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Numero do processo: 10768.004396/2004-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999 a 2002
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.189
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Gustavo Lian Haddad
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad – Relator EDITADO EM: 05/07/2012 Fl. 719DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Maristela Espíndula Passos Costa foi lavrado o auto de infração de fls. 406/415, objetivando a exigência de imposto de renda pessoa física dos anoscalendário de 1999 a 2002, tendo sido apurada infração relativa a omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada. A Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte, exarou o acórdão n° 10615.826, que se encontra às fls. 539/552 e cuja ementa é a seguinte: “MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO Excetuadas as hipóteses expressamente definidas em lei como de fato gerador anual, a regra de tributação dos rendimentos percebidos pelas pessoas físicas é no momento da percepção do rendimento. De acordo com o § 4° do art.42 da Lei n° 9.430, na hipótese de presunção de omissão de rendimentos, caracterizada pela existência de depósitos em instituições financeiras sem comprovação da origem, o imposto incide no mês e tem por base a tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA Após o advento do Decreto lei n° 1.968/1982 (art. 7°), que estabelece o pagamento do tributo sem o prévio exame da autoridade administrativa, o lançamento do imposto sobre a renda das pessoas físicas passou a ser do tipo estatuído no artigo 150 do CTN. Nos termos do art. 43 do CTN, o fato gerador do imposto sobre a renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. Fixada pela norma legal a tributação mensal, o termo de início para contagem do prazo de cinco anos para o lançamento é a ocorrência do fato gerador, ou seja, o mês em que o imposto incide. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE – Incabível falarse em irretroatividade da lei que amplia os meios de fiscalização, pois esse princípio atinge somente os aspectos materiais do lançamento. Preliminar rejeitada. Recurso parcialmente provido.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso para acolher a tese de decadência mensal do lançamento em relação aos meses de janeiro a junho de 1999. Fl. 720DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10768.004396/200488 Acórdão n.º 920202.189 CSRFT2 Fl. 2 3 Intimada pessoalmente do acórdão em 24/04/2007 (fls. 554) a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial às fls. 555/563, em que sustenta, em apertada síntese, que o v. acórdão deve ser reformado tendo em vista contrariedade ao artigo 150, §4º, do CTN, no tocante à contagem do prazo de decadência com base anual. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº DDF106145180_081, de 19/03/2008 (fls. 564/566). Intimada do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 571) a contribuinte deixou de apresentar suas contrarazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator A decisão proferida pelo v. acórdão recorrido se deu por maioria de votos. Dessa forma, nos termos do artigo 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno deste Conselho, o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, que adequadamente demonstrou uma linha de argumentação para justificar a contrariedade à lei, preenche os requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Passo ao exame do mérito. No mérito, a discussão no presente recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional está limitada ao reconhecimento da ocorrência mensal ou anual dos fatos geradores decorrentes da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários para fins de início do prazo de decadência. No tocante ao aspecto temporal do fato gerador no caso do imposto de renda das pessoas físicas, e salvo algumas hipóteses de tributação em separado (por exemplo ganhos de capital), tenho me manifestado que embora o artigo 2° da Lei n° 7.713, de 1988, tenha determinado o pagamento mensal do imposto à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem recebidos, os arts. 9º a 11 da Lei nº 8.134, de 1990, e os arts. 12 e 13 da Lei n° 8.383, de 1991, mantiveram o regime de apuração anual na medida em que determinaram que deve ser apresentada a Declaração de Ajuste Anual para fins de determinação do montante do imposto devido no ano. De fato, pela sistemática em vigor no decorrer do anocalendário o contribuinte antecipa, mediante a retenção na fonte ou por meio de pagamentos espontâneos e obrigatórios, o imposto que será apurado em definitivo quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, a teor dos artigos 9º e 11 da Lei nº 8.134, de 1990. Assim, é no encerramento de cada anocalendário que o fato gerador do imposto de renda estará concluído – vale dizer, em 31 de dezembro de cada ano, inclusive em relação à omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada. A matéria, inclusive, é objeto da Súmula CARF nº 38, in verbis: Fl. 721DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Considerando que foi aplicada ao caso a regra de contagem do § 4º do artigo 150 do CTN, para os depósitos bancários ocorridos ao longo do anocalendário de 1999 temos que o fato gerador se deu em 31/12/1999, sendo que na data da ciência do auto de infração pela contribuinte, em 12/07/2004 (fls. 444), não havia transcorrido o prazo de decadência de cinco anos. Deve, assim, ser dado provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Afastada a decadência, cabe verificar se haveria outras alegações no recurso voluntário que ainda não teriam sido examinados pela segunda instância, hipótese em que os autos deveriam retornar para seu exame. No presente caso a Contribuinte apontou em seu recurso voluntário diversos argumentos que, a seu ver, implicariam a nulidade/ilegitimidade do lançamento, bem como questionou a suposta omissão de rendimentos ante a sua situação econômica e financeira. O v. acórdão recorrido, por sua vez, enfrentou todas as questões postas ao analisar a legitimidade do lançamento para os demais exercícios objeto da autuação, razão pela qual entendo desnecessária a devolução dos autos à segunda instância para novo julgamento. Destarte, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO para afastar a decadência e restabelecer o lançamento. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 722DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por AFONSO ANTONIO DA SILVA em 06/07/2012 08:36:12. Documento autenticado digitalmente por AFONSO ANTONIO DA SILVA em 06/07/2012. Documento assinado digitalmente por: OTACILIO DANTAS CARTAXO em 16/07/2012 e GUSTAVO LIAN HADDAD em 10/07/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO em 05/12/2016. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP05.1216.17394.S6DD Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10768.004396/2004-88. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 10950.003984/2002-75
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon May 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
Ementa: MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO.
A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo.
APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS E OUTRAS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. INTIMAÇÃO. DESCUMPRIMENTO PARCIAL JUSTIFICÁVEL. MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE.
A falta justificável de atendimento a intimação da fiscalização para apresentar extrato bancário e outras informações de interesse do fisco, sobretudo quando esses dados podem ser obtidos em outras fontes e utilizados como presunção ao lançamento, não pode implicar no agravamento da multa de ofício aplicada.
Numero da decisão: 9202-001.524
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso da Fazenda Nacional, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Marcelo Oliveira
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 Ementa: MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS E OUTRAS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. INTIMAÇÃO. DESCUMPRIMENTO PARCIAL JUSTIFICÁVEL. MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE. A falta justificável de atendimento a intimação da fiscalização para apresentar extrato bancário e outras informações de interesse do fisco, sobretudo quando esses dados podem ser obtidos em outras fontes e utilizados como presunção ao lançamento, não pode implicar no agravamento da multa de ofício aplicada.
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CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS E OUTRAS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. INTIMAÇÃO. DESCUMPRIMENTO PARCIAL JUSTIFICÁVEL. MULTA AGRAVADA. IMPOSSIBILIDADE. A falta justificável de atendimento a intimação da fiscalização para apresentar extrato bancário e outras informações de interesse do fisco, sobretudo quando esses dados podem ser obtidos em outras fontes e utilizados como presunção ao lançamento, não pode implicar no agravamento da multa de ofício aplicada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, nos termos do voto do Relator. Fl. 696DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente – Substituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos, Manoel Coelho Arruda Junior, Alexandre Naoki Nishioka, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Fl. 697DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 693 3 Relatório Tratase de Recurso Especial por contrariedade e por divergência (I e II, Art 7°, do RICSRF, Portaria 147/2007), a partir das fls. 0602, interposto pela Fazenda Nacional contra Acórdão que, por maioria de votos, reconheceu ser indevida a cobrança da multa isolada instituída pelo III, do § 1°, do Art. 44, da Lei n° 9.430/96 quando já lançada à multa de ofício pelo não pagamento do tributo e, também, por divergência, quanto ao agravamento da multa de ofício pela falta de atendimento à intimação da fiscalização para apresentar extrato bancário. Seguem ementa e decisão do acórdão recorrido, com destaque para a parte contra a qual o recurso foi interposto: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 DEPÓSITO BANCÁRIO PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei n° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLCULO A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo (Acórdão CSRF n° 0104.987 de 15/06/2004). MULTA AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO Este Colegiado tem reiteradamente decidido que a manifestação do contribuinte em relação à intimação fiscal inviabiliza a aplicação da norma que manda majorar a multa de oficio. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da SEGUNDA CÂMARA DO PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por maioria de votos CANCELAR a multa isolada por aplicação concomitante. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura. Por unanimidade de votos, DAR provimento parcial ao recurso, para excluir da tributação o valor de R$ 26.550,00 e desagravar a multa de oficio aplicada,nos termos do voto do Relator. Quanto à matéria objeto da contrariedade, alegou a recorrente que o acórdão contrariou a legislação (art. 44, § 1°, inc. IV, da Lei 9.430/96, atual art. 44, inciso II, da mesma Lei, e o art. 44, inc. II, atual art. 44, § 1°, do mesmo diploma legal): Fl. 698DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 16. Em suma, as multas de oficio e isolada não decorrem da mesma infração, e não incidem sobre a mesma base de cálculo. São multas inteiramente diversas, previstas em lei, e não configuram nenhum bis in idem, como entendido pela e. Câmara a quo. ... 22. O fato de estar sendo exigido da Recorrida a multa de oficio decorrente do não pagamento de tributo, não elide a incidência da multa prevista no art. 44, §1°, inc. IV, da Lei 9.430/96, atual art. 44, inciso II, alínea `1V, da mesma Lei, uma vez que a lei não dispensa a cobrança de penalidade nesses casos. Sob essa ótica, vêse que a e. Câmara a quo criou nova hipótese de dispensa da multa isolada, não prevista na legislação, qual seja, a cobrança, concomitante, de multa de oficio decorrente do não pagamento do tributo, o que não pode ser admitido. Quanto à matéria objeto da divergência, alegou a recorrente que o acórdão, ao reduzir a multa de oficio, agravada ante a não obediência às intimações do Fisco, está em desacordo com decisão proferida pela 8' Câmara do 1° Conselho de Contribuintes (Acórdão Paradigma n° 10808356), cuja ementa transcreve: Ementa :PAF NULIDADES — Não provada violação às regras do artigo 142 do CTN nem dos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235/1972, não há que se falar em nulidade, do lançamento, do procedimento fiscal que lhe deu origem, ou do documento que formalizou a exigência fiscal. PAF — ABUSO DE PODER — No procedimento não restou comprovada a prática de qualquer ato processual com excesso, por isto não prospera o alegado "abuso de poder". A ausência reiterada de respostas às intimações do fisco justificou o agravamento do percentual da multa aplicada. IRPJ — LANÇAMENTO COM BASE EM EXTRATO BANCÁRIO — POSSIBILIDADE LEGAL — O entendimento expresso na Súmula 182, do TFR, publicada no DJ de 70/10/1985, baseado em julgados publicados entre 1981 e 1984, e no Decretolei n.° 2.471, de 01/09/88, foi superado após a edição das Leis n° 7.713 de 1988 e 8.021 de 1990. Esta,em seu art. 6°, autorizou a constituição do crédito tributário com base nos extratos bancários, quando o procedimento estivesse revestido de certeza. A Lei n° 9.430/1996 avançou ao admitir, nesses casos, o lançamento com base nas presunções, invertendo o ônus da prova. IRPJ — ARBITRAMENTO DO LUCRO — FORMA DE APURAÇÃO DE RESULTADO — O arbitramento do lucro não é penalidade, sendo apenas mais uma forma de apuração dos resultados. O Código Tributário Nacional, em seu artigo 44, prevê a incidência do IRPJ sobre três possíveis bases de cálculo: lucro real, lucro arbitrado e lucro presumido. A apuração do lucro real, parte do lucro líquido do exercício, ajustandoo, fornecendo o lucro tributável. Na apuração do lucro presumido e do arbitrado, seu resultado decorre da aplicação de um percentual, previsto em lei, sobre a receita bruta conhecida, cujo resultado já é o lucro tributável. Fl. 699DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 694 5 PROVA ILICITA — UTILIZAÇÃO DE DADOS RELATIVOS A CPMF PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO — A própria confissão da Recorrente sobre os atos por ela praticados torna sem efeito qualquer alegação de prova ilícita. MULTA DE OFÍCIO — Nos lançamentos decorrentes de auditoria fiscal cabe a aplicação de multa de oficio. Havendo descumprimento de intimação fiscal, correto o agravamento do coeficiente aplicado, nos termos da letra 'a' do § 2°. do artigo 44 da Lei 9430/1996. LANÇAMENTOS REFLEXOS — decisão sobre o processo m atriz, faz c oisa j ulgada p ara o de corrente. Recurso negado." (Destaque nosso) Em síntese, em seu recurso, a recorrente alega que: 29. Caso a fiscalização, por conta das circunstâncias do caso concreto, opte por buscálas diretamente com o contribuinte e, para tanto, expede as intimações pertinentes, não pode o contribuinte furtarse em cumprilas, sob pena de sanção legal. ... 31. Neste sentido, não podemos concordar com o entendimento do ilustre Relator que, grosso modo, admite o descumprimento de intimações fiscais, sem agravamento de multa, sempre que houver possibilidade de o fisco buscar os esclarecimentos pretendidos de outra forma. 32. Como se observa, a prosperar tal entendimento, isso aniquilaria todo o trabalho da fiscalização tributária, uma vez que as intimações passariam a ser meras solicitações, de cumprimento facultativo pelos contribuintes. 33. Merece reforma, portanto, o acórdão a quo, por ofensa à legislação aplicável à matéria (Art. 44, § 2° da Lei n° 9.430/96), bem como por divergir do entendimento, que entendemos acertado, constante do Acórdão Paradigma n° 10808356. Por fim, em síntese, a recorrente requer o conhecimento e provimento de seu recurso. Em despacho, deuse seguimento ao recurso especial, a partir das fls. 0667. Regularmente notificado do Acórdão, do recurso especial interposto e do despacho que lhe deu seguimento, o contribuinte apresentou contrarazões, reiterando suas razões recursais e ainda que: 2. ...] ... 2.2. Alega a procuradoria que: o contribuinte não atendeu os pedidos de fornecimento de informações no prazo, ora, ficou Fl. 700DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 6 bem claro quando não foi permitido ao contribuinte tal dilação de prazos, pois na prática da auditoria da Receita Federal, os métodos eram outros,já os havia conseguido (os extratos de forma totalmente ilegal e desnecessária), pois o contribuinte apenas queria um prazo maior, porque não dependia de sua vontade e sim dos bancos onde tinha conta corrente. 2.3. Não concordamos com o elenco de situações alegadas pela procuradoria no que concerne as Multas concomitantes, sim elas possuem a mesma base e a mesma razão, caracterizando sim bis in idem. Ora seria lamentável se a o entendimento pudesse mudar a cada momento de nossa história jurídica, mesma base, mesmo suposto ilícito, fato é que, não poderia prosperar tal entendimento somente para satisfação do fisco. Não falamos de coisas ou de atos diferentes falamos de uma mesma situação, porque se a ultrajante forma da receita buscar os valores junto as instituições financeiras, foi preferível a forma mais rápida e ilegal, não podemos concordar, que seja o contribuinte penalizado por essa estupidez cometida pela auditoria da Receita Federal, que deveria ter aguardado um pouco mais e ter todos os extratos disponíveis. 2.4.A procuradoria tenta tirar a legitimidade do acórdão, mas o faz de forma equivocada, juntando aos autos julgados que não servem de paradigma, pois em nada contribuem com o julgamento. Os assuntos divergem em muito e em nada dizem respeito, apenas tentam modificar o resultado de tamanha discrepância, que não há como corrigir. 3. Não podemos ficar inerte a observação feita pela procurador, na qual afirma que as intimações poderiam ser consideradas solicitações, de forma alguma o contribuinte deixou de cumprir as mesmas e nem deixará, porém a facilidade de se conseguir as informações, atropelaram o processo e nesse diapasão, não se comprovou nada, nem pela policia Federal e nem pela Justiça Federal, o contribuinte está sendo penalizado apenas e tão somente por atrasar a entrega de informações. 4. PEDIDO Não seja conhecido do Recurso Especial e que não haja a reforma do Acórdão. Por fim, os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 701DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 695 7 Voto Conselheiro MARCELO OLIVEIRA Sendo tempestivo, comprovada a contrariedade, a divergência jurisprudencial e atendidos os demais pressupostos conheço do recurso especial. Recurso Especial por Contrariedade Quanto à alegação da recorrente sobre a contrariedade à Lei, devido a exclusão da multa isolada por impossibilidade da concomitância com a multa de ofício prevista no 44, I e II, da Lei nº 9.430/96, devemos verificar a legislação. Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; ... § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: ... III isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; Em nosso entendimento demonstrase com clareza a existência de duas multas, que dependem para sua definição de aplicação da conduta do sujeito passivo. Nesse sentido, correto o entendimento presente no esclarecedor voto do Conselheiro José Raimundo Tosta Santos, exposto no acórdão recorrido, que utilizaremos como razões de decidir: “No que tange à exigência concomitante da multa de oficio e da multa isolada, decorrente do mesmo fato — omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas — entendo não ser possível cumularse as referidas penalidades. A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, ao tratar do Auto de Infração com tributo e sem tributo dispôs: Fl. 702DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 8 "Art. 44 — Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I — de setenta e cinco por cento, nos casos de pagamento – ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; ... § 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I — juntamente com o tributo ou contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II — isoladamente quando o tributo ou contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III — isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8' da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazê lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste,. Não se quer, nesta esfera administrativa, proclamar a inconstitucionalidade do § 1°, inciso III, da Lei n° 9.430, de 1996. Tratase, sim, de interpretála de forma sistemática, em harmonia com o ordenamento jurídico onde está inserida, do qual, a toda evidência, faz parte e deve ser incluída até mesmo (e principalmente) a Constituição, bem assim as leis complementares dela decorrentes. Não é o caso, por conseguinte, de se afastar por completo a aplicação da multa isolada. Será ela pertinente quando a autoridade tributária, valendose da prerrogativa de fiscalizar o contribuinte no próprio anocalendário (RIR/99, art. 907, parágrafo único), ou mesmo em momento posterior a este, detectar a falta de recolhimento mensal. Aí a multa terá lugar, mesmo que o autuado não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste. Verificado que o contribuinte deixou de efetuar o recolhimento mensal obrigatório (CarnêLeão), sobre rendimentos que também foram objeto de lançamento de oficio, ou seja, havendo a dupla incidência da penalidade sobre a mesma base de cálculo, a multa isolada não deve prevalecer. A multa isolada pelo não recolhimento do carnêleão resulta da glosa das deduções do livro caixa (que integra o item 003 do lançamento em exame), conforme esclarece o Termo de Verificação Fiscal às fls. 418 (final) e 419. Nesse sentido é a interpretação dada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais: "MULTA ISOLADA E MULTA DE OFICIO — CONCOMITÂNCIA — MESMA BASE DE CÁLCULO — A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1', do art. 44, da Lei n" 9.430, de 1996) e da multa de oficio (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando Fl. 703DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 696 9 incide sobre uma mesma base de cálculo." (Câmara Superior do Conselho de Contribuintes / Primeira turma, Processo 10510.000679/200219, Acórdão n° 0104.987, julgado em 15/06/2004). Portanto, por entender – como no acórdão recorrido e na decisão da Câmara Superior citada – tratarse de multas diversas e por não ser possível a concomitância da multa sobre a mesma base de cálculo, nego provimento às razões da recorrente, na forma do voto. Recurso Especial de Divergência Quanto ao recurso especial de divergência, a recorrente demonstrou interpretações diversas sobre a mesma legislação constantes no acórdão recorrido e no paradigma anexado. A divergência referese ao agravamento da multa por falta de atendimento da intimação da fiscalização para apresentação de extratos e outras informações bancárias. Decreto 3000/1999: Art. 959. As multas a que se referem os incisos I e II do art. 957 passarão a ser de cento e doze e meio por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 2º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 70, I): I prestar esclarecimentos; A fiscalização assim justificou o agravamento da multa: Tendo decorrido o prazo de atendimento ao Termo de Início de Fiscalização, inclusive as duas prorrogações concedidas, e não havendo resposta por parte da intimada, ensejouse assim ( Art. 2°. da portaria SRF 180/2001) a expedição pelo Delegado da Unidade, de várias RMFs — Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, para solicitação dos documentos às instituições financeiras, conforme anteriormente exposto. Deste modo, não há como não aplicarse o agravamento da multa previsto no inciso I do Art. 959 do RIR/99, elevando a multa de ofício de 75% para 112,5 %. O mesmo entendimento já foi expresso pelo Primeiro Conselho de Contribuinte : AGRAVAMENTO DA MULTA A falta de atendimento à intimação formulada pelo Fisco autoriza o agravamento da multa de lançamento de oficio (Ac. 1° CC 1051.353/85 Resenha Tributária, Seção 1.2, Ed. 22/86, pág. 584). Na análise dos autos, primeiramente, cabe esclarecer que não foram todos os documentos solicitados pelo Fisco que não foram entregues, como demonstrado, por exemplo, nas fls. 0275. Fl. 704DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 10 Alguns documentos solicitados pelo Fisco não foram entregues, mas a recorrente sempre, em caso de não entrega, apresentou justificativa (dificuldade em encontrar, em síntese) e solicitou mais prazo para atender ao Fisco. Portanto, ficou claro que o sujeito passivo demonstrou interesse em responder e atender à fiscalização. Em segundo lugar, a fiscalização obteve, por Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras (RMF) os dados que solicitou, utilizando a presunção permitida por lei para quantificar a base de cálculo do tributo. Na aplicação do agravamento e da qualificação das multas devemos levar em conta o intuito do sujeito passivo, pois somente em casos comprovados em que o contribuinte busca, por ações ou omissões, dificultar a busca da verdade material sobre a ocorrência do fato gerador e a respectiva base de cálculo é que a penalização deve ocorrer. Nesse sentido, há a decisão contida no acórdão recorrido: Em relação à multa agravada, pelo não atendimento à intimação para apresentar os extratos bancários, este Colegiado tem reiteradamente decidido que a resposta à intimação fiscal, para pedir prorrogação ou para informar que não tem o documento ou que não vai entregálo, inviabiliza a aplicação da norma que manda majorar a multa de oficio. A intimação foi respondida pelo sujeito passivo, para solicitar prorrogação do prazo, por não ter conseguido juntar toda a documentação solicitada junto às instituições financeiras (fls. 17/18), conforme relata o Termo de Verificação Fiscal à fl. 414 Como também há correta decisão da CSRF, em voto qualificado do nobre Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira: Ementa: IRPF. OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA ATENDIMENTO INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA PREJUÍZO. NÃO APLICABILIDADE. Improcedente a aplicação da multa agravada contemplada no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/1996, quando não comprovada que a ausência de atendimento/resposta às intimações fiscais por parte do contribuinte representou prejuízo à fiscalização e/ou lavratura do Auto de Infração, sobretudo quando o Fisco já detinha todos elementos de prova capazes de lastrear o lançamento promovido com base na presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, onde fora justamente a ausência de prestação de esclarecimentos do contribuinte, no sentido de comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, que caracterizou a omissão de rendimentos objeto da autuação. Recurso Especial Negado. ... Ao analisar a matéria, a Câmara recorrida reduziu a multa ao percentual de 75%, afastando o agravamento procedido pela autoridade lançadora, a pretexto de não ter existido qualquer Fl. 705DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 697 11 prejuízo à fiscalização no fato de o contribuinte não responder/atender às intimações fiscais, sobretudo quando àquela já detinha elementos suficientes para promover o lançamento. Com a devida vênia aos que divergem desse entendimento, compartilhamos com a conclusão levada a efeito pela Câmara recorrida, reduzindo à multa agravada ao percentual mínimo de 75%. Destarte, em nosso sentir, aludida disposição legal tem como finalidade precípua evitar que o contribuinte quedese silente objetivando prejudicar e/ou impedir o procedimento fiscalizatório que poderá ou não culminar com o lançamento. É bem verdade que a legislação de regência, não faz essa explicação/diferenciação, estabelecendo bastar à ausência de prestação de esclarecimentos solicitados pelo fisco para ensejar a aplicação da multa agravada. Entrementes, ao analisar as demandas cabe ao julgador e/ou demais aplicadores da lei, verificar qual a finalidade da norma. In casu, entendemos que não é a mera omissão na prestação das informações requeridas pelo Fisco que faz incidir a possibilidade de aplicação da multa em comento. Ao contrário, como elucidado alhures, defendemos que qualquer uma das hipóteses legais contempladas pelas alíneas “a”, “b” e “c”, do artigo 44, inciso I, § 2o, da Lei n° 9.430/96, procura penalizar o contribuinte que, deixando de prestar esclarecimentos ou apresentar a documentação ali descrita, impediu, retardou e/ou impossibilitou a continuidade da verificação fiscal, culminando ou não com o lançamento. Mas não é o que se vislumbra na hipótese dos autos. Em verdade, o procedimento fiscal seguiu o rito normal para a maioria dos casos dessa natureza, senão vejamos: Intimado e reintimado a apresentar seus extratos bancários o contribuinte não o fez, o que ensejou a expedição de RMF, requerendo a movimentação bancária do autuado. Posteriormente, intimado a justificar a origem dos depósitos bancários o interessado permaneceu silente, fazendo incidir os preceitos do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Observese, que a conduta do contribuinte não interferiu em absolutamente nada no andamento da ação fiscal. Aliás, somente agilizou a lavratura do Auto de Infração, uma vez que, deixando de procurar justificar a origem dos depósitos bancários, incorreu precisamente na presunção legal contemplada pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Ocorreria prejuízo muito maior ao fisco se o contribuinte prolongasse a ação fiscal, requerendo dilatação de prazo ou procurando justificar sua movimentação bancária com argumentos frágeis, hipótese em que a fiscalização seria mais duradoura. Fl. 706DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 12 Ora, se não conseguiria comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, entendeu por bem permanecer silente. A rigor, as hipóteses de incidência da presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96 e do agravamento da multa em epígrafe, neste caso, se confundem. De um lado o artigo 42 daquele Diploma Legal caracteriza omissão de rendimentos quando o contribuinte não comprovar a origem dos depósitos bancários. De outro, o artigo 44, inciso I, parágrafo 2°, alínea “a”, prescreve o agravamento da multa quando não prestadas às informações solicitadas pelo fisco. No entanto foi exatamente em razão de deixar de prestar os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, quais sejam, comprovação da origem dos depósitos bancários, que o contribuinte fora autuado com base na presente presunção legal. Mais a mais, inexiste a toda evidência qualquer prejuízo ao Fisco capaz de ensejar a aplicação da multa sob análise, mormente quando a fiscalização já dispunha de todos os elementos de prova suficientes ao lançamento. Prova disso é que, após ter em mãos os extratos bancários, intimou o contribuinte numa única oportunidade para comprovar a origem dos recursos. Assim não o tendo feito, promoveuse o lançamento com base na presunção legal do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. A jurisprudência administrativa não discrepa desse entendimento, afastando o agravamento da multa do artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96, quando não comprovado o prejuízo da fiscalização em razão da conduta omissiva do contribuinte, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei nº 9.430/1996, vigente a partir de 01/01/1997, estabelece, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, individualizadamente, mediante documentação hábil e idônea, a origem e a natureza (não tributável, isenta ou já anteriormente tributada) dos valores depositados em sua conta de depósito. MULTA QUALIFICADA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE INAPLICABILIDADE Incabível a qualificação da multa, quando não restar comprovada nos autos a ações ou omissões do contribuinte com deliberado propósito de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, ou seu conhecimento pelo fisco, utilizandose de meios que caracterizem evidente intuito de fraude. MULTA AGRAVADA ART. 44, § 2°, LEI N° 9.430/1996 – INOCORRÊNCIA DE EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. Incabível o agravamento da multa, quando o lançamento ocorreu mediante informações bancárias fornecidas pelas instituições financeiras, fundamentado pela Lei Complementar n° 105/2001, sem restar comprovado nos autos nenhum Fl. 707DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10950.003984/200275 Acórdão n.º 920201.524 CSRFT2 Fl. 698 13 prejuízo e, portanto, embaraço ao procedimento de fiscalização. Recurso de ofício parcialmente provido.” (2a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.399, Acórdão n° 10248.303 – Sessão de 28/03/2007) (grifamos) “[...] MULTA AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO O agravamento da penalidade pelo não atendimento à intimação para apresentação de comprovação da origem dos depósitos é incompatível com o lançamento ancorado na presunção legal do art. 42, da Lei nº. 9.430, de 1996, eis que este já veicula conseqüência específica para a hipótese. Preliminar de decadência acolhida. Preliminar de cerceamento do direito de defesa rejeitada. Recurso parcialmente provido.” (4a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.736, Acórdão n° 10422.367 – Sessão de 26/04/2007) (grifamos) “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 [...] MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA AUTORIDADE AUTUANTE AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO DESCABIMENTO Devese desagravar a multa de ofício, pois a fiscalização já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração. Recurso voluntário provido parcialmente.” (6a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 159.003, Acórdão n° 106 17.240 – Sessão de 05/02/2009) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, demonstrandose que a ausência do atendimento/resposta do contribuinte às intimações fiscais não acarretou qualquer prejuízo ao bom andamento da ação fiscal e, conseqüentemente, à lavratura do Auto de Infração, é de se manter a ordem legal no sentido de afastar a multa agravada insculpida no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. (Processo 10540.000250/200690) Por todo o exposto, não podemos concordar com a nobre recorrente. Neste sentido, voto em negar provimento ao recurso, também, no que tange à divergência. Fl. 708DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 14 CONCLUSÃO: Pelo exposto, estando o Acórdão recorrido em sintonia com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima expostas. Marcelo Oliveira Relator Fl. 709DF CARF MF Excluído Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0918.11068.NKVH. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MARCELO OLIVEIRA em 28/06/2011 15:25:48. Documento autenticado digitalmente por MARCELO OLIVEIRA em 28/06/2011. Documento assinado digitalmente por: HENRIQUE PINHEIRO TORRES em 29/06/2011 e MARCELO OLIVEIRA em 28/06/2011. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 12/09/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP12.0918.11068.NKVH Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: ECF1C12A61F9855ACE66C3BCBE4ED819E6DC358E Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10950.003984/2002-75. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 13839.002652/2004-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2000, 2001
Ementa:
IRPF. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA.
0 imposto sobre a renda de pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação, de modo que o prazo decadencial para a constituição do credito tributário é de cinco anos contado do fato gerador, que, como regra, ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário, nos termos da Súmula n.° 38 deste CARF.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
O artigo 42 da Lei n. 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstitui-la.
A comprovação da origem dos depósitos deve ser feita pelo contribuinte de forma individualizada.
Hipótese em que não há na impugnação e no recurso voluntário nenhum documento que comprove as alegações do contribuinte.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-000.999
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em
rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. 0 imposto sobre a renda de pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação, de modo que o prazo decadencial para a constituição do credito tributário é de cinco anos contado do fato gerador, que, como regra, ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário, nos termos da Súmula n.° 38 deste CARF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. O artigo 42 da Lei n. 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstitui-la. A comprovação da origem dos depósitos deve ser feita pelo contribuinte de forma individualizada. Hipótese em que não há na impugnação e no recurso voluntário nenhum documento que comprove as alegações do contribuinte. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Processo n° 13839.00265 4-18 AcOrdao n.° 2101 -00.99 S2-CIT I Fl. 401 CAIO MARCOS MARCOS CANDff) -Pres ente ALE It-to NDRE NAOKI NIS IOKA - Relator EDITADO EM: 16.02.2012 Participaram do julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Ana Neyle Olímpio Holanda, José Raimundo Tosta Santos, Odmir Fernandes e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Trata-se de recurso voluntário (fls. 279/282) interposto em 21 de maio de 2009 contra acórdão proferido pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (fls. 253/261), do qual a Recorrente teve ciência em 23 de abril de 2009 (fl. 266), que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente o auto de infração de fls. 164/167, lavrado ern 14 de dezembro de 2004, em decorrência de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, verificada nos anos-calendário de 1999 e 2000. O acórdão recorrido teve a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA - IRPF Ano-calendário: 1999, 2000 Ementa: DA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. Quando comprovado com documentos hábeis e idôneos, aceita a comprovação da origem dos depósitos bancários. DEPÓSITOS QUE PERTENCEM A TERCEIRO - INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. Os extratos da movimentação bancária, estavam em nome da fiscalizada, e, somente com provas de que ocorreu a "Interposição de Pessoa", é que poderia haver a transferência dessa responsabilidade tributária para outra pessoa. 2 Processo n° 13839.002652/2004-18 S2-C ITI Acórdão n.° 2101-00.999 FL 402 MULTA ISOLADA- FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPF DEVIDO, A TITULO DE CARNE-LEÃO. Somente quando provada a origem dos depósitos bancários como de procedência das Pessoas Físicas, cabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento do IRPF devido, a titulo de Carnê-Leão. Lançamento Procedente em Parte" (fl. 253/254). Não se conformando, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 279/282), basicamente repisando os argumentos ventilados ern sua impugnação, no que concerne aos valores objetos do auto de infração. o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator conheço. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele A Recorrente aduz em seu recurso voluntário, preliminarmente, a perempção em relação aos fatos geradores ocorridos nos anos-calendário de 1999 e 2000, em decorrência de o inicio da fiscalização ter ocorrido em 15 de agosto de 2003 e até a presente data o procedimento não ter sido finalizado. No mérito, sustenta que apresentou documentação hábil e idônea, demonstrando a origem dos depósitos bancários. Adicionalmente, alega que desde o ano- calendário de 2004 vem sofrendo continua diminuição patrimonial. No que tange à perempção alegada, não assiste razão à Recorrente. Com efeito, como tenho me manifestado, entendo que é aplicável o prazo decadencial de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, §4 0 ., do CTN, po is, à regra geral do artigo 173, I, o Código estabeleceu justamente a exceção contida no artigo 149, V. Todavia, o fato gerador do imposto de renda é complexivo e se aperfeiçoa em 31 de dezembro de cada ano-calendário, tal como enunciado constante da Súmula 38 deste CARF, in verbis: "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário." Sendo assim, no que se refere ao fato gerador correspondente ao ano- calendário de 1999, que, portanto, se aperfeiçoou em 31/12/1999, poderia a fiscalização efetuar o lançamento até 31/12/2004. Tendo o lançamento sido notificado em 14/12/2004 (fl. 164). resta patente a inocorrência da decadência. 3 Processo n° 13839.002652/2004-18 S2-CITI Acórdao n.° 2101-00.999 E I. 403 Quanto à perempção ainda, cumpre esclarecer que este CARF firmou entendimento segundo o qual não há prescrição intercorrente no âmbito do processo administrativo fiscal. É o que se extrai da Súmula n° 9. Afasto, portanto, a preliminar suscitada. No mérito, verifica-se que o lançamento foi realizado com base na presunção do artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que assim preceitua: "Art 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1°. 0 valor das receitas ou dos rendimentos omitidos será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2°. Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-do as normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente a época em que auferidos ou recebidos." Na realidade, instituiu o referido dispositivo autêntica presunção legal relativa, cujo condão é justamente o de inverter o ônus da prova, atribuindo-o ao contribuinte, que passa a ter o dever de refutá-la. Como é cediço, a presunção, seja ela hominis ou legal, é meio de prova que prescreve o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Ou seja, provando- se diretamente o fato indicidrio, tem-se, por conseguinte, a formação de um juizo de probabilidade com relação ao fato presumido que, a partir de então, necessita ser afastado pelo contribuinte. No caso dos autos, prova-se especificamente a ocorrência de movimentações bancárias injustificadas, decorrendo desta comprovação o reconhecimento da omissão de rendimentos na apuração da base de cálculo do IRPF. Nesse sentido, a presunção relativa referida pelo artigo 42 da Lei n. 9.430/96 é legitima, não ferindo, em nenhum ponto, a legislação tributária em vigor. Este tribunal administrativo, por sua vez, já consolidou entendimento de acordo com o qual, a partir da edição da Lei n. 9.430/96, é válida a presunção em referência, sendo ônus do contribuinte desconstitui-la com a apresentação de provas suficientes para tanto. É o que se depreende das seguintes ementas, destacadas dentre as inúmeras existentes sobre o tema: "OMISSÃO DE RENDIMENTOS - LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS - Para os fatos geradores ocorridos a partir de 10 de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a 4 Processo n' 13839.002652/2004-18 S2-C1T1 AcOrdao n.' 2101-00.999 Fl. 404 presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ONUS DA PROVA - Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários." (1° Conselho de Contribuintes, 2' Camara, Recurso Voluntário n°. 158.817, relatora Conselheira Nabia Matos Moura, sessão de 24/04/2008) "LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS - PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS - Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. TRIBUTAÇÃO PRESUMIDA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA - procedimento da autoridade fiscal encontra-se em conformidade com o que preceitua o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, em que se presume como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantidos em instituição financeira, cuja origem dos recursos utilizados nestas operações, em relação aos quais o titular pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ONUS DA PROVA - Se o emus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituida por meras alegações." (1° Conselho de Contribuintes, 2' Camara, Recurso Voluntário n°. 141.207, relator Conselheiro Romeu Bueno de Camargo, sessão de 22/02/2006) No mais, os documentos que comprovem a origem dos valores movimentados devem ser devidamente armazenados pelo mesmo lapso de tempo que as autoridades fiscais têm para constituir possível crédito. Nesse sentido, colacionamos alguns acórdãos que elucidam tal entendimento: "NULIDADE - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA — PROVA — No processo administrativo tributário os fatos devem evidenciar-se com provas documentais. A documentação dos fatos havidos no transcorrer do ano-calendário tem prazo para guarda igual àquele em que possível a constituição do correspondente crédito tributário." (1° Conselho de Contribuintes, 2' Camara, Recurso Voluntário n°. 146.926, relator Conselheiro Naury Fragoso Tanaka, sessão de 04/07/2007) 5 Processo n° 13839.002652/2004-18 S2-C I T1 Acórdão n.° 2101 -00.999 Fl. 405 "DOCUMENTOS — GUARDA — 0 prazo para guarda de documentos é o mesmo que o permitido ao sujeito ativo para exigir o tributo ou rever de oficio o lançamento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS — DEPÓSITOS BANCÁRIOS — A presunção legal de renda com suporte na existência de depósitos e créditos bancários de origem não comprovada tem fundamento legal na norma do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, tendo caráter relativo e transfere o ônus da prova em contrário ao contribuinte." (1° Conselho de Contribuintes, 2' Camara, Recurso Voluntário n°. 140.839, relator Conselheiro Naury Fragoso Tanaka, sessão de 21/06/2006) No presente caso, a controvérsia foi perfeitamente delineada pela Recorrida, nos seguintes termos: "Contribuinte alega que os recursos da sua conta bancária objeto da fiscalização, foram provenientes da movimentação financeira das atividades de bingo. sendo que as mesmas serviam tanto para os depósitos dos valores arrecadados, que seriam objeto de repasse para pagamento de prêmios, pagamentos de 1RRF sobre as premiações, bem como para os valores que eram repassados todos os meses para a entidade Bragança Judô Clube cujas arrecadações tinham as seguintes destinações. A contribuinte era sócia, das empresas BRAGANÇA JOGOS ELETRÔNICOS LIDA, com CNPJ 02.693.113/0001-45, e na empresa R & S JOGOS ELETRÔNICOS LIDA, com CNPJ 03.572.414/0001-83, conforme fazem prova xerox de seus Contratos sociais em anexo, empresas estas que no ano de 1998 e 2000, firmaram contrato junto a entidade BRAGANÇA JUDÔ CLUBE, inscrita no CNPJ 51.316.180/0001-56. Somente foram apresentados documentos das Pessoas Jurídicas, tais como: Cópias dos Contratos Societários, nas fls. 174 a 186; Cópias dos Contratos de Prestação de Serviços entre as empresas e a entidade esportiva, nas fls. 187 a 192; Cópias dos comprovantes DARFs, de pagamentos de IRRF sobre valores dos prêmios, nas fls. 193 a 251; e, Cópia do Alvará de funcionamento da empresa como atividade Bingo, na fl. 173. Alega que toda a movimentação financeira imputada para ela não era seu ganho e sim movimentação da atividade do Bingo, que por razões operacionais, eram movimentadas em seu nome pessoal, e, que a prestação de contas, estão arquivados junto a CEF e o INDESP" (fl. 259). Ocorre, todavia, que a simples alegação da Recorrente no sentido de que o depósitos bancários efetuados em suas contas correspondiam a movimentações financeiras das empresas Bragança Jogos Eletrônicos Ltda., R & S Jogos Eletrônicos Ltda. e Bragança Judô Clube não é suficiente para demonstrar a origem dos depósitos em suas contas bancárias, principalmente na hipótese dos autos, em que não há nenhuma prova de que os recursos movimentados eram realmente das referidas empresas. Meros DARFs., contratos sociais de empresas e contrato de prestação de serviços não tam o condão de demonstrar nem a origem dos depósitos como sendo decorrente 6 Processo n° 13839.002652/2004-18 S2-C I TI Acórdão n.° 2101-00.999 Fl. 406 de bingo, nem os pagamento dos prêmios correspondentes, o que afasta, portanto, a alegação no sentido de que os recursos movimentados seriam das empresas. Necessário ainda esclarecer que, durante a fiscalização, a Recorrente não prestou qualquer tipo de esclarecimento, limitando-se a requerer dilação de prazo para apresentação de documentos. Assim, não tendo a Recorrente trazido aos autos outros documentos que pudessem comprovar a origem dos depósitos, o recurso não 4 eve ser provido. Eis os motivos pelos quais voto no se e ido de REJEITAR a preliminar e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. L UL ALEXA DRE NAOKI NISHIOKA Relator 7
score : 1.0
Numero do processo: 13839.002292/2001-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 10 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Oct 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998, 2000
APLICAÇÃO RETROATIVA DE NORMA INVESTIGATIVA.
O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplica-se retroativamente.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-002.860
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator
EDITADO EM: 13/09/2013
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator EDITADO EM: 13/09/2013 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage.
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O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator EDITADO EM: 13/09/2013 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 22 92 /2 00 1- 01 Fl. 1163DF CARF MF Impresso em 23/10/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/10/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 24/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage. Relatório O Recorrente, inconformado com o decidido no Acórdão de nº 220100.897 (fls.977/979), de 01 de dezembro de 2010, resultado de acolhimento a Embargos de Declaração (fls.942/959) opostos pelo mesmo em 16 de julho de 2010 ao Acórdão nº 10423.583, de 05 de dezembro de 2008 (fls. 917 a 936), interpôs, em 14 de abril de 2011, através do seu representante legal, Recurso Especial (fls. 987/1.001) à esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, com fulcro nos artigos 67 e 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, visando a revisão do julgado. O Acórdão guerreado encontrase da seguinte forma ementado, no que diz respeito à matéria de interesse para esta CSRF: “(...) APLICAÇÃO DA NORMA NO TEMPO. RETROATIVIDADE DA LEI Nº 10.174, de 2001. Ao suprimir a vedação existente no art. 11 da Lei nº 9.311, de 1996, a Lei nº 10.174, de 2001 nada mas fez do que ampliar os poderes de investigação do Fisco, sendo aplicável essa legislação, por força do que dispõe o § 1º do art. 144 do Código Tributário Nacional. (...)” A propósito, a questão a ser aqui uniformizada está radicada em torno da impossibilidade de se aplicar retroativamente os termos da Lei nº 10.174/2001. Pelo entendimento aplicado na decisão guerreada, tal Lei pode ser aplicada retroativamente, uma vez que possui caráter meramente procedimental, a teor do § 1º do artigo 144 do CTN. O Recorrente, por sua vez, não se conforma com esse entendimento, pois defende a tese de que referida Lei possui cunho material, o que veda sua aplicação retroativa. Argumenta que, ao possibilitar a utilização de dados da CPMF na constituição de créditos tributários relativos a outros impostos, ela institui nova forma de determinação do Imposto de Renda, argumento esse salientado no paradigma trazido aos autos. Acrescenta ainda que, ao retroagir, a Lei nº 10.174, de 09 de janeiro de 2001, encontra obstáculo intransponível representado pela Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996, que, de igual hierarquia, vedava a utilização dos dados da CPMF para a constituição de outros tributos e contribuições. Informa, ainda, o Recorrente que essa matéria já vem sendo desfilada desde o oferecimento da sua impugnação (fls. 586/602) como também foi explorada nos embargos de declaração que, embora parcialmente acolhidos, mantiveram o entendimento ora contestado. Ainda, amparado nos termos dos §§ 1º e 2º do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, sustenta a necessidade de sobrestamento do julgamento da presente medida até que o Supremo Fl. 1164DF CARF MF Impresso em 23/10/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/10/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 24/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS Processo nº 13839.002292/200101 Acórdão n.º 9202002.860 CSRFT2 Fl. 5 3 Tribunal Federal delibere sobre a matéria em litígio, tendo em vista o reconhecimento de repercussão geral à matéria. Feito o exame de admissibilidade do Recurso Especial através do despacho nº 220000.905 (fl. 1152) deuse seguimento ao feito. A Fazenda Nacional não apresentou contrarrazões ou recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Em que pese o exame de admissibilidade, que deu seguimento ao Recurso Especial, peço vênia para discordar. Com efeito, o único paradigma apresentado, acórdão 104 19227, da 4a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes foi reformado pelo acordão CSRF/04 00.156, de 13/12/2005, cuja ementa e decisão se encontram abaixo reproduzidas: (1) Ementa IRPF – OMISSÃO DE RENDIMENTOS. EXTRATOS BANCÁRIOS. NORMA DE CARÁTER PROCEDIMENTAL. APLICAÇÃO RETROATIVA A Lei nº 10.174, de 2001, que alterou o art. 11, parágrafo 3º, da Lei nº 9.311, de 1996, de natureza procedimental ou formal, por força do que dispõe o art. 144, § 1º do Código Tributário Nacional tem aplicação aos procedimentos tendentes à apuração de crédito tributário na forma do art. 42 d (2) Decisão Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso e determinar o retorno dos autos à Câmara recorrida para o exame do mérito do recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Wilfrido Augusto Marques (Relator) e Remis Almeida Estol que negaram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Ribamar Barros Penha. Fez sustentação oral o advogado da contribuinte Dr. Alex Como o recurso foi interposto em 29/04/2011, data posterior à reforma do acórdão apresentado como paradigma, entendo não haver divergência a ser analisada pelo colegiado. Entendo, ainda, restar assim prejudicada a análise do pedido de sobrestamento do julgamento do recurso. Pelo acima exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1165DF CARF MF Impresso em 23/10/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/10/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 24/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS 4 Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 23/10/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/10/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 24/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SA NTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001861/2002-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997
RECURSO ESPECIAL. CONTRARIEDADE À LEI OU À EVIDÊNCIA DE PROVA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Respeitados os pressupostos de admissibilidade - tempestividade, decisão por maioria de votos prolatada na vigência do antigo Regimento Interno da CSRF e argumentação adequada quanto à contrariedade à lei ou à evidência de prova - é de se conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, ainda que o esclarecimento acerca dos limites do voto dissidente tenha ocorrido já na vigência do novo Regimento Interno do CARF.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. ART. 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996
Tendo o conjunto probatório constante dos autos apontado para o efetivo exercício da atividade econômica declarada pelo Contribuinte desde o início da fiscalização, atividade esta que comporta o trânsito de recursos de terceiros na conta-corrente do profissional, ausente diligência para fixação do exato valor dos rendimentos eventualmente omitidos, incabível a manutenção da autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, tendo em vista o caráter residual desta espécie de exigência.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
EDITADO EM: 13/05/2013
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1997 RECURSO ESPECIAL. CONTRARIEDADE À LEI OU À EVIDÊNCIA DE PROVA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Respeitados os pressupostos de admissibilidade - tempestividade, decisão por maioria de votos prolatada na vigência do antigo Regimento Interno da CSRF e argumentação adequada quanto à contrariedade à lei ou à evidência de prova - é de se conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, ainda que o esclarecimento acerca dos limites do voto dissidente tenha ocorrido já na vigência do novo Regimento Interno do CARF. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. ART. 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996 Tendo o conjunto probatório constante dos autos apontado para o efetivo exercício da atividade econômica declarada pelo Contribuinte desde o início da fiscalização, atividade esta que comporta o trânsito de recursos de terceiros na conta-corrente do profissional, ausente diligência para fixação do exato valor dos rendimentos eventualmente omitidos, incabível a manutenção da autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, tendo em vista o caráter residual desta espécie de exigência. Recurso especial negado.
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CONTRARIEDADE À LEI OU À EVIDÊNCIA DE PROVA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Respeitados os pressupostos de admissibilidade tempestividade, decisão por maioria de votos prolatada na vigência do antigo Regimento Interno da CSRF e argumentação adequada quanto à contrariedade à lei ou à evidência de prova é de se conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, ainda que o esclarecimento acerca dos limites do voto dissidente tenha ocorrido já na vigência do novo Regimento Interno do CARF. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. ART. 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996 Tendo o conjunto probatório constante dos autos apontado para o efetivo exercício da atividade econômica declarada pelo Contribuinte desde o início da fiscalização, atividade esta que comporta o trânsito de recursos de terceiros na contacorrente do profissional, ausente diligência para fixação do exato valor dos rendimentos eventualmente omitidos, incabível a manutenção da autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, tendo em vista o caráter residual desta espécie de exigência. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 18 61 /2 00 2- 11 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora EDITADO EM: 13/05/2013 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em sessão plenária de 10/09/2008, foi julgado o Recurso Voluntário 154.642, prolatandose o Acórdão 10249.236 (fls. 495 a 500), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Comprovada a origem dos depósitos pelo contribuinte, caberia fiscalização observar o disposto nos §§ 2°. e 5°. do art. 42 da Lei n.° 9.430/96. Recurso provido.” A decisão foi assim resumida: “ACORDAM os Membros da Segunda Camara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso por erro na apuração do crédito tributário, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Nübia Matos Moura que provia em menor extensão.” Cientificada do acórdão em 18/02/2009 (fls. 501), a Fazenda Nacional opôs, em 19/02/2009, os Embargos de Declaração de fls. 504/505, com fundamento no art. 57 do Fl. 2DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 15 3 antigo Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, apontando a ocorrência de omissão, relativamente ao ponto em que a Conselheira Núbia Matos Moura teria ficado vencida. O processo foi enviado ao Relator que, por meio de despacho de 28/07/2010 (fls. 506), devolveuo ao Presidente da Câmara, para que fosse encaminhado à Conselheira Núbia Matos Moura. Neste mesmo despacho de fls. 506, o Presidente da Câmara, por meio de despacho aposto manualmente, encaminhou o processo à Conselheira, “para informar a exata extensão de seu voto, com vistas à análise dos Embargos opostos”. Em resposta, esta esclareceu, por meio de despacho datado de 03/12/2010 (fls. 507): “Conforme solicitado às fls. 506, informo que quando do julgamento do recurso nº 154.642, acórdão 10249.236, votei no sentido de dar provimento em parte para excluir da base de cálculo do imposto tãosomente os valores para os quais o contribuinte apresentou cópia dos cheques emitidos por seus clientes e depositados nas contascorrentes examinadas.” Cientificada do esclarecimento em 07/12/2010, a Fazenda Nacional interpôs, em 20/12/2010, o Recurso Especial de fls. 510 a 520, com fundamento no art. 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, c/c art. 4º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009 – Recurso por Contrariedade à Lei ou à Evidência de Prova. O apelo contém os seguintes argumentos, em síntese: o acórdão recorrido, na esteira do entendimento do voto condutor, considerou comprovada a origem de diversos depósitos, com base exclusivamente em declarações apresentadas por terceiros, que, segundo alegações do contribuinte, seriam clientes dos quais teria recebido dinheiro por via de depósitos bancários para pagamentos de material e mão de obra na prestação de serviços de fiscalização em construção civil; estes valores não podem ser excluídos da autuação, pois se baseiam em declarações, sem lastro na demonstração cabal das operações bancárias por meio de provas mais consistentes; de tal maneira, tais recursos, por não constatada sua origem, devem mantidos no lançamento; nessa perspectiva, tornase mais razoável a orientação firmada no voto vencido, proferido pela Conselheira Núbia Matos Moura, que concluiu pela redução da base tributável, por dela excluir tão somente os valores em relação aos quais o contribuinte apresentou cópia dos cheques emitidos por seus clientes e depositados nas contascorrentes examinadas; na verdade, o posicionamento consubstanciado no voto divergente é o que deve prevalecer; percebese, claramente, a partir do exame do dispositivo citado, que a presunção de omissão de receitas ou de rendimentos dos valores depositados em contas de depósito ou de investimento condicionase à ausência de comprovação, pelo contribuinte, da origem dos recursos utilizados nessas operações; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 o comando legal, quanto a esse ponto, é expresso, ainda, no sentido de que a comprovação da origem, quando houver, deverá ser feita mediante documentação hábil e idônea; no caso dos autos, o relator considerou comprovada a origem de valores depositados, em face de declarações genéricas prestadas por terceiros, que informaram tão somente ter efetuado depósitos na conta do contribuinte, sem, contudo, apontar precisamente os valores supostamente depositados para pagamentos de material e mão de obra; cabe ao contribuinte a comprovação, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos valores por ele mantidos em conta de depósito ou de investimento junto a instituição financeira, ônus do qual, no presente caso, não se desincumbiu em relação a maior parte dos depósitos objeto da presente autuação; o dispositivo legal da presunção de omissão de receitas por depósito bancário de origem não comprovada é exato quanto à presunção que cria. Não se presume como renda omitida a soma dos valores depositados na conta bancária no anocalendário, porém, cada depósito é considerado individualizadamente; cumpre ao sujeito passivo demonstrar que os valores individualmente especificados ali depositados não são receita omitida, a partir de clara demonstração da origem para cada um dos depósitos; não se pode aceitar declarações deveras genérica, sem especificação do depósito que se pretende comprovar; tratase de presunção legal relativa de omissão de receitas ou rendimentos, que somente será afastada no caso de o contribuinte, através de documentação hábil e idônea, comprovar a origem dos valores depositados/creditados em sua conta bancária; verificase, assim, que a referida presunção legal é a favor do Fisco, portanto, o citado diploma atribui ao particular o ônus da prova quanto à origem dos valores que circulam, em seu nome, em instituições bancárias; nesse sentido, o contribuinte deve comprovar a origem dos depósitos individualmente, com coincidência de datas e valores das operações que alega para justificá los; com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos; não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização legal para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte; é evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais, cabendo ao contribuinte demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável; assim, desde que o procedimento fiscal esteja lastreado nas condições impostas pelo permissivo legal, é do sujeito passivo o ônus de provar a origem dos recursos depositados em sua conta corrente, ou seja, de provar que há depósitos, devidamente especificados, que representam aquisição de disponibilidade financeira não tributável ou que já foi tributado; Fl. 4DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 16 5 desta forma, para que se proceda à exclusão da base de cálculo de algum valor considerado, indevidamente, pela fiscalização, se faz necessário que o contribuinte apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo; indiscutivelmente, tal presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados; não há dúvidas de que a Lei n° 9.430, de 1996, definiu, portanto, que os depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do anocalendário de 1997, caracteriza omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, estando, por conseguinte, sujeito tributação pelo Imposto de Renda nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei n° 7.713, de 1988; ora, no presente processo, a constituição do credito tributário decorreu em face de o contribuinte não ter provado com documentação hábil ou idônea a origem dos recursos que dariam respaldo aos referidos depósitos/créditos, dando ensejo à omissão de receita ou rendimento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 42) e, refletindo, conseqüentemente, na lavratura do instrumento de autuação em causa; ademais, à luz da Lei n° 9.430, de 1996, cabe ao contribuinte, demonstrar o nexo causal entre os depósitos existentes e o beneficio que tais créditos tenham lhe trazido, pois somente ele pode discriminar que recursos já foram tributados e quais se derivam de meras transferências entre contas; em outras palavras, como destacado nas citadas leis, cabe a ele comprovar a origem de tais depósitos bancários de forma tão substancial quanto o é a presunção legal autorizadora do lançamento; além do mais, é cristalina na legislação de regência (§ 3º do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996), a necessidade de identificação individualizada dos depósitos, sendo necessário coincidir valor, data e até mesmo depositante, com os respectivos documentos probantes, não podendo ser tratadas de forma genérica e nem por médias; a legislação é bastante clara, quando determina que a pessoa física está obrigada a guardar os documentos das operações ocorridas ao logo do anocalendário, até que se expire o direito de a Fazenda Nacional realizar ações fiscais relativas ao período, ou seja, até que ocorra a decadência do direito de lançar, significando com isto dizer que o contribuinte tem que ter um mínimo de controle de suas transações, para possíveis futuras solicitações de comprovação; nos autos ficou evidenciado, por meio de indícios e provas, que o contribuinte recebeu os valores questionados neste auto de infração, sendo que neste caso está clara a existência de indícios de omissão de rendimentos, situação em que se inverte o ônus da prova do fisco para o sujeito passivo, isto é, ao invés de a Fazenda Pública ter de provar que o autuado possuía fontes de recursos para receber estes valores ou que os valores são outros, já que a base arbitrada não corresponderia ao valor real recebido, competirá ao contribuinte produzir a prova da improcedência da presunção, ou seja, que os valores recebidos estão lastreados em documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores; a presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova: neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimento (fato jurídico tributário), Fl. 5DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil, cabendo ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta; registrese que, para a comprovação da origem dos depósitos, é indispensável que os documentos idôneos indiquem o pagamento de rendimentos em data e valor coincidentes com os depósitos, ou seja, é necessária a vinculação de cada depósito a uma operação realizada, já tributada, isenta ou não tributável ou que será tributada após ser identificada, por meio de documentos hábeis e idôneos, consoante já aduzido anteriormente; o entendimento adotado pela maioria do colegiado a quo, no sentido de considerar comprovada a origem dos valores constantes de depósitos bancários mediante a declaração genérica de terceiros, além de configurar ofensa à literal e expressa disposição do art. 42 da Lei n.° 9.430, de 1996, viola o principio da verdade material, critério balizador da instância administrativa, pela contrariedade evidente ao conjunto probatório, em favorecimento de uma indicação meramente formal; nessa perspectiva, devese adotar a orientação firmada no voto vencido que somente considerou comprovada a origem dos valores em relação aos quais foram apresentadas copias de cheques emitidos por clientes e depositados nas contas correntes do contribuinte, pois, tão somente neste caso, observouse o cumprimento dos requisitos legais para fins de demonstração inequívoca da vinculação individual entre os depósitos e os valores indicados para justificálos. Ao final , a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do recurso. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho 2100 00.266/2011, de 26/05/2011 (fls. 521/522). Cientificado do Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, e do despacho que lhe deu seguimento em 24/08/2011 (AR de fls. 522/verso), o Contribuinte ofereceu, em 08/09/2011, as ContraRazões de fls. 525 a 529, contendo os seguintes argumentos, em resumo: sou engenheiro civil e atuo na área de construção de residências, como responsável técnico, fazendo a fiscalização, compras de materiais e orientando na execução dos serviços; como praxe, os tomadores dos serviços depositam, nas minhas contas bancárias, os valores referentes ao pagamento dos materiais adquiridos nas obras e as despesas com mão de obra; ocorre que, em 03/10/2002, fui notificado para, com relação ao exercício de 1997, exibir os extratos bancários relativos as minhas contas junto ao Banco Itaú, bem como comprovar, mediante apresentação de documentação hábil, a origem e o destino dos recursos depositados nas respectivas contas; de boafé, apresentei os documentos solicitados, mas, em 13/12/2002, fui surpreendido com a lavratura do Auto de Infração que originou o presente processo administrativo; no referido Auto de Infração, a Receita Federal me cobra valores de imposto de renda sob a alegação de que eu não comprovei a efetiva origem dos recursos depositados nas minhas contas bancárias, nem os seus respectivos destinos; Fl. 6DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 17 7 apresentei impugnação, esclarecendo a origem dos valores e mostrando novos documentos, que demonstravam que os depósitos realizados nas minhas contas diziam respeito ao pagamento de mão de obra e de materiais das obras, ou seja, deixei claro que os valores não me pertenciam, nem me geraram a obtenção de renda; por meio da Intimação n° 329/2006, fui comunicado que a minha defesa não havia sido acolhida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza – CE; apresentei, então, recurso voluntário, trazendo onze envelopes contendo novos documentos que comprovaram, de maneira individualizada, a origem e o destino dos valores que entraram em minhas contas bancárias; a partir das provas trazidas ao processo, a 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes decidiu pelo provimento do meu recurso voluntário, reconhecendo, assim, que não foram respeitados, pela fiscalização, os §§ 2° e 5°, do art. 42, da Lei n° 9:430, de 1996. a Fazenda Nacional, não se conformando, apresentou o recurso especial ora contraarrazoado, no qual extrapola os limites estabelecidos em lei, para o seu cabimento, ignora as provas hábeis e idôneas que eu trouxe aos autos; e, ainda, argumenta que não teriam sido comprovadas, com exceção dos casos em que há cópias dos cheques emitidos pelos tomadores dos serviços, as origens e os destinos dos valores depositados nas minhas contas bancárias. entretanto, conforme demonstrarei a seguir, os fundamentos apresentados pela Fazenda Nacional contrariam o que dispõe a legislação vigente. Preliminar o julgamento do recurso voluntário se iniciou na sessão do dia 10/09/2008 e encerrou na sessão do dia 03/12/2010 (complementação da decisão anterior); segundo os artigos 4° e 7°, da Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, o recurso especial fundado em violação à lei ou à evidência da prova só poderia ser apresentado contra decisões que ocorreram em sessões realizadas até o dia 1º/07/2009; entendo que, se o Recurso Especial tivesse sido apresentado em face da decisão do dia 10/09/2008, o recurso seria cabível; no entanto, com a apresentação de Embargos de Declaração, houve uma complementação da decisão anterior, na sessão realizada em 03/12/2010; tendo em vista que o recurso especial foi apresentado levando em conta a decisão proferida no dia 03/12/2010, há o desrespeito aos artigos 4° e 7°, da Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, portanto o recurso especial não pode ser conhecido. Mérito caso o Recurso Especial seja conhecido, saliento que, no mérito, ele não pode prosperar, já que, diferentemente do que nele consta, foram apresentadas, sim, provas Fl. 7DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 individualizadas dos depósitos bancários realizados nas minhas contas bancárias, no exercício de 1997; para tanto, basta examinar todos os documentos e todos os esclarecimentos que apresentei no recurso voluntário. Vale, neste ponto, transcrever as razões que a 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes considerou, ao dar provimento ao meu recurso voluntário: 'Para comprovar tais fatos, trouxe aos autos CÓPIA DOS CHEQUES QUE RECEBEU E EMITIU BEM COMO DECLARAÇÕES DOS MENCIONADOS CLIENTES (...) Primeiramente, cumpre observar que, de acordo com o disposto no art. 16, § 4°, do Decreto n° 70.235/72, é possível a apreciação de provas produzidas após a impugnação, tendo em vista a impossibilidade de o Recorrente têlas apresentado oportunamente, motivo pelo qual analisamos DETIDAMENTE no presente caso todos os documentos por ele acostados. (.) Notese que, após indicar todas as obras que foram executadas sob sua responsabilidade e os nomes dos respectivos proprietários, o Recorrente apresenta em seu recurso uma relação de documentos (fl. 108) que comprovam os fatos por ele narrados tanto na impugnação quanto no referido recurso voluntário, (.) Quanto às DECLARAÇÕES DOS TOMADORES DOS SERVIÇOS (fls. 121/126), É POSSÍVEL CONSTATAR QUE ELES REALIZARAM DEPÓSITOS NA CONTA CORRENTE DO RECORRENTE, a título de prestação de serviço de fiscalização de construção de casas e pagamento de mão de obra e material. Notese, ainda, que o Recorrente apresentou diversas copias de cheques que (i) foram emitidos pelos tomadores de serviços e (ii) cheques que ele mesmo emitiu para os empreiteiros das referidas obras. A apresentação das declarações dos tomadores de serviços, dos alvarás das obras e dos cheques de terceiros ou do próprio Recorrente COMPROVAM A VEROSSIMILHANÇA DE SUAS ALEGAÇÕES, como também a coerência de suas explicações. Alias, é oportuno destacar, nesse sentido, que desde o inicio da fiscalização, o Recorrente tem procurado comprovar que os valores depositados em sua conta corrente não lhe pertencem, não tendo, em nenhum momento, se negado a apresentar os esclarecimentos necessários. (.) Considerandose, portanto, que todos os documentos juntados aos autos comprovam as alegações do Recorrente, devendose considerar identificados os depósitos, bem como o fato de que a fiscalização não observou o disposto nos § 2° e § 5º do artigo 42 da Lei n. 9.430/96, voto no sentido de DAR provimento ao recurso." Fl. 8DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 18 9 verificase, claramente, que a documentação que eu trouxe ao processo, alem de ser hábil e idônea, conforme determina a legislação em vigor, é esclarecedora quanto a. origem e ao destino dos valores depositados nas minhas contas bancárias, comprovando o rígido controle das operações efetuadas; dentre as provas que apresentei, destaco: (i) planilhas que indicam, de forma individualizada, a origem dos valores, com a menção à data dos depósitos, ao nome dos depositantes (tomadores dos serviços), ao nome dos bancos (em caso de transferências e cheques), ao número dos cheques (em caso de cheques) e aos valores dos depósitos; (ii) extratos bancários devidamente identificados; (iii) cópias de cheques; (iv) notas fiscais em nome dos tomadores dos serviços, que comprovam o destino dos importes depositados; (v) recibos, (vi) microfilmagens de cheques emitidos; (vii) declarações dos tomadores dos serviços, com firma reconhecida, reconhecendo os depósitos indicados na planilha com seus respectivos nomes; e (viii) cópias dos documentos (RG, CPF e IPTU) de todos os depositantes (origem dos valores depositados); indiscutivelmente, há um conjunto probatório hábil e idôneo, na forma pela qual estabelece o art. 42, caput, da Lei n° 9.430, de 1996, e que de forma alguma deve ser considerado genérico, não pode a Fazenda Nacional, em total desrespeito ao referido artigo, ignorar prova hábil e idônea e tratála como sendo inábil e inidônea; ressalto que não houve, em momento algum, a discussão quanto à suposta idoneidade das provas que apresentei; além disso, não há qualquer justificativa plausível para se desconsiderar as provas dos autos; por essa razão, não pode a Fazenda Nacional simplesmente desprezar prova revestida de legalidade e de fé pública (como, por exemplo, as declarações assinadas pelos tomadores dos serviços, com firma reconhecida) e tentar trazer uma solução "mais razoável'; poderia até se cogitar a desconsideração das referidas provas, caso tivesse se questionado a autenticidade e a idoneidade das provas, mas como, no presente caso, isso não ocorreu, não há como aceitar que a solução "mais razoável" seja pelo desprezo de prova hábil e idônea; se não bastassem todas as provas já produzidas, mais uma vez, demonstrando a minha boafé e o meu compromisso com a verdade e com a justiça, trago uma nova planilha que demonstra, de maneira individualizada e pormenorizada, a origem e o destino dos valores (doc. 03); na prática, a planilha complementa, esclarece e especifica informações que eu já havia trazido ao processo, portanto está devida e exaustivamente demonstrada a origem e o destino dos depósitos bancários efetuados nas minhas contas correntes, no exercício de 1997, até o limite do que uma pessoa física está habilitada a conseguir; diante de todas as provas apresentadas, caso este Conselho entenda indispensável a apresentação de provas que só poderiam ser fornecidas por instituições financeiras nas quais os meus clientes mantinham contas correntes, peço que, nos termos do artigo 6° da Lei Complementar n.° 105, de 2001 e do artigo 197, inciso II do Código Tributário Nacional, solicite a quebra de sigilo bancário de tais clientes. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 Ao final, o Contribuinte pede o não conhecimento do recurso, ou que se lhe negue provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora Tratase de Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no art. 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, c/c art. 4º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009 – Recurso por Contrariedade à Lei ou à Evidência de Prova. A matéria a ser examinada diz respeito a autuação por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem comprovação de origem, com fundamento no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Em sede de ContraRazões, oferecidas tempestivamente, o Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando: “0 julgamento do recurso voluntário se iniciou na sessão do dia 10/09/2008 e se encerrou na sessão do dia 03/12/2010 (complementação da decisão anterior). Segundo os arts. 4° e 7°, da Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, o recurso especial fundado em violação à lei ou à evidência da prova só poderia ser apresentado contra decisões que ocorreram em sessões realizadas até o dia 01/07/2009. Entendo que, se o recurso especial tivesse disso apresentado em face da decisão do dia 10/09/2008, o recurso seria cabível. No entanto, com a apresentação de embargos de declaração, houve uma complementação da decisão anterior, na sessão realizada em 03/12/2010. Tendo em vista que o recurso especial foi apresentado levando em conta a decisão proferida no dia 03/12/2010, há o desrespeito aos arts. 4° e 7°, da Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009. Desta forma, o recurso especial não pode ser conhecido.” Os Embargos de Declaração ora tratados, à época de sua interposição, eram disciplinados pelo art. 57 do antigo Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007. Dito dispositivo assim determinava: “Art. 57. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a Câmara. § 1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos por Conselheiro da Câmara, pelo Procurador da Fazenda Nacional, por Presidente da Turma de Julgamento de primeira instância, pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão ou pelo recorrente, mediante petição Fl. 10DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 19 11 fundamentada, dirigida ao Presidente da Câmara, no prazo de cinco dias contados da ciência do acórdão. § 2º O despacho do Presidente será definitivo se declarar improcedentes as alegações suscitadas, sendo submetido à deliberação da Câmara em caso contrário. § 3º Os embargos de declaração serão submetidos à Câmara, caso o conselheiro relator, ou outro designado pelo Presidente da Câmara para se manifestar, assim o decida.”. No caso em apreço, não há dúvida no sentido de que o Presidente da Câmara acolheu os Embargos opostos pela Fazenda Nacional, reconhecendo a omissão apontada, tanto assim que encaminhou os autos à Conselheira que proferira o voto divergente, para que ela esclarecesse o alcance de sua discordância em relação ao voto condutor do aresto. Assim, a omissão ora tratada implicava na alteração da parte dispositiva do acórdão, estabelecendo inclusive os limites para a interposição de recurso da Fazenda Nacional por contrariedade à lei ou à evidência de prova, em matéria que envolve essencialmente a análise do conjunto probatório constante dos autos. Dante disso, o processo teria de retornar à pauta de julgamento, para deliberação da Câmara, conforme determina o §2º, do art. 57, acima transcrito. Entretanto, o acórdão até o momento não foi alterado, porém a omissão nele verificada foi efetivamente suprida por meio de despachos constantes dos autos (fls. 506/507). Nesse passo, verificase que a Fazenda Nacional, a quem interessava a reparação da omissão, foi informada dos limites do provimento parcial, o que possibilitou o exercício de seu direito ao recurso pelo art. 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno. O Contribuinte argumenta que, uma vez que o recurso foi interposto em face da complementação da decisão, ocorrida em 03/12/2010, a Fazenda Nacional não mais teria o direito à modalidade de recurso apresentada, que somente contemplaria as decisões proferidas até 1º/07/2009. Diante de tal alegação, entende esta Conselheira que a decisão proferida em 10/09/2008 foi por maioria de votos, o que já garantia o direito à modalidade de recurso pretendida pela Fazenda Nacional. O que ocorreu foi que a ausência de especificação acerca do voto dissidente prejudicou o direito da Recorrente, o que foi reparado posteriormente. Assim, com a prolação do Acórdão 10249.236, em 10/09/2008, a Fazenda Nacional adquiriu o direito de recorrer por contrariedade à lei e à evidência de prova, direito este que foi impedida de exercer, pela ocorrência de omissão quanto à abrangência do voto dissidente, o que foi sanado posteriormente por meio de despachos de esclarecimento. Destarte, entendendo que um lapso processual não pode prejudicar o direito adquirido pela ora Recorrente, conheço do Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, na modalidade eleita, qual seja, por contrariedade à lei ou à evidência de prova, e passo a examinálo. Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional alega, em síntese, que o Contribuinte não logrou comprovar, com documentação hábil e idônea, a origem dos depósitos bancários efetuados em suas contascorrentes, de forma individualizada, com coincidência de datas, valores e depositantes. Na esteira do voto dissidente, a Recorrente aceita como comprovados apenas os valores para os quais o Contribuinte apresentou cópia dos cheques emitidos por seus clientes e depositados nas contascorrentes examinadas. Como tal Fl. 11DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 12 comprovação abrange parcela muito pequena dos depósitos, cabe a este Colegiado examinar praticamente a totalidade dos elementos que deram origem ao lançamento. Nesse passo, verificase que a autuação foi lastreada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, que assim dispõe: “Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica;” Tratase da fiscalização efetuada em duas contascorrentes, mantidas em nome do Contribuinte no Banco Itaú durante o anocalendário de 1997. Analisandose a ação fiscal, iniciada em 03/10/2002 (fls. 01), constatase que em nenhum momento foi apresentada ao Contribuinte, conforme determina o §3º, acima transcrito, uma relação individualizada dos créditos cuja origem ele deveria comprovar. O que sempre foi apresentado ao Contribuinte, por meio dos Termos de Início de Fiscalização, de Intimação e de Constatação (fls. 03, 07 a 09 e 44/46), foi uma relação de valores mensais, totalizados, incluindo até mesmo as transferências entre contascorrentes, perfeitamente identificadas nos extratos de fls. 20 a 43. Como se pode verificar, o Termo de Encerramento da Ação Fiscal exibe uma relação de valores, que representam os totais mensais dos depósitos considerados sem comprovação da origem, que corresponde ao total dos créditos efetuados nas contascorrentes, subtraídos os valores correspondentes aos resgates de aplicações, as transferências entre as duas contascorrentes objeto da autuação – com base em demonstrativo apresentado pelo Contribuinte às fls. 12 – e os rendimentos declarados pelo Contribuinte (Declaração de Ajuste Anual do exercício de 1998, anocalendário de 1997, às fls. 04 a 06). O Contribuinte, por sua vez, desde o primeiro momento esclareceu ser Engenheiro, e que os depósitos efetuados em suas contascorrentes não lhe pertenciam, mas sim serviriam para efetuar pagamentos de material e mãodeobra, relativos às obras que fiscalizava. Na oportunidade, apresentou a relação dos nomes e endereços de seus clientes, que teriam efetuado os depósitos (fls. 11), bem como diversos protocolos, solicitando ao Banco Itaú documentos necessários à comprovação da origem dos depósitos, inclusive cópias de cheques depositados em suas contas e por ele emitidos (fls. 14 a 18). Ademais, o Contribuinte apresentou os extratos das referidas contas, já indicando os depositantes que conseguiu identificar (fls. 20 a 43). Fl. 12DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 19515.001861/200211 Acórdão n.º 9202002.651 CSRFT2 Fl. 20 13 Claro está que a simples indicação dos nomes dos depositantes nos extratos não poderia, isoladamente, ser considerada como prova absoluta, porém o conjunto probatório apresentado até aquele momento, inclusive as informações constantes da Declaração de Ajuste Anual, confirmando a ocupação do contribuinte, bem como exibindo rendimentos recebidos de pessoas físicas, inclusive com recolhimento de carnêleão. Ademais, o Contribuinte não se quedou inerte, mas sim buscou obter os comprovantes junto à instituição financeira, o que se sabe ser bastante difícil, tendo em vista o tempo decorrido (quase cinco anos). Diante de tal contexto, no entender desta Conselheira, a fiscalização já teria indícios suficientes para direcionar a autuação à tributação específica, conforme a atividade econômica que o próprio Contribuinte confessou e declarou exercer. Nesta senda, a fiscalização já dispunha da lista de clientes, que certamente teriam contratos de prestação de serviços firmados com o Contribuinte, fixando inclusive a respectiva remuneração. Entretanto, a fiscalização foi iniciada em 03/10/2002, sendo que em 31/12/2002 iria operarse a decadência, o que decerto impediu uma apuração mais minuciosa. Assim, o Auto de Infração foi lavrado como omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem identificação de origem. O Contribuinte, por sua vez, mantevese ativo na busca de outros elementos de prova, apresentando juntamente com a impugnação os Alvarás onde consta como responsável técnico, relativos às obras que desde o início da fiscalização havia mencionado, onde figuram também os nomes de seus clientes (fls. 63 a 72). Na oportunidade, apresentou novas relações dos cheques depositados, com mais identificações (fls. 73 a 81). Mantida a autuação, o Contribuinte seguiu tentando comprovar suas alegações, apresentando, em sede de Recurso Voluntário, onze envelopes, contendo relação complementar de cheques e transferências efetuadas, com mais identificações; cópias de cheques de clientes, correntistas do Banco Itaú; cópias e segundas vias de notas fiscais, pedidos e recibos, de materiais e mão de obra, uma vez que os originais foram entregues aos clientes; cópias de cheques, fornecidas pelo Banco Itaú, utilizados para pagamento de mão de obra dos empreiteiros que prestaram serviços nas obras referidas; relação e identificação das contas de clientes que fizeram, além de depósitos, transferências para as contas objeto da autuação; cópias dos documentos, CPF e RG e IPTU, dos clientes que não puderam ser contatados (Gilson de Campos, Mitie Tsuruda e Sizuka Tsuruda), bem como daqueles que, que, receosos, não se dispuseram a assinar a declaração (Milton Kiyoshi Uchima, Makio Goto, Jefferson da Costa Ramalho e Pedro Issamu Tsuruda). Ademais, o Contribuinte assim esclareceu: "Através dos documentos anexados, espero comprovar que os valores depositados não me pertencem, pois demonstram a origem e o destino dos valores creditados e debitados em minhas contas correntes. Apesar do meu interesse em colaborar para o esclarecimento desses valores, encontrei dificuldades, principalmente junto ao Banco Itaú, na obtenção de microfilmagem dos cheques depositados, falta de tempo hábil para a apresentação de documentos e o desinteresse de algumas pessoas as quais prestei serviço" O art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, assim estabelece: Fl. 13DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 14 “Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.” Assim sendo, tendo em vista o conjunto probatório constante dos autos, no sentido do efetivo exercício, pelo Contribuinte, de atividade econômica que comporta o trânsito de recursos de terceiros na contacorrente do profissional prestador dos serviços, entendo não ser possível a manutenção da autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem. É certo que não se pode afirmar que não teria havido omissão de rendimentos por parte do Contribuinte, já que este certamente recebia remuneração pela prestação dos serviços de fiscalização de obras. Entretanto, a meu ver, somente uma fiscalização voltada para a tributação específica, conforme previsto no art. 42, §2º, da Lei nº 9.430, de 1996, teria o condão de fixar a exata medida de uma eventual omissão de rendimentos. Diante do exposto, uma vez que, na fase em que se encontra o processo, já não é cabível a realização de diligência, e em face da impossibilidade de se fixar, com exatidão, o total dos rendimentos eventualmente omitidos, nego provimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 14DF CARF MF Impresso em 21/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/05/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 15/05/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 10930.003568/2005-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2002, 2003
DOCUMENTAÇÃO HÁBIL E IDÔNEA. IMPUGNAÇÃO PELO FISCO.
De acordo com o §1º, do art. 845, do Decreto n° 3.000/1999, os elementos de prova trazidos pelo contribuinte, no lançamento de ofício, só poderão ser impugnados pela administração tributária quando contestados com base em prova ou em fortes indícios de irregularidade.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.954
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Marcelo Oliveira (Relator), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire e Otacílio Dantas Cartaxo. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ROBSON DE LIMA SANCHEZ Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DOCUMENTAÇÃO HÁBIL E IDÔNEA. IMPUGNAÇÃO PELO FISCO. De acordo com o §1º, do art. 845, do Decreto n° 3.000/1999, os elementos de prova trazidos pelo contribuinte, no lançamento de ofício, só poderão ser impugnados pela administração tributária quando contestados com base em prova ou em fortes indícios de irregularidade. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Marcelo Oliveira (Relator), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire e Otacílio Dantas Cartaxo. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior. Fl. 0DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 (assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator. (assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – RedatorDesignado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado) Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elias Sampaio Freire. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10930.003568/200558 Acórdão n.º 920201.954 CSRFT2 Fl. 1.030 3 Relatório Tratase de Recurso Especial por divergência, fls. 01014, interposto pela nobre PGFN contra acórdão, fls. 0987, que decidiu, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O acórdão em questão possui as seguintes ementa e decisão: DEPÓSITOS BANCÁRIOS — CONTRIBUINTE QUE COMPROVADAMENTE EXERCE ATIVIDADE COMERCIAL E SUSTENTA QUE OS VALORES CREDITADOS, EM SUAS CONTAS SÃO RECEITAS DAS EMPRESAS DAS QUAIS É SÓCIO INEXISTÊNCIA DE PROVA DE QUE CONTRIBUINTE EXERÇA OUTRA ATIVIDADE QUE PUDESSE JUSTIFICAR O RECEBIMENTO DOS VALORES CREDITADOS NAS CONTAS BANCÁRIAS — LANÇAMENTO CANCELADO. No caso concreto, a observação do acontecer dos fatos segundo a ordem natural das coisas, isto é: a) o contribuinte ser comerciante; b) utilizar recursos de suas contas particulares para pagar despesas das empresas das quais é sócio proprietário; c) a constatação do depósito de milhares de cheques de pequeno valor nas contas particulares do sócio da empresa, sem qualquer notícia nos autos de que exercesse outra atividade senão o comércio; d) a devolução de centenas de cheques sem provisão de fundos; d) a afirmação do contribuinte de que, em face de problemas cadastrais das empresas, suas contas particulares eram utilizadas para movimentação de recursos destas, sem a existência de qualquer prova em contrário; e) a não realização pela fiscalização de qualquer diligência para identificar outra atividade do contribuinte que pudesse justificar tamanha movimentação de cheques de valores relativamente pequenos, o que é característico no comércio e; f) a inexistência de qualquer diligência por parte da fiscalização junto aos emitentes dos cheques para refutar a afirmação do contribuinte de que tinha recebido os mesmos em face da atividade comercial das suas empresas, nos conduzem a certeza de que o lançamento não pode persistir. No momento em que o contribuinte que exerce atividade comercial alegar que os valores creditados em cheques em suas contas correntes são provenientes das transações comerciais das empresas da qual é sócio, cabe à fiscalização, sempre que possível, realizar diligências junto aos emitentes dos cheques para identificar com estes a natureza da operação que justificou a emissão dos mesmos. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Em seu recurso especial a PGFN alega, em síntese, que: 1. Conforme divergência anexa (Acórdão 10615957), o ônus da prova em caso de presunção legal transferese para o contribuinte, não podendo ser afastada por meras alegações; 2. “ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações”; 3. A decisão recorrida desrespeitou o que determina o Art. 42 da Lei 9.430/1996, pois o contribuinte foi devidamente intimado e não comprovou a origem dos recurso em suas contas; 4. Tratase de presunção legal relativa de omissão de receitas ou rendimentos, que somente será afastada no caso do contribuinte, através de documentação hábil e idônea, comprovar a origem dos valores depositados/creditados em sua conta bancária; 5. No presente caso, o contribuinte não conseguiu comprovar a origem de cada depósito; 6. Em sua impugnação, o mesmo limitase a justificar genericamente as inconsistências apontadas pela autoridade autuante sem, no entanto, especificar e contestar os depósitos incluídos no lançamento, de maneira individualizada, mediante a apresentação de provas cabais; 7. Ao contrário, apresenta alegações genéricas, sem demonstrar a origem dos recursos e se tais valores já teriam sido oferecidos à tributação; 8. Ante o exposto, a PGFN requer seja conhecido e provido o presente recurso. Por despacho, fls. 01021, deuse seguimento ao recurso especial. O Contribuinte, apesar de devidamente intimado, fls. 01027, não apresentou suas contrarrazões. Os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10930.003568/200558 Acórdão n.º 920201.954 CSRFT2 Fl. 1.031 5 Voto Vencido Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do Recurso Especial e passo à análise de suas razões recursais. Em síntese, a discussão encontrase nos motivos que levaram a decisão dar provimento ao recurso, desconstituindo a presunção expressa na Legislação. Lei 9.430/1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Assim se posicionou o nobre Relator do acórdão recorrido: “Da análise dos autos, em especial dos inúmeros cheques diariamente devolvidos, cuja relação ocupou 59 folhas dos autos, superando a casa dos milhares, todos relativamente de pequeno, me conduzem à certeza de que o contribuinte utilizava suas contas particulares para pagar despesas provenientes das empresa. Entretanto, o que se faz necessário analisar, não é o destino que o contribuinte dava aos recursos creditados em suas contas, mas sim a origem destes. Nesta linha, analisando a planilha de fl. 717, por exemplo, em relação à conta do Banco Bradesco, temse depósitos em cheques de R$ 1.009,00 a R$ 36.705,93. Diante da informação de que os valores são decorrentes da atividade comercial das empresas pertencentes ao contribuinte, a fiscalização, em não se satisfazendo com as provas apresentadas pelo contribuinte, no caso concreto, dadas as evidências, deveria ter investigado qual o negócio jurídico realizado entre o sócio das empresas e os emitentes dos cheques. Se os referidos cheques não se destinavam a pagar as transações realizadas entre as empresas do contribuinte e seus clientes mister que se esclarecesse a que título chegaram ao poder do recorrente. “ Como demonstra o voto, há inversão, em nosso entender, do que determina o Art. 42 citado. Na determinação do Art. 42 da Lei 9.430/1996 há as condutas que devem ser efetivadas pelo Fisco. O Fisco deve intimar o contribuinte para explicar os depósitos e caso não haja comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações o Fisco deve conceituar esses valores como omissão de receita ou de rendimentos. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 Ressaltamos, como determina o CTN, que a atividade do Fisco é totalmente vinculada, sob pena de responsabilidade funcional. CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Nos autos há centenas de recurso de pequeno valor, sim, mas também há valores de dezenas de milhares de reais. O Contribuinte afirma que esses valores são oriundos de sua atividade comercial, mas não traz aos autos prova alguma sobre esse ponto. Na atividade comercial há a emissão da Nota Fiscal, há um controle de que vendas foram pagas com tal cheque, mas o Contribuinte não traz, apesar de se passarem mais de sete anos do lançamento, nenhuma prova. Discordo, com todo respeito, do voto presente no acórdão recorrido. Imputar ao Fisco a responsabilidade de realizar batimento entre os depósitos e as vendas e despesas do contribuinte seria conceituar como inexistente a presunção e a inversão do ônus da prova, expressas e determinadas na Lei 9.430/1996. Correta posição consta do Acórdão paradigma: “No caso vertente, a autoridade autuante agiu com acerto: diante do indício de omissão de rendimentos detectado através da operação financeira objeto da autuação em tela, operou a inversão do ônus da prova, cabendo à interessada, a partir de então, provar a inocorrência do fato ou justificar sua existência. Destarte. para elidir a presunção legal de que depósitos em conta corrente sem origem justificada são rendimentos omitidos, deveria o interessado ter comprovado a sua origem apresentando documentos que denotem, inequivocamente, possuírem os depósitos em questionamentos origem já submetida à tributação ou isenta do contrário materializase a presunção legal formulada de omissão de receitas, por não ter sido elidida. Com efeito, descabidas as considerações do recorrente no sentido de que o agente fiscal deveria prova o teor da presunção da omissão de rendimentos. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10930.003568/200558 Acórdão n.º 920201.954 CSRFT2 Fl. 1.032 7 CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso da nobre PGFN, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 6DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 8 Voto Vencedor Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Redator Designado. Não obstante os argumentos expostos pelo nobre Conselheiro, peço vênia para divergir de seu entendimento, qual seja, [...] Imputar ao Fisco a responsabilidade de realizar batimento entre os depósitos e as vendas e despesas do contribuinte seria conceituar como inexistente a presunção e a inversão do ônus da prova, expressas e determinadas na Lei 9.430/1996. De acordo com o Decreto n° 3.000/1999, os elementos de prova trazidos pelo contribuinte, no lançamento de ofício, só poderão ser impugnados pela administração tributária quando contestados com base em prova ou em fortes indícios de irregularidade: Art.845.Farseá o lançamento de ofício, inclusive: [...] §1ºOs esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão. Desse modo, não há que se falar em erronia no acórdão recorrido quando se observa a inércia da Administração Fazendária em não promover qualquer diligência que pudesse trazer aos autos elementos suficientes da incerteza ou máfé do contribuinte nas informações prestadas. Na verdade, tais desconfianças são, por si só, motivadoras de investigação pelo agente de fiscalização tributária. Ademais, como é de conhecimento daqueles que lidam com o direito, o ônus da prova cabe a quem alega, in casu, ao Fisco, especialmente por inexistir disposição legal contemplando a presunção de não resgatados os recursos oriundos de aplicações financeiras, incumbindo à fiscalização buscar e comprovar a realidade dos fatos, podendo para tanto, inclusive, requerer facilmente tais informações às instituições financeiras. A doutrina não discrepa dessas conclusões, consoante se infere dos ensinamentos de renomado doutrinador Alberto Xavier, em sua obra “Do lançamento no Direito Tributário Brasileiro”, nos seguintes termos: “B) Dever de prova e “in dúbio contra fiscum” Que o encargo da prova no procedimento administrativo de lançamento incumbe à Administração fiscal, de modo que em caso de subsistir a incerteza por falta de prova (beweilöigkeit), esta deve absterse de praticar o lançamento ou deve praticálo com um conteúdo quatitativo inferior, resulta claramente da existência de normas excepcionais que invertem o dever da prova e que são as presunções legais relativas. [...]” (Xavier, Alberto – Do lançamento no direito tributário brasileiro – 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2005) (grifos nossos) Fl. 7DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10930.003568/200558 Acórdão n.º 920201.954 CSRFT2 Fl. 1.033 9 Outro não é o posicionamento do eminente professor Paulo de Barros Carvalho, que assim preleciona: “Com a evolução da doutrina, nos dias atuais, não se acredita mais na inversão da prova por força da presunção de legitimidade dos atos administrativos e tampouco se pensa que esse atributo exonera a Administração de provar os ocorrências que afirmar terem existido. Na própria configuração oficial do lançamento, a lei institui a necessidade de que o ato jurídico administrativo seja devidamente fundamentado, o que significa dizer que o Fisco tem que oferecer prova contundente de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa.” (CARVALHO, Paulo de Barro. Notas sobre a Prova no Procedimento Administrativo Tributário. In: SHOUERI, Luís Eduardo – cood. – Direito Tributário: Homenagem a Alcides Jorge Costa. São Paulo: Quartier Latin, 2003, v. II, p. 860) (grifamos) Por sua vez, a jurisprudência administrativa é firme e mansa nesse sentido, exigindo a comprovação por parte do fiscal autuante dos fatos imputados aos contribuintes, mormente quando o lançamento não se apoiar em presunções legais, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “IRPJ – OMISSÃO DE RECEITAS – Nas presunções simples é necessário que o fisco esgote o campo probatório. A atividade do lançamento tributário é plenamente vinculada e não comporta incerteza. Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a exigência não pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN.” (7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Acórdão nº 10706.229 – Sessão de 22/03/2001) “[...] IRPF – PRESUNÇÕES – Em matéria tributária as presunções admitidas somente se referem às expressamente autorizadas em lei, presentes os pressupostos legais exigíveis à sua sustentação. [...]” ( 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Acórdão nº 10416.433 – Sessão de 08/07/1998) “IRPF ATIVIDADE RURAL CONDOMÍNIO RENDIMENTOS OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRESUNÇÃO A obrigação tributária deflui da lei, não podendo criar imposição fiscal por mera presunção subjetiva da autoridade administrativa. Os rendimentos da atividade rural em condomínio devem ser tributados na proporção que couber a cada um, ex vi do artigo 13 da Lei n. 8.023/90, art. 13. Recurso provido.” ( 2ª Câmara do 1º Conselho Contribuintes – Acórdão nº 10244022, Sessão de 08/12/1999) Fl. 8DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 10 Dito isso, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pela PGFN. É como voto. (assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 9DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/06/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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Numero do processo: 10920.003640/2005-66
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2003
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CONTRIBUINTE QUE FIGURA COMO ORDENANTE DE PAGAMENTOS AO EXTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ART. 42 DA LEI N. 9.430.
A posição de ordenante de remessas ao exterior é incompatível, do ponto de vista lógico, com a caracterização de infração de omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei n. 9.430, de 1996, pela ausência de crédito/depósito em conta corrente a justificar a técnica presuntiva prevista em lei.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA QUALIFICADA - JUSTIFICATIVA.
Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos em conduta ativa (facere) do agente, notadamente quando se trata de exigência alicerçada em presunção legal.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente)
(Assinado digitalmente)
Gustavo Lian Haddad - Relator
EDITADO EM: 29/04/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: GUSTAVO LIAN HADDAD
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CONTRIBUINTE QUE FIGURA COMO “ORDENANTE” DE PAGAMENTOS AO EXTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ART. 42 DA LEI N. 9.430. A posição de “ordenante” de remessas ao exterior é incompatível, do ponto de vista lógico, com a caracterização de infração de omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei n. 9.430, de 1996, pela ausência de crédito/depósito em conta corrente a justificar a técnica presuntiva prevista em lei. LANÇAMENTO DE OFÍCIO MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA. Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos em conduta ativa (facere) do agente, notadamente quando se trata de exigência alicerçada em presunção legal. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 36 40 /2 00 5- 66 Fl. 424DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente) (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Relator EDITADO EM: 29/04/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Jaceguay Antônio Branco de Araújo foi lavrado o auto de infração de fls. 95/112, objetivando a exigência de imposto de renda pessoa física dos exercícios de 2001 e 2003 (anoscalendários de 2000 e 2002), por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. A Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pelo contribuinte, exarou o acórdão n° 10249.094, que se encontra às fls. 236/253, cuja ementa é a seguinte: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL – DEPÓSITOS BANCÁRIOS – Presumese a existência de renda omitida em montante compatível com depósitos e créditos bancários de origem não comprovada. INCONSTITUCIONALIDADE – Súmula 1 CC nº 2 – O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA QUALIFICADA. O lançamento de multa qualificada exige que a autoridade fiscalizadora traga elementos para os autos que provem o evidente intuito de fraude. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10920.003640/200566 Acórdão n.º 9202002.608 CSRFT2 Fl. 9 3 Preliminares rejeitadas. Recurso Parcialmente Provido.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares arguidas pelo contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, desqualificou a multa e excluiu da exigência os valores para os quais o contribuinte figurou como ordenante das remessas. Intimada pessoalmente do acórdão em 30/10/2008 (fls. 254), a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial às fls. 257/266, em que sustenta violação ao artigo 42 da Lei nº 9.430/96 e ao artigo 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Ao Recurso Especial da Procuradoria foi dado seguimento, conforme Despacho nº 063, de 28 de janeiro de 2009 (fls. 267/268). Devidamente intimado do acórdão e do recurso especial apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, o contribuinte, em 28/04/2009, apresentou suas contra razões de fls. 285/297, bem como interpôs seu recurso especial de fls. 272/279, em que sustenta divergência entre o v. acórdão recorrido e o acórdão nº 10319.895, proferido pela 3ª Câmara do antigo 1º Conselho de Contribuintes, em relação à possibilidade de lançamento de omissão de rendimentos baseado na presunção fundamentada em depósitos bancários. Ao Recurso Especial do contribuinte foi negado seguimento, conforme Despacho nº 920200.394 (fls. 362/363), confirmado pelo despacho 920200.394R de fls. 364. Em 26/11/2009, o contribuinte apresentou pedido de conversão do depósito recursal em pagamento parcial do débito com os benefícios da Lei nº 11.941/2009. Os autos foram remetidos para a Delegacia da Receita Federal de Joinville (fls. 390), sendo autorizado a quitação parcial do crédito formalizado nos presentes autos (fls. 406/410). É o Relatório. Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator Inicialmente analiso a admissibilidade do recurso especial interposto pela Procuradoria. Como relatado anteriormente, a decisão proferida pelo v. acórdão recorrido se deu por maioria de votos. Destarte, nos termos do artigo 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno deste Conselho, o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, que buscou demonstrar linha de argumentação para justificar a contrariedade à lei e às provas preenche os requisitos de admissibilidade. Dele conheço. No mérito as questões a serem analisadas por esta C. Câmara Superior são (i) o alcance da presunção estabelecida por meio do artigo 42 da Lei nº 9.430/1996 e (ii) a qualificação da multa em decorrência da conduta reiterada do contribuinte. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD 4 No tocante ao alcance da presunção estabelecida pelo referido 42 verifico que o voto vencedor do v. acórdão examinou de forma clara a questão ao consignar: “Deste modo e de acordo com a Representação Fiscal n° 2753/05, fls. 43/46, verificase que o contribuinte consta como beneficiário de uma operação, no valor de US$ 48.750,00, realizada em 22/11/2000, e como ordenante em um conjunto de operações, realizadas ao longo do anocalendário de 2002, que totalizaram a importância de US$ 53.000,00. No Auto de Infração tais operações foram levadas à tributação, sem que fosse feita nenhuma distinção entre as operações em que o contribuinte figurava como beneficiário e aquelas em que constava como ordenante. (...) Dos documentos que compõe o presente processo não resta dúvida de que o contribuinte era titular de conta bancária no exterior e que efetuou movimentações financeiras. Entretanto, conforme já mencionado, o contribuinte figura nas operações realizadas ora como beneficiário, ora como ordenante e tais figuras beneficiário e ordenante são distintas entre si. No caso, devese entender que quando o contribuinte figura como beneficiário equivale dizer que sua conta no exterior está sendo creditada e, ao contrário, quando figura como ordenante sua conta no exterior está sendo debitada. Ora, valores levados a débito em conta bancária não podem ensejar a tributação prevista no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, por absoluta falta de previsão legal. Entretanto, este é o caso dos autos, dado que a autoridade fiscal levou à tributação os valores em que o contribuinte figurava como beneficiário e como ordenante, de modo que tributou valores debitados na conta corrente. Desta forma, os valores em que o contribuinte figura como ordenante (R$ 187.175,20 anocalendário de 2002) devem ser excluídos da tributação, dado que se referem a débitos.” Dispõe o artigo 42 da Lei nº 9.430/1996, in verbis: “Depósitos Bancários Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: Fl. 427DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10920.003640/200566 Acórdão n.º 9202002.608 CSRFT2 Fl. 10 5 I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) (...) § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)” (original sem grifos) Entendo que o lançamento com base no artigo 42 da Lei nº 9.430/1996 requer a demonstração pela autoridade fiscal da ocorrência de um crédito em conta corrente do contribuinte. A meu ver não é possível, como pleiteia a Procuradoria da Fazenda Nacional em seu recurso especial, estender a interpretação do dispositivo sob comento de forma a considerar como omissão de rendimentos a movimentação bancária (i.e. a totalidade dos créditos e débitos na conta corrente do contribuinte) por falta de autorização legal. As transações em que o contribuinte foi “ordenante”, que representam no máximo débito em contacorrente, poderiam ser objeto de lançamento com base em outra infração, mas certamente não de omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada por não haver crédito/depósito em contacorrente. Assim, nego provimento ao recurso em relação à possível afronta ao disposto no artigo 42 da lei nº 9.430/1996. Com relação à qualificação da multa, cumpre ressaltar que esta foi aplicada com base no art. 44, inciso II da Lei n. 9.430, de 1996, incorporado ao art. 957, II, do RIR/99, assim redigido (conforme redação em vigor à época dos fatos geradores): “Art. 957 – Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei n.º 9.430, de 1996, art. 44) (...) II de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Os dispositivos referidos, vale dizer, os artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502, de 1964, cuidam das figuras do dolo, fraude e sonegação, nos seguintes termos: Fl. 428DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD 6 “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” A meu ver, a teor da previsão legal acima, para que a multa de lançamento de ofício de 75% seja qualificada e elevada para 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude, demonstrado inequivocadamente nos autos a partir de elementos probatórios colacionados pela fiscalização. Essa posição é amplamente reconhecida pela jurisprudência deste E. Colegiado, restando incontroverso que a fraude não se presume, sendo necessário que sejam produzidas provas do evidente intuito a que se refere a norma legal, não bastando suspeitas. A experiência indica que o evidente intuito de fraude se configura nas situações em que demonstrado o emprego de meios ardis, como notas fiscais calçadas, recibos falsificados, etc. Ao contrário da responsabilidade pela obrigação tributária principal, que nos termos do art. 136 do CTN não requer dolo ou culpa para sua configuração, bastando a prática da infração por qualquer meio, a aplicação da multa dita qualificada pressupõe dolo específico, no sentido de subtrair o imposto que se sabe devido pela utilização de meios fraudulentos. No caso presente, o recurso especial apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteia o restabelecimento da multa qualificada de 150% tendo em vista a conduta reiterada e sistemática do contribuinte que omitiu rendimentos nos exercícios de 2001 e 2003. Consta do termo de verificação fiscal a seguinte justificativa (fls. 103): “Por oportuno, importante esclarecer que o contribuinte fiscalizado é economista, conforme ocupação principal e natureza da mesma informada nas DIRPF’S. Tal fato leva a concluir que o fiscalizado tem instrução suficiente que lhe propicia compreensão e discernimento acerca dos rendimentos que dever ser oferecidos à tributação na declaração. Face ao exposto, e considerando que o contribuinte em tela: Omitiu rendimentos tributáveis em suas DIRPJ’S Exercícios 2001 e 2003, relativos aos anoscalendário 2000 e 2002, respectivamente, reduzindo as Bases de Cálculo para apuração do imposto devido; Fl. 429DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 10920.003640/200566 Acórdão n.º 9202002.608 CSRFT2 Fl. 11 7 Não resta dúvida de que o fiscalizado teve intenção de reduzir as Bases de Cálculo para apuração do IRPF devidos, e, em decorrência, recebendo indevidamente restituições de imposto de renda, assumindo o risco de tal conduta.” Entendo, no entanto, que a simples omissão de rendimentos, ainda que reiterada em vários exercícios, desacompanhada de outros elementos probatórios do evidente intuito de fraude, não dá causa para a qualificação da multa. Dentre outras razões, tal conclusão decorre do fato de que, se assim não fosse, não haveria hipótese para a aplicação da multa de ofício “não qualificada” de 75%. Com efeito, considero que para a correta aplicação da multa qualificada a inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova que o contribuinte, por ato fraudulento, levou a autoridade administrativa a erro, por meio por exemplo da utilização de documentos falsos, notas frias, interposição de pessoas, etc. Em se tratando de omissão de rendimentos decorrente de depósitos de origem não comprovada, cuja caracterizada é objeto de presunção legal relativa, não bastam as alegações de relevância econômica dos valores envolvidos e reiteração de conduta para a demonstração do evidente intuito de fraude. Como bem apontou com o usual brilhantismo o ilustre Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos em acórdão sobre o tema, se o entendimento sumular antes transcrito não permite a qualificação da multa de ofício quando presente uma simples omissão de rendimentos, como justificar a qualificação desse multa em uma presunção de omissão de rendimentos, em que não ficou demonstrada nenhuma fraude, e que a própria omissão de rendimentos é presumida? O evidente intuito de fraude não pode ser presumido, como ocorre com a presunção legal de omissão de rendimentos, mas minudentemente demonstrado. Entender diferente seria presumir a fraude em situação em que a própria hipótese de incidência – omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada é presumida pela lei, situação que merece repúdio. Em resumo, entendo não ter a fiscalização logrado êxito em demonstrar evidente intuito de fraude na conduta do Recorrente a justificar a qualificação da penalidade, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso especial também nesta parte. Destarte, conheço parcialmente do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 430DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD 8 Fl. 431DF CARF MF Impresso em 12/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 11/06/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/05/2013 por GUSTAVO LIAN HADDAD
score : 1.0
Numero do processo: 13857.000079/2007-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 14 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2003, 2004, 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA,
Restando comprovada nos autos a percepção de rendimentos não
devidamente declarados pelo interessado, deve ser efetuado o lançamento de
oficio do imposto de renda sobre os valores omitidos, independentemente da
sua denominação.
PRESUNÇÃO LEGAL DO ART. 42 DA LEI 9430/96. FALTA DE
PROVAS. CARACTERIZAÇÃO DE RENDIMENTOS OMITIDOS.
Não comprovadas as origens dos depósitos bancários por meio de
documentos fiscais hábeis e idôneos, torna-se perfeita a presunção legal
prevista no Art.42 da Lei 9A30/96, uma vez que os valores depositados em instituições financeiras passaram a ser considerados receita ou rendimentos
omitidos
MULTA QUALIFICADA, FALTA DE PROVAS DA AÇÃO OU
OMISSÃO DOLOSA. SÚMULA CARF 1\1 14.
Cabe ao auditor-fiscal provar que a ação ou omissão do contribuinte foi dolosa, requisito indispensável para a aplicação da penalidade qualificada com base nos tipos descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. Trata-se de matéria sumularia neste CARF - Súmula CARF n° 14.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2201-000.608
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar todas as preliminares. No mérito, dar provimento parcial para afastar a qualificadora do item 1 do auto de infração.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Janaína Mesquita Lourenço de Souza
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PRESUNÇÃO LEGAL DO ART. 42 DA LEI 9430/96. FALTA DE PROVAS. CARACTERIZAÇÃO DE RENDIMENTOS OMITIDOS. Não comprovadas as origens dos depósitos bancários por meio de documentos fiscais hábeis e idôneos, torna-se perfeita a presunção legal prevista no Art.42 da Lei 9A30/96, uma vez que os valores depositados em instituições financeiras passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos MULTA QUALIFICADA, FALTA DE PROVAS DA AÇÃO OU OMISSÃO DOLOSA. SÚMULA CARF 1\1' 14. Cabe ao auditor-fiscal provar que a ação ou omissão do contribuinte foi dolosa, requisito indispensável para a aplicação da penalidade qualificada com base nos tipos descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. Trata-se de matéria sumularia neste CARF - Súmula CARF n° 14. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Assis de Olivelta Júnior - Presidente ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar todas as preliminares. No mérito, dar provimento parcial para afastar a qualificadora do item 1 do auto de infração. ---...Jandirra Mesquita Lourenço de Souza - Relatora EDITADO EM: Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Eduardo Tadeu Farah, Janaina Mesquita Lourenço de Souza, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Francisco Assis de Oliveira Júnior (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Rayana Alves de Oliveira França. Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o auto de infração de fls. 372/375, acompanhado dos demonstrativos de fls. 376/380, do anexo relativo a depósitos bancários de origem não comprovada de fls. 381/385 e do Relatório Fiscal de fls. .386/419, relativo ao imposto sobre a renda das pessoas fisicas anos-calendário de 2002 a 2004, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 1333,093,84, sendo: Imposto R$ 518380,00 Juros de mora (calculados até 31/01/2007) R$ 238,994,39 Multa Proporcional R$ 575319,45 Conforme descrição dos fatos de fls. 373/375, a exigência decorreu das seguintes infrações à legislação tributária: a) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas (honorários advocatícios) da Cooperativa dos Ex- Funcionários da CBT, MPL Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos, CNPJ n° 01396,542/0001-98, conforme demonstrado no Relatório Fiscal anexo, que faz parte integrante e inseparável do auto de infração, com aplicação de multa de 150% (valores tributáveis, datas de ocorrência de fatos geradores e enquadramento legal à fl. 373); b) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada em conta corrente de n° 73550-7 no Banco do Brasil, agência 0295, conforme demonstrado e comprovado no Relatório Fiscal anexo, que faz parte integrante e inseparável do auto de infração, 2 Processo n" 13857 000079/2007-24 Acórdão n 2201-00408 S2-C2T1 Fl 2 com aplicação de multa de 75% (valores tributáveis, datas de ocorrência de fatos geradores e enquadramento legal às fls. 374/375). No referido Relatório Fiscal de fls. 386/419, consta, em síntese, o seguinte: Este lançamento abrangerá os anos-calendário de 2002, 2003 e 2004, haja vista que o crédito tributário referente aos anos- calendário 2000 e 2001 . foi constituído em 21/12/2006 mediante auto de infração que originou o processo n" 1.3857.000573/2006- 16 Em diligência levada a efeito na Cooperativa dos Ex- Funcionários da CBT, MP.L, Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos, CNRI n" 01.396.542/0001-98, .ficou comprovado que esta cooperativa efetuou pagamentos de honorários advocatício.s ao .fiscalizado nos anos-calendário de 2000 a 2004, que, de acordo com os livros Diários e Razões analisados, não sofreram retenção de imposto de renda na fonte, De acordo com o Estatuto Social da cooperativa (fls. 262/291), esta foi constituída pelos ex-funcionários da CBT, MPL Motores S/A e Mário Pereira Lopes Empreendimentos SIA, empresas do Grupo MPL, com o objetivo único de administrar os bens recebidos em decorrência de créditos trabalhistas que os ex- Inncionários possuíam contra essas empresas. O capital social da cooperativa foi subscrito com base no valor total dos créditos trabalhistas pleiteados Judicialmente pelos ex-funcionários contra aquelas empresas na data de 10/02/1996 e deveria ser integra lizado com a adjudicação elou levantamento de valores que viessem a ser depositados em juízo, através de arrematação de bens penhorados das empresas executadas, O Estatuto admitiu como cooperados não só os ex-funcionários, mas também todos os advogados que patrocinavam essas ações trabalhistas, portanto tanto estes quanto aqueles subscreveram cotas na formação do capital social da cooperativa, proporcionalmente aos créditos que cada um julgava possuir; no momento em que as cotas do capital foram subscritas, todos (ex- funcionários e advogados) passaram a ser credores da cooperativa e, conseqüentemente, cooperados.. Com base nessa permissão estatutária, o sujeito passivo passou a ser credor da cooperativa na condição de advogado dos ex-funcionários, .fazendo jus, dessa .forma, ao recebimento dos honorários advocatícias. Em outras palavras, o fiscaláado recebeu .seus honorários advocatícios não diretamente de seus clientes (ex- funcionários), mas por intermédio da cooperativa; cada vez que a cooperativa pagava os créditos trabalhistas dos ex- funcionários, também efetivava o pagamento dos honorários advocatícios, Desse modo, restou confirmado junto à própria .fonte pagadora que os pagamentos por ela efetuados ao sujeito passivo têm natureza jurídica de honorários advocatícios e, portanto, são rendimentos tributáveis, que se constatou não terem sofrido retenção na fonte nem sido oferecidos à tributação nas respectivas declarações de ajuste anuais do sujeito passivo, caracterizando, com isso, a omissão de rendimentos, 3 Quanto aos depósitos bancários de origem não comprovada: Tendo o interessado apresentado extratos bancários solicitados pela . fiscalização, após conciliação bancária com exclusão de diversas operações verificou-se a existência de créditos e/ou depósitos na conta corrente n" 73550, do Banco do Brasil, agência 0295, no período de 01/01/2000 a 31/12/2004, que, mesmo após atendimento a intimações pelo contribuinte e MPF Extensivos a postos de gasolina por ele mencionados, restaram com origem não comprovada, que foram então considerados como omissão de rendimentos nos termos do art. 849 do RIR/99 (art. 42 da Lei n°9.430/96,,.), com incidência da multa de 75%. Seguem valores para compor a base de cálculo para lançamento do imposto, referindo-se a denominada Tabela 1 aos valores mensais recebidos da cooperativa a título de honorários advocaticios e a Tabela II aos depósitos e/ou créditos bancários. com origem não comprovada no Banco do Brasil, agência 0295, conta corrente n° 73550-7, registrando-se que os ingressos diários destes constam do Anexo Ido Auto de Infração Quanto à incidência da multa qualificada,. Citam-se o art. 44, II, da Lei n" 9,430/96, os artigos 71 a 73 da Lei n" 4.502/64, o art. I', I, da Lei n°4279/65 e o art 1", I, da Lei n° 8,137/90, à vista dos quais o autuante aponta os documentos e informações por ele reunidos que comprovam a conduta dolosa do contribuinte, a seguir Farta e robusta documentação coligida pela .fiscalização que comprova que o sujeito passivo omitiu os rendimentos tributários recebidos da cooperativa durante cinco anos consecutivos, não se tratando de mero erro de preenchimento de declaração de rendimentos ou simples esquecimento; No período em que recebeu os rendimentos (2000 a 2004), o sujeito passivo era o próprio presidente da cooperativa, e durante sua gestão (2000 a 2004) a fonte pagadora não entregou as Dirf visando omitir da Fazenda Nacional a ocorrência do fato gerador do imposto de renda; O contribuinte Opinou que os honorários recebidos da cooperativa seriam isentos de imposto de renda, todavia tal informação também foi omitida das declarações de ajuste anuais', procurando ocultar tais recebimentos do fisco federal. Diante de tais comprovações, fica claramente caracterizada a conduta dolosa do sujeito passivo no intuito de deliberadamente esconder da autoridade fazendá ria os rendimentos de honorários advocatícios recebidos da cooperativa e, por conseguinte, ocultar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, com o objetivo de eximir-se do pagamento do imposto de renda devido, justificando-se plenamente a incidência da multa qualificada de 150% prevista no art, 44, II, da Lei n°9430/96 Quanto à representação . fiscal para fins penais: a conduta do contribuinte caracteriza, em tese, crime contra a ordem \ 4 Processo n° 13857.000079/2007-24 S2-C2T1 Acórdão n 2201-00.608 Fi 3 tributária, conforme artigos I" e 2' da Lei n" 8,137/90, razão pela qual formalizou-se a representação fiscal para fins penais para cumprimento do disposto na Portaria SRF n°326/2005. Cientificado em 22/02/2007 (AR à fl. 424), o contribuinte apresentou, em 21/03/2007, a impugnação de fls. 429/451, acompanhada dos documentos de fls. 452/458, na qual alega em síntese o seguinte: o auto de infração é nulo por cerceamento de defesa, sendo que a Constituição Federal de 1988 assegura expressamente o contraditório (ali, 5", LV) e o devido processo legal (art, 5", LIV), uma vez que pedido de dilação de prazo teve seu deferimento comunicado no mesmo dia em que o prazo prorrogado se encerrou (16/0.2/2007), o que teria impedido produção de provas, requerendo o impugnante retorno de prazo para apresentação de provas em seu favor, com relação aos rendimentos recebidos da cooperativa.' suas cotas da cooperativa são provenientes de pagamentos de honorários advocaticios e foram recebidas em 1996; as cotas .foram lançadas nas declarações de ajuste anuais no campo Declaração de Bens e Direitos, não havendo sonegação de informações ou de valores que pudessem originar este auto de infração; os valores recebidos correspondem à aquisição de cotas pela cooperativa e não houve qualquer omissão/sonegação de receita pois as cotas estão presentes em suas declarações de renda anualmente; o crédito destes honorários deu-se no momento do encerramento das ações trabalhistas, porém, sem dinheiro para pagamento dos honorários em espécie, o fiscalizado tornou-se credor dos reclamantes, sendo pago sob a forma de cotas da cooperativa em 1996, já devidamente lançado CM suas Declarações de Rendimentos ano a ano, como já dito; o contribuinte não recebeu honorários da cooperativa, mas "vendeu a esta as suas cotas";- não se trata de honorários; não é justo que ao vender seus bens sem aumento patrimonial ele seja compelido a recolher imposto de renda; colaciona jurisprudência administrativa; invoca o conceito de disponibilidade econômica citado pelo autuante para afirmar que seu crédito encontra-se lançado e acrescido em seu patrimônio desde 1996, citando doutrina. com ,-elação à movimentação .financeira na conta corrente do contribuinte; alega que não devem servir de base para a tributação alguns valores, que seguem. R$ 40.000,00 depositados no Banco do Brasil em 22/04/2002 são oriundos de saque de conta do próprio contribuinte na Nossa Caixa, operação da qual não tem comprovantes, porém remete à declaração de renda 2003; R$ 36,000,00 correspondentes a venda de casa de Uchoa/SP, depositados em 01/03/2002 (RS 3,000,00), 05/03/2002 (R$ 3,000,00) e 19/03/2002 (R$ 30,000,00), sendo que a casa estava relacionada em suas declarações de renda anteriores; R$ 52.000,00 correspondentes a venda de automóvel Chevrolet S10, recebidos em 24/07/2003 (R$ 12 000,00) e 16/12/2003 (R$ 40.000,00); Venda de cotas de capital da Jesus Auto Posto, no valor de R$ 49 500,00, recebido em 17/06/2004 (R$ 3„600,00), 02/08/2004 (R$ 4,600,00), 03/09/2004 (R$ 28„000,00), 24/09/2004 (R$ 1.800,00), 08/10/2004 (R$ 7,000,00) e 29/10/2004 (R$ 4,500,00), conforme declaração de ajuste, Venda da Fazenda Mirassolândia-SP, em parcelas recebidas em março de 2004 (R$ 100,000,00), outubro de 2004 (R$ 80,000,00), dezembro de 2004 (R$ 100,000,00) e junho de 2005 (R$ 120.000,00). Muitos valores referem-se a acordos na Justiça Trabalhista cujos reclamantes não dispunham de conta corrente própria, o que poderá ser comprovado mediante apresentação de certidões de objeto e pé, já requeridas, porém não . fornecidas até o momento, cuja juntada, assim que .fornecidas, requer o contribuinte, com relação à multa qualificada: requer sua não aplicação, alegando que não tentou usar subterfúgios protelató rios ou outros meios para retardar ou omitir quaisquer informações solicitadas, não restando caracterizado intuito de fraude; cita jurisprudência administrativa,. com relação à representação fiscal para ,fins penais, requer sua suspensão até o julgamento final deste processo administrativo; cita artigo jurídico e jurisprudência judicial. A DIU de São Paulo confirmou o lançamento fiscal através da Ementa abaixo transcrita: Assunto' Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003, 2004 PRELIMINAR NULIDADE, CERCEAMENTO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendo-se, então, falar em contraditório e ampla defesa, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecirnentos, OMISSÃO DE RENDIMENTOS 6 Processo n" 13857 000079/2007-24 S2-C2T1 Acórdão n 2201-00.608 Fl 4 Restando comprovada nos autos a percepção de rendimentos não devidamente declarados pelo interessado, deve ser efetuado o lançamento de oficio do imposto de renda sobre os valores omitidos, independentemente da sua denominação. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A inexistência de comprovação, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos valores depositados em conta de depósito ou investimento autoriza o lançamento do imposto correspondente.. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. APLICAÇÃO, Correta a aplicação da multa de ofício qualificada de 1.50% quando restar evidenciado nos autos o intuito de sonegação. O contribuinte foi intimado da decisão de primeira instância administrativa, de acordo com o termo de juntada de AR às f1s,481, recebido em 14/09/2007. Inconformado com a decisão "a quo", o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário de fls. 482/571, em 14/10/2007, aduzindo em sua defesa os seguintes argumentos: a) Aduziu o contribuinte que é cooperado da Cooperativa de ex-funcionários das empresas CTB, MPÇ Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos, sendo que as cotas da referida cooperativa foram integralizadas com o montante decorrente de acordos de pagamento com seus ex-clientes e credores das referidas empresas, em ações trabalhistas; b) Dessa forma, o que lhe era devido em honorários advocaticios, ou seja, R$ 8.280.390,27, já fora pago com crédito em cotas da mencionada Cooperativa, sendo que este foi devidamente lançado nas declarações de ajustes anuais do contribuinte, no Campo "Declarações de Bens e Direitos", não havendo omissão de valores; c) Aduziu que durante o procedimento fiscal, requereu dilação de prazo para apresentação de provas que comprovariam que as entradas em suas contas foram decorrentes de recebimentos de acordos ou sentenças trabalhistas para seus clientes que não dispunham de conta bancária nenhuma para isso, sendo que somente 20% seriam do contribuinte, e o restante foi repassado aos seus cliente; d) Diante disso, admite que o referido prazo foi concedido para o dia 15 de fevereiro de 2007, contudo, a comunicação somente chegou ao contribuinte no dia 16/02/2007, o que impossibilitou a juntada de novos documentos; e) Que a apuração da fiscalização realizada pelo FISCO motivou-se em grande discrepância entre os valores informados nas declarações e a movimentação financeira obtida pelo recolhimento da CPMF; f) Afirma que não houve acréscimo patrimonial, pois a movimentação de contas correntes de pessoas fisicas independe de ampla contabilidade de ç7 créditos e débitos, não sendo correto tributar os depósitos bancários, seja porque eles não representam acréscimo patrimonial, seja porque não representam renda passível de exação; Que passados mais de 3 anos dos fatos ocorridos, não é possível ao contribuinte relacionar com perfeita clareza a sua movimentação financeira. Ademais, aduziu que a movimentação bancária não corporifica fato gerador do imposto de renda; h) Concluiu afirmando que os seus depósitos bancários não podem ser tributados porque são provenientes de apenas duas fontes — suas vendas das cotas da Cooperativa dos ex funcionários da CTB, MPL Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos e do seu trabalho na advocacia trabalhista, a primeira isenta e a segunda que já foi apresentada à tributação anteriormente; i) Trouxe alguns esclarecimentos acerca dos depósitos efetuados nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, que afirma terem sido esclarecidos no procedimento fiscal, mas que não foram admitidos como excludentes à tributação; Diante disso, afirma que há uma injusta dupla cobrança sobre os créditos da Cooperativa e sobre a entrada desses valores nas contas do contribuinte, constituindo um verdadeiro "bis in idem". k) Requereu a nulidade do auto de infração, sendo retomado prazo para apresentação de provas em seu favor, por cerceamento de defesa, e ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa; 1) Arguiu a carência da ação, com base no art. 267, IV do CPC, aduzindo que tributar depósitos bancários, embora possa refletir indícios de auferimento de renda, não caracterizam por si só, disponibilidade de rendimentos, não podendo ser considerados aplicações no fluxo de entradas e saídas para apuração de variação patrimonial, cabendo à fiscalização aprofundar as investigações, a fim de demonstrar que os depósitos efetivamente representam gastos suportados pelo contribuinte. O contribuinte ingressou na esfera judicial contra o auto de infração através do processo 2007.61.15.000091-8, petição juntada às fls. 576 a 589 Foram prestadas as informações de folhas 590 a 600. O mandado de segurança foi indeferido, conforme folhas 601 a 604. Nas folhas 605 a 608, foi anexada tela do site do TRF 3 constando as fases do processo judicial, que se encontra atualmente no TRF3. É o relatório. j) 9 Processo 13557.000079/2007-24 52-C2T1 Acórdão n " 2201-011.608 El• 5 Voto Conselheira Janaina Mesquita Lourenço de Souza, Relatara Trata-se de Recurso Voluntário contra decisão que manteve o Auto de Infração de fls. 372/375, com as infrações de: 1. omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas (honorários advocatícios) da Cooperativa dos Ex-Funcionários da CBT, MPL Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos, com aplicação de multa de 150% às fls. 373; 2. omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada em conta corrente de n" 73,550-7 no Banco do Brasil, agência 0295, com aplicação de multa de 75% às fls. .374/375 A priori, conheço do presente Recurso Voluntário por ser tempestivo, atendendo ao requisito legal de admissibilidade constante no Decreto ri° 70,235/72. O recorrente aduz inicialmente em suas razões de recurso a ocorrência de cerceamento de defesa pois durante o procedimento fiscal, requereu dilação de prazo para apresentação de provas que comprovariam que as entradas em suas contas foram decorrentes de recebimentos de acordos ou sentenças trabalhistas para seus clientes que não dispunham de conta bancária para isso, sendo que sua comissão era 20% dos valores e o restante eram repassados para os clientes. Afirma ainda que o referido prazo foi concedido para o dia 15 de fevereiro de 2007, contudo, a comunicação somente chegou ao contribuinte no dia 16/02/2007, o que impossibilitou a juntada de novos documentos. Manipulando os autos do processo, é fácil verificar que o fato alegado pelo recorrente é procedente, pois de acordo com petição de fls. 366 e Termo de Deferimento n°003 foi lhe deferiu o prazo de 30 dias, todavia o mesmo foi comunicado da prorrogação em 16/02/2007, data da lavratura do Auto de Infração de fls. .372/375, Contudo, entendo que não foi prejudicada a defesa do contribuinte que teve todas as oportunidades de exercê-la, inclusive, juntando provas das origens dos recursos e demais comprovações do que alega a seu favor. Mérito Omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo ernpregatício recebidos de pessoas jurídicas O recorrente alega ser cooperado da Cooperativa de ex-funcionários das empresas CTB, MPÇ Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos, sendo que as cotas da referida cooperativa foram integralizadas com o montante decorrente de acordos de pagamento com seus ex-clientes e credores das referidas empresas, em ações trabalhistas. Ainda aduz que os honorários advocatícios recebidos pelo trabalho nas ações trabalhistas foram pagos com crédito em cotas da mencionada Cooperativa, sendo que este foi devidamente lançado nas declarações de ajustes anuais no Campo "Declarações de Bens e Direitos", não havendo omissão de valores. O fato é que os rendimentos recebidos da cooperativa pelo contribuinte têm natureza de honorários advocatícios, sendo irrelevante, para a incidência de imposto de renda, a denominação que se lhes atribui, conforme o art. 43 do CTN, in verbis: "Ari. 43.. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. 1 a A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da . forma de percepção. (Incluído pela Lcp n" 104, de 10.1,2001) § 2' Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lep n" 104, de 10 1.2001)" Quanto a informação das referidas cotas nas declarações de ajustes anuais no Campo "Declarações de Bens e Direitos" não descaracterizam o fato de se tratar de rendimentos tributáveis. Portanto restando comprovada nos autos a percepção de rendimentos não devidamente declarados pelo interessado, deve ser efetuado o lançamento de oficio do imposto de renda sobre os valores omitidos, independentemente da sua denominação, motivo pelo qual entendo procedente os argumentos da decisão recorrida. Omissão de rendimentos — depósitos bancários Quanto a autuação de omissão de rendimento caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada o recorrente aduz que são provenientes de apenas duas fontes — suas vendas das cotas da Cooperativa dos ex funcionários da CTB, MPL Motores e Mário Pereira Lopes Empreendimentos e do seu trabalho na advocacia trabalhista, a primeira isenta e a segunda que já foi apresentada à tributação anteriormente. Trouxe alguns esclarecimentos acerca dos depósitos efetuados nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, que afirma terem sido esclarecidos no procedimento fiscal, mas que não foram admitidos como excludentes à tributação. O fato é que o recorrente faz alegações sem provas que as sustentem. Cabe ressaltar que a autuação fiscal de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, inverte o ônus da prova ao contribuinte autuado, de modo que o mesmo deve comprovar os depósitos em sua conta corrente, com identificação de datas e valores, o (Luc não 10 Processo n" 13857 000079/2007-24 S2-C211 Acórdão ri 2201-00,608 Fl. 6 ocorreu no presente processo. Tal determinação decorre da própria legislação do Imposto de Renda que instituiu a seguinte presunção. Presunção do artigo 42 da Lei n° 9.430/96 O artigo 42 da Lei n° 9,430/96 encerra uma presunção de omissão de rendimentos que se aplica quando o contribuinte, devidamente intimado, não comprova mediante documentação hábil e idônea a origem dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento de que seja titular. Esse dispositivo legal atribui ao sujeito passivo o ônus de provar a origem dos depósitos bancários constatados pela autoridade fiscal, sob pena de se presumir que referidos valores configuram omissão de rendirnentos A legislação complementar autoriza a incidência do imposto de renda sobre base presumida, conforme artigo 44 do Código Tributário Nacional, segundo o qual "Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis." Assim, em sede de julgamento administrativo conclui-se que o lançamento baseado na presunção do artigo 42 da Lei n° 9,430/96 não ofende a legislação do imposto de renda, pois ela própria alberga a previsão utilizada pela autoridade lançadora de tributar os depósitos bancários sem origem comprovada como rendimentos presumidamente omitidos. "Art,42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento inantida junto a instituição .financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, §1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §22 Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos, §.3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados, - os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II -no caso de pessoa ,fisica, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano- calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). 11 § 40 Tratando-se de pessoa .fisica, os rendimentos omitidos serão tributados no mês que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira." Portanto, o ônus da prova é cabível ao contribuinte que não logrou provar a origem dos depósitos bancários apontados na autuação fiscal e por se tratar de uma autuação meramente baseada em matéria de prova todos os demais argumentos do contribuinte cai por terra por não passarem de meras alegações sem força probante para ilidir o trabalho fiscal. Muita de 150% do item 1 Para a aplicação da multa de 150% é necessária a prova da ação ou omissão de forma dolosa por parte do contribuinte, requisito indispensável para a aplicação qualificada com base nos tipos descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade.fazendária 1 - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72." Este é o entendimento reiterado que gerou a publicação da seguinte Súmula CARF: Súmula CARF N2 14 A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Portanto, a simples presunção de fraude por parte da autoridade fiscal não é suficiente para a qualificação da multa, é necessária maior investigação e fundamentação que deixe evidente o uso de artificios com o fim de lesar o fisco. Por derradeiro, quanto a informação da existência de ação judicial sobre a autuação em tela, cabe ressaltar que não se pode aventar a hipótese de concomitância uma vez que o Mandado de Segurança foi indeferido, conforme folhas 601 a 604. 12 Processo n° 13857 000079/2007-24 S2-C2T1 Acórdão n " 2201-00,608 Fl 7 Pelo exposto, rejeito a preliminar arguida para, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para afastar a nji.qta qualificada do item 1 do Auto de Infração. a*ina Mesquita Lourenço de Souza 13 Brasília/DF, 03/12/2010. Data da ciência: MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo ri': 13857.000079/2007-24 Recurso n° : 163.162 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009, intime-se o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tornar ciência do Acórdão n° 2201-00.608 FVELINE COÊLHO DE 11,tL0 HOMAR Chefe da Secretaria Segunda Câmara da Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: () Apenas com ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Procurador(a) da Fazenda Nacional
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Numero do processo: 19515.003145/2006-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2002, 2004 RECURSO DE OFÍCIO DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IDENTIFICAÇÃO DOS DEPOSITANTES. JUSTIFICATIVA DO DEPÓSITO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS. Incabível o lançamento tributário tendo por base de cálculo depósitos bancários, na pessoa física do titular de conta bancária, quando restar identificado e justificado, por meio de documentação anexada aos autos, o conjunto de pessoas físicas e jurídicas depositantes dos valores questionados, bem como a sua motivação. Os valores assim apurados, quando for o caso, submeter-se-ão às normas de tributação específica prevista na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (art. 42, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). RECURSO VOLUNTÁRIO DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FORMALIDADES INSTITUÍDAS PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. O artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996 operou uma significativa mudança no tratamento tributário conferido à movimentação bancária dos contribuintes. Inverteu o ônus da prova ao atribuir ao contribuinte o encargo de provar, através da apresentação de documentação hábil e idônea, que os valores creditados em conta bancária de sua titularidade (de fato e/ou de direito) não se referem a rendimentos ou receitas omitidas. Por outro lado, a presunção criada a favor do fisco não o afasta da obrigatoriedade de obedecer às formalidades estabelecidas pela legislação tributária para o acesso aos extratos bancários, bem como não dispensa da formalidade de proceder à análise individualizada dos créditos e emitir a regular intimação para que o Fl. 359 DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 2 titular de conta bancária comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 2202-001.497
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, seu advogado, Dr. Amador Outerelo Fernandez, OAB/DF nº. 7.100.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: NELSON MALLMAN
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IDENTIFICAÇÃO DOS DEPOSITANTES. JUSTIFICATIVA DO DEPÓSITO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS. Incabível o lançamento tributário tendo por base de cálculo depósitos bancários, na pessoa física do titular de conta bancária, quando restar identificado e justificado, por meio de documentação anexada aos autos, o conjunto de pessoas físicas e jurídicas depositantes dos valores questionados, bem como a sua motivação. Os valores assim apurados, quando for o caso, submeterseão às normas de tributação específica prevista na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (art. 42, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). RECURSO VOLUNTÁRIO DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FORMALIDADES INSTITUÍDAS PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. O artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996 operou uma significativa mudança no tratamento tributário conferido à movimentação bancária dos contribuintes. Inverteu o ônus da prova ao atribuir ao contribuinte o encargo de provar, através da apresentação de documentação hábil e idônea, que os valores creditados em conta bancária de sua titularidade (de fato e/ou de direito) não se referem a rendimentos ou receitas omitidas. Por outro lado, a presunção criada a favor do fisco não o afasta da obrigatoriedade de obedecer às formalidades estabelecidas pela legislação tributária para o acesso aos extratos bancários, bem como não dispensa da formalidade de proceder à análise individualizada dos créditos e emitir a regular intimação para que o Fl. 359DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 2 titular de conta bancária comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, seu advogado, Dr. Amador Outerelo Fernandez, OAB/DF nº. 7.100. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 360DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório DINA KRYSS, contribuinte inscrita no CPF/MF 754.341.13853, com domicílio fiscal na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, à Rua Rio de Janeiro, nº. 212 – 10º andar Bairro Higienópolis, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo SP, inconformada com a decisão de Primeira Instância de fls. 296/298, prolatada pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador – BA, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 304/316. Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, em 27/12/2006, Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 241/243), com ciência através de AR, em 28/12/2006 (fls. 246), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 8.115.185,94 (Padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora, de no mínimo, de 1% ao mês ou fração, calculados sobre o valor do imposto, relativo aos exercícios de 2002 e 2004, correspondente aos anoscalendário de 2001 e 2003, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização, onde a autoridade lançadora entendeu haver omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme Termo de Verificação Fiscal anexo. Infração capitulada no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996; artigo 4º da Lei nº 9.491, de 1997 e artigo 1º da Lei nº 10.451, de 2002. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, responsável pela constituição do crédito tributário, esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal (fls. 213/232), entre outros, os seguintes aspectos: que da análise dos documentos apresentados pelo contribuinte, em especial dos extratos correntes, organizados nas planilhas constantes das fls. 196 a 208, sustentada com as informações obtidas nos Sistemas Informatizados da SRF, nas fls. 138 a 193, foi possível apurar o total de ingressos nas contas movimentadas pelo contribuinte nos anoscalendário 2001 e 2003, descritas a seguir, mês a mês, não se considerando na totalização destas entradas os valores decorrentes de rendimentos, remunerações e correções monetárias creditados pelas instituições mantenedoras das respectivas contas, bem como aqueles valores decorrentes de transferências entre contas correntes e conta poupança, e aqueles identificados como transferência de mesma titularidade. Os valores foram classificados em razão da constatação ou não de sua origem, sendo aqueles para os quais não fora estabelecida a origem, cujo valor não ultrapasse R$ 12.000,00, agrupados e totalizados por ano calendário, enquanto os de valor superior agregados mensalmente; que diante do exposto, foi considerado como omissão de rendimentos os valores: Janeiro/2001 R$ 1.940.211,85; Junho/2001 R$ 28.459,97; Dezembro/2001 R$ 32.539,23; Janeiro/2003 R$ 3.350.100,00; Abril/2003 R$ 2.985.600,00; Junho/2003 R$ Fl. 361DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 4 26.335,06; Dezembro/2003 R$ 4.950.006,17, referentes a depósitos/créditos efetuados nas contas bancárias do contribuinte fiscalizado, cujas fontes de recursos, até a presente data, não foram comprovadas, razão pela qual, em obediência ao Art. 42, da Lei 9.430/96, observado o art. 4° da Lei 9.481/97, foi levado a efeito de tributação nesta fiscalização, mediante a lavratura do competente Auto de Infração. que a presente ação fiscal foi desenvolvida à vista dos elementos aqui disponíveis, ficando, contudo, ressalvado o direito à Fazenda Nacional de efetuar outras verificações mais abrangentes, inclusive deste mesmo período, ante a superveniência de novos fatos e dados não observados nesta oportunidade. Em sua peça impugnatória de fls. 248/269, instruída pelos documentos de fls. 271/291, apresentada, tempestivamente, em 26/01/2007, a contribuinte, se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Auto de Infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que os depósitos/créditos que a fiscalização arrola para justificar sua tese de "rendimentos não declarados" são os relacionados nos fundamentos da infração supra transcritos. Destes valores, inicialmente, cabe considerar o seguinte: (1) no que tange o valor de janeiro/2001 de R$ 1.940.211,85 o termo de verificação diz tratarse de "transferência do exterior originária do Commercial Bank of New York, proveniente de Tortola/Virgen, ilhas (britânicas) por Fenix Worldwide Limited"; (2) para os valores de junho/2001, R$ 28.459,97 e dezembro/2001, R$ 32.539,23 o termo de verificação limitase a dizer que se tratam de "depósito em cheque"; (3) para os valores de janeiro/2003, R$ 3.350.100,00, abril/2003, R$ 2.985.600,00, junho/2003, R$ 26.335,06 o termo classificaos, singelamente, como "TED recebido"; (4) o valor de dezembro/2003 é composto pela soma de três outros valores: R$ 262.191,20 de 23/12/2003, R$ 3.969.748,53 de 15/12/2003 e R$ 718.066,44 de 29/12/2003, perfazendo a quantia de R$ 4.950.006,17. O valor de R$ 262.191,20 de 23/12/2003, explica o termo de verificação que se trata de um "DOC recebido", e os outros dois valores do mesmo mês, R$ 3.969.748,53 de 15/12/2003 e R$ 718.066,44 de 29/12/2003, como sendo "crédito recebido a título de câmbio flutuante"; que sobre estes nove valores o auto de infração faz incidir a alíquota de 27,5% para apuração do imposto de renda. Calculado o tributo, faz incidir multa de oficio de 75% e juros de mora calculados com base na taxa selic apurada nos respectivos períodos. que conforme se depreende da análise do presente auto, a pretensão fiscal está fundamentalmente baseada no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, com as alterações procedidas pelo artigo 40 da Lei n° 9.481/97; que embora fundamente o ato coator nos artigos supracitados, que estabelecem as condições para a caracterização de infração, é certo que o procedimento fiscal está lastreado única e exclusivamente numa presunção. Presunção esta de que os créditos apurados nas contas da impugnante não foram comprovados através de documentos hábeis e, portanto, escondem rendimentos tributáveis sujeitos à exigência de Imposto de Renda pela Administração Tributária; que a exigência de tributos com base em presunção é regra excepcional, pois a Constituição Federal delimita fatos objetivos como possíveis desencadeadores de cada um dos tributos e, na sequência, a lei criadora do tributo descreve, pormenorizada e abrangentemente, quais das hipóteses permitidas pela Constituição Federal constituirão os fatos geradores do tributo que está sendo criado; Fl. 362DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 3 5 que o caput do artigo 42, descreve o procedimento a ser adotado pela Administração Tributária para poder presumir, e entre as exigências consta, textualmente, a condição "regularmente intimado"; que já o parágrafo 3°, do mesmo artigo, impõe, inexoravelmente, que os créditos serão analisados individualmente". Ora, analisando os fatos e circunstâncias do auto ora impugnado, é certo que o procedimento fiscal não atendeu as exigências da Lei. Isto porque não consta nos autos qualquer intimação, individualizada, para que o contribuinte, agora impugnante, se pronuncie sobre os nove depósitos/créditos ocorridos em suas contas bancárias, em alguns casos, há mais de seis (6) anos; que não foi dada a oportunidade para que a contribuinte se manifestasse a respeito dos depósitos que despertaram dúvidas no fisco, mesmo sendo essa uma imposição da própria lei que fundamentou o auto; que o Termo de Inicio de Fiscalização intima a impugnante, de forma genérica e ampla, a apresentar documentos para o inicio da fiscalização. A impugnante apresentou o que considerou necessário para atender ao fisco, aguardando serenamente que, havendo dúvidas ou alguma inconsistência, seria procedida a solicitação de explicações adicionais. Desta forma, não tinha a impugnante como se antecipar a qualquer fato, ou mesmo, dar explicações a respeito de qualquer origem ou aplicação de recursos sem a devida provocação. É mais do que correto e até sensato que a impugnante se limitasse a fornecer os documentos solicitados, entendendo que a análise destes documentos ensejaria pedidos a respeito das operações neles espelhados, para atender os requisitos legais constantes do artigo 42, da Lei 9.430/96; que, surpreendentemente, o Agente Fiscal, por sua conta e risco, sem intimar a impugnante, arbitrou que ela desconhecia e/ou não tinha documentos sobre a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias, e uma vez criado artificialmente este fato, usouo como ferramenta para exigir, por presunção, os tributos objeto do Auto de Infração que aqui se discute. Deixando de lado o arbítrio, inerente, ao procedimento, no mínimo há que se reconhecer uma dupla presunção: (i) presumiuse que não se conhecia a origem dos recursos para, posteriormente, (ii) presumir que isto configurava omissão de receita; que não se pode admitir que num Estado de Direito, que pretendemos ser, um fato inventado possa servir de base para se exigir tributos. Qual é a prova que consta nestes autos de que foi a contribuinte intimada a explicar a origem dos nove depósitos/créditos questionados pelo fisco? Não há nenhuma prova, por motivo muito simples: a Administração Tributária não tomou nenhuma iniciativa para cercarse dos cuidados exigidos pela lei, cerceando, assim, o direito inicial de defesa da impugnante; que na sequência dos fatos, a assertiva de que a impugnante deixou de explicar ou não conhecia, ou ainda, não tinha os documentos sobre a origem das transações espelhadas em seus extratos bancários, entregues ao fisco em decorrência de intimação efetuada regularmente, é infundada e gratuita. Certo está que, se a impugnante "deixou" de explicar alguma coisa, isto apenas ocorreu porque ela não foi chamada a fazêlo, e estes autos fazem prova disso; que embora invoque a Lei n° 9.430/96 para lavrar o auto ora impugnado, fica patente que o fisco não dispõe das prerrogativas exigidas pelo artigo 42 da citada lei, ou Fl. 363DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 6 seja, intimar sobre fatos individualizados para lançar o tributo, o que torna o Auto de Infração aqui discutido nulo de pleno direito; que a inobservância de ato formal, previsto na norma jurídica reguladora do procedimento, torna o ato administrativo nulo. Ao inobservar a disposição do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, o fisco praticou ato com erro formal, tornandoo nulo sem a possibilidade de correção por qualquer ato posterior. A formalidade é a exigência legal para revestir o ato de legalidade. A prática de atos sem a devida formalidade exigida em lei torna a prática abusiva e irrecuperável. Nas palavras do Mestre Celso Antonio Bandeira de Mello', "a desobediência a este princípio elementar lança de imediato suspeita sobre a boafé com que a Administração tenha agido, inclusive porque nela se traduz um completo descaso tanto pelo fundamental princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos quanto aquele que é, talvez, o mais importante dentre todos os cânones que presidem o Estado de Direito — a saber: o princípio da segurança jurídica."; que ao suprimir o direito da impugnante de prestar os devidos esclarecimentos quando o fisco se deparou com valores que inicialmente não conseguiu identificar, feriuse o princípio da segurança jurídica, que assegura a todos o direito de ser observada a regra legal instituída, no caso, a Lei n° 9.430/96. Feriramse, também, as disposições do artigo 5° da Constituição Federal, previstas nos incisos LIV e LV; que, como já demonstrado, é irregular o lançamento feito e, por si só, nulo. No entanto, para explicitar a boa fé e assegurar que nenhuma preocupação existe em relação às transações bancárias elencadas pelo fisco, comprovando, mais uma vez, que se o procedimento legal tivesse sido observado o Auto ora impugnado sequer existiria, fará a impugnante a prova de que os nove lançamentos que o nobre Agente Fiscal houve por bem autuar espelham fatos de três naturezas, a saber: (a) rendimentos não tributáveis, no caso dividendos pagos por pessoas jurídicas nacionais tributadas pelo lucro real, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce; (b) rendimentos tributados, exclusivamente, na fonte, consistentes em Juros sobre Capital Próprio, pagos pela Companhia Siderúrgica Nacional; (c) permutações patrimoniais, desprovidas de lucro, consistentes em redução de capital em sociedade estrangeira e a restituição de indébito, originado por pagamento indevido; que dos valores destacados no auto de infração como de origem não comprovada, estão os recebidos pela impugnante a título de Dividendos, como a seguir se demonstra: (1) O valor de R$ 28.459,97, de junho/2001 foi pago à impugnante pela Companhia Siderúrgica Nacional, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, como comprova o documento anexo (doc. 04). Deste valor, R$ 24.608,68 foram pagos a título de dividendos e R$ 3.851,29 a título de juros de capital próprio; (2) O valor de R$ 26.335,06, de junho/2003, também foi pago à impugnante pela Companhia Siderúrgica Nacional, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, como comprova o documento anexo (doc. 05). Deste valor, R$17.640,57 foram pagos a título de dividendos e R$8.694,49 a título de juros sobre capital próprio; (3) O valor de R$ 32.539,23 de dezembro/2003 foi pago à impugnante pela Companhia Vale do Rio Doce, a título de dividendos como comprova o documento anexo (doc. 06); que, cabe ressaltar, que a impugnante, em atendimento ao termo inicial de fiscalização, apresentou documentação hábil demonstrando ser possuidora dos investimentos supracitados. Dessa forma, era perfeitamente presumível que a impugnante tivesse recebido rendimentos desses investimentos durante os anos fiscalizados, o que levaria à sensata conclusão que parte dos valores inicialmente não identificados pelo Agente Fiscal, poderiam ser oriundos dessas aplicações. Essa observação é feita apenas com o intuito de demonstrar que o que faltou nestes autos foi a correta aplicação da norma legal que determina cristalinamente a Fl. 364DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 4 7 obrigatoriedade da intimação do contribuinte, de forma individualizada, sempre que o Agente Fiscal se deparar com algum valor ao qual não conseguiu determinar de imediato a origem e/ou natureza; que dos valores destacados no auto de infração como de origem não comprovada, estão os recebidos pela impugnante, a título de juros sobre capital próprio, como a seguir se demonstrará: (1) O valor de R$ 28.459,97, de junho/2001 foi pago à impugnante pela Companhia Siderúrgica Nacional, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, como comprova o documento anexo (doc. 04). Deste valor, R$ 3.851,29 foram pagos a título de juros de capital próprio e R$ 24.608,68 a título de dividendos; (2) O valor de R$ 26.335,06, de junho/2003, também foi pago à impugnante pela Companhia Siderúrgica Nacional, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, como comprova o documento anexo (doc. 05). Deste valor, R$ 8.694,49 foram pagos a título de juros sobre capital próprio e R$ 17.640,57 a título de dividendos; que conforme já mencionado no tópico acima, a impugnante apresentou em cumprimento ao termo inicial de fiscalização, documentação hábil que comprova a existência destes investimentos. Considerando que o objetivo de um investimento é gerar divisa, é certo deduzir que parte da movimentação financeira da impugnante foi gerada com esses rendimentos. Um simples questionamento, conforme previsto na lei teria elucidado a dúvida do Agente Fiscal e terseia evitado a lavratura de um auto de infração nulo de pleno direito; que dos valores destacados no auto de infração como de origem não comprovada, estão os recebidos pela impugnante, a titulo de permutações patrimoniais. Os valores de R$ 1.940.211,85 de Janeiro/2001; R$ 3.350.100,00 de Janeiro/2003; R$ 2.985.600,00 de Abril/2003; R$ 3.969.748,53 e R$ 718.066,44 de Dezembro de 2003 são remessas internacionais feitas pela sociedade estrangeira Fênix Worldwide Limited, onde a impugnante tem participação societária desde 02 dezembro de 1.998, como comprova a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior feita pela impugnante ao Banco Central do Brasil em anexo (doc.07 a 09). Estes valores depositados nas contas bancárias da impugnante decorrem de reduções de capital da sociedade conforme comprovam os documentos anexos (doc. 10 a 14). A repatriação das divisas, cursadas através da operação bancária manualizada pelo BACEN sob o código 68.2009509590, Transferência internacional em moeda nacional foi feita à titulo de desinvestimento em participações no exterior; que é de se observar, que o ora afirmado já foi identificado pelo próprio fiscal autuante, que ao arrolar um dos depósitos, o reconheceu como oriundo da sociedade estrangeira acima citada. Consta no próprio Termo de Verificação Fiscal, anexo ao Auto de Infração. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, os membros da Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador BA concluíram pela procedência parcial da ação fiscal e pela manutenção parcial do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que a impugnante argumenta que a lei não poderia estabelecer presunção de rendimentos omitidos com base em depósitos bancários de origem não comprovada. Não cabe, porém, na esfera administrativa, apreciar o mérito de argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, pois compete exclusivamente ao Poder Judiciário submeter a juízo as normas vigentes; Fl. 365DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 8 que em sua argumentação a interessada confunde dois dispositivos contidos no artigo 42 da Lei 9.430/1996. Afirma que deveria ser intimada a comprovar depósitos que fossem individualizados pela fiscalização. Mas a lei exige apenas que o titular das contas seja regularmente intimado a comprovar a origem dos depósitos (art. 42, caput), o que de fato ocorreu (fls. 04); exige, em segundo lugar, não que os depósitos sejam apontados individualizadamente na intimação, como entende a impugnante, mas sim que sejam "analisados individualizadamente" (§ 3°), o que implica que devem ser comprovados individualizadamente, providência a ser adotada, não pelo Fisco, mas sim pelo próprio titular das contas bancárias. Não se confirma, portanto, o vício de procedimento apontado pelo impugnante; que a impugnante afirma que os depósitos de R$ 1.940.211,85, em janeiro de 2001, de R$ 3.350.100,00, em janeiro de 2003, de R$ 2.985.600,00 em abril de 2003, de R$ 718.066,44 e R$ 3.969.748,53, em dezembro de 2003 seriam remessas internacionais feitas pela Fenix Worldwide Limited, onde tem participação societária desde 1998, conforme declaração prestada ao Banco Central (fls. 09). Afirma que os pagamentos decorrem de redução de capital desta empresa. Como prova, apresenta atas assinadas por si própria, na qualidade de única diretora da sociedade (fls. 280/284), registrando a resolução para redução do capital, com a informação do valor correspondente em dólar; que estes documentos, porém, não comprovam as origens destes depósitos, pois, meramente assinados pela própria interessada, estão desprovidos de elementos objetivos de prova, tais como cópias dos instrumentos bancários no exterior que identifiquem a origem das alegadas transferências de recursos para o Brasil, mesmo porque os depósitos de janeiro e abril de 2003 se originaram exclusivamente no Pais, efetuados que foram através "TED". Observase ainda que em sua declaração de ajuste anual (fls. 13) não está registrada redução de capital que demonstre haver recebido de volta no Pais os recursos investidos no exterior em montante suficiente para justificar tais depósitos, pois ai consta que o investimento na Fenix passou de R$ 10.702.304,04, em dezembro de 2002, para R$ 10.686.690,91 em 31/12/2003; que, cabe observar, porém, quanto ao depósito de R$ 1.940.211,85, em janeiro de 2001, que a sua origem já estava identificada nos documentos bancários apresentados, pois o autuante o descreve como "transferência do exterior (...) proveniente de Tortola/Virgen, Ilhas (Britânicas), por Fenix Worldwide Limited". Se a origem já estava identificada, caberia à fiscalização determinar a matéria tributável em procedimento especifico, em que investigasse os motivos do pagamento, e se estaria sujeito à tributação na pessoa física. O próprio § 2° do art. 42 da Lei 9.430/1996. A presente decisão encontrase consubstanciada nas seguintes ementas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001, 2003 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDIMENTOS. Presumemse rendimentos tributáveis os depósitos bancários de origem não comprovada. DEPÓSITO. IDENTIFICAÇÃO NO EXTRATO. Identificado o depositante no extrato bancário, não cabe aplicar a presunção de rendimentos omitidos por falta de identificação da origem do depósito. Fl. 366DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 5 9 Lançamento Procedente em Parte. Deste ato, a Presidência da Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador BA, recorre de ofício ao então Primeiro Conselho de Contribuintes, atualmente Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em conformidade com o art. 3º inciso II, da Lei nº 8.748, de 1993, com nova redação dada pelo art. 67, da Lei nº 9.532, de 1997 e da Portaria MF nº 375, de 2001. Da mesma forma , após ser cientificado da decisão de Primeira Instância, em 09/03/2009, conforme Termos constantes às fls. 299/303, e, com ela não se conformando, a recorrente interpôs, em tempo hábil (07/04/2009), o recurso voluntário de fls. 304/316, no qual demonstra irresignação contra a parte da decisão mantida, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 367DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 10 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator = QUANTO AO RECURSO DE OFÍCIO = O presente recurso de ofício reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise, dos autos do processo, se verifica, que a ação fiscal em discussão teve início em razão da movimentação financeira da recorrente e que pela análise dos extratos bancários apurouse a omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito, mantida em instituições financeiras, em relação aos quais, no entender da autoridade fiscal, a contribuinte não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações já na vigência do artigo 42, da Lei 9.430, de 1996. Da análise dos autos se constata, que a Primeira Instância decidiu tomar conhecimento da impugnação por apresentação tempestiva para, no mérito deferila, determinando o cancelamento parcial do crédito tributário constituído, baseado no argumento chave de que a presunção de omissão de rendimentos do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, não alcança valores cuja origem tenha sido comprovada, cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação específica. Vivemos em um Estado de Direito, onde deve imperar a lei, de tal sorte que o indivíduo só se sentirá forçado a fazer ou não fazer alguma coisa compelido pela lei. Daí porque o lançamento ser previsto no art. 142 do Código Tributário Nacional como atividade plenamente vinculada, isto é, sem possibilidade de a cobrança se firmar em ato discricionário, e, por outro lado, obrigatória, isto é o órgão da administração não pode deixar de cobrar o tributo previsto em lei. Resta claro, na decisão de Primeira Instância, de que da análise dos documentos, acostados aos autos, cabe razão parcial a contribuinte. Observase, que no entendimento do órgão julgador, o artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996 operou uma significativa mudança no tratamento tributário conferido à movimentação bancária dos contribuintes, invertendo o ônus da prova ao atribuir ao contribuinte o encargo de provar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Por outro lado, firmou posição no sentido de que nas situações em que o contribuinte apresenta elementos comprobatórios da origem dos recursos utilizados nas operações questionadas, não contestados pela autoridade lançador, mediante a realização de diligências, e se estes recursos não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação, específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Ora, indiscutivelmente, através do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos. Não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização legal Fl. 368DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 6 11 para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Alega, a decisão recorrida, que o crédito no valor de R$ 1.940.211,85 é depósito identificado no extrato e que o valor de R$ 28.459,97 é distribuição de dividendos da Cia Siderúrgica Nacional (fls. 274), bem como o valor de R$ 26.335,06 são relativo a juros sobre capital próprio e R$ 262.191, é relativo a ressarcimento de pagamento indevido à LG. Philips Displays Brasil Ltda., conforme correspondência às fls. 291, e dados dos extratos do Banco Sudameris, às fls. 103/104, demonstrando o pagamento e a sua devolução. Diante disso, entendeu a decisão, que estando comprovado que estas operações estão com a origem identificada e que a autoridade fiscal lançadora deveria, se fosse o caso, sobre estes valores recair a tributação específica prevista no § 2º do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Como visto, a solução do litígio passa, necessariamente, pela discussão sobre matéria de prova quando o assunto for exigência fiscal por omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contacorrente e/ou de poupança, mantidas em instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte foi regularmente intimado, para realizar a comprovação, mediante apresentação da documentação hábil e idônea, da origem dos recursos utilizados nessas operações, ou seja, no caso de infração capitulada no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996; artigo 4º da Lei nº 9.481, de 1997; artigo 21 da Lei nº 9.532, de 1997 e artigo 1º da Lei nº 9.887, de 1999. Assim sendo, fazse necessário mencionar, que a presunção criada pela Lei n° 9.430, de 1996, é uma presunção relativa passível de prova em contrário, ou seja, está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do contribuinte, em instituições bancárias. A simples prova em contrário, ônus que cabe ao contribuinte, faz desaparecer a presunção de omissão de rendimentos. Por outro lado, a falta de justificação faz nascer à obrigação do contribuinte para com a Fazenda Nacional de pagar o tributo com os devidos acréscimos previstos na legislação de regência, já que a principal obrigação em matéria tributária é o recolhimento do valor correspondente ao tributo na data aprazada. A falta de recolhimento no vencimento acarreta em novas obrigações de juros e multa que se convertem também em obrigação principal. Assim, desde que o procedimento fiscal esteja lastreado nas condições imposta pelo permissivo legal, entendo que seja da recorrente o ônus de provar a origem dos recursos depositados em sua conta corrente, ou seja, de provar que há depósitos, devidamente especificados, que representam aquisição de disponibilidade financeira não tributável o que já foi tributado. Desta forma, para que se proceda à exclusão da base de cálculo de algum valor considerado, indevidamente, pela fiscalização, se faz necessário que o contribuinte apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo. É evidente, que depósitos bancários de origem não comprovada se traduzem em renda presumida, por presunção legal “juris tantum”. Isto é, ante o fato material constatado, qual seja depósitos/créditos em conta bancária, sobre os quais o contribuinte, devidamente intimado, não apresentou comprovação de origem, a legislação ordinária autoriza a presunção de renda relativamente a tais valores (Lei n° 9.430/96, art. 42). Fl. 369DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 12 Indiscutivelmente, esta presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados. Verificase que, durante a fase impugnatória, a contribuinte esclareceu, que os recursos eram provenientes das atividades pela exercida e no intuito de comprovar sua afirmação apresentou à autoridade julgadora de Primeira Instância documentos e argumentos com indicação, ainda que precariamente, do nome dos depositantes. Ora, no caso de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários, o ônus da prova da origem dos recurso movimentados compete ao contribuinte, entretanto, as informações e as provas da origem dos recursos coletados durante o procedimento fiscal ou na fase impugnatória, somente, podem ser desprezadas quando restar comprovado que as mesmas são imprestáveis ou inverídicas. E esta prova é de responsabilidade da autoridade fiscal ou da autoridade julgadora. É de se ter em mente, que a autoridade fiscal só poderá rechaçar as informações prestadas e provas apresentadas pelos contribuintes identificando a origem dos recursos, nos casos em que houver sido realizado diligências junto às pessoas identificadas no processo e que o resultado destas diligências restasse comprovado que as informações e as provas não eram verdadeiras. Não há dúvidas, que a Lei nº 9.430, de 1996, definiu, portanto, que os depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do anocalendário de 1997, caracteriza omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, estando, por conseguinte, sujeito à tributação pelo Imposto de Renda nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988. No caso em questão, restou comprovado, que a suplicante, na fase impugnatória, produziu as provas necessárias para que fossem identificados, de forma parcial, a origem dos recursos dos depósitos bancários questionados, situação que se inverte o ônus da prova do contribuinte para o fisco. Isto é, caberia ao fisco comprovar que o alegado não correspondia à verdade dos fatos, através de realização de diligências. Não há dúvidas, que a presunção legal júris tantum inverte o ônus da prova. Entretanto, neste caso, a autoridade lançadora fica responsável pela comprovação, mediante a apresentação de contra prova, de que os depósitos bancários não foram comprovados (fato indiciário) e que correspondem, efetivamente, ao auferimento de rendimento (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. Assim, estando comprovado, que a contribuinte comprovou de forma parcial a origem dos depósitos questionados, é forçoso de se concluir que os recursos movimentados na contacorrente do contribuinte têm origem identificada deste modo caberia a autoridade fiscal, se fosse o caso, proceder conforme determina o parágrafo 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Assim sendo e considerando que todos os elementos de prova que compõe a presente lide foram objeto de cuidadoso exame por parte da autoridade julgadora de Primeira Instância e que a mesma deu correta solução à demanda, aplicando a legislação de regência à época da ocorrência do fato gerador, fazendo prevalecer à justiça tributária, VOTO pelo conhecimento do presente recurso de ofício, e, no mérito, NEGO provimento. Fl. 370DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 7 13 =QUANTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO = O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Com já dito, anteriormente, quando da análise do recurso de ofício, todo a discussão, neste processo, teve início em razão da movimentação financeira da recorrente e que pela análise dos extratos bancários apurouse a omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito, mantida em instituições financeiras, em relação aos quais, no entender da autoridade fiscal, a contribuinte não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações já na vigência do artigo 42, da Lei 9.430, de 1996. Antes de qualquer outra análise, se faz necessário proceder a análise de uma questão prejudicial levantada pela recorrente. Alega a recorrente, que o caput do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, descreve o procedimento a ser adotado pela Administração Tributária para poder presumir omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, e entre as exigências consta, textualmente, a condição "regularmente intimado" e que o parágrafo 3°, do mesmo artigo, impõe, inexoravelmente, que os “créditos serão analisados individualmente". Contudo, entende a recorrente, que analisando os fatos e circunstâncias do lançamento questionado, é certo que o procedimento fiscal não atendeu as exigências da Lei. Isto porque não consta nos autos qualquer intimação, individualizada, para que a contribuinte se pronuncie sobre os depósitos/créditos ocorridos em suas contas bancárias. Entende, ainda, que em resposta ao Termo de Início de Fiscalização, apresentou o que considerou necessário para atender ao fisco, aguardando serenamente que, havendo dúvidas ou alguma inconsistência, seria procedida a solicitação de explicações adicionais. Desta forma, não tinha a contribuinte como se antecipar a qualquer fato, ou mesmo, dar explicações a respeito de qualquer origem ou aplicação de recursos sem a devida provocação. É mais do que correto e até sensato que a contribuinte se limitasse a fornecer os documentos solicitados, entendendo que a análise destes documentos ensejaria pedidos a respeito das operações neles espelhados, para atender os requisitos legais constantes do artigo 42 da Lei 9.430, de 1996. Porém, não foi isto que aconteceu, surpreendentemente, a autoridade fiscal lançadora, por sua conta e risco, sem intimar a contribuinte, arbitrou que ela desconhecia e/ou não tinha documentos sobre a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias. Da análise do assunto, resta claro, que não foi dada a oportunidade para que a recorrente se manifestasse a respeito dos depósitos que despertaram dúvidas na autoridade fiscal lançadora. No entendimento deste relator, essa é uma imposição da própria lei que fundamentou o auto (Art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996). Observase, que o Termo de Inicio de Fiscalização (fls. 04) intima a recorrente, de forma genérica e ampla, a apresentar documentos para o inicio da fiscalização, verbis: E, em cumprimento ao determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF em referência, e com amparo nos já mencionados artigos do RIR/99 e art. 19, § 1 0, da Lei 3.470/58, Fl. 371DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 14 com redação dada pelo art. 71 da Medida Provisória n° 2.158 35/01, fica o (a) contribuinte acima identificado intimado (a) a, no prazo de 20 (vinte) dias contados da data do recebimento do presente Termo a: 1. apresentar os extratos bancários relativos a todas as contas correntes e aplicações financeiras (inclusive poupanças) mantidas em seu nome junto a instituições financeiras, no Brasil e no exterior, nos períodos de 1.° de janeiro a 31 de dezembro de 2001 e 1. 0 de janeiro a 31 de dezembro de 2003; 2. comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos depositados nas contas bancárias do contribuinte no período indicado no item 1; 3. identificar, quando e se for o caso de conta conjunta, os co titulares das contas bancárias. Assim, com a devida vênia, dos que assim não pensam, para mim a razão está com a recorrente, pois o fornecimento e manutenção da segurança jurídica pelo Estado de Direito no campo dos tributos assume posição fundamental, razão pela qual o princípio da Legalidade se configura como uma reserva absoluta de lei, de modo que para efeitos de criação ou majoração de tributo é indispensável que a lei tributária exista e encerre todos os elementos da obrigação tributária. À Administração Tributária está reservado pela lei o direito de questionar a matéria, mediante processo regular, mas sem sobra de dúvida deve se atrelar à lei existente. Com efeito, a convergência do fato imponível à hipótese de incidência descrita em lei deve ser analisada à luz dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada, que demandam interpretação estrita. Da combinação de ambos os princípios, resulta que os fatos erigidos, em tese, como suporte de obrigações tributárias, somente, se irradiam sobre as situações concretas ocorridas no universo dos fenômenos, quando vierem descritos em lei e corresponderem estritamente a esta descrição. Como a obrigação tributária é uma obrigação ex lege, e como não há lugar para atividade discricionária ou arbitrária da administração que está vinculada à lei, devese sempre procurar a verdade real à cerca da imputação, desde que a obrigação tributária esteja prevista em lei. Não basta a probabilidade da existência de um fato para dizerse haver ou não haver obrigação tributária. Neste aspecto, deve prosperar, na íntegra, os argumentos da recorrente, já que o ônus de estabelecer a base de cálculo do tributo em questão é da autoridade fiscal lançadora, que deve estabelecer os critérios de como será desenvolvido a análise dos depósitos bancários questionados, sendo a legislação de regência cristalina, conforme o transcrito abaixo: Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 372DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 8 15 § 1º O valor das receitas ou rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I – os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II – no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Lei n.º 9.481, de 13 de agosto de 1997: Art. 4° Os valores a que se refere o inciso II do § 3° do art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. Lei n.º 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 58. O art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 5° e 6°: Art. 42. (...) § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será Fl. 373DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 16 imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titular. Instrução Normativa SRF nº 246, 20 de novembro de 2002: Dispõe sobre a tributação dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira em relação aos quais o contribuinte pessoa física, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos. Art. 1º Considerase omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos o contribuinte, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea. § 1º Quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 2º Caracterizada a omissão de rendimentos decorrente de créditos em conta de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos dos titulares tenha sido apresentada em separado, o valor dos rendimentos é imputado a cada titular mediante divisão do total dos rendimentos pela quantidade de titulares. Art. 2º Os rendimentos omitidos serão considerados recebidos no mês em que for efetuado o crédito pela instituição financeira. Art. 3º Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, os créditos serão analisados individualizadamente. § 1º Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o somatório desses créditos não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), dentro do anocalendário. § 2º Os créditos decorrentes de transferência entre contas de mesmo titular não serão considerados para efeito de determinação dos rendimentos omitidos. Da interpretação dos dispositivos legais acima transcritos podemos afirmar, que para a determinação da omissão de rendimentos na pessoa física, a fiscalização deverá proceder a uma análise preliminar dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, onde devem ser observados os seguintes critérios/formalidades: I – não serão considerados os créditos em conta de depósito ou investimento decorrentes de transferências de outras contas de titularidade da própria pessoa física sob fiscalização; II – os créditos serão analisados individualizadamente, ou seja, a análise dos créditos deverá ser procedida de forma individual (um por um); Fl. 374DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 9 17 III – nesta análise não serão considerados os créditos de valor igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais (com a exclusão das transferências entre contas do mesmo titular); IV – todos os créditos de valor superior a doze mil reais integrarão a análise individual, exceto os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física fiscalizada; V – no caso de contas em conjunto cuja declaração de rendimentos tenham sido apresentadas em separado, os lançamentos de constituição de créditos tributários efetuados a partir da entrada em vigor da Lei n° 10.637, de 2002, ou seja, a partir 31/12/02, deverão obedecer ao critério de divisão do total da omissão de rendimentos apurada pela quantidade de titulares, sendo que todos os titulares deverão ser intimados para prestarem esclarecimentos; VI – quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento; VII – os rendimentos omitidos, de origem não comprovada, serão apurados no mês em que forem recebidos e estarão sujeitos, com multa de ofício, na declaração de ajuste anual, conforme tabela progressiva vigente à época. Podese concluir, ainda, que: I na pessoa jurídica os créditos serão analisados de forma individual, com exclusão apenas dos valores relativos a transferências entre as suas próprias contas bancárias, não sendo aplicável o limite individual de crédito igual ou inferior a doze mil reais e oitenta mil reais no anocalendário; II – caracteriza omissão de receita ou rendimento, desde que obedecidos os critérios acima relacionados, todos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações, desde que regularmente intimada a prestar esclarecimentos e comprovações; III – na pessoa física a única hipótese de anistia de valores é a existência de créditos não comprovados que individualmente não sejam superiores a doze mil reais, limitado ao somatório, dentro do anocalendário, a oitenta mil reais; IV – na hipótese de créditos que individualmente superem o limite de doze mil reais, sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas específicas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; V – na hipótese de créditos não comprovados que individualmente não superem o limite de doze mil reais, entretanto, estes créditos superam, dentro do ano calendário, o limite de oitenta mil reais, todos os créditos sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea Fl. 375DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN 18 que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas específicas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; VI os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específica previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos; VII para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o somatório desses créditos não comprovados não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00, dentro do anocalendário. Como se vê, nos dispositivos legais mencionados, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos. Não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização legal para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Da mesma forma, a legislação de regência estabeleceu regras e critérios para a autoridade fiscal lançadora materializar a base de cálculo, tendo por base depósitos bancários cuja origem não foi justificada. É incontroverso, que é função da autoridade fiscal lançadora, entre outras, comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento, examinar a correspondente declaração de rendimentos e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos/informações/esclarecimentos, com vistas à verificação da ocorrência de omissão de rendimentos de que trata o artigo 42 da lei nº 9.430, de 1996. Ora, no presente caso, não houve intimação específica para que a recorrente apresentasse a sua justificativa de origem para dos depósitos de forma individualizada, através da apresentação, pela fiscalização, de um relatório que indique os depósitos que foram questionados de forma individual e personalizada (valor, data, etc.). Além do mais, não houve nem ao menos uma análise preliminar para a exclusão das transferências, estornos, etc. A única intimação realizada para a recorrente foi o Termo de Inicio de Fiscalização, anteriormente mencionado, restando claro que antes da “intimação” (Termo de Início de Fiscalização) não houve nenhuma análise dos depósitos bancários questionados. Estou convicto que o lançamento em discussão não cumpriu o rito das exigências imposta pela legislação de regência para transformar em presunção legal de omissão de rendimentos os depósitos bancários questionados. Os autos demonstram, de forma clara, que só houve uma única, geral e genérica intimação à recorrente. Não foi dado à recorrente a oportunidade de se manifestar antes da lavratura do auto de infração, sobre qualquer valor que a autoridade fiscal lançadora incluiu na base de cálculo a título de omissão de rendimentos. Assim sendo, tem razão a recorrente quando alega, que uma coisa é pedir genericamente documentos de sua movimentação financeira anual, outra é pontuar sobre quais movimentos financeiros você quer prova de origem. São fatos e atos distintos, que precisariam ter sido pontuados e questionados pelo fisco antes da autuação. Fl. 376DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003145/200694 Acórdão n.º 220201.497 S2C2T2 Fl. 10 19 Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 377DF CARF MF Emitido em 28/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 07/12/2011 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 10865.002110/2002-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 1998
EXCLUSÃO DA BASE TRIBUTÁVEL. DEPÓSITOS INDIVIDUALMENTE IGUAIS OU INFERIORES A R$12.000,00.
Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, não devem ser
considerados os depósitos de valor individual igual ou inferior a
R$12.000,00, desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00, em relação a todas as contas bancárias movimentadas pelo contribuinte.
Numero da decisão: 2202-001.411
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Maria Lúcia Motiz de Aragão Calomino Astorga
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conteudo_txt : Metadados => date: 2011-11-06T11:41:27Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - APV2202_10865002110200260_AntonioSergioViviani.doc; xmp:CreatorTool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: 80298141787; dcterms:created: 2011-11-06T11:41:27Z; Last-Modified: 2011-11-06T11:41:27Z; dcterms:modified: 2011-11-06T11:41:27Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Microsoft Word - APV2202_10865002110200260_AntonioSergioViviani.doc; Last-Save-Date: 2011-11-06T11:41:27Z; pdf:docinfo:creator_tool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2011-11-06T11:41:27Z; meta:save-date: 2011-11-06T11:41:27Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - APV2202_10865002110200260_AntonioSergioViviani.doc; modified: 2011-11-06T11:41:27Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: 80298141787; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: 80298141787; meta:author: 80298141787; meta:creation-date: 2011-11-06T11:41:27Z; created: 2011-11-06T11:41:27Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2011-11-06T11:41:27Z; pdf:charsPerPage: 1709; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: 80298141787; producer: GPL Ghostscript 8.15; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: GPL Ghostscript 8.15; pdf:docinfo:created: 2011-11-06T11:41:27Z | Conteúdo => S2-C2T2 Fl. 1 1 S2-C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.002110/2002-60 Recurso nº 169.848 Voluntário Acórdão nº 2202-01.411 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2011 Matéria Depósito Bancário Recorrente ANTONIO SÉRGIO VIVIANI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 1998 EXCLUSÃO DA BASE TRIBUTÁVEL. DEPÓSITOS INDIVIDUALMENTE IGUAIS OU INFERIORES A R$12.000,00. Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, não devem ser considerados os depósitos de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00, desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00, em relação a todas as contas bancárias movimentadas pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga - Relatora Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Júnior e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 185DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA 2 Relatório Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 4 e 5, integrado pelos demonstrativos de fls. 6 e 7, pelo qual se exige a importância de R$23.055,20, a título de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora, em virtude da apuração de omissão de rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, ano-calendário 1998. DA AÇÃO FISCAL O procedimento fiscal encontra-se descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 9 a 16, no qual o autuante esclarece que: • em resposta ao Termo de Início de Fiscalização, cientificado em 12/06/2002, o contribuinte apresentou, em 16/07/2002, dentre outros documentos, os extratos bancários, referentes ao ano-calendário 1998, das seguintes contas correntes: no 0659.11412-8 do Banco Itaú, no 526-6 do Bradesco e no 76.720-4 do Banco do Brasil. Juntou, ainda, declaração da Sra. Maria Aparecida Rocha Viviani (mãe do contribuinte), informando que com o falecimento de seu esposo, a partir de abril de 1998, houve a transferência da administração financeira de seus vencimentos, da conta corrente no 12.615-2, da agência 2589-5 do Banco do Brasil para a conta corrente no 76.720-4 de seu filho Antonio Sergio Viviani, que utilizou tais recursos financeiros para pagar as obrigações dela; • em 07/08/2002, o contribuinte apresentou os extratos bancários em nome de sua mãe, do período de abril a dezembro de 1998, referente à conta corrente no 12.615-2 do Banco do Brasil; • por meio do Termo de Intimação de 14/08/2002, recebido em 20/08/2002, o contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos valores creditados nas contas correntes em nome do interessado, no ano-calendário de 1998. Informa o autuante que foram discriminados apenas os valores superiores R$800,00, para facilitar o trabalho; • em resposta recepcionada pela fiscalização em 21/10/2002, o contribuinte apresentou diversos esclarecimentos visando justificar a origem dos recursos ingressados em suas contas bancária; • em 23/10/2002 foi solicitado diretamente ao Banco HSBC Bamerindus informações sobre a movimentação financeira do interessado. A referida instituição financeira apresentou cópia das informações cadastrais do interessado e dos extratos da conta corrente no 1318-02683-19, conjunta com a Sra. Elizabeth Missiato Viviani, esposa do contribuinte. • a fiscalização concluiu que o fiscalizado não era o responsável pela origem dos créditos efetuados na conta corrente junto ao Banco HSBC; Fl. 186DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA Processo nº 10865.002110/2002-60 Acórdão n.º 2202-01.411 S2-C2T2 Fl. 2 3 • revisando os extratos bancários do Banco do Brasil, Itaú e Bradesco, em cotejo com os dados dos extratos bancários do Banco HSBC e mais os esclarecimentos do interessado, a fiscalização excluiu diversos valores indicados no Termo de Verificação Fiscal, apurando ao final, R$88.826,21 de depósitos de origem não comprovada, efetuados nas contas correntes mantidas pelo contribuinte no Banco do Brasil, Itaú e Bradesco, conforme discriminado às fls. 15 e 16. Os depósitos cuja origem não foi comprovada foram tributados como omissão de rendimentos, nos termos do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996. DA IMPUGNAÇÃO Inconformado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 118 a 126, cujo resumo se extraí da decisão recorrida (fl. 132): O Autuado tomou ciência do lançamento em 17/12/2002, às fl. 117, tendo ingressado com a impugnação de fls. 118/126, em 15/01/2003, alegando, em síntese que: - Inobservância de ato normativo - Instrução Normativa SRF n° 246/2002, art. 1o § 1o e § 2o, causando ilegalidade do ato funcional, em face de: - desconsiderar que as contas correntes são conjuntas devendo-se efetuar a divisão total dos rendimentos pela quantidade de titulares; - a conta n° 76.720-4 do Banco do Brasil movimenta valores que não pertencem ao impugnante e sim à sua genitora, bem como a maioria dos valores movimentados na conta n° 11.412-8 do Banco Itaú pertencem à esposa do impugnante, devendo a determinação dos rendimentos ser efetuada em relação aos terceiros. - Os depósitos bancários não configuram renda, ganho de capital ou trabalho não se constituindo em fato, gerador do imposto de renda. Cita Acórdãos do Conselho de Contribuintes; - Inobservância do período mensal de apuração e pagamento do imposto sobre renda, contrariando o art. 2° da Lei n° 7.713/88 e § 4°, do art. 42, da lei n° 9.430/96. Cita Acórdão do Conselho de Contribuintes; - A adoção da taxa Selic como juros moratórios é ilegal e inconstitucional por ferir o pressuposto e a finalidade desta espécie de juros e por não guardar correlação lógica com a recomposição do patrimônio lesado, pela falta do tributo não pago, como se busca nos juros moratórios e a Lei n° 9.065/95 não encontra fundamento no art. 161, § 1° do CTN; - Algumas informações foram obtidas com base na movimentação financeira do contribuinte, sem que houvesse autorização judicial, tornando ilícito e inconstitucional o procedimento e imprimindo improcedência à ação fiscal guerreada. A quebra do sigilo bancário ocorreu em desrespeito à Norma Constitucional; - Requer improcedência do lançamento. Fl. 187DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA 4 DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação apresentada pelo contribuinte, a 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo II (SP) manteve em parte o lançamento, proferindo o Acórdão no 17-26.707 (fls. 129 a 141), de 07/08/2008, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 1998 Omissão de Rendimento. Lançamento com base em Depósitos Bancários - A presunção legal de omissão de receitas, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. O lançamento encontra-se correto, tendo sido consideradas todas as exclusões cabíveis. Depósitos Bancários - Conta Conjunta - O lançamento com base em depósitos bancários deve ter a base tributável dividida pelo número de titulares da conta conjunta nos casos em que tiverem rendimentos próprios e declarem em separado. Depósitos Bancários - Terceiros - A alegação da existência de empréstimo realizado com terceiro, pessoa física ou jurídica, deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva transferência do numerário emprestado. Não comprovado que todos os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas permanecerá em nome do titular da conta de depósito ou de investimento. Depósitos Bancários - Renda - Ao deixar de comprovar a origem dos recursos oriundos dos depósitos bancários, o contribuinte sujeita-se à apuração por presunção da disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos sem origem justificada. Depósitos Bancários - Tributação - A omissão de rendimentos exteriorizada por depósitos bancários não justificados, deve ser apurada no mês em que forem considerados recebidos, sem prejuízo, do ajuste anual. Taxa SELIC. Aplicabilidade - Os créditos tributários vencidos e não pagos a partir de 01/04/1995, sofrem a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sendo cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora em percentual superior a 1%. Sigilo Bancário - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. Fl. 188DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA Processo nº 10865.002110/2002-60 Acórdão n.º 2202-01.411 S2-C2T2 Fl. 3 5 Decisões Administrativas e Judiciais. Efeitos - As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação e daquelas objeto de Súmula vinculante, nos termos da Lei n° 11.417 de 19 de dezembro de 2006, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Doutrina. Efeitos - A doutrina transcrita não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. Inconstitucionalidade de Lei - Compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre matéria relativa a constitucionalidade de lei. A decisão a quo reduziu a metade o valor da omissão de rendimentos apurada, por se tratar se tratar de conta conjunta em que os titulares apresentaram declaração em separado, nos termos do art. 42, §6o, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (fl. 134). DO RECURSO VOLUNTÁRIO Notificado do Acórdão de primeira instância, em 25/08/2008 (vide AR de fl. 143), o contribuinte interpôs, em 27/08/2008, tempestivamente, o recurso de fls. 144 a 152, no qual, basicamente reitera os termos de sua impugnação e aduz que: • o lançamento fundamentado no art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, deve observar o disposto no §3o, inciso II, que desconsidera a presunção da omissão de receitas, “no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).” • conforme consignado na decisão recorrida, à fl. 141, total dos depósitos não comprovados foi de R$ 44.413,11, e segundo o demonstrativo de fls. 15 e 16, todos os depósitos são menores que R$ 12.000,00. DA DISTRIBUIÇÃO Processo que compôs o Lote no 08, distribuído para esta Conselheira na sessão pública da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de 29/11/2010, veio numerado até à fl. 154 (última folha digitalizada)1. 1 Não foi encaminhado o processo físico a esta Conselheira. Recebido apenas o arquivo digital. Fl. 189DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA 6 Voto Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Trata-se de lançamento decorrente de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, com fulcro na presunção legal prevista no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O julgador a quo reduziu o total da omissão apurada pela fiscalização de R$88.826,21 para R$44.413,11, conforme indicado à fl. 134, por se tratar de conta conjunta em que os titulares apresentaram declaração em separado, nos termos do art. 42, §6o, da Lei no 9.430, de 1996. Convém lembrar, que a redação original do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, previa, no caso de pessoa física, que o levantamento da omissão de rendimentos fosse feito excluindo-se os depósitos individualmente inferiores a R$1.000,00, desde que no total não ultrapassem R$12.000,00 num mesmo ano-calendário (inciso II, § 3o, do art. 42). Contudo, com o advento da Lei no 9.481, de 13 de agosto de 1997, tais limites foram aumentados para R$ 12.000,00 e R$ 80.000,00, respectivamente, produzindo seus efeitos a partir de janeiro de 1997 (art. 4o e 6o da Lei no 9.481/1997). Compulsando-se os autos, verifica-se que os depósitos bancários de origem não comprovada identificados pela fiscalização não ultrapassaram R$12.000,00 (vide Termo de Verificação Fiscal às fls. 15 e 16) e o total anual da omissão mantida pela decisão recorrida é de é R$44.413,11, e, portanto, não supera o limite de R$80.000,00. Destarte, o lançamento deve ser julgado improcedente, nos termos do art. 42, §3o, inciso II, da Lei no 9.430, de 1996, deixando-se, assim, de apreciar demais argumentos trazidos pela defesa por perda de objeto. Diante do exposto, voto por DAR provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 190DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA, Assinado digitalmente em 07/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 06/11/2011 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CA
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