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Numero do processo: 10120.002180/96-77
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1991
IRPF. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4º, DO CTN.
O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4º, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações.
No presente caso, houve pagamento antecipado na forma de imposto de renda retido na fonte, e não houve a imputação de existência de dolo, fraude ou simulação, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 150, §4º do CTN, que fixa o marco inicial na ocorrência do fato gerador.
Como o fato gerador do imposto de renda é complexivo anual, ele só se aperfeiçoa em 31 de dezembro do ano-calendário, o que fez com que o prazo decadencial tenha se iniciado em 31/12/1990 e terminado em 31/12/1995.
Como a ciência do lançamento se deu apenas em 12/07/1996, o crédito tributário já havia sido fulminado pela decadência.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.214
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o, DO CTN. O art. 62A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No presente caso, houve pagamento antecipado na forma de imposto de renda retido na fonte, e não houve a imputação de existência de dolo, fraude ou simulação, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 150, §4o, do CTN, que fixa o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Como o fato gerador do imposto de renda é complexivo anual, ele só se aperfeiçoa em 31 de dezembro do anocalendário, o que fez com que o prazo decadencial tenha se iniciado em 31/12/1990 e terminado em 31/12/1995. Como a ciência do lançamento se deu apenas em 12/07/1996, o crédito tributário já havia sido fulminado pela decadência. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 522 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator EDITADO EM: 05/07/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório O Acórdão nº 10246.415, da 2a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes (fls. 344 a 362), julgado na sessão plenária de 07 de julho de 2004, por maioria de votos, rejeitou a preliminar de decadência do anobase de 1990, e, no mérito, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso. Transcrevese a ementa do julgado: NORMAS PROCESSUAIS DECADÊNCIA O prazo para o exercício do direito de formalizar o crédito tributário que deixou de ser recolhido, antes sujeito à modalidade de lançamento por homologação, é de 5 (cinco) anos com marco inicial de contagem no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, na forma dos artigos 149, V, e 173, I, do CTN. IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL NÃO JUSTIFICADO PROVAS Em havendo nos autos provas da aquisição de bens imóveis e móveis e tendo sido reconhecido no "fluxo financeiro" todos os rendimentos do sujeito passivo e da esposa e, ainda, considerando que as aplicações foram superiores aos recursos, resulta, à evidência, acréscimo patrimonial a descoberto, mormente quando o contribuinte deixa de apresentar provas e documentos que pudessem contrapor os fatos constatados pela fiscalização. Preliminar rejeitada. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 523 3 Recurso negado. Cientificado dessa decisão, o contribuinte apresentou embargos de declaração (fls. 367 a 374), indicando omissões e erros materiais. Após converter o julgamento em diligência (fls. 382 a 389), 2a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes acolheu os embargos e deu provimento parcial ao recurso para reduzir o imposto devido relativo ao ano de 1994, por meio do Acórdão no 10248.552, de 24 de maio de 2007 (fls. 402 a 413). A Fazenda Nacional não recorreu dessa decisão (fl. 414). Cientificado dessa decisão em 11/07/2008 (fl. 437), contribuinte manejou, em 24/07/2008, recurso especial de divergência (fls. 438 a 501), onde pugnava pela decadência do acréscimo patrimonial de julho de 1990, e questionava o acréscimo patrimonial de outubro e de dezembro de 1994. Os despachos de fls. 505 a 507 deram seguimento parcial ao recurso especial para a matéria decadência, mas não o admitiram para a discussão do acréscimo patrimonial de 1994 por falta de comprovação de divergência jurisprudencial. Para a matéria admitida, o recorrente alega que, como o lançamento é por homologação, aplicase a regra de decadência do art. 150, §4o, do CTN. Em sede de contrarrazões (fls. 510 a 519), a Fazenda Nacional defende inexistir decadência, devido à inexistência de recolhimento antecipado, o que obriga a utilização da regra de decadência do art. 173, inciso I, do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Sabese que a discussão da decadência dos tributos lançados por homologação é questão tormentosa, que vem dividindo a jurisprudência administrativa e judicial há tempos. No âmbito dos antigos Conselhos de Contribuintes, e agora no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, praticamente todas as interpretações possíveis já tiveram seu espaço. É notório que as inúmeras teses que versam sobre o assunto surgiram do fato do nosso Código Tributário Nacional CTN possuir duas regras de decadência, uma para o direito de constituir o crédito tributário (art. 173), e outra para o direito de não homologar o pagamento antecipado de certos tributos previstos em lei (art. 150, §4o). Apesar de serem situações distintas, o efeito atingido é o mesmo, pois, uma vez homologado tacitamente o pagamento, o crédito tributário estará definitivamente extinto, não se permitindo novo lançamento, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 524 4 Na verdade, a celeuma não está no prazo da decadência, que é de cinco anos nas duas situações, mas na data de início de sua contagem. Enquanto o art. 173 fixa essa data no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou no dia em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o art. 150, §4o, determina o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Pacificando essa discussão, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, firmou o entendimento de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nos demais casos. Vejase a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/0176994 0), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, Fl. 4DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 525 5 iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Observese que o acórdão do REsp nº 973.733/SC foi submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, reservado aos recursos repetitivos, o que significa que essa interpretação deverá ser aplicada pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário. Recentemente, a Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010, introduziu o art. 62A no Regimento Interno do CARF RICARF, com a seguinte redação: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Desta forma, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733 – SC, de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nos demais casos. Tem sido esse o entendimento da 2a Turma da CSRF, como demonstram os acórdãos a seguir transcritos: DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO, AO RESPECTIVO PRAZO DECADENCIAL, DO ARTIGO 150, PARÁGRAFO 4º. DO CTN. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STJ PROFERIDA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 526 6 Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, se houve pagamento antecipado, o respectivo prazo decadencial é regido pelo artigo 150, parágrafo 4º. do CTN, nos termos do entendimento pacificado pelo STJ, em julgamento de recurso especial, sob o rito de recurso repetitivo, tendo em vista o previsto no artigo 62A do Regimento Interno do CARF. (Acórdão nº 920201.61, sessão de 10/05/2011, Relatora Susy Gomes Hoffmann) TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). (Acórdão nº 920201.376, sessão de 11/04/2011, Relator Gustavo Lian Haddad) Neste processo, a questão é de fácil deslinde, pois existiu antecipação de pagamento na forma de imposto de renda retido na fonte, devidamente deduzido na declaração de ajuste do exercício de 1991 (fl. 4), não tendo sido imputada a existência de dolo, fraude ou simulação, sendo obrigatória a utilização da regra de decadência do art. 150, §4o, do CTN, que fixa o marco inicial na ocorrência do fato gerador. Como o fato gerador do imposto de renda é complexivo anual, ele só se aperfeiçoa em 31 de dezembro do anocalendário, o que faz com que, no presente caso, ele tenha se iniciado em 31/12/1990 e terminado em 31/12/1995. Como a ciência do lançamento se deu apenas em 12/07/1996 (fl. 48), o crédito tributário já havia sido fulminado pela decadência. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS Processo nº 10120.002180/9677 Acórdão n.º 920202.214 CSRFT2 Fl. 527 7 Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, dar provimento ao recurso especial do contribuinte, para reconhecer a decadência dos fatos geradores ocorridos no anocalendário de 1990. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 7DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/07/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA S ANTOS
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Numero do processo: 15586.000624/2005-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 1999
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. IMPOSTO PAGO A TÍTULO DE CARNÊ LEÃO, MENSALÃO E NO EXTERIOR. APURAÇÃO DE IMPOSTO A RESTITUIR. APROVEITAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4º, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.
Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, constatado a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnê-leão, inclusive apurando-se restituição, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62-A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos - Resp n° 973.733/SC. Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.305
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. IMPOSTO PAGO A TÍTULO DE CARNÊ LEÃO, MENSALÃO E NO EXTERIOR. APURAÇÃO DE IMPOSTO A RESTITUIR. APROVEITAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4o, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, constatado a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnêleão, inclusive apurandose restituição, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos Resp n° 973.733/SC. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 14/08/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório GEORGEO CAUS BATISTA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 03/10/2005 (AR 3.241), exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos caracterizada a partir da variação patrimonial a descoberto, em relação aos anoscalendário 1999 e 2000, conforme peça inaugural do feito, às fls. 3.225/3.231, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então 1° Conselho de Contribuintes contra Decisão da 3a Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJ, consubstanciada no Acórdão nº 11.051/2005, às fls. 3.420/3.436, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 6a Câmara, em 05/03/2008, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 106 16.779, sintetizados na seguinte ementa: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MULTA DE OFÍCIO MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL – SITUAÇÃO QUALIFICADORA FRAUDE – As condutas descritas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei no 4.502, de 1964, exige do sujeito passivo a prática de dolo, ou seja, a deliberada intenção de obter o resultado que seria o impedimento ou retardamento da ocorrência do fato gerador, ou a exclusão ou modificação das suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. A multa aplicável é aquela a ser imposta pelo não pagamento do tributo Fl. 2DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.775 3 devido, cujo débito fiscal foi apurado em procedimento de fiscalização, com esteio no art. 44, I, da Lei no 9.430, de 1996. IRPF DECADÊNCIA – ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Devem ser apurados em base mensal e tributados anualmente, razão pela qual o fato gerador se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º do CTN). ORIGEM DE RECURSOS Tendo o contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o acréscimo patrimonial, não é de se manter o lançamento de ofício. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido.” Irresignada, a Procuradoria interpôs Recurso Especial, às fls. 3.711/3.720, com arrimo no artigo 7°, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 10321.025, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada a divergência arguida. Sustenta que a jurisprudência deste Colegiado, corroborada pelo entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, impõe que a aplicação do prazo decadencial inserido no artigo 150, § 4º, do CTN, pressupõe a antecipação de pagamento, ainda que parcialmente. Contrapõese ao Acórdão recorrido, por entender que o artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, estaria dispondo sobre prazo para o ato de “homologação” de um procedimento do contribuinte, e não sobre o prazo para lançamento. Assevera que inexistindo recolhimento, ou seja, antecipação de pagamento, não há o que se homologar, não estando o lançamento de ofício previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, no artigo 173, inciso I, daquele Diploma legal, conforme doutrina transcrita na peça recursal. Em defesa de sua pretensão, infere que adotandose o artigo 173, inciso I, do CTN, o prazo decadencial começaria a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. Portanto, o termo inicial da contagem do prazo decadencial é, no presente caso, 1o de janeiro de 2001, a teor do que dispõe o art. 173, inciso I, do CTN. Assim, teria o Fisco até 31 de dezembro de 2005 para efetuar o lançamento referente ao imposto de renda do anocalendário 1999/exercício 2000. Tendo o Contribuinte Fl. 3DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 4 Recorrido sido notificado do lançamento em 03 de dezembro de 2005, não há se falar em decadência. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da 6ª Câmara do 1o Conselho de Contribuintes, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no paradigma, do Acórdão nº 10321.025, conforme Despacho nº 106036/2009, às fls. 3.723/3.725. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, o contribuinte ofereceu suas contrarrazões, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção, ressaltando a existência de antecipação de pagamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial da Procuradoria e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, o contribuinte fora autuado, com arrimo nos artigos 1o, 2° e 3° da Lei n° 7.713/1988, os quais prescrevem a presunção de omissão de rendimentos caracterizada por acréscimo patrimonial a descoberto, impondo a confrontação, mensalmente, das mutações patrimoniais com os rendimentos auferidos para se apurar a evolução do patrimônio do contribuinte. Por sua vez, ao analisar o caso, a Câmara recorrida achou por bem rechaçar a pretensão fiscal, acolhendo a preliminar de decadência arguida, adotando o prazo decadencial insculpido no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, restando decaído a integralidade do crédito tributário. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, aduzindo, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram a jurisprudência deste Colegiado, traduzida no do Acórdão nº 10321.025 e, bem assim, do Superior Tribunal de Justiça a propósito da matéria, a qual exige a existência de recolhimentos, ou seja, a antecipação de pagamento, para que se aplique o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, impondo sejam levados a efeito os ditames do artigo 173, inciso I, uma vez que inexistindo autolançamento do autuado, com a ocorrência de recolhimentos antecipados, não há o que se homologar. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Da simples análise dos autos, concluise que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.776 5 Com efeito, a ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, utilizou como fundamento à sua empreitada os artigos 1o, 2° e 3o, §§ 1o e 4o, da Lei n° 7.713/88, c/c artigos 1o e 2o da Lei n° 8.134/90, que contemplam a caracterização de omissão de rendimentos com base acréscimo patrimonial a descoberto, nos seguintes termos: “ Lei n° 7.713/88 Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. [...] § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Lei n° 8.134/1990 Art. 1° A partir do exercício financeiro de 1991, os rendimentos e ganhos de capital percebidos por pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil serão tributados pelo Imposto de Renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta lei. Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11.” Afora a vasta discussão a propósito da matéria, o certo é que após a edição do Diploma legal encimado, o acréscimo patrimonial comprovadamente pelo Fisco como a descoberto, passou a ser presumidamente considerado omissão de rendimentos se o contribuinte não comprovasse a origem dos acréscimos com rendimentos já tributados, isentos, não tributáveis ou de tributação exclusiva, declarados em sua DIPF. Entrementes, a presunção legal encimada não afastou totalmente a celeuma que permeia a tributação de acréscimo patrimonial a descoberto. Destarte, uma vez consolidado Fl. 5DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 6 o entendimento suso mencionado, a controvérsia centrouse no prazo decadencial a ser aplicado nestes casos, mais precisamente se fixando no dispositivo legal a ser adotado, artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do CTN, dependendo ou não de antecipação de pagamento. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando o Imposto sobre a Renda de Pessoas Físicas IRPF sujeito ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos submetidos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que apurar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na Fl. 6DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.777 7 ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que o Imposto de Renda Pessoa Física deve observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento Fl. 7DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 8 antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.778 9 Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento no Imposto de Renda Pessoa Física, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento relativamente ao anocalendário 1999, a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnêleão, no valor de R$ 4.637,71, ensejando, inclusive, imposto a restituir, consoante informações constantes da Declaração de Ajuste Anual – AC 1999, às fls. 137/140, como o próprio autuado sustenta em suas contrarrazões. Na esteira dessas considerações, vislumbrandose a ocorrência de recolhimentos – antecipação de pagamento , fato relevante para a aplicação do instituto da decadência, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar, é de se manter a ordem legal no sentido de aplicar o prazo decadencial inscrito no artigo 150, § 4o, do CTN. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito tributário em 03/10/2005, com a devida ciência do contribuinte constante do Aviso de Recebimento – AR, de fl. 3.241, a exigência fiscal resta totalmente fulminada pela decadência, eis que o fato gerador ocorreu em 31/12/1999, fora do prazo decadencial de 05 (cinco) anos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, impondo seja mantida a improcedência do feito. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 6a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 10 Fl. 10DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL
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Numero do processo: 10183.004450/2006-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2002
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ISENÇÃO. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA)A apresentação tempestiva do ADA não é condição para o aproveitamento da isenção garantida por lei, mormente quando são trazidos aos autos documentos comprobatórios, tais como Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado com o IBAMA, devidamente averbado à margem da matricula do imóvel, laudo técnico de avaliação, acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica e laudo de vistoria do
IBAMA.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-002.250
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: ITR - ação fiscal (AF) - valoração da terra nua
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ISENÇÃO. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) A apresentação tempestiva do ADA não é condição para o aproveitamento da isenção garantida por lei, mormente quando são trazidos aos autos documentos comprobatórios, tais como Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado com o IBAMA, devidamente averbado à margem da matricula do imóvel, laudo técnico de avaliação, acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica e laudo de vistoria do IBAMA. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Relatora EDITADO EM: 17/08/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em sessão plenária de 17/06/2010, a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara julgou o Recurso Voluntário 343423, relativo à exigência de ITR do exercício de 2002, da Fazenda Aguacerito, no Pantanal Matogrossense, exarando o Acórdão 210100.563, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ISENÇÃO. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 170, §1°, da Lei n.° 6.938/81. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. A partir do exercício de 2002, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observandose a função social da propriedade e os critérios previstos no §40 do art. 16 do Código Florestal. A averbação da Área de reserva legal à margem da matricula do imóvel é, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto. Hipótese em que o Recorrente comprovou Fl. 2DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10183.004450/200628 Acórdão n.º 9202002.250 CSRFT2 Fl. 2 3 documentalmente a existência das Areas de preservação permanente e de reserva legal, mediante a apresentação de Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado com o IBAMA, devidamente averbado à margem da matricula do imóvel, laudo técnico de avaliação, acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, e laudo de vistoria do IBAMA. Recurso provido. Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial de fls. 295 a 308, ao qual foi dado seguimento, conforme Despacho nº 0000.049/2011, de fls. 328 a 331. O Recurso Especial está centrado na necessidade de apresentação tempestiva do ADA – Ato Declaratório Ambiental, ou do protocolo de requerimento deste junto ao IBAMA ou órgão ambiental conveniado, para o reconhecimento da isenção do ITR sobre as áreas de Reserva Legal e Preservação Permanente. O apelo contém, em síntese, os seguintes argumentos: o primeiro ponto que se deve destacar, no tocante às áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, é que se trata de beneficio fiscal estabelecido no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, razão pela qual dito dispositivo deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 da Lei n° 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN); para exclusão das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal especifica e individualmente da área como tal, protocolizando o ADA no IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração, conforme a Instrução Normativa n° 43, de 1997, com redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 67, de 1997, o que foi confirmado pelas Instruções Normativas SRF nº 73, de 2000, nº 60, de 2001 e nº 256, de 2002; a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, já que não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, mas sim em incidência do imposto; o § 7° do art. 10 da Lei n° 9.393, de 1996, incluído pelo art. 3° da Medida Provisória n° 2.16667, de 2001, não dispensou a apresentação tempestiva do ADA, mas sim deixou de exigir a prévia comprovação das informações prestadas pelo declarante; o "Manual de Perguntas e Respostas do ITR" de 2002, portanto posterior à edição da Medida Provisória n° 2.16667/2001, ratifica, por meio das perguntas 66 e 67, o entendimento de que não houve qualquer alteração na legislação, no que tange à existência de prazo para requerimento do ADA; assim, o prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA jamais deixou de existir, tanto é assim que o Decreto n° 4.382, de 2002, em seu art. 10, estabelece que, para fins de exclusão da área tributável, as áreas ora tratadas devem ser obrigatoriamente informadas em ADA, protocolado pelo sujeito passivo no IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 a exigência do ADA está consagrada na Lei n° 6.938, de 1981, em seu art. 170, § 1°, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 10.165, de 2000, que reitera os termos da Instrução Normativa SRF n° 43, de 1997, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vistas à redução da incidência do ITR; a obrigatoriedade da apresentação do ADA não representa qualquer violação de direito ou do principio da legalidade, mas sim alinhase com a norma que consagrou o beneficio tributário (art. 10, § 1 0, II, da Lei n° 9.393/96), apontando os meios para a comprovação da existência das áreas de preservação permanente e de utilização limitada; o exercício do direito do contribuinte, no presente caso, está atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente, portanto tratase de norma amplamente favorável ao contribuinte do ITR, que do contrário estaria sujeito a meios de prova complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos; não se pode conceber que o contribuinte queira se valer da exclusão das áreas tributáveis da incidência do ITR sem cumprir as exigências previstas na legislação, e o ADA, apresentado tempestivamente, é o documento exigido para tal fim; no presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal (utilização limitada), o que se busca é o cumprimento de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação. Cientificado do Recurso Especial da Fazenda Nacional, bem como do despacho que lhe deu seguimento, em 31/03/2011, o contribuinte ofereceu, em 15/04/2011, tempestivamente, as contrarazões de fls. 339 a 350, aduzindo o seguinte: consta dos autos Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal, emitido pela Delegacia Estadual de Mato Grosso do IBAMA, em 17/05/1999, que grava como área de utilização limitada 50% do total da propriedade, não podendo nela ser feita qualquer tipo de exploração sem autorização do IBAMA, termo este que se encontra devidamente averbado na matricula 18.627, desde 07/08/2000, observado ainda o fato de que o Ato Declaratório Ambiental — ADA somente começou a ser exigido a partir de 2002, conforme Decreto n° 4.382de 2002; foi também juntado aos autos o Ato Declaratório Ambiental relativo ao processo no Órgão Ambiental n° 10651510002098, que distribuiu as áreas de Reserva Legal (16.211,0 has) e de Preservação Permanente (15.211,0 has), pleiteando a sua exclusão da tributação; como se não bastasse a área integral da propriedade do Recorrido ser de interesse ecológico, é composta por uma APP e conta com inúmeras espécies animais, muita delas ameaçadas de extinção, portanto tal área não deve ser considerada tributável, nos moldes do art. 10 do Decreto n.° 4.382, de 2002, que além de exigir o enquadramento da propriedade nas condições legais descritas na legislação, ainda dispõe que a área deve estar obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental — ADA; ambas as exigências supra foram atendidas pelo Recorrido, portanto não há que se falar em intempestividade da apresentação do ADA, já que a exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre Fl. 4DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10183.004450/200628 Acórdão n.º 9202002.250 CSRFT2 Fl. 3 5 expressamente de lei, mas sim do artigo do Decreto supracitado, com data de setembro de 2002; muito embora a legislação tratasse da entrega do ADA, para o fim especifico da redução da base de calculo do ITR, não havia disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de Preservação Permanente ou de Reserva Legal no caso de apresentação intempestiva do ADA; a instituição de tributos, bem como a exclusão do crédito tributário, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, conforme o art. 97 do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, portanto o poder regulamentar não poderia desconsiderar a isenção tributária, pela mera apresentação intempestiva do ADA; a questão do prazo para protocolo do ADA já foi corretamente interpretada por este Conselho, que entendeu que a existência de área de preservação permanente, para exclusão da base de cálculo do ITR, pode ser comprovada por meios idôneos diversos, inclusive pelo ADA “extemporâneo”, Laudo Técnico ou outro documento que traga elementos suficientes à. formação de convicção do julgador, já que o ADA é formalidade administrativa que apenas declara uma situação fática préexistente; o amparo legal trazido pela Recorrente baseiase apenas em instruções normativas, porem é vedado aos entes competentes instituir ou majorar tributos sem lei que o estabeleça, conforme o principio da legalidade, estabelecido pela Constituição Federal no artigo 150, inciso I, e previsto também no Código Tributário Nacional; as áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, da forma como constam do artigo 10, inciso II, alínea "a", da Lei n° 9.393/96, representam exclusão da área tributável e são aquelas previstas na Lei 4.771, de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 1989 (Código Florestal), portanto impor outras condições, por norma infralegal, como é o caso das Instruções Normativas, significa majorar tributo sem lei, o que fere o principio da reserva legal; ademais, o §7°, do artigo 10, acrescido pela MP n° 2.16667/2001, norma de cunho processual e que se aplica aos atos processuais pendentes, estabelece que a declaração, para fins de isenção do ITR a que se referem as alíneas "a" e "d" do inciso II, não está sujeita a prévia comprovação por parte do declarante, que fica responsável pelo pagamento do imposto correspondente acrescido de juros e multa, se ficar demonstrado que a declaração não é verdadeira; a solicitação de ato declaratório que deve, obrigatoriamente, ser protocolada até seis meses após a entrega da declaração do ITR, é prévia à ação fiscal e foge totalmente do espírito da norma acima, além de não estar prevista em lei, ferindo o principio da reserva legal; ressaltese ainda que se trata de exigência de um ato declaratório, que serve para declarar uma situação já existente à época do fato gerador, o que torna mais absurda a imputação, como se o Recorrido não fizesse jus à referida redução, não porque não tivesse a área de preservação, mas sim porque ela não foi assim declarada; outrossim, conforme expõem os Eminentes Conselheiros que deram provimento unânime ao acórdão ora discutido, na ausência de previsão legal de um critério Fl. 5DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 rígido quando ao prazo para a apresentação do ADA, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 170 da Lei n.° 6.398, de 1981; no presente caso, ainda que a apresentação do ADA referente à área tenha sido extemporânea, as demais provas carreadas aos autos (Laudo técnico, laudo de avaliação emitido pelo IBAMA, dentre outros) bastam para comprovar que se trata de area de Preservação Permanente, tendo o ADA apenas atestado tal situação fática; quanto à área de Reserva Legal, embora a legislação preveja a necessidade de sua averbação, de acordo com o que dispõe o § 8°, do art. 16, da Lei n° 4.771, de 1965, foi concedido um período de adaptação aos proprietários, sem a cominação de qualquer penalidade; assim, além da desnecessidade de averbação, para o fim específico de constituir as areas de reserva florestal legal, igualmente não havia, até o exercício de 2000, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do ADA para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR; concluise, portanto, que, a exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, § 3º , I, do Decreto n.° 4.382, de 2002, que data de setembro de 2002; muito embora a legislação tratasse da entrega do ADA, não havia disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de Preservação Permanente ou de Reserva Lega, no caso de apresentação intempestiva do ADA. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora Preliminarmente, verificase que o Recurso Especial da Fazenda Nacional atendeu aos pressupostos de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. A questão submetida a esse Colegiado, no presente Recurso Especial, diz respeito unicamente à exigibilidade de apresentação tempestiva do ADA – Ato Declaratório Ambiental do IBAMA, para exclusão das áreas de Reserva Legal (16.211 hectares) e de Preservação Permanente (15.211 hectares), da base de cálculo do ITR, no exercício de 2002, relativamente à Fazenda Aguacerito, no Pantanal Matogrossense. Examinandose a legislação de regência, verificase que o direito à exclusão, da base de cálculo do ITR, das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, está garantido na Lei nº 9.393, de 1996, em seu art. 10, Por outro lado, constatase que, até o exercício de 2000, não havia fundamento legal para a exigência do ADA Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico de constituir áreas de Reserva Legal ou de Preservação Permanente, com vistas à redução da base de cálculo do ITR. Nesse sentido, o art. 170, da Lei n° 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº. 9.960, de 2000, estabeleceu que os proprietários rurais, que se beneficiassem com Fl. 6DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10183.004450/200628 Acórdão n.º 9202002.250 CSRFT2 Fl. 4 7 redução do ITR com base em ADA, deveriam recolher ao Ibama dez por cento do valor dessa redução, a título de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistoria. Assim, por inexistir fundamento legal para considerarse a apresentação do ADA como requisito para a fruição da redução da base de cálculo do ITR, foi aprovada a Súmula CARF nº 41, com a seguinte redação: "A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos ate' o exercício de 2000." Com o advento da Lei n° 10.165, de 2000, foi alterada a redação do §1° do art. 170, da Lei n° 6.938, de 1981, que tornou obrigatória a utilização do ADA, para efeito de redução do valor a pagar do ITR, portanto somente a partir do exercício de 2001, a exigência do ADA passou a ter previsão legal. Entretanto, dito dispositivo legal não fixou prazo para o cumprimento de tal formalidade, o que veio a ser feito somente com a edição do Decreto n° 4.382, de 2002 (art. 10, §3°, I), e por meio de Instruções Normativas da Receita Federal. Assim, observase que o direito à redução do ITR, no que tange às áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, foi previsto em lei, independentemente de reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público, portanto somente a lei poderia fixar condições para o usufruto desse direito, ou seja, somente a lei poderia estabelecer prazo para apresentação do ADA, como prérequisito para o aproveitamento da redução do ITR. Ademais, o ADA – Ato Declaratório Ambiental, ainda que apresentado tempestivamente, como a própria denominação está a evidenciar, tem efeito apenas declaratório, portanto não tem o condão de constituir o direito, representado pela existência efetiva das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, no imóvel objeto da autuação. Com estas considerações, verificase que o usufruto da redução do ITR pode ser exercido, mediante a demonstração da efetiva existência das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, por diversos meios de prova idôneos, independentemente da apresentação tempestiva do ADA. No presente caso, tratase do ITR do exercício de 2002, o procedimento fiscal foi iniciado em 24/08/2006 (fls. 19) e o ADA foi emitido em 31/08/2006 (fls. 205), portanto é intempestivo. Entretanto, foram apresentados outros documentos que, a meu ver, confirmam o direito do contribuinte, a saber: Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal, firmado com o IBAMA em 1999 (fls. 166/167) e averbado à margem da matricula do imóvel em 2000 (fl. 192, verso); Laudo Técnico de Avaliação (fls. 140), acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (fl. 185): Laudo de Vistoria do IBAMA (fls. 194/195). Apenas a título de esclarecimento, embora esta Conselheira concorde com os argumentos e as conclusões do acórdão recorrido, o mesmo não ocorre com as áreas nele constantes. Isso porque, em todas as peças de defesa, bem como na documentação acostada aos Fl. 7DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 autos, a área de Preservação Permanente é de 15.211 hectares, e não de 16.211 hectares, como constou no voto condutor do julgado guerreado. Diante do exposto, DOU provimento PARCIAL ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para reconhecer a área de Reserva Legal de 16.211 hectares e a área de Preservação Permanente de 15.211 hectares, conforme os valores constantes da Impugnação (fls. 113), do Recurso Voluntário (fls. 239 e 246) e do ADA (fls. 205). (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 8DF CARF MF Impresso em 18/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 17/08/2012 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 19515.000994/2004-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62-A do anexo II).
O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 9202-002.186
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para anular o acórdão embargado, para negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Manoel Coelho Arruda Junior
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PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para anular o acórdão embargado, para negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior– Relator EDITADO EM: 02/08/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório O Delegado da Receita Federal em Santos/SP, na qualidade de Autoridade encarregada da execução do Acórdão n. 920200.603 da 2ª turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido cm 18/06/2010 – fls. 508/512, ao julgar o Recurso Especial promovido pelo Procurador da República, no Processo Administrativo Fiscal de n° 19515.000994/200424 referente ao Auto de Infração MPF 0819000/03901/02, com fundamento no artigo 65 caput e seu § 10, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, opôs EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ao referido Acórdão, em face da existência de suposta omissão c contradição entre a fundamentação e a decisão, fls. 519/522. Alega que o acórdão embargado, ao decidir pela aplicação da contagem do prazo decadencial com base no art. 150, § 4º, do CTN, contrariou o enunciado da Súmula CARF n. 38, ressaltando que, nos termos do art. 72 do regimento supracitado, a observação das súmulas deste Conselho pelos conselheiros obrigatório. Afirma que, como o fato gerador ocorreu em 31/12/98, o prazo decadencial deveria obedecer ao disposto no art. 173, I,do CTN, começando a fluirem 01/01/00 e findando em 31/12/04. Sustenta, também, ter havido omissão acerca do impedimento declarado pelo Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva (fls. 507), que não teria sido apreciado pelo Colegiado da CSRF, nos termos do art. 44 do Regimento do CARF. Diante do exposto acima requer a reforma do acórdão para excluíra ocorrência da decadência do lançamento. Em 17/02/2011, o i. Presidente Substituto da CSRF resolveu, por meio do Despacho s/n [fl. 524], admitir parcialmente os embargos de declaração opostos: Os embargos foram opostos tempestivamente. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº19515.000994/200424 Acórdão n.º 920202.186 CSRFT2 Fl. 2 3 Cumpre informar, inicialmente, que o acórdão atacado não incorreu em contrariedade à Súmula CARF IV 38, abaixo reproduzida, posto que não consta naquele julgado • qualquer afirmação no sentido de que o fato gerador do IRPF não ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. É o relatório. Súmula CARF N. 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. A aplicação do art. 150, § 4", do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial não contraria o teor da citada Súmula, posto que aquele dispositivo legal determina que o termo inicial do prazo cm questão é a data da ocorrência do fato gerador, todavia não determina qual é essa data. E, como já dito anteriormente, nada induz que o acórdão embargado tenha entendido que a data de ocorrência do fato gerador não é o último dia cio respectivo anocalendário, como pode ser constatado pelas considerações expostas no item "I.c) Do aspecto temporal do fato gerador" do respectivo aresto (fls. 512). Assim não se encontra presente a contradição alegada pela recorrente. Convém ressaltar que, mesmo que a contradição alegada tivesse ocorrido, não caberia a oposição de embargos de declaração, pois a contradição que enseja esse recurso é aquela existente entre a decisão e seus fundamentos, nos termos do art. 67 do Regimento Interno do CARE c não entre a decisão e súmula deste Conselho. No que diz respeito t omissão invocada, assiste razão ao recorrente. As fls. 507 o Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva declarou ter atuado como relator na instancia a quo e devolveu os autos para sorteio e distribuição a novo relator. Entretanto, atuou novamente como relator no Acórdão IV 9202 00.603, sendo que não houve qualquer pronunciamento do Colegiado acerca desse fato no respectivo julgado, haja vista o disposto no art. 44, caput e parágrafo único, do regimento supracitado, o que constitui • motivo para oposição de embargos de declaração. Diante do exposto acima ADMITO parcialmente os embargos de declaração, somente cm relação omissão alegada. É o relatório. Voto Fl. 3DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Relator Em atenção à declaração de ciência do Sr. Delegado a folha 518 que registra a tempestividade da oposição, conheço os embargos de declaração, em atenção ao disposto no art. 65, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n. 256/2010. Como registrado no relatório acima, em 17/02/2011, o i. Presidente Substituto da CSRF resolveu, por meio do Despacho s/n [fl. 524], admitir parcialmente os embargos de declaração opostos, tãosomente quanto à omissão do Colegiado em face do impedimento do Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva de atuar como relator, em atenção ao art. 42A, do RICARF: […]No que diz respeito t omissão invocada, assiste razão ao recorrente. As fls. 507 o Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva declarou ter atuado como relator na instancia a quo e devolveu os autos para sorteio e distribuição a novo relator. Entretanto, atuou novamente como relator no Acórdão IV 9202 00.603, sendo que não houve qualquer pronunciamento do Colegiado acerca desse fato no respectivo julgado, haja vista o disposto no art. 44, caput e parágrafo único, do regimento supracitado, o que constitui • motivo para oposição de embargos de declaração. Diante do exposto acima ADMITO parcialmente os embargos de declaração, somente cm relação omissão alegada.. Encaminhese à Secretaria da 2ª Turma da CSRF para as providências relativas ao cumprimento do disposto nos §§ 3° e 4° Na oportunidade, transcrevo o dispositivo tido por violado: Art. 42A O Conselheiro estará impedido de atuar como relator em recurso especial em que tenha atuado, na decisão recorrida, como relator ou redator relativamente à matéria objeto do recurso especial. Da análise dos autos verifico que, realmente, no decisum constante das folhas 387/409 o i. Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva atuou como redator designado, fato que, per se, repercute o impedimento desse julgador. Nesse sentido, acolho os embargos opostos e, por conseguinte, rescindo o acórdão anteriormente prolatado. Para melhor entendimento por parte dos i. Julgadores, valhome do relatório consignado quando da prolação do acórdão recorrido: Conforme auto de infração de fls. 10 e seguintes, o recorrido foi autuado em razão da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, relativos ao anocalendário de 1998. Neste ano, o sujeito passivo entregou declaração de ajuste anual com imposto devido de R$ 8.473,00 (fl. 48). Foi apurado o imposto devido no valor de R$ 520.778,49. A exigência do crédito tributário deuse com multa de 112,5%. 0 Fl. 4DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº19515.000994/200424 Acórdão n.º 920202.186 CSRFT2 Fl. 3 5 lançamento foi notificado ao sujeito passivo em 12/05/2004 (fl. 196). A Camara Julgadora, através do acórdão de fls. 387 e seguintes, por maioria, acolheu a preliminar de decadência em relação ao anocalendário de 1998 e cancelou a exigência tributária. Intimada, a Fazenda Nacional ingressou com o recurso de fls. 412 e seguintes, alegando que, no presente caso, "como não houve antecipação de pagamento", ficou descaracterizado o lançamento por homologação, devendo o prazo contarse na forma do artigo 173 do CTN. O recorrido apresentou contrarrazões as fls. 431/434. Irresignado com os termos da decisão antes mencionada, no que diz respeito ao termo inicial do prazo decadencial (31/12/1998), o recorrido interpôs recurso especial de fls. 454/466, aduzindo, em síntese, que o fato gerador do IRPF, incidente sobre depósito de origem não comprovada, é mensal, e que o termo inicial da decadência é o ultimo dia de cada um dos meses em que apurados tais depósitos. Em 05/08/2008, no despacho de fl. 454, o Presidente da la Turma da CSRF negou seguimento ao recurso por falta de previsão regimental para sua apreciação, nos termos do artigo 70 do Regimento Interno da CSRF, já que a Camara não apreciou o mérito. Decidiu, entretanto, caso a decadência fosse afastada pela CSRF, que os autos retornassem a Camara Julgadora para apreciação do mérito. O recurso da Fazenda Nacional é tempestivo, na conformidade do prazo estabelecido pelo artigo 15 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria n° 147 de 25 de junho de 2007, do Ministro da Fazenda. Foi interposto por parte legitima e está devidamente fundamentado. Assim, conheço do recurso e passo ao exame do mérito. Tratase de exigência de crédito tributário relativo a fato gerador complexivo que se concretizou em 31/12/1998, cuja notificação ocorreu no ano de 2004, quando decorridos mais de cinco anos. Assim, pelos fundamentos a seguir expostos, correta a decisão recorrida que acolheu a preliminar de decadência em relação ao anocalendário de 1998. No mérito, a discussão presente recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional está limitada ao dispositivo legal aplicável para contagem do prazo de decadência (art. 150, §4º ou 173, I, ambos do CTN). O v. acórdão recorrido determinou a aplicação da regra do § 4º do artigo 150 do CTN, verbis: “Art. 150 – (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, Fl. 5DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação” (destacamos). Já manifestei meu entendimento em diversas oportunidades segundo o qual o IRPF é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para efetuar o lançamento de tal tributo seria, em regra, o referido no art.150, §4º do CTN, de cinco anos a contar do fato gerador. Ocorre que o Regimento Interno deste E. Conselho, conforme alteração promovida pela Portaria MF n.º 586/2010 no artigo 62A do anexo II, introduziu dispositivo que determina, in verbis, que: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” Assim, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESP nº 973.733, nos termos do artigo 543C, do CPC, consolidou entendimento diverso, conforme se verifica da ementa a seguir transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo incorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao Fl. 6DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº19515.000994/200424 Acórdão n.º 920202.186 CSRFT2 Fl. 4 7 lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Dessa forma, com o advento da decisão acima referida, temse que nos casos em que não houve antecipação de pagamento devese aplicar a regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, contarse o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Nos casos em que há recolhimento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, o prazo iniciase na data do fato gerador. No presente caso o acórdão recorrido acolheu a alegação de decadência em relação ao anocalendário de 1998. Examinando os autos verifico que a contribuinte apresentou, para o ano calendário em questão, a DIPF (fls. 14), sendo que há nos autos informação que comprova a ocorrência recolhimento no importe de R$ 8.473,00. Destarte, voto por CONHECER, para, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 8 É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 8DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/08/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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Numero do processo: 10675.004598/2004-69
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto Sobre A Propriedade Territorial Rural-ITR
Exercício: 2000
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. PRESCINDIBILIDADE.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, somente após a vigência do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002 é que se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.008
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. PRESCINDIBILIDADE. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, somente após a vigência do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002 é que se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM: 23/03/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em 06 de dezembro de 2007, a então 3ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 30134.232 [fls. 124 – 129] que, unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário: ITR/2000. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. Incabível a incidência do ITR quando houver a comprovação da referida área mesmo que fora do prazo de seis meses' 'pretendido pelo fisco com base na INSRF n° 43 de 07/05/1997 com a redação dada pelo art. 1° da INSRF n° 67 de 01/09/1997. A declaração do recorrente, para fins de isenção do ITR, relativa à área de preservação permanente, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, conforme dispõe o art. 10, parágrafo10, da Lei n.° 9.393/96, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. A área de Reserva Legal averbada no registro de imóveis antes da ocorrência do fato gerador está excluída da área tributável, independentemente do requerimento/apresentação do ADA — Ato Declaratório Ambiental. A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR. Recurso voluntário provido. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 2 3 Inconformada com o r. acórdão supracitado, a i. Procuradoria da Fazenda Nacional protocolizou Recurso Especial [fls. 133/143], com fulcro no art. 5°, II, do Regimento Interno à época. Apresenta, como paradigmas, para comprovar a interpretação divergente, os Acórdãos 30236.278, proferido pelo Conselheiro Walber José da Silva, em sessão de 09/07/2004 e 30236.585, proferido pela Conselheira Elizabeth Emílio de Moraes Chieregatto, em sessão de 02/12/2004, dos quais transcrevo apenas uma ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR EXERCÍCIO DE 1997. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. A existência de áreas de preservação permanente deve ser reconhecida mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênio. As áreas de reserva legal devem ser averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. Negado provimento por unanimidade." Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 3ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes entendeu por DAR SEGUIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial do Procurador, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu de julgado prolatado por outra Câmara [fls. 144/146]: […] Analisando os acórdãos apresentados, entendo que foi comprovada a divergência apenas quanto à área de preservação permanente, pois os paradigmas entendem que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Esse fato ocorreu, aliás, a própria decisão de primeira instância reconheceu que havia uma área de 252,2 ha de reserva legal averbada em 03/11/1999, portanto, antes da ocorrência do fato gerador.Só manteve a glosa por falta de comprovação tempestiva do ADA. No que se refere à área de 29,91ha de preservação permanente, reconhecida pelo acórdão recorrido, os paradigmas entendem que deve ser comprovada por meio de ADA do IBAMA protocolizado tempestivamente, ao passo que a decisão recorrida entendeu ser desnecessária tal comprovação. Considerando que os paradigmas não foram reformados pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, dou seguimento em parte o recurso especial interposto, pela Procuradora da Fazenda Nacional. [Grifo nosso] Inconformada com o seguimento parcial, a PFN interpôs agravo [fls. 148/152] que, em síntese, suscitou: […] que, com relação à área de reserva legal, não foi analisado o paradigma correto quando da análise das Fl. 3DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 argumentações acerca da área de reserva legal, pois, às fls. 111, a Fazenda apresentou a divergência existente entre a decisão no caso em tela e a decisão exarada pela 2° Câmara do Terceiro Conselho, no acórdão n ° 30236.585, tendo a ementa assim sido redigida: “A área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusão tributária e aproveitamento do imóvel rural, quando devidamente averbada à margem da inscrição de matrícula do referido imóvel, junto ao Registro de Imóvel competente, em data anterior à da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos da legislação pertinente.” Instado a se manifestar, em 16 de setembro de 2009, o i. Presidente do CARF proferiu Despacho n. 220161/2009 que rejeitou o pedido de reexame [fls. 159/160]: Dos arestos colacionados, temse que o acórdão recorrido considera desnecessária a declaração de reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal por meio de Ato Declaratório Ambiental —ADA, emitido pelo IBAMA/órgão conveniado, ou da comprovação do cumprimento, tempestivo, da solicitação desse requerimento, para exclusão de referidas áreas da base de cálculo do ITR, refutando, dessa forma, o estabelecido pela IN SRF n° 43/1997. 7. Os acórdãos paradigmas (ac. 30236.278 e ac. 30236,585), quanto à área de reserva legal, se prendem apenas ao fato da obrigatoriedade de averbação da mesma à margem do registro do imóvel. 8. Logo, por não possuírem o mesmo contexto fático quanto à comprovação da área de reserva legal, o acórdão recorrido cuida da não necessidade do Ato Declaratório Ambiental — ADA, enquanto os acórdãos paradigmas tratam da obrigatoriedade de averbação da mesma à margem do registro do imóvel, não ensejam divergência. 7. Portanto, está de acordo com a legislação de regência c Despacho n°329/2007, que deu seguimento em parte ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional,sob o fundamento de se ter comprovado a divergência apenas quanto à área de preservação permanente, pois, quanto à área de reserva legal, os acórdãos paradigmas entendem que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Esse fato ocorreu, aliás, a própria decisão de primeira instância reconheceu qu ehouve averbação tempestiva de uma área de 252,2 ha de reserva legal, só manteve a glosa por falta de comprovação tempestiva do ADA. Ante o exposto, REJEITO O PEDIDO DE REEXAME de admissibilidade ao recurso especial interposto pela Procuradoria, nos termos em que dispõe o § do art. 17, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 3 5 Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial do Procurador, apresentou contrarazões [fls. 164/173]. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatado parcialmente pela ilustre Presidente da então 3ª Câmara do 3o Conselho de Contribuintes a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. No que concerne à exigência do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para fins da fruição da benesse isentiva que ora cuidamos, melhor sorte não está reservada à Fazenda Nacional, como passaremos a demonstrar. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, arrimado no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, por entender que a comprovação das áreas de reserva legal e de preservação permanente não estão condicionadas exclusivamente à emissão do ADA ou ainda ao seu requerimento tempestivo, mesmo após a alteração do artigo 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, na redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 10.165/2000, deixaremos de abordar aludida discussão, sobretudo em face da aprovação da Súmula n° 41 do CARF, rechaçando qualquer dúvida quanto ao tema, in verbis: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Observese, que este Egrégio Colegiado sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, o que se vislumbra no caso vertente, cujo fato gerador ocorreu em 1999. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica não condiciona a isenção em comento à requisição atempada do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela então 3ª Câmara do 3o Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 10675.004598/200469 Acórdão n.º 920202.008 CSRFT2 Fl. 4 7 Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É o voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 7DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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Numero do processo: 10950.004009/2005-27
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM SUPOSIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DA PROVA. INEXISTÊNCIA.
Não é possível se presumir que depósitos em conta-corrente do fiscalizado, devidamente identificados como realizados por seu filho, sejam tributados como rendimentos omitidos porque não foram apresentadas provas da origem alegada.
Caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, não existindo autorização legal para se presumir a origem dos depósitos ao talante da autoridade fiscal.
RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTOS DIFERENTES DE NOTAS FISCAIS E DOCUMENTOS OFICIAIS. POSSIBILIDADE.
Discussão sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas do processo, por se tratar de recurso de divergência, não sendo possível se conhecer de suposta contrariedade às provas dos autos na parte em que a decisão recorrida foi unânime.
Em tese, de acordo com a situação específica de cada processo, é possível se admitir a comprovação de receitas da atividade rural com documentos diversos daqueles usualmente utilizados para esse fim.
Isso porque não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.088
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DA PROVA. INEXISTÊNCIA. Não é possível se presumir que depósitos em contacorrente do fiscalizado, devidamente identificados como realizados por seu filho, sejam tributados como rendimentos omitidos porque não foram apresentadas provas da origem alegada. Caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, não existindo autorização legal para se presumir a origem dos depósitos ao talante da autoridade fiscal. RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTOS DIFERENTES DE NOTAS FISCAIS E DOCUMENTOS OFICIAIS. POSSIBILIDADE. Discussão sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas do processo, por se tratar de recurso de divergência, não sendo possível se conhecer de suposta contrariedade às provas dos autos na parte em que a decisão recorrida foi unânime. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 831 2 Em tese, de acordo com a situação específica de cada processo, é possível se admitir a comprovação de receitas da atividade rural com documentos diversos daqueles usualmente utilizados para esse fim. Isso porque não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator FORMALIZADO EM: 22/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Júnior (suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 832 3 Relatório O Acórdão nº 10422.870, da 4a Câmara do 1o Conselho de contribuintes (fls. 766 a 783), julgado na sessão plenária de 05 de dezembro de 2007, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, por unanimidade de votos para excluir a infração de omissão de rendimentos da atividade rural, e por maioria de votos para excluir os valores de R$14.992,80 e R$8.702,45 da infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, nos anoscalendário de 2001 e 2003. Transcrevese a ementa do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGTÍCIO Não se conceituam como rendimentos omitidos valores de créditos recebidos por conta e ordem de terceiros, repassados ao sujeito passivo. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DESPESAS MÉDICAS COMPROVAÇÃO A validade da dedução de despesa médica depende da comprovação do efetivo dispêndio do contribuinte e, à luz do artigo 29, do Decreto 70.235, de 1972, na apreciação de provas a autoridade julgadora tem a prerrogativa de formar livremente sua convicção. Cabível a glosa de valores deduzidos a título de despesas médicas cuja prestação de serviços não foi comprovada. GLOSA DE DESPESAS NÃO COMPROVADAS Cabe ao contribuinte comprovar a veracidade das receitas e das despesas escrituradas em Livro Caixa, mediante documentação idônea, mantida à disposição da fiscalização enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência. JUROS TAXA SELIC A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Fl. 3DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 833 4 Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula 1o CC n° 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1o CC n° 2). Recurso parcialmente provido. Cientificada dessa decisão em 08/10/2008 (fl. 784), a Fazenda Nacional manejou, no dia seguinte, recurso especial (fls. 787 a 799): a) por contrariedade à evidência das provas, por terem sido excluídos, das bases de cálculo do item 1 do auto de infração (omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica), os valores de R$14.992,80 e R$8.702,45, nos anoscalendários de 2001 e 2003, sob os seguintes argumentos: Em referência aos depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, os quais não tiveram comprovados pelo contribuinte os motivos ou a que título se deram, o fato de ser pessoa física não retira a possibilidade de referirse a rendimentos recebidos de pessoa jurídica; As provas dos autos confirmam a participação societária do filho na empresa Colorarte Engenharia e Contruções Ltda, que também fez depósitos não justificados, embasam a conclusão da autoridade fiscal no sentido de que tais créditos bancários são a contrapartida pela prestação de serviços de contabilidade, atividade exercida pelo contribuinte. Não há reparos a esta conclusão, que em nenhum momento foi refutada com provas. Argúi a incoerência de se julgar depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, perfeitamente identificados, como sendo recebimentos de pessoas jurídicas pela prestação de serviços contábeis. Diz que não há autorização legislativa para esse procedimento e não há qualquer prova nos autos que o embasem. O mesmo se aplica aos lançamentos identificados como "Transfer. De Perdas", originados do Banco do Brasil e que se refeririam a créditos considerados irrecuperáveis. Não é trazida nenhuma prova nesse sentido, ficandose apenas no campo das ilações. Deve ser mantida, pois, a omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Esses aspectos já tinham sido apontados na r. Decisão de 1a instância e o contribuinte não apresentou quaisquer evidências adicionais sobre esse ponto, como bem reconheceu o ilustre relator às fls. 777. Por conseguinte, à míngua de outros elementos, temos que a exclusão de valores da base de cálculo do item 1 do auto de infração se mostrou indevida, eis que contrária à evidência das provas. b) de divergência com relação à omissão de rendimentos da atividade rural, indicando o seguinte paradigma: Acórdão no 10610.956: (...) RECEITAS DE ATIVIDADE RURAL NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO A receita da atividade rural, decorrente da Fl. 4DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 834 5 comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Simples documentos emitidos entre particulares não são meios suficientes para comprovar receitas oriundas dessa atividade. (...) Assim, o acórdão recorrido, levando em conta as características da atividade rural, teria sido menos formal na comprovação das receitas oriundas desta atividade, admitindo, inclusive, declarações emitidas entre particulares, enquanto o paradigma consignou que a receita da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Os recursos especiais por contrariedade e de divergência foram admitidos por meio do despacho de fls. 801 a 804. Cientificado do acórdão e do recurso especial da Fazenda Nacional (fl. 807), o contribuinte apresentou embargos de declaração (fls. 810 a 813), indicando omissão do acórdão de 2a instância, que teria fundamentado sua decisão relativa às despesas médicas em fatos inexistentes. Entretanto, os embargos foram rejeitados pelos despachos de fls. 815 a 817. Após a ciência da rejeição de seus embargos (fl. 820), o contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial da Fazenda Nacional (fls. 821 a 828), onde defende a manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Os recursos especiais por contrariedade e de divergência são tempestivos e atendem aos requisitos de admissibilidade e, portanto, deles conheço. Inicio com a análise do recurso especial por contrariedade à evidência das provas. De acordo com o explicado no Relatório de Informação Fiscal (fls. 491 a 493), no ano de 2001, verificouse a existência de 2 depósitos, um de R$ 11.500,00 em 26/01/2001 e outro de R$3.492,80 em 23/03/2001, efetuados pelo filho do contribuinte em sua contacorrente do Banco Bradesco. Intimado a comprovar sua origem, o fiscalizado informou que o primeiro se referia a “empréstimo por esquecimento, deixado de lançar na declaração de Imposto de Renda", e o segundo, a transferência a título de Lucros Distribuídos. Como as explicações não foram comprovadas, a Fiscalização aventou a “possibilidade de que tais depósitos pudessem se referir a pagamentos ou comissões por Fl. 5DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 835 6 serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim”, e tributou os valores como rendimentos recebidos de pessoa jurídica. O mesmo Relatório de Informação Fiscal (fl. 536) esclarece que, no ano de 2003, foi constatado que o contribuinte teve dois créditos na sua contacorrente do Banco do Brasil em 30/10/2003 com o histórico “Transfer Perdas”, que totalizaram R$ 8.702,45. A Fiscalização entendeu que a instituição financeira creditou esses valores por conta de possíveis transferências como perdas do correntista, em montante suficiente para honrar o saldo devedor da conta bancária, e que, por isso, deverseia tributar os valores como rendimentos recebidos de pessoa jurídica . De acordo com o relatório do acórdão de 1a instância (fl. 701), o contribuinte argúi a incoerência de se julgar depósitos efetuados pelo filho Marcos Melo, perfeitamente identificados, como sendo recebimentos de pessoas jurídicas pela prestação de serviços contábeis, dizendo não haver autorização legislativa para esse procedimento nem qualquer prova nos autos que o embasem. Acrescenta que o mesmo raciocínio se aplica aos lançamentos identificados como "Transfer. de Perdas", originados do Banco do Brasil e que se referem a créditos considerados irrecuperáveis. Entretanto, o julgador a quo não admitiu o argumento por falta de comprovação (fl. 705), chegando à mesma conclusão o relator do voto vencido do acórdão guerreado (fl. 777). Contudo, em 2a instância, prevaleceu o entendimento de que cabia ao Fisco comprovar que os depósitos se referiam a rendimentos omitidos, o que não aconteceu no caso. Transcrevo os fundamentos da decisão (fls. 782 e 783): O Código Tributário Nacional prevê na distribuição do ônus da prova nos lançamentos de oficio que sempre recairá sobre o Fisco o ônus da comprovação dos fatos constitutivos do direito de efetuar o lançamento (artigo 149, inciso IV). É ao Fisco que cabe a comprovação da falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. Deste modo, não havendo esta comprovação e pela inexistência da certeza que os créditos pertencem ao recorrente não pode prosperar a acusação de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. É de se ressaltar, ainda, que o fornecimento e manutenção da segurança jurídica pelo Estado de Direito no campo dos tributos assume posição fundamental, razão pela qual o efeitos de criação ou majoração de tributo é indispensável que a lei tributária exista e encerre todos os elementos da obrigação tributária. Com efeito, a convergência do fato imponível à hipótese de incidência descrita em lei deve ser analisada à luz dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada, que demandam interpretação estrita. Da combinação de ambos os princípios, resulta que os fatos erigidos, em tese, como suporte de obrigações tributárias, somente, se irradiam sobre as situações concretas ocorridas no universo dos fenômenos, quando vierem descritos em lei e corresponderem estritamente a esta descrição. Como a obrigação tributária é uma obrigação ex lege, e como não há lugar para atividade discricionária ou arbitrária da administração que está vinculada à lei, devese sempre procurar a verdade real à cerca da imputação, desde que a obrigação Fl. 6DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 836 7 tributária esteja prevista em lei. Não basta a probabilidade da existência de um fato para dizerse haver ou não haver obrigação tributária. A omissão de receitas ou rendimentos, baseada em certos indícios, há de repousar, comparativamente, em dado concretos, objetivos e coincidentes, sólidos em sua estruturação, devendo ser descartados as opções simplistas, baseadas em provas emprestadas, cujos dados levantados não são conclusivos. O Estado, porém, não pode e nem deve avançar sobre o cidadão, ao arrepio de leis que regem especificamente o assunto, já que tal situação redundará, por sem dúvidas, em nulidade processual junto ao poder judiciário. E, inúteis esforços administrativos, com o risco do mesmo Estado ser condenado à honorários de sucumbência e custas judiciais acaso a questão seja levada àquele Poder. Por essas razões, não vejo como imprimir um tratamento diferenciado neste processo, onde foi provado pelo suplicante que os valores não lhe pertenciam. Concordo com o argumento. De fato, caso a Fiscalização não estivesse convencida da explicação do contribuinte para os depósitos, deveria ter aprofundado as investigações e constatado qual sua verdadeira origem. Ao contrário, supôs que seria razoável se tratar de pagamentos ou comissões por serviços prestados a pessoas jurídicas, de contabilidade ou assessoria afim, e os tributou desse modo. Entretanto, a tributação por presunção somente poderia se dar se os depósitos fossem considerados como de origem não comprovada. Não existe autorização legal para se presumir a origem dos depósitos. A tributação por omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica depende de prova inconteste do fato, o que, sem dúvida, não aconteceu nos autos. Dessa forma, nego provimento ao recurso especial por contrariedade à evidência das provas. Passo à análise do recurso especial de divergência. A recorrente alega que, com relação à omissão de rendimentos da atividade rural, o acórdão recorrido, levando em conta as características dessa ocupação, teria sido pouco formal na comprovação de suas receitas, admitindo, inclusive, declarações emitidas entre particulares. Contrapondose a esse entendimento, apresenta paradigma que consignou que a receita da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deve ser comprovada por meio de documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Vejase como o acórdão recorrido decidiu essa matéria (fl. 776) Dos Rendimentos da Atividade Rural. No tocante a omissão de rendimentos rurais da atividade rural, o impugnante traz as declarações de fls. 632/633 e 635 para comprovar recebimentos ocorridos no exercício seguinte àquele considerado pela autoridade fiscal. Tendo em vista as Fl. 7DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 837 8 peculiaridades da atividade rural, é de se acolher os argumentos do recorrente nesta parte do lançamento. Não se identificou a luz dos elementos constantes nos autos circunstâncias que indiquem razões para suspeitas sobre o teor das referidas declarações. A diferença de datas alegada pela autoridade recorrida é plausível no contexto do regime de contabilização utilizado na atividade rural. Diante do exposto é de se afastar a exigência relativa ao item 2 do auto de infração (omissão de rendimentos da atividade rural). Há que se observar que a discussão que se trouxe a este colegiado foi sobre a natureza da prova em tese, e não sobre o conteúdo específico das provas dos autos. Isso porque, caso fosse possível se apreciar a prova dos autos e se concluir que seu conteúdo não servia para comprovar as receitas da atividade rural, estarseia diante de verdadeiro recurso especial por contrariedade à evidência da prova, o que não é possível, já que a decisão recorrida foi unânime nesse aspecto. Dessa forma, a discussão cingese a saber se, em tese, é possível se comprovar as receitas da atividade rural com documentos diferentes daqueles usualmente utilizados para esse fim, como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual. Entendo que a resposta deve ser afirmativa. Não se pode perder de vista as peculiaridades da atividade rural, sendo conhecida a informalidade com que ocorrem os negócios rurais de pequena monta em nosso país, regidos muito mais pelos usos e costumes da região do que pelas regras contábeis formais, situação agravada pela baixa instrução das partes envolvidas e pelo afastamento dos centros urbanos. Assim, é possível, em tese, admitirse a comprovação com documentos diversos dos usualmente utilizados. Repitase, não se está valorando se o acórdão recorrido analisou corretamente as provas trazidas aos autos, pois não é esse o escopo do recurso, mas apenas sobre a possibilidade dessas provas servirem para essa comprovação. Dessa forma, nego também provimento ao recurso especial de divergência. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, negar provimento aos recursos especiais por contrariedade e de divergência do Procurador da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 8DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10950.004009/200527 Acórdão n.º 920202.088 CSRFT2 Fl. 838 9 Fl. 9DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 29/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
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Numero do processo: 11080.003205/2003-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
MULTA. AGRAVAMENTO DA PENALIDADE.
Somente nos casos dispostos no Art. 44 da Lei 9.430/1996 é que a legislação determina o agravamento da multa de ofício.
MULTA DE OFICIO AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO. DESCABIMENTO.
Deve-se desagravar a multa de oficio, pois o Fisco já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9202-001.949
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Relator) e Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro
Marcelo Oliveira.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AGRAVAMENTO DA PENALIDADE. Somente nos casos dispostos no Art. 44 da Lei 9.430/1996 é que a legislação determina o agravamento da multa de ofício. MULTA DE OFICIO AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Devese desagravar a multa de oficio, pois o Fisco já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Relator) e Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcelo Oliveira. Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 (Assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator (Assinado digitalmente) Marcelo Oliveira – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado) Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.064 3 Relatório Tratase de Recurso Especial (fls. 1.006 a 1.044), interposto pela Fazenda Nacional, contra Acórdão no 340200.050, da 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (fls. 988 a 1.002), julgado na sessão plenária de 06 de março de 2009, que havia dado provimento parcial ao recurso para redução da multa de ofício lançada, do percentual de 112,5% para 75%. Como descrito no Relatório de Ação Fiscal (fls. 09 a 19), o contribuinte havia sido intimado a apresentar extratos bancários referentes a contascorrentes de sua titularidade, sem, entretanto, atender à intimação, sendo por isso emitida RMF Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira. No decorrer da fiscalização, outras intimações foram atendidas, exceto a intimação final, onde se dava ciência ao mesmo sobre o resultado das diversas diligências efetuadas no decorrer da ação fiscal, para que se pronunciasse e comprovasse a origem dos depósitos restantes. Pelo não atendimento às duas intimações, o Auto de Infração foi lavrado com multa majorada em 50% (de 75% para 112,5%), com base no inciso I, parágrafo 2o do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Inconformada, a interessada apresentou impugnação ao Auto de Infração, porém, em primeira instância, o Auto foi mantido. Posteriormente, foi interposto recurso voluntário ao CARF e, no julgamento do recurso voluntário, o colegiado decidiu, por unanimidade de votos, reduzir a multa para o percentual de 75%, sob o argumento de que, para o agravamento da penalidade, seria necessário que a conduta do sujeito passivo estivesse associada a um prejuízo concreto ao curso da ação fiscal, concluindo que essa somente seria uma medida aplicável naqueles casos em que o fisco só pode chegar aos valores tributáveis depois de expurgados os artifícios postos pelo sujeito passivo. Entendeuse, no acórdão ora recorrido, que, no caso concreto, o não atendimento à intimação não obstou o procedimento fiscal, pelo fato da fiscalização ter solicitado os extratos bancários às próprias instituições financeiras. No recurso especial (fls. 1.006 a 1.044), a Fazenda Nacional requer o restabelecimento da multa de 112,5%, demonstrando divergência entre a decisão recorrida e, entre outros, o acórdão paradigma n° 10808356, em cuja ementa consta que “Havendo descumprimento de intimação fiscal, correto o agravamento do coeficiente aplicado”. No mérito, a Fazenda Nacional argumenta que a fiscalização tem o poder de buscar as informações necessárias à apuração do montante tributável juntamente com o contribuinte mediante intimações e que o contribuinte, as possuindo, não pode furtarse a entregálas sob pena de sanção legal. Conclui observando que a não aplicação do agravamento aniquilaria o trabalho da fiscalização tributária, vez que as intimações passariam a ser meras solicitações de cumprimento facultativo pelos contribuintes. De acordo com o despacho de fls. 1.045 a 1.051, foi dado seguimento ao Recurso especial, com fundamento nos arts. 68 e 69 do Regimento Interno do CARF, para reapreciação da questão do agravamento da multa de lançamento de ofício. Fl. 1074DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Não tendo sido apresentadas contrarrazões ou recurso especial pelo sujeito passivo, o processo foi enviado a esta Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, para apreciação. É o relatório. Fl. 1075DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.065 5 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. No mérito, é importante esclarecer que a falta de atendimento de intimações, por si só, não pode ser considerada apressadamente o fundamento para o agravamento da multa. Com efeito, a legislação (art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996), tanto em sua redação original quanto na redação atualmente em vigor, referese ao agravamento da multa de ofício em 50% nos casos em que não for atendida a requisição de prestação de esclarecimentos. Ora, esse foi exatamente o caso sob análise, por ocasião do não atendimento à primeira intimação. Não foram apresentados os extratos bancários, que são de titularidade do contribuinte e que poderiam ter sido entregues, ou ser autorizada sua entrega por parte da instituição financeira. Esses extratos teriam o condão de esclarecer o montante presumido por lei como rendimento tributável (art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996). Porém, com a falta de atendimento à intimação e a consequente falta de esclarecimento do contribuinte, a fiscalização se viu forçada a encontrar essa informação junto a terceiros. Diferente é o caso em que, já tendo sido identificado o montante tributável, o sujeito passivo é intimado a indicar se há alguma causa que, aproveitando ao contribuinte, pudesse vir a reduzir esse montante, o que aconteceu na última intimação não atendida. Reparase que, nesse caso, o não atendimento à intimação não prejudica a fiscalização e, assim, não ensejaria o agravamento da multa. Portanto, pelo fato da falta de atendimento à primeira intimação ter resultado na falta de esclarecimentos necessários à apuração do montante tributável e, com isso, ter obrigado a fiscalização a buscar os esclarecimentos com terceiros, entendo ter sido correto o agravamento da multa. Pelo que se encontra acima exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, acatar o pedido de restabelecimento da multa de 112,5% originalmente aplicada pela fiscalização. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1076DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira, Redator Designado. Com todo respeito ao voto do excelso Relator, divirjo de sua conclusão. Como muito bem relatado, consta no Relatório Fiscal (RF), fls. 019, os motivos da graduação da multa: Sobre o valor do imposto aplicamos a multa de lançamento de oficio de 112,5%, por não atendimento à intimação que deu inicio ao procedimento fiscal, cuja ciência foi pessoal em 13/05/02 e, ainda intimação n° 37/03, cuja ciência se deu por AR em 14/03/03, de conformidade com o artigo 959 do Regulamento do imposto de Renda — RIR199 (art. 44, inciso I, 2' da Lei no 9.430/96). Sobre a primeira intimação, o Fisco emitiu Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) às instituições, obtendo os dados solicitados. Sobre a intimação 37/2003, o Fisco informa no RF: Foi encaminhada ao fiscalizado em 19/02/2003 a intimação, com o objetivo de dar ciência ao mesmo sobre o resultado das diversas diligências efetuadas no decorrer da ação fiscal, para que se pronunciasse e comprovar a origem dos depósitos restantes. A exceção do empréstimo oriundo da empresa Cores, de 02/09/98, creditado na conta corrente n° 82425 do Banespa, os demais valores solicitados pela fiscalização, contidos na Relação de Creditos "a examinar/comprovar" permaneceram sem qualquer comprovação. Foi esclarecido ao contribuinte que as declarações prestadas por seus clientes são documentos válidos mas não suficientes para comprovar os depósitos relacionados em suas contas correntes. Estes devem ser corroborados com documentos outros tais como recibos, cópias de cheques, Docs, etc, coincidentes em datas e valores, atendendo, desta forma, o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/96. A Intimação supra mencionada foi recebida pelo fiscalizado através de AR de 14/03/2003, e transcorrido o prazo de 20 (vinte) dias para resposta, este não logrou atendêla. Portanto, verificase pela leitura do RF que o contribuinte não deixou de responder à solicitação, mas respondeu de forma, segundo o Fisco, insuficiente. A legislação que fundamenta a graduação da multa, à época do procedimento fiscal, possuía as seguintes determinações: Fl. 1077DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.066 7 Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. ... § 2º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: a) prestar esclarecimentos; b) apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 62 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; c) apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. No caso, o Fisco fundamentou a autuação pelo “não atendimento” das intimações. Esclarecemos, também, que “prestação de esclarecimentos” e “não atendimento” possuem significado diverso e a legislação busca punir à ausência de “prestação de esclarecimentos”. Ressaltese, novamente, que a fiscalização obteve, mesmo que parcialmente (no entender do Fisco), as informações solicitadas e, também, obteve, por RMF, os dados que solicitou, utilizando a presunção permitida por lei para quantificar a base de cálculo do tributo. Na aplicação do agravamento e da qualificação das multas devemos levar em conta o intuito do sujeito passivo, pois somente em casos comprovados em que o contribuinte busca, por ações ou omissões, dificultar a busca da verdade material sobre a ocorrência do fato gerador e a respectiva base de cálculo é que a penalização deve ocorrer. Nesse sentido, há a decisão contida no acórdão recorrido: Fl. 1078DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 No caso concreto, em primeiro lugar, constatase que foram várias as intimações havidas ao longo da fiscalização, inclusive para terceiros, clientes do contribuinte, a partir de informações prestadas pelo próprio contribuinte. Depois, verificase que a omissão do contribuinte referiuse ao atendimento de duas intimações, sendo que tal omissão em nada dificultou ou impediu o lançamento, mormente frente aos extratos bancários já em poder da fiscalização e das respostas aos termos de intimação apresentadas pelos clientes do Recorrente. E, por fim, de se levar em conta, também, que os elementos necessários à autuação — extratos bancários — foram obtidos diretamente pela fiscalização junto às instituições bancárias. Não vislumbro, portanto, nenhum prejuízo ou embaraço à fiscalização nas omissões do contribuinte, suficientes a justificar a imposição da multa agravada. A propósito, destaco os seguintes julgados: MULTA AGRAVADA ART. 44, , § 2º, LEI N" 9.430/1996 INOCORRÊNCIA DE EMBARAÇO FISCALIZAÇÃO. Incabível o agravamento da multa, quando o lançamento ocorreu mediante informações bancárias fornecidas pelas instituições .financeiras, fundamentado pela Lei Complementar nº 105/2001, sem restar comprovado nos autos nenhum prejuízo e, portanto, embaraço ao procedimento de .fiscalização. (Acórdão n° 102 48.303, de 28.03.2007) MULTA DE OFICIO AGRAVADA NA 0 ATENDIMENTO ÀS INTIMA COES DA AUTORIDADE AUTUANTE – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA 0 LANÇAMENTO DESCABIMENTO Devese desagravar a multa de oficio, pois a .fiscalização já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento as intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal. (Acórdão n° 10617051, de 11.09.2008, Relator Conselheiro Gioavanni Christian Nunes Campos) Como também há correta decisão da CSRF, em voto qualificado do nobre Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira: Ementa: IRPF. OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA ATENDIMENTO INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA PREJUÍZO. NÃO APLICABILIDADE. Improcedente a aplicação da multa agravada contemplada no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/1996, quando não comprovada que a ausência de atendimento/resposta às intimações fiscais por parte do contribuinte representou prejuízo à fiscalização e/ou lavratura do Auto de Infração, sobretudo quando o Fisco já detinha todos elementos de prova capazes de lastrear o lançamento promovido com base na presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, onde fora justamente a ausência de prestação de esclarecimentos do contribuinte, no sentido de comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas Fl. 1079DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.067 9 contas bancárias, que caracterizou a omissão de rendimentos objeto da autuação. Recurso Especial Negado. ... Ao analisar a matéria, a Câmara recorrida reduziu a multa ao percentual de 75%, afastando o agravamento procedido pela autoridade lançadora, a pretexto de não ter existido qualquer prejuízo à fiscalização no fato de o contribuinte não responder/atender às intimações fiscais, sobretudo quando àquela já detinha elementos suficientes para promover o lançamento. Com a devida vênia aos que divergem desse entendimento, compartilhamos com a conclusão levada a efeito pela Câmara recorrida, reduzindo à multa agravada ao percentual mínimo de 75%. Destarte, em nosso sentir, aludida disposição legal tem como finalidade precípua evitar que o contribuinte quedese silente objetivando prejudicar e/ou impedir o procedimento fiscalizatório que poderá ou não culminar com o lançamento. É bem verdade que a legislação de regência, não faz essa explicação/diferenciação, estabelecendo bastar à ausência de prestação de esclarecimentos solicitados pelo fisco para ensejar a aplicação da multa agravada. Entrementes, ao analisar as demandas cabe ao julgador e/ou demais aplicadores da lei, verificar qual a finalidade da norma. In casu, entendemos que não é a mera omissão na prestação das informações requeridas pelo Fisco que faz incidir a possibilidade de aplicação da multa em comento. Ao contrário, como elucidado alhures, defendemos que qualquer uma das hipóteses legais contempladas pelas alíneas “a”, “b” e “c”, do artigo 44, inciso I, § 2o, da Lei n° 9.430/96, procura penalizar o contribuinte que, deixando de prestar esclarecimentos ou apresentar a documentação ali descrita, impediu, retardou e/ou impossibilitou a continuidade da verificação fiscal, culminando ou não com o lançamento. Mas não é o que se vislumbra na hipótese dos autos. Em verdade, o procedimento fiscal seguiu o rito normal para a maioria dos casos dessa natureza, senão vejamos: Intimado e reintimado a apresentar seus extratos bancários o contribuinte não o fez, o que ensejou a expedição de RMF, requerendo a movimentação bancária do autuado. Posteriormente, intimado a justificar a origem dos depósitos bancários o interessado permaneceu silente, fazendo incidir os preceitos do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Observese, que a conduta do contribuinte não interferiu em absolutamente nada no andamento da ação fiscal. Aliás, somente Fl. 1080DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 agilizou a lavratura do Auto de Infração, uma vez que, deixando de procurar justificar a origem dos depósitos bancários, incorreu precisamente na presunção legal contemplada pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Ocorreria prejuízo muito maior ao fisco se o contribuinte prolongasse a ação fiscal, requerendo dilatação de prazo ou procurando justificar sua movimentação bancária com argumentos frágeis, hipótese em que a fiscalização seria mais duradoura. Ora, se não conseguiria comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, entendeu por bem permanecer silente. A rigor, as hipóteses de incidência da presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96 e do agravamento da multa em epígrafe, neste caso, se confundem. De um lado o artigo 42 daquele Diploma Legal caracteriza omissão de rendimentos quando o contribuinte não comprovar a origem dos depósitos bancários. De outro, o artigo 44, inciso I, parágrafo 2°, alínea “a”, prescreve o agravamento da multa quando não prestadas às informações solicitadas pelo fisco. No entanto foi exatamente em razão de deixar de prestar os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, quais sejam, comprovação da origem dos depósitos bancários, que o contribuinte fora autuado com base na presente presunção legal. Mais a mais, inexiste a toda evidência qualquer prejuízo ao Fisco capaz de ensejar a aplicação da multa sob análise, mormente quando a fiscalização já dispunha de todos os elementos de prova suficientes ao lançamento. Prova disso é que, após ter em mãos os extratos bancários, intimou o contribuinte numa única oportunidade para comprovar a origem dos recursos. Assim não o tendo feito, promoveuse o lançamento com base na presunção legal do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. A jurisprudência administrativa não discrepa desse entendimento, afastando o agravamento da multa do artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96, quando não comprovado o prejuízo da fiscalização em razão da conduta omissiva do contribuinte, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei nº 9.430/1996, vigente a partir de 01/01/1997, estabelece, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, individualizadamente, mediante documentação hábil e idônea, a origem e a natureza (não tributável, isenta ou já anteriormente tributada) dos valores depositados em sua conta de depósito. MULTA QUALIFICADA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE INAPLICABILIDADE Incabível a qualificação da multa, quando não restar comprovada nos autos a ações ou omissões Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.068 11 do contribuinte com deliberado propósito de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, ou seu conhecimento pelo fisco, utilizandose de meios que caracterizem evidente intuito de fraude. MULTA AGRAVADA ART. 44, § 2°, LEI N° 9.430/1996 – INOCORRÊNCIA DE EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. Incabível o agravamento da multa, quando o lançamento ocorreu mediante informações bancárias fornecidas pelas instituições financeiras, fundamentado pela Lei Complementar n° 105/2001, sem restar comprovado nos autos nenhum prejuízo e, portanto, embaraço ao procedimento de fiscalização. Recurso de ofício parcialmente provido.” (2a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.399, Acórdão n° 10248.303 – Sessão de 28/03/2007) (grifamos) “[...] MULTA AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO O agravamento da penalidade pelo não atendimento à intimação para apresentação de comprovação da origem dos depósitos é incompatível com o lançamento ancorado na presunção legal do art. 42, da Lei nº. 9.430, de 1996, eis que este já veicula conseqüência específica para a hipótese. Preliminar de decadência acolhida. Preliminar de cerceamento do direito de defesa rejeitada. Recurso parcialmente provido.” (4a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.736, Acórdão n° 10422.367 – Sessão de 26/04/2007) (grifamos) “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 [...] MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA AUTORIDADE AUTUANTE AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO DESCABIMENTO Devese desagravar a multa de ofício, pois a fiscalização já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração. Recurso voluntário provido parcialmente.” (6a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 159.003, Acórdão n° 106 17.240 – Sessão de 05/02/2009) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, demonstrandose que a ausência do atendimento/resposta do contribuinte às intimações fiscais não acarretou qualquer prejuízo ao bom andamento da ação fiscal e, conseqüentemente, à lavratura do Auto de Infração, é de se manter a ordem legal no sentido de afastar a multa agravada insculpida no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 contribuinte, na forma decidida pela 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. (Processo 10540.000250/200690) Por todo o exposto, não podemos concordar com o nobre Relator. Neste sentido, voto em negar provimento ao recurso da ilustre PGFN, no que tange à multa. CONCLUSÃO: Pelo exposto, estando o Acórdão recorrido em sintonia com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima expostas, no que tange à multa. (Assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10108.000585/2001-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1997
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL-ADA. EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001. DESNECESSIDADE. SÚMULA. De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF,
inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de preservação permanente até o exercício 2000, inclusive.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratando-se as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.751
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTALADA. EXERCÍCIO ANTERIOR A 2001. DESNECESSIDADE. SÚMULA. De conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, vigentes à época da ocorrência do fato gerador, notadamente a Lei nº 9.393/1996, c/c Súmula no 41 do CARF, inexiste previsão legal exigindo a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA para fruição da isenção do ITR relativamente às áreas de preservação permanente até o exercício 2000, inclusive. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratandose as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 14/10/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hofmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonett Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório MAGNO MARTINS COELHO, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 26/09/2001, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 1997, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Redenção” localizado no município de Corumbá/MS, cadastrado na RFB sob o nº 10810200, conforme peça inaugural do feito, às fls. 96/102, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Campo Grande/MS, Acórdão nº 04.418/2004, às fls. 220/228, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 3ª Câmara, em 24/04/2008, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30335.242, sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL — ITR Exercício: 1997 ITR.DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Basta a declaração do contribuinte para obter isenção do ITR, respondendo o mesmo pelos vícios que a mesma contenha. LAUDO TÉCNICO. São de maior valor provas idôneas obtidas pelo laudo técnico do que simples registro junto a órgão ambiental que carece de meios suficientes para fiscalização. LOCALIZAÇÃO INTEGRALMENTE EM PARQUE ESTADUAL. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10108.000585/200111 Acórdão n.º 920201.751 CSRFT2 Fl. 2 3 Com base na legislação que cria o parque e com o intuito de preservar o interesse ecológico, o ITR não incidirá sobre a propriedade RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 315/322, com arrimo no artigo 7º, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 30236.783, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, porquanto comprovada a divergência arguida. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, depende de protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Em defesa de sua pretensão, tece comentários a propósito do conceito e finalidade da “Preservação Permanente”, traçando histórico da legislação que regulamenta a matéria, defendendo que para comprovação das referidas áreas, não se pode prescindir do Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado junto ao IBAMA, no prazo estipulado na legislação. Infere que a Receita Federal do Brasil já se manifestou por diversas oportunidades a propósito do assunto, firmando o entendimento de que a não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente está condicionada ao reconhecimento como tal por parte do Poder Público, por intermédio do ADA, devendo existir em cada imóvel informação específica da parte preservada, como estabelecem as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que o contribuinte procedeu tempestivamente à protocolização do requerimento do ADA, impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da então 3ª Câmara do Terceiro Conselho, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Nacional, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, necessidade do requerimento atempado do ADA relativamente às áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 318/2008, às fls. 341/343. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 4 Instado se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 348/351, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da 3ª Câmara do então Terceiro Conselho de Contribuintes a divergência suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado no Acórdão nº 30236.783, ora adotado como paradigma, impõe que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, depende de prévio protocolo do requerimento do Ato Declaratório Ambiental – ADA, dentro dos seis meses subsequentes à entrega da DITR, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência do requerimento tempestivo do ADA para efeito da benesse isentiva o Acórdão guerreado contrariou as normas insertas no Código Florestal Nacional (Lei nº 4.771/65 e atualizações), bem como as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a respeito da exigência do requerimento atempado do Ato Declaratório Ambiental – ADA relativamente às áreas de preservação permanente, dentro do prazo legal, para fruição da não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10108.000585/200111 Acórdão n.º 920201.751 CSRFT2 Fl. 3 5 estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas à preservação permanente. Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de preservação permanente decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o Fl. 5DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 6 mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa de áreas de preservação permanente, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Mais a mais, com arrimo no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Entrementes, afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, o que se vislumbra na hipótese dos autos (exercício 1997). Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou a Súmula n° 41, contemplando o tema e rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda nos presentes autos, senão vejamos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Na esteira desse raciocínio, em face da inexistência de disposição legal para a exigência do ADA anteriormente ao exercício de 2001, para fins da fruição da isenção sub examine, e sendo esta exclusivamente a justificativa da presente autuação, impõese reconhecer a improcedência do feito, tendo em vista contemplar o exercício de 1997, período, portanto, que não se poderia exigir aludida formalidade para a comprovação das áreas de preservação permanente. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica, vigente à época, não condiciona a isenção em comento à protocolização tempestiva do ADA, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antônio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: Fl. 6DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10108.000585/200111 Acórdão n.º 920201.751 CSRFT2 Fl. 4 7 “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 3ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 7DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 8 Fl. 8DF CARF MF Emitido em 28/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 17/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 27/10/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 10880.035099/96-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1995
VÍCIO FORMAL
É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.488
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Nome do relator: Manoel Coelho Arruda Junior
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Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Relator EDITADO EM: 06/07/2011 Fl. 1DF CARF MF Emitido em 25/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 07/07/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 15/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (PresidenteSubstituto), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório Em 25 de Janeiro de 2006, a então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 30332.736 [fls.34 36], que por maioria de votos, declarou a nulidade da notificação de lançamento carente de identificação. Ementa: Processo administrativo fiscal. Nulidade. Vicio formal. É nula por vicio formal a notificação de lançamento carente de identificação da autoridade que a expediu, requisito essencial, prescrito em lei. Processo que se declara nulo ah initio. Inconformada com a decisão proferida, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de divergência [fls.39 – 45], com fulcro no art. 5°, II, do Regimento Interno à época. A r. PGFN apresenta como paradigma, para comprovar que o acórdão supracitado esta divergente com o entendimento de outra Câmara, o acórdão de n° 30234.831 proferido pela então Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, cuja a ementa transcrevo. "O auto de infração ou a notificação de lançamento que trata de mais de um imposto, contribuição ou penalidade não é instrumento hábil para exigência de crédito tributário (CTN e processo Administrativo Fiscal assim o estabelecem) e, portanto, não se sujeita às regras traçadas pela legislação de regência. E um instrumento de cobrança dos valores indicados, contra o qual descabe a argüição de nulidade, prevista no art. 59, do Decreto 70.235/72. “• Rejeitada a preliminar de nulidade da notificação de lançamento.” Requer a Fazenda Nacional, o Provimento do presente recurso, a fim de ser cassado o r. acórdão ora recorrido, afastandose a preliminar de nulidade da notificação, para ser proferida outra v. decisão pela i. Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, analisando o mérito do Recurso Voluntário interposto. Em 28 de Abril de 2006, o então Presidente da então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes acolhendo Informações Técnicas n°142/2006 [fls.55 – 56], proferiu despacho de n°1422006 [fl. 57], dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por entender preenchidos os pressupostos de admissibilidade. É o relatório. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 25/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 07/07/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 15/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10880.035099/9681 Acórdão n.º 920201.488 CSRFT2 Fl. 2 3 Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator O recurso é tempestivo, tendo sido demonstrada a divergência entre as decisões, pressupostos de admissibilidade previstos no Regimento Interno, razão pela qual conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda. Cingese a questão, no caso em destaque, quanto à nulidade de auto de infração carente de identificação da autoridade que a expediu. Tal requisito, qual seja: o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante está previsto no art. 5º, VI da Instrução Normativa nº 94/1997: Art. 5° Em conformidade com o disposto no art. 142 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) o auto de infração lavrado de acordo com o artigo anterior conterá, obrigatoriamente: [...] VI o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; Quando carente de identificação do sujeito ativo, a notificação de lançamento será alçada pela nulidade formal como determina o enunciado sumular nº 21 do CARF. Súmula CARF nº 21: É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu.Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso da Fazenda Nacional para no mérito negarlhe provimento. Nesse sentido, voto por conhecer do recurso para, no mérito, NEGAR PROVIMENTO. É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 3DF CARF MF Emitido em 25/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 07/07/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 15/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 4 Fl. 4DF CARF MF Emitido em 25/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/07/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 07/07/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 15/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002409/2004-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2000
ITR ILEGALIDADE QUANTO À EXIGÊNCIA DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA.
De acordo com o Enunciado de Súmula CARF n° 41 “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. Tal posicionamento deve ser observado por este julgador, conforme determina o artigo 72, § 4°, combinado com o artigo 45, inciso VI, ambos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.478
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Gonçalo Bonet Allage
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 ITR ILEGALIDADE QUANTO À EXIGÊNCIA DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. De acordo com o Enunciado de Súmula CARF n° 41 “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. Tal posicionamento deve ser observado por este julgador, conforme determina o artigo 72, § 4°, combinado com o artigo 45, inciso VI, ambos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. ELIAS SAMPAIO FREIRE – Presidente em Exercício Gonçalo Bonet Allage Relator EDITADO EM: 18/04/2011 Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10925.002409/200424 Acórdão n.º 920201.478 CSRFT2 Fl. 1.233 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elias Sampaio Freire, Ronaldo Lima de Macedo e Alexandre Naoki Nishioka. Relatório Em face de Agroflorestal Tozzo S.A., CNPJ n° 02.298.006/000112, foi lavrado o auto de infração de fls. 0306, para a exigência de imposto sobre a propriedade territorial rural, exercício 2000, em razão da glosa parcial de área declarada como sendo de preservação permanente e da glosa de área de exploração extrativa, relativamente ao imóvel denominado Fazenda Santo Antonio, situado no município de Passos Maia (SC). Segundo a autoridade lançadora, “No caso da Área de Preservação Permanente, a exclusão da incidência foi limitada à área comprovada com a apresentação do ADA.” (fls. 03). Ás áreas de preservação permanente e de exploração extrativa foram reduzidas, respectivamente, de 308,1 ha para 250,7 ha e de 5,1 ha para 0,0 ha (fls. 40). A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) considerou o lançamento procedente (fls. 606609, Volume III). Apreciando o recurso voluntário interposto pela contribuinte, a Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu o acórdão n° 30335.507, que se encontra às fls. 1.1581.164 (Volume VI), cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. No exercício de 2000, a exclusão das áreas declaradas como preservação permanente da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, não estavam condicionadas ao reconhecimento delas pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), e/ ou comprovação de protocolo de requerimento desse ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração, por falta de previsão legal. EXPLORAÇÃO EXTRATIVA Comprovada a efetiva exploração extrativa, com documentos que demonstram a existência de plano de exploração por manejo Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10925.002409/200424 Acórdão n.º 920201.478 CSRFT2 Fl. 1.234 3 sustentado de floresta em efetiva execução, indevida a glosa da área declarada a esse título. Recurso Voluntário Provido A decisão recorrida, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário para considerar insubsistente o lançamento. Intimada do acórdão em 05/11/2008 (fls. 1.165, Volume VI), a Fazenda Nacional interpôs, com fundamento no artigo 56, inciso II do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes então vigente e no artigo 7°, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais então vigente, recurso especial às fls. 1.1701.178, acompanhado dos documentos de fls. 1.1791.192, onde defendeu, basicamente, a necessidade de apresentação tempestiva do ADA para fins de isenção do ITR, trazendo como paradigma o acórdão n° 30236.278. Requereu o provimento do recurso para reformar o acórdão a quo na parte em que dispensa a apresentação do ADA para fins de redução/isenção do ITR. Admitido o recurso por intermédio do Despacho n° 368 (fls. 1.1941.196), a contribuinte foi intimada e, devidamente representado, apresentou contrarrazões às fls. 1.202 1.230, pugnando, fundamentalmente, pela manutenção da decisão recorrida. É o Relatório. Voto Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, Relator O Recurso Especial da Fazenda Nacional cumpre os pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. Reitero que o acórdão proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário apresentado pelo sujeito passivo. A recorrente insurgiuse contra a exclusão da base de cálculo do ITR da área de preservação permanente, alegando que só faz jus a este benefício o contribuinte que tiver apresentado tempestivamente o ADA, o que não se verifica no caso em apreço, indicando como paradigma o acórdão n° 30236.278. Eis a matéria em litígio. Muito se poderia escrever sobre a ausência de amparo legal para a exigência do ADA em momento anterior à alteração promovida no artigo 17O da Lei n° 6.938/81 pela Lei n° 10.165, de 27/12/2000. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10925.002409/200424 Acórdão n.º 920201.478 CSRFT2 Fl. 1.235 4 Até então, apenas Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal veiculavam tal obrigação (IN/SRF n° 43/97, com redação dada pela IN/SRF n° 67/97). No entanto, atualmente, no âmbito do Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF a matéria não comporta maiores digressões. Isso porque no mês de dezembro de 2009, este Tribunal Administrativo aprovou diversas Súmulas e consolidou aquelas aplicáveis no âmbito do extinto e Egrégio Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, sendo que o Enunciado CARF n° 41 tem o seguinte conteúdo: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. No caso, cumpre reiterar, a exigência envolve o exercício 2000. Por força do que dispõe o artigo 72, § 4°, combinado com o artigo 45, inciso VI, ambos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tal enunciado é de adoção obrigatória por este julgador. Nessa ordem de juízos, devo concluir que a decisão recorrida merece ser confirmada. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Gonçalo Bonet Allage Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 27/04/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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