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Numero do processo: 10283.904488/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
Numero da decisão: 1301-003.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.903399/2009-53, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.903399/200953, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 44 88 /2 00 9- 17 Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 3 2 Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de Declaração de Compensação DCOMP, no qual se pleiteia compensação de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de IRPJ Estimativa mensal (código 2362). O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. A empresa apresentou manifestação de inconformidade onde afirma que as compensações foram realizadas em completa harmonia com a legislação vigente. Isto porque calculou e recolheu um determinado valor de IRPJ, com código de arrecadação de estimativa mensal e, posteriormente ao recolhimento, verificou que o valor de IRPJ efetivamente devido montava um valor inferior àquele originalmente pago através de DARF. Acrescenta que o valor recalculado está de acordo com os valores declarados em DCTF e que, uma vez confessada uma dívida efetiva em valor inferior àquele recolhido, teria nascido um crédito tributário. O sujeito passivo alega que por equívoco procedeu ao recolhimento num valor superior àquele efetivamente devido. Argumenta também que não se trata de pagamento por estimativa mensal, uma vez que foi realizado com base em balanço de suspensão ou redução. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que os valores apurados a partir da receita bruta em função de balancete redução correspondem a estimativa mensal e que não havia previsão legal para utilização em DCOMP, de crédito referente a estimativa mensal de IRPJ. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário, no qual reafirma a existência de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade, declara que a decisão da DRJ vai de encontro a jurisprudência do CARF e, ao final, requer o reconhecimento da homologação das compensações em litígio. É o relatório. Voto Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.563, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10283.903399/2009 53, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.563): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme se depreende do relatório, o cerne da discussão no presente processo é a possibilidade ou não de se compensar pagamento indevido ou a maior recolhido a título de estimativa mensal para aquelas pessoas jurídicas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real. O pedido de compensação foi indeferido liminarmente, através de Despacho Decisório Eletrônico, a partir do momento em que o sistema constatou tratarse de recolhimento efetivado sob o código de arrecadação 2362 (IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL). A Unidade de Origem não se adentrou no mérito do direito creditório, e por conseguinte, não deu oportunidade para o contribuinte produzir provas. O Despacho Eletrônico, bem como o acórdão da DRJ, fundamentaram o indeferimento do pedido de compensação no artigo 74 da Lei nº 9.430/96, em concomitância com o art. 10 da IN SRF nº 600/2005. O §14º do art.74 da citada lei atribuiu competência a Secretaria da Receita Federal para disciplinar a compensação e, o órgão emitiu instrução normativa que disciplinou a matéria. O art. 10 da IN SRF nº 600/2005, vigente à época, determinava: Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior de imposto de renda ou de CSLL sobre rendimentos que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Contudo o art.74, §3º, da Lei nº 9.430/96 que tratou das vedações à compensação através de DCOMP, dispôs em seu Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 5 4 inciso IX dos débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do IRPJ ou da CSLL, mas nada dispondo acerca de créditos oriundos de pagamento indevido de estimativa mensal, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ......... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pela sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ........ IX os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º desta Lei. (grifei) É de se observar que a Instrução Normativa fez uma interpretação restritiva de Lei nº 9.430/96, a qual não encontrou guarida na jurisprudência do CARF, que acerca da matéria proferiu a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Transcrevese ainda a redação anterior da súmula: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Para melhor esclarecer a aplicação da súmula, trago à baila trecho do acórdão da CSRF nº 910100.406, de 02/10/2009, utilizado como precedente para elaboração da jurisprudência: Ementa: RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 6 5 social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição corno pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, (...) De acordo com o acórdão recorrido, não seria possível caracterizar como indevido o recolhimento da antecipação mensal por estimativa de CSLL efetuado a maior, apenas confrontando referido pagamento com as regras para apuração do valor devido a titulo de antecipação mensal. (...) É o relatório. (...) Nos termos da lei, a pessoa jurídica que opta pelo lucro real anual está obrigada a antecipar, mensalmente, o IRPJ calculado por estimativa. Referida obrigação de antecipar a cada mês uma parcela do IRPJ que será devido ao fim do ano calendário é apurada sobre a base de cálculo estimada, calculada conforme percentuais definidos em lei aplicados sobre a receita bruta do Contribuinte até o mês em que a antecipação é realizada. Ainda nos termos da lei, a obrigação de antecipar o imposto pode ser reduzida ou suspensa, conforme o Contribuinte comprove, mediante levantamento de balanços ou balancetes, que o IRPJ, se calculado sobre o lucro real verificado até o momento da apuração da antecipação, é menor do que o valor devido de acordo com o cálculo sobre a base estimada. Em apertada síntese, esse é o regime legal da obrigação de antecipar, mensalmente, o IRPJ, em caso de opção pela apuração do lucro real em base anual. Diferentemente do acórdão recorrido, entendo que o Contribuinte está obrigado ao recolhimento das antecipações mensais nos termos estabelecidos na legislação, seja sobre as bases estimadas, seja sobre a base de cálculo apurada em balanço ou balancete de suspensão ou redução. A meu ver, havendo recolhimento superior àquele imposto por lei, ainda que sob a alcunha de "estimativa", resta caracterizado o recolhimento a maior passível de restituição ou compensação. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 7 6 Como bem observou o acórdão paradigma, a legislação não estabelece que recolhimentos a maior que os estabelecidos pelas regras da apuração da antecipação mensal por estimativa também devem ser considerados como antecipação do imposto. Em outros termos, o recolhimento que exceda o valor apurado de acordo com as regras para o cálculo das antecipações mensais por estimativa não tem natureza de antecipação do imposto, mas de pagamento indevido, restituível nos termos do art. 165 do CTN.(grifei) Nesse diapasão, em observância à Súmula CARF nº 84, reconhecese que é possível a caracterização de indébito a partir de recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte da existência de pagamento indevido, ou seja, que o valor recolhido a título de estimativa mensal, ainda que através de balanço ou balancete suspensão/redução, foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Logo, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindo se assim, o processo de praxe." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10283.904488/200917 Acórdão n.º 1301003.567 S1C3T1 Fl. 8 7 de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.721160/2017-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei.
Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
Numero da decisão: 2001-000.831
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2014 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
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score : 1.0
Numero do processo: 10850.902234/2013-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.523
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Pedido de Compensação de crédito contribuição não foi homologada por despacho decisório eletrônico, vez que o DARF teria sido integralmente utilizado para quitar débitos próprios. Inconformada, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pelo Acórdão da DRJ nº 14060.786. Intimado desta decisão, apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, tempestivamente, alegando, em síntese: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 50 .9 02 23 4/ 20 13 -6 9 Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10850.902234/201369 Resolução nº 3402001.523 S3C4T2 Fl. 101 2 (i) a ausência de retificação da DCTF não prejudica a validade do crédito do contribuinte, respaldado na indevida extensão do conceito de receita bruta da Lei n.º 9.718/98; (ii) que as provas anexadas pela Recorrente seriam suficientes para respaldar o crédito pleiteado, baseado nas receitas financeiras indicadas no balanço (contribuinte anexou planilha de cálculo, balancete e livro razão à Manifestação de Inconformidade). Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Resolução Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido n Resolução 3402001.505 de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10850.901549/201399, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.505): "O Recurso Voluntário é tempestivo e merece ser conhecido. Contudo, o processo não se encontra suficientemente instruído para julgamento, razão pela qual proponho sua conversão em diligência nos termos a seguir. Em sua defesa, a Recorrente indica que os créditos seriam referentes à extensão inconstitucional da base de cálculo da COFINS Cumulativa pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98, especificamente quanto ao período de apuração de 10/2003. Como bem apontado pela r. decisão recorrida, "a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, implementada pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, é inconstitucional e deve ser afastada também no âmbito administrativo." No presente caso, a Recorrente apresentou aos autos parte dos documentos contábeis que aduzem o pagamento a maior de COFINS sobre as parcelas que fugiriam ao conceito de faturamento, por não corresponder “à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços”1. Uma vez que o contribuinte trouxe documentos que sugerem a existência do crédito, entendo pela necessidade da conversão do processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem oportunize à Recorrente a apresentação de documentos e informações adicionais que podem confirmar sua validade, dentre os quais cópia dos documentos contábeis e da memória de cálculo da COFINS paga e 1 BRASIL. STF. RE 346084, Relator Ministro Ilmar Galvão, Relator para o acórdão Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, publicado em 01/09/2006. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10850.902234/201369 Resolução nº 3402001.523 S3C4T2 Fl. 102 3 devida no período. Com base nesses documentos e outros que entender pertinente, a autoridade fiscal terá elementos para elaborar relatório fiscal avaliando a existência e validade do crédito pleiteado, com fulcro no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos). Importante salientar que não está claro nos autos como o contribuinte aproveitou o crédito e qual seria o saldo remanescente do crédito efetivamente passível de aproveitamento na DCOMP objeto do presente processo, sendo crucial que se esclareça quais DCOMPs e quais processos administrativos estariam relacionados ao mesmo crédito. Diante dessas considerações, à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/722, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto/SP): (i) intime a Recorrente para: (i.1) apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar a composição da base de cálculo da COFINS Cumulativa do período (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes); (i.2) informar como procedeu com o aproveitamento do crédito da COFINS Cumulativa do processo, informando os pedidos de compensação/restituição transmitidos em relação a este crédito, qual o valor do crédito aproveitado em cada pedido, quais os processos administrativos correspondentes e o status atual dos processos. (ii) elaborar relatório fiscal considerando os documentos e informações apresentados: (ii.1) com a discriminação dos montantes totais tributados e, em separado, os valores de outras receitas tributadas com base no alargamento promovido pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, com fulcro no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos), de modo a se apurar os valores devidos, com e sem o alargamento, e confrontálos com o recolhido; (ii.2) apurar, se for o caso, o eventual montante de recolhimento a maior em face do referido alargamento da base de cálculo da COFINS Cumulativa ao qual a Recorrente tem direito em razão da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Caso seja reconhecido um valor de crédito passível de compensação, 2 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10850.902234/201369 Resolução nº 3402001.523 S3C4T2 Fl. 103 4 informar qual o montante creditício que poderá ser aproveitado pela Recorrente no presente processo, considerando os demais processos por ela apresentados relacionados ao mesmo crédito. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto/SP): (i) intime a Recorrente para: (i.1) apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar a composição da base de cálculo do PIS Cumulativo do período (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes); (i.2) informar como procedeu com o aproveitamento do crédito do PIS Cumulativo do processo, informando os pedidos de compensação/restituição transmitidos em relação a este crédito, qual o valor do crédito aproveitado em cada pedido, quais os processos administrativos correspondentes e o status atual dos processos. (ii) elaborar relatório fiscal considerando os documentos e informações apresentados: (ii.1) com a discriminação dos montantes totais tributados e, em separado, os valores de outras receitas tributadas com base no alargamento promovido pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, com fulcro no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos), de modo a se apurar os valores devidos, com e sem o alargamento, e confrontálos com o recolhido; (ii.2) apurar, se for o caso, o eventual montante de recolhimento a maior em face do referido alargamento da base de cálculo do PIS Cumulativo ao qual a Recorrente tem direito em razão da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição pelo art. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10850.902234/201369 Resolução nº 3402001.523 S3C4T2 Fl. 104 5 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Caso seja reconhecido um valor de crédito passível de compensação, informar qual o montante creditício que poderá ser aproveitado pela Recorrente no presente processo, considerando os demais processos por ela apresentados relacionados ao mesmo crédito. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra . Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.003833/2003-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002
RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da impugnação trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega.
INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO. Para se falar em tratamento de postergação, é necessário que tenha havido pagamento de imposto no exercício seguinte.
JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO.DEDUTIBILIDADE. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRRF
No ano-calendário de 1997, se encontrava revogado o § 9° do artigo 9° da Lei n° 9.249/95, que condicionava a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio ao recolhimento do IRRF no prazo de 15 dias, sendo, portanto, incabível a glosa.
DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO - Devidamente comprovada pela fiscalização a diferença de valores constantes entre os registros contábeis e fiscais e aquele constante da declaração de rendimentos apresentada, deve ser mantido o lançamento de oficio constituído com a exigência do tributo devido.
Numero da decisão: 1402-003.401
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto às infrações "3", "4", "5"; "7" e "9";- DAR PROVIMENTO TOTAL quanto às infrações "1" e "6"; e DAR PROVIMENTO PARCIAL quanto às infrações "2" e "8", mantendo do autuado, o montante de receitas omitidas de R$ 5.361.837,16, conforme apurado no relatório da diligência especificado no voto."
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da impugnação trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO. Para se falar em tratamento de postergação, é necessário que tenha havido pagamento de imposto no exercício seguinte. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO.DEDUTIBILIDADE. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRRF No ano-calendário de 1997, se encontrava revogado o § 9° do artigo 9° da Lei n° 9.249/95, que condicionava a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio ao recolhimento do IRRF no prazo de 15 dias, sendo, portanto, incabível a glosa. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO - Devidamente comprovada pela fiscalização a diferença de valores constantes entre os registros contábeis e fiscais e aquele constante da declaração de rendimentos apresentada, deve ser mantido o lançamento de oficio constituído com a exigência do tributo devido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto às infrações "3", "4", "5"; "7" e "9";- DAR PROVIMENTO TOTAL quanto às infrações "1" e "6"; e DAR PROVIMENTO PARCIAL quanto às infrações "2" e "8", mantendo do autuado, o montante de receitas omitidas de R$ 5.361.837,16, conforme apurado no relatório da diligência especificado no voto." (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges - Relator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da impugnação trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO. Para se falar em tratamento de postergação, é necessário que tenha havido pagamento de imposto no exercício seguinte. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO.DEDUTIBILIDADE. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRRF No anocalendário de 1997, se encontrava revogado o § 9° do artigo 9° da Lei n° 9.249/95, que condicionava a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio ao recolhimento do IRRF no prazo de 15 dias, sendo, portanto, incabível a glosa. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO Devidamente comprovada pela fiscalização a diferença de valores constantes entre os registros contábeis e fiscais e aquele constante da declaração de rendimentos apresentada, deve ser mantido o lançamento de oficio constituído com a exigência do tributo devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto às infrações "3", "4", "5"; "7" e "9"; DAR PROVIMENTO TOTAL quanto às infrações "1" e "6"; e DAR PROVIMENTO PARCIAL quanto às infrações "2" e "8", mantendo do autuado, o montante de receitas omitidas de R$ 5.361.837,16, conforme apurado no relatório da diligência especificado no voto." AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 38 33 /2 00 3- 71 Fl. 1520DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Paulo Mateus Ciccone. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 2a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DF, que julgou PROCEDENTE, EM PARTE, a impugnação da agora recorrente. Da autuação fiscal: O presente processo versa sobre auto de infração de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, referente a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 1998 a 2002. Envolve o montante autuado de R$ 14.705.264,37, assim discriminado: Tributo Principal Multa 75% Juros Total CSLL 6.331.744,88 4.748.808,64 3.551.807,25 14.632.360,77 Multa/Juros Isolados x 59.881,40 13.022,20 72.903,60 Total 6.331.744,88 4.808.690,79 3.564.829,45 14.705.264,37 Em R$ 1,00 (juros corrigidos até junho/2003 ) Conforme descrição transcrita abaixo, as quais reproduzo da decisão a quo, para fundamentar a autuação que consta na descrição dos fatos do auto de infração: No encerramento de ação fiscal levada a efeito contra o sujeito passivo qualificado no preâmbulo foi lavrado o Auto de Infração do CSLL (fls. 918) por intermédio do qual foi constituído o crédito tributário no valor total de Fl. 1521DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.521 3 R$14.705.264,37 em virtude das irregularidades constantes às fls.920, quais sejam: “Base de Cálculo Negativa de Períodos Anteriores Compensação Indevida de Base de Cálculo Negativa de Períodos Anteriores, CSLL Sobre Outras Receitas Omissão de Receitas Financeiras, Inobservância do Regime de Escrituração (a partir do AC – 97) – Postergação de Receitas Postergação de Receitas, Redução Indevida do Lucro Líquido, Redução Indevida do Lucro Líquido, Redução Indevida do Lucro Líquido Por Realização de Reserva de Reavaliação em Anos Anteriores, Redução Indevida do Lucro Líquido Despesas Indedutíveis, Falta de Recolhimento da CSLL, CSLL Diferença Apurada Entre o Valor Escriturado e o Declarado/ Pago CSLL ”. As bases legais e o enquadramento legal estão à fls. 920 a 927. Da Impugnação: Por bem descrever os termos da peça impugnatória, transcrevo o relatório pertinente na decisão a quo: Cientificada do lançamento, a Contribuinte apresentou impugnação de fls. 935 a 952, acostada pelos documentos às fls. 956 a 1001 onde expõem as razões de sua defesa, na qual discorre sobre as seguintes alegações. “IMPUGNAÇÃO REYDROGAS COMERCIAL LTDA., já qualificada nos autos, não se conformando com a exigência que lhe é imposta, de diferenças de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, relativas aos anos calendários de 1998 a 2002, apresenta suas razões de contrariedade às infrações descritas na peça de autuação. A primeira infração imputada pelos autuantes, teve o seguinte demonstrativo descritivo, como consignado às fls. 920 dos autos: 001 BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERIODOS ANTERIORES COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES Compensação indevida de base negativa de anos anteriores, tendo em vista a(s) reversão(ões) da base negativa após o lançamento da (s) infração (ões) constatada(s) no(s) período(s)base 1997. O contribuinte teve o seu saldo de base negativa acumulada em dez/1997 reduzida para R$ 1.969.994,31, devido a lançamento no auto de infração. possesso nr. 10120.009714/200241. Essa base negativa foi toda compensada em 1998 com o valor apurado de lucro mais infrações. 0 montante compensado pelo contribuinte que excedeu o valor de RS 1.969.994,31 foi objeto de lançamento, perfazendo o montante de R$ 309.890,64, conforme demonstrativo, fls.885, 901, 902 e 905. Os valores foram apurados conforme Demonstrativo de Compensação de Bases Negativas de CSLL (FACS), fls.901, DIPJ 1999(147 a 201), Planilha de Compensação de Bases Negativas de CSLL(fls.885 e 905), Glosas Lançar no Período fiscalizadoCSLL(fls.902) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 20 e §§, da Lei n° 7.689/88; Art. 58 da Lei n° 8.981/95, art. 16 da Lei n° 9.065/95; Fl. 1522DF CARF MF 4 Art. 16 da Lei n° 9.065/95, art. 19 da Lei n° 9.249/95. Essa exclusão feita pela autoridade fiscal, baseada em autuação proveniente do processo acima não pode prevalecer. A base negativa de períodos anteriores, tidas como compensada em autuação anterior, somente surtiria efeitos no mundo jurídico, no sentido de projetar reflexos em períodos futuros, quando houvesse trânsito em julgado das infrações descritas naqueles autos. Entretanto, o mesmo encontrase com exigibilidade suspensa, porquanto com recurso ao Conselho de Contribuintes, protocolado em 23/05/2003 e, somente com a decisão definitiva poderia ensejar a manutenção dessa glosa e se, do deslinde da questão, fosse desfavorável à ora impugnante. A segunda irregularidade descrita pelos autuantes, pertinente a omissão de receitas financeiras foi assim descrita: 002 CSLL SOBRE OUTRAS RECEITAS OMISSÃO DE RECEITAS FINANCEIRAS Omissão de Receitas Financeiras caracterizada pela não contabilização de rendimentos auferidos em contas de aplicações financeiras nos bancos BANCO REGIONAL DE BRASÍLIA S/A, conta corrente0156005565, e NOROESTE SANTANDER S/A, contascorrentes 50700437 e 50725269, no período de 01/1998 a 12/2002(fls.809 a 831) Foi abatida do total da receita omitida de 1998 a parcela de RS 195.796,74 referente à receita escriturada em dez/1998(fls.534). Também foi abatida do total da receita omitida de 2001 a parcela de RS 2.500.000,00, que se refere à exclusão de parte da receita de RS 7.084.369,06 escriturada indevidamente em 2001 e transferida para 2000(fls.903). A partir de agosto/1999 mudou o plano de contas da empresa, passando a conta de rendimentos de aplicações financeiras a ser 31123000003(fls.843 a 854). O IRRF referente a tais receitas foi devidamente compensado. Os valores foram apurados de acordo com os Comprovantes de Rendimentos Financeiros Recebidos entregues pelos bancos (fls.809 a 831), cópias do Razão da conta 3160100031 e 31123000003 Rendimentos de Aplicações Financeiras (fls.499 a 805), Planilha de Receitas Financeiras Omitidas (fls.832 a 840), DIPJ(fls.147 a 307), DCTF(fls.856 a 897) e comprovantes de pagamentos de CSLL(fls.856 a 897) ENQUADRAMENTO LEGAL Art.195, inciso II, 197 e parágrafo único, 225,226 e 227 do RIR/ 94; Art.24 da Lei 9249/95; Arts. 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 278, 279, 280 e 288 do RIR/99. Na análise dessa acusação, inicialmente, há que se esclarecer que a contabilidade, sob o comando do antigo contador, apresentou diversas irregularidades contábeis, muitas delas relativas a anos anteriores a 1997, objeto de autuação anterior (processo n° 10120.00385919808), cancelada em quase sua totalidade em virtude da constatação de erros contábeis. Também nesse caso, diversas irregularidades contábeis foram constatadas e foram identificadas após o encerramento da ação fiscal. Assim, nesse primeiro item descrito pelos autuantes, identificado como omissão de receitas financeiras, pela não contabilização de rendimentos auferidos Fl. 1523DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.522 5 em contas de aplicações financeiras nos Bancos Regional de Brasília S/A e Noroeste Santander S/A no período de janeiro de 1.998 a dezembro de 2.002, foram identificados diversos erros ou impropriedades contábeis. Alguns deles foram verificados pelos agentes do fisco, como a contabilização dos rendimentos de aplicações financeiras fora do regime de competência e objeto de autuação em item específico. Além dos erros apontados pelo fisco de contabilização fora do período de competência, outros foram identificados pelo atual contador, mas por contabilização em conta genérica de juros, quando o plano prevê conta específica para rendimentos sobre aplicações financeiras, ou seja, a conta 31123.000003, conta essa examinada pelos auditores fiscais. Entretanto, os juros tidos como omitidos foram contabilizados no mesmo grupo de Receitas Financeiras (31123), mas na conta Juros Recebidos (31123.00001). Para comprovar a contabilização dos rendimentos das aplicações financeiras, segue em anexo cópia das folhas do livro diário e razão da conta juros recebidos, onde se pode identificar o devido registro, em conta do mesmo grupo de receitas financeiras, mas de Juros Recebidos. Tais comprovantes vem confirmar que não houve omissão de receitas de aplicações financeiras, mas sim contabilização em conta diversa da examinada pelos auditores. Pelo que foi contabilizado e devidamente comprovado, verificase que os registros contábeis foram efetuados com irregularidades, mas sem prejuízo para o fisco, pois tratase de impropriedade contábil, mas somente frente ao plano de contas da empresa, que distingue os juros normais com os de aplicação financeira. Portanto, não havendo omissão de receitas de aplicações financeiras, não houve redução na base de cálculo da Contribuição Social sobre o lucro, pelo que requer a exclusão da tributação das correspondentes parcelas, levadas à tributação na ação fiscal que se contesta. A infração numerada como 003, referente à postergação de receitas, mereceu dos autuantes o seguinte relato descritivo: 003 INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO (A PARTIR DO AC 97) POSTERGAÇÃO DE RECEITAS POSTERGAÇÃO DE RECEITAS Postergação de CSLL, tendo em vista que o contribuinte não escriturou no anobase 2000 o valor referente à receita de aplicação financeira de RS 7.084.369,06, escriturada indevidamente no ano calendário 2001(fls.809 a 831, 841 e 842) O contribuinte foi intimado a informar a qual período se referia os juros lançados nos períodos citados, em resposta a intimação apresentou a planilha anexada as fls.136 e 140 a 145. Foi elaborada Planilha de Apuração de CSLL demonstrando a apuração feita pelo contribuinte de acordo com a DIPJ e apuração de CSLL com os ajustes das receitas ou adições nos períodos competentes respectivos, conforme determina o PN COSIT 02/96 (fls.903). De acordo com a planilha elaborada após os ajustes, permaneceram diferenças de CSLL a pagar nos anos calendários de 1998, 1999 e 2000. Já com relação ao ano de 2001, ao se excluir a receita de R$ 7.084.369,06 indevidamente escriturada,e ajustandoa para o ano 2000, constamos que houve recolhimento a maior de CSLL no ano de 2001 no montante de R$ 79.841,87, indicando com isso que ocorreu postergação no pagamento de CSLL. Foi calculada assim a receita de 2000 proporcional ao valor de R$ 79.841,87 de CSLL, obtendose o montante de receita de R$ 998.023,38 (calculada incluindo o adicional). Já o valor restante, 7.084.369,06 998.023,38 = Fl. 1524DF CARF MF 6 6.086.345,68, foi lançada como REDUÇÃO INDEVIDA DE LUCRO, haja vista que não houve a postergação de pagamento de tributo relativa a essa parte da receita. Os valores foram apurados de acordo com os Comprovantes de Rendimentos Financeiros Recebidos entregues pelos bancos (fls.809 a 831), cópias do Razão da conta 31123000003 Rendimentos de Aplicações Financeiras (fls.499 a 805); DIPJ (FLS. 147 A 307) E Planilha de Apuração CSLL (fls. 903). ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 2° e §§ da Lei n° 7.689/88, art. 19 da Lei n° 9.249/95, arts. 28, 43, 44, § 10, inciso II e 61, da Lei n° 9.430/96; Art. 60 da Medida Provisória n° 1.858/99 e suas reedições. Antes da análise fática desta questão de postergação de pagamento de imposto, por inobservância do regime de competência na escrituração de receitas, na forma do artigo 273 do RIR/99, temos que analisar a relevância da inexatidão, de modo a verificar se houve prejuízo para o fisco, seja como redução de imposto ou contribuição no período de competência da receita, seja na efetiva postergação de pagamento desses tributos. O alcance da postergação tem relevância quando o imposto ou contribuição foi efetivamente pago em período ou períodos posteriores, observando, na forma do PN n° 02/96 que a receita adicionada indevidamente em um período traduziuse em pagamento a maior ao ser a mesma excluída desse período e adicionada ao de competência. Neste último teremos, provavelmente, um imposto pago a menor. Se desse ajuste o imposto resultante for o mesmo, ou seja, se o imposto pago a maior for do mesmo montante que o pago a menor em período anterior, neste caso somente se exige os juros moratórios. Havendo diferença de imposto, este será cobrado com os acréscimos legais. No presente caso, houve uma exclusão da parcela de juros no montante de R$ 7.084.369,06 no ano calendário de 2.001 que foi adicionado no ano de 2.000. Analisandose isoladamente esta infração imputada, temos no ano de 2.000 um acréscimo de receita neste mesmo montante e a idêntica redução no ano de 2.001. A base de cálculo da CSLL apurada em 2.001 foi da ordem de R$ 3.695.515,17 (fls. 290) que, com a exclusão da parcela ali registrada indevidamente (R$ 7.084.369,06) determinaria uma base negativa de R$ 3.388.853,89 (a compensar). Com esse ajuste, a CSLL paga nesse ano seria totalmente indevida, ou seja, ficaria a contribuinte com direito a compensação da ordem de R$ 332.596,17 (fls. 290). Volvendose para o ano calendário de 2.000, ao adicionarmos a receita registrada indevidamente em 2.001, como se apurou base de cálculo positiva, essa receita de R$ 7.084.369,06 geraria uma Contribuição Social no valor de R$ 637.593,00, que mesmo com os adicionais, geraria uma postergação maior que a indicada nos autos e uma menor insuficiência na base de cálculo da contribuição. Ainda, no aspecto concernente à postergação, a despeito da insuficiente descrição dos fatos, verificase que foram exigidos, isoladamente, juros de mora e multa de ofício. Entretanto, essa multa não pode ser exigida, porquanto houve a denúncia espontânea com o pagamento dos tributos devidos, mesmo tendo sido efetuado em período posterior, porém, antes da ação fiscalizadora, diante da regra expressa do art. 138 do Código Tributário Nacional. A sua manutenção seria uma desconsideração ao voluntário saneamento da falta. Fl. 1525DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.523 7 Tal fato se coaduna com a remansosa jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes, que pode ser conferida pelo Acórdão n° 10194.172: "MULTA ISOLADA Havendo pagamento espontâneo do débito tributário apurado por ocasião do balanço patrimonial e/ou compensação com tributos recolhidos indevidamente ou a maior, não há o que se falar em multa isola prevista no art. 44 da Lei n° 9.430/96, diante da regra expressa do art. 138 Código Tributário Nacional." Nessas considerações, requerse a exclusão da multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. A acusação seguinte referese a redução indevida do lucro líquido e mereceu o seguinte texto: 005REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LIQUIDO REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LIQUIDO POR REALIZAÇÃO DE RESERVA DE REAVALIAÇÃ EM ANOS POSTERIORES Inexatidão quanto ao períodobase de escrituração de adição ao lucro resultou em redução indevida do lucro líquido(fls.450 e 468 a 498) O contribuinte constituiu reserva de reavaliação de edifício e terreno em dez/1996 no valor de RS 4.344.882,03, embasado por laudo emitido por perito (fls.75 a 105). Não obstante o bem (edifício) ter sofrido depreciação, o contribuinte não realizou a reserva de reavaliação nos anos de 1997 e 1998 (fls.468 a 498). A empresa adicionou incorretamente o total da reserva ao lucro líquido na DIPJ do exercício 2001, ano base 2000, haja vista que houve efetivamente a transferência do bem apenas em 1999. Constatamos, portanto, que a realização da reserva de reavaliação foi adicionada em período posterior ao ano calendário competente. Foi elaborada Planilha de Apuração de CSLL demonstrando a apuração feita pelo contribuinte de acordo com a DIPJ e apuração de CSLL com os ajustes das receitas ou adições nos períodos competentes respectivos, conforme determina o PN COSIT 02/96(fls.903). De acordo com a planilha elaborada após os ajustes, permaneceram diferenças de CSLL a pagar nos anos calendários de 1998, 1999 e 2000. Portanto, eM 2000, como apos os ajustes não restou pagamento a maior de CSLL, mas sim diferença de tributo devido, concluímos que não houve postergação no pagamento de tributo:para 2000. Desta forma excluímos o montante de RS 4.344.882,03 do resultado de 2000 e lançamos parte desse valor em 1999 e 1998, como redução indevida do lucro. O valor referente à realização da reserva de reavaliação de 1997 decorrente da depreciação do edifício, valor R$ 45.000,00, já havia sido lançado anteriormente, por nós auditores, no auto de infração n° 10120.009714/200241. No ano 1998, lançamos de ofício a realização da reserva de reavaliação no valor de R$ 45.000,00(referente à depreciação, R$ 3.750,00x12), no presente auto, bem como RS 4.254.882,03 no ano de 1999, referente a realização do restante da reserva pela transferência dos imóveis. Os valores foram apurados de acordo com os Demonstrativos de Depreciação da empresa (fls.308 a 417), DIPJ (fls.147 a 307), Livro Razão(fls.468 a 498), LALUR(fls.467 a 498), e Planilha de Apuração de Contribuição Social (fls.903). (...) Fl. 1526DF CARF MF 8 ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 2° e §§, da Lei n° 7.689/88; Art. 219 do RIR/94; Art. 19 da Lei n° 9.249/95; Art. 28 da Lei n°9.430/96; Art. 273 do RIR/99; Art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/99 e suas reedições. Em relação a essa acusação, temos que esse valor indevidamente contabilizado em 2.000, adicionado em 1999, não resulta na postergação indicada pelo fisco, considerando que devem ser feitos os ajustes de forma global. A próxima infração que se discute tem pertinência com despesas indedutíveis juros sobre o capital próprio, que teve o seguinte dispositivo de descrição: 006 REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LÍQUIDO DESPESAS INDEDUTIVEIS O contribuinte em dez/1998, dez/1999, dez/2000 e dez/2001 deduziu despesa com juros sobre capital próprio nos valores de R$ 8.072.329,94, RS 9.110.981,43, RS 7.115.156,98 e RS 5.283.780,51, respectivamente, conforme cópias livro Razão (fls.444 a 467). Constatamos que os valores deduzidos atenderam aos limites de dedução estabelecidos pela legislação tributária, entretanto, ao intimarmos a empresa a comprovar o recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte e indicar os beneficiários dos rendimentos, o contribuinte informounos que não havia encontrado o comprovante de recolhimento do imposto, bem como não havia a indicação dos beneficiários(fls.72 a 74 e 111 a 116). Constatamos através de pesquisa dos pagamentos do contribuinte nos sistema da SRF, não haver recolhimento de IRRF para este período referente aos juros lançados, além do que os valores provisionados do IRRF e dos juros sobre capital próprio jamais foram pagos, vem se acumulando a cada ano os lançamentos nessas contas, sem, no entanto, realizar os pagamentos dos juros sobre capital próprio ou do IRRF juros creditados ou pagos aos beneficiários, conforme cópias do livro Razão dos anos de 1998, 1999, 2000 e 2001(fls.444 a 467). O procedimento adotado pelo contribuinte indica que o objetivo almejado não era o de pagar juros sobre o capital próprio aos sócios (como foi comprovado), mas tão somente usufruir da despesa para a redução do seu resultado contábil e conseqüentemente pagar menos tributos sobre o lucro. Além do argumento utilizado anteriormente, já seria também suficiente para glosar tal despesa o fato do contribuinte não discriminar os sócios beneficiários dos juros quando intimado a fazêlo, conforme determina art.90 da lei 9.249/95, abaixo transcrito: "Art.9° A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, a juros pagas ou creditadas individualizadamente a titular, sócio ou acionista, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do património líquido e limitados à variação, pro rata dia, taxa de juros de longo prazoTJLP." No ano de 2000 foi apurada despesa indedutivel de juros sobre capital próprio no valor de R$ 7.115.156,98, mas foi lançada apenas parte desta despesa, R$ 2.770.274,95, pois foi abatido o valor de R$ 4.344.882,03 referente a adição incorreta ao lucro líquido de 2000 da reserva de reavaliação que competia ao ano de 1999, conforme planilha fls.903. Fl. 1527DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.524 9 Com relação ao ano 2001 foi apurada despesa indedutível de juros sobre capital próprio no valor de RS 5.283.780,51, mas foi lançada apenas parte desta despesa, R$ 699.411,45, pois foi abatido o valor R$ 4.584.369,06, referente a parte da receita de R$ 7.084.369,06, indevidamente escriturada em 2001 que foi transferida para 2000, conforme planilha fls.903. A outra parcela (R$ 2.500.000,00), dessa receita escriturada incorretamente foi excluída da infração de omissão de receitas. (...) Como ressai desse texto descritivo da acusação, constataram os autuantes que "os valores deduzidos atenderam aos limites de dedução estabelecidos pela legislação tributária", entretanto, persistiram em efetuar a glosa dos valores excluídos frente aos argumentos de que não foram apresentados os recolhimentos do Imposto de Renda na Fonte, nem foram indicados os beneficiários. Se os valores deduzidos estão previstos na legislação tributária e foram apropriados dentro dos limites estabelecidos em lei, a falta de recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, na época devida, ensejaria apenas a autuação pela irregularidade de atraso no pagamento de tributos e não em glosa de despesa expressamente prevista na legislação. A falta de indicação dos beneficiários igualmente não ensejaria tal glosa, tratandose apenas de uma irregularidade formal, mas incapaz de proporcionar a glosa, se fosse o caso. Notese que, quando da resposta às intimações, no sentido de que "não foi encontrado o comprovante de recolhimento do IRPF referente a TJLP e que não houve a indicação dos beneficiários" (fls. 74 e 113), tal afirmativa, relativa à indicação dos beneficiários, tem relação ou era pertinente aos comprovantes de recolhimento do imposto retido. Mas, evidentemente, a contabilização do crédito dos juros sobre o capital próprio, que somente poderiam ser destinados aos sócios e proporcional à participação de cada um, foi devidamente realizada e descrita nos lançamentos contábeis, como não poderia deixar de ser. Em anexo os lançamentos que comprovam esses fatos, nas contas dos únicos sócios 21121.000029 (Geny Carneiro de Moraes) e 21121.00066 (Santa Mônica Part. e Serv. S/A), para o ano calendário de 1998 e nas contas 21127.000002 (Geny Carneiro de Moraes) e 21127.000008 (Santa Mônica Part. e Serv. S/A) para os anos de 1.999 a 2001. Dessa forma, analisandose juridicamente a autuação, não há como prevalecer uma glosa de juros sobre o capital próprio sob o fundamento de falta de recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, pois tal fato ensejaria autuação específica. Portanto, requerse que esta parcela de exigência seja excluída da tributação, uma vez que a dedutibilidade da mesma encontrase em consonância com a legislação de regência. A sétima infração indicada e agora atacada referese diferença entre o valor escriturado e o declarado/pago, sendo assim descrita: 007 FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL Valor apurado em DIPJ a partir do ano de 1999 a 2002 não pago ou não declarado em DCTF(conforme fls.147 a 307 e 856 a 900) No ano de 1998 na DCTF o contribuinte declarou compensação de imposto pago a maior de anos anteriores, sendo que não possuía tal crédito, conforme Fl. 1528DF CARF MF 10 intimação fls.136. No mesmo ano foi compensado RS 230.043,63 relativo a créditos judiciais do PIS relativo ao possesso nr. 97130360 que já foram objeto do auto de infração eletrônico lavrado nr. 012010020034998. Este ultimo valor compensado foi considerado nos cálculos do valor apurado, conforme planilha fls.903 e DCTFls, fls.856 a 900. Assim, foi lançado o valor de RS 105.195,47, obtido através dos valores de CSLL declarado em DCTF como saldos pago a maior em anos anteriores, Planilha fls.903. No ano de 1999 o contribuinte apenas declarou RS 58.246,84 em DCTF, fls.856 a 903. Parte do valor declarado, RS 50.000,00, também se refere a compensação de PIS no possesso n° 97130360 que igualmente já foi objeto de auto de infração eletrônico lavrado n° 012010020034998• Este valor compensado foi considerado nos cálculos do valor apurado, conforme planilha, fls.903. Conforme a legislação vigente a partir do ano calendário 1999 a DIPJ tem efeito meramente informativo, não constituindo confissão de dívida do contribuinte. Assim, a diferença entre o valor de CSLL apurado na DIPJ/2000 e o valor declarado em DCTF foi lançado, R$ 423.877,31. No ano calendário de 2000 houve valor apurado em DIPJ/2001 superior ao declarado em DCTF no valor de R$ 75.128,06. Parte deste valor referese a compensação de valor pago a maior de anos anteriores inexistente no valor de R$ 63.942,97, conforme DCTF's fls.903, 147 a 307 e 856 a 900). A outra parte R$ 11.185,09 foi de valor apurado na DIPJ e não constante em DCTF. Em 2002 o contribuinte apenas declarou em DCTF o montante de R$ 10.980,00, sendo que apurou no LALUR o valor de CSLL de R$ 168.622,73, conforme PLanilha, fls.903, DCTF(fls.856 a 900) e LALUR(fls.488 a 498). (...) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 2° e §§, da Lei n° 7.689/88; Art. 19 da Lei n° 9.249/95; Art. 28 da Lei n° 9.430/96; Art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/99 e suas reedições. Essa pretensa irregularidade apresentada na peça de autuação L foi realizada de forma ligeira, sem verificar outros aspectos contábeis ou de recolhimentos, como as antecipações do ano de 2001 que não foram declaradas, mas efetivamente recolhidas, conforme comprovantes de recolhimentos (DARF'S) em anexo, bem como o anexo demonstrativo, extraído do livro Razão que indica recolhimentos maiores que o devido. As estimativas somaram R$ 528.381,07 quando o efetivamente devido foi de R$ 332.596,37, havendo um pagamento a maior de R$ 195.784,70. Esse pagamento efetuado a maior em 2001 foi objeto de compensação no ano seguinte, no valor de R$ 168.622,73, que foi o efetivamente apurado na declaração de rendimentos anexada aos autos, havendo um valor de R$ 27.161,97 a ser compensado em período seguinte.Dessa forma, ao criterioso exame, de pronto já se constata que a Contribuição apontada como devida em 2.002 foi regular e devidamente compensada. Outras impropriedades estão sendo apuradas de forma a comprovar que não houve insuficiência de recolhimentos ou compensações indevidas, pelo que protesta por posterior aditamento. Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.525 11 A oitava infração apresentada foi descrita como: 008 FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL sobre omissão de receita financeira em 2002 Omissão de Receitas Financeiras caracterizada pela não contabilização de rendimentos auferidos em contas de aplicações financeiras nos bancos BANCO REGIONAL DE BRASÍLIA S/A, conta corrente0156005565, e NOROESTE SANTANDER S/A, contascorrentes 50700437 e 50725269, no período de 01/1998 a 12/2002(fls.809 a 831). A receita omitida em 2002 foi RS 411.234,6S, a CSLL apurada sobre infrações foi R$ 37.011,12(fls.903). Foi abatida do total da receita omitida de 1998 a parcela de R$ 195.796,74 referente a receita escriturada em dez/1998(fls,S34). Também foi abatida do total da receita omitida de 2001 a parcela de RS 5.500.000,00, que se refere a exclusão de parte da receita de RS 7.084.369,06 escriturada indevidamente em 2001 e transferida para 2000(fls.903) . A partir de agosto/1999 mudou o plano de contas da empresa, passando a conta de rendimentos de aplicações financeiras a ser 31123000003(fls.843 a 854). Os valares foram apurados de acordo com os Comprovantes de Rendimentos Financeiros Recebidos entregues pelos bancos(fls.809 a 831), cópias do Razão da conta 3160100031 e 31123000003Rendimentos de aplicações Financeiras (fls.499 a 805), Planilha.de Receitas Financeiras Omitidas(fls.832 a 840) e DIPJ(fls.147 a 307), DCTF(Fls. 856 a 897) e comprovantes de pagamentos de CSLL(fls. 856 a 897). OBSERVACAO:OMISSÃO DE RECEITA LANÇADA EM SEPARADO EM 2002 POR PROBLEMAS OPERACIONAIS DO PROGRAMA UTILIZADADO PARA FAZER 0 LANÇAMENTO. (...) ENQUADRAMENTO LEGAL Art.195, inciso II, 197 e parágrafo único, 225,226 e 227 do RIR/94; Art.24 da Lei 9549/95; Arts. 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 278, 279, 280 e 288 do RIR/99. Este item tem relação com o item 02, aplicandose as mesmas razões de defesa. Observese que, neste caso, igualmente houve retenção de Imposto de Renda na Fonte no montante de R$ 82.037,41. O ultimo item autuado e objeto de contestação teve a seguinte descrição dos fatos: 009 CSLL DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO CSLL (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS) Durante o procedimento de verificações obrigatórias foram constatadas divergências entre valores declarados e os valores escriturados relativa a CSLL, resultante de insuficiência na determinação da base de cálculo apurado dezembro de Fl. 1530DF CARF MF 12 2000, por intermédio do batimento da apuração do lucro real transcrita no LALUR com a Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, anocalendário 2000. O lançamento no valor de RS 7.809.742,22 foi obtido conforme demonstrado baixo: VALOR ESCRITURADO LALUR VALOR NA DIPJ DIFERENÇA R$14.630.842,77 R$ 6.821.100,55 R$ 7.809.742,22 Os valores foram apurados através do Livro Diário (fls.417 a 443), Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (fls.147 a 307) e LALUR (fls.468 a 498) Fato Gerador Ocorrência Var.Tributável ou Contribuição Multa($) 31/12/2000 12/2000 R$ 7.809.742,22 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 77, inciso III, do DecretoLei n° 5.844/43; 149 da Lei n° 5.172/66; art. 2° §§ da Lei n° 7.689/88 Art. 19 da Lei n° 9.249/95; Art. 1° da Lei n° 9.316/96; art. 28 da Lei n° 9.430/96; Art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/99 e suas reedições. O levantamento fiscal foi feito de forma simplista, comparando a LALUR com a DIPJ, para concluir pela insuficiência de valores levados à tributação. Entretanto, nesse ano houve apropriação indevida de rendimentos de aplicações financeiras no montante de R$ 7.084.369,00, como também da reserva de reavaliação no valor de R$ 4.254.882,03, valores esses superiores ao importe da irregularidade constatada, o que, em princípio não indica diferenças de CSLL a ser exigida. Nesse ponto, havendo tributação de omissões de rendimentos comprovadamente inexistentes, postergação no lançamento de rendimentos, também de aplicação financeira, e postergação na inclusão da realização da reserva de reavaliação, há que se refazer os devidos ajustes, após a análise das contestações às acusações de forma a identificar eventual insuficiência no pagamento da Contribuição Social nesses anos auditados. À vista de tudo que foi exposto e comprovado, requer o exame de suas razões de defesa, de forma a cancelar as exigências e o devido arquivamento dos presentes autos.” Da decisão da DRJ: Ao analisar a impugnação, a DRJ, primeira instância administrativa, decidiu DAR PROVIMENTO PARCIAL à mesma, por unanimidade. A ementa da decisão é a seguinte: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.526 13 Ementa: IMPUGNAÇÃO. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da impugnação trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO. Para se falar em tratamento de postergação, é necessário que tenha havido pagamento de imposto no exercício seguinte. Lançamento Procedente em Parte Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise os seguintes fundamentos que deram a sua decisão final: Infração 1: Compensação Indevida da Base de Calculo Negativa de Períodos anteriores Este item da autuação originouse da redução de prejuízo no período anterior, por meio de auto de infração formalizado no processo nº 10120.009714/200241. O fato de o auto de infração formalizado no processo supracitado encontrarse no Conselho de Contribuinte, aguardando julgamento, não impede que a fiscalização continue seus trabalhos, efetuando os lançamentos que entende corretos. Ademais o citado processo já foi apreciado por esta Delegacia com voto favorável a sua manutenção. Em vista disso, até mesmo por uma questão de coerência, o auto de infração não deve receber qualquer reparo no que diz respeito ao item em análise. Infração 2: Omissão de Receita e Infração 8: Falta de Recolhimento da CSLL Quando a impugnante se defende da autuação relativa a ‘Omissão de Receitas’ diz que ”Para comprovar a contabilização dos rendimentos das aplicações financeiras, segue em anexo cópia das folhas do livro diário e razão da conta juros recebidos, onde se pode identificar o devido registro, em conta do mesmo grupo de receitas financeiras, mais de juros recebidos. Tais comprovantes vêm confirmar que não houve omissão de receitas de aplicações financeiras ...” e quanto à ‘Falta de Recolhimento da CSLL’: “Este item tem relação com o item 02, aplicandose as mesmas razões de defesa.” Pois bem, compulsandose os documentos juntados à impugnação verificase que não houve a anexação de qualquer documento comprobatório de suas alegações, não merecendo, portanto, prosperar as alegações da autuada. Ademais, quanto à apresentação de provas cabe observar que precluiu, neste caso, o direito de oferecêlas, tendo em vista o disposto nos §§ 4º e 5º do a art. 16 do PAF: (...) Portanto, no processo administrativofiscal, descabe a juntada de provas em momento posterior à impugnação, exceto nas situações excepcionais descritas no citado § 4.º. Infração 3: Postergação e Fl. 1532DF CARF MF 14 Infração 4: Redução Indevida do Lucro Líquido A Impugnante havia declarado uma base de cálculo de R$ 6.821.100,55 de imposto de renda em 2000. A Fiscalização apurou que a base de cálculo total devida no ano é de R$ 26.604.427,43. Pois bem, as autuações para o anocalendário de 2000 foram assim lançadas: Infração 1 – Compensação Indevida 0,00 Infração 2 – Omissão de Receitas 3.116.964,42 Infração 3 – Postergação 998.023,38 Infração 4 – Redução Indevida do Lucro 6.086.345,68 Infração 5 – Red Indev do Lucro – Reserva de reavaliação 0,00 Infração 6 – Despesas Indedutíveis 2.770.274,95 Infração 7 – Falta de Recolhimento 75.128,06 Infração 8 – Falta de Recolhimento 0,00 Infração 9 – Diferença escriturado e declarado/pago 7.809.742,22 Se subtrairmos do total da base de cálculo (26.604.427,43) as infrações no presente voto (infrações 1, 2, 5, 6, 7 e 9 = 13.696.981,59), com exceção das duas ora analisadas (infrações 3 e 4), teremos um saldo de 12.907.445,84. Subtraindo o valor já declarado pela autuada (6.821.100,55) teremos R$ 6.011.217,23 a ser lançado. Esse é o valor máximo de receitas que poderia ter sido postergado para 2001. O Parecer Normativo n. 2, de 28 de agosto de 1996, assim determina em seu item 5.3 5.3 Chamase a atenção para a letra da lei: o comando é para se ajustar o lucro líquido, que será o ponto de partida para a determinação do lucro real; não se trata, portanto, de simplesmente ajustar o lucro real, mas que este resulte ajustado quando considerados os efeitos das exclusões e adições procedidas no lucro líquido do exercício, na forma do subitem 5.2. Dessa forma, constatados quaisquer fatos que possam caracterizar postergação do pagamento do imposto ou da contribuição social, devem ser observados os seguintes procedimentos: a) tratandose de receita, rendimento ou lucro postecipado: excluir o seu montante do lucro líquido do períodobase em houver sido reconhecido e adicionálo ao lucro líquido do períodobase de competência; [...] c) apurar o lucro real correto, correspondente ao períodobase do início do prazo de postergação e a respectiva diferença de imposto, inclusive adicional, e de contribuição social sobre o lucro líquido; Pois bem, verificando a planilha de fls. 903, observo que a Impugnante apurou em sua DIPJ um total de R$ 332.596,37 de contribuição devida em 2001, quando o valor apurado pela fiscalização foi de R$ 448.757,38. Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.527 15 Assim sendo, não houve qualquer postergação de tributo de 2000 para 2001, tendo em vista que a contribuição paga pelo sujeito passivo era, inclusive, inferior ao que deveria ter sido apurado. Por essa razão, deveria ter sido autuada somente redução indevida do lucro em 2000, tendo como base de cálculo R$ 6.011.217,23, não sendo devido qualquer valor a título de postergação de receitas correspondente a esse anocalendário. Infração 5: Redução Indevida do Lucro Real por Realização de Reserva de Reavaliação em Exercício Posterior Quanto a este item da autuação a Impugnante limitase a alegar que o valor indevidamente contabilizado em 2000, adicionado em 1999, não resulta na postergação indicada pelo fisco, considerando que devem ser feitos os ajustes de forma global. Pois bem, a reclamante não junta qualquer elemento que comprove sua alegação nem tão pouco demonstra qual foi o equivoco que entende haver ocorrido quando da autuação. Desta forma não há como aceitar as alegações da autuada. Infração 6: Despesas Indedutíveis Quanto a este item verificase que a autuada não observou o disposto no art. 9º e parágrafos da Lei nº 9.249, de 1996, e no art. 29 da IN SRF nº 11, de 1996, combinado com o art. 1º da IN SRF nº 41, de 1998, ou seja, o valor contabilizado não indica a titularidade do crédito, de forma individualizada. A citada IN SRF nº 41, de 1998, esclarece que somente se considera crédito individualizado, quando a despesa for registrada, na escrituração contábil da pessoa jurídica, em contrapartida a conta ou subconta de seu passível exigível, representativa de direito de crédito do sócio ou acionista da sociedade ou do titular da empresa individual. Notese que os autuantes têm razão quando afirmam que os registros contábeis dos juros somente se prestaram para gerar despesas para fiscalizada, pois não havendo identificação dos sócios favorecidos pelos créditos, não ocorreu, simultaneamente, o reconhecimento de renda pelos beneficiários dos rendimentos, com a correspondente tributação. Os textos legais não comportam dúvida para sua compreensão: para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real, observado o regime de competência, os valores pagos ou creditados (a título de despesas financeiras) devem ser escriturados em contrapartida de despesas financeiras, individualizadamente, e não registrados de forma sintética, como é o caso dos autos. Portanto, está correto o procedimento fiscal que glosou a despesa registrada a título de distribuição de juros sobre o capital próprio. Infração 7: Diferença entre Valores Escriturados e Declarados/Pagos. Quanto à infração nº 7 a autuada alega que o valor lançado para o período de apuração 31/12/2002, além de haver sido compensado com valores recolhidos a maior em períodos anteriores, foi efetivamente declarado em sua DIPJ. Fl. 1534DF CARF MF 16 Pois bem, comparandose os valores que a contribuinte declarou em sua DIPJ, fls 1005, com os apurados no auto de infração verificase que não há diferenças a tributar em lançamento de ofício, impondose simplesmente procedimento de cobrança, com posterior inscrição em Dívida Ativa da União, se for o caso. Corrobora nosso entendimento o art. 5º, parágrafos 1º e 2º do DecretoLei nº 2.124/1984, onde se constata que o documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito que, não pago no prazo estabelecido pela legislação, acrescido de multa e juros de mora, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva. Já o art. 16 da Lei 9.779/1999 diz que compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Por seu turno, o art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 127/1998 especifica, "verbis": "A partir do anocalendário de 1999, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar, anualmente, até o último dia útil do mês de setembro, a DIPJ, centralizada pela matriz." Além disso, extraise a mesma certeza, ao se examinar a Instrução Normativa SRF nº 126/1998, especificamente os parágrafos 2º e 3º do art. 7º, "verbis": "Os saldos a pagar relativos ao imposto de renda e à contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas sujeitas à tributação com base no lucro real, apurado anualmente, serão, também, objeto de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas na DCTF e na Declaração Integrada de Informações da Pessoa Jurídica DIPJ , antes do envio para inscrição em Dívida Ativa da União". (grifei) "Os débitos apurados nos procedimentos de auditoria interna serão exigidos de ofício, com o acréscimo de multa, moratória ou de ofício, conforme o caso, efetuado com observância do disposto nas Instruções Normativas SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1997, e nº 077, de 24 de julho de 1998.” Destarte, é incabível a exigência da multa de ofício no lançamento referente ao período de apuração 31/12/2002, vez que os débitos estão declarados pelo contribuinte em suas DIPJ, sendo pertinente exigirse a multa moratória. Quanto aos demais valores lançados nesta infração a autuada não apresentou qualquer argumentação, devendo, portanto permanecerem inalteradas. Infração 9: Diferença entre os valores escriturados e declarado/pago Quanto a este item da autuação a autuada limitase a discordar do procedimento adotado pela fiscalização, sem, no entanto, demonstrar qualquer equívoco que possa haver ocorrido, devendo, portanto, o lançamento permanecer inalterado. Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.528 17 Do Recurso Voluntário: Tomando ciência da decisão de primeira instância administrativa em 09/01/2004, a recorrente apresentou recurso voluntário em 09/02/2004, em que, em essência, replica os mesmos argumentos da sua peça impugnatória, nos seguintes termos: INFRAÇÃO N° 01 a) que a base negativa de períodos anteriores, tida como compensada em autuação anterior, somente surtiria efeitos no mundo jurídico, no sentido de projetar reflexos em períodos futuros, quando houvesse trânsito em julgado das infrações descritas naqueles autos. Entretanto, o mesmo encontrase com exigibilidade suspensa, porquanto com recurso junto ao Conselho de Contribuintes e, somente com a decisão definitiva é que poderia ensejar a manutenção dessa glosa e se, do deslinde da questão, fosse desfavorável a recorrente; b) que, conforme a decisão no Acórdão n. 10194.396, de 16/10/2003, foi anulada a decisão de primeiro grau, por não apreciar todos os argumentos de defesa. Assim, permanece ainda pendente de julgamento as matérias questionadas, que determinam a redução do prejuízo fiscal, objeto deste item; INFRAÇÃO N° 02 c) que os juros tidos como omitidos pela fiscalização, por não terem sido contabilizados na conta específica para rendimentos de aplicações financeiras (conta 31123.000003), na verdade, foram contabilizados em conta genérica do mesmo grupo de Receitas Financeiras (30012), mais especificamente na conta Juros Recebidos (31123.000001); d) que, para comprovar a contabilização dos rendimentos das aplicações financeiras, segue em anexo cópia das folhas do livro Diário e Razão da conta Juros Recebidos, onde se pode identificar o registro devido. Tais comprovantes vêm confirmar que não houve omissão de receitas de aplicações financeiras, mas sim contabilização em conta diversa da examinada pelos auditores; e) que a posição tomada pelos julgadores de primeiro grau, não só cerceou o sagrado direito de defesa, como demonstrou uma simplista e cômoda decisão, ao omitirse em apreciar matéria fática; f) que, para que não reste qualquer dúvida, a recorrente volta a anexar cópias do diário/razão, onde se comprova a efetiva contabilização dos juros; INFRAÇÃO N° 03 g) que a fiscalização procedeu a imputação dos valores tidos como postergados, no caso, houve uma exclusão da parcela de juros no montante de R$ 7.084.369,06 no ano calendário de 2.001 que foi adicionado no ano de 2.000. Analisandose isoladamente esta infração imputada, temos no ano de 2.000 um acréscimo de receita neste mesmo montante e a idêntica redução no ano de 2.001; h) que a base de cálculo da CSLL apurada em 2.001 foi da ordem de R$ 3.695.515,17 (fls. 290) que, com a exclusão da parcela ali registrada indevidamente (RS 7.084.369,06) determinaria uma base negativa de RS 3.388.853,89 (a compensar). Com esse ajuste, a CSLL paga nesse ano seria totalmente indevida, ou seja, ficaria a contribuinte com direito a compensação da ordem de RS 332.596,17 (fls. 290). Volvendose para o ano calendário de 2.000, ao adicionarmos a receita Fl. 1536DF CARF MF 18 registrada indevidamente em 2.001, como se apurou base de cálculo positiva, essa receita de R$ 7.084.369,06 geraria uma Contribuição Social no valor de RS 637.593,00, que mesmo com os adicionais, geraria uma postergação maior que a indicada nos autos e uma menor insuficiência na base de cálculo da contribuição; i) que também foram exigidos, isoladamente, juros de mora e multa de ofício. Entretanto, essa multa não pode ser exigida, porquanto houve a denúncia espontânea com o pagamento dos tributos devidos, mesmo tendo sido efetuado em período posterior, porém, antes da ação fiscalizadora, diante da regra expressa do art. 138 do Código Tributário Nacional; INFRAÇÃO N° 05 j) Em relação a essa acusação, temos que esse valor indevidamente contabilizado em 2.000, adicionado em 1999, não resulta na postergação indicada pelo fisco, considerando que devem ser feitos os ajustes de forma global; INFRAÇÃO N° 06 k) Como ressai desse texto descritivo da acusação, constataram os autuantes que "os valores deduzidos atenderam aos limites de dedução estabelecidos pela legislação tributária", entretanto, persistiram em efetuar a glosa dos valores excluídos frente aos argumentos de que não foram apresentados os recolhimentos do Imposto de Renda na Fonte, nem foram indicados os beneficiários; l) que, quando da resposta às intimações, no sentido de que "não foi encontrado o comprovante de recolhimento do IRPF referente a TJLP e que não houve a indicação dos beneficiários" (fls. 74 e 113), tal afirmativa, relativa à indicação dos beneficiários, tem relação ou era pertinente aos comprovantes de recolhimento do imposto retido; m) que a contabilização do crédito dos juros sobre o capital próprio, que somente poderiam ser destinados aos sócios e proporcional à participação de cada um, foi devidamente realizada e descrita nos lançamentos contábeis, como não poderia deixar de ser. Em anexo os lançamentos que comprovam esses fatos, nas contas dos únicos sócios 21121.000029 (Geny Carneiro de Moraes) e 21121.00066 (Santa Mônica Part, e Serv. S/A), para o ano calendário de 1998 e nas contas 21127.000002 (Geny Carneiro de Moraes) e 21127.000008 (Santa Mônica Part, e Serv. S/A) para os anos de 1.999 a 2001; INFRAÇÃO N° 07 n) que a fiscalização deixou de outros aspectos contábeis ou de recolhimentos, como as antecipações do ano de 2001 que não foram declaradas, mas efetivamente recolhidas, conforme comprovantes de recolhimentos (DARF'S) em anexo, bem como o anexo demonstrativo, extraído do livro Razão que indica recolhimentos maiores que o devido. As estimativas somaram RS 528.381,07 quando o efetivamente devido foi de RS 332.596,37, havendo um pagamento a maior de RS 195.784,70; o) que o pagamento efetuado a maior em 2001 foi objeto de compensação no ano seguinte, no valor de R$ 168.622,73, que foi o efetivamente apurado na declaração de rendimentos anexada aos autos, havendo um valor de R$ 27.161,97 a ser compensado em período seguinte.Dessa forma, ao criterioso exame, de pronto já se constata que a Contribuição apontada como devida em 2.002 foi regular e devidamente compensada; INFRAÇÃO N° 08 Fl. 1537DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.529 19 p) Este item tem relação com o item 02, aplicandose as mesmas razões de defesa. Observese que, neste caso, igualmente houve retenção de Imposto de Renda na Fonte no montante de R$ 82.037,41; INFRAÇÃO N°09 q) que o levantamento fiscal foi feito de forma simplista, comparando a LALUR com a DIPJ, para concluir pela insuficiência de valores levados à tributação. Entretanto, nesse ano houve apropriação indevida de rendimentos de aplicações financeiras no montante de R$ 7.084.369,00, como também da reserva de reavaliação no valor de R$ 4.254.882,03, valores esses superiores ao importe da irregularidade constatada, o que, em princípio não indica diferenças de CSLL a ser exigida; r) que, havendo tributação de omissões de rendimentos comprovadamente inexistentes, postergação no lançamento de rendimentos, também de aplicação financeira, e postergação na inclusão da realização da reserva de reavaliação, há que se refazer os devidos ajustes, após a análise das contestações às acusações de forma a identificar eventual insuficiência no pagamento da Contribuição Social nesses anos auditados. Juntamente com a peça recursal, a contribuinte anexa aos autos os documentos de fls. 1059/1276. Do pedido de diligência e seu retorno Apreciado o recurso voluntário neste Carf, em sessão de 04/02/2009, o colegiado entendeu por bem converter o presente processo em diligência para verificar os registros contábeis inerentes a suas alegações de contabilização dos juros recebidos, que fora em conta contábil distintos dos apreciados pela autoridade fiscal autuante. O termo de encerramento de diligência (efls. 1474/1476) concluiu que os os valores lançados como omissão de receitas financeiras constantes do demonstrativo encontram se registrados parcialmente nas contas de juros recebidos 3.1.6.01.00018 e 3.1.1.2.3.0001, elaborando novo demonstrativo dos valores remanescentes de omissão de receitas financeiras. Ou seja, foi ao encontro, parcialmente, das alegações da recorrente. Sobre o termo de encerramento de diligência, cientificada em 26/05/2010, a recorrente não apresentou nenhuma manifestação. Eis o relatório. Voto Fl. 1538DF CARF MF 20 Conselheiro Marco Rogério Borges Relator ad hoc O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Dos pontos suscitados na peça recursal: da infração 001 CSLL compensação indevida de base de cálculo negativa de períodos anteriores Esta infração se originou da redução de prejuízo no período anterior, formalizado no processo administrativo nº 10120.009714/200241. Tal autuação fiscal reverteu valores da base negativa acumulada ao final do anocalendário de 1997, e utilizada no ano calendário de 1998, no montante de R$ 309.890,64, que excederam o montante recalculado de base negativa de R$ 1.969.994,31 (que foi confirmado), cujo total de ambos foi utilizado pela recorrente. Alega a recorrente que a base negativa de períodos anteriores, tida como compensada em autuação anterior, somente surtiria efeitos quando houvesse o trânsito em julgado das infrações constantes nos autos do processo administrativo nº 10120.009714/2002 41. A situação atual do processo administrativo nº 10120.009714/200241 é estar, desde 19/05/2008, em cobrança da dívida ativa da União, pela Procuradoria da Fazenda Nacional em Goiás, conforme pesquisa no sistema Comprot disponível na internet1. Tal processo teve decisão prolatada em sessão de julgamento em 08/08/2007, pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, no acórdão nº 10196.264. O provimento do recurso voluntário do contribuinte foi parcial, para cancelar da tributação as parcelas relacionadas com a realização da reserva de reavaliação e com a glosa de despesa de juros sobre o capital próprio, nos termos do relatório e voto. Não há nos autos do presente processo nenhuma cópia da autuação fiscal ocorrida no processo 10120.009714/200241. Contudo, com acesso às decisões de primeiro e segundo grau administrativo, principalmente no que tange ao seu relatório, pude observar o seguinte: a) o processo continha as seguintes infrações de CSLL aplicadas do ano calendário de 1997, 1998 e 1999: redução indevida do lucro líquido despesas indedutíveis (montante de R$ 5.154.942,11 AC de 1997); realização de reserva de reavaliação não adicionada ao lucro líquido de 1997 (4.344.882,03 adicionadas pela recorrente em 1998, 1999 e 2000); diferenças de valores escriturados e o declarado/pago (R$ 14.921.888,85 AC de 1997). b) o Carf ao apreciar o processo, em primeiro momento, converteuo em diligência, para examinar a escrituração contábil e fiscal da recorrente e verificar se teria oferecido à tributação integralmente, no AC de 1999, a realização da reserva de reavaliação. 1 https://comprot.fazenda.gov.br/comprotegov/site/index.html Fl. 1539DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.530 21 Após o retorno, na sua decisão do Carf aplicando o disposto no art. 219 do RIR/19942 e mais o Parecer Normativo nº 02, de 28/08/1996, entendeu que deveria ter sido dado o tratamento de postergação na CSLL, o que não foi feito pela autoridade fiscal autuante, dando provimento ao recorrente quanto a este item; c) no que tange às despesas indedutíveis glosadas, no montante de R$ 5.154.942,11, referente ao juros sobre capital próprio contabilizados que não tiveram retenção na fonte de IR (o que descumpriria requisito legal para tanto, de acordo com a autoridade fiscal autuante), a decisão do Carf foi no sentido de dar provimento ao recorrente, pois entendeu que não estava vigente na época tal obrigação, cancelando esta glosa; d) no que tange aos valores constituídos da diferença apurada de CSLL apurada e o valor escriturado/pago apurado em dez/1997, através do batimento do livro diário, lalur e dipj, no montante de R$ 14.921.888,85, a decisão do Carf foi no sentido manter a autuação fiscal. Ou seja, no que tange ao processo administrativo nº 10120.009714/200241, do qual o presente, no que tange a esta primeira infração em análise é decorrente, foram canceladas as exigências especificadas nos item "b" e "c" acima. São justamente as infrações que repercutiram na formação da base negativa da CSLL que motivaram a infração 01 do presente processo administrativo, como se depreende da descrição dos fatos da autoridade fiscal autuante: O contribuinte teve o seu saldo de base negativa acumulada em dez/1997 reduzida para R$ 1.969.994,31, devido a lançamento no auto de infração. possesso nr. 10120.009714/200241. Essa base negativa foi toda compensada em 1998 com o valor apurado de lucro mais infrações. 0 montante compensado pelo contribuinte que excedeu o valor de RS 1.969.994,31 foi objeto de lançamento, perfazendo o montante de R$ 309.890,64, conforme demonstrativo, fls.885, 901, 902 e 905. Não se confirmando esta repercussão na alteração promovida de ofício através do processo administrativo nº 10120.009714/200241 na formação do saldo negativo da CSLL referente ao anocalendário de 1997, descabe a manutenção do valor glosado do presente processo administrativo. 2 SEÇÃO VIII Inobservância do Regime de Competência Art. 219. A inexatidão quanto ao períodobase de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, correção monetária ou multa, se dela resultar (DecretoLei n° 1.598/77, art. 6°, § 5°): I a postergação do pagamento do imposto para períodobase posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer períodobase. § 1° O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao períodobase de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor liquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro períodobase a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2° do art. 193 (DecretoLei n° 1.598/77, art. 6°, § 6°). § 2° O disposto no parágrafo anterior e no § 2° do art. 193 não exclui a cobrança de correção monetária, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretosLei n°s 1.598/77, art. 6°, 7°, e Lei n° 154/47, art. 1°). Fl. 1540DF CARF MF 22 Destarte, voto no sentido da DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a infração 01 supramencionada. da infração 002 CSLL omissão de receitas financeiras A autuação fiscal desta infração versa sobre a omissão de receitas financeiras, caracterizada pela não contabilização de rendimentos auferidos em aplicações de determinadas contas de aplicações especificadas nos autos, para os seguintes anoscalendários: Anocalendário Valor autuado 1998 R$6.822.654,41 1999 R$ 9.788.531,65 2000 R$ 3.116.964,45 2001 R$ 591.266,52 Nas suas alegações da peça recursal, a recorrente informa que os juros tidos como omitidos pela autoridade fiscal autuante não foram contabilizados na conta contábil específica para rendimentos de aplicações financeiras (conta 31123.00003), e sim foram contabilizados em conta genérica do mesmo grupo de Receitas Financeiras (31123), mais especificamente na conta Juros Recebidos (31123.000001). Para tentar demonstrar, anexou cópia do livro diário e razão. Com base em tal alegação, foi provocada uma diligência pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, conforme já exposto no relatório que precede o presente voto. O termo de encerramento de diligência (efls. 1474/1476) concluiu, após uma análise da contabilidade da recorrente, que os valores lançados como omissão de receitas financeiras constantes do demonstrativo encontramse registrados parcialmente nas contas de juros recebidos 3.1.6.01.00018 e 3.1.1.2.3.0001, elaborando novo demonstrativo dos valores remanescentes de omissão de receitas financeiras. Ou seja, foi ao encontro, parcialmente, das alegações da recorrente. Considerando o constante nos autos, alegações da recorrente e a instrução probatória, e a diligência provocada por esta instância anteriormente e, principalmente, respectiva resposta, entendo que os valores constantes no anexo ao termo de encerramento de diligência (efls. 1464/1471) são os valores corretos a serem considerados. Para simplificar, os valores omitidos passam a serem os seguintes: Anocalendário Valor autuado Valor apurado diligência 1998 R$ 6.822.654,41 R$ 1.934.926,67 1999 R$ 9.788.531,65 R$ 2.212.321,59 2000 R$ 3.116.964,45 R$ 721.459,95 2001 R$ 591.266,52 R$ 81.894,30 Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.531 23 TOTAL R$ 20.319.417,03 R$ 4.950.602,51 Pelo todo acima exposto, voto por considera como omitidos os valores constantes no anexo ao termo de encerramento de diligência (efls. 1464/1471), dando PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário quanto à infração 2, reduzindo a CSLL autuada na proporção das receitas omitidas reapuradas. da infração 003 CSLL inobservância do regime de escrituração postergação de receitas; e da infração 004 redução indevida do lucro líquido A autuação fiscal destas infrações versa sobre a postergação de CSLL, tendo em vista que o contribuinte não escriturou no anobase 2000 o valor referente à receita de aplicação financeira de RS 7.084.369,06, escriturada indevidamente no ano calendário 2001. Nas suas alegações, a recorrente alega que não houve prejuízo ao fisco das ditas postergações, pois no seu entender, a contribuição social foi paga em períodos posteriores. A autoridade fiscal autuante identificou que o recolhimento da CSLL a maior em 2001 por tal valor postergado foi de R$ 79.841,87, e após os ajustes determinados no Parecer Normativo Cosit nº 02/1996, adicionou o montante de R$ 6.086.345,68 ((7.084.369,06 998.023,38 (receita proporcional à CSLL recolhida no ano seguinte)). Deste remanejo temporal de oferecimento à tributação, houve o montante autuado de CSLL de R$ 998.023,38 (infração 03) e R$ 6.086.345,68 (infração 04). O regramento do regime de competência está assim definido no art. 273 do RIR/1999: Inobservância do Regime de Competência Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em Fl. 1542DF CARF MF 24 decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). A autoridade fiscal autuante seguiu o regramento acima, regrado no Parecer Normativo Cosit Nº 2, de 28 de agosto de 1996, que detém a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Postergação de pagamento do imposto em virtude de inobservância do regime de competência na escrituração de receitas, custos ou despesas. Ajustes para determinação do saldo do imposto devido. Verificandose o teor do supracitado Parecer, a autoridade fiscal autuante o aplicou para imputar estas infrações 03 e 04. A recorrente nas suas razões de defesa se baseia em ajustes ocorridos nas outras infrações, e uma análise global da autuação fiscal em análise, o que tem razão a ser considerado e o será necessariamente na análise global da presente autuação fiscal. Contudo, não rebate o método aplicado pela autoridade fiscal autuante, e nem demonstra que o cálculo estaria incorreto. Destarte, não vendo reparos a serem feitos na autuação fiscal, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a estas infrações. da infração 005 CSLL redução do lucro líquido por realização de reserva de reavaliação em anos posteriores A presente infração versa sobre a falta de adição da parcela da realização da reserva de reavaliação de imóvel, nos anos calendário de 1998 e 1999, pela depreciação e alienação do bem. Informou a autoridade fiscal autuante que a recorrente havia realizado integralmente a reserva de reavaliação no anocalendário de 2000, mas não haveria o efeito da postergação, pois neste ano a contribuição paga é inferior ao devido. Alega a recorrente que este valor foi indevidamente contabilizado no ano calendário de 2000, adicionado em 1999, não resultando na postergação indicada pelo fisco, considerando que devem ser feitos os ajustes de forma global. A recorrente não traz qualquer elemento que comprove sua alegação, e nem tampouco demonstra qual eventual erro ocorrido na autuação fiscal, resumindo sua defesa numa frase. Verificando a situação da autuação fiscal e os ajustes promovidos, dos quais a recorrente não contrapõe de maneira clara demonstrando qual o erro ocorrido, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal autuante, e não encontrando nenhum elemento que o descaracterizasse. Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.532 25 Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO quanto a este item. da infração 006 CSLL redução indevida do lucro líquido despesas indedutíveis A recorrente, nos anoscalendário de 1998 a 2001, deduziu despesas com juros sobre capital próprio, dentro dos limites previstos na legislação aplicável. Contudo, ao ser intimada a comprovar as retenções na fonte e indicar os beneficiários dos rendimentos, a recorrente informa que não localizou os comprovantes dos recolhimentos de IRRF, bem como não indicou os beneficiários. Assim, entendeu a autoridade fiscal autuante, após pesquisas pertinentes de não localizar nenhum pagamento de IRRF a respeito, o que houve foi a intenção de gerar despesas dedutíveis para reduzir o seu resultado contábil. A recorrente alega que os valores deduzidos estão previstos na legislação tributária, e que a falta de recolhimento de IRRF apontada seria o caso de autução, e não a glosa de despesas. A falta da indicação dos beneficiários não ensejaria tal glosa, tratandose de uma irregularidade formal, contudo, estariam estes indicados nos lançamentos contábeis, os quais apresentou em sede de impugnação e recursal. Aqui me valho dos elementos coletados no processo administrativo nº 10120.003829/200311, referente ao mesmo período, mas sendo exclusivamente do tributo IRPJ. Então, houve diligência para verificar as alegações da recorrente sobre os juros sobre capital próprio estarem indicados os respectivos beneficiários na contabilidade. O relatório final da diligência confirmou as alegações da recorrente sobre esta matéria, nos seguintes termos: em relação ao segundo item, verifiquei que os valores referentes a juros sobre o capital próprio foram creditados em contas representativas de direito dos sócios, conforme cópias dos livros Razão fls. 1162 e 1167. Desta sorte, restaram confirmados os beneficiários dos valores pagos de juros sobre o capital próprio, inexistindo óbice à sua dedutibilidade, já que a própria descrição da autuação fiscal que tais valores estão nos limites e previstos na legislação tributária. Ademais, a falta de recolhimento do IRRF não se traduz em descaracterização da dedutibilidade deste valor, principalmente após a revogação do §9º do art. 9ª da Lei nº 9.249/1995, pela Lei nº 9.430/1996. Destarte, DOU PROVIMENTO integral quanto a este item do recurso voluntário. da infração 007 falta de recolhimento da CSLL valor apurado em DIPJ e não declarado e nem pago Versa a presente infração sobre valores apurados na DIPJ do anocalendário de 1998 a 2002, que não foram nem declarados em DCTF e nem pagos. Fl. 1544DF CARF MF 26 Para tanto alega que foi uma autuação simplista, sem verificar os demais aspectos tributários inerentes. Nas suas palavras, tais valores teriam sido compensados com valores recolhidos a maior em períodos anteriores, e na autuação referente ao período de apuração de 2002, foi efetivamente declarado em DIPJ. Tal situação, no que tange ao período de apuração de 2002, já tinha sido revista e analisada na decisão a quo, que levou em consideração as alegações a respeito da recorrente, exonerando tais valores. Então não há nada a apreciar a respeito. Em relação aos demais períodos, não houve, tanto na peça impugnatória quanto na peça recursal elementos argumentativos ou, muito menos, qualquer demonstração ou argumentação pertinente, o que restar manter inalterado o autuado na parte remanescente deste item na decisão a quo. Destarte, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a este item. da infração 008 falta de recolhimento da CSLL sobre a omissão de receita financeira em 2002 Esta infração versa sobre a falta de recolhimento da CSLL sobre omissão de receita financeira do anocalendário de 2002. Referese a não contabilização de rendimentos auferidos em contas de aplicações financeiras dos mesmos bancos referentes à infração 02. O total autuado de receita financeira omitida foi de R$ 411.234,65. A recorrente apresentou para esta infração as mesmas razões de defesa da infração 02. Tal período foi objeto da mesma diligência efetuada por este Carf anteriormente, e no retorno da diligência, conforme já analisado no item referente à infração 02, a receita financeira omitida confirmada para o anocalendário de 2002 foi de R$ 81.894,30. Pelos mesmos motivos já expostos no voto anteriormente, quanto à infração 02, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, mantendo do total autuado, o montante de R$ 81.894,30. da infração 009 CSLL diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado/pago Esta infração decorre de divergências constatadas entre os valores declarados pela recorrente e os valores escriturados, apurados em dezembro de 2000, por intermédio do batimento da apuração do lucro real transcrito no Lalur com a DIPJ entregue. Alega a recorrente que tal autuação fiscal foi feita de forma simplista, alegando a apropriação indevida de alguns valores neste ano que seriam superiores aos valores da irregularidade constatada, o que não acarretaria diferenças de CSLL a ser exigida. Contudo, a recorrente não trouxe nenhuma alegação demonstrada ou comprovada, o que incorre que fica impossível uma análise adequada do realmente deseja rebater quanto à aplicação desta infração. Fl. 1545DF CARF MF Processo nº 10120.003833/200371 Acórdão n.º 1402003.401 S1C4T2 Fl. 1.533 27 Nas suas palavras, nesta infração ha que se refazer os devidos ajustes, após a análise das contestações às acusações de forma a identificar eventual insuficiência no pagamento da Contribuição Social nesses anos auditados. Como já está sendo feito tais análises e ajustes nas respectivas infrações, caberia uma defesa apropriada quanto a esta infração específica, o que não ocorreu, não restando outra alternativa a este voto de manter esta infração. Portanto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a este item. Conclusão: Nos termos do voto acima, VOTO por: NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto às infrações "3", "4", "5","7" e "9"; DAR PROVIMENTO TOTAL quanto às infrações "1" e "6"; e DAR PROVIMENTO PARCIAL quanto às infrações "2" e "8", mantendo do autuado, o montante de receitas omitidas de R$ 5.361.837,16, conforme apurado no relatório da diligência especificado no voto. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 1546DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002968/2005-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Rejeita-se o pedido de perícia apresentado na impugnação quando
versar sobre prova meramente documental, que independa de
análise técnica. IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. OMISSÃO DE
RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Rejeita-se o pedido de perícia apresentado na impugnação quando
os quesitos formulados mostram-se irrelevantes ou incapazes de
elucidar pontos relacionados à impugnação do contribuinte.
PASSIVO NÃO COMPROVADO. OMISSÃO DE RECEITA.
Caracteriza-se como omissão de receita a manutenção no passivo
de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja
comprovada, consoante presunção estabelecida no art. 281 do
RIR/1999.
Inclusão em parcelamento.
Irrelevante para o exame da legalidade do ato administrativo de
lançamento ter o contribuinte incluído o débito – total ou
parcialmente – em parcelamento. Antes, tal fato confirmaria sua
renúncia à impugnação ao lançamento. No caso, tal fato sequer
foi comprovado.
ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de norma é
atribuição do Poder Judiciário. Não cabe ao CARF afastar a
aplicação de lei ao fundamento de sua inconstitucionalidade.
Artigo 26A do Decreto 70.235 e Súmula 2 do CARF.
Numero da decisão: 1201-000.639
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: Regis Magalhães Soares de Queiroz
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Rejeita-se o pedido de perícia apresentado na impugnação quando versar sobre prova meramente documental, que independa de análise técnica. IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Rejeita-se o pedido de perícia apresentado na impugnação quando os quesitos formulados mostram-se irrelevantes ou incapazes de elucidar pontos relacionados à impugnação do contribuinte. PASSIVO NÃO COMPROVADO. OMISSÃO DE RECEITA. Caracteriza-se como omissão de receita a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada, consoante presunção estabelecida no art. 281 do RIR/1999. Inclusão em parcelamento. Irrelevante para o exame da legalidade do ato administrativo de lançamento ter o contribuinte incluído o débito – total ou parcialmente – em parcelamento. Antes, tal fato confirmaria sua renúncia à impugnação ao lançamento. No caso, tal fato sequer foi comprovado. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de norma é atribuição do Poder Judiciário. Não cabe ao CARF afastar a aplicação de lei ao fundamento de sua inconstitucionalidade. Artigo 26A do Decreto 70.235 e Súmula 2 do CARF.
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OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Rejeitase o pedido de perícia apresentado na impugnação quando versar sobre prova meramente documental, que independa de análise técnica. IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. OMISSÃO DE RECEITA. PASSIVO FICTÍCIO. REQUERIMENTO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Rejeitase o pedido de perícia apresentado na impugnação quando os quesitos formulados mostramse irrelevantes ou incapazes de elucidar pontos relacionados à impugnação do contribuinte. PASSIVO NÃO COMPROVADO. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizase como omissão de receita a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada, consoante presunção estabelecida no art. 281 do RIR/1999. Inclusão em parcelamento. Irrelevante para o exame da legalidade do ato administrativo de lançamento ter o contribuinte incluído o débito – total ou parcialmente – em parcelamento. Antes, tal fato confirmaria sua renúncia à impugnação ao lançamento. No caso, tal fato sequer foi comprovado. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de norma é atribuição do Poder Judiciário. Não cabe ao CARF afastar a aplicação de lei ao fundamento de sua inconstitucionalidade. Artigo 26A do Decreto 70.235 e Súmula 2 do CARF. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 2 2 Lançamento Procedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado digitalmente) Claudemir Rodrigues Malaquias – Presidente (Assinado digitalmente) Regis Magalhães Soares de Queiroz – Relator Participaram ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Claudemir Rodrigues Malaquias (Presidente), Rafael Correia Fuso, João Carlos de Lima Junior, Marcelo Cuba Netto, Joao Bellini Junior e Regis Magalhães Soares de Queiroz. Relatório Cuidase de auto de infração lavrado pela autoridade fiscal, por omissão de receitas decorrente de passivo não comprovado. Adoto o relatório da r. decisão a quo, verbis: Trata o presente feito de autos de infração de IRPJ e reflexos, relativas ao exercício de 2002, anocalendário de 2001, cuja exigência fiscal totaliza R$ 1.471.6:4,26, incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até 30/09/2005 (fls. 55/70). De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 51/54), a contribuinte foi intimada e reintimada a apresentar documentos comprobatórios relativos a saldos de cont. s do passivo circulante, porém, deixou de atendêlas. (...) Em 31/10/2005, a interessada tomou ciência dos autos de infração (fl. 57) e, em 30/11/2005, apresentou defesa (fls. 77/87), resumidamente, nos seguintes termos: • Inicialmente, formulamse quesitos e indicase assistente técnico para realização de perícia. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 3 3 • A exigência, em termos e montantes, caracteriza verdadeiro confisco ao patrimônio da impugnante, em face da sua real capacidade contributiva. • Por outro lado, é consabido que a autoridade administrativa encarregada da efetivação do lançamento fiscal tem o dever de investigar os fatos, sendo inadmissível a constituição de crédito tributário por mera suposição de ocorrência do fato gerador. • É inconteste a improcedência de autuações, quando se limita o autuante em erigir em hipótese de incidência do tributo uma mera presunção relativa, sem esforço ou mesmo tentativa de comprovar que as obrigações já haviam sido pagas e/ou efetivamente restaram incomprovadas. • O apelo à presunção põe em risco os princípios constitucionais 1 tributários da tipicidade e da legalidade. O v. acórdão da DRJ, de fls. 167 e seguintes, ficou assim ementado: EMENTA. EMENTA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Rejeitase o pedido de perícia, apresentado na peça impugnatória, por se tratar de matéria de prova a ser feita mediante a juntada de documentação, cuja guarda e conservação compete à própria interessada. PASSIVO NÃO COMPROVADO. OMISSÃO DE RECEITA. Caracterizase como omissão de receita a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de norma é atribuição do Poder Judiciário. Não cabe à Administração proceder a exame a fim de afastar a aplicação de lei corretamente inserida no ordenamento jurídico, salvo nas hipóteses legalmente previstas. AUTOS REFLEXOS. Aplicase aos lançamentos reflexos de PIS, COFINS e CSLL o que foi decidido quanto à exigência matriz, por serem fundamentados nos mesmos elementos de comprovação. Lançamento Procedente. Recurso voluntário juntado a fls. 180, em síntese, (i) repisando o requerimento para realização de perícia; (ii) inconstitucionalidade da presunção relativa; (iii) aduz que aderiu ao parcelamento dos débitos relativos ao período de 2001 e 2002, estando em dia com os Fl. 310DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 4 4 pagamentos; (iv) sustenta que como os fatos geradores objeto de lançamento ocorreram em 2001 e 2002 e o lançamento ocorreu em 31/10/2005, verificarseia a decadência 01/01/2005; (v) defende a ocorrência também da prescrição nos, tendo a possibilidade de o Fisco executar os débitos pela via judicial se exaurido em 01/01/2009. É o relatório. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 5 5 Voto Conselheiro Regis Magalhães Soares De Queiroz, relator: 1. Do conhecimento. O recurso voluntário foi protocolizado dentro do prazo legal e, portanto, dele tomo conhecimento. 2. Da perícia. O recorrente insiste na necessidade de realização da perícia que requereu em sua impugnação para demonstra a inexistência de passivo fictício, tendo formula os seguintes quesitos em sua impugnação: 1 — Foram considerados pelo Fisco as NotasFiscais e as Duplicatas que integram os quadros resumo que se fazem anexos a presente, ainda que por amostragem, e que dizem respeito às obrigações mantidas em conta do passivo da Impugnante pôr consentâneas com a sua atividade comercial? 2 — Foram considerados pelo Fisco os lançamentos constantes do Livro Diário e do Livro Registro de Entrada de Mercadorias, igualmente postos à disposição do Agente Fiscal e ora facultados ao exame dos Senhores Peritos? 3 — Foram considerados pelo Fisco os valores efetivamente pagos em data posterior ao encerramento do balanço do exercício a que correspondem os lançamentos contábeis e as Notas Fiscais constantes do quadro resumo? Inicio constatando que não encontrei nos autos o “quadro resumo”, de que trata o quesito nº 1, que traria informações acerca do passivo da recorrente. Desta forma, o quesito está prejudicado. Quanto o quesito nº 2, onde o recorrente indaga se a fiscalização levou em consideração os lançamentos constantes do Livro Diário e do Livro Registro de Entrada de Mercadorias para o lançamento a resposta é simples e dispensa recurso a perito. Não, a fiscalização não levou em consideração os livros diário e de entrada de mercadorias porque o lançamento deuse com base em presunção legal de omissão de receitas decorrente de falta de comprovação, por parte do recorrente, da veracidade do passivo que registrava em seu arquivo circulante. Decorre da leitura dos fundamentos do auto de infração que a fiscalização intimou o recorrente para que preenchesse o Demonstrativo de Composição do Passivo Circulante, relativo aos saldos apresentados no Balanço Patrimonial levantado em 31/12/2001” Fl. 312DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 6 6 e para apresentar documentação comprobatória da conta "Fornecedores" declarada na DIPJ de 2001/2002 e, diante da ausência de resposta do recorrente, aplicou a presunção legal de omissão de receitas na forma do art. 281 do RIR/99, que dispõe: Art. 281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 12, § 2°, e Lei n° 9.430, de 1996, art. 40): (...) III a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada. Desta forma, também o quesito 2 é de nenhuma utilidade para o deslinde da questão. Por fim, em relação ao quesito nº 3, que indaga se foram considerados pelo Fisco os valores efetivamente pagos em data posterior ao encerramento do balanço do exercício a que correspondem os lançamentos contábeis e as Notas Fiscais constantes do quadro resumo, também ele é irrelevante uma vez que em se tratando de presunção de omissão de receitas por passivo fictício, os pagamentos decorrentes da escrituração não solvem os débitos presumidamente omitidos, cabendo ao contribuinte trazer a prova de que os passivos eram reais. Caso contrário, o lançamento é de rigor. Desta forma, também o quesito nº 3 é absolutamente irrelevante para a solução do presente processo. Assim, como os quesitos formulados pela ora recorrente em sua impugnação serem absolutamente irrelevantes para o julgamento deste caso, correta a decisão a quo que indeferiu o pleito, uma vez que em nada contribuiriam para a solução do presente processo. 3. Inconstitucionalidade da presunção de omissão de receita por passivo fictício. O recorrente aduz ser inconstitucional o art. 281 do RIR/1999, que feriria diversos princípios constitucionais como o da capacidade contributiva, legalidade, tipicidade, motivação. Ocorre que o art. 26A do Decreto 70.235/1972 nega ao CARF competência para reconhecer a inconstitucionalidade de lei em seus julgamentos. Nesse sentido é, aliás, o verbete da Súmula Unificada n. 2, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que dispõe: Súmula Unificada nº 2 – O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 4. Da adesão ao parcelamento. A recorrente informa que aderiu ao parcelamento dos débitos relativos ao período de 2001 e 2002, e que se encontraria em dia com os pagamentos. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS Processo nº 19515.002968/200511 Acórdão n.º 1201000.639 S1C2T1 Fl. 7 7 Essa matéria atine à execução do crédito tributário em questão, em nada afetando o seu lançamento que, aliás, é prejudicial à sua inclusão na moratória. Desta forma, essa informação – de resto desacompanhada de qualquer prova – em nada modifica a necessária constituição prévia do crédito tributário. Adicionalmente, os comprovantes juntados às fls. 262 e seguintes não dizem respeito a este PAF, senão aos de números 11610.017.744/200271 e 11610.017.805/200209. 5. Decadência e prescrição. Os fatos geradores objeto do lançamento em questão referemse aos anos de 2001 e 2002, portanto sujeitos à decadência em 31.12.2006 e 2007. Como a notificação de lançamento ocorreu em 31.10.2005, não ocorreu a decadência. Com relação à prescrição, seu prazo só começará a fluir após o término do presente processo administrativo, quando a suspensão da exigibilidade do crédito tributário for suspensa e a Fazenda Pública puder dar início aos procedimentos de execução fiscal. Enquanto pendente de decisão este processo fica suspensa a exigibilidade do crédito tributário subjacente e não corre o prazo prescricional. 6 Do dispositivo. Isso posto, nego provimento ao recurso voluntário. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Regis Magalhães Soares De Queiroz – Conselheiro Relator Fl. 314DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por LUIZ TREZZI NETO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 12/04/2012 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/04/2012 por CLAUDEM IR RODRIGUES MALAQUIAS
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Numero do processo: 19647.013488/2008-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PREVISÃO LEGAL DAS ATRIBUIÇÕES DO AUDITOR-FISCAL DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL.
A atividade do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil tem ampla disciplina legal e suas atribuições estão previstas em diversos dispositivos de distintos diplomas legais, nenhum deles fazendo alusão à necessidade de credenciamento desse profissional junto ao Conselho Regional de Contabilidade ou de formação superior em Ciências Contábeis.
RGPS. INSCRIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de inscrever na previdência social segurado empregado.
A obrigação acessória não implica a existência de uma obrigação principal da qual dependa.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Os documentos fiscais analisados pela autoridade fiscal foram relacionados em termos específicos juntados no aludido auto de infração da obrigação principal.
A descrição dos fatos apurados pela fiscalização permite a compreensão perfeita da origem do tributo lançado e do seu enquadramento legal. A forma como os respectivos valores foram apurados foi igualmente demonstrada com clareza.
PRESUNÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA/ARBITRAMENTO.
Com sua omissão em prestar informações às autoridades fiscais, o próprio recorrente deu causa à necessidade de utilização do arbitramento/aferição indireta, que não se trata de presunção, mas de meio legítimo de apuração da base de cálculo em hipóteses como a dos presentes autos.
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E TIPICIDADE TRIBUTÁRIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÚMULACARFN°02.
A análise de questões constitucionais que envolvam a autuação é vedada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a teor do que dispõe aSúmulaCARF nº2, segundo a qual O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2402-006.310
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho (presidente da turma), Denny Medeiros Da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci (vice-presidente), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PREVISÃO LEGAL DAS ATRIBUIÇÕES DO AUDITOR-FISCAL DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A atividade do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil tem ampla disciplina legal e suas atribuições estão previstas em diversos dispositivos de distintos diplomas legais, nenhum deles fazendo alusão à necessidade de credenciamento desse profissional junto ao Conselho Regional de Contabilidade ou de formação superior em Ciências Contábeis. RGPS. INSCRIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de inscrever na previdência social segurado empregado. A obrigação acessória não implica a existência de uma obrigação principal da qual dependa. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Os documentos fiscais analisados pela autoridade fiscal foram relacionados em termos específicos juntados no aludido auto de infração da obrigação principal. A descrição dos fatos apurados pela fiscalização permite a compreensão perfeita da origem do tributo lançado e do seu enquadramento legal. A forma como os respectivos valores foram apurados foi igualmente demonstrada com clareza. PRESUNÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA/ARBITRAMENTO. Com sua omissão em prestar informações às autoridades fiscais, o próprio recorrente deu causa à necessidade de utilização do arbitramento/aferição indireta, que não se trata de presunção, mas de meio legítimo de apuração da base de cálculo em hipóteses como a dos presentes autos. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E TIPICIDADE TRIBUTÁRIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÚMULACARFN°02. A análise de questões constitucionais que envolvam a autuação é vedada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a teor do que dispõe aSúmulaCARF nº2, segundo a qual O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1890; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 754 753 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19647.013488/200823 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.310 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 07 de junho de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente CHURRASCARIA PERNAMBUCANA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PREVISÃO LEGAL DAS ATRIBUIÇÕES DO AUDITORFISCAL DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. A atividade do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem ampla disciplina legal e suas atribuições estão previstas em diversos dispositivos de distintos diplomas legais, nenhum deles fazendo alusão à necessidade de credenciamento desse profissional junto ao Conselho Regional de Contabilidade ou de formação superior em Ciências Contábeis. RGPS. INSCRIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de inscrever na previdência social segurado empregado. A obrigação acessória não implica a existência de uma obrigação principal da qual dependa. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Os documentos fiscais analisados pela autoridade fiscal foram relacionados em termos específicos juntados no aludido auto de infração da obrigação principal. A descrição dos fatos apurados pela fiscalização permite a compreensão perfeita da origem do tributo lançado e do seu enquadramento legal. A forma como os respectivos valores foram apurados foi igualmente demonstrada com clareza. PRESUNÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA/ARBITRAMENTO. Com sua omissão em prestar informações às autoridades fiscais, o próprio recorrente deu causa à necessidade de utilização do arbitramento/aferição AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 34 88 /2 00 8- 23 Fl. 697DF CARF MF indireta, que não se trata de “presunção”, mas de meio legítimo de apuração da base de cálculo em hipóteses como a dos presentes autos. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E TIPICIDADE TRIBUTÁRIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÚMULACARFN°02. A análise de questões constitucionais que envolvam a autuação é vedada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a teor do que dispõe aSúmulaCARF nº2, segundo a qual “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho (presidente da turma), Denny Medeiros Da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci (vicepresidente), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1128.536, da 6ª Turma da DRJ de Recife (fls. 83/90), que julgou improcedente a impugnação apresentada contra o Auto de Infração nº 37.110.5285. De acordo com o relatório fiscal de fls. 22/23, a empresa deixou de inscrever na previdência social segurado empregado que lhe prestava serviços na época devida, ensejando a lavratura do presente auto de infração por infração ao art. 17 da Lei n° 8.213/91, c.c art. 18, I e § 1 ° do Decreto 3.048/99, resultando na aplicação de multa no valor de R$ 1.254,89 (um mil e duzentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e nove centavos), prevista no s arts. 133 e 134 da Lei n° 8.213/91 e 283, “caput” e § 2° e no art. 373 mesmo Decreto. O contribuinte apresentou impugnação tempestivamente alegando, em síntese: a) Nulidade da ação fiscal, uma vez que a nomeação pelo Poder Público não é suficiente para que o agente fiscal tenha capacidade técnica e legal para exercer essa função. No seu entendimento, as auditorias contábeisfiscais e os exames de documentos pertinentes à matéria autuada somente terão Fl. 698DF CARF MF eficácia e validade plenas quando realizadas por profissional regularmente credenciado pelo respectivo Conselho Regional de Contabilidade, qualificação esta que o fiscal autuante não demonstrou possuir por ocasião das diligências fiscalizatórias, fulminando de nulidade o procedimento fiscal; b) Ausência de especificidade quanto aos documentos fiscais compulsados que serviram de base para a autuação, o que impede que se determinem, com precisão e segurança, os fatos geradores relativos ao suposto débito do contribuinte e, por consequência, o exercício regular do seu direito de defesa. c) Que o auto foi lavrado sem a demonstração das rubricas relacionadas com as respectivas bases de cálculo, de modo que a autuação não reúne elementos suficientes a uma constituição segura e precisa do crédito tributário, requerendo, portanto, a declaração de sua nulidade; d) Argumenta que o agente fiscal classificou como infração o que, de fato, não é, uma vez que se baseou em suposta inexistência de documentos, unicamente pelo fato de não terem sido apresentados na data indicada, procedendo à descrição de “teórica ocorrência” de infração com base em presunção de irregularidade; e) Afirma que a presunção de valores para fins de tributação ofende os princípios da legalidade e da tipicidade; e f) Por fim, requer a declaração de nulidade do auto de infração, uma vez configurado abuso de poder pela falta de enquadramento legal e de convicção da natureza dos serviços prestados, falta de qualificação das receitas tributáveis, além de presunção sobre a efetiva incidência tributária. A DRJ julgou a impugnação improcedente e manteve o crédito tributário integralmente, em julgado assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2004 A 31/12/2004 PREVIDÊNCIA SOCIAL. CUSTEIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO. CONSTITUI INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA DEIXAR A EMPRESA DE INSCREVER NA PREVIDÊNCIA SOCIAL SEGURADO EMPREGADO QUE THE PRESTE SERVIÇOS, À ÉPOCA PRÓPRIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. A AUTUAÇÃO ENCONTRASE DEVIDAMENTE INSTRUÍDA, NÃO HAVENDO QUE SE FALAR EM CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA DO CONTRIBUINTE. IMPUGNAÇÃO IMPROCEDENTE Fl. 699DF CARF MF CRÉDITO TRIBUTÁRIO MANTIDO Intimado dessa decisão aos 05/04/2010, o contribuinte interpôs recurso voluntário, reprodução da impugnação, aos 27/04/2010, cujos argumentos, já acima relatados, reputamos desnecessário repetir, já que, como dito, são rigorosamente os mesmos. Requer, ao final, o provimento do recurso para anular o auto de infração. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Renata Toratti Cassini – Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. PREVISÃO LEGAL DAS ATRIBUIÇÕES DO AUDITORFISCAL O recorrente dá início às suas razões de recurso impugnando a legitimidade da atuação do agente fiscal. Segundo argumenta, a verificação de suposta infração tributária, à falta de maiores indícios, deve se apoiar em verificação fiscal mediante análise de lançamentos contábeis em livros mercantis e fiscais, em confronto com os documentos que lhes deram origem. Afirma que, em que pese da análise do auto, restar demonstrado que o fiscal tem conhecimento sobre a matéria autuada, a nomeação pelo Poder Público não é suficiente para que o agente fiscal tenha capacidade técnica e legal para exercer essa função, sendo necessário que seja regularmente habilitado no respectivo Conselho Regional de Contabilidade, circunstância que não foi demonstrada por ele por ocasião da lavratura do auto de infração, o que caracteriza ilegalidade e abuso de poder funcional. Desse modo, partindo do pressuposto de que o fiscal não seja profissional regularmente habilitado junto ao C.R.C., o exercício dessas atividades fiscalizatórias, privativas de contadores, viola o princípio da reserva legal, atenta contra a legislação federal que regulamenta a profissão e, com consequência da incapacidade jurídica do agente, seu trabalho resta sem eficácia administrativafiscal e sem validade jurídica (art. 104, I e 166, IV do CC). Não tem razão o recorrente. As atribuições do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil estão previstas na lei que rege a carreira, qual seja Lei nº 10.593/02, e no Decreto nº 6.641/08, que a regulamenta, que, como bem observado pela decisão recorrida, não Fl. 700DF CARF MF menciona precedência ou exclusividade de nenhum curso superior em relação a outro para desempenho da função. Segundo o art. 6º da referida lei, com redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.457/07 (que, aliás, dispõe sobre a Administração Tributária Federal): “Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativo fiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação da legislação tributária; f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte; II em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. § 1o O Poder Executivo poderá cometer o exercício de atividades abrangidas pelo inciso II do caput deste artigo em caráter privativo ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil. (...)”. Dispõem, ainda, os artigos 2º, “caput” e 3º, “caput”, da Lei n° 11.457/07, o seguinte: “Art. 2o Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. (...)”. “Art. 3º As atribuições de que trata o art. 2o desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da Fl. 701DF CARF MF legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. (...)”. Por fim, também o art. 33, parágrafo 1º da Lei nº 8.212/91 faz alusão expressa às atribuições do AuditorFiscal da Receita Federal no que diz respeito às atividades relativas à tributação, arrecadação, fiscalização, cobrança e recolhimento de contribuições previdenciárias e, bem assim, de exame da contabilidade das empresas: “Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. § 1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (...)”. Portanto, como se vê, a atividade do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem ampla disciplina legal, e suas atribuições estão previstas em diversos dispositivos de distintos diplomas, todos no mesmo sentido, nenhum deles fazendo alusão à necessidade de credenciamento desse profissional junto ao Conselho Regional de Contabilidade ou de formação superior em Ciências Contábeis. Opiniões em contrário, por mais abalizadas que sejam, não têm o condão de infirmar o que diz a lei e, dado que a este tribunal não é dado modificar a lei ou deixar de aplicála, maiores digressões a esse respeito tratarseia de discussão ociosa e, data venia, este não é o fórum adequado onde deva ter lugar. Desse modo, não assiste razão ao recorrente e legítima a atuação do auditor fiscal, não havendo que se falar em ilegalidade, nulidade ou abuso de poder funcional. Esse, aliás, é o entendimento consolidado deste Conselho, expresso na súmula CARF de nº 08, segundo a qual “o Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador”. DO NÃO CUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL O recorrente argumenta que não lhe pode ser imposta multa por descumprimento de obrigação acessória pelo fato de ter deixado de inscrever segurado empregado no Regime Geral de Previdência Social apenas baseado numa mera informação de custo com alimentação constante de uma planilha de custos. Afirma que o fato de ter tido uma despesa com alimentação não pode caracterizar vínculo obrigacional com o beneficiário, mesmo que futuramente ele venha a ser efetivado uma vez que fosse assim, qualquer ajuda financeira ou alimentícia a pessoa carente Fl. 702DF CARF MF implicaria em necessidade de reconhecêla posteriormente como empregado em sua folha de salários, o que é um absurdo. Assim, conclui que não pode prosperar autuação. Sem razão, no entanto. O art. 17 da Lei nº 8.213/91, que trata dos Planos de Benefícios da Previdência Social, dispõe o seguinte: “Art. 17. O Regulamento disciplinará a forma de inscrição do segurado e dos dependentes. (...).” O Decreto 3.048/99, que aprova do Regulamento da Previdência Social, em seu art. 18, I e § 1º por sua vez, dispõe: Art. 18. Considerase inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização, observado o disposto no art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma: I empregado e trabalhador avulso pelo preenchimento dos documentos que os habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de empregado, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mãodeobra, no caso de trabalhador avulso; (...) § 1ºA inscrição do segurado de que trata o inciso I será efetuada diretamente na empresa, sindicato ou órgão gestor de mãodeobra e a dos demais no Instituto Nacional do Seguro Social. (...).” Pois bem. Da leitura dos dispositivos em questão, constatase que a inscrição do segurado empregado no regime geral de previdência social deve ser feita pela própria empresa mediante o apontamento do respectivo contrato de trabalho no registro competente, qual seja livro ou ficha de registro de empregado. E, conforme consta do relatório da fiscalização a fls. 22, o recorrente somente efetivou essa anotação do registro relativamente à funcionária Luana Valença aos 22 de novembro 2004 (fls. 514), embora em planilha de custos com alimentação preparada e fornecida ao fiscal pela própria empresa (planilha, aliás, denominada “DEMONSTRATIVO DOS CUSTOS COM REFEIÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PERÍODO DE 02/01/2004 A 31/12/2004 fls. 517/519), essa mesma funcionária esteja apontada desde junho/2004, sendo patente, assim, que ela já prestava serviços à empresa desde então. O argumento do recorrente, no sentido de que uma mera informação de pagamento de alimentação numa planilha de custo não caracteriza vínculo obrigacional com o Fl. 703DF CARF MF beneficiário, uma vez que qualquer ajuda financeira ou alimentícia a uma pessoa carente não implica ter que reconhecêla como empregado, não a socorre. Com efeito, a própria empresa informou à fiscalização que teve custos com refeição com seus funcionários durante o ano de 2004, dentre os quais arrola Luana Valença a partir de junho daquele ano. Salientese que, conforme consta de sua ficha de registro, a fls. 514, após a data de sua admissão formal, aos 22/11/2004, a trabalhadora continuou a prestar serviços ao recorrente por aproximadamente mais dois anos, até 01/09/06. Se, por um lado, a contratação posterior da funcionária Luana em novembro/2004, que já vinha recebendo ajuda com refeição desde junho daquele ano, não caracteriza vínculo anterior, pelo princípio da primazia da realidade, no mínimo indica, com suficiente grau de certeza, que tal vínculo já existia desde que tais pagamentos começaram a ser efetivados. DO PROCESSO PRINCIPAL (PAF 19647.013501/200844) DA REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL Como relatado, argumentando que o acessório segue o principal, o recorrente trouxe para o recurso voluntário alegações voltadas contra a autuação principal por falta de pagamento do tributo, em suas palavras, visando a “robustecer a ilegitimidade do procedimento da autuação acessória e que ora se impugna”. Nesse sentido, alega que a ausência de especificidade quanto aos documentos fiscais compulsados que serviram de base para a autuação impede que se determinem, com precisão e segurança, os fatos geradores relativos ao suposto débito do contribuinte e, por consequência, o exercício regular do seu direito de defesa, que o auto foi lavrado sem a demonstração das rubricas relacionadas com as respectivas bases de cálculo, de modo que a autuação não reúne elementos suficientes a uma constituição segura e precisa do crédito tributário, impondose, portanto, a declaração de sua nulidade e também das autuações ditas “acessórias”, e que a presunção de valores para fins de tributação ofende os princípios da legalidade e da tipicidade. Sem razão o recorrente. Com efeito, como nos ensina a doutrina, o que o Código Tributário Nacional chama impropriamente de “obrigações acessórias” se trata, em verdade, de deveres instrumentais impostos por lei no interesse do Fisco objetivando viabilizar a fiscalização do recolhimento dos tributos. Nessa linha, a obrigação dita acessória independe da efetiva existência da obrigação principal. Nesse sentido, ensina o professor Luciano Amaro1: “A acessoriedade da obrigação dita "acessória" não significa (como se poderia supor, à vista do princípio geral de que o acessório segue o principal) que a obrigação tributária assim qualificada dependa da existência de uma obrigação principal à qual necessariamente se subordine. As obrigações tributárias acessórias (ou formais ou, ainda, instrumentais) objetivam dar meios à fiscalização tributária para que esta investigue e controle o recolhimento de tributos (obrigação principal) a que o próprio sujeito passivo da obrigação acessória, ou outra pessoa, esteja, ou possa estar, submetido. Compreendem as obrigações de emitir documentos fiscais, de escriturar livros, de entregar 1 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 249. Fl. 704DF CARF MF declarações, de não embaraçar a fiscalização etc. Desse modo, a lei impõe obrigações ao indivíduo “X”, por uma ou mais de várias possíveis razões: a) ora se atende o interesse, de controlar o recolhimento de tributos do indivíduo “X” (obrigação principal de “X”). mediante registros formais do fato gerador desses tributos (emissão de notas, escrituração de livros etc. que traduzem obrigações acessórias de “X”); b) ora, aquilo a que se visa, com a obrigação acessória de “X”, é o controle do cumprimento da obrigação principal de “Y”, que mantém alguma relação jurídica com “X”; c) ora se quer apenas investigar a eventual existência de obrigação principal de “X” ou de “Y” (por exemplo, “X” pode ser isento de tributos e, não obstante, possuir obrigações formais para preenchimento das condições a cujo cumprimento a lei subordina o direito a isenção). Em suma a obrigação acessória de “X” não supõe que “X” (ou “Y”) possua, necessariamente, alguma obrigação principal; basta a probabilidade de existir obrigação principal de “X” ou de “Y”.” (destacamos) É dizer, havendo ou não obrigação principal, a “obrigação acessória”, no presente caso, o dever da empresa de inscrever os segurados empregados no Regime Geral de Previdência Social, conforme previsto no art. 17 da Lei nº 8.213/91, c.c. o art. 18, I e § 1º do Decreto nº 3.048/99 remanesce íntegro. Nessa linha, esclarecedor, igualmente, é o ensinamento de Roque Antônio Carraza sobre os deveres instrumentais: “Inadimplida a prestação [aludindo aos deveres instrumentais], que se traduz num fazer, num nãofazer ou num suportar, a relação jurídica que veicula um dever extinguese, cedendo lugar a um liame de índole sancionatória – geralmente a uma penalidade de cunho pecuniário (multa) , o que, retornando à idéia inicial, demonstra que o “vinculo dos deveres instrumentais nasce e se exaure no padrão eficacial médio”. Além disso, o legislador, ao sancionar o descumprimento de um dever jurídico com uma multa, está se limitando a recorrer a um dos mais corriqueiros expedientes do Direito para impor a obediência de seus mandamentos, isto é, está acenando com medida que vulnera fundo um dos bens mais precisos da pessoa: a propriedade. Aliás, cumprido ou não, o dever jurídico remanesce integro, a apontar as sendas pelas quais seus destinatários haverão de conduzirse. Remarcamos que os deveres instrumentais não se confundem com os tributos. Apenas, por assim dizer, documentam a incidência ou a nãoincidência (v.g., a isenção), em ordem a permitir que os tributos venham lançados e cobrados com exatidão e as isenções se façam corretamente sentir.” (CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 330.) (destacamos) Em outros termos, ainda que o recorrente estivesse regular no que diz respeito ao recolhimento de contribuições previdenciárias à Seguridade Social e, em face disso, a mesma diligência fiscalizatória não tivesse culminado também na lavratura de auto de infração por descumprimento de obrigação principal (o que, de fato, não ocorreu), ainda assim, a presente autuação por descumprimento de “obrigação acessória” restaria íntegra, uma vez que restou devidamente comprovado que o recorrente, de fato, deixou de formalizar, por meio de anotação em livro ou ficha de registro de empregado, o contrato de trabalho da funcionária Luana Valença na época devida. Fl. 705DF CARF MF De todo modo, cumpre esclarecer que o auto principal, que tem por objeto o lançamento de contribuições previdenciárias previstas no art. 22, I e II da Lei nº 8.212/91 (contribuições previdenciária patronal e ao SAT) incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados no período de 2004, teve decisão administrativa definitiva que concluiu pela procedência do lançamento. Sobre os argumentos tecidos pelo recorrente contra a infração principal, mesmo considerando que não lhe aproveitam no que diz respeito ao presente julgamento, uma vez que, como já exposto, o dever instrumental remanesce íntegro ainda que inexistisse a obrigação principal, considerando que o recurso voluntário se trata de reprodução fiel da impugnação, e não trouxe nenhum argumento novo visando a rebater os fundamentos apresentados pelo julgador de primeira instância para contrapor o entendimento manifestado na decisão recorrida, nos termos do que dispõe o art. 57, §3º do RICARF, com a redação que lhe atribuiu a Portaria MF nº 329/2007, peço vênia para me valer, a respeito deles, da decisão de primeira instância, que adoto por seus próprios fundamentos, com os quais estou plenamente de acordo. Nessa linha, sobre a alegação de ausência de especificidade dos instrumentos fiscais compulsados que serviram de base para a autuação, o que teria impedido que se determinassem os fatos geradores do tributo supostamente devido, comprometendo o exercício regular o direito de defesa do recorrente, esclareçase que os documentos fiscais analisados pela autoridade fiscal foram relacionados em termos específicos juntados no aludido auto de infração da obrigação principal (fls. 170/175), quais sejam Termo de Intimação para Apresentação de Documentos (TIAD), Termo de Início da Ação Fiscal (TIAF) e Termo de Encerramento da Ação Fiscal (TEAF). Além desses documentos, os relatórios fiscais também discriminam pormenorizadamente os documentos analisados pela fiscalização que serviram de base para apuração do fato gerador. Sobre o exercício do direito de defesa pelo recorrente, a ele foi dada ampla oportunidade de produzir provas e de se manifestar. O teor de sua impugnação, reproduzida no recurso voluntário, bem demonstra esse fato, bem como todas as seguidas intimações a ele dirigidas lhe dando oportunidade para apresentar documentos e livros, como, por exemplo, para que cumprisse seu dever de exibir à fiscalização os livros Diário e Razão para assim, eventualmente, comprovar o recolhimento regular das contribuições devidas à Seguridade Social. A descrição dos fatos apurados pela fiscalização permite a compreensão perfeita da origem do tributo lançado e do seu enquadramento legal. A forma como os respectivos valores foram apurados, por sua vez, foi igualmente demonstrada com clareza. Desse modo, não tem razão o recorrente no que diz respeito à alegação de abuso de poder por parte da autoridade fiscal, ausência de enquadramento legal do crédito tributário e de demonstração das rubricas relacionadas com as respectivas bases de cálculo. O relatório fiscal especificou os segurados e respectivas remunerações, sobre as quais incidiram as contribuições questionadas. Portanto, as receitas tributáveis foram devidamente qualificadas, não havendo presunção sobre a incidência tributária. Na verdade, o que o recorrente chama de presunção se trata, na verdade, de arbitramento. O arbitramento é instrumento posto à disposição da fiscalização sempre que não Fl. 706DF CARF MF estiverem presentes os elementos que viabilizam a apuração direta do total devido, conforme disposto no Código Tributário Nacional e na Lei n° 8.212/91. Com efeito, nos autos de infração relacionados com o descumprimento de obrigação principal, diante da constatação de omissão de segurados empregados nas folhas de pagamento, RAIS e GFIP, não restou alternativa à autoridade fiscal senão se valer do método denominado aferição indireta/arbitramento, conforme previsto na legislação. Constatase, portanto, que com sua omissão em prestar informações às autoridades fiscais, o próprio recorrente deu causa à necessidade de utilização do arbitramento e da aferição indireta, a que ele se refere indevidamente como “presunção”, mas que se trata, em verdade, de método legítimo de apuração do valor da base de cálculo e, consequentemente do crédito tributário, em hipóteses como a dos presentes autos. DOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA TIPICIDADE TRIBUTÁRIA Por fim, o recorrente argumenta que o lançamento, dado que fundado em presunção, ofende os princípios constitucionais da legalidade e tipicidade tributária. Sobre este ponto, a análise de questões constitucionais que envolvam a autuação é vedada a este tribunal, a teor do que dispõe a Súmula CARF nº 2, segundo a qual “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto no sentido de afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Fl. 707DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.722119/2014-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 09/09/2014
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO.
A falta de comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de importação configura interposição fraudulenta presumida na importação consistindo em dano ao erário, sancionada com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, se impossibilitada a aplicação da pena de perdimento da mercadoria.
Numero da decisão: 3301-005.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL
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DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. A falta de comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de importação configura interposição fraudulenta presumida na importação consistindo em dano ao erário, sancionada com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, se impossibilitada a aplicação da pena de perdimento da mercadoria. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 21 19 /2 01 4- 52 Fl. 35996DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Impugnação apresentada, mantendo a exigência da multa substitutiva da pena de perdimento em razão da falta de comprovação da origem lícita, da disponibilidade e da transferência dos recursos empregados na operação de importação, tendo se por configurado dano ao Erário em razão da interposição fraudulenta presumida na importação. Em sua Impugnação, o contribuinte requereu a declaração de nulidade do auto de infração ou, alternativamente, o cancelamento da ação fiscal, em razão da ausência de provas da prática das infrações apontadas, cancelandose a pena de perdimento imposta e extinguindose, por conseguinte, o respectivo processo administrativo. Foram apresentados os seguintes argumentos de defesa (ora descritos de forma sintética); a) nulidade da autuação por vício no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), em razão de ofensa aos princípios da legalidade, impessoalidade, isonomia, publicidade e quanto aos critérios norteadores da seleção para a nova fiscalização, bem como vício formal consistente na falta de autorização da autoridade competente para deflagrar o procedimento especial e vícios materiais decorrentes da imposição de restrições e exigências ao arrepio da lei; b) o auto de infração encontrase sedimentado em presunções, carregadas de subjetividade, devendo ser também no campo do provável que deveriam ser usados os argumentos da Impugnante, sempre em estrita obediência aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade admitidas em direito; c) quem não importou nem adquiriu mercadorias estrangeiras não pode ser sujeito da aplicação da penalidade de perdimento; d) foram apresentados os documentos requeridos pela Fiscalização, ainda que não na forma e nos formatos digitais requeridos, o que por si só não configura interposição fraudulenta presumida; e) regularidade da empresa como importadora, licitude e legalidade das importações da forma realizadas; f) ofensa ao princípio da verdade material, dada a impropriedade da alegação de interposição fraudulenta presumida; g) inexistência de falsidade ideológica e inexistência de simulação de negócio jurídico; h) ausência de demonstração do dolo específico de fraudar e impossibilidade de caracterização da infração de interposição fraudulenta; Fl. 35997DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 4 3 i) ausência de dano ao erário em razão do não cometimento das alegadas infrações (presunção de inocência) e em face do recolhimento dos tributos incidentes. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 16069.596, julgou improcedente a Impugnação, considerando configurado o dano ao erário e aplicável a pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao seu valor aduaneiro. Afirmou, ainda, a autoridade julgadora que a presunção decorre de lei e implica na inversão do ônus da prova, atribuindose ao importador a responsabilidade da demonstração da forma de financiamento de suas importações; e que a incidência do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 é específica para a prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros onde o importador de fato (sujeito passivo oculto/real comprador) encontrase identificado. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos da Impugnação. Na análise do Recurso Voluntário, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF decidiu converter o julgamento da lide em diligência, com vistas a se verificar a existência de conexão entre este processo e outros processos administrativos. É o relatório. Fl. 35998DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.088, de 25/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 12466.720114/201576, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3301005.088): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. A primeira alegação preliminar feita pela recorrente foi quanto à nulidade da intimação do Auto de Infração por edital, uma vez que a recorrente possuía endereço certo e sabido. Conforme se consignou na decisão recorrida, houve mudança de endereço da Recorrente, mas a Fiscalização envidou esforços e logrou a efetiva intimação da contribuinte, conforme excerto abaixo (fl. 7201): A MULTIMEX recebeu sua correspondência no novo endereço em 15/05/2014. Nesse termo, intimouse a MULTIMEX a apresentar, em relação às importações por conta própria, os extratos originais das DIs e as vias originais dos documentos de instrução, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Também a empresa foi cientificada do indeferimento da prorrogação de prazo para entrega dos arquivos digitais, solicitada na resposta de 29/04/2014. Importante destacar que, em 16/05/2014, compareceu perante a fiscalização procurador com poderes substabelecidos, que tomou ciência do TERMO DE INTIMAÇÃO N° 201400040006, conforme TERMO DE CIÊNCIA PESSOAL (CIÊNCIA PESSOAL 2014 00040 006). Em 14/05/2014, a MULTIMEX apresentou resposta (RESPOSTA 14 05 2014) ao TERMO DE DILIGÊNCIA E INTIMAÇÃO 201400040005. Foi através desse termo que a fiscalização comunicou à MULTIMEX sua inclusão no procedimento previsto na 228/2002, e a intimamos a apresentar livros, documentos e informações relativas ao período de 2014 incluído na fiscalização. Portanto, a fiscalização observou à legislação aplicável. Dessa forma, mantémse o entendimento da decisão recorrida nessa preliminar. Alega adiante (item III.1) a preliminar de nulidade do procedimento de fiscalização porque o Fiscal teria aplicado o procedimento especial da IN 228/02 sem prévia autorização do inspetor da Alfândega ou da Coana. Cumpre anotar que o Mandado de Procedimento Fiscal é um instrumento administrativo, cujo eventual descumprimento poderia levar a efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a realização da fiscalização, nem Fl. 35999DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 6 5 para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc, abaixo transcrito: Art. 2º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1,192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; A recorrente alegou que a fiscalização não provou a imprestabilidade da contabilidade, nem a falta de origem lícita e disponibilidade dos recursos e presumiu que todas as importações foram fraudulentas. Neste ponto, conforme já informado na decisão recorrida, as alegações de falta de prova por parte da fiscalização a validar a presunção do § 2º do artigo 23 do Decreto nº 1.455/1976, e as alegações de ilegalidade, atipicidade e cerceamento de defesa estão ligadas à produção probatória confundemse com o mérito. Salientase que a descrição dos fatos foi clara no sentido de aplicação da multa prevista no § 3º do artigo 23 do Decreto nº 1.455/1976, transcrito abaixo, por presunção de interposição fraudulenta prevista em seu § 2º, abaixo transcrito, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for Fl. 36000DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 7 6 localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) O mérito do litígio se concentra na comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos. Neste ponto, a recorrente arguiu que a fiscalização não provou que a contribuinte não possuía capacidade financeira, mas apenas presumiu, a partir da imprestabilidade da contabilidade mercantil, tal incapacidade. Alega a Recorrente que comprovou a origem lícita de recursos; demonstrando que obteve (fl. 7269): financiamento bancário efetivo, reiterado e contínuo ao longo dos anos para seu capital de giro; desconto de duplicatas em bancos de suas vendas no mercado nacional, gerando capital de giro; financiamento especial (FINIMP) na importação de máquinas e equipamentos para seu capital de giro; concessão de linha de crédito por seus fornecedores, de seus principais e maiores produtos, o que lhe permitiu fluxo de caixa com a origem de recursos dos seus próprios fornecedores no exterior. fluxo de caixa decorrente de suas vendas realizadas no mercado interno; fluxo de caixa decorrente dos recursos auferidos por meio das subvenções para investimento e/ou benefícios fiscais concedidas pelos Estados, especialmente de Rondônia e Espírito Santo, relativo ao ICMS; Ressaltese que a acusação fiscal é de que o importador MULTIMEX não comprovou a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados no comércio exterior. Tratandose de importação por encomenda, é o importador o responsável pela aquisição da mercadoria no exterior, efetuando o pacto de compra e venda e sendo o responsável pelo pagamento do preço da mercadoria e das despesas de sua nacionalização. Assim, deve dispor de capacidade econômicofinanceira para tanto. A partir de indícios de incompatibilidade entre o volume transacionado e a capacidade econômicofinanceira da recorrente, a fiscalização deu início ao procedimento especial da IN SRF 228/2002 tendente à verificação da comprovação da origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações. Das intimações, restou evidenciado que a contabilidade era imprestável, pois não apresentava os lançamentos relativos às movimentações financeiras, inclusive bancárias. Após intimações e reintimações, a recorrente também não entregou os extratos bancários, informando que estariam representados nos demonstrativos contábeis, as planilhas de formação de preços que identificam os custos e despesas incorridos nas importações, alegou não possuir os DANFES das notas fiscais emitidas, conforme consta do Auto de Infração (fl. 12): Em 29/04/2014, a MULTIMEX apresentou nova resposta (RESPOSTA 29 04 2014), onde informou, em resumo: alegou não ter condições nem conhecimentos técnicos para corrigir os leiautes dos arquivos da IN 86/2001, e solicitou mais 30 dias de prazo, que indeferimos, haja vista a constante demora no atendimento às intimações; alegou não possuir os DANFEs das NFe emitidas, e que não tem condições de apresentálos; apresentou uma caixa de arquivo morto contendo contratos de câmbio Fl. 36001DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 8 7 e, posteriormente, em 05/05/2014, complementou o atendimento apresentando mais duas caixas de arquivo morto com outros contratos de câmbio. Em relação ao pedido do extrato original das DI relativas às importações por conta própria, a Recorrente respondeu, conforme fl. 26/27 do Auto de Infração: que, devido à instauração do procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002, não tem condições de gerar faturamento e manter uma estrutura operacional mínima; que demitiu seus funcionários; e que não tem condições operacionais para separar os documentos e entregálos na forma solicitada, ou seja, agrupados por DI e em ordem cronológica. Requereu prorrogação de prazo até dia 06/06/2014. (...) Em 05/06/2014, intimamos a MULTIMEX a apresentar, em relação às importações por encomenda, os extratos originais das DIs e as vias originais dos documentos de instrução. A empresa não apresentou resposta e não prestou qualquer esclarecimento, razão pela qual foi autuada também em relação a esses documentos, através do Auto de Infração nº 0727600/00401/14, consubstanciado no Processo Digital nº 12466.722001/201424. Assim, ao longo dos trabalhos não foram disponibilizados os documentos solicitados ou o foram em desordem, com pedidos de prorrogação de prazos por vezes sem justificativa, pois que se referiam a documentos e arquivos aos quais a recorrente estava, legalmente, obrigada a mantêlos em perfeita ordem. Alegou, a recorrente, a falta de funcionários e conhecimentos técnicos para proceder ao atendimento de algumas entregas de documentos e arquivos digitais da contabilidade. A fiscalização concluiu que (fl. 22): A empresa não apresentou os documentos de instrução das DI, e nem dispõe de contabilidade idônea. Os documentos citados pela MULTIMEX nem sempre identificam a operação de importação, e a empresa sequer foi capaz de apresentar os documentos de instrução por DI, quanto mais os comprovantes de despesas e custos. A inexistência desses controles gerenciais é claro indício de interposição fraudulenta, onde a empresa que registra a Declaração de Importação em seu nome não é o verdadeiro responsável pela operação, mas uma mera mandatária, que não tem o total controle das operações e não pretende expor ao Fisco a forma que as operações são realizadas, para não revelar a fraude. (grifouse) De fato, a análise da ECD de 2010, 2011 e 2012 revelou as seguintes incorreções (fl. 45 e seguintes): 1. Com relação à escrituração de 2010, as contas do ativo circulante não foram adequadamente divididas no plano de contas, bem como não foram corretamente escrituradas, conforme explicitado abaixo: a. Todas as contas do ativo circulante, inclusive “Duplicatas a receber” (11104) e “Estoques” (11107), foram reunidas na conta sintética “Disponível” (111), sendo que apenas as contas de disponibilidades, como “Caixa” (111010001) e “Bancos Conta Movimento” (11102), devem estar nesse agrupamento; b. A conta “Caixa” (111010001) e “Bancos Conta Movimento” (111020025) só possuem dois lançamentos, no primeiro e último dia do ano, sem históricos ou contra partidas que evidenciem a natureza econômica do lançamento ou façam referência ao documento probante, conforme abaixo: Fl. 36002DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 9 8 c. As contas de “Aplicações Financeiras” (11103) só possuem lançamentos no último dia do ano, sem históricos ou contra partidas que evidenciem a natureza econômica do lançamento ou façam referência ao documento probante, conforme abaixo: 2. Com relação à escrituração do anocalendário 2011, as contas do Ativo Circulante não foram escrituradas. Há apenas um lançamento na conta “Caixa” (1.1.01.001.5), no primeiro dia do ano, conforme abaixo: Data Cód.Conta Conta D/C Valor Saldo D/C Histórico Fl. 36003DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 10 9 3. Com relação à escrituração de 2012, as contas do ativo circulante não foram adequadamente divididas no plano de contas, bem como não foram corretamente escrituradas, conforme explicitado abaixo: a. Todas as contas do ativo circulante, inclusive “Duplicatas a receber” (1.11.04.0000) e “Estoques” (1.11.07.0000), foram reunidas na conta sintética “Disponível” (1.11.00.0000), sendo que apenas as contas de disponibilidades, como “Caixa” (1.11.01.0001) e “Bancos Conta Movimento” (1.11.02.0000), devem estar nesse agrupamento; b. As contas do ativo circulante não foram escrituradas. Há apenas um lançamento na conta “Caixa” (1.11.01.0001), no primeiro dia do ano, cujo histórico aponta que não houve movimento, conforme abaixo: Verificouse que a contabilidade de fato era imprestável para comprovar a origem lícita, a transferência e a disponibilidade dos recursos utilizados nas operações de importação, pois não refletia as movimentações financeiras, especialmente as bancárias, efetuadas pela recorrente. Em resposta, a recorrente informou que tivera problemas com a contabilidade, que estaria empenhada em corrigila e solicitou prorrogações de prazo de 180 dias, embora tais problemas já eram de conhecimento da recorrente desde meados de 2012, quando já estava sendo fiscalizada em relação ao ano de 2008, cuja apresentação de ECD não fora cumprida. A fiscalização demonstrou que o Diário de 2010 possuía apenas 136 lançamentos, quase todos no primeiro e último dia do ano, sem qualquer vinculação com as operações efetuadas em cada DI, de modo a comprovar a disponibilidade dos recursos por ocasião do pagamento do preço e das despesas de tributos e outras aduaneiras. O Diário de 2011 possuía apenas um lançamento de Caixa a Capital Social e o de 2012, também um único lançamento de Caixa A Fornecedores. A fiscalização concedeu prazo até 28/05/2014 para apresentar a ECD de 2010 e até 28/07/2014 para apresentar as ECD de 2011, 2012 e 2013, mas a recorrente não cumpriu tais prazos e não prestou outros esclarecimentos. Posteriormente, apresentou a ECD de 2013, mas com apenas um lançamento de Caixa a Assistência Contábil de valor R$ 1,00 (cf. fl. 56). Está plenamente comprovada a imprestabilidade da contabilidade para comprovar a origem lícita, a transferência e a disponibilidade dos recurso utilizados nas operações de importação que giraram em torno de 2600 DI´s e R$ 33.423.039,79 no período de 2010 a 2014, sendo que deste montante, R$ 154.591.519,12 eram importações por conta própria. Sobre a exigência de se manter a escrituração contábil nas operações de importação e exportação está expressamente prevista no artigo 18 do Decreto nº 6.759/2009, assim como, de forma genérica, no artigo 251 do Decreto 3.000/1999 (RIR/99) e no artigo 509 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI/2010): Art. 18. O importador, o exportador ou o adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem têm a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial Fl. 36004DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 11 10 estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentálos à fiscalização aduaneira quando exigidos (Lei nº 10.833, de 2003, art. 70, caput): § 1º Os documentos de que trata o caput compreendem os documentos de instrução das declarações aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação de preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, bem como outros que a Secretaria da Receita Federal do Brasil venha a exigir em ato normativo (Lei no 10.833, de 2003, art. 70, § 1º).(Grifo nossos) Por seu turno, a recorrente juntou em impugnação contratos de empréstimo e financiamento à importação com diversos bancos, às fls. 911 e seguintes (BICBANCO, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Real, Banco Itaú); relação de faturas comerciais de importação (invoices), relação de DI´s, saldos de aplicação e empréstimos em 31/12/2010, 31/12/2011, 31/12/2012, relatório do Banco Central do Brasil indicando as operações com os bancos referidos, relação de extratos de descontos de títulos liquidados com extratos bancários, cópia dos termos de entrega dos arquivos SINTEGRA de 2012, 2013 e 2014; contratos de venda de máquinas, lubrificantes e outros produtos, notas fiscais de serviços tomados, notas fiscais de prestação de serviços de manutenção de máquinas, extratos de folhas de pagamento, contrato de representação comercial dos produtos da MULTIMEX, relação de clientes. As origens foram resumidas nas planilhas de fls. 1604/1605, e seriam decorrentes de descontos de duplicatas, empréstimos e capital de giro, financiamento de importações, recebimento de operações próprias e por encomenda, créditos de subvenções e créditos concedidos por exportadores. Segundo a Recorrente, os referidos documentos comprovariam a capacidade econômicofinanceira da recorrente e que o registro contábil não é o único meio de prova, conforme artigo 6º da IN SRF nº 228/2002. Realmente, referidos documentos são indicativos da origem de recursos lícita, conforme dispõe o artigo 4º e 6º da IN SRF nº 228/2002, abaixo reproduzidos: Art. 4º Durante o procedimento especial de fiscalização, a empresa será intimada a comprovar as seguintes informações, no prazo de 20 (vinte) dias:(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1678, de 22 de dezembro de 2016) I o seu efetivo funcionamento e a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias, mediante o comparecimento de sócio com poder de gerência ou diretor, acompanhado da pessoa responsável pelas transações internacionais e comerciais; e(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1678, de 22 de dezembro de 2016) II a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos necessários à prática das operações.(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1678, de 22 de dezembro de 2016) [...] Art. 6º Para efeito de cumprimento do disposto no inciso II do caput do art. 4º, além dos registros e demonstrações contábeis, poderão ser apresentados, dentre outros, elementos de prova de: I integralização do capital social; II transmissão de propriedade de bens e direitos que lhe pertenciam e do recebimento do correspondente preço; III financiamento de terceiros, por meio de instrumento de contrato de financiamento ou de empréstimo, contendo: Fl. 36005DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 12 11 a) identificação dos participantes da operação: devedor, fornecedor, financiador, garantidor e assemelhados; b) descrição das condições de financiamento: prazo de pagamento do principal, juros e encargos, margem adicional, valor de garantia, respectivos valoresbase para cálculo, e parcelas não financiadas; e c) forma de prestação e identificação dos bens oferecidos em garantia. § 1º Quando a origem dos recursos for justificada mediante a apresentação de instrumento de contrato de empréstimo firmado com pessoa física ou com pessoa jurídica que não tenha essa atividade como objeto societário, o provedor dos recursos também deverá justificar a sua origem, disponibilidade e, se for o caso, efetiva transferência. § 2º Os elementos de prova referentes a transações financeiras deverão estar em conformidade com as práticas comerciais. § 3º No caso de comprovação baseada em recursos provenientes do exterior, além dos elementos de prova previstos no caput, deverá ser apresentada cópia do respectivo contrato de câmbio. § 4º Na hipótese do § 3º, caso o remetente dos recursos seja pessoa jurídica, deverão ser também identificados os integrantes de seus quadros societário e gerencial. Porém, devese ter em mente que a comprovação deve ser da origem lícita, da transferência e da disponibilidade dos recursos empregados nas operações de importação. Como bem esclarecido na decisão recorrida, é um trinômio que se deve comprovar e não apenas a origem ou a transferência ou a disponibilidade. Se os contratos apresentados podem servir de comprovação de origem, certamente não são suficientes para comprovar a transferência ou a disponibilidade. Se os extratos comprovam a transferência da liquidação dos descontos de títulos, certamente não são suficientes para comprovar a disponibilidade para execução das operações. Do mesmo modo, apenas a escrituração contábil, desacompanhada dos referidos documentos, também não é suficiente para comprovar a origem lícita, a transferência e a disponibilidade dos recursos. Assim, é o conjunto probatório que deve se mostrar idôneo a comprovar o trinômio, ou seja, a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos necessários à prática das operações. Tal distinção restou bem explanada no acórdão atacado, cujos fundamentos abaixo transcrevo (fl. 7397/7398): Há que se ter em mente que para fins de comprovação do financiamento de operações de comércio exterior o trinômio origem, disponibilidade e transferência deve ser interpretado como um critério indivisível. A comprovação da origem, da disponibilidade ou da transferência de recursos utilizados em operações de comércio exterior tomados de forma isolada, não atende o preceito da norma: possibilitar a completa ciência do fluxo de dinheiro de que se vale o importador. De outra forma, em não se adotando essa postura rígida, correse o sério risco de se deixar uma brecha que viabilize a utilização de transações com o exterior para operações destinadas à “lavagem de dinheiro”. Para a demonstração do grau desse risco, que é elevado, procedese primeiramente com a conceituação em separado de cada um dos três termos: Origem Diz respeito à gênese lícita do recurso. Deve ser demonstrada de onde o recurso provém – se decorrente de atividades lícitas ou não e se em sua obtenção foram observadas as normas de incidência tributária, quando for o caso. Fl. 36006DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 13 12 É muito comum que o importador intimado a fazer a comprovação dos recursos empregados em operações do comércio exterior exiba o saldo, ou até mesmo o extrato bancário, para demonstrar que possuía numerário suficiente para honrar a transação na data do fechamento do câmbio. Esse tipo de prova evidência apenas que no momento de honrar a transação o importador possuía aquela disponibilidade e que de fato a importação foi paga. Mas a fiscalização nunca põe em dúvida a existência do recurso para adimplemento da transação. Se não houvesse o recurso o contrato de câmbio não seria fechado. O depósito em conta corrente limitase a demonstrar que ocorreu o pagamento da mercadoria importada na data avençada. Nada mais. Outros se limitam a alegar a integração do Contrato Social. Mas a questão perdura: O recurso que integralizou o Contrato Social é de origem lícita? Ao se falar em origem se quer saber o que ocasionou o surgimento do recurso na conta bancária do importador. O que propiciou o depósito. Sua causa. De onde e quando adveio. Qual sua efetiva contrapartida lícita. Portanto, a comprovação origem lícita não é suficiente. É preciso que se demonstre a origem lícita do recurso e sua disponibilidade no momento de se honrar a operação de comércio exterior, coincidente em datas e valores, não só para fins de fechamento de câmbio, como também para suportar todo o encargo decorrente da nacionalização, circulação, distribuição e venda de bens importados. Disponibilidade É a demonstração que o importador possuía esse recurso disponível no exato momento de honrar a transação com o fornecedor externo (fechamento do câmbio). É a paridade entre a posse do numerário e o pagamento da obrigação na data em que ela ocorre. O importador intimado a fazer a comprovação dos recursos empregados em operações do comércio exterior demonstra que vendeu um imóvel registrado em seu nome e que com aquele dinheiro iniciou suas operações de comércio exterior. A origem lícita do recurso resta demonstrada, mas quem garante que efetivamente aquele recurso foi utilizado para honrar a transação com o exterior? É necessário que se demonstre a posse desse recurso no momento do pagamento da obrigação. De nada vale se demonstrar que a origem do recurso é lícita se no momento de honrar a transação não se prova que de fato se possuía aquele mesmo recurso. Ao se satisfazer com a origem lícita proveniente da venda de um imóvel, por exemplo, correse o sério risco de se permitir que recursos de origem ilícita financiem as operações de comércio exterior, tendo apenas por limite o valor da venda do imóvel. Quanto maior for o valor dessa venda, que serve para referendar a origem, mais quantidade de dinheiro se poderá “lavar”. Portanto, a comprovação origem lícita não é suficiente. É preciso que se demonstre a origem lícita do recurso e sua disponibilidade no momento de se honrar a operação de comércio exterior. Transferência É justamente a ligação entre a gênese e o destino do recurso. A demonstração de que o recurso permaneceu e migrou pelas vias regulares (legais) desde sua origem lícita até o adimplemento da obrigação com o fornecedor externo. É o que se denominou até então de seu “oferecimento a regular tributação”. Em outros termos, o recurso contabilizado à disposição da empresa para adimplir suas obrigações. Um exemplo que ilustra bem a interação dessas três condições é a situação em que determinada pessoa jurídica foi constituída com um capital totalmente integralizado em dinheiro. Para que esse valor seja admitido em operações de comércio exterior, é necessário: que os sócios possuam disponibilidade para realizar a integralização (rendimentos declarados tributáveis, isentos ou não tributados). Se o valor integralizado pelos sócios está justificado em suas declarações de imposto de renda, presumese tanto a origem licita quanto sua disponibilidade; e Fl. 36007DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 14 13 comprovar a efetiva transferência, que nesse caso se faz por meio de crédito em contacorrente da empresa, coincidindo em data e valor com a integralização de capital. Admitese também como prova o saque do valor correspondente nas contas correntes bancárias dos sócios. Ou seja, em pelo menos "uma das pontas" da cadeia, deve ficar demonstrada a movimentação do recurso. Se o importador não consegue efetuar a comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação, isso implica na sua impossibilidade de demonstrar o trânsito dos recursos pelas vias legais. De nada vale exibir o saldo em conta corrente, o volume de receitas, a quantidade de vendas, a margem de lucro praticada, se o importador nenhum demonstrar o trânsito regular do recurso, assim compreendido: A origem do recurso, sua disponibilidade no momento do fechamento do câmbio, e sobretudo, o seu trânsito pelas vias contábeis para honrar cada importação praticada. O impugnante empresa MULTMEX alega no item (74) da impugnação: 74. Com relação ao Demonstrativo de Fluxo Financeiro, período compreendido entre 2010 e 2014, verificase que a Impugnante possuía, no ano de 2010, saldo mensal positivo em média superior a R$ 1.500.000,00. No ano, perfazia um fluxo de caixa positivo de R$ 17.000.000,00 considerando apenas receitas e despesas operacionais e empréstimos contraídos. Descontadas as despesas administrativas, o resultado continua positivo, em torno de R$ 4.330.287,89. Nos anos posteriores do período submetido à fiscalização, o fluxo de caixa situase na faixa de RS 20.000.000,00 sem considerar as despesas administrativas. Isso é clara evidência que a empresa possuía recursos suficientes a sustentar suas atividades. Como dito, é comum que o importador intimado a fazer a comprovação dos recursos empregados em operações do comércio exterior exiba o saldo, ou até mesmo o extrato bancário, para demonstrar que possuía numerário suficiente para honrar a transação na data do fechamento do câmbio. É preciso que se demonstre a triangulação do recurso: origem lícita do recurso e sua disponibilidade no momento de se honrar a operação de comércio exterior, coincidente em datas e valores, não só para fins de fechamento de câmbio, como também para suportar todo o encargo decorrente da nacionalização, circulação, distribuição e venda de bens importados. De nada vale se demonstrar que a origem do recurso é lastreada no volume de transações da empresa importadora se no momento de honrar a transação não se prova que de fato se possuía o recurso. Quanto maior for esse volume, que serviria em princípio para referendar a origem, mais quantidade de dinheiro se poderá “lavar”. E é onde a argumentação do impugnante nos remete: apresenta como origem um capital de giro anual da ordem de anual total de RS 89.537.008,96, o que corresponde a uma média mensal de R$ 7.461.418,00, mas é incapaz de demonstrar a triangulação do recurso: origem lícita do recurso e sua disponibilidade no momento de se honrar a operação de comércio exterior, dada que sua contabilidade é imprestável como será visto a seguir. Sem a demonstração da triangulação do recurso, ou em outros termos, a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação, fica caracterizada a prática presumida de interposição fraudulenta de terceiros, nos moldes do §2º, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76. O impugnante empresa MULTMEX alega nos itens (78) e (79) da impugnação: 78. Assim, a contribuinte tanto valese de recursos próprios para importar mercadorias e nacionalizálas, como importa por conta e ordem de terceiros. O rol de atividades da contribuinte é vastíssimo, inclusive exercendo atividades de industrialização, remanufatura e diversas exportações. 79. Muito embora não tenha apresentado as demonstrações contábeis referentes aos exercidos abrangidos pela ação fiscal, nos exatos termos Fl. 36008DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 15 14 requeridos pela Fiscalização, os documentos acima colacionados constituem provas de que a contribuinte desenvolve atividades empresariais de forma lícita, bem como que dispunha de recursos próprios para empregar nas atividades de comércio exterior, empréstimos e financiamentos bancários e de fornecedores estrangeiros. Finalizando, importa considerar ainda que o volume das operações praticado pela Impugnante por mais de uma década não permite que sem qualquer critério a Fiscalização Aduaneira simplesmente declare que não houve comprovação de origem de recursos. De modo algum, pois sem a apresentação das demonstrações contábeis é inviável a demonstração da triangulação do recurso, ou em outros termos, a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação, o que implica na prática presumida de interposição fraudulenta de terceiros, nos moldes do §2º, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76. O impugnante empresa MULTMEX aborda esse assunto nos itens (97), (98) e (99) da impugnação: 97. Resta, porém, verificar se a imprestabilidade da contabilidade, poderia ser óbice insuperável, como quer a douta Fiscalização, à constatação que a contribuinte possuía condições econômicas, financeiras e operacionais para exercer suas atividades e realizar as operações de comércio exterior a que se propôs. 98. Na verdade, não poderia. Não poderia porque, como demonstrado, não há na legislação de regência norma jurídica que determine que somente os demonstrativos contábeis podem ser utilizados para fins de comprovar a origem, disponibilidade e transferência de recursos empregados em operações de comércio exterior. Na verdade, todos os meios admitidos em direito são válidos para se fazer a prova, ao contrário do que de forma subjetiva, discricionária, abusiva e arbitrária estabeleceu a Fiscalização. 99. Conforme demonstrado, a douta Fiscalização teve acesso aos dados de um auto de infração lavrado pela Delegada da Receita Federal em Vitória/ES, onde consta o balanço patrimonial de 2009 da MULTIMEX. Nesse balanço há provas suficientes que a Impugnante possuía recursos com origem lícita capaz de fazer frente às suas operações de comércio exterior (doc.2). Da análise das disponibilidades, do estoque declarado, do capital social e da reserva de lucro, bem como da capacidade de financiamento das operações, verificase facilmente a capacidade econômica e financeira da Impugnante. Ou seja, a referida demonstração contábil faz prova a favor da Impugnante. Não é possível atender o trinômio ORIGEM – DISPONIBILIDADE – TRANSFERÊNCIA a partir de um balanço patrimonial. Eventualmente, e vamos frisar que é uma situação bastante eventual, o importador até poderia identificar a origem dos recursos, mas jamais sua DISPONIBILIDADE e TRANSFERÊNCIA, pois como se sabe o balanço patrimonial reproduz uma situação estática, enquanto que as operações de importação são transações dinâmicas. De nada vale demonstrar que a empresa possuía o recurso no início do ano se não for comprovado que esse mesmo recurso financiou uma operação de importação em meados de setembro. Tal qual reproduzido no ‘ (74) da impugnação, é afirmado que ... a Impugnante possuía, no ano de 2010, saldo mensal positivo de origem de receitas e de recursos proveniente de descontos de duplicatas, empréstimos bancários para capital de giro, Finimp, valores recebidos de operações próprias e de encomenda e por créditos concedidos pelos exportadores, seja nas operações próprias, seja nas operações de encomenda,... E ainda destaque para o alegado pela empresa MULTMEX nos itens (148) e (149) da impugnação: 148. OS recursos utilizados para o pagamento das despesas com o fechamento do câmbio e com os tributos aduaneiros possuem como origem vendas de mercadorias no mercado interno. Fl. 36009DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 16 15 149. Frisese que as Notas Fiscais são consideradas documento idôneo para comprovar a origem de receita, consoante o posicionamento oficial do próprio Fisco, exemplificado pela seguinte decisão UNÂNIME proferida pela Delegada da Receita Federal de Julgamento no TJ, Acórdão n° 1221389, de 15/10/2008: O único mo do de se demonstrar que esses recursos ingressaram na empresa e serviram para financiar as operações de importação objeto do presente Auto de Infração, dentro do trinômio ORIGEM – DISPONIBILIDADE – TRANSFERÊNCIA, é através do registro das demonstrações contábeis. A ausência dos registro contábeis, além de não fazer prova que tais recursos ingressaram regularmente na empresa, implica na prática presumida de interposição fraudulenta de terceiros, nos moldes do §2º, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76. Quanto à decisão UNÂNIME proferida pela Delegada da Receita Federal de Julgamento no TJ, Acórdão n° 1221389, de 15/10/2008, diz respeito a um outro contexto que não guarda relação com a prática presumida de interposição fraudulenta de terceiros em operações em comércio exterior." A contabilidade regular, suportada em documentos, é que faz a prova regular das operações e sua ausência impede que se confirme a comprovação do trinômio origem lícita, transferência e disponibilidade. A contabilidade, como os demais documentos apresentados, são necessários, mas não suficientes, isoladamente, para comprovação do que aqui se pretendeu. Assim, concluise que a recorrente não comprovou a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos necessários à prática das operações, incidindo na presunção de que trata o §2º do artigo 23 do Decreto nº 1.455/1976, configurando a interposição fraudulenta na operação de comércio exterior, apenada com a multa equivalente ao valor aduaneiro, em razão de as mercadorias não terem localizadas ou terem sido consumidas ou revendidas. Em relação à argumentação de que a falsidade ideológica não está contemplada no inciso VI do artigo 105 do Decretolei nº 37/1966, sem razão a recorrente. A redação é a seguinte: Art.105 Aplicase a pena de perda da mercadoria: [...] VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; Por sua vez o Decreto nº 6.759/2009 dispõe que: Art. 553. A declaração de importação será obrigatoriamente instruída com (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 46, caput, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 1988, art. 2º):(Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) I a via original do conhecimento de carga ou documento de efeito equivalente; II a via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) III o comprovante de pagamento dos tributos, se exigível. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) [...] Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): Fl. 36010DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 17 16 [...] VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; [...] § 3ºA. O disposto no inciso VI do caput inclui os casos de falsidade material ou ideológica. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) § 3ºB. Para os efeitos do inciso VI do caput, são necessários ao desembaraço aduaneiro, na importação, os documentos relacionados nos incisos I a III do caput do art. 553. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) Assim, a falsidade a que se refere o inciso VI do artigo 105 do Decretolei nº 37/1966 é dos documentos de instrução da DI, ou seja, do conhecimento de carga, da fatura comercial e dos comprovantes de pagamento dos tributos. A acusação da fiscalização recaiu na ocultação do responsável pela operação, a qual, uma vez comprovada, ainda que por presunção legal, torna os documentos emitidos para instrução da DI ideologicamente falsos. Tal conclusão está exposta no artigo 13 da IN SRF nº 228/2002: Art. 13. A prestação de informação ou a apresentação de documentos que não traduzam a realidade das operações comerciais ou dos verdadeiros vínculos das pessoas com a empresa caracteriza simulação e falsidade ideológica ou material dos documentos de instrução das declarações aduaneiras, sujeitando os responsáveis às sanções penais cabíveis, nos termos do Código Penal (Decretolei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) ou da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, além da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, nos termos do art. 105 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Se há comprovação da interposição fraudulenta do responsável pela importação na condição de fornecedor dos recursos necessários à efetivação da importação, então tal ocultação somente é materializada na ausência de referido responsável nos documentos de importação, seja na condição de real importador seja na condição de real adquirente. Em qualquer dos casos, seu nome deveria constar nas faturas comercias ou no conhecimento de carga. Por fim, é preciso esclarecer que para efeitos de tipificação da interposição fraudulenta de terceiros, seja ela a EFETIVA (REAL) ou PRESUMIDA é absolutamente irrelevante que aquele que fornece o recurso seja denominado de importador, pois em nenhum dos dois tipos se exige a presença DO PEDIDO “importador”." No que tange à ausência de demonstração do dolo específico, não há que se exigir tal neste caso, pois estamos diante de uma presunção legal de interposição fraudulenta. Basta a não comprovação da origem lícita, transferência e disponibilidade dos recursos empregados na importação para se caracterizar a interposição fraudulenta nos termos do §2º do artigo 23 do Decreto nº 1.455/1976. Uma vez presumida, não há que se falar em demonstração de dolo por parte da fiscalização. Quanto ao dano ao erário, os artigos 23 e 24 do Decreto nº 1.455/1976 estipulam o que se considera dano ao erário: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; Fl. 36011DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 18 17 II importadas e que forem consideradas abandonadas pelo decurso do prazo de permanência em recintos alfandegados nas seguintes condições: a) 90 (noventa) dias após a descarga, sem que tenh sido iniciado o seu despacho; ou b) 60 (sessenta) dias da data da interrupção do despacho por ação ou omissão do importador ou seu representante; ou c) 60 (sessenta) dias da data da notificação a que se refere o artigo 56 do DecretoIei número 37, de 18 de novembro de 1966, nos casos previstos no artigo 55 do mesmo Decretolei; ou d) 45 (quarenta e cinco) dias após esgotarse o prazo fixado para permanência em entreposto aduaneiro ou recinto alfandegado situado na zona secundária. III trazidas do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção, do seu desembaraço; IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) VI (Vide Medida Provisória nº 320, 2006) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Art 24. Consideramse igualmente dano ao Erário, punido com a pena prevista no parágrafo único do artigo 23, as infrações definidas nos incisos I a VI do artigo 104 do Decretolei numero 37, de 18 de novembro de 1966. Percebese que o dano ao erário configurase por uma determinação específica legal, tratase de uma presunção legal ou absoluta de dano ao erário nos casos enumerados. Embora a própria conduta configura o dano ao erário, podese enumerar vantagens em tese almejadas, mediante a interposição ilícita de pessoas como: burla ao controles da habilitação para operar no comércio exterior; blindagem do patrimônio do real adquirente ou encomendante, no caso de eventual lançamento de tributos ou infrações; quebra da cadeia do IPI; sonegação de PIS e Cofins, relativamente ao real adquirente, lavagem de dinheiro e ocultação da origem de bens e valores, aproveitamento indevido de incentivos fiscais do ICMS. Portanto, a alegação de que não houve dano efetivo ao erário, simplesmente pelo fato de não haver tributo a ser recolhido, não procede. Fl. 36012DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 19 18 Concernente à aplicação da multa de 10% por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, salientase que sua aplicação é cabível no caso de interposição real e não no caso de interposição presumida de que trata o presente processo. Tal situação restou esclarecida na IN SRF 228/2002 em seu artigo 11: Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: I ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias; II interposição fraudulenta, nos termos do § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, inclusive na hipótese do art. 10. 1º Na hipótese prevista no inciso I do caput, será aplicada, além da pena de perdimento das mercadorias, a multa de que trata o art. 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007.(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1678, de 22 de dezembro de 2016) § 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput, além da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, será instaurado procedimento para declaração de inaptidão da inscrição da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1678, de 22 de dezembro de 2016). De fato, com a edição do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, à hipótese de aplicação da multa por cessão de nome não se aplica a declaração de inaptidão de que trata o artigo 81 da Lei nº 9.430/1996, hipótese de que tratam estes autos: Lei nº 11.488/2007: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive ediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430/1996: Art. 81. Poderá ser declarada inapta, nos termos e condições definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica que, estando obrigada, deixar de apresentar declarações e demonstrativos em 2 (dois) exercícios consecutivos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Destacase, ainda que esse entendimento é consolidado, inclusive nesta turma: APLICAÇÃO DA MULTA POR CESSÃO DE NOME. SUBSTITUIÇÃO DA MULTA DO PERDIMENTO DA MERCADORIA PELA MULTA DO ART. 33 DA LEI Nº 11.488/07. A multa do art. 33 da Lei nº 11.488/07 veio para substituir a pena de inaptidão do CNPJ da pessoa jurídica, quando houver cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, e não prejudica e nem substitui a incidência da hipótese de dano ao erário, por ocultação do sujeito passivo, Fl. 36013DF CARF MF Processo nº 12466.722119/201452 Acórdão n.º 3301005.101 S3C3T1 Fl. 20 19 do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, prevista no art. 23, V, do DL nº 1.455/76, apenada com perdimento da mercadoria (Acórdão nº 3301 003.086 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária) Cumpre, por fim, citar decisão, cujos entendimentos foram adotados nesta decisão, com a mesma Recorrente, já decidido por este CARF, de relatoria do Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède (Acordão Acórdão nº 3302005.468 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária): ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 06/07/2011 a 24/10/2012 Ementa: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. A falta de comprovação da origem lícita, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de importação configura interposição fraudulenta presumida na importação consistindo em dano ao erário, sancionada com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, se impossibilitada a aplicação da pena de perdimento da mercadoria. Recurso de Ofício Não Conhecido. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Por todo o exposto, voto no sentido de manter integralmente a decisão recorrida e negar provimento ao Recurso Voluntário Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 36014DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.907984/2009-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. .
A estimativa recolhida,. afastado eventual pagamento a maior ou indevido, forma o saldo negativo do contribuinte, devendo respeitar a sua metodologia própria para o pleito do direito creditório correspondente via PER/DCOMP.
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO.
A retificação da PER/DCOMP deve respeitar as normas previstas para sua ocorrência, não cabendo ao CARF este feito por mero pedido em peça recursal.
Numero da decisão: 1402-003.238
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10120.904646/2009-00, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. . A estimativa recolhida,. afastado eventual pagamento a maior ou indevido, forma o saldo negativo do contribuinte, devendo respeitar a sua metodologia própria para o pleito do direito creditório correspondente via PER/DCOMP. PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO. A retificação da PER/DCOMP deve respeitar as normas previstas para sua ocorrência, não cabendo ao CARF este feito por mero pedido em peça recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10120.904646/200900, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 79 84 /2 00 9- 95 Fl. 92DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10120.907984/200995 Acórdão n.º 1402003.238 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DF, em primeira instância administrativa, que julgou IMPROCEDENTE, a manifestação de inconformidade do contribuinte em epígrafe, agora recorrente. Do Despacho Decisório: Trata o presente processo da Declaração de Compensação, na qual a recorrente alega possuir crédito contra a Fazenda Pública, decorrente de pagamento a maior ou indevido, buscando extinguir por compensação de débito próprio, conforme detalhamento que consta no Despacho Decisório acostado aos autos. Transmitida, a DCOMP recebeu da DRF de origem o Despacho Decisório de ‘não homologação’ da compensação", cujas razões de negação se fundam na utilização integral do pagamento discriminado para a quitação de outro débito. Portanto, não haveria crédito disponível para a compensação em análise. Da Manifestação de Inconformidade: Inconformada com o despacho decisório, a recorrente interpôs a manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que efetuou recolhimentos a maior conforme apurado na DIPJ 2006, sob o regime de tributação com base em balancete de suspensão ou redução do imposto. Pediu revisão do despacho decisório. Da decisão da DRJ: A DRJ, em seu julgamento, considerou improcedente a manifestação de inconformidade, e não reconheceu o direito creditório pleiteado, e consequente não homologação da compensação da PER/DCOMP objeto do presente processo. Na decisão ora recorrida, entendeuse , que sob a égide dos artigos 2°, 6°, e 28 a 30 da Lei n° 9.430/1996; artigo 6°, parágrafo único, da Lei n° 7.689/1988; e artigos 221 a 232 do Decreto n° 3.000/99, os valores pagos a título de estimativa de IRPJ e CSLL não poderiam ser considerados crédito em favor do contribuinte, sob a qualificação de "pagamento indevido ou a maior". Sob o regime de apuração de IRPJ e CSLL em referência, o contribuinte ficaria obrigado a antecipar ao Fisco, mensalmente, parte desse tributo, calculado com base em sua receita bruta, e aplicação de um percentual pré definido com vistas ao cálculo do lucro real, com a faculdade de suspender ou reduzir o pagamento do tributo devido, desde que Fl. 94DF CARF MF 4 demonstrado por balancetes mensais, que o valor acumulado já pago até o mês anterior exceda o valor do tributo calculado com base no lucro real auferido até aquele mês. Dessa maneira, o fato gerador do IRPJ e da CSLL abrangeria todas as situações ocorridas durante o ano calendário, e o tributo devido seria apurado no encerramento do respectivo período. Do Recurso Voluntário: Irresignada com o a decisão, apresentou recurso voluntário em que expõe que as origem dos créditos compensados por meio do PER/DCOMP advém dos recolhimentos de IRPJ e da CSLL referentes ao anocalendário 2005, recolhidos a maior, conforme sua DIPJ. Na PER/DCOMP, onde deveria ser assinalado créditos de saldo negativo de IRPJ ou CSLL, fora preenchido pagamento indevido ou a maior. Contudo, entende demonstrado que houve saldo negativo de IRPJ ou CSLL, e tal circunstância seria mero erro formal. Ademais, requer autorização para retificar do PER/DCOMP, ou, ainda, sejam compensados os referidos débitos nesta com os créditos em foco. É o relatório. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10120.907984/200995 Acórdão n.º 1402003.238 S1C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.327, de 14/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10120.904646/2009 00, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.327): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, podese dele conhecer. Antes de adentrar no mérito, cabe informar que o julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, sendo o paradigma. Síntese dos fatos Primeiramente, fica bem claro nos autos, conforme anexo I da manifestação de inconformidade (demonstrativo do crédito utilizado no PER/DCOMP), que o direito creditório que está sendo pleiteado pela recorrente, e com seu conhecimento, é saldo negativo de IRPJ ou base de cálculo negativa de CSLL. A recorrente ao preencher a PER/DCOMP, informou que houve um pagamento indevido ou a maior de estimativa para justificar o direito creditório pelo qual objetivava extinguir o débito, conforme consta no pedido de compensação. Contudo, foi denegado pela autoridade fiscal conforme Despacho Decisório, pois o crédito pleiteado estava alocado, quitando o débito correspondente da antecipação do IRPJ (ou da CSLL). Fl. 96DF CARF MF 6 Sua manifestação de inconformidade vai ao encontro do informado acima, entendendo, contudo, que seria cabível a compensação, independente da designação dada. A decisão da DRJ considerou improcedente sua manifestação de inconformidade, pois, em linhas gerais, tal forma de compensar o saldo negativo do IRPJ (ou CSLL) não seria a correta, de acordo com as normas aplicáveis. Em sede recursal, reitera, o seu entendimento que tem o direito, reforçando nas suas alegações que é realmente um saldo negativo de IRPJ (ou CSLL), e que tal posicionamento de não homologação seria equivocado, pois teria ocorrido mero erro formal quando preencheu a sua PER/DCOMP. Adicionalmente, requer autorização para retificação do PER/DCOMP e mantidas as compensações pleiteadas. Do mérito O presente caso envolve uma questão recorrente neste CARF, que seria de qual a natureza jurídica do recolhimento das estimativas de IRPJ e CSLL, em que a recorrente entende que o recolhido antecipadamente a maior foi indevido, querendo que seja tratado como uma repetição de indébito. Conforme entendimento consolidado deste CARF e através de matéria já sumulada1, para ser caracterizada uma estimativa recolhida como indébito, é necessário que tenha ocorrido realmente um pagamento indevido ou maior, o que exigiria demonstração de erro na apuração. Ou seja, se fosse o caso, o valor pago de estimativas foi superior ao devido, com base na receita bruta, ou em balanço de suspensão/redução, e a repetição do indébito poderia ser até, inclusive, no curso do ano calendário da período que se refere o pagamento indevido. Compulsando os autos, em nenhum momento é mencionado, e muito menos demonstrado, pela recorrente que foi um pagamento indevido ou a maior de estimativa. Pelo contrário, reitera e reforça que o caso é de pagamentos de estimativas recolhidos devidamente e, que no final do ano apurou excesso de recolhimentos, além do necessário, o que se configura saldo negativo (tanto de IRPJ quanto de CSLL). Aqui, cabe destacar a importância da distinção material entre o direito creditório se basear em pagamento indevido de estimativa ou saldo negativo. Aquele, sendo um indébito, geraria o direito a atualização monetária a partir do mês seguinte da sua ocorrência. Este, só haveria sua apuração do encerramento do exercício, e sua atualização monetária no mês seguinte. No caso da recorrente, ao ser optante do lucro real anual no ano calendário de 2005, e há valores recolhidos em vários meses ao longo de ano, poderia haver alguma repercussão financeira, em seu favor (e por consequência em prejuízo ao erário) se seguisse 1 Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10120.907984/200995 Acórdão n.º 1402003.238 S1C4T2 Fl. 5 7 com a visão de eventuais estimativas recolhidas a maior seriam indébitos, e não saldo negativo. Não se quer aqui negar o direito da recorrente de tratar como indébito eventual estimativa recolhida a maior ou erroneamente, devidos a erro na sua apuração da base de cálculo, pois nestes casos tratável como repetição de indébito. Contudo, não resta alegado, e por consequência, nem comprovado em nenhum momento que houve um erro no pagamento da estimativa da sua parte, e como já dito anteriormente, muito pelo contrário, há sua afirmação que foram pagamentos de estimativas corretas que geraram o saldo negativo de IRPJ ou CSLL. Portanto, muito mais que um problema formal no preenchimento da PER/DCOMP, de qualificação como pagamento indevido ou saldo negativo, conforme alegado na sua peça recursal, estáse diante de um problema atinente à própria metodologia de apuração do IRPJ/CSLL, e suas consequências advindas, de acordo com a opção eleita pela recorrente. A recorrente estava bem ciente disso, pois trouxe planilhas (anexas à manifestação de inconformidade) que procuram demonstra a apuração do saldo negativo, o que denota que tinha compreensão da sistemática de apuração eleita. Nestas circunstâncias, corretas as negativas, tanto no despacho decisório quanto no acórdão a quo, do pleito da recorrente, pois se valeu erradamente do seu direito. Reforçase materialmente o posicionamento até agora deste voto, considerando vários processos de idêntico teor, envolvendo a recorrente e o mesmo anocalendário, e mesmas alegações, já julgados por este CARF em 2014 (exemplificando: processo 10120.904643/200968 acórdão 1302001.416). O mais importante destes processos para a presente lide é que anteriormente ao seu acórdão, fora convertido em diligência em 2012, para confirmação da existência ou não do crédito pleiteado, o qual o resultado da diligência foi concluindo pela inexistência do direito creditório, nos termos da PER/DCOMP, e a recorrente silenciou quando intimada. Desta sorte, não houve provimento ao recurso voluntário deste processo e dos demais julgados conjuntamente. Ademais, não cabe a este colegiado proceder a autorização para retificação da PER/DCOMP, como aduz e requer na sua peça recursal, algo a ser procedido pela recorrente, conforme disposto nas normais legais aplicáveis. Salientase que dadas as características próprias extintivas do crédito tributário, há restrições nas normas legais aplicáveis para retificação do pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnaturaria o próprio objeto do processo e toda a discussão já ocorrida. Fl. 98DF CARF MF 8 Por isso limitamse as circunstâncias para retificação da PER/DCOMP, e independente das causas materiais que poderia ensejar tal situação, somente poderá ser retificada caso ainda se encontre pendente de decisão administrativa ou não houve intimação para apresentação de documentos comprobatórios, em eventual análise prévia ao despacho decisório. Agregase a isso o fato que no contencioso administrativo há limitações para tanto também. O art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com a redação atual, previu que apenas a não homologação de compensação seria objeto de apreciação no contencioso administrativo2. E nos termos do parágrafo 1º do art. 7º do Anexo II da Portaria nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), a competência para julgamento de recurso envolve o crédito alegado3. Ou seja, não é caso de apreciação da retificação de PER/DCOMP, muito menos de autorizála. E entendo que ao caso não se aplica as inexatidões materiais para suscitar uma revisão de ofício, eventualmente aplicáveis conforme disposto no art. 32 do DecretoLei nº 70.235/19724. Pelo todo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. 2 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. § 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 7º Incluise na competência das Seções o recurso voluntário interposto contra decisão de 1ª (primeira) instância, em processo administrativo de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. 4 Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10120.907984/200995 Acórdão n.º 1402003.238 S1C4T2 Fl. 6 9 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 100DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.722226/2015-14
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
Numero da decisão: 2002-000.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Recorrente CLARISSA MACIEL DE ANDRADE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 22 26 /2 01 5- 14 Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 119 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 33/37), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual da contribuinte acima identificada, relativa ao exercício de 2011. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a pagar declarado de R$2.118,65 para saldo de imposto a pagar de R$8.718,65. A notificação noticia a dedução indevida de despesas médicas no valor de R$24.000,00, consignando que a contribuinte, intimada, não apresentou comprovação quanto ao efetivo pagamento das despesas declaradas com os dois profissionais ali indicados (fls.34/35). Impugnação Cientificada à contribuinte em 14/4/2015, a NL foi objeto de impugnação, em 12/5/2015, à fl. 2/32 dos autos, assim sintetizada na decisão de piso: 1. As despesas têm como beneficiários os filhos Matheus Augusto Maciel Santiago e Sófia Maciel Santiago, foram pagas à vista e em dinheiro, forma de pagamento válida no país, no decorrer do ano de 2010 aos psicólogos Ronnie Petterson Soares da Silva e Mirani Rocha de Melo Filha em contraprestação às sessões de psicoterapia realizadas; 2. Discorda do lançamento na medida em que a fiscalização lança suspeições sobre os recibos sem apresentar provas que os desqualifiquem, quando deveria realizar diligência junto aos profissionais e verificar se eles omitiram receitas. Alerta que os profissionais emitiram declarações confirmando a realização dos serviços e seu recebimento e estão devidamente registrados no conselho de classe; 3. Refuta a necessidade de comprovação do efetivo pagamento, pois não foi provada a invalidade dos recibos; 4. Invoca a boa fé prevista no artigo 113 do Código Civil para arrematar juntamente com julgados do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF e jurisprudência que os recibos apresentados comprovam as despesas declaradas e aponta pessoalidade e vaidade da autoridade lançadora na lavratura na notificação fiscal; 5. Aduz que tem o direito de ver provadas todas as alegações trazidas pelo fisco e o fato de contradizer a imputação fiscal não inverte o ônus da prova, pois contestados os fatos informados na declaração de ajuste, cabe à administração provar o contrário. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 120 3 Em seu favor cita os artigos 923 e 924 do Regulamento do Imposto de Renda; 6. Ao final requer o cancelamento da exigência fiscal; A impugnação foi apreciada na 9ª Turma da DRJ/BHE que, por unanimidade, julgoua impugnação improcedente, em decisão assim ementada (fls. 42/48): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESA MÉDICA. ACEITAÇÃO. CONDIÇÕES. EFETIVO PAGAMENTO. Somente podem ser acatadas as despesas médicas do contribuinte e seus dependentes, quando comprovadas por documentação que atenda aos requisitos legais e que produzam a convicção necessária da ocorrência do efetivo pagamento. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 6/6/2016 (fl. 52), a contribuinte, em 28/6/2016 (fl. 57), apresentou recurso voluntário, às fls. 57/113, no qual alega, em apertado resumo, que: seriam dedutíveis as despesas médicas realizadas pelo contribuinte para seu tratamentos e de seus dependentes, comprovadas por meio de recibos médicos, que se consubstanciam, no seu entendimento, em documentação hábil e idônea para esse fim; se julgasse necessário, deveria a autoridade fiscal suprir a ausência de algum requisito legal por meio de consultas aos sistemas da RFB; os recibos e declarações emitidos pelos profissionais e que preenchem os requisitos não poderiam ser desconsiderados, citando jurisprudência administrativa acerca do tema; citando os princípios da verdade material e da oficialidade, indica a juntada de seus extratos bancários, que demonstrariam sua condição financeira e econômica (fls.78/113); destaca os princípios da moralidade e da eficiência, para defender que a administração não deve gerar ônus desnecessários ao processo; antes de exigir do contribuinte a comprovação do efetivo pagamento da despesa, caberia a autoridade fiscal consultar os sistemas da RFB; reproduz a legislação de regência, aduzindo que o recibo é o meio de fazer prova da despesas médicas declaradas; Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 121 4 cita jurisprudência do CARF no sentido de que, para rejeitar os recibos médicos, a autoridade fiscal deveria comprovar que os serviços não teriam sido prestados ou pagos; tendo sido disponibilizados os recibos, a autoridade fiscal não poderia exigir mais elementos do que aqueles previstos na legislação de regência; requer seja dado provimento ao seu recurso. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Em relação às despesas médicas, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados. No que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada ainda ao atendimento de algumas formalidades legais: os pagamentos devem ser especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu (art. 8º, § 2º, inc. III, da Lei 9.250, de 1995). Esta norma, no entanto, não dá aos recibos valor probante absoluto, ainda que atendidas todas as formalidades legais. A apresentação de recibos de pagamento com nome e CPF do emitente têm potencialidade probatória relativa, não impedindo a autoridade fiscal de coletar outros elementos de prova com o objetivo de formar convencimento a respeito da existência da despesa. Nesse sentido, o artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 122 5 Sobre o assunto, seguem decisões emanadas da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e da 1ª Turma, da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) Em seu recurso, a contribuinte defende que as declarações e os recibos emitidos pelos profissionais são os documentos hábeis a fazer a prova exigida. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 123 6 Como exposto acima, os recibos médicos não são uma prova absoluta para fins da dedução. Nesse sentido, entendo possível a exigência fiscal de comprovação do pagamento da despesa ou, alternativamente, a efetiva prestação do serviço médico, por meio de receitas, exames, prescrição médica. É não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento, como forma de cumprir sua atribuição legal de fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes. Ao se beneficiar da dedução da despesa em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve se acautelar na guarda de elementos de provas da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. O ônus probatório é do contribuinte e ele não pode se eximir desse ônus com a afirmação de que o recibo de pagamento seria suficiente por si só para fazer a prova exigida. Inexiste qualquer disposição legal que imponha o pagamento sob determinada forma em detrimento do pagamento em espécie, mas, ao optar por pagamento em dinheiro, o sujeito passivo abriu mão da força probatória dos documentos bancários, restando prejudicada a comprovação dos pagamentos. Não a socorre o argumento de que tem disponibilidade financeira e econômica acompanhado da apresentação de extratos, uma vez que não foi estabelecida uma correlação entre os saques e os gastos realizados. Por seu turno, os recibos constituem declaração particular, com eficácia entre as partes. Em relação a terceiros, comprovam a declaração e não o fato declarado. E o ônus da prova do fato declarado, repisese, compete ao contribuinte, interessado na prova da sua veracidade. É o que estabelece o artigo 408 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015): Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou somente assinado presumemse verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de proválo ao interessado em sua veracidade. (destaques acrescidos) O Código Civil também aborda a questão da presunção de veracidade dos documentos particulares e seus efeitos sobre terceiros: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. ... Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10469.722226/201514 Acórdão n.º 2002000.378 S2C0T2 Fl. 124 7 Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.” (destaques acrescidos) No caso concreto desses autos, ainda que intimada a fazer a prova do efetivo pagamento (fl.25), só foram juntadas pela recorrente declarações de fls. 22/23, que apontam os valores totais pagos aos profissionais no anocalendário 2010. Repisese que a apresentação dos extratos (fls.78/113), como forma de demonstrar a disponibilidade de recursos, também não se revela hábil a fazer a prova exigida. Assim, na ausência dessa comprovação, não há reparos a se fazer à decisão de piso. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 124DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.017239/2008-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA.
Rejeita-se preliminar de nulidade do lançamento quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa.
IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. VALOR RECEBIDO POR ACORDO JUDICIAL. CESSÃO DE NOME.
Caracteriza omissão de receitas o montante escriturado e não declarado pela pessoa jurídica, correspondente à remuneração prevista em acordo judicial pela indenização na cessão de nome ou marca registrada no INPI a outra pessoa jurídica, por meio de acordo judicial. Inclui-se como valor tributável os honorários advocatícios de responsabilidade da autuada, mesmo quando pagos pela adquirente do nome.
INCONSTITUCIONALIDADE.
Não cabe a este Conselho negar vigência a lei ingressada regularmente no mundo jurídico, atribuição reservada exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento final e definitivo. Súmula nº 02 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
TAXA SELIC. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL.
Os juros de mora são calculados pela Taxa Selic desde abril de 1995, por força da Medida Provisória nº 1.621. Cálculo fiscal em perfeita adequação com a legislação pertinente. Súmula nº 04 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
MULTA DE OFÍCIO. CARACTERIZAÇÃO DE CONFISCO.
A multa de ofício constitui penalidade imposta como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, não se aplicando a ela o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal.
PIS. COFINS. CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES.
O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada nos dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1202-000.717
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: Nelson Lósso Filho
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. Rejeita-se preliminar de nulidade do lançamento quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. VALOR RECEBIDO POR ACORDO JUDICIAL. CESSÃO DE NOME. Caracteriza omissão de receitas o montante escriturado e não declarado pela pessoa jurídica, correspondente à remuneração prevista em acordo judicial pela indenização na cessão de nome ou marca registrada no INPI a outra pessoa jurídica, por meio de acordo judicial. Inclui-se como valor tributável os honorários advocatícios de responsabilidade da autuada, mesmo quando pagos pela adquirente do nome. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe a este Conselho negar vigência a lei ingressada regularmente no mundo jurídico, atribuição reservada exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento final e definitivo. Súmula nº 02 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. TAXA SELIC. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Os juros de mora são calculados pela Taxa Selic desde abril de 1995, por força da Medida Provisória nº 1.621. Cálculo fiscal em perfeita adequação com a legislação pertinente. Súmula nº 04 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. MULTA DE OFÍCIO. CARACTERIZAÇÃO DE CONFISCO. A multa de ofício constitui penalidade imposta como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, não se aplicando a ela o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal. PIS. COFINS. CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada nos dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. Rejeitase preliminar de nulidade do lançamento quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. VALOR RECEBIDO POR ACORDO JUDICIAL. CESSÃO DE NOME. Caracteriza omissão de receitas o montante escriturado e não declarado pela pessoa jurídica, correspondente à remuneração prevista em acordo judicial pela indenização na cessão de nome ou marca registrada no INPI a outra pessoa jurídica, por meio de acordo judicial. Incluise como valor tributável os honorários advocatícios de responsabilidade da autuada, mesmo quando pagos pela adquirente do nome. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe a este Conselho negar vigência a lei ingressada regularmente no mundo jurídico, atribuição reservada exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento final e definitivo. Súmula nº 02 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. TAXA SELIC. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Os juros de mora são calculados pela Taxa Selic desde abril de 1995, por força da Medida Provisória nº 1.621. Cálculo fiscal em perfeita adequação com a legislação pertinente. Súmula nº 04 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. MULTA DE OFÍCIO. CARACTERIZAÇÃO DE CONFISCO. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 01 72 39 /2 00 8- 71 Fl. 288DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 267 2 A multa de ofício constitui penalidade imposta como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, não se aplicando a ela o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal. PIS. COFINS. CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada nos dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório Contra a empresa VRJ Telecomunicações e Empreendimentos Ltda., foram lavrados autos de infração do IRPJ, fls. 135/140, PIS, fls. 141/145, COFINS, fls. 146/150, e CSLL, fls. 151/155 e fls. 157/162. Inconformada com a exigência, apresentou impugnação protocolada em 02/03/2009, em cujo arrazoado de fls. 168/184 contesta o lançamento. Adoto o Relatório do acórdão de primeira instância de fls. 215/236: “Segundo a descrição dos fatos da exigência principal, que remete ao Relatório Fiscal (RF) lavrado às fls. 130/134, a seguir detalhado, os autos de infração resultam de procedimento fiscal que constatou as seguintes infrações, com fato gerador em 30/09/2005: 1) OMISSÃO DE RECEITAS Não contabilização de receita no valor de R$ 9.681.940,80, obtida em acordo homologado Fl. 289DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 268 3 judicialmente, conforme item 2 do RF, sobre a foram lançados IRPJ, CSLL, PIS e Cofins; e 2) OUTRAS RECEITAS Receita escriturada no valor de R$ 24.922.865,36, conforme item 1 do RF, não acrescida à base de cálculo do lucro presumido, sobre a qual foram lançados IRPJ e CSLL. DO RELATÓRIO FISCAL O RF mencionado no corpo dos autos de infração detalha que a fiscalizada, até julho de 2005, possuía o nome empresarial TIM Telecomunicações, Instalações e Montagens Ltda. e o nome de fantasia de TIM Telecomunicações. Após julho de 2005, alterou seu nome empresarial para VRJ Telecomunicações Ltda. e o nome de fantasia para VRJ Telecomunicações. O motivo dessa alteração devese ao desfecho de um litígio judicial que a fiscalizada vinha mantendo com a empresa TIM Brasil Serviços e Participações S/A, qual acusava do uso indevido do seu nome e marca "T1M", uma vez que havia registrado esse nome desde o ano de 1988, muito antes de a empresa de origem italiana vir operar no Brasil, o que se deu somente no ano de 1998. Para por fim à lide, as partes firmaram acordo homologado judicialmente, em decorrência do qual a TIM Brasil Serviços e Participações S/A pagou à fiscalizada, a titulo de verba indenizatória patrimonial, o montante de € 8.640.000,00 (R$ 24.896.419,20, pela cotação do dia da transferência), bem como € 3.360.000,00 (R$ 9.681.940,00, pela cotação do dia da transferência) para os advogados da recorrente, a titulo de honorários (fls.55/59 e 75/90). Quanto a primeira parcela, a beneficiária a contabilizou como Receitas Não Operacionais, mas não a ofereceu a tributação, uma vez que, segundo as notas explicativas constantes no Diário, tratavase de contingências ativas, resultante de indenização pelos danos ocorridos (fls.91 a 98). Quanto à segunda parcela, não houve qualquer registro contábil. Em síntese, a TIMTELECOM ITALIA MOBILE, uma das maiores multinacionais do ramo de telecomunicações móvel do mundo, veio operar no Brasil em 1998, porém uma pequena empresa brasileira (a fiscalizada) era detentora do mesmo nome empresarial registrado, estando este protegido pelas leis brasileiras, fato que impediria a multinacional de usálo nas suas operações. Tendo em vista a proteção do nome empresarial concedida por nosso Código Civil à empresa nacional, não restou outra opção à multinacional, para poder continuar usando no Brasil o seu nome e marca mundialmente conhecidas (TIM), a não ser fechar o acordo citado, com o fim de que a empresa brasileira trocasse o seu nome empresarial e se abstivesse de utilizar a marca "TIM" sob qualquer forma, em troca do pagamento de € Fl. 290DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 269 4 12.000.000,00, divididos entre a empresa nacional e os seus procuradores. Não obstante o Código Civil Brasileiro impedir a alienação do nome empresarial, o acordo fechado entre os litigantes, em sua essência, tem todas as características de venda ou cessão do nome empresarial e de todos os direitos dele decorrente, feita pela fiscalizada à outra litigante. Para a ocorrência do fato gerador do IRPJ pouco importa a forma do negócio, a sua licitude ou não; o mais relevante a se verificar é se na operação resultou efetiva riqueza acrescentada ao patrimônio material do contribuinte. Esse princípio do non olet é adotado pelo imposto de renda, expresso na sua hipótese de incidência, traçada pelo CTN em seu art. 43. No caso em questão, houve efetivo acréscimo de riqueza, pois a contribuinte vendeu ou cedeu um ativo intangível (seu nome empresarial e marca) que não tinha valor relevante anteriormente, tanto que não foi objeto de registro contábil, e, supervenientemente este ativo passou a ser relevante, uma vez que uma grande multinacional necessitava usar o mesmo nome e marca nas suas operações no Brasil e teve que comprar o direito de uso do nome e marca da empresa brasileira pelo montante de € 12.000.000,00. Ainda que os valores recebidos fossem considerados indenização, como quiseram denominar os litigantes no acordo homologado judicialmente, é pacífica a posição na jurisprudência e doutrina, no sentido de que se essa verba representou efetiva riqueza acrescentada ao patrimônio do contribuinte, deverá ser considerado como ocorrido o fato gerador do imposto de renda. As indenizações isentas da incidência do tributo são aquelas estabelecidas em lei, conforme preceituado no art.176 do CTN. Entendese também como indenização isenta aquela que representa uma reparação do prejuízo de uma pessoa (física ou jurídica), em razão da inexecução ou da deficiente execução de uma obrigação ou da violação de um direito indisponível por terceiros. Sobre os efeitos que o recebimento de indenização pode assumir no patrimônio do beneficiado, bem como o conceito equivocado de indenização, por vezes empregado, o autor do feito transcreve trechos do voto do Ministro Teori Albino Zavascki, do STJ, no Resp n° 911.015. Ainda sobre a ocorrência da hipótese de incidência do imposto de renda sobre aquelas indenizações que representam acréscimo ao patrimônio do contribuinte, o autuante faz referência à lição de Hugo de Brito Machado, in "Regime Tributário das Indenizações", SP, Dialética, 2000, p. 108. No entendimento da fiscalização, no caso em questão não se identificou qualquer dano efetivo material mensurável à empresa pelo uso do seu nome pela multinacional italiana. O fato fez surgir, na realidade, um ativo intangível (nome empresarial e marca) relevante na empresa, derivado da necessidade da Fl. 291DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 270 5 multinacional operar com esse nome e marca, já consolidados no mercado, levando inexoravelmente ao acordo judicial de € 12.000.000,00, sendo evidente o acréscimo de riqueza ao patrimônio ocorrido após a transação. Isto é refletido pela evolução do Patrimônio Líquido, de R$ 274.519,29 no início de 2005, antes do acordo, para R$ 17.661.082,07 no final de 2005, além de R$ 5.730.428,23 distribuídos aos sócios. Em vista do exposto, conclui o autor do feito que ocorreu o cometimento das seguintes infrações: 1) RECEITA ESCRITURADA E NÃO DECLARADA A fiscalizada recebeu e escriturou receita não operacional tributável referente ao acordo homologado judicialmente, no montante de R$ 24.896.419,20 (equivalente a € 8.640.000,00), porém não adicionou tal receita à base de cálculo do lucro presumido (fls.101), procedendo de igual modo em relação às receitas auferidas pela aplicação financeira do montante recebido (fls.100 e 101 e 127). Os valores devidos foram calculados de acordo com os lançamentos contábeis (fls. 100 e 101), extratos bancários (fls. 106 e 107), acordo homologado judicialmente (fls. 75 a 90), DIPJ (fls. 64 a 73), planilha de receitas de aplicação financeira (fls. 127) e planilhas de apuração dos tributos federais (fls. 111 a 129), resultando no valor tributável de R$ 24.922.865,36, sobre o qual foram efetuados os lançamentos de IRPJ e CSLL. 2) OMISSÃO DE RECEITA NÃO OPERACIONAL Quanto à parcela do acordo transferida diretamente para os advogados da fiscalizada, esta não fez qualquer registro. Conforme intimação, foi identificado que os escritórios de advocacia emitiram as notas fiscais de serviço, de forma incorreta, em nome da empresa TIM Brasil Serviços e Participações Ltda., quando deveriam ter emitido em nome da TIM Telecomunicações, Instalações e Montagens Ltda. (atual VRJ Telecomunicações Empreendimentos Imobiliários Ltda.), real beneficiária dos serviços de advocacia (fls. 55 a 59). Conforme os extratos do processo e o próprio acordo lavrado, os escritórios que receberam os R$ 9.681.940,00 (€ 3.360.000,00) eram os procuradores legais da autora da ação (fls.74 e 79). Dessa forma, esse montante deveria ter sido contabilizado pela fiscalizada como receita não operacional tributável, e posteriormente, os valores pagos aos advogados deveriam ter sido registrados como despesa da empresa. Os valores devidos foram calculados com base no acordo homologado judicialmente (fls.74 a 90) e comprovantes de recebimento dos valores pelos escritórios advocatícios (fls.55 a 59), deles resultando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 292DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 271 6 PRELIMINAR DE NULIDADE A incerteza e a insegurança jurídica em relação à constituição via auto de infração dos supostos créditos tributários, levaram a alterações e prorrogações sucessivas do Mandado de Procedimento Fiscal, conforme demonstrado no relatório, sem qualquer justificativa ou fundamentação. Importante ressaltar que todos os documentos da impugnante foram colocados à disposição da fiscalização e, mesmo assim, as incertezas continuaram, não havendo motivação alguma para a conduta da fiscalização no sentido da lavratura do auto de infração ora inquinado. Assim, diante da ausência do requisito essencial da motivação dos atos administrativos, fica evidenciado que o procedimento fiscal encontrase eivado de nulidades e, por isso mesmo, não irradiando nenhum efeito que pudesse constituir qualquer crédito a favor da Fazenda Pública Federal. DA RECEITA ESCRITURADA E NÃO DECLARADA Segundo o relatório fiscal, a empresa impugnante recebeu e escriturou receita não operacional tributável referente ao acordo judicial enfocado, no valor de 8.640.000,00, equivalente a R$ 24.896.419,20 (vinte e quatro milhões oitocentos e noventa e seis mil quatrocentos e dezenove reais e vinte centavos), sem, contudo, têla incluído na base de cálculo dos tributos federais. Também não teria incluído na base de cálculo dos tributos federais as receitas de aplicações financeiras. A respeito, é necessário identificar corretamente a natureza jurídica da receita originária do acordo judicial, a partir do fato de que a impugnante ajuizou ação a fim de ser ressarcida nos danos (emergentes, morais e lucros cessantes) que lhe foram causados pelo aqui denominado grupo TIM, quando da utilização indevida da marca no País. Nestes termos, foi entabulado o acordo para recompor de forma justa o patrimônio da empresa impugnante. Ao contrário do que alega a fiscalização, o negócio jurídico em questão jamais poderia ser tratado como mera casualidade. Ainda que a empresa VRJ (antiga TIM) fosse bem menor, obviamente, que as empresas do grupo internacional TIM, a impugnante sempre foi uma instituição organizada e preocupada em zelar pelo seu nome, pela sua identificação no mercado, desde 1988. Por isso, teve a cautela de proceder ao registro do nome TIM perante todos os órgãos de direito (Junta Comercial do Estado de Goiás e Instituto Nacional de Propriedade Industrial) muito antes de aqui vir aportar o grupo internacional TIM da Itália. A alegação do fisco de que a contribuinte "vendeu ou cedeu um ativo intangível (seu nome empresarial e marca) que não tinha valor relevante anteriormente" é uma impropriedade técnica, pois a impugnante também atuava no ramo de telecomunicações Fl. 293DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 272 7 e teve suas atividades empresariais drasticamente abaladas pela atuação do grupo internacional homônimo TIM. Dessa forma, não se trata aqui de venda ou cessão de ativo intangível, mas sim de recomposição patrimonial da impugnante, que se viu expulsa do mercado pela multinacional. Ainda que os valores recebidos pela empresa impugnante fossem considerados como acréscimo de riqueza, como pretende a fiscalização, este acréscimo jamais corresponderia à totalidade da receita recebida pelo contribuinte. Da mesma forma, ainda que não seja possível mensurar com exatidão o montante dos danos provocados pela multinacional TIM, é evidente que o acordo proposto à impugnante visou reparar tais danos, recompondo o patrimônio da empresa, conforme sentença no processo judicial mencionado. Para melhor entendimento sobre a matéria é necessária a compreensão de conceitos básicos sobre: patrimônio, dano, dano patrimonial (dividido em dano emergente e lucro cessante) e dano extrapatrimonial. Patrimônio: Segundo o Prof. Sílvio Rodrigues (in Direito Civil, 30 Ed., São Paulo, Saraiva, 2000, v. 1, p. 111), o patrimônio constituise no acervo de bens do indivíduo, conversíveis em dinheiro. Os professores Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze Gagliano (in Novo Curso de Direito Civil, Ed 1, São Paulo, Saraiva, 2002, v. 1, p. 261 e 262), definem como "complexo de direitos reais e obrigacionais de uma pessoa, ficando de lado todos os outros que não têm valor pecuniário, nem podem ser cedidos, como os direitos de família e os direitos puros de personalidade. Por isso chamados direitos extrapatrimoniais". Dano: É a lesão causada a um bem jurídico, ou seja, um prejuízo moral ou material, provocado a alguém pela deterioração, estrago ou inutilização de seus bens. Segundo Sérgio Cavalieri Filho (in Programa de Responsabilidade Civil, Ed. 4, São Paulo, Malheiros Editores, 2003, p. 90), tratase da lesão a um bem jurídico, seja qual for sua natureza, tanto patrimonial quanto moral. Dano Patrimonial ou Material: É aquele em que os efeitos da lesão vão recair sobre o patrimônio da vítima, ou seja, sobre bens e direitos economicamente apreciáveis (Pablo Estolze e Rodolfo Pamplona Filho, in Novo Curso de Direito Civil, Ed. 2, São Paulo Saraiva, 2004, v. 3, p. 45). A doutrinadora Maria Helena Diniz (in Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 7, Ed. 17, São Paulo, Saraiva, 2003, v. 3, p. 61 e 62) preleciona que "o patrimônio medese pela diferença entre o valor do patrimônio da vítima e aquele que teria se não houvesse a lesão." O dano patrimonial pode ainda ser dividido em Dano Emergente Lucro Cessante. O Dano Emergente compreende a diminuição patrimonial, ou seja, tudo aquilo que a vítima efetivamente perdeu. O Lucro Cessante traduzse no que a vítima razoavelmente deixou, de lucrar com a ocorrência do fato Fl. 294DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 273 8 danoso, ou seja, a frustração da expectativa de lucro, na perda de um ganho esperado. De acordo com as definições mencionadas acima, é necessário comprovar a natureza do dano, a fim de identificar a sua natureza jurídica e atribuir a ele o tratamento tributário específico. Importa destacar que a impugnante sempre atuou no ramo da prestação de serviços de telecomunicações adquirindo máquinas e equipamentos, mantendo quadro permanente de funcionários e estrutura necessária para firmar e cumprir contratos com empresas tomadoras dos seus serviços. No entanto, devido ao ingresso no Brasil do grupo multinacional TIM a impugnante passou a sofrer diversos danos que acabaram inviabilizando suas atividades. A confusão causada acerca do nome TIM gerou insatisfação e desconfiança dos clientes, que rescindiram contratos com a impugnante, como p.ex. a empresa VIVO Telecomunicações, alegando problemas relacionados com a sua concorrente. Já não era mais possível contratar com empresas como Claro, OI, Brasil Telecom e outras. Sendo assim, a impugnante, que investiu recursos na sua estrutura e vinha atuando no mercado atendendo sua exigente clientela, ficou impossibilitada de continuar suas atividades. Dano Extrapatrimonial ou Moral: É aquele que não tem repercussão sobre o patrimônio, mesmo com a ocorrência do dano não há um decréscimo patrimonial, ou seja,é aquele que atinge um bem integrante da personalidade de uma pessoa, compreendendo as ofensas dirigidas à integridade física, intelectual ou moral de outrem, o chamado direito da personalidade. Os professores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (in Novo Curso de Direito Civil, Ed. 2, São Paulo, Saraiva, v. 3, p. 61 e 62), ensinam que: "O dano moral ou extrapatrimonial, é aquele que consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário. Em outras palavras, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por exemplo, sua intimidade, vida privada, honra e imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente". Da Tributação Incidente sobre Indenização por Dano Patrimonial A reparação do dano patrimonial poderá processarse de duas formas: a primeira é pela reparação in natura, ou seja, voltar o patrimônio ao estado que ele se encontrava antes da lesão, com a entrega de objeto do mesmo gênero e espécie em troca do deteriorado; e, a segunda, quando não for possível a reparação natural, pela indenização pecuniária. Fl. 295DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 274 9 Nos termos do art. 43, incisos I e II do CTN, o fato gerador do imposto de renda, constituise na renda (produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) e proventos de quaisquer naturezas (acréscimos patrimoniais não compreendidos na definição de renda). A questio iuris resumese em saber se há ou não incidência do imposto de renda sobre o valor recebido pela impugnante a titulo de indenização. O art. 70, § 5º, da Lei n° 9.430, de 1996, afasta a incidência do imposto de renda sobre indenizações pagas destinadas a reparar danos patrimoniais: "Art. 70. A multa ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a titulo de indenização, a beneficiária pessoa física ou jurídica, inclusive isenta, em virtude rescisão de contrato, sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento. (...) 5° O disposto neste artigo não se aplica às indenizações pagas ou creditadas em conformidade com a legislação trabalhista e àquelas destinadas a reparar danos patrimoniais.” (grifo da impugnante). O referido dispositivo é expresso em excluir da incidência do imposto de renda as indenizações pagas com o objetivo de reparar danos patrimoniais. A lei não menciona o que seriam os danos patrimoniais. No entanto, há interpretação da matéria pelo Conselho de Contribuintes na seguinte decisão: IRF PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO DANO PATRIMONIAL ARTIGO 70, § 5°, DA LEI N° 9.430, DE 1996 Estão isentos do imposto de renda retido na fonte os pagamentos relativos a indenizações por dano patrimonial. A isenção prevista no artigo 70, § 5°, da Lei nº 9.430, de 1996 não adotou a culpa como pressuposto e, conseqüentemente, não faz qualquer distinção entre culpa contratual e culpa extra contratual. Recurso provido." (Conselho de Contribuintes, Recuso Voluntário n° 133408, Acórdão 10419468, Quarta Câmara, Rel. Conselheiro Nelson Mallmann, Sessão de 13/08/2003). (idem). No mesmo sentido, Hugo de Brito Machado (in Regime Tributário das Indenizações, Dialética, São Paulo, 2000, p. 174/175), amplia a interpretação afirmando o seguinte: "Não incide imposto de renda sobre o valor da indenização pago a terceiro. Essa ausência de incidência não depende da natureza do dano a ser reparado. Qualquer espécie de dano (material, moral puro ou impuro, por ato legal ou ilegal) indenizado, o valor concretizado como ressarcimento está livre da incidência de imposto de renda (...) Se a lei não insere a "indenização", qualquer que seja o seu tipo, como renda tributável, incorrendo, portanto, foto gerador e base de cálculo, não pode o fisco exigir imposto sobre essa situação fática. Não prospera, a meu Fl. 296DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 275 10 entendimento, a alegação de que somente a lei federal pode instituir ou alterar a base de cálculo do imposto de renda, pelo que, na espécie, a lei estadual ou municipal está invadindo competência legislativa. A hipótese pareceme ser outra: é a ausência, na legislação federal, de considerar o fato gerador da indenização como renda, além de não incluir o valor como sendo base de cálculo. Aliás, mesmo que a legislação entendesse que o valor recebido por indenização é sujeito ao pagamento de imposto de renda, tinhase que averiguar se a realidade desse tipo de relação caracteriza renda. A jurisprudência, nas situações das demissões voluntárias, afastou a pretensão do fisco em fazer incidir imposto de renda sobre as verbas pagas a tal título. Não as considerou como renda, sim como uma compensação", (grifos da impugnante). A indenização recebida pela impugnante possui natureza compensatória, portanto, não há que se falar em acréscimo patrimonial. O Superior Tribunal de Justiça STJ, apreciando a matéria através do Recurso Especial n° 410.347/SC, acatou o voto do relator, MM. Luiz Fux, ratificando o entendimento da não incidência do imposto de renda sobre indenizações pagas: "Não é qualquer entrada de dinheiro nos cofres de uma pessoa (física ou jurídica) que pode ser alcançada pelo IR, mas, tão somente, os acréscimos patrimoniais, isto é, a aquisição de disponibilidade de riqueza nova. Tudo que não tipificar ganhos durante um período, mas simples transformação de riqueza não se enquadra na área traçada pelo art. 153, III, da CF. É o caso das indenizações. Nelas, não há geração de rendas ou acréscimos patrimoniais (proventos) de qualquer espécie. Não há riquezas novas disponíveis, mas reparações, em pecúnia, por perdas de direitos. (...) Nessa mesma linha de pensar, considerase que os rendimentos correspondentes a indenizações reparatórias em decorrência de ato ilícito sofrido por alguém não sofrem, também, tributação do imposto de renda. Essas verbas são pagas em decorrência de prejuízos físicos ou materiais sofridos por alguém, por ato ilícito praticado por terceiros. Essas indenizações, conforme já afirmado, visam a reparação do patrimônio danificado ou destruído" (STJ, Recurso Especial n° 410.347/SC, Rei Min.Luiz Fux, DJ 17/02/2003). (Grifos da impugnante). Ad argumentandum, caso a fiscalização não reconhecesse a natureza de parte da receita como recomposição patrimonial, mas sim, como lucros cessantes, o correto não seria adicionála à base de cálculo diretamente, mas sim, adicionála às demais receitas operacionais da empresa impugnante para posteriormente aplicar os percentuais do IRPJ e respectivo adicional, bem como da CSLL, com resultado muito inferior ao do presente auto de infração. Assim, diante das decisões colacionadas acima, proferidas em consonância com os dispositivos legais aplicáveis ao caso, Fl. 297DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 276 11 concluise pela não incidência do imposto de renda sobre verbas recebidas a titulo de indenização para recomposição patrimonial, não havendo, portanto, acréscimo de riqueza, devendo ser julgado improcedente o lançamento objeto dos autos de infração impugnados. DA TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA ESCRITURADA E NÃO DECLARADA Em relação às receitas provenientes de aplicação financeira, a impugnante pagou corretamente os impostos, considerando a retenção na fonte dos rendimentos auferidos, não havendo que se falar em crédito tributário de IRPJ e CSLL sobre os valores apontados pela fiscalização. Na oportunidade, requer seja concedido prazo para posterior juntada dos comprovantes de pagamento dos referidos tributos. DA OMISSÃO DE RECEITA (HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS) A fiscalização alega que a verba destinada a honorários advocatícios deveria ter sido contabilizada como receita não operacional da impugnante. Assim, narra às fls. 131 que e "independentemente do nome atribuído pelas partes, cabe aqui buscar a real natureza jurídica dos valores recebidos no citado acordo, a fim de obter o tratamento tributário adequado ao caso". A fiscalização utilizou como fundamentação legal o disposto no art. 521 do RIR/99, sustentando que a receita dos honorários advocatícios seria originariamente da empresa impugnante, cuja natureza seria de ganho de capital. Posteriormente, alega ter havido omissão de receita, nos termos do art. 528 do RIR/99. De fato, tornase essencial a correta classificação da natureza jurídica da receita recebida pelo contribuinte a fim de aplicar o tratamento tributário adequado. No entanto, em se tratando de acordo celebrado em juízo, no âmbito de ação judicial, a classificação da natureza jurídica da receita deve ser fiel ao que restou entabulado no acordo. A interpretação do acordo judicial firmado entre o grupo TIM e a empresa impugnante não deve ser extensiva, mas sim restritiva, sob pena de se sobrepor à coisa julgada. No presente caso, a fiscalização tenta de todas as formas descaracterizar a natureza jurídica dos honorários advocatícios, no intuito de arrecadar mais tributos. Relembrando os termos do acordo judicial, o grupo TIM se comprometeu a pagar a quantia de R$ 24.896.419,20 pelos danos patrimoniais sofridos pela impugnante. Da mesma forma, o grupo TIM se obrigou ao pagamento de verba no montante de R$ 9.681.940,00 a título de honorários advocatícios. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 277 12 Ocorre que os honorários advocatícios nunca pertenceram à empresa impugnante por expressa disposição nos artigos 23 e 24 da Lei 8.906/94. Verificase no Instrumento Particular de Transação firmado pela impugnante o grupo TIM que a verba destinada à indenização e a verba destinada aos honorários advocatícios foram definidas em cláusulas distintas e, em relação à remuneração dos advogados, a quantia sequer circulou pela conta bancária da empresa impugnante. Assim, quando do recebimento dos seus honorários os advogados emitiram nota fiscal de serviço, tendo destacado e recolhido todos os tributos incidentes sobre o montante recebido. Os artigos 23 e 24 da Lei 8.906/94 determinam que, mesmo em caso de acordo, os honorários advocatícios pertencem exclusivamente aos advogados: "Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que o estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência. concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. §I° A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier. §2°, Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou representantes legais. §3° É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência. §4° O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença. "(grifo da impugnante). Portanto, o fato de ter havido acordo entre as partes litigantes, não descaracteriza a titularidade dos honorários que é garantida por expressa disposição legal. Esta também é a interpretação majoritária do Superior Tribunal de Justiça — STJ: "(.)2. "Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente." (parágrafo 20 do artigo 26 do Código de Processo Civil). "O Fl. 299DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 278 13 acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença.” (artigo 24, parágrafo 4º, da Lei n° 8.906/94). 3. Não podendo o acordo feito entre as partes prejudicar os honorários advocatícios e, em havendo transação e nada se dispondo acerca de tanto, os honorários devem ser igualmente divididos entre as partes. Precedentes. 4. Recurso parcialmente provido." (RESP 550.816, 6ª Turma do STJ, Rei. Min.Hamilton Carvalhido, DJ de 17/12/2004, p. 605) (grifo da impugnante). Assim, não há que se falar em omissão de receita não operacional. Com isso, deve ser declarado nulo o auto de infração em epígrafe. DA MULTA Mesmo entendendo ser improcedente a referida autuação é importante verificar ad argumentadum que a penalidade aplicada ao caso não guarda proporção com a prestação tributária, caso ela fosse devida. O efeito multiplicador do débito tributário, imposto como penalidade pelo Fisco Federal, possui caráter confiscatório e é vedado pela ordem constitucional, conforme estabelecido no art. 150, inciso IV da Constituição Federal. A multa de 75% sobre o valor arbitrado do tributo possui nítido feito confiscatório. Primeiro, porque fere os princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade, propriedade, vedação do confisco, dentre outros. Segundo, porque não cabe a aplicação cumulativa da multa com a taxa de juros SELIC. Os tribunais superiores vêm manifestando entendimento no sentido de que as multas, a pretexto de desestimularem a reiteração de condutas infracionais, não podem atingir o direito de propriedade, cabendo ao Poder Legislativo, com base no princípio da proporcionalidade, a fixação dos limites à sua imposição. E que, havendo margem na sua dosagem, a jurisprudência, com base no mesmo principio, tem, no entanto, admitido a intervenção da autoridade judicial. Neste sentido o Conselho de Contribuintes já decidiu o seguinte, in verbis: "(.) MULTA DE OFÍCIO ISOLADA DO AR?T.. 44 DA LEI 9,430/96 A exigência da penalidade prevista no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96 revestese de ilegalidade, eis que contrária aos dispositivos de legislação hierarquicamente superior, conforme posicionamento pacifico da 2° Câmara deste Conselho. Recurso parcialmente provido."(1° Conselho de Contribuintes, 6ª Câmara, processo n° 10820.001969/9867, recurso n o 120451, julgado em 21/08/2001). Invocando o § 1° do art. 145, da Constituição Federal, a impugnante ressalta que a aplicação da penalidade genérica e Fl. 300DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 279 14 não individualizada fere o princípio da capacidade contributiva, pois estipula pena pecuniária sem aferir a real condição financeira do contribuinte, bem assim, desconsidera a equivalência entre a gravidade do ato irregular e a mensuração da pena aplicável. Frisa que o principio da capacidade econômica restringe a aplicação de tributo que supere a capacidade de pagamento do contribuinte. Do mesmo modo, a penalidade pecuniária estabelecida sem obedecer ao principio da equidade caracteriza o comprometimento não só da renda, como da própria atividade negocial e de subsistência da impugnante. Citando o art. 5° da Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto Lei n° 111 4.657/42), aduz que este mandamento, formulado a partir do principio da individualização da pena, implica na conclusão de que as sanções aplicadas em razão do descumprimento de obrigações ou deveres tributários, aplicáveis por qualquer autoridade, devem conter elementos normativos que permitam a consideração de cada caso em concreto, segundo as circunstâncias fáticas e jurídicas presentes. Se isso não ocorre, há inconstitucionalidade material. No mesmo sentido, os princípios da racionalidade ou proporcionalidade, strictu sensu, determinam que a aplicação da pena não deve ocorrer aquém ou além da conduta imputável. Tratase de obediência aos limites de restrição e de suspensão dos direitos fundamentais, buscando proibir o excesso de pena e o arbítrio. Assim, fiel à teoria da responsabilidade pessoal, bem como, aos princípios da racionalidade ou proporcionalidade, o Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento no sentido de excluir a totalidade da multa aplicada pelo Fisco, quando o contribuinte age de boa fé, sem fraude e sem dolo. Ao arbitrar o valor do imposto "devido", embasada em metodologia contrária ao direito, a SRF desconsiderou a capacidade contributiva do recorrente, ignorando seu patrimônio, seus rendimentos e suas atividades econômicas, tornando incompatível com a sua capacidade econômica e absolutamente impagável o suposto débito. A exigência de multa além dos limites legais ou em limites que correspondam à realidade do contribuinte, conforme ficou demonstrado acima, fere o principio da propriedade e por consequência o princípio da vedação do confisco. DOS JUROS A multa tem natureza punitiva, portanto, não objetiva recompor o patrimônio danificado, pois é esta a função dos juros. A taxa SELIC aplicada é de nítida índole remuneratória, não se prestando para fixação dos juros moratórios, e muito menos para fixar juros em relação às penalidades pecuniárias em matéria tributária. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 280 15 Com efeito, a taxa SELIC não tem definição legal, nem foi criada por lei para fins tributários. A aplicação e fixação da taxa SELIC para tributos federais e contribuições previdenciárias ficaria ao alvedrio exclusivo do Banco Central do Brasil BACEN, que tem competência para atuar na área financeira, mas não para instituir ou majorar tributos e, contribuições previdenciárias. Por outro lado, é inconstitucional a delegação de competência tributaria. Ao fixar a taxa SELIC por ato unilateral da Administração, fica vergastado o princípio da indelegabilidade de competência tributária. Aferindo a metodologia dos cálculos efetuados para a composição da taxa SELIC, percebese que é composta por juros e correção monetária. Na verdade, esses juros são de natureza remuneratória. A inconstitucionalidade da aplicação da taxa SELIC, bem como a sua natureza, exclusivamente remuneratória, vem sendo reconhecida pelos nossos tribunais como por exemplo decidiu unanimente o STJ, 2ª Turma, Resp 215881/PR, Rel. Min. Franciulli Neto, DJU 1E de 3.4.2000, p. 142. 1 DO PEDIDO Por todo o exposto, requer seja julgado totalmente improcedente o Auto de Infração em epígrafe para que: a) seja reconhecida a nulidade do Mandado de Procedimento Fiscal pelas sucessivas prorrogações, sem a devida motivação; b) seja reconhecida a inexistência de acréscimo patrimonial, considerando que a receita objeto da autuação referese à indenização por danos emergente, destinados á recomposição patrimonial da empresa impugnante; c) alternativamente, caso se considere que a natureza de parte da receita objeto da fiscalização referese a lucros cessantes, requer seja incluído o mencionado valor no cálculo do lucro presumido, para posteriormente aplicar a alíquota do IRPJ e da CSL; d) seja concedido prazo para posterior juntada dos comprovantes de pagamento dos tributos incidentes sobre a receita operacional da empresa, bem como receita de aplicações financeiras; e) seja reconhecida a inexistência de omissão de receita não operacional, para excluir da base de cálculo a receita de R$ 9.681.940,00, considerando que a mesma nunca pertenceu à empresa impugnante, consoante os argumentos narrados acima; e f) seja reconhecida a ilegalidade na aplicação da multa e dos juros de mora (Taxa SELIC”) Fl. 302DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 281 16 Em 27 de março de 2009 foi prolatado o Acórdão nº 0330.120, da 2ª Turma de Julgamento da DRJ em Brasília, fls. 215/236, que considerou procedente o lançamento, expressando seu entendimento por meio da seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2005 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. O prazo do Mandado de Procedimento Fiscal pode ser prorrogado pela autoridade outorgante tantas vezes quantas necessárias, até a conclusão do trabalho de fiscalização. INGRESSO DE RECURSOS. TRANSAÇÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. Os recursos ingressados na empresa, em decorrência de transação, dos quais resulte acréscimo patrimonial quantificado, submetemse à incidência do imposto. INDENIZAÇÃO PATRIMONIAL. ISENÇÃO. Decorrendo a isenção de lei cuja interpretação deve ser literal, a indenização patrimonial a salvo da tributação é aquela que decorre exclusivamente da rescisão de contrato. APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL. A prova documental deve ser apresentada pelo sujeito passivo na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazêla em outro momento processual, excepcionadas as hipóteses definidas na lei. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSOS PRÓPRIOS. FALTA DE CONTABILIZAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITA. Os honorários advocatícios pagos pela parte acionada judicialmente aos advogados do sujeito passivo, impetrante da ação e beneficiário dos serviços prestados por eles, são receita deste, sendo de escrituração obrigatória o seu montante como também o valor da despesa equivalente com os advogados. O acordo particular de pagamento diretamente aos advogados, sem passar por conta do sujeito passivo, não pode ser oposto à Fazenda Nacional para fins de modificar a sujeição passiva estabelecida em lei. A falta de contabilização de receita caracteriza omissão de receitas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO – CSLL Anocalendário: 2005 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 282 17 Ao lançamento da CSLL aplicase, no que couber, o decidido em relação ao IRPJ, formalizado a partir da mesma matéria fática. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Anocalendário: 2005 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSOS PRÓPRIOS. FALTA DE CONTABILIZAÇÃO.OMISSÃO DE RECEITA. Os honorários advocatícios pagos pela parte acionada judicialmente aos advogados do sujeito passivo, impetrante da ação e beneficiário dos serviços prestados por eles, são; receita deste, sendo de escrituração obrigatória o seu montante como também o valor da despesa equivalente com os advogados. O acordo particular de pagamento diretamente aos advogados, sem passar por conta do sujeito passivo, não pode ser oposto à Fazenda Nacional para fins de modificar a sujeição passiva estabelecida em lei. A falta de contabilização de receita caracteriza omissão de receitas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP . Anocalendário: 2005 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSOS PRÓPRIOS. FALTA DE CONTABILIZAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITA.. Os honorários advocatícios pagos pela parte acionada judicialmente aos advogados do sujeito passivo, impetrante da ação e beneficiário dos serviços prestados por eles, são receita deste, sendo de escrituração obrigatória o seu montante como também o valor da despesa equivalente com os advogados. O acordo particular de pagamento diretamente aos advogados, sem passar por conta do sujeito passivo, não pode ser oposto à Fazenda Nacional para fins de modificar a sujeição passiva estabelecida em lei. A falta de contabilização de receita caracteriza omissão de receitas. Lançamento Procedente” Cientificada em 07 de maio de 2009, AR de fls. 245, e novamente irresignada com o acórdão de primeira instância, apresenta seu recurso voluntário protocolado em 25 de maio de 2009, em cujo arrazoado de fls. 246/261 repisa os mesmos argumentos expendidos na peça impugnatória, afirmando que o fato apurado não trata de venda ou cessão de ativo intangível e sim de recomposição patrimonial da recorrente, que se viu expulsa do mercado pela multinacional e que se os valores recebidos pela empresa fossem considerados como acréscimo de riqueza, como pretende a fiscalização, este acréscimo jamais corresponderia à totalidade da receita recebida pelo contribuinte. É o Relatório. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 283 18 Voto Conselheiro Nelson Lósso Filho O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. As matérias em litígio dizem respeito à preliminar de nulidade do lançamento motivada pela prorrogação indevida do Mandado de Procedimento Fiscal e, no mérito, a tributação como receita não operacional do montante recebido em acordo judicial, bem como dos honorários pagos aos advogados da empresa pela TIM Itália, além da inconstitucionalidade da utilização da Taxa Selic como juros de mora e o caráter confiscatório da multa de ofício de 75%. Incabível a preliminar de nulidade do auto de infração, argüida tendo como base irregularidades na execução do Mandado de Procedimento Fiscal, sua prorrogação por períodos sucessivos. Este Conselho já analisou a questão de irregularidades no MPF no Acórdão 10807.708, se manifestando no sentido de que tais incorreções não têm o condão de causar a nulidade do auto de infração. O posicionamento está firmemente fundamentado na Declaração de Voto do ilustre Conselheiro Manoel Antônio Gadelha Dias, da qual extraio o seguinte excerto: “Acompanhei o Senhor Relator tanto na questão preliminar quanto no mérito do recurso voluntário. Permitome, no entanto, aditar algumas considerações acerca da alegada nulidade do auto de infração, em razão de vícios no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, apontados pelo sujeito passivo. É sabido que o Mandado de Procedimento Fiscal é um instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação fiscocontribuinte. Objetiva o Mandado de Procedimento Fiscal assegurar ao sujeito passivo que seu nome foi selecionado segundo critérios objetivos e impessoais e que o agente fiscal indicado recebeu ordem da Administração Tributária para executar a ação fiscal. Nesse sentido, o Senhor Secretário da Receita Federal baixou a Portaria SRF nº 1.265, de 22 de novembro de 1999, disciplinando a execução dos procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições por ela administrados. Eis as principais diretrizes estabelecidas: 1.do MPF será dada ciência ao sujeito passivo, por ocasião do início do procedimento fiscal; 2. o MPF será emitido, caso a caso, pelas seguintes autoridades: a) CoordenadorGeral de Fiscalização; b) CoordenadorGeral Fl. 305DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 284 19 de Administração Aduaneira; c) Superintendente da Receita Federal; d) Delegado da Receita Federal etc; 3. do MPF conterão: a) a numeração de identificação e controle, composta de dezessete dígitos; b) os dados identificadores do sujeito passivo; c) a natureza do procedimento fiscal a ser executado; d) o prazo para a realização do procedimento fiscal; e) o nome e a matrícula do AFRF responsável pela execução do mandado etc; 4. o MPF indicará, ainda, o tributo ou contribuição objeto do procedimento fiscal a ser executado (fiscalização ou diligência), podendo ser fixado o período de apuração correspondente etc; 5. o MPF (para fiscalização) terá prazo máximo de validade de 120 (cento e vinte) dias, podendo ser prorrogado pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, mediante emissão de MPF Complementar; 6. o MPF se extingue pela conclusão do procedimento fiscal ou pelo decurso do prazo, sendo que, nessa segunda hipótese, na emissão de novo MPF não poderá ser indicado o mesmo AFRF responsável pela execução do MPF extinto. Alegou a recorrente que a fiscalização levada a efeito pela Receita Federal deixou de observar as normas emanadas da referida portaria, uma vez que: 1.do Mandado de Procedimento Fiscal – MPFF emitido em 26/07/00, com validade até 23/11/00, somente tomou ciência em 08/08/00; 2. do Mandado de Procedimento Fiscal Complementar – MPFC emitido em 22/11/00, com validade até 22/03/01, somente tomou ciência em 29/11/00; 3. do MPFC emitido em 23/03/01, com validade até 21/07/01, somente tomou ciência em 09/04/01; e 4. do MPFC emitido em 19/07/01, com validade até 18/08/01, somente tomou ciência em 20/07/01. Sustenta o sujeito passivo que “admitir a continuidade do trabalho fiscalizatório, sem que seja, de imediato, dada ciência ao contribuinte, é o mesmo que aceitar a fiscalização por Agentes Fiscais sem a ordem específica, o que é vedado pela Portaria nº 1.265/99, em seu art. 2º”. Não tem razão a recorrente. Como já salientado, o Mandado de Procedimento Fiscal criado pelo aludido ato administrativo visa primordialmente informar ao contribuinte que o procedimento fiscal que estiver sendo executado por auditorfiscal é de conhecimento da Administração Tributária e por ela foi autorizado. A ciência tardia das prorrogações dos mandados de procedimento de fiscalização não trouxe qualquer insegurança para o contribuinte fiscalizado, bastando se observar a cronologia das prorrogações para se concluir que os trabalhos de fiscalização tinham o consentimento da Senhora Delegada da Receita Federal em Santo André (SP). Fl. 306DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 285 20 E mais: ainda que os MPFC somente tivessem sido emitidos após extinto o MPFF, por decurso de prazo, não haveria que se falar em vício ou nulidade, uma vez que a emissão do MPFC supre a finalidade do referido ato administrativo, qual seja, a de que o agente fiscal seja autorizado a prosseguir os trabalhos de fiscalização já iniciados. A prevalecer o entendimento do sujeito passivo, aí sim, teríamos que admitir que eventual inobservância de uma norma infra legal (Portaria SRF nº 1265/99) teria o condão de gerar nulidades no procedimento, assim entendido o caminho para consecução do ato do lançamento, a chamada fase meramente fiscalizatória. Ocorre que é matéria reservada à lei o processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários, assim entendido tanto a fase do procedimento (preparatório do ato do lançamento), quanto a fase do processo (iniciada com a impugnação do lançamento). No âmbito federal, é o Decreto nº 70.235/72, lei em sentido material, que regula a matéria, dispondo inclusive de capítulo próprio relativo ao tema das nulidades. Estabelece o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 as duas hipóteses de nulidades passíveis de serem declaradas pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; e II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. No âmbito do procedimento, em princípio, é válido todo e qualquer ato praticado por AuditorFiscal da Receita Federal, em exercício nas Divisões de Fiscalização e integrante de Equipe de Fiscalização, não havendo que se falar em pessoa incompetente. Nesse sentido, reafirma a recente Medida Provisória nº 46/2002 a competência privativa do AuditorFiscal da Receita Federal para executar procedimentos de fiscalização, bem assim, constituir, mediante lançamento, crédito tributário em favor da União (art. 6º, I, “a” e “c”). Assim, na hipótese de MPFF ou MPFC tardiamente cientificado ao contribuinte, que seja do conhecimento do Delegado da Receita Federal ou do Chefe de Divisão de Fiscalização, e que essas autoridades administrativas não tenham sequer suscitado eventual incompetência do agente fiscal, revelase absolutamente despropositado, data venia, o entendimento, de julgador de primeiro ou de segundo grau, que vier a acolher tese no sentido da incompetência do AFRF, uma vez que própria Administração Tributária, por meio de autoridade administrativa, teria ratificado essa competência. Nos presentes autos, frisese também, não há que se cogitar de eventual preterição do direito de defesa do contribuinte, seja Fl. 307DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 286 21 porque por ele não suscitada, seja porque a referida ciência tardia do MPFF ou dos MPFC não lhe acarretou qualquer insegurança quanto à validade da fiscalização que lhe foi imposta. Qualquer outra interpretação da comentada portaria, que não seja a teleológica, pode gerar graves prejuízos para o Erário Público e ir de encontro aos princípios constitucionais do interesse público e da justiça fiscal, além de ferir o princípio de direito de que a nulidade, salvo se absoluta, não deve ser declarada se a parte interessada não demonstrar a existência de prejuízo, uma vez que esse é da essência daquela. Por fim, ressalto que compete exclusivamente à autoridade administrativa verificar eventual inobservância de norma de controle administrativo e promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, nos termos da Lei nº 8.212, de 11 de dezembro de 1990.” Pelo exposto, não se sustenta a alegação de nulidade do auto de infração motivada por vícios na execução do Mandado de Procedimento Fiscal, porque é pacífica a jurisprudência deste Conselho no sentido de que o MPF é mero instrumento de controle da administração tributária. Além de as sucessivas prorrogações do MPF estar prevista no art. 12 da Portaria RFB nº 11.371/2007. No mérito, quanto à receita originária de acordo judicial, no montante de R$24.896.419,20, intitulada na descrição dos fatos como receita escriturada e não declarada, vejo que se trata de ganho tributável pela legislação do Lucro Presumido. Com efeito, o valor corresponde a verdadeira alienação do nome TIM, de sua marca, corroborado pelo registro do nome no INPI e a sua manifestação de concordância em relação a mudança da sua posse para a Telecom Itália, como comprovam o acordo de fls. 75/85 e o Termo do INPI de fls. 86/88. Pela análise da DIPJ de fls. 64/73, constato que o capital da empresa é diminuto e sua receita bruta no terceiro trimestre de 2005 não supera a R$20.000,00, o que leva ao entendimento que realmente o valor acima de vinte milhões de reais de pretensa indenização é desproporcional ao lucro cessante ou afronta patrimonial, se traduzindo claramente em ganho pela cessão da marca, incluído no conceito de renda do CTN. Quanto à alegação da recorrente de que esse valor deveria ser tratado como uma verba indenizatória patrimonial, tal argumento não resiste à dicção do art. 70 da Lei nº 9.430/96, que limita esses casos exclusivamente à rescisão de contratos, o que não é o caso em questão. Este artigo está assim redigido: "Art. 70. A multa ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, a beneficiária pessoa física ou jurídica, inclusive isenta, em virtude rescisão de contrato, sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento. (.) (grifei). Fl. 308DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 287 22 § 5° O disposto neste artigo não se aplica às indenizações pagas ou creditadas em conformidade com á legislação trabalhista e àquelas destinadas a reparar danos patrimoniais." Melhor sorte não tem a empresa quanto à questão do pagamento dos honorários dos seus advogados pela TIM Itália, pois esse valor corresponde também a ganho, mesmo não tendo o desembolso sido feito diretamente pela autuada ele se refere à responsabilidade da VRJ para com seus advogados contratados e representa ganho tributável no regime do Lucro Presumido, não podendo o acordo efetuado entre as partes afastar a sujeição passiva da autuada. Concordo com os fundamentos do voto vencedor do acórdão de primeira instância a respeito do assunto, do qual, por pertinente, extraio o seguinte excerto: “Consoante Relatório Fiscal da autoridade autuante, a omissão de receitas restou caracterizada pela falta de contabilização dos honorários advocatícios recebidos pelos advogados do sujeito passivo, no valor de R$ 9.681.940,80, em função de acordo homologado judicialmente. A TIM Telecomunicações, Instalações e Montagens Ltda, antiga denominação do sujeito passivo, firmou acordo com a T1M Brasil Serviços e Participações S/A, homologado judicialmente, em decorrência do qual esta pagou àquela, a título de verba indenizatória patrimonial (título constante do acordo), o montante de €8.640.000,00 (R$ 24.896.419,20, pela cotação do dia da transferência), bem como €3.360.000,00 (R$ 9.681.940,00, pela cotação do dia da transferência) para os advogados da recorrente, a título de honorários (fls.55/59 e 75/90). A autoridade relatou que os escritórios de advocacia emitiram as notas fiscais de serviço, de forma incorreta, em nome da empresa TIM Brasil Serviços e Participações Ltda, quando deveriam ter emitido em nome da TIM Telecomunicações, Instalações e Montagens Ltda (atual VRJ Telecomunicações Empreendimentos Imobiliários Ltda), real beneficiária dos serviços de advocacia (fls. 55 a 59). Ressaltou que, segundo os extratos do processo e o próprio acordo lavrado, os escritórios que receberam os R$ 9.681.940,00 (€ 3.360.000,00) eram os procuradores legais d autora da ação (fls.74 e 79): Concluiu que esse montante deveria ter sido contabilizado pela fiscalizada como receita não operacional tributável, e posteriormente, os valores pagos aos advogados deveriam ter sido registrados como despesa da empresa. O relator do voto vencido considerou que os honorários advocatícios terem sido pagos pelo grupo TIM diretamente aos patronos da causa transacionada, esses se constituíram em receita dos respectivos escritórios profissionais. Concluiu que não havia porque o sujeito passivo contabilizálos como receita própria. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 288 23 Permitome discordar frontalmente deste entendimento. É fato inconteste que os escritórios de advocacia receberam o referido montante a título de honorários advocatícios. Vejamos o que De Plácido e Silva dispõe sobre honorários advocatícios: HONORÁRIOS DE ADVOGADO. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na Ordem o direito a honorários contratados ou, na falta de contrato, dos que forem fixados na forma da lei. Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários serão fixados por arbitramento judicial em percentagem sobre o valor da causa. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. (.)(grifei) Da conceituação acima verificase que os honorários advocatícios representam despesas do vencedor da ação, mas que são pagas pelo vencido a ele. Em que pese na espécie ter ocorrido uma transação (acordo) anteriormente à sentença, não havendo, por conseguinte, um vencedor e um perdedor, pois ambos fizeram concessões, os honorários advocatícios permaneceram devidos, haja vista que os advogados prestaram o serviço, sendo um direito seu a remuneração pelo trabalho realizado. E esses honorários continuaram sendo devidos pelo sujeito passivo, o qual foi o beneficiário dos serviços por ele contratados com os escritórios de advocacia. Frisese, a TIM Brasil não possuía qualquer nexo contratual com os advogados, decorrendo sua obrigação pelo pagamento das despesas a serem efetuadas pelo sujeito passivo exclusivamente de disposição legal. A relação negocial não muda em virtude do pagamento de honorários ser incumbência da outra parte litigante. Não há qualquer objeção legal para que o pagamento pela TIM Brasil das despesas assumidas pelo sujeito passivo fosse realizado diretamente aos advogados que prestaram os serviços a este (sujeito passivo). É mera questão de operacionalização fixada em, acordo ou convenção entre as partes, que, todavia, não pode ser oposta à Fazenda Pública para modificar definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes, 13 consoante disposição do art. 123 do CTN. Não pode, conforme dito, o acordo efetuado ser utilizado para afastar a sujeição passiva da TIM Telecomunicações, Instalações e Montagens Ltda (atual VRJ), mediante a utilização do subterfúgio do valor dos honorários advocatícios devidos por ela serem repassados diretamente aos advogados pela TIM Brasil. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 289 24 Tais valores são parte da receita do sujeito passivo recebida em função do acordo homologado judicialmente, a qual foi utilizada para quitação de uma obrigação contratual sua, ou seja, de uma despesa sua. Tratase de uma operação igual a qualquer outra, onde, para a obtenção de sua receita, a pessoa jurídica incorre em despesas com prestadores de serviços. Proceder como pretendido pelo contribuinte e pelo nobre julgador redator do voto vencido, seria entender ser sempre devida apenas a contabilização da receita líquida, bastando, para tanto, um acordo do contribuinte com as fontes pagadoras para que estas paguem de sua receita correspondente à despesa com os prestadores de serviços por ela contratados diretamente a estes. Ressaltese, também, que para fins de cálculo do IRPJ e da CSLL, se o sujeito passivo tivesse optado pela apuração com base no lucro real, tal receita seria anulada pela despesa equivalente, havendo apenas a tributação da diferença líquida que lhe coube. O resultado prático para estes tributos seria o mesmo de uma contabilização da receita pelo valor líquido, mas a falta de contabilização da receita bruta implicaria redução indevida da Cofl4s e do PIS. Ademais, o art. 2° da Lei 2.354/54 e o art. 25 da Lei 9.249/95 determinam que a escrituração deve abranger todas as operações do contribuinte, sendo, portanto, obrigatório o registro da receita bruta e da despesa necessária para auferila. Na espécie, o contribuinte optou pela tributação com base no lucro presumido. Para esta forma de apuração, a receita aqui tratada não se sujeita à aplicação do coeficiente de presunção, sendo submetida à alíquota do imposto integralmente. Tratase, pois, de uma opção do contribuinte que lhe e desvantajosa, mas que poderia ter sido evitada se não tivesse intencionalmente tentado afastar sua sujeição passiva. Houvesse procedido corretamente, poderia ter se beneficiado com o não pagamento do IRPJ e da CSLL sobre esta par ela da receita mediante a apuração pelo lucro real. Então, sendo os honorários advocatícios receita do sujeito passivo, e já que esta não foi escriturada, resta considerar comprovada pela autoridade fiscal a ocorrência de omissão de receitas, sendo procedentes os lançamentos de IRPJ e reflexos de CSLL, PIS e Cofins dela decorrentes.” Caso a recorrente fosse tributada pelo Lucro Real, o fato descrito, o pagamento dos advogados pela TIM, não teria efeito tributário, pois haveria o registro de receita e despesa equivalentes, sendo o fato tributariamente irrelevante. Entretanto, essa não é a sistemática de tributação pelo Lucro Presumido, que tem forma própria de tributação, com base na receita, no ganho realizado, que no caso é não operacional, não compondo o cálculo normal para a incidência de percentuais do Lucro Presumido, sendo a alíquota do imposto aplicada diretamente. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 290 25 As alegações apresentadas pelo recorrente a respeito da inaplicabilidade da taxa SELIC como juros de mora e do caráter confiscatório da multa de ofício, por ferir normas e princípios constitucionais, não podem aqui ser analisadas, porque não cabe a este Conselho discutir validade de lei. Tenho firmado entendimento em diversos julgados neste Colegiado, que, regra geral, falece competência a este Conselho Administrativo para, em caráter original, negar eficácia à lei ingressada regularmente no mundo jurídico, porque, pela relevância da matéria, no nosso ordenamento jurídico tal atribuição é de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, com grau de definitividade, conforme arts. 97 e 102, III, da Constituição Federal, verbis: “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: (Omissis) III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.” Concluise que mesmo as declarações de inconstitucionalidade proferidas por juízes de instâncias inferiores não são definitivas, devendo ser submetidas à revisão. Em alguns casos, quando exista decisão definitiva da mais alta corte deste país, vejo que o exame aprofundado de certa matéria não tem o condão de exorbitar a competência deste colegiado e sim poupar o Poder Judiciário de pronunciados repetitivos sobre matéria com orientação final, em homenagem aos princípios da economia processual e celeridade. É neste sentido que conclui o Parecer PGFN/CRF nº 439/96, de 02 de abril de 1996, por pertinente, transcrevo: “17. Os Conselhos de Contribuintes, ao decidirem com base em precedentes judiciais, estão se louvando em fonte de direito ao alcance de qualquer autoridade instada a interpretar e aplicar a lei a casos concretos. Não estão estendendo decisão judicial, mas outorgando um provimento específico, inspirado naquela. (Omissis) 32. Não obstante, é mister que a competência julgadora dos Conselhos de Contribuintes seja exercida – como vem sendo até Fl. 312DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 291 26 aqui – com cautela, pois a constitucionalidade das leis sempre deve ser presumida. Portanto, apenas quando pacificada, acima de toda dúvida, a jurisprudência, pelo pronunciamento final e definitivo do STF, é que haverá ela de merecer a consideração da instância administrativa.”(grifo nosso) Com base nestas orientações foi expedido o Decreto nº 2.346/97, que determina o seguinte: “As decisões do Supremo Tribunal Federal que fixem, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional deverão ser uniformemente observadas pela Administração Pública Federal direta e indireta, obedecidos os procedimentos estabelecidos neste Decreto. § 1 Transitada em julgado decisão do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em ação direta, a decisão, dotada de eficácia “ex tunc”, produzirá efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional, salvo se o ato praticado com base na lei ou ato normativo inconstitucional não mais for suscetível de revisão administrativa ou judicial” (grifo nosso) Este entendimento já está pacificado pelo Poder Judiciário, como se vê no julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que faz referência a precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF): “DIREITO PROCESSUAL EM MATÉRIA FISCAL – CTN – CONTRARIEDADE POR LEI ORDINÁRIA – INCONSTITUCIONALIDADE. Constitucional. Lei Tributária que teria, alegadamente, contrariado o Código Tributário Nacional. A lei ordinária que eventualmente contrarie norma própria de lei complementar é inconstitucional, nos termos dos precedentes do Supremo Tribunal Federal (RE 101.084PR, Rel. Min. Moreira Alves, RTJ n° 112, p. 393/398), vício que só pode ser reconhecido por aquela Colenda Corte, no âmbito do recurso extraordinário. Agravo regimental improvido “(Ac. unânime da 2ª Turma do STJ – Agravo Regimental 165.452SC – Relator Ministro Ari Pargendler – D.J.U. de 09.02.98 – in Repertório IOB de Jurisprudência n° 07/98, pág. 148 – verbete 1/12.106) Recorro, também, ao testemunho do Prof. Hugo de Brito Machado para corroborar a tese da impossibilidade desta apreciação pelo julgador administrativo, antes do pronunciamento do STF: “A conclusão mais consentânea com o sistema jurídico brasileiro vigente, portanto, há de ser no sentido de que a autoridade administrativa não pode deixar de aplicar uma lei por considerála inconstitucional, ou mais exatamente, a de que a autoridade administrativa não tem competência para decidir se uma lei é, ou não é inconstitucional” (in “Mandado de Segurança em Matéria Tributária”, Editora Revista dos Tribunais, págs. 302/303). Fl. 313DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 292 27 Do exposto, concluo que regra geral não cabe a este Conselho manifestarse a respeito de inconstitucionalidade de norma, apenas quando exista decisão definitiva em matéria apreciada pelo Supremo Tribunal Federal é que esta possibilidade pode ocorrer, o que não é o caso em questão. Vejo que foi prolatada a Súmula nº 02 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no sentido de que “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Em relação à taxa SELIC, o Supremo Tribunal Federal proferiu nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (nº 47 de 7.03.1991) que a aplicação de juros moratórios acima de 12% ao ano não ofende a Constituição, pois seu dispositivo que fixa a limitação ainda depende de regulamentação para ser aplicado. Assim está ementado tal julgado: “DIREITO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE INJUNÇÃO. TAXA DE JUROS REAIS: LIMITE DE 12% AO ANO. ARTIGOS 5º, INCISO LXXI, E 192, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Em face do que ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI nº 4, o limite de 12% ao ano, previsto, para os juros reais, pelo § 3º do art. 192 da Constituição Federal, depende da aprovação da Lei Complementar regulamentadora do Sistema Financeiro Nacional, a que se referem o “caput” e seus incisos do mesmo dispositivo...” (STF pleno, MI 490/SP). A Súmula nº 04 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, firmou o entendimento de que a partir de 1º de abril de 1995 os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. Quanto à multa de ofício, foi perfeitamente aplicada ao fato apurado, haja vista a constatação de irregularidades tributárias, não se adequando aqui o conceito de Confisco estampado no artigo 150 da Constituição Federal, que trata desta situação apenas no caso de tributos. Lançamentos Decorrentes: PIS – COFINS e CSLL. Os lançamentos do PIS, da COFINS e da CSLL, em questão tiveram origem em matéria fática apurada na exigência principal, na qual a fiscalização lançou crédito tributário do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Tendo em vista a estreita relação entre eles existente, devese aqui seguir os efeitos da decisão ali proferida. Pelos fundamentos expostos, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Relator Fl. 314DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10120.017239/200871 Acórdão n.º 1202000.717 S1C2T2 Fl. 293 28 Fl. 315DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 p or NELSON LOSSO FILHO
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