo benefício da dedução do imposto sobre a renda. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10580.724940/201633 Acórdão n.º 2001000.361 S2C0T1 Fl. 107 5 Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (sublinhei e grifei) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. No caso concreto examinamos aqui a contestação da validade de dois recibos de despesas médicas utilizados para dedução do imposto sobre a renda, sendo um de R$ 4.000,00 e outro de R$ 1.500,00, ambos com apresentação de notas fiscais com idoneidade comprovada pelo Fisco, junto à emitente, recebedora dos valores correspondentes a serviços prestados em tratamento de saúde. A primeira nota fiscal, de R$ 4.000,00, já aceita como dedutível no Acórdão da DRJ, nos termos seguintes: Fl. 109DF CARF MF 6 Quanto à nota fiscal no valor de R$ 4.000,00 (fl. 6), observase que esta se refere a visitas médicas do período de 28/02/11 a 28/03/11, concluindo ser este documento hábil à comprovação dessa despesa. A segunda nota fiscal, de R$ 1.500,00, permaneceu glosada no Acórdão da DRJ com o argumento da existência de sua vedação como despesa dedutível por constar na “coletânea de Perguntas e Respostas IRPF do exercício 2016”. A autoridade autuante usa o decidido na consulta nos termos que diz: Os valores pagos na prestação dos serviços de coleta, seleção e armazenagem de célulastronco oriundas de cordão umbilical, não se constituem em despesas médicas dedutíveis, uma vez que não se referem a tratamento de doenças ou recuperação da saúde física e mental. Ocorre que a coleta de células tronco realizada na Paciente/Contribuinte não se refere àquele procedimento objeto da consulta. Àquele procedimento diz respeito à “coleta, seleção e armazenamento de células tronco para reserva no tempo para futura utilização na própria pessoa ou de pessoas compatíveis, por ato de doação, em caso de fortuita futura necessidade. Não é a situação do presente caso que se apresenta. Neste caso a coleta das células tronco realizada na Paciente/Contribuinte é para uso nela mesma no curso do tratamento de sua doença de câncer. Esse é um procedimento chamado autólogo, que é aquele que o doador é a mesma pessoa do receptor em transplante de células de seu próprio corpo. Vejamos um texto explicativo colhido em material técnico de saúde: O transplante de medula óssea é uma variante do transplante de células estaminais de sangue periférico. Nos transplantes de células de sangue periférico, as células estaminais são mobilizadas da medula óssea para o sangue, de onde podem ser facilmente extraídas. No transplante de medula óssea, as células estaminais são extraídas da própria medula óssea, o que requer anestesia geral. O doente com linfoma nãoHodgkin pode submeterse a transplante de medula óssea autólogo ou alogênico, dependendo em grande parte da gravidade da doença, das instalações e da experiência do hospital, e da adequabilidade da sua medula óssea ou da existência de um dador compatível. O transplante de células estaminais de sangue periférico tem vindo gradualmente a substituir o transplante de medula óssea. No transplante de medula óssea autólogo e alogênico, uma semana ou duas antes de ser extraída medula óssea, procedese à colheita de 0,51 litro de sangue do próprio doente ou do dador compatível. Durante o procedimento, as células são extraídas da medula óssea do osso pélvico, sob anestesia geral, e a medula óssea é guardada até ser necessária. Após este procedimento o doente permanece, na maioria dos casos, durante uma noite no hospital. Dado que este procedimento é complexo, quer as células estaminais sejam provenientes do doente quer do dador compatível, só está indicado em doentes saudáveis com menos de 65 anos de idade. De forma a eliminar as células cancerígenas que possam ter permanecido no organismo, o doente é depois submetido a doses Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10580.724940/201633 Acórdão n.º 2001000.361 S2C0T1 Fl. 108 7 elevadas de quimioterapia, por vezes associada à radioterapia, o que destrói a medula óssea (mieloablação) e enfraquece o sistema imunitário (imunossupressão). O tratamento dura alguns dias e é administrado no hospital. Seguidamente, realizase o transplante através da injeção das células estaminais, dos próprios doentes ou de um dador, no doente, quase sempre através de uma veia central. A seguir apresentase a principal diferença entre transplante de células de sangue periférico autólogo e alogênico: Transplante Autólogo. Nesta técnica são utilizadas as próprias células tronco do paciente, que são tratadas com altas doses de radiação ou quimioterapia para garantir que não existam células cancerígenas. Transplante alogênico. É aquele que envolve a infusão de células de um doador para um paciente receptor. No Recurso Voluntário da Recorrente consta a informação de que a extração de células tronco realizadas no seu corpo destinamse a tratamento de sua própria doença, na seguinte expressão: Visualizase com clareza no processo a comprovação desta afirmação em que à fl. 100 consta o relatório médico da Dra. Liliane Alcântara de Azevedo, que encaminha Paciente/Recorrente “para realização de Transplante de Medula Óssea Autólogo, para consolidação de tratamento”. A seguir, fl. 101, consta o relatório médico emitido pela Dra. Ana Carla G. Franco, em que confirma a realização da coleta para o fim específico do transplante autólogo, confirmado pelo documento anexo de relatório de infusão, conforme fl. 102. Neste sentido, constatado que o procedimento não é para armazenagem e sim para tratamento imediato da própria Recorrente no enfrentamento de sua doença, razão não há para a glosa da despesa médica incorrida. Ressaltese que a Recorrente é portadora de moléstia grave devidamente comprovada. Logo, legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pela contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, restabelecendose a dedução da despesa médica, especialmente àquela referente a nota fiscal de R$ 1.500,00. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 111DF CARF MF 8 Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.907534/2009-18
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
NULIDADE DE DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A falta de motivação adequada, que se baseie em fatos demonstrados nos autos, implica o cerceamento do direito de defesa e, por consequência, a nulidade da decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 3002-000.171
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para anular a decisão a quo e determinar o retorno dos autos à Autoridade Julgadora para que efetue novo julgamento, nos termos do voto.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 NULIDADE DE DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A falta de motivação adequada, que se baseie em fatos demonstrados nos autos, implica o cerceamento do direito de defesa e, por consequência, a nulidade da decisão de primeira instância.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10935.907534/2009-18
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5867728
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3002-000.171
nome_arquivo_s : Decisao_10935907534200918.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LARISSA NUNES GIRARD
nome_arquivo_pdf_s : 10935907534200918_5867728.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para anular a decisão a quo e determinar o retorno dos autos à Autoridade Julgadora para que efetue novo julgamento, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
id : 7312003
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:19:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309646876672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1723; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 2 1 1 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.907534/200918 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.171 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 16 de maio de 2018 Matéria RESSARCIMENTO DE IPI Recorrente SEVENCON TECELAGEM E CONFECÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 NULIDADE DE DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A falta de motivação adequada, que se baseie em fatos demonstrados nos autos, implica o cerceamento do direito de defesa e, por consequência, a nulidade da decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para anular a decisão a quo e determinar o retorno dos autos à Autoridade Julgadora para que efetue novo julgamento, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de IPI relativo ao 3º trimestre de 2004, ao qual foi vinculada uma declaração de compensação relativa ao período de dezembro/2007 (PER fls. 40 a 77 e Dcomp fls. 78 a 81). A Delegacia da Receita Federal em Cascavel emitiu Despacho Decisório no qual reconheceu integralmente o crédito de IPI e homologou apenas parcialmente a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 75 34 /2 00 9- 18 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10935.907534/200918 Acórdão n.º 3002000.171 S3C0T2 Fl. 3 2 compensação, tendo em vista que o crédito de IPI reconhecido foi insuficiente para compensar a totalidade dos débitos informados pelo sujeito passivo. O despacho decisório foi acompanhado de demonstrativos do saldo credor ressarcível e do detalhamento da compensação (fls. 27 a 32). A recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 2 a 7), na qual alegou que tinha direito ao crédito nas saídas de produtos isentos, com alíquota zero ou imunes, bem como nas aquisições de estabelecimento comercial atacadista não contribuinte; que deveria ter sido considerado o saldo credor do período anterior; e, por fim, que não utilizou créditos sem lastro, residindo o problema no programa PER/Dcomp, que permitiu a transmissão de uma compensação vinculada a mais de um pedido de ressarcimento, fazendo o contribuinte crer que teria indicado crédito suficiente para a compensação quando, em realidade, tal procedimento não seria aceito. Requereu o reconhecimento integral do seu crédito e, a título de demonstração do seu direito, juntou um demonstrativo do saldo credor e uma tabela de controle de ressarcimentos e compensações (fls. 22 a 26). A Delegacia de Julgamento em Belém proferiu o acórdão nº 0132.515 (fls. 92 a 94), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista que o crédito pleiteado havia sido integralmente reconhecido, apenas não sendo homologada integralmente a compensação porque a interessada não computou multa e juros de mora na compensação de débitos vencidos. Em relação à glosa, entendeuse como reclamação descabida, assim como o não aproveitamento de saldo credor de período anterior, que foi utilizado em pedidos de ressarcimento do 1º e 2º trimestres de 2004. Transcrevese a ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA E JUROS DE MORA. Caberá o acréscimo de multa e juros de mora sobre os débitos extintos em atraso. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 04/02/2016, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem constante à fl.99, e protocolizou seu recurso voluntário em 07/03/2016 (fls. 102 a 107), conforme carimbo aposto à página inicial. A recorrente alega que o acórdão é desprovido de fundamento, pois a motivação da decisão de primeira instância não corresponde à realidade, já que o contribuinte não estava em mora com suas obrigações. Requer que seja reconhecido o crédito solicitado nas Per/Dcomps e que seja afastada toda e qualquer aplicação de multa e juros. Junta uma planilha que demonstraria o cumprimento a tempo das obrigações tributárias (fl. 106). É o relatório. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10935.907534/200918 Acórdão n.º 3002000.171 S3C0T2 Fl. 4 3 Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. Este processo integra um lote de 10 processos similares, todos versando sobre pedidos de ressarcimento, nos quais ocorreram alguns percalços que tornam a situação aparentemente mais confusa do que é realmente. A matéria de fundo diz respeito à existência de créditos suficientes para o ressarcimento de IPI, por vezes cumulado com pedido de compensação. O contribuinte fez um pedido inicial, que consta do processo nº 10935.907532/200929, integralmente reconhecido, mas insuficiente para quitar a totalidade dos débitos declarados. A homologação apenas parcial na primeira compensação, agravada pelo não reconhecimento do direito ao ressarcimento do IPI a partir do 4º processo deste lote, desencadeou divergência entre todas as decisões administrativas e os pedidos subsequentes. Para maior clareza, apresentamos uma tabela da correlação entre processos, pedidos de ressarcimento (PER) e declarações de compensação (Dcomp). Os dados do presente processo estão em negrito. Neste autos, temos o PER2412, cujo crédito foi reconhecido integralmente e ao qual foi vinculada a Dcomp6773, compensada parcialmente já que, como se vê na tabela acima, o seu valor é superior ao crédito do PER. Ciente de que o PER2412 era insuficiente para quitar a compensação, o contribuinte informou o PER8380 no campo “Nº do último PER/Dcomp” da Dcomp, na expectativa de que fosse considerado o crédito contido nos dois PER. Tendo sido a compensação homologada apenas até o limite reconhecido no PER2412, sem considerar o crédito do PER8380, concluiu o contribuinte que o programa não aceitava a vinculação de um segundo pedido de ressarcimento a uma compensação. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10935.907534/200918 Acórdão n.º 3002000.171 S3C0T2 Fl. 5 4 Neste ponto, fazse necessário um aparte para que se esclareça que o litígio neste lote de processos pode ser dividido em dois tipos: ressarcimento de IPI integralmente reconhecido, mas insuficiente para a homologação (processos de final 532, 534 e 536) e ressarcimento de IPI negado ou parcialmente reconhecido (processos de final 538 até 544). Não obstante a natureza distinta dos objetos de cada grupo de processos, o sujeito passivo elaborou uma única manifestação de inconformidade, baseada nas decisões em que não se reconhece o direito ao ressarcimento de IPI (segundo grupo de processos). Em vista dessa conduta, nos processos do primeiro grupo, no qual este se insere, temos alegações que não guardam relação com os fatos ou com as razões de decidir apontadas nos Despachos Decisórios. Frente a esta situação, a DRJ/Belém proferiu o Acórdão do qual se transcreve o voto em sua integralidade: 4. Conforme relatado acima, na verdade o crédito pleiteado foi integralmente reconhecido. Apenas não foi homologada a compensação em virtude de insuficiência de crédito, uma vez que a interessada deixou de acrescentar multa e juros de mora nos débitos compensados que estavam vencidos. Assim, descabe qualquer referência à glosa de créditos. 5. Com relação ao não aproveitamento de saldo credor de período anterior, a interessada informou no Per/Dcomp em análise o saldo credor de períodos anteriores já utilizados em pedidos de ressarcimento dos primeiro e segundo trimestres de 2004, sendo incabível o aproveitamento em duplicidade. 6. Conforme tabela abaixo, nas duas primeiras linhas os Per/Dcomp’s e os valores dos pedidos dos trimestres anteriores, cuja soma coincide com o saldo credor de período anterior utilizado no presente Per/Dcomp, objeto da terceira linha. [tabela excluída] Ainda que sucinto, o voto responde corretamente aos protestos indevidos de direito a crédito nas situações listadas acima, visto que o crédito de IPI foi integralmente reconhecido e não ocorreu nenhuma glosa. É um protesto sem sentido, dirigido ao segundo grupo de processos. Da mesma forma rebate acertadamente o relator a alegação relativa à desconsideração do saldo credor de período anterior ao apontar que esse saldo já havia sido utilizado, sendo incabível o seu aproveitamento em duplicidade. E para comprovar juntou uma tela do programa Per/Dcomp na qual se vê o saldo credor de cada período e o valor já utilizado (fl. 86). Prosseguindo no voto, sobre a primeira parte da sua fundamentação, na qual o relator afirma que apenas não foi homologada a compensação em virtude de insuficiência de crédito, não há reparo a ser feito. Relativamente a esse fato, claramente demonstrado por meio da documentação que instrui o Despacho Decisório, nada trouxe a recorrente aos autos que demonstrasse o contrário. A questão de fundo é simples e sobre ela não paira dúvida: apesar de Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10935.907534/200918 Acórdão n.º 3002000.171 S3C0T2 Fl. 6 5 o crédito de IPI ter sido reconhecido integralmente, não foi suficiente para quitar os débitos informados. Todavia, introduz o relator como motivo para a compensação parcial a incidência de multa e juros não considerados pelo contribuinte, mas devidos pela compensação em atraso, o que não encontra respaldo nos autos. Pelo Detalhamento da Compensação (fl. 31), parte integrante do Despacho Decisório, vêse que na Dcomp6773 foi solicitada a compensação de débitos de PIS, compensados integralmente, e de Cofins, compensados parcialmente. O Detalhamento aponta ainda que foi solicitada a compensação dentro do prazo, não cabendo nem multa nem juros. A Dcomp6773 é retificadora, mas, segundo a planilha juntada pela recorrente, a declaração original teria sido transmitida tempestivamente, o que se confirma pelo Detalhamento da Compensação. Não se sabe a que fato o relator faz referência quando menciona multa e juros, se tal afirmação decorre de informação constante em outra declaração consultada diretamente nos sistemas da Receita Federal ou se é simplesmente um lapso. O fato é que um novo elemento foi trazido para as razões de decidir, mas sem o devido esclarecimento sobre a que situação se refere ou sobre a origem de tal informação, de importância crucial na decisão, a ponto de ser o único ponto abordado na ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COMPENSAÇÃO. MULTA E JUROS DE MORA. Caberá o acréscimo de multa e juros de mora sobre os débitos extintos em atraso. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A motivação é elemento constitutivo essencial de uma decisão. E para que tenhamos uma motivação adequada, suficiente, não basta que seja declarada. Ela deve se assentar em fatos demonstrados nos autos e, a partir dessa demonstração, deve ser estabelecida uma correlação entre esses fatos, o direito aplicável e a consequência jurídica. Houvesse previsão legal de embargos de declaração às decisões de primeira instância, seria incontestavelmente o caso de sua interposição. Em não existindo, ainda que resulte desta análise a convicção de que não cabe razão à recorrente, resta a este Colegiado devolver o processo para novo julgamento, vez que o vício que se constata impede que o direito de defesa seja plenamente exercido. A limitação no direito de defesa, decorrente de decisão motivada em fato não demonstrado, implica a sua nulidade, conforme disposto no Decreto Lei nº 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: (...) Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10935.907534/200918 Acórdão n.º 3002000.171 S3C0T2 Fl. 7 6 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (grifado) Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário e anular a decisão de primeira instância, para que seja proferida nova decisão, com a adequada motivação, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 116DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.000412/2006-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-005.310
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: Relator
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11065.000412/2006-13
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5869915
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-005.310
nome_arquivo_s : Decisao_11065000412200613.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : Relator
nome_arquivo_pdf_s : 11065000412200613_5869915.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
id : 7326502
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309657362432
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1843; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 591 1 590 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11065.000412/200613 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303005.310 – 3ª Turma Sessão de 25 de julho de 2017 Matéria PIS/COFINS NÃO CUMULATIVIDADE RESSARCIMENTO Recorrente TECNOEVA TECNOLOGIA EM EVA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 04 12 /2 00 6- 13 Fl. 591DF CARF MF Processo nº 11065.000412/200613 Acórdão n.º 9303005.310 CSRFT3 Fl. 592 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência, interposto pelo contribuinte, contra o Acórdão 330100.594, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção, que traz a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 BASE DE CÁLCULO, RECEITAS DE CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DE ICMS A TERCEIROS. As receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) a terceiros integram a base de cálculo da contribuição para o PIS com incidência não cumulativa. SALDO CREDOR TRIMESTRAL. RESSARCIMENTO O saldo credor trimestral da contribuição para o PIS não cumulativa deve ser apurado levandose em conta que as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros integram a base de cálculo mensal dessa contribuição. O saldo credor apurado exclusivamente pela nãoinclusão de tais receitas na sua base de cálculo não constitui crédito financeiro passível de ressarcimento e/ ou de compensação. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. Inexiste previsão legal para a atualização do ressarcimento pela taxa Selic. Recurso Voluntário Negado. O contribuinte requer a reforma do acórdão no que tange à cessão à terceiros do crédito do ICMS, advindos da compra de insumos utilizados em mercadorias exportadas, ao argumento de que “...a recorrente alienou com deságio todos os valores referentes aos créditos de ICMS, não auferindo receita alguma, não podendo subsistir hipótese de incidência para a tributação dos referidos valores pelo PIS”. Alega, ainda, que “...tratase de titulo representantivo de parte patrimonial, mas que é anulada pelo encontro de contas. O que a empresa paga primeiramente, a titulo de 1CMS, tem o direito de creditarse posteriormente, em função de suas exportações. Se a empresa realiza cessão deste crédito, não há tributar a suposta capitalização, porque deixou de levar o suposto débito, quando o pagou.”. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. Fl. 592DF CARF MF Processo nº 11065.000412/200613 Acórdão n.º 9303005.310 CSRFT3 Fl. 593 3 Cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso especial. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, na seguinte decisão: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. Fl. 593DF CARF MF Processo nº 11065.000412/200613 Acórdão n.º 9303005.310 CSRFT3 Fl. 594 4 VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deuse em 05/12/2013. Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) Fl. 594DF CARF MF Processo nº 11065.000412/200613 Acórdão n.º 9303005.310 CSRFT3 Fl. 595 5 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 595DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000481/2008-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2004 a 31/07/2006
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AUTUAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA.
O Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD - Fundamentos Legais do Débito".
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CARTÕES DE INCENTIVO. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL.
Os pagamentos efetuados aos trabalhadores da empresa por meio de cartões de incentivo são, em verdade, remunerações sujeitas à incidência das contribuições devidas à seguridade social.
ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. RECUSA EM APRESENTAR DOCUMENTO.
O § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DA GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES.
A apresentação da GFIP com omissão de fatos geradores constitui infração passível de multa.
Numero da decisão: 2402-006.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2004 a 31/07/2006 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AUTUAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. O Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD - Fundamentos Legais do Débito". CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CARTÕES DE INCENTIVO. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. Os pagamentos efetuados aos trabalhadores da empresa por meio de cartões de incentivo são, em verdade, remunerações sujeitas à incidência das contribuições devidas à seguridade social. ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. RECUSA EM APRESENTAR DOCUMENTO. O § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DA GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES. A apresentação da GFIP com omissão de fatos geradores constitui infração passível de multa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 12268.000481/2008-67
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5865028
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2402-006.166
nome_arquivo_s : Decisao_12268000481200867.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 12268000481200867_5865028.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
id : 7295054
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309659459584
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1685; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12268.000481/200867 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.166 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de maio de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL Recorrente 3PL SOLUCOES EM COMERCIO EXTERIOR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2004 a 31/07/2006 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AUTUAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. O Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD Fundamentos Legais do Débito". CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CARTÕES DE INCENTIVO. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. Os pagamentos efetuados aos trabalhadores da empresa por meio de cartões de incentivo são, em verdade, remunerações sujeitas à incidência das contribuições devidas à seguridade social. ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. RECUSA EM APRESENTAR DOCUMENTO. O § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DA GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES. A apresentação da GFIP com omissão de fatos geradores constitui infração passível de multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 04 81 /2 00 8- 67 Fl. 122DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 12268.000481/200867 Acórdão n.º 2402006.166 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou os seguintes Autos de Infração (AI) em face do sujeito passivo: (a) AI DEBCAD 37.193.7485 PAF 12268.000480/200812, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte da empresa, inclusive a alíquota GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados; (b) AI DEBCAD 37.193.7493 PAF 12268.000479/200898, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte dos segurados empregados, incidentes sobre as suas remunerações; (c) AI DEBCAD 37.193.7507 PAF 12268.000498/200814, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades e fundos, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados; (d) AI DEBCAD 37.193.7558 PAF 12268.000481/200867, para a constituição de multa devida pelo descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa apresentado a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com a acusação, a contribuinte teria remunerado empregados mediante crédito nas contas dos cartões a eles entregues, os quais podiam ser utilizados em lojas conveniadas ou através de saques em caixas eletrônicos. Os cartões teriam sido fornecidos por meio de contrato de prestacã̧o de serviço celebrado com a Salles, Adan & Associados Marketing de Incentivos S/C Ltda. A base de cálculo das contribuições foi arbitrada, uma vez que a contribuinte, intimada, não teria apresentado o citado contrato, tendo sido utilizadas as notas fiscais e/ou faturas de serviços atinentes ao negócio firmado com aquela empresa. Os fatos geradores não foram declarados em GFIP. O sujeito passivo apresentou impugnação tempestiva, a qual foi julgada improcedente, conforme decisão assim ementada: AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES. Constitui infração punível com pena administrativa de multa, apresentar a empresa Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Fl. 124DF CARF MF 4 Intimada da decisão em 21/05/2009, através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 19/06/2009, no qual, reafirmando os fundamentos de sua impugnação, suscitou o seguinte: (a) o Auto de Infração não contém fundamentação legal; (b) o fato gerador presumido pela fiscalização não se amolda à legislação; (c) as contribuições previdenciárias não incidem sobre a prestação de serviços entre pessoas jurídicas; (d) não houve prestação de serviços; (e) o caso não admite aferição indireta; (f) a contribuinte não está obrigada a apresentar documento inexistente e nem a fazer prova negativa; (g) não houve recusa ou sonegação de documentos ou informações. Este PAF 12268.000481/200867 foi apensado aos demais por força de despacho/decisão de conexão devidamente chancelado pelo Presidente desta Seção. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 12268.000481/200867 Acórdão n.º 2402006.166 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Das razões de decidir O recurso voluntário deve ser desprovido. Ao contrário do que afirma a recorrente, o Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD – FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO". Por outro lado, a fiscalização constatou que a recorrente remunerou seus empregados através de cartões de incentivo, tendo analisado, segundo se observa no TEAF, as folhas de pagamentos e outros elementos, tais como as notas fiscais de serviços colacionadas aos autos. Essa discussão (remuneração paga por meio de cartões de incentivo ou de premiação) é recorrente neste Conselho, tendo se firmado o entendimento já pacificado, inclusive na Câmara Superior de Recursos Fiscais, pela incidência das contribuições devidas à seguridade social. Com efeito, no PAF 10803.720155/201216 se decidiu, por unanimidade, que os pagamentos efetuados por meio de cartões de premiação se constituem em remuneração tributável. Eis a ementa do decisum, no ponto em questão: [...] REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de retribuição pelo serviço, ou seja, contraprestação de serviço prestado. [...] (PAF 10803.720155/201216, Relator Ronaldo de Lima Macedo, Acórdão 2402004.781, Sessão de 09/12/2015). Fl. 126DF CARF MF 6 Para evitar tautologia, devem ser adotados como razões de decidir os seguintes fundamentos: Considerando o Relatório Fiscal (fls. 35/42) e o contrato firmado entre a empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda e a Recorrente, constatase que era fornecido cartão de premiação aos segurados empregados, destinado a programa de estímulo ao aumento de produtividade e, portanto, relacionado ao alcance de metas de desempenho, conforme registro no contrato de prestação de serviço, que tem como objeto “Prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante a utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card”, no qual foi estabelecido: [...] Assim, os referidos “colaboradores” são escolhidos e indicados pela própria empresa contratante como beneficiários dos prêmios, pela razão mais óbvia possível, são subordinados à Recorrente. É importante esclarecer que os contratos firmados entre a Recorrente e a referida empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda não têm o condão de afastar a incidência da lei, pois, pouco importa que nestes contratos esteja previsto expressamente que os prêmios não configuram salários nem remunerações. Isso está em consonância com o art. 126 do Código Tributário Nacional (CTN) – Lei 5.172/1966 –, in verbis: [...] Os valores pagos por meio de cartão de incentivo são considerados prêmios e prêmio é um salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a produção, a eficiência, dentre outros fatores de produção. Caracterizase pelo seu aspecto condicional; uma vez atingida a condição prevista por parte do trabalhador, este faz jus ao mesmo. Portanto, por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter retributivo, ou seja, contraprestação do serviço prestado e, por conseqüência, possui natureza jurídica salarial. [...] A meu ver, a habitualidade não fica caracterizada apenas pelo pagamento em tempo certo, de forma mensal, bimestral, semestral, ou anual, mas pela garantia do recebimento a cada implemento de condição por parte do trabalhador. [...] O pagamento de prêmios por cumprimento de condição leva tais valores a aderirem ao contrato de trabalho, cuja eventual supressão pode caracterizar alteração prejudicial do contrato de trabalho, o que é vedado pelo art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, que dispõe neste sentido: Por força do art. 126 retro mencionado, é desnecessária qualquer análise sobre a legalidade do contrato, bastando que se apure, como apurou a fiscalização, a existência do fato gerador das contribuições lançadas (art. 142). Fl. 127DF CARF MF Processo nº 12268.000481/200867 Acórdão n.º 2402006.166 S2C4T2 Fl. 5 7 Os argumentos acima são suficientes para rechaçar as alegações do sujeito passivo acerca (a) da existência de fato gerador presumido; (b) da incidência de contribuições sobre a prestação de serviços entre pessoas jurídicas; e (c) de que não teria havido prestação de serviços. A ação real verificada na análise dos documentos foi a de que a recorrente remunerou seus empregados através dos cartões fornecidos pela empresa contratada. Muito menos se pode acolher a afirmação, da contribuinte, sobre o livro de registro de empregados, já que a documentação analisada pela fiscalização demonstrou o pagamento indireto de salários por intermédio dos citados cartões. O que importa para o direito tributário é a realidade, e não a aparente verdade resultante dos negócios jurídicos celebrados pela recorrente. É irrelevante a nomenclatura do instrumento negocial ou mesmo a eventual fatura, importando, sim, identificar a materialidade da hipótese de incidência e sua efetiva ocorrência no mundo real. O princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal1. Lembrese que o inc. I do art. 118 do Código Tributário Nacional preleciona que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Ao tratar da nulidade ou anulabilidade, em comentário ao citado preceito legal, o prof. Hugo de Brito Machado afirma, com precisão, que "ao Direito Tributário importa a realidade. Não a forma jurídica"2. Significa dizer que basta a existência do fato, e "não se há de indagar a respeito da validade do ato ou negócio jurídico"3. Acrescentese, ainda, que à autoridade administrativa compete verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, ex vi do art. 142 do Código, o qual, a propósito, não contém qualquer disposição atinente à licitude ou ilicitude do fato que consubstancia a hipótese de incidência. Apenas a título de argumentação, também vale lembrar que o lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa quando se comprove a existência de dolo, fraude ou simulação, o que demonstra a imprescindibilidade do fato, e não de sua qualificação ou exteriorização jurídica. É sabido que o contrato tem eficácia entre as partes, de tal maneira que as suas cláusulas não são necessariamente opostas ao Fisco e a terceiros. Exemplificativamente, e com viés fortemente interpretativo, o art. 123 do Código preceitua que as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública. 1 STF, RE 346084 / PR. 2 MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao código tributário nacional, volume II. São Paulo: Atlas, 2004, p. 396. 3 MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada, p. 388. Fl. 128DF CARF MF 8 Dizse com viés interpretativo, porque tal dispositivo apenas enuncia o que o direito privado já enunciava: o contrato obriga as partes contratantes e, em regra, não pode prejudicar direito de terceiros. Ao tratar da jurisprudência administrativa deste Conselho, em tópico atinente à elisão e evasão tributárias, a prof. Maria Rita Ferragut menciona a existência de "negócios lícitos mas não oponíveis ao Fisco"4, corroborando a importância da substância do fato, em detrimento de sua forma de exteriorização. Por fim, o § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Esse dispositivo está inspirado no art. 148 do Código Tributário Nacional, segundo o qual a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará a base de cálculo do tributo sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Neste caso concreto, e conforme se vê no relatório fiscal e está devidamente documentado, o sujeito passivo foi intimado a apresentar o contrato de prestação de serviços celebrado com a empresa antes referida, mas não o apresentou, o que resultou no arbitramento de valores, tomandose por base as notas fiscais de serviços. Ademais, a recorrente nem mesmo tentou apresentar qualquer avaliação contraditória, como faculta o Código Tributário Nacional. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci 4 FERRAGUT, Maria Rita. As provas e o direito tributário: teoria e prática como instrumentos para a construção da verdade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 115. Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.001118/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007
Ementa:
RECURSO. PROVAS.
O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir.
MULTA DE OFÍCIO.
Tratando-se de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS MORATÓRIOS E SELIC.
Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007
RECURSO. PROVAS.
O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir.
MULTA DE OFÍCIO.
Tratando-se de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS MORATÓRIOS E SELIC.
Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 3201-003.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinatura digital)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
EDITADO EM: 25/06/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: 31154744825 - CPF não encontrado.
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 Ementa: RECURSO. PROVAS. O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir. MULTA DE OFÍCIO. Tratando-se de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS E SELIC. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 RECURSO. PROVAS. O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir. MULTA DE OFÍCIO. Tratando-se de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS E SELIC. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10665.001118/2009-31
anomes_publicacao_s : 201807
conteudo_id_s : 5873800
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-003.684
nome_arquivo_s : Decisao_10665001118200931.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : 31154744825 - CPF não encontrado.
nome_arquivo_pdf_s : 10665001118200931_5873800.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator. EDITADO EM: 25/06/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7348407
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:21:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309677285376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1703; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 221 1 220 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10665.001118/200931 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.684 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de maio de 2018 Matéria Pis e Cofins Recorrente LABORATÓRIO RAFAEL EUGÊNIO C. CASTILLO E CIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PERÍODO DE APURAÇÃO: 31/01/2004 A 31/12/2007 EMENTA: RECURSO. PROVAS. O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir. MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS E SELIC. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 RECURSO. PROVAS. O Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 11 18 /2 00 9- 31 Fl. 221DF CARF MF 2 MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS E SELIC. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. EDITADO EM: 25/06/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em fls. 205 em face da decisão de primeira instância proferida no âmbito da DRJ/MG de fls. 192 que manteve o lançamento consubstanciado no Auto de Infração de Pis e Cofins às fls. 5 e 27, por falta/insuficiência de recolhimento. Como é de costume desta Turma de julgamento a transcrição do relatório do Acórdão de primeira instância, segue para apreciação conforme fls. apontadas acima: "Foram lavrados contra o contribuinte acima identificado os presentes Autos de Infração, relativos à falta/insuficiência de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 25/47) e da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (fls. 03/24), correspondentes aos períodos de apuração de janeiro/2004 a dezembro/2007, nos Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10665.001118/200931 Acórdão n.º 3201003.684 S3C2T1 Fl. 222 3 montantes respectivos de R$ 232.848,72 e R$ 50.348,52, incluindo multa de oficio e juros de mora, totalizando um crédito tributário equivalente a R$ 283.197,24.. Relatório A empresa foi excluída do Simples pelo Ato Declaratório Executivo DRF/DIV n° 36, de 22/09/2004, surtindo efeitos a partir de 01/01/2002. Inconformado, 0 contribuinte, impetrou recurso administrativo de primeira instância, cuja decisão manteve a situação declarada administrativamente. Os dispositivos legais infringidos constam na Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) dos referidos Autos de Infração (fls. 10 e 33). Irresignado, tendo sido cientificado em 05/08/2009, o contribuinte apresentou, em 03/09/2009, acompanhadas dos documentos de fls. 141/149, as suas razões de discordância (fls. 109/140), a seguir resumidas. Narrando os fatos considerados pelo fisco na formalização do presente processo, argúi a necessidade de cancelamento da autuação, porquanto a questão z exclusão do SIMPLES continua pendente de solução, uma vez que interpusera o competente recurso voluntário, ainda sem resultado, contra a decisão administrativa de primeira instância. Transcrevendo doutrina a respeito do assunto, contesta 0 percentual aplicado da multa de oficio, porque exacerbado, possuindo nítido efeito confiscatório, indo de encontro à proibição contida no artigo 150, IV, da Constituição Federal de 1988, portanto inconstitucional, ferindo ainda o princípio da capacidade contributiva, nos termos do § 1” do art. 145 da Constituição Federal, pelo que requer a sua exclusão. Lembra que a Lei 9.298, de 1996. limitou as multas moratórias em 2% do montante da prestação. Prossegue em seu arrazoado, transcrevendo doutrina e jurisprudência acerca do assunto, insurgindose contra a possibilidade de aplicarse a taxa Selic, seja como índice de atualização de tributos, seja como taxa de juros, em face de sua manifesta inconstitucionalidade, pelo fato de esta possuir caráter estritamente remuneratório de capital, porquanto criada e regulamentada pelo Banco Central do Brasil, regulamentação essa sem força legal, o que contraria o principio da legalidade, contido no art. 150, l da Constituição Federal, ferindo ainda os mandamentos contidos nos ans. 9°, 97, 161, § 1“, do Código Tributário Nacional, (e o § 3° do art. 193 da Constituição Federal), que estabelece o limite de juros de 12% ao ano, pelo que requer a sua exclusão. Por fim, requer seja dado integral provimento às suas razões de defesa, cancelandose o presente lançamento. Eis o essencial. E o relatório." Este Acórdão de primeira instância da DRJ/MG de fls. foi publicado com a seguinte Ementa: Fl. 223DF CARF MF 4 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA o FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES. TRIBUTAÇÃO. A exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos c Contribuições das Microempresas e das Empresas de pequeno Porte (Simples) implica na sujeição do sujeito passivo, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. As multas de oficio e as normas reguladoras dos juros de mora são previstas em lei, sendo defeso aos órgãos administrativos O seu relevamento. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES. TRIBUTAÇÃO. A exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de pequeno Porte (Simples) implica na sujeição do sujeito passivo, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. As multas de oficio e as normas reguladoras dos juros de mora são previstas em lei, sendo defeso aos órgãos administrativos o seu relevamento. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." Em Recurso Voluntário o contribuinte reforçou as argumentações da Impugnação. Em seguida, os autos foram distribuídos e pautados nos moldes do regimento interno deste Conselho. Relatório proferido. Voto Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Relator. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10665.001118/200931 Acórdão n.º 3201003.684 S3C2T1 Fl. 223 5 Logo, por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais conforme Regimento Interno deste Conselho e presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. Inicialmente, é importante registrar que o contribuinte não contestou o mérito do lançamento em sede Recurso Voluntário, portanto, não há objeto de mérito para ser julgado. Nos moldes do Decreto 70.235/72, o Recurso deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta e os pontos de discordância, e apresentar as razões e provas que possuir. Assim, o lançamento deve ser mantido. Com relação a solicitação de inaplicabilidade da multa, está correta a decisão de primeira instância em não dar provimento para estas alegações, pelas mesmas razões: a multa possui amparo e patamar estritamente legal e não pode ser afastada por falta de previsão legal. Com relação à inconstitucionalidade de normas, aos juros de mora e taxa Selic, novamente possui razão a decisão de primeira instância, inclusive porque estas matérias são objeto de súmulas deste Conselho, transcritas a seguir: "Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Diante do exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. (assinatura digital) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 225DF CARF MF 6 Fl. 226DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11829.720017/2013-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 19/05/2008 a 09/02/2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A CONTRADIÇÃO. REJEIÇÃO.
Inexistindo obscuridade, omissão ou contradição no acórdão embargado, impõe-se a rejeição dos embargos de declaração.
Embargos Rejeitados
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 3302-005.393
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/05/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphale M. Abad, e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 19/05/2008 a 09/02/2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A CONTRADIÇÃO. REJEIÇÃO. Inexistindo obscuridade, omissão ou contradição no acórdão embargado, impõe-se a rejeição dos embargos de declaração. Embargos Rejeitados Crédito Tributário Mantido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11829.720017/2013-92
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5860435
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.393
nome_arquivo_s : Decisao_11829720017201392.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WALKER ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 11829720017201392_5860435.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. EDITADO EM: 07/05/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphale M. Abad, e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
id : 7270125
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:17:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050309695111168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1275; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11829.720017/201392 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3302005.393 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado GOLDSTAR COMÉRCIO ATACADISTA E SERVIÇOS INDUSTRIAL LTDA. EPP E OUTROS ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 19/05/2008 a 09/02/2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A CONTRADIÇÃO. REJEIÇÃO. Inexistindo obscuridade, omissão ou contradição no acórdão embargado, impõese a rejeição dos embargos de declaração. Embargos Rejeitados Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 07/05/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 82 9. 72 00 17 /2 01 3- 92 Fl. 3978DF CARF MF 2 Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphale M. Abad, e Walker Araujo. Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3302003.602 que, (i) negou provimento ao recurso de ofício; (ii) rejeitou as preliminares de nulidades; e (iii) deu parcial provimento ao recurso voluntário para excluir da cobrança os lançamentos do período de 2010 e 2011, por falta de suporte documental, bem como excluir da lide os sócios da Recorrente Paula Lopes Bueno e Denis Bonavita Bueno, nos termos da ementa abaixo sintetizada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 19/05/2008 a 09/02/2011 Ementa: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS DIRETORES, GERENTES OU REPRESENTANTES DAS PESSOAS JURÍDICAS. Na dicção do art. 135, III do CTN, o sóciogerente é responsabilizado pela prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, na condição de gerente e não pela sua condição de sócio. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO/MANDATÁRIO NÃO CABIMENTO Não restando comprovado nos autos, atos de administração/gerência/representação, praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos à época dos fatos, tornase incabível a manutenção do sócio/mandatário no polo passivo como responsáveis solidários. RO Negado e RV Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Segundo a Embargante o v. acórdão embargado é omisso e contraditório pelos seguintes motivos: a) omissão: pelo fato do Relator não ter analisado todos os elementos e documentos colacionados pela fiscalização; b) contraditório: pelo do fato do Relator manter a infração imputada à empresa, considerando que restou caracterizado sua conduta infracional, ao passo que a exonerou de responsabilidade os sócios gerentes da empresa. Em 12 de julho de 2017, foi proferido o despacho de fls. 3.9723.977 admitindo parcialmente os Embargos de Declaração para sanar o vício de contradição anteriormente citado. Fl. 3979DF CARF MF Processo nº 11829.720017/201392 Acórdão n.º 3302005.393 S3C3T2 Fl. 3 3 É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator Os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional teve o exame de admissibilidade processado regularmente, dele tomo conhecimento. Conforme noticiado anteriormente, os Embargos de Declaração foram admitidos para sanar a contradição suscitada pela Embargante. Contudo e, ao contrário do restou decidido no despacho de fls.3.9723.977, este Relator entende que inexiste contradição na decisão embargada. Senão vejamos. Para a embargante há contradição pelo fato de constar no acórdão embargado a prática ilegal perpetrada pela empresa e, ao mesmo tempo, exonerar de responsabilidade os sócios da pessoa jurídica responsáveis de forma conjunta pela administração. De fato, o relator do voto embargado manteve parcialmente o lançamento fiscal por entender restar comprovado que o negócio realizado pela empresa era infração punível com a pena de perdimento. Entretanto, no entendimento deste relator, a condenação da empresa pela prática de infração não eximi a fiscalização de fundamentar e motivar o lançamento realizado contra os sócios. Esse entendimento ficou devidamente explicitado no voto embargado: Assim, como dito, a responsabilidade desses administradores, por ter natureza de relação jurídica de garantia, pode ser declarada a qualquer tempo para que todos os instrumentos de coerção aplicáveis ao contribuinte passem também a valer em face dos responsáveis solidários, prescindindose inclusive de constar ou não do lançamento tributário. Contudo, tais circunstâncias, por si só, não possuem o condão de afastar o dever de motivação do ato administrativo, sob pena de macular o devido processo legal. Nesse desiderato, percebese que a acusação fiscal acerca da responsabilidade do sócioadministrador aqui em apreço está desprovida de sua fundamentação fática, ou seja, dos ilícitos a eles atribuídos. Dessa forma, com as devidas vênias, penso que não basta a mera reprodução do dispositivo legal (artigo 135, inciso III, do CTN) para arrolar o sócio administrador no polo passivo dessa exação; necessário seria que se houvesse discorrido acerca dos atos ilícitos pelos quais estão os sóciosadministradores Paula Lopes Bueno e Denis Bonavita Bueno sendo acusados, bem como trazer os elementos probatórios que comprovassem a prática de ílicito (não se prestando para isso meros atos gerenciais). Portanto, entendo que a acusação feita aos sóciosadministradores da empresa GOLDSTAR, ora Recorrente, não foi o bastante para responsabilizálos solidariamente por este crédito, por ausência de fundamentação fática e de elementos probantes nesse sentido, devendo nesse momento processual os mesmos serem afastados do polo passivo; o que, a meu ver, por si só, não inibe a possibilidade desta responsabilidade puder vir a ser devidamente declarada em um Fl. 3980DF CARF MF 4 outro momento processual, seja na CDA por ato do Procurador da Fazenda Nacional, seja pela autoridade judicial. Com efeito, o lançamento fiscal (vide fls.8586) fundamentou a responsabilidade das pessoas físicas nos termos abaixo, sem indicar um único ato por eles praticado, em total desrespeito ao artigo 10, do Decreto nº 70.235/72, sendo essa a justificativa utilizada pelo relator do voto embargado para afastar a responsabilidade dos sócios: Além da solidariedade entre importador e adquirente ou encomendante da mercadoria, há a solidariedade dos sócios e demais pessoas que têm estreita ligação com a empresa. O CTN, em seu art. 135, dispõe que respondem pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração de lei diversas pessoas relacionadas à sociedade empresária: CTN Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Nestes termos, por entender que a responsabilidade dos sócios não é automática em relação a empresa, depende que os fatos e fundamentos sejam devidamente apresentados pela fiscalização, inexiste a contradição suscitada pela Embargante. Diante do exposto, voto por rejeitar os Embargos de Declaração. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 3981DF CARF MF
score : 1.0
