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Numero do processo: 16643.000386/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1402-000.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, determinar que o julgamento do processo seja sobrestado até a apreciação pelo CARF dos recursos interpostos nos processos 16327.001448/2006-00 e 16561.000197/2008-27
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, determinar que o julgamento do processo seja sobrestado até a apreciação pelo CARF dos recursos interpostos nos processos 16327.001448/2006-00 e 16561.000197/2008-27 Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, determinar que o julgamento do processo seja sobrestado até a apreciação pelo CARF dos recursos interpostos nos processos 16327.001448/200600 e 16561.000197/200827 Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 43 .0 00 38 6/ 20 10 -1 2 Fl. 1526DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 1.262 ___________ Relatório Trata o presente de auto de infração para cobrança do IRPJ e da CSLL no valor total de R$ 29.654.250,90; aí incluídos multa de ofício e juros de mora, decorrentes, no caso do IRPJ, de ajustes de preços de transferência realizados nas negociações da interessada com pessoas ligadas domiciliadas no exterior; e, para a CSLL, de glosa na compensação indevida de base de cálculo negativa da contribuição. Nas aquisições efetuadas pela empresa, sujeitas às regras de preços de transferência, a contribuinte adotou, para a maior parte dos produtos, o método PRL60 (Preço de Revenda menos Lucro, com margem de 60%), utilizandose, no entanto, a sistemática prevista na IN/SRF n° 32/2001, embora à época da ocorrência do fato gerador do IRPJ e da CSLL estivesse em vigor a metodologia estabelecida pela IN/SRF n° 243/2002. Assim, a autoridade lançadora efetuou os cálculos utilizando a metodologia explicitada na IN/SRF nº 243/2002. Ainda em relação aos cálculos elaborados pela empresa, ao se apurar o preço praticado na importação, o valor dos produtos adquiridos foi reduzido na proporção da taxa Libor, acrescida do spread de 3%, fundamentandose no artigo 9º da IN/SRF n° 243/2002. Tendo em vista que a interessada, ainda que intimada a fazêlo, não demonstrou a efetiva ocorrência desses encargos financeiros, a apuração da Fiscalização não os levou em consideração. A autoridade fiscal apurou que alguns produtos importados foram revendidos diretamente e também utilizados na produção de outros bens. Nesses casos, ao refazer os cálculos segundo a IN/SRF nº 243/2002, obteve o preço parâmetro pela ponderação entre os preços parâmetro resultantes do método PRL com de 20% e 60%. Foram também constatadas irregularidades na compensação da base de cálculo negativa da CSLL. O sistema SAPLI da RFB (que controla os saldos de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL) aponta que a contribuinte, na DIPJ/2006 (anocalendário 2005), efetuou compensação de base de cálculo negativa da CSLL em montante superior ao saldo disponível, excedendoo em R$ 7.139.793,54; valor esse glosado por meio de lançamento tributário). Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresenta impugnação sustentando que todo o procedimento por ele adotado está em conformidade com a sistemática prevista na Lei nº 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.959/2000. Afirma que A IN SRF no 243/2002, fundamento principal da autuação é ilegal, uma vez que contém disposições não previstas na Lei no 9.430/96, as quais provocam aumento substancial e indevido no valor dos ajustes tributáveis e, portanto, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. No cálculo efetuado pela fiscalização, foram levados em conta os saldos iniciais do estoque (produtos importados em anos anteriores mas consumidos somente em 2005). Fl. 1527DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000386/201012 Resolução nº 1402000.144 S1C4T2 Fl. 1.263 3 Nessa composição, a fiscalização utilizou como referência os valores de importação informados pela contribuinte para o período (compras) mais os valores registrados na contabilidade da contribuinte com relação ao estoque (saldo inicial). Ocorre que os valores discriminados na contabilidade da contribuinte incluem outros custos além dos valores pagos na importação, como frete local, despesas portuárias, acondicionamento, etc., que não estão sujeitos a ajustes de preços de transferência. Assim, o custo levado em consideração pela fiscalização incorpora uma série de valores incorridos pela contribuinte no Brasil, com parte não vinculada. Referidos custos jamais poderiam ser considerados na apuração do preço médio de aquisição, pois são custos incorridos com terceiros e que não poderiam estar sujeitos a qualquer tipo de manipulação de preço. Por e:3sa razão, também não deveriam se sujeitar a ajustes de preços de transferência. Não bastasse essa diferença, o cálculo da fiscalização leva em conta o valor CIF mais imposto de importação, enquanto a contribuinte utiliza o preço FOB. Com relação a esse assunto, o § 6o do artigo 18 da Lei no 9.430196 determina que os valores relativos a frete e seguro internacional serão dedutíveis, em sua integralidade, sempre que suportados pelo importador nacional e pagos a terceiro não vinculado, motivo pelo qual o preço praticado a ser utilizado para fins de comparação com o preçoparâmetro (apurado peio método PRL20) não pode ser outro senão o preço FOB utilizado pela contribuinte. Outra inconsistência notada no cálculo da fiscalização para a apuração do preço médio de aquisição foi a não desconsideração do saldo final, ou seja, a não subtração dos insumos e produtos que foram importados em 2005, mas não consumidos naquele ano calendário. Isso porque a lei não determina o controle de preços de transferência para operações que não afetaram o lucro tributável, como é o caso dos insumos e produtos importados que não foram consumidos no anocalendário. Em relação aos ajustes financeiros realizados pela recorrente, cumpre ressaltar que o ajuste do preçoparâmetro calculado pelo método PRL com relação aos juros praticados pelos fornecedores não está condicionada a qualquer espécie de comprovação por parte da contribuinte, conforme se pode verificar pela própria literalidade do supracitado inciso II do § 61 do artigo 12 da IN SRF n° 243/2002. A única condição é tão somente a importação de bens e produtos a prazo, pois quando inexiste comprovação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base na taxa Libor, sendo esse o método residual que dispensa qualquer outra prova. Portanto, na medida em que a contribuinte efetivamente praticou importações com pagamento a prazo, impõese a aplicação da regra prevista no inciso II do § 6º do artigo 12 da IN SRF n° 243/2002 ao caso em tela. No que se refere à glosa da base de cálculo negativa da CSLL, tem origem em outras duas autuações fiscais relativas aos períodos de 2001 e 2003, que ainda não foram objeto de decisão administrativa definitiva. Fl. 1528DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000386/201012 Resolução nº 1402000.144 S1C4T2 Fl. 1.264 4 Desse modo, o saldo de base de cálculo negativa da CSLL desconsiderado pela fiscalização nos presentes autos ainda pode ser restabelecido, no caso de uma decisão favorável à contribuinte nos supracitados processos, sendo essa uma questão prejudicial para a análise da glosa em questão. Ademais, o fato de a contribuinte haver impugnado as autuações fiscais objeto dos processo administrativo n°s 16327.001448/200600 e 16561.000197/200827 faz com que a exigibilidade de eventuais débitos fiscais relacionados aos mesmos fique suspensa durante o curso do contencioso administrativo, na forma do inciso III do artigo 151 do CTN. Logo, os efeitos decorrentes da compensação de ofício realizada nos processos administrativos em questão estariam suspensos, sendo indevida a aplicação da multa punitiva de 75%, pois, quando muito, eventual autuação fiscal decorrente de tal situação poderia apenas visar a prevenção da decadência, a teor do artigo 63 da Lei n° 9.430/96. Por fim, suscita o caráter confiscatório da multa de ofício, reclama pela inaplicabilidade da taxa SELIC como indexador dos juros de mora e também pela não incidência dos juros sobra a multa aplicada. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento prolatou o Acórdão 1630.393 considerando a impugnação totalmente improcedente, em decisão assim resumida: não cabe às Delegacias de Julgamento apreciar questões acerca da eventual ilegalidade das instruções normativas editadas pela Secretaria da Receita Federal, devem se limitar a aplicar as disposições ali contidas sem emitir qualquer juízo de valor acerca da sua legalidade, constitucionalidade ou outros aspectos de validade e as decisões judiciais mencionadas na Impugnação não possuem efeito vinculante; devem ser computados os saldos iniciais do estoque no cálculo do preço praticado; (vi) os gastos com frete local, despesas portuárias, acondicionamento; e a utilização do valor CIF (valor FOB mais frete internacional e seguro) e o imposto de importação, integram o custo dos produtos importados, independentemente de terem sido pagos ou não a pessoas vinculadas e devem ser incluídos na apuração do preço praticado por meio do método PRL; tendo em vista que a Recorrente considerou para a formação do seu preço de revenda todos os seus custos, inclusive as despesas elencadas no item anterior, fazse necessário, para não ocorrerem distorções na comparação entre o preço parâmetro e o preço praticado, que o preço praticado também seja composto por tais custos, o que não afeta a apuração de eventual ajuste; as vendas efetuadas pela Recorrente não afetam o preço praticado, pois o preço praticado retrata o custo de aquisição dos produtos importados de empresas vinculadas, se relacionando com a aquisição e não com a revenda, logo também não é afetado pela quantidade de produtos que permaneceram em estoque no final do período de apuração, ao passo que o preço médio é o mesmo para o produto consumido e para o produto em estoque; a Fiscalização não incluiu nas quantidades sujeitas a ajuste os produtos que permaneceram em estoque no final do anocalendário de 2005; Fl. 1529DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000386/201012 Resolução nº 1402000.144 S1C4T2 Fl. 1.265 5 não há previsão para a exclusão dos juros eventualmente cobrados nas compras a prazo, uma vez que a previsão do artigo 12, §§ 5 0 e 60 da IN 243/02 é referente a operações entre empresas não vinculadas; além disso, a empresa não comprovou a cobrança de juros na operação e nem demonstrou. a existência de preços distintos para operações a vista e a prazo, razão pela qual os juros não poderiam ser equiparados a financiamento intragrupo; no que tange à compensação indevida da base de cálculo negativa de CSLL, as Autoridades Fiscais devem se basear nos saldos de bases de cálculo negativa da CSLL existentes nos controles da Receita Federal do Brasil ("RFB") e, existindo compensações indevidas, está correto o lançamento correspondente para evitar a decadência, pois a suspensão da exigibilidade do débito não impede o lançamento e caso sobrevenha decisão favorável ao contribuinte o lançamento será revisto; descabe a alegação da inaplicabilidade da multa de oficio, pois a suspensão da exigibilidade por conta da interposição de Recurso Voluntário não está nas hipóteses do artigo 63 da Lei n° 9.430/96; a multa de ofício de 75% e o cálculo dos juros de mora com base na taxa Selic têm previsão legal, portanto, são devidos; não há incidência de juros de mora sobre a multa de oficio e, caso venha a ocorrer, não é atribuição da Autoridade Julgadora se manifestar sobre a questão, pois o cálculo do juros é matéria a ser discutida no âmbito da cobrança do tributo lançado; e as provas juntadas ao processo são suficientes para o convencimento da Autoridade Julgadora e a apresentação de prova documental em momento processual diverso da impugnação só é admitida nos casos previstos no § 4º do artigo 16 do Decreto n° 70. 235/72• Devidamente cientificado, o contribuinte recorre a este colegiado ratificando em essência as razões expedidas na peça impugnatória. É o Relatório. Fl. 1530DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16643.000386/201012 Resolução nº 1402000.144 S1C4T2 Fl. 1.266 6 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo, foi interposto por representante legal devidamente qualificado e preenche as condições de admissibilidade. Antes de analisar o mérito da exigência, entendo que mereça avaliação específica a questão prejudicial concernente à alteração no saldo da base de cálculo negativa da CSLL. Conforme Termo de Constatação e Encerramento, a diferença glosada (R$ 7.139.793,54) devese a dois eventos: Nos lançamentos tributários consubstanciados nos processos administrativos n°s 16327.001448/200600 e 16561.000197/200827 foram compensados R$ 26.091.243,26 além dos valores que já haviam sido considerados pela empresa. Como conseqüência, não restaria qualquer saldo compensável em 2005. Claro está, portanto, que a análise desse item depende diretamente do resultado do julgamento proferido nos autos dos processos 16327.001448/200600 e 16561.000197/200827. Esses processos já foram apreciados pelo Órgão julgador de primeira instância e, inclusive, o resultado daquele julgamento já foi considerado na formalização da exigência aqui tratada. Os acórdãos proferidos são suficientes para que a decisão recorrida analise seus efeitos nos presentes autos, sem qualquer prejuízo. O mesmo não ocorre no âmbito do CARF, pois julgar o pleito neste momento representaria a apreciação da questão com base em circunstâncias que poderiam ser modificadas. Sendo assim, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente até que seja proferida decisão no âmbito do CARF relativamente aos processos administrativos n°s 16327.001448/200600 e 16561.000197/20082. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 1531DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10166.730385/2013-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
Deve ser restabelecida a dedução com despesas médicas se o contribuinte logra trazer a comprovação das despesas médicas, com todos os requisitos exigidos pela legislação.
GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Somente podem ser deduzidas as despesas médicas quando comprovadas por documentação hábil e idônea a efetiva prestação dos serviços e a vinculação do pagamento ao serviço prestado.
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE.
Somente pode ser utilizado como dedução na Declaração de Ajuste Anual o valor de pensão alimentícia quando o pagamento tenha a natureza de alimentos; sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2201-002.881
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a totalidade das deduções relativas à pensão alimentícia e para restabelecer a despesa médica no valor de R$ 520,00.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Mees Stringari
Relator
(assinado digitalmente)
Eduardo Tadeu Farah
Presidente Substituto
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Deve ser restabelecida a dedução com despesas médicas se o contribuinte logra trazer a comprovação das despesas médicas, com todos os requisitos exigidos pela legislação. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Somente podem ser deduzidas as despesas médicas quando comprovadas por documentação hábil e idônea a efetiva prestação dos serviços e a vinculação do pagamento ao serviço prestado. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE. Somente pode ser utilizado como dedução na Declaração de Ajuste Anual o valor de pensão alimentícia quando o pagamento tenha a natureza de alimentos; sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a totalidade das deduções relativas à pensão alimentícia e para restabelecer a despesa médica no valor de R$ 520,00. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Mees Stringari Relator (assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
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COMPROVAÇÃO. Deve ser restabelecida a dedução com despesas médicas se o contribuinte logra trazer a comprovação das despesas médicas, com todos os requisitos exigidos pela legislação. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Somente podem ser deduzidas as despesas médicas quando comprovadas por documentação hábil e idônea a efetiva prestação dos serviços e a vinculação do pagamento ao serviço prestado. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE. Somente pode ser utilizado como dedução na Declaração de Ajuste Anual o valor de pensão alimentícia quando o pagamento tenha a natureza de alimentos; sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a totalidade das deduções relativas à pensão alimentícia e para restabelecer a despesa médica no valor de R$ 520,00. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 73 03 85 /2 01 3- 27 Fl. 83DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 2 (assinado digitalmente) Carlos Alberto Mees Stringari Relator (assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto Participaram do presente julgamento, os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10166.730385/201327 Acórdão n.º 2201002.881 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I, Acórdão 1267.594 da 21ª Turma, que julgou a impugnação improcedente. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: Tratase de impugnação à Notificação de Lançamento, fl. 08, lavrada em face do contribuinte acima identificado em decorrência de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda referente ao Exercício de 2011, Ano Calendário de 2010, tendo sido apurado crédito tributário de R$ 58.914,19, já acrescido de multa de ofício e juros de mora. Conforme o documento Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 09/10, foram apuradas as seguintes infrações: 1 Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial ou por Escritura Pública no valor de R$ 106.781,34, sendo especificado, como segue: “1) Lazara Moreira Teodoro – R$ 101.696,55 – o contribuinte regularmente intimado não apresentou decisão judicial determinando o pagamento da pensão alimentícia; 2) Antonio Teodoro Filho – R$ 5.084,79 – o contribuinte regularmente intimado não apresentou decisão judicial determinando o pagamento da pensão alimentícia.” 2 Dedução Indevida de Despesas Médicas no valor de R$ 1.330,00, referente aos prestadores de serviço Tiago Henrique de Lima e Borges (R$ 520,00) por motivo dos recibos não conterem identificação do registro profissional do prestador do serviço e Pedro de Lima e Borges (R$ 810,00) glosado por falta de comprovação. Cientificado da Notificação de Lançamento em 27/11/2013, o contribuinte apresentou impugnação em 04/12/2013, fls. 03, contendo as alegações a seguir especificadas. Está dito no documento que o requerente foi intimado e não compareceu à Receita, sendo que o documento nº 6 apresentado prova o contrário, pois foram entregues cópias de documentos, devendo ter ocorrido alguma falha. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 4 Nenhuma seção financeira dentro do serviço público cobra pensão alimentícia de um servidor a não ser que haja determinação judicial nesse sentido. É separado de Lazara Moreira Teodoro desde agosto de 1992, época em que foi determinada judicialmente a cobrança de pensão alimentícia em favor dela de 40% dos rendimentos do servidor, sendo estipulado também pensão alimentícia em favor Antonio Teodoro Filho, e os documentos apresentados comprovam o início do pagamento das pensões e que estas são pagas até hoje. Vem abatendo as pensões na Declaração de Imposto de Renda faz mais de 20 anos e nunca teve questionamento. Apresenta Declaração de Rendimentos, expedida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, onde constam os pagamentos em 2010 em favor de Lazara Moreira Teodoro no valor de R$ 113.034,43 e de Antonio Teodoro Filho no valor de R$ 5.651,67. A glosa das despesas médicas não prodece, conforme comprovante das despesas em anexo. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, órgão fiscal da Lei, jamais cometeria a ilegalidade de cobrar pensão de servidor sem respaldo de decisão judicial. Pelo exposto, requer que seja revista a Notificação de Lançamento, colocando a situação do requerente no seu devido lugar, ressaltando que zela pelo seu nome e jamais iria abater valores indevidos, falsos ou sem comprovação. Requer preferência, por contar com mais de 60 anos de idade, conforme Lei 10.741/2003, Estatuto do Idoso. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: · Juntou documentos que justificam a dedução. · Lázara Moreira Teodoro pagou seu IRPF. Nova cobrança sobre os mesmos valores é duplicidade. · Comprovou tratamento odontológico. Anexa declaração da Clínica Dentária Odonto, com endereço, CPF e CRO dos profissionais. · Anexa cópias de ofícios da Justiça do Distrito Federal, o de nº 925, de 19/08/92, determinando pensão alimentícia em favor de Lázara Moreira Teodoro e o de nº 230, de 04/04/90, em favor de Antônio Teodoro Filho. É o relatório. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10166.730385/201327 Acórdão n.º 2201002.881 S2C2T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à análise das questões pertinentes. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS A legislação tributária concede ao contribuinte, por ocasião da declaração anual de ajuste, a possibilidade de realizar deduções de despesas médicas próprias e de seus dependentes da base de cálculo do imposto de renda Além do direito de realizar deduções, o sujeito passivo está obrigado a comprovar, de forma inequívoca e mediante documentação hábil e idônea, a realização de todas as deduções informadas em sua Declaração de Ajuste Anual. A legislação estabelece que o contribuinte, quando intimado, comprove que as deduções pleiteadas na declaração preencham todos os requisitos exigidos, sob pena de serem consideradas indevidas e o valor pretendido como dedução seja apurado e lançado em procedimento de ofício. Abaixo o art. 8 da Lei nº 9.250/95 e o art. 11, do Decreto Lei nº 5.844/43: Lei 9.250/95 Art.8. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; ... § 2º O disposto na alínea a do inciso II: Fl. 87DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 6 I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; DecretoLei nº 5.844/43 Art 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas nêste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. ... § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora.” § 4° Se forem pedidas deduções exageradas em relação ao rendimento bruto declarado, ou se tais deduções não forem cabíveis, de acordo com o disposto neste capítulo, poderão ser glosadas sem audiência de contribuinte. Do mesmo modo, estabelece o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) em seu art. 80: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). ... Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades Fl. 88DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10166.730385/201327 Acórdão n.º 2201002.881 S2C2T1 Fl. 5 7 que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Na autuação foram imputadas 2 glosas, abaixo detalhadas: · Tiago Henrique Lima e Borges R$ 520,00 O contribuinte apresentou recibo sem a identificação do registro profissional do prestador de serviço; · Pedro de Lima Borges R$ 810,00 Glosa por falta de comprovação. Para sanar os vícios que motivaram a autuação e a improcedência da impugnação, o recorrente acrescentou a declaração abaixo transcrita, datada de 27/08/2014 (folha 60): "A instituição Clínica Aodonto, situada à SDN Conjunto |Nacional, 5º andar, sala 5001, CEP 70.077900 Brasília/DF, informamos que foram emitidos recibos ao paciente Anísio Teodoro, CPF nº 029.376.62153, dos dentistas Tiago Henrique Lima Borges CRODF 5367 e IE 2489 e Pedro e lima Borges CRODF 7901." Entendo que o vício apontado pelo fisco quando da autuação, para o caso do profissional Tiago Henrique Lima Borges foi sanado e que a declaração não comprova o serviço prestado pelo profissional Pedro de Lima. Entendo que o valor glosado de R$ 520,00, referente ao profissional Tiago Henrique Lima e Borges deve ser restabelecido. PENSÃO ALIMENTÍCIA Fl. 89DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 8 A dedução da base de cálculo relativa ao pagamento de pensão alimentícia encontrase prevista no inciso II do caput do art. 4º, bem como na alínea “f” do inciso II do caput do art. 8º, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 4º Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão ou acordo judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais; III a quantia, por dependente, de: ... Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; A legislação estabelece que o contribuinte, quando intimado, comprove que as deduções pleiteadas na declaração preencham todos os requisitos exigidos, sob pena de serem consideradas indevidas e o valor pretendido como dedução seja apurado e lançado em procedimento de ofício. Abaixo o art. 11, do Decreto Lei nº 5.844/43: DecretoLei nº 5.844/43 Art 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas nêste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. ... § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. § 4° Se forem pedidas deduções exageradas em relação ao rendimento bruto declarado, ou se tais deduções não forem cabíveis, de acordo com o disposto neste capítulo, poderão ser glosadas sem audiência de contribuinte. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10166.730385/201327 Acórdão n.º 2201002.881 S2C2T1 Fl. 6 9 Do mesmo modo, estabelece o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) em seus artigos 73, 78 e 83: Art.73.Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). §1ºSe forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, §4º). §2ºAs deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §5º). §3ºNa hipótese de rendimentos recebidos em moeda estrangeira, as deduções cabíveis serão convertidas para Reais, mediante a utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento do rendimento. ... Art.78.Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). §1ºA partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. §2ºO valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. §3ºCaberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. §4ºNão são dedutíveis da base de cálculo mensal as importâncias pagas a título de despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §3º). Fl. 91DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 10 §5ºAs despesas referidas no parágrafo anterior poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração anual, a título de despesa médica (art. 80)ou despesa com educação (art. 81)(Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §3º). ... Art.83.A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, e Lei nº 9.477, de 1997, art. 10, inciso I): Ide todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; IIdas deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os arts. 74,75,78a 81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais por dependente. Conforme as normas acima apresentadas, são requisitos para a dedutibilidade: · que o pagamento tenha a natureza de alimentos; · que sejam fixados em decorrência das normas do Direito de Família; e · que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Valores entregues por liberalidade não são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. A doutrina admite que o pagamento de pensão alimentícia se dê após a maioridade e até os 24 anos de idade, apenas se comprovado que o alimentando é estudante regularmente matriculado em estabelecimento de ensino superior, sem condições próprias de subsistência (salvo em condições excepcionais de saúde). Também a legislação fiscal segue esse entendimento, conforme Decreto 3.000/99. Art.77.Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida do rendimento tributável a quantia equivalente a noventa reais por dependente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso III). §1ºPoderão ser considerados como dependentes, observado o disposto nos arts. 4º, §3º, e5º, parágrafo único(Lei nº 9.250, de 1995, art. 35): Io cônjuge; Fl. 92DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH Processo nº 10166.730385/201327 Acórdão n.º 2201002.881 S2C2T1 Fl. 7 11 IIo companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; IIIa filha, o filho, a enteada ou o enteado, até vinte e um anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IVo menor pobre, até vinte e um anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; Vo irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até vinte e um anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VIos pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VIIo absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. §2ºOs dependentes a que referem os incisos III e V do parágrafo anterior poderão ser assim considerados quando maiores até vinte e quatro anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, §1º). §3ºOs dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, §2º). §4ºNo caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, §3º). §5ºÉ vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, §4º). A autuação em questão considerou indevidas as pensões alimentícias conforme transcrito abaixo: “1) Lazara Moreira Teodoro – R$ 101.696,55 – o contribuinte regularmente intimado não apresentou decisão judicial determinando o pagamento da pensão alimentícia; Fl. 93DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH 12 2) Antonio Teodoro Filho – R$ 5.084,79 – o contribuinte regularmente intimado não apresentou decisão judicial determinando o pagamento da pensão alimentícia.” O recorrente anexou cópias de ofícios da Justiça do Distrito Federal, de nº 925, de 19/08/92, determinando pensão alimentícia em favor de Lázara Moreira Teodoro e de nº 230, de 04/04/90, em favor de Antônio Teodoro Filho (folhas 61 e 63). Entendo que os ofícios juntamente com a comprovação dos pagamentos comprovam o direito à dedução. As deduções devem ser restabelecidos. CONCLUSÃO Voto por dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a totalidade das deduções relativas à pensão alimentícia e para restabelecer a despesa médica no valor de R$ 520,00. Carlos Alberto Mees Stringari Fl. 94DF CARF MF Impresso em 26/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 0 8/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por EDUARDO TADEU F ARAH
score : 1.0
Numero do processo: 11080.725009/2015-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DEDUÇÃO DE DESPESAS. CONFORMIDADE COM DIRPF. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE DEDUÇÃO INCORRETA. AUSÊNCIA DE PROVAS. RECOLHIMENTO PARCIAL DO TRIBUTO DEVIDO. ABATIMENTO DA EXIGÊNCIA.
A própria contribuinte declarou a dedução considerada e não se desincumbiu do ônus de comprovar suas alegações, não havendo como aferir a ocorrência do erro aduzido.
Deve ser excluído do montante exigido o valor comprovadamente recolhido por meio de DARF.
Numero da decisão: 2201-003.258
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para aproveitar o recolhimento, caso disponível, do valor de R$ 366,70(trezentos e sessenta e seis reais e setenta centavos).
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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CONFORMIDADE COM DIRPF. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE DEDUÇÃO INCORRETA. AUSÊNCIA DE PROVAS. RECOLHIMENTO PARCIAL DO TRIBUTO DEVIDO. ABATIMENTO DA EXIGÊNCIA. A própria contribuinte declarou a dedução considerada e não se desincumbiu do ônus de comprovar suas alegações, não havendo como aferir a ocorrência do erro aduzido. Deve ser excluído do montante exigido o valor comprovadamente recolhido por meio de DARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para aproveitar o recolhimento, caso disponível, do valor de R$ 366,70(trezentos e sessenta e seis reais e setenta centavos). Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 50 09 /2 01 5- 95 Fl. 73DF CARF MF Impresso em 05/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Em desfavor do contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento (fl. 5), na qual foi apurado o crédito tributário, concernente ao Imposto de Renda da Pessoa Física, relativamente ao anocalendário 2012, no valor de R$ 2.790,19, acrescido de multa de ofício (75%) e juros de mora. 2. Anteriormente, o contribuinte havia apurado o valor de R$ 677,49 (imposto a restituir), na Declaração de Ajuste Anual (DAA). 3. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, referido lançamento decorrera da seguinte infração (fl. 6): (...) Constatouse a omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício sujeitos à tabela progressiva no valor de R$ 22.557,75 recebidos da fonte pagadora Postalis. De acordo com a Instrução Normativa n.º 1343/2013 da SRFB e Demonstrativo das Contribuições da Postalis apresentada, o valor total das contribuições de 1989 a 1995 da contribuinte participante de plano de previdência complementar foi de R$ 10.673,51 cuja data da consolidação foi 31/12/2009. Assim, o direito de deduzir o referido valor dos rendimentos recebidos se restringiu a declaração de 2010. O contribuinte apresenta impugnação (fl. 3) na qual argumenta, em síntese, que houve necessidade de apresentar declaração retificadora para fins de aplicação do disposto na Instrução Normativa RFB Nº 1.343, de 2013. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. CONTRIBUIÇÕES PAGAS ENTRE OS ANOS DE 1989 E 1995. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO. ESGOTAMENTO. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 05/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11080.725009/201595 Acórdão n.º 2201003.258 S2C2T1 Fl. 74 3 Poderão ser deduzidas, dos rendimentos tributáveis recebidos a título de complementação de aposentadoria, as contribuições pagas às entidades de previdência privada entre os anos de 1989 e 1995, nos termos da IN RFB Nº 1.343, de 2013. O método empregado é do esgotamento (exaurimento), no qual as contribuições pagas no citado período, atualizadas na forma do art. 5º da IN 1.343/2013, podem ser deduzidas dos rendimentos tributáveis recebidos a título de complementação de aposentadoria até não haver mais saldo a ser descontado. Uma vez exaurido o saldo atualizado, fica encerrado o direito a deduzir. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, que no cálculo do imposto não houve a dedução do valor integral das despesas (foi deduzido R$ 7.334,98, quando deveria ter sido deduzido R$ 20.025,73). Além disso, solicitou a recorrente a dedução do imposto pago no código DARF 0211, no valor de R$ 366,70 recolhido em parcela única. É o relatório. Voto Conselheiro Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme narrado, em seu recurso voluntário, a contribuinte não se insurgiu sobre a questão relativa às contribuições pagas às entidades de previdência privada entre os anos de 1989 e 1995, nos termos da IN RFB Nº 1.343, de 2013. A recorrente alegou apenas genericamente erro na dedução do valor integral das despesas (foi deduzido R$ 7.334,98, quando deveria ter sido deduzido R$ 20.025,73) sem apontar as razões pelas quais considera a ocorrência do erro, bem como sem apresentar ou apontar provas relativas à insurgência. Assim, tendo em vista que a própria contribuinte declarou a dedução considerada (R$1.974,72 aos dependentes e R$ 5.360,26 de despesas médicas, que perfazem o valor de R$ 7.334,98), ela não se desincumbiu do ônus de comprovar suas alegações, não havendo como aferir a ocorrência do erro aduzido. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 05/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 No que se refere ao imposto pago sob o código DARF 0211, no valor de R$ 366,70, considerando a comprovação do pagamento às fls. 66/68, tal valor deverá ser abatido do montante integral. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para excluir do montante exigido o valor de R$ 366,70 (trezentos e sessenta e seis reais e setenta centavos). Assinado digitalmente. ]Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 76DF CARF MF Impresso em 05/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 01/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10945.001877/2005-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2004
DESPACHO DECISÓRIO. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS JURÍDICOS PELA DRJ. IMPOSSIBILIDADE.
A autoridade administrativa julgadora não pode inovar o ato administrativo tributário em julgamento, alterando os critérios jurídicos que o nortearam.
Numero da decisão: 3201-002.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira.
Ausentes, justificadamente, as conselheiras Mércia Helena Trajano D'Amorim e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2004 DESPACHO DECISÓRIO. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS JURÍDICOS PELA DRJ. IMPOSSIBILIDADE. A autoridade administrativa julgadora não pode inovar o ato administrativo tributário em julgamento, alterando os critérios jurídicos que o nortearam.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausentes, justificadamente, as conselheiras Mércia Helena Trajano D'Amorim e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
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ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS JURÍDICOS PELA DRJ. IMPOSSIBILIDADE. A autoridade administrativa julgadora não pode inovar o ato administrativo tributário em julgamento, alterando os critérios jurídicos que o nortearam. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Cássio Schappo, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Winderley Morais Pereira. Ausentes, justificadamente, as conselheiras Mércia Helena Trajano D'Amorim e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 00 18 77 /2 00 5- 24 Fl. 3912DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.913 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente do indeferimento do crédito presumido escriturado no terceiro trimestre de 2004, com a conseqüente nãohomologação das compensações declaradas, em razão do contribuinte ter informado que, de acordo com a legislação, deixou de ter direito ao referido crédito a partir de 1º de fevereiro de 2004, por ser optante pelo lucro real. Em sua manifestação de inconformidade, a interessada alega que o pedido se refere ao crédito presumido gerados no período de janeiro/2001 a janeiro/2004, o que se poderia confirmar pelos DCPs entregues. Examinando as fls. 08/154 da PER/DCOMP em questão, verifiquei que o contribuinte declarou como fundamento para o crédito presumido as saídas para exportação e para empresas comerciais exportadoras ocorridas no período anterior a 1º de fevereiro de 2004, também assinalando que entregou as DCPs. Portanto, em tese, não se trataria do crédito presumido posterior a 1º de fevereiro de 2004, mas de escrituração extemporânea válida, enquanto não prescrito o direito. De fato, embora a regra do estabelecida pelo art. 16 da IN SRF nº 600/2005 se refira um único trimestrecalendário, não consta no texto dessa norma que o trimestrecalendário não possa conter registros de créditos extemporâneos de outros trimestres, os quais foram regularmente lançados no indigitado trimestre. Nesse mesmo sentido, o programa PERDCOMP AJUDA – Programa PERDCOMP – Ficha Crédito Presumido no Período do Ressarcimento” que expressamente orienta os contribuintes a procederem dessa forma. Abaixo transcrevo a orientação: “Atenção! As informações relativas ao crédito presumido deverão ser prestadas no trimestrecalendário em que os valores apurados forem escriturados no Livro RAIPI, independentemente do período de apuração a que se refiram.” Diante disso, o presente processo deva ser baixou em diligência para que a fiscalização verifique, mediante regular auditoria, a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Assim foi feito e o processo retornou com a Informação Fiscal que demonstrou a correção de parte do direito creditório, no montante de R$ 748,51, intimandose a interessada a se manifestar no prazo de 10 (dez) dias (Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 44). Em sua manifestação a interessada alegou que o prazo foi exíguo para, efetivamente, fundamentar sua inconformidade e que, por ser diligência que visava apenas a apuração de fatos, deveria ser desconsiderada a matéria de direito invocada pelo auditor para glosar seus créditos, ou seja, exportação de Fl. 3913DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.914 3 produtos que, embora industrializados, constam na TIPI como NT (não tributados pelo IPI) e aquisições de pessoas físicas e cooperativas. Além disso, requereu que o total do crédito pedido fosse corrigido monetariamente. Logo, para que não ocorresse preterição do direito de defesa, o processo retornou ao órgão de origem para que o contribuinte, prazo de trinta dias, apresentasse sua manifestação de inconformidade contra a parcela do crédito presumido que não foi reconhecida pela fiscalização. Em sua nova manifestação a interessada alega que: 1) Preliminarmente, o Despacho Decisório é nulo, em decorrências das nulas diligências que resultaram em novo despacho decisório proferido pelo auditor fiscal, em síntese, como o fundamento do despacho denegatório teria sido fulminado pelas alegações da contribuinte e concordância da autoridade fiscal com as mesmas, assim, constatado que o procedimento adotado pela empresa foi regular e de acordo com a legislação, requer que seja homologado integralmente o crédito solicitado, pois, todos atos não previstos no rito processual são nulos; 2) Por outro lado, como já se teriam passados cinco anos, mesmo que os atos processuais e decisões proferidas fossem válidas, as compensações já estariam tacitamente homologadas, impedindo nova fundamentação para indeferimento da PERDCOMP; 3) No mérito, defende, com base em sua interpretação da legislação e jurisprudência que cita, ser indiscutível o direito ao crédito presumido decorrente da aquisição de pessoas físicas e cooperativas, sendo que, neste último caso, elas, inclusive, seriam contribuintes do PIS e da COFINS; 4) No caso dos produtos classificados na TIPI com NT, o artigo 1º da Lei nº 9363/96 não dá margem a dúvidas, basta que a empresa seja produtora e exportadora de mercadorias nacionais, além disso, como seria possível afirmar que a farinha de trigo exportada não é industrializada? Ademais, em nenhum momento a fiscalização teria questionado o processo de beneficiamento industrial da impugnante. Encerrou requerendo a atualização monetária sobre o valor integral do crédito presumido pleiteado. Sobreveio decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que julgou, por unanimidade de votos, procedente em parte a manifestação de inconformidade, reconhecendo parcialmente o direito creditório pleiteado. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 3914DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.915 4 Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2004 IPI. NULIDADES. Só são nulos os atos praticados por autoridade incompetente ou com cerceamento do direito de defesa. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. Operação que resulta em produto nãotributável, não é considerada operação industrial, não fazendo jus ao crédito presumido de IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. São glosados os valores referentes a aquisições de insumos de nãocontribuintes do PIS/PASEP e da COFINS pois, conforme a legislação de regência, os insumos adquiridos devem sofrer o gravame das referidas contribuições. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS SELIC É incabível, por falta de previsão legal, a atualização, pela taxa SELIC, dos valores objeto de pedido de ressarcimento de créditos do IPI. Inconformada com a decisão, apresentou a Recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. Afirma ainda ser nula a decisão da DRJ, pois embasouse em motivação apenas incluída em sede de diligência fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto A recorrente alega a nulidade da decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/RPO, por entender que a mesma ultrapassou os limites estabelecidos no despacho decisório. Afirma ainda que, por este motivo, restariam suas compensações homologadas pelo decurso do prazo. Para se definir a questão é necessário, inicialmente, verificar os procedimentos adotados pelas autoridades fiscais. A recorrente apresentou, em 28/10/2004, pedido de ressarcimento de IPI referente ao 3º trimestre de 2004. Seu direito creditório teria origem em crédito presumido de Fl. 3915DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.916 5 IPI escriturado no 2º decêndio do mês de setembro de 2004, referente a créditos apurados em períodos de apuração compreendidos entre setembro de 2001 e janeiro de 2004. Apresentou, ainda, em 29/10/2004, declaração de compensação utilizando parte do crédito pleiteado neste pedido de ressarcimento. A DRF em Foz do Iguaçu/PR, ao apreciar o pedido da recorrente em 17/03/2006, proferiu despacho decisório negando o pleito devido a mesma ser optante pelo lucro real e, desta forma, à época da apresentação do pedido, não possuir direito ao crédito presumido de IPI. A 2ª Turma da DRJ/RPO, em análise da manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente, verificando que o direito creditório referiase a período anterior ao ingresso desta no regime de apuração pelo lucro real, decidiu pela conversão do processo em diligência. A DRF em Foz do Iguaçu/PR, ao efetuar o procedimento de diligência, apresentou informação fiscal na qual justifica a manutenção da negativa de parte do direito creditório pleiteado devido ao crédito presumido de IPI ser relacionado à exportação de produtos classificados na TIPI com NT; bem como ser decorrente da aquisição de insumos junto a pessoas físicas e cooperativas. A recorrente foi cientificada do teor do documento, apresentando seus argumentos acerca dos novos elementos trazidos aos autos. Após todo este procedimento, a 2ª Turma da DRJ/RPO proferiu a decisão ora recorrida, na qual decidiu pela procedência parcial da manifestação de inconformidade, adotando as razões apresentadas pela fiscalização no procedimento da diligência. Pois bem, entendo que a decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/RPO alterou completamente os fundamentos jurídicos que embasaram o despacho decisório proferido pela DRF em Foz do Iguaçu/PR, ultrapassando a sua competência como autoridade julgadora. O despacho decisório motiva o indeferimento do direito creditório exclusivamente pelo fato de a contribuinte estar sujeita ao regime de tributação não cumulativo do PIS e da Cofins. O excerto abaixo transcrito, extraído do despacho decisório, é claro neste sentido: 3. De fato, como reconhece o próprio contribuinte, a pessoa jurídica, em relação as receitas sujeitas à incidência da contribuição para o PIS/Pasep na forma dos arts. 1° a 6° da Lei n° 10.637, de 2002 (PIS/Pasep Nãocumulativo), assim como dos arts. 1° a 6° da Lei n° 8° da Lei n° 10.833, de 2003 (COFINS Não —cumulativo), não faz jus ao crédito presumido do IPI relativamente ao ressarcimento dessas contribuições. 4. Isto posto, considerando tudo mais que dos autos consta, uma vez que pedido não encontra sustentação legal, proponho que seja indeferido o ressarcimento pleiteado pelo contribuinte, Agricola Horizonte Ltda, CNPJ 77.837.979/000181. Fl. 3916DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.917 6 A autoridade julgadora, ao verificar que o pedido da recorrente referese a período anterior ao seu ingresso no regime da não cumulatividade do PIS e da Cofins, decidiu pela conversão do julgamento em diligência para a verificação do direito creditório, tendo o processo retornado com a indicação de outros motivos para o indeferimento do pleito. A 2ª Turma da DRJ/RPO, com base na motivação trazida aos autos em sede de procedimento de diligência fiscal, decide pela procedência apenas parcial do pleito creditório da Recorrente. Observase, de pronto, que o acórdão recorrido inovou em relação aos motivos do indeferimento do direito creditório definidos pela DRF em Foz do Iguaçu/PR. Tal fato configura defeito insanável ao ato administrativo, devido a falta de competência do órgão julgador para tanto. O Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo administrativo de reconhecimento de direito creditório, estabelece em seu artigo 117 que compete ao Chefe da Unidade da RFB do domicílio do sujeito passivo a apreciação de pleitos repetitórios: Art. 117. A competência para apreciar pedidos de restituição, de ressarcimento e de reembolso de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e de pedidos de restituição relativos a direitos antidumping e direitos compensatórios é do chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. (grifo nosso) Já a competência das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento encontrase prevista no artigo 61 do mesmo Decreto nº 7.574/2011, nestes termos: Art. 61. O julgamento de processos sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os relativos à exigência de direitos antidumping e direitos compensatórios, compete em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Decreto no70.235, de 1972, art. 25, inciso I; Lei no 9.019, de 30 de março de 1995, art. 7o, § 5o). Parágrafo único. A competência de que trata o caput inclui, dentre outros, o julgamento de: I impugnação a auto de infração e notificação de lançamento (Decreto no 70.235, de 1972, art. 14); II manifestação de inconformidade do sujeito passivo em processos administrativos relativos a compensação, restituição e ressarcimento de tributos, inclusive créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI (Lei no8.748, de 1993, art. 3o, inciso II; Lei no 9.019, de 1995, art. 7o, §1o e §5o); e III impugnação ao ato declaratório de suspensão de imunidade e isenção (Lei no 9.430, de 1996, art. 32, § 10). (grifo nosso) Fl. 3917DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.918 7 Como se vê, em se tratando de pedido de ressarcimento ou de restituição, são distintas as funções das Delegacias da Receita Federal do Brasil (DRF) e das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Julgamento (DRJ). Enquanto à DRF compete decidir acerca do pedido de ressarcimento, compete à DRJ o julgamento de manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo em relação a esta decisão da DRF. No momento de apresentação da manifestação de inconformidade pelo contribuinte, definemse a profundidade e a extensão da apreciação do julgador do órgão a quo sobre a decisão denegatória. Essa limitação é rigorosa nos processos iniciados a partir de pedido do interessado, pois a autoridade está limitada a julgar nos termos requeridos. Desta forma, não é permitido ao Órgão Julgador ampliar ou modificar o pleito apresentado pelo contribuinte. Em relação ao ato administrativo que decide o pleito, esclarecese que motivar consiste em apresentar as razões porque a autoridade administrativa tomou determinada decisão, e pode consistir em fundamentos de direito e em fatos. A motivação dos atos processuais no processo administrativo fiscal é obrigatória por expressa previsão legal. A Lei nº 9.784/99, em seu artigo 50, determina que os atos administrativos deverão ser motivados de modo explícito, claro e congruente, e com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos que o embasaram. O Órgão Julgador, como consequência, não pode alterar a motivação do ato administrativo emitido pela DRF, pois, tendo em vista que os motivos fazem parte deste ato, criar novos motivos para manutenção de um ato administrativo corresponde a realização de um novo ato. O Decreto nº 70.235/72, por sua vez, estabelece em seu artigo 59 as hipóteses que ensejam a nulidade dos atos administrativos tributários, nestes termos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Como as DRJ não possuem competência para apreciar pedidos de ressarcimento apresentados por contribuintes, e tendo em vista o disposto no artigo 59, I, do Decreto nº 70.235/72, concluise pela nulidade do acórdão recorrido. Esclarecese ainda que o fato da recorrente ter tido acesso ao resultado da diligência e ter sido aberto prazo para contestar estes novos motivos em nada altera a falta de competência das DRJ para a utilização de novos motivos para o indeferimento do pedido de ressarcimento. Diante de todo o exposto, voto pela declaração de nulidade do acórdão recorrido, devendo o processo retornar à 1ª Instância de julgamento para que seja proferida nova decisão. Fl. 3918DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10945.001877/200524 Acórdão n.º 3201002.165 S3C2T1 Fl. 3.919 8 Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 3919DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 13/06/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 13819.721652/2014-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. GLOSA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LANÇAMENTO COM BASE EM DIRF. PRESUNÇÃO RELATIVA. APRESENTAÇÃO DIRF RETIFICADORA. VALIDADE.
De conformidade com a jurisprudência administrativa, a DIRF não pode ser considerada como elemento de prova isolado, hábil a sustentar a exigência. Como qualquer outra declaração prestada por terceiro, tem valor de prova relativo, o qual deve ser afastado quando o sujeito passivo tem sucesso em comprovar o erro em que se funda, o que se vislumbra na hipótese dos autos, onde o autuado apresentou provas robustas (DIRF Retificadora) demonstrando que os dados constantes da DIRF, fundamento da autuação, não representava a realidade dos fatos, notadamente em relação ao imposto de renda retido na fonte, o qual fora devidamente compensado por ocasião da entrega da Declaração de Ajuste Anual, devendo ser restabelecida na forma apresentada pela contribuinte..
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento, decretando a improcedência do feito, de maneira a restabelecer o IRRF compensado na Declaração de Ajuste Anual.
André Luís Marsico Lombardi - Presidente
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Luis Marsico Lombardi, Carlos Henrique de Oliveira, Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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GLOSA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LANÇAMENTO COM BASE EM DIRF. PRESUNÇÃO RELATIVA. APRESENTAÇÃO DIRF RETIFICADORA. VALIDADE. De conformidade com a jurisprudência administrativa, a DIRF não pode ser considerada como elemento de prova isolado, hábil a sustentar a exigência. Como qualquer outra declaração prestada por terceiro, tem valor de prova relativo, o qual deve ser afastado quando o sujeito passivo tem sucesso em comprovar o erro em que se funda, o que se vislumbra na hipótese dos autos, onde o autuado apresentou provas robustas (DIRF Retificadora) demonstrando que os dados constantes da DIRF, fundamento da autuação, não representava a realidade dos fatos, notadamente em relação ao imposto de renda retido na fonte, o qual fora devidamente compensado por ocasião da entrega da Declaração de Ajuste Anual, devendo ser restabelecida na forma apresentada pela contribuinte.. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 16 52 /2 01 4- 12 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento, decretando a improcedência do feito, de maneira a restabelecer o IRRF compensado na Declaração de Ajuste Anual. André Luís Marsico Lombardi Presidente Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Luis Marsico Lombardi, Carlos Henrique de Oliveira, Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 13819.721652/201412 Acórdão n.º 2401004.150 S2C4T1 Fl. 90 3 Relatório MARIA DA ESTRELA FERNANDES MARQUES, contribuinte, pessoa física, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 4a Turma da DRJ em Juiz de Fora/MG, Acórdão nº 0954.263/2014, às fls. 66/68, que julgou procedente em parte a Notificação de Lançamento concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da omissão de rendimentos de alugueis ou royalties recebidos de PJ e compensação indevida de IRRF, em relação ao exercício 2012, conforme peça inaugural do feito, às fls. 03/08, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Notificação de Lançamento, lavrada em 27/05/2014, nos moldes da legislação de regência, contra a contribuinte acima identificada, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação. A autoridade julgadora de primeira instância achou por bem decretar a procedência parcial do feito, acolhendo a comprovação da diferença dos valores recebidos a título de aluguéis, como taxa de administração da empresa Pedro Mariano Imóveis e Administração Ltda, bem como reduzindo a glosa de IRRF compensado no Ajuste Anual, a partir da DIRF apresentada pela contribuinte em sede de impugnação. Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, à fl. 73, procurando demonstrar sua total improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra a exigência fiscal remanescente consubstanciada no Acórdão recorrido, relativamente à compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, aduzindo que a fonte pagadora, Auto Posto Nota Maior, havia enviado a DIRF com dados equivocados. A partir da constatação do equívoco incorrido pela fonte pagadora, sobretudo quanto ao imposto de renda retido na fonte, o Auto Posto revisou/retificou a DIRF anteriormente transmitida, em 15/09/2014, fazendo constar os dados corretos, compatível com a Declaração de Imposto de Renda da contribuinte. Com o fito de corroborar os fatos acima elencados, a contribuinte traz à colação nesta assentada a DIRF 2011/2012, devidamente retificada. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar a Notificação de Lançamento, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 4 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. De conformidade com a peça vestibular do feito, com base na confrontação da DIRPF da contribuinte com informações constantes das DIRF´s das fontes pagadoras, apurouse na presente autuação omissão de rendimentos de alugueis ou royalties recebidos de PJ e compensação indevida de IRRF, no período objeto da autuação, senão vejamos: 1) Omissão de rendimentos tributáveis recebidos da fonte pagadora AUTO POSTO ECO GÁS LTDA.ME no valor de R$ 1.558,68 haja vista constar em DIRF o valor de R$ 22.266,72, conforme consta em DIRF nos sistemas da Receita FEderal do Brasil, no caso correspondentes a rendimentos de aluguéis, sendo que o valor declarado vinculado a essa fonte foi o de R$ 20.708,04; 2) Glosa de R$ 8.088,89 a título de IRRF não comprovado da fonte pagadora AUTO POSTO NOTA MAIOR LTDA. Compensação indevida de imposto de renda retido na fonte; Interposta impugnação, a autoridade julgadora de primeira instância decretou a procedência parcial do lançamento, acolhendo a comprovação da diferença dos valores recebidos a título de aluguéis, como taxa de administração da empresa Pedro Mariano Imóveis e Administração Ltda, bem como reduzindo a glosa de IRRF compensado no Ajuste Anual, a partir da DIRF apresentada pela contribuinte em sede de impugnação. No que tange à infração remanescente, o julgador recorrido assim se manifestou: "[...] A adução da impugnante acerca do tema de que não dispunha em mão a DIRF, quando dos trabalhos de revisão, para efeito de esclarecer a compensação indevida de IRRF, não e encontra sanada pelos documentos que anexou. Os elementos da DIRF, às fls. 20/25, entregue por Auto Posto Maior Ltda., que se confirmam nos sistemas da Receita Federal, indicam que o valor de IRRF vinculado à contribuinte alcançou R$ 672,58 (fl. 25), em detrimento aos R$ 8.080,90 declarados. Cabe, então, restabelecer a parcela do IRRF efetivamente confirmada. A importância de IRRF equivalente a R$ 7.416,32 (=R$ 8.080,90 R$ 672,58) ao largo de alguma comprovação, daí a manutenção da glosa dessa fração do lançamento. [...]" Como se observa, a partir da Notificação Fiscal, a contribuinte acostou aos autos a documentação que tinha em mãos, ensejando a retificação do débito na forma encimada. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 13819.721652/201412 Acórdão n.º 2401004.150 S2C4T1 Fl. 91 5 Ainda irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, sustentando que a fonte pagadora, Auto Posto Nota Maior, havia enviado a DIRF com dados equivocados, sobretudo quanto ao imposto de renda retido na fonte, os quais uma vez constatados foram objeto de retificação da DIRF anteriormente transmitida, fazendo constar os dados corretos, compatível com a Declaração de Imposto de Renda da contribuinte. Com o fito de corroborar os fatos acima elencados, a contribuinte traz à colação nesta assentada a DIRF 2011/2012, devidamente retificada, em 15/09/2014. Não obstante as substanciosas razões de fato e de direito ofertadas pelas autoridades lançadora e julgadora de primeira instancia, a pretensão da contribuinte merece acolhimento, como passaremos a demonstrar. Destarte, o lançamento encontrase escorado exclusivamente na DIRF apresentada pela fonte pagamento, Auto Posto Nota Maior, documento que se apresenta como meio hábil para realizar lançamento, mas não como uma verdade absoluta. Tratase, portanto, de uma presunção "juris tantum" (presunções discutíveis), onde fato conhecido induz à veracidade de outro, até a prova em contrário. Elas recuam diante da comprovação contrária ao presumido. Serve de bom exemplo a presunção de liquidez e certeza da dívida inscrita, que pode ser ilidida por prova inequívoca, nos termos do artigo 204, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. A jurisprudência administrativa, aliás, já se debruçou sobre o tema, reconhecendo que o lançamento fundado exclusivamente em informações constantes das DIRF's de fontes pagadores, em que pese serem válidos, podem ser rechaçados quando o contribuinte consegue comprovar que os dados ali inseridos não representam a realidade dos fatos. É o que se extrai do Acórdão n° 1276.284, da lavra da 7ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro, exarada nos autos do processo administrativo n° 10735.720403/201441, com a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Deve ser cancelado o lançamento, no tocante à omissão de rendimentos, cujo recebimento foi contestado, quando não há nos autos prova da infração cometida. DIRF VALOR DE PROVA. A Dirf não pode ser considerada como elemento de prova isolado, hábil a sustentar a exigência. Como qualquer outra declaração prestada por terceiro, tem valor de prova relativo, o qual deve ser afastado quando o sujeito passivo tem sucesso em comprovar o erro em que se funda. Impugnação Procedente Crédito Tributário Mantido em Parte." Fl. 93DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 6 Na hipótese dos autos, a contribuinte logrou comprovar que, de fato, houve verdadeiro equívoco nos dados constantes da DIRF da fonte pagadora, Auto Posto Nota Maior, quanto as informações relativas ao imposto de renda retido na fonte, senão vejamos: Por ocasião da fiscalização, a autoridade lançadora constatou que a contribuinte havia declarado R$ 8.088,90 de IRRF, mas a fonte pagadora nada declarou em DIRF a este título, vinculado ao CPF da contribuinte. Em sede de impugnação, a contribuinte apresentou a DIRF, de fls. 20/25, entregue em 28/05/2014, constando o IRRF no valor de R$ 672,58, razão da retificação por parte do julgador de primeira instância. Nesta oportunidade, a contribuinte acosta aos autos a DIRF Retificadora, de fl. 81, bem como comprovante de Rendimentos Pagos e de Imposto Retido na Fonte, fl. 82, corroborando a importância declarada na DIRPF a título de IRRF, R$ 8.088,90, impondo seja acolhida a pretensão da contribuinte, de maneira a decretar a improcedência do feito. Destarte, a contribuinte não pode ser prejudicada, exclusivamente, pelo fato de a fonte pagadora não ter apresentado a DIRF em tempo hábil ou não ter informado as retenções ou mesmo informado erroneamente, porquanto tratase de meio de prova que não é de sua responsabilidade. Vejase que não há qualquer mácula evidente no documento apresentado, sendo hábil, de onde se conclui que a recorrente se desincumbiu satisfatoriamente do ônus da prova que lhe cabia, comprovando as suas alegações e retenções sobre os valores recebidos, não podendo ser penalizada pelos eventuais equívocos cometidos pela fonte pagadora na prestação de informações a Fazenda Nacional, ou até mesmo a não retenção, Por todo o exposto, estando a Notificação de Lançamento, sub examine, em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, decretando a improcedência do feito, de maneira a restabelecer o IRRF compensado na Declaração de Ajuste Anual objeto de análise, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 14/03/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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Numero do processo: 13841.000373/2005-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
CRÉDITOS. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. Os créditos presumidos da não-cumulatividade, referentes às aquisições de bens e serviços de pessoas físicas, são passíveis de apuração apenas pelas pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas em determinados capítulos e códigos da NCM, e que sejam destinados à alimentação humana ou animal.
AQUISIÇÕES DE EMPRESAS "DE FACHADA". CRÉDITOS. BOA-FÉ.
As aquisições de mercadorias de pessoas jurídicas que não disponham de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, que se reputam inexistentes de fato, só geram direito a crédito quando comprovada a boa-fé do adquirente. O direito a creditamento previsto nas Leis 10.637/2002 e n. 10.833/2003 tem como pressuposto que as operações que lhe poderia dar origem devem estar sendo realizadas por pessoas jurídicas existentes de fato e de direito, e não por pessoas inexistentes de fato.
Numero da decisão: 3401-003.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, afastar, por unanimidade, a preliminar de intempestividade do recurso, levantada de ofício em julgamento; acordam, eles, indeferir por maioria de votos o conhecimento de documentos apresentados pela contribuinte extemporaneamente, vencido o Conselheiro Waltamir Barreiros. No mérito, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 CRÉDITOS. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. Os créditos presumidos da nãocumulatividade, referentes às aquisições de bens e serviços de pessoas físicas, são passíveis de apuração apenas pelas pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas em determinados capítulos e códigos da NCM, e que sejam destinados à alimentação humana ou animal. AQUISIÇÕES DE EMPRESAS "DE FACHADA". CRÉDITOS. BOAFÉ. As aquisições de mercadorias de pessoas jurídicas que não disponham de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, que se reputam inexistentes de fato, só geram direito a crédito quando comprovada a boafé do adquirente. O direito a creditamento previsto nas Leis 10.637/2002 e n. 10.833/2003 tem como pressuposto que as operações que lhe poderia dar origem devem estar sendo realizadas por pessoas jurídicas existentes de fato e de direito, e não por pessoas inexistentes de fato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, afastar, por unanimidade, a preliminar de intempestividade do recurso, levantada de ofício em julgamento; acordam, eles, indeferir por maioria de votos o conhecimento de documentos apresentados pela contribuinte extemporaneamente, vencido o Conselheiro Waltamir Barreiros. No mérito, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. Robson José Bayerl Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 84 1. 00 03 73 /2 00 5- 43 Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Este processo se refere a pedido de ressarcimento/declaração de compensação de créditos da Contribuição para o PIS do período de apuração 4° trimestre de 2004, no valor de R$ 663.051,63. A contribuinte atua como comercial exportadora de café. A unidade administrativa de jurisdição indeferiu o pedido e não homologou eventuais compensações declaradas com entendimento de que se lhe imporia o disposto no art. 6°, § 4°, da Lei n° 10.833/2003 (aplicável à Contribuição para o PIS/Pasep por determinação do art. 15, III desta lei) e 10.637/2002., qual seja, a vedação de apuração de créditos vinculados à receita de exportação por empresa comercial exportadora. Os julgadores a quo antes de apreciarem a manifestação de inconformidade, requereram diligência, para que a autoridade administrativa "se manifestasse quanto às aquisições promovidas pela interessada, relatando se de fato eram todas compras para comercialização, ou se haviam também compras com fins específicos de exportação, detalhando os valores". Da diligência, desdobrada em auditoria e fiscalização, resultou a constatação "que a requerente apropriouse de créditos "fictos decorrentes da compra de café beneficiado de empresas com o mesmo padrão das investigadas no Espírito Santo e região de Manhuaçu MG (Operação Broca), ou seja, com os seguintes indícios de inexistência de fato: (...)" A autoridade fiscal e a administrativa relatam que a contribuinte operou através "da interposição de empresas fictícias para geração de créditos da nãocumulatividade, que consistia em simular uma aquisição de pessoa jurídica (que gera crédito), quando na realidade tratavase de aquisição de pessoa física (que não gera crédito)." E que constataram que os créditos pretendidos foram gerados a partir de aquisições junto 38 fornecedores com situação de inscrição cadastral no CNPJ incompatível (baixada, inapta ou suspensa por inexistência de fato). Ao final e em síntese, a unidade administrativa de jurisdição recalculou os valores informados pela contribuinte, após glosar os valores creditados relativos às aquisições de produtores rurais e empresas inexistentes de fato (art. 43, § 1°, III, da Instrução Normativa RFB n° 1.183/2011), listadas no item 5 da informação fiscal, demonstrando os valores não aceitos no Anexo I Glosa de crédito. Como resultado, propôs a existência de um crédito passível de ressarcimento no valor de R$ 414.373,10. Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13841.000373/200543 Acórdão n.º 3401003.047 S3C4T1 Fl. 3 3 Cientificada dessa decisão, a contribuinte contestou apresentando as razões por que pediu a reversão das glosas e das decisões, resumidas a seguir, cujo texto aproveito do relatório do acórdão de 1ª instância pela sua clareza e objetividade: Em sua peça, alegou que o trabalho fiscal concluiu, em claro juízo de valor e com suposições díspares das provas documentais produzidas e reconhecidas pela fiscalização, pela impossibilidade da boafé da contribuinte, e conseqüente glosa de créditos. No entanto, não pode prevalecer o simples entendimento do Auditor Fiscal, baseado em presunções e suposições, sem previsão legal e indevidas. Argumentou nunca ter sido intimada a manifestarse sobre as operações "Broca e Robusta", não podendo agora, dez anos após os pedidos que remontam a 2002, imputar a ela qualquer responsabilidade pela regularidade de empresas alvo dessas operações. Tal procedimento representaria claro cerceamento de defesa. Acrescentou que suas operações com fornecedores foram regulares, amparadas por documentação fiscal hábil, "existem consultas SINTEGRA para uma grande maioria dessas empresas, até porque as declarações de inaptidão desses fornecedores da Costa Café, como relatado nos autos, são, na grande maioria, através de processos dos anos de 2008 e 2009, demonstrando que à época dos negócios com a Requerente, tais empresas encontravamse em situação de regularidade perante o Fisco." O trabalho fiscal teria ainda constatado a existência física das operações, tanto pela remessa e recebimento do café, como pela sua efetiva exportação comprovada por informações do SISCOMEX. Também os comprovantes de pagamento (TED) dariam sustentação às operações. Reclamou estar sendo imensamente prejudicada, por se tratar de adquirente de boa fé, requerendo a aplicação, por analogia, de decisão do STJ em matéria de credito do ICMS, na qual entendeuse que "não pode o contribuinte, adquirente de boafé, de empresa posteriormente declarada inidônea, ser prejudicado com a glosa ou estorno dos créditos". Transcreveu ementa do julgado, submetido à sistemática dos recursos repetitivos. Aduziu que sua ausência de dolo e desconhecimento da situação dos fornecedores pode ser comprovada, ainda, pelo fato de não ter havido "nenhum benefício financeiro à Recorrente", pois os cafés "sempre foram adquiridos com equivalência de preços"; se houvesse conluio seu, "certamente haveria que existir algum tipo de benefício, como por exemplo, um preço mais vantajoso em relação aos demais e isso não ocorreu." No tocante à aplicação do disposto no art. 43 da Instrução Normativa RFB n° 1.183/2011, a fiscalização teria deixado de observar as disposições de seu § 3°, que autoriza a glosa apenas em relação a documentos fiscais emitidos a partir da data do Ato Declaratório Executivo de inaptidão, e veda a glosa no caso de comprovação do pagamento do preço e do recebimento das mercadorias, o que se deu no seu caso. Ao final, requereu o acolhimento de seus argumentos e o cancelamento das glosas, reiterando as alegações de sua manifestação de inconformidade original, inclusive quanto à correção de seus créditos pela taxa Selic. Solicitou ainda que a Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 homologação das compensações seja realizada considerando suas datas, caso os créditos não sejam atualizados, e não com atualização dos débitos até a data de conclusão do processo. Os julgadores de primeiro piso não acolheram as preliminares postas pela contribuinte pelas seguintes razões: 1. cerceamento de defesa pela falta de clareza na motivação entenderam os julgadores que não procedem as alegações de nulidade, pois: (1º) o texto do despacho decisório não prejudicou, muito menos inviabilizou o direito de defesa da interessada, tanto que ela apresentou seu recurso atacando a motivação do indeferimento de seu pleito. (2º) a descrição dos fatos pela fiscalização foi extremamente minuciosa, e a contestação da contribuinte demonstra que ela compreendeu plenamente as razões das glosas. 2. cerceamento de defesa pela imputação de responsabilidade por irregularidades de outras empresas que a contribuinte não teve oportunidade de conhecer e se manifestar entenderam os julgadores que não houve tal imputação, mas, sim a constatação de que a contribuinte apurou crédito em operações com tais empresas, e que ela estaria tendo oportunidade de se manifestar, tendo em vista que ela procurou utilizar esses créditos. 3. mudança da decisão da autoridade administrativa entenderam que não constitui ilegalidade a mudança apontada: a autoridade com competência delegada para apreciar o pleito teve entendimento distinto das decisões de outra DRF e de seu antecessor no cargo, uma vez que "decisões anteriores de outro órgão da Receita Federal, ou ainda do mesmo órgão, terem sido em sentido diverso à presente, não vinculam decisões subseqüentes, mormente quando se passa a adotar novo entendimento em relação em determinado assunto". No mérito, o colegiado de 1º piso, concluiu que ficou caracterizado e demonstrado que: 1. as aquisições de produtos a que se refere o § 5° do art. 3° da Lei n° 10.833 e § 10 do art. 3° da Lei n° 10.637, adquiridos de pessoas físicas, não dão direito a crédito para a interessada, na medida em que a contribuinte não produz mercadorias, condição necessária para tal creditamento. Glosa esta que a contribuinte não logrou afastar e que acabou por não contestar em seu recurso dirigido à DRJ, passando a ser matéria não impugnada, ou seja, incontroversa. 2. "a contribuinte tentou se beneficiar de um esquema fraudulento de aquisição de café de produtores rurais (pessoas físicas), com a intermediação de empresas de fachada, inexistentes de fato, que teriam servido apenas para fornecer as notas fiscais que dariam suporte ao creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em operações que, na realidade, não gerariam crédito." 3. há "farto conjunto probatório carreado aos autos demonstra claramente a existência de uma rede de empresas de fachada, cuja única razão de ser era fornecer notas fiscais para amparar tais vendas como se de pessoas jurídicas fossem, num esquema de triangulação perfeitamente demonstrado na informação fiscal. Cabe aqui frisar o que observou a fiscalização, que "neste período não houve nenhum recolhimento de Tributos ou Contribuições efetuados à Receita Federal por parte destas empresas". Assim, os mecanismos da nãocumulatividade das contribuições, que deveriam servir, entre outros, para desonerar as exportações, acabam por se Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13841.000373/200543 Acórdão n.º 3401003.047 S3C4T1 Fl. 4 5 converter em fonte de receitas ilícitas de contribuintes (créditos passíveis de ressarcimento); isto porque, não havendo recolhimento das contribuições, seja pelas pessoas físicas que se utilizaram das empresas de fachada, seja por essas próprias empresas, não haveria tributo a ser desonerado." 4. insustentável a alegação de boa fé pela inexistência de benefício para a contribuinte de tal procedimento por que, na visão dos julgadores, maior benefício não poderia a contribuinte querer "do que um crédito de PIS e Cofins no montante de mais de R$ 9 milhões em dois anos, referentes a tais aquisições". 5. ficou comprovada a inexistência de fato das empresas listadas pela autoridade fiscal em suas glosas, a teor do disposto no art. 41 da mesma Instrução Normativa; 6. "restou comprovado que as aquisições originalmente não foram realizadas das empresas de fachada, por absoluta incapacidade operacional das mesmas, nem sequer é necessário provar que tais compras foram, de fato, de pessoas físicas. Por se tratar de crédito reclamado pela contribuinte, caberia a ela fazer a prova da aquisição junto a pessoas jurídicas." 7. a procedência da decisão administrativa que considerou ilegítimas as notas fiscais emitidas pelas empresas em datas anteriores à de sua decretação como inexistentes de fato, pois, a condição desses "documentos referentes aos créditos do presente processo serem anteriores à expedição dos ADEs, não os tornam legítimos. Isso significa que o contrário à restrição imposta ao § 1°, III desse artigo (impossibilidade de utilização dos documentos considerados inidôneos para apuração de créditos) não é verdadeiro; isto é, não é porque os documentos fiscais não se enquadram no § 3°, I, nem porque houve a comprovação prevista no § 5°, que os créditos devam ser aceitos obrigatoriamente." Entendeu, ainda, o colegiado de 1º piso que não caberia a aplicação dos julgados do STJ indicados pela contribuinte por que suas conclusões não infirmam o entendimento aqui esposado, porquanto têm sempre como premissa a boa fé do adquirente, o que não restou configurada no presente. Negaram, por falta de previsão legal, o pedido de correção do valor passível de ressarcimento. Ao final, consideraram corretas as glosas feitas pelas autoridades fiscais e administrativas e parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, para reconhecer o direito creditório passível de ressarcimento no valor de R$ 414.373,10 e homologar as eventuais compensações declaradas até o limite desse crédito. O Acórdão n.º 1441.162 proferido em 28/03/2013 pela respeitável 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto ficou assim ementado: Acórdão 1441.162 4a Turma da DRJ/RPO Sessão de 28 de março de 2013 Interessado Costa Café Comércio Exp Imp Ltda. Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 CNPJ/CPF 54.122.775/000169 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS Período de apuração: CRÉDITOS. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. Os créditos presumidos da nãocumulatividade, referentes às aquisições de bens e serviços de pessoas físicas, são passíveis de apuração apenas pelas pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas em determinados capítulos e códigos da NCM, e que sejam destinados à alimentação humana ou animal. AQUISIÇÕES DE EMPRESAS "DE FACHADA". CRÉDITOS. BOA FÉ. As aquisições de mercadorias de pessoas jurídicas que não disponham de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto, que se reputam inexistentes de fato, só geram direito a crédito quando comprovada a boafé do adquirente. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou cada um dos argumentos referentes ao mérito da lide constante da manifestação de inconformidade, já resumidos anteriormente neste voto. E acrescenta ela, neste recurso voluntário, razão que contesta o entendimento firmado pelo colegiado a quo, in verbis: Vejase que a Fiscalização deixou de observar dois dispositivos [do artigo 43 da IN RFB n. 1.183, de 2011] que, por si só, autorizam a procedência da presente Manifestação de Inconformidade [sic], com a improcedência da "glosa" e a manutenção dos créditos. O § 3° do referido artigo dispõe que os efeitos do caput somente se aplicam a partir da data da publicação do ADE, ou seja, no caso do presente processo, somente poderá ser observada tal disposição, caso seja comprovada a publicação do processo de ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO ADE em relação aos fornecedores cujos créditos foram glosados, se os mesmos tiverem sido publicados anteriormente ao 1° trimestre de 2005, período de apuração dos créditos, o que realmente não aconteceu, os ADE's são de 2009 e 2010. Por outro lado, ainda que houvesse tal declaração, o disposto no § 5° ampara totalmente a manutenção dos créditos em relação a tais fornecedores, uma vez que restou comprovado pela própria Fiscalização, através de provas materiais (documentos solicitados e encaminhados), o pagamento do preço e o recebimento dos bens, não podendo surtir efeitos em relação à Recorrente, a disposição do caput do mencionado Art. 43 da IN 1.183/2011. Fl. 2834DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13841.000373/200543 Acórdão n.º 3401003.047 S3C4T1 Fl. 5 7 Neste ponto, argumenta o V. Acórdão, em entendimento equivocado, que o § 4° simplesmente anula os efeitos do mandamento do § 3°, já que diz não legitimar os documentos inidôneos emitidos anteriormente às datas do § 3°. Com efeito, é equivocado o entendimento do N. Julgador, pois o teor do mencionado § 4° diz respeito à legitimidade dos documentos do próprio contribuinte declarado inapto e, não, dos efeitos desses documentos em relação ao terceiro interessado, cujo direito vem resguardado pelo § 3°, que delimita a data (da publicação do ADE), para a validade do Caput do Art. 43. A corroborar a intenção do legislador, resguardando a boafé do contribuinte, vem o § 5°, que não deixa dúvidas quanto à não incidência dos efeitos do § 1°, do mesmo art. 43 da IN 1.183/2011, em relação à Recorrente, diante da prova, confirmada pela própria fiscalização, do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens. Quanto a tal dispositivo, não ousou o Nobre Julgador a fundamentar seu entendimento sobre sua não aplicação, como fez com o disposto no § 3°, I, do Art. 43, da IN 1.183/2011 que disse ter sido afastado pela disposição do § 4°, já que não há como afastar a aplicação do contido no § 5°, diante da comprovação pela própria fiscalização dos seus requisitos. Assim, não devem prevalecer as glosas levadas a efeito pela fiscalização, devendo ser reformado o Acórdão no sentido de afastálas, reconhecendo à recorrente a manutenção do direito de crédito. A contribuinte retoma a solicitação de correção do valor a ser ressarcido, sublinhando que já se passaram mais de 8 anos desde o período de apuração do crédito e que o valor deve ser corrigido para superar tal demora. Aponta jurisprudência. Adiciona pedido ao CARF para que seja disciplinado o conjunto de reflexos da eventual decisão de manutenção das glosas, nos seguintes termos: Por fim, na eventual possibilidade de improcedência do presente Recurso, com a consequente manutenção das "glosas" dos créditos lançadas na manifestação fiscal, imperioso que seus reflexos sejam excluídos dos resultados dos períodos de apuração respectivos. É que tais créditos foram incluídos na apuração do resultado, certamente influenciando no lucro do período e na consequente incidência dos tributos decorrentes dessas receitas, especialmente o IRPJ e CSLL, cujos valores foram objeto de compensação neste mesmo PERDCOMP, sendo que, deverá ser determinada, na apuração de eventual saldo devedor não compensado, por insuficiência de créditos, a exclusão dos reflexos desses créditos glosados na apuração de tais tributos. Fl. 2835DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 Este processo ingressou para a apreciação desta turma na sessão de 09 de dezembro de 2015, tendo o relator pronunciado seu voto, mas não houve o julgamento por força de pedido de vistas. Em 22 de dezembro de 2015 a contribuinte trouxe aos autos nova manifestação de informações, para a qual pede que seja conhecida pelos Julgadores deste Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Tempestivo o recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade (há uma procuração, assinada em 30/09/2008 pelo sócio administrador outorgando poderes para o signatário do recurso representar a contribuinte junto à Delegacia da Receita Federal em Limeira SP, às fls. 207, o que considero suprir a instrução deste recurso voluntário). Preliminares A contribuinte não protesta preliminares em seu recurso voluntário. Percorri com vagar as manifestações da contribuinte e não encontrei, da sua parte, contestação com relação à glosa das aquisições de produtos junto a pessoas físicas que a contribuinte pretendia se enquadrar na hipótese do § 5° do art. 3° da Lei n° 10.833 e § 10 do art. 3° da Lei n° 10.637. Pareceme correto o entendimento esposado pelas autoridades fiscal e administrativa e pelos julgadores de 1ª instância que as operações em tela não dão direito a crédito para a interessada, na medida em que a contribuinte não produz mercadorias, ela é apenas intermediária para comercializar (confirmado por seu objeto social). Ser produtora é condição necessária para o creditamento previsto nesses dispositivos legais. Concluo que essa glosa, além de procedente, é matéria incontroversa nesses autos. Mérito A informação fiscal que dá os fundamentos das decisões recorridas demonstra que a contribuinte, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, teve mais de 50% das suas aquisições de cafe proveniente de 38 empresas inexistentes de fato, das quais 29 têm sede na cidade de Munhuaçu (MG) e foram coincidentemente criadas a partir de 2002 (depois da entrada em vigor das Leis de PIS e Cofins Lei 10637/2002 e 10.833/2003). Que, nesses 24 meses, delas teria comprado mais de 34.000.000 kg de café, e despendido mais de R$ 99.000.000,00 (noventa e nove milhões de reais), que justificariam a geração de créditos superior a R$ 9.000.000,00 (nove milhões de reais). Ainda de acordo com esse Termo Fiscal, os dados demonstrariam que as operações desse período implicaram em movimentação financeira superior a R$ 1.400.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos milhões de reais). Fl. 2836DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13841.000373/200543 Acórdão n.º 3401003.047 S3C4T1 Fl. 6 9 Apoiandome nos dados que constam deste processo, pareceme que os montantes sublinhados por esses números superlativos vêm acompanhado do fato que a contribuinte não manteve com essas empresas um ou outro contato eventual, casual, mas uma relação continuada, recorrente, sustentada em uma confiança recíproca e de encontro de interesses. Não se trata, ademais, da história de uma ou outra empresa inexistente de fato, mas de 38 empresas que se tornam importantes fornecedoras basicamente no mesmo período, das quais, a maior parte criada justamente a partir de 2002. Ainda com base nessas informações, podemos ver que essas 38 empresas atuam com as mesmas práticas suspeitas, mas elas não estão acidentalmente localizadas na mesma região, no mesmo período. Elas estão relacionadas entre si também por um elo comum: são todas fornecedoras da mesma empresa, no caso a contribuinte. As práticas dessas empresas inexistentes de fato se articulam e se encontram na contribuinte. Esse quadro recebe substância de dados documentais e de constatações obtidas em diligências. Ele reúne evidências e provas para que se caracterize que houve um modo de agir ao longo de todo esse período, dotado de uma racionalidade e capaz de proporcionar benefício à contribuinte, no caso, o creditamento de PIS e COFINS exportação. E a contribuinte efetivamente solicitou esse benefício, confirmando a materialidade do empreendimento desenhado por esse quadro. O conjunto da descrição desse cenário fragiliza completamente os argumentos da contribuinte ter sido uma compradora que agiu em boa fé. E as argumentações da contribuinte não lograram afirmar a sua boa fé no caso. A meu ver, correto foi entendimento dos julgadores de 1º piso de que a jurisprudência citada pela contribuinte não se aplica ao caso. Essas empresas inexistentes de fato nada recolheram de tributos federais, ou recolheram um parcelas mínima, face os valores movimentados com suas supostas comercializações. Essas empresas não comprovaram capacidade e instalações para as operações e a movimentação das quantidades de café. Não tinham efetivamente um estabelecimento ou uma sede para dar lastro e referência à confiança normalmente encontrada nesse nível de negociação continuada. O café negociado provinha, de fato, de produtores rurais pessoas físicas. A contribuinte não conseguiu desconstituir as evidências e as provas levantadas pela fiscalização, e também não conseguiu desconstituir a conclusão das autoridades fiscal e administrativa, e dos julgadores de primeiro piso, de que a contribuinte "tentou se beneficiar de um esquema fraudulento de aquisição de café de produtores rurais (pessoas físicas), com a intermediação de empresas de fachada, inexistentes de fato", e que elas "teriam servido para fornecer as notas fiscais que dariam suporte ao creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins." A meu sentir, o direito a creditamento previsto nas Leis 10.637/2002 e n. 10.833/2003 tem como pressuposto que as operações que lhe poderia dar origem devem estar sendo realizadas por pessoas jurídicas existentes de fato e de direito, e não por pessoas inexistentes de fato. Fl. 2837DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 A recorrente alega que é equivocado o entendimento dos julgadores que não consideraram capazes de provar a efetividade as notas fiscais emitidas pelas empresas fornecedoras para operações anteriores à declaração de sua inaptidão ou inexistência de fato. No ponto de vista da recorrente, o § 4° do artigo 43 da IN RFB n. 1.183/2011 diz respeito à legitimidade dos documentos do próprio contribuinte declarado inapto e, não, dos efeitos desses documentos em relação ao terceiro interessado, cujo direito vem resguardado pelo § 3°, que delimita a data (da publicação do ADE), para a validade do Caput do Art. 43. E que o § 5° desse artigo define que a não incidência dos efeitos do § 1°, diante da prova do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens. Art. 43 da IN 1.183/2011: "Art. 43. É considerado inidôneo, não produzindo efeitos tributários em favor de terceiro interessado, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no CNPJ tenha sido declarada inapta. § 1° Os valores constantes do documento de que trata o caput não podem ser: I deduzidos como custo ou despesa, na determinação da base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); II deduzidos na determinação da base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF); III utilizados como crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) não cumulativos; IV utilizados para justificar qualquer outra dedução, abatimento, redução, compensação ou exclusão relativa aos tributos administrados pela RFB. § 2° Considerase terceiro interessado, para fins deste artigo, a pessoa física ou a entidade beneficiária do documento. § 3° O disposto neste artigo aplicase em relação aos documentos emitidos: I a partir da data de publicação do ADE a que se refere: a) o art. 38, no caso de pessoa jurídica omissa de declarações e demonstrativos; e b) o art. 39, no caso de pessoa jurídica não localizada; II desde a data de ocorrência do fato, no caso de pessoa jurídica com irregularidade em operações de comércio exterior, a que se refere o art. 40. § 4° A inidoneidade de documentos em virtude de inscrição declarada inapta não exclui as demais formas de inidoneidade de documentos previstas na legislação, nem legitima os emitidos anteriormente às datas referidas no § 3°. § 5° O disposto no § 1° não se aplica aos casos em que o terceiro interessado, adquirente de bens, direitos e mercadorias, ou o tomador de serviços, comprovar o pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos ou mercadorias ou a utilização dos serviços. § 6° A entidade que não efetuar a comprovação de que trata o § 5° sujeitase ao pagamento do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), na forma do art. 61 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, calculado sobre o valor pago constante dos documentos." (grifamos). Contudo, não esposo o entendimento proposto pela recorrente. Minha leitura desses dispositivos normativos é que o § 4º citado explica que a declaração de inaptidão não Fl. 2838DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13841.000373/200543 Acórdão n.º 3401003.047 S3C4T1 Fl. 7 11 implica em legitimidade dos documentos emitidos anteriormente. E esse é o caso em discussão neste processo: as empresas tiveram sua inaptidão declarada em certa data, mas os dados indicam que sua inexistência de fato era anterior a essa declaração de inaptidão. De fato, elas não compareceram à Receita Federal para provar em contrário, nem contestaram o ato declaratório. Diante do quadro conhecido pelas evidências e provas trazidas pela auditoria fiscal, carecem de legitimidade as notas fiscais emitidas em seu nome. A contribuinte não provou que de fato realizou as operações com as empresas glosadas. As notas fiscais e as comprovações de pagamento e de transporte, a meu ver, não conseguem superar as evidências e provas que (a) subtraem totalmente a legitimidade desses documentos e (b) demonstram a centralidade da contribuinte no modo de operação desse grupo de empresas de fachada e não testemunham sua boa fé. Sendo essas empresas inexistentes de fato, as operações não foram realizadas efetivamente com elas. E uma constatação como essa afasta o § 5º deste artigo 43, que beneficiaria o terceiro interessado. Por isso, concluo propondo que seja mantida decisão do colegiado de 1ª instância nesse ponto. Proponho ainda que seja negado, por força do proibitivo legal, o pedido de correção do valor passível de ressarcimento. Registro ainda, consoante decisão firmada pelos Conselheiros, que: (a) não cabe a este órgão colegiado se manifestar sobre o pedido da contribuinte que consta do seu recurso voluntário quanto aos reflexos do IRPJ e do CSLL; (b) não tomar conhecimento da manifestação da contribuinte apresentada em 22/12/2015. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 2839DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 27/ 03/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 15578.000407/2007-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 18 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1201-000.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otavio Oppermann Thome, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otavio Oppermann Thome, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otavio Oppermann Thome, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de embargos declaratórios opostos em 10/07/2013 pelo sujeito passivo em epígrafe, com fulcro no art. 65 do Regimento Interno deste Colegiado, contra o acórdão nº 120100.736, da lavra desta Turma, que encontrase assim ementado: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 AÇÃO JUDICIAL. COISA JULGADA. CONTEÚDO. O conteúdo da coisa julgada é o provimento jurisdicional contido na parte dispositiva da decisão definitiva. Embora a lei processual civil determine que o provimento jurisdicional “deva” circunscreverse àquilo que foi requerido pelo autor da ação em sua petição inicial (limites objetivos da lide), o fato é que, acaso uma decisão judicial seja RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 78 .0 00 40 7/ 20 07 -5 4 Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15578.000407/200754 Resolução nº 1201000.205 S1C2T1 Fl. 3 2 proferida de forma ultra ou extra petita, e a parte interessada não interpuser o recurso adequado a fim de anulála, o conteúdo da coisa julgada será o provimento jurisdicional contido na parte dispositiva dessa decisão definitiva, ainda que tenha transposto os limites objetivos da lide. Alega a embargante que a Turma teria incorrido em omissão/contradição ao deixar de examinar os efeitos da coisa julgada sobre as despesas de depreciação, amortização e baixa de ativos nos anos posteriores a 1989 (fl. 785 e ss.). Em 04/12/2015 a embargante juntou aos autos documento com informação sobre "situação jurídica superveniente", nos seguintes termos (fl. 967 e ss.): (...) Ocorre que, posteriormente à oposição dos referidos Embargos Declaratórios, nos autos da liquidação de sentença da Ação Ordinária n.º 95.00087464, ainda em trâmite perante a 13.ª Vara Federal do Distrito Federal, foi proferida decisão definitiva que afeta diretamente a análise dos referidos Embargos Declaratórios por esta Turma julgadora. Em breve relato, a Fazenda Nacional, ao ser intimada naquele processo sobre a destinação dos depósitos judiciais efetuados pela ora Requerente, argumentou que, segundo seu entendimento, todo o montante depositado deveria ser convertido em renda da União, pois o fato de a Embargante ter apurado saldo credor de correção monetária de balanço em 1989 faria, supostamente, com que a empresa tivesse obtido provimento judicial diverso daquele formulado no pedido da Ação Ordinária (documento n.º 1). Esse é o mesmo fundamento que embasa as autuações que originaram os processos administrativos em epígrafe, no que se refere à glosa do "Plano verão". Ao apreciar esse pleito da Fazenda Nacional, o Juízo da liquidação de sentença confirmou os termos e o alcance da decisão transitada em julgado defendidos pela Requerente durante todo o trâmite dos processos administrativos (documento n. 2), nos seguintes termos: Ora, se a pretensão, como visto, versa sobre a dedução da base de cálculo do IR e da CSLL das despesas de depreciação, amortização e baixa dos bens do ativo permanente, em relação à diferença do expurgo de janeiro/89, pretender a aplicação do ajuste em rubricas diversas dos demonstrativos financeiros, implica violação da coisa julgada. (...) Devese, pois, considerar as lindes do pedido para a correta interpretação do trânsito em julgado, de modo a entender que a recomposição do ativo permanente, apenas, não desrespeita as decisões favoráveis à autora. Contra essa decisão a Fazenda Nacional interpôs o Agravo de Instrumento nº 004332773.2013.4.01.0000 (documento n.º 3), alegando o mesmo que se alega nos processos administrativos em epígrafe: que os índices de correção monetária reconhecidos nos autos Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15578.000407/200754 Resolução nº 1201000.205 S1C2T1 Fl. 4 3 de origem (42,72 % + 10,14%) deveriam incidir sobre a totalidade das demonstrações financeiras da ora Requerente, o que geraria IR e CSLL a recolher, e não a recuperar. Contudo, o referido Agravo de Instrumento foi desprovido pelo TRF1 (documento nº. 4), em decisão transitada em julgado. Conforme se infere dos andamentos processuais (documento n. 5), os autos do Agravo de Instrumento foram baixados à origem em 03/09/2015. Na decisão, o Desembargador Novéli Vilanova assim entendeu: A pretensão da União/executada subverte a coisa julgada material e transforma a agravada/autora de vitoriosa em vencida! A sentença exequenda declarou o direito de a autora deduzir da base de cálculo do IR e da CSLL as despesas de depreciação, amortização e baixa dos bens do ativo permanente, decorrentes da diferença do expurgo do IPC/89 de janeiro e fevereiro de 1989. O TRF/1ª Região apenas reduziu o índice de 70,28% para 42,72% para janeiro/1989. E o STJ deferiu o índice de 10,14% para fevereiro/1989. Toda a confusão aconteceu porque na parcial reforma da sentença, o TRF, em vez de se referir às despesas de depreciação, amortização e baixa, tratou de demonstrações financeiras/balanço. Destacamos. (...) Portanto, devem ser imediatamente reconhecidos por esta Colenda Turma os efeitos da decisão proferida pelo TRF da 1ª Região, não apenas por constituir fato novo nos termos da alínea b do § 4° do art. 16 do Decreto n. 70.235/1972, mas por representar interpretação autêntica (já que emanada do próprio Poder Judiciário) do comando judicial transitado em julgado nos autos da Ação Ordinária n.º 95.00087464, em sentido diametralmente oposto àquele defendido no acórdão embargado. (...) Em 06/01/2016 os autos foram encaminhados à representação da PGFN junto a este Conselho para fins de exame e manifestação sobre o documento juntado pelo recorrente (fl. 997). Em resposta, a PGFN afirmou, ao final, o seguinte (fl. 999 e ss.): Cabe destacar, aliás, que a decisão do STJ foi no mesmo sentido da decisão proferida pelo TRF da 1ª Região. Logo, ainda que em sede de liquidação, não poderia haver alteração dos termos do que já foi decidido em decisão transitada em julgado, ainda mais de uma decisão ratificada pelo STJ. Observase que o caso não trata de mera correção de inexatidões materiais. Ad argumentandum tantum, se algum equívoco ocorreu na decisão do TRF da 1ª Região, no sentido de se referir a demonstrações financeiras/balanço no lugar de despesas de depreciação, amortização Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15578.000407/200754 Resolução nº 1201000.205 S1C2T1 Fl. 5 4 e baixa, caberia ao contribuinte, como interessado, valerse dos instrumentos adequados para sanar tal vício. Certo ou errado, decisão infra ou extra petita, o fato é que o trânsito em julgado da decisão ocorreu nos termos já propugnados pela DRJ de origem, bem como pelo acórdão ora embargado. Dessa maneira, não existe fundamento que ampare a pretensão do interessado. Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. Pois bem, ao que parece houve um desencontro entre o que foi pedido por este Relator no despacho de fl. 997, e a resposta da representação da PGFN junto a este Conselho. De fato, solicitouse que a PGFN se manifestasse sobre a "situação superveniente" informada pela embargante, qual seja, a decisão transitada em julgado no TRF da 1ª Região nos autos do agravo de instrumento nº 004332773.2013.4.01.0000, a qual interpretou o conteúdo da decisão transitada em julgado no STJ no âmbito do processo 95.00.087464 (nº na origem), assentando o direito da exequente (ora recorrente) em deduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL as despesas de depreciação, amortização e baixa dos bens do ativo permanente com base nos índices de 42,72% para janeiro de 1989 e 10,14% para fevereiro de 1989, ao invés do direto de corrigir as demonstrações financeiras com base nos mesmo índices, tal como constava da decisão do STJ. Ora, a interpretação do conteúdo da decisão transitada em julgado no STJ foi (ao lado da questão sobre o beneficio de redução do IRPJ com base no lucro da exploração) exatamente o que ensejou a lavratura do auto de infração por exclusão indevida de despesas da base de cálculo do IRPJ (fl. 87 e ss. numeração digital). A autoridade local entendeu que a referida decisão passada em julgado no STJ dava direito à contribuinte de promover a correção monetária das demonstrações financeiras pelos índices acima mencionados, enquanto a interessada entendia que a mesma decisão lhe dava o direito de deduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL as despesas de depreciação, amortização e baixa dos bens do ativo permanente com base nos mesmos índices. A DRJ de origem acolheu o entendimento da autoridade fiscal (fl. 340 e ss. numeração digital), e, da mesma forma, também esta Turma (fl. 754 e ss.). Se, após a oposição dos presentes embargos a interessada noticia que o TRF da 1ª Região promoveu interpretação do julgado do STJ em sentido diverso daquele que lhe emprestou os órgãos administrativos acima referidos, a meu juízo tal situação deve, em princípio, ser reconhecida por este Conselho. Digo "em princípio" pois a decisão do TRF da 1ª Região se deu em agravo de instrumento (processo 004332773.2013.4.01.0000) onde se discutia o levantamento de depósitos judiciais e, ademais, não está claro que contra esta decisão não mais caiba recurso por parte da Fazenda Nacional. Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15578.000407/200754 Resolução nº 1201000.205 S1C2T1 Fl. 6 5 Nesse sentido, entendo que a PGFN deve pronunciarse objetivamente sobre a "situação jurídica superveniente", alegada pela embargante, e seus efeitos sobre o presente processo administrativo (vide informação à fl. 967 e ss.). Por todo o exposto, voto por converter o presente julgamento em diligência a fim de que a autoridade tributária de jurisdição do sujeito passivo: a) junte aos autos cópia da decisão do TRF da 1ª Região nos autos do agravo de instrumento nº 004332773.2013.4.01.0000; b) oficie a representação da PGFN junto a este Conselho a informar se a decisão acima referida é definitiva, bem como a se manifestar sobre seus efeitos sobre o presente processo administrativo; c) intime a embargante a se pronunciar sobre a manifestação da PGFN no prazo de 20 dias de sua ciência; d) após, encaminhe a este Conselho os presentes autos, bem como os autos dos processos conexos nos 15578.000206/200757, 15578.000207/200700 e 15578.000406/2007 18 para prosseguimento do feito. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 10930.004263/2005-63
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 12/05/2004, 09/06/2004, 17/06/2004, 16/07/2004, 10/08/2004, 11/08/2004, 09/09/2004, 14/10/2004, 28/10/2004, 10/11/2004, 08/12/2004, 22/12/2004
MULTA QUALIFICADA. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS NÃO TRIBUTÁRIOS E DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE FRAUDE. Para a aplicação da multa de 150%, necessária a demonstração de que o contribuinte procedeu com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Não configura fraude, por si só, a mera apresentação de declaração portando elementos inexatos, objetivando a utilização de crédito de terceiro e/ou que não se refira a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a fim de compensar débitos próprios regularmente confessados.
MULTA ISOLADA. INAPLICABILIDADE DA MULTA ISOLADA DE 75.% RETROATIVIDADE BENIGNA. Diante da previsão legal para a aplicação de multas isoladas apenas para a hipótese de falsidade e no percentual de 150%, incabível a desqualificação da multa pela DRJ para a exigência de multa isolada de 75% em face das compensações não homologadas realizadas pelo contribuinte.
Numero da decisão: 9101-002.261
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido por unanimidade de votos e, no mérito, negado provimento afastando a incidência de multa ao caso, por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator) e Rafael Vidal de Araújo.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
(assinado digitalmente)
LUÍS FLÁVIO NETO - Redator designado.
EDITADO EM: 12/04/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO (Suplente Convocada), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice- Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente)
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS NÃO TRIBUTÁRIOS E DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE FRAUDE. Para a aplicação da multa de 150%, necessária a demonstração de que o contribuinte procedeu com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Não configura fraude, por si só, a mera apresentação de declaração portando elementos inexatos, objetivando a utilização de crédito de terceiro e/ou que não se refira a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a fim de compensar débitos próprios regularmente confessados. MULTA ISOLADA. INAPLICABILIDADE DA MULTA ISOLADA DE 75.% RETROATIVIDADE BENIGNA. Diante da previsão legal para a aplicação de multas isoladas apenas para a hipótese de falsidade e no percentual de 150%, incabível a desqualificação da multa pela DRJ para a exigência de multa isolada de 75% em face das compensações não homologadas realizadas pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido por unanimidade de votos e, no mérito, negado provimento afastando a incidência de multa ao caso, por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator) e Rafael Vidal de Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 00 42 63 /2 00 5- 63 Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.281 2 (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. (assinado digitalmente) LUÍS FLÁVIO NETO Redator designado. EDITADO EM: 12/04/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO (Suplente Convocada), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente) Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, com adendos e pequenas modificações para maior clareza, o Relatório do acórdão recorrido: "O presente processo foi constituído com os documentos originais extraídos do Processo Administrativo n° 10930.720045/200570, as fls. 02/432, que fora formalizado para análise de Declarações de Compensação (PER/DComp n°s 08618.77060.190404.1.3.571092, 30558.54676.120504.1.3.57 6258, 16952.15961.090604.1.3.574787, 31409.49700.170604.1.7.571061, 13616.36366.160704.1.3.57 5869, 01219.09225.100804.1.3.574937, 12082.75364.110804.1.3.577522, 21524.63305.090904.1.3.57 5041, 18462.11364.141004.1.3.579409, 32504.78596.281004.1.3.573545, 26020.88455.101104.1.3.57 1911, 05887.86240.081204.1.3.573876 e 26074.65740.221204.1.3.575470), às fls. 02/67, transmitidas eletronicamente pela contribuinte (em 19/04/2004, 12/05/2004, 09/06/2004, 17/06/2004, 16/07/2004, 10/08/2004, 11/08/2004, 09/09/2004, 14/10/2004, 28/10/2004, 10/11/2004, 08/12/2004 e 22/12/2004, respectivamente) com a utilização de créditos, segundo especificados nas declarações: que seriam oriundos de ação judicial; que não seriam de terceiros; com trânsito em julgado em 09/06/1999; referente ao Processo Judicial n° ‘1059/57’ (ou ‘105/57’), que teria o ‘STJ’ como correspondente ‘Seção Judiciária’; e relativos a uma ‘uma ação que versa sobre devolução, pelo Estado do Paraná, de terras denominadas Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.282 3 “Apertados”, aos autores da ação Espólio de José Teixeira Palhares e Outros’. As compensações visaram a extinção de débitos de contribuição para o Programa de Integração Social PIS e de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF. 2. À fl. 141, consta o Termo de Intimação n° 150/2005, cientificando a contribuinte de que as DComp transmitidas no período de abril a dezembro de 2004 foram ‘baixados’ para ‘tratamento manual’ mediante o Processo Administrativo n° 10930.720045/200570 e intimandoa a apresentar: (a) documentos estatutários; (b) relativos aos processos judiciais indicados (nºs 1059/57 e 105/57); e (c) da escrituração contábil fiscal com os registros das compensações. 3. Em atendimento, em 27/05/2005, a interessada apresentou a petição de fl. 143, em que comunica o encaminhamento dos documentos solicitados, à exceção dos relativos ao processo judicial, em relação ao qual solicitou prorrogação de prazo e esclareceu haver indicado por equívoco, em algumas DComp, como sendo de n° 105/57, ao passo que o correto seria 1059/57. Também disse estar encaminhando cópia de escritura em que constaria como credora de ‘créditotributário’ (sic). Ao processo foram juntados os documentos de fls. 144/212 e 215/216. 4. Às fls. 217/218, a interessada, em 06/06/2005, ainda em referência ao Termo de Intimação n° 150/2005, esclarece: que os créditos utilizados nas DComp encontramse fundamentados em ‘Direitos Hereditários e Creditórios, de uma parte do Quinhão 4, do imóvel Apertados, o qual foi objeto de um processo de Atentado já transitado em julgado no STJ, sob o Recurso Especial n° 37.056, em 09 de junho de 1999’; que se trata de ‘crédito de indenização por impossibilidade de cumprimento de sentença, exarada no processo acima, e o Direito a referida indenização nasce da propriedade de parte das terras, e a sua transferência deuse através de ESCRITURA PÚBLICA DE CESSÃO E TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS CREDITÓRIOS E HEREDITÁRIOS, conforme documento em Anexo, adquirida de ANTONIO JOSÉ CARNEIRO, que por sua vez adquiriu de MARIA DE FÁTIMA BONINI, proprietária de parte maior no referido Quinhão’; que a decisão proferida em recurso especial "mandava que o Juízo de origem restabelecesse o STATUS QUO ANTE, ... "; que está demonstrada a existência de um crédito financeiro contra a Unido, ‘pois, pela Lei 496/97, a Unido FEDERALIZOU O AJUSTE FISCAL DOS ESTADOS, PELO PROGRAMA DE APOIO E REESTRUTURAÇÃO DOS MESMOS, assumindo desta forma a diívida mobiliária dos Estados, e prorrogou o prazo de assunção para 31/05/2000 nos termos do art. 23 da medida provisória 2.19270 de 24/08/2001, em sua letra “F” que autoriza a compensação de créditos vencidos e as disposições constantes do artigo 78 da Emenda Constitucional nº. 30/2000’; e que a compensação é fundada nos art.s 170 e 209 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1996, combinado com o art. 1° do Decreto n° 2.138, de 29 de janeiro de 1997, e com o art. 20 da Lei n° 10.179, de 6 de fevereiro de 2001, além de estar lastreada no art. 2°, IV e V, da Instrução Fl. 1282DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.283 4 Normativa SRF n° 414, de 30 de março de 2004, por se tratar de crédito oriundo de ação judicial com trânsito em julgado. Foram, então, juntados ao processo os documentos de fls. 219/340. 5. À fl. 343, pelo Termo de Intimação n° 233/2005, a interessada foi intimada a apresentar documentos relativos ao representante que subscreve seus atos. 6. Às fls. 345/346, em 05/08/2005, a interessada, reportandose ao Termo de Intimação n° 150/2005, reproduz os mesmos argumentos de fls. 217/218, acompanhados dos documentos de fls. 347/349. 7. A fl. 364, a Delegacia da Receita Federal em Londrina/PR, em 11/08/2005, emitiu despacho decisório, com base nas conclusões e fundamentos legais do Parecer/DRF/LON/Saort n° 79/2005, de fls. 350/363, para: (a) admitir a retificação da DComp nº. 08618.77060.190404.1.3.571092 pela de nº. 31409.49700.170604.1.7.571061; (b) nãohomologar as compensações declaradas nas DComp do Quadro I, às fls. 350/351; (c) proceder ao lançamento da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833, de 2003, com redação dada pela Lei n° 11.051, de 2004, combinado com o art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e representação fiscal para fins penais; e (d) determinar a intimação da contribuinte para efetuar, no prazo de trinta dias, o pagamento dos débitos indevidamente compensados (constantes do Quadro I), cientificandoa da possibilidade de apresentar manifestação de inconformidade. 8. No referido parecer, às fls. 350/363, a Seção de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal em Londrina/PR, em síntese: (1) transcreve os dispositivos legais que regem a compensação tributária; (2) identifica que a retificação de DComp trata de inexatidão material, atendendo ao requisito normativo para tal; (3) identifica o Processo Judicial n° 1.059/57, como sendo concernente a uma ação que versa sobre devolução, pelo Estado do Paraná, de terras denominadas ‘Apertados’, aos autores da ação Espólio de José Teixeira Falhares e Outros; (4) considera que o possível crédito utilizado pela contribuinte é de natureza não tributária, por versar sobre uma indenização em relação a terras localizadas no Estado do Paraná, que não tem a União como parte na ação judicial correspondente, não se tratando de crédito passível de compensação com base no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, que a permite apenas a partir de crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal; (5) constata que a interessada tampouco é parte na ação judicial, hipótese que também inviabiliza a compensação de débito tributário, em face da vedação, para esse fim, da utilização de créditos de terceiros, empecilho que não é eliminado por convenção particular de cessão de direitos creditórios e hereditários; (6) discorre acerca da caracterização Fl. 1283DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.284 5 de fraude na utilização em DComp de créditos de terceiros e de natureza não tributária; e (7) analisa a confissão de divida e, em face da não homologação das compensações, a cobrança dos débitos correspondentes. 9. À fl. 365, Intimação n° 380/2005, de 12/09/2005, emitida para dar ciência do Parecer/DRF/LON/Saort n° 79/2005 e do despacho decisório e intimar a interessada a efetuar o recolhimento dos débitos cuja compensação não foi homologada, ressalvado o direito de apresentar manifestação de inconformidade. Encaminhada por via postal, foi recebida no domicilio da contribuinte em 20/09/2005, como atesta o aviso de recebimento de fl. 427. 10. Consta, as fls. 367/421, ‘impugnação ao lançamento manifestação de inconformidade’, apresentada em 12/09/2005, com referência ao Processo Administrativo n° 10930.720045/200570. 11. À fl. 425, Intimação n° 493/2005, de 14/09/2005, com as seguintes constatações: que não consta no processo documento comprobatório de representação da pessoa jurídica pelo Sr. Eleazar Ferreira; que, tendo sido concluída a análise das declarações de compensação, foi exarado o Parecer/DRF/LON/Saort n° 79/2005 e o respectivo despacho decisório, encaminhados por meio da Intimação n° 380/2005, assim como foi lavrado auto de infração, enviado por meio da Intimação Seort n° 401/2005, de 12/09/2005; e que, nos termos do art. 15 combinado com o inciso I do § 2° do art. 23 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, a impugnação será apresentada no prazo de trinta dias da ciência, sendo que o documento antes apresentado ocorreu em data anterior a ciência do intimado. Por essas razões, a pretensa impugnação apresentada em 12/09/2005 foi considerada não formulada, sendo facultada, após a ciência das Intimações 380/2005 e 401/2005, a apresentação de manifestação de inconformidade e de impugnação. Encaminhada por via postal foi recebida no domicilio da contribuinte em 20/09/2005 (f1. 428). 12. A interessada, por intermédio de representante constituído (procuração à fl. 461), apresentou, em 20/10/2005, contra a não homologação das compensações, a tempestiva manifestação de inconformidade de fls. 433/460, acompanhada dos documentos de fls. 462/548, a seguir sintetizada. 12.2. Após descrever os fatos, alega, preliminarmente, cerceamento ao exercício do contraditório e à ampla defesa em decorrência de ‘greve de servidores’, aduzindo que esse incidente inviabilizou sua ‘vista’ ao processo por um período razoável para o exercício da plena defesa, pois somente em 18/10/2005 teve acesso aos respectivos processos para elaboração da defesa. Requer, assim, que seja devolvido o prazo de trinta dias, a partir de 18/10/2005. 12.3. Também em preliminar, alega suspensão dos efeitos da decisão ‘impugnada’, em face das disposições contidas nos §§ 9º Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.285 6 a 11 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com as alterações da Lei n° 10.833, de 2003, combinados com o art. 151 do CTN, pelo que argumenta que todos os ‘atos coativos’ (negativa de homologação da compensação, determinação para o pagamento dos tributos compensados e da multa isolada, além da inscrição em dívida ativa e da abertura da representação fiscal para fins penais) da entidade tributante estariam suspensos, devendo ser anulados. Refuta, para a hipótese, a aplicação retroativa do § 13 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004. 12.4. Igualmente com base na irretroatividade das disposições da Lei n° 11.051, de 2004, contesta a existência do tipo legal caracterizador da fraude fiscal. Nesse aspecto, diz que a repartição fiscal interpretou como ato doloso a compensação efetuada, tratandose de uma presunção defraude, a partir do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 17, de 3 de outubro de 2002, apesar de não citado como fundamento, o qual não tem aparo legal. Observa que a redação do § 12 da Lei n° 9.430, de 1996, pela Lei n° 11.051, de 2004, relacionando expressamente as vedações à compensação, importou em reconhecimento de que não havia uma disciplina legal impondo tais restrições, não se podendo, por conseguinte, imputar aos contribuintes que antes fizeram as compensações o cometimento de ato doloso. Adicionalmente, em face da irretroatividade da Lei n° 11.051, de 2004, questiona a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio, discorrendo a respeito. 12.5. Como última questão preliminar, suscita nulidade do ato decisório, por violação ao principio do contraditório e da ampla defesa, em face da adoção de atos coativos antes de esgotado o direito a que se refere o "art. 74, § 11", que garante a manifestação de inconformidade contra a nãohomologação, mediante suspensão dos efeitos da decisão. A respeito da ampla defesa, cita doutrina e jurisprudência e sustenta que, havendo sua preterição, na medida em que não se aguardou qualquer manifestação quanto ao indeferimento da compensação, são nulos todos, com efeitos ex tunc os atos coativos decorrentes da decisão, por contrariar formalidade essencia1 estabelecida em lei. 12.6. No mérito, discorre sobre o direito a propriedade e configuração de confisco, complementando que ‘transportando essas diretrizes, para o direito creditório utilizado como compensação, como se trata de crédito do contribuinte, embora não seja de ordem tributária, foi assumido pela União Federal, nada impede que este contribuinte, no caso manifestante, possa utilizar o seu crédito para amortização de débitos tributários junto a própria Unido Federal, mediante o exercício do direito a compensação’. Diz que o instituto da compensação está consolidado no ordenamento jurídico, previsto anteriormente no art. 1.009 do Código Civil e, atualmente, no art. 368 do Novo Código Civil, refutando a validade da revogação estabelecida pela Lei n° 10.677, de 25 de maio de 2003, em relação ao art. 374 do Código Civil. Em matéria de tributos federais, transcreve Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.286 7 o art. 66 da Lei n° 8.383, de 1991, e o art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com as alterações da Lei n° 10.637, de 2002, da Lei n° 10.833, de 2003, e da Lei n° 11.051, de 2004, refutando dessa última a redação dada ao § 13, posto que posterior as compensações, e destacando os ‘efeitos suspensivos’ da manifestação de inconformidade, nos termos do § 11 do art. 74 citado. Pela mesma razão, das instruções normativas emitidas, refuta a aplicação retroativa da Instrução Normativa SRF n° 517, de 2005. Nesse contexto, sustenta que o crédito decorrente da cessão consolida seu direito subjetivo a compensação, por tratar de crédito incontestável, previsto nas normas ventiladas e em consonância com o art. 170 do CTN, deferido em decisão judicial com trânsito. Quanto a cessão de crédito, alega encontrar amparo nos arts. 286 e 287 do Código Civil, além de não haver impedimento expresso na legislação tributária (aduz que as restrições à cessão de crédito foram estabelecidas por atos administrativos, sem estarem, no entanto, estabelecidas em lei, não sendo aplicáveis as disposições do Ato Declaratório Executivo [sic] SRF n° 17, de 2002). Refuta, também, a aplicação, ‘por analogia’, do art. 123 do CTN. 12.7. Alega, ainda, que a ‘Representação Criminal’, da forma como proposta, causa constrangimento ilegal, devendo ser suspensa, em face da disposição do art. 83 da Lei n° 9.430, de 1996. 12.8. Por fim, ‘requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidas em direito, pelos documentos anexos, pelos documentos contidos nos processos administrativos n° 10930.720045/200570 e 10930.002887/200546, inclusive a manifestação de inconformismo diante de nãohomologação da compensação, já apresentada em 12.09.2005, que fará parte integrante dessa peça impugnatória em todos os seus termos, como peça integrante da presente manifestação, demais a serem juntados oportunamente, se necessários, testemunhais, se fizerem necessárias, periciais e diligências para verificação dos dados acima referidos, principalmente para exame dos documentos anexos pertinentes à cessão de créditos, bem como para realização dos débitos e créditos, por auditagem dos livros fiscais, das declarações e demais documentos relacionados a compensação efetuada’; para tanto, à fl. 459, nomeia e qualifica seus peritos técnicos; e requer a suspensão de todos os atos coativos, até o término do processo administrativo, a declaração preliminar de nulidade, do despacho decisório e, no mérito, a homologação da compensação, para extinguir o crédito tributário e penalidades decorrentes, bem como demais atos coativos. Alternativamente, se mantida a decisão de indeferimento, requer a exclusão da multa de 150%, pela ausência dos elementos tipificados para tal e pelo seu caráter confiscatório, e exclusão da incidência da Selic, em face de evidente ilegalidade. Reafirma, também, seu pedido de devolução de prazo para manifestação em decorrência da greve dos servidores. Fl. 1286DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.287 8 13. Acompanhando a manifestação de inconformidade, às fls. 494/548, a interessada junta cópia da petição que apresentara em 12/09/2005. Nessa, a interessada, em síntese: faz relato sobre o crédito ‘transitado em julgado’ e utilizado na compensação; alega que houve a conversão do direito creditório transitado em julgado em crédito tributário, por força de leis tributárias vigentes; e discorre sobre o instituto da compensação no direito brasileiro, sobre a compensação em matéria tributária e sobre as obrigações atribuídas ao fisco e suas correlações de responsabilidade. Pugna, ao final, pela nulidade dos autos de infração, pela homologação das compensações, pela ‘declaração dos valores contestados e suas dispensas dos pagamentos’, pela nulidade do lançamento de multa isolada, pela admissibilidade recursal em face do principio do contraditório e da ampla defesa e ‘pela declaração de ilegalidade e inconstitucionalidade frente à disposição de lei’. Multa isolada. 14. À fl. 557, Termo de Juntada de Processos, pelo qual é juntado, por anexação (passando a fazer parte integrante deste), as fls. 558/764 e 767/942, as peças que antes formavam o Processo Administrativo n° 10930.0028871200546, relativo a auto de infração, as fls. 793/796, em que são exigidos R$ 1.499.511,46 de multa isolada, de 150%, em face das compensações consideradas indevidas (de débitos de períodos de apuração de maio a dezembro de 2004), com fundamento no art. 18 da Lei n°10.833, de 2003, com redação dada pela Lei n° 11.051, de 2004, combinado com o art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996, e art. 90 da Medida Provisória n°2.15835, de 24 de agosto de 2001. 15. A autuação, lavrada em 25/08/2005, encontrase detalhada no Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, às fls. 797/809, sob os seguintes tópicos: ‘I Da Análise das Declarações de Compensação’; ‘II Procedimento Fiscal’; ‘III Da Ação Judicial n° 1059/57’; e ‘IV Do Resultado da Análise das Declarações de Compensação DCOMPs’. A autuação fora acompanhada de Representação Fiscal para Fins Penais, por meio do Processo Administrativo n° 10930.002888/200591 (fl. 814). 16. Cientificada da autuação em 20/09/2005 (consoante intimação de fl. 813 e correspondente aviso de recebimento de fl. 818), a interessada, por meio de seu representante (procuração a fl. 853), apresentou, em 20/10/2005, a tempestiva impugnação de fls. 819/852, acompanhada dos documentos de fls. 854/940, cujo teor é sintetizado a seguir. 16.2. Pelos mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, alega, preliminarmente: cerceamento, de direito de contraditório e a ampla defesa em face de greve de servidores da SRF, pelo que requer a devolução do prazo de trinta dias; em face do direito de apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação, Fl. 1287DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.288 9 nulidade do auto de infração; inexistência do tipo legal caracterizador da fraude; e nulidade do auto de infração por violação do princípio do contraditório e da ampla defesa. 16.3. Adicionalmente, alega ser inconsistente o auto de infração, por impor penalidade com base em presunção de fatos, e nulo, por ausência de capitulação legal. Quanto ao primeiro tema, ilustra com doutrina, e, em relação ao segundo, aduz que a omissão da capitulação legal não é suprida pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 17, de 2002, que não é lei em sentido estrito, mas mero ato administrativo. 16.4. No mérito, também reprisa os argumentos delineados na manifestação de inconformidade a respeito de direito de propriedade e de nãoconfisco, associandoos ao direito de compensação, que defende possível com créditos objeto de cessão, bem como se manifesta contrária à ‘representação criminal’. 16.5. Além daqueles, alega: que, diante do cumprimento de todas as obrigações acessórias na realização da compensação, houve a denúncia espontânea, a teor do art. 138 do CTN, ficando exonerada de quaisquer penalidades; que a multa de 150% é exorbitante e confiscatória, não se coadunando com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, violando o disposto no art. 150, IV, da Constituição Federal (cita, julgado do Superior Tribunal de Justiça, que considerou não ser confiscatória a multa de 50%, em face da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal); e improcedência da inclusão da taxa Selic nos cálculos que fundamentaram o lançamento (aduz que a taxa não mede a inflação e nem os juros; não está prevista em lei, mas apenas por circular do Banco Central do Brasil; sequer mede o custo do dinheiro em z sua completude; não está prevista em lei, sendo que a Lei n° 9.250, de 1995, não estabelece padrões de cálculo, contrariando principio da legalidade; tem caráter remuneratório do custo do dinheiro e não indexatório do nível da inflação, seguindo a mesma sistemática da TR declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal; e não se encontra em consonância com o limite do art. 161, § 1°, do CTN, e do art. 192, § 3º, da Constituição Federal, conduzindo o lançamento a um vicio de legalidade insanável). 16.6. Por fim, ‘requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidas em direito, pelos documentos anexos, pelos documentos contidos nos processos administrativos n° 10930.720045/200570 e 10930.002887/200546, inclusive a manifestação de inconformismo diante de nãohomologação da compensa cão, como peça integrante da presente defesa, demais a serem Juntados oportunamente, se necessários, testemunhais, se fizerem necessárias, periciais e diligências para verificação dos dados acima referidos, principalmente para exame dos documentos anexos pertinentes a cessão de créditos, bem como para realização dos débitos e créditos, por auditagem dos livros fiscais, das declarações e demais documentos relacionados à Fl. 1288DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.289 10 compensação efetuada’; para tanto, à fl. 852, nomeia e qualifica seus peritos técnicos; e requer, preliminarmente, a declaração de nulidade do auto de infração e, no mérito, sua insubsistência. Alternativamente, se mantida a exigência, requer a exclusão da multa de 150%, por ausência dos elementos tipificados para tal e pelo seu caráter confiscatório, e exclusão da incidência da Selic, em face de evidente ilegalidade, determinandose a revisão do lançamento, para elaboração de novos cálculos. Reafirma, também, seu pedido de devolução de prazo para manifestado em decorrência da greve dos servidores. 17. Dentre os documentos que acompanharam a impugnação, consta, às fls.886/940, cópia da petição intitulada ‘IMPUGNAÇÃO AO LANÇAMENTO MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE’, antes sintetizada, que a interessada apresentara em 12/09/2005. 18. A fl. 966, consta o esclarecimento de que, para a análise de PER/DComp transmitidas pela contribuinte no período de abril a dezembro de 2004, havia sido formalizado o Processo n° 10930.7200451200570, em 29/04/2005 952), sendo, então exarado o Parecer Saort/DRF/LON n° 79/2005 e respectivo despacho decisório, pelo qual não foram homologadas as compensações, mas, posteriormente (fl. 957), constatado que aquele processo havia sido indevidamente formalizado por meio do Sistema Sief foi então constituído o presente processo, sob o n° 10930.004263/200563, com documentos (originais) daquele extraídos. 19. Encontrase apensado ao presente, o Processo Administrativo n° 10930.002888/200591, de Representação Fiscal para Fins Penais." Cientificada em 06 de junho de 2006 da decisão de fls. 967995, a qual deu parcial provimento às razões da impugnação reduzindo a multa de oficio de 150% para 75%, mantendo, porém, o lançamento de multa de oficio isolada, indeferindo também a manifestação de inconformidade quanto à não homologação das compensações realizadas, a empresa contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 10061063) em 06 de julho de 2006, em síntese, defendendo, preliminarmente afronta ao direito do contraditório e ao princípio da ampla defesa frente ao indeferimento do pedido de perícia para comprovar que os documentos correspondem à legalidade e nem foram analisados o que encerra a nulidade do processo e no mérito que compensação foi legalmente realizada já que o crédito utilizado pela Recorrente para amortização de seus débitos junto à Fazenda Nacional, referese ao direito de crédito apurado na ação judicial n° 1059157, ingressada pelos sucessores de José Palhares e de Rodolpho de Macedo Ribas contra o Estado do Paraná, com a finalidade de obter a devolução das temas designada ‘Fazenda Apertados’, que parte do crédito decorrente da ação mencionada, equivalente a R$943.767,81 foi adquirido pela Recorrente através de escritura pública de Cessão de Direitos Creditórios, lavrada em Fl. 1289DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.290 11 24/03/2004, do detentor desses direitos Sr. Antonio José Carneiro; que seu direito é legitimo; que a multa tem caráter confiscatório e não é possível a aplicação da taxa Selic. Houve também Recurso de Ofício da 3ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal de Curitiba/PR (f1.968). A Terceira Turma do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, negou seguimento ao recurso de ofício, afastando a aplicação da multa isolada, e deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo a exigência fiscal decorrente da não homologação das declarações de compensação e afastando a exigência relativa à multa de ofício. Proferiu o Acórdão nº 30334.640, que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 12/05/2004, 09/06/2004, 17/06/2004, 16/07/2004, 10/08/2004, 11/08/2004, 09/09/2004, 14/10/2004, 28/10/2004, 10/11/2004, 08/12/2004, 22/12/2004 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE NATUREZA JURÍDICA DIVERSA DA TRIBUTÁRIA. VEDAÇÃO LEGAL. A exegese do artigo 170 do CTN e do artigo 74 da Lei 9.430/96, descabe a compensação com créditos de natureza não tributária com débitos tributários do contribuinte. No caso em comento, pretendeu o contribuinte levar a efeito compensações com crédito de natureza não tributária, com débitos tributários. MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA O SEU LANÇAMENTO. CARECE DE COMPETÊNCIA AS DRJs PARA LANÇAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO. Ausência de previsão legal para o lançamento da multa agravada nas hipóteses de compensação não declarada. Eliminada a multa agravada no julgamento proferido em primeira instância pela DRJ Delegacia da Receita Federal de Julgamento, falece a esta competência de lançar multa de oficio com suporte normativo distinto do verificado no instrumento de constituição das multas. PERÍCIA. Desnecessária a realização de perícia quando por provas documentos é possível a comprovação do fato constitutivo do direito do contribuinte. JUROS MORATÓRIOS. TAXA .SELIC. SÚMULA N° 4. 0 Terceiro Conselho de Contribuintes já pacificou seu entendimento: A partir de 1° de abril de 1995 é legítima a aplicação/utilização da taxa Selic no cálculo dos juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal. A decisão foi proferida nos seguintes termos: ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso Fl. 1290DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.291 12 voluntário para excluir a multa, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro e Anelise Daudt Prieto, que negaram provimento. Os Conselheiros Zenaldo Loibman e Tarásio Campelo Borges votaram pela conclusão. Irresignada, a FAZENDA NACIONAL interpôs recurso especial por contrariedade à lei e por divergência. Alega que não há como prosperar a decisão que, ao julgar recurso de ofício, negoulhe seguimento, confirmando o não cabimento da multa de 150%, e, ao julgar o recurso voluntário, deulhe parcial provimento para excluir a multa 75%. Isto pois a Lei nº 10.833/03, que vigorava quando da transmissão das DCOMPs pela contribuinte, previa no seu art. 18 a aplicação da multa isolada nas hipóteses de o crédito ou o débito não serem passíveis de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficasse caracterizada a prática de sonegação, fraude ou conluio. No intuito de comprovar a adequação da multa qualificada, trouxe paradigma no qual consta que: "Na situação em que é inserida informação inverídica em Declaração de Compensação, visando à extinção de débitos com o cometimento de fraude, resta demonstrado o dolo e por isto cabe a aplicação da multa de oficio qualificada determinada pelo art. 18, caput, § 2º, da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004." Defende haver contrariedade à lei quanto ao afastamento do lançamento da multa qualificada, alegando que restaria configurado o evidente intuito de fraude, posto que a contribuinte teria prestado declaração falsa ao informar na DCOMP que o crédito não pertencia a terceiros, tinha origem no Processo Judicial nº 1059 e já transitara em julgado, com o intuito de liquidar, por meio da compensação irregular, os créditos tributários devidos. Nesse sentido, argumenta, revisitando a fundamentação contida no Parecer SAORT nº 79/2005, que: (...) 31. Mesmo consciente da vedação contida no art. 74 da Lei nº 9.430/1996, que estabelece que na compensação de débitos próprios a contribuinte pode utilizar apenas créditos por ela apurados e administrados pela Secretaria da Receita Federal, a interessada promoveu a extinção de créditos tributários, utilizandose de crédito de natureza nãotributária e cedido por terceiros. (...) 34. Ao apresentar as Declarações de Compensação — DCOMP, a contribuinte prestou as informações em desacordo com a realidade dos fatos, informando existência ou montante de crédito sem amparo na legislação, ou seja, inseriu elementos Fl. 1291DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.292 13 inexatos e com isso suprimiu o pagamento do tributo, de forma a lesar a Fazenda Nacional. 35. A inserção de informação em desacordo com a legalidade que ampara a compensação tipifica a conduta do agente que deliberadamente apresentou a DCOMP com o fim de se eximir da obrigação de recolhimento de tributos, levandose à conclusão de que a ação foi efetuada com a intenção de evitar ou, pelo menos, postergar o pagamento dos tributos devidos. Posto isso, claro está o enquadramento como fraude. (...)" Na sequência, conclui que, se não há dúvidas de que houve uma declaração falsa, imperioso é que se reconheça o intuito de fraude, o que, por si só, legitima a lavratura do auto de infração e justifica o provimento do recurso de oficio, para que se restaure a multa agravada, de 150%. Por fim, pugna para que se mantenha a multa de ofício, ainda que desagravada. O recurso foi admitido pela presidente da 3ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes. Cientificada do despacho que acolheu o recurso especial da Fazenda, a contribuinte apresentou contrarrazões, em que sustenta não existirem os elementos caracterizadores da fraude fiscal e que, portanto, seria incabível a tributação por presunção e a imputação da multa isolada sem base legal e sem a existência de fatos a comprovar que houve qualquer ato ilícito. Insurgese contra o enquadramento legal do auto de infração, qual seja: art. 18 da Lei nº 10.833/03, com redação dada pela Lei nº 11.051/04, combinado com o art. 44, inc. II, da Lei nº 9.430/96 e art. 90 da MP nº 2.15835/01. Alega que a imputação da penalidade por compensação considerada não declarada somente foi introduzida pela Lei nº 11.051, de 29/12/04, a qual não poderia retroagir para atingir os fatos praticados pela recorrida, uma vez que todos já estavam consumados no momento da entrada em vigência desta Lei, e que antes disso já havia a previsão legal da multa isolada, que não seria aplicável a essa situação, mas apenas em casos de fraude incontestável, conforme disposto no art. 44, II, da Lei 9.430/1996. Defende, ainda, que não deve prosperar a alegação de que a decisão recorrida tenha negado vigência às disposições contidas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64, e, tampouco, os paradigmas mencionados centrados nos acórdãos nos 30133804, 30133888, 30133889, 30133890, 30133886, pois todos enfatizariam o cabimento da multa de 75% quando a compensação for considerada não declarada, quando o crédito utilizado pelo contribuinte não se referir a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, de acordo com inteligência do § 4º do art. 18 da Lei n° 10.833/03, combinado com a redação dada pela Lei n° 11.186/05. Argumenta que os fundamentos apresentados para justificar a divergência, bem como a violação de lei, estão centrados em paradigmas que não corresponderiam aos fatos, e que deixariam de contemplar o princípio da irretroatividade da lei, já que Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.293 14 fundamentados na Lei 11.196/05, bem posterior aos fatos que ocorreram até novembro de 2004. Alega que a interpretação da Fiscalização e da Fazenda Nacional de ato doloso para a compensação realizada tratase de presunção de fraude, sem amparo legal, uma vez que não haveria qualquer restrição legal à realização da compensação e que todos os atos teriam sido efetuados de forma transparente, por meio de DCOMPs apresentadas, que evidenciariam compensação realizada com crédito contemplado em ação judicial nº 1059/57, com trânsito em julgado. A contribuinte informa, ainda, que, no que se refere à compensação tributária, o recurso perdeu o objeto em decorrência de pedido de desistência parcial do recurso para fins de parcelamento, protocolado em 11/10/2007. Os presentes autos foram a mim distribuídos por sorteio, em conformidade com o art. 49, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, Relator O Recurso Especial é tempestivo e atende aos demais requisitos do Processo Administrativo Fiscal, pelo que dele conheço. Consideradas as razões expostas no especial e nas contrarrazões, passo a analisar as questões submetidas à CRSF. I – Efeitos da desistência Destaquese primeiramente que a alegação de desistência não atingiu a parte referente à multa (tratase desistência parcial “isto é, valores efetivamente compensados com créditos tributários administrados pela Receita Federal do Brasil!”, conf. o pedido do contribuinte constante do processo), e conforme consta das contrarrazões. Ou seja, a desistência se restringe ao principal (que, justamente, foi o objeto da compensação guerreada); contudo, a parte referente à multa continua sub judice, pois não foi objeto de desistência pelo contribuinte, mas foi objeto de recurso especial por parte da Fazenda, que é o que discute aqui, já que a decisão recorrida desonerou o contribuinte de qualquer multa. Assim nenhum óbice existe a que se discuta o recurso especial da Fazenda, considerando que não há vício de conhecimento. II Multa qualificada de 150% Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.294 15 Inicialmente, destaquese que a multa de 150% foi afastada pela DRJ, sendo objeto de recurso de ofício, que restou improvido pelo Acórdão recorrido. Tratase de analisar a pertinência da aplicação de multa isolada, mediante o pressuposto de evidente intuito de fraude, com fulcro no art. 18 da Lei nº 10.833/03 e suas posteriores alterações introduzidas pelo art. 25 da Lei nº 11.051/04 e pelo art. 117 da Lei nº 11.196/05, cominando em multa de 150% (referência percentual do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96), em razão da realização de procedimentos compensatórios pela contribuinte, nos quais foram utilizados créditos (i) de terceiros e (ii) não referentes a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. A interessada objetivou promover a extinção de créditos tributários utilizandose de crédito de natureza nãotributária e cedido por terceiros. Àquele tempo, vigoravam as seguintes redações para o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835/01, para o art. 18 da Lei nº 10.833/03, para o art. 44 da Lei nº 9.430/96 e para os arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, respectivamente: Medida Provisória nº 2.15835/ 2001 Art. 90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Lei nº 10.833/2003 Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4º A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.295 16 hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Lei nº 9.430/96 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Lei nº 4.502/64 Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Em síntese, tanto na redação original da Lei nº 10.833/03, quanto na redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, era preciso, para aplicação da multa qualificada de 150%, que ficasse caracterizada a prática de alguma das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Dentre as figuras de sonegação, fraude e conluio, só seria possível, por inferência lógica, a majoração da multa no caso a ocorrência de fraude, pois os tipos “sonegação” e “conluio” descritos nos arts. 71 e 73 da Lei nº 4.502/64 não são passíveis de aplicação a crédito tributário constituído e declarado pelo contribuinte, submetidos à compensação, na situação dos presentes autos. É preciso verificar, portanto, se a declaração falsa é conduta passível de ser tipificada como fraude, nos termos do art. 72 da Lei nº 4.502/64, o que ensejaria a aplicação da multa qualificada. Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.296 17 Primeiramente, é preciso observar que, para que se opere a compensação, o contribuinte deve caracterizar tanto o crédito apurado quanto o débito que se pretende extinguir. A legalidade, portanto, pode ser desrespeitada ao menos de duas formas: utilizando se crédito não passível de compensação, no todo ou em parte, ou modificandose as características do fato gerador, de modo a reduzir o montante do imposto devido. Isto é, o contribuinte pode majorar seu direito ou reduzir sua obrigação. Em ambos os casos, a finalidade é a mesma, reduzir ou eliminar o pagamento do tributo. Conforme definição legal, caracterizase como fraude toda ação ou omissão dolosa tendente (i) a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou (ii) a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. A primeira figura não se adequa ao caso já que o crédito tributário está declarado e, portanto, confessado, o que supera a possibilidade de existência de fraude ex ante, sendo aplicável, ao caso, em tese, somente a segunda figura. Por outro lado a fraude não se caracteriza de modo objetivo, ao se reduzir o montante do tributo devido. Para sua configuração, é necessário que o elemento subjetivo esteja presente e suficientemente demonstrado. Assim, é preciso avaliar se o meio utilizado se enquadra em hipótese prevista na legislação. No caso concreto, para que se caracterize a fraude, não basta que a ação ou omissão seja dolosa, mas também que produza seus efeitos sobre montante do imposto devido, no caso relacionado crédito que em relação ao débito que se pretende compensar. Ou seja, por definição legal, em casos como o presente, há fraude quando a ação fraudulenta visa à redução da obrigação (efeito da parte final do dispositivo). No caso em análise, a declaração do crédito a se compensado não é passível de compensação por ser contrária à lei, ou seja, é discutível na parte em que declara o direito e não na que confessa a obrigação. Porém a apresentação e tentativa de demontração da existência do direito de compensar o crédito de ação judicial de terceiros, claramente trazido aos autos, não nos parece configurar fraude – mesmo porque não nos autos prova de falsidade ou idoneidade dos documentos apresentados, eles são inválidos como mecanismo de oposição creditícia à Fazenda Pública Federal para efeito de compensação, mas não fraudulentos. Também porque, mesmo sendo inviável a compensação pois o suposto crédito legalmente não pode ser objeto de compensação não implica a configuração da fraude, no sentido que lhe empresta o art. 72 da Lei nº 4.502/64. Por mais que semanticamente o termo fraude apresente diversas possibilidades, para efeito de imputação de penalidades devese buscar o perfeito ajuste entre a conduta e a previsão legal. Sendo assim, ainda que reprovável, a conduta da contribuinte não se amolda ao tipo previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/64, não sendo possível ampliar as hipóteses configuráveis como fraude, muito menos utilizar a analogia como forma de penalização do sujeito passivo. Não cabe à autoridade administrativa, por meio de interpretações extensivas, suprir a omissão do legislador na atualização de definições, especialmente em se tratando de cominação de penalidades. No caso teria que ter sido demonstrada a fraude (por exemplo, uma ação judicial inexistente apresentada com um documento falso). A limitação dos conceitos presentes na Lei nº 4.502/64 e a opção das Leis aqui analisadas em referenciála só vieram a ser superadas com a edição da Lei nº 11.488/07, que modificou o caput do art. 18 da Lei nº 10.833/03 para vincular a aplicação da multa qualificada à comprovação da falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, não se Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.297 18 exigindo mais o enquadramento da conduta nas definições de fraude, sonegação e conluio da Lei nº 4.502/64. Entretanto, a lei só pode retroagir para beneficiar o sujeito passivo. Sendo assim, por ausência de previsão legal à época dos fatos, a apresentação de declaração portando elementos inexatos não se configura fraude passível de punição com multa qualificada de 150%. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial nesta parte, mantendo afastada a exigência de multa qualificada de 150%. III Multa isolada de 75% Não há dúvida quanto aos efeitos da redação original do art. 18 da Lei nº 10.833/03, quais sejam: (a) se o crédito ou o débito não fosse passível de compensação por expressa disposição legal, aplicavase o inc. I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 (multa isolada de 75%); (b) se o crédito fosse de natureza não tributária, também aplicavase o inc. I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 (multa isolada de 75%); mas, (c) se ficasse caracterizada a pratica das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, aplicavase o inc. II do art. 44 da Lei nº 9.430/96 (multa isolada de 150%). A celeuma instaurase ao analisarse os efeitos provocados pela redação do art. 18 da Lei nº 10.833/03 dada pelo art. 25 da Lei nº 11.051/2004, que vale reprisar: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.298 19 débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4º A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) O voto condutor do acórdão ora recorrido, proferido pela Terceira Turma do Terceiro Conselho de Contribuintes, entendeu que, a partir da entrada em vigor da nova redação: "(...) a multa cabível será aplicada somente "nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964", ou seja, nas hipóteses de dolo, fraude ou conluio (o que não é o caso dos presentes autos, conforme reconheceram os r. julgadores). A nova redação do caput do art. 18, assim como de seu § 2°, ambos da lei n° 10.833/03, deixam claro que o art. 18 esta a tratar de multa agravada (portanto na presença de dolo, fraude ou conluio), ao indicar, no § 2°, que a multa isolada "será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2° do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996,...", quais sejam, 150% e 225%. No mesmo sentido, o § 4° do art. 18, acima indicado, na medida em que remete ao caput do mesmo artigo, veicula hipótese de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, nos casos de compensação que for considerada não declarada nas hipóteses de que trata, previstas no inciso II do § 12 do art. 74 da Lei n° 9.430/96. Destaquese que o § 12 do art. 74 também recebeu sua atual redação através da lei n° 11.051 de 29/12/2004. Portanto, ambos os dispositivos acima indicados não estavam em vigor na data das compensações levadas a efeito pela Recorrente. Portanto, ausentes o dolo, fraude e conluio, conforme reconhece a própria decisão atacada, não há de se falar na multa agravada, conforme já reconheceram os r. julgadores. Por outro lado, a nova redação do art. 18 exclui a imposição de multa no patamar de 75%, ou seja, quando não presentes o dolo, fraude ou conluio. Tendo a legislação deixado de prever punição em tais casos, não há de se cogitar a imposição de multa. (...)" Ao que parece, a interpretação adotada seria a de que o termo "limitarseá" estaria se referindo às "hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964". Ou seja, somente nos casos de Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.299 20 sonegação, fraude ou conluio seria aplicável a multa isolada. Nos demais, não haveria qualquer penalidade, salvo os encargos moratórios. Não obstante, notese que para dar esse sentido à norma foi preciso omitir a parte do caput imediatamente posterior ao termo "limitarseá", qual seja, "à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo". Ocorre que essa omissão é imprópria, pois essa parte é invariavelmente a justificativa da edição da norma, que objetivava limitar o lançamento de ofício à multa isolada, não sendo necessário lançar também o tributo devido, haja vista a própria Lei nº 10.833/03 ter incluído também o § 6º no art. 74 da Lei nº 9.430/60, determinando que "a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados." Ou seja, o que se pretendia era restringir o lançamento à multa, evitandose o lançamento do tributo correspondente, pois este, a partir da entrega da DCOMP, já se encontrava confessado, constituído em dívida e, consequentemente, apto a ser cobrado, não sendo mais passível de discussão no âmbito administrativo. Tratase de medida de racionalização administrativotributária, e não de mudança paradigmática no sentido de excluir hipótese de aplicação de penalidade. Assim, ao alterar a Lei nº 10.833/03, a Lei nº nº 11.051/04 não suprimiu a multa de 75%, mas sim definiu que, nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/1964, o lançamento de ofício limitarseia à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida, sem, no entanto, excluir a imposição de multas nas demais hipóteses. O fato é que houve a manutenção, no caput do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, apenas da multa isolada, aplicável no percentual de 150%, em face da caracterização da prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. Todavia, em relação às demais compensações indevidas, a multa isolada, aplicável no percentual de 75%, passou a ser prevista no § 4º do mesmo art. 18 da Lei n° 10.833/03, que, conjugado com o § 12 do art. 74 da Lei n° 9.430/96, efetuou melhor e mais restritiva especificação das hipóteses, listando como sujeita à multa isolada, dentre outras, a utilização de créditos de terceiros ou de créditos não relativos a tributos e contribuições administrados pela SRF. Nesse sentido, a anterior hipótese de compensação indevida sujeita à multa isolada de 75% por se utilizar de crédito de natureza não tributária passou a ser referida como a utilização de créditos que não fossem decorrentes de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal; e a compensação de créditos de terceiros, que encontrava vedação legal no próprio caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 10.637/02, foi mantida como hipótese de aplicação da multa isolada de 75%. Portanto, é preciso ter em mente as diversas modificações pelas quais passou a Lei nº 10.833/03, não sendo prudente valerse apenas da interpretação literal e isolada do texto. Do contrário, correse o risco dar azo à hipótese de que os contribuintes poderiam utilizarse de formas de compensação contrárias à lei sem a menor preocupação com a pretensão punitiva do Estado, pois, mesmo que averiguada pelo Fisco a improcedência do pedido, não seria cabível penalização, mas tão somente encargos moratórios. Ante o exposto, oriento o voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial, mantendo a exigência de multa isolada de 75%. Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.300 21 IV Competência da DRJ para desqualificar multa de ofício O acórdão recorrido, ao dar provimento parcial ao recurso voluntário, entendeu que não seria cabível a desqualificação da multa levada a efeito pela DRJ, conforme se depreende da sua ementa: MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA O SEU LANÇAMENTO. CARECE DE COMPETÊNCIA AS DRJs PARA LANÇAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO. Ausência de previsão legal para o lançamento da multa agravada nas hipóteses de compensação não declarada. Eliminada a multa agravada no julgamento proferido em primeira instância pela DRJ — Delegacia da Receita Federal de Julgamento, falece a esta competência de lançar multa de oficio com suporte normativo distinto do verificado no instrumento de constituição das multas. Valendose da narrativa segundo a qual faleceria competência à DRJ para lançar multa de oficio, por falta de previsão legal, o acórdão recorrido anulou a multa de 75%, por entender que, ao desqualificar a multa de 150%, a primeira instância haveria lançado outra, desta vez enquadrada no art. 44, I, da Lei n° 9.430/96. Entretanto, há inúmeros precedentes que reconhecem a competência de ambas as instâncias do contencioso administrativo para a desqualificação de multas de ofício, uma vez que, afastada a hipótese de fraude, subsiste a falta de recolhimento do tributo, não havendo como deixar de ser imputada à autuada a multa de oficio, mesmo que desagravada. A infração se configura quando o contribuinte busca compensar débito próprio utilizandose de crédito não tributário e de terceiro. Nesta hipótese, aplicase a multa isolada de 75%. Caso, além do elemento objetivo, também esteja presente o elemento subjetivo do intuito de fraude, a multa é aplicada em dobro, no percentual de 150%. Portanto, a fraude atua tão somente como elemento qualificador da infração. Ante o exposto, oriento o voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial no que concerne à competência da DRJ para desqualificar a multa isolada de 150%, subsistindo a multa isolada de 75%. Conclusão. Isto posto, voto de forma a DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso especial, mantendo afastada a aplicação da multa qualificada de 150%, porém reformando a decisão ora recorrida para que se restabeleça a multa de 75%. MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator Voto Vencedor Conselheiro Luís Flávio Neto, redator designado. Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.301 22 Na reunião de março de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é interessado INSTITUTO FILADÉLFIA DE LONDRINA (doravante “recorrido” ou “contribuinte”). O i. Relator bem descreveu o caso e, em seu voto, compreendeu não estar caracterizado dolo, sonegação ou conluio nos atos praticados pelo contribuinte, de forma que não haveria ensejo à cominação da multa qualificada de 150%. Contudo, o i. Relator compreendeu necessário apenar a conduta praticada pelo contribuinte com multa isolada de 75%. Na correspondente sessão de julgamento, acompanhei o i. Relator quanto à constatação da ausência de dolo, sonegação ou conluio nos atos praticados pelo contribuinte, de forma a afastar a multa isolada de 150%. No entanto, acompanhado da maioria do Colegiado, divergi quanto à possibilidade de cominação da multa isolada de 75% ao presente caso. Originalmente, o art. 18 da Lei n. 10.833/2003 possuía a seguinte redação: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarse á unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1o Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2o A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3o Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. Como se pode observar, a matriz legal prescrita pelo legislador ordinário previa duas diferentes penalidades aplicáveis para casos envolvendo compensação tributária: multa isolada de 75%: cabível quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal, bem como quando o crédito ser de natureza não tributária; multa isolada de 150%: cabível quando ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, notadamente fraude, sonegação ou dolo. Em 2007, contudo, a Lei 11.488 alterou o art. 18 da Lei 10.833, que passou a constar com a seguinte redação: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.302 23 em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (...) § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (...) Como se pode observar, parte substancial da redação original do art. 18 da Lei n. 10.833/2003 foi suprimida pela Lei 11.488/2007, de forma que a nova matriz legal prescrita pelo legislador ordinário passou a prever apenas uma modalidade de penalização: multa isolada de 150%: cabível quando comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. O aludido enunciado legal passou a prever, como única penalidade aplicável, a multa isolada de 150%, exclusivamente na hipótese de ficar caracterizada falsidade, o que remonta às infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Suprimiuse, portanto, a hipótese de incidência da multa isolada de 75%. No caso concreto, o contribuinte transmitiu DCOMPs entre os meses de abril e dezembro de 2004, as quais não foram homologadas pela autoridade fiscal. No entanto, não houve, como bem demonstrou o i. Conselheiro Relator, qualquer falsidade, prática de sonegação, conluio ou fraude, sendo inaplicável, portanto, a multa isolada de 150%. Aplicandose ao caso a retroatividade benigna prevista pelo art. 106 do Código Tributário Nacional, fazse necessário os atos praticados pelo contribuinte sejam submetidos às normas prescritas pela Lei n. 11.488, a qual deixou de prever a incidência da multa isolada de 75%. São acertadas, portanto, as conclusões do acórdão a quo, in verbis: "Por outro lado, a nova redação do art. 18 exclui a imposição de multa no patamar de 75%, ou seja, quando não presentes o dolo, fraude ou conluio. Tendo a legislação deixado de prever punição em tais casos, não há de se cogitar a imposição de multa." Nesse cenário, é preciso reconhecer a inaplicabilidade das multas isoladas de 75% e de 150% ao presente caso. É como voto. Conselheiro Luís Flávio Neto, redator designado. Fl. 1302DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 10930.004263/200563 Acórdão n.º 9101002.261 CSRFT1 Fl. 1.303 24 Fl. 1303DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALA DAO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por LUIS FLAVIO NETO
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Numero do processo: 10073.720476/2013-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2010
VTN. APTIDÃO AGRÍCOLA. A inexistência de aptidão agrícola para a propriedade possibilita a aceitação do VTN informado pelo recorrente.
APP. ISENÇÃO. ADA. OBRIGATORIEDADE. A isenção do ITR só pode ser concedida mediante a apresentação de ADA tempestivo ou de diploma legal que declare a área como de preservação permanente emitida pelo IBAMA ou por órgão ambiental estadual.
CAPITULAÇÃO LEGAL DO FATO. Estando devidamente configurado o fato que causou o lançamento tributário, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. Caso dos autos.
RESERVATÓRIO DE USINAS HIDROELÉTRICAS. ÁREA ALAGADA. NÃO INCIDÊNCIA.
O ITR não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas.
(Súmula CARF nº 45)
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.410
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, dar parcial provimento para: i) por unanimidade, para restabelecer o valor da terra nua, conforme declarado pelo recorrente e ii) por maioria de votos, para reconhecer a isenção de ITR sobre 2.269 hectares a título de áreas alagadas, conforme o laudo. Vencidos na votação os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva e Miriam Denise Xavier Lazarini. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira também dava provimento à área de preservação permanente. Responsável pela elaboração do voto vencedor o Conselheiro Cleberson Alex Friess.
Maria Cleci Coti Martins - Presidente Substituta e Relatora
Cleberson Alex Friess - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente), Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Cleberson Alex Friess, Wilson Antonio De Souza Correa, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva, Rayd Santana Ferreira
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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APTIDÃO AGRÍCOLA. A inexistência de aptidão agrícola para a propriedade possibilita a aceitação do VTN informado pelo recorrente. APP. ISENÇÃO. ADA. OBRIGATORIEDADE. A isenção do ITR só pode ser concedida mediante a apresentação de ADA tempestivo ou de diploma legal que declare a área como de preservação permanente emitida pelo IBAMA ou por órgão ambiental estadual. CAPITULAÇÃO LEGAL DO FATO. Estando devidamente configurado o fato que causou o lançamento tributário, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. Caso dos autos. RESERVATÓRIO DE USINAS HIDROELÉTRICAS. ÁREA ALAGADA. NÃO INCIDÊNCIA. O ITR não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF nº 45) Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 04 76 /2 01 3- 93 Fl. 890DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, dar parcial provimento para: i) por unanimidade, para restabelecer o valor da terra nua, conforme declarado pelo recorrente e ii) por maioria de votos, para reconhecer a isenção de ITR sobre 2.269 hectares a título de áreas alagadas, conforme o laudo. Vencidos na votação os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Arlindo da Costa e Silva e Miriam Denise Xavier Lazarini. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira também dava provimento à área de preservação permanente. Responsável pela elaboração do voto vencedor o Conselheiro Cleberson Alex Friess. Maria Cleci Coti Martins Presidente Substituta e Relatora Cleberson Alex Friess Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente), Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Cleberson Alex Friess, Wilson Antonio De Souza Correa, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva, Rayd Santana Ferreira Fl. 891DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.410 S2C4T1 Fl. 891 3 Relatório Recurso Voluntário interposto em 23/12/2013, em face do Acórdão 03 56.399, da 1a. Turma da DRJ/BSB, que considerou improcedente a impugnação do lançamento relativo ao ITR do imóvel rural "Areas em Rio Claro", NIRF 5.053.3924, com área de 24.821,9ha., localizada no município de Rio ClaroRJ, para o exercício 2010. A ciência do Acórdão recorrido deuse em 22/11/2013 (sexta feira). DA NULIDADE DO LANÇAMENTO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Tendo a contribuinte compreendido as matérias tributadas e exercido de forma plena o seu direito de defesa, não há que se falar em NULIDADE do lançamento, que contém todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF). DO ÔNUS DA PROVA Cabe ao contribuinte, quando solicitado pela autoridade fiscal, comprovar com documentos hábeis, os dados cadastrais informados na sua DITR, posto que é seu o ônus da prova. DA INCIDÊNCIA DO ITR Estão sujeitos à incidência do ITR os imóveis rurais de pessoas físicas ou jurídicas, concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, inclusive os adquiridos por desapropriação para essas atividades. Essas sociedades empresárias concessionárias, submetemse quanto à apuração do ITR, às mesmas regras tributárias aplicadas aos demais imóveis rurais. DA IMUNIDADE RECÍPROCA. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS. INAPLICABILIDADE Às concessionárias de serviços públicos constituídas como pessoas jurídicas de direito privado deve ser dado o mesmo tratamento tributário dispensado às demais sociedades que exploram atividades econômicas, não se cogitando, em relação a elas, do benefício da imunidade recíproca prevista na Constituição da República. Reservatórios de água de barragem não se confundem com potenciais de energia hidráulica, bens da União previstos na Constituição da República. DA ÁREA ALAGADA DE RESERVATÓRIO DE USINAS HIDRELÉTRICAS AUTORIZADA PELO PODER PÚBLICO Para efeitos do ITR, a existência de áreas alagadas para fins de constituição de reservatório público, cabe ser devidamente comprovada nos autos com documentos hábeis. DA ISENÇÃO PREVISTA NO DECRETOLEI nº 2.281/1940 Encontramse revogados todos os incentivos fiscais de natureza setorial que não foram confirmados por lei após dois anos, contados a partir da data da promulgação da Constituição da República, inclusive a isenção prevista no art. 1º do DecretoLei nº 2.281/1940. Fl. 892DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 4 DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Para que a área de Preservação Permanente possa ser considerada isenta de tributação, além da comprovação da efetiva existência dessa área no imóvel, devidamente dimensionada e classificada como tal, em conformidade com o Código Florestal, por meio de laudo técnico específico, elaborado por profissional habilitado, ou por Ato do poder público que assim as tenham declarado, exigese que essas áreas tenham sido objeto de Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado em tempo hábil no IBAMA. DAS ÁREAS DE INTERESSE ECOLÓGICO PARQUE A alegação de que as áreas pretendidas como de interesse ecológico estariam localizadas dentro dos limites de Parque Estadual, cabe ser devidamente comprovada nos autos com documentação hábil, para fins de justificar a exclusão de tais áreas de tributação, sendo imprescindível a comprovação da protocolização, em tempo hábil, do ADA no IBAMA, além da existência de Ato de órgão ambiental competente reconhecendo, de forma inequívoca, as áreas como sendo de interesse ecológico. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, incluindo as áreas de florestas nativas localizadas no Bioma Mata Atlântica, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NBR 14.6533), demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, à época do fato gerador do imposto, observadas as suas características particulares. DA PROVA PERICIAL A perícia técnica destinase a subsidiar a formação da convicção do julgador, limitandose ao aprofundamento de questões sobre provas e elementos incluídos nos autos, não podendo ser utilizada para suprir o descumprimento de uma obrigação prevista na legislação. A mesma autoridade a quo relatou o contencioso fiscal da propriedade para o exercício 2009, reconhecendo área de preservação permanente no total de 9.545,0ha., conforme efl. 858 dos autos, Acórdão 0356.398. No exercício 2010, o contribuinte considerou a área total da propriedade como de preservação permanente. A autoridade fiscal glosou toda a área de preservação permanente (24.821,9ha) pela falta de apresentação de Ato declaratório Ambiental (ADA) tempestivo e pelo fato do laudo técnico apresentado não ter atendido ao solicitado. Também Fl. 893DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.410 S2C4T1 Fl. 892 5 alterou o Valor da Terra Nua (VTN) para o especificado no SIPT porque o contribuinte não comprovou o valor informado na DITR (efl. 630). O contribuinte aduz as seguintes razões: 1. Capitulação legal insuficiente, causando cerceamento do direito de defesa e a nulidade da autuação. Os dispositivos legais mencionados não guardam relação com os fundamentos de fato que motivaram a formalização do lançamento. 2. A autoridade fiscal teria alegado que o contribuinte apresentou número insuficiente de certidões de registro de imóveis. Entende que não é possível identificar nessa afirmação qual a infração cometida, pois não se está questionando a titularidade do imóvel, apenas a tributação. 3. A infração imputada à recorrente não corresponde a qualquer infração à legislação que regula a cobrança de ITR. Desta forma, a recorrente viuse obrigada a fazer uma defesa genérica. 4. Inaplicabilidade do SIPTRFB e aplicação do art. 4, I, do decretolei 3.128/41, ou seja, contabilização do ativo pelo valor histórico. O referido diploma legal, ainda em vigor, disciplina o tombamento dos bens das empresas de eletricidade. 5. Desnecessidade de apresentação de ADA para fins de comprovação de APP, justificado pelo par. 7, art. 10 da Lei 9393/96, que dispensa a apresentação prévia da documentação isentiva. Cita jurisprudência do STJ. Entende que o ônus de comprovar que a área de preservação permanente declarada não ostenta essa condição é da autoridade fiscal. 6. Foram apresentados dois ADA´s relativos ao imóvel tributado, referendando integralmente o que foi declarado para o DITR/2009. Observa que os ADA´s apresentados não se referem ao exercício 2010, mas sim aos anos 2008 e 2009. Contudo, apresentou Laudo técnico atestando o que fora declarado na DITR/2010. Laudo que serviu de amparo para o cancelamento de ITR no processo administrativo 13009.000015/200471. 7. O laudo técnico apresentado, com ART, comprova que parte significativa do imóvel tributado está em unidades de conservação, como o Parque Estadual Cunhambebe(Estadual/INEA), a APA Guandu (Estadual/INEA) e APA do Alto Piraí (Municipal/Prefeitura de Rio Claro), criados pelos Decretos 41.358/2008 e 40670/2007, e pela Lei Municipal 385/2008, respectivamente. 8. Pugna pela verdade material dos fatos. O laudo juntado aos autos atesta que um total de 4.259ha correspondem a áreas não sujeitas à tributação, porquanto referentes à áreas de preservação permanente, áreas de interesse ecológico e alagadas para fins de constituição de usinas hidrelétricas (Lei 9393/96, art.10, par. 1, "a", "b", e "f"). 9. O Acórdão recorrido teria reconhecido a existência de APP de 9.545,0ha, contudo, devido a não existência de ADA 2010 não pode a área ser isentada da tributação. O recorrente entende que o acórdão recorrido violou o princípio da verdade material. Fl. 894DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 6 10. O Laudo também dá conta de que parte da área da propriedade se encontra dentro das áreas ambientais referidas no item 7. 11. Parte da área da propriedade está submersa com a finalidade de reservatório de usinas hidrelétricas, bem da União, conforme art. 20, VIII da CF/88 e, portanto deve ser isenta de ITR, conforme Súmula 45 do CARF. 12. Argumenta que, em se tratando de bens públicos, indisponíveis ao concessionário, estariam fora do comércio, sem valor aferível, o que os torna insuscetíveis de tributação pelo ITR, cuja base de cálculo é o valor venal do imóvel. É o relatório. Fl. 895DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.410 S2C4T1 Fl. 893 7 Voto Vencido Conselheira MARIA CLECI COTI MARTINS O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e deve ser conhecido. Preliminarmente o recorrente alega que o auto de infração menciona dispositivos legais que não guardam relação com os fundamentos de fato que motivaram a formalização do lançamento. Entendo que não assiste razão ao contribuinte, pois o documento de lançamento (efl. 630) contém a descrição dos fatos e o enquadramento legal relativo à infração, por ex. " Art. 10, par. 1, inciso II, alínea 'a' da Lei 9393/96". Ainda, na descrição dos fatos menciona o referido documento de lançamento: DA GLOSA DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Não apresentou ADA relativo ao exercício 2010, o Laudo Técnico relativo à área de preservação permanente não está acompanhado da respectiva ART Anotação de Responsabilidade Técnica, nem reúne informações detalhadas acerca da localização e dimensão da r e f e r i d a área. Não apresentou certidão de órgão público atestando que o imóvel ou parte dele se encontra inserido em área declarada como de preservação permanente. Entendo que a descrição dos fatos está clara. O recorrente não apresentou documentos obrigatórios para efeitos de isenção tributária, da área de preservação permanente. Os documentos oficiais apresentados não esclarecem o fato alegado pelo contribuinte de que a propriedade ou uma parcela da mesma conter área de preservação permanente. Mais ainda, não comprovou que teria declarado ao IBAMA, naquele ano, a existência de tal área. O Ato Declaratório Ambiental é um documento importante, pois visa o planejamento da fiscalização ambiental. Não houve inclusive comprovação definitiva da existência de terras cobertas por reservatório destinado à produção de energia elétrica. O recorrente juntou comprovantes de propriedade da terra, laudo técnico que visa atestar que terras da propriedade seriam passíveis de isenção por estarem situadas em áreas de preservação e parques, e documentos legais de criação do Parque Estadual Cunhambebe(Estadual/INEA), da APA Guandu (Estadual/INEA) e da APA do Alto Piraí (Municipal/Prefeitura de Rio Claro), criados pelos Decretos 41.358/2008 e 40670/2007, e pela Lei Municipal 385/2008, respectivamente. Contudo, nenhum documento oficial foi apresentado indicando que a propriedade está situada em quaisquer das áreas protegidas mencionadas. O art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 estabelece que o ADA é requisito indispensável para a isenção de ITR para áreas de preservação permanente, conforme a seguir. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 Fl. 896DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 8 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...) § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (grifei) Conforme o art. 111 da Lei 5172/66 (Código Tributário Nacional), a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. O próprio contribuinte admite que não apresentou ADA tempestivo para o ano 2010. Desta forma, está consciente de que não cumpriu a exigência legal para a isenção do tributo. Mais grave ainda é o fato de não ter cumprido a exigência e mesmo assim ter informado na DIAT a existência da área para efeito de isenção tributária. O recorrente alega que a legislação desobriga o contribuinte a comprovar previamente a existência de área de preservação permanente, no que lhe assiste razão. Contudo, caso seja inquirido pela autoridade fiscal, deve sim apresentar os documentos utilizados para preencher a DITR. Ocorre que, sendo o ITR um tributo cujo lançamento é por homologação, é o contribuinte o responsável por declarar o tributo e efetuar o pagamento, sujeito à homologação pela Receita Federal num prazo de 5 anos, conforme art. 10 da lei 9.393/96. Não é necessário que o contribuinte, antes de fazer o lançamento e o pagamento do tributo apresente esses documentos à Receita Federal. Tal procedimento visa facilitar o recolhimento do tributo, evitando burocracia desnecessária ao contribuinte num primeiro momento. Entretanto, caso exigido pela autoridade fiscal, deverá sim comprovar as informações da declaração. A autoridade fiscal tem o deverpoder de, em encontrando alguma irregularidade/inconsistência, intimar o contribuinte para comprovar as informações prestadas ao fisco por ocasião do lançamento por homologação. O disposto nos art. 14, § 1o. da Lei nº 9.396, de 1996, quando combinado com o art. 12 da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, permite que se aceite, no caso em questão, o arbitramento pelo SIPT quando efetuado com utilização do VTN médio que leve em consideração também o fator de aptidão agrícola, in verbis: Lei 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. Fl. 897DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.410 S2C4T1 Fl. 894 9 § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.(g.n.) Lei 8.629/93 Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I localização do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IIIdimensão do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) (grifei) §1oVerificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser indenizado em TDA.(Redação dada Medida Provisória nº 2.183 56, de 2001) §2oIntegram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Noto que, na efl. 626, consta que não foi encontrado VTN médio para o município de localização do imóvel rural, ou seja, não possui aptidão agrícola discriminada. Entendo que, de acordo com os dispositivos antes mencionados, deve ser aceito o VTN declarado pelo contribuinte, ou seja, R$ 14.417.552,00. Ainda, o contribuinte teve pleno conhecimento de todos os atos processuais e da infração que lhe é imputada, podendo, assim, produzir os elementos de prova que julgasse pertinentes para fins de influenciar a convicção da autoridade julgadora, tanto em sede impugnatória como na presente sede recursal. Após a interposição do recurso voluntário, o contribuinte juntou aos autos uma declaração do Diretor do Instituto Estadual do Meio Ambiente no qual este informa que "o Fl. 898DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 10 terreno situado em Ribeirão das Lajes, Rio Claro, RJ, encontrase parcialmente inserido no Parque Estadual Cunhambebe (19%), cujos limites foram definidos pelo Decreto Estadual n. 42.358/2008. Contudo, no segundo parágrafo, esclarece que a declaração dada não representa licença ambiental, não eximindo o contribuinte de obter as devidas autorizações nas esferas municipal, estadual e federal. Entendo que, mesmo sendo apresentado extemporaneamente, tal documento não supre a necessidade de ADA conforme determinado pela legislação. Esclareço que o Valor da Terra Nua do imóvel rural só é utilizado para efeito de cálculo do ITR devido e não possui o condão de modificar o valor contábil do bem. Em suma, não foram apresentados: (a) ADA para o ano calendário sob análise, (b) documento comprobatório da desapropriação para fins de construção de barragens para hidroelétrica, (c) documento de averbação de reserva legal, (d) documento de desapropriação/constituição de parque estadual válido que indicasse, de forma definitiva, a área da propriedade que integra o parque. Desta forma, voto por afastar as preliminares e, no mérito, prover em parte o recurso para restabelecer o valor da terra nua conforme informado pelo recorrente. Maria Cleci Coti Martins Relatora Fl. 899DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10073.720476/201393 Acórdão n.º 2401004.410 S2C4T1 Fl. 895 11 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia a ilustre Relatora para discordar de seu voto tão somente na parte em que optou por não excluir a tributação sobre áreas alagadas. Alega a recorrente, Light Serviços de Eletricidade S/A, que parte da área do imóvel rural "Áreas em Rio Claro" é submersa, utilizada como reservatório de usina hidrelétrica, devendo ser afastada a tributação. A decisão de piso não reconheceu o pleito, dada a ausência de comprovação da existência dessas áreas no imóvel, assim como a falta de apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA), vinculado ao anocalendário da exigência fiscal. Porém, segundo o enunciado da Súmula nº 45, deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o ITR não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatórios de usinas hidroelétricas. Reproduzo o verbete: Súmula CARF nº 45: O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. Os precedentes do enunciado apontam que, relativamente às terras submersas, a posse e o domínio útil pertencem à União, descabendo a incidência do imposto sobre tais áreas. Ao integrar as águas o patrimônio da União, o ente político detém o domínio útil da área submersa da propriedade, o que afasta, por conseguinte, a sujeição passiva da pessoa jurídica de direito privado. 1 A despeito da ausência de apresentação de ADA, compulsando os autos verifico a juntada de Laudo Técnico, em que foram utilizadas imagens aéreas tiradas em 13/6/2008, devidamente georreferenciadas, documento técnico que afirma a existência de 2.269 hectares de área líquida alagada para usina hidrelétrica (fls. 708/779). Entendo, portanto, que a recorrente traz aos autos prova hábil e suficiente para comprovar a existência de áreas alagadas utilizadas para fins de reservatórios do Complexo Hidrelétrico de Ribeirão das Lajes, atraindo a aplicação do enunciado da Súmula nº 45. Ressalto que em julgamento administrativo referente ao mesmo imóvel, relativo ao exercício 2009, a 1ª Turma da 2ª Câmara da 2ª Seção já havia decidido por também reconhecer os mesmos 2.269 hectares a título de áreas alagadas (Acórdão nº 2201002.476, sessão de 12/8/2014). 1 Nesse sentido, entre outros acórdãos paradigmas, o Acórdão nº 30238.594, de 25/4/2007, e Acórdão nº 303 35.854, de 10/12/2008. Fl. 900DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS 12 Logo, dou PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para reconhecer 2.269 hectares de áreas alagadas, afastando a tributação do ITR, relativa ao exercício 2010, sobre essa parcela de área do imóvel. Acompanho a Relatora nas demais matérias do seu voto. É como voto. Cleberson Alex Friess Fl. 901DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/07/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 19/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assin ado digitalmente em 10/07/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
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Numero do processo: 10907.002547/2008-55
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 16/12/2003 a 16/12/2004
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Recurso Especial Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.595
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 25 47 /2 00 8- 55 Fl. 364DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 365 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3101001.460, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.551, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.004458/201015, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.551): "O recurso é tempestivo e, ao contrário do alegado pelo sujeito passivo em suas contrarrazões, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser admitido. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 366 3 De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, como dito anteriormente, são, exatamente, as mesmas, a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima, que não faz qualquer distinção se o transporte é marítimo ou aéreo. O dispositivo legal interpretado é, absolutamente, idêntico, mas os resultados dos julgamentos foram distintos. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese ainda que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Importante frisar que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Atendido, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Fl. 366DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 367 4 Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 368 5 Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 368DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 369 6 natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 370 7 De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 371 8 Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.002547/200855 Acórdão n.º 9303003.595 CSRF‐T3 Fl. 372 9 Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 372DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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