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Numero do processo: 16349.000417/2009-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.039
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Tratase de manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório que indeferiu Pedidos de Ressarcimentos apresentados pela contribuinte e não homologou as compensações vinculadas ao crédito pleiteado. No detalhe, cuidase de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), apurados no 2º trimestre de 2008, registrados por meio da PER/DCOMP nº 07247.44493.191108.1.1.114220, no valor de R$ 10.603.961,08. Em Declarações de Compensação, os valores foram utilizados para compensar débitos próprios da contribuinte. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 49 .0 00 41 7/ 20 09 -1 8 Fl. 4548DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 3 2 O crédito objeto dos pedidos de ressarcimento tem origem no regime não cumulativo da contribuição e referese à contribuição incidente na importação de bens. Posteriormente, os bens importados foram revendidos no mercado interno em operações consideradas pela contribuinte como não sujeitas à incidência das contribuições. Isso porque a empresa adquirente seria beneficiária do RECAP (Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras). Assim, os créditos apurados na importação foram mantidos nos termos do art. 17 da Lei n° 11.033, de 2004, e não tendo sido aproveitados como desconto da contribuição devida, foram demandados em Pedido de Ressarcimento e aproveitados em declarações de compensação. Pedidos de ressarcimento de créditos de mesma natureza também foram apresentados em relação a outros trimestres e vinculados a outras declarações de compensação. Os procedimentos deram origem a processos administrativos específicos. O quadro abaixo resume os documentos PER/DCOMP apresentados pela contribuinte relacionados ao crédito da não cumulatividade: Tabela à fl. 3 do Acórdão da DRJ A fim de aferir o direito de crédito, abriuse procedimento de auditoria, que abrangeu todo o ano de 2008, período de formação do direito creditório pleiteado nos processos administrativos. As conclusões da investigação foram descritas no despacho decisório de fls. 984/1016 (a numeração referese à da versão digital dos autos). No documento, a Equipe Especial de Auditoria da DeratSP relata que, de acordo com as informações presentes na Ata da Assembléia Geral Extraordinária de 22/12/2006, a empresa interessada, Póyry Empreendimentos Industriais AS (antiga denominação de Projetos Especiais e Investimentos SA), estava sediada à Rua Alexandre Dumas, 2100, 6° e 7° andares, no município de São Paulo SP e funcionava com prazo determinado de duração com dissolução prevista até quando fosse atingido seu objeto social que, à época, constituía na construção em regime de empreitada global (turn key) de uma fábrica de celulose no município de Três LagoasMS, com início de construção no ano de 2007 e término previsto em 2009, podendo a empresa promover a importação e a venda de equipamentos, materiais e sistemas mas não executando serviços técnicos de engenharia e obras e similares. No documentos, são apresentados o histórico do quadro societário da fiscalizada, a composição da diretoria e a eventual vinculação dos diretores a outras pessoas jurídicas. Dados extraídos dos Dacon transmitidos pela empresa são postos em destaque no relato como segue: Os valores informados como créditos das contribuições ao Pis e Cofins nos Pedidos de ressarcimento/compensação (R$ 12.440.112,93 e R$57.339.472,86, respectivamente) se referem a importações de máquinas e equipamentos[...] e correspondem a uma base de cálculo de aproximadamente 754 milhões de reais. Embora o contribuinte tenha apurado e esteja pleiteando, no anocalendário de 2008, créditos de Pis e Cofins no montante de 69,78 milhões de reais referentes às Importações de máquinas e equipamentos, os Dacon apresentados nesse período, informam R$ 0,00 de Créditos Apurados no Mês (Fichas 06B e 16B na versão PGD 1.3 e linha 06 das Fichas 14 e 24 Créditos de Importação Vinculados a Receitas Não Tributadas no Mercado Interno nas versões PGD 1.3 e 2.1). Nas Fichas 07B e 17B Cálculo da Contribuição para o Pis/Pasep e Cálculo da Cofins nos Regimes Cumulativo e Não Fl. 4549DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 4 3 Cumulativo o contribuinte informou à linha 8 ter obtido Receitas Tributadas à Alíquota Zero no montante de R$ 59.651.102,62, embora isto não tenha se confirmado nas demonstrações contábeis e notas Fiscais apresentadas em meio magnético pela empresa [...]. Já a receita da venda de bens e serviços feitas no regime cumulativo foi de R$ 2.229.799.410,00 valor bem próximo ao da receita de prestação de serviços declarada na DIPJ/2009, de R$ 2.225.774.533,62. Não há valores de receitas apuradas no regime não cumulativo. Dacon/2008 Tabela à fl. 5 do Acórdão da DRJ Verificase, portanto, nos Dacons do anocalendário 2008 que 97,39% das Receitas foram apuradas no regime cumulativo do Pis/Pasep e da Cofins, com alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente. O relatório do despacho decisório destaca, na sequência, informações extraídas das DIPJ examinadas, relativas aos anos de 2007 a 2010. Também organiza em ordem cronológica dados históricos da pessoa jurídica apresentando as alterações cadastrais, a evolução do quadro societário, a composição do capital e o escopo do objeto social ao longo do tempo. Depois, a equipe de auditoria comenta os esclarecimentos prestados pela contribuinte com relação à origem dos créditos de PIS e Cofins. Intimada, sobre tais créditos, teria informado a contribuinte que: "os créditos tiveram sua origem nas Declarações de Importações, quando da importação dos bens, os quais tiveram embarques fracionados suportados por uma única DI (Declaração de Importação), com a realização dos respectivos pagamentos dos impostos. Desse modo, os créditos foram aproveitados com base no efetivo pagamento das contribuições em questão, tendo sido objeto de emissão de PER/DCOMP (Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), ocasionando assim as divergências entre as compensações realizadas e os valores apurados através do Dacon. " Por sua vez, as autoridades fiscais ponderam que: No entanto, o que se verifica é que nos Dacons não são informados créditos; as saídas (receitas) informadas no Dacon são quase que em sua totalidade feitas no regime cumulativo de apuração onde não se apura crédito; ademais, o desembaraço aduaneiro nem sempre se dá na data em que é informado na solicitação do Crédito (PER/DCOMPS), conforme se verifica no relatório DW [...] Breve apresentação do regime de empreitada global, conhecido também pelo nome de contrato de turnkey, dá continuidade ao relato fiscal. Essa modalidade de contratação responde por mais de 90% das receitas auferidas pela interessada, tendo a fiscalizada figurado como responsável por construir uma fábrica de celulose no município de Três Lagoas, no estado do Mato Grosso do Sul. Em resumo, pontua a auditoria que o regime de empreitada global (turnkey) é um tipo de operação no qual a empresa contratada fica obrigada a entregar uma obra em pleno funcionamento. Tanto o preço do serviço quanto o prazo para entrega da obra são definidos no contrato. Fl. 4550DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 5 4 Normalmente, a modalidade de contratação aplicase a obras de grande porte na esfera pública ou privada. Na forma tradicional de empreendimento, o interessado no empreendimento teria o ônus de manter um quadro próprio de profissionais responsáveis pelas contratações, pela seleção dos fornecedores de bens e serviços, a administração dos contratos, fiscalização da execução dos projetos e obras, etc., tornando necessária a contratação de técnicos especializados em atividades sem vínculo com o objeto social da empresa. No regime de contratação por empreitada global, uma empresa de consultoria de engenharia assume o gerenciamento integral da implantação do empreendimento. Atualmente, tornase mais comum o tipo de solução que tem como objeto o empreendimento por pacotes. O interessado contrata uma única organização capaz de desenvolver os projetos executivos, fornecer os materiais e equipamentos, executar as obras e montagens, por em marcha o empreendimento executado, preparar pessoal para a operação e outras possíveis tarefas que podem incluir a própria operação e manutenção da obra. Normalmente, destaca o relato, as organizações capazes de atender a esse tipo de demanda de empreitada por pacotes (EPC) são consórcios de grande porte, ou seja, um pool de empresas com patrimônio compatível com a envergadura do empreendimento. O contrato de empreitada global para a construção de uma fábrica de celulose celebrado entre a interessada Põyry Empreendimentos Industriais S/A (CNPJ n° 08.318.365/000170) e a pessoa jurídica Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda (CNPJ n° 36.785.418/000107), empresa com sede no município de Três Lagoas, estado do Mato Grosso do Sul passa a receber a atenção do documento. Informa o relatório que o acordo foi assinado em 20 de dezembro de 2006. Pelo contrato, a Chamflora Três Lagoas se compromete a pagar (e efetivamente paga) adiantadamente até 29/12/2006 à Põyry Empreendimentos Industriais o valor de R$ 2.489.700.714,28 (posteriormente houve uma majoração no preço original) pelo fornecimento de uma Fábrica de Celulose completa. O preço de fornecimento é baseado nas especificações das denominadas Process Islands, unidades fabris que correspondem, de acordo com o contrato, a cada um dos fornecimentos separados individualmente. Ao fim, a implantação e interligação de todas as Process Islands vão compor, juntas, o objeto do empreendimento, isto é, no caso, a Fábrica de Celulose. Destaca a auditoria que o fornecedor eleito pela Chamflora para o contrato de empreitada global é uma empresa, a interessada, com capital de apenas R$ 100,00. Esse o porte da pessoa jurídica que ficou responsável pela implantação da fábrica, desde as instalações civis, os pacotes de tecnologia até o comissionamento. Como condição essencial para o cumprimento das obrigações da Fornecedora, o contrato determina a contratação da pessoa jurídica Põyry Tecnologia Ltda, CNPJ n° 50.648.468/0001 65, empresa pertencente ao Grupo Põyry multinacional de origem finlandesa. Anota o relatório que a empresa em foco tem presença em mais de cinquenta países, atuante em diversas áreas, dentre as quais a prestação de serviços de consultoria e engenharia em obras de grande porte. Mencionada empresa é contratada como prestadora de serviços EPC (os serviços de engenharia, compra e gerenciamento de construção) durante o prazo de execução do contrato. Fl. 4551DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 6 5 Com base nas Demonstrações do Resultado do Exercício extraídas do Livro Diário de 2008, verificou a auditoria que 99,93% das receitas da empresa referemse a receitas de prestação de serviços, e apenas 0,07% referemse a receitas de revenda de mercadorias. Do montante do Custo dos Produtos e Serviços vendidos (Custo de Empreitada Global) de R$ 2.145.656.846,49, R$ 974 milhões (aproximadamente 45,4% do total) referemse a Serviços Prestados por Pessoas Jurídicas, e R$ 971 milhões (aproximadamente 45,2%), à Aquisição de Equipamentos e Peças. Mais à frente no relato, a auditoria colhe alguns dados informativos sobre a pessoa jurídica Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda/VCPMS Celulose Sul Matogrossense Ltda (atual FibriaMS Celulose Sul Matogrossense Ltda) e depois assinala o que segue: Os dirigentes da Chamflora Três Lagoas (atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda), são todos ligados à Aracruz Celulose, que por sua vez fundiuse com a VCP Votorantin Celulose e Papel para formação da Fibria, conforme é visto em pesquisa da internet [...] A Chamflora Três Lagoas, que posteriormente alterou a denominação para VCPMS Celulose Sul Mato Grossense Ltda (e atualmente denominase FibriaMS Celulose Sul Matogrossense Ltda) era habilitada no Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP), previsto nos artigos 12 a 16 da Lei n° 11.196 de 21/11/2005 e na Instrução Normativa n° 605, de 4 de janeiro de 2006. A Habilitação deuse através do Ato Declaratório Executivo n° 0038, de 04/12/2006. A empresa estava, portanto, autorizada a adquirir bens de capital novos, com suspensão da incidência do Pis/Pasep e da Cofins, desde que estes bens estivessem classificados nos códigos da Tabela TIPI constantes do anexo do Decreto n° 5.789, de 25/05/2006, com redação dada pelo Decreto n ° 6.581, de 26/09/2008. Em tópico que agrupa a análise da auditoria acerca da resposta dada pela contribuinte a intimação fiscal, assinala o relatório que: o contribuinte informou que havia subcontratado com mais de 1.200 empresas, que tinha dificuldades no atendimento integral da intimação, e que apresentava aproximadamente 10% (dez por cento) dos contratos realizados, tendo por parâmetro os de valores mais relevantes. [...] Numa análise breve [...] verificase que os contratos tratam do fornecimento de unidades fabris (Cooking/Cozimento, Caldeira de Força, Caldeira de Recuperação, Linha de Fibras, etc) que englobam inclusive os equipamentos/maquinários importados, a exemplo dos contratos feitos entre a Põyry Empreendimentos Industriais e a Andritz Brasil/Andritz Oy (empresa finlandesa, e que consta como exportadora em diversas Declarações de Importação [...], ou a Metso Power. Verificouse também que os contratos encontramse assinados não só por representantes da Põyry Empreendimentos Industriais S/A, como também pelos representantes da VCP MS Celulose Sul Matogrossense Ltda (Francisco Fernandes Campos Valério e José Guilherme F. de Oliveira Gomes). Na sequência, o relato reproduz os dados das Declarações de Importação apresentadas, referentes ao segundo trimestre de 2008: Descrição detalhada n° 1 (D1 08/06967077) Equipamentos para o sistema da formadora para máquina desaguadora de celulose composto de: depuradoras Andritz Modu Screen A72 DM, depuradores Andritz Modu Screen A43 DM, depuradores Andritz Modu ScreenA22 DM, Depuradores Andritz Modu Screen Al 2 DM, caixa de entrada com Fl. 4552DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 7 6 controle de diluição, formadora modelo Twin Wire Former (seções de tela superior e inferior). Sistema central de lubrificação a graxa, Unidades de filtração Micrascreen, Agitadores, Turbomix TMX 1600, Agitadores Salomix SL BL160 75D com SL Dilco, Caixa sopradora de vapor, redutores, injetor de vapor, separadores, plataformas e escadas, Agitadores modelo FSU3D, painéis elétricos e válvulas. Descrição detalhada N° 2 (D1 08/07362519) Vaso digestor de cavacos com produtos químicos, composto de peneiras, tubo central, chapas do costado e calota do fundo, para o cozimento dos cavacos através do licor de cozimento, temperatura e tempo de retenção digestor composto por: digestor chapa 31 de 10,66 + cone 30/Digestor chapa 31 de 10,66 + partes internas (2t)/Digestor chapa 29 de 10,5/Digestor chapa 28 de 10,5/Digestor chapa 28 de 10,5/Digestor chapa 27 de 10,5/Partes do digestor/Digestor calota do fundo/Digestor chapa 26,5 de 10,5 + partes internas (3t)/Digestor chapa 26,5 de 10,5 + partes internas (3t)/Digestor chapa 25 de 10,5 + partes internas (3t)/Digestor cone 25 de 10,5 + Cone 22 D 9,9/Digestor chapa 23 de 9,9 + 25/Digestor cone 19 de 7,36 4,6/digestor Anéis de reforço/digestor tubo central e Bocais/Digestor cilindro 4,6/Bico de injeção de digestor/digestor peneiras CD1/Digestor peneiras CD1/Digestor peneiras CD1/Digestor peneiras CD1/Digestor peneiras CD1/digestor peneiras CD2/digestor peneiras CD2/digestor peneiras CD3/digestor peneiras CD2/digestor peneiras CD2/digestor peneiras CD3. Descrição detalhada N° 3 (D.I. 08/09368263 e 08/09368085) Aparelhos auxiliares para a caldeira de força, sendo a 1ª e a 2ª partes do piso Hibex nr. 62. A análise das Declarações de Importação em conjunto com o exame do contrato de empreitada global levou a auditoria a assinalar o que segue: Como se vê, as empresas exportadoras das máquinas e equipamentos, que serviram como base de apuração dos créditos de Pis e Cofins (incidentes na importação), são as mesmas empresas subcontratadas (Subfornecedores) dos pacotes EPC, responsáveis pelo fornecimento das ilhas de processamento que posteriormente foram vendidas pela Pöyry/Projetos Especiais na forma de prestação de serviços à Chamflora/VCPMS Celulose Sul Matogrossense. Dos arquivos apresentados, elaboramos [...] a planilha Notas Fiscais Segregadas e Consolidadas por CFOP. Nela se verifica a emissão de grande número de notas fiscais para a VCP MS Celulose Sul Matogrossense, no código 5949 (outra saída de mercadoria ou prestação de serviço não especificado). Esse código não se refere a vendas, para efeito de incidência do Pis/Pasep e Cofins. Algumas dessas notas fiscais foram apresentadas em resposta ao item II4 do Termo de Constatação e Intimação Fiscal. Na análise dessas notas, verificase que se trata de saída de mercadorias e equipamentos (com incidência de ICMS). A descrição dos produtos encontrase feita de forma resumida, porém nela identificamos as etapas de fornecimento (unidades de fabricação) anteriormente discriminadas: Materiais e Equipamentos Linha Fibras, Forno de Cal, Transportadores Pátio de Madeira, Material de Secagem, Tambor Descascador, Sistema de Tratamento de Água da Caldeira, Subestações Unitárias CCM, Elevador da Cremalheira, etc. Os dados dos arquivos das notas fiscais de saídas correspondentes às vendas (prestação de serviços) feitas à VCPMS Celulose Sul Matogrossense (Empreitada Global MT e Empreitada Global SV) foram apresentados sem a informação do código do CFOP e do código NCM. Os valores estão consolidados por trimestre, e resultam no montante de R$ 2.223.338.973,21 no ano de 2008. Fl. 4553DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 8 7 Os relatórios de validação dos arquivos fiscais (SVA) encontramse anexados [...]. Foi também apresentada a nota fiscal n° 011362, emitida em 25/09/2008, no código 5102 (venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros), para a VCPMS Celulose Sul Matogrossense, no valor de R$ 1.520.782,03. Nela não consta qualquer informação de que a venda está sendo efetuada com a suspensão da exigência do Pis/Pasep e da Cofins, conforme previsto no parágrafo 7º do artigo 14 da Lei n° 11.196/2005. [...]No item "F", o contribuinte alegou que seu objeto social é: (i) a realização de obras em regime de empreitada global, para a construção de unidades fabris, podendo promover a importação e posterior venda de equipamentos, materiais e sistemas, não executando serviços técnicos de engenharia, supervisão de engenharia e obras similares, e (ii) a participação em outras sociedades, seja exercendo o controle ou participando em caráter permanente com investimento em seu capital." Disse ainda que a construção em regime de empreitada global se sujeita à incidência das contribuições ao Pis/Pasep e da Cofins no regime cumulativo, conforme disposto no inciso XX do artigo 10 da Lei 10.833/03, cuja vigência foi prorrogada até 31/12/2010, pela Lei 11.945/2009. O contribuinte alegou ainda que a revenda de equipamentos se sujeitava ao regime não cumulativo, pois não estava expressamente descrita nas exclusões do artigo 10 da Lei 10.833/2003, que o adquirente encontravase habilitado no RECAP, e que, desta forma, todas as saídas foram beneficiadas com a suspensão das contribuições ao Pis e à Cofins. Desse modo, ele se creditou das contribuições, porém não gerou o respectivo débito na saída (em função da habilitação do adquirente no RECAP). Documentação complementar apresentada Em 27/09/2010, após reiteradas solicitações desta Auditoria, a empresa apresentou cópia do Anexo 1 e de parte dos Anexos 2 a 18 traduzidos para o idioma nacional. Foi também apresentada cópia do Mandado de Segurança n° 2008.61.00.001735 8, Decisão, Apelação e Certidão de Objeto e Pé de 23 de setembro de 2010, referente a pedido de exclusão da base de cálculo do Pis e da Cofins dos valores repassados pela impetrante aos subempreiteiros de construção civil subcontratados para execução de parte do Contrato de Construção da Fábrica de Celulose, bem como para que lhe seja assegurado o direito à restituição ou compensação do indébito tributário decorrente do recolhimento indevido das contribuições ao Pis e à Cofins sobre os ingressos que não acarretam impacto patrimonial referentes aos aludidos valores repassados. A liminar foi indeferida e, na sentença, foi julgado improcedente o pedido e denegada a segurança requerida. A Apelação foi recebida apenas em seu efeito devolutivo. Em 30/09/2010, a empresa apresentou descrição dos produtos componentes da nota fiscal n° 11362, de 25/09/2008, planilhas com o cálculo do Pis não cumulativo em 2008 e 2009 e cópia da DIPJ/2010. Com base nas informações colhidas, a autoridade fiscal conclui: Põyry Empreendimentos Industriais S/A, atual Projetos Especiais e Investimentos S/A, foi constituída em setembro de 2006, com prazo indeterminado de duração, e com um capital de apenas R$ 100,00. Inicialmente seu objeto social era a participação em outras sociedades, com investimento relevante em seu capital social (o que seria impossível com um capital de apenas R$ 100,00). Posteriormente foram incluídas as atividades de compra e venda de equipamentos, materiais e sistemas, consultoria e prestação de serviços de empreendimentos industriais, projetos e gestão industrial. Fl. 4554DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 9 8 Em dezembro de 2006, a empresa passou a ter prazo determinado de duração (devendo ser dissolvida de pleno direito quando atingido seu objeto social), e como finalidade específica, a construção em regime de empreitada global (entregar o empreendimento totalmente acabado e em plena condição de funcionamento) de uma fábrica de celulose considerada atualmente a maior fabrica de celulose do mundo de mais de 2,5 bilhões de reais, com previsão de término em 2009. Em todo esse período não foi realizado nenhum aporte de capital na empresa, ou seja, seu capital social continuou sendo de apenas R$ 100,00 108. Para alcance de seu objeto social, a empresa realizou importações de mais de 750 milhões de reais em máquinas e equipamentos, contratou segundo suas próprias informações com mais de mil e duzentas empresas e efetuou pagamentos com retenção de imposto de renda na fonte a vinte e duas pessoas físicas e duzentos e dezenove pessoas jurídicas no montante de mais de 492 milhões de reais (só em 2008). Só à Põyry Tecnologia Ltda, foram feitos pagamentos de R$ 154.100.089,42. Os recursos foram fornecidos pela própria encomendante da obra a Chamflora Três Lagoas/VCPMS Celulose Sul Matogrossense Ltda. Os diretores da empresa à época de sua constituição eram Roberto Figueiredo Mello, e Ricardo Campos Caiuby Arani, ambos advogados, e que logo deram lugar a Maris Ansis Tamsons, Carlos Alberto Farinha e Silva, e Cláudio César Bertran, todos ligados ao grupo Póyry. Terminado o empreendimento, os diretores vinculados à Projetos Especiais e Investimentos S/A deram lugar a outros vinculados à Aracruz Celulose (atual Fibria), ou à VCP (também pertencente ao grupo Fibria), e a empresa passou a pertencer à Fibria O contrato de construção da fábrica é composto de uma parte geral e mais dezoito anexos (que não foram apresentados em sua totalidade), nos quais estão inseridos os pontos mais importantes deste. A Projetos Especiais e Investimentos S/A, realizou as importações de máquinas e equipamentos, formalizou os contratos com os subfornecedores para fornecimento dos pacotes EPC que juntos formam a fábrica de celulose e entregou a fábrica à encomendante na forma de prestação de serviço. Seu quadro de funcionários fixos é de apenas dez empregados, sendo duas assistentes de secretaria, um assistente de contratos, um analista de importação sênior, uma auxiliar de limpeza, um diretor financeiro (ligado ao grupo Póyry), um gerente e um consultor de projetos, um auxiliar de serviços gerais, e um consultor financeiro. Obviamente este quadro de funcionários não seria suficiente para dar suporte a um empreendimento de tamanha monta. Verificase que, embora a função da Projetos Especiais e Investimentos S/A (FORNECEDORA) tenha sido a de contratar os SUBFORNECEDORES para, de acordo com as Especificações Técnicas estabelecidas no Anexo 1 do contrato, obter e fornecer as chamadas "PROCESS ISLANDS" e os PACOTES EPC", as interconexões necessárias e os sistemas auxiliares, e outros sistemas, materiais e serviços e, desta forma, entregar a FÁBRICA DE CELULOSE à PROPRIETÁRIA (Chamflora/VCPMS Celulose), e embora tenha contratado, segundo suas próprias palavras, mais de 1.200 (um mil e duzentos) fornecedores, ela não dispunha em seu quadro de funcionários, de sequer um advogado para elaboração/análise e acompanhamento desses contratos. Fl. 4555DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 10 9 No contrato consta que a Fornecedora Projetos Especiais e Investimentos S/A estava condicionada a contratar a Póyry Tecnologia Ltda para prestação dos serviços de engenharia, compras e gerenciamento da construção, definição das especificações técnicas dos materiais e serviços prestados pelos subfornecedores, acompanhamento da obra no seu todo, o que na prática, significa que a responsabilidade pela entrega da obra era desta última empresa. A empresa que efetivamente gerenciou a obra, realizando os serviços EPCM, e a efetiva entrega da fábrica de celulose, foi a Póyry Tecnologia Ltda CNPJ 50.648.468/000165, empresa pertencente ao grupo Póyry com vasto histórico na realização de obras/projetos de grande envergadura. Esta empresa tinha como responsável legal o Sr. Maris Ansis Tamsons, o mesmo responsável legal pela Póyry Empreendimentos Industriais S/A. A Chamflora/VCPMS Celulose Sul Matogrossense Ltda encontravase habilitada no regime especial de aquisição de bens de capital para empresas exportadoras RECAP, obtida por meio do Ato Declaratório n° 38 de 4 de dezembro de 2006, que lhe dava o direito de adquirir máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos com suspensão das contribuições para o Pis/Pasep e Cofins. O preceito está contido no inciso I do artigo 14 da Lei n° 11.196/2005. A suspensão convertese em alíquota zero depois de cumprido o compromisso de exportação (parágrafo 8° do artigo 14 da Lei n° 11.196/2005, e artigo 10 do Decreto n ° 5.649/2005). máquinas/equipamentos. Ela prestou serviços que foram entregues em pacotes/unidades de processamento ou fabricação e o conjunto desses pacotes constituía a fábrica de celulose, constante do contrato feito com a Chamflora/VCP MS Celulose Sul Matogrossense Ltda. Os créditos de Pis/Pasep e Cofins que a Projetos Especiais pleiteia, se referem a recolhimentos dessas contribuições feitos por ela na importação de máquinas e equipamentos cujos principais exportadores foram a Andritz Oy Fiberline Division, e a Metso Power AB. Essas mesmas empresas são fornecedoras de pacotes (EPC) referentes a unidades de fabricação (caldeira de recuperação completa, linha de fibras, secagem, etc.) que irão compor a fábrica de celulose, conforme se depreende da leitura dos contratos dos subfornecedores e dos demais documentos apresentados. A lei que instituiu o Recap, não prevê a suspensão do Pis e da Cofins nas aquisições de serviços (pacotes), nos quais as máquinas/equipamentos relacionados no Decreto estejam incluídos, sendo condição essencial para que a venda seja feita com suspensão das contribuições, que constem nas notas fiscais de venda a expressão "Venda efetuada com suspensão da exigência da Contribuição para o Pis/Pasep e da Cofins", com especificação do dispositivo legal correspondente, conforme consta no parágrafo 7° do artigo 14 da Lei n° 11.196/2005. Estas disposições legais não foram atendidas. As revendas de mercadorias da Projetos Especiais (Revenda Mercadorias MI código conta 41101100) foram feitas em número de duas e ambas realizadas em 25/09/2008. O valor total dessas vendas foi de R$ 1.588.767,19. Na nota fiscal n° 011362, no valor de R$ 1.520.782,03, não consta a informação de que a venda estava sendo efetuada com suspensão da exigência do Pis/Pasep e da Cofins, ou seja, não foi obedecido o preceito legal constante do parágrafo 7° do artigo 14° da Lei n° 11.196/2005. Portanto, aqui também a disposição legal não foi atendida. Nos arquivos contábeis e de notas fiscais apresentados, as vendas de mercadorias, correspondem a menos de 1% do total de vendas, o restante (99,93%), corresponde a venda de serviços. Ou seja, a Projetos Especiais não realizou vendas de produtos (máquinas/equipamentos) com suspensão do Pis/Pasep e da Cofins ao contrário do que foi informado no Dacon , que pudessem gerar os créditos pleiteados. Fl. 4556DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 11 10 O contribuinte adquiriu serviços e produtos, e apurou receitas de prestação de serviço de R$ 2,22 bilhões de reais que correspondem a mais de 99% (noventa e nove por cento) do valor total das receitas auferidas. Na prestação dos serviços subcontratados, estão incluídas diversas atividades: planejamento, projetos, compras de máquinas, equipamentos e peças nos mercados interno e externo, construções civis, montagens, vistorias, acompanhamentos, treinamentos, etc. Na tributação das contribuições (Pis/Pasep e Cofins) referentes à receita de prestação de serviço, o contribuinte utilizouse de disposição contida no inciso XX do artigo n° 10 da Lei n° 10.833/2003 (redação dada pela Lei n° 10.865/2004, e alterada pela Lei n° 11.434/2006), e considerou toda essa receita sujeita ao regime cumulativo de apuração. Embora o fornecimento da fábrica englobasse uma série muito grande de atividades, conforme já visto anteriormente, o contribuinte considerou toda ela como sendo uma obra de construção civil, (inciso XX do artigo 10 da Lei 10.833/2003 c/c inciso V do artigo 15 da mesma lei, com redação dada pelas leis 10.865/2004 e 11.051/2004), e apurou as contribuições ao Pis/Pasep e à Cofins pelo regime cumulativo (alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente). De acordo com as disposições contidas nos parágrafos 7° e 8° do artigo 3° da Lei n° 10.637/2002, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa do Pis/Pasep e da Cofins em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado exclusivamente em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas No caso em análise, 99,93% (noventa e nove inteiros e noventa e três centésimos porcento), das receitas foram apuradas no regime cumulativo. Com relação aos restantes 0,07% (sete centésimos porcento) decorrentes da saída no regime não cumulativo, as vendas não obedeceram ao disposto no parágrafo 7odo artigo 14 da Lein° 11.196/2005. No contrato da fábrica de celulose, a Projetos Especiais e Investimentos S/A se obrigou a entregar a fábrica em plenas condições de funcionamento (regime de empreitada global). O regime de empreitada global envolve a realização de uma série de atividades/processos, tais como a realização de estudos preliminares de viabilidade, projetos básicos, projetos executivos, aquisição de materiais e equipamentos, execução de obras e montagens, acompanhamento, treinamento de equipes de operação e manutenção, etc, que a Projetos Especiais não teria condições de realizar (em condições normais, o empreendimento seria realizado por um consórcio de empresas, ou uma sociedade de propósito específico constituída por sócios e/ou interessados no empreendimento, com capital financeiro que desse suporte ao empreendimento). No contrato de fornecimento da fábrica a Projetos Especiais foi autorizada a realizar contratos com "subfornecedores" para entrega das ilhas de processamento (Pacotes EPC), que se tratavam de verdadeiras unidades fabris, cujos (sub)fornecedores eram muitas vezes os próprios exportadores dos equipamentos. As receitas auferidas pela Projetos Especiais no fornecimento da fábrica de celulose foram praticamente em sua totalidade obtidas na forma de prestação de serviços, nos quais se encontram incluídas as máquinas e equipamentos importados pela Põyry Empreendimentos/Projetos Especiais e Investimentos S/A. Na realidade, a Projetos Especiais e Investimentos S/A é uma empresa com capital de apenas R$ 100,00, criada a partir de combinação entre a VCPMS Celulose Sul Matogrossense Ltda e dirigentes do grupo Põyry, que se apropriou irregularmente de créditos do Pis/Pasep e Cofins a que não tem direito, ao arrepio de variadas disposições legais. Fl. 4557DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 12 11 Em suas operações, a Projetos Especiais e Investimentos S/A realizou compras, importações, fechamentos de contratos, etc, em valores muito superiores ao que seu capital, estrutura física e de pessoal permitiriam, para entrega de uma fábrica de celulose no valor de mais de R$ 2,5 bilhões de reais, a qual é considerada a maior fábrica de celulose do mundo. Nessas operações, ainda que dispusesse de um capital muito pequeno, gerou, em 2008, débitos de Pis e Cofins de R$ 81,38 milhões. Esses débitos, assim como outras obrigações tributárias assumidas (substituição tributária) como recolhimentos de IRRF, ou de Contribuições Sociais Retidas na Fonte decorrentes de pagamentos a P. Jurídicas de Direito Privado, foram compensados com os créditos irregularmente apurados de Pis e Cofins, nas Importações de máquinas/equipamentos, bem como com créditos decorrentes de recolhimentos (a maior) de IRPJ e Saldos Negativos de IRPJ de períodos anteriores, sendo que a empresa apurou prejuízo em quase todos os períodos. Não há, portanto que se falar em ressarcimento/compensação créditos do Pis/Pasep e Cofins no quarto trimestre de 2008, visto que não se encontram presentes os requisitos previstos em lei para o seu atendimento. Em contrapartida a VCPMS Celulose Sul Matogrossense, atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda, CNPJ: 36.785.418/000107, adquiriu equipamentos e máquinas com benefício INDEVIDO da suspensão das contribuições ao Pis e à Cofins, conforme declaração prestada no item "F" da resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal. Ao fim, o despacho decisório atribui responsabilidade solidária pelo cumprimento dos débitos indevidamente compensados: Da Imputação de responsabilidade à VCPMS Celulose Sul Matogrossense, atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda, CNPJ: 36.785.418/000107 e às demais empresas São solidariamente obrigadas com base no artigo n° 124 da Lei n° 5.172/66 (CTN) as empresas VCPMS Celulose Sul Matogrossense, atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda, CNPJ: 36.785.418/000107, e Fibria Celulose S/A, CNPJ: 60.643.228/000121, em razão de todo o exposto, dos documentos e pesquisas anexadas a este processo, que deixam à mostra a montagem de operação entre as empresas, com o objetivo de reduzir o recolhimento de tributos, e de deixar a responsabilidade pelo recolhimento dos débitos gerados pelas operações realizadas à empresa sem patrimônio para responder por tais débitos. E também obrigado pelo cumprimento da obrigação principal decorrente dos fatos acima relatados com base nos artigos n° 134 e 135 da Lei n° 5.172/66 (CTN) , Maris Ansis Tamsons, CPF: 348.398.52715. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE PESSOA JURÍDICA PROJETOS ESPECIAIS Cientificada do teor do despacho decisório em 05/05/2011, em 06/06/2011 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 1.402/1.441, contestando a decisão que indeferiu o pedido de ressarcimento e não homologou as compensações vinculadas com base no que segue. Abrem a defesa alguns esclarecimentos sobre as operações que originaram os pleiteados créditos do regime da não cumulatividade apurados sobre as importações. Diz a interessada: Fl. 4558DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 13 12 Em 20.12.2006, a Requerente celebrou contrato com a Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda., depois denominada VCPMS Celulose Sul MatoGrossense Ltda. ("VCPMS"), por meio do qual a Requerente se comprometeu a construir uma Fábrica de Celulose no Município de Três Lagoas (MS), mediante empreitada global. Para construção da referida Fábrica, a VCPMS se comprometeu a antecipar à Requerente o valor de R$ 2.489.700.714,28 (dois bilhões, quatrocentos e oitenta e nove, setecentos mil e setecentos e catorze reais e vinte e oito centavos), de modo que a mesma pudesse fortalecer sua posição de negociação junto aos Subfornecedores, tal como explicitado no referido contrato. Este valor foi depositado em uma conta bancária para que gerasse rendimentos financeiros, os quais, por sua vez, haveriam de ser também revertidos para a construção da fábrica. Tendo em vista que, durante a construção, se constatou que a Fábrica de Celulose deveria ter uma capacidade maior de produção do que a prevista inicialmente, a VCP MS e a Requerente optaram, em 30.11.2007, por aumentar o preço de fornecimento para R$ 2.924.752.388,94 (dois bilhões e novecentos e vinte e quatro milhões e setecentos e cinqüenta e dois mil e trezentos e oitenta e oito reais e noventa e quatro centavos), conforme o Terceiro Aditivo de Fornecimento de Fábrica de Celulose [...] Por fim, as partes acordaram em majorar novamente o preço de fornecimento para R$ 3.750.000.000,00 (três bilhões e setecentos e cinqüenta milhões de reais), segundo dispõe o Quarto Aditivo ao Contrato de Fornecimento datado de 31.10.2008 [...] cuja diferença de R$ 825.247.611,0 constituiria um "Preço Adicional" a ser fornecido na medida em que a Requerente apresentasse as faturas correspondentes aos custos incorridos. O início da construção do empreendimento em Três LagoasMS se deu em Setembro de 2006, tendo sido finalizado em Novembro de 2009. Para a construção da Fábrica de Celulose, a Requerente, no decorrer do anocalendário de 2008, realizou diversas importações de máquinas destinadas a revenda no mercado interno à VCPMS. Por sua vez, quando das referidas importações, a Requerente efetuou o recolhimento dos respectivos tributos devidos [...] Ato contínuo, como previsto em contrato, depois de realizadas as referidas importações, as mercadorias foram revendidas à VCPMS, pessoa jurídica beneficiária do Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras ("RECAP"), conforme atesta o Ato Declaratório Executivo n° 0038/2006 [...] A manifestação inclui figura que esquematiza as operações da contribuinte: Fl. 4559DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 14 13 Tendo em vista a complexidade de todo o processo de instalação da fábrica, a Requerente abrirá adiante capítulo exclusivo para detalhar o modo como ocorreram as importações e posteriores revendas das mercadorias, para, então, evidenciar a legitimidade dos créditos [... ] DAS IMPORTAÇÕES E SUBSEQÜENTES REVENDAS DAS MERCADORIAS NO MERCADO INTERNO Conforme exposto, a Requerente realizou diversas importações durante o anocalendário de 2008, para posterior revenda à VCPMS. Em razão do tamanho e da complexidade das máquinas importadas, o desembarque era feito de forma fracionada. Estes fracionamentos se mostravam necessários ante a impossibilidade de os bens importados serem transportados em um único veículo, motivo pelo qual eram desembaraçados em diversas etapas, restando terminado o processo de importação apenas quando do desembaraço do último componente do bem. Assim, as importações de diversas mercadorias foram suportadas por Declarações de Importação Únicas ("DlÚnica"), de acordo com o artigo 61, da Instrução Normativa n° 680/2006, [...] Não de outro modo, tendo em vista que o processo de importação terminava apenas quando do desembaraço do último componente do bem, somente nesse momento é que se tornava possível a emissão da nota fiscal de entrada do equipamento importado. Depois de realizadas as importações, as mercadorias eram então desembaraçadas nos portos brasileiros e seguiam mediante Regime Especial de Trânsito Aduaneiro ("DTA") até a Fábrica de Celulose em Três LagoasMS. Conforme dispõe o artigo 267 do Decreto n° 4.542/2002 (Regulamento Aduaneiro aplicável à época), as mercadorias eram transportadas com a suspensão dos tributos. Já no local da construção da Fábrica de Celulose, os equipamentos importados eram então vistoriados por um Fiscal da Receita Federal do Brasil e abertos, um a um, para descarregamento das partes dos equipamentos na fábrica. Em seqüência, era realizado o processo de montagem de todas as partes para se constituir em um equipamento final em condições de ser revendido. Como já se percebe, havia um lapso temporal significativo (cerca de um ano) entre o desembaraço dos bens importados de forma fracionada e a conclusão da montagem dos equipamentos. Por conta disso, todas as notas fiscais de revenda só puderam ser emitidas em 2009, quando da conclusão da montagem dos equipamentos. Feitas essas considerações, a Requerente procura demonstrar a legitimidade dos créditos. Inicialmente, identificase como contribuinte sujeita ao recolhimento das contribuições ao PIS e COFINS, parte no regime cumulativo, parte no sistema nãocumulativo: Isto porque, conforme dispõe o artigo 10, inciso XX, da Lei n° 10.833/03, todas as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, deverão permanecer sujeitas ao regime cumulativo. Nesse sentido, todas as receitas auferidas pela Requerente decorrentes de prestação de serviço de empreitada foram submetidas ao regime cumulativo de PIS e COFINS, como atestam as Declarações de Apuração das Contribuições Sociais ("DACON") [...] Fl. 4560DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 15 14 A própria Autoridade Fiscal, no Despacho Decisório, reconheceu esta circunstância. Entretanto, parece ter passado despercebido à Fiscalização o fato de que a Requerente não possui apenas receitas decorrentes de prestação de serviço; diversamente, aufere também receitas de revenda no mercado interno de mercadorias importadas como já exposto no tópico anterior , estas sim sujeitas ao regime da nãocumulatividade do PIS/COFINS, conforme dispõe o artigo 15, da Lei n ° 10.865/2004, in verbis: "Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para 0 PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2° e 3° das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1° desta Lei, nas seguintes hipóteses: 1 bens adquiridos para revenda; (...) § 1° O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplicase em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei. (...)" (grifouse) E, como se depreende da leitura do dispositivo legal acima reproduzido, as pessoas jurídicas que importam bens para posterior revenda podem se creditar do valor devidamente pago a título de COFINSImportação na importação das mercadorias a serem revendidas. E é exatamente esta a situação em análise nestes autos. Os créditos pleiteados pela Requerente são oriundos do pagamento de COFINSImportação quando das importações de máquinas realizadas durante o anocalendário de 2008, a serem posteriormente revendidas à VCPMS. Ocorre que, sendo a VCPMS pessoa jurídica beneficiária do RECAP, a exigência dos valores de PIS e de COFINS estava suspensa quando da saída das mercadorias para revenda, por força do artigo 14, I, da Lei n° 11.196/05. Dessa forma, a Requerente ficou impossibilitada de aproveitar os créditos oriundos do recolhimento de COFINS Importação gerados a partir das importações dos bens revendidos. Vejase o que dispõe o dispositivo: "Art. 14. No caso de venda ou de importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, fica suspensa a exigência: I da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta da venda no mercado interno, quando os referidos bens forem adquiridos por pessoa jurídica beneficiária do Recap para incorporação ao seu ativo imobilizado; (...)" (grifouse) Assim, diante da impossibilidade de a Requerente compensar os valores efetivamente pagos a título de COFINSImportação com os tributos devidos quando da revenda das mercadorias uma vez que, por força do dispositivo legal acima reproduzido, os mesmos encontravamse suspensos , a Requerente acumulou os créditos de COFINSImportação que deram origem às PER/DCOMPs em questão. A este propósito, confiramse os dados da seguinte tabela, que demonstram os valores que foram pagos pela Requerente a título de COFINSImportação, relativos ao 4° trimestre de 2008, quando das importações das mercadorias para posterior revenda: Fl. 4561DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 16 15 [seguese tabela de fl. 1.0411/1.412] Portanto, conforme comprovam as Declarações de Importação, a Requerente efetuou o recolhimento de COFINSImportação devido quando das importações realizadas para posterior revenda. Outrossim, conforme exposto acima, todas as mercadorias foram efetivamente revendidas à VCPMS, sendo certo, portanto, o seu direito ao crédito de COFINSImportação atinente ao 4° trimestre de 2008. Continuando, contrapõese a empresa às alegações expostas pela Administração Fiscal, primeiramente no que diz respeito à ausência de indicação dos créditos em foco no DACON: [...] tais créditos não puderam ser escriturados em DACON, pelos simples motivo de que, como visto, as importações foram suportadas por DI's Únicas, haja vista que a importação dos bens se deu por meio de desembarques fracionados. Como é de orientação da própria Receita Federal do Brasil, como se pode extrair de seu sítio na internet, a DACON deve ser preenchida mensalmente, sendo que a gravação final somente será processada caso todos os meses estejam preenchidos, in verbis: "O programa Dacon Semestral permite o preenchimento de forma mensal, porém a gravação só é feita após todos os meses necessários dentro de um semestre estarem preenchidos e sem erros. A consolidação semestral agrupa todos os demonstrativos cujas características permitam montar apenas um documento a ser transmitido à RFB. A retificação, caso seja necessária, deverá ser feita nos demonstrativos mensais, porém a transmissão englobará todos que compõem o semestre, mesmo daqueles meses em que não houve alteração, não sendo admitida a transmissão de forma isolada (mensal). Com o advento do programa Dacon Mensal Semestral, o preenchimento, a gravação e a transmissão dos Demonstrativos com periodicidade semestral ocorrem de forma isolada em relação a cada um dos meses que compõem o semestre, sendo, conseqüentemente, emitidos recibos distintos para cada mês. " (grifouse) Por conta disso, a Requerente, diante de um sistema da Receita Federal que se mostrava incapaz de refletir as DI únicas, se viu operacionalmente impedida de declarar os créditos de COFINSImportação, uma vez que as importações se davam por desembarque fracionado, sendo que, somente quando do desembaraço do último componente, é que se mostrava possível a emissão da respectiva nota fiscal e finalização da Declaração de Importação. Contudo, como é evidente, a impossibilidade prática de inclusão dos créditos oriundos das importações com desembarque fracionado em DACON não pode ser invocada pelo Fisco como óbice ao reconhecimento dos créditos de COFINSImportação a que faz jus a Requerente. [...] Ademais, fazse imperativo aplicar ao caso concreto o Princípio da Verdade Material, que é um dos alicerces formadores do processo administrativo fiscal e que impede os julgadores de omitiremse de investigar ou mesmo aprofundar o exame da realidade dos fatos. [...] Fl. 4562DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 17 16 Sob este prisma, resta claro que, sob as luzes do princípio da verdade material e tendo em vista as peculiaridades do presente caso, a ausência de escrituração dos créditos de COFINSImportação em DACON não deve e não pode ser considerado óbice ao aproveitamento do crédito a que tem direito a Requerente, por força de expressa previsão legal. [...] Diante do exposto, é de se concluir que os créditos de COFINSImportação, mesmo que não tenham sido escriturados em DACON por força de uma fragilidade dos sistemas informatizados da Receita Federal, não podem ser recusados se forem assegurados tal como são pela legislação de regência. O crédito existe de fato e não pode ser ignorado pelas Autoridades Administrativas. Em relação ao auferimento das receitas pela revenda dos equipamentos importados, esclarece a interessada que todas as receitas, tanto de prestação de serviços quanto de revenda de mercadorias internas foram recebidas antecipadamente quando do pagamento da VCPMS para a execução do Contrato de Fábrica de Celulose. E prossegue: Ou seja, sendo previamente acordado que a Requerente importaria mercadorias para posterior revenda, a VCPMS antecipou, no final do anocalendário de 2006, o pagamento no valor total de R$ 2.544.475.523,34 [...] Além disso, mesmo durante a construção da fábrica, na medida em que os recursos financeiros eram necessários, a VCPMS realizava aportes financeiros em favor da Requerente sempre limitados o Preço de Fornecimento, no valor de R$ 3.750.000.000,00 [...] Em resumo, é de se afirmar que, no ano de 2 008, a Requerente já havia recebido da VCPMS o valor de R$ 3.020.464.383,34 (incluindo os rendimentos financeiros) [...] Em contrapartida, na medida em que a Requerente incorria nos custos de importação dos bens, creditavase do passivo na conta 22901115 "Obras a Entregar" como "Aporte VCP" [...]. Assim, o efetivo pagamento pela VCPMS, no que tange às compras dos bens importados pela Requerente, se deu ao longo dos anos de 2006, 2007 e 2008. Em suma, temse o seguinte cenário: no final do anocalendário de 2008, após a realização de todas as importações, a Requerente era detentora de um caixa de R$ 3.020.464.383,34, sendo que: (i) R$ 656.034.392,72 referiamse às receitas de revenda das mercadorias eequipamentos importados; e (ii) R$ 2.225.774.533,62 referiamse receitas de prestação de serviços(empreitada global). As receitas de prestação de serviço, como bem apontado no Despacho Decisório atacado, foram refletidas no Balanço Patrimonial encerrado em 31.12.2008 [...]; as receitas de revenda dos bens importados, por sua vez, foram devidamente demonstradas no Balanço Patrimonial encerrado em 31.12.2009 [...], ao passo que as revendas físicas efetivamente só se deram em 2009 [...]. Em novo item, o documento de defesa afirma que os bens importados teriam sido efetivamente revendidos à VCPMS o que lhe gerou uma receita de revenda no mercado interno no importe de R$ 656.034.392,72 combatendo a tese fiscal de que todas as receitas auferidas seriam decorrentes de prestação de serviços de empreitada global, atividade sujeita ao regime cumulativo das Fl. 4563DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 18 17 contribuições sociais e, dessa forma, não geradoras de créditos no regime da não cumulatividade. Diz a requerente: [...] todas as notas fiscais de revenda dos bens importados, cujas saídas estavam beneficiadas pela suspensão de PIS/COFINS por conta do RECAP, somente puderam ser emitidas pela Requerente no anocalendário de 2009, em razão do longo tempo necessário para montagem dos bens cuja importação e desembaraço se dera de forma fracionada. Por isso, a revenda "efetiva" das mercadorias somente se aperfeiçoou em 2009, quando finalizado o processo de desembaraço, remessa das partes e montagem das máquinas já na Fábrica de Celulose. Só então as notas fiscais de revenda puderam ser emitidas. Dada essa peculiaridade da operação em análise, e exclusivamente por conta disto, a Autoridade Fiscal terminou por entender, erradamente, que os bens importados não teriam sido revendidos, o que a levou a concluir que a Requerente não teria direito ao aproveitamento dos créditos de COFINSImportação. No entanto, frente às explicações e comprovações que tomam lugar nestes autos, não há como se sustentar o equivocado entendimento fiscal. Mesmo porque, conforme se pode depreender da DIPJ/2010 [...] e do Balanço Patrimonial encerrado em 31.12.2009 [...], as revendas dos equipamentos importados, diferentemente do quanto alegado no Despacho Decisório vergastado, propiciaram à Requerente uma receita de R$ 656.034.392,72. [...] Para comprovar documentalmente a efetiva revenda dos bens importados, a Requerente traz aos autos a seguinte tabela demonstrativa, contemplando as DIs, as Notas Fiscais de Entrada e de Saída e o Livro Registro de Saída, de forma a demonstrar (i) as importações dos equipamentos e o destaque do CofinsImportação (DI's e Notas Fiscais de Entrada) e (ii) a posterior revenda das mercadorias (Notas Fiscais de Saída e Livro Registro de Saída) Da análise da tabela acima reproduzida concluise com facilidade que, diversamente do quanto sustentado pela Autoridade Fiscal, a Requerente efetivamente revendeu as mercadorias importadas à VCPMS e, portanto, faz jus à apropriação do crédito de CofinsImportação relativo ao 4° trimestre de 2008. [seguese tabela com DI e notas de entrada e saída ] [...] E de se destacar, também, que o próprio Fiscal confirmou que as revendas dos equipamentos importados efetivamente ocorreram: "Em contrapartida a VCPMS Celulose Sul Matrogrossense, atual Fibria MS Celulose Sul Matrogrossense Ltda, CNPJ 36.785.418/00010.7, adquiriu equipamentos e máquinas com benefício INDEVIDO da suspensão das contribuições ao Pis e à Cofins, conforme declaração prestada no item "F" da resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal." [...] Ou seja, ao sugerir que a VCPMS teria se beneficiado indevidamente do RECAP (o que também não procede), a Autoridade Fiscal terminou por reconhecer e confirmar a efetividade da compra dos bens que haviam sido importados pela Requerente. Tal Fl. 4564DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 19 18 contradição só vem enfraquecer ainda mais a falaciosa acusação fiscal e, pois, confirmar toda a tese defendida pela Requerente. Portanto, o crédito de COFINSImportação pleiteado pela Requerente deve ser integralmente reconhecido. Havendo considerado comprovados tanto o recolhimento da contribuição incidente sobre a importação dos bens, assim como a efetiva revenda dos bens, discorre a contribuinte sobre a legitimidade do crédito pleiteado em ressarcimento e aproveitado nas compensações: Como já esclarecido nos tópicos anteriores, a Requerente, de fato, se viu impossibilitada de utilizar os créditos de COFINSImportação quando da revenda das mercadorias importadas à VCPMS, uma vez que a compradora era pessoa jurídica beneficiária do RECAP e, portanto, a exigência do PIS e da COFINS incidente sobre as respectivas receitas encontravase suspensa. Diante disso, para aproveitar os créditos a que fazia jus, a Requerente utilizouos em diversos procedimentos de compensação. E assim o fez autorizada, inclusive, pela Instrução Normativa n ° 600/2005 (aplicável à época), que assim dispunha no artigo 21: "Art. 21. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados na dedução de débitos das respectivas contribuições, poderão sêlo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições de que trata esta Instrução Normativa, se decorrentes de: (...) II custos, despesas e encargos vinculados às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência; ou (...) § 4° O disposto no inciso II aplicase aos créditos da Contribuição para 0 PlS/Pasep Importação e à CofinsImportação apurados na forma do art. 15 da Lei n ° 10.865, de 30 de abril de 2004. (...) § 6° A compensação dos créditos de que tratam os incisos II e III e o § 4 o somente poderá ser efetuada após o encerramento do trimestrecalendário. (...)" (grifouse) E a base legal da autorização regulamentar recai sobre o artigo 17, da Lei n ° 11.033/2004: "Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações." Por fim, apenas para que não restem dúvidas acerca da possibilidade de compensação dos créditos de COFINSImportação em hipóteses como a destes autos, invocase o artigo 16 da Lein° 11.116/05: "Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3° das Leis nos 10.63 7, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: Fl. 4565DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 20 19 1 compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou (...)" (grifouse) [...] Desta feita, reconhecido o direito creditório da Requerente e a possibilidade de o mesmo ser utilizado para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, impõese a homologação de todas as compensações. A distância temporal entre as importações e a apropriação do crédito, por conta da forma fracionada da internação dos bens, é próximo tema da manifestação. Alega a contribuinte que o pagamento da CofinsImportação quando do desembaraço das mercadorias importadas para posterior revenda por si só, já seria fato constitutivo do direito de tomada do crédito. Reforça que das Declarações de Importação constam a informação de que os equipamentos foram importados com o propósito de revenda. Assim, pondera: [...] é necessário reconhecer a correção do procedimento adotado pela Requerente quando da apropriação dos créditos de CofinsImportação e sua utilização para compensação com débitos de outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Mesmo porque não se pode perder de vista que os valores que viriam a fazer frente à compra das mercadorias no mercado interno já haviam sido creditados pela VCPMS em favor da Requerente nos anos de 2007 e 2008, quando dos aportes dos pagamentos antecipados. Somente a revenda "efetiva" ocorreu em 2009. Afinal, também não se pode esquecer que, ao tratar de PIS e COFINS, se fica diante de contribuições que incidem sobre a "receita" do contribuinte; considerandose que as receitas de revenda estão estritamente ligadas às importações dos equipamentos, de todo desnecessário que a revenda se dê no mesmo período. [...] Portanto, a revenda "física" não tem, no caso em análise, a relevância que pretendeu lhe imprimir a i. Autoridade Fiscal, pois se mostra plenamente suficiente à apropriação e compensação dos créditos que concorram os requisitos legalmente exigidos: pagamento do CofinsImportação quando das importações e posterior revenda dos bens importados no mercado interno. Nada além disso. Assim, tendo em vista que, in casu, a Requerente efetivamente efetuou a revenda das mercadorias importadas no mercado nacional, não há motivo para que seja glosado o crédito decorrente do pagamento de CofinsImportação. Como dito, a finalidade da norma (revenda física das mercadorias importadas) foi cumprida. Ainda que não se considere a argumentação sobre a correção do procedimento, entendendose que à contribuinte não cabiam os créditos calculados sobre as importações antes da emissão das notas fiscais de venda, agrega que o fato apenas consistiria na antecipação da utilização dos créditos a que faria jus em 2009, efeito similar ao da postergação do pagamento de IRPJ, situação bastante conhecida pela jurisprudência administrativa. Abrindo nova frente, a defesa vê fragilidade nas acusações fiscais quanto à afirmação de que a contribuinte não teria operações próprias, havendo elaborado a montagem de Fl. 4566DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 21 20 operações com a contratante da empreitada com o objetivo de reduzir o recolhimento de tributos, e de deixar a responsabilidade pelo recolhimento dos débitos gerados pelas operações realizadas à empresa sem patrimônio para responder. Assinala a requerente que: A atuação da Requerente em todas as etapas do processo se deu, integralmente, com observância aos preceitos societários, civis e fiscais, não caracterizando nenhum ato ilícito. Já de início, é preciso lembrar que o regime de empreitada global é muito comum nas construções de engenharia de grande porte, sendo regido pelos artigos 610 e seguintes do Código Civil de 2002. [...] Assim, os contratos de construção por regime de empreitada global são de livre iniciativa privada, resultantes da vontade das partes. In casu, vêse que a Requerente, logo que celebrou o Contrato de Fornecimento de Fábrica de Celulose em 20.12.2006 com a VCPMS, alterou seu objeto social para "construção, em regime de empreitada global, de uma fábrica de celulose a ser instalada no município de Três Lagoas, Estado do Mato Grosso do Sul, com início de construção no ano de 2007 e término previsto em 2009, podendo promover a importação e posterior venda de equipamentos, materiais e sistemas, não executando serviços técnicos de engenharia, supervisão de engenharia de obras e similares." Isto porque, ante a magnitude do projeto encomendado pela VCPMS, a Requerente passou a dedicarse exclusivamente à Construção da Fábrica de Celulose, de modo a oferecer um tratamento diferenciado, específico e exclusivo à VCPMS. E foi exatamente por esse motivo que a VCPMS optou por contratar a Requerente. Tal conclusão é facilmente extraída do próprio Contrato de Fornecimento de Fábrica de Celulose: "CONSIDERANDO QUE a FORNECEDORA está preparada para fornecer a FÁBRICA DE CELULOSE à PROPRIETÁRIA, nos termos e condições deste CONTRATO" [...]. Sendo assim, verificase que a contratação da Requerente, bem como a construção da Fábrica de Celulose por regime de empreitada, não infringiu qualquer dispositivo legal. Além disso, é de se destacar que a Autoridade Fiscal, a despeito do longo Despacho Decisório que lavrou, não foi capaz de citar um único dispositivo legal que teria sido infringido pela Requerente. Ademais, as seguintes questões levaram a Autoridade Administrativa a concluir que, "na realidade, a Projetos Especiais e Investimentos S/A é uma empresa com capital de apenas R$ 100,00, criada a partir de combinação entre a VCPMS Celulose Sul Matogrossense Ltda e dirigentes do grupo Põyry, que se apropriou irregularmente de créditos de Pis/Pasep e Cofins a que não tem direito, no arrepio de variadas disposições legais" [...]. Focandose na conclusão transcrita, o texto da manifestação de inconformidade passa combatêla pontualmente, conforme segue: (i) Capital Social de R$ 100,00 [...] Fl. 4567DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 22 21 No que tange a essa alegação, a Autoridade Fiscal parece ter abstraído o fato de que a VCPMS, como previamente contratado, adiantou o valor de aproximadamente R$ 3.000.000.000/00 (três bilhões de reais) à Requerente para a construção da Fábrica de Celulose. Portanto, o montante do capital social é, evidentemente, absolutamente irrelevante, pois a antecipação do pagamento tornou desnecessário que os acionistas da Requerente fizessem quaisquer aportes de capital. Portanto, revelase totalmente desarrazoada a afirmação da Autoridade Fiscal, talvez decorrente de uma pouca sensibilidade em relação às atividades empresariais, em especial as mais complexas. (ii) Estrutura e de pessoal insuficiente [...] Segundo a Autoridade Fiscal, a Requerente, por possuir um quadro de funcionários fixos de apenas dez empregados, não estaria apta a construir a Fábrica de Celulose. Uma vez mais, a Autoridade Fiscal parece não ter atentado para o fato de que a contratação para a construção da Fábrica de Celulose foi feita por regime de empreitada global, isto é, a Requerente foi contratada, exatamente, para subcontratar e administrar outros fornecedores de serviço e/ou de materiais (pacotes). E foi exatamente isto o que ocorreu. A Requerente, como bem reconheceu o Fiscal, contratou mais de 1.200 subfornecedores para a efetivação da construção da Fábrica de Celulose. Portanto, o seu quadro próprio de funcionários se mostra igualmente irrelevante para o presente caso. (iii) A Põyry Tecnologia Ltda. seria quem efetivamentegerenciou a obra [...] No que tange a essa alegação, temse que a Autoridade Fiscal desconsiderou totalmente o Contrato de Fornecimento de Fábrica de Celulose que previu a contratação da Põyry Tecnologia Ltda. como prestadora de serviços de EPCM (Process Islands). Como já dito em tópico específico, a contratação por regime de empreitada global é regida pelo Direito Privado, sendo de livre iniciativa privada os termos da contratação. Este fato não pode ser levado em consideração a ponto de descaracterizar todas as operações de construção por regime de empreitada global realizadas. Em se tratando de regime de empreitada global, não há norma alguma que disponha sobre a impossibilidade de contratação de empresa para prestação de serviços de EPC. Ademais, o fato de ambas as empresas possuírem o mesmo representante legal, em nada altera esta conclusão, pois não há nada no Contrato, nem na legislação, que impeça que os representantes legais das partes sejam os mesmos. Portanto, essas alegações da Autoridade Fiscal não têm fundamento legal algum que as sustentem. E mais: não se nega a evidente relação existente entre a Requerente e o Grupo Finlandês Põyry (inclusive porque a Põyry Projects Ltd Oy era sua acionista minoritária), mas este fato deve ser compreendido sob a ótica de que as atividades de empreitada global (subcontratação de pacotes) e serviços técnicos de engenharia, essencialmente distintos, seriam desempenhados por diferentes empresas, inclusive para não haver confusão entre o Preço de Fornecimento da Fábrica e a contraprestação devida à Põyry Tecnologia Ltda. pela prestação de serviço técnico de engenharia (serviço este, inclusive, subcontratado pela Requerente, tal como ajustado em contrato). (iv) Todos os diretores da Requerente eram ligados ao grupo Põyry [...] A Autoridade Fiscal lança uma acusação totalmente genérica e ainda de cunho extremamente subjetivo, sem, contudo, lograr apontar qualquer irregularidade a eles atinente. Não há no mundo jurídico a proibição de troca de diretores após a contratação, por empreitada global, para a construção de empreendimentos. Portanto, não deve prosperar essa alegação da Autoridade Fiscal. Fl. 4568DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 23 22 Ademais, como visto, a Põyry Projects Ltd Oy era inclusive acionista minoritária da Requerente durante as obras da Fábrica de Celulose, sendo absolutamente natural que houvesse em seu grupo de direção pessoas ligadas ao Grupo Põyry. (v) Após o empreendimento, a Requerente passou a pertencer à Fibria Celulose S/A [...] De fato, quando da entrega da Fábrica de Celulose (momento a partir do qual a Requerente perderia seu objeto e, a priori, seria extinta), a Fibria Celulose S.A. interessouse por adquirir a Empresa. Isso porque, a Requerente pleiteia judicialmente a exclusão, da base de cálculo do PIS/COFINS, dos valores recebidos e repassados aos subempreiteiros de construção civil contratados para execução da construção da Fábrica de Celulose e, especialmente, a compensação dos créditos decorrentes dos pagamentos realizados de forma indevida a este título. Dessa forma, absolutamente natural o interesse então manifestado pela Fibria de ter a Empresa sob seu controle ante a expectativa real de ver esses créditos reconhecidos em favor da Requerente quando do trânsito em julgado da decisão judicial favorável, não podendo ser invocada tal operação, por obra de pura criatividade, como indício de qualquer irregularidade. Não há como se confundir, para fim nenhum, os dois momentos inteiramente distintos: o primeiro, quando a Construção da Fábrica estava ainda em curso e a Requerente estava sob o controle do Grupo Põyry (período em relação ao qual se instaura o presente litígio); o segundo, já depois de encerrada a execução da obra, quando a Requerente foi adquirida pela Fibria Celulose S.A. por conta da expectativa de direito creditório detido pela Empresa (ação judicial). Portanto, que não se confundam esses diferentes momentos, absolutamente estanques e independentes. A aquisição da Requerente pela Fibria Celulose S.A. é posterior e absolutamente estranha ao objeto deste processo, sendo verdadeiramente alheia às operações que deram origem aos créditos de CofinsImportação discutidos nestes autos, executadas ainda sob o controle do Grupo Põyry. Em verdade, da análise do Despacho Decisório o que se percebe é que, não obstante seja incapaz de apontar um único dispositivo legal violado, a Autoridade Fiscal esforçase, sem sucesso, para imprimir um contexto de ilicitude às operações perfeitamente lícitas e com efetivo substrato econômico Assim, conclui, não pode a autoridade fiscal desconsiderar os atos praticados pela empresa: [...] não há provas quaisquer de que a Requerente não promovia importações, revendia mercadorias e executava serviços de empreitada global (mediante subcontratação de fornecedores) , de modo que as acusações fiscais se revelam obra de mera e inaceitável arbitrariedade por parte da Autoridade Fiscal. Como último tema, a defesa contesta a imputação de responsabilidade fiscal solidárias às pessoas jurídicas VCPMS, atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda., Fibria Celulose S.A e à pessoa física de Maris Ansis Tamsons. Fl. 4569DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 24 23 Abre a discussão afirmando que não há previsão legal para atribuição de responsabilidade por solidariedade em relação à utilização indevida de créditos, que é o objeto da presente demanda: A solidariedade se aplica à constituição do crédito tributário, não à cobrança do débito decorrente da não homologação de compensação, por absoluta ausência de amparo legal. Destarte, inexistindo previsão legal para responsabilização por solidariedade decorrente da glosa de créditos utilizados em compensação, não há como se admitir a aplicação do instituto no caso destes autos, sob pena de violação frontal ao disposto no artigo 128 do Código Tributário Nacional. Adicionalmente, não haveria, na situação dos autos, o interesse comum das na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal com relação às pessoas jurídicas arroladas como responsáveis solidárias, nos termos do dispositivo invocado, o art. 124 do CTN. Pontua a interessada: [...] vêse que a Autoridade Fiscal pretendeu incluir aquelas empresas como solidariamente obrigadas por ostentarem suposto interesse comum na situação constitutiva da obrigação. Ou seja, desconsiderou toda a operação realizada pela Requerente, bem como a sua personalidade jurídica, concluindo que a VCPMS e a Fibria Celulose S/A teriam interesse comum no fato gerador. Em primeiro lugar, tenhase que, tanto a VCPMS quanto a Fibria Celulose S/A, não tinham e nem poderiam ter interesse comum na ocorrência do fato gerador, porquanto os débitos compensados pela Requerente (e, é bom lembrar, a solidariedade se dá em relação ao débito, não em relação ao crédito) com os créditos de CofinsImportação eram débitos tributários de diversas naturezas, decorrentes das operações próprias da Requerente ou seja, sem que tenham propiciado, por ausência absoluta de vinculação, qualquer redução de carga tributária para as Empresas indicadas como responsáveis solidárias. Não há quaisquer provas e sequer indícios plausíveis de que haveria confusão entre as Empresas ou prática conjunta de quaisquer operações ou atividades. Diversamente, o que se verifica nos autos e no próprio Despacho atacado é que as Empresas eram absolutamente distintas e independentes entre si, com capitais próprios e objetos sociais específicos. Em segundo lugar, como é ainda mais evidente, o interesse comum na situação de que decorre a obrigação tributária, numa operação em que as partes não têm vinculação societária como se dá in casu , não pode ser sequer cogitado no que se refere aos tributos diretos, como o são o PIS e a COFINS, que não têm qualquer repercussão econômica sobre o comprador. E, vindo reforçar essa constatação, tenhase ainda que a solidariedade tornase verdadeiramente inconcebível se considerada a hipótese aventada erradamente pelo Fiscal de que a Requerente não teria revendido as mercadorias importadas à VCPMS (este, que não se esqueça, foi o motivo da glosa dos créditos de CofinsImportação), pois, se assim fosse, a Requerente nem sequer poderia ter revendido as máquinas com a suspensão indevida do PIS/COFINS e, consequentemente, não teria como propiciar nenhum ganho tributário para o encomendante da Fábrica de Celulose (VCPMS). Ou seja, as alegações fiscais a este respeito se mostram uma vez mais contraditórias. [...] Fl. 4570DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 25 24 Ora se diz que as máquinas não foram revendidas pela Requerente à VCPMS, ora que as máquinas foram revendidas com uso indevido do benefício de suspensão do PIS e da COFINS (RECAP). Evidentemente, as alegações não podem coexistir, pois são nitidamente excludentes entre si, o que só reforça a patente fragilidade de que padece o procedimento acusatório fiscal, que pretende se valer de alegações tendenciosas e desconexas para criar uma realidade inexistente, sem se preocupar em manter uma mesma linha de raciocínio e valoração dos fatos para amparar suas ilações. Ademais, para colocar uma pá de cal sobre a questão, ressaltese que a VCPMS era pessoa jurídica beneficiária do RECAP (e este fato é absolutamente incontroverso, não tendo sido objeto de questionamento em qualquer passagem do Despacho Decisório), de forma que, em qualquer hipótese, mesmo se a VCPMS tivesse importado as mercadorias por conta própria ou mesmo comprado de outro importador, as compras estariam de todo modo beneficiadas pela suspensão do COFINSImportação e da COFINS Importação, conforme dispõe o artigo 14, II, da Lein° 11.196/05. Os autos foram encaminhados para julgamento e ato contínuo retornaram à unidade a preparadora para que as pessoas física e jurídicas arroladas como solidariamente responsáveis pela satisfação do crédito tributário tomassem ciência do despacho decisório e da responsabilidade que lhes fora atribuída e para que, se assim o quisessem, apresentassem suas razões de defesa. Notificadas em 18/04/2014 as pessoas jurídicas Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda. e Fibria Celulose SA apresentaram, em conjunto, em 20/03/2014, manifestação de inconformidade de fls. 3.219/3.256, contestando a alocação das empresas no polo passivo da obrigação tributária como responsáveis solidárias. De forma geral, a linha de argumentação desenvolvida pelas citadas pessoas jurídicas coincide com aquela apresentada pela empresa interessada, Projetos Especiais e Investimentos SA, já anteriormente exposta, tanto no que se refere à legitimidade dos créditos objeto dos pedidos de ressarcimento, como em relação à inexistência de base jurídica ou elementos de fato que levem à responsabilização de terceiros pela satisfação do débito. A manifestação reitera que não há previsão legal para atribuição de responsabilidade por solidariedade em relação à utilização indevida de créditos, objeto a que se resume a presente demanda. Também ressalta a inaplicabilidade do art. 124, por ausência da necessária condição legal do interesse comum na situação que constitua a obrigação tributária. No mais, as pessoas jurídicas implicadas procuram destacar a legalidade das operações que deram origem ao direito de crédito em tela, renovando os esclarecimentos prestados pela pessoa jurídica Projetos Especiais e Investimentos SA. Por sua vez, Maris Ansis Tamsons, presidente da então Põyry Empreendimentos Industriais SA no período de 05/12/2006 a 15/12/2009, cientificado em 18/02/2014 da responsabilidade que lhe foi imputada no despacho decisório, apresentou defesa em 20/03/2014 (fls. 3.027/3050), alegando o que segue. A seu ver, no despacho decisório que o responsabiliza, a autoridade tributária apresenta fatos estranhos à análise da compensação, assentados em premissas sem embasamento técnico e teórico sobre o assunto, visando não homologar as PER/DCOMPs transmitidas pela empresa Projetos Especiais. E avança: Verificase que a autoridade tributária, na análise manual das compensações, não atentou à complexa operação de importação, montagem e venda das mercadorias, Fl. 4571DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 26 25 efetuada pela Projetos Especiais, situação esta que a levou a adotar posição simplista e cômoda para rejeitar os legítimos créditos da Projetos Especiais. Especificamente, observase que a fiscalização somente analisou as aquisições (importações ocorridas em 2008), sem se atentar que tais importações se referiam a partes e componentes de complexas máquinas que necessitavam ter seu desembaraço completo e posterior montagem para que pudessem ser finalmente vendidas (em 2009) à VCP. As importações realizadas ao longo do ano de 2008 somente deram origem aos equipamentos, em condições de (re)venda durante o ano de 2009, quando já havia se completa o desembaraço de todos os componentes e as máquinas puderam ser finalmente montadas. Assim, as aquisições efetuadas ao longo do ano de 2008 foram revendidas no ano de 2009 à VCP, motivo pelo qual a Projetos Especiais teve no ano de 2009, receitas de revenda sujeitas à apuração do PIS e da COFINS na sistemática não cumulativa, ao contrário do que alega, de forma simplista, o despacho decisório. Mas a fiscalização e a autoridade tributária somente se limitaram a analisar as aquisições em 2008, desconsiderando as operações de revenda dos equipamentos ocorridas em 2009, as quais se submetiam ao regime não cumulativo do PIS/COFINS. A existência de receitas de revenda de bens sujeitas à apuração não cumulativa do PIS e da COFINS é evidenciada por meio da DIPJ 2010, referente ao anocalendário 2009 (Doc. 04), mas totalmente desconsiderada pela fiscalização e pelo despacho decisório ora combatido. Observese na linha 04 da Ficha 6A , a receita de R$ 655.993.690,81 relativa à revenda de mercadoria no mercado interno no ano de 2009, correspondendo exatamente ao valor auferido na venda dos equipamentos à VCP. Isso vai de encontro ao que alega a fiscalização, de que a Projetos Especiais não auferira receita sob o regime não cumulativo. De igual forma, a existência do crédito é evidenciada por meio de parecer de especialistas, elaborado pela Ernst & Young (Doc. 05). O mesmo parece atesta, baseado em análise de toda documentação da Projetos Especiais, que os adiantamentos recebidos por esta foram utilizados também para a aquisição de equipamentos para revenda. Tal parecer é embasado em documentos que já foram apresentados neste processo [...] Tais evidências tornam inconteste o direito à apropriação do crédito relativo às importações de equipamentos posteriormente revendidos pela Projetos Especiais. Por se tratar de operação complexa, com desembaraço {racionado dos componentes que fazem parte das máquinas, o mínimo que se deveria ter feito, para compreensão da operação, era a análise multi anocalendário das aquisições e revendas. A limitação da análise apenas ao ano de 2008 falseia a verdade dos fatos e resulta em limitação ao legítimo direito à compensação pleiteado pela Projetos Especiais. Apesar de afirmar que a Projetos Especiais não auferiu receitas de revenda de mercadoria sujeita â não cumulatividade a própria autoridade tributária se contradiz e afirma que a Chamflora adquiriu mercadorias se valendo, de forma supostamente indevida, dos benefícios do RECAP. [...] Basta breve análise global da operação para que a afirmação da autoridade tributária de que a companhia em questão somente teria receitas de prestação de serviço, sujeitas ao PIS e à COFINS cumulativas, caia por terra. Fl. 4572DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 27 26 Caso a autoridade tributária tivesse analisado a operação da Projetos Especiais em seu conjunto, vale dizer, anos 2008 e 2009, teria conseguido verificar a existência de receita de revenda de mercadorias no ano de 2009, o que certamente legitima a apropriação de crédito de PIS e COFINS pagos na importação de tais bens posteriormente revendidos. A análise integral da operação da Projetos Especiais invalida O ÚNICO argumento que "sustenta" a glosa de crédito: se houve importação com pagamento do PIS e da COFINS e ocorreu a respectiva revenda de tais equipamentos importados (com a correspondente entrada de receitas sujeitas ao PIS/COFINS na sistemática não cumulativa), é inconteste o direito da Projetos Especiais ao crédito utilizado nas compensações não homologadas. Concluise assim que a Projetos Especiais não possuía somente receitas de prestação de serviço, sujeitas à apuração do PIS/COFINS no regime cumulativo, como pretendeu fazer crer a fiscalização e o despacho decisório. Antes, verificase claramente que a companhia auferiu receitas de revenda de mercadorias em 2009, relativas à venda para Chamflora das máquinas importadas ao longo do ano de 2008, sujeitas ao PIS/COFINS no regime não cumulativo. Nem se alegue que o suposto descasamento entre a data das aquisições dos equipamentos e a data da formalização da venda seria óbice para a apropriação de créditos, já que a importação, com o respectivo pagamento do PIS/COFINS incidentes, seriam suficientes para a tomada de créditos. A pessoa física arrolada como responsável solidária retoma a questão da temporalidade entre as importações e as revendas dos bens já apresentada na manifestação da pessoa jurídica Projetos Especiais e Investimentos SA, e reafirma que desde o desembaraço das partes do equipamento fazia jus ao creditamento relativo à contribuição incidente na importação. O documento defende a legalidade da estrutura adotada, afirmando que a autoridade fiscal não teria apontado nenhum dispositivo legal que tivesse sido desrespeitado, tendo se valido o Fisco apenas do sentimento de estranheza para por em dúvida a licitude dos negócios praticados pela empresa. Nas palavras do implicado: A autoridade tributária questiona o capital social da Projetos Especiais argumentando que este seria consideravelmente diminuto em face do porte da obra a ser entregue para a VCP. No entanto, a autoridade tributária ignora o fato de que a Projetos Especiais recebeu adiantamento significativo do preço contratado (cerca de R$ 3 bilhões) para fortalecer sua posição frente aos fornecedores, bem como para suportar as vultosas despesas necessárias prévias ao efetivo pagamento do preço pela contratante. Ao questionar o capital social da Projetos Especiais, a fiscalização e o despacho decisório ignoram que a estrutura de capital de uma sociedade pode ser composta por capital próprio e/ou capital de terceiros. De igual forma, parecem desconhecer que a definição a estrutura de capital de uma empresa é uma decisão operacional que leva diversos fatores em consideração, tais como custo de capital, grau de aversão ao risco, possibilidade de endividamento e o equilíbrio entre liquidez e rentabilidade. [...] Fl. 4573DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 28 27 Ao optar por estrutura de capital composta basicamente por capitais de terceiros, a Projetos Especiais tomou decisão baseada em fatores que somente cabem a ela ponderar, jamais ao fisco. E, ao contrário do que alega a fiscalização de que o contrato entre Projetos Especiais e Chamflora somente teria "o objetivo de reduzir o recolhimento de tributos e de deixar a responsabilidade pelo recolhimento dos débitos erados pelas operações realizadas à empresa sem patrimônio para responder", temse que a Projetos Especiais não possui qualquer débito em aberto em razão de falta de caixa ou patrimônio. A Projetos Especiais recebeu mais de R$ 3 bilhões para arcar com suas atividades operacionais. Como ela poderia não ter patrimônio para responder com dívidas ínsitas à sua atividade operacional, tais como tributos? Adicionalmente, deve ser considerado que não há qualquer débito em aberto. A compensação é forma de extinção do crédito tributário plenamente legítima prevista no art. 156, inciso II do CTN e o fato de ter contra si um despacho decisório de não homologação de compensações descabido e improcedente, vale salientar não significa que a Projetos Especiais tenha débitos em aberto em razão de falta de patrimônio. Questionase, ainda, qual teria sido a redução no recolhimento de tributos, alegada pela autoridade tributária? A apropriação de créditos de PIS/COFINS decorre de lei e é direito conferido a qualquer empresa que se subsuma à respectiva norma tributária. A tributação da empreitada é a mesma para qualquer empresa, independente da forma ou do montante de sua capital social. São muitos devaneios da fiscalização e do despacho decisório para atribuir a pecha de "ilegal" ao negócio jurídico entabulado entre a Projetos Especiais e a Chamflora. Ainda na tentativa de julgar como ilícita a operação da Projetos Especiais, a autoridade tributária questiona, também sem base legal, a razão de uma estrutura enxuta, supostamente insuficiente para uma obra de tamanho vulto. Na mesma linha, insinua que a empresa Põyry Tecnologia Ltda. teria efetivamente gerenciado as obras. As ilações da autoridade tributária demonstram falta de familiaridade com contratos de empreitada, bem como evidenciam negligência em relação a todo um conjunto de documentos, fatos e circunstâncias que demonstram inegavelmente as atividades desempenhadas pela empresa Projetos Especiais. O contrato de empreitada é uma figura jurídica complexa que enfeixa inúmeras relações jurídicas, tais como construção, fornecimento, montagem, projetos, gerenciamento, entre outros. Nada mais natural que seja necessário subcontratar empresas com expertise em cada atividade requerida por tal contrato. Imaginar que uma empresa que celebre contratos de empreitada seja obrigada a manter estrutura colossal para desempenhar pessoalmente toda e qualquer atividade necessária para o cumprimento do contrato é simplesmente ilógico, contraproducente e irrazoável, para não dizer simplista e até mesmo ingênuo. Adicionalmente, assumir que a empresa seja obrigada a manter dentro de sua estrutura todas as práticas e funções necessárias para cumprir com um contrato de empreitada põe em xeque questões que dizem respeito unicamente â livre iniciativa, constitucionalmente assegurada. Fl. 4574DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 29 28 De igual forma, tal questionamento "fiscal" representa afronta à autonomia da vontade das partes, já que a possibilidade de subcontratação foi pactuada e acordada em contrato legitimamente celebrado entre a Projetos Especiais e a Chamflora. Se a Projetos Especiais não fosse, de fato e de direito, a entidade que efetivamente prestava os serviços e efetuava os fornecimentos de equipamentos, por qual razão contrataria seguros para a obra, tais como "D&O" (directors and officers) (Doc. 06)? Se a Projetos Especiais não estivesse conduzindo o contrato ao qual se obrigou, por qual razão a autoridade fiscal teria textualmente afirmado que a sociedade em questão "efetuou importações de equipamentos" que compõem a fábrica, objeto do contrato? [...] Não está nos limites da função da autoridade tributária a possibilidade de questionar aspectos comerciais e vantagens competitivas no mercado, tais como a aquisição da Chamflora pela VCP. Vale ainda salientar que tais questionamentos, além de somente dizer respeito à conveniência das partes, de modo algum infirmam o crédito a que a Projetos Especiais. E mais, tais ilações não tem o condão de demonstrar que houve redução indevida no pagamento de tributos por parte da Projetos Especiais. Todas as supostas dúvidas lançadas pela fiscalização não levam à conclusão de que, se a estrutura da Projetos Especiais tivesse sido diferente, teria havido maior ingresso de tributos nos cofres públicos. De forma alguma as "desconfianças" da autoridade tributária podem obstar o crédito legalmente garantido, na forma do art. 15, Lei n ° 10.865/04. Ainda mais importante: as "suspeitas" da autoridade tributária, guiadas por seus valores e parâmetros, não são aptas a responsabilizar pessoalmente o Requerente. Aproximandose do fim, a pessoa física opões à sua alocação no pólo passivo da obrigação tributária como responsável solidária. São inexistentes, a seu ver, os pressupostos elencados nos art. 134 e 135 do CTN. Diz o texto: Conforme mencionado acima, a autoridade tributária imputa ao Requerente responsabilidade pessoal pelos débitos cujas compensações não foram homologadas, se limitando a um parágrafo, a seguir transcrito: É também obrigado pelo cumprimento da obrigação principal decorrente dos fatos acima relatados com base nos artigos 134 e 135 da Lei n° 5.172/66 (CTN) Maris Ansis Tamsons, CPF: 348.398.527 15. Sem provas, sem explicações, ao arrepio da lei, da doutrina e da jurisprudência nacional consolidada, o Requerente foi indevidamente responsabilizado pessoalmente pelos débitos da Projetos Especiais cuja compensação não foi homologada. Os fatos narrados ao longo de todo o despacho decisório se limitam a elucubrar e questionar a estrutura societária, bem como a forma pela qual os negócios da Projetos Especiais foram levados a termo, sem, em momento algum, demonstrar as circunstâncias que poderiam levar à responsabilização pessoal do Requerente. Fl. 4575DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 30 29 [...] A imputação de responsabilidade a terceiros, na forma do art. 135 do CTN, depende da (a) identificação dos terceiros potencialmente responsáveis, e (b) da definição de pressupostos fáticos que autorizem a aplicação do dispositivo em questão, nomeadamente "(i) o que seriam as obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos; e (ii) o que seriam os próprios atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos . Na definição das obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder, infração à lei ou contrato social, para responsabilização pessoal dos administradores na forma do art. 135, III, do CTN, fazse mister a comprovação da existência de (i) prática de ato ilícito pelo sócio, gerente ou administrador; (ii) fato gerador de tributo; e (iii) relação de causalidade entre ambos. [..] Analisando detidamente o despacho decisório ora guerreado, verificase que em nenhum momento se demonstra a prática de ato ilícito pelo Requerente, apesar de a autoridade tributária se valer do disposto no art. 135 do CTN para tentar responsabilizálo solidariamente. Em verdade, o despacho decisório atacado se limita a demonstrar a existência de débitos em aberto em razão da não homologação das compensações transmitidas pela Projetos Especiais, sem comprovar (1) a existência de ato ilícito praticado pelo Requerente, e tampouco (2) a relação de causalidade entre suposto ilícito e o fato gerador dos tributos (cuja satisfação dos respectivos débitos é reivindicada pela autoridade fazendária em razão da não homologação das compensações). A responsabilização pessoal de diretores, gerentes e administradores, nos moldes do art. 135, III do CTN, somente pode ocorrer quando comprovada a prática de ato ilícito que tenha resultado na ocorrência de fato gerador de tributo ou na hipótese de ocorrência de ato ilícito que tenha impossibilitado a sociedade de adimplir com a obrigação tributária. [...] Repisase: no despacho decisório ora guerreado nenhuma linha sequer é escrita sobre a atuação do Requerente. Logo, não é possível admitir sua responsabilização pessoal pelos débitos não compensados se a autoridade tributária nem ao menos faz qualquer menção a ato ilícito passível de se transferir a responsabilidade tributária, na forma do art. 135, II, do CTN, ao Requerente. [...] Como consentir que o Requerente tenha agido com excesso de poder se a autoridade tributária sequer perquiriu quais eram os poderes e atribuições do Requerente? Conforme se verifica pela simples leitura do despacho decisório, a responsabilização pessoal do Requerente pelos supostos débitos da Projetos Especiais é uma tentativa leviana e desesperada da administração tributária de ver sua pretensão creditória satisfeita. A conclusão lógica decorrente de tudo quanto fora exposto é que não se pode imputar responsabilidade pessoal alguma ao Requerente pelos supostos débitos da Projetos Especiais, uma vez que não há comprovação de qualquer ato praticado com excesso de Fl. 4576DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 31 30 poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Se não há comprovação da prática de ato ilícito não há por conseqüência lógica, relação de causalidade com qualquer fato gerador de tributo. O Requerente também é responsabilizado pessoalmente pelos débitos não compensados da empresa Projetos Especiais com esteio no art. 134 do CTN. No entanto, não logra melhor sorte a autoridade tributária ao tentar imputar responsabilidade pessoal ao Requerente com base no art. 134, CTN. A responsabilidade subsidiária do art. 134 do CTN somente pode ser imputada quando restar comprovado que a impossibilidade de cumprimento da obrigação tributária pelo contribuinte decorre de atos ou omissões praticados pelos administradores de bens (pais, tutores, curadores, administradores de bens de terceiros, inventariante, síndico ou comissário). [...] Pela simples análise do despacho decisório recorrido, verificase que em momento algum a autoridade tributária comprova a impossibilidade de a empresa Projetos Especiais cumprir com as supostas obrigações tributárias decorrentes das compensações não homologadas, muito menos comprova que eventual impossibilidade decorreria de ato ou omissão praticado pelo Requerente. Aliás, mesmo que a autoridade tributária se esmerasse na tentativa de demonstrar eventual impossibilidade de a Projetos Especiais cumprir com suas obrigações tributárias, não lograria êxito. Isso porque não há obrigação tributária não cumprida: a Projetos Especiais simplesmente procedeu â compensação de débitos, legítima forma de extinção do crédito tributáio, conforme art. 156 do CTN. As hipóteses de responsabilidade previstas no art. 134, do CTN diferem e daquelas elencadas pelo art. 135, do CTN, uma vez que este cuida de atos dolosos, enquanto o art. 134, CTN se refere à responsabilidade subsidiária culposa. [...] A autoridade tributária não comprovou a existência de dolo, tampouco culpa, porque sequer demonstrou a prática dos atos que poderiam ser caracterizados como dolosos ou culposos. Deve ainda ser ressaltado que não há qualquer descumprimento de obrigação tributária por parte da empresa Projetos Especiais. Esta somente se valeu de seu legitimo direito ao crédito tributário para compensar, por meio de PER/DCOMPs, com outros débitos federais administrados pela Receita Federal do Brasil. Em momento algum a Projetos Especiais descumpriu qualquer obrigação tributária, e tampouco deu sinais de impossibilidade de arcar com seu eventual passivo tributário. A atribuição de responsabilidade pessoal ao Requerente pelos débitos da Projetos Especiais cujas compensações não foram homologadas é descabida, sem fundamento jurídico e representa afronta à legislação em vigor, bem como à jurisprudência pacificada e à doutrina nacional, razão pela qual não pode prevalecer. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento a impugnação, mantendo integralmente o lançamento. A decisão foi assim ementada: Fl. 4577DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 32 31 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 IMPORTAÇÃO DE BENS. RECEITAS SUBMETIDAS AO REGIME CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO AO RESSARCIMENTO. INEXISTÊNCIA. Não geram créditos não cumulativos as importações de equipamentos que serão transferidos a outra pessoa jurídica no âmbito do cumprimento de prestação de serviços de empreitada global cujas receitas estão submetidas ao regime cumulativo. Verificada a inexistência de crédito, correto indeferimento do pedido de ressarcimento e as compensações a ele vinculadas não podem ser homologadas. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUIU O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ADMINISTRADORES. Os administradores de bens de terceiros são responsáveis pelo cumprimento da obrigação no caso de impossibilidade de o crédito ser cobrado do contribuinte. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos os administradores. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada com a decisão, aS Recorrentes interpuseram recursos voluntários, onde repisam as alegações já apresentadas nas impugnações. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Nos termos constantes do relatório, a decisão denegatória do pedido de compensação teve como sujeito passivo principal a empresa Projetos Especiais e Investimento S/A e como responsáveis solidários as empresas VCPMS Celulose Sul Matogrossense, atual Fibria MS Celulose Sul Matogrossense Ltda, Fibria Celulose S/A e Maris Ansis Tamsons. Consultando os autos é possível identificar a existência de comunicação realizada por um dos solidários afirmando que não tinham sido intimados da decisão da DRJ, aparentemente, pelo que é demonstrado na movimentação processual, o processo retornou a Unidade de Origem que realizou as intimações e também é possível verificar a apresentação de recursos voluntários por parte do sujeito passivo principal e dos solidários. Entretanto, nos autos consta a realização de ciência dos responsáveis solidários realizadas por meio de caixa postal eletrônica e não consta nenhuma manifestação da Unidade de Origem acerca das Fl. 4578DF CARF MF Processo nº 16349.000417/200918 Resolução nº 3201001.039 S3C2T1 Fl. 33 32 reintimações e da apresentação dos recursos voluntários. Considerando a necessidade de confirmar a data da ciência e a tempestividade dos recursos voluntários submetidos a julgamento, entendo que o melhor caminho seja converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem confirme a data exata da intimação dos sujeitos passivos e a data da apresentação dos seus recursos voluntários. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem informe a data em que foi realizada a ciência da decisão da DRJ e a data de apresentação dos recursos voluntários de cada um dos sujeitos passivos principal e solidários. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 4579DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720810/2012-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010
INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS.
A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes.
CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO.
As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.362
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1648; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.720810/201270 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302004.362 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. CONCEITO DE INSUMO. Recorrente COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS DE MINAS GERAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 08 10 /2 01 2- 70 Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Trata o presente de pedido de ressarcimento de créditos de PIS/PASEP incidência não cumulativa, relativo ao trimestre 01/07/2010 a 30/09/2010, cumulado com declarações de compensação. As glosas efetuadas pela fiscalização se referiram a aquisição de energia elétrica por demanda contratada e a serviços de frete na venda de produtos acabados. Apresentada a manifestação de inconformidade, a Primeira Turma da DRJ em Belo Horizonte julgoua procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 02044.026, revertendo a glosa sobre as aquisições de energia elétrica e mantendo a glosa sobre o frete de produtos acabados. Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações feitas em manifestação de inconformidade, no sentido de que o direito ao creditamento sobre as aquisições de serviços de fretes sobre as transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente tem fundamento tanto no inciso II do artigo 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, na condição de insumo utilizado no processo produtivo quanto no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003, na condição de frete em operações de venda. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.357, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10680.720805/201267, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.357): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 4 3 O litígio resumese à aquisição de fretes sobre transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente. Alegou que os fretes ocorridos entre a unidade produtora e o centro de distribuição consistem em mero desdobramento de suas operações de venda e que, somados aos fretes ocorridos entre o centro de distribuição e seus clientes, equivaleriam ao fretes diretos entre a unidade produtora e seus clientes, sendo cabível o creditamento de acordo com o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. Em outra linha de argumentação, defendeu também que estes serviços seriam custos de seu processo produtivo, repassados aos preços dos produtos e, portanto, serviços utilizados como insumos de que trata o inciso II do artigo 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Passando à análise do ponto controvertido, é necessário expor o entendimento sobre o conceito de insumos para o PIS/Pasep e Cofins não cumulativos. A nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 5 4 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 6 5 III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entende se como insumos: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 7 6 bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0II utilizados na prestação de serviços: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 8 7 legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que há divergência no STJ sobre o tema, tendo a matéria sido afetada como recurso repetitivo no REsp 1.221.170/PR. Assim, verificase que no REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 9 8 em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 211/STJ. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem se manifesta, fundamentadamente, sobre as questões que lhe foram submetidas, apreciando de forma integral a controvérsia posta nos presentes autos. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo” (Súmula 211/STJ). 3. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 4. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumos previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 10 9 5. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos os bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 6. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 7. Recurso especial a que se nega provimento. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Verificase que, de fato, a própria Receita Federal flexibilizou a questão do contato direto com o produto em fabricação. Vejamos a Solução de Divergência nº 14/2007 e nº 35/2008, as quais permitem a dedução de partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos, desde que não incluídas no imobilizado: Solução de Divergência nº 14/2007: Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 11 10 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Crédito presumido da Cofins. Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. Solução de Divergência nº 35/2008: Cofins nãocumulativa. Créditos. Insumos. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da nãocumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 12 11 Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito Fl. 543DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 13 12 passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com vale transporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram alçados a insumos a partir da Lei nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 14 13 Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Estabelecidas as premissas acima, concluise que os fretes entre estabelecimentos produtor e centros de distribuição, ou entre centros de distribuição, não são considerados custos de aquisição ou de transformação, mas dispêndios ocorridos após o processo produtivo, razão pela qual não podem ser considerados serviços utilizados como insumos, nos termos do inciso II do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Concernente à subsunção à hipótese de frete em operações de venda, a Lei nº 10.833/2003 assim dispôs em seu artigo 3º, inciso IX: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) ... IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Da redação do inciso destacase a expressão “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. Entendo que a especificidade da expressão indica que o inciso trata do negócio jurídico de compra e venda de mercadoria, posto que não faria sentido a restrição para as despesas operacionais de logística interna que, certamente, são suportadas pela pessoa jurídica, não havendo que se cogitar de ônus a ser suportado por um comprador, quando inexiste a compra, nem quando se refere a operações de logística interna. Portanto, os fretes sobre produtos acabados não geram direito ao créditos da contribuições para o PIS/Pasep e Cofins nãocumulativas, embora reconheçase que tais despesas são necessárias às atividades da recorrente. No mesmo sentido da impossibilidade de creditamento, citamse os seguintes acórdãos: Acórdão nº 220100.081, proferido pela Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: COFINS NÃOCUMULATIVA. FRETE PARA ESTABELECIMENTO DA CONTRIBUINTE. O frete de mercadorias acabadas para armazenamento em estabelecimento da contribuinte não dá direito a créditos de COFINS por falta de previsão legal nesse sentido. Acórdão nº 3803003.595, proferido pela Terceira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento: INSUMOS ALCANCE FRETE DE TRANSFERÊNCIA. PRODUTO ACABADO. IMPOSSIBILIDADE Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados, ainda, que pagos ou Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10680.720810/201270 Acórdão n.º 3302004.362 S3C3T2 Fl. 15 14 creditados a pessoas jurídicas domiciliadas no país para realização de transferências de mercadorias (produtos acabados) dos estabelecimentos industriais para os estabelecimentos distribuidores da mesma pessoa jurídica, não geram direito a créditos a serem descontados do PIS devido. Destacase o excerto abaixo deste acórdão: “Destaco que o frete empregado pela empresa é de produto acabado para estabelecimento da mesma empresa, ou seja, de mero procedimento interno de logística que constitui despesa operacional, entretanto, não passível de ser utilizada para creditamento da contribuição para o PIS/PASEP no regime da nãocumulatividade, por absoluta falta de previsão legal.” Salientase que esta turma, em recente julgado de Acórdão nº 3302 002.464, assim também se posicionou: CRÉDITO. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados não geram direito a crédito da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." No julgamento do processo paradigma foi apresentada declaração de voto pela Conselheira Lenisa Prado, que manifestou seu entendimento de que os fretes em questão geram direito a crédito das contribuições. Expôs a Conselheira que aderiu à "corrente formada pelos julgadores que compõem a 3ª Câmara de Recursos Fiscais, que reconhecem que o custo decorrente do transporte dos produtos acabados gera o crédito reclamado pela ora recorrente. Tal entendimento culminou com a publicação do Acórdão n. 9303004.318, proferido no julgamento do Processo 13896.721081/201312 (...)". Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins na aquisição de fretes sobre transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 546DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.912135/2012-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.848
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 35 /2 01 2- 42 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.875, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912135/201242 Acórdão n.º 3301003.848 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.902465/2009-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 24 65 /2 00 9- 93 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.902465/200993 Acórdão n.º 1402002.652 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.902465/200993 Acórdão n.º 1402002.652 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11040.902465/200993 Acórdão n.º 1402002.652 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11040.902465/200993 Acórdão n.º 1402002.652 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10325.001191/2004-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2000
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. SÚMULA CARF 41.
No lançamento de ITR sobre área de preservação permanente em que se exige o ADA deve ser aplicada os termos da Súmula CARF 41 que afasta a necessidade de apresentação até o exercício de 2000.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. ÔNUS DA PROVA. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL
A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, ate a data da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 2201-003.857
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar a exclusão do lançamento da área de preservação permanente.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 07/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2000 ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. SÚMULA CARF 41. No lançamento de ITR sobre área de preservação permanente em que se exige o ADA deve ser aplicada os termos da Súmula CARF 41 que afasta a necessidade de apresentação até o exercício de 2000. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ÔNUS DA PROVA. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, ate a data da ocorrência do fato gerador.
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. SÚMULA CARF 41. No lançamento de ITR sobre área de preservação permanente em que se exige o ADA deve ser aplicada os termos da Súmula CARF 41 que afasta a necessidade de apresentação até o exercício de 2000. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ÔNUS DA PROVA. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, ate a data da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar a exclusão do lançamento da área de preservação permanente. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 00 11 91 /2 00 4- 50 Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 153 2 EDITADO EM: 07/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Tratase de Recurso de Voluntário (fls.106/113) interposto pelo contribuinte em face da decisão da DRJ/REC questionando o auto de infração com o lançamento de ITR do Exercício de 2.000 no valor total de R$ 86.519,77. 2 – Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 26/28) por sua precisão: “Contra a contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração, no qual é cobrado o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2000, relativo ao imóvel denominado "Fazenda Santa Luz", localizado no município de Alto Parnaíba MA, com Área total de 8.152,0 hectares, cadastrado na SRF sob o n° 6.747.0319, no valor de R$ 34.990,00, acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, perfazendo um crédito tributário total de R$ 86.519,77. A ciência do lançamento ocorreu em 24.12.2004, conforme AR de fl. 16. Não concordando com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, em 21.01.2005, em síntese: Trata da dificuldade de calcular o ITR com base nas Leis 4.504/64, seu regulamento Dec. 56.792/65; Decretos 72.106/73 e 84.685/80 regulamentadores do art. 50 do Estatuto da Terra; Lei 4.771/65 (Código Florestal) com alterações e a Lei 9.393/96 que fundamenta o auto de infração. Surpreendeuse com o valor do auto de infração e o seu motivo. A preservação ambiental tem sido incentivada pelo governo e pela sociedade. O auto de infração atropelou a legislação. Trata sobre o Estatuto da Terra e suas determinações. A DITR/2000 está de acordo com o art. 10 da Lei n° Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 154 3 9.393/96. Tece outros comentários sobre o auto de infração. Além dos 50% da Area de Reserva Legal, o restante da área do imóvel rural é imprestável. Alega o impugnante que agiu corretamente ao efetuar o recolhimento do ITR calculado pela Lei 9393/96. Nestes termos e com base nos dispositivos legais citados e na declaração da Prefeitura de Alto Parnaíba — MA, repudia a alíquota de 20% utilizada pela fiscalização para fixar o 1TR incidente sobre o imóvel. Cita o Código Florestal em relação a área de preservação permanente. Comenta o art. 44, parágrafo único sobre a averbação a margem da matricula do imóvel; informa que há que se analisar o espirito da lei neste particular. Insiste em que a propriedade, nos termos da Lei 9.393/96, está isenta de qualquer valor adicional do ITR. O imóvel está localizado no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, criado por decreto presidencial publicado no DOU do dia 17.06.2002. As restrições impostas aos proprietários, na Área, vêm desde os primeiros estudos para a criação do Parque iniciados em 1996. A criação do Parque confirmouse em abril de 2001, com a carta assinada pelo Ministro do Meio Ambiente. Finalmente, o valor recolhido do ITR está de acordo com a Lei 9.393/96. Está comprovado que não só a área declarada no DIAT, mas a Área total do imóvel está isenta do 1TR. Fica suprida a exigência da documentação solicitada no Termo de Intimação Fiscal e no Termo de Verificação Fiscal com ajuntada do Decreto Presidencial s/n) do dia 16.07.2002, da declaração da Prefeitura de Alto Parnaíba — MA e da consulta formulada junto ao IBAMA com resposta datada do dia 30.12.2004. Requer seja julgado sem efeito o Auto de Infração NIRF 6.747.0319.” 3 A decisão da DRJ/REC (fls. 41/52) julgou improcedente a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2000 Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 155 4 AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA AREA TRIBUTÁVEL DO IMÓVEL RURAL. CONDIÇÃO. A exclusão de área como de preservação permanente da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao reconhecimento dela pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), ou A. comprovação de protocolo de requerimento desse ato Aqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMPROVAÇÃO. A exclusão de àreas de utilização limitada da Area tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao reconhecimento delas pelo Ibama ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), ou comprovação de protocolo de requerimento desse ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. A exclusão da area de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, ate a data da ocorrência do fato gerador. FATO GERADOR DO ITR. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1° de janeiro de cada ano. SUJEITO PASSIVO DO ITR. São contribuintes do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer titulo de imóvel rural, assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 156 5 tributo, sem beneficio de ordem, de qualquer um deles, nos termos do art. 31 do Código Tributário Nacional Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2000 ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO Não se retifica a declaração, por iniciativa do próprio declarante, que vise a reduzir ou excluir tributo, quando não fica comprovado, por documentos hábeis, o erro em que se funde. Lançamento Procedente 4 Cientificado da decisão de primeira instância, por aviso postal em 09/03/2007 fls. 55, o contribuinte apresentou recurso voluntário, fls. 56/62, em 30/03/2007 onde reitera e reforça os mesmos argumentos da impugnação. 5 Na sessão de 29/01/2008 o antigo e extinto 3º Conselho de Contribuintes através de Resolução nº 3021.442 às fls. 99/103 converteu o julgamento em diligência para: Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 157 6 6 – Houve intimação ao IBAMA pela autoridade preparadora às fls. 106/108 para cumprimento da diligência. Após inúmeras solicitações da autoridade preparadora com diversas respostas do órgão fls. 125 (ICMBIO) e 129/135 (IBAMA) houve intimação do contribuinte pela unidade preparadora às fls. 134/135 solicitando alguns documentos: 7 Às fls. 136/138 manifestação do contribuinte esclarecendo o não cumprimento da solicitação e às fls. 139/140 relatório constando o encerramento da diligência fiscal com a devolução dos autos a esse. E. CARF para julgamento. 8 – Redistribuído os autos a esse Relator. É o relatório do necessário. Voto Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 158 7 Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 8 – Conheço do recurso. Tratase de lançamento do ITR do exercício de 2000 através do auto de infração de fls.09/17 traz a seguinte descrição de fato e fundamento: 09 – Verificase que um dos fundamentos do auto de infração é a falta de entrega do ADA (Ato Declaratório Ambiental). 10 – Portanto, no presente caso, em relação a área de preservação permanente deve ser excluída do lançamento aplicando os termos da Súmula 41 do E. CARF que assim prescreve: Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 159 8 lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. 11 – Quanto a área de reserva legal indico os termos da decisão de piso que a utilizo como fundamento ao meu voto por sua precisão: 12 – Esse fato por si só já afasta as demais considerações acerca do lançamento do ITR em relação a essa glosa, devendo ser mantido lançamento nesse ponto e desprovido o recurso nessa parte, uma vez que a diligência oportunizada nesse ponto deixou claro que não há provas quanto a averbação dessa área no registro do imóvel. Conclusão Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10325.001191/200450 Acórdão n.º 2201003.857 S2C2T1 Fl. 160 9 13 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e darlhe provimento parcial para excluir do lançamento a área de preservação permanente, mantendo o lançamento quanto a área de reserva legal na forma da fundamentação. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso – Relator Fl. 160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.901588/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/06/2006
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.937
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/06/2006 PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13116.901588/201215 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.937 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de junho de 2017 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/06/2006 PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 15 88 /2 01 2- 15 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.569, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13116.901588/201215 Acórdão n.º 3201002.937 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13737.000789/2003-97
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.031
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Secretaria de Câmara promova o saneamento dos autos, realizando a digitalização das fls 192 a 386 dos autos, com posterior retorno à Conselheira relatora para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Secretaria de Câmara promova o saneamento dos autos, realizando a digitalização das fls 192 a 386 dos autos, com posterior retorno à Conselheira relatora para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Secretaria de Câmara promova o saneamento dos autos, realizando a digitalização das fls 192 a 386 dos autos, com posterior retorno à Conselheira relatora para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 37 37 .0 00 78 9/ 20 03 -9 7 Fl. 565DF CARF MF Processo nº 13737.000789/200397 Resolução nº 9202000.031 CSRFT2 Fl. 215 2 Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 210200.899, proferido pela 2ª Turma Ordinária / 1ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase o presente processo de Auto de Infração do Imposto de Renda da Pessoa Física IRPF, fl. 06, relativo ao exercício de 2000, anocalendário de 1999, motivado pela omissão de rendimentos recebidos, decorrentes de trabalho com vínculo empregatício, após revisão da Declaração de Ajuste Anual, restando constatada a existência de irregularidades. O Imposto suplementar no valor de R$ 723,58, foi acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora, resultando num crédito tributário de R$ 1.723,14. O Contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02/04, alegando, em síntese, que possui uma única fonte pagadora e que sua declaração foi apresentada corretamente. A DRJBrasília/DF, às fls. 453/455 (fls. 56/58, numeração manual), julgou procedente em parte o lançamento, entendendo que, dentre outras considerações, o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte apresentado comprova as deduções pleiteadas, à exceção dos dependentes. O contribuinte não comprovou a relação de dependência com as pessoas informadas em sua declaração; consequentemente, foram restabelecidas as deduções de Contribuição à Previdência Oficial de R$ 1.573,30; Contribuição à Previdência Privada, de R$ 282,81, e despesas médicas de R$ 176,60. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 463/484 (fls. 64/82, numeração manual), afirmando que não apresentou declaração retificadora em 24/02/2003 e solicitou que prevalecesse a declaração original. Anexou comprovantes dos três dependentes. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 491/493 (fls. 89/90, numeração manual), deu provimento ao Recurso Voluntário, entendendo que, após serem carreadas as cópias da Certidão de Casamento e de Nascimento dos filhos, o Contribuinte faz jus às deduções glosadas. A Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração às fls. 497/499 (fls. 94/96, numeração manual), os quais restaram negados pelo Presidente da Primeira Turma Ordinária, fls. 501/502. Às fls. 507/512 (fls. 102/110, numeração manual), a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, contestando a dedução da mãe do declarante como dependente, uma vez que não havia nos autos a comprovação de que a dependente não auferira rendimentos superiores ao limite de isenção. Ao realizar o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial, às fls. 550/551, a 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento deu seguimento ao recurso da Fazenda Nacional, entendendo haver divergência jurisprudencial, já que o acórdão paradigma apresentado defende a linha de que “não basta a relação mãe e filho para configurar a dependência, havendo a necessidade de a dependente não tenha recebido, no ano base, rendimentos superiores ao limite de isenção”. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 13737.000789/200397 Resolução nº 9202000.031 CSRFT2 Fl. 216 3 Devidamente intimado, o Contribuinte mantevese inerte, vindo os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Tratase o presente processo de Auto de Infração do Imposto de Renda da Pessoa Física IRPF, fl. 06, relativo ao exercício de 2000, anocalendário de 1999, motivada omissão de rendimentos recebidos, decorrentes de trabalho com vínculo empregatício, após revisão da Declaração de Ajuste Anual, restando constatada a existência de irregularidades. O Acórdão recorrido deu provimento ao Recurso Ordinário, entendendo que, após serem carreadas as cópias da Certidão de Casamento e de Nascimento dos filhos, o Contribuinte fez jus às deduções glosadas. O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial em relação à comprovação da dependência, já que o acórdão paradigma apresentado defende a linha de que “não basta a relação mãe e filho para configurar a dependência, havendo a necessidade de a dependente não tenha recebido, no ano base, rendimentos superiores ao limite de isenção”. Compulsando os autos observo que o acórdão recorrido não deixa claro o motivo pelo qual reconheceu a legitimidade dos beneficiários apontados pelo contribuinte como dependentes. Nos seguintes termos: Fl. 567DF CARF MF Processo nº 13737.000789/200397 Resolução nº 9202000.031 CSRFT2 Fl. 217 4 Do acórdão se depreende a pobreza de motivação, pelo qual se faz necessária a analise do conjunto probatório, contudo observando os autos verifico que ha falha na digitalização restando ausência das fls. 192 a 386, o prejudica o julgamento dos autos. Desse modo, mister se faz a anexação das páginas faltantes, conforme indicado anteriormente, sendo estas das fls. 192 a 386. Diante do exposto voto no sentido de baixar o feito em diligência para que a Secretaria de Câmara promova o saneamento dos autos, realizando a digitalização das fls 192 a 386 dos autos, com posterior retorno à Conselheira relatora para prosseguimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 568DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.002514/2007-03
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA AGRAVADA - NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS - CABIMENTO.
Cabível a aplicação da multa agravada sempre que o contribuinte deixar de, nos prazos estipulados, prestar esclarecimentos em resposta a intimações da autoridade fiscal realizadas consoante o permissivo legal.
Numero da decisão: 9202-005.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, a fim de que seja restabelecido o agravamento da multa lançada de 75% ao percentual de 112,5%, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, a fim de que seja restabelecido o agravamento da multa lançada de 75% ao percentual de 112,5%, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado).
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Cabível a aplicação da multa agravada sempre que o contribuinte deixar de, nos prazos estipulados, prestar esclarecimentos em resposta a intimações da autoridade fiscal realizadas consoante o permissivo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, a fim de que seja restabelecido o agravamento da multa lançada de 75% ao percentual de 112,5%, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 25 14 /2 00 7- 03 Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 300 2 Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2202002.647, prolatado pela 2a Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 13 de maio de 2014 (efls. 244 a 260). Ali, por unanimidade de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR No 105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430/1996. Por disposição legal, caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta bancária mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos relativos a essas operações, de forma individualizada. Precedentes. MULTA AGRAVADA. FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES. É inaplicável o agravamento de multa quando o não atendimento à intimação da fiscalização não inviabilizar o lançamento do tributo. Decisão: QUANTO À PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Fábio Brun Goldschmidt (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Junior que acolhiam a preliminar. Designado para redigir o voto vencedor nessa parte o Conselheiro Antonio Lopo Martinez. QUANTO AO MÉRITO: Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para desagravar a multa de ofício, reduzindoa do percentual de 112,5% para 75%. Enviados os autos á Fazenda Nacional em 10/09/2014 (efl. 261) para fins de ciência da decisão, insurgindose contra aquela, sua Procuradoria apresenta, também em 10/09/2014 (efl. 274), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 262 a 273). Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 301 3 O recurso foi regularmente admitido pelos despachos de efls. 275 a 282, dizendo respeito exclusivamente à redução do agravamento da multa ao percentual de 75%. Quanto á matéria, alegase divergência em relação ao decidido, em 15/08/2012, no Acórdão 9101001.456, de lavra da 1a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, bem como ao decidido pela 4a. Câmara do referido 1o. Conselho, agora no Acórdão 10421.835, prolatado em 24 de maio de 2007, de ementas e decisões a seguir transcritas. Acórdão 9101001.456 Assunto: Multa agravada. O agravamento da multa não depende que reste provado, nos autos, conduta dolosa consistente em embaraçar a fiscalização, bastando que se configure algumas das situações objetivamente descritas no § 2° do art. 44 da Lei n° 9.430/96. Decisão: Por maioria de votos, dar provimento ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Karem Jureidini Dias e João Carlos de Lima Júnior. O Conselheiro Valmir Sandri acompanhou o voto do Relator pelas conclusões. Acórdão 10421.835 DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO MANUTENÇÃO DA GLOSA A dedução de despesas médicas está sujeita a comprovação, por parte do contribuinte, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. DEDUÇÃO DEPENDENTES DIREITO DO DETENTOR JUDICIAL DA GUARDA MANUTENÇÃO DA GLOSA No caso de filhos de pais separados, o direito à dedução a título de “dependentes” está resguardado, tão somente, ao detentor da guarda judicial do filho ao qual está relacionado o pleito. JUROS DE MORA TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula nº 4, do Primeiro Conselho de Contribuintes). MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE Aplicarseá a multa de ofício, em um percentual de 75%, sempre que o lançamento for realizado de ofício, salvo as hipóteses de multa qualificada. MULTA QUALIFICADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa qualificada, em um percentual de 150%, sempre que ficar evidenciado o intuito de fraude, com a conseqüente redução do montante do imposto devido. MULTA AGRAVADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa agravada, em um percentual de 112,5% (no caso de multa Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 302 4 de ofício) e 225% (no caso de multa qualificada), sempre que o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação do Fisco para prestar esclarecimentos. Recurso negado. Decisão: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda: a) Quanto ao agravamento da multa pelo não atendimento à intimação, é preciso mencionar, inicialmente, que a legislação põe à disposição da Fiscalização uma série de instrumentos para que se possa chegar à verdade dos fatos e, consequentemente, aferir o valor tributável ou compensável. Caso a fiscalização, por conta das circunstâncias do caso concreto, opte por buscálas diretamente com o contribuinte e, para tanto, expeça as intimações pertinentes, não pode o contribuinte furtarse em cumprilas, sob pena de sanção legal. No caso em tela, a sanção está expressamente prevista no § 2º do Art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação vigente à época; b) A natureza punitiva dessas normas é flagrante e objetiva, não constando em seu conteúdo qualquer consideração acerca do resultado provocado pelo descumprimento do dever do sujeito passivo de colaborar com a Administração Tributária. O antecedente da norma contempla apenas a hipótese de o contribuinte não atender, no prazo marcado, a intimação para prestar esclarecimentos ou apresentar a documentação requerida, fato este suficiente para autorizar o agravamento da sanção. De acordo com a lei, portanto, o critério para o agravamento da multa não é subjetivo, mas de ordem objetiva; c) Desconsiderar o agravamento da multa, no presente caso, importa em violação ao art. 136 do CTN, segundo o qual a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da efetividade, da natureza e da extensão dos efeitos do ato. A responsabilidade decorre do descumprimento do dever de prestar esclarecimentos e de apresentar os documentos requeridos, não importando, segundo o preceito do CTN, quais os efeitos desse ato. Outrossim, é de salientar que responder de forma diversa ou incompleta significa que não houve resposta de parte das intimações. Logo, configurada a hipótese prevista no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996; d) Como se observa, a prosperar o entendimento adotado pelo acórdão recorrido, restaria aniquilado todo o trabalho da fiscalização tributária, uma vez que as intimações passariam a ser meras solicitações, de cumprimento facultativo pelos contribuintes. Requer, assim que seja conhecido o recurso e, no mérito lhe seja dado provimento, a fim de que seja reformado o r. acórdão nos termos da fundamentação supra. Encaminhados os autos ao autuado para fins de ciência, ocorrida em 22/07/2016 (efl. 289), o contribuinte apresentou contrarrazões de efls. 291 a 295, onde alega que: a) O argumento da Recorrente de que a simples falta de atendimento da intimação basta para que possa ser procedido o agravamento da multa de ofício não pode prosperar, pois o fisco dispõe de todos os meios possíveis para a apuração do tributo, Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 303 5 principalmente, no presente caso, no qual houve a quebra do sigilo bancário do Recorrido, que, mesmo não sendo permitida pela lei, foi perpretada pelo Fisco, e, ressaltese, sem a necessária autorização judicial; b) Insurgese contra o conhecimento do recurso, citando que: b.1) O primeiro Acórdão acima citado pela Recorrente, que data do ano de 2012, como se vê, tratou de autuação de uma Pessoa Jurídica, que todos sabemos tem a obrigação de manter a escrituração contábil de sua movimentação e, consequentemente, teria que ter nas mãos seus livros contábeis para pronto atendimento ao Fisco, já que se sujeita a prazos específicos para a entrega e/ou registro de suas atividades junto aos diversos Órgãos Competentes, seja ela a Junta Comercial, ou ainda a Receita Federal do Brasil, situação diferente do Recorrido que é uma pessoa física; b.2) O segundo Acórdão traz uma decisão datada do ano de 2006, que trata de um caso concreto em que houve intuito de fraude, e diferentemente do caso citado no outro Acórdão citado pela Recorrente, tratase também de uma pessoa física, que temos que admitir nem sempre tem as mãos todas as informações solicitadas pelo Agente Fiscalizador, muitas das vezes tem que buscálas junto a terceiros. b.3) Portanto, não pode prosperar a divergência jurisprudencial apontada como quer fazer crer a Recorrente, pois, tratamse casos concretos totalmente diferentes do presente caso, onde, note se, o julgamento da questão destes autos se deu em 13/05/2014, data bem distante das dos julgados citados como divergentes que são do ano de 2006 e 2012. c) Decisões recentes deste Conselho laboram contra a pretensão da Recorrente, no sentido de que a fiscalização poderia ter se utilizado de forma bem mais extensiva da sua prerrogativa de solicitação reiterada, a fim de que se pudesse caracterizar inequivocamente a conduta geradora da sanção, e no presente caso, também não houve a aplicação desta força enérgica, tal como entendeu o voto vencedor do Acórdão n°. 9202 003.987 (de redação deste Relator, julgado na Sessão de 10/05/2016), que resolveu manter o não agravamento da multa, e, por conseguinte, não deu provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. Assim, requer que não seja recebido o Recurso, e, caso seja recebido, não lhe seja dado provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigma consistente e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Quanto à insurgência levantada pelo Contribuinte no que diz respeito ao conhecimento do Recurso, faço notar que a conduta (não atendimento de intimações) e sanção (elevação do percentual de multa a 112,5%) sob análise independem de ser o sujeito passivo pessoa física ou jurídica, e, ainda, que as diferenças fáticas em relação ao segundo paradigma citadas são meramente acidentais, ou seja, irrelevantes para fins da decisão de aplicação ou não da sanção, realizada de forma notadamente diversa nos casos recorrido e paradigmáticos, ainda que em ambos os casos tivesse sido caracterizada a conduta de não atendimento de intimação Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 304 6 para prestar esclarecimentos no prazo devido. Ainda, o lapso temporal entre os paradigmas e recorrido não possui qualquer influência no exame de admissibilidade, a menos que tenha havido reforma dos paradigmas colacionados aos autos, o que não acontece no caso em tela. Assim, entendo caracterizada a divergência interpretativa e passo à análise de mérito. Em análise, o art. 44, § 2o., inciso I, da Lei no. 9.430, de 1996, em sua redação vigente à época do lançamento, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o. O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 2o. Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 305 7 de 2007) I prestar esclarecimentos; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Como já tive oportunidade de me manifestar em outros feitos no âmbito deste CARF, entendo, com a devida vênia a posicionamentos diversos (que vinculam a caracterização do agravamento à existência ou não de possibilidade de obtenção pela Fiscalização dos elementos de interesse objeto de intimação e/ou à existência de prejuízo à referida Fiscalização), que a correta aplicação do dispositivo acima é no sentido de que sempre que restar comprovado o nãoatendimento de intimações por parte do contribuinte, uma vez realizadas as citadas intimações consoante o permissivo legal para tal, de se aplicar a multa agravada de 112,5%. Entendo que a intenção do legislador, ao editar o referido dispositivo, foi o de reforçar o poder da autoridade fiscalizadora, no sentido de evitar que intimações sejam simplesmente "ignoradas", violandose, assim, o dever de colaboração do contribuinte para com o Fisco, sem que tal fato conduzisse a sanção. Em meu entendimento, independe a referida sanção do fato da Fiscalização, anteriormente ou posteriormente à prática da conduta expressamente descrita no dispositivo acima (no caso, em seu §2o., I , não prestar esclarecimentos no prazo marcado pela intimação), ter acesso aos elementos de interesse, seja por meios próprios, através de instrumentos alternativos instituídos pelo legislador tributário (tais como o RMF), seja por posterior entrega voluntária do contribuinte. Ou seja, entendo que uma vez caracterizada, no curso da ação fiscal, a conduta prevista pelo dispositivo, de não prestação de esclarecimentos no prazo hábil, de se aplicar a penalidade. Assim, portanto, alinhome à interpretação propugnada pela recorrente e pelos paradigmas colacionados aos autos. Enxergo mesmo, no dispositivo tributário em comento, semelhanças com a formulação comumente empregada pelo legislador penal para a definição de tipos omissivos próprios, onde a prática da conduta (por definição, necessariamente volitiva) leva imediatamente à cominação de sanção, de forma que também é de se admitir, in casu, o afastamento da aplicação da referida penalidade tributária, caso se vislumbre ocorrência de motivo de força maior (com o consequente afastamento da conduta), afastandose, nesta hipótese, a caracterização de omissão na prestação de esclarecimentos dentro do prazo. Feita tal digressão, verifico que o autuado, notadamente, quedou inerte quanto ao fornecimento de quaisquer esclarecimentos ou justificativas para o não atendimento dos termos de efls. 04, 06, 96 e 105, caracterizada, destarte, a prática da conduta determinada pelo art. 44, §2o., I, da Lei no. 9.430, de 1996, de se manter o agravamento da multa no patamar de 112,5%. Faço notar aqui que se trata, aqui, de caso notadamente diferente ao caso do Acórdão trazido aos autos em sede de contrarrazões pelo autuado, no qual, inclusive, fui responsável pela redação do voto vencedor (Acórdão 9.202003.987), mas onde este Colegiado Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10675.002514/200703 Acórdão n.º 9202005.750 CSRFT2 Fl. 306 8 se deparou com situação totalmente diversa da presente e bastante peculiar, que levou à negativa de provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por maioria. Mais especificamente, no âmbito do feito relativo ao referido Acórdão 9.202003.987, tinhase que, verbis: "(...) o agravamento se baseou em um único não atendimento à solicitação de esclarecimentos (na verdade ao termo de início de fiscalização, lavrado em 08/11/2010 efls. 13 a 15), cujo prazo de atendimento (objeto de prorrogação pela autoridade fiscal, conforme efl. 16) se encerrou em 05/12/2010, tendo a lavratura do auto ocorrido no intervalo de 9 dias após o encerramento deste prazo, em 14/12/2010 (vide efls. 02 a 12)., tratandose ainda, notese, esta solicitação citada da única intimação realizada no curso de toda a ação fiscal. (...)" Destarte, ali se tratava de caso totalmente diverso do presente onde, repitase, há, nos autos, quatro termos de intimação sucessivamente recebidos pelo contribuinte no prazo de cerca de 04 meses (efls. 04, 06, 96 e 105) e para os quais não foram prestados quaisquer esclarecimentos, tendo sido o auto lavrado em cerca de quase 05 meses após o início da ação fiscal (ocorrido em 03/04/2007). Ainda, verificase através dos ARs de efls. 05, 07, 104 e 114, que o contribuinte recebeu pessoalmente todos os referidos termos, sem qualquer resposta à autoridade fiscal. Assim, não há, na situação agora sob julgamento, em meu entendimento, qualquer dúvida quanto à pertinência do agravamento. Assim, diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, a fim de que seja restabelecido o agravamento da multa lançada de 75% ao percentual de 112,5%. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 306DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13706.000745/2002-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2001, 2002
CONCOMITÂNCIA DE OBJETO.
A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto de parte da manifestação de inconformidade, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente.
Numero da decisão: 3402-004.358
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, o Dr. Alfredo Caregnato, OAB/RJ nº 72.998.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2001, 2002 CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto de parte da manifestação de inconformidade, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, o Dr. Alfredo Caregnato, OAB/RJ nº 72.998. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 6. 00 07 45 /2 00 2- 43 Fl. 6089DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente processo sobre compensação de débitos com utilização de crédito decorrente de ação judicial. A empresa impetrou o Mandado de Segurança n° 2001.51.01.0063355, pleiteando judicialmente o ressarcimento de créditoprêmio de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Ressarcimento de IPI relativo às operações promovidas nos últimos dez anos, corrigido pela taxa de juros Selic. A sentença proferida em primeiro grau julgou procedente o pedido, conferindo ao contribuinte o direito à utilização do crédito pleiteado. Em 04/07/2006, a ação judicial foi julgada pela 3º Turma Especializada do TRF2 (fls. 5.497/5.507), que deu provimento ao recurso da PFN. O Contribuinte apresentou Recurso Especial e Recurso Extraordinário, impetrando Medida Cautelar Inominada nº 2006.02.01.0148472, que atribuiu efeito suspensivo a esses recursos, até que fosse julgada a admissibilidade dos mesmos. Em 21/02/2008 foram publicadas decisões não admitindo os recursos especial e extraordinário (fls. 5.516/5.524). Decisão judicial proferida pelo TRF2 em 04/07/2006 não reconheceu a existência de qualquer crédito em favor do contribuinte. Não homologada a compensação, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade alegando: l. O despacho decisório é insubsistente por inobservância ao devido processo legal e ao direito de petição, sem citar qualquer fundamentação legal; 2. Nas hipóteses de tributos sujeitos a lançamento por homologação, como na presente hipótese, aplicase a tese dos 5 (cinco) + 5 (cinco), tendo o contribuinte o prazo de 10 (dez) anos para pleitear a restituição/compensação do pagamento indevido ou realizado a maior; 3. Verificase que não se observou o prazo para se apreciar os pedidos de compensação apresentados, ocorrendo a homologação tácita dos mesmos, além de igualmente ter decaído o prazo para lançamento dos débitos tributários objeto do presente processo; 4. Ressalta a flagrante nulidade do Despacho Decisório recorrido pela afronta aos critérios processuais administrativos e ao princípio da motivação; 5. Todos os pedidos de compensação realizados sob a égide da medida liminar concedida nos autos do mandado da segurança n° 2001.51.01.0063355 foram regulares, prevalecendo o princípio da segurança jurídica; 6. Sustenta a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em função da presença dos requisitos previstos no Código Tributário Nacional, art. 151, inciso III; Por último, a interessada requer a reforma do Despacho Decisório, reconhecendo a homologação tácita dos pedidos Fl. 6090DF CARF MF Processo nº 13706.000745/200243 Acórdão n.º 3402004.358 S3C4T2 Fl. 3 3 de compensação ou a decadência do direito de lançar os supostos débitos indevidamente compensados ou, altemativamente, que seja anulado por conter vícios insanáveis. Sua impugnação foi julgada improcedente em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2001, 2002 CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto de parte da manifestação de inconformidade, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. DÍVIDA PASSIVA DA UN1ÃO DECADÊNCIA. O prazo decadencial qüinqüenal é aplicável aos pleitos administrativos referentes a créditos do imposto, conforme a legislação tributária. A NULIDADE IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário aduzindo suas razões carreadas pela manifestação inicial, afirmando também que o pedido administrativo e a ação judicial não compartilhariam do mesmo objeto, sendo este relativo ao reconhecimento do direito creditório, e aquele relativo à quantificação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo. A respeito da concomitância entre o Mandado de Segurança impetrado pela Recorrente e a discussão administrativa, cabe algumas breves colocações. Em uma definição preliminar, a concomitância é um pressuposto negativo de admissibilidade de impugnações e recursos administrativos, consistente na inexistência de Fl. 6091DF CARF MF 4 processo judicial ajuizado pelo contribuinte antes ou durante o curso do processo administrativo fiscal. Tal medida tem o condão, em síntese, de garantir a unidade da jurisdição, evitando que decisões contraditórias sejam proferidas nos âmbitos judicial e administrativo, como medida de segurança jurídica para o jurisdicionado. Em razão da ação de um modelo de monopólio da última palavra por parte do Judiciário, nos casos em que se verifica a concomitância, deve prevalecer o processo judicial, em detrimento do administrativo. Primeiramente, cumpre repisar as bases legais do regime jurídico da concomitância no PAF, com menção inicial ao art. 1º, §2º do DecretoLei n 1.737/1979, ao art. 1º da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), e ao art. 78, §2º da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF), verbis: DecretoLei nº 1737/79 Art 1º Serão obrigatoriamente efetuados na Caixa Econômica Federal, em dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, ao portador, os depósitos: §2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. LEF Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. RICARF Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratáve l de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Sob um prisma subjetivo, se verifica na literalidade dos dispositivos que a legislação exige sempre que a propositura da ação judicial tenha sido realizada pelo próprio contribuinte, que está sendo parte também na discussão administrativa ou que tem legitimidade e interesse para interpor impugnações e recursos nesta seara. Além disso, há como requisito material que o objeto da ação judicial seja o mesmo do pleito administrativo, como de resto é consignado pela Súmula CARF nº 1: Fl. 6092DF CARF MF Processo nº 13706.000745/200243 Acórdão n.º 3402004.358 S3C4T2 Fl. 4 5 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. No caso concreto, pretendeu o Recorrente, em seu MS, a utilização do crédito prêmio de acordo e nas hipóteses prescritas nas IN SRF nº 21/97, 37/97 e 73/97, amparadas pelos artigos 1º e 5º do DecretoLei nº 491/1996, realizandose a compensação sob as regras anterior à Dcomp, no caso a IN nº 21/97. Isso fica claro quando se analisa o dispositivo da sentença no MS, reproduzida às fl. 5910: O pedido do MS abarcava tanto o direito ao créditoprêmio em si, como a forma de sua utilização para fins de compensação, matéria esta idêntica à discutida nesse processo administrativo. Nesse ponto, portanto, não há que sequer ser conhecido o Recurso Voluntário. Há, todavia, outros pontos alegados pelo Recorrente que devem ser conhecidos, por não estarem abarcados pela discussão judicial. Primeiramente, alega violação ao devido processo legal e ao direito de petição, pleiteando nulidade do despacho decisório, em razão do reconhecimento da concomitância no mesmo. Quanto a isto, acima já foi apresentado diversos fundamentos legislativos para o reconhecimento da concomitância, bem como as razões jurídicas de sua existência, de modo que este Conselho é obrigado a aplicar tais regras, nos termos do art. 26A do Decreto 70.235/72 e da Súmula CARF nº 02, não podendo afastálos sob fundamento de inconstitucionalidade. Assim, não há que prosperar tal nulidade. Segundamente, o Recorrente pleiteia que os pedidos de compensação realizados sob a égide da medida liminar concedida nos autos do mandado de segurança (atualmente encerrado desfavoravelmente ao contribuinte) seja considerados regulares. Fl. 6093DF CARF MF 6 Aponta inclusive o deferimento de medida liminar deferida pelo Min. Cezar Peluso na Medida Cautelar nº 71375, no sentido de suspender os efeitos da decisão monocrática do Min. Francisco Falcão no REsp nº 1.090.101. Todavia, compulsando os andamentos da referida medida cautelar, verificase a desistência por parte da Recorrente, homologada em 22/02/2010, implicando na definitividade do provimento exarado pelo TRF2 no Mandado de Segurança que discutia o direito ao crédito e a forma de seu aproveitamento. Quanto à alegação do reconhecimento de Repercussão Geral da matéria pelo STF, no RE 577.302/RS, melhor sorte não assiste ao Recorrente, pois tal caso foi julgado e ementado nos seguintes termos: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IPI. CRÉDITOPRÊMIO. DECRETO LEI 491/1969 (ART. 1º). ADCT, ART. 41, § 1º. INCENTIVO FISCAL DE NATUREZA SETORIAL. NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO POR LEI SUPERVENIENTE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRAZO DE DOIS ANOS. EXTINÇÃO DO BENEFÍCIO. PRESCRIÇÃO. RE NÃO CONHECIDO. I A jurisprudência da Corte é no sentido de que a apreciação das questões relativas à prescrição de pretensão à compensação de crédito decorrente de incentivo fiscal depende da análise de normas infraconstitucionais. II Precedentes. III Recurso não conhecido.(RE 577302, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 13/08/2009) Assim, tendo em vista a desistência da Recorrente na Medida Cautelar indicada e o julgamento desfavorável no RE nº 577.302/RS, não há qualquer fundamento jurídico que obste a cobrança dos tributos objetos das compensações realizadas no curso de vigência da medida liminar que fora cassada com a reforma da sentença. Quanto à alegação da homologação tácita das compensações pela não realização de lançamento tributário, tampouco pode prosperar, visto que todos os créditos foram confessados em DCTF e, portanto, estavam regularmente constituídos, mas impedidos de serem cobrados enquanto vigentes as medidas judiciais à época existentes. Tal tratamento aos débitos informados em DCTF encontra regulamentação atual na IN RFB nº 1599/2015, nos seguintes termos: Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, poderão ser objeto de cobrança administrativa com os acréscimos moratórios devidos e, caso não liquidados, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU). Assim, não procede o pleito do Recorrente de que houvera uma "ausência de lançamento" que correspondera a uma homologação tácita das compensações. Por fim, o contribuinte pleiteia o reconhecimento de prazo decendial para o seu direito à compensação. Neste ponto há alguma razão. Fl. 6094DF CARF MF Processo nº 13706.000745/200243 Acórdão n.º 3402004.358 S3C4T2 Fl. 5 7 Tal matéria encontrase absolutamente pacificado no âmbito do CARF, com a edição de súmula de observância obrigatória por este Conselho: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Todavia, em razão da questão meritória estar definitivamente julgada pelo Poder Judiciário, não há que se conhecer de tal alegação, por estar intrinsecamente ligada àquela. Conclusão Ante o exposto, conheço parcialmente do Recurso Voluntário, em razão da existência de concomitância, para, na parte conhecida, NEGAR PROVIMENTO. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 6095DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000291/2005-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPROVADA A CONTRADIÇÃO. ELIMINAR A CONTRADIÇÃO. POSSIBILIDADE.
Acolhe-se parcialmente os embargos de declaração, para eliminar contradição entre o fundamento e a conclusão do julgado embargado e rerratificar o acórdão embargado, com efeitos infringentes.
Embargos Acolhidos em Parte
Numero da decisão: 3302-004.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado, de modo que o valor da multa por declaração seja alterado de R$ 1.500,00 para R$ 2.500,00 e valor total da multa, relativo as quatro declarações apresentadas a destempo seja alterado de R$ 6.000,00 para R$ 10.000,00.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado, de modo que o valor da multa por declaração seja alterado de R$ 1.500,00 para R$ 2.500,00 e valor total da multa, relativo as quatro declarações apresentadas a destempo seja alterado de R$ 6.000,00 para R$ 10.000,00. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, José Renato Pereira de Deus.
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ME ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPROVADA A CONTRADIÇÃO. ELIMINAR A CONTRADIÇÃO. POSSIBILIDADE. Acolhese parcialmente os embargos de declaração, para eliminar contradição entre o fundamento e a conclusão do julgado embargado e rerratificar o acórdão embargado, com efeitos infringentes. Embargos Acolhidos em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado, de modo que o valor da multa por declaração seja alterado de R$ 1.500,00 para R$ 2.500,00 e valor total da multa, relativo as quatro declarações apresentadas a destempo seja alterado de R$ 6.000,00 para R$ 10.000,00. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, José Renato Pereira de Deus. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 02 91 /2 00 5- 87 Fl. 211DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração, tempestivamente opostos pela Fazenda Nacional, com o objetivo de suprir supostos vícios de omissão/contradição no acórdão nº 2802 00.009, de 10 de março de 2009. Por meio do referido recurso, a embargante alegou vícios de omissão/contradição no citado acórdão, baseada no argumento de que, ao expor seu entendimento quanto à aplicação da multa por falta/atraso na entrega da DIF Papel Imune uma única vez, para cada declaração não entregue no prazo estabelecido, de acordo com a Medida Provisória 451/2008, o mesmo entendimento não teria sido aplicado no quadro discriminativo dos valores devidos pelo contribuinte, ao manter o valor da multa por declaração não entregue muito aquém do que prevê a citada MP. Em outras palavras, o argumento da embargante foi assim resumido no despacho de admissibilidade: Afirma que de acordo com a fundamentação do acórdão embargado, a multa aplicada ao contribuinte deveria ser reduzida ao valor resultante da multiplicação da multa de R$ 5.000,00 pela quantidade das declarações entregues fora do prazo, ou seja, quatro (3º trimestre de 2003, 4º trimestre de 2003, 1º trimestre de 2004 e 2º trimestre de 2004), chegando ao resultado de 20.000,00 (vinte mil reais). Contudo, que da leitura do quadro discriminativo apresentado no próprio julgado, não é esse valor que se enxerga. Por meio do despacho de admissibilidade coligido aos autos, os embargos foram admitidos, para suprir o vício de omissão apontado. A seguir segue reproduzido o fundamento apresentado, para admissibilidade dos referidos embargos: De fato, de acordo com o quadro apresentado pelo acórdão, observase que o mesmo aplicou uma multa no valor de R$ 1.500,00 por declaração entregue fora do prazo, e que tal valor utilizado não é o citado na MP nº 451/2008; e que não restou explicado a razão da eventual redução do montante de R$ 5.000,00 para R$ 1.500,00. Na Sessão de 26 de janeiro de 2017, mediante sorteio, os presentes autos foram distribuídos para este Relator, que submete a julgamento nesta Sessão. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. Uma vez cumprido os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado vício de omissão/contradição. No entendimento deste Relator, o acórdão embargado padece de vício, mas não de omissão, como asseverado no despacho de admissibilidade, mas de evidente contradição entre o seu fundamento e a sua conclusão. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 19515.000291/200587 Acórdão n.º 3302004.808 S3C3T2 Fl. 419 3 De fato, a simples leitura do voto condutor do julgado embargado revela, no tópico atinente a fundamentação, o entendimento de que, por força do disposto no art. 1º, § 4º, II, da MP 451/2008, combinado com disposto no art. 106, II, “c”, do CTN, a multa por atraso na entrega da DIF Papel Imune seria aplicada única vez, retroativamente, por ser mais benéfica que a vigente na data dos fatos. Enquanto que na conclusão foi apresentado o valor da multa por declaração entregue em atraso diferente do que fora fixado no referido preceito legal, ou seja, o valor da multa por declaração determinado na conclusão foi de R$ 1.500,00, enquanto que na fundamentação foi de R$ 5.000,00 (o valor fixado no art. 1º, § 4º, II, da MP 451/2008). A leitura do trecho extraído do voto condutor julgado embargado, que segue transcrito, em cotejo com os valores discriminados na tabela apresentada na conclusão do referido voto, decerto, esclarece a evidente contradição: É de se notar que no dispositivo legal acima transcrito [art. 1º da MP 451/2008], especificamente no inciso II do § 4º não consta a expressão “por mês”, interpretandose que a penalidade será aplicada uma única vez para cada evento, no caso concreto, uma vez para cada declaração não entregue no prazo estabelecido, ou seja, a nova legislação tratou de forma mais benéfica ao contribuinte que descumpriu a obrigação assessória, devendo ser aplicada retroativamente, conforme dispõe o art. 106 do CTN, [...]. Para que seja proferida um julgamento consentâneo com a legislação vigente, na atual fase de julgamento do processo, a eliminação da presente contradição prescinde de uma breve análise da evolução da redação do preceito legal em comento. Nesse sentido, cabe consignar que até a conversão na Lei 11.945/2009, o art. 1º, § 4º, II, da MP 451/2008, na sua redação originária, tinha a seguinte teor: Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil, a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição; e II adquirir o papel a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. [...] § 4º O nãocumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3º sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), independentemente da sanção prevista no inciso I, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. Fl. 213DF CARF MF 4 [...] (grifos não originais) A referida MP foi convertida na Lei 11.945/2009 e, neste diploma legal, o art. 1º, § 4º, II, da MP 451/2008, em caráter definitivo, passou a te a seguinte a redação, in verbis: Art. 1o Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea “d” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. [...] § 4o O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3odeste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. [...]. Como referido julgado foi prolatado na vigência da MP 451/2008, em que a multa por atraso na entrega da DIF Papel Imune era fixada em R$ 5.000,00 e cobrada uma única vez, conforme consignado no voto do condutor do julgado, resta demonstrada a contradição entre o seu fundamento e a conclusão, haja vista que a multa por intempestiva, no primeiro, foi fixada em R$ 5.000,00 ao passo que, na conclusão, foi determinada em R$ 1.500,00 por declaração, que resultou no total de R$ 6.000,00, para a quatro declarações entregues a destempo. Assim, demonstrada a contradição entre os fundamentos e a decisão, inequivocamente, deve prevalecer os fundamentos do julgado embargado, porém, em razão da nova redação do art. 1º, § 4º, II, da Lei 11.945/2009, combinado com o disposto no art. 106, II, “c”, do CTN, e por se tratar de micro empresa, o valor da multa a ser cobrado será de R$ 2.500,00 por declaração entregue a destempo, o que resulta no total de R$ 10.000,00, para as quatro declarações entregue fora do prazo. Por todo o exposto, votase por acolher integralmente os presentes embargos de declaração, com efeitos infringentes, para esclarecer a contradição entre o fundamento e a conclusão consignados no voto condutor do julgado, nos termos anteriormente expostos, e retificar o acórdão embargado, de modo que o valor da multa por declaração seja alterado de R$ 1.500,00 para R$ 2.500,00 e valor total da multa, relativo as quatro declarações apresentadas a destempo, seja alterado de R$ 6.000,00 para R$ 10.000,00. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 19515.000291/200587 Acórdão n.º 3302004.808 S3C3T2 Fl. 420 5 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 215DF CARF MF
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