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Numero do processo: 13817.000216/2002-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
EMBARGOS. ERRO DE ESCRITA. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA.
Devem ser acolhidos os Embargos quando demonstrada ocorrência de erro de escrita ou lapso manifesto.
Embargos Acolhidos
Acórdão Retificado
Numero da decisão: 3302-003.377
Decisão: Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos, para retificar o Acórdão Embargado.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Linhares e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ERRO DE ESCRITA. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA. Devem ser acolhidos os Embargos quando demonstrada ocorrência de erro de escrita ou lapso manifesto. Embargos Acolhidos Acórdão Retificado Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos, para retificar o Acórdão Embargado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Linhares e Walker Araújo. Relatório A Embargante em epígrafe interpõe Embargos de Declaração ao Acórdão 3102002.360, de 29/01/2015, que, à época, recebeu a seguinte ementa. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 7. 00 02 16 /2 00 2- 92 Fl. 509DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 186 2 CRÉDITOS DO CONTRIBUINTE. COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE OUTRO ESTABELECIMENTO. MESMA PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. A autonomia dos estabelecimentos é um critério basilar do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI; todavia, uma vez que a legislação autorize a compensação dos créditos do estabelecimento com os débitos da pessoa jurídica, não há que se falar em compensação com créditos de terceiros. SALDO CREDOR ACUMULADO. UTILIZAÇÃO. PERÍODO DE APURAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. Por força de Lei, o saldo credor do IPI acumulado em cada trimestre calendário, que o contribuinte não puder compensar com o Imposto devido na saída de outros produtos, pode ser utilizado na restituição ou compensação com débitos próprios de outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O saldo credor de cada trimestrecalendário é calculado com base no saldo inicial do período, somado aos créditos e subtraído dos débitos contabilizados. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 JULGAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO. MATÉRIA IMPUGNADA. RECURSO. EFEITO DEVOLUTIVO. A impugnação e o recurso voluntário devolvem ao tribunal administrativo competente para proferir a decisão o conhecimento da matéria em litígio, devendo ser apreciadas e julgadas todas as questões suscitadas e discutidas no processo, independentemente das razões que nortearam a decisão contestada. Os fundamentos e motivos da decisão a quo não fazem coisa julgada. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. LEI NOVA. NATUREZA PROCEDIMENTAL. FATOS ANTERIORES. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. A lei de natureza procedimental aplicase desde logo aos processos pendentes de julgamento, ainda que neles se discutam fatos definitivamente constituídos em data anterior à vigência da lei. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O Relatório que fundamentou o Acórdão pelo presente embargado teve o seguinte teor. Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratase de Pedido de Ressarcimento de Créditos de IPI que se refere ao saldo credor do artigo 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, combinado com saídas com suspensão do IPI de que dispõe a Instrução Normativa SRF nº Fl. 510DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 187 3 113/99, no montante de R$ 454.501,78, respeitante ao 1º trimestrecalendário de 2002. As compensações estão nos processos apensados nº 10805.001776/200477 e nº 13654.000150/200241. O Termo de Verificação Fiscal, lavrado em 12/11/2007, assim dispõe sobre o processo em questão: “(...) a) Verificação da correta instrução dos processos e autenticidade dos documentos juntados pelo interessado Inicialmente queremos destacar que os créditos de IPI a serem analisados, relativos aos processos acima citados, têm por fundamento legal a restituição do saldo credor do IPI permitida pelo artigo 11 da Lei No 9.779, de 19 de janeiro de 1999, originados pela saída do estabelecimento industrial, com suspensão de IPI, de produtos fabricados destinados à montagem de veículos automotores (TIPI 8701 a 8705), de acordo com o artigo 5° da Lei No 9.826, de 23 de agosto de 1999, e Instrução Normativa IN SRF No 113, de 14 de setembro de 1999, c/c a saída de produtos fabricados destinados à exportação, que possuem imunidade de acordo com o artigo 18, inciso II, do RIPI/98. (...) b) Verificação da legitimidade dos saldos escriturados b.3) Constatamos que o valor de R$ 454.501,78, relativo ao Pedido de Ressarcimento solicitado pelo fiscalizado através do processo n° 13817.000216/200292, referente ao 1° trimestre calendário do ano de 2002, referese ao saldo credor do IPI escriturado em 31/03/2002 em seu livro de Registro de Apuração do IPI. Ocorre que no inicio do 1 ° trimestre calendário do ano de 2002 o saldo credor do fiscalizado relativo ao período anterior era de R$ 96.789,44. Desta forma, concluímos que o saldo credor do IPI do fiscalizado, relativo ao 1º trimestre calendário do ano de 2002, a ser analisado é de R$ 357.712,34, correspondente ao saldo credor em 31/03/2002 (R$ 454.501,78) menos o saldo credor em 31/12/2001 (R$ 96.789,44), e não R$ 454.501,78 conforme solicitado pelo mesmo. (...) 3. CONCLUSÃO Após todas as verificações por nós realizadas, anteriormente descritas, e todas as conferências feitas, de acordo com a Comunicação de Serviço n° 10805/001/2000, Ordem de Serviço DRF/SAE No 1, de 12 de maio de 2004, e Ordem de Serviço SRRF08, No 008, de 13 de setembro de 2005, concluímos que o contribuinte em tela faz jus aos valores de ressarcimento abaixo discriminados: (...) • 1 ° trimestre calendário do ano de 2002 Valor do ressarcimento de IPI solicitado: R$ 454.501,78 Processo Administrativo Fiscal N ° 13817.000216/200292 Fl. 511DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 188 4 Crédito a ser glosado conforme descrito no item 2.b.3) e planilha anexa citada no item 2.i) deste Termo = R$ 96.789,44 Valor passível de ressarcimento = R$ 357.712,34” (g.m.) O Despacho Decisório, de 27/11/2007, exarado no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santo André, SP, ratificou a glosa proposta no relatório fiscal e no parecer do ato decisório, com o reconhecimento do direito creditório no importe de R$ 357.712,34 e a homologação das compensações declaradas no processo em apenso até o limite do direito creditório reconhecido. A ciência da interessada, conforme AR nos autos, é de 25/02/2008. Insatisfeita com a decisão administrativa, a interessada ofereceu, em 20/03/2008, manifestação de inconformidade subscrita pelos respectivos patronos da pessoa jurídica, devidamente constituídos por instrumento legal presente nos autos, em que aduz, em síntese, que, em caráter preliminar, houve a decadência do direito de lançamento do crédito tributário referente aos pedidos de compensação efetuados, nos termos da Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 5º: “Com efeito, referidos pedidos de compensação se deram em 14/05/2002 (R$ 214.746,45); em 15/05 12002 (R$ 1.315,46); em 20/05/2002 (R$ 63.336,27); em 28/05/2002 (R$ 114.011,48) e em 10/06/2002 (R$ 61.092,12) ou seja, quase 06 (seis) anos antes da prolação do Despacho Decisório ora impugnado.”; tratandose de pedidos de compensação convertidos em declarações de compensação, o prazo de 5 anos para homologação tácita é contado desde a data de protocolo dos pedidos, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, art. 70; tudo conforme vários precedentes administrativos; no mérito, contesta o valor concedido porque o que foi pleiteado (R$ 454.501,78) tem por base o saldo credor acumulado de períodos anteriores; faz um histórico da legislação que trata do ressarcimento de créditos de IPI no caso de saídas com suspensão do imposto, a partir da Lei nº 9.779/99, art. 11, sendo inexistente dispositivo legal que vede o ressarcimento de crédito da maneira como feita pela requerente à época (17/04/2002). Por fim, requer que seja reconhecida a decadência do direito de constituição do crédito tributário relativo às compensações efetuadas tendo em vista o transcurso de quase 6 (seis) anos entre as datas de protocolo dos pedidos de compensação e a data da ciência do Despacho Decisório guerreado; no mérito, que haja o reconhecimento do direito creditório e a homologação das compensações informadas no processo nº 10805.001776/200477 e nº 13654.000150/200241. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR. FORMA DE APURAÇÃO. Somente os créditos escriturados no trimestrecalendário dão azo a ressarcimento. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. VEDAÇÃO. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 189 5 Reputase como não declarada a compensação de débitos com créditos de terceiros em virtude de vedação normativa. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS. VIOLAÇÃO. A compensação de débito de um estabelecimento filial com crédito de outro estabelecimento filial da mesma empresa configura transferência de crédito escritural e representa uma violação do princípio da autonomia dos estabelecimentos do IPI. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a empresa apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Desde logo, aponta para irregularidade cometida pela decisão recorrida que, segundo entende, incorreu em reformatio in pejus ao considerar não declarados os pedidos de compensação feitos com créditos de terceiros. Que não utilizou créditos de terceiros, mas de um dos estabelecimentos da empresa, e que o procedimento, à época, não era vedado, tal como decidido na Solução de Consulta nº 42, de 19 de março de 2001. Ainda a esse respeito, que pedidos de compensação com créditos de terceiros e outros passaram a ser considerados compensação não declarados apenas a partir da Lei 11.051/04, definição, portanto, introduzida em data posterior aos pedidos de que aqui se fala. Por força dessas circunstâncias, uma vez que não tenha utilizado créditos de terceiros e que suas compensações não podem ser consideradas não declaradas, requer o reconhecimento da decadência de todas as compensações realizadas nos autos dos PTAs nºs 10805.001776/200477 e 13654.000150/200241. Que antes da Instrução de Normativa SRF nº 728/07, que incluiu o § 7º no artigo 16 da Instrução Normativa SRF nº 600/05, não havia qualquer proibição normativa à utilização dos créditos de IPI apurados nos termo da Lei nº 9.779/99 em período diverso do que foi escriturado, assunto sobre o qual manifestouse a Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do Acórdão nº 202131.015. Os Embargos de Declaração interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional foram submetidos à apreciação do Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que teceu as seguintes considerações. Tempestivamente, em 16/3/2015, a embargante apresentou os embargos de declaração de fls. 492/495, em que alegou contradição entre o resultado do julgamento mencionado no final dos enunciados das ementas (“Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte”), e o consignado na conclusão ou parte dispositiva do julgado embargado, que ficou assim redigido, in verbis: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Votos que integram o presente julgado. No caso em tela, ao contrário do que alegou à recorrente, não se vislumbra qualquer contradição entre a questionada decisão e seus fundamentos, requisito necessário para admissibilidade dos embargos de declaração, conforme explicitado Fl. 513DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 190 6 no caput do art. 65 do Anexo II da Portaria MF 256/2009 (RICARF), a seguir transcrito: (...) Da leitura do dispositivo da decisão em cotejo com os fundamentos e conclusões consignados no voto condutor do julgado, observase perfeita consonância. Entretanto, da simples leitura da redação do destacado fragmento final dos enunciados das ementas, anteriormente transcritas, em confronto com teor da redação do dispositivo do acórdão embargado e os fundamento e conclusão explicitada no voto condutor do citado julgado, constatase evidente erro escrita. Expõe em análise a legislação de regência, pra então concluir. Dessa forma, uma vez demonstrada a existência do referido erro de escrita, deve ser procedida a correção mediante a edição de novo acórdão. É o Relatório. Voto Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento dos Embargos de Declaração. Com efeito, a contradição identifica pela Embargante nas disposições do acórdão não passam de mera imprecisão material devida a lapso manifesto ou erro de escrita. Como fica claro na parte final do voto, foi dado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Os três itens que seguem retratam o pedido em sua completude. No mérito, ele foi integralmente provido, apenas as preliminares não foram acatadas. Sem adentrar à legalidade dos Atos que tenham por ventura inibido o direito previsto em Lei, na medida em que as compensações em epígrafe foram protocoladas em data anterior à vedação determinada pelos Atos Normativos expedidos pelo Fisco, VOTO por dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer (i) o direito de uso do saldo credor acumulado em decorrência da transferência de saldo de outros períodos; (ii) o direito de utilização de créditos de outro estabelecimento na compensação de tributos da pessoa jurídica administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou para ressarcimento e (iii) a homologação tácita dos Pedidos de Compensação protocolados em data anterior a 25 de fevereiro de 2003. Com base nisso, VOTO pela retificação do teor da ementa, conforme segue. Onde consta, abaixo da ementa, Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Passa a constar: Fl. 514DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 191 7 Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator Fl. 515DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10166.721418/2012-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Dec 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009
PROCEDIMENTO DE REVISÃO INTERNA. INTIMAÇÃO PRÉVIA.
Dispondo a repartição das informações necessárias para conduzir o procedimento fiscal de revisão interna de declarações, fornecidas pelo próprio sujeito passivo, não é necessário intimá-lo previamente para prestar esclarecimento sobre divergências constatadas no cotejo das declarações.
MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE.
Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal.
AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA.
É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão de declarações apresentadas pelo contribuinte em obrigações acessórias.
ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado pronunciar-se sobre argüições de inconstitucionalidade de lei.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009
LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO.
Aplicação ao lançamento da Cofins o decidido em relação à contribuição para o PIS exigida com fundamento na mesma matéria fática.
Numero da decisão: 3402-003.446
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Esteve presente ao julgamento a Dra. Paula Cureau de Bessa Antunes, OAB/DF 44.818.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 PROCEDIMENTO DE REVISÃO INTERNA. INTIMAÇÃO PRÉVIA. Dispondo a repartição das informações necessárias para conduzir o procedimento fiscal de revisão interna de declarações, fornecidas pelo próprio sujeito passivo, não é necessário intimá-lo previamente para prestar esclarecimento sobre divergências constatadas no cotejo das declarações. MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE. Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão de declarações apresentadas pelo contribuinte em obrigações acessórias. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado pronunciar-se sobre argüições de inconstitucionalidade de lei. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aplicação ao lançamento da Cofins o decidido em relação à contribuição para o PIS exigida com fundamento na mesma matéria fática.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 PROCEDIMENTO DE REVISÃO INTERNA. INTIMAÇÃO PRÉVIA. Dispondo a repartição das informações necessárias para conduzir o procedimento fiscal de revisão interna de declarações, fornecidas pelo próprio sujeito passivo, não é necessário intimálo previamente para prestar esclarecimento sobre divergências constatadas no cotejo das declarações. MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE. Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão de declarações apresentadas pelo contribuinte em obrigações acessórias. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado pronunciarse sobre argüições de inconstitucionalidade de lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aplicação ao lançamento da Cofins o decidido em relação à contribuição para o PIS exigida com fundamento na mesma matéria fática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 14 18 /2 01 2- 67 Fl. 171DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Esteve presente ao julgamento a Dra. Paula Cureau de Bessa Antunes, OAB/DF 44.818. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Contra o Contribuinte identificado no preâmbulo foi lavrado o auto de infração de fls. 87/98, formalizando lançamento de ofício de crédito tributário relativo à contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins dos períodos de apuração de 30/06 a 31/12/2009, incluindo juros de mora calculados até 03/2012 e multa proporcional de 75%, decorrentes de valores das contribuições informados na DACON, mas que não foram confessados na DCTF e pagos parcialmente nas Darfs respectivas, motivando a constituição do crédito tributário correspondente às insuficiências de recolhimentos espontâneos. O Contribuinte apresentou impugnação cujo conteúdo foi minuciosamente enfrentado na decisão recorrida, pelo que reproduzimos abaixo a sua ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 PROCEDIMENTO DE REVISÃO INTERNA. INTIMAÇÃO PRÉVIA. Dispondo a repartição das informações necessárias para conduzir o procedimento fiscal de revisão interna de declarações, fornecidas pelo próprio sujeito passivo, não é necessário intimálo previamente para prestar esclarecimento sobre divergências constatadas no cotejo das declarações. MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE. Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão de declarações apresentadas pelo contribuinte em obrigações acessórias. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10166.721418/201267 Acórdão n.º 3402003.446 S3C4T2 Fl. 3 3 Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado pronunciar se sobre argüições de inconstitucionalidade de lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 30/06/2009 a 31/12/2009 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aplicação ao lançamento da Cofins o decidido em relação à contribuição para o PIS exigida com fundamento na mesma matéria fática. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando os argumentos de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Conheço do Recurso Voluntário por ser tempestivo e atender aos requisitos de admissibilidade da legislação pertinente. Preliminarmente, o Recorrente alega: a) Nulidade do procedimento por ausência de intimação prévia; b) Nulidade do auto por ausência de MPF; c) Nulidade por lavratura ao auto de infração em local incerto; d) superficialidade da instrução probatória. As preliminares fora extensivamente enfrentadas na decisão a quo, sob fundamentos com que concordo, razão pela qual os adoto como fundamentos de meu próprio voto, com base no art.50, §1º da Lei nº 9.784/99 (Art. 50. (...) §1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.). Desse modo, reproduzo o arrazoado ao qual adiro: Questões Preliminares a) Desnecessidade de Intimação Prévia A presente autuação é decorrente do cotejo entre DACON/DCTF/DARF, originandose, portanto, do trabalho interno de revisão de declarações denominado “malha fiscal”, e, neste contexto, a ele se aplica o disposto no art. 74, § 1º., do DecretoLei nº. 5.844, de 1943, verbis: Fl. 173DF CARF MF 4 Art. 74. (...). § 1º A revisão será feita com elementos de que dispuser a repartição, esclarecimentos verbais ou escritos solicitados aos contribuintes, ou por outros meios facultados neste decretolei. (g.n.o.) Portanto, solicitar esclarecimentos ao sujeito passivo não é uma obrigatoriedade intransponível, na hipótese de a repartição dispor de elementos suficientes para subsidiar seu trabalho, como ocorreu no caso em tela, em que a impugnante havia apresentado DACON, DCTF e efetuado recolhimentos parciais mediante DARF. Esta circunstância não configura, de modo algum, atropelamento dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, assegurados no art. 5º., inciso LV, que, de acordo com a dicção do dispositivo da Lei Maior, são garantias assegurados aos litigantes e acusados em geral, em processo judicial ou administrativo. No âmbito do processo administrativo fiscal, a acusação é formalizada com a ciência do auto de infração ou notificação de lançamento e o litígio se instaura com a impugnação, nos termos do art. 14 do Dec. nº. 70.235, de 1972, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. É neste momento processual, por conseguinte, que a lei reserva ao sujeito passivo o direito ao exercício ao contraditório e à ampla defesa, constitucionalmente assegurado. Preliminar rejeitada. b) Nulidade do Auto por Ausência de MPF Estava em vigor à época da realização do procedimento fiscal a Portaria RFB nº. 11.371, de 2007, disciplinando o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), destacandose que no art. 10, inciso IV, a precitada norma ressalva o seguinte: Art. 10. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização: IV relativo à revisão interna das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação (malhas fiscais); Consoante detalha a descrição dos fatos, o lançamento discutido resulta do confronto entre as informações contidas no DACON e na DCTF, o que caracteriza o procedimento de revisão interna conhecido no linguajar tributário como trabalho de malha fiscal, o qual dispensa, para sua realização, a emissão prévia de MPF, como expressamente disciplina o dispositivo em destaque. Preliminar que se rejeita. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10166.721418/201267 Acórdão n.º 3402003.446 S3C4T2 Fl. 4 5 Frisese que além da Portaria RFB mencionado na decisão recorrida, a dicção do Decreto 3.724/2001 é clara em seu art.2º, §3º, IV, em ressaltar a desnecessidade de MPF nessa hipótese. c) Nulidade por Lavratura do Auto em Local Incerto A redação do art. 10 do Dec. nº. 70.235, de 1972, traz em seu caput a seguinte proclamação: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta (...)(g.n.o.) É claramente visível que o dispositivo, em sua dicção, não impõe a lavratura no estabelecimento do sujeito passivo, e sim onde a falta foi verificada, sendo que no caso concreto este local foi no interior da repartição onde se executou o trabalho de malha fiscal. (...) Preliminar de nulidade ultrapassada. d) Superficialidade de Instrução Probatória Quanto ao argumento de que o procedimento foi formalizado baseandose em informações superficiais extraídos apenas de dados coligidos dos sistemas eletrônicos da repartição, sem aprofundamento investigatório, lembrase o que foi dito a respeito da metodologia de trabalho de revisão interna, que se funda nas informações que o fisco dispõe, as quais, aliás, foram transmitidas pelo sujeito passivo em obrigações acessórias próprias. Acerca da utilização dessas informações como esteio probatório da autuação, oportunizase lembrar o comando do art. 24 do Decreto nº. 7.574, de 2011, que, ao tratar das provas no processo administrativo tributário, tem a seguinte redação: Art. 24. São hábeis para comprovar a verdade dos fatos todos os meios de prova admitidos em direito (Lei nº. 5.869, de 1973, art. 332). Preliminar que se rejeita. Ultrapassadas as preliminares, enfrentase as questões meritórias. a) Lançamento em Razão de Divergência nas Declarações e Violação do Princípio da Legalidade. Alega o Recorrente que o lançamento não poderia ter sido feito com base apenas nas divergências das declarações, e que tais discrepâncias não implicariam que o recolhimento do tributo não foi efetivado. Além disso, afirma que não foram consideradas as retificações da DCTF e não foi corretamente investigado o procedimento. Todavia, como dito antes, estando conhecidos os valores dos débitos, apurados pelo próprio sujeito passivo e informados no DACON, não há necessidade de o Fl. 175DF CARF MF 6 fisco, no trabalho de revisão interna das informações prestadas pelo administrado, ir em busca de outros elementos para consubstanciar a exigência tributária. Tornase ônus probatório do contribuinte demonstrar que houve o recolhimento ou a retificação das DCTFs, conforme diretrizes do art.16 e §§ do Decreto 70.235/72 prova esta que não foi produzida nos autos. Além disso, não há qualquer violação à legalidade ou à tipicidade cerrada a utilização de informações prestadas pelo próprio contribuinte para a verificação do cumprimento das obrigações tributárias. Não há qualquer espécie de presunção utilizada pelo fisco para fundamentar a tributação, senão a presunção de veracidade das declarações exaradas pelo Contribuinte, que a este resguarda. Não há na espécie qualquer presunção, tendo em vista que o auto de infração tem seu esteio probatório fincado em prova direta, produzida pelo próprio sujeito passivo, que apurou os débitos informados no DACON, não os confessou em DCTF e os recolheu parcialmente. Desse modo, não procede a alegação do Recorrente. b) Inconstitucionalidade do fundamento legal e a multa de caráter confiscatório. Alega o Recorrente que o art. 3º da Lei 9.718/98 fora declarado inconstitucional pelo STF, o que implicaria em nulidade da autuação fiscal, já que este seria o fundamento do Auto de Infração. Sinceramente, alegar isto beira às raias da máfé. É sabido por qualquer tributarista e amplamente perceptível pela leitura do r. Acórdão do STF citado pelo próprio Recorrente que o dispositivo legal declarado inconstitucional foi ESPECIFICA E EXCLUSIVAMENTE o § 1º do art. 3º da Lei nº. 9.718/98, em que o legislador ordinário ampliou o conceito de faturamento para determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins. No mais, a redação da precitada Lei permaneceu vigente tal como foi publicada, com exceção do parágrafo identificado. Portanto, não há a nulidade apontada pelo Recorrente. c) Multa de caráter confiscatório. Alega o Recorrente o caráter confiscatório da multa aplicada. Todavia, no que concerne aos órgãos julgadores administrativos de litígios fiscais, na área federal, estes estão jungidos à observância do contido no art. 26A e § 6º do Dec. nº. 70.235, de 1972, com a redação dada pela Lei nº. 11.941, de 2009, verbis: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. No mesmo sentido, é vedado ao CARF se manifestar sobre a inconstitucionalidade de lei, nos termos da Súmula CARF nº 2, de observância obrigatória por parte deste colegiado. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10166.721418/201267 Acórdão n.º 3402003.446 S3C4T2 Fl. 5 7 Conclusão Exaurida a análise dos argumentos da Recorrente, voto pela improcedência do Recurso Voluntário e manutenção do crédito tributário impugnado. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 177DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.720361/2012-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO.
É cabível a multa isolada de 150%, quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de créditos que o Contribuinte sabe serem inexistentes, de fato ou de direito, seja por não haverem integrado a base de cálculo das contribuições, seja pela compensação antes do trânsito em julgado das ações judiciais.
Numero da decisão: 9202-004.637
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO. É cabível a multa isolada de 150%, quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de créditos que o Contribuinte sabe serem inexistentes, de fato ou de direito, seja por não haverem integrado a base de cálculo das contribuições, seja pela compensação antes do trânsito em julgado das ações judiciais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1694; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 4.136 1 4.135 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13888.720361/201221 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.637 – 2ª Turma Sessão de 25 de novembro de 2016 Matéria COMPENSAÇÃO INDEVIDA MULTA ISOLADA DE 150% Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MUNICÍPIO DE RIO DAS PEDRAS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO. É cabível a multa isolada de 150%, quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de créditos que o Contribuinte sabe serem inexistentes, de fato ou de direito, seja por não haverem integrado a base de cálculo das contribuições, seja pela compensação antes do trânsito em julgado das ações judiciais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 03 61 /2 01 2- 21 Fl. 4139DF CARF MF 2 Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório O Contribuinte efetuou compensações consideradas indevidas, relativas a recolhimentos efetuados sobre verbas que integram o salário de contribuição, conforme item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199). Entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado (horas extras, 1/3 de férias e abono assiduidade, esse último abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo). O Debcad nº 51.018.3816 inclui a multa isolada de 150% do valor das contribuições indevidamente compensadas, decorrente da falsidade na declaração apresentada pelo contribuinte mediante GFIP. Em sessão plenária de 17/09/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2302002.736, assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011 Ementa: SOBRESTAMENTO REPERCUSSÃO GERAL NÃO COINCIDÊNCIA DA MATÉRIA O sobrestamento dos processos administrativos em trâmite no CARF, será aplicado na hipóteses em que houver sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal, o sobrestamento de RE. A matéria deduzida no RE 593.068 Repercussão Geral, referese a contribuições previdenciárias incidentes sobre verbas pagas a servidores públicos e não sobre remuneração de empregados celetistas, como tratado neste auto de infração. Incabível o sobrestamento do feito. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 somente será conhecida a matéria expressamente impugnada. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme art. 126, § 3º, da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 307 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se na impugnação houver matéria distinta da constante do processo judicial, conforme art. 35, parágrafo único, da Portaria RFB no 10.875/2007. Fl. 4140DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.137 3 MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. INSTRUÇÃO DEFICIENTE DO PROCESSO. A falsidade da declaração, a conduta dolosa do sujeito passivo tem que estar demonstrada no auto de infração para se subsumir ao tipo infracional previsto no art. 89, §10 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte" A decisão foi assim registrada: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em conhecer parcialmente do recurso e na parte conhecida darlhe provimento parcial, para excluir do lançamento a parcela relativa à multa isolada, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado." O processo foi encaminhado à PGFN em 23/10/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.996). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 07/12/2013, o que foi feito em 04/12/2013 (fls. 3.997 a 4.005), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 4.006. O Recurso Especial visa rediscutir a aplicação da multa isolada prevista no § 10, do artigo 89, da Lei nº 8.212, de 1991. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 882/2013, de 20/12/2013 (fls. 4.008 a 4.010). No Recurso Especial, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese: pelo que se verifica da redação do § 10º, do art. 89, da Lei nº 8.212/91, há dois condicionantes à aplicação da penalidade em questão: a própria compensação indevida (“na hipótese de compensação indevida”) e a comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo (“quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo”); ambos assumem, dessa maneira, cunho de aplicação cumulativa, de modo que faltando um não se rende ensejo à aplicação da penalidade isolada; necessário, pois, perquirir onde se encontra a falsidade ou fraude na declaração das compensações indevidas efetuadas pelo sujeito passivo; antes, porém, convém repassarmos os conceitos vinculados à caracterização da conduta qualificadora do apenamento agravado, e nesse compasso, a Lei nº 9.430/96, no art. 44, traz os percentuais de multa de ofício e faz remissão às circunstâncias qualificadoras capazes de ensejar a sua duplicação, vejase: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 4141DF CARF MF 4 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)” Nesse contexto, necessário trazer à baila também os conceitos exarados na Lei nº 4.502/64 e ver se a conduta praticada pelo contribuinte encaixase em algumas das ‘circunstâncias qualificativas’ ali propostas. Lei nº 4.502/64 “Art. 68. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas provadas no processo. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) (...) § 2º São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) (...) Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” vejase, destarte, que a aplicação de penalidade mais grave, mediante a majoração da multa, só tem cabimento em situações específicas, onde fique evidenciado o comportamento anormal do sujeito passivo, seja no tocante à falsidade na declaração, conforme remissão expressa do § 10º, do art. 89, da Lei nº 8.212/91, seja pela configuração de sonegação, conluio ou fraude acima transcritos; Fl. 4142DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.138 5 estas situações, por sua gravidade, devem ensejar reprimenda punitiva de maior monta; o fator agravado na infração em análise é a conduta de falsear o conteúdo da declaração de maneira que o Fisco reste iludido quanto à efetiva ocorrência dos fatos geradores e/ou existência do crédito; em relação às compensações promovidas nos autos, tal procedimento apresenta, sim, elementos suficientes para caracterizar a imposição da penalidade isolada, mormente porque o suposto crédito sabidamente não tinha respaldo em decisão judicial com trânsito em julgado para a sua respectiva compensação, nos termos do art. 170A do CTN; vejase que aqui tratamos de normas que independem de qualquer interpretação, e tal fato afasta o argumento de mero erro e atrai o emprego da vontade dolosa de falsear a declaração por dela constar crédito ao qual não se tem direito; ora, se a característica essencial da obrigação tributária principal traz consigo o dever de pagar, a ação dolosa do contribuinte com intuito de evitar ou diferir seu pagamento a partir de compensações indevidas configura a fraude, conforme prescrito no texto legal acima mencionado; vale lembrar, nesse sentido, o Ato Declaratório Interpretativo, de nº 17 veiculado no DOU de 04/10/2002, que assim se pronuncia em seu artigo único, verbis: “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitarseão à multa de que trata o inciso II, do art. 44 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I – de natureza nãotributária; II – inexistente de fato; III – não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV – baseado em documentação falsa. Parágrafo único. O disposto nos incisos I a III deste artigo não se aplica às hipóteses em que o pedido ou a declaração tenha sido apresentado com base em decisão judicial.” (grifei) portanto, faz o referido ADI uma alusão significativa às compensações indevidas reputandoas fraudulentas naquelas situações específicas porque, por óbvio, aquilo que não é devido não pode ser oposto ao fisco para extinguir débito tributário algum; assim, se o crédito é inexistente de fato ou se não é passível de compensação por expressa disposição de lei, conforme aqui constatado, a compensação é fraudulenta e a declaração é falsa, devendo ser apenada de forma agravada. Ao final, a Fazenda Nacional pede o provimento do Recurso Especial, restabelecendose a multa qualificada. Fl. 4143DF CARF MF 6 Cientificado do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 23/04/2014 (fls. 4.018) e reintimado em 08/07/2014 (fls. 4.030), o Contribuinte, em 31/07/2014, ofereceu as Contrarrazões de fls. 4.064 a 4.072, bem como interpôs o Recurso Especial de fls. 4.032 a 4.063. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi negado seguimento, por intempestividade, conforme Despacho de Admissibilidade de fls. 4.075, o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame de fls. 4.076. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. As Contrarrazões foram oferecidas intempestivamente, portanto não podem ser conhecidas. Tratase de compensações consideradas indevidas, relativas a recolhimentos efetuados sobre verbas que integram o salário de contribuição, conforme item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199). Entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado (horas extras, 1/3 de férias e abono assiduidade, esse último abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo). O Debcad nº 51.018.3816 inclui a multa isolada de 150% do valor das contribuições indevidamente compensadas, decorrente da falsidade na declaração apresentada pelo contribuinte mediante GFIP. Em seu apelo, a Fazenda Nacional pede a manutenção da multa de 150%, por falsidade na declaração. Relativamente à aplicação da multa de 150%, a Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 11.941, de 2009, assim dispõe: "Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (...) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado." O art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, com a redação da Lei nº 11.488, de 2007, assim dispõe: Fl. 4144DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.139 7 "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;" Destarte, não resta dúvida no sentido de que a constatação da falsidade da declaração é suficiente para a aplicação da multa isolada de 150%, sem a necessidade de comprovação de existência de dolo, ou de qualquer uma das figuras penais descritas no §1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996. Nesse passo, a compensação de créditos tributários inexistentes caracterizaria a falsidade requerida no dispositivo legal acima transcrito, restando perquirir, no presente caso, qual teria sido a situação que ensejou a glosa das compensações. Com estas considerações, verificase que o item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199) especifica que, entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado, a saber: horas extras; 1/3 de férias; abono assiduidade, abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo. Ademais, no item 55 do Relatório Fiscal, são fornecidos os fundamentos para a multa de 150%: "55.1 as ações judiciais não envolveram nenhuma questão quanto à constitucionalidade de matérias já declaradas pelo STF; 55.2 efetuou as compensações sem decisão judicial transitada em julgado que as autorizasse. As ações judiciais que interpôs foram iniciadas em datas posteriores ao início das compensações, sendo a primeira em 01/2011 e a segunda em 04/2011. 55.3 compensou valores de contribuições sobre pagamentos de Abono Lei Mun 2595, Abono Lei Mun 2556, Abono Lei Mun 2511, Abono Lei Mun 2437, Abono Li Mun 2352, Abono Lei Mun 2334, Abono Lei Mun 2273, Gratificação Especial de Natal, Gratif. Para CursoLei 2230 e Licença Prêmio, sem que tivesse havido incidência sobre tais remunerações nas folhas de pagamento, assim compensou contribuições que nunca declarou nem recolheu. Não se tratou de engano ou fato isolado, já que além disso pleiteou judicialmente na ação nº 000397361.2011.4.03.6109 a não exigência de contribuições previdenciárias em relação a essas verbas que não entraram na composição de suas bases de cálculo as quais foram enquadradas todas como abono, o que torna indubitável sua intenção de continuar a compensar valores não recolhidos aos cofres públicos. Solicitar a nãoincidência em ação judicial exige a précondição do requerente estar recolhendo ou ter exigência de recolher essas contribuições, o que é falso no caso da Prefeitura." Assim, constatase que o Contribuinte compensou créditos que estavam sub judice, antes mesmo do ajuizamento das respectivas ações, e antes do trânsito em julgado das sentenças, além de valores que sequer integraram a base de cálculo da contribuição, o que no Fl. 4145DF CARF MF 8 entender desta Conselheira caracteriza falsidade, uma vez que, no momento da compensação, os supostos créditos ou eram inexistentes ou não gozavam de liquidez e certeza, portanto eram também de fato inexistentes. Destarte, cabível a aplicação da multa isolada de 150%. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 4146DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.734318/2011-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Simples observação feita no acórdão recorrido a respeito de uma suposta dedução em duplicidade das despesas com ágio, não implica em alteração dos fundamentos do lançamento, vez que formulada como razão meramente adicional às conclusões que referendaram à autuação fiscal.
ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. GLOSA.
Os atos de reorganização societária registrados pela recorrente ainda que formalmente regulares, se não configuram uma efetiva aquisição de participação societária, mas mera permuta de ativos entre controladora e controlada, sendo correta a glosa dos valores amortizados como ágio efetuada pelo Fisco.
ÁGIO. COMPLEMENTARIDADE DAS LEGISLAÇÕES COMERCIAIS E FISCAIS. EFEITOS.
Os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio é fato econômico cujos efeitos fiscais foram regulados pela lei tributária, com substrato nos princípios contábeis geralmente aceitos. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais.
ÁGIO INTERNO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO CONTÁBIL.
A ausência de um efetivo dispêndio (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pela aquisição de participações em operações com empresas controladas revelam a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial.
TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE.
Inexistindo previsão legal, no contexto dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, para transferência de ágio pela empresa (investidora) que teria adquirido o investimento com ágio, por meio de interposta pessoa jurídica, para a pessoa jurídica (investida) que o amortizar, é indevida a amortização do ágio.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUÇÃO EM EXCESSO. GLOSA.
Não tendo sido reconhecida a legitimidade do ágio apurado, há que se ter como correta a recomposição do saldo do patrimônio líquido, com a exclusão da reserva especial de ágio para fins de cálculo do JCP, impondo-se a glosa do valor deduzido em excesso.
DA MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE.
O não reconhecimento pelo Fisco do ágio gerado em operações realizadas dentro do mesmo grupo econômico, com a consequente glosa de sua amortização, não enseja, por si só, a aplicação da multa qualificada, quando os atos praticados revelam interpretação equivocada por parte do contribuinte quanto à legislação de regência.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA: CSLL
Por se constituírem infrações decorrentes e vinculadas, nos termos do § 2º do art. 24 da Lei 9.249/1995, aplica-se ao lançamento da Contribuição Social sobre o lucro líquido as conclusões relativas ao IRPJ.
JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
Constituído o crédito pelo lançamento de ofício, ao tributo agrega-se a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal e, sobre ele deve incidir integramente os juros à taxa SELIC, nos termos dos art. 139 e 161 do CTN c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996.
Numero da decisão: 1302-001.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade do acórdão recorrido; por voto de qualidade, em NEGAR provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de amortização do ágio e dedução do JCP e lançamento reflexos da CSLL, vencidos os Conselheiros Alberto Pinto Sousa Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix; por maioria de votos em DAR provimento PARCIAL ao recurso quanto à qualificação da multa, reduzindo-a ao percentual de 75%, vencida a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich; e por unanimidade de votos, em REJEITAR a alegação de ilegalidade dos juros sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcelo Calheiros Soriano, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix. O Conselheiro Rogério Aparecido Gil declarou-se impedido.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Simples observação feita no acórdão recorrido a respeito de uma suposta dedução em duplicidade das despesas com ágio, não implica em alteração dos fundamentos do lançamento, vez que formulada como razão meramente adicional às conclusões que referendaram à autuação fiscal. ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. GLOSA. Os atos de reorganização societária registrados pela recorrente ainda que formalmente regulares, se não configuram uma efetiva aquisição de participação societária, mas mera permuta de ativos entre controladora e controlada, sendo correta a glosa dos valores amortizados como ágio efetuada pelo Fisco. ÁGIO. COMPLEMENTARIDADE DAS LEGISLAÇÕES COMERCIAIS E FISCAIS. EFEITOS. Os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio é fato econômico cujos efeitos fiscais foram regulados pela lei tributária, com substrato nos princípios contábeis geralmente aceitos. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais. ÁGIO INTERNO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO CONTÁBIL. A ausência de um efetivo dispêndio (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pela aquisição de participações em operações com empresas controladas revelam a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial. TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE. Inexistindo previsão legal, no contexto dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, para transferência de ágio pela empresa (investidora) que teria adquirido o investimento com ágio, por meio de interposta pessoa jurídica, para a pessoa jurídica (investida) que o amortizar, é indevida a amortização do ágio. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUÇÃO EM EXCESSO. GLOSA. Não tendo sido reconhecida a legitimidade do ágio apurado, há que se ter como correta a recomposição do saldo do patrimônio líquido, com a exclusão da reserva especial de ágio para fins de cálculo do JCP, impondo-se a glosa do valor deduzido em excesso. DA MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. O não reconhecimento pelo Fisco do ágio gerado em operações realizadas dentro do mesmo grupo econômico, com a consequente glosa de sua amortização, não enseja, por si só, a aplicação da multa qualificada, quando os atos praticados revelam interpretação equivocada por parte do contribuinte quanto à legislação de regência. TRIBUTAÇÃO REFLEXA: CSLL Por se constituírem infrações decorrentes e vinculadas, nos termos do § 2º do art. 24 da Lei 9.249/1995, aplica-se ao lançamento da Contribuição Social sobre o lucro líquido as conclusões relativas ao IRPJ. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Constituído o crédito pelo lançamento de ofício, ao tributo agrega-se a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal e, sobre ele deve incidir integramente os juros à taxa SELIC, nos termos dos art. 139 e 161 do CTN c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade do acórdão recorrido; por voto de qualidade, em NEGAR provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de amortização do ágio e dedução do JCP e lançamento reflexos da CSLL, vencidos os Conselheiros Alberto Pinto Sousa Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix; por maioria de votos em DAR provimento PARCIAL ao recurso quanto à qualificação da multa, reduzindo-a ao percentual de 75%, vencida a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich; e por unanimidade de votos, em REJEITAR a alegação de ilegalidade dos juros sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcelo Calheiros Soriano, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix. O Conselheiro Rogério Aparecido Gil declarou-se impedido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTOS DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Simples observação feita no acórdão recorrido a respeito de uma suposta dedução em duplicidade das despesas com ágio, não implica em alteração dos fundamentos do lançamento, vez que formulada como razão meramente adicional às conclusões que referendaram à autuação fiscal. ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. GLOSA. Os atos de reorganização societária registrados pela recorrente ainda que formalmente regulares, se não configuram uma efetiva aquisição de participação societária, mas mera permuta de ativos entre controladora e controlada, sendo correta a glosa dos valores amortizados como ágio efetuada pelo Fisco. ÁGIO. COMPLEMENTARIDADE DAS LEGISLAÇÕES COMERCIAIS E FISCAIS. EFEITOS. Os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio é fato econômico cujos efeitos fiscais foram regulados pela lei tributária, com substrato nos princípios contábeis geralmente aceitos. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais. ÁGIO INTERNO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO CONTÁBIL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 43 18 /2 01 1- 29 Fl. 4358DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.359 2 A ausência de um efetivo dispêndio (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pela aquisição de participações em operações com empresas controladas revelam a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial. TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE. Inexistindo previsão legal, no contexto dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, para transferência de ágio pela empresa (investidora) que teria adquirido o investimento com ágio, por meio de interposta pessoa jurídica, para a pessoa jurídica (investida) que o amortizar, é indevida a amortização do ágio. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUÇÃO EM EXCESSO. GLOSA. Não tendo sido reconhecida a legitimidade do ágio apurado, há que se ter como correta a recomposição do saldo do patrimônio líquido, com a exclusão da reserva especial de ágio para fins de cálculo do JCP, impondose a glosa do valor deduzido em excesso. DA MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. O não reconhecimento pelo Fisco do ágio gerado em operações realizadas dentro do mesmo grupo econômico, com a consequente glosa de sua amortização, não enseja, por si só, a aplicação da multa qualificada, quando os atos praticados revelam interpretação equivocada por parte do contribuinte quanto à legislação de regência. TRIBUTAÇÃO REFLEXA: CSLL Por se constituírem infrações decorrentes e vinculadas, nos termos do § 2º do art. 24 da Lei 9.249/1995, aplicase ao lançamento da Contribuição Social sobre o lucro líquido as conclusões relativas ao IRPJ. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Constituído o crédito pelo lançamento de ofício, ao tributo agregase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal e, sobre ele deve incidir integramente os juros à taxa SELIC, nos termos dos art. 139 e 161 do CTN c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade do acórdão recorrido; por voto de qualidade, em NEGAR provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de amortização do ágio e dedução do JCP e lançamento reflexos da CSLL, vencidos os Conselheiros Alberto Pinto Sousa Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix; por maioria de votos em DAR provimento PARCIAL ao recurso quanto à qualificação da multa, reduzindoa ao percentual de 75%, vencida a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich; e por unanimidade de votos, Fl. 4359DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.360 3 em REJEITAR a alegação de ilegalidade dos juros sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcelo Calheiros Soriano, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Talita Pimenta Félix. O Conselheiro Rogério Aparecido Gil declarouse impedido. Fl. 4360DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.361 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1538.674, de 28/04/2014, proferido pela 1ª Turma da DRJ/Salvador, que considerou improcedente a impugnação apresentada pela interessada em face de auto de infração lavrado para exigir IRPJ e CSLL, tendo o Fisco apurado como infrações: a glosa de amortização de ágio e a glosa de excesso de distribuição de juros sobre o capital próprio, aplicandose ainda a multa de ofício qualificada, que foram assim resumidas na decisão recorrida: De acordo com o Auto de Infração do Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica e o “Termo de Verificação Fiscal” (docs. de fls. n°s. 03 a 20 e 36 a 73), o crédito tributário ali lançado foi constituído em razão de a Fiscalização indicar que a Contribuinte, no decorrer dos anoscalendário de 2007, 2008, 2009 e de 2010, teria cometido diversas infrações, as quais, juntamente com seus fundamentos e consequências, podem ser assim resumidas: a) “0001 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL – EXCESSO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO”, nos valores de R$ 1.152.940,29, R$ 1.133.965,60, R$ 1.111.881,68 e R$ 1.091.228,95, correspondentes aos anoscalendário de 2007 a 2010, respectivamente, fatos geradores anuais, conforme discriminado no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. n°s. 36 a 73, tendo como enquadramento legal o artigo 3º, da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e os artigos 247; 249, inciso I e 347, do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/1999), observandose que, no referido Termo, a Fiscalização aponta como motivação para a glosa das despesas, principalmente, porque a Contribuinte (fl. de n° 40): “Deixou de adicionar o excesso, ao limite permitido em lei, de despesas financeiras de juros sobre capital próprio, incidente sobre a conta Reserva de Ágio, contabilizada em decorrência da transferência do Ágio dela mesma.” b) “0002 – AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL (AMORTIZAÇÃO INDEVIDA DE ÁGIO DE SI MESMA)”, nos valores de R$ 6.973.368,31, R$ 6.330.577,77, R$ 5.743.403,04, R$ 5.183.314,37, correspondentes aos anos calendário de 2007 a 2010, respectivamente, fatos geradores anuais, conforme discriminado no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. n°s. 36 a 73, tendo como enquadramento legal o artigo 3º, da Lei n° 9.249, de 1995 e os artigos 247 e 249, do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/1999), observandose que a Fiscalização aponta como motivação para a glosa das despesas, principalmente porque (fl. n° 22): “Constatouse que a ITAPEBI vem deduzindo indevidamente desde o período de 2007, ágio na valorização que ela própria teria tido (comumente denominado de ‘ágio de si mesma’). Fl. 4361DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.362 5 O ágio foi gerado em operações de reorganização societária engendradas no GRUPO NEOENERGIA, ao qual a Contribuinte é integrante. Em negociação realizada em 24/11/2004, a participação acionária de 42% (e o controle direto) detida(o) pela COELBA (outra empresa pertencente ao Grupo Neoenergia) na ITAPEBI foi transferida com ágio para a controladora de ambas, a GUARANIANA S/A (antiga denominação da NEOENERGIA S/A). Na sequência, através reorganizações societárias apenas formais, ‘de papel’, sem substância econômica, utilizando empresa veículo, o ágio foi transferido à própria ITABEPI. Em 14/11/2006, o ágio foi transferido da NEOENERGIA para a empresa veículo GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A, através de subscrição de capital desta com as ações da ITABEPI, detidas por aquela. Logo em seguida, em 27/12/2006, a ITAPEBI, incorporou a empresa veículo e, completando o ciclo, registrou o ágio de si mesma em sua contabilidade, o qual vem, desde então, deduzindo indevidamente, como benefício fiscal, na apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.” c) MULTA QUALIFICADA DE 150% (CENTO E CINQUENTA POR CENTO), tendo em vista a glosa das despesas de ágio de si mesmo surgidas na incorporação às avessas de sua controladora GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A, uma vez que nas referidas operações “substancialmente não houve ágio (e sim ágio interno que não existe economicamente); parte da valorização da empresa não tem fundamento em rentabilidade futura e sim em mera correção da CDI do valor anteriormente avaliado (R$ 22.355.964,00 dos R$ 57.057.615,00 registrados); não houve incorporação da real controladora, pois a NEOENERGIA permanece no controle com sua participação inalterada de 42%; o que houve foi a utilização do artifício da utilização da empresa ‘de passagem’ GUARANIANA PARTICIPAÇÕES, em simulação de incorporação” (destaquei), concluindo a Fiscalização que tais condutas não se apresentariam no campo do planejamento lícito, e, portanto, se configurariam nas ocorrências de simulação e de fraude, com infringência ao previsto no artigo 72, da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, sendo aplicada a referida multa prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação da Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007. 3. Ainda no que diz respeito à tributação ora aplicada, consta, ainda, no “Termo de Verificação Fiscal”, sob o título “DOS FATOS”, o seguinte (fls. n°s. 40 a 42): (...) 19. No período analisado a Contribuinte esteve sob regime tributação Lucro Real anual. 20. Constatouse que a ITAPEBI, na apuração do lucro tributável, desde 2007: Fl. 4362DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.363 6 20.1. Deixou de adicionar as amortizações de ágio, correspondente a valorização que ela própria teria tido (comumente denominado de "ágio de si mesma"); e também 20.2. Deixou de adicionar o excesso, ao limite permitido em lei, de despesas financeiras de juros sobre capital próprio, incidente sobre a conta Reserva de Ágio, contabilizada em decorrência da transferência do Ágio dela mesma. 21. Ágio de R$ 57.280.387,96 (cinqüenta e sete milhões, duzentos e oitenta mil, trezentos e oitenta e sete reais e noventa e seis centavos) foi gerado internamente no denominado GRUPO NEONERGIA, em 24/11/2004, através de operação de transferência de participação (controle direto) que a COELBA detinha na ITAPEBI, para a NEOENERGIA S/A (GUARANIANA S/A). 22. Depois, o ágio foi transferido da NEOENERGIA S/A à própria ITAPEBI, por intermédio de uma "empresa veículo", também integrante do Grupo, a GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A, pela qual transitou brevemente o controle direto, em 14/11/2006, apenas para que esta empresa fosse incorporada, em 27/12/2006, pela ITAPEBI (operação de "incorporação às avessas"), daí passando o ágio decorrente de sua própria valorização ("ágio de si mesma") a ser amortizado e deduzido da base tributável de IRPJ e CSLL. 23. O ágio transferido à ITAPEBI foi no montante de R$ 53.476.750,88 (cinqüenta e três milhões, quatrocentos e setenta e seis mil, setecentos e cinqüenta reais e oitenta e oito centavos), em virtude de ter sofrido amortização no período entre o surgimento e à transferência. Conforme será detalhado neste termo, a partir de então, o mesmo ágio estará registrado nos ativos de ambas contabilidades: da NEOENERGIA e da ITAPEBI. E ocorreram amortizações nos resultados das duas companhias. 24. A última reorganização societária, a "pseudoincorporação" da GUARANIANA PARTICIPAÇÕES, não teve outro propósito, negocial, societário, ou de qualquer outra natureza, que não a transferência do ágio, que fora gerado internamente no próprio Grupo econômico, para ser indevidamente amortizado na apuração do resultado econômico da ITAPEBI e deduzido da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A primeira reestruturação, a transferência das ações da ITAPEBI, detidas pela COELBA, para a controladora de ambas, a NEOENERGIA, foi planejada para gerar o ágio. 25. Outro efeito decorrente foi a dedução, em excesso, de despesa financeira de Juros sobre Capital Próprio. O excesso adveio da incidência da TJLP sobre o saldo da conta 2427100000 () ÁGIO NA INCORP. DE SOCIEDADE CONTROLADA (decorrente do ágio de si mesma), classificada como Reserva de Capital, integrante, portanto, do Patrimônio Líquido. Fl. 4363DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.364 7 26. Procedese então a adição das despesas indedutíveis, conforme demonstrado no quadro abaixo, para apuração de ofício do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos períodos de 2007 a 2010. DESPESAS INDEDUTÍVEIS REGISTRO DO ÁGIO NA ITAPEBI Conta 1320631 (+) ÁGIO NA INCORP. DE SOCIED. CONTROLADA R$53.476.750,88 RESERVA DE CAPITAL Conta 2427100000 () Ágio na Incorp. de Socied. Controlad R$18.182.094,77 ANO Ágio Amortizado Indevidamente Excesso de Juros sobre o Capital Próprio 2007 6.973.368,31 1.151.940,29 2008 6.330.577,77 1.133.965,60 2009 5.743.403,04 1.111.881,68 2010 5.188.314,37 1.091.228,95 Obs.: alguns dos destaques não constam no original. 4. Em decorrência dos mesmos fatos foi apontada a falta de recolhimento da CSLL, compreendendo os mesmos períodos de apuração, sendo lavrado o correspondente Auto de Infração, onde, também, foram apontadas diversas infrações, as quais, juntamente com seus fundamentos e consequências, podem ser assim resumidas: a) “0001 – CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS/ENCARGOS NÃO DEDUTÍVEIS” (Amortização de Ágio), nos valores R$ 6.973.368,31, R$ 6.330.577,77, R$ 5.743.403,04, R$ 5.183.314,37, correspondentes aos anos calendário de 2007 a 2010, respectivamente, fatos geradores anuais, conforme discriminado no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. n°s. 36 a 73 e resumido no item 2, alínea “b”, precedente, tendo como enquadramento legal os artigos 2º, §§ e o 3º, da Lei n° 7.689, de 1988 com as alterações do artigo 2º, da Lei nº 8.034, de 12 de abril 1990, e a redação dada pelo artigo 17, da Lei n° 11.727, de 23 de junho 2008; artigo 1º, da Lei n° 9.316, de 1996, artigo 28, da Lei nº 9.430, de 1996 e o art. 37, da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro 2002; b) “0002 – FALTA INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL – JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO PAGOS OU CREDITADOS”, que não teriam sido adicionados ao lucro líquido do exercício na apuração da base de cálculo da CSLL, nos valores de R$ 1.152.940,29, R$ 1.133.965,60, R$ 1.111.881,68 e R$ 1.091.228,95, correspondentes aos anos calendário de 2007 a 2010, respectivamente, fatos geradores anuais, conforme discriminado no “Termo de Verificação Fiscal” de fls. n°s. 36 a 73 e resumido no item 2, alínea “a”, precedente, tendo como enquadramento legal dentre outros, os artigos 2º e 3º, da Lei n° 7.689, de 1988 com as alterações do artigo 2º da Lei n° 8.034, de 12 de abril 1990 e do artigo 17, da Lei n° 11.727, de 23 de junho 2008, respectivamente, e o artigo 37, da Lei n° 10.637, de 2002; c) MULTA QUALIFICADA DE 150% (CENTO E CINQUENTA POR CENTO), tendo em vista a glosa das despesas de ágio de si mesmo surgidas na incorporação às avessas de sua controladora GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A, e, por isso, tal conduta se enquadraria no conceito de fraude previsto no artigo 72, da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, sendo aplicada a referida multa prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação da Lei n° 11.488, de 2007, conforme já resumido no item 2, alínea “c”, precedente. Fl. 4364DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.365 8 A interessada apresentou impugnação defendendo a legalidade dos seus procedimentos e a improcedência da autuação, conforme sucintamente resumido no voto condutor do acórdão recorrido, verbis: 8. Conforme relatado, em sua defesa a Impugnante pugna pela legalidade do seu procedimento, alegando, principalmente: a) que as operações societárias foram efetivadas de forma legal, com o aval dos órgãos reguladores, e, por isso, a Fiscalização não poderia falar que as referidas operações seriam um mero estratagema para a amortização do ágio em questão, inclusive porque foram feitas com vistas a desverticalização no intuito de se separar as atividades de geração e distribuição de energia elétrica entre empresas distintas; b) a inexistência de abuso de direito; c) a inexistência de simulação; d) a inexistência de fraude à lei; e) a isonomia com tratamento fiscal do deságio; f) a ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa de ofício; g) não caberia o lançamento em razão da ”falta de adição do excesso de despesa de juros sobre capital próprio”, uma vez que a alteração do patrimônio líquido, que traça os limites de dedutibilidade para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, decorreram das referidas glosas de despesas de amortização do ágio, glosas estas que não se sustentariam, porquanto a referida amortização foi feita em estreita consonância com a legislação. O colegiado a quo rejeitou as alegações pelos fundamentos consubstanciados na ementa abaixo transcrita, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 SITUAÇÃO HIPOTÉTICA. PARADIGMA. MATÉRIA ESTRANHA AO FEITO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA EM TESE. Incabível o exame de situação hipotética com vistas a criar paradigma para eventual aplicação ao caso concreto, uma vez que tal situação se caracteriza em matéria estranha ao presente feito, inclusive porque eventual exame implicaria em se pronunciar sobre hipótese de incidência tributária em tese, o que, por força do artigo 46, do Decreto n° 70.235, de 1972, sequer é admitido em eventual processo administrativo de consulta. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 ÁGIO. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. DEDUTIBILIDADE NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. EMPRESAS INVESTIDORA E INVESTIDA. FUSÃO DE PATRIMÔNIOS. Ao dar novo tratamento à despesa com o ágio sob a expectativa de rentabilidade futura, permitindo a sua dedutibilidade na apuração do lucro real, o legislador limitou tal procedimento às situações onde a empresa Fl. 4365DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.366 9 investidora que tenha tido o dispêndio com o efetivo pagamento do ágio, juntamente com a investida que deu causa ao referido ágio, se tornem uma única unidade econômica, ou seja, desaparecem as figuras das empresas investidora e investida para se tornarem uma única empresa, ocorrendo, por consequência, a fusão dos patrimônios. Na ausência de tais requisitos, as despesas de ágio não produzem os efeitos tributários almejados e devem ser oferecidas à tributação. ÁGIO. CORREÇÃO. VARIAÇÃO MONETÁRIA. CDI. Incabível a correção de valor de ágio apurado sob o fundamento de rentabilidade futura com a aplicação de índices de variação dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI), se a legislação tributária somente admite o reconhecimento de variações monetárias ativas ou passivas quando decorrentes de obrigações legais ou contratuais que determinem a aplicação desses índices. DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. GLOSA. INCORPORAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA. PROPÓSITO NEGOCIAL. "EMPRESA VEÍCULO". ALIENAÇÃO DO INVESTIMENTO. Cabível a glosa das despesas de amortização de ágio, não produzindo o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a incorporação de pessoa jurídica, em cujo patrimônio constava registro de ágio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, sem qualquer propósito negocial ou societária, especialmente quando a incorporada teve o seu capital integralizado com o investimento originário de aquisição de participação societária na incorporadora, sendo que a utilização da incorporadora limitouse a servir de “empresa veículo” para a transferência do referido ágio. Ademais se a empresa que, originalmente, adquiriu o investimento gerador do ágio, apesar de formalmente ter alienado tal investimento, continuou mantendo o mesmo controle societário e a amortizar as despesas de ágio, como se não tivesse havido a alienação do investimento. OPERAÇÃO DE AQUISIÇÃO E SUBSCRIÇÃO DE INVESTIMENTO. EFETIVO DISPÊNDIO. PAGAMENTOS A TERCEIROS. ÁGIO. SOFISMA FORMAL. SIMULAÇÃO. Para que se configure a existência de ágio em qualquer operação de aquisição ou de subscrição de investimentos, a ser avaliada pelo método da equivalência patrimonial, é necessário que nela conste a existência do efetivo dispêndio, o qual, por sua vez, só surge quando o preço ou o custo de aquisição advenha de pagamentos efetuados por terceiros, cuja transação seja realizada entre partes independentes, e, não se configurando os referidos requisitos nas operações de aumento e integralização de capital, que motivaram a transferência do ágio objeto de glosa, há de se concluir que tais operações se configuram em sofisma formal, e, por conseguinte, operações simuladas, pois, não têm substância econômica, à medida em que não geraram riqueza nova, nem houve a intervenção de terceiros independentes e nem houve efetivo desembolso (pagamento) do preço. REGISTRO. ATOS SOCIETÁRIOS. JUNTA COMERCIAL. NATUREZA DOCUMENTAL. DECLARAÇÃO. Fl. 4366DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.367 10 Os registros públicos, dentre eles o registro dos atos societários na Junta Comercial e sua publicação, asseguram a autenticidade, segurança e validade dos atos jurídicos ou os seus efeitos contra terceiros, posto que têm como atributos a publicidade e a conservação, por isso podem fazer prova especial. Contudo, em razão de sua natureza documental, decorrente de declaração das partes, tais atos, por si só, provam a declaração, mas não o fato ali declarado. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. GLOSA. EXCESSO. Uma vez que a glosa das despesas de juros sobre o capital próprio é decorrente da glosa das despesas de ágio, como também as razões de defesa é única para ambas as matérias, em sendo mantida a glosa das despesas de ágio, pelas mesmas razões deve ser, também, mantida a glosa dos juros sobre o capital próprio que excedeu ao limite legal de dedutibilidade, em razão da relação de causa e efeito existente entre tais matérias. CONDUTA FRAUDULENTA. MULTA QUALIFICADA. Evidenciado nos autos a intenção livre e consciente da contribuinte em criar despesa inexistente de amortização de ágio com o intuito de reduzir, indevidamente, a carga tributária devida, tal conduta deve ser caracterizada como fraudulenta, sendo cabível a aplicação da multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento) incidente sobre o imposto que deixou de ser recolhido em razão da referida conduta. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Os juros de mora incidem sobre a multa objeto de lançamento de ofício, ainda que sua exigibilidade esteja suspensa em face de recurso administrativo, uma vez que ela integra o crédito tributário. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL LANÇAMENTO DO IRPJ. MESMOS PRESSUPOSTOS FÁTICOS. RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO. Em se tratando dos mesmos pressupostos fáticos que motivaram o lançamento do Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica, como idêntica é a contestação, mutatis mutandis, devem ser estendidas as conclusões advindas da apreciação daquele lançamento ao relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, em razão da relação de causa e efeito existente entre as matérias. Intimada do acórdão de impugnação, mediante intimação em seu Domicílio Tributário Eletrônico DTE em 08/05/2015, a recorrente apresentou recurso voluntário em 09/06/2015, no qual alega em síntese: a) Que em face da obrigatoriedade de desverticalização das atividades do setor elétrico determinada pela Lei nº 10.848/04, a COELBA, distribuidora de energia da Bahia vendeu para a NEOENERGIA, em 24/11/04, as ações que detinha na ITAPEBI, geradora de energia elétrica, ora Recorrente, passando a NEOENERGIA a deter 42% da participação do controle da recorrente. b) Que a aquisição se deu com o pagamento de ágio à COELBA, em razão da expectativa de rentabilidade estimada com base em resultado de exercícios futuros. Fl. 4367DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.368 11 c) Que esta operação foi previamente autorizada pelo órgão regulador do setor elétrico Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, conforme exigência prevista no artigo 27 da Lei n° 8.987/95. d) Que o valor do ágio pago, foi amparado por laudo de avaliação de ações fornecido pela ERNST & YOUNG, data base de 30 de junho de 2003 e que, em atenção à atenção à legislação pertinente, a COELBA fez publicar em jornal de grande circulação o "FATO RELEVANTE" noticiando a operação realizada com a NEOENERGIA. e) Que em 2006, a GUARANIANA S/A (atual NEOENERGIA S/A), então controladora da Recorrente, manifestou seu interesse em aproveitar o benefício fiscal de dedutibilidade da despesa com a amortização do ágio gerado na aquisição das participações societárias, conforme autorizado pelo artigo 386 do RIR/99, e para viabilizar a utilização resolveu subscrever e integralizar capital na empresa GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A, mediante entrega das ações da Recorrente acrescidas do ágio. f) Que, com esta operação criaramse as condições para que a recorrente incorporasse a controladora, com vistas ao aproveitamento do benefício fiscal mediante a incorporação reversa da nova controladora (GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A) pela recorrente. g) Que o aproveitamento do benefício fiscal, na formatação societária existente anteriormente, somente poderia se dar por meio da incorporação de sua controladora (NEOENERGIA), o que seria impraticável do ponto de vista operacional, vez que esta possui outros ativos e exerce outras atividades em conformidade com seu objeto social, o que tornava inviável operacionalmente a sua incorporação pela Recorrente. h) Que esta última operação (incorporação reversa) ocorreu apenas em 27/12/206, tendo em vista a obrigação legal de submetêla a ANEEL, que inclusive tratou de toda a questão e inclusive da amortização do ágio, conforme Ofício 443, de 22/03/2006. i) Que o valor do ágio transferido à Recorrente em razão da incorporação da sua controladora (GUARANIANA PARTICIPAÇÕES S/A) estava devidamente contabilizado, nos termos do artigo 385 do RIR/99 (desmembrandose valor do investimento e ágio), bem como estava devidamente amparado por novo laudo de avaliação de ações fornecido pela Deloitte Touche Tohmatsu, data base de 30 de novembro de 2006. j) Que não há qualquer indício ou comprovação de que os atos praticados foram realizados de modo a encobrir, enganar ou impedir o conhecimento, pelo Fisco e por quaisquer de seus credores ou terceiros, de qualquer operação ou até mesmo da intenção de realizar o aproveitamento do ágio na Recorrente. Ao contrário, todos os atos praticados pela Recorrente foram públicos (divulgados em jornais de grande circulação) e foram todos previamente submetidos à agência reguladora do setor de energia elétrica, a qual aprovou todas as operações pretendidas (Resolução ANEEL n° 392/2004 e Ofício Aneel 443/2006). k) Que após a incorporação, a recorrente passou a deduzir o ágio da base de cálculo do IRPJ e da CSLL nos termos do artigo 386, § 6o, inciso II, do RIR/99. fundamentandose: (i) na necessidade de aproveitamento do benefício fiscal concedido à Recorrente por determinação expressa de lei; (ii) na observância de todos os dispositivos normativos e regulatórios para a realização das operações societárias (total legalidade das Fl. 4368DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.369 12 operações); e (iii) no fato de a estrutura societária adotada ser a mais simples e coerente do ponto de vista econômico para o aproveitamento do ágio. l) Que a operação encontrase inserida no âmbito do "Plano de Desverticalização", por meio do qual o Estado pretendeu separar as participações em empreendimentos de geração, transmissão e comercialização de energia, assim como segregar participações acionárias em outras empresas e em atividades alheias à concessão do serviço de distribuição. m) Que a desverticalização, neste caso, ocorreu com a aquisição por um terceiro (NEOENERGIA), da participação da distribuidora (COELBA) na transmissora e geradora (ITAPEBI), com o pagamento de um ágio em função do potencial de lucratividade do segmento econômico em que atuava. n) Que o fundamento econômico para o aproveitamento do ágio, segundo o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, é o seguinte: "o ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio. O fundamento aqui é o de gue, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que investidora pagou por eles antecipadamente, devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. (...)". o) Que há autorização expressa do artigo 386, § 6o, inciso II, do RIR/99 para aplicação do benefício fiscal quando a empresa incorporada fosse aquela que detinha a propriedade da participação societária, como ocorreu nos processos de privatização e desverticalização do setor elétrico. p) Que, hipoteticamente, a operação poderia ter sido realizada mediante a capítalização em dinheiro da empresa GUARANIANA PARTICIPAÇÕES, antes do processo de desverticalização, com a aquisição da ITAPEBI (com ágio) por esta e, posterior, incorporação reversa, conduzindo ao mesmo resultado obtido na operação realizada. q) Que a análise da operação como um todo demonstra o evidente fundamento econômico para a realização dos atos societários: o ágio legitimamente pago na aquisição da Recorrente no processo de desverticalização foi adquirido pela empresa Guaraniana Participações S/A, a qual foi absorvida pela Recorrente, que passou a amortizar esse valor com fundamento no artigo 386, § 6o, inciso II, do RIR/99. r) Que o motivo para a realização das operações demonstrase coerente com as estruturas societárias adotadas, pois decorrente da natureza do próprio processo de desverticalização, sendo que o aproveitamento do benefício fiscal não poderia ter sido realizado de outra maneira. s) Que tratase de mera fruição de um benefício fiscal previsto em lei, que possui todos os requisitos legais, motivação econômica e coerência das estruturas adotadas com a finalidade pretendida. t) Que o ganho econômico da Recorrente, decorrente do aproveitamento do ágio, reflete um benefício fiscal já considerado no momento da aquisição da Recorrente por Fl. 4369DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.370 13 conta do processo de desverticalização e que não poderia agora o Fisco pretender cercear a fruição desse benefício fiscal sob a alegação de que a Recorrente o teria prejudicado. u) Que ao contrário da acusação fiscal de que as operações praticadas não teriam um propósito negocial (substrato econômico), mas sim um motivação exclusivamente tributária, em todos os atos praticados há motivo, finalidade e congruência. v) Que todos os atos praticados tiveram por motivo a desverticalização da COELBA e da ITAPEBI com a aquisição desta última pela NEOENERGIA e que após a desverticalização em face da existência do ágio foi verificada a possibilidade de aproveitamento do benefício fiscal de dedução do ágio gerado nessa aquisição nos estritos termos da Lei. x) Que a finalidade da operação era a desverticalização das atividades do setor elétrico por conta do advento da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico que introduziu a exigência legal de separação das atividades de distribuição das atividades de geração e transmissão e fixou prazos para que as empresas afetadas cumprissem com esta determinação. y) Que todos os atos societários praticados inseremse congruentemente no contexto da aquisição de uma geradora de energia por conta da desverticalização das atividades de distribuição, geração e transmissão: (i) a forma de desverticalização; (ii) os fluxos de caixa ocorridos; (üi) a necessidade da constituição de todas as sociedades envolvidas; e (iv) todas as operações realizadas para reduzir estruturas desnecessárias e obter uma sinergia no grupo NEOENERGIA S/A. z) Que todos os atos praticados, se analisados como um "filme", demonstram claramente a congruência do motivo e da finalidade da operação realizada pelo grupo NEOENERGIA S/A, os quais não eram predominantemente tributários, não havendo que se falar em falta de propósito negocial ou ausência de pressuposto econômico. aa) Que o presente caso é distinto dos que já foram julgados por este Conselho, como as operações conhecidas como "casasepara" e "operação ágio", pois tratam se de operações realizadas no contexto do processo de desverticalização do setor elétrico. bb) Que não prospera a acusação fiscal de que o objetivo exclusivo da operação de reorganização societária seria elidir o pagamento de tributos, pois sempre apresentou à fiscalização todas as etapas que pretendia realizar, inclusive o objetivo final pretendido de aproveitamento do ágio, sendo que, essa situação final, já era vislumbrada desde a realização da desverticalização da COELBA/ITAPEBI e decorre de benefício fiscal previsto em lei, tendo sido cumpridas todas as formalidades exigidas em lei e foram devidamente aprovados pela agencia regulatória do setor elétrico ANEEL cc) Que não há qualquer irregularidade na transferência da despesa de amortização do ágio para a Recorrente, pois se trata de benefício fiscal concedido por lei, inclusive com previsão expressa, pois a alegada transferência da base tributável está expressamente prevista no artigo 386 do RIR/99, configurandose, pois, situação privilegiada por lei para incentivar determinadas práticas, dentre elas a valorização de concessões de serviços públicos. dd) Que equivocamse a autoridade fiscal e o colegiado recorrido ao afirmarem que a Guaraniana, atual Neoenergia, teria criado artificialmente um negócio Fl. 4370DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.371 14 jurídico, sem substância econômica, que evidenciaria divergência entre a forma apresentada e a vontade fática demonstrada, pois tratase de situação de benefício fiscal expressamente autorizada por lei, vez que a dedutibilidade do ágio também é extensivo à aquisição de participação societária com ágio quando "a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária" (§ 6o do artigo 386 do RIR/99). ee) Que a operação não foi realizada sem nenhum propósito negocial, pois ao contrário, foi amplamente utilizada nos processos de desverticalização ocorridos no Brasil e encontra previsão legal no § 4o do artigo 264 da Lei das S/A e no mencionado § 6o do artigo 386 do RIR/99, e que não há qualquer irregularidade ou anormalidade em se integralizar ações de uma sociedade em outra para que esta passe a ser sua controladora. ff) Que não há qualquer motivo para a estranheza da autoridade fiscal, quanto a recorrente ter aproveitado "ágio de si mesma", pois tratase de operação para o aproveitamento do ágio que tenha expressa previsão em lei tributária (§6º do art. 386 do RIR/99). gg) Que é irrelevante a acusação fiscal de que as operações foram praticadas entre partes relacionadas, pois o benefício fiscal ora analisado, por sua própria natureza, só existe em operações societárias que envolvam empresas do mesmo grupo e o próprio § 6o do artigo 386 do RIR/99 deixa clara a sua aplicação para incorporação da controladora pela controlada. hh) Que equivocase a fiscalização ao qualificar as operações realizadas pela Recorrente e entender que teriam ocorrido apenas no papel, pois todos os atos praticados obedeceram estritamente a legalidade e ainda apresentam motivos econômicos congruentes com a finalidade a que se destinam. gg) Que o fato é que ágio que acaba surgindo na ITAPEBI era o mesmo que estava na GUARANIANA PARTICIPAÇÕES e anteriormente na NEOENERGIA S/A e que, exatamente por causa da incorporação, vai para a ITAPEBI. Não há ágio novo e, de forma alguma existe qualquer geração de ágio derivado de operações internas. hh) Que o ágio foi gerado quando da aquisição pela NEOENERGIA das ações da ITAPEBI anteriormente detidas pela COELBA, na medida em que a COELBA, por conta da necessidade de desverticalização das atividades no setor de energia, deveria se desfazer da parte de geração, que ficou com a ITAPEBI. Portanto, o ágio não é derivado de operações internas. ii) Que não procede a acusação de que o preço teria sido determinado entre partes que não eram independentes, visando a utilização do benefício, pois o valor de compra das ações que a COELBA detinha na ITAPEBI foi resultado de uma minuciosa avaliação realizada pela renomada empresa de auditoria ERNST & YOUNG AUDITORES INDEPENDENTES, sobre a qual a NEOENERGIA e tampouco a ITAPEBI não tiveram qualquer influência. jj) Que não se sustenta a alegação da autoridade fiscal, ratificada pelo colegiado a quo, no sentido de que o valor do ágio que teria fundamento em rentabilidade futura seria apenas de R$ 34.701.651, e que a diferença, no montante de R$22.355.964, adviria de outras causas (item III. 5 do TVF), uma vez que a suposta diferença decorre, na verdade, da Fl. 4371DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.372 15 mera recomposição monetária do valor inicialmente apurado a título de ágio, devidamente corrigida pela CDI (Certificados de Depósito Interbancário). jj) Que os valores de ágio nos quais a recorrente se baseou, tanto para realização da operação de transferência de ações da ITAPEBI para a NEOENERGIA, quando da desverticalização, como para a posterior incorporação, decorreram de Laudos Avaliatórios elaborados por duas das mais renomadas empresas de auditoria do mercado mundial ERNST & YOUNG e DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, as quais inspiram toda confiança em suas avaliações. hh) Que a autoridade autuante estranhamente ignorou a existência de um segundo laudo de avaliação elaborado pela DELOITTE TOUCHE TOHMATSU em 2006, quando da incorporação da GUARANIANA PARTICIPAÇÕES pela Recorrente, em que novamente foi avaliada a expectativa de rentabilidade futura da Recorrente, ou seja, o ágio objeto da amortização ora em questão. jj) Que sendo legítimo o ágio apurado, consequentemente tornase legítima a inclusão deste montante na conta de reserva especial de ágio, que compõe o saldo da conta do PL, de sorte que a premissa utilizada pela D. Autoridade Fiscal para considerar que houve falta de adição do excesso de despesa de juros sobre capital próprio restou devidamente elidida, em virtude dos argumentos e, principalmente, dos documentos acostados ao presente recurso. kk) Que inexistiu abuso de direito no presente caso, pois para que se verificasse esta distorção no equilíbrio do relacionamento entre as partes, seria necessária a utilização de um direito em finalidade diversa daquela para qual o ordenamento assegura sua existência, o que não ocorreu, uma vez que o direito à fruição do benefício fiscal de dedução do ágio previsto no artigo 386 do RIR/99 é conferido especialmente para casos de aquisição de participação societária pagando uma diferença a maior entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição, especialmente quando tiver como fundamento econômico o valor de rentabilidade da controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. ll) Que o fundamento econômico do ágio com base em expectativa futura de lucros futuros está evidente, sendo, portanto, descabida a afirmação da fiscalização de que a legislação societária foi usada apenas como instrumento para alcançar ganhos na esfera da legislação tributária ("formalismo jurídico"). mm) Que os negócios jurídicos praticados gozam de plena validade jurídica e, por essa razão, não poderiam ser pretensamente desconsiderados a pretexto de uma suposta simulação. nn) Que o Código Civil estabelece que "que haverá simulação sempre que um ato apresenta vontade diferente da aparentemente manifestada", o que não ocorreu neste caso, pois além do fato de que as operações pactuadas entre as partes não aparentarem direito diverso daquele que foi realmente contratado, também não contém quaisquer declarações ou cláusulas não verdadeiras (inciso II, do artigo 167 do Código Civil Brasileiro). oo) Que não foi realizada qualquer operação com o intuito de prejudicar terceiros, muito menos o Fisco, não podendo, por isso, prevalecer o entendimento da autoridade fiscal que afirma equivocadamente que o Fisco teria sido prejudicado com a dedução do ágio pela Recorrente. Fl. 4372DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.373 16 pp) Que "simulação não se presume e não se prova por meio de indícios" e que no presente caso, a fiscalização não conseguiu comprovar a ocorrência da simulação, pois o que se pode depreender dos documentos anexos ao presente processo administrativo, é que de fato as operações societárias em comento ocorreram e que a Recorrente nunca quis demonstrar operação diversa da que foi efetivamente realizada, lastreada em laudos de empresa de auditoria de renome. qq) Que os atos societários e quaisquer outras declarações e confissões que envolveram as partes do negócio foram realizados antes da ocorrência do fato gerador do tributo e ao tratar de simulação, o que se pretende, com a manifestação mentirosa, é de alguma forma encobrir o que de fato está acontecendo, o que no presente caso não ocorreu. rr) Que não há que se cogitar de fraude à lei, neste caso, pois esta pressupõe a existência de uma norma cogente que obriga o sujeito a realizar determinada conduta; portanto, para que esta ocorra, deve o sujeito realizar um planejamento tributário com a finalidade de contornar essa norma cogente. ss) Que no presente caso, não houve qualquer descumprimento indireto de uma regra imperativa de direito privado; ao contrário, todas as regras de direito privado foram observadas e cumpridas pela Recorrente e foi reconhecido pelas Resoluções da ANEEL. tt) Que a verdadeira natureza jurídica dos atos praticados é a de incorporação das ações prevista no art. 252 da Lei das SA, na qual inexiste o pagamento de um preço, pois este elemento não faz parte do negócio jurídico de incorporação de ações e que, no presente caso, o custo de aquisição é o valor do capital aumentado e entregue aos titulares das ações incorporadas (assunção de dívida pela empresa). O valor das ações incorporadas corresponde ao valor das ações da incorporadora que serão recebidas pelos titulares das ações incorporadas, desde que tal valor esteja suportado por laudo de avaliação. Assim, os atos praticados estão em conformidade com o direito contábil societário. uu) Que o artigo 20 do DL n° 1.598/77, não traz qualquer referência a um negócio jurídico específico para a aquisição de participação societária e esta aquisição pode se dar por diversas formas, sem que seja necessária a existência de pagamento (v.g. permuta, dação em pagamento, doação, como no presente caso conferência de bens para integralização de capital e incorporação de ações), o que não significa que não haja custo. vv) Que, no presente caso, a NEOENERGIA detinha créditos junto a COELBA, uma vez que a COELBA estava obrigada a pagar juros sobre capital próprio e/ou dividendos a sua controladora, razão pela qual não há que se falar na inexistência de pagamento, pois houve, de fato, o efetivo pagamento com a efetiva extinção de um crédito em favor da NEOENERGIA que foi quitado mediante a transferência de ações da recorrente, anteriormente detidas pela COELBA. xx) Que deve ser dado ao ágio apurado um tratamento fiscal isonômico com o deságio, pois nas situações em que este se verifica (fundamentado na expectativa de rentabilidade futura inciso II do § 2o do artigo 386 do RIR/99), correndo a incorporação, deve ser amortizado e tributado durante os 5 anos subseqüentes à incorporação, mesmo que fosse gerado em uma operação interna conforme entendimento da Receita Federal, manifestado no Acórdão nº 10807.684. Assim, não poderia o Fisco exigir a tributação do deságio verificado na aquisição de participação societária dentro do mesmo grupo e negar a dedutibilidade do ágio Fl. 4373DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.374 17 gerado dentro do mesmo grupo econômico, por entender que não haveria motivo econômico para uma aquisição que não fosse a valor de patrimônio líquido. yy) Que o colegiado recorrido inovou na fundamentação do lançamento, que havia sido fundamentado na ausência de substância econômica ou propósito negocial das operações societárias, ao afirmar "que a Guaraniana S.A, apesar de haver alienado as ações da ITAPEBI em novembro de 2006, continuou a amortizar as despesas de ágio oriundo do investimento da ITAPEBI". zz) Que a fundamentação utilizada pela Turma Julgadora (dupla amortização das despesas de ágio) difere da motivação invocada pela fiscalização para lavrar o auto de infração (ausência de propósito negocial nas operações praticadas pela Recorrente), o que não pode ser admitido sob qualquer pretexto. Assim, pleiteia a nulidade da decisão recorrida. aaa) Que, caso não sejam acolhidos os argumentos anteriormente expostos, cancelandose integralmente a autuação, deve ser afastada a multa agravada aplicada pela autoridade fiscalizadora, em face da inexistência de provas e da imaterialidade dos indícios acerca da suposta existência de fraude praticada pela recorrente. bbb) Que todos os atos praticados pela recorrente foram públicos (divulgados em jornais de grande circulação) e foram todos previamente submetidos à agência reguladora do setor de energia elétrica ANEEL, a qual aprovou todas as operações pretendidas (Resolução ANEEL n° 392/2004 e Oficio ANEEL n.° 443/2006). ccc) Que a afirmação do fiscal no sentido de que teria ocorrido fraude somente poderia prevalecer caso se entendesse que a recorrente, a Aneel e a CVM estavam em conluio para reduzir o montante de imposto devido pela recorrente, o que configura rematado absurdo. ddd) Que não pode também prosperar a cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício agravada, por absoluta ausência de previsão legal. Ao final, requer o provimento do Recurso Voluntário a fim de declarar nulo o Acórdão n° 1538.674 exarado pela 1a Turma da DRJ/SDR, com a consequente desconstituição do crédito tributário exigido e o cancelamento do auto de infração e sua respectiva cobrança. É o relatório. Fl. 4374DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.375 18 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. Assim, dele conheço. A questão central debatida nestes autos referese à possibilidade de amortização de ágio que teria sido apurado em face de reorganizações societárias empreendidas dentro de um grupo de empresas controladas pela empresa Neoenergia (exGuaraniana SA), bem como de seus reflexos na apuração de Juros sobre o Capital Próprio pagos pela recorrente, em face das alterações verificadas no seu patrimônio líquido em face do reconhecimento do ágio. Preliminar de nulidade do acórdão recorrido Antes, porém, de adentrar ao mérito impõese, preliminarmente, analisar alegação trazida pela recorrente de que o colegiado recorrido inovou na fundamentação do lançamento, que havia sido fundamentado na ausência de substância econômica ou propósito negocial das operações societárias, ao afirmar "que a Guaraniana S.A, apesar de haver alienado as ações da ITAPEBI em novembro de 2006, continuou a amortizar as despesas de ágio oriundo do investimento da ITAPEBI". Sustenta a recorrente que a fundamentação utilizada pela Turma Julgadora (dupla amortização das despesas de ágio) difere da motivação invocada pela fiscalização para lavrar o auto de infração (ausência de propósito negocial nas operações praticadas pela Recorrente), o que não pode ser admitido sob qualquer pretexto. Assim, pleiteia a nulidade da decisão recorrida. Analisando detidamente o acórdão recorrido, conclui que não assiste razão à recorrente, na medida em que, não obstante a observação feita a respeito de uma suposta dedução em duplicidade das despesas com ágio, verificase, claramente, que o fez como razão meramente adicional às suas conclusões que referendaram à autuação fiscal. Senão vejamos os excertos abaixo extraídos do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: [...] 25. Portanto, conforme acima descrito, o ágio teria surgido quando a COELBA, então controladora direta da Impugnante (ITAPEBI), alienou tal controle, equivalente à participação de 42% (quarenta e dois por cento) das ações ordinárias da Impugnante, para a NEOENERGIA S/A, que era controladora direta da então alienante – COELBA –, com uma participação de 87,84% do capital votante (da COELBA). 26. Tal procedimento caracteriza a figura do ágio gerado em operações internas, uma vez que ele surgiu nas operações realizadas dentro do mesmo grupo Fl. 4375DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.376 19 econômico – grupo NEOENERGIA –, sem a intervenção de terceiros, com as operações realizadas apenas entre empresas controladora e controlada. [...] 30. A CVM, por sua vez (conforme ressaltado no “Termo de Verificação Fiscal”), no exercício de sua função de resguardar o bom funcionamento dos mercados de capitais aqui no Brasil, vem reprovando o “ágio interno” e, em razão da competência atribuída pelo referido artigo 177, da Lei n° 6.404, de 1976, promulgou o Ofício Circular CVM/SNC/SEP n° 01, de 14 de fevereiro de 2007, assim se pronunciando sobre a matéria em questão, verbis: [...] 35. Observase, também, que a Fiscalização, no Termo de Verificação Fiscal, aponta a existência de uma reorganização societária artificial, com vistas a gerar as referidas despesas de ágio, ora objeto de glosa, confirase os seguintes trechos (fls. de n°s. 48 a 52): [...] 36. Como se observa das transcrições das atas acima, o intuito real era a geração e transferência de ágio, o que, conforme já aqui visto, foi efetivado pelas empresas envolvidas, gerando o ágio objeto de glosa. 37. Além desses óbices ao surgimento do ágio em questão, cumpre ressaltar os seguintes elementos e efeitos tributários, alguns, inclusive, já apontadas nos autos pela Fiscalização, especificamente no já referido Termo de Verificação Fiscal, confirase: a) o Laudo de avaliação econômicofinanceira de setembro de 2003, elaborado pela Ernst Young Consultores Associados Ltda., visa justificar apenas parte do ágio com fundamento na rentabilidade futura, uma vez que, como já aqui visto, é aplicada a variação dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI) ocorrida entre a data da reavaliação das ações até a data da alienação das ações da COELBA para a ITAPEBI, para corrigir o valor do investimento. A adoção de tal procedimento não encontra respaldo na legislação tributária, a qual somente admite o reconhecimento de variações monetárias ativas ou passivas se decorrentes de obrigações legais ou contratuais que determinem a aplicação desses índices (artigos 375 e 377, do RIR/1999), o que não se vislumbra no presente caso, dado que a metodologia originalmente utilizada no referido Laudo de avaliação econômicofinanceira foi “o método de Fluxo de Caixa Descontado (FCD)”, conforme consta ali expressamente declarado (fl. nº 4054); b) quando a NEOENERGIA S/A entregou as ações da Impugnante à Guaraniana Participações S/A, para fins de integralização de sua participação no capital desta, em tese, teria ocorrido uma alienação de ativo permanente, cuja consequência, nestes casos, seria a apuração do ganho ou perda de capital, e, assim, diante da alienação do investimento (sua realização), Fl. 4376DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.377 20 desapareceria a figura do ágio, conforme previsto no artigo 418, do RIR/1999, como se segue: [...] c) que embora formalmente tenha havido tal alienação, a então controladora NEOENERGIA S/A, continuou a fazer lançamentos mensais relativos à amortização de ágio (despesa) oriundo do investimento na Impugnante (ITAPEBI), como se não tivesse ocorrido qualquer operação de mudança de controle; d) tal procedimento indica a existência da duplicidade de despesas de ágio, pois, se de um lado, a Impugnante, empresa controlada, vem amortizando o “ágio de si mesma”, oriundo da “aquisição de suas ações” feitas pela NEOENERGIA S/A junto à COELBA S/A, e que lhe foram transferidas via a empresa veículo GUARANIANA S/A, por outro lado, a mesma NEOENERGIA S/A, sua controladora, também, vem amortizando o ágio oriundo das mesmas ações; e) a quitação do débito, no valor de R$ 148.613.004,36, oriundo da aquisição das ações da Impugnante pela NEOENERGIA S/A (controladora) junto à COELBA S/A (controlada) foi feita por meio do encontro de contas, onde a COELBA deixou de pagar à NEOENERGIA dividendos declarados no valor de R$ 93.191.865,14 e juros sobre o capital próprio, no valor de R$ 55.923.223,04, em contrapartida à aquisição das ações, totalizando o montante de R$ 149.115.088,18 (fls. 53 e 54), o que demonstra a ausência de desembolso efetivo; f) o laudo da “DELOITTE” simplesmente atesta a regularidade dos registros contábeis do investimento, inclusive do ágio, ele não faz uma nova avaliação do investimento; g) a obrigatoriedade de desverticalização do setor elétrico brasileiro imposta pelo artigo 8º, da Medida Provisória n° 144, de 11 de dezembro de 2003, convertida na Lei n° 10.848, de 2004, não é causa justificadora da formação do ágio interno, pois, conforme bem ressaltado pela Fiscalização (fls. n°s. 50, 51, 61 e 62), já em outubro de 2002, ou seja, mais de um ano antes da edição da referida Medida Provisória n° 144, dezembro de 2003, que determinou a desverticalização, na Ata da Reunião do Conselho de Administração da Guaraniana S/A (atual NEOENERGIA S/A), realizada em 16 de Outubro de 2002: “ Políticas financeiras e reestruturação societária. Planejamento 2003 – 2007”, o referido Conselho aprovou, por unanimidade, a utilização de recursos de juros sobre capital próprio e de dividendos das empresas distribuidoras de energia para a desverticalização de diversas empresas, estando aí inclusa a desverticalização da Itapebi (a Impugnante) da COELBA S/A, então sua controladora; 38. Portanto, se na avaliação da CVM e da recente jurisprudência administrativa, para que se configure a existência de ágio em qualquer operação de aquisição ou de subscrição de investimentos, a ser avaliada pelo método da equivalência patrimonial, é necessário que nela conste a existência do efetivo dispêndio, o qual, por sua vez, só surge quando o preço ou o custo de aquisição advenha de pagamentos efetuados por terceiros, cuja transação seja realizada entre partes independentes, e, não se configurando os referidos requisitos na operação de alienação das ações da Impugnante realizada pela então sua controladora, a COELBA, para a NEOENERGIA, então controladora de ambas, que motivaram o surgimento e a posterior transferência do ágio ora aqui glosada, há de se concluir que tais operações se configuram em sofisma formal, pois, não têm Fl. 4377DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.378 21 substância econômica, à medida em que não geraram riqueza nova, nem houve a intervenção de terceiros independentes e nem houve efetivo desembolso (pagamento) do preço, e, por consequência, estamos diante de uma situação enganosa, de embuste, de um logro, cujo único objetivo foi o de gerar o ágio para fins de redução da base tributária. 39. Ademais, ainda que se considerasse como verdadeiro o ágio surgido nessas condições, para que houvesse a amortização do ágio na prevista no artigo 7º, da Lei n° 9.532, de 1997 (base legal do artigo 386, do RIR/1999), não foi preenchido o requisito de a empresa investidora que assumiu diretamente o ônus pela aquisição do controle da empresa investida se tornassem uma única entidade (aspecto pessoal), e desaparecesse a figura do investimento com a confusão de patrimônio entre a investidora (original) e a investida (aspecto material), em verdade, o que se observa, é a permanência do mesmo controle quando da “aquisição” do investimento (participação societária na Impugnante) pela antiga Guaraniana S/A, atual NEOENERGIA S/A, junto à sua antiga controladora, a COELBA S/A, inclusive, mantendo o mesmo ágio surgido na aquisição, ou seja, o que houve, efetivamente, foi uma transferência de ágio, a qual vinha e continua sendo mantido na investidora original e, também, na investida, no caso, na Impugnante, caracterizandose, também, uma duplicidade de despesas de ágio. (destaques constam do original) Como se extrai dos trechos transcritos, em especial das conclusões dos itens 38 e 39 do acórdão recorrido, o colegiado recorrido entendeu correta a autuação pelos pressupostos trazidos no Termo de Verificação Fiscal, ao condenar a dedutibilidade do ágio que teria sido gerado artificialmente em operações internas ao grupo econômico, mediante a utilização de empresa veículo com vistas à viabilizar sua utilização. Apenas de forma subsidiária identificou a manutenção do ágio na escrituração da controladora da recorrente o que caracterizaria um duplicidade na despesa de ágio, o que, de fato, não ocorreu, pois a própria autoridade lançadora observou que a controladora (NEOENERGIA) adicionou o valor da amortização na apuração do lucro real (item 96 do TVF). Tal observação não invalida as conclusões anteriores expostas, de forma que não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. Assim, rejeito a preliminar suscitada. Considerações sobre a amortização do ágio Antes de adentrar o mérito da exigência fiscal, entendo ser necessário tecer algumas considerações acerca da questão da amortização do ágio em face de reorganizações societárias, que vem sendo largamente utilizado e discutido enquanto mecanismo de planejamento tributário das empresas. Tal discussão é bastante tormentosa, o que se revela na própria jurisprudência administrativa, e não está imune a algum grau de subjetividade por parte dos intérpretes e aplicadores do direito. Da liberdade de autoorganização do contribuinte A primeira questão a ser analisada referese à liberdade de autoorganização do contribuinte, tida como absoluta pelos intérpretes e doutrinadores liberais, que defendem Fl. 4378DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.379 22 que “o Fisco só pode cobrar (tributos) mediante tipicidade fechada e legalidade estrita” enquanto que o contribuinte pode fazer tudo que não está restringido pela lei. Desta visão decorre o entendimento de que atendidos os aspectos puramente formais dos atos e operações do contribuinte, independente de seu conteúdo real, nenhuma objeção pode ser feita pelo Fisco. Tal visão desconsidera o aspecto finalístico da lei e sua interpretação sistêmica. Não há dúvidas de que o contribuinte tem ampla liberdade de autoorganizar se, inclusive no sentido de adotar as opções negociais que lhe propiciem a menor carga tributária possível. Esta liberdade de autoorganização, no entanto, não é absoluta; está sujeita a restrições, como o respeito à livre concorrência, à boa fé, à função social da empresa, etc. Tampouco se aplica às hipóteses de simulação, fraude à lei e abuso de direito. Um dos poucos doutrinadores a tratar do tema sem o viés estritamente liberal, Marco Aurélio Greco leciona que “não há dúvida de que o contribuinte tem o direito encartado na Constituição Federal, de organizar sua vida da maneira que melhor julgar. Porém, o exercício desse direito supõe a existência de causas reais que levem a tal atitude. A autoorganização com a finalidade predominante de pagar menos imposto configura abuso de direito, além de poder configurar algum outro tipo de patologia do negócio jurídico, como, por exemplo, fraude à lei” 1. Nesse sentido, observa que “a possibilidade de serem identificadas situações concretas em que os atos realizados pelos particulares, embora juridicamente válidos, não serão oponíveis ao Fisco, quando forem fruto de um uso abusivo do direito de auto organização que, por isso, compromete a eficácia do princípio da capacidade contributiva e da isonomia fiscal” 2. A observância aos princípios da capacidade contributiva e da isonomia fiscal na interpretação e aplicação da lei tributária, especialmente quando se trata do Imposto de Renda, revelase de todo pertinente, não podendo tais princípios serem subjugados ou simplesmente esquecidos em face do direito de autoorganização do sujeito passivo. “A eficácia do princípio da capacidade contributiva está em assegurar que todas as manifestações daquela aptidão sejam efetivamente atingidas pelo tributo” 3. E, “na medida em que a lei qualificou uma determinada manifestação de capacidade contributiva como pressuposto de incidência de um tributo, só haverá isonomia tributária se todos aqueles que se encontrarem na mesma condição tiverem de suportar a mesma carga fiscal. Se, apesar de existirem idênticas manifestações de capacidade contributiva, um contribuinte puder se furtar ao imposto (ainda que licitamente), esta atitude estará comprometendo a igualdade, que tem dignidade e relevância até mesmo maiores que a proteção à propriedade (CF, artigo 5º)” 4. Desta feita, não há que se falar em liberdade de autoorganização quando o ato praticado visa única e exclusivamente a reduzir o tributo devido, pois “a carga tributária 1 GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 3a. ed.São Paulo: Dialética, 2011. p 228 2 GRECO, Marco Aurélio. Op cit, p. 211 3 GRECO, Marco Aurélio. Op cit. p.209. 4 GRECO, Marco Aurélio. Op cit. p.210. Fl. 4379DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.380 23 decorre da lei e não pode ficar ao sabor da ‘criatividade’ do contribuinte. Nem se diga que o ordenamento autoriza estas condutas, pois a opção fiscal (desejada ou induzida pelo ordenamento) é diferente da ‘montagem fiscal” (construção de um modelo apenas formal para atingir uma redução do tributo)”. 5 Se o contribuinte que pratica atos, abusando do direito de autoorganização, não pode ter reconhecido os efeitos tributários os quais buscou beneficiarse, aquele que simula a prática de atos com vistas unicamente a redução de tributos menos ainda pode usufruir do benefício fiscal almejado. Primeira conclusão: a liberdade de autoorganização do contribuinte perante o Fisco e a sociedade não é absoluta; está sujeita a restrições, como o respeito à livre concorrência, à boa fé, à função social da empresa e não se coaduna com as práticas de simulação, abuso de direito ou fraude à lei. Os fundamentos da existência ágio e das condições para sua amortização. A questão do ágio com fundamento econômico na rentabilidade futura da empresa investida, ganhou relevância em meados da década de 1990 no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, com a edição da Lei nº 9.532, de 1997, mais especificamente dos seus artigos com base nos artigos 7º, inciso III, e 8º6. Antes da edição da Lei nº 9.532/1997, o ágio na aquisição de investimento somente tinha efeitos fiscais na tributação do ganho ou perda de capital quando de sua alienação (DL nº 1.598/77, art. 33), sendo sua amortização fiscalmente neutra (era adicionada no LALUR). Muitos doutrinadores e estudiosos do direito enxergam os dispositivos da Lei nº 9.532/97 como um incentivo fiscal às privatizações, visando a aumentar a participação nos leilões de privatização de estatais. Em sentido contrário, Luiz Eduardo Shoueri enxerga a norma como uma restrição “da consideração do ágio como despesa dedutível, mediante a instituição de óbices à amortização de qualquer tipo de ágio nas operações de incorporação. Com isso, o legislador visou limitar a dedução do ágio às hipóteses em que fossem acarretados efeitos econômico tributários que o justificassem” 7 5 GRECO, Marco Aurélio. Op cit, p.246 6 Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decreto lei n.º 1.598, de 26 de dezembro de 1977: [...] III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b” do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. 7 SCHOUERI, Luis Eduardo. ÁGIO EM REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS (ASPECTOS TRIBTÁRIOS). São Paulo: Dialétic, 2012, p. 67. Fl. 4380DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.381 24 Qualquer que fosse o objetivo, é certo que o legislador baseouse em um motivo econômico da maior relevância quando tratou da possibilidade fiscal de dedução do ágio pago na aquisição de investimentos, com fundamento na expectativa de rentabilidade futura, na Lei nº 9.532/1997. Independente da premissa ou pressuposto para a instituição da previsão legal de dedução do ágio, verificase que a lei não cuidou de restringir o seu alcance apenas para as operações de aquisições de participações visando o programa nacional de desestatização, de sorte que é correta a sua extensão a toda e qualquer operação de aquisição de investimentos, inclusive naquelas ocorridas entre particulares, desde que seja equivalente às da previsão legal. Assim é que, em uma operação de aquisição de investimentos entre duas empresas independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses, havendo o pagamento de ágio com fundamento na expectativa de rentabilidade futura e, cumpridos os requisitos legais, o Fisco não pode opor qualquer óbice à sua amortização. Por outro lado, a lei não ampara as reorganizações societárias em que não existe uma efetiva aquisição de investimentos; quando há uma mera simulação de negócios societários visando unicamente a criar um ágio artificial para reduzir a carga tributária do contribuinte. São os casos em que ainda que formalmente regulares, os negócios societários não tem substância ou existência real. As principais características desses arranjos societários artificiais são: reorganização societária dentro de um grupo de empresa sob controle comum: a aquisição ou criação de empresas sem atividade econômica real (empresas veículos); subscrição de capital na empresa veículo, integralizada com quotas ou ações da empresa operacional do grupo (ou outra holding intermediária), avaliadas “a valor de mercado” com base na expectativa de rentabilidade futura; ausência de pagamento efetivo (não há qualquer dispêndio ou sacrifício patrimonial); inexistência de outra finalidade nas operações, que não a geração/aproveitamento do ágio, ou preponderância desta última; operações formais realizadas em curto espaço de tempo; incorporação reversa da investidora pela investida, que passa a adotar a razão social ou marca daquela; o controle societário da empresa operacional (direto ou indireto) resulta inalterado ao final da reorganização societária. Nem todas as variáveis acima elencadas deverão estar presentes, ao mesmo tempo, para se constatar a geração artificial de um ágio na operação societária. No exame das operações societárias visando a aferir a efetividade da existência do ágio há que se levar em consideração, fundamentalmente: a existência de motivação econômica para a operação; a independência entre as partes na formação do preço pago pela participação; a existência de efetivo pagamento (dispêndio ou sacrifício patrimonial); modificação da participação no controle (direto ou indireto) da empresa operacional após a reorganização. Ainda deve ser observado que a lei exige que o contribuinte demonstre documentalmente os fundamentos do ágio pago, valendose os interessados, geralmente, de laudos técnicos de empresas especializadas que avaliam o investimento a preço de mercado. Fl. 4381DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.382 25 Quanto a esse aspecto destaquei, ao proferir o voto vencedor no Acórdão nº 1302001.108, que é praticamente inviável o desafio do Fisco contraporse aos "laudos" de avaliação elaborados pela empresas de consultoria contratadas pelo próprio contribuinte que engendra tais reorganizações societárias intragrupo. Além da natural precariedade e incerteza quanto à "expectativa de rentabilidade futura" estimada, agregamse à projeções dados empíricos e subjetividades não passíveis de serem questionados. O único mecanismo de aferição do valor real do negócio em uma operação de aquisição de investimento por uma sociedade em outra, é o efetivo pagamento pelo preço fixado. Neste caso, o ágio surge límpido, bastando comparar o valor efetivamente pago com o valor patrimonial da investida na data do negócio. De se observar que na avaliação do investimento a valor de mercado pode estar embutido no ágio pago o preço atualizado de outros bens ou intangíveis e não apenas a rentabilidade futura da investida, mas para o Fisco desqualificar o laudo, se o mesmo atribuir o fundamento de rentabilidade futura ao total do ágio pago, necessitará de outros elementos concretos, como documentos contendo outras avaliações realizadas pelos próprios envolvidos na operação apontando noutro sentido. O ágio sob a perspectiva do reconhecimento contábil Por fim, examino a questão do ágio sob a perspectiva de sua apuração e reconhecimento na contabilidade. Essa discussão ganha sua relevância em face do argumento utilizado quando se discute a questão do ágio no âmbito das operações societárias no sentido de que o regime contábil dado ao instituto seria diferente daquele previsto na legislação tributária. Tal entendimento deriva do fato do legislador ter disciplinado o instituto no âmbito de uma lei que tratava Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. E esta, de fato, disciplinou a matéria por meio do art. 20 do DL. 1598/778. 8 Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Fl. 4382DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.383 26 Com a devida vênia, ainda que a legislação tributária tenha regulado procedimentos contábeis no seu bojo, até pela falta de maior detalhamento pela lei societária, não autoriza a conclusão de que existam dois tipos de ágios para um mesmo fato econômico: um jurídicotributário e outro contábil. Em que pese a contabilidade e direito tributário tenham seus campos próprios de conhecimento e ciência, é inegável a interseção entre ambos no âmbito das relações jurídicotributárias. Não se deve olvidar que o lucro tributável é definido pela legislação do Imposto de Renda a partir do lucro líquido apurado na escrituração comercial, tendo o próprio DecretoLei nº1.598/77, no inc. X do seu art. 67, estabelecido expressamente que o lucro líquido do exercício deverá ser apurado, a partir do primeiro exercício social iniciado após 31 de dezembro de 1977, com observância das disposições da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Desta forma, as normas contábeis exaradas pelas entidades responsáveis pela normatização e regulamentação da contabilidade não são elementos estranhos à aplicação da legislação tributária, pelo contrário, fazem parte do arcabouço de mensuração do resultado tributável obtido pelas sociedades empresariais. E aí provavelmente resida um dos pontos nodais nesta discussão, concernente ao reconhecimento do ágio sob a perspectiva de sua apuração contábil. O Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999 (Decreto nº 3.000/1999) dispõe extensamente sobre o registro e amortização do ágio na contabilidade da pessoa jurídica, in verbis: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; Fl. 4383DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.384 27 III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 3º). Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso I do § 2º do artigo anterior, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do § 2º do artigo anterior, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 1º). § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 2º): I o ágio em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; II o deságio em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 3º): Fl. 4384DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.385 28 I será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; II poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos ou contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 4º). § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 5º). § 6º O disposto neste artigo aplicase, inclusive, quando (Lei nº 9.532, de 1997, art. 8º): I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor do patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. § 7º Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2º deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado (Lei nº 9.718, de 1998, art. 11). Como se vê, tanto o registro da ocorrência do ágio quanto os de sua amortização, de acordo com a legislação tributária devem ser feitos na contabilidade do sujeito passivo, que por sua vez deve seguir as normas de escrituração da legislação comercial. Ora, o art. 20 do DL. 1598/77 define a existência de ágio ou deságio como sendo a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição. Deste conceito emanam duas grandezas a serem determinadas com vistas à apuração da existência de ágio (ou deságio). A primeira é o custo de aquisição e a segunda é o valor do patrimônio líquido. Quanto a este último não há dúvidas de que se trata do valor patrimonial da empresa investida na data do investimento. Quanto à primeira é que surgem controvérsias quando se trata de operações societárias realizadas internamente num grupo econômico: qual é o custo de aquisição? Fl. 4385DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.386 29 O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da resolução 750/939, que dispõe sobre os princípios fundamentais da contabilidade, ao tratar do registro dos componentes patrimoniais assim estabelecia no seu art 7º: Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; [...] (grifo nosso) Fundada nesses princípios a Comissão de Valores Mobiliários, por meio do Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007 condenou o reconhecimento do chamado ágio interno, ou seja, gerado dentro do mesmo grupo de empresas sob controle comum, in verbis: "20.1.7 "Ágio" gerado em operações internas A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de "ágio". Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, iniciase com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato continuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários do ponto de vista econômicocontábil é preciso esclarecer que o ágio surge única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial supera o valor patrimonial desse investimento. E mais prego ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim 9 Essa redação foi Alterada pela Resolução CFC nº 1282/2010, por conta do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Fl. 4386DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.387 30 não há do ponto de vista econômico geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Não é concebível, econômica e contabilmente o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como "arm's length". Portanto é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substancia econômica e da indispensável independência entre as partes para que seja passível de registro. mensuração e evidenciação pela contabilidade." (Os grifos constam do original). Resta evidente a convergência Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007 com o princípio emanado do CFC quando se trata da definição do custo de aquisição de um componente patrimonial. Não obstante, respeitáveis vozes têm se insurgido contra a invocação desta norma da CVM para fins de interpretação da lei tributária, alegando que a mesma não teria o condão de modificar os conceitos legais do ágio ou mesmo ser utilizada na interpretação da legislação tributária, pois abrigaria conceitos de caráter meramente econômicos ou contábeis. Com a devida vênia aos que assim pensam, entendo que a nota da CVM apenas proclama o óbvio, seja em termos jurídicos, contábeis ou econômicos, deixando nua a falta de substância das operações societárias realizadas com o intuito de gerar ágios artificialmente, unicamente com vistas à redução da carga tributária, situação não amparada pela lei, conforme já examinamos. Ora, se não se concebe a ocorrência de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios, como se justificaria a existência de um ágio nestes casos? Afinal, qual a finalidade da lei tributária (do imposto de renda, em especial), senão estabelecer a carga tributária conforme a capacidade econômica do contribuinte? No voto que restou vencido, no Acórdão nº 110100.708, a ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, cita o exame do conceito de ágio pela doutrina contábil, in verbis: [...] “[...]o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado pela referida FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), e citado pela Fiscalização nos termos de sua edição de 2008, afirma o mesmo entendimento no âmbito doutrinário, expondo com clareza o conceito contábil de ágio nos termos a seguir transcritos: 11.7.1 — Introdução e Conceito Fl. 4387DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.388 31 Os investimentos, como já vimos, são registrados pelo valor da equivalência patrimonial e, nos casos em que os investimentos foram feitos por meio de subscrições em empresas coligadas ou controladas, formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Vejase, todavia, caso especial no item 11.7.6. Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de unia empresa já existente, pode surgir esse problema. O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas ações e seu valor nominal, mas a diferença entre o valor pago e o valor patrimonial das ações, e ocorre quando adotado o método da equivalência patrimonial. Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir. 11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e, o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta (..) 11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio a) GERAL Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio, é necessário que, na database da aquisição das ações, se determine o valor da equivalência patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de um Balanço da empresa da qual se compraram as ações, referencialmente na mesma database da compra das ações ou até dois meses antes dessa data. Todavia, se a aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse Balanço, mesmo que com defasagem superior aos dois meses mencionados. Ver exemplos a seguir. b) DATABASE Na prática, esse tipo de negociação é usualmente um processo prolongado, levando, As vezes, a meses de debates até a conclusão das negociações. A database da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais ações aos novos acionistas a partir dela, passam a usufruir dos lucros gerados e das demais vantagens patrimoniais.() 11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Destigio (...) c) ÁGIO FOR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA Fl. 4388DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.389 32 Esse ágio (ou deságio) ocorre quando se paga pelas ações um valor maior (menor) que o patrimonial, em função de expectativa de rentabilidade futura da coligada ou controlada adquirida. Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e abranger diversas possibilidades. No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das ações representam esse tipo de ágio e devem ser registrados nessa subconta especifica. Sumariando, no exemplo anterior, a contabilização da compra das ações pela Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...). 11.7.5 Amortização do Ágio ou Destigio a) CONTABILIZAÇÃO I Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio.O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa tenha pago pelas ações adquiridas um valor adicional ao do patrimônio liquido de $ 200.000, correspondente a sua participação nos lucros dos 10 anos seguintes da empresa adquirida. Nesse caso, tal ágio deverá ser amortizado na base de 10% ao ano. (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa evolução proporcionalmente).(..) Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (..). [..] (destaques cfe original) Como se observa, tanto as normas contábeis quanto a doutrina são convergentes em não reconhecer a existência de ágio quando não há negociação, ainda que indireta, com terceiros e efetivo pagamento pelas participações subscritas. A utilização dos princípios contábeis para dar uma resposta satisfatória ao desafio de mensuração do resultado das pessoas jurídicas, foi bem observado por Schoueri, que Fl. 4389DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.390 33 aborda a solução encontrada pelo legislador pátrio para a questão da dedutibilidade do ágio, in verbis: “Conforme já referido, pelo princípio contábil do confronto das despesas com as receitas (o matching principle), as despesas que sejam diretamente relacionadas a receitas de determinado período devem ser com estas confrontadas, a fim de que não sejam geradas quaisquer distorções. Não seria razoável que se contabilizasse uma receita sem que a despesa que a originou fosse a essa contraposta; caso contrário, se verificariam valores absolutamente fictícios, com resultados negativos no período em que se contabilizasse a despesa e positivos no período que se escriturasse a receita, quando, em verdade, esses valores contrapostos acarretariam um resultado global neutro. Segundo explana Sérgio de Iudcibus, os princípios dão as grandes linhas filosóficas da resposta contábil aos desafios do sistema de informação da Contabilidade, operando num cenário complexo, no nível dos postulados, formando, pois, o núcleo da doutrina contábil. Muito além de influenciar as ciências contábeis, é de se notar que os princípios influenciam todos os demais âmbitos de estudo dotado de cientificidade, dentre esses o Direito. Um princípio que fornece respostas satisfatórias a uma ciência pode perfeitamente oferecer respostas também satisfatória a outros âmbitos científicos. E ocorreu justamente isso em matéria de amortização de ágio. Além de fornecer resposta aos desafios contábeis, o princípio do confronto das despesas com as receitas também foi utilizado pelo legislador para fornecer respostas satisfatórias aos desafios fiscais de amortização do ágio. Foi de rara felicidade a introdução desse princípio, de natureza primordialmente contábil, na apuração do lucro real das pessoas jurídicas nacionais, por parte do Poder Executivo quando formulou o tratamento do ágio na incorporação que atualmente observamos em nosso ordenamento jurídico. Entendeu se que o momento de dedutibilidade fiscal dó ágio deveria estar estritamente vinculado ao momento em que as receitas que acarretaram o seu pagamento fossem auferidas, isto é, o momento em que o ágio fosse considerado realizado. Ora, qual o motivo de se ter pago um montante superior ao valor do patrimônio líquido de uma pessoa jurídica para adquirila? A expectativa de auferir resultados positivos futuros em decorrência desse ágio pago é a resposta. Se os resultados positivos futuros tiveram sua origem em dispêndio com ágio ocorrido no passado, nada mais correto que registrar esse ágio em ativo para que apenas seja considerado em conta de resultado quando os referidos resultados positivos futuros foram auferidos. Eis onde o legislador acertou ao edificar a regulamentação do ágio ora em vigor.” 10 (grifos nosso) Muito feliz a observação de Schoueri de que o legislador buscou na ciência contábil a solução para a questão da amortização do ágio. E o fez tanto com relação à adoção do princípio do confronto entre despesas e receitas como também ao já citado princípio do registro pelo valor original, resultante do consenso com os agentes externos ou da imposição destes, pois ambos se complementam neste caso. 10 SCHOUERI, Luis Eduardo. op cit, p. 71 e 72 Fl. 4390DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.391 34 Senão, como se pode falar em dispêndio com ágio pago numa transação que não envolve terceiros? Como se admitir a dedução de um dispêndio que não existiu sobre uma receita que dele não decorreu? Seria absolutamente contraditório aceitar um princípio e negar o outro. As conclusões de Luis Eduardo Schoueri11, acerca da previsão legal de dedutibilidade do ágio formado com base na expectativa de rentabilidade futura, reforçam meu entendimento nesse sentido: “Já na hipótese do dispêndio antes contabilizado como ágio concernente a rentabilidade futura, o auferimento de lucros tributáveis na empresa A é per se suficiente para traduzir a realização do dispêndio com o ágio antes incorrido, que deverá ser realizado para compensar os resultados positivos, à medida em que forem ocorrendo. Daí o porque de após a incorporação o ágio passar a ser ativo intangível, amortizável, uma vez que apenas a partir desse momento os lucros passam a ser tributados na investidora, pois antes disso no máximo haverá receita de equivalência patrimonial, não tributável. Dessa forma, para que se possa considerar os lucros auferidos pela Empresa B como real resultado global positivo na Empresa A, fazse essencial primeiramente baixar o valor originalmente pago a título de ágio contra esses lucros. Isso porque os lucros passarão a ser tributados na Empresa A, e se não forem baixados os dispêndios anteriormente efetuados, contra as receitas que o fundamentaram, procederseá a tributação de uma não renda. Essa é a lógica que informa o art. 7º da Lei nº 9.532/1997: a pessoa jurídica que absorver, em virtude de incorporação, patrimônio de outra na qual detenha participação societária adquirida com ágio, deverá lançar o valor correspondente ao ágio cujo fundamento seja o de rentabilidade futura da coligada ou controlada incorporada no ativo intangível. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.532/1997, a amortização do ativo diferido, oriundo do ágio fundamentado em rentabilidade futura poderá ocorrer à razão de 1/60, no máximo, para cada mês do período de apuração, o que corresponde a um período mínimo de amortização de cinco anos. Ou seja: após a incorporação, a cada mês será lançada uma parcela de 1/60 do valor originariamente pago a título de ágio, a título de despesa de amortização do ativo diferido surgido com a incorporação. Essa amortização não é qualquer favor ou benefício, já que o legislador pressupõe que, com a incorporação, o empreendimento lucrativo passe a compro o resultado da incorporadora. Terá, pois, a incorporadora mensalmente, dois efeitos: um valor, lançado a despesa, relativo à amortização do ativo diferido correspondente ao que, antes da incorporação era ágio; e um ganho correspondente a lucratividade do empreendimento incorporado. E por que não se trata de benefício? 11 SCHOUERI, Luis Eduardo. Op cit, p. 79 e 80 Fl. 4391DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.392 35 Exatamente porque a incorporadora pagou aquele ágio. Ou seja: não há como falar em renda se o suposto ganho não corresponde a qualquer riqueza nova. É verdade que o empreendimento é lucrativo; o contribuinte (incorporadora), entretanto, não tem qualquer ganho, até que recupere o ágio que pagou. “ (destaques nossos) Ora se é lógico não haver a tributação do resultado antes de deduzido o ágio efetivamente pago em face da expectativa de lucratividade futura, da mesma forma não faz sentido deduzir do lucro, como despesa, um valor que não foi efetivamente despendido. O lucro, neste último caso, é o mesmo que a empresa já teria antes da suposta reorganização societária e não ocorreu nenhum dispêndio que justifique a sua redução. Observese ainda que, quando se fala em ágio pago, não se está discutindo a possibilidade do pagamento de uma subscrição ser feita por outros meios que não o pagamento em dinheiro, tais como a dação em pagamento de bens ou direitos. Não há dúvidas de que o pagamento de uma subscrição possa ser feito sob diversas formas ou meios, como a dação em pagamento de bens ou direitos, p.ex. A questão que se coloca é que para que se admita a existência do pagamento de ágio é que haja um efetivo sacrifício patrimonial por parte da adquirente. Não caracteriza qualquer desembolso a mera transferência escritural das ações registrados pela investidora em seu patrimônio (indevidamente reavaliados) para o da investida. Mormente, se, ato contínuo, é feita a reversão do investimento, mediante a incorporação reversa, apenas para cumprir um requisito legal, sem qualquer modificação do seu controle direto ou indireto, seja quantitativa, seja qualitativamente. A ausência de um efetivo pagamento (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pelas participações subscritas em operações com empresas controladas revela a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial. Ora, como já visto, os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio na subscrição de investimentos é um fato econômico captado pela ciência contábil e regulado pela lei tributária com substrato nos princípios contábeis. É nessa perspectiva que a orientação normativa da CVM e demais normas contábeis devem ser vistas. Não como fonte normativa tributária, mas como elementos para a adequada interpretação da lei quanto aos efeitos do fato econômico (ágio) por ela regulado, pois os seus fundamentos foram buscados na ciência contábil. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, observadas disposições legais específicas em contrário, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais. Fl. 4392DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.393 36 Pelo exposto, entendo que, também sob o ponto de vista de apuração dos resultados segundo os princípios e as normas contábeis, só pode ser aceita a dedutibilidade de ágio, com base nos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, quando este puder ser reconhecido segundo as normas contábeis, uma vez que os referidos dispositivos remetem ao ágio apurado nos temos do art. 20 do Decretolei nº 1.598/1997, que por sua vez deve ser reconhecido contabilmente conforme com as normas da escrituração comercial estabelecidas pela Lei nº 6.404, de 1976. Do mérito Feitas esta considerações, passo ao exame de mérito. A recorrente defende a regularidade dos atos societários praticados, pois estariam de acordo com as disposições da legislação societária e fiscal, inexistindo qualquer vício de simulação ou tentativa de acobertamento da real intenção quanto aos atos praticados, pois todos os atos foram devidamente registrados perante os órgãos competentes, inclusive submetidos à anuência do órgão regulador do setor (Aneel) e tornados públicos pela antiga detentora do investimento (Coelba), como fato relevante em seus balanços, por ocasião da alienação. Aduz que a operação teve sim propósito negocial e derivou da necessidade de desverticalização das atividades do setor elétrico por conta do advento da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico (lei nº10.848/04) que introduziu a exigência legal de separação das atividades de distribuição das atividades de geração e transmissão e fixou prazos para que as empresas afetadas cumprissem com esta determinação. Sustenta que o processo de desverticalização se deu mediante a aquisição por um terceiro (NEOENERGIA), da participação da distribuidora (COELBA) na transmissora e geradora (ITAPEBI), com o pagamento de um ágio em função do potencial de lucratividade do segmento econômico em que atuava, que foi devidamente atestado por laudos emitidos por empresas de auditoria independentes. A recorrente nega, também, a existência de qualquer irregularidade na transferência do ágio apurado para a empresa veículo (Guaraniana Participações S/A) criada justamente para viabilizar o seu aproveitamento pela recorrente. A autoridade fiscal responsável pela autuação, por sua vez, demonstrou com detalhes no Termo de Verificação Fiscal TVF a composição societária das empresas envolvidas nas operações societárias que deram ensejo à criação e ao aproveitamento do ágio e que todas as operações foram praticadas entre empresas submetidas a controle comum, direto ou indireto. Destacou que a empresa NEOENERGIA S/A (atual denominação de GUARANIANA S/A), era controladora da COELBA (detendo 87,84% do seu capital), que, por sua vez detinha 42% da ITAPEBI, que veio a ser alienada para a controladora indireta (NEOENERGIA). Nos itens 30 e 31 do TVF a autoridade fiscal detalha a composição societária da empresa NEOENERGIA e aponta que ela estava submetida ao mesmo grupo de controle da ITAPEBI, verbis: 30. A NEONERGIA S/A (atual denominação da GUARANIANA S/A), companhia de capital aberto, conforme Estatuto Social, tem objetivo principal de Fl. 4393DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.394 37 atuar como holding, participando no capital de outras sociedades dedicadas às atividades de distribuição, transmissão, geração e comercialização de energia elétrica. No quadro abaixo está apresentada a composição societária dessa companhia de 2004 a 2010. Observase o mesmo núcleo de controle da ITAPEBI, quais sejam as "holdings" IBERDROLA, 521 PARTICIPAÇÕES e o BB – BANCO DE INVESTIMENTO. 31. Vêse abaixo a distribuição da participação das empresas entre si, e especialmente a evidenciação do controle da NEOENERGIA nas demais empresas analisadas. A conclusão de que as empresas envolvidas nas operações estavam integralmente submetidas a controle comum, foi bem descrito no acórdão recorrido, verbis: 20. Conforme acima demonstrado, não há qualquer dúvida quanto a existência do grupo econômico quando da ocorrência das operações que deram surgimento ao ágio ora glosado, tendo como participantes a Impugnante (ITAPEBI), a COELBA S/A, a Neoenergia, a Iberdrola Energia S.A., a “521 PARTICIPAÇÕES” e o BB – Banco de Investimento S.A., uma vez que a Impugnante é controlada diretamente pela Neonergia (antiga Guaraniana), enquanto está última é controlada pela Iberdrola Energia S.A. em conjunto com a “521 PARTICIPAÇÕES” e o BB – Banco de Investimento S.A., e, além da participação indireta na Impugnante via a Neoenergia, essas empresas mantêm, também, participação direta na Impugnante (ITAPEBI), resultando em 100% (cem por cento) do capital votante, gerando, por consequência o controle total da Impugnante pelo referido grupo de empresas. Feitos estes apontamentos cumpre analisar as alegações da recorrente ante aos fundamento da autuação com vistas a aquilatar a dedutibilidade ou não do referido ágio. Cumpre, desde logo, ao menos relativizar a afirmação da recorrente de que todas as operações realizadas decorreram da necessidade de desverticalização das atividades do setor elétrico que teriam sido determinadas pela Lei nº 10.848/04, que resultou da conversão da MP. nº144, de 11/12/2003. Fl. 4394DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.395 38 Pois, conforme constatou a autoridade fiscal na ata do Conselho de Administração da Guaraniana S/A (atual NEOENERGIA SA) da reunião realizada em 16 de outubro de 2002, já naquela data o conselho da companhia aprovou o processo de desverticalização da ITAPEBI, mediante a transferência do seu controle, com ágio, da COELBA para controle direto da NEOENERGIA, com a utilização de recursos de juros sobre o capital próprio e de dividendos devidos a esta última. E, ainda, em 18 de setembro de 2003, em outra reunião do Conselho de Administração da Guaraniana SA (NEOENERGIA) decidiuse, conforme a ata, aprovar a desverticalização da Itapebi mediante a transferência de suas ações para a Guaraniana/NEOENERGIA, pelo preço estipulado no laudo de avaliação da Ernst Young e aprovar o processo de reestruturação que permitisse a transferência para a ITAPEBI do ágio a ser pago, por meio de processo de incorporação reversa. No item 69 do TVF a autoridade fiscal observa que: "Embora a efetivação da transferência de controle da ITAPEBI da COELBA para a NEOENERGIA tenhase (sic) dado em novembro de 2004, quando já estavam vigentes as alterações introduzidas na Lei nº10.848/2004, constatouse que já em 04 de novembro de 2003, antes, portanto, da edição da MP 144/2003, a COELBA já tinha submetido à prévia da (sic) anuência da ANEEL, processo de alienação da ITAPEBI". Ou seja, embora as operações societárias, que foram realizadas, se enquadrassem nos objetivos e necessidades que vieram a ser estabelecidos pela Lei nº 10.848/04, a decisão de realizálas independeu desta diretriz legal, pois foi tomada muito antes da edição da norma. Noutro giro, importa observar que o processo de desverticalização poderia ter sido realizado sem que se verificasse o pagamento de qualquer ágio, sendo este decorrente exclusivamente da vontade e determinação dos controladores das empresas envolvidas nas operações, pois, evidentemente, a lei setorial nada dispunha, e nem poderia, sobre tais condições de negócios. Neste mesmo diapasão, as autorizações concedidas pelo órgão responsável pelo controle e fiscalização do Setor Elétrico (Aneel), tem o condão de referendar, tão somente, o atendimento às normas setoriais estabelecidas, mas não validam ou trazem qualquer chancela ao fato de ter se verificado a geração, transferência e aproveitamento do ágio nas operações societárias realizadas. Além de questionar o propósito efetivo das operações societárias realizadas que, teriam sido realizadas primordialmente com o intuito de gerar o ágio com vistas aos seu aproveitamento fiscal pela ITAPEBI, a autoridade fiscal aponta que tais operações foram geradas exclusivamente entre empresas submetidas ao mesmo grupo controlador, sem que houvesse mutação no controle e, nem mesmo, variação percentual nas participações societárias. A fiscalização aponta, ainda, que não houve movimentação financeira, tendo sido a operação quitada por encontro de contas, mediante a utilização de créditos decorrentes de Juros sobre Capital Próprio e Dividendos declarados, que a NEOENERGIA detinha na COELBA. Indica que a retenção dos Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio para a quitação do negócio é indiferente pois os recursos ficarão no patrimônio da controlada (COELBA). Fl. 4395DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.396 39 Observa o Fisco, ainda, que nem a interrupção pontual desse fluxo financeiro (dividendos e JCP) para a controladora (NEOENERGIA) ocorreu, uma vez que em 23/09/2004, antes da efetivação da transferência do controle da ITAPEBI, o Conselho de administração desta última aprovou um empréstimos de R$ 50 milhões para a NEOENERGIA e que, em 2007, houve um redução do capital social da ITAPEBI no valor de R$ 45 milhões (item 55 do TVF). A autoridade fiscal observa que essa "mais valia" artificial, aproveita a própria controladora, pois aumenta o resultado na controlada ITAPEBI com a redução de tributos devidos na amortização do ágio, além do benefícios com melhores possibilidade de dividendos e JCP, em face da controlada ser beneficiária de lucro da exploração (redução de 75% do das receitas da atividade) e aumento da base de cálculo do JCP em decorrência da formação da reserva de ágio. Aponta vantagens fiscais também na controlada COELBA, com a redução do resultado pela compensação de 30% em prejuízos anteriores e com o próprio ágio contribuiu para formação da margem para pagamento dos dividendos e JCP utilizados na quitação da compra das ações da ITAPEBI (item 56 do TVF) Por fim, a fiscalização demonstra que a empresa Guaraniana Participações SA foi criada em 01/12/2000, com capital de R$ 100,00, tendo como objeto social a participação em outras sociedades, mas não teve qualquer atividade até 14/11/2006, quando seu capital foi aumentado para R$ 147.472.771,00, mediante a subscrição do montante da participação acionária detida pela NEOENERGIA na ITAPEBI. Em 27/12/2006, a empresa (veículo) Guaraniana Participações foi incorporada plea ITAPEBI, efetivando a transferência do ágio. Destaca a fiscalização que a CVM vem reprovando a geração artificial do ágio decorrente de reorganizações societárias envolvendo empresas ligadas, como no Ofício Circular CVM/SNC/SEP nº 01 de 14 de fevereiro de 2007 (item 86 do TVF). Examinando o conjunto de fatos descritos pela autoridade lançadora e tendo em conta as considerações que fiz a respeito do reconhecimento de ágio pagos em operações societárias, entendo que tem razão o Fisco ao efetuar a glosa dessas amortizações. Senão vejamos. No que concerne à motivação econômica para a operação, como já examinado, ainda que esta tenha, ao final, servido ao propósito de desverticalização do setor elétrico que veio a ser estabelecido pela Lei nº 10.848/04, tal motivação surgiu depois que o Conselho da empresa que controlava indiretamente o investimento na ITAPEBI (Guaraniana/NEOENERGIA) já havia decidido efetuar esta desverticalização, tendo como propósito explícito a geração e posterior aproveitamento do ágio pela recorrida. Ou seja, o processo de desverticalização teve propósito nitidamente fiscal quando deflagrado pela controladora. Com relação à independência entre as parte na formação do preço, restou sobejamente demonstrado pelo fiscalização que a empresa objeto da desverticalização (ITAPEBI) era integralmente controlada pela NEOENERGIA e pelos acionistas controladores desta última, de modo que tanto a fixação do preço quanto as vantagens dele decorrentes tiveram como beneficiários os mesmos controladores diretos e indiretos, de modo que, quanto maior fosse o valor a ser fixado, maiores seriam as vantagens, pois os controladores eram a um só tempo, compradores e vendedores. Fl. 4396DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.397 40 No quesito relativo à existência de efetivo pagamento pela aquisição do investimento, à primeira vista pode parecer que teria havido um efetivo desembolso por parte da NEOENERGIA, na medida em que esta teria oferecido como pagamento o valor de dividendos e JCP que teria como crédito junto à sua controlada direta (COELBA), que detinha o investimento na ITAPEBI. Na prática, no entanto o que se verifica é uma mera permutação de ativos entre controladora (NEOENERGIA) e controlada (COELBA), passando a primeira a ser detentora do investimento direto na ITAPEBI e a segunda deixando de ser devedora de dividendos e JCP à sua controladora. Não há qualquer sacrifício patrimonial para a adquirente (NEOENERGIA), mas mera permuta de ativos. Nem mesmo sacrifício do fluxo financeiro pode ser alegado, pois como apontou a fiscalização, ainda antes da operação ser formalizada a controlada indireta (ITAPEBI) fez um empréstimo de R$ 50 milhões à NEOENERGIA e, posteriormente o capital da ITAPEBI foi reduzido em R$ 45 milhões. Por fim, no que concerne à participação no controle da ITAPEBI, nenhuma modificação relevante ocorreu, mas tão somente a modificação do controle direto que passou da COELBA, controlada direta da NEOENERGIA, para esta última, que já detinha o controle indireto da ITAPEBI, mantendo a mesma participação. Sob o ponto de vista contábil (confronto entre receitas e despesas) importa verificar se atende à questão formulada por Schoueri12, que justificaria a amortização do ágio concebida no art. 7º da Lei nº 9.532/1997: qual o motivo teria a investidora para pagar um montante superior ao valor do patrimônio líquido de uma pessoa jurídica (que já possuía) para adquirila? No caso concreto, a resposta é nenhum, exceto para gerar benefícios fiscais para si mesma e seu grupo controlador. Ora, se a adquirente já detinha o direitos aos lucros que seriam gerados futuramente pela controlada (ainda que indiretamente), como justificar como dispêndio um ágio que teria sido gerado na aquisição de um direito que já possuía? Vejase que até aqui estamos analisando unicamente a formação do ágio, sem ainda adentrarmos à questão relacionada à sua transferência para uma empresa veículo de forma a viabilizar o seu aproveitamento pela investida (ITAPEBI), sem que esta resultasse na incorporação da sua investidora (NEOENERGIA). Entendo que, pelas razões expostas, não é possível reconhecer como dispêndio passível de amortização o ágio apurado em decorrência das operações societárias examinadas nestes autos. Não obstante as razões já elencadas para negar provimento às alegações da recorrente quanto à formação do ágio, impõese analisar se a transferência do ágio apurado para a empresa veículo (Guaraniana Participações) atende aos pressupostos para sua amortização. A 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais em decisões bastante recentes (Acórdãos nº 9101002.186 e 9101002.187), analisou a questão da transferência do 12 Ora, qual o motivo de se ter pago um montante superior ao valor do patrimônio líquido de uma pessoa jurídica para adquirila? A expectativa de auferir resultados positivos futuros em decorrência desse ágio pago é a resposta. Se os resultados positivos futuros tiveram sua origem em dispêndio com ágio ocorrido no passado, nada mais correto que registrar esse ágio em ativo para que apenas seja considerado em conta de resultado quando os referidos resultados positivos futuros foram auferidos. Eis onde o legislador acertou ao edificar a regulamentação do ágio ora em vigor.” Fl. 4397DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.398 41 ágio pago e entendeu que a dedutibilidade do ágio fica prejudicada, neste caso, por não se subsumir à hipótese descrita nos art. 385 e 386 do RIR/99, conforme espelhado na seguinte ementa: TRANSFERÊNCIA DE ÁGIO. IMPOSSIBILIDADE. A subsunção aos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, assim como aos artigos 385 e 386 do RIR/99, exige a satisfação dos aspectos temporal, pessoal e material. Exclusivamente no caso em que a investida adquire a investidora original (ou adquire diretamente a investidora de fato) é que haverá o atendimento a esses aspectos, tendo em vista a ausência de normatização própria que amplie os aspectos pessoal e material a outras pessoas jurídicas ou que preveja a possibilidade de intermediação ou de interposição por meio de outras pessoas jurídicas. Não há previsão legal, no contexto dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, para transferência de ágio por meio de interposta pessoa jurídica da pessoa jurídica que pagou o ágio para a pessoa jurídica que o amortizar, que foi o caso dos autos, sendo indevida a amortização do ágio pela recorrida. Transcrevo, por oportuno, fragmentos do voto condutor do Acórdão nº 9101 002.186, da CSRF, contendo os seus fundamentos, verbis: Para o julgamento de mérito sobre a despesa de amortização de ágio e seus reflexos tributários, da mesma forma como fiz para o processo nº 19647.01051/200783, adoto a recente jurisprudência do CARF que considero mais adequada e que restou cinzelada no Acórdão nº 1103001.170, de 04/02/2015, da relatoria do nobre Conselheiro André Mendes de Moura. Seguem trechos do voto condutor: "[...] O investimento adquirido com ágio pode ser alienado, liquidado, ou mesmo ser objeto de uma transformação societária. Passam a ser tratadas as situações específicas, como se pode verificar nos arts. 391 e 426 do RIR/99: [...] Verificase que o aproveitamento do ágio ocorre no momento em que o investimento que lhe deu causa for objeto de alienação ou liquidação, oportunidade em que o ágio irá compor a apuração do custo de aquisição a ser considerado no ganho de capital auferido pelo alienante. Por sua vez, em eventos de transformação societária, quando investidora absorve o patrimônio da investida (ou vice versa), adquirido com ágio ou deságio, em razão de cisão, fusão ou incorporação, resolveu o legislador disciplinar a situação no art. 386 do RIR/99: [...] Fl. 4398DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.399 42 Fica evidente que os arts. 385 e 386 do RIR/99 guardam conexão indissociável, constituindose em norma tributária permissiva do aproveitamento do ágio nos casos de incorporação, fusão ou cisão envolvendo o investimento objeto da mais valia. A norma em debate tem repercussão direta na base de cálculo do tributo, o que permite a sua análise sob a perspectiva da hipótese de incidência tributária delineada pela melhor doutrina (Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária). Esclarece o doutrinador que a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Ao se apreciar o aspecto pessoal, merecem relevo as palavras da doutrina, ao determinar que se trata da qualidade que determina os sujeitos da obrigação tributária. E a norma em debate se dirige à investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição, sendo ela, e apenas ela a destinatária da prerrogativa de amortização do sobrepreço. A partir do momento em que o ágio é transferido ou repassado para outras pessoas (de A para B, de B para C, de C para D e assim sucessivamente), pessoas jurídicas distintas da investidora, a subsunção ao art. 386 do RIR/99 tornase impossível, vez que o fato imponível (suporte fático, situado no plano concreto) deixa de ser amoldar à hipótese de incidência da norma (plano abstrato), por incompatibilidade do aspecto pessoal. A respeito do aspecto temporal, cabe verificar o momento em que o contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, evento que provoca impacto direto na apuração da base de cálculo tributável. Sobre o aspecto material, há que se observar que apenas o ágio com fundamento econômico no valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros é que tem a amortização autorizada em sessenta parcelas. Ainda, há que se consumar a confusão de patrimônio entre investidora e investida, a que faz alusão o caput do art. 386 do RIR (A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio...), ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando o mesmo patrimônio investidora e investida, consolidase cenário no qual a mesma pessoa jurídica que adquiriu o investimento com mais valia (ágio) baseado na expectativa de rentabilidade futura, passa a ser tributada pelos lucros percebidos nesse investimento." Fl. 4399DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.400 43 Naquela assentada, tratavase de caso em que a incorporação se deu conforme o caput do art. 386 do RIR/99. Já no caso dos autos, tratase de incorporação nos moldes do §6º do art. 386 do RIR/99 (que é comumente conhecida como incorporação "às avessas"). Embora isso não vá impactar nas premissas de exegese da norma, fazse necessário tecer comentários adicionais quantos aos aspectos pessoal e material, de forma a adequálos a esse modelo de incorporação: [...] O §6º do art. 386 do RIR/99, na realidade o art. 8º da Lei nº 9.532/97 (do qual este é mera cópia), se utilizou de uma técnica legislativa que faz uso da propriedade transitiva, assim o que vale para o caput do art. 386 do RIR/99 vale para o §6º do mesmo artigo, fazendose apenas a adaptação para contemplar a situação prevista. Portanto, o §6º do art. 386 do RIR/99, sob o significado pessoal, se dirige à investida que incorporar a investidora que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição da participação societária (tanto o valor do principal quanto o valor do ágio). Ou seja, quando ocorre a incorporação, pela investida, da investidora "original" ou investidora stricto sensu (no sentido de que a originalidade está indissociavelmente ligada a pessoa jurídica que paga o ágio e, por isso mesmo, tem confiança na rentabilidade futura, pois é quem assume o risco) é que se dá a subsunção do fato à norma e surge a prerrogativa de amortização do sobrepreço. Analisando as situações possíveis, sob a ótica dos dois tipos de incorporações, a partir do momento em que o ágio é transferido ou repassado para outras pessoas (de A para B, de B para C, de C para D e assim sucessivamente), pessoas jurídicas distintas da investidora original (para, ao fim, incorporar a investida ou ser incorporada pela investida), a subsunção ao caput do art. 386 do RIR/99 ou ao §6º do mesmo artigo tornase impossível, vez que o fato imponível (suporte fático, situado no plano concreto) deixa de ser amoldar à hipótese de incidência da norma (plano abstrato), por incompatibilidade do aspecto pessoal (seja no caso de a investidora que tiver incorporado a investida seja outra investidora que não a original, seja no caso de a investida estar incorporando uma investidora que não a original). Da mesma forma que no aspecto pessoal, a confusão de patrimônios, principal item do aspecto material, para fins de enquadramento no §6º do art. 386 do RIR/99, consumase quando, na investida, o lucro futuro e o investimento original com expectativa desse lucro (aquele que foi sobreavaliado) passam a se comunicar diretamente (os riscos se fundem: o risco do investimento assim entendido os recursos aportados e o risco do empreendimento). Compartilhando o mesmo patrimônio a investida e a investidora original, consolidase cenário no qual a mesma pessoa jurídica que honrará a rentabilidade futura passa a ser detentora da mais valia (ágio) do investimento baseado na expectativa dessa rentabilidade. [...] Em síntese, a subsunção aos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, assim como aos artigos 385 e 386 do RIR/99, exige a satisfação dos aspectos temporal, pessoal e material. Na atual redação destes dispositivos e para o caso de incorporação "às avessas", exclusivamente no caso em que a investida adquire a investidora Fl. 4400DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.401 44 original (ou adquire diretamente a investidora, nessa linha de raciocínio as intermediárias não seriam investidoras de fato, apenas de direito) é que haverá o atendimento a esses aspectos, tendo em vista a ausência de normatização própria que amplie os aspectos pessoal e material a outras pessoas jurídicas ou que preveja a possibilidade de intermediação ou de interposição por meio de outras pessoas jurídicas. No caso dos autos, esses aspectos não foram satisfeitos, em especial dos aspectos pessoal e material, vejamos: A utilização de uma pessoa jurídica interposta (Leicester Comercial S.A) para transferência do ágio, que veio a ser adquirida pela investida (CELPE), mas que não era a investidora original (investidora de fato, a que pagou o ágio), implica no desatendimento dos aspectos pessoal e material e, conseqüentemente, na descaracterização da aplicação dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, que resulta na impossibilidade da amortização do ágio. A amortização do ágio seria devida apenas se a empresa investida (CELPE) tivesse incorporado a investidora original (investidora strico sensu), pois somente essa se enquadra nos aspectos pessoal e material. Pouco importa terem havido motivos de ordem societária, técnica ou mercadológica que impediam a CELPE de incorporar a real investidora: são as situações que devem se moldar à lei, para fins de aplicação da norma, e não a lei que tem que se moldar às situações, o que implicaria em substituir a coercitividade da regra pela conveniência dos regrados. Em julgamentos anteriores dos quais participei, nesta ou em outras turmas como conselheiro substituto, na qual esta matéria havia sido discutida eu vinha me posicionando no sentido de que a questão fundamental, em se tratando de amortização do ágio era verificar se não existia vício na sua formação. Assim, já manifestei entendimento no sentido de que "havendo justificação econômica para o ágio originalmente pago não exista óbice para tal operação (transferência do ágio), pois se não há vício na formação do ágio o seu aproveitamento posterior, nos termos da previsão legal, deve ser respeitado pelo Fisco. A condição é de que o ágio deve ter como referência a situação patrimonial do investimento na data em que foi efetivamente pago, ou seja, o laudo deve espelhar a situação patrimonial da investida no momento da aquisição original, não no momento da transferência do investimento para a controlada"13. No entanto, os fundamento do Acórdão nº 9101002.186, da 1ª Turma da CSRF, me convenceram a alterar meu posicionamento. Na linha dos fundamentos trazidos no acórdão citado, ainda que inexistissem vícios na formação do ágio que teria sido pago pela empresa NEOENERGIA na aquisição da ITAPEBI seu aproveitamento somente seria possível se esta fosse incorporada pela ITAPEBI, pois somente assim haveria a confusão patrimonial, consumandose, na investida, o lucro futuro e o investimento original com expectativa desse lucro (aquele que foi sobreavaliado) passam a se comunicar diretamente. Ante ao exposto, ainda que se reconhecesse a validade do ágio, ora em discussão, o seu aproveitamento não poderia ser feito em face de sua transferência para uma terceira empresa, o que inviabiliza os aspectos pessoais e materiais da hipótese de incidência. 13 Declaração de voto no Acórdão nº 1302001.150 Fl. 4401DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.402 45 Caso assim não entendam meus pares, entendo que ao menos o valor do ágio gerado deva ser limitado ao montante apurado com base na avaliação feita pela consultoria Enst Young, em setembro de 2003, que havia apurado um valor justo de mercado (total) para a ITAPEBI de R$ 300.612 mil. Tem razão a fiscalização quando rejeita a correção desse valor pela taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que segundo a consultoria Ernst Young poderia ser aplicada para atualizar o valor apurado no laudo anterior, corrigindo o valor de avaliação para R$ 353.840 mil, conforme carta assinada em 24/11/2004 pela empresa de consultoria (e fls. 224/231). Como bem apontou a autoridade fiscal e o acórdão recorrido, não existe base legal que autorize tal reavaliação e a correspondência emitida pela empresa de consultoria não tem o caráter de uma nova avaliação. Tampouco o laudo emitido pela Deloite Touche Tomatsu (efls. 280/305), em novembro de 2006, serve para corroborar tal reavaliação, pois se limita a avaliar os valores que compunham o patrimônio liquido da ITAPEBI em 31/10/2006 e o valor da participação da Neoenergia naquela data (com o respectivo ágio), com base na equivalência patrimonial. Não há reparos à conclusão do acórdão recorrido quanto a esta questão, verbis: [...] 37. Além desses óbices ao surgimento do ágio em questão, cumpre ressaltar os seguintes elementos e efeitos tributários, alguns, inclusive, já apontadas nos autos pela Fiscalização, especificamente no já referido Termo de Verificação Fiscal, confirase: a) o Laudo de avaliação econômicofinanceira de setembro de 2003, elaborado pela Ernst Young Consultores Associados Ltda., visa justificar apenas parte do ágio com fundamento na rentabilidade futura, uma vez que, como já aqui visto, é aplicada a variação dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI) ocorrida entre a data da reavaliação das ações até a data da alienação das ações da COELBA para a ITAPEBI, para corrigir o valor do investimento. A adoção de tal procedimento não encontra respaldo na legislação tributária, a qual somente admite o reconhecimento de variações monetárias ativas ou passivas se decorrentes de obrigações legais ou contratuais que determinem a aplicação desses índices (artigos 375 e 377, do RIR/1999), o que não se vislumbra no presente caso, dado que a metodologia originalmente utilizada no referido Laudo de avaliação econômicofinanceira foi “o método de Fluxo de Caixa Descontado (FCD)”, conforme consta ali expressamente declarado (fl. nº 4054); [...] f) o laudo da “DELOITTE” simplesmente atesta a regularidade dos registros contábeis do investimento, inclusive do ágio, ele não faz uma nova avaliação do investimento; [...] Fl. 4402DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.403 46 Pelo exposto, caso seja admitida a dedução do ágio pelo colegiado, entendo que esta deva ser limitada ao valor de R$ 34.701.651,00, conforme descrito no item 78 do TVF pela autoridade lançadora. Glosa de Juros sobre Capital Próprio JCP` A recorrente alega que sendo legítimo o ágio apurado, consequentemente tornase legítima a inclusão deste montante na conta de reserva especial de ágio, que compõe o saldo da conta do PL, de sorte que a premissa utilizada pela D. Autoridade Fiscal para considerar que houve falta de adição do excesso de despesa de juros sobre capital próprio restou devidamente elidida, em virtude dos argumentos e, principalmente, dos documentos acostados ao presente recurso. Em sentido oposto, não tendo sido reconhecida a legitimidade do ágio apurado, há que se ter como correta a recomposição do saldo do patrimônio líquido, com a exclusão da reserva especial de ágio para fins de cálculo do JCP, conforme procedimento adotado pela autoridade lançadora. Assim, voto no sentido de que seja mantida a glosa da dedução da despesas de juros sobre capital próprio, em face do excesso verificado. Da Multa qualificada A recorrente se insurge contra a qualificação da multa, alegando que, caso não sejam acolhidos os argumentos anteriormente expostos, cancelandose integralmente a autuação, deve ser afastada a multa agravada aplicada pela autoridade fiscalizadora, em face da inexistência de provas e da imaterialidade dos indícios acerca da suposta existência de fraude praticada pela recorrente. A autoridade lançadora qualificou a multa ao entendimento de que as operações realizadas tiveram como único propósito obstaculizar o recolhimento de tributos, mediante a amortização de ágio gerado artificialmente, sem substrato econômico, em reestruturação societária dissimulada, com utilização de empresa veículo, de papel. Entende que a empresa veículo nunca operou segundo seu objeto social, e não cumpriria a função social exigida pelo Código Civil. Que os atos formais registrados juntos aos órgãos regulatórios (ANEEL e CVM), visavam somente dar aparência de licitude. Sustenta a fiscalização que, substancialmente não houve ágio (apenas ágio interno); que parte da valorização da empresa não tem fundamento em rentabilidade futura, mas sim em mera correção pela taxa do CDI; que não houve incorporação real da controladora; que houve utilização do artifício de criação de uma empresa veículo, em simulação de incorporação. Ao final conclui que essas condutas não se apresentam no campo do planejamento lícito, configurandose, então, a simulação e a fraude. Examinando o conjunto de elemento dos autos, entendo que, desta feita, não restou caracterizada uma situação de simulação ou fraude por parte da recorrente, mas sim uma interpretação equivocada do real alcance das normas tributárias que disciplinam a amortização do ágio em reorganizações societárias. Ao fim e ao cabo não se pode dizer que o processo de reorganização societária empreendido de nada tenha servido aos objetivos empresariais da Fl. 4403DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.404 47 recorrente, na medida em que, ainda que em momento posterior, a legislação setorial acabou por exigir a desverticalização das empresas do setor elétrico, com a separação das geradoras e distribuidoras de energia, objetivo que restou alcançado ao final do processo. É certo que todo o processo de reorganização poderia ter sido conduzido sem qualquer discussão sobre a geração de ágio, mas há que se levar em conta a gama de interpretações divergentes acerca dos limites para a dedução do ágio nas aquisições de investimentos por parte das empresas ao se estipular a penalidade decorrente da glosa das amortizações que não se amoldam ao texto legal. Neste caso, ao menos se constata que, com exceção da empresa veículo, utilizada para viabilizar a utilização do benefício fiscal, as empresas envolvidas tem operacionalidade, patrimônio e existência real, não podendo ser confundidas com outras situações de ágio interno em que apenas uma empresa (a que se beneficia do ágio) têm existência real. Ante ao exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso nesta parte, para reduzir a multa de ofício aplicada de 150% para 75%. Lançamento Reflexo CSLL Com relação ao auto de infração reflexo (CSLL), sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias que motivaram a autuação relativa ao IRPJ (lançamento principal), deverá ser aplicada idêntica solução, em face da estreita relação de causa e efeito, até porque não foram trazidos pela recorrente argumentos específicos contra esse lançamento. Incidência de Juros sobre a multa A recorrente alega que não pode prosperar a cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício agravada, por absoluta ausência de previsão legal. Não assiste razão à recorrente. Dispõe o art. 161 do CTN que o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que se a lei não dispuser de modo diverso os juros são calculado à taxa de 1% ao mês. Ocorre que o legislador estabeleceu no art. 61 da Lei n° 9.430/1996 que, a partir de janeiro de 1997, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa SELIC quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Não resta dúvida que os débitos a que se refere a Lei n° 9.430/1996 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Por sua vez, o art. 113, em seu parágrafo primeiro define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Fl. 4404DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.405 48 Ora, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. Assim é que o art. 142 do CTN determina que a autoridade competente constitua o crédito tributário, calculando o montante do tributo e a penalidade aplicável. A multa de oficio é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida juntamente com o tributo devido. Assim, uma vez constituído o crédito pelo lançamento de ofício, ao tributo agregase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal e, sobre ele deve incidir integramente os juros à taxa SELIC. A jurisprudência das turmas desta câmara e da própria CSRF é majoritária a favor da incidência dos juros SELIC sobre a multa de ofício: Acórdão n° 1301000.111, de 04/12/2012: JUROS SOBRE MULTA. INAPLICABILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. NÃO OCORRÊNCIA. A obrigação tributária principal dáse com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional, de sorte que o crédito tributário corresponde à obrigação tributária principal, incluindo a multa de ofício proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Acórdão n° 1302000.959, de 07/08/2012: JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. É escorreita a cobrança de juros, calculados à taxa Selic, sobre multa de ofício, nos termos do §3°do art. 61 da Lei n°9.430/96. Acórdão n° 910100.539, de 11/03/2010 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Por fim, é oportuno observar que a incidência de juros SELIC sobre a multa exigida isoladamente é expressamente prevista no § único do art. 43 da Lei n° 9.430/1996, in verbis: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Assim, voto no sentido de rejeitar a alegação de ilegalidade da incidência de juros SELIC sobre multa. Fl. 4405DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 10580.734318/201129 Acórdão n.º 1302001.950 S1C3T2 Fl. 4.406 49 CONCLUSÃO Em face de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa de ofício aplicada para o percentual de 75%. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 4406DF CARF MF Impresso em 30/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 29 /08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Numero do processo: 13888.901399/2014-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa.
BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO.
O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.334
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Inclusão do ICMS na base de cálculo. Recorrente AÇOVIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E PRÉMOLDADOS DE CONCRETO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de pedido eletrônico de restituição da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, cumulado com declaração de compensação, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 13 99 /2 01 4- 65 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901399/201465 Acórdão n.º 3402003.334 S3C4T2 Fl. 3 2 denegado em tempo hábil por meio de despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o DARF representativo do pagamento indevido estava inteiramente alocado para a quitação de débitos anteriormente declarados pelo contribuinte. Em tempo hábil, foi apresentada manifestação de inconformidade na qual a defesa alegou, em síntese, que houve nulidade por cerceamento do direito de defesa e que o crédito do contribuinte decorre de pagamento indevido, em razão de ter sido incluído o ICMS na base de cálculo da contribuição. Afirmou que o ICMS é mero ingresso que não pode ser incluído no conceito de faturamento. Invocou o precedente consubstanciado no RE 240.785 do STF e informou que os artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430/96 garantem seu direito de compensar o indébito apurado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento rejeitou a preliminar de nulidade e, no mérito, decidiu o seguinte: a) o valor do DARF está inteiramente alocado para pagamento de débitos informados pelo próprio contribuinte; b) a lei apenas permite a exclusão da base de cálculo da contribuição do ICMS recolhido na condição de substituto tributário e da receita proveniente da alienação onerosa de créditos do ICMS; e c) o valor dos débitos declarados para compensação é de magnitude superior ao valor do único DARF vinculado a essas compensações. Regularmente notificado do Acórdão de primeira instância, o contribuinte apresentou em tempo hábil recurso voluntário a este Colegiado, alegando, em síntese, o seguinte: a) nulidade por cerceamento de defesa porque o despacho decisório não diz as razões pelas quais o contribuinte não tem o crédito que alega possuir. Essa omissão impediu o contribuinte de exercer a plena demonstração de seu crédito, pois não há como argumentar contra uma decisão que se mostra lacônica; b) a base de cálculo da contribuição sempre foi o faturamento e com o advento da Lei nº 10.833/2003 houve uma ampliação, passando a base de cálculo a abranger a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte. Entretanto, o valor do ICMS não pode ser considerado como receita do contribuinte, sob pena de violação do art. 110 do CTN, pois a lei não pode considerar receita o que não é receita. O ICMS representa para o contribuinte mero ingresso, pois o valor é posteriormente destinado ao fisco estadual. Tal interpretação foi cristalizada em caráter definitivo no RE 240.7852, que deve ser aplicado ao caso concreto. Reafirmou a existência do indébito e seu direito de compensálo com base nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.317): Fl. 52DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901399/201465 Acórdão n.º 3402003.334 S3C4T2 Fl. 4 3 "O recurso preenche os requisitos formais para sua admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Relativamente à preliminar de nulidade, não assiste razão à defesa. Isso porque, ao contrário do alegado, o despacho decisório declinou com todas as letras o motivo pelo qual a Administração Tributária denegou o pleito do contribuinte e não homologou as compensações declaradas. O Despacho Decisório apresenta a seguinte motivação: "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DECOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP. (...)" No mesmo despacho encontramse perfeitamente identificados o número do PER/DECOMP, o número do DARF e o valor relativo ao suposto pagamento indevido. O texto acima transcrito revela que a compensação não foi homologada porque o valor do DARF está inteiramente alocado para o pagamento de débitos declarados pelo próprio contribuinte. Em outras palavras: o contribuinte não possui o crédito alegado no PER/DECOMP porque o valor já foi utilizado para extinguir débitos por ele próprio declarados. Portanto, o despacho decisório não foi lacônico, uma vez que declinou expressamente o motivo da não homologação da compensação: o contribuinte não tem o crédito alegado. Essa fundamentação está explícita de forma clara, precisa e congruente com a decisão de não homologar a compensação, o que atende às exigências do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Sendo assim, é improcedente a alegação de nulidade, pois o contribuinte não teve seu direito ao contraditório e à ampla defesa cerceados, mesmo porque a apresentação de impugnação e de recurso voluntário, deduzindo argumentos no sentido de demonstrar a existência jurídica do indébito desautorizam a invocação dessa preliminar. No mérito, deflui dos autos que o contribuinte apurou e recolheu a contribuição incluindo o ICMS na sua base de cálculo e agora comparece perante a Administração Tributária alegando que o recolhimento foi efetuado em montante superior ao devido porque a inclusão do ICMS no faturamento ou na receita é inconstitucional. O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978, que a regulamentou. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901399/201465 Acórdão n.º 3402003.334 S3C4T2 Fl. 5 4 O art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, na redação vigente na época do fato gerador relativo ao pagamento tido como indevido, estabelecia o seguinte: "Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. (...)" (Fonte da transcrição: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decretolei/ del1598.htm) Já o item 4 da IN SRF nº 51/78, estabelece o seguinte: 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. (...) 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente (sic) com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra (sic) a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. 4.3.1 Incluemse também neste item: a) taxas que guardam proporcionalidade com o preço de venda; b) a parcela de contribuição para o Programa de integração Social calculada sobre o faturamento; c) a quota de contribuição, ou retenção cambial, devida na exportação. (Fonte da transcrição: http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/ sijut/Pesquisa.htm) Portanto, o recolhimento efetuado pelo contribuinte está em conformidade com a legislação vigente e com entendimento sedimentado há anos na seara tributária, uma vez que o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional. O contribuinte alega, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição porque o imposto estadual não se enquadra no conceito de faturamento ou mesmo no de receita estabelecido pela constituição. Ao contrário do alegado pelo contribuinte, tal argumento não pode ser acatado pelos órgãos administrativos de julgamento, pois o art. 26A do Fl. 54DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901399/201465 Acórdão n.º 3402003.334 S3C4T2 Fl. 6 5 Decreto nº 70.235/72 proíbe este colegiado de negar vigência a texto legal com hierarquia superior a Decreto, em razão de arguição de inconstitucionalidade, in verbis: "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(...)" O contribuinte invoca a seu favor o acórdão do STF proferido no RE 240.7852. Entretanto, esse recurso extraordinário ainda não foi definitivamente julgado, não se enquadrando no disposto no § 6º, I, acima transcrito, e nem nas disposições do Decreto nº 2.346/97, para que o entendimento possa ser estendido administrativamente a outros casos concretos. Não se olvide que essa questão é objeto do Tema 69 dos recursos submetidos à sistemática da repercussão geral no STF e será decidida no RE nº 574.706. Acrescentese que a Súmula CARF nº 2 estabelece que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Considerando que os recolhimentos efetuados pelo contribuinte, com a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS, estão conformes à legislação vigente, voto no sentido de negar provimento ao recurso." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 55DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 19515.001290/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL.
A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional.
Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento.
IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF.
Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
Numero da decisão: 2201-003.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 12 90 /2 00 9- 83 Fl. 5312DF CARF MF 2 Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O interessado foi autuado no IRRF, em 27/04/2009, em relação ao período de 01/2004 a 12/2007, em razão de diferenças entre os valores escriturados e os valores declarados e/ou pagos de IRRF, tendo sido exigido um crédito tributário total de R$ 2.337. 305, 81, incluindo imposto, multa de ofício de 150 % e juros de mora calculados até 31/03/2009 (fls. 292 a 332). 2. Em 27/04/2009, a DEFIC/SP lavrou Termo de Sujeição Passiva Solidária TSPS n° 1, relacionando como Sujeitos Passivos Solidários Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 264 e 265), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 267 e 268), Walter da. Silva Vieira Filho (fls. 271 e 272), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 275 e 276) e Márcia D. Assunção Vieira (fls. 279 e 280). 2.1. Referidos termos informam que: "... constatamos , nos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, que o Sujeito Passivo reteve o Imposto de Renda na Fonte sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício e não recolheu à Fazenda Nacional. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional)..." 2.2. Na mesma data, a DEFIC/SP lavrou Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 282 a 291), que assim descreve, resumidamente. 2.2.1. Constatamos, ao procedermos a auditoria Verificações Preliminares, anoscalendário (AC) 2004, 2005, 2006 e 2007, a escrituração de retenção do Imposto de Renda na Fonte (IRRF) sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício, como demonstrado a seguir. Fl. 5313DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 3 3 I IMPOSTO RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO A DOS FATOS 2.2.2. O Sujeito Passivo, nos AC de 2004 a 2007, reteve o IRRF nos códigos 0561 e 0588 informados nos demonstrativos de fls. 233/245, em resposta ao Temo Intimação Fiscal (TIF), lavrado em 18/11/2008 (ciência em 21/11/2008; fls. 203/231). 2.2.3. Após exames nos sistemas Sinal e DCTF, constatamos que muitos valores não foram recolhidos, apesar de registrados contabilmente. 2.2.4. Novamente elaboramos planilhas dos valores não localizados nos sistemas da RFB e intimamos o contribuinte, TIF lavrado em 02/12/2008 (ciência em 04/12/2008; fls. 246/252). 2.2.5. Como o Sujeito Passivo ficou silente dentro do prazo legal, novamente foi intimado por meio de TIF, lavrado em 20/01/2009 (ciência em 22/01/2009; fls. 255/256). 2.2.6. O contribuinte não se manifestou sobre as duas intimações, ficando sujeito às penalidades legais pela retenção e não recolhimento. Para melhor visualização da base tributável, estamos inserindo nas folhas seguintes os valores retidos e não recolhidos. 2.2.7. Do exposto, estamos constituindo o crédito tributário sobre as diferenças apuradas que ficará demonstrado à saciedade quando do direito. B DO DIREITO 2.2.8. A empresa em questão, ao pagar ou creditar os rendimentos das pessoas físicas sobre as rubricas dos códigos 0561 e 0588, descontou dos beneficiários dos rendimentos e não comprovou o recolhimento aos cofres públicos. 2.2.9. Conforme legislação, toda obrigação tributária tem sujeito passivo. E, às vezes, ele repassa a terceiros os tributos, mas figura na relação tributária. Ao reter o tributo, como responsável, fica obrigado a recolhêlos. O fato de deixar de fazêlo, no prazo legal, constitui a ação física do delito, conforme legislação penal transcrita. 2.2.10. No caso sob análise, ocorreu fraude ao fisco, caracterizada pela apropriação indevida (indébita) mediante retenção e não recolhimento, até o termo fatal. Do exposto, estamos exigindo os valores retidos e não recolhidos, com multa de 150%, conforme previsto na legislação de regência. II DO ENQUADRAMENTO LEGAL 2.2.11. O contribuinte infringiu aos artigos Io , 2o , 3 o e 7o , incisos I e II, § 1°, da Lei n° 7.713/88 e ao artigo 2 o da Lei n° 8.134/90, c/c os artigos 620, 624, 628, 631, 632, 646 e 841 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto Fl. 5314DF CARF MF 4 n° 3.000/99, art. 77, inciso II, do DecretoLei n° 5.844/43 e art. 149 da Lei n° 5.172/66. III DO ENCERRAMENTO 2.2.12. Do que, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo em três vias, (...). 3. Foi formalizado processo relativo a "Representação Fiscal para Fins Penais", que levou o número 19515.001267/200999. 3.1. Foi também lavrado Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, conforme fls. 333 e 334. 4. O contribuinte foi cientificado do teor do referido Auto de Infração em 27/04/2009 (fl. 332), dele discordando, em 27/05/2009, por meio de seu representante legal (fls. 349 a 365), impugnouo (fls. 343 a 349), acostando documentos (fls. 258 a 1.405), alegando, em síntese, que: DO AUTO DE INFRAÇÃO 4.1. Como se verá, a fiscalização incorreu em diversos erros no auto de infração, que resultaram na exigência de tributo absolutamente ilegal. Os equívocos aqui tratados podem ser resumidos nos seguintes itens, adiante expostos individualmente: (i) apontamento de serviços prestados por pessoas físicas, uma vez que a impugnante tomou serviços de pessoas jurídicas; (ii) desconsideração de recolhimentos realizados pela impugnante em suas épocas próprias, apesar de devidamente informados em DCTF. II SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS JURÍDICAS 4.2. Os serviços apontados na planilha do auto de infração (fls. 284 e ss.) foram executados por pessoas jurídicas (cód. Tributo 1708), conforme DARFs e planilhas em anexo, que demonstram inequivocamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos de IRRF realizados pela impugnante. 4.3. O livro razão demonstra que os valores utilizados pelo auto de infração não foram prestados por pessoas físicas (doe. 03). Houve erro da fiscalização em decorrência de resposta encaminhada pela impugnante, onde apontado que os referidos serviços haviam sido prestados por pessoas físicas, quando, em verdade, o foram por pessoas jurídicas. Tal equívoco fez com que a fiscalização não considerasse os recolhimentos realizados pela impugnante. III RECOLHIMENTOS REALIZADOS PELA IMPUGNANTE 4.4. A fiscalização deixou de observar recolhimentos realizados pela impugnante relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado (cód. 0561). Os DARF em anexo comprovam o recolhimento, em época própria, dos tributos exigidos pelo auto de infração. (doc. 02), assim como esses pagamentos constaram nas DCTF por ela informadas (doe. 04). Fl. 5315DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 4 5 4.5. Além disso, percebese que a fiscalização lançou valores em duplicidade ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pelo auto de infração. IV RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS 4.6. A conseqüência da ilegal tipificação de fraude realizada pelo auto de infração é a sujeição passiva solidária dos sócios da impugnante em relação aos tributos lançados, realizada pela ação fiscal com base no art. 135, III, do Código Tributário Nacional CTN. 4.7. Traz doutrina e jurisprudência do STJ a embasar seu entendimento de que a simples mora de obrigações tributárias não configura infração à lei (como exige o art. 135 do CTN). Afirma que a impugnante não praticou nenhum ato fraudulento, razão pela qual cai por terra a tentativa da ação fiscal de querer responsabilizar individualmente os sócios. V DOS PEDIDOS 4.8. Requer: (i) seja reformado o auto de infração em relação aos lançamentos por ele abrangidos; e (ii) seja afastada a responsabilidade tributária dos sócios da impugnante, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do art. 135 do CTN. 4.8.1. Requer ainda que "as intimações sejam endereçadas ao signatário desta petição". 5. Em 27/05/2009, foram também protocolizadas impugnações pelo representante legal dos Srs. Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 1.406 a 1.412), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 1.416 a 1.422), Walter da Silva Vieira Filho (fls. 1.426 a 1.432), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 1.436 a 1.442) e Márcia D'Assunção Vieira ( a 1.452), nos mesmos termos da apresentada pela empresa (fls. 343 a 349). 5.1. De se observar que tanto na impugnação apresentada pela empresa, quanto nas demais cinco acima referidas, a autoridade preparadora anotou nas páginas iniciais que a assinatura do representante legal não conferia com o documento apresentado, além de não ter sido anexado cópia do auto de infração (no primeiro caso). 5.1.1. Em 22/07/2009, a empresa peticionou, por meio de seu representante legal (fls. 1.456 a 1.469), anexando cópia do Auto de Infração. Acerca da legitimidade da assinatura atribuída ao procurador, acostou aos autos declaração deste, com firma reconhecida, atestando que a assinatura constante da documentação de defesa apresentada foi, de fato, por ele firmada, de próprio punho, se responsabilizando para todos os efeitos legais (fl. 1.458). Fl. 5316DF CARF MF 6 6. É o relatório. Passo ao voto. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E VALORES DECLARADOS. Tendo sido apuradas diferenças entre os valores escriturados e aqueles declarados pelo contribuinte, diferenças estas por ele não esclarecidas, correta a tributação do valor do imposto não recolhido, devendose abater os valores informados em DCTF. MULTA QUALIFICADA. DOLO. A prática reiterada de informar em DCTF valores inferiores aos contabilizados, resultando em recolhimentos de imposto, ao longo dos anos analisados, em valores menores que os devidos, é procedimento doloso tendente à fraude e à sonegação, o que respalda a aplicação da multa qualificada. Sendo vinculada e obrigatória a atividade administrativa, ocorrido o fato gerador resta à autoridade fiscal o dever de constituir o crédito tributário, calculando a exigência de acordo com a lei vigente à época do fato, nos termos do artigo 142, do CTN. ASSUNTO: NORMAS GERAIS D E DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Não procedem as alegações da Impugnante no sentido de que: (i) a sujeição passiva solidária dos sócios decorreu do previsto no art. 135, III, sócios (acionistas) tinham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador do tributo lançado, correta a autuante ao imputarlhes responsabilidade solidária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foram interpostos recursos voluntários pela contribuinte e pelos responsáveis solidários, que sustentaram, em síntese: a) a ausência de responsabilidade tributária dos sócios da recorrente, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do artigo 135 do Código Tributário Nacional; b) os serviços apontados na planilha do auto de infração (fl. 284 e seguintes) foram executados por pessoas jurídicas (cód. tributo 1708) e não por pessoas físicas, tendo a recorrente promovido o recolhimento do tributo sobre ele incidente (os DARFs anexos e Fl. 5317DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 5 7 as planilhas que acompanham a impugnação demonstram a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos realizados a título de IRRF pela recorrente); c) quanto aos recolhimentos realizados pela recorrente relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado, os DARFs comprovam que a recorrente recolheu, em suas épocas próprias, os tributos exigidos pelo auto de infração, assim como esses pagamentos constaram nas DCTFs por ela informadas; d) a fiscalização lançou valores em duplicidade, ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso pela recorrente. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da recolhimento do imposto retido Conforme narrado, a autuação em análise ocorreu em razão da auditoria realizada, em relação aos anoscalendários 2004 a 2007, ter apurado que foram retidos e não recolhidos valores de IRRF referente aos códigos 0561 e 0588, após comparação entre os valores de retenção escriturados (conforme resposta do contribuinte à intimação recebida; fls. 232 a 245) e aqueles efetivamente recolhidos. A decisão de piso consignou que embora a impugnante tenha afirmado que os DARFS em anexo (código 1708) demonstravam inequivocadamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização (código 0588), não é isso que se verifica, tendo sido informado por ela o montante de RS 646.188,91 no código 0588 (fls. 240 a 245), enquanto que o informado em DCTF para o código 1708 somou R$ 45.436,99 (dos quais somente foi comprovado o recolhimento/compensação de R$ 34.052,54; fls. 1.536, 1538, 1.539, 1.543 a 1.545, 1.547 a 1.550, 1.621, 1.631, 1.632 e 1.636 a 1.640). Além disso, restou disposto na decisão mencionada que, na autuação, não foram considerados os valores informados em DCTF, devendo ser abatidos os respectivos valores, tendo em vista que foi demonstrado o efetivo recolhimento (consulta ao Sistema Sinal código 0561 e 0588). No que se refere à alegação da impugnante de que os valores por ela escriturados relativos ao código 0588 se referem, na verdade, ao código 1708, salientase que Fl. 5318DF CARF MF 8 não foram trazidas provas que demonstrassem tal afirmação, sendo insuficientes as cópias do Livro Razão anexadas. Em sede de recurso voluntário, foram apresentados documentos comprobatórios de que os valores autuados sobre o código 0588 (serviços prestados por pessoa física) referemse ao código 1708 (serviços prestados por pessoa jurídica), de modo que encontrase equivocada a autuação. Corroborando o exposto, cabe mencionar como exemplo a retenção do valor de R$ 122, 69, conforme consta da planilha anexa ao acórdão de impugnação, fl. 1956. Tal valor se refere à prestação de serviços da CSI Tecnologia do Varejo, consoante planilha disposta pela recorrente, fl. 2.141, acompanhada dos comprovantes de arrecadação, fls. 2.156 e 2.157; do Livro Razão Consolidado, fl. 1956; e do Livro Diário n. 17, fl. 2045. Diante da vasta documentação apresentada pelo contribuinte, inclusive com notas fiscais, não há como afastar o fato de que, com relação ao código 0588, na verdade, não se tratam de serviços prestados por pessoas físicas, mas sim por pessoas jurídicas, bem como que, em alguns casos, tratavase de IRRF sobre juros de mútuo (doc. 03 a doc. 07). Assim, em razão da distinção das alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, sob essa rubrica (0588), tendo em vista o vício material do lançamento. No que se refere ao adimplemento da obrigação referente ao código 0561 IRRF sobre o rendimento do trabalho assalariado, asseveram os recorrentes que, mesmo não tendo a pessoa jurídica declarado tais débitos, os pagamentos foram efetuados (doc. 08 e doc. 09). Compulsandose os autos, fls. 4.988 e seguintes, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois, consoante planilha anexa, existiram períodos com recolhimento a menor e períodos com recolhimento a maior, como comprovam os DARFs respectivos, de modo que os valores exigidos na autuação já foram recolhidos. Como exemplo, temse a exigência do valor de R$ 4.927,70, de acordo com a planilha anexa à impugnação: Período autuado 31/01/2004 Vencimento 04/02/2004 (A) Planilha 4.927,70 (B) DCTF Ativa R$ 4.734,66 A B = R$ 193,04 Valor autuado 4.927,00 Foi recolhido o valor de R$ 4.734,66, conforme DARF de fls. 4.992 e 4.993, restando uma diferença de R$ 193,04, que foi compensada pelo recolhimento a maior do período seguinte (R$ 900,00) e assim sucessivamente. A determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável, ou seja o cálculo do tributo devido, é requisito do lançamento tributário segundo o artigo 142 do CTN: Fl. 5319DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 6 9 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Por ser atividade vinculada e obrigatória, é dever da autoridade fiscal a determinação do critério material da regra matriz de incidência tributária, base de cálculo do tributo e alíquota aplicável. Assim, verificase o patente vício material do auto de infração, de modo que a contribuinte logrou êxito em afastar os fundamentos da decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 5320DF CARF MF
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Numero do processo: 13771.720572/2015-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
PRORROGAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. REQUERIMENTO INDEFERIDO
Inexiste previsão legal para prorrogação do trâmite regular de processo administrativo fiscal em razão de litígio judicial estranho ao objeto da lide.
DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE PARCIAL
Somente são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física - IRPF valores pagos a título de pensão alimentícia quando restar comprovado, além o efetivo pagamento, que os alimentos decorrem do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade.
O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não pode ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do inciso II do art. 4º e a alínea f do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995 e do enunciado da Súmula CARF nº 98.
DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL.
Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se por demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.509
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, por maioria dar-lhe parcial provimento para: a) restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento em maior extensão e b) restabelecer a dedução relativa às despesas médicas, vencidos o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (Relator) que mantinha a glosa. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. REQUERIMENTO INDEFERIDO Inexiste previsão legal para prorrogação do trâmite regular de processo administrativo fiscal em razão de litígio judicial estranho ao objeto da lide. DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE PARCIAL Somente são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física IRPF valores pagos a título de pensão alimentícia quando restar comprovado, além o efetivo pagamento, que os alimentos decorrem do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não pode ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do inciso II do art. 4º e a alínea “f” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995 e do enunciado da Súmula CARF nº 98. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL. Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se por demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 77 1. 72 05 72 /2 01 5- 14 Fl. 73DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, por maioria darlhe parcial provimento para: a) restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento em maior extensão e b) restabelecer a dedução relativa às despesas médicas, vencidos o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (Relator) que mantinha a glosa. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 74 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre – DRJ/POA, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF (fls. 7/12), relativa ao ano calendário 2013 / exercício 2014, a qual resultou em imposto suplementar no valor de R$ 8.824,02 (oito mil, oitocentos e vinte e quatro reais e dois centavos). De acordo com a Notificação de lançamento, o crédito foi constituído em razão da glosa de valores deduzidos i) com pensão alimentícia, R$ 42.723,97 (quarenta e dois mil, setecentos e vinte e três reais e noventa e sete centavos), em razão de o termo de audiência apresentado ser datado de 1992 e o contribuinte não ter apresentado atualizados, confirmando se o referido termo ainda estava em vigor; ii) a título de despesas medicas, R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos reais), pela não apresentação de documentos aptos a comprovar o pagamento das despesas, conforme solicitado pela Fiscalização. O Recorrente apresentou impugnação por meio do documento de fls. 2/5, alegando, em síntese, que: a) os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, foi realizado conforme normas do Direito de Família, em decorrência de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública, no caso de divórcio consensual; a) a pensão alimentícia está devidamente amparada por Termo de Audiência de 1992 e Oficio 165/91, não procedendo a alegação de termos desatualizados, tendo em vista que a carta de sentença é indeterminada e vitalícia, sendo os valores deduzidos automaticamente pela fonte pagadora, obedecendo a determinação judicial; c) com relação às despesas médicas, os valores deduzidos referemse a pagamento parcelado de tratamento odontológico pago em 10 vezes, conforme recibos em anexo, datado, carimbado e assinado pelo profissional prestador dos serviços, em conformidade com os requisitos exigidos para dedução A DRJ/POA julgou a impugnação improcedente, acórdão de fls. 43/45, conforme se descreve a seguir: a) Pensão alimentícia Judicial: “A falta de documento expedido pelo Poder Judiciário, com a informação atualizada de que permanece a obrigação do contribuinte em prestar alimentos aos filhos e à exesposa, é fator determinante para a manutenção da glosa da despesa com pensão alimentícia”; b) Despesas Médicas: Fl. 75DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 embora o Termo de Intimação Fiscal tenha determinado ao contribuinte “a apresentação dos ‘comprovantes originais e cópias das despesas médicas, bem como do seu efetivo pagamento (cópias de cheques, extratos bancários ou de cartões de crédito)’ (...) o contribuinte apresentou apenas os recibos de fls. 24/34. As cópias dos cheques, os extratos bancários ou extratos de cartão de crédito não foram apresentados”. “os recibos informam pagamentos mensais no valor de R$ 880,00 a partir do mês de março até dezembro de 2013. Entretanto, o prestador do serviço não informou em sua Declaração de Ajuste AnualDAA ‘rendimento tributável recebidos de pessoa física’ nos meses de março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro, ou seja, os valores declarados pelo profissional não coincidem com aqueles informados como recebidos e constantes nos documentos por ele firmados os quais foram apresentados pelo notificado.” Por ocasião do recurso voluntário (fls. 52/70) o contribuinte argumenta que: a) os débitos glosados não procedem, tendo em vista que o desconto de Pensão Alimentícia permanece em vigor, vem sendo efetuado mensalmente em sua folha de pagamento em favor da exesposa Lea Maria Calmon Fernandes e a sentença judicial ainda vigora. Anexa documentação de fls. 65/67; b) no dia 5/4/2016, foi dada a entrada no Fórum de Linhares/ES, local de residência da exesposa, o pedido de exoneração da pensão dos filhos e manutenção da pensão em nome da mesma. Apresenta cópia de Petição Inicial (fls. 54/64); c) a Petição Inicial apresentada em 5/4/2016 ainda está em tramite e aguarda julgamento do juiz; d) quanto à glosa de despesas médicas, aduz não ter procedência, visto que os recibos foram apresentados. e) entende não haver a obrigatoriedade em efetuar os pagamentos com cheques ou cartão de crédito; e f) assevera não ser de sua responsabilidade o fato de o prestador de serviços ter deixado de declarar os valores por ele (prestador) recebidos em sua Declaração de Ajuste Anual – DAA como rendimentos tributáveis. Requer a prorrogação do Processo 13771720.572/201514, até que seja julgada a decisão da ação de revisão da pensão em curso; e o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 75 5 Voto Vencido Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. DA PRELIMINAR Com relação ao pedido de prorrogação do Processo objeto de análise, até que seja julgada a decisão da ação de revisão da pensão, em curso na Justiça do Espírito Santo. Em razão da inexistência de previsão legal que possa amparar a pretensão do Recorrente, indefiro o requerimento. DO MÉRITO Considerações Gerais As deduções pleiteadas pelo Recorrente encontramse disciplinadas nos dispositivos dos arts art. 4º e 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo reproduzidos: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: [...] II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; [...] Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames Fl. 77DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] O caput e os §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR), nos termos dos §§ 3º a 5º do DecretoLei nº 5.844, de 1943, estabelecem a necessidade de comprovação das despesas deduzidas da base de cálculo do IRPF e a possibilidade de glosa de deduções indevidas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). Consoante estabelece o art. 73 do RIR, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 76 7 Dedução de Despesas com Pensão Alimentícia Da leitura das disposições normativas encimadas (inciso II do art. 4º e alínea “f” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995) verificase que as deduções a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF visam substituir os abatimentos realizados em relação ao imposto, relativos aos dependentes, suas despesas médicoodontológicas e com educação, dentre outros, por ocasião do rompimento da sociedade conjugal. Nesse contexto, importa recorrer ao conceito de dependente para os fins da legislação do Imposto de Renda. A esse respeito, dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: I o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. [...] De se notar que as normas que disciplinam as hipóteses de dedução de despesas com pensão alimentícia na DAA determinam que essa dedução deve obedecer cumulativamente aos seguintes requisitos: i) a comprovação do efetivo pagamento aos alimentandos; ii) que esses pagamentos decorram do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual; iii) que a pensão tenha sido paga em face das normas do Direito de Família; e iv) que os alimentos se destinem a substituir as despesas havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 8 Ainda com relação à prestação de alimentos, verificase que tal incumbência está fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, nesse sentido, os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil dispõem: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. [...] Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. No caso que ora se analisa, temse que o contribuinte deduziu de sua DAA valores relacionados a pensão alimentícia decorrente de acordo homologado judicialmente em 1994, destinada à exesposa e aos seus três filhos, no percentual de 40% sobre sua remuneração líquida mensal. Na petição de fls. 54/64, que tramita na Justiça do Espírito Santo (por meio da qual o contribuinte busca revisar a pensão paga a esposa e aos filhos), apresentada por ocasião do recurso voluntário, extraise informações essenciais para a análise da presente questão. Vejamos: a) dos 40% (quarenta por cento) incidentes sobre a remuneração líquida do Recorrente, pagos a título de pensão, são destinados 10% (dez por cento) para a exesposa e 10% (dez por cento) para cada um dos filhos; b) no tocante à idade de cada filho no início do ano calendário relativo à Notificação de Lançamento (2013), constatase que: Wellington Gustavo Fernandes Menezes, nascido no dia 04/12/1977, tinha 35 (trinta e cinco) anos; Fabio Fernandes Menezes, nascido no dia 20/06/1974, tinha 38 (trinta e oito) anos; e Luciana Fernandes Menezes, nascida no dia 08/12/1972, tinha 40 (quarenta) anos. Com base nos documentos acostados aos autos pelo Recorrente, é possível inferir que o acordo homologado judicialmente, do qual decorre o pagamento da pensão, ainda Fl. 80DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 77 9 encontrase válido. Do mesmo modo, o comprovante de rendimentos apresentado ainda na impugnação (fl. 21) demonstra que os pagamentos foram efetivamente realizados no ano calendário em que se deu o lançamento do crédito tributário. Por outro lado, fazse necessário verificar se as deduções efetuadas pelo contribuinte estão em conformidade com a legislação tributária. Para tanto, mesmo ainda estando válido o acordo judicial, esse precisa estar amparado pelas normas do Direito de Família e os alimentos devem se destinar a substituir as despesas que seriam havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. Com relação à exesposa do Recorrente, entendo que a dedução dos alimentos na DAA não encontra óbice nas normas tributárias ou do Direito de Família, devendose restabelecer a dedução. No tocante aos filhos do sujeito passivo, considero não haver indícios de que a prestação de alimentos esteja fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, consoante dispõem os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil, ou seja, tratase de situação que não encontra amparo nas normas do Direito de Família. Ademais, caso a sociedade conjugal não tivesse se dissolvido, esses não ser revestiriam da condição de dependentes eis que, para tanto, precisariam, nos termos do § 3º do art. 35 da Lei nº 9.250/95, ter no máximo 24 (vinte e quatro) anos de idade e estarem matriculados em estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, o que não é o caso. De mais a mais, situações como a analisada no presente processo, em que a instituição da pensão não resulta da aplicação das normas relacionadas ao Direito de Família, pressupõem que os pagamentos a esse título foram feitos por mera liberalidade o que impossibilita sua de dedução na DAA. A esse respeito, vejamos o que dispõe a Súmula CARF nº 98, de observância obrigatória por este colegiado: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. Por todo o exposto, entendo que se deva restabelecer a dedução exclusivamente em relação à pensão paga à exesposa do Recorrente, em valor correspondente a 10% (dez por cento) de sua remuneração líquida, o que corresponde a R$ 8.476,20 [(R$ 90.097,82R$ 5.335,86) x 10%)], conforme dados extraídos de seu comprovante de rendimentos. Dedução de Despesas Médicas No tocante às despesas médicas, sua dedução está subordinada aos preceitos insculpidos na alínea “a” do inciso II e no § 2 º do art. 8º da Lei n° 9.250/95 e no caput e os §§ 1º e 2º do art. 73. De conformidade do citados dispositivos o direito à dedução pressupõe i) que os serviços tenham como destinatários o contribuinte ou seus dependentes legais no ano Fl. 81DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 10 calendário referente à DAA; ii) em se tratando de pessoas físicas, que os serviços tenham sido prestados por profissionais médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, o que pressupõe seu registro no órgão profissional respectivo; e iii) que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu. Impende rememorar que a Autoridade Fiscalizadora pode requisitar, além de comprovantes emitidos pelos prestadores de serviços, outros elementos que julgue necessário à efetiva comprovação do pagamento das despesas com tratamentos de saúde, obrigandose o contribuinte à indicação de documentos que possam corroborar os desembolsos. É certo que o sujeito passivo não está obrigado a efetuar pagamentos com serviços de saúde através de cheque ou cartão de crédito, tampouco tem qualquer responsabilidade pelas informações apresentadas ao Fisco pelos contribuintes que lhe tenham prestado qualquer tipo de serviço. Entretanto, mesmo que os pagamentos tenham sido feitos em dinheiro, poderia, por exemplo, fazer prova da disponibilidade financeira vinculada aos desembolsos na data da realização dos serviços, com a apresentação de extratos bancários com saques que justificassem os pagamentos, permitindose, assim, a verificação inequívoca do nexo causal entre os recibos apresentados e os pagamentos efetuados. Isso posto, não tendo sido comprovado o efetivo pagamento das despesas, entendo pela manutenção da glosa relativa às despesas com serviços de saúde. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 78 11 Voto Vencedor Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Redator Designado A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal as disposições da alínea “a” do inciso II e no § 2 º do art. 8º da Lei n° 9.250/95, e no caput e os §§ 1º e 2º do art. 73, mais acima transcritos. Vejase que a própria legislação tributária conferiu a documentos do tipo descrito no inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, o valor de prova do pagamento um documento de transferência bancária, por exemplo, não possui todos os elementos discriminados na legislação, tal como o endereço do profissional prestador do serviço, ao contrário do recibo, que possui campos de preenchimento adequados para esses fins. Reconhecese, sob outro prisma, que a fiscalização bem como o julgador de primeiro grau, no caso de documentos apresentados em primeira mão nessa instância recursal tem a faculdade de demandar elementos adicionais com vistas a atestar a efetividade dos pagamentos, forte nos §§ 3º e 4º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 (respectivamente, §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99). Convém atentar, todavia, ser necessário que essas normas sejam lidas e interpretadas em conjunto com o art. 79, § 1º (art. 845, § 1º do RIR/99) desse mesmo diploma, o qual estabelece: Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: (...) § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão. (...) Desta sorte, a regra geral é a aceitação de recibos e/ou notas fiscais de prestação de serviços, caso atendidos os seus requisitos formais, motivo pelo qual a exigência de outros elementos para a comprovação das despesas médicas deve ser devidamente fundamentada, sob pena de violação do princípio da proteção da boafé e da legítima confiança que norteiam a relação fiscocontribuinte. No caso concreto, verificase que os pagamentos declarados como pagos a Anibal José Lopes da Silva Reis (R$ 8.800,00) foram glosados pela fiscalização sob a alegação de "falta de comprovação do pagamento" (fl.10). Não obstante, o contribuinte carreou aos autos recibos médicos atestando os pagamentos efetuados a esse profissional, os quais constam respectivamente às fls. 24/34. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 12 Notese que tanto a fiscalização quanto o aresto vergastado não apontaram qualquer mácula de cunho formal nos indigitados recibos. Nessa esteira, entendese que em uma situação extremada, como, por exemplo, na apresentação de documentos que sequer se constituíssem em recibos propriamente ditos, ou na ocorrência de uma desproporção inaceitável entre as despesas deduzidas e o total de rendimentos declarados, poderia ser superada a ausência de uma justificativa circunstanciada no lançamento para a exigência de comprovação efetiva dos pagamentos, privilegiandose a razoabilidade da manutenção do crédito tributário. Não se tratando de situação do gênero, contudo, cabe o restabelecimento das deduções de despesas médicas pagas a Anibal José Lopes da Silva Reis (R$ 8.800,00), conforme documentos colacionados aos autos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON
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Numero do processo: 10480.725837/2015-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE.
Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora.
O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revela-se de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-003.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE. Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revelase de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 58 37 /2 01 5- 58 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 166 2 Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suple nte Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 28 a 30, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2012, que constatou a seguinte infração: dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 20.000,00, referente à Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, psicóloga por falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas. Consta ainda da descrição dos fatos que o contribuinte, apesar de intimado, alegou que os serviços foram realizados semanalmente e pagos em espécie. Cientificado do lançamento e 26/05/2015 (fl. 33), o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02 a 05, em 05/06/2015, alegando que o valor contestado de R$ 20.000,00 referese a despesas médicas do cônjuge, Suzana Loureiro Filgueiras Emerenciano. Às fls. 16 a 17 consta a complementação da impugnação, onde afirma que além dos recibos de pagamento das sessões de psicoterapia, apresentou à fiscalização, declaração firmada pela profissional Dra. Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, atestando a efetiva prestação dos serviços. Alega também que a prova dos pagamentos só poderia ser realizada nos termos do Decreto n.º 3.000/99 mediante indicação dos cheques nominais e/ou extratos bancários, se não fossem apresentados os recibos e que o auditor fiscal tem que demonstrar objetivamente que os recibos apresentados são inválidos”. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento à psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos. Não obstante a existência de recibos de despesas médicas, a autoridade lançadora solicitou a prova do pagamento através da microfilmagem dos cheques emitidos, comprovantes de transferências bancárias ou, ainda, os extratos bancários que demonstrassem os saques dos valores pagos ao profissional de saúde. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 167 3 Cientificado do acórdão da DRJ em 12/11/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivamente em 07/12/2015, alegando em síntese que: Os recibos emitidos pela psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, desde que preenchidos de acordo com o que exige a legislação, são provas do efetivo pagamento das despesas de saúde deduzidas. Não há nada que obrigue o contribuinte a efetuar pagamentos em cheques ou em cartão de crédito, sendo o pagamento em espécie uma prática regular. As despesas com tratamento psicológico da esposa do contribuinte, que é sua dependente, se deram após o diagnóstico de um câncer de mama, na tentativa de devolverlhe a auto estima. O valor questionado pela Receita Federal do Brasil de R$ 10.340,00 referese a pagamentos comprovados à psicóloga no ano de 2012. Os recibos apresentados estão de acordo com a legislação vigente. Alfim, requer o provimento do recurso com o arquivamento do presente processo. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de despesas com saúde A matéria de fundo se relaciona à presunção relativa dos recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde para legitimar a dedução levada a cabo pelo sujeito passivo. A controvérsia reside no fato de que para o Fisco, não basta o mero recibo assinado pelo profissional competente, ainda que esse preencha os requisitos da legislação. A seu juízo, poderá exigir a comprovação do efetivo dispêndio, que poderá consistir em uma cópia de cheque emitido, comprovante de transferência bancária, dentre outros meios de prova legalmente admitidos. Por seu turno, o sujeito passivo alega que efetuava os pagamentos à psicóloga mensalmente em espécie, não tendo optado por cartão de crédito ou cheque, meio de pagamento, segundo ele, quase em desuso. A fundamentação legal para a exigência da autoridade lançadora é o artigo 73 e § 1º do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 168 4 “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Por sua vez, o art. 8.º, II, “a”, da Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais,bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (Grifouse). (...).” Assim, é cediço que todos os pagamentos objeto de dedução devem ser justificados e comprovados a juízo da autoridade lançadora e, na falta de documentação poderá ser aceito com meio de prova a indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. No caso em concreto sob análise, temse que nem a autoridade lançadora nem o colegiado a quo negaram validade aos recibos apresentados pelo sujeito passivo, eis que os mesmos preenchem os requisitos do art. 8º, § 2º, III, da Lei nº 9.250/1995. O que houve foi a exigência de uma prova adicional, eis que foi relativizada a força probatória consistente apenas na apresentação dos recibos. É certo que o mero recibo de pagamento tem presunção relativa, ainda que firmado pelo profissional de saúde e preenchendo todos os requisitos legais para sua validade. Todavia, a autoridade lançadora, a meu ver, deverá apontar os motivos que a levaram a não dar valor probatório aos documentos apresentados. Exemplifico. Valores vultosos, incompatíveis com o cobrado pelo mercado, recibos firmados por profissionais reconhecidamente inidôneos, Fl. 168DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 169 5 dedução de valores exagerados, que representem significativo percentual em relação aos rendimentos declarados, tratamentos de saúde incompatíveis com a pessoa do contribuinte e seus dependentes, dentre outras inúmeras situações. No caso concreto, contudo, o valor deduzido para o custeio de tratamento psicológico da dependente do sujeito passivo era de pouco mais de um salário mínimo à época e representou pouco mais de 6% (seis por cento) dos rendimentos declarados do contribuinte para o anocalendário. De outro lado, restou comprovado nos autos que a dependente do contribuinte esteve acometida de câncer de mama, sendo certo que o tratamento psicológico é de fundamental importância para o êxito do tratamento da doença. O Fisco deve exigir a justificação e comprovação do pagamento a seu juízo. Entretanto, a liberdade que a autoridade fiscal detém de exigir provar deve possuir contornos e ser fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. O sujeito passivo apresentou recibos de pagamentos efetuados em espécie, firmado por profissional em que foi possível identificar nome completo, endereço, CPF, número de inscrição no CRP Conselho Regional de Psicologia, em valor compatível com o tratamento de uma pessoa que foi acometida por uma enfermidade grave. De outra sorte, a autoridade lançadora exigiu, mesmo com a apresentação dos recibos e sem apresentar nenhuma justificativa para tanto, que o sujeito passivo colacionasse prova excessivamente difícil de ser produzida. Assim, entendo que os recibos de pagamentos apresentados pelo contribuinte comprova a regularidade da dedução do valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 169DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.933420/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.746
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 20 /2 00 9- 88 Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13897.001103/2003-42
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA.
Deve-se observar, para fins de se definir insumo para efeito de constituição de crédito de PIS e de Cofins, se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção e se a produção ou prestação de serviço demonstram-se dependentes efetivamente da aquisição dos referidos bens e serviços.
No caso vertente, a indumentária na indústria de processamento de carnes, por ser necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA, deve gerar crédito da contribuição ao PIS.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. FRETES E CARRETOS
Cabe à constituição de crédito de PIS os serviços de frete de mercadorias, bem como carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, eis que garante que o consumidor receba os produtos adquiridos, assim como assegura sua atividade/produção quando do transporte interno dessas mercadorias dentro da própria empresa.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DESPESAS DE DIÁRIAS COM MOTORISTAS.
Por falta de previsão legal, não gera direito ao crédito do PIS as despesas relativas às diárias com motoristas - despesa administrativa.
PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime não-cumulativo, por absoluta falta de previsão legal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-004.383
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação à catapazia e estivas, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento; (2) em relação ao pagamento das diárias, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento e (3) em relação ao frete, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação à catapazia e estivas o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. Devese observar, para fins de se definir “insumo” para efeito de constituição de crédito de PIS e de Cofins, se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção e se a produção ou prestação de serviço demonstramse dependentes efetivamente da aquisição dos referidos bens e serviços. No caso vertente, a indumentária na indústria de processamento de carnes, por ser necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA, deve gerar crédito da contribuição ao PIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. FRETES E CARRETOS Cabe à constituição de crédito de PIS os serviços de frete de mercadorias, bem como carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, eis que garante que o consumidor receba os produtos adquiridos, assim como assegura sua atividade/produção quando do transporte interno dessas mercadorias dentro da própria empresa. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DESPESAS DE DIÁRIAS COM MOTORISTAS. Por falta de previsão legal, não gera direito ao crédito do PIS as despesas relativas às diárias com motoristas despesa administrativa. PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 11 03 /2 00 3- 42 Fl. 859DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 3 2 Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime nãocumulativo, por absoluta falta de previsão legal. Recurso Especial do Procurador Negado. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação à catapazia e estivas, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento; (2) em relação ao pagamento das diárias, por unanimidade de votos, em negarlhe provimento e (3) em relação ao frete, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação à catapazia e estivas o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratamse de Recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 20181.731, da 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao ressarcimento de créditos de PIS quanto à indumentária. Em vista da decisão, foi consignado, então, no acórdão recorrido a seguinte ementa (Grifos meus): “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito do PIS/Cofins. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. OUTRAS DESPESAS. Por falta de previsão legal, não geram direito ao crédito do PIS/Cofins as despesas realizadas ou incorridas que não se enquadrem no conceito de insumo, exceto as previstas na legislação.” Irresignada com a decisão do Colegiado, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial requerendo a reforma do entendimento manifestado pelo Colegiado de que a indumentária seria insumo indispensável ao processo produtivo, alegando, entre outros, que insumo é a combinação dos fatores diretos de produção – que compõem o ciclo produtivo, não se incluindo a indumentária utilizada pelos operários. O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foi admitido, conforme Despacho a fl. 759. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, em síntese, que: · A produção vai além dos aspectos restritos ao processo de modificação física do produto, agregando os custos relativos ao transporte, ao armazenamento e aos cuidados necessários e exigidos com relação ao empregado e ao meioambiente; · Para atender as exigências contidas na legislação editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, adquiriu vestimentas, Fl. 861DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 5 4 calçados, luvas, capacetes e outros itens para a indumentária de seus empregados, na atividade produtiva da empresa; · As indumentárias são necessárias à produção, tratandose de requisito básico para a produção dos bens em face de determinação imposta pela legislação da ANVISA. Insatisfeito também com o acórdão 20181.731, da 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, o sujeito passivo apresentou ainda Recurso Especial, requerendo a reforma do entendimento na parte em que lhe foi desfavorável, argumentando, entre outros, que: · Os créditos decorrentes dos estoques de abertura, bem como as despesas de estiva e capatazia, fretes e diárias de motoristas em operações de venda e fretes e carretos, também são despesas essenciais ao processo produtivo e, portanto, é legítimo o seu creditamento; · Para se interpretar o conceito de insumo devese verificar a sua essencialidade, pertinência, viabilização ao processo produtivo e possibilidade de emprego indireto; · Os custos com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos são essenciais para realização do processo produtivo como signo de riqueza, haja vista que sem a comercialização/exportação, sequer haveria a base tributável pelo PIS e Cofins. O Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo foi admitido, nos termos do Despacho às fls. 840 a 843. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, insurgindo, entre outros, que, para efeito de crédito das contribuições, a IN SRF 247/02 esclarece que se incluem no conceito de insumo, além das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, itens que se incorporam ao bem produzido, os bens que, embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto, salvo se compreendidos no ativo permanente. O que, por conseguinte, para a Fazenda, não se consideram insumos fretes e diárias de motoristas em operação de venda, estivas e capatazia, fretes e carretos. É o relatório. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora. Os Recursos Especiais são tempestivos e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral dos recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, eis que, confrontando os conceitos de “insumos” empregados pelos arestos envolvidos é irrefragável a confirmação da contrariedade à Lei apontada e o dissídio jurisprudencial indicado entre os arestos. Ora, quanto ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional que traz a divergência acerca da discussão envolvendo a indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carne, tratase de recurso por contrariedade à lei, tendo sido apresentado no âmbito do art. 7º, inciso I, e § 1º, da Portaria 147/07. O que, por conseguinte, tal como muito bem exposto no Despacho de Exame de Admissibilidade, tendo o acórdão recorrido sido proferido antes da vigência do Anexo II da Portaria MF 256/09 – o recurso deve seguir o rito da Portaria 147/07. Sendo assim, haja vista a Fazenda Nacional ter manifestado que o acórdão recorrido ofende o art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02 e o art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03, é de se conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Relativamente ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que trouxe à baila a discussão acerca das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, entendo que o recurso deva ser conhecido. Eis que na decisão recorrida o colegiado manteve a glosa das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos por entender não serem insumos. Enquanto na decisão paradigma, entendeu o colegiado que o conceito de “insumo” não tem a mesma dimensão dada pelas legislações do IPI ou do IRPJ, devendo ser verificado os critérios de essencialidade, pertinência, viabilização do processo produtivo e possibilidade de emprego indireto. O que, por conseguinte, restou demonstrado o dissenso entre os arestos. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se deve ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pelo sujeito passivo e pela Fazenda Nacional. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre o cerne da lide, qual seja, primeiramente, sobre a discussão trazida em Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional – qual seja, se a indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carne constitui crédito de PIS. Para melhor elucidar meu entendimento, importante trazer o conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 7 6 O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Ora, em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos Fl. 864DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 8 7 destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Fl. 865DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 9 8 É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, vêse que a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admitese também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, pra tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Fl. 866DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 10 9 Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, Fl. 867DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 11 10 em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Fl. 868DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 12 11 Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Ora, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinados à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. Fl. 869DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 13 12 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Fl. 870DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 14 13 Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Importante considerar que no caso vertente, o Colegiado do acórdão recorrido entendeu que as indumentárias representam produtos intermediários, necessários à produção por força de exigência de autoridade sanitária. E que, portanto, não se confundiria com fardamento/uniforme, pois esse último é de livre uso e escolha de modelo pela empresa e a indumentária, por sua vez, é de uso obrigatório, devendo observar modelos e padrões estabelecidos pelo Poder Público. Concluindo, assim, que a indumentária seria “insumo” para fins de constituição de crédito das contribuições. Considerando o meu entendimento acerca do conceito de insumos, quanto às indumentárias, concordo com o manifestado pelo Colegiado do acórdão recorrido, pois a indumentária (vestimentas, calçados, luvas, capacetes e outros itens para a indumentária de seus empregados, na atividade produtiva da empresa) é essencial para a execução da atividade da recorrente. Tanto é assim que, para a concessão da indumentária aos empregados, a empresa deve observar as exigências contidas na legislação editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – IN 1/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Fl. 871DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 15 14 Sem a indumentária adequada, a empresa não restaria apta a execução de sua atividade, inclusive por envolver produtos alimentícios – que para serem liberados ao mercado para o consumo deve respeitar as normas de higienização e sanitização no processo produtivo. Caso contrário, os produtos alimentícios não saõ liberados para venda e consumo. Considerando tal empresa estar atrelada a atividade de produtos alimentícios, é de se trazer, para melhor transparecer, o seu Estatuto Social (Grifos meus): “Art. 3º A Sociedade tem por objetivo: a) O desenvolvimento genético, a produção de aves, suínos e ovinos de corte e, a produção e criação das respectivas matrizes; b) A industrialização de produtos alimentares derivados de aves, suínos, bovinos e outros animais que convier, inclusive sub produtos e respectivo comercio, por atacado e a varejo; c) A fabricação e comercialização de rações e concentrados para consumo animal; d) A industrialização e comercialização de cereais de qualquer espécie; e) A exploração de atividade agropecuária; f) A importação e exportação para uso próprio ou para comércio, dos produtos e subprodutos elencados nas alíneas "a" a "d" supra; g) Transporte terrestre de carga de seus produtos e.de terceiros; h) Representação mercantil, e outros empreendimentos correlatos aos objetivos sociais; i) A exploração de depósito portuário em área especifica de porto marítimo com a finalidade de viabilizar a estocagem e embarque de mercadorias e ou produtos próprios frigorificados, para exportação.” Sendo assim, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, vez que a indumentária é necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA – reforçando ainda mais o seu caráter essencial. No que tange ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que trouxe à baila a discussão acerca das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, importante tratar cada despesa. Estivas e Capatazia Vêse que são prestados nas operações portuárias de vendas para o exterior, haja vista a necessidade para as exportações feitas pelo sujeito passivo. Fl. 872DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 16 15 Para melhor elucidar, temse que estivas e capatazia são, em síntese, serviços de movimentação de carga a bordo de navios nos portos. E que, segundo o sujeito passivo, no âmbito do trabalho portuário, a capatazia representa a atividade de movimentação de mercadorias, que compreende o recebimento, a conferência, o transporte interno, a abertura de volumes para a conferência aduaneira, a manipulação, a arrumação, a entrega e ainda o carregamento e descarregamento de embarcações com uso de aparelhamento. A estiva representa o serviço de movimentação de carga a bordo dos navios nos portos, o qual compreende a retirada e a arrumação desta nos porões e nos conveses. Da mesma forma que a capatazia, há um serviço realizado por uma pessoa jurídica domiciliada no pais, o que enseja, consoante preconiza a lei 10.637/02, direito ao creditamento, na qualidade de custos essenciais ao processo produtivo. Sendo assim, considerando o objeto social da empresa que reflete, entre outros, a exploração de depósito portuário em área especifica de porto marítimo com a finalidade de viabilizar a estocagem e embarque de mercadorias e ou produtos próprios frigorificados, para exportação, é irrefutável a constituição de crédito das contribuições, eis que compõem o valor do serviço prestado. Quanto aos fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, considerando o objeto social do sujeito passivo, entendo que: · Não geram crédito de PIS as despesas com diárias com motoristas vez que essas se configuram como mera despesa administrativa; · Geram crédito de PIS, os serviços de frete das mercadorias, bem como fretes e carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, bem como, para garantir que o consumidor receba os produtos adquiridos. · Assim como o transporte interno das mercadorias dentro da própria empresa, como, por exemplo, o deslocamento de um pavilhão para o outro, o qual é realizado por carretas. O que, por conseguinte, é de se dar provimento parcial ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, apenas negandolhe o direito ao crédito do PIS em relação às despesas com diárias de motoristas. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer os recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo: · Negandolhe provimento ao Recurso da Fazenda; · Dandolhe provimento parcial ao Recurso do sujeito passivo. É o meu voto. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Fl. 873DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 17 16 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado. Fui designado para relatar a parte correspondente à negativa do recurso especial do contribuinte em relação aos gastos com estivas e capatazia. Antes de adentrar ao mérito destes gastos, gostaria somente de comentar a questão do creditamento dos gastos com indumentária. Nessa parte acompanhei a relatora para negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, concedendo crédito aos gastos com indumentária. Com todo respeito ao bem elaborado voto da conselheira relatora, ressalto que não acompanho literalmente o seu entendimento exposto no voto a respeito do alcance e da abrangência do seu conceito de insumos. Porém quanto aos gastos com a indumentária, assim entendido, aquela de uso obrigatório em face de normas da vigilância sanitária, utilizada pelos empregados durante o sistema de produção, penso que são passíveis de creditamento em face do disposto no próprio art. 3º, inc. II da Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Na minha avaliação a indumentária, nos termos antes exposto, é um bem que se consome diretamente no processo produtivo, dentro do parâmetro estabelecido no referido dispositivo legal, já que como sabido, não adoto o conceito de insumos tão restritivo no formato da legislação do IPI. Estivas e Capatazia Como bem informado pela relatora, estivas e capatazia, são serviços essenciais utilizados pelo contribuinte nos seus procedimentos para exportação de seus produtos. Notese que aqui o processo de produção já está concluído e portanto não há que se utilizar do crédito nos termos previstos no inc. II do art. 3º, acima transcrito. O crédito do PIS e da Cofins não cumulativas decorre de previsão legal. No caso as possibilidades de creditamento estão descritas nos art. 3º das Leis 10.637/2002 para o PIS e 10.833/2003 para a Cofins. Não há possibilidade de extensão do direito ao crédito fora dos parâmetros estabelecidos por esses dispositivos. Fl. 874DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 18 17 Pois bem de sua leitura, não desponta a possibilidade de aproveitamento de créditos decorrentes de serviços utilizados fora do processo produtivo como é o caso dos serviços de estiva e capatazia contratados para a exportação de seus produtos. Portanto esses créditos não são permitidos por absoluta falta de previsão legal. Para caracterizar melhor o assunto, transcrevo abaixo trecho do voto proferido no Acórdão nº 9303003.195, pelo Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, com o qual compartilho o mesmo entendimento: (...) Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. (...) Assim, diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte em relação ao creditamento de serviços de estivas e capatazia. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 875DF CARF MF
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