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Numero do processo: 19515.002675/2009-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.176
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva– Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 02 67 5/ 20 09 -6 8 Fl. 4295DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 19515.002675/200968 Resolução nº 1401000.176 S1C4T1 Fl. 3 2 Dentre as questões em discussão no presente feito, encontrase a utilização da Requisição de Movimentação Financeiras – RMF, por parte da Autoridade Fiscal, como forma de conhecer os extratos bancários da Recorrente. A constitucionalidade de referido instrumento está em julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 601.314. Ainda, no RE 410.054 AgRg, foi determinado o sobrestamento do feito até o julgamento do processo em repercussão geral. Segundo o art. 62, § 1º Código de Processo Civil, “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543b, do CPC”. Ainda, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento da repercussão geral conduzirá |à aplicado no art. 543B do CPC. Senão, veja se: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. (sem grifos no original). Ainda, a Portaria nº 138, de 23 de julho de 2009, do Supremo Tribunal Federal, impõe que todo processo onde tiver havido repercussão geral deverá ser sobrestado, independentemente de determinação expressa nesse sentido. Leiase o dispositivo, in verbis: PORTARIA Nº 138, DE 23 DE JULHO DE 2009 O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 543B, § 5º, do Código de Processo Civil, com a redação da Lei nº 11.418/06, e no art. 328, parágrafo único, do Regimento Interno, com redação da Emenda Regimental nº 21/07, RESOLVE: Art. 1º Determinar à Secretaria Judiciária que devolva aos Tribunais, Turmas Recursais ou Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais os processos múltiplos ainda não distribuídos relativos a matérias submetidas à análise de repercussão geral pelo STF, os encaminhados em desacordo com o disposto no § 1º do art. 543B, do Código de Processo Civil,bem como aqueles em que os Ministros tenham determinado sobrestamento ou devolução. Por fim, a Portaria nº 01/2012 deste Conselho determina o sobrestamento do feito, sempre que, cumulativamente, a matéria encontrase em repercussão geral e tiver havido Fl. 4296DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 19515.002675/200968 Resolução nº 1401000.176 S1C4T1 Fl. 4 3 ordem de sobrestamento de processos por força de referida situação. No caso, essa cumulação de requisitos se apresenta pelos RE 601.314 e RE 410.054 AgRg, ambos do Supremo Tribunal Federal. Pelo exposto, nos termos da Portaria nº 1 do CARF, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente feito até ulterior análise da questão constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Transitada em julgada a decisão do Excelso Pretório, retornem os autos para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 4297DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10875.001111/2004-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO. FONTE PAGADORA. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62, § 2º.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.588
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rosemary Figueiroa Augusto e Cecília Dutra Pillar, que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto informou que apresentará declaração de voto.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO. FONTE PAGADORA. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62, § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido.
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JUSTIÇA DO TRABALHO. FONTE PAGADORA. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62, § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC/1973. Art. 62, § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rosemary Figueiroa Augusto e Cecília Dutra Pillar, que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto informou que apresentará declaração de voto. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 11 11 /2 00 4- 30 Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 207 2 Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado por ocasião da Resolução 2202000.551, da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara/2ª Seção deste CARF, que anteriormente decidiu pela conversão do julgamento em diligência (fl. 193): Contra o contribuinte em questão foi lavrado o auto de infração (fls. 157/159) com o lançamento de imposto de renda suplementar relativo ao ano calendário 2001, de multa de ofício e de juros de mora, totalizando um crédito tributário de 27.840,29. Conforme enquadramento legal de fls. 159. O lançamento em questão majorou os rendimentos tributáveis declarados pelo contribuinte, por ter sido constatada a omissão dos rendimentos recebidos no levantamento da quantia depositada nos autos do processo trabalhista n° 817/95, da 37ª JCP/SP, conforme Alvará de Levantamento 642/2001, de 18/09/2001, no valor de R$ 59.878,79. Inconformado, o contribuinte apresenta impugnação de fls. 01/25, em que alega, em síntese, que: 1 os rendimentos incluídos pelo lançamento referemse a verbas trabalhistas que possuem natureza indenizatória, conforme se extrai da peça exordial juntada; 2 a reclamação foi julgada parcialmente procedente, conferindolhe todos os direitos pretendidos com exceção das verbas decorrentes do seguro desemprego, salário "in natura" (posteriormente modificado pelo TRT doc 5) e da multa prevista no §8°, do art. 477; 3 em outubro de 1995, deu início à execução da sentença que lhe fora parcialmente favorável, apresentando os respectivos cálculos (doc 3); 4 com a discordância da empresa em relação aos cálculos apresentados, acabou convencendose de que o melhor seria acatar os valores sugeridos, haja vista o estado falimentar; 5 em 24/10/2000, por meio do aviso (doc 11), o Banco do Brasil informou ao magistrado da na Vara do Trabalho que já estava à disposição deste juízo, o valor de R$ 499.187,10, conforme transferência da CEF; Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 208 3 6 o ora impugnante recebeu suas verbas rescisórias já com a retenção efetuada, quando do levantamento dos valores; 7 em 05/12/2000 (doc 15), conforme Alvará de Levantamento n° 953/2000, consta o valor de R$ 445.127,22, sendo que deste valor foram pagos R$ 111.364,47, como honorários advocatícios (doe 16), restandolhe o valor de R$ 334.093,41 (doc 17); 8 em 05/12/2000, o magistrado determinou a transferência para a conta da SRF dos valores devidos a título do imposto de renda; 9 o erro na apuração da base de cálculo fulmina de nulidade o presente auto de infração; 10 a sentença trabalhista condenou a empresa a pagar ao ora impugnante verbas remuneratórias e indenizatórias, bastando analisar a sentença condenatória; 11 a fiscalização não distinguiu quais os valores deveriam se sujeitar ao IR e quais não deveriam, a base de cálculo utilizada, portanto, é totalmente nula; 12 do demonstrativo de apuração (doc.02), foram retidos no momento do levantamento das verbas rescisórias, a título de IR, o valor de R$ 54.819,20, o qual foi encaminhado para a SRF por meio do oficio 1264/2000 (doc. 18); 13 significa dizer que em 31/12/2000, data do fato gerador do IR de pessoa física, o ora impugnante não detinha qualquer quantia destes R$ 54.819,20. Este fato foi desconsiderado pelo agente fiscal; 14 quando da lavratura do auto de infração referente ao ano calendário 2000, o Auditor Fiscal incluiu na base de cálculo do imposto de renda a quantia referente ao imposto que deveria ter sido convertido em renda pela União; 15 no primeiro auto de infração referente ao ano calendário 2000 (PA 10875.000616/200476), a fiscalização já havia incluído os valores que está cobrando no auto de infração que ora se impugna; 16 o valor de R$ 71.812,07 além de já ter sido objeto de lançamento anterior, tratase de verbas sujeitas ao imposto de renda, mas, também, verbas indenizatórias; 17 a fiscalização trabalhou com uma presunção de renda que, por não ser prevista em lei, não pode ser utilizada para fins de lançamento tributário, atividade vinculada. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo – DRJ/SPOII, ao analisar a impugnação, decidiu por unanimidade de votos em manter o lançamento conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2001 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 209 4 OMISSÃO DE RENDIMENTOS IMPOSTO DE , RENDA PESSOA FÍSICA APURAÇÃO ANUAL REGIME DE CAIXA. Com advento da Lei 7.713 de 1988 estabeleceuse o regime de caixa para a tributação das pessoas físicas, deflagrandose o fato gerador do IRPF no momento em que os recursos são efetivamente disponibilizados ao contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS – VERBAS RECEBIDAS NA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. Apenas são isentos do imposto de renda a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido pela lei trabalhista ou por dissídio coletivo e convenções trabalhistas homologados pela Justiça do Trabalho, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores e seus dependentes e sucessores, referente aos depósitos, da legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS. Quaisquer outras verbas trabalhistas, e qualquer outra remuneração especial, ainda que sob a denominação de indenização, pagas 41 por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, que extrapolem o limite garantido por lei são tributáveis. Devidamente cientificado dessa decisão, o contribuinte apresenta tempestivamente recurso voluntário onde reitera os argumentos da impugnação. Pois bem, tratase de exigência tributária relativa ao IRPF incidente sobre rendimentos decorrentes de ação judicial movida pelo contribuinte em face do seu empregador PJ, tendo por objeto verbas decorrentes da relação trabalhista. A tributação foi aplicada sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, no mês do recebimento. Impugnada a exigência, a DRJ em São Paulo II/SP defendeu a tributação na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713, de 1988. Cientificado dessa decisão em 10/06/2008, conforme Aviso de Recebimento na folha 158, o contribuinte apresenta recurso voluntário em 10/07/2008, conforme protocolo na folha 159. O julgamento do recurso foi convertido em diligência, conforme Resolução deste Conselho, acima citada, considerando que havia outro processo, de nº 0875.000618/200476, que conforme alegações do contribuinte, ensejaria cobrança em duplicidade com este aqui, já julgado pela 2ª Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento. Vejamos (fl. 197): Faz sentido a alegações do Recorrente, verifiquei que o processo administrativo 10875.000618/200476, foi objeto de julgamento em 18 de setembro de 2012, pela segunda turma especial, cujo relator foi o conselheiro Sidney Ferro Barros. Para evitarmos injustiças com o Recorrente, entendo que deve ser juntado aos autos essa decisão, de sorte a verificarmos se a glosa do valor foi mantida ou não na decisão proferida em 18 de setembro de 2012. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 210 5 Diante do exposto, proponho que os autos sejam convertidos em diligência, para que a Secretaria junte aos autos a decisão proferida em 18/09/2012, pela segunda turma especial no processo administrativo 10875.000618/200476. Entretanto, juntado o Acórdão, verificase que o mesmo decidiu pelo sobrestamento do julgamento, nos seguintes e resumidos termos (fl. 203): ... considerando que a matéria objeto deste processo versa sobre IRPF/IR sobre rendimentos recebidos de forma acumulada e sobre esta matéria, já foram encaminhados ao STF recursos representativos da controvérsia, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil, entendo que se deve, de ofício, sobrestar o julgamento do recurso voluntário objeto do presente processo. Realizada a diligência e superados os motivos do sobrestamento, o processo retorna à pauta de julgamentos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (arquivo .pdf). DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. VERBAS TRABALHISTAS. O lançamento versa sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo Contribuinte, decorrentes de ação judicial de natureza trabalhista, em face da pessoa jurídica Mayer Schaedler Indústria Mecânica Ltda, conforme dispositivo da sentença, na fl. 50/53. Tais rendimentos, que se referiam a períodos pretéritos (05/1987 a 03/1995, conforme cálculos nas fls. 66 e ss.), foram tributados integralmente no mês em que foram recebidos, em 2001 (Alvará fl. 127 e Auto de Infração na fl. 135 e ss.). Vejamos da Autuação (fl. 138): OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA OU FÍSICA, DECORRENTES DE TRABALHO COM VINCULO EMPREGATÍCIO. ESTE VALOR REFERESE AO RECEBIMENTO EFETUADO ATRAVÉS DO ALVARÁ DE LEVANTAMENTO 642/2001 DE 18/09/2001 DO PROCESSO 817/95 DA 37 JCP DE SÃO PAULO. ENQUADRAMENTO LEGAL: ARTS. 1 A 3 E ART. 6 DA LEI 7.713/88; ARTS. 1 A 3 DA LEI 8.134/90; ARTS. 1, 3, 5, 6, 11 E 32 DA LEI 9.250/95; ART. 21 DA LEI 9.532/97; LEI 9.887/99; ARTS. 43 E 44 DO DECRETO 3.000/99 RIR/1999. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 211 6 Observase que a tributação deuse, então, na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, que determinava que, nesses casos, o imposto incide sobre o total dos rendimentos, no mês do recebimento do valor, diminuído das despesas com a ação judicial necessárias ao recebimento. Ocorre, entretanto, que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento do crédito, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC/1973), em decisão assim ementada: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Em 23/10/2014, a Suprema Corte assim decidiu, em relação à matéria: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em negar provimento ao recurso extraordinário, por maioria, vencida a relatora, Ministra Ellen Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 212 7 Gracie, em sessão presidida pelo Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Voto. Ministra Ellen Gracie Relatora: O Acórdão recorrido considerou inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/88, que determinou a incidência do imposto por ocasião do recebimento dos valores, sobre a sua totalidade. Entendeu violados os princípios da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, nos termos do que restou sintetizado na ementa do acórdão relativo à argüição de inconstitucionalidade julgada pela Corte Especial daquele Tribunal Regional Federal da 4ª Região: (...) Voto Ministro Marco Aurélio Redator do Acórdão: Não passa pela minha cabeça que o sistema possa apenar o contribuinte duas vezes. Explico melhor: o contribuinte não recebe as parcelas na época devida. É compelido a ingressar em Juízo para ver declarado o direito a essas parcelas e, recebendo as posteriormente, há a junção para efeito de incidência do Imposto de Renda, surgindo, de início, a problemática da alíquota, norteada pelo valor recebido. (...) Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva... (...) Ou seja, o fato de o direito haver sido resistido e de se ter que acionar garantia inerente à cidadania, que é a do ingresso em Juízo, implicaria a majoração da alíquota. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já havia se manifestado sobre a matéria, como lembraramse os Ministros do STF, inclusive atribuindo aos recursos a sistemática dos “repetitivos”, sobre a interpretação a ser dada ao dispositivo da Lei nº 7.713/1988, em comento. Vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 213 8 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. (grifei) 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.(grifei) (REsp 1.118.429 / SP RECURSO ESPECIAL 2009/00557226. Ministro HERMAN BENJAMIN (1132). DJe 14/05/2010) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. (...). ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DE PARCELAS PAGAS ACUMULADAMENTE EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. TEMAS JÁ JULGADOS PELA SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELO ART. 543C DO CPC. 1.... 2. Em relação ao ponto do recurso especial em que a Procuradoria da Fazenda Nacional alega contrariedade ao art. 12 da Lei n. 7.713/88 e impugna o capítulo do acórdão do Tribunal de origem sob a rubrica "Da incidência mês a mês do imposto de renda", consta da decisão ora agravada que o mencionado recurso não procede porque a decisão proferida pelo Tribunal de origem está em consonância com a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), cuja ementa assim enuncia: "O imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." 3. Ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do imposto de renda, porém nada diz a respeito das alíquotas aplicáveis a tais rendimentos. Assim, no julgamento do recurso especial, não ocorreu violação do art. 97 da Constituição da República, tampouco contrariedade à Súmula Vinculante n. 10/STF. Como já proclamou a Quinta Turma, ao julgar os EDcl no REsp 622.724/SC (Rel. Min. Felix Fischer, REVJMG, vol. 174, p. 385), "não há que se falar em violação ao princípio constitucional da reserva de plenário (art. 97 da Lex Fundamentalis) se, nem ao menos implicitamente, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer lei".(sublinhei) Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 214 9 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no REsp 1332443 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES 2012/0138520 DJe 08/02/2013) Outrossim, diz Alexandre de Moraes que “assim como podemos afirmar que o STF é o guardião da Constituição, também podemos fazêlo no sentido de ser o STJ o guardião do ordenamento jurídico federal” . Continuando, o autor diz que em relação ao recurso especial, ensinanos o Ministro do STJ Sálvio de Figueiredo Teixeira, tratarse: “de modalidade de recurso extraordinário latu sensu, destinado, por previsão constitucional, a preservar a unidade e autoridade do direito federal, sob inspiração de que nele o interesse público, refletido na correta interpretação da lei, deve prevalecer sobre os interesses das partes...”(MORAES. Alexandre, Direito Constitucional, 15ª ed., São Paulo : Atlas, 2004, p. 496 e 498)(sublinhei) Para Regina Helena Costa, “a aplicação reiterada das normas jurídicas por órgãos do Poder Judiciário constrói pensamento hábil a orientar a conduta dos jurisdicionados, bem como influenciar a atuação dos legisladores e administradores na busca de aperfeiçoamentos e modificações que o ordenamento jurídico requer.”(sublinhei) Assim, conclui a Ministra do STJ e livredocente em Direito Tributário, que: “Nos dias atuais, inegável o papel da jurisprudência como fonte do direito. Conquanto não ostente a mesma importância que apresenta nos países que adotam o sistema da common law, a jurisprudência tem ganho cada vez mais visibilidade, especialmente no campo tributário, à vista do elevado grau de litigiosidade existente nessa seara.” (COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 47)(destaquei) O que os Tribunais Superiores ratificam, na minha modesta leitura, seguindo aliás a melhor doutrina, é que existem, dentre outros, dois aspectos distintos do fato gerador: Aspecto quantitativo do Fato Gerador: neste aspecto, destacam se a base de cálculo e a alíquota. Na operação de lançamento tributário, após a verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação do sujeito passivo e da determinação da matéria tributável, há que se calcular o montante do tributo devido aplicandose a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, pois, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Aspecto temporal do Fato Gerador: é de fundamental importância esse aspecto para definição da lei aplicável, segundo o princípio tempus regit actum. Esse aspecto diz respeito ao momento da consumação ou da ocorrência do fato gerador, ....(HARADA. Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, 23ª ed, Atlas : São Paulo, 2014, p. 544/545) Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 215 10 Observo assim a aplicação do artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF: Artigo 62, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando que a jurisprudência do STJ já havia se posicionado pela forma como deveria ser interpretado o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 e, mais recentemente, o STF entendeu pela inconstitucionalidade do dispositivo, verifico então que existe erro de cunho material na apuração do montante devido, por aplicação incorreta da fórmula para apuração do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) e observo a determinação contida no Art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, como fundamento para decidir. Vinhamse verificando, na jurisprudência deste CARF, decisões no seguinte sentido, no tocante a esta matéria: Acórdão 2201002.387 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2014 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente a tabela progressiva vigente à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte, nos termos do voto do relator. Transcrevo e destaco daquele Voto: Releva tratarse de rendimento recebido acumuladamente para incidir na regra do art. 62A, do Regimento Interno deste Conselho, pouco importando a espécie ou a natureza do rendimento recebido, se trabalhista, previdenciário ou outro, importa ser rendimento acumulado tributado. Pois bem, a autuação levou em consideração o rendimento total recebido, de forma acumulada, sem separar o período de cada competência. Por essa razão é necessário provimento parcial ao recurso para o recalculo da autuação. Pois bem, como se observa aqui, neste Voto, concordo em parte com o entendimento lá proferido pela Colenda Turma Ordinária, contudo, peço vênia para divergir em relação à parte que entende ser cabível devolver à Receita Federal os autos, para que se faça novo cálculo do tributo devido, aplicando as tabelas progressivas vigentes à época de cada competência (mês) dos rendimentos recebidos. Isso porque o artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 216 11 sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Socorrendome mais uma vez na doutrina de Regina Helena Costa: Os aspectos pessoal e quantitativo compõem o chamado "consequente" da hipótese de incidência tributária, isto é, descrita a materialidade e indicadas as coordenadas espacial e temporal do fato no antecedente da norma, exsurge uma relação jurídica mediante a qual um sujeito possui o direito de exigir o tributo e outro sujeito o dever de pagálo (aspecto subjetivo), apontandose o valor da prestação correspondente (aspecto quantitativo).(Op. Cit. p. 205) Ora, se houve equívoco reconhecido na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) o lançamento encontrase viciado e, para sanar o problema, necessário ser feito um novo lançamento. Não é possível, data maxima venia, "corrigir" ou "emendar" um lançamento onde se reconhece que houve erro na apuração do tributo, por aplicação equivocada de alíquotas indevidas sobre bases de cálculo acumuladas. Não entendo que se trate de mero erro de forma, de inobservância de aspectos formais, mas que esteve ferida a própria substância do lançamento, na aferição do montante devido. Porque, observando o processo tributário, forma é aquilo que existe para garantir às partes o exercício de seus direitos, como por exemplo a ampla defesa e o livre acesso ao judiciário. Cito: "... porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) E, em ordem prática, suponhase que efetuada nova apuração e encaminhada a cobrança o sujeito passivo dela discorde. Como se darão a impugnação e recurso, nos termos das normas reguladoras do processo administrativo fiscal? Recomeça a fase litigiosa do procedimento? De forma análoga, se o Fisco identifica incorretamente o sujeito passivo, cobrando de Tício quando o contribuinte ou responsável é Mélvio, não se pode simplesmente alterar a ficha de identificação do Auto de Infração e exigir o tributo, agora corretamente, encaminhando a notificação de cobrança, após o julgamento de recurso daquele, a esse. É necessário um novo lançamento, porque se feriram aspectos substanciais da hipótese de incidência tributária. Nesses casos, o novo lançamento só seria possível enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública e observadas todas as normas pertinentes, na legislação tributária. Pelo exposto, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar, por vício material, a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial trabalhista, consubstanciada no Auto de infração. Assinado digitalmente Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 217 12 Marcio Henrique Sales Parada Declaração de Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto. Peço licença ao ilustre Conselheiro Relator para discordar de seu voto quanto à necessidade de se cancelar o lançamento por vício material, em face da metodologia de cálculo nele utilizada ter sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão definitiva, no regime de repercussão geral. Ao examinar mais detidamente a questão, entendo que, o fato de o STF, no julgamento do RE 614.406/RS, ter reconhecido a inconstitucionalidade do art. 12, da Lei nº 7.713/1988, quanto à sistemática de cálculo para a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, não ocasiona o cancelamento da autuação que foi constituída com base nesse dispositivo, durante a sua vigência, mas sim a necessidade de retificar os cálculos efetuados. Nesse sentido, transcrevo, a seguir, trecho do voto vencedor, do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, proferido em 27 de janeiro de 2016, no Acórdão da CSRF, nº 9202003.695, o qual adoto para a situação em análise nestes autos: (...) Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão [do STF no RE 614.406/RS], de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 218 13 recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a manutenção do auto de infração, apenas determinando a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressiva vigentes à época da aquisição dos rendimentos, (...). (...) (Grifei) Citase ainda que nos Acórdãos nº 2401004.146, de 17/02/2016; nº 2401004.432, de 13/07/2016; e nº 9202004.185, de 21/06/2016, ao se analisar questão relacionada a imposto de renda sobre rendimentos acumulados, calculados nos termos do art. 12, da Lei n 7.713/1988, também se decidiu pela manutenção em parte do lançamento com as necessárias retificações de cálculo. Em face do exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10875.001111/200430 Acórdão n.º 2202003.588 S2C2T2 Fl. 219 14 Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000399/2009-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 11/01/2004 a 29/02/2004, 11/03/2004 a 31/05/2004, 21/06/2004 a 10/07/2004, 21/07/2004 a 31/07/2004, 11/08/2004 a 31/08/2004, 11/09/2004 a 30/09/2004, 11/10/2004 a 31/01/2005, 11/02/2005 a 28/02/2005, 11/03/2005 a 10/04/2005, 21/04/2005 a 30/06/2005, 11/07/2005 a 31/07/2005, 11/08/2005 a 30/11/2005, 11/12/2005 a 31/12/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A OMISSÃO/OBSCURIDADE. REJEIÇÃO.
Inexistindo obscuridade, omissão ou contradição no acórdão embargado, impõe-se a rejeição dos embargos de declaração.
Embargos Rejeitados
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-003.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração para ratificar o Acórdão embargado, vencido o Conselheiro Walker Araújo, Relator. Designado para redigir o voto vencedor, a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. O Conselheiro Domingos de Sá votou pelas conclusões. A Conselheira Lenisa Prado se declarou impedida.
Esteve presente a Dra. Lorrane Oliveira Vasconcelos - OAB 48.526 - DF.
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
WALKER ARAUJO - Relator.
(assinado digitalmente)
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Redatora designada
(assinado digitalmente)
EDITADO EM: 19/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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NÃO COMPROVADA A OMISSÃO/OBSCURIDADE. REJEIÇÃO. Inexistindo obscuridade, omissão ou contradição no acórdão embargado, impõese a rejeição dos embargos de declaração. Embargos Rejeitados Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração para ratificar o Acórdão embargado, vencido o Conselheiro Walker Araújo, Relator. Designado para redigir o voto vencedor, a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. O Conselheiro Domingos de Sá votou pelas conclusões. A Conselheira Lenisa Prado se declarou impedida. Esteve presente a Dra. Lorrane Oliveira Vasconcelos OAB 48.526 DF. RICARDO PAULO ROSA Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 03 99 /2 00 9- 01 Fl. 573DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO 2 WALKER ARAUJO Relator. (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada (assinado digitalmente) EDITADO EM: 19/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela contribuinte contra a decisão proferida por meio do Acórdão nº 3202001.473, o qual decidiu por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário para (i) afastar a contagem de prazo prevista no artigo 150, §4º, do CTN; e aplicar as regras previstas no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal, conforme entendimento emanado do RESP nº 973.333/SC; (ii) manter a glosa do créditos de produtos oriundos da Zona Franca de Manaus, por inexistência de direito previsto em lei; e (iii) manter a glosa de créditos relativos à aquisição de materiais de manutenção e peças de reposição, nos termos do artigo 17, do Decreto nº 70.235/72 (matéria não impugnação. Não se conformando com a referida decisão, a Embargante opôs Embargos de Declaração visando sanar omissão e obscuridade em relação os seguintes pontos: (i) decadência de parcial do crédito tributário: (i) omisso quanto ao fato de que, no caso, houve efetivamente a antecipação do tributo, e, por consequência; (ii) obscuro, pois literalmente subverteu a lógica do Recurso Repetitivo nº 973.333/SC, afastando a decadência, quando a sua aplicação ao caso levaria a conclusão diametralmente oposta, eis que, em caso de "pagamento a menor em decorrência de creditamento indevido (...) devese observar o disposto no art. 150, §4ºm, do CTN; e (ii) direito de crédito em relação aos insumos isentos oriundos da ZFM: Em se tratando de insumos isentos oriundos da ZFM, o direito ao crédito por parte do adquirente decorre não (apenas da sistemática não cumulativa a que se submete o imposto, mas, sobretudo, de norma especial (art.40 do ADCT), de tônica extrafiscal, que garante à referida área a manutenção, "em relação ao restante do País, [de] um tratamento diferenciado, mais favorecido, compatível com a finalidade do incentivo regional que lhe foi outorgado". Conforme se verifica na conclusão do despacho de decisório de fls. 565568, os embargos de declaração foram parcialmente admitidos para que seja sanada a omissão e/ou obscuridade apenas em relação à primeira matéria (decadência), senão vejamos: Em relação ao primeiro ponto embargado, assiste razão a embargante. Senão vejamos trechos do voto proferido pela relatora: Fl. 574DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 16095.000399/200901 Acórdão n.º 3302003.351 S3C3T2 Fl. 574 3 Passada a exposição da recorrente, por se tratar a decadência matéria de ordem pública, passo a analisar a manifestação de decadência parcial, pois cognoscível em qualquer grau de jurisdição, inexistindo prejuízo à postergação de sua análise. Para tanto, importante trazer que a questão relativa ao termo inicial de contagem do prazo fatal para a constituição do crédito tributário, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, encontrase pacificada pela recente jurisprudência deste CARF que acolhe o entendimento expressado no item 1 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos, no sentido de que: O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Assim, nos termos da jurisprudência atual, o termo inicial para a contagem do prazo de decadência em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação será: I Em caso de dolo, fraude ou simulação: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN); II Nas demais situações: a) se houve pagamento antecipado ou declaração de débito: data do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN); b) se não houve pagamento antecipado ou declaração de débito: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN). Vêse, então, que essa discussão não pode mais ser apreciada no CARF, pois os Conselheiros, por força do art. 62A do Regimento Interno RICARF, estão vinculados ao que restou decidido no RESP 973.733. Destarte, se o STJ decidiu que o pagamento antecipado é relevante para caracterizar o lançamento por homologação, não há como acolher a interpretação contida no recurso voluntário, que caminha em sentido diametralmente oposto ao entendimento daquele Tribunal. No presente caso, vêse que o termo inicial para a contagem da decadência referente ao período mais antigo (janeiro de 2004) é janeiro de 2005 – o que, por conseguinte, não há como se acolher a decadência. Eis que o prazo findo seria dezembro/2010, ou seja, posterior a data da ciência do Auto de Infração. Dessa forma, não acolho a decadência pedida. Da leitura do trecho acima transcrito é forçoso admitir que o voto foi omisso e, também, obscuro, ao não informar com clareza sobre a eventual antecipação do pagamento. Tal informação é relevante para a determinação do dispositivo legal a ser aplicado no caso (art. 173, I ou art. 150, § 4º, ambos do CTN). Assim, nessa matéria entendo que o embargo deve ser admitido para que a Turma julgadora manifestese de modo a tornar clara a decisão proferida. Fl. 575DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO 4 Em relação ao segundo ponto, não houve qualquer omissão ou obscuridade na decisão recorrida, como tenta fazer crer a embargante. Há claramente discordância quando aos fundamentos do voto. A embargante entende que o acórdão deveria ter buscado fundamento no art. 40 do ADCT. Contudo, como exaustivamente demonstrado no voto do acórdão recorrido, a i. relatora adotou entendimento diverso, inclusive perfilando sua decisão ao RE 592.891, proferido na sistemática da repercussão geral, quando restou definido que a questão do direito ao crédito por aquisições isentas da ZFM se encontra pendente de julgamento pelo STF, o que retiraria o caráter de definitividade do RE 212.484, impedindo ao colegiado aplicar o art. 62A. A meu ver, a Embargante não concorda com o entendimento exarado no acórdão. Contudo, não cabem embargos de declaração para expressar discordância com os critérios valorativos utilizados pelo Relator para fundamentar a decisão. Não houve omissão ou obscuridade. Há mero inconformismo com o resultado proferido no julgado, uma vez que o votocondutor apenas não adotou a tese defendida pela Recorrente, pelos fundamentos constantes do próprio voto. Com essas considerações, ADMITO PARCIALMENTE os Embargos de Declaração opostos pela interessada, apenas em relação à primeira matéria (decadência). É de se ver que o despacho decisório admitiu parcialmente os Embargos de Declaração apenas para sanar a omissão e/ou obscuridade quanto a incidência do instituto da decadência, sendo esta a única matéria que aqui será apreciada. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Walker Araujo Relator Os embargos de declaração opostos pela empresa COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS AMBEV teve o exame de admissibilidade processado Regularmente, dele tomo conhecimento. Como visto, aponta a embargante que este Colegiado não se pronunciou sobre eventual antecipação de pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados, sendo omisso/obscuro neste ponto. Pois bem. Não tendo a Turma se manifestado sobre essa questão, admito os embargos para suprir a omissão/obscuridade suscitada pela Embargante. Alega a Embargante que o v. aresto revelouse (i) omisso quanto de que, no caso, houve efetivamente a antecipação do tributo, e, por consequência; (ii) obscuro, pois literalmente subverteu a lógica do Recurso Repetitivo nº 973.333/SC, afastando a decadência, quando a sua aplicação ao caso levaria a conclusão diametralmente oposta, eis que, em caso de "pagamento a meno...em decorrência de creditamento indevido (...) devese observar o disposto no art. 150, §4ºm, do CTN. Afirma, ainda, que houve a antecipação do tributo (cf. fls. 75 e seguintes dos autos), seja pela via do recolhimento ou pela compensação, conforme admitido pelo art.124 do RIPI/02 (vigente à época), resultando a glosa efetuada pela fiscalização em meras diferenças a pagar e/ou redução do saldo credor, incidindo, pois, o artigo 150, §4º, do CTN. Fl. 576DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 16095.000399/200901 Acórdão n.º 3302003.351 S3C3T2 Fl. 575 5 Os documentos mencionados pela Embargante dizem respeito a (i) DIPJ 2005, anocalendário 2004 (fls.7588); (ii) DIPJ 2006, anocalendário 2005 (fls.89102); (iii) Livro de Apuração do período de 01/2004 a 12/2005 (fls. 129248); (iv) Livro de Apuração dos créditos presumidos da ZFM (fls.256259); e (v) Notas Fiscais (fls. 260340). Das informações contidas no Livro de Registro de Apuração do IPI (reproduzidas abaixo), extraise que a Embargante realizou o pagamento mensal do tributo apurado entre 01/2004 a 09/2005 (período supostamente decaído) com créditos registradas nas seguintes contas: (i) 001 por entradas do mercado nacional; (ii) 002 por entradas do mercado externo; e (iii) 005outros créditos (artigo 175, Decreto 455 RIPI/02); sendo que apenas os créditos oriundos da ZFM foram glosados pela fiscalização. Período Créditos Mercado Nacional/Externo Outros Créditos ZFM Glosado Total Débitos Saldo Devedor 106.153,05 37.023,72 143.176,77 1.182.604,53 1.039.427,76 jan/04 50.732,76 10.122,61 60.855,37 1.244.465,51 1.183.610,14 74.959,24 9.516,78 84.476,02 732.303,55 647.827,53 61.192,74 10.038,68 71.231,42 1.209.873,73 1.138.642,31 fev/04 33.855,58 2.202,49 36.058,07 836.093,65 800.035,58 83.487,33 10.064,72 93.552,05 846.893,74 753.341,69 mar/04 121.010,12 12.891,36 133.901,48 780.176,98 646.275,50 56.953,42 9.584,38 66.537,80 548.536,14 481.998,34 69.048,20 12.668,92 81.717,12 563.513,51 481.796,39 abr/04 101.715,32 4.765,82 106.481,14 576.487,77 470.006,63 34.160,71 9.567,94 43.728,65 679.828,05 636.099,40 130.975,45 9.581,27 140.556,72 682.034,91 541.478,19 mai/04 61.103,90 21.104,58 82.208,48 678.473,75 596.265,27 jun/04 64.048,54 7.306,97 71.355,51 799.420,23 728.064,72 17.869,50 20.267,66 38.137,16 1.041.838,67 1.003.701,51 jul/04 103.318,85 14.688,63 118.007,48 801.819,83 683.812,35 102.357,41 10.222,48 112.579,89 701.993,60 589.413,71 ago/04 33469,26 21.385,53 54.854,79 739.454,34 684.599,55 92.752,72 36.872,58 129.625,30 1.035.613,99 905.988,69 set/04 155.444,88 21.618,14 177.063,02 1.089.068,36 912.005,34 103.831,66 10.068,14 113.899,80 805.051,60 691.151,80 out/04 91.703,39 22.442,34 114.145,73 722.113,48 607.967,75 220.127,41 10.354,36 230.481,77 1.053.576,18 823.094,41 107.103,79 10.096,70 117.200,49 792.099,37 674.898,88 nov/04 128.676,99 12.973,41 141.650,40 647.951,19 506.300,79 159.139,50 22.680,21 181.819,71 702.761,04 520.941,33 141.446,80 10.120,29 151.567,09 638.063,23 486.496,14 dez/04 155.496,22 28.546,38 184.042,60 734.235,46 550.192,86 97.776,61 8.048,95 105.825,56 359.339,75 253.514,19 107.877,37 9.293,66 117.171,03 508.855,95 391.684,92 jan/05 43.280,67 20.769,19 64.049,86 394.137,15 330.087,29 61.183,33 26.102,32 87.285,65 786.237,32 698.951,67 fev/05 21.323,27 15.473,26 36.796,53 622.906,51 586.109,98 237.738,35 13.081,39 250.819,74 559.868,16 309.048,42 mar/05 29.643,71 30.136,77 59.780,48 735.754,80 675.974,32 Fl. 577DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO 6 18.225,87 12.748,96 30.974,83 583.523,30 552.548,47 abr/04 88.914,26 41.247,20 130.161,46 789.267,84 659.106,38 57.007,57 13.174,37 70.181,94 590.069,23 519.887,29 88.796,54 25.334,80 114.131,34 863.089,59 748.958,25 mai/05 82.355,84 10.798,72 93.154,56 858.471,75 765.317,19 130.940,60 25.487,80 156.428,40 1.117.504,05 961.075,65 54.082,07 12.881,52 66.963,59 1.169.580,27 1.102.616,68 jun/05 82.486,16 21.904,29 104.390,45 1.116.369,25 1.011.978,80 169.529,76 24.781,65 194.311,41 1.911.170,52 1.716.859,11 jul/05 131.729,72 19.681,09 151.410,81 1.998.891,89 1.847.481,08 127.772,24 38.119,38 165.891,62 1.326.744,48 1.160.852,86 ago/05 151.834,86 12.661,60 164.496,46 1.591.608,12 1.427.111,66 124.278,64 12.738,50 137.017,14 1.730.199,85 1.593.182,71 135.419,76 5.522,33 140.942,09 1.496.952,36 1.356.010,27 set/09 251.048,18 25.718,70 276.766,88 1.433.623,42 1.156.856,54 Total glosado do período 844.483,54 Não há nos autos, como equivocadamente alegou a Embargante, comprovante de pagamento do tributo por meio do Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF. Todavia, ainda que o artigo 62A do Regimento Interno vincule este colegiado ao que foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no RESP nº 973.733, na sistemática do artigo 543C do CPC, no caso concreto não se pode exigir que o pagamento antecipado tenha sido feito por meio de DARF. Isto porque, em se tratando de IPI, o art. 1241, parágrafo único, do RIPI/02 considera pagamento: I — o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II — o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir;ou; III — a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher.” (grifado). Ou seja, considerando a peculariedade que envolve o tributo sob análise, não se sustenta a regra de que o artigo 150, §4º, do CTN, somente se aplicaria aos casos de pagamento mediante DARF. No presente caso, verificase que houve apuração de saldo a pagar, o que em tese, afastaria a aplicação do inciso III, do referido dispositivo legal, posto que ausente um dos requisitos previstos na norma citada. Contudo, não se pode desconsiderar que houve pagamento do tributo, ainda que forma parcial, com créditos admitidos pelo regulamento, como é caso dos créditos registrados nas contas (i) 001 por entradas do mercado nacional; e (ii) 002 por entradas do mercado externo. Portanto, se parte dos créditos lançados na escrita fiscal do IPI eram de créditos admitidos pelo regulamento, independente da existência de saldo devedor, entendo que resta caracterizado o pagamento antecipado a que alude o inciso III, do § único, do artigo 124, do Decreto nº 4.544/2002 e, por consequência, aplicase, no caso, a regra do lançamento por 1 Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Fl. 578DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 16095.000399/200901 Acórdão n.º 3302003.351 S3C3T2 Fl. 576 7 homologação disposta no §4º, do artigo 150, do CTN, para considerar decaídos os lançamentos efetuados em data anterior a 22/09/2005 (data da ciência do lançamento fiscal). Diante do exposto, voto em acolher parcialmente os embargos com efeitos infringentes para dar parcial provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência dos débitos exigidos em data anterior a 22/09/2005. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Voto Vencedor Com a devida vênia ao i Relator, demonstrase a seguir a inexistência de omissão e/ou obscuridade quanto à análise do instituto da decadência dos débitos exigidos em data anterior a 22/09/2005 no acórdão embargado. Extraise dos embargos que teria havido omissão e obscuridade em relação à decadência parcial do crédito tributário. Segundo a embargante o acórdão embargado seria omisso pelo fato de que, no caso concreto, teria havido a antecipação do tributo. Por consequência, seria obscuro, por ter subvertido a lógica do Recurso Repetitivo 973.733/SC, afastando a decadência, quando a sua aplicação ao caso levaria a conclusão diametralmente oposta, eis que no caso de “pagamento a menor em decorrência de creditamento indevido, (...) devese observar o disposto no art. 150, parágrafo 4, do CTN”. Conclui a embargante ter ocorrido a decadência dos débitos relativos às saídas relacionadas aos períodos de 01/01/2004 e 22/09/2005. Da análise do acórdão vergastado quanto à matéria em realce, inferese que não assiste razão a embargante. Os excertos do voto a seguir colacionados demonstram a pertinente análise da matéria pelo Relator em dois aspectos relevantes a se destacar: I) quanto à tese veiculada pela decisão do STJ na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos: Para tanto, importante trazer que a questão relativa ao termo inicial de contagem do prazo fatal para a constituição do crédito tributário, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, encontrase pacificada pela recente jurisprudência deste CARF que acolhe o entendimento expressado no item 1 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos, no sentido de que: “O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o Fl. 579DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO 8 pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”.(grifei); II) quanto à particularidade do caso concreto suscitada pela recorrente: Assim, nos termos da jurisprudência atual, o termo inicial para a contagem do prazo de decadência em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação será: I) Em caso de dolo, fraude ou simulação: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN); II) Nas demais situações: a) se houve pagamento antecipado ou declaração de débito: data do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN); b) se não houve pagamento antecipado ou declaração de débito: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN).(grifei) (....) Destarte, se o STJ decidiu que o pagamento antecipado é relevante para caracterizar o lançamento por homologação, não há como acolher a interpretação contida no recurso voluntário, que caminha em sentido diametralmente oposto ao entendimento daquele Tribunal.(grifei). No presente caso, vêse que o termo inicial para a contagem da decadência referente ao período mais antigo (janeiro de 2004) é janeiro de 2005 – o que, por conseguinte, não há como se acolher a decadência. Eis que o prazo findo seria dezembro/2010, ou seja, posterior a data da ciência do Auto de Infração.(grifei). Dessa forma, não acolho a decadência pedida. Ante o exposto, conhecese dos presentes embargos, porém rejeitase a pretensão da embargante. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Fl. 580DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por MA RIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por WALKER ARAUJO
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Numero do processo: 10880.723861/2013-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3302-000.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, o processo foi convertido em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza
Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, o processo foi convertido em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
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(assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de auto de infração, advindo do lançamento de COFINS e de contribuição ao PIS, referentes aos fatos jurídicos tributários do ano de 2009, que teve como origem a fiscalização de compensações e ressarcimentos dos créditos de PIS e de COFINS, apurados no sistema nãocumulativo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 23 86 1/ 20 13 -8 8 Fl. 16427DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 3 2 A Recorrente atua, preponderantemente, no ramo de fabricação de açúcar e álcool para uso carburante. Do Termo de Verificação Fiscal, fls. 30/58, extraemse alguns trechos, em especial aqueles que se referem às glosas, que foram realizadas pela fiscalização1: Da analise dos arquivos magnéticos apresentados pela empresa e com base nos fundamentos legais expostos, muitos dos itens constantes nas planilhas não estão de acordo com as permissões legais para apropriação de créditos de PIS e Cofins, não se enquadrando nas previsões apontadas acima. Após essa analise a fiscalização elaborou anexos com os itens contidos nas respectivas planilhas apresentadas que foram objeto de glosas indicando os seus motivos. 1. Agrícola Contem despesas de notas fiscais de prestação de serviços pagas a fornecedores pessoas jurídicas, com atividades de transporte, fornecimento de mão de obra, máquinas e equipamentos utilizados no plantio, cultivo, fertilização, colheita, corte, carregamento e transporte da cana de açúcar e serviços gerais na lavoura. Não foram aceitas como base de créditos por estarem todas vinculadas aos centros de custos agrícolas identificados como: Administração, Alojamento Agrícola, Balança de Cana, Colhedeira de Cana Picada, Colheita de Cana, Colheita de Cana Picada, Colheita de Cana Fornecedores, Colheita de Cana Terceirizada, Carregamento/Reboque Cana Inteira, Carregamento/Reboque Fornecedores Cana, Carregamento/Reboque Terceirizado Cana, Corte Mecanizado Cana Administrada, Corte Mecanizado Cana Fornecedores, Estaleiro, Estradas/Cercas/Pontes, Outras Culturas Agrícola, Oficina Mecânica Veículos, Plantio, Plantio Contratos, Portos, Preparo do Solo, Preparo e Plantio Terceirizado, Reboque de Cana Picada Administrada, Reboque Fornecedor Cana Picada, Reboque Terceirizado Cana Picada, Reflorestamento/Meio Ambiente, Replanta Cana Soca, Segurança do Trabalho, Serviços Auxiliares, Serviços de Fornecedores de Cana, Serviços Tratos Culturais, Transporte Cana Picada Terceirizada, Transporte Cana Inteira Terceirizada, Transporte Administrada Manual, Transporte Fornecedor Cana Picada, Transporte Administrada Mecânico, Transporte Administrada Manual, Trato Cana Administrada, Trato Cana Fornecedor, Trato Manual, Trato Planta, Trato da Soca, Trato Soca Terceirizada, Trato Terceirizado Cana Inteira e Vinhaça. 2. Arrendamento Agrícola Constam, nessa planilha, despesas contidas em documentos contábeis com serviço de arrendamento agrícola vinculados ao centro de custo cana de açúcar produção própria, entrada de notas fiscais de prestação de serviços, portanto, despesas com a cultura da cana de açúcar, não sendo permitido o crédito em razão de não se tratar de insumos de fabricação do produto. Os documentos contábeis estão lançados na conta “Despesas Operacionais – Aluguéis e Arrendamento – Arrendamento Agrícola”. Tratamse de pagamentos baseados em contrato intitulados "Instrumento Particular de Contrato de Parceria Agrícola”, “Instrumento Particular de Contrato de Arrendamento” ou 1 Todas as páginas descritas no voto são referentes ao eprocesso. Fl. 16428DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 4 3 “Instrumento Particular de Contrato de Venda e Compra de Cana de Açúcar”. Os contratos de parceria agrícola prevêem a partilha de frutos, geralmente, na proporção de 10% para a parceira proprietária e 90% para a parceira agricultora (Cosan) garantindo uma quantidade mínima de toneladas de cana por alqueire/safra para o proprietário. Nos contratos de arrendamento o arrendante recebe um valor fixo de toneladas de cana de açúcar, sendo o preço da tonelada de cana calculada nos termos do regulamento do Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo – Consecana. Não se tratam de contratos de arrendamento mercantil, pois a Cosan S/A Açúcar e Álcool não é uma instituição de operação de créditos (regulada pelo Banco Central). O arrendamento de terras não pode ser enquadrado como aluguéis de prédios utilizados nas atividades da empresa, previsto nos incisos IV dos artigos 3º das Leis 10637/02 e 10833/03, entendendose prédio como uma edificação e não áreas de terras para cultivo agrícola, ou seja, não se pode ampliar os direitos aos créditos através de uma interpretação ampla de uma palavra contida na lei. Dessa forma entendeuse que essas despesas não se enquadram em nenhum fundamento legal para apuração de créditos. A seguir os totais mensais apresentados e glosados: (...) 3. Revenda Óleo Diesel Composta por notas fiscais de venda de óleo diesel, que são descontadas dos créditos nas aquisições de óleo diesel, devido à impossibilidade da identificação no momento da aquisição do óleo. A empresa adquire óleo diesel de acordo com as notas fiscais de entrada constantes na planilha “Notas Fiscais” e, revende parte desse combustível, emitindo notas fiscais de saída com CFOP 5656 ou 6656 (venda de combustível ou lubrificante, adquiridos ou recebidos de terceiros, destinados ao consumidor ou usuário final). O óleo diesel é combustível consumido pelas máquinas agrícolas, na cultura da cana de açúcar, e pelos caminhões, no transporte desta até a usina, portanto não é combustível utilizado na produção do açúcar e do álcool. A indústria utilizase do vapor d’água, gerado com a queima do bagaço da cana para mover picadores, desfibradores, moendas, destilarias, etc, bem como de energia elétrica necessária em vários setores da indústria. Dessa forma as aquisições de óleo diesel foram glosadas na planilha “Nota Fiscal” e como conseqüência não foram consideradas as deduções na base de créditos dos totais da planilha “óleo diesel”. (...) 6.1 Centros de Custos Identificados Foram selecionados os itens vinculados a centros de custos que não estão ligados diretamente com a produção, não podendo ser Fl. 16429DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 5 4 considerados bens e serviços utilizados como insumo na produção do açúcar e álcool. São aquisições utilizadas na área agrícola, setores administrativos da empresa ou de apoio, não ligados diretamente com a fabricação dos produtos destinados à venda. 6.1.1 cc agrícola Glosadas as despesas vinculadas aos seguintes centros de custos da área agrícola – administração/controle agrícola, alojamento agrícola, balsa, cana de açúcar produção terceirizada, carregamento/reboque de cana, colhedeira de cana picada, colheita de cana, comboio de abastecimento, corte mecanizado de cana, desenvolvimento agronômico, estaleiro, implementos agrícolas, manutenção de campo, mão de obra agrícola, mecanização agrícola, mecanização agrícola colheita, mecanização máquinas leves, mecanização máquinas médias, mecanização máquinas pesadas, mecanização plantio mecanizado, oficina manutenção colhedora, oficina mecânica tratores, oficina mecânica veículos, oficinas de implementos, plantio, plantio contratos, portos, preparo do solo, preparo e plantio terceirizado, reboque, reboque de cana picada, reboque fornecedor de cana picada, reboque Julieta próprio, reboque terceirizado de cana picada, rouguing, serviços auxiliares, serviços de tratos culturais, serviços de fornecedores de cana, supervisão manutenção agrícola, supervisão serviços agrícola, transporte colheita, transporte agrícola, transporte agrícola colheita, transporte de cana adm manual, transporte de cana adm mecanizada, transporte colheita, transporte fornecedor de cana picada, transporte fornecedor de cana inteira, transporte mec cana administrada, transporte terceirizado de cana picada, trato da planta, trato da soca e vinhaça (...) 6.1.2 cc não lig prod Glosadas as despesas vinculadas aos centros de custos administrativos e não ligados diretamente com a produção, composto por aquisições de peças de máquinas, materiais de laboratórios, serviços de análises, manutenção de máquinas e veículos, transportes, limpeza, etc. Administrativos: administração, almoxarifado/recebimento, assistência social, expedição, incentivo vale transporte. 6.1.3 não é ins prod ccc Nos centros de custos ligados à produção foram glosadas aquisições de peças e componentes de máquinas agrícolas identificados na coluna descrição grupo de mercadorias como: carregadeiras de cana Motocana, colheitadeiras de cana Case e John Deere, cultivadores, plantadeiras, transbordo, acessórios de irrigação, máquinas Caterpillar, Fiat Allis, New Holland, Ford, Massei Fergunson, Valtra, caminhões Mercedes, Scania, Reboques. Também foram selecionados os serviços de coleta de barro, fuligem, torta de filtro e análises de amostras purificação de óleo, lavagem de big bag, todos, itens não ligados com a produção do açúcar e álcool. 6.2 Centros de Custos não identificados Fl. 16430DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 6 5 Nos itens sem vínculos com centros de custos a análise passou a ser feita através da identificação “descrição grupo mercadoria” e “descrição do material". 6.2.1 agricola scc (...) 6.2.2 combustivel não prod (...) 6.2.3 graxas e lubr não útil. prod (...) 6.2.4 embalagens (...) 6.2.5 insumos indiretos (...) 6.2.6 não insumo prod (...) 6.2.7 prod quimico não prod (...) 6.2.8 transporte interno (...) 6.2.9 portuárias – NOTAS FISCAIS ME (...) 6.3 Centros de Custos e Descrição do Grupo de Mercadorias sem identificação Após a analise através dos “Centros de Custos” e quando não disponível essa informação, através da “Descrição do Grupo de Mercadorias” restaram, ainda, despesas a serem analisadas, sem constar, também, informação na coluna “Descrição do Material”. Sobrou apenas a informação do Fornecedor. Verificase que se tratam, principalmente, de pagamentos de serviços de fretes rodoviários e ferroviários no transporte de açúcar e álcool, aquisições de produtos químicos e combustíveis. 6.3.1 sem identif As despesas sem a possibilidade de identificação não foram aceitas. Através da razão social do fornecedor foi possível manter as aquisições de produtos químicos utilizados na produção, bagaço de cana, levedura e transportes de açúcar e álcool. Foram glosadas as demais despesas sem possibilidade de identificação ou por se tratar de Fl. 16431DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 7 6 aquisições de fertilizantes, combustíveis, transportes de resíduos e passageiros, que foram objeto de glosas nas analises descritas anteriormente. (...) 6.3.2 energia (...) 6.4.1 não é locação (...) 7. Depreciação Como a apuração de créditos em relação aos bens do ativo imobilizado está restrita àqueles adquiridos ou fabricados para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, e sendo a atividade da empresa fabricação de açúcar e álcool, os valores relativos aos bens não utilizados na área industrial serão glosados. É permitida a apuração de créditos sobre benfeitorias em imóveis utilizados nas atividades da empresa, dessa forma foram mantidas todas as obras informadas. A contribuinte foi cientificada em 05 de novembro de 2013, sendo que apresentou impugnação, fls.15929/15967, onde arguiu em síntese: a) que os créditos desconsiderados pela fiscalização são utilizados no seu processo produtivo, portanto, configuramse como insumos Ademais, na medida em que se referem a bens e serviços utilizados como insumos de sua produção de açúcar e álcool, estando em consonância com o disposto nas Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03. Transcreveu jurisprudência do CARF, que corroboraria seu entendimento, no sentido de que os créditos apurados pela Recorrente estão todos vinculados à sua atividade produtiva; b) ela descreve as várias etapas do seu processo produtivo, tentando demonstrar que os créditos glosados são insumos e anexa à impugnação um laudo técnico fls. 15984/16135; c) no tocante aos “créditos de arrendamento agrícola”, alegou que o conceito de aluguel de prédio engloba também o arrendamento de propriedades rurais; d) sobre o óleo diesel, argumentou que a sua utilização ocorre em maquinário agrícola, que participa do processo produtivo agroindustrial como já explicado, justifica a apropriação de créditos, e aplica o mesmo raciocínio à graxa; e) com relação aos créditos de devoluções de óleo diesel, glosados pela fiscalização, por se tratar de produto de tributação monofásica, explicou que o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 conferiu claramente aos contribuintes, que vendem produtos submetidos à alíquota zero de PIS/COFINS, o direito de manutenção dos créditos relativos à aquisição deste produto; Fl. 16432DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 8 7 f) em relação ao tópico “Créditos de Notas Fiscais e Notas Fiscais ME” (item 6 do Termo de Verificação Fiscal), reiterou sua argumentação no sentido de incluir os valores do “centro de custo agrícola”; g) as despesas relacionadas às atividades incorridas em laboratório, para desenvolvimento eficaz do plantio e colheita da cana, assim como todos os custos incorridos com manutenção do maquinário utilizado para o seu processamento e transporte, afiguramse nitidamente essenciais e indispensáveis ao desempenho das suas atividades, razão pela qual lhe assiste direito ao crédito de PIS e COFINS decorrentes de tais despesas; h) reiterou a argumentação relativo à essencialidade dos insumos, mesmo que ligados à atividade agrícola, em relação aos itens “6.1.3 não é ins prod ccc”, “6.2.1 agrícola scc”, “6.2.2 combustível não prod” e “6.2.3 graxas e lubr não útil. prod”. No tocante ao item “6.2.4 embalagens”, alegou que, mesmo não integrando o produto final, as embalagens configuram custos imprescindíveis à individualização e transporte do produto em processamento. As glosas sob rubrica “6.2.5 insumos indiretos” seriam igualmente improcedentes, pois a fiscalização tratou os bens nela incluídos como bens genéricos, sem buscar o conhecimento do efetivo uso nos maquinários e equipamentos para produção, além de desconsiderar, novamente, a atividade agrícola como parte da produção; i) quanto ao item “6.2.6 não insumo prod”, também estariam ligados ao uso de equipamentos e maquinários, os quais estão voltados à produção do açúcar e do álcool, portanto, tais glosas não merecem prosperar. Sobre o item “6.2.7 – prod químico não prod”, ele referese a produtos químicos utilizados em análises e tratamento de água, por exemplo, estando ligados ao processo produtivo, principalmente agrícola. Refutou as glosas de créditos sobre as despesas dos itens “6.2.8 – transporte interno” e “6.2.9 – portuárias – Notas Fiscais ME”, pois não se pode restringir o direito de crédito relativo às despesas com frete nas operações de venda, sob pena de ignorar a relação direta que esse tipo de despesa tem com o processo produtivo da Recorrente. Destacou que não há diferença entre o frete pago na aquisição de insumos, na transferência de produtos em elaboração ou para colocação de produto acabado no estabelecimento vendedor, pois todos são custos de produção, nos termos da Lei nº 6.404/1976, art. 187, II; j) por se tratarem de custos e despesas que se afiguram indispensáveis ao desenvolvimento do processo produtivo da empresa, defendeu a manutenção dos créditos apurados com aquisições de fertilizantes, combustíveis, transportes de resíduos e passageiros, os quais foram objeto de glosa no item “6.3.1 – sem identif”; l) quanto às despesas de energia elétrica (6.3.2 – energia (Barra Bioenergia S/A)), elas estão previstas no art. 3º, III, da Lei nº 10.833, e foram realizadas em estabelecimentos da peticionária, não devendo prevalecer a glosa; m) também seria improcedente a glosa sobre aluguel e condomínio de espaço (6.4.1 – não é locação), pois são todos eles utilizados nas atividades da empresa, não fazendo o inciso IV, do artigo 3º, da Lei nº 10.833/03, qualquer distinção sobre que tipo de atividade (industrial, comercial, ou administrativa) deve ser exercida no local; Fl. 16433DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 9 8 n) sobre os créditos relativos à depreciação, reiterou que a atividade agrícola é parte integrante de seu processo produtivo, e a depreciação das máquinas nela empregadas dão, conseqüentemente, direito a crédito; o) pleiteia pela inaplicabilidade da multa de 75%; p) por fim, pugna pela realização de diligência. Da impugnação, sobreveio o acórdão, fls. 16181/16212, da DRJ/Ribeirão Preto, cuja ementa é colacionada abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2009 a 30/09/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para efeitos da apuração de créditos a serem descontados da contribuição pela sistemática da não cumulatividade, consideramse insumos as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações , tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 30/06/2009 CONEXÃO. Por serem conexos, aplicase ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep as mesmas conclusões referentes ao lançamento da Cofins. Cientificada da decisão da impugnação, a contribuinte ingressou com recurso voluntário, no qual repisou os argumentos da impugnação, mas não solicitou a realização de perícia. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 26 de fevereiro de 2015 e o recurso foi protocolado em 30 de março de 2015. Tratase, portanto, de recurso tempestivo. 2. Da necessidade de diligência Observase ao analisar o Termo de Verificação Fiscal, que há muitas despesas dentro de um mesmo centro de custos, sendo impossível realizar uma segregação de despesas, a fim de analisar se o insumo participa ou não do processo produtivo. Por exemplo, no item IV Glosas, 1. Agrícola, observase dentro das glosas, os seguintes termos: Administração, Portos. Como estariam tais custos vinculados às glosas agrícolas? Fl. 16434DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 10 9 Assim, diante do impasse verificado, fazse necessária a conversão do feito em diligência para: 1. identificar a natureza (descrição do serviço ou bem adquirido, sua finalidade, local de aplicação) dos itens abaixo glosados, especificando a conta contábil a que se refere; IV Glosas 1. Agrícola Contem despesas de notas fiscais de prestação de serviços pagas a fornecedores pessoas jurídicas, com atividades de transporte, fornecimento de mão de obra, máquinas e equipamentos utilizados no plantio, cultivo, fertilização, colheita, corte, carregamento e transporte da cana de açúcar e serviços gerais na lavoura. Não foram aceitas como base de créditos por estarem todas vinculadas aos centros de custos agrícolas identificados como: Administração, Alojamento Agrícola, Balança de Cana, Colhedeira de Cana Picada, Colheita de Cana, Colheita de Cana Picada, Colheita de Cana Fornecedores, Colheita de Cana Terceirizada, Carregamento/Reboque Cana Inteira, Carregamento/Reboque Fornecedores Cana, Carregamento/Reboque Terceirizado Cana, Corte Mecanizado Cana Administrada, Corte Mecanizado Cana Fornecedores, Estaleiro, Estradas/Cercas/Pontes, Outras Culturas Agrícola, Oficina Mecânica Veículos, Plantio, Plantio Contratos, Portos, Preparo do Solo, Preparo e Plantio Terceirizado, Reboque de Cana Picada Administrada, Reboque Fornecedor Cana Picada, Reboque Terceirizado Cana Picada, Reflorestamento/Meio Ambiente, Replanta Cana Soca, Segurança do Trabalho, Serviços Auxiliares, Serviços de Fornecedores de Cana, Serviços Tratos Culturais, Transporte Cana Picada Terceirizada, Transporte Cana Inteira Terceirizada, Transporte Administrada Manual, Transporte Fornecedor Cana Picada, Transporte Administrada Mecânico, Transporte Administrada Manual, Trato Cana Administrada, Trato Cana Fornecedor, Trato Manual, Trato Planta, Trato da Soca, Trato Soca Terceirizada, Trato Terceirizado Cana Inteira e Vinhaça. (...) 6. Notas Fiscais e Notas Fiscais ME (...) 6.1 Centros de Custos Identificados (...) 6.1.1 cc agrícola Glosadas as despesas vinculadas aos seguintes centros de custos da área agrícola administração/controle agrícola, alojamento agrícola, balsa, cana de açúcar produção terceirizada, carregamento/reboque de cana, colhedeira de cana picada, colheita de cana, comboio de abastecimento, corte mecanizado de cana, desenvolvimento agronômico, estaleiro, implementos agrícolas, manutenção de campo, Fl. 16435DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 11 10 mão de obra agrícola, mecanização agrícola, mecanização agrícola colheita, mecanização máquinas leves, mecanização máquinas médias, mecanização máquinas pesadas, mecanização plantio mecanizado, oficina manutenção colhedora, oficina mecânica tratores, oficina mecânica veículos, oficinas de implementos, plantio, plantio contratos, portos, preparo do solo, preparo e plantio terceirizado, reboque, reboque de cana picada, reboque fornecedor de cana picada, reboque Julieta próprio, reboque terceirizado de cana picada, rouguing, serviços auxiliares, serviços de tratos culturais, serviços de fornecedores de cana, supervisão manutenção agrícola, supervisão serviços agrícola, transporte colheita, transporte agrícola, transporte agrícola colheita, transporte de cana adm manual, transporte de cana adm mecanizada, transporte colheita, transporte fornecedor de cana picada, transporte fornecedor de cana inteira, transporte mec cana administrada, transporte terceirizado de cana picada, trato da planta, trato da soca e vinhaça. São basicamente aquisições de peças, equipamentos, acessórios utilizados em caminhões e máquinas agrícolas, e também, serviços aplicados na manutenção das máquinas e caminhões ou diretamente na lavoura. (...) 6.1.2 cc não lig prod Glosadas as despesas vinculadas aos centros de custos administrativos e não ligados diretamente com a produção, composto por aquisições de peças de máquinas, materiais de laboratórios, serviços de análises, manutenção de máquinas e veículos, transportes, limpeza, etc. Administrativos: administração, almoxarifado/recebimento, assistência social, expedição, incentivo vale transporte. Centros de custos não ligados diretamente com a produção: águas residuais, armazém de açúcar externo, armazém de açúcar interno, balança de cana, borracharia, captação de água, central de ar comprimido, laboratório industrial/microbiológico, laboratório de meristema, laboratório teor sacarose, limpeza operativa, manutenção conservação civil, manutenção mecânica, oficina elétrica, oficina mecânica e tratamento de água. (...) 6.1.3 não é ins prod ccc Nos centros de custos ligados à produção foram glosadas aquisições de peças e componentes de máquinas agrícolas identificados na coluna descrição grupo de mercadorias como: carregadeiras de cana Motocana, colheitadeiras de cana Case e John Deere, cultivadores, plantadeiras, transbordo, acessórios de irrigação, máquinas Caterpillar, Fiat Allis, New Holland, Ford, Massei Fergunson, Valtra, caminhões Mercedes, Scania, Reboques. Também foram selecionados os serviços de coleta de barro, fuligem, torta de filtro e análises de amostra, purificação de óleo, lavagem de bigbag, todos, itens não ligados com a produção do açúcar e álcool. Fl. 16436DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 12 11 (...) 6.2 Centros de Custos não identificados (...) 6.2.5 insumos indiretos Foram apresentados diversos itens utilizados em diferentes tipos de máquinas e equipamentos existentes tanto na área agrícola como no parque industrial, como pinos, ferramentas, arruelas, acoplamentos, anéis, buchas, correias, correntes, cordas, cotovelos, discos, escovas, fitas isolantes, gaxetas, lixas, mancais, mangueiras, manômetros, niples, porcas, parafusos, retentores, rolamentos, válvulas, filtros, terminais, barras de aço, vigas de aço, adesivos, grampos, borrachas, conexões, tubos, flanges, dentre outros, para os quais a empresa não apresentou detalhes técnicos que garantam a sua utilização em máquinas que produzam diretamente álcool e açúcar, nem estão vinculados a centros de custos de produção. Em conseqüência, foram tratados como itens genéricos utilizados em diferentes tipos de máquinas e equipamentos existentes no seu parque agrícola e industrial; assim sendo, tratamse de insumos indiretos de produção que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Estão identificados em “descrição grupo mercadoria” como: acessórios para rolamentos, anéis vedação, barras metálicas, borrachas, cabos de aço, chapas metálicas, componentes diversos, compressores diversos, conexões diversos, filtros, gaxetas, guinchos, mancal, mangueiras e tubos, perfis metalicos, plasticos, pregos, rebites, retentores, rolamentos, tecidos metálicos e tubos. (...) 6.2.6 não insumo prod Também foi considerado como não sendo insumo as despesas pertencentes aos grupos de mercadorias: artigos e utensílios de escritório, baterias e bombas automotivas, equipamentos/acessórios/materiais, clinica medica, materiais de laboratório, serviços construção civil, transformadores, vidraria de laboratório e serviços profissionais. São aquisições de faca, baterias automotivas, refil, balão vidro, filtro, papel de filtro, densimetro, termômetro, grafite, buretas, pipeta, lança e gatilho pulverizador, serviços análise amostragem, de inspeção visual e purificação de óleo lubrificante, que não podem ser considerados insumos de produção. (...) 6.2.7 prod quimico não prod Adquiridos produtos químicos como sulfatos, ácidos, benzina, reagentes, soluções, resinas, enzimas, biocida, fungicida, desingripantes, pastilhas, colas, anticorrosivos, limpadores contatos, revelador, acelerador, solventes, agentes coagulantes, clarificante de água identificados em “descrição do grupo de mercadoria”: produtos químicos diversos, produtos químicos para analises e produtos Fl. 16437DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 13 12 químicos para tratamento de água. Esses produtos não são utilizados na produção do açúcar e do álcool, sendo, portanto, glosados. (...) 6.2.8 transporte interno Notas fiscais identificadas em “descrição grupo mercadoria” serviços transporte de carga pessoa jurídica e constando como materiais: serviço de frete depósito mi e diárias de caminhões usina me. As despesas são pagamentos de diárias de caminhões, sem previsão legal para apropriação de créditos. Existe direito ao credito quando se tratar de fretes ligado necessariamente a uma operação de venda, que não é o caso. Dessa forma, a movimentação de mercadorias entre os estabelecimentos, ou de produtos acabados dentro da industria, não geram créditos. (...) item 6.2.9 portuárias – NOTAS FISCAIS ME Em “descrição grupo mercadoria”: serviços transporte de carga pessoa jurídica ou serviços contendo como “descrição do material” serviços desp elev port, serviços estufagem, serviços hora extra estufagem, análise laboratorial, inspeção de carga, transbordo, estadia logística portuária e fretes marítimos, nesse caso, contratação de empresa agenciadoras marítimas. Estas despesas não estão previstas no inciso IX do artigo 3º da Lei 10.833/03, que prevê apenas os fretes e a armazenagem na operação de venda, não incluindo despesas com movimentação, liberação, análise, inspeção, agenciamento das cargas. (...) 7. Depreciação (...) 7.2 não utiliz prod Glosados as esmerilhadeiras, talhas, agitadores, amostradores, analisadores, autoclaves, balanças, bombas, câmaras frias, carretas, centrifugadores, densimetros, defibradores, destiladores, digestores, espectrofotômetro, estabilizadores, estufas, filtros, fornos, lavadores, manômetros, medidores, microscópios, motores elétricos, painéis, redutores, sondas, tanques, tornos, transceptores, veículos, etc vinculados aos centros de custos: armazém de açúcar interno, aguas residuais, balança de cana, central de ar comprimido, expedição, higiene e medicina do trabalho, instrumentação, laboratório industrial e microbiológico, laboratório de meristema, laboratório de teor de sacarose, lavador de veículos e borracharia, manutenção mecânica, oficina elétrica, oficina mecânica, posto de abastecimento, programa de alimentação do trabalhador, segurança do trabalho, segurança patrimonial, serviços médicos, serviços habitação, serviços odontológicos e tratamento de água. Fl. 16438DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA Processo nº 10880.723861/201388 Resolução nº 3302000.525 S3C3T2 Fl. 14 13 2. Ademais, no que concerne aos centros de custos agrícolas, item IV Glosas, 6.1.1. cc agrícolas, do Termo de Verificação Fiscal, deve ser realizada a separação entre os custos dos bens e dos serviços aplicados diretamente na produção agrícola; 3. No que se refere aos custos indiretos de produção agrícola e industrial, item IV Glosas, 6.1.2 cc não lig prod, 6.1.3 não é ins prod ccc, 6.2.5 insumos indiretos, 6.2.6 não insumo prod, do Termo de Verificação Fiscal, informar se eles integram os custos dos insumos de produção; 4. Em relação aos serviços de transportes nas compras, item IV Glosas, 6.2.8 transporte interno, do Termo de Verificação Fiscal, a separação entre os serviços de transportes de insumos de produção dos demais serviços de transportes (máquinas, equipamentos, trabalhadores, etc.); 5. Em relação aos produtos químicos, item IV Glosas, 6.2.7 prod químico não prod, do Termo de Verificação Fiscal, informar se eles foram aplicados na área de produção agrícola, no setor fabril ou fora desses setores; 6. Nos encargos de depreciação, , item IV Glosas, 7.2 não utiliz prod, do Termo de Verificação Fiscal, informar se os bens foram registrados no ativo imobilizado ou não, assim como se são bens de produção ou utilizados nas demais atividades da empresa. 7. Para a realização do trabalho, a fiscalização poderá solicitar as informações necessárias ao atendimento da diligência; 8. Que a contribuinte seja cientificada dessa decisão e do relatório final do resultado da diligência e possa, em cada caso, apresentar sua manifestação, no prazo de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011. Ao final, seja o processo encaminhado à consideração do CARF. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 16439DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, Assinado di gitalmente em 15/08/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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Numero do processo: 16832.000247/2008-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007
GLOSA DE DESPESAS. AMORTIZAÇÃO DE AGIO EM INVESTIMENTO. INDEVIDA.
Desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 7º da Lei 9.532/97, a interpretação segundo a qual tal dispositivo seria inaplicável quando a incorporada tiver como fonte de receitas apenas a participação em outra pessoa jurídica.
Numero da decisão: 1302-001.995
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Marcelo Calheiros Soriano.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Relator.
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO (Presidente), ROGERIO APARECIDO GIL, ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, MARCELO CALHEIROS SORIANO, ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, TALITA PIMENTA FELIX e MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA.
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AMORTIZAÇÃO DE AGIO EM INVESTIMENTO. INDEVIDA. Desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 7º da Lei 9.532/97, a interpretação segundo a qual tal dispositivo seria inaplicável quando a incorporada tiver como fonte de receitas apenas a participação em outra pessoa jurídica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Marcelo Calheiros Soriano. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Relator. LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO (Presidente), ROGERIO APARECIDO GIL, ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, MARCELO CALHEIROS SORIANO, ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, TALITA PIMENTA FELIX e MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 02 47 /2 00 8- 39 Fl. 2550DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1232.483 da 7ª Turma da DRJ/RJ1, o qual foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 IMPUGNAÇAO PARCIAL. A parte da autuação que O interessado reconheceu como procedente e, portanto, não impugnou, não integra a matéria litigiosa, não tendo sido instaurado O contraditório. DILIGÊNCIA. FALTA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferida a diligência que, além de não preencher os requisitos formais previstos no art. 16, inciso IV, e § 1°, do Decreto 70.235/ 1972, com redação dada pelo art. 1° da Lei 8.748/1993, também é desnecessária, tendo em vista que os documentos juntados aos autos são suficientes para formar a convicção da autoridade julgadora. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 GLOSA DE DESPESAS. AMORTIZAÇAO DE AGIO EM INVESTIMENTO. A amortização do ágio, como regra geral, é indedutível para a apuração do lucro real, bem como da base de cálculo da CSLL. A possibilidade de deduzila prevista no art. 386, III, do RIR/99 (art. 7°, III, da Lei 9.532/97 e art. 10 da Lei 9.718/98) referese à hipótese em que a pessoa jurídica absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio fundamentado em rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, caso em que a amortização poderá ser feita à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Não configurada tal hipótese ou não justificada a previsão de rentabilidade futura, mantémse a glosa da amortização. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 GLOSA DE DESPESAS. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INVESTIMENTO. A amortização do ágio, como regra geral, é indedutível para a apuração do lucro real, bem como da base de cálculo da CSLL. A possibilidade de deduzila prevista no art. 386, III, do RIR/99 (art. 7°, III, da Lei 9.532/97 e art. 10 da Lei 9.718/98) referese à hipótese em que a pessoa jurídica absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio fundamentado em rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, caso em que a amortização poderá ser feita à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Não configurada tal hipótese ou não justificada a previsão de rentabilidade futura, mantémse a glosa da amortização. Fl. 2551DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.537 3 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1232.483 em 23/08/2010 (Termo a fls. 2377), interpôs, em 21/09/2010 (carimbo a fls. 2378), recurso voluntário (doc. a fls. 2378 e segs.), no qual aduz as seguintes razões de defesa: Em auditoria fiscal levada a efeito relativamente aos anos calendário 2003 a 2007, a Fiscalização apurou, no tocante ao ano calendário 2007, supostos débitos de IRPJ e CSLL, nas importâncias, respectivamente, de R$ 25.430,44 e R$ 15.258,26, que, acrescidas de multa proporcional equivalente a 75% do principal e de juros de mora, perfaziam, em dezembro de 2008, O montante total de R$ 75.180,50. Igualmente em decorrência das glosas efetuadas, a Fiscalização reduziu – na maior parte, indevidamente os prejuízos fiscais e as bases negativas de CSLL da RECORRENTE, conforme demonstrado a seguir: IRPJ AnoCalendário Valor Tributável Compensado com Prejuízos Fiscais (R$) Valor Tributável Remanescente Lançado no Auto de Infração (R$) 2003 90.508.934,70 0,00 2004 75.449.755,66 0,00 2005 72.365.897,62 0,00 2006 72.365.897,62 0,00 2007 72.123.702,88 72.658,42 169.536,32 382.886.846,90 169.536,32 CSLL AnoCalendário Valor Tributável Compensado com Prejuízos Fiscais (R$) Valor Tributável Remanescente Lançado no Auto de Infração (R$) 2003 90.508.934,70 0,00 2004 75.449.755,66 0,00 2005 72.365.897,62 0,00 2006 72.365.897,62 0,00 2007 72.123.702,88 72.658,42 169.536,32 Fl. 2552DF CARF MF 4 382.886.846,90 169.536,32 Para melhor exame do objeto das autuaçoes, a própria Fiscalizaçao segregou os dois autos de infração em duas partes, metodologia esta também seguida na defesa originariamente apresentada pela RECORRENTE e ora resumida, em conjunto com as alegações da RECORRENTE na sua impugnação e com os fundamentos utilizados pelo acórdão recorrido. 1) A PRIMEIRA PARTE DAS ATUAÇÕES: A primeira parte das autuações é composta por seis diferentes glosas de despesas, referentes às divergências: encontradas pela Fiscalização entre informações contidas na DIPJ relativa ao anocalendário 2003 e informações presentes no balancete e no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) da RECORRENTE correspondentes ao mesmo período. Vêse, portanto, que a primeira parte dos autos de infração referese aos equívocos da RECORRENTE no preenchimento de sua DIPJ/2004. Assim, considerando que o mandado de procedimento fiscal n° 0719000/05513/08 já tinha sido iniciado quando da verificação de tais lapsos procedimentais e que, consequentemente, a RECORRENTE não mais poderia retificar sua DIPJ/2004 , a RECORRENTE apresentou à Fiscalização o balancete e o LALUR relativos ao ano calendário 2003, cujas informações estavam absolutamente corretas (e em descompasso com aquelas presentes na DIPJ/2004). Assim, a Fiscalização, após confirmar a correção das informações contidas no balancete e no LALUR da RECORRENTE, efetuou as glosas abaixo descritas, a partir da diferença entre os valores informados na DIPJ/2004 e no LALUR e no balancete: Natureza das Despesas Valor Glosado (R$) Custos de mercadorias revendidas 120.080,56 Despesas operacionais não dedutíveis 3.706.863,58 Provisões não autorizadas 7.134.058,88 Variações cambiais ativas (operações liquidadas) 1.455.320,49 Falta de adição do ajuste de preços de transferência 448.859,41 Transporte incorreto do lucro líquido 142.474,80 13.007.657,72 Por se tratar de lançamento efetivamente devido, essa parte da autuação não foi impugnada pela ora RECORRENTE e, por conseguinte, também não é objeto do presente recurso voluntário, sendo, procedente, portanto, a redução do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa apurados relativamente ao anocalendário 2003, no valor de R$ 13.007.657,72. Fl. 2553DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.538 5 2) A SEGUNDA PARTE DAs ATUAÇÕES: A segunda parte das atuações diz respeito a despesas com a amortização de ágios e de ativo diferido relacionados com a aquisição pela RECORRENTE de investimentos avaliados pelo valor de patrimônio líquido, que foram glosadas pela Fiscalização, referentes a três empresas (Doc. N° 3 DA IMPUGNAÇÃO): (i) Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A.; (ii) Repsol YPF Distribuidora S.A.; e (iii) Refisol S.A. De acordo com a Fiscalização, na conta contábil n° 6813000000 foram contabilizados pela RECORRENTE, dentro do período autuado, os seguintes valores mensais, referentes às amortizações acima mencionadas: Nome da Empresa Investida Valor Contabilizado por Mês (R$) Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A 51.282,32 Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A 20.107,37 Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A 24.500,00 Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A 75.070,42 Repsol YPF Distribuidora S.A. 256.988,17 Refisol S.A. 6.030.491,46 Dessa maneira, a segunda parte das atuações referese R$ 370.048.725,50, valor este composto dos seguintes montantes: AnoCalendário Valor Total Contabilizado (R$) 2003 77.501.276,98 2004 75.449.755,66 2005 72.365.897,62 2006 72.365.897,62 2007 72.365.897,62 370.048.725,50 A Fiscalização fundamentou a glosa de tais despesas, referindose às mesmas, de forma genérica, apenas como “amortização de ágios”, nos seguintes termos: “Nas respostas apresentadas pelo contribuinte, não há qualquer justificativa para as amortizaçöes de ágios da Manguinhos e da REPSOL YPF DISTRIBUIDORA. Fl. 2554DF CARF MF 6 Todos os documentos apresentados são referentes à REFISOL. Adicionalmente, na linha 20 da ficha 5A das DIPJs dos anos calendário 2004 e 2005, se vê que as despesas com amortizaçöes de ágio da Manguinhos compõem a parcela indedutivel das despesas operacionais, adicionada na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Como regra geral, determinada pelo art. 391 do RIR/99, as despesas com amortização de ágio de investimento avaliado pelo valor de patrimônio líquido não são dedutíveis na apuração do lucro real. As despesas com amortizações de ágios da Manguinhos e da REPSOL YPF Distribuidora não foram comprovadas com os documentos de suporte obrigatório dos lançamentos contábeis, pelo que não podem reduzir as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Assim, as despesas com amortizaçöes de ágios da Manguinhos e da REPSOL YPF Distribuidora, ainda não adicionadas às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, conforme já relatado, estão sendo glosadas nos respectivos autos de infração. Numa de suas respostas, o contribuinte informa que considerou dedutíveis as amortizaçöes de ágio da REFISOL, com base no art. 386, III, do RIR/99.”. Percebese, portanto, do próprio relato da Fiscalização, que as despesas glosadas nesta segunda parte da autuação não têm todas absolutamente a mesma natureza. Tratase, na verdade, de imposição parcialmente insubsistente, conforme será exposto nos parágrafos abaixo. De fato, apenas as glosas relacionadas com os investimentos na REFINARIA DE PETRÓLEOS DE MANGUINHOS S.A. e na REPSOL YPF DISTRiBUIDORA S.A. são procedentes, conforme indicado na tabela abaixo: AnoCalendário Manguinhos Repsol YPF Distribuidora 2003 2.051.521,32 3.083.858,04 2004 3.083.858,04 2005 2.051.521,32 6.167.716,08 Isso porque, por se tratar de amortizações de ágios em aquisições de investimentos permanentes, avaliados pelo valor de patrimônio líquido, não existe respaldo para a sua respectiva dedução, para fins tributários, antes da alienação ou incorporação desses investimentos. Aliás, no tocante ao investimento na REFINARIA DE PETRÓLEOS DE MANGUINHOS S.A. conforme foi consignado no próprio auto de infração , a RECORRENTE já havia procedido à adição de tais despesas nos anoscalendário 2004 e 2005, para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Fl. 2555DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.539 7 No entanto, no que tange ao investimento da RECORRENTE na REFISOL S.A., que foi posteriormente incorporada pela mesma, a exigência da Fiscalização se mostra de todo improcedente, tendo sido esse O objeto da impugnação originalmente apresentada pela ora RECORRENTE, assim como do presente recurso voluntário. (...) AS RAZÕES PARA A REFORMA DA DECISÃO DE 1° INSTÂNCIA Como visto na Seção ll, retro, O fundamento utilizado pela 7° Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I RJ, para julgar improcedente a impugnação da ora RECORRENTE, foi O de que a REFISOL S/A, por si própria, não teria condições de produzir resultados futuros, razão pela qual a ora RECORRENTE não poderia ter procedido à amortização de ágio a esse título. Dessa forma, para uma melhor compreensão de toda a operação, torna se forçoso rememorar a ordem cronológica dos fatos que precederam tais amortizações. A REFISOL S.A. foi adquirida pela RECORRENTE através de permuta de ativos realizada com empresas do Grupo PETROBRÁS (PETRÓLEO BRASILEIRO S.A., DOWNSTREAM PARTICIPAÇÕES S.A., e PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S.A. – conforme documentos em anexo, Doc. N° 4' DA IMPUGNAÇÃO), a qual foi amplamente noticiada nos jornais de grande circulação do país. Tal operação de permuta teve uma importância crucial para as empresas envolvidas: o propósito negocial da operação combinava O interesse da REPSOL da Espanha de entrar no mercado brasileiro, através de sua subsidiária no País (a impugnante), e, o do Grupo PETROBRÁS, de entrar no mercado argentino, em ambos os casos de forma sólida e competitiva. Ou seja, com a permuta de ativos realizada, se, por um lado, o Grupo PETROBRÁS adquiriu 12% do mercado argentino de combustíveis, por outro, a REPSOL YPF S.A. pôde entrar no mercado brasileiro de petróleo, através de sua subsidiária, a ora RECORRENTE. Como medida preparatória da permuta de ativos, a RECORRENTE transferiu para a empresa denominada 5283 PARTICIPAÇÕES LTDA. (Doc. N° 5 DA IMPUGNAÇÃO) os ativos na Argentina, a saber: (a) 219.144.038 ações da EG3 S.A. (equivalentes a 99,6109% de seu capital social); (b) 30.000 ações da EG3 ASFALTOS (equivalentes a 1,2% de seu capital social); e (c) 2 ações da EG3 RED S.A. (equivalentes a'0,0004% de seu capital social). O mesmo se deu com o Grupo PETROBRAS, que efetuou uma reorganização de seus ativos, com o objetivo de segregar aqueles a serem transferidos para a RECORRENTE. Assim é que a Refinaria Alberto Pasqualini até então uma unidade de negócios foi transferida para uma pessoa jurídica, denominada ALBERTO PASQUILINI REFAP S.A., com a interposição da Fl. 2556DF CARF MF 8 DOWNSTREAM PARTICIPAÇÕES S.A., holding criada para esse efeito. A etapa subsequente para a segregação desse ativo foi a transferência, pela DOWNSTREAM PART|C|PAÇOEs S.A., para a REFISOL S.A., de 30% do capital social da ALBERTO PAsOuALlN| REFAP S.A. (justamente o percentual que seria objeto da permuta). A PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S.A. BR, por sua vez, transferiu para a empresa POSTOS ESTACOES DE SERVIÇOS S.A., os ativos imobilizados e direitos contratuais de fornecimento de combustíveis, com centenas de postos de abastecimento (DOC. N° 6 DA IMPUGNAÇÃO). Nesse sentido, a PETROBRAS publicou fato relevante, dando conta não apenas da permuta a ser celebrada com a RECORRENTE, mas também da reorganização prévia dos ativos a serem permutados, acima mencionada, nos seguintes termos: “A Petrobras cederá à REPSOL YPF uma participação minoritária de 30% na empresa REFAP S.A., que será a nova proprietária da Refinaria Alberto Pasqualini; direitos contratuais de fornecimento e bens relativos za postos de gasolina de titularidade da Petrobras DISTRIBUIDORA BR que totalizam 40 mil m3/mês de vendas de derivados em cerca de 250 postos e, finalmente, 10% dos direitos de concessão para exploração do campo de Albacora Leste" (Doc. N° 7 DA IMPUGNAÇÃO). O laudo de avaliação elaborado pela BDO Directa Auditores S/C da ALBERTO PASQUILINI REFAP S.A. também explica como a DOWNSTREAM PARTICIPAÇÕES S.A., empresa que permutou as ações da REFISOL S.A. com a RECORRENTE, antes tinha transferido 30% do capital social da ALBERTO PASQUILINI REFAP S.A. para a REFISOL S.A. (Doc. N° 8 DA IMPUGNAÇÃO): “A REFISOL S.A. é uma sociedade anônima, com sede na cidade do Rio de Janeiro RJ, constituida em 22 de novembro de 2000, que tem como objetivo a participação no capital social de outras empresas. Em 06 de fevereiro de 2001, a Downstream Participações S.A. transferiu 81.571.776 ações do capital social da Alberto Pasqualini REFAP S.A., de sua propriedade para a REFISOL S.A., a título de integralização de aumento de capital no valor de R$ 81.570.776,00. ” Assim, a RECORRENTE permutou 100% das quotas da 5283 PARTICIPAÇÕES LTDA., nas seguintes proporções: 67,5% com a DOWNSTREAM PARTICIPAÇÕES S.A.; 20,2% com a PETROBRÁS; e 12,3% com a PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S.A. BR, recebendo, em troca: 100% das ações da REFISOL S.A. [permutadas com a DOWNSTREAM PARTICIPAÇÕES S.A. (99,9993% do capital social), sendo que os outros 0,0007% foram recebidos pela RECORRENTE com a transferência da POSTOS ESTAÇÕES DE SERVIÇOS S.A.]; 10% dos direitos e obrigações sobre Albacora Leste (permutados com a PETROBRÁS); e Fl. 2557DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.540 9 100% das ações da POsTOs EsTACOEs DE SERv|Ços S.A. [permutadas com a PETROBRÁS D|sTR|Bu|OORA S.A. BR (99,9847% do capital social) e com a PETROBRÁS (0,0153% do capital social)]. A operação de permuta de ativos também foi avaliada e relatada no parecer elaborado pela Deloitte Touche Auditores Independentes, referente às demonstrações financeiras da RECORRENTE relativas aos exercícios findos em 31/12/2001 e 2002, o qual deu conta, inclusive, da forma como tais ativos foram contabilizados. O trecho a seguir transcrito é extremamente elucidativo a esse respeito (DOC. N° 9 DA IMPUGNAÇÃO): “Em troca da participação de 99,6% na subsidiária Eg3 (sociedade situada na Argentina cujas principais atividades são refino, distribuição, comercialização de combustiveis líquidos, gasosos de refino, gás natural e comprimido e Iubrificantes; compra, venda, locação e subdivisäo e outras operações imobiliárias, além da construção de postos de gasolina no pais e no exterior; bem como participação em outras sociedades que atuam na exploração de postos de gasolina e elaboração e comercialização de asfaltos impermeabilizantes), a REPsoi. YPF S.A., por intermédio de sua subsidiária integral REPsoL YPF BRASIL S.A., recebeu 100% do capital da REFISOL S.A. (detentora de 30% do capital social da REFAP S.A. Refinaria Alberto Pasqualin localizada no Rio Grande do Sul) registrado como investimento pela equivalência patrimonial na controladora brasileira, 10% dos direitos de concessão para exploração do campo de Albacora Leste (área com resen/as próximas a 1,3 bilhão de barris de petróleo) registrado como imobilizado na controladora brasileira e 100% do capital da Postos Estações de Serviços S.A. (detentora de ativos imobilizados e direitos contratuais de fornecimento de combustíveis totalizando 40.000 m3/mês com 234 postos de abastecimento de terceiros nas regiões CentroOeste, Sul e Sudeste) registrado na REPSOL YPF DISTRIBUIDORA S.A. (subsidiária integral da REPSOL YPF BRAS/1. S.A. (...)) em face da incorporação da Postos Estações de Sen/iços S.A. por essa subsidiária.” Pois bem. Como visto, os ativos recebidos pela RECORRENTE, representando segmentos distintos da indústria do petróleo (prospecção e extração, industrialização e refino e distribuição) lhe foram transferidos em permuta por três entidades distintas, que, previamente, já haviam sido segregados em pessoas jurídicas diferentes, à exceção do ativo Albacora Leste. Naturalmente, os ativos envolvidos nessa operação foram avaliados a valor de mercado, tendo sido contratada, para esse efeito, a BDO Directa Auditores S/C, empresa de renome internacional no seu ramo de atuação. Por ser a ALBERTO PASQUILINI REFAP S.A. o principal ativo da REFISOL S.A., a avaliação desta última estava Fl. 2558DF CARF MF 10 intrinsecamente ligada à avaliação desse seu investimento, pelo que a empresa avaliadora, concluiu, adotando a metodologia de rentabilidade futura (calculando fluxos de caixas futuros, com a utilização de uma determinada taxa de desconto), “que o valor da REFAP foi calculado em (...) R$ 2.870.228.900,00. Consequentemente, a empresa REFISOL S.A. é avaliada em R$ 861.322. 000, 00 (...), tendo em vista que ela possui 30% da REFAP”. As conclusões apresentadas pela empresa avaliadora no laudo de avaliação não foram, em nenhum momento, questionadas ou infirmadas pela Fiscalizaçao. Vêse, portanto, que a REFISOL S.A. não foi criada pela RECORRENTE nem era uma simples empresa holding, como quis fazer parecer a Fiscalização. Sua existência teve um propósito econômico, que foi a segregação dos ativos a serem permutados pelo Grupo PETROBRAS, em operação totalmente transparente para o mercado e lastreada em avaliações independentes. A RECORRENTE recebeu, em permuta, as açoes da REFISOL S.A. porque o Grupo PETROBRAS assim tinha previamente organizado os seus ativos que fizeram parte do acordo de permuta. Estáse diante, portanto, de uma operação realizada entre partes não relacionadas, absolutamente independentes e consoante valores de mercado, atestados em laudo especifico para esse fim, e, finalmente, com inequívoco propósito econômico. Após a aquisição da REFISOL S.A., a RECORRENTE, observando a legislação vigente (notadamente os artigos 20 e seguintes do Decretolei n° 1.598, de 1977, refletidos no artigo 385 do RIR/1999), procedeu ao desdobramento do valor da aquisição entre investimento e ágio, cujos valores foram assim refletidos em suas demonstrações financeiras naquela data (como, inclusive, apontado pela Fiscalizaçao): Investimento na REFISOL S.A.: R$ 137.663.023,78. Ágio na aquisição do investimento: R$ 723.658.976,22. Em face da metodologia adotada na avaliação da REFISOL S.A., o ágio em questão teve como fundamentação a perspectiva de lucros futuros, prevista no artigo 385, § 2°, Il, do RlR/1999, como confirmado no parecer dos auditores independentes. Em 2002, a RECORRENTE procedeu à incorporação da REFISOL S.A. (Doc. N° 11 DA IMPUGNAÇÃO), razão determinante para a reclassificação do ágio na sua aquisição para o ativo diferido, em estrita observância da legislação fiscal, O qual passou a ser amortizado pela RECORRENTE, à razão de 10% ao ano. (...) Isto posto, passase agora a rebater o único argumento utilizado pelo acórdão ora recorrido para denegar o pedido formulado pela ora RECORRENTE, qual seja, o de que o ágio por ela amortizado não poderia ter como fundamento a rentabilidade futura da REFISOL S.A., pois esta não possuiria fatores de produção próprios, uma vez que o seu único ativo seria 30% do capital social da Alberto Pasqualini REFAP S/A, esta sim responsável pelos lucros futuros. Fl. 2559DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.541 11 Em primeiro lugar, vale ressaltar que o art. 386, II, do RIR/1999, estabelece apenas dois requisitos para a amortização do ágio ali previsto, são eles: (i) a incorporação, fusão ou cisão da sociedade empresária detentora do ágio e (ii) que o referido ágio esteja fundamentado na rentabilidade futura da sociedade incorporada, fusionada ou cindida. Ora, no presente caso, como consignado no próprio acórdão recorrido, houve a incorporação da REFISOL S/A pela RECORRENTE, estando, dessa forma, cumprido o primeiro dos requisitos previstos na legislação de regência para amortização do ágio com base em rentabilidade futura. “O Protocolo de incorporação, a Justificação, as Atas das Assembléias e o Laudo de Avaliação, juntados às fls. 1.966/1.982, comprovam que o interessado incorporou a REFISOL S/A, em 28/02/02, extinguindo suas ações." Passase agora à verificação da existência do segundo requisito: a existência de ágio fundamentado em rentabilidade futura na sociedade incorporada, fusionada ou cindida. De acordo com o acórdão ora recorrido, a RECORRENTE não poderia ter realizado a amortização do ágio por rentabilidade futura, uma vez que os fatores de produção geradores dessa rentabilidade não estariam presentes na sociedade incorporada (REFISOL S/A), mas sim na Alberto Pasqualini REFAP S/A, sociedade da qual a REF|SoL S/A detinha 30% da participação societária, sendo este o seu único ativo. Ocorre que o Direito Pátrio prevê expressamente a possibilidade de existência das sociedades de participação, que, de acordo com os ensinamentos de Sérgio Campinho, são “aquelas que não se preocupam com o controle, mas apenas com a formação e a administração de um patrimônio em ações ou quotas de outras sociedades (participações societárias), com a obtenção dos dividendos por elas distribuídos. O fim não é o controle, mas apenas a realização de investimentos”. Com efeito, o art. 2°, § 3°, da Lei no 6.404, de 15.12.1976, que cuida das regras atinentes às sociedades anônimas, das quais a REFISOL S/A é um exemplo, dispõe expressamente que uma companhia pode participar de outras sociedades como meio de realizar o seu objetivo social, ou ainda para beneficiarse de incentivos fiscais. Vejase: Art. 2° Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. (...) § 3° A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiarse de incentivos fiscais. Vêse, portanto, que o dispositivo legal acima transcrito amoldase com perfeição ao caso em tela, uma vez que, como visto anteriormente, o Fl. 2560DF CARF MF 12 objeto social da REFISOL S/A é a participação acionária em outras sociedades. Ou seja, ao contrário do restou consignado no acórdão recorrido, estavam presentes sim, na própria REFISOL S/A, os fatores de produção ensejadores dos seus resultados futuros, pois o objeto da sociedade era a participação acionária dela em outras sociedades, como por exemplo, a REFAP S/A. Destaquese que no próprio acórdão recorrido se encontra presente a seguinte assertiva: “Portanto, é importante registrar que o valor de mercado da REFISOL S/A, e, por conseguinte, o ágio, não foi apurado levandose em conta a expectativa de seus resultados futuros, mas sim, indiretamente, levandose em conta os resultados futuros da Alberto Pasqualini REFAP S/A". Ora, ao afirmar que os lucros futuros da REFISOL S/A estariam ligados indiretamente aos resultados da REFAP S/A, o acórdão recorrido, por via transversa, acaba por admitir que os resultados futuros da REFISOL S/A decorrem diretamente da sua participação nas ações da REFAP S/A, sendo esta última (a participação acionária), portanto, o seu verdadeiro fator de produção. (...) De fato, da mesma forma que uma sociedade que administra uma série de imóveis, como, por exemplo, administradoras de shopping centers, na sociedade de participação administramse valores mobiliários; não se podendo, portanto, adotar uma definição restritiva de fatores de produção como sendo aqueles relativos, única e exclusivamente, às atividades industriais, como pretende, equivocadamente, o acórdao ora recorrido. Vale ainda salientar que a lei ou os dispositivos regulamentares que tratam da amortização de ágio não vinculam a rentabilidade futura à prévia existência de fatores de produção dentro da mesma sociedade empresária. Com efeito, a lei/regulamento apenas determina que as sociedades empresárias incorporadas, fusionadas ou cindidas tenham tido rentabilidade futura, para que se possa proceder à amortização do ágio. Também, por exclusão, se não são aplicáveis as metodologias do preço de mercado e do fundo de comércio, será aplicável aquela referente à rentabilidade futura, assim como todas as regras pertinentes à amortização do ágio daí advindo. Com efeito, a APSIS finaliza seu parecer corroborando a metodologia adotada pela BDO DIRECTA AUDITORES e, por consequência, todo o procedimento utilizado pela ora RECORRENTE na amortização do ágio advindo da REFISOL S/A: “Finalizando nosso parecer, afirmamos que a empresa BDO DIRECTA AUDITORES aplicou corretamente a metodo/ogia de fluxo de caixa descontado, derivada da abordagem da renda, indicada para a determinação do valor justo de REFISOL.” Confirase ainda o entendimento da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas, que se pronunciou expressamente no sentido de que a glosa da amortização a que se refere o artigo 386, Fl. 2561DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.542 13 Ill, do RIR/1999, somente seria possível se configurada a ausência de três requisitos: a referência ao correto fundamento do ágio; o laudo de avaliação fundamentado em rentabilidade futura; e a incompatibilidade entre o alegado embasamento do ágio em rentabilidade futura e as disposiçoes contratuais aplicáveis, in verbis: (...) Por fim, o que mais uma vez corrobora a tese defendida pela RECORRENTE de que a Fiscalização não compreendeu de maneira adequada as operações que resultaram nas despesas com amortizações glosadas, é o enquadramento legal atribuído nos autos de infração, que não possui qualquer relação com as amortizações de ativo diferido glosadas. Como destacado no início desta defesa administrativa, a Fiscalização apontou como pretensamente infringidos artigos que dizem respeito a: (i) despesas operacionais; (ii) despesas necessárias; (iii) recuperação do capital aplicado; (iv) possibilidade de amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; e (v) possibilidade de amortização do capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou contratualmente limitado. Nenhum dos artigos indicados pela Fiscalização trata das amortizações realizadas pela RECORRENTE, cuja base legal, como exaustivamente demonstrado, reside no artigo 386, Ill, do RIR/1999. Com efeito, pela interpretação sistemática do RIR/1999, o enquadramento no artigo 386 do RIR/1999 pressupõe a automática observância dos artigos 299, 324, 325 e 386 do RIR/1999. Toda amortização de ativo diferido feita com base no artigo 386, incisos l e Il, há de ser dedutível, porque deu ensejo ao reconhecimento de receitas operacionais, incorporadas ao patrimônio da empresa investidora. No caso especifico da RECORRENTE, isso se dá com o confronto do ativo diferido amortizado com os resultados da REFAP S.A. reconhecidos pela RECORRENTE, através do método de equivalência patrimonial (MEP), sendo tal ajuste, por previsão expressa da legislação comercial uma receita ou despesa operacional. Nem se alegue em desfavor dessa constatação, que o resultado do ajuste a valor de patrimônio líquido através do MEP é neutro para fins fiscais (não dedutível, se despesa, ou não tributável, se receita operacional), visto que a regra dos artigos 385 e 386, não traz qualquerlimitação ou imposição no sentido de que a receita relacionada com a despesa de amortização do diferido há de ser tributável. Vêse, pois, que, sob qualquer ângulo que se examine, a amortização do ágio se deu com esteio na rentabilidade futura da REFISOL S/A e não Fl. 2562DF CARF MF 14 da REFAP S/A, como pretende fazer entender o acórdão recorrido, razão pela qual o mesmo deve ser integralmente reformado. (...) Em face de todo o exposto, requer a RECORRENTE seja reformado o r. acórdão recorrido em sua integralidade, cancelandose o auto de infração em sua parte impugnada, restaurandose os prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da RECORRENTE, e cancelandose os lançamentos de IRPJ e CSLL referentes ao anocalendário 2007. É o relatório. Voto O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatário com poderes para tal, conforme procuração e substabelecimento a fls. 2.407 a 2.411, razão pela qual dele conheço. Inicialmente, vale transcrever o seguinte trecho do voto condutor do acórdão recorrido: “Segundo a impugnação, apenas parte das autuações está sendo impugnada, mais especificamente a parte da glosa das despesas com amortizações de ativo diferido relativas ao ágio decorrente da aquisição da Refisol S/A, após a incorporação da mesma pela Impugnante, cuja exigência da Fiscalização seria totalmente improcedente. (...) Portanto, pelo exposto, a lide está delimitada à glosa das despesas com amortizações de ativo diferido, relativas ao ágio decorrente da aquisição da Refisol S/A, acima listadas, após a incorporação da mesma pela Impugnante, relativamente aos anoscalendário de 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007.” Nesse sentido também se manifesta a recorrente, pois, ao dividir a autuação em duas partes, alega o seguinte: “A primeira parte das autuações é composta por seis diferentes glosas de despesas, referentes às divergências: encontradas pela Fiscalização entre informações contidas na DIPJ relativa ao ano calendário 2003 e informações presentes no balancete e no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) da RECORRENTE correspondentes ao mesmo período. (...) Por se tratar de lançamento efetivamente devido, essa parte da autuação não foi impugnada pela ora RECORRENTE e, por conseguinte, também não é objeto do presente recurso voluntário, sendo, procedente, portanto, a redução do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa apurados relativamente ao anocalendário 2003, no valor de R$ 13.007.657,72. (...) Fl. 2563DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.543 15 A segunda parte das atuações diz respeito a despesas com a amortização de ágios e de ativo diferido relacionados com a aquisição pela RECORRENTE de investimentos avaliados pelo valor de patrimônio líquido, que foram glosadas pela Fiscalização, referentes a três empresas (Doc. N° 3 DA IMPUGNAÇÃO): (i) Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A.; (ii) Repsol YPF Distribuidora S.A.; e (iii) Refisol S.A. (...) De fato, apenas as glosas relacionadas com os investimentos na REFINARIA DE PETRÓLEOS DE MANGUINHOS S.A. e na REPSOL YPF DISTRIBUIDORA S.A. são procedentes, conforme indicado na tabela abaixo: (...) No entanto, no que tange ao investimento da RECORRENTE na REFISOL S.A., que foi posteriormente incorporada pela mesma, a exigência da Fiscalização se mostra de todo improcedente, tendo sido esse O objeto da impugnação originalmente apresentada pela ora RECORRENTE, assim como do presente recurso voluntário.” Assim, a única matéria posta em julgamento neste Colegiado restringese a glosa das despesas com amortização do ágio da Refisol, item da autuação sobre o qual o TVF assim informa: “Numa de suas respostas, o contribuinte informa que considerou dedutíveis as amortizações de ágio da Refisol, com base no art. 386, inciso III, do RIR/99. Dentre os documentos apresentados, há o Contrato de Permuta de Ativos de fls. 772 a 846, celebrado, em 28/12/00, entre o contribuinte, a Petrobras e outras empresas dos seus grupos. Nos itens 3.3.2 e 3.3.3 do Contrato, a Downstream Participações S/A e a Petrobras Distribuidora S/A BR empresas do grupo Petrobras – se comprometeram a transferir ao contribuinte 100% das ações da Refisol. Conforme o Relatório de Avaliação de fls. 744 a 767, a Refisol foi constituída em 22/11/00. Em 06/02/01, recebeu da Downstream 30% das ações da Alberto Pasqualini Refap S/A refinaria de petróleo do Grupo Petrobras, responsável por cerca de 10% da capacidade de refino do país. No mesmo Relatório, foi demonstrado o valor de mercado da Refap de R$ 2.870.228.900,00, em 30/09/01, calculado com base em resultados futuros estimados. São apresentadas as previsões de produção, vendas, custos, despesas, impostos e lucros da Refap, no período de 2001 a 2014. O fluxo de lucros estimados é descontado à taxa de 12% ao ano e somado ao valor residual dos ativos para determinar o valor de mercado. Fl. 2564DF CARF MF 16 A Refisol é, então, avaliada em R$ 861.322.000,00, em 30/09/01, correspondentes a 30% do valor de avaliação da Refap. Pelo Termo de Transferência, de 17/12/01, de fls. 850 , a Downstream declarou que transferiu ao contribuinte suas ações na Refisol. O registro contábil da aquisição da Refisol foi efetuado em 31/12/01, conforme extrato de fls. 737. O custo de aquisição foi desdobrado em duas parcelas, nos valores de R$ 137.663.023,78, referente ao valor patrimonial do investimento, e R$ 723.658.976,22, referente ao ágio, ambas lançadas na conta 2509000000 Otras Inv. Financieras Permanentes en Capital. No período de 31/01/02 a 28/02/03, as amortizações de ágio da Refisol foram lançadas na conta 2509000000 Otras Inv. Financieras Permanentes en Capital, como se vê no razão de fls. 894 a 901. Em 14/03/03, o ágio da Refisol e suas amortizações foram transferidos para as contas 2130000000 Fundo de Comércio – Valor Original e 2813000000 Amortização Acumulada Fundo de Comércio. As despesas com amortizações de ágio da Refisol sempre foram lançadas na conta 6813000000 Amortização de Fundo de Comércio. As Atas das Assembléias, a Justificação, o Protocolo e o Laudo de Avaliação ao Valor Contábil de. R$ 135.630.277,20, juntados às fls. 768 a 771 e 851 a 857, comprovam que o contribuinte incorporou a Refisol em 28/02/02, extinguindo suas ações. Extraídos do razão da conta 2509000000 Otras Inv. Financieras Permanentes en Capital, o saldo dos seguintes lançamentos coincide com o valor de patrimônio líquido da Refisol registrado pelo contribuinte: INVEST DATA VALOR HISTÓRICO ZIV0041 31/12/01 137.663.023,78 VR INVEST REFAP ZIV0041 31/01/02 1.319.288,23 VR EQP REFAP 12/01 ZIV0041 28/02/02 3.377.474,57 VR EQP REFAP 01/02 ZIV0041 31/03/02 6.059.062,56 VR EQP REFAP 02/02 ZIV0041 31/12/01 6.033.622,80 VR AJUSTE EQP REFISOL 2001 No razão da conta 2509000000 Otras Inv. Financieras Permanentes en Capital, não se encontra registro da incorporação da Refisol. Sobre o assunto, o contribuinte não apresentou qualquer explicaçao. Enfim, esse é o conjunto de fatos que pôde ser apurado a respeito das amortizações de ágio da Refisol. Os ajustes de equivalência por valor de patrimônio líquido visam melhor retratar a situação patrimonial das empresas investidoras. Sendo decorrentes de variações já computadas nas bases de cálculo Fl. 2565DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.544 17 das empresas investidas, são excluídos de nova tributação nas investidoras. Não obstante, concorrem para a na formação dos custos a serem computados quando da liquidaçao dos investimentos. Na lógica clara da sistemática criada pela Lei 6.404//76 e adaptada para fins fiscais pelo Decretolei 1.598/77, os investimentos avaliados pelo valor de patrimônio líquido permanecem segregados das demais operações realizadas pelas empresas investidoras até o momento de sua realização, não afetando a formação do resultado tributável. Não fosse assim, a tributação do IRPJ e da CSLL se repetiria em cascata e prejudicaria a integração dos grupos empresarias. O ágio de investimento avaliado pelo valor de patrimônio líquido é parte do custo de aquisição. O desdobramento contábil, isolandoo do valor patrimonial, visa apenas o controle dos ajustes de equivalência exigidos pelas Leis 6.404/76 e fiscais. Não é possível identificar nas amortizações de ágio do investimento na Refisol qualquer contribuição para formação do resultado tributável decorrente das próprias operações do contribuinte. Também, não se pôde perceber qualquer fator de sua realização. Ora, sendo assim, já se poderia adiantar que as amortizações de ágio da Refisol são indedutíveis na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Afinal, junto à lógica da referida sistemática, há o comando expresso do art. 391 do RIR/99. Em sentido idêntico, seguem os arts. 299, 324 e 325 do RIR/99 que autorizam a dedução apenas das despesas que contribuam para a formação do resultado tributável. E, mesmo o revogado art. 32 do DL 1598/77 que permitia, sob condições, a dedução de provisão para perdas prováveis na realização do valor de investimento, excetuava a parte que correspondesse ao ágio de investimento avaliado por valor de patrimônio líquido. É em meio a estes imperativos da lógica econômicojurídica do IRPJ e da CSLL que deve ser interpretado o art. 386, inciso III, do RIR/99. Assim, o precitado dispositivo tem a sua aplicação limitada aos casos em que o acervo vertido na fusão, incorporação ou cisão venha a efetivamente contribuir para a formação dos resultados sujeitos à tributação na empresa de destino. Tal ocorre apenas quando é absorvido o conjunto dos fatores de produção que gera originariamente os resultados futuros esperados que deram fundamento ao ágio. No caso presente, as atividades que geraram as expectativas de lucros futuros são todas desenvolvidas pela Refap, cujo conjunto de fatores de produção permanece sob seu inteiro domínio e em Fl. 2566DF CARF MF 18 nada contribui para a formação dos resultados tributáveis do contribuinte. A Refisol tinha como único elemento patrimonial os 30% das ações da Refap, transferidos ao contribuinte na incorporação. Temse, portanto, mais uma configuração das chamadas “empresas veículo", através das quais, em última instância, a amortização de ágio formado com base em previsão de resultados futuros é usada para reduzir as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Tal prática tem sido alvo da fiscalização da RFB em várias regiões do país. As Delegacias de Julgamento e o Conselho de Contribuintes vêm confirmando amplamente as autuações através de seus julgados, de que são exemplos os Acórdãos DRJ/REC N° 13.348, de 16/09/05, da DRJRecife/PE, DRJ/RJOI N° 10.007, de 30/03/06, da DRJ RJOI/RJ e 10323.290, de 05/12/07, da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes.” Antes de a recorrente adquirir a participação da Refisol, ela estava inserida na seguinte estrutura empresarial (cf. doc. a efls. 755): Petrobrás S/A 99,99% Downstream Participações S/A 70% 100% REFISOL S/A 30% REFAP S/A Tratase de uma fundamentação para a glosa de amortização de ágio totalmente inusitada, para falar o mínimo. Notese que, em momento algum, o autuante enquadra a situação como uma operação casasepara, ágio interno, transferência de ágio externo ou mesmo simulação pelo uso de empresa veículo. É verdade que, ao final da Descrição dos fatos a fls. 1649, o autuante faz ligeira afirmação de que a Refisol seria uma “empresa veículo”, mas não desenvolve tal afirmativa, nem muito menos enquadra a conduta como simulação ou fraude, tanto que o lançamento foi com multa de 75%. Por essa razão, deixo de me manifestar sobre tal afirmativa. Por sua vez, também não fala em abuso de direito. Ora, isso, por si só, já é suficiente para considerarmos a glosa indevida, pois cabia ao autuante demonstrar a existência de alguma patologia jurídica nos atos praticados, para justificar o nãoreconhecimento dos efeitos que lhes são próprio. Fl. 2567DF CARF MF Processo nº 16832.000247/200839 Acórdão n.º 1302001.995 S1C3T2 Fl. 2.545 19 O lançamento adotou um critério jurídico, o qual, se alterado para atender outras conclusões deste Colegiado, significaria um possível novo lançamento e não apenas uma correção do aspecto quantitativo do lançamento. A instância julgadora pode determinar que se exclua uma parcela da base tributável e que se recalcule o tributo devido, ou mesmo determinar que se recalcule a base de cálculo considerando uma despesa dedutível ou uma receita como não tributável, mas não pode inovar o lançamento a partir de outro critério jurídico que o altere substancialmente, mesmo porque, nessa hipótese, estaríamos determinando um novo lançamento. Por essas razões, deixo de me pronunciar se houve ou não simulação ou abuso de direito caracterizado pela utilização de empresa veículo, porque não é essa a imputação feita à conduta da recorrente pelo autuante. O fulcro da acusação é de que, nos termos do art. 7º da Lei 9.532/97, a recorrente não estava autorizada a deduzir tributariamente a despesa com a amortização do ágio na aquisição da Refisol, porque “as atividades que geraram as expectativas de lucros futuros são todas desenvolvidas pela Refap, cujo conjunto de fatores de produção permanece sob seu inteiro domínio e em nada contribui para a formação dos resultados tributáveis do contribuinte”. Ora, o autuante comete rotundo equívoco ao interpretar o art. 7º da Lei 9.532/97, base legal do art. 386 do RIR/99. Primeiramente, há que se observar que ágio é apenas a parte do valor de aquisição que supera o valor patrimonial do investimento adquirido, o qual tenha, por força da legislação societária, que ser avaliado pelo MEP. O autuante, em nenhum momento, questionou a existência do ágio na aquisição pela recorrente da Refisol. Segundo, o art. 7º da Lei 9.532/97 não admite a interpretação que lhe foi dada pelo autuante, ou seja, pelo fato de a Refisol ter como fonte de receitas apenas a sua participação na Refap, não tornaria indedutível a despesa de amortização do ágio após a recorrente incorporála (após a Repsol incorporar a Refisol). O art. 7º da Lei 9.532/97 exige apenas que haja a absorção do patrimônio da investida, para que a amortização do ágio passe a ser tributariamente dedutível, o que se justifica (aceitese ou não tal justificativa, mas é a inteligência do dispositivo legal) unicamente no fato de que não seria mais possível, após tal absorção, a recuperação do custo pela alienação do investimento. Por essas razões, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 2568DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.002390/2004-59
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2010
Ementa: ANO CALENDÁRIO: 2000, 2001 e 2002.
SOCIEDADES COOPERATIVAS. CONTRATAÇÃO COM TERCEIROS.
CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. NÃO OCORRÊNCIA.
Não considera-se cooperativo o ato praticado entre a cooperativa e terceiro não cooperado, impossibilitando a fluência da benesse tributária.
Numero da decisão: 1802-000.358
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS . PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 13971.002390/2004-59 Recurso n° 163.036 Voluntário Acórdão n° 1802-00.358 — 2. Turma Especial Sessão de 26 de janeiro de 2010 Matéria CSLL. Recorrente Uniodonto de SC Cooperativa Administradora de Contratos. Recorrida 3' Tunna/DRJ - Florianópolis/SC. ANO CALENDÁRIO: 2000, 2001 e 2002. SOCIEDADES COOPERATIVAS. CONTRATAÇÃO COM TERCEIROS. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. NÃO OCORRÊNCIA. Não considera-se cooperativo o ato praticado entre a cooperativa e terceiro não cooperado, impossibilitando a fluência da benesse tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do •-• :tono e voto que passam a integrar o presente julgado. • • f, • •UE 1 1 SDESOFt - Presiden EDWAL CASONI 1 E • • le 11 ANDES JUNIOR - Relator EDITADO EM: 1 e Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), João Francisco Bianco (Vice-Presidente), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Natanael Vieira dos Santos (Suplente convocado), Nelso Kichel (Suplente convocado) e Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior. Ausente justificadamente o conselheiro Leonardo Lobo de Almeida.. Processo n°13971.002390/2004-59 51-TE02 Acórdão 1802-00358 Fl. 2 Relatório Ocupamo-nos de Recurso Voluntário cuja pretensão é reformar decisão proferida pela 3' Turma da DEI de Florianópolis/SC. Sob análise consta o lançamento aperfeiçoado nos termos do auto de infração (fls. 87 — 89), em que se exige Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos anos calendário 2000 a 2002. Extrai-se do Termo de Verificação Fiscal (fls. 81 — 86) que da análise dos documentos apresentados pela recorrente no curso do procedimento fiscalizatório, e das correspondentes DIPJ, constatou-se que a contribuinte excluiu sistematicamente da base de cálculo da CSLL, todos os valores relativos ao resultado operacional dos atos cooperativos. Assentou-se que as bases de cálculo foram declaradas pela recorrente e constam nos Demonstrativos de Apuração de Resultado, e que intimou-se a recorrente a apresentar a relação das ações judiciais referentes às contribuições aludidas, bem como, as medidas liminares, sentenças e certidões de objeto e pé. Em resposta, a recorrente prestou as informações pertinentes, e a autoridade fiscalizadora concluiu que o texto da Lei n°. 7.689/88, instituidora da CSLL, é posterior à Lei n°. 5.764/71, e a seu turno, não determina explicitamente qualquer forma de isenção ou não incidência da CSLL no que respeita às sociedades cooperativas, ao contrário, seus artigos 1°, 2° e 4°, abrangeriam os resultados das pessoas jurídicas em geral, logo, as cooperativas estariam abrangidas pela CSLL, bastando para isso que obtenham resultado positivo em determinado período. Citou ainda, o disposto na LNI SRF n°. 198/98 e teceu outras considerações fundamentando assim o lançamento efetuado. Devidamente notificada, a contribuinte apresentou Impugnação (fls. 96— 135) comum aos lançamentos da COFINS, PIS (controlados em Processos diversos deste) e da CSLL, sustentando preliminarmente haver pendência de ação judicial na qual questiona a revogação da isenção da COFINS, bem como afirmando ser beneficiária da Solução de Consulta n°. 311, de 02 de agosto de 2004 da DISIT da Superintendência Regional da Receita Federal — SSRF da 9' Região Fiscal, pela qual se dispensa de sofrer a retenção na fonte de COFINS e PIS/PASEP de que trata o artigo 30 da Lei n°. 10.833/03 (fls. 139— 141). No mais, afirmou que todos os atos que pratica na condição de cooperativa de trabalhadores, são atos cooperativos próprios, não sendo legítimos fatos geradores de tributação. Ademais, seria constituída exclusivamente por associados profissionais da área de odontologia, sendo estes os únicos beneficiários dos seus serviços, porquanto não presta serviços de odontologia a terceiros, tampouco tem habilitação para tanto, pois quem o faz são seus associados/cooperados. Concluiu-se, portanto, ser representante de seus associados agindo em nome desses, praticando assim, atos cooperativos. Relembrou por oportuno, que a Constituição Federal determina o adequado tratamento ao ato cooperativo praticado, bem como, o apoio e estímulo ao cooperativismo, e que tal tratamento já se apresentava com a Lei n°. 5.764/71, a qual determinava a tributação apenas dos atos não cooperativos, e que a celebração de contratos pela cooperativa é operação meramente instrumental, visto que a prestação dos Processo n°13971.00239012004-59 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00358 Fl. 3 serviços aos terceiros contratantes fica a cargo do cooperado, sendo despropositado que os contratos fossem feitos para que os profissionais prestassem serviços uns aos outros. No que concerne especificamente à CSLL aduziu a recorrente que seu órgão representativo insurgiu-se contra a IN 306/03 por meio da impetração de Mandado de Segurança, obtendo em sede de Agravo de Instrumento a concessão de medida liminar suspendendo os efeitos da indigitada IN no que respeita à exigibilidade da CSLL, pelo que estaria protegida pela acertada decisão. A própria recorrente, no entanto, relembra que em 29/12/2003 foi publicada a Lei n°. 10.833/03 e em 30/12/2003 a IN 381/03, mas que estas não alteraram ou revogaram o disposto na IN 306/03, razão pela qual, a suspensão concedida na liminar mencionada prevaleceria, sendo inadmissível a autuação enquanto houver discussão judicial, teceu outras tantas e substanciosas considerações para ao fim requerer a improcedência do lançamento. Conheceu da Impugnação a r Turma da DRJ de Florianópolis/SC, e por unanimidade de votos julgou-se o lançamento procedente (fls. 153 — 156). Primeiramente a decisão recorrida enfrentou a questão atinente à existência de medida judicial, que segundo a recorrente prejudicaria o mérito da exigência fiscal (fls. 148 — 151). Após relembrar o teor da decisão monocratica proferida em agravo de instrumento, assentou a autoridade administrativa que a dita decisão alcança apenas a retenção de um por cento, a titulo de CSLL, pelos compradores ou tomadores de bens ou serviços de sociedades cooperativas. Esse, contudo, não seria o ponto discutido nos autos, rejeitando-se a preliminar arguida. No mérito, consignou-se que a despeito da variedade de argumentos articulados pela contribuinte, o ponto a ser analisado respeitaria à tese de que sobre os resultados provenientes da prestação de serviços pesaria a interpretação à luz da legislação cooperativista, em razão do que, os atos cooperativos não implicariam na incidência da CSLL. Por meio de robusta fundamentação a decisão recorrida afastou esse entendimento, mantendo-se o lançamento. Cientificada (fl. 159) a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 160 — 179), reprisando seus argumentos e tecendo suas pertinentes considerações, para ao fim pugnar por provimento. É o relatório. Processo n°13971.00239012004-59 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00-358 Fl. 4 V080 Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. A questão trazida à análise, antes mesmo de ser enfrentada em seu mérito — consistente em saber se as cooperativas estão adstritas à tributação da CSLL em seus atos cooperados—merece ser analisada a questão propriamente relacionada ao ato cooperativo. Destarte, apresenta-se oportuna uma breve digressão acerca do regime jurídico das cooperativas e seus atos denominados de "cooperativos". Sabe-se que tais sociedades estão reguladas pela Lei n°. 5.764/71, que delineou os contornos da Política Nacional do Cooperativismo e instituiu seu regime jurídico. Com relação às tais sociedades prescreve o artigo 3° da citada lei. Artigo 3°. Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. O Código Civil, do artigo 1093 ao 1.096 cuidou de estabelecer regras acerca das sociedades cooperativas, lá disciplinando suas peculiaridades, forma jurídica própria, não sujeição à falência e, sobretudo, constituição para os fins de prestar serviços aos associados, e caracterização, reprisando os termos do artigo 40 da Lei tf. 5.764/71 que assim entabula, in verbis: Artigo 4°. As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: 1- adesão voluntária, com número limitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; II - variabilidade do capital social representado por quotas partes; XLI - limitação do número de quotas partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; IV - inacessibilidade das quotas-panes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; 3 - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das Processo n° 13971.002390/2004-59 SI-TE02 Acórdão n.° 180240358 Fl. 5 que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI - quárum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número de associados e não no capital; VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral; VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; 1 IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Traçado o panorama acima, ainda nos cumpre, mesmo que de maneira perfunctória, cuidar do ato cooperativo, para então descermos às minudencias do caso específico, e nesse mister colho o dispositivo do artigo 79 da já referida Lei n° 5.764/71, in verbis: Artigo 79. Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados entre estes e aquelas e as cooperativas entre si quando associados para a consecucão dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo lã O implica oerettk mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. (grifos meus) O texto do parágrafo Único prescinde de qualquer esforço hermenêutico dado a clareza com que veda, para caracterização do ato cooperativo, as operações de mercado e contratos de compra e venda de produto ou mercadoria, são genuínos exemplos de tais atos - os cooperativos - a entrega de produtos dos associados à cooperativa para comercialização, bem como, repasses efetuados pela cooperativa aos associados, decorrentes dessa comercialização, exemplifica-nos ainda, o fornecimento de bens e mercadorias a associados, desde que vinculadas à atividade econômica dele e que sejam objeto da cooperativa, ou fornecimento de créditos aos associados das cooperativas de crédito. Seu contraponto, por óbvio, consisti-se em atos não cooperativos, assim compreendidos os que importam em operações com terceiros não associados, a relação entre a cooperativa e terceiros, e já me antecipo em dizer que estes atos não se veem melhor exemplificados do que pelo fornecimento bens ou serviços a não associados, ainda que para atender os objetos sociais da cooperativa e a contratação de bens e serviços de terceiros não associados. Processo e 13971.002390/2004-59 51-TE02 Acórdão n.° 1802-00.358 Fl. 6 É cabível por fim, ponderar acerca da não-incidência tributária de que gozam as sociedades cooperativas, bem como verificar suas condicionantes. Sendo cediço, que a norma que concede o beneficio, citada acima, não é aplicável aos resultados positivos gerados por atividades estranhas à finalidade das sociedades cooperativas e sobre a comercialização ou industrialização, pelas cooperativas de produtos adquiridos de não-associados, de participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares, enfim, não compreende os atos não cooperativos. Há que se levar em conta, pela sistemática da benesse tributária em questão (não-incidência), que o beneficio é dado em função de uma atividade, e não em função da qualidade de uma pessoa, sendo, portanto, possível que uma sociedade cooperativa tenha operações tributáveis, ao lado de outras não tributáveis, caso esta realize num mesmo período operações diversas, cumprindo ao contribuinte segregar os resultados atinentes a cada umas das hipóteses (tributáveis e não-tributáveis). Não sendo possível fazê-lo, devera o contribuinte separar as parcelas adotando o critério da proporcionalidade entre uma e outra espécie, valendo o mesmo critério em relação às parcelas não dedutíveis para cômputo na determinação do lucro real e líquido, a propósito, esse é o modelo previsto nos Pareceres Normativos n's 73/85, 38/80 e 49/87, sendo que o Parecer Normativo n°. 38/80 apresenta um exemplo numérico de cálculo. Creio que com as notas acima lançadas, já dispõe-se de arcabouço suficiente para perquirir na espécie, se a CSLL exigida da recorrente — ignorando num primeiro momento se a benesse de não-incidência estende-se a tal contribuição — tem lastro em lucro líquido oriundo de atos cooperativos ou não. Reafirma-se que este é o ponto preponderante para deslindar-se o caso proposto. E como se depreende a atividade da recorrente é consistente, sobretudo, na venda e administração de planos odontológicos a pessoas fisicas e jurídicas, enfim, sendo irrelevante para tanto que o serviço seja prestado pelo cooperado/associado. Já vimos que ato cooperativo ao teor do artigo 79 da Lei n°. 5.764/71, é aquele praticado entre a cooperativa e seus associados, entre os associados e a cooperativa e entre cooperativas associadas entre si, mirando a consecução dos objetivos sociais. É precisamente dessa definição que se pode extrair a viabilidade ou não do lançamento em questão, veja-se que ao dar o contorno do que seria ato cooperativo, a legislação de regência impõe duas condicionantes, uma com relação às partes envolvidas no ato e outra correlata à finalidade do ato. Por convicção pessoal, ainda que essa generalidade escape aos presentes autos, entendo que a pura e simples contração da recorrente, com pessoas fisicas e jurídicas, da prestação de serviços odontológicos, ainda que sejam prestados exclusivamente por sujeitos cooperados, não constituem ato cooperativo, ora, não há como admitir-se que o contratante componha a cooperativa, de modo que, não se satisfaz nas relações do gênero, o primeiro requisito caracterizador do ato cooperado (partes envolvidas), prejudicando a subsunção dessas condutas à norma do já tantas vezes referido artigo 79 da Lei n°. 5.746/71. Outro não é, a propósito, o entendimento do egrégio Superior Tribunal de Justiça, que não o contido nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL N° 875.388 - SP Processo n° 13971.002390/2004-59 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00358 Fl. 7 (2006/0175502-5), de relatoria do eminente Ministro Luiz Fux, cuja parte do voto transcrevo abaixo, não remanescendo dúvidas acerca do tema, litteris: (.) De-veras, a jurisprudência perfilhada pelas Turmas de Direito Público é no sentido de que não incide ISS sobre os atos praticados pelas cooperativas médicas consistentes no exercício de atividades em prol dos associados que prestam serviços médicos a terceiros (atos cooperados). Ao revés, os atos não cooperados, vale dizer, aqueles decorrentes de relação jurídica negociai advinda da venda de planos de saúde a terceiros, sujeitam-se à incidência do 1SS, tendo como base de cálculo tão-somente a receita advinda da cobrança da taxa de administração. Isto porque a receita tributável não abrange os valores pagos ou reembolsados aos cooperados, haja vista não constituírem parte do patrimônio da Cooperativa. Elucidativo, nesse respeito, as conclusões tiradas no voto-vista do E. Ministro Teori Albino Zavascki, acompanhando esta relatorM, verbis (Fl. 44V: Reconhecida a exigibilidade do ISSQ1V, no caso de cooperativas de trabalho médico, sobre os serviços de administração de planos de saúde, procede o auto de infração relativamente aos seus itens 1.3 e 1.4 do auto de infração e imposição de multa. Aliás, a própria recorrente destaca tal circunstância, quando afirma que "(.) a cooperativa recebe dos contratantes dos seus planos de saúde uma taxa de administração, que não é repassada aos médicos cooperados, mas contrapartida das despesas que possui, tal não configuraria ato cooperativo, podendo ser colhido pela norma de incidência tributária (alguns grifos no original os demais meus ) Assim sendo, não verifico na espécie possibilidade de aplicar-se a norma que estabelece a não-incidência, logo, num plano geral não se aplicaria o beneficio, a fortiori, ainda que se entendesse que a CSLL goza do aludido beneficio, não incidiria no caso concreto, pelo que ficam prejudicadas as demais considerações. Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário, para os fins de negar-lhe provimento, por não verificar a ocorrência de atos cooperativos capazes de afastar a incidência tributária. Sala das Sessões, de j . eiro de 2010. Edwal Casoni d; P. emane - Junior 7 Processo n° 13971.00239012004-59 51-TE02 Acórdão n.° 1802-00358 Fl. 8 8
score : 1.0
Numero do processo: 10980.001674/2003-40
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/10/1995 a 29/02/1996
PIS. PRAZO PARA PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. MATÉRIA DECIDIDA NO STF NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-B DO CPC. TEORIA DOS 5+5 PARA PEDIDOS PROTOCOLADOS ANTES DE 09 DE JUNHO DE 2005.
O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do RE nº 566.621/RS, decidido na sistemática do art. 543-B do Código de Processo Civil, o que faz com que se deva adotar a teoria dos 5+5 para os pedidos administrativos protocolados antes de 09 de junho de 2005.
Essa interpretação entende que o prazo de 5 anos para se pleitear a restituição de tributos, previsto no art. 168, inciso I, do CTN, só se inicia após o lapso temporal de 5 anos para a homologação do pagamento previsto no art. 150, §4 o, do CTN, o que resulta, para os tributos lançados por homologação, em um prazo para a repetição do indébito de 10 anos após a ocorrência do fato gerador.
Como o pedido administrativo de repetição de PIS foi protocolado em 17/2/2003, permanece o direito de se pleitear a restituição pretendida, já que engloba apenas tributos com fatos geradores ocorridos após 17/2/1993
Recurso extraordinário negado.
Numero da decisão: 9900-000.811
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, mantendo o direito à restituição dado pelo acórdão recorrido, e determinando o retorno dos autos à unidade de origem para exame das demais questões.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/1995 a 29/02/1996 PIS. PRAZO PARA PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. MATÉRIA DECIDIDA NO STF NA SISTEMÁTICA DO ART. 543B DO CPC. TEORIA DOS 5+5 PARA PEDIDOS PROTOCOLADOS ANTES DE 09 DE JUNHO DE 2005. O art. 62A do RICARF obriga a utilização da regra do RE nº 566.621/RS, decidido na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, o que faz com que se deva adotar a teoria dos 5+5 para os pedidos administrativos protocolados antes de 09 de junho de 2005. Essa interpretação entende que o prazo de 5 anos para se pleitear a restituição de tributos, previsto no art. 168, inciso I, do CTN, só se inicia após o lapso temporal de 5 anos para a homologação do pagamento previsto no art. 150, §4o, do CTN, o que resulta, para os tributos lançados por homologação, em um prazo para a repetição do indébito de 10 anos após a ocorrência do fato gerador. Como o pedido administrativo de repetição de PIS foi protocolado em 17/2/2003, permanece o direito de se pleitear a restituição pretendida, já que engloba apenas tributos com fatos geradores ocorridos após 17/2/1993 Recurso extraordinário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, mantendo o direito à restituição dado pelo acórdão recorrido, e determinando o retorno dos autos à unidade de origem para exame das demais questões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 16 74 /2 00 3- 40 Fl. 340DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.1216.10346.F8JQ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator EDITADO EM : 21/11/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Mercia Helena Trajano Damorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de recurso extraordinário ao pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, com fundamento no artigo 9º do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais RICSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007. Observese que, embora não esteja previsto no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, os recursos extraordinários interpostos contra acórdãos proferidos até 30 de junho de 2009 serão, por força do artigo 4° do mesmo Regimento, processados de acordo com o rito previsto no RICSRF. O Acórdão no 0203.638 da 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls.138 a 144) reconheceu o direito do contribuinte pleitear, em 17/02/2003, repetição de PIS referente a fatos geradores ocorridos de 01/10/1995 a 29/02/1996. A Fazenda Nacional apresentou tempestivamente recurso extraordinário (fls. 148 a 157), onde afirma que somente é possível se pleitear a repetição do indébito no prazo de 5 anos após o recolhimento indevido. Para comprovar a divergência, indicou, como paradigma, o Acórdão CSRF/0400.810, da 4a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, julgado em 03 de março de 2008, cuja ementa se transcreve: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ILL O direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de Fl. 341DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.1216.10346.F8JQ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10980.001674/200340 Acórdão n.º 9900000.811 CSRFPL Fl. 6 3 extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos 1 e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido. O recurso foi admitido pelo despacho de fls. 159 e verso, que considerou a divergência jurisprudencial comprovada. Devidamente cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Data do pedido: 17/02/2003 Fatos Geradores: 01/10/1995 a 29/02/1996. O presente recurso extraordinário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, tendo em vista que a recorrente logrou demonstrar a divergência jurisprudencial suscitada. Portanto, dele conheço. Discutese qual o prazo para se pleitear a restituição dos tributos lançados por homologação, especificamente no caso de tributo declarado inconstitucional. Nessa situação, o CARF está obrigatoriamente vinculado ao posicionamento dos Tribunais Superiores nos termos do art. 62A do anexo II do RICARF, segundo o qual se deve reproduzir o conteúdo das decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Isso porque, no Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado em 11/10/2011, com trânsito em julgado em 17/11/2011, o STF decidiu que (a) considerase o prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias da LC 118/05, ou seja a partir de 9 de junho de 2005, e (b) para os demais casos, aplicase a posição do STJ de que o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados da ocorrência do fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4o, 156, VII, e 168, I do CTN. Não há que se falar em tratamento diverso do acima exposto para o caso de inconstitucionalidade de lei. Nesse sentido: no RESP nº 1.002.932SP, de 05/11/2009, em regime de Recurso Repetitivo, o Ministro Relator, Luiz Fux, faz expressa referência, em seu voto (fls. 6 e 7) à jurisprudência do STJ, reproduzindo o ERESP n° 4.35835SC, nos termos a seguir: Fl. 342DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.1216.10346.F8JQ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 ... 2. Não há que se falar em prazo prescricional a contar de declaração de inconstitucionalidade pelo STF ou da Resolução do Senado. ... o Supremo Tribunal Federal confirma essa afirmação, no RE nº 566.621 RS, de 11/10/2011, da relatoria da Ministra Ellen Gracie, em que é definido o critério de aplicação da tese dos 5 + 5 anos, em detrimento da redação dada ao art. 168 do CTN pela Lei Complementar n° 118, de 2005, e, à fl. 11 do voto, é também referida a jurisprudência consolidada do STJ, nos termos a seguir: ... é que a União invoca precedentes relativos a questões específicas, como tributos retidos no regime de substituição tributária e tributos inconstitucionais, em que chegou a haver, é verdade, alguma dúvida quanto à aplicação da regra geral dos 10 anos, mas que não perdurou. Logo, aquela Corte [STJ] firmou posição no sentido de que, também em tais situações de retenção e de reconhecimento do indébito em razão da inconstitucionalidade de lei instituidora, deverseia aplicar, sem ressalvas, a tese dos dez anos, conforme se vê dos EREsp 329.160/DF e EREsp 435.835/SC, julgados pela Primeira Seção daquela Corte. Aliás, nada melhor do que o próprio STJ para reconhecer que se tratava de jurisprudência consolidada. esse entendimento foi confirmado pelo próprio STJ, quando adaptou sua jurisprudência à decisão do STF, conforme RESP n° 1.269.570MG, de 23/05/2012, da relatoria do Ministro Mauro Campbell, em que se esclarece que a única alteração foi referente à data da mudança de critério, qual seja, para pedidos a partir da vigência da Lei Complementar n° 118, de 2005. Salientese, adicionalmente, que a expressão "ações ajuizadas" na decisão referida deve ser entendida como a realização do pedido de repetição de valor à autoridade competente para tal, o que inclui o processo administrativo, no âmbito da Administração Tributária. No presente caso, o pedido de repetição do indébito ocorreu antes de 09 de junho de 2005 e, portanto, aplicase o prazo de 10 anos a partir da ocorrência do fato gerador. Como o pedido foi feito em 17/02/2003, estava apto a pleitear a restituição de tributos com fatos geradores ocorridos após 17/02/1993. Dessa forma, como o pleito se refere a fatos geradores ocorridos de 01/10/1995 a 29/02/1996, o direito não estava fulminado pelo transcurso do prazo fatal. Assim, voto no sentido de conhecer do recurso extraordinário da Fazenda Nacional para, no mérito, negarlhe provimento, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para exame das demais questões. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 343DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.1216.10346.F8JQ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10980.001674/200340 Acórdão n.º 9900000.811 CSRFPL Fl. 7 5 Fl. 344DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.1216.10346.F8JQ. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por AUZONIA EVANGELISTA DE SOUZA em 14/12/2012 16:16:02. Documento autenticado digitalmente por AUZONIA EVANGELISTA DE SOUZA em 14/12/2012. Documento assinado digitalmente por: OTACILIO DANTAS CARTAXO em 22/01/2013 e LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS em 21/01/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 27/12/2016. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP27.1216.10346.F8JQ Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10980.001674/2003-40. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 10469.905869/2009-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2005 a 28/02/2005
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO.
É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.270
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/2005 a 28/02/2005 COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência. Recurso Voluntário Provido.
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DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório A empresa em epígrafe enviou PER/DCOM, com base em crédito oriundo de suposto "pagamento indevido ou a maior". Foi exarado despacho decisório eletrônico que não homologou a compensação sob o fundamento de que só foram encontrados pagamentos, "mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 58 69 /2 00 9- 45 Fl. 2622DF CARF MF Processo nº 10469.905869/200945 Acórdão n.º 3402003.270 S3C4T2 Fl. 3 2 O contribuinte manifestou sua inconformidade contra esse despacho, alegando que havia calculado as contribuições PIS/COFINS sobre seu faturamento total, quando, na verdade, a grande maioria de suas vendas são de frutas e verduras, as quais têm sua alíquota reduzida a 0% quando destinadas ao mercado interno, conforme art. 28 da Lei 10.865/2004. Contudo, alega que recalculou os impostos mas não retificou a DCTF, pelo que a RFB não teria encontrado a existência de crédito. Informa que para corrigir a situação foi feita retificação na DCTF relativa ao período. A DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Contra essa decisão a empresa manejou recurso voluntário, no qual repisa o disposto em sua manifestação de inconformidade, juntando notas fiscais. A 2ª Turma Especial desta 3ª Seção, por meio da Resolução 3802000.039, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: Assim, diante dos elementos constantes dos autos, voto para a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a unidade preparadora, frente à documentação anexa ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifeste sobre a COFINS efetivamente devida no período de que trata o pleito. Considerando que o presente é um dos 31 processos em nome da interessada que trata de aduzido direito creditório pelo pagamento indevido da COFINS nos anosbase de 2005 e de 2006, poderão ser elaborados, para fins de atendimento à presente diligência, relatório e, sendo o caso, planilha demonstrativa única, em que sejam discriminadas as bases de cálculo mensais, a COFINS efetivamente devida e a COFINS paga em cada um dos períodos correspondentes. Em seu Relatório de Diligência Fiscal, a DRF/Natal reconheceu o direito creditório do contribuinte, em montante suficiente para homologar a compensação declarada, assim concluindo: (...)Assim sendo, esta unidade preparadora oferece ao CARF parecer pugnando pelo provimento do Recurso Voluntário apresentado nos processos em epígrafe relacionados. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.260, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903727/200943, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.260): Fl. 2623DF CARF MF Processo nº 10469.905869/200945 Acórdão n.º 3402003.270 S3C4T2 Fl. 4 3 "Emerge do relatado que a própria RFB entende que o contribuinte tem direito ao crédito utilizado na compensação declarada. Assim, diante do resultado da diligência fiscal, é de ser reconhecido o crédito utilizado na compensação declarada, cujo montante é suficiente para sua homologação. Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório utilizado na compensação declarada. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2624DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.907168/2012-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE COMPRA. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO. POSSIBILIDADE.
Comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizada de pessoas jurídicas inexistentes de fato e a dissimulação da real operação de compra do produtor rural ou maquinista, pessoa física, com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, desconsidera-se a operação da compra simulada e mantém-se a operação da compra dissimulada, se esta for válida na substância e na forma.
REGIME NÃO CUMULATIVO. CAFÉ EM GRÃO EFETIVAMENTE ADQUIRIDO DO PRODUTOR RURAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA INIDÔNEA. APROPRIAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROPECUÁRIO. POSSIBILIDADE.
Se comprovado que o café em grão foi efetivamente adquirido do produtor rural, pessoa física, e não das pessoas jurídicas inexistentes de fato, fraudulentamente interpostas entre o produtor rural e a pessoa jurídica compradora, esta última faz jus apenas à parcela do crédito presumido agropecuário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. OPERAÇÃO SUJEITA À TRIBUTAÇÃO NORMAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
Se submetidas ao regime de tributação normal, as aquisições de café em grão de cooperativas de produção permitem a apropriação do valor integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
NULIDADE DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO PROVADA A MUDANÇA DE FUNDAMENTO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não é passível de nulidade, por cerceamento do direito de defesa, a decisão primeira instância que apreciou todas as razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências consignadas no auto de infração de forma fundamentada e motivada.
2. Não motivo para nulidade da decisão de primeira instância, se não comprovado que houve a alegada alteração o fundamento jurídico do despacho decisório proferido pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem.
PROCEDIMENTO FISCAL. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. CIÊNCIA AO CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa procedimento fiscal apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de ressarcimento/compensçaõ formulado pelo contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para restabelecer o direito de a recorrente deduzir dos débitos lançados o valor dos créditos integrais das respectivas contribuições, calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, parcialmente vencido o Conselheiro Domingos de Sá, que dava integral provimento ao Recurso. A Conselheira Lenisa Prado votou pelas conclusões. Fez sustentação oral: Dr. Afonso Celso Mattos Lourenço - OAB 27.406 - RJ.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE COMPRA. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO. POSSIBILIDADE. Comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizada de pessoas jurídicas inexistentes de fato e a dissimulação da real operação de compra do produtor rural ou maquinista, pessoa física, com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, desconsiderase a operação da compra simulada e mantémse a operação da compra dissimulada, se esta for válida na substância e na forma. REGIME NÃO CUMULATIVO. CAFÉ EM GRÃO EFETIVAMENTE ADQUIRIDO DO PRODUTOR RURAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA INIDÔNEA. APROPRIAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROPECUÁRIO. POSSIBILIDADE. Se comprovado que o café em grão foi efetivamente adquirido do produtor rural, pessoa física, e não das pessoas jurídicas inexistentes de fato, fraudulentamente interpostas entre o produtor rural e a pessoa jurídica compradora, esta última faz jus apenas à parcela do crédito presumido agropecuário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. OPERAÇÃO SUJEITA À TRIBUTAÇÃO NORMAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE. Se submetidas ao regime de tributação normal, as aquisições de café em grão de cooperativas de produção permitem a apropriação do valor integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 71 68 /2 01 2- 83 Fl. 608DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 2 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 NULIDADE DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO PROVADA A MUDANÇA DE FUNDAMENTO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Não é passível de nulidade, por cerceamento do direito de defesa, a decisão primeira instância que apreciou todas as razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências consignadas no auto de infração de forma fundamentada e motivada. 2. Não motivo para nulidade da decisão de primeira instância, se não comprovado que houve a alegada alteração o fundamento jurídico do despacho decisório proferido pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem. PROCEDIMENTO FISCAL. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. CIÊNCIA AO CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa procedimento fiscal apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de ressarcimento/compensçaõ formulado pelo contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para restabelecer o direito de a recorrente deduzir dos débitos lançados o valor dos créditos integrais das respectivas contribuições, calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, parcialmente vencido o Conselheiro Domingos de Sá, que dava integral provimento ao Recurso. A Conselheira Lenisa Prado votou pelas conclusões. Fez sustentação oral: Dr. Afonso Celso Mattos Lourenço OAB 27.406 RJ. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Fl. 609DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 608 3 Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento (fls. 2/5) de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa exportação do 2º trimestre de 2010, no valor total de R$ 277.224,07, parcialmente utilizado na compensação dos débitos discriminados nas Declarações de Compensação (DComp) de fls. 6/13. Com base no Parecer de fls. 73/77, por meio do Despacho Decisório de fl. 78, o titular da unidade da Receita Federal de origem reconheceu parte do crédito pleiteado, no valor de R$ 218.715,80, e homologou as compensações declaradas, apoiado nas conclusões exaradas no Termo de Encerramento da Ação Fiscal (TEAF) de fls. 84/259, no qual foram relatadas as seguintes glosas de créditos apropriados pela requerente: a) glosa da parcela dos créditos da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, excedente ao valor do crédito presumido, apropriada sobre o valor do café em grão adquirido de empresas de “fachada” ou “laranja”, que atuaram como intermediárias fictícias entre o produtor rural/maquinista, pessoa física, e a interessada, com o propósito de gerar, indevidamente, crédito integral das referidas contribuições; b) glosa do crédito integral sobre aquisições de café de cooperativas crédito presumido; c) glosa do crédito integral sobre aquisições de café de produtores rurais pessoas físicas crédito presumido; e d) glosa valores informados a maior na linha 01 do Dacon. A parcela dos créditos glosada pela fiscalização referese à aquisição de café em grãos de pessoas jurídicas inexistente de fato e de cooperativas de produção com suspensão do pagamento das referidas contribuições. Tais irregularidades foram apuradas no âmbito das Operação Tempo de Colheita, Operação Broca e Operação Robusta, realizadas pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e pela Polícia Federal, com a participação do Ministério Público Federal (MPF), e consistiram na participação da interessada nas fraudes, mediante compra notas fiscais de pessoas jurídicas inexistentes de fato, para acobertar as operações reais de compras de café em grãos dos produtores rurais pessoas físicas, com a finalidade de gerar ilicitamente créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, em vez de tão somente crédito presumido, bem como a apropriação indevida de créditos nas compras de café em grãos de cooperativas de produtores, sem incidência das referidas contribuições, situação que não admitia apropriação de créditos, nos termos do art. 3°, § 2°, II, da Lei 10.637/2002, e da Lei 10.833/2003. Os principais fatos relatados no referido TEAF foram resumidos no relatório integrante do acórdão recorrido, com os seguintes dizeres, in verbis: 1. A fiscalização teve como escopo a verificação de pretensos créditos, oriundos das aquisições de bens para revenda, compensados com as contribuições não cumulativas devidas para o Programa de Integração Social (PIS) e para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); 2. REALCAFÉ foi objeto de ação fiscal em 2010, que analisou os pedidos de ressarcimento de créditos das contribuições não cumulativas do PIS/COFINS atinentes aos períodos de Fl. 610DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 4 01/2005 a 12/2008, e que resultou no indeferimento na ordem de 79% dos créditos pleiteados; 3. No Termo de Encerramento da Ação Fiscal n° 08241/2010, que faz parte do processo n° 15586.000956/201025, que analisou os referidos créditos dos períodos de 01/2005 a 12/2008, restou comprovado à saciedade que a REALCAFÉ apropriouse de créditos integrais fictos; 4. As investigações mostraram que a REALCAFÉ lançou mão de créditos do PIS/COFINS documentados com notas fiscais de empresas laranjas utilizadas como intermediárias fictícias na compra de café de produtores/maquinistas. 5. O procedimento fiscal, ora encerrado, decorre das investigações originadas na operação fiscal TEMPO DE COLHEITA, deflagrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES, em outubro de 2007, em face de supostas empresas ATACADISTAS de café em grãos; 6. Posteriormente, na "OPERAÇÃO BROCA", deflagrada em 01/06/2010, fruto da parceria entre o Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, sendo as empresas compradoras de café do GRUPO TRISTÃO uns dos alvos; 7. Planilhas de controle de compras e outros documentos extraídos das mídias eletrônicas apreendidas nas empresas do GRUPO TRISTÃO corroboram o que antes eram meros indícios, de fato, essas planilhas faziam clara distinção entre o VENDEDOR do café e o EMISSOR da nota fiscal; 8. Como se não bastasse, o próprio sistema informatizado de controle de compras da TRISTÃO denominado "FOLHA DE COMPRA" deixava evidente a diferença entre o vendedor (produtor) e a empresa laranja usada como intermediária fictícia na operação, destacando claramente no campo "vendedor" o nome do produtor/maquinista e no campo observações o nome da empresa laranja; 9. Não obstante o volume de compras nesse período ser inferior ao analisado anteriormente, 44,90% das compras no ano de 2009 foram em nome de empresas laranjas, em 2010, o percentual foi de 26,37%, sendo que as compras da TRISTÃO CIA DE COMÉRCIO EXTERIOR representaram 45,54%, após exclusão das operações em nome das empresas laranjas; 10. A TRISTÃO CIA DE COMÉRCIO EXTERIOR foi também objeto de auditoria fiscal em 2013, que analisou as PER/DCOMP de 10/2008 a 12/2010, que, ao final, resultou no indeferimento de 90,83% do valor pleiteado nos pedidos de ressarcimento, em razão do mesmo ilícito, qual seja: créditos do PIS/COFINS documentados com notas fiscais de empresas laranjas utilizadas como intermediárias fictícias na compra de café de produtores/maquinistas; Fl. 611DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 609 5 11. Repetemse nesse período algumas empresas laranjas envolvidas nas operações do período analisado anteriormente, a saber: CELBA, L&L, NOVA BRASÍLIA, P.A. CRISTO, RADIAL, ROMA, WG DE AZEVEDO, W R DA SILVA, YPIRANGA; 12. A essas se juntaram outras novas empresas laranjas, por exemplo, ADAME, CAFÉ FORTE, CAFEEIRA CASTELENSE, COFFEE TRADE DO BRASIL, COFFEER SUL GOLD COFFEE, JUPARANÃ, LÍDER, NORTE PRODUTOS ALIMENTOS, PRINCESA DO NORTE ALIMENTOS e RODRIGO SIQUEIRA. 13. Os créditos integrais, apropriados indevidamente nos livros contábeis da REALCAFÉ, foram glosados na presente auditoria e reconhecido o direito ao crédito presumido sobre tais operações, na forma da legislação aplicável; 14. Após a recomposição dos saldos, as diferenças do PIS e da COFINS devidos foram lançadas| de ofício, além da aplicação das multas isoladas sobre as compensações indevidas, nãohomologadas, e sobre o valor do crédito objeto de ressarcimento não reconhecido; 15. Foram lançados de oficio os créditos tributários relativos às diferenças apuradas de PIS/COFINS no valor de R$ 901.297,65, consubstanciado no presente processo, bem como referentes às multas isoladas sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido e sobre o valor do débito indevidamente compensado, totalizando R$1.253.215,16, consubstanciado no processo n° 15586.720942/201374; 16. Além disso, após efetuada a glosa e recomposição dos saldos dos créditos, foram analisadas as PER/DCOMP resultando no reconhecimento parcial dos créditos apontados nos pedidos de ressarcimento; 17. E, finalmente, os fatos apurados no decorrer da ação fiscal em face da REALCAFÉ evidenciaram, em tese, crime contra a ordem tributária tipificado no art 1º, inciso I, II e IV da Lei n° 8.137, de 27/12/1990, pela supressão dolosa tributos devidos, bem como no art 2º, inciso I, da precitada lei, por eximirse mediante fraude de pagamentos de tributos. Consta do referido Termo, a reprodução de provas documentais colhidas no âmbito das referidas operações, de vários depoimentos prestados por pessoas participantes do esquema de fraude. Os valores dos créditos apurados, glosados, descontados e passível ressarcimento, referentes ao período de 01/2009 a 12/2010, encontramse discriminados nos demonstrativos de fls. 57/72. Em sede de manifestação de inconformidade (fls. 264/351), a interessada apresentou as razões de defesa que foram assim resumidas no citado relatório: Fl. 612DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 6 1. A Fiscalização efetuou a glosa dos créditos integrais do PIS e da COFINS não cumulativos, de forma a conceder à recorrente tão somente o direito ao crédito presumido sobre tais operações, mas sem a indicação de base legal para tal procedimento, pois o enquadramento legal utilizado para amparar o procedimento adotado pela fiscalização não serve como fundamentação; 2. A desconsideração dos negócios/fatos jurídicos efetuada nestes autos violou o princípio da tipicidade cerrada, a qual nada mais é do que o elemento da legalidade, ou seja, presente tipicamente no direito público, a lei deve definir e fechar todos os elementos formadores do tipo, semelhante ao direito penal, de maneira que as hipóteses da incidência do tributo devem estar prescritas em lei; 3. Ora, a partir do momento em que a fiscalização descaracterizou legítimos negócios jurídicos realizados pela Impugnante, inclusive acusandoa de falsidade em suas declarações, por evidente que caberia a esta mesma autoridade fazendária indicar de quais produtores rurais a contribuinte então teria adquirido o café; 4. Ademais, a fiscalização deveria ter feito tais indicações de forma individualizada, por trimestre, para cada um dos processos administrativos nos quais examinou os pedidos de Ressarcimento/compensação, até mesmo porque, o percentual de fornecedores considerados pela autoridade como “de fachada” e glosados, obviamente não é o mesmo se considerado cada trimestre; 5. Se tivesse sido efetuada a quebra do sigilo fiscal/bancário das empresas fornecedoras das quais a Impugnante adquiriu o café, na medida em que os pagamentos (não questionados como de fato ocorridos) foram realizados por CHEQUE/DOC/TED, por evidente que a fiscalização poderia individualizar a destinação dos valores para cada uma das compras, elemento concreto que poderia amparar a imputação fiscal, ao contrário dos dados subjetivos (testemunhais e meramente indiciários) constantes deste processo; 6. Se tivesse sido efetuada a quebra do sigilo fiscal/bancário das empresas fornecedoras das quais a Impugnante adquiriu o café, consideradas como “de fachada”, teria a autoridade fazendária, ao menos, realizado o devido trabalho fiscal, com a INDIVIDUALIZAÇÃO DAS ILICITUDES, e não com a GLOSA GERAL das compras referentes a cada trimestre; 7. nos termos dos fundamentos anteriormente alinhados, há que se concluir que houve ofensa ao direito à ampla defesa da Impugnante, razão pela qual esta requer seja declarada a NULIDADE ABSOLUTA do procedimento fiscal; 8. Em suma, não restam dúvidas de que, pelo exame de todas as provas constantes dos autos inclusive levandose em consideração também os depoimentos obtidos no decorrer das investigações realizadas no âmbito da denominada "Operação Broca" , em nenhum momento a Impugnante é citada como estando envolvida na criação, ou manutenção das intituladas pseudopessoas jurídicas, mas sim, ao contrário, sempre é Fl. 613DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 610 7 indicada apenas como a destinatária (adquirente) do café, o que ratifica plenamente a sua boafé; 9. Deve ser considerado o que dispõe o parágrafo único, do artigo 82, da Lei n° 9.430/96, segundo o qual as empresas que comprovarem a efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias não poderão ter seus créditos glosados; 10. No caso presente, não restou qualquer dúvida quanto ao recebimento e pagamento das mercadorias por parte da Impugnante, até mesmo porque restou reconhecido ao menos o direito ao crédito presumido sobre as operações examinadas nestes autos; 11. A boafé da Impugnante é ainda demonstrada pelo fato de que esta teve o zelo de fazer consultas ao SINTEGRA e ao próprio banco de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil, através do sítio http://receita.fazenda.gov.br com o objetivo de comprovar a regularidade jurídica das empresas fornecedoras, conforme comprovado através da documentação anexada nestes autos; 12. Logo, ainda que as empresas fornecedoras estivessem inativas no momento da realização das operações de fornecimento de mercadorias no período, o que não é verdade, mesmo assim a Impugnante não poderia jamais ser prejudicada por fatos que não causou, na medida em que adotou todas as medidas de cautela que exige a legislação de regência; 13. Nestes termos, uma vez afastadas por completo as infundadas acusações trazidas pela autoridade fazendária prolatora do despacho decisório ora combatido, face aos elementos de prova apresentados pela Impugnante, não restam dúvidas de que as aquisições de bens se deram por intermédio de fornecedoras (pessoas jurídicas) ativas no CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, bem como no SINTEGRA Serviço Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços; 14. nenhum dos SÓCIOS ou empregados da Impugnante foi denunciado pelo Ministério Público Federal, não respondendo a qualquer dos crimes que foi objeto da operação denominada "Broca"; 15. Pelo exame dos elementos coletados pela fiscalização, tais como email's, telefonemas, depoimentos e documentos internos da contribuinte, não se vislumbra qualquer subsistência dos mesmos, para fins de comprovação de um vínculo entre a Impugnante, seus diretores, ou mesmo funcionários, nas aventadas empresas consideradas pela autoridade fazendária como sendo "de fachada"; 16. o sigilo de dados da Impugnante foi quebrado, sem qualquer ordem judicial, tendo em conta a subsunção do posicionamento do Plenário do STF ao caso concreto, temos que o que era uma Fl. 614DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 8 duvidosa e muito combatida competência exercida pelos representantes da SRFB que não se acanhavam de afastar o sigilo de dados dos contribuintes, inclusive bancários, para efetuar seus lançamentos , agora sem dúvida é, nos termos da decisão de nossa Corte Constitucional, ato ilegal; 17. o In dúbio pro contribuinte advém no Sistema Constitucional Tributário, como uma determinação de que se proteja, o máximo possível, o direito fundamental de propriedade e demais direitos em jogo, frente ao poder de tributar do Fisco; 18. na falta de uma prova inequívoca com base nos depoimentos trazidos pela fiscalização, decidase a favor do contribuinte, do cidadão, da parte hipossuficiente, que terá um direito fundamental limitado, que, arcará com danos maiores que o Estado, ao ver limitado seu poder; 19. não há como atribuir culpa ou dolo no caso sub examine, pois os depoimentos apresentados pelo fisco não se sobrepõem aos elementos de prova apresentados pela Impugnante, os quais demonstram que as operações por ela realizadas atenderam a todos os requisitos previstos na legislação vigente. 20. O conjunto probatório apresentado pela fiscalização se demonstra como nebuloso in extremo, as provas em especial os depoimentos são insuficientes e geram apenas dúvidas, vez que não conduzem a qualquer juízo de certeza; 21. Ademais, para ser válido, o depoimento de terceiros que visa imputar a prática de qualquer conduta aos contribuintes, necessariamente, deve ser realizado na presença deste e seu defensor, pois visa assegurarlhes o respeito ao princípio constitucional do contraditório, ampla defesa, bem como o direito a reperguntas; 22. Absolutamente, tais depoimentos não fazem nenhuma acusação direta contra a Impugnante, nem mesmo são tecidos quaisquer comentários que pudessem ser, legitimamente, tomados como desabonadores da conduta comercial da mesma. 23. Ademais, depoimentos, sobretudo os tomados de pessoas que integram um mercado submetido a uma ampla investigação devem ser tomados com grande reserva e cuidado, isso porque, pessoas podem tentar fugir das suas próprias responsabilidades ou encobrir as de parentes ou amigos, tentando transferilas a outrem; 24. Ora, pessoas podem simplesmente depor mal informadas, nervosas, apreensivas, temerosas, desconfortáveis com a exposição das suas limitações intelectuais ou com o que foge à sua rotina, ou manifestando outros tantos traços da condição humana; 25. No caso, portanto, é de se sobrevalorizar o fato de inexistirem declarações que deponham contra a idoneidade e a boafé da Impugnante; Fl. 615DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 611 9 26. Enfim, todas as trocas de emails obtidas pela fiscalização de forma ilegal, apenas comprovam a reiterada orientação da Diretoria da empresa Impugnante no sentido de não realizar operação de compra e venda de café com pessoas jurídicas que apresentassem irregularidades perante o CNPJ e o SINTEGRA, em demonstração de extremo zelo profissional e boa fé; 27. Não resta outra conclusão senão a de que deve prevalecer o direito ao crédito integral da contribuição para o PIS e a COFINS amparada em lançamentos contábeis, identificáveis com base em aquisições, com data e valores, em razão da prevalência da sua essência sobre a forma; 28. Primeiramente, cabe salientar que nenhum dos Diretores ou componentes do quadro societário da impugnante foi denunciado pelo Ministério Público Federal nos autos da ação penal n° 2008.50.05.0005383 (conforme certidão anexada aos presentes autos); 29. as conclusões dos acórdãos proferidos no âmbito das DRJ's tornam evidente que não existe base legal para a presunção de que compras de mercadorias efetuadas de sociedades cooperativas se equiparam às compras de pessoas físicas que geram crédito presumido, razão pela qual para efeito de apuração dos créditos de PIS e da COFINS, tais compras devem ser consideradas como as das demais pessoas jurídicas; 30. diversas empresas não foram objeto de qualquer descrição delituosa no TERMO DE ENCERRAMENTO DA AÇÃO FISCAL N° 04301/ 2013; e as compras foram realizadas antes das declarações de inaptidão, quando estas ocorreram, já que diversas empresas fornecedoras continuam ATIVAS até hoje; estes elementos, isoladamente ou combinados, atestam a completa impropriedade das glosas efetuadas; 31. Vale ressaltar, em especial, o absurdo de glosas inexplicadas, a saber, aquelas para as compras realizadas nas empresas nas quais a fiscalização não indicou qualquer elemento delituoso, sendo que as mesmas continuam ATIVAS até a presente oportunidade. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 438/464), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Fl. 616DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 10 Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 Nulidade Não padece de nulidade a decisão, lavrada por autoridade competente, contra a qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Matéria não Impugnada Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada, salvo exceções legalmente previstas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão de primeira instância, em 22/4/2014, a recorrente protocolou o recurso voluntário de fls. 466/575, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, em preliminar, além de reiterar as razões nulidade do procedimento fiscal suscitada na fase de manifestação de inconformidade, a recorrente alegou nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa, em virtude da ausência de fundamentação e motivação, baseada nos argumentos de que a Turma de Julgamento (i) analisara de forma genérica e sem qualquer aprofundamento a questão atinente à nulidade do procedimento fiscal e (ii) não se pronunciara sobre a possibilidade de apropriação de crédito integral nas aquisições de cooperativas; por ilegítima inovação dos fundamentos da glosa dos créditos pleiteados. No mérito, reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade. Em 28/1/2016, a recorrente protocolou a petição de fls. 596/603, em que comunicou fatos novos e relevantes para o deslinde da controvérsia, a saber: a) a possibilidade de apropriação de créditos integrais das referidas contribuições, nas aquisições de cooperativas agropecuárias e agroindustrial, em face do entendimento exarado na Solução de Consulta Cosit 65/2014; b) a impossibilidade de manter a cobrança da multa isolada aplicada em razão dos pedidos de ressarcimento indevidos, em face da revogação da Medida Provisória 668/2015 e da sua aplicação retroativa; e c) as novas formas de utilização do crédito presumido agropecuário, apurado nas operações de aquisição de café in natura, instituídas pelo art. 7ºA da Lei 12.995/2014. Fl. 617DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 612 11 É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No recurso colacionado aos autos, a interessada suscita questões preliminares, atinentes a nulidade do acórdão recorrido e do procedimento fiscal, e de mérito, concernente ao seu direito de dedução integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins e não apenas da parcela do crédito presumido agropecuário. I DAS QUESTÕES PRELIMINARES Em preliminar, a recorrente alegou nulidade do acórdão recorrido, por cerceamento do direito de defesa e inovação dos fundamentos da glosa dos créditos pleiteados, e nulidade do procedimento fiscal por cerceamento do direito de defesa e ausência de provas. I.1 Da Nulidade da Decisão Recorrida. A recorrente alegou que a decisão recorrida apresentava dois vícios nulidade, a saber: a) cerceamento de direito de defesa; e b) inovação dos fundamentos da glosa dos créditos. Em relação à primeira alegação, a recorrente argumento que a Turma de Julgamento (i) havia analisado de forma genérica e sem qualquer aprofundamento a questão da nulidade do procedimento fiscal e (ii) não havia se pronunciado acerca da apropriação de crédito integral sobre o valor das aquisições do café em grão das sociedades cooperativas. O primeiro argumento não procede. A uma, porque o voto condutor do acórdão recorrido analisou, de forma adequada e devidamente fundamentada, todos os pontos relevantes da controvérsia suscitados pela recorrente na manifestação de inconformidade, acerca dos supostos vícios de nulidade do procedimento fiscal, consubstanciado no Parecer Fiscal e no Termo de Encerramento da Ação Fiscal, que serviu de fundamento para a decisão exarada no questionado despacho decisório. A duas, porque o fato de a recorrente não concordar ou entender que os argumentos apresentados no voto condutor do julgado não são corretos, certamente, não configura cerceamento do seu direito de defesa, principalmente, tendo em conta que lhe foi conferida a oportunidade de discordar da questionada decisão, por meio do recurso em apreço. A propósito, cabe ressaltar que o dever de fundamentação fixado no art. 93, IX, da CF/1988, combinado com disposto no art. 31 do Decreto 70.235/1972, exige que a decisão ou o acórdão se manifeste sobre todas razões de defesa de forma fundamentado, sem determinar que o julgador examine, completa e pormenorizadamente, cada uma das alegações ou provas apresentadas pelas partes, nem que seja correto os fundamentos por ele aduzidos. Fl. 618DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 12 No mesmo sentido, o entendimento manso e pacífico explicitado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo do externado no julgamento do AgRg no RE nos EDcl no AgRg no AREsp 268.238/SP, cujo enunciado da ementa segue transcrito: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCIDÊNCIA DO ISSQN. REGISTRO PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS. ADI 3.089/DF. POSSIBILIDADE. BASE DE CÁLCULO DO ISSQN DEVIDO PELOS TABELIÃES. PREÇO FIXO OU PREÇO DO SERVIÇO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. INDEFERIMENTO LIMINAR. ART. 543A, § 5º, DO CPC. ART 5º, XXXV E ART. 93, IX, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PREJUDICADO. AGRAVO DESPROVIDO. [...] III. A Corte Suprema, nos autos do AIRGQO 791.292/PE, julgado sob o regime da repercussão geral, reafirmou a sua jurisprudência no sentido de que o art. 93, IX, da Constituição Federal exigem que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. IV Agravo regimental desprovido. (AgRg no RE nos EDcl no AgRg no AREsp 268.238/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/12/2013, DJe 03/02/2014) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) também segue o mesmo entendimento, conforme julgamento realizado sob regime de repercussão geral, cujo enunciado da ementa segue transcrito: Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral.(AI 791292 QORG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe149 DIVULG 12082010 PUBLIC 13 082010 EMENT VOL0241006 PP01289 RDECTRAB v. 18, n. 203, 2011, p. 113118 ) grifos não originais. Em relação ao segundo argumento assiste razão à recorrente. De fato, compulsando o voto condutor do julgado verificase que não houve pronunciamento acerca da questão atinente à apropriação de crédito integral sobre o valor das aquisições de café em grão das sociedades cooperativas, embora tal ponto tenha sido devidamente suscitado na respectiva manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 31 do Decreto 70.235/1972. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 613 13 Entretanto, com respaldo no art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972, deixase de declarar a nulidade do referido julgado, uma vez que, na apreciação do mérito, a referida questão será dirimida em favor da recorrente, conforme a seguir explicitado. Também não há motivos para nulidade do acórdão recorrido, em razão da alegada inovação dos fundamentos da glosa dos créditos, porque ela não ocorreu. O fato de o nobre Relator do voto condutor julgado ter mencionado o parágrafo único do art. 116 do CTN no corpo do seu didático, claro e objetivo voto condutor do julgado, serviu apenas para robustecer os fundamentos jurídicos da glosa da parcela dos créditos apropriada ilicitamente pela recorrente sobre as operações de compra forjadas das pessoas jurídicas de “fachada”, as denominadas “pseudoatacadistas”, e assim demonstrar que tinha guarida no ordenamento jurídico tributário do País o procedimento da fiscalização adotado pela fiscalização no sentido de desconsiderar as operações de compra simuladas entre as “pseudoatacadistas” e considerar as reais operações de compras dissimuladas, efetivamente, realizadas com os produtores rurais ou maquinistas, pessoas físicas. Nos tópicos as seguir, será demonstrado que a recorrente, mancomunada com outros poderosas empresas do ramo de atividade de torrefação e exportação de grão de café, de forma planejada, contribuíram para o surgimento de fértil campo de criação pessoas jurídicas “laranjas” e de um grandioso mercado “negro” de venda de notas fiscais, com o deliberado e intencional propósito de angariar créditos indevidos das referidas contribuições, por meio de planejado esquema de interposição fraudulenta, que descortinado e sobejamente provado no âmbito das operações “Tempo de Colheita” e “Broca”. Por essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade da decisão primeiro grau suscitada pela recorrente. I.2 Da Nulidade do Procedimento Fiscal A recorrente alegou nulidade do procedimento fiscal, consubstanciado nos mencionados Parecer e Termo de Encerramento da Ação Fiscal (TEAF), sob argumento de que (i) houve cerceamento do seu direito de defesa, (ii) a descaracterização dos negócios jurídicos de todas as pessoas jurídicas envolvidas na fraude exigiria a verificação da situação tributária de todas e (iii) ausência de comprovação da sua participação esquema de fraude envolvendo a compra de notas fiscais de pessoas jurídicas inidôneas. Do cerceamento do direito de defesa. Inicialmente, ressaltase a evidente contradição entre a alegação da recorrente de que houve cerceamento do seu direito de defesa e a robustez da peça defensiva por ela apresentada. A leitura das 110 páginas do denso recurso em apreço revela que a recorrente não só teve pleno conhecimento das irregularidades que lhe foram imputadas, como delas defendeuse adequadamente. Porém, em razão da falta de argumentos consistentes para contestar o mérito das graves imputações que lhe foram feitas pela fiscalização e demonstradas com robusto acervo probatório colhido no curso das operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, a recorrente apontou supostos vícios no procedimento fiscal, que, no seu entendimento, implicaria nulidade absoluta. Fl. 620DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 14 Um dos vícios apontados pela recorrente foi a falta de indicação da base legal da descaracterização das supostas operações de compra do café em grão das pessoa jurídica inexistente de fato e a consequente caracterização das referidas operações como compra dos produtores rurais ou maquinistas, pessoas físicas. Para recorrente, tal procedimento subsumir seia ao comportamento descrito no parágrafo único do artigo 116 do CTN, que prescindia de regulamentação ainda não realizada, logo, não poderia gerar quaisquer efeitos sobre as operações examinadas no presente processo administrativo fiscal. Sem razão a recorrente. O referido preceito legal trata da prática de simulação de negócios jurídicos (portanto de atos ou negócios lícitos), geralmente praticados sem propósito negocial ou abuso de forma, com a finalidade de “dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.” O caso em tela, certamente, não se enquadra no figurino comportamental descrito no citado preceito legal. Aqui se trata de simulação de negócios ilícitos (operações de compra e venda fictícias) com o evidente propósito de dissimular negócio jurídico lícito (operações de compra e venda reais). Em situações desse jaez, determina o ordenamento jurídico do País, que seja declarado “nulo o negócio jurídico simulado” e subsistente o dissimulado, “se válido for na substância e na forma”. Nesse sentido, dispõe o art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Portanto, diferentemente do alegado pela recorrente, está em perfeita consonância com as normas legais que tratam da validade dos negócios jurídicos o procedimento adotado pela fiscalização no sentido de desconsiderar inválidas as operações simuladas de aquisição de café em grão das pessoas jurídicas inexistentes de fato (amparadas por notas fiscais comprovadamente inidôneas, compradas por quantias ínfimas das referidas pessoas jurídicas de “fachada”), e válidas as operações de aquisição do referido produto dos produtores rurais ou maquinistas, que foram dissimuladas com o nítido propósito de apropriar se ilicitamente de parcela indevida de crédito indevidos das referidas contribuições. Outro vício apontado pela recorrente que resultaria no cerceamento do seu direito de defesa foi a falta de indicação dos produtores rurais de quem havia adquirido o café em grão. Segunda a recorrente, a fiscalização deveria ter feito tais indicações de forma individualizada, por trimestre, para cada um dos processos administrativos nos quais examinou os pedidos de ressarcimento/compensação. Fl. 621DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 614 15 No caso, ao comprovar que as aquisições do café em grão das empresas “pseudoatacatadistas” foram simuladas, para acobertar as reais compras dos produtores rurais, pessoas físicas, a fiscalização poderia ter simplesmente desconsiderado tais operações e glosado a totalidade do crédito pleiteado, incluindo a parcela do crédito presumido agropecuário. Em decorrência dessa constatação, para fim de apropriação da referida parcela do crédito presumido, a comprovação de que tais produtos foram adquiridos de produtores rurais caberia a recorrente. Assim, ao presumir que tais compras foram realizadas de produtores rurais, a fiscalização evitou o árduo e grandioso trabalho probatório seria da incumbência da recorrente. Dessa forma, além de não configurar vício de nulidade do procedimento fiscal, a desconsideração de que tais compras não foram realizadas de pessoas físicas implicaria na glosa da parcela do crédito presumido agropecuário, já reconhecido pela autoridade fiscal, o que resultaria na reformatio in pejus da decisão recorrida, o que, sabidamente, não é permitido a este Colegiado. Por essa razão, fica demonstrado o completo despropósito desse argumento. Pela mesma razão, também se revela sem o menor propósito o argumento da recorrente de que somente mediante a quebra do “sigilo fiscal/bancário” das “pseudoatacadistas”, a fiscalização poderia revelar os dados concretos que comprovariam as práticas ilícitas que relatadas. Além disso, na fase de procedimento fiscal, a instrução probatória tratase de procedimento da conveniência e da alçada do poder discricionário da fiscalização. Assim, se os elementos probatórios colhidos no âmbito das referidas operações revelaramse suficientes para comprovar o cometimento da referida fraude, por óbvio, que a quebra do sigilo fiscal ou bancário das mencionadas empresas revelase despicienda. Até porque, em relação à recorrente, as planilhas de “PREVISÃO DE PAGAMENTO DE CAFÉ”, extraídas das mídias eletrônicas apreendidas no estabelecimento da recorrente revelaram, de forma irrefutável, que os verdadeiros fornecedores e recebedores dos recursos financeiros foram os produtores rurais e/ou maquinistas. De acordo com os dados extraídos da referida planilha, eram reais os pagamentos das compras de café em grão dos produtores e/ou maquinistas, enquanto que os pagamentos às empresas “laranjas” foram forjados para dissimular a existência da compra verdadeira. Também foi demonstrado que as contas das referidas empresas “laranjas” foram utilizadas apenas como passagem dos recursos financeiros destinados aos produtores rurais e/ou maquinistas. Os pagamentos realizados mediante TED ou depósito bancário, nas contas correntes das empresas de “fachada”, procedimento padrão utilizado por todas as empresas compradoras, de fato, foi uma tentativa de falsear a realidade dos fatos, dar aparência de legalidade a transação simulada e aparentar a condição de comprador de boafé. Por todas essas razões, rejeitase todos os argumentos suscitados pela recorrente de que o procedimento fiscal em destaque estava maculado pelo vício do alegado cerceamento do direito de defesa. Dos demais argumentos de nulidade do procedimento fiscal. A recorrente alegou ainda nulidade procedimento fiscal, sob o argumento de que (i) a descaracterização dos negócios jurídicos de todas as pessoas jurídicas envolvidas na fraude exigiria a verificação da situação tributária de todas e (ii) a ausência de comprovação da Fl. 622DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 16 sua participação esquema de compra de notas fiscais de pessoas jurídicas inidôneas, induvidosamente, envolvem o mérito da controvérsia, a seguir analisado. O primeiro argumento não procede, uma vez que a fiscalização se respaldou em documentos, colhidos no âmbito das operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, que comprovam o as enormes discrepâncias entre a movimentação financeira das “pseudoatacadistas” e os insignificantes valores das receitas declaradas e tributadas. No que tange à apresentação da DIPJ, a grande maioria das referidas pessoas jurídicas encontravase na situação inativa ou omissa, e as poucas que se encontravam, formalmente, em situação de ativa não apresentavam ou apresentavam recolhimentos de tributos sem significância. Portanto, ao contrário do alegado pela recorrente, houve sim análise da situação tributária das empresas “pseudoatacadistas” e com base nessa análise ficou confirmado que tais empresas foram utilizadas apenas para fraudar o pagamento das contribuições e gerar créditos ilícitos para os compradoras das notas fiscais. No que tange ao argumento de que não havia comprovação da participação da recorrente no esquema de fraude em referência, os fartos elementos probatórios demonstram o contrário. Com efeito, as declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios (“laranjas” e de fato) e demais pessoas ligadas às empresas de fachada, colhidas no âmbito da operação “Tempo de Coheita”, corroboradas pelos documentos apreendidos no estabelecimento da recorrente e da outra do Grupo Tristão1, durante a operação “Broca”, não deixam qualquer dúvida no sentido de que os dirigentes da recorrente tinham total conhecimento da existência do citado esquema fraudulento de venda de notas fiscais, que, se não descoberto em tempo hábil, teria proporcionado à recorrente, ilicitamente, elevados valores de créditos das referidas contribuições. Aliás, foi a quantidade expressiva de emails extraídos das mídias eletrônicas apreendidas nas empresas do Grupo Tristão, que deram a verdadeira dimensão do esquema de interposição fraudulenta de empresas “laranjas”. As mensagens eletrônicas extraídas da mídia apreendida evidenciam que o comprador de café em grão das empresas Grupo Tristão, no Estado do Espírito Santo, o Sr. Ricardo Schneider, repassava aos setores contábil/fiscal, sala do café e estoque as compras diárias de produtores, os documentos inidôneos que acobertavam a operação, de modo que, para cada pedido de compra, era informado o nome do produtor seguido do nome da empresa laranja usada para falsamente documentar a operação com nota fiscal comprada míseros centavos. Dessa forma, o modus operandi do referido esquema de fraude descrito detalhadamente pelos agentes da cadeia de comercialização (produtor e/ou maquinista, corretor e representantes das fictas intermediárias empresas “laranjas”) foi devidamente demonstrado mediante confrontação dos documentos colhidos no decorrer das investigações e robustecido com aqueles apreendidos na operação “Broca”, conforme excertos extraídos do citado Termo que segue transcrito: Os emails contidos nas mídias apreendidas retratam compras de café desde o ano de 2004, o que implica dizer que a interposição de empresas laranjas nas aquisições do GRUPO 1 O GRUPO TRISTÃO é composto das seguintes empresas: REALCAFÉ SOLÚVEL DO BRASIL (industrialização café solúvel), TRISTÃO COMPANHIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (comercialização café em grão) e TRISCAFÉ (armazenagem e rebeneficiamento). A REALCAFÉ e a TRISCAFÉ são controladas pela TRISTÃO COMPANHIA DE COMÉRCIO EXTERIOR. SÉRGIO GIESTAS TRISTÃO é presidente tanto da REALCAFÉ quanto da TRISTÃO COMPANHIA DE COMÉRCIO EXTERIOR e sócio com esta na TRISCAFÉ. O comprador de café no Espírito Santo dessas empresas do GRUPO TRISTÃO foi o funcionário RICARDO SCHNEIDER. MARCELO SILVEIRA NETO, então diretor da TRISTÃO, foi presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (C.C.C.V). Fl. 623DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 615 17 TRISTÃO remonta aos primórdios da nãocumulatividade do PIS/COFINS. Essas mensagens foram repassadas por cópia para os dirigentes/gerentes das empresas do Grupo: LEONARDO MOREIRA GIESTAS, BRUNO MOREIRA GIESTAS, RAIMUNDO DE PAULA SOARES FILHO, MÁRCIO CÂNDIDO FERREIRA e JOSÉ AUGUSTO DOS SANTOS MELLO. O próprio presidente da REALCAFÉ e TRISTÃO CIA DE COMÉRCIO EXTERIOR, SÉRGIO GIESTAS TRISTÃO, bem como MARCELO SILVEIRA NETTO, então presidente do C.C.C.V, receberam emails referentes às compras de café futuro onde diziam com todas as letras que o café de vendedor (produtor) seria guiado com nota de firma (Pessoa Jurídica). Como se não bastasse, o próprio sistema informatizado de controle de compras da TRISTÃO denominado “FOLHA DE COMPRA” deixava evidente a diferença entre o vendedor (produtor) e a empresa laranja usada como intermediária fictícia na operação. Destacava claramente no campo “vendedor” o nome do produtor/maquinista e no campo observações o nome da empresa laranja. Há emails com diálogos estabelecidos entre o corretor e a REALCAFÉ em que aquele informa a este como se daria a entrega do café. Melhor dizendo: indicava que o produtor e/ou maquinista entregaria o seu café na qualidade estipulada na confirmação de compra e venda, mas seria faturado em nome de determinada empresa laranja, ... Na falta de argumentos para contestar tão contundentes imputações, a recorrente limitouse a tentar descaracterizálas, com base no argumento, sem respaldo em qualquer meio prova, de que tais elementos probatórios foram obtidos irregularmente, o que não corresponde aos fatos provados nos autos com base em documentos idôneos. Assim, fica demonstrado que não houve o alegado cerceamento do direito de defesa e as provas colhidas licitamente demonstram que a recorrente não só conhecia como contribuía e se beneficiava da prática dos atos fraudulentos apontados pela fiscalização. Por todas essas considerações, rejeitase todas as alegações de nulidade do procedimento fiscal em questão. II DAS QUESTÕES DE MÉRITO No mérito, a lide cingese a glosa de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, apurados no 2º trimestre de 2010, calculados sobre a aquisição de café em grão (i) de pessoas jurídicas consideradas inidôneas (pessoa jurídicas de “fachada”) e (ii) de cooperativas de produção agropecuária ou agroindustrial. As demais glosas não serão aqui apreciadas. A uma, porque a recorrente não as questionou na fase de manifestação de inconformidade, tornando a matéria preclusa, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/1972. A duas, porque a recorrente manifestouse de forma genérica em relação citadas glosas, sem apontar qualquer motivo de fato e de direito, nem Fl. 624DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 18 apresentar as razões para o restabelecimento dos correspondentes créditos glosados, contrariando o disposto no art. 16, III, do citado Decreto. Como as motivações das referidas glosas foram distintas para os créditos provenientes das aquisições das referidas pessoas jurídicas e das cooperativas, a análise será feita, a seguir, em tópicos separados. II.1 Da Glosa dos Créditos das Aquisições de Pessoas Jurídicas Inidôneas No presente tópico serão analisadas apenas a glosa parcial dos créditos apropriados pela recorrente sobre as aquisições de café em grão de pessoas jurídicas inidôneas (inexistes de fato ou de “fachada”). Em relação às referidas operações, a fiscalização procedeu a glosa parcial dos créditos, baseada na constatação de que houve fraude na operação de compra do café em grão, caracterizada pela interposição fraudulenta das referidas “empresas de fachada ou laranja” entre o real comprador (a recorrente) e o real vendedor (o produtor rural ou maquinista, pessoa física). Segundo a fiscalização, a atividade das referidas pessoas jurídicas de “fachada”, denominadas de “pseudoatacadistas”, restringiase a emissão de notas fiscais para acobertar operação de venda de grão de café, com o nítido objetivo de gerar, ilicitamente, créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, para as pessoas jurídicas adquirentes das respectivas notas fiscais, dentre as quais se inclui a recorrente. Para se ter uma percepção da dimensão da fraude em questão e do tamanho do prejuízo que ela causou ou poderia causar à arrecadação tributária da União, nos anos de 2009 a 2010, período objeto do procedimento fiscal em questão, a movimentação financeira das denominadas “pseudoatacadistas” foi da ordem de bilhões de reais, enquanto os valores dos tributos por elas recolhidos no período foram insignificantes. No âmbito do referido procedimento fiscal, a fiscalização demonstrou, com provas cabais, que a real operação de compra e venda do café em grão fora realizada diretamente entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente. E esta operação, nos termos do art. 8°, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, assegurava ao comprador o direito de apropriação apenas da parcela do crédito presumido agropecuário, no valor equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) do valor crédito integral normal, previsto no art. 3º, I e II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Do contexto legal que deu origem à fraude em destaque. Sob o aspecto legal, com a introdução do regime não cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, respectivamente, por intermédio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, os contribuintes, sujeito ao citado regime, adquirentes de bens de pessoas jurídicas passaram a gozar do direito de apropriar crédito sobre o valor das compras, no valor equivalente ao percentual de 9,25% da operação de aquisição. O referido percentual corresponde ao somatório das alíquotas normais fixadas para o cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep (1,65%) e Cofins (7,6%), incidentes sobre o valor da receita bruta mensal. Especificamente em relação à aquisição de café em grão, uma particularidade cabe ser ressaltada: se a empresa comprar o produto diretamente do produtor rural ou maquinista, pessoa física, desde que atendido os requisitos legais, a ela é assegurado o direito de apropriarse de um valor de crédito presumido equivalente a apenas ao percentual de 35% (trinta e cinco por cento) do crédito integral normal passível de apropriação nas aquisições Fl. 625DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 616 19 realizada de uma pessoa jurídica produtora ou atacadista. Essa permissão de apropriação de créditos entrou em vigor a partir 1/2/2004, na forma e segundo os termos do art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) [...] (grifos não originais). Antes da vigência do citado preceito legal, prevalecia a regra geral, que vedava a apropriação de créditos sobre as aquisições do café em grão de pessoa física, na forma do § 3º do art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; [...] (grifos não originais) Fl. 626DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 20 Dado esse contexto legal, fica evidenciado que, para os contribuintes, submetidos ao regime não cumulativo das citadas contribuições, sob o ponto de vista tributário, passou a ser muitíssimo vantajoso adquirir o café em grão diretamente da pessoa jurídica e não do produtor rural, pessoa física, porque a primeira operação asseguravalhes o valor integral do crédito calculado sobre o preço de aquisição do produto, em vez da parcela equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) do referido preço, a título de crédito presumido. Da fraude praticada contra a Fazenda Nacional. Previamente, cabe esclarecer que a comprovação da fraude em referência foi feita com base nos fartos elementos probatórios colhidos no âmbito das denominadas operações “Tempo de Colheita” e “Broca”. Os documentos colhidos no âmbito das referidas operações constam do processo n° 15586.720942/201374 (fls.45/918), do interesse da recorrente, que trata da cobrança das multas isoladas sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido e do débito indevidamente compensado. Além das provas colhidas no âmbito das referidas operações, constam dos presentes autos o citado Termo de Encerramento de Ação Fiscal, que contém extensa e criteriosa descrição dos fatos, que comprovam o conhecimento e a participação da recorrente no referenciado esquema fraudulento, inclusive com a reprodução de parte dos documentos e de depoimentos e declarações de produtores rurais, maquinistas, corretores, sócios das empresas de “fachada”, procuradores etc. Ainda consta dos autos os demonstrativos dos créditos apurados, glosados, descontados e passível de ressarcimento, referente aos trimestres dos anos de 2009 e 2010. A operação denominada “Tempo de Colheita” foi deflagrada pela fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória, em 22/10/2007, para investigar a existência do referido esquema de venda de nota fiscal para as empresas compradoras de café em grão (empresas torrefadoras e exportadoras), com o único propósito de assegurar, ilicitamente, a apropriação integral dos créditos das referidas contribuições, ou seja, créditos equivalentes ao percentual de 9,25% sobre o valor indicado na nota fiscal, pois, na compra real, efetivada perante o produtor rural ou do maquinista, pessoa física, era assegurado à pessoa jurídica adquirente apenas 35% do valor do crédito integral. Em face da grande quantidade de infratores e da dimensão dos valores dos créditos tributários fraudados, que foram demonstrados na operação “Tempo de Colheita”, e diante da insistente continuidade delitiva dos fraudadores, em 1/6/2010, foi deflagrada a operação “Broca”, para aprofundar a investigação do esquema fraudulento. Essa operação contou com a participação da fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. No seu curso, mídias eletrônicas foram apreendidas no estabelecimento da recorrente e outra empresa ligada ao Grupo Tristão. Delas foram extraídas planilhas de controle de compras e dezenas de mensagens eletrônicas (emails) trocados pelo comprador de café da recorrente, o Sr. Ricardo Schneider, com os setores contábil/fiscal, sala do café e estoque, em que, para cada pedido de compra, era repassado os dados das compras de café do dia mencionando e a indicação do nome do produtor rural ou maquinista, seguido do nome da empresa laranja usada para falsamente documentar a operação. Os dados apresentados nas referidas planilhas faziam clara distinção entre o vendedor do café em grão e o emissor da nota fiscal, como ilustra a pequena parte da referida planilha reproduzida abaixo, em especial, os dados do quadro em destaque: Fl. 627DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 617 21 De acordo com o referido Termo, as empresas exportadoras e torrefadoras do café em grão, envolvidas na citada fraude, utilizavam empresas de “fachada”, que serviam de intermediárias nas operações de compra e de venda do café em grão realizadas entre os produtores rurais ou maquinistas, pessoas físicas, e as citadas empresas, com a finalidade de gerar, indevidamente, créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. A fraude, como já mencionado, teve início no ano 2003, quando foi introduzido os regimes não cumulativo de apuração das referidas contribuições, causando prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos federais. Há fartos elementos probatórios que comprovam que a maior parte dos “fornecedores” de notas fiscais da recorrente foram constituídos a partir do ano de 2002, e que, geralmente, estiveram em situação irregular no período em que foram fiscalizadas, seja por omissão em relação as suas obrigações acessórias, seja em relação ao pagamento de tributos. A este quadro de graves irregularidades, somase ainda o fato de que nenhuma das empresas diligenciadas possuíam armazéns ou depósitos nem funcionários contratados (ou um funcionário, no máximo), o que, em condições normais de operação, contrariava as tradicionais empresas atacadistas de café estabelecidas na região, detentoras de grande estrutura operacional e administrativa necessária para armazenar, beneficiar e movimentar o grande volume de café transacionado. Com efeito, revelam as provas colhidas no âmbito das referidas operações, que o único estoque que as “pseudoatacadistas” mantinham eram os talonários de notas fiscais, que consistia na única mercadoria por elas transacionadas no mercado negro criado pelos fraudadores. Assim, sem a existência de depósitos, funcionários, maquinário e qualquer logística, tais empresas não tinham a menor condição de transacionar tão grande quantidade de café em grão, até porque não tinham um grão do produto para venda. Com tal estrutura, a única atividade que era passível de ser realizada pelas pessoas jurídicas investigadas, certamente, era a venda e emissão de notas fiscais inidôneas, conforme sobejamente comprovado no curso do processo investigativo efetivado no âmbito das citadas operações. As provas colhidas no curso das citadas operações evidenciam ainda que as denominadas empresas “pseudoatacadistas” eram empresas de “fachada” ou “laranja”, utilizadas apenas para simular operações fictícias de compra e venda de café em grão com os produtores rurais e empresas exportadoras e torrefadoras. Em outras palavras, a fraude Fl. 628DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 22 consistia na simulação simultânea de duas operações: uma de compra dos produtores rurais, pessoas físicas, e a outra de venda para as empresas exportadoras e industriais. A recorrente foi uma das principais beneficiárias desse esquema fraudulento, haja vista a grande quantidade de operações e as elevadas cifras envolvendo as aquisições, no período fiscalizado, de café em grão, conforme evidenciam a grande quantidade de notas fiscais “compradas” das citadas pessoas jurídicas, que se encontram relacionadas nos autos. As informações fiscais, respaldadas em fartos documentos obtidos e apreendidos durante as citadas operações, e as declarações prestados pelos representantes de direito (“laranjas”), procuradores e de pessoas ligadas às empresas “pseudoatacadistas”, colhidos durante a operação “Tempo de Colheita”, confirmam a participação dos compradores finais do café em grão na fraude, dentre os quais a recorrente. Além dos trechos das declarações reproduzidos no citado Termo, merecem destaque alguns fatos apurados através de declarações prestadas nos diversos processos de inaptidão abertos contra as pessoas jurídicas fornecedoras de notas fiscais, participantes da fraude. No citado Termo, de forma exaustiva e criteriosa, dentre os inúmeros depoimentos/declarações prestados pelos envolvidos no esquema, a fiscalização transcreveu aqueles mais relevantes, que, de forma congruente, confirmam o modus operandi, os mentores, os executores e os reais beneficiários da gigantesca fraude praticada contra Fazenda Nacional em destaque. Assim, apresentado o contexto legal, o modus operandi e os intervenientes, participantes e mentores do esquema de fraude para apropriação ilícita de créditos das referidas contribuições, passase a analisar as alegações da recorrente. Das alegações relevantes apresentadas pelas recorrente. Na peça recursal em apreço, a recorrente alegou que não procedia a glosa parcial realizada pela fiscalização, sob o argumento de que era compradora de boa fé, com base nos seguintes argumentos: a) não tinha conhecimento e participara do referido esquema de fraude, nem tinha contribuído para criação das empresas “pseudoatacadistas”; b) desconhecia a situação de inidoneidade das denominadas empresas “pseudoatacadistas”; e c) havia comprovado o pagamento do preço e o recebimento das mercadorias, em conformidade com disposto no parágrafo único do art. 82 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Inicialmente, esclareçase que, no caso em tela, não há controvérsia em relação ao preço nem quanto ao pagamento e recebimento das mercadorias pela recorrente, uma vez que a própria fiscalização utilizou, como base de cálculo do crédito presumido agropecuário, o preço consignado nas correspondentes notas fiscais emitidas pelas empresas denominadas “pseudoatacadistas”, bem como informou que a recorrente havia comprovado os Fl. 629DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 618 23 pagamentos e os recebimentos dos produtos, com a finalidade de aparentar a condição de compradora de boa fé. Portanto, esclareçase que a glosa dos créditos em apreço foi motivada pela fraude, mediante interposição fraudulenta de empresas inidôneas, utilizadas como intermediárias fictícias na compra de café em grão de pessoas físicas (produtores e/ou maquinistas) e não pela falta de comprovação do pagamento e da efetiva entrega da mercadoria, como alegado pela recorrente, com a clara intenção de desvirtuar o real motivo das referidas glosas. Dessa forma, fica demonstrado que a questão relevante para o deslinde da controvérsia não é a falta de comprovação do pagamento e da efetiva entrega das mercadorias, mas, em saber qual a real operação de compra e venda foi realizada pela recorrente, diante da existência do gigantesco esquema fraude devidamente comprovado nos autos. Nesse sentido, as provas colhidas no âmbito das citadas operações, tais como os depoimentos/declarações prestados pelos corretores e produtores de café e maquinistas, corroborados pelas transferências eletrônicas de depósitos TED, as planilhas de compras e demais documentos da própria recorrente, extraídos das mídias eletrônicas regularmente apreendidas, evidenciam que a real operação de compra e venda foi a realizada entre o produtor rural ou maquinista, pessoa física, e a recorrente. Da análise dos comprovantes de depósitos realizados pelos compradores finais do café em grão (indústria e exportadores) em favor das empresas “pseudoatacadistas” verificase, como procedimento padrão, o depósito seguido da saída imediata dos recursos das contas bancárias, por meio de TED e cheques, muitos desses emitidos ao próprio titular da conta bancária, os produtores rurais. Esse procedimento comprova que as contas bancárias das empresas “pseudoatacadistas” serviam apenas como ponto de passagem dos recursos transferidos dos compradores (exportadores/indústrias) para os reais vendedores de café em grão, ou seja, produtor rural ou maquinista, pessoa física. Também cabe ressaltar o correto procedimento adotado pela fiscalização ao desconsiderar a operação simulada (aparente) e reconhecer a existência da operação dissimulada (camuflada), o que está em perfeita consonância o ordenamento jurídico do País, conforme anteriormente demonstrado. Além disso, os documentos apresentados pela recorrente, para fim de comprovar o recebimento das mercadorias e efetivação do pagamento do preço do produto adquirido, revela a existência de um procedimento padrão adotado por todas as pessoas jurídicas fraudadores, em que, para cada nota fiscal de compra, foram anexados cópias de (i) extratos de consulta ao CNPJ e SINTEGRA, realizada na mesma ou em data próxima a da compra, (ii) de fichas de compra e nota de cálculo e liquidação da operação, (iii) romaneio da carga; e (iv) aviso de débito em conta corrente ou cheque nominal em nome da emitente da nota fiscal. Esse procedimento uniforme dos fraudadores revela que se tratava de um esquema de fraude planejado e executado com esmero pelas compradoras beneficiárias da fraude. Em outras palavras, conhecedoras da legislação e orientadas para dar a aparência da boa fé as compras simuladas das “pseudoatacadistas”, as indústrias e Fl. 630DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 24 exportadoras, em todas as operações de aquisição de café em grão guiado2 com nota fiscal de pessoa jurídica de “fachada”, procediam (todas elas) da seguinte forma: a) verificava a situação cadastral da “pseudoatacadista” perante a Receita Federal do Brasil, imprimindo a certidão negativa de débito expedida por este órgão; b) imprimia a situação cadastral da empresa perante o ICMS SINTEGRA; e b) efetuava o pagamento identificando a remetente dos recursos (indústrias/exportadoras) na conta bancária das “pseudoatacadistas”. Os fatos provados nos autos revelam que a referida documentação foi artificialmente produzida, uma vez que a recorrente e demais empresas compradoras de notas fiscais tinham pleno conhecimento de que as empresas “pseudoatacadistas” eram inidôneas e tinham como atividade apenas a emissão das notas fiscais, que eram transacionadas por míseros centavos de reais, conforme sobejamente provado nos depoimentos/declarações prestados pelas pessoas envolvidas nas correspondentes operações. E tal comportamento, obviamente, não encontra respaldo no parágrafo único do art. 82 da Lei 9.430/1996. A norma veiculada no referido preceito legal visa proteger o comprador de boa fé, que desconhece a situação do seu fornecedor, geralmente, nos casos em que este se encontra em local distante e não mantém relação habitual de negócio com o comprador, situação que não vislumbra no caso em tela. Com efeito, todas as “pseudoatacadistas”, vendedoras de notas fiscais, eram do conhecimento da recorrente e com ela mantinha negócios habituais, conforme revela os dados apresentados na planilha “PREVISÃO DE PAGAMENTO DE CAFÉ”, extraídas das mídias eletrônicas apreendidas no estabelecimento da recorrente. Além disso, diferente da ampla extensão dos efeitos alegados pela recorrente, a consulta aos cadastros do CNPJ e SINTEGRA prova apenas que a empresa estava em situação cadastral ativa, mas, sabidamente, a inscrição regular em tais cadastros não prova a existência real da pessoa jurídica. De outra parte, embora tenha se revelado diligente com a obtenção de documentos que certificavam a regularidade formal da existência dos seus fornecedores, a recorrente não teve a mesma diligência, para fim de verificação da existência de fato, da idoneidade empresarial, da capacidade operacional e patrimonial das denominadas “pseudoatacadistas”. No caso, se a recorrente tivesse adotado precauções básicas, como solicitado cópia dos contratos de constituição dos referidos fornecedores, prática normal no meio comercial quando há transações envolvendo altas cifras, como no caso em tela, induvidosamente, teria verificado que os sócios dos seus maiores fornecedores eram pessoas humildes, sem instrução, sem patrimônio e sem condições financeiras e conhecimento técnico para dirigir uma empresa atacadistas de café realizadora de milhares de operações de compra e venda do produto, com movimentação financeira, envolvendo milhões de reais. Pela mesma razão, se tivesse tido a diligência de pedir cópia dos demonstrativos contábeis dos referidos fornecedores, certamente teria constatado que todas elas não tinham patrimônio, funcionários e o mínimo de estrutura operacional para vender uma quantidade tão grande de café. Entretanto, nada disso foi feito e por uma razão óbvia, a recorrente já tinha pleno conhecimento que as referidas empresas “pseudoatacadistas” não existiam de fato e não tinham a mínima condição de negociar tão grande quantidade de café em grão. 2 A expressão “guiar café” era comumente usada pelos fraudadores para designar a empresa de fachada emitente da nota fiscal. Fl. 631DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 619 25 No período da atuação, essas informações eram indispensáveis, haja vista que já tinha havido ampla divulgação na imprensa local e nacional do resultado trabalho de investigação desenvolvido no âmbito da denominada “Operação Tempo de Colheita”, que resultou na descoberta de um grandioso esquema de venda de notas fiscais criado para possibilitar a apropriação ilícita de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, no montante de 9,25% sobre o valor indicado nas notas fiscais. Nesse contexto, também perde relevância, para fins de prova, os registros contábeis realizados com base nas notas fiscais inidôneas, que não representavam a real operação de aquisição realizada pela recorrente. Tais registros apenas reproduziram na escrita contábil e fiscal os dados extraídos de documentos forjados, com claro propósito de acobertar uma operação de compra e venda fictícia. Enfatizase, novamente, as fartas provas documentais e informações prestadas em depoimentos/declarações prestados por produtores rurais, corretores de café, representante legais (formais) das “pseudoatacadistas”, participantes do esquema de fraude, demonstram que as aquisições do café não foram realizadas das denominadas “pseudoatacadistas”. Na verdade, tais empresas apenas forneciam as notas fiscais, para simular uma operação de compra e venda que, de fato, foi realizada entre os produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com o único e intencional propósito de gerar, ilicitamente, crédito integral das referidas contribuições em favor da recorrente. Além disso, a partir da leitura dos diversos depoimentos/declarações prestados pelos representante legais (formais) das “pseudoatacadistas” extraise que a recorrente não só sabia da fraude em comento, com fora uma das beneficiárias ou pretensa beneficiária do esquema, posto que condicionava a compra do café a intermediação e emissão das notas fiscais pelas “pseudoatacadistas”, o que deu origem a um mercado paralelo de venda de notas fiscais, que era negociada ao módico preço variável de R$ 0,15 a R$ 0,60. Com base nessas constatações, fica evidenciado que não tem qualquer relevância se a inaptidão, o cancelamento ou a suspensão dos registros nos cadastras fiscais das referidas pessoas jurídicas inidôneas ocorreram antes ou após o período da apuração dos créditos, conforme alegou a recorrente, pois, restou demonstrado nos autos que todas as operações de aquisição do café em grão das citadas pessoas jurídicas foram feitas de forma fraudulenta, com único objetivo de apropriarse, ilicitamente, do valor integral dos créditos tributários das referidas contribuições. Especialmente tendo em conta que, após determinada “pseudoatacadista” ser declarada inativa no CNPJ por inexistência de fato, logo em seguida novas empresas “laranjas” eram criadas. Esse fértil celeiro de criação de empresas inidôneas só foi interrompido com a deflagração da operação “Broca”, que prendeu os representantes das principais empresas compradoras. Até então, em total menosprezo pela ação da autoridade fiscal, que na operação “Tempo de Colheita” já havia descoberto o esquema fraude e dado amplamente divulgação na imprensa, tais representantes continuvam comprando o produto das “pseudoatacadistas” e assim contribuindo para manutenção e crescimento do esquema de fraude, como se nada tivesse acontecido. A recorrente ainda argumentou que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estava em consonância com a sua alegação de comprador do boa fé, consolidado Fl. 632DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 26 no julgamento do REsp nº 1.148.444/MG, julgado sob rito dos recursos repetitivos, definido no art. 543C do CPC, cujo enunciado da ementa segue transcrito, para uma melhor análise: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE).NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOAFÉ. 1. O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da nãocumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: EDcl nos EDcl no REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 11.03.2008, DJe 10.04.2008; REsp 737.135/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 14.08.2007, DJ 23.08.2007; REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp 246.134/MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp 556.850/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.04.2005, DJ 23.05.2005; REsp 176.270/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 16.11.1999, DJ 17.12.1999; REsp 196.581/MG, Rel. Ministro Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ 06.04.1998). 2. A responsabilidade do adquirente de boafé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu, ao alienante). 3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: "(...)os demais atos de declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e entende o Conselho de Contribuintes." Fl. 633DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 620 27 4. A boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o que afastaria a boafé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. 6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1148444/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/04/2010, DJe 27/04/2010) Grifos não originais. Da simples leitura do referido enunciado, constatase que há uma diferença abissal entre a situação discutida nestes autos e a debatida no precedente jurisprudencial em referência. O que externou o referido julgado foi que o contribuinte não poderia ser prejudicado pela eventual e desconhecida inidoneidade do terceiro com quem tivesse contratado de boa fé, porém, condicionou adoção desse entendimento a demonstração de que a operação de compra e venda fosse efetivamente realizada, o que exclui qualquer tipo de fraude, especialmente, a praticada mediante simulação. Nos presentes a autos, em contraste com o julgado paradigma, as aquisições do café em grão das “pseudoatacadistas” foram comprovamente simuladas, para acobertar as efetivas operações de compra e venda celebradas com os produtores rurais e/ou maquinistas. Portanto, aqui tratase de operações fraudulentas que, certamente, não se amoldam à hipótese objeto do julgado paradigma, em que ficou “demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada” e “a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado)”. Dessa forma, não há como aplicar o entendimento exarado no referido REsp ao caso em tela, porque a situação fática nele trata revelase distinta da que provada nos presentes autos. Nele há prova de que a operação de compra e venda foi efetivamente realizada, aqui há prova de que a operação de compra e venda, celebrada com as “pseudoatacadistas” foi simulada. Diante dessa constatação, fica demonstrada a irrelevância do argumento da recorrente de que somente adquiriu café em grão de empresas de fachada ativas no CNPJ, como se o mero cumprimento dessa formalidade fosse suficiente para infirmar o vasto acervo probatório que comprova que as correspondentes operações de aquisição foram simuladas para acobertar a real operação de compra dos produtores rurais. No recurso em apreço, a recorrente tenta assumir a posição de vítima do citado esquema fraudulento. Porém, ao contrário do alegado, as robustas provas colhidas no âmbito das citadas operações comprovam que, em vez de vítima, ela foi ou poderia ter sido uma das compradoras beneficiada com o citado esquema de fraude, posto que, se não fosse pronta e eficiente intervenção da fiscalização da RFB, da Polícia Federal e do MPF, certamente, ela teria se apropriado ilicitamente de créditos fiscais nas cifras dos milhões de reais. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 28 A grande vítima desse esquema, certamente, foi a Fazenda Nacional, pois, além do prejuízo com o não recolhimento das contribuições devidas nas correspondentes operações de compra e venda fictícias, se não desbaratada a tempo a fraude em destaque, certamente, a União seria obrigada a ressarcir em dinheiro bilhões reais em créditos gerados ilicitamente. Outras vítimas desse malsinado esquema fraudulento foram os produtores rurais, que foram obrigados a se submeter as determinações das poucas, mas poderosas empresas compradoras. Nos depoimentos e declarações prestados, eles revelaram desconhecimento da existência das empresas “pseudoatacadistas” (pessoas jurídicas “pseudoatacadistas”), “usadas para guiar o café vendido” (expressão comumente usada para designar a empresa de fachada emitente da nota fiscal). De acordo com tais depoimentos/declarações, os produtores negociavam com uma determinada pessoa (corretor/corretora, maquinista ou até mesmo a empresa adquirente), porém, no momento da retirada do café, surgiam nomes desconhecidos de “empresas” para serem inseridos na nota fiscal. A recorrente alegou que, seus diretores, ou mesmo funcionários, em nenhum momento foram indiciados em razão dos delitos apurados no âmbito das referidas operações de investigação, no entanto, os depoimentos colhidos perante a Polícia Federal, reproduzidos no TEAF, a seguir transcritos, evidenciam o contrário, ou seja, que eles tinham sim pleno conhecimento da fraude: Se não bastassem os emails e planilhas apreendidas durante a OPERAÇÃO BROCA nas empresas do GRUPO TRISTÃO (REALCAFÉ e TRISTÃO CIA DE COMÉRCIO EXTERIOR), no seu depoimento perante a Polícia Federal narrado na DENÚNCIA PR/COL/ES, LUIZ FERNANDES ALVARENGA ratificou que o comprador de café das empresas do grupo tinha conhecimento de que nas suas operações de compra de café havia a interposição fictícia de empresa laranja. Aliás, os e mails de SCHNEIDER mostram exatamente isso: “(...) QUE com relação à[s] empresa[s] TRISTÃO e REAL negocia com SCHNEIDER, (...) QUE as pessoas identificadas nos itens anteriores tinham conhecimento dos verdadeiros vendedores do café negociado com as exportadoras e indústrias; QUE as pessoas identificadas nos itens anteriores tinham conhecimento de que o café era guiado por pessoa jurídica diversa dos verdadeiros vendedores;(...)”. Na mesma DENÚNCIA, o depoimento do corretor RAFAEL TEIXEIRA DE ALMEIDA, sócio de DEVANIR FERNANDES DOS SANTOS na corretora CRISTAL BRASIL, perante a Polícia Federal, no qual sintetiza a conduta do comprador do GRUPO TRISTÃO: “QUE o interrogado já realizou negociações prestando serviços de corretagem para as empresas (...) TRISTÃO, REALCAFÉ; (...) QUE, realizava negócios com a empresa (...), com a TRISTÃO e REALCAFÉ através de SCHNEIDER, (...) QUE, à exceção de (...),todas as demais pessoas acima citadas, com quem negociava, tinham conhecimento e faziam questão de saber quem eram os Fl. 635DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 621 29 produtores rurais ou armazéns gerais de quem estavam adquirindo café; QUE: tem conhecimento de que existem empresas “laranjas” no mercado de café, que vendem notas fiscais (...)”. Nas palavras do corretor RAFAEL TEIXEIRA, portanto, o comprador da TRISTÃO/REALCAFÉ fazia questão de saber quem eram os produtores rurais ou armazéns gerais (maquinistas) de quem estava adquirindo café. Como dito, esses depoimentos sintetizam o teor dos emails estabelecidos entre SCHNEIDER e os corretores. (grifos do original) Portanto, as planilhas, mensagens eletrônicas e os diálogos do seu preposto, encarregado da compra de café, o Sr. Ricardo Schneider, reproduzidos no citado Termo, extraído da mídia eletrônica apreendido no curso da operação “Broca”, revelam que a recorrente tinha pleno conhecimento e participava, de forma efetiva, do citado esquema de fraude, bem como sabia que as empresas “pseudoatacadistas” inexistiam de fato e não recolhiam ou recolhiam valores ínfimos de tributos federais. E todas as provas que respaldam tais conclusões foram obtidas em consonância com os parâmetros legais, incluindo os depoimentos e declarações prestados a fiscalização de forma espontânea pelos depoentes, inclusive alguns acompanhados de advogado, o que demonstra a improcedência das alegações da recorrente de que tais depoimentos não se prestavam como prova, porque produzidos unilateralmente pela fiscalização. A recorrente alegou ainda que houve transgressão ao seu direito fundamental ao sigilo de dados, insculpido no artigo 5o, X e XII, da CF/1988, sob argumento de que na busca realizada no estabelecimento da recorrente houve acesso irrestrito às informações internas e gerenciais, sem amparo em nenhuma autorização judicial para tal procedimento. Tal alegação também não procede, porque os dados e informações extraídos das mídias eletrônicas apreendidas no curso da operação “Broca” referem às compras fraudulentas realizadas pela recorrente e não a dados gerenciais. Além disso, tais documentos foram repassados a fiscalização por determinação judicial. Também não procede a alegação da recorrente de que a fiscalização afrontara o princípio do “nemo potest venire contra factum proprium” (em vernáculo, o princípio de proibição ao comportamento contraditório), sob argumento de que a fiscalização teria autuado as pessoas jurídicas inidôneas. A uma, porque ela não comprovou que tais pessoas jurídicas foram autuadas em razão dos fatos que motivaram a glosa dos créditos em apreço. A duas, porque o processo administrativo n° 15586.000366/201001, citado como prova do alegado, referese à autuação contra a pessoa jurídica inidônea CAFEEIRA SÃO JOSÉ, incluindo vários responsáveis solidários, em razão de movimentação financeira incompatível dos anos calendários de 2003 a 2006, portanto, período anterior e fato completamente estranho ao objeto dos presentes autos, que trata da glosa de créditos apropriados comprovadamente de forma ilícita, no período de janeiro de 2009 a dezembro 2010. A três, a referida pessoa jurídica Fl. 636DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 30 inidônea não consta da relação das empresas de “fachada” que vendeu café em grão objeto da glosa em apreço. Dado esse contexto fáticoprobatório, chegase a conclusão que, em todas as aquisições realizadas de pessoas jurídicas inidôneas, a recorrente não agiu como compradora de boa fé. Ao contrário, os fatos relatados no citado Termo, respaldados no amplo acervo probatório colhido no âmbito das citadas operações, demonstram que a recorrente não só tinha conhecimento, como contribuiu, de forma efetiva, para criação e funcionamento do citado esquema de fraude, tendo dele se beneficiado ou tentado se beneficiar, mediante a apropriação indevida de créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre aquisições simuladas das “pseudoatacadistas” de café em grão. Em razão dessas comprovações, revelase inaplicável ao caso o disposto no art. 112 do CTN, conforme pretendido pela recorrente. Cabe ainda ressaltar que a prova da fraude, especialmente a realizada mediante simulação, dificilmente será feita de forma direta, com base em documentos produzido pelos infratores, que agem de forma camuflada. É da essência desse tipo de ilícito a prática de atos aparentes, em que a regularidade da forma dissimula a vontade real da conduta do fraudador. Assim, sob pena de ineficácia dos meios legais de combate aos ilícitos de natureza tributária, há de ser aceita a prova da simulação com base na dinâmica dos atos praticados e pela convergência de indícios e demais elementos probatórios que levem o julgador à certeza de que houve duas vontades, uma declarada e outra dissimulada. E no caso em tela, este Relator está plenamente convencido que a Fazenda Nacional foi vítima de um planejado e organizado esquema de fraude, mediante simulação/dissimulação, implementado com o único propósito de retirar ilicitamente do Erário parcela significa de recursos financeiros. Por todas essas razões, deve ser mantida a glosa integral da parcela dos créditos excedente ao valor do crédito presumido agropecuário, calculado sobre as supostas aquisições de café em grão das “pseudoatacadistas”, conforme determinado pela fiscalização e mantido nos julgamentos anteriores. II.2 Da Glosa Parcial dos Créditos Apurados Sobre as Aquisições de Café em Grão das Cooperativas de Produção Agropecuária. De acordo com o subitem 5.2 do Termo de Encerramento da Ação Fiscal nº 04301/2013, com fundamento no art. 9°, III, da Lei 10.925/2004, com redação dada pela Lei 11.051/2004, combinado com o disposto na Instrução Normativa SRF 660/2006, que regulamentou o referido preceito legal, entendeu a fiscalização que a recorrente fazia jus somente a parcela do crédito presumido agropecuário calculado sobre as aquisições de café em grão adquiridos de cooperativas de produção agropecuária, porque as referidas aquisições estavam obrigatoriamente submetidas ao regime de suspensão da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, uma vez que a recorrente estava sujeita ao regime cumulativo, exercia atividade agroindustrial e utilizara o produto como insumo na produção de produto destinados à alimentação humana ou animal, ou seja, enquadravase nas condições estabelecidas no art. 4º da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 4º Nas hipóteses em que é aplicável, a suspensão disciplinada nos arts. 2º e 3º é obrigatória nas vendas efetuadas a pessoa jurídica que, cumulativamente: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) I apurar o imposto de renda com base no lucro real; Fl. 637DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 622 31 II exercer atividade agroindustrial na forma do art. 6º;e III utilizar o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º. [...] § 3º É vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) (grifos não originais) Segundo a fiscalização, em cumprimento a determinação das empresas compradoras, era prática habitual os corretores condicionarem as confirmações das compras do café em grão que as pessoas jurídicas vendedoras, incluindo as sociedade cooperativas, anotassem nas notas fiscais que as correspondentes operações estavam sujeitas à tributação normal das referidas contribuições, independentemente de tais operações de venda estarem, obrigatoriamente, sujeita ao regime suspensão de cobrança das referidas contribuições. Para se aferir a legalidade da referida glosa, cabe ressaltar que, no âmbito do regime não cumulativo, a apropriação de créditos normais ou ordinários da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins restringese às situações e condições estabelecidas no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. E nos referidos preceitos legais, induvidosamente, não há vedação do aproveitamento de créditos nos casos em que o produto ou serviço for adquirido de cooperativas, seja de produção agropecuária ou não. Entretanto, há no art. 3º, § 2º, II, das referidas leis, expressa vedação a dedução de créditos nos casos de aquisição (i) de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições e (ii) de bens ou serviços isentos, se revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela incidência das contribuições. As receitas auferidas pelas cooperativa de produção agropecuária, em regra, estão sujeitas à tributação normal das referidas contribuições, hipótese em que a pessoa jurídica adquirente do regime cumulativo é assegurado do direito de apropriarse do valor integral do crédito das referidas contribuições. Aliás, esse foi entendimento esposado pelo plenário do STF, no julgamento dos RREE 598.085/RJ e 599.362/RJ, realizado sob regime de repercussão geral. Entretanto, até o final do anocalendário de 2011, enquanto vigentes os arts. 8º e 9º da Lei 10.925/2004, com a redação dada pela Lei 11.051/2004, as receitas obtidas pelas cooperativas de produção agropecuária nas vendas de café em grão para as pessoas jurídicas sujeita ao regime cumulativo, que exercessem atividade agroindustrial e utilizassem o produto como insumo na produção de produto destinados à alimentação humana ou animal, obrigatoriamente, estavam sujeitas ao regime de suspensão, nos termos do inciso III do referido art. 9º, combinado com disposto no art. 4º da Instrução Normativa 660/2006. E em relação a essas aquisições, as pessoas jurídicas compradores não estavam autorizadas a descontar créditos integrais calculados sobre às aquisições dos referidos produtos, mas apenas a parcela do valor do crédito presumido agropecuário, instituído no art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, conforme previsto no art. 7º3, I, da referida Instrução Normativa. 3 Art. 7º Geram direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º, os produtos agropecuários: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) Fl. 638DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 32 Para melhor compreensão do regime de tributação das cooperativas de produção agropecuária4, incluindo aquelas que exercem atividade de produção agroindustrial5, transcrevese a seguir o referido preceito legal: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Os §§ 6º e 7º do art. 8º Lei 10.925/2004, desde a inclusão pela Lei 11.051/2004 até o final do ano 2011, quando foram revogados pela Lei 12.599/2012, tinham a seguinte redação: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, com suspensão da exigibilidade das contribuições na forma do art. 2º; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) [...] 4 A sociedade cooperativa de produção agropecuária é aquela que exece a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. 5 Nos termos do art. 6º, II, da Instrução Normativa 660/2006, em relação ao café em grão considerase atividade agroindustrial o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial, relativamente aos produtos classificados no código 09.01 da NCM. Fl. 639DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 623 33 de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 6º Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Revogado pela Medida Provisória nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 2012). § 7º O disposto no § 6º deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Revogado pela Medida Provisória nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 2012). [...] (grifos não originais) Da interpretação combinada dos preceitos legais transcritos, depreendese que, até o final do ano de 2011, o regime de tributação das receitas da venda do café em grão auferidas pelas cooperativas de produção agropecuária dependia da destinação do produto e do regime de tributação da pessoa jurídica adquirente, que poderia se realizar sob regime de: a) tributação normal, se destinado a revenda, independentemente do regime de tributação da pessoa jurídica adquirente; b) tributação normal, se destinado à insumo de produção de pessoa jurídica do regime cumulativo; e c) regime de suspensão, se destinado à insumo de produção de pessoa jurídica do regime não cumulativo. Já as receitas da venda do café em grão auferidas pelas cooperativas de produção agropecuária, que exercessem, até o final do ano de 2011, a atividade agroindustrial, definida nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei 10.925/2004, estavam sujeitas ao regime de tributação normal, independentemente da destinação e do regime de tributação da pessoa jurídica adquirente. No mesmo sentido, o entendimento exarado no item 11 da Solução de Consulta Cosit 65/2014, a seguir parcialmente reproduzido: 11. Até o anocalendário de 2011, enquanto vigiam para o café os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, os exportadores de café não podiam descontar créditos em relação às aquisições do produto com as suspensões previstas nos incisos I e III do art. 9º. [...]. Por outro lado, havia direito ao creditamento nas aquisições de café já submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, tendo em vista que sobre a receita de venda do café submetido a esta operação não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art. 9º, § 1º, II, da Lei nº 10.925, de 2004). Portanto, até o final do ano de 2011, a obrigatoriedade do regime suspensivo somente se aplicava as receitas das cooperativas de produção agropecuária, provenientes da venda do café em grão não submetido ao processo de produção agroindustrial, definido nos então vigentes §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei 10.925/2004, desde que vendidos para as pessoas Fl. 640DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A 34 jurídicas do regime não cumulativo, que exercessem a atividade agroindustrial e utilizassem o referido produto como insumo na fabricação de produtos destinados à alimentação humana ou animal, obrigatoriamente. Este é o entendimento que se extrai do caput do art. 9º da Lei 10.925/2004, combinado com o disposto no art. 4º da Instrução Normativa SRF 660/2006. As demais receitas auferidas pelas cooperativas de produção agropecuárias na venda do café em grão em grão, incluindo as decorrentes da atividade agroindustrial, estavam sujeitas à tributação ou pagamento normal das referidas contribuições. No caso, se as notas fiscais emitidas pelas cooperativas continham anotação de que houve incidência das contribuições sobre a correspondente operação de venda de café em grão e havia fundadas suspeitas, por parte da fiscalização, de que tal anotação não representava a real forma de tributação das respectivas operações de venda, cabialhe o ônus de provar que tais operações estavam, obrigatoriamente, submetidas ao regime de suspensão em comento. Induvidosamente, o simples fato de a recorrente está no regime cumulativo, exercer atividade agroindustrial e utilizar o café adquirido como insumo de fabricação de produto destinado à alimentação humana, embora seja uma condição necessária, por si só, ela não é suficiente para se presumir que todas as compras de cooperativas de produção agropecuária foram realizadas sob regime de suspensão. Essa conclusão, certamente, dependia ainda da prova de que as compras do café em grão foram realizadas de cooperativas de produção agropecuária e não submetidos ao processo de produção agroindustrial, definido nos então vigentes §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei 10.925/2004, o que não foi feito pela recorrente. No caso, somente se tivesse sido provada as duas condições, certamente, restaria demonstrada que as operações de venda em questão teriam sido realizadas sob regime de suspensão da cobrança das referidas contribuições, por força de expressa determinação legal. De outra parte, não teria qualquer efeito tributário a anotação consignada nas referidas notas fiscais de que a respectiva operação de compra e venda fora submetida a regime de tributação normal, haja vista que, a mera anotação no citado documento fiscal, inequivocamente, não tinha o condão de modificar o regime de tributação estabelecido na legislação tributária, especialmente tendo em conta que tal anotação não decorria de exigência legal (não era obrigação acessória) e havia fundadas suspeitas de que tal anotação visava conferir parcela de créditos indevidos das referidas contribuições à recorrente. Assim, na ausência de prova em contrário de que as operações do café em grão estavam, obrigatoriamente, submetida ao regime suspensão da cobrança das referidas contribuições, por expressa determinação legal, não há como ser desconsiderada a prova documental apresentada pela recorrente contendo o registro de que a correspondente operação de venda foi realizada com a tributação normal das referidas contribuições. Com base nessas considerações, fica assegurado à recorrente o direito de apropriarse do valor integral dos créditos calculados sobre o valor das respectivas operações de aquisição do café em grão das cooperativas de produção agropecuária. Em consequência, deve ser restabelecido o direito de dedução da parcela do valor dos créditos glosada, excedente a parcela do crédito presumido agropecuário. III DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, votase pela rejeição das preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer o direito Fl. 641DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10783.907168/201283 Acórdão n.º 3302003.386 S3C3T2 Fl. 624 35 de a recorrente apropriarse do valor integral dos créditos calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 642DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /10/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 19515.722828/2013-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA AFASTAR A INFRAÇÃO. A constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo autoriza o fisco a aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, pelo qual se presume ocorrida a infração de omissão de rendimentos.
Tal presunção somente pode ser afastada mediante a apresentação de documentação hábil que se refira individualmente a cada depósito tido como de origem não comprovada, sendo que a indicação genérica da suposta fonte dos créditos não deve ser acatada para afastar a infração.
PAGAMENTOS SEM CAUSA. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA BENEFICIÁRIA. A existência de pagamento sem causa atrai a incidência do imposto exclusivamente na fonte pagadora, sendo descabida a tributação nas pessoas dos contribuintes beneficiários.
TRANSFERÊNCIA DE VALORES ENTRE CONTAS DE MESMA TITULARIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA. Devem ser excluídos da base de cálculo os depósitos decorrentes de transferências de recursos entre contas do sujeito passivo.
IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DEPOSITANTE PELO FISCO. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTE DE DEPÓSITOS NÃO IDENTIFICADOS. Quando durante o procedimento fiscal o sujeito passivo apresenta documento identificando a pessoa responsável pelo depósito em sua conta bancária, mesmo que o fisco não concorde com a suposta causa do pagamento, não é cabível a imputação da infração de omissão rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não identificada, mas, se for o caso, a tributação deve se dar sobre os valores envolvidos conforme a classificação dos rendimentos apropriada.
DEPÓSITOS DE FAMILIARES. FALTA DE IDENTIFICAÇÃO DO DEPOSITANTE DURANTE O PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DA CAUSA DO PAGAMENTO DURANTE O CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. Para os depósitos efetuados por familiares e não identificados durante o procedimento fiscal, para os quais o sujeito passivo não conseguiu, durante a discussão administrativa da autuação, justificar a causa do pagamento, deve ser mantido o lançamento.
DEPÓSITOS DE PEQUENA MONTA. TRIBUTAÇÃO. A soma dos depósitos inferiores a R$ 12.000,00 apresenta-se superior a R$ 80.000,00, motivo pelo qual tais créditos devem ser considerados omissão de rendimento pela falta de comprovação da origem dos créditos bancários.
MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO CABAL DA OCORRÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. EXCLUSÃO. Deve ser afastada a multa qualificada quando não se extrai dos autos a comprovação cabal da ocorrência de conduta dolosa do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2402-005.593
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, por maioria, dar-lhe provimento parcial, no sentido de excluir da base de cálculo os valores mencionados na fundamentação constante do voto do Relator, além de reduzir a multa ao patamar de 75% do tributo não recolhido. Vencido o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira que dava provimento em menor extensão, mantendo na base de cálculo do depósito de R$ 5.640.000,00, efetuado em 14/01/2008, por Edson Elias. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson votou pelas conclusões quanto à exclusão deste valor.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, por maioria, dar-lhe provimento parcial, no sentido de excluir da base de cálculo os valores mencionados na fundamentação constante do voto do Relator, além de reduzir a multa ao patamar de 75% do tributo não recolhido. Vencido o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira que dava provimento em menor extensão, mantendo na base de cálculo do depósito de R$ 5.640.000,00, efetuado em 14/01/2008, por Edson Elias. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson votou pelas conclusões quanto à exclusão deste valor. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Recorrente LABIBI ELIAS ALVES DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA AFASTAR A INFRAÇÃO. A constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo autoriza o fisco a aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, pelo qual se presume ocorrida a infração de omissão de rendimentos. Tal presunção somente pode ser afastada mediante a apresentação de documentação hábil que se refira individualmente a cada depósito tido como de origem não comprovada, sendo que a indicação genérica da suposta fonte dos créditos não deve ser acatada para afastar a infração. PAGAMENTOS SEM CAUSA. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA BENEFICIÁRIA. A existência de pagamento sem causa atrai a incidência do imposto exclusivamente na fonte pagadora, sendo descabida a tributação nas pessoas dos contribuintes beneficiários. TRANSFERÊNCIA DE VALORES ENTRE CONTAS DE MESMA TITULARIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA. Devem ser excluídos da base de cálculo os depósitos decorrentes de transferências de recursos entre contas do sujeito passivo. IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DEPOSITANTE PELO FISCO. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTE DE DEPÓSITOS NÃO IDENTIFICADOS. Quando durante o procedimento fiscal o sujeito passivo apresenta documento identificando a pessoa responsável pelo depósito em AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 28 28 /2 01 3- 73 Fl. 1752DF CARF MF 2 sua conta bancária, mesmo que o fisco não concorde com a suposta causa do pagamento, não é cabível a imputação da infração de omissão rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não identificada, mas, se for o caso, a tributação deve se dar sobre os valores envolvidos conforme a classificação dos rendimentos apropriada. DEPÓSITOS DE FAMILIARES. FALTA DE IDENTIFICAÇÃO DO DEPOSITANTE DURANTE O PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DA CAUSA DO PAGAMENTO DURANTE O CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. Para os depósitos efetuados por familiares e não identificados durante o procedimento fiscal, para os quais o sujeito passivo não conseguiu, durante a discussão administrativa da autuação, justificar a causa do pagamento, deve ser mantido o lançamento. DEPÓSITOS DE PEQUENA MONTA. TRIBUTAÇÃO. A soma dos depósitos inferiores a R$ 12.000,00 apresentase superior a R$ 80.000,00, motivo pelo qual tais créditos devem ser considerados omissão de rendimento pela falta de comprovação da origem dos créditos bancários. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO CABAL DA OCORRÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. EXCLUSÃO. Deve ser afastada a multa qualificada quando não se extrai dos autos a comprovação cabal da ocorrência de conduta dolosa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, por maioria, darlhe provimento parcial, no sentido de excluir da base de cálculo os valores mencionados na fundamentação constante do voto do Relator, além de reduzir a multa ao patamar de 75% do tributo não recolhido. Vencido o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira que dava provimento em menor extensão, mantendo na base de cálculo do depósito de R$ 5.640.000,00, efetuado em 14/01/2008, por Edson Elias. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson votou pelas conclusões quanto à exclusão deste valor. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1753DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo acima identificado contra decisão que declarou improcedente a sua impugnação apresentada para desconstituir o Auto de Infração AI que integra o presente processo. Conforme o AI de fls. 1.120 e segs., em procedimento fiscal desenvolvido junto à contribuinte foi constatada a infração decorrente da omissão de rendimentos tributáveis, caracterizada pela existência de depósitos bancários de origem não comprovada. Os fatos que deram ensejo à lavratura encontramse descritos no Termo de Verificação Fiscal TVF de fls. 1.074/1.088, de onde se pode extrair as seguintes informações: a) a ação fiscal teve por escopo a verificação da compatibilidade da movimentação financeira do sujeito passivo e de seu cônjuge (Edevaldo Alves da Siva, CPF 039.587.44834), em contas bancárias mantida em conjunto, no anocalendário de 2008. b) de posse dos extratos bancários, após análises preliminares, o fisco intimou a interessada a comprovar a origem de créditos bancários, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, conforme Termos de Intimação de fls. 123/126; e fls. 414/425. Observese que o cônjuge e cotitular das contas verificadas também foi intimado a comprovar a origem dos créditos, no termos do processo nº 19515.722669/201315. c) com base nos esclarecimentos prestados, a fiscalização reputou comprovada parte dos créditos bancários. Não obstante, permaneceu sem comprovação parcela destes, seja por não terem sido apresentados quaisquer documentos, seja por não ter sido acolhida a justificativa de que grande parte dos créditos decorreriam de devolução de contratos de mútuo celebrados pelo cônjuge. A análise individualizada dos créditos bancários efetuada pela fiscalização encontrase detalhada nas planilhas de fls. 1089/1118. d) A fiscalização reputou inidôneos os documentos apresentados pelo sujeito passivo, a título de comprovação de contratos de mútuo, dando ensejo, além do não acolhimento da justificativa da origem dos créditos bancários, à qualificação da multa de ofício. Apresentada a defesa, a Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil DRJ julgoua improcedente, mantendo integralmente o crédito sob discussão, conforme acórdão de fls. 1.449/1.463. Cientificada da decisão em 11/03/2015 (fl. 1.467), a contribuinte interpôs recurso voluntário em 06/04/2015 (fls. 1.479/1.553), acompanhado dos documentos de fls. 1.554/1.700), onde, após pugnar pelo reconhecimento da tempestividade do recurso e que lhe seja dado efeito suspensivo, apresentou os principais fatos do processo e em apertada síntese alegou que: a) excluídos os valores recebidos a título de salários, todos os demais depósitos bancários efetuados no anocalendário de 2008 foram considerados sem Fl. 1754DF CARF MF 4 comprovação de origem, malgrado tivessem sido apresentados os documentos e esclarecimentos necessários e suficientes para identificação de sua causa; b) dos depósitos de suposta origem não comprovada apurados na conta bancária de titularidade da autuada e de seu cônjuge, num total de R$ 22.364.634,56, cerca de 80% foram devidamente justificados como sendo R$ 11.220.022,39 provenientes de devoluções de mútuo (R$ 10.120.022,09 Faculdades Metropolitanas Unidas Associação Educacional FMU e R$ 1.110.000,00 Associação de Cultura e Ensino ACE) e R$ 6.621.000,00 relativos a transferências efetuadas por familiares, totalizando a quantia de R$ 17.841.022,39; c) os 20% restantes são na maior parte recursos de terceiros, exclientes do escritório de advocacia da recorrente e outra grande quantidade diz respeito a depósitos de valores inferiores a R$ 1.000,00, inclusive um depósito de apenas R$ 10,00, os quais decorreram de devolução de trocos de empregados domésticos e seguranças; d) apesar da farta documentação acostada, da doutrina e da jurisprudência citadas na defesa, a Turma da DRJ manteve um lançamento sem lastro em provas materiais e fruto de mera presunção; e) como o fisco confirmou que a maioria dos depósitos efetuados nas contas da recorrente tinham origem, não é cabível o lançamento com base no art. 42 da Lei n.º 9.430/1996; f) para os depósitos que não se referiam a devoluções de mútuo e operações com familiares, a recorrente empreendeu esforços no sentido de comproválos, como se pode ver da carta encaminhada ao Bradesco (fls. 427/428); g) acerca dos depósitos inferiores a R$ 1.000,00, referemse a devoluções feitas por empregados relativas a valores recebidos para fazer frente a despesas efetuadas no interesse dos patrões, quando o gasto era inferior à quantia entregue; h) outros valores não comprovados se referem a quantias pertencentes a pessoas que foram representadas pela recorrente e seu marido em processos judiciais; i) a fim de demonstrar que a exação fiscal combatida está em descompasso com a legislação de regência e em desconformidade com a verdade material, passa a analisar e comprovar a origem dos depósitos bancários e a efetividade das respectivas operações. 1. Devoluções de mútuo feitas pela FMU A RFB, ao fiscalizar esta entidade, comprovou de forma cabal a origem dos depósitos provenientes das devoluções de mútuo, com coincidência de datas e valores levados a débito nas contas bancárias da FMU e crédito nas contas bancárias da recorrente. Os mesmos valores foram tributados nas pessoas físicas dos mutuantes e, poucos dias depois, na pessoa jurídica mutuária, esta com base nos arts. 674 e 675 do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/99, os quais preveem tributação exclusiva na fonte, com incidência única e definitiva, nos termos do PAF n.º 19515.723069/201366. Em razão deste fato relevante superveniente, a recorrente requereu que o processo de débito contra a pessoa jurídica fosse juntado aos presentes autos, de modo que Fl. 1755DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 4 5 fossem excluídas da exação fiscal as parcelas submetidas à tributação exclusiva na fonte, conforme DOC 02 e discriminativo apresentado no corpo do recurso. Acrescenta que no julgamento do processo n.º 19515.723069/201366 (autuação contra a FMU), a DRJ elaborou planilha com todos os mútuos celebrados, dos quais a maior parte foi considerada como comprovada, conforme se extrai de transcrição daqueles autos. Com base nos dados apresentados pela DRJ, menciona que as operações de mútuo efetuadas com a FMU nos anoscalendário de 2005 e 2006 foram em número de sete, sendo quatro pelo mutuante Eduardo, uma pelo mutuante Edson e duas pelos mutuantes Labibi e seu marido (Edevaldo). Afirma que as operações efetuadas por Eduardo foram devidamente comprovadas em recurso apresentado por este no PAF n.º 19515.723017/201217, do qual transcreve argumentos e junta provas aos presentes autos. Para comprovar a efetividade do mútuo efetuado por Edson junta cópia do cheque emitido por este em favor da FMU, onde no verso consta a expressão que se trata de empréstimo, além de cópia de comprovante de depósito em conta bancária da entidade. Com relação ao mútuo realizado por Edevaldo (cônjuge da autuada) em 28/06/2006 no valor de R$ 1.350.000,00 anexa folha do Razão Contábil Analítico, da conta Contratos de Mútuo (DOC. 13), onde consta o valor entregue a este título, com discriminação do número do cheque, nome do banco sacado, nome do emitente, data e valor. Quanto ao empréstimo de 29/11/2006, no valor de R$ 2.400.000,00, também efetuado por Edevaldo, foram juntados os seguintes documentos: 1) DOC. 14 extrato da conta corrente, mantida pelo mutuante junto ao Banco Safra, onde consta a compensação do cheque n.º 000902, no valor de R$ 2.400.000,00, em 29/11/2006; 2) DOC. 15 folha do Razão Contábil Analítico, onde se acha lançada a referida operação; Segue trazendo explicações sobre razões que levaram a DRJ a desconsiderar contratos de mútuo realizados com a FMU e lançados em planilha do PAF 19515.723069/201366 (lavratura de IRRF contra a pessoa jurídica). O valor de R$ 30.000,00 emprestado pela autuada em 22/11/2007 pode ser comprovado mediante o DOC. 16 (registro do Razão Analítico) e DOC. 17 (extrato da conta bancária da FMU). O empréstimo efetuado por Edevaldo em 28/11/2007 no valor de R$ 85.000,00 resta comprovado mediante os DOC. 18 ((registro do Razão Analítico) e DOC. 19 (extrato da conta bancária da FMU). Afirma que a coincidência de datas e valores estão a corroborar os lançamentos contábeis, não cabendo a sua desconsideração apenas pela falta do nome do depositante. Fl. 1756DF CARF MF 6 Os contratos de mútuo de R$ 150.000,00 (04/12/2007) e R$ 650.000,00 (04/01/2008), ambos feitos por Edevaldo não foram acatados em razão da falta de data nos extratos apresentados, todavia, esta justificativa não se sustenta. O DOC. 20 comprova o débito de R$ 150.000,00 na conta bancária no mutuante e na mesma data consta do extrato da mutuária a entrada de idêntico valor (DOC. 21). Em 04/01/2008 consta do extrato bancário de Edevaldo (DOC. 23) o débito de R$ 650.000,00, valor depositado na mesma data na conta da FMU junto ao Bradesco, conforme DOC. 22. Quanto ao empréstimo efetuado por Edevaldo em 20/12/2007, no valor de R$ 100.000,00 foi apresentada cópia do Diário Geral, onde na fl. 2055 consta o lançamento que permite comprovar a efetividade do empréstimo (DOC. 25). Um suposto empréstimo de 100.000,00 efetuado em 04/01/2008 inexistiu, tratandose de uma devolução de mútuo em 07/01/2008, conforme comprova o Razão Contábil Analítico (DOC. 26). Advoga que restaram, portanto, comprovadas todas as operações de mútuo com a FMU, com clara indicação das saídas de recursos das contas bancárias das pessoas físicas mutuantes e os respectivos ingressos na conta da pessoa jurídica, em todas havendo coincidência de datas e valores. Para reforçar o conjunto probatório foi acostada declaração do Diretor Presidente da FMU com firma reconhecida (DOC. 24), onde atesta a existência dos mútuos, afastando por completo a tese de não acatamento das justificativas pela falta de sua assinatura nos instrumentos de contrato. Sustenta que em razão da abundância e consistência das provas apresentadas deve ser afastada a tributação nas pessoas físicas dos depósitos que tiveram por origem as devoluções de mútuo efetuadas pela FMU. 2. Devoluções de mútuo feitas pela ACE Assegura que para comprovar as devoluções de mútuos havidos com a ACE Associação de Cultura e Ensino foram apresentados os extratos das contas bancárias desta, onde constam os débitos correspondentes às devoluções coincidentes em datas e valores com os créditos nas contas correntes da autuada e de seu marido, conforme enumera no corpo do recurso. Entende que comprovada a origem, cai a presunção do art. 42 da lei n.º 9.430/1996, todavia, trouxe outros documentos em reforço as suas alegações: a) Cópia do Razão Analítico para comprovar a transferência em 28/06/2006 do valor de R$ 500.000,00 de Edevaldo para a ACE a título de mútuo (DOC. 30); b) Cópia de extrato da conta de Edevaldo (DOC. 31) e cópia do Razão Analítico (DOC. 32) para comprovar a transferência de R$ 800.000,00 em 29/11/2006 a título de mútuo de Edevaldo para a ACE. Fl. 1757DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 5 7 Segue indicando outros supostos repasses a título de mútuo da autuada e seu cônjuge para a ACE, sempre indicando o valor, a data e a prova apresentada que consiste no extrato bancário da pessoa física e extrato da conta da pessoa jurídica. 3. Transferências de familiares Alega que ficou comprovado que diversos depósitos em conta bancária do seu marido foram efetuados por familiares. Para comprovação teriam sido entregues à fiscalização os documentos comprobatórios. A autoridade lançadora, mesmo reconhecendo como comprovada a origem de cinco depósitos, o que afasta a presunção do art. 42 da Lei n.º 9.430/1996, efetuou o lançamento com base neste dispositivo legal. A não aceitação decorreu da suposta falta de indicação da causa de transferência do valor efetuada por Edson (filho) ou por não se ter a prova do débito na conta da pessoa que teria feito o depósito. Para comprovação do depósito de R$ 5.640.000,00 juntase extrato da conta bancária de titularidade do filho Edson, onde se constata esta saída em 14/01/2008 (DOC. 61), a qual guarda correspondência com a entrada na conta de Edevaldo, conforme DOC. 62. Quanto aos depósitos efetuados na conta de Edevaldo em 19, 20, 24 e 25 de 03/2008, foram entregues ao fisco declarações prestadas pelos dois filhos Edson e Eduardo e pela esposa com firmas reconhecidas, onde se discrimina os números dos cheques emitidos para depósito, os valores, datas e número da conta corrente, banco e agência, conforme documentos de fls. 1069/1071 dos autos. Diante da exigência de comprovação dos débitos nas contas dos filhos foram obtidos os extratos destes conforme indicase em quadro lançado no corpo do recurso, fazendo se referência às provas colacionadas. No seu entender fica confirmada e cabalmente comprovada a origem dos depósitos feitos em favor de Edevaldo por seus filhos e esposa, num total de R$ 6.621.000,00. j) cita jurisprudência do CARF, onde estaria consagrada a diretriz interpretativa de que, uma vez identificada a origem dos depósitos, descabe ao fisco valerse da presunção constante no art. 42 a Lei n.º 9.430/1996; k) ao contrário do que ficou consignado no TVF, a recorrente atendeu dentro do prazo a todas as intimações que lhe foram endereçadas; l) não é razoável que o fisco exija que as pessoas físicas apresentem livros, documentos e outras provas de propriedade de pessoas jurídicas ligadas; m) apesar do TVF mencionar divergências entre os extratos apresentados e as DIMOF, ao final restou esclarecido pelo Banco Safra que os extratos apresentados pela contribuinte representavam fielmente toda a sua movimentação bancária; n) os recibos de quitação de mútuo devem ser aceitos com a força probatória suficiente para afastar a acusação, posto que dão a quitação do principal e foram entregues Fl. 1758DF CARF MF 8 juntamente com cópias de cheques e todos os elementos necessários à perfeita identificação do beneficiário, do banco sacado, do número do cheque, data, valor, etc. o) por não ter havido o pagamento de juros, por parte das mutuárias, inexiste hipótese de incidência do imposto de renda na fonte, posto que o fato gerador, para as pessoas físicas, ocorre com o recebimento do rendimento; p) o fato dos fiscalizados terem assinado os contratos de mútuo, um na condição de mutuante, o outro como representante da pessoa jurídica mutuária, em absoluto pode ser causa de desconsideração do negócio jurídico, posto que os instrumentos refletem a realidade dos fatos; r) a ação fiscal foi desencadeada para verificar o anocalendário de 2008, todavia, o fisco estendeu a verificação aos anos de 2006 e 2007, estes já atingidos pela decadência e ao ano de 2009, além de que houve ampliação do objeto fiscalizado, com pesquisa sobre o pagamento de juros e até supostos "estouros de caixa". Esses fatos representam claro atropelo ao princípio do devido processo legal; s) a falta de assinatura do Diretor Superintendente nos contratos de mútuo deixa de ser relevante diante da declaração prestada por este, além de que se os valores transitaram pela conta da entidade mutuária, aquele Diretor tinha total ciência da origem dos recursos; t) nos termos da jurisprudência do CARF e nos Pareceres Normativos n.º 57/1979 e n.º 02/1996 as apropriações de receitas e despesas com inobservância ao regime de competência, somente ensejam lançamento tributário quando resultarem em redução indevida ou postergação do pagamento do imposto. Assim, o mero fato das entidades não haverem contabilizado os juros em obediência ao regime de competência, não autoriza o lançamento; u) a multa qualificada somente pode ser aplicada quando há prova material da fraude, não bastando meras inferências ou alegações, nem a vaga afirmação de que, em tese, teria existido conduta dolosa. Apresenta precedentes que abonariam esta tese. Ao final, requer a declaração de insubsistência do lançamento ou, ao menos, o afastamento da multa qualificada. Posteriormente, foi atravessada petição de fls. 1.704 e segs. requerendo a juntada aos autos de cópia do PAF relativo à exigência de IRRF na entidade FMU. Sem contrarrazões os autos vieram a julgamento. É o relatório. Fl. 1759DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Relator Admissibilidade O contribuinte tomou ciência da decisão recorrida em 11/03/2015 (fl. 1.467), tendo apresentado a peça recursal em 06/04/2015 (fl. 1.479), portanto, verificase a sua tempestividade. Por terem sido atendidos os demais requisitos legais, deve ser conhecido o recurso. Devoluções de contratos de mútuo Esta parte da acusação consta do item 5.3 do TVF, fls. 1.077 e segs. Segundo a autoridade lançadora a contribuinte informou que o seu cônjuge manteve com a FMU e ACE, entidades a ele ligadas, nas quais figurava, à época e atualmente, como presidente e ela como diretora, contratos de mútuo, em que Edevaldo seria o mutuante. Parte dos depósitos teria sido justificada como devoluções desses empréstimos. Para não acatar esta justificativa, o fisco mencionou que os históricos dos lançamentos bancários não identificam o depositante, além de que não houve a apresentação dos extratos bancários das mutuárias, nem outro documento hábil a possibilitar a verificação da coincidência de valor e data dos depósitos, de modo a comprovar cabalmente a origem destes. Acerca dos 124 recibos firmados por Edevaldo e apresentados para justificar a origem dos depósitos, a auditoria afirmou que, apesar de emitidos com data e valor coincidentes com os depósitos, não seriam hábeis a comprovar a quitação dos mútuos pelas seguintes razões: são documentos padronizados, mesmo emitidos por duas entidades distintas; foram assinados pelo interessado e não há como verificar a época em que foram produzidos; são omissos quanto à conta bancária onde foi feito o crédito, bem como quanto à forma de quitação (cheque, transferência bancária, espécie, etc.); trazem contradição ao afirmar que o mutuante não renuncia aos acréscimos de juros e demais encargos, todavia, as mutuárias informam que pagaram apenas o principal; também não identificam os contratos a que se referem. Para autoridade lançadora, os documentos a que a contribuinte se referiu como "cópias de cheques" não são documentos bancários, mas papéis produzidos pelas empresas mutuárias, além de que há várias divergências entre os mesmos e os extratos bancários, conforme relatado no item 5.3.2.2 do TVF. Concluise então que não se prestariam a comprovar os depósitos. Fl. 1760DF CARF MF 10 Segundo o fisco, a contribuinte apresentou como prova para justificar os depósitos, 32 instrumentos particulares de mútuo, com juros fixos de 1,5% a.m., com prazos variando de 4 meses a 1ano, os quais teriam sido celebrados no período de junho de 2006 a novembro de 2008. Nos documentos aparecem a contribuinte como mutuante e as entidades FMU e ACE na qualidade de mutuárias. Para o fisco, tais instrumentos de contrato não teriam aparência de fidedignos. Afirma que apesar de pactuados num lapso de 2 anos apresentam a mesma forma de digitação, inclusive a fonte, além de conterem idênticas cláusulas, a exceção do valor e do prazo. Não apresentam testemunhas e nenhuma autenticação que pudesse indicar a data em que foram assinados. As únicas firmas reconhecidas são da autuada e do seu cônjuge, que assinaram como mutuantes e representante das mutuárias. Quanto aos juros fixados, a auditora menciona que, malgrado a grande variação da taxa de juros de mercado no período de 2006 a 2008, todos os contratos preveem a mesma taxa de 1,5% a.m. Por outro lado, não foi localizado qualquer indício de pagamento de juros no período de vigência dos contratos, seja na contabilidade das mutuárias ou retenção de imposto de renda sobre tais quantias. A autoridade lançadora menciona também que a contribuinte foi intimada a vincular cada depósito ao respectivo pagamento de mútuo, todavia, não atendeu a esta solicitação, tendo entregue planilha mencionando apenas os contratos e os pagamentos, sem fazer a vinculação. O fisco então fez simulação dos pagamentos com os contratos mais antigos, tendo verificado excesso de pagamentos para as duas mutuárias, conforme demonstrado no item 5.3.2.3, alínea "b", do TCF. Considerando que o estatuto da FMU prevê a assinatura do Diretor Superintendente em todos os documentos que importem em obrigações para a entidade, a falta de assinatura deste nos contratos de mútuo em destaque também é motivo para não aceitação dos documentos como comprobatórios dos depósitos efetuados em nome dos contribuintes. No item 5.3.2.4 do TVF há ainda a indicação de desconformidade contábil no registro dos mútuos, posto que não se lançou os juros a vencer, desrespeitandose, assim, o Princípio Contábil da Competência. Concluise que a escrituração contábil apresentada conteria vícios, impedindo que fosse aceita como prova em favor da contribuinte, nos termos do art. 923 do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/99. Por fim, mencionase que os próprios fiscalizados são quem assinam os termos de abertura e encerramento dos livros fiscais apresentados, além de que as entidades mutuárias deixaram de atender a intimações efetuadas em diligência fiscal, procurando dificultar o acesso aos arquivos contábeis em meio magnético. Feito este apanhado dos principais fatos ocorridos durante o procedimento de fiscalização, já é possível apreciar se cabível a aplicação do art. 42 da Lei n.º 9.430/1996 sobre os depósitos que teriam sido justificados como quitação de empréstimos. A meu ver sim, posto que não houve a perfeita vinculação dos depósitos às supostas parcelas de amortização de mútuos. Como bem narrado no relato do fisco, nos extratos bancários relativos às contas fiscalizadas não é identificado o depositante, além de não terem sido apresentados os extratos bancários das entidades FMU e ACE, de forma a vincular as saídas de suas contas correntes com os créditos nas contas da contribuinte. Fl. 1761DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 7 11 Aliado a isso há toda uma apreciação dos documentos exibidos pela autuada, onde todas as inconsistências relatadas, pelo menos durante o procedimento fiscal, não traziam confiabilidade suficiente para a comprovação da justificativa alegada. É cediço que a partir de 01/01/1997 a disciplina da tributação dos depósitos bancários passou a ser dada pelo art. 42 da Lei n.º 9.430/1996 (alterado pela Lei n.º 9.481/1997), que traz a seguinte redação: "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. §5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. §6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares." Fl. 1762DF CARF MF 12 Observase que o legislador estabeleceu, a partir da referida data, uma presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram por instituições financeiras em nome do contribuinte, ou seja, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade de o fisco juntar qualquer outra prova. Na hipótese ventilada no caput do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o encargo probatório decorrente da presunção legal em debate revertese em desfavor do contribuinte, que necessita demonstrar com documentos hábeis e idôneos a origem jurídica dos rendimentos transitados pela sua conta bancária para se por a salvo da tributação do Imposto de Renda. Tratase assim de uma presunção relativa que admite prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Todavia, a presunção legal somente é afastada quando são carreados elementos probatórios que permitam a identificação da fonte do crédito, o seu valor e a data além, principalmente, da demonstração inequívoca da causa pela qual os créditos foram efetuados na conta corrente. Cada crédito em conta corrente deve ter íntima relação com a fonte dos recursos que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor, não se acatando comprovações que indiquem determinado documento para justificar a existência de vários depósitos. É de se ver que o ônus desta prova recai exclusivamente sobre o contribuinte, não bastando, para tal mister a simples apresentação de negativa geral ou afirmações genéricas acerca da origem dos recursos. Há estrita necessidade de que as provas refiramse a documentação hábil e idônea que possua vinculação inequívoca com os depósitos/créditos bancários. Passando ao caso concreto, verificase que o sujeito passivo não conseguiu com os documentos apresentados durante a ação fiscal demonstrar inequivocamente a existência dos mútuos e que os depósitos identificados nos seus extratos bancários estariam vinculados a pagamentos efetuados pelas supostas mutuárias. A falta de prova da saída dos recursos das contas das entidades FMU e ACE, aliada a não coincidência entre os valores devidos e as quantias depositadas é ponto crucial, que me leva ao entendimento de que não houve naquele momento a cabal comprovação da origem dos depósitos. Diante disso, é perfeitamente aplicável o dispositivo indicado pelo fisco para fundamentar a autuação na parte que se quis justificar os depósitos como pagamentos de mútuos. Assim, devo passar ao momento posterior à fiscalização, ou seja, ao contencioso administrativo, de modo a verificar se as provas carreadas com a defesa foram suficientes para afastar a presunção legal corretamente utilizada pela autoridade fiscal. A DRJ, baseandose nas evidências apresentadas pelo fisco, concluiu ser procedente o lançamento no que toca à infração decorrente de omissão de rendimentos pela falta de comprovação da origem dos depósitos que o sujeito passivo alegou serem devoluções de contratos de mútuo. Embora no recurso tenham sido apresentados extratos bancários das entidades FMU e ACE e cópias de demonstrativos contábeis, que indicariam a saída dos Fl. 1763DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 8 13 recursos destas para as contas da autuada, o órgão recorrido firmou o entendimento que a causa jurídica para os pagamentos não restou suficientemente comprovada em razão da fragilidade probatória relacionada aos contratos de mútuo. Assim, conclui a DRJ que não basta comprovar a transferência financeira, sendo necessária a indicação de uma causa jurídica consistente, o que não teria conseguido trazer aos autos a contribuinte. Em relação aos depósitos efetuados pela FMU, em sede de recurso o sujeito passivo trouxe como fato relevante e superveniente a fiscalização empreendida pela RFB nesta entidade, onde teria ficado comprovado de forma cabal a origem dos depósitos provenientes de devoluções de mútuo. Afirma que nesta ação fiscal, concluída menos de um mês após o encerramento daquela que deu ensejo à lavratura ora apreciada, as devoluções de mútuo foram novamente tributadas na pessoa jurídica mutuária com base nos arts. 674 e 675 do RIR/99, que preveem a tributação exclusiva na fonte, conforme o PAF n.º 19515.723069/201366. Tal fato implicaria na insubsistência da autuação combatida nos presentes autos. Coincidentemente este processo foi julgado por essa mesma Turma, na sessão ocorrida em 14/06/2016, tendose concluído que os pagamentos para a quitação de supostos mútuos efetuados pela autuada, seu cônjuge e os filhos Edson e Eduardo, deveriam sofrer a tributação do imposto de renda na fonte, por falta de comprovação da causa do pagamento. Considerandose que a tributação naquele processo incluiu os mesmos depósitos efetuados em nome da autuada e de seu cônjuge e que compõe este processo, entendo que não pode subsistir os valores aqui lançados. Isto porque a tributação feita com base no art. 674 do RIR/99 é feita exclusivamente na fonte. Peço licença, para transcrever o voto trazido na ocasião pelo I. Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci, o qual fundamenta com maestria esta impossibilidade de tributação em duplicidade nestes casos: " 3 Dupla incidência Segundo a recorrente, o Relatório Fiscal informa que as devoluções de mútuo, supostamente consideradas como remunerações pagas sem causa, já haviam sido tributadas nas pessoas físicas que receberam ditas devoluções, de forma que, no seu entender houve dupla tributação do imposto de renda. Nesse contexto, ela entende que devem ser excluídas da tributação do IRRF as importâncias já submetidas à tributação nas pessoas físicas, sob pena de dupla tributação e flagrante ofensa à ordem jurídicotributária brasileira. Contudo, e ao contrário do que alega a recorrente, não devem ser excluídas da incidência do IRRF as importâncias alegadamente tributadas nas pessoas físicas. O art. 674 do Regulamento (art. 61 da Lei nº 8.981/1995), cuja redação segue abaixo, estabelece que a tributação é feita exclusivamente na fonte pagadora, e não no beneficiário do pagamento, o que exclui a plausibilidade da tese invocada no recurso. Art.674.Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, Fl. 1764DF CARF MF 14 ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61). §1ºA incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, §1º). §2ºConsiderase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, §2º). §3ºO rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, §3º). Na dicção do inc. I do art. 83 do Regulamento, os rendimentos tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva nem mesmo compõem a base de cálculo do imposto na declaração do contribuinte. Entretanto, é indubitável que os alegados pagamentos sem causa não poderiam ser tributados nas pessoas físicas a título de depósitos ou créditos sem comprovação de origem, pois a referida origem estaria evidenciada nestes autos (operações de mútuo ou pagamentos sem causa), faltando o suporte fático do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Nesse contexto, a existência de pagamento sem causa atrai a incidência do imposto exclusivamente na fonte pagadora, e não nas pessoas dos contribuintes, de forma que o lançamento feito nas pessoas dos contribuintes poderia estar equivocado, mas não o contrário." Feitas essas considerações, encaminho para que sejam excluídas da base de cálculo os valores relativos aos depósitos efetuados pela FMU em contas bancárias de titularidade da autuada e seu cônjuge. Esses valores podem ser obtidos na coluna "Valor" do Anexo IIB (fls. 7.683/7.689) do PAF n.º 19515.723069/201366, de onde devem ser computados como dedução da base de cálculo o montante equivalente a 50% das quantias depositadas nas contas de Labibi Elias e Edevaldo Silva, posto que no lançamento sob apreciação foram computados os rendimentos auferidos apenas por Labibi, que figurava como cotitular das contas bancárias, conforme exposto acima. Em relação aos depósitos efetuados pela ACE, observase que o sujeito passivo para comprovar a alegada devolução de mútuo juntou os extratos da entidade onde constam débitos relativos a emissão de cheques em todas as datas indicadas pelo fisco, a exceção dos depósitos efetuados em 15/08/2008, onde do extrato somente é possível inferir que os débitos a conta da ACE ocorreram antes do dia 18/08/2008. Foram providenciados também documentos para comprovar a entrega dos recursos pelos mutuários nas contas da mutuante. Apresentamse registros na contabilidade da ACE, bem como extratos bancários da autuada e de seu marido, com a saída do numerário correspondente. A meu ver essa documentação não é hábil a comprovar o alegado, posto que não permite verificar a qual empréstimo corresponde uma dada devolução. É que não houve a juntada dos registros contábeis da entidade referentes aos supostos pagamentos dos mútuos. Fl. 1765DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 9 15 Essa necessidade fica muito evidente quando nos deparamos com a afirmação do TVF de que não há uma correspondência entre as quantias pagas e aquelas devolvidas, havendo um excesso de pagamentos em relação aos supostos mútuos. É de se ressaltar que esse argumento do fisco, apresentado no afã de dar mais substância as suas conclusões foi mencionado no TVF, não havendo o que se falar em prejuízo ao direito de defesa da autuada, posto que esta teve a plena oportunidade de se contrapor a conclusão da autoridade fiscal. É bom que se diga que a recorrente aponta que os valores emprestados seriam superiores aos devolvidos, todavia, isso ocorreu porque foram inseridos no seu demonstrativo supostos mútuos efetivados após 15/08/2008, data a partir da qual não houve mais nenhuma inclusão na base de cálculo do lançamento de depósitos não comprovados relativos a repasses que na defesa comprovouse terem sido feitos pela ACE. Assim, não havendo como se comprovar a correspondência entre os depósitos e os contratos de mútuo, há de prevalecer a presunção de omissão de rendimentos. Depósitos efetuados por familiares Aproveito para transcrever quadro utilizado no próprio recurso para apresentar as parcelas tributadas que o sujeito passivo tentou justificar como depósito efetuados por familiares. Para o depósito efetuado em 14/01/2008, o próprio fisco já indicou no TVF que reconhecia a origem, mas não o acatava pelo fato do contribuinte mencionar que se tratava de aquisição de direitos creditórios relativos a contratos de mútuos que o fisco entendeu não terem sido comprovados. É o que se infere do seguinte trecho do arrazoado fiscal: Fl. 1766DF CARF MF 16 Como se percebe, desde a fase de apuração que o fisco já demonstrava saber origem do depósito, não tendo aceitado por entender que lhe faltaria a causa jurídica da transferência. A justificativa do contribuinte também restou afastada pela DRJ, pelo mesmo entendimento da autoridade lançadora, como se pode ver do excerto do voto condutor do acórdão: "k) Quanto à alegação de que os créditos bancários originários de devolução de mútuo não somariam R$ 16.860.022,00, conforme consignado no termo de Verificação Fiscal, e sim R$ 11.220.022,39; cuja diferença de R$ 5.640.000,00 corresponde a depósito efetuado por seu filho Edson Elias Alves da Silva, em 14/01/2008, de modo que a origem teria sido comprovada como operações familiares, essa tese também não merece acolhida. Com efeito, o afastamento da presunção de omissão de rendimentos requer a prova, estreme de dúvidas, da natureza jurídica do crédito bancário, de modo a aferir tratarse ou não de rendimentos tributáveis, o que não ficou demonstrado. Por oportuno, registrese, ainda, que a inclusão desse crédito no rol daqueles analisados sob o enfoque da justificativa de que teriam origem em devolução de mútuo decorreu do fato de que o contribuinte justificou, no curso da ação fiscal, tratarse de pagamento efetuado pelo filho em vista da aquisição de direitos creditórios que o sujeito passivo teria em face da FMU (vide Termo de Verificação Fiscal às fls. 1077), em vista dos contratos de mútuo já referidos. Com efeito, se a fiscalização não admitiu verossímil as provas apresentadas pelo sujeito passivo, alusiva aos referidos contratos de mútuo, fato corroborado nesse voto; estes não se prestariam, também, a esclarecer a natureza jurídica do crédito bancário relativo ao depósito efetuado pelo filho." Ao meu ver para esse depósito tem razão à recorrente, posto que não caberia a presunção instituída no art. 42 da Lei n.º 9.430/1996, uma vez que o já citado dispositivo é aplicável aos casos em que o fisco não tem como ter certeza de onde se originou o depósito questionado. No momento que o sujeito passivo identifica o depositante, é de se imputar, se cabível, a ocorrência da infração de omissão de rendimento recebido de pessoa física ou jurídica. Esse entendimento expressei aqui na reunião do mês passado, quando proferi voto no processo n.º 13864.000242/201065, expressando a seguinte diretriz interpretativa: " Uma primeira questão que se revela essencial para o deslinde desse ponto do recurso diz respeito à possibilidade do fisco fundamentar o lançamento na omissão de rendimentos decorrente de depósitos bancários não identificados nas situações em que durante a apuração tomase conhecimento das pessoas que efetuaram os depósitos em conta bancária do sujeito passivo. Entendo que esse matéria há de necessariamente apreciada, posto que embora o sujeito passivo não a tenha suscitado diretamente com pedido de reclassificação de rendimentos, é inconteste que foi manifestado o seu inconformismo contra a presunção de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei n.º 9.430/1996. Fl. 1767DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 10 17 A meu ver, havendo a identificação do(s) depositante(s), há de se investigar a causa do pagamento, que se não for acatada pelo fisco dará ensejo a lançamento decorrente de omissão de rendimentos recebidos de pessoa física ou jurídica. Observese que no caso sob enfoque, o TCF apresenta expressamente que houve a identificação dos depositantes, mediante extratos bancários e declaração do Sr. Valdécio Aparecido Costa, suposto comprador do imóvel, que inclusive, informou a operação na sua DIRPF. Eis o que afirmou a autoridade lançadora: " Relativo a alienação copia reprográfica autenticada do ´Instrumento Particular de Compromisso,de Compra e Venda de Imóvel´ de 07/02/2007 referente transferência de Mario Fumio Aoki para Valdecio Aparecido por R$ 3.000.000,06 (fls. 411 a 415). Apresentouse também copia reprográfica autenticada de ´Declaração´, emitida, extemporaneamente, pelo Comprador `Valdecio Aparecido Costa´ em 14/09/2009 (fls 416) onde se atesta a efetivação desta transação. Cabe ressaltar, que a assinatura contida na ´Declaração´ teve ´firma reconhecida´ em cartório somente em 19/10/2009. Alem disto, apresentouse copias: de folhas de extratos bancários contendo depósitos pertinentes ao caso, além de "Comprovante de Inscrição no CNPJ" das empresas 'NSA FOODS Comercio de Alimentos Ltda´, ´NSA Vale Comercio de Alimentos Ltda´,' NSA Comercio de Alimentos SJC Ltda´ e , 'Comprovante de Inscrição no CPF´ e ´Situação Cadastral´ de Valdécio Aparecido Costa (fls. 417 a 431)." (grifos originais) Nesse sentido, a rigor não há o que se falar em depósitos de origem não comprovada, posto que o fisco tinha conhecimento dos nomes das pessoas físicas e jurídicas que efetuaram os depósitos em conta corrente pertencente ao autuado." Deve, portanto, ser excluído da base de cálculo o valor do depósito efetuado por Edson Elias Alves da Silva, em 14/01/2008, na quantia de R$ 5.640.000,00. Quanto aos demais depósitos a solução a ser dada é diferente. Posto que para os mesmos não havia a efetiva comprovação da origem dos depósitos por faltar o comprovante da saída da conta dos depositantes. Vêse que nesses casos, o fisco se vê impossibilitado de classificar o rendimento sendo obrigado a se valer da presunção do art. 42 da Lei n.º 9.430/1996. Nesta situação, caberia ao sujeito passivo apresentar no bojo do contencioso fiscal a comprovação da origem, bem como da causa jurídica do pagamento, de modo a afastar a presunção relativa em que se apoiou o lançamento. Se não há a comprovação da natureza do depósito durante o procedimento fiscal, porém, durante o contencioso o sujeito passivo apresenta os documentos pertinentes, pode o órgão julgador acatar ou não esta documentação. Caso entenda que não há justificativa aceitável para a origem do crédito bancário, deve manter o lançamento, uma vez que o sujeito passivo não conseguiu afastar a presunção relativa de omissão. Se, ao revés, concluir que as provas atestam a causa do depósito, o lançamento há de ser declarado improcedente. Neste caso, vejo que foram apresentados na defesa e no recurso declarações dos depositantes, acompanhadas dos extratos das contas bancárias dos depositantes, afastando assim, a falta de origem, todavia, não houve a justificativa de que título os valores foram Fl. 1768DF CARF MF 18 transferidos. De se concluir que o lançamento deva ser mantido em relação aos depósitos efetuados pelos filhos, todavia, há de ser afastado para os depósitos que tiveram origem em contas correntes da própria autuada, posto que não há de se fazer incidir imposto de renda da pessoa física sobre transferências entre contas correntes com mesma titularidade. Afastese, portanto, da base de cálculo os seguintes depósitos: DATA VALOR (R$) PROVA DO RECURSO 19/03/2008 90.000,00 / 2 = 45.000,00 DOC. 68 20/03/2008 95.000,00 / 2 = 47.500,00 DOC. 69 24/03/2008 85.000,00 / 2 = 42.500,00 DOC. 68 25/03/2008 95.000,00 / 2 = 47.500,00 DOC. 68 Demais valores Quanto aos demais depósitos que o sujeito passivo insiste se referirem à devolução de valores repassados a empregados e depósitos por conta de terceiros, não há como afastálos da tributação, posto que não foi trazido na defesa ou no recurso sequer a comprovação da sua origem, devendo prevalecer a presunção adotada pelo fisco. Com efeito o fisco agiu dentro das balizas legais ao considerar como não comprovados depósitos de pequena valor, isto porque, como bem se disse na decisão atacada, a legislação aplicável não autoriza a fiscalização excluir valores inferiores a R$ 1.000,00, do computo da infração, quando a soma destes com os demais depósitos de valor inferior a R$ 12.000,00 superem R$ 80.000,00. Neste caso, não se pode aí falar em excessivo rigor tributário, mas sim que o fisco mantevese fiel às normas de regência. Multa qualificada A justificativa do fisco para aplicação da multa qualificada no patamar de 150% do imposto não recolhido foi a prática de fraude, pelo fato do sujeito passivo haver tentando justificar a origem dos depósitos com contratos de mútuos supostamente fraudulentos O contribuinte adverte que não houve a cabal demonstração pelo fisco da ocorrência de conduta dolosa tendente a suprimir ou retardar o pagamento de tributo, o que afastaria a imposição da multa exacerbada. A DRJ manteve a multa qualificada ao argumento de que o fisco teria conseguido demonstrar a ocorrência de simulação nos contratos de mútuo. Afirmase no acórdão recorrido que a imposição da penalidade qualificada está em perfeita consonância com o § 1.º do art. 44 da Lei n.º 9.430/1996. A meu ver a acusação fiscal não conseguiu demonstrar a ocorrência do dolo, consistente na vontade consciente de praticar a conduta contrária ao ordenamento tributário. Vejamos o que diz as normas utilizadas para fundamentar a imposição da multa qualificada, a qual está inserta na Lei n.º 9.430/1996: Fl. 1769DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 11 19 "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" Pois bem, só cabe a aplicação da multa majorada nos casos em que o fisco consiga demonstrar a ocorrência das condutas de sonegação, fraude e/ou conluio. A mera recusa do fisco em aceitar as provas apresentados para comprovar a origem dos depósitos não é suficiente à aplicação de gravame de tamanha monta. Diante da acusação da ocorrência de sonegação e fraude, devemos nos debruçar sobre esses tipos legais constantes na Lei n.º 4.502/1964: "Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento." Observese que os tipos acima exigem que haja a comprovação de que ação/omissão sejam praticadas com dolo, que, na seara tributária, consiste num comportamento intencional de suprimir o recolhimento de tributos mediante artifícios que impeçam ou retardem o conhecimento do fato gerador pelo fisco ou, no caso da fraude, excluam/posterguem a ocorrência do fato gerador. Não consigo enxergar na espécie a demonstração inequívoca da existência de conduta dolosa consistente na declaração baseada em documentos falsos ou situação que se comprove inexistente. Fl. 1770DF CARF MF 20 Concordo com o sujeito passivo quando afirma que a mera divergência de entendimento quanto a validade de um documento do qual não se comprova falsidade não justifica a acusação do dolo. Isso por que, pelo que pude inferir dos autos, as omissões de rendimentos caracterizadas pela existência de depósitos de origem não comprovada em conta bancária em nome da autuada foram impugnadas mediante documentos e alegações que, embora não acatados pelo fisco e em parte por este julgador, estão, no meu sentir, longe de poderem dar a convicção de que ali ocorreu conduta dolosa tendente a esconder do fisco o fato gerador. De se ressaltar que a juntada de extratos bancários para comprovar o empréstimo e o seu pagamento, além dos registros contábeis apresentados, não nos permite concluir que ali tenha havido falsidade intencional ou mesmo conduta deliberada de ludibriar o fisco. É esse entendimento que tem prevalecido nas decisões do CARF, quando se exige comprovação inequívoca da ocorrência da conduta dolosa para qualificação da multa. Trago à colação recente acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais que manifesta claramente esse linha interpretativa: "MULTA QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DE CONDUTA DOLOSA. Havendo nos autos provas contundentes da conduta dolosa do contribuinte, decorrentes do conjunto de ações irregulares que levaram a lavratura do lançamento tributário, caracterizando está o tipo Fraude previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/64. Correta a aplicação da multa qualificada." (Acórdão nº 9202003.827 08/03/2016) Mesmo se verificando que os contratos de mútuo apresentados não serviram para afastar a imposição na sua totalidade, devese considerar que para haver a imposição da multa qualificada, há de se demonstrar que a conduta teve caráter doloso, como é o caso de declarações de rendimentos ínfimos em relação ao apurado pelo fisco. Não deve prevalecer a qualificação, todavia, quando o sujeito passivo apresenta justificativas plausíveis para a origem dos valores depositados, que deixam de ser acatadas pelo fisco em razão do entendimento da falta de força probatória dos elementos trazidos pelo contribuinte. É essa a situação dos autos. Diante do exposto, entendo que a multa deve ser imposta no patamar ordinário de 75% do tributo devido. Quadro resumido das exclusões na base de cálculo Em resumo devem ser excluídos da base de cálculo do lançamento: a) 50% dos valores pagos pela FMU a título de devolução de mútuo a autuada e ao seu cônjuge, Edevaldo Silva, os quais devem ser verificados conforme fundamentação acima; b) 50% do depósito de R$ 5.640.000,00, efetuado em 14/01/2008, por Edson Elias; c) 50% dos depósitos efetuados pela própria autuada nas contas bancárias fiscalizadas, conforme o quadro acima apresentado. Fl. 1771DF CARF MF Processo nº 19515.722828/201373 Acórdão n.º 2402005.593 S2C4T2 Fl. 12 21 Conclusão Voto por conhecer do recurso, para darlhe provimento parcial, excluindo da base de cálculo os valores mencionados na fundamentação constante do voto acima, além de reduzir a multa ao patamar de 75% do tributo não recolhido. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 1772DF CARF MF
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