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Numero do processo: 10980.900314/2008-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. DIFERENÇAS ENTRE A DIPJ E PER/DCOMP. ÚNICO FUNDAMENTO PARA INDEFERIR O DIREITO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é possível se negar o direito à compensação pelo singelo argumento de que o saldo negativo informado em PER/DCOMP é diferente daquele declarado na DIPJ, em especial quando o contribuinte busca comprovar seu direito com a apresentação de argumentos e provas em sede de impugnação.
No processo administrativo-fiscal, deve-se apurar o crédito a que o contribuinte faça jus, não sendo possível encerrá-lo com base em argumentos formais não previstos em lei, em especial quando não é mais possível se pleitear nova compensação em virtude da superação do prazo quinquenal decadencial e por ser vedado o envio de DCOMP com o uso de crédito que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente em outra declaração de compensação.
DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO A NOVO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO.
Em situações em que não se admitiu a compensação preliminarmente com base em argumento de direito, caso superado o fundamento da decisão, a unidade de origem deve proceder à análise do mérito do pedido, verificando a existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão, e concedendo-se ao sujeito passivo direito à apresentação de nova manifestação de inconformidade, em caso de não homologação total.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1102-001.171
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para determinar nova análise do direito creditório pela unidade de origem. Declarou-se impedido o conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto.
(assinado digitalmente)
___________________________________
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
___________________________________
José Evande Carvalho Araujo- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Douglas Bernardo Braga.
Nome do relator: JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO
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SALDO NEGATIVO. DIFERENÇAS ENTRE A DIPJ E PER/DCOMP. ÚNICO FUNDAMENTO PARA INDEFERIR O DIREITO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível se negar o direito à compensação pelo singelo argumento de que o saldo negativo informado em PER/DCOMP é diferente daquele declarado na DIPJ, em especial quando o contribuinte busca comprovar seu direito com a apresentação de argumentos e provas em sede de impugnação. No processo administrativofiscal, devese apurar o crédito a que o contribuinte faça jus, não sendo possível encerrálo com base em argumentos formais não previstos em lei, em especial quando não é mais possível se pleitear nova compensação em virtude da superação do prazo quinquenal decadencial e por ser vedado o envio de DCOMP com o uso de crédito que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente em outra declaração de compensação. DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO A NOVO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. Em situações em que não se admitiu a compensação preliminarmente com base em argumento de direito, caso superado o fundamento da decisão, a unidade de origem deve proceder à análise do mérito do pedido, verificando a existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão, e concedendose ao sujeito passivo direito à apresentação de nova manifestação de inconformidade, em caso de não homologação total. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 03 14 /2 00 8- 37 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 321 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para determinar nova análise do direito creditório pela unidade de origem. Declarouse impedido o conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Douglas Bernardo Braga. Relatório PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO O contribuinte acima identificado solicitou a compensação de débitos de próprios com crédito de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2002 no valor de R$ 836.836,97, por meio do PER/DCOMP de fls. 7 a 14, enviado em 31/10/2003. O despacho decisório eletrônico de fl. 2, emitido em 7/3/2008, não homologou as compensações pelo fato de o valor do saldo negativo informado na PER/DCOMP (R$ 836.836,97) ser diferente daquele declarado na DIPJ (R$ 194.209,53). MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado dessa decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 15 a 126), acatada como tempestiva. O relatório do acórdão de primeira instância descreveu os argumentos do recurso da seguinte maneira (fls. 131 a 132): 4. Existe crédito suficiente para a compensação dos débitos declarados, o que foi desconsiderado pelo erro formal cometido pelo contribuinte no preenchimento da DIPJ. O saldo negativo de CSLL tem como origem CSLL recolhida a maior no ano calendário 2002, através do recolhimento das estimativas mensais, por meio de DARFs e de PER/DCOMP. Tudo conforme documentos anexos e detalhamentos fornecidos pelo contribuinte na peça impugnatória. 5. Logo, a recorrente possuía comprovadamente saldo negativo suficiente para amparar as compensações declaradas no PER/DCOMP em questão. Não tem Fl. 164DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 322 3 qualquer razoabilidade o indeferimento da compensação sob o argumento da divergência de informações entre a DIPJ e o PER/DCOMP. A recorrente equivocadamente preencheu errado a linha 38 da ficha 17, da DIPJ 2003. Vale destacar que não foi enviada DIPJ retificadora para corrigir o equívoco agora constatado pela recorrente pois este procedimento já não é mais cabível uma vez que já transcorrido o prazo para a entrega de retificações relativas ao período, bem como pelo fato de ter sido indeferido o PER/DCOMP vinculado a tais créditos fiscais, em decorrência do que iniciouse o presente PAF. 6. Ora, existindo créditos fiscais suficientes – e até mesmo excedentes – ao valor que se pretendia compensar, não é possível admitir o indeferimento das compensações requeridas, pelo simples fato de existir disparidade entre os valores dos saldos negativos de CSLL informados na DIPJ e no PER/DCOMP. Notese que foi o único fundamento para o indeferimento. Impõese a aplicação dos princípios da verdade real e da essência sobre a forma. 7. Ao final, requer a reconsideração da decisão que não homologou o PER/DCOMP em tela, a fim de homologar a compensação. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, em acórdão que possui a seguinte ementa (fls. 130 a 137): ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2002 PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ E/OU DE CSLL. DIVERGÊNCIA ENTRE O VALOR INFORMADO NA DIPJ E NO PER/DCOMP. NÃOHOMOLOGAÇÃO. A única via admissível para a efetuação de compensação é por meio da entrega da respectiva declaração, a qual deve, obrigatoriamente, (a) seguir as regras de preenchimento estabelecidas pela RFB, conforme o §14, acima; e (b) informar os créditos que foram utilizados naquela declaração de compensação, conforme o §1º. Portanto, em cumprimento ao disposto no art. 170 do CTN, ao §14 do art. 74 da Lei nº 9.430/96, e à Norma de Execução Codac/Cosit/Cofis/Cocaj/Cotec nº 6, de 21 de novembro de 2007, na hipótese de a origem do direito creditório ser saldo negativo de IRPJ e/ou de CSLL, o direito de compensação do contribuinte está condicionado a que informe no PER/DCOMP idêntico valor de saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, respectivamente, em relação ao que foi informado na DIPJ. Tendo o contribuinte sido intimado a regularizar a divergência, e quedandose inerte, a divergência impede que o Fisco proceda à análise do direito creditório informado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 165DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 323 4 Os fundamentos dessa decisão foram os seguintes: a) conforme o art. 170 do CTN, o contribuinte só terá direito a compensar se, e apenas se, (i) a lei estabelecer esse direito; (ii) forem atendidas as condições estipuladas diretamente pela lei, ou as condições cuja estipulação a lei delegue às autoridades administrativas competentes; e, ainda, (iii) sob as garantias estipuladas pela lei; b) portanto, a única via admissível para se efetuar a compensação é por meio da entrega da respectiva declaração, a qual deve, obrigatoriamente, (a) seguir as regras de preenchimento estabelecidas pela RFB, e (b) informar os créditos que foram utilizados naquela declaração de compensação; c) a Norma de Execução Codac/Cosit/Cofis/Cocaj/Cotec nº 6, de 21 de novembro de 2007, determina que, diante da divergência entre a DIPJ e o PER/DCOMP, no que se refere ao valor do saldo negativo, devese proceder à intimação do sujeito passivo, para que retifique uma das declarações, de maneira a possibilitar o prosseguimento da análise. Não havendo a compatibilização do valor informado nas declarações, por meio de retificação empreendida pelo contribuinte, revelase inviável o prosseguimento da análise, por não possuir o Fisco as informações necessárias para tal; d) foi feita a devida intimação solicitando providências, como determinado pela Norma de Execução, mas contribuinte quedou inerte. Sua alegação de que não era possível procederse à retificação não é amparada pela realidade, pois a intimação foi cientificada ao contribuinte em 5 de setembro de 2006, período em que era plenamente possível retificar a DIPJ 2003, base 2002, que é a DIPJ que apresenta a informação sobre o saldo negativo objeto deste processo. Além disso, a própria intimação abriu expressamente ao contribuinte a faculdade de retificar suas declarações pertinentes, concedendolhe expressamente o prazo de vinte dias. Por isso, não havia qualquer óbice impeditivo à retificação; e) assim, não tendo o contribuinte retificado suas declarações mesmo tendo sido intimado para tanto, está escorreito o despacho decisório guerreado. RECURSO AO CARF Cientificado da decisão de primeira instância em 23/11/2010 (fl. 140), o contribuinte apresentou, em 22/12/2010, o recurso voluntário de fls. 141 a 157, onde afirma que: a) possui efetivamente crédito de R$ 836.836,97 de CSLL do ano de 2002, e que apenas preencheu incorretamente sua DIPJ do período. No item II do recurso (fls. 143 a 146), demonstra a composição desse crédito; b) cumpriu todos os requisitos exigidos para a compensação, constantes no art. 170 do CTN, no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, e na Instrução Normativa SRF n° 600, de 2010; Fl. 166DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 324 5 c) existindo crédito líquido e certo e atendidas às exigências da legislação de regência, não se pode admitir que seu crédito se torne nulo ou inutilizável pelo simples fato de que determinada informação constante na sua DIPJ esteja equivocada. Equívocos nas informações registradas em DIPJ estão sujeitos à sanção própria, conforme prevê o artigo 7º, inciso IV, da Lei n° 10.426, de 2002; d) já a Norma de Execução Codac/Cosit/Cofis/Cocaj/Cotec nº 6, de 21 de novembro de 2007, é simples norma interna de processamento eletrônico de PER/DCOMP, e não está sequer disponível no sítio da Internet da Receita Federal; e) ainda que os sistemas eletrônicos não pudessem processar eletronicamente a DCOMP em questão por falta de informações, todas as informações necessárias à demonstração do crédito objeto da referida DCOMP foram anexados ao presente processo administrativo. O fato de o sistema eletrônico não conseguir processar a DCOMP por conta de alguma informação não constar ou estar equivocada em seu banco de dados, não significa que a autoridade julgadora não possa verificar a presença do direito creditório a partir de outros elementos de prova (DARF's, DCTF's, etc.). Isso não implica a possibilidade de sumariamente, sem a menor análise, indeferirse a utilização de crédito fiscal existente; Ao final, diante da efetiva demonstração da existência de saldo negativo de CSLL apurado no anocalendário de 2002 e do mero equívoco na DIPJ, requer a homologação integral da compensação declarada. Não sendo esse o entendimento, requer seja reconhecida a nulidade da decisão recorrida, pois ausente qualquer análise das questões fáticas do processo, determinadose a remessa do autos à DRJ de Curitiba para que se realize novo julgamento, analisando o direito creditório à luz da aplicação do princípio da verdade material e, inclusive, determinandose a realização de diligências, caso se entenda necessário. Este processo foi a mim distribuído no sorteio realizado em maio de 2014, numerado digitalmente até a fl. 319. Esclareçase que todas as indicações de folhas neste voto dizem respeito à numeração digital do eprocesso. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. No presente processo, não foram homologadas compensações de débitos próprios com crédito de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2002, pelo fato de o valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP (R$ 836.836,97) ser diferente daquele declarado na DIPJ (R$ 194.209,53). O acórdão recorrido manteve a decisão, alegando que o contribuinte foi informado da diferença e intimado a retificar a DIPJ ou o PER/DCOMP (fls. 128 a 129), e que Fl. 167DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 325 6 nada fez, e que por isso perdeu seu direito à compensação, nos termos da Norma de Execução Codac/Cosit/Cofis/Cocaj/Cotec nº 6, de 21 de novembro de 2007. Isso porque o §14 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conferiu à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) competência para disciplinar as regras sobre a compensação, e as instruções de preenchimento do PER/DCOMP, referentes à PASTA CRÉDITO, estabelecem que o valor do saldo negativo informado para compensação deve ser igual ao da DIPJ. Logo, como a lei delegou à RFB o poder de disciplinar a compensação, e o órgão condicionou esse direito à declaração no PER/DCOMP de valor idêntico de saldo negativo de CSLL daquele informado na DIPJ, o descumprimento da ordem acarreta a não homologação do encontro de contas. O recorrente, por sua vez, alega que cumpriu todos os requisitos exigidos para a compensação, constantes no art. 170 do Código Tributário Nacional CTN, no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, e na Instrução Normativa SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005; que a citada Norma de Execução é simples norma interna de processamento eletrônico de PER/DCOMP, e não está sequer disponível no sítio da Internet da Receita Federal; e que o fato de o sistema eletrônico não conseguir processar a DCOMP por conta de divergência de informações não significa que não se possa verificar a presença do direito creditório a partir de outros elementos de prova. Com razão a defesa. Não é possível se negar o direito à compensação pelo singelo argumento de que o saldo negativo informado em PER/DCOMP é diferente daquele declarado na DIPJ, em especial quando o valor compensado é menor do que o declarado. E menos ainda sustentar essa obrigatoriedade nas instruções de preenchimento do Programa PER/DCOMP e em norma de execução interna que regulamenta o procedimento a ser adotado no processamento eletrônico de declarações de compensação. Isso somente poderia ser admitido caso o contribuinte não trouxesse elementos para se apurar o seu direito creditório. Mas, ao contrário, em sede de impugnação, foi apresentada detalhada explicação do direito, acompanhada de diversos documentos (fls. 27 a 126), sendo todos esses elementos absolutamente ignorados pelo julgador a quo. Ademais, não é possível se inferir nem na Lei n° 9.430, de 1996, nem na Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005, a regra de que a simples diferença de informações entre a DIPJ e o PER/DCOMP implicaria o indeferimento do pedido. E nem tem sido esse o entendimento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que, em casos semelhantes, invariavelmente analisam se as provas trazidas nas impugnações são suficientes para comprovar o alegado saldo negativo (ao menos tem sido esse o procedimento adotado nos processos analisados por esta Turma). Não se pode perder de vista que a não homologação da compensação, neste momento, resultaria na própria perda do direito, haja vista que já foi superado o prazo quinquenal decadencial para novo pedido, e ainda porque o inciso XI do § 3o do art. 26 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005, não permite a apresentação de declaração de compensação com o uso de crédito que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente em outra DCOMP (vedação hoje constante do inciso XI do § 3o do art. 41 da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012). Fl. 168DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10980.900314/200837 Acórdão n.º 1102001.171 S1C1T2 Fl. 326 7 Dessa forma, afastase o fundamento do despacho da decisório e da decisão recorrida de negar o direito à compensação pela simples diferença entre os valores de saldo negativo de CSLL informados na DIPJ e no PER/DCOMP. Contudo, há que se observar que não houve a apuração efetiva do direito creditório, pois as provas e argumentos trazidos na impugnação e no voluntário não foram apreciados. Em situações como essa, em que não se admitiu a compensação preliminarmente com base em argumento de direito, penso que, caso superado o fundamento da decisão, a unidade de origem deve proceder à análise do mérito do pedido, garantindose ao contribuinte direito à apresentação de nova manifestação de inconformidade em caso de insucesso ou sucesso parcial. A simples conversão em diligência para decisão por esta Turma suprimiria indevidamente o direito à discussão do mérito em primeira instância. Nessa análise, caso a autoridade fiscal entenda que as provas trazidas aos autos são insuficientes, deve intimar o contribuinte a completála, explicitando detalhadamente quais os documentos que devem ser trazidos, e só então elaborar decisão definitiva sobre a matéria. Acrescentese que esta Turma decidiu, de forma semelhante, processo do mesmo contribuinte, relativo ao crédito de IRPJ, no Acórdão nº 1102001.107, prolatado na sessão de 7 de maio de 2014, também sob a minha relatoria. Dessa forma, deve o processo retornar a unidade de origem para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão, e concedendose ao sujeito passivo direito à apresentação de nova manifestação de inconformidade, em caso de não homologação total. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para determinar nova análise do direito creditório pela unidade de origem. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 169DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/ 08/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/08/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME
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Numero do processo: 10940.900085/2011-22
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/06/2002
INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ.
Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões.
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA
O instituto da denuncia espontânea não se aplica nos casos de débitos indevidamente compensados de tributos sujeitos a lançamento por homologação anteriormente declarados pelo contribuinte e que já se encontravam vencidos na data do pedido de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-003.996
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/06/2002 INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA O instituto da denuncia espontânea não se aplica nos casos de débitos indevidamente compensados de tributos sujeitos a lançamento por homologação anteriormente declarados pelo contribuinte e que já se encontravam vencidos na data do pedido de compensação. Recurso Voluntário Negado
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SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA O instituto da denuncia espontânea não se aplica nos casos de débitos indevidamente compensados de tributos sujeitos a lançamento por homologação anteriormente declarados pelo contribuinte e que já se encontravam vencidos na data do pedido de compensação. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 0. 90 00 85 /2 01 1- 22 Fl. 70DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 71 2 Marcos Antonio Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 72 3 Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos: O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório nº rastreamento 912640575 emitido eletronicamente em 14/02/2011, referente ao PER/DCOMP nº 25177.19032.170209.1.7.045801. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP com crédito de PIS/Pasep, Código de Receita 8109, no valor original na data de transmissão de R$5.521,27, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 23/07/2002. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório por meio de edital, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade em 12/04/2011, tendo feito um resumo dos fatos. Em seguida, nas questões de mérito, tece considerações acerca de aspectos constitucionais, cita jurisprudência do Judiciário e entendimentos doutrinários sobre o assunto em pauta, enfatizando a legislação pertinente às exclusões da base de cálculo da Cofins e do PIS para as pessoas jurídicas em geral e para as instituições financeiras. Constata que, enquanto as instituições financeiras gozam do benefício da exclusão/compensação plena e irrestrita de suas despesas operacionais, no cômputo da base de cálculo da Cofins e do PIS, os demais contribuintes se sujeitam à cobrança daquelas exações sobre uma base muito maior, desequilibrando se uma relação que efetivamente não encontra nenhuma razão de ordem material ou até mesmo qualquer justificativa de ordem econômica ou social para que se estabeleça. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 73 4 Afirma que não restam dúvidas de que as empresas privadas que foram alijadas dos benefícios outorgados às instituições financeiras, no que diz respeito à base de cálculo da Cofins e do PIS, devem usufruir do mesmo privilégio fiscal concedido à essas, adequandose ao texto constitucional, art. 150, inciso II, assim como à cláusula pétrea da igualdade constante do art. 5o. Com base nas planilhas anexas, notase que o contribuinte vem recolhendo a Cofins e o PIS sem as devidas exclusões a que tem direito, não restando dúvida acerca do crédito correspondente aos pagamentos efetuados a maior desde aquela competência até os dias atuais. Diante das razões invocadas, o manifestante requer seja reconhecido o seu direito à compensação referente aos indevidos pagamentos a título de PIS/Pasep, em virtude da não dedução da base de cálculo daquelas exações, na época própria, da totalidade das despesas operacionais incorridas em cada mês de competência, decorrentes das atividades do contribuinte, bem como não haja a incidência de multa moratória, tendo em vista o instituto da denúncia espontânea. Anexa aos autos um “Relatório aproveitamento”, no qual indica o valor atinente às diferenças de PIS/Pasep apuradas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/06/2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Os débitos indevidamente compensados serão exigidos com os respectivos acréscimos legais. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, conforme recurso voluntário apresentado, no qual alega, em síntese, que não pode haver qualquer diferenciação entre o tratamento tributário dado às instituições financeiras e as demais pessoas jurídicas sujeitas ao recolhimento da COFINS e do PIS, conforme o disposto nos artigos 5o e 150, II, ambos da Constituição, e de acordo com jurisprudência dominante do STF, devendo ser reconhecido o seu direito à restituição referente aos indevidos pagamentos a título de PIS/COFINS, em virtude da nãodedução da base de cálculo daquelas exações, na época própria, da totalidade das despesas operacionais incorridas em cada mês de competência, Fl. 73DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 74 5 decorrentes das suas atividades, bem como, não haja a incidência da multa moratória, tendo em vista o instituto da denúncia espontânea. É o relatório. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 75 6 Voto Conselheiro Relator Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. Diante da inexistência do crédito, a compensação declarada não foi homologada. No mérito, a recorrente alega que os créditos pleiteados referemse a pagamentos indevidos a título de PIS/COFINS, em virtude da nãodedução da base de cálculo daquelas exações, na época própria, da totalidade das despesas operacionais incorridas em cada mês de competência, decorrentes das suas atividades. A recorrente defende a isonomia de tratamento fiscal no que diz respeito à exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins de despesas operacionais previstas na legislação aplicável às instituições financeiras. Isto posto, no mérito, veremos que não assiste razão à recorrente. A Lei nº 9.718/98, que dispõe sobre as contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins, em seu art. 3º, § 6º, explicita as exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo das referidas contribuições para as instituições financeiras, seguradoras e assemelhadas, além daquelas facultadas as demais pessoas jurídicas. A recorrente alega que esse tratamento tributário diferenciado ofende ao princípio da igualdade encontrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal, bem como o conseqüente princípio da isonomia ou igualdade tributária assegurado na Carta Magna, em seu art. 150, II.. No entanto, o referido tratamento está baseado em disposição literal de norma válida legitimamente inserida no ordenamento jurídico nacional cuja apreciação acerca de eventual inconstitucionalidade foge à alçada da autoridade administrativa de qualquer instância, não dispondo esta de competência legal para examinar tais hipóteses. Com efeito, a apreciação dessas questões achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos de validade das normas jurídicas deve ser submetida àquele Poder. Portanto, é inócuo suscitar tais alegações na esfera administrativa, pois à autoridade administrativa é vedado desrespeitar textos legais em vigor, sob pena de responsabilidade funcional, sendo defeso a apreciação da matéria por esse órgão julgador. Para firmar esse entendimento, o Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009, por força do disposto no Anexo II, art. 62, caput, veda aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo Fl. 75DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10940.900085/201122 Acórdão n.º 3801003.996 S3TE01 Fl. 76 7 internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas hipóteses de decisão vinculante do STF ou acolhida pela administração tributária. A alegação de inconstitucionalidade de lei também é objeto da abaixo transcrita súmula n° 2 do CARF, de observância obrigatória por parte de seus membros, por força do disposto no art. 72, caput, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009: Súmula CARF nº 2 (D.O.U de 22/12/2009, Seção 1) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária No mais, considerandose que em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I, cabe a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões, o que não ocorreu no caso em tela, faltando ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. No tocante ao instituto da denuncia espontânea, de que trata o art. 138 do Código Tributário Nacional, este não se aplica ao caso vertente uma vez que tratamse os débitos indevidamente compensados de tributos sujeitos a lançamento por homologação anteriormente declarados pelo contribuinte e que já se encontravam vencidos na data do pedido de compensação, sujeitos portanto aos acréscimos moratórios previstos no artigo 61, da Lei nº 9.430/96. Nesse sentido, segundo a Súmula 360 do STJ, “o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”, mesmo que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco. Assim, voto por negar provimento ao presente recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antônio Borges Fl. 76DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10680.727092/2011-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. CONTABILIDADE. TÍTULOS IMPRÓPRIOS.
É devida a autuação da empresa pela falta de lançamento em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO.
Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.163
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Julio Cesar Vieira Gomes - Presidente
Ronaldo de Lima Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. CONTABILIDADE. TÍTULOS IMPRÓPRIOS. É devida a autuação da empresa pela falta de lançamento em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes - Presidente Ronaldo de Lima Macedo - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
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DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. CONTABILIDADE. TÍTULOS IMPRÓPRIOS. É devida a autuação da empresa pela falta de lançamento em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, contendo informações incorretas ou omissas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 70 92 /2 01 1- 81 Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes Presidente Ronaldo de Lima Macedo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10680.727092/201181 Acórdão n.º 2402004.163 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração lavrado pelo descumprimento de obrigações acessórias para as competências 01/2008 a 13/2008. Segundo o Relatório Fiscal da Infração, os valores foram apurados nos seguintes lançamentos: 1. AIOA 51.000.8356 (Código de Fundamentação Legal CFL 34) à por não lançar em títulos próprios de sua contabilidade os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias; 2. AIOA 51.000.8372 (Código de Fundamentação Legal CFL 78) à por ter a empresa deixado de incluir em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, infringindo, assim, o art. 32A, caput, inciso I e §2º e 3º, da Lei 8.212/1991, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Esse Relatório Fiscal informa ainda que: 1. na contabilidade, quando do pagamento dos salários, estes não foram lançados como base de cálculo de contribuições previdenciárias; assim, a empresa deixou de lançar em títulos próprios de sua contabilidade como base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores referentes à remuneração dos empregados cedidos a tomadoras de serviços, deixando também de lançar o montante das contribuições da empresa e os totais a serem recolhidos; 2. a empresa deixou de declarar em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) as remunerações de segurados empregados como base de cálculo das contribuições previdenciárias da competência 06/2008; deixou, ainda, de informar corretamente CAMPO DE SEGURADOS; CÓDIGO FPAS; RAT; CNAE; CÓDIGO DE PAGAMENTO; CAMPO ISENÇÃO; CAMPO RETENÇÃO das competências 06/2008, 12/2008 e 13/2008; e apresentou GFIP com declaração de parte dos empregados, apagando todos os dados anteriormente informados nas competências 06/2008 e 12/2008. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 09/01/2012 (fls. 01). A autuada apresentou impugnação tempestiva, alegando, em síntese, que: 1. a entidade tem cunho filantrópico e assistencial, reconhecida internacionalmente, dedicandose as atividades descritas em seu estatuto; Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 2. não se trata de cessão de mão de obra, como elisão fiscal, como tenta imprimir a auditora fiscal, mas sim intervenção na vida de adolescentes, de 16 a 18 anos, de famílias de baixa renda e com elevado risco social, com oferecimento de cursos gratuitos e acompanhamento psicológico e de assistente social. Ao final desse curso, há possibilidade do menor ser encaminhado ao mercado de trabalho, com a continuidade do acompanhamento psicossocial, até completar 18 anos, momento em que o menor é desligado do programa de apoio ao adolescente, denominado Programa Ação Jovem; 3. faz relato sobre a criação da entidade. Discrimina quais títulos tem reconhecidos em nome da Cruz Vermelha – órgão central, quais sejam, Caráter Nacional e Utilidade Internacional, Utilidade Pública Estadual, Utilidade Pública Federal, Registro no Conselho Nacional de Assistência Social, Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) e Certificado de Renovação do Conselho Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro. Discrimina também quais títulos tem reconhecidos em nome da Cruz Vermelha – filial do Estado de Minas Gerais, quais sejam, Registrada no Conselho Nacional de Serviço Social, Utilidade Pública Municipal, Utilidade Pública Federal, Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, Registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Belo Horizonte, Pedido de Renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social protocolado em 19/11/2009, Inscrição do Programa socioassistencial de Inclusão Produtiva e Programa de Atenção às Pessoas Idosas na modalidade Promoção do Adolescente Aprendiz e Jovem Trabalhador; 4. o Programa Ação Jovem tratase de um programa socioeducativo, no qual jovens participam de curso de capacitação para o trabalho, com possibilidade de encaminhamento ao mercado de trabalho; 5. erroneamente, a auditora fiscal considerou os convênios firmados com diversas empresas e entidades como contratos de cessão de mão de obra, o que é um absurdo, sem atentar para aspectos relevantes de orientação, capacitação e acompanhamento, durante o período do programa, com a duração máxima até o adolescente completar 18 anos. O simples fato de adolescentes, com vínculo empregatício com a Cruz Vermelha, existente exclusivamente para sua inserção nos convênios firmados com diversas pessoas jurídicas, não traduz uma pura cessão de mão de obra. E cada empresa ou entidade que firma convênio com a Cruz Vermelha também se compromete a auxiliar na formação do adolescente, como a concessão de cursos e capacitação, como pode ser verificado nos convênios, em anexo (doc. nº 22), vigentes em 2008, podendo citar o convênio com a UFMG, denominado pela UFMG de Projeto Porta, e o convênio com a PUCMG, denominado por ela de Projeto Cruz Vermelha, dentre outros; 6. conclui que, por todos estes motivos, não se pode classificar os convênios firmados da Cruz Vermelha como cessão de mão de obra onerosa, mas sim de pura atividade de Assistência Social, de proteção Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10680.727092/201181 Acórdão n.º 2402004.163 S2C4T2 Fl. 4 5 à família e adolescência, amparo ao adolescente e promoção de integração do adolescente carente ao mercado de trabalho, nos termos do art. 203, I, II e III, da CF/88; 7. Da Imunidade Tributária. Aplicação da Lei 3.577/54. Detentora de Certificado De Filantropia antes do Advento do DecretoLei 1.572/77. Direito Adquirido. Afirma que cabe a análise do direito adquirido à imunidade tributária, prevista no DecretoLei 1.572/77, em relação à contribuição previdenciária da quota patronal, uma vez portadora de registro no Conselho Nacional de Serviço Social desde 1946 e portadora de Certificado de Filantropia desde 1962. Ademais, defende que, sendo ligado ao órgão central, por força de Lei, os reconhecimentos do órgão central lhe aproveitam, conferindo também o direito à isenção da quota patronal do INSS. O órgão central possui reconhecimento de Utilidade Pública Estadual desde 1918 e Utilidade Pública Federal desde 1970. Conclui que se aplica ao presente caso o artigo 12 do citado DecretoLei, conferindo à Cruz Vermelha a isenção aludida; 8. Da Imunidade Tributária. Entidade de Assistência Social – Norma Constitucional e Lei Complementar (CTN). Conforme toda a documentação acostada nos autos, especialmente o estatuto social e todos os reconhecimentos pelos órgãos públicos, defende a impugnante que se encaixa perfeitamente no conceito de entidade de Assistência Social, o qual alude o art. 14 do CTN, merecendo o reconhecimento da imunidade tributária regulada pelo art. 150, VI, "c", e art. 195, § 7º, ambos da Constituição Federal. Alega que não há que se falar em cumprimento de outros requisitos que não os especificados pelo Código Tributário Nacional, recepcionado como Lei Complementar pela Constituição Federal de 1969, já que tal matéria é privativa de Lei Complementar, nos termos do art. 146, II da CF/88 9. Da Ausência de Infração à Legislação. Ausência de Dispositivo Legal Excluindo a Cessão de Mão de obra da Isenção/Imunidade. Ausência de Dispositivo Legal Restringindo a Cessão de Mão de Obra apenas em Casos Eventuais e Com Limite Quantitativo. Nulidade do Auto. Inexiste no presente caso cessão de mão de obra, mas um programa de inclusão de jovens no mercado de trabalho, com abertura de novas perspectivas de futuro e criação de renda para jovens carentes. Alega que, caso fosse cessão de mão de obra, os vínculos não seriam temporários, com seu término em prazo máximo de 2 anos, o que existiria, nessa hipótese, seria uma exploração de mão de obra, sem prazo definido, sem qualquer preocupação com a formação profissional e pessoal de cada trabalhador. Tal fato não existe nos convênios firmados pela Cruz Vermelha. Não há ato legal que impeça a execução do programa "ação jovem" ou lhe retire o caráter assistencial e seu direito à isenção das contribuições. Conclui que inexiste lei que sustente o presente auto de infração, devendo ser declarado nulo, por falta de amparo legal; Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 10. Da Reversão dos Recursos Obtidos na Finalidade Institucional. Manutenção da Imunidade. Precedentes STF e STJ. Parecer CJ/INSS 2332/2000 neste sentido. Vinculação Administrativa art. 42 da LC 73/93. Ainda que se considere como cessão de mão de obra, sem os aspectos sociais e assistenciais acima debatidos, toda a renda obtida com os convênios são revertidas para os fins assistenciais da Cruz Vermelha. Afirma que os serviços gratuitos ofertados pela Cruz Vermelha a toda a população superam o percentual exigido de 20%, como pode ser verificado no balanço de 2008, ano dos respectivos autos (doc. 25). Cita a ADI 20285/99, que, em decisão liminar, acompanhada por unanimidade pelo Pleno do STF, pendente ainda de julgamento final, expôs o entendimento que o exercício de atividades alheias à assistência social não anula a imunidade tributária, se os recursos obtidos são revertidos à finalidade da entidade. Afirma que existe, inclusive, um Parecer da Coordenação Geral de Consultoria da Procuradoria Geral do INSS, PARECER/CJ/MPS Nº 2332, de 2000, que vincula toda a administração, nos termos do art. 42 da Lei Complementar nº 73, de 1993, considerando que o exercício de atividades tidas como alheia à assistência social não invalidade ou anula a imunidade da entidade. Conclui que, tendo a Cruz Vermelha aplicado toda a receita obtida com os convênios firmados à consecução de sua finalidade assistencial, ainda que considerados como cessão de mão de obra e alheios à assistência social, há a manutenção da imunidade adquirida. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Salvador/BA – por meio do Acórdão 15033.508 da 7a Turma da DRJ/SRD (fls. 1447/1461) – considerou o lançamento fiscal procedente em parte, eis que excluiu, para as competências 12/2008 e 13/2008, os valores da multa aplicada no AIOA no 51.000.8372 (código de fundamentação legal 78), remanescendo a competência 06/2008. A Notificada apresentou recurso, manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados na notificação e no mais efetua repetição das alegações de defesa. A Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) em Belo Horizonte/MG informa que o recurso interposto é tempestivo e encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processamento e julgamento. É o relatório. Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10680.727092/201181 Acórdão n.º 2402004.163 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. Cumpre esclarecer que as alegações expostas na peça recursal reproduzem os mesmos fundamentos esposados na defesa relativa ao lançamento da obrigação previdenciária principal, constituída nos Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP’s) nºs 37.326.3660 e 37.326.3678 (processo 10680.727091/201137). Após essas considerações, é preciso informar que as conclusões acerca dos argumentos da peça recursal, no que forem coincidentes, foram devidamente enfrentadas, quando da análise do lançamento de tais autos (processo 10680.727091/201137). Depreendese do art. 113 do CTN que a obrigação tributária é principal ou acessória e pela natureza instrumental da obrigação acessória, ela não necessariamente está ligada a uma obrigação principal. Em face de sua inobservância, há a imposição de sanção específica disposta na legislação nos termos do art. 115 também do CTN. Código Tributário Nacional (CTN) – Lei 5.172/1966: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (...) Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. As obrigações acessórias são estabelecidas no interesse da arrecadação e da fiscalização de tributos, de forma que visam facilitar a apuração dos tributos devidos. Elas, independente do prejuízo ou não causado ao erário, devem ser cumpridas no prazo e forma fixados na legislação. I DO AIOA 51.000.8356 (CFL 34): Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 Com relação ao procedimento utilizado pela auditoria fiscal, a Recorrente alega que não houve cumprimento da legislação vigente. Tal alegação não será acatada, eis que o Fisco cumpriu a legislação de regência, ensejando o lançamento de ofício em decorrência da Recorrente ter incorrido no descumprimento de obrigação tributária acessória, conforme os fatos e a legislação a seguir delineados. Verificase que, para as competências 01/2008 a 13/2008, a Recorrente deixou de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, eis que ela não escriturou de forma individualizada as contribuições descontadas do segurado e as da empresa, referentes à remuneração dos empregados cedidos a tomadoras de serviços. Com isso, a Recorrente incorreu na infração prevista no art. 32, inciso II, da Lei 8.212/1991, transcrito abaixo: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (grifos nossos) Esse art. 32, inciso II, da Lei 8.212/1991 é claro quanto à obrigação acessória da empresa e o Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, complementa, delineando a forma que deve ser observada para o cumprimento do dispositivo legal, conforme dispõe em seu art. 225, inciso II, §§ 13 a 17: Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) § 13. Os lançamentos de que trata o inciso II do caput, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo, obrigatoriamente: I atender ao princípio contábil do regime de competência; e II registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. (g.n.) O valor da multa aplicada, por sua vez, está em perfeita conformidade com o disposto artigo 283, inciso II, alínea “a” e artigo 373, c/c artigo 290, inciso V e parágrafo único, todos do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999. Fl. 1508DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10680.727092/201181 Acórdão n.º 2402004.163 S2C4T2 Fl. 6 9 Outro ponto a esclarecer é que essa autuação não é calculada conforme a quantidade de descumprimentos da obrigação acessória, ou em quantos meses a obrigação foi descumprida. Assim, o cálculo é único, bastando um descumprimento para gerar a autuação com o mesmo valor, e sempre se observa, no cumprimento de seu dever instrumental da obrigação, cada conduta praticada pela Recorrente. Portanto, o procedimento utilizado pela auditoria fiscal para a aplicação da multa foi devidamente consubstanciado na legislação vigente à época da lavratura do auto de infração. Ademais, não verificamos a existência de qualquer fato novo que possa ensejar a revisão do lançamento em questão nas alegações registradas na peça recursal da Recorrente. II DO AIOA 51.000.8372 (CFL 78): A Recorrente alega que o Fisco não cumpriu a legislação de regência para a constituição do lançamento fiscal. Tal alegação não será acatada, eis que o Fisco cumpriu a legislação de regência, ensejando o lançamento de ofício em decorrência da Recorrente ter incorrido no descumprimento de obrigação tributária acessória, conforme os fatos e a legislação a seguir delineados. Verificase que a Recorrente apresentou as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP’s), para a competência 06/2008 (remanescente), com informações incorretas ou omissas das contribuições sociais previdenciárias, eis que ela deixou de declarar em GFIP as remunerações de segurados empregados como base de cálculo das contribuições previdenciárias, bem como deixou, ainda, de informar corretamente CAMPO DE SEGURADOS; CÓDIGO FPAS; RAT; CNAE; CÓDIGO DE PAGAMENTO; CAMPO ISENÇÃO; CAMPO RETENÇÃO. Tais valores das remunerações foram devidamente delineados e registrados no Relatório Fiscal da Infração e nas Planilhas anexas. Com isso, a Recorrente incorreu na infração prevista no art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei 8.212/1991, transcrito abaixo: Art. 32 A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (g.n.) (...) § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Fl. 1509DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Esse art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei nº 8.212/1991 é claro quanto à obrigação acessória da empresa e o Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, complementa, delineando a forma que deve ser observada para o cumprimento do dispositivo legal, como, por exemplo, o preenchimento e as informações prestadas são de inteira responsabilidade da empresa, conforme preceitua o seu art. 225, inciso IV e §§ 1o a 4o: Art.225. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; §1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir seão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento. §2º A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social deverá ser efetuada na rede bancária, conforme estabelecido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, até o dia sete do mês seguinte àquele a que se referirem as informações. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999) §3º A Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social é exigida relativamente a fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 1999. §4º O preenchimento, as informações prestadas e a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de inteira responsabilidade da empresa. Nos termos do arcabouço jurídicoprevidenciário acima delineado, constata se, então, que a Recorrente – ao deixar de inserir nas GFIP’s as remunerações pagas a segurados empregados e outras informações de interesses do Fisco, competência 06/2008 – incorreu na infração prevista no art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei 8.212/1991, c/c o art. 225, inciso IV e §§ 1o a 4o, do Regulamento da Previdência Social (RPS). Esclarecemos ainda que a multa aplicada, decorrente do descumprimento de obrigação acessória, foi calculada na forma do novel art. 32A da Lei 8.212/1991. Lei 8.212/1991: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será Fl. 1510DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10680.727092/201181 Acórdão n.º 2402004.163 S2C4T2 Fl. 7 11 intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o. Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o. Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o. A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). No caso em tela, tratase de infração que agora se enquadra no art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/1991. Com isso, a quantificação da multa aplicada com base nos novos critérios previstos no art. 32A da Lei 8.212/1991, com redação dada pela Lei 11.941/2009, embora não contemporânea aos fatos geradores, mostrase correta, pois a GFIP com omissão de fato gerador foi entregue posteriormente à publicação da Medida Provisória nº 449/2008, cabendo o lançamento pelo descumprimento de obrigação acessória no CFL 78. Portanto, o procedimento utilizado pela auditoria fiscal para a aplicação da multa foi devidamente consubstanciado na legislação vigente à época da lavratura do auto de Fl. 1511DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 infração. Ademais, não verificamos a existência de qualquer fato novo que possa ensejar a revisão do lançamento em questão nas alegações registradas na peça recursal da Recorrente. Por fim, pela apreciação do processo e das alegações da Recorrente, não encontramos motivos para decretar a nulidade nem a modificação do lançamento ou da decisão de primeira instância, eis que o lançamento fiscal e a decisão encontramse revestidos das formalidades legais, tendo sido lavrados de acordo com o arcabouço jurídicotributário vigente à época da sua lavratura. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do voto. Caso o Fisco ainda não tenha proferida a decisão definitiva das questões concernentes ao indeferimento do pedido de isenção de contribuições sociais, expedido em 11/08/2009 (processo 36378.006891/200751), deverá haver a suspensão dos efeitos deste Acórdão, eis que a cobrança do crédito objeto do presente auto de infração somente poderá ser levado a efeito quando transitado em julgado o processo de indeferimento do pedido de reconhecimento da isenção da quota patronal. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 1512DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 05/08/20 14 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/08/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 13896.003564/2008-74
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2001
INFORMAR FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EM GFIP.
Deixar de informar em GFIP os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração ao artigo 32, Inciso IV, da Lei n° 8.212/1991, na redação dada pela Lei n°9.528/1997, e artigo 225, IV, do Decreto n. 3.048/1999.
PROVA DE CORREÇÃO PARCIAL DE FALTA. PROPORCIONALIDADE.
Havendo prova de correção parcial da falta no prazo da impugnação, quando assim permitido pela natureza da obrigação acessória, deve ser incorrer na relevação parcial de multa, em razão dos princípios da proporcionalidade e interpretação mais benéfica ao contribuinte (art. 291 do R.P.S. c/c 112 do CTN).
RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. LEI N º 11.941/09. REDUÇÃO DA MULTA. As multas referentes a declarações em GFIP foram alteradas pela lei nº 11.941/09 o que, em tese, beneficia o infrator. Foi acrescentado o art. 32-A à Lei n º 8.212/91. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, deve-se aplicar a norma mais benígna ao contribuinte.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. ATRIBUIÇÕES.
Cabe à autoridade fiscal apenas averiguar, em tese, se há possibilidade de ocorrência de fatos tipificados como crimes pela legislação penal, e informar a autoridade competente, por meio da Representação Fiscal para Fins Penais. A avaliação da ocorrência do tipo penal in concreto é de competência do Ministério Público Federal e, depois, do Poder Judiciário, caso o crédito tributário de contribuições previdenciárias tenha sido mantido (art. 83, da Lei n. 9430/1998).
Recurso Voluntário Provido em Parte - Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2803-003.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, no sentido de reformar a decisão a quo e o lançamento para que: a) A multa seja relevada, na forma do art. 291, do Regulamento da Previdência Social, vigente à época, na proporcionalidade da correção realizada aos autos no prazo de impugnação; b) A aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32-A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, vedando-se comparações conjuntas com o art. 35-A da Lei 8.212/1991, nas redações da MP n. 449/2008 e Lei n. 11.941/2009. Vencidos os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima e Eduardo de Oliveira quanto à relevação da multa. Sustentação oral Advogado Dr Selmo Augusto Campos Mesquita, OAB/SP nº 119.076.
(Assinado Digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Carlos Cornet Scharfstein, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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Deixar de informar em GFIP os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração ao artigo 32, Inciso IV, da Lei n° 8.212/1991, na redação dada pela Lei n°9.528/1997, e artigo 225, IV, do Decreto n. 3.048/1999. PROVA DE CORREÇÃO PARCIAL DE FALTA. PROPORCIONALIDADE. Havendo prova de correção parcial da falta no prazo da impugnação, quando assim permitido pela natureza da obrigação acessória, deve ser incorrer na relevação parcial de multa, em razão dos princípios da proporcionalidade e interpretação mais benéfica ao contribuinte (art. 291 do R.P.S. c/c 112 do CTN). RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. LEI N º 11.941/09. REDUÇÃO DA MULTA. As multas referentes a declarações em GFIP foram alteradas pela lei nº 11.941/09 o que, em tese, beneficia o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212/91. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, devese aplicar a norma mais benígna ao contribuinte. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. ATRIBUIÇÕES. Cabe à autoridade fiscal apenas averiguar, em tese, se há possibilidade de ocorrência de fatos tipificados como crimes pela legislação penal, e informar a autoridade competente, por meio da Representação Fiscal para Fins Penais. A avaliação da ocorrência do tipo penal in concreto é de competência do Ministério Público Federal e, depois, do Poder Judiciário, caso o crédito tributário de contribuições previdenciárias tenha sido mantido (art. 83, da Lei n. 9430/1998). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 35 64 /2 00 8- 74 Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 294 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, no sentido de reformar a decisão a quo e o lançamento para que: a) A multa seja relevada, na forma do art. 291, do Regulamento da Previdência Social, vigente à época, na proporcionalidade da correção realizada aos autos no prazo de impugnação; b) A aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, vedandose comparações conjuntas com o art. 35A da Lei 8.212/1991, nas redações da MP n. 449/2008 e Lei n. 11.941/2009. Vencidos os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima e Eduardo de Oliveira quanto à relevação da multa. Sustentação oral Advogado Dr Selmo Augusto Campos Mesquita, OAB/SP nº 119.076. (Assinado Digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Carlos Cornet Scharfstein, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 295 3 Relatório O presente Recurso Voluntário (fls.247290) foi interposto contra decisão da DRJ(fls. 236242 do processo digital), que manteve parcialmente o crédito tributário oriunda da aplicação de multa por descumprimento do disposto no art. 32, IV, § 3o, da Lei n. 8.212 1991, por ter deixado de informar compensações realizadas no período de 01/01/2004 a 31/12/2004, por ter informado todos fatos geradores de contribuições previdenciárias. Assim, o recurso veio à presente turma especial para seu julgamento, em que apresentou os seguintes argumentos resumidos: que corrigiu integralmente a falta, e pagou as contribuições previdenciárias devidas, não ocorrência de dolo, fraude ou simulação para causar a lavratura de representação fiscal para fins penais, e aplicação retroativa do disposto na Medida Provisória n. 4492009. Os autos vieram a presente 3ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARFMF para apreciação e julgamento do recurso voluntário. Os autos vieram à turma especial. É o relatório. Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 296 4 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato I O recurso foi apresentado tempestivamente, conforme supra relatado, atendido os pressupostos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Observase que a correção das GFIP´s, conforme apontado pela decisão recorrida, não foi integral, conforme consultado no sistema GFIPWEB às fls. 926/936, pois em comparação com as tabelas que serviram de base para o lançamento (fls 36/42), deixando de retificar vários campos de informação, como os que ressaltam aos olhos referentes às remunerações de contribuintes individuais. Em que pese a alegação de pagamento das contribuições de forma correta, mesmo assim está correto o Auto de Infração e a decisão recorrida quanto a necessidade de manutenção, mesmo que parcial do lançamento. A obrigação de informar em GFIP todas as informações referentes aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, está prevista no art. 32, IV, da Lei n. 8.212/1991. Obrigação essa que tem natureza instrumental (art. 113, do CTN), como forma de auxiliar o controle e arrecadação tributária, mas é autônoma do cumprimento das demais obrigações. Ou seja, o pagamento das contribuições previdenciárias, não exime da informação correta dos fatos geradores, e da necessidade de sua correção. A contribuinte não cumpriu o requisito do art. 291, §1º, do RPS, vigente à época do lançamento, por não ter corrigido integralmente no falta no prazo da impugnação. Entretanto, em razão à proporcionalidade e a natureza da infração, devese observar que houve parcial retificação das informações. Observae que o texto do art. 291,§1º, do RPS, não especifica se a correção deve ser integral, presumise que sua aplicação por necessidade de interpretação mais benéfica ao contribuinte (art. 112, do CTN), quando cabível, deve ser aplicada também à correção parcial. Logo, devese relevar a multa aplicada na proporcionalidade da correção realizada aos autos no prazo de impugnação. III Todavia, ao se verificar a multa aplicada por descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, devese atentar às alterações legais implementadas por esta e sua lei de conversão (Lei n. 11.941/2009), que revogou os parágrafos e incluiu o art 32A, I,. Recentemente, as normas sancionatórias relativas à GFIP foram alteradas pela lei n º 11.941/09, e provavelmente beneficiam a Recorrente. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, in verbis: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 297 5 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Toda multa tributária é uma sanção, ou seja tem natureza primária punitiva, ou de penalização. Contudo, ainda assim podem ser classificadas em multa moratória, decorrente do simples atraso na satisfação da obrigação tributária principal, e multa punitiva em sentido estrito, quando decorrente de infração à obrigação instrumental cumulada ou não com a obrigações principais. Tal classificação é necessária pois, apesar de não terem natureza remuneratória, mas sancionatória, os tribunais brasileiros admitem que as multas tributárias devem ser classificadas em moratórias e punitivas (sentido estrito), em razão da existência de tratamentos diversos para cada espécie pelo próprio Código Tributário Nacional e legislação esparsas. (RESP 201000456864, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, 29/04/2010; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª Ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2010, p.1103 1109) Fl. 1045DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 298 6 Assim, coloco como premissa que a diferença entre multa moratória e multa punitiva em sentido estrito. Como supra colocado, a primeira decorre do mero atraso da obrigação tributária principal, podendo sendo constituída pelo próprio contribuinte inadimplente no momento de sua apuração e pagamento. Já, a segunda espécie de multa, a punitiva em sentido estrito, demanda constituição pelos instrumentos de lançamento de ofício por parte dos agentes fiscais (art. 149, do CTN), em que se apura a infração cometida e a penalidade a ser aplicada. Inclusive a estipulação e definição da espécie de multa é dado exclusivamente pela lei, fato ressaltado em face do principio da estrita legalidade a que se regula o Direito Tributário e suas sanções (art. 97, V, do CTN). A mudança de natureza para fins de comparação no tempo, não pode ser realizada sem autorização legal, e por isso não se poderia comparar com multas punitiva em sentido estrito (referente à descumprimento de obrigação exclusivamente instrumental) com multas de natureza moratória a exemplo com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Devido ao disposto no art. 112, IV, do CTN, a legislação tributária que define as infrações e comina suas penalidades deve ser interpretada de forma mais favorável ao contribuinte em casos de dúvidas quanto à natureza das infrações e suas penalidades. Interpretação que deve ser conjugada com a retroatividade benígna prevista no art. 106, II, a e c, do CTN, de forma a reduzir ou extinguir penalidades sempre quando lei posterior estabeleça pena menos grave ou não entenda mais como infração tal conduta. Portanto, também deve ser colocado como premissa, que além de retroagir a aplicação de dispositivo legal mais favorável essa retroação também deve sempre buscar uma aplicação mais favorável ao contribuinte. Assim, em razão do princípio da retroatividade benigna (art. 106, do CTN), como o entendimento que a aplicação da sanção deve ser regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §5º da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008. IV Quanto a questão trazida pelo Recorrente da representação penal, ressaltase que descabe à fiscalização fazer julgamento da ocorrência de crime ou não, averiguar, em tese, se há possibilidade de ocorrência de fatos tipificados como crimes pela legislação penal, e informar a autoridade competente, por meio da Representação Fiscal para Fins Penais. A avaliação da ocorrência do tipo penal in concreto é de competência do Ministério Público Federal e, depois, do Poder Judiciário, caso o crédito tributário de contribuições previdenciárias tenha sido mantido (art. 83, da Lei n. 9430/1998). V Isso posto, voto por conhecer o Recurso Voluntário e, no mérito, para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, no sentido de reformar a decisão a quo e o lançamento para que: a) A multa seja relevada, na forma do art. 291, do Regulamento da Previdência Social, vigente à época do lançamento, na proporcionalidade da correção realizada aos autos no prazo de impugnação; b) A aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §§3º e 5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, vedandose comparações conjuntas com o art. 35A da Lei 8.212/1991, nas redações da MP n. 449/2008 e Lei n. 11.941/2009. Fl. 1046DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 13896.003564/200874 Acórdão n.º 2803003.311 S2TE03 Fl. 299 7 É como voto. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato – Relator Fl. 1047DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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Numero do processo: 13804.005169/2005-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002
CRÉDITO PRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO DO INCENTIVO.
Indefere-se a solicitação de ressarcimento de crédito prêmio do IPI relativo a período não mais abrigado por este incentivo.
Negado Provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 3101-000.812
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
(assinado digitalmente)
MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS - Redator designado.
EDITADO EM: 05/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Corintho Oliveira Machado e Vanessa Albuquerque Valente.
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente. (assinado digitalmente) MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS - Redator designado. EDITADO EM: 05/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Corintho Oliveira Machado e Vanessa Albuquerque Valente.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 CRÉDITO PRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO DO INCENTIVO. Indeferese a solicitação de ressarcimento de crédito prêmio do IPI relativo a período não mais abrigado por este incentivo. Negado Provimento ao Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. (assinado digitalmente) MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Redator designado. EDITADO EM: 05/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Corintho Oliveira Machado e Vanessa Albuquerque Valente. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 51 69 /2 00 5- 65 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 154 2 Tratase de pedido de ressarcimento de crédito prêmio do IPI (art. 1° do DL 491/69), oriundo de exportações realizadas no período de janeiro a dezembro de 2002, incluído no montante solicitado a atualização monetária calculada pela taxa SELIC. Em Despacho Decisório a Delegacia da Receita Federal competente indeferiu o pleito, demonstrando que o para o período em questão o créditoprêmio de IPI já havia sido revogado. Tempestivamente, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que o beneficio ainda encontrase em vigor, conforme julgados que cita. Aduz que a restrição desse direito legal não poderia se dar mediante Atos Administrativos. A DRJ de Ribeirão Preto indeferiu o pleito de ressarcimento, nos termos do Acórdão 1418.963 (fls. 98 a 115). Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário a este Conselho, trazendo os mesmos argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Mônica Monteiro Garcia de los Rios – redatora ad hoc Por intermédio do Despacho de efolha 152, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF1, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101000.812, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pela relatora original, que foi acompanhada, por unanimidade, pelos demais integrantes do colegiado. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele se tomou conhecimento. O contribuinte, em seu recurso voluntário, repete os mesmos argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, e que foram devidamente apreciados pela DRJ de Ribeirão Preto. Desta forma, o colegiado não fez qualquer reparo na decisão recorrido, cujos fundamentos são adotados neste julgamento, merecendo transcrição os seguintes excertos da decisão a quo: 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; Fl. 154DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 155 3 “Decorridos aproximadamente 10 (dez) anos da instituição do créditoprêmio à exportação, por meio do DL n° 491, de 1969, o Poder Executivo baixou o Decretolei n° 1.658, de 24 de janeiro de 1979, que previa a redução gradual do referido beneficio, a partir de janeiro daquele ano, até a sua extinção total, em 30 de junho de 1983, verbis: (...) Ainda naquele mesmo ano, o governo baixou o Decretolei n° 1.722, de 03 de dezembro de 1979, que deu nova redação ao artigo 1°, § 2º, do Decretolei n° 1.658, de 1979: "Artigo 3° O § 2° do artigo I°, do DecretoLei n° 1.658, de 24 de janeiro de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação: § 2° O estimulo será reduzido de 20% (vinte por cento) em 1980, 20% (vinte por cento) em 1981, 20% (vinte por cento) em 1982 e de 10% (dez por cento) até 30 de junho de 1983, de acordo com ato do Ministro de Estado da Fazenda". Então, até 30/06/1983, as reduções alcançariam o patamar de 100%, o que corresponde à plena extinção do favor fiscal. (...) O Supremo Tribunal Federal, na apreciação do RE n° 186.3595/RS (DJU de 10/05/2002, p. 53), decidiu o seguinte: TRIBUTO BENEFÍCIO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. Surgem inconstitucionais o artigo 1° do Decretolei n° 1.724, de 7 de dezembro de 1979, e o inciso I do artigo 3º do Decretolei n° 1.894, de 16 de dezembro de 1981, no que implicaram a autorização ao Ministro de Estado da Fazenda para suspender, aumentar, reduzir, temporária ou definitivamente, ou extinguir os incentivos fiscais previstos nos artigos 1°c 5° do Decretolei n°491, de 5 de março de 1969. (...) O art. 1°, § 2°, do DL n° 1.658, de 1979, não foi declarado inconstitucional e nem revogado por norma jurídica superveniente, motivo pelo qual nunca deixou de produzir efeito até a extinção do beneficio em 30106/83. Considerando que o sobredito diploma legal previa a extinção total do créditoprêmio em 30/06/83, é ilógico dizer que o DL n° 1.894, de 1981, teria restabelecido o créditoprêmio antes da sua extinção, porquanto, não há nenhuma consistência em afirmar que uma lei é editada para restabelecer a vigência de outra que ainda está vigorando. Tal interpretação, por constar do Parecer AGU n° 172, de 1998, tomouse vinculante para toda a Administração Pública Federal, nos termos da Lei Complementar n° 73, de 1993, art. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 156 4 40, § 1°, uma vez que adotado pelo Advogado Geral da União e aprovado pelo Presidente da Republica, foi publicado no Diário Oficial de 21/10/98, pág. 23. (...)” O entendimento de que o crédito Prêmio do IPI foi extinto em 1983 está expresso em diversos julgados do CARF, como, por exemplo, o Acórdão 330200.654, de 27 de outubro de 2010, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/11/2003 a 30/09/2008 CRÉDITOPRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO. O créditoprêmio à exportação está extinto desde 30/06/83, mormente porque não foi reavaliado e nem reinstituído por norma jurídica posterior à vigência do art. 41 do ADCT da CF/1988. Recurso Voluntário Negado Na melhor das hipóteses, também existem no CARF decisões que adotam o recente entendimento do STF, de que o benefício em foco teria se extinguido em 1990. Como exemplo, citese o Acórdão 34030015, de 9 de dezembro de 2010, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 08101/1998 a 11/12/1998 (...) CRÉDITOPRÊMIO. VIGÊNCIA ATÉ OUTUBRO DE 1990. Conforme decidiu o E. STF por ocasião do RE. n° 577.302, o créditoprêmio do IPI, instituído pelo DL n ° 491169, existiu somente até 5 de outubro de 1990. Recurso negado Como o presente pedido se refere a crédito prêmio do IPI apurado sobre exportações efetuadas de janeiro a dezembro de 2002 (fls. 01/03), não há outra conclusão a não ser a inequívoca inexistência do direito pleiteado. Não reconhecido o direito ao ressarcimento do crédito prêmio do IPI (principal), não há que se falar em atualização monetária ou incidência de juros sobre o crédito pleiteado (questão acessória), dado que o acessório segue o principal. Nestes termos, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário apresentado. E são essas as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Mônica Monteiro Garcia de Los Rios – Redatora ad hoc Fl. 156DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 157 5 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS
score : 1.0
Numero do processo: 10925.901441/2012-02
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO-HOMOLOGADA.
A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.238
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido(a)s o(a)s Conselheiro(a)s Sidney Eduardo Stahl, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel que convertiam o processo em diligência para a apuração do direito creditório.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO-HOMOLOGADA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Recurso Voluntário Negado.
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ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencido(a)s o(a)s Conselheiro(a)s Sidney Eduardo Stahl, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel que convertiam o processo em diligência para a apuração do direito creditório. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 14 41 /2 01 2- 02 Fl. 48DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 04/09/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10925.901441/201202 Acórdão n.º 3801004.238 S3TE01 Fl. 49 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 04/09/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10925.901441/201202 Acórdão n.º 3801004.238 S3TE01 Fl. 50 3 Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos, em razão do princípio da economia processual: Trata o presente processo de Declaração de Compensação – PER/Dcomp nº 24916.87516.231009.1.3.043120, por meio da qual a contribuinte, acima identificada, intenta compensar débito próprio com crédito relativo a pagamento indevido ou efetuado a maior a título de Cofins não cumulativa, com apuração em 31/05/2007 Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal do Brasil – DRF pela não homologação da compensação (Despacho Decisório juntado aos autos), fazendo o com base na constatação da inexistência do crédito informado, pois o valor do “DARF discriminado no PER/DCOMP” havia sido “integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Irresignada com a não homologação de sua compensação, a contribuinte manifestouse alegando: que retificou o Dacon do período para efetuar a inclusão de todos os créditos a que tinha direito, anteriormente não declarados; que no ajuste entre débitos e créditos verificou que efetuara pagamentos a maior da contribuição; e que para, recuperar tal valor, protocolou pedido de restituição e, posteriormente, utilizou o crédito em compensação de débitos próprios. Assim, defende que o crédito utilizado na Dcomp em debate pode ser confirmado no Dacon retificador do período e que não se justifica sua não homologação sob a alegação de falta de crédito, considerando que não foi analisado o pedido de restituição referente ao Darf pago a maior e, tampouco, o Dacon retificador que demonstra os valores de débitos e créditos. Requer o acolhimento da manifestação de inconformidade e homologação da compensação.. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o argumento de que o recolhimento alegado como origem do crédito estava alocado para a quitação de débito confessado e que só a partir da retificação da DCTF é que a contribuinte passa a ter o pretendido crédito contra a Fazenda devidamente conformado na forma da lei: Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário repisando, na essência, as razões apresentadas por ocasião da manifestação de inconformidade. É o Relatório. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 04/09/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10925.901441/201202 Acórdão n.º 3801004.238 S3TE01 Fl. 51 4 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre da apuração do PIS e da Cofins não cumulativos que teriam sido pagos a maior. Alega ainda que ao descobrir o erro procedeu a retificação da respectiva DACON. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. Diante da inexistência do crédito, a compensação declarada não foi homologada. Por certo, a análise automática do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior pleiteado em restituição ou utilizado em declaração de compensação é realizada considerando o saldo disponível do pagamento nos sistemas de cobrança, não se verificando efetivamente o mérito da questão, o que será viável somente a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. A recorrente alega que o crédito em debate teve origem na correta constituição de créditos de PIS e Cofins autorizados pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, os quais a Recorrente havia constituído apenas parcialmente na Dacon original, que retificou a Dacon do período para a inclusão dos créditos e que não retificou as DCTFs por julgar o Dacon o documento demonstrativo suficiente para este fim. De fato, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, que ademais é um dos princípios que regem o processo administrativo, não havendo norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico, devendo ser consideradas as declarações apresentadas como indício de prova dos créditos sem no entanto conferir a liquidez e certeza necessários ao reconhecimento do direito creditório advindo do pagamento a maior e a homologação das compensações. No entanto, o Recorrente não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar a origem do seu crédito. Não apresentou nenhuma prova do seu direito creditório, em especial, a escrituração fiscal e contábil do período de apuração em que se pleiteou o crédito. Se limitou, tãosomente, a argumentar que houve um erro no preenchimento da DACON original e que, por isso, faz jus ao reconhecimento do crédito. Para que se possa superar a questão de eventual erro de fato e analisar efetivamente o mérito da questão, deveriam estar presentes nos autos os elementos comprobatórios dos créditos alegados e necessários para que o julgador possa aferir a pertinência do crédito declarado, o que não se verifica no caso em tela. Fl. 51DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 04/09/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10925.901441/201202 Acórdão n.º 3801004.238 S3TE01 Fl. 52 5 No mais, considerandose que as informações prestadas na DCTF ou na DACON situamse na esfera de responsabilidade do próprio contribuinte, cabe a este demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, para NÃO HOMOLOGAR o pedido de compensação. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 52DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 04/09/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 09/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10875.903602/2011-46
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
NULIDADE. INTIMAÇÃO POR AR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9).
É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressalte-se que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumir-se que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida.
A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo.
PIS-SIMPLES E COFINS-SIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA.
A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão.
No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada.
À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não.
Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação.
Numero da decisão: 1802-002.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Ferreira, Nelso Kichel, José de Oliveira Ferraz Correa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Marciel Eder Costa.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 NULIDADE. INTIMAÇÃO POR AR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressalte-se que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumir-se que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. PIS-SIMPLES E COFINS-SIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA. A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão. No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada. À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não. Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2467; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 86 1 85 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10875.903602/201146 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1802002.303 – 2ª Turma Especial Sessão de 27 de agosto de 2014 Matéria DCOMP Eletrônica Compensação Tributária Recorrente DOMINIUM MATERIAS HIDRÁULICOS E FERRAGENS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003 NULIDADE. INTIMAÇÃO POR “AR”. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressaltese que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumirse que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 36 02 /2 01 1- 46 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 87 2 PISSIMPLES E COFINSSIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA. A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão. No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada. À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não. Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 88 3 (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Ferreira, Nelso Kichel, José de Oliveira Ferraz Correa e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Marciel Eder Costa. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 89 4 Relatório Cuidam os autos do Recurso Voluntário de efls. 61/75 contra decisão da 2ª Turma da DRJ/Belo Horizonte (efls. 49/54) que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, não homologando a compensação tributária informada. Quanto aos fatos, consta dos autos que: em 14/11/2007, a Contribuinte transmitiu pela internet o PER/DCOMP nº 28488.79870.141107.1.3.047211 (efls. 34/38), informando compensação tributária: débito informado no valor de R$ 675,85, assim especificado: a) – SIMPLES, código de receita 6106, período de apuração outubro/2007, data de vencimento 14/11/2007, valor R$ 675,85; crédito utilizado (valor original na data da transmissão): R$ 404,36: que o direito creditório pleiteado decorreu de pagamento indevido do Simples Federal (parcelas do PISSimples e da CofinsSimples) do período de apuração 28/02/2003, código de receita 6106, data de arrecadação 10/03/2003, valor original do recolhimento – DARF R$ 2.418,48. Em 01/11/2011, houve emissão do Despacho Decisório (eletrônico), efl. 31, pela DRF/Guarulhos, denegando o direito creditório pleiteado, com a seguinte fundamentação: (...) 3FUNDAMENTACÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL A análise do crédito creditório está limitada ao valor do “crédito original na data da transmissão” informado no PER/DCOMP, correspondendo a R$ 404,36. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponivel para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. (...). Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 90 5 (...) Ciente dessa decisão em 21/11/2011 – Aviso de Recebimento – AR (efl. 39), a Contribuinte, em 16/12/2011 (efls. 40 e 48), apresentou Manifestação de Inconformidade por via postal (efls.02/15), juntando ainda documentos de efls. 16/40, cujas razões estão resumidas no relatório da decisão a quo e que, nessa parte, transcrevo (efl. 50), in verbis: (...) DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que o Despacho Decisório foi recebido e assinado por pessoa não habilitada para receber tal correspondência em nome da empresa; que conforme disciplinado no art. 215 do Código de Processo Civil as pessoas jurídicas devem ser citadas nas pessoas de seus representantes legais, indicadas em seus estatutos sociais; que o Despacho Decisório não é válido, porque a intimação do mesmo não está formalmente revestida dos requisitos da lei e dessa forma traz consigo a nulidade do ato praticado e a nulidade do processo, sendo assim requer seja declarada a nulidade da notificação do DD, entregue sem a observância da lei, contrariando os arts. 214,215 e 247 do Código Processo Civil; que o fato gerador do PIS/COFINS é o faturamento; que o valor do ICMS destacado na nota fiscal da Manifestante é para simples registro contábil fiscal, sendo que em hipótese alguma deve ser incluído na base de cálculo do PIS. Pede a reforma do despacho decisório e a homologação da compensação. (...) A 2ª Turma da DRJ/Belo Horizonte, à luz dos fatos e da legislação de regência, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme Acórdão, de 26/11/2013 (efls. 49/54), cuja ementa transcrevo a seguir (efl. 50), in verbis: (...) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Fl. 90DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 91 6 Ciente desse decisum em 02/01/2014 (efls. 57), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário de efls.61/75 em 22/01/2014 comprovante de postagem ECT (efls. 59/60), cujas razões, em síntese, são as seguintes: 1) – Quanto ao objeto social: que a Recorrente é pessoa jurídica de direito privado, ramo de comércio varejista de materiais/produtos ou equipamentos elétricos e eletrônicos e materiais de construção; 2) – Preliminar de nulidade: que, apesar da pessoa jurídica Recorrente ter sido notificada do despacho decisório, a notificação não ocorreu conforme determina a lei, ou seja, não houve notificação na pessoa física dos sócios ou administradores, implicando nulidade do ato por prejuízo à defesa e ao contraditório (cerceamento do direito de defesa). que, se o endereço eleito pela pessoa jurídica, é o local para receber intimações e notificações, isso não autoriza que qualquer pessoa que esteja ocasionalmente no estabelecimento, por exemplo um cliente, seja pessoa capacitada juridicamente para receber notificação em nome da empresa. que, por conseguinte, deve ser declarada nula a ciência do despacho decisório, pois realizada em desconformidade com a lei. 3) – Quanto ao direito creditório: que é pessoa jurídica sujeita a pagamento de tributos federais; que formalizou declaração de compensação tributária, utilizando crédito decorrente de pagamento a maior de PIS/Cofins no âmbito do Simples Federal, pois recolhera essas exaçações fiscais no anocalendário 2003 apuradas sobre a receita bruta, sem exclusão da parcela do ICMS; que a base de cálculo dessas exações fiscais é o faturamento, ou seja, as receitas de vendas de mercadorias e de prestação de serviços; que na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não deve constar a parcela do ICMS, que não é receita própria; que o Supremo Tribunal Federal – STF já declarou a inconstitucionalidade do do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 que previa o alargamento da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins; que na DCOMP não tem como esclarecer a origem do crédito (no caso de declaração expressa de inconstitucionalidade pelo STF) e não tem como usar o direito de peticionar, restando na manifestação de inconformiade o direito de peticionar, esclarecer e requerer; que efetuou o recolhimento do Simples sobre a receita bruta, em DARF; porém, isso implicou pagamento do PISSimples e Cofins –Simples sobre o faturamento bruto, sem exclusão da parcela do ICMS; Fl. 91DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 92 7 que, consoante melhor doutrina pátria e decisão do STF, faz jus à restituição do PIS/Cofins incidente sobre o ICMS; que o crédito pleiteado do PISSimples e CofinsSimples decorreu, portanto, da exclusão da parcela do ICMS da base de cálculo dessas exações fiscais (Obs: a Contribuinte não juntou aos autos planilha, memória de cálculo, do alegado crédito informado na DCOMP, nem documentos de sua escrituração contábil). que, por fim, pediu deferimento do direito creditório pleiteado, mediante reforma da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 93 8 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. O Recurso Voluntário, por ser tempestivo e atender aos demais requisitos de admissibilidade, merece ser apreciado, conhecido. Logo, dele conheço. Conforme relatado, os autos tratam de compensação tributária. Nas decisões anteriores objeto deste processo, o crédito pleiteado foi denegado, por ser inexistente; faltou comprovar sua liquidez e certeza. Nesta instância recursal, a Recorrente busca a reforma da decisão recorrida, suscitando, primeiro, preliminar de nulidade e, no mérito, matéria de direito. NULIDADE. INTIMAÇÃO POR “AR”. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. Nas razões do recurso voluntário, a Recorrente sucitou preliminar de nulidade da intimação atinente ao Despacho Decisório da DRF/Guarulhos, por via postal, Aviso de RecebimentoAR, na pessoa física diversa da designada pela empresa. Na primeira instância de julgamento, a Contribuinte, também, suscitou esta preliminar de nulidade, conforme razões constantes da Manifestação de Inconformidade que, nessa parte, transcrevo no que pertinente (efls. 05/08), in verbis: PRELIMINARMENTE Em 20/07/2011 a manifestante recebeu o DESPACHO DECISÓRIO, (DOC 03) oriundo da Delegacia da Receita Federal do Brasil, conforme AR em poder desta delegacia, (...) Senhor Delegado o despacho decisório foi recebido e assinado por pessoa não credenciada e não habilitada para receber tal correspondência em nome da empresa DOMINIUM MATERIAIS HIDRÁULICOS E FERRAGENS LTDA, (...) O representante legal da manifestante é seu sócio gerente (DOC 01) razão pela qual somente ele poderia ter recebido a correspondência da Delegacia da Receita Federal do Brasil, máxime por tratarse de intimação para pagamento postada com aviso de recebimento. Da assinatura oposta no documento do correio, o assinante não é sócio, não é procurador, e nem legitimado e não representa legalmente a requerente. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 94 9 Portanto, quem recebeu e assinou o despacho decisório, não é sócio, não é procurador, nem legitimada, não representa legalmente a requerente, e nem tem vínculos com a Manifestante. (...) Entretanto para eficácia da intimação ou notificação, e para sua validade, deve a mesma ser revestida na forma da lei, e a lei dispõem que deve a mesma ser entregue na pessoa do sócio, procurador, ou legitimado, e não a um estranho que não tem relação processual (art. 222 do CPC). (...) A garantia da ampla defesa do "due process of law" deve impor que obrigatoriamente se faculte a parte o direito de produzir provas, argüir legitimidade, enfim, o amplo contraditório, tudo dento dos ditames da lei, evitando assim remeter a parte à via administrativa em toda a sua inteireza. A manifestante entende que o DESPACHO DECISÓRIO não é válido, porque a intimação do mesmo não está formalmente revestida dos requisitos da lei, e trás a nulidade do processo. (...) Assim sendo, em preliminares requer que V.S. se digne determinar seja declarada a nulidade da notificação do despacho decisório, (...) Data venia, a preliminar suscitada não merece prosperar, pois carece de pressupostos fáticos e jurídicos. Diversamente do alegado pela Recorrente, a notificação por via postal, com Avisto de Recebimento – AR, deuse nos termos da lei. A propósito, estatui o art. 23 do Decreto 70.235/72, in v erbis: Art. 23. Farseá a intimação: I – (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) (...) § 2° Considerase feita a intimação: II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) (...) Fl. 94DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 95 10 No caso, a Contribuinte foi notificada do Despacho Decisório por via postal – Aviso de Rececimento – AR em 21/11/2011 (efl. 39), assinado por André R. Cruz. A Recorrente confirma, em suas razões, que recebeu a correspondência no dia seguinte, ou seja, em 22/11/2011 e que, porém, a ciência do recebimento no AR foi dada por pessoa sem vículo funcional com a empresa; que apenas estariam aptos a receber correspondência e dar ciência no AR sócio da empresa ou representante legal. Não tem guarida a pretensão da Recorrente. Primeiro, André Ribeiro da Cruz é sócio da Recorrente, conforme cópia do Instrumento Particular de Alteração e Consolidação do Contrato Social, de 29/01/2002 (efl. 16/22), e consta assinatura de Andre R. Cruz no Aviso de RecebimentoAR (efl. 39). Ainda que não sejam a mesma pessoa, isso é irrelevante. A legislação processual administrativa não exige, não estabelece que a ciência do recebimento de correspondência por via postal, Aviso de Recebimento – AR, seja dada exclusivamente a sócio ou representante legal de empresa. Inclusive, para informação da Recorrente, porteiro do Prédio, onde funciona a empresa, pode receber a correspondência e assinar o AR. A matéria é pacífica neste CARF, inclusive, encontrase sumulada, conforme Súmula CARF nº Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. A Recorrente não comprovou prejuízo algum à sua defesa. Pelo contrário, mencionou expressamente que recebeu a correspondência no dia 22/11/2011 (dia seguinte à data de assinatura constante do AR). E, conforme consta dos autos, exerceu plenamente o contraditório e a ampla defesa na instância a quo, em alentada defesa, suscitando preliminar e defesa de mérito, revelando conhecer plenamente a lide objeto do processo. Como visto, a intimação, entrega do Despacho Decisório por via postal, cumpriu plenamente sua função, sem prejuízo ao contraditório e à ampla defesa. Ademais, em observância do princípio da instrumentalidade das formas, ainda que o ato processual tenha sido realizado de outro modo ou forma, mas restou atingido, alcançado o seu objetivo sem prejuízo às partes, é plenamente válido, não existindo razão alguma para suscitar sua nulidade. Nesse sentido, são também os precedentes da jurisprudencia dos tribunais pátrios: Fl. 95DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 96 11 TJSP Apelação : APL 491469820098260000 SP 0049146 98.2009.8.26.0000 NULIDADE DE CITAÇÃO CITAÇÃO PELO CORREIO COM "AR" INEXISTÊNCIA DE NULIDADE TEORIA DA APARÊNCIA PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. Relator(a):Roberto Mac Cracken. Julgamento:03/03/2011. Órgão Julgador:37ª Câmara de Direito Privado. Publicação:24/03/2011. Ementa NULIDADE DE CITAÇÃO CITAÇÃO PELO CORREIO COM "AR" INEXISTÊNCIA DE NULIDADE TEORIA DA APARÊNCIA PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressaltese que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa de grande porte a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumirse que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. Recurso não provido TJRJ AGRAVO DE INSTRUMENTO: AI 00229201220138190000 RJ Relator(a):DES. CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA. Julgamento:16/10/2013. Órgão Julgador:SÉTIMA CAMARA CIVEL. Publicação:24/03/2014 11:09 Ementa: Agravo de Instrumento. Direito Processual Civil. Recurso no qual se alega nulidade da citação postal, por ter sido recebida por terceiro. Matéria de ordem pública que não é passível de preclusão, eis que ainda não foi apreciada. Citação via postal de Pessoa Jurídica recebida pelo porteiro do prédio. Citação válida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. Recurso a que se nega provimento. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 97 12 TRF2APELAÇÃO CIVEL: AC 388942 RJ 2006.51.01.0153937 TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO POSTAL. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. PRECEDENTES. Relator(a):Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES. Julgamento:05/05/2009. Órgão Julgador:QUARTA TURMA ESPECIALIZADA. Publicação:DJU Data::01/07/2009 Página::99. Ementa TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO POSTAL. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Consoante os dispositivos acima citados, e mesmo em face do que dispõe o art.223, parágrafo único do CPC, convém ressaltar que em respeito ao princípio da aparência, bem como ao princípio da instrumentalidade do processo, a jurisprudência pátria, de longa data já possui entendimento que a citação/intimação realizada em pessoa que não possui poderes de gerência/administração da pessoa jurídica é válida, não lhe sendo exigido que possua poder de gerência ou que receba costumeiramente correspondências. 2. Segundo a jurisprudência dominante no STJ, e regular a citação de pessoa jurídica, por via postal, quando a correspondência é encaminhada ao estabelecimento da ré, sendo ali recebida por um seu funcionário. Desnecessário que o ato de comunicação processual recaia em pessoa ou pessoas que, instrumentalmente ou por delegação expressa, representem a sociedade (REsp 161167). 3. Consoante entendimento já consolidado nesta Corte Superior, adotase a teoria da aparência, considerando válida a citação de pessoa jurídica, por meio de funcionário que se apresenta a oficial de justiça sem mencionar qualquer ressalva quanto à inexistência de poderes para representação em juízo (AgRg no Ag 547864). 4. Apelação improvida. STJ EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL : EREsp 156970 SP 1999/00158032. Ministro Vicente Leal. Julgamento 02/08/2000. CECorte Especial. Publicação: DJ 22.10.2001 p. 261RDR vol. 22 p. 164 Ementa PROCESSUAL CIVIL. CITAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. RECEBIMENTO QUE SE APRESENTA COMO REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA. Em consonância com o moderno princípio da instrumentalidade processual, que recomenda o desprezo a formalidades desprovida de efeitos prejudiciais, é de se aplicar Fl. 97DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 98 13 a teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada em quem, na sua sede, se apresenta como sua representante legal e recebe a citação sem qualquer ressalva quanto a inexistência de poderes para representála em Juízo. Embargos de Divergência conhecidos e acolhidos. Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar suscitada. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. PEDIDO DE APROVEITAMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO DO SIMPLES FEDERAL. PAGAMENTO INDEVIDO A MAIOR DE PISSIMPLES E COFINSSIMPLES. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. INEXISTÊNCIA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. Nas razões do recurso, a Recorrente informou que apurou direito creditório do Simples Federal do anocalendário 2003, da seguinte forma: a) que formalizou declaração de compensação tributária, utilizando crédito decorrente de pagamento a maior de PIS/Cofins no âmbito do Simples Federal, pois recolhera essas exaçações fiscais no anocalendário 2003 apuradas sobre a receita bruta (faturamento), sem exclusão da parcela do ICMS; b) que, pela legislação de regência, a base de cálculo dessas exações fiscais é o faturamento, ou seja, a receita bruta de vendas de mercadorias e de prestação de serviços; c) que na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não deve constar, não deve compreender, a parcela do ICMS, pois não é receita própria; d) que o Supremo Tribunal Federal – STF já declarou a inconstitucionalidade do do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 que previa o alargamento da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins; e) que, pela decisão do STF, a base de cálculo da Contribuição para PIS e da Cofins é o faturamento bruto (receita bruta de vendas de mercadorias e de prestação de serviços); f) que efetuou o recolhimento do Simples, em DARF, que implicou apuração e pagamento da Contribuição PIS – Simples e da CofinsSimples sobre o faturamento bruto, sem exclusão da parcela do ICMS; g) que tem direito de crédito sobre o pagamento do PISSimples e da Cofins –Simples sobre a parcela do ICMS, quanto ao anocalendário 2003; h) que, por iniciativa própria, recalculou o valor devido no Simples Federal, a título de PISSimples e CofinsSimples dos períodos mensais do anocalendário 2003, excluindo o ICMS da receita bruta, e apurou, assim, valor pago a maior dessas exações fiscais (Obs: a Contribuinte não juntou aos autos planilha, memória de cálculo, do alegado crédito informado na DCOMP, nem documentos de sua escrituração contábil). Fl. 98DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 99 14 i) que pediu, por fim, o reconhecimento do crédito utilizado na DCOMP. A irresignação da Recorrente não merece prosperar. O crédito demandado pela Recorrente não tem respaldo fáticojurídico. Na legislação do ICMS (Lei Complementar nº 87/96, art. 13, § 1º, I) e suas ulteriores atualizações, o ICMS é calculado “por dentro”, nos seguintes termos: Art. 13. (...) § 1º. Integra a base de cálculo do imposto, inclusive o inciso V da caput deste artigo: I O montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle. (...). O ICMS integra a receita bruta, ou seja, o faturamento bruto. Ainda, quanto à legislação do ICMS, o Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou, recentemente (18/05/2011), por maioria de votos, jurisprudência firmada em 1999, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 212209, no sentido de que é constitucional a inclusão do valor do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) na sua própria base de cálculo. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 582461SP (18/05/2011). A seguir trancrevo a Ementa do Acórdão do Pleno do STF, proferido nos autos do processo do RE 582461SP, sessão de 18/05/2011, Relator Min. Gilmar Mendes: 1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Taxa Selic. Incidência para atualização de débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da legalidade e da anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se trata de imposição tributária. 3. ICMS. Inclusão do montante do tributo em sua própria base de cálculo. Constitucionalidade. Precedentes. A base de cálculo do ICMS, definida como o valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A Emenda Constitucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve Fl. 99DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 100 15 ser calculado com o montante do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de bens, naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto já era calculado dessa forma em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar ficou autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as operações ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será calculado "por dentro" em ambos os casos. 4. Multa moratória. Patamar de 20%. Razoabilidade. Inexistência de efeito confiscatório. Precedentes. A aplicação da multa moratória tem o objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos. Assim, para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. O acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência desta Suprema Corte, segundo a qual não é confiscatória a multa moratória no importe de 20% (vinte por cento). 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Na legislação de regência da Cofins e da Contribuição para o PIS (Lei 9.718/1998, Lei 10.637/200, Lei 10.833/2003 e Lei nº 10.865/2004) também não há previsão legal de exclusão do ICMS da receita bruta (faturamento), em relação às operações de venda de mercadorias e prestação de serviços quando incide esse imposto. Diversamente do alegado pela Recorrente, a declaração de inconstitucionalidade pelo STF do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, como efeito erga omnes, não tratou da questão do ICMS, se cabível ou não sua exclusão da receita bruta =faturamento bruto. Vale dizer, em relação à legislação da Contribuição para o PIS e da CSLL, na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 o STF fixou o entendimento de que a receita bruta = faturamento bruto corresponde a vendas de mercadorias, prestação de serviços ou vendas de mercadorias com prestação de serviços, não abarcando outras receitas, mormente receitas financeiras para as pessoas jurídicas cujo objeto social seja o comércio de mercadorias e prestação de serviços em geral; afastou, por conseguinte, o alargamento da base de cálculo desse dispositivo. Como demonstrado, a parcela do ICMS faz parte da receita bruta (faturamento), base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins.. Logo, enquanto não houver mudança da legislação de regência da Contribuição para o PIS e da Cofins para exclusão do ICMS da receita bruta ou decisão judicial erga omnes excluindo o ICMS da receita bruta, a base de cálculo dessas exações continua abarcando o ICMS. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 101 16 Ainda, não consta dos autos que a Recorrente tenha decisão transitada em julgado conferindolhe o direito de excluir a parcela do ICMS da apuração da base de cálculo da Cofins e da Contribuição do PIS. Quanto ao afastamento da exigência da Contribuição para o PIS e da Cofins nas operações de importação de mercadorias e serviços, a decisão do STF no Recurso Extraordinário 559.937RS tem efeito, apenas, inter partes, não beneficia a Recorrente, pois não é parte daquele processo. No citado RE, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 7º, inciso I, da Lei nº 10.865/2004 .O ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições PIS/Cofins no desembaraço de importação de bens e serviços, sessão de 20/03/2013. O citado dispositivo extrapolou o art. 149, § 2º, II, “a”, da CF que constitucionalizou o conceito técnicojurídico de valor aduaneiro, base de cálculo das contribuições PIS/Cofins incidentes na importação. A Fazenda Nacional, porém requereu a modulação dos efeitos dessa decisão do STF. Como visto, a Recorrente não tem respaldo legal para excluir o ICMS da receita bruta. E, também, não é beneficiária de decisão judicial nesse sentido. Logo, o crédito pleiteado não tem liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do CTN. Além disso, apenas para argumentar, a Recorrente sequer demonstrou como apurou o suposto crédito (não juntou demonstrativo, planilha, memória de cálculo, nem cópia da escrituração contábil/fiscal). A arguição de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação de regência dessas exações fiscais federais que não prevê a exclusão do ICMS da receita bruta, não pode ser enfrentada na órbita administrativa, por não ser a esfera competente. A matéria é da alçada do Poder Judiciário, e não da esfera administrativa. Esse entendimento, por ser pacífico, já está sumulado neste CARF, conforme Súmula CARF nº 02, que transcrevo a seguir, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Como visto, a Recorrente não comprovou o direito creditório pleiteado. A Contribuinte é autora do pedido de crédito, no processo de compensação tributária. À luz do Código de Processo Civil Brasileiro, de aplicação subsidiária, o ônus probatório é do autor quanto ao fato constituitivo do direito creditório alegado contra o fisco (CPC, art. 333, I). O momento para a produção das provas está previsto nos arts. 15 e 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/72 e alterações posteriores. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.903602/201146 Acórdão n.º 1802002.303 S1TE02 Fl. 102 17 Portanto, não restando comprovado o direito creditório pleiteado, pela falta de demonstração da liquidez e certeza, voto para REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 102DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 04/09/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por NELSO KICHEL
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Numero do processo: 10630.720318/2008-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Não há que se falar em divergência interpretativa, quando o acórdão recorrido não guarda similitude fática com o paradigma, mormente quando se trata de análise da conduta do Contribuinte, motivadora de exasperação de penalidade.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-003.257
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacilio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
EDITADO EM: 19/08/2014
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Não há que se falar em divergência interpretativa, quando o acórdão recorrido não guarda similitude fática com o paradigma, mormente quando se trata de análise da conduta do Contribuinte, motivadora de exasperação de penalidade. Recurso especial não conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Otacilio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora EDITADO EM: 19/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Não há que se falar em divergência interpretativa, quando o acórdão recorrido não guarda similitude fática com o paradigma, mormente quando se trata de análise da conduta do Contribuinte, motivadora de exasperação de penalidade. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 72 03 18 /2 00 8- 11 Fl. 524DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 (Assinado digitalmente) Otacilio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora EDITADO EM: 19/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Relatório Em sessão plenária de 26/07/2011, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão 220201.303 (fls. 396 a 449), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. GANHOS DE CAPITAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. A tributação das pessoas físicas fica sujeita ao ajuste na declaração anual, em 31 de dezembro do anocalendário, e independente de exame prévio da autoridade administrativa o lançamento é por homologação, o mesmo se aplica aos ganhos de capital. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados do fato gerador (31 de dezembro de cada anocalendário questionado), que, nos casos de ganhos de capital, ocorre no mês da alienação do bem. Entretanto, na inexistência de pagamento antecipado, ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo Fl. 525DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10630.720318/200811 Acórdão n.º 9202003.257 CSRFT2 Fl. 13 3 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. A contagem do prazo a que se refere o art. 174 do Código Tributário Nacional CTN tem como ponto de partida a data da constituição definitiva do crédito tributário. Com o ato do lançamento, o sujeito passivo é notificado a recolher ou impugnar o débito dentro do prazo de trinta dias. Nesse intervalo a Fazenda Nacional ainda não está investida da titularidade da ação de cobrança, não podendo, por via de conseqüência, ser considerada inerte. As impugnações e recursos interpostos nos termos do processo administrativo fiscal suspendem a exigibilidade do crédito tributário, mas o prazo de prescrição sequer foi iniciado. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. A COMPETÊNCIA PARA O AUDITORFISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL LANÇAR TRIBUTOS FEDERAIS INDEPENDE DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. A autoridade fiscal tem competência fixada em lei para lavrar o Auto de Infração. Na falta de cumprimento de norma administrativa a referida autoridade fica sujeita, se for o caso, a punição administrativa, mas o ato produzido continua válido e eficaz. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE Somente à inexistência de exame de argumentos apresentados pelo contribuinte, em sua impugnação, cuja aceitação ou não implicaria no rumo da decisão a ser dada ao caso concreto é que acarreta cerceamento do direito de defesa do impugnante. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM OS RECURSOS DECLARADOS. FORMA DE APURAÇÃO. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 Quando a autoridade lançadora promove o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos (apuração de acréscimo patrimonial a descoberto) este deve ser apurado mensalmente, considerandose todos os ingressos de recursos (entradas) e todos os dispêndios (saídas) no mês. A lei somente autoriza a presunção de omissão de rendimentos nos casos em que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatível com os recursos disponíveis (tributados, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). Assim, quando for o caso, devem ser considerados, na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, todos os recursos auferidos pelo contribuinte (tributados, isentos e não tributáveis e os tributados exclusivamente na fonte), abrangendo os declarados e os lançados de ofício pela autoridade lançadora. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade lançadora o ônus de provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que à autoridade lançadora comprove o aumento do patrimônio sem justificativa nos recursos declarados. Por outro lado, valores alegados, oriundos de saldos bancários, disponibilidades, resgates de aplicações, dívidas e ônus reais, como os demais recursos declarados, são objeto de prova por quem as invoca como justificativa de eventual aumento patrimonial. As operações declaradas, que importem em origem de recursos, devem ser comprovadas por documentos hábeis e idôneos que indiquem a natureza, o valor e a data de sua ocorrência. MEIOS DE PROVA. INFRAÇÃO FISCAL. A prova de infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. SANÇÃO TRIBUTÁRIA. MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A prestação de informações ao fisco divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de contas bancárias movimentadas no Brasil e/ou no exterior, rendimentos, bens ou direitos, mesmo que de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MULTA DE OFÍCIO. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não Fl. 527DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10630.720318/200811 Acórdão n.º 9202003.257 CSRFT2 Fl. 14 5 haver máfé do contribuinte não descaracteriza o poderdever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. Argüição de decadência acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido.” A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em razão da desqualificação da multa de ofício acolher a arguição de decadência suscitada pelo Recorrente para declarar extinto o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo ao anocalendário de 2002, rejeitar as demais preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%, nos termos do voto do Relator. A Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga votou pelas conclusões quanto a preliminar de nulidade do lançamento em função de possíveis irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF.” O processo foi encaminhado à PGFN em 18/08/2011 (Despacho de Encaminhamento de fls. 450). Assim, conforme o art. 7º da Portaria MF nº 527, de 2010, o Recurso Especial poderia ser interposto até 02/10/2011, o que foi feito em 06/09/2011 (fls. 451 a 461), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 462. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade nº 220000.877, de 1ª/02/2012 (fls. 463). No Recurso Especial, a Fazenda Nacional alega, em síntese: na hipótese vertente, a autuação do contribuinte deuse em decorrência da omissão de rendimentos e da falta de recolhimento de IRPF nos anoscalendário de 2002 e 2003; sobre a conduta incidiu a multa de 150%, em face da prática consistente do sujeito passivo de deixar de declarar parcela significativa de seus rendimentos, fato que torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária e caracteriza o evidente intuito de fraude; Fl. 528DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 o dispositivo legal que fundamenta a multa agravada é o art. 44, II, §1º, da Lei 9.430, de 1996 (com redação dada pelo art. 14 da MP 351/2007); o mencionado dispositivo faz remissão aos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1966; que define os tipos dolosos: sonegação é a conduta (comissiva ou omissiva) orientada a impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais da contribuinte; Fraude (não se trata de fraude à lei, mas ao Fisco) consiste no artifício utilizado para impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, como, também, depois de aperfeiçoado, para reduzir imposto ou diferir seu pagamento. delineados os conceitos, há necessidade de se analisar a conduta do contribuinte e, no caso concreto, fazse mister examinar se a materialidade da conduta se ajusta à norma inserida nos artigos da Lei nº 4.502, de 1966, a que remete a Lei nº 9.430, de 1996, em seu artigo 44, inciso II (atual art. 44, I, c/c § 1º, da Lei n.º 9.430/96, conforme nova redação conferida pela Lei n.º 11.488, de 15 de junho de 2007, resultante da conversão da MP n.º 351/2007); verificase que, ao não contabilizar parte significativa de suas receitas durante dois anos, o contribuinte praticou omissão dolosa tendente a impedir o fisco de tomar conhecimento da ocorrência de fatos geradores, revelando, assim, sua intenção deliberada de se eximir do pagamento de imposto de renda e das contribuições sociais cabe ressaltar que em os valores identificados em suas contascorrentes são substancialmente maiores do que os valores informados em suas declarações; destaquese que, quando se observa que durante os anocalendário de 2002 e 2003, o contribuinte declarou apenas parcelas ínfimas de seus rendimentos, afastase a hipótese de erro e configurase a omissão dolosa de receitas com o nítido objetivo de se recolher menos tributo do que o devido, e uma vez demonstrada a presença do dolo, revelase correta a aplicação da multa qualificada; destarte, conforme provam os documentos constantes dos autos, o sujeito passivo, repitase, por sua ação firme e abusiva, em burla ao cumprimento da obrigação fiscal, demonstrou conduta consciente que procura e obtém determinado resultado: enriquecimento sem causa (cita doutrina de Luiz Regis Prado e Fernando Capez); no presente caso, o contribuinte: i) praticou atividade ilícita comprovada, detalhadamente descrita no auto de infração e confirmada no termo de verificação fiscal, observada a partir da apuração, de omissão significativa de rendimentos, o que caracteriza evidente intuito de fraude, motivo pelo qual foi aplicada e devidamente justificada pela fiscalização a multa de 150%; ii) como resultado de sua conduta dolosa, havia diminuição do efetivo valor da obrigação tributária, com o conseqüente pagamento a menor do tributo devido, em evidente prejuízo ao erário; iii) a conduta foi sempre resultado de sua vontade, livre e consciente, objetivando impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal; iv) a conduta demonstrou desprezo ao cumprimento da obrigação fiscal, ao princípio da solidariedade de matriz constitucional e ao dever legal de participação, indicando a intensidade do dolo; por todos os motivos expostos, deve ser mantida a qualificação da multa, posto que amparada nos comandos legais aplicáveis e justificada pelo contexto probante que instrui os presentes autos. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10630.720318/200811 Acórdão n.º 9202003.257 CSRFT2 Fl. 15 7 Ao final, a Fazenda Nacional requer o conhecimento e provimento do recurso. Cientificado do acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 13/03/2012 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 476), o Contribuinte, em 27/03/2012, ofereceu as ContraRazões de fls. 478 a 481 e interpôs o Recurso Especial de fls. 482 a 489 (envelope de postagem de fls. 481). Em sede de ContraRazões, o Contribuinte apresenta os seguintes argumentos, em resumo: o dolo não se presume, em matéria tributária ou em qualquer outra seara jurídica; em face do princípio da segurança jurídica, a exigência de tributo não pode ser ter base em presunção; a conta em questão sempre foi alimentada por depósitos e saques oriundos da atividade de trabalho do Contribuinte no exterior, desde a década de 60; recursos oriundos de trabalho não podem ser considerados como enriquecimentos sem causa; na década de 60 não havia na legislação brasileira qualquer obstáculo para a manutenção de conta no exterior, nem havia obrigação de declarálas; a Autoridade Fiscal não conseguiu provar que da mencionada conta algum numerário fosse enviado ou recebido a partir do Brasil, portanto não ocorreu omissão dolosa; pelo princípio da razoabilidade, a origem dos depósitos somente poderia ser de valores que já se encontravam no exterior. Ao final, o Contribuinte pede que o recurso não seja conhecido, por falta de requisitos básicos, e sendo conhecido, que não seja provido. Quanto ao Recurso Especial, interposto pelo Contribuinte, a este foi negado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade de fls. 493 a 498, o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame de fls. 501. O Contribuinte foi cientificado do não seguimento de seu Recurso Especial em 20/08/2012 (AR de fls. 505). Às fls. 517, a DRF em Governador Valadares/MG informa a transferência do crédito tributário definitivo para o processo nº 10630.720470/201272. Fl. 530DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. A matéria suscitada no apelo é a desqualificação da multa de ofício, exigida juntamente com o Imposto de Renda de Pessoa Física dos anoscalendário de 2002 e 2003, o que levou à declaração da decadência, relativamente ao anocalendário de 2002. Quanto à exigência mantida, relativa ao anocalendário de 2003, com multa de ofício no percentual de 75%, o Recurso Especial do Contribuinte não teve seguimento. Primeiramente, esclareçase que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas. Assim, é imprescindível a análise das situações retratadas nos acórdãos recorrido e paradigma, a ver se haveria a necessária similitude fática. No caso do acórdão recorrido, tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a apuração de APD – Acréscimo Patrimonial a Descoberto, por meio de fluxo de caixa em que foram computadas as origens e aplicações de recursos (fls. 19 e 25). A apuração de APD cuja multa foi qualificada originouse basicamente da identificação do Contribuinte como ordenante de nove operações no exterior, na investigação conhecida como “CPI do Banestado” (Relatório de Auditoria de fls. 12 em diante), efetuadas ao longo de dois anoscalendário, a saber: uma operação efetuada no mês de fevereiro do anocalendário de 2002, no valor de R$ 72.429,81, que gerou APD nos meses de fevereiro, março e dezembro (fls. 19); oito operações, efetuadas nos meses de março a julho e setembro do ano calendário de 2003, no valor total de R$ 451.026,69, que geraram APD nos meses de março a dezembro (fls. 25). Assim, no acórdão recorrido a inclusão no fluxo de caixa, como aplicações de recursos, de valores originados em operações bancárias efetuadas no exterior, no contexto da investigação conhecida como “CPI do Banestado”, gerou a presunção de omissão de rendimentos por parte do Contribuinte. Confirase trecho do voto condutor do acórdão recorrido (fls. 449): “Consta de forma clara, nos autos, que o suplicante foi tributado por presunção legal de omissão de rendimentos, caracterizado através do levantamento mensal de origens e aplicações de recursos, onde se constata um “acréscimo patrimonial a descoberto” “saldo negativo mensal”, ou seja, o suplicante aplicava e/ou consumia mais do que possuía de recursos com origem justificada, sendo que nestes casos a responsabilidade pela apresentação das provas para elidir a presunção legal compete ao contribuinte que praticou a irregularidade fiscal.” Fl. 531DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10630.720318/200811 Acórdão n.º 9202003.257 CSRFT2 Fl. 16 9 A qualificação da multa de ofício foi fundamentada na forma pela qual o Contribuinte efetuou a movimentação bancária no exterior, conforme o Termo de Auditoria Fiscal (fls. 15/16): • “21. O Sr. DILERMANDO manteve recursos no exterior não declarados à Receita Federal. Ele confessou que mantinha conta no exterior e esta informação não se encontra em sua declaração de rendas. 22. A forma escolhida pelo Sr. DILERMANDO para enviar os recursos provenientes do exterior para o Brasil não foi nenhuma das possibilidades disponibilizadas pelo Sistema Financeiro Nacional. Ao contrário, este recurso entrou no Brasil através de doleiros que, como é de conhecimento, mantêm um sistema financeiro paralelo muito utilizado para movimentar recursos provenientes de ilícitos diversos. 23. O intuito de fraude por parte do contribuinte ficou evidenciado neste procedimento. Em primeiro lugar ele omitiu para a autoridade fazendário os recursos que mantinha no exterior com o intuito de impedir que esta tivesse o conhecimento: a) da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, e: b) das condições pessoais deste, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. 24. Posteriormente o contribuinte agiu juntamente com doleiros com os mesmos objetivos descritos no parágrafo anterior. Estas atitudes do contribuinte encontramse tipificadas nos Arts. 71 e 73 Lei n2 4.502, de 1964: (...) 28. Os valores apurados na Variação Patrimonial a Descoberto do contribuinte os quais não se pode comprovar de forma inequívoca que provêm de depósitos em contas de doleiros, terão o seguinte tratamento: a) Os valores apurados em 2002 não serão lançados, pois como não ficou evidente o intuito de fraude, no entendimento desta fiscalização, eles já decaíram; b) Os valores apurados em 2003 serão lançados de ofício com multa de setenta e cinco por cento.” De todo o exposto, concluise que o acórdão recorrido trata de Imposto de Renda Pessoa Física, apurado mediante a sistemática de presunção de omissão de rendimentos, em que a qualificação da penalidade foi fundamentada na forma como o Contribuinte movimentou recursos no exterior, qual seja, à margem do Sistema Financeiro oficial. Em momento algum se menciona como fundamento da exasperação da multa o quantitativo das operações, ou mesmo a proporção entre os valores declarados e omitidos. Acrescentese que a Fl. 532DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 Pessoa Física não tem obrigação de manter escrituração contábil durante o anocalendário, tanto é assim que, para cálculo do APD, a própria Fiscalização teve de elaborar fluxo de caixa mensal. Quanto ao primeiro paradigma indicado – Acórdão nº 10709.267 – a Fazenda Nacional traz à colação diversos trechos, dos quais se destaca: Ementa “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 (...) PENALIDADE MULTA QUALIFICADA. O fato de ter omitido receitas reiteradamente em todos os meses do período, inclusive em valor significativamente superior ao valor declarado, revela a intenção do dolo. Assim, cabível a multa qualificada, pois estão presentes as condições legais para sua imposição. (...)” Voto “O sujeito passivo omitiu 74,63% da receita no período de março de 2001 a dezembro de 2001. Os valores de receita declarados à SRF são significativamente inferiores aos valores constantes de sua escrituração fiscal e declarados nas GIAS do ICMS. O fato de ter omitido receita reiteradamente em todos os meses desse período e o fato de não ter trazido aos autos, nenhuma prova de que tenha havido equívocos, levam à conclusão de que tal conduta revela a intenção do dolo. Assim, cabível a multa de 150%, pois estão presentes as condições legais para sua imposição, bem como a situação fática exige a lavratura de representação fiscal para fins penais.” (grifei) Os trechos acima, extraídos do paradigma, permitem concluir que se trata de Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, obrigada a efetuar escrituração contábil, cuja exigência não foi por presunção, mas sim pela constatação objetiva de que o Contribuinte, sistematicamente, em todos os meses do anocalendário de 2001, registrava receitas em sua escrituração fiscal, bem como declarava essas receitas nas guias de ICMS, porém ao declarar os valores à Receita Federal, informava menos de 30% delas, sem a comprovação da ocorrência de eventual erro, fato este que, para aquele Colegiado, não deixou dúvidas acerca do intuito doloso. Assim, a meu ver não existe similitude fática entre o acórdão recorrido e este primeiro paradigma, já que as condutas dos respectivos Contribuintes não possuem base de comparação, mormente no que tange à aplicação de multa qualificada: no acórdão recorrido, temse como fundamento da qualificação a forma pela qual foram efetuadas nove movimentações bancárias no exterior, por Pessoa Física, ao longo de vinte e quatro meses, em contexto de autuação por presunção; no paradigma, o fundamento da exasperação da penalidade foi a diversidade observada, em todos os meses do anocalendário, entre as receitas escrituradas por Pessoa Jurídica e declaradas em guias de tributo estadual, e a receita declarada ao Fisco Federal, sempre em valores significativamente menores. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10630.720318/200811 Acórdão n.º 9202003.257 CSRFT2 Fl. 17 11 Quanto ao segundo paradigma indicado – Acórdão nº CSRF/0105.954 – a Fazenda Nacional limitouse a colacionar a respectiva ementa, conforme a seguir: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA – A multa de ofício qualificada deve ser mantida se comprovada a fraude realizada pelo Contribuinte, constatados a divergência entre a verdade real e a verdade declarada pelo Contribuinte, e seus motivos simulatórios. Recurso especial provido.” A ementa acima somente menciona a existência de fraude, sem que se esclareça qual teria sido a conduta do Contribuinte, a ver se haveria similitude em relação à conduta do autuado, no caso do acórdão recorrido. Assim, compulsandose o inteiro teor do paradigma, verificase que se trata exatamente do mesmo modus operandi retratado no primeiro paradigma. Confirase trecho do respectivo voto vencedor: “De acordo com o Termo de Constatação Fiscal de fls. 358/363, a multa de ofício foi aplicada no percentual de 150% sob o fundamento de que as receitas declaradas nas DIPJs, durante três exercícios, são equivalentes a exatamente 10% dos valores das vendas constantes nas GIA's. Entendo que a declaração a menor dos valores apurados, com expressiva diferença, por três exercícios sucessivos, afasta qualquer margem de erro e comprova o intuito fraudulento do Contribuinte de afastar a tributação, na medida em que indica a existência de intencional divergência entre a verdade real e a verdade declarada pelo Contribuinte, e seus motivos simulatórios. Deste modo, diante dos fundamentos concretos indicados, que revelam a presença do dolo e permitiram ao contribuinte atingir seus fins contrários às disposições da ordem jurídica vigente, voto no sentido de manter a qualificação da multa de oficio.” Assim, a conclusão no sentido da inexistência de similitude fática em relação ao acórdão recorrido, exarada quando da análise do primeiro paradigma, vale igualmente para este segundo paradigma. Finalmente, releva notar que a Fazenda Nacional, em seu apelo, distanciouse do fundamento da qualificadora aplicado no acórdão recorrido, constante do Auto de Infração – forma pela qual o Contribuinte movimentou recursos no exterior, à margem do Sistema Financeiro oficial – para criar fundamento diverso, não veiculado na autuação – desproporção entre valores declarados e omitidos. Confirase trechos do Recurso Especial: “No caso sob análise restou cristalina a atividade ilícita do autuado, observada a partir da conduta deliberada de omitir parte significativa de rendimentos que deveriam constar no seu ajuste anual. De fato, nos anoscalendário de 2002 e 2003 o contribuinte deixou declarar parcela considerável de suas Fl. 534DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 12 receitas. Tal prática revela a presença de omissão dolosa, tendente a impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador da obrigação tributária e caracteriza a sonegação fiscal prevista no art. 71 da Lei 4.502/64, sujeitando o contribuinte à multa qualificada prevista no artigo 44, inciso II da Lei 9.430/96. (...) Na hipótese vertente, a autuação do contribuinte deuse em decorrência da omissão de rendimentos e da falta de recolhimento de IRPF nos anoscalendário de 2002 e 2003. Sobre a conduta incidiu a aplicação de multa no patamar de 150%, em face da prática consistente do sujeito passivo de deixar de declarar parcela significativa de seus rendimentos, fato que torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária e caracteriza o evidente intuito de fraude.” (grifei) Diante do exposto, tendo em vista que não restou demonstrada a alegada divergência jurisprudencial, não conheço do Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 535DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/08/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 10166.721545/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Aug 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE.
Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções.
É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes.
Lançamento Anulado
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2301-002.490
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em anular a autuação, devido a existência de vício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Damião Cordeiro de Moraes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzáles Silvério, Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva
Nome do relator: DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes. Lançamento Anulado Crédito Tributário Exonerado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em anular a autuação, devido a existência de vício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzáles Silvério, Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva
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AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes. Lançamento Anulado Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em anular a autuação, devido a existência de vício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 15 45 /2 00 9- 61 Fl. 540DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzáles Silvério, Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte, CEB DISTRIBUIÇÃO S/A, contra decisão que julgou válido o lançamento, mantendo o débito contra a empresa. 2. Conforme o Relatório Fiscal, verificouse que a empresa em questão apresentou GFIP – Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias provenientes do fornecimento das rubricas ticket alimentação, lanche matinal, auxílio escolar e programa de incentivo educacional, infringindo, assim, o disposto na Lei n.º 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inc. IV e §§ 3º e 5º, acrescentado pela Lei n.º 9.528, de 10/12/1997, combinado com o art. 225, IV e § 4º, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999 , no período de 01/2006 a 12/2006. 3. Cumpre transcrever a ementa do julgamento administrativo de origem nos seguintes termos: “MULTA POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OMISSÃO DE FATO GERADOR EM GFIP. CFL 68. Constitui infração capitulada na Lei nº. 8.212, de 24.07.91, art. 32, inc. IV e §5º, acrescentado pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, combinado com art. 225, IV, §4° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 06.05.99. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106 do CTN. Tratandose de autodeinfração decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória, aplicase a lei superveniente somente quando cominar penalidade menos severa que a prevista naquela vigente ao tempo de sua lavratura. A partir da edição da MP 449/08, a multa em lançamento de ofício das contribuições previdenciárias, nos casos de falta de recolhimento, de falta de declaração, e de declaração inexata, passou a ser regida pelo artigo 44 da Lei n.º 9.430/96. A multa prevista no inciso I, do art. 44 é única, no importe de 75%, e visa apenar, de forma conjunta, em um só lançamento, tanto o não pagamento do tributo (obrigação principal) como a não apresentação da declaração ou apresentação da declaração inexata (obrigação acessória). A multa do artigo 32A, da Lei 8.212/91(Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008), só se aplica quando não há a incidência do artigo 44, da Lei n.º 9.430/96. (lançamento de ofício). Impugnação Improcedente Fl. 541DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 10166.721545/200961 Acórdão n.º 2301002.490 S2C3T1 Fl. 541 3 Crédito Tributário Mantido” 4. O contribuinte, por sua vez, interpôs recurso voluntário, alegando em suma: a) nulidade do auto de infração na medida em que não constam, expressamente, quais as obrigações tributárias que teriam motivado o crédito tributário tal como lançado, os erros constatados nas informações prestadas pelo contribuinte e os dispositivos legais que o fundamentaram; b) os benefícios ticket alimentação e lanche matinal fornecidos pelo contribuinte a seus empregados estavam enquadrados na exceção do art. 28,§ 9º, “c”, da Lei nº 8.212/91, pois o contribuinte encontravase devidamente inscrito no Programa de Alimentação ao Trabalhador do Ministério do Trabalho e Emprego (PAT); c) ainda que o contribuinte não fosse inscrito no PAT desde o ano de 2004, o lanche matinal fornecido e o ticket alimentação não poderiam integrar o salário de contribuição por possuírem finalidade de manter a integridade da saúde dos trabalhadores, possuindo, assim, caráter indenizatório, posto que, somente as verbas que fazem parte da remuneração dos empregados integram a base de cálculo da contribuição social; d) as rubricas programa de incentivo educacional e auxílio escolar, seja em face da legislação previdenciária ou trabalhista, não podem fazer parte do salário de contribuição; e) inadequação da capitulação da obrigação principal atribuída à recorrente, indevida, por consequência, a cobrança de quaisquer obrigações acessórias. 5. Sem contrarrazões, os autos foram encaminhados a este Conselho para a apreciação do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que atende aos pressupostos de admissibilidade. DA MULTA APLICADA 2. Preliminarmente, alega o contribuinte a existência de nulidade do auto de infração, em razão de não constarem, expressamente, as obrigações tributárias que teriam motivado o crédito tributário tal como lançado, os erros constatados nas informações prestadas pelo contribuinte e os dispositivos legais que o fundamentaram. Fl. 542DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 4 3. Compulsando os autos verificouse que, conforme o relatório fiscal, f. 17, a fiscalização aplicou as multas previstas no art. 32, § 5º, da Lei 8.212/1991 combinado com o art. 283 e 284, inciso I e II e art. 373, do Regulamento da Previdência Social RPS, por considerálas mais benéficas ao contribuinte, em respeito ao art. 106, II, “c”, do CTN, nos seguintes termos: “O art. 32, § 5,º da Lei n.º 8.212/1991 com redação conferida pela Lei n.º 9.528/1997 (anteriormente citado) combinado com os arts. 283 e 284, incisos I e II e art. 373, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, republicado no DOU em 12/5/1999 (...)” “41. Cabe ressaltar que a lavratura do presente Auto de Infração e a aplicação da multa acima descrita se devem ao fato de que para este procedimento fiscal, em todas as competências, as multas a serem aplicadas em virtude das condutas infratoras apuradas são as dispostas na Lei n. 8.212/1991 de acordo com a redação anterior à MP n. 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009), tendo em vista serem mais benéficas ao contribuinte, em respeito ao mandamento contido no art. 106, II, “c”, do CTN, conforme demonstrado no Relatório Fiscal do Auto de Infração DEBCAD n. 37.192.5703.” 4. Não obstante a aplicação da Lei 11.941/2009 que resultou no benefício da redução do quantum da multa aplicada, impondo ao contribuinte disposição legal mais benéfica, o procedimento adotado pelo auditor fiscal, ao apresentar planilha sem dados explicativos que comprovem pormenorizadamente os valores aplicados à multa, gera dúvida quanto ao caminho trilhado para se chegar à constatação de que a multa aplicada seria a mais benéfica. 5. Assim, o cotejamento entre a legislação antiga e a nova deve ser feito de forma a possibilitar a aferição pelo contribuinte do gravame e, por consequência, viabilizar a ampla defesa conforme assegurada pelo art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, que assim dispõe: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)” 6. Os atos praticados no lançamento também servem para que o julgador possa efetuar o controle de legalidade, bem como analisar as questões trazidas aos autos. A omissão de informações e procedimentos para o processo inviabiliza a compreensão exata da imputação fiscal. 7. A motivação correta do lançamento fiscal é exigida do agente público especialmente quando diz respeito à imposição de ônus ao contribuinte. Desse modo, não restam evidenciadas, de forma clara, as razões técnicas e jurídicas que determinaram o lançamento, conforme dispõe o art. 50, II, §1º, da Lei 9.784/99 e o art. 38 do Decreto 7.574/2011: Fl. 543DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 10166.721545/200961 Acórdão n.º 2301002.490 S2C3T1 Fl. 542 5 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.” Art. 38º. A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade (Decreto no 70.235, de 1972, art. 9o, com a redação dada pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25). 8. Por fim, cumpre ressaltar que sem a devida fundamentação e motivação, em consonância com o que determina a legislação que rege o processo administrativo fiscal notadamente o art. 50 da Lei n.º 9.784/99 e o art. 38 do Decreto 7.574/2011, é nulo o lançamento fiscal. CONCLUSÃO 9. Assim, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, ANULAR o lançamento fiscal. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator Fl. 544DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 12571.000011/2010-84
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3803-000.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, converteu-se o julgamento em diligência, para que a repartição de origem instrua o presente processo com o inteiro teor das decisões definitivas prolatadas nos processos nº 12571.000200/2010-57 e 12571.000201/2010-00, inclusive sobrestando o presente processo até advir a possibilidade da providência.
(Assinado digitalmente)
CORINTHO OLIVEIRA MACHADO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JORGE VICTOR RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo De Sousa, Juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues, João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente).
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, converteu-se o julgamento em diligência, para que a repartição de origem instrua o presente processo com o inteiro teor das decisões definitivas prolatadas nos processos nº 12571.000200/2010-57 e 12571.000201/2010-00, inclusive sobrestando o presente processo até advir a possibilidade da providência. (Assinado digitalmente) CORINTHO OLIVEIRA MACHADO - Presidente. (Assinado digitalmente) JORGE VICTOR RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo De Sousa, Juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues, João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, converteuse o julgamento em diligência, para que a repartição de origem instrua o presente processo com o inteiro teor das decisões definitivas prolatadas nos processos nº 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, inclusive sobrestando o presente processo até advir a possibilidade da providência. (Assinado digitalmente) CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Presidente. (Assinado digitalmente) JORGE VICTOR RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo De Sousa, Juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues, João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 25 71 .0 00 01 1/ 20 10 -8 4 Fl. 162DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/08/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 12571.000011/201084 Resolução nº 3803000.340 S3TE03 Fl. 4 2 Relatório Retornam os autos diligência à repartição de origem para onde foram encaminhados por meio da Resolução nº 3803000.178, com a finalidade de obtenção do inteiro teor das decisões prolatadas nos processos de nº 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, respectivamente, haja vista a possibilidade de influência do resultado daquelas demandas em face desta, uma vez detectada que são conexas. Do Relatório anexo podese inferir que os acórdãos referentes a esses processos foram providos, para a anulação dos respectivos autos de infração, sob o fundamento de que as declarações de compensação constituem instrumentos de confissão de dívida bastante e suficiente para a exigência dos débitos e, que vindo a ser objeto de lançamento, ensejariam a duplicidade de cobrança entre os valores lançados e aqueles objeto das compensações não homologadas. Vale dizer que nos referidos acórdãos não foram analisadas a matéria atinente ao mérito das querelas, a saber: o pedido de ressarcimento de crédito relacionado à Cofins não cumulativa mercado externo 4º trimestre/2005, no valor de R$ 1.411,66. Outra informação relevante constante do citado relatório é que os acórdãos inda não são definitivos, pois em face do acórdão proferido nos autos do PAF 12571.000201/2010 00 foram interpostos embargos de declaração pela representação da Fazenda Nacional, o que se presume por conter matéria e decisão semelhante, deverá ocorrer em relação ao outro processo. A conclusão a que chegou o referido relatório é que os dois processos retrocitados deveriam ser reunidos ao presente e demais correlatos para análise em conjunto. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Victor Rodrigues Relator. O código de Processo Civil, utilizado subsidiariamente nos julgamentos de processos administrativos tributários pelos órgãos julgadores do CARF/MF, preceitua em seu artigo 103, que há conexão entre duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir, havendo sido tal situação reconhecida pela Turma e convertido o julgamento em diligência, de onde retornaram os autos para este Juízo. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/08/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 12571.000011/201084 Resolução nº 3803000.340 S3TE03 Fl. 5 3 Como já antecipado, nos casos em que ocorrem tal situação o julgador originário se torna prevento em relação a todos os processos relacionados com a matéria. Isto posto, e considerando a pesquisa previamente realizada acerca dos autos, bem assim a conclusão a que chegou o relatório e, em face do que dispõe o § 8º do artigo 58 do RICARF/20091, pugno em declinar da competência para o julgamento do presente processo em favor do Conselheiro Antônio Lisboa, integrante da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARFMF. É como voto. Sala de sessões em 21 de agosto de 2013. (Assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator. 1 RICARF/2009, Art. 58, § 8º os processos que versem sobre a mesma questão jurídica poderão ser julgados conjuntamente quanto à matéria de que se trata, sem prejuízo do exame e julgamento das matérias e aspectos peculiares. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/08/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 24/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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