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Numero do processo: 10980.907208/2011-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.515
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente SANPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de COFINS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 72 08 /2 01 1- 80 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06040.415. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.907208/201180 Acórdão n.º 3302004.515 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 52DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.733926/2012-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
NULIDADES DO LANÇAMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO.
O pedido de erro na identificação da matéria tributável não se sustenta quando a própria empresa é quem forneceu os dados digitais que foram utilizados no lançamento fiscal. Outrossim, não resta configurada nenhuma outra hipótese de nulidade quando a recorrente, a partir dos recursos interpostos, demonstra nítido conhecimento dos fatos que lhe foram imputados.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE CONTABILIZAÇÃO.
Demonstrada pela fiscalização a falta de contabilização de faturas emitidas, correta a manutenção do lançamento fiscal, principalmente se a empresa não afasta com documentação probatória a imputação de omissão de receitas.
DESPESAS NÃO COMPROVADAS:
Cabe à contribuinte comprovar, através da apresentação de documentação hábil e idônea, a efetiva contratação/realização dos serviços contratados, ou mercadorias adquiridas, e de seus respectivos pagamentos.
PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. EXCLUSÃO DO LUCRO LÍQUIDO. DESPESAS OPERACIONAIS.
Para que o contribuinte possa escriturar eventuais perdas, com origem em seus créditos, como despesas operacionais, é necessária a efetiva comprovação documental das perdas e que os créditos provisionados atendam às condições de dedutibilidade previstas na legislação.
PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA.
A contrapartida da constituição da provisão para créditos de liquidação duvidosa - atualmente denominada "provisão para perdas estimadas" - necessariamente transita pelo resultado contábil. A partir daí, tem-se que o valor de constituição a maior da referida provisão representou redução do resultado contábil da empresa, e, por conseguinte, do seu resultado fiscal, máxime por não ter sido infirmado pela empresa autuada, devendo ser afastada alegação de suposta presunção, sem suporte legal, por parte da fiscalização.
POSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DO IMPOSTO. CONDIÇÕES.
O reconhecimento da postergação somente é cabível quando se comprova que efetivamente a redução indevida da parcela do imposto de determinado período de apuração foi compensada com sua tributação em período posterior. Não comprovada referida tributação, impõe-se a manutenção do lançamento tributário.
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO.
Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2008
CSLL. ADIÇÃO À BASE DO IRPJ. CABIMENTO.
Com a manutenção do lançamento fiscal quanto à CSLL, sustenta-se o lançamento por falta de adição da referida contribuição social na base de cálculo do IRPJ (lucro real).
Numero da decisão: 1401-001.923
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em superar as alegações de nulidade, e no mérito, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recuso voluntário para reconhecer a impossibilidade de exigência concomitante da multa de ofício e da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designada a Conselheira Livia De Carli Germano para redigir o voto vencedor. Declarou-se impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Daniel Ribeiro Silva. Ausente momentaneamente a Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Declarou-se impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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NÃO COMPROVAÇÃO. O pedido de erro na identificação da matéria tributável não se sustenta quando a própria empresa é quem forneceu os dados digitais que foram utilizados no lançamento fiscal. Outrossim, não resta configurada nenhuma outra hipótese de nulidade quando a recorrente, a partir dos recursos interpostos, demonstra nítido conhecimento dos fatos que lhe foram imputados. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE CONTABILIZAÇÃO. Demonstrada pela fiscalização a falta de contabilização de faturas emitidas, correta a manutenção do lançamento fiscal, principalmente se a empresa não afasta com documentação probatória a imputação de omissão de receitas. DESPESAS NÃO COMPROVADAS: Cabe à contribuinte comprovar, através da apresentação de documentação hábil e idônea, a efetiva contratação/realização dos serviços contratados, ou mercadorias adquiridas, e de seus respectivos pagamentos. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. EXCLUSÃO DO LUCRO LÍQUIDO. DESPESAS OPERACIONAIS. Para que o contribuinte possa escriturar eventuais perdas, com origem em seus créditos, como despesas operacionais, é necessária a efetiva comprovação documental das perdas e que os créditos provisionados atendam às condições de dedutibilidade previstas na legislação. PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 73 39 26 /2 01 2- 25 Fl. 3644DF CARF MF 2 A contrapartida da constituição da provisão para créditos de liquidação duvidosa atualmente denominada "provisão para perdas estimadas" necessariamente transita pelo resultado contábil. A partir daí, temse que o valor de constituição a maior da referida provisão representou redução do resultado contábil da empresa, e, por conseguinte, do seu resultado fiscal, máxime por não ter sido infirmado pela empresa autuada, devendo ser afastada alegação de suposta presunção, sem suporte legal, por parte da fiscalização. POSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DO IMPOSTO. CONDIÇÕES. O reconhecimento da postergação somente é cabível quando se comprova que efetivamente a redução indevida da parcela do imposto de determinado período de apuração foi compensada com sua tributação em período posterior. Não comprovada referida tributação, impõese a manutenção do lançamento tributário. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratandose de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. Tratandose de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 CSLL. ADIÇÃO À BASE DO IRPJ. CABIMENTO. Com a manutenção do lançamento fiscal quanto à CSLL, sustentase o lançamento por falta de adição da referida contribuição social na base de cálculo do IRPJ (lucro real). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em superar as alegações de nulidade, e no mérito, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recuso voluntário para reconhecer a impossibilidade de exigência concomitante da multa de ofício e da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designada a Conselheira Livia De Carli Germano para redigir o voto vencedor. Declarouse impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Fl. 3645DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.645 3 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Daniel Ribeiro Silva. Ausente momentaneamente a Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Declarouse impedido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (DRJ/REC), que, por meio do Acórdão 1144.966, de 11 de fevereiro de 2014, manteve a autuação fiscal. O crédito tributário lançado se refere à exigência do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), devidos no anocalendário 2008, após constatação dos seguintes fatos geradores dos tributos aqui destacados: (i) omissão de receitas decorrente de faturas não contabilizadas. (ii) despesas não comprovadas. (iii) redução indevida do lucro líquido por falta de comprovação de perdas no recebimento de créditos. (iv) postergação de IRPJ e CSLL sem comprovação do efetivo pagamento em período posterior ao da ocorrência do fato gerador. (v) multa isolada por falta de pagamento de estimativa do IRPJ e da CSLL. (vi) CSLL, PIS e COFINS reflexos do IRPJ. Fl. 3646DF CARF MF 4 Por bem detalhado, principalmente em relação aos argumentos da impugnação, reproduzo o relatório constante no Acórdão da DRJ/REC: Contra a empresa acima mencionada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 2.969/2973 e, por decorrência, os de natureza reflexa constantes às fls. 2.980/2.983, 2.989/2.991 e 2.998/3.002 do presente processo, para exigência do crédito tributário referente ao anocalendário de 2008, adiante especificado: TRIBUTO Imposto/ Contrib. Juros de Mora Multa Proporcional Multa exigida isoladamente TOTAL IRPJ 14.670.342,47 5.498.444,36 11.002.756,85 5.499.345,83 36.670.889,51 CSLL 4.787.406,83 1.794.320,08 3.590.555,13 1.815.955,05 11.988.237,09 COFINS 262.788,16 121.683,19 197.091,13 581.562,48 PIS/PASEP 57.052,69 26.418,06 42.789,53 126.260,28 VALOR TOTAL 49.366.949,36 Os referidos Autos são decorrentes de fiscalização efetuada junto à empresa quando foram constatados os seguintes fatos de acordo com o “Relatório da Auditoria Fiscal do IRPJ e da CSLL com reflexos relativos ao PIS/PASEP e à COFINS” de fls. 3.009/3.019 : Omissão de receitas de vendas e serviços – Receitas não contabilizadas; Custos, despesas operacionais e encargos – despesas não comprovadas; Perdas no recebimento de créditos – Inobservância dos requisitos legais; Adições não computadas na apuração do Lucro Real – CSLL do período e Falta de recolhimento do IRPJ sobre base de cálculo estimada. Cientificada, a contribuinte apresentou impugnação às fls. 3.081/3.114, apresentando os seguintes questionamentos por tópicos estruturados de acordo com o mencionado “Relatório da Auditoria Fiscal” retromencionado: Infração 01 – Omissão de receita: Ausência da identificação da matéria tributável relativamente à omissão de receitas. Vício material do lançamento: Alega haver ausência da identificação da matéria tributável relativamente à omissão de receitas a ela imputada, postulando, por conseguinte, a nulidade do lançamento por afronta ao artigo 142 do Código Tributário Nacional, impedindo o seu pleno exercício do direito de defesa em desrespeito ao art. 5º , LV da Constituição Federal e aos arts. 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72. Aduz que “não houve qualquer prova ou mesmo indício veemente que corrobore a omissão de receitas imputada à contribuinte, tal como notas fiscais não contabilizadas, depósitos bancários sem origem comprovada ou acréscimo patrimonial a descoberto. É certo que, à exceção das presunções previstas em lei, cabe à Autoridade Fiscal comprovar efetivamente que determinada infração ocorreu, o que não foi o caso.” Prossegue alegando que os quadros elaborados pela autoridade fiscal não lhe permitiriam identificar como a fiscalização havia chegado ao valor de R$ 3.457.738,88, valor imputado pela fiscalização como omitido e nem em que contas estaria registrado. Fl. 3647DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.646 5 Erro na forma de apuração da receita omitida, alegação de não realização de auditoria. Vício material do lançamento: Afirma a contribuinte que para considerar uma omissão de rendimentos no montante de R$ 3.457.738,80, a autoridade fiscal não teria procedido a nenhuma análise da contabilidade, escrita fiscal, dos procedimentos de cobrança, circularização de terceiros ou qualquer outro meio para executar o trabalho de auditoria, qual seja, averiguar a ocorrência, fundamentada, de infração à legislação tributária federal. Alega, ainda, que o cometimento de três erros por parte da autoridade fiscal: havia sido utilizada como justificativa para o lançamento somente uma resposta a Termo de Intimação Fiscal da contribuinte para considerar a omissão de receita correspondente a 0,53% do faturamento declarado em DIPJ referente ao ano calendário de 2008; Não estariam claros os motivos pelos quais havia sido considerado correto o valor do faturamento constante em um único parágrafo de uma carta entregue pela contribuinte em detrimento de todos os documentos contábeis, escrita fiscal e demais declarações prestadas ao Fisco, e utilização de informações fornecidas pelo próprio contribuinte como único fundamento de autuação seriam adequadas ao procedimento de notificação de lançamento e não de lavratura de auto de infração, por dedução dos artigos 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72. Infração 0002 (1ª parte). Nulidade. Ausência da identificação da matéria tributável relacionada à glosa de despesas supostamente não comprovadas Em relação à glosa efetuada pela fiscalização relativamente a custos, despesas operacionais e encargos não comprovados, a contribuinte alega que a fiscalização não havia indicado de forma individualizada as motivações de cada glosa, fato que prejudicaria o seu direito de defesa, arguindo nulidade do lançamento por ausência de identificação da matéria tributável e por violação aos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/1972 e artigo 142 do CTN. Infração 0002 (2ª parte). Improcedência da “Glosa do Saldo da Conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa”. Argumenta a contribuinte que a autoridade fiscal lhe havia acusado de ter majorado indevidamente o saldo da conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa, por dedução/presunção a partir de um método contábil por ela (contribuinte) utilizado, não tendo havido análise depurada da conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa, não tendo havido auditoria específica da conta cujo saldo estaria majorado. Que não havia sido afirmado pela contribuinte que havia errado ao constituir a conta “Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa” mas sim reconhecido que o saldo desta conta estava majorado, o que poderia ter sido causado por erro na sua constituição mas também por erro na falta de sua baixa, após eventual recuperação do crédito provisionado. Ocorrendo a recuperação do crédito provisionado, a contribuinte poderia ter realizado o estorno da despesa, com lançamento “a crédito” e lançado a contrapartida diretamente, a “a débito”, na conta “Banco”, sem passar pela baixa da provisão, hipótese em que restaria esta conta majorada. Tal hipótese demonstraria que a autoridade fiscal não poderia ter realizado o lançamento “por dedução”, pois a infração apontada não era a única dedução possível em função da existência de um saldo majorado o que tornaria imprescindível a descrição da matéria tributável e a comprovação do fato gerador. Fl. 3648DF CARF MF 6 Requer seja considerada improcedente a glosa efetuada em virtude de ausência de demonstração da infração cometida. Infração 003. Improcedência da glosa de despesas com perdas de crédito até R$5.000,00 não recebidos.Postergação não considerada. Em relação à glosa dos créditos contabilizados como perdas em face do descumprimento ao requisito temporal constante do §1º, inciso II, alínea “a” do artigo 340 do RIR/99, afirma a impugnante que de acordo com a fl. 04 do Relatório de Auditoria, as faturas provisionadas pela contribuinte como crédito de liquidação duvidosa foram aquelas que até 31/12/2008 não haviam sido recuperadas, ou seja, não haviam sido pagas, parceladas e/ou refaturadas e que os valores ali indicados, haviam sido provisionados considerando a data de vencimento das respectivas faturas. Alega que a fiscalização, na apuração da glosa dos créditos registrados como perdas, em suposta violação ao citado art. 340 do RIR/99, teria adotado como metodologia glosar em cada um dos meses do anocalendário de 2008, as faturas cujo vencimento não tivesse ocorrido há seis meses, não tendo levado em consideração os efeitos da postergação. Aduz que nos anoscalendários de 2008 até 2012, sempre foi tributada pelo lucro real anual, apurado lucro em todos esses anos e recolhido IRPJ e CSLL e que a postergação decorreria cumulativamente da inobservância pelo contribuinte do regime de competência dos exercícios (via receita, rendimento ou lucro postergado – custo ou despesa antecipada) e do diferimento do tributo a recolher para outros meses ou anoscalendário. Conclui que teria havido postergação de imposto pela modalidade de antecipação de custos ou despesas (pois a glosa teria sido realizada tão somente com fundamento nos vencimentos mensais das respectivas faturas), a autoridade fiscal deveria ter procedido ao lançamento do imposto pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro períodobase a que o contribuinte tivesse direito, em decorrência da aplicação do disposto no §2º do art. 247 do RIR/99. Segundo a sua lógica, se no anocalendário de 2009 houve recolhimento do IRPJ e da CSLL e sendo os valores glosados passíveis de dedução após transcorridos 6 meses de seu vencimento, ao longo do anocalendário de 2009, todos os valores glosados em 2008 já seriam passíveis de dedução (pelo menos em junho de 2009) e tendo sido pago o IRPJ e CSLL neste anocalendário, restaria devidamente comprovada a postergação. Como tal, o lançamento do IRPJ e da CSLL teria sido realizado em desacordo com o determinado pelo art. 273 do RIR/99. Pondera não se tratar de hipótese em que a fiscalização tenha considerado inexistente a postergação mas de que a tenha desconsiderado por completo a determinação do art. 273 do RIR/99, devendo, por conseguinte ser cancelado o Auto de Infração em relação a esta matéria (linha 6.5 do Quadro 6 – “Glosa de Despesas com Perdas de Crédito até R$5.000,00 não recebidos”). Infração 03. Improcedência da acusação da linha 6.6 do quadro 6 –“Glosa de despesas com perdas de crédito maior do que R$5.000,00 não recebidos”. Postergação não considerada. Crédito tributário recolhido. A exemplo da infração a que se refere o item anterior, a infração a que se refere o presente item também corresponderia a glosa dos créditos que haviam sido contabilizados como perdas em face de suposto descumprimento temporal constante do §1º, inciso II do art. 340 do RIR/99, sendo que no presente caso, os fundamentos seriam as alíneas “b” e “c” do já citado art. 340 do RIR/99. Fl. 3649DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.647 7 Foram reproduzidos os mesmos argumentos apresentados no item anterior, solicitando da mesma forma, o cancelamento do respectivo lançamento nos moldes do PN COSIT nº 02/1996 para o IRPJ e CSLL, por não ter sido reconhecida pretensa postergação. Infração 005. Impossibilidade de aplicação concomitante de multa isolada e multa de ofício. Alega a impugnante ser incorreta a aplicação concomitante da multa isolada – sobre o saldo do tributo recalculado e não pago nas estimativas mensais – com a multa de ofício, consoante havia efetuado a autoridade fiscal conforme itens 2.5 (IRPJ) e 5.4 (CSLL) do Relatório de Auditoria Fiscal no valor total de R$7.315.300,88. Segundo seu entendimento, o artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 determinaria que a multa seja calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo e seus incisos I e II complementariam a sentença iniciada pelo caput, descrevendo como hipótese de incidência a configuração de falta de pagamento do tributo. Conclui “por inferência lógica” que os incisos se referem à mesma infração e que a aplicação de duas multas sobre a mesma infração configuraria dupla penalização por um mesmo fato, o que não seria aceito pela ordem jurídica. Pondera que havia realizado o recolhimento de todas as estimativas a que estava obrigada e que a autoridade fiscal ao efetuar o lançamento, “além de ter apurado o montante supostamente devido ao término do anocalendário, recalculou as estimativas mensais, adicionando as receitas supostamente omitidas.” Acrescentando que as insuficiências no recolhimento das estimativas haviam decorrido exclusivamente da recomposição dos valores mensais modificados pela inclusão de receitas supostamente omitidas, sendo indevida a exigência. Finaliza argumentando que a aplicação da multa sobre a falta de recolhimento das estimativas só se justificaria quando exigida dentro do próprio período de apuração das antecipações que haviam deixado de ser recolhidas vez que encerrado o período de apuração do tributo, a exigência de recolhimentos por estimativa deixaria de ter eficácia, por prevalecer a exigência apurada com base no balanço patrimonial encerrado ao final do anocalendário.Desaparecendo o bem jurídico tutelado pela norma sancionadora, no caso, as antecipações que deveriam ter sido recolhidas por estimativa, não haveria base para sua exigência. Outras infrações impugnadas: A impugnante questiona ainda a infração 0003 ao IRPJ e à CSLL referente à linha 6.4 Considerar como perda créditos de pessoa ligada (controlador, Estado de Pernambuco) em infração ao art. 340 do RIR/99, afirmando não ser verdade que toda essa provisão tivesse origem em créditos com seu controlador, o estado de Pernambuco, afirmando terem origem em dívidas de clientes outros das áreas pública e privada, em faturas de valor econômico reduzido. Aduz que se reconhecida a nulidade do lançamento ou improcedência das infrações anteriormente impugnadas, terseia por decorrência que o crédito tributário resultante da infração em referência seria compensável com o saldo de prejuízos acumulados de que dispunha em 31/12/2008, o qual conforme indicado no próprio Auto de Infração do IRPJ, totalizaria R$10.911.155,96. Dessa forma, o crédito tributário decorrente desta infração deveria ser recalculado, razão pela qual esta infração é igualmente impugnada bem como a relativa à apuração da CSLL. Fl. 3650DF CARF MF 8 Requerimentos finais: A contribuinte encerra sua impugnação requerendo: A) Em relação à infração 001: Seja reconhecida a nulidade do lançamento relativamente à suposta omissão de receita em virtude da ausência de identificação da matéria tributável e erro na forma de apuração em afronta ao art. 142 do CTN, impedindo o pleno exercício do direito de defesa; B) Em relação à infração 002 requer a nulidade do lançamento do IRPJ e CSLL no que diz respeito à glosa de custos, despesas e encargos supostamente não comprovados por violação aos arts 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72 e art. 142 do CTN e seja julgado improcedente o lançamento por glosa de perda com créditos não liquidados em virtude da ausência de demonstração da infração cometida; C) Em relação à infração 003: Seja reconhecida a postergação tributária ocorrida e, em conseqüência, seja cancelado o presente lançamento nos moldes do PN COSIT nº 02/1996, para o IRPJ e CSLL, em relação às matérias tributáveis indicadas nas linhas 6.5 e 6.6 do Quadro 6 – “Glosa de Despesas com Perdas de Crédito de até R$5.000,00 e maiores do que R$5.000,00, não Recebidos”; D) Em relação à infração 003 relativa à glosa de perda com créditos de pessoa ligada, seja, por decorrência da procedência dos períodos anteriores, compensado o respectivo crédito com o saldo de prejuízos acumulados indicado/utilizado no lançamento pela autoridade fiscal; E) Em relação à infração 004, requer a sua improcedência por reflexo e decorrência dos pedidos anteriores; F) Em relação à infração 005, seja cancelada a multa isolada relativamente às estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, vez que não se poderia aplicar esta penalidade em concomitância à multa de ofício, e G) Em relação a todos os demais créditos tributários, reflexos das infrações já impugnadas, sejam por efeito e decorrência dos pedidos anteriores, integralmente cancelados ou julgados improcedentes, conforme o caso. Protesta, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova, inclusive por juntada posterior de documentos. A DRJ/REC manteve integralmente o lançamento fiscal, com base na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REQUISITOS ESSENCIAIS. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de nulidade do procedimento fiscal. APRESENTAÇÃO DE PROVA: O momento oportunizado pela legislação para apresentação de prova no processo administrativo fiscal é quando da apresentação da impugnação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 Fl. 3651DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.648 9 OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS: Constatado pela fiscalização a existência de faturas não contabilizadas e não tendo a contribuinte apresentado provas que infirmassem o lançamento, mantémse o crédito tributário lançado na íntegra. DESPESAS NÃO COMPROVADAS: Cabe à contribuinte comprovar, através da apresentação de documentação hábil e idônea, a efetiva realização dos serviços contratados, ou mercadorias adquiridas, e de seus respectivos pagamentos PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. EXCLUSÃO DO LUCRO LÍQUIDO. DESPESAS OPERACIONAIS. Para que o contribuinte possa escriturar eventuais perdas, com origem em seus créditos, como despesas operacionais, é necessária a efetiva comprovação documental das perdas e que os créditos provisionados atendam às condições de dedutibilidade previstas na legislação. POSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DO IMPOSTO. CONDIÇÕES. Considerase postergada a parcela do imposto relativo a determinado períodobase, quando efetiva e espontaneamente paga em períodobase posterior. A redução indevida do lucro líquido de um períodobase, sem qualquer ajuste pelo pagamento espontâneo do imposto em período base posterior, nada tem a ver com postergação, cabendo a exigência do imposto correspondente, com os devidos acréscimos legais. Ajuste que deve ser comprovado e não apenas alegado. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais do imposto, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista na Lei nº 9.430/96. MULTA ISOLADA. MULTA PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não recolhimento das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional referente ao IRPJ devido e não pago ao final do período, haja vista as respectivas hipóteses de incidência cuidarem de situações distintas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 POSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. CONDIÇÕES. Considerase postergada a parcela da CSLL relativa a determinado período base, quando efetiva e espontaneamente paga em períodobase posterior. A redução indevida do lucro líquido de um períodobase, sem qualquer ajuste pelo pagamento espontâneo da contribuição em período base posterior, nada tem a ver com postergação, cabendo a exigência da contribuição Fl. 3652DF CARF MF 10 correspondente, com os devidos acréscimos legais. Ajuste que deve ser comprovado e não apenas alegado. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais da CSLL, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista na Lei nº 9.430/96. MULTA ISOLADA. MULTA PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não recolhimento das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional referente à CSLL devida e não paga ao final do período, haja vista as respectivas hipóteses de incidência cuidarem de situações distintas. TRIBUTAÇÃO REFLEXA PIS, COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO: A tributação reflexa deve, em relação ao respectivo Auto de infração, acompanhar o entendimento adotado quanto ao principal, em virtude da íntima relação dos fatos tributados. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Insatisfeita com a decisão de piso, a empresa autuada ingressou com o tempestivo Recurso Voluntário (efls. 3.508 a 3.545) ciência pessoal do Acórdão da DRJ, em 07/03/2014 (efl. 3.504); e protocolização do Recurso Voluntário em 28/03/2014 (efl. 3.572), trazendo basicamente os mesmos argumentos já enfrentados pela instância a quo. Entretanto, apresentou novo argumento em relação à infração 3, que descrevo abaixo: Infração 003. Nulidade. Ausência da identificação da matéria tributável relacionada à glosa de despesas com perdas de créditos A recorrente pede pela nulidade desta infração, uma vez que a fiscalização não discriminou destacadamente quais faturas foram objeto da glosa fiscal, o que não a permitiu a identificação da matéria tributável nos termos do art. 142 do CTN, e afrontando assim o disposto nos arts. 10 e 59 do Decreto nº 70.235/1972. Após isso, o processo foi remetido a este CARF, cabendo a mim sua relatoria. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Fl. 3653DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.649 11 O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. PRELIMINAR DE NULIDADE Infração 01 – Omissão de receita: Ausência da identificação da matéria tributável relativamente à omissão de receitas. Vício material do lançamento. A recorrente pleiteia a nulidade da autuação em relação à infração 0001 (1ª parte) que decorre de omissão de receitas. Afirma que a fiscalização não demonstra a origem da omissão de receitas imputada ao sujeito passivo, uma vez que o lançamento fiscal foi efetuado de maneira consolidada/fechada/global, não permitindo à empresa a correta identificação de como a fiscalização chegou ao valor supostamente omitido de R$ 3.457.738,88. Pugna pela ausência de identificação da matéria tributável, constituindo afronta ao art. 142 do CTN e causando o cerceamento de sua defesa. Entendo que não tem razão a recorrente. De início, convém ressaltar que a fiscalização utilizou os arquivos digitais fornecidos pela própria empresa fiscalizada, ou seja, não foram utilizados dados fornecidos por terceiros. Sendo assim, uma eventual proposta de confirmação dos dados fornecidos como circularização de terceiros, por exemplo não seria necessária. Além disso, a matéria tributável está corretamente identificada. Apesar da fiscalização acostar no Relatório da Auditoria Fiscal do IRPJ e da CSLL, com Reflexos Relativos ao PIS/PASEP e à COFINS (Relatório Fiscal), que acompanha o auto de infração, uma tabela com valores consolidados, seguem anexadas ao referido auto de lançamento as tabelas 4 (efls. 3020 e 3021) e 10 (efls. 3026 e 3027), que discriminam mensalmente os valores de receita auferida pela recorrente, que contempla o montante de R$ 657.363.339,30. Vejase: Fl. 3654DF CARF MF 12 Como a fiscalização bem observou, os dados da receita auferida pela fiscalizada foram extraídos das contas contábeis 310.1 e 301.2, em relação ao período de 01/01/2008 a 31/10/2008; e das contas contábeis 311 e 312, em relação ao período de 01/11/2008 a 31/12/2008. Desta forma, o lançamento está revestido das imposições trazidas pelo art. 142, do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Interessante é que a recorrente argumenta que a fiscalização deveria comprovar que efetivamente houve omissão de receitas, mas se esquece de que ela própria forneceu os dados a partir dos quais a fiscalização efetuou o lançamento tributário. Erro na forma de apuração da receita omitida, alegação de não realização de auditoria. Vício material do lançamento. A recorrente alegou cerceamento de seu direito de defesa referente à infração 0001 (2ª parte). Compete frisar que o art. 59, do Decreto 70.235/1972, é quem estabelece as hipóteses de nulidade do auto de infração: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 3655DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.650 13 Também não entendo estar presente a referida restrição, pois, conforme tratado acima, a recorrente é quem forneceu os elementos que foram utilizados pela fiscalização para o lançamento fiscal, razão pela qual tal alegação deve ser afastada. Por fim, alega a recorrente que o lançamento deveria ser feito por notificação de lançamento, e não por auto de infração. Incorreta está a conclusão da recorrente. O auto de infração decorre de procedimento fiscal, em que a autoridade tributária apura fatos geradores de tributos que deveriam ser declarados e recolhidos. A notificação de lançamento, por sua vez, não depende de procedimento de fiscalização na empresa. Basta uma análise dos dados fornecidos pela empresa vistoriada para que a autoridade fiscal emita tal notificação. Como exemplo, valores declarados em DCTF e não recolhidos são exigidos por meio de notificação de lançamento, pois não necessitam de uma análise mais detalhada da fiscalização. A recorrente não declarou os valores divergentes apurados nesta infração, logo a Receia Federal não conseguiria exigir a obrigação tributária a partir da análise de seus sistemas, necessitando enviar uma autoridade fiscal à empresa para confirmar a divergência e efetuar o lançamento, corretamente, por meio de auto de infração. Nesse sentido, afasto o pedido de nulidade quanto a esta infração. Infração 0002 (1ª parte). Nulidade. Ausência da identificação da matéria tributável relacionada à glosa de despesas supostamente não comprovadas A recorrente pleiteia a nulidade desta infração trazendo os mesmos argumentos apresentados na infração de omissão de receitas. Alega que a fiscalização elaborou planilha consolidada com os valores a serem lançados, não permitindo uma análise detalhada sobre quais valores foram mantidos e quais foram exonerados do lançamento, uma vez que a fiscalização afirmou que parte dos valores, que se referiam a despesas comprovadas, não seriam objeto de autuação. Com isso, também estaria violado seu direito de defesa. Pois bem. Entendo que este argumento da recorrente também merece ser afastado. A fiscalização intimou a empresa a apresentar justificativa em relação à divergência existente entre os valores de despesas constantes nos arquivos contábeis fornecidos pela própria empresa e os valores informados na DIPJ 2009, ac 2008, conforme se pode verificar de trecho do Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 11/06/2012 (efls. 449 e 450): 1.1 Foi informado na linha 30 "Serviços Prestados por Pessoa Jurídica", da Ficha 04A Custos dos Bens e Serviços Vendidos PJ em Geral", da DIPJ 2009, o valor de R$ 237.002.629,92. Entretanto, ao analisarmos os arquivos digitais que foram enviados para o SPED, constatamos que esse contribuinte não relacionou nenhuma conta do seu plano de contas à conta "3.01.01.0301.15.00 Serviços Fl. 3656DF CARF MF 14 Prestados por Pessoa Jurídica", do plano de contas referencial, previsto no ADE COFIS nº 20/09. 2. Em vista dessas constatações, fica o contribuinte acima identificado INTIMADO a, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da ciência deste termo: 2.1 Quanto ao item 1.1, acima, informar quais contas contábeis foram consideradas para se chegar ao valor de R$ 237.002.629,92; 2.2 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7F4.017.01744.310.000000 FORÇA", caracterizados em anexo; 2.3 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7F3.064.02249.310.000000 FORÇA", caracterizados em anexo; 2.4 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7F2.041.01645.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS", caracterizados em anexo; 2.5 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7D4.142.02292.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS", caracterizados em anexo; 2.6 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7E4.106.02417.310.000000 FORÇA", caracterizados em anexo; 2.7 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7J4.030.01252.310.000000 FORÇA", caracterizados em anexo; 2.8 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7L2.339.02720.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS ", caracterizados em anexo; 2.9 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7M2.340.02748.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS ", caracterizados em anexo; 2.10 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "41130309 LUZ E FORÇA", caracterizados em anexo. No referido Termo, a fiscalização anexou as contas contábeis citadas acima, para que a empresa tivesse ciência dos valores questionados pela fiscalização. Na resposta de 21/06/2012 (efl. 498), a empresa apresentou cópias de contas energia lançadas como "FORÇA" em resposta aos itens 2.2, 2.3, 2.6 e 2.7 do Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 11/06/2012. Fl. 3657DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.651 15 Em razão de resposta parcial ao referido Termo, a empresa foi novamente intimada a apresentar documentos faltantes, por meio do Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 01/08/2012 (efls. 524 e 525): 1.1 Até a presente data, o "Termo de Constatação e Intimação Fiscal", de 11.06.12, ainda não foi integralmente atendido. 2. Em vista dessa constatação, fica o contribuinte acima identificado REINTIMADO a, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da ciência deste termo: 2.1 informar quais contas contábeis foram consideradas para se chegar ao valor de R$ 237.002.629,92, informado na linha 30 "Serviços Prestados por Pessoa Jurídica", da Ficha 04A Custos dos Bens e Serviços Vendidos PJ em Geral", da DIPJ 2009; 2.2 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7F2.041.01645.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS", caracterizados em anexo; 2.3 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7D4.142.02292.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS", caracterizados em anexo; 2.4 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7L2.339.02720.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS ", caracterizados em anexo; 2.5 Entregar original ou cópia autenticada da documentação hábil e idônea que justifique os lançamentos contábeis efetuados na conta "410.123.7M2.340.02748.301.000000 SERV. DE CONS. E MANUT. DE SISTEMAS ", caracterizados em anexo. Em todas as intimações, a fiscalização deixava claro que a empresa não tinha atendido integralmente ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 11/06/2012. A documentação apresentada pela empresa foi aceita pela fiscalização como comprovação das despesas solicitadas, com exceção de algumas notas fiscais que, apesar de constar nas respostas como apresentadas, não foram juntadas. Desta forma, resta claro que as respostas da própria empresa, e a convalidação pela fiscalização dos documentos apresentados, demonstram quais são os documentos que foram aceitos como comprovantes das despesas solicitadas. Por outro lado, a documentação que não foi apresentada pela recorrente serviu de base de lançamento nesta infração. A indicação da matéria tributável tornase mais presente na planilha do Quadro 5 (efls. 3022 e 3023), que acompanha o Relatório Fiscal do auto de infração, a partir da qual a fiscalização demonstra quais são os valores, por mês, que fazem parte do lançamento fiscal: Fl. 3658DF CARF MF 16 Como visto, a fiscalização intimou mais de uma vez a empresa para apresentar esclarecimentos e documentação hábil e idônea que comprovasse as despesas constantes na conta contábil "3.01.01.0301.15.00 Serviços Prestados por Pessoa Jurídica", mas não logrou êxito na obtenção da documentação. Para ser contabilizada uma despesa e ainda não estou me adentrando na discussão de dedutibilidade fiscal , a empresa deve estar de posse de documentação mínima comprobatória de sua existência: nota fiscal, comprovante de pagamento, comprovante de transporte (no caso de mercadorias), comprovação da efetividade do serviço (no caso de serviços), etc.. Além disso, para que seja considerada dedutível para fins fiscais, a despesa deve se enquadrar nos requisitos de necessidade, usualidade e normalidade às atividades da empresa. E tal documentação somente pode ser fornecida por quem a aproveitou, qual seja, a empresa que se utiliza desta permissão legal. Não é a fiscalização que deve comprovar que a despesa não existiu, mas sim a empresa quem deve fornecer os elementos necessários à certeza de sua ocorrência e, para fins fiscais, da necessidade às atividades desenvolvidas por ela. É de se reparar que os valores da planilha de lançamento estão destacados por conta contábil e por mês, o que facilitaria a verificação por parte da recorrente sobre quais documentos deveria apresentar. Repisese que é a empresa quem deveria saber quais são as despesas que estão contabilizadas nas referidas contas contábeis. Entretanto, prefere a recorrente permanecer no campo das alegações e atribuir à fiscalização uma responsabilidade que não é seu dever legal. Isto posto, afasto o pedido de nulidade. Infração 003. Nulidade. Ausência da identificação da matéria tributável relacionada à glosa de despesas com perdas de créditos Como já tratado no relatório acima, a recorrente inova em suas razões de recorrer, ao trazer argumento que não havia sido levantado na impugnação. Poderseia fundamentar o afastamento da pretensão da recorrente em socorro à preclusão processual contida no art. 17 do Decreto nº 70.235/1972: Fl. 3659DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.652 17 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Entretanto, na eventual possibilidade de reconhecimento de ofício, uma vez que o questionamento aqui trazido também foi apresentado em relação às infrações 1, 2 (1ª parte) e 3, e, por fim, em respeito aos membros do Colegiado, não vejo problemas em adentrar à questão postulada. Como já apresentado em relação às infrações destacadas acima, a própria recorrente é quem apresentou todos arquivos de que partiu a fiscalização, para efetuar o lançamento fiscal. Observo que as intimações fiscais lavradas durante o procedimento fiscal e os quadros anexados ao auto de infração demonstram que a fiscalização sempre utilizou como base de lançamento os valores divergentes entre o que fora contabilizado pela recorrente e os valores constantes em seus arquivos digitais. Mister não olvidar que não é a fiscalização quem deve comprovar que a despesa não existiu, mas sim a empresa quem deve fornecer os elementos necessários à certeza de sua ocorrência e, para fins fiscais, da necessidade às atividades desenvolvidas por ela. Diante disso, afasto o pedido de nulidade. MÉRITO Infração 0002 (2ª parte). Improcedência da “Glosa do Saldo da Conta Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa”. A recorrente aduz que a fiscalização partiu de uma informação concreta para inferir uma informação desconhecida, sem ter base legal para tanto, vejase: 1) O lançamento a crédito da conta ativa redutora de "Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa" (conta nº 11125003) tem como contrapartida um débito na conta de resultado "Perdas de Créditos não Liquidados" (conta nº 41300009) 2) Como a recorrente confirmou que havia um saldo a maior de R$ 1.093.972,76, em 31/12/2008, na conta de "Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa" (conta nº 11125003), a fiscalização deduziu que a conta de resultado foi reduzida no mesmo montante, razão pela qual efetuou o lançamento fiscal. Veja o trecho constante no Relatório da Auditoria Fiscal do IRPJ e da CSLL, com Reflexos Relativos ao PIS/PASEP e à COFINS (Relatório Fiscal), que trata da referida infração: Fl. 3660DF CARF MF 18 A recorrente apresenta em seu recurso voluntário as seguintes razões: Entendo que tem não razão a recorrente. Antes, porém, de adentrar nas razões de minha convicção, convém observar que a nova contabilidade baseada nas normas internacionais editadas pelo IASB (International Accounting Standards Board), que é um instituto que tem como objetivo fixar regras contábeis internacionais trata como provisão apenas os valores que aumentam o passivo contábil, e definem as reduções de ativo como perdas estimadas. É o que define o CPC 25, que trata das Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e que correlaciona com as Normas Internacionais de Contabilidade constantes no IAS 37. 7. Este Pronunciamento Técnico define provisão como passivo de prazo ou valor incertos. Em alguns países o termo “provisão” é também usado no contexto de itens tais como depreciação, redução ao valor recuperável de ativos e créditos de liquidação Fl. 3661DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.653 19 duvidosa: estes são ajustes dos valores contábeis de ativos e não são tratados neste Pronunciamento Técnico. Assim, devese entender a citação à "provisão de créditos de liquidação duvidosa" como "perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa". Pois bem. Segundo os ensinamentos de Silvério das Neves e Paulo Viceconti1, o termo "Provisão" referese a despesas com perdas de ativos ou com a constituição de obrigações que, embora já tenham seu fato gerador contábil já ocorrido, não podem ser medidas com exatidão e têm, portanto, caráter estimativo. Sua constituição decorre da aplicação do Princípio Contábil da Oportunidade, que dispõe sobre o momento do reconhecimento das variações patrimoniais, e do Princípio Contábil do Conservadorismo (Prudência), que determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo. Quanto à provisão para créditos de liquidação duvidosa, definem os autores que É uma provisão que deve ser constituída por empresas que realizam vendas a prazo e assumem o risco de eventuais perdas no recebimento de seus créditos que não possuam reserva de domínio, alienação fiduciária em garantia, ou garantia real (hipoteca, penhor e anticrese) 2. Por sua natureza de indefinitividade, a legislação fiscal determinou a anulação dos efeitos da constituição das provisões e, excepcionalmente e taxativamente, a legislação elencou algumas provisões que poderiam gerar efeito fiscal, qual seja, redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que não é o caso da provisão aqui discutida. Em regra, a provisão para créditos de liquidação duvidosa é contabilizada como uma conta redutora de ativo (direito), pois tende a reduzir o valor que uma empresa tem como crédito perante terceiros. Como contrapartida, o lançamento contábil se dá como uma despesa no resultado. Desta forma, não entendo que a fiscalização tenha presumido a influência no resultado da contabilização da provisão, pois, como visto, esta é uma regra contábil que inevitavelmente deve ser aplicada. Não obstante, há casos em que os lançamentos contábeis de constituição de provisão não transitam pelo resultado, porque se opta por contabilizar os lançamentos, de reversão de provisão (receita) de período de anterior e de constituição de nova provisão no período corrente, pelo saldo existente entre os lançamentos (net). Em razão disso, o valor de despesa contábil não corresponde ao valor da provisão constituída. Entretanto, a empresa deve comprovar que houve reversão de provisão constituída no período imediatamente anterior e que efetuou a contabilização pelo net, demonstrando ainda os ajustes fiscais no Lalur. Portanto, esta forma de contabilização não afasta a premissa de que a contrapartida da constituição de uma provisão de créditos de liquidação duvidosa se dá como uma despesa no resultado contábil. 1 in Contabilidade Avançada e análise das demonostrações financeiras, 16ª edição, p. 69 2 in Contabilidade Avançada e análise das demonostrações financeiras, 16ª edição, p. 73 Fl. 3662DF CARF MF 20 Como exemplo, trago por hipótese caso em que uma empresa contabiliza, no marco zero, uma provisão de 100 (a crédito no ativo), com contrapartida de 100 (a débito no resultado). No ano 1 (que, no caso deste processo, corresponderia ao período de lançamento do auto de infração), estorna toda esta provisão, e constitui nova provisão. Em relação a essa nova provisão, a empresa poderia contabilizar de duas formas, sendo que trarei 3 exemplos com valores diferentes para a nova provisão, para facilitar a didática: 1) Regra 1 trânsito de todos os lançamentos pelo resultado contábil Nova Provisão = 100 1.1) Desconstituição da provisão contabilização de 100 (a débito no ativo). 1.2) Constituição de nova provisão de 100 contabilização de 100 (a crédito no ativo). Resultado contrapartida de 100 (a crédito no resultado) e de 100 (a débito no resultado). 2) Regra 2, Exemplo 1 trânsito pelo resultado contábil somente do saldo (net) das provisões (desconstituição e constituição) Nova Provisão = 120 2.1) Desconstituição da provisão anterior de 100 contabilização de 100 (a débito no ativo) 2.2) Constituição de nova provisão de 120 contabilização de 120 (a crédito no ativo) Resultado contrapartidas no resultado de 20 (a débito no resultado), que é o resultado da subtração de 120 (a débito no resultado) e 100 (a crédito no resultado). 3) Regra 2, Exemplo 2 trânsito pelo resultado contábil somente do saldo (net) das provisões (desconstituição e constituição) Nova Provisão = 100 3.1) Desconstituição da provisão anterior de 100 contabilização de 100 (a débito no ativo) 3.2) Constituição de nova provisão de 100 contabilização de 100 (a crédito no ativo) Resultado com contrapartida no resultado de 0 (ou seja, sem contrapartida no resultado), que é o resultado da subtração de 100 (a débito no resultado) e 100 (a crédito no resultado). Como demonstrado, o saldo da conta ativa redutora de provisão para créditos de liquidação duvidosa nem sempre pode integralmente transitar pelo resultado. Entretanto, esta forma de contabilização (somente pelo saldo) não serve para afastar o lançamento desta infração. Isto porque a empresa também não demonstrou que eventual reversão da provisão constituída em período anterior foi contabilizada pelo saldo. Fl. 3663DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.654 21 Outro ponto que deveria ser demonstrado pela recorrente referese ao efeito da constituição da provisão na base de lançamento para o IRPJ. O referido imposto é calculado como base no lucro real, que parte do lucro líquido calculado segundo as normas contábeis, mas que deverá ser ajustado (lucro contábil) no livro de apuração do lucro real (Lalur). Além de reconhecer que a provisão foi indevidamente constituída a maior, a empresa não demonstrou que sua contrapartida no resultado (como despesa) teve seus efeitos fiscais anulados, a partir da comprovação da sua adição no Lalur. Desta feita, voto por negar provimento quanto a este ponto. Infração 003. Improcedência da glosa de despesas com perdas de créditos não recebidos. Postergação não considerada. Questiona a recorrente que a fiscalização deixou de considerar os efeitos da postergação decorrentes das perdas de créditos não recebidos créditos com pessoas vinculadas, créditos abaixo de R$ 5.000,00 e créditos acima de R$ 5.000,00 . Entendo que somente deve ser avaliado se a empresa efetivamente tributou posteriormente as perdas baixadas no ano de 2008. Em se confirmando a tributação, devese concluir que a fiscalização deixou de considerar os efeitos da postergação. Pois bem. Pelo que consta no processo, a recorrente alterou seus sistemas contábeis no referido ano de 2008. Assim, teve grandes dificuldades em atender a fiscalização, principalmente em relação à apresentação de arquivos digitais e à prestação de esclarecimentos decorrentes de cotejamento entre contas contábeis de que tratam este tópico. E, em razão dessa dificuldade, percebese que a fiscalização concedeu prazos extremamente dilatórios à empresa fiscalizada, para que atendesse a contento o pedido fiscal. Mesmo diante da postergação contumaz do atendimento à fiscalização, a autoridade fiscal deixou de agravar a multa de ofício, talvez por entender que os esclarecimentos haviam sido prestados, embora a documentação não deixasse o trabalho ser desenvolvido como desejado. Entretanto, em relação à falta de demonstração da efetiva tributação das perdas com créditos que não seguiam os ditames do artigo 340 do RIR/99, percebi que a fiscalização não teve outra alternativa a não ser lavrar o competente auto de infração em relação à baixa dos créditos de liquidação duvidosa. É de se reparar que a própria recorrente confessa que tais créditos foram indevidamente baixados do seu resultado contábil, e, por conseguinte, do resultado fiscal. O que se pede é que sejam considerados os efeitos da postergação do IRPJ e da CSLL. Entretanto, como se pode ver dos documentos acostados no processo, não há nenhum elemento de concretude que possa provar a efetiva tributação, em períodos posteriores, das perdas baixadas em 2008. Fl. 3664DF CARF MF 22 Pior! O Lalur de 2008 prova o contrário! É obvio que os valores de R$ 3.892,49, R$ 56.586.797,00 e R$ 1.539.679,58 não foram adicionados na parte A do Lalur, uma vez que a própria empresa confessou que os valores foram deduzidos do lucro real e da base de cálculo da CSLL no ano de 2008. Não obstante isso, os valores acima deveriam ser controlados na parte B do referido livro, para serem adicionados na parte A do Lalur no período de sua tributação. Mas, isso não ocorreu! Conforme se observa da parte B do Lalur (efls 59 e 60), em relação à Base de Cálculo Negativa e ao Lucro Real, respectivamente, somente há um lançamento devedor de R$ 3.187.744,55 que trata da utilização de base de cálculo negativa e de prejuízo fiscal para compensação com a base de cálculo da CSLL e com o Lucro Real apurados no ano de 2008, não tendo alguma pertinência com o valor aqui discutido. Assim, é de se concluir que a própria recorrente não tinha interesse em controlar os débitos baixados da apuração fiscal para posterior inclusão na base de tributação do IRPJ e da CSLL. Além disso, os efeitos da postergação somente são possíveis de acordo com o disposto no art. 273, do RIR/99: Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). No caso, a empresa sequer demonstrou em qual período a redução indevida do lucro real foi compensada com a tributação da perda. Tampouco se aplica ao caso, as disposições contidas no Parecer Normativo COSIT nº 02, de 28/08/1996, pelas mesmas razões acima aduzidas. Sendo assim, incabível a aplicação da postergação a esta infração. Fl. 3665DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.655 23 Parecer do IPAD Na data de 23/10/2014, a recorrente anexa, intempestivamente, a este processo um Parecer elaborado pelo Instituto de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Técnico e Científico IPAD. No parecer, a recorrente questiona aos técnicos sobre os efeitos da postergação na dedução, como perdas, de faturas de água e esgoto não pagas pelos consumidores na data do vencimento. Após estudo sobre o programa GSAN (Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento da Compesa), a partir da pergunta formulada pela recorrente, concluiuse o seguinte: Não obstante a conclusão acima, o referido parecer apenas atesta que não houve dedução duplicada em relação às provisões para crédito de liquidação duvidosa. Entretanto, não foi essa acusação que foi atribuída à recorrente. A fiscalização autuou a empresa por deduzir indevidamente créditos que ainda não poderiam ter sido considerados como perda para fins da legislação fiscal, pois desrespeitados os prazos previstos na lei fiscal. A recorrente, por sua vez, não traz nenhum elemento mais concreto de que houve efetivamente a postergação do tributo. Além disso, o sistema do qual que se serve a recorrente apresenta equívocos, sim, pois não deveria permitir a contabilização como perda de uma provisão que ainda não se permitiu sua dedução fiscal. Indago: Não houve nenhuma crítica ou uma mera indicação do sistema de que o procedimento utilizado pela recorrente estava incorreto? Desta forma, nego provimento quanto a este ponto. Infração 005. Impossibilidade de aplicação concomitante de multa isolada e multa de ofício. Fl. 3666DF CARF MF 24 A recorrente pugna pelo afastamento da aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício. Na atual formação desta turma ordinária, sou vencido neste ponto por entender que as multas isolada e de ofício podem ser aplicadas concomitantemente, a partir do anocalendário de 2007, em face da alteração dispositiva promovida pela Lei nº 11.488/2007 na redação do art. 44 da Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Podese extrair da redação atual da lei que o legislador permitiu a aplicação concomitante das multas isolada e de ofício. Por outro lado, alguns julgadores entendem que as multas podem ser aplicadas em um mesmo procedimento fiscal, entretanto esta permissão não contempla a concomitância. É a chamada Teoria da Consunção, monetizada pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, que permite a aplicação da multa isolada somente no montante de base de cálculo que ultrapassa a base de cálculo da multa de ofício. Com a devida venia, não entendo desta forma. Desta feita, voto por negar provimento quanto a este ponto. Outras infrações impugnadas: Glosa de baixa de créditos com empresas ligadas A recorrente alega que as empresas devedoras não eram ligadas a ela. Além disso, pede que eventual crédito mantido nesta infração seja compensado com prejuízo fiscal acumulado em 31/12/2008. Vejamse suas razões: Fl. 3667DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.656 25 A recorrente faz a alegação de que não é verdade que toda essa provisão tinha origem em créditos com seu controlador. Entretanto, não traz nenhum elemento adicional para que seu pleito possa ser atendido. Outrossim, pede que seja aproveitado prejuízo fiscal acumulado em 31/12/2008, mas se esquece de que todo o prejuízo fiscal contido no ano de 2008 foi utilizado pela fiscalização, na lavratura do auto de infração, inclusive para reduzir o lançamento desta infração. Como se pode observar no auto de infração de IRPJ (efl. 2979), no início do ano de 2008, a empresa possuía prejuízo fiscal de R$ 16.244.604,99 (linha 1.2.). No encerramento do ano de 2008, a empresa apurou lucro real e se compensou de 30% do lucro real apurado. Assim, o prejuízo fiscal utilizado foi de R$ 5.333.449,03, restando um saldo de prejuízo fiscal de R$ 10.911.155,96. Na autuação fiscal, a fiscalização utilizou todo o saldo existente em 31/12/2008 (R$ 10.911.155,96) para compensar parte do valor lançado do auto de infração, que também contempla a infração aqui discutida. Assim, não tem razão a recorrente, devendo seu pedido ser negado. Adições não computadas no Lucro Real CSLL em decorrência do lançamento fiscal A empresa pede, por decorrência e reflexo dos pedidos de nulidade e improcedência das infrações constantes neste lançamento, que seja anulada a autuação quanto à adição da CSLL na base de cálculo do IRPJ, por obrigação legal. Quanto à adição da CSLL na base de cálculo do IRPJ, convém observar que o fato gerador do imposto de renda está determinado pelo art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; Fl. 3668DF CARF MF 26 II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. A base de cálculo do imposto de renda, por sua vez, é o lucro real, que parte do lucro líquido da empresa e sofre alguns ajustes determinados ou permitidos por lei para que se chegue (ou se aproxime) na(à) verdadeira aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos. Conforme redação do inciso IX do parágrafo único do art. 249 do RIR/99, que tem como base legal o caput e o parágrafo único do art. 1º da Lei 9.316/1996, temse o seguinte: Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º): (...) Parágrafo único. Incluemse nas adições de que trata este artigo: (...) IX o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo ou despesa operacional (Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, art. 1º, caput e parágrafo único); Assim, em decorrência legal, a CSLL deve ser adicionada ao lucro real. Como os lançamentos quanto à CSLL foram mantidos por reflexos do IRPJ, tenho que a pleiteada exoneração da adição da CSLL lançada neste auto de infração no lucro real deve ser afastada, mantendose o lançamento da CSLL na sua integralidade. Em continuidade, observo que a recorrente não traz mais nenhum questionamento quanto à própria CSLL, como, por exemplo, a replicação dos ajustes fiscais no lucro real para a base de cálculo da CSLL. Desta forma, aplicase também à CSLL as decisões relativas ao IRPJ, devendo serem mantidas todas as infrações. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de SUPERAR as alegações de nulidade, e no mérito, NEGAR provimento ao recurso voluntário, conforme os fundamentos acima aduzidos. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 3669DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.657 27 Voto Vencedor Conselheira Livia de Carli Germano Redatora Designada Fui designada para redigir o voto vencedor e respectiva ementa exclusivamente com relação à multa isolada. A Recorrente sustenta a impossibilidade de aplicação de multa isolada de 50% por falta de antecipação das estimativas mensais de IRPJ e CSLL. Ressalto que, sendo o caso de lançamento relativo ao anocalendário de 2008, entendo não ser aplicável a Súmula CARF n. 105, uma vez que esta trata da redação da Lei 9.430/1996 na redação anterior à Lei 11.488/2007, e a multa isolada foi lançada com base no artigo 44, II, b da Lei 9.430/1997, com redação dada pela Lei 11.488/2007. Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Pois bem. Sobre a matéria, tenho me filiado ao posicionamento de longa data adotado pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, desta Turma. Segundo este entendimento, a multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor; não obstante, pelo princípio da absorção ou consunção, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na exata medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo, já que esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. É a máxima do direito punitivo que, para uma mesma conduta devese aplicar uma só punição. A título ilustrativo reproduzo trecho do acórdão 120100.235, de 7 de abril de 2010, da lavra do ilustre Conselheiro: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. Fl. 3670DF CARF MF 28 A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. Fl. 3671DF CARF MF Processo nº 10480.733926/201225 Acórdão n.º 1401001.923 S1C4T1 Fl. 3.658 29 É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Assim, consideramos imperioso verificar se houve, em relação aos fatos que ensejaram a autuação de multas isoladas, também a imposição de multa proporcional e em que medida. O valor tributável é o mesmo (R$ 15.470.000,00). Isso, contudo, não implica necessariamente numa perfeita coincidência delitiva, pois pode ocorrer também que uma omissão de receita resulte num delito quantitativamente mais intenso. Foi o que ocorreu. Em razão de prejuízos posteriores ao mês do fato gerador, o impacto da omissão sobre a tributação anual foi menor que o sofrido na antecipação mensal. Desse modo, a absorção deve é apenas parcial. Conforme o demonstrativo de fls. 21, a omissão resultou numa base tributável anual do IR no valor de R$ 5.076.300,39, mas numa base estimada de R$ 8.902.754,18. Assim, deve ser mantida a multa isolada relativa à estimativa de imposto de renda que deixou de ser recolhida sobre R$ 3.826.453,79 (R$ 8.902.754,18 R$ 5.076.300,39), parcela essa que não foi absorvida pelo delito de não recolhimento definitivo, sobre o qual foi aplicada a multa proporcional. Assim, entendo que as multas isoladas devem ser canceladas na exata medida em que as suas bases sejam menores que as bases tributáveis anuais utilizadas para fins de aplicação das multas de ofício de IRPJ e CSLL. No mais, sigo o elogiável voto do Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. (assinado digitalmente) Livia de Carli Germano Fl. 3672DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.000892/2004-42
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-005.322
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente TECNOEVA TECNOLOGIA EM EVA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 08 92 /2 00 4- 42 Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11065.000892/200442 Acórdão n.º 9303005.322 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte contra o Acórdão 330100.601, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que, no período de apuração destes autos, a cessão onerosa de créditos do ICMS deve compor a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. O contribuinte requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão de créditos onerosa de créditos de ICMS não tem natureza jurídica de receita, tratando se de mera mutação patrimonial, não podendo, assim, compor a base de cálculo da contribuição, mesmo antes da eficácia da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. A Procuradoria da Fazenda Nacional não apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11065.000892/200442 Acórdão n.º 9303005.322 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 374DF CARF MF Processo nº 11065.000892/200442 Acórdão n.º 9303005.322 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 375DF CARF MF Processo nº 11065.000892/200442 Acórdão n.º 9303005.322 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 376DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720140/2012-24
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. INADMISSIBILIDADE.
Não se admite recurso especial quando a recorrente não lograr demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
DECADÊNCIA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. CONTAGEM A PARTIR DA DEDUÇÃO.
É legítimo o exame de fatos ocorridos há mais de cinco anos do procedimento fiscal, para deles extrair a repercussão tributária em períodos ainda não atingidos pela caducidade. A restrição decadencial diz respeito à impossibilidade de lançamento de crédito tributário no período em que ocorreu o fato gerador.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9101-003.059
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de decadência, referente ao direito de a Fazenda questionar o ágio. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto (i) aos juros sobre a multa de ofício e quanto (ii) à decadência. No mérito, por voto de qualidade, quanto (i) aos juros sobre a multa de ofício, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento; e por unanimidade de votos, quanto (ii) à decadência, acordam em negar-lhe provimento. Não votou quanto à preliminar de decadência, referente ao direito de a Fazenda questionar o ágio, o conselheiro Luís Flávio Neto, o qual estava ausente na sessão de julho de 2017, substituído pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza; também não votou no tocante à preliminar de decadência, o conselheiro Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão na sessão de julho de 2017, em virtude do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF. Os conselheiros Luís Flávio Neto e Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado) votaram apenas quanto ao conhecimento e mérito dos temas relacionados ao ágio, à glosa de deduções de provisões, abusividade da multa de ofício, e juros de mora sobre multa de ofício.
Julgamento iniciado na reunião de 07/2017 e concluído em 12/09/2017.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora e Presidente em Exercício
Participaram do presente julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Leonardo de Andrade Couto, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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AUSÊNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. INADMISSIBILIDADE. Não se admite recurso especial quando a recorrente não lograr demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 DECADÊNCIA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. CONTAGEM A PARTIR DA DEDUÇÃO. É legítimo o exame de fatos ocorridos há mais de cinco anos do procedimento fiscal, para deles extrair a repercussão tributária em períodos ainda não atingidos pela caducidade. A restrição decadencial diz respeito à impossibilidade de lançamento de crédito tributário no período em que ocorreu o fato gerador. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de decadência, referente ao direito de a Fazenda questionar o ágio. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto (i) aos juros sobre a multa de ofício e quanto (ii) à decadência. No mérito, por voto de qualidade, quanto (i) aos juros sobre a multa de ofício, acordam em negarlhe provimento, vencidos os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 40 /2 01 2- 24 Fl. 12294DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.295 2 conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento; e por unanimidade de votos, quanto (ii) à decadência, acordam em negarlhe provimento. Não votou quanto à preliminar de decadência, referente ao direito de a Fazenda questionar o ágio, o conselheiro Luís Flávio Neto, o qual estava ausente na sessão de julho de 2017, substituído pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza; também não votou no tocante à preliminar de decadência, o conselheiro Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão na sessão de julho de 2017, em virtude do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF. Os conselheiros Luís Flávio Neto e Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado) votaram apenas quanto ao conhecimento e mérito dos temas relacionados ao ágio, à glosa de deduções de provisões, abusividade da multa de ofício, e juros de mora sobre multa de ofício. Julgamento iniciado na reunião de 07/2017 e concluído em 12/09/2017. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora e Presidente em Exercício Participaram do presente julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Leonardo de Andrade Couto, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório CARREFOUR COMERCIO E INDUSTRIA LTDA recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls 11.637 e ss., contra o acórdão nº 1402002.144, de 05 de abril de 2016 (efls. 11.552 e ss.), que, no mérito e por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício e deu provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 DECADÊNCIA. FORMAÇÃO DE ÁGIO EM PERÍODOS ANTERIORES AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. INOCORRÊNCIA. Somente pode se falar em contagem do prazo decadencial após a data de ocorrência dos fatos geradores, não importando a data contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. O art. 113, § 1º, do CTN aduz que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador” e o papel de Fisco de efetuar Fl. 12295DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.296 3 o lançamento, nos termos do art. 142 do Estatuto Processual, nada mais é do que o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. Não é papel do Fisco auditar as demonstrações contábeis dos contribuintes a fim de averiguar sua correição à luz dos princípios e normas que norteiam as ciências contábeis. A preocupação do Fisco deve ser sempre o reflexo tributário de determinados fatos, os quais, em inúmeras ocasiões, advém dos registros contábeis. Ressaltese o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento “também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário.” O prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. PREMISSAS. Uma das premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7º, III, e 8º da Lei 9.532, de 1997, é o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, que deve ser comprovado com documentação hábil. REGISTROS CONTÁBEIS. PROVA. SE COMPROVADOS POR DOCUMENTOS HÁBEIS. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, se comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na determinação do lucro real as provisões expressamente autorizadas na legislação. PROVISÕES INDEDUTÍVEIS. PROVA DA DEDUÇÃO. Mantémse a glosa de despesas operacionais de provisões indedutíveis, cuja adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL o contribuinte não logra comprovar. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. ERRO DE CONTABILIZAÇÃO. Constatado erro nos lançamentos contábeis que não acarretam alteração no lucro líquido do exercício, e consequentemente, na apuração do lucro real, cancelase o lançamento de ofício correspondente. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. OMISSÃO DE RECEITA. Não caracteriza receita omitida a existência de saldos negativos de contas de receita, resultantes de deduções de valores Fl. 12296DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.297 4 superiores aos saldos existentes, quando comprovados os erros de contabilização alegados. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUTUAÇÃO EXTENSA E COMPLEXA. INFRAÇÃO INSUFICIENTEMENTE QUESTIONADA. Descabe qualquer alegação de cerceamento de direito de defesa, por ser extensa a matéria autuada, se o procedimento fiscal e intimações consumiram 1 (um ) ano, antes da ciência dos autos, e por alegação de que determinada infração foi questionada apenas superficialmente pelo autuante, se o contribuinte pode apresentar sua defesa na impugnação. AUTOS DE INFRAÇÃO. IRPJ. CSLL. MESMO PROCESSO. A legislação determina que as exigências de crédito tributário serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição e, se formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. PERÍODO FISCALIZADO. REEXAME. O fato de o contribuinte ter sido objeto de fiscalização em períodos anteriores ou o fiscalizado, não significa a homologação de todas as suas ações, nesses períodos, sendo que há previsão de eventual segunda fiscalização, devidamente autorizada. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. A Contribuinte opôs Embargos de Declaração, os quais foram acolhidos por meio do acórdão nº 1402002.282 para sanar a contradição constatada no acórdão antes referido, trazendose novo resultado para o julgamento, nos seguintes termos: (...) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da infração nº 003 o total de R$ 80.284.578,46, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Fl. 12297DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.298 5 O recurso foi admitido por meio do Despacho de efls. 12.226 e ss. em relação às cinco matérias suscitadas. Na autuação fiscal objeto do presente processo foram autuadas três infrações, quais sejam: (i) glosa de despesas de amortização de ágios que foram deduzidas no ano calendário de 2007 (ágios originados de 9 aquisições ocorridas entre 1998 e 2005 (empresas 5239, Consensus, CRL, Planaltão, Sernamby, Matcar, Newco Rio Preto, OMS e RDC). A DRJ afastou a glosa relativa aos ágios da OMS e RDC, o que foi confirmado pela Turma Ordinária do CARF no julgamento do Recurso de Ofício (concluiu o Relator que "uma vez comprovado o efetivo pagamento do ágio, e ultrapassada a questão dos vícios apontados nos laudos, nego provimento ao recurso de ofício em relação à amortização dos ágios provenientes de OMS e RDC"); (ii) glosa de despesas relacionadas a provisões não dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSL, mantida tanto pela DRJ, quanto pela Turma Ordinária do CARF; (iii) omissão de receitas operacionais correspondentes a saldos negativos nas contas de receitas oriundas de Bonificações, infração que foi cancelada pelo acórdão recorrido e não foi objeto de recurso especial. São objeto do presente recurso especial as duas primeiras infrações. Aponta a Contribuinte divergência jurisprudencial em relação a cinco matérias. Transcrevese abaixo a parte de interesse dos acórdãos paradigma dentro de cada matéria: 1 Decadência Acórdão nº 10197.084: IRPJ — DECADÊNCIA — Uma vez expirado o prazo previsto no art 150 § 4º, a Fiscalização não está autorizada a promover revisão dos fatos ocorridos e registrados anteriormente, pois que alcançados pelo instituto da decadência. Não prevalece a exigência em relação aos valores submetidos à tributação como conseqüência da inobservância da regra que tornara imutáveis os fatos espelhados nos registros contábeis mantidos. Acórdão nº 10809.501: IRPJ DECADÊNCIA AJUSTES NO PASSADO COM REPERCUSSÃO FUTURA DECADÊNCIA Glosar no presente os efeitos decorrentes de valores formados no passado só é possível se a objeção do fisco não comportar juízo de valor quanto ao fato verificado em período já atingido pela decadência. 2 Amortização de Ágio: Premissas Acórdão nº 1302001.150 ("Caso Multiplan"): Fl. 12298DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.299 6 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 GLOSA DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. INDEVIDA. SIMULAÇÃO. NÃO CARACTERIZADA. Deve ser afastada a imputação de simulação, quando não demonstrado o pacto simulatório. O fato de o investidor no exterior ter preferido aportar capital em uma subsidiária brasileira, para que essa depois adquirisse as ações da recorrente com ágio não se constitui em conduta simulada, pois, diante de dois caminhos lícitos, não estaria obrigado a optar pelo mais oneroso tributariamente, ou seja, aquele em que ele adquirisse diretamente as ações com ágio e depois não pudesse realizar o evento (incorporação, fusão ou cisão) que lhe permitisse recuperar o custo sem alienar o investimento. A dedutibilidade da amortização do ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, após a incorporação da controladora pela controlada, encontra expressa previsão legal nos arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97. Acórdão nº CSRF/0105.531 ("Caso Panarello"): IRPJ LUCRO REAL Cabível a tributação da omissão de receita apurada em separado no ano 1995, conforme prevista nos arts. 43 e 44 da Lei 8.541/92. ARBITRAMENTO ADMISSIBILIDADE Para que se caracterize a divergência jurisprudencial é necessário que se demonstre contradição com decisão de outra Câmara deste Conselho. Incabível a configuração da divergência se o aresto tido por divergente verse sobre situação fática e jurídica distinta da apreciada nos autos. OMISSÃO DE RECEITA DE DEPÓSITOS NÃO CONTABILIZADOS Configurada a prática de omissão de receita, é procedente a quantificação da receita omitida com base em depósitos efetuados em conta não registrada na contabilidade da pessoa jurídica. OMISSÃO DE RECEITA DA DIFERENÇA ENTRE DEPÓSITOS BANCÁRIOS E RECEBIMENTOS CONTABILIZADOS ESCRITURAÇÃO FISCAL PRESUNÇÃO SIMPLES os fatos registrados na Contabilidade da pessoa jurídica são presumidamente verdadeiros até que se prove o contrário. É ônus do Fisco indicar quais os lançamentos contábeis presentes nos Livros Fiscais que não mereçam fé. Pela teoria das provas, os autuantes devem reunir elementos que permitam refutar os enunciados produzidos pela pessoa jurídica e emprestar certeza ao fato constitutivo de seu direito. A fiscalização não apresentou um conjunto de indícios que permita ao julgador alcançar a certeza necessária para seu convencimento e que afaste possibilidades contrárias, mesmo que improváveis. IRPJ E CSLL OMISSÃO DE RECEITAS APROVEITAMENTO DE CUSTOS Os valores correspondentes ao custo de aquisição de mercadorias levantados pela fiscalização com relação direta Fl. 12299DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.300 7 à apuração da omissão de receitas detectada pela falta de escrituração da movimentação bancária devem ser levados em consideração na determinação da base tributável, haja vista que ao fim derivam, no período em questão, de operação vinculada àquela que está sendo tributada pelo Fisco. 3 Ágio: Laudo de Avaliação Acórdão nº 1102001.018 ("Caso Banco Cacique"): ÁGIO. FUNDAMENTO. DEMONSTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA AOS FATOS. NECESSIDADE. A lei exige que o lançamento do ágio com base no valor de mercado ou na expectativa de rentabilidade futura seja baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Não há a exigência de que a comprovação se dê por laudo, mas por qualquer forma de demonstração, contemporânea aos fatos, que indique por que se decidiu por pagar um sobrepreço. Caso em que se demonstrou que o ágio foi pago com base na expectativa de resultados futuros, tanto por documentos contemporâneos ao investimento, quanto por laudo elaborado posteriormente com base em informações da época. Acórdão nº 1301001.505 ("Caso Banco Itaucard"): INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO ARTIGOS 7° E 8° DA LEI N° 9.532/97. PLANEJAMENTO FISCAL INOPONÍVEL AO FISCO INOCORRÊNCIA. No contexto das Leis 9.472/97 e 9.494/97, e pelo Decreto n° 2.546/97, a efetivação da reorganização de que tratam os artigos 7º e 8º da Lei n° 9.532/97 mediante utilização de empresa veículo, desde que dessa utilização não tenha resultado aparecimento de novo ágio, não resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilização da empresa veículo e, por conseguinte, não pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponível ao fisco. 4 Provisões não dedutíveis Acórdão nº CSRF/0105.531 (Utilizado como paradigma no item 2) Acórdão nº 1302001.300: REGIME DE COMPETÊNCIA. INOBSERVÂNCIA NO REGISTRO DE DESPESAS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO FISCO.DEDUTIBILIDADE. A inobservância do regime de competência na escrituração de receita, custo, dedução ou reconhecimento de lucro só tem relevância, para fins de Imposto de Renda, quando dela resulte prejuízo para o Fisco, consubstanciado em redução ou postergação de pagamento do imposto, nos termos do Parecer Normativo CST N° 57/79. 5 Juros de Mora sobre Multa de Ofício Fl. 12300DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.301 8 Acórdão nº 1202001.257: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada. Acórdão nº 1202001.109: INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE Não incidem os juros com base na taxa Selic sobre a multa de ofício, vez que o artigo 61 da Lei n° 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. A Recorrente principia suas razões pelo item III de sua petição, intitulado PRELIMINAR DE MÉRITO: A DECADÊNCIA DA PRESENTE EXIGÊNCIA FISCAL. As alegação ali vertidas são, em síntese, as seguintes: a) que o entendimento já proferido pelo CARF permite concluir que o prazo decadencial para as autoridades fiscais questionarem as operações dos contribuintes deve ser contado a partir do momento em que a adquirente registra o ágio na aquisição do investimento; b) que no presente processo as despesas de amortização de ágio glosadas foram deduzidas pela Recorrente no anocalendário de 2007, ao passo que a Fiscalização pretende tomar como "fato gerador da obrigação tributária" os efeitos produzidos pelos atos praticados e devidamente contabilizados nos anoscalendários de 1998 a 2005. Assim, se essas operações ocorreram nos anoscalendários de 1998 a 2005, resta decaído o direito das autoridades fiscais de reverem tais operações, que restam convalidadas; c) que conforme entendimento do próprio CARF, o fato das operações ora em discussão produzirem efeitos futuros é irrelevante para fins de contagem de prazo decadencial. Ainda que por imposição legal a dedutibilidade de valores suportados pela geração de ágio produza efeitos futuros, devese considerar, para fins de contagem do prazo decadencial, somente a data em que foi gerado tal ágio; d) que, os ágios questionados no presente Processo Administrativo foram gerados nos anoscalendário de 1998 a 2005. Portanto, todos os questionamentos da Fiscalização relativos à dedutibilidade de despesas de amortização de ágios gerados no anos calendário de 1998 a 2005 encontramse fulminados pela decadência, tendo em vista que o Auto de Infração que deu origem ao presente Processo Administrativo foi lavrado somente em 27.11.2012, praticamente 14 (catorze) a 7 (sete) anos após a ocorrência das operações aqui discutidas; e) que o prazo decadencial para as autoridades fiscais contestarem operações envolvendo a geração do ágio deve ser contado a partir da data da incorporação da Adquirida pela Adquirente (geração da perda). Este entendimento está fundamentado em quatro argumentos distintos: (i) o lançamento fiscal que será homologado pelas autoridades fiscais ocorre no momento em que a perda é gerada (incorporação da Adquirida pela Adquirente); (ii) não existe norma específica que autorize as autoridades fiscais a contestarem ágios gerados há mais de cinco anos; (iii) uma autuação fiscal que pretenda contestar operações ocorridas há mais de cinco anos ofende ao princípio da segurança jurídica; (iv) no momento em que ocorre a Fl. 12301DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.302 9 efetiva amortização fiscal do ágio, as autoridades fiscais podem apenas contestar aspectos formais relacionados à sua dedutibilidade; f) que além disso a Recorrente não tinha nem mesmo a obrigação de guardar mais os documentos relativos às operações questionadas nesses autos, tendo em vista, inclusive, a decadência do direito do Fisco constituir os créditos tributários em questão. Assim, no anocalendário de 2012, a Recorrente não era mais obrigada a guardar documentos fiscais relativos aos anoscalendários de 1998 a 2005; g) que a Recorrente já foi fiscalizada em relação a anoscalendário anteriores ao de 2007, em períodos que houve dedução de despesas de amortização fiscal dos mesmos ágios objetos do presente processo, não sendo possível admitir que os ágios registrados pela Recorrente sejam apenas parcialmente legítimos para fins de amortização fiscal. Acrescenta que ao fiscalizar os anoscalendários anteriores e não questionar a formação do custo ou mesmo a dedução das despesas de amortização dos mesmos ágios objeto destes autos, as Autoridades Fiscais homologaram e aceitaram a legitimidade de tais operações, ocorrendo o que a doutrina denomina "venire contra factum proprium". Logo após, no item IV da petição, intitulado DOS FATOS: BREVE HISTÓRICO DAS TRANSAÇÕES, tratando da primeira infração autuada (de dedução indevida de despesas com amortização de ágio), a Recorrente historia as sete operações de aquisição das empresas brasileiras, ocorridas entre 1998 e 2005, que deram origem aos ágios amortizados [(i) 5239, ocorrida em 19.8.1998; (ii) Consensus, ocorrida em 8.6.2005; (iii) CRL, ocorrida em 2.7.1999; (iv) Planaltão, ocorrida em 13.5.1999; (v) Sernamby, ocorrida em 21.5.2001; (vi) Matcar, ocorrida em 6.9.2000; e (vii) Newco Rio Preto, ocorrida em 29.8.2001]. Passa, então, a apresentar as razões que determinam a reforma da decisão recorrida, as quais podem ser sintetizadas conforme a seguir. Situando as questões em discussão (item b.1), a Recorrente assinala que a discussão relacionada à primeira infração está fundamentada em apenas dois questionamentos. O primeiro diz respeito à falta de comprovação do pagamento do preço e do montante do ágio a ser reconhecido, e o segundo se refere à alocação feita exclusivamente para a expectativa de rentabilidade futura e à falta de comprovação do fundamento econômico do ágio. E registra que o acórdão recorrido afastou o argumento trazido pela Fiscalização no Auto de Infração relacionado aos laudos de avaliação econômicofinanceira quanto à forma de contabilização do ágio pela Recorrente, tendo em vista que admitiu que a sistemática exigida pela Fiscalização não estava prevista na legislação tributária então vigente, bem como afastou os demais questionamentos do Fisco quanto aos Laudos de Avaliação, isto é: (i) a ressalva feita pelos avaliadores de que não respondiam pelas informações fornecidas pelos interessados, e (ii) o fato de que as sociedades adquiridas pelo Grupo Carrefour teriam apresentado prejuízos em curto espaço de tempo. Assinala, então, que, por outro lado, a decisão recorrida, ao manter a glosa das despesas de amortização dos ágios em discussão, levou em consideração a existência ou não dos comprovantes de preço das aquisições, desconsiderando as provas robustas e claras que foram trazidas pela Recorrente em seu Recurso Voluntário e Impugnação. Passa a argumentar (item b.2) no sentido da comprovação dos pagamento dos preços e do montante do ágio reconhecido, conforme sintetizado a seguir: Fl. 12302DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.303 10 a) em relação à comprovação dos pagamentos dos preços das aquisições de participações societárias considerados não comprovados pelo acórdão recorrido (o que ocorreu em relação a 7 das 9 aquisições), a Contribuinte aduz que as aquisições em discussão estão baseadas em contrato de compra e venda de ações/quotas devidamente assinados pelas partes, acrescentando que as aquisições possuem a comprovação do preço pago pela Recorrente, por meio de recibos de pagamento, atas societárias válidas e/ou lançamentos contábeis; b) assinala que as operações realizadas pelas partes envolvidas nas 7 (sete) aquisições foram operações entre partes independentes em que, por óbvio, o pagamento do preço era condição fundamental da realização dos negócios, referindo que nenhum terceiro independente teria vendido seu negócio e transferido a participação societária sem que o preço fosse efetivamente recebido, tal como pretende assumir a Fiscalização e as Autoridades Julgadoras de 2ª Instância; c) alega que a exigência da Fiscalização referente ao laudo contábil na data da aquisição, ou 30 (trinta) dias antes, com base no artigo 427 do RIR/99 não se aplica à Recorrente, sendo direcionado ao vendedor de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial, que deve, na baixa do investimento, seguir o ali disposto; d) ressalta que nos negócios entre partes independentes, a presunção é a favor do contribuinte, cabendo à Fiscalização comprovar que o pagamento não foi recebido pelo vendedor e que o ágio registrado pela Recorrente não existe; e) destaca, para cada uma das 7 aquisições que tiveram o seu questionamento mantido pela decisão recorrida, os documentos que comprovariam o pagamento do preço total de aquisição e o montante de ágio; f) ad argumentandum, traz disposições do RIR/99 e precedentes administrativos e judiciais para consignar que a contabilidade faz prova em seu favor, de forma que cabe à Fiscalização a prova da inveracidade dos fatos, não sendo procedente a mera desconsideração dos documentos apresentados pela Recorrente sem qualquer prova em contrário; g) também ad argumentandum, afirma que grande parte das lojas adquiridas nas diversas aquisições já foi encerrada, de forma que, ainda que os valores investidos não tivessem sido desdobrados em valor de investimento e ágiorentabilidade, evidentemente que todo o valor investido seria custo de aquisição dessas lojas e, neste caso, quando do encerramento das lojas, o valor a elas alocado deveria ser considerado como uma perda definitiva, dedutível para a Recorrente, nos termos do que estabelece o parágrafo terceiro, alínea (b), do artigo 70 da Lei 9.532/97; h) em relação à demonstração da rentabilidade futura, aduz que a legislação tributária, pelo artigo 385, parágrafo 3º, do RIR/99, apenas exige que, caso o ágio seja baseado na expectativa de rentabilidade futura da sociedade, o contribuinte arquive uma demonstração desse fundamento como comprovante da escrituração, sendo que isso foi feito pela Recorrente nas 7 (sete) aquisições questionadas no presente processo. Assinala que a legislação, quando trata da documentação de suporte do ágio reconhecido pelo contribuinte, não faz menção a laudo ou a qualquer formalidade essencial ao documento; Adiante, no item também numerado como IV da petição, intitulado A SEGUNDA INFRAÇÃO: GLOSA DE DESPESAS RELACIONADAS ÀS PROVISÕES Fl. 12303DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.304 11 INDEDUTÍVEIS, a Contribuinte passa a tratar da segunda infração, alegando, em essência, o que segue: a) que desde a Impugnação vem argumentando que essa suposta infração fiscal deve ser cancelada, na medida em que os saldos das contas contábeis em análise (Contas Contábeis 60.001.000, 61.540.500, e 71.000.000) não foram deduzidas para fins de apuração do IRPJ e CSL da sociedade (a ora Recorrente apresentou Parecer Contábil elaborado por perito independente que comprova a veracidade desse argumento), sendo que a Turma recorrida manteve a glosa apenas em relação às Contas 60001000 (Provisão PLR) e 61540500 (Multas não dedutíveis), por entender que tais valores supostamente não teriam sido adicionados à apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL. Esse entendimento está embasado no fato de que o valor em discussão não se encontra na coluna de "Despesa Não Dedutível" da Linha 31 da DIPJ; b) acrescenta que no Parecer Contábil já apresentado nos autos desse processo administrativo, a ora Recorrente demonstrou que os valores das Contas Contábeis 60.001.000, 61.540.500, e 71.000.000 (contas questionadas pela D. Fiscalização no Auto de Infração), refletidos na adição da Conta Contábil 45.000.001 e 33.120.000, foram efetivamente adicionados para fins de apuração de IRPJ e CSLL, conforme indicado na Linha 24 da Ficha 05A, o que é incontroverso, na medida em que foi reconhecido pela própria Turma Julgadora no Acórdão embargado; c) traz no presente recurso especial "Parecer Complementar preparado por perito independente ('Parecer Complementar' doc. no 14)" para sanar a dúvida referente à composição da Linha 31 da Ficha 05A, que foi o único fundamento utilizado pela Turma Julgadora para julgar improcedente o Recurso Voluntário da ora Recorrente em relação a essa infração fiscal e que já estava sanada pela documentação acostada aos autos. Sobre as conclusões do referido Parecer, a Recorrente assim argumenta: 326. Por meio do Parecer Complementar, a Recorrente demonstra claramente que os valores da Contas Contábeis 60.001.000, 61.540.500, e 71.000.000, que teriam originalmente afetado a Linha 31 da Ficha 05A foram transferidos para a Linha 24 da Ficha 05A pela reclassificação do valor de R$ 29.851.258,24, conforme representação abaixo: 327. Foi por conta da transferência do valor de R$ 29.851.258,24 da Linha 31 da Ficha 05A para a Linha 24 da Ficha 05A que os valores da Contas Contábeis em discussão (60.001.000, 61.540.500, e 71.000.000) foram oferecidos Fl. 12304DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.305 12 integralmente à tributação. A comprovação de que o valor de R$ 29.851.258,24 é o resultante da soma das provisões identificadas no resultado e das demais contas de provisão contidas no passivo, e foi transferido para a Linha 24 da Ficha 05A, se encontram nas páginas 12 a 21 do referido Parecer Complementar. 328. Adicionalmente, a demonstração de que o valor de R$ 29.851.258,24 (valor transferido da Linha 24 para Linha 31 da Ficha 05A) compõe o saldo de R$ 88.818.305,75 lançado na Linha 24 da Ficha 05A se encontra nas páginas 20 e 21do Parecer Complementar. A esse respeito, vale reforçar que os valores lançados da Linha 24 da Ficha 05A, de "Demais Provisões", foram integralmente lançados na coluna de "Parcelas Não Dedutíveis" da Ficha 05A, tal como representado abaixo: (...) 329. Portanto, temse que: • Os valores em discussão foram originalmente lançados na Linha 31 da Ficha 05A; • No entanto, esses valores foram reclassificados para a Linha 24 da Ficha 05A; e • A totalidade dos valores lançados na Linha 24 da Ficha 05A foram adicionados para fins de apuração de IRPJ e CSL, tendo sido lançados como "Parcelas Não Dedutíveis" na DIPJ. 330. Outro fator que demonstra claramente que os valores em discussão não foram deduzidos para fins fiscais é que a DIPJ apresentada pela Recorrente coincide exatamente com a Demonstração do Resultado do Exercício da sociedade, o que também foi demonstrado pelo Parecer Complementar ora juntado. 331. Portanto, a Recorrente ressalta que o procedimento adotado não impactou os valores de IRPJ e CSL a recolher no anocalendário de 2007, tendo em vista que os saldos questionados foram adicionados para fins de apuração desses tributos. Para fins do presente, foi demonstrado que os valores também não deduziram a sua base fiscal pela Linha 31 da Ficha 05A, tendo em vista que os respectivos saldos foram transferidos para a Linha 24 da Ficha 05A por meio da movimentação da composição do valor de R$ 29.851.258,24. 332. Como demonstrado pelo Parecer Complementar: • Os valores em discussão não foram incluídos na Linha 31 da Ficha 05A; • Esses valores se encontravam apenas na Linha 24 da Ficha 05A; porém • Eles não afetaram a base de cálculo tributável da Recorrente, pois o valor se encontra na composição de R$ 88.818.305,75, o qual foi considerado na coluna "Parcelas Não Dedutíveis" dessa mesma Linha. 333. Para melhor ilustrar a escrituração contábil acima referida, a Recorrente também anexa aos presentes autos Fl. 12305DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.306 13 Quadro Demonstrativo de cada movimentação dos saldos em discussão (doc. no 15). 334. A Recorrente destaca que os documentos que demonstram a abertura das Linhas 24 e 31 da DIPJ, e que evidenciavam inclusive a referida reclassificação do valor de R$ 29.851.258,24 (valor reclassificado da Linha 24 para a Linha 31, e considerado como "Parcela Não Dedutível" na Linha 24) foram entregues à D. Fiscalização desde a lavratura do Termo de Início de Fiscalização, no qual a D. Fiscalização solicitou a relação das contas contábeis que compunham todas as Linhas da Ficha 05A da DIPJ. 335. Tanto isso é verdade que com relação aos valores da conta 71.000.000 Multa não dedutível/TaxasCorpDiferida(PL)IFRS, o r. Acórdão recorrido entendeu que de fato os referidos valores foram adicionados ao Lucro Real e à base de cálculo da CSL, não tendo sido mantida a glosa em relação à essa conta específica. 336. Ora, se o E. CARF reconheceu que os procedimentos contábeis adotados pela Recorrente em relação ao saldo da Conta 71.000.000 tiveram efeitos neutros e que foram ao final do período oferecidos à tributação, é evidente que tal entendimento também deverá ser aplicado às demais glosas em discussão, uma vez que os mesmos procedimentos foram adotados para demais valores. 337. Dessa forma, equivocase o r. Acórdão recorrido ao considerar que a Recorrente não teria demonstrado e comprovado a sua alegação de que os valores dos saldos contábeis em discussão não teriam sido adicionados para fins de apuração de IRPJ e CSL. 338. O Parecer Complementar ora apresentado pela Recorrente deixa claro que o entendimento consubstanciado no r. Acórdão Recorrido se mostra equivocado e merece ser reformado. Caso contrário, terseia a glosa de uma despesa que não foi deduzida para fins fiscais, resultando em tributação sobre o patrimônio da Recorrente. 339. Em verdade, o entendimento de que a Recorrente não teria demonstrado que os saldos das Contas Contábeis 60.001.000, 61.540.500 alocados à Linha 31 da DIPJ não afetaram a sua apuração de IRPJ e CSL, além de causar uma tributação sobre uma despesa não deduzida pela sociedade, acarretaria em nulidade da decisão em função da inobservância de todos os documentos e laudos já exaustivamente apresentados neste processo, os quais fazem prova em favor da Recorrente e demonstram de forma inequívoca a regularidade dos procedimentos adotados em relação aos saldos contábeis em discussão. Nesse sentido, aliás, é o posicionamento deste E. CARF: (...) 340. De fato, todos os Laudos apresentados pela Recorrente já demonstravam que todos os saldos em discussão foram devidamente adicionados à base de cálculo da CSL e ao Lucro Real (Doc. no 16). A abertura das Linhas 24 e 31 da DIPJ Fl. 12306DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.307 14 evidenciavam inclusive a referida reclassificação do valor de R$ 29.851.258,24 (valor reclassificado da Linha 24 para a Linha 31, e considerado como "Parcela Não Dedutível" na Linha 24). No item VI da petição a Recorrente argumenta pela "ABUSIVIDADE DA MULTA DE OFÍCIO APLICADA", asseverando, resumidamente, que, tendo demonstrado que agiu em conformidade com a legislação societária e fiscal em vigor, de forma que não seria justo atribuirlhe uma penalidade de 75% sobre o valor do suposto crédito tributário discutido, que ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade. Cita precedentes do STJ e do STF. Finalmente no item VII da petição a Recorrente defende "A IMPROCEDÊNCIA DOS JUROS DE MORA SOBRE A MULTA", a Recorrente, em essência, cita jurisprudência do CARF em favor da não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, e aduz que em 8.12.2014, na mesma sessão que aprovou a Súmula 105, foi rejeitada pelo Pleno da CSRF a proposta de Súmula que possivelmente autorizaria a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, restando evidente a impossibilidade de cobrança. Ao final pede a Recorrente que o presente recurso seja "integralmente acolhido e provido, com o objetivo de reformar parcialmente a r. Decisão recorrida e cancelar integralmente o Auto de Infração, juntamente com as penalidades e juros aplicados, com o consequente arquivamento do processo administrativo". A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (efls. 12.237 e ss.). No item II das contrarrazões a Fazenda argumenta pela não comprovação das divergências conforme sintetizado a seguir. Em relação à divergência suscitada quanto à matéria das premissas do ágio, a Fazenda alega que no acórdão recorrido entendeuse que para amortizar o ágio a contribuinte precisava comprovar o efetivo pagamento do ágio, tanto que a fiscalização exigiu como prova do suposto pagamento os comprovantes de transferência bancária ou outros equivalentes. Assim, a prova do efetivo pagamento do custo total de aquisição, no caso, a sua ausência, foi fundamental para que a Turma afastasse possibilidade de amortização do suposto ágio. Já no primeiro paradigma a efetividade do pagamento não foi em momento algum questionada, ao contrário foi infirmada em diversas passagens do voto, tendo o entendimento para o reconhecimento do direito de amortização do ágio se pautado no afastamento da simulação nas operações de reorganização societária. E acrescenta a Fazenda: Pela leitura do primeiro acórdão paradigma, verificase que não há divergência jurisprudencial apta a embasar o recurso especial, porquanto não houve discussão acerca do efetivo pagamento, mas tão somente acerca da licitude das operações que deram origem ao ágio. Diversamente, no acórdão a autuação gira em torno da prova do efetivo pagamento, não tendo sido questionado pela fiscalização o desenho da operação. Quanto ao segundo paradigma, alega a Fazenda que não abordou a questão de amortização de ágio, mas sim omissão de receitas apuradas a partir de depósitos bancários, asseverando o que segue: Fl. 12307DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.308 15 Nesse sentido, o recorrente também não logrou demonstrar a existência de divergência jurisprudencial hábil a justificar o recebimento do recurso especial por ele interposto, uma vez que o paradigma, acórdão nº 0105.531, não se presta a comprovar a divergência suscitada, pois, NÃO enfrentou a possibilidade da dedutibilidade do ágio amortizado contabilmente à luz dos arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97 (art. 386 do RIR/99). No acórdão paradigma as questões de divergência jurisprudenciais solucionadas cingiramse ao exame da validade da tributação da receita omitida com fulcro nos art. 43 e 44 da Lei 8.541/92 e do aproveitamento dos custos não registrados para reduzir a receita omitida apurada, arbitramento de lucros em caso de incêndio; omissão de receitas com base em diferença apurada entre depósitos bancários e receitas contabilizados e omissão de receita sobre depósitos bancários não contabilizados nos anos de 1995 e 1996. Ou seja, impossível invocar o dissídio jurisprudencial, uma vez que o confronto foi estabelecido entre arcabouços normativos completamente diversos. Acrescenta a Fazenda que outro ponto primordial, e que afasta por completo a divergência suscitada quanto à amortização de ágio, diz respeito à questão de que diversos dos compromissos de aquisição firmados pela recorrente dispunham de cláusula que sujeitava os valores contratados a ajustes, a depender do resultado de auditorias a serem realizadas após o fechamento da negociação, o que reforça a necessidade de comprovação do efetivo desembolso realizado pela recorrente, o que foi acatado pelo relator. Esse aspecto conferiria singularidade do caso em discussão nos presentes autos, acrescentando a Fazenda o que segue: A decisão de se exigir a prova do efetivo pagamento, também teve como fundamento uma peculiaridade do caso concreto, que era essa questão dos ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente, de forma que somente então viria a fixar o preço final do negócio. Assim, tendo em vista que nos paradigmas a discussão sequer tangenciou tal hipótese de possibilidade de flutuação do valor efetivamente desembolsado, em razão de ajustes decorrentes de auditorias posteriores ao negócio, não há que se falar em divergência entre as decisões. Alega também a Fazenda que no acórdão recorrido resta claríssima a razão da impossibilidade de amortização dos ágios em questão, e o imperativo de se comprovar o efetivo pagamento, haja vista a ocorrência de operações no formato “casa e separa”, sendo que a presença de operações no referido formato afasta por completo o caso dos autos do arcabouço fático dos acórdãos paradigma, além de reforçar a necessidade da comprovação do efetivo pagamento, por meio de operações bancárias no valor constante dos contratos. Já em relação à divergência suscitada quanto à matéria das provisões não dedutíveis, a Fazenda alega que o acórdão recorrido consignou expressamente tratar de discussão eminentemente probatória, o que invoca a necessidade dos paradigmas terem sido decididos sob o mesmo arcabouço fático, trazendo as mesmas despesas consideradas indedutíveis, o que não teria ocorrido. Acrescenta a Fazenda o que segue: Pela simples leitura do acima transcrito, percebese claramente que a análise da matéria se restringiu às provas dos autos, Fl. 12308DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.309 16 limitandose à verificação das fichas da DIPJ. Concluindo a Turma pela manutenção da autuação, uma vez que não restou demonstrado que os valores computados em “Outras Despesas Operacionais” (linha 31 da Ficha 9A), nas quais se incluem as rubricas glosadas pelo Fisco, foram adicionadas à apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Ora, a recorrente não pretende a uniformização de teses jurídicas, objetivo primordial do recurso especial interposto com base na configuração da divergência, mas sim o revolvimento do conjunto fáticoprobatório. A decisão recorrida enfrentou todos os argumentos apresentados pela recorrente, e entendeu não ter restado demonstrado que as rubricas que pretendia deduzir, foram adicionadas ao lucro real e base de cálculo da CSLL, fundamentada, assim, na análise da documentação acostada aos autos e baseado na livre convicção dos julgadores. A singularidade do contexto fático exposto na decisão recorrida, patente pela leitura das passagens acima transcritas, demanda do mesmo modo, que o recurso especial não seja conhecido em face da ausência de demonstração de que, discutindo casos similares, foi dada interpretação jurídica diversa. Logo, seja diversidade dos quadros fáticos nos quais proferidos os acórdãos indicados como paradigmas e a decisão impugnada, seja pela falta de combate e seguimento do recurso em relação a todos os fundamentos em que lastreado o acórdão recorrido, o fato é que o recurso especial manejado pelo contribuinte interessado não merece seguimento. No item III das contrarrazões, a Fazenda apresenta sua argumentação pela manutenção do acórdão recorrido. Em relação à alegação de decadência trazida pela Contribuinte, os argumentos da Fazenda são os já apresentados quando do oferecimento das contrarrazões de recurso voluntário, os quais podem ser assim sintetizados: a) fazendo referência aos arts. 150 e 173 do CTN, assevera que, para a contagem da decadência, devese ter em mira o fato gerador da obrigação tributária, sendo que sem a materialização de alguma hipótese de incidência prevista em lei, não há que se falar em constituição de crédito fiscal, o que, por sua vez, afasta a possibilidade de contagem do prazo decadencial. Conclui que, não havendo fato gerador, não haverá prazo decadencial a ser contado; b) aduz que no caso do IRPJ da CSLL, não ocorrendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza e o resultado ajustado positivo do exercício (antes da provisão para o imposto de renda), não haverá prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir as respectivas obrigações tributárias, não havendo o que lançar; c) trazendo disposições do RIR/1999, afirma que o pagamento do ágio na aquisição de uma participação societária não se enquadra como fato gerador de algum tributo federal. Assim, o pagamento de um ágio não implica qualquer prazo decadencial a favor de quem o pagou e/ou contra o Estado; Fl. 12309DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.310 17 d) refere que, ao adquirir uma participação societária com ágio, a pessoa jurídica adquire uma expectativa de direito de, no futuro, caso ocorra a situação prevista na legislação, poder amortizar esse valor na apuração dos tributos por ela devidos, caso seja de seu interesse. Nessa hipótese, caso o investimento que deu origem ao ágio seja reunido com o próprio ágio (em resumo), a mais valia anteriormente paga passará a ter conotação fiscal. O ágio pago, que nunca foi e nunca será fato gerador de nenhuma obrigação tributária, passa a ter condições de influenciar na apuração da base de cálculo dos tributos devidos pela empresa que o pagou, se ela passar a amortizálos; e) afirma que a se seguir o raciocínio da Recorrente, diante do registro de um ágio em um livro de uma empresa deveria a Fiscalização averiguar a sua regularidade e glosar de forma cautelar o seu registro, haja vista que o sujeito passivo pode, no futuro, caso se envolva em uma reunião patrimonialsocietária, deduzir a sua amortização na apuração do IRPJ e da CSLL; f) acrescenta que anuir com o raciocínio defendido pela Contribuinte significa abrir um caminho livre para a fraude, pois será dado aos contribuintes o melhor de dois mundos, quais sejam: a um, ele poderá registrar um ágio fraudulento em face do qual a Autoridade Fazendária nada poderá fazer contra (pois não é fato gerador de nenhum tributo); a dois, após ultrapassado o interregno de cinco anos do registro desse ágio fraudulento, o contribuinte poderá deduzir a despesa com a sua amortização livre de qualquer fiscalização, pois, não obstante o fato de somente agora ele o estar usando para influenciar na apuração dos débitos fiscais que contra ele foram constituídos, este CARF considerará que o direito de a Fazenda glosar aquele registro já decaiu; g) conclui que somente quando o contribuinte deduz o ágio na apuração do IRPJ e da CSLL a serem recolhidos, o Fisco tem algo a homologar. Antes disso, o Estado não tem qualquer fato tributário que envolva o ágio pago pela empresa. E refere que no caso dos presentes autos, embora o ágio tenha surgido em operações societárias realizadas em entre 1998 e 2005, os seus efeitos tributários repercutem sobre anos posteriores, inclusive o de 2007, objeto das glosas; h) faz analogia com o tema da revisão de prejuízos fiscais utilizados pelos contribuintes para reduzir sua tributação futura, referindo ser uníssono nos Tribunais pátrios que, não sendo fatos geradores tributários, não há que se falar em transcurso do prazo decadencial, e que, o prazo decadencial para o lançamento deve ser contado a partir do tributo apurado pelo sujeito passivo, não do registro da rubrica que será utilizada no futuro como benefício fiscal. Menciona julgados do TRFs; i) aduz que na esteira do raciocínio que desenvolveu, sobressai como uma conseqüência lógica a necessidade de que o contribuinte resguarde os documentos capazes de afetar as bases de cálculo futuras, durante o prazo que dispõe a Fazenda Pública para aferir a regularidade dessas bases. Não por outro motivo, é exatamente o que determina o artigo 264 do RIR/99; j) sobre a alegação da Recorrente de que os anos precedentes ao de 2007, objeto dos presentes autos, já haviam sido fiscalizados sem que a dedução dos ágios tivesse sido questionada, aduz que no caso de já ter sido fiscalizada a mesma matéria, o reexame do período fiscalizado é permitido pelo art. 7º da Lei nº 2.354 de 29 de novembro de 1954, e pelo art. 34 da Lei nº 3.470, de 1958, reproduzidos no art. 906 do RIR de1999. Refere que no presente caso "o MPFF de pág. 2, determinou o procedimento de fiscalização do IRPJ para o Fl. 12310DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.311 18 período de 01/2007 a 12/2007, assinado pelo Delegado da Receita Federal do Brasil Demac São Paulo", concluindo que o fato de o contribuinte ter sido objeto de fiscalização em períodos anteriores a 2007 não significa a homologação das suas ações. Já em relação à primeira infração autuada (de dedução indevida de despesas com amortização de ágio), os argumentos da Fazenda são, em essência, os que seguem: a) afirma que, embora a Contribuinte anexe documentos que assevera comprovarem os pagamentos (contratos e deliberações societárias que foram contabilizadas e registradas e divulgadas na mídia) e destaque que a contabilidade faz prova a favor do contribuinte e que o autuante não provou a inveracidade dos fatos, conforme minuciosamente esmiuçado pela DRJ, das 9 (nove) aquisições, apenas para duas foram apresentados comprovantes hábeis de pagamento; b) alega que a Recorrente não se contrapõe aos fatos apurados pela fiscalização e pela DRJ, no que tange à comprovação dos pagamentos, apenas entende que os contratos de compra e venda de ações/quotas, os recibos de pagamento, as atas societárias referentes às reorganizações e os lançamentos contábeis fazem prova suficiente de que o valor foi efetivamente pago. Entretanto, afirma a Fazenda, o efetivo sacrifício patrimonial oferecido em troca das participações societárias adquiridas não foi comprovado; c) aduz que, nos termos do art. 923 do RIR/99, a documentação hábil a comprovar o pagamento de um ágio só pode ser aquela que evidencia não apenas os termos de um acordo inter partes, mas também o efetivo desembolso da quantia correspondente, assinalando que diversos dos compromissos de aquisição firmados pela recorrente dispunham de cláusula que sujeitava os valores contratados a ajustes, a depender do resultado de auditorias a serem realizadas após o fechamento da negociação, sem que os resultados dessas auditorias tenham sido trazidos aos autos; d) quanto aos laudos de avaliação, afirma que "a autoridade fiscal fala que 'a expectativa da rentabilidade é valor residual a ser apurado depois de valorados a mercado os ativos e passivos identificáveis'", uma vez que não há que se falar em ágio por expectativa de rentabilidade futura sem antes avaliar o valor de mercado do patrimônio adquirido. E pondera que "em que pese a imprecisão da terminologia utilizada no texto legal (que sugere ser ágio a diferença entre valor de patrimônio liquido e valor de mercado), está claro que apenas o valor pago em função da rentabilidade futura é que é passível de amortização fiscal". e) aduz que a questão primordial levantada pela autoridade fiscal, e que a recorrente não logrou infirmar, reside no fato de que o laudo que atesta o valor da empresa tomando como base apenas a valoração contábil do seu PL, sem valorar a mercado seus ativos e passivos, não se presta a quantificar com precisão a parte do valor desembolsado que se refere ao ágio fundado na expectativa de rentabilidade futura da adquirida; f) ataca o entendimento da Recorrente de que, como a lei não especifica em detalhes como deve se dar a demonstração da diferença entre o valor de PL e o custo de aquisição (art. 385 §3º do RIR/99), essa demonstração pode ser feita ao bel critério do contribuinte. Aduz que se a legislação: (i) exige que o valor excedente ao PL (chamado de ágio) seja "destrinchado" em valor de mercado, valor de rentabilidade futura e fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas; (ii) concede relevante benefício fiscal a apenas uma dessas parcelas; e (iii) determina que a demonstração dessa divisão seja arquivada como comprovante da operação, sendo evidente que essa demonstração não é algo de somenos Fl. 12311DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.312 19 importância. Pondera que, embora não se tenha determinado uma fórmula rígida para sua elaboração, é inconteste que ela deve ser hábil a comprovar, estreme de quaisquer dúvidas, a realidade acerca da composição dos valores desembolsados na aquisição, de acordo com as categorias elencadas na Lei Fiscal; g) cita doutrina de Marco Aurélio Greco que registra que "se, depois de determinado o valor atual dos bens corpóreos (letra “a”), dos intangíveis identificados e do fundo de comércio (letra “c”) (este último, na medida em que for identificável), ainda subsistir alguma parcela do ágio que não seja resultante de um dos dois fundamentos econômicos anteriores, então essa parcela remanescente corresponderá a um item distinto, autônomo que seguirá o regime da alínea “b” do §2º, e conclui que se os laudos em que se baseou a recorrente para justificar o ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura das suas investidas sequer tangenciaram a avaliação dos bens a valor de mercado, eles evidentemente não se prestam a apurar, com a devida acuracidade, a parcela do valor pago que representa essa expectativa; h) passa a destacar vícios pontuais apontados pela Fiscalização "que também comprometem a dedutibilidade dos ágios registrados", nos seguintes termos: Matcar O laudo de avaliação apresentado, supostamente elaborado pelo HSBC, não está firmado nem identifica seus autores. O fato de a legislação não exigir forma específica para o laudo não dispensa as formalidades básicas. Já foi abordada nestas contrarrazões a importância do referido demonstrativo da composição do ágio para fins fiscais, não existindo credibilidade suficiente na apresentação de documento apócrifo para justificar a expectativa de rentabilidade futura do empreendimento. Ademais, há divergências entre a avaliação realizada no referido laudo (R$ 4.886.000,00), o valor firmado no contrato de compromisso de aquisição (R$ 4.500.000,00 – sujeito a ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente) e o valor do resultado dessa auditoria (TVF, fls 3187). Tais divergências reforçam a necessidade de comprovação do efetivo desembolso realizado pela recorrente, conforme explicitado anteriormente. Planaltão De maneira semelhante ao caso anterior, o contrato previa a possibilidade de ajustes no preço da aquisição a depender da conclusão de auditoria superveniente, sendo que não se sabe o impacto dessa auditoria sobre o preço final, eis que não foi apresentado seu resultado. A presença de cláusula dessa natureza nos contratos reforça a necessidade de comprovação do efetivo desembolso realizado pela recorrente, conforme explicitado anteriormente. (...) Consensus Cabem aqui as mesmas considerações mencionadas na operação acima. Além disso, o laudo de avaliação econômicofinanceira é posterior à data da aquisição do investimento. O laudo, Fl. 12312DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.313 20 elaborado em janeiro de 2006, pretende servir de fundamento para o ágio na operação de aquisição concluída em 15/06/2005. O artigo 386 do RIR/99, em especial o seu inciso III, dispõe que, uma vez uma empresa controladora tendo absorvido o patrimônio de uma controlada, a qual tenha adquirido a participação societária com ágio, essa “mais valia” poderá ter a sua amortização deduzida na apuração do lucro real se o seu fundamento econômico tiver sido a rentabilidade futura da participação societária adquirida. Por fundamento, razão ou justificativa econômica, que leva ao surgimento de um ágio, por sua vez, devese entender o elemento volitivo que faz uma empresa adquirir a participação societária de outra. O fundamento econômico, assim, não é um simples documento, mas sim a vontade real que fez parte do negócio firmado. Neste sentido, o artigo 385 do RIR/99 estabelece que o lançamento contábil do ágio deve indicar a razão econômica que levou o seu pagamento, a qual, por seu turno, deve estar demonstrada em um documento arquivado na contabilidade da empresa. Por certo, tendo o artigo 385 determinado que o lançamento do ágio deve registrar o fundamento econômico, e que essa justificativa deve estar arquivada na contabilidade da empresa, não há como imaginar que o documento que ateste a razão econômica de um ágio seja elaborado após o seu efetivo pagamento. Caso o referido documento seja produzido após o pagamento da “mais valia”, com certeza, o registro contábil do ágio, que ocorre quando do seu efetivo pagamento, não terá qualquer fundamento a que se referir, haja vista que não haverá qualquer informação a ser arquivada na contabilidade que demonstre a sua existência. Outrossim, além do que prevê a norma, a anterioridade do laudo econômico ao pagamento do ágio também decorre de uma questão de ordem lógica. Com efeito, a anterioridade do documento que atesta o fundamento econômico do ágio ao seu efetivo pagamento, em que pese não estar expressamente prevista na lei, decorre de uma estrutura lógica que se impõe à realização dos atos negociais que propiciam o surgimento de um ágio. Sendo o ágio fruto de uma negociação, onde uma parte adquire de outra um bem (participação societária), a ordem necessária dos fatos é que a parte adquirente estude o seu interesse no bem antes do negócio ser fechado. Imaginar o contrário, seria admitir que a parte adquiriu o bem e depois analisou se tinha interesse na compra já realizada. O ato existiria antes da vontade. Um absurdo! Assim, numa operação pela qual uma participação societária é adquirida, a razão econômica que justifica o preço cobrado/pago necessariamente deve anteceder o seu efetivo desembolso. Em face de um negócio realizado, o estabelecimento Fl. 12313DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.314 21 entre as partes do valor envolvido indispensavelmente antecede a sua circulação. Não há como pensar o contrário. Admitir que, na realização de um negócio, a efetiva circulação de riquezas entre as partes possa anteceder a razão econômica que levou ao estabelecimento do valor que seria recebido/pago, significa afastar, em última análise, a regra fundamental da Economia da oferta e da demanda. A demanda não mais influenciará o preço de bens negociáveis, haja vista que ela ocorreria depois do pagamento. Com efeito, os pagamentos seriam feitos sem qualquer razão econômica, sem qualquer interesse. Em momento posterior, as partes iriam analisar as suas reais intenções na persecução do negócio já firmado. Portanto, a anterioridade do laudo econômico é tanto uma imposição de ordem contábil, imposta pela norma, assim como uma questão de ordem lógica, pois se assim não ocorrer, não há como imaginar a ocorrência dos fatos. Se a lei exige que o lançamento do ágio demonstre a sua justificativa econômica, a qual deve ser demonstrada por documento arquivado na escrituração da empresa, por certo que esse documento deve ser elaborado antes do pagamento do ágio, nunca depois. Se a ordem natural das coisas implica a demanda (interesse) surgir antes da efetiva negociação, não há como imaginar o inverso. Desta feita, haja vista o que até aqui foi exposto, demonstrase que, para o reconhecimento da dedutibilidade de um ágio nos termos dos artigos 385 e 386 do RIR/99, esse ágio deve ter se pautado na rentabilidade futura da participação societária adquirida. E, para a aferição dessa razão econômica, deve o documento que a atesta ter sido elaborado antes do efetivo pagamento da “mais valia” a que se refere. Newco Não foi entregue qualquer relatório que confirmasse a existência, o montante, e o fundamento da mais valia registrada (fl. 3192). 5239 STOC Cabem aqui as mesmas considerações mencionadas nas operações acima, sobre o contrato prever hipótese de ajustes no preço acertado, a depender de futura auditoria a ser realizada, sendo que não há notícia do resultado dessa auditoria, e nem comprovante dos valores efetivamente desembolsados. Ademais, conforme explicado pela autoridade autuante às fls. 3193/3194, o Carrefour teria calculado o ágio na aquisição da STOC tomando como base o capital social da empresa (R$ 57.777.000,00) e não o valor do seu patrimônio líquido (R$ 67.400.000,00), o que majorou indevidamente o valor do ágio. Sernamby Cabem aqui as mesmas considerações mencionadas nas operações acima, sobre o contrato prever a hipótese de ajustes no preço acertado, a depender de futura auditoria a ser realizada, sendo que não há notícia do resultado dessa auditoria, e nem comprovante dos valores efetivamente desembolsados. Fl. 12314DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.315 22 No que se refere à segunda infração autuada (glosa de despesas relacionadas às provisões indedutíveis), a Fazenda assevera que "as razões e o Parecer Técnico trazidos no recurso voluntário apenas reafirmam o quanto já argumentado na impugnação, o que não é capaz de infirmar o auto de infração" e transcreve trecho do acórdão da DRJ que engloba os itens 2.2.1, 2.2.2 e 2.2.3 daquele julgado. Conclui, então, que "tendo em vista que o recurso apresentado não logrou infirmar estas constatações, deve ser mantida integralmente o lançamento de ofício referente às provisões deduzidas indevidamente". Finalmente no que toca ao tema da incidência juros sobre a multa de ofício, a Fazenda alega, em apertada síntese, o que segue: a) ataca a indagação de que muitos se utilizam para afastar a incidência de juros sobre a multa (se no conceito de crédito trazido pelo art. 161 do CTN estivesse abarcada a multa quais seriam as "penalidades cabíveis" mencionadas nesse mesmo dispositivo?). Refere que o art. 161 é um exemplo de que o legislador pátrio não prima pela qualidade da redação das leis que elabora, sendo preciso interpretálo em função da realidade jurídica e fática sobre a qual vai ser aplicado; b) citando os arts. 113, § 1º, e 139 do CTN, aduz que por ser a multa, indubitavelmente, obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão se não a de que o crédito tributário engloba o tributo e a multa. Conclui,então, que tanto sobre o tributo (principal) quanto sobre a multa devem incidir juros, como determina o § 1º do art. 161 do Código Tributário Nacional. Cita doutrina em favor de suas razões; c) assevera que, a permanecer o entendimento literal segundo o qual na expressão “crédito não integralmente pago” não estaria incluída a multa de ofício, a eficácia de qualquer penalidade pecuniária, seja pelo descumprimento da obrigação principal, seja pelo da obrigação acessória, ficaria comprometida; d) defende a cobrança dos juros de mora com base na Taxa SELIC, afirmando que não se pode extrair que o art. 61, caput, e seu § 3º da Lei nº 9.430/96 quando utilizam, respectivamente, as expressões “débitos para com a União” e “débitos a que se refere este artigo”, estejam a se referir unicamente a débitos de tributos. Aduz que os débitos a que se referem o art. 61, caput, e seu § 3º da Lei nº 9.430/1996 são os créditos tributários devidos à União e não somente o valor do tributo (principal); e) conclui que a Lei nº 9.430/1996 dispôs de modo diverso do § 1º do art. 161 do CTN e expressamente mandou aplicar aos créditos tributários da União a “taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”, que é a Taxa SELIC; f) ataca o entendimento daqueles que afirmam que "se se entender que nas expressões “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” e “débitos a que se refere este artigo”, constantes, respectivamente, do caput e do § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, estão incluídos os créditos tributários (principal e multa de ofício) devidos à União, então haveria cobrança de multa de mora sobre multa de ofício, já que o caput do mesmo artigo 61 manda acrescer a tais débitos 'multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso'". Fl. 12315DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.316 23 Ao final, peticiona a Fazenda que não seja conhecido o recurso especial, em razão da ausência de um dos pressupostos de admissibilidade do recurso, ou, eventualmente, caso ultrapassada a preliminar, seja negado provimento ao recurso, mantendose integralmente o acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora O recurso é tempestivo, assim como as contrarrazões. Adiante enfrento as preliminares de inadmissão apresentadas pela Fazenda Nacional nas contrarrazões. Antes, no entanto, faço um breve apanhado sobre as infrações sob apreciação no presente recurso e as matérias em discussão. Como se viu, subsistem duas infrações combatidas pela Contribuinte no presente, quais sejam (i) glosa de dedução de amortização de ágio considerada indevida e (ii) glosa de dedução de despesas relacionadas a provisões não dedutíveis. Em relação à primeira infração (amortização de ágio indedutível), a Contribuinte questiona os dois fundamentos principais para a autuação fiscal, quais sejam (i.1) suposta ausência da comprovação do pagamento efetivo do ágio e (i.2) suposto vício nos laudos apresentados (não haveria avaliação dos bens a valor de mercado, mas tão somente a avaliação quanto à rentabilidade futura). Para cada um desses fundamentos, a Contribuinte aponta uma matéria objeto de divergência de interpretação da legislação tributária, trazendo, para cada matéria, dois acórdãos paradigma. Importante rememorar que a autuação fiscal envolveu ágios originados de 9 aquisições de empresas ocorridas entre 1998 e 2005, sendo que no acórdão ora recorrido foram considerados não comprovados os pagamentos referentes a 7 das 9 aquisições (as glosas referentes as outras duas aquisições já haviam sido afastadas pela DRJ, decisão que foi mantida na apreciação do recurso de ofício). Traz também a Contribuinte divergência assentada sobre a decadência do direito de constituição de crédito tributário referente a essa infração. Em contrarrazões, a Fazenda Nacional questionou a admissibilidade do recurso da Contribuinte em relação à divergência correspondente ao primeiro fundamento da autuação fiscal (ausência da comprovação do pagamento). Em relação à segunda infração (deduções referentes a provisões indedutíveis), a Contribuinte questiona a conclusão da Fiscalização de que as despesas em questão não foram adicionadas na apuração das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL, procurando demonstrar que foram, sim, adicionadas. Aponta aqui divergência de interpretação apontando dois acórdãos paradigmas. Aqui a Fazenda Nacional também questionou a admissibilidade do recurso. Fl. 12316DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.317 24 A Contribuinte traz ainda dois temas em seu recurso para os quais apontou dissídio jurisprudencial, quais sejam abusividade da multa de ofício aplicada (75%) e não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Em que pese haver duas preliminares de inadmissibilidade do recurso da Contribuinte apresentadas nas contrarrazões da Fazenda, principio a apreciação pelo tema da decadência referente à infração de amortização de ágio indedutível, eis que é prejudicial ao mérito das demais matérias vinculadas a essa infração. Preliminar prejudicial de mérito decadência referente à infração de amortização de ágio indedutível Como se viu, o recurso da Contribuinte alega decadência do direito de constituição de crédito tributário referente à infração de amortização de ágio indedutível. Sustenta sua posição asseverando que se deve considerar, para fins de contagem do prazo decadencial, somente a data em que foi gerado tal ágio e não sua amortização. Assim, como os ágios foram gerados nos anoscalendário de 1998 a 2005, na data da autuação (27.11.2012) se encontrava decaído o direito das autoridades fiscais de reverem tais operações, ainda que as despesas de amortização de ágio glosadas tenham sido deduzidas no anocalendário de 2007. Aduz que este entendimento está fundamentado em quatro argumentos distintos: (i) o lançamento fiscal que será homologado pelas autoridades fiscais ocorre no momento em que a perda é gerada (incorporação da Adquirida pela Adquirente); (ii) não existe norma específica que autorize as autoridades fiscais a contestarem ágios gerados há mais de cinco anos; (iii) uma autuação fiscal que pretenda contestar operações ocorridas há mais de cinco anos ofende ao princípio da segurança jurídica; (iv) no momento em que ocorre a efetiva amortização fiscal do ágio, as autoridades fiscais podem apenas contestar aspectos formais relacionados à sua dedutibilidade. Observa que no anocalendário de 2012, não era nem mais obrigada a guardar documentos fiscais relativos aos anoscalendários de 1998 a 2005, bem como que já foi fiscalizada em relação a anoscalendário anteriores ao de 2007, em períodos que houve dedução de despesas de amortização fiscal dos mesmos ágios objetos do presente processo, não sendo possível admitir que os ágios por ela registrados pela Recorrente sejam apenas parcialmente legítimos para fins de amortização fiscal (alega que se daria aqui o que a doutrina designa como "venire contra factum proprium"). Já a Fazenda Nacional alega que para a contagem da decadência, devese ter em mira o fato gerador da obrigação tributária, sendo que sem a materialização de alguma hipótese de incidência prevista em lei, não há que se falar em constituição de crédito fiscal, o que, por sua vez, afasta a possibilidade de contagem do prazo decadencial. E, trazendo disposições do RIR/1999, afirma que o pagamento do ágio na aquisição de uma participação societária não se enquadra como fato gerador de algum tributo federal, assinalando que, ao adquirir uma participação societária com ágio, a pessoa jurídica adquire uma expectativa de direito de, no futuro, caso ocorra a situação prevista na legislação, poder amortizar esse valor na apuração dos tributos. E conclui que somente quando o contribuinte deduz o ágio na apuração do IRPJ e da CSLL a serem recolhidos, o Fisco tem algo a homologar. Pois bem, já tive a oportunidade, muito recentemente, de me pronunciar sobre semelhante argüição de decadência. Com efeito, o caso então apreciado tratava, igualmente, de ágio gerado e amortizado no âmbito de operações de reestruturação societária, Fl. 12317DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.318 25 cujas despesas de amortização foram glosadas pela auditoria fiscal por considerar que o ágio fora artificialmente gerado. O sujeito passivo, em Recurso Especial, também invocou a decadência de o Fisco questionar a legitimidade dos atos que envolveram o aproveitamento do ágio naquele caso. O tema foi analisado e decidido no âmbito da Resolução nº 9101000.015, proferida em sessão de julgamento realizada 7/4/2016, nos autos do processo nº 16561.000222/200872, depois incorporado ao acórdão nº 9101002.814, de 11 de maio de 2017, ocasião em que esta 1a. Turma da CSRF acolheu o voto por mim proferido, à unanimidade, pelo que peço vênia para transcrevêlo: Aduz a contribuinte que a auditoria fiscal não poderia questionar a legalidade dos atos que teriam dado direito ao aproveitamento do ágio surgido em 2001, porque transcorridos mais de 5 (cinco) anos entre os fatos que propiciaram o surgimento desse ágio, em 2001, e a lavratura dos autos de infração, em dezembro de 2008. Nas contrarrazões apresentadas, a PFN afirma que o direito de a Fazenda fiscalizar os procedimentos relativos à criação de um ágio não se submetem ao prazo decadencial tributário e que a preclusão, por ser instituto eminentemente processual, não se aplica à atividade fiscalizatória do Estado. Em que pese muito bem fundamentada, não posso concordar com a tese da contribuinte e permitir seja dada tão extensa interpretação aos comandos que regem o prazo decadencial no Código Tributário Nacional. Como leciona o Prof. Eurico Diniz de Santi, "Ao aplicar a regra de decadência, o sistema jurídico extingue o direito de constituir o ato administrativo de lançamento tributário..." (Decadência e Prescrição no Direito Tributário. São Paulo. Max Limonad, 2000, p. 141, 142). Nesse mesmo sentido é o entendimento já pacificado pelo STJ, assentado em vários julgamentos de recursos, com efeito de repetitivo, aos quais se deu a mesma interpretação e aplicação ao instituto da decadência no âmbito do direito tributário, como se verifica do seguinte trecho do voto proferido pelo Exmo. Ministro Luiz Fux, no julgamento do REsp 973.733/SC. Deveras, a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). (*) destaquei Portanto, os prazos decadenciais previstos no CTN Lei nº 5.172, de 1966 arts. 150 e 173, aplicamse exclusivamente à constituição de crédito tributário pelo lançamento. Fl. 12318DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.319 26 É verdade que ao Fisco não compete desconstituir atos societários pactuados no passado, mas a validade desses instrumentos pode ser questionada, e até afastada, caso efeitos perniciosos decorrentes desses atos vierem a comprometer a apuração de tributos em períodos não alcançados pelo prazo decadencial, razão pela qual também não tem qualquer amparo a alegação da contribuinte de que existe preclusão processual no âmbito do procedimento fiscal. No presente caso, o surgimento, em 2001, do ágio não produziu efeitos tributários dos períodos anteriores ao início da amortização, e, porque até então, não interferiu na apuração dos tributos ora em comento. Essa interferência veio a ser materializada com o início da amortização do ágio, no anocalendário 2002 e, subseqüentemente, nos anos de 2003 e 2004. Foi, então, a partir do anocalendário 2002, que as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL se viram reduzidas por influência direta da dedução do valor da amortização que passou a ser efetuada e é sobre esses anoscalendário que deve se dar a análise da ocorrência, ou não, da decadência. Ou, em outras palavras, o prazo decadencial deve ser contado a partir do momento em que se verificam os efeitos tributários do ágio, pois é aí que surge o fato gerador decorrente de toda a operação. Assim, descabe falar em fatos geradores decorrentes do ágio por ocasião do seu surgimento, daí porque inexiste contagem de prazo decadencial nesse período. Portanto, neguei provimento ao Recurso Especial do Contribuinte porque rejeitei a tese da decadência em relação a períodos que não dizem respeito aos fatos geradores objeto do lançamento de ofício ora em análise, nos termos do voto acima escrito e que foi lido e votado por ocasião desta sessão, de forma a se permitir adentrar na análise do conhecimento e mérito do Recurso Especial da Fazenda Nacional. No presente caso, da mesma forma, alega a Contribuinte que como os ágios foram gerados nos anoscalendário de 1998 a 2005, na data da autuação (27.11.2012) se encontrava decaído o direito das autoridades fiscais de reverem tais operações, ainda que as despesas de amortização de ágio glosadas tenham sido deduzidas no anocalendário de 2007. Ocorre que, como dito, o prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, nos artigos 150 e 173, se destinam a atividade de lançamento. E o lançamento só pode ser efetuado ou revisto, quando da ocorrência do fato gerador. E o fato gerador somente ocorre quando implementadas as circunstâncias materiais, espaciais e temporais previstas na regramatriz de incidência tributária. Não ocorrendo o fato gerador, não haverá como começar a fruir o decurso do prazo decadencial. As operações que levaram ao surgimento dos ágios, cujas amortizações foram objeto de glosa pela auditoria fiscal, neste processo, não dão ensejo à ocorrência de fato gerador de obrigação tributária. O fato gerador somente ocorre quando, em decorrência dessas amortizações, há alterações nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, alterações essas que deram ensejo à ocorrência de fatos geradores desses mesmos tributos. Foi então que passou a correr o prazo decadencial de que trata o CTN, que será objeto de apreciação em tópico distinto. Não há, assim, qualquer ofensa à segurança jurídica como alega a Recorrente, mas sim estrito cumprimento das disposições legais sobre o instituto da decadência. Fl. 12319DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.320 27 Correto, portanto, o acórdão recorrido quando consigna em sua ementa que somente pode se falar em contagem do prazo decadencial após a data de ocorrência dos fatos geradores, não importando a data contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. Em reforço a tal entendimento, trago à colação excerto do acórdão do TRF da 4ª Região, prolatado no AMS 200270000395534 (Rel. Des. Maria Lúcia Luz Leiria. DJ 14/04/2004), trazido pela PFN em suas contrarrazões: Dessa forma se configura o objeto do presente mandamus: a apuração procedida de diferenças de bases de cálculo negativas, referente ao ano de 1994, da qual a impetrante teve ciência tão somente em 1º.11.2000, configura ato ilegal? Operouse a decadência do direito do fisco ajustar diferenças? Tenho que não, uma vez que, como bem salientado pelo MM. Juízo a quo, o auto de infração em questão não constituiu crédito tributário, nos termos de artigo 142 do Código Tributário Nacional. Isso porque sequer havia crédito fiscal, mas tão somente prejuízo, o que não configura fato gerador da contribuição social em tela, que é o lucro líquido. O que houve, sim, foi uma revisão e ajuste de prejuízo lançado, o qual, saliento, não implica em crédito em favor do contribuinte, mas apenas em expectativa de direito verdadeiro favor legal à compensação de eventual lucro apurado nos exercícios seguintes. Daí porque entendo que não tem a impetrante direito líquido e certo a ensejar a utilização de ação mandamental e a concessão da segurança. Apenas quando se verifica a ocorrência do fato gerador da CSLL, qual seja, o lucro líquido, é que se configura o direito a eventual compensação com prejuízo anteriormente apurado, bem como o dever do Fisco em proceder à fiscalização dos dados lançados – inclusive de prejuízo. Dessa forma, não tendo se verificado lucro, não havia o porque de se proceder à fiscalização, não se configurando a alegada decadência. O instituto da decadência diz respeito ao prazo conferido pela lei à fiscalização para que seja procedido ao lançamento e constituído o crédito fiscal. Contudo, in casu o que se deu foi a verificação de apuração em um anocalendário de base de cálculo negativa – que não constitui, de plano, crédito a favor do contribuinte que afeta contribuição devida nos anoscalendário seguintes, em face da possibilidade de compensação constante do artigo 16 da Lei nº 9.065/95, tendo tãosomente o fisco ajustado os prejuízos lançados pela impetrante. Por fim, cumpre remarcar que a atividade de fiscalização pela Fazenda dos procedimentos dos contribuintes não se confunde com a lançamento de tributo, a qual deve, sim, observar prazo de decadência. A um, porque a fiscalização procedida não constituiu crédito fiscal, não determinando valor a pagar; a dois, porque o contribuinte tem apenas expectativa de direito à compensação dos prejuízos apurados; a três, porque tem o Fisco a prerrogativa de verificação da correção das Fl. 12320DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.321 28 informações (prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas), uma vez que a determinação dos valores a serem compensados não são os pretendidos pelo contribuinte, mas os efetivamente constatados pelo Fisco. (grifo nosso) Por fim, citese a seguinte ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no julgamento do RE nº 344.994/PR: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITADA A TRINTA POR CENTO. IRPJ E CSSL. LEIS 8.981/95 E 9.065/95. CONSTITUCIONALIDADE DA LIMITAÇÃO, COM RESSALVA DO PERÍODO DE APLICAÇÃO RELATIVO À CSSL, EM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. Primeiramente, é de ser reformada a sentença na parte em que reconheceu a decadência do IRPJ. Como bem destacado pela União Federal, na verdade, o fato gerador do referido tributo deuse em 1998, já que foi, naquela data que houve a dedução integral dos prejuízos fiscais acumulados dos exercícios de 1993 e 1994. Assim, o prazo para a constituição do crédito tributário se iniciou, nos termos do artigo 173, I do CTN, no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, em 1º de janeiro de 1999, terminando em 31 de dezembro de 2004. Como o auto de infração foi lavrado em 21 de julho de 2003, não há que se falar em decadência do direito à constituição do crédito tributário. Afastada a ocorrência da decadência, é de se registrar, quanto à legislação aplicável à matéria trazida na impetração, que a matéria foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da legislação que trata dos recursos repetitivos, tendo concluído pela constitucionalidade dos artigos 42 e 58 da Lei n. 8.981/95, que limitaram em 30% a compensação dos prejuízos fiscais acumulados em anosbases anteriores, para fins de apuração da CSL e do IRPJ (RE n. 344994/PR, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. para o Acórdão Min. Eros Grau, j. 25/03/09, informativo 540 do STF) Mesmo ue não tenha havido a publicação do citado acórdão, os Ministros daquela Suprema Corte têm solvido a questão por meio de decisões monocráticas, fazendo referência ao julgado acima transcrito. Confirase: RE 599530/SP, DJ 25/05/09 e RE 383118/PR, DJ 27/05/09, Rel. Min. Menezes Direito. Em razão da inversão do resultado do julgamento, condeno a autora ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 2% do valor atualizado da causa. Apelação da União Federal e remessa oficial providas. Apelação da autora desprovida. (APELREE 200561100072202. Rel. Des. MARCIO MORAES. DJ 08/04/2011) [destaques não constam no original] Com respeito ao argumento de que no ano da autuação fiscal (2012) a Contribuinte não era mais obrigada a guardar documentos fiscais relativos aos anoscalendários de 1998 a 2005, entendo que se o art. 264 do RIR/1999 estabelece obrigação de a pessoa jurídica "conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial", e se, à luz do que se viu, o direito de glosar as despesas de amortização de ágio não decaiu, estava a Fl. 12321DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.322 29 Recorrente obrigada a conservar os documentos referentes à origem do ágio no ano da autuação. Somente quando se operar a decadência do direito de a autoridade fiscal glosar as deduções das amortização do ágio, a qual é contada das deduções e não da constituição do ágio, é que se extingue a obrigação de conservar os documentos em tela. Finalmente com relação ao argumento de que a Contribuinte já fora fiscalizada para períodos anteriores aos da glosa, nos quais também houve dedução de despesas de amortização dos mesmos ágios objeto do presente processo, sem que as deduções tivessem sido questionadas, não há reparos ao acórdão recorrido quando consigna que "o procedimento fiscal anterior teve escopo distinto do que redundou no presente lançamento e o segundo exame do período foi devidamente pela autoridade competente conforme exige o art. 906 do RIR/1999". Afasto, portanto, a alegação de que teria ocorrido a decadência do direito de o Fisco questionar as operações que deram ensejo ao surgimento dos ágios tratados nestes autos. Preliminar de inadmissibilidade referente ao tema da comprovação de pagamento do ágio Afastada a decadência referente à infração de amortização de ágio indedutível, passo a apreciar a preliminar de inadmissibilidade do recurso na parte que trata da comprovação de pagamento do ágio. Como antes se viu, a Turma recorrida entendeu que não foram comprovados os pagamentos dos ágios relativos a 7 aquisições de empresas pela Recorrente (mantendo a glosa das amortizações correspondentes), conclusão que é combatida pela Contribuinte. Para demonstrar o dissídio jurisprudencial que dá suporte ao seu recurso, a Contribuinte traz como primeiro paradigma o acórdão de nº 1302001.150 ("Caso Multiplan"), asseverando, em síntese, que nesse julgado também se discute amortização do ágio após confusão patrimonial entre investida e investidor, sendo que "o contribuinte em questão apresentou exatamente os mesmos tipos de documentos apresentados pela Recorrente para comprovar a efetividade do pagamento do ágio", tendo a Turma julgadora reconhecido "a existência de efetivo pagamento do ágio a partir da análise do Laudo de Avaliação e dos contratos e documentos societários acostados aos autos". Cumpre assinalar que alguns trechos do acórdão paradigma reproduzidos na demonstração de divergência não são do voto do Relator (vencedor), mas da declaração de voto do Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, que acompanhou o Relator. Antes de cotejar trechos dos acórdãos recorrido e paradigma, a Recorrente assim arremata (grifos originais): 66. Como se pode notar, a semelhança da operação objeto do Acórdão Paradigma no 1302001.150 com a operação em análise nos presentes autos é evidente: em ambos os casos há a formação de ágio em aquisição de participação societária, tendo sido apresentados os registros contábeis, contratos e documentos societários para embasar as operações e comprovar o efetivo pagamento do preço de aquisição. Fl. 12322DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.323 30 67. No Caso Multiplan, o E. CARF considerou como legítima a amortização fiscal do ágio reconhecido pela sociedade adquirente após a análise dos documentos juntados aos autos. Caso o mesmo entendimento do Caso Multiplan fosse aplicado no presente caso, não há dúvidas de que a amortização dos sete ágios em discussão seria amplamente reconhecida, tendo em vista que a Recorrente apresentou todos os documentos exigidos por lei para comprovar a efetividade das operações e os respectivos ágios gerados. 68. Portanto, analisando o desfecho do Acórdão Paradigma no 1302001.150, resta clara a divergência de posicionamentos, pois enquanto o r. Acórdão recorrido entende que os registros contábeis, contratos, documentos societários e Laudos de Avaliação apresentados pela Recorrente não seriam hábeis e idôneos para comprovar o pagamento do ágio, a decisão paradigma reconheceu a existência de efetivo pagamento do ágio a partir da análise destes mesmos documentos. No que se refere ao segundo paradigma, acórdão nº CSRF/0105.531 ("Caso Panarello"), a Contribuinte assevera que "enquanto o r. Acórdão recorrido entendeu que não caberia à D. Fiscalização provar que as informações contábeis e contratuais apresentadas pela Recorrente não seriam corretas ou insubsistentes, mas sim que caberia à recorrente ter comprovado por meio de documentos bancários a veracidade das informações trazidas aos autos e a efetiva transferência de valores para aquisição das participações societárias em discussão, o Acórdão paradigma entendeu que esse ônus é aplicável à D. Fiscalização, uma vez que a contabilidade faz prova em favor do contribuinte". Refere também que "caso o entendimento proferido pelo E. CARF no Caso Panarello fosse aplicado ao presente processo, não há dúvidas de que as DD. Autoridades Julgadoras teriam julgado improcedente a presente autuação, uma vez que os registros contábeis apresentados pela Recorrente os quais encontramse devidamente suportados pelos contratos, documentos societários e Laudos de Avaliação elaborados para cada uma das operações em análise fazem prova em seu favor, cabendo à D. Fiscalização demonstrar eventuais inconsistências por ela alegadas". E acrescenta que "a interpretação conferida ao artigo 923 do RIR/99 é nitidamente distinta", sendo que "o r. Acórdão recorrido entendeu que os registros contábeis apresentados no presente processo, respaldada pelos respectivos contratos, recibos, atas, balanços, e laudos preparados por terceiros especializados documentos incontestavelmente oficiais e idôneos não fazem prova em favor da Recorrente. Já a decisão paradigma, em sentido oposto, afirma que esses mesmos registros contábeis respaldados por documentos idôneos devem ser observados por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor do sujeito passivo". A Fazenda Nacional, por seu turno, argumenta pela não comprovação da divergência em relação ao primeiro paradigma alegando ali a efetividade do pagamento não foi em momento algum questionada, tendo o entendimento para o reconhecimento do direito de amortização do ágio se pautado no afastamento da simulação nas operações de reorganização societária. Já no recorrido, "a autuação gira em torno da prova do efetivo pagamento, não tendo sido questionado pela fiscalização o desenho da operação". Fl. 12323DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.324 31 No que toca ao segundo paradigma, a Fazenda Nacional procura desconstituir a demonstração da divergência alegando que o paradigma não abordou a questão de amortização de ágio, mas sim omissão de receitas apuradas a partir de depósitos bancários, acrescentando que nesse julgado "as questões de divergência jurisprudenciais solucionadas cingiramse ao exame da validade da tributação da receita omitida com fulcro nos art. 43 e 44 da Lei 8.541/92 e do aproveitamento dos custos não registrados para reduzir a receita omitida apurada, arbitramento de lucros em caso de incêndio; omissão de receitas com base em diferença apurada entre depósitos bancários e receitas contabilizados e omissão de receita sobre depósitos bancários não contabilizados nos anos de 1995 e 1996". Assinala também a Fazenda a singularidade do caso em discussão nos presentes autos, afirmando aqui diversos dos compromissos de aquisição firmados pela recorrente dispunham de cláusula que sujeitava os valores contratados a ajustes, a depender do resultado de auditorias a serem realizadas após o fechamento da negociação de aquisição. Ressalta também que no acórdão recorrido resta claríssima a razão da impossibilidade de amortização dos ágios e o imperativo de se comprovar o efetivo pagamento, haja vista a ocorrência de operações no formato “casa e separa”, sendo que a presença de operações no referido formato afasta por completo o caso dos autos do arcabouço fático dos acórdãos paradigma. O confronto do primeiro paradigma (acórdão nº 1302001.150, "Caso Multiplan") com o acórdão recorrido revela que assiste razão à Fazenda quando afirma que no recorrido a autuação gira em torno da prova do efetivo pagamento do ágio, questão que sequer é discutida no paradigma. Com efeito, o que se discute no acórdão paradigma é se o fato de empresa sediada no exterior aportar recursos em subsidiária brasileira (adquirente) para que essa fizesse aquisição de participação societária em terceira empresa (adquirida), com ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, impediria a dedução da amortização do ágio. Considerouse ali que não impediria, afastandose a ocorrência de simulação e de falta de propósito negocial e desqualificandose o caso como sendo de ágio interno ou de ágio externo transferido. Embora a ementa do julgado, reproduzida no relatório, bem exprima isso, vale transcrever os excertos a seguir do voto condutor: Da simples leitura do TVF, notase que a autoridade fiscal nega em verdade o permissivo legal criado pelos art. 7º e 8º da Lei 9.532/97, ou seja, estamos diante de uma situação em que foi efetivamente pago o ágio (não se trata de planejamento com base no art. 36 da Lei 10.637/02), no qual um investidor estrangeiro (1700480 ONTARIO INC) aporta capital em uma empresa (BERTOLINO), a qual adquire ações de outra empresa com ágio (MTE) e, a seguir, esta incorpora aquela. Da mesma forma, não estamos diante do planejamento de transferência de ágio externo (aquele decorrente do processo de privatização, em que o investidor se utiliza de empresa veículo para transferir o ágio que pagou no leilão de privatização para a empresa operacional adquirida). Tratase aqui de aplicação direta do disposto nos arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97 sem utilização de empresa veículo, pois a autoridade fiscal se insurge contra o fato de o investidor no exterior ter preferido aportar capital em uma subsidiária, para que essa depois adquirisse as ações da recorrente com ágio. Por certo, entendeu a autoridade fiscal que estaria obrigado o investidor a optar por adquirir diretamente as ações da recorrente com ágio, pois aí não teria como se valer das referidas normas – caminho mais oneroso. (...) Fl. 12324DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.325 32 No caso em tela, a 1700480 ONTARIO INC queria aportar capital na BERTOLINO, para constituir uma subsidiária no Brasil, não restando demonstrado qualquer simulação quanto a causa do negócio, ou seja, sobre a existência de um negócio dissimulado. (...) Por esse mesmo motivo, afastase também a alegação de falta de propósito negocial na constituição da BERTOLINO. De qualquer forma, falta de propósito negocial não configura, por si só, em simulação, se não vejamos como dispõe o § 1º do art. 167 do Código Civil, in verbis: Vejase que a referência que o Relator faz para a ocorrência de pagamento vem no sentido de descaracterizar o caso ali discutido como de "ágio interno". Confirase: No caso em tela, porém, embora a autoridade fiscal tente enquadrar a situação como ágio interno, nem isso sequer seria possível, pois houve efetivo pagamento pelo ágio a terceiros, ou seja, quando a BERTOLINO pagou R$ 745.877.102,89 a título de ágio na aquisição de 47.327.029 de novas ações da MTE, não os estava pagando a uma empresa do mesmo grupo econômico. Não logrou a Recorrente, portanto, demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada. A mesma conclusão vai em relação ao segundo paradigma (acórdão nº CSRF/0105.531, "Caso Panarello"). Ora, os fatos que ali deram ensejo à autuação fiscal são absolutamente diversos destes do presente processo. Com efeito, a autuação no paradigma decorreu da constatação de "1) omissão de receita apurada a partir de depósitos bancários não contabilizados identificados em contas mantidas pela empresa em instituições financeiras, e 2) depósitos bancários contabilizados sem comprovação de origem", tendo sido o lucro arbitrado para parte do período autuado "em virtude da falta de apresentação de livros e documentos fiscais". Além disso, a dicção do paradigma acerca da presunção de veracidade dos registros contábeis vem quando se trata da segunda infração, depósitos bancários contabilizados sem comprovação de origem, em que a Fiscalização se valeu de cruzamento de informações e apontou "insuficiências mensais", sem individualizar "os depósitos que não encontram correspondência com recebimentos registrados na Contabilidade". E, diante da ausência de justificação por parte da contribuinte, a Fiscalização autuou a suposta omissão de receita, apresentando "como indicio a existência de lançamentos a crédito na conta Cheques em Cobrança, tendo como contrapartida débitos por valores globais na conta Bancos Conta Movimento, seguida de sistemático estorno de lançamento a cada inicio de mês". Diante desse quadro concluiu o Relator do paradigma que se afigurava o dever do Fisco de "indicar quais os lançamentos contábeis presentes nos Livros Fiscais que não mereçam fé". Ainda que extenso, vale transcrever o trecho do paradigma de onde exsurgiria o dissídio jurisprudencial aqui considerado não demonstrado: A acusação baseouse em detalhado procedimento de auditoria, apoiada em arquivos magnéticos e nos elementos da contabilidade da empresa no ano de 1996, para levantar a existência de transferência de recursos, depósitos em contas correntes, cuja origem não estava albergada em nenhuma dessas fontes de financiamento. Fl. 12325DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.326 33 Da constatação de diferenças de valores, a empresa foi intimada a comprovar a origem de tais recursos depositados em bancos que suplantaram os respectivos recebimentos. Observese que a fiscalização não individualizou os depósitos que não encontram correspondência com recebimentos registrados na Contabilidade, apenas apurou insuficiências mensais. Diante da ausência de justificação por parte da contribuinte, a fiscalização formalizou a exigência tributária com fundamento em omissão de receita. Para respaldar tal conclusão, a fiscalização apresenta como indicio a existência de lançamentos a crédito na conta Cheques em Cobrança, tendo como contrapartida débitos por valores globais na conta Bancos Conta Movimento, seguida de sistemático estorno de lançamento a cada inicio de mês. Não há, contudo, o cotejo desses estornos com as diferenças mensais apuradas de modo a identificar especificamente quais valores de depósitos não estariam comprovados. Estamos, portanto, diante de uma prova de omissão de receita apoiada em presunção simples a requer prova da Fazenda. Tal meio de prova é tido por precário pelo Código Civil Brasileiro, pois normalmente sacrifica o que raramente ocorre pelo que se verificou repetidamente em situações idênticas no passado. O pressuposto lógico é que, a partir da existência de elementos comuns, esperase a repetição de um resultado conhecido. Essa regra pode ser infirmada por ocorrências excepcionais, representadas por fatos improváveis que fujam ao padrão estabelecido pela experiência. A presunção baseouse nos seguintes Indícios: o Fisco apurou, por meio dos arquivos magnéticos, todos os ingressos de numerários em conta bancária lançados a débito da conta Bancos c/ Movimento no ano de 1996, excluindo os lançamentos que não representam ingresso de numerário nas contas bancárias (transferências entre bancos, transferência de caixa para bancos, numerários em trânsito, empréstimos, etc).. o total dos recebimentos da pessoa jurídica no período, originados dos pagamentos de clientes, ressarcimento de ICMS, receitas de ICMS substituição tributária, juros, devolução de mercadorias e cancelamentos de adiantamentos a fomecedores. ausência de comprovação pela empresa das diferenças mensais entre os depósitos e os recebimentos apurados conforme listado no demonstrativo de fls 362; comprovação da existência de lançamentos a crédito na conta Cheques em Cobrança, tendo como contrapartida débitos por valores globais na conta Bancos Conta Movimento, seguida de sistemático estorno de lançamento a cada início de mês. Verificase que todos levantamentos realizados na apuração da Infração em comento basearamse em registros contábeis extraídos dos Livros Fiscais. A Contabilidade feita em obediência aos princípios e regras vigentes na legislação societária e fiscal deve refletir a correta apresentação do patrimônio, com apuração de suas mutações e análise das causas de suas variações. O Direito Tributário elegeu o conjunto de enunciados que compõem a escrituração contábil e fiscal das empresas como linguagem competente para expressar a ocorrência do fato jurídico tributário — lucro. Esses registros contábeis, desde que respaldados por documentos inidôneos, devem ser observados por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor do sujeito passivo de seu conteúdo. Essa afirmação encontra respaldo na legislação fiscal, que prescreve no art. 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda de 1999, com fundamento no Decretolei n° 1.598, de 1977, que a presunção relativa de veracidade dos registros contábeis, a saber: (...) Fl. 12326DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.327 34 Assim, os fatos registrados na Contabilidade da empresa são presumidamente verdadeiros até que se prove o contrário. Nessa linha de raciocínio, afigurase dever do Fisco indicar quais os lançamentos contábeis presentes nos Livros Fiscais que não mereçam fé. Pela teoria das provas, os autuantes devem reunir elementos que permitam refutar os enunciados produzidos pela pessoa jurídica e emprestar certeza ao fato constitutivo de seu direito ao tributo que deixou de ser recolhido. Vale lembrar, por oportuno, que, caso o número de erros apurados na auditoria for acentuado, a escrita fiscal não se prestará para reproduzir com segurança os eventos econômicos realizados pela contribuinte, deverá o Fisco desconsiderála na apuração do lucro tributável. Esse não é o caso dos autos. Os autuantes não expressaram dúvida a respeito da consistência da escrituração da recorrente e a utilizaram para apurar irregularidades, identificando diversos lançamentos na conta "Cheques em Cobrança" seguidos de estornos que indicavam no sentido da tentativa de ocultação da origem de depósitos na conta Bancos. Em verdade, o relato da fiscalização traz diversas evidências de irregularidade, mas não houve prosseguimento no procedimento de auditoria para confirmar a infração. Pela técnica contábil das partidas dobradas, é possível se identificar cada contrapartida de depósito contabilizado. Ou seja, a partir de indício apurado pela fiscalização ao levantar inconsistências nos grandes números da Contabilidade, deveria o trabalho fiscal ter aprofundado os exames para identificar quais os lançamentos são irregulares. Essa não foi a opção adotada, a fiscalização interrompeu os trabalhos de auditoria e fundamentou suas conclusões por meio de presunção simples. Parte de fato conhecido diferenças mensais, não esclarecidas, entre o ingresso de numerário nos Bancos e o total dos recebimentos contabilizados — para imputar ao sujeito passivo, baseada na máxima da experiência, a acusação de omissão de receita. Para a manutenção da exigência tal como proposta, é necessário que tal conjunto de indícios permita ao julgador alcançar a certeza necessária para seu convencimento, afastando possibilidades contrárias mesmo que improváveis. Alcançar a certeza sobre o litígio não significa necessariamente conhecer a verdade dos fatos. A certeza é obtida quando os elementos de prova confrontados pelo julgador estão em concordância com a alegação trazida aos autos Ressaltese que, como ensina Moacyr de Amaral Santos, "a certeza não é suscetível de graduação'. Se remanescer uma dúvida razoável da improcedência da exação, o julgador não poderá decidir contra o acusado. 2 No estado de incerteza, o Direito preserva a liberdade em sua acepção mais ampla, protegendo o contribuinte da interferência do Estado (tributação) sobre seu patrimônio. Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a exigência não pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN. Assim, entendo que, apesar dos indícios apurados pela fiscalização serem relevantes, não são suficientes para estabelecer uma relação de implicação que permita alcançar a certeza necessária da ocorrência dos fatos que lastreiam a acusação. Diante das inúmeras possibilidades, não afastadas pelo trabalho fiscal, remanescem dúvidas sobre o ilícito. São estas razões de decidir que me levam a dar provimento ao recurso especial quanto à exigência de omissão de receita sobre depósitos contabilizados. Não há, a toda evidência, a indispensável similitude fática com o caso do acórdão recorrido, no qual, não só se tratava de infração absolutamente diversa, com aspectos muito específicos, como os pagamentos questionados pela Fiscalização se encontravam muito bem especificados, uma vez que se referiam ao ágio supostamente suportado pela Contribuinte nas operações de aquisição de empresas. Fl. 12327DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.328 35 Sem dúvidas, o fato de a Fiscalização ter fundamentado a autuação, dentre outras razões, na cláusula do Instrumento Particular de Compromisso de Aquisição de Participação Acionária, ao argumento de que não ficara claro qual teria sido o impacto da auditoria sobre o preço final dos negócios, e, por conseguinte, ter exigido o comprovante do pagamento do ágio, foi decisivo para que o acórdão recorrido mantivesse a autuação com base nesse fundamento, chegando a dizer que aceitava, a qualquer tempo, a comprovação da transferência bancária, e esclarecendo que não entendia porque, depois de insistentemente demandada, àquela altura do processo, a contribuinte não teria comprovado esses pagamentos. Como essa peculiaridade não se faz presente nos acórdãos paradigmas, é impossível se identificar entre eles qualquer similitude fática. Concluise, assim, que a Recorrente não logrou demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada, cabendo acolher as razões da Fazenda Nacional para não conhecer o recurso da Contribuinte no que se refere ao tema da comprovação de pagamento do ágio. Uma vez não se conhecendo o recurso no que se refere ao tema da comprovação de pagamento do ágio, tornase até despicienda a apreciação do tema do vício nos laudos que dão suporte ao ágio. É que não haveria utilidade processual em seu enfrentamento, uma vez que, qualquer que fosse o resultado de sua apreciação, a autuação fiscal se manteria pela falta de comprovação do pagamento dos ágios amortizados. Ainda assim, passase a enfrentar o tema. Pois bem, verificando os requisitos para conhecimento do recurso em relação ao tema de vício nos laudos que dão suporte ao ágio, constatase que também aqui o recurso não deve ser conhecido por não ter a Recorrente logrado demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada. Com efeito, a Recorrente sustenta sua demonstração de dissídio jurisprudencial sobre premissa equivocada sobre os acórdãos que indicou como paradigma. Afirma a Recorrente o que segue (destacouse): 88. Assim, em sentido oposto ao entendimento manifestado no r. Acordão recorrido, os Acórdãos paradigmas acima deixam claro que a posição do r. Acórdão recorrido merece reparos, pois evidenciam que não havia na legislação fiscal, nem implícita, nem explicitamente, qualquer tipo de exigência quanto à formalidade, metodologia ou prazo para a produção da fundamentação econômica do ágio o que, inclusive, somente ocorreu com a publicação da MP 627/13 e da sua conversão na Lei 12.973/14, que, entretanto, somente se aplicam para aquisições realizadas a partir de 1.1.2015, o que não é efetivamente o caso destes autos. 89. Com base nesse racional, entenderam os Acórdãos Paradigmas, em sentido oposto ao posicionamento do r. Acórdão recorrido, que o simples fato de o laudo ter sido elaborado posteriormente à criação do ágio não impede sua utilização para esse fim. Ocorre, no entanto, que os paradigmas afirmam, sim, restrição de "prazo para a produção da fundamentação econômica do ágio". Fl. 12328DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.329 36 Com efeito, no primeiro paradigma (acórdão nº 1102001.018, " Caso Banco Itaucard "), o Relator afirma que em uma primeira análise entendeu que os documentos até então apresentados não serviam para fundamentar o ágio com base na rentabilidade futura, só mudando de posição a vista de novos documentos trazidos durante o contencioso, dentre os quais estudo contemporâneo à aquisição com ágio. Confirase (sublinhouse): Em uma primeira análise da matéria, entendi que os documentos até então apresentados não serviam para fundamentar o ágio com base na rentabilidade futura. Em primeiro lugar, porque o § 2º do art. 20 do Decretolei nº 1.598, de 1977, exige que o lançamento do ágio ou deságio indique seu fundamento econômico, mas a contabilização apresentada apenas afirmava que se tratou de ágio na aquisição, sem indicação do fundamento (fl. 306). Além disso, o laudo elaborado em 19/5/2006 por Hirashima & Associados (fls. 657 a 666), apesar de afirmar que teve como data base 31/5/2004, não trazia qualquer documento contemporâneo aos fatos que confirmasse que se considerou a rentabilidade futura para o pagamento do ágio. Existia apenas a afirmação, no item 3 do laudo, de que, na elaboração do estudo, os auditores se basearam em projeções, demonstrações financeiras, entrevistas, informações públicas e no “Master Agreement” celebrado em 31/1/2005 com o Citigroup, mas não haviam sido anexados quaisquer desses documentos para que se avaliasse sua consistência. Do mesmo modo, o laudo complementar datado de 18/6/2012 (fls. 871 a 881) não supria esses vícios, pois vinha também desacompanhado de provas contemporâneas à aquisição. Naquele momento, entendi que não era possível se admitir que documento tão genérico, elaborado dois anos após o fato, baseado apenas em análise geral do mercado de cartões de créditos, e sem estar escorado em documentos contemporâneos à aquisição, servisse para fundamentar o ágio com vistas a permitir a dedutibilidade de sua amortização. Caso contrário, estarseia fazendo “letra morta” da exigência legal de que a fundamentação fosse contemporânea ao registro do ágio. Contudo, com as novas provas trazidas aos autos, sou obrigado a mudar de opinião. (...) O primeiro documento trazido aos autos é uma apresentação, estilo PowerPoint, do denominado “Projeto Triatlo”, que na capa traz estampada a data de 18/2/2004 (fls. 1.245 a 1.269). O documento traz diversos cálculos para se apurar o valor presente da Credicard, da Redecard e da Orbitall, todos baseados nos resultados futuros que tais empreendimentos gerariam. (...) O segundo documento apresentado foi carta de Hirashima & Associados que melhor esclarecia o laudo de avaliação, trazendo diversos elementos para demonstrar que, apesar de feito em 2006, utilizouse de dados anteriores a 2004 (fls. 1.200 a 1.202). Assim, esclareceuse que, utilizandose do método do Fl. 12329DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.330 37 Fluxo de Caixa Descontado, que corresponde a apuração do máximo de dividendos que podem ser pagos no período, deduzidos de eventuais necessidades de aporte de capital por parte dos acionistas, chegouse à conclusão de que a Credicard valeria entre R$ 4.269 milhões e R$ 4.825 milhões. Assim, o recorrente argumenta que o valor obtido pelo estudo interno de fevereiro de 2004, de R$ 4.870 milhões, não difere muito do valor máximo obtido no laudo de 2006, de R$ 4.825 milhões. Também no segundo paradigma (acórdão nº 1301001.505, "Caso Banco Cacique ") a conclusão pela efetiva demonstração da rentabilidade futura ocorre em função de documentos contemporâneos à aquisição, como se vê no excerto a seguir do voto vencedor (sublinhouse): Com relação ao argumento despendido pelo Nobre Relator relativo a inexistência de laudo de avaliação que suporte a rentabilidade futura da Cacipar, entendo eu que está mais que provado nos autos que referido ágio decorreu do valor econômicofinanceiro do BANCO CACIQUE, elaborado por UBS Pactual anterior ao contrato celebrado entre o Société Générale com os “Vendedores” (Maria Yolanda Cerqueira Coimbra, Cesário Coimbra Neto, Sérgio Coimbra e Daniela Cerqueira Coimbra) das quotas do capital da Cacipar (25/02/2007), estudo este denominado de PROJECT HARLEY (fls. 2366/2407 dos autos). De se registrar que posteriormente (julho de 2008), para respaldar o estudo acima, foi elaborado um relatório produzido pela empresa KPMG Corporate Finance Ltd. (fls. 629/667), que tomou por base o laudo elaborado no Project Harley, confirmando o ágio apurado com base na expectativa de rentabilidade futura do Grupo Cacique, tendo sido estes documentos trazidos novamente por ocasião do julgamento, agora devidamente traduzidos para o vernáculo. De fato, da análise de tais documentos, não paira qualquer dúvidas de que o Recorrente atendeu às formalidades da legislação que regula a amortização de ágio no Brasil, inclusive, e principalmente, no que diz respeito a autoria da elaboração do Laudo de Avaliação pelo UBS Pactual, bem como o período de sua concepção, anterior à celebração do contrato – 25/02/2007, razão pela qual não merece prosperar a manutenção da glosa do ágio amortizado pelo Recorrente, sob o fundamento da inexistência de laudo que sustente a expectativa de rentabilidade futura. Por oportuno, destaquese ainda que, no acórdão recorrido, somente no ágio da CONSENSUS é que se discutiu a questão de ser o laudo produzido a posteriori. E em relação a esse não se configura a divergência porque não houve a apresentação de documentos contemporâneos aos fatos. E, como dito, para esse caso, a fundamentação tanto da Fiscalização, quanto do acórdão recorrido para a autuação foi também da ausência de comprovação da divergência. No caso do ágio do PLANALTÃO, a discussão relativa ao laudo é bem diferente: como a operação foi feita em dois momentos, com intervalo de 18 meses, a Fl. 12330DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.331 38 Fiscalização exigiu que houvesse dois laudos. O Relator do acórdão recorrido concordou com a Fiscalização. Assim, manteve o auto de infração em relação à 2ª parcela do ágio (para ambas manteve a autuação também pela ausência de comprovação do pagamento do ágio). Logo a divergência do laudo poderia ser trazida para esta parcela, mas aqui a não aceitação é porque o laudo é muitos meses anterior à operação. No caso do ágio da NEWCO, o acórdão recorrido manteve a autuação por ausência de laudo e porque não houve comprovação do pagamento. Concluise, assim, que a Recorrente não logrou demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada, não devendo o recurso ser conhecido também em relação ao presente tema. Preliminar de inadmissibilidade referente ao tema das deduções de provisões indedutíveis No que se refere ao tema das deduções de provisões indedutíveis, a Contribuinte sustenta dissídio jurisprudencial em relação ao mesmo acórdão nº CSRF/01 05.531 ("Caso Panarello") apresentado como paradigma no tema da comprovação do pagamento do ágio. Assevera em relação a esse primeiro paradigma que "enquanto o r. Acórdão recorrido entendeu que os laudos e demonstrações contábeis apresentados pela Recorrente não têm presunção de veracidade, cabendo à Recorrente ter comprovado (o que foi feito, frisese) a adição dos saldos em discussão à apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSL, o Acórdão paradigma entendeu que esse ônus é aplicável à D. Fiscalização, uma vez que a contabilidade faz prova em favor do contribuinte". E arremata referindo que "caso o entendimento proferido pelo E. CARF no Caso Panarello fosse aplicado ao presente processo, não há dúvidas de que as DD. Autoridades Julgadoras teriam julgado improcedente a presente autuação, uma vez que os registros, informações e laudos contábeis apresentados pela Recorrente atestam que os saldos em discussão foram devidamente adicionados à apuração do IRPJ e da CSL. Esses são os fatos demonstrados pela Recorrente e que fazem prova a seu favor, na linha do que decidiu o Acórdão Paradigma". Quanto à divergência com o segundo paradigma, a Contribuinte sustenta que "enquanto o r. Acórdão recorrido determinou que os saldos originalmente computados à Linha 31 da Ficha 09 A da DIPJ da Recorrente deveriam se sujeitar à tributação, o Acórdão Paradigma entendeu que a escrituração de receita, custo, dedução ou reconhecimento de lucro só tem relevância, para fins de Imposto de Renda, quando dela resulte prejuízo para o Fisco, consubstanciado em redução ou postergação de pagamento do imposto". E acrescenta que "caso o entendimento manifestado no Acórdão Paradigma 1302001.300 fosse aplicável ao caso concreto, não há dúvidas de que a presente autuação seria julgada improcedente, uma vez que a escrituração contábil dos saldos em discussão originalmente à Linha 31 da Ficha 05 A não resultou em redução ou postergação de pagamento do imposto. Muito pelo contrário: os referidos saldos foram efetivamente oferecidos à tributação, por meio da sua reclassificação à Linha 24 da Ficha 05A". A Fazenda Nacional questiona a divergência alegando que o acórdão recorrido consignou expressamente se tratar de discussão eminentemente probatória, o que invoca a necessidade de os paradigmas terem sido decididos sob o mesmo arcabouço fático e trazerem as mesmas despesas consideradas indedutíveis. Afirma que isso não teria aqui ocorrido, sustentando a singularidade do contexto fático exposto na decisão recorrida. Fl. 12331DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.332 39 O confronto do acórdão recorrido com os paradigmas indica que assiste razão à Fazenda. Ora, a questão que a Contribuinte pretende ver apreciada por esta 1ª Turma da CSRF aqui é a seguinte: as despesas referentes a provisões indedutíveis das contas contábeis 60001000 – Provisão de PLR, 61540500 – Provisão Multa s/ Processo / Multa não dedutível e 7100000 – Multa Não Dedutível / TaxasCorpDiferida(PL)IFRS foram (como alega a Recorrente) ou não foram (como verificou a Fiscalização e chancelou o acórdão recorrido) adicionadas às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL? Não é preciso muito esforço para perceber que, como anota o próprio acórdão recorrido, tratase de "mera discussão sobre provas". Em nenhum momento se coloca em discussão se as despesas em questão são ou não dedutíveis. A questão é se foram ou não deduzidas. Confirase: Segundo a autoridade fiscal lançadora a Recorrente não teria despesas referentes a provisões indedutíveis. As contas envolvidas em tal infração são: (i) 60001000 – Provisão de PLR (R$ 10.305.429,12); (ii) 61540500 – Provisão Multa s/ Processo / Multa não dedutível (R$ 59.135.386,80); e (iii) 7100000 – Multa Não Dedutível / TaxasCorpDiferida(PL)IFRS (R$ 53.625.344,90). Já a Recorrente alega que todas as despesas indicadas foram adicionadas na apuração das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL. Tratase, portanto, de mera discussão sobre provas. Não por outro motivo, o Relator do acórdão recorrido, Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, faz percuciente análise das fichas 04A e 09A da DIPJ da Contribuinte, bem como dos elementos trazidos pela Contribuinte em parecer técnico contábil, concluindo que em relação a duas das contas contábeis antes referidas não houvera adição às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Confirase: Desse modo, em relação às contas 60001000 – Provisão de PLR (R$ 10.305.429,12) e 61540500 – Multas não dedutíveis (R$ 59.135.386,80), não restando demonstrado que os valores computados em “Outras Despesas Operacionais” (linha 31 da Ficha 9A), nas quais se incluem as rubricas glosadas pelo Fisco, foram adicionadas à apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, entendo que deva ser negado provimento ao recurso em relação a tal infração. Ora, como é consabido, o dissídio interpretativo não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, uma vez que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção, conforme dispõe o art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. O entendimento aqui esposado é corroborado pelo Acórdão CSRF/0104.592, de 11/08/2003, assim ementado: GLOSA DE DESPESAS COM VEÍCULOS COMBUSTÍVEIS MATÉRIA DE PROVA A divergência jurisprudencial, necessária à admissibilidade do recurso especial de que trata o artigo 5º, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, não se estabelece em matéria de prova e sim na interpretação das normas. Fl. 12332DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.333 40 Recurso especial não conhecido. Além disso, as situações fáticas enfrentadas nos paradigmas não são sequer semelhantes à que aqui se apresenta. Quanto ao primeiro paradigma, a temática e as especificidades ali discutidas já foram objeto de apreciação na preliminar anterior. No que se refere ao segundo paradigma, verificase que trata de pedido de compensação de débitos de estimativas mensais de IRPJ e CSLL não homologado, no qual os créditos informados não foram reconhecidos porque foram recompostas as bases de cálculo informadas em DIPJ, mediante a glosa de valores de custos de bens e serviços vendidos e de despesas operacionais, além da desconsideração da dedução de parte das estimativas mensais que foram quitadas, mediante a compensação com créditos oriundos de saldos negativos do IRPJ e CSLL de anos calendário anteriores. Ademais, em relação ao segundo paradigma, não se consegue vislumbrar em que medida há divergência de interpretação da legislação tributária em relação ao acórdão recorrido quando a Recorrente afirma o dissídio jurisprudencial alegando o que segue: 112. Nesse aspecto, a Recorrente ressalta a nítida divergência de entendimentos, pois enquanto o r. Acórdão recorrido determinou que os saldos originalmente computados à Linha 31 da Ficha 09 A da DIPJ da Recorrente deveriam se sujeitar à tributação, o Acórdão Paradigma entendeu que a escrituração de receita, custo, dedução ou reconhecimento de lucro só tem relevância, para fins de Imposto de Renda, quando dela resulte prejuízo para o Fisco, consubstanciado em redução ou postergação de pagamento do imposto. Concluise, assim, que igualmente aqui a Recorrente não logrou demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada, cabendo o não conhecimento do recurso também com relação ao presente tema. Alegação de abusividade da multa de ofício Embora a Recorrente tenha dedicado o item VI do seu recurso para argumentar pela "ABUSIVIDADE DA MULTA DE OFÍCIO APLICADA", asseverando, resumidamente, que, tendo demonstrado que agiu em conformidade com a legislação societária e fiscal em vigor, não seria justo atribuirlhe uma penalidade de 75% sobre o valor do suposto crédito tributário discutido, que ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade, não é de se conhecer o recurso quanto a esse tema uma vez que não é demonstrada divergência de interpretação da legislação tributária. Mérito Juros de mora sobre a multa de ofício Conhecido apenas em parte o recurso da Contribuinte e apreciada a alegação de decadência referente à glosa das deduções de amortização de ágio, resta para apreciação de mérito apenas o tema da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. No tema dos juros de mora sobre a multa de ofício, em julgado de 14/06/2016, proferi meu voto no sentido de afirmar a incidência de juros sobre a multa de ofício (acórdão 9101002.349), o qual foi ratificado pela maioria dos Conselheiros desta 1ª Turma da CSRF, conforme razões a seguir expendidas. O mesmo posicionamento foi subscrito pela Turma em julgados posteriores (citese, por exemplo, os acórdãos 9101002.501 e 9101 002.510, ambos de 12/12/2016). Fl. 12333DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.334 41 A Lei nº 9.430, de 1996, estabelece, em seu art. 61, § 3º, que sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal incidirão juros de mora à taxa SELIC. Vejase (sublinhei): Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento.(grifo nosso) De outra banda, está estampado na Súmula CARF nº 5 que são devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento. Confirase (sublinhei): Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Ora, contrariamente àquilo que alega a Contribuinte, dos arts. 113, § 1º, e 139 do CTN deflui que o crédito tributário, que decorre da obrigação principal, compreende tanto o tributo em si quanto a penalidade pecuniária, o que inclui, à toda evidência, a multa de oficio proporcional de caráter punitivo. Vale transcrever os dispositivos: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Sendo assim, outra não pode ser a interpretação da expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições” expressa no retrotranscrito art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, senão a de que abarca a integralidade do crédito tributário, incluindo a multa de oficio proporcional punitiva, constituída por ocasião do lançamento. Resta evidente que a multa de ofício proporcional, lançada juntamente com o tributo devido, se não paga no vencimento, sujeitase a juros de mora por força do disposto no art. 61, caput, da Lei nº 9.430, de 1997. Aliás, se a intenção do legislador fosse limitar a aplicação do art. 61 apenas aos débitos principais de tributos e contribuições, bastaria suprimir o termo "decorrente", como bem pontua o Conselheiro Adolfo dos Santos Medes, no voto condutor do Acórdão nº 1401 001.653: Fl. 12334DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.335 42 É importante notar que no caput do art. 61, o texto é “débitos [...] decorrentes de tributos e contribuições” e não meramente “débitos de tributos e contribuições”. O termo “decorrentes” evidencia que o legislador não quis se referir, para todas as situações, apenas aos tributos e contribuições em termos estritos. Com base no art. 161, caput, do CTN, a Contribuinte insiste na tese de que os juros devem incidir apenas sobre valor do tributo, e não sobre valor de multa de ofício. Entretanto, o referido artigo estabelece a incidência de juros de mora sobre o "crédito não integralmente pago no vencimento", dispondo o seguinte: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (Grifei) Não há dúvida de que multa não é tributo, pela própria dicção do art. 3º do CTN: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". Todavia, a coerência interna do CTN evidencia, com clareza, conforme revelam os arts. 113, § 1º, e 139, que a penalidade pecuniária é também objeto da obrigação tributária principal e assim integra o conceito de crédito, objeto da relação jurídica estabelecida entre o Fisco e o sujeito passivo, beneficiandose de todas as garantias a ele asseguradas por lei, inclusive o acréscimo de juros de mora. Adotando estas premissas, o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa também concluiu, no voto condutor do Acórdão nº 220101.630, que, se o art. 113 do CTN incorpora à obrigação principal o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, e o art. 139 do CTN estipula que o crédito tributário tem a mesma natureza da obrigação principal, é evidente que a penalidade pecuniária integra o conceito de crédito tributário. Em acréscimo, o Conselheiro expõe que: Nesse mesmo sentido, no art. 142, que define o procedimento de lançamento, por meio do qual se constitui o crédito tributário, o legislador não esqueceu de mencionar a imposição da penalidade. Da mesma forma, o art. 175, II, ao se referir à anistia como forma de exclusão do crédito tributário, afasta qualquer dúvida que ainda pudesse remanescer sobre a inclusão da penalidade pecuniária no crédito tributário, pois não seria lícito atribuir ao legislador ter dedicado um inciso especificamente para tratar da exclusão do crédito tributário de algo que nele não está contido. Poderseia argumentar em sentido contrário dizendo que, mesmo estando a penalidade pecuniária contida no crédito tributário, ao se referir a “crédito” no artigo 161, o Código não estaria se referindo ao crédito tributário, mas apenas ao tributo. Questionase, por exemplo, o fato de a parte final do caput do artigo fazer referência à imposição de penalidade e, portanto, se os juros seriam devidos, sem prejuízo da aplicação de penalidades, estas não poderiam estar sujeitas aos mesmos juros. Fl. 12335DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.336 43 Inicialmente, conforme a advertência de Carlos Maximiliano, não vejo como, num artigo de lei, em um capítulo que versa sobre a extinção do crédito tributário e numa seção que trata do pagamento, forma de extinção do crédito tributário, a expressão “o crédito não integralmente pago” possa ser interpretado em acepção outra que não a técnica, de crédito tributário. Sobre a alegada contradição entre a parte inicial e a parte final do dispositivo que essa interpretação ensejaria, penso que tal imperfeição de fato existe. Mas se trata aqui de situação como a que me referi nas considerações iniciais, em que as limitações da linguagem ou mesmo as imperfeições técnicas que o processo legislativo está sujeito produzem textos imprecisos, às vezes obscuros ou contraditórios, mas que tais ocorrências não permitem concluir que a melhor interpretação do texto é aquela que harmoniza a própria estrutura gramatical do texto, e não aquela que melhor harmoniza esse dispositivo com os demais que integram o diploma legal. É interessante notar que em outro artigo do mesmo CTN o legislador incorreu na mesma aparente contradição ao se referir conjuntamente a crédito tributário e a penalidade. Refirome ao art. 157, segundo o qual “a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário”. Uma interpretação apressada poderia levar à conclusão de que a penalidade não é parte do crédito tributário, pois a sua imposição não poderia excluir o pagamento dela mesma. Porém, essa inconsistência gramatical não impediu que a doutrina, de forma uníssona, embora a remarcando, mas não por causa dela, extraísse desse texto a prescrição de que a penalidade não é substitutiva do próprio tributo, estremando nesse ponto o Direito Tributário de certas normas do Direito Civil em que penalidade é substitutiva da obrigação; de que o fato de se aplicar uma penalidade pelo não pagamento do tributo, por exemplo, não dispensa o infrator do pagamento do próprio tributo. [...] Não é preciso grande esforço de interpretação, portanto, para se concluir que o crédito tributário compreende o tributo e a penalidade pecuniária, interpretação que harmoniza os diversos dispositivos do CTN, ao contrário da tese oposta. Acrescentese, supletivamente, que, como se verá com detalhes mais adiante, a legislação ordinária de há muito vem prevendo a incidência dos juros sobre a multa de ofício, sem que se tenha notícia da invalidação dessas normas pelo Poder Judiciário, por falta de fundamento de validade. Concluo, assim, no sentido de que o art. 161 do CTN autoriza a cobrança de juros sobre a multa de ofício. Porém, conforme disposto no seu parágrafo primeiro, esses deverão ser calculados à taxa de 1% ao mês, salvo se lei dispuser de modo diverso, o que introduz a segunda questão: a da existência ou não de lei prevendo a incidência de juros sobre a multa de ofício com base na taxa Selic. Argumentam alguns, de outra banda, que o art. 161, caput, do CTN, ao ressalvar a possibilidade de "imposição de penalidades cabíveis" evidenciaria que a referência Fl. 12336DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.337 44 a "crédito não integralmente pago no vencimento" diz respeito, apenas, ao tributo não recolhido. Cumpre, no entanto, esclarecer que tal ressalva revela, na verdade, que o artigo em tela prestase a permitir a aplicação de multas de caráter moratório em decorrência da impontualidade no pagamento do tributo. Logo, à luz do caput do art. 161 do CTN, não incidem juros de mora sobre multa de mora, logicamente, quando for o caso de sua aplicação. Agora, quanto à multa de ofício, cuja causa não reside na mera impontualidade, esta compõe o crédito devido e, por consequência, sofre a incidência dos juros de mora. Corroborando o entendimento de que o crédito e a obrigação tributária são compostos pelo tributo devido e pelas penalidades eventualmente exigíveis, em 1º de setembro de 2009, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça STJ assim decidiu nos autos do Recurso Especial nº 1.129.990/PR, sob a condução do Ministro Castro Meira: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. Analisouse, no caso, norma estadual questionada sob o argumento de que a multa por inadimplemento de ICMS não integraria o crédito tributário. Interpretando o art. 161 do CTN em conjunto com os arts. 113 e 139 do CTN, o Ministro concluiu que o crédito e a obrigação tributária são compostos pelo tributo devido e pelas penalidades eventualmente exigíveis e, tendo em conta que o art. 161 do CTN ao se referir ao crédito, está tratando de crédito tributário, concluiu que referido dispositivo autoriza a exigência de juros de mora sobre multas. Este foi, aliás, o entendimento da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça STJ, como se vê no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.335.688/PR, em 4/12/2012, Relator Min. Benedito Gonçalves: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min.Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido Vale destacar o seguinte trecho da decisão: Quanto ao mérito, registrou o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região à fl. 163: "... os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, é possível a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, Fl. 12337DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.338 45 não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento."(grifo nosso) Em julgado recente, a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais decidiu pela incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional, conforme se verifica a partir da ementa do Acórdão nº 9101002.514, de 13 de dezembro de 2016, do qual foi relator o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 [...] JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora, conforme estabelecido no art. 161 do CTN. Precedentes do STJ. Argumentase, ainda, que a previsão específica de incidência de juros de mora sobre multas isoladas contida no art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, seria desnecessária caso o art. 61, § 3º, da mesma lei incluísse as multas, uma vez que elas (multas isoladas) já representariam os "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal" referidos pelo § 3º do art. 61 em tela. Cumpre observar, no entanto, que o art. 43 em questão trata da hipótese de "Auto de Infração Sem Tributo", cuja designação, por si só, já evidencia dúvida acerca de sua integração ao conceito de "débitos decorrentes de tributos e contribuições" e a consequente necessidade de disposição legal específica para determinar a aplicação de juros de mora sobre as multas aplicadas em tais circunstâncias, distintamente do que ocorre com as multas de ofício proporcionais, sempre exigidas em conjunto com os tributos ou contribuições não declarados e não recolhidos, em claro vínculo de decorrência. Aliás, como bem observa o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal no voto condutor do Acórdão nº 9303004.407: Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. De outra banda, é irrelevante o fato destacado pela Recorrente de o art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não fazer parte do capítulo dessa lei que versa os "procedimentos de fiscalização". Se esse dispositivo se encontra no capítulo que versa sobre "acréscimos moratórios", trata dos “débitos decorrentes de tributos e contribuições”, o que abarca, como se viu, a integralidade do crédito tributário, incluindo a multa de oficio proporcional punitiva. Por fim, conforme o antes transcrito § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, a taxa aplicável ao débitos de que aqui se trata, aí incluídos, como se viu, os decorrentes da aplicação de multa de ofício, é aquela "a que se refere o § 3º do art. 5º", qual seja a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC. Vejase: Art. 5º (...) §3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Fl. 12338DF CARF MF Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 9101003.059 CSRFT1 Fl. 12.339 46 SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Também aqui, portanto, não deve ser acolhido o recurso da Contribuinte. Conclusão Em face do exposto, CONHEÇO parcialmente do recurso e, na parte conhecida, NEGOLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 12339DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.721729/2009-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação de parte da área foi realizada de forma tempestiva.
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL
A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão, o ADA não foi apresentado. Assim, não é possível a exclusão da área de APP declarada da base de cálculo do ITR.
Numero da decisão: 9202-005.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa de APP - Área de Preservação Permanente de 252,7 ha, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação de parte da área foi realizada de forma tempestiva. ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão, o ADA não foi apresentado. Assim, não é possível a exclusão da área de APP declarada da base de cálculo do ITR.
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AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação de parte da área foi realizada de forma tempestiva. ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão, o ADA não foi apresentado. Assim, não é possível a exclusão da área de APP declarada da base de cálculo do ITR. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa de APP Área de Preservação Permanente de 252,7 ha, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 17 29 /2 00 9- 12 Fl. 207DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 220101.563, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase o presente procedimento fiscal de verificação do cumprimento de obrigações tributárias, relativamente ao Imposto Territorial Rural ITR, aos juros de mora e à multa por informação inexata na Declaração do ITR – DITR/2004, no valor de R$ 1.099.825,90, referente ao imóvel rural com NIRF Número do Imóvel na Receita Federal 3.084.6250, com Area Total – ATI de 9.538,0ha, denominado Fazenda 3 Irmãos do Rio Suia Missu, localizado no município de São Felix do Araguaia/MT. O Contribuinte apesentou impugnação, às fls. 49/75. A DRJ de Campo Grande julgou, integralmente, procedente o lançamento, fls. 115/126. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 127/135, pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o lançamento dos impostos apurados pela falta de apresentação do ADA; julgada procedente a área de utilização limitada declarada como de Reserva Legal e de Preservação Permanente; julgada improcedente a exclusão das áreas de utilização limitada quando da apuração do imposto; finalmente considerar as áreas declaradas como de utilização limitada, excluindose dos valores de referência do VTN. A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 148/159, DEU PROVIMENTO EM PARTE ao Recurso Ordinário, para restabelecer a área de preservação permanente declarada e uma área de reserva legal de 4.913,5ha. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO – Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10183.721729/200912 Acórdão n.º 9202005.604 CSRFT2 Fl. 208 3 Decreto nº. 70.235, de 1972 e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. Por se tratar de áreas ambientais cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal, de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. RESERVA LEGAL. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO. O § 8º do art. 16 da lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal) traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel da área de reserva legal. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal, condição indispensável para a exclusão dessas áreas na apuração da base de cálculo do ITR. Preliminar rejeitada Recurso parcialmente provido Às fls. 162/173, a Fazenda Nacional igualmente interpôs Recurso Especial por divergência em relação ao ponto: Necessidade de apresentação tempestiva do ADA os acórdãos, recorrido e paradigmas, partem de premissas fáticas idênticas, tendo em vista que todos discutem lançamentos relativos ao ITR de exercícios posteriores ao advento da Lei nº 10.165/2000, que alterou a redação do art. 17O, da Lei nº 6.938/81, para chegar a conclusões distintas. Enquanto o acórdão impugnado dispensa a comprovação por meio de ADA protocolado tempestivamente pelo contribuinte junto ao IBAMA ou órgão ambiental conveniado, os acórdãos paradigmas não prescindem da referida exigência dentro do lapso temporal fixado na legislação de regência do tributo, tendo como base o citado art. 17O da Lei nº 6.938/81 e a existência do Decreto nº 4.382/2002 e de Instruções Normativas da Receita Federal estabelecendo prazo para o protocolo do respectivo documento. Às fls. 180/182, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso especial em relação à indispensabilidade da apresentação do ADA para exclusão das áreas de APP Área de Preservação Permanente e da ARL Área Reserva Legal/Utilização Limitada da tributação do ITR. Às fls. 185/189, o Contribuinte apresentou Contrarrazões, alegando, preliminarmente, que a premissa da fundamentação do Recurso é equivocada no sentido de que o acórdão recorrido não considerou indispensável a apresentação do ADA para usufruto das áreas isentas de tributação, mas, sim, considerou a área averbada junto à matrícula do imóvel (4,913ha) ao invés da área declarada na apresentação do ITR2005 pelo Contribuinte que constava 6.676,6ha. Na continuidade das contrarrazões, arguiu que o acórdão colado à peça recursal pela Recorrente, em que pese ter apresentado ADA para a isenção tributária pretendida para áreas consideradas de preservação permanente e de utilização limitada, na questão da área de reserva legal, decidiuse pela validade da área averbada junto à matrícula do imóvel como Fl. 209DF CARF MF 4 de reserva legal. Deste modo, rebateu arguindo que, diferente do que se afirma no recurso, em nenhum instante, o ora Recorrido/Contribuinte buscou mitigar as exigências previstas em lei a fim de que pudesse se beneficiar da isenção prevista na legislação para os casos de isenção do ITR. O que se buscou e foi acolhido em parte foi a apuração da verdade real/material, princípio do processo administrativo em consonância com a previsão legal da ampla defesa e do contraditório. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase o presente procedimento fiscal de verificação do cumprimento de obrigações tributárias, relativamente ao Imposto Territorial Rural ITR, aos juros de mora e à multa por informação inexata na Declaração do ITR – DITR/2004, no valor de R$ 1.099.825,90, referente ao imóvel rural com NIRF Número do Imóvel na Receita Federal 3.084.6250, com Area Total – ATI de 9.538,0ha, denominado Fazenda 3 Irmãos do Rio Suia Missu, localizado no município de São Felix do Araguaia/MT. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à indispensabilidade da apresentação do ADA para exclusão das áreas de APP Área de Preservação Permanente e da ARL Área Reserva Legal/Utilização Limitada da tributação do ITR. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10183.721729/200912 Acórdão n.º 9202005.604 CSRFT2 Fl. 209 5 c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de preservação permanente é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da existência de ADA tempestivo para reconhecimento da área como de preservação permanente e área de reserva legal. O acórdão recorrido deu razão ao Contribuinte, reconhecendo a porção de terra averbada para fins de ARL e a porção de terra declarada como APP lastrada pelo Laudo Técnico anexado. Saliento que a partir de 2001, para fins de redução do ITR, a previsão expressa é a de que haja comprovação de que houve a comunicação tempestiva ao órgão de fiscalização ambiental, e que isso ocorra por meio de documentação hábil. Entendo aqui que a documentação hábil engloba um conjunto de documentos possíveis e não apenas o protocolo de ADA. Em linhas gerais temos condições diferentes para reconhecimento da isenção quando se trata de (a) área de reserva legal e (b) área de preservação permanente. Fl. 211DF CARF MF 6 (a) Assim quanto a área de Reserva Legal, e meu ver não existe prazo para comprovação de sua existência, logo não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é isso que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. (b) Já quanto a área de preservação permanente, para que esta seja considerada isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, não considero a apresentação de ADA como prova exclusiva de sua existência, pois a meu ver existem outros documentos hábeis a esta comprovação, como, por exemplo, laudos, fotos, averbações. Isso é quanto ao direito. Passo agora a análise das provas. No caso dos autos, tratase do imóvel de nome Fazenda 3 Irmãos do Suiá Missú, Exercício 2004 observo que o contribuinte de fato não apresentou ADA, mas apresentou averbação e laudo técnico das áreas pretendidas. A Averbação em questão, que se encontra à margem da matrícula do imóvel, fls 33, verso, se refere a Área de Reserva Legal, matrícula 10.377, de acordo com Termo de Preservação Florestal assinado em 30.08.89 e averbado na data de 30.07.92, no importe de 4.913,50 ha. Deste modo, conforme exposto acima a averbação supre a falta do ADA, servindo como prova hábil a comprovação exigida em lei. Quanto a Área de Preservação Permanente esta vem bem delineada no Laudo Técnico, anexado as fls. 34 com respectiva ART – a qual informa a área de APP como 1.909,42 ha. Ressalvo aqui meu entendimento pessoal de que o Laudo Técnico é documento suficiente para reconhecimento da APP. Sendo assim, registrese que o Contribuinte declarou na DITR as seguintes porções de terra: ARL – DECLARADA 6.676,6ha APURADA AI: O (zero) AVERBADA 4.913,50ha APP – DECLARADA 252,7ha APURADA AI: 0 (zero) LAUDO TÉCNICO: 1909,42ha. Diante do enfrentamento dos montantes de terra declarados pelo Contribuinte e aqueles devidamente comprovados considero aptos a serem reconhecidas: para ARL 4.913,50ha (averbados) e para APP – 252,7 declarados e corroborados por laudo técnico com respectiva ART. Devendo, portanto, ser mantida parte da glosa constante do auto de infração, no que se refere a diferença havida entre a ARL declarada 6.676,6 ha e a reconhecida 4.913,50 ha. Neste caso observo que as provas dos autos mantem parcialmente o lançamento, devendo ser mantido o acórdão recorrido. Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e negarlhe provimento. É como voto. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10183.721729/200912 Acórdão n.º 9202005.604 CSRFT2 Fl. 210 7 (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 213DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao voto da nobre relatora, ouso discordar de seu posicionamento quanto aos requisitos para exclusão das áreas de preservação permanente. Acerca do tema, entendo que a fruição da redução da base de cálculo do ITR (possuidora, a meu ver de natureza isentiva), seja por áreas de preservação permanente ou de interesse ecológico, encontra um de seus requisitos legais claramente estabelecido, desde 2000, a partir do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em especial em seu caput e parágrafo 1º, com atual redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...)o. § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (g.n.) Ou seja, mandatório, para que se admita a redução da base tributável de áreas a título de Preservação Permanente ou de Interesse Ecológico, que constem as mesmas de ADA entregue ao IBAMA. Tratase aqui, notese, de dispositivo legal específico, posterior à Lei no. 9.393, de 1996, restando, assim, quando da instituição de tal requisito, plenamente respeitado o princípio da Reserva Legal. Notese ser plenamente consistente a coexistência de tal obrigação com a vigência e aplicação da Lei no. 9.393, de 1996, sem qualquer tipo de antinomia. Ainda, de se rejeitar qualquer argumentação de revogação do dispositivo pelo §7° do art. 10 da Lei n.° 9.393, de 1996, instituído pela Medida Provisória n.° 2.166 67/01. O que se estabelece ali é uma desnecessidade de comprovação prévia tão somente no momento da declaração (DITR), sendo perfeitamente factível, porém, que, posteriormente, em sede de ação fiscal, sejam demandados elementos necessários à comprovação do constante na DITR do declarante e realizado o lançamento no caso de insuficientes elementos comprobatórios, a partir do expressamente disposto nos arts. 14 e 15 daquela mesma Lei no. 9.393, de 1996. Tal posicionamento encontrase muito bem detalhado no âmbito do Acórdão CSRF 9202003.620, de 04 de março de 2015, no qual funcionei como Redator ad hoc do voto vencedor em substituição ao redator do voto designado, Dr. Alexandre Naoki Nishioka, adotando assim aqui seus fundamentos a seguir como razões de decidir, verbis: "(...) Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10183.721729/200912 Acórdão n.º 9202005.604 CSRFT2 Fl. 211 9 Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17 O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ora, de acordo com uma interpretação evolutiva do referido dispositivo legal, isto é, cotejandose o texto aprovado quando da edição da Lei n.° 9.960/00, em contraposição à modificação introduzida pela Lei n.° 10.165/00, verificase que, para o fim específico da legislação tributária, passouse a exigir a apresentação do ADA, como requisito inafastável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Assim, sendo certo que as normas que instituem isenções devem ser interpretadas de forma estrita, ainda que não se recorra somente ao seu aspecto literal, como se poderia entender de urna análise superficial do art. 111, do Código Tributário Nacional, fato é que, no que atine às regras tratadas como exclusão do crédito tributário pelo referido codex, a legislação não pode ser interpretada de maneira extensiva, de maneira que não há como afastar a exigência do ADA para o fim específico de possibilitar a redução da base de cálculo do ITR. (...)" Atendose mais especificamente ao caso em questão, notase, ao compulsar os autos, que o referido requisito de entrega do ADA sequer foi efetivamente cumprido. Ainda a propósito, agora quanto à questão do momento da entrega do ADA, com a devida vênia aos Conselheiros que adotam posicionamento diverso, entendo que o melhor posicionamento é, novamente em linha com o adotado no âmbito do mesmo Acórdão CSRF 9202003.620, admitir a protocolização do Ato Declaratório Ambiental até o início da ação fiscal, com fulcro nos seguintes fundamentos: "(...) Feita esta observação, relativa, portanto, à obrigatoriedade de apresentação do ADA, cumpre mover à análise do prazo em que poderia o contribuinte protocolizar referida declaração no órgão competente. No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.° 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveuse a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que Fl. 215DF CARF MF 10 concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária'" (PONTES, Helenílson Cunha. O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato senso, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, (...). (...) Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10183.721729/200912 Acórdão n.º 9202005.604 CSRFT2 Fl. 212 11 integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por Instrução Normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.° 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. Fl. 217DF CARF MF 12 À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/01, que assim dispõe, verbis: "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. (grifei) (...)" Repetindose uma vez mais que como, no caso em questão, não houve entrega do ADA, voto por dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional quanto à matéria, reformandose o recorrido para restabelecer a glosa de APP Área de Preservação Permanente de 252,7 ha. È como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 218DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000149/2005-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/11/1999 a 30/09/2000
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.228
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/11/1999 a 30/09/2000 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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score : 1.0
Numero do processo: 15771.725028/2015-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 24/08/2004
DECADÊNCIA. CONVERSÃO PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. MEDIDA LIMINAR.
No presente caso, a pena de perdimento foi aplicada dentro do prazo legal com a apreensão das mercadorias. Aquele ato administrativo interrompeu o prazo de decadência, vez que implicou no exercício do direito potestativo do Estado de aplicar a penalidade (art. 78, §1º da Lei n.º 4.502/1964).
Contudo, por determinação judicial, as mercadorias foram liberadas, em decisão posteriormente revista em sede de Apelação que considerou válida a pena de perdimento aplicada. Somente com esta última decisão, publicada em 14/10/2010, que voltou a correr, do início, o prazo de decadência de 5 (cinco) anos previsto na lei. Isso porque, com a reforma da sentença, deixou de existir o fato impeditivo que limitava o poder da fiscalização de impor a penalidade cabível, sendo aquela decisão o marco inicial para que o fisco desse cumprimento à pena de perdimento.
TIPICIDADE. TEORIA DO FATO CONSUMADO.
Uma vez que as mercadorias foram comercializadas, como confirmado pela Recorrente nos autos, tipificou-se a hipótese da conversão em multa da pena de perdimento, cuja possibilidade de aplicação foi confirmada pelo Poder Judiciário (art. 73, Lei n.º 10.833/2003). Não há que se falar em aplicação da teoria do fato consumado vez que a própria legislação afastou sua aplicação ao prever a penalidade pecuniária na exata situação de não localização da mercadoria sujeita a perdimento.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.384
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos por negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Freire - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 24/08/2004 DECADÊNCIA. CONVERSÃO PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. MEDIDA LIMINAR. No presente caso, a pena de perdimento foi aplicada dentro do prazo legal com a apreensão das mercadorias. Aquele ato administrativo interrompeu o prazo de decadência, vez que implicou no exercício do direito potestativo do Estado de aplicar a penalidade (art. 78, §1º da Lei n.º 4.502/1964). Contudo, por determinação judicial, as mercadorias foram liberadas, em decisão posteriormente revista em sede de Apelação que considerou válida a pena de perdimento aplicada. Somente com esta última decisão, publicada em 14/10/2010, que voltou a correr, do início, o prazo de decadência de 5 (cinco) anos previsto na lei. Isso porque, com a reforma da sentença, deixou de existir o fato impeditivo que limitava o poder da fiscalização de impor a penalidade cabível, sendo aquela decisão o marco inicial para que o fisco desse cumprimento à pena de perdimento. TIPICIDADE. TEORIA DO FATO CONSUMADO. Uma vez que as mercadorias foram comercializadas, como confirmado pela Recorrente nos autos, tipificou-se a hipótese da conversão em multa da pena de perdimento, cuja possibilidade de aplicação foi confirmada pelo Poder Judiciário (art. 73, Lei n.º 10.833/2003). Não há que se falar em aplicação da teoria do fato consumado vez que a própria legislação afastou sua aplicação ao prever a penalidade pecuniária na exata situação de não localização da mercadoria sujeita a perdimento. Recurso Voluntário Negado
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CONVERSÃO PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. MEDIDA LIMINAR. No presente caso, a pena de perdimento foi aplicada dentro do prazo legal com a apreensão das mercadorias. Aquele ato administrativo interrompeu o prazo de decadência, vez que implicou no exercício do direito potestativo do Estado de aplicar a penalidade (art. 78, §1º da Lei n.º 4.502/1964). Contudo, por determinação judicial, as mercadorias foram liberadas, em decisão posteriormente revista em sede de Apelação que considerou válida a pena de perdimento aplicada. Somente com esta última decisão, publicada em 14/10/2010, que voltou a correr, do início, o prazo de decadência de 5 (cinco) anos previsto na lei. Isso porque, com a reforma da sentença, deixou de existir o fato impeditivo que limitava o poder da fiscalização de impor a penalidade cabível, sendo aquela decisão o marco inicial para que o fisco desse cumprimento à pena de perdimento. TIPICIDADE. TEORIA DO FATO CONSUMADO. Uma vez que as mercadorias foram comercializadas, como confirmado pela Recorrente nos autos, tipificouse a hipótese da conversão em multa da pena de perdimento, cuja possibilidade de aplicação foi confirmada pelo Poder Judiciário (art. 73, Lei n.º 10.833/2003). Não há que se falar em aplicação da teoria do fato consumado vez que a própria legislação afastou sua aplicação ao prever a penalidade pecuniária na exata situação de não localização da mercadoria sujeita a perdimento. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 50 28 /2 01 5- 94 Fl. 260DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos por negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinado com certificado digital) Jorge Freire Presidente. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Trata o presente processo de auto de infração para a cobrança de multa decorrente da conversão da pena de perdimento de mercadorias, aplicada com fulcro no art. 73 da Lei 10.833/2003. Segundo descrito na autuação fiscal, a ora Recorrente importou por meio da Declaração de Importação nº 04/08435598 de 24/08/2004 mercadoria descrita como “NITRAGIN PROTREAT (FUNGICIDA PARA TRATAMENTO DE SEMENTES)”. Entretanto, quando da conferência física da mercadoria a fiscalização verificou que, apesar da mercadoria ser originária da Argentina, a rotulagem dos produtos estava grafada em língua portuguesa e com a indicação “Indústria Brasileira”. Diante da proibição da importação de mercadorias com a rotulagem em língua portuguesa e a falsa declaração de procedência (art. 45, II e III da Lei n.º 4.502/1964), a fiscalização aplicou em 18/10/2004 a pena de perdimento das mercadorias no processo n.º 10317.007295/200405, tendo sido apreendidas naquela oportunidade. A decisão recorrida bem relatou os acontecimentos após a aplicação da pena de perdimento naquele processo, cuja cópia foi acostada na íntegra aos presentes autos (efls. 8/186): "Em 04/11/04 a importadora apresentou impugnação, fl. 41. Em 03/12/04 a importadora apresentou aditamento à impugnação original, fl. 57. Em 29/12/04 a importadora foi cientificada do Parecer Técnico Conclusivo n° 50/04, fl. 65, que manteve a aplicação da pena de perdimento. A importadora impetrou o Mandado de Segurança n° 2005.61.00.0068298 na 19° Vara Cível Federal pleiteando a devolução da mercadoria ao exterior. A ação foi julgada improcedente. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 15771.725028/201594 Acórdão n.º 3402004.384 S3C4T2 Fl. 261 3 A importadora impetrou outro Mandado de Segurança, n° 2005.61.009006885 na 6ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, com pedido de liminar objetivando afastar a pena de perdimento. A liminar foi indeferida. Em 28/02/2005 a importadora, em sede de Agravo ao TRF da 3ª Região, obteve decisão favorável determinando a suspensão da pena de perdimento até o deslinde judicial da questão, fl. 86. Em 22/04/2005 a importadora obteve decisão favorável no Mandado de Segurança n° 2005.61.009006885, determinando a liberação das mercadorias apreendidas após a realização de reetiquetagem. A União apelou da referida decisão no Mandado de Segurança e obteve decisão favorável à aplicação da pena de perdimento em 16/09/2010, fl. 136. A importadora apresentou ainda Embargos de Declaração, Recurso Especial e Recurso Extraordinário, sendo todos rejeitados. Ressaltese que os dois últimos recursos possuem apenas efeito devolutivo. A importadora foi intimada então a apresentar a mercadoria para aplicação da pena de perdimento em 18/11/2013. Em 02/12/2014 informou que a mercadoria já havia sido comercializada. Dessa forma, pela impossibilidade de apreensão da mercadoria, em 24/09/2015 foi lavrado o presente Auto de Infração para conversão do perdimento em multa nos termos do art. 73 da Lei n° 10.833/03. Intimada do Auto de Infração em 24/09/2015, a interessada apresentou impugnação e documentos em 23/10/2015, juntados às fls. 193 e seguintes, alegando em síntese: 1. Alega a decadência do direito da Fazenda em lançar a multa de conversão da pena de perdimento. Alega que a decisão judicial que determinou a reetiquetagem e a liberação das mercadorias não obstou a fiscalização a lançar a multa de 100% do valor aduaneiro. Alega que a constituição do crédito é direito/dever da fiscalização nos termos do art. 142 do CTN. Alega que a multa aplicada não é substitutiva do perdimento, mas alternativa do perdimento. Alega que pela natureza e validade do produto a fiscalização já sabia de antemão que não seria possível a aplicação do perdimento das mercadorias. Alega que o art. 63 da Lei n° 9.430/96 admite a constituição do crédito tributário para a prevenção da decadência. Alega que transcorreram mais de 5 anos entre a sentença que afastou o perdimento em 22/04/2005 e a lavratura do presente Auto de Infração em 31/08/2015 (ciência em 24/09/2015). 2. Alega ausência de tipicidade para aplicação da multa de 100%. Alega que como a apreensão foi consumada, não seria possível a aplicação da multa de 100%. Alega que tal multa só se aplicada quando não ocorre a hipótese de apreensão. Reafirma que a multa é pena alternativa e não substitutiva. Afirma que a norma não prevê a aplicação da pena de 100% no caso de inexistência de mercadoria liberada por ordem judicial. 3. Alega que a multa de 100% não poderia ser aplicada por impossibilidade do Stato Quo Ante. Afirma que após a revogação da medida judicial que afastou o perdimento, a mercadoria deveria retornar ao estado anterior, ou seja, de perdimento. Como esse estado já não é mais possível, pelo consumo, nenhuma outra penalidade poderia ser aplicada. Cita jurisprudência judicial e administrativa sobre o tema. 4. Requer, por fim, que seja acolhida a preliminar de decadência ou, no mérito, que seja julgada improcedente a autuação." (efls. 226/228 grifei) Assim, uma vez não localizadas as mercadorias após a confirmação da validade da pena de perdimento no processo judicial instaurado, foi lavrado o presente Auto de Infração. A Impugnação foi julgada integralmente improcedente no acórdão n.º 1670.815 24ª Turma da DRJ/SPO, ementado nos seguintes termos: Fl. 262DF CARF MF 4 "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 24/08/2004 IMPORTAÇÃO PROIBIDA. ROTULAGEM EM LINGUA PORTUGUESA. FALSA INDICAÇÃO DE ORIGEM. PERDIMENTO. MULTA. É proibida a importação de mercadoria estrangeira contendo rótulo escrito em língua portuguesa sem a indicação do país de origem bem como a falsa indicação de procedência da mercadoria, nos termos do art. 222, II e III do RIPI (Decreto n° 4.544 de 2002). Aplicase a pena de perdimento à mercadoria de importação proibida nos termos do art. 620 do RA (Decreto n° 4.543/02). Pela impossibilidade de apreensão da mercadoria a pena de perdimento convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro nos termos do art. 73 da Lei n° 10.833/03. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. AÇÃO JUDICIAL. DECADÊNCIA. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data a infração. Caracterizada a existência de obstáculo judicial que impossibilite o Fisco de lançar, o termo inicial da decadência deve ser contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" (efl. 224) Intimada desta decisão em 18/02/2016, foi apresentado Recurso Voluntário em 18/03/2016 (efls. 240/256) reiterando os argumentos aventados em sede de impugnação, alegando, em síntese: (i) a decadência do direito de lançar o valor da penalidade, vez que a sentença proferida em ação judicial somente teria autorizado o desembaraço aduaneiro das mercadorias, não tendo se manifestado quanto à aplicação da pena de perdimento. Sustenta a Recorrente que o prazo de 5 (cinco) anos é contado da data do fato gerador, incorrido em 24/08/2004; (ii) ausência de tipicidade para a aplicação da penalidade, vez que a legislação não prevê expressamente a conversão da pena de perdimento em multa "no caso de inexistência de mercadoria liberada por ordem judicial" (e fl. 252); e (iii) descabimento da penalidade diante da impossibilidade de se restaurar o status quo ante, invocando a teoria do fato consumado. Em seguida, os autos foram remetidos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, adentrando em suas razões. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 15771.725028/201594 Acórdão n.º 3402004.384 S3C4T2 Fl. 262 5 Para melhor enfrentar os argumentos trazidos pela Recorrente, importante trazer breve esclarecimento quanto à pena de perdimento e à possibilidade de sua conversão em multa. As hipóteses de aplicação da pena de perdimento da mercadoria importada são trazidas no art. 105 do DecretoLei nº 37/1966 e no art. 23, caput e §1º do DecretoLei nº 1.455/1976. Estes dispositivos indicam distintas irregularidades passíveis de serem cometidas quando da importação que implicam, de alguma forma, em prejuízo à atividade de fiscalização ou dano ao Erário. Tratase, portanto, de um poder/dever da Autoridade Fiscal de apreender as mercadorias importadas irregularmente quando comprovadas as situações descritas na lei. Sua efetiva aplicação depende da instauração de processo administrativo próprio tendente a verificar a ocorrência da irregularidade. Caso comprovada e localizadas as mercadorias que foram indevidamente importadas, deve ser lavrado o Auto de Infração de aplicação da pena de perda e o correspondente Termo de Apreensão das mercadorias. O efeito da imposição da pena de perdimento da mercadoria é a sua destinação pelo Poder Público, na forma prevista no Regulamento Aduaneiro, por meio da alienação, incorporação, destruição ou inutilização1. Contudo, quando as mercadorias sujeitas a pena de perdimento não forem localizadas, surge o poder/dever do Poder Público, com fulcro no art. 73, da Lei n.º 10.833/2003, de impor uma penalidade pecuniária substitutiva àquela pena. Como indica o referido dispositivo legal2, esta penalidade de conversão da pena de perdimento em multa correspondente ao valor aduaneiro da mercadoria deve ser aplicada em processo administrativo específico, distinto do processo de aplicação da pena de perdimento, quando a mercadoria não puder ser apreendida em razão de sua nãolocalização ou consumo: "Art. 73. Verificada a impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita a pena de perdimento, em razão de sua nãolocalização ou consumo, extinguirseá o processo administrativo instaurado para apuração da infração capitulada como dano ao Erário. § 1o Na hipótese prevista no caput, será instaurado processo administrativo para aplicação da multa prevista no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002. 1 As formas de destinação das mercadorias sujeitas ao perdimento estavam previstas à época da autuação no art. 713, do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n.º 4.543/2002, dispositivo reproduzido no art. 803 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n.º 6.759/2009 até as alterações pelo Decreto n.º 8.010/2013, que manteve estas quatro formas de destinação (alienação, incorporação, destruição ou inutilização) com algumas alterações quanto à forma de alienação e às pessoas autorizadas à incorporação. 2 A conversão da pena de perdimento em multa é igualmente indicada no art. 23, § 3º, do DecretoLei nº 1.455/1976, sendo exigida para a sua aplicação a prévia não localização das mercadorias, como indicado tanto na redação vigente à época da autuação, dada pela Lei n.º 10.637/2002, como na atualmente vigente dada pela Lei n.º 12.350/2010: "Art. 23 (...) § 3º A pena prevista no § 1ºconvertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)" Fl. 264DF CARF MF 6 § 2o A multa a que se refere o § 1o será exigida mediante lançamento de ofício, que será processado e julgado nos termos da legislação que rege a determinação e exigência dos demais créditos tributários da União." (grifei) Vislumbrase, portanto, dois direitos potestativos da Administração Fazendária diante das situações de importação de mercadorias sujeitas à pena de perdimento: (i) quando localizadas as mercadorias, aplicar a pena de perda da mercadoria por meio de sua apreensão em processo administrativo próprio; ou (ii) quando não localizadas as mercadorias, a instauração de processo administrativo próprio de aplicação de penalidade pecuniária (multa) correspondente ao valor aduaneiro das mercadorias. Atentandose para o presente caso, vislumbrase que a Recorrente procedeu com a importação de mercadoria cuja Declaração de importação foi registrada em 24/08/2004, data em que as mercadorias foram desembaraçadas automaticamente pelo SISCOMEX (Canal Verde de Conferência). Em posterior verificação física da mercadoria, a fiscalização verificou erro na etiquetagem, que indicava a procedência do Brasil ("Indústria brasileira") e estava grafada integralmente em português, não obstante a declaração de procedência da Argentina na DI. Diante desta irregularidade na importação punível com a pena de perdimento da mercadoria, foi lavrado o Auto de Infração para aplicação desta pena e termo de apreensão da mercadoria (efl. 11/13) no processo n.º 10314.007295/200405, da qual a empresa foi cientificada em 18/10/2004 (efl. 44). Após o encerramento da discussão administrativa, a pena de perdimento imposta foi discutida na Justiça Federal de São Paulo no processo n.º 2005.61.00.9006885. Naquele processo judicial, a liminar foi concedida pelo acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região no Agravo de Instrumento n.º 2005.03.00.0062967 reformando a decisão de primeira instância, somente para suspender os efeitos da pena de perdimento aplicada: "Em que pese o minucioso teor do parecer mencionado, no sentido de infringência das normas vigentes, a pena de perdimento aplicada merece ser suspensa, a fim de propiciar ao Juizo melhor análise. Isso porque, embora aparente a proibição da importação, o perdimento da mercadoria esgotaria o objeto da impetração, prejudicando eventual decisão positiva posterior. Por outro lado não é caso de se desconstituir liminarmente a pena aplicada, mas, tão somente; suspendêla até o deslinde judicial da controvérsia. Finalmente, pendem sérias dúvidas quanto ao manejo do mandado de segurança, como bem ponderado pelo MM. Juiz a quo, bem como quanto à matéria fática e a existência de responsabilidade da recorrente. Ante o exposto, defiro parcialmente . o pedido liminar, feito nos autos do agravo, a ,fim de suspender a aplicação da pena de perdimento referente ao processo administrativo n° 10314.007295/200405." (efls. 92/93 grifei) Assim, por meio daquela decisão liminar, as mercadorias permaneceram apreendidas, somente não podendo ser destinadas pelo Poder Público (alienação, incorporação, destruição ou inutilização). Contudo, em sede de sentença a pena de perdimento aplicada foi considerada descabida em razão da ausência de efetivo dano ao erário, sendo autorizada a liberação das mercadorias após sua reetiquetagem. Nos termos da sentença acostada ao presente processo (e fls. 122/127): Fl. 265DF CARF MF Processo nº 15771.725028/201594 Acórdão n.º 3402004.384 S3C4T2 Fl. 263 7 "Embora a atuação dos agentes fazendários seja atividade vinculada à lei, não se pode deixar de reconhecer ser função do Poder Judiciário a apreciação dos aspectos de razoabilidade e proporcionalidade do procedimento em face do disposto no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, cabendolhe coibir excessos que se apresentem incompatíveis com os princípios constitucionais. É que os atos administrativos devem ser lavrados visando uma finalidade pública, vinculada à lei e relacionada com os fins da atividade exercida. Os excessos, da lei ou dos atos expedidos, ensejam revisão judicial. (...) No presente caso, a pena de perdimento das mercadorias mostrase de extrema gravidade, admitindose, quando muito, multa infracional, sob responsabilidade objetiva da impetrante. O produto objeto da importação é de origem argentina, não sendo, na prática, devido o imposto de importação, uma vez que tributado à alíquota zero, diante da procedência Mercosul. Em informações não se demonstrou qualquer prejuízo fiscal à União federal, cuidandose a erronia de mero erro de rotulagem, cuja culpa subjetiva não pode ser atribuída à impetrante, que declarou corretamente nos documentos de importação a origem argentina do produto. (...) Em que valham os fundamentos legais contidos nas informações, tratase de importação de fungicida, cuja embalagem erroneamente fala em "indústria brasileira", quando deveria estar impresso nos rótulos "indústria argentina". Sem dano efetivo ao erário, que à evidência inexiste, a pena de perdimento releva se desvestida de sustentação ante os princípios de meios e fins que presidem a ordem constitucional. A mercadoria objeto da presente importação não é proibida, não tendo a Impetrante se validade (sic.) de qualquer artifício ou fraude no pagamento de tributos. DISPOSITIVO Em face do exposto, julgo o pedido procedente e CONCEDO a segurança para autorizar à impetrante a liberação das mercadorias descritas nos autos, após reetiquetagem, o que se fará às suas expensas." (efls. 124/127 grifei) Interposta Apelação pela Fazenda Nacional, ela foi recebida apenas em seu efeito devolutivo. Por conseguinte, as mercadorias foram liberadas em 15/06/2005 (efl. 96), em conformidade com a sentença. Como noticiado no processo em despacho de 11/10/2010 (efl. 146), a apelação foi julgada procedente para reformar a sentença em julgamento realizado em 16/09/2010, publicado em 14/10/2010 conforme extrato de andamentos do processo disponível no endereço eletrônico do Tribunal Regional federal da 3ª Região3. Referida decisão entendeu que a pena de perdimento aplicada seria válida: "DIREITO TRIBUTÁRIO IMPORTAÇÃO AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO PAÍS DE ORIGEM NO RÓTULO ESCRITO EM PORTUGUÊS PENA DE PERDIMENTO. 1.[Tab]A falsa indicação do país de origem no rótulo ou embalagem de bem importado, redigido na língua portuguesa, gera a pena de perdimento, em razão 3 Disponível em <http://web.trf3.jus.br/consultas/Internet/ConsultaProcessual/Processo?NumeroProcesso= 200561009006885>. Acesso em 11/08/2017. Fl. 266DF CARF MF 8 da possibilidade de indução a erro quanto à origem e da utilização de artifício doloso para burlar a fiscalização. 2.[Tab]Apelação e Remessa oficial providas." (efl. 177 grifei) Foram interpostos Embargos de Declaração pela empresa, rejeitados pelo Tribunal, ensejando a interposição de Recursos Extraordinário e Especial. Uma vez que estes Recursos não são dotados de efeito suspensivo, a pena de perdimento passou a ser passível de ser aplicada a partir da publicação do acórdão do TRF que reformou a sentença para autorizar sua aplicação (14/10/2010). Nesse sentido que o procedimento foi reinstaurado na forma determinada pelo despacho exarado nos autos do processo n.º 10314.007295/200405 (efl. 148): "Os autos do processo em epígrafe foram remetidos a esta SACAT/ALF/SPO devido ao fato de a autuação ter sido realizada no âmbito de EADI submetida à competência desta Alfândega." Contudo,i conforme relatado nos despachos de fls. 115, 118 e nos autos do PAJ 10314.001628/20056, as mercadorias apreendidas haviam sido liberadas por força de sentença prolatada no curso do Mandado de Segurança n° 2005.61.00.9006885. Posteriormente, com a prolação de acórdão em apelação favorável à União, os bens desembaraçados tornaram a ser passíveis de apreensão, sendo esta a situação em que o processo atualmente se encontra, havendo pendência de apreciação de recursos especial e extraordinário interpostos pela interessada. Considerando que estes recursos, via de regra, são dotados apenas de efeito devolutivo, não subsiste, no momento, qualquer óbice retomada do procedimento de apreensão e perdimento dos bens. Dessa forma, considerando a natureza do procedimento a ser adotado por parte da Fiscalização, qual seja, promover a reapreensão dos bens e, na sua impossibilidade, a conversão da pena de perdimento em multa, proponho a remessa dos autos à Inspetoria da Receita Federal em São Paulo, para que sejam tomadas as providências cabíveis." (efl. 148 grifei) Com isso, observase que no presente caso a confirmação da ocorrência de infração punível com a pena de perdimento, passível de ser convertida em multa, ocorreu com o julgamento do TRF3 publicado em 14/10/2010. Uma vez que as mercadorias foram liberadas após a sentença, a fiscalização precisou confirmar a sua disponibilidade para perdimento por meio do Termo de Intimação SEPMA n.º 921/2013 (efl. 150), respondida pela empresa à efl. 154 informado a comercialização das mercadorias. Uma vez não localizadas as mercadorias, restou configurada a hipótese da conversão da pena de perdimento em multa na forma da lei, sendo instaurado o presente processo administrativo próprio para sua aplicação. Diante deste panorama fático e normativo, não vislumbro quaisquer irregularidades, devendo ser integralmente mantida a autuação. Quanto à alegação de decadência da Recorrente, entendo que a ela não cabe provimento, vez que o presente Auto de Infração foi lavrado dentro de 5 (cinco) anos contados da data da data da confirmação da infração, pela decisão do Poder Judiciário publicada em 14/10/2010. Este prazo decadencial de 5 (cinco) anos contados da data da infração é indicado no art. 78 da Lei n.º 4.502/1964 e no art. 139 do Decretolei n.º 37/1966, que expressam: Lei n.º 4.502/1964 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 15771.725028/201594 Acórdão n.º 3402004.384 S3C4T2 Fl. 264 9 "Art . 78. O direito de impôr penalidade extinguese em cinco anos, contados da data da infração. § 1º O prazo estabelecido neste artigo interrompese por qualquer notificação ou exigência administrativa feita ao sujeito passivo, com referência ao impôsto que tenham deixado de pagar ou à infração que haja cometido, recomeçado a correr a partir da data em que êste procedimento se tenha verificado. § 2º Não corre o prazo enquanto o processo de cobrança estiver pendente de decisão, inclusive nos casos de processos fiscais instaurados, ainda em fase de preparo ou de julgamento. § 3º A interrupção do prazo mencionado no parágrafo primeiro só poderá ocorrer uma vez." (grifei) Decretolei n.º 37/1966 "Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração." (grifei) Com efeito, como indicado pela Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz no voto proferido no Acórdão 3402003.443, de 22/11/2016, à luz dos ensinamentos de Luiz Roberto Domingo4, o prazo de decadência de uma penalidade aduaneira, assim entendido como o prazo para o exercício do direito potestativo do Estado ao lançamento da penalidade, observa as disposições específicas da legislação aduaneira, e não os mandamentos do Código Tributário Nacional. É o que igualmente firmou a Solução de Consulta Interna n.º 32 Cosit: "28. Com base no exposto, concluise: 28.1 O prazo para efetuar lançamento de multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações é de 5 (cinco) anos, contado da data da infração, por força do art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964, e do art. 139 do DecretoLei nº 37, de 1966. 28.2 A natureza administrativotributária das multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações permite que a elas se apliquem regras tributárias de constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois a norma aplicável à espécie, pelo critério da especialidade, é o Regulamento Aduaneiro." (grifei) Como visto, no presente caso, a pena de perdimento foi aplicada dentro do prazo legal, com a apreensão das mercadorias no Auto de Infração do qual a empresa foi cientificada em 18/10/2004. Aquele ato administrativo interrompeu o prazo de decadência, vez que efetivamente implicou no exercício do direito potestativo do Estado de aplicar a 4 Direito Aduaneiro e Direito Tributário – Regimes Jurídicos Distintos. In: Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF, São Paulo: MP Editora, 2013, pp. 196 e 197. Fl. 268DF CARF MF 10 penalidade. Esta interrupção do prazo está indicada, inclusive, no art. 78, §1º da Lei n.º 4.502/1964, acima transcrito5. Contudo, por determinação judicial, as mercadorias foram liberadas, em decisão posteriormente revista em sede de Apelação que considerou válida a pena de perdimento aplicada. Somente com esta última decisão, publicada em 14/10/2010, que voltou a correr, do início, o prazo de decadência de 5 (cinco) anos previsto na lei. Isso porque, com a reforma da sentença, deixou de existir o fato impeditivo que limitava o poder da fiscalização de impor a penalidade cabível, sendo aquela decisão o marco inicial para que o fisco desse cumprimento à pena de perdimento na forma decidida pelo E. Superior Tribunal de Justiça: "TRIBUTÁRIO. REGIME ADUANEIRO. PERDIMENTO DE BEM. REVOGAÇÃO DE LIMINAR. INÉRCIA DA FAZENDA PÚBLICA. SEGURANÇA JURÍDICA. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. 1. Na origem, cuidase de mandado de segurança em que se suscitou a ilegalidade e abusividade no ato de apreensão e posterior aplicação da pena de perdimento de veículo, visto que o Fisco teria decaído do direito de aplicar a sanção administrativa. 2. As instâncias ordinárias reconheceram os efeitos da decadência visto que, cassada a liminar que teria autorizado o ingresso em território nacional de veículo importado usado, mantevese inerte órgão administrativo por quase 10 (dez) anos. 3. O decurso do tempo configura pressuposto jurídico de extrema relevância, porquanto conduz à segurança jurídica das relações travadas no âmbito social, do qual não pode isentarse o estado. Doutrina e jurisprudência. 4. "Nos termos dos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/66, é de cinco anos o prazo decadencial para a imposição das penalidades nele previstas" (REsp 643.185/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/3/2007, DJ 29/3/2007, p. 218). 5. Com a revogação da liminar, desaparece o único fato impeditivo que limitava o poder/dever da administração de impor a sanção cabível, estabelecendo, consequentemente, marco inicial para que o fisco desse cumprimento à pena de perdimento, sendo que, conforme delineado, mantevese inerte a Fazenda Pública por aproximadamente 10 (dez) anos, o torna inafastável o instituto da decadência à hipótese dos autos. Recurso especial improvido." (STJ, REsp 1379708/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 12/02/2015 grifei) De fato, com a concessão da medida liminar na ação judicial instaurada pelo contribuinte quanto à validade da aplicação da pena de perdimento, seus efeitos foram 5 Cumpre mencionar que, por definição no âmbito do Direito Privado, a decadência não é sujeita a interrupção ou suspensão. Contudo, a legislação aduaneira não observou a disciplina orientada no âmbito privado, estabelecendo previsões específicas de interrupção e suspensão do prazo decadencial. É o que apontou a Solução de Consulta Interna n.º 32 da Cosit: "12. O prazo decadencial, por definição, não é sujeito a interrupção ou suspensão, regra geral. Interrompêlo ou suspendêlo corresponderia a “fazer o tempo parar”, pois um direito potestativo se exaure no momento mesmo de seu exercício. Não se “inicia” o exercício de um direito potestativo: ou se exerce esse direito dentro do prazo legal ou se não o exerce. A legislação, contudo, nem sempre observa os ensinamentos de Chiovenda. O art. 78 da Lei 4.502, de 19647, trata, com efeito, de um direito potestativo do Fisco de impor penalidade pelo descumprimento da lei. 13. Por outro lado, a interrupção ou a suspensão que o dispositivo prevê não produz qualquer efeito sobre o direito potestativo do Fisco de impor a penalidade. É certo que, se a penalidade for imposta dentro do prazo de cinco anos que o art. 78 estabelece, exaurese aí o direito do Fisco e não se fala mais em prazo decadencial. Sendo necessária ação do Fisco para cobrar a penalidade imposta, há de ser proposta no prazo prescricional." Fl. 269DF CARF MF Processo nº 15771.725028/201594 Acórdão n.º 3402004.384 S3C4T2 Fl. 265 11 suspensos, inviabilizando a destinação das mercadorias pela Administração. Com o reconhecimento em sentença da ilegalidade e inconstitucionalidade da pena de perdimento, as mercadorias foram liberadas, estando a Administração ainda impedida de tomar qualquer atitude quanto à pena aplicada anteriormente. Essa situação somente se alterou com a publicação do acórdão da apelação na ação judicial em 14/10/2010, por meio do qual foi reconhecida a validade da pena de perdimento imposta. Nesta data, passou a correr novamente o prazo de decadência para a verificação da possibilidade de apreensão das mercadorias e a conversão em multa, prazo este anteriormente interrompido pela lavratura do Auto de Infração. E uma vez que a Recorrente foi intimada do Auto de Infração em 25/09/2015 (efl. 192), observase que não se operou a decadência do direito de lançar. Insta ainda frisar que ocorreu na hipótese a devida subsunção do fato (possibilidade da conversão da pena de perdimento em multa) à norma (art. 73, Lei n.º 10.833/2003). Uma vez que as mercadorias foram comercializadas, como confirmado pela Recorrente nos autos, restou tipificada a hipótese de conversão da pena de perdimento em multa, com a devida instauração do presente processo administrativo e lavratura do Auto de Infração sob análise. O que ocorreu na hipótese foi a confirmação pelo Poder Judiciário da possibilidade de aplicação da pena de perdimento e, diante da não localização das mercadorias (comercializadas após a liberação por ordem judicial), a subsunção à hipótese normativa de conversão daquela pena em penalidade pecuniária correspondente ao valor aduaneiro das mercadorias. Descabida, portanto, a alegação de ausência de tipicidade sustentada pela Recorrente. Além disso, não há que se falar na aplicação da teoria do fato consumado na hipótese vez que afastada pela própria legislação ao prever a imposição de penalidade pecuniária na exata situação de não localização da mercadoria sujeita a perdimento. Nas palavras da Recorrente, a legislação previu consequência jurídica específica na hipótese de não ser possível restaurar o status quo ante, pela impossibilidade de localizar a mercadoria sujeita ao perdimento. Assim, a autuação foi realizada nos exatos moldes da lei, devendo ser mantida tal como entendeu a decisão recorrida. Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 270DF CARF MF 12 Fl. 271DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.945004/2013-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO PARA ANÁLISE DE MÉRITO. NECESSIDADE DE REANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO AO REEXAME DO DESPACHO DECISÓRIO.
Superado fundamento jurídico para análise de mérito de pedido de ressarcimento e da declaração de compensação antes de decisão em processo administrativo deve os autos retornar à unidade de origem para que se proceda o reexame do despacho decisório, com a verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, concedendo-se ao sujeito passivo direito a novo e regular contencioso administrativo, em caso de não homologação total.
INTIMAÇÃO EM PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELEITO. DEFINIÇÃO LEGAL.
Para fins de intimação em processo administrativo fiscal, o domicílio tributário eleito a que se refere o art. 23, II e § 4º, II do Decreto nº 70.235/1972, é, o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado.
Impossibilidade de nulidade da ciência regular realizada nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235/72. Inteligência da Súmula CARF nº 9: "válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário".
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-003.041
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que reexamine o despacho decisório com a análise de mérito do pedido.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO PARA ANÁLISE DE MÉRITO. NECESSIDADE DE REANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO AO REEXAME DO DESPACHO DECISÓRIO. Superado fundamento jurídico para análise de mérito de pedido de ressarcimento e da declaração de compensação antes de decisão em processo administrativo deve os autos retornar à unidade de origem para que se proceda o reexame do despacho decisório, com a verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, concedendo-se ao sujeito passivo direito a novo e regular contencioso administrativo, em caso de não homologação total. INTIMAÇÃO EM PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELEITO. DEFINIÇÃO LEGAL. Para fins de intimação em processo administrativo fiscal, o domicílio tributário eleito a que se refere o art. 23, II e § 4º, II do Decreto nº 70.235/1972, é, o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado. Impossibilidade de nulidade da ciência regular realizada nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235/72. Inteligência da Súmula CARF nº 9: "válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário". Recurso Voluntário Provido em Parte
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PEDIDO DE RESSARCIMENTO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO PARA ANÁLISE DE MÉRITO. NECESSIDADE DE REANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO AO REEXAME DO DESPACHO DECISÓRIO. Superado fundamento jurídico para análise de mérito de pedido de ressarcimento e da declaração de compensação antes de decisão em processo administrativo deve os autos retornar à unidade de origem para que se proceda o reexame do despacho decisório, com a verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, concedendose ao sujeito passivo direito a novo e regular contencioso administrativo, em caso de não homologação total. INTIMAÇÃO EM PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELEITO. DEFINIÇÃO LEGAL. Para fins de intimação em processo administrativo fiscal, o domicílio tributário eleito a que se refere o art. 23, II e § 4º, II do Decreto nº 70.235/1972, é, o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado. Impossibilidade de nulidade da ciência regular realizada nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235/72. Inteligência da Súmula CARF nº 9: "válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário". Recurso Voluntário Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 94 50 04 /2 01 3- 37 Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que reexamine o despacho decisório com a análise de mérito do pedido. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O processo em exame versa sobre pedido de ressarcimento de crédito de Cofins concernente ao mercado interno, no montante de R$ 2.415.553,00, apurado pelo regime não cumulativo no 2° trimestre de 2011. 5. Ao referido pedido se acham vinculadas cinco declarações de compensação, mencionadas na fl. 97. 6. Em despacho decisório exarado nas fls. 97/100, a DERAT/SPO indeferiu o pedido de ressarcimento e considerou não declaradas as compensações vinculadas ao crédito pleiteado, afirmando em síntese que o valor a ressarcir estava sujeito aos desdobramentos de ação judicial pertinente à Cofins intentada pela contribuinte. 7. Tomando ciência do despacho em 16/01/2014 (fl. 102), a interessada apresentou em 24/01/2014 recurso administrativo (fls. 135/146) e em 31/01/2014 manifestação de inconformidade (fls. 106/117) — ambos portanto tempestivos. No primeiro contesta a decisão de considerar não declaradas as compensações e, na segunda, o indeferimento do pedido de ressarcimento. 8. O primeiro recurso, em conformidade com o rito processual previsto na lei n° 9.784/99, deveria ser apreciado pela Superintendência Regional da 8ª Região Fiscal. No entanto, em razão de liminar obtida pela contribuinte no MS n° 0005698 10.2014.4.03.6100 (fls. 167/172), a qual ainda se acha em vigor (fl. 174), deverá ser recebido como manifestação de inconformidade, "sob o regime jurídico que lhes cabe" (fl. 172). Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 4 3 9. Por essa razão, este voto versará sobre ambos os recursos, cujo teor passo a resumir. 10. A defendente começa por salientar a tempestividade dos recursos em exame, afirmando ter tomado conhecimento do despacho decisório em 14/01/2014. Quanto ao mérito, alega em síntese que: 10.1 somente apura créditos vinculados à receita não tributada no mercado interno, tendo em vista que a Cofins incide à alíquota zero sobre a venda de livros, o que torna patente o equívoco da autoridade fiscal no tocante à classificação do crédito pleiteado, com suposta proporção na apuração das receitas em relação aos créditos; 10.2 a autoridade fiscal, ao citar no despacho o art. 17 da lei n° 11.033/2004, admite ser legítima a manutenção do crédito vinculado a receitas de vendas realizadas com alíquota zero, caso em que se enquadra a venda de livros no mercado interno; 10.3 o tema da base de cálculo em nada influencia a formação do crédito pleiteado, de modo que o objeto da ação judicial (base de cálculo do débito) não se confunde com a origem do crédito (vendas com alíquota zero no mercado interno); 10.4 não há que falar, portanto, em proporção entre créditos vinculados à receita tributada no mercado interno, à receita não tributada no mercado interno e à receita de exportação, como tenta fazer crer, inclusive sem qualquer prova ou fundamentação legal, o autor do despacho decisório, visto que a origem do crédito utilizado são apenas as receitas tributadas no mercado interno, fato incontroverso, consoante se verifica na própria ementa da decisão em apreço; 10.5 são distintos o objeto da ação judicial e o do pedido de ressarcimento, devendose observar que o objeto da primeira (discussão da base de cálculo da Cofins) não se enquadra na vedação expressa no § 12 do art. 74 da lei n° 9.430/96 e no art. 32, §§ 3° e 4°, da IN n° 1.300/2012 (proibição de ressarcimento de crédito sujeito a alteração por decisão judicial); 10.6 como o debate na ação declaratória n° 0006782 95.2004.4.03.6100 diz respeito unicamente à amplitude da base de cálculo da Cofins, seu resultado não tem como influenciar a possibilidade de utilizar créditos oriundos de vendas internas sujeitas à alíquota zero, visto que estes não entram na apuração da base de cálculo da Cofins não cumulativa; 10.7 estando claro que o objeto do processo judicial é diverso e não influencia o pedido de ressarcimento, concluise que a autoridade tributária violou frontalmente o princípio da legalidade ao considerar não declaradas as compensações, em franco desacordo com o art. 74, § 12, da lei n° 9.430/96 e o art. 97 do CTN, uma vez que o crédito pleiteado não decorre de decisão de judicial, mas de artigo expresso de lei; Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 5 4 10.8 com efeito, se a discussão judicial da base de cálculo da contribuição em apreço não se encontra dentre as hipóteses arroladas no referido § 12, cujo rol é taxativo e não exemplificativo, não pode a autoridade tributária criar nova hipótese sem previsão legal e aplicála como se constasse do referido rol; 10.9 em suma, ao aplicar hipótese não prevista em lei para classificar as compensações como não declaradas, violou o princípio da legalidade; 10.10 além disso, ao considerar não declaradas as compensações fora das hipóteses previstas no § 12 do art. 74 da lei n° 9.430/96, excluiu a possibilidade de defesa por manifestação de inconformidade, levando à cobrança dos débitos compensados antes de finda a discussão administrativa acerca do pedido de ressarcimento, o que implica cerceamento do direito de defesa da contribuinte; 10.11 por sinal, a jurisprudência dos tribunais vem confirmando a nulidade do ato administrativo quando praticado sem observância do devido processo legal; 10.12 é necessário esclarecer que tanto a manifestação de inconformidade prevista na lei n° 9.430/96 quanto o recurso administrativo a que alude a lei n° 9.784/99 possuem os efeitos de suspensão do crédito tributário, nos termos do art. 151, II, do CTN, visto que ambos são recursos interpostos na esfera administrativa com o fito de discutir a exigência de débito fiscal; 10.13 a recente decisão proferida pelo TRF3 em caso semelhante de empresa do mesmo grupo — em parte transcrita, assim como a sentença de 1° grau, no corpo deste recurso — evidencia o equívoco cometido pela autoridade administrativa ao negar efeito suspensivo ao recurso hierárquico; 10.14 tampouco se sustenta a justificativa da autoridade administrativa, fundada no art. 32, §§ 3° e 4°, da IN n° 1.300/2012, primeiro porque essa instrução administrativa inova ao prever hipótese de compensação não declarada inexistente no § 12 do art. 74 da lei n° 9.430/96, em flagrante violação ao princípio da legalidade, e segundo em razão da incompatibilidade entre o objeto da ação judicial e o do pedido de ressarcimento; 10.15 em suma, os créditos objeto do pedido de ressarcimento — resultantes da venda de livros no mercado interno, operação sobre a qual a Cofins incide à alíquota zero — não integram a base de cálculo dessa contribuição, de modo que não guardam nenhuma relação com a discussão judicial; 11. Ao final requer a reforma do despacho decisório para: a) reconhecer o direito ao ressarcimento pleiteado e homologar as compensações a ele vinculadas, com a conseqüente extinção do crédito compensado; Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 6 5 b) conceder o efeito suspensivo ao recurso hierárquico apresentado, nos termos do art. 151, III, do CTN, até decisão administrativa final da manifestação de inconformidade; c) determinar o apensamento do recurso hierárquico aos autos da manifestação de inconformidade. 12. Com o fim de complementar a instrução processual, juntei os documentos anexos às fls. 174/182. 13. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, julgou improcedentes a manifestação de inconformidade e o recurso administrativo apresentados, confirmando o teor do despacho decisório proferido pela autoridade a quo. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO É vedado o ressarcimento do crédito do trimestrecalendário cujo valor possa ser alterado total ou parcialmente por decisão definitiva em processo judicial. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA Considerase não declarada a compensação quando vinculada a crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO Não se justifica a alegação de nulidade quando se verifica que a Administração facultou à recorrente o exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, recebendo e julgando a manifestação de inconformidade e o recurso hierárquico apresentados. Inconformada, a recorrente apresenta recurso voluntário, tempestivamente, com argumentos que repisam mesmo conteúdo da sua impugnação e outros que combatem a decisão recorrido. Em síntese suscita/aduz: Divergência entre o objeto do processo judicial relacionado às receitas levadas à base de cálculo das contribuições e do pedido de ressarcimento cumulado com declaração de compensação que se limita ao direito a ressarcimento do saldo credor apurado no final do Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 7 6 trimestre e a consequente compensação, decorrente das vendas no mercado interno de livros, cujas alíquota da Contribuição é 0% (zero) e, portanto, não integra a base de cálculo do valor devido (§ 3º, art. 1º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03); A impossibilidade do resultado da ação judicial influenciar no valor do crédito decorrente das vendas internas sujeitas à alíquota zero, uma vez que não entram na apuração da base de cálculo da Contribuição; A fiscalização violou e a Delegacia manteve a afronta ao aplicar hipótese não prevista em lei para classificar as compensações como não declaradas; O reconhecimento pelo Fisco de que sem a ação judicial a compensação estaria totalmente regular; A Ação Declaratório transitou em julgado, confirmandose que seu resultado não implicou qualquer influência no pedido de compensação, não havendo descumprimento ao disposto no art. 170a do CTN; A perda do objeto que motivou o Fisco e a DRJ negar o pleito sob o fundamento de alteração dos valores dos créditos; Possui sentença proferida no Mandado de Segurança nº 000569810.2014.403.6100 que atribui efeito suspensivo aos recursos do presente feito recurso voluntário e recurso administrativo (em face da decisão de considerar não declaradas as compensações); Pugna pelo reconhecimento do direito ao ressarcimento integral do crédito pleiteado e consequentemente homologada a compensação que implica a extinção do crédito compensado; Requer que as intimações sejam realizadas exclusivamente em nome do patrono indicado. O processo foi distribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Antes de prosseguir urge ressaltar os eventos nas esferas administrativa e judicial que interessam à lide: a. A Unidade de origem (Derat/SP) não analisou o mérito do pedido de ressarcimento e da compensação declarada, sob o fundamento da existência de ação judicial em curso cujo resultado influenciaria a base de cálculo do crédito pleiteado. A DRJ manteve integralmente o despacho decisório. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 8 7 b. Nos autos não constam elementos que permitam aferir a higidez do crédito pleiteado quanto à sua origem, qualidade e grandeza. c. As Ações Declaratórias transitaram em julgado, em 25/04/2014 (para o Cofins) e 24/06/2014 (para o PIS), no âmbito do STJ, em decorrência do pedido de desistência de Recurso Especial interposto pela empresa, em data anterior à da sessão de julgamento na DRJ (12/03/2015). As situações enumeradas exigem o enfrentamento das seguintes questões: 1. Há concomitância entre os processos administrativo e judicial? 2. Na hipótese de se afastar a concomitância, resta passível a alteração dos valores dos créditos pleiteados em razão do resultado da ação judicial? 3. O trânsito em julgado da ação judicial faz restabelecer a análise do mérito do pedido de ressarcimento e da declaração de compensação? Não se suscitou nos autos a concomitância pela autoridade fiscal, tampouco em sede de julgamento na DRJ. A recorrente nada menciona em suas peças, embora defende argumentos quanto à inexistência de qualquer influência de resultado da ação judicial sobre os créditos pleiteados administrativamente. Compulsando os autos as partes não juntaram as peças processuais, em especial petição inicial, sentença e acórdãos. Há tão somente extrato de consulta processual no TRF/3ª Região e Certidão do STJ. Pesquisa realizada na página da internet do TRF/3ªRegião extraise do relatório e ementa da Apelação Cível nº 1182842 ACSP, na Ação Declaratória nº 2004.61.00.0067824 o que segue: RELATÓRIO Tratase de apelação em ação declaratória em que busca assegurar o direito para não se submeter à majoração da base de cálculo da COFINS sobre a totalidade de receitas, prevista na MP 135/03, convertida na Lei 10833/03, pois violou norma constitucional expressa no art. 195, I “b” da CF e violação ao art. 110 do CTN e na forma do art. 151, II do CTN, pretende efetuar depósitos judiciais. A ação foi ajuizada em 11/03/04. O valor da causa é de R$ 30.000,00. O MM. Juiz “a quo” julgou improcedente, considerando que não houve ofensa à Constituição a alteração da base de cálculo da COFINS, sendo que pode ser utilizada medida provisória e que o texto constitucional também não exigia Lei Complementar e que não há ofensa ao art. 246 da Constituição Federal e portanto, não há nenhum vício formal na Lei 10833/03. Determinou que após o trânsito em julgado da sentença, convertamse em renda da União Federal os depósitos efetuados durante a tramitação do processo. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 9 8 EMENTA TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA. COFINS. LEI 10833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. LEGITIMIDADE DA TRIBUTAÇÃO. ALTERAÇÕES. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NÃO VIOLADOS. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL POR DESCUMPRIMENTO DO ARTIGO 246 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. I A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) foi instituída pela Lei Complementar nº 70, de 31 de dezembro de 1991, com fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 195, inciso I e tem como objetivo o custeio das atividades da área de saúde, previdência e assistência social, conforme dispunham seus artigos 1º e 2º. II Com o advento da lei 10.833, de 29 de Dezembro de 2003, e atualmente pela Lei 10.865, de 30 de abril de 2004, a contribuição à COFINS passou a ser nãocumulativa. Esse princípio, em relação às contribuições, foi reforçado pela Emenda Constitucional n° 42/03. III A Constituição Federal, após as Emendas Constitucionais n°s 20, 33 e 42, consignou claramente o campo de incidência das contribuições, inclusive com a possibilidade de serem instituídas alíquotas e/ou bases de cálculos distintas, para determinados segmentos. Portanto, autorizou tratamentos não isonômicos, diante de um discrímen a ser ditado por lei, consagrando em benefício, nesta última emenda, a nãocumulatividade para as contribuições. IV A nãocumulatividade é mera técnica de tributação que não se confunde com a sistemática de cálculo do tributo, porquanto, depois de efetuadas as compensações devidas (débito/crédito) pelo contribuinte terseá a base de cálculo, para a apuração do quantum devido. Consignese, por fim, que, para as hipóteses de IPI e ICMS, o legislador constituinte deixou traçados, fixando os limites objetivos de sua ocorrência, os critérios para que se implementasse a nãocumulatividade, dadas as características desses tributos, enquanto para a COFINS a lei é que deve se incumbir dessa tarefa. V Não se configurou a afronta ao disposto no artigo 246 da Constituição Federal, pois não houve regulamentação de artigo, nem inovação, criandose nova figura tributária, haja vista que a previsão expressa da contribuição à COFINS no corpo do Texto Constitucional, por si só autoriza eventuais alterações nos critérios de suas exigências, feitas por lei ordinária, não havendo óbices que suas iniciativas se dêem por meio de Medida Provisória, desde que observado o princípio da anterioridade nonagesimal. VI– Apelação da autora improvida. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 10 9 Quanto ao PIS, Apelação Cível nº 000253690.2003.4.03.6100/SP ACSP, na Ação Declaratória nº 2003.61.00.0025369/SP, relatório e ementa se assemelham à ação que versa sobre a Cofins: RELATÓRIO Tratase de ação de procedimento ordinário em que Saraiva S/A Livreiros Editores pretende: a) a declaração de inexistência de relação jurídica no tocante ao recolhimento da contribuição ao PIS, sobre a totalidade de receitas, nos termos da Lei nº 10.637/02; b) assegurar o direito de recolher a referida contribuição sobre o faturamento (receita bruta de venda de mercadorias, mercadorias e serviços ou prestação de serviços). A sentença julgou improcedente o pedido, condenando a autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais). Em apelação, a autora reiterou o pedido formulado na petição inicial. Com contrarrazões, os autos foram remetidos a este e. Tribunal. EMENTA TRIBUTÁRIO PIS LEI Nº 10.637/02 CONSTITUCIONALIDADE. 1. As contribuições sociais encontramse regidas pelos princípios da solidariedade e universalidade, previstos nos arts. 194, I, II, V, e 195 da Constituição Federal e impõe o reconhecimento de que o seu financiamento deve darse por todas as empresas. 2. As contribuições de seguridade social, previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 195 da Constituição Federal, não necessitam, para instituição ou modificação, de lei complementar, bastando para tanto ato normativo com força de lei ordinária. 3. Viabilidade da utilização de medida provisória para instituir tributos e contribuições sociais, bem assim a possibilidade de reedição para prorrogar os efeitos da anterior ou anteriores. 4. A lei pode autorizar exclusões de determinados valores para fins de apuração da base de cálculo do tributo, e, da mesma forma, vedar deduções para a mesma finalidade, levando em conta o momento político e a política fiscal adotada. 5. A alteração do conceito de faturamento, bem como a majoração da alíquota do PIS prevista na MP 66/02, não implicou na regulamentação do disposto no art. 195, inciso I, da CF, com redação dada pela EC 20/98, razão pela qual não constituíram violação à regra do artigo 246 da CF. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 11 10 6. Não há falarse em violação ao princípio da anterioridade nonagesimal, porquanto expressamente previsto na MP nº 66/02 o prazo de noventa dias para a produção de seus efeitos. 7. Apelação improvida. Os excertos transcritos permitem constatar que os objetos das ações que versaram sobre o PIS e a Cofins foram delimitados pela "majoração da base de cálculo da Contribuição sobre a totalidade das receitas". Cumpre também apontar que a recorrente não logrou êxito na ação declaratória na decisão de primeiro grau e na apelação, em sede de Tribunal Federal. No processo administrativo a recorrente pleiteou ressarcimento do saldo credor remanescente do desconto de débitos da Contribuição ao final do trimestre. Suscita que o crédito referese exclusivamente às vendas de livros no mercado interno, que por força do inciso II do art. 28, da Lei nº 10.865/2004, tem incidência à alíquota é zero. Evidenciase, portanto, que as ações judicial e administrativa têm objeto distintos, o que afasta a concomitância. Ademais, o entendimento doutrinário é no sentido de que se caracteriza a identidade de ações quando se verificam as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir, o que não se tem presente no caso dos autos, bastando para a conclusão a existência de pedidos distintos. Destarte, entendo inexistente a concomitância. Pois bem; afastada a concomitância, mister verificar se de algum modo é passível de alteração os valores dos créditos pleiteados em razão do resultado da ação judicial. As partes divergem quanto ao entendimento, o que demanda analisar seus argumentos. O despacho decisório está assentado no fundamento de que o saldo credor passível de ressarcimento é resultado direto do tipo de receita a que estiver vinculado, no caso à receita não tributada no mercado interno. Vejase alguns excertos da decisão: 10. Ademais, referida instrução normativa e as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 dispõem que os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins passíveis de ressarcimento e/ou compensação, são aqueles remanescentes do desconto de débitos dessas contribuições em um mês de apuração. 11. Assim, o crédito passível de ressarcimento depende das receitas auferidas que servirão de base de cálculo para realização do referido cotejamento entre créditos e débitos, mais ainda, as receitas auferidas são necessárias para definir a proporção de créditos vinculados a Receita Tributada no Mercado Interno, Receita Não Tributada no Mercado interno e/ou Receita de Exportação. 12. Não é demais lembrar que somente o saldo de crédito vinculado a Receita Não Tributada no Mercado interno (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c art. 16, inciso II da Lei nº Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 12 11 11.116/2005) ou Receita de Exportação (art. 5º, §§2º e 3º da Lei nº 10.637/2002; art 6º, §§2º e 3º da Lei nº 10.833/2003) são passíveis de ressarcimento. 13. Logo, a apuração dos créditos e, em especial, sua parcela ressarcível é resultado não apenas da composição de várias despesas/custos, mas, também, da receita a que estiverem vinculadas. 14. Diante do exposto, existindo discussão judicial sobre assuntos que poderão alterar o valor a ser ressarcido, deve ser indeferido o Pedido de Ressarcimento eletrônico (...) O julgamento na DRJ trilhou no mesmo entendimento, decidindo ao final pela improcedência da manifestação de inconformidade. Alguns excertos: 30. Assinalese inicialmente que, de acordo com o art. 28, caput e § 2°, II, da IN RFB n° 900/2008, em vigor à época da transmissão do pedido de ressarcimento, os créditos não utilizados acumulados ao final de cada trimestre poderiam ser objeto de pedido de ressarcimento, cabendo ao sujeito passivo efetuálo “pelo saldo credor remanescente no trimestre calendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação”. O grifo é meu. 31. No caso em estudo, verificase que o valor pleiteado no pedido de ressarcimento está em perfeita conformidade com essa regra (...) 32. Como se pode observar, o valor solicitado (...) corresponde ao saldo remanescente dos créditos apurados nos meses de (...), já descontada parte dos débitos de Cofins relativos a esse período. 33. Donde se conclui, sem contestação possível, que o valor do débito afeta o do crédito. Isso porque o crédito suscetível de ressarcimento é apenas o saldo remanescente do desconto de parte dos débitos apurados no trimestre. É por isso que a IN RFB n° 900/2008, no trecho já citado, se refere expressamente ao saldo credor remanescente “líquido das utilizações por desconto ou compensação”. 34. Tratase, portanto, da própria lógica do regime não cumulativo da Cofins, convindo deixar claro que em nada a afeta a circunstância de a empresa apurar ou não apenas créditos vinculados à receita não tributada no mercado interno. 35. Assim, dada a natureza da matéria discutida na ação declaratória citada, então ainda em andamento, é evidente que sua decisão final poderia alterar o valor dos débitos de Cofins apurados no trimestre em exame e, conseqüentemente, o saldo de crédito passível de ressarcimento. A recorrente, de sua parte, sustenta que os créditos objeto do pedido de ressarcimento são resultantes da venda de livros no mercado interno, operação sobre a qual a Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 13 12 Contribuição incide à alíquota zero, e, portanto, não integram sua base de cálculo, de modo que não guardam nenhuma relação com a discussão judicial. Excertos de suas peças: Inicialmente necessário destacar que a Requerente somente apura seus créditos com base na receita não tributada no mercado interno (Alíquota Zero Cofins), motivo pelo qual patente o equívoco da autoridade fiscal no tocante à classificação do crédito requerido pela contribuinte com suposta proporção na apuração das receitas x créditos. (..) Assim sendo, a manutenção integral do crédito relacionado à receita da venda de livros, a qual é tributada no mercado interno a alíquota zero do PiS e da Cofins é um direito da empresa ora manifestante amparado totalmente na legislação vigente. Diante deste quadro, é patente o equivoco levado a cabo pela autoridade fiscal no tocante a classificação do tipo de crédito utilizado pela contribuinte em seu pedido de ressarcimento e por consequência em sua declaração de compensação considerada indevidamente como não declarada. Entendo que o crédito pleiteado é passível de alteração pela base de cálculo do PIS e Cofins, ou em outras palavras, a dimensão da receita pode afetar o valor do crédito. O valor do saldo credor da Contribuição para o PIS ou Cofins nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033/2004 c/c art. 16 da Lei nº 11.116/200 e art. 28, caput e § 2°, II, da IN RFB n° 900/2008, atual inciso II, art. 27, da IN RFB 1.300/2012, somente pode ser ressarcido ou compensado, no encerramento do trimestrecalendário, após a dedução do débito da própria contribuição. Os dispositivos legais: Lei 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0% (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Lei nº 11.116/2005 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 14 13 II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. IN RFB nº 900/2008 Art. 27. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados no desconto de débitos das respectivas contribuições, poderão ser objeto de ressarcimento, somente após o encerramento do trimestre calendário, se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados: (...) II às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0% (zero) ou nãoincidência. (...) Art. 28. O pedido de ressarcimento a que se refere o art. 27 será efetuado pela pessoa jurídica vendedora mediante a utilização do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração em meio papel acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. (...) II ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestre calendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação. IN RFB nº 1.300/2012: Art. 27. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados no desconto de débitos das respectivas Contribuições, poderão ser objeto de ressarcimento, somente depois do encerramento do trimestre calendário, se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados: (...) II às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1557, de 31 de março de 2015) Da interpretação dos dispositivos resulta que o procedimento passa primeiro pela etapa de deduzir o saldo credor do débito apurado da Contribuição no período, o que implica afirmar que se o valor do débito estiver sob discussão judicial, em especial em relação à dimensão/extensão de sua base de cálculo, é lógico deduzir que o valor saldo credor apurado estará passível de alteração em razão do resultado da ação judicial. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 15 14 Relevante destacar que a alegação da recorrente de que a totalidade de seu crédito é decorrente de vendas de livros, cuja alíquota do PIS e da Cofins é zero, o que significa tratarse, exclusivamente, de receita não tributada no mercado interno, o que a faz concluir pela total desvinculação entre as bases de cálculo deste crédito e do débito que se discutia judicialmente, não se encontra comprovado nos autos. Inexistem documentos (notas fiscais e registro contábeis) que apontam a natureza do crédito a ponto de atestar a veracidade da alegação. Importa anotar também que a autoridade fiscal encarregada do despacho decisório não analisou seu mérito. Assim, encontro razões para afirmar a alterabilidade dos crédito pleiteados em razão do resultado da ação judicial, ainda que afastada anteriormente a concomitância. Por fim, a análise do trânsito em julgado da ação judicial. É inconteste o resultado da Ação Declaratória em que se buscava provimento para afastar o alargamento da base de cálculo da Contribuição, qual seja, não houve êxito por parte do contribuinte. O trânsito em julgado ocorreu em 25/04/2014, portanto, antes do julgamento da manifestação de inconformidade e do recurso administrativo na Delegacia de Julgamento que, contudo, manteve a decisão no despacho da Derat/SP sob o argumento que à época do pedido de ressarcimento e declaração de compensação a Ação não gozava de tal efeito. Cabe então enfrentar a seguinte matéria: acaso afastados os fundamentos da Derat e DRJ para negar o pedido de ressarcimento e considerar não declarada a DCOMP, sustentamse os argumentos da recorrente? Repisase que não houve enfrentamento do mérito do PER/DECOMP; também, não constam dos autos conjunto probatório da certeza dos créditos alegados. O direito ao ressarcimento e à compensação encontramse disciplinados nas legislações a seguir: CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) (grifei) 41. Ora, no caso vertente, como ficou visto, havia uma ação declaratória em andamento cuja decisão final poderia, indiscutivelmente, vir a alterar o valor dos débitos de Cofins apurados no trimestre em exame e, conseqüentemente, o saldo de Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 16 15 crédito passível de ressarcimento. Tal saldo, portanto, precisamente pela falta de trânsito em julgado, carecia dos requisitos de liquidez e certeza exigidos pelo art. 170 do CTN. 42. Assim, não há dúvida de que se trata de crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado, expressão genérica que abrange qualquer crédito cujo valor possa ser alterado total ou parcialmente por decisão definitiva em processo judicial. 43. De modo que, ao considerar não declaradas as compensações vinculadas ao direito creditório objeto do pedido de ressarcimento, a autoridade tributária apenas se ateve à letra da lei, mais precisamente ao disposto no art. 74, § 12, da lei n° 9.430/96, acima transcrito. Entendo que a vedação ao pedido de ressarcimento de que trata os §§ 3º e 4º do art. 32 da IN RFB nº 1.300/2012, cuja vigência é posterior à data do protocolo do PER/DCOMP, fundamento legal do despacho decisório já não se sustentava no julgamento da manifestação de inconformidade à vista da decisão transitado em julgado da ação declaratória. Essa vedação ao ressarcimento deve ser interpretada à luz da mesma vedação à compensação, que se encontra em disposição de Lei art. 170A do CTN que ao meu sentir diz tãosó que enquanto houver pendência de ação judicial discutindo tributo, não se concederá ou se analisará a compensação acerca de aproveitamento de crédito desse mesmo tributo. Mutatis mutandis, ocorrido o trânsito em julgado da ação que se discuti o tributo, para o qual se pleiteia o aproveitamento de crédito, permitida estará a compensação. O mesmo se aplica ao ressarcimento. A autoridade julgadora a quo fundamentou a manutenção do despacho decisório para considerar não declarada a compensação na alínea "d", inciso II, do § 12, do art. 74 da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004 ) (...) II em que o crédito: (...) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004 ) Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 17 16 Inconteste que o fundamento para tal decisão encontravase superado por ocasião do acórdão da DRJ. Outra deveria ser a decisão recorrida. De outra banda, a recorrente não colacionou documentos que apontam para a natureza dos créditos que alega tratarse de venda de livros no mercado interno, à alíquota zero do PIS e da COFINS. Assim, conquanto o trânsito em julgado implica a análise do mérito o encontro de contas entre débitos e, no caso, o saldo credor apurado nos termos da legislação processo não se encontra maduro para decisão por este Conselho. Por derradeiro, a recorrente pede que "visando a facilitar o controle das intimações dos atos processuais, doravante, requer que as intimações sejam publicadas EXCLUSIVAMENTE em nome de Júlio César Goulart Lanes, inscrito na OAB/SP n.° 285.224, devidamente constituído nos autos, sob pena de nulidade." Impende registrar que o disposto no art. 23 do Decreto no 70.235/1972, que regula o processo de determinação e exigência de crédito tributário estabelece: “Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)” Para fins de intimação em processo administrativo fiscal, o “domicílio tributário eleito” a que se refere o art. 23, II do Decreto no 70.235/1972, não é aquele no qual o contribuinte pede, em um dado processo, para ser cientificado (por exemplo, no escritório de um advogado), mas, como esclarece o § 4º do mesmo artigo, “o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais , à administração tributária”, e “o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado”. De ressaltar que a intimação realizada nos termos acima é legítima e encontrase pacificada com a Súmula CARF nº 9, cujo enunciado dispõe ser "válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário" Conclusão Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10880.945004/201337 Acórdão n.º 3201003.041 S3C2T1 Fl. 18 17 O atual estágio do processo indica a possibilidade de existência de um direito creditório não analisado pela unidade de origem da DRF, fundada tãosó na alterabilidade do valor do crédito pleiteado em razão de ação judicial, não concomitante ao presente processo, que se encontra definitivamente julgada. Destarte, por não restar nenhum óbice à análise do direito creditório pleiteado, não efetuado no âmbito do despacho decisório, entendo por determinar o retorno do presente processo à unidade de jurisdição administrativa da recorrente para que se proceda análise do mérito do pedido de ressarcimento e da declaração de compensação, mediante a apresentação pelo contribuinte dos documentos pertinentes. Após seja dado ciência para que o interessado exerça, se assim o quiser, o contraditório. Portanto, VOTO para DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que REEXAMINE O DESPACHO DECISÓRIO com a análise de mérito do pedido, a verificação dos documentos acostados e outros que julgar necessários, mediante regular intimação ao contribuinte, instaurandose novo contencioso administrativo, na hipótese de inconformidade da recorrente. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 314DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.003115/2004-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004
MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento.
No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
Numero da decisão: 9303-005.405
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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INDUSTRIAL H. CARLOS SCHNEIDER ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplicase a retroatividade benigna e cancelase a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 31 15 /2 00 4- 60 Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 691 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 5º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a época sob o Regimento Interno do extinto Segundo Conselho de Contribuinte, contra acórdão nº20311.148, proferido pela Terceira Câmara, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para cancelar sete Autos de Infração relativos à multa isolada no percentual de 75%, objetos dos Processos n°s 10920.003111/200481, 10920.003112/200426,10920.003113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412 e 10920.003117/200459, mantendo o indeferimento das compensações pleiteadas. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Tratase das vinte nove Declarações de Compensação relacionadas às fls. 186/187, por meio das quais a requerente pretende compensar débitos próprios de diversas espécies tributárias, com crédito prêmio do IPI de terceiro, que lhe foi cedido pela empresa conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de espécies tributárias, com crédito Fábrica de Artigos de Couro LTDA, conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de 25/09/2002 (cópia às fls. 135/138). NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO COMPENSAÇÃO. REGRAS ESPECÍFICAS. CESSÃO DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO NA SEARA TRIBUTÁRIA. Consoante o art. 170 do CTN a compensação em matéria tributária segue regras específicas, pelo que a cessão de direito, por meio da qual o titular cede créditos tributários que lhe foram reconhecidos na via judicial a terceiro, não permite a este utilizar tais créditos para compensar seus débitos. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIROS: PEDIDOS FORMULADOS APÓS 07/04/2000. IMPOSSIBILIDADE. A possibilidade de utilização de créditos oriundos de restituição ou ressarcimento para compensação com débitos de terceiros foi autorizada pelo art. 15 da IN SRF n° 21/97, tendo permanecido até 07/04/2000, data após a qual foi revogada pela IN SRF n° 41, publicada em 10/04/2000. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA NO PERCENTUAL DE 75%. IMPROCEDÊNCIA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. DOLO NÃO CARACTERIZADO. LEI N° 11.051, DE 30/12/2004. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 692 3 Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Na situação em que os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, têm origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, a multa no percentual básico de setenta e cinco por cento é inaplicável. Recurso provido em parte. Inconformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpôs o presente Recurso, sustentando que deve prevalecer a interpretação do art. 18, parágrafo 4º, da lei 10.833/2003, com redação dada pela lei nº 11.051/2004, no sentido de que subsiste a multa isolada nos casos de fraude, conluio e sonegação ou na hipótese do inciso II do parágrafo 12 do artigo 74 da lei nº 9.430/96, com alíquotas correspondentes do artigo 44 da lei 9.430/96. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Fazenda Nacional aponta como paradigmas os acórdãos nº 20217.360 e nº 20400.776. Em seguida, por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial, foi dado seguimento ao recurso, fls. 614/616. Contudo, a Contribuinte utilizandose da prerrogativa concedida pelo art. 1º da lei nº 11.941/2009, e, em atendimento ás condições estabelecidas pelo art. 13 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 06/2009, manifestouse pela desistência integral do recurso especial interposto, fls 671/672. A desistência integral do recurso especial interposto em relação ao processo principal (10920.001575/200453) para inclusão no parcelamento do art. 1° da Lei n° 11.941/2009, encontrase parcelado na referida lei, contudo, a Contribuinte manteve o seu recurso em relação às multas isoladas, processos apensados nºs10920.003111/200481, 10920.003112/2004726,10920.008113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412, 10920.003117/200459. Apesar de estarem apensos, estão pendentes de decisão definitiva em razão de recurso especial interposto pela União perante a CSRF/CARF (fls.390 processo principal), fls. 684. É o relatório. Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 693 4 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito a aplicação ou não da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) em compensações não homologadas. Com efeito, a decisão recorrida decidiu em cancelar a multa isolada no percentual de 75%, referente a compensações não homologadas, com fundamento de que o art. 18, caput e § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004, aplicandose somente sobre o valor do débito compensado indevidamente e na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Considerando que, os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, de origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, sendo a multa no percentual de setenta e cinco por cento inaplicável. Compulsando aos autos, verifico que a Fiscalização não logrou êxito em comprovar a existência de dolo praticado pela Contribuinte, ademais, as compensações realizadas teve como origem créditos transferidos pela cedente Artigos de Couro LTDA, essa, autora de Ação Ordinária Declaratória nº 89.00136224, transitada em julgada (04/06/96) a qual, foi julgada procedente permitindo a litigante o direito ao Crédito Prêmio do IPI. A multa contida no Auto de Infração, foi lançada com fundamento no art. 18 da Lei nº10.833/2003. Vejamos: “Art.18.O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória n 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarse à imposição de multa isolada em sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 694 5 refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente". In caso, bem decidiu a decisão recorrida, o art. 18 da Lei nº 10.833/2003, conversão oriunda da MP nº 135, publicada em 31/10/2003, foi introduzida em conjunto com o artigo 17 da primeira, este último alterando o art. 74 da lei nº 9.430/96, de modo a determinar que a declaração de compensação constitui confissão de dívida é instrumento suficiente para exigência dos débitos indevidamente compensados. Contudo, a referia lei tem eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, data de publicação da MP nº 135, de 30/10/2003, no caso em tela, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003. Com efeito, em razão de alterações na legislação tributária, surge a lei 11.051/04, a qual em seu artigo 25, altera as disposições do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, que passou a determinar a aplicação da multa prevista por compensação não declarada somente nas hipóteses de fraude, sonegação ou conluio. O mesmo artigo 25, incluiu o § 2º e o § 4º, em que determinava a aplicação da penalidade do caput às situações em que a compensação não declarada fosse aplicada multa no percentual de 150%, previsto no art. 44, II da Lei nº 9.430/96. Vejamos: "Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. § 4o A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996". Neste sentido, não assiste razão ao apelo Fazendário, com a nova redação do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, restou confirmada que a penalidade somente seria aplicada nas hipóteses do art. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64 no percentual de 150%. Nada obstante, o artigo 18 da lei 10.833/03, foi novamente alterado pelo artigo 117, da lei nº 11.196/051, que modificou o § 4º do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, 1 Art. 117. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) "Art. 18. ........................................................................................ § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 695 6 passando a incluir as penalidades do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96, o qual permitiu o lançamento da multa no patamar de 75% (setenta e cinco por cento), em síntese, nos pedidos de compensação considerados não declarados, a multa seria exigida, mesmo que não restasse configurada as hipótese previstas no artigos. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Dessa forma, em razão das alterações normativas, a penalidade por declaração de compensação não declarada, quando não restasse configurada as hipóteses dos art. 71 a 73 da Lei nº 4.502//64, passou a ser novamente exigível a partir de 14/10/05, conforme dispõe o artigo 132 da lei nº 11.196/052. Portanto, a exigência da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) não deve prevalecer, se quer houve comprovação nos autos das hipóteses previstas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, ademais, não contém nenhum indício de dolo referente as compensações efetuadas. Sem embargo, os efeitos de aplicação o art. 18 da Lei nº10.833/2003, teve eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, no presente caso, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003, deste modo, penso que as penalidades transmitidas antes da data de 14/10/05, devem ser canceladas, em razão do retroatividade benigna, nos termos do artigo 106, II3, do Código Tributário Nacional CTN. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito I no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." 2 Art. 132. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: II desde 14 de outubro de 2005, em relação ao disposto: a) no art. 33 desta Lei, relativamente ao art. 15 da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; b) no art. 43 desta Lei, relativamente ao inciso XXVI do art. 10 e ao art. 15, ambos da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; c) no art. 44 desta Lei, relativamente ao art. 40 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004; d) nos arts. 38 a 40, 41, 111, 116 e 117 desta Lei; 3 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 695DF CARF MF Processo nº 10920.003115/200460 Acórdão n.º 9303005.405 CSRFT3 Fl. 696 7 Fl. 696DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.001272/2008-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
LANÇAMENTO.COMPETÊNCIA. A autoridade competente para efetuar o lançamento do crédito tributário é o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (art. 6o da Lei n° 10.593/2002). A distribuição espacial dos auditores pelo território nacional, nas diversas unidades administrativas Receita Federal, fixa os limites dentro dos quais será exercida a competência para efetuar o lançamento. Nos termos da Portaria RFB n° 10.166/2007, a competência territorial da Deinf e da Deain é a mesma: Estado de São Paulo. A diferença entre tais unidades é que a competência da Deinf baseia-se no critério da qualidade do contribuinte, enquanto a da Deain tem por base a matéria: tributação em bases universais. Todavia, no caso de um lançamento relativo à tributação em bases universais em que o sujeito passivo é uma instituição financeira, a competência das unidades é concorrente.
LANÇAMENTO PARA EVITAR A DECADÊNCIA. Quando existe questionamento judicial com suspensão de exigibilidade do crédito tributário, o Fisco realiza o lançamento para evitar a decadência partindo do pressuposto de que o questionamento postulado pelo contribuinte perante o Poder Judiciário será julgado improcedente. Assim, o lançamento para evitar a decadência fixa a norma individual e concreta, levando em conta todos os aspectos de fato e de direito necessários à perfeita formalização da obrigação tributária.
CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não há falar-se em concomitância quando o contribuinte questiona aspectos da relação tributária formalizada por meio do lançamento para evitar a decadência que não se referem às questões levadas a julgamento perante o Poder Judiciário, mas que influem diretamente na quantificação da obrigação tributária que, ao final do processo judicial, poderá consagrar-se como exigível.
TRIBUTAÇÃO DA VARIAÇÃO CAMBIAL. Considerando que o resultado positivo de equivalência patrimonial compôs a base de cálculo dos tributos lançados (matéria em tese que não é analisada por estar sob discussão judicial), o valor das as variações cambiais negativas também deve compor o conceito de prejuízos e perdas auferidos no exterior e igualmente influir na determinação desta base de cálculo, no limite dos resultados positivos assim apurados.
Recurso Voluntário provido em Parte
Numero da decisão: 1401-002.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 LANÇAMENTO.COMPETÊNCIA. A autoridade competente para efetuar o lançamento do crédito tributário é o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (art. 6o da Lei n° 10.593/2002). A distribuição espacial dos auditores pelo território nacional, nas diversas unidades administrativas Receita Federal, fixa os limites dentro dos quais será exercida a competência para efetuar o lançamento. Nos termos da Portaria RFB n° 10.166/2007, a competência territorial da Deinf e da Deain é a mesma: Estado de São Paulo. A diferença entre tais unidades é que a competência da Deinf baseia-se no critério da qualidade do contribuinte, enquanto a da Deain tem por base a matéria: tributação em bases universais. Todavia, no caso de um lançamento relativo à tributação em bases universais em que o sujeito passivo é uma instituição financeira, a competência das unidades é concorrente. LANÇAMENTO PARA EVITAR A DECADÊNCIA. Quando existe questionamento judicial com suspensão de exigibilidade do crédito tributário, o Fisco realiza o lançamento para evitar a decadência partindo do pressuposto de que o questionamento postulado pelo contribuinte perante o Poder Judiciário será julgado improcedente. Assim, o lançamento para evitar a decadência fixa a norma individual e concreta, levando em conta todos os aspectos de fato e de direito necessários à perfeita formalização da obrigação tributária. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não há falar-se em concomitância quando o contribuinte questiona aspectos da relação tributária formalizada por meio do lançamento para evitar a decadência que não se referem às questões levadas a julgamento perante o Poder Judiciário, mas que influem diretamente na quantificação da obrigação tributária que, ao final do processo judicial, poderá consagrar-se como exigível. TRIBUTAÇÃO DA VARIAÇÃO CAMBIAL. Considerando que o resultado positivo de equivalência patrimonial compôs a base de cálculo dos tributos lançados (matéria em tese que não é analisada por estar sob discussão judicial), o valor das as variações cambiais negativas também deve compor o conceito de prejuízos e perdas auferidos no exterior e igualmente influir na determinação desta base de cálculo, no limite dos resultados positivos assim apurados. Recurso Voluntário provido em Parte
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 LANÇAMENTO.COMPETÊNCIA. A autoridade competente para efetuar o lançamento do crédito tributário é o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (art. 6o da Lei n° 10.593/2002). A distribuição espacial dos auditores pelo território nacional, nas diversas unidades administrativas Receita Federal, fixa os limites dentro dos quais será exercida a competência para efetuar o lançamento. Nos termos da Portaria RFB n° 10.166/2007, a competência territorial da Deinf e da Deain é a mesma: Estado de São Paulo. A diferença entre tais unidades é que a competência da Deinf baseiase no critério da qualidade do contribuinte, enquanto a da Deain tem por base a matéria: tributação em bases universais. Todavia, no caso de um lançamento relativo à tributação em bases universais em que o sujeito passivo é uma instituição financeira, a competência das unidades é concorrente. LANÇAMENTO PARA EVITAR A DECADÊNCIA. Quando existe questionamento judicial com suspensão de exigibilidade do crédito tributário, o Fisco realiza o lançamento para evitar a decadência partindo do pressuposto de que o questionamento postulado pelo contribuinte perante o Poder Judiciário será julgado improcedente. Assim, o lançamento para evitar a decadência fixa a norma individual e concreta, levando em conta todos os aspectos de fato e de direito necessários à perfeita formalização da obrigação tributária. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não há falarse em concomitância quando o contribuinte questiona aspectos da relação tributária formalizada por meio do lançamento para evitar a decadência que não se referem às questões levadas a julgamento perante o Poder Judiciário, mas que influem diretamente na quantificação da obrigação tributária que, ao final do processo judicial, poderá consagrarse como exigível. TRIBUTAÇÃO DA VARIAÇÃO CAMBIAL. Considerando que o resultado positivo de equivalência patrimonial compôs a base de cálculo dos tributos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 12 72 /2 00 8- 40 Fl. 738DF CARF MF 2 lançados (matéria em tese que não é analisada por estar sob discussão judicial), o valor das as variações cambiais negativas também deve compor o conceito de “prejuízos e perdas auferidos no exterior” e igualmente influir na determinação desta base de cálculo, no limite dos resultados positivos assim apurados. Recurso Voluntário provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de lançamento para evitar a decadência de imposto de renda pessoa jurídica IRPJ e contribuição social sobre o lucro líquido CSLL relativo aos anoscalendário 2003, 2004 e 2005, versando sobre aspectos da tributação da variação cambial de investimentos no exterior. Conforme se extrai do termo de verificação fiscal (fls. 135 do vol. 1): O contribuinte apresentou, relativamente aos anoscalendário 2003 a 2005, as Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) tendo como forma de tributação do lucro o LUCRO REAL e apuração do IRPJ e da CSLL ANUAL. Em análise das Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica dos anoscalendário de 2003 a 2005 constatamos que o contribuinte possui investimentos em empresas nacionais e estrangeiras avaliados pelo método de equivalência patrimonial. Verificamos que nas apurações dos lucros reais e das bases de cálculo da Contribuição Social sobre Fl. 739DF CARF MF Processo nº 16327.001272/200840 Acórdão n.º 1401002.026 S1C4T1 Fl. 739 3 o Lucro Liquido, correspondentes aos anoscalendário de 2003 a 2005, foram apurados sem as corretas observâncias das normas legais atribuídas a tributação dos resultados positivos decorrentes das avaliações de investimentos no exterior, em empresas controladas e/ou coligadas, pelo método de equivalência patrimonial. O contribuinte, contrariando normas tributárias então vigentes, excluiu do lucro liquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social, a totalidade dos resultados positivos auferidos nos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial. Foram adicionadas somente as parcelas correspondentes aos lucros disponibilizados, conforme abaixo demonstrado. Dentre os investimentos no exterior, acima demonstrados, as participações societárias AGENCIA GRAND CAYMAN e AGENCIA NASSAU são filiais do contribuinte, enquanto, a empresa BOAVISTA BANKING LIMITED é uma sociedade controlada. Esclarecemos, ainda, que houve aumento de capital do Banco Boavista Grand Cayman pela incorporação, em março de 2005, do Boavista Banking Ltd. DA AÇÃO JUDICIAL Em relação a esta matéria, o contribuinte impetrou, em 30 de janeiro de 2003 na 24° Vara eivai do Estado de São Paulo, Mandado de Segurança com pedido de Liminar n° 2003.6100.0038066 a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário de IRPJ e CSL resultantes da não adição nas bases de cálculo destes tributos dos resultados positivos de equivalência patrimonial de seus investimentos em sociedades coligadas e/ou controladas no exterior, afastandose a aplicação da IN SRF 213/02. A certidão de objeto e pé expedida em 10 de janeiro de 2008 informa que em 31 de janeiro de 2003 foi proferida decisão que DEFERIU a medida liminar requerida, que foi interposto Agravo de Instrumento pela Fazenda Nacional e certifica finalmente que os autos foram conclusos para sentença.(fls. 133/134). Inconformado, o Recorrente apresentou impugnação ao lançamento, aduzindo, em suma, o seguinte: a) Preliminar de incompetência da DEINF/SP para a lavratura do lançamento; b) No mérito, entende que uma interpretação sistemática das normas aplicáveis ao caso impede o lançamento da forma como efetuada; c) Ilegalidade da aplicação da SELIC como índice de atualização e juros dos créditos tributários. A DRJ de São Paulo negou provimento à impugnação, tendo a decisão sido assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Anocalendário: 2003, 2004, 2005 LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA. A Fl. 740DF CARF MF 4 DEINF/SP detém a competência subjetiva para efetuar a fiscalização e o lançamento em relação aos Bancos Comerciais, bem como, a competência territorial que abarca o domicílio fiscal da interessada. LANÇAMENTO. NULIDADE. Não procede a argüição de nulidade do lançamento quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO. Restando clara a disposição contida no comando normativo, a autoridade administrativa deve aplicála sem emitir juizo de valor acerca de aspectos de sua validade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO CSLL. Anocalendário: 2003, 2004,2005 CSLL. DECORRÊNCIA. O resultado do julgamento do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ espraia seus efeitos sobre o lançamento da contribuição CSLL lançada em decorrência da redução indevida do lucro liquido. O Recorrente interpôs recurso voluntário, repisando as razões oferecidas em sede de impugnação. Em 11 de novembro de 2010, esta turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso voluntário, tendo o acórdão nº 140100.357 recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003, 2004, 2005 LANÇAMENTO PARA EVITAR A DECADÊNCIA. Quando existe questionamento judicial com suspensão de exigibilidade do crédito tributário, deve o Fisco realizar o lançamento para evitar a decadência partindo do pressuposto de que o questionamento postulado pelo contribuinte perante o Poder Judiciário será julgado improcedente. Assim, o lançamento para evitar a decadência deverá fixar a norma individual e concreta, levando em conta todos os aspectos de fato e de direito necessários à perfeita formalização da obrigação tributária. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não há falarse em concomitância quando o contribuinte questiona aspectos da relação tributária formalizada por meio do lançamento para evitar a decadência que não se referem às questões levadas a julgamento perante o Poder Judiciário, mas que influem diretamente na quantificação da obrigação tributária que, ao final do processo judicial, poderá consagrarse como exigível. Recurso voluntário provido em parte. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou então Recurso Especial alegando, preliminarmente, a nulidade do acórdão recorrido, por ter condicionado seus efeitos a fato futuro, a depender dos rumos do julgamento de lide que se desenvolvia no Judiciário. Em 16 de junho de 2016, por meio do acórdão 9101002.355, a Câmara Superior de Recursos Fiscais acolheu a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, tendo sido proferida a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 NORMAS PROCESSUAIS. ACÓRDÃO CONDICIONADO. NULIDADE. O acórdão recorrido condicionou o direito que reconheceu ao contribuinte, relativamente ao aproveitamento da variação cambial negativa na Fl. 741DF CARF MF Processo nº 16327.001272/200840 Acórdão n.º 1401002.026 S1C4T1 Fl. 740 5 composição da base de cálculo para a tributação em bases universais. Tal direito só se tornaria efetivo "caso venha a ser julgado improcedente o seu pedido no Mandado de Segurança". É nula a decisão cujo provimento está condicionado a superveniência de fatos futuros e incertos. Em seu voto, após transcrever trechos do voto condutor do acórdão recorrido (acórdão nº 140100.357), o relator do processo na Câmara Superior de Recursos Fiscais observou: As recorrentes expressões contidas no acórdão recorrido do tipo "caso venha a ser julgado improcedente o seu pedido no Mandado de Segurança", "caso o Judiciário entenda ..." e "se o Judiciário entender ...", não podem dizer outra coisa senão que o acórdão recorrido condicionou sua decisão ao que será decidido no processo judicial. Há uma evidente relação de prejudicialidade entre os processos judicial e administrativo, tanto o é que o lançamento se deu com exigibilidade suspensa, sem multa de ofício, apenas para prevenir decadência, nos termos do art. 63 da Lei 9.430/1996. A decisão judicial poderá resultar no cancelamento integral do lançamento, e isso também não pode dizer outra coisa senão que há relação de prejudicialidade entre os processos. (...) Mas é importante perceber que a caracterização do acórdão recorrido como uma decisão condicional, que leva à sua nulidade, não decorre de mera relação de prejudicialidade entre uma questão principal e uma questão acessória/secundária. Na verdade, estão em debate dois caminhos alternativos. O primeiro deles, no sentido de que o resultado da variação cambial (positiva ou negativa) sobre os investimentos no exterior não deve influir no cálculo da tributação em bases universais. O outro, no sentido de que se for considerada a variação cambial positiva, que se considere também a variação cambial negativa. O acórdão recorrido, na linha da jurisprudência do CARF, e também do entendimento atual da própria Receita Federal (conforme as Soluções de Consulta transcritas), dá claras indicações de que, em condições normais, adere à primeira das alternativas. Entretanto, considerando a possibilidade de o judiciário não afastar a tributação da variação cambial positiva, o acórdão recorrido acabou aderindo à segunda alternativa, e foi exatamente nesse passo que ele incorreu em nulidade, por condicionar a si mesmo a evento futuro e incerto, ou seja, aos rumos do julgamento da lide que se desenvolve no Judiciário. Fl. 742DF CARF MF 6 O problema não é de o pronunciamento administrativo estar ao final condicionado a uma decisão judicial que será posteriormente proferida. Isso é fato corriqueiro e, via de regra, não impede o lançamento, e nem macula as decisões proferidas no processo administrativo. O problema é a decisão administrativa apontar diferentes soluções (caminhos alternativos) dependendo do que for decidido pelo Judiciário, e isso é coisa bem diferente: se o judiciário não computar a variação cambial positiva na tributação, a variação cambial negativa não é computada no processo administrativo. Mas se o judiciário decidir pelo cômputo da variação cambial positiva, a variação cambial negativa passa a ser computada também. O contribuinte apresentou embargos de declaração contra o acórdão 9101 002.355, os quais foram rejeitados em caráter definitivo pelo Presidente da 1a Turma da CSRF, no âmbito de despacho de admissibilidade (art. 65, §3º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF) (fls. 716719). Intimadas, as partes não se manifestaram sobre o despacho de admissibilidade acima referido. Recebi o processo em distribuição realizada em 11 de abril de 2017. É o relatório. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Tendo a Câmara Superior de Recursos Fiscais acolhido a preliminar de nulidade do acórdão 140100.357, proferido por esta turma em 11 de novembro de 2010, passo a reanalisar o recurso voluntário apresentado pelo contribuinte. Preliminar incompetência da DEINF O Recorrente sustenta que o auto de infração seria nulo porquanto a competência para a sua lavratura caberia à Delegacia Especial de Assuntos Internacionais – DEAIN, e não à DEINF – Delegacia Especial de Instituições Financeiras. Não obstante, conforme decidido pela DRJ em São Paulo por meio do acórdão 1620.356, de 6 de fevereiro de 2009, não há qualquer irregularidade pelo fato de o lançamento ter sido efetivado pela DEINF. Isso porque a autoridade competente para efetuar o lançamento do crédito tributário é o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (art. 6o da Lei n° 10.593/2002). A distribuição espacial dos auditores pelo território nacional, nas diversas unidades administrativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, fixa os limites dentro dos quais será exercida a competência para efetuar o lançamento. A análise do Anexo IV da Portaria RFB n° 10.166, de 11 de maio de 2007, que dispunha sobre a competência territorial da Deinf e da Deain, revela que ambas possuem a Fl. 743DF CARF MF Processo nº 16327.001272/200840 Acórdão n.º 1401002.026 S1C4T1 Fl. 741 7 mesma competência territorial, qual seja, o Estado de São Paulo. A diferença entre tais unidades é que a competência da Deinf baseiase no critério da qualidade do contribuinte (cf. Anexo V da Portaria RFB n° 10.166/2007), enquanto que a da Deain tem por base a matéria (tributação em bases universais). Todavia, no caso de um lançamento relativo à tributação em bases universais em que o sujeito passivo é uma instituição financeira, a competência das unidades é concorrente. Não por outra razão, o mandado de segurança nº 2003.61.00.0038066 (fl. 220 e 236) foi impetrado contra os titulares das duas unidades administrativas, o Delegado Especial das Instituições Financeiras em São Paulo e o Delegado Especial de Assuntos Internacionais em São Paulo. Neste sentido, rejeito a preliminar de nulidade suscitada no recurso voluntário. Mérito Tratase de lançamento para evitar decadência sobre questão que está sendo apreciada pelo Poder Judiciário. Sobre o assunto, vale lembrar o que dispõem os seguintes enunciados emitidos por este CARF (grifamos): Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF nº 48: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração. O Recorrente não se insurge contra o lançamento, mas contra aspectos deste que, embora não se refiram às questões levadas a julgamento perante o Poder Judiciário, influem diretamente na quantificação da obrigação tributária que, ao final do processo judicial, poderá (ou não) consagrarse como exigível. Especificamente, o objeto do mandado de segurança é o reconhecimento do direito do Recorrente de não ser compelido ao recolhimento do IRPJ e da CSLL incidentes sobre os resultados positivos (variação cambial) de equivalência patrimonial dos investimentos em filiais, controladas ou coligadas no exterior, declarandose, ainda, a ilegalidade e inconstitucionalidade do artigo 7°, § 1°, da IN SRF 213/02. O andamento processual da ação judicial em questão dá conta que esta ainda está em trâmite em 17 de fevereiro de 2016 o Tribunal Regional Federal da 3a Região negou provimento à apelação e à remessa oficial, eximindo o impetrante da observância ao caput e § 1° do art. 7°, da IN SRF 213/2002. Contra essa decisão a Fazenda opôs embargos de declaração, que foram rejeitados. A Fazenda então apresentou recursos especial e extraordinário, os quais se encontram pendentes de julgamento. Fl. 744DF CARF MF 8 Por sua vez, no lançamento em questão no presente processo administrativo, o Recorrente defende que a autoridade fiscalizadora teria, ao calcular os tributos devidos sobre tal variação cambial, desconsiderado os prejuízos apurados a partir de 1/01/2002 por suas filiais e controladas no exterior, decorrentes de variação monetária passiva, os quais seriam passíveis de compensação com as receitas de variação cambial positiva apuradas em períodos subsequentes. Considerando que a matéria relativa à a obrigatoriedade de oferecimento à tributação, no Brasil, da totalidade dos resultados positivos auferidos no exterior dos investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial está sob análise do Poder Judiciário, e tendo em vista os enunciados das Súmulas CARF n. 1 e 48, falece a esta esfera pronunciarse em tese sobre esta questão. Todavia, isso não impede que esta Turma se pronuncie sobre o lançamento concretamente considerado obviamente partindo do pressuposto de que se deve, apenas, e se for o caso, corrigir aspectos deste lançamento, sem abordar o tema de se em tese a tributação (no caso, da variação cambial) é devida ou não. Assim, a matéria do presente recurso está delimitada a conferir ao Recorrente o direito de considerar, na base de calculo do lançamento ora discutido, as variações cambiais negativas decorrentes de participações societárias detidas no exterior. Nesse ponto, entendo que assiste razão ao Recorrente. De fato, considerando que o resultado positivo de equivalência patrimonial compôs a base de cálculo dos tributos lançados, o valor das as variações cambiais negativas também deve compor o conceito de “prejuízos e perdas auferidos no exterior” e igualmente influir na determinação desta base de cálculo desde que no limite dos resultados positivos assim apurados, já que é vedada a compensação dos prejuízos do exterior com lucros auferidos no país. Tratase de interpretar a legislação de modo sistemático, reconhecendose que a variação cambial negativa apurada a partir de 1°.1.2002 pelas filiais e controladas do Recorrente no exterior é também passível de compensação com as receitas de variação cambial positiva apuradas, inclusive em períodos subsequentes. De fato, no artigo 7° da IN SRF 213/2002 o termo "resultados negativos" conceitua a variação cambial negativa apurada em determinado ano como sendo prejuízo apurado pelo contribuinte. Por seu turno, o artigo 4o da IN SRF 213/2002, determina que os prejuízos apurados em dado exercício são passíveis de compensação com os lucros futuros apurados pelo contribuinte. Vejase: TRATAMENTO DO PREJUÍZO APURADO NO EXTERIOR Art. 4º É vedada a compensação de prejuízos de filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, com os lucros auferidos pela pessoa jurídica no Brasil. § 1º Os prejuízos a que se refere este artigo são aqueles apurados com base na escrituração contábil da filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, efetuada segundo as normas legais do país de seu domicílio, correspondentes aos períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996. Fl. 745DF CARF MF Processo nº 16327.001272/200840 Acórdão n.º 1401002.026 S1C4T1 Fl. 742 9 § 2º Os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, somente poderão ser compensados com lucros dessa mesma controlada ou coligada. § 3º Na compensação dos prejuízos a que se refere o § 2º não se aplica a restrição de que trata o art. 15 da Lei nº 9.065, de 1995. § 4º A pessoa jurídica brasileira que absorver patrimônio de filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, de outra pessoa jurídica brasileira, e continuar a exploração das atividades no exterior, poderá compensar os prejuízos acumulados pela referida filial, sucursal, controlada ou coligada, correspondentes aos períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996, observado o disposto neste artigo. § 5º Tratandose de filiais e sucursais, domiciliadas num mesmo país, quando a matriz no Brasil indicar uma dessas filiais ou sucursais como entidade líder, os resultados poderão ser consolidados por país e os prejuízos de uma poderão ser compensados com os lucros de outra. (...) EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Art. 7º A contrapartida do ajuste do valor do investimento no exterior em filial, sucursal, controlada ou coligada, avaliado pelo método da equivalência patrimonial, conforme estabelece a legislação comercial e fiscal brasileira, deverá ser registrada para apuração do lucro contábil da pessoa jurídica no Brasil. § 1º Os valores relativos ao resultado positivo da equivalência patrimonial, não tributados no transcorrer do anocalendário, deverão ser considerados no balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. § 2º Os resultados negativos decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial deverão ser adicionados para fins de determinação do lucro real trimestral ou anual e da base de cálculo da CSLL, inclusive no levantamento dos balanços de suspensão e/ou redução do imposto de renda e da CSLL. § 3º Observado o disposto no § 1º deste artigo, a pessoa jurídica: I que estiver no regime de apuração trimestral, poderá excluir o valor correspondente ao resultado positivo da equivalência patrimonial no 1º, 2º e 3º trimestres para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL; II que optar pelo regime de tributação anual não deverá considerar o resultado positivo da equivalência patrimonial para fins de determinação do imposto de renda e da CSLL apurados sobre a base de cálculo estimada; Fl. 746DF CARF MF 10 III optante pelo regime de tributação anual que levantar balanço e/ou balancete de suspensão e/ou redução poderá excluir o resultado positivo da equivalência patrimonial para fins de determinação do imposto de renda e da CSLL. Dito de outra forma, considerandose tributável a variação positiva dos investimentos (matéria em tese que não é analisada neste voto por estar sob discussão judicial), a variação cambial negativa apurada a partir de 1.1.2002 é passível de compensação com esses resultados. Cumpre notar que a compensação de prejuízos é um direito do contribuinte que tem por base legal o artigo 64 do DecretoLei 1.598/77. Não havendo, seja na lei seja em normas infralegais, restrição específica quanto à compensação de resultados negativos apurados no exterior em períodos anteriores com os resultados positivos apurados também no exterior em períodos subsequentes, não há porque se criar tal limite via interpretação. Neste sentido, rejeito a preliminar suscitada e, no mérito, julgo parcialmente procedente o recurso voluntário, reconhecendo que a variação cambial negativa apurada a partir de 1°.1.2002 pelas filiais e controladas do Recorrente no exterior é passível de compensação com as receitas de variação cambial positiva apuradas em períodos subseqüentes (in casu, nos anos de 2003 a 2005), no limite dos resultados positivos assim apurados. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 747DF CARF MF
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