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Numero do processo: 10783.008088/98-98
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1993 a 30/11/1994 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação, o prazo de decadência do direito do Fisco lançar a contribuição rege-se pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando-se em cinco anos contados da data do fato gerador. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. A base de cálculo do PIS, prevista no art. 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. A compensação não pode ser oposta a lançamento tributário como matéria de defesa. Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3403-001.542
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores relativos aos fatos geradores compreendidos entre janeiro e novembro de 1993, em razão da decadência, e para que as diferenças objeto do lançamento sejam apuradas entre os valores declarados em DCTF e aqueles que deveriam ter sido recolhidos com base na Lei Complementar nº 7/70, observado o critério da semestralidade, nos termos da Súmula CARF nº 15.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação, o prazo de decadência do direito do Fisco lançar a contribuição regese pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operandose em cinco anos contados da data do fato gerador. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. A base de cálculo do PIS, prevista no art. 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. A compensação não pode ser oposta a lançamento tributário como matéria de defesa. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores relativos aos fatos geradores compreendidos entre janeiro e novembro de 1993, em razão da decadência, e para que as diferenças objeto do lançamento sejam apuradas entre os valores declarados em DCTF e aqueles que deveriam ter sido recolhidos com base na Lei Complementar nº 7/70, observado o critério da semestralidade, nos termos da Súmula CARF nº 15. Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Fl. 867DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Liduína Maria Alves Macambira, Domingos de Sá Filho, Robson José Bayerl, Raquel Motta Brandão Minatel e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório Tratase de auto de infração com ciência pessoal do contribuinte em 09/12/1998 para exigir o crédito tributário relativo ao PIS, multa de ofício e juros de mora, em razão da falta de recolhimento da contribuição em períodos de apuração compreendidos entre janeiro de 1993 e novembro de 1997, em razão dos valores declarados ou recolhidos pelo contribuinte serem inferiores aos apurados. Em sua impugnação o contribuinte alegou em preliminar a decadência do direito do fisco efetuar o lançamento da contribuição em relação aos fatos geradores ocorridos até novembro de 1993 e, no mérito, alegou erro na apuração das bases de cálculo, pois: 1) a fiscalização teria incluído na base de cálculo receitas não operacionais (venda de imobilizado) em fevereiro, abril, maio e julho de 1997; 2) em maio e junho de 1997 foram tributadas indevidamente vendas de tijolos refratários; 3) houve cobrança de juros de mora com inobservância do prazo semestral para a cobrança da contribuição; 4) é inconstitucional e ilegal a exigência de juros com base na taxa Selic. A 5ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro, por meio do Acórdão nº 2.393, de 10/04/2003, manteve em parte o lançamento. Foi rejeitada a alegação de decadência, considerandose o prazo de 10 anos da Lei nº 8.212/91. Foram excluídas das bases de cálculo as receitas provenientes de venda de bens do ativo imobilizado. Foi mantida a incidência sobre as receitas provenientes da venda de tijolos refratários, em face desta atividade estar contemplada no objeto social da pessoa jurídica. Foi rejeitada a alegação de incidência indevida de juros em face do prazo de recolhimento ser de seis meses, sob o fundamento de que este prazo foi alterado por leis supervenientes. Foi mantida a exigência dos juros de mora com base na variação da taxa Selic. Regularmente notificado daquele Acórdão em 04/06/2003 (fl. 429), o sujeito passivo interpôs recurso voluntário de fls. 430/440, em 04/07/2003. Alegou que: 1) foram aplicados indevidamente juros de mora antes do prazo de vencimento do tributo, que era de seis meses até outubro de 1995; 2) a recorrente é credora do fisco quanto ao que foi recolhido indevidamente com base nos Decretosleis nº 2.445 e 2.449, ambos de 1988, e seu crédito deve ser compensado com o que for cobrado pelo fisco; 3) em todos os meses do anocalendário de 1997 foram incluídos indevidamente no lançamento valores já recolhidos pela recorrente, conforme comprovantes de pagamentos e pedidos de compensação anexos ao recurso. Por meio da Resolução nº 20200.770 o julgamento foi convertido em diligência para que a fiscalização verificasse se estão sendo cobrados valores já pagos, conforme demonstrativo de fl. 438 e DARF de fls. 505/514, apresentados no recurso. Os autos retornaram com o relatório de diligência de fls. 543/545, instruído com os documentos de fls. 546/582. A recorrente tomou ciência do termo de diligência em 10/06/2009 (fl. 582), tendo deixado transcorrer in albis o prazo para apresentação de manifestação. Fl. 868DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.008088/9898 Acórdão n.º 3403001.542 S3C4T3 Fl. 2 3 É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Tratase de analisar três questões de direito (decadência, semestralidade da base de cálculo e compensação como matéria de defesa) e uma questão de fato (exigência de valores já pagos ou compensados). Iniciando pela questão da decadência, verificase que o contribuinte não se opôs contra a decisão de primeira instância na parte em que decidiu pelo prazo de dez anos do art. 45 da Lei nº 8.212/91. É cediço que o art. 45 da Lei nº 8.212/91 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, o que significa dizer que a decisão de primeiro grau, embora não contestada pelo contribuinte nesta parte, está mantendo a exigência de crédito tributário escorada em dispositivo legal inconstitucional. Com o advento do art. 62A do Regimento Interno do CARF a questão da decadência do direito do fisco efetuar o lançamento dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação está pacificada. Este Colegiado deve obrigatoriamente aplicar a Súmula Vinculante nº 8 do STF e a decisão do STJ proferida no RESP nº 973.733, sob o regime do art. 543C do CPC, que considera que o pagamento antecipado do tributo, antes de qualquer iniciativa do fisco, é relevante para caracterizar o lançamento por homologação. Eis a ementa do referido julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que Fl. 869DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” O extrato do sistema SINAL de fl. 293 demonstra que foram feitos pagamentos do PIS em todos os períodos de apuração do ano de 1993. Existindo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência deve ser contado segundo a regra do art. 150, § 4º do CTN. Tendo em vista que o contribuinte tomou ciência do auto de infração em 09/12/1998, nesta data já havia caducado o direito do fisco efetuar o lançamento do crédito tributário relativo aos fatos geradores compreendidos entre janeiro e novembro de 1993, que deve ser excluído deste lançamento por estar extinto, nos termos do art. 156, VII do CTN. Outra questão abordada no recurso foi a da interpretação do art. 6º da Lei Complementar nº 7/70. Por muito tempo persistiu uma controvérsia sobre a natureza desse Fl. 870DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10783.008088/9898 Acórdão n.º 3403001.542 S3C4T3 Fl. 3 5 dispositivo legal. Para uns se tratava de prazo de recolhimento, que foi alterado pela legislação ordinária superveniente. Para outros, o referido dispositivo legal regulava a base de cálculo da contribuição e, portanto, não teria sido alterado pela legislação superveniente até o advento da Medida Provisória nº 1.212/95. Hoje a questão está pacificada, pois tanto o Superior Tribunal de Justiça, quanto o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais entendem que o art. 6º da Lei Complementar nº 7/70 regulou a base de cálculo do PIS. Este colegiado está vinculado ao teor da Súmula CARF nº 15, vazada nos seguintes termos: “A base de cálculo do PIS, prevista no art. 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária.” Sendo assim, o auto de infração e a decisão de primeira instância merecem ser revistos nesta parte. A fiscalização, em relação ao primeiro fato gerador não colhido pela decadência, dezembro de 1993, deverá utilizar o faturamento do mês de junho de 1993; em relação ao fato gerador de janeiro de 1994 deverá tomar o faturamento do mês julho de 1993, sempre pelo valor original e assim sucessivamente até o fato gerador de fevereiro de 1996, a partir do qual passou a ter eficácia a Medida Provisória nº 1.212/95. Apurada a contribuição devida com base na Lei Complementar nº 7/70, observado o critério acima especificado, os valores serão deduzidos daqueles que tiverem sido declarados em DCTF ou pagos espontaneamente, a fim de serem exigidas mediante lançamento de ofício apenas as diferenças. Relativamente ao direito de compensar o suposto indébito decorrente da inconstitucionalidade dos Decretosleis nº 2.445 e 2.449, ambos de 1988, a mera alegação da existência de créditos não tem o condão de alterar o conteúdo do lançamento, uma vez que a exigência consubstanciada nestes autos não decorreu de glosa de compensação efetuada pela contribuinte e nem de pedido de compensação que tenha sido desconsiderado pela fiscalização. Inexistindo pedido de compensação ou mesmo prova de que a compensação tenha sido efetuada no âmbito do lançamento por homologação, previamente à lavratura do auto de infração, não há como se acatar o pedido da recorrente, uma vez que o recurso voluntário não se presta para albergar pedido de compensação. No que tange à exigência de valores já pagos durante o anocalendário de 1997, esclareceu a fiscalização em seu temo de diligência que todos os pagamentos, compensações e parcelamentos efetuados ocorreram posteriormente à ciência do auto de infração. O contribuinte tomou ciência do auto de infração em 09/12/1998. Entretanto, os pagamentos informados pela recorrente foram efetuados somente em junho de 1999 e outubro de 2001, conforme comprovam os extratos do sistema Sinal às fls. 546/547. Tais pagamentos deverão ser imputados aos valores cobrados no auto de infração, tal como consignado no relatório de diligência. Já os pedidos de compensação anexados ao recurso voluntário, foram formalizados posteriormente à ciência do auto de infração, em julho e novembro de 1999, Fl. 871DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 conforme carimbos de protocolo que podem ser conferidos nas fls. 503, 504, 517 e 520. Os valores compensados já estão excluídos do auto de infração, em face da compensação ter sido declarada em DCTF (fl. 246 e fl. 290/292). Por fim, quanto aos valores incluídos no Refis, verificase que se tratam dos valores declarados em DCTF (fls. 290/292), que por terem sido declarados já foram excluídos dos débitos apurados (fl. 246). A recorrente tomou ciência do termo de diligência com as constatações acerca dos pagamentos, compensações e parcelamentos alegados (fls. 546 e 582). Não tendo apresentado nenhuma manifestação em contrário, presumese que concordou com as constatações da fiscalização. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores relativos aos fatos geradores do período compreendido entre janeiro e novembro de 1993 em razão da decadência e para que as diferenças objeto do lançamento sejam apuradas entre os valores declarados em DCTF e aqueles que deveriam ter sido recolhidos com base na Lei Complementar nº 7/70, observado o critério da semestralidade, nos termos da Súmula CARF nº 15. Antonio Carlos Atulim Fl. 872DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/05/201 2 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 10675.004598/2004-69
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto Sobre A Propriedade Territorial Rural-ITR
Exercício: 2000
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. PRESCINDIBILIDADE.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, somente após a vigência do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002 é que se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.008
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. PRESCINDIBILIDADE. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, somente após a vigência do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002 é que se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM: 23/03/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em 06 de dezembro de 2007, a então 3ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 30134.232 [fls. 124 – 129] que, unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário: ITR/2000. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. Incabível a incidência do ITR quando houver a comprovação da referida área mesmo que fora do prazo de seis meses' 'pretendido pelo fisco com base na INSRF n° 43 de 07/05/1997 com a redação dada pelo art. 1° da INSRF n° 67 de 01/09/1997. A declaração do recorrente, para fins de isenção do ITR, relativa à área de preservação permanente, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, conforme dispõe o art. 10, parágrafo10, da Lei n.° 9.393/96, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. A área de Reserva Legal averbada no registro de imóveis antes da ocorrência do fato gerador está excluída da área tributável, independentemente do requerimento/apresentação do ADA — Ato Declaratório Ambiental. A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR. Recurso voluntário provido. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 2 3 Inconformada com o r. acórdão supracitado, a i. Procuradoria da Fazenda Nacional protocolizou Recurso Especial [fls. 133/143], com fulcro no art. 5°, II, do Regimento Interno à época. Apresenta, como paradigmas, para comprovar a interpretação divergente, os Acórdãos 30236.278, proferido pelo Conselheiro Walber José da Silva, em sessão de 09/07/2004 e 30236.585, proferido pela Conselheira Elizabeth Emílio de Moraes Chieregatto, em sessão de 02/12/2004, dos quais transcrevo apenas uma ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR EXERCÍCIO DE 1997. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. A existência de áreas de preservação permanente deve ser reconhecida mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênio. As áreas de reserva legal devem ser averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. Negado provimento por unanimidade." Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 3ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes entendeu por DAR SEGUIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial do Procurador, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu de julgado prolatado por outra Câmara [fls. 144/146]: […] Analisando os acórdãos apresentados, entendo que foi comprovada a divergência apenas quanto à área de preservação permanente, pois os paradigmas entendem que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Esse fato ocorreu, aliás, a própria decisão de primeira instância reconheceu que havia uma área de 252,2 ha de reserva legal averbada em 03/11/1999, portanto, antes da ocorrência do fato gerador.Só manteve a glosa por falta de comprovação tempestiva do ADA. No que se refere à área de 29,91ha de preservação permanente, reconhecida pelo acórdão recorrido, os paradigmas entendem que deve ser comprovada por meio de ADA do IBAMA protocolizado tempestivamente, ao passo que a decisão recorrida entendeu ser desnecessária tal comprovação. Considerando que os paradigmas não foram reformados pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, dou seguimento em parte o recurso especial interposto, pela Procuradora da Fazenda Nacional. [Grifo nosso] Inconformada com o seguimento parcial, a PFN interpôs agravo [fls. 148/152] que, em síntese, suscitou: […] que, com relação à área de reserva legal, não foi analisado o paradigma correto quando da análise das Fl. 3DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 argumentações acerca da área de reserva legal, pois, às fls. 111, a Fazenda apresentou a divergência existente entre a decisão no caso em tela e a decisão exarada pela 2° Câmara do Terceiro Conselho, no acórdão n ° 30236.585, tendo a ementa assim sido redigida: “A área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusão tributária e aproveitamento do imóvel rural, quando devidamente averbada à margem da inscrição de matrícula do referido imóvel, junto ao Registro de Imóvel competente, em data anterior à da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos da legislação pertinente.” Instado a se manifestar, em 16 de setembro de 2009, o i. Presidente do CARF proferiu Despacho n. 220161/2009 que rejeitou o pedido de reexame [fls. 159/160]: Dos arestos colacionados, temse que o acórdão recorrido considera desnecessária a declaração de reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal por meio de Ato Declaratório Ambiental —ADA, emitido pelo IBAMA/órgão conveniado, ou da comprovação do cumprimento, tempestivo, da solicitação desse requerimento, para exclusão de referidas áreas da base de cálculo do ITR, refutando, dessa forma, o estabelecido pela IN SRF n° 43/1997. 7. Os acórdãos paradigmas (ac. 30236.278 e ac. 30236,585), quanto à área de reserva legal, se prendem apenas ao fato da obrigatoriedade de averbação da mesma à margem do registro do imóvel. 8. Logo, por não possuírem o mesmo contexto fático quanto à comprovação da área de reserva legal, o acórdão recorrido cuida da não necessidade do Ato Declaratório Ambiental — ADA, enquanto os acórdãos paradigmas tratam da obrigatoriedade de averbação da mesma à margem do registro do imóvel, não ensejam divergência. 7. Portanto, está de acordo com a legislação de regência c Despacho n°329/2007, que deu seguimento em parte ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional,sob o fundamento de se ter comprovado a divergência apenas quanto à área de preservação permanente, pois, quanto à área de reserva legal, os acórdãos paradigmas entendem que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Esse fato ocorreu, aliás, a própria decisão de primeira instância reconheceu qu ehouve averbação tempestiva de uma área de 252,2 ha de reserva legal, só manteve a glosa por falta de comprovação tempestiva do ADA. Ante o exposto, REJEITO O PEDIDO DE REEXAME de admissibilidade ao recurso especial interposto pela Procuradoria, nos termos em que dispõe o § do art. 17, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 3 5 Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial do Procurador, apresentou contrarazões [fls. 164/173]. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatado parcialmente pela ilustre Presidente da então 3ª Câmara do 3o Conselho de Contribuintes a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. No que concerne à exigência do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para fins da fruição da benesse isentiva que ora cuidamos, melhor sorte não está reservada à Fazenda Nacional, como passaremos a demonstrar. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, arrimado no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, por entender que a comprovação das áreas de reserva legal e de preservação permanente não estão condicionadas exclusivamente à emissão do ADA ou ainda ao seu requerimento tempestivo, mesmo após a alteração do artigo 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, na redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 10.165/2000, deixaremos de abordar aludida discussão, sobretudo em face da aprovação da Súmula n° 41 do CARF, rechaçando qualquer dúvida quanto ao tema, in verbis: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Observese, que este Egrégio Colegiado sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, o que se vislumbra no caso vertente, cujo fato gerador ocorreu em 1999. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica não condiciona a isenção em comento à requisição atempada do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela então 3ª Câmara do 3o Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 4 7 Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É o voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 7DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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Numero do processo: 19515.000520/2010-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM A MESMA MATÉRIA.
Conforme a Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2301-002.595
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em não conhecer do Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM A MESMA MATÉRIA. Conforme a Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido
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Conforme a Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em não conhecer do Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA 2 Fl. 400DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.000520/201021 Acórdão n.º 2301002.595 S2C3T1 Fl. 377 3 Relatório Tratase de Lançamento por meio de Auto de Infração, lavrado em 08/03/2010, por ter a empresa acima identificada, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 64/65, nas competências 01/2006 a 12/2007, tendo resultado na constituição de crédito tributário de R$ 1.710.789,32. Após tomar ciência pessoal da autuação em 09/03/2010, fls. 01, a recorrente apresentou impugnação, fls. 76/95, na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 11ª Turma da DRJ/São Paulo I, no Acórdão de fls. 272/283, decidiu não conhecer da impugnação, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 03/02/2011, fls. 287. O recurso voluntário, apresentado em 2301/03/2011, fls. 287/297, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Insiste que a ação declaratória impetrada não tem identidade de objeto coma defesa administrativa. Aponta que apontou a ilegalidade do lançamento, tendo em vista ser beneficiária de isenção. Demonstra que tratou do direito adquirido à isenção. Nunca teria ficado descoberta da documentação necessária para desfrutar da isenção. É o relatório. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA 4 Voto Conselheiro Mauro José Silva, Relator A questão controversa que nos é apresentada diz respeito à identidade de objeto entre a ação judicial e a impugnação de modo a ficar ou não caracterizada a renúncia total à esfera administrativa. A ação judicial impetrada pela recorrente tem o seguinte pedido, conforme consta de seu recurso voluntário: c) Que, afinal, seja de forma definitiva declarada, a Autora, como entidade imune conforme prevê o § 72• do artigo 195 da Constituição Federal enquanto preencher os requisitos do artigo 14 do C.T.N., colocandoa a salvo da exigência da contribuição social, nos termos previstos na lei No. 9.732/98, em face da sua flagrante INCONSTITUCIONALIDADE, condenandose os Réus nos ônus da sucumbência; Portanto, é fora de dúvida que todos os argumentos relativos à isenção/imunidade da recorrente em relação a todas as contribuições sociais estão abrangidos pela ação judicial. Observamos na impugnação, a contrário do que alega a recorrente, que todos os argumentos trazidos inicialmente para discussão administrativa estão diretamente referidos à isenção, não havendo um argumento sequer que não se refira a tal assunto. O caso, portanto, enseja a aplicação da Súmula CARF nº 1 a seguir transcrita: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por todo o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER o RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 402DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.000520/201021 Acórdão n.º 2301002.595 S2C3T1 Fl. 378 5 Fl. 403DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 por MAURO JOSE SILVA
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Numero do processo: 10980.009571/2007-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2000 a 30/03/2006
Ementa: CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE FOLHA DE PAGAMENTO A empresa está obrigada a recolher as contribuições devidas incidentes sobre todas as remunerações pagas aos segurados que lhe prestam serviços.
PERÍCIA INDEFERIMENTO
A perícia será indeferida sempre que a autoridade julgadora entender ser prescindível e meramente protelatória e quando não houver dúvidas a serem sanadas.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ARTIGO 106 DO CTN, NECESSIDADE DE AVALIAR AS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELA LEI 11.941/09.
Incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte.
Numero da decisão: 2301-002.702
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Adriano Gonzáles Silvério.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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PERÍCIA INDEFERIMENTO A perícia será indeferida sempre que a autoridade julgadora entender ser prescindível e meramente protelatória e quando não houver dúvidas a serem sanadas. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ARTIGO 106 DO CTN, NECESSIDADE DE AVALIAR AS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELA LEI 11.941/09. Incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa Fl. 650DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 2 prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Adriano Gonzáles Silvério. Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete de Oliveira Barros Relator. Adriano Gonzales Silverio Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Bernadete De Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 10980.009571/200751 Acórdão n.º 2301002.702 S2C3T1 Fl. 640 3 Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição dos empregados, à do contribuinte individual, à da empresa, incidente sobre a remuneração dos segurados a seu serviço, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos Terceiros. Conforme Relatório Fiscal (fls. 34), constitui fato gerador da contribuição lançada o pagamento de remuneração aos segurados empregados e aos contribuintes individuais, que prestaram serviços à empresa, sendo que as contribuições previdenciárias apuradas e constituídas por intermédio da Notificação decorrem da constatação de diferenças entre os valores devidos e aqueles efetivamente recolhidos pela empresa,. A autoridade lançadora esclarece que a apuração dos valores incluídos na presente notificação deuse com a confrontação do total das contribuições previdenciárias devidas, subtraídos os recolhimentos efetuados pelo próprio contribuinte, bem como pelos tomadores de seus serviços (retenções em notas fiscais de prestação de serviços). A recorrente apresentou defesa e, de sua análise, o processo foi baixado em diligência, nos termos do Despacho de fls. 593, resultando na Informação Fiscal de fls. 597, por meio da qual a autoridade fiscal reconhece apenas que houve equívoco no valor lançado para a competência 04/2001, frisando que foram devidamente analisadas as compensações e os pedidos de restituição formulados pelo contribuinte, e concluindo que os documentos juntados em sede de impugnação já haviam sido apresentados por ocasião do processo normal de fiscalização, não trazendo, portanto, fatos novos ao lançamento do crédito previdenciário. Cientificada do teor da IF, a recorrente se manifestou às fls. 604 e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0619.816, da 6a Turma da DRJ/CTA (fls. 617), julgou o lançamento procedente em parte, acatando a preliminar de decadência trazida pela notificada, e excluindo do débito os valores lançados nas competências 11/2000 e 04/2001, decaídas independente da regra do CTN a ser aplicada. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 676), repetindo basicamente as alegações trazidas na impugnação e em seu aditamento. Preliminarmente, alega nulidade do Acórdão recorrido por cerceamento de defesa em virtude do indeferimento da perícia requerida em sede de impugnação. Ressalta que a perícia técnica seria essencial para provar que os recolhimentos exigidos foram regularmente recolhidos, o que comprovaria que os tributos cobrados na presente NFLD, ora em grau de recurso, já foram integralmente quitados. No mérito, reitera que a recorrente é empresa que exerce atividades na área da construção civil, estando, deste modo, sujeita à retenção em todos os serviços que presta, devendo os contratantes reter as contribuições previdenciárias destacadas na nota fiscal de Fl. 652DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 4 prestação de serviço emitida pela contratada e repassar a verba retida ao INSS, sob pena de apropriação indébita. Sustenta que o procedimento da retenção da contribuição previdenciária nos serviços de construção civil está previsto no art. 31 da Lei 8.212/1991 e no art. 140 da IN/SRP n° 03/2005, e que o art. 93 do referido normativo determina que o contratante de serviços de construção civil será o responsável pelo desconto da contribuição previdenciária, nos casos da retenção, bem como será o responsável pelo repasse ao INSS do valor retido, que sempre se presumirá feito para a contratada, não sendo licito ao contratante alegar qualquer omissão para se eximir da obrigação, permanecendo responsável pelo recolhimento das importâncias que deixar de descontar ou de reter. Reafirma que, no momento de pagar suas contribuições previdenciárias mensais, a recorrente informa na GFIP as compensações que irá proceder, sendo que o crédito utilizado é oriundo das retenções que sofreu, e efetua o pagamento da diferença das contribuições previdenciárias devidas, asseverando que sempre agiu de acordo com as normas legais vigentes, respeitandoas. Entende que os documentos apresentados comprovam as retenções efetivadas por parte dos tomadores de serviços, sendo que após as retenções sofridas compensouas com as contribuições previdenciárias devidas mensalmente, conforme prevê o art. 203, § 7° e § 8° e art. 204 da IN/SRP n° 03/2005. Aduz que, no caso em tela, ao analisar os documentos apresentados, a autoridade julgadora fez a opção pelo método mais fácil e conveniente, o da negativa geral, sem buscar a verdade real, pois não considerou as retenções efetivadas por contratantes da recorrente, bem como as compensações efetivadas pela própria notificada, ignorando por completo o disposto no artigo n° 31 da Lei n° 8.212/1991 e nos artigos 93, 140, 203 e 204 da IN/SRP n° 03/2005, passando a exigir supostas diferenças das contribuições previdenciárias que foram objetos de compensações informadas em GFIP, com créditos oriundos de retenções efetuadas pela recorrente. Requer, por fim, que seja reconhecida a improcedência do lançamento, pois conforme documentação disponibilizada por ocasião da impugnação, a recorrente procedeu conforme autoriza a legislação vigente, já tendo quitado integralmente as contribuições previdenciárias apontadas pela fiscalização. É o relatório. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 10980.009571/200751 Acórdão n.º 2301002.702 S2C3T1 Fl. 641 5 Voto Vencido Conselheiro Bernadete De Oliveira Barros O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Da análise do recurso apresentado, registro o que se segue. Preliminarmente, a notificada alega nulidade da decisão que indeferiu a perícia, argumentando, em síntese, que o seu indeferimento viola disposição literal de lei, impedindo a ampla produção da prova e o esclarecimento da verdade dos fatos, contrariando o direito constitucional da ampla defesa e requer que a documentação seja reanalisada de forma correta, o que só seria possível, segundo entende, por meio de perícia. Todavia, a necessidade de perícia para o deslinde da questão tem que restar demonstrada nos autos. O art. 18, da Lei do Processo Administrativo Fiscal (Dec. 70.235/72), estabelece que: Art.18 A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. Não tendo sido demonstrada pela recorrente a necessidade da realização de perícia, não se pode acolher a alegação de cerceamento de defesa pelo seu indeferimento. Verificase, dos autos, que não existem dúvidas a serem sanadas, já que o Relatório Fiscal está claro e a NFLD muito bem fundamentada. A fiscalização deixou claro, nos relatórios integrantes da notificação, quais os valores da base de cálculo utilizada na apuração da contribuição lançada e as alíquotas aplicadas. A NFLD foi lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente notificante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem a Notificação, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. O Relatório Fiscal traz todos os elementos que motivaram a lavratura da NFLD e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, encerra todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento, separados por assunto e período correspondente, garantindo, dessa forma, o exercício do contraditório e ampla defesa à notificada. Fl. 654DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 6 Portanto, as autoridades julgadoras de primeira instância, ao entenderem ser prescindível a produção de novas provas e a realização de perícia, indeferiram, por unanimidade, o pedido formulado pela recorrente. Dessa forma, como a recorrente não demonstrou que a elucidação do caso dependeria da produção de prova pericial, indeferese o pedido de perícia, por considerála prescindível e meramente protelatória. Ademais, cumpre lembrar que o Decreto nº 70.235/1972 estabelece o seguinte: Art.16 A impugnação mencionará: .................................. IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito; § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. Da leitura do dispositivo, verificase que a recorrente não cumpriu os requisitos necessários à formulação de perícia pois limitouse a requerêla, sem indicar o perito ou formular os quesitos a serem respondidos. Assim, os julgadores de primeira instância agiram em observância dos dispositivos legais que tratam da matéria, e indeferiram, com muita propriedade, o pedido de perícia formulado pela recorrente. No mérito, insiste em afirmar que, como atua na prestação de serviços de construção civil, está sujeita a sofrer a retenção de que trata o art. 31, da Lei 8.212/91 e que as contribuições lançadas na NFLD em tela são oriundas das retenções que sofreu quando da emissão da nota fiscal de prestação de serviços. Alega que os documentos apresentados comprovam as retenções efetivadas por parte dos tomadores de serviços, sendo que após as retenções sofridas compensouas com as contribuições previdenciárias devidas mensalmente, conforme prevê o art. 203, § 7° e § 8° e art. 204 da IN/SRP n° 03/2005. No entanto, não comprova o alegado. Apenas alega mas não aponta, nos documentos juntados aos autos, onde está o equívoco que, segundo entende, foi cometido pela fiscalização. Como oportunamente observado pelo Relator do Acórdão recorrido, a notificada, tanto na impugnação quanto na manifestação posterior, em momento algum especificou quais seriam as supostas inconsistências nos levantamentos efetuados pela fiscalização, limitandose a formular alegações genéricas e a postular perícia, sem a observância dos requisitos legais. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 10980.009571/200751 Acórdão n.º 2301002.702 S2C3T1 Fl. 642 7 A recorrente poderia ter elaborado uma planilha com a discriminação dos valores compensados declarados em GFIP e os efetivamente recolhidos por meio de GPS, com apontamento do número de folhas dos documentos, para demonstrar suas alegações. Porém, não o fez, se limitando a alegar que as divergências apuradas pela fiscalização não existem. Entretanto, constatase, da análise da documentação anexada junto à impugnação, que os valores lançados pela autoridade notificante estão corretos. Verificase, da análise das notas fiscais apresentadas pela recorrente, que os valores destacados nas notas fiscais foram devidamente compensados com as contribuições apuradas pela fiscalização. A autoridade lançadora verificou que os documentos apresentados em sede de defesa já haviam sido analisados quando da ação fiscal, tendo sido observados, no cálculo da contribuição lançada, os pedidos de restituição, as compensações realizadas pela empresa e as retenções sofridas em notas fiscais. É oportuno frisar que as Notas Fiscais de Prestação de Serviço 0862 a 0865 (fls. 88 a 91) não sofreram retenção com amparo em decisão proveniente do Mandado de Segurança, conforme observação constante do corpo da nota, e que diversos documentos a juntados pela recorrente não pertencem às competências abrangidas pelo lançamento ora discutido. Dessa forma, sendo o lançamento um ato vinculado, ao constatar a existência de diferença de contribuição devida, incidentes sobre a remuneração dos segurados a seu serviço, a fiscalização lavrou a competente NFLD, em observância ao disposto no art. 37 da Lei 8212/91: Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de beneficio reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Nesse sentido e Considerando tudo mais que dos autos consta, Voto por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Bernadete De Oliveira Barros Relatora Fl. 656DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 8 Voto Vencedor Adriano Gonzales Silvério, Redator Designado Conforme decidido pela E. 1º Turma, a divergência a ser registrada em relação ao voto da Ilustre Conselheira Relatora diz respeito apenas à quantificação da multa aplicada considerandose a retroatividade benigna espelhada no Código Tributário Nacional. Há de se registrar que o dispositivo legal da multa aplicada foi alterado pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, merecendo verificar a questão relativa à retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Segundo as novas disposições legais, a multa de mora que antes respeitava a gradação prevista na redação original do artigo 35, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passou a ser prevista no caput desse mesmo artigo, mas agora limitada a 20% (vinte por cento), uma vez que submetida às disposições do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Incabível a comparação da multa prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212/91, já que este dispositivo veicula multa de ofício, a qual não existia na legislação previdenciária à época do lançamento e, de acordo com o artigo 106 do Código Tributário Nacional deve ser verificado o fato punido. Ora se o fato “atraso” aqui apurado era punido com multa moratória, consequentemente, com a alteração da ordem jurídica, só pode lhe ser aplicada, se for o caso, a novel multa moratória, prevista no caput do artigo 35 acima citado. Em princípio houve beneficiamento da situação do contribuinte, motivo pelo qual incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte. Ante o exposto, CONHEÇO o recurso voluntário para, NO MÉRITO, DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO a fim de, se mais benéfica ao contribuinte, aplicar a multa prevista no artigo 35 caput da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/09. Adriano Gonzáles Silvério Fl. 657DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 04/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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Numero do processo: 10865.001503/2004-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 15/05/2003 a 15/10/2004 ERRO FORMAL NA INDICAÇÃO DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO NA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Mero erro formal no preenchimento da Per/Dcomp que não pode servir como fundamento para a não homologação da compensação pleiteada. Assunto: Contribuição ao PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/04/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998 DECRETOS Nº 2.445 E 2.449. INCONSTITUCIONALIDADE. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da semestralidade da Contribuição ao PIS estabelecidas pelos Decretos-Leis 2.445/88 e 2.449/88, Posteriormente, o Senado Federal editou a Resolução 49/95, suspendendo a execução dos referidos Decretos. Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-001.485
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (presidente) e José Adão Vitorino de Morais
Nome do relator: ANDREA MEDRADO DARZE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 15/05/2003 a 15/10/2004 ERRO FORMAL NA INDICAÇÃO DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO NA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Mero erro formal no preenchimento da Per/Dcomp que não pode servir como fundamento para a não homologação da compensação pleiteada. Assunto: Contribuição ao PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/04/1998, 31/10/1998, 30/11/1998, 31/12/1998 DECRETOS Nº 2.445 E 2.449. INCONSTITUCIONALIDADE. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da semestralidade da Contribuição ao PIS estabelecidas pelos DecretosLeis 2.445/88 e 2.449/88, Posteriormente, o Senado Federal editou a Resolução 49/95, suspendendo a execução dos referidos Decretos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (presidente) e José Adão Vitorino de Morais [assinado digitalmente] Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Relatora. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE 2 Participaram ainda da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Antônio Lisboa Cardoso, José Adão Vitorino de Morais e Amauri Amora Câmara Júnior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra a decisão da DRJ em Ribeirão Preto, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que não foi observado o disposto no art. 170A, do Código Tributário Nacional. A ora Recorrente transmitiu Pedidos de Restituição/Declarações de Compensação (Per/Dcomps), visando a homologação da compensação dos débitos fiscais vencidos de sua responsabilidade, no valor total de R$ 7.578,13 (sete mil quinhentos e setenta oito reais e treze centavos), com vencimentos a partir de 15/05/2003 a 15/10/2004, com créditos no montante de R$ 10.915,14 (dez mil novecentos e quinze reais e quatorze centavos) decorrentes de pagamentos indevidos a titulo de contribuição para o PIS nos termos dos indigitados Decretoslei n° 2.445 e n° 2.449, ambos de 1988. A DRF em Limeira não homologou a compensação dos débitos declarados sob o argumento de que créditos, objeto de discussão judicial, somente poderiam ser compensados, após o trânsito em julgado da decisão que reconheceu o direito de o contribuinte repetilos/compensálos. Notificada do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em estreita síntese, que: (ii) a declaração da inconstitucionalidade dos Decretos nº 2.445 e 2.449 pelo Supremo Tribunal Federal seria suficiente para fundamentar o seu pedido de compensação; (i) não obstante a decisão judicial indicada nos Per/Dcomps não tenha transitado em julgado, possui direito à compensação dos créditos tendo em vista que, no presente caso, não se aplicaria o art. 170A, do CTN, tendo em vista que os créditos surgiram antes da vigência deste dispositivo legal, sendo que sua aplicação ao presente caso configuraria retroatividade da lei implicando prejuízo ao seu patrimônio; (iii) a menção nas PER/DCOMPS à Ação Coletiva proposta pela Associação à qual é filiada justificase na medida em visava apenas a reforçar a existência do seu direito creditório. A DRJ em Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 15/05/2003 a 15/10/2004 AÇÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS. VEDAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A compensação de crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, mediante a entrega de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada ao trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. AÇÃO JUDICIAL. PROPOSITURA. EFEITOS. A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Pública, de ação judicial por qualquer modalidade e a qualquer tempo, Fl. 151DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE Processo nº 10865.001503/200418 Acórdão n.º 3301001.485 S3C3T1 Fl. 93 3 com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, aplicandose ao caso a decisão judicial. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 15/05/2003 a 15/10/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO A homologação de compensação de débitos fiscais, mediante a entrega de Declaração de Compensação (Dcomp), depende da certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado pelo contribuinte. Irresignada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário repetindo as razões da sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Andréa Medrado Darzé. O recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Conforme é possível perceber do relato acima, a presente controvérsia se restringe à análise da possibilidade de a ora Recorrente compensar créditos decorrentes do pagamento indevido da Contribuição ao PIS, nos termos determinados pelos Decretos nº 2.445 e 2.449, antes do trânsito em julgado da sentença proferida em sede de Mandado de Segurança coletivo. Isso porque, não há dúvidas quanto à procedência do crédito tributário, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade dos referidos diplomas normativos. Pois bem. A despeito de a ora Recorrente fazer constar nos seus pedidos de compensação a informação de que o crédito pleiteado decorreria de sentença transitada em julgado, já na manifestação de inconformidade esclareceu que a declaração da inconstitucionalidade dos referidos diplomas normativos seria suficiente para fundamentar o seu pedido de compensação. Por outro lado, afirmou que a menção nas PER/DCOMPS à Ação Coletiva proposta pela Associação à qual é filiada justificase na medida em visava apenas a reforçar a existência do seu direito creditório. De fato, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da semestralidade da Contribuição ao PIS estabelecidas pelos DecretosLeis 2.445/88 e 2.449/88, nos seguintes termos: CONSTITUCIONAL. ART. 55II DA CARTA ANTERIOR. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. DECRETOSLEIS 2.445 E 2.449, DE 1988. INCONSTITUCIONALIDADE. I CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS: SUA ESTRANEIDADE AO DOMÍNIO DOS TRIBUTOS E MESMO AQUELE, MAIS LARGO, DAS FINANÇAS PÚBLICAS. ENTENDIMENTO, Fl. 152DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE 4 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA EC Nº 8/77 (RTJ 120/1190). II TRATO POR MEIO DE DECRETOLEI: IMPOSSIBILIDADE ANTE A RESERVA QUALIFICADA DAS MATÉRIAS QUE AUTORIZAVAM A UTILIZAÇÃO DESSE INSTRUMENTO NORMATIVO (ART. 55 DA CONSTITUIÇÃO DE 1969). INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOS LEIS 2.445 E 2.449, DE 1988, QUE PRETENDERAM ALTERAR A SISTEMÁTICA DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. (RE 148754, Rel. Min. Carlos Velloso, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Francisco Resek, Tribunal Pleno, julgado em 24/06/1993, DJ 04031994 PP03290 EMENT VOL0173502 PP00175 RTJ VOL0015003 PP00888) Posteriormente, o Senado Federal editou a Resolução 49/95, suspendendo a execução dos Decretos supracitados. Como consequência, a base de cálculo da Contribuição ao PIS voltou a ser o faturamento do sexto mês anterior à ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 6º, da Lei Complementar nº 07/70. A exigência mantevese nesses moldes até a publicação da Medida Provisória no 1.212/95, quando a base de cálculo da Contribuição ao PIS passou a ser o faturamento do mês anterior. Vale ressaltar que esse entendimento é pacífico neste Tribunal Administrativo, existindo, inclusive Súmula do extinto Conselho de Contribuintes sobre o tema: Súmula nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior. Sendo este o contexto normativo e jurisprudencial no qual se insere o crédito pleiteado e tendo em vista que a própria Recorrente, desde a sua primeira manifestação no processo, afirma que a sua “causa de pedir” não seria propriamente a ação coletiva, mas a própria declaração de inconstitucionalidade dos Decretos nº 2.445 e 2.449, entendo que a indicação da Ação Coeletiva na PER/DCOMP configura de mero erro formal, que não pode servir como fundamento para a não homologação da compensação pleiteada. Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para que seja reconhecido o direito de crédito da ora Recorrente, tomando por base seus cálculos e considerando a semestralidade da Contribuição ao PIS, homologando a compensação até o limite dos valores dos créditos apurados. Ressaltese que o direito ora reconhecido restringese aos pagamentos indevidos realizados nos dez anos anteriores à data da transmissão dos respectivos pedidos de compensação, em face da decadência. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Fl. 153DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE Processo nº 10865.001503/200418 Acórdão n.º 3301001.485 S3C3T1 Fl. 94 5 Fl. 154DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 26/06/2012 por ANDREA MEDRADO DARZE
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Numero do processo: 13888.001102/99-23
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Data do fato gerador: 30/11/1991
FINSOCIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o FINSOCIAL de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 30/07/1999, antes de ser aplicada a Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I,desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, reconheço o direito de o contribuinte pleitear a restituição dos valores de Finsocial objeto dos presentes autos, os quais se referem ao período de apuração de novembro de 1991.
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Nanci Gama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Matéria: Finsocial -proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: NANCI GAMA
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Data do fato gerador: 30/11/1991 FINSOCIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o FINSOCIAL de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 30/07/1999, antes de ser aplicada a Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I,desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, reconheço o direito de o contribuinte pleitear a restituição dos valores de Finsocial objeto dos presentes autos, os quais se referem ao período de apuração de novembro de 1991. Recurso Extraordinário Negado.
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ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/11/1991 FINSOCIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o FINSOCIAL de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 30/07/1999, antes de ser aplicada a Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I,desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, reconheço o direito de o contribuinte pleitear a restituição dos valores de Finsocial objeto dos presentes autos, os quais se referem ao período de apuração de novembro de 1991. Recurso Extraordinário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 11 02 /9 9- 23 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Nanci Gama Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano D’Amorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de nº 0305.715, proferido pela Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, por maioria de votos, negou provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional para reconhecer o direito de o contribuinte pleitear, em 30/07/1990, restituição/compensação de valores de FINSOCIAL objeto do período de apuração de 30/11/1991. Para tanto, a Terceira Turma considerou que o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de valores de FINSOCIAL nos presentes autos seria de 5 (cinco) anos contados a partir da publicação da MP 1.110/95, conforme ementa a seguir: “FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO O direito de se pleitear o reconhecimento de crédito com o consequente pedido de restituição/compensação, perante a autoridade administrativa, de tributo pago em virtude de lei que tenha sido declarada inconstitucional, somente surge com a declaração de inconstitucionalidade pelo STF, em ação direta, ou com a suspensão, pelo Senado Federal, da lei declarada inconstitucional, na via indireta. Por esta via, o termo a quo para o pedido de restituição começa a contar da data da publicação da MP nº 1.110 em 31/08/95 – p. 013397, posto que foi o primeiro ato emanado do Poder Executivo a reconhecer o caráter indevido do recolhimento do Finsocial à alíquota Fl. 170DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13888.001102/9923 Acórdão n.º 9900000.750 CSRFPL Fl. 170 3 superior a 0,5%. PRECEDENTES: AC. CSRF/0304.227, 301 31.406, 30131.404 e 30131.321. Recurso especial negado.” Inconformada, a Fazenda Nacional, com fulcro nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, interpôs recurso extraordinário com base no acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais utilizado como paradigma, qual seja, o de nº 0400.810, para aduzir que o prazo para pleitear restituição/compensação é de 5 (cinco) anos contados a partir da data de extinção do crédito tributário conforme previsão dos artigos 165 e 168, I, do CTN. O acórdão paradigma restouse assim ementado: “PEDIDO DE RESTITUIÇÃO – ILL – O direito de pleitear restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido.” A Recorrente complementa, ainda, que o advento da Lei Complementar 118/2005 teria encerrado definitivamente a controvérsia sobre o tema, tendo em vista que o seu artigo 3º prevê que “para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei”. E, entendendo que aludido dispositivo deteria caráter interpretativo, a Fazenda Nacional alega que caberia a sua aplicação retroativa nos presentes autos, conforme previsão do artigo 106, I, do CTN. A Recorrente alega, também, a necessidade de observância ao disposto no Ato Declaratório SRF nº 96, de 1999, o qual considera que “o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário”. O i. Presidente Substituto do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais reconheceu o dissídio jurisprudencial e deu seguimento ao recurso extraordinário. É o relatório. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora O recurso extraordinário é tempestivo, razão pela qual passo a analisar seus pressupostos de admissibilidade em conformidade ao Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 147/2007. Primeiramente, quanto à divergência entre acórdãos recorrido e paradigma, entendo ter a mesma sido devidamente demonstrada. Isso porquê ao passo que o acórdão recorrido respaldou o entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (FINSOCIAL), se inicia a partir da edição do ato normativo que dispensa o pagamento desse tributo, o acórdão paradigma respaldou entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (ILL), se inicia a partir da data da extinção do crédito tributário “sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro”. Quanto aos demais pressupostos de admissibilidade previstos nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/20071, o qual é aplicado por força do artigo 4º do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256/20092, também entendo terem os mesmos sido devidamente demonstrados, razão pela qual conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional. A controvérsia aduzida nos presentes autos cingese, basicamente, em determinar o prazo para o contribuinte pleitear restituição dos valores de FINSOCIAL recolhidos com base nas alíquotas instituídas pelas Leis nºs 7.787/89, 7.894/89 e 8.147/90. Conforme se infere do relatório, o acórdão recorrido entendeu que o prazo para pleitear restituição deve ser de 5 (cinco) anos contados a partir da data da publicação da MP 1.110/95, a qual, em seu artigo 17 previu que estariam os contribuintes dispensados de recolher a contribuição para o FINSOCIAL com base nas alíquotas instituídas pelas Leis nºs 7.787/89, 7.894/89 e 8.147/90, ou seja, a partir de 31/08/1995. Em contrapartida, a Fazenda Nacional entende que o prazo para pleitear restituição é de 5 (cinco) anos contados a partir da data de extinção do crédito tributário, ocorrida em 30/11/1991, e que, portanto, o pedido de restituição, protocolado em 30/07/1999, já estaria prescrito. 1 “Art. 9º Compete ao Pleno julgar recurso extraordinário de decisão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Turma ou o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais.” 2 “Art. 4º Os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do Anexo II desta Portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos artigos 15 e 16, no art. 18 e nos artigos 43 e 44 daquele Regimento. (Redação dada pela Portaria MF nº 446, de 27 de agosto de 2009).” Fl. 172DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13888.001102/9923 Acórdão n.º 9900000.750 CSRFPL Fl. 171 5 Considerando que o artigo 62A3 do atual Regimento Interno do CARF, qual seja, o aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vincula os Conselheiros do CARF às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo, cabe a esta Relatora aplicar ao presente caso o entendimento do STF consubstanciado no julgamento do RE nº 566.621, bem como o entendimento do STJ objeto do julgamento do REsp nº 1.002.932. De acordo com referida jurisprudência, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118 ocorrida em 09/06/2005, o de 10 (dez) anos, ou seja, 5 (cinco) anos para homologar (artigo 150, § 4º, do CTN) mais 5 (cinco) anos, a partir dessa homologação, para pleitear restituição (artigo 168, I, do CTN). E, em se tratando a contribuição para o FINSOCIAL de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado antes do dia 09/06/2005 (vigência da LC 118/05), plenamente aplicável ao presente caso a tese dos 5 (cinco) anos mais 5 (cinco) anos objeto do REsp nº 1.002.932, por força da decisão do STF objeto do RE nº 566.621. O acórdão do Supremo Tribunal Federal restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também 3 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 173DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Em face do exposto, conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, voto no sentido de lhe negar provimento para afastar a prescrição do pedido de restituição/compensação dos valores de FINSOCIAL objeto do período de apuração de 30/11/1991, eis que protocolado em 30/07/1999. Nanci Gama Fl. 174DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 10120.006115/2007-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2401-000.212
Decisão: RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10120.006115/200780 Resolução n.º 2401000.212 S2C4T1 Fl. 2 2 RELATÓRIO Trata o presente auto de infração, lavrado sob o n. 37.055.6739, Trata o presente auto de infração, lavrado em desfavor do recorrente, originado em virtude do descumprimento do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999. Segundo a fiscalização previdenciária, o autuado não informou à previdência social por meio da GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. No caso, a empresa deixou de informar em GFIP o valor dos fretes pagos aos Transportadores Autônomos pessoa física, nas competências 06/1999 a 02/2007, na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, o que constitui infração ao artigo 32, inciso IV, § 5o. da Lei 8.212191, com redação da Lei 9.528197. Os Segurados Transportadores Autônomos não declarados na Guia de Recolhimetno do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP estão na TABELA I SEGURADOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS NÃO DECLARADOS NA GFIP, encontramse em relação anexa ao AI, tendo sido entregue à empresa por meio de CD (Arquivo Digital). Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 13/08/2007, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 15/08/2007. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou impugnação, fls. 101 a 111. Foi exarada a DecisãoNotificação DN que confirmou a procedência do parcial do lançamento, conforme fls. 127 a 134. Vejamos ementa da referida decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 13/08/2007 AI 37.055.6712 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE N° 08 DO STF. Prescreve a Súmula Vinculante n° 8, do STF, que são inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência, razão pela qual, em se tratando de multa por descumprimento de obrigação acessória, exigível mediante lançamento de ofício, é aplicável o art. 173, I do CTN, para fins de revisão do lançamento. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Determina a lavratura de autodeinfração a omissão de fatos geradores previdenciários na declaração prestada pela empresa em GFIP. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de autodeinfração decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória não definitivamente julgado, aplicase a lei superveniente, na ocorrência do pagamento, quando cominar Fl. 170DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10120.006115/200780 Resolução n.º 2401000.212 S2C4T1 Fl. 3 3 penalidade menos severa que a prevista naquela vigente ao tempo de sua lavratura. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 139 a 149. Em síntese, a recorrente em seu recurso alega ser a multa indevida, senão vejamos: 1. À luz do artigo 173 do CTN, estão prescritas as cobranças efetivadas até agosto de 2002, somente podendo ser cobradas após esse período, e não somente até 1212001 que a 2. É certo e inarredável que o acórdão n° 03 33.134, de 15109109, proferido pela 5a Turma, do DRJ/BSA, não fez justiça para com a Recorrente, muito embora tenha sido parcialmente procedente, vez que acatou em parte as considerações feitas pelo contribuinte, merecendo, pois, reparos no que concerne aos seguintes termos: que a multa aplicada é confiscatória; 3. Ora, vem a Recorrente, discordar cabalmente de tal afirmação, pois a aplicação de multas, sejam meramente administrativas ou punitivas, devem levar em conta sempre, o grau de falta, os antecedentes fiscais do contribuinte, o dano sofrido pelo erário público, a existência o não de conluio, fraude fiscal, a máfé, ou o dolo, enfim os elementos subjetivos devem ser analisados e perqueridos pelo aplicador da Lei, afim de que esta seja aplicada em seus princípios teleológicos não aleatoriamente, punindose a falta mais leve, com a pena maior. 4. Com efeito, no presente caso, se o próprio julgador de primeiro grau reconheceu a primariedade da Recorrente, a não aplicação da gradação da multa aplicada, é ir de encontro à doutrina e jurisprudência 5. Requer, ao final, seja julgado insubsistente o débito apurado no AI, por encontraremse prescritos, bem como seja declarada insubsistente a incidência de multa por não ter havido dolo ou culpa. A DRFB encaminhou o recurso a este conselho para julgamento. É o relatório. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10120.006115/200780 Resolução n.º 2401000.212 S2C4T1 Fl. 4 4 VOTO Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 151. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: Apesar de terem sido apresentados e rebatidos diversos argumentos em sede de recurso, entendo haver uma questão prejudicial ao presente julgamento. A decisão da procedência ou não do presente autodeinfração está ligado à sorte das Notificações Fiscais lavradas sob fatos geradores de mesmo fundamento, quais sejam: DEBCAD Nº 37.055.6755, sendo que não se identificou decisão final a respeito das mesmas nos sistemas do CARF, que digase não procede busca pelo número do DEBCAD, mas pelo n. do processo, que não aparece descrito no lançamento. Assim, para evitar decisões discordantes fazse imprescindível a análise tendo por base o resultado das referidas AUTUAÇÕES. Dessa forma, para que se possa proceder ao julgamento, devem ser prestadas informações acerca da AIOP conexo(s). Caso as referidas AIOP já tenham sido quitadas, parceladas ou julgadas deve ser colacionada tal informação aos presentes autos. No caso, requer seja realizado detalhamento acerca do resultado, do período do crédito e da matéria objeto de cada AIOP, para que se possa identificar corretamente a correlação de cada AI com seu resultado e proceder ao julgamento do auto em questão. CONCLUSÃO: Voto pela CONVERSÃO do julgamento EM DILIGÊNCIA, devendo ser prestadas as informações nos termos acima descritos. Do resultado da diligência, antes de os autos retornarem a este Colegiado deve ser conferida vista ao recorrente, abrindose prazo normativo para manifestação. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 172DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por SELMA RIBEIRO COUTINHO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE
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Numero do processo: 10580.004571/00-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 25/05/2000, 07/07/2000, 01/08/2001, 28/10/2002
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INAPLICABILIDADE.
Inexiste amparo legal para se aplicar a homologação tácita aos débitos tributários informados em pedido de compensação que não foram convertidos em declaração de compensação (Dcomp).
DÉBITO INSCRITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO.
É vedada a compensação de débito inscrito em Dívida Ativa da União Federal cuja inscrição ocorreu em data anterior à do protocolo do respectivo pedido de compensação. DÉBITOS. DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. INSCRIÇÃO EQUIVOCADA. CANCELAMENTO. COMPENSAÇÃO.
Reconhecido o equívoco na inscrição de débitos em Dívida Ativa da União, esta deve ser cancelada e os débitos compensados com o saldo credor do crédito tributário reconhecido ao contribuinte pela autoridade administrativa competente. DÉBITO. DISCUSSÃO EM OUTRO PROCESSO.
Comprovado que um mesmo débito foi objeto de outro processo administrativo já analisado e julgado, não cabe novo julgamento.
DÉBITOS NÃO INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA. COMPENSAÇÃO. Comprovado que a autoridade administrativa competente deferiu e efetuou as compensações dos débitos não inscritos em Dívida Ativa da União, as razões suscitadas contra a não realização delas ficaram prejudicada.
CRÉDITO FINANCEIRO. DISCUSSÃO JUDICIAL. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
A compensação de débitos tributários com crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão, é possível desde que o pedido tenha sido protocolado antes da vigência do dispositivo legal que a condiciona à ocorrência daquele e os débitos sejam passíveis de compensação.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.
Numero da decisão: 3301-001.466
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. A conselheira Andréa Medrado Darzé voltou pelas conclusões.
Nome do relator: JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 25/05/2000, 07/07/2000, 01/08/2001, 28/10/2002 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INAPLICABILIDADE. Inexiste amparo legal para se aplicar a homologação tácita aos débitos tributários informados em pedido de compensação que não foram convertidos em declaração de compensação (Dcomp). DÉBITO INSCRITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO. É vedada a compensação de débito inscrito em Dívida Ativa da União Federal cuja inscrição ocorreu em data anterior à do protocolo do respectivo pedido de compensação. DÉBITOS. DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. INSCRIÇÃO EQUIVOCADA. CANCELAMENTO. COMPENSAÇÃO. Reconhecido o equívoco na inscrição de débitos em Dívida Ativa da União, esta deve ser cancelada e os débitos compensados com o saldo credor do crédito tributário reconhecido ao contribuinte pela autoridade administrativa competente. DÉBITO. DISCUSSÃO EM OUTRO PROCESSO. Comprovado que um mesmo débito foi objeto de outro processo administrativo já analisado e julgado, não cabe novo julgamento. DÉBITOS NÃO INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA. COMPENSAÇÃO. Comprovado que a autoridade administrativa competente deferiu e efetuou as compensações dos débitos não inscritos em Dívida Ativa da União, as razões suscitadas contra a não realização delas ficaram prejudicada. CRÉDITO FINANCEIRO. DISCUSSÃO JUDICIAL. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 A compensação de débitos tributários com crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão, é possível desde que o pedido tenha sido protocolado antes da vigência do dispositivo legal que a condiciona à ocorrência daquele e os débitos sejam passíveis de compensação. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. A conselheira Andréa Medrado Darzé voltou pelas conclusões. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Amauri Amora Câmara Júnior, Andréa Medrado Darzé, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Salvador que julgou improcedente manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que deferiu o pedido de restituição de PIS às fls. 107, datado de 18/12/2000, no montante de R$12.644,49 (fls. 156), a valores de 01/01/1996, decorrente de pagamentos indevidos e/ ou a maior da contribuição para o PIS, referente aos fatos geradores ocorridos no período de janeiro de 1989 a março de 1993, cumulado com pedidos de compensação às fls. 02; 103; 157; 175; e 181, protocolados, respectivamente em 25/05/2000; 07/07/2000; 31/07/2001; 28/10/2002; e 28/10/2002, deferidos em parte. Por meio do Despacho Decisório às fls. 348/355, de cuja ciência a recorrente foi intimada em 08/05/2008, a DRF em Salvador reconheceulhe o direito à repetição do montante de R$12.555,27, a valores de 01/01/1996, valor este superior ao pleiteado por ela, e efetuou a compensação dos débitos fiscais discriminados no extrato deste processo às fls. 390/393, conforme planilhas às fls. 394/401, remanescendo um saldo credor de R$8.918,14, a valores de 01/01/1996, correspondente ao montante de R$30.937,93, a valores de 31/01/2010. (fls. 401). No entanto, os débitos informados nos pedidos de compensação e que se encontravam inscritos em Dívida Ativa da União, cujas inscrições ocorreram antes de protocolos dos respectivos pedidos, tiveram suas compensações indeferidas. Ainda, segundo aquele despacho decisório, o direito à repetição/compensação dos valores pleiteados foi reconhecido à recorrente por meio da ação judicial nº 1999.33.000045641 cuja decisão transitou em julgado na data de 25/10/2004. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10580.004571/0058 Acórdão n.º 330101.466 S3C3T1 Fl. 476 3 Inconformada com o deferimento parcial dos pedidos de compensação, a recorrente interpôs manifestação de inconformidade (fls. 364/374), insistindo no deferimento das compensações de todos os débitos fiscais, informados nos pedidos de compensação, alegando razões assim resumidas por aquela DRJ: “• Débitos inscritos em Dívida Ativa: a proibição de se compensar débitos inscritos em Dívida Ativa só foi criada a partir da Lei n° 10.833, de 2003, que alterou o art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996; À época da apresentação dos pedidos de compensação não havia vedação em lei para o encontro de contas entre créditos e débitos, inscritos ou não; • Débitos apreciados em outro processo: o indeferimento do pleito no processo n° 10580.005281/0011 ensejou o encaminhamento dos débitos para inscrição em dívida ativa; Mas esses débitos também são objeto do recurso judicial apresentado pela empresa e foram inscritos em dívida ativa de modo ilegal e arbitrário; • Débitos não inscritos em Dívida Ativa: apesar de a própria autoridade fiscal reconhecer que não há qualquer óbice à quitação desses débitos com o crédito decorrente do PIS, ainda assim não o fez; • Homologação tácita: o Despacho Decisório DRF/SDR n° 81, de 2008, não atendeu ao prazo de 5 anos para apreciar as compensações, sendo que os débitos cobrados estão extintos pela homologação tácita.” Analisada a manifestação de inconformidade, aquela DRJ julgoua improcedente, mantendo a decisão da DRF em Salvador, conforme Acórdão nº 1524.325, datado de 14/07/2010, às fls. 425/430, sob as seguintes ementas: “PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Os pedidos de compensação com créditos decorrentes de decisão judicial não transitada em julgado, pendentes de apreciação, ficaram de fora do rol daqueles pedidos que foram convertidos em Declaração de Compensação, quando das modificações impostas pelas n° 10.637, de 2002, e n° 10.833, de 2003, no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 1996, motivo pelo qual não há que se falar em homologação tácita nestes casos. DÉBITOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não poderão ser objeto de compensação efetuada pelo sujeito passivo os débitos relativos aos tributos e contribuições administrados pela RFB inscritos em Dívida Ativa da União.” Cientificada dessa decisão, inconformada, recorrente interpôs recurso voluntário (439/454) requerendo a sua reforma a fim que se defira as compensações de todos débitos, informados nos pedidos de compensação, alegando, em síntese, as mesmas razões expendidas na manifestação de inconformidade e, ainda, inovou nas razões de mérito, alegando, nesta fase recursal, a possibilidade de compensação dos valores pagos indevidamente antes do trânsito em julgado da decisão judicial que lhe reconheceu o direito à restituição/ compensação do crédito financeiro indicado para as compensações. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 É o relatório. Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele conheço. As questões opostas nesta fase recursal abrangem: a) homologação tácita das compensações dos débitos fiscais informados nos pedidos de compensação; b) vedação à compensação de débitos inscritos em Dívida Ativa da União (DAU) em data anterior à dos protocolos dos respectivos pedidos; c) compensação de débito, discutida em outro processo administrativo; d) compensação dos débitos não inscritos em DAU; e, e) a possibilidade de compensação antes do trânsito em julgado. a) homologação tácita A contrário do entendimento da recorrente, a homologação tácita de compensações de débitos tributários, com créditos financeiros contra a Fazenda Nacional, somente se aplica às declarações de compensações (Dcomp) e aos pedidos de compensação convertidos em Dcomp, conforme estabelece a Lei nº 9.430, de 27/12/1996, art. 74, com a redação dada MP nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/11/2002: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...). § 4º Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. § 5º A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo.” Já o instituto da homologação tácita surgiu com a edição da MP nº 135, de 30/10/2003, com vigência a partir de 30/10/2003, convertida na Lei nº 10.833, de 29/12/2003, que, por meio art. 17, deu nova redação ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, incluindo nele o parágrafo 5º, assim dispondo: Fl. 478DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10580.004571/0058 Acórdão n.º 330101.466 S3C3T1 Fl. 477 5 “§5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.” De acordo com os dispositivos citados e transcritos anteriormente, ao contrário do entendimento da recorrente, para o presente caso, não há que se falar em homologação tácita, porque o crédito financeiro informado nos pedidos de compensação era objeto de discussão judicial ainda pendente de trânsito em julgado quando dos protocolos dos respectivos pedidos. Assim, a compensação daquele crédito financeiro não poderia ser efetuada mediante apresentação de Dcomp nem os pedidos de compensação não foram convertidos em Dcomp. b) vedação à compensação de débitos inscritos em Dívida Ativa da União (DAU) em data anterior à dos protocolos dos respectivos processos Do exame dos autos, verificase que os pedidos de compensação dos débitos às fls. 02; às fls. 103; e às fls. 157 foram deferidos e efetuadas as compensações de todos os débitos informados; já as compensações dos débitos, objetos dos outros dois pedidos, às fls. 175 e às fls. 181, foram deferidas em parte e, conseqüentemente, efetuadas as compensações de parte dos débitos neles informados. A parte dos débitos cujas compensações não foram deferidas teve como fundamento as suas inscrições em DAU, em datas anteriores à do protocolo dos respectivos pedidos, e um deles, informado no pedido às fls. 175, no valor R$2.578.98, código de receita 2172, vencimento em 10/1997, foi objeto de outro pedido de compensação, processo administrativo nº 10580.005281/0011, já analisado. Realmente o débito informado no pedido de compensação às fls. 175, no valor de R$2.578,98, código de receita 2172, vencido em 10/1997, foi objeto do pedido de compensação formalizado no referido processo. Já os débitos, nos valores de R$5.536,95, código de receita 0220, vencido em 01/1998; R$4.218,63, código de receita 6012, vencido em 01/1998; R$1.076,30, código de receita 2172, vencido em 08/1997; e, R$2.931,39, código de receita 2172, vencido em 11/1997; todos informados no pedido às fls. 175, protocolado em 22/10/2002, já haviam sido inscritos em DAU antes do protocolo daquele pedido, ou seja, em 27/09/2002. Assim, para estes débitos, correta a decisão da DRJ que manteve o indeferimento dos pedidos de compensação e, conseqüentemente, suas exigências. Conforme demonstrado na decisão recorrida, os débitos inscritos em DAU, em data anterior à do protocolo do pedido de compensação, não podiam ser objeto de compensação, mediante Dcomp, por expressa vedação legal, nos termos da IN SRF nº 210, de 30/09/2002, art. 21, § 3º, III. Já o débito, objeto de outro processo, terá seu pedido de compensação apreciado e decidido naquele processo. O débito, no valor de R$2.251,42, código de receita 2172, vencido em 12/1997, também informado no pedido às fls. 175, quando do protocolo daquele pedido, em 28/10/2002, ainda não havia sido inscrito em DAU, assim como todos os débitos informados no pedido às fls. 181. Aquele débito e todos os informados no pedido às fls. 181 foram inscritos, em DAU, na data de 14/01/2003, via processo administrativo nº 10580.503351/200218. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 Contudo, tal inscrição foi efetuada de forma equivocada, tendo em vista que aqueles débitos deveriam estar com suas exigibilidades suspensas, em face da tramitação deste processo em que se discute suas compensações. Dessa forma, a DRF em Salvador deverá solicitar a Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional local, o cancelamento da inscrição em DAU daqueles débitos e, posteriormente, efetuar a compensação deles com o saldo credor apurado a favor da recorrente, neste processo, às fls. 401 (fls. 378), caso, ainda não tenha sido repetido. c) compensação de débitos, discutida em outro processo administrativo Conforme demonstrado no item imediatamente anterior (b), o débito, no valor de R$ 2.578,98, código de receita 2172, vencido em 10/1997, informado no pedido às fls. 175, já foi objeto de outro processo administrativa de nº 10580.005281/200011 já analisado e indeferido. Assim, não cabe novo julgamento neste processo. d) compensação dos débitos não inscritos em DAU Ao contrário do entendimento da recorrente os débitos que não foram inscritos em DAU e cujas compensações poderiam ser realizadas, de fato, já foram efetuadas pela DRF em Salvador, conforme provam as planilhas às fls. 394/400 e o extrato do processo às fls. 416/423 (fls. 393/400). Assim, a manifestação sobre esta alegação ficou prejudicada. e) possibilidade de compensação antes do trânsito em julgado Os débitos cujas compensações foram indeferidas, ou seja, não fora realizadas pela DRF em Salvador e cujo indeferimento será mantido em parte, nesta fase recursal, foram informados nos pedidos às fls. 175 (fls. 155) e às fls. 181 (fls. 161), ambos protocolados na data de 28/10/2002, quando já vigia o art. 170A do CTN, que assim dispõe: “Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.(Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)” Assim, segundo este dispositivo legal, a compensação de crédito financeiro contra a Fazenda Nacional somente pode ser pleiteada depois do trânsito em julgado da respectiva decisão. f) compensação suplementar Conforme demonstrado, parte dos débitos tiveram suas compensações indeferidas sob o fundamento de que haviam sido inscritos em DAU em datas anteriores às do protocolo dos respectivos pedidos de compensação. No entanto, conforme demonstrado no item “b” deste Voto, parte deles foi inscrita de forma equivocada e deverá ter sua inscrição cancelada, prosseguindo sua discussão neste processo administrativo. Também, conforme demonstrado nos autos e neste Voto, depois de realizadas as compensações deferidas pela DRF em Salvador, remanesceu um saldo credor a favor da recorrente, no valor de R$30.937,05, a valores de janeiro de 2010, planilha às fls. 401 (fls. 378). Fl. 480DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10580.004571/0058 Acórdão n.º 330101.466 S3C3T1 Fl. 478 7 Dessa forma, se aquele valor ainda não foi repetido, deverá ser compensado com os débitos inscritos indevidamente em DAU cujo cancelamento da inscrição deverá ser solicitado pela DRF em Salvador a quem caberá realizar as referidas compensações. Em face de todo o exposto e de tudo o mais que consta dos autos, dou provimento parcial ao recurso voluntário para: a) cancelar a inscrição em DAU dos débitos informados nos pedidos de compensação: a.1) às fls. 175 (fls. 155): no valor de R$2.251,42, código de receita 2172, vencimento em 12/1997; e, a.2) às fls. 181 (fls. 161), nos valores de: R$1.095,00, código de receita 2172, vencimento em 04/1999; R$300,00 (R$1.095,00), código de receita 2172, vencimento em 05/1999; R$495,000 (R$300,00), código de receita 2172, vencimento em 06/1999; R$645,00, código de receita 2172, vencimento em 07/1999; R$310,50, código de receita 2172, vencimento em 09/1999; e R$286,64, código de receita 2172, vencimento em 11/1999; b) deferir a compensação destes débitos com o saldo credor do crédito financeiro apurada pela autoridade administrativa às fls. 401 (fls. 378), no valor de R$8.918,14, a valores de 28/12/1995; e, c) manter o indeferimento das compensações dos demais, ou seja, dos débitos, nos valores de: R$2.578,98, código de receita 2172, vencido em 10/1997, discutido em outro processo administrativo; R$5.536,95, código de receita 0220, vencido em 01/1998; R$4.218,63, código de receita 6012, vencido em 01/1998; R$1.076,30, código de receita 2172, vencido em 08/1997; e, R$2.931,39, código de receita 2172, vencido em 10/1997, pelo fato de terem sido inscritos em DAU, em data anterior à do protocolo deste pedido, cabendo à autoridade administrativa competente tomar as providências necessárias ao cumprimento desta decisão. (Assinado Digitalmente). José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 481DF CARF MF Impresso em 11/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 12 /06/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 15504.016323/2009-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2005, 2006, 2007
CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS. COMPROVAÇÃO PARCIAL.
DEDUTIBILIDADE.
Para fins de apuração do lucro real, admite-se a dedução de custos e despesas quando os lançamentos contábeis estiverem corroborados por documentos hábeis e idôneos. Comprovado parcialmente, afasta-se a glosa respectiva.
MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGÜIÇÕES DE
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL
Exercício: 2005, 2006, 2007
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Estende-se à CSLL o decidido para o IRPJ quanto aos mesmos fatos, em face da relação de causa e efeito que os vincula.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF
Exercício: 2005, 2006, 2007
PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU PAGAMENTOS SEM CAUSA.
A falta de identificação do beneficiário de pagamentos efetuados pela empresa ou de comprovação da operação ou causa do pagamento enseja a retenção na fonte do imposto de renda.
Numero da decisão: 1202-000.763
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a glosa das despesas com RC Barros Locadora - ME, no valor de R$716.101,20 e Isac Moraees Comércio e Transporte Ltda, nos valores de R$232.544,69 para o ano de 2005 e R$ 76.656,60 para o ano de 2004.
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
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COMPROVAÇÃO PARCIAL. DEDUTIBILIDADE. Para fins de apuração do lucro real, admitese a dedução de custos e despesas quando os lançamentos contábeis estiverem corroborados por documentos hábeis e idôneos. Comprovado parcialmente, afastase a glosa respectiva. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Exercício: 2005, 2006, 2007 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Estendese à CSLL o decidido para o IRPJ quanto aos mesmos fatos, em face da relação de causa e efeito que os vincula. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS OU PAGAMENTOS SEM CAUSA. A falta de identificação do beneficiário de pagamentos efetuados pela empresa ou de comprovação da operação ou causa do pagamento enseja a retenção na fonte do imposto de renda. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 286 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a glosa das despesas com RC Barros Locadora ME, no valor de R$716.101,20 e Isac Moraees Comércio e Transporte Ltda, nos valores de R$232.544,69 para o ano de 2005 e R$ 76.656,60 para o ano de 2004. (assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto, Orlando Jose Gonçalves Bueno e Viviane Vidal Wagner. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 287 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face de decisão que apreciou os lançamentos de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 02/11), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 12/21) e Imposto de Renda Retido na Fonte (fls.22/32), decorrente da glosa de valores lançados como despesas/custos cujas notas fiscais foram consideradas inidôneas e glosa de valores lançados como despesas consideradas desnecessárias. O Termo de Verificação e Constatação Fiscal (fls.33/69) foi bem resumido no acórdão recorrido, cabendo reproduzir os trechos de maior relevância para a solução do litígio, considerando que a defesa se limita à glosa dos pagamentos efetuados a FR Assessoria Jurídica Ltda, RC Barros Locadora ME, Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda e Execução Serviços Ltda, conforme abaixo, verbis: Glosa de valores lançados como despesas/custos cujas notas fiscais foram consideradas inidôneas Inicialmente a autoridade fiscal descreve de maneira geral os procedimentos adotados no trabalho executado na fiscalizada, onde foram analisados os documentos relativos às despesas/custos contabilizados. Diversos registros dessas despesas/custos foram considerados inexistentes, por lançamento contábil amparado em documento materialmente ou ideologicamente inidôneo. Destacamse as seguintes considerações da autoridade fiscal: É materialmente inidôneo o documento emitido por empresa inexistente de fato. É ideologicamente inidôneo o documento emitido por empresa existente mas que descreve operação que não houve ou houve parte. Pelas razões expostas a seguir, algumas das empresas relatadas devem ser consideradas como empresa de fachada, em face de não apresentar capacidade operacional necessária à realização do serviço descrito nas Notas Fiscais, que são em sua grande maioria a prestação de serviços. É importante destacar que apesar de o contribuinte fiscalizado ter apresentado documentos bancários para comprovar o pagamento dos valores de parte das Notas Fiscais, não se pode considerar como prova suficiente e única da efetiva prestação dos serviços, porque comprova simplesmente uma transferência de recursos. A seguir, serão descritas as razões e constatações para as glosas dos valores por empresa prestadora de serviços. [...] Fl. 287DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 288 4 1.3 FR Assessoria Jurídica Ltda A empresa FR ASSESSORIA JURÍDICA estava INATIVA até o ano de 2005. A empresa FR ASSESSORIA apresenta DIPJ para o ano calendário de 2006 pelo Lucro Presumido com Receita igual a R$ 541.000,00 que é o valor exato das únicas Notas Fiscais, números 001 e 002 emitidas para a EGESA. Quanto aos sócios da empresa FR ASSESSORIA temos as seguintes constatações: .CPF: 087.335.38115 – Francisco Rodrigues da Silva. A 1ª intimação encaminhada por esta fiscalização foi no dia 10/12/2007, cujo AR retornou com a indicação de “MUDOU SE”. A Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física dos anos calendário de 2006, 2007 e 2008 foram entregues, respectivamente, em 03/02/2009, 03/02/2009 e 24/04/2009, ou seja, após o encaminhamento do Termo de Intimação Fiscal. Na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2005 o contribuinte registrou como Ocupação Principal a atividade de “610Produtor na exploração agropecuária”. Na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2006, ano em que foram emitidas as notas fiscais da empresa FR ASSESSORIA pela qual é o responsável, os rendimentos declarados se referem a RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA e da ATIVIDADE RURAL. .CPF: 036.937.64808 – Osvaldo Benício de Oliveira Júnior. Na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2006 o contribuinte registrou como Ocupação Principal a atividade de “120Dirigente, presidente e diretor de empresa individual...”. E, em sua Declaração de Bens consta que é possuidor das quotas de capital social da empresa Osvaldo Benício de Oliveira Júnior, CNPJ 01.674.508/000138, cuja atividade é “Comércio varejista de carnes – açougues.” .CPF: 060.361.77941 – José Carlos Natal Filho. A 1ª intimação encaminhada por esta fiscalização foi no dia 27/02/2008 e a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física dos anos calendário de 2006 e 2007 foram entregues no dia 28/01/2009, ou seja, após o encaminhamento do Termo de Intimação Fiscal. Na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2006 o contribuinte registrou como Ocupação Principal a atividade de “000Outras ocupações não especificadas anteriormente” e rendimentos recebidos de Pessoa Física. . Os sócios apresentam na DIRPF atividade incompatível com a prestação de serviços discriminados na Nota Fiscal, como produtor rural, proprietário de casa de carnes e o terceiro tem como rendimento tributável: “Recebidos de Pessoa Física”. A empresa MINAS BRASIL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA tem como atividade: Construção de Fl. 288DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 289 5 edifícios e apresenta DIPJ como INATIVA nos anos calendário de 2005, 2006 e 2007. No cadastro da SRFB consta que a situação cadastral da empresa COOMIGASP – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada, CNPJ 34.878.587/000158 é “NULA” pelo motivo: “ANULAÇÃO POR VÍCIOS” desde 06/07/1990 o que invalida os atos firmados com este CNPJ. Há de se levar ainda em consideração as datas seqüenciais dos contratos e aditivos, levandose a crer que tudo não passou de uma armação, pois além do mais se trata de um negócio que apesar de firmado em janeiro de 2006, ou seja, há 3 anos e sete meses não foi feito nenhuma obra objeto do contrato: . Em 22 de janeiro de 2006 foi celebrado CONTRATO ALEATÓRIO DE EXECUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS CIVIS firmado de um lado como contratante a COOMIGASP – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada e de outro lado, como contratadas MINAS BRASIL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA E FR ASSESSORIA JURÍDICA LTDA. . Em 23 de janeiro de 2006 as cedentes MINAS BRASIL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA E FR ASSESSORIA JURÍDICA LTDA firmaram “INSTRUMENTO DE CESSÃO DE DIREITOS, OBRIGAÇÕES E OUTRAS AVENÇAS” (anexo) com a CESSIONÁRIA, EGESA ENGENHARIA S/A, figurando como INTERVENIENTE ANUENTE a COOMIGASP – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada. . Em 26 de janeiro de 2006, as cedentes MINAS BRASIL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA E FR ASSESSORIA JURÍDICA LTDA, celebraram TERMO ADITIVO AO INSTRUMENTO DE CESSÃO DE DIREITOS, OBRIGAÇÕES E OUTRAS AVENÇAS. As intimações encaminhadas aos sócios não foram recebidas pelos destinatários por terem mudado de endereço sem atualizarem seus cadastros junto à SRFB. A empresa FR ASSESSORIA não recebeu as intimações encaminhadas por esta fiscalização, conseqüentemente não apresentou nenhum elemento que comprovasse a efetiva prestação dos serviços. Enfim, pelo seu conjunto, a autoridade fiscal considerou que a empresa não apresentou elementos suficientes que comprovassem a efetiva prestação dos serviços e que os elementos apresentados se referem a documentos emitidos por ela mesma. Em decorrência, foram consideradas inidôneas as notas fiscais emitidas pela FR ASSESSORIA JURÍDICA LTDA, relacionadas no Anexo 02 do TVCF, e glosados os valores de: Fl. 289DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 290 6 Anocalendário,Valor total das notas fiscais – R$ 2006,541.000,00 1.4 RC Barros Locadora ME A atividade executada pela empresa RC BARROS, segundo descrito nas Notas Fiscais apresentadas, é o TRANSPORTE DE MATERIAL e segundo informações prestadas pelo DETRAN/Pará esta empresa NÃO possui veículos registrados em seu nome a partir de 2004. A sócia responsável pela empresa RC BARROS, Sra. Raimar Costa Barros recebeu a intimação conforme AR assinado por esta e não atendeu à intimação, não apresentando nenhum documento. A sócia responsável pela empresa RC BARROS, Sra. Raimar Costa Barros aparece como dependente na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2004 do Sr. Melques da Silva Barros não declarando nenhum rendimento. Na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do ano calendário de 2005, apresentada pela sócia responsável, Sra. Raimar Costa Barros , foi informado rendimento igual a ZERO recebido da empresa RC BARROS. A empresa RC BARROS está omissa pela DIPJ do ano calendário de 2004 e apresentou DIPJ com receita igual a ZERO no ano calendário de 2005. A empresa RC BARROS não apresentou DCTF para os anos calendário de 2004 e 2005 Os elementos apresentados pela fiscalizada, EGESA, para comprovar a efetiva prestação dos serviços se referem a documentos emitidos pela própria EGESA, que poderia ter sido produzido em qualquer momento. Os comprovantes de pagamentos apresentados pela EGESA nada mais são que uma simples transferência de recursos para um terceiro, sendo só mais um item no conjunto de elementos que poderia comprovar a efetiva prestação dos serviços. Pelo conjunto de elementos apresentados constatamos que não foi comprovada a efetiva prestação dos serviços. Em decorrência, foram consideradas inidôneas as notas fiscais emitidas pela RC Barros Locadora ME, relacionadas no Anexo 02 do TVCF, e glosados os valores de: Anocalendário,Valor total das notas fiscais – R$ 2004,851.130,00 2005,115.676,40 [...] Fl. 290DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 291 7 1.7 Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda A DIPJ do ano calendário 2005 da empresa ISAC & MORAES foi entregue no período normal como INATIVA. Somente após o recebimento do Termo de Intimação Fiscal, ou seja, no dia 07/01/2008, a empresa ISAC E MORAES COMÉRCIO E TRANSPORTE LTDA entregou DIPJ RETIFICADORA com apuração pelo SIMPLES, declarando o valor das Notas Fiscais emitidas. Conforme Livro de Registro de Saídas apresentado pela empresa Isac & Moraes, cópia em anexo, os CTRCConhecimento de Transporte Rodoviário de Carga registravam até o ano calendário de 2003 valores que não ultrapassavam R$ 1.200,00. A partir do ano calendário de 2004, os valores dos CTRC emitidos durante os meses de novembro e dezembro de 2004 e janeiro, fevereiro, março, setembro, outubro e novembro de 2005 não ultrapassavam R$ 8.500,00. Já os CTRC com os seguintes nº 051, 052, 058 e 059 emitidas respectivamente nos dias 01/09/2004, 01/10/2004, 02/12/2005 e 28/12/2005 registraram os seguintes valores: R$ 36.861,64; R$ 39.794,96; R$ 196.916,97 e R$ 35.627,72. Há uma discrepância muito grande entre os valores dos CTRC emitidos conforme os itens 2 e 3 anteriores, o que demonstra que o contribuinte deveria comprovar o aumento da sua capacidade de prestar serviços de tais valores. Para corroborar o fato acima, o sócio José Moraes Neto não tinha os equipamentos (veículos) suficientes para prestar o serviço de transporte de tamanho porte conforme os valores destes CTRC. Constatamos que no período em questão, nos meses de setembro e outubro de 2004 tinha registrado 02 (dois) empregados e novembro e dezembro de 2005 tinha registrado apenas um empregado, o que prova a incapacidade de efetuar os serviços. (....) Os comprovantes de pagamentos apresentados pela EGESA nada mais são que uma simples transferência de recursos para um terceiro, sendo só mais um item no conjunto de elementos que poderiam comprovar a efetiva prestação dos serviços. Os elementos apresentados pela fiscalizada, EGESA, para comprovar a efetiva prestação dos serviços se referem a documentos emitidos pela própria EGESA, que poderia ter sido produzido em qualquer momento. A simples transferência dos recursos não comprova a efetiva prestação dos serviços. Pelo conjunto de elementos apresentados constatamos que não foi comprovada a efetiva prestação dos serviços. Consideramos que a empresa ISAC & MORAES não tinha condições de Fl. 291DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 292 8 prestar os serviços discriminados nos CTRC discriminados abaixo. Em decorrência, foram considerados inidôneos os CTRC emitidos pela Isac e Moraes Comércio e Transporte Ltda, relacionadas abaixo: Número CTRC,Data da Emissão,Valor – R$ 00051,01/09/2004,36.861,64 00052,01/10/2004,39.794,96 Total ano de 2004,,76.656,60 00058,02/12/2005,196.916,97 00059,28/12/2005,35.627,72 Total ano de 2005,,232.544,69 [...] 1.9 Execução Serviços Ltda A empresa EXECUÇÃO SERVIÇOS encontrase OMISSA quanto à entrega das DIPJ’s a partir do anocalendário de 2003. A empresa EXECUÇÃO SERVIÇOS e sócios apesar de intimados diversas vezes não atenderam ao solicitado por esta fiscalização. Os elementos (cópia contábil de cheque, Ficha de Aceite, etc...) apresentados pela fiscalizada para comprovar a efetiva prestação de serviços foram feitos pela própria EGESA, o que poderia ter sido feito a qualquer momento. Os comprovantes de pagamentos apresentados pela EGESA nada mais são que uma simples para um terceiro, sendo só mais um item no conjunto de elementos que poderia comprovar a efetiva prestação dos serviços. A simples transferência dos recursos não comprova a efetiva prestação dos serviços. Os elementos apresentados pela fiscalizada, EGESA, para comprovar a efetiva prestação dos serviços se referem a documentos emitidos pela própria EGESA, que poderia ter sido produzido em qualquer momento. Pelo conjunto de elementos apresentados constatamos que não foi comprovada a efetiva prestação dos serviços. Em decorrência, foram consideradas inidôneas as notas fiscais emitidas pela Execução Serviços Ltda, relacionadas no Anexo 02 do TVCF, e glosados os valores de: Anocalendário,Valor total das notas fiscais – R$ Fl. 292DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 293 9 2004,1.137.588,00 2005,852.669,73 2006,149.638,38 [...] Impugnação Inconformada a empresa apresentou impugnação de fls. 100/141, acompanhada dos documentos de fls 142/194, resumida a seguir. Inicialmente, a impugnante informa que, apesar de repudiar o entendimento fiscal em sua totalidade, diante do curtíssimo prazo e das inúmeras dificuldades, principalmente pela mudança de suas instalações, optou por deixar de apresentar defesa com relação às glosas das Notas Fiscais das seguintes empresas: Berlengas Produções Cinematográficas Ltda; MSD Paiva Publicidade e Propaganda Ltda; e WRT de Oliveira e Cia Ltda. Ressalta, entretanto, que não está sendo apresentada defesa com relação aos pagamentos para citadas empresas porque não conseguiu localizar a tempo outros documentos suficientes que comprovassem os serviços prestados, apesar de têlos sido realizados efetivamente. Requer, assim, o desmembramento do Auto de Infração impugnado, para que conste no presente somente os créditos tributários das demais glosas expressamente impugnadas. Feitas tais considerações, a defesa passa a apresentar suas argumentações para cada uma das empresas beneficiárias dos pagamentos: 1 FR Assessoria Jurídica Ltda Começa fazendo um relato sobre a notória mina de ouro de Serra Pelada, em Curionópolis – PA, cujas atividades foram encerradas no início da década de 1990, deixando grande passivo ambiental e social na região. Como toda a exploração mineral foi realizada de forma desordenada, temse a expectativa de que ainda exista grande quantidade de ouro no denominado rejeito, possíveis de serem exploradas mecanicamente de forma economicamente viável. A Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada – COOMIGASP iniciou um processo de regularização da área, quando solicitou dos órgãos ambientais licença prévia de exploração da mina, concedida pelo Governo do Estado do Pará em 22/09/2004. Impossibilitada de arcar sozinha com todo o investimento, a COOMIGASP firmou carta de intenções com a empresa investidora americana Phoenix Gems, para assinatura de um Fl. 293DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 294 10 futuro contrato de exploração mecânica do mineral, o qual foi assinado em 05/06/2004. Nos termos do item 04 da cláusula primeira, a investidora se comprometeu a doar U$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de dólares americanos) para execução de obras sociais e urbanas no município de Curionópolis – PA, bem como conceder um empréstimo de U$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de dólares americanos). Em Assembléia Geral Extraordinária da COOMIGASP, realizada em 22/01/2006, os cooperados ratificaram e deliberaram favoravelmente à assinatura, pela cooperativa, de contrato aleatório de execução e administração de obras civis celebrado entre as empresas Minas Brasil Empreendimentos Imobiliários Ltda e FR Assessoria Jurídica Ltda, que realizariam obras infraestruturais de urbanização e edificação de 15.000 casas. Para implementação do contrato, a obtenção de permissão de lavra do DNPM pela COOMIGASP foi condição sine qua non acordada pelas partes. O referido contrato foi firmado nos moldes do artigo 458 do Código Civil, ou seja, de forma aleatória. Pela cláusula 5ª, as contratadas (Minas Brasil e FR Assessoria) ficaram autorizadas a ceder parcial ou integralmente os direitos garantidos no contrato firmado com a COOMIGASP. Em 23/01/2006, a EGESA firmou “Instrumento de Cessão de Direitos, Obrigações e outras avenças” com a Minas Brasil Empreendimentos Imobiliários Ltda e com a FR Assessoria Jurídica Ltda, no qual estas, com a anuência da COOMIGASP, cederam todos os direitos e obrigações pactuados no contrato aleatório anteriormente firmado e, por sua vez, a FR Assessoria Jurídica Ltda realizou durante vários meses todo o trabalho de acompanhamento, assessoramento às partes envolvidas, redação de documentos, reuniões, etc. Em 26/01/2006, as empresas Minas Brasil, FR Assessoria e EGESA firmaram termo adotivo à referida cessão de direitos e obrigações, quando restou definido, entre outras coisas, que a EGESA pagaria à FR Assessoria Jurídica Ltda o valor de R$ 1.591.000,00 a título de honorários advocatícios, sendo R$ 541.000,00 na assinatura do termo aditivo, sendo o restante condicionado para quando fosse publicado no DOU o Alvará de Lavra a ser outorgado pelo DNPM. Nos termos pactuados, a EGESA efetuou o pagamento de R$ 541.000,00 a título de honorários advocatícios para a FR Assessoria Jurídica Ltda, sendo emitidas as Notas Fiscais 00001 e 00002, de R$ 500.000,00 e R$ 41.000,00, respectivamente, e o pagamento feito através de TED (Notas Fiscais e TED anexados no Anexo II). Fl. 294DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 295 11 Nenhum outro pagamento foi realizado, uma vez que o Alvará de lavra ainda não foi concedido. A impugnante ressalta que, ao adquirir os direitos garantidos às cedentes no contrato aleatório firmado com a COOMIGASP, assumiu o risco de executar ou não as obras. Alega que não deve prosperar a argumentação da fiscalização de que o CNPJ da COOMIGASP está inválido desde 06/07/1990. Nos termos do Cartão CNPJ que anexa o número de inscrição da cooperativa é 05.023.221/000107 e o registro tem a situação cadastral ativa. RC Barros Locadora ME A empresa argumenta que a prestação de serviços de transportes foi efetivamente realizada, em cumprimento aos contratos com Rio Doce Manganês S/A, CNPJ nº 15.144.306/003295, cujo objeto era a remoção de material da Mina de Manganês do Azul em Serra dos Carajás, município de Parauapebas – PA. Defende que a comprovação que os serviços foram efetivamente realizados pode ser atestada através das Certidões de Acervo Técnico emitidas em 11/04/2005 e 16/05/2005 e dos Boletins de Medições Mensais confeccionados pela própria tomadora dos serviços – Rio Doce Manganês S/A, que estão acostados na impugnação. A EGESA entendeu por bem terceirizar parte do serviço de transporte de material estéril para a empresa RC Barros Locadora – ME. Sustenta que estas empresas nem sempre contam com frota própria, sendo comum a montagem de uma estrutura exclusivamente de agenciamentos, ou, em grande parte, utilizandose de prestadores de serviços autônomos, carreteiros pessoas físicas sem vínculo empregatício e proprietários de seus veículos, sendo esta a prática usual do mercado. Afastamse, dessa maneira, as ilações da fiscalização de que os serviços não poderiam ter sido realizados, porque a empresa transportadora não possuía nenhum veículo registrado no DETRAN/PA em seu nome. Informa que todos os pagamentos foram efetivados através de depósitos identificados diretamente na conta corrente da prestadora dos serviços e os comprovantes estão anexados ao Auto de Infração. Relaciona os cheques e as Notas Fiscais, os valores, datas e a agência e a conta bancária em que foram depositadas as importâncias. [...] Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda A autuada informa que firmou contrato de transporte com a empresa em epígrafe em 01/08/2004, para auxiliar na retirada de resíduos, de Fl. 295DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 296 12 materiais de terraplenagem, além de transportar materiais essenciais para execução da obra no trecho da BR – 040, que estava sendo executado e reestruturado por ela. Informa que, além do contrato de transporte firmado com a Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda, a EGESA também firmou contrato de locação de um cavalo mecânico marca Scania de propriedade da referida empresa (fls. 259/260 do anexo IV), cujos pagamentos não foram glosados pela fiscalização. Procura esclarecer que, mesmo não possuindo grande quantidade de veículos registrados em seu nome, é certo que a transportadora contratou profissionais autônomos, que, na maioria das vezes, possuem veículo próprio, tratandose de prática usual neste mercado. Tal fato também explicaria a pouca quantidade de empregados registrados. Ressalta que todos os pagamentos glosados foram devidamente comprovados nos autos. Execução Serviços O CONSÓRCIO EGESA/COMIM BARCARENA, representado pela líder EGESA Engenharia S/A, firmou contrato de empreitada com a Prefeitura de Barcarena, para execução de obras de infraestrutura urbana, objeto da concorrência 001/2001. A impugnante alega que, representando o consórcio, firmou contrato de subempreitada com a empresa Execução Serviços Ltda, no qual acordou que a contratada executaria, em regime de subempreitada, parte dos serviços de execução do muro de arrimo objeto do Convênio 082/2004 celebrado entre a Prefeitura de Barcarena e o DNIT, parte integrante da Obra 213 – Prefeitura Barcarena, que estava vinculado à concorrência vencida pelo consórcio. Apesar da fiscalização ter afirmado que a empresa não comprova a execução dos serviços, podese perceber, pela leitura das medições já acostadas aos autos e das medições constantes da presente impugnação, que as obras e os serviços foram realizados para o município de Barcarena, representados, nas medições, pelo então secretário municipal de obras ou pelo próprio prefeito. Além disso, afirma que os pagamentos glosados foram realizados através de Transferência Eletrônica Disponível – TED, o que comprova a efetiva remuneração pelos serviços prestados. Ressalta que a emissão de todas as notas fiscais foi devidamente autorizada pelo Município, conforme as respostas apresentadas à fiscalização pelo próprio Município e pela gráfica responsável para a impressão dos documentos. Fl. 296DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 297 13 A autuada alega que a fiscalização também errou ao considerar que, no ano de 2006, pagamentos à Execução Serviços Ltda no valor de R$ 149.638,38, uma vez que a correspondente nota fiscal nº 12 foi devolvida, uma vez que não houve aceitação dos serviços realizados, ocorrendo o estorno em 2007 do valor provisionado em 2006. [...] Argumentação Reiterada Nas defesas apresentadas em cada despesa glosada, consta de maneira geral as argumentações de que não pode a empresa fiscalizar e apurar o recolhimento de tributos de suas prestadoras de serviços, não podendo ser admitido a imputação de penalidades à EGESA por este motivo, e, ainda, que ao realizar os pagamentos às prestadoras de serviços, fez todas as retenções e recolhimentos dos tributos devidos na espécie. Caráter Confiscarório da Multa Requer que seja afastada a aplicação da multa de 150% presente no auto de infração por ser confiscatória, sob pena de ofensa a diversos preceitos constitucionais, razão pela qual requer que a multa exacerbada, em subsistindo, seja, pelo menos, reduzida a nível proporcional e razoável, considerando o atual nível controlado de inflação e a estabilidade econômica. Após analisar detidamente cada uma das alegações, a 4ª Turma de Julgamento da DRJ/Belo Horizonte, por unanimidade de votos, decidiu julgar procedente em parte a impugnação, em relação a parte das glosas referentes a pagamentos efetuados a outras empresas, as quais não foram incluídas no recurso voluntário, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2004, 2005, 2006 CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS DEDUTIBILIDADE. Em relação a custos e despesas escriturados pela autuada, exigese para fins fiscais que tais lançamentos contábeis estejam calcados em documentos hábeis e idôneos, sob pena de glosa desses custos e despesas na apuração do IRPJ e da CSLL. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos são vedados de apreciar argüições de inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Tratandose de lançamento decorrente, a relação de causa e efeito que informa o procedimento leva a que o resultado do julgamento do feito reflexo acompanhe aquele foi dado ao lançamento principal. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 298 14 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Está sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo o pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado. Cientificado da decisão em 22/06/2010 (fl.235), o contribuinte, inconformado, interpôs recurso voluntário ao Carf, em 21/07/2010 (fls.248277), pedindo a reforma da decisão recorrida e o cancelamento total da autuação, pelas razões a seguir sintetizadas. Sobre as despesas dedutíveis, contesta a decisão, afirmando que as despesas glosadas foram incorridas, que os gastos eram necessários para manutenção da empresa e relacionados à sua atividade e, finalmente, que os serviços foram efetivamente prestados à Recorrente. A seguir, passa a transcrever quase que integralmente as alegações da impugnação. Em relação à empresa FR Assessoria Jurídica Ltda., após reiterar as alegações anteriores, sustenta que não pode ser imputada a ela a obrigação de fiscalizar e apurar o recolhimento de tributos incidentes sobre os pagamentos por ela claramente identificados, legalmente e de fato realizados e esclarece que o sócio responsável pela empresa é advogado inscrito na OAB/MT e residência na mesma cidade da empresa. Entende estar comprovada a idoneidade dos pagamentos realizados, vez que: (i) os pagamentos foram realizados e comprovados através dos TED's acostados aos autos, ou seja, a despesa foi efetivamente incorrida; (ii) a expectativa de assumir grande obra de engenharia, com investimentos vultuosos, que são intrinsecamente ligados à atividade da Recorrente, demonstram que o gasto é útil para a manutenção da empresa. (iii) a simples aquisição dos direitos do contrato firmado originariamente entre a COOMIGASP, Minas Brasil Empreendimentos Imobiliários Ltda. e com a FR Assessoria Jurídica Ltda. pela Recorrente, através de cessão, que, digase, é absolutamente regular pelo ordenamento jurídico pátrio, comprovam os gastos incorridos pela Recorrente. Em relação à empresa RC Barros Locadora – ME, após reafirmar as alegações anteriores, cita precedente do Conselho de Contribuintes no sentido de que a despesa está comprovada se coincidentes as datas e os respectivos pagamentos ao beneficiário através de crédito na conta corrente (Acórdão nº 10320.394, de 17/10/2010). Insiste que não cabe à recorrente a obrigação de fiscalizar e apurar o recolhimento de tributos de suas prestadoras de serviços, tendo sido as glosas motivadas, principalmente, porque os prestadores descumpriram diversas obrigações acessórias, inclusive a obrigação de enviar respostas aos questionamentos da fiscalização. Sobre os pagamentos realizados à empresa Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda., após repisar as razões anteriores, refuta a afirmação do relator da decisão recorrida de que "os documentos apresentados pela defesa, contrato com o DNIT, as medições e o Atestado de Execução dos Serviços, fls. 214/219 e 2321299 do Anexo XI, dizem respeito à relação da EGESA e o DNIT. Não trazem nenhuma vinculação com a ISAC & Moraes" (fl. 219 Fl. 298DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 299 15 dos autos principais), alegando que todos os contratos (o assinado entre o DNIT e a EGESA e entre esta e a empresa ISAC & Moraes Comércio e Transportes Ltda.) foram executados na mesma época e que o contrato de transporte foi firmado justamente para auxiliar na execução da construção da rodovia. Com relação às glosas dos pagamentos realizados para a empresa Execução Serviços Ltda., repete os termos da impugnação para contestar a conclusão do relator da decisão recorrida, no sentido de que a farta documentação anexada à Impugnação para comprovar a prestação de serviços diz "respeito única e exclusivamente à relação da EGESA e a contratante" (Prefeitura do Município de Barcarena — PA), e que "não existe prova de qualquer vinculo com a Execução Serviços Ltda." (fl. 220 dos autos principais). Em relação à acusação de falta de identificação dos pagamentos realizados, aduz que foram trazidos ao conhecimento do Fisco todos os comprovantes de pagamento realizados, através de TED, depósito bancário ou emissão de cheque, sem deixar de comprovar nenhum dos pagamentos realizados e não caracterizando pagamentos sem causa. Por fim, reitera alegações sobre o caráter confiscatório da multa de ofício. É o relatório. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 300 16 Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner, Relatora Presentes os pressupostos recursais, inclusive o temporal, o recurso merece ser conhecido. A autuação em litígio se deu, basicamente, pela conclusão da fiscalização de impossibilidade de caracterização como custos ou despesas operacionais dedutíveis, tendo em vista que: i) é materialmente inidôneo o documento emitido por empresa inexistente de fato; ii) é ideologicamente inidôneo o documento emitido por empresa existente mas que descreve operação que não houve ou houve parte; Além disso, a fiscalização considerou que algumas das empresas seriam empresa de fachada, por não apresentarem capacidade operacional necessária à realização do serviço descrito nas Notas Fiscais, e que os documentos bancários apresentados pelo contribuinte não podem ser considerados como prova suficiente e única da efetiva prestação dos serviços, porque comprovam simplesmente uma transferência de recursos. O lançamento foi realizado com fundamento nos arts. 249, I, 251, parágrafo único, 290, I, 299 e 300 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26/03/1999, que dispõem: Art.249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §2º): Ios custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; [...] Art.251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). Fl. 300DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 301 17 [...] Art.299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). §1ºSão necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §1º). §2ºAs despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §2º). §3ºO disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Art.300. Aplicamse aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de rendimentos pagos a terceiros (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, §2º). Dos dispositivos referidos se extrai, em síntese, que o legislador estabeleceu que a apuração do lucro operacional decorre da apuração do resultado das atividades que constituem objeto da pessoa jurídica, sendo dedutíveis na determinação do lucro real apenas os custos comprovados e as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas, desde que pagas ou incorridas e que sejam usuais e normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Vale lembrar que a legislação tributária impõe que o dever de escrituração contábil deve ser acompanhado da prova documental hábil dos fatos registrados na contabilidade, para fins de apuração dos tributos devidos, consoante o disposto no RIR/99: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º). (destaquei) Assim, em consonância com as normas contábeis e fiscais, todos os custos e despesas operacionais devem estar devidamente suportados por documentos hábeis e idôneos a comprovarem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc. Ademais, em se tratando de prestação de serviços, a comprovação da efetividade da operação é requisito absoluto de dedutibilidade, consoante jurisprudência mansa e pacífica do Primeiro Conselho de Contribuintes e do CARF, como se vê das ementas abaixo: FALTA DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO — INDEDUTIBILIDADE — Para que qualquer parcela seja dedutível na apuração do lucro real e do lucro liquido, é necessário que haja elementos convincentes da efetividade da operação, mormente no caso de prestação de serviços. A descrição genérica de "prestação de serviços" é insuficiente. A indedutibilidade da parcela não está inibida pela possibilidade de que, com maiores averiguações, se poder Fl. 301DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 302 18 constatar, inclusive, o evidente intuito de fraude na redução do lucro líquido, pela falsidade material ou ideológica da documentação, fato que imporia aí sim a qualificação da penalidade. (CSRF/0105.499, sessão de 20/06/2006) [...] IRPJ COMPROVAÇÃO DE DESPESA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Para que se reconheça a dedutibilidade de valores relativos à notas fiscais de serviços de intermediação por empresa de Empreendimentos e Participação, o contribuinte tem o ônus de comprovar com documento hábil e idôneo a efetiva prestação do serviço. Recurso negado. (Acórdão nº 10809087, sessão de 08/11/2006) IRPJ. CSLL Prestação de Serviços. Dedutibilidade. A prestação de serviços, descritos genericamente como "intermediação de negócios de corretagem", sem prova ou demonstração de sua efetiva execução, não justificam a sua dedutibilidade. (Acórdão nº 10322856, sessão de 25/01/2007) IRPJ. CSLL. PROVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. UTILIZAÇÃO DE IMÓVEL. RATEIO DE DESPESAS. A dedutibilidade de prestação de serviços rateados e do custo relativo ao uso de imóvel pressupõe a prova da efetiva realização dos serviços e da utilização do bem, não bastando a comprovação de que foram contratados, assumidos e pagos. Comprovada a utilização do imóvel locado, a dedutibilidade resta permitida. Lançamento improcedente. (Acórdão nº 130100372, sessão de 05/08/2010) Mesmo em situações de inidoneidade formal previstas na legislação, o art. 82 da Lei nº 9.430/96 ressalva a presunção de idoneidade pela comprovação, por parte do adquirente dos bens ou tomador de serviços, da efetividade da operação através de duas condições cumulativas: a) a efetivação do pagamento do preço respectivo e b) o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços, como se extrai do texto legal, verbis: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. (destaquei) Cabe, assim, ao contribuinte o ônus de comprovar os lançamentos contábeis registrados, mediante documentação hábil e idônea que suporte os respectivos lançamentos, e também justifique e ateste a dedutibilidade dos custos e despesas incorridos, incluindo a efetividade da prestação do serviço, nos termos da legislação de regência. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 303 19 Registradas tais premissas, passo à análise de cada uma das acusações fiscais referente às glosas de valores lançados como despesas/custos cujas notas fiscais foram consideradas inidôneas. 1 FR Assessoria Jurídica Ltda De acordo com o relatório fiscal, foi analisado o CONTRATO ALEATÓRIO DE EXECUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS CIVIS firmado nos termos do art. 458 do Código Civil, de um lado como contratante a COOMIGASP – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada e de outro lado, como contratadas MINAS BRASIL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA E FR ASSESSORIA JURÍDICA LTDA, celebrado em 22 de janeiro de 2006. Verificou a fiscalização que, no dia seguinte, a recorrente figurava como cessionária, através do “INSTRUMENTO DE CESSÃO DE DIREITOS, OBRIGAÇÕES E OUTRAS AVENÇAS” firmado com as contratadas e figurando como INTERVENIENTE ANUENTE a COOMIGASP, onde foi estipulado o pagamento da quantia de R$ 541.000,00 a título de honorários advocatícios à FR Assessoria Jurídica Ltda na assinatura do termo aditivo e de R$ 1.050.000,00, quando fosse publicado no DOU do Alvará de Lavra. A conclusão da fiscalização de que a Recorrente não apresentou elementos suficientes para comprovar a efetiva prestação dos serviços e que os elementos apresentados se referem a documentos emitidos por ela mesma, e considerar as notas inidôneas, se pautou em diversos indícios, tais como: emitente estava INATIVA até o ano de 2005; emitente apresenta DIPJ para o ano calendário de 2006 pelo Lucro Presumido com Receita igual a R$ 541.000,00 que é o valor exato das únicas Notas Fiscais, números 001 e 002 emitidas para a EGESA; quanto aos sócios da emitente, nenhum deles informou em DIRPF atividade incompatível com a prestação de serviços discriminados na Nota Fiscal; O relator da decisão recorrida, por sua vez, destacou no seu voto: Além dos elementos constatados pela fiscalização e listados no termo de Constatação e Verificação Fiscal devem ser acrescidos ou recapitulados os seguintes elementos que levam a conclusão de ausência de requisitos formais para que tal dispêndio seja considerado dedutivel: a questão do CNPJ da COOMIGASP — Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada, levantada pela fiscalização e combatida pela defesa. No Contrato Aleatório de Execução e Administração de Obras Civis, de 22 de janeiro de 2006, assinado pela FR Assessoria Jurídica Ltda e mais a Minas Brasil Empreendimentos Imobiliários Ltda, fls. 337/342 do Anexo II, o CNPJ da Cooperativa apresentado é o de n° 05.023.221/000107. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 304 20 Entretanto, no Instrumento de Cessão de Direitos, Obrigações e Outras Avenças, de 23 de janeiro de 2006, fls. 352/355 do mesmo Anexo, tendo como cedentes FR Assessoria Jurídica Ltda e Minas Brasil Empreendimentos Imobiliários Ltda, cessionária EGESA Engenharia S/A e como interveniente anuente a COOMIGASP, o CNPJ da interveniente apresentado é de n° 34.878.587/000158, inscrição esta última anulada por vícios desde 06/07/1990, conforme constatou a fiscalização. Ou seja, num dia, no primeiro documento, o CNPJ é um, no dia seguinte, no outro documento, é outro e nulo. Cabe destacar que no único documento com a participação da COOMIGASP e a EGESA o CNPJ é nulo; a primeira Nota Fiscal emitida pela FR Assessoria Jurídica Ltda foi emitida em 23 de janeiro de 2006, fls. 330 do Anexo II; o TED referente a tal dispêndio é de 24 de janeiro de 2006, fls. 344, do Anexo II; todos os dois são anteriores à assinatura do Aditivo que estipulava o pagamento, de 26 de janeiro de 2006, fls. 356/358 do Anexo II; em atendimento a solicitação do Serviço de Fiscalização da DRF em Belo Horizonte, o Diretor Municipal da Receita Tributária do município de Itumbiara — GO, pelo Oficio de 30 de julho de 2009, fls. 301 do Anexo II, informa que a FR Assessoria Jurídica Ltda foi procurada no local declarado no cadastro municipal e não foi localizada, havendo informação de que se mudou há mais de um ano. Informa, ainda, que a fiscalização não teve êxito na localização do contribuinte junto ao contador da empresa, não tendo acesso às Notas Fiscais, sendo impossível atestar a autenticidade delas; a intimação feita pela autuante para a empresa no endereço constante do cadastro da Receita Federal retomou com a indicação de que o destinatário havia mudado. Em relação ao CNPJ nulo da COOMIGASP — Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (cedente) constante do instrumento de cessão de direito, divergente do CNPJ constante do contrato de execução de obra, ambos apresentados pela recorrente, cabe referir que o art. 82 da Lei nº 9.430/96 dispõe de que não será considerado como comprovado o gasto ou a despesa quando os documentos comprobatórios forem emitidos por pessoa jurídica cuja inscrição no CNPJ tenha sido considerada ou declarada inapta, não produzindo tais documentos quaisquer efeitos tributários em favor de terceiro por se caracterizarem como uma hipótese de inidoneidade. Todavia, a própria lei ressalva que a dedutibilidade será admitida quando o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovar a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou a utilização dos serviços. Assim, a referência em um dos contratos a CNPJ que se verificou nulo, por si só, não implica na inidoneidade do documento, ainda mais sendo válido o CNPJ referido no contrato original (05.023.221/000107). Os demais indícios relatados, no entanto, são relevantes ao deslinde da questão e deveriam ser afastados pela recorrente. Alega a Recorrente que a despesa foi efetivamente incorrida, tendo sido os pagamentos realizados, como atestam os TED juntados aos autos, e que a aquisição de direitos Fl. 304DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 305 21 por meio de contrato de cessão comprova os gastos com honorários advocatícios, conforme alegado, atestado pelos seguintes elementos dos autos: Nota Fiscal Valor Comprovante de Pagamento 000001 (fl. 299 — anexo II e fl. 87— anexo VI) R$ 500.000,00 TED (fl. 344 do anexo ll e fl. 89 do anexo VI) 000002 (fl. 300 — anexo II e fl. 88— anexo VI) R$ 41.000,00 TED (fl. 334 do anexo ll e fl. 90 do anexo VI) Sustenta que não caberia a ela a obrigação de fiscalizar e apurar o recolhimento de tributos incidentes sobre os pagamentos por ela claramente identificados e de fato realizados e que o sócio responsável pela empresa é advogado inscrito na OAB/MT e residência na mesma cidade da empresa. É totalmente improcedente a primeira argumentação, visto que inexistiu qualquer acusação pautada na falta de recolhimento de tributos por terceiros, referentes aos pagamentos realizados pela Recorrente. Quanto ao segundo argumento, mesmo na fase do recurso voluntário, embora aponte que o sócio responsável pela empresa é advogado inscrito na OAB/MT, com residência na mesma cidade da empresa, não traz qualquer elemento de que comprove sequer um início material de prova da realização do serviço de assessoria jurídica. Como visto acima, não basta a apresentação de nota fiscal e do pagamento quando inexiste prova efetiva da realização do serviço de assistência jurídica. Da análise dos elementos dos autos e das características das operações que pretenderam justificar e comprovar a despesa, resta evidenciado que o serviço não se realizou da forma como deveria ter sido realizado para serem consideradas idôneas as notas fiscais correspondentes. Diante disso, deve ser mantido o lançamento nessa parte. 2 RC Barros Locadora – ME Segundo a fiscalização, as notas emitidas pela RC Barros Locadora – ME são inidôneas para fins de comprovação da prestação de serviços de transporte de material, em suma, porque: i) consoante cadastro do DETRAN/Pará, a empresa não possui veículos registrados em seu nome a partir de 2004; ii) a contratada não apresentou DIPJ no ano calendário 2004 e apresentou DIPJ com receita zerada em 2005, bem como não apresentou DCTF nos respectivos anos; iii) a sócia não atendeu à intimação e não declarou rendimentos compatíveis nas DIRPF de 2004 e 2005; Fl. 305DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 306 22 iv) os documentos apresentados pela recorrente para confirmar a prestação do serviço foram emitidos pela própria e os comprovantes de pagamento referemse a meras transferências financeiras. Foram glosados os seguintes valores: A recorrente sustenta que a prestação de serviços de transportes de remoção de material foi efetivamente realizada para cumprir os contratos que firmou com a empresa Rio Doce Manganês S/A, o que seria atestado através das Certidões de Acervo Técnico emitidas em 11/04/2005 e 16/05/2005 e dos Boletins de Medições Mensais confeccionados pela tomadora dos serviços, acostados na impugnação. O relator a quo observa que os contratos apresentados (Anexo VI, fls. 99/108 e 109/116), assim como Certidões de Acervo Técnico e medições (Anexo VI, fls. 118/126), dizem respeito à relação entre a recorrente e a RDM, não trazendo nenhuma vinculação da recorrente com a RC Barros Locadora – ME. Compulsandose os autos, pela ordem cronológica dos fatos, verificase que a recorrente firmou com a Rio Doce Manganês, em 28/05/2004, o contrato CNP008/2004 para “Decapeamento de 600.000 m3 de material estéril na Mina de Manganês do Azul em Serra dos Carajás, município de Parauapebas — Pará” (Anexo VI, fls.98107). De acordo com o “Quadro de quantidade de preço CNP008/2004” (fl.108), nos serviços contratados estava incluído o carregamento e transporte de material equivalente a 600 m3. Com a RC Barros Locadora Ltda ME foi firmado, em 07/07/2004, um contrato de “prestação dos serviços de transporte de material denominado "esteril", para atendimento da Obra 241 — Parauapebas”, por 06 (seis) meses, iniciandose na data da assinatura do mesmo (Anexo VI, fls.9397). Logo após, outro contrato foi firmado pela recorrente com a Rio Doce Manganês (CNP019/2004), em 22/10/2004, tendo como objeto a prestação de serviços de remoção de material para a RDM, Mina de Manganês do Azul, em Serra dos CarajásPA, (Anexo VI, fls.109116). Em ambos os contratos firmados com a RDM, havia a previsão expressa das seguintes cláusulas: 12.5 É vedada à CONTRATADA a subcontratação ou cessão, total ou parcial, dos direitos e obrigações oriundos e/ou decorrentes deste Contrato, inclusive seus créditos, sem a prévia e expressa autorização da RDM, ficando a RDM desde já autorizada a ceder ou transferir, no todo ou em parte, para empresas do mesmo grupo ou em função de reestruturação societária, cisão e incorporação, sem a prévia e expressa anuência da CONTRATADA. Anocalendário Valor total das notas fiscais – R$ 2004 851.130,00 2005 115.676,40 Fl. 306DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 307 23 12.6 Em hipótese alguma, a subcontratação ou cessão autorizada pela RDM desobriga a CONTRATADA de suas responsabilidades e obrigações assumidas neste , mantendo a CONTRATADA a total responsabilidade perante a RDM pelos atos ou omissões realizados por terceiros e oriundos da subcontratação. Em que pese tal previsão, as Certidões de Acervo Técnico e boletins de medições expedidos pela empresa Rio Doce Manganês S/A, respectivamente em 11/04/2005 e 16/05/2005, atestam a efetiva prestação dos seguintes serviços: no período de 08/07/2004 a 06/10/2004, foi prestado serviço de “Movimentação de materiais na Mina de Manganês do Azul em Serra dos Carajás, município de Parauapebas/PA”, equivalente a aproximadamente 600m3 de material (Anexo VI, fls.118 122); no período de 01/10/2004 a 31/12/2004, foi prestado serviço de “Remoção de material na Mina de Manganês do Azul em Serra dos Carajás, município de Parauapebas/PA”, equivalente a aproximadamente 1.000m3 de material (Anexo VI, fls.123 126). Diante das cláusulas acima transcritas, não é de se estranhar que o controle da contratante em relação ao serviço efetivamente prestado se refira apenas à contratada direta. A falta de autorização expressa para subcontratação (cláusula 12.5), neste caso, não prejudica a comprovação da prestação do serviço. De outro lado, restou comprovado nos autos que a recorrente contratou a RC Barros Locadora – ME a prestação de serviço de transporte de material “estéril” na mina de manganês em ParauapebasPA, no mesmo período em que vigente o contrato com a RDM (julho a dezembro de 2004). A falta de atendimento à intimação, a falta de registro de veículos em nome próprio e a falta de declaração das receitas auferidas por parte da contratada RC Barros Locadora ME não comprometem a efetividade da utilização do serviço de transporte pela recorrente, conforme comprovado pela quitação do mesmo serviço dada pela contratante RDM. Em relação aos pagamentos realizados pela recorrente como remuneração dos serviços contratados, conforme as notas fiscais de serviços discriminadas, efetuada através de cópias de cheques ou comprovantes de transferência bancária – TED (Anexo VI, fls.123157), restaram comprovados os seguintes montantes: Anocalendário 2004: R$ 716.101,20 Anocalendário 2005: nihil Sendo assim, tendo sido comprovadas as duas condições cumulativas da efetividade da operação (pagamento e utilização dos serviços), deve ser parcialmente restabelecida a despesa glosada neste item, até o montante do pagamento comprovado. 3 Isac & Moraes Comércio e Transporte Ltda Fl. 307DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 308 24 A fiscalização justifica a glosa em razão da falta de capacidade operacional da empresa contratada para realizar os serviços, a precariedade da existência da mesma, pela constatação de que a DIPJ do ano calendário 2005 foi entregue no período normal como INATIVA, e, após o recebimento do Termo de Intimação Fiscal, entregue DIPJ RETIFICADORA com o valor das Notas Fiscais emitidas, além de serem apenas apresentados documentos produzidos pela própria fiscalizada. Foram glosados: Número CTRC Data da Emissão Valor – R$ 00051 01/09/2004 36.861,64 00052 01/10/2004 39.794,96 Total ano de 2004 76.656,60 00058 02/12/2005 196.916,97 00059 28/12/2005 35.627,72 Total ano de 2005 232.544,69 A recorrente sustenta que os serviços foram efetivamente realizados pela contratada para o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem DNER, com o qual tinha contrato, posteriormente transferido para o Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transportes DNIT, tendo como objeto obras de restauração da BR 040, no trecho próximo à cidade de Barbacena MG. O relator a quo concluiu que os documentos apresentados pela defesa, contrato com o DNIT, as medições e o Atestado de Execução dos Serviços, fls. 214/219 e 232/ 299 do Anexo XI, dizem respeito à relação entre a recorrente e o DNIT, não tendo nenhuma vinculação com a ISAC & MORAES. Observando o contrato firmado entre a recorrente e o DNER (Anexo XI, fl.215): Cláusula Primeira: Constitui objeto deste Contrato, a execução pela CONTRATADA, dos trabalhos descritos na proposta apresentada na licitação, os quais ficam fazendo parte integrante e inseparável deste instrumento, como se aqui integralmente reproduzidos, e assim resumidos quanto a seus elementos característicos: LOTE ÚNICO (1) RODOVIA: BR040/MG (2) TRECHO: DIV. GO/MG — DIV. MG/RJ (3) SUBTRECHO: ENTR. MG275 — ENTR: MG452 (4) SEGMENTO: KM 702,2 — KM 731,0 (5) EXTENSÃO: 28,8 KM (6) JURISDIÇÃO: RR 6/4 — JUIZ DE FORA Fl. 308DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 309 25 (7) NATUREZA DOS SERVIÇOS SERVIÇOS DE: COMPLEMENTAÇÃO DAS OBRAS DE RESTAURAÇÃO E AUMENTO DE CAPACIDADE NA RODOVIA BR040/MG Em 01/08/2004, a recorrente firmou com ISAC & MORAES o seguinte contrato (Anexo XI, fls.224228): Constitui objeto do presente contrato a prestação dos serviços de transporte de materiais para construção de obras rodoviárias tipo: Materiais de terraplenagem, resíduo de escória, BGS/BGTC, areia e CBUQ no percurso Rodovia BR 040, km 702,2 a 731,0, na cidade de Barbacena MG e região às frentes de serviços, para atendimento da Obra 180 Barbacena. O referido contrato teve vigência de 5 meses, a partir da data de sua assinatura, passível de prorrogação. Em 09/11/2005 (Anexo XI, fls.229230), foi firmado o 1º Aditivo ao Contrato de Transporte com a ISAC & MORAES. Os documentos de medições da obra emitidos pelo DNIT (fls.232 e ss) atestam a execução parcial dos serviços. Através do TERMO DE RECEBIMENTO DEFINITIVO, emitido pelo DNIT, em 13/06/2006 (fls.221), restou consignada a conclusão das obras de restauração e aumento de capacidade na rodovia BR040/MG, objeto do contrato PD/60038/0100, iniciadas em 09/01/02 e concluidas em 31/12/05, encontrandose em bom estado de conservação e executadas, a contento, pela CONTRATADA, de conformidade com as especificações técnicas do contrato, os representantes do DNIT acima nomeados, neste ato e por este instrumento, fizeram o seu recebimento DEFINITIVO, cessando, nesta data a responsabilidade da CONTRATADA, De outro lado, restou comprovado nos autos que a recorrente efetivamente contratou a ISAC & MORAES para a prestação de serviço de transporte de materiais para construção de obras rodoviárias (materiais de terraplenagem, resíduo de escória, BGS/BGTC, areia e CBUQ) no percurso Rodovia BR 040, km 702,2 a 731,0, na cidade de Barbacena MG, em período compreendido pela vigência do contrato com o DNIT (de agosto de 2004 a dezembro de 2005). A falta de atendimento à intimação, a falta de registro de veículos em nome próprio e a falta de declaração das receitas auferidas por parte da contratada ISAC & MORAES não afastam a efetividade da prestação do serviço, conforme comprovado pela quitação do mesmo, dada pelo contratante DNIT à recorrente. Também restou comprovada a gama de pagamentos realizados pela recorrente como remuneração dos serviços contratados, conforme as notas fiscais de serviços discriminadas e conhecimentos de transportes, efetuada através de cópias de cheques ou comprovantes de transferência bancária – TED (Anexo XI, fls.301 e ss). Sendo assim, tendo sido comprovadas as duas condições cumulativas da efetividade da operação (pagamento e utilização dos serviços), deve ser restabelecida a totalidade da despesa glosada neste item. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 310 26 4 Execução Serviços Ltda. A fiscalização glosou os pagamentos efetuados pela recorrente à Execução Serviços em função de que estava omissa quanto à entrega das DIPJ e nem ela nem seus sócios atenderam às intimações para comprovar a efetividade dos serviços; que os primeiros pagamentos foram feitos a pessoa física que não fazia parte do quadro societário e que os elementos apresentados pela fiscalizada se referem a documentos emitidos por ela mesma, sendo os pagamentos representados por documentos de simples transferências de recursos. Foram glosadas as seguintes despesas: A recorrente alega que, representando o consórcio EGESA/COMIM BARCARENA, que originalmente havia firmado contrato de empreitada com a Prefeitura de Barcarena, para execução de obras de infraestrutura urbana, objeto da concorrência 001/2001, firmou contrato de subempreitada com a empresa Execução Serviços Ltda, no qual acordou que a contratada executaria, em regime de subempreitada, parte dos serviços de execução do muro de arrimo objeto do Convênio 082/2004 celebrado entre a Prefeitura de Barcarena e o DNIT, parte integrante da Obra 213 – Prefeitura Barcarena, que estava vinculado à concorrência vencida pelo consórcio. Sustenta que, pela leitura das medições acostadas aos autos e das medições constantes da impugnação, está demonstrado que as obras e os serviços foram realizados para o município de Barcarena, tendo sido as notas fiscais emitidas com autorização municipal e comprovada a efetiva remuneração pelos serviços prestados através de TED. A recorrente alega que a fiscalização também errou ao considerar que, no ano de 2006, pagamentos à Execução Serviços Ltda no valor de R$ 149.638,38, uma vez que a correspondente nota fiscal nº 12 foi devolvida, uma vez que não houve aceitação dos serviços realizados, ocorrendo o estorno em 2007 do valor provisionado em 2006. O contrato de subempreitada (Anexo XII, fls. 112 e ss), firmado em 01/07/2004, prevê: CLAUSULA 1 – Do objeto do contrato 1.1 Constitui objeto deste contrato a execução, em regime de subempreitada, parte dos serviços de execução do muro de arrimo objeto do Convênio 082/2004 celebrado entre a Prefeitura de Barcarena e o DNIT, parte integrante da Obra 213 – Prefeitura Barcarena, obras de infraestrutura urbana e fluviais de proteção na orla do Rio Mucuriça, em Barcarena – PA, cuja construção está a cargo da CONTRATANTE. [...] Anocalendário Valor total das notas fiscais – R$ 2004 1.137.588,00 2005 852.669,73 2006 149.638,38 Fl. 310DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 311 27 1.3 Os serviços serão executados de acordo com as normas tecnicas da ABNT que lhes forem aplicáveis sendo as especificações e instruções estabelecidas pela CONTRATANTE e especialmente pelas normas e especificações do proprietário da obra. O contrato, firmado em 01/07/2004, estabelecia o prazo de 153 dias para a execução do objeto contratual, sem previsão de renovação. Compulsandose os autos, verificase que a recorrente apresentou documentos de medição da obra pela Prefeitura de Barcarena (Anexo XII, fls.126 e ss), referentes aos meses de agosto, setembro e outubro de 2004, julho e agosto de 2005 e agosto de 2006, assim como cópias das notas fiscais e comprovantes de pagamentos e recibos emitidos pela subcontratada Execução Serviços Ltda. Todavia, neste caso, como bem observou o relator a quo: Apesar de apresentar um contrato de subempreitada, fls. 112/120 do Anexo XII, cuja cláusula V define obrigações de ordem administrativa, operacional, tributária e técnica, não foram apresentados outros elementos concretos da realização de parte da obra pela Execução Serviços Ltda. O valor do contrato era de mais de 34 milhões de reais, fls. 105 do Anexo XII, representando uma obra de expressão, inclusive pela complexidade que pode ser notada pelas planilhas dos serviços. E, mesmo assim, a empresa não apresenta outros elementos que possam comprovar que a parte subempreitada do contrato de cerca de R$ 2.000.000,00 foi realizada pela Execução Serviços Ltda. Por exemplo, a citada Cláusula V, alínea “c”, previa que era obrigação da contratada “providenciar, antes do início dos serviços, perante o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, a anotação de responsabilidade técnica relativa a este contrato, na forma da resolução do CONFEA nº 194, de 22/05/1970, devendo fornecer à CONTRATANTE cópia do comprovante da mencionada anotação. A CONTRATADA será dispensada do cumprimento dessa exigência nos casos em que os serviços a serem executados não requeiram o concurso desse profissional.” Ou seja, entre outros, deveria haver um controle formal técnico entre as duas partes inerentes à natureza dos trabalhos, que não pode ser desprezado. Cabe observar que a Resolução citada já havia sido revogada pela Resolução CONFEA nº 257, de 19 setembro 1978, mas que também determinava a necessidade de que todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à engenharia, à arquitetura e à agronomia fica sujeito à Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no Conselho Regional em cuja jurisdição for exercida a respectiva atividade. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 312 28 Obviamente que a dispensa prevista não se aplica ao caso concreto, inclusive porque nos documentos técnicos apresentados pela EGESA há a sempre a identificação dos profissionais, inclusive com o número de sua inscrição no CREA. Destacados os pontos acima além daqueles do TVCF e do processo, é de se concluir que, para se observar o cumprimento de todas as obrigações contratuais e para a emissão das medições e efetuar os pagamentos correspondentes, seria imprescindível controles específicos. Estes controles e os documentos correspondentes certamente deveriam existir e serem apresentados pela autuada. Não o fazendo e compulsandose com os elementos mostrados pela fiscalização acerca da precariedade da empresa contratada, o dispêndio em análise não apresenta os requisitos necessários para que seja considerado como despesa ou custo dedutível, desprovido de elementos de efetividade e de apoio documental. Neste caso, adoto os mesmos fundamentos do voto recorrido, para negar provimento ao recurso, pois, diferentemente das glosas anteriores, a complexidade dos serviços de engenharia prestados exige a comprovação de outros elementos que deem suporte aos pagamentos realizados, pela demonstração da efetiva capacidade de prestação dos serviços subcontratados. Aqui, não se pode admitir que a contratada não cumpra as exigências constantes do próprio contrato de subempreitada, inclusive em relação ao prazo para execução do serviço. Assim, diante da falta de elementos da efetividade da prestação do serviço nos termos em que contratado, não há que se admitir a dedução das despesas com essa subempreitada, devendo ser mantida a glosa. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Por se basear nos mesmos elementos fáticos, sendo decorrente do IRPJ, o lançamento de CSLL deve seguir o decidido quanto àquele, em relação ao restabelecimento de parte das despesas glosadas. Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF A fiscalização considerou que os pagamentos objeto de glosa por falta de comprovação foram efetuados sem causa, estando sujeitos ao IRRF, com fulcro no art. 61 da Lei nº 8.981/95. A recorrente defendeu a pertinência e efetividade dos gastos glosados, sustentando que foram apresentados todos os comprovantes de pagamento solicitados, os quais foram realizados através de TED, depósito bancário ou emissão de cheque, com identificação dos beneficiários. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 313 29 Todavia, não lhe assiste razão na parte da autuação em que a efetiva prestação dos serviços não foi comprovada pelo contratante indicado, o que compromete a identificação do verdadeiro beneficiário, nos termos da legislação referida. Considerando que os valores lançados a título de IRRF são os mesmos que levaram à exigência do IRPJ, tendo sido dado provimento parcial ao IRPJ, esse lançamento também segue a sorte do principal. Multa Confiscatória O lançamento se fundamentou no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, que determina que a multa de ofício no percentual de 150% seja aplicada “nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964”. A fiscalização considerou que a inserção na escrita de notas fiscais inidôneas, com envido de declarações nos anos calendários de 2004, 2005 e 2006 baseadas na base adulterada configurou conduta fraudulenta para impedir parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação principal, tendo em vista a redução do IRPJ e da CSLL devidos por meio da conduta reiterada ocorrida nos anos calendários de 2004, 2005 e 2006 de: 1. reduzir a base imponível com a inserção na escrita de notas fiscais inidôneas, conforme minuciosamente descrito no item 2. 2. enviar declarações dos anos calendário de 2004, 2005 e 2006 à SRFB (DIPJ e DCTF) baseadas nesta escrita adulterada. As condutas descritas foram enquadradas no inciso I do art. 71 da Lei n° 4.502/64, pois, segundo a fiscalização, “foram atos dolosos tendentes a impedir parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal”. Citou jurisprudência do Conselho de Contribuintes (Acórdão n°: 102 47.213 de 10/11/2005). Em relação à conduta imputada, a recorrente limitase a questionar o caráter confiscatório da multa de 150%, alegando afronta ao texto constitucional. Todavia, a alegação recursal atrai a incidência da Súmula CARF nº 2, impedindo a manifestação do colegiado sobre o tema. Assim, na parte que remanesce tributável, deve incidir a multa qualificada devidamente fundamentada. Conclusão Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso para: a) afastar a glosa das despesas com RC Barros Locadora ME, no valor de R$716.101,20; e Fl. 313DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 15504.016323/200968 Acórdão n.º 1202000.763 S1C2T2 Fl. 314 30 b) afastar a glosa das despesas com Isac Moraees Comércio e Transporte Ltda, nos valores de R$232.544,69 para o ano de 2005 e R$ 76.656,60 para o ano de 2004. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 314DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO
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Numero do processo: 16561.000071/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. Não demonstrado pela fiscalização o fato indiciário trazido pela presunção legal, deve o lançamento ser cancelado se não acostados outros elementos que permitam concluir de forma diversa. PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Para caracterizar o pagamento sem causa o Fisco deve demonstrar que houve pagamentos ou créditos efetuados pelo contribuinte sem indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento ou sem individualização do beneficiário do rendimento. ESTORNOS CONTÁBEIS Provado documentalmente que lançamentos a crédito em contas de custos constituíram simples estornos contábeis, não cabe o lançamento dos valores como omissão de receitas. DESPESA DESNECESSÁRIA. GLOSA. Constatado que a despesa computada no resultado não é necessária à atividade da empresa nem à manutenção da respectiva fonte produtora é correta a glosa. SOLIDARIEDADE. ART. 124, I, CTN. A solidariedade prevista no art. 124, I, CTN, não se equipara a hipótese de responsabilidade, e não prescinde do correto enquadramento do solidário como sujeito passivo, que deve ser feito pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 1302-001.059
Decisão: Acordam os membros do colegiado: a) por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso de ofício, para manter a glosa de despesas financeiras relativa à diferença ente o valor dos juros passivos pagos ao Crédit Suisse e aos juros ativos recebidos do Banco Santander Cayman, no valor de R$14.027.618,22, vencidos os conselheiros Márcio Frizzo e Guilherme Pollastri, que negavam provimento; b) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso quanto às demais matérias.
Nome do relator: EDUARDO DE ANDRADE
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 68; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1939; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2.801 1 2.800 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.000071/200771 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1302001.059 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de abril de 2013 Matéria IRPJ OMISSÃO DE RECEITA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PPL PARTICIPAÇÕES LTDA (ANTIGA PARMALAT PARTICIPAÇÕES DO BRASIL LTDA) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. Não demonstrado pela fiscalização o fato indiciário trazido pela presunção legal, deve o lançamento ser cancelado se não acostados outros elementos que permitam concluir de forma diversa. PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Para caracterizar o pagamento sem causa o Fisco deve demonstrar que houve pagamentos ou créditos efetuados pelo contribuinte sem indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento ou sem individualização do beneficiário do rendimento. ESTORNOS CONTÁBEIS Provado documentalmente que lançamentos a crédito em contas de custos constituíram simples estornos contábeis, não cabe o lançamento dos valores como omissão de receitas. DESPESA DESNECESSÁRIA. GLOSA. Constatado que a despesa computada no resultado não é necessária à atividade da empresa nem à manutenção da respectiva fonte produtora é correta a glosa. SOLIDARIEDADE. ART. 124, I, CTN. A solidariedade prevista no art. 124, I, CTN, não se equipara a hipótese de responsabilidade, e não prescinde do correto enquadramento do solidário como sujeito passivo, que deve ser feito pela autoridade fiscal. Fl. 2808DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.802 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: a) por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso de ofício, para manter a glosa de despesas financeiras relativa à diferença ente o valor dos juros passivos pagos ao Crédit Suisse e aos juros ativos recebidos do Banco Santander Cayman, no valor de R$14.027.618,22, vencidos os conselheiros Márcio Frizzo e Guilherme Pollastri, que negavam provimento; b) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso quanto às demais matérias. (assinado digitalmente) EDUARDO DE ANDRADE – Presidente em exercício. (assinado digitalmente) EDUARDO DE ANDRADE Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo de Andrade (presidente da turma em exercício), Alberto Pinto Souza Junior, Márcio Rodrigo Frizzo, Luiz Tadeu Matosinho Machado e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Fl. 2809DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.803 3 Relatório Tratase de apreciar Recurso de Ofício interposto em face de acórdão proferido nestes autos pela 5ª Turma da DRJ/RPO, no qual o colegiado decidiu, por unanimidade, julgar procedente em parte a impugnação, conforme o voto da relatora, nos termos da ementa que abaixo reproduzo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS. INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO LEGAL. CARACTERIZAÇÃO INDIRETA. ÔNUS DO FISCO. Cabe à autoridade lançadora embasar com provas e indícios a ocorrência de omissão de receitas, verificada diretamente ou decorrente de presunção legal. DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELA CONTRIBUINTE Cabe à autoridade lançadora esclarecer à contribuinte os motivos da desconsideração da documentação, não bastando a simples rejeição de toda a documentação fiscal apresentada. PAGAMENTOS SEM CAUSA. CARACTERIZAÇÃO. ÔNUS DO FISCO. Para se caracterizar o pagamento sem causa o Fisco deve demonstrar que houve pagamentos ou créditos efetuados pelo contribuinte a título de comissões, bonificações, gratificações ou semelhantes sem indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento ou sem individualização do beneficiário do rendimento no comprovante do pagamento. ESTORNOS CONTÁBEIS NÃO OCORRÊNCIA DE OMISSÃO DE RECEITAS Provado documentalmente que lançamentos a crédito em contas de custos constituíram simples estornos contábeis, não cabe o lançamento dos valores como omissão de receitas. COFINS. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI Nº 9.718/98. CONCEITO DE FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade, por decisão DEFINITIVA plenária do Supremo Tribunal Federal, do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento para fins de tributação do PIS/Pasep e da COFINS, deve ser cancelado o lançamento referente às receitas advindas da cessão de crédito, conforme permissivo introduzido no art. 26A do Decreto nº 70.235/72. Fl. 2810DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.804 4 NÃO ADIÇÃO DE PARCELA DE JUROS MÍNIMOS. MÚTUO COM PESSOA VINCULADA NO EXTERIOR. REGISTRO DO CONTRATO NO BANCO CENTRAL DO BRASIL. No caso de mútuo com pessoa vinculada, a pessoa jurídica mutuante domiciliada no Brasil deverá reconhecer como receita financeira correspondente à operação, no mínimo os juros calculados com base na taxa Libor para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS E DE ATOS NORMATIVOS A apreciação de inconstitucionalidade de leis e de atos normativos é prerrogativa outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário, eis que, em matéria de direito administrativo, presumemse constitucionais todas as normas emanadas dos Poderes Legislativo e Executivo. JUROS DE MORA. APLICABILIDADE DA TAXA SELIC. Sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem os juros de mora equivalentes à taxa SELIC para títulos federais. Não compete à autoridade fazendária, nem ao julgador administrativo, determinar outro percentual de juros, que não os que estão definidos em lei. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL LANÇAMENTO REFLEXO O decidido no mérito do IRPJ repercute da mesma forma na tributação reflexa. Os eventos ocorridos até o julgamento na DRJ, foram assim relatados no acórdão recorrido: Em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 08.1.71.00 20040001650 e prorrogações (fls. 01 a 08), a Fiscalização, apurou, no domicílio fiscal da contribuinte acima identificada, os seguintes fatos, conforme o Termo de Constatação (fls. 1111 a 1142): O Termo de Intimação Fiscal de 30/08/2006 (fls. 406), recebido na mesma data pelo Diretor da empresa, Sr.Osvaldo Coltri Filho, solicitou a apresentação dos documentos relativos às operações realizadas em 2002 e 2003. Embora intimada repetidas vezes desde 30/08/2006, através dos Termos de Intimação Fiscal, datados de , 15/12/2006, 27/12/2006, 28/12/2006, 16/01/2007, 17/01/2007 e 18/01/2007, a contribuinte apresentou a primeira manifestação escrita somente em 22/01/2007 e fazendo referência apenas ao Termo datado de 15/12/2006. Fl. 2811DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.805 5 2.1 O Termo de Intimação, datado de 26/02/2007 (fls.415) consolidou em um único documento, todas as intimações anteriormente feitas e em 27/02/2007, a contribuinte apresentou algumas informações agora através da funcionária terceirizada, a serviço da empresa, Marlene Lessa da Silveira Carvalho. O CAPITAL DE R$ 1.271.257.235,00 2.2 A contribuinte não apresenta nem um único bem real, correspondente ao elevadíssimo capital social, considerandoo simples vestígio contábil. Apresentando breve histórico como justificativa do valor registrado como capital social da empresa, R$ 1.271.257.235,00: “Criada em julho de 1999, como Zimmer Empreendimentos e Participações Ltda. com capital de R$1.000,00 (fls.0043), a empresa passou chamarse em 08/09/1999 Yopar Empreendimentos e Participações Ltda. e teve seu controle acionário transferido a Gianni Grisendi e Carlos de Souza Monteiro (fls.0049 a 0056). Em 29/10/1999, Bendoyrates, Aizenman & Cia. emitem laudo de avaliação (fls.0061) de patrimônio líquido contábil de Parmalat Participações Ltda., CNPJ44.764.595/000127 (atual Carital Brasil Ltda.) em favor da então Yopar ,posteriormente Parmalat Holding Ltda., Parmalat Participações do Brasil Ltda., atual PPL Participações Ltda. Este laudo justificou a incorporação pela fiscalizada em 30/10/1999(fls.0071) de acervo avaliado em R$523.233.039,80, dos quais R$493.142.515,00 destinados ao aumento do capital. A propriedade da sociedade passou para Parmalat SpA (81,03%) e New Civil Limited (18,96%), que permaneciam representados pelos mesmos Gianni Grisendi e Carlos de Souza Monteiro. Em 07/10/2003, a já agora Parmalat Participações do Brasil Ltda.aumentou seu capital (fls.0118 e reratificação de fls.0129) de R$493.143.515,00 para R$1.271.257.235,00, "totalmente subscrito e integralizado pela sócia Parmalat SpA ,mediante a capitalização de créditos que a mesma possui com a Sociedade, de acordo com os registros contábeis apurados em outubro de 2003". A esta altura, os sócios da empresa eram Parmalat SpA (92,65%), Parmalat Food Holdings (UK) Ltd.(7,34%) e Andréa Ventura, sendo que o último assinou sozinho a 12a.alteração contratual, como representante das três partes” 2.3 Embora tenha aumentado o capital pouco antes da quebra da empresa Parmalat, ocorrida em dezembro de 2003, a empresa também entrou “em recuperação judicial”. A Fiscalização observa também que as instalações atuais da empresa são bastante modestas em relação ao enorme capital social registrado. Fl. 2812DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.806 6 2.4 O Termo de 08/03/2007 (fls. 573) reapresentou à contribuinte o arquivo magnético onde constavam os lançamentos contábeis registrados para os períodos encerrados em 30/05/2002 , 31/12/2002 e 31/12/2003, intimando a empresa a "3.2) COMPROVAR, mediante apresentação de cópia de extrato de conta mantida junto a agência bancária instalada no Brasil: "3.2.1) o efetivo recebimento dos recursos que justificaram os subseqüentes "pagamentos" ou lançamentos credores efetuados nas contas do Ativo listadas nos ANEXOS 1... ao presente termo de intimação; apresentar também cópia do título de crédito pago e, quando for o caso, as telas PCAM e os comprovantes de registro eletrônico de operações financeiras (ROF); "3.2.2) o efetivo recebimento dos recursos que justificaram os lançamentos credores efetuados nas contas do Passivo listadas nos ANEXOS 2... ao presente termo de intimação; apresentar também cópia do título de crédito representativo da obrigação e, quando for o caso, as telas PCAM e os comprovantes de registro eletrônico de operações financeiras (ROF). "4) FICA INTIMADA TAMBÉM a inserir quatro colunas à direita dos ANEXOS 3... para ali explicar os lançamentos que serviram para reduzir o lucro real em 30/06/2002...: "4.1) data da contratação do mútuo; "4.2) data de sua liquidação; "4.3) valor do principal, na moeda original e em reais, correspondente aos juros passivos, despesas bancárias; "4.4) inserir tantas linhas quantas forem necessárias à identificação do principal, na moeda original e em reais, correspondente apenas às operações liquidadas que ensejaram a exclusão de variações cambiais passivas, na apuração do lucro real." 3.2.1) o efetivo recebimento dos recursos que justificaram os subseqüentes "pagamentos" ou lançamentos credores efetuados nas contas do Ativo listadas nos ANEXOS 1... ao presente termo de intimação; apresentar também cópia do título de crédito pago e, quando for o caso, as telas PCAM e os comprovantes de registro eletrônico de operações financeiras (ROF); "3.2.2) o efetivo recebimento dos recursos que justificaram os lançamentos credores efetuados nas contas do Passivo listadas nos ANEXOS 2... ao presente termo de intimação; apresentar também cópia do título de crédito representativo da obrigação e, quando for o caso, as telas PCAM e os comprovantes de registro eletrônico de operações financeiras (ROF). "4) FICA INTIMADA TAMBÉM a inserir quatro colunas à direita dos ANEXOS 3... para ali explicar os lançamentos que serviram para reduzir o lucro real em 30/06/2002...: Fl. 2813DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.807 7 "4.1) data da contratação do mútuo; "4.2) data de sua liquidação; "4.3) valor do principal, na moeda original e em reais, correspondente aos juros passivos, despesas bancárias; "4.4) inserir tantas linhas quantas forem necessárias à identificação do principal, na moeda original e em reais, correspondente apenas às operações liquidadas que ensejaram a exclusão de variações cambiais passivas, na apuração do lucro real." 2.5 Em resposta datada de 22/03/2007, a empresa solicita prazo adicional de cento e vinte dias para poder cumprir o requerido, pois segundo declara, foram solicitadas comprovações relativas às. 3.143 operações. 2.6 Concedido o prazo, passou a apresentar, de forma fracionada, alguns dos documentos requeridos. A CAPTAÇÃO DE € 500.000.000 2.7 Relativamente à captação de 500 milhões de Euros, mediante a emissão, no mercado internacional, de títulos vencíveis em 2008 e conversíveis em quotas da sociedade, a Fiscalização apurou o seguinte: “O dinheiro chegou ao Brasil em três parcelas, conforme contratos de câmbio de fls.0421, 0424 e 0427: Em 21/01/2002, EUR$ 100 milhões (equivalentes a R$209.300.000,00,no Banco de Investimentos Crédit Suisse First Boston); no mesmo dia 21/01/2002, EUR$ 150 milhões (R$ 314.049.990,00, no Banco Santander Brasil S/A); em 22/01/2002, EUR$ 250 milhões (R$ 522.950.000,00, também no Banco Santander Brasil S/A. As três parcelas somam R$1.046.299.990,00 e a totalidade da dívida chega a R$1.052.025.000,00, sendo a diferença de R$5.726.867,00, ao que tudo indica, relativa a despesas bancárias, sido estranhamente contabilizada a débito de variação cambial passiva relativa ao período de 18 a 31/01/02.” 2.8 Essas informações constavam no Termo de Intimação, datado de 15/12/2006 e, em resposta a empresa informou que “o comprador dos títulos... foi o banco Crédit Suisse First Boston... que exige o valor total da dívida no Poder Judiciário", mas que a PPL Participações "questiona judicialmente a cobrança... porquanto a dívida já está paga". 2.9 O Termo de Intimação, entregue em 23/04/2007 (fls.0582), com reintimação em 30/04/2007(fIs.0583), requereu a apresentação dos comprovantes dos pagamentos efetuados Fl. 2814DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.808 8 ao CSFB, bem como a informação do número e vara do processo em que a PPL questiona a cobrança realizada pelo CSFB. 2.10 A empresa enviou correspondência em 08/05/2007 (fls. 0584), onde declara que a PPL comprovou o pagamento da suposta dívida nos Processos 000.05.0680915/49 e 583.00.2005.0677782, em trâmite, respectivamente, na 1ª.Vara de Falências e Recuperações Judiciais e na 29ª. Vara Cível, ambas da Capital de São Paulo. Alega que essa comprovação decorre de um “conjunto de instrumentos contratuais que formam complexa operação levada a efeito, e não de um único 'recibo de pagamento', de modo que... o melhor procedimento para o reconhecimento do pagamento da dívida... é o exame da íntegra dos autos das ações referidas acima”. 2.11 A operação seguiu o seguinte roteiro, relatado pela Fiscalização: A emissão dos EUR$ 500 milhões e das obrigações assumidas pela Parmalat estão referidas nos artigos 13, 16 e 17 do contrato social de 14/12/2001(fls.084 em diante). A totalidade da operação em reais, de R$1.052.025.000t00, foi reconhecida pela então Parmalat Participações na conta 2.02.02.01.01.080 – CSFB Int, representativa de passivo de longo prazo, e passou a acumular variações cambiais e juros passivos (demonstrativo em fls.1072 a 1079 e páginas do Razão a partir de fls.0178). Em 31/12/2002, o saldo da conta 2.02.02.01.01.080 CSFB Int, de R$1.850.600.000,00, foi transferido para 2.04.01.01.01.001 Dívidas Convertidas em Quotas de Capital. Em decorrência deste último lançamento, o Crédit Suisse teve inicialmente negada pela Justiça sua pretensão de habilitarse como credor no já referido processo de recuperação judicial. Mais: a Parmalat Participações ingressou na 29a. Vara Cível com ação"para o fim de condenar o CSFB no pagamento em dobro do valor por ele cobrado,nos termos do art.940 do Código Civil" (fls.0643), uma vez que estava cobrando em juízo uma dívida já paga. 2.12 Nessa ação, os advogados da empresa Parmalat Participações, declaram que além do fato que nenhum centavo é devido, existe prova que ao menos metade desse valor, € 250.000.000,00 já foi integralmente devolvido ao CSFB. 2.13 A Fiscalização reproduziu trecho do relato dos advogados que, pelo teor, é extremamente pertinente, ser reproduzido a seguir: "12. Tratase de operação... estruturada com a finalidade de que o CSFB figurasse, frente ao mercado e às autoridades, como mutuante da Parmalat Participações... "13. Assim, em vez de ter sido realizado um empréstimo direto entre empresas do mesmo grupo empresarial (um intercompany), criouse a figura de um intermediário o CSFB para passar a falsa impressão de segurança e credibilidade ao mercado (grifei) quanto à emissão de títulos conversíveis por parte da Parmalat Participações. Fl. 2815DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.809 9 "15. (...) a estruturação da operação tinha por objetivo permitir às empresas do Grupo Parmalat contabilizar o novo endividamento do grupo de modo a enganar os credores, assim como os investidores e o público em geral no Brasil e no exterior através de estrutura que transformava uma operação passiva (i.e., de dívida) em ativos (i.e.f capital) que atendessem aos índices de liquidez exigidos da Parmalat Participações em razão de dívidas passadas. "16. (...) a operação se valeu de empresas do Grupo Parmalat no Brasil e na Holanda e... consistiu no seguinte: foram, inicialmente, captados recursos (18/01/2002) junto ao mercado internacional pela Parmalat Finance Corporation (subsidiária holandesa da Parmalat), através de Eurobonds no valor de EUR$ 250.000.000,00... Esses recursos foram então entregues (operandose a tradição) ao CSFB pela Parmalat, pagando (grifado no original) em parte suas obrigações com o CSFB... "17. (...) É bem verdade que a operação está sujeita a uma ação revocatória na Itália..., tendo em vista a sua finalidade fraudulenta e o prejuízo causado aos credores, fato que entretanto não desnatura nem descaracteriza a operação articulada pelas partes, em que metade do financiamento original... foi devolvido de início pela Parmalat SpA ao CSFB e a obrigação remanescente foi novada, transformandose, do ponto de vista da proposta do próprio CSFB em um adiantamento para futuro aumento de capital... "27. Em suma: a máfé necessária à condenação do CSFB na penalidade do art.940 do Código Civil está mais do que evidenciada... "Como recebeu valores equivalentes a EUR$250.000.000,00 e tem crédito reconhecido no mesmo valor... perante o Judiciário italiano, podese afirmar categoricamente que o CSFB, além de não ser credor da Parmalat Participações, ainda recebeu elevadas quantias referentes a comissões decorrentes da elaboração e operacionalização da 'transação', (grifado no original) "29. E o CSFB sabia da real condição financeira da Parmalat Participações ... (grifei) "30. Ressaltese... que o CSFB... efetivamente recebeu EUR$3.375.000,00 em razão de comissão de estruturação da operação e EUR$52.250.000,00 oriundos de pagamento de juros pela Parmalat Participações..." 2.14 Em seguida, são relatadas partes das contrarazões do CSFB (identificado no documento abaixo transcrito como CSI): “(...) a insistência da Parmalat em afirmar que o CSI teria supostamente exercido a opção de subscrever as suas quotas, entregandoas posteriormente à Parmalat SpA..., é Fl. 2816DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.810 10 absolutamente falsa. O CSI jamais subscreveu quotas da Parmalat, jamais recebeu qualquer quota da Parmalat e jamais transferiu à Parmalat SpA qualquer quota da Parmalat. "11. Tal fato é comprovado pelos contratos sociais e balanços juntados pela própria Parmalat aos autos, nos quais é expressamente ressaltado que o crédito decorrente dos TÍTULOS seria conversível — e não que teria sido convertido em quotas/capital da Parmalat. "12. Neste sentido, o contrato social da Parmalat comprova que o CSI não é, e jamais foi, sócio quotista da Parmalat, que os TÍTULOS não foram convertidos em quotas e que caberia ao detentor dos TÍTULOS exercer o direito de conversão, o qual não era, e jamais foi, automática. 'Artigo 13 A sociedade emitiu no mercado internacional TÍTULOS com vencimento em 2008 no valor total de EUR 500.000.000,00 conversíveis em quotas da Sociedade ('DIREITO DE CONVERSÃO'), nos termos dos TÍTULOS. Caso o(s) detentor(es) dos TÍTULOS exerça(m) o DIREITO DE CONVERSÃO, os quotistas deverão alterar o contrato social da Sociedade para aumentar o capital social e emitir novas quotas para o(s) detentor(es) dos TÍTULOS ou outras pessoas indicadas pelo(s) mesmo(s).' ......................................................................................................... ........ "21. Em que pesem os esforços da Parmalat para tentar montar a sua obra de ficção, alterando deliberadamente a verdade dos fatos acima indicados, e confundindo direitos e obrigações distintas, decorrentes de contratos diversos e celebrados entre pessoas diferentes... em nenhum momento impugnou os seguintes fatos articulados e documentos juntados pelo CSI que, portanto, tornaramse incontroversos (artigos 302 e 334, inciso III do CPC): "21 (d) ... a dívida decorrente dos TÍTULOS permanece expressamente escriturada e reconhecida nos Livros Diário e Razão, além do balanço da Parmalat sobre a rubrica "dívida conversível em quotas/capital", pelo valor histórico correspondente a EUR$500 milhões. ......................................................................................................... ........ "77. As partes elegeram as cortes da Inglaterra para julgar quaisquer ações decorrentes ou relacionadas aos TÍTULOS... ......................................................................................................... ..... "84. (...) ainda que fosse a lei brasileira aplicável ao caso concreto..., não se pode olvidar que o Contrato de Subscrição foi celebrado entre a Parmalat e o CSI em 19.12.2001. De outra Fl. 2817DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.811 11 parte, é igualmente incontroverso que os TÍTULOS foram emitidos pela Parmalat e subscritos pelo CSI em 18.01.2002. "85. Tratase, portanto de atos jurídicos perfeitos e acabados, celebrados à época em que vigia o Código Civil de 1916. Nesse sentido, a validade e os efeitos do Contrato de Subscrição e dos TÍTULOS somente podem ser examinadas à luz das disposições do Código, Civil de 1916 (tempus regit actum), conforme dispõe o artigo 2.035 do CC. O artigo 178, parágrafo 9, inciso V, alínea (b) do Código de 1916 estabelecia o prazo prescricional de 4 (quatro) anos para o interessado pleitear a anulação dos negócios jurídicos alegadamente simulados ou fraudulentos. Notese que (...) o aludido prazo deveria fluir do dia em que foi realizado o ato ou o contrato. "87. A Parmalat não tomou, no tempo e modo devidos, nenhuma medida para interromper o prazo prescricional para anular os TÍTULOS e/ou Contrato de Subscrição com base em alegações de simulação e fraude... a alegação... foi apresentada em juízo somente em 18.05.2006, portanto mais de 4 (quatro) anos após a celebração do Contrato de Subscrição e da emissão e subscrição dos TÍTULOS... "89. Sem prejuízo das questões acima..., o fato é que o artigo 104 do Código Civil de 1916 expressamente proibia a parte participante do negócio alegadamente simulado ou fraudulento de alegar a própria torpeza para eximirse do cumprimento de suas obrigações." (Grifos e negritos no original.) "CREDOR E NÃO SÓCIO" 2.15 Após examinar os argumentos dos litigantes, o Juízo da 1a. Vara de Falências e Recuperações Judiciais decidiu (fls. 686) que o aporte de recursos pelo CSFB ocorreu, mas não foi formalizado mediante a subscrição de quotas, "razão pela qual há que prevalecer como resolvido o contrato pelo seu inadimplemento, passando(o Crédit Suisse) à simples condição de credor e não mais de sócio. 2.16 O Crédit Suisse apresentou nova manifestação em juízo, alegando que: "5. Registrese... que em 02.10.2006 o JP Morgan deixou de prestar os serviços de depósito e custódia dos TÍTULOS, conforme se observa na correspondência enviada ao CSI pelo The Bank of New York (BNY)... que substituiu o JP Morgan na aludida função... Nos termos da correspondência do BNY, restou novamente confessado... que: "(ii) a Parmalat somente realizou um pagamento de juros, em 20.01.2003, no valor de EUR$52.250.000,00, transmitidos pelo Agente Fiscal ao EUROCLEAR para posterior pagamento ao CSI... o cálculo elaborado pela própria Parmalat para Fl. 2818DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.812 12 pagamento dos juros parte do valor de principal da dívida de EUR$ 500 milhões, o que é mais uma confissão da Parmalat de que não houve 'na largada' pagamento dos alegados EUR$ 250 milhões. PERÍCIA CONTÁBIL 2.17 Por conta da ação, o banco Crédit Suisse requereu perícia nos livros e registros da Parmalat para apurar e confirmar: a) se a Parmalat efetivamente recebeu no Brasil os EUR$ 500 milhões; b) se a dívida permanece registrada na contabilidade da Parmalat em nome do Crédit Suisse, "com o valor de principal integralmente aberto"; c) "... os TÍTULOS não são mais conversíveis em quotas da Parmalat e, portanto, a dívida está equivocadamente contabilizada de acordo com as melhores práticas contábeis... De outra parte, a perícia deverá apurar e confirmar que jamais houve conversão dos TÍTULOS em quotas da Parmalat, com a correspondente mutação patrimonial no capital social da Parmalat, não havendo fundamento fático para a posição adotada pelo Sr.Administrador Judicial e Ministério Público..." 2.18 O Juiz da 1ª Vara de Falências aceitou o requerimento e designou a FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras como perito judicial, tendo o administrador judicial da Parmalat, Sr. Alfredo Luiz Kugelmas apresentado vários quesitos (fls. 715) para serem respondidos pela perícia a ser feita. INDENIZAÇÕES 2.19 Esse mesmo administrador judicial já havia peticionado ao juiz encarregado do caso, que habilitasse a PPL a receber percentual de indenizações que a matriz italiana viesse a receber de diversas empresas que haviam sido acionadas judicialmente pela Parmalat SpA, em virtude de operações irregulares que a empresa teria sido vítima. Dentre essas empresas constavam as empresas de auditoria Deloitte &Touche e Grant Thomton International, o Bank of America e Citigroup, entre outros. 2.20 Em noticias veiculadas pela imprensa internacional, essas indenizações chegariam a casa de U$ 10 bilhões, havendo várias dessas empresas que já acordaram o pagamento de altas indenizações, como a Deloitte (U$ 149 milhões), outro acordo de U$ 96 milhões envolveria a Merril Lynch (US$ 39 milhões), o ING Bank (US$ 10,7 milhões), e o Banca Monte Parma (US$ 46,9 milhões), e o Crédit Suisse e a Banca Nazionale dei Lavoro (comprado pelo BNP Paribas) concordaram em pagar, cada um U$25 milhões, em reparações a quem comprou ações de empresas do Grupo pois, conforme a argumentação do atual presidente da Parmalat, Sr. Enrico Bondi, a administração anterior só foi capaz de manter suas atividades fraudulentas porque os auditores e os bancos envolvidos sabiam ou deviam saber que alguma coisa estava errada e nada fizeram. 2.21 O Juiz da Vara de Recuperação judicial acolheu o pedido do administrador judicial e determinou que a PPL informasse sobre os acordos indenizatórios celebrados com a matriz italiana e qual a percentagem dessa indenização que a empresa receberia. 2.22 Em resposta, a contribuinte informou que "... a PPL informa que a despeito de quaisquer informações veiculadas na televisão ou na Internet, nenhuma ação foi promovida e nenhum acordo foi realizado pela Administração Extraordinária da Parmalat SpA, envolvendo ou feito em nome ou em favor de nenhuma ‘Parmalat’ brasileira. A propósito, é Fl. 2819DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.813 13 também importante informar que a Parmalat SpA não representa e nem nunca representou nenhuma das empresas 'Parmalat' brasileiras, bem como que nenhuma ação foi promovida fora do Brasil em favor das 'Parmalat' brasileiras, razão pela qual não há nenhum percentual a ser destinado às empresas brasileiras". 2.23 A Fiscalização considera estranho que nenhuma ação tenha sido interposta pelos atuais controladores, em razão da importância na empresa no Brasil e, estando empenhados em ressarcir os credores não tenham habilitado as empresas brasileiras a receber parte das indenizações. DESVINCULAÇÃO ENTRE AS EMPRESAS DO GRUPO 2.24 A Fiscalização relata que: “...ao invés de pleitearem parte das indenizações obtidas pela Parmalat italiana ou exigirem ressarcimento dos bancos dos quais supostamente teriam sido vítimas, existe evidente esforço de desconhecer quaisquer vínculos com pelos menos três de suas excontroladas ou coligadas: Carital Brasil Ltda., Zircônia Participações Ltda. e PPL Participações, certamente por carregarem vultosos passivos. 50) Conforme já relatado no auto de infração lavrado em nome da PPL em26/12/2006, diante das dificuldades encontradas para entrar em contato com a empresa, a Fiscalização buscou, em 14/07/2006, contato pessoal com a Empresa, no endereço declarado à Secretaria da Receita Federal, a saber: Avenida Juscelino Kubitschek 1830, Torre 12, conjunto 21, nesta Capital. Lá chegando, porém, foi informada de que a Parmalat Participações do Brasil Ltda. não funcionava mais no local e que lá não se sabia do novo endereço da empresa e tampouco do paradeiro de seu diretor, Osvaldo Coltri Filho. 51) A mesma situação foi constatada dois meses depois, em 15/09/2006,pelo oficial de justiça (fls.0696), que deixou "de intimar PARMALAT PARTICIPAÇÕES DO BRASIL LTDA... uma vez que fui informado no Cond. Ed. São Luís (Promon) pela Sra. Fernanda M.Mancuso (advogada, OAB/SP n°218.593) que no local está estabelecida a Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos e que não sabia informar onde poderiam ser encontrados os representantes da requerida". (grifos do original.) Esta nova atitude da Parmalat Brasil carece de força para apagar os estreitos vínculos entre as duas empresas. Conforme Declaração Integrada de Informações Econômico Fiscais (DIPJ),entregue em 2006 à SRF, o controle da Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos pertencia em 99,87% à Parmalat Empreendimentos e Administração Ltda., CNPJ04.780.981/000198, por sua vez controlada pela Fl. 2820DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.814 14 Parmalat Participações do Brasil Ltda. (81,82%), a Dairy Holding Limited (9,09%) e a Food Holdings Limited (9,09%). Figuravam como controladores da Parmalat Participações do Brasil a Parmalat Food Holdings (UK) Limited (7,34%) e a Parmalat SpA (92,66%). Em resumo, é possível concluir que a Parmalat SpA, sediada na Itália,controlava, na época do cometimento das infrações aqui apuradas, a Parmalat S/A Indústria de Alimentos através da Parmalat Participações do Brasil Ltda. e da Parmalat Empreendimentos e Administração Ltda. Após a quebra do Grupo, o responsável perante o Ministério da Fazenda tanto pela Parmalat Participações do Brasil Ltda. quanto pela Parmalat Empreendimentos e Administração Ltda. passou a ser a mesma pessoa, o Sr.Osvaldo Coltri Filho, também procurador da Parmalat SpA no Brasil. OUTRA DENÚNCIA DE SIMULAÇÃO 2.25 A Fiscalização relata outra denuncia, dessa vez partindo de um exdiretor da Parmalat Participações do Brasil Ltda., da Parmalat Administração e Participações do Brasil Ltda. e exDiretor de Relações com Investidores da Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos, Sr. Paulo Carvalho Engler Pinto Júnior, onde ele denuncia, em carta enviada às excoligadas Carital Brasil Ltda. (antiga denominação: 'Parmalat Participações Ltda.' e 'Parmalat Brasil Administração e Participações Ltda.'), Zircônia Participações Ltda. (antiga denominação: 'Parmalat Indústria e Comércio de Laticínios Ltda.' e 'Yolat Indústria e Comércio de Laticínios Ltda.'), Spam Representações Ltda., Cilpe Indústria e Comércio de Laticínios Ltda.,GISA Garanhuns Industrial S/A, Alimba Representações Ltda. e Vitalat.Representações Ltda., que essas empresas foram criadas com o “o intuito de isolar contingências nestas empresas desonerando a 'Parmalat' das nefastas conseqüências judiciais e financeiras. ” Alega que essas operações não foram cercadas das devidas cautelas legais e que constituem mera simulação e que a “...a simulação societária estava não somente configurada como estampada aos olhos de todos, pois basta uma certidão da junta comercial que aparecem juntamente com os nomes de 'Carital' e 'Zircônia' as antigas denominações da 'Parmalat'. Tal situação tem penalizado sobremaneira a 'Parmalat', pois as decisões judiciais têm executados seus títulos contra a 'Parmalat' deixando de lado a 'Carital' e a 'Zircônia', tendo em vista estas possuírem diminuto patrimônio e nenhuma liquidez, associado a configuração do ardil montando (sic) para tentar transparecer que as dívidas do passado hoje se encontram sob nova responsabilidade. 2.26 A Fiscalização compara essa denúncia com a argumentação dos advogados no processo contra o banco Crédit Suisse e constata que, nos dois casos, houve a mesma preocupação de forjar fatos para alijar as dívidas, inexistentes ou incobráveis para que a parte remanescente apresentasse para o mercado imagem de solidez econômica, enquanto seguia criando dívidas e movimentando grandes somas de dinheiro em transações não esclarecidas. 2.27 Lembra ainda que a Parmalat do Brasil S/A Indústria de Alimentos, embora fosse a única empresa do grupo que detinha fontes próprias e significativas de receitas, parecia empenhada em inflar enormemente suas receitas nos demonstrativos apresentados pois as mesmas acabavam sendo reduzidas em virtude de descontos incondicionais concedidos, como Fl. 2821DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.815 15 se vê na Ficha 06 A das declarações integradas de informações econômicofiscais de fls. 041 a 042, conforme quadro a seguir Ano calen dário Vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais (linha 11) Receita líquida (linha 17) Resultado do período de apuração (linha 46 ) 2001 647.276.825,96 1.127.026.920,23 61.253.652,16 2002 658.505.432,19 1.324.731.825,02 191.987.326,85 2003 612.048.824,88 1.335.480.896,25 235.686.757,19 2.28 Já a contribuinte PPL não possuía, conforme a ficha 06 A das DIPJs de fls. 012, 025 e 033 qualquer fonte de renda, a não ser as decorrentes de empréstimos bancários e de mútuos e cessões de crédito arranjados com coligadas sediadas no exterior, cujos valores mais expressivos quase nunca tiveram comprovação de liquidez: Ano calendário Receita líquida (linha 17) Resultado do período de apuração (linha 46) 2001 0,00 26.689.590,23 1o sem 2002 0,00 294.468.460,67 2o sem 2002 0,00 217.110.470,76 2003 0,00 3.398.166.048,80 2.29 A Fiscalização apresenta então o demonstrativo de fls. 1068 a 1070 , relacionando as mais relevantes transações financeiras com coligadas e com bancos escrituradas em contas do ativo, conforme "Razão Completo 2002" e o demonstrativo de fls. 1070 e 1071, relacionando as mais importantes transações financeiras com coligadas e com bancos escrituradas em contas do passivo, conforme "Razão Completo 2002".’ GARANTIA SEM LIQUIDEZ 2.30 Os demonstrativos elaborados mostram que a Parmalat Participações contraiu diversas e expressivas dívidas não só com o Crédit Suisse mas também com vários outros grandes bancos : Boston, Bank of America (BofA), Citibank, Chase Manhattan, Santander e também com outros, não tão conhecidos, como a IFE Exterbanca, de Montevidéu, deixando a indagação de que garantias estes e outros bancos possuíam para emprestar tantos e tão elevados recursos à atual PPL, se a contribuinte não apresentava lucro conforme os demonstrativos acima. 2.31 Na DIPJ apresentada no encerramento do período de 30/06/2002 seus maiores ativos eram créditos de pessoas ligadas (R$ 1.976.945.678,62) e participações permanentes em Fl. 2822DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.816 16 coligadas/controladas (R$ 1.221.962.170,01) e a Fiscalização observou que a relação apresentada pela empresa, onde identifica as parcelas que compõe esses valores, não coincidem com os valores constantes na DIPJ. 2.32 A Fiscalização relata também que noticias veiculadas na imprensa americana, davam conta de que a prática de inflar os resultados não era exclusiva do braço brasileiro, tendo sido efetuada também nos Estados Unidos. O PROCESSO NA ITÁLIA 2.33 O processo de inflar os resultados teve apoio de ao menos alguns representantes de bancos e, o executivo do Crédit Suisse que firmou o acordo com a Parmalat na Itália está sendo processado naquele país por divulgar informações falsas sobre a operação. A Fiscalização reproduz, no original italiano, partes do processo que consta às fls. 756 e seguintes. ENVOLVIMENTO DE BANCOS NA OPERAÇÃO 2.34 Os fatos coletados e relatados acima conferem nova significação às noticias veiculadas na imprensa e na internet sobre as irregularidades da empresa, pois indicam a conivência de varias instituições financeiras, no centro das quais estaria o Clearstream International de Luxemburgo, por coincidência, o agente de compensação e liquidação da operação de € 500 milhões. 2.35 A Fiscalização informa, também, relativamente aos bancos que foram parceiros de operações com a contribuinte, que encaminhou ao Ministério Público Federal representação fiscal para fins penais, em 2006, em razão de operações promovidas pela Parmalat Participações, de comum acordo com o Crédit Lyonnais sediado em Montevidéu, envolvendo a compra e venda no mesmo dia de supostos títulos da dívida pública norteamericana, em operações que, em tese, configuram crime de evasão de divisas. 2.36 Outro banco envolvido com a Parmalat em Montevidéu era a offshore Institución Financiera Externa Exterbanca (Uruguay) S.A. 2.37 A Fiscalização relata que muitos dos empréstimos contraídos junto ao Exterbanca nunca foram pagos e permanecem como passivo de outra empresa do Grupo, criada especialmente para tal fim, a Parmalat Administração e Participações de Brasil Ltda., CNPJ 05.372.236/000172. 2.38 A Exterbanca encerrou 2001 com perdas de US$357mil; 2002 com prejuízo superior a US$2 milhões e 2003 com perdas da ordem de US$1 milhão e em 12 de dezembro de 2003 comunicou o encerramento de suas atividades. FLUXOS FINANCEIROS 2.39 A Fiscalização relata que, dos fatos acima expostos, se evidencia que o grupo Parmalat empreendeu continuo processo de endividamento, real ou fictício, visando aparentar a solidez da empresa e permitindo, mediante essas operações que grandes somas entrassem no Brasil ou dele saíssem em moeda ou de forma ficta, autorizados por transações formalizadas em transferências bancarias ou contratos de mútuo. Fl. 2823DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.817 17 2.40 A Fiscalização relata que: “Os aludidos contratos de mútuo e contratos ou cartas de cessão de crédito/assunção de dívidas, assinados com coligadas instaladas fora do Brasil, eram em geral assinados pelas mesmas pessoas que ao longo dos anos se revezaram nos cargos de direção das empresas do Grupo no Brasil. Às vezes, os documentos eram assinados por uma única pessoa. Em vários casos, a Participações conseguiu provar a materialidade da operação, o que nem sempre significou que os recursos correspondentes tenham sido aplicados nas atividades operacionais das empresas do Grupo instaladas no Brasil.” Em sentido contrário, ocorreram em alguns casos efetivos pagamentos ou remessas de recursos, porém nem sempre justificados pelas necessidades operacionais da Participações. As cessões de crédito representaram quase sempre simples movimentações dentro do ativo: um valor a receber, por exemplo, da Bonlat Capital Finance era transferido para ser recebido da Parmalat Capital Finance, ou viceversa. Em importantes operações de cessão de crédito, foi impossível determinar o fundamento econômico dos créditos transferidos, posto que originados em anos anteriores e, na maioria dos casos, fora do Brasil. Do ponto de vista formal, a Participações tinha como objetivo social a administração dos interesses societários subordinados direta ou indiretamente à Parmalat SpA, o principal dos quais estava na Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos, afinal de contas a empresa mais forte em termos de relações com o mercado; a PPL estava registrada no CNPJ com o código "7414400 gestão de participações societárias (holdings)"”. 2.41 A Fiscalização relata a existência de um contacorrente onde não eram anotados pequenos acertos de contas entre parceiros mas vultosas trocas de débitos e créditos, inclusive com empresas situadas no exterior e por isso mesmo inverificáveis as contrapartidas respectivas. 2.42 A empresa funcionava como instituição financeira informal em relação a algumas de suas vinculadas, sediadas no Brasil e no exterior. As operações de mútuo permitiam também a conversão de moedas, sem que tais operações passassem pelas instituições autorizadas a atuar no mercado e sem que fosse possível a terceiros determinar quando e onde tais transações ocorreram, exceto no caso envolvendo a compra e venda no mesmo dia de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, já objeto de autuação por parte desta Auditoria em 2006, caracterizando relação bastante estreita entre as partes envolvidas e mesmo a evidência de serem todas a mesma organização tal o grau de informalidade e falta de garantias dos empréstimos. 2.43 O registro dessas operações também contraria as normas contábeis pois as contrapartidas das dívidas da contribuinte com as vinculadas não eram registradas em contas do Passivo e sim no Ativo com sinal negativo, prática que distorcia o balanço patrimonial e Fl. 2824DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.818 18 evitava que essas dívidas fossem perfeitamente identificáveis, contrariando também a norma legal contida no art. 7o do DecretoLei°1598/1977 (art.251 do Decreto 3000/99, Regulamento do Imposto de Renda,RIR/99), combinado com o art.2° da Lei 2354/1954 e art.25 da Lei 9249/95: " Art 25 A pessoa^jurídica... deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. "Parágrafo único A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior." ( grifado no original) 2.44 Dos fatos acima narrados, bem assim dos arrolados em consulta realizada à Procuradoria da Fazenda Nacional, e que passou a constituir o anexo do Termo de Verificação e Auto de Infração, resultou em a) encaminhamento ao Ministério Público Federal do inteiro teor do processo, com vistas a subsidiar investigações em andamento relativa ao grupo Parmalat: b) reconhecimento do vínculo de responsabilidade solidária da Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos, autorizado pelo art. 124 do Código Tributário Nacional que define a solidariedade fiscal, ressaltando ainda as evidências desse vínculo nos seguintes fatos a. pessoas como Sr. Gianni Grisendi, Sr. Carlos de Souza Monteiro e Sra. Marilza Natsuco Imanichi, signatários dos principais contratos de mútuo/cessões de crédito/assunções de dividas, representarem diferentes empresas, em sistema de “rodízio” e, em alguns dos casos, os contratos foram firmados apenas pelo Sr. Carlos de Souza Monteiro, como representante, simultaneamente, do mutuante/cedentemutuário/cessionário (fls. 770 a 864); b. a contribuinte nunca gerou receitas próprias, funcionando como braço financeiro da Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos; c. a constatação que essas operações deram respaldo a Parmalat perante o mercado; d. as denuncias apresentadas por ex integrantes do grupo Parmalat; e. o acolhimento do vínculo de solidariedade pelo Judiciário, em diversas ações trabalhistas ( fls. 738 a 740): f. o fato de a Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos ter "herdado"o que restava do acervo positivo do Grupo, após uma sucessão de cisões e incorporações, entre as quais as ocorridas em 1997, 1999, 2002 (com a já mencionada criação da Parmalat Administração e Participações do Brasil Ltda.) e, em 2006, com o desligamento em relação à antiga controladora, a atual PPL Participações Ltda. Fl. 2825DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.819 19 c) Autuação de todas as operações cuja realidade não foi comprovada pela contribuinte a seguir listadas : a. Pagamentos injustificados ou sem causa ( fls. 1080 a 1083), os lançamentos efetuados contra saldos bancários, principalmente na citada conta no Banco do Brasil de Nova York, muitos dos quais para quitar empréstimos, cujo ingresso no País não ficou comprovado além de lançamentos desacompanhados da documentação hábil, que reduziram os valores “recebíveis” contabilizados no Ativo. b. Passivos não comprovados relacionados às fls. 1084 a 1088 cuja origem não foi comprovada ou para os quais não foi documentado o ingresso dos recursos correspondentes no Brasil, para aplicação nas empresas do grupo. c. Multa isolada sobre estimativa não recolhida pela omissão de receitas. d. Juros passivos e despesas bancarias não identificadas por documentação hábil. e. Despesas consideradas desnecessárias, juntamente com os juros passivos e as despesas bancárias não comprovadas , a diferença entre os juros pagos ao Crédit Suisse e os recebidos do Santander Cayman, ( fls. 1092 a 1079); f. As variações cambiais utilizadas para reduzir a base de cálculo do IRPJ apurado em 30/06/2002, de R$ 32.165.076,81 (fls. 12verso) tanto pela não comprovação da origem quanto pela falta de demonstração de como a contribuinte obteve esse valor. g. Falta de adição ao lucro líquido resultante da legislação aplicável aos preços de transferência juros, conforme quadro abaixo: OPERAÇÕES ATIVAS COM VINCULADAS N° or dem Mutuário/cessionário Soma na moeda negociada Valor da adição R$ 1 Bonlat Finance Corporation 139.000.000,00 9.995.326,97 2 Gelateria SRL 12.276.461,31 874.799,99 3 Indulac 274.714,39 21.431,59 4 Parma AC SpA (dólar) 22.500.000,00 1.602.781,81 5 Parmalat Argentina 1.654.208,51 128.909,63 6 Parmalat Capital Finance (dólar) 703.002.009,46 47.376.549,61 7 Parmalat Capital Finance (Euros) 810.331.229,53 27.616.908,53 8 Parmalat China 88.519,67 6.905,78 9 Parmatat Colômbia 549.547,37 41.974,73 10 Parmalat Equador 297.368,18 21.182,95 11 Parmalat México 1.643.035,55 123.865,16 12 Parmalat Paraguai 1.096.663,58 55.051,42 13 Parmalat SpA 63.078.008,41 3.928.044,22 14 Parmatat Uruguai 9.000,00 711,30 15 Parmalat Venezuela 168.626,85 13.154,56 16 Wishaw Trading S/A 218.846.071,38 13.315.654,63 Subtotal: 105.123.252,86 Fl. 2826DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.820 20 Adição ao lucro líquido efetuada pelo contribuinte: 6.464.842,78 Valor lançado neste auto de infração: 98.658.410,08 OPERAÇÕES ATIVAS EM PAISES DE TRIBUTAÇÃO FAVORECIDA 17 3oston 17.000.000,00 1.320.906,83 18 Santander Cayman (Euros) 250.000.000,00 548.134,61 Valor lançado neste auto de infração: 1.869.041,44 OPERAÇÕES PASSIVAS COM VINCULADAS 19 Parma AC SpA (dólar) 6.000.000,00 427.528,73 20 3arma AC SpA (Euros) 7.746.853,49 548.134,61 21 Parmalat Capital Finance Limited 273,41 9,45 22 Parmalat SpA 53.631.571,12 2.107.605,16 23 Wishaw Trading S/A 2.107.605,16 1.366.099,16 Valor lançado neste auto de infração : 4.449.377,11 d) Intimação para corrigir os saldos de prejuízos e o da base negativa da CSLL Desse modo, em 26/07/2004, foi lavrado o competente Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e seus reflexos, indicando também como responsável solidário, a empresa PARMALAT BRASIL S/A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS CNPJ 89.940.878/0001 10; como se segue:: – Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (fls. 1146 a 1154 ): Total do crédito tributário, R$ 1.209.232.348,44, incluídos o tributo, multa e juros de mora, calculados ate 31/05/2007. Fundamento legal: Art. 24 da Lei n° 9.249/95; art. 40 da Lei n° 9.430/96; arts 243, § Io, 249, inciso I, 251 e parágrafo único, 279, 281, inciso III, 288, 299, 300 e 304 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR) aprovado pelo Decreto nº 3000 de 1999. Multa isolada: arts. 222 e 843 do RIR/99 c/c art. 44, § Io, inciso IV, da Lei n° 9.430/96 alterado pelo art. 14 da Medida Provisória n° 351/07 c/c art. 106, inciso II, alínea "c" da Lei nº. 5.172/66. – Programa de Integração Social – PIS (fls. 1157 a 1160): Total do crédito tributário, R$ 15.053.674,64, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, calculados até 31/05/2007. Fundamento legal: arts.1º e 3º da Lei Complementar nº 07/70, art.24, § 2º, da Lei nº 9.249/1995, arts. 2º , inciso I;, 8º inciso I e 9º da Lei nº 9.715/1998 e arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998. – Contribuição para a Seguridade Social COFINS (fls. 1162 e 1164): Total do crédito tributário, R$ 69.478.498,40, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, calculados até 31/05/2007. Fundamento legal: art. 1 o da Lei Complementar nº 70/91, art.24, § 2º, da Lei nº 9.249/1995, arts. 2º, 3º e 8º da Lei nº 9.718/1998 com as alterações da Medida Provisória nº 1.807/1999 e suas reedições, com as alterações da Medida Provisória nº 1.858/1999 e suas reedições. – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLLL (fls. 1167 e 1173): Total do crédito tributário, R$ 394.963.616,06, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, calculados até 31/05/2007. Fundamento legal: art. 2o e §§ da Lei nº 7.689/1988; arts.19 e 24 da Lei nº 9.249/1995, art. 29 da Lei nº 9.430/1996, art. 1º da Lei nº 9.316/1996 e art. 6º da Medida Provisória nº 1.858/1999 e reedições. Fl. 2827DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.821 21 – Imposto de Renda na Fonte – IRRF (fls. 1179 e 1183): Total do crédito tributário, R$ 964.223.365,61, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, calculados até 31/05/2007. Fundamento legal: art. 674 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR) aprovado pelo Decreto nº 3000 de 1999. Inconformada com o lançamento, do qual foi notificada em 29/06/2007, a contribuinte protocolizou, em 30/07/2007, competente impugnação (fls. 1308 a 1422), em apertadíssima síntese, a seguir: 2.45 Alega que, em virtude de sérios problemas enfrentados motivados pela crise financeira do Grupo Parmalat mundial, a Impugnante decidiu ajuizar, no início do ano de 2.004, pedido de concordata preventiva perante a 29a Vara Cível do Fórum Central da Comarca de São Paulo, o qual foi deferido, possibilitando à Impugnante o equacionamento de suas obrigações e a manutenção de empregos. Posteriormente, em razão da edição da nova Lei de Falências e Recuperações Judiciais em fevereiro de 2.005, a Impugnante migrou do regime legal da concordata para o novo instituto da recuperação judicial, processo esse que se encontra em curso perante a Ia Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo. 2.46 Alega que demonstrará, a seguir, que os autos de infração lavrados devem ser julgados nulos ou totalmente improcedentes, vez que desprovidos de qualquer fundamento que lhes dê guarida. Comentários preliminares 2.47 Inicia tecendo alguns comentários a respeito da atuação dos agentes fiscais, constantes no Termo de Constatação e Encerramento de Fiscalização. 2.48 Alega que os fiscais, ao invés de se limitarem a cumprir sua função na tentativa de identificar eventos que pudessem caracterizar como fatos geradores de tributos, preferiram tecer comentários despropositados e irreais a respeito da situação atual da Impugnante. 2.49 Alega que os fiscais autuantes relatam que o representante legal da Impugnante teria se ocultado, em julho de 2006, a fim de dificultar a continuidade dos trabalhos da fiscalização, o que é falso pois a empresa, que até maio de 2006, se localizava em sala da sua então controlada Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos – em recuperação judicial, mas com a transferência do controle da última, em maio de 2006, de acordo com o seu plano de recuperação judicial, a Impugnante foi forçada a mudar sua sede para outro endereço. Alega que a acusação é incabível e ofensiva, pois decorrem de afirmações desnecessárias e irreais que apenas demonstram que a fiscalização não tem buscado aplicar a legislação tributária de forma neutra, mas sim utilizar a lei a fim de arrecadar quaisquer quantias a qualquer custo, sejam elas tributos ou não 2.50 Alega que, em 9.06.2004, o Sr. Osvaldo Coltri Filho foi nomeado diretor (fls. 146), a fim de verificar a situação da Impugnante e regularizar as relações da empresa no Brasil e que sempre esteve à disposição do Fisco e os informou acerca de seu paradeiro e da mudança da sede da empresa. 2.51 Alega que a Impugnante vem se sujeitando às fiscalizações incessantes da Receita Federal desde o ano de 2.004, sendo que contra ela foram lavrados autos de infração Fl. 2828DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.822 22 bilionários. No trabalho de atendimento à fiscalização, muitas vezes concomitante à preparação de defesas diante dos freqüentes autos de infração lavrados, a Impugnante tem feitos grandes esforços para cumprir as exigências devidas, que foram contínuas, demandando a organização e a apresentação de milhares de documentos. 2.52 Alega que não houve simulação societária como foi denunciado pois a impugnante passou, de fato, por sucessivas reorganizações societárias, nos termos da lei, com a apresentação das devidas informações à Receita Federal, de maneira regular e tempestiva. 2.53 Alega que, como a lei prevê responsabilidade solidária entre sociedade cindida e sucessora até a data da deliberação da cisão, nos termos da alínea "b" do parágrafo primeiro do artigo 5o do DecretoLei n° 1598/77, afigurase natural que os CNPJ das empresas fiquem vinculados com relação a obrigações relativas a períodos anteriores ao evento societário. 2.54 Alega que, até a presente data, a Impugnante não foi notificada acerca de qualquer obrigação fiscal de outra pessoa jurídica para que pudesse se manifestar, da mesma forma como a Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos sequer foi notificada para se defender da presente autuação. 2.55 Alega que existem inúmeras outras questões que poderiam ser apontadas pela Impugnante como ofensivas, inverídicas e totalmente tendenciosas, que não se relacionam com o crédito tributário ora exigido e, por tal razão a Impugnante limitarseá a abordar os temas relevantes para o deslinde do presente feito. Cerceamento do direito de defesa 2.56 Inicia fazendo longa explanação a respeito do direito ao contraditório e ampla defesa previstos na Constituição Federal e disciplinados em outros diplomas legais, citando também doutrinadores para reforçar seus argumentos. 2.57 Alega que, os fiscais deixaram de explicar porque recusaram documentos apresentados pela empresa, bem como não explicaram como chegaram ao valor de R$ 93.465.689.59 que foram tributados como despesas bancárias e juros que foram consideradas indedutíveis. Alega que o Fisco se limitou a explicar como o valor lançado de R$ 23.701.130,72 foi apurado, com base nas planilhas de fls. 1072 e seguintes, mas se omitiu com relação à forma de apuração das despesas que perfazem a quantia de R$93.465.689,59, impedindo a empresa de se defender adequadamente por não saber de onde surgiram os valores. 2.58 Alega que, embora tenha apresentado os documentos requeridos tempestivamente, o Termo de Constatação e Encerramento Parcial de Fiscalização, dá a entender, no item 111, que a documentação não foi apresentada nos seguintes termos: "foram considerados os lançamentos não comprovados com documentação hábil que reduziram os "recebíveis" contabilizados no ativo (...)", e não ofereceu qualquer explicação para os considerar não apresentados, prejudicando a empresa no seu direito de defesa pois desconhece as razões dos atos dos fiscais. 2.59 Alega que, no caso concreto, há violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação, bem como ao art. 2° da Lei n° 9.784/99 e ao art. 10 do Decreto n° Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.823 23 70.235/72, devendo ser decretada a nulidade dos autos lavrados, pois todos os autos de infração estão baseados em suposição e mera presunção de que as operações da Impugnante não teriam sido provadas, quando, alega, os documentos apresentados pela Impugnante, no curso da fiscalização, no sentido de comprovar os procedimentos então adotados pela empresa, foram desconsiderados sem qualquer esclarecimento e os valores tributados como glosa de despesa indedutível, carecem de demonstração. Decadência do PIS/ COFINS/ IRRF e multas isoladas 2.60 Faz breve apanhado historio das contribuições PIS e COFINS que justificariam sua tese que essas contribuições devem ser consideradas tributos e como tais, obedecem à legislação aplicada aos tributos. 2.61 Alega que, na sistemática adotada pelo Código Tributário Nacional CTN, o PIS, a Cofins, o IRRF, o IRPJ e a CSLL são classificados como tributos cujo lançamento se dá por homologação, uma vez que a contribuinte apura o "quantum" devido e o recolhe, independente de qualquer prévio exame da autoridade administrativa, de forma que essa última, em verificação posterior, homologa o cálculo realizado pelo contribuinte ou dele discorda, lançando então a diferença, podendo ainda ocorrer a homologação tácita do lançamento. 2.62 Alega que , por esse motivo, se submetem ao parágrafo 4o do art. 150 do CTN, que determina que após 05 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador, operase a chamada homologação tácita. 2.63 Alega que, por conseqüência desse artigo, após o decurso do prazo de 05 (cinco) anos contado do fato gerador ocorre a decadência do direito do Fisco de cobrar os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, que também é aplicável às multas isoladas de IRPJ e da CSLL por também serem tributos lançados por homologação. 2.64 Alega que, embora o texto legal seja claro, os Autos de Infração lavrados em 29/06/2007 exigem PIS, COFINS, IRRF e multas isoladas sobre supostos fatos geradores ocorridos no primeiro semestre de 2002, contrariando o que estabelece a lei e também a jurisprudência, citando algumas decisões judiciais e acórdãos administrativos. 2.65 Alega que o prazo de dez anos previsto no art. 45 da Lei n° 8.212/91 se aplicaria apenas às contribuições previdenciárias, além do fato que cabe à lei complementar disciplinar a decadência tributária, por força de expressa disposição constitucional, e a Lei n° 8.212/91, lei ordinária, ao tentar instituir prazo decadencial diverso daquele previsto no CTN, acaba por violar a Constituição Federal, bem como o próprio CTN, norma que lhe é hierarquicamente superior, citando mais algumas decisões judiciais e administrativas que embasariam o que alega. 2.66 Tece novas considerações a respeito da incidência, fato gerador e apuração do Pis e da Cofins para enfatizar o seu caráter de apuração mensal e segundo a empresa, demonstrariam a a autuação em cima de fatos geradores ocorridos há mais de cinco anos. 2.67 Alega que não se pode aplicar aos fatos o art. 173 do CTN pois esse artigo somente é aplicado nos casos em que houver comprovação indiscutível da ocorrência de fraude, dolo ou simulação e não nos casos em que há mera alegação de ocorrência de omissão de receitas, Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.824 24 2.68 Alega em caso de incidência de IRRF sobre pagamentos efetuados a beneficiário não identificado, a lei é clara ao definir o fato gerador do IRRF ocorre quando do efetivo pagamento de uma quantia a um beneficiário não identificado. 2.69 Alega que ocorreu a decadência do direito do fisco de lançar o IRRF com relação aos pagamentos realizados pela Impugnante no período de janeiro a 29 de junho de 2.002, uma vez que decorreram mais de cinco anos entre a realização dos fatos geradores e o respectivo lançamento, ocorrido na data de 29.06.2007 Cita jurisprudência que confirmaria o que alega. 2.70 Relativamente as multas isolada exigidas, alega que essas multas, exigidas em função do pretenso não recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre bases estimadas ao longo do primeiro semestre de 2.002, não podem mais serem exigidas pois já decaiu o direito de o Fisco lançálas por haver transcorrido mais de cinco anos desde a ocorrência do suposto fato gerador, citando também jurisprudência administrativa que suportariam o que alega. Improcedência dos Autos de Infração Apresentação posterior de documentos 2.71 Primeiramente, alega que não apresentará todos os documentos listados pela Fiscalização por razoes que entende ser perfeitamente compreensíveis, como por exemplo a existência de uma quantidade imensa de documentos cuja apresentação acredita que tumultuaria o processo, uma vez que o mesmo já conta com vários volumes, protestando também pelo direito de apresentar novos documentos, que comprovariam as operações efetuadas pela empresa, no curso do presente processo administrativo. Omissão de receitas 2.72 Alega que os fiscais, ao colocarem no Temo de Verificação, o seguinte texto “valores que aumentaram o passivo, não documentados ou cuja origem não pôde ser determinada uma vez que não ficou comprovada a aplicação dos recursos respectivos nas atividades operacionais das empresas do Grupo Parmalat sediadas no Brasil.", quiseram significar que a omissão se caracterizaria pelo não emprego dos recursos nas atividades do grupo Parmalat no Brasil desses recursos não documentados ou cuja a origem não foi comprovadas. Alega que a o art. 40 da Lei n° 9430/96, citado como base legal, não especifica a destinação dos recursos e que por esse motivo seria clara a improcedência dos autos nesse ponto. 2.73 Alega que os fiscais adotaram a atitude cômoda de penalizar a contribuinte por omissão de receitas porque não entenderam a documentação apresentada e, sem base legal e sem ter comprovado qualquer indício, consideraram como receita omitida os valores indicados às fls. 1084 a 1088, não reconhecendo que boa parte das transferências foi devidamente comprovada no curso da fiscalização e invertendo o ônus da prova. 2.74 Alega que essa pratica tributa receitas que efetivamente nunca existiram. 2.75 Investe contra o que denomina inversão do ônus da prova, alegando que a lei é clara ao determinar as ações fiscais que devem provar o que tributam, alegando ainda que a escrituração e a documentação hábil fazem prova a favor da contribuinte e que caberia ao Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.825 25 Fisco demonstrar o contrário. Alega que o §3° do art. 9o do DecretoLei n° 1.598/77 só se aplicaria em caso especiais previstos em lei. 2.76 Alega que a Impugnante apresentou aos agentes Fiscais, no curso da fiscalização, documentos que embasariam a sua escrituração comercial e os agentes fiscais simplesmente desconsideraram as transferências contabilizadas pela Impugnante e embora não tenham constatado um indício ou um caso no qual a Impugnante teria efetivamente omitido receita, aplicaram a presunção de omissão de receitas. 2.77 Alega que o Fisco, com base em meros lançamentos contábeis, transferiu à contribuinte o ônus da prova, evidenciando em sua opinião a má interpretação e aplicação da legislação tributária. 2.78 Alega que a documentação que suporta os lançamentos contábeis existe e alega que o próprio Fisco reconhece o fato, mas os fiscais optaram por não examinar a documentação apresentada e nem sequer explicaram porque rejeitaram tal documentação, transferindo à contribuinte o ônus de juntar ao processo inúmeros documentos e deixando a esse Colendo Órgão Julgador o dever de examinar a documentação. 2.79 Alega que a jurisprudência administrativa e judicial corroboram sua tese que meros lançamentos contábeis que não tivessem sido documentados não seriam suficientes para dar suporte a presunção de omissão de receitas, alegando ainda que à essa tese se aplicaria também à determinação da base de cálculo do tributo, onde se não houver segurança com relação a base de cálculo a ser utilizada, o auto não pode prosperar. 2.80 Alega que em caso de dúvida deve ser aplicada a legislação mais favorável à contribuinte, conforme os arts. 3º e 112 do CTN. 2.81 Alega que está demonstrada claramente a improcedência da autuação de omissão de receitas, nos autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, por não haver indícios para aplicação da omissão de receitas ou prova segura da ocorrência dos fatos geradores, nem da base de cálculo utilizada nos lançamentos. 2.82 Colaciona artigos de tributaristas que reforçariam seus argumentos. 2.83 Alega que no caso da tese exposta não ser aceita, de todo modo entende que deveria ser afastada dessa omissão de receitas, a incidência do PIS e da COFINS, por se tratar de receitas financeiras e o Supremo Tribunal Federal já considerou essa incidência inconstitucional, em alguns recursos extraordinários que julgou. Estorno Lançamento Cisão Parcial R$ 544.573.812,06 2.84 Alega que a impugnante era e continua sendo uma holding, sem atividades operacionais, cujo objetivo social é de deter, comprar e alienar investimentos de longo prazo em empresas, contabilizados no ativo permanente e que item 92 do Termo de Encerramento Fiscal demonstra que as pretensas receitas da Impugnante não seriam operacionais, mas sim receitas financeiras, não incidindo portanto PIS e COFINS sobre ela. 2.85 Explica que dentre os valores, do total considerado receita omitida, encontrase um lançamento, a crédito na conta contábil que controlava o passivo devido pela Impugnante à Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.826 26 Exterbanca, em montante equivalente a R$ 544.573.812,06 (conta contábil n° 2.01.02.01.01.064). A contrapartida contábil desse lançamento, foi outro lançamento a débito em conta do ativo (conta n° 1.02.02.01.02.037) que controlava os créditos detidos pela Impugnante perante a Parmalat Capital Finance, sociedade coligada sediada no exterior (Ilhas Cayman). 2.86 Alega que embora o valor seja expressivo, não há qualquer analise mais profunda ou fundamentação específica por parte dos fiscais que além disso omitiram maliciosamente os dados e natureza da operação, numa clara tentativa de impor à contribuinte obrigação não existente, tendo em vista os documentos existentes e apresentados. 2.87 Alega que outros dois lançamentos a crédito em contas contábeis que controlavam o passivo devido pela Impugnante à Bonlat Finance Corp. ("Bonlat"), foram considerados como caracterizadores de omissão de receitas. Tais lançamentos, em montante equivalente a R$ 29.968.767,50 (conta contábil n° 2.01.02.01.01.077) e R$ 9.481.335,23 (conta contábil n° 2.01.02.01.01.079), foram devidamente registrados no Livro Razão às fls. 294 e 307 do processo em epígrafe, respectivamente. 2.88 Alega que a impugnante implementou cisão parcial em junho de 2006 (fls. 11, 32 e 93), tendo sido vertida parcela de seu patrimônio líquido à Parmalat Administração e Participações do Brasil Ltda e que a fiscalização utilizou o fato para o encerramento dos trabalhos fiscais no primeiro semestre de 2002. 2.89 Alega que a legislação societária e fiscal exige, como requisito à implementação de uma cisão parcial, o levantamento de balanço específico para tal fim, devendo, tanto o ativo como o passivo serem avaliados a valor contábil ou de mercado e que foi exatamente o que a empresa fez, constando na Ata de Reunião de Sócios Cotistas de fls. 95 e 96. 2.90 Alega que constam no ativo transferido à nova sociedade, os créditos detidos de pessoas ligadas no exterior, em montante equivalente a R$ 670.355.914,79. Já o passivo transferido era formado por financiamentos bancários exigíveis a curto prazo (R$ 574.542.579,56) e a longo prazo (R$ 94.813.335,23) que, acrescidos do capital social transferido (R$ 1 Milhão), resultavam no exato valor do ativo transferido. 2.91 Alega que, entre os financiamentos que compunham o aludido passivo e que foram transferidos à outra empresa, encontravamse dívidas com a Exterbanca e Bonlat, totalizando o valor considerado pela fiscalização a título de omissão de receitas (R$ 584. 023.914,79). Alega que o fato é demonstrado no laudo de avaliação de elementos patrimoniais da Impugnante apresentado junto a impugnação e que foi emitido em 31 de julho de 2002 2.92 Alega que, embora por um equívoco, os lançamentos contábeis relativos a essas transferências, foram incorretamente feitos mas foram imediatamente estornados, sendo feita a correta contabilização em seguida. Alega que, mesmo com a correção provada pelas fls. 1087 e 1088 e a analise mais superficial do Livro Razão que demonstra que o lançamento a crédito foi simples estorno contábil de um lançamento prévio incorreto (fls. 290, 294 e 307), não existindo nenhum incremento de patrimônio da impugnante, a Fiscalização optou pela lavratura do auto de infração. 2.93 Alega que por esses motivos deve ser decretada a improcedência do crédito tributário lançado, corrigindose os autos de infração. Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.827 27 Mútuos com Exterbanca S.A. R$ 49.036.000,00 R$ 59.567.500,00 50.234.000,00 R$ 53.646.000,00 2.94 Alega que, embora a impugnante tenha apresentado toda a documentação que comprovaria a existência, contabilização e respectiva transferência de valores decorrentes dos referidos contratos de mútuo, os fiscais não explicaram às razões que consubstanciaram o questionamento dessas operações e a respectiva recusa dos documentos apresentados. 2.95 Alega que o simples silencio da Fiscalização já seria motivo para a nulidade do lançamento que é, segundo alega, materialmente insubsistente. 2.96 Alega que os próprios fiscais, na fl. 24 do Termo de Constatação e Encerramento Parcial de Fiscalização, reconhecem que a Impugnante era sociedade pertencente a grupo econômico com mais de 200 coligadas em várias partes do globo e, como tal, se mostra perfeitamente rotineira a existência de transferências bancárias, contratos de mútuo e cessão de créditos entre essas e/ou com terceiros, mas maliciosamente afirmam que a Exterbanca não possuía grande solidez, induzindo a concluir que as operações com a Impugnante não possuíam substrato material, já que grande parcela dos mútuos contratados não foram pagos e permanecem como passivo da Parmalat Administração e Participações do Brasil Ltda., em decorrência da cisão parcial já descrita. 2.97 Alega que são presunções desacompanhadas de provas e uma análise superficial do processo de recuperação demonstra que tanto os empréstimos são verdadeiros que os sucessores da Exterbanca estão no concurso de credores do processo, descaracterizando a presunção de omissão de receitas. 2.98 A empresa apresenta, junto à impugnação, cópias de decisões proferidas no aludido processo de recuperação judicial, nas quais é deferida a habilitação do Bank of Montreal e do Banco do Espírito Santo como sucessores dos créditos da Exterbanca, a título exemplificativo. 2.99 Alega que o primeiro dos mútuos, de valor equivalente a R$ 49.036.000,00, cujo registro a crédito na conta 2.01.02.01.01.064 – (fls. 289) foi contabilizado em contrapartida a duas contas no ativo, a saber: (i) R$ 46.779.878,70 Conta Corrente, Banco do Brasil USA (debitado na conta 1.01.01.02.01.343 fls. 214); e (ii) R$ 2.256.121,30 Juros Antecipados (debitado na conta 1.01.05.03.01.011 fls. 229). 2.100 Alega que além dos lançamentos contábeis registrados no Livro Razão, a contribuinte apresentou os documentos constantes às fls. 912 a 926 do processo e está apresentando agora cópias traduzidas dos referidos documentos que embora já juntados ao processo, foram ignorados pelos fiscais. 2.101 Alega que o simples fato da referida obrigação passiva ter sido contabilizada em contrapartida a valores no ativo já afastaria a presunção de omissão de receitas, conforme já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão n° CSRF/010.963, Relatora: Conselheira Mariam Seif, sessão de 27.11.89. 2.102 Alega que e os lançamentos acima referidos, que são passíveis de compensação com idênticas pendências no próprio ativo, sem qualquer interferência no resultado, não caracterizam omissão de receitas, não havendo qualquer aumento do patrimônio da Impugnante em razão das operações em questão. Fl. 2834DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.828 28 2.103 Alega que o mesmo raciocínio se pode aplicar para os demais contratos de mútuo, celebrados com o Exterbanca, que passa a demonstrar. 2.104 Alega que o contrato de mútuo celebrado em fevereiro de 2002 em montante equivalente a R$ 59.567.500,00, cujo passivo lançado (crédito conta 2.01.02.01.01.054 fls. 289) em contrapartida a três lançamentos a débito, a saber: (i) R$ 35.740.500,00 conta contábil nº 2.01.02.01.01.064; (ii) R$ 21.110.341,89 conta contábil n° 1.01.01.02.01.343; e (iii) R$ 2.716.658,11 conta contábil n° 1.01.05.03.01.011, teve relevante parcela da contrapartida contábil é levada a efeito na mesma conta em que o passivo foi constituído, reduzindo o saldo desta conta. Alega que o expediente foi adotado pois parcela do valor então mutuado foi utilizada para honrar obrigação com a Exterbanca anteriormente contraída. 2.105 Alega que comprovase contabilmente que não foi verificada indevida manutenção no passivo de obrigações já liquidadas, ensejando a presunção de omissão de receitas. 2.106 Alega que a documentação referente encontrase as fls. 898 a 911, cujas cópias traduzidas apresenta agora , junto à impugnação. 2.107 Alega que a situação se repete para os demais contratos de mútuo celebrados com a Exterbanca nos meses de maio e junho de 2002. 2.108 Alega que o primeiro lançamento diz respeito a novo passivo, em montante equivalente a R$ 50.234.000,00, contabilizado em contrapartida às seguintes contas de ativo: (i) Conta Corrente Banco do Brasil USA 1.01.01.02.01.343; e (ii) Juros Antecipados 1.01.05.03.01.011. 2.109 No segundo, alega que o valor mutuado é de R$ 53.646.000,00, sendo tal montante creditado no passivo da Impugnante em contrapartida a dois outros lançamentos levados a efeito em seu ativo, a saber: (i) R$ 51.106.598,78 Conta Corrente Banco do Brasil USA (debitado conta 1.01.01.02.01.343); e (ii) R$ 2.539.401,22 Juros Antecipados (debitado na conta 1.01.05.03.01.011). 2.110 Alega que disponibilizou os documentos às autoridades fiscais que, no entanto, não juntaram os documentos ao presente processo. Alega que esta apresentando cópias traduzidas dos documentos que comprovam a legitimidade do expediente adotado. 2.111 Alega novamente que em nenhum dos casos houve incremento de patrimônio da impugnante, devendose afastara a hipótese de omissão de receitas, pois resta demonstrada a improcedência dos autos de infração. Transferências Passivo a Longo Prazo para Curto Prazo 2.112 Alega que contrariamente o que consta no Termo de Constatação a empresa não aumentou o passivo sem suporte de documentação hábil e sim promoveu mera transferência de valores dentro do próprio passivo, por meio da qual quantias foram alocadas do exigível a longo prazo para o exigível a curto prazo, sem, portanto, ter qualquer interferência no resultado do período autuado. Fl. 2835DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.829 29 2.113 Cita o Manual de Contabilidade Das Sociedades por Ações, publicado pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Autuariais e Financeiras, FEA/USP (FIPECAFI) que corroboraria seu procedimento. 2.114 Cita como exemplo, o lançamento constante as fls. 1084, (lançamento n° 18), no valor de R$ 23.204.00,00 (vinte e três milhões e duzentos e quatro mil reais), Alega que os lançamentos em questão foram realizados no balanço da Impugnante em duas contas do passivo em nome do Banco do Brasil, quais sejam: (i) a de número 2.01.02.01.01.007 (passível exigível a curto prazo); e (ii) 2.02.02.01.01.008 (passível exigível a longo prazo), sem trânsito no resultado. 2.115 Alega que pelo fato de que a dívida junto ao Banco do Brasil seria paga no curto prazo, a Impugnante houve por bem ajustar sua contabilidade com a mera transferência da dívida escriturada no passível exigível a longo prazo para o passivo de curto prazo, sem qualquer efeito no patrimônio. 2.116 Alega que não há o que se falar em documentação de suporte dado que se tratou de mera operação contábil, e a documentação do empréstimo no longo prazo existe e não foi contestada pelos autos de infração. 2.117 Alega que a autuação foi feita às pressas e sem maiores cuidados, tudo a fim de constituir um crédito em favor da União Federal, sem que os agentes autuantes tivessem manifestado preocupação com a efetiva ocorrência do fato gerador. 2.118 Alega que esta apresentando nova tabela elaborada com base naquela previamente feita pela Fiscalização às fls. 1084 a 1088, acrescentando linha com o numero da página em que consta o lançamento no Livro Razão, juntado ao processo. Juros e IOF a Pagar R$339.753,29/ R$158.784,50 / R$108.986.76 2.119 Alega que a legislação civil é clara ao afirmar que se presume a existência de juros com a celebração de contrato de mútuo, nos exatos termos do artigo 541 do Código Civil, e que a celebração de contratos de mútuo materializase em hipótese de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras ("IOF/Créditos"), nos termos do artigo 13 da Lei 9.799/1999. 2.120 Alega que , decorrente da legislação acima e das demonstrações da legitimidade dos contratos já efetuadas, devese concluir que os valores registrados pela Impugnante em seu passivo possuem a efetiva natureza de juros e IOF/Crédito a recolher, não configurando hipótese de omissão de receita. 2.121 Como exemplo cita o lançamento identificado pelo número de ordem 77, na planilha de fl. 1084, no valor de R$ 339.753,29 e declara que esta apresentando uma série de documentos que comprovam o efetivo pagamento do passivo contabilizado, constantes do item 09 da presente Impugnação, a saber: (i) ordem de pagamento ao Banco do Brasil; (ii) extratos do Aviso de Débito; e (iii) os respectivos extratos da ContaCorrente da Impugnante, que demonstrariam perfeitamente a natureza, destinação e efetivação dos juros e do IOF Crédito. Fl. 2836DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.830 30 2.122 Alega que outras operações, nos valores de R$ 158.784,50 e R$ 108.986,76 respectivamente, perfeitamente análogas ao caso supra exemplificado, cujos lançamentos contábeis encontramse devidamente acostados ao processo em epígrafe às fls. 297 e 298. Mútuos Westmeath Financial S.A. R$ 11.791.000,00 R$ 16.503.000,00 2.123 Alega que,como nos casos precedentes, houve mera transferência de recursos, sem qualquer acréscimo patrimonial, contrariando o alegado pela Fiscalização para efetuar os lançamentos. 2.124 Alega que está juntando traduções juramentadas dos documentos que confirmariam a lisura do procedimento adotado, protestando, ainda, pela realização de diligências, para que se obtenha o lastro documental que o Fisco julgue necessário. IRRF Pagamentos Sem Causa ou Beneficiário Não Identificado 2.125 Alega que não bastasse o laconismo do lançamento e a inexistência de fundamentação para recusa dos documentos apresentados, nenhuma razão material legitimaria a pretensão fiscal, uma vez que: (i) as operações encontramse devidamente documentadas; (ii) os lançamentos contábeis não possuem a natureza jurídica de "pagamentos", não estando sujeitos à incidência do IRRF; (iii) não são glosáveis, e como tal não passíveis de adição às bases de cálculo do IRPJ e CSLL, as operações que não transitaram pelo resultado da Impugnante; (iv) são perfeitamente dedutíveis e não estão sujeitos ao IRRF os valores destinados ao pagamento de tributos; e (v) aperfeiçoouse a decadência do IRRF exigido sobre as operações ocorridas há mais de 5 (cinco) anos, a contar da data de lavratura do Auto. 2.126 Alega que, embora os fiscais tenham reconhecido que tais lançamentos foram realizados para quitar empréstimos contraídos pela Impugnante no passado e que tenha sido verificado que os pagamentos em questão não reduziram o lucro em 2001, não afetando a apuração do IRPJ e da CSLL, mesmo assim a Fiscalização efetuou a adição dos pagamentos às bases de cálculo dos tributos, sem considerar que tais transferências se referiam a pagamentos do principal das dívidas, e exigiram o IRRF sobre tais pagamentos, com a base reajustada (grossup). 2.127 Alega que a hipótese legal de pagamento a beneficiários não identificados ou sem causa exige que tais pagamentos constituam genuínos rendimentos do beneficiário para cobrança do IRRF. Entende também que, se tratando de rendimentos do beneficiário, os mesmos são dedutíveis pela fonte pagadora na determinação do IRPJ e CSLL. 2.128 Alega que se pode depreender, dos dispositivos previstos nos arts. art. 304 e 674 do RIR/99, que o requisito legal para a exigência do IRRF à alíquota de 35% é que a transferência de recursos seja pagamento feito com rendimentos auferidos, reduzindo a base de cálculo de IRPJ e da CSLL. Na hipótese de as quantias pagas pela fonte não terem sido computadas na determinação de IRPJ e da CSLL, não existirá "rendimento" na acepção jurídica do termo, mas sim mera transferência de capital, uma transferência patrimonial, de modo que o IRRF à alíquota de 35% não poderá ser exigido do contribuinte que realizou o pagamento. Fl. 2837DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.831 31 2.129 Alega que a tentativa dos fiscais de exigir o IRRF sobre transferências patrimoniais realizadas pela Impugnante para terceiros é totalmente descabida, tendo em vista que representa a cobrança de imposto sobre elementos que não consti tuem renda, mas meras transferências de capital. 2.130 Alega que artigo 304 visa proibir que despesas que não possuem os requisitos dedutibilidade sejam consideradas na apuração do lucro tributável. Sendo assim, permitese que a fiscalização, ao identificar despesas decorrentes de pagamentos sem causa, indevidamente deduzidas, sejam adicionadas ao lucro e oferecidas à tributação. 2.131 Alega que informou e forneceu documentos à fiscalização acerca dessas operações de pagamentos de empréstimos, como a própria tabela de fls. 1080 a 1083, formulada e juntada ao presente processo pelos próprios fiscais, contém a precisa descrição da contrapartida contábil dos referidos lançamentos (que perfeitamente correspondem aos dados constantes do Livro Razão). Afirma que os pagamentos, cuja contrapartida contábil foi lançada no resultado, se referem ao pagamento de IOF. 2.132 Alega que, mesmo que se considerasse as operações como pagamento sem causa, ainda assim, os valores não poderiam ser adicionados ao Lucro Real e Base de Cálculo da CSLL pois não foram anteriormente deduzidos. 2.133 Alega que demonstrará os pagamentos que não podem ser considerados pagamentos sem causa e requer a determinação de realização de diligência para aferir a legitimidade de todas as operações conduzidas pela mesma. Mútuos com a Bonlat Finance Corporation: R$ 48.456.000,00 R$ 47.410.000,00 R$ 46.812.000,00 R$ 48.965.600,00 R$ 35.820.211,68 R$ 6.440.538,32 R$ 56.888.000,00 2.134 Alega que primeiro dos pagamentos,em montante equivalente a R$ 48.456.000,00, foi realizado em 29 de janeiro de 2002 com recursos então existentes na conta no Banco de Brasil de Nova Iorque da Impugnante (C/C 7560010119), sendo creditado na conta contábil correspondente de seu ativo (conta contábil n° 1.01.01.02,01.343). A contrapartida de tal lançamento, foi lançada na conta contábil de passivo que registrava o aludido mútuo (conta contábil n° 2.01.02.01.01.077). Os citados lançamentos encontramse devidamente registrados no Livro Razão, entregue às autoridades fazendárias e constante do presente processo administrativo às fls. 213 e 292, respectivamente. 2.135 Alega que esses valores nunca transitaram em conta de resultado, além desses valores não terem sido deduzidos no passado, o que afastaria sua adição às bases do IRPJ e CSLL e seriam passiveis de tributação definitiva pelo IRRF, na medida em que se tratam de mero adimplemento de contrato de mútuo. 2.136 Alega que os documentos relativos a essa operação foram entregues à Fiscalização e encontramse acostados ao processo (fls. 780 a 783) e impetrante junta agora tradução juramentada desses documentos. Fl. 2838DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.832 32 2.137 Alega que em nenhum lugar dos autos de infração consta sequer a menção a esses documentos e muito menos os motivos que ensejariam sua desconsideração, sendo caso de se questionar a lisura de todo o procedimento fiscal. 2.138 Alega que junto com esse exemplo existem muitos outros e que se coloca à disposição para ajudar as autoridades fazendárias em qualquer diligência hábil a comprovar a legit imidade das operações arbitrária e incorretamente glosadas. 2.139 Alega que um segundo exemplo e o relativo ao mútuo em montante equivalente a R$ 47.410.000,00. Tal como verificado no exemplo anterior, as mesmas contas de ativo e passivo foram respectivamente creditadas e debitadas, conforme demonstra o Livro Razão juntado à fls. 213 e 293. Novamente, nenhum trânsito de valores pelo resultado foi verificado, o que afastaria o lançamento feito. 2.140 Alega que os documentos relativos à operação se encontram às fls. 784 a 786 (requisição de pagamento ao Banco do Brasil fl. 784, comunicação da Bonlat à Impugnante informando a conta bancária a ser depositado o pagamento fl. 785 e comprovante bancário do depósito emitido pelo Banco do Brasil fl. 786) mas nenhuma justificativa foi feita por parte da Fiscalização para desconsiderar os documentos apresentados. 2.141 Alega que outro pagamento efetuado em Março de 2002, em adimplemento a contrato de mútuo celebrado com a Bonlat, em montante equivalente a R$ 46.812.000,00, foi lançado na referida conta de ativo e teve como contrapartida um lançamento a débito na conta do passivo que controlava o aludido mútuo, sendo que tais lançamentos encontramse devidamente registrados no Livro Razão, acostado aos autos nas fls. 214 e 293, respectivamente. 2.142 Afirma que também entregou regularmente os documentos que fundamentam esses lançamentos, que constam no processo às fls. 825 a 827 (requisição de pagamento ao Banco do Brasil fl. 825, comunicação da Bonlat à Impugnante informando a conta bancária a ser depositado o pagamento fls. 826 e comprovante bancário do depósito emitido pelo Banco do Brasil fls. 827). Alega que, novamente, nenhuma justificativa à recusa dos documentos apresentados foi feita pela Fiscalização. 2.143 Alega que foi feito pagamento em Maio de 2002 em montante equivalente a R$ 48.965.600,00, identificado pelos fiscais mediante o número de ordem 168 (fl. 1082), no qual a contabilização foi feita do mesmo jeito que nos casos anteriores (cfe. Livro Razão fls 214 e 293). 2.144 Alega que, como nos exemplos anteriores, a impugnante apresentou os documentos comprobatórias do lançamento (fls. 849 a 851) e nenhuma justificativa a sua recusa foi encontrada nos relatórios fiscais. 2.145 Apresenta em seguida uma tabela as fls. 1390 que detalhariam os outros casos de pagamentos de mútuo, na mesma situação dos descritos acima, ou seja com documentação apresentada e rejeitada sem justificativa, requerendo por toda argumentação apresentada, o imediato cancelamento dos lançamentos efetuados a esse título. Mútuo Deutsche Trust Bank Limited R$ 11.374.425,61 Fl. 2839DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.833 33 2.146 Alega que foi considerado pagamento sem causa a transferência de valores feita pela Impugnante, em montante equivalente a R$ 11.374.425,61, para o adimplemento de contrato de mútuo previamente celebrado com o Deutsche Trust Bank Limited ("Deustche"). 2.147 Alega que a contabilização da referida operação, foi feita com o lançamento a débito na conta de passivo existente (conta n° 2.01.02.01.01.006 fl. 279) em contrapart ida a conta contábil de at ivo (conta n° 1.01.01.02.01,321 fl. 181) que controlava os valores constantes de conta corrente da Impugnante do Banco do Brasil (C/C n° 9630X P.H), sem transitar nas contas de resultados e cujos documentos relativos à operação foram entregues às Autoridades Fazendárias, encontrandose acostados nos autos às fls. 792 a 797. Alega também que nenhuma explicação foi fornecida pela Fiscalização para a recusa dos documentos. Mútuos com a Wishaw Trading S.A.: R$ 22.988.000,00 R$ 30.571.440,00 R$ 50.009.998,50 R$ 23.827.000,00 R$ 42.255.000,00 R$ 23.643.000,00 R$ 31.996.800,00 2.148 Alega que nos mesmo moldes dos itens anteriores, a autuação foi feita desconsiderando a documentação apresentada sem qualquer explicação, alem de ser arbitraria, fundada em presunções sem lastro na realidade. 2.149 Alega que, ao contrario dos outros casos, neste mútuo a empresa estava no pólo ativo da dívida. 2.150 Alega que o mútuo celebrado em de 12 e abril de 2002, em montante equivalente a R$22.988.000,00, identificado à fl. 1081 pelo número de ordem 118, foi contabilmente registrado mediante lançamento a crédito em conta contábil que controla o saldo de conta corrente mantida junto ao Banco Santander (conta n° 1.01.01.02.01.901 fl. 217) em contrapartida a l ançamento a débi to em out ra conta de a t ivo (cont a n° 1.02.02.01.02.007 fl. 241), responsável pelo controle dos mútuos celebrados com a Wishaw. 2.151 Alega que os valores não transitaram em conta de resultado, e não foram deduzidos anteriormente na apuração do IRPJ e CSLL. 2.152 Alega que apresentou o contrato de mútuo celebrado entre as partes, comunicação com o Banco do Brasil informando em qual conta o referido montante deveria ser creditado e o documento bancário que comprova tal movimentação financeira. Tais documentos não só foram entregues como se encontram juntados ao presente processo às fls. 835 a 838. Alega que os fiscais desconsideraram os documentos sem qualquer explicação plausível. 2.153 Alega que outro exemplo se refere aos documentos apresentados pela impugnante no curso do procedimento fiscal e que se encontram às fls. fls. 857 a 861, relativos ao mútuo firmado em 11/06/2002 entre a Impugnante e a empresa Wishaw Trading S/A, no valor de R$ 31.996.800,00. A operação foi registrada mediante dois lançamentos no ativo, a saber: (i) crédito na conta n° 1.01.01.02.01.343, utilizada para controle de conta corrente n° 756010119USA junto ao Banco do Brasil fl. 214; e (ii) débito na conta n° 1.02.02.01.02.007, utilizada para o controle de valores mutuados com a Wishaw exigíveis a longo prazo fl 241, não transitou pela demonstração de Fl. 2840DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.834 34 resultados da Impugnante, e não produzir nenhuma nova riqueza que beneficiasse a Impugnante. 2.154 Alega que não pode aceitar o Agente Fazendário autuar uma operação que considera lícita, de mera logística comercial, sob o argumento de que esta teria o único e exclusivo condão de fraudar o Fisco. 2.155 Observa que foi juntado à fl. 858 o comprovante que disponibilizava o montante que seria utilizado no mútuo com a empresa Wishaw, , de R$ 31.996.800,00, na C/C n° 756010119 do Banco do Brasil, sucursal de Nova Iorque EUA. Posteriormente, às fls. 860/861, foi juntado o contrato de mútuo, prova material de que a operação se tratava de regular relação jurídica. Por fim, à fl. 859, a prova cabal da operação: o pedido da Impugnante para que se transferisse a quantia de R$ 31.996.800,00 da conta n° 756010119 acima citada, para a Conta Corrente da Wishaw. 2.156 Apresenta em seguida tabela as fls.1396, onde apresenta mútuos que estariam na mesma condição do exemplo dado acima, todos relativos à mútuos celebrados com a Wishaw, informando que, além dos dados já inseridos pelos agentes fazendários na planilha de fls. 1080 a 1083, foram feitas menções às fls. do presente processo em que os lançamentos no Livro Razão e documentos acima aludidos foram acostados. 2.157 Alega que as amostras acima evidenciam, os pagamentos realizados pela Impugnante não refletem rendimentos de beneficiários devidamente identificados, mas sim meras transferências de capital. 2.158 Alega que é inaplicável a incidência de IRRF, IRPJ e CSLL para pagamentos sem causa ou a beneficiários não identificados, e que o presente auto de infração deveria ser julgado improcedente de forma integral. 2.159 Requer, ainda, caso seja necessário, diligência para que se confirme, de uma vez por todas, que nenhum dos casos apontados pelo fisco caracteriza pagamentos sem causa. Pagamentos IOF e IRRF 2.160 Faz um breve apanhado explicando como é feita a contabilização dessas obrigações IOF e IRRF sobre juros pagos. 2.161 Alega que foram consideradas hipóteses de pagamento a beneficiários não identificados os lançamentos a crédito em contas do ativo cuja contrapartida foi verificada (i) em conta de passivo que controlava o valor do imposto a recolher ou (ii) em conta do resultado que registrava as despesas com o pagamento do mesmo imposto. 2.162 Alega que as obrigações não poderiam ser rotuladas de pagamentos sem causa dado que o beneficiário está plenamente identificado (União) e, ainda que se considere como a "ausência de causa" uma presunção acerca a real existência ou não dos contratos de mútuo que supostamente dariam ensejo ao pagamento dos referidos tributos, a empresa afirma que demonstrou sua existência e legitimidade, bem como a forma de seu controle contábil e adimplemento. Além disso, entende que bastaria uma simples Fl. 2841DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.835 35 pesquisa nos cadastros da Receita Federal do Brasil para comprovar a existência dos pagamentos efetuados. Glosa de Despesas Financeiras 2.163 Primeiramente, alega que que em nenhum lugar do auto de infração encontrase qualquer menção ao cálculo das aludidas despesas bancárias não comprovadas, no valor de R$ 93.465.689,59. Tal circunstância, como já dito anteriormente, materializaria em sua opinião, cerceamento ao direito de defesa da impugnante, impondo a imediata declaração de nulidade do auto de infração em questão. 2.164 Alega que no que se refere à diferença entre os juros pagos ao Crédit Suisse e os juros recebidos do banco Santander Cayman, a real natureza da relação com o Crédit Suisse encontrase em discussão no Poder Judic iár io do Es tado de São Paulo (Processo n° 583.00.2005.0680914). Não só tal demanda judicial é de conhecimento das autoridades fazendárias como o Termo Constatação e Encerramento Parcial de Fiscalização faz menção a tal medida judicial em diversas oportunidades (fls. 5 a 13). 2.165 Alega que, por esse motivo, só se poderia considerar os juros indedutíveis apos o término da lide judicial pois a imposição fiscal depende da palavra final do Poder Judiciário. Afirma que melhor sorte não resta à pretensão fiscal em questão, devendo a mesma ser declarada improcedente ou, ao menos, permanecer suspensa até que a discussão judicial envolvendo a Impugnante e o Crédit Suisse termine, com o trânsito em julgado da decisão que convalidar a real natureza jurídica do negócio outro entabulado entre as partes litigantes. Multas Isoladas Falta de Recolhimento Mensal de IRPJ e da CSLL sobre Base de Cálculo Estimada 2.166 Alega que embora o direito de o fisco exigir as referidas multas isoladas já tenha decaído, como anteriormente exposto, não pode a Impugnante deixar de ressaltar que tal exigência é totalmente desprovida de fundamento jurídico ou de qualquer razoabilidade. 2.167 Além disso, alega que no primeiro semestre de 2002, teve prejuízos, de tal maneira que é totalmente ilógico e desprovido de fundamento jurídico exigir a multa isolada, uma vez que, diante da ausência de renda ou lucro, a Impugnante jamais foi ou teria sido obrigada ao recolhimento do IRPJ e da CSLL nos períodos mensais em questão. 2.168 Alega que jurisprudência administrativa exarada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, corroboraria o que alega. 2.169 Alega que que a exigência de multas de ofício sobre o suposto montante de receitas omitidas, e, ao mesmo tempo, de multas isoladas sobre a mesma quantia de receitas omitidas, caracterizase como cobrança em duplicidade de multa sobre uma única infração, o que é inadmissível juridicamente. Fl. 2842DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.836 36 2.170 Alega que, em virtude diante da unidade e coerência que pautam o sistema jurídico nacional, apenas uma regra pode ser aplicada, a mais específica e a mais benéfica ao contribuinte (art. 112 do CTN). 2.171 Alega que, por esse motivo, as multas isoladas aplicadas pelo não recolhimento de antecipações deve ser exonerada mas, na hipótese de sua argumentação não ser acolhida requer a redução do percentual da multa para 50%, de acordo com o disposto na nova redação do art, 44 da Lei n° 9430/96, conforme o artigo 14 da Medida Provisória n°351/2007, e o art. 106, II, "c" do CTN. 2.172 Declara que esse percentual reduzido já foi aplicado no cálculo da multa isolada relativa ao não recolhimento de estimativas de CSLL mas não o foi para o cálculo do IRPJ o que, em sua opinião, denotaria a forma tendenciosa e a falta de critérios utilizada na fiscalização. Adições de Preços de Transferência Operações Financeiras 2.173 Relata que o Fisco está exigindo Pis e Cofins de acordo com as regras de preços de transferência pois certas operações realizadas entre a Impugnante e pessoas vinculadas e/ou residentes de países com tributação favorecida não foram registradas junto ao Banco Central antes e no decorrer do primeiro semestre de 2002. 2.174 Alega que o reconhecimento de juros mínimos de acordo com a taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de 3%, nos termos do art. 22 da Lei n° 9.430/96, é uma ficção jurídica inadmissível no Direito Tributário e que violaria o conceito de renda, constante do art. 43 do CTN e do art. 153, III da Constituição Federal.. 2.175 Alega que a utilização de percentuais fixos para a apuração dos juros nos empréstimos entre pessoas vinculadas não atenderia o mens legis da sistemática dos preços de transferência, introduzida no país, por meio da Lei n° 9.430/96. 2.176 Alega que o cálculo dos juros mínimos nessa modalidade de operação não levaria em consideração as reais taxas de juros praticadas em operações realizadas entre essas empresas e entende que a determinação de bases irreais para a determinação de juros aplicáveis às operações entre empresas vinculadas implicaria a tributação de uma renda mínima, ainda que inexistente. 2.177 Alega que o sistema constitucional brasileiro não contempla a tributação de renda mínima, e sim a tributação da renda real e efetiva, tal qual definido pelo artigo 153, III, da Carta da República e pelo art. 43 do CTN. 2.178 Alega que o dispositivo previsto no artigo 22 da Lei n° 9.430/96 deve ser afastada em razão da violação ao preceito constitucional de renda previsto no artigo 153, III, da Constituição Federal e do art. 43 do CTN. 2.179 Alega que, em sua opinião, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento e o Conselho de Contribuintes podem deixar de aplicar uma lei em função de a aplicação de tal ordenamento implicar um resultado inconstitucional, argumentando que essa é a posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, da qual cita trechos de dois acórdãos. Fl. 2843DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.837 37 2.180 Desse modo, alega que o Órgão Julgador deveria deixar de aplicar a regra de atribuição de renda mínima em operações da Impugnante com pessoas vinculadas, com base no art. 22 da Lei n° 9.430/96, tendo em vista que a aplicação de tal regra caracterizaria a tributação de uma renda mínima, inexistente. Dedução do PIS, COFINS e CSLL base de cálculo do IRPJ devido. 2.181 Alega que o PIS, a COFINS, o IRRF e os respectivos juros seriam dedutíveis da apuração do IRPJ e da CSLL segundo o regime de competência, como determina o "caput" do art. 41 da Lei n° 8.981/95. Taxa Selic para o cálculo de juros de mora 2.182 Alega que a taxa Selic é considerada como taxa de remuneração de capital, que não refletiria as variações do valor da moeda e não possuiria a característica indenizatória, própria dos juros de mora. 2.183 Alega que a utilização da taxa Selic denotaria cobrança extorsiva e contrariando a disposição do art. 161, § Io, do CTN, além de infringir o § 3o, do art. 192, da CF, que limita sua cobrança em 12% ao ano, e o art. 150, I, da Magna Carta, uma vez que ocorre o aumento do tributo sem que haja lei específica neste sentido. 2.184 Alega que a inconstitucionalidade do uso da taxa Selic já foi apreciada pelo STJ. 2.185 Alega que por esses motivos a taxa Selic não pode ser utilizada para o cálculo de juros de mora. Impossibilidade de cobrar juros de mora sobre a multa de ofício 2.186 Alega que o Fisco não poderia exigir juros de mora sobre as multas de ofício lançadas, pois não haveria base legal para tanto. 2.187 Alega que a exigência dos juros de mora sobre a multa de oficio se caracterizaria como enriquecimento injustificado do Estado e desse modo, a partir de 1997, não haveria base legal para se exigir juros de mora sobre as multas de ofício. 2.188 Pleiteia a Impugnante que seja reconhecida a impossibilidade de o Fisco exigir juros sobre as multas de ofício, por absoluta ausência de previsão legal, tendo em vista que o art. 61 da Lei n° 9430/96 referese somente a tributos e contribuições e não às multas. Conclusão e pedido 2.189 Por todo exposto, alega que deve ser decretada a total improcedência dos autos lavrados protestando ainda pela realização de diligência para se esclarecer eventuais dúvidas que ainda perdurem, em homenagem ao princípio da verdade material, caso seja necessário. 2.190 Requer por fim: nulidade dos autos de infração lavrados por cerceamento do direito de defesa ou, se assim não for, requer o imediato saneamento do processo pelos vícios formais que apresenta, devolvendose o processo a empresa para apresentação de novos argumentos de defesa. Fl. 2844DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.838 38 2.191 Requer que seja reconhecida a decadência do direito de o Fisco exigir PIS, Cofins, o IRRF e as multas isoladas de IRPJ e da CSLL em relação aos respectivos fatos geradores ocorridos até a data da tomada de conhecimento da lavratura dos autos de infração pela Impugnante, ou seja, 29.06.2007. 2.192 Requer, se não aceitos os itens acima, que os autos de infração sejam julgados integralmente improcedentes, uma vez que decorrem de equivocada interpretação e aplicação da legislação tributária, havendo profunda dúvida acerca da ocorrência dos fatos geradores, pleiteando a juntada de novos documentos e se, necessário, a conversão do processo em diligência, pleiteando ainda a expedição de ofícios para terceiros para comprovar a inexistência de omissão de receitas e de pagamentos sem causa. 2.193 Requer que, se as multas isoladas não forem afastadas, que a alíquota seja reduzida para 50%, conforme o artigo 14 da Medida Provisória n° 351/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, e o art. 106, II, "c" do CTN. 2.194 Requer a dedução do Pis , Cofins e CSLL do IRPJ devido e, se nada for apurado de IRPJ que sejam adicionados aos prejuízos a compensar. 2.195 Requer que não sejam exigidos juros calculados pela taxa Selic e que não sejam exigidos juros de mora calculados em cima da multa de oficio. 2.196 Por fim, protesta a impugnante pela juntada de seu contrato social atualizado, do instrumento de mandato outorgando poderes para representála no presente processo administrativo e cópia autenticada dos documentos de registro na Ordem dos Advogados do Brasil dos que essa subscrevem. Ao analisar os documentos constantes nos autos e as alegações da contribuinte, foi constatado que, realmente, não há em nenhum documento produzido pela Fiscalização qualquer explicação pela qual, os documentos apresentados, foram ignorados pelos auditores fiscais. Como os documentos se referem diretamente às operações consideradas não comprovadas, o esclarecimento por parte da Fiscalização tornase essencial pois, da não aceitação da documentação apresentada, decorreu grande parte da autuação. Ressaltase que a documentação apresentada em língua diversa do idioma nacional não poderia ser motivo de recusa dos documentos uma vez que, no próprio Termo de Constatação, constam vários trechos em italiano, inglês e espanhol e que serviram para embasar o lançamento fiscal, prejudicando também a defesa a ser apresentada pela contribuinte. De qualquer forma, ainda que fosse esse o motivo, a contribuinte deveria ter sido notificada para ter oportunidade de apresentar a tradução competente dessa documentação. Apontase ainda que a contribuinte apresenta junto com a impugnação, a documentação de fls. 1449 a 1541 onde estão traduzidos por tradutor juramentados os documentos anteriormente apresentados. Observase também que vários lançamentos do livro Razão e que foram incluídos nos demonstrativos elaborados pelos fiscais se referem a estornos de lançamentos errôneos ou são simples transferências entre contas do passivo da contribuinte. Fl. 2845DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.839 39 Desse modo, foi proposto, em 12/03/2008, que o presente processo fosse encaminhado a Delegacia Especial de Assuntos Internacionais DEAIN para que sejam apurados os seguintes pontos: “Despesas bancárias Apresentar demonstrativo do valor R$ 93..465.689,59 exigido como despesas bancárias e com juros desnecessárias, uma vez que o demonstrativo citado no nº de ordem115, do Termo de Verificação ( fls 1089 a 1099), para essa infração totaliza, segundo a soma efetuada na própria tabela, R$ 77.447.393,63. Se o valor de R$ 93.689,59 for correto, apresentar demonstrativo desse valor, para que a contribuinte possa se defender. Omissão de receitas Verificar se a inclusão das parcelas de R$ 544.573.812,06 (nº de ordem 461), R$ 29.968.767,50 (nº de ordem 494) e R$ 9.481.335,23 ( nº de ordem 544), do demonstrativo de fls. 1084 a 1089 não foram indevidas, pois, pelo extratos do Razão às fls 290, 294 e 308, respectivamente, parece evidente trataremse de estornos que foram feitos para corrigir lançamentos incorretos, efetuados uma linha acima. Observo que os valores adicionados são iguais aos valores acumulados nas ultimas colunas de cada conta, que serviram para apurar o valor total a ser transferido, quando da cisão parcial. Comprovado o equívoco, devese fazer novo demonstrativo do valor correto a ser tributado. Verificar se os documentos agora apresentados traduzidos, por tradutor juramentado, as.fls. 1454 a 1499, com exceção do documento de fls. 1494 a 1499, são necessários e suficientes para comprovação de mútuos com Exterbanca S.A. R$ 49.036.000,00 (nº de ordem 126 fls. 1085) R$ 59.567.500,00 (nº de ordem 125 fls. 1086) R$ 50.234.000,00 (nº de ordem 283 fls. 1086) R$ 53.646.000,00 (nº de ordem 411 fls. 1087), constantes no demonstrativo de despesas glosadas de fls, 1084 a 1089 pois os mesmos documentos, já se encontravam acostados ao processo, às fls. 912 a 926 e 898 a 911. Da mesma forma, verificar os documentos relativos aos Mútuos com Westmeath Financial S.A. R$ 11.791.000,00 (nº de ordem 164 fls. 1086)R$ 16.503.000,00 (nº de ordem 412 fls. 1087, e não há, no Termo de Constatação qualquer menção a respeito, mencionando apenas no nº de ordem: 113 “ Foram autuados os valores relacionados de fls, 1084 a 1089 que aumentaram o passivo e cuja origem não foi comprovada ou para os quais a documentado (sic) o ingresso .dos recursos correspondentes no Brasil para aplicação nas atividades de empresas do grupo Parmalat situadas no Pais.”, devendose elaborar o demonstrativo do valor correto a ser tributado, se necessário. Fl. 2846DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.840 40 Esclarecer o porque da inclusão do valor de R$ 23.204.,00,00, ( nº de ordem 18) as fls 1084 que, pelos lançamentos constantes do Razão, aparenta ser mera transferência entre duas contas do passivo em nome do Banco do Brasil, quais sejam: a de número 2.01.02.01.01.007 (passível exigível a curto prazo); e 2.02.02.01.01.008 (passível exigível a longo prazo) conforme fls.280 e 304. Analisar também a tabela de fls 1501 apresentada pela contribuinte que relaciona todas as transferências entre contas do passivo ( passível exigível a longo prazo a passivo exigível a curto prazo) e efetuar as devidas correções no demonstrativo, se necessário. Incidência de Juros e IOF Dos itens acima, verificar também a incidência de juros e IOF a pagar ( nºs de ordem 77, 78 e 133, (todos do demonstrativo de fls, 1084 a 1089), relativos aos empréstimos descritos nos itens anteriores, que foram glosados no auto de infração como omissão de receita por passivo não comprovado, e analisar os documentos apresentados pela empresa as fls. 1503 a 1505 relativos a operações com incidência de IOF e juros. Pagamentos sem causa Verificar se os valores glosados, a título de pagamentos sem causa, elencados na planilha de fls. 1080 a 1083, têm relação com o pagamentos de contratos de mútuos, cujos documentos apresentados comprovem sua existência e validade. Aqueles que se referirem a empréstimos e pagamentos comprovados deverão ser excluídos da planilha ou informados os motivos da recusa dos documentos apresentados, e elaborando nova planilha se necessário. Relativamente aos mútuos com a Bonlat Finance Corporation: R$ 48.456.000,00 (nº de ordem: 27 fls. 1080) R$ 47.410.000,00 (nº de ordem: 29 fls. 1080) R$ 46.812.000,00 (nº de ordem: 92 fls. 1081) R$ 48.965.600,00 (nº de ordem: 168fls. 1082) R$ 35.820.211,68 (nº de ordem: 157 fls. 1082) R$ 6.440.538,32 (nº de ordem: 158fls. 1082) R$ 56.888.000,00 (nº de ordem: 199fls. 1083), esclarecer se a documentação apresentada e anexada pela Fiscalização as fls. 780 a 783, 784 a 786,825 a 827, 849 a 851,843 a 844, 845 a 846, 886 a 868, com tradução juramentada as fls. 1518 a 1533, fazem comprovam de maneira satisfatória os mútuos e se, assim não for, explicar os motivos da recusa e ainda verificar os lançamentos que constam no livro Razão e que, aparentemente não transitaram nas contas de resultado da empresa, não gerando renda tributável. Relativamente aos pagamentos do mútuo com Deutsche Trust Bank Limited R$ 11.374.425,61 (nº de ordem: 52 f l . Fl. 2847DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.841 41 1080), ver i f icar se os documentos acostados as f l s . 792 a 797 fazem prova do mútuo e, se não acei tos , esc larecer o mot i vo . Da mesma forma, veri f icar se os documentos de f l s . 835 a 838, 857 a 861 , cuja tradução juramentada encontra às f l s . 1535 a 1541, 798 a 799 , 802 a 805 ,835 a 838, 839 a 842 e 857 a 861 re lat ivos aos mútuos com a a Wishaw Trading S.A, nos valores de R$ 22.988.000,00 (item 118fls. 1.081) R$ 30.571.440,00 (item 31 fls. 1.080) R$ 50.009.998,50 (item 72 fls. 1.080) R$ 23.827.000,00 (item 75 fls 1.080) R$ 42.255.000,00 (item 93 fls. 1.O81) R$ 23.643.000,00 (item 119 fls. 1.081) R$ 31.996.800,00 (item 190 fls. 1.083), fazem prova necessária e suficiente das operações acima listadas e, em caso de recusa, esclarecer o motivo. Pagamentos de IOF e IRRF Se dos itens acima for reconhecido alguma das operações consideradas inexistentes no Termo de Verificação, analisar os valores de IOF e IRRF declarados pela empresa e glosados no procedimento fiscal para que sejam aceitos os valores relativos as operações reconhecidas. Verificar também se os valores declarados e aceitos, foram efetivamente recolhidos pela empresa. Dessas apurações deverá ser feito relatório detalhado, recalculandose os tributos, se necessário.” Em 05/05/2010, o processo retornou com o Termo de Diligencia fiscal de Fls. 1903 a 1918 respondendo o seguinte: 2.197 despesas bancarias no valor de R$ 93..465.689,59:: O auditor diligenciante apresenta demonstrativo de fls. 1919 a 1926, onde a soma totaliza R$ 93.465.689,59. 2.198 Omissão de receitas com inclusão das parcelas de R$ 544.573.812,06 (nº de ordem 461), R$ 29.968.767,50 (nº de ordem 494) e R$ 9.481.335,23 ( nº de ordem 544), do demonstrativo de fls. 1084 a 1089, por haver suspeita de haver sido tributados estornos de lançamentos:: O auditor diligenciante repete trecho do Termo de Verificação Fiscal de fls. 1139 a 1140 e entende que “...se a contribuinte não apresenta nenhuma documentação comprobatória é de se supor que o passivo escriturado no Diário e no Razão são inexistentes.”. 2.198.1 Afirma ainda que “...o que se verifica são simulações societárias (descritas pelos advogados em juízo em por testemunho de exdiretor da Parmalat Participações do Brasil Ltda); estado de insolvência de um dos credores (Intitución Financiera Externa Exterbanca S.A.); falta de liquidez das garantias para os empréstimos tomados de financeiras; grande quantidade de fluxo financeiro no exterior com os recursos tomados sem passagem do numerário para o Brasil ou comprovação das necessidades de negócios Fl. 2848DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.842 42 da empresa no Brasil; diversos contratos de mútuos e cessões de crédito sem um mínimo de formalidade, muitas vez sendo assinado pela mesma pessoa nos dois pólos do contrato, escrituração contábil irregular”, informando ainda que todo o conteúdo pode ser encontrado no termo de encerramento parcial, alegando que “... o que se vê são diversas irregularidades que em conjunto com o fato de o contribuinte não apresentar nenhum documento comprobatório hábil e idôneo nos autos incidam que o passivo registrado e inexistente.” 2.198.2 Quanto aos lançamentos contábeis de às fls 290, 294 e 308, o auditor entende que não são conclusivos se representam estornos ou não, afirmando que “...são três lançamentos em seqüência. O segundo lançamento pode ter estornado o primeiro, assim como o terceiro pode ter estornado o segundo.” Afirma ainda que a questão não reside no lançamento estornado ou não e sim que “...ocorreu uma infração de passivo inexistente ou não comprovado.” e , no seu entender os valores lançados estariam corretos. 2.199 Exame dos documentos apresentados: O auditor informa que nenhum dos documentos apresentados “..comprova o ingresso dos recursos correspondentes no Brasil para aplicação nas atividades de empresas do grupo Parmalat situada no País, configurando assim verdadeiro passivo fictício.” 2.199.1 O Auditor faz a descrição dos documentos de fls. 1459 a 1512, apresentando as razoes porque entende que nenhum deles comprovaria o efetivo ingresso de recursos ao Brasil. 2.200 Inclusão do valor de R$ 23.204.000,00 (nº de ordem 18): O auditor fiscal entende que se o contribuinte não apresentou nenhuma comprovação da efetiva transferência de numerários ao pais para aplicação nas finalidades a que este se propõe, é independente de no livro contábil estar escriturada a transferência entre exigível a longo prazo para o curto prazo, concluindo que”,,, como estas não existem comprovadamente de fato, não há o que se analisar na tabela fornecida pelo contribuinte (fls. 1.501)”. 2.201 Incidência de Juros e IOF: que foram glosados pela fiscalização: O auditor fiscal diligenciante informa que a fiscalização não tinha como objetivo conferir o IOF e portanto não haveria matéria tributável para ser analisado e argumenta que os documentos apresentados pela contribuinte de fls. 1503 a 1505 relativo à operações com incidência de IRF, não comprovariam se essas operações realmente ocorreram. 2.202 Pagamentos sem causa: O auditor fiscal diligenciante entende que não basta ter havido o pagamento mas que também é necessário comprovar a existência da causa ou da motivação desse pagamento e, apos descrever os documentos apresentados relativos aos lançamentos (fls. 790 a 856) constantes nas planilhas de fls. 1080 a 1083, apurou o seguinte: “ Muitos dos documentos apresentados são de origem interna do contribuinte, tais como pedido de pagamentos, nota de contabilidade, extrato de lançamentos contábeis, não tendo valor probante dos atos efetuados perante terceiros. Os contratos de mútuos com a Wishaw trading S.A., quando apresentados, não se referiram à origem do empréstimo .também conforme notado anteriormente no parágrafo 48 e 49, os contratos eram assinados pela mesma pessoa, sem testemunhas, Fl. 2849DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.843 43 formalidades legais ou exibição de garantia como seria de praxe em mútuos com terceiras pessoas sem um vínculo. No caso do número de ordem 83 ( parágrafo 59) as notas promissórias sequer possuíam assinaturas do garantidor brasileiro, das testemunhas e não há comprovação do aceite da Blafco. Os demais documentos atestam o pagamento mas como visto nos itens anteriores não há explicação da causa da exigibilidade constantes no passivo, nem que esta exigibilidade ocorreu de fato. Assim da análise dos documentos apresentados confirmamos o parecer da Fiscalização de que não houve a comprovação das causas para os pagamentos , ou que houve a redução indevida dos recebiveis.” 2.203 Mútuos com a Bonlat: O auditor fiscal descreveu os documentos de fls. 780 a 786, 825 a 827, 849 a 851, 843 a 844, 845 a 846, 886 a 868, com tradução juramentada às fls. 1518 a 1533 e concluiu que “ não há a comprovação do ingresso no pais dos empréstimos efetuados para o conseqüente pagamento. Correta a posição da fiscalização, não há que transitar pelo resultado para se autuar tendo em vista a inexistência do passivo das exigibilidades elencada para se efetuar o pagamento. 2.204 Mútuo com o Deustsche Trust Bank Limited: O auditor fiscal descreveu os documentos acostados à fls. 792 a 796 e concluiu que “... os documentos apresentados não atestam o recebimento do valor do empréstimo no pais, a sua aplicação nos objetivos da empresa no país, sequer foi apresentado o contrato de mútuo ou outro documento de crédito para a comprovação da escrituração no passivo do empréstimo para haver o pagamento. 2.205 Exame da documentação de f ls . 835 a 838, 857 a 861, cuja tradução juramentada encontra às f ls . 1535 a 1541, 798 a 799, 802 a 805,835 a 838, 839 a 842 e 857 a 861 relativos aos mútuos com a a Wishaw Trading S.A, nos valores de R$ 22.988.000,00 (item 118fls. 1.081) R$ 30.571.440,00 (item 31 fls. 1.O80) R$ 50.009.998,50 (item 72 fls. 1.080) R$ 23.827.000,00 (item 75 fls 1.080) R$ 42.255.000,00 (item 93 fls. 1.O81) R$ 23.643.000,00 (item 119 fls. 1.081) R$ 31.996.800,00 (item 190 fls. 1.083: o auditor fiscal concluiu, após descrever os documentos, que “ Não houve a comprovação do recebimento dos mútuos no pais, e a sua aplicação nos objetivos da empresa no país. Além disso, os contratos de mútuos são assinados pela mesma pessoa , sem testemunhos, e tais contratos não comprovam a efetiva existência da exigibilidade no passivo dos mútuos informados.” 2.206 Reconhecimento do IOF e IRF das operações acima: O auditor fiscal informa que por não terem sido comprovados os valores das operações em análise como existentes, conforme verificado nos itens precedentes, não há objeto a ser verificado neste item. Fl. 2850DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.844 44 A contribuinte tomou ciência do relatório da diligencia em 09/01/2010 e apresentou, em 19/04/2010, a manifestação de fls. 1927 a 1929, alegando, em síntese, o seguinte: 2.207 Alega cerceamento do amplo direto de defesa da massa falida, na medida em que não explica as razões pelas quais uma parcela da documentação apresentada foi rejeitada pela fiscalização. 2.208 Alega que seria imprescindível que o Fisco, por seus representantes legais explicasse as razoes pelas quais rejeitou os documentos apresentados pela contribuinte no curso da fiscalização , sob pena de se materializar o cerceamento do direito de defesa desse último. 2.209 Alega que apresentou os documentos solicitados pelo Fisco para a falida e os auditores fiscais ao invés de aceitálos ou explicar as razoes pelas quais tais documentos não seriam suficientes , preferiu ignorálos e efetuar o lançamento , configurando óbvia violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação, uma vez que os autos estão baseados em mera presunção de que as operações da falida não tenham sido provadas. 2.210 Diante do exposto pleiteia a anulação dos autos de infração lavrados, em razão do cerceamento dos seus direitos de defesa. O acórdão recorrido afastou quase todo o crédito tributário lançado, exceto a parcela relativa a preços de transferência. A parcela exonerada da tributação pela DRJ não mereceu remanescer porque, no entender do colegiado: assiste razão à contribuinte quando alega que não haveria qualquer explicação nos autos para a rejeição da documentação apresentada e que a responsável solidária apontada nos autos não foi notificada. Entende que como a responsável solidária, PARMALAT BRASIL S/A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS CNPJ 89.940.878/000110, não foi notificada dentro do prazo de decadência para constituição do crédito, não é mais possível imputarlhe o débito tributário; Quanto a documentação constante no processo, observase que, realmente o Termo de Verificação Fiscal de fls.1111 a 1142, não apresenta uma linha sequer explicando os motivos pelos quais os documentos apresentados não foram aceitos em sua totalidade e nem parcialmente, aliás o assunto somente é tratado em termos gerais, sem qualquer detalhamento ou especificação , abundando expressões vagas, tais como as que se seguem,citadas como mero exemplo. “Em vários casos, a Participações conseguiu provar a materialidade da operação, o que nem sempre significou que os recursos correspondentes tenham sido aplicados nas atividades operacionais das empresas do Grupo instaladas no Brasil.”(fls. 1134), “...ocorreram em alguns casos efetivos pagamentos ou remessas de recursos,..” (fls.1135), “Em importantes operações de cessão de crédito, foi impossível determinar o fundamento econômico dos créditos transferidos, ...”(idem), “...há diversos lançamentos que não refletem qualquer operação real, de efetiva entrega de numerário, mas que se apóiam em simples contratos de mútuo ou documentos de cessão de crédito,,,”(fls.1136). “..os lançamentos efetuados contra saldos bancários, principalmente na citada conta do Banco do Brasil de Nova York, muitos dos quais para quitar empréstimos...” (fls. 1225). observase ainda que o citado Termo de Verificação colaciona fatos relacionados ao grupo Parmalat, tais como denuncia de exfuncionário, noticias da imprensa Fl. 2851DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.845 45 nacional e internacional, partes e depoimentos de ações judiciais , além das próprias considerações e opiniões pessoais dos auditores autuantes, para embasar o procedimento efetuado e, ainda que o relatado tenha relação com o grupo Parmalat , o amontoado de fatos e impressões não tem qualquer valor probante da “culpa” da contribuinte , tratandose apenas de indícios, especulações da imprensa e ainda informações sobre processos judiciais que não fazem parte da presente lide e não servindo em qualquer hipótese para validar o trabalho fiscal; não é aceito no processo administrativo brasileiro qualquer documentação apresentada, seja pela fiscalização , seja pela contribuinte , em língua que não seja a pátria, não valendo nem mesmo como informação os longos trechos apresentados pela fiscalização em italiano , inglês e espanhol. Mesmo porque não se tratam sequer de provas e sim de noticias sobre instituições financeiras que fizeram negócios com o grupo Parmalat e trechos de processo judicial que corre na Itália contra um executivo do Banco Crédit Suisse. Portanto, os documentos trazidos aos autos pela fiscalização, que os cita e reproduz até mesmo no Termo de Verificação Fiscal e pela contribuinte (documentos em língua estrangeira não traduzidos por tradutor juramentado) para comprovar o que cada parte alega não foram considerados no presente julgamento; Outra contradição que se observa nos autos é que embora fiscalização se refira a negócios ou operações simuladas efetuados pela contribuinte com as outras empresas do grupo, e ainda denuncias de simulação, não há nos autos qualquer tratamento das operações da empresa como se fossem operações simuladas, nenhum demonstrativo que a documentação apresentada seria forjada, feita para encobrir outros negócios. Nem mesmo foi lançada a multa de 150% obrigatória em casos de simulação fiscal; não há recolhimentos feitos de PIS e Cofins. Assim, por aplicarse o art. 173, I, do CTN, não se operou a decadência com relação a eles. Todavia, com relação ao IRRF, observamse vários recolhimentos de IRRF efetuados sob o código 5299 (IRRF – Juros sobre empréstimos externos), efetuados com DARF e declarados na DCTF. Assim, quanto a eles se operou a decadência, não podendo mais o crédito ser exigido; quanto ao IRRF sobre pagamentos injustificados ou sem causa, nos termos do artigo 65 da Lei nº 8.981/95, sujeitase ao IRRF os “rendimentos auferidos pela entrega de recursos a pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título, independentemente de ser ou não a fonte pagadora instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil” (§ 4º, alínea “c”), devendo o imposto ser retido “por ocasião do pagamento dos rendimentos” (§ 7º, alínea “b”). Não basta, para caracterizar a ocorrência do fato gerador do IRRF, a simples contabilização, ou seja, o crédito contábil (como bem argumenta a impugnante). Assim, só haverá retenção do imposto de renda na fonte quando ocorrer o cumprimento da obrigação, o efetivo pagamento. no caso em pauta, conforme se observa na tabela de fls. 1080 a 1083, são os lançamentos efetuados contra saldos bancários, principalmente os constantes na conta do Banco do Brasil de Nova York, ou seja apenas registros contábeis foram considerados, sem a verificação da efetividade da entrega do numerário, não caracterizando, como visto acima, a incidência do IRRF. Desse modo, exonerase o lançamento correspondente ao IRRF incidente sobre os pagamentos efetuados pela empresa que a fiscalização considerou sem causa ou injustificados; a fiscalização lançou todos os pagamentos de empréstimos feito pela contribuinte, tributandoos como redutores do ativo, sem no entanto levar em consideração que Fl. 2852DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.846 46 esse tipo de pagamento não transitou nas contas de resultado, não sendo deduzido como despesa, conforme se observa na contabilidade da contribuinte e onde consta também que os únicos pagamentos ali inclusos são pagamentos de tributos federais (IOF). Desse modo não se pode tributar esses valores com IRPJ e CSLL pois se não foram anteriormente deduzidos como despesas, não podem se adicionados agora como glosa de despesas, impondose a exoneração desse lançamento; Os lançamentos de PIS e COFINS efetuados no presente processo referemse a tributação de omissão de receitas decorrentes,como explicado na tabela de fls. 1084 a 1088 de valores que aumentaram o passivo sem suporte de documentação. Observando os valores constantes nessa tabela, observase que se tratam de movimentações financeiras sem qualquer relação com faturamento da empresa. Alias, cabe lembrar mais uma vez que , como a própria contribuinte declara , a fiscalizada é uma holding que não tem receitas próprias de produção, consistindo sua atividade em tomar e pagar empréstimos bancários que são repassados às outras empresas do grupo. no julgamento dos RE nºs 390.840, 346.084, 358.273 e 357.950, o STF considerou inconstitucional a alteração trazida pelo § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, relativamente à definição da base de cálculo das contribuições, mantendose, portanto, para este fim, o texto das normas anteriormente aplicáveis. Concluise que o entendimento fixado no julgamento dos RE nºs 390.840, 346.084, 358.273 e 357.950, relativamente à inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições (PIS e Cofins) definido pelo § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, encontrase pacificado naquela Corte, reconhecendo o Tribunal tratarse de matéria de repercussão geral, e reafirmando expressamente a jurisprudência acerca da questão, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante. Assim, devem ser cancelados os créditos tributários constituídos de ofício relativos à Cofins e ao PIS, apurados sobre as receitas oriundas de movimentação financeira, em razão das decisões proferidas pelo STF relativas à inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, nos termos da legislação acima transcrita. com relação aos estornos contábeis, analisando os citados documentos de fls. 290, 294 e 308 observase que, a despeito do que entende o douto fiscal diligenciante, parecem se tratar de meros estornos contábeis. Peguese, por exemplo os lançamentos da fls 290: onde consta claramente nos lançamentos do dia 30/06 /2002, o lançamento de R$ 577.573.812,06 na conta LM 0000235 a débito por transferência de valor referente a cisão parcial ocorrida. Logo em seguida, na linha imediatamente abaixo foi constado o erro no lançamento no valor na conta LM 0000235 e foi feito estorno com um lançamento a credito e imediatamente a seguir novo lançamento a débito na conta correta , LM0000245, constando a informação relativa a cisão parcial da empresa , sendo o valor transferido para a empresa Parmalat Administração e Participação. o mesmo caso ocorre nos lançamentos de fls.294 e 308 , nos valores de R$ 29.968.767,50 (nº de ordem 494) e R$ 9.481.335,23 ( nº de ordem 544), respectivamente , que também se referem a cisão e foram lançados erroneamente na conta LM0000235 e imediatamente corrigidos e lançados na conta LM0000245. como se trata de erro de lançamento em contas que diferem em apenas um numero , ao invés de 235 , o correto seria 245, que foi imediatamente estornado e lançado na conta correta, é evidente tratase de simples estorno contábil, que não poderia ter sido lançado como foi, como omissão de receitas, conforme se observa na tabela de fls. 1084 a 1088. Assim Fl. 2853DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.847 47 sendo, é forçosa a exoneração da tributação dessas parcelas da base de cálculo dos lançamentos pois sequer constituíram qualquer crédito contabilizado e sim meros estornos contábeis; relativamente à omissão de receitas (planilha de fls. 1084/1088), foram apuradas mediante presunção simples. Observase também que o demonstrativo de fls. 1084 a 1088, lista obrigações de financiamentos e empréstimos. Baixado em diligência, o processo voltou com as explicações do auditor fiscal que se limitou a descrever os documentos apresentados pela contribuinte e a dizer que esses nada comprovariam sem, no entanto, comprovar que os documentos seriam instrumentos das simulações efetuadas pela empresa, e que o passivo todo seria falso. Ainda, no que tange à matéria exonerada: com relação às despesas bancárias, a empresa alegou que os fiscais deixaram de explicar porque recusaram documentos apresentados pela empresa, bem como não explicaram como chegaram ao valor o R$ 93.465.689.59 que foram tributados como despesas bancárias e juros que foram consideradas indedutíveis. Ao examinar a documentação colacionada pela fiscalização, foi observado que, realmente, não havia o demonstrativo desse valor tributado , uma vez que a tabela indicada pela fiscalização , fls. 1088 a1099 totalizava tão somente, R$ 77.447393,63. Baixado o processo em diligencia, o processo voltou com a simples nota que estava sendo anexada uma tabela, de fls. 1919 a 1926, cuja soma totalizava R$ R$ 93.465.689,59, sem qualquer outra explicação; verificase que seguindo o método adotado pela fiscalização, foram tributadas todos os lançamentos contábeis de valor maior que R$ 100.000,00 da conta 6.01.01.02.01.005 – juros passivos e os da conta 6.01.01.02.01.002 – Despesas bancárias, como se o critério adotado fosse somente o valor contabilizado, não importando que transação fosse, conforme pode ser constatado comparando as duas tabelas com o livro Diário da empresa cujas citadas estão listadas as fls. 365 a 372 e 363 a 365, respectivamente. Para a DRJ, negar que uma empresa do porte de uma holding do grupo Parmalat tivesse qualquer despesa bancaria ou juros passivos elevados, desconsiderando que a função da holding era apenas de tomar empréstimos em nome do grupo e repassálos as empresas coligadas, tributandoos indiscriminadamente, com base apenas em noticias publicadas na imprensa nacional e internacional, e dos processos contra o banco Credit Suisse, descaracteriza todo o procedimento fiscal que se baseia em provas, que analisa toda a documentação da contribuinte para então, explicar o porque do lançamento e o porque da rejeição a documentação apresentada. Simples negativas sem explicações, não cabem no procedimento fiscal e devem ser rejeitadas pelo julgador que examina o processo, e muito menos a inclusão de valores durante a diligencia fiscal, para coincidir com o valor lançado no auto de infração, assistindo razão à contribuinte quando protesta não saber sequer o que foi lançado como despesas bancarias , uma vez que o demonstrativo anexado nem sequer estava correto; quanto às variações cambiais (operações liquidadas), não há nos autos qualquer outra referência ao valor lançado (R$32.165.076,81 – fls.012v), parecendo ter sido tributado apenas como conseqüência da glosa do passivo da contribuinte. Uma vez que a glosa do passivo das operações financeiras pela recusa não justificada da documentação apresentada, foi considerada improcedente pelos motivos já explicados, também esse lançamento não se segura, tendo sido feito em virtude da desconsideração de todos os mútuos efetuados pela contribuinte, o que como já dito, embora possa haver irregularidades na administração da Fl. 2854DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.848 48 holding, a solução simplista de desconsiderar todos os negócios financeiros da contribuinte, não pode ser aceita, impondose a considerar improcedente esse lançamento; já no que tange ao lançamento das multas isoladas, elas deixam de ser exigidas por improcedência dos lançamentos onde essa multa era devida. Em resumo, ficou mantida a parcela a seguir demonstrada: DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Valor lançado Exonerado Mantido IRPJ R$ 438.007.035,59 R$ 435.326.129,87 R$ 2.680.905,72 M. OFICIO R$ 328.505.276,69 R$ 326.494.597,40 R$ 2.010.679,29 CSLL R$ 154.457.634,07 R$ 153.822.549,84 R$ 635.084,23 M. OFICIO R$ 115.843.225,56 R$ 115.366.912,38 R$ 476.313,18 PIS R$ 5.887.010,94 R$ 5.887.010,94 R$ 0,00 M.OFICIO R$ 4.415.257,90 4.415.257,90 R$ 0,00 COFINS R$ 27.170.817,88 R$ 27.170.817,88 R$ 0,00 M.OFICIO R$ 20.378.113,41 R$ 20.378.113,41 R$ 0,00 IRRF R$ 369.534.680,62 R$ 369.534.680,62 R$ 0,00 M.OFICIO R$ 277.151.010,33 R$ 277.151.010,33 R$ 0,00 Juros calculados de acordo com a legislação vigente É o relatório. Fl. 2855DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.849 49 Voto Conselheiro Eduardo de Andrade, Relator. O recurso satisfaz os requisitos de admissibilidade, por ser o montante do crédito exonerado superior a R$ 1.000.000,00, nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235, de 1972, com a redação dada pela Lei n° 9.532, de 1997, e do art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008, e portanto, dele conheço. Nulidade pela falta de motivação da recusa dos documentos apresentados pela recorrente O acórdão recorrido afasta o cerceamento de defesa, por entender que pela impugnação apresentada – a contribuinte compreendeu as imputações e delas se defendeu adequadamente, embora entenda assistir razão à impugnante quanto à falta de explicação para a rejeição da documentação apresentada. A conseqüência da falta de explicação para a rejeição de documentos, no acórdão recorrido, se dará não no momento preliminar, pois o lançamento não é reconhecido como nulo, mas quando da análise das matérias objeto do auto de infração, que acabam sendo exoneradas no mérito. Assim, a matéria relativa a esta nulidade não está sob apreciação, posto que não foi objeto de recurso do sujeito passivo. Todavia, desde já deixo consignado que em muitos casos os motivos da recusa foram declinados pela fiscalização quando da resposta à diligência fiscal proposta pela DRJ. Passo, então, a análise de mérito. IRRF – Pagamentos sem causa ou injustificados Sob esta rubrica, a fiscalização tributou, conforme auto de infração (fl. 1181) lançamentos redutores do ativo, equivalentes a pagamentos não comprovados ou relativos a dívidas ou encargos incidentes sobre um valor de principal cuja aplicação nas atividades operacionais das empresas do Grupo Parmalat instaladas no Brasil tampouco ficou comprovada. As glosas foram efetuadas nas datas de realização das operações, quando indicadas nos respectivos históricos constantes do “Razão Completo 2002”, Fl. 2856DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.850 50 uma vez que o contribuinte costumava escriturar os lançamentos com a data do último dia de cada mês. De primeiro, antes de entrar no campo probatório, desde já afasto da tributação eventual parcela relativa a dívida ou encargo incidente sobre um valor de principal cuja aplicação nas atividades operacionais das empresas do grupo não ficou comprovada. Isto porque a causa do pagamento da dívida ou do encargo a ela relativo é a existência da dívida e a necessidade de seu adimplemento, situação evidente e decorrente do contrato de mútuo, bastando para justificar o pagamento. Não há, em outras palavras, para esta específica matéria, exigência que o valor emprestado tenha sido efetivamente aplicado para que o pagamento da dívida tenha causa justificada. Isto é uma questão mediata que não tem influência e não impede a propalação de efeitos da questão imediata (a existência da dívida), desde que exista. Para esta matéria específica, este questionamento é político e não jurídico. E para que passasse do plano político para o plano jurídico deveria a fiscalização ter provado que o contrato de mútuo é fraudulento, situação que não se viu nos autos. No Termo de Constatação (fls.1138) a fiscalização assevera que os lançamentos relativos a esta matéria decorrem de: a) lançamentos contra saldos bancários, principalmente da conta do Banco do Brasil de Nova York, muitos dos quais para quitar empréstimos cujo ingresso no país não ficou comprovado; b) lançamentos não comprovados com documentação hábil que reduziram “recebíveis” contabilizados no ativo. A DRJ solicitou aprofundamento na matéria, vez que a autuada apresentou contratos de mútuo. Vejamos: Fl. 2857DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.851 51 A fiscalização respondeu ao pedido, afirmando que não reconhece os contratos de mútuo como hábeis a provar a causa, pois não possuíam assinatura de testemunhas e em muitos casos eram assinados pela mesma pessoa. A resposta não ataca pontualmente as provas indicadas pela DRJ, das quais solicitou a DRJ análise e apreciação, mas faz um apanhado geral. Assim, de fato, a fiscalização não questiona a validade das provas, tendo, a meu ver, perdido a oportunidade de aprofundar a investigação e provar a falsidade dos contratos apresentados, se sua linha investigativa a dirigia para esta conclusão. Por outro lado, não pode deixar de ser consignado que a própria autuada se manifestou no sentido de franquear sua documentação à equipe de auditoria durante a fiscalização, facultando o acesso direto aos documentos, mas verificou que a equipe ao invés de se dirigir ao local dos documentos e analisar a documentação franqueada preferia persistir intimandoa a responder questões específicas. Vejase a resposta ao termo de intimação fiscal de fls.575/576: Fl. 2858DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.852 52 Prossegue a resposta, nos seguintes termos: Fl. 2859DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.853 53 A resposta do contribuinte não recebeu a resposta adequada, tendo a fiscalização persistido no pedido de auxílio, ao invés de se debruçar sobre os documentos apresentados. Vejase trecho da resposta da fiscalização, no email datado de 12/04/2007 (fls.580): Diante deste contexto, tornase difícil a recusa dos documentos trazidos à baila pela recorrida, vez que além de não contestados expressamente pela fiscalização, houve a possibilidade de aprofundamento da investigação, que não foi aproveitada. Não há uma manifestação sequer da fiscalização que demonstre ter ela manuseado e apreciado os documentos disponibilizados na Rua 7 de Abril, 79, conjunto 205, e os considerado inábeis, inadequados ou impertinentes. Por outro lado, as provas que a DRJ pôs à análise da fiscalização no pedido de diligências estão devidamente encartadas no processo. A DRJ teve o cuidado de indicar em que fls. do processo estavam os documentos. Fl. 2860DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.854 54 Pinço duas delas, à guisa de ilustração. Relativamente ao mútuo com a Bonlat Finance Corporation (R$48.456.000,00 – nº de ordem 27 – fls. 1080), foi indicada a documentação de fls. 780/783, com tradução juramentada às fls. 1518/1533. A documentação de fls. 780/783 traz: a) carta da Parmalat ao Banco do Brasil em NY, solicitando o débito, em sua conta, de USD 20.000.000,00 (equivalente a R$48.456.000,00) para o CSFBNY – Trade Services (fl. 780); b) documento de débito do Banco do Brasil atestando o débito na data, conta e valores indicados (fl.781 e tradução na fl.1519); c) extrato do Banco do Brasil em NY que atesta o débito de US$20.000.000,00 (fl.782/1520) e, no campo detalhes, Credit Suisse Firs Boston New York, conforme indicado na carta da Parmalat (fls.780); d) correspondência da Bonlat Financing Corporation, datada de 19/01/2002, na qual é solicitado pagamento de US$ 20.000.000,00 em 29/01/2002 (R$48.456.000,00) para o Bank of New York (para CSFBNY). Já quanto ao mútuo junto ao Deutsche Trust Bank (R$11.374.425,61 – nº de ordem 52 –fls.1080), a DRJ indica os docs. de fls. 792/797, que são: a) pedido de pagamento no valor de R$11.374.425,61, relativo a juros Bond Chase no valor de itl 115.000.000.000 à taxa de juros de 9,125% pago de 18/02/01 a 18/02/02 (doc. Interno da Parmalat) – fl.792. No documento, o valor em euros mencionado é EUR 5.419.569,58; b) fax do Deutsche Asset Management para a Parmalat Brasil Adm e Part. Ltda, dirigida a Carlos Monteiro (c/ cópia para a Parmalat Ind e Com Laticínio – Attn Márcia Mesquita) para lembrar do principal e juros devidos em 19/02/2002, no valor de EUR 5,419,490.00. É solicitado mencionar, na resposta, qual o banco será utilizado. É fornecido, ainda o código SWIFT (fl.793); c) docs de fls. 794/796 não são legíveis, mas aparentam se referir a contrato de mútuo feito junto ao Banco Central; d) Extrato do Banco do Brasil que atesta o débito de câmbio de R$11.374.425,61 na conta da Parmalat Part. Br. Ltda. Diante da apresentação de tais elementos, vejo como equivocada a resposta oferecida no Termo de Diligência, pois não se deteve a equipe fiscal na análise dos elementos acostados. Além disso, os elementos coligidos demonstram o efetivo pagamento. E apesar de não provarem diretamente a causa, vez que não é acostado o contrato de mútuo, há indícios de que de fato se referem ao adimplemento de empréstimos, dadas as cartas das instituições financeiras (Bonlat Finance Corporation e Deutsche Trust Bank) cobrando o pagamento. No caso do Deutsche Trust Bank é mencionada, inclusive, a cobrança de principal e juros. Fl. 2861DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.855 55 Não há no caso vertente hipótese para inversão do ônus da prova. Uma vez que a recorrida faz prova das operações, deveria a fiscalização – na hipótese que lhe coube – produzir provas que infirmassem tais documentos ou que demonstrassem sua insuficiência. Demais disso, insta ressaltar que algumas impropriedades foram cometidas na confecção do auto de infração, termo de constatação e planilhas auxiliares, que conduziram a uma má interpretação da recorrida acerca das imputações feitas. Por exemplo, na planilha de fls.1080/1083 afirma a fiscalização que elenca ali valores que reduziram o ativo sem suporte em documentação hábil e portanto considerados pagamentos injustificados ou sem causa em auto de infração. Ora, a recorrida, então, produziu prova da redução do ativo. Vejase que a correta imputação deveria ter mencionado que a causa dos pagamentos não foi demonstrada. Até porque são o pagamento e sua falta de causa que originam tal imputação. Ora, quando a própria fiscalização faz a autuação porque o pagamento (o redutor do ativo) não possui suporte em documento hábil, ele mesmo contradiz a própria materialidade do lançamento feito. Considerando isto e tudo o quanto mais dito, entendo que a matéria deva ser exonerada. Estornos contábeis A DRJ entendeu que os documentos de fls. 290, 294 e 308 indicam tratarem se de estornos contábeis. Isto porque tais lançamentos demonstram um dado comum: houve o lançamento em conta equivocada (LM000235) e logo abaixo, verificado o erro, ela era novamente lançada, para neutralizar o lançamento anterior. Em seguida, era feito novo lançamento, contra a contrapartida correta (LM000245). É o que ocorreu, por exemplo, no documento de fls.290, senão vejamos: Vejamos o quanto afirmou a DRJ: com relação aos estornos contábeis, analisando os citados documentos de fls. 290, 294 e 308 observase que, a despeito do que entende o douto fiscal diligenciante, parecem se tratar de meros estornos contábeis. Peguese, por exemplo os lançamentos da fls 290: onde consta claramente nos lançamentos do dia 30/06 /2002, o lançamento de R$ 577.573.812,06 na conta LM 0000235 a débito por transferência de valor referente a cisão parcial ocorrida. Logo em seguida, na linha imediatamente abaixo foi constado o erro no lançamento no valor na conta LM 0000235 e foi feito estorno com um lançamento a credito e imediatamente a seguir novo lançamento a débito na conta correta , LM0000245, constando a informação relativa a cisão parcial da empresa , sendo o valor transferido para a empresa Parmalat Administração e Participação. Fl. 2862DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.856 56 o mesmo caso ocorre nos lançamentos de fls.294 e 308 , nos valores de R$ 29.968.767,50 (nº de ordem 494) e R$ 9.481.335,23 ( nº de ordem 544), respectivamente , que também se referem a cisão e foram lançados erroneamente na conta LM0000235 e imediatamente corrigidos e lançados na conta LM0000245. como se trata de erro de lançamento em contas que diferem em apenas um numero , ao invés de 235 , o correto seria 245, que foi imediatamente estornado e lançado na conta correta, é evidente tratase de simples estorno contábil, que não poderia ter sido lançado como foi, como omissão de receitas, conforme se observa na tabela de fls. 1084 a 1088. Assim sendo, é forçosa a exoneração da tributação dessas parcelas da base de cálculo dos lançamentos pois sequer constituíram qualquer crédito contabilizado e sim meros estornos contábeis; Ressalto que em todos os casos (fls. 290, 294 e 308) o histórico do 2º lançamento faz menção a estorno (VALOR REF. EST LC). Além disso, entendo que deveria ter a fiscalização aprofundado a investigação, senão na fiscalização, quando da diligência, e ter intimado a autuada a apresentar livros e documentos que eliminassem quaisquer dúvidas a certeza acerca do fato contábil equivocado e daquele que o retificou. Desta forma, mantenho a decisão recorrida nesta matéria. Omissão de Receita O lançamento por omissão de receita é referido no Termo de Constatação (fl.1139/1140) como decorrente da não comprovação dos valores relacionados de fls. 1084/1088, que aumentaram o passivo e cuja origem não foi comprovada ou para os quais a documentado o ingresso no Brasil para aplicação nas atividades de empresas do grupo Parmalat situadas no país. (sic) Já nas planilhas de fls. 1084/1088 mencionase os valores que aumentaram o passivo sem suporte em documentação hábil. É utilizada a base do art. 281, III, do RIR/99 (manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada). Baixado em diligência, o processo voltou com as explicações do auditor fiscal que se limitou a descrever os documentos apresentados pela contribuinte e a dizer que esses nada comprovariam sem, no entanto, comprovar que os documentos seriam instrumentos das simulações efetuadas pela empresa, e que o passivo todo seria falso. Quanto a este item, reproduzo a explanação da DRJ para exonerar a parcela, posto que serve a outros itens autuados: Fl. 2863DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.857 57 112. No caso presente, a contribuinte apresentou a documentação a respeito, conforme consta no Termo de Verificação mas que foi rejeitada pela fiscalização sem no entanto , explicar o porque da rejeição de toda a documentação apresentada. 113. Do mesmo modo não há qualquer explicação , nem no Termo de Verificação nem no Termo de Diligencia Fiscal, o porque da inclusão da parcela de R$ 23.204.000,00 na base de cálculo da omissão de receitas, quando a contribuinte demonstra ter sido mera transferência entre duas contas do passivo, passando a divida de uma conta de exigível a longo prazo a uma de curto prazo. 114. A resposta dada pela diligencia fiscal foi a seguinte: Inclusão do valor de R$ 23.204.,00,00, (nº de ordem 18): O auditor fiscal entende que se o contribuinte não apresentou nenhuma comprovação da efetiva transferência de numerários ao pais para aplicação nas finalidades a que este se propõe, é independente de no livro contábil estar escriturada a transferência entre exigível a longo prazo para o curto prazo, concluindo que”,,, como estas não existem comprovadamente de fato, não há o que se analisar na tabela fornecida pelo contribuinte (fls. 1.501). 115. Ou seja, para a fiscalização não importa o que foi lançado dado que considera toda a contabilidade da contribuinte uma simulação e dando a entender que não importa o que foi lançado, ainda que absurdo como no caso dos estornos ou da presente movimentação , pois nada na contabilidade da contribuinte é real. 116. Ocorre que esse entendimento gera a seguinte questão: se nada é real, se a contribuinte nunca efetuou qualquer empréstimo ou financiamento se todas as operações são simuladas, se os seus assentamentos contábeis são falsos, de onde a contribuinte arruma os valores que comprovadamente foram remetidos ao exterior para pagamentos desses empréstimos ditos inexistentes pela fiscalização ? 117. Cabe lembrar que como a própria contribuinte declara e a fiscalização relata no Termo de Verificação, a fiscalizada e uma holding que não produz receitas operacionais e funciona apenas como uma captadora de recursos dentro do País e fora dele e os repassa as suas controladas e coligadas. 118. Da mesma forma, de onde a contribuinte teria adquirido recursos para efetuar os enormes recolhimentos de tributos a RFB, conforme se observa na pesquisa de fls. 1931 a 1936? 119. È evidente que descaracterizar a contabilidade da contribuinte, rejeitar toda a documentação sem qualquer explicação cabível e efetuar o lançamento de todos os valores escriturados, ditos falsos, não tem qualquer razoabilidade, e é ilógico pois se nada é real como relatou o auditor diligenciante, não haveria o que se tributar também. 120. Convém lembrar também que embora o auditor diligenciante afirme a simulação contábil e das operações, e o Termo de Verificação também cite a simulação, a mesma tem que ser provada pelo Fisco, mediante a desclassificação da documentação , especificando claramente por documento , porque ele é falso e porque está sendo rejeitado, inclusive impondo a multa de oficio de 150%, pela atitude dolosa da contribuinte. 121. Nada disso ocorreu e do Termo de Verificação temse apenas fatos vagos e gerais, noticias da imprensa mundial e local, mas nenhum detalhamento, não havendo qualquer prova concreta da simulação e conseqüente desclassificação dos documentos. Fl. 2864DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.858 58 122. Por outro lado, a análise dos lançamentos a crédito nas contas contábeis que representam obrigações com Financiamentos, indica que a fiscalização considerou receita omitida por não terem sido comprovados, utilizando a presunção legal de omissão de receitas (artigo 281, inciso III, do RIR/1999), já citado acima. 123. O caso discutido neste processo não trata da hipótese contida na primeira parte do inciso III (manutenção no passivo de obrigações já pagas), pois não há prova ou ao menos indicação por parte da fiscalização que os lançamentos a créditos nas contas de passivo se referem a obrigações já pagas. Quanto à segunda hipótese (obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada também conhecida como passivo fictício), o que a fiscalização deve fazer para que se caracterize a situação prevista em lei é intimar a contribuinte a comprovar o saldo de determinada conta de obrigação em determinada data. Notese que a lei fala em “obrigação cuja exigibilidade não é comprovada” e não em lançamentos contábeis não comprovados. 124. Intimada a contribuinte apresentou a citada documentação que foi, como já dito, inteiramente rejeitada pela fiscalização que, no entanto deixou de explicar como a empresa poderia ter quitado parte das obrigações (considerados pagamentos sem causa) se não recebeu nenhum empréstimo e se ela não é uma empresa de produção operacional. ... 127. Observase finalmente que foram tributados também como omissão de receitas, além dos juros , os valores registrados no passivo da impugnante, relativos ao IOF/crédito a recolher, relativos à celebração de vários contratos de mútuos, que foram considerados inexistentes em sua totalidade, pela fiscalização. A DRJ solicitou esclarecimento do lançamento de valores que parecem representar meros estornos, como o valor de R$544.573.812,06 (lançamento abaixo): A estas indagações respondeu a fiscalização no termo de diligência que o contribuinte fora intimado a apresentar os documentos comprobatórios, mas não os apresentou. Assim, segundo a fiscalização, é de se supor que o passivo é inexistente. A alegação é reforçada pelos fatos extracontábeis colacionados (discussões em juízo, estado de insolvência da Exterbanca, falta de liquidez das garantias para os empréstimos tomados, que segundo entende, demonstram simulações societárias. De fato, vêse que a resposta foi panfletária, não atingindo pontualmente os fatos sob análise, ou seja, a análise dos lançamentos, e se eles se referem ou não a estornos. A DRJ também solicita a análise de vários documentos coligidos pela recorrida na impugnação, bem como as respectivas traduções juramentadas. Vejase: Fl. 2865DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.859 59 Relativamente, por exemplo, ao valor de R$49.036.000,000 (nº de ordem 126 – fls. 1085), há nas fls.1454/1499: a) decisão judicial da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo deferindo inclusão do crédito em favor do Banco Espírito Santo no quadro de credores da Parmalat Participações do Brasil Ltda, no valor de R$7.073.960,81, relativo a duas notas promissórias cedidas pelo I. F. E. Exterbanca S/A; b) decisão judicial da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo deferindo inclusão do crédito em favor do Bank of Montreal no quadro de credores da Parmalat Participações do Brasil Ltda, no valor de R$70.133.524,45, relativo a oito notas promissórias cedidas pelo I. F. E. Exterbanca S/A no valor de USD 20,000,000.00 (fl.1456/1457); c) email de Ricardo Collarini para Giancarlo Corto, confirmando o desembolso de US$ 20.000,000,00 (equivalente a R$49.036.000,00)fl. 1460. Segundo anotação manual no corpo da impressão deste email é dito que o empréstimo é assim dividido: 1) principal, no valor de US$20.000.000,00 (R$49.036.000,00) 2) líquido, no valor de US$19.079.810,22 (R$46.779.878,70) 3) juros antecipados, no valor de US$920.189,78 (R$2.256.121,30) d) nota de crédito do Banco do Brasil em New York em 08/02/2002, no valor de US$19,079,810.22 (ver item 2 acima) –fl. 1461/1462; e) contrato simplificado de empréstimo entre PPL Participações Ltda e IFE Exterbanca S/A (tendo Parmalat SpA como avalista), no valor de US$20.000.000,00, assinado em 08/02/2002 – fl.1463/1464; f) carta da Exterbanca à Parmat Participações do Brasil Ltda, dirigida ao Sr. Carlos Monteiro, passando um resumo dos termos e condições para uma transação no valor de US$20 milhões (fl. 1465/1466); Fl. 2866DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.860 60 Pois bem, em resposta a esta – a meu ver – sólida prova da obrigação, a fiscalização responde que: Após analisar estes documentos, verifico que o crédito de US$20 milhões teve como beneficiário a Parmalat Participações do Brasil Ltda (denominação da PPL Participações em 2002). Por outro lado, o juiz da Vara que promove a recuperação judicial da PPL Participações Ltda decidiu aceitar o crédito em favor do Bank of Montreal no quadro de credores da Parmalat Participações do Brasil Ltda (PPL Participações Ltda), no valor de R$70.133.524,45, relativo a oito notas promissórias cedidas pelo I. F. E. Exterbanca S/A no valor de USD 20,000,000.00 (fl.1456/1457). Assim, pareceme inequívoco que o empréstimo é legítimo e existiu. Assim, apresentados tais documentos, caberia um aprofundamento da investigação por parte da fiscalização, o que não se viu, nem mesmo quando da diligência. Documentação semelhante é apresentada para os demais casos. Desta forma, sendo o lançamento realizado por presunção legal e tendo a recorrida produzido prova no sentido de infirmar a imputação, embora coubesse aprofundamento na investigação, entendo que a matéria deva ser de fato exonerada. No que tange à transferência do valor de R$23.204.000,00 do passível exigível a longo prazo para passível exigível a curto prazo, a fiscalização manteve a autuação por entender que a transferência não existe de fato. Vejase a resposta dada no termo de diligência: Fl. 2867DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.861 61 Ora, nada há de errado no lançamento contábil. Ocorre que é perfeitamente normal o contribuinte transferir créditos do exigível a longo prazo para o exigível a curto prazo quando o prazo de resgate das dívidas passa a ser inferior a um ano, conforme prescreve a melhor técnica contábil. Desta forma, exonero toda matéria lançada a título de omissão de receita. Despesas bancárias O Termo de Constatação afirma: Sobre este lançamento, assim se pronunciou a DRJ: 130. A empresa alegou que os fiscais deixaram de explicar porque recusaram documentos apresentados pela empresa, bem como não explicaram como chegaram ao valor de R$ 93.465.689.59 que foram tributados como despesas bancárias e juros que foram consideradas indedutíveis. 131. Ao examinar a documentação colacionada pela fiscalização, foi observado que, realmente, não havia o demonstrativo desse valor tributado , uma vez que a tabela indicada pela fiscalização , fls. 1088 a1099 totalizava tão somente, R$ 77.447393,63. 132. Baixado o processo em diligencia, o processo voltou com a simples nota que estava sendo anexada uma tabela, de fls. 1919 a 1926, cuja soma totalizava R$ R$ 93.465.689,59, sem qualquer outra explicação. 133. Comparandose, valor a valor a lista de fls. 1084 a 1094 e a apresentada pelo auditor diligenciante, de fls 1919 a 1926, observase que o auditor “ adicionou” à tabela , sete valores que não constavam anteriormente, colocandoos no meio da tabela para desse modo, totalizar o valor tributado, segundo a ordem das datas mas não apresentando qualquer explicação para a inclusão. 134. Observase também que, seguindo o método adotado pela fiscalização, foram tributadas todos os lançamentos contábeis de valor maior que R$ 100.000,00 da conta 6.01.01.02.01.005 – juros passivos e os da conta 6.01.01.02.01.002 – Despesas bancárias, como se o critério adotado fosse somente o valor contabilizado, não importando que transação fosse, conforme pode ser constatado comparando as duas tabelas com o livro Diário da empresa cujas citadas estão listadas as fls. 365 a 372 e 363 a 365, respectivamente. 135. Ora, negar que uma empresa do porte de uma holding do grupo Parmalat tivesse qualquer despesa bancaria ou juros passivos elevados, desconsiderando que a função da holding era apenas de tomar empréstimos em nome do grupo e repassálos Fl. 2868DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.862 62 as empresas coligadas, tributandoos indiscriminadamente, com base apenas em noticias publicadas na imprensa nacional e internacional, e dos processos contra o banco Credit Suisse, descaracteriza todo o procedimento fiscal que se baseia em provas, que analisa toda a documentação da contribuinte para então, explicar o porque do lançamento e o porque da rejeição a documentação apresentada. 136. Simples negativas sem explicações, não cabem no procedimento fiscal e devem ser rejeitadas pelo julgador que examina o processo, e muito menos a inclusão de valores durante a diligencia fiscal, para coincidir com o valor lançado no auto de infração, assistindo razão à contribuinte quando protesta não saber sequer o que foi lançado como despesas bancarias , uma vez que o demonstrativo anexado nem sequer estava correto. 137. Por fim, no que se refere à diferença entre os juros pagos ao Crédit Suisse e os juros recebidos do banco Santander Cayman, o assunto encontra se em discussão no Poder J ud ic iá r io do Es t ado de São Pau lo (Proce sso n° 583.00.2005.0680914). Desse modo, ainda que fosse lançada essa diferença, com esclarecimentos do porque a documentação apresentada foi recusada, não bastando a mera descrição do documentos efetuada pelo auditor fiscal diligenciante, deveria haver ao menos uma observação da lide judicial, dado que o seu resultado afetaria a base de cálculo do lançamento, uma vez que a empresa entende ter quitado a dívida com o Credit Suisse e o banco afirma o contrário. 138. Desse modo, é de se considerar improcedente o lançamento relativo a despesas bancárias e juros passivos pelos motivos acima descritos. Quanto ao tema, devese ressaltar que a jurisprudência deste Tribunal Administrativo vem desde muito rechaçando esta prática pouco técnica de relacionar todos os lançamentos de uma determinada conta contábil (ainda que acima de um valor mínimo) e lançálos pelo total, sem que seja adequadamente dado um prazo razoável para resposta e que esta seja efetivamente analisada, mediante uma investigação satisfatória. Senão vejamos: Acórdão 10705922 – 15/03/2000 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO DE OFÍCIO PRESSUPOSTOS IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA GLOSA TOTAL DAS DESPESAS OPERACIONAIS. O lançamento, como procedimento vinculado e portanto regrado, deve ser celebrado com estrita observância dos pressupostos estabelecidos pelo artigo 142 do CTN, cuja motivação deve estar apoiada em elementos materiais de prova veementes, consubstanciados por instrumentos capazes de demonstrar, com segurança, seriedade e certeza, os legítimos fundamentos reveladores da ilicitude fiscal. No mesmo sentido Acórdão nº 10708308 – 7ª Câmara IRPJ/CSLL GLOSA DO TOTAL DAS CONTAS DE CUSTOS/DESPESAS NÃO CABIMENTO Este Colegiado tem reiteradamente decidido que lançamentos calçados na glosa pura e simples dos totais da contas de custos ou despesas Fl. 2869DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.863 63 operacionais não reúnem os necessários requisitos de liquidez e certeza. A resistência do contribuinte em apresentar comprovantes de custos ou despesas deve ser enfrentada com as ferramentas legais disponíveis, entre elas o arbitramento dos lucros e o agravamento da penalidade por descumprimento do dever geral de se submeter à auditoria fiscal. PUBLICADO NO DOU Nº 66 DE 05/04/06, FLS. 31 A 34. No mesmo sentido Acórdão 10705879 – 7ª Câmara DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS GLOSA TOTAL INCONSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO Na atividade de lançamento compete à autoridade administrativa a prova da matéria que consubstancia o ato. Assim, que evidenciado nos autos do processo a existência de despesas necessárias às atividades da empresa, competia à autoridade administrativa, após o devido aprofundamento da ação fiscal, glosar despesas que, efetivamente, não fossem dedutíveis. No mesmo sentido Acórdão 40105767 – CSRF CSLL TRIBUTAÇÃO DECORRENTE (AC. CSRF/0105.672) PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA GLOSA TOTAL DO SALDO OFENSA AO ART. 142 DO CTN IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. A teor do disposto no art. 142 do CTN, o ônus de provar que despesas contabilizadas pela recorrente não seriam dedutíveis é da autoridade administrativa, não sendo admissível, como assim vem decidindo o Colegiado, sem maiores análises, a glosa em bloco de contas de custos e/ou despesas, especialmente, como é o caso dos autos, de contas representativas de despesas que, por definição, são de natureza operacional e que estão entre as de maior vulto em instituição financeira. A falta de aprofundamento da ação fiscal, somada, ainda, a outros equívocos verificados ao longo dos trabalhos, apontados desde a fase vestibular pelo recorrente, denota a fragilidade do lançamento devendo ser aplicável à espécie, pois, o art. 112, II, do CTN. Não provido o Recurso do PFN em relação ao IRPJ, e tendo a CSLL a mesma base factual, aplicase o decidido naquele pela intima relação de causa e efeito que os une. Recurso especial negado. Além disso, sequer a somatória do valor lançado encontrava justificativa nos autos, o que não foi saneado nem mesmo após a realização da diligência. Vejase, por oportuno, o quanto respondeu a fiscalização: Fl. 2870DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.864 64 Por outro lado, conforme observado pela DRJ não é possível uma glosa total das despesas bancárias, tendo em vista que a recorrida é uma holding e diante dos inúmeros documentos bancários que compõem os autos, dos quais exsurge como evidente que a autuada efetivamente incorreu em tais despesas. Diferença entre juros ativos recebidos do Santander Cayman e juros passivos cobrados pelo Crédit Suisse Com relação às despesas quanto à diferença de juros entre aqueles pagos ao Credit Suisse, relativamente àqueles recebidos do Santander Cayman, no valor de R$14.027.618,22 (fl.1201) há que se ressaltar que a discussão judicial não interfere no lançamento relativo à diferença de juros ativos e passivos, contrariamente ao que alega a recorrida. Isto porque entende ela no foro judicial que efetivamente pagou a dívida com o banco Crédit Suisse mediante conversão do passivo em quotas de capital. Assim, mesmo seguindo seu entendimento, os juros são devidos até o momento em que houve a conversão do passivo em quotas de capital, e, portanto, o período autuado está coberto dentro deste limite. Isto porque os juros apropriados, devidos ao banco Crédit Suisse, encontramse no período que antecede tal fato. A alegação contrária, do banco Crédit Suisse lhe é mais desfavorável, posto que aquele pleiteia juros inclusive após tal data, mas isto não foi autuado pela fiscalização. Afirmou a fiscalização que: A emissão dos EUR$ 500 milhões e das obrigações assumidas pela Parmalat estão referidas nos artigos 13, 16 e 17 do contrato social de 14/12/2001(fls.084 em diante). A totalidade da operação em reais, de R$1.052.025.000t00, foi reconhecida pela então Parmalat Participações na conta 2.02.02.01.01.080 – CSFB Int, representativa de passivo de longo prazo, e passou a acumular variações cambiais e juros passivos (demonstrativo em fls.1072 a 1079 e páginas do Razão a partir de fls.0178). Em 31/12/2002, o saldo da conta 2.02.02.01.01.080 CSFB Int, de R$1.850.600.000,00, foi transferido para 2.04.01.01.01.001 Dívidas Convertidas em Quotas de Capital. Fl. 2871DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.865 65 Desta forma, os juros apropriados, pagos ou não ao Crédit Suisse até 31/12/2002 são devidos (art. 374, I, do RIR/99) e, portanto, hábeis para o efeito comparativo efetuado pela fiscalização. Os juros eventualmente devidos após tal data ficam – estes sim – dependentes do resultado da lide judicial entre a recorrida e o banco Crédit Suisse. Desta forma, correto o lançamento da diferença entre os juros ativos recebidos do Santander Cayman relativamente aos juros passivos pagos ao Banco Crédit Suisse, posto que o objeto social da recorrente não é operar como instituição financeira, sendo que os créditos tomados devem ser aplicados na sua atividade, podendo serem repassados às suas controladas, porém, à mesma taxa captada no mercado, vez que desta forma aquelas já estarão beneficiadas pelas taxas favorecidas obtidas pela controladora, e desde que a controlada ou coligada não possua lucro não disponibilizado para a controladora ou coligada no Brasil, se decorrentes de operações envolvendo controladas ou coligadas no exterior. A aplicação do capital tomado junto ao Banco Santander Cayman é de compreensão ainda mais difícil. Não se vê qualquer razão que motive a necessidade desta operação. De acordo com o art. 299 do RIR/99, para deduzirse juros há que se demonstrar serem eles necessários às atividades operacionais da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, sendo necessárias as despesas relativas às atividades da empresa, usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Não é o que se depreende da situação vertente. Por outro lado, as despesas bancárias elencadas também na planilha de fls.1201, nos valores de R$7.059.825, relativa a trânsito do dinheiro pela conta 1.01.01 02 01.336 – Santander c/c 959 28707, e no valor de R$2.613.687,50, relativa a trânsito do mesmo dinheiro pela conta 1 01 01 03 01 901 – “Crédito Italiano”, por não estarem inequivocamente identificadas, nem mesmo sua natureza, pelos lançamentos contábeis acostados mereceriam aprofundamento, de modo a se perscrutar se efetivamente são o não desnecessárias. Com base naquela planilha não é possível afirmarse categoricamente que o são, não havendo como manterse o lançamento relativo a sua glosa. Assim, neste item, voto pela manutenção do crédito relativo à glosa da diferença entre os juros pagos ao Crédit Suisse relativamente aos juros recebidos do banco Santander Caymann, decorrente da desnecessidade de parcela do crédito tomado, que restou aplicada no exterior sem qualquer motivo ligado às atividades operacionais do sujeito passivo. Variações Cambiais O termo de constatação assim enuncia a tributação das variações cambiais: A DRJ asseverou que Fl. 2872DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.866 66 não há nos autos qualquer outra referência ao valor lançado (R$32.165.076,81 – fls.012v), parecendo ter sido tributado apenas como conseqüência da glosa do passivo da contribuinte. Uma vez que a glosa do passivo das operações financeiras pela recusa não justificada da documentação apresentada, foi considerada improcedente pelos motivos já explicados, também esse lançamento não se segura, tendo sido feito em virtude da desconsideração de todos os mútuos efetuados pela contribuinte, o que como já dito, embora possa haver irregularidades na administração da holding, a solução simplista de desconsiderar todos os negócios financeiros da contribuinte, não pode ser aceita, impondose a considerar improcedente esse lançamento; Neste ponto, resta tão somente lembrar que: a) no item relativo aos passivos fictícios entendo desacertado o lançamento, o que acarreta a improcedência deste aqui, também; b) relativamente à impertinência do lançamento por totais, remeto a jurisprudência do CARF e Conselhos de Contribuintes acima destacada. Desta forma, sem maiores delongas, exonero a matéria lançada. PIS, Cofins e Multa Isolada Tendo em vista que os lançamentos de omissão de receitas foram exonerados, ficam também exonerados os lançamentos de PIS, Cofins e Multa Isolada. Decadência do direito de incluir a responsável solidária no pólo passivo A decisão da DRJ afasta a responsabilidade atribuída a PARMALAT BRASIL S/A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS CNPJ 89.940.878/000110, por entender que não se formou o vínculo obrigacional entre Fazenda e o responsável solidário no período decadencial de apuração dos tributos envolvidos. Isto porque o responsável tributário não foi notificado do lançamento, embora seu representante seja o mesmo da contribuinte autuada. Previamente à formação do vínculo, nos termos do art. 124, I, do CTN, a fiscalização teve o cuidado de formalizar consulta junto à Procuradoria da Fazenda Nacional da 3ª Região, que concluiu em sentido positivo à extensão do vínculo ao responsável solidário. O liame vinculando o responsável, segundo a resposta da Procuradoria da Fazenda Nacional da 3ª Região, sustentouse na ocorrência de uma verdadeira confusão entre empresas do “Grupo Parmalat”, o que levou a conclusão que elas agiram em simbiose, como se fossem uma única pessoa jurídica a atuar, o que caracterizou a comunhão de interesse econômico entre elas nas operações realizadas, as quais foram fiscalizadas pelos auditores fiscais. Assim, a divisão tradicional entre Grupo de Direito (holding) e grupo de fato (estabelecido entre coligadas ou entre controladora e controlada) não se aplicava à situação verificada, posto que a existência de diversas personalidades jurídicas era mera formalidade, tão somente engendrada para possibilitar a comunhão de interesses econômicos. Fl. 2873DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.867 67 Todavia, verificase do processo que a conclusão acima não se mostrou devidamente provada nos autos. Com efeito, a parcela do crédito lançado mantida é irrisória diante daquilo que foi lançado; ou seja, quase a totalidade do crédito foi entendida como indevidamente lançada. Além disso, não demonstrou com provas hábeis e idôneas a fiscalização que a organização societária criada pelo grupo Parmalat efetivamente causou prejuízo a terceiros, quanto mais que esta organização visava a fraudar a legislação tributária. Toda construção é feita com base em notícia veiculadas pela imprensa. Os documentos jurídicos apresentados não contemplam decisões judiciais transitadas em julgado, e assim, as petições de advogados não poderiam ser simplesmente adotadas como prova sem um aprofundamento na investigação. E tal aprofundamento não houve. Nada há nos autos que comprove uma linha investigativa da fiscalização no sentido de provar que os atos societários foram de fato simulados e o porquê disto. A fiscalização simplesmente se vale de alguns documentos obtidos para fundamentar suas conclusões sem avançar na verdade por eles veiculada. Venho me manifestando no sentido de que a solidariedade, nos termos do art. 124, I, do CTN, não é uma terceira espécie de vínculo da pessoa ao pagamento do tributo ou penalidade, além das condições de contribuinte ou responsável. O solidário há de ser, antes, devidamente caracterizado numa ou noutra dessas condições como sujeito passivo. No caso vertente, pareceme que a fiscalização quis vêlo como contribuinte (mediante enquadramento no art. 124, I, do CTN). Todavia, para isso, haveria de demonstrar de forma inequívoca que o solidário, Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos, ostentava de fato as condições de contribuinte. Neste ponto, caberia aprofundamento da investigação das relações societárias entre ambas as pessoas jurídicas no sentido de demonstrar que seriam ambos contribuintes, ocupantes do mesmo pólo passivo na experimentação do acréscimo patrimonial e que ambos possuíam interesse comum pelo menos na situação que constituiu o fato gerador do IRPJ, no caso dos preços de transferência, e glosa de despesas financeiras com juros, o que, vêse, não foi executado. A atribuição de solidariedade, nos termos do art. 124, I, do CTN não se amolda à situação fática apresentada. O referido dispositivo, inserto no Capítulo IV do Código, “Sujeito Passivo”, não se destina a prescrever hipóteses de responsabilidade, as quais são definidas no Capítulo V, “Responsabilidade Tributária”, mas a dispor sobre a relação entre os sujeitos passivos (contribuintes, contribuinte e responsável, ou responsáveis, conforme prescreve o art. 121) coobrigados, uma vez já consolidada sua condição de contribuinte ou responsável. Neste sentido, vale a lição de MISABEL ABREU MACHADO DERZI1, para quem A solidariedade não é espécie de sujeição passiva por responsabilidade indireta, como querem alguns. O Código Tributário Nacional, corretamente, disciplina a matéria em seção própria, estranha ao Capítulo V, referente à responsabilidade. É que a solidariedade é simples forma de garantia, a mais ampla das fidejussórias. 1 ALIOMAR BALEEIRO E MISABEL ABREU MACHADO DERZI, Direito Tributário Brasileiro, Forense, 11ª ed, 2002, Rio de Janeiro. Fl. 2874DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE Processo nº 16561.000071/200771 Acórdão n.º 1302001.059 S1C3T2 Fl. 2.868 68 Quando houver mais de um obrigado no pólo passivo da obrigação tributária (mais de um contribuinte, ou contribuinte e responsável, ou apenas uma pluralidade de responsáveis), o legislador terá de definir as relações entre os coobrigados. Se são eles solidariamente obrigados, ou subsidiariamente, com benefício de ordem ou não, etc. A solidariedade não é, assim, forma de inclusão de um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, apenas forma de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o pólo passivo. Desta forma, merece reparo a atribuição de solidariedade ao caso, nos termos do art. 124, I, do CTN. Isto posto, voto para dar provimento parcial ao Recurso de Ofício, para manter a glosa de despesas financeiras relativa à diferença ente o valor dos juros passivos pagos ao Crédit Suisse e aos juros ativos recebidos do Banco Santander Cayman, no valor de R$14.027.618,22, e negar provimento ao recurso quanto às demais matérias. Sala das Sessões, 09 de abril de 2013. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade Fl. 2875DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 16/04/2013 p or EDUARDO DE ANDRADE
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